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AO ESTADO DE
DIREITO
Magnum Eltz
Direito objetivo e
Direito subjetivo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O Direito pode ser dividido entre Direito subjetivo e Direito objetivo, sendo
essa distinção basicamente fruto das revoluções burguesas que substi-
tuem a figura de um direito metafísico teológico por um ordenamento
jurídico representado pelo Estado (Direito objetivo) capaz de tutelar os
direitos naturais inerentes à seus sujeitos humanos (Direitos subjetivos).
Neste capítulo, você vai ler a respeito das principais discussões sobre
a definição de direitos objetivos e subjetivos, sobre a sua natureza jurídica
e, finalmente, sobre a classificação dos direitos subjetivos.
liberdade, não como uma coisa subjetiva, um bem, uma qualidade da pessoa,
mas como uma propriedade objetiva indestrutível, independente da vontade
pessoal, pertencente às instituições jurídicas.
Dessa forma, não se poderia falar em uma dicotomia entre Direito objetivo
e objetivo a essa época, pois eram indissolúveis como parte do ordenamento
jurídico. No entanto, a noção romana que legou a construção de um Direito
subjetivo em contraste à organização estatal é evidenciada por Jhering
(1943, p. 87):
Nenhum direito existe que não tenha procedido do esforço individual e cujas
origens não se percam nas profundezas da força física. Para muitos povos,
esse período de formação violenta do direito desapareceu completamente da
memória dos que fundaram o mundo do direito com a rudeza de seus braços,
para não falar mais que dos deuses, ou dos servidores dos deuses que deram
aos homens o direito como presente, ou lh’o impuseram como regra. O suor
e o sangue dos homens, que cimentaram a origem do direito, ficam ocultos
pelo nimbo divino que este circunda.
[...]
Assim não acontece com o Direito Romano, no qual o tempo não pôde fazer
desaparecer o vestígio de suor e de sangue com que a fadiga dos homens o
maculou. Para a sua história, o princípio da força individual, como fonte do
direito, é uma das verdades primordiais.
[...]
A força individual é a origem do direito, dissemos, e estas palavras são qua-
se ininteligíveis para nós. Habituados a confiar tudo ao Estado, a definir o
direito como se fora a vontade do Estado, e descurar a sua realização, apenas
conhecemos a força individual. Onde quer que se mostre sem a autorização
do Estado, perseguimo-la e castigamo-la como um atentado a ordem jurídica.
Mas, assim como aos nossos olhos a força e o direito se diferenciam, assim,
também, a intuição atual que temos dessas ideias difere da que possuíam os
antigos romanos.
Disto resulta, desde logo, para o indivíduo, que o seu direito à liberdade consti-
tui, ao mesmo tempo, um dever; e resulta, depois, para o Estado, que não deve
reconhecer e realizar senão a verdadeira liberdade, que se funda na moral.
A missão do Estado, ante a liberdade individual, não é puramente negativa,
nem de um espectador indiferente; ao contrário, é de natureza essencialmente
positiva, para a realização da liberdade jurídica, assegurá-la contra o perigo
de uma opressão exterior, ou uma supressão por parte do próprio indivíduo.
Como bem ressalta Nader, em uma teoria que tenta conciliar duas faces de
um mesmo conceito baseado na vontade, as críticas a uma parte ou outra desse
conceito apenas se acumulam ante a tentativa de conceituação de Jellinek.
Segue Nader com a lista histórica sobre os ensaios sobre a natureza jurídica
com Duguit:
objetivo mesmo, de vez que quando se dirige, com a consequência jurídica por
ele estabelecida, contra um sujeito concreto, impõe um dever, e quando se co-
loca à disposição do mesmo, concede uma faculdade” (NADER, 2001, p. 302).
Para Kelsen, a divisão entre Direito subjetivo e objetivo se encontra apenas no “alvo”
do dever imposto a uma pessoa ou em caráter geral, sendo a natureza jurídica do
Direito subjetivo idêntica à do Direito objetivo como parte de um ordenamento
jurídico a ser respeitado.
[...] a distinção entre o direito subjetivo público e privado toma por base a
pessoa do sujeito passivo da relação jurídica. Quando obrigado por pessoa de
Direito Público, o direito subjetivo será público e, inversamente, quando na
relação jurídica o obrigado for pessoa de Direito Privado, o direito subjetivo
será privado. Esta distinção não é antiga, de vez que até há pouco tempo,
relativamente não se admitia a existência de direito subjetivo público, em
face do Direito, pois ele não estaria sujeito às suas normas. O direito subje-
tivo público divide-se em direito de liberdade, de ação, de petição e direitos
políticos (NADER, 2001, p. 303).
Direito objetivo e Direito subjetivo 111
[...] nos direitos absolutos a coletividade figura como sujeito passivo da relação.
São direitos que podem ser exigidos contra todos os membros da coletividade,
por isso são chamados erga omnes. O direito de propriedade é um exemplo.
Os relativos podem ser opostos apenas em relação a determinada pessoa ou
pessoas, que participam da relação jurídica. Os direitos de credito, locação,
familiais são alguns exemplos (NADER, 2001, p. 304).
112 Direito objetivo e Direito subjetivo
Leituras recomendadas
BEVILACQUA, C. Teoria geral do Direito Civil. Rio de Janeiro: Rio, 1975.
GOMES, O. Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
MIRANDA, P. de. Tratado das ações. Campinas: Bookseller, 2016.
REALE, M. Lições preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2003.
SAVIGNY, F. C. von. Sistema do Direito romano atual. Ijuí: Ijuí, 2004.