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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO - ILC
FACULDADE DE LETRAS ESTRANGEIRAS MODERNAS - FALEM
PANORAMA DO ENSINO DE PORTUGUÊS PARA FALANTES DE OUTRAS LÍNGULAS
DOCENTE: DR.ª HELLEM POMPEU

SÍNTESE COGNITIVA SOBRE O MATERIAL DIDÁTICO DO MINISTÉRIO


DAS RELAÇÕES EXTERIORES: “LITERATURA BRASILEIRA NAS
UNIDADES DA REDE DE ENSINO DO ITAMARATY NO TEXTERIOR”.

O material apresenta-se como uma “PROPOSTA CURRICULAR” para o ensino


de Literatura Brasileira nas referidas unidades de ensino. Tendo sido produzido
em conjunto pela Fundação Alexandre Gusmão – FUNAG, cujo foco maior é a
“promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações
internacionais e para a política externa brasileira” e o Instituto de Pesquisa de
Relações Internacionais – CHDD, ambos ligados ao MRE.

APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO

 Visa preencher lacunas metodológicas nas suas unidades de ensino de


português.
 Visa harmonizar os conteúdos dos cursos de português, os programas
de leitorados nas redes de ensino do Itamaraty existentes a cerca de 80
anos.
 O material apresenta estratégias distintas para contextos variados, como
países de língua oficial espanhola, portuguesa, além do ensino de
literatura par o ensino de português, para praticantes de capoeira e para
o ensino de português como língua de herança.
 Apresenta um estudo analisando os diversos momentos nos quais a
Literatura foi inserida, com maior ou menor peso, no ensino de
português, sem que o literário seja reduzido meramente aos estudos
léxicos gramaticais ou meramente linguísticos, mas sim abordando os
gêneros em seus usos concretos.
 Trabalhar as representações e expectativas dos aprendizes no
desenvolvimento de atividades significativas.
 Uso abordagens dialógicas da comunicação, com base nos estudos dos
gêneros e na abordagem multiculturalista.
 Apresenta uma classificação das obras da estante básica de literatura
brasileira da Rede Brasil Cultural (RBC), em consonância com os níveis
de proficiências do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa
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para o Estrangeira (Celpe-Bras) e do Quadro Europeu Comum de


Referência para as Línguas (QECR).
 Apresenta-se como referência curricular para a formação de professores
e guia pedagógico para a prática docente em relação à literatura
brasileira, em contextos de ensino de PLE.
Os públicos-alvo e distintas realidades surgem não somente da diáspora
brasileira como pela difusão de atividades como a capoeira brasileira pelo
mundo.
OBS: Interpretações não antropomórficas: DERVIN, F. Interculturality in
Education: A Theorical Methodological Toobox. Londres: Palgrave Macmillan,
2016.

INTRODUÇÃO:

Ao propor orientações pedagógicas para o trabalho de literatura brasileira aos


professores de PLE, tendo com base o desenvolvimento da RBC do MRE,
apresenta a Proposta de Nivelamento de Textos Literários.
A literatura brasileira é uma excelente mediação didática para o ensino da
língua portuguesa aos estudantes estrangeiros, bem como valioso instrumento
de intercâmbio cultural e de difusão do patrimônio intelectual e artístico
brasileiro.
Oportuniza o contato material e estético com o idioma, difunde de forma
qualificada a cultura brasileira e suas especificidades locais.
Os Centros Culturais Brasileiros (CCB) são espaços privilegiados para o ensino
de PLE, e funcionam com extensão das Embaixadas e Consulados, enquanto
os Núcleos de Estudos brasileiros (NEB), que mantêm circuitos de exibição de
filmes nacionais, são cursos de português ofertados por Representações
Diplomáticas brasileiras no exterior.
O trabalho com a literatura é uma importante ferramenta de mediação entre o
acesso material da língua e o conjunto de valores, crenças, simbologias,
comportamentos etc., que são imantes ao nosso povo, transmitidas por meio
da língua.
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O uso da literatura brasileira também estimula o acesso às bibliotecas e seus


acervos, que em alguns países como o México, ultrapassam 14 mil títulos.
Também servem de referência para projetos socioculturais de integração com a
comunidade local.
Centros Culturais Brasileiros
Os Centros Culturais Brasileiros (CCBs) são extensões
das embaixadas a que estão vinculados. Os primeiros
centros resultaram de missões culturais enviadas pelo
Itamaraty, nos anos 1940, a embaixadas na América do
Sul. Atualmente, os 24 centros em atividade distribuem-se
em quatro continentes: África (6), América (13), Europa
(3) e Oriente Médio (2).
As atividades dos CCBs concentram-se no ensino da
língua portuguesa, em sua vertente brasileira. Abrangem,
também, exposições, concertos, seminários, palestras,
entre outras iniciativas voltadas à difusão da cultura
brasileira.
No que tange aos cursos de português, os CCBs
oferecem módulos diversos, direcionados a diferentes
objetivos. Destacam-se os cursos que preparam os
alunos para o CELPE-Bras, bem como para o exercício
de determinadas atividades profissionais que demandam
a proficiência em português brasileiro. Entre elas,
destacam-se a diplomacia (há parcerias entre CCBs e
escolas diplomáticas locais) e funções jurídicas e militares
em países fronteiriços ao Brasil (na América do Sul, por
exemplo, determinados CCBs capacitam membros das
Forças Armadas locais).
(http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/es/index.php?
option=com_content&view=article&id=9:centros-
culturais&catid=2:uncategorised&Itemid=104

1. QUESTÕES TEÓRICAS E DE MÉTODO: AS DIRETRIZES


PEDAGÓGICAS DA MEDIAÇÃO E DO REPERTÓRIO
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Reflete-se sobre a natureza do texto literário e do método necessário para sua


articulação ao ensino de língua portuguesa, com base nas experiências das
salas de aula dos CCBs.
Concebe-se o texto literário de uma maneira ampla, pois qualquer texto
inserido na tradição literária pode ser lido e compreendido em sua
especificidade estética.
Essa abordagem engloba gêneros textuais que extrapolam o cânone literário e
permite incorporar elementos distintivos de tradições e linguagens que são
abordadas em três dimensões: a autonomia, a expressividade e o
conhecimento, conforme preconiza Antonio Candido (2011, p. 176):
A função literária está ligada à complexidade da sua
natureza que explica inclusive o papel contraditório, mas
humanizador (talvez humanizador porque contraditório).
Analisando-a, podemos distinguir pelo menos três faces:
(1) ela é uma construção de objetos autônomos como
estrutura e significado; (2) ela é uma forma de expressão,
isto é, manifesta emoções e a visão do mundo dos
indivíduos e dos grupos; (3) ela é uma forma de
conhecimento, inclusive como incorporação difusa e
inconsciente (CANDIDO, 2011, p. 176).

O fato literário é uma forma de organização complexa organizada


esteticamente, exprime sentidos e visões de mundo, revelando faces variadas
da realidade humana.
Nesta abordagem se busca demover a literatura do seu locus clássico para
constituir algo mais que um objeto de prazer estético, pelo gosto pela leitura da
obra em si, para apresentá-la como ferramenta eficaz no ensino de PLE em
múltiplas dimensões.

Vincente Jouve (2012, p. 136), afirma que para ultrapassar essa fronteira, o
professor deve buscar planos intersubjetivos para fugir à limitação do enfoque
do belo, para que não se permita afastar textos significativos, simplesmente por
não despertarem tais afetos estéticos.
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Observa-se a dificuldade adicional pela falta de costume dos professores em


trabalhar os textos literários que exigem, por óbvio, um conhecimento prévio do
mesmo e suas interconexões. Daí porque a necessidade de se estabelecer
diretrizes norteadoras para o uso da literatura nestes contextos de ensino.
Visa-se, neste sentido, a mediação e o repertório.
Ser mediador da leitura literária, nos termos propostos
neste documento, é conceber o texto literário, em primeiro
lugar, segundo essas três dimensões e, em segundo
lugar, de acordo com sua especificidade no contexto do
ensino de português para estrangeiros, em que o texto
literário pode ser considerado instrumento do ensino da
língua e da difusão da identidade cultural.
É salientada que o uso da literatura não é instrumento de mera ilustração ou
constituição de afetos acerca da leitura, por mais que sejam desejados tais
fatores, não se quer ilustrar, animar a aula com a literatura e sim aprofundar o
conhecimento de mundo da língua meta a partir desta.
Por isso o professor que fará uso da literatura dentro dessa abordagem precisa
ter clareza e objetividade acerca dos percursos que disporá.
Nesse sentido, parece fundamental que a apresentação
das obras literárias aos alunos seja realizada a partir da
seleção de textos que possam ser lidos e relidos no
contexto da sala de aula ou de excertos dos textos
originais, no caso de a extensão deles não permitir a
leitura completa. O mais importante no caso da leitura
literária no contexto específico do ensino de PLE é que
ela ocorra o mais frequentemente possível em conjunto
com o professor, cuja função mediadora está em orientar
atividades de descoberta do texto, sob seus aspectos
linguísticos e sob seus aspectos culturais, de
expressividade e conhecimento da realidade conforme
apresentado anteriormente a partir de Candido (2011).
Os três níveis de dificuldades são:
1) os textos simples (legíveis sem grande dificuldade, quase de forma
autônoma pelo leitor aprendiz);
2) os textos médios (em que há mais necessidade de pesquisa e esforço
do leitor aprendiz);
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3) os textos-desafio (em que há necessidade de um trabalho mais


demorado com o texto e maior participação do professor como
orientador da leitura).

MINHA PARTE ABAIXO:

2. PROPOSTAS DE NIVELAMENTO DOS TEXTOS LITERÁRIOS

Quais são os pontos de contato entre o Celpe-Bras e QERC? E como


poderiam auxiliar na constituição de descritores de nivelamento de textos
literários para o trabalho com a literatura e o domínio do idioma no ensino
do PLE.

2.1 O Celpe – Bras

Quatro níveis DESCRITORES:


Intermediário – conferido ao examinando que evidencia um domínio
operacional parcial da língua portuguesa, demonstrando ser capaz de
compreender e produzir textos orais e escritos sobre assuntos limitados, em
contextos conhecidos e situações do cotidiano, podendo apresentar
inadequações e interferências da língua materna e/ou de outra(s) língua(s)
estrangeira(s) mais frequentes em situações desconhecidas, não suficientes,
entretanto, para comprometer a comunicação.
Intermediário superior – conferido ao examinando que preenche as
características descritas no nível intermediário, mas com inadequações e
interferências da língua materna na pronúncia e na escrita menos frequentes
do que naquele nível.
Avançado – conferido ao examinando que evidencia um domínio operacional
amplo da língua portuguesa, demonstrando ser capaz de compreender e
produzir, de forma fluente, textos orais e escritos sobre assuntos variados em
contextos conhecidos e desconhecidos, podendo apresentar inadequações
ocasionais principalmente em contextos desconhecidos, não suficientes,
entretanto, para comprometer a comunicação.
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Avançado superior – conferido ao examinando que preenche todos os


requisitos do nível avançado, mas com inadequações na produção escrita e
oral menos frequentes do que naquele nível (BRASIL, 2019, p. 15-16).

No Celpe-Bras a maior diferenciação ocorre entre os níveis Intermediário e


Avançado e suas categorias “Superiores” nos quais, a frequência das
interferências ou inadequações são observados.
Os descritores do exame brasileiro focam na capacidade de expressão
textual/oral em determinados contextos e assuntos (conhecidos e
desconhecidos/sobre assuntos limitados ou não). Neste sentido não é a
compreensão da natureza do gênero ou as características dos elementos
que compõe o texto literário ou não, mas a capacidade de agir no mundo
com tais competências. O que pode aparentar maior grau de generalidade no
modelo brasileiro.

2.2 O quadro europeu comum de referência para as línguas (QECR)

O QECR propõe nivelamentos mais complexos e detalhados para cada nível


de proficiência, baseado na escala do Quadro Europeu Comum de
Referência para as Línguas: aprendizagem, ensino, avaliação, apresentando
descritores bem delineados para cada tipo de “Utilizador” da língua:
a) Elementar: A1 e A2:

Nível A2: É capaz de compreender frases isoladas e expressões


frequentes relacionadas com áreas de prioridade imediata (p. ex.:
informações pessoais e familiares simples, compras, meio circundante).
É capaz de comunicar em tarefas simples e em rotinas que exigem
apenas uma troca de informação simples e direta sobre assuntos que
lhe são familiares e habituais. Pode descrever de modo simples a sua
formação, o meio circundante e, ainda, referir assuntos relacionados
com necessidades imediatas.

Nível A1: É capaz de compreender e usar expressões familiares e


quotidianas, assim como enunciados muito simples, que visam
satisfazer necessidades concretas. Pode apresentar-se e apresentar
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outros e é capaz de fazer perguntas e dar respostas sobre aspectos


pessoais como, por exemplo, o local onde vive, as pessoas que conhece
e as coisas que têm. Pode comunicar de modo simples, se o
interlocutor falar lenta e distintamente e se mostrar cooperante
(CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 49)

b) Independente: B1 e B2:

Nível B2: É capaz de compreender as ideias principais em textos


complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões
técnicas na sua área de especialidade. É capaz de comunicar com um
certo grau de espontaneidade e de à-vontade com falantes nativos,
sem que haja tensão de parte a parte. É capaz de exprimir-se de
modo claro e pormenorizado sobre uma grande variedade de temas
e explicar um ponto de vista sobre um tema da atualidade, expondo as
vantagens e os inconvenientes de várias possibilidades.

Nível B1: É capaz de compreender as questões principais, quando é


usada uma linguagem clara e estandardizada e os assuntos lhe são
familiares (temas abordados no trabalho, na escola e nos momentos de
lazer etc.). É capaz de lidar com a maioria das situações
encontradas na região onde se fala a língua-alvo. É capaz de produzir
um discurso simples e coerente sobre assuntos que lhe são
familiares ou de interesse pessoal. Pode descrever experiências e
eventos, sonhos, esperanças e ambições, bem como expor
brevemente razões e justificações para uma opinião ou um projeto
(CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 49).

c) Proficiente: C1 e C2:

Nível C2: É capaz de compreender, sem esforço, praticamente tudo o


que ouve ou lê. É capaz de resumir as informações recolhidas em
diversas fontes orais e escritas, reconstruindo argumentos e factos de
um modo coerente. É capaz de se exprimir espontaneamente, de
modo fluente e com exatidão, sendo capaz de distinguir finas
variações de significado em situações complexas.
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Nível C1: É capaz de compreender um vasto número de textos longos e


exigentes, reconhecendo os seus significados implícitos. É capaz de se
exprimir de forma fluente e espontânea sem precisar de procurar muito
as palavras. É capaz de usar a língua de modo flexível e eficaz para fins
sociais, académicos e profissionais. Pode exprimir-se sobre temas
complexos, de forma clara e bem estruturada, manifestando o domínio
de mecanismos de organização, de articulação e de coesão do discurso
(CONSELHO DA EUROPA, 2001, p. 49).

DENTRO DA DIMENSÃO LEITURA & COMPREENSÃO DE TEXTOS (dentro


do QECR)

O “Utilizador Proficiente”:
• Para C2: “É capaz de compreender, sem esforço, praticamente tudo o
que ouve ou lê.” • Para C1: “É capaz de compreender um vasto número
de textos longos e exigentes, reconhecendo os seus significados
implícitos.”

O “Utilizador independente”:
• Para B2: “É capaz de compreender as ideias principais em textos
complexos sobre assuntos concretos e abstratos, incluindo discussões
técnicas na sua área de especialidade.”
• Para B1: “É capaz de compreender as questões principais, quando é
usada uma linguagem clara e estandardizada e os assuntos lhe são
familiares (temas abordados no trabalho, na escola e nos momentos de
lazer, etc.).”

O “Utilizador iniciante”:
 Para A2: “É capaz de compreender frases isoladas e expressões
frequentes relacionadas com áreas de prioridade imediata (p.
ex.: informações pessoais e familiares simples, compras, meio
circundante).”
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 Para A1: “É capaz de compreender e usar expressões familiares


e quotidianas, assim como enunciados muito simples, que visam
satisfazer necessidades concretas.”

2.3 NIVELAMENTO DE TEXTOS LITERÁRIOS PARA ORIENTAÇÃO DO


TRABALHO COM A LITERATURA BRASILEIRA EM CURSOS DE PLE

Sugestão de descritores de nível para o nivelamento de textos literários, de


estrangeiros em aprendizes de PLE, com parâmetro às proficiências do Celpe-
Bras e QECR.

Leitura Literária Nível 1 (LL1): parágrafos curtos de textos literários em


prosa de autores contemporâneos, poemas curtos ou estrofes de autores
contemporâneos, com temáticas acessíveis à faixa etária dos estudantes e
linguagem cotidiana, sem uso de experimentações, jargão específico ou de
regionalismos.
Gêneros preferenciais: conto, crônica, poema, letra de canção, textos
literários adaptados.

Leitura Literária Nível 2 (LL2): parágrafos curtos e longos de textos literários


em prosa de autores contemporâneos e clássicos do século XX, poemas
curtos ou de extensão média de autores contemporâneos e clássicos do
século XX, com temáticas acessíveis à faixa etária dos estudantes e/ou
consagradas pela tradição literária brasileira no século XX, sem uso de
experimentações ou de regionalismos.
Gêneros preferenciais: conto, crônica, poema, letra de canção, textos
literários adaptados.

Leitura Literária Nível 3 (LL3): textos literários na íntegra ou em excerto,


especialmente contos curtos, textos literários adaptados, poemas dos períodos
literários modernista e contemporâneo, crônicas modernas e
contemporâneas, com temáticas acessíveis à faixa etária dos estudantes e ao
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nível de proficiência em que se encontram, com uso pontual ou restrito de


experimentações ou de regionalismos.

Leitura Literária Nível 4 (LL4): textos literários na íntegra ou em excerto,


especialmente capítulos de romances brasileiros dos séculos XIX, XX e XXI,
contos curtos, poemas dos períodos literários romântico, modernista e
contemporâneo, crônicas do século XIX, modernas e contemporâneas, com
temáticas acessíveis à faixa etária dos estudantes e ao nível de
proficiência em que se encontram, com algum uso de experimentações ou de
regionalismos.

PROPOSTA DE ATIVIDADE

Declamação do poema de Augusto dos Anjos

Eu/Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


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E há-de deixar-me apenas os cabelos,


Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos, 1912, Eu /Psychologia de um Vencido
Edição de referência: Rio de Janeiro: [s. n.], 1912. página 14)

METODOLOGIA

Buscaremos trabalhar a seguinte sequência metodológica para esta atividade:


 PREPARAÇÃO: identificar objetivos com os alunos, descobrir qual o
seu conhecimento de língua, desenvolver algum vocabulário e motivar
os estudantes.

 APRESENTAÇÃO: encontrar formas diferentes de apresentar conteúdo


em aula, nomeadamente, através de música, fotografia, peças de teatro,
vídeos etc. Explicar o que se vai fazer com clareza e encontrar ligações
com o que os alunos já dominam ou já viram relativamente ao conteúdo
anteriormente.

 PRÁTICA: os estudantes irão pôr em prática o que viram na fase


anterior e aqui as atividades podem ser individuais ou em grupo.

 AUTOAVALIAÇÃO: o estudante vai refletir sobre a sua aprendizagem e


tentar identificar as suas dificuldades. No entanto, aqui também a
autoavaliação pode ser individual ou entre os estudantes.

 EXPANSÃO: o estudante consegue aplicar os conhecimentos


adquiridos no seu dia a dia e, ao mesmo tempo, relacionar o que está
aprendendo com o que já viu na sala de aula. Para além de que ele
poderá ainda começar a fazer ligações com a língua materna.

No passo a passo:
Distribuição do poema individualmente, orientando que ninguém o leia até
iniciar a declamação ou leitura guiada, durante a mesma se pede que a leitura
seja acompanhada e, em seguida, será solicitado que todos grifem palavras
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que possam ter dúvidas sobre o significado ou cujo significado seja


desconhecido.
As palavras destacadas serão escritas no quadro para em seguida serem
debatidas em seus usos possíveis, com a criação de frases em contextos
distintos nos quais a mesma poderia ser empregada.
Caso não haja palavras desconhecidas, pediremos que apontem àquelas
que tenham despertado algum interesse e que o mesmo seja explicado.

O guarani – José de Alencar

Leitura Literária Nível 5 (LL5): textos literários na íntegra ou em excerto,


especialmente romances brasileiros dos séculos XIX, XX e XXI, contos,
poemas dos diversos períodos literários da literatura brasileira, crônicas
do século XIX, modernas e contemporâneas, com temáticas acessíveis à faixa
etária dos estudantes e ao nível de proficiência em que se encontram, com
linguagem variada que pode contemplar experimentações, regionalismos e
arcaísmos.

Ex:. Guimarães Rosa

“O padre, com chapéu-de-couro prà-trasado. Só era uma procissão sensata


enchendo estrada, às poeiras, com o plequeio das alpercatas, as velhas
tiravam ladainha, gente cantável. Rezavam, indo da miséria para a riqueza. E,
pelo prazer de tomar parte no conforto de religião, acompanhamos esses até à
Vila da Pedra-de-Amolar. Lá venta é da banda do poente, no tempo-daságuas;
na seca, o vento vem deste rumo daqui. O cortejo dos baianos dava parecença
com uma festa. No sertão, até enterro simples é festa.
Às vezes eu penso: seria o caso de pessoas de fé e posição se reunirem, em
algum apropriado lugar, no meio dos gerais, para se viver só em altas rezas,
fortíssimas, louvando a Deus e pedindo glória do perdão do mundo. Todos
vinham comparecendo, lá se levantava enorme igreja, não havia mais crimes,
nem ambição, e todo sofrimento se espraiava em Deus, dado logo, até à hora
de cada uma morte cantar. Raciocinei isso com compadre meu Quelemém, e
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ele duvidou com a cabeça: – “Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é


sozinho...” – ciente me respondeu.”
(GUIMARÃES ROSA, J. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1986, p. 73/74)

Tabela 1 – Correspondência entre os níveis de leitura literária e os níveis


de proficiência do Celpe-Bras e do QECR

Nível de leitura Nível de proficiência Nível de proficiência


literária QECR
Celpe-Bras

Leitura Literária Nível Inexistente A1/A2


1 (LL1)

Leitura Literária Nível Intermediário B1


2 (LL2)

Leitura Literária Nível Intermediário Superior B2


3 (LL3)

Leitura Literária Nível Avançado C1


4 (LL4)

Leitura Literária Nível Avançado Superior C2


5 (LL5)

Estes “parâmetros de contato” têm por finalidade auxiliar o planejamento


curricular literário considerando a imprescindibilidade da mediação,
independentemente do nível de proficiência dos alunos ou de dificuldades dos
textos, e da proposição de um repertório de leituras com escalas de dificuldade
que contemplem os diversos níveis da classe:
a) Textos simples;
b) Textos médios;
c) Textos-desafio.
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Links Pertinentes

História dos Centros Culturais Brasileiros:


http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/images/Arquivos_PDF/Historia_dos_Ce
ntros_Culturais.pdf

Revista Anual da Rede Brasil Cultural:


http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/publicacoes/revista

Informativo Mensal da Rede Brasil Cultural:


http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/publicacoes/informativo-mensal

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Relações Exteriores. 2. Itamaraty - ensino - literatura brasileira - exterior. I. Ministérios


das Relações Exteriores. II. Título. ISBN 978-85-7631-831-6

2. Fotos. Acervo do Itamaraty. Disponíveis em: http://redebrasilcultural.itamaraty.gov.br/.

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