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Professor: 23/08/2016

Alfonse Rasbay
PORTUGUÊS
BEIJA EU tão fácil de falar
Seja eu, e de entender.
Seja eu,
5 A linguagem
Deixa que eu seja eu.
na superfície estrelada de letras,
E aceita
sabe lá o que quer dizer?
O que seja seu.
Então deita e aceita eu. Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
Molha eu,
10 o amazonas de minha ignorância.
Seca eu,
Figuras de gramática, esquipáticas,
Deixa que eu seja o céu
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
E receba
O que seja seu. Já esqueci a língua em que comia,
Anoiteça e amanheça eu. em que pedia para ir lá fora,
15 em que levava e dava pontapé,
Beija eu, a língua, breve língua entrecortada
Beija eu, do namoro com a priminha.
Beija eu, me beija. O português são dois; o outro, mistério.
Deixa
Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para lembrar, Rio de Janeiro: José
O que seja ser Olympio, 1979.
Então beba e receba
Meu corpo no seu corpo, Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa
Eu no meu corpo, o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem
Deixa, em:
Eu me deixo a) situações formais e informais.
Anoiteça e amanheça b) diferentes regiões do país.
Arnaldo Antunes e Marisa Monte
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
Questão 1 e) diferentes épocas.
Pode-se inferir que o texto:
Questão 4
a) apresenta a linguagem, na norma culta, utilizada em vários
gêneros, inclusive na poesia do sentimento amoroso. No poema, a referência à variedade padrão da língua está
b) descreve uma personagem feminina a partir de sentimentos, expressa no seguinte trecho:
e não pelos atributos físicos. a) “A linguagem / na ponta da língua” ( 1 e 2).
c) conta uma história de amor não correspondido depois de b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras” ( 5 e 6).
longos anos de espera. c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” ( 14).
d) traz poesia e linguagem subjetiva, sem preocupação com a d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (15).
norma culta, seguindo os padrões poéticos. e) “[a língua] do namoro com a priminha” ( 17).
e) apresenta ao leitor uma opinião sobre determinado assunto
Questão 5
– no caso, o amor-paixão.
Leia o poema:
Questão 2
No que diz respeito à linguagem utilizada no texto, verificam-se Para dizerem milho dizem mio
trechos que não estão de acordo com a norma culta. Isso Para melhor dizem mió
ocorre porque: Para pior pió
a) os autores desconhecem tal norma e, inconscientemente, Para telha dizem teia
adotam a norma rural brasileira. Para telhado dizem teiado
b) a norma culta é muito difícil e poucas pessoas a usam E vão fazendo telhados.
devido ao elevado índice de analfabetismo no Brasil.
c) a linguagem utilizada no texto reflete o desconhecimento do O consagrado escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro
público-leitor deste gênero em especial. Oswaldo de Andrade expõe em seu poema Vício na Fala a
d) houve um descuido do revisor do texto, e isso seria uma pronúncia errada de algumas palavras encurtadas e
atribuição dos órgãos fiscalizadores. simplificadas por seus falantes, o que nos permite constatar
e) a linguagem utilizada no texto reflete traços de oralidade, que:
muitas vezes comuns ao gênero em que se insere. a) O uso da linguagem erudita não impede as pessoas de
serem produtivas para a sociedade.
Questão 3 b) Formas não cultas estão associadas, no poema, a
Aula de português trabalhos braçais.
1 A linguagem
na ponta da língua
c) Essa reflexão feita em seu tempo nos faz racionar quanto aos Ao observamos a fotografia anterior, percebemos que o artista
percalços entre a “língua x fala” vigentes até hoje são cada vez procurou destacar:
menores devido à melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. a) a solidão das grandes cidades.
d) O poema de Oswaldo de Andrade se volta a favor da b) a modernidade das paradas de ônibus.
discriminação e nos atenta sobre a necessidade de uma c) o desapego ao dinheiro.
espécie de ética linguística pautada na diferença entre as d) a solidez de uma empresa.
línguas, neste caso em uma única língua. e) a crença numa sociedade ética e segura.
e) “mio”, “mió”, “pió”, “teia” e “teiado” caracterizam a linguagem
dos falantes escolarizados que utilizam a variedade não padrão Questão 8
para atender a seus propósitos discursivos. O texto a seguir servirá de base à resolução da questão abaixo.
Leia-o com atenção.
Questão 6 O nosso cérebro é doido !!!
Observe as criações artísticas: De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea,
I) A criação do homem, Michelangelo não ipomtra em qaul odrem as lteras de uma plravaa etãso, a
úncia csioa iprotmatne é que a piremria e utmlia Lteras etejasm
no lgaur crteo.
O rseto pdoe seruma baguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler
sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera
isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.
Enetdeu???
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Do ponto de vista lógico e com base no conteúdo do texto lido,


é possível afirmar que é possível ler o texto acima, pois:
a) para uma leitura compreensível, o cérebro executa uma
decodificação da palavra por inteiro, letra por letra.
II) A criação de Cebolinha, Maurício de Souza b) só é necessária, para uma leitura compreensível, a
decodificação da primeira letra de cada palavra.
c) para uma leitura compreensível, a decodificação da primeira
letra de cada palavra é dispensável.
d) com o objetivo de ler a palavra por inteiro, o falante nativo de
língua portuguesa só necessita decodificar a primeira e a última
letras de cada palavra.
e) segunda a pesquisa divulgada, a decodificação da primeira
letra de cada palavra é indispensável, pois a leitura do meio da
palavra é relevante para entendê-la.

O texto a abaixo servirá de base à resolução das próximas


duas questões:
A interdiscursividade estabelecida entre a obra de Maurício de “ Em, uma sala de aula a professor se dirige a um aluno
Souza e a de Michelangelo ocorre por meio de: e pergunta:
a) contradição. -“Hoje” tem quantos fonemas?
b) ausência de expressividade. -Três.
c) sátira. - E “amanhã”?
d) uma nova versão. - Três.
e) profundidade dos planos. - Como?
- Amanhã, hoje será ontem, e “ontem” tem três fonemas!
Questão 7
Questão 9
O humor da tira reside:
a) na resposta surpreendente do aluno no sétimo parágrafo.
b) nos questionamentos feitos pela professora ao aluno nos
dois primeiros quadrinhos.
c) a resposta simultânea dada pelo aluno no sétimo parágrafo.
d) em todo o quadrinho, exceto na última fala do aluno.
e) na pergunta feita pela professora no sexto parágrafo.

Questão 10
Se tivéssemos de dar um título ao texto acima, seria:
a) Fonemas versus Letras.
b) Grafia versus Letras.
c) Fala versus Linguagem.
d) Língua versus Gramática.
e) Norma culta versus Norma Padrão.

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a) d)
Questão 11
A função da linguagem presente no texto é:
a) referencial
b) emotiva
c) metalinguística
d) fática
e) apelativa
Andy Warhol. “Marlyn Monroe”.
Romero Brito.“Gisele e Tom”.
Chimpanzés: tradições passam de pai para filho
b) e)
Os chimpanzés são ainda mais parecidos com os humanos do
que se acreditava. Um estudo conduzido por Andrew Whiten, da
Universidade de Saint Andrews, na Escócia, prova que essa
espécie acumula uma bagagem cultural que é transmitida de pai
pra filho. Os chimpanzés se cortejam, buscam chamar a
atenção, pescam e organizam festejos segundo usos e
costumes que se diferenciam de acordo com as diferentes
comunidades. Algumas tribos de chimpanzés dançam quando Pablo Picasso. “Retrato de Jaqueline
Andy Warhol. “Michael Jackson”.
chove, outras costumam bater em troncos de árvores para fazer Roque com as Mãos Cruzadas”.
ruídos. O estudo de Whiten confirma a teses de que existem c)
animais e grupos de animais capazes de enriquecer a bagagem
cultural hereditária com comportamentos adquiridos.
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Questão 12
De acordo com o texto, é correto afirmar que:
a) Os chimpanzés têm um estreito grau de parentesco com os
Funny Filez.“Monabean”
seres humanos.
b) Os chimpanzés apresentam hábitos que são transmitidos aos
Questão 15
filhos através das gerações.
c) Os grupos de chimpanzés possuem os mesmos hábitos. Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha
d) Alguns chimpanzés possuem hábitos semelhantes ao Vida de Infância, descreve os pés dos trabalhadores.
homem, já outros, por questão evolucional, possuem hábitos Pés disformes. Pés que podem contar uma história.
não-semelhantes aos do homem. Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés semelhantes
e) A vida social do chimpanzé é complexa e hierárquica. aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (...) Pés
sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que
Questão 13 só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los.
Qual a conclusão do estudo: Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes
a) Biologicamente, chimpanzés são mais próximos dos suportavam apenas um corpo franzino e doente. (Cândido
humanos que dos gorilas porque a gestação Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP)
das fêmeas dura cerca de 8 meses e meio e As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e
os gêmeos são raros. do homem americano e a crítica social foram temas que
b) Chimpanzés não têm capacidade de linguagem verbal, mas, inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentre
em cativeiro, são capazes de aprender uma quantidade grande estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida
de sinais. no texto de Portinari é
c) Os chimpanzés são inteligentes, cooperam entre sim, a) c)
manifestam alegria, dor e medo e aprendem com os mais
velhos.
d) Os chimpanzés e humanos têm em comum uma grande
porcentagem da composição genética.
e) Os chimpanzés e outros animais, assim como nós, são
capazes de enriquecer a bagagem cultural hereditária com
comportamentos adquiridos.
d)
Questão 14
Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem
alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas
últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os
artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a b)
simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado e)
pela imagem da respeitabilidade, da sobriedade, do concreto e
do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente,
retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de
cenas míticas e histórias cheias de vigor.
RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.

Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charge,


grafismo e até de ilustrações de livros para compor obras em
que se misturam personagens de diferentes épocas, como na
seguinte imagem:
As questões 16 e 17 referem-se ao poema abaixo: Leia os textos:
Texto I Texto II
“Mulher, Irmã, escuta-me: não “Teresa, se algum sujeito
ames, bancar o
Quando a teus pés um homem sentimental em cima de você
terno e curvo E te jurar uma paixão do
jurar amor; chorar pranto de tamanho de um
sangue, bonde
Não creias, não, mulher: ele te Se ele chorar
engana! Se ele ajoelhar
as lágrimas são gotas de Se ele se rasgar todo
mentira Não acredite não Teresa
E o juramento manto da É lágrima de cinema
Questão 16 perfídia”. É tapeação
Joaquim Manoel de MaceNdo Manuel Bandeira
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se
a:
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se Questão 19
à própria linguagem. Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima,
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros sugerem que:
textos. a) Há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, b) Há um tratamento realista da relação homem/mulher.
com intenção crítica. c) A relação familiar é idealizada.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu d) A mulher é superior ao homem.
sentido próprio e objetivo. e) A mulher é igual ao homem.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
inanimadas, atribuindo-lhes vida. Questão 20
Questão 17 Texto 1
No meio do caminho
No trecho “Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que já tem cinco No meio do caminho tinha
favelas”, a palavra que contribui para estabelecer uma relação uma pedra
de consequência. Dos seguintes versos, todos de Carlos Tinha uma pedra no meio
Drummond de Andrade, apresentam esse mesmo tipo de do caminho
relação: Tinha uma pedra
a) “Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que eu não No meio do caminho tinha
era Deus / se sabias que eu era fraco.” uma pedra
b) “No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu / a ninar ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2000.
nos longes da senzala – e nunca se esqueceu / chamava para o (fragmento).
café.” Texto 2
c) “Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais que a
mão de uma criança.”
d) “A ausência é um estar em mim. / E sinto-a, branca, tão
pegada, aconchegada nos meus braços, / que rio e danço e
invento exclamações alegres.”
e) “Penetra surdamente no reino das palavras. / Lá estão os
poemas que esperam ser escritos.”
Questão 18

A comparação entre os recursos expressivos que constituem os


dois textos revela que:
a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser
vulgarizado por histórias em quadrinho.
b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas
linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
A tira “Hagar” e o poema de Alberto Caeiro (um dos c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes,
heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero.
diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da
temos do mundo é condicionada, essencialmente: intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas.
a) pelo alcance de cada cultura. e) as linguagens que constroem significados nos dois textos
b) pela capacidade visual do observador. permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero.
c) pelo senso de humor de cada um.
d) pela idade do observador.
e) pela altura do ponto de observação.

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