DIREITO CONSTITUCIONAL
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
PROGRAMA
1. Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres
individuais e coletivos, direitos sociais e direitos políticos
garantias constitucionais.
 Conceito de Direito Constitucional
Para o melhor entendimento dos conhecimentos
relativos ao direito constitucional, é de fundamental
importância o domínio de alguns conceitos.
A tarefa de tentar conceituar institutos como o direito
não é fácil. Para alguns, o direito é uma ciência, ou seja,
um estudo sistematizado das normas que definem a
conduta humana em sociedade; para outros o direito é
um fenômeno social, surgido da própria sociedade e para
ela, no intuito de tentar organizar as relações entre os
indivíduos e destes com seus bens. Há autores, inclusive,
que atestam que o direito é um sentimento, surgido do
próprio indivíduo, como aquele sentimento de justiça
que sentimos ao nos deparar com uma situação absurda.
Contudo, apesar da dificuldade, entendemos que o
direito abrange todas as acepções citadas acima, sendo
um conjunto de regras, princípios, valores e sentimentos
que têm por objetivo regular a vida do homem em
sociedade, em coletividade, visando a dar a cada um o
que é seu, visando o justo.
O direito constitucional, por consequência, vem a ser o
ramo do direito público responsável por estudar e
estabelecer as matérias relativas à Constituição, suas
funções, sua criação, alteração e extinção.
 Conceito de Constituição
Para entendermos o que faz uma Constituição,
primeiramente devemos observar o significado da
palavra constituição: criação, formação, elaboração,
surgimento, dentre outros.
Basicamente, a primeira função que uma
Constituição tem é a criação e a organização do Estado.
Neste caso, o Estado com os seus elementos modernos:
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um povo, dotado de soberania, vivendo num território,
gerido por um governo.
O povo vem a ser o elemento humano do Estado, os
seres humanos, as pessoas, tanto físicas, como jurídicas,
que se juntam para viver em sociedade. É o primeiro
elemento para a existência do Estado e, na nossa visão,
o mais importante, visto que, sem um povo, não há como
existir sociedade.
Tal povo deve ser dotado de soberania, ou seja, da
capacidade de decidir seus rumos, seus valores, bem
como de se auto governar, organizar e administrar, sem
a ingerência de outras sociedades.
O território é o espaço geográfico escolhido e
conquistado por esse povo, para viver, para habitar e
conviver segundo seus costumes, sua tradição, bem
como a sua cultura. Seria o “mapa” de um determinado
país.
Já o governo, vem a ser a atividade do Estado
responsável por gerir a vida humana em sociedade,
administrando os conflitos entre as vontades e os
interesses da coletividade, se valendo das funções que,
desde a antiguidade o Estado possui: a função legislativa,
a função executiva/administrativa e a função
judiciária/jurisdicional.
Portanto, primeiramente, a Constituição vem a ser a
norma fundamental que cria, organiza e estabelece um
Estado, dispondo sobre a instituição e distribuição do
poder, a organização das funções estatais, bem como as
bases políticas do Estado.
Contudo, ao longo da história, ficou clara a necessidade
de se limitar o poder do Estado, visto que os
responsáveis por exercer tal poder, por vezes,
empregaram-no para suprir necessidades pessoais,
direcionando a estrutura pública não para cuidar do bem
estar do homem em sociedade, mas sim para oprimi-lo.
A partir da Constituição dos Estados Unidos, em 1787 e
a Constituição da França, de 1791, as Constituições
passaram a agregar uma segunda função: estabelecer
Direitos e Garantias Fundamentais, no intuito de limitar
o poder do Estado, colocando como parâmetro de ação
para a atividade pública, a dignidade da pessoa humana,
o direito do ser humano ser tratado como o ser
consciente e racional que é.
As Revoluções do século XVIII foram um marco para o
constitucionalismo moderno, porque estabeleceram,
nas Constituições surgidas a partir desses movimentos,
como ponto crucial na organização de uma sociedade, o
respeito ao ser humano.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
- LEI 5.810/94
Feita esta análise, podemos chegar à conclusão, já
estabelecida pela maioria do livros e estudos de Direito
Constitucional, de que a Constituição é a Norma
Fundamental de um Estado, Carta Magna, Lei Máxima
que organiza um povo. Como o Alicerce de uma
sociedade, ela sustenta toda a estrutura jurídica e
política de um povo modernamente organizado, criando
e organizando a estrutura do Estado e limitando-lhe o
poder de ação, através dos Direitos e das Garantias
Fundamentais.
Porém, chamamos de Alicerce, dentro de uma ótica
sociológica, pois a partir de uma ótica jurídica e política
ela deixa de ser a base para ser o Topo, o ápice do
ordenamento jurídico. Justamente em virtude desta
posição superior é que afirmamos ser a Constituição a
Norma Suprema.
A Supremacia constitucional se derrama em relação a
todo o Estado. Qualquer coisa que o Estado faça, precisa
ser pautado pelos termos estabelecidos pela
Constituição, pois que é criado por ela. A criatura não
pode ser mais forte que a sua criadora.
Algumas Constituições, a partir das primeiras
décadas do século XX, por conta das Revoluções
Industriais e especialmente a partir da Segunda Guerra
Mundial, a partir da segunda metade do século XX,
passaram a se preocupar também com o contexto
econômico e social das sociedades modernas, visto que
a má distribuição do que uma sociedade produz, gera
uma má distribuição de rendas, que por conseguinte gera
profundas desigualdades socioeconômicas, obrigando o
Estado a agir como um balanceador do bem estar social,
surgindo o papel assistencialista do Estado.
A Constituição brasileira de 1988 acaba incorporando
não só as duas funções básicas de uma Constituição
moderna, mas também a característica das Constituições
Sociais, tendo como funções a organização do Estado, o
estabelecimento de Direitos e Garantias fundamentais,
bem como os princípios de Ordem Econômica,
Financeira e Social, visando ao estabelecimento de uma
sociedade mais justa, igualitária e solidária.
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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
DE 1988
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
A dignidade é um princípio, um valor, inerente a todo ser
humano. Como ser consciente e racional o homem faz
jus a um mínimo de direitos para que viva na condição
de pessoa e não de um animal. Os direitos e garantias
fundamentais se apresentam como valores, princípios,
regras que têm por objetivo garantir ao indivíduo um
mínimo de dignidade, ou seja, de uma vivência como ser
humano, em um ambiente social.
A doutrina diferencia “direitos” de “garantias”
fundamentais, definindo estas como manto de proteção
daqueles. Assim, ao direito à vida, corresponde a
garantia de vedação à pena de morte; ao direito à
liberdade de locomoção, corresponde a garantia do
habeas corpus etc.
Os direitos fundamentais têm o seu surgimento ligado à
necessidade de limitação e controle dos abusos do
poder do próprio Estado e de suas autoridades
constituídas, além da consagração dos princípios básicos
da liberdade, da igualdade e da fraternidade, além da
legalidade como regentes do Estado contemporâneo.
O embrião deste surgimento foi plantado no início do
século XIII, quando, em 1215, na Inglaterra, o Rei João
Sem Terra se viu obrigado a ceder à pressão feita pelos
Barões da monarquia inglesa e pelo Clero, para que fosse
criado um documento reconhecendo não só a dignidade
destes postulantes, mas também o direito de
participação política e representação na organização da
coisa pública.
Eis que surge a Magna Carta, sendo considerado, até
hoje, um dos mais importantes documentos do
constitucionalismo moderno e contemporâneo,
trazendo limitações ao absolutismo da monarquia na
Inglaterra.
O primeiro momento de extrema importância para a
positivação (positivado = posto = colocado = criado) dos
direitos fundamentais vem com a Revolução Francesa,
no final do século XVIII, pois a partir daí a dignidade
humana passa a ser tão prioritária quanto a própria
criação do Estado. O respeito à vida, à liberdade, à
propriedade, à segurança individual, bem como aos
direitos políticos, traz o Estado Liberal, sendo aquele
que não interfere, deliberadamente, na liberdade do
indivíduo, estabelecendo assim, direitos negativos,
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onde, tanto o Estado, quanto a própria sociedade, Federal, adotarem a classificação tradicional das três
devem se omitir de interferir na liberdade individual. gerações/dimensões.
O segundo período marcante da fixação, na
Constituição, dos direitos fundamentais, surge com os
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
problemas sociais desencadeados pela Revolução
Industrial, no final do século XIX e início do século XX,
pois a desigualdade de classes sociais, bem como a falta
1ª
de direitos trabalhistas, deixa a população pobre e de DIREITO DIREIT
GERAÇ
baixa renda em situação de extrema vulnerabilidade LIBERDAD INDIVID S CIVIS E OS
ÃO/
social. A falta de normas trabalhistas expõe o E UAIS POLÍTIC NEGATI
trabalhador a jornadas de trabalho extremas, assim DIMEN OS VOS
como a não existência de um Estado assistencialista, SÃO
responsável pela criação de uma equidade social, coloca
DIREITO
a população pobre e miserável em patamares 2ª S
desumanos. GERAÇ DIREIT
SOCIAIS,
ÃO/ IGUALDA COLETIV OS
Atendendo ao clamor da população, surge, então, o ECONÔ
DE OS POSITI
Estado Social, que visava a diminuição das DIMEN MICOS E
VOS
desigualdades sociais e ao amparo estatal, consagrando SÃO CULTUR
direitos sociais, econômicos e culturais, em AIS
contrapartida ao sistema liberal vigente até então.
DIREITO
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a 3ª À PAZ,
segunda metade do século XX trouxe o terceiro GERAÇ DIREIT
MEIO
momento marcante na fixação constitucional dos ÃO/ FRATERNI SOCIED OS
AMBIEN
direitos fundamentais, surgindo os conceitos modernos DADE ADE DIFUSO
DIMEN TE E
de fraternidade e solidariedade, uma vez que ficara bem S
SÃO PROGRE
claro o fato de que todas as nações, de alguma forma, se SSO
encontram interligadas e influenciando umas nas outras,
gerando o conceito moderno de globalização.
Surgem, nas constituições, o direito à paz, ao meio CAPÍTULO I
ambiente ecologicamente equilibrado, o direito ao DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
progresso, dentre outros, caracterizadores de direitos
Os direitos e os deveres individuais e coletivos da
fundamentais inerentes à toda a sociedade humana.
Constituição estabelecem normas de conduta social,
Daí temos as expressões “1ª, 2ª e 3ª gerações” de estabelecendo os parâmetros da esfera individual, no
direitos fundamentais, muito utilizadas na classificação intuito de regular o dia a dia da sociedade, a relação
dos direitos fundamentais, dando um contexto entre os indivíduos e destes com o seu patrimônio.
cronológico ao surgimento de tais direitos. Importante
Uma vez estabelecidos tais parâmetros, a Carta Magna
ressaltar o fato de que alguns autores não gostam de
afirma o que cabe, a cada um, tanto a nível de direitos,
usar a expressão “geração”, para que não se atribua
ou seja, valores inerentes a cada um, como também a
importância ou hierarquia entre tais gerações. Estes
nível de deveres, estabelecendo os limites de tais
autores preferem o uso das expressões “1ª, 2ª e 3ª
direitos e a obrigação de cada um respeitar o direito do
dimensões”, atribuindo uma esfera de atuação dos
outro, tanto quanto gostaria de ver respeitados os seus
direitos fundamentais, entre direitos “individuais,
direitos.
coletivos e difusos (de toda a sociedade)”.
Desta forma, a Constituição traça limites e parâmetros
As duas expressões, se bem empregadas, são corretas,
seguros para tais relações.
desde que saibamos a que cada uma se refere.
Hoje, se fala também em direitos fundamentais de 4ª e
5ª gerações, porém, sem haver ainda um consenso entre
a maioria dos estudiosos, levando ao fato das bancas de
concursos, seguindo a visão do Supremo Tribunal

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DIVISÃO DOS DIREITOS NO ARTIGO 5º
VIDA ART. 5º, XLVII
LIBERDADE ART. 5º, II – XXI
PROPRIEDADE ART. 5º, XXII - XXXI
SEGURANÇA ART. 5º, XXXII - LXVII
REMÉDIOS ART. 5º, LXVIII - LXXIII
CONSTITUCIONAIS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
 Princípio da isonomia ou da igualdade: A lei deve
dar um tratamento igualitário para todos,
independentemente de qualquer diferença. A igualdade
trazida aqui restringe-se à igualdade formal, e não a
igualdade material, uma vez que esta última é utópica.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
 ATENÇÃO: São iguais em direitos e obrigações, e
não direitos e deveres.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
 Princípio da legalidade: É o alicerce do Estado de
Direito. Somente a lei pode obrigar que um indivíduo
faça ou deixe de fazer algo. Desta forma se protege o
indivíduo de eventuais ilegalidades ou abuso de poder da
Administração Pública.
III - ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;
Tal inciso vem assegurar a integridade física e psíquica do
indivíduo a fim de que o mesmo possa efetivamente
exercer outros direitos fundamentais. Proíbe os castigos
corporais impingidos às crianças ou aos detentos.
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IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
Preconiza a possibilidade que qualquer indivíduo tem de
expressar seu pensamento, de qualquer forma e através
de qualquer meio, desde que se identifique. A vedação
do anonimato tem por objetivo assegurar eventual
indenização pelo abuso de direito de manifestação do
pensamento.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem;
Refere-se ao abuso do inciso anterior.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e a suas liturgias;
Não obstante o dispositivo consagre ampla liberdade de
crença, é necessário entender que o Brasil é um país
laico, ou seja, não possui religião oficial, sendo vedada
qualquer relação mais próxima entre as entidades
federativas e os cultos religiosos, salvo, na forma da lei,
a colaboração de interesse público. Vale ressaltar que a
liberdade de culto não é tão ampla que permita
determinadas cerimônias, como aquelas em que se
sacrificam crianças, por afrontar o direito à vida.
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;
Trata-se de norma assecutória que garante o livre
exercício da liberdade de crença ao detento, paciente,
servidor, hóspede, interno, a fim de que possa exercer,
ou ser assistido por sua crença, independentemente da
eventual orientação religiosa do estabelecimento de
internação coletiva em que se encontre.
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei;
 ATENÇÃO: O indivíduo não é privado de direitos
quando se exime de obrigação a todos imposta, mas sim
se deixar de cumprir a prestação alternativa fixada em
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lei. A escusa de consciência é, há tempos, permitida em
lei.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença;
Não se pode confundir a liberdade com o abuso, sendo
certo que um controle mínimo, moral, democrático,
tanto administrativo quanto social, das atividades em
tela não é apenas lícito, mas também necessário.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
O inciso consagra o direito à privacidade, estabelecendo
de forma inequívoca um limite à liberdade de expressão
de modo que, sob nenhuma circunstância, se pode violar
a privacidade pessoal.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;
Consagra-se aqui a inviolabilidade do domicílio. Direito
fundamental antigo com origens no constitucionalismo
saxão, este direito constitui uma das bases do Estado
democrático.
 ATENÇÃO: O conceito de casa tem um sentido
amplo, inserindo-se neste contexto, qualquer recinto
fechado, não aberto ao público, ainda que de natureza
comercial: escritório do advogado, consultório do
médico, casa de praia, etc.
 ATENÇÃO: A quebra da inviolabilidade por ordem
judicial só pode ser efetuada durante o dia.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
Em virtude do caráter relativo dos direitos fundamentais,
em situações excepcionais qualquer um destes sigilos
pode ser violado por ordem judicial.
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 ATENÇÃO: Não é admitida a quebra do sigilo
telefônico em processos de natureza administrativa e
civil, somente penal. (Lei 9.296/96)
 ATENÇÃO: Somente o Poder Judiciário poderá
autorizar a interceptação telefônica. Trata-se da medida
denominada “reserva de jurisdição”, de competência
exclusiva do Poder Judiciário.
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer;
Reflexo do fundamento da livre iniciativa, esse
dispositivo consagra a liberdade de exercício
profissional. Todavia, o exercício deste direito está
condicionado a uma reserva legal, exigindo-se o
preenchimento de determinados requisitos e
qualificações profissionais.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional;
Esse dispositivo defende abertamente o acesso à
informação de forma ampla e autoaplicável, trazendo a
liberdade de informação jornalística como expressão
mais sensível de sua concretização. O resguardo do sigilo
da fonte tem por objetivo garantir uma espécie de
segredo profissional, necessário em alguns casos para
proteger o informante.
 ATENÇÃO: Não se confunde sigilo da fonte com
anonimato, pois o jornalista ou a autoridade policial
serão direta e legalmente responsáveis pelas notícias
e/ou diligências que protagonizarem.
XV - é livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;
Consagrado aqui um dos direitos mais imediatos e
inalienáveis do ser humano: o direito de ir, vir,
permanecer, ficar ou sair; o direito à livre locomoção. O
exercício de tal direito está submetido a uma reserva
legal quando o legislador condiciona-o ao tempo de paz,
ou seja, em tempo de guerra o direito de locomoção
pode vir a ser condicionado. Quando nos referimos à
reserva legal podemos citar, também, a exigência de
passaporte, pagamento de taxas e/ou tributos, etc.
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XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
 REUNIÃO: Formação coletiva de pessoas, efêmera,
sem personalidade jurídica definida, aberta a vontades
aderentes, móvel ou imóvel e realizada com um mínimo
de planejamento. São exemplos as passeatas,
manifestações culturais e religiosas de índole coletiva,
procissões, comícios políticos, passeatas de protesto,
etc.
 ATENÇÃO: Não confundir independentemente de
autorização com prévio aviso à autoridade competente.
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
vedada a de caráter paramilitar;
 ASSOCIAÇÃO: Organização estável e permanente,
com fins lícitos, nítida divisão de tarefas estabelecidas
entre seus membros ou associados, dotada de
personalidade jurídica de direito privado e
responsabilidade civil objetiva.
 Associação de caráter paramilitar ou facção:
Sociedade armada, dotada de hierarquia e com ideologia
própria que, ao contrário do partido político, objetiva
atingir o poder ou desestabilizá-lo, através de quaisquer
meios, inclusive pela força.
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado;
Não é possível a suspensão da atividade ou a dissolução
de uma associação por meio de decisão administrativa,
mas somente por decisão judicial. Para a suspensão de
atividade, não se exige decisão definitiva; para a
dissolução, aí sim, exige-se a decisão definitiva,
transitada em julgado.
 Decisão transitada em julgado: Consiste na decisão
judicial da qual não é possível mais se recorrer – quer
porque intempestivo o recurso (fora do prazo), quer em
virtude de impossibilidade processual – impondo às
partes uma decisão judicial pacificadora do conflito.
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XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente;
Para que as associações efetuem a defesa de seus
filiados, o texto exige uma autorização expressa. Ela deve
ser, antes, específica para a propositura de um
procedimento administrativo ou judicial.
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
O direito de propriedade não é absoluto: a propriedade
só é legítima se atender à sua função social, se for
produtiva. Em verdade, o direito de propriedade talvez
seja um dos direitos fundamentais mais sujeito a
restrições no direito brasileiro, seja pela lei, seja pelo
poder de polícia administrativo (limite ao poder de
construir, altura máxima de prédio, etc.).
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;
Em todas as hipóteses que autorizam a desapropriação
deverá haver prévia indenização, mas nem toda será em
dinheiro, uma vez que a CF admite a indenização prévia
em títulos da dívida agrária (propriedade rural,
desapropriação por interesse social) e em títulos da
dívida pública (propriedade urbana não cumprindo sua
função social).
Há, ainda, um caso de expropriação sem direito a
nenhuma indenização estatal, na hipótese de qualquer
propriedade onde forem localizadas culturas ilegais de
plantas psicotrópicas, nos termos do art. 243 da CF.
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se
houver dano;
O presente inciso trata da requisição administrativa, ou
seja, no caso exclusivo de iminente perigo público, o
poder público poderá utilizar-se da propriedade privada
gratuitamente, sem obrigatoriedade de indenização.
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Apenas se houver dano é que haverá posterior
pagamento.
 ATENÇÃO: Na desapropriação o dono da
propriedade perde o domínio e a posse, ao passo que na
requisição administrativa, só perde a posse, e
temporariamente.
 ATENÇÃO: Na desapropriação a indenização é
prévia, na requisição é posterior, somente se houver
dano.
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios
de financiar o seu desenvolvimento;
 ATENÇÃO: São três os requisitos para que a
impenhorabilidade da propriedade rural: seja a
propriedade pequena, exclusivamente trabalhada pela
família e o crédito advenha da atividade produtiva. Para
maiores noções sobre bem de família, convém ler os arts.
70 e seguintes do Código Civil, o Estatuto da Terra (Lei
4.504/64) e, subsidiariamente, a Lei 8.009/90.
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
A proteção ao direito autoral deverá obedecer aos
limites e condições expressos em lei. Atualmente, está
em vigor a Lei 9.610/98 e em seu art. 41 dispõe que
perduram por setenta anos os direitos patrimoniais do
autor, contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte
ao de seu falecimento, caindo em domínio público após
esse período.
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas;
O dispositivo depende de regulamentação legal e busca
assegurar uma decorrência dos direitos autorais
individuais. Uma peça teatral com vários autores, um
clipe com vários cantores, etc., onde cada um detém uma
participação pessoal na medida de sua contribuição para
o engrandecimento do todo. A seguir, a preocupação do
constituinte atinge a fiscalização e o aproveitamento
econômico das obras como decorrência lógica e efetiva
dos direitos autorais.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País;
Buscando evitar ou estimular a criação de monopólios, o
constituinte deferiu privilégio temporário (quinze anos)
para que os autores de inventos industriais explorem sua
criação, depois deste prazo qualquer empresa poderá
fabricar ou aperfeiçoar o invento industrial cujo preço
passa a ser regulado pelas leis de mercado. (Lei
9.279/96)
XXX - é garantido o direito de herança;
É a primeira Constituição brasileira que se preocupa com
o direito de herança. A sua regulamentação está no
Código Civil, nos arts. 1.784 e segs.
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
Esta regra inserida aqui de forma equivocada está
condicionada ao Princípio da Reciprocidade
Internacional. É equívoco tal dispositivo uma vez que não
define quais serão os critérios para definir se uma lei é
ou não mais favorável para os herdeiros brasileiros.
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor;
O Estado já promoveu a defesa do consumidor quando
do surgimento da Lei 8.078/90, o Código do Consumidor.
A Lei 8.137/90 e a Lei 8.884/90 definem condutas
criminosas relacionadas com o consumo e a ordem
econômica.

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XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Toda pessoa tem direito de requerer perante um órgão
público informações de seu interesse particular, ou
mesmo de interesse coletivo ou geral (por quanto foi
contratado esse serviço público?). É um instrumento de
natureza administrativa, em apoio ao princípio da ampla
defesa e do controle popular sobre a coisa pública.
 ATENÇÃO: O direito de informação não é absoluto:
o Poder Público pode recusar-se a prestar aquelas
informações cujo sigilo seja necessário à segurança da
sociedade e do Estado.
 ATENÇÃO: O não cumprimento do presente inciso
enseja a impetração de Habeas Data, no caso de
informações pessoais e Mandado de Segurança no caso
de informações coletivas, uma vez que o habeas data é
personalíssimo, não se aplicando a direitos coletivos.
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ADMINISTRATIVOS
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
para defesa de direitos e esclarecimento de situações
de interesse pessoal;
 Direito de Petição: Segundo a lição do
constitucionalista luso J. J. Canotilho, “de um modo geral,
entende-se por direito de petição a faculdade
reconhecida a indivíduo ou grupo de indivíduos de se
dirigir a quaisquer autoridades públicas apresentando
petições, representações, reclamações ou queixas
destinadas à defesa de direitos, da constituição, das leis
ou do interesse geral”.
 Direito de Certidão: A obtenção de certidões
objetiva facilitar o exercício da cidadania plena e vem
engrossar o rol de medidas constitucionais neste sentido.
 ATENÇÃO: Não se deve confundir isenção de taxa
com gratuidade. Embora não incidam taxas para o
exercício destes direitos, podem ser cobrados
emolumentos, custas ou honorários. Portanto, tudo que
é gratuito é necessariamente isento de taxa, embora a
recíproca não seja verdadeira.
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 ATENÇÃO: o não cumprimento do presente inciso
enseja a impetração de Mandado de segurança, e não
Habeas Data.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
 Princípio da inafastabilidade da tutela
jurisdicional: Estabelece esse postulado que, entre nós,
somente o Poder Judiciário decide definitivamente, com
força de coisa julgada. Nenhuma lei pode afastar alguma
controvérsia da apreciação judicial.
Seria inválida perante o Poder Judiciário, por exemplo,
uma cláusula contratual em que os contratantes
abdicassem do seu direito de recorrer ao Poder
Judiciário para o fim de solucionar eventual lide
decorrente do contrato.
 ATENÇÃO: As decisões administrativas no Direito
brasileiro não gozam do atributo da coisa julgada,
podendo ser reexaminadas pelo Poder Judiciário.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada;
 O Princípio da irretroatividade da lei estabelece
que a lei nova não vai retroagir para alcançar o direito já
adquirido, o ato jurídico já aperfeiçoado ou a coisa
julgada. Essa regra impede que uma lei nova atinja,
prejudicando o indivíduo, uma situação já consolidada
durante a vigência da lei antiga.
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Esse dispositivo consagra que somente os órgãos do
Poder Judiciário são competentes para tratar de
qualquer litígio da sociedade, não podendo, por
exemplo, ser criado um tribunal para julgar os delitos
envolvendo traficantes, uma vez que esse “novo
tribunal” não se encontra no rol de órgãos do Poder
Judiciário trazidos na CF, tornando-se assim um “tribunal
encomendado” ou “tribunal de exceção”.
 Juízo de exceção: é aquele criado especialmente
para julgar determinados fatos, após sua ocorrência.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
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d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida;
O Tribunal do Júri é uma garantia de cada cidadão,
consistente no direito de, em determinadas acusações,
ser julgado por seus pares. A confirmação do fato punido
pela lei será feita não por juízes profissionais, mas por
pessoas do povo, que julgam não de modo técnico, mas
pelo senso comum prevalecente no seio social. O júri não
é um tribunal de exceção porque está previsto pela lei
(neste caso, a própria Constituição).
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
Aqui restam consagrados dois princípios basilares do
Direito Penal: o Princípio da reserva legal (“não há crime
nem pena sem que a lei o preveja”) e o Princípio da
anterioridade (resumido na palavra “prévia” ou
“anterior”). Para que alguma conduta seja punida
criminalmente ela tem que estar previamente proibida,
com clara definição de qual o comportamento vedado e
qual a consequência para o descumprimento da
proibição (a sanção).
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu;
O presente dispositivo traz o Princípio da retroatividade
da lei penal mais benigna. As leis penais só valem
durante sua vigência, com duas únicas exceções: a) a lei
sempre se move para beneficiar o réu; e b) as leis
excepcionais ou temporárias aplicam-se aos fatos
ocorridos durante sua vigência, mesmo que já tenham
deixado de vigorar.
 ATENÇÃO: As leis excepcionais ou temporárias só
têm ultratividade, nunca retroatividade.
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei;
 Fiança: É a prestação de uma garantia ao Juízo,
normalmente em dinheiro, para assegurar que o réu não
se irá evadir ao responder o processo criminal em
liberdade.
 Prescrição: Uma das formas pelas quais se extingue
a punibilidade de um fato, consistente em não mais se
11
aplicar a pena por conta de um grande lapso temporal
entre a prática do fato e o momento da punição.
 ATENÇÃO: O racismo é punido com reclusão (a
pena deve começar a ser cumprida em regime fechado)
e não com detenção (onde a pena pode começar a ser
cumprida em regime aberto ou semiaberto).
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
 Graça: Perdão individual concedido pelo Presidente
da República que, como efeito, leva à extinção da
punibilidade do agraciado. Todavia, não apaga a
existência do crime.
 Anistia: Perdão concedido pelo Congresso Nacional
aos culpados por delitos coletivos, especialmente os de
caráter político, para que cessem as sanções penais e se
ponha em perpétuo silêncio o acontecimento apontado
como criminoso. A concessão de anistia depende de lei e
seus efeitos são mais amplos do que a graça, já que não
somente elimina a punibilidade, mas igualmente apaga o
próprio delito, portanto, todas as suas consequências de
ordem penal.
 ATENÇÃO: A tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo não são
crimes hediondos, mas sim, equiparados a estes.
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
 Ver comentários ao inciso XLII.
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até
o limite do valor do patrimônio transferido;
O Princípio da personificação da pena alude que
somente a pessoa física que, de algum modo, concorreu
para o crime por ele responderá na medida de sua
culpabilidade.
 ATENÇÃO: Nas duas hipóteses acima (obrigação de
reparação de dano e decretação do perdimento de bens)
os efeitos da condenação só podem ir até o limite do
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valor do patrimônio transferido, não podendo
ultrapassá-lo sob pena de violação do princípio supra
citado.
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Consagrado neste inciso o Princípio da individualização
da pena. O legislador achou por bem estabelecer as
penas que são permitidas no ordenamento jurídico
infraconstitucional, sendo que a maioria delas consta do
art. 32 do Código Penal.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e
o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que
possam permanecer com seus filhos durante o período
de amamentação;
 Período de amamentação: Em regra, 6 meses.
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei;
12
 Extraditar é entregar a outro país um indivíduo que
lá cometeu determinado crime para que ele seja lá
julgado, com a aplicação das leis daquele país.
 ATENÇÃO: O brasileiro nato jamais será
extraditado.
 ATENÇÃO: No caso de extradição, se o indivíduo
puder ser condenado no país solicitante à pena de
morte, ou prisão perpétua, só haverá extradição se
houver prévio compromisso daquele país de substituição
dessas penas por pena privativa de liberdade.
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
crime político ou de opinião;
O presente dispositivo é reflexo da livre manifestação do
pensamento, onde o estrangeiro não será extraditado
por crimes derivados de palavras e opiniões.
 ATENÇÃO: Não confundir este inciso com o
anterior.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
pela autoridade competente;
Este inciso consagra o Princípio do juiz natural segundo
o qual somente um juízo competente pode tratar de
certo litígio. Por exemplo, se o indivíduo tem a
necessidade de recorrer-se da Justiça do Trabalho, não
pode iniciar tal processo na Justiça Criminal, uma vez que
o juízo criminal não é competente para solucionar o
litígio trabalhista.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal;
 Princípio do devido processo legal: Qualquer
restrição a direito só será lícita se obedecido o devido
processo legal (due process of law), previsto na
Constituição e complementado pelas leis processuais.
 ATENÇÃO: O princípio do devido processo legal só
admite uma exceção: a prisão em flagrante.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;
 Princípio do contraditório: Assegura que a parte
tem o direito de se manifestar sobre todas as provas
produzidas e sobre as alegações feitas pela parte
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adversa, havendo uma necessidade de igualdade das
partes.
 Princípio da ampla defesa: Todos os meios e
recursos admitidos pela lei e pelo direito devem ser
utilizados para efetuar a defesa do acusado.
 ATENÇÃO: Tais princípios são obrigatórios em
qualquer processo judicial ou administrativo. Porém, nas
fases administrativas e investigatórias (inquérito policial)
não são assegurados.
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos;
A prova obtida por meio ilícito é aquela colhida com
infração das leis, como por exemplo as obtidas através
de tortura, lesões corporais, invasões, fraude, etc.
Porém, a prova ilícita contamina todas as demais provas
obtidas a partir dela, todas as provas decorrentes da
ilícita são também ilícitas. É a aplicação, entre nós, da
denominada teoria dos frutos da árvore envenenada
(fruits of the poisonous tree).
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
em julgado de sentença penal condenatória;
 Princípio da presunção de inocência: Não cabe ao
indivíduo provar a sua inocência; ao estado incumbe a
obrigação de comprovar a sua culpa.
Tal princípio impede o lançamento do nome do réu no
rol dos culpados, antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
Esse princípio não impede que o indivíduo seja preso
antes do trânsito em julgado, sendo, portanto,
constitucionais as prisões preventivas, temporárias, etc.
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei;
A identificação datiloscópica (obtenção de digital) dos
indiciados passou a ser vista como um procedimento
vexatório e o constituinte preferiu só submeter alguém a
ela se esta pessoa não possuir identificação civil.
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
A Constituição permite que, excepcionalmente, a vítima,
ou seu representante legal, assuma a titularidade ativa
em ações penais que, a princípio, seriam públicas, ou
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seja, deveriam ser promovidas pelo Ministério Público.
Surge assim a ação penal privada subsidiária da pública.
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
O Princípio da publicidade dos atos processuais
consagra que todo ato processual deve ser público, para
que haja uma fiscalização de tais atos. Porém, tal
dispositivo não é absoluto, admitindo como exceção a
possibilidade do segredo de justiça que torna,
excepcionalmente, os atos de processo sigilosos,
limitando a presença, em determinados atos, às próprias
partes e seus advogados, ou somente a estes, com o
intuito de evitar evidente prejuízo que poderia advir da
publicidade de certos processos.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
 Prisão em flagrante: Determina o art. 302 do Código
de Processo Penal: “Considera-se em flagrante delito
quem: I – está cometendo a infração penal; II – acaba de
cometê-la; III – é perseguido, logo após, pela autoridade,
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser autor da infração; IV – é encontrado,
logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.
O servidor público militar pode ser preso até por ordem
verbal de superior hierárquico ou de igual patente.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
O presente dispositivo tem o intuito de evitar a
incomunicabilidade do preso, o que, por consequência,
facilitaria sobremaneira eventual abuso de autoridade.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado;
O preso tem o direito de permanecer calado para não
incriminar a si próprio com as declarações prestadas,
seja no inquérito policial, seja perante a autoridade
judiciária.
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- LEI 5.810/94
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária;
Em suma, podemos resumir o dispositivo ao seguinte: se
o réu está preso e existem motivos para tal, ele continua
em prisão cautelar de natureza processual; se ele está
preso e tais motivos não existem, deverá ser colocado
em liberdade, seja a liberdade com ou sem fiança. Se o
réu está solto e existem motivos para a prisão
processual, ele será preso, em geral por prisão
preventiva. Se o réu está solto e não existem motivos
para a prisão durante o processo, então, deverá
continuar em liberdade.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança;
Sendo a prisão a forma mais grave e comum de punição
para os culpados, apenas excepcionalmente deve ela ser
plicada aos presumidamente inocentes. Antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória, a prisão
tem a natureza de medida cautelar, visando preservar a
integridade de testemunhas, da ordem pública, da
ordem econômica ou a evitar que o réu se evada.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel;
Entende-se por prisão civil aquela que não é decretada
com finalidades penais. Só pode ser efetuada nas duas
hipóteses acima previstas.
 ATENÇÃO: O inadimplemento de obrigação
alimentícia deve ser voluntário e inescusável (sem
motivo justificado).
 Depositário infiel: alguém que recebe legalmente
um bem, ficando responsável por cuidá-lo e devolvê-lo
posteriormente e não o devolve, sonegando-o.
 ATENÇÃO: O STF definiu que os tratados
internacionais sobre direitos humanos têm status
supralegal – estão abaixo da Constituição e acima da
legislação infraconstitucional. Não alteram as
disposições constitucionais correlatas, mas tornam
algumas sem eficácia diante da inaplicabilidade da
legislação infraconstitucional relacionada. Portanto,
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desde a ratificação, pelo Brasil, sem qualquer reserva,
do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art.
11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
– Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º), não há mais
base legal para a prisão civil do depositário infiel. (RE
466343/SP, 3.12.2008) (STJ REsp 914.253/SP, 2.12.2009)
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS JUDICIAIS
“HABEAS CORPUS”
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
O habeas corpus tem por escopo proteger a liberdade de
locomoção (direito de ir e vir), prevista no inc. XV. Pode
ser preventivo ou liberatório (repressivo), conforme
esteja a pessoa ameaçada de ter sua liberdade tolhida ou
já presa. A liberdade há que estar sendo tolhida ou
ameaçada de modo ilegal ou por abuso de poder. Pode
ser impetrado por toda e qualquer pessoa sem que haja
requisito ou formalidade indispensável. É gratuito, não
podendo ser cobradas custas judiciais.
 ATENÇÃO: É admissível a impetração de hc contra
ato de particular, porém, somente em caso de
ilegalidade, uma vez que o abuso de poder só pode ser
cometido por autoridades públicas.
MANDADO DE SEGURANÇA
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
 Direito líquido e certo: É aquele demonstrado de
plano, de acordo com o direito, e sem incerteza, a
respeito de fatos narrados pelo impetrante. Se a
existência do direito for duvidosa, se o seu exercício
depender de situações e fatos ainda indeterminados,
não será cabível o MS.
 Pode ser repressivo ou preventivo.
 ATENÇÃO: Pode ser impetrado contra ato de
particular, desde que este esteja no exercício de
atribuições do Poder Público (delegação).
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DIREITO CONSTITUCIONAL

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO b) para a retificação de dados, quando não se prefira

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados;
O MS coletivo é o remédio que visa a proteger direito
líquido e certo de um coletivo, podendo ser impetrado
pelas instituições descritas nas alíneas acima.
 ATENÇÃO: No caso de instituições coletivas
(sindicatos, cooperativas, associações), somente poderá
ser usado para defender direitos dos associados, filiados,
sindicalizados; nunca podendo ser usado para defender
direitos da própria instituição.
 ATENÇÃO: A exigência de um ano de constituição e
funcionamento destina-se apenas às associações, não se
aplicando às entidades sindicais e de classe.
 ATENÇÃO: Basta que o partido político tenha um
representante em uma das Casas do Congresso Nacional.
MANDADO DE INJUNÇÃO
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que
a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania;
Nas palavras de Alexandre de Moraes, “o mandado de
injunção consiste em uma ação constitucional de caráter
civil e de procedimento especial, que visa suprimir uma
omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o
exercício de um direito, uma liberdade ou uma
prerrogativa prevista na CF”.
 Só pode ser julgado pelo STF ou STJ.
 ATENÇÃO: Não supre a omissão da lei. Serve apenas
para regular uma situação concreta e individual.
“HABEAS DATA”
LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
a) para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
É ação colocada à disposição do indivíduo para que ele
tenha acesso, retifique ou justifique registros de sua
pessoa, constantes de banco de dados governamentais
ou, se particular, de caráter público (SERASA, SPC, etc.).
 ATENÇÃO: Também é gratuito, assim como o
habeas corpus, exigindo-se, porém, advogado.
AÇÃO POPULAR
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência;
Tem por objetivo valorizar a participação popular no
controle da gestão pública, pautando-se pelos princípios
constitucionais administrativos da legalidade e
moralidade.
 ATENÇÃO: Não é gratuito, pois se o autor propor a
ação de má-fé, ficará obrigado ao pagamento de custas
judiciais e ônus da sucumbência (quem perde o
processo, paga honorários advocatícios).
 ATENÇÃO: Só pode ser proposta por cidadão, ou
seja, o indivíduo no gozo de seus direitos cívicos e
políticos, militares, etc.
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
 ATENÇÃO: O presente dispositivo não se refere aos
pobres, e sim aos hipossuficientes.
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Aqui o inciso se refere aos “reconhecidamente pobres”.

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DIREITO CONSTITUCIONAL
- LEI 5.810/94
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e
"habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários
ao exercício da cidadania.
Como atos necessários para o exercício da cidadania,
temos o voto, a iniciativa popular, a participação em
plebiscitos e referendos, entre outros.
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (EC
45 – 12/04)
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
§ 3° - Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às emendas constitucionais. (EC 45)
§ 4° - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
(EC 45)
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais, como dimensão dos direitos
fundamentais do homem, são prestações positivas
proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,
enunciadas em normas constitucionais, que
possibilitam melhores condições de vida aos mais
fracos, direitos que tendem a realizar a equiparação de
situações sociais desiguais.
Surgiram a partir do início do século XX, com o ápice da
Revolução Industrial. A partir da necessidade do Estado
regular as relações de trabalho, para a proteção do
trabalhador e da redução das desigualdades de classes
sociais, acentuada com a Revolução.
16
Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o
trabalho, a alimentação, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. (EC 90/15)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição
social:
Os direitos relativos aos trabalhadores são de duas
ordens: a) direitos dos trabalhadores em suas relações
individuais de trabalho, que são os direitos do art. 7º; e
b) direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 8º a 11),
que são aqueles que os trabalhadores exercem
coletivamente ou no interesse de uma coletividade
deles.
I - relação de emprego protegida contra despedida
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos;
 ATENÇÃO: Enquanto não advir a indenização
compensatória, que deverá ser prevista em lei
complementar, deve-se utilizar o disposto no art. 10, I,
das Disposições Constitucionais Transitórias, que prevê
como proteção à relação de emprego a percentagem de
40% sobre o valor do FGTS.
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
involuntário;
O trabalhador faz jus à proteção, a qual será financiada
pelo Programa de Integração Social e Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público –
PIS/PASEP.
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
 ATENÇÃO: O objetivo atual do FGTS não pode ser
mais proteger o empregado despedido dos malefícios do
desemprego, como a doutrina dizia antes. O FGTS passa
a ser, dependendo de sua regulamentação, uma espécie
de patrimônio individual do trabalhador, que servirá
para suprir despesas extraordinárias para as quais o
simples salário não se revele suficiente, como, por
exemplo, aquisição de casa própria, despesas com
doenças graves, etc.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais
básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
O sistema de salário constitui fundamental exigência
para o estabelecimento de condições dignas de trabalho.
V - piso salarial proporcional à extensão e à
complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo;
Além de irredutíveis, os salários são impenhoráveis,
irrenunciáveis e constituem créditos privilegiados na
falência do empregador.
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
os que percebem remuneração variável;
Caso dos garçons, barbeiros, por exemplo, que têm sua
remuneração composta de salário, pago pelo
empregador, e gorjetas.
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
integral ou no valor da aposentadoria;
Constitui-se como abono, pago por ocasião das festas
natalinas, para que o trabalhador tenha recursos para
festejar o Natal e o Ano-Novo.
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
crime sua retenção dolosa;
O trabalhador tem compromissos financeiros a cumprir,
devendo ter seu salário pago até o 5º dia útil do mês
subsequente, caracterizando-se como apropriação
indébita, nos termos da legislação penal vigente, sua
retenção intencional por parte do empregador.
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XI – participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido
em lei;
Norma dependente de regulamentação, sendo regida
pela Lei 10.101/2000, fundamentando tal instituto em
negociação entre empresa e empregados.
XII - salário-família pago em razão do dependente do
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
Direito destinado não ao trabalhador, mas aos seus
dependentes (esposa, filhos, pais ou outros que vivam
sob sua dependência).
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva;
 Turno ininterrupto de revezamento: Caso das
empresas que se mantêm em funcionamento todos os
dias vinte e quatro horas por dia, ininterruptamente. Em
tal caso a jornada será de seis horas, e não oito; terá que
ter quatro turmas de revezamento, não apenas três,
como antigamente.
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;
Qualquer serviço que exceda as jornadas estipuladas nos
incisos XIII e XIV será considerado hora extra.
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;
As férias devem ser pagas antes de seu início, pois se
visa, com o terço a mais, possibilitar ao trabalhador o
efetivo gozo do período de descanso.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do
salário, com a duração de cento e vinte dias;
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XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Até que a lei venha a disciplinar a matéria, a licença
prevista neste inciso será de cinco dias (art. 10, § 1º, do
ADCT). Deve ter início a partir do dia do evento.
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
Tal dispositivo tem por fim dar à mulher condições de
competitividade no mercado de trabalho, sem
discriminações.
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Tem por objetivo possibilitar ao trabalhador condições
de obtenção de outro emprego antes do desligamento
definitivo da empresa.
 ATENÇÃO: É obrigatório tanto para o empregador
como para o trabalhador.
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
 Atividade penosa: É o trabalho exercido em faixa de
fronteira ou em local de difícil acesso.
 Atividade insalubre: Aquela que põe em risco a
saúde do trabalhador.
 Atividade perigosa: É a atividade que põe em risco
a vida do trabalhador.
 ATENÇÃO: Os adicionais não se acumulam, devendo
o trabalhador fazer jus ao de maior valor.
XXIV - aposentadoria;
Direito do trabalhador que não tem mais condições de
oferecer sua mão-de-obra em troca de remuneração.
Constitui-se como uma das prestações da previdência
social.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até cinco anos de idade em creches
e pré-escolas;
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XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho;
Tanto as convenções como os acordos coletivos de
trabalho devem ser reconhecidos e obedecidos como
legítimos entendimentos entre empregados e
empregadores.
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
Embora dependendo de lei, essa norma cria condições
de defesa do trabalhador diante do grande avanço da
tecnologia, que o ameaça, pela substituição da mão-de-
obra humana pela de robôs, com vantagens para
empresários e desvantagens para a classe trabalhadora.
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
O empregador é responsável pelo seu trabalhador em
caso de acidentes de trabalho, devendo arcar com
todos os custos resultantes de um acidente,
independentemente da indenização que deverá
cumprir em caso de dolo ou culpa.
 ATENÇÃO: Se, durante o deslocamento do
trabalhador para a empresa e desta para sua residência,
ocorrer algum acidente, o empregador também fica
obrigado ao amparo ao trabalhador.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;
A Emenda Constitucional 28/2000 igualou os prazos de
trabalhadores urbanos e rurais quanto aos créditos
resultantes das relações de trabalho, estipulando-o em
cinco anos enquanto subsistir o contrato de trabalho e
dois anos após a extinção do mesmo.
 ATENÇÃO: Após a extinção do contrato de trabalho,
o prazo corre contra o trabalhador, ou seja, a cada dia
que ele deixa o prazo fluir, perde seu direito equivalente
a esse dia.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil;
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 Princípio da Isonomia Salarial: Veda qualquer

EFICÁCIA PLENA
diferença salarial em virtude das situações descritas
neste inciso. IV SALÁRIO MÍNIMO
 ATENÇÃO: O rol de motivos deste inciso não é VI IRREDUTIBILIDADE DO SALÁRIO
taxativo, mas sim, exemplificativo. Qualquer outro
VII SALÁRIO MÍNIMO PARA OS QUE RECEBEM
motivo de diferenciação que não conste deste inciso
REMUNERAÇÃO VARIÁVEL
também é proibido.
VIII DÉCIMO TERCEIRO
X PROTEÇÃO DO SALÁRIO
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
a salário e critérios de admissão do trabalhador XIII TRABALHO NORMAL DE 8 HORAS DIÁRIAS E
portador de deficiência; 44 SEMANAIS
XV REPOUSO SEMANAL REMUNERADO
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, XVI HORA EXTRA
técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos; XVII FÉRIAS MAIS, NO MÍNIMO, 1/3
XVIII LICENÇA GESTANTE, DE 120 DIAS

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou XIX LICENÇA PATERNIDADE

insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho XXI AVISO PRÉVIO
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; XXII REDUÇÃO DOS RISCOS DO TRABALHO
XXIV APOSENTADORIA

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com XXVI RECONHECIMENTO DAS CONVENÇÕES E
vínculo empregatício permanente e o trabalhador ACORDOS COLETIVOS
avulso. XXX PRINCÍPIO DA ISONOMIA SALARIAL
Objetivando a isonomia e a não discriminação, esta XXXI PROTEÇÃO DO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA
norma visa a proteger o trabalhador avulso: aquele
prestador de serviços na orla marítima e que realiza XXXIII PROIBIÇÃO DE CERTOS TRABALHOS AO
serviços para empresas marítimas, por conta destas, MENOR DE 18 ANOS
mediante rodízio controlado pelo sindicato da respectiva EFICÁCIA LIMITADA (REGULAMENTAÇÃO)
categoria que o agrupa. São os estivadores, conferentes
de carga e descarga etc. A natureza de seu trabalho não I PROTEÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO COM
é eventual, mas constante, ainda que o tomador do INDENIZAÇÃO
serviço varie. II SEGURO DESEMPREGO
III FGTS
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos IX ADICIONAL NOTURNO
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XII SALÁRIO FAMÍLIA
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as XXV ASSISTÊNCIA , ATÉ 5 ANOS DE IDADE, EM
condições estabelecidas em lei e observada a CRECHES E PRÉ ESCOLAS
simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da XXVIII SEGURO CONTRA ACIDENTES DE TRABALHO
relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos NÃO TEM
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
integração à previdência social. (EC 72/13) V PISO SALARIAL

 Trabalhador doméstico: Aquele que presta serviços XI PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU

de auxiliares da administração residencial de natureza RESULTADOS
não lucrativa. XIV TRABALHO ININTERRUPTO DE SEIS HORAS

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XX PROTEÇÃO DO TRABALHODA MULHER
XXIII ADICIONALDE PENOSIDADE,
INSALUBRIDADE OU PERICULOSIDADE
XXVII PROTEÇÃO EM FACE DA AUTOMAÇÃO
XXIX PRAZO PARA ENTRAR COM AÇÃO
TRABALHISTA
XXXII ISONOMIA ENTRE TRABALHO MANUAL,
TÉCNICO E INTELECTUAL
XXXIV ISONOMIA DO TRABALHADOR AVULSO
DIREITO À SINDICALIZAÇÃO
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte:
 Associação sindical: Também é uma associação
profissional, porém, com prerrogativas especiais.
 Associação profissional: Se limita a fins de estudo,
defesa e coordenação dos interesses econômicos e
profissionais de seus associados.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência
e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial,
que será definida pelos trabalhadores ou empregadores
interessados, não podendo ser inferior à área de um
Município;
 Princípio da Unicidade Sindical: Estabelece que em
cada base territorial só poderá existir um sindicato de
uma mesma categoria profissional ou econômica,
podendo haver apenas uma pluralidade de bases
territoriais.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
O presente dispositivo especifica uma das prerrogativas
especiais das associações sindicais.
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
tratando de categoria profissional, será descontada em
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folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente
da contribuição prevista em lei;
 ATENÇÃO: Há duas contribuições: uma para custeio
de confederações, que não é estatuída por lei, mas sim
pela assembleia geral, devendo ser cobrada apenas dos
filiados e outra de caráter parafiscal, sendo obrigatória
para filiados e não filiados, uma vez que é estatuída em
lei, sendo paga, recolhida e aplicada na execução de
programas sociais de interesse das categorias
representadas.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
Outra prerrogativa especial!!!
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer
falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
à organização de sindicatos rurais e de colônias de
pescadores, atendidas as condições que a lei
estabelecer.
DIREITO DE GREVE
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-
lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender.
A greve não é um simples direito fundamental dos
trabalhadores, constituindo-se como verdadeira
garantia constitucional, uma vez que funciona como
meio posto pela Constituição à disposição dos
trabalhadores, não como um direito, mas sim como meio
assecutório para a concretização de seus direitos e
interesses.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
 ATENÇÃO: O constituinte ainda não admitiu o
amplo direito de greve aos servidores públicos, pois, em
relação a estes, submeteu o exercício desse direito aos
termos e limites definidos em lei específica.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em
que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um
representante destes com a finalidade exclusiva de
promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores.
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
Nacionalidade: É o vínculo jurídico-político de Direito
Público interno, que faz da pessoa um dos elementos
componentes da dimensão do Estado.
Nacionais: São todos aqueles que o Direito de um Estado
define como tais; são todos aqueles que se encontram
presos ao Estado por um vínculo jurídico que o qualifica
como seu integrante.
Estrangeiros: São todos aqueles que não são tidos por
nacionais, em face de um determinado Estado, isto é,
aquela pessoa a que o Direito do Estado não atribuiu a
qualidade de nacional.
Heimatlos: Expressão alemã que significa sem pátria,
apátrida; é aquele que, dada a circunstância de seu
nascimento, não adquire nacionalidade, por não se
enquadrar em nenhum critério estatal que lhe determina
a nacionalidade.
Polipátrida: É aquele que possui mais de uma
nacionalidade, em razão de o seu nascimento o
enquadrar em distintas regras de aquisição de
nacionalidade. Dois ou mais Estados reconhecem uma só
pessoa como seu nacional, dando origem à
multinacionalidade.
21
ESPÉCIES DE NACIONALIDADE
Nacionalidade primária: Resulta de fato natural
(nascimento), a partir do qual, de acordo com os critérios
adotados pelo Estado (sanguíneos ou territoriais) será
estabelecida. Cuida-se de aquisição involuntária de
nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado
a um critério estabelecido pelo Estado.
Nacionalidade secundária: É a que se adquire por ato
volitivo, depois do nascimento (em regra, pela
naturalização). Cuida-se de aquisição voluntária de
nacionalidade, resultante da manifestação de um ato de
vontade.
CRITÉRIOS DE ATRIBUIÇÃO DE NACIONALIDADE
São dois os critérios para a atribuição da nacionalidade
primária, ambos partindo do nascimento da pessoa: o de
origem sanguínea – jus sanguinis e o de origem
territorial – jus solis.
O critério jus sanguinis funda-se no vínculo do sangue,
segundo o qual será nacional todo aquele que for filho
de nacionais, independentemente do local de
nascimento.
O critério jus solis atribui a nacionalidade a quem nasce
no território do Estado de que se trata,
independentemente na nacionalidade dos ascendentes.
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da
República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira. (EC 54/07)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes
na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
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PORTUGUÊS EQUIPARADO
§1º Aos portugueses com residência permanente no
País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo
os casos previstos nesta Constituição.
§2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO
§3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa
PERDA DA NACIONALIDADE
§4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu
território ou para o exercício de direitos civis;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da
República Federativa do Brasil.
§1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão ter símbolos próprios.
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Os direitos políticos consistem no conjunto de normas
que asseguram o direito subjetivo de participação no
processo político e nos órgãos governamentais. Eles
garantem a participação do povo no poder de
dominação política por meio do sufrágio.
22
O direito ao sufrágio é materializado pela capacidade de
votar e de ser votado, representando, pois, a essência
dos direitos políticos.
O direito ao sufrágio deve ser visto sob dois aspectos:
capacidade eleitoral ativa, que representa o direito de
votar, o direito de alistar-se como eleitor (alistabilidade)
e; capacidade eleitoral passiva, consistindo no direito de
ser votado, de eleger-se para um cargo político
(elegibilidade).
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
A CF prevê que uma forma do exercício da soberania
popular será mediante a realização de consultas à
população, por meio de plebiscito e referendo.
 A distinção entre os institutos é feita levando-se em
conta o momento da manifestação dos cidadãos: se a
consulta à população é prévia, temos o plebiscito; se a
consulta à população sobre determinada matéria é
posterior à edição de um ato governamental, temos o
referendo.
 ATENÇÃO: Cabe exclusivamente ao Congresso
Nacional autorizar referendo e convocar plebiscitos (CF,
art. 49).
 A CF outorgou a iniciativa popular somente ao
cidadão, isto é, ao detentor da denominada capacidade
eleitoral ativa, possuidor do título eleitoral, no pleno
gozo dos direitos políticos.
A iniciativa popular consiste em um projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos eleitores de
cada um deles (CF, art. 61, § 2°).
ALISTÁVEIS
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
INALISTÁVEIS
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os
estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
ELEGÍVEIS
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
 Inelegibilidade: Consiste na ausência de
capacidade eleitoral passiva, incidindo como
impedimento à candidatura a mandato eletivo nos
Poderes Executivo e Legislativo. Divide-se em:
inelegibilidade absoluta, impedindo que o cidadão
concorra em qualquer eleição, a qualquer mandato
eletivo e; inelegibilidade relativa, sendo restrições
impostas à elegibilidade para alguns cargos eletivos, em
razão de situações especiais.
REELEIÇÃO
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período
subsequente.
 ATENÇÃO: A CF veda a eleição sucessiva ao terceiro
mandato, assim, poderá uma pessoa vir a exercer um
terceiro mandato eletivo, desde que este não seja
sucessivo.
DESINCOMPATIBILIZAÇÃO
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito
23
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.
INELEGIBILIDADE REFLEXA
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
 Tal dispositivo traz a denominada inelegibilidade
reflexa, visto que incide sobre terceiros do detentor de
mandato eletivo.
MILITAR ELEGÍVEL
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a
inatividade.
 ATENÇÃO: É vedado ao militar, enquanto em
serviço ativo, estar filiado a partido político (CF, art.
142, § 3°, V).
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta.
 ATENÇÃO: A lei em questão deverá ser editada pelo
Congresso Nacional.
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em
segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
se temerária ou de manifesta má-fé.
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PERDA/SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §
4º.
 ATENÇÃO: São hipóteses de perda dos direitos
políticos os casos previstos nos incisos I e IV, sendo
hipóteses de suspensão os casos previstos nos incisos II,
III e V.
PERÍODO DE VACÂNCIA DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado
com natureza jurídica de agremiações, consistindo numa
união de pessoas que se juntam de forma organizada e
hierarquizada para tentar chegar ao poder e exercê-lo
em nome de uma parcela da sociedade.
Por serem pessoas jurídicas de direito privado possuem
autonomia para sua organização e funcionamento, tendo
liberdade de estabelecer suas regras de disciplina e
fidelidade partidárias, contudo, sem deixar de observar
os preceitos da Constituição Federal.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados
os seguintes preceitos:
ATENÇÃO: Observa-se que não é absoluta a liberdade
partidária, ficando ela condicionada a vários princípios
que auxiliam, em essência, para seu compromisso com o
regime democrático.
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a
estes;
24
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre
escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina
e fidelidade partidária. (EC 97/17)
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
CRITÉRIOS PARA ACESSO GRATUITO AO RÁDIO E
TELEVISÃO E RECURSOS DO FUNDO PARTIDÁRIO
§ 3º - Somente terão direito a recursos do fundo
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados,
no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos
votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados
Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. (EC 97/17)
§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar.
§ 5º - Ao eleito por partido que não preencher os
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,
a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa
filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
tempo de rádio e de televisão. (EC 97/17)
www.lojadoconcurseiro.com.br
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