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CURSO DE ATUALIZAÇÃO DE TÉCNICA DE POLÍCIA

JUDICIÁRIA MILITAR

Noções de Direito Penal Militar

SUBTEN PM MARTINS
OBJETIVOS DESTA AULA

Nesta aula você irá conhecer:

1- O que é Crime Militar, Diferença entre transgressão


militar e Crime Comum;

2- Sujeitos do Crime Militar;

3- Prescrição.
Ramos do Direito

O Direito é uma área responsável por regular as relações entre os seres humanos na
sociedade em um determinado período histórico. Apesar dele ser tratado de forma
separada durante o seu estudo, as demais áreas do direito não devem ser tratadas
fragmentadamente, pois elas são interdependentes. Assim, cada ramo do direito
dependerá das noções básicas introduzidas pelo curso de Direito.
O Direito é dividido em dois grupos: direito público e direito privado. Uma classificação
antiga e originária do Direito Romano, em que as normas se dividiam de acordo com a
natureza de determinado interesse.
Direito Público: representado pelas diretrizes e atuações criadas para que o Estado (país,
estado ou município) ou os órgãos públicos possam exercer o seu poder. Elas regulam as
relações dentro de um país ou do país com os indivíduos. Sua missão principal é regular e
limitar a ação do poder público para o bem geral da população.
Direito Privado: representado pelas normas que regulam as relações entre as pessoas ou
desses com o Estado sem o uso de sua condição de poder. É baseado nas normas
contratuais entre os particulares, identificando os interesses entre as partes de acordo
com a lei.
Alguns ramos do Direito Público:
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Direito Financeiro
Direito Penal (Militar)
Direito Processual (Militar)

Alguns ramos do Direito Privado


Direito Civil
Direito Comercial
Direito do Trabalho
Direito Internacional Privado
existentes dentro do Direito:
Direito do Consumidor;
Direito Empresarial;
Etc....
Vamos Refletir um pouco!!!!
O que é ser militar? Por que precisamos do militarismo?
Toda lei penal protege (tutela) um bem jurídico?
Os bens jurídicos tutelados pela Lei Penal Comum é diferente do
bem tutelado pela Lei Penal Militar?
Qual são os bens jurídicos tutelados pelo Código Penal Militar?
Mas por que precisamos de um código Penal Militar?
Por que a Hierarquia e a Disciplina são tão importantes para o
Militarismo?
CAPÍTULO III do Estatuto dos Militares
Da Hierarquia Militar e da Disciplina
        Art. 14. A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A
autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.
        § 1º A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da
estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um
mesmo posto ou graduação se faz pela antigüidade no posto ou na graduação. O respeito à
hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade.
        § 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos,
normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu
funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever
por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.
        § 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as
circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.
        Art. 15. Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência entre os militares da mesma
categoria e têm a finalidade de desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de
estima e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo.
Definição de Direito Militar
Segundo Jorge Cezar de Assis, por Direito Militar há que se
entender todo o conjunto legislativo que está ligado, de uma forma ou
outra, ao sistema que envolve tanto as Forças Armadas Brasileiras,
como aquelas que são consideradas suas Forças Auxiliares: as
polícias militares e os corpos de bombeiros militares e do Distrito
Federal.
Até mesmo pela ausência de estudos mais aprofundados sobre o tema,
costuma-se ter a ideia de que a expressão Direito Militar estaria a referir-se
apenas ao Direito Penal Militar e ao Direito Disciplinar Militar, implicando
restrições ao seu conceito.
Daí por que necessário conhecer toda a legislação material que se refere
à organização e funcionamento das Forças armadas, incluindo as Polícias
Militares e os Bombeiros Militares. Não se pode perder de vista, no entanto,
que há uma visão de senso comum que observa o Direito Militar apenas
como Direito Penal Militar e o Direito Disciplinar Militar.
Entender a estrutura e a organização das Forças Armadas, das
Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, seu modus
vivendi próprio, além de usos e costumes militares que lhe são
peculiares se faz, portanto, necessário.

Assim, Jorge Cezar de Assis afirma que:


A sociedade militar é peculiar;
Possui modus vivendi próprio;
Todavia, submeter-se aos princípios gerais do direito, amoldando-se ao
ordenamento jurídico nacional; pode-se e deve ser submetida ao controle
judicial do qual a ninguém é dado furtar-se.
Esta peculiaridade exige sacrifício extremos (a própria vida), que é mais
do que simples risco de serviço das atividades tidas como penosas ou
insalubres como um todo.
Para condição tão especiais de trabalho, especial também será o regime
disciplinar, de modo a conciliar tanto os interesses da instituição como os
direitos dos que a ele se submetem. A rigidez do regime disciplinar e a
severidade das sanções não podem ser confundidas com supressão de
direitos”.
Recebe o nome de direito militar o ramo do direito dedicado aos assuntos
jurídicos relacionados às forças armadas e aos militares estaduais. O direito militar é
conhecido também pelo nome de direito castrense, palavra de origem latina, que
designa o direito aplicado nos acampamentos do Exército Romano. De fato, a
origem deste segmento remonta ao direito romano, onde foi criado para manter a
disciplina nas legiões.
O conteúdo deste ramo do direito alcança tanto aos militares federais, que
são os integrantes das Forças Armadas, Exército Brasileiro, Marinha de Guerra e
Força Aérea Brasileira, como aos militares estaduais, que são os integrantes das
Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares.
Como visto o direito militar trata de uma categoria de funcionários
públicos considerados especiais, com direitos e prerrogativas que na sua
maioria são assegurados a funcionários civis. Ao mesmo tempo, os militares
estaduais ou federais possuem direitos especiais e obrigações diferenciadas,
como por exemplo, o sacrifício da própria vida no cumprimento de missão
constitucional, (o chamado tributo de sangue ou tributus sanguinis).
Assim, o legislador constituinte originário deu aos militares o direito de
serem processados e julgados perante uma justiça especializada, a Justiça
Militar da União ou a Justiça Militar dos Estados e do Distrito Federal.
Cabe mencionar que o Direito Militar adquiriu importância
com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, a partir
do primeiro tribunal da nação, o Conselho Militar e de Justiça, que se
transformaria no Superior Tribunal Militar, STM, atualmente com
sede em Brasília, cuja jurisdição atinge todo o território nacional. De
acordo com a constituição, o STM é considerado um Tribunal
Superior, mas na prática funciona como um tribunal de segundo grau,
já que não existe na estrutura judiciária nacional um Tribunal
Regional Militar.
Muitos defendem a extinção da justiça militar, por
considerarem sua simples existência um privilégio, já que em várias
ocasiões esta prevê julgamento em separado para militares que
cometeram a mesma infração do civil. Já os defensores de sua
existência entendem que o direito militar visa proteger não apenas os
militares em si, mas sim as instituições militares, estaduais, do
Distrito Federal ou da união. Na área penal, inclusive, as penas são
em grande parte mais rígidas que aquelas que se encontram
estabelecidas no vigente Código Penal Brasileiro.
CONCEITO DE CRIME
• Não há na Código Penal Comum ou no Código Penal Militar um expresso
conceito de Crime, mas a doutrina e jurisprudência majoritária define
que:

• É o fato típico, ilícito (ou anti-jurídico) e culpável.

• Não é o objetivo da aula aprofundar o conceito de crime, mas de uma


forma superficial podemos observar que:
Fato Típico Antijurídico Culpável
Conduta Humana Estado de Necessidade Imputabilidade
Resultado Legitima Defesa Consciência da Ilicitude
do Fato
Nexo Causal Estrito cumprimento do Exigibilidade de conduta
Dever Legal Adversa
Previsão Legal Exercício Legal do Direito
Conceito de Crime militar: É toda violação acentuada
ao dever militar e aos valores das instituições
militares.

Quem pode cometer crime militar? Um civil pode cometer crime militar?
DEFINIÇÃO E CONCEITO DE CRIME MILITAR
• O professor Fernando Capez conceitua crime, no aspecto material, como
todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, causa lesão ou
expõe a perigo bens jurídico importantes para a coletividade e para a paz
social. No aspecto formal, crime é subsunção da conduta ao tipo legal,
ou seja, crime é aquilo que o legislado descreve como tal. No aspecto
analítico crime é todo fato típico e ilícito.
• A distinção preponderante entre o crime comum e o crime militar está no
bem jurídico a ser tutelado. No crime militar tutela-se precipuamente a
administração militar e os princípios basilares da hierarquia e disciplina.
• O Brasil adotou para definir como crime militar o aspecto formal, ou seja,
o legislador enumera, taxativamente, por meio de lei, as condutas tidas
como crime militar. Assim, em regra, crime militar são condutas descritas
no Código Penal Militar – CPM, Decreto-Lei nº 1.001 de 21 de outubro de
1969, o qual, também, por via do seu artigo 9º estabelece outros critérios
como em razão da pessoa, em razão do local. Transcrevemos o artigo 9º
do CPM:
RECENTE MODIFICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR

Antes da Lei Com a Nova Lei 13.491/17


Previsão no CPM Crime Previsto em qualquer
legislação Penal.
Ex. Tortura, Abuso de
Autoridade, Porte Ilegal de
Armas
Enquadramento do fato com Enquadramento do fato com
uma das hipóteses do Art. 9º uma das hipóteses do Art. 9º

Vamos ler o Artigo 9º do CPM ???


Crime Militar Próprio e o Crime Militar Impróprio

Em uma definição bem simples poderíamos dizer que crime


propriamente militar é aquele que só está previsto no Código Penal
Militar, e que só poderá ser cometido por militar, como aqueles
contra a autoridade ou disciplina militar ou contra o serviço militar e
o dever militar. Já o crime impropriamente militar está previsto ao
mesmo tempo, tanto no Código Penal Militar como na legislação
penal comum, ainda que de forma um pouco diversa (roubo,
homicídio, estelionato, estupro, etc.) e via de regra, poderá ser
cometido por civil.
Questão: Sobre o Código Penal Militar: Um civil invade com o seu
carro um quartel militar sem autorização, ele:

a) Não comete crime, pois ele é civil;


b) Comete Crime no Código Penal Comum, e não no Código Penal
Militar;
c) Comete crime de Ingresso Clandestino previsto no Código Penal
Militar;
d) Só responde perante o Código de Trânsito Brasileiro.

OBS: Se o agente for um civil – Só pode ser processado pela Justiça Militar da União. (Vide
aula de Organização da Justiça Estadual - No art. 125, notadamente nos §4º e §5º, da
CF/88 há disposições sobre a competência da justiça militar estadual)
Exemplo: Art. 302.   Ingresso clandestino
         Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento
militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à
administração militar, por onde seja defeso ou não haja passagem
regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:
Invoca o magistério de Álvaro Mayrink da Costa, para o qual “a
distribuição da matéria na parte especial do Código Penal Militar é diferente
da adotada no Código Penal comum. No Militar, compreende 8 títulos
divididos em capítulos, e estes, algumas vezes, em seções, na seguinte
sequência:
1 – crimes contra a segurança externa do país;
2 – crimes contra a autoridade ou disciplina militar;
3 – crimes contra o serviço e o dever militar;
4 – crimes contra a pessoa;
5 – crimes contra o patrimônio;
6 – crimes contra a incolumidade
7 – crimes contra a administração militar;
8 – crimes contra a administração da Justiça Militar.
Quanto ao sistema de penas, impende destacar o elevado
grau de severidade das sanções previstas tanto em tempo de
paz, quanto em tempo de guerra – ocasião em que é
admissível até a pena capital, com amparo da própria Carta
Constitucional, art. 5º XLVII, “a”.
Além de penas privativas rígidas, o direito penal militar prevê
também outras modalidades de penas específicas, como impedimento,
suspensão do exercício do posto ou graduação, reforma. Há também as
chamadas penas acessórias, das quais avulta-se como uma das mais
pesadas, a exclusão das forças armadas.
Não bastasse o rigor das penalidades previstas no ordenamento
punitivo castrense, é oportuno mencionar que há vedações que
inviabilizam a adoção de penas alternativas ou de medidas
despenalizantes, nos moldes daquelas erigidas pela Lei 9.099/95, que
implantou, no Brasil, os Juizados Especiais.
Tudo isso faz emergir um conjunto de preceitos completamente
singulares, com traços marcantes e dissociados do direito penal comum, a
justificar, por isso mesmo, um estudo muito mais direcionado.
Com muita razão, por conseguinte, Álvaro Mayrink da Costa, quanto
afirma:
“Destarte, mais por comodidade do que por convicção científica, não são
poucos os que ainda consideram o Direito Penal Militar como um simples
satélite do Direito Penal comum, destituído de condições necessárias para
aspirar à consagração de uma disciplina jurídica autônoma”.
Incumbe, constitucionalmente, à Justiça Militar processar e julgar os
crimes militares previstos em lei, sendo certo que para bem aplicar as normas do
direito penal militar, os integrantes de tal foro especial, são concursados, da mesma
forma que os membros do Ministério Público Militar que atuam em tal contexto
jurisdicional. Eis a razão que levou José Frederico Marques, a tecer as seguintes
considerações:

“A justiça militar é das poucas jurisdições especiais cuja existência se justifica. Não se trata
de um privilégio de pessoas, mas de organização decorrente, como lembra Astolpho
Rezende, das 'condições especiais' que ligam pessoas e atos de índole particular atinentes ao
organismo militar, como também pela natureza das infrações disciplinares, aptas a
comprometer a ordem jurídica e a coesão dos corpos militares”.
DIFERENÇA ENTRE CRIME MILITAR
E CRIME COMUM

Na correta expressão de Jorge Alberto Romeiro, “o direito penal militar é um


direito penal especial, porque a maioria de suas normas, diversamente das de
direito penal comum, destinadas a todos os cidadãos, se aplicam exclusivamente
aos militares, que têm especiais deveres para com o Estado, indispensáveis à sua
defesa armada e à existência de suas instituições militares”
DIFERENÇA ENTRE CRIME MILITAR
E CRIME COMUM

Ou seja, sem entender a estrutura e a organização das Forças Armadas, das


Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, seu modus vivendi próprio,
os usos e costumes militares e os valores que lhes são caros difícil é a
compreensão do que seja o crime militar o qual, em última análise é a
manifestação do Estado na tutela dos bens jurídicos das instituições militares.
Distinção entre Crime Militar e Transgressão Disciplinar.
 
 
Sabemos que o crime militar é toda violação acentuada ao dever militar e aos
valores das instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar porque
esta é a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples.
 
Tanto o crime militar quanto a transgressão disciplinar são condutas que violam as
regras de hierarquia e disciplina. Todavia o crime militar é uma conduta humana
grave que lesa ou expõe a perigo bem jurídico tutelado pela lei pena militar,
devendo o Estado exercer o seu poder punitivo  por meio de uma ação penal,
enquanto que as transgressões são condutas menos graves à hierarquia e
disciplina, já que são infrações relacionadas com o serviço e, por isso, são
dispostas em regulamentos disciplinares e a pena é aplicada por um poder
disciplinar da Administração.
Azor Lopes da Silva Júnior destaca as quatro distinções entre crime militar e
transgressão disciplinar militar feitas por Masagão. Vejamos:
 
 
“a) o fundamento da responsabilidade criminal é a proteção de bens fundamentais do
indivíduo e da sociedade, como a vida, a liberdade, a incolumidade pessoal, a honra, a
propriedade, a organização política. Muito mais modesto e restrito é o fundamento da
responsabilidade disciplinar, que consiste na tutela do bom funcionamento do serviço
público e dos fins por ele visados.
b) Qualquer crime funcional constitui também falta disciplinar, mas a recíproca não é
verdadeira. E, quando coincidem as duas espécies de responsabilidade em razão do
mesmo fato, sofre seu autor, cumulativamente, a pena criminal e a disciplinar. Isso não
sucederia se ambas tivessem o mesmo caráter, em face da regra nom bis in idem.
 
c) Ninguém pode ser criminalmente punido pela prática de ato que não tenha sido
anteriormente definido pela lei como crime. Mas todos os atos contrários aos deveres do
funcionário dão azo a penalidades disciplinares, independentemente de especial definição
anterior da lei.
d) Salvo os casos excepcionais de ação privada, os crimes desencadeiam ação penal, desde que
cheguem ao conhecimento da autoridade. Ao contrário, a falta disciplinar pode ser reprimida ou
não, conforme convenha aos interesses do serviço, cabendo aos superiores hierárquicos larga
margem de discricionariedade no assunto.”
 

A transgressão disciplinar e o crime militar são condutas que contrariam um dever militar em
grau de reprovabilidade distintos, a primeira, menos grave, encontra-se tipificada em
regulamento disciplinar e é aplicada no âmbito do Poder Executivo. Já o segundo, com maior
grau de reprovabilidade, encontra-se tipificado em leis penais e sua pena é imposta pelo Poder
Judiciário. Os crimes militares podem receber sanção de até a pena de morte, já as
transgressões a pena máxima, conforme o RDPM é de até 30 (trinta) dias de prisão, Exclusão ou
Licenciamento.
PRESCRIÇÃO DO CRIME MILITAR

Definições para "Prescrição - Penal”


Uma definição seria a afirmação da perda da pretensão do Estado de
punir o infrator e de executar a sanção imposta devido a sua inércia
dentro do prazo legal. Sendo justa causa extintiva da punibilidade do
agente.
Em um modo, mas abrangente também se poderia dizer que
prescrição significa a perda de uma pretensão, pelo decurso do
tempo. Assim sendo, no campo do Direito Penal a prescrição pode
ser conceituada como a perda da pretensão punitiva estatal, pelo
decurso de determinado lapso temporal previsto em lei.
 
PRESCRIÇÃO DO CRIME MILITAR
O professor Ney Moura Teles explica em um capitulo a parte que:
“Se João matou dolosa, ilícita e culpavelmente, a Pedro, no dia 2 de março de 1990, seria da
maior importância que no mesmo ano ou, quando muito, no ano seguinte, o processo já
estivesse definitivamente concluído, com a execução da pena imposta iniciada
imediatamente. As deficiências de recursos humanos e materiais do Poder Judiciário, o
acúmulo dos processos penais, decorrente do aumento da criminalidade, mormente a
violenta, e o aumento dos casos de réus presos, são fatores que vão ocasionar a demora no
julgamento de grande parte dos processos, principalmente aqueles cujos acusados estão
em liberdade. Cinco seis ou mais anos após o fato, o acusado pode dar perfeitas mostras de
não representar qualquer perigo para os bens jurídicos penalmente protegidos. Torna-se,
muita vez, um verdadeiro benfeitor da sociedade. E, de repente, poderia ser colhido pela
sanção penal decorrente de um fato perdido no tempo. Seria um grande mal para a
sociedade que o Estado mantivesse o direito de punir o autor do crime, por todo o tempo.
A prescrição é o instituto que extingue o direito de punir, em razão da perda do direito de
continuar deduzindo em juízo o pedido condenatório, ou da perda do direito de executar a
pena aplicada pelo julgador, pelo transcurso do tempo.” (Direito Penal I – Ney Moura Teles;
Cap. 25 pag. 3 e 4).
 
PRESCRIÇÃO DO CRIME MILITAR
 
TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
        Causas extintivas
        Art. 123. Extingue-se a punibilidade:
        I - pela morte do agente;
        II - pela anistia ou indulto;
        III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
        IV - pela prescrição;
        V - pela reabilitação;
        VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º).
        Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto,
elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a êste.
Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um dêles não impede, quanto
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
PRESCRIÇÃO DO CRIME MILITAR

Espécies de prescrição
        Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à
execução da pena.
        
PRESCRIÇÃO DO CRIME MILITAR
Prescrição da ação penal
        Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º dêste artigo,
regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se:
        I - em trinta anos, se a pena é de morte;
        II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
        III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a
doze;
        IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a
oito;
        V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a
quatro;
        VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo
superior, não excede a dois;
        VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.
.
        
VAMOS DEBATER ALGUNS CASOS
CONCRETOS QUE GERAM DÚVIDAS NO
DIA A DIA.
        

Lembrando que o Direito Penal Militar é muito complexo, e em muitos casos não
há certo ou errado, mas sim entendimento da Jurisprudência e Doutrina, em
correntes majoritárias e minoritárias.
Importante o analista ter em mente que o “seu
trabalho” na SJD, visa sempre apurar indícios
de Crime e/ou o cometimento de transgressão
disciplinar.
REFERENCIAS

Cf. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua


portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 926.
Cf. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. v. 1, p. 3:
“não se pode conceber a vida social sem se pressupor a existência de um certo número de
normas reguladoras das relações entre os homens, por estes mesmo julgadas obrigatórias”.
Cf. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 2: “o
Direito corresponde à exigência essencial e indeclinável de uma convivência ordenada, pois
nenhuma sociedade poderia subsistir sem um mínimo de ordem, de direção e solidariedade”.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 69: “Pela palavra coercibilidade entendemos a possibilidade
lógica da interferência da força no cumprimento de uma regra de direito”.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 71: “O Direito [...] é de tal natureza que implica uma
organização do poder, a fim de que sejam cumpridos os seus preceitos. Como as normas
jurídicas visam a preservar o que há de essencial na convivência humana, elas não podem ficar
à mercê da simples boa vontade, da adesão espontânea dos obrigados. É necessário prever-se a
possibilidade do seu cumprimento obrigatório. Quando a força se organiza em defesa do
cumprimento do Direito mesmo é que nós temos a segunda acepção da palavra coação”.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 72-74: “As formas de garantia do cumprimento das regras
denominam-se ‘sanções’. Sanção é, pois, todo e qualquer processo de garantia daquilo que se
determina em uma regra. [...] O que caracteriza a sanção jurídica é a sua predeterminação e
organização”.
Cf. RODRIGUES, Silvio. Op. cit., p. 4: “À medida que as sociedades evoluem e se
organizam politicamente, a sanção, em vez de se manifestar pela própria reação do ofendido,
parte da autoridade constituída. Esta atribui à norma força coercitiva, impondo, por
conseguinte, sua observância”.
Cf. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008. p. 378: “Exemplificativamente: a multa contratual é sanção, e a cobrança
judicial dessa multa é coação”.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 48-49.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 76-77.
REALE, Miguel. Op. cit., p. 49
Cf. MARTINS, Sergio Pinto. O pluralismo do direito do trabalho. São Paulo: Atlas, 2001. p.
62: “Fontes heterônomas são as que vêm de fora da vontade das partes e são emanadas do
Estado. Exemplos: as Constituições, as leis, os decretos, as sentenças normativas. Fontes
autônomas são oriundas das próprias partes, como o contrato de trabalho, o regulamento de
empresa, a convenção e o acordo coletivo”.
REALE, Miguel. Op. cit., p. 51.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 51-52.
DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 382.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 65: “a) onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre
e necessariamente, um fato subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem
técnica etc.); um valor, que confere determinada significação a esse fato, inclinando ou
determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou
objetivo; e, finalmente, uma regra ou norma, que representa a relação ou medida que integra
um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor; b) tais elementos ou fatores (fato, valor e
norma) não existem separados um dos outros, mas coexistem numa unidade concreta; c) mais
ainda, esses elementos ou fatores não só se exigem reciprocamente, mas atuam como elos de
um processo (... o Direito é uma realidade histórico-cultural), de tal modo que a vida do
Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três elementos que a interagem”.
Cf. DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 246.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 77: “na realidade, existe Direito também em outros grupos,
em outras instituições, que não o Estado. [...] Parece-nos, pois, procedente a teoria da
pluralidade das ordens jurídicas positivas”.
Cf. DINIZ, Maria Helena. Op. cit., p. 220.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 18: “É claro, portanto, que a Ciência Jurídica se eleve ao plano
de uma Teoria Geral do Direito, que [...] representa a parte geral comum a todas as formas de
conhecimento positivo do Direito, aquela na qual se fixam os princípios ou diretrizes capazes
de elucidar-nos sobre a estrutura das regras jurídicas e sua concatenação lógica, bem como
sobre os motivos que governam os distintos campos da experiência jurídica”.
Cf. REALE, Miguel. Op. cit., p. 329.
Cf. GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 45. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2012. p. 17, destaques do original.
 ASSIS. Jorge Cesar. Curso de Direito Disciplinar Militar. 2ª ed. Revisada e Atualizada -
Curitida: Juruá: 2011.
 DIREITO CONSTITUCIONAL - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS, disponível em
http://resumojuridicoaqui.blogspot.com.br/2015/12/direito-constitucional-principios.html.
Acesso em 01/10/2017.
 DUARTE, Antônio Pereira. Visão científica da ordem jurídica militar. In: Âmbito Jurídico,
Rio Grande, XI, n. 60, dez 2008. Disponível em: <
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4
588
>. Acesso em set 2017.
GRACIA, Gustavo Filipe Barbosa Introdução ao estudo do direito : teoria geral do direito /
Gustavo Filipe Barbosa Garcia. – 3. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo:
MÉTODO, 2015.
 
MARTINS, Eliezer Pereira. Direito Constitucional Militar. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-
4862, Teresina, ano 8, n. 63, 1 mar. 2003. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/3854>.
Acesso em: 1 out. 2017.
SUBTEN PM MARTINS

Analista de Inteligência da Corregedoria

Contato: joaomartins@cintpm.rj.gov.br

(21) 97953-4929

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