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RELATO PESSOAL SOBRE A VIDA NAS BOLHAS

SOCIAIS DO ENSINO SUPERIOR NA ÁREA DE


HUMANAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

Este relato social tem como finalidade de


relato e destina-se exclusivamente à leitura
pessoal. Qualquer reprodução,
comercialização ou uso indevido, incluindo,
mas não se limitando a cópia não autorizada,
alterações no conteúdo ou qualquer ação que
vise oprimir ou ofender o autor ou as partes
citadas, acarretará em multa e processo. É
importante salientar que o texto a seguir pode
conter linguagem pesada ou ofensiva, sendo
recomendado apenas para leitores dispostos a
lidar com esse tipo de conteúdo.

Todas as expressões e opiniões presentes


neste relato são subjetivas, baseadas nas
experiências pessoais do autor, e não devem
ser consideradas como verdade absoluta ou
generalização de indivíduos. Qualquer forma
de distorção ou manipulação do conteúdo é
estritamente proibida e sujeita a medidas
legais para garantir a segurança e integridade
do autor.
É importante reconhecer que nem todas as pessoas pertencentes a grupos minoritários são hostis
ou discriminatórias. Cada indivíduo é único, e generalizações podem ser prejudiciais. No
entanto, é possível que algumas pessoas que tenham vivenciado discriminação possam
desenvolver uma sensibilidade aguçada para questões relacionadas à igualdade e justiça social
mesmo que totalmente distorcida, essas pessoas devem ser corrigidas e tratadas de imediato.

PRIMEIRO ANDAR
O “Núcleo Nerd” é composto por mulheres e homossexuais extremamente inteligentes.
Além disso, muitos deles estudaram em escolas particulares e levam a sério seus estudos.
Alguns têm alta renda, no entanto, isso não os isenta de serem considerados sem personalidade,
chatos e superficiais.
As "Melzinhas" formam um grupo de meninas, aparentemente 100% heterossexuais,
embora uma delas namore um rapaz que usa saia. Elas são caracterizadas como o típico clichê
de moças que esperam um príncipe encantado. Adoram ler livros, música e poesia, apreciam a
lua e as estrelas, sendo excessivamente românticas. Todas estão em relacionamentos, parecem
desconectadas da realidade e vivem em mundos tão coloridos que parecem seres humanos
falsos. Com uma aura de perfeccionismo doce e enjoativo, possivelmente devido a uma criação
restrita em casa, são tão protegidas que não compreendem como o mundo real funciona. A
sociedade pode mastigar e engolir suas personalidades macias e frágeis, sem a proteção de pais,
mães ou namorados.
Os "Rolezeiros" formam um grupo híbrido de mulheres e gays caracterizados por serem
faladores. Passam mais tempo fora da sala de aula do que dentro, sendo conhecidos por falar
mal de todos, mas sendo um dos grupos mais sociáveis. Eles gostam de atuar e dramatizar temas
em apresentações. Embora possam ter um desempenho melhor se fossem mais dedicados,
abordam temas de forma superficial e sempre pela sua ótica, tornando difícil mudar pontos de
vista distorcidos. Apesar de quase nunca estarem presentes nas aulas e, quando estão, ficarem
no celular, suas pontuações são altas.

SEGUNDO ANDAR
A “Escória” se classifica pelos piores tipos, sendo eles os mais nojentos, tóxicos e
asquerosos que uma universidade pública pode gerar. Apesar de possuírem intelecto suficiente
para obterem uma nota mínima para ingressar em cursos de humanas, a escória, em sua maioria,
carrega consigo uma coleção de defeitos. Além de serem hipócritas, utilizam temas como raça
e homofobia como justificativas para qualquer discordância mínima, desmerecendo e
menosprezando a importância dessas questões. Eles têm a audácia de empregar linguagem
vulgar e de baixo calão, carregando consigo uma aura reminiscente dos grupos menos
acadêmicos do ensino médio (grupo do fundão).
Frequentemente, durante as aulas, eles fazem barulhos ou fazem perguntas irrelevantes
para chamar a atenção. Seu tipo de humor preferido é pejorativo, envolvendo fofocas e críticas
pelas costas, tanto a pessoas semelhantes a eles quanto àqueles que são diferentes. Utilizam o
vitimismo e sua condição de minoria como desculpas para seu comportamento hipócrita e
egocêntrico. O grupo é composto por usuários de cannabis, liderados por uma mulher alta e
negra com dreads loiros, praticante de umbanda, acompanhada por um homem gay e uma garota
indígena da classe "putinha de trombadinha". Vale ressaltar que esse grupo pode ter entradas e
saídas de membros conforme sua conveniência. Eles frequentemente rejeitam homens
heterossexuais, brancos, ou qualquer pessoa que não concorde com sua maneira desagradável
e sem classe de se portar.
As "sonsas, mas inteligentes" são um trio composto por garotas heterossexuais de 18 a
19 anos, desprovidas de beleza facial. Apesar de empenhadas e estudiosas, elas não são tão
inteligentes quanto o "Núcleo nerd", nem relevantes o suficiente para estarem mais alto na
pirâmide. As chances de terminarem este curso de licenciatura também são mais baixas. Ainda
assim, elas gostam de k-pop e animes. Se depender delas, serão solteironas, por serem moles e
sem praticidade de esperteza, o famoso "ser esperto e rápido". Elas são o oposto, por serem
burras e lentas para pegarem tarefas que podem ser boas para evoluir todos acima, incluindo
este tópico; não sabem como é estar no mundo real. Serem assim só faz com que, no futuro,
venham a ter baixos cargos sociais, já que neste mundo, ou você é a presa ou é o predador.

TERCEIRO ANDAR
Os "NPCs" são a base da pirâmide, não por serem irrelevantes, mas por terem apenas
gente comum. Pessoas que trabalham e estudam. Essas pessoas evitam entrar em conflito e
fazem apenas o necessário para passar. Elas não são uma força visível, pois atuam
discretamente. Mesmo assim, são compostas por pessoas com pensamentos lentos e sem
praticidade. Essas pessoas vivem no automático e sempre estão com a personalidade padrão de
um indivíduo comum do dia a dia, como um vendedor ou balconista. Essas pessoas têm baixas
chances de terminar esse curso.

OS 3 “HÉTEROS BRANCOS”
O primeiro tem 18 anos, mas parece um pré-adolescente de 14 anos. Desprovido de
beleza facial, mas com altura ótima para que as garotas se sintam atraídas. Ele é a prova viva e
irrefutável de que o Exame Nacional do Ensino Médio é uma grande fórmula, que qualquer
idiota que consiga memorizar pode tirar uma nota razoável para entrar em um curso B de
humanas. Apesar de ser o típico cara que quer ser sempre o palhaço, ele consegue ser bem
carismático e enrolar a maioria das garotas com um papo mole e banal.
Pelo que dá para perceber, ele só está lá para preencher vaga, porque ele não tem a
menor possibilidade de se formar em Letras sendo um semianalfabeto piadista. Ele deve ser
apenas mais uma pessoa da classe pobre que os mais velhos de sua família querem ver com um
diploma. Antes, isso poderia fazer diferença, mas hoje em dia ter um diploma não significa
nada para alguém que não é da classe elitista. Pessoas da classe pobre não têm recursos e
educação suficientes para serem bancadas para estudar. Isso é inviável e mostra apenas que ele
é um adulto mandado que não pensa por si só e não faz suas próprias escolhas, sempre fazendo
escolhas erradas. Escolher esse curso é uma delas. Ele se mistura com os outros grupos, mas
não chega a pertencer a nenhum.
O segundo é quase idêntico ao primeiro, mas sendo um adulto de 27 anos ele deve ser
só mais um paria na sociedade, e em sua própria família uma vez que não tem emprego aparente,
igualmente desprovido de beleza facial ele é só mais um cara genérico com carisma comum
que vai de grupo em grupo, mas mesmo assim não é de nenhum.

Ω
Agora falando sobre mim, eu só escolhi esse curso por pressão familiar, para a situação
que fosse, não importando o que seria. Eu o escolhi por ser um curso mediocremente fácil de
passar. Foi um dos piores erros da minha vida, mas eu não me arrependo. Pois aprendi que a
hipocrisia, o despreparo, a ignorância e a corrupção estão em todas as estruturas, e que até
pessoas menos capacitadas podem ascender, mesmo não sendo esse o lugar delas.
Meus pensamentos podem soar elitistas ou preconceituosos, mas isso não anula que
todos são burros acéfalos, não por questões de serem mulheres, homossexuais ou parias
comuns, mas por estarem em uma academia e ainda se portarem como qualquer mendigo da
sarjeta. Mesmo eu tendo que interagir com cada um desses grupos e subgrupos de escória para
poder ter pelo menos um certo grau social naquele meio.
Mesmo sendo o mais deslocado, estando fora da pirâmide, ainda estou no topo por não
dobrar meus joelhos por ideias torpes e desqualificadas. Em meio a essa inversão de valores,
sinto-me como a minoria no meio desse mar de minorias vitimistas exaustivas e sem valor.

Autor: CORREA, Mateus Silva.

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