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DIREITO PENAL MILITAR

Somente existem três Tribunais, de


Justiça Militar estaduais, o de:
Minas Gerais, São Paulo e Rio
Grande do Sul.

Art. 15 da CF - § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de


Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de
direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de
Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
superior a vinte mil integrantes
O Direito Militar adquiriu importância com a vinda da
família real portuguesa para o Brasil em 1808, a partir do
primeiro tribunal da nação, o Conselho Militar e de Justiça que
se transformaria no Superior Tribunal Militar – STM, atualmente
com sede em Brasília, cuja jurisdição atinge todo o território
nacional. De acordo com a constituição, o STM é considerado um
Tribunal Superior, mas na prática funciona como um Tribunal
de Segundo Grau, já que não existe na estrutura judiciária
nacional um Tribunal Regional Militar, para as forças armadas,
no entanto, existe Tribunal Militar Estadual.

LEI Nº 8.457, DE 4 DE SETEMBRO DE


1992, QUE REOGANIZA A JUSTIÇA
MILITAR DA UNIÃO
Muitos defendem a extinção da justiça militar, por
considerarem sua simples existência um privilégio,
já que em várias ocasiões esta prevê julgamento em
separado para militares que cometeram a mesma
infração do civil. Já os seus defensores entendem
que o Direito Militar visa proteger não apenas os
militares em si, mas sim as instituições militares,
estaduais, do Distrito Federal ou da União. Na área
penal, inclusive, as penas são em grande parte mais
rígidas que aquelas que se encontram estabelecidas
no vigente Código Penal Brasileiro.
O Decreto-Lei nº 1001/69 de 21 de outubro de
1969 foi estruturado em três Livros Distintos: i)
parte geral; ii) parte especial: dos crimes militares
em tempo de paz; iii) dos crimes militares em
tempo de guerra. Desde o início de sua vigência, o
Código Penal Militar, foi alterado apenas 6 vezes
(1978, 1996, 1998, 1999, 2011 e 2017).
Em síntese!!!
É o conjunto de normas jurídicas que têm por
objeto a determinação de infrações penais e suas
medidas coercitivas. Visa garantir os bens
juridicamente tutelados, mormente a regularidade
de ação das forças militares, bem como proteger a
ordem jurídica militar, fomentando as missões
precípuas atribuídas às Forças Armadas e às Forças
Auxiliares.
Conceito (Art. 22, CPM/69): É considerada MILITAR, para
efeito da aplicação do CPM, qualquer pessoa que, em tempo
de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,
para nelas servir em posto (Oficial), graduação (Praça), ou
sujeição à disciplina militar (assemelhado), não existe mais
a figura do assemelhado.

Quem são?
Art. 142 CF/88 – Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica).
Art. 42 CF/88 – Membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares.
E O ALUNO SOLDADO DA
PM/RN É CONSIDERADO
MILITAR?????
Art. 3º - Os integrantes da Polícia Militar do Estado, em razão da destinação
constitucional da Corporação e em decorrência de leis vigentes, constituem uma
categoria especial de servidores públicos estaduais e são denominados policiais-
militares:
d) os alunos dos órgãos de formação de policiais-militares da ativa
Art. 122 - Os policiais-militares começam a contar tempo de serviço na Polícia
Militar a partir da data de sua inclusão, matrícula em órgão de formação de
policiais-militares ou nomeação para posto ou graduação na Polícia Militar.
LEI DE INGRESSO
11. O ingresso nas Corporações Militares Estaduais será considerado a contar
da data estabelecida na portaria de matrícula no curso de formação, exarada
pelo Chefe do Poder Executivo Estadual e publicada no Diário Oficial do Estado,
que conterá a relação nominal dos candidatos aprovados e classificados em
ordem decrescente de nota final no concurso público, dentro do número total de
vagas disponibilizadas no edital, para o cargo público específico que se
inscreveram.” (NR)
❖Ramo especializado do Direito Penal que
estabelece as regras jurídicas vinculadas à
proteção das instituições militares e ao
cumprimento de sua destinação constitucional.

❖A autoridade, a disciplina, a hierarquia, o


serviço, a função e o dever militar, que podem
ser resumidos na expressão: “regularidade das
instituições militares”.
TERMINOLOGIA – SEGUNDO EB, PM E CBM
•SUBALTERNOS (1º e 2º TENENTES)
•INTERMEDIÁRIOS (CAPITÃO)
OFICIAIS - POSTOS •SUPERIORES (MAJOR, TENENTE-
(comando, chefia e coordenação) CORONEL E CORONEL)

•GENERAIS (Não existem na PM e CBM)

ESPECIAIS (ASPIRANTE - A - OFICIAL PM


ALUNO OFICIAL PM
PRAÇAS - GRADUAÇÃO •)
(execução) •ORDINÁRIAS (SOLDADO, CABO,
SARGENTOS E SUB-TENENTE)

•ATIVA (art. 22, CPM).

•RESERVA REMUNERADA (Sujeitos ao CPM).

SITUAÇÃO FUNCIONAL
•REFORMA (Sujeitos ao CPM)

•RESERVA NÃO-REMUNERADA - NÃO


SUJEITOS AO CPM/69 NA CONDIÇÃO DE
TEMPO PARA ASCENDER A SUBTENENTE

INTERSÍCIO MÁXIMO
MÍNIMO
SOLDADO/CABO 4 ANOS 8 ANOS

CABO/TERCEIRO 3 ANOS 4 ANOS

TERCEIRO/ 2 ANOS 3 ANOS


SEGUNDO
SEGUNDO/ 2 ANOS 3 ANOS
PRIMEIRO
PRIMEIRO/ 2 ANOS 3 ANOS
SUBTENENTE
10 ANOS 21 ANOS + 1 DE
ALUNO/SOLDADO =
22 ANOS
JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

● JME: Efetivo PM e BM (somados) acima de 20


mil (BAHIA, São Paulo, Minas Gerais; RIO
DE JANEIRO; PARANÁ. Abaixo de 20 mil:
Auditoria da Justiça Militar.
● Art. 125, § 3º da CF.
❑ Legalidade (4X1) Art. 1º, CPM/69. Reserva Legal: União. Taxatividade:
lei penal deve ser certa, vedando-se a analogia para criar tipos penais ou
para agravar situações e anterioridade, deve haver uma lei anterior
prevendo o que é crime.
❑ Intervenção mínima - (ou da ultima ratio ou da subsidiariedade) -
Interferência do DPM somente nos casos onde nenhum outro ramo do
Direito puder ser aplicado e quando identificados os bens jurídicos
protegidos pelo CPM/69.
❑ Lesividade (ofensividade) - A punição só deve ser aplicada à conduta
que se prove lesiva, separando o direito da moral. No DPM os valores
citados são basilares da vida em caserna: honra, disciplina, bons
costumes e pundonor (pudor) militar. Daí a existência de tipificações
próprias relativas à moral, tais como os arts. 235 (pederastia) 1 e 313
(emitir cheques sem fundos).
❑ Adequação social - Visa orientar o legislador a punir somente condutas
reprováveis do ponto de vista social. Um exemplo é a defesa doutrinária
de que o art. 204 (exercício de comércio por oficial) do CPM/69 deve ser
abolido.
🞂Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria
vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos
efeitos de natureza civil.
⦿RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENIGNA e
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS SEVERA.
⦿§ 1º - A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o
agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha
sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
⦿APURAÇÃO DA MAIOR BENIGNIDADE DA LEI PENAL.
⦿§ 2º - Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior
e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual
no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
⮚Lei Penal Militar no Tempo:
⮚Figura das modificações de texto legal previstas no direito:
novatio legis (in mellius e in pejus), lex mitior, lex gravior e abolitio
criminis.
⮚Caput possui a mesma redação (e aplicação)
● PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (CF,
Art. 5º; XL(XL - a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu) e CP Art. 2º e
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.  
O QUE É CRIME?

Conceito analítico de crime e teoria da ação. ...


Para a teoria bipartida o crime é um fato típico
e antijurídico (ilícito), sendo a culpabilidade
apenas um pressuposto de aplicação da pena. Já
para a tripartida, o crime é um fato típico,
antijurídico (ilícito) e culpável.
TEMPO DO CRIME

● Art. 5º – Considera-se praticado o crime no


momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o do resultado.
⮚Tempo do crime: Teoria da Atividade.
⮚Mesma redação e aplicação do art. 4º do CP.
Art. 6º – Considera-se praticado o fato, no lugar em que
se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte,
e ainda que sob forma de participação, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes
omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que
deveria realizar-se a ação omitida.
Lugar do Crime. O CPM/69 adota duas teorias:
Ubiquidade (ou mista) para condutas comissivas
(consumadas ou tentadas) = jurisdição / circunscrição do
momento do “toque” no território nacional.
Atividade para condutas omissivas.
❖ L – UGAR
❖ U – UBIQUIDADE OU RESULTADO
❖ T – EMPO
❖ A – TIVIDADE
🞭 LUGAR DO CRIME:
A Teoria adotada pelo CPM é da
ubiqüidade, segundo a qual considera-se
praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou devia
produzir-se o resultado.
DA COMPETÊNCIA PROCESSUAL PENAL - CPP

Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:


I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.
⮚ Crime comissivo exige uma atividade concreta do agente, uma
ação, isto é, o agente faz o que a norma proíbe (ex: matar alguém
mediante disparos). O crime omissivo distingue-se em próprio e
impróprio (ou impuro). 
⮚ Crime omissivo próprio é o que descreve a simples omissão de
quem tinha o dever de agir (o agente não faz o que a norma
manda. Exemplo: omissão de socorro – CP, art. 135). 
⮚ GOMES, Luiz Flávio. Direito penal: parte geral: volume 2. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 525
Os crimes militares são classificados em crimes propriamente
militares e impropriamente militares, onde a classificação doutrinária
simplifica de forma objetiva que crime propriamente militar é aquele
que somente o militar pode cometer (deserção, por exemplo), bem
como outros tipos penais, como os crimes previstos no art. 163 do
Código Penal Militar – CPM (Recusa de Obediência) já que ao civil
não caberia tal enquadramento, o tipo previsto no art. 175 do CPM
(Praticar violência contra inferior), ou o crime do art. 195 (abandono
de posto), pois o civil não teria como praticar tais delitos, mas
somente o militar da ativa.
Já o crime impropriamente militar é aquele que a conduta do
militar está prevista na lei penal comum e extravagante, assim
como o civil também pode cometer, quando tal conduta é
prevista no ordenamento militar castrense (CPM), e decorrente
da aplicabilidade do art. 9º do CPM (onde neste  artigo que se
encontra toda a descrição de quando um crime é militar ou
comum), podendo inclusive um crime militar ser praticado por
civil.
Sim, um civil também pode praticar um crime militar. Quando,
por exemplo, invade uma instalação militar e comete o delito de
furto ou roubo de um armamento, fica sujeito ao processo penal
na Justiça Militar Castrense (desde que o crime seja contra as
Forças Armadas), e lá será processado e julgado.
●   Súmula 53/STJ - Súmula 53/STJ - .
Competência. Crime militar cometido por
civil. Julgamento pela Justiça Estadual
Comum. CF/88, art. 125, § 4º.
● «Compete à Justiça Comum Estadual processar
e julgar civil acusado de prática de crime contra
instituições militares estaduais.»
DA IMPUTABILIDADE
PENAL
(arts. 48 a 52, CPM/69)
Arts. 48 a 52 do CPM/69;

A imputabilidade é o nome dado ao conjunto de condições do


agente em entender o caráter ilícito de determinado fato.
O CPM, assim como o CP, adota o sistema biopsicológico, ou misto,
que combina dois fatores: mental (doença mental, desenvolvimento
mental retardado ou incompleto – art. 48 CPM/69) e biológico
(embriaguez – art. 49, CPM/69 e menoridade - art. 50 a 52, CPM/69).
O CPM não trata em nenhum momento da emoção e da paixão, muito
menos da embriaguez voluntária ou culposa, cabendo interpretação
análoga (art. 28, I e II do CP).
Sistema Vicariante (CPM) ≠ Duplo Binário: NÃO se aplica
PENA e MEDIDA DE SEGURANÇA. Contudo, no CPM/69
existe a previsão de MEDIDA DE SEGURANÇA para
imputável.

Imputável Semi-imputável Inimputável

Art. 112, CPM. Sentença


Art.113, CPM. Absolutória Imprópria. O
Aplicação da pena Aplica-se a pena, acusado é absolvido e
conforme o tipo penal. atenuada ou substituída caso revele
por internação. periculosidade aplica-se
a medida de segurança.
● Inimputáveis por condição mental.
● Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não
possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
● Redução facultativa da pena.
● Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas
diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do
fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a
pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.
⮚ Redação e aplicação similar ao art. 26 do CP.
❑ Inimputáveis por embriaguez:
❑ Art. 49 - Não é igualmente imputável o agente que, por
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
❑ Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente por embriaguez proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso
do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
❑ Redação e aplicação similar ao art. 28, §1º e §2º do CP.
. Embriaguez completa fortuita ou por força maior (art. 49, CPM/69).
São três as fases da embriaguez:
NÃO-ACIDENTAL ACIDENTAL PATOLÓGICA PRÉ-ORDENADA

Doença Mental. O agente se coloca


Pode ser culposa ou Caso Fortuito ou
Dependência nesse estado para
voluntária. Força Maior.
Química. cometer o delito.

Consequência:
Consequência:
Exclui a Consequência:
Exclui a
Consequência: Não imputabilidade. Além de não excluir
imputabilidade OU
exclui a Aplica-se art. 48, c/c a imputabilidade,
aplica-se art. 49,
imputabilidade. art.113 CPM/69 tem pena agravada.
CPM/69 (redução da
(internação para Art. 70, II, c, CPM/69.
pena de 1/3 a 2/3).
tratamento).
● Inimputáveis por menoridade:
● Equiparação a maiores (revogação tácita)
● Art. 51 - Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não
tenham atingido essa idade:
• a) os militares;
• b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que,
dispensados temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o
prazo de licenciamento;
• c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção
e disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos.
● Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e
maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas,
curativas ou disciplinares determinadas em legislação especial.
MENORIDADE

3) A não-responsabilização
penal não significa
1) O menor de 18 anos não
2) O registro do A.I. cabe do impunidade. O militar
comete crime militar e sim
Delegado de Polícia Civil. adolescente será
ato infracional.
responsabilizado de acordo
com a lei penal militar.

4) A Justiça menorista
(Infância e Adolescência) 6) Postula-se a redução da
5) Havendo aplicação da
poderá deixar de aplicar maioridade penal, mas ainda
internação, a mesma deverá
medida de proteção ou socio- no mundo das ideias. Se
ser feita em estabelecimento
educativa, se entender houver a alteração o melhor
adequado (quartel);
substituí-las por sanção seria alterar o CPM/69.
disciplinar.
Art. 29. O resultado de que depende a existência
do crime somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.
 Imputar significa atribuir responsabilidade por algo
a alguém.
● Acerca do tema o Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de
outubro de 1969 (Código Penal Militar), em seu
Art. 50, assegura “in verbis" que: "O menor de
dezoito anos é inimputável, salvo, já tendo
completado dezesseis anos revela suficiente
desenvolvimento psíquico para entender o
caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo
com este entendimento (...)"
Ocorre que com o advento da Constituição Federal de 1988
o legislador estabeleceu norma taxativa, que atribui a
condição de inimputável aos menores de dezoito anos.
Neste sentido, destacamos “in totum” o Art. 228 da
Constituição: “São penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial”(g.n.).
Ressalta-se que diante dos preceitos Constitucionais que
tratam da imputabilidade penal, bem como da existência de
norma específica que estabeleceu um regime jurídico
especial para os menores (crianças e adolescentes), pode-se
afirmar que o Art. 50 do Código Penal Militar não foi
recepcionado pela nova ordem constitucional
Art. 30 – Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos
de sua definição legal;
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços,
podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a
pena do crime consumado.
Art. 33 – Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela,
atenção, ou diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado
em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever
ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que
poderia evitá-lo.
O CPM apresenta uma redação mais detalhada quanto ao crime
culposo previsto no art. 18, II do CP, pelo que distingue claramente
a linha que separa a culpa consciente da culpa inconsciente, embora
o legislador não tenha observado tal medida quando das penas na
parte especial do CPM.
Aplicação similar ao art. 18 do CP: dolo direto (em alguns casos,
específico), dolo eventual, culpa consciente e culpa inconsciente.
FATO TÍPICO
NEXO DE
CONDUTA RESULTADO TIPICIDADE
CAUSALIDADE

Ação (fazer) ou Art. 29 CPM/69.


Modificação
omissão (deixar Teoria da
exterior
de fazer) Equivalência dos
provocada pela Ajuste da
humana. antecedentes
conduta ou que conduta ao tipo
causais
fira a legislação. penal. Perfeita
Pode ser (conditio sine qua
adequação da
excluída quando non).
Pode ser conduta ao(s)
existe a coação
evitado pela verbo(s)
física Pode ser
desistência descrito(s) no
irresistível, caso rompido por
voluntária, pelo núcleo do tipo
fortuito ou força causas
arrependimento penal.
maior (ausência supervenientes
eficaz (art. 15,
de dolo ou de (Art. 29, §1º,
CP/40
culpa). CPM/69).
ANTIJURÍDICO OU ILÍCITO (ART. 42 CPM/69)
EXCLUDENTES

I - ESTADO DE
II - LEGÍTIMA
NECESSIDADE III - ESTRITO IV - EXERCÍCIO
DEFESA
“JUSTIFICANTE” CUMPRIMENTO REGULAR DE
(Definição: art. 44,
(Definição: art. 43, DO DEVER LEGAL DIREITO
CPM)
CPM)

Vinculado à
competência
Repelir injusta territorial e material Ações do cidadão
Se o bem jurídico
agressão, atual ou para a ação. O comum autorizadas
sacrificado for
iminente, contra si militar (agente pela existência de
inferior ao
mesmo ou terceiro, público) em serviço, um direito. Ex.:
protegido, teremos
usando estará acobertado Esportes,
excludente de
moderadamente por essa Intervenções
antijuridicidade.
dos meios. excludente. Cirúrgicas, etc...
Observar os meios
moderados.

Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,


aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade,
compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras
OBSERVAÇÃO
IMPORTANTE!!!!

Art. 25 do CÓDIGO PENAL


Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa
o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes.    
CULPÁVEL

EXCLUDENTES

POTENCIAL
EXIGIBILIDADE DE
IMPUTABILIDADE CONSCIÊNCIA DA
CONDUTA DIVERSA
ILICITUDE

- Condição Mental (art. 48


- Coação (Moral)
CPM/69); - Obediência Hierárquica
Irresistível
(art. 38, b c/c 40 do
(art.38, a c/c art. 40 do
- Embriaguez (completa, CPM/69.
CPM/69);
fortuita ou por força maior -
art. 49, CPM/69). - Erro de Direito (art. 35,
- Estado de Necessidade
CPM/69 – só atenua a
Exculpante
- Menoridade pena)
(art.39, CPM/69)
(art. 50, CPM/69);
Inimputáveis
        Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão,
não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com êsse entendimento, em virtude de doença
mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
        Redução facultativa da pena
        Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas
diminui consideràvelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato
ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode
ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113.
        Embriaguez
        Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez
completa proveniente de caso fortuito ou fôrça maior, era, ao tempo da ação ou
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de
determinar-se de acôrdo com êsse entendimento.
       Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente
por embriaguez proveniente de caso fortuito ou fôrça maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
criminoso do fato ou de determinar-se de acôrdo com êsse entendimento.
       
● Comentários sobre Coação (Moral) Irresistível e
Obediência Hierárquica.
− CMI: sob coação irresistível ou que lhe suprima a
faculdade de agir segundo a própria vontade. Na coação
temos a presença de três sujeitos: COATOR (quem coage),
COAGIDO (quem sofre a coação) e COACTO (vítima
naturalística).
− OH: Em estrita obediência a ordem direta de superior
hierárquico, em matéria de serviços.

− Nos dois casos: responde pelo crime o autor da coação ou


da ordem, contudo se a ordem do superior tem por objeto
a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso
nos atos ou na forma da execução, é punível também o
inferior.
Ordem hierárquica pode ser de 3 espécies:
→ Ordem Legal: não há crime, estão acobertados pela
excludente de ilicitude do estrito cumprimento de dever legal;

→ Ordem Manifestamente Ilegal: existira concurso de pessoas


entre o superior hierárquico e o subalterno. Ex: superior
manda o funcionário matar alguém. Para o superior incidirá
uma agravante genérica (art. 62, III, 1ª parte) e para o
subalterno uma atenuante genérica (art. 65, II, ‘c’);

→ Ordem Não manifestamente Ilegal: é a ordem ilegal, mas de


aparente legalidade. Ex: superior manda o subalterno
prender alguém sem motivos legais. Somente o superior
responderá pelo crime. O subalterno ficará isento de pena, ou
seja, é caso de autoria mediata.
Art. 39 – Estado de Necessidade Exculpante: Não é igualmente culpado quem,
para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por estreitas
relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não
provocou, nem podia de outro modo evitar, SACRIFICA direito alheio, ainda
quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente
exigível conduta diversa.

Redação similar (aplicação diferente) à do art. 24 do CP.

No Estado de Necessidade do CPM/69 temos a adoção da Teoria Diferenciadora


(pois ele figura como excludente de ilicitude e como excludente de
culpabilidade), enquanto no CP tivemos a adoção da Teoria Unitária.
🞂 Art. 40 - Nos crimes em que há violação do DEVER MILITAR
(arts. 187 a 204 do CPM/69), o agente não pode invocar coação
irresistível senão quando física ou material.

🞂 Art. 41 - Nos casos do Art.38, letras a (CMI) e b (OH), se era


possível resistir à coação, ou se a ordem não era
manifestamente ilegal; ou, no caso do Art. 39 (ENE), se era
razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz,
tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a
pena.
🞂Art. 47 - Deixam de ser elementos constitutivos do
crime:
•I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não
conhecida do agente;
•II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de
dia, de serviço ou de quarto, ou a de sentinela, vigia, ou
plantão, quando a ação é praticada em repulsa
● Art. 24 do Código Penal Brasileiro CTB

● § 1º - Não pode alegar estado de necessidade


quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.19
84)
● Art. 7º – Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao
crime cometido, no todo ou em parte, no território nacional,
ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
🞤 No Direito Penal Comum a territorialidade é regra (art. 5º
do CP). A extraterritorialidade é exceção (art. 7º do CP).
No Direito Penal Militar ambas são regras.

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