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SÃO PAULO
2021
MARIA DA GRAÇA MARCHINA GONÇALVES
MÔNICA HELENA TIEPPO ALVES GIANFALDONI
SANDRA GAGLIARDI SANCHEZ
SANDRA MACEDO BETTOI
SÃO PAULO
2021
Apresentação
Bom trabalho!
6 Interpretação ................................................................................................................. 36
37
7 A Comunicação da pesquisa ..........................................................................................
38
7.1 Aspectos formais do relatório.........................................................................................
43
Referências
4
1 O Processo de pesquisa
Fazer pesquisa é um processo por meio do qual passamos do contato com o que ocorre
em nosso mundo e caminhamos para descrições ou conclusões a respeito de fenômenos.
Problematizar a realidade que nos cerca está na base de todo o conhecimento científico.
Diferentemente do que se passa com outros conhecimentos, o cientista deve explicitar o caminho
percorrido para chegar às suas conclusões, bem como estar aberto para submeter seu trabalho a
críticas e sugestões. Sagan (1998) indica que um dos critérios mais importantes para decidir se
um conhecimento é produto da ciência é o fato de ele ter um mecanismo de autocorreção
contínuo.
Como um processo em aberto, as suas etapas podem ser assim representadas:
COMUNICAÇÃO
PROBLEMA
Fase VI
CONCLUSÕES/RELAÇÕES Fase II
PLANO
Fase V
DADOS
Fase IV
Fase III
INFORMAÇÕES
Fase I – Fazer revisão da literatura sobre o assunto, visando explicitar o problema de pesquisa.
Articular aos estudos anteriormente realizados, justificando-o.
Fase II – Elaborar o plano de coleta e de análise: dispor as condições para coleta de informações
e antecipar a tarefa futura de análise e interpretação.
Fase III – Coletar as informações relativas ao plano elaborado. Realizar entrevistas, aplicar
questionários, testes, realizar observações, coletar informações de material escrito e
iconográfico etc.
Fase IV – Analisar as informações obtidas; transformar informações em “dados”.
Fase V – Interpretar os dados: explorar relações e extrair conclusões. Reunir as observações de
forma a fornecer respostas às questões focalizadas pela pesquisa; procurar
sentido mais amplo dessas respostas, articulando-as com outros conhecimentos.
Fase VI –Tornar públicos os resultados que a pesquisa possibilitou e como a pesquisa foi
realizada (método), possibilitando levantamento de implicações para pesquisas
futuras, bem como para a prática relativa ao tema.
Este texto tem por objetivo indicar o modo de executar cada uma dessas etapas do
processo de pesquisa que vocês realizarão durante o ano. Vamos a ele!
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2 Do tema ao problema1
Nas aulas de Modelos você terá oportunidade de entrar em contato com alguns relatos
de pesquisa, publicados em periódicos, revistas científicas da área da Psicologia, e áreas afins.
Esta é uma das formas possíveis de tornar público o conhecimento produzido pelo pesquisador.
Há outras formas de divulgação que variam em termos de extensão, periodicidade e natureza.
Anais com resumos de trabalhos apresentados em congressos, sessões de pôsteres, seminários e
encontros científicos constituem uma forma sintética e ágil de acesso a um conjunto atualizado
de investigações numa determinada área. Livros, trabalhos de conclusão de curso, monografias,
dissertações, teses e relatórios apresentados às agencias financiadoras2 são relatos mais longos
contendo, em geral na íntegra, a descrição do trabalho realizado pelo pesquisador.
Você aprenderá, igualmente, que a ciência é um fazer coletivo que necessita de
determinadas regras de produção e de apresentação dos resultados encontrados, de modo a
facilitar a difusão do conhecimento, parte integrante do processo de pesquisa. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 1940, que
normatiza diversos processos tecnológicos, industriais, de produção de serviços, entre muitos
outros; sua função é contribuir para torná-los reprodutíveis e inteligíveis. Os trabalhos
acadêmicos seguem, em seu formato, normas da ABNT ou de outras entidades com igual função
(APA, Vancouver...)
Diferentes veículos de exposição podem ser usados para a publicação dos trabalhos de
pesquisa desenvolvidos e o cuidado, redobrado, deve ser dado à informação confiável, já que
ninguém quererá/deverá fazer seu trabalho de pesquisa baseado em fake news. Além dos
materiais explicitados anteriormente, a Rede Mundial de Computadores (Internet) tem se tornado
um caminho rápido para conhecer o que tem sido pesquisado em Psicologia. Sítios, com acesso
livre, de busca de diversos materiais, como o Google Acadêmico; uma biblioteca eletrônica como
o Scientific Electronic Library Online – SciELO, que reúne uma coleção selecionada de
periódicos científicos; uma base de dados como portal de periódicos da Coordenadoria de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES); também uma base de dados - BDTD,
desenvolvida pelo IBICT ((Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, que
reúne as teses e dissertações brasileiras (http://bdtd.ibict.br/vufind/); as bibliotecas virtuais
ligadas a universidades, tal como a Biblioteca Virtual da Saúde-Psi, são alguns dos muitos
exemplos de fontes ricas e confiáveis, algo muito importante para a construção da ciência, para
levantamento de estudos de nossa área.
1
A versão anterior deste material contou com a colaboração das professoras Denize Rosana Rubano e Maria de
Lourdes Bara Zanotto. A revisão deste material contou com as sugestões dos professores da disciplina: Cecília
Pescatore, Fabíola Freire S. Melo, Marcelo Sodelli e Paulo José Carvalho da Silva.
2
Agências financiadoras ou de fomento à pesquisa são entidades públicas ou privadas que fornecem recursos para a
realização de pesquisas. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino
Superior (CAPES) são algumas destas entidades públicas.
6
O risco dela está no fato de uma formulação tão inicial ser tomada
como um problema de pesquisa, gerando o desencadeamento das
demais decisões (escolha de procedimentos, das características dos
participantes da pesquisa etc.). (p. 28-29)
De qualquer forma, escolhido um tema, uma questão ampla de pesquisa, o pesquisador
deve mergulhar no conhecimento já existente em relação a ele. Ou seja, ele realiza a revisão de
literatura3 , etapa indispensável para a posterior formulação de um problema de pesquisa. Há
dois níveis de razões que justificam a importância dessa revisão como etapa do processo de
pesquisa.
O primeiro nível se refere à natureza social da atividade científica e sobre este aspecto
Alves (1992) afirma que:
Há dois modos possíveis de iniciar uma revisão: em certos casos o pesquisador pode
precisar “garimpar” as referências, em outros casos o pesquisador pode dispor de materiais em
que conjuntos de referências sobre um tema de seu interesse já aparecem organizados. Em
bibliotecas físicas especializadas há inúmeros materiais que podem ser localizados; aprender a
3
Antes da ampla adoção de materiais on-line como fontes de pesquisa utilizava-se o termo Referências Bibliográficas
para a lista de documentos impressos buscados, utilizados e citados no trabalho. Atualmente tem sido preferida apenas
a indicação de Referências para mencionar este processo e item do relatório (como veremos a seguir).
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explorar o acervo de uma biblioteca é então um primeiro passo na direção de uma revisão de
literatura. Vamos ver alguns desses possíveis “caminhos”.
Arquivos em bibliotecas físicas:
Nas bibliotecas físicas os materiais encontram-se organizados segundo diversos critérios
que nos fornecem diferentes “entradas”: por autor, assunto, por tipo de publicação – livros, teses
de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso (TCC), periódicos
(revistas científicas especializadas, publicadas com regularidade, que contém material
constantemente atualizado).
É nos periódicos, essas revistas especializadas, que boa parte dos trabalhos relevantes
pode ser encontrada; aí estão os relatos das pesquisas atuais e de anos passados, trabalhos de
revisão da literatura sobre temas de interesse em diferentes momentos da história de produção do
conhecimento, além de discussões sobre temas vários em Psicologia. Você vai notar que existem
revistas mais gerais – que cobrem temas e abordagens teóricas as mais diversas, e revistas que
contém trabalhos sobre áreas, assuntos ou abordagens mais específicas. Aprender a encontrar as
revistas que contém trabalhos relevantes à sua pesquisa e aprender a encontrar tais trabalhos nas
tais revistas é parte imprescindível do processo de pesquisa. Ainda que não seja imprescindível,
nos dias de hoje, ir a uma biblioteca física, uma visita a ela, no mínimo, nos ensina muito sobre
a vastidão de temas, interesses, áreas.
‘operadores’ para refinar os artigos recolhidos pode ser uma boa ideia que facilita o trabalho
futuro. Por exemplo, o Google Acadêmico informa que se pode procurar determinado autor que
tenha escrito sobre um assunto de interesse escrevendo na caixa de pesquisa (ou na pesquisa
avançada) o termo de interesse e o sobrenome do autor. Exemplo: <direitos humanos Bicalho>4
retornará os trabalhos que citem o pesquisador da UFRJ, Pedro Paulo Gastalho Bicalho e outras
pessoas com nome Bicalho que possam existir.
Outros operadores funcionais:
1. Aspas. É um grande limitador de buscas, no geral. Servem para indicar a expressão
que se tem interesse. Por exemplo, pode-se ter interesse em trabalhos do filósofo
Mario Sérgio Cortella. Colocar na caixa de busca apenas <cortella>, no dia 3 de
março de 2021, obtivemos 11.400 resultados; <ms cortella>, 3.640 e <”ms cortella”,
184. Com uma palavra de busca, apenas, as aspas não têm qualquer função.
2. Os operadores E (AND), OU (OR), NÃO (NOT) são também muito usados nas
plataformas de busca. Devem ser grafados em caixa alta para não serem confundidos
com palavras a serem recolhidas.
3. Normalmente as palavras presentes no título de um artigo são indicadores mais fortes
de que o assunto de seu interesse está realmente sendo tratado. Se o interesse for por
artigos que tenham no título determinadas palavras, por exemplo juventude e
violência, a busca deve ser feita assim: (allintitle: violência juventude).
4. Operador curinga para frases ou palavras incompletas. No lugar de uma palavra ou de
partes dela, o sinal (*) gera mais sugestões. Exemplo: (afiliados de * online) trará frases com essa
estrutura, mas com muitas variações: afiliados de jogos online; afiliados de compras online;
afiliados de apostas online. No caso de palavras, pode-se usar infan* quando queremos recolher
publicações com infância ou infantil, por exemplo.
É preciso ter claro que a busca informatizada depende, também, da extensão abrangida
pela base de dados: o número de anos de publicação já informatizado e o número e o tipo de
fontes de dados que são cobertos pela base são aspectos limitantes, entre outros. Alguns portais
têm uma ampla gama de trabalhos e não apenas aqueles relacionados à Psicologia. É importante
explorá-los, também, já que cada vez mais os trabalhos são multidisciplinares e essas referências
bibliográficas podem ajudar a especificar o tema. A Psicologia está inserida no campo das
Ciências Humanas, mas o tema escolhido pode ter interface com as Ciências da Saúde (por
exemplo, discutindo a saúde coletiva) ou com as Ciências Sociais Aplicadas (planejamento
urbano), etc. Por exemplo, o portal da CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal
do Ensino Superior) - http://periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp - reúne periódicos,
muitos com acesso livre, das diversas áreas de conhecimento, inclusive as com interface com a
Psicologia. No sítio da nossa biblioteca, dentro das informações da Base de dados da CAPES, há
instruções para conectar-se à Comunidade Acadêmica Federada (CAFe) que permite acesso
remoto a esses artigos.
É bom lembrar, ainda, que alguns sítios oferecem a versão completa do artigo, de forma
gratuita ou não, enquanto outros apresentam apenas um resumo ou mesmo só a referência. Nos
computadores de universidades é possível conseguir abrir alguns artigos que precisariam ser
pagos, já que a própria instituição faz uma assinatura para que todos os pesquisadores possam
acessá-los. Na PUC-SP vocês têm essa possibilidade, inclusive por acesso remoto. No sítio da
nossa biblioteca, também, é possível abrir os e-books citados no início deste Caderno
(https://www.pucsp.br/biblioteca/biblioteca-digital-minha-biblioteca).
4
Os símbolos < e > estão indicando apenas o que deve ser escrito e não é necessário usá-los na busca a ser feita.
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2. 4 Como ler
Ao localizar material sobre o tema de interesse para investigação, uma leitura primeira
deve ter como objetivo a familiarização com o trabalho realizado, de forma global. Deve-se
observar:
. o título do trabalho - informa de maneira geral o tema tratado ou, mais especificamente,
aspectos de determinado tema. Por exemplo: “Significados de família”, trata-se de expressões de
família; “Explicações das desigualdades sociais: um estudo com meninos em situação de rua de
João Pessoa”, identificamos que se trata de um estudo sobre razões da desigualdade social e ainda
que o estudo foi realizado com meninos em situação de rua.
. as palavras-chave - termos fundamentais que expressam do que trata o trabalho. De maneira
geral, encontramos indicação de palavras-chave em artigos publicados em periódicos,
dissertações, teses, trabalhos de conclusão de curso. No primeiro exemplo citado a autora indica
as seguintes palavras: família, significado, vivido e pensado. Para o segundo exemplo os autores
indicam as palavras: meninos de rua, desigualdades socioeconômicas, movimentos sociais. Nos
dois exemplos nota-se que as palavras-chave acrescentam mais alguma informação sobre o
trabalho.
. o resumo - síntese do trabalho que permite uma visão global do mesmo. Resumos são
frequentemente encontrados nos artigos publicados em periódicos, em dissertações, teses,
trabalhos de conclusão de curso.
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Os aspectos apontados pelas questões acima, apesar de não esgotarem todos os aspectos
de um trabalho (mesmo porque os trabalhos podem ser bastante diferentes com relação aos seus
conteúdos e estilos) permitirão a sistematização do material que deverá sempre ter em vista a
investigação que se pretende.
As leituras dos materiais que o pesquisador vai encontrando ao longo do processo de sua
pesquisa terão pouca utilidade se não forem acompanhadas de anotações organizadas e
completas. Moroz e Gianfaldoni (2006) alertam:
Para organizar e sistematizar as leituras, um modo é por meio de “fichas de leitura”. Apesar
do fato de que cada leitor acaba desenvolvendo um sistema de fichamento que esteja de acordo
com suas características pessoais, uma ficha de leitura útil é composta de três partes: a referência
completa do trabalho lido, o resumo das ideias principais apresentadas pelo autor e comentários
do leitor sobre o texto.
Para anotar, de maneira completa e correta, a “referência” do trabalho encontrado, deve-
se seguir as normas da ABNT, ou daquela que estiver usando. Mais adiante vamos explorar um
pouco esse tópico.
Fazer um “resumo” significa elaborar um texto que constitua uma reprodução pessoal
sintética do texto original. Reprodução no sentido de que o conteúdo do texto original deve ser
respeitado; ou seja, um resumo deve ser fiel ao conteúdo do texto lido. Além disso, não deve
conter, indiferenciadamente, análises, avaliações, opiniões pessoais de quem está resumindo o
texto, mas apenas as ideias expostas pelo autor do texto original. O resumo deve ser pessoal no
sentido de que deve haver elaboração própria de quem está resumindo o texto; não deve ser
simples cópia do texto original.
Isto não significa que trechos, frases ou expressões utilizadas pelo autor lido devam ser
suprimidas do fichamento. Ao contrário, muito possivelmente você irá aproveitar muito desse
material quando for construir seu próprio texto, incluindo-o como citações na argumentação que
irá desenvolver. Para isso, ao fazer o fichamento do que é lido deve-se identificar bastante
claramente os trechos originais. Anote-os entre aspas, indique precisamente os números das
páginas em que os trechos são encontrados. Eco (1977, p.97) alerta: “cuidado para não confundir
citação com paráfrase!”
Resumindo esse aspecto: se houver trechos no texto original que sejam considerados a
melhor forma de expressar certa ideia, pode-se usá-los na forma de citação (ver, a seguir, como
e quando se usa uma citação).
O resumo deve ser sintético, no sentido em que deve ser um texto “enxuto”, isto é, deve
conter apenas as ideias centrais do texto original e o encadeamento que o autor do texto faz entre
as ideias, eliminando-se tudo o mais: exemplos, repetições que o autor faz para tornar mais claras
certas ideias, ideias secundárias, etc.
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Diferente de um esquema, um resumo deve compor um texto, isto é, deve conter frases,
com um encadeamento entre elas.
“Comentários” referem-se a apreciações do leitor sobre o trabalho lido. Podem abarcar
vários aspectos tais como: relações do material lido com o tema de interesse para investigação,
relações com outras leituras, relações com sua experiência de vida, características do trabalho
que tenham chamado a atenção, questões suscitadas pela leitura, dúvidas, críticas. Pode também
ser interessante anotar dicas para serem consideradas quando se estiver aproveitando esse
material lido na construção do nosso próprio trabalho. Lembre-se de deixar bem claramente
identificados esses trechos (use parênteses, cores, grifos ou qualquer outro recurso).
2. 6 A utilização de citações
Citação é uma “Menção extraída de alguma outra fonte” (NBR 10520:20025, p. 1). A
norma técnica indica que há a citação indireta – “Texto baseado na obra do autor consultado.”
(NBR 10520:2002, p.2); a citação direta – “Transcrição textual de parte da obra do autor
consultado.” (NBR 10520:2002, p.2); e a citação de citação – “Citação direta ou indireta de um
texto em que não se teve acesso ao original.” (NBR 10520:2002, p.1).
Citações indiretas
No caso das citações indiretas, a referência a autores lidos, bem como a suas ideias, algo
necessário para se apresentar o resultado da revisão de literatura que fundamenta a colocação do
problema, também há normas a serem seguidas. Quando se apresentam ideias de um autor, o que
deve ser mencionado no corpo do texto é o sobrenome do autor lido e o ano de publicação da
obra utilizada. Nunca deve ser colocado o título da obra (título do livro, capítulo, artigo etc.), a
menos que seja importante para explicar alguma questão específica. A norma é colocar o
sobrenome do autor e o ano de publicação da obra. Se essa informação fizer parte da frase
construída, o nome do autor tem apenas a primeira letra maiúscula e o ano da publicação deve
ser colocado entre parêntesis. Se a informação não for parte da frase, deve aparecer ao final,
sendo que tanto o sobrenome do autor, como a data, deve estar entre parêntesis. Nesse caso, o
nome do autor é todo em letras maiúsculas. Veja os exemplos:
(1) Sawaia (1999) contribui com o conceito de sofrimento ético-político, dando visibilidade e
particularidade a aspectos da subjetividade que se produzem e manifestam em situações de
exclusão social.
(2) A própria desigualdade social é tema de discussão da autora (SAWAIA, 2009), que indica a
importância e a necessidade de se considerar as emoções e sua possibilidade emancipadora
para o enfrentamento e superação da questão.
Vale lembrar que todas as obras e autores mencionados devem constar da lista de
referências, elaborada de acordo com as normas, ao final do texto.
Citações diretas
As citações diretas são recursos de que o pesquisador lança mão para expor de forma
mais clara e fundamentada o pensamento de autores com os quais ele dialoga na construção de
seu trabalho. Deve ser utilizado de forma criteriosa para fundamentar suas colocações, como
apoio ao desenvolvimento de suas ideias, como esclarecimento das noções trabalhadas, seja em
acordo ou desacordo com os autores considerados. O uso de citações diretas, portanto, justifica-
5
Este é o modo de se referir às Normas da ABNT: Normas Brasileiras, de número 10520, com última versão em 2002.
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Além disso, como o exemplo mostra, todas as vezes em que o(s) sobrenome(s) do(s)
autor(es) aparecer entre parênteses, ele(s) deve(m) estar escrito(s) com letras maiúsculas.
As citações devem reproduzir fielmente o trecho do texto citado:
Qualquer alteração que se faça necessária precisa ser claramente sinalizada. Algumas
normas regem tais casos. Quando se subtrai um trecho ou palavra do texto citado, isto deve ser
indicado por reticências entre colchetes [...] no lugar do trecho ou palavra retirada. Da mesma
forma, quando se acrescenta palavra ou frase que não é do texto original, deve-se colocá-las entre
colchetes [ ]. Quando, por alguma razão, para destacar ou palavra ou trecho da citação, introduz-
se um grifo, deve-se sinalizar ao final da citação, entre parênteses, ou na nota de rodapé, que o
grifo não é do autor citado, usando-se a expressão grifo nosso. Quando no trecho citado há
palavras, expressões ou frases entre aspas, estas devem ser indicadas com as aspas simples (‘),
para não serem confundidas com as aspas da citação.
Citação de citação
Há outra situação, que é a citação (literal ou não) de um autor que não foi consultado
diretamente, mas a partir de outro, que o citou ou mencionou suas ideias. Neste caso, deve-se
indicar também o autor consultado, por meio da palavra latina “apud” (preferencialmente) ou da
expressão “citado por”.
Por exemplo: sobre o conceito de morte em crianças, você consultou o trabalho de Nunes
et al, de 1998, e estas autoras citam um trabalho de Piaget de 1967. Se você, no seu trabalho,
fizer referência a esse texto de Piaget ou se citar o trecho de Piaget que já foi citado por Nunes
et al, você deve deixar claro no seu texto que não leu o próprio Piaget, mas sim Nunes et al
citando Piaget. Você, então, deve escrever:
“[...] Para Piaget o equilíbrio refere-se à forma [...]” (PIAGET, 1967, apud NUNES et aI,
1998, p.580).
Na lista de “Referências” ao final do seu trabalho é apresentado apenas o trabalho
efetivamente consultado, no caso o de Nunes et al.
Um lembrete a respeito dessas citações de segunda mão: deve-se sempre procurar ler o
trabalho original e não a leitura e interpretação que outro autor fez daquela obra que é importante
para nosso trabalho. No caso do exemplo, é evidente que um pesquisador que se proponha a
investigar “conceito de morte em crianças” deva ler Piaget no original. E fazer as citações de
forma direta.
2. 7 A elaboração de referências
Durante o curso de Psicologia vocês já devem ter tido oportunidades para constatar o
sentido e a importância da elaboração padronizada das referências, recurso fundamental para
facilitar o acesso ao material utilizado como fonte ou à bibliografia existente e a comunicação
entre pesquisadores.
Qualquer trabalho científico deve apresentar, ao final do texto, uma lista com as
referências de todas as obras citadas no corpo do trabalho, com o título REFERÊNCIAS. A
indicação da normalização de referências segue as determinações da ABNT (NBR 6023:2020 -
Informação e documentação — Referências — Elaboração).
Existem alguns elementos que são essenciais de uma referência e que são indispensáveis
à identificação de quaisquer publicações. Por exemplo, no caso de monografias (livros, folhetos,
separatas, dissertações, etc.) consideradas como um todo se faz indispensável apresentar: autor,
título, edição e imprenta (local, editora e ano de publicação). Quaisquer outros elementos
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produzido deve permitir que se identifiquem lacunas, questões sugeridas por estudos já
realizados, questões não abordadas ou sobre as quais existem poucos trabalhos realizados. São
esses aspectos que deverão orientar a formulação de um problema de pesquisa e sobre ele o
pesquisador deve se debruçar até formular uma questão clara e delimitada.
Como meio para chegar a uma formulação adequada do problema o pesquisador deve ter
claro o que espera como resultado da investigação, ou seja, onde imagina chegar, como, porque
e para que pretende fazê-lo. O quanto o tema deve ser especificado, a fim de se transformar em
uma pergunta clara, é algo a que se chega por meio das leituras, reflexões e eventuais discussões
que o pesquisador realiza.
A partir da constatação das dificuldades de se passar de um tema a um problema de
pesquisa, Luna (1996) sugere um recurso útil ao detalhamento do problema a partir da
delimitação de um tema de pesquisa.
que a questão está parcial ou completamente não respondida e demonstre que a resposta a esta
questão é importante para a área de conhecimento na qual está inserida.
Isso significa que o pesquisador, ao construir um problema a ser investigado, toma
decisões que decorrem do que a comunidade científica já conhece sobre o assunto, do que o
pesquisador pode/consegue explorar desse conhecimento já produzido e dos compromissos desse
pesquisador com os fatos e questões do mundo em que vive.
O trecho reproduzido a seguir de Alves-Mazzotti (1994) é a seção introdutória do relato
da pesquisa “Do trabalho à rua: uma análise das representações produzidas por meninos
trabalhadores e meninos de rua”. Observem que, mesmo sendo um texto sintético, ele exemplifica
alguns dos pontos que devem caracterizar um texto de revisão de literatura e colocação do
problema da pesquisa.
de avaliar a clareza e a adequação do problema, tal como ele o formulou. Se houver alguma
dúvida deve-se voltar para explicitá-lo de modo cada vez mais claro e completo.
23
3 Planejamento da pesquisa
Na previsão de análise o pesquisador precisa planejar quais são os aspectos que pretende
levar em conta para responder ao problema de pesquisa, especificar as dimensões envolvidas em
cada um destes aspectos e decidir quais as relações que pretende estabelecer entre eles. Este
conjunto de decisões determina quais informações ele deve obter na etapa de coleta de dados.
Uma forma de elencar os aspectos mais relevantes é buscar na literatura consultada
quais têm sido estudados e como têm sido definidos. Um exemplo pode ser identificado na
pesquisa de Carvalho e Carvalho (1990). Os autores realizam a pesquisa com o objetivo de
descrever formas pelas quais a criança aborda os parceiros e obtém acesso à participação na
brincadeira e de analisar possíveis relações entre estas estratégias e algumas variáveis
presentes na situação. A partir da literatura consultada e do problema de pesquisa colocado, os
pesquisadores optaram por analisar os seguintes aspectos gerais:
. sujeitos (quem é e como é a criança que inicia a interação),
. contexto em que a interação ocorre (ou não ocorre),
. características da estratégia de abordagem utilizada
. desenlace.
6 Nesse momento do curso, você já tem condições de saber, a partir das discussões teóricas, que as diferentes
abordagens em psicologia entendem a pesquisa de maneira peculiar e conduzem-na de acordo com esse entendimento.
Assim, o planejamento de uma pesquisa pode ser mais ou menos estruturado, em função, dentre outras coisas, do
referencial teórico adotado. Autores como Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998) e Luna (1996) consideram que o
planejamento não pode ser uma camisa-de-força, mas deve se constituir como um guia que oriente as ações do
pesquisador e que ganha maior importância quando se trata de pesquisadores iniciantes.
24
Um roteiro de observação deveria, então, ser elaborado a partir dos aspectos levantados
na previsão de análise. Em relação ao aspecto atividade do grupo esse roteiro deveria listar o que
esse observador precisaria notar e registrar nessas ocasiões que tais atividades ocorrem, de
maneira que ele obtivesse as informações relevantes para poder analisar o que ele pretende.
Lembre-se que, ao fazer a “previsão de análise”, esse pesquisador já havia explicitado o que
pretendia enfocar e já havia definido o que considera relevante sobre “atividade do grupo”.
Entretanto, a situação que está sendo observada pode apresentar fatos não previstos pelo
pesquisador (e frequentemente apresenta); este deve adequar seu plano à situação com a qual se
depara.
Assim, em relação a cada aspecto e à forma como foi definido na previsão de análise,
levantam-se os itens do roteiro. As possibilidades de itens são muitas; a seleção dos realmente
necessários é orientada pelo problema e pela previsão de análise.
Em outro exemplo de pesquisa, sobre consumo de drogas entre adolescentes, a técnica
de coleta de informações seria questionamento e o instrumento poderia ser questionário
estruturado. Um aspecto levantado na previsão de análise, sobre se o adolescente é consumidor
ou não, definido pela frequência no uso de drogas, poderia levar à elaboração de, pelo menos,
duas questões do questionário:
1) Você já utilizou drogas alguma vez?
a) sim ( )
b) não ( )
2) Caso tenha respondido sim na questão anterior, responda agora: quantas vezes você já
utilizou drogas?
a) uma vez ( )
b) várias vezes, a última há mais de um ano ( )
c) várias vezes, a última há menos de um ano ( )
d) muitas vezes, a última há mais de um ano ( )
e) muitas vezes, a última há menos de um ano ( )
f) utilizava sempre, mas não utilizo mais ( )
g) utilizo sempre ( )
Dependendo do interesse do pesquisador e de como esses aspectos foram definidos na
previsão de análise, poderia haver outras questões, por exemplo, para precisar a frequência do
uso e detectar dependência. As questões estão relacionadas não só com aspectos levantados na
previsão de análise, mas com as categorias previstas, quando for o caso. As questões do exemplo
acima têm por objetivo levantar informações para se caracterizar os sujeitos de acordo com as
categorias: não consumidor; foi ou é consumidor eventual; foi ou é consumidor frequente; foi ou
é dependente.
3.5 Pré-teste
4 Coleta de informações
5 Análise de dados
A tarefa de estabelecer categorias para as variáveis investigadas pode já ter sido realizada
pelo pesquisador na etapa de PREVISÃO DE ANÁLISE.
No caso de o pesquisador já ter estabelecido categorias e definições para as variáveis
com as quais pretendia trabalhar, é necessário um trabalho inicial de revisão dessas categorias
em função da situação de coleta e das informações obtidas. Se, em função delas, alguma definição
proposta puder tornar-se mais apurada, se alguma categoria proposta não ocorreu ou se havia
dúvida em relação a como defini-la, este o momento de corrigir o que parece não se adequar às
informações obtidas. O produto final aqui esperado é a manutenção das categorias adequadas, a
33
alteração das que apresentam algum problema, a elaboração de novas categorias e a eliminação
daquelas que se revelam desnecessárias frente à inexistência de informações a elas relacionadas,
desde que a ausência daquelas informações não tenha um significado especial para a resposta ao
problema de pesquisa. Cabe lembrar que as categorias devem ser derivadas de um único princípio
de classificação, devem ser mutuamente exclusivas e exaustivas.
No caso de o pesquisador ter decidido elaborar categorias e definições "a posteriori" (a
partir das informações obtidas) em relação a alguns dos aspectos ou algumas das variáveis
relacionadas ao problema, este é o momento de, a partir de uma leitura cuidadosa e reiterada das
informações obtidas, elaborar as categorias (e suas definições) segundo as quais essas
informações serão analisadas/organizadas.
Em qualquer dos casos, a familiaridade por parte do pesquisador com todo o material
coletado é condição indispensável para iniciar a análise do mesmo. Há autores que afirmam que
é fundamental que o pesquisador leia e releia inúmeras vezes o material coletado até chegar a
uma espécie de "impregnação" do seu conteúdo. Quanto mais estruturado o instrumento de coleta
de dados, menos essa "etapa exploratória” será necessária. Por exemplo, nos casos em que o
material coletado consiste em respostas fechadas a um questionário, essa "exploração inicial"
torna-se menos necessária, uma vez que os critérios segundo os quais as informações serão
trabalhadas já foram estabelecidos quando da construção do instrumento, bastando, então rever
e reformular as categorias já construídas. Já nos casos em que o material coletado consiste em
respostas abertas ou registros de observação cursiva, a leitura reiterada do material é que
possibilitará a emergência de categorias de análise.
Em todos os casos, no entanto, é importante que o pesquisador consiga fazer a
decomposição, “a divisão do material em seus elementos componentes, sem contudo perder de
vista a relação desses elementos com todos os outros componentes” (LÜDKE e ANDRÉ, 1986,
p.48).
O caráter dinâmico e o produto dessa etapa do trabalho analítico são bem ilustrados na
seguinte afirmação dessas mesmas autoras:
visibilidade aos elementos a serem destacados na análise. Voltando à analogia com a estante, este
é o momento em que, tendo estabelecido que haveria um lugar próprio para as poesias, os livros
são separados em nacionais e estrangeiros, identificando-os com etiquetas de diferentes cores
para facilitar sua posterior alocação, remoção e manuseio.
Como produto resultante da classificação do material o pesquisador vai ter em mãos uma
variedade de elementos, de componentes de um todo que precisam ser juntados/agrupados de
modo a começar a adquirir sentido.
Juntar significa colocar junto, agregar, reunir. Dependendo da natureza da pesquisa, do
problema e da análise prevista, a junção dos elementos pode ser feita visando quantificar as
informações coletadas e/ou visando destacar dimensões, tendências, padrões e conteúdos,
sempre buscando encontrar algum sentido nas informações obtidas. A seguir são apresentadas e
exemplificadas essas duas maneiras de tratar informações, transformando-as em dados da
pesquisa.
A atividade de quantificar as informações coletadas é denominada tabulação e consiste
em verificar quantas vezes o dado apareceu numa determinada categoria. A tabulação pode ser
simples (na qual se contam as ocorrências de um dado numa certa categoria) ou cruzada (na qual
se contam as ocorrências de um dado numa certa relação entre categorias de mais de uma
variável, verificando, assim, se as relações propostas na PREVISÃO DE ANÁLISE, são ou não
relevantes para responder ao problema de pesquisa).
Para proceder à tabulação o pesquisador elabora quadros que indicam as variáveis e as
categorias que estão sendo consideradas.
No caso de o pesquisador estar interessado em extrair das informações coletadas outros
dados, além dos quantitativos, uma possível forma de proceder é juntar elementos que são
semelhantes para poder destacar o que diferencia esses elementos de outros que não fazem parte
desse agrupamento, sem que isso signifique uma seleção apenas dos elementos que se repetem
ou que aparecem mais frequentemente. Nesse caso, a tarefa do pesquisador é um pouco mais
difícil, pois não há procedimentos previamente estabelecidos. Referindo-se à dificuldade de
tratamento de informações de natureza não quantitativa, Luna (1996) afirma que "na fase final
de análise, o tratamento dado a essas informações precisa apresentar um mínimo de
compatibilidade, sob risco de estas não permitirem integração e, consequentemente, não se
prestarem à obtenção das respostas esperadas." (p.67 e 68).
Considerando que os dados produzidos pelas operações feitas pelo pesquisador precisam
ser tornados públicos, é necessário criar uma forma de apresentá-los.
No caso de o pesquisador ter optado por tabular as informações produzindo dados
quantitativos, cabe escolher a melhor maneira de representá-los. As formas mais usuais de
representação são: tabela, gráfico em curva (ou polígono de frequência), histograma, diagrama
em coluna e gráfico setorial. Enquanto nas tabelas, nos gráficos em curva, histograma e diagrama
em coluna sempre está representada uma relação entre variáveis, o gráfico setorial constitui forma
de representar dados que não expressam relações.
35
Decidir por uma ou mais destas maneiras de representação significa escolher a(s)
forma(s) mais adequada(s) de visualizar/sintetizar os dados obtidos para o tipo de variável com
o qual se está trabalhando.
Se o problema e o tipo de dado obtido não permitir o uso destas formas de representação,
é necessário que o pesquisador construa uma forma alternativa de sintetizar e apresentar os dados
de sua pesquisa no relatório final.
Esse momento do trabalho analítico é feito com o objetivo de se obter uma visão
compreensiva do fenômeno estudado ou de relações existentes entre as variáveis ou aspectos
envolvidos em um problema. A apresentação organizada/resumida dos dados (por exemplo, por
meio de tabelas e/ou figuras) facilita esta compreensão. É somente a partir do produto obtido
com a construção e organização dos dados que o pesquisador tem condições de identificar e
descrever os resultados obtidos em sua pesquisa, isto é, as respostas a que chegou em relação ao
problema de pesquisa.
Se o pesquisador optou por sintetizar os dados em tabelas e/ou figuras é o momento de
descrevê-las (mesmo considerando que tabelas e/ou figuras devam ser claras o suficiente para
que o leitor não necessite de um "texto" para conseguir "lê-las" e entendê-las!), ressaltando nessa
descrição os resultados mais importantes tendo em vista o problema de pesquisa. Todas as figuras
e/ou tabelas devem ser descritas.
Se o pesquisador optou por outras formas de agrupar e sintetizar os dados, esses
agrupamentos também precisam ser descritos de modo a ressaltar os resultados mais relevantes
da pesquisa. Nesse caso, podem-se usar informações coletadas (ou trechos delas) como
visualização/ilustração do resultado descrito.
Em qualquer dos casos, a descrição de resultados deve ser feita tendo como referência o
problema de pesquisa.
Além de destacar e descrever os principais resultados da pesquisa, o pesquisador articula-
os, compara-os e os integra, estabelecendo relações entre eles. Quando descreve
comparativamente resultados (por exemplo, quando compara duas ou mais tabelas e/ou figuras
ou quando integra a descrição de agrupamentos de dados), o pesquisador realiza um nível mais
aprofundado de ANÁLISE que encaminha a INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.
A apresentação e a descrição dos resultados da pesquisa devem ser redigidas de forma
clara, correta e articulada e comporão a seção RESULTADOS do relatório final da pesquisa.
36
6 Interpretação de dados
7 A comunicação da pesquisa
7
Atualmente o termo participante, ao invés de sujeito, tem sido utilizado com maior freqüência em relação às pessoas
com quem se coleta as informações.
38
ocorreu, se isto não foi possível), relaciona os resultados obtidos com outras pesquisas ou teorias
da área e levanta novas questões.
As Referências aparecem após a discussão (segundo as normas que vocês já
conhecem...) e devem se limitar àquelas que foram efetivamente citadas no corpo do trabalho.
Outros trabalhos que o pesquisador desejar mencionar, mas que não aparecem como citação no
corpo do trabalho, podem ser listados em um item posterior chamado Bibliografia Consultada
(seguindo, para isto, as mesmas normas usadas para a elaboração das referências bibliográficas).
Até aqui foi discutido o que contém o núcleo de um relatório científico. Mas a própria
apresentação do trabalho requer outros quesitos que auxiliam a consecução do objetivo que é
proposto: a comunicação da pesquisa, passo fundamental para o desenvolvimento de novas
investigações e de aprofundamento dos conhecimentos já obtidos.
A apresentação de um relato de pesquisa é composta dos seguintes itens na sequência em
que aparecem: capa, folha de rosto, resumo, sumário (elementos pré-textuais), núcleo do trabalho
– introdução, método, resultados e discussão (elementos textuais) – referências, apêndices e/ou
anexos (elementos pós-textuais). Cada um desses itens deve ser iniciado em uma nova página.
7.1.1 Capa
CURSO DE PSICOLOGIA
SÃO PAULO
2020
Exemplo de capa.
40
SÃO PAULO
2020
7.1.3 Resumo
7.1.4 Sumário
A norma da ABNT que trata de Sumário é a NBR 6027:2012. Lá está esclarecido uma
confusão comum: Sumário não é Índice.
Diz a norma:
7.1.6 Referências
Referências
ALVES, Alda Judith. A revisão bibliográfica em teses e dissertações: meus tipos
inesquecíveis. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 81, p. 53-60, 1992.
ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith. Uma análise das representações produzidas por meninos
trabalhadores e meninos de rua. In: FAUSTO NETO, A.M.G. (Org.). Tecendo Saberes. Rio de
Janeiro: Diadorim – UFRJ/CFCH. 1994.
ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. 0 método nas ciências
naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028:2003 - Informação e
documentação - Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro, nov. 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027:2012 – Informação e
documentação – Sumário – Apresentação. Rio de Janeiro, dez, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024:2012 – Informação e
documentação - Numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, fev. 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:2020 – Informação e
documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, set. 2020.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15287:2011 – Informação e
documentação – Projetos de Pesquisa – Apresentação. Rio de Janeiro, mar. 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724:2011 – Informação e
documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Rio de Janeiro, mar. 2011
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520:2002 – Informação e
documentação – Citações. Rio de Janeiro, ago. 2002.
CARVALHO, Ana Maria de Almeida; CARVALHO, João Eduardo Coin. Estratégias de
aproximação social em crianças de dois a seis anos. Psicologia – USP, São Paulo, v.1, n. 2,
p.117-126, 1990.
CONTANDRIOPOULOS, André-Pierre et al. Saber preparar uma pesquisa. 2. ed. São Paulo -
Rio de Janeiro: Hucitec – Abrasco, 1997.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1977.
LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: EPU, 1986.
LUNA, Sergio V. de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: EDUC, 1996.
LUNA, Sergio V. de. Análise crítica de instrumentos para coleta de informações em Psicologia:
Entrevista e questionários. [Apresentado no 8. Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia
e Medicina Comportamental, São Paulo, 1999.]
MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mônica Helena Tieppo Alves. O Processo de pesquisa:
iniciação. 2. ed. rev. ampl. Brasília: Líber livros, 2006.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. São Paulo: Cia das Letras, 1998.