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ENCONTRO 01

DIREITO PENAL
MILITAR

ALESSANDRO ZOIA
alessandrofbt@gmail.com

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BREVE HISTÓRICO DO DIREITO
MILITAR

O militarismo, seus costumes e o próprio Direito Militar remontam


períodos anteriores a Cristo.
Alguns historiadores apontam os Sumérios como os primeiros povos a
constituírem exércitos organizados, mas a profissionalização militar
aconteceu no Império Romano e com o Gregos.
Com a criação dos exércitos, surge o militarismo e, como
consequência natural, os problemas relacionados à conduta ética e ao
comportamento dos combatentes em face do inimigo e diante do
cumprimento das ordens de treinamento.
Do militar exigia-se, e até hoje se exige, comportamento exemplar,
ética, apresentação visual e abnegação sui generis, o que o tornava
um ser humano diferenciado e, como diferenciado, alguém que deve
ter seus atos analisados de maneira especial. Surge, então, a
chamada Justiça Castrense, ou seja, aquela dos campos de batalha,
ágil, proativa, capaz de manter a hierarquia, a disciplina e o dever
militar acima da própria vida do combatente.
Segundo Célio Ferreira Romão (2009),

“(...) o militarismo nasceu no ano de 142 a.C na Grécia Antiga,


criado por Domus II, e tinha o objetivo de organizar as hostes
subordinadas do rei, com obediência absoluta, pois, juravam, os
componentes, servir dando a própria vida em favor da disciplina e
hierarquia a que estavam subordinados...”

Fazendo uma breve recapitulação, temos que as instituições militares


federais (Marinha, Exército e Aeronáutica) e estaduais (Polícia Militar
e Corpos de Bombeiros Militares) têm por base dois princípios
fundamentais que são a hierarquia e a disciplina, como se depreende
da leitura do artigo 142 e § 5º e artigo 42 da Constituição da
República. O Estatuto dos Militares assim as define: a HIERARQUIA
é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da
estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou
graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela
antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é
consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de
autoridade. Por sua vez, a DISCIPLINA é a rigorosa observância

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e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e
disposições fundamentam o organismo militar e coordenam
seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo
perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada
um dos componentes desse organismo (artigo 14, §§ 1º e 2º da
Lei nº 6.880, de 09.12.1980).
Tais princípios ensejam um tratamento distinto em relação à
sociedade civil, tendo em vista que essa tem por base a liberdade.
Assim, o caput do artigo 5º da CRFB/88, ao dispor que todos são
iguais perante a lei, deve ser visto com certa ressalva, pois o
princípio da igualdade não permite que seja concedido o mesmo
tratamento aos desiguais. Certas condutas que, aos olhos da
sociedade civil, não apresentam relevância, podem ser consideradas
delituosas no âmbito das instituições militares, como por exemplo, o
delito de dormir em serviço, tipificado no artigo 203 do Código Penal
Militar.
Tomando emprestada a lógica do pensamento de CLÁUDIO AMIN
MIGUEL (2012), é exatamente por essa distinção entre os princípios
que norteiam as sociedades militares e civis que surgiu a necessidade
da elaboração de legislações penal e processual penal militares com
regras específicas, mas que apresentam
também semelhanças com a legislação comum, quando não afetam
aqueles princípios basilares das instituições militares.

A distinção preponderante entre o crime comum e o crime


militar está no bem jurídico a ser tutelado. Naquele (crime
comum) busca-se, por parte do Estado, resguardar interesses
individuais (pessoas) que coloquem em risco a sociedade, neste
(crime militar) busca-se resguardar as instituições militares –
tão necessárias à garantia de preservação das demais
instituições, daí o motivo da maior severidade.

APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR

Para entendermos a aplicação da Lei Penal Militar é preciso antes,


entendermos alguns conceitos básicos relativos à matéria.
A palavra DIREITO vem do grego “DIRECTUS” Aquilo que é
reto/correto.

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Porém, aquilo que é reto, aquilo que é correto vai VARIAR no
ESPAÇO (onde) e no TEMPO (quando).
No Espaço, aquilo que é entendido como sendo reto/correto para uma
determinada nação pode ser entendido de forma diversa por outra
nação.

Ex. Matar uma vaca no Brasil é sinônimo de carne para o churrasco e


couro para o vestuário. Significa que teremos picanha no churrasco.
Já para o povo indiano, a vaca é um animal sagrado, reverenciado e
digno de todo “respeito”. Matar um animal desses é algo
impensável, um verdadeiro sacrilégio para um indiano.

O direito também vai variar de acordo com o tempo. Aquilo que uma
determinada geração, pessoas de uma determinada época entendiam
como reto/correto, pode ser entendida de maneira diferente no
futuro. A lei penal também vai variar de acordo com o tempo de sua
aplicação.

Ex. Artigo 240 do Código Penal tratava como crime a prática do


ADULTÉRIO. É preciso entender que quando da elaboração do Código
Penal (1940) a sociedade daquela época considerava a prática do
adultério como uma conduta nociva não apenas ao cônjuge, mas
também à sociedade. Em 2005 o entendimento da sociedade já havia
mudado e este dispositivo do Código Penal foi revogado, ficando o
adultério como um ilícito civil, uma quebra da obrigação de fidelidade
a que um cônjuge se sujeita. O adultério então é considerado hoje,
não mais um crime, mas um ato jurídico, capaz de ensejar a recisão
unilateral, por culpa, o contrato bilateral, chamado casamento.
Podendo ser resolvido na esfera civil com ação de perdas e danos.
Outro exemplo que podemos citar é a atual discussão em torno da
liberação ou não da posse de certas drogas para consumo. O que
hoje a lei penal trata como crime, pode ser que daqui a alguns dias
passe a tratar de maneira diversa. É a lei variando no tempo.

Com estas palavras, passamos a entender o aspecto axiológico do


Direito, ou seja, os valores buscados pela sociedade, como a justiça,
a retidão. E, este valores mudam, tanto por questões geográficas
(espaço) quanto por questões temporais (tempo). Assim, antes de
aplicarmos o direito precisamos nos ater ao espaço (ONDE
determinado fato aconteceu) e também no tempo (QUANDO
determinado fato aconteceu).

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Ao tratarmos da lei Penal Militar, temos que ter em vista que o
Decreto-lei 1001/1969, foi confeccionado a mais de meio século atrás
e neste tempo sofreu pouquíssimas alterações. Portanto, é preciso
enxergamos esta lei – que foi recepcionada pela CRFB/88 com o
status de lei ordinária – com a ótica do legislador daquela época,
porém sob o prisma da CRFB/1988. Daí a dificuldade de se estudar o
complexo universo do Direito Militar. Outro ponto importante para
considerarmos sobre a aplicação da Lei Penal Militar é o já falado
aspecto da HIERARQUIA e DISCIPLINA – pilares essenciais do
militarismo.

--BIZÚ-- CUIDADO PARA NÃO MISTURAR AS MATÉRIAS!!!


MUITAS VEZES AQUILO QUE É CONSIDERADO UMA CONDUTA
POUCO GRAVOSA, TIDA COMO “MENOR POTENCIAL
OFENSIVO” NA LEGISLAÇÃO COMUM, PODE SER
CONSIDERADA UMA CONDUTA GRAVE NA LEGISLAÇÃO
MILITAR. Ex. Dormir em serviço, art. 203 CPM ou Exercício de
comércio por oficial, art 204 do CPM. (Condutas que se quer
são tipificadas pela legislação comum).

O objeto de estudo do Direito é a NORMA JURÍDICA, que é um


preceito de conduta social. É aquilo que vai dizer ao particular sua
obrigação de fazer ou deixar de fazer.

NORMA JURÍDICA é um conjunto de preceitos que ditam os


comportamentos socialmente aceitos por uma determinada
sociedade, em um determinado TEMPO específico e num
ESPAÇO delimitado.

Quando a norma jurídica interessa mais ao PARTICULAR do que ao


ESTADO, dizemos que esta norma pertence ao RAMO do DIREITO
chamado de DIREITO PRIVADO. Exemplo de norma de direito privado
é o Código Civil, Código Tributário, Direito Administrativo, etc.
São normas que, embora reguladas pelas Estado elas interessam
mais ao particular do que à sociedade propriamente dita. Ex.
Contrato de compra e venda, casamento, etc.
Quando o Estado – aqui falamos do Estado moderno, do Estado
Democrático de Direito, onde não vigora mais o interesse do Príncipe,
do soberano, mas sim o interesse de uma COLETIVIDADE –

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chamamos esse ramo do direito de DIREITO PÚBLICO – Inspirado no
populus Romano, é um direito mais DIFUSO, visa atingir de forma
abstrata um maior número de pessoas.
Esse ramo do Direito interessa mais ao Estado, pois ele quer regular
as normas de convivência harmônicas. Como exemplos de Direito
Público nós temos o Direito Penal e o Direito Processual.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A LEI PENAL


MILITAR

Vários são os princípios que regem a Lei Penal Militar ou Lei


Castrense, muitos dos quais vigoram também no Direito Penal
Comum e ambos alinhados com Princípios Constitucionais e até
mesmo Internacionais, tais como presunção da inocência, intervenção
mínima, dignidade da pessoa humana, etc. No entanto, vamos
destacar apenas aqueles de maior importância ao nosso objetivo
específico, que é o de garantir 06 acertos nas questões de Direito
Penal Militar e não o de formar doutores em Direito.

• PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: No sistema jurídico


brasileiro, para se imputar responsabilidade penal a alguém, é
imprescindível a existência de norma jurídica, no caso a penal,
tipificando a conduta como crime. Tal princípio é previsto no inciso
XXXIX do art. 5º da CF/88, combinado com o art. 1º do Código Penal
Comum e com o art. 1º do Código Penal Militar. Ou seja, somente a
Lei Penal Militar pode criar tipos penais e trazer pressupostos
jurídicos de aplicação dessa Lei Penal Militar.

--BIZÚ-- O Decreto-lei 1001/69 – Código Penal Militar - é a


única lei que trata da legislação penal militar. Não há
nenhuma outra norma, nenhuma lei extravagante que trate
desta matéria ou que tenha criado tipos penais à seara militar.

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• PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: Por este princípio, torna-
se imprescindível a existência de uma norma penal escrita, publicada
e em vigor, antes de a conduta do sujeito ativo ser considerada
crime. O art. 5º, inciso XXXIX da CF/88, in verbis, afirma que “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”.
Temos do mesmo modo o art. 1º do Decreto-Lei 2848 de, 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal Comum: “não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, assim
como o art. 1º do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro 1969 –
Código Penal Militar, com as mesmas palavras: “não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

Falando em bom Português: Para que possamos


imputar uma responsabilidade do sujeito ativo, para
que possamos cobrá-lo pela prática de um crime
militar, devemos verificar se aquela norma jurídica
(se a norma penal militar) está publicada em um
tempo razoável para que o agente tenha como
entender que aquela conduta específica é contrária
à norma.

--BIZÚ-- Sujeito ativo é todo aquele que pratica o ato delituoso,


e sujeito passivo é aquele sobre o qual recai a ação do sujeito
ativo.

TEMPO E LUGAR DO CRIME

“CPM Art. 5º - Considera-se praticado o crime no


momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja
o do resultado.” (grifei)

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“CPM Art. 6º- Considera-se praticado o fato no lugar
onde se desenvolveu a atividade criminosa, no todo
ou em parte, e ainda que sob a forma de participação,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se
praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação
omitida.”

Com relação ao TEMPO do crime (tempo é: Quando) a norma penal


militar, assim como a norma penal comum, adota a teoria da
atividade. Ou seja, verifica-se a validade da lei penal militar no
momento da AÇÃO ou OMISSÃO, ainda que diverso seja o resultado
desta ação ou omissão.

Lembrando: Só se pune o sujeito ativo por uma ação ou


omissão durante a vigência da lei penal militar.

Assim, teríamos, por exemplo, o momento em que o sujeito ativo


efetua os disparos contra a vítima, pouco importando a ocasião em
que o sujeito passivo venha a morrer, pode ser no momento dos
fatos, minutos depois ou até dias, meses depois. O agente ativo
responderá por homicídio consumado e será considerado pra fins
penais o tempo da ação ou omissão.

O fundamento desta teoria é a de evitar a


incongruência de o fato ser considerado crime em
decorrência da lei vigente na época do resultado,
quando não o era no momento da ação ou omissão.

Assim, temos que aquele mesmo princípio da retroatividade benéfica


da lei penal que vigora na lei penal comum também vigora na lei
penal militar. Ou seja, em surgindo uma lei posterior mais benéfica ao
réu, ele será beneficiado por ela. Conforme preceitua o art. 2º, § 2°
do CPM que orienta que, "para se reconhecer qual a mais favorável, a
lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente,
cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato".

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Como esse assunto foi cobrado em concurso?
Foi considerada correta a seguinte afirmação "O CPM admite
retroatividade de lei mais benigna e dispõe que a norma penal
posterior que favorecer, de qualquer outro modo, o agente deve
ser aplicada retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo
sentença condenatória irrecorrível. O referido código determina
também que, para se reconhecer qual norma é mais benigna, a
lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente,
cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato"
(Promotor de Justiça Substituto/MPE/ES/2010/CESPE)

Análise separada, porém, merecem os crimes permanentes como a


deserção (CPM, art. 187) e o sequestro ou cárcere privado (CPM, art.
225), em que, tanto a ação como a consumação, prolongam-se no
tempo enquanto o agente estiver ausente de sua Unidade (deserção)
ou privando a vítima de sua liberdade (sequestro ou cárcere privado).
Incidindo lei nova mais severa durante o tempo da privação da
liberdade ou da ausência do militar, a lex gravior (a lei mais grave)
será aplicada, pois o agente ainda está praticando a ação na vigência
da lei posterior. Idêntico raciocínio deve ser feito ao crime continuado
(CPM, art. 80) quando um ou mais dos delitos componentes forem
praticados na vigência da lei posterior mais severa.

Importante: Súmula nº 711 do Supremo Tribunal


Federal: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência
é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência".

--BIZÚ-- Assim como na Lei Penal Comum, o Código Penal


MILITAR adota a TEORIA DA ATIVIDADE para o TEMPO do
crime, ou seja, vale o momento da AÇÃO ou OMISSÃO, ainda
que outro tenha sido o momento do resultado.

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Como esse assunto foi cobrado em concurso? Foi
considerada correta a seguinte afirmação "Em relação ao tempo do
crime, o Código Penal Militar adotou a teoria da atividade" (Analista
Judiciário – Execução de Mandados/STM/2011/CESPE).

Foi considerada errada a seguinte assertiva "Diversamente do


direito penal comum, o direito penal militar consagrou a teoria da
ubiquidade, ao considerar como tempo do crime tanto o momento
da ação ou omissão do agente quanto o momento em que se
produziu o resultado". (Defensor Público
Federal/DPU/2010/CESPE).

Já com relação ao LUGAR DO CRIME (lugar é: ONDE) temos


algumas diferenças com relação à norma penal comum. Muita
atenção para não confundir as matérias!!!
Quando a aplicação da lei penal militar for em território brasileiro
vamos aplicá-lo em sua totalidade, de norte a sul, de leste a oeste do
país.
Porém, precisamos fazer algumas ressalvas para evitarmos dúvidas
mais a frente.
Quando nós falamos em SUJEITO ATIVO, nós falamos naquele sujeito
CAPAZ de cometer o crime militar

IMPORTANTE: Quando o crime militar for cometido


contra as FORÇAS ARMADAS ou contra militares da
União, o sujeito ativo poderá ser QUALQUER PESSOA
(art. 9º do CPM – veremos isso melhor adiante).
Quando o crime militar for cometido contra as
Instituições Militares ESTADUAIS o sujeito ativo só
poderá ser o MILITAR ESTADUAL. GRAVEM ISTO!!!

--BIZU-- Quando ação ou omissão delituosa for praticado contra


as FORÇAS ARMADAS (Marinha, Exército e Aeronautica) ou contra
militares das Forças Armadas, QUALQUER UM pode ser sujeito
ativo do crime militar, INCLUSIVE CIVIS.

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 EXPLICAÇÃO JURÍDICA:

“CRFB/88 - Art. 124: à Justiça Militar compete processar e julgar


OS CRIMES MILITARES definidos em lei.” (grifei)

“CPM - Art. 9º : Consideram-se crimes militares, em tempo de


paz:
I – OS CRIMES de que trata este Código, quando definidos de
modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos,
QUALQUER QUE SEJA O AGENTE, salvo disposição especial;”
(grifei)

Quando, porém, a ação ou omissão delituosa for cometida contra as


Instituições Militares ESTADUAIS (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros
Militar) ou contra policiais/bombeiros militares ESTADUAIS, somente
será sujeito ativo do crime militar o MILITAR ESTADUAL. De modo
diverso será considerado crime comum.

 TOME NOTA:
 MILITARES DA UNIÃO: EXÉRCITO, MARINHA E
AERONÁUTICA. (SOMENTE ESTES TRÊS)

 MILITARES ESTADUAIS: POLÍCIA MILITAR E


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. (SOMENTE ESTES
DOIS)

• Vale destacar, porém, algumas questões: O militar da União


pode sim praticar crimes militares contra instituições e/ou militares
estaduais, porém ele não poderá ser julgado pela Justiça Militar
Estadual e sim Na Justiça Federal da União. Porém, o contrário pode
acontecer – o militar estadual se cometer um crime contra as Forças
Armadas será processado e julgado pela Justiça Militar da União.

 EXPLICAÇÃO JURÍDICA:

CRFB/88 – Art. 125, § 4º: “Compete à Justiça Militar


estadual processar e julgar OS MILITARES DOS
ESTADOS, nos crimes militares definidos em lei e as ações
judiciais contra atos disciplinares militares.” (grifei)

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Fique atento!!! A Justiça Militar da UNIÃO é competente
para processar e julgar O CRIME MILITAR, qualquer que seja
o seu agente ativo, pode ser QUALQUER PESSOA. Já a
Justiça Militar ESTADUAL é competente para processar e julgar
somente OS MILITARES DOS ESTADOS. Perceberam a
diferença? Gravem bem esse bizú!!!

 Exemplo para não pairar qualquer dúvida:


Solenidade de 07 de Setembro – Independência do Brasil. Local:
Pátio do 14º Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais, localizado em
Ipatinga/MG. Dentre várias autoridades presentes, se destaca um
General do Exército Brasileiro, Juntamente com ele está o Cabo
Bisonho, seu motorista. Cabo Bisonho estaciona a viatura oficial do
EB em um local inapropriado no pátio do 14º BPM. Aproxima-se dele
o Sargento Caxias da PMMG e determina que ele estacione a viatura
no local adequado, momento em que o Cb Bisonho diz que não vai
estacionar pois, aquela viatura era do General. Sgt Caxias então diz a
ele que é uma ordem! Cb Bisonho então fala para o Sgt Caxias ir dar
ordens para a p*#$@#&. Obviamente que se isso acontecesse, Cb
Bisonho receberia voz de prisão em flagrante por vários crimes
militares, tais como desacato à superior, desobediência,
insubordinação, desrespeito a superior e por ai afora, e seria até
algemado se fosse necessário. Porém, mesmo o Cb Bisonho tendo
cometido um crime contra um militar estadual, dentro do pátio de
uma instituição militar estadual o Cb Bisonho será processado e
julgado pela Justiça Militar da União, pois a Justiça Militar Estadual só
é competente para processar e julgar os MILITARES ESTADUAIS.
Agora vamos inverter tudo, vamos pegar o mesmo fato, porém no
pátio do 12º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, situado em
Belo Horizonte/MG. O Cb Bisonho sendo policial militar, desacata um
sargento do Exército no pátio de uma Unidade do Exército. Resultado,
Cb Bisonho, mesmo sendo policial militar e em serviço, será preso
processado e julgado pela Justiça Militar da União, pois a ela compete
processar e julgar O CRIME MILITAR, indiferente de quem tenha sido
o sujeito ativo.

--BIZÚ-- A Justiça Militar estadual é competente pra


processar e julgar somente os militares DO SEU ESTADO. Caso
um policial ou bombeiro militar de outro estado venha
cometer um crime contra um militar ou instituição militar
estadual em Minas Gerais, por exemplo, caberá à Justiça
Militar de MG remeter o processo para que o sujeito ativo seja
julgado no seu estado de origem.

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Para definir o lugar do crime, diferentemente do Código Penal
comum, o artigo 6º do Código Penal Militar adota um SISTEMA
MISTO que concilia duas teorias:
• Quanto ao CRIME COMISSIVO (AÇÃO) adota-se a TEORIA da
UBIQUIDADE (ou mista), pois considera-se praticado o fato, no lugar
em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e
ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.
• Quanto ao CRIME OMISSIVO (OMISSÃO) adota-se a TEORIA DA
AÇÃO OU ATIVIDADE, pois "considera-se o lugar do crime aquele em
que em que deveria realizar-se a ação omitida.”

Ex. Omissão de socorro. Art. 201, CPM: “Deixar o


comandante de socorrer, sem justa causa, navio de
guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou
aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido
socorro: Pena - suspensão do exercício do posto, de um
a três anos ou reforma.”

Trata-se de um crime OMISSIVO e, portanto,


considerará para fins penais como lugar do crime o
lugar onde deveria ter sido realizada a ação (socorro).

Como esse assunto foi cobrado em concurso?


Foi considerada errada a seguinte afirmação: "No tocante ao
lugar do crime, o CPM aplica a teoria da ubiquidade para os
crimes comissivos e omissivos, do mesmo modo que o CP"
(Promotor de Justiça Substituto/ MPE/ES/2010/CESPE).

PRÓXIMO ENCONTRO: TERRITORIALIDADE E


EXTRATERRITORIALIDADE

Bons estudos!!!

“Bendito seja o SENHOR, minha rocha, que adestra as minhas mãos para a
peleja e os meus dedos para a guerra;” (Salmos 144:1)

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