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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II

ATIVIDADES ESTRUTURADAS

Com base nas leituras de IED I, do semestre passado, e nas discussões deste início de
semestre (IED II), desenvolva o tema “Direito Positivo e Direito Natural”.

O Direito Natural ou jusnaturalismo, são os direitos naturais, universais e inatos


ao homem, direitos obtidos apenas pelo fato de ser homem. É o direito que todo homem
tem de obedecer. São direitos naturais que são anteriores à instituição do poder civil.
Locke define os direitos naturais como: o direito à vida, o direito à liberdade e o direito
à propriedade. Na Idade Média, as leis naturais eram aquelas vindas da vontade divina,
leis estabelecidas por Deus.

Contudo surgiram contestações acerca do Direito Natural na Era moderna.


Ocorre uma inversão de ponto de vista, um abandono da teoria tradicional. Ao perceber
que os indivíduos são originariamente membros de um grupo social natural (como a
família, por exemplo), chega-se à conclusão de que os indivíduos não nascem livres. Na
realidade em que os homens nascem dentro de um sistema hierárquico com diversas
camadas, os homens não nascem livres nem iguais. A propriedade, direito natural,
sagrado e inviolável é criticada pelo sociólogo Karl Marx, que defende em sua tese que
a exaltação da propriedade como sagrada e inviolável é apenas um interessa de uma
determinada classe: a burguesia, se utilizando desse instrumento para ficar acima nas
relações de poder. Essa inversão de perspectiva se deu principalmente com o
nascimento da concepção individualista da sociedade e da história.

De acordo com Hans Kelsen, o Direito Positivo é um conjunto de princípios,


regras e normas que pautam a vida social de um determinado povo em uma determinada
época, estabelecido por atos humanos. Os positivistas defendem que o Direito Positivo é
o único capaz de dizer o direito, visto que dispõe a superioridade da norma escrita sobre
a não escrita.

Em meados do século XIX, a tendência de positivação do direito, o direito como


norma posta, entra em evidência. A codificação das leis alavancou o direito escrito, o
que acarretou o rápido crescimento da quantidade de leis emanadas pelo poder
constituído. Exemplos como a Magna Carta e a Bill o Rights mostram que, além de
registrar os direitos naturais, formalizar sua soberania, as constituições escritas também
apresentavam leis criadas pelos próprios homens.

A formação do Estado Moderno está diretamente ligada à positivação do direito.


O sistema judiciário é reformado, e agora, os juízes proferem suas sentenças de acordo
com as normas elaboradas pelo poder legislativo, logo, o direito positivo passa a ser
único e verdadeiro, sendo aplicado em juízo. Partindo disso, o juiz deixa de possuir
autonomia no julgamento dos conflitos. Outra característica do Estado Moderno
proveniente do Direito Positivo é a separação de poderes: poder executivo, poder
legislativo e poder judiciário. A regulação entre os poderes garante o cumprimento da
norma, para assim evitar atos autoritários e eventuais danos à sociedade.

A positivação do direito contribuiu para importantes mudanças na concepção do


direito e seu conhecimento. A fontes do direito são ampliadas, dando relevância ao
costume, passa a ser escrito também, e à jurisprudência, mas a principal fonte do direito,
agora, é a lei, portanto, se o direito mudar, a legislação também deve ser alterada.

No sentido filosófico, a positivação do direito se dá pelo estabelecimento do


direito por força de ato de vontade. No sentido sociológico, o direito é um conjunto de
normas que valem por força de serem postas pela autoridade, e somente outra
autoridade pode revogá-las. Na Era Moderna, esses sentidos são representados pelas leis
votadas no sistema parlamentar, contudo, a necessidade de segurança da sociedade
burguesa passou, então, a realizar exigências da valorização dos preceitos legais nos
julgamentos dos fatos, ou seja, mais respeito pelas leis, não pelas decisões dos
parlamentares.

Um dos maiores exemplos dessa dicotomia entre o Direito Natural e o Direito


Positivo é a tragédia grega “Antígona”, obra de Sófocles. Nela, existe o conflito entre as
leis impostas pelo monarca tirânico Creonte e as leis divinas dos deuses. A situação de
Creonte, ao desejar impor suas leis como supremas, representa o Direito Positivo, visto
que são leis provenientes do próprio homem. Já a situação de Antígona representa o
Direito Natural, aquele inerente a todos os homens, naquela época os direitos vindos dos
deuses. Analisando a obra, pode-se perceber que a condenação de Antígona estabelecida
por Creonte foi um ato impulsivo e tirânico, ou, seja, pode-se considerar a imposição de
Creonte um abuso de poder.

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