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“Deixarei o recado/
(...) Nesta língua lusa/ Que
mal entendo/ E ao longo
dos séculos/ (...) Saberão
quem fomos”
Odete Semedo
Para dar mais organicidade ao estudo durante o projeto, produzimos uma mini
apostila, que foi entregue aos alunos, composta por textos de apoio adaptados à
interlocução prevista e por textos literários que foram trabalhados em aula. A primeira
parte da apostila versa sobre a história e a composição étnico-cultural dos PALOP e
traz os conceitos-chave “colonialismo”, “negritude”, “movimentos de libertação
nacional” e “língua portuguesa nos PALOP”; a segunda, por sua vez, apresenta treze
textos literários curtos (contos e poemas), de diversos autores, como “Na pele do
tambor”, de Agostinho Neto, “Em que língua escrever?”, de Odete Semedo, “Grito
negro”, de José Craveirinha e “Bayete”, de Noémia de Sousa.
Discutimos, desse modo, sobre língua, mas juntamente com todo o seu
contexto social, que não se restringe à disciplina de Língua Portuguesa. Os projetos
interdisciplinares, portanto, integram questões das diversas áreas de estudo, e, nesse
sentido, são importantes porque neles tanto professores quanto alunos percebem que
o conhecimento pode ser construído conjuntamente, de forma que todos aprendem
com todos, uma vez que as informações não são estanques e sempre podem ser
expandidas, de acordo com as experiências e os conhecimentos de mundo de cada um,
buscando a construção do conhecimento como alternativa à reprodução de conteúdo.
Depois de fazer essa introdução, damos sequência ao projeto com a leitura dos
textos literários. Primeiramente, oferecemos uma breve sinopse dos textos
disponíveis, que tratavam principalmente de temáticas referentes ao trabalho
Devido à rotatividade de frequência dos alunos nas aulas, nem todos realizaram
a produção escrita ou a reescrita dos textos. A grande maioria dos alunos que escreveu
o texto compreendeu bem a proposta e a realizou com sucesso, principalmente os que
a reescreveram. Houve, contudo, algumas discrepâncias quanto ao cumprimento da
proposta de escrita, devido à heterogeneidade do nível escolar dos alunos. Como o
nosso período de estágio não foi suficiente para trabalhar minuciosamente essas
dificuldades de escrita, passamos os dados para os professores que trabalham durante
o ano letivo com os alunos.
Mesmo assim, consideramos que o estágio cumpriu com a nossa intenção
inicial, possibilitando um ensino de língua portuguesa que não só levou em conta as
necessidades dos estudantes quanto ao uso da língua, mas também uma concepção de
discurso enquanto fenômeno eminentemente ideológico, constituído por meio da
interação verbal concreta, inserida na história, na cultura e na interação social. Além
disso, de acordo com os Referenciais Curriculares do RS (2009), buscamos formar um
conjunto de conhecimentos sobre a língua e a literatura que permitisse uma
reinterpretação do modo como a nossa sociedade se organiza, enfocando a história, as
relações de poder e a busca por um discurso crítico próprio, como constantes nos usos
sociais da língua.
SOUZA, R. J.; COSSON, R. Letramento literário: uma proposta para a sala de aula. In:
UNESP. Pró-Reitoria de Graduação. Caderno de formação: formação de professores
didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. Disponível em:
<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40149/1/Caderno_Formac
ao_bloco2_vol2.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.
Rodrigo Dias
Licenciando em Letras pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Professor de Literatura no Centro de Educação
e Cultura Pré-Vestibular Resgate Popular e bolsista PIBIC
CNPq-UFRGS na área de Literatura Brasileira.