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LITERATURA E LINGUAGEM INFANTIL

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

LITERATURA INFANTIL: UM PERCURSO EM BUSCA DA EXPRESSÃO


ARTÍSTICA......................................................................................................... 7

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO


......................................................................................................................... 20

LITERATURA E LINGUAGEM INFANTIL: IMPORTÂNCIA PARA O


DESENVOLVIMENTO INFANTIL ..................................................................... 24

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 31

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Esta apostila tem como enfoque principal constatar quais os benefícios


trazidos pela literatura inserida no período de desenvolvimento infantil, a fim de
verificar o quanto influencia no desenvolver intelectual, emocional e social,
quando auxiliada pela literatura neste período.

Veja-se que se trata de temas que possuem grande relevância em vários


aspectos das realidades dos indivíduos, já que nesse aspecto tratamos sobre a
educação, que utiliza a alfabetização como ferramenta para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e igualitária.

Um dos maiores focos da sociedade atual é o investimento em educação,


de modo que, de modo que é através de uma alfabetização de qualidade que
deve ser iniciada desde os anos iniciais. Veja-se que segundo dados há uma
grande defasagem dos alunos neste período cujo a aprendizagem é de suma
importância para o bem desenvolver do aluno nos anos subsequentes do ensino
fundamental.

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Em consequência disso, verifica-se que essa defasagem é consequência
de uma grande dificuldade nos anos subsequentes do ensino fundamental, cujo
resultado são alunos que mal sabem construir textos e possuem grande
dificuldade de leitura e aprendizagem.

Durante muitos anos e até os dias de hoje é possível verificar intensos


debates acerca da educação, já que podemos constatar o interesse de diversos
ramos da sociedade como educadores, pensadores, políticos e do próprio
interesse social. Em uma análise histórica, é possível verificar que nos anos
anteriores a educação muito enfatizava o código. Entende-se por código um
modelo de alfabetização que por muito tempo vigorou no Brasil, cujo a escrita
era intitulada de codificação e leitura de decodificação.

A alfabetização é uma necessidade que decorre desde os primórdios da


humanidade, cujo pode ser verificado a necessidade de comunicação entre os
indivíduos, de modo que surgiu também neste momento a indispensabilidade de
perpetrar essa comunicação através das gerações subsequentes, surgindo
então o processo de leitura e escrita.

Resta então evidenciado que o letramento e a alfabetização são de suma


importância para o processo de aprendizagem e a inserção de todos os
indivíduos nesta realidade, a fim de buscar um equilíbrio entre a alfabetização e
o letramento, cujo enfoque deverá ser buscado através de políticas
implementadas pelo governo e também através dos ensinos ministrados pelos

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professores em sala de aula.

Constata-se que, durante a evolução dos anos os estudos têm-se


dedicado no intuito de contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento
cognitivo da sociedade, já que a educação é a única capaz de modificar cenários
verificados na atualidade. A literatura atualmente sofre grandes modificações
com a realidade tecnológica ao qual encontramos inseridos, razão pela qual se
faz necessário debater também, a sua evolução, seja ela pelos meios de
propagação, escrita, vocabulário, linguagem e tantos outros.

A leitura e a escrita são consideradas como mecanismos influenciadores


e motivadores, capazes de modificar determinado ser em alguém com voz ativa
tanto no seu próprio processo de aprendizagem, como também, através de sua
iniciativa, modificar sua realidade.

A literatura é fundamental no desenvolver das crianças conforme será


destacado oportunamente, de modo que, o objetivo da presente pesquisa se
decorre deste sentido, já que esta é fundamental para adquirir os conhecimentos
necessários para o desenvolvimento individual.

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Convém destacar que a literatura possui papel relevante na história da
humanidade, já que é possível verificar a evolução desta durante toda a história,
tendo como exemplo o quinhentismo, cujo prevalecia a literatura informativa e a
de catequese. Posteriormente, até hoje muito estudado na educação brasileira,
tem-se o Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo e tantos outros.

Será ainda tratado sobre o conceito de literatura, de linguagem, tratando


ainda de forma específica a respeito dos gêneros literários. Outro aspecto a ser
abordado é a respeito das frequentemente verificadas nos diálogos, a figura de
linguagem, razão pela qual se faz necessário dedicar trecho deste estudo a cerca
disso.

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LITERATURA INFANTIL: UM PERCURSO EM
BUSCA DA EXPRESSÃO ARTÍSTICA

Discutir literatura infantil é, de certo modo, vincular um


determinado tipo de texto com as práticas pedagógicas que foram se
impondo na educação, principalmente após a segunda metade do
século XIX. Assim, na maioria dos livros que buscam teorizar o assunto,
há o questionamento: a literatura infantil é instrumento pedagógico ou
é arte.
COELHO (2000) assim inicia a sua discussão sobre o tema:

Literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou


melhor, á arte: fenômeno de criatividade que
representa o mundo, o homem, a vida, através da
palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o
imaginário e o real, os ideais e sua
possível/impossível realização... (COELHO, 2000, p.
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Se o texto que se convencionou chamar de literatura infantil é


apenas mais um dentre tantos outros recursos disponíveis para o
desenvolvimento da prática pedagógica ou um objeto artístico, tomese
como ponto de partida alguns exemplos da obra Coração, de Edmundo
De Amicis.
Edmundo de Amicis foi um escritor italiano mundialmente
conhecido. Natural de Oneglia, onde nasceu em 1846, faleceu em
1908, deixando variada obra em que se destacam narrativas de

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Edmundo de Amicis

viagens, crítica literária, novelas, livros de temas sociais políticos e um


pequeno livro considerado obra prima de literatura didática: Cuore.
Escrito em 1886, a obra foi divulgada pelo mundo em milhares de
edições, conquistando leitores de todas as idades e de todas as classes
sociais, só na Itália, conta com mais de um milhão de exemplares.
As cenas deste livro e as suas figuras refletem e corporificam a
variada e perturbadora alma humana nos seus anseios, sofrimentos,
alegrias e paixões. Em Portugal, Ramalho Ortigão o traduz em trechos
e Miguel de Novais dá a versão portuguesa integral. No Brasil, Valentim
Magalhães, em 1891, elabora sua tradução, entre fascinado e surpreso.
Dessa data em diante, Coração invade escolas e lares brasileiros,
passando a ser lido por todos, independentemente da faixa etária e
condição social. A geração que se inicia no século vinte, aprende com
ele a lição do trabalho, do patriotismo, da virtude e da generosidade,
sendo formados como italianinhos. Da obra, de cunho didático-
moralizante, devem ser selecionadas algumas passagens:

Eu amo a Itália porque minha mãe é italiana, porque


o sangue que me corre nas veias é italiano, porque
é italiana a terra onde estão sepultados os mortos
que minha mãe chora e que meu pai venera, porque
a cidade onde nasci, a língua que falo, os livros que
me educam, porque meu irmão, minha irmã, os
meus companheiros, e o grande povo no meio do
qual vivo, e a linda natureza que me cerca, e tudo

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o que vejo, que amo, que estudo, que admiro é
italiano. (MAGALHÃES, 1891, p.74)

-Voltini disse-lhe, não deixes penetrar no teu corpo


a serpente da inveja; é uma serpente que rói o
cérebro e corrompe o coração. (Op. cit., p.75)

Ânimo, ao trabalho! Ao trabalho com toda a alma e


com todos os nervos! Ao trabalho que me tornará o
repouso doce, os divertimentos agradáveis, o jantar
alegre; ao trabalho que me restituirá o bom sorriso
do meu professor e o beijo abençoado de meu pai.
(Idem, p. 81)

Mas ouça, que mísera, desprezível coisa seria para


ti se não fosses à escola! De mãos juntas, no fim de
uma semana, implorarias para nela voltar,
consumido de nojo e de vergonha, nauseado dos
brinquedos e da existência. (Idem, p. 19)

Fixa bem na mente este pensamento. Imagina que


te estão destinados na vida dias tremendos; o mais
tremendo de todos será o dia em que perderes tua
mãe.

Mil vezes, Henrique, quando já fores homem forte,


experimentado em todas as lutas, tu a invocarás,
oprimido por um desejo imenso de tornar a ouvir
por instante a sua voz e de rever seus braços
abertos para neles te atirares soluçando, como um
pobre menino sem proteção e sem conforto. Como
te lembrarás então de toda amargura que lhe
causastes, e com que remorsos as pagarás todas,
infeliz! (Idem, p.28)

Por meio dos exemplos acima, já se percebe o endurecimento


dos valores da época, ou seja, deve-se ter profundo respeito por todas
as instituições que “governam” a vida do indivíduo, ou seja: a família,
a escola, a pátria. Há nesses trechos um bom exemplo do maniqueísmo
e dos valores de um país que lutava pela busca de sua identidade, que
procurava ser valorizado.
Em 1919, Tales de Andrade lança o livro Saudade, publicado pela
Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Com ela, abrese um

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caminho que vai ser um dos mais trilhados pela literatura infantil daí
em diante: o rural.
O mundo acaba de sair de uma grande guerra, situação em que
os valores da civilização urbana, progressista, haviam sido abalados
profundamente, provocando nos homens a desesperança ou a
descrença em sua legitimidade. A tendência geral na literatura era para
a valorização da paz e da justiça social, daí a vida no campo aparecer
como um grande ideal, valorização nostálgica dos costumes simples do
campo em confronto com as dificuldades e fracassos encontrados na
vida da cidade. Saudade recebe saudações de autores como Monteiro
Lobato que diz ser um livro para a infância que cai em nossos meios
pedagógicos com o fulgor e o estrondo de um raio.
Seguindo essa mesma concepção de livro para crianças, Viriato
Correa lança uma série de obras destinadas ao público infantil desde
1908 (Era uma vez – livro de contos) e, dentre eles, um dos que mais
seguem o estilo didático-moralista de Coração é Cazuza. Lançado em
1938 e continuamente reeditado, gerado por idéias e ideais do Brasil
dos anos 30, Cazuza transfigurou m literatura os impulsos que estavam
na raiz do grande movimento histórico nacional, então em processo,
movimento que pode ser sintetizado como sendo o deslocamento de
populações do campo para a cidade, a fim de impulsionar a
modernização do país.
Cazuza é a história de um menino que dá título ao livro e que,
depois de adulto, resolve escrever suas memórias de infância, liga-se
aos dois primeiros pela ênfase dada ao respeito às instituições, sendo
a educação o meio ideal para o progresso do homem e pela
preocupação de confrontar a vida rural interiorana com a vida urbana.
Apresenta uma nítida evolução sobre os anteriores, pois com
experiências simples, Cazuza vai tendo oportunidade de revelar o jogo
das relações humanas, o idealismo humanitário que deve nortear as
ações de todos os indivíduos, as diferenças inerentes aos vários meios

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sociais. Cazuza foi dos que abriram as portas da literatura para os
ventos da vida real, com linguagem mais ágil, mostrando também
experiências necessárias ao indivíduo no seu processo de crescimento.
Mesmo assim, o didatismo moralizante ainda se faz presente,
conforme o trecho abaixo:

Essa riqueza, de que você tem tanto orgulho, foi


você que a juntou com sua inteligência, com seu
suor e com seu esforço? Pensa você que o Custódio
lhe é inferior porque é pobre? Pois é justamente a
pobreza que lhe dá valor. Sendo paupérrimo, o
Custódio come mal, dorme mal e o tempo que deve
empregar no estudo, emprega-o em serviço caseiro,
para ajudar os pais. A lição que ele traz sabida, vale
mais do que a lição sabida que você traz. Você tem
tempo e conforto. Custódio não tem nada, senão a
vontade de aprender, o brio de cumprir o seu dever
de estudante. (CORREA, 1999, p.85)
Vários autores tiveram grande influência na sociedade dessa
época, foram demasiadamente lidos pelas crianças e exerceram papel
marcante na vida escolar do Brasil, além dos citados, precisam ser
lembrados autores como Olavo Bilac, Manuel Bonfim, Júlia Lopes de
Almeida, Adelina Lopes Vieira, entre outros; seja como mantenedores
do pensamento da classe dominante no que se refere à política ou às
maneiras de se viver em sociedade. Na totalidade Das obras por eles
produzidas, a criança é vista como um indivíduo pronto para receber a
educação como dádiva, como caráter divino, mando sua pátria como
berço e fonte inesgotável de benevolências.

Monteiro Lobato

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Educação e leitura no Brasil, do final do século XIX até o
surgimento de Monteiro Lobato, viviam alicerçadas nos paradigmas
vigentes, ou seja: o nacionalismo, o intelectualismo, o tradicionalismo
cultural com seus modelos de cultura a serem imitados e o moralismo
religioso, com as exigências de retidão de caráter, de honestidade, de
solidariedade e de pureza de corpo de alma em conformidade com os
preceitos cristãos.
Com o surgimento de Monteiro Lobato e sua proposta inovadora
de literatura infantil, a criança passa a ter vontade e voz, ainda que
vindas da boca de uma simples boneca de pano: Emília. O que importa
é que a contestação e a irreverência infantis sem barreiras começam a
ser lidas e vistas por meio dos textos e ilustrações das personagens do
Sítio do Pica-pau Amarelo.

Lobato apresenta características até então não exploradas no


universo literário para crianças: apelo a teorias evolucionistas para
explicar o destino da sociedade; onipresença da realidade brasileira;
olhar empresarial e patronal; preocupação com problemas sociais;
soluções idealistas e liberais para os problemas sociais; tentativa de
despertar no leitor uma flexibilidade face ao modo habitual de ver o

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mundo; relativismo de valores; questionamento do etnocentrismo e
um outro ponto importante: a religião, como resultado da miséria e da
ignorância.
Evidentemente, Lobato fora o precursor de uma nova literatura
destinada às crianças no Brasil, uma literatura que ainda passaria por
inúmeras transformações, por uma ditadura militar e por grandes
mudanças na tecnologia e na sociedade. Essas mudanças foram, de
maneira histórica e dialógica, sendo capazes de trazer para a chamada
literatura infantil a diversidade de valores do mundo contemporâneo,
o questionamento do papel do homem frente a um universo que se
transforma a cada dia.
Além disso, trouxe também as vozes de diferentes contextos
sociais e culturais presentes na formação do povo brasileiro, sua
diversidade e dificuldades de sobrevivência e, o mais importante,
trouxe as vozes e sentimentos da criança para as páginas dos livros,
para as ilustrações e para as diferentes linguagens que se fazem
presentes na produção artística para crianças.
Desse modo, mais precisamente após a década de setenta,
encontra-se uma produção literária/artística para as crianças que não
nasce apenas da necessidade de se transformar em recurso
pedagógico, mas cujas principais funções são o lúdico, o catártico e o
libertador, além do pragmático e do cognitivo.
Autores como Pedro Bandeira, Carlos Queiroz Telles, Roseana
Murray e Regina Chamlian, entre outros, trazem as vozes das crianças
e o universo cotidiano com seus conflitos para serem
lidos/vistos/sentidos numa literatura para as crianças de hoje, conflitos
esses levados às crianças com uma proposta de diálogo, não somente
de imposição de valores, por meio de uma literatura que busca a arte,
sua característica primeira.
Como exemplo, deve-se observar os seguintes textos de
TELLES (l999):

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Abobrinhas
Batatinhas, quando
nascem se esparramam
pelo chão, invadem as
escolinhas, entram em
todas as festinhas e viram
declamação -Que
chateação!

Ao contrário das
colegas de terreiro e de
pomar, as alegres
abobrinhas crescem
fortes e felizes, sem
nunca se perguntar
onde meninas
dormindo colocam os
pés e as mãos

Adultices
Cuidado! Sai
daí!
Vem aqui! Fica quieto!

Já pra cama! Come tudo!

Mais respeito! Agradece...

Não emburra! Obedece!

E depois de tanta ordem,


bronca e chateação, não
é que ainda nos pedem,
com cara de coração:

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-Vem cá meu
anjinho... eu quero
um beijinho! -Vem cá
garotão, me dá um
abração!

Os dois exemplos já conseguem mostrar que os valores mudaram


e a voz da criança já se faz ouvir, há o descrédito da autoridade que
se coloca no poder por meio de uma moral dogmática; a linguagem se
mostra mais próxima do falar da criança e é nesse relativismo de
valores que a criança terá de se situar como cidadão.
Dessa maneira, verificam-se dois momentos bem definidos da
literatura voltada para as crianças no Brasil e entender esse percurso
em busca da arte:

Um outro momento da trajetória histórica da literatura para


crianças e jovens foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9394), de 20 de dezembro de 1996, de onde
surgiram os Parâmetros Curriculares Nacionais e, consequentemente,
os Temas Transversais para serem trabalhados na sala de aula. Esses
temas são temas de interesse no bojo da sociedade e deles fazem parte
a Ética, a pluralidade cultural e meio ambiente, entre outros.
A questão é que, para atender a esse mercado editorial
impulsionado por essas novas propostas educacionais, vários livros

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abordam esses temas transversais de maneira a garantir a sua inclusão
em planejamentos pedagógicos e, não necessariamente, tratam do
tema de maneira literária ao abordarem o assunto diretamente e, em
vários casos, não apresentam o mínimo traço de literariedade.
Um dos exemplos é a discussão sobre a aceitação das diferenças,
sejam elas de caráter social, cultural ou sexual, tem sido muito comum
como temática de livros voltados para crianças e jovens.
O que surpreende na obra O pintinho que nasceu quadrado é
exatamente o contrário. Suas autoras, por meio da construção de um
universo ficcional com raízes plantadas pela fábula, enriquecem a
discussão de modo a garantir múltiplas intertextualidades nas
linguagens verbal e visual do livro.
A sociedade tradicional é mostrada neste contexto literário por
meio da figura de um galinheiro e todos os seus aspectos discutidos de
maneira metafórica: o machismo é mostrado na figura do galo na
primeira página e na figura de um outro galo cuja função é ser o juiz,
sendo a autoridade que organiza o galinheiro e traça o destino de suas
dominadas; o ato de viver sem grandes reflexões e a vida assujeitada
das classes dominadas é figurativizada no ato de botar ovos, ato esse
tido como obrigação do sexo feminino. Nada pode ser questionado.
Nada deve mudar a ordem estabelecida.
É nesse ponto que essa ordem social é subvertida. Uma das
galinhas, Carola, que às vezes se encosta na grade do cercado e fica
olhando para fora para vislumbrar outras possibilidades de vida, bota
um ovo. Esse não era mais um ovo dentre vários que eram postos
diariamente, era um ovo quadrado. O ato de olhar para fora do
galinheiro, de ficar observando o horizonte que se abre para além dos
limites do galinheiro já diz muito, significa a não-aceitação daquela
realidade imposta à sua vida.
A galinha sonhadora bota um ovo quadrado. Mais do que o ato
de colocar um ovo em pé, discutindo a ordem do mundo, esse ovo se

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mantém em pé por si mesmo. Evidentemente, isso não poderia ser
aceito. As colegas de galinheiro comentam o absurdo da forma,
sugerem para que se jogue fora aquilo que parecia uma aberração.
Sem aceitar qualquer uma das opiniões, a galinha resolve chocar
o seu ovo quadrado e ali permanecer. Convoca-se um julgamento,
chamam um galo juiz para organizar e resolvem expulsar a autora
daquilo que já toma a proporção de um crime para fora dos limites do
galinheiro. É o poder do macho e das instituições sociais, é a
manutenção da ordem.
Na solidão de sua viagem, nasce o seu filho: um pintinho
quadrado. Nessa caminhada, inúmeros animais que cruzam o caminho
de mãe e filho zombam da aparência incomum da criatura e fica
impossível de a galinha encontrar nova moradia para os dois.
Até este ponto da obra, encontram-se várias relações
intertextuais, seja no plano de expressão verbal, seja no visual. Além
de mostrar a rejeição pela sua própria espécie, aprofundando as
discussões propostas pelo texto de Andersen, pode-se deparar com
releituras de céus já pintados por grandes nomes da arte mundial na
ilustração, assim como se pode lembrar a história ancestral de uma
mulher grávida e seu marido buscando abrigo para que uma criança
nascesse no oriente há mais de dois mil anos.
Depois de longa caminhada, tempo em que se conheceram e
tiveram a oportunidade de conversar sobre ser, parecer, aceitação, e
rejeição e exaustos da longa caminha, o sono sob o céu de Van Gogh
torna-se profundo e ao abrir os olhos no dia seguinte, mãe e filho se
deparam com uma visão incomum: animais simpáticos e
completamente diferentes da forma tradicional. Nesse conjunto há uma
tartaruga piramidal, um coelho triangular, um macaco redondo e uma
girafa espiral, entre outros.
Após um alegre cumprimento, passam a admirar a beleza do
pintinho quadrado e a trocar experiências de rejeição pelas quais todos

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do grupo passaram. Conversam sobre a sua vida em grupo e resolvem
sair em busca de um lugar para viverem em paz e serem eles mesmos,
com sua aparência nada convencional e seus próprios sonhos e
desejos.

Conforme se disse anteriormente, o livro não mostra a aceitação


pela própria espécie ou por um grupo convencional e reconhecido pela
sociedade como em O Patinho feio, de Andersen, nem escancara a
realidade das rejeições diárias sofridas por crianças e adultos no
cotidiano de ruas, escolas e igrejas por pessoas que fogem do padrão,
quer pela sua aparência, quer pela sua ousadia de olhar o mundo de
maneira diversa do senso comum como a maioria dos livros lançados
após a obrigatoriedade de se discutirem os temas transversais na sala
de aula.
As relações intertextuais de O pintinho que nasceu quadrado
levam o seu leitor a rememorar personagens históricos não aceitos em
sua época, exatamente por olharem para fora dos limites impostos pela

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sociedade, por serem diferentes, por viverem de maneira diversa
daquela tida como certa.
A importância deste livro nesta discussão está em colocar a
importância da aceitação de si mesmo e o valor da busca por um lugar
no mundo, um mundo que ainda precisa ser muito transformado. Os
textos (verbal e visual) que constroem a obra mostram a estaticidade
como elemento negativo para essa mudança, é na dinâmica do
constante caminhar e na busca incansável que as diferenças podem ser
aceitas.
O exemplo acima é apenas um de muitos outros que surgem no
mercado editorial para crianças e jovens e procura instigar o seu leitor
para a produção de intertextos, de múltiplos diálogos com outras obras
e tempos e, o mais importante, aos poucos vai fazendo com que a
criança eduque o seu olhar para a arte, ao mesmo tempo em que é
levada a perceber e discutir as mazelas do mundo onde ela vive.
Evidentemente, neste breve panorama, o que se busca é a
discussão de paradigmas emergentes, a um momento em construção,
mas o que se pretende é ressaltar a mudança dos objetivos e de
mecanismos de construção de um tipo de texto que tem como
destinatário a criança e que procura se firmar como arte, sem que se
descarte a sua presença demasiadamente importante no processo
educativo, entendendo que o processo educativo também se constrói,
nestes novos tempos, tentando levar em consideração a formação
plural do povo brasileiro.

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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: A
IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO

A origem da alfabetização é constatada desde o início das primeiras


sociedades, de modo que pode ser verificada como uma forma de comunicação
entre os indivíduos que por consequência, a fim de dar continuidade ao meio de
se comunicar criado, criou-se a alfabetização, que seria o processo de leitura e
escrita daqueles sinais de comunicação criado por aqueles povos.

De maneira a enriquecer ainda mais o debate sobre o tema, convém tratar


ainda que de forma sucinta a respeito do analfabetismo das minorias, da
opressão, da resistência e a alfabetização de afirmação nacional. No que se diz
respeito às minorias linguísticas, convém destacar que dentre estes
encontramos os povos aborígenes, as minorias estáveis como os catalães e as
minorias vindas de outras localidades, quais sejam os migrantes. (WAGNER,
1990)

Para o autor, quando tais minorias linguísticas se encontram inseridas em


realidades cujo há existência de novas línguas majoritárias, surge então a
algumas espécies de analfabetismo, qual seja o da resistência e o da opressão
conforme anteriormente exposto.

Como consequência desse analfabetismo, cujo encontramos minorias


que pouco tem contato com a sua língua de origem, temos um aluno que se
encontra inserido no meio de ensino padrão daquela maioria, este sofrerá uma
intensa defasagem de ensino, já que este perde o contato com a sua língua de

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origem, e ainda, de forma mais preocupante aprende mal a língua daquela
comunidade dominante.

Já no que se diz respeito a alfabetização de afirmação nacional, temos


aquele indivíduo que aceita o aprendizado de determinada língua, ainda que esta
não seja a de sua origem, de modo que verificamos neste caso a aprendizagem
de mais uma língua e não o rompimento com uma em detrimento da outra.

Por outro lado, convém tratar da conceitualização do que consiste em o


letramento, para só então debatermos a junção deste com a alfabetização. De
acordo com o que se extrai dos ensinamentos em comum dos estudiosos, o
letramento consiste na capacidade do indivíduo de exercer os aprendizados
sociais decorrentes da leitura daquela localidade em que vive, e maneira que,
não consiste apenas no ler e escrever, mas também sintetizar o meio social ao
qual se encontra inserido.

Conforme se extrai dos estudos realizados até o momento, o termo


letramento só foi utilizado a aproximadamente 20 anos atrás, sendo assim, uma
conceitualização nova na educação. Constata-se que, toda a sociedade mundial
sempre se manteve focada em tratar apenas na escrita, mas pode ser verificado
um crescente movimento no sentido de tornar os indivíduos letrados, a fim de
efetivar a leitura e a escrita social daquela realidade em que aquele aluno se
encontra inserido.

Contudo, convém destacar que para que um indivíduo seja considerado


letrado, não é requisito que este tenha frequentado uma escola, ou até mesmo
que saiba ler e escrever, sendo apenas necessário que este seja capaz de
realizar uma leitura de mundo, sendo um indivíduo que atue ativamente em
instituições, associações e outras formas de manifestações do letramento.

Neste sentido, podemos dizer que mesmo que uma determinada pessoa
seja analfabeta e seja incapaz de compreender qualquer código de sua língua,
isto não significa que esta não possa ser uma pessoa letrada, já que esta possui
um grau de letramento em razão de sua vivência em sociedade, ainda que este
letramento não possa ser caracterizado como pleno.

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Conforme se extrai do tratado até o momento, o letramento pode ser
verificado em pessoas que nunca tenham sido alfabetizadas, e ainda, é possível
verificar que pessoas alfabetizadas tenha um baixo índice de alfabetização,
tendo dificuldade de leitura, interpretação, escrita e outras.

Para os estudiosos, a afirmação de que exista indivíduos não letrados é


incorreta, cujo é possível verificar diversos níveis de letramento, ainda que
baixos. Vislumbrando assim, a importância da alfabetização bem como do
letramento, constata-se uma necessidade de alfabetizar letrando os alunos. Em
que pese haja certa confusão e o letramento, convém destacar que não há que
se falar em apenas um processo, mas sim em dois que em conjunto podem ser
capazes de modificar a realidade da educação brasileira. (SOARES, 2003)

Conforme se extrai dos ensinamentos de Peixoto, podemos vislumbrar


que uma criança para a ter o primeiro contato com o letramento quando esta é
parte de uma sociedade grafo Centrica, cujo este contato é decorrente da
convivência com outros indivíduos que fazem uso da língua escrita. O que
diferentemente podemos dispor a respeito da alfabetização, que se inicia quando
a criança vai à escola.

Importante destacar que com o advento do letramento no processo de


aprendizagem, a conceitualização de alfabetização girou tão somente no ato de
ensinar a ler e escrever, ainda que seja de suma importância para a inserção
desses indivíduos na realidade mundial da educação.

Conforme se extrai do abordado até o momento, a alfabetização e o


letramento são processos que devem caminhar juntos a fim de buscar resultados
que atendam com efetividade o processo educacional de determinado indivíduo.
Esta prática de alfabetizar já letrando é a capacidade do professor de ensinar a
ler e o escrever, mas através de leituras reais, trazendo à aquela criança o
benefício de aprender em contexto com a realidade social.

Outra questão de suma importância para esta questão é a contribuição do


educador no processo de letramento, já que vários obstáculos podem ser
verificados neste quesito. Constata-se que esta abordagem de alfabetizar

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letrando ainda que comprovadamente seja demonstrado os seus benefícios,
podemos verificar inúmeros educadores que ainda se apegam ao modelo de
apenas transmitir ideias.

Se faz necessário que os educadores estejam dispostos a romper com


esse modelo, de modo a trazer para dentro da sala de aula a realidade da
evolução social que atinge tantos outros setores. É importante que os
educadores entendam que a evolução é inevitável na sociedade em que
vivemos, de modo que, não se pode admitir que estas evoluções não cheguem
também ao processo de aprendizagem.

Consequentemente, vislumbramos que para que o professor exerça a


alfabetização letrando, é necessário que este seja letrado também, sendo
dominador de uma boa escrita, bom leitor, bom falante, bom produtor e texto,
para que só assim seja capaz de letrar seus alunos. (SOARES, 2000).

Contudo, há que se levar em consideração ainda um assunto relevante


no que se diz respeito ao letramento, de modo que convém debater a respeito
dos eixos da apropriação da língua escrita. Como principais, temos os seguintes:
compreensão e valorização da cultura escrita, apropriação do sistema de escrita,
leitura, produção de textos escritos, desenvolvimento da oralidade.

Verifica-se que, quando a criança se encontra inserida em um eixo de


compreensão e valorização da cultura escrita, estas acabam por chegar na
escola com um maior preparo para receber a alfabetização. Contudo, constata-
se que nem todas as crianças inseridas na realidade do ensino público encontra-
se inseridas em tal eixo, dificultando a alfabetização e o letramento.

Outro eixo importante é o da escrita cujo aluno deve compreender o


sistema de escrito utilizado em sua sociedade, de modo que é papel do educador
possibilitar nos anos iniciais o entendimento da escrita e da leitura. Também de
grande relevância temos a leitura, que deve ser interpretado não tão somente
como o ato de ler, mas sim também de compreender.

Por fim, convém falar da produção de texto e do desenvolvimento da


oralidade, vez que aquele se é a capacidade de produção, bem como este é a

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capacidade interativa. Verifica-se então que, o letramento é ferramenta crucial
para o processo de alfabetização, cujo professores devem estar preparados para
letrar os alunos afim de prepara-los pra a sociedade.

LITERATURA E LINGUAGEM INFANTIL:


IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

De início, é sabido que a literatura possui um papel importante para o


desenvolvimento social e intelectual dos indivíduos. Porém, para contextualizar
e traze clareza ao desenvolver desta pesquisa, necessário se faz conceitualizar
literatura e linguagem. No que se diz respeito a literatura, de acordo com uma
análise estrita de sua conceitualização, podemos dispor que esta trata-se de uma
manifestação artística, podendo esta ser comparada com a pintura, escultura,
música e tantas outras formas de manifestações da arte.

Veja-se então que há uma interação direta com a manifestação artística,


já que há uma manifestação própria do autor acerca de sua visão de mundo, da
realidade, tendo assim um potencial de criar e alterar a realidade de determinada
situação a ser retratada através da literatura.

Assim como as demais manifestações artísticas, cujo utilizam meios de


expressão, como a pintura utiliza a tinta, temos na literatura a manifestação
através da palavra, cujo resultado será a manipulação desta para ao fim obter
determinado resultado presente somente na mente do autor.

A linguagem por sua vez, é o vocabulário próprio da literatura, de modo


que sem este, determinada demonstração artística acabaria por acarretar a
modificação do objetivo do autor, desconfigurando assim a sua manifestação

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literária. Sua principal característica é uma linguagem mais formal, cujo pode ser
verificada como um diferencial desta manifestação artística.

Passada essa análise conceitual a respeito da literatura e da linguagem,


necessário fazer uma breve análise sobre a evolução histórica da literatura, e os
principais movimentos verificados no decorrer dos anos.

Conforme anteriormente disposto, há períodos na história ao qual foi


possível verificar uma grande evolução no que se diz respeito a literatura. Neste
sentido, temos o quinhentismo, que é o período ao qual corresponde ao período
de descobrimento do Brasil. Neste período, podemos verificar fortes influências
do Renascimento, tendo como enfoque a conquista marítima e espiritual. Neste
período, predominou a literatura informativa, que era aquelas que vinham da
Coroa, bem como a Literatura de Catequese, elaborada pelos padres.

Outro grande movimento foi o Barroco, predominantemente verificado em


meados do século CII, cujo principais aspectos podem ser verificados no que se
diz respeito a sensualidade e aos aspectos espirituais trazidos pelo
Renascimento. Neste modelo literário, como autores brasileiros de destaque,
temos Gregório de Matos Guerra, e Padre Antônio Vieira.

Outro movimento importante na história da literatura é o Arcadismo,


também conhecido como Neoclassicismo, cujo a sua predominância se deu no
século XVIII. No Brasil, o início deste movimento se deu com obras de Cláudio
Manuel da Costa e Thomás Antônio Gonzaga, cujo Vila Rica localizada em Minas
Gerais passa a ser neste período um centro intelectual do Brasil Colônia. O
arcadismo possui intima ligação com o Iluminismo, bucolismo, amor galante, e
outras características.

Já o Romantismo que surgiu no século XIX, tinha como características o


individualismo, subjetivismo, sentimentalismo, culto a natureza, idealização,
valorização do passado, e a liberdade artística. Destacaram-se Gonçalves de
Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casemiro de Abreu,
Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves, Joaquim Manuel de Macedo,
José de Alencar, Martins Pena.

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O Realismo por sua vez, também se deu no século XIX, tendo como
principais características o objetivismo, verossimilhança mulher não idealizada e
entre outros. Vejamos que neste movimento, assim como os demais, houve
grande influência do momento vivido à época de seu desenvolver.

Passados essa análise histórica dos principais movimentos literários


verificados no decorrer da evolução da história, convém agora dispor sobre a
sua contribuição para a educação e qual o seu papel na educação, levando em
consideração a suas principais contribuições para o desenvolvimento infantil.

No Brasil, a Literatura infantil já poderia ser verificada no século XVII.


Conforme nos ensina Fanny Abramovich e Betty Coelho (1995), desde muito
pequenas as crianças já mantém contato com a literatura, contudo, de uma forma
oral, já que há um intermédio de um orador, cujo as histórias são lides pela
família. Para a autora, a história tem contada neste momento da vida da criança
possui um poder de grande valia na vida cognitiva daquela criança, pois passa
a incentivar a criação imaginária. Vejamos:

Extrai-se dos ensinamentos da autora que, ao ouvir histórias acaba por


estimular o desenvolver da criança, cujo as manifestações podem ser verificadas
através do desenho, da brincadeira, do pensar e do agir. (ABRAMOCISH, 1995)
De acordo com Betty Coelho, assimilação da história pela criança será de acordo
com o desenvolvimento desta de acordo com a sua faixa etária, cujo haverá uma
ligação direta com o seu interesse. (COELHO, 2001).

A literatura neste período infantil deverá estar de acordo com o


desenvolvimento psicológico da criança neste período, já que terá ligação direta
com a sua capacidade intelectual de compreensão.

Na fase de pré-leitor, verificada na faixa etária de 15 meses aos 05 anos,


verificamos uma criança em desenvolvimento de sua fase egocêntrica e de
adaptação, cujo objetivo da leitura é incentivar o aumento da interação através
da comunicação verbal. Neste período, de acordo com Coelho (2001), indica-se
livros breves, com imagens cujo hajam sentido para as crianças, desenhos
coloridos. “A técnica de repetição ou reiteração de elementos é das mais

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favoráveis para manter a atenção e o interesse de difícil leitor a ser conquistado.
” (COELHO, 2000, p. 30).

Nas demais fases, quais sejam a do leitor iniciante (a partir dos 6 e 7


anos), Leitor em processo (a partir dos 8 e 9 anos), Leitor Fluente (a partir dos
10 e 11 anos) e leitor crítico (a partir dos 12 e 13 anos), a literatura indicada será
condizente a sua faixa etária e de acordo com o seu poder de assimilação.

Verifica-se que a criança em desenvolvimento já não mais possui um


papel de insignificância para a sociedade, cujo agora, verifica-se como tendo
uma grande visibilidade social, vez que se representa como principal instrumento
de construção de um ser humano pensante e ativo. Atualmente, vislumbra-se
como sendo o enfoque principal da educação é a efetividade do processo de
aprendizagem, cujo ator principal é a criança.

Neste sentido, é possível constatar que a escola detém um papel de


grande relevância no processo de aprendizagem, cujo sua atribuição é estimular
a busca pelo conhecimento e auxiliar neste processo de aprendizagem. A escola
terá como papel não só o ensino da leitura, mas também na formação de
indivíduos críticos, capazes de interpretar, e analisar criticamente cada conteúdo
que lhe é proposto.

A leitura deve ser considerada como um meio imprescindível de


construção do saber individual da criança, incentivando a leitura e a
aprendizagem, que muito se diferem. De acordo com Ferreiro e Teberoski
(1991), a leitura e aprendizagem diferem-se, já que nem sempre a criança que
lê aprende, e a aprendizagem é uma das principais funções da língua escrita.

Por fim, verifica-se que a leitura possui grande relevância no desenvolver


intelectual da criança e no seu processo de aprendizagem. Os modelos literários
abordados no decorrer do presente estudo possuem o condão de contextualizar
a importância da literatura na sociedade moderna, a fim de verificar que esta
será de sua relevância no desenvolvimento intelectual da criança.

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Constata-se que a educação é uma das ferramentas que mais trazem a
esperança de construção de uma sociedade inclusiva e melhor para todos que
nela vivem. É importante destacar que o processo de aprendizagem é de suma
relevância para a sociedade, de modo que é necessário que se busquem
mecanismos a fim de melhorar este processo.

É possível constatar aspectos importantes do processo de letramento e


de alfabetização, como conceitos e definições segundo estudiosos acerca do
tema. Verificou-se ainda que o processo de letramento é significativamente novo
para a realidade educacional se comparado aos demais processos da educação,
mas é de grande relevância para a efetividade do processo educacional.

O processo de letramento pode estar inserido na realidade de indivíduos


que jamais frequentaram uma sala de aula, sendo justificado pela vivência que
este tem de mundo, diferenciando-se no nível de letramento quando comparado
ao indivíduo alfabetizado.

A alfabetização e o letramento devem ser aplicadas em conjuntos a fim


de complementar-se, de modo que não podemos esquecer que a alfabetização
é de suma importância e de grande relevância para o processo educacional, mas
o letramento é ferramenta que traz novas possibilidades para aquele aluno.

Desta forma, é possível constatar o educador, assim como todos aqueles


que compõem a sociedade, devem buscar mecanismos capazes de auxiliar
neste processo de alfabetização e letramento, de modo que, os professores
devem atualizar-se e tornarem-se educadores letrados, para que assim
indivíduos com um maior nível de instrução sejam formados.

A literatura possui um papel de grande relevância para a criança em fase


de desenvolvimento, já que é nesse período que se pode ver constatado a

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efetividade do processo de conhecimento. Ainda, é possível verificar que vários
movimentos literários foram constatados na evolução da sociedade, sendo
evidenciados como sendo marcos para a literatura mundial e nacional.

A exemplo destes movimentos temos o Barroco, Arcadismo, Romantismo,


Realismo e tantos outros, que ainda hoje influenciam no processo literário.
Passada essa análise acerca da literatura propriamente dita, buscou-se o
enfoque de sua importância no universo infantil bem como, ainda que de forma
breve, tratar de sua contribuição para o desenvolvimento da criança.

A literatura pode ser inserida desde o início da vida da criança, mesmo


quando esta não tenha ainda a capacidade de leitura. Verificou-se que a
importância da leitura no desenvolver do menor encontra-se no auxílio do
vocabulário quando estes ainda são pequenos, cujo com o auxílio familiar, que
atuam como locutor, passam a ouvir histórias e consequentemente, assimilá-las.

Importante destacar que, embora nesta idade dos primeiros anos de vida,
a criança não tenha ainda a capacidade de compreender criticamente o texto,
esta possui capacidade de assimilar imagens, sons, e consequentemente
aumentar o seu poder de vocábulo, o que é muito indicado no período em que a
criança encontra-se iniciando a fala.

Já em idades mais avançadas, quais sejam aquelas posteriores aos


primeiros anos de vida, é possível verificar que quando criados os hábitos de
leitura, incentivados desde a infância, é possível verificar reflexos deveras muito
positivos no poder cognitivo daquele indivíduo, que acaba por possuir um
potencial de conhecimento muito elevado.

Desta forma, é possível verificar a necessidade de incentivo escolar e


familiar do hábito da leitura, de modo a criar nas crianças desde o início de sua
vida o contato com a leitura e com o poder que esta trás. Neste sentido, temos

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como constatadas as seguintes contribuições na realidade cognitiva da criança
através da leitura: a melhora da escrita, na criação de indivíduos críticos capazes
de formular questões externa e interna, na contribuição de formar cidadãos
capazes de serem formadores de conhecimento, bem como na criação de
indivíduos mais humanos.

Por fim, é importante destacar que, a literatura infantil na fase em que as


crianças ainda não são alfabetizadas é um meio pela qual a criança irá ser
instigada para o desenvolvimento do conhecimento através da imaginação,
emoção e dos sentimentos, de modo que, verificamos que a literatura é capaz
de incentivar o indivíduo no processo de crescimento e de acesso de outros
mundos.

Desta forma, é possível verificar a necessidade de que incentivo do


processo de leitura, no qual é necessário o incentivo governamental, mas
também é importante a contribuição desde a idade tenra o incentivo do hábito da
leitura, a fim de incentivar a perpetuação deste hábito.

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