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Crítica Textual | Preparação e partes da edição crítica

Introdução Na última aula, você aprendeu o processo de estabelecimento de um texto


crítico e sua forma ideal de apresentação ao leitor. Sem dúvida, é importante
saber que estamos lendo um texto como foi escrito pelo autor ou, pelo menos,
aquele que mais se aproxime do original.
O mercado editorial influencia muito o caminho a trilhar. Uma edição que
atenda a um leitor especializado, de qualquer área, deve conter detalhes,
complexas explicações sobre passagens a serem esclarecidas, enquanto uma
edição destinada ao leitor comum precisa apenas transcrever o texto fidedigno.
A edição crítica, apresentada a você na Aula 4, destina-se aos leitores mais
interessados em literatura, que queiram conhecer toda a história de um texto,
acompanhá-lo desde o momento em que o autor entendeu poder “dar à
luz” a sua obra, entregando-a à editora. Você deve se lembrar de que ela se
caracteriza, principalmente, pelo registro das mudanças operadas pelo autor,
através das edições.
A realização desse trabalho começa com o estabelecimento do texto crítico,
repetindo o processo que você aprendeu na aula passada. Segue-se a sua
apresentação uma organização técnica do texto e dos seus elementos
elucidativos, com vistas à publicação.
Nesta aula, você vai aprender as técnicas e os métodos utilizados na
preparação de uma edição crítica, as etapas para sua organização e as seções
que ela apresenta.
Curiosos? Vamos, então, começar a trabalhar?

PREPARAÇÃO

Inicialmente, vamos ver quais as circunstâncias em que uma obra


pode ser objeto de edição crítica.
Se a tradição está representada apenas por um manuscrito
autógrafo, ou por uma única edição da obra, ao editor crítico cabe
somente corrigir os erros considerados óbvios, uma vez que não existem
variantes a serem registradas e, nesse caso, não se caracteriza como uma
edição crítica, apenas como um texto crítico.
No caso de haver duas edições de uma obra com a mesma data,
suspeitando-se de que uma delas seja uma contrafação, como ocorreu
com o romance O Guarani, do qual já falamos em aula anterior, o editor
deve apenas dar conhecimento ao leitor da existência dessa edição.
Veja o caso das duas edições de Os Lusíadas, ambas publicadas no
ano de 1572, que foram objeto de muitos estudos realizados por filólogos

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