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RESUMO
O presente estudo dispõe como objetivo revisitar o Processo penal militar e sua aplicação,
fazendo uma breve análise do seu contexto histórico, sua aplicação em tempos de paz e em tempo
de guerra. Interessa abordar o decreto 1001/69 e seu objetivo, com o foco em destacar a garantia
da manutenção dos bens jurídicos e da hierarquia.
Além disso, o estudo em tela, trata com um olhar crítico o militarismo do Brasil e suas
amarras institucionais e seu reflexo nas formas de governo e controle na sociedade, bem como, as
normas e institucionais e princípios estabelecidos pela constituição.
Por fim, expõe o papel da Constituição Penal Militar e suas colocações diante dos direitos
e deveres dos militares, bem como, a classificação dos crimes militares e de suas formas de
penalidades.
The present study aims to revisit the Military Criminal Procedure and its application, making a
brief analysis of its historical context, its application in times of peace and in times of war. It is
interesting to address decree 1001/69 and its objective, with a focus on ensuring the maintenance
of legal assets and hierarchy.
In addition, the study on screen deals with a critical look at the militarism of Brazil and its
institutional ties and its reflection on the forms of government and control in society, as well as
the institutional norms and principles established by the constitution.
Finally, it exposes the role of the Military Criminal Constitution and its placements regarding the
rights and duties of the military, as well as the classification of military crimes and their forms of
penalties.
Mas, alguns pontos, que já eram enraizados na sociedade, permaneceram e vigoram até os tempos
atuais. Pontos como, os pilares do militarismo: a disciplina e a hierarquia, usados como
instrumento de manutenção do poder e de controle, indo para além da garantia da segurança.
Assim, é estabelecido o Código que regulamenta os poderes e deveres dos militares, ressaltando o
princípio da extraterritorialidade e aplicando-se a lei penal militar no território brasileiro e fora
dele
Por fim, o estudo tem como metodologia revisão integrativa de bibliografias já tornadas públicas
em relação ao tema do estudo, sendo elas pesquisas publicadas em revistas científicas,
congressos, simpósios, monografias de graduação, dissertações de mestrado, teses de doutorado,
relatórios de pós-doutoramento e livros pertinentes ao conteúdo exposto, publicadas nas
plataformas do Scielo e Pubmed.
2 BREVE HISTÓRICO
O militarismo é definido por alguns autores como uma força de defesa e instrumento de
manutenção do poder, onde procedem regras que refletem no externo, em prol daquele que detém
o controle desse poder (LEMOS, 2014). De acordo com Abrantes, “Militarismo é aquela
filosofia, atitudes e atos de um governo que prepara, promove e continua a usar o poder militar a
fim de resolver problemas ou de adquirir aquilo que deseja” (ABRANTES, 2014, p. 17).
Ainda de acordo com a obra de Lemos (2014), é possível destacar outras ações das forças
militares
Assim, essas forças de defesa podem ser usadas para além da garantia de segurança, podem ser
usadas, a partir de um ordem superior, para domínio do poder e disciplina. Posto isso, o decreto
1001/69 foi criado na ditadura militar, visando assegurar os bens jurídicos de maior relevância,
como a hierarquia e a disciplina militar, o que o difere do direito penal comum, que visa proteger
os bens como direito à vida. O Processo penal militar e sua aplicação é regido pelo Código Penal
do Militar e é definido em seu primeiro artigo. Ainda, sugere aplicação no espaço e no tempo de
paz e de guerra em seu Art 4º.
O Estatuto dos Militares, Lei federal nº 6.880, faz referência à hierarquia e disciplina assegurada
também pelo decreto 1001/69.
As polícias ostensivas estaduais e também ao corpo de bombeiros, através dos artigos 42 e 144
Cabe aplicação das normas previstas no Código Penal do Militar nas circunstâncias mencionadas
no Art; 4º
Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
O Código Penal Militar tem como principal função assegurar a disciplina militar para
manutenção das hierarquias e de seus alicerces institucionais. São considerados crimes militares
atos como: motim, revolta, organização de grupo para prática de violência, aliciação e incitação,
violência contra superior ou militar, violência contra militar em serviço, desrespeito a superior e a
símbolo nacional, usurpação, abuso de autoridade, violência contra inferior, violação de sigilo
profissional e outros, são sujeitos a detenção e reclusão; (DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE
OUTUBRO DE 1969)
Vieira (2009, p. 455) cita artigo do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional Escola
Superior do Ministério Público de São Paulo fazendo referência ao regime de cumprimento da
pena militar:
Ainda, é possível ressaltar que a lei assegura o sentenciado militar, mas, se excluído das forças
militares, cabe cumprir pena em estabelecimento prisional sujeito à arbítrio civil. A legislação
prevê prisão especial aos militares, porém o exclui de outros tipos de benefícios. A prisão militar
acaba quando o sujeito é excluído da corporação, passa para a condição de civil e tem como
agravante o fato que, no caso dos policiais, existirá a possibilidade de terem que cumprir pena
com detentos que ele mesmo prendeu durante operações.
A justiça militar Estadual não faz julgamentos de civis em nenhuma hipótese, nem mesmo em
concurso com militar. Quando houver crimes em concursos com militares haverá separação,
cisão processual. Já a justiça militar da união, julga civis, e julga também militares da união,
sendo esses os militares das forças armadas. Posto isso, faz necessário destacar que no Brasil
existem somente 3 tribunais de justiça militar estaduais, sendo em SC, MG e RS.
CONCLUSÃO
Através da análise feita ao decorrer das pesquisas, evidencia-se que a criação do decreto 1001/69
foi resultado dos acontecimentos da ditadura militar e das mudanças decorrentes no cenário
jurídico. Ainda, destaca as poucas mudanças ocorridas no direito penal desde a promulgação da
constituição de 1988.
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