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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: A LITERATURA INFANTIL NA

FORMAÇÃO DO LEITOR AINDA CRIANÇA.


Autor: Wallery Santos Silva
Tutor externo: Daniela Morais Tapioam
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pedagogia (PED4515) – Estágio
21/11/2022

RESUMO

A vivência do estágio é fundamental para a formação profissional, uma vez


que dá a oportunidade de aliar a teoria à prática. Assim, este trabalho irá relatar as
experiências vividas durante o Estágio Curicular Obrigatório, e tem por finalidade
abordar a temática: Contação de Histórias: A Literatura Infantil na formação do leitor
ainda criança, cujo o objetivo é mostrar que a Literatura Infantil é constituída como
parte que integra a história da educação brasileira, mas que no decorrer dos anos,
trilhou uma série de lutas. Abraçada governamentalmente como formas de atenuar o
índice de analfabetismo no Brasil, foram sendo criadas políticas para possíveis
democratizações do conhecimento, além de preparação e capacitação das crianças.
Nessa perspectiva, o trabalho visou promover um processo de reflexão sobre este
valioso e enriquecedor momento que é o da contação de histórias. Este momento não
deve ser tratado como subterfúgio para cobrir o espaço de tempo entre uma atividade
e outra. A Literatura Infantil deve ser valorizada enquanto momento específico de
enriquecimento e aprendizagem na vida escolar da criança.

Palavras-chave: Contação de História. Literatura Infantil. Leitor.

1 INTRODUÇÃO

A área de concentração escolhida para a realização do estágio é


CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS, sendo o tema para a pesquisa: A LITERATURA
INFANTIL NA FORMAÇÃO DO LEITOR AINDA CRIANÇA.
A criança, desde seus primeiros contatos com o mundo comunica-se
através de gestos, expressões, palavras. Conforme vai desenvolvendo sua
capacidade de comunicação pela fala, passa a organizar melhor suas ideias,
basta vê-la contando fatos do dia a dia, ensinando uma brincadeira para seus
amigos e atuando em muitas outras situações.
Paralelamente a isso, a criança encontra em contato com o mundo da
escrita e convive com um meio permeado de representações: imagens, cores,
desenhos, escritos entre outros. Ao entrar na escola e iniciar um processo
formal de alfabetização, ela já traz uma série de informações e vivências que
podem e devem ser aproveitadas em sala de aula. O contato da criança com a
escrita, com o material escrito em situações sociais concretas será o ponto de
partida. Assim, quando a criança destacar letrinhas para colá-las no seu
caderno, montando o nome dela, dos colegas, das pessoas da família, e
produzindo simultaneamente textos orais sobre cada situação trabalhada, o
processo de alfabetização estará acontecendo e os objetivos estarão sendo
alcançados.
A Literatura Infantil (LI) é um tema de grande relevância para os
educadores e outros profissionais que estejam envolvidos no processo ensino
e aprendizagem, principalmente na Educação Infantil.
Este trabalho visa enfocar a importância que a LI possui, ou seja, o
quanto ela é fundamental para a aquisição de conhecimentos, recreação,
informação e interação necessárias ao ato de ler. Vários estudos sobre o tema
mostram a necessidade do trabalho literário no cotidiano escolar, informam,
conduzem ao desenvolvimento de um trabalho motivador nas instituições de
ensino e outros mostram a importância do livro didático, paradidático,
apontando a grande necessidade de estímulo por parte de todos (educadores,
profissionais em educação, pais...) ao hábito da leitura e da LI em todas as
fases da educação.
A Literatura Infantil pode proporcionar um mundo fantástico para seus
pequenos leitores e/ou ouvintes. Através dela, a criança passa a demonstrar
sentimentos, emoções, medos... Tornando-se, portanto, grande aliada no
processo de ensino aprendizagem.
A escolha do tema surgiu a partir das vivências educacionais, durante os
estágios curriculares nas escolas, uma vez que, percebi a falta de estímulo ao
hábito da leitura nas instituições escolares. Os livros utilizados eram apenas os
didáticos, as histórias, os paradidáticos, as Literaturas Infantis eram pouco
trabalhadas e até mesmo desconhecidas.
A Literatura Infantil é capaz de fazer com que a criança crie e recrie
individualmente formas expressivas, integre percepções, imaginação, reflexão
e sensibilidade.
Acredito que esse tema será de grande relevância para minha prática
pedagógica. Portanto, nesta perspectiva surgiu a necessidade de buscar
informações acerca da importância e de como se trabalhar a Literatura Infantil
(LI) na formação do leitor ainda criança.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

As metodologias utilizadas para inserção da Literatura Infantil na


educação infantil, foram intencionadas na busca do aperfeiçoamento e do
desenvolvimento da criança. É importante ressaltar que nos primeiros anos da
vida da criança, é de fundamental importância para a sua formação integral a
instauração de práticas pedagógicas que a insira no mundo da aprendizagem
de forma eficaz, por meio da ludicidade, principalmente. Por conta disso, a
escola perpassou por uma série de transformações, visando sempre à melhoria
da educação do nosso país.
A literatura infantil começa a partir do século XVII, surgia neste momento
uma nova concepção de criança e de família. As histórias inicialmente eram
apenas contadas, mães contavam aos filhos, como forma de se comunicar.
Somente no século XVII, estas histórias passaram a ser escritas, dando
surgimento aos primeiros livros de Literatura Infantil, estes livros foram criados
como forma de manifestação contra a opressão e com o intuito de estigmatizar
aquilo que oprimiam a população.
A literatura infantil divide-se em dois momentos: a escrita e a lendária.
A lendária nasceu da necessidade que tinham as mães de se
comunicar com seus filhos, de contar coisas que os rodeavam, sendo
estas apenas contadas, não sendo registradas por escrito. Os
primeiros livros infantis surgiram no século XVII, quando da escrita
das histórias contadas oralmente. Foram obras de fundo satírico,
concebidas por intelectuais que lutavam contra a opressão para
estigmatizar e condenar usos, costumes e personagens que oprimiam
o povo. Os autores, para não serem atingidos pela força do
despotismo, foram obrigados a esconder suas intenções sob um
manto fantasioso (CADEMARTORI, 1994, p. 21).

A Idade Moderna provocou inúmeras transformações na cultura e na


organização escolar, que foram solidificadas no século XVIII. Somente neste
século a criança passou a ser vista, considerada, tratada como um ser
especial, diferente dos adultos, com caracteristicas e necessidades próprias,
portanto percebeu-se a necessidade destas receberem então uma educação
diferenciada, distante da vida dos mais velhos e que as preparassem para a
futura etapa adulta. Conforme afirma Cunha (1988, p. 19):
A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos.
Começa a delinear-se no inicio do século XVIII, quando a criança
passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com
necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-
se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a
preparasse para a vida adulta. (CUNHA, 1988, p. 19).

Juntamente com as transformações sociais e econômicas do século


XVIII, surgiu a classe burguesa que busca estabilidade e poder por meio da
intelectualização. Surgiram, então, neste período, grandes e valorizados
artistas, escritores, pintores. Por tudo isso, por saber que a educação é a maior
arma de um país, a escola e conjuntamente a Literatura Infantil reorganizou-se,
floresceu, ganhou espaço.
O início da literatura infantil brasileira se deu a partir do final do século
XIX, onde a veiculação dos livros infantis eram precárias e irregulares. Ficando
marcado pelo transplante de temas e textos europeus adaptados à linguagem
brasileira como: Cinderela e Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault, João
e Maria, Rapunzel dos irmãos Grimm e tantos outros como Lewis Cariol,
Cristian Anderson Callodi Frank Baum... Estes escritores consideravam as
crianças seres diferentes dos adultos, com demandas e particularidades
próprias.

Sandroni (1998) salienta:


Até os fins do século XIX, a literatura voltada para crianças e jovens
era importada e vendida no mercado disponível apenas para a elite
brasileira, constituindo-se principalmente de traduções feitas em
Portugal, pois, no Brasil ainda não havia editoras e os autores
brasileiros tinham seus textos impressos na Europa. (SANDRONI,
1998, p. 11).

No Brasil, José Renato Monteiro Lobato, mais conhecido como Monteiro


Lobato, foi o primeiro escritor de Literatura Infantil, com respeito e compromisso
para com a infância, despertou com suas maravilhosas estórias um mundo de
fantasias adormecido no imaginário infantil.
Para Cunha (1988, p. 20) “a verdadeira literatura infantil brasileira
iniciou-se a partir das obras do escritor Monteiro Lobato que criou uma
literatura diversificada em gêneros e orientações, centrada em personagens
que percorrem e unificam seu universo ficcional”.
A linguagem utilizada por Monteiro Lobato era coloquial e coerente a
todos. Em 1921, o escritor pré-modernista escreveu o seu primeiro livro voltado
ao publico infantil no Brasil: A menina do Nariz Arrebitado. Porém sua
publicação mais popular, são as histórias do Sítio do Pica-pau Amarelo e seus
habitantes.
Monteiro Lobato, certamente, transformou a Literatura Infantil, e
conseguiu através de suas criativas obras resgatar o universo mágico, o
imaginário das crianças, o sonho infantil ajudou também na boa formação de
caráter, retratando o certo e o errado de maneira sutil e delicada para a
interpretação infantil.
É a partir desse ponto de vista que a construção do leitor começa a se
concretizar, tornando-se importante para formação de sujeitos críticos,
reflexivos, autônomos e garantidores de seus direitos.
Desse modo, cabe aos educadores o desafio de priorizar aos seus
alunos uma prática docente que além de oferecer ao aluno o conhecimento
formal necessário, o auxilie a compreender acerca dos contextos sociais que o
mesmo esteja inserido.
Portanto, todos devem procurar desenvolver nas crianças o gosto e o
hábito da leitura, principalmente a escola. A dificuldade de inserir a LI nas
instituições de ensino tem sido motivo de discussão entre profissionais,
estudiosos, escritores em educação, por se saber da relevância destes textos
para o aprendizado e formação do indivíduo.
Hoje, a literatura infantil está sendo contada e trabalhada na maioria das
Instituições Escolares, visando explorar seu “Cunho Formativo“, ou seja,
possibilitando a fruição dos indivíduos, considerando os fatores psíquicos e
emotivos como imprescindíveis para o desenvolvimento e a transcendência
cognitiva dos seres. Assim, sua cognição torna-se cada vez mais, apurada, e
seletiva, exigindo cada vez mais, melhores livros.
3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

Essa vivência proporcionada pelo estágio permitiu-me ampliar o conceito


do que é ser um profissional da área de educação, e ainda complementou
minha formação acadêmica. As experiências do estágio possibilitaram-me
captar a forma que o professor estabelece uma relação dialógica com o aluno,
o livro, sua cultura e a própria realidade.
Desta forma, é imprescindível que os professores trabalhem a leitura de
forma agradável, naturalmente e diariamente, em pequenas doses, sem forçar.
Isto desenvolverá na criança um hábito que a acompanhará por toda a vida.
Espera-se do educador, de um modo geral, que tem as habilidades
necessárias à organização e à socialização do saber, o conhecimento das
metas educacionais, das relações estabelecidas no âmbito da escola e a
consciência das relações entre a escola e a sociedade.
É de grande relevância que o professor em seu planejamento
desenvolva um programa equilibrado de leitura, integrando os conteúdos
relacionados ao currículo escolar, ofereça certa variedade de livros de literatura
com contos, fábulas e poesias, isto tudo em consonância com a idade e com o
estágio de desenvolvimento em que ela (a criança) se encontra.
Conforme a vivência de estágio conseguir observar que existe a
tentativa da realização de uma gestão participativa e democrática. Outro fator
que possui caráter relevante refere-se a troca de conhecimento teórico- prático
compartilhados entre toda a equipe envolvida, que por sua vez mostrou-se
completamente competente e segura na atuação de seus deveres.
Esse estágio foi de grande relevância, uma vez que contribuiu para o
processo de autoconhecimento, possibilitando-me agregar valores e saberes
nessa modalidade, como também, construir um olhar investigativo da nossa
prática.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)


Com a realização do Estágio conheci de perto a realidade de uma
escola, e a partir das experiências e vivências pude entender como se
estabelece a formação do leitor, especialmente na dimensão relacional. A
escola precisa estar amparada no coletivo e no diálogo com todos, e cada
membro da escola deve se reconhecer como influenciador do ensino e
aprendizagem dos alunos.
Traçar um estudo a respeito do espaço de estruturação de cidadania,
oferecido pelas práticas metodológicas da Literatura Infantil, nos anos iniciais,
tem sua importância devido à comprovação real de que o sistema educacional
brasileiro contemporâneo perpassa por muitas dificuldades em atingir os
objetivos propostos para a educação do novo milênio, em relação a esta etapa
de ensino.
Pensando neste aspecto, defende-se que o trabalho com a literatura
infantil no espaço da educação infantil deve ser algo que propicie
aprendizagens, vivências e emoções e que consolide um desenvolvimento
humano mais emancipatório almejando constantemente a elaboração de
conceitos científicos.
Conclui-se, portanto, que a Literatura Infantil é importante sob
vários aspectos, pois, ela proporciona às crianças, meios para desenvolverem
habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil? 6. ed. São Paulo: Brasiliense,


1994.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil – Teoria & Prática. São
Paulo, Ática, 2004.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.

SANDRONI, Laura. De Lobato à década de 1970. In: SERRA, Elizabeth


D’Angelo (org.). 30 anos de literatura para crianças e jovens: algumas
leituras. Campinas: Mercado de Letras / Associação de Leitura do Brasil, 1998.
ANEXO
Registro de Frequência

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