Você está na página 1de 9

CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 01 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

QUESTÃO ÚNICA
(50 escores)

LITERATURA CONTEMPORÂNEA E LITERATURA LUSO-AFRICANA

MÚLTIPLA ESCOLHA
(03 escores)

ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA.

Leia o texto, Perguntas à Língua Portuguesa, de Mia Couto e responda aos itens 01 a 10.

TEXTO I

PERGUNTAS À LÍNGUA PORTUGUESA

Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua
nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais
Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me
acarreta.
5 A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples
gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem,
colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões? Assim,
embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-
guarda, felizmente, nunca me guardou.
10 Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos
simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta
domínio, carecemos de técnica. Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos
ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que
dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina
15 do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca
farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto,
vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem
deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
20 Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua
na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O
idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos
deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas
25 delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem
colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão:
passar a noite em branco?

• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?


• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 02 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em
anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da
Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos
nós. Colocámos essoutro português – o nosso português – na travessia dos matos, fizemos com
que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido
desbotadas – o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e
enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos
antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.
(COUTO, Mia. Perguntas à Língua Portuguesa. Disponível em:< https://ciberduvidas.iscte-
iul.pt/outros/antologia/perguntas-a-lingua-portuguesa/118)>.Acesso em: 03 out de 2016.)

GLOSSÁRIO:

Lixívia: Água fervida com cinzas para clarear tecido; barrela.

Obs.: Alguns termos empregados no texto dizem respeito à escrita do Português de Portugal.

01. Ganhador do Prêmio Camões da Língua Portuguesa, Mia Couto destaca-se na Literatura luso-africana
pelo estilo singular de escrever, dessa forma, é constantemente comparado a autores brasileiros
como:

( A ) João Guimarães Rosa e Manoel de Barros.


( B ) João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar.
( C ) Paulo Leminsky e Chacal.
( D ) Mário Quintana e Oswald de Andrade.
( E ) Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade.

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 03 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

02. O estilo singular de Mia Couto é visto de forma divertida e dinâmica, como em “meu desejo é
desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida”. Com base nessa afirmação, o
texto I apresenta características que chama a atenção do leitor, porque faz uso de

( A ) paradoxo.
( B ) hiponímia.
( C ) hiperonímia.
( D ) neologismos.
( E ) paródia.

03. Tendo por base o texto I, analise as assertivas que seguem.

I. Explora a língua, de forma a brincar com as novas criações.


II. Apresenta traços identitários de um povo.
III. Preocupa-se com o conteúdo da mensagem.

Está correto o que se afirma em

( A ) I apenas
( B ) II apenas.
( C ) III apenas.
( D ) I e II apenas.
( E ) I, II e III.

DÊ O QUE SE PEDE
(17 escores)

04. O que significa “Língua artesanal, plástica, fugidia a gramática”, (linha 19) de acordo com o contexto
do texto? (05 escores)

Representa a língua como algo dinâmico√, capaz de ser moldada a algo feito com as mãos,
artesanal√maleável como o plástico√e que não obedece à gramática, não está condicionada
a ela.√_É a funcionalidade da língua, rompendo preconceitos linguísticos√._____________

05. Em “Venho aqui brincar no Português, a língua. Não aquela que os outros embandeiram. Mas a língua
nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que faz a nós moçambicanos, ficarmos mais
Moçambique” (linha 01). Os vocábulos grifados estão relacionados a quem, respectivamente.
(02 escores)

O termo “outros” está relacionado ao povo de Portugal,√ e o termo “nossa” está


relacionado ao povo de Moçambique.√ __________________________________________

06. Na passagem “No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias”
(linha 17), indique a figura de linguagem presente e explique sua funcionalidade no texto.
(02 escores)

Está presente nesse trecho a figura de linguagem metáfora.√ A funcionalidade é colocada


com a crítica da autora acerca da imposição do português oficial contra o português local. √

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 04 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

07. No trecho “De irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do
pé?” (linha 04). Conforme o texto I, de que forma pode-se interpretar essa consideração da autora?
(04 escores)

Os termos “pé” e “chão” significam, respectivamente, povo e língua.√ Nesse caso, o povo
pode se adequar à língua,√ ou a língua se adequar ao povo, √ considerando que a língua
pertence a quem fala; dessa forma, molda-se à dinamicidade do processo lingüístico sempre
inacabado, em tranformação constante..√ _______________________________________

08. Em “amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo”
(linha 23), por quem, relacionado ao contexto, o eu lírico sente esse amor? (02 escores)

O eu lírico ama a língua√, no caso a Língua Portuguesa√.___________________________

09. O eu lírico faz uma comparação do seu português com o português da camponesa Zambézia. Há
semelhança entre eles? Justifique sua resposta. (02 escores)

O eu lírico compara o português da camponesa Zambézia dizendo que ela fala português
corta-mato√, ou seja, à sua maneira, vai abrindo caminho no mato, moldando o outro
português ao nosso moçambicano√.____________________________________________

VERDADEIRO OU FALSO
(06 escores)

COLOQUE UM “X” NO RETÂNGULO COM V, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO


VERDADEIRO, OU NO RETÂNGULO COM F, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO FALSO.

10. A literatura produzida em Língua Portuguesa nos países da África, conhecida como literatura luso-
africana, busca representar características particulares da vida local de um povo pós-colonial. Com
relação às produções literárias luso-africanas, julgue as afirmativas que seguem.

V F Reflete a tensão entre dois mundos: a sociedade colonial europeia, transposta para a
África junto com os conquistadores, e a sociedade africana, multifacetada, com vários
conflitos internos a serem resolvidos.

V F Para os povos africanos, a tradição das narrativas orais é muito importante. Por meio dos
mitos, das lendas, dos contos, que passam de geração a geração, dessa forma a literatura
luso-africana fica restrita somente à produção feita em prosa.

V F Escrever em português representou, para muitos autores, uma derrota simbólica: tratava
afinal da língua do colonizador.

V F Os textos de muitos autores brasileiros, de Jorge Amado, levaram para o outro lado do
Atlântico a possibilidade de promover, também, na Língua Portuguesa, um processo de
mestiçagem que garantisse a diferenciação, pela estrutura e pelo léxico, entre
colonizadores e colonizados.

V F Não há presença significativa de escritoras mulheres na literatura luso-africana.

V F Mesmo que tantas pessoas desses países sejam analfabetas, não significa que não
produzam cultura. Essas pessoas constroem suas histórias no âmbito da oralidade. Assim,
é natural que a oralidade e a literatura não se aproximem.

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 05 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

MÚLTIPLA ESCOLHA

(02 escores)

ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA.

Leia o texto a seguir e responda aos itens 11 a 13.

TEXTO II

(Disponível em: www.saojosedoserido.com. Acesso em:03 out 2016.)

11. O poema de Carluce Pereira pertence à poesia concreta. Constitui uma característica desse
movimento o(a)

(A) negação dos valores estéticos do Modernismo.


(B) tratamento lírico do tema.
(C) envolvimento com os problemas políticos do país.
(D) busca por novas formas de expressão do sentimento.
(E) valorização dos elementos gráficos do poema.

12. Uma característica que NÃO se relaciona didaticamente a um poema concreto é o(a)

(A) uso estético do espaço em branco da página para a disposição das palavras.
(B) valorização dos aspectos sonoros, visuais e semânticos dos vocábulos.
(C) prática de versos redondilhos, em letras maiúsculas.
(D) brevidade no manejo da linguagem.
(E) multiplicidade de interpretações.

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 06 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

DÊ O QUE SE PEDE

(05 escores)

13. No texto II, o eu lírico expressa sua inquietude em relação ao mundo. Quais elementos do poema
contribuem para essa (afirmação) na expressão? (05 escores)

A poesia concreta utiliza aspecto verbi-voco-visual√, ou seja, faz uso da semântica, do


sonoro√ e do visual√. Promove a expansão dos sentidos da poesia, incorporando o signo
visual como elemento carregado de significado √, que interage com as palavras, criando
novos sentidos √e multiplicando as possibilidades de leitura.________________________

MÚLTIPLA ESCOLHA

(02 escores)

ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA.

(PUC-PR) Para responder ao item 14, leia o poema de Paulo Leminski. (01 escore)

TEXTO III

Marginal é quem escreve à margem


Deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo à sua passagem.

Marginal, escreve na entrelinha,


sem nunca saber direito
Quem veio primeiro,
O ovo ou a galinha.

Levando em consideração o poema de Leminsky, analise as afirmações que seguem.

I. O poema faz referência à poesia marginal, grupo do qual Leminski fez parte.
II. O humor, uma das marcas da poesia leminskiana, remete o leitor ao fazer poético.
III. É um haicai, nos moldes japoneses.
IV. No poema, Lemisnki faz uma crítica à marginalização do poeta na sociedade.

14. Está correto o que se afirma em:

( A ) I apenas.
( B ) II apenas.
( C ) I e II apenas.
( D ) I, II e II apenas.
( E ) I, II, III e IV.

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 07 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani
Leia o texto abaixo, um poema de Paulo Leminski, e responda ao item 15.

TEXTO IV

DESENCONTRÁRIOS

Mandei a palavra rimar,


ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,


e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.

(LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 190.)

15. Sobre esse poema, pode-se afirmar que:


(A) A importância do poema reside no ineditismo de sua temática: uma reflexão sobre o processo
de criação do poeta.
(B) O verbo “sentir”, no terceiro verso da segunda estrofe, substitui figurativamente a palavra
escrever, no sentido literário.
(C) O poeta expressa admiração pela expressão fácil, advinda da inspiração, não necessariamente
oriunda de um trabalho meticuloso ou consciencioso com a palavra.
(D) Há uma certa contradição no texto: embora o poeta afirme que dá ordens, mas não é
obedecido, o poema deixa transparecer controle do poeta sobre as rimas.
(E) O texto revela um poeta despreocupado com a expressão poética, no que diz respeito à
seleção vocabular e à elaboração das frases.

DÊ O QUE SE PEDE
(15 escores)

Leia atentamente o poema abaixo, de autoria de Cacaso e responda aos itens 16 ao 18.

TEXTO V
HÁ UMA GOTA DE SANGUE NO CARTÃO-POSTAL
eu sou manhoso eu sou brasileiro
finjo que vou mas não vou minha janela é
a moldura do luar do sertão
a verde mata nos olhos verde de mulata
sou brasileiro e manhoso por isso dentro
da noite e de meu quarto fico cismado na beira de
um rio
na imensa solidão de latidos e araras
lívido
de medo de amor.
SSAA / STE / CMCG 2016
CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 08 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

16. (Unicamp/SP) Este poema de Cacaso (1944-1987) dialoga com várias vozes que falaram e falam
sobre a paisagem e o homem brasileiro. Justifique a referência ao “cartão postal” do título, por meio
de expressões usadas na primeira estrofe. (04 escores)

O cartão-postal usado no título é uma referência a estereótipos do Brasil√, tais como “luar
do sertão”√, a “verde mata”√ e a “mulata”.√_____________________________________

17. (Unicamp-SP) O poema constrói-se sobre uma imagem suposta de brasileiro. Qual é essa imagem?
Justifique com um verso do poema. (02 escores)

O poema é construído a partir da imagem da malandragem√ “finjo que vou, mas não vou√”.

18. (Unicamp-SP) Quais as expressões poéticas desmentem a felicidade obrigatória do eu poemático?


(02 escores)

“Imensa solidão” √ e “lívido de medo e de amor”. √________________________________

Leia o texto a seguir e responda ao item 19.

TEXTO VI

Espreitávamos, em vão. Mãos estavam vazias. Mas ele, com frio gesto, arregaçou as mangas e tornou
visíveis duas cicatrizes, sulcando paralelas cada um dos pulsos. Seus dedos haviam pago caro – durante
anos se moveram lentos, em arco de tartaruga.
- Me amarraram nessa árvore. Me prenderam com cordas, deitaram sal nas feridas.
- Quem?
- Esses que vocês querem ajudar agora.
Os argumentos de Sulplício eram por mim conhecidos. Quando chegaram os da Revolução eles
disseram que íamos ficar donos e mandantes. Todos se contemplaram. Minha mãe, muito ele se
contentou. Sulplício, porém, se encheu de medo. Matar o patrão? Mais difícil é matar o escravo que vive
dentro de nós. Agora, nem patrão nem escravo.
- Só mudamos de patrão.

COUTO. M. O último voo do flamingo. São Paulo: Companhia das Letras. 2005. p. 137

19. A que condição a personagem Sulplício submete um possível processo de independência de seu povo?
Explique. (03 escores)

A personagem Sulplício condiciona o processo de independência a libertar-se de sua


condição inteiror, ou seja, matar o escravo que vive dentro do seu povo. √ Não adiante
libertar-se um patrão e cair nas garras de outro que já o escravizou. √ A Revolução traz
sempre novos mandantes. √__________________________________________________

SSAA / STE / CMCG 2016


CMCG AE3/2016 – LITERATURA 3º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 09 Visto:

GABARITO Assinada por:


Ten Balani

Leia os textos VII e VIII, abaixo, para responder ao item 20.

TEXTO VII

TEXTO VIII

20. Relacione os textos VII e VIII, levando em conta suas motivações histórico-sociais. (04 escores)

A poesia das ex-colonias portuguesas, nos tempos das lutas pela libertação e logo após a
conquista da autonomia política, é marcada pela denúncia dos horrores da guerra ”são
mortais quando marcham de botas”; √ pela utopia da construção de nações livres “vamos
libertando em cada palavra percutida”; √pela busca da identidade “hoje nós em
Moçambique”. √ Os dois textos o sujeito lírico esboça visões de si mesmo ante a guerra e de
seu opressor. √_____________________________________________________________

Correção gramatical e/ou apresentação da prova: 0,5 ponto.

FIM DA PROVA

SSAA / STE / CMCG 2016

Você também pode gostar