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A LITERATURA INFANTO-JUVENIL NA CONTEMPORANEIDADE

Daniela Ferdinando Carris (danielaferdinando@gmail.com)


Karoline Schaedler da Silva (r-machadomachado@bol.com.br)
Iracy Espírito Santo Arruda ( raniellipatrick@hotmail.com)

Kellen Simonini Molina (kellensimonini24@gmail.com

RESUMO

O artigo é sobre a literatura infanto-juvenil e seus aspectos peculiares, as modificações


que ocorreram ao longo do tempo com relação as histórias e sobre os personagens, em como
os leitores na atualidade se colocam como produtores de um mundo de imaginação e de
criatividade a partir da relação que estabelecem com a literatura infanto-juvenil. Desenvolver
uma análise sobre a literatura infanto-juvenil e seus desdobramentos para o leitor em sua
formação como um sujeito social crítico e criativo.

Palavras-chave: Literatura infanto-juvenil. Leitores. Escola.


INTRODUÇÃO

Quando se fala em literatura, principalmente em ambiente escolar, toma-se como algo


complicado e difícil de compreender por parte dos alunos. Porém deve-se compreender a
literatura como uma forma de se expressar no mundo, de criar um mundo para todos os
educandos em formação. Logo a compreensão deve partir de quem está no comando, ou seja,
dos professores e pedagogos. Para além de criar um mundo de oportunidades e criatividade, a
literatura também desenvolve um senso crítico com relação a sociedade na qual está posta.
Outro ponto importante é que através da literatura a cultura de um povo se torna viva e
vivenciada em cada momento, por todos que dela se valem.
Até o século XVIII, era possível se encontrar livros escritos para o público infantil,
mas a emergência de livros infantis com cunho literário, começa se desenvolver com a
ascensão da sociedade burguesa, quando a prática literária se tornou central, não somente no
âmbito infanto-juvenil, mas para a sociedade como um todo. É certo que sempre existiu
leitores em todas as sociedades, o leitor é fruto de uma materialidade histórica e a leitura é
uma prática coletiva. Quando emerge a burguesia como ator principal na sociedade, quando se
percebe o desenvolvimento de uma sociedade baseada no capitalismo, pois a pratica coletiva
da leitura prescinde de um comércio que se estabelece, também na valorização da família, do
trabalho e da educação (Kirchof; Bonin, 2016).
A Europa se tornou exemplar para o Brasil, na produção de livros infanto-juvenis, com
as intenções morais e pedagógicas vinculadas ao fenômeno cultural burguês emergente, sendo
que o espaço escolar se tornou a principal fonte de consumo de obras infanto-juvenis e
infantis com a intenção de moralizar e alfabetizar esses futuros cidadãos. Na Europa o
rompimento do pedagogismo da literatura infanto-juvenil e infantil teve seu início na era
vitoriana, desde a publicação de Alice no país das maravilhas de Lewis Carroll em
1865(Kirchof; Bonin, 2016).
A origem da literatura infantil em solo brasileiro se dá no século XIX, publicando
livros para o ensino de leitura, em sua maioria traduzidos e adaptações de livros clássicos
europeus. Essa origem foi baseada em um projeto republicano nacional, com o intento de
modernizar, urbanizar e escolarizar as massas. A literatura escolar teve um desempenho
importante na função de processo de formação infantil, que tem seu início com Narizinho
Arrebitado de Monteiro Lobato (Reis et al, 2016).
OS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELAS ESCOLAS

A escola hoje não está preparada para levar em consideração o subjetivo do educando
e do educador, pois a aprendizagem da leitura ainda é tratada somente sob seus aspectos de
cognição e instrumentos de interpretação do mundo. Acreditando que a leitura pode ser
incentivada como forma de prazer e enriquecimento subjetivo, acrescenta-se que para
incentivar uma criança a ler é necessário trabalhar a leitura no seu dia a dia. A natureza entre
escola e literatura estão imbricadas em sua natureza formativa, mesmo compartilhando tal
função as duas não se identificam, sendo que a literatura infantil atualmente está consolidada
como uma arte literária, se afastando de sua origem de compromisso com a pedagogia e
demonstrando uma ótica original da realidade. Ocupando espaços que resultam da restrita
experiencia de existência do leitor, através de uma linguagem simbólica. Dessa forma, a
abertura para a literatura se deve ao grau de abertura que o leitor tem para com a realidade que
o cerca, seja ela de natureza intima ou social, o que acaba por causar um intercambio
cognitivo e existencial entre o texto e o leitor. O fenômeno da leitura desenvolve uma
convivência particular com o mundo criado pelo imaginário do leitor(Reis et al, 2016).
A crescente circulação de textos infanto-juvenis em ambientes escolares atualmente,
reflete a promoção de uma intencionalidade que é voltada ao exercício didático e para a
transferência de informações. A escola é o espaço de encontro entre os educandos e os livros,
cabendo a ela a reponsabilidade de inserir as crianças ao mundo da leitura, transformando-os
em leitores permanentemente interessados. Sendo que os discursos que provem do meio
educacional relacionam a falta do gosto pela leitura por parte dos educandos, a suas famílias
que não incentivam, sendo uma das causas de fracasso dos alunos e no futuro seu fracasso
enquanto cidadão. Partindo disso, são desenvolvidas iniciativas com a intenção de sanar este
problema. Sendo essas inciativas traduzidas em projetos de leitura, expansão do mercado
editorial de livros didáticos e de livros infanto-juvenis de literatura (Paiva; Oliveira, 2013).
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA PARA A CRIANÇA

A literatura tem um papel importante para o processo de aprendizado e formativo de


crianças, pois se relaciona com as experiências pessoais que essa criança desenvolve no
âmbito da família e escolar. Dessa forma, desenvolve um senso crítico, quando na leitura a
criança, fala, pergunta e aceita ou não a opinião exposta pelo autor, também tem potencial de
ampliar a arte por meio da fantasia alcançando um espaço infinito em sua imaginação.
Resultando em novos textos a serem lidos, pinturas, desenhos, colagens e tantos outras formas
de se expressar. A literatura se torna essencial por criar uma visão de mundo e cria um mundo
próprio que interage com o mundo real da criança. A literatura infantil acaba por se tornar um
recurso fundamental e significativo para a formação do sujeito, de um leitor crítico e
desenvolve valores morais (Pinati; Et.al, 2017).
A literatura infantil vem sendo usada cada vez mais no âmbito das escolas públicas
brasileiras, com programas educacionais dos governos federal e estaduais, tais como PNBE
(Programa Nacional Biblioteca na Escola), PLND (Programa Nacional do Livro Didático),
com a intencionalidade de levar as salas de aula acervos que abarcam diversos gêneros
literários tais como, contos, fábulas e poesias, fomentando o debate sobre diversos assuntos
que as leituras propiciam aos educandos envolvidos. Sendo que os assuntos entram em pauta
de acordo com o movimento que a sociedade faz e o debate que é ensejado no âmbito social e
político, um dos assuntos mais discutidos e fomentados por educadores e educandos dentro
das escolas se refere as diferenças, assunto atual, com relação a eliminar os preconceitos e a
organização sistêmica desses preconceitos, desenvolvendo capacidades nos educandos,
através da literatura, de uma construção de julgamentos de forma correta para o singular, o
diferente (Reis et al, 2016).
A literatura infantil escolar tem sido um trajeto para desenvolver nos educandos uma
reflexão sobre o tema diferença, sendo que nos livros do PLND de 2013, as características
sobre as diferenças que eram tratadas estavam relacionadas ao comportamento, condições
sociais, deficiências, cor de pele, bem como da etnia. Sendo que os personagens que faziam
parte dos enredos, de forma geral, eram meninas brancas, carregando um estereótipo de herói
frente as adversidades, com a desresponsabilização da sociedade sobre as diferenças e
preconceitos. Dessa forma, se tornando importante o educador para ampliar a reflexão dos
educandos em relação aos contextos das histórias relatadas nos livros (Reis et al, 2016).
A literatura é de grande auxilio para o processo de alfabetização, a literatura infantil
desenvolve um processo facilitador do aprendizado, a imaginação, a criatividade e o prazer de
ler. Quando se coloca a literatura infantil no processo de alfabetizar e no aprendizado, isso
significa incluir a criança em um mundo lúdico, estimulando dessa forma, o aprender ler e
escrever, vivenciando situações que não seriam viáveis no cotidiano. Toda criança deve ser
apresentada a textos e literatura desde sua iniciação na vida escolar, porque desde o primeiro
momento que entra em sala de aula, a criança se encontra em processo de aprendizado e de
desenvolvimento de capacidades, mesmo não tendo domínio da língua, necessitando da
relação com a literatura para em seu futuro desenvolver uma leitura crítica de mundo. Sendo o
início da vida escolar o momento de incentivo a habilidade de compreender e de pensar das
crianças (Pinati; Et.al, 2017).
O processo de selecionar os livros para as crianças é complexo na prática escolar. A
inclusão literária no âmbito da escola envolve diversos aspectos, sendo que muitos deles estão
estritamente relacionados ao fazer pedagógico, relacionados a temática, sendo que nem todas
as obras têm um valor literário e estético reconhecido (Reis et al, 2016).
Como o ensino da língua materna é um dos fundamentos da alfabetização, isso incitou
a entrada em sala de aula vários textos, sendo literários, informativos e instrucionais, o que
acabou por favorecer de forma crescente a literatura infantil, mas isso acaba gerando
dificuldades na análise da qualidade das obras oferecidas, sendo que a literatura infantil teve
um árduo caminho para se colocar como gênero historicamente, bem como a própria infância,
para ser entendida como uma etapa diferenciada da vida.
A leitura pode proporcionar habilidades para aos educandos e o papel do educador
deve ser de propor algumas habilidades que possam ser desenvolvidas para a formação dos
educandos, visando uma valorização da literatura. As habilidades desenvolvidas são de
comunicação e expressão, sendo que contempla a função humanizadora, que pode ser
compreendida como o processo de confirmação no ser humano de exercício reflexivo, de
aquisição de saber, uma boa disposição para com o seu próximo, desenvolvimento de
emoções, uma capacidade de envolvimento com os problemas da vida, senso de beleza, a
percepção da complexidade do mundo, da sociedade, dos seres vivos e por fim, o cultivo do
humor (Reis et al, 2016).
A literatura infantil é capaz de desenvolver diversas emoções, sentimentos, sentidos e
significados, partindo da interação com o meio social e familiar que a criança vive, através de
livros que vão de encontro com o perfil da criança. A partir desse momento que se inicia o
encantamento da criança pela literatura, pois esse período inicial de escolarização é onde se
misturam fantasia e realidade, desenvolvendo imaginação, pensamentos de maneira prazerosa.
Transmitindo valores positivos com respeito ao próximo, solidariedade, respeito a natureza e
a autonomia, contribuindo de forma importante para a criação de cidadãos solidários. Para que
os educandos criem gosto pelo ato de ler, existe a necessidade dos educadores terem metas de
incluir, esses alunos no mundo da leitura, sendo indispensável o ensino de práticas de leitura
com conhecimentos de concepções de linguagem e de leitura que se atualizam e ampliam com
o tempo (Pinati; Et.al, 2017).
Ademais, a literatura tem uma função de terapia, para momentos de crise e desamparo,
sendo que o texto literário pode ser estruturante sobre o caos presente no interior do ser
humano, trazendo com isso um equilíbrio psíquico. Sendo que essa ideia é bem antiga, de os
livros proporcionarem bem-estar aos seres humanos, com a ajuda da reconstrução de si, dando
mais sentido à vida em situações de crises, sejam elas causadas por conflitos armados, por
violências que se tornam repetidas, por deslocamentos abruptos de populações ou por
problemas advindos de crises econômicas globais (Reis et al, 2016).
A existência de programas ao redor do mundo com o intuito de ajudar crianças, jovens
e adultos na construção de um espaço psíquico que seja capaz de sustentar sua posição de
sujeitos, em situações de crises e desemparo se mostra eficaz e benéfico. Os textos ajudam a
organizar experiências e a elaborar uma espécie de narrativa interna para os seres humanos
que desempenham um papel essencial na construção e reconstrução do si (Reis et al, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conceito de infância mudou com o tempo, sendo que dentro de uma perspectiva
democrática, as crianças preferem histórias que não venham embutidas a intenção de educar,
dessa forma a literatura tem que ser incentivo a criatividade, a curiosidade e a capacidade de
questionar e refletir, sendo que por isso a literatura ultrapassa os limites didáticos. As crianças
devem ser incentivadas a participar de um ideal democrático, sendo que devem opinar, não
aceitar nada que não tenham compreendido ou elaborado. Devem ser incentivadas a
questionar leis, regras e o tema dos limites deve ser constante motivo de polêmica, na qual
devem participar ativamente (Reis et al, 2016).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KIRCHOF, E. R. R.; BONIN, I. T. Literatura infantil e pedagogia: tendências e enfoques na


produção acadêmica contemporânea. Pro-Posições, v. 27, n. 2, p. 21–46, 2016.

PAIVA, S. C. F.; OLIVEIRA, A. A. a Literatura Infantil No Processo De Formação Do


Leitor. Journal of Chemical Information and Modeling, v. 53, n. 9, p. 1689–1699, 2013.

PINATI, C. T.; ET.AL. A importância da literatura na educação infantil. Ciência et Praxis, v.


10, n. 19, p. 49–55, 2017.

REIS, M. P. DOS; TORRES, E. P. P.; COSTA, B. H. R. DA. Infância, escola e literatura


Infantil: livro para criança não precisa ser educativo. Revista Psicopedagogia, v. 33, n. 101,
p. 184–195, 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v33n101/08.pdf>. .

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