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Copyright © 2019 Vanessa Secolin

Capa: Islay Rodrigues

Diagramação: Vanessa Secolin

Revisão: Carolina dos Santos

Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados. Este ebook ou qualquer parte dele não pode
ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por
escrito, do autor, exceto pelo uso de citações breves em uma resenha do
ebook.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/ 98 e


punido pelo artigo 184 do Código Penal.
O ACASO – Livro 2
Série Bittencourt

Vanessa Secolin
1ª edição – 2019

Todos os direitos reservados


Dedicatória

Para os meus queridos leitores.

E para a minha princesinha Ashley que me deu ideias mesmo sem


saber.
Índice

Dedicatória

Índice

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Capítulo 31

Capítulo 32

Capítulo 33

Capítulo 34

Capítulo 35

Capítulo 36
Capítulo 37

Capítulo 38

Capítulo 39

Capítulo 40

Capítulo 41

Capítulo 42

Capítulo 43

Capítulo 44

Capítulo 45

Epílogo 1

Epílogo 2

Agradecimentos

Próximo livro da série

Outra obra da autora


Sobre a autora
Prólogo

Dois anos antes...

Quando Melanie desceu do avião, todas as lembranças a atingiram


em cheio.

Estar de volta na sua cidade natal trouxe toda a dor que ela luta até
hoje para superar.

Mas quem olhava para ela, andando confiante em um salto quinze


pelo aeroporto, não imaginava o quanto estava assustada por dentro, o
quão acelerado estava seu coração e como estava suando de tão nervosa.

A jovem de cabelos encaracolados e castanhos claros estava se


sentindo uma garotinha medrosa, mas pelos seus melhores amigos, mais
considerados irmãos, ela conseguiria.

Quando o convite de casamento de Elisabeth e Eduard chegou,


Mel não pensou duas vezes em ligar e aceitar, era o dia deles, dos dois
que a acompanharam com toda a sua dor, agora ela quem iria
acompanhar a felicidade do casal, mesmo sentindo repulsa dessa cidade
que muitos consideravam tão linda e receptiva, para ela, Nova Iorque era
uma lembrança constante do quanto a vida lhe tirou.

— Mel, você está ainda mais linda. — Lisa pulou nos braços da
amiga apertando-a em um abraço carinhoso.

— O que eu posso fazer? O tempo só me faz bem. — Melanie


também se agarrou a ela matando as saudades.

— Você é uma sortuda.

— Não, o único sortudo aqui é o Eduard, por ter você na vida dele.
— Mel abraçou o noivo da melhor amiga, o mesmo cara que se tornou
um irmão para ela, assim como Lisa sempre foi.

— É bom ter você de volta Mel. — Ele comentou pegando as


malas dela.

— Só por três dias, eu vou voltar para o Brasil na segunda.

— Uma pena, mas vamos aproveitar tanto. — Lisa se empolgou.

Quando eles já estavam no carro, o celular de Eduard tocou e


Elisabeth o olhou.

— Quem é?

— É o Elliot, preciso atender. — Ele respondeu pegando o


aparelho e descendo do carro.

— Não gosta desse Elliot? — Mel perguntou para Elisabeth,


conhecia muito bem a amiga e percebeu a preocupação no rosto dela.

— Do Elli? Adoro ele, tenho que apresentá-los, quem sabe vocês


não...

— Nem vem Elisabeth, não estou à procura de homem.

— Você tem que se divertir, desde o...

— Não. Me divirto muito bem sozinha. — Melanie a cortou.

— Você quem sabe, mas só te digo uma coisa, quem perde é você.
— Ela sorriu provocativa, mas logo olhou novamente preocupada para o
noivo.

— O que foi? Por que essa cara?

— Não é nada, Edu está em um novo trabalho, mas eu não acho


uma boa ideia.

Melanie optou pelo silêncio, pelo que conhecia da amiga e pela


expressão dela, era algo grave, algo que ela não sairia contando.

— Qual o plano de vocês para hoje à noite? — Eduard perguntou


assim que entrou no carro.

— Não temos nada, a não ser que a minha madrinha tenha


planejado uma despedida de solteira para mim? — Lisa lançou a
pergunta no ar e Mel arregalou os olhos.

— É que convidei o Elliot para jantar em casa hoje, quero


apresentar a Mel para ele. — Edu comentou e olhou rapidamente para a
quase esposa.

— Acho fantástico, depois de conhecê-lo, duvido muito que ainda


vá querer se divertir sozinha. — Lisa olhou para trás sorrindo sapeca,
mas Mel apenas revirou os olhos para ela.

O caminho para a nova casa do casal foi percorrido com uma


conversa animada, onde Lisa queria saber de todas as novidades, desde
como está Karina, a ruiva que quase roubou o posto de melhor amiga de
Melanie, até a abertura do novo restaurante das duas.

— Desde que você foi visitar, há três meses, continua igual, o


restaurante ainda é apenas um sonho e Kah está com aquele cara ainda.
— Mel comentou desanimada.

— O de quase sete anos de relacionamento? — Foi Eduard quem


perguntou, quando estava entrando com o carro na garagem.

— Esse mesmo. — Melanie concordou.

— Ela merece alguém melhor, sempre digo isso. — Elisabeth


desceu do carro e Mel fez o mesmo.

Mas as duas já foram entrando e deixaram as malas por conta de


Eduard.

— Vou te mostrar cada detalhe Mel, compramos uma casa com


vários quartos porque queremos muitos filhos. — Assim que a palavra,
filhos, saiu dos lábios da mulher, Mel se retesou.

— Desculpe, eu não deveria...

— Não tem problema Lisa, quero ter muitos sobrinhos para mimar
mesmo. — Ela tentou sorrir, mas não chegou aos olhos aquele brilho
feliz.

Depois de ter conhecido toda a casa, comido um delicioso lanche,


Melanie foi para o quarto de hóspedes, disposta a descansar para o tal
jantar.

Esse Elliot pode ser o mais lindo dos homens, mas meu coração
está fechado para o amor. — Ela pensava enquanto encarava o teto,
esperando pela chegada do sono.

∞∞∞

Quando ouviu a campainha, Mel se levantou do sofá e foi abrir a


porta, afinal os donos da casa ainda estavam no banho.

— Ooh, acredito que bati na casa errada. — O tom da voz dele foi
ouvido assim que a porta foi aberta.

Melanie o percorreu com o olhar, estava vestido em um terno


escuro, os cabelos estavam espatifados, mas o que chamou a atenção
dela foram os olhos.

Um par de olhos azuis cristalinos.

A jovem sentiu que ele também a olhava, era como se a tocasse,


afinal a ardência em sua pele parecia ser sentida.

— Elliot, não é? — Ela perguntou por fim.

— Isso. Você deve ser a Melanie. — Foi uma confirmação.


— Eu mesma, eles estão no banho, entre. — Mel fez as honras de
acomodar o convidado na casa em que ela também é a convidada.

— Veio para o casamento? — Elliot perguntou, quando o silêncio


na sala parecia estranho.

— Sim, vou embora na segunda de manhã — comentou.

— Tão depressa? Edu me contou que você nasceu aqui. — Ele foi
cauteloso, mas mesmo assim Melanie se sentiu desconfortável.

— Sim, mas me mudei há um ano, por isso preciso de ajuda para


uma coisa, será que pode me ajudar? — Ela tratou logo de mudar de
assunto.

O vinco entre as sobrancelhas bonitas de Elliot, mostrou sua


confusão.

— Se estiver ao meu alcance.

— Lisa acabou pedindo uma despedida de solteira, mas eu não


tenho a menor ideia de onde posso fazer, assim em cima da hora.

Ele pareceu pensar um pouco.

— Tenho um lugar em mente, podemos ir lá juntos amanhã, é de


um colega meu. — Ele sugeriu e ela sorriu aliviada.

— Vou adorar Elliot, obrigada. — Os dois ficaram em silêncio,


apenas se olhando.

— Eu sempre tenho razão amor. — Lisa comentou quando entrou


na sala de estar, já arrumada para o jantar.

— Você sempre tem mesmo. — Ele a abraçou pela cintura e os


dois sorriram um para o outro, apaixonados.

— No quê? — Foi Elliot quem perguntou.


— Lisa disse que Melanie e você se dariam bem, só isso. —
Eduard respondeu, mas o pequeno sorriso demonstrava que havia mais
coisa ali.

Elliot e Melanie apenas se olharam e resolveram ignorar aquilo.

O jantar estava sendo maravilhoso. Melanie sentia os olhares de


Elliot nela, mas evitava retribuir e conversava com Lisa, que fazia
alguns sinais, mandando a amiga investir.

No fim da noite, Edu e Lisa não acompanharam Elliot até a porta,


já que segundo os dois, ele é de casa e eles estavam com sono.

— Se quiser ficar Elliot, é bem-vindo. — Lisa piscou provocativa


para os dois.

O moreno gargalhou com isso e Mel ficou olhando para o homem


bonito a sua frente, que conseguia ser ainda mais belo sorrindo.

— Ela é terrível. — Melanie comentou quando os donos da casa


subiram deixando os dois sozinhos.

— Ela é. — Ele respondeu quando a crise de riso passou.

Os dois sentiam o clima que estava, desde o início, desde o


primeiro olhar, mas tanto Mel, quanto Elliot queriam evitar aquilo.

— Bom... Eu vou indo.

Ambos caminharam lado a lado o restante de passos até a porta,


Melanie abriu e ele se virou para olhá-la.

— Nos vemos amanhã? As duas da tarde está bom? — perguntou.

— Sim, ótimo. Até amanhã então. — Ela assentiu, ainda olhando


para os olhos cristalinos.

Ele também assentiu e se virou, mas antes que Melanie fechasse a


porta, Elliot se virou novamente.
— Juro que se fosse em outra ocasião, eu te beijaria. — Ele
comentou com um sorriso de lado.

Mel ficou alarmada, mas a sensação gostosa que cresceu na


barriga dela a fez perguntar:

— Por que não nessa ocasião?

— Porque depois de tudo o que você passou, eu sou o último


homem que deveria te tocar. — Essa foi a resposta.

Tranquilamente ele entrou no carro e partiu dali, deixando Melanie


de pernas bambas e totalmente preocupada.

O que foi que Eduard contou para ele?

∞∞∞

No outro dia, Mel já tinha experimentado o vestido que usaria no


casamento, ido as compras com uma Lisa eufórica e tentado mil vezes
encontrar um modo de cancelar com Elliot, mas era a despedida da sua
melhor amiga que estava em jogo.

— Então vai se encontrar com o Elli, hein? — Lisa provocou,


quando as duas estavam na sala, à espera do Bittencourt.

— Não é nada demais, pode parar. — Mel não podia contar o


motivo do encontro, mas isso pareceu deixar Elisabeth ainda mais
empolgada.

— Seria esse o meu sonho? Te ver com o melhor amigo do meu


noivo?

— Sabe que isso nunca vai acontecer, voltarei para o Brasil na


segunda.

— É só não voltar, você tem seu apartamento aqui ainda.


— Está alugado, por isso ainda não o vendi.

— Deixa de besteira, viu como ele é bonitão? Ou vai negar?

Mel olhou para o chão e balançou a cabeça negando.

— Você é terrível mesmo.

— Sou nada, só percebi seus olhares, praticamente pegavam fogo.

— Não exagera, ele foi simpático e eu apenas retribuí.

— Ah claro! Se quer acreditar nisso.

Nesse momento a campainha tocou, Lisa se jogou no sofá e disse:

— Abre lá, tenho certeza que é você quem ele quer ver. — Ela deu
uma piscadinha sapeca.

— Ainda não entendo porque te amo. — Mel jogou a almofada


nela e foi até a porta.

Quando abriu, a visão de Elliot foi de tirar o fôlego.

Ele estava vestindo um jeans casual, uma camisa polo no tom


preto e óculos de sol.

— Oi Melanie — cumprimentou com um sorriso, sabendo muito


bem a razão da jovem estar admirada.

— Elliot, eu já estou pronta, vamos?

— Claro.

O homem de terno da noite passada não se comparava a esse,


vestido de forma tão casual, relaxado e dirigindo concentrado.

— A despedida será mista ou só para mulheres? — Ele perguntou


quando o carro já cruzava as ruas movimentadas.
— Eu pensei em mista, assim Eduard pode ir, mas pensando bem
não será uma despedida se os dois forem juntos. — Ela comentou
olhando fixamente para o movimento da rua.

— É, não será uma tradicional, mas é uma ideia bacana, pode ser
legal.

— Sim, faremos mista então. — Ela comentou decidida.

— Faremos? Está me incluindo nessa? — Ele a olhou por um


instante, mas foi o suficiente para Mel sentir o coração se acelerar.

O homem sabia ser belo, cheiroso e intimidante. Dividir um carro


com o Bittencourt estava deixando-a inquieta.

— Ele é seu melhor amigo, é seu dever também me ajudar. — Ela


respondeu petulante.

— Se faz tanta questão assim da minha ajuda, claro que irei.

O local do colega de Elliot era um pub, localizado em uma área


nobre da cidade e muito bem organizado.

— Perfeito, se conseguir será aqui. — Mel deu uma rodada


admirando o local e logo encontrou os olhos de Elliot nela.

— Então é aqui. — Ele sorriu.

Melanie negava com todas as suas forças que estava realmente


atraída por Elliot, mas naquela mesma noite, depois de mais de um ano
afastada dos prazeres carnais, ela se rendeu e deixou que aquele belo
homem de olhos claros a tocasse, beijasse e a provasse de diversas
formas diferentes.

Era tudo uma questão de prazer para ambos, afinal na segunda-


feira Melanie voltaria para o país que agora chama de lar...
Capítulo 1

Dias atuais...

Melanie estava almoçando com Karina quando seu celular tocou.

A ruiva fez sinal para ela atender.

— Melanie Mayer — aceitou a ligação.

— Melanie... — Aquela voz que ela jamais esqueceria.

— Elliot? O que houve? — Mel se levantou e caminhou para fora


do restaurante.

— Eu preciso conversar com você, estou no Brasil. — Ele


comentou e Mel se pegou olhando para os lados.

— Em qual hotel?

— Em nenhum, estou no seu apartamento. — Ela arregalou os


olhos surpresa.

Mesmo sem saber a razão dessa ligação e da visita, ela sentiu o


coração se apertar.

— O que houve Elliot? Lisa e Edu estão bem? E July? — Ela


perguntou e entrou no restaurante novamente.

— July está bem, Lisa e Edu... Eu não quero falar pelo telefone,
por isso estou aqui.

— Preciso ir Kah, Elliot está no meu apartamento. — Ela


sussurrou tapando o celular.
— Uma visita do bonitão? — A ruiva sorriu safada.

— Nos vemos mais tarde. — Mel jogou um beijo para a amiga


ignorando a provocação, pegou sua bolsa e saiu correndo dali, afinal era
Karina quem pagaria a conta dessa vez.

— Estou saindo agora do restaurante, em dez minutos estou aí. —


Ela se despediu dele.

Quando Melanie adentrou o seu apartamento, Elliot já estava lá,


sentado no sofá, mexendo no celular.

Fazia dois anos que não se viam, desde o casamento de seus


melhores amigos, Mel não o esqueceu um segundo se quer desse tempo,
mas Elliot parecia alheio ao olhar dela.

— Como entrou aqui? — perguntou alarmada.

— Não é difícil conseguir as coisas nesse país. — Ele comentou se


levantando e quando os olhares dos dois se encontraram, Melanie sentiu
novamente aquele aperto.

— Eles estão bem? — Foi o que ela conseguiu perguntar.

Elliot negou com a cabeça. Os olhos azuis cristalinos que a dois


anos atrás tinha um brilho intenso, hoje estavam opacos e tristes.

— Eu sinto muito. — Com isso Melanie caiu para trás, mas antes
que atingisse o chão os braços dele a seguraram.

— Calma, senta aqui, vou pegar água para você. — Ele a colocou
gentilmente no sofá e foi para a cozinha, encontrou as coisas facilmente
e levou a água para ela, que ainda estava desnorteada.

— Como foi? — Os olhos negros dela o encararam preocupados.

— Um acidente de carro, uma tragédia.

— E July estava com eles? — Ele percebeu o desespero na voz


dela.

— Estava com a babá. Agora ela está sob proteção do governo, em


um lar.

Mel deixou que a angústia escorresse por seus olhos, chorou como
a muito tempo não chorava.

— Não, não pode ser, é um engano. Eu conversei com eles ontem


de manhã. — Ela se agarrou em uma almofada e deixou que todas as
barreiras que por anos ergueu se ruíssem, se quebrassem e ali mesmo, na
frente daquele homem ela deixou todo o seu desespero e medo surgirem
novamente.

A dor da perda a rasgava por dentro, estava passando por tudo


aquilo de novo e dessa vez Melanie acreditava que não teria novas
forças para se reerguer.

Para a surpresa dela, Elliot se sentou no sofá, a puxou para o seu


colo e a apertou carinhosamente, acariciando seus cabelos de uma forma
gentil.

— Não posso dizer que vai ficar tudo bem, mas posso garantir que
estarei ao seu lado, cuidarei de tudo, não se preocupe com nada. July
também estará sob minha proteção. — Ele sussurrou no ouvido dela.

Melanie apenas chorou ali no colo dele, sendo cuidada, ela se


sentiu protegida novamente.

— Eles eram seus amigos também Elliot, você deve estar sofrendo
assim como eu. — Ela resmungou um tempo depois, ainda aceitando o
aconchego que seus braços lhe proporcionavam.

Ele suspirou e Mel ergueu a cabeça para olhá-lo.

— Eu estou também, mas segurarei as pontas por nós dois.

— Me desculpe por isso, eu simplesmente não aguento tudo de


novo.
Ele não perguntou a razão, mas o vinco em suas sobrancelhas
demonstrou confusão.

— Sei que perdeu seus pais, sinto por isso. — Ele falou cauteloso.

— Eu perdi muito mais que isso, odeio essa sensação de


impotência, odeio saber que nada poderei fazer para mudar isso e odeio
ainda mais ficar vulnerável. — Ela ainda o olhava nos olhos.

— Tudo bem, esse será o nosso segredo. — Melanie voltou a


colocar a cabeça no ombro dele e ambos ficaram ali, sentados, apenas se
tocando, cada um vivendo de uma maneira diferente o luto.

∞∞∞

Na manhã seguinte quando Mel desembarcou em Nova Iorque,


uma avalanche de lembranças a atingiu novamente, dessa vez foi muito
pior do que as anteriores, dessa vez o motivo de sua ida para aquela
cidade não era bom, não era o casamento de seus melhores amigos, não
era uma visita para comemorar junto com eles o nascimento de July, não
era para festejar o início de uma nova vida.

— Você está bem? — Elliot perguntou a olhando preocupado.

Durante todo o voo ele esteve ao lado dela, apoiando e entendendo


a sua dor.

— Não sei se ficarei bem novamente. — Foi sincera.

Ele segurou a mão dela e ambos caminharam lado a lado para


pegarem as malas.

Saber que em algumas horas acontecerá o velório e enterro dos


dois melhores amigos, deixa Melanie destruída.

O restante do caminho foi feito em modo automático, Mel apenas


assentia quando alguém lhe perguntava algo.

Agora já no carro, Elliot ainda segurava a sua mão, enquanto o


motorista percorria as ruas de Nova Iorque com o carro.

— Quer que eu te deixe no seu apartamento? — Elli perguntou,


mas Mel negou.

— Ele está em reforma, pode me deixar em um hotel, por favor.

Ele a olhou por mais um instante e respondeu:

— Não te deixarei em um hotel Melanie, nesse momento nós dois


precisamos um do outro, assim como July precisa de nós.

— Eu não quero te incomodar Elliot, um hotel está bom para mim.

— Não é incomodo nenhum, será bom para nós dois.

Ela apenas assentiu, no exato momento que o celular dele tocou.

Ainda olhando para fora, sem prestar atenção nas palavras que
Elliot falava com alguém pelo celular, Mel deixou as lágrimas caírem.

Por que tinha que doer tanto?

— Era o Christopher meu irmão, ele precisa da minha ajuda agora.


— Ele comentou quando desligou.

— Ok, vai lá.

— Eu não queria te deixar, mas Chris está segurando as pontas


para mim e me ajudando com o preparativo para o...

— Eu sei, pode ir, ficarei bem.

— Você vai para o meu apartamento então? — perguntou


preocupado.
— Irei até conseguir arrumar o meu. Obrigada mesmo Elliot. —
Ela agradeceu e ele sorriu aliviado.

— Willian me deixe na empresa e depois leve a Melanie para o


meu apartamento.

Mel viu quando o motorista jovem e loiro assentiu.

Quando o carro parou em frente ao elegante prédio, Melanie olhou


para Elliot e ele já a olhava.

— Vai para o meu apartamento e se sinta em casa, tente comer


algo e descansar. — Ele afagou o rosto dela, disposto a tranquilizá-la.

— Obrigada. — Ela sussurrou e ele se aproximou da testa dela,


depositando um beijo casto ali.

Quando Elliot desceu, o motorista arrancou com o carro. Mel ficou


perdida em lembranças, o rosto sorridente de Lisa e Eduard quando July
nasceu, as fotos do casamento deles, a alegria que estavam sentindo, a
nova família que estavam formando, tudo isso se foi com eles e apenas a
pequena July ficou.

— Chegamos senhorita. — O homem loiro abriu a porta e Mel


olhou para o edifício.

— Não me chame de senhorita, é Melanie ou Mel. — Ela tentou


sorrir, mas não conseguiu.

— Tudo bem Melanie, sou Willian ou Will. — Ele sorriu gentil.

Ela assentiu e caminhou para o porta malas, com a intenção de


ajudá-lo com as bagagens.

— O que está fazendo? — Ele perguntou confuso.

— Te ajudando com as malas. — Ela pegou as duas de rodinhas


dela e ele praticamente travou.
— Não precisa senhori... Melanie. — Ele se corrigiu quando ela o
olhou.

— Precisa sim, já tem a do Elliot, não custa nada eu pegar as


minhas e você a dele. — Mel foi caminhando na frente do homem, que
acabou sorrindo com isso.

Estar ali, no local que deveria ser de extrema intimidade para


Elliot, deixou Melanie desconfortável, descansar e comer eram as
últimas coisas que ela pretendia fazer.

— Will, você sabe onde a July está? — Ela perguntou para o


motorista, que colocava as malas ao lado da porta.

— Sei sim.

— Então me leve até lá, por favor. — Ela colocou a bolsa no


ombro novamente.

— Eu recebi ordens diferentes senhorita, não posso.

Mel o olhou determinada.

— Pode sim, depois eu me entendo com o Elliot, a July precisa de


mim, ela é novinha, mas deve estar tão assustada, confusa — começou a
falar e os olhos marejaram.

Diante desse argumento, Willian não conseguiu negar.

— Tudo bem, vamos.

Quando Mel chegou ao lar temporário de July, ela sentiu seu peito
se arder de angústia, era um lugar bonito, a proprietária parecia
atenciosa, mas Melanie sabia a sensação de estar ali.

O vazio que a ausência dos pais causava...

E quando segurou a bebê em seus braços, ali, olhando para a


pequena e delicada July, Mel sentiu que dessa vez ela tinha um motivo
para lutar.

— A titia chegou para cuidar de você, meu amor. — Ela sussurrou


e nesse momento a menina parou de chorar e a olhou nos olhos. Nesse
instante Melanie soube que suas forças voltaram, só que dessa vez com
uma intensidade maior, com um objetivo.

Proteger e amar July, para que ela nunca se sinta sozinha nesse
mundo...
Capítulo 2

Sentado em sua mesa do escritório, Elliot repassava tudo o que


viveu desde o dia que colocou os olhos nela, Melanie Mayer.

Foi há dois anos, em um jantar que Eduard e Elisabeth


organizaram para apresentar os dois melhores amigos.

Naquele dia ele foi direto do trabalho para a nova casa dos amigos,
mas para a sua total surpresa quem abriu a porta foi uma beldade
morena, com menos de um metro e setenta de altura, corpo curvilíneo e
cabelos castanhos encaracolados.

A reação dela ao vê-lo foi a mesma dele, ambos se olharam


intensamente, não se tocaram, mas sentiam a carícia na pele, era um
olhar diferente, era como se existisse uma ligação, só depois de se
olharem dos pés à cabeça que se apresentaram.

Aquele jantar foi um dos mais deliciosos que ele já teve, não se
tratando da comida, mas sim da companhia agradável, afinal ele adorava
Eduard e Elisabeth, mas a jovem Melanie era uma visão para os olhos, o
sorriso simples, o modo delicado de colocar o cabelo atrás da orelha, a
forma elegante que degustava o vinho, cada detalhe não passava
despercebido para o Bittencourt, mas era quando os olhares dos dois se
conectavam que Elliot sentia que a conhecia a muito mais tempo do que
apenas uma noite.

A ideia de ajudá-la com a despedida de solteiro dos noivos foi


genuína, não teve intenção nenhuma por trás disso, afinal Eduard o
avisou que Melanie era diferente, quebrada, que no passado ela sofreu
muito, mas o amigo não entrou em detalhes, apenas comentou por alto,
depois disso ele decidiu se manter afastado, afinal romance não era algo
que estava nos seus planos e uma mulher ferida merecia muito mais do
que ele estava disposto a dar, mas bastou ficar com ela sozinho no carro
que ele se animou de uma forma única.
Melanie era diferente, causava sensações nunca despertadas nele e
a vontade de tê-la se intensificou ainda mais quando ela apareceu na
mesma noite arrumada e linda para a despedida dos amigos, ele a quis
desde o primeiro olhar.

E quando Melanie propôs uma noite com apenas prazer envolvido,


ele aceitou, mas não imaginava que a jovem ficaria impregnada em seus
pensamentos. Afinal não tinha como esquecer quem fez ele descobrir o
que era ter uma mulher em sua cama e sentir mais do que apenas prazer.

E agora, dois anos após tudo isso, ele voltou a tê-la em seus
braços, de uma forma diferente, naquele momento ele só queria tirar a
dor dela e fazê-la sorrir novamente.

— Senhor Bittencourt? — A porta foi aberta.

— Sim.

— Me desculpe, eu bati, mas o senhor não respondeu.

— Eu não ouvi. O que foi?

— O senhor Carter ligou.

— Aconteceu alguma coisa com a Melanie? — Elliot se levantou.

— Não, ele ligou para avisar que levou ela para visitar a July.

Elliot assentiu e começou a colocar o terno.

— Avisa ao Christopher que eu estou de saída.

Sem mais, ele deixou o escritório, com tudo já organizado. E


seguiu até onde Melanie e July estavam.

Quando ele adentrou o lar, viu a cena mais bela do dia, July
sonolenta ainda segurava firme uma mecha do cabelo de Melanie, que
cantava sussurrando para ela, Elliot não conseguiu ouvir a música de
onde estava, mas não se importou, ele apenas queria gravar aquele
momento para sempre em sua memória.

Quando July adormeceu, Mel parou de cantar e ficou admirando a


pequena bebê.

— Ela dormiu. — Elliot sussurrou.

— Ela estava chorando quando cheguei, tão pequena e já passando


por tudo isso.

— Se estivesse ao meu alcance, eu evitaria tudo isso. — Ele


comentou olhando com pesar para a bebê.

— A culpa não é sua Elliot.

Os olhares dos dois se encontraram e foi quando ele respirou


fundo e disse:

— Querem que ela fique aqui até a leitura do testamento.

— Mais essa? Por que não podemos levá-la?

— Ainda não sabem de quem será a custódia.

— Se depender de mim ela sairá hoje mesmo daqui.

Mel caminhou até o pequeno berço que estava ali para July e
colocou-a delicadamente, deu um beijo na testa pequena e delicada e se
afastou, caminhando para perto da mulher responsável pelo lar.

— Eu vou levá-la para casa — comentou decidida.

Elliot olhava a cena admirado, mas a mulher de óculos de grau


apenas encarou Melanie e respondeu:

— Sinto muito senhora, não é assim que funcionam as coisas. Ela


fica até segunda ordem.

— Quem vai me impedir? Você? — Mel a olhou.


— Eu só obedeço a ordens senhora, a menina vai ficar.

— Ela é filha da minha melhor amiga. Eu não vou deixá-la em um


abrigo, ela acabou de perder os pais, precisa muito de mim.

— Isso acontece todos os dias por aqui.

Melanie olhou inconformada para a mulher.

— Olha como você fala, é uma bebê que acabou de ficar órfã e
você não dá a mínima, eu vou levá-la sim, não deixarei ela aqui com
você.

A mulher enrugou o nariz e olhou com desprezo para Melanie que


estava partindo para cima dela, mas antes que algo acontecesse, braços
fortes a seguraram.

— Calma, assim você piora ainda mais a situação. — Ele


comentou baixo, tirando Melanie de perto da mulher.

— Como ela não me deixa levar a July? — Mel perguntou


arrasada, apenas quer confortar a pequena, dar o colo que ela precisa.

— Pelo visto o que você tem de linda, tem de estressada. — Elliot


comentou ainda a segurando.

— Eu não sou assim Elliot, mas essa mulher merece uns bons
tapas.

— Eu já chamei o meu advogado, vamos tirar ela daqui.

— Achei que você fosse advogado. — Mel se recordou de Lisa


comentando algo assim.

— Sou empresarial não civil, mas mesmo se eu fosse dessa área


não poderia atuar porque estou envolvido.

— Eu só quero tirar ela daqui.


— Eu também.

Mel caminhou até onde July estava e ficou velando o sono da


bebê. Ainda era tão pequena, não tinha completado nem dez meses e já
estava passando por tudo isso.

— Prometo que nunca deixarei você sozinha July, cuidarei de você


com todo o amor que existe em mim — prometeu, sabendo que se fosse
Elisabeth em seu lugar faria o mesmo.

Essa promessa era tão intensa para Melanie que ela sentiu seus
olhos marejarem, cuidaria de July assim como cuidou de Luna no
passado.

— O advogado chegou. — Elliot reparou nos olhos marejados


dela, mas evitou perguntar, afinal era óbvia a razão de todo o seu
sofrimento.

Antes de deixar July, Mel a olhou novamente e sentiu seu coração


se encher ainda mais de amor, está tão só quanto ela, se depender de
Melanie, July terá seu amor e sua proteção para sempre.

Quando entrou na sala que a pouco quase bateu na responsável do


lar, Mel viu o advogado ao lado de Elliot, ambos conversavam
sussurrando.

— Sou Rodrigo Maldonado. — O homem de aproximadamente


quarenta anos estendeu a mão para Mel.

— Melanie Mayer. — Ela aceitou o cumprimento.

Quando a responsável pelo lar entrou na sala, ela olhou para


Melanie com cautela.

— Quais de vocês querem a guarda da criança? — Ela perguntou


olhando para os dois.

— Eu. — Elli e Mel responderam juntos.


Os dois se olharam nesse instante e ambos ficaram preocupados,
afinal a vida de Melanie era no Brasil e a de Elliot em Nova Iorque, não
tinha como resolver isso sem alguém perder a guarda.

Com os dois ali se olhando, era nítido que nenhum desistiria da


bebê.

— Se vocês pretendem levá-la para casa hoje, deverão entrar em


um acordo para que eu possa dar entrada com a guarda provisória dela.
— A mulher se sentou e encarou-os.

— Mas o testamento será lido segunda de manhã. — Elliot


ressaltou.

— Exatamente, mas para que July possa ir para casa hoje,


precisamos de um responsável temporário. — O advogado explicou.

— Eu sou essa responsável. — Melanie falou firme.

— De forma alguma, Eduard era como um irmão para mim e July


sempre conviveu comigo, já está acostumada a mim. — Elliot rebateu.

Melanie respirou fundo, o argumento dele foi bom, mas ela estava
preparada para isso.

— Ela é uma menina, precisa de uma figura materna com ela, eu


sou a pessoa mais próxima, já que está órfã de avós também. — Cada
palavra dita foi encarando os olhos dele.

— Vocês precisam entrar em um acordo ou a criança não sairá


daqui hoje — falou a mulher já impaciente.

Elliot segurou Melanie pelo braço e a retirou da sala.

— O que está fazendo? Quer que July fique aqui? — perguntou


começando a se irritar.

— Claro que não, mas se eu deixar que você assine, perderei a


guarda dela.
— Não, Edu e Lisa deixaram o responsável pela custódia no
testamento, será apenas provisório, e você está no meu apartamento, ou
seja, também ficará com a July.

Mel o olhou desconfiada.

— Me prometa que é verdade? Porque eu não vou ficar para


sempre na sua casa. E quando eu for embora, como será?

— Mel só não complica, precisamos tirar July daqui.

Ela cruzou os braços decidida.

— Você não prometeu.

— Prometo que durante essa guarda provisória, você não sairá de


perto dela.

Mel assentiu e voltou para dentro da sala, com Elliot ao seu lado.

— Eu ficarei com a guarda temporária. — Elliot avisou e a mulher


olhou para Melanie que assentiu.

— Assine aqui, será responsável por July até segunda-feira de


manhã. — A mulher apontou para onde ele devia assinar, mas Rodrigo
pegou os documentos para conferir.

Elliot assinou assim que o advogado permitiu.

Melanie apenas olhou os papéis assinados e temeu pelo futuro,


afinal sua vida em Nova Iorque já tinha acabado a muito tempo, mas
lutar pela guarda de July com Elliot seria um caso cansativo, tanto para
ela, quanto para July.

O futuro era incerto, mas ela estava decidida a abrir mão de muitas
coisas para ter a filhinha dos seus melhores amigos em sua vida...
Capítulo 3

Somente quando July foi liberada que Melanie conseguiu sorrir


aliviada, foi o primeiro sorriso verdadeiro que dera, desde a visita de
Elliot.

Ele caminhava ao lado dela, segurando apenas uma pequena bolsa,


enquanto ela alinhava melhor a menina adormecida em seus braços.

— Coloque ela na cadeirinha. — Ele pediu e Mel o olhou confusa.

— Deu tempo de comprar uma?

— Foi a minha irmã, Megan.

Mel assentiu, gostando de saber que mesmo nessas circunstâncias,


ainda assim as pessoas pensavam no bem-estar de July.

Ela colocou a bebê, que pelo visto tinha um sono pesado, no bebê
conforto e se sentou atrás, segurando apenas um pequeno dedinho.

— Vai dirigir esse? — Ela perguntou para Elliot.

— Sim, Willian vai levar o meu, eu irei com vocês.

O caminho foi percorrido em silêncio, ele revezava o olhar entre a


estrada e as duas atrás, já Melanie apenas ficou ali, segurando a
mãozinha de July e rezando para que o futuro não as separasse.

O apartamento em que esteve horas antes, não parecia o mesmo


com a figura masculina no local, Elliot caminhava confiante enquanto
segurava o bebê conforto rosinha claro.

Mel apenas adentrou o local e ficou calada, olhando para as costas


do homem alto.
— A minha cunhada Tayla comprou um berço, está no quarto ao
lado do meu, vou colocar July lá, você pode ficar à vontade.

— Quer que eu a coloque no berço? — Mel perguntou, colocando


a bolsa no sofá.

— Não precisa, mas pode subir comigo se quiser.

Ela subiu, queria estar ao lado de July.

O quarto claramente era um de hóspede, mas foram colocados um


pequeno berço e um trocador ao lado.

— Posso ficar aqui com ela? — Melanie perguntou quando ele


soltou o cinto de segurança e com uma agilidade fascinante tirou a bebê
e a colocou delicadamente no berço.

— Claro que pode, estarei no quarto ao lado se precisar de algo. —


Ele fechou o mosqueteiro e saiu do quarto.

Mel se sentou na cama, de frente para July que ainda dormia alheia
a tudo, quando os olhos começaram a pesar de cansaço, duas batidas na
porta foram ouvidas.

— Suas malas. — Ele colocou perto da porta e Mel agradeceu. —


Durma um pouco, já está tarde.

— Sim, descanse também, cuidarei dela.

— Se precisar de algo, me chame.

Depois do banho, Mel verificou a fralda de July, que estava


sonolenta, mas desperta.

— Vamos trocar você, fazer uma mamadeira e depois dormir mais


um pouco, o que acha? — Ela falava enquanto a menina bocejava
sonolenta.

Com a fralda trocada, Mel já estava descendo para fazer a


mamadeira, quando ele entrou.

— Eu já fiz, passei por aqui e ouvi vocês duas.

Ela pegou a mamadeira e se sentou na cama, alimentando a


pequena esfomeada nos seus braços.

— Ela dorme bastante? — Mel perguntou, afinal não convivia


muito com July.

— Também não sei. — Ele sorriu sem graça e passou as mãos no


cabelo.

— Acho que sim, dormiu boa parte da tarde e está quase dormindo
novamente.

— Deve estar cansada, tanta mudança em um curto tempo.

Mel concordou calada, doía saber que July estava passando por
tudo isso.

Elliot estava encostado no batente, olhando para as duas.

— Durma também Melanie, amanhã o dia será longo.

Mel sabia o peso que o amanhã traria, seria o dia de velar e


enterrar os dois melhores amigos, o casal que tinha casado a tão pouco
tempo, que tinha uma filhinha para criar e amar por toda uma vida.

— Eu sei. — Ela suspirou triste.

— Deixarei July com a minha cunhada, Tayla tem um filho


também, Andrew.

— Também acho melhor, July é tão pequena para passar o dia lá


conosco.

Quando a pequena bebê adormeceu, Mel ainda ficou segurando-a


por um tempinho, de pé até que o pequeno arroto saísse.
Elliot deixou o quarto assim que deu um beijo em July e olhou
para Melanie, que estava pronta para deitar.

∞∞∞

A manhã de domingo amanheceu fria e cinzenta, o dia parecia tão


triste quanto eles.

Sabe quando perdemos alguém e o tempo parece que também se


entristece? Era exatamente isso.

Melanie olhava pela janela e se esforçava para não chorar. Elliot


estava ao seu lado e July do outro, acordada e mordendo os dedinhos no
bebê conforto.

Quando chegaram na casa de Tayla, Mel reparou no quanto a casa


era mais simples que as outras do condomínio Bittencourt, não tinha
nada de extravagante, era como um lar, tinha na simplicidade e no
conforto, tudo o que uma família precisa.

Mas, se surpreendeu mesmo quando conheceu a jovem morena,


Tayla é mais nova que ela, tem um filho de quase um ano que também
estava acordado no colo do pai, o irmão mais velho de Elliot, o mesmo
que acompanharia eles no enterro.

— Sinto por não poder ir, mas ficarei cuidando desses pequenos.
— Tayla comentou.

— Eu agradeço muito por isso Tayla. Espero que não seja demais
para você. — Melanie sorriu sem graça.

— Não é, Andrew é terrível, mas essa pequena aqui parece que


gosta de mim. — Tay sorriu quando July segurou uma mexa do cabelo
dela e colocou na boca.

— É caca, não pode. — Ela repreendeu com uma voz engraçada.


July sorriu para ela e voltou a colocar o cabelo na boca, enciumado
Andrew queria sair do colo do pai e ir para o da mãe, querendo ela
apenas para ele.

— Ei garotão, nada disso, hoje mamãe vai cuidar da July e você


cuidará das duas. — Christopher falou para Drew, que parou de se
sacudir e olhou atento ao pai.

Melanie reparou no quão parecidos eles eram, apenas o tom do


cabelo, que do bebê era mais escuro, mas o resto era idêntico.

Para a surpresa de Mel, antes de Chris sair ele colocou o menino


no chão e esse saiu andando com passos lentos e desajeitados.

— Já anda? — Melanie acabou perguntando surpresa.

— Sim, como eu disse ele é terrível, viu que eu não pegaria as


coisas para ele quebrar, então aprendeu a andar cedo só para destruir
tudo. — Tayla comentou de olho atento no filho, que caminhava para
uns brinquedos que tinha no canto da sala de estar.

Com um simples beijo de despedida, Christopher saiu e


acompanhou Elliot e Melanie ao velório.

Esse domingo ficaria para sempre guardado na mente deles, o fato


de Eduard e Elisabeth serem filhos únicos, os pais também já terem
partido, fez com que a capela estivesse quase vazia.

Melanie adentrou a pequena capela com o coração partido, os dois


caixões estavam lacrados devido ao estado crítico do acidente. Segundo
o que Elliot contou para ela, um caminhoneiro alcoolizado bateu no
carro deles, causando a morte de ambos ainda no local.

Ver a foto sorridente de Lisa e Eduard fez Melanie se desmanchar


em lágrimas.

— Lisa, queria que tudo fosse diferente. — Ela sussurrou


destruída e antes que Elliot se aproximasse para confortá-la, uma voz
masculina foi ouvida.

— Melanie... — Ele chamou e a moça apenas se virou, dando de


frente com Justin, um colega da universidade tanto dela quanto de Lisa.

— Justin... — Mel se jogou nos braços dele aceitando o aperto


carinhoso que ele dera.

Elliot olhava os dois ainda de longe, todos estavam sofrendo


demais pela perda dos amigos, a presença de Christopher ali, dando-lhe
apoio era muito bem-vinda, Elli conhecia Eduard desde a faculdade,
eram bons amigos, perdê-lo foi horrível.

Com o término do funeral, Melanie só queria se jogar em algum


lugar e chorar, chorar tanto até que a angústia que sentia se fosse, mas
não poderia fazer isso, tinha July e ela precisa muito de sua companhia
agora.

— Mel, quer que eu te leve para casa? — Justin perguntou,


quando Elliot se aproximou deles.

— Ela está comigo. — Elli comentou e olhou para Justin, que o


olhou sério.

— Está com ele?

— Sim Jus, obrigada pela oferta, mas irei com o Elliot.

— Tudo bem, me ligue caso precisar de algo, a qualquer hora. —


Ele retirou um cartão do bolso e entregou para ela.

— Obrigada. — Mel o abraçou, mas antes de Justin sair, ele olhou


para Elliot, com um aviso explícito.

Sempre estaria por perto.

Já no carro, o silêncio se tornou incômodo e quando chegaram à


casa de Christopher e ele desceu, Elliot segurou a mão de Melanie.
— Conhece aquele cara? — Somente a hipótese de ele ser alguém
do passado dela, alguém que a feriu, deixava Elliot furioso.

— É um colega de turma, tanto meu quanto de Lisa. — Ela


respondeu confusa.

Quando Melanie entrou na casa de Tayla, os dois bebês brincavam


sentados lado a lado.

— Deu conta dos dois? — Elliot perguntou enquanto afrouxava a


gravata.

— Sim, descobri hoje que sou uma supermãe e tia.

— Espero que July não tenha dado trabalho. — Mel comentou.

— Trabalho nenhum, já dei banho e mamadeira, mas dormir ela


não quis de jeito nenhum.

— Na noite passada ela dormiu bastante, deve ser isso. — Mel


respondeu e sentiu tudo rodar, quando estava quase caindo Elliot a
segurou.

— Você está bem?

— Eu não sei, deve ter sido uma queda de pressão, também não
comi nada no café da manhã.

— Vou pedir para Catarina te preparar algo Melanie, precisa estar


forte para cuidar de July. — Tayla comentou caminhando para a
cozinha.

Enquanto Elliot se preocupava com Melanie, Chris apenas


observava os dois de longe, sabia que a circunstância não era a melhor,
mas um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele.

O irmão que jurou nunca se apaixonar estava caindo nas garras do


amor e nem percebia...
Capítulo 4

Mesmo Melanie estando sentada, Elliot ainda permanecia


segurando-a nos braços, ele queria ter a certeza de que ela estava
realmente bem, mas uma vontade louca de nunca a largar também era a
razão para ele se manter tão próximo.

Por que raios tinha que ser tão cheirosa? — pensou ele.

O cheiro adocicado o invadia e o mesmo lutava para não parecer


um idiota viciado e respirar fundo aquele cheiro que o fazia perder as
estribeiras.

— Está melhor Melanie? — Tayla perguntou assim que voltou da


cozinha, com um copo de água na mão.

— Sim, deve ser porque não me alimentei direito, minha última


refeição foi um almoço ainda no Brasil. — Ela comentou enquanto
aceitava o copo de água.

— Me desculpe por isso Mel, deveria ter feito você comer ontem.
— Ele comentou se sentindo culpado.

— Não adianta Elliot, não tenho apetite.

— Você precisa se alimentar bem, devido ao estresse os desmaios


podem ser frequentes. — Tayla alertou.

— Você é médica? — Melanie perguntou para tentar mudar de


assunto.

— Ainda não, sou estudante de medicina, pediatria para ser mais


clara. — Tay deu um pequeno sorriso para a moça.

Quando Andrew completou meio ano de vida Tayla voltou para a


faculdade, já fazia cinco meses que todas as manhãs ela se separava do
filho e o deixava com Lúcia, sua avó materna.

— É cansativo. — Mel afirmou se recordando de quando ela era


universitária e tinha que dividir a vida profissional, pessoal e estudante
em um curto período de tempo.

— É sim, mas valerá a pena no fim. — Tayla sorriu confiante.

Mel assentiu e percebeu que um ser pequeno engatinhava em sua


direção. Ela olhou encantada para July.

— Olha a minha menina, que coisinha mais fofa. — Ela comentou


e recebeu um sorriso em agradecimento.

July é a coisa mais linda que Melanie já viu, a bebê tem apenas
nove meses, mas já tem os dois dentinhos de baixo e isso a deixa com o
mais belo sorriso do mundo.

Elliot admirava a interação das duas, unidas por uma razão tão
trágica.

Mel pegou a bebê, mas permaneceu sentada, afinal ainda estava


fraca.

— Sentiu falta da tia Mel, meu amor? — Ela beijava a barriguinha


da bebê que sorria feliz, alheia a dor que a perda dos pais causava.

July de algum modo deve sentir a falta, afinal estava acostumada


com os dois, mas como ainda é um bebê a dor não era tão grande, não
entendia muito bem as coisas e desde que descem amor para ela, ela
estaria risonha.

Ciumento como é, Andrew também se aproximou de Melanie, mas


com passinhos cambaleantes, afinal já aprendera a andar.

Mel o olhou interessada, alheia a todos da sala que olhavam para


os três.

— Você também quer carinho mocinho? — Ele não sorriu como a


July, mas os olhinhos claros eram pidões. — Pois venha. — Ela pegou o
menino também e deu atenção aos dois.

Elliot que minutos antes já estava admirado, agora praticamente


babava todo bobo pela cena linda que tinha o prazer de apreciar.

— Percebeu a forma que Elliot olha para ela? — Chris perguntou


baixinho para a esposa.

— Não reparei, por quê? — Tayla mudou o olhar para Elliot e


percebeu o que o marido quis dizer.

— Ele a olha da mesma forma que eu te olho. — Christopher


sorriu e segurou Tayla pela cintura.

— Mas não era o Elliot que nunca iria se apaixonar? — Ela


brincou ainda sussurrando entre eles.

— Talvez ele ainda não esteja, pode ser apenas admiração. —


Chris palpitou.

— É assim que começa meu lindo. — Tay sorriu cúmplice.

— Parece que eles se deram bem. — Elliot comentou vendo o


quanto os dois bebês se interagiam, sorrindo, pegando a mãozinha, se
olhando, eram lindos juntos.

— Sim, July precisará de muitos amigos ao lado dela. — Mel


comentou emotiva.

— Vamos estar aqui para ela também. — Elli falou e Mel sorriu
com a palavra “vamos”, sinal de que ele estava permitindo a presença
dela na vida da July de forma definitiva.

Tayla se sentou no sofá, do outro lado de Melanie, e Andrew não


perdeu a oportunidade de se jogar no colo da mãe, para ganhar carinho
materno.

— Seu dengoso. — Ela comentou para o filho, que se alinhou


nela.

Chris observava os dois e sorria se sentindo realizado, se tornara


noivo de uma mulher que nem conhecia, mas que com o tempo e a
convivência aprendeu a amar mais que tudo e como um presente de
Deus veio Andrew, para completar a felicidade do casal.

— July parece gostar de você. — Tayla puxou assunto, querendo


fazer amizade com Melanie.

— Sim, também acho Tayla. — Mel sorriu convencida.

— Me chame de Tay. — A dona da casa foi simpática.

— Então pode me chamar de Mel, afinal acredito que nos


tornaremos boas amigas. — As duas sorriram e começaram a conversar
sobre os cuidados, alimentações, dicas e afins sobre bebê.

Foi quando Chris se aproximou de Elliot.

— Preciso falar com você. — O mais novo o olhou confuso, mas


seguiu o loiro até o escritório.

— Aconteceu alguma coisa na empresa? — Elliot perguntou assim


que fechou a porta.

— Não. Quero saber o que você pensa em fazer. — Chris se serviu


de uísque, uma quantidade pequena e deu o mesmo ao Elliot.

— Eu não sei, estou totalmente perdido, minha cabeça está a mil.


— Ele passou as mãos no rosto, totalmente cansado.

— Quer que eu vá com você na leitura do testamento amanhã? —


Chris, como o bom irmão que sempre foi se ofereceu.

— Não precisa, segunda é você que fica com o Andrew, para a


Tay estudar.

— Se você quiser eu posso deixá-lo com a nossa mãe, ela vai


adorar.

— Não precisa mesmo. — Elliot recusou novamente.

Quando os irmãos voltaram para a sala as duas mulheres estavam


sorrindo. Tay e Mel estavam se dando muito bem.

— Qual o motivo do riso? — Chris perguntou.

— Estava falando para ela quando Andrew fez xixi no Elliot, ele
não é bom em trocar fraldas. — Tayla respondeu risonha.

Já Melanie olhava para Elliot que sorriu sem graça.

— Meu terno era novinho cunhada, mas agora acho que terei que
ficar bom nisso. — Ele entrou na brincadeira.

— Eu estarei aqui para te ensinar. — Mel falou ainda o olhando.

— É bom que Melanie fique uns bons anos, afinal Elliot não sabe
muita coisa sobre bebê. — Chris propôs.

— Concordo amor, Melanie ao contrário tem bastante jeito. —


Tayla piscou cúmplice para o marido.

Elliot olhou para os dois com os olhos claros semicerrados,


percebeu a intenção dos dois e desconversou.

— Cadê a Catarina com aquele lanche? Eu estou com fome agora.

Mel sorriu, afinal mesmo com toda essa dor da perda, ter July,
Elliot e até mesmo ter conhecido Tayla, Christopher e Andrew, estava
ajudando a tornar a dor mais suportável.

Não tinha como voltar no tempo e impedir o acidente, mas tinha


como tentar aceitar e viver ao lado da filha dos amigos, fazendo ela ter
uma vida feliz, Melanie sabia que era isso que Lisa queria e na manhã
do dia seguinte ela descobrirá com quem realmente a bebê ficará pela
vida toda, mesmo sendo ele, ou ela, isso no momento não importava, o
que realmente importava era que os dois estavam dispostos a cuidar da
pequena garotinha de sorriso lindo...
Capítulo 5

Já estava anoitecendo quando Elliot, Melanie e July voltaram para


o apartamento.

A pequena tinha tirado uma soneca no carro, mas quando chegou,


começou a chorar.

— Quero dar outro banho nela. — Melanie pediu, afinal Tayla já


tinha dado um, mas July estava cansadinha, um banho, mamadeira e
uma noite longa de descanso faria bem para ela.

— Claro, vou te ajudar.

Os três subiram para o quarto, July ficava encarando tudo,


mordendo a mãozinha gulosa.

— Ela deve estar com fome também.

— Vou te ajudar com o banho dela e depois damos mamadeira. —


Ele comentou prestativo e assim o fez.

A água foi preparada em uma temperatura ideal, a pequena


adorava bater com as mãozinhas e molhar os dois, que sorriam com isso.

— Pode deixar que eu coloco a fralda, vai que ela também faz xixi
em você. — Mel provocou apenas para receber aquele sorriso lindo em
resposta.

— Foi só uma vez, Andrew é um sapeca e já fez xixi no Chris


também, vou te mostrar que não sou tão ruim em trocar fraldas.

Melanie o olhou divertida.

— Veremos então.
— É um desafio? — Ele perguntou no instante que virou o rosto
para olhá-la, Mel também havia se virado e os dois ficaram bem
próximos, o clima ficou quente, ambos se olhando intensamente, até que
July resolveu bater a mão na água novamente e voltar a molhá-los.

— Sua sapequinha. — Mel a envolveu em sua toalhinha e a secou,


com Elliot pegando as coisas para a troca de fralda.

Ele parecia meio perdido.

— Tayla tinha razão afinal, eu deveria ter apostado com você.

— Não sou tão ruim, mas nas vezes que troquei Andrew, minha
mãe já tinha praticamente começado.

— Então deixa eu te ensinar a começar. — Mel se aproximou do


trocador e começou a orientá-lo.

— Pegue a fralda e observe se as abas estão na parte do bumbum.


— Ele o fez. — Agora posicione ela certinho e...

— Como assim?

— Coloca a fralda bem no meio, assim não tem perigo de vazar e


molhar ela. — Mel falou.

— Assim? — Ele ajustou July na fralda.

— Sim, agora é só fechar.

— Isso eu sei. — Ele sorriu e colocou as abas no lugar certo, de


uma forma que não ficasse apertado e nem frouxo.

Ele até que se saiu bem e isso deixou Melanie sorrindo sozinha.

Um homem alto daquele, agindo com uma delicadeza e um


carinho tão grande, era uma visão de se encher os olhos.

Quando os três desceram, Mel deixou July no colo dele e foi para
a cozinha preparar a mamadeira.

— Elliot, onde estão as coisas para fazer a mamadeira? — Ela


perguntou olhando ao redor.

— O leite fica na parte de cima do armário. — Ele respondeu


quando entrou na cozinha com a July ainda no colo.

Melanie olhou para o local e viu que o leite estava bem no alto, se
esticou e conseguiu relar com a pontinha do dedo a lata, o armário era
alto e quanto mais ela se esticava, mais o vestido subia, deixando a
atenção de Elliot nas pernas dela.

— Vai continuar olhando ou vai pegar para mim? — Ela


perguntou quando se virou e pegou os olhos dele admirando-a.

Sem ficar envergonhado, ele caminhou até ela e roçou o corpo dos
dois no caminho, se esticou e pegou o leite, que era próprio para a idade
de July.

— Uma pena ela não poder mamar mais o materno, faz tão bem e
Lisa se orgulhava tanto de amamentar. — Mel comentou olhando para a
lata de leite com pesar.

Elliot também olhou triste, mas não para a lata e sim para a bebê
sonolenta nos braços dele.

— O pediatra do Drew recomendou esse, não é o mesmo que o


materno, mas ele indica quando as mães não produzem o leite. — Elliot
comentou com ela.

Mel o olhou surpresa, ele estava realmente disposto a fazer o


melhor por July.

— Já consultou ela? — A morena perguntou surpresa.

— Ainda não, nos falamos pelo telefone, mas marquei uma


consulta para essa semana.
— Posso acompanhá-los? — Ela perguntou, afinal queria fazer
isso.

— Eu ia te pedir exatamente isso, como viu, ainda sou meio


perdido quando o assunto é bebê. — Ele comentou sem graça.

— Estarei aqui para ajudá-lo, eu tenho prática com bebê. — Ela


acabou soltando, ele a olhou confuso, mas nada comentou.

Após ler o modo de preparo, Mel fez a mamadeira direitinho e


verificou a temperatura.

— Quer que eu dê?

— Não, pode deixar. — Ele começou a dar o leite para July, com o
olhar atento de Melanie.

Quando ela terminou, Elliot a colocou para arrotar.

— Andrew uma vez soltou todo o leite no Matthew, foi hilária a


cara dele. — Elli comentou baixinho.

— Quem é Matthew? — Mel realmente não conhecia.

— Meu outro irmão, na verdade somos cinco, quatro homens e


uma mulher.

— Nossa, que família grande, eu sou filha única.

— Eu não me vejo sem os meus irmãos, Chris é o primeiro, sou o


segundo filho, depois vem Ethan, Matt e por último Megan.

— Ser filha única não me trouxe vantagem nenhuma, perdi meus


pais cedo e como não tinha irmãos, acabei ficando sozinha.

Antes que Elliot pudesse perguntar algo, July soltou um arroto


alto.

— Deixa-me fazê-la dormir? — Mel pediu ansiosa para pegar a


bebê no colo.

Elliot deu a pequena para ela e Melanie subiu para o quarto.

A canção que cantava no passado para Luna era a mesma que


cantou para a July ainda no lar provisório e que cantará agora.

Mel começou baixinho, em um tom tranquilizador.

“Brilha linda flor

Teu poder venceu

Traz de volta já

O que uma vez foi meu

Cura o que se feriu

Salva o que se perdeu

Traz de volta já

O que uma vez foi meu

Uma vez foi meu

Enquanto Mel cantava, o passado vinha à tona em seus


pensamentos, a bebê em seus braços não era loirinha como July, os
cabelos eram tão escuros quanto o céu noturno, as mãozinhas sempre
estavam presas no sutiã de Melanie, que a cada noite cantava a música
com ainda mais gosto.

Tanto ela quanto a pequena Luna se acostumaram com aquela


rotina gostosa.

Mel só voltou com os pensamentos para o quarto, quando sentiu o


corpo de July pesar pelo sono profundo e as lágrimas rolarem pelo seu
rosto.
O passado doía de uma forma intensa ainda, aquela dor da perda
nunca a deixaria.

Quando July já estava no berço, Mel desceu e Elliot ainda estava


na cozinha.

— Vai tomar um banho e depois desça para comer. — Ele falou


quando a viu.

— Você vai cozinhar? — Ela perguntou surpresa.

— Sei cozinhar muito bem, ao contrário do Christopher que é um


desastre, mas hoje já está tarde, então pedi em um restaurante italiano
que eu adoro.

Melanie assentiu e tentou evitar pensar nele cozinhando para ela.

— Ok, já volto.

Ela tomou um banho rápido e ele fez o mesmo.

Mas nada na vida prepararia Melanie para a visão que teve quando
desceu.

Ele estava de costas, usava apenas um short leve de academia, Mel


aproveitou bem a visão que o corpo exposto proporcionava.

Quando Melanie se aproximou, Elliot se virou, dando de frente


com ela, a esbarrada o fez segurá-la pelos braços e só então ele a
percorreu com o olhar.

Ela estava com um pijama que não tinha nada de curto ou vulgar,
mas que o acendeu mesmo assim, afinal a mulher era linda de qualquer
forma e seu jeito inocente de olhá-lo acabava se tornando sexy.

Se lembrar de cada parte que existia em baixo do pijama não


ajudou em nada Elliot, que ficou ainda mais quente.

Querendo ela mais do que qualquer coisa.


A intensidade entre os dois é forte, ambos sentiam a conexão
existente.

Sabe aquela que só acontece uma vez na vida ou duas se você for
uma pessoa de sorte?

As pernas bambas...

As mãos trêmulas...

A respiração irregular...

E o coração acelerado...

Era exatamente isso que ambos sentiam.

Elliot se aproximou um pouco mais e Melanie não se afastou,


sentia a respiração do moreno bem perto de seus lábios.

— Elliot. — Ela sussurrou.

Ele entendeu o recado e a puxou pela cintura, fazendo assim o


corpo da moça se chocar contra o dele, deixando bem visível a sua
ereção. Mel suspirou já querendo estar nos braços dele novamente.

— Melanie. — Ele sussurrou e Mel se aproximou mais, doida para


beijá-lo.

A intensidade estava cada vez maior e sem conseguir se aguentar,


Elliot a apertou um pouco mais e a beijou deliciosamente.

Quando ambos já estavam quentes de desejos, prontos para estrear


o balcão da cozinha, a campainha tocou.

— Droga. O jantar chegou. — Elliot reclamou não querendo soltá-


la, mas teve que ir abrir a porta.

Mel se apoiou no balcão, para ver se conseguia parar de tremer.


O que acabou de acontecer? — pensou alarmada.

Ela estava prestes a se entregar para Elliot Bittencourt novamente.

Isso era perigoso, mas ao mesmo tempo tão irresistível que


Melanie se pegou desejando mais, muito mais dele...
Capítulo 6

Quando Elliot retornou com o jantar, Melanie ainda permanecia no


mesmo lugar, a intensidade que sentiu nos braços dele anos antes,
parecia ainda não ter mudado. Com ele, ela se sentia viva novamente, se
sentia quente, desejosa, atraente, voltava a se sentir a Melanie de antes.

— Está tudo bem? — Ele perguntou a olhando atentamente.

Sim, só minhas pernas que ainda estão bambas. — Ela pensou em


responder, mas não o fez é claro.

— Sim — sussurrou sem olhá-lo.

Ele ainda a olhava intensamente, parecia conseguir enxergar mais


do que a própria Melanie queria demonstrar.

Quando Mel ergueu o olhar, os dois se encararam com a mesma


intensidade de minutos antes, mas quando ele ia se aproximar
novamente, Melanie interveio.

— Vamos jantar? Eu estou faminta. — Ela comentou, mas não


estava com tanta fome na verdade, era apenas um modo de afastá-lo.

Dessa vez, ela não estava em Nova Iorque apenas por um fim de
semana, não era mais só o cara bonitão amigo do seu amigo, era o
homem responsável pela bebê que estava no andar de cima, a mesma
bebê que é fruto dos únicos verdadeiros amigos que teve durante a vida
toda.

Não era mais apenas um caso de uma noite, se relacionar com


Elliot Bittencourt poderia trazer consequências que Melanie não estava
disposta a arcar. Não ainda pelo menos, não antes da leitura do
testamento.

Elliot não disse nada, pareceu enxergar nos olhos escuros dela
todas as dúvidas, medos e inseguranças.

Com a mesa já posta, Melanie teve de comer, afinal se mentiu,


tinha que interpretar certo até o fim.

— Morou em Nova Iorque a vida toda antes de começar a viajar


pelo mundo? — Elliot perguntou enquanto servia mais um pouco de
vinho para os dois.

— Sim. — Ela foi evasiva, estava na defensiva, falar sobre o


passado trazia lembranças doloridas demais.

— Você e Lisa se conheceram onde? — Ele voltou a perguntar,


querendo de alguma forma que Melanie conduzisse a conversa também.

— Nos conhecemos ainda na infância, ela era a minha única amiga


na escola. — Mel bebeu do vinho, com os olhos nele, que também a
olhava.

— Única? Você era uma criança difícil de fazer amizades? —


Elliot perguntou com um pequeno sorriso de lado, imaginando uma
Melanie pequena e rabugenta.

— Não sei, mas acredito que ser a única órfã da turma, que mora
em um lar pago pelo governo, tenha influenciado na minha falta de
amigos. — Ela respondeu em um tom baixo e no mesmo instante o
sorriso dele morreu.

— Sinto muito, eu sabia da perda dos seus pais, mas não achei que
fosse na infância.

— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim, mas não
precisa se desculpar, falar sobre a perda dos meus pais se tornou algo
menos doloroso com o tempo. Ter Elisabeth ao meu lado me ajudou
muito, ela se tornou parte de mim, tanto que quando terminamos o
colegial, fomos para a mesma universidade.

— Também cursou administração? — Ele provou do vinho,


gostando muito de saber mais sobre ela.

— Sim. Era o nosso sonho desde pequenas. — Ela respondeu e


comeu mais um pouco, ainda com o olhar atento dele.

— Nada de balé, moda ou essas coisas que meninas querem cursar


na infância?

Melanie que agora bebia do vinho, sorriu ainda com a taça perto
dos lábios.

— Vou ser sincera com você, eu queria ser maquinista de trem. —


Ela acabou sorrindo mais amplamente com a cara que ele fez.

— Sério?

— Hum rum, pois é.

— Por que uma profissão tão... peculiar? — Ele perguntou


interessado.

— Quando eu perdi meus pais, meu maior passa tempo na casa


nova era ficar na janela, vendo o enorme trem que passava ali perto
todas as manhãs, eu ficava imaginando qual seria a sensação de ter algo
tão grande em nossas mãos, obedecendo aos nossos comandos. Foi um
sonho de criança, mas é uma lembrança boa. — Melanie contou
nostálgica e Elliot amou ver aquele brilho no olhar dela.

Vendo que ele apenas a encarava, Melanie voltou a falar, mas


dessa vez com uma pergunta direcionada a ele.

— E você, sempre quis ser advogado? — Os olhos dele brilharam


também se recordando de algo bom, da infância, época na qual a
felicidade é pura.

— Quando criança, eu sonhava em ser astronauta.

Melanie o olhou divertida.


— Mas por que desistiu?

— Não tentei na verdade, foi apenas uma vontade breve.

Mel assentiu, entendendo perfeitamente isso. Na infância, as


crianças costumam mudar os sonhos com facilidade.

O restante do jantar se seguiu com uma conversa agradável, onde


Elliot não entrou em assuntos que Melanie não estava disposta a
discutir.

A limpeza de tudo foi com a ajuda dela, que mesmo ele alegando
não precisar, Melanie fez questão, estavam convivendo juntos, nada
mais justo do que dividir as mesmas tarefas.

— Boa noite Elliot. — Ela desejou no pé da escada, percebendo


que ele não subiria.

— Boa noite Melanie. — Ele a olhou uma última vez.

∞∞∞

Na manhã de segunda-feira, quando Elliot desceu, Melanie e July


já estavam a todo o vapor na sala de estar.

A bebê engatinhava para todos os lados e não dava atenção para a


televisão que passava um desenho animado.

— Bom dia, acordaram cedo. — Ele caminhou até July, que sorriu
quando foi pega no colo e recebeu um beijo nas bochechas gordinhas.

— July me acordou, ela estava com fome. A propósito eu fiz o


café da manhã. — Mel olhava para os dois admirada.

— Eu posso me acostumar com isso. — Ele brincou e deu uma


piscadela para ela.
Melanie sorriu e se levantou.

— Já que você está acordado, eu vou subir para me arrumar para a


leitura do testamento.

Ele assentiu e deixou que July puxasse o nó da sua gravata,


olhando para Melanie que subia as escadas de cabeça baixa.

Quando chegou ao quarto, foi direto para o banho, mas enquanto


procurava algo para vestir na mala, encontrou o cartão que Justin tinha
dado para ela.

Pegou o número e salvou nos contatos, mandando uma mensagem


em seguida, avisando que esse era o número dela.

— Minha mãe vai ficar com a July. — Elliot avisou quando ela
desceu já pronta.

— Tudo bem. — Mel assentiu.

Quando faltava uma hora para o horário marcado, eles deixaram o


apartamento e seguiram para o condomínio, mas dessa vez o destino não
era a casa de Christopher e Tayla.

Quando o carro parou de frente com a mansão, Melanie reparou na


beleza do local.

— Obrigada Will. — Ela agradeceu quando o homem loiro abriu a


porta.

Elliot que pegava July no bebê conforto olhou para o funcionário


da família.

Willian por sua vez nem percebeu, ele estava distraído demais
olhando para a bebê nos braços do patrão.

July não mordia apenas os dedinhos, a gravata de Elliot estava


servindo bem como mordedor.
Quando Angélica abriu a porta e viu a bebê, foi impossível não
sorrir.

— Que coisa mais linda. Vem com a vovó. — Ela comentou


estendendo os braços para a pequena, que aceitou sem reclamar, colo era
o ponto fraco de July.

Elliot sorriu e entregou a bebê, já Melanie apenas olhava para a


mulher elegante na sua frente.

— E você só pode ser a Melanie, é um prazer conhecê-la, Tayla


me falou o quanto é bonita, não acha filho? — Angélica sorriu para Mel,
que mesmo envergonhada, retribuiu ao gesto.

— Realmente linda. — Elliot concordou, sabia o que a mãe estava


querendo com isso e resolveu ser sincero, Melanie é realmente muito
bela.

Angélica sorriu ainda mais satisfeita.

— Obrigada por cuidar dela dona Angélica, não seria bom levar
July conosco. — Melanie agradeceu.

— Primeiro, nada de dona e segundo, não precisa agradecer,


cuidar de July será um prazer.

∞∞∞

Quando chegaram ao escritório do advogado responsável pela


leitura, ainda faltava meia hora, então os dois se sentaram lado a lado na
recepção.

Foi nesse momento que o celular de Melanie tocou. Elliot olhou


para o visor e viu o nome Justin.

— Já volto. — Ela se levantou e se afastou, com Elliot a seguindo


com o olhar.
Desde quando colocou os olhos em Justin, Elliot não gostou e
saber que ele estava ligando justamente para Melanie o incomodava.

— Oi. — Ela atendeu quando se afastou o suficiente.

— Oi Mel, como você está? — A voz dele estava preocupada.

Desde a época da universidade, Justin tinha sido um bom amigo.

— Não vou dizer que estou bem, não é a palavra ideal para o
momento. — Ela comentou triste.

— Eu sinto muito Mel, se precisar de mim eu sempre estarei aqui,


para qualquer coisa.

— Eu agradeço Jus, sei que posso contar com você.

— Liguei também para saber se você quer almoçar comigo? Vai


ser bom você se distrair.

Melanie olhou para a direção em que Elliot estava, e viu um


homem tão lindo e ao mesmo tempo tão triste, com os cotovelos
apoiados nos joelhos e a cabeça sobre as mãos.

— Quando?

— Hoje está bom para você?

— Pode ser.

— Posso te buscar se quiser. Você está no seu apartamento?

— Não estou, me manda o endereço e nos encontramos lá.

— Ok.

— Ótimo.

Ela finalizou a ligação e voltou a se sentar ao lado de Elliot, que


agora estava concentrado no celular.

— Ele gosta de você.

— Ele quem? — Ela perguntou confusa, afinal Elliot permaneceu


um bom tempo em silêncio.

— Justin, dá para perceber. — Ele guardou o celular, antes que a


próxima mensagem de Sabrina chegasse.

— Somos só amigos, no momento eu estou indisponível. — Ela


comentou se lembrando do seu último relacionamento, ainda não estava
preparada para viver algo assim novamente.

— Está com alguém? — Ele perguntou interessado, afinal ela pode


ter deixado alguém no Brasil.

— Não, apenas não tenho cabeça para isso. E você, tem alguém?
— Ela mordeu o lábio inferior, com medo de estar sendo intrometida.

Mas nada mais justo, afinal ele perguntou o mesmo para ela.

— Também não. — Elliot foi sincero, afinal o que Sabrina queria


ele não estava disposto a dar.

Quando Melanie ia dizer algo, o advogado os chamou.

— Sou Marcos Andrade, representava a família Stef...


Capítulo 7

A leitura de um testamento pode ser algo esperado por muitas


pessoas, a maioria delas com a ambição em mente, mas para Melanie e
Elliot, esse momento estava sendo angustiante.

Elliot Bittencourt vem de uma família de posses, é herdeiro de


umas das mais bem-sucedidas empresas de Nova Iorque, sem contar o
valor considerável que ele possui em bens próprios, fruto do seu
trabalho e do seu esforço.

Melanie Mayer, por outro lado não é milionária, mas o passado


trágico trouxe para ela uma herança considerável, que deu para comprar
seus dois apartamentos, um localizado em Nova Iorque e o outro no
Brasil, conseguiu também garantir os seus estudos e depois de formada,
com esforço próprio, atingiu um grau de vida confortável.

Então para os dois, o dinheiro ali deixado, pelos seus dois


melhores amigos, não importava, tudo o que ambos almejavam era a
guarda de July, era saber que a pequena continuaria com um dos dois,
era poder estar ao lado dela.

— Elisabeth e Eduard me procuraram semanas antes do ocorrido...


— O advogado começou sendo cauteloso, não era a sua intenção
levantar questões infundadas.

Melanie o olhou mais atentamente, querendo desvendar as


entrelinhas daqueles olhos cor de mel.

— Quantas semanas exatamente? — Ela não deixou o olhar do


homem, que ficou desconfortável com tamanho interesse da parte dela.

— Três para ser exato.

Mel se recostou na cadeira e olhou para Elliot, que olhava para o


advogado com o mesmo interesse.
— Está querendo dizer que pode não ter sido um acidente? —
Melanie se viu perguntando e quando as palavras deixaram a sua boca,
ela se sentiu nausear.

— Não, eu já cuidava dos bens do casal Stef, porém ocorreu uma


mudança três semanas antes do acidente.

Elliot que já sentia seu sangue esfriar temeroso com o que lhe
passava pela mente, continuou em silêncio, deixando que apenas
Melanie fizesse as perguntas.

— Qual mudança exatamente? — Ela voltou a perguntar nervosa.

Mesmo o advogado negando, a suspeita permaneceu nela.

O que levaria os amigos, tão jovens, a deixar tudo organizado


caso uma tragédia ocorresse?

Nem mesmo ela, quando era mais jovem e estava em uma situação
parecida se prontificou a deixar tudo estabelecido em um testamento.

— Bom... Explicarei a mudança daqui a pouco, primeiro quero


deixar claro a questão dos bens. — Ele pegou os papéis e olhou para os
dois. — Tanto Elisabeth quanto Eduard concordaram que July só poderá
usufruir dos bens herdados quando atingir a maior idade. — Os dois
assentiram, afinal isso é algo que eles já imaginavam.

— A propriedade da família Stef foi deixada para a única filha do


casal. Os dois tinham seguro de vida e o acidente acabou deixando uma
quantia considerável para a única beneficiária dependente deles. — Ele
estendeu um pequeno pedaço de papel para ambos verem o valor.

Melanie e Elliot assentiram, querendo chegar logo à questão mais


importante.

— E a custódia legal da July? — Elliot perguntou.

De tudo aquilo, a bebê sorridente era o bem mais precioso que o


casal tinha deixado na terra e tanto Melanie quanto Elliot não desistiriam
dela.

— Eu os aconselhei a conversarem com vocês, mas pelo visto não


fizeram. — Marcos comentou olhando para os dois com uma pergunta
explícita.

— Lisa não me disse nada. — Mel olhou para Elliot, como se


estivesse perguntando se ele fora informado de algo.

— Não, para mim também não. — Ele respondeu à pergunta


silenciosa dela.

— Bom sobre isso... A custódia foi deixada para vocês dois. — O


advogado disse e Melanie se sobressaltou, quase caindo da cadeira.

— O quê? — Ela falou no exato momento em que Elliot


perguntou. — Como assim?

— Os pais de July a deixaram com os dois, é uma guarda


compartilhada. — Marcos voltou a estender outro papel na frente de
ambos, mas nenhum dos dois olhou, eles apenas se encararam, sem
saber o que pensar sobre isso, sem saber como agir com essa notícia.

— Deve haver algum engano. — Melanie comentou para si


mesma, mas o advogado a respondeu.

— Não há erros senhorita Mayer, você e o senhor Bittencourt são


os dois responsáveis legais pela de menor July Stef.

Elliot começou a rir de nervoso e Melanie permaneceu calada em


choque.

— Era sobre essa mudança que eles trataram três semanas antes da
tragédia, antes os bens era a única coisa no testamento, mas a custódia
de July foi algo que eles quiseram deixar garantido caso algo
acontecesse.

— Ela deixou a July para nós dois. — Mel comentou sussurrando,


ainda não acreditando nisso.
— Pelo visto sim. — Elliot respondeu, lendo os papéis a sua
frente.

Era realmente verdade, estava assinado pelos amigos.

— Por que eles não nos contaram isso?

— Calma Melanie.

— Não Elliot, poderíamos estar mais preparados para agora, não


teríamos sido pegos de surpresa.

— Sabíamos que a July ficaria com um de nós, ela só tem a gente.

— Eu sei e não estou reclamando, mas imaginei que seria comigo,


não com você.

— Acha que eu não sou capaz de cuidar dela?

— Não é isso, só imaginei que por ser uma mulher, eu seria...

— Eu não posso por ser homem? — Ele perguntou começando a


se irritar.

— Não é isso, mas...

O advogado pigarreou, e ambos olharam para ele.

— Tem algo mais que devemos saber? — Elliot perguntou, se


levantando.

— Sim, ainda sobre os bens, o casal deixou tudo para July, mas
vocês poderão usar para auxiliar na educação e criação dela.

Para eles, o dinheiro era o de menos, ambos não iriam mexer no


que é de July.

Eduard era renomado na empresa de computação que trabalhava e


Elisabeth era a administradora de uma empresa pequena na cidade, mas
herdou os bens dos pais, quando eles faleceram.

— Eles deixaram algo para vocês. — O advogado falou, enquanto


destrancava uma gaveta e a abria, retirando de lá dois envelopes.

Ele estendeu o de Melanie para ela e o de Elliot para ele.

Elli apenas encarou o envelope, e Melanie deixou uma lágrima


rolar quando viu a caligrafia bonita de Lisa.

“Para a minha única irmã”

— Se vocês quiserem um momento em privacidade para lerem.

— Eu lerei em casa. — Elliot respondeu, já Melanie apenas


guardou o envelope na bolsa.

— Tudo bem, agora tem mais uma coisa, a última. — Ele falou se
encostando na cadeira. Tratava-se da coisa mais importante, do motivo
principal dessa reunião.

— Como pretendem criar a July? — Marcos perguntou olhando


para os dois.

Melanie olhou para Elliot e ele também a olhou, os dois pensando


na melhor resposta.

— Podemos morar perto, não sei... Talvez... — Melanie sugeriu.

— Pegá-la no final de semana? — O advogado completou a frase,


erguendo uma sobrancelha.

Melanie o olhou contrariada.

— Não é assim que eles queriam que a filha fosse criada, essa é a
questão, se vão criar July, terá que ser juntos, eles foram claros, a
custódia legal da bebê é para os dois.
— Teremos que morar juntos? — Melanie perguntou o que já
estava claro.

— Exatamente. — O advogado concordou.

— Pela vida toda? — Melanie voltou a perguntar surpresa.

— O tempo exigido pelo falecido casal é de três anos.

— E se recusarmos? — Elliot quem perguntou.

— July irá para um lar.

— Isso não vai acontecer. — Melanie falou decidida.

July não irá para um lar.

— Então até os três anos de vida dela teremos que morar juntos?
— Elliot perguntou já se aproximando da porta.

— Exatamente, senhor Bittencourt.

— Então é o que faremos, July não vai para um lar. — Elliot


concretizou e saiu.

Ele precisava de ar, precisava digerir toda essa situação antes de


encarar Melanie sozinho.

Morar com ela?

Cuidar de uma criança ao lado de uma mulher?

Ganhar uma família?

Era muita coisa, no momento ele só precisava ficar sozinho e


extravasar toda a tensão do seu corpo, sabia exatamente para onde ir...
Capítulo 8

Quando Melanie viu Elliot sair, ela soube que as coisas não seriam
mais as mesmas.

Tanto que quando ela deixou o escritório, Willian permanecia ali a


esperando.

— Cadê ele? — Ela perguntou para o motorista.

— Saiu com o carro da segurança. — Ele respondeu.

Mel que até aquele momento não tinha reparado, olhou ao redor,
ainda restava um carro estacionado bem perto.

— Seguranças?

— A família Bittencourt é conhecida na cidade, eles precisam de


seguranças. — Ele respondeu apenas isso, abrindo a porta para Melanie.

— Vamos buscar July e depois podemos ir para o apartamento do


Elliot. — Ela pediu e permaneceu o restante do percurso em silêncio.

Seria tudo diferente do que ela imaginou. Não poderia levar July
para o Brasil, não poderia voltar para a sua vida lá, teria que ficar em
Nova Iorque por anos, sem contar que morar com Elliot era algo que a
incomodava.

Melanie sempre foi uma mulher independente, no passado morou


com um homem e foi feliz, até que tudo mudou, seu maior medo agora
era que tudo se repetisse.

July tinha adormecido quando Melanie foi buscá-la, Angélica


estranhou a falta do filho, mas nada comentou, apenas se despediu e
deixou as duas partirem, não sem antes combinar de que ambas
voltariam em breve.
Agora, já no apartamento dele, Melanie começou a digerir tudo o
que Lisa e Eduard pediram no testamento.

Morar por três anos com Elliot e criar July juntos...

Mas e após esse tempo? O que aconteceria?

Será que Elliot deixaria July morar no Brasil com ela?

Será que ele lutaria pela guarda definitiva dela?

Será que em vez de continuarem amigos, se tornariam dois


desconhecidos disputando na justiça pela mesma criança?

Cada pensamento a deixava ainda mais confusa. Quando o celular


dela tocou, Melanie correu para atender, com certeza era a Karina.

— Por que não me ligou? — Ela perguntou assim que Mel


atendeu.

— Eu estava ocupada, me desculpe.

— E como você está Mel? — O tom preocupado fez Melanie se


sentir acolhida.

— Eu estou sendo forte por July, ela precisa de mim assim como
eu dela. — Ela respondeu sincera, querendo mais do que tudo ter a
amiga ao seu lado.

— Sabe que eu queria estar aí com você, mas meu chefe não quer
me liberar, aquele idiota. — Karina reclamou.

— Eu sei amiga, não se preocupe. — Mel concordou, sabendo das


razões dela.

Karina tinha acabado de se formar em gastronomia, mas


trabalhava como ajudante em um restaurante de luxo, seu maior objetivo
era abrir o próprio negócio, por precisar do emprego e do dinheiro, tinha
que tolerar o chefe insuportável.
— Quando vai trazer July para cá? — Ela perguntou, sem saber da
história toda.

— Não poderei, terei que morar aqui por três anos. — Mel
desabafou.

Precisava tanto de um abraço, até mesmo a típica frase “vai ficar


tudo bem” seria aceitável agora.

— Por quê? Achei que sua viagem fosse rápida.

— Também acreditei, mas Lisa e Eduard deixaram a guarda para


mim e para o Elliot.

— O quê? — Karina quase berrou.

— Foi exatamente essa a minha reação, mas ainda não é tudo, terei
que morar com ele, Lisa e Edu queriam que a filha fosse criada por nós
dois, caso algo os acontecesse, pelo menos por três anos, até a pequena
crescer e se adaptar melhor. — Mel começou a contar e Karina
permaneceu em silêncio, apenas prestando atenção em cada palavra.

— Então você terá que morar com ele?

— Sim, não sei como as coisas serão agora.

— Vocês ainda não conversaram?

— Não, ele sumiu logo após o término da leitura, e eu estou aqui,


sem saber o que fazer. Estou ficando apavorada Ka, eu não esperava por
isso.

— Mel, só porque a sua primeira experiência não deu certo...

— Não vem com essas frases de autoajuda Karina, é tudo o que eu


menos preciso agora. — Melanie a cortou, afinal Karina sabia de tudo o
que ela já tinha passado.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Sentirei sua falta. —
Ela recuou, sabia o quanto esse assunto era doloroso para a amiga.

— Você poderia passar esse tempo aqui, talvez possamos abrir o


restaurante.

— Sabe que não posso.

— Por quê?

— Primeiro porque não temos a verba, segundo que Caio nunca


deixaria o Brasil, sabe como ele é.

— Teremos a verba, terei que sair do trabalho e ligarei lá amanhã,


o dinheiro vai ajudar, sem contar que posso vender o apartamento que
tenho aí. — Melanie começou a convencê-la.

— Não seria justo com você, seremos sócias, mas você entrará
com mais dinheiro do que eu.

— Não ligo para isso, sabe que não sou tão boa na cozinha como
você, por que não vem?

— Tem o Caio, eu o amo Mel e não posso deixá-lo.

— Já sabe o que penso sobre isso, se um dia quiser vir, estarei te


esperando.

As duas se despediram e Mel resolveu ligar para Justin, hoje não


era um bom dia para sair para almoçar.

∞∞∞

— Está tudo bem? — Chris perguntou assim que entrou no imenso


local e avistou Elliot, parado bem no centro.

— Não, que bom que veio, preciso treinar.


Christopher apenas encarou o irmão, tentando decidir se devia ou
não perguntar.

Optou por permanecer em silêncio e começou a se aquecer.

— Sabe que pode contar comigo. Para qualquer coisa. — O mais


velho foi cauteloso, nunca tinha visto Elliot tão tenso.

— Eu sei, por isso te chamei aqui.

Christopher sorriu com deboche.

— Para apanhar? — perguntou, afinal Elliot sempre perdeu para


ele.

— Tanto faz, desde que eu não tenha que ir para casa ainda.

—As coisas estão ruins? — Ele perguntou posicionando-se.

Elliot também se colocou em posição e preparou para atacar.

— Eduard e Lisa deixaram a guarda para mim e para a Melanie.


— Quando ele disse, Christopher ficou tão surpreso que abaixou a
guarda e Elliot o acertou.

Um de direita no queixo.

— Vai ter volta.

— É isso o que eu quero. — Elliot provocou.

E assim os dois começaram, quando Elli já tinha sido derrubado


duas vezes e Christopher nenhuma, ele se abaixou na altura do irmão e
falou:

— Sabe que só o Ethan me derrubou uma vez, porque eu estava


distraído, agora vai de você, quer continuar aqui apanhando ou quer
conversar? — Ele o olhou nos olhos, mas Elliot o pegou desprevenido
com uma chave de perna, derrubando o irmão.
— Filho da put...

— Isso que dá ficar falando merda.

Christopher acabou sorrindo, os dois deitados lado a lado, suados e


sorrindo.

— Eu não sei o que fazer, morar com a Melanie não estava nos
meus planos. — Elliot começou a falar.

— Nunca está nos nossos planos, apenas acontece. — Christopher


permaneceu olhando para o teto da academia de treino deles.

— Como foi quando isso aconteceu com você?

O mais velho se virou para o irmão e franziu a testa confuso.

— Defina isso.

— A família, Tayla e Andrew, morar junto...

— Não aconteceu rápido assim, quando Andrew nasceu eu já sabia


que amava Tayla e era recíproco, não foi assim do nada, mas no seu
lugar eu estaria lá com elas, imagina como a Melanie não deve estar
apavorada? Você já está, imagina ela.

Elliot pensou nas palavras do irmão.

— Desde quando você ficou tão piegas?

— Desde que eu comecei a amar aquela garota irritante que se


mudou para nossa casa, logo você vai saber o que é isso. — O
primogênito o socou no ombro.

Elliot se levantou e deu a mão para o Chris.

— Sabe que o meu caso é diferente, eu não a amo, não irei amá-la,
não é como se fossemos uma família, meu único interesse é o bem-estar
da July.
Chris deixou um sorrisinho escapar, mas Elliot pareceu não
perceber, ou se percebeu o ignorou.

— Se você diz. — Chris pegou a garrafinha de água e bebeu,


olhando de relance para o irmão que parecia frustrado.

— Eu vou para casa, preciso resolver isso logo. São só três anos
afinal.

— Comigo e com Tayla foram apenas três meses e pareceu uma


vida, mas é como você disse, não são um casal e não tem sentimento no
meio, então poderá ser um convívio amigável.

— Tomara.

— Vai ser, Melanie sairá com outros caras e você poderá


continuar vivendo a sua vida. — Chris comentou como se não fosse
nada e deu de ombros, mas percebeu quando o irmão ficou tenso.

— Eu vou para casa. — Elliot deu as costas para o irmão, mas não
antes de ouvir a risada de Christopher.

∞∞∞

— Oi. — Ele falou quando chegou ao apartamento.

— Oi. — Melanie respondeu e ele se aproximou, depositando um


beijo na bochecha de July, que estava no colo da Mel.

Ele olhou para os olhos escuros dela e Mel já o olhava.

— Como vai ser agora? — Ela perguntou em um sussurro e


caminhou para a sala, colocando a pequena no tapete.

Ele a seguiu e se sentou ao lado dela.

— Não sei, não tenho a menor ideia. Podemos nos mudar.


— Nos mudar?

— Sim, para uma casa, com jardim, espaço para ela, não quero
que ela cresça em um apartamento de solteiro.

Melanie assentiu.

— Sim, pode ser melhor.

— Vou providenciar tudo e nos mudaremos em breve. — Ele


estava dando o assunto por encerrado, mas Melanie ainda não estava
satisfeita.

— Sobre hoje mais cedo... Eu não quis dizer que você não é capaz,
só achei que...

— Eu sei, não tem importância.

— Tem sim, não quero que você fique assim comigo, afinal
teremos que conviver por três anos, no mínimo devemos nos dar bem.

Elliot suspirou.

— Você tem razão, seremos amigos e essa convivência será para o


bem da July. — Ambos olharam para a pequena, que mordia um
mordedor alheia a tudo.

— Sim, por ela. — Mel concordou.

— Eu vou subir para tomar um banho.

— Eu preparei o almoço. — Ela avisou.

Ele se virou e a olhou curioso.

— Você cozinha?

— Não sou só um rostinho bonito Elliot, sei me virar.


Ele sorriu para ela, pela primeira vez naquele dia ele percebeu que
morar com Melanie não seria tão difícil afinal.

Não por ela saber cozinhar, mas por ela ser simples, gentil,
humorada e ser apenas ela, com um jeito especial de ser...
Capítulo 9

Havia se passado um mês que Melanie veio morar em Nova


Iorque, um mês ao lado de July e Elliot. A convivência entre eles estava
sendo cada vez melhor.

— Quer ajuda com isso? — Elliot perguntou quando entrou no


quarto que Melanie e July dividiam.

— Não precisa, mas obrigada. — Ela sorriu para ele, que a


surpreendeu, começando a ajudá-la com as roupinhas da bebê.

Cada peça de July já estava guardada, afinal todos os pertences da


bebê foram buscados na casa dos falecidos pais e Mel se encarregou de
contratar alguém para ficar responsável pela casa, que ficará trancada até
July ter idade o suficiente para decidir o que quer fazer com a
propriedade.

Elliot que já tinha terminado de pegar os objetos pessoais e


necessários que levaria, esperava as duas na porta.

— Nos mudar será bom, terá mais espaço para July e será ainda
melhor para nós, teremos minha mãe, Tayla e Megan por perto e elas
estão dispostas a nos ajudar com essa bebê linda aqui.

Mel assentiu, concorda completamente com ele, July é uma


criança ativa, gosta de explorar tudo e crescer em um apartamento não é
a melhor opção.

∞∞∞

Quando o carro parou de frente com a casa no condomínio da


família, Mel ficou abobalhada.
— Tão linda — comentou para ninguém em especial.

— Sim, a única coisa desagradável é que seremos vizinhos do


Chris. — Elliot brincou e foi quando Mel percebeu que realmente eles
eram vizinhos, lado a lado.

— Viu bebê? Você crescerá ao lado do priminho, não é legal isso?


— Mel falou com July, que sorriu sem entender nada.

A semana deles passou colocando tudo no lugar, o bom da casa era


a quantidade de quartos, tinha o de July, o de Elliot, o de Melanie e mais
dois que deixaram para ser de hóspedes.

A casa é dos sonhos e Mel ficava se perguntando o quão difícil


seria limpar, mas para a surpresa dela, o condomínio tinha a própria
empresa de limpeza e só era necessário contratar uma cozinheira ou
governanta, coisa que Mel achou desnecessário, afinal ela adorava
cozinhar e ainda estava sem emprego depois que fez acordo no trabalho
que tinha no Brasil.

Com a mudança finalizada e as proteções para a área da piscina


corretas, Mel deixou que July explorasse tudo, afinal a casa já estava a
prova de bebês, tudo que estava no baixo teve que subir e apenas os
brinquedos ocuparam os lugares.

Estava sendo um bom início para os três, se mudar ajudou a


melhorar as coisas.

∞∞∞

Quando o domingo chegou, trouxe com ele o aniversário de um


aninho de Andrew.

— Como você está linda meu amor. — Elliot comentou assim que
entrou no quarto.

Melanie sorriu e admirou a beleza do moreno.


— Sim, está uma bonequinha. — Ela concordou sorrindo e
olhando ele que pegava a bebê no colo.

July estava vestida com um lindo macacãozinho rosa, presente da


tia Megan, que a visitava sempre que os estudos deixavam.

Melanie estava linda também, com um vestido do mesmo tom da


roupinha de July e Elliot não deixou de admirar a moça.

— Você também está linda.

— Obrigada, digo o mesmo. — Ela agradeceu sorrindo.

Quando tocaram a campainha da casa ao lado, quem abriu foi


Tayla.

— Oi, que bom que vieram.

— Não perderíamos por nada. — Elliot a beijou.

— Tire suas mãos da minha mulher. — A voz de Chris foi ouvida.

— Deixa de ser ciumento, ela só tem olhos para você. — Elliot foi
direto pegar Andrew, que estava no colo do pai.

— Quem é o aniversariante de hoje? — O menino sorriu sapeca,


amava ser paparicado.

Melanie o parabenizou também, deixando que July entregasse o


presente para o primo.

Quando adentraram a festa, eles se sentaram em uma área


agradável perto da piscina.

— Está tão bonita a decoração. — Ela comentou com Elliot, que


permanecia ao lado dela.

— Está mesmo, minha mãe sempre quis um neto e Megan um


sobrinho, Andrew nasceu e elas deixam Tayla louca de tanto que
querem ajudar.

— Assim é bom.

— Não sei se achará isso quando for com você e a July. — Ele
acabou sorrindo com a careta que Melanie fez.

— Deixa-me ficar com ela um pouco. — Elliot pegou July e


começou a brincar com a pequena.

Mel não deixou de perceber o quanto ele adorava a bebê, Lisa e


Eduard acabaram fazendo uma excelente escolha, Elliot ama July de
verdade.

— Eu sou tão apaixonado por ela. — Ele comentou, quando


percebeu o olhar de Melanie nos dois.

— Eu também amo essa lindinha, ela acabou virando o melhor que


tem em minha vida. — Mel sorriu e se levantou. — Vou pegar água para
July, você quer alguma coisa?

— Não. — Ele negou e observou-a se afastar.

Mel caminhou em direção ao balcão onde estavam as bebidas e


colocou a água na chuquinha de July.

— Que bebê linda. — Ela ouviu uma voz atrás dela.

Quando a moça se virou, deu de frente com um homem moreno


sorridente.

— Obrigada. — Ela agradeceu sorrindo e olhou na direção que


July e Elliot estavam, quando os olhos azuis dele se encontraram com o
dela, a mesma sentiu seu coração se acelerar, mas Elliot parecia não
estar gostando de algo.

— Soube o que aconteceu com os pais dela. Sinto muito. — O


moreno ao seu lado voltou a falar.
— Foi uma tragédia. — Mel sussurrou e percebeu quando
Christopher se aproximou de Elliot, que fechou ainda mais a cara.

Chris sabia que o irmão estava com ciúmes, ele só não queria
admitir isso.

— Você mesmo disse que a convivência seria agradável, afinal


não existe sentimentos entre vocês. — O mais velho provocou.

— Não existe mesmo. — Elli tentou ser convincente.

— Se você diz. — Chris sorriu convencido.

Quando Melanie voltou para a mesa, a pergunta saiu antes mesmo


que Elliot a segurasse.

— O que ele queria?

— Como? — Mel franziu o cenho confusa.

— O que o assistente do meu pai queria? — Elliot olhou para o


homem, que ainda estava no mesmo lugar, parado próximo à mesa de
bebidas.

— Ele é assistente do seu pai?

— Ele é. — Elliot sentia os olhares de Christopher nele, mas não


ligava, ele só queria saber a resposta.

— Ele apenas comentou o quanto a July é bonita e eu agradeci. —


Melanie respondeu e se sentou para dar água para July que ainda estava
no colo de Elliot.

Andrew que já andava saiu em disparada quando viu a mãe e a


avó.

— Vou atrás dele. — Chris avisou e caminhou atrás do pequeno,


que mesmo andando cambaleante, chegou até a mãe e estendeu o
bracinho, querendo colo.
— Será que pode colocar bebê na piscina de bolinha? — Mel
perguntou e olhou para Elliot.

— Vamos lá ver.

Quando eles chegaram com a pequena, a moça responsável pela


piscina de bolinha retirou as crianças maiores e colocou July lá dentro.

— Vou colocar o Andrew com ela. — Tayla se aproximou e


colocou o pequeno lá dentro.

Ele se sentou ao lado de July, que segurava uma bolinha nas mãos.

Quando Andrew pegou uma bola vermelha e entregou para July,


Melanie, Tayla e Elliot sorriram com isso.

— Acho que meu filho se encantou por essa princesa. — Chris


comentou quando chegou e abraçou a esposa.

— Pode manter ele longe da minha menina. — Elliot brincou.

— Relaxa, você ainda terá muita dor de cabeça quando ela crescer.
— Melanie o provocou.

— Sem contar que a menina é linda, te dará um trabalho. — Tayla


entrou no meio, provocando ainda mais ele.

Christopher gargalhava.

— O meu é menino então estou salvo disso. — O loiro se gabou.

Elliot apenas permaneceu com uma carranca, mesmo com os três


rindo ao seu lado.

∞∞∞

— A festa foi perfeita. Obrigada pelo convite. — Mel agradeceu


quando estavam indo embora.

— Logo é o dessa pequena. — Tay sorriu e beijou a mãozinha da


July, que estava sonolenta.

Melanie e Elliot se olharam, eles não tinham pensado nisso ainda.

— Iremos fazer uma festa para ela? — Mel perguntou e ele


assentiu.

— Devemos sim.

— Te ajudo com o que precisar Melanie. — Tayla se prontificou e


Mel aceitou.

Quando os três chegaram, Mel deu um banho em July e


mamadeira, logo após a menina adormeceu cansadinha.

— Eu me apeguei tanto nela, que às vezes penso que estou sendo


egoísta por amar cuidar dela. — Melanie comentou quando Elliot entrou
no quarto da bebê e parou ao seu lado, olhando a pequena dormir no
berço.

— Não estamos sendo egoístas, Edu e Lisa iriam querer isso.

— Sim, também acho. — Ela levantou o olhar e o encarou.

Elliot sentiu quando seu coração se acelerou e sem poder evitar,


ele segurou o rosto dela e a beijou...
Capítulo 10

Melanie se assustou quando os lábios dele a tocaram, mas o


correspondeu, estava com saudades do sabor, do toque, da intensidade.
Beijar Elliot era viciante e Mel temia nunca mais querer parar.

As línguas se duelavam em busca de mais prazer, Melanie gemeu


baixinho, o som foi um estímulo para ele a puxar ainda mais para si,
querendo unir os corpos o máximo possível.

— Melanie... — Ele gemeu baixinho, encostando as testas dos


dois.

O baixo ressonar de July adormecida foi o único som dos


próximos segundos, os dois se encaravam, ainda unidos, ele com as
mãos possessivas na cintura dela, segurando firme, ela com os braços
entrelaçados no pescoço dele, fazendo uma leve carícia nas mechas que
beiravam a nuca.

— Sabe que tem muitas coisas em jogo, não é? — Elliot


sussurrou, sentindo uma vontade louca de pegá-la nos braços, levá-la
para o quarto e amá-la intensamente, mas os dois sentiam os pesos das
responsabilidades que surgiriam.

— Não somos mais apenas os amigos dos noivos em busca de uma


noite apenas, somos os responsáveis por July agora, é Elliot eu sei. —
Mel se afastou.

Ela o queria, tinha certeza disso, estava disposta a continuar, mas


foi apenas olhar para ele novamente e Mel percebeu, Elliot não queria
arriscar.

— Eu entendo... Sei que July é a nossa prioridade, nós dois


sabemos. — Ela começou a falar e ele apenas a olhava.

Melanie se virou novamente para o berço de July, deu um beijo na


testa da pequena e falou:

— Irei tomar um banho. — Com isso ela fugiu do quarto, as


memórias da única noite que teve com Elliot estavam em sua mente.

Ele permaneceu em silêncio e a deixou fugir, ele próprio o faria se


não estivesse paralisado, Melanie o tirava do controle, ele a queria, mas
tinha medo de arriscar.

∞∞∞

— Você a beijou e não aconteceu mais nada? — Christopher ria


da cara do irmão.

Elliot andou pelo escritório de Chris e com os olhos procurou algo


para jogar nele, de preferência algo que machucasse bastante.

Ele tinha passado a noite toda pensando em Melanie, imaginando-


a no banho, se tocando e pensando nele, mas ele se recusou a se aliviar
sozinho.

— Nada mais aconteceu, sabe que a minha situação com ela é


complicada Christopher. — Ele bufou, se jogando na cadeira de frente
para o irmão.

— Você é mais idiota que eu. — Chris tirou sarro enquanto


fechava o notebook, dando total atenção ao mais novo.

— Cala a boca Christopher. Sabe muito bem que eu não posso


arriscar perder a July, Eduard confiou o seu bem mais precioso a mim.
— Elliot jogou um lápis nele.

— Fala para mim, o que você acha que Eduard e Elisabeth tinham
em mente quando uniram vocês dois para sempre?

O moreno engoliu em seco, evitando olhar para Christopher, que


quando encarava alguém assim era melhor recuar.
— Não é para isso que você está pensando, às vezes me pego
imaginando Eduard e Lisa brigando, ela querendo que Melanie fosse a
responsável legal caso algo acontecesse e Eduard rebatendo, querendo a
mim.

Chris passou as mãos pelo rosto, tentando se controlar para não rir.

— Se você quer acreditar nisso, — ele deu de ombros, — mas eu


bem me lembro do quanto Lisa estava feliz na despedida dela, por você
e Melanie terem saído juntos de lá, Eduard também parecia satisfeito
com isso. Eles acabaram unindo o necessário ao que desejavam.

Elli suspirou irritado.

— Você não está me ajudando em nada.

Christopher gargalhou.

— Vai se foder Christopher, você foi um grande idiota com a


Tayla e eu não ria de você. — Ele apontou o dedo para o mais velho.

— Ah, mas você ria sim e ainda por cima vivia me provocando.
Me causando um ódio insano, que alimentava a minha vontade de te
matar por apenas tocar na minha esposa.

— O que eu posso fazer? Tayla é encantadora, quando chegou em


casa, com aquele sorriso ingênuo e aqueles cabelos longos, meu Deus,
foi uma perdição para os olhos. — Ele não resistiu e provocou
novamente.

Chris pegou o grampeador e acertou ele na testa de Elliot.

— Isso doeu.

— É para doer mesmo. É da minha mulher que você está falando e


pelo que eu me lembre, Melanie é o assunto aqui, não Tayla. — O
primogênito dos irmãos reclamou, enciumado.

Quando Tayla se mudou para a mansão Bittencourt, ela e Megan


se aproximaram como se fossem irmãs, mas Elliot foi o primeiro dos
homens a se aproximar dela e isso resultou em um ciúme insano da parte
de Christopher.

— Melanie é diferente, ela me deixa confuso. — Elli voltou ao


assunto principal da conversa, mas Chris apenas o olhava, com um
sorrisinho convencido.

— Você está se apaixonando por ela.

— O quê? Claro que não, somos apenas pais em comum, nada


demais.

— Cara você está se ouvindo? Pais em comum, nada demais. —


Chris imitou a voz dele. — Estão dividindo uma casa, ambos têm uma
criança para cuidar, que é a filha de vocês agora, afinal a pequena July
só tem vocês dois, já tiveram um passado e segundo você, foi a sua
melhor noite, estão voltando a se aproximar. — Christopher estava
enumerando, mas Elliot o cortou.

— O que aconteceu com você? Está muito engraçadinho hoje.

— Minha noite foi boa, ao contrário da sua.

— Vai se foder, eu não preciso saber disso. — Elliot se levantou


prestes a sair da sala do irmão.

— Você está parecendo àqueles adolescentes apaixonados e não


um cara de quase trinta anos. — Christopher falou antes que Elli
deixasse o escritório.

— Chris você não está ajudando em nada — reclamou e deixou o


irmão mais velho sozinho.

Elliot caminhou para sua sala, os pensamentos ainda na noite


anterior.

— Eu tenho que parar de pensar nisso. — Ele pensou alto quando


se sentou em sua mesa.
— Pensar em que amor? — A voz de Sabrina chamou a atenção
dele.

— O que está fazendo aqui? — perguntou olhando para a loira


sentada no sofá da sua sala.

— Estava te esperando, vim te convidar para almoçar. — Ela


afirmou e caminhou até ele.

— Estou ocupado hoje. — Ele recusou, afinal não estava com


cabeça para isso.

Sabrina sentou-se no colo dele e o beijou.

— July está dando trabalho? Sabe que posso ajudar com ela se
quiser.

Elliot permaneceu em silêncio, ainda não tinha contado que


Melanie estava na casa e que teria que ficar lá por mais três anos.

— Não precisa, estou recebendo bastante ajuda.

— Quero visitar a bebê, afinal seremos próximas.

Elliot se mexeu desconfortável.

— Sabe que não serão próximas Sabrina, eu não estou à procura


de um relacionamento.

— Eu sei disso, mas faz tanto tempo que estamos nisso, vai chegar
a hora de...

— Não vai Sabrina, sabe que não vai, se está à procura de um


noivo esqueça, não está nos meus planos me casar.

— Então vamos continuar assim? Saindo com outras pessoas, se


encontrando só quando você quer? Para mim não dá Elliot.
— Ótimo, era exatamente aí que eu queria chegar, damos um fim
nisso. — Ele foi direto ao ponto e abriu o notebook, Sabrina se levantou
irritada.

— Se é assim que quer, não me ligue depois. — Ela deixou a sala


dele e Elliot ligou para a secretária.

— Por que Sabrina estava na minha sala?

— Ela pediu para esperar aí senhor, eu autorizei, afinal ela sempre


faz isso.

— Está proibido, a partir de agora não quero que ninguém entre na


minha sala sem a minha autorização. — Irritado Elliot desligou na cara
da funcionária.

Sabrina era um problema a menos, agora conviver com Melanie


seria difícil, ainda mais após esse beijo.

∞∞∞

— Senhor Bittencourt tem visita para você. — A voz da secretária


ecoou pelo escritório de Elliot.

— Deixe-a entrar. — Ele respondeu apenas isso, afinal acreditava


ser Sabrina.

A porta foi aberta e ele não se deu ao trabalho de levantar o olhar.

— Eu já disse que não irei almoçar com você Sabrina.

Um balbuciar de bebê chamou a atenção de Elliot. Quando ele


levantou o olhar Melanie o fitava. O Bittencourt sentiu sua cor sumir do
rosto.

Merda...
— Achei que fosse outra pessoa. — Ele se levantou.

— É... Percebi... Nós só viemos te ver. — Mel comentou e trocou


July de braço.

A palavra “nós” não passou despercebida por ele e Elliot acabou


sorrindo.

— Que bom, estava com saudades de vocês duas. — Ele pegou


July no colo e beijou aquela bochechinha gordinha.

Depois ele se aproximou de Melanie e deu um leve beijo em sua


testa, Mel estranhou, mas não se afastou, apenas curtiu o carinho.

— Não queríamos ter atrapalhado, mas não aguento mais ficar


presa em casa — contou enquanto caminhava pelo escritório, olhando a
decoração.

— Quer sair para algum lugar? — A pergunta a pegou de surpresa.

— Eu amo cuidar da July, mas sair parece bom. — Mel sorriu para
ele.

— Vamos fazer assim, eu fico com ela e você pode sair. — As


palavras foram como um balde de água fria e Mel sentiu seu sorriso ir
morrendo aos poucos.

— Eu achei que... Ah deixa para lá.

Melanie estava visivelmente decepcionada, o nome Sabrina não


saia da sua cabeça e antes de se segurar, ela já tinha perguntado:

— Quem é Sabrina?

Ele suspirou, não contou sobre Sabrina antes, mas a hora tinha
chegado.

— Ela é a... — Antes que ele contasse, Christopher adentrou o


escritório, sem bater.
— Elliot, precisamos conversar... Oh, não sabia que estava
acompanhado. — Chris caminhou até ele, que estava com July no colo.
— Oi princesinha do titio — estendeu o braço e July se jogou para
frente, querendo o colo do loiro. — Sinto muito não quis atrapalhar
vocês — desculpou-se, mas percebeu o olhar agradecido do irmão.

— Tudo bem, eu já estava indo embora — Melanie caminhou até


Chris que passou July para o colo dela.

— Melanie ainda é...

— Vamos fazer assim, eu organizarei certinho as noites de quem


cuidará de July.

Mel acenou para os dois e deixou a sala dele.

— O que você fez? Ela parecia brava. — Chris se sentou de frente


com o irmão.

— Não sei o que fiz.

— Às vezes Tayla também fica estranha e eu tenho que adivinhar


a razão, mulheres são assim, nem tente entender.

— Eu só falei que ela deve sair.

— Você a chamou para sair?

— Não, perguntei se ela queria sair para algum lugar, apenas isso.

Christopher balançou a cabeça de forma negativa.

— Elliot, o amor está te deixando besta, só pode. Ela achou que


você tinha a chamado para sair.

O moreno se recordou da expressão de Melanie e percebeu que


Christopher tinha razão.

— O que você queria falar comigo? — Ele resolveu mudar de


assunto, resolveria isso quando chegasse em casa.

Christopher se recordou da razão de estar ali e ficou sério.

— É sobre a morte de Elisabeth e Eduard...


Capítulo 11

Eu não acredito que achei que Elliot me convidaria para sair! Eu


sou uma idiota. — Mel pensou enquanto agradecia a secretária e
terminava de colocar July no bebê conforto novamente.

Era o Elliot afinal, o mesmo cara que quis beijá-la na noite


passada.

O nome Sabrina ainda era um peso para ela.

Seria uma namorada?

Uma amiga colorida?

Ou aquelas fodas fixas?

Mel não sabia as respostas para essas perguntas.

Ser namorada dele era a razão mais óbvia, afinal isso explicaria
muitas coisas, uma delas é o motivo de ele se manter afastado mesmo
quando percebe que Melanie o quer.

A guarda legal de July é um grande empecilho, mas não deve ser


o único. — Mel voltou a pensar e acenou para o taxi, queria fugir dali o
quanto antes.

Quando já estava acomodada no veículo e July segura no bebê


conforto, o celular de Melanie tocou, era Karina.

— Hei Mel, não me ligou mais.

— Desculpe amiga, estive enrolada.

— Resolveu a sua saída do emprego?


— Sim, liguei para a minha chefe, agora só falta a venda do carro,
poderia ver isso para mim?

— Claro que sim, o anunciarei assim que desligar e deposito o


valor na sua conta.

— Ótimo. — Mel suspirou e Karina estranhou isso.

— O que foi?

— Não é nada, estou apenas cansada, estou chegando em casa


agora, te ligo mais tarde.

— Você está me escondendo coisas Melanie Mayer.

— Juro que te conto na próxima ligação, agora preciso desligar.

Mel fugiu antes que a amiga retirasse mais do que ela gostaria de
contar.

Tinha acabado de entrar em casa quando o celular voltou a tocar.

Olhou assustada temendo ser Karina ou Elliot, mas era Justin.

— Alô. — Ela atendeu enquanto retirava July do bebê conforto.

— Oi Melanie, voltei hoje para Nova Iorque, quer sair? — O tom


conhecido trazia ótimas lembranças.

— Te devo desde o último almoço. — Ela recordou que não tinha


ido.

— Exatamente, está ocupada hoje à noite?

Mel se recordou das palavras de Elliot, ele mesmo deu a ideia, não
parece ruim.

— Não, pode me buscar? Estou sem carro ainda.


— Com prazer, só me envia o endereço por mensagem e
combinamos o horário.

— Maravilha, te espero.

— Beijo Mel, estou ansioso.

∞∞∞

Melanie estava terminando de dar banho em July quando Elliot


chegou do trabalho.

— Oi. — Ele falou encostado na porta do quarto da bebê.

— Oi. — Ela respondeu apenas isso.

Elli caminhou até July que sorriu para ele e estendeu os bracinhos.

Assim que Mel terminou de trocá-la, ele a pegou.

— Quer conversar? — Elliot levantou uma sobrancelha pela cara


que Mel estava.

— Não temos nada para conversar. — Ela mordeu o lábio


indecisa.

— Sobre você sair. — Ele arriscou voltar ao assunto.

— Eu irei sair hoje, já que você se ofereceu para ficar com a July.
— Mel foi direta.

— Vai sair? — Ele perguntou alarmado.

— Vou, afinal a ideia foi sua, não é? — Ela o olhou dessa vez,
querendo que ele negasse.

— Acompanhada? — Elliot perguntou interessado.


— Claro. — Ela o respondeu de imediato.

— Por que você está me tratando assim?

— Assim como? — Ela saiu do quarto e ele a seguiu, até que


pararam de frente para o quarto dela.

— Como se eu não fosse nada — reclamou ainda com a bebê nos


braços.

— Já dei a papinha do jantar e o banho em July, acredito que ela


dormirá cedo, irei me arrumar agora, mas qualquer coisa me chame. —
Ela caminhou para dentro do quarto, mas não fechou a porta, esperou ele
dizer algo, mas Elliot apenas abriu a boca, mas nada disse.

Elli foi para a sala com July em seus braços, ele queria tomar
banho, mas os olhos estalados da bebê provavam que ele não faria isso
tão cedo.

Ele a acomodou no quadrado e tirou o terno e a gravata, pegou


July novamente e se acomodaram no sofá, para assistir um desenho
animado que passava.

July parecia gostar, mas ele não prestava atenção, estava olhando
fixamente para as escadas, ansioso para ver Melanie novamente.

Um tempo depois, assim que a viu descendo Elliot a olhou dos pés
à cabeça, realmente ela é a mulher mais linda que ele já havia visto. O
vestido sofisticado da moça realçava cada parte do seu lindo corpo, do
qual Elli era louco para tocar e provar novamente, mas era tudo tão
complicado agora.

Quando soube que a pequena July ficou órfã, jurou cuidar e a amar
como se fosse sua filha, era tudo tão simples, mas aí Melanie foi enfiada
em sua vida novamente e ele a quis, mas sabia dos riscos, afinal os dois
são guardiões legais da bebê e isso muda tudo.

— Vai ficar aí me olhando igual um idiota ou vai me elogiar? —


Ela perguntou quando chegou perto dos dois e se olhou no espelho da
sala de estar.

— Você sabe que está linda. — Ele comentou irritado.

Linda demais para sair com outro homem. — Elliot quis comentar
em voz alta, mas não o fez.

— O que aconteceu com você? Está tão irritado. — Melanie sabia


a razão, mas foi ele quem quis assim, ela não podia fazer mais nada.

— Vai sair mesmo? — Ele ignorou a pergunta dela, Elliot não


queria aceitar o motivo da sua recém-descoberta frustração. Estava com
ciúmes.

— Irei afinal a ideia foi sua. — Melanie revirou os olhos.

— Posso saber com quem?

Mel resolveu jogar o mesmo jogo e ignorou a pergunta dele.

— Cuida da July, qualquer coisa me ligue e voltarei na hora. —


Ela colocou a bolsa no ombro e deu um beijinho em July, pronta para
sair.

Quando Mel se virou para caminhar até a porta, sentiu o braço ser
segurado por uma mão grande, quente e de toque gentil.

— Espere. — Ele caminhou até o quadrado e colocou July lá, a


pequena sentou-se e começou a brincar com as pelúcias.

Elliot se virou para Mel novamente, ela estava linda em um


vestido preto até os pés, com um par de saltos altíssimos e os cabelos
soltos.

Ele queria ter coragem de pedir para ela ficar, mas isso não era
justo com nenhum dos dois.

— Se cuida anjo — sussurrou e a beijou na testa.


— Pode deixar. — Mel respondeu de olhos fechados, sentindo a
carícia gostosa da barba por fazer dele roçando sua pele.

Nesse instante a campainha tocou e o clima se foi. Ela abriu os


olhos e ele a encarava.

Mel estava disposta a ficar se ele pedisse, mas Elliot apenas se


virou e caminhou até a porta, queria saber quem era o homem que
merecia toda aquela arrumação vinda da mulher que estava perturbando
seu sono.

Quando o tom azul dos olhos dele se encontraram com os


castanhos de Justin, Elliot se irritou novamente.

— Tinha que ser justo com ele? — Elliot deixou o pensamento


escapar e tanto Mel, quanto o lindo homem parado a sua porta ficaram
surpresos.

Mel caminhou até a porta também e cumprimentou Justin, para


tirar o silêncio que se instalou no local.

— Oi Jus. — Ela o beijou no rosto.

— Oi, nossa você está maravilhosa. — Ele a analisou e Melanie


corou.

Tudo isso estava acontecendo com o olhar atento de Elliot.

— Obrigada, você está muito lindo. — Ela sorriu para ele e


quando Justin sorriu também, a mão de Elli ardeu para arrancar aquele
sorriso com um soco.

Ele não entendia a razão de estar tão incomodado, mas detestava


Justin desde a primeira troca de olhar.

— Está pronta? — Jus perguntou e Mel assentiu.

— Sim, vou só me despedir de July.


Ela caminhou até a sala e Elliot olhou o homem novamente e
caminhou atrás de Melanie.

— Vai sair com aquele cara? — Ele perguntou quando entrou na


sala e Mel estava abaixada dando um beijo na bebê, ele tentou evitar
olhar para a bonita bunda empinada na sua frente, mas fracassou.

— Irei, Justin é um cara legal. — Ela respondeu quando se


levantou e o olhou.

— Eu não gosto dele.

— Quem tem que gostar sou eu, aliás, a ideia foi sua.

— Eu achei que você fosse... Sei lá, fazer compras.

— E eu achei que você estava me convidando. — Ela falou,


cansada daquilo tudo.

Elliot a olhou nos olhos e segurou-a pelo queixo.

— Você queria que eu convidasse?

Antes que Mel respondesse Justin entrou na sala.

— Também queria cumprimentar essa pequena. — Ele comentou


quando viu July sentada no quadrado.

Mel se afastou do toque de Elliot.

— Pode pegá-la. — Ela autorizou e Jus aceitou, pegando a


pequena bebê que sorriu encantada para o homem.

Elliot bufou irritado. E caminhou pronto para recuperar pelo


menos July para ele.

Já vai sair com a Melanie e ainda fica pegando a minha princesa?


Vai se ferrar. O cimento pensou.
— Podemos ir agora? — Justin perguntou e Mel assentiu.

— Qualquer coisa me ligue. — Mel disse isso olhando nos olhos


claros do Bittencourt, mas por dentro ela queria que ele tomasse uma
atitude.

Só me peça para ficar e ficarei. Os olhos dela brilhavam isso, mas


Elliot pareceu não perceber e respondeu apenas isso:

— Qualquer coisa te ligo...


Capítulo 12

A noite de Melanie estava sendo agradável demais, Justin é um


homem adorável, tem um senso de humor agradável, um sorriso galante
e sabe manter um bom assunto entre os dois.

No passado foram bons amigos, mas nada mais que isso já que
Melanie era comprometida.

— Está gostando do jantar? — Ele perguntou enquanto comiam.

— Adorando, vinha muito nesse restaurante quando morava aqui.


— Ela comentou nostálgica, era uma lembrança boa, afinal aqueles
foram tempos bons, antes de tudo acontecer.

— Vamos pedir a sobremesa? A sua preferida ainda é Waffles


com sorvete de morango? — Ele perguntou sorrindo, afinal ela sempre
comia aquilo.

— Não sei te responder, minha amiga Karina, aquela chefe que te


falei, ela faz uma torta de chocolate com limão que eu morro por ela. —
Melanie praticamente babou.

— Parece boa.

— É maravilhosa, você precisa provar.

— Já que não temos a sua chefe particular aqui, podemos pedir os


Waffles com sorvete, o que acha?

— Acho perfeito. — Mel sorriu contente, sentia falta dessa


sobremesa também.

— Quer ir para outro lugar depois daqui? — Ele envolveu a mão


dela por cima da mesa.
— Sim, podemos ir dançar na Night Diamond, Lisa e eu íamos
muito lá. — Ela sorriu triste, mas Justin segurou o queixo dela fazendo-a
encará-lo.

— Sabe que Lisa odiaria que você parasse a sua vida, você deve
viver Mel, ser forte e cuidar daquela linda bebê, estarei aqui para apoiá-
la.

Mel o olhou nos olhos e sorriu agradecida.

— Obrigada Jus, eu precisava muito ouvir isso. — E era verdade,


desde a perda dos amigos, desde o enterro, Mel buscava forças para
visitá-los no cemitério, mas sempre fracassava.

Doía tanto que ela temia não aguentar.

Passar por tudo aquilo novamente era horrível.

Quando finalizaram, Justin pagou a conta e os dois caminharam


para o carro.

Ele tentava decidir se devia ou não perguntar, optou por fazer.

— Você e o Elliot Bittencourt estão se relacionando? — perguntou


assim que entrou no carro.

Melanie estava colocando o cinto de segurança e travou no local.


Quando levantou o olhar ela encontrou os olhos negros de Justin
olhando-a fixamente.

— Não — respondeu sentindo seu coração se acelerar.

— Então eu posso fazer o que eu quero? — Ele perguntou.

Tão próximo e tão cheiroso.

— Depende do que você quer. — Ela sussurrou, mas olhou para os


lábios dele, sabia muito bem o que Justin queria.
— Quero beijar você. — Estavam tão próximos, Mel sentiu
quando sorriu.

— Então me beije — aceitou e sentiu quando foi puxada para mais


perto.

O clima no carro estava gostoso, os lábios dos dois estavam se


conhecendo, se provando em um beijo calmo e delicioso.

— Minha nossa... Melhor do que imaginei. — Ele comentou e


deixou um selinho nos lábios dela.

Mel sorriu, ela só podia concordar, afinal o beijo foi muito bom.

Seguiram para a boate, e Mel estava disposta a tentar se divertir,


Justin é uma excelente companhia e a noite tinha tudo para ser perfeita.

∞∞∞

Elliot estava na sala com July quando a campainha tocou, a bebê


sonolenta estava deitada na cadeirinha de bebê, sendo ninada por ele.

— Eu já volto princesa. — Ele sussurrou.

Quando o Bittencourt abriu a porta, deu de frente com os olhos


claros de Sabrina, ela o olhava curiosa.

— Já que você não me convidou para conhecer July, eu mesma


vim.

— Como sabe para onde me mudei? — perguntou confuso.

— Sua secretária me contou. — Ela sorriu.

— Nós conversamos hoje Sabrina, tenho certeza que resolvemos


as coisas.
— Foi apenas uma briga. Não vai me convidar para entrar?

— Não.

— Elli, meu amor, eu quero conhecer a menina.

— Não Sabrina. Decidimos parar com os nossos encontros.

— Sabe que o que temos é para sempre. Como sua namorada eu


devo conhecer a garota. — Ela exigiu.

— Você acha que é quem para se intrometer assim na minha vida?


— Ele perguntou irritado.

— Sou sua namorada Elliot e tenho todo o direito de me


intrometer na sua vida.

— Eu nunca te pedi em namoro e mesmo se tivesse isso nunca te


daria o direito de agir assim, agora é melhor você ir para casa.

— Por que você está me tratando assim? — Sabrina gritou na


porta.

— Chega Sabrina, July já estava quase dormindo e você fica


gritando igual uma louca. — Ele ameaçou fechar a porta, mas ela entrou.

Preciso me lembrar de proibir a entrada dela no condomínio. —


Elliot pensou.

— Eu quero conhecê-la, já que um dia eu posso ser a mãe dela e


terei que criá-la com você.

Melanie nunca deixaria isso acontecer. Nem se para isso tivesse


que matar Sabrina.

— Você o quê? — Ele perguntou assustado, os olhos claros quase


saindo de órbita.

— É o que você ouviu benzinho, ou você acha que vamos ficar


assim para sempre? — A loira entrou na sala e pegou July no colo.

— Oi menina linda. — Ela falou, mas July que quase dormia


acordou assustada e começou a chorar alto.

— Dá ela aqui. — Elliot a pegou e começou a acalmá-la.

Sabrina saiu da sala e voltou novamente, carregando uma pequena


mala.

— E essa bolsa? — Ele perguntou.

— Vim para passar alguns dias com você, está precisando de ajuda
com essa criança.

— Não fale assim da July — reclamou subindo as escadas.

Ele entrou no quarto da bebê e trancou a porta, não precisava de


Sabrina ali.

Elliot ninou July, até tentou cantar a música que Mel canta, mas
falhou e ficou apenas ninando-a calado. Depois que July adormeceu, ele
deixou o quarto da bebê e foi para o seu, disposto a tomar um banho,
afinal ainda não tinha conseguido desde que chegou em casa.

Assim que abriu a porta, deu de frente com Sabrina apenas de


lingerie.

— O que você está fazendo aqui?

— Presumi que esse era o seu quarto, afinal o outro está com
coisas femininas. Megan está passando um tempo com você?

— Não, o que você ainda está fazendo aqui Sabrina? Te mandei ir


embora.

— Eu já disse que ficarei uns dias aqui, vou tomar banho agora,
quer vir? — Ela retirou o sutiã e os olhos do moreno foram diretos para
os seios dela.
Ele passou a mão no rosto visivelmente tentado a aceitar o pedido.

Queria um banho e Sabrina ali era só um bônus a mais.

— Melhor você ir para casa. — Ele negou.

— A menina dormiu, não foi? Eu estou com saudades, você está


tentado a aceitar, não vejo razões para evitar isso. — Ela insistiu.

— Sabrina...

A loira semicerrou os olhos para ele.

— Tem uma mulher vivendo com você? Quem dorme naquele


quarto Elliot?

— É uma longa história.

— Pois me fale.

— Não te devo satisfações, é melhor você ir embora.

Ele não queria contar de Melanie, afinal sabia o quanto Sabrina


podia ser chata.

Saber que Mel está com Justin agora e não ter a menor ideia de o
que estão fazendo, deixa Elliot ainda mais frustrado.

Os olhos dele foram em Sabrina novamente, nua e ali, disposta


para ele. Aproveitando a brecha, a loira se aproximou e o beijou.

Ele a correspondeu, virando-a e prensando-a na parede.

— Hum, esse é você. — Ela comentou entre os beijos. Mas com o


restante de juízo que ele tinha, Elliot se afastou.

— Nada vai acontecer Sabrina, vá para sua casa.

— Por que benzinho? Nós dois queremos. — Ela fez bico e retirou
a última peça que faltava, ficando completamente nua.

Elliot saiu do quarto e ela o seguiu.

— Sabrina eu só não quero.

— É mesmo? Ou você está saindo com a dona daquele quarto?

— Sim esse é um dos motivos.

— Vai me dizer que está apaixonado por ela? — A loira já estava


ficando furiosa.

Elliot congelou com essa pergunta, mas resolveu ser sincero. Pelo
menos era o que ele achava.

— Não, mas ela mora aqui e seria um grande erro eu trazer outra
para cá. Uma falta de respeito com ela.

— Aí Elliot quando foi que você se tornou tão sem graça?

Ele não conseguiu responder, afinal o barulho da porta da frente


sendo aberta chamou a atenção dos dois.

Ótimo, Melanie chegou e Sabrina está nua na sala de estar...


Capítulo 13

Dançar sempre foi uma das paixões de Melanie, costumava


acompanhar Lisa em boates durante a universidade, mas quando se
mudou para o Brasil passou a sentir falta, porém Karina não deixou Mel
se afundar em sua própria dor e ambas saíam juntas para curtir a noite.

— Você é uma perdição quando dança. — Justin comentou no


ouvido dela.

Mel sentia os olhares dele no seu corpo enquanto dançava e não se


importava.

Ela se virou e olhou-o nos olhos.

— Realmente eu corro o risco de me apaixonar. — Ele comentou.

Mel parou de dançar e desviou o olhar.

— Quer um conselho? Não se apaixone por alguém quebrada


como eu. — O tom foi sério e ele se aproximou mais.

— E se já for tarde para isso? — perguntou enquanto a segurava


pela cintura e aproximava ainda mais os dois.

Melanie o beijou, estava tão próximo e a olhava com tanta


admiração. Justin é um homem maravilhoso, mas não deveria se
apaixonar por ela, já que Mel decidiu nunca mais se apaixonar por
ninguém depois do seu ex.

— Jus você sabe o que aconteceu comigo, eu não pretendo me


relacionar de novo. — Ela voltou a desviar o olhar, mas ele segurou o
queixo dela e a fez encará-lo.

Estavam os dois, no meio da pista de dança, se olhando


intensamente.
— Eu não sou o Gregory, sabe que nunca me dei bem com ele.

Lembrar de Gregory fazia uma ferida antiga se abrir no peito da


jovem novamente, eram lembranças de dias felizes que nunca mais
voltariam.

— Eu sei, tanto Gregory quanto eu éramos imaturos, eu não o


culpo pelo nosso término. — Ela falou encarando os olhos escuros do
moreno a sua frente.

— Ele foi o único culpado, naquela época você precisava dele e


ele simplesmente saiu fora, você não merecia ter passado por tudo
aquilo sozinha. — Justin acariciou o rosto dela e Mel fechou os olhos,
apreciando a carícia.

— Eu não estava sozinha, eu tinha você, a Lisa e o Eduard, vocês


me ajudaram muito, mas Gregory não lidou muito bem com a perda.

— Por um lado eu o entendo, sei que deve ser a pior dor do


mundo, mas abandonar a esposa foi demais.

— Ex esposa, nós nos divorciamos.

— Quem perdeu foi ele Mel.

Melanie vivia em Nova Iorque antes de tudo acontecer, tinha um


casamento feliz, seu marido era o seu melhor amigo, ambos cresceram
juntos e com o tempo se apaixonaram, ou ela se apaixonou, Gregory era
o cara ideal para a jovem, mas a vida costuma nos dar desafios e ele
desistiu antes mesmo de lutar.

∞∞∞

— Quer que eu te leve até a porta? — Justin perguntou assim que


estacionou o carro.

— Acho que estarei segura, não se preocupe. — Ela sorriu e ele a


beijou de novo.

— Então você me liga?

— Sim, eu ligo para você. — Mel respondeu e soltou o cinto.

— Vou esperar, mas se eu sentir saudades te ligo antes. — Ele


sorriu de lado.

— Pode ligar. — Ela se despediu com um selinho.

Mel já tinha descido do carro e estava bem próxima da porta


quando ele a chamou.

— Esqueci uma coisa — falou enquanto andava até ela.

— O quê?

Ele a segurou pela cintura e a beijou, um beijo diferente dos


outros, um beijo quente carregado de desejo.

— Boa noite minha linda. — Ele sussurrou quando finalizou o


beijo.

— Boa noite Jus. — Ela entrou sorrindo.

∞∞∞

Assim que Elliot ouviu o barulho da porta, ele olhou para Sabrina.

— Você precisa subir agora. — Ele sussurrou.

— Por quê? Vai me dizer que ela é alguma coisa sua? — A loira
provocou.

O moreno simplesmente a agarrou pelo braço e a levou para o seu


quarto.
— Fique aí, não saía Sabrina. — Ele estava bravo.

— Vou ganhar o que em troca disso?

— Nada, apenas fique, eu já volto.

Por incrível que pareça a loira ficou e assim o moreno desceu mais
aliviado.

— Como foi o jantar? — perguntou para Melanie que tirava o


salto sentada no sofá.

Elliot reparou no sorriso da moça e isso mexeu com algo dentro


dele, talvez tenha sido uma pequena inveja de o motivo do sorriso dela
não ser ele.

— Foi muito bom. Justin é uma companhia agradável. — Ela


respondeu, mas seu olhar não estava em Elliot e sim na bolsa cor de rosa
em cima do sofá.

Ele seguiu o olhar dela e percebeu que tinha esquecido a mala da


Sabrina.

Droga!

Mel se levantou e caminhou até a pequena mala.

— De quem é isso? — perguntou.

— É minha queridinha. — A voz irritante da Sabrina invadiu a


sala.

Melanie ergueu o olhar e viu a mulher parada no pé da escada,


olhando-a de queixo erguido.

Ótimo, era só o que me faltava — pensou a morena revirando os


olhos internamente.

Mel desviou o olhar de Sabrina e encarou Elliot.


Isso está realmente acontecendo?

— Você deve ser a dona daquele quarto. — Sabrina caminhou até


perto de Elliot e olhou Mel dos pés à cabeça.

— Quem é essa? — Melanie perguntou olhando para ele


novamente.

Sabrina é uma linda mulher, os fios dourados e os olhos azuis-


esverdeados dão uma aparência angelical a mulher, mas o tom da voz,
esse foi o que fez Melanie perceber a cobra por trás do rosto bonito.

— Essa é a Sabrina... — Elliot começou a apresentar, mas a loira o


cortou.

— A namorada dele — terminou convicta.

Melanie apenas assentiu.

— Cadê a July? — Voltou a olhar para Elliot, mas ele estava


olhando furioso para Sabrina.

— Ela dormiu, Elliot a colocou no berço para tomarmos banho. —


A mulher respondeu e Mel passou os olhos pelo corpo dela, estava
usando um roupão branco e Melanie tinha certeza que não tinha mais
nada por baixo.

— Eu ia tomar banho Sabrina, você invadiu o meu quarto. — Ele


começou a se explicar.

— Benzinho, não se preocupe, ela não ligou, não é... — A loira


ainda não sabia o nome dela.

— Melanie, meu nome é Melanie e eu realmente não me importo


com o que farão, desde que não acorde July e não me perturbe.

Mel optou por não reclamar, afinal a casa era de Elliot e... Bom,
ele era o dono, ela estava apenas morando ali.
A morena caminhou para perto das sandálias, as pegou e saiu da
sala de estar.

Quando estava na porta do quarto, onde apenas deixaria os sapatos


e iria ver July, ele a alcançou.

— Juro que não a convidei, Sabrina apareceu aqui do nada. — A


voz dele foi ouvida.

Mel ainda olhava para a porta, de costas para ele.

— Eu não ligo Elliot, realmente não ligo, é a sua casa. — As


palavras deixaram a boca dela livremente, mas ver Sabrina ali, na
mesma casa que os dois cuidam de July, na mesma que ele a beijou, isso
mexeu com ela.

Ela ouviu o suspiro dele e abriu a porta, apenas se abaixou e


colocou as sandálias no quarto, voltou a fechar a porta e caminhou para
o quarto de July.

A cada passo que ela dava, ouvia o dele atrás.

— Eu dei um banho nela e mamadeira, acho que não acordará tão


cedo. — Ele sussurrou.

— Obrigada.

— Não tem que me agradecer, ela é responsabilidade nossa agora,


não só sua.

Mel se virou nesse momento, ele estava com o rosto cansado, os


cabelos espatifados e olhava July com amor.

— Bom... Eu irei tomar banho então... — Ela começou a caminhar


para a porta.

— Mel... — Ele segurou o braço dela e a morena se virou


novamente.
— Sim?

— É bom ter você aqui. — Ele sussurrou isso, mas os olhos claros
gritavam outra coisa, só que Melanie não deu importância a isso.

— É bom estar aqui também. — Ela respondeu e os dois ficaram


se olhando.

— Atrapalho? Pelo visto é o que eu imaginei, você e ela estão...

— Sabrina chega. Você sabe muito bem que não temos nada, estou
cansado de te falar isso.

— É ela e essa criança, as duas estão afastando nós dois. — Ela


quase gritou.

O sangue de Melanie ferveu.

— Cala a boca, vai acordar a July. — Ela falou firme.

— Sabrina, já chega, você vai embora. — Ele agarrou-a pelo braço


e começou a levá-la dali.

— Você e aquela vadia estão juntos? É isso? — Melanie


conseguiu ouvir a voz da mulher e isso foi demais para ela.

Nunca foi de levar desaforo para casa, não seria agora que
começaria, fechou a porta do quarto da bebê, afinal a pequena
continuaria dormindo tranquila e foi para o andar de baixo.

Era hoje que Sabrina aprenderia umas lições.

— Você não vai entrar aqui e me chamar de vadia. Ah, mas não
vai mesmo!

Elliot só teve tempo de olhar para Melanie, que pegou Sabrina


pelos cabelos e a arrastou pela sala de estar.

Ele assistia a cena assustado, Mel estava totalmente fora de


controle.

— Você não pode me tratar assim, sou filha do...

— Não estou nem aí, você pode ser o raio que o parta, mesmo
assim vai aprender a nunca mais me chamar de vadia, sua cadela mal-
amada.

Viver em um lar do governo fez Melanie aprender a se defender


sozinha. Era um amor com quem merecia, mas podia ser bem cruel
também.

Arrastou Sabrina para fora e a empurrou pela porta.

— Suma daqui! — Antes de fechar a porta, Melanie foi para a sala


e pegou a bolsa cor-de-rosa. — E leve essa merda junto — jogou a bolsa
na cara da loira.

— Não entendo a razão de toda essa cena, você nem é mãe


daquela criança.

Mel realmente estava tentando se controlar, mas sabe quando


alguém te cutuca onde mais dói? Foi exatamente isso que Sabrina fez.

Elliot viu em câmera lenta quando Melanie fechou os punhos e


acertou o nariz de Sabrina em um soco bem dado.

A loira colocou a mão no nariz, assustada e foi quando viu o


sangue.

— Nunca mais fale assim da minha filha, sua cadela infeliz, eu sou
a única mãe que ela tem agora.

— Você é uma louca, não pode cuidar dessa menina. — Sabrina


gritou e relou no nariz dolorido.

Melanie deixou que sua raiva a dominasse e avançou em Sabrina,


desferindo dois tapas na cara dela e a agarrou pelo cabelo novamente.
— Para com isso Melanie, você não é assim. — Elliot a agarrou
pela cintura e a tirou de cima da Sabrina, que chorava com medo.

— Não me toque, você não me conhece, não sabe quem sou. —


Mel o olhou decepcionada.

De todos ele deveria ser o último a se relacionar com alguém


como Sabrina.

— Mel...

— Eu só não quero mais ela aqui. — A morena virou as costas e


entrou na casa.

Os olhos claros dele foram em direção a Sabrina, caída na calçada,


com o roupão aberto.

— Não era necessário tudo isso Sabrina, apenas vá para sua casa.
— Ele a ajudou a se levantar e fechou o roupão dela.

— Você quer mesmo que eu vá? Prefere a ela? — Ele reparou no


nariz empinado que sangrava e no lábio inferior levemente vermelho.

— Sabrina você não precisa de uma resposta para isso, apenas


pegue o resto de dignidade que te sobrou e saia daqui. — Ela assentiu e
pegou a pequena mala.

— Eu já entendi.

— Elas são minha família, July é minha família agora.

A loira apenas virou as costas e começou a andar, Elliot entrou na


casa à procura de Melanie...
Capítulo 14

Quando Melanie entrou na casa, deu uma passada no quarto de


July e a pequena ainda estava tranquila em um sono profundo, depois do
beijo de boa noite, Mel foi para o quarto e não saiu de lá o restante da
noite, estava perdida em pensamentos.

Sabia que a principal razão de ter atacado Sabrina foi o insulto,


tanto direcionado a ela quanto a July, mas o fato de a loira ser próxima
de Elliot ajudou um pouco, Mel nunca confessaria isso em voz alta, mas
sabia que sim, realmente se sentiu incomodada com a presença de
Sabrina na casa.

Quando Elliot bateu na porta do quarto dela e pediu para


conversarem, Mel optou por fingir estar adormecida, não estava com os
pensamentos em ordem e isso poderia prejudicar a relação amigável que
tinham.

Na manhã do dia seguinte, ela saiu bem cedo, precisava daquilo,


sentia tanta falta que estava sendo difícil respirar.

O caminho foi em total silêncio, até mesmo o motorista do táxi


estava calado, parecia perceber que para a passageira, esse momento era
difícil.

Quando chegou ao local sentiu-se nostálgica, a última vez que


esteve ali foi no enterro de Lisa e Eduard, mas ainda assim se sentia
vazia, culpada.

Quando tudo no seu passado se transformou em pesadelo, Melanie


se viu fugindo dali. Toda a dor que Nova Iorque trazia-lhe parecia
insuportável, mudar para longe foi sua salvação.

Parou diante da lápide bem cuidada e sentiu quando as lágrimas


rolaram pelo rosto, se abaixou e pouco se importou com a terra que
sujava a sua calça jeans.
Queria chorar, gritar, voltar no tempo e fazer tudo diferente, mas
não era possível. Perdeu-a e não tinha mais como voltar atrás.

Ficou um bom tempo ali, chorando e olhando para a delicada foto,


foi ela quem tirou, foi um momento tão feliz, mas tudo acabou, tudo se
foi e só lhe restou lembranças.

∞∞∞

Quando Melanie chegou em casa, Elliot estava na cozinha,


segurando July nos braços e lendo o bilhete que Mel havia deixado.

— Bom dia — comentou olhando-a preocupado.

— Bom dia. — Ela tentou sorrir, mas falhou.

Elliot percebeu que Melanie tinha chorado.

— Está tudo bem?

— Sim está. — Ela respondeu apenas isso e começou a pegar os


ingredientes para fazer panquecas.

Elli olhava atento para ela, precisavam conversar, desde que tudo
aconteceu na noite anterior não trocaram nenhuma palavra.

— Quer conversar? — Ele perguntou.

— Não. — Mel sabia sobre o que ele queria falar, mas ambos não
tinham nada, não era necessária uma explicação.

Se tem uma coisa que todos os Bittencourt detestam é ser


ignorado.

— Melanie... — Ele sussurrou o nome e ela parou de fazer a


panqueca e se virou para olhá-lo.
— Não acho necessário falar sobre isso.

— Não quer uma explicação? — perguntou estranhando, afinal se


fosse com ele, iria querer uma.

— Não. — Ela respondeu incerta, mas ele se explicou mesmo


assim.

— Eu não convidei a Sabrina para vir aqui.

— Eu sei, você me disse isso ontem.

— Mas mesmo assim você está estranha comigo, está me


evitando.

— Eu não deveria ter reagido daquela maneira, essa é a sua casa e


ela é a sua...

— Eu não sou namorado dela — cortou-a, — Sabrina é apenas


uma amiga de infância, acabamos saindo às vezes, mas depois de July,
depois de você, eu e ela nunca mais dormimos juntos.

— Eu não estou te evitando, apenas não queria tocar no assunto.


— Ela finalizou as panquecas, agradecendo por não queimar nenhuma,
afinal Elliot sempre conseguia distraí-la.

Mel sentou-se e começou a comer, ele fez o mesmo e o silêncio


predominou o ambiente, apenas July balbuciava coisas incoerentes,
querendo chamar atenção para ganhar mais mingau.

— Quer conversar sobre o que te fez chorar? — Ele perguntou


cauteloso, Mel levantou o olhar e o fitou.

— Fui ao cemitério hoje — contou, ainda o olhando.

— Eu irei em breve, mas ainda é tão difícil, ainda não consegui


nem ler a carta. — Ele confidenciou e Mel assentiu.

— Também não li ainda.


— Estou pensando em levar July comigo, o que acha?

Mel olhou para a pequena menina, eram os pais dela, os pais que
ela nunca mais veria.

— Sim, leve-a.

O silêncio voltou a predominar, mesmo Elliot querendo ficar ali


com elas, não podia, tinha muito o que fazer na empresa.

— Eu tenho que ir.

— Bom trabalho. — Ela desejou e se levantou também, pronta


para retirar os alimentos da mesa.

Elliot deu um beijo na testa de July, o único lugar que não estava
sujo de mingau e depois se aproximou de Melanie.

— Me desculpe por ontem, mesmo eu não tendo culpa. — Ele


tentou usar um tom divertido, mas não conseguiu.

— Me desculpe também, esse clima não é bom para July. — Ela


conseguiu dar um sorriso delicado para ele.

Elli se aproximou um pouco mais e colocou as mãos na cintura


dela. Ele iria beijá-la, Mel sabia disso, sabia também que deveria se
afastar, afinal ficou com Justin na noite anterior, mas quando Elliot a
toca, ela perde o controle de seu corpo e de suas ações.

Ele estava cada vez mais perto, o perfume, o toque, o olhar, tudo
contribuía para ela se aproximar também, querendo aquilo. Então o beijo
aconteceu e ambos exploraram um ao outro, se deliciaram com o gosto
maravilhoso do chocolate colocado nas panquecas.

Estava ficando tudo mais gostoso, só que novamente a campainha


tocou. Ela se afastou.

Onde ela consegue tanto autocontrole? — Elliot gostaria de saber.


Ele quem foi abrir a porta, dando de frente com um buquê de rosas
vermelhas e franziu o cenho.

— Acho que errou de endereço cara — comentou com o


entregador.

— Não senhor, o endereço está correto, entrega para Melanie


Mayer. — O moço magro estendeu uma prancheta e Elliot assinou,
provando que recebeu o buquê.

— É pra você. — Ele falou para Melanie, quando já tinha entrado


com as bonitas rosas.

Tanto ela quanto July estavam na sala de estar, a bebê já limpinha


engatinhava pelo chão e Melanie parou de pegar os brinquedos para
olhar para Elliot.

— Para mim? — perguntou sorrindo, pegou as rosas e leu o


cartão.

“A noite de ontem foi a melhor que já tive, queria te agradecer de


algum modo... Almoça comigo amanhã? Justin.”

Mel terminou de ler e olhou para Elliot, que a encarava de braços


cruzados.

— É dele, não é?

— É sim.

— Eu vou trabalhar. — Elliot comentou saindo da sala.

Mel foi atrás dele e segurou no seu braço.

— Eu irei falar com ele, contar que nós...

— Que nós nos beijamos? — Ele a cortou.

— É.
Elliot estava irritado. Irritado por sentir ciúmes dela. A mulher que
ele sempre foi atraído tinha acabado de receber rosas vermelhas de outro
homem.

— Tudo bem, fale com ele. — Foi a última coisa que disse e
depois saiu.

∞∞∞

Melanie tinha acabado de ajeitar a casa, mesmo com uma faxineira


contratada pelo condomínio, ela sempre gostou de manter tudo limpo e
organizado.

Estava finalizando o banho de July, quando seu celular tocou.


Atendeu e colocou no viva-vos.

— Oi Karina. — Mel falou risonha e terminou de trocar July.

— Mel preciso que venha me buscar no aeroporto.

— O quê? Como assim?

— Só vem me buscar, estou te esperando.

— E o que você está fazendo aqui? — Melanie pegou July e


segurou o celular com a mão livre.

— Decidi de última hora, vai vir me buscar ou não?

— Claro que irei, vinte minutos estou aí.

Mel desligou e ligou para Willian, Elliot tinha deixado o número


para caso ela precisasse.

O motorista estava livre naquela manhã e como sua casa era na


área dos funcionários na mansão dos pais de Elliot, chegaria ali em
menos cinco minutos.
∞∞∞

Quando Mel avistou a amiga no meio da multidão, ambas


sorriram.

— Senti tanto a sua falta. — Karina disse abraçando Mel apertado.

— Também senti. — Ela a retribuiu o máximo que conseguiu,


afinal July estava no seu colo.

— E essa bonequinha, está mais linda do que nas fotos. — Karina


estendeu os braços para July, que foi contente.

A ruiva ainda não tinha percebido o bonito loiro ao lado delas, que
observava as garotas com atenção.

— Will você poderia ajudar com as malas? — Mel pediu, mas ele
pareceu não ouvir, afinal ainda estava com o olhar em Karina.

— Will. — Melanie cutucou o braço dele sorrindo.

— Ah! Sim ajudo. — Ele acordou e pegou as malas.

— Não vai nos apresentar? — Ka perguntou para Mel, mas seus


olhos também estavam no loiro.

— Esse é o Willian, funcionário da família Bittencourt e essa é


Karina a minha melhor amiga.

Como Will estava segurando as malas, ambos apenas sorriram um


para o outro e depois começaram a caminhar para o carro...
Capítulo 15

Durante o trajeto, Karina falou sobre o tempo no Brasil, sobre as


férias no emprego, sobre a saudade que sentia de Melanie, mas não
contou a razão de estar ali, Mel desconfiava, mas também optou por
deixar a conversa do carro agradável.

Somente depois que a ruiva tomou banho e desceu para tomar um


café da tarde que Melanie viu a oportunidade de perguntar, mas Karina
entrou na cozinha segurando um porta-retratos.

— Mel, você está morando com o pecado em pessoa — comentou


vendo o quanto Elliot estava bonito naquela foto.

— Eu sei — concordou sorrindo, mas não era sobre isso que ela
queria conversar. — Agora me conte, o que foi que o Caio fez? — Foi
direta.

Karina olhou para o chão, depois olhou para a foto na sua mão e
disse:

— Vou colocar isso no lugar. — Praticamente correu para a sala


de estar, queria evitar ter essa conversa com Melanie.

Mas as duas se conheciam bem, e Mel percebeu que essa era a


intenção da amiga.

— Sabe que estarei aqui para te ouvir, mas só se quiser contar —


falou assim que chegou à sala de estar e Karina estava sentada no sofá,
olhando fixamente para o quadrado que July brincava dentro.

— Ele me traiu Mel — desabafou em um sussurro.

Melanie sentiu o sangue esquentar, estava pronta para decapitar


Caio.
— Aquele idiota! Vou matar ele, ah, mas vou mesmo! — falou
furiosa.

Karina tentou sorrir, mas o brilho habitual não estava mais ali.

— Não vale a pena perder a sua liberdade por matar ele —


comentou. — Eu já perdi sete anos da minha vida ao lado dele. —
Karina voltou a falar, triste.

— Não perdeu, encare isso como uma forma de aprendizagem. —


Mel segurou a mão dela e apertou carinhosamente.

— Você já passou por tantas coisas e está aí em pé, forte, eu me


quebrei apenas por descobrir essa traição.

Quem disse que estou tão forte assim? Quem vê a cara, não vê o
coração. — Melanie pensou, tinha suas próprias dores, suas próprias
feridas, mas esse momento era da amiga.

— Eu sempre disse que ele não era o certo para você, mas nunca
achei que ele te trairia.

— Também nunca cogitei essa hipótese, mas o pior de tudo Mel, é


que a mulher que eu vi com ele está grávida, acredita? — contou com
lágrimas nos olhos.

— Que idiota infeliz. — Mel estendeu os braços e Kah se alinhou


neles, recebendo o carinho que precisava.

July estava quietinha no quadrado, apenas observando as duas.

— Um canalha, eu simplesmente o ignorei até que meu visto como


turista foi liberado, não conseguiria permanecer lá, eu não consegui nem
ao menos confrontá-lo — falou chorosa.

— Você fez o certo, nada no Brasil te segurava mais, você sempre


será bem-vinda aqui.

— Obrigada, mas eu não posso ficar na sua casa.


— Claro que pode.

— Mel é sério, vocês estão se adaptando ainda, a minha presença


aqui só irá atrapalhar.

— Sabe que nunca me atrapalhará.

— Irei procurar um lugar para ficar por esses três meses.

— Seu visto é de apenas três?

— Sim.

— Eu tenho o apartamento que morei na época da faculdade, ele é


pequeno, mas é perfeito. Estava em reforma, mas acabou há um tempo.

Quando Mel se casou com Gregory, o mesmo queria que ela


vendesse o apartamento, mas ela não fez isso. Ela queria continuar tendo
um canto dela, para futuras emergências.

Já a casa que eles moravam durante o casamento era de Gregory e


com o divórcio Melanie apenas deixou a propriedade, sua sorte foi que
se casou com separação total de bens, essa era uma das cláusulas do
testamento de seus falecidos pais.

— Acho que ficarei lá então, obrigada amiga.

— Ok está decidido.

∞∞∞

Na empresa, Elliot tentava focar no trabalho, mas seus


pensamentos voavam para a morena que estava em casa, os lábios dela
era a parte exata que ele se recordava.

— Senhor Bittencourt, a senhorita Sabrina está aqui. — A


secretária anunciou pelo telefone.
Elliot bufou irritado.

— Diga que não posso recebê-la. — Ele pediu, mas a loira


adentrou a sala dele, mesmo sem ser convidada.

— Ah, mas você pode sim. — Ela segurava um envelope na mão.

— Sabrina, você não se cansa disso?

— Não Elliot, e você terá que me aguentar — comentou com um


risinho convencido.

— Eu já deixei bem claro que não sinto nada por você, por que
não cria amor próprio e vai embora daqui? — Ele perguntou se
levantando bravo.

— Quer mesmo que nós saíamos daqui? — A loira perguntou


levantando uma sobrancelha.

— O que quer dizer com “nós”?

— É isso mesmo meu amor, eu estou grávida de um filho seu.

A revelação deixou o Bitencourt paralisado, Sabrina colocou o


envelope em cima da mesa e ele só conseguiu ficar observando o papel.

— Você só pode estar louca — acusou nervoso.

— Se não acredita olhe você mesmo, pois deu positivo benzinho.

Elliot estava nervoso. A beira do desespero o definia bem.

— Quando foi que você soube disso?

— Olha eu tenho que agradecer aquela mulherzinha que mora com


você, foi tudo graças a ela. — A loira se sentou e falou enquanto olhava
as unhas grandes pintadas de rosa.

Elliot estava com as mãos trêmulas.


Meu Deus, um filho, e com a Sabrina? — pensou preocupado.

— O que Melanie tem com isso?

— Depois que aquela louca praticamente me matou, eu fui para o


hospital, fizeram alguns exames e cá estou com a melhor notícia das
nossas vidas.

— Sabrina, você sabe que um filho não vai me fazer casar com
você. — Elliot falou decidido.

Ela gargalhou.

— Claro que sei, por isso tenho um plano B benzinho.

Como Elliot permaneceu calado, Sabrina terminou de soltar o


veneno.

— Você terá que me assumir como a sua namorada grávida e se


afastar de vez daquela louca.

Elliot começou a rir de nervoso. Ele nunca faria isso.

— Eu não farei isso.

— Nem se a guarda da July estiver em risco? — A loira percebeu


que o acertou em cheio, quando viu a cor do bonito rosto dele sumir.

Elliot ficou pálido e Sabrina deu uma risada debochada, ela


realmente sabe jogar sujo...
Capítulo 16

“Preciso conversar com você, venha na minha casa agora”

Elliot aproveitou que Melanie tinha saído com July e mandou a


mensagem para Christopher, que chegou menos de cinco minutos depois
de visualizar.

— Você o quê? — Chris perguntou assim que Elliot disse que


seria pai.

— É isso mesmo cara, a Sabrina está grávida. Eu vou ser pai. —


Ele confirmou.

— Você já é pai seu idiota e sua família é com a Melanie e não


com a Sabrina, aquela lá dorme com qualquer um, quem garante que o
filho é seu? — Chris questionou inquieto.

Desde quando o irmão mais novo tinha se tornado tão


manipulável? — pensou o mais velho.

— Eu sei que já sou pai, mas agora é diferente, eu estarei presente


na gestação, no nascimento, serei pai desde o início.

Christopher começou a rir irônico.

— Vai me dizer que também vai se casar com a Sabrina? Ah Elliot


me poupe disso! — O primogênito da família Bittencourt estava irritado
com o irmão.

— Eu irei. — Elliot soltou decidido e Christopher arregalou os


olhos azuis, surpreso.

— Não irá não, está louco? É da Sabrina que estamos falando, ela
sempre arrumou uma forma de te amarrar. — Christopher sabia o quanto
o amor verdadeiro faz bem a um homem e se ele pudesse evitar, nunca
deixaria Elliot cometer um erro desses.

— É diferente agora, Sabrina precisa de mim.

— E July? E Melanie? As duas não precisam de você? Não é


necessário casar com a Sabrina por causa do bebê, você não a ama,
nunca amou. Agora com a Melanie é diferente, você a ama.

Elliot realmente estava interessado em Mel, mas amor? Não era


amor aquilo, era apenas um sentimento diferente, uma atração intensa,
mas não tão forte quanto o amor.

— Eu não a amo — falou mais para si mesmo do que para o irmão


mais velho.

— Vai me dizer que é a Sabrina que você ama?

— Claro que não, mas ela está grávida, eu não posso abandoná-la.

— Você sabe que se casar antes de três anos você perderá a July,
Mel perderá a July. O combinado é você morarem juntos.

Elliot se levantou preocupado, ele tinha esquecido desse grande


detalhe.

— Não, eu não posso perder a minha filha.

Os dois irmãos estavam tão focados na conversa que não ouviram


quando Melanie entrou na casa, July dormia no bebê conforto e Mel
estava no pé da escada, pronta para subir e colocá-la no berço, quando
ouviu.

— Conte tudo para a Melanie. — Chris sabia que essa era a


melhor opção.

— Dizer o quê? Que nós nunca daríamos certo? Melanie não é o


tipo de mulher que estou acostumado. — Elliot comentou frustrado.

Toda a situação que havia se metido era frustrante.


— Sabrina é o seu tipo de mulher? — Chris perguntou já
impaciente.

— É, eu e ela sempre estávamos juntos, até a minha vida mudar


completamente. Agora eu terei que assumir essa gravidez.

Mel ficou em choque com essa revelação, resolveu subir fazendo o


menor silêncio possível e fugiu dali.

— Por que a Mel não é o seu tipo? — Christopher perguntou para


Elliot, queria ver qual seria a resposta descabida que receberia.

— Ela é linda, doce e um exemplo de mãe. Eu não posso ficar com


ela, seria um erro colocá-la na minha vida.

— Por quê?

— Porque a minha vida é suja demais, você sabe disso, estaria


colocando-as em perigo, além do mais essa relação pode complicar
muito a guarda compartilhada que temos juntos.

— As duas já estão ligadas a você irmão, se afastar agora colocará


elas em perigo, ficarão sem a sua proteção. — Christopher tentou fazer
Elliot pensar com clareza.

Como Elli ficou perdido em pensamentos, Christopher voltou a


dizer:

— E o que você fará agora?

— Avisarei Sabrina que só nos casaremos daqui a três anos, assim


a guarda de July estará segura.

Christopher foi embora disposto a pedir a ajuda de Tayla com isso,


Elliot os ajudou muito no início conturbado que tiveram, era a vez deles
de retribuírem o favor.

Se depender de Chris a felicidade não irá escorrer entre os dedos


do irmão mais novo, não sem um motivo concreto.
O bebê pode ser dele, mas não é necessário ser o marido de
Sabrina por isso. Será o pai da criança.

∞∞∞

— Oi. — Elliot cumprimentou quando entrou no quarto de July e


viu Melanie brincado com ela no chão.

— Oi.

Nenhum sorriso, nenhum olhar, nada. Apenas um simples “oi”.

— Não vi vocês chegarem. — Ele comentou e se encostou ao


batente, observá-las juntas era um dos seus momentos preferidos do dia.

— Você estava na sala com Christopher, não quis atrapalhar.

— Ouviu a nossa conversa? — Ele perguntou preocupando-se.

— Uma parte. — Melanie confessou.

— Qual parte?

Melanie se levantou do chão e deixou July ali sentadinha, virou-se


para ele e o olhou nos olhos, foi nesse instante que ele percebeu os olhos
avermelhados dela.

— Você chorou? — A pergunta não teve resposta e ele apenas a


puxou para perto, apertando-a em um abraço, Mel deixou esse último
contato os unir.

— Ouvi a parte que eu não sou o tipo de mulher que você está
acostumado e que Sabrina está grávida. — Ela se afastou do abraço.

Ele sentiu seu corpo se tencionar, Mel ouviu apenas uma parte da
conversa.
— Sabrina está grávida — confirmou e viu quando Mel suspirou.

— E você é o pai — afirmou ela.

— É eu sou, acho que sou. — Em dúvida ele respondeu apenas


isso.

Melanie pegou a bolsa e Elliot a olhou confuso.

— Vai sair?

— Eu preciso, cuida da July essa noite. — Ela saiu do quarto, mas


ele foi atrás dela.

— Essa noite? Você não vai dormir em casa? — perguntou


preocupado, a lembrança das rosas vermelhas que ela recebeu nessa
manhã o atingiu em cheio.

— Voltarei amanhã de manhã.

Com isso ela saiu e deixou o Bittencourt com uma impressão


errada.

Elliot sentiu o gosto amargo do ciúme, mas ainda assim não


acreditava que aquilo era amor.

Ele acreditou que ela estaria com Justin a noite toda, mas não,
Melanie se refugiou no antigo apartamento, nos braços acolhedores da
amiga.

— Ele vai ser pai, aquela mulher que te contei, está grávida.

— Eu sinto muito amiga. — Foram as únicas palavras que Karina


conseguiu dizer.

Mel não entendia porque ficou tão mexida com isso, mas estava
disposta a conversar com Justin, desistir do que estavam começando
para ficar com Elliot, parecia que ele também queria aquilo, mas essa
gravidez mudou tudo.
∞∞∞

Na manhã seguinte, quando Melanie voltou para casa, Elliot estava


dando fruta para July.

— Oi — cumprimentou quando adentrou a cozinha.

A mesa do café da manhã já estava posta, mas Mel estava sem


apetite.

— Oi. — Ele levantou o olhar para ela.

Melanie deu um beijinho em July e falou:

— Preciso tomar banho, já volto.

Ele apenas assentiu.

Quando Melanie desceu, de banho tomado, ele estava sentado no


sofá, July estava na perna dele, assistindo a um desenho animado.

— Como você está?

— Bem, eu estava na Karina, ela está morando no meu antigo


apartamento.

— Eu achei que você estivesse com o Justin. — Ele comentou a


olhando, mas Mel desviou o olhar.

— Não estava.

Elliot sorriu aliviado.

A ideia de Mel nos braços de outro a noite toda estava sufocando-


o.

— O que você vai fazer agora? — Ela perguntou em relação ao


bebê que está a caminho.

— Primeiro acompanharei Sabrina em um novo exame, quero ter


certeza dessa gravidez, depois... Eu ainda não pensei no depois, só sei
que não quero me afastar de você, amo a sua companhia e não pretendo
perder isso.

Elliot disse a palavra “amo” na mesma frase que se referia a


“Melanie”, ele já estava apaixonado, só não enxergava isso.

— Não vai perder a minha companhia, estarei morando aqui até


completar os três anos da custódia.

— Sabrina quer que eu me case com ela antes disso. — Ele


resolveu contar.

— Você fará isso? E a July? Não podemos perder a guarda legal


dela. — Mel começou a se desesperar.

— Não, não vou, July é mais importante para mim e eu não vou
perdê-la, nós não iremos perder ela. — Ele comentou certo disso.

Melanie suspirou aliviada.

— Que situação que nossos amigos nos colocaram, você poderia


estar casado e eu também, eles não pensaram nisso? Que absurdo.

— Mel, sobre a outra parte que você ouviu ontem, eu não estava te
menosprezando...

— Elliot não precisa me explicar, eu sei que você está acostumado


com essas mulheres lindas e “loiras”, nós somos completamente
diferentes, eu entendi.

— Essa é a questão Melanie, você é perfeita, mas não para mim.


— Um tapa teria doído menos nela.

— Só não vamos mais falar sobre isso.


Ele assentiu e não disse mais nada, essa gravidez de Sabrina veio
para atrapalhar tudo entre ele e Melanie...
Capítulo 17

— Acha que está lindo? — Mel perguntou olhando a decoração da


festa de um aninho de July.

Mesmo sendo uma festa mais íntima, apenas para familiares,


Melanie caprichou.

A decoração cor-de-rosa das princesas da Disney estava


maravilhosa, era fascinante dar vida a uma festa infantil.

— Está perfeito Mel. — Elliot sorriu vendo a empolgação da


moça, isso era o que mais o encantava, Mel ficava feliz com pouco e
isso é uma virtude rara no mundo que ele vive.

— July merece que seja perfeita, Elisabeth e Eduardo deveriam


estar aqui conosco. — A morena desabafou.

— Eu também queria que eles estivessem. — Elliot falou também,


mas isso era fisicamente impossível, mas ambos estariam ali presentes,
no coração deles e de July.

Diferente de Andrew, July já estava completando um ano e ainda


não andava sem apoiar-se em móveis. Elliot e Mel estavam loucos para
ver a pequena garotinha dar os seus primeiros passinhos, mas July
parecia não se importar com isso, engatinhar estava bom para ela, pelo
visto.

∞∞∞

A maioria dos convidados já tinham chegado, mas quando a


campainha tocou, Mel foi atender sorrindo, só que quando os olhos
negros dela se fixaram nos claros da loira, o sorriso de Melanie morreu.
— Sabrina — comentou apenas isso.

— Oi, Melanie, vim para o aniversário da minha futura enteada —


falou convencida.

— Entre. — A vontade era bater com a porta na cara dela, mas era
a noiva de Elliot afinal e tudo o que Melanie menos queria era uma briga
no dia da festa de July.

Quando Elliot viu Melanie voltando totalmente chateada de dentro


da casa, ele estranhou, mas foi só colocar os olhos em Sabrina que ele
soube a razão.

— O que você está fazendo aqui? — Ele segurou o braço da loira


e a arrastou para dentro da casa novamente.

— Achei que tinha sido convidada. — Ela sorriu sarcástica.

— Sabrina, deixe de ser estúpida, você não deveria estar aqui. —


Ele esbravejou quando os dois chegaram à sala de estar.

— Estúpido é você, por ficar brincando de ser o pai daquela


criança que nem tem seu sangue. — A loira cruzou os braços nervosa.

Angélica que tinha entrado na casa para usar o banheiro, ficou


completamente surpresa com a fala da Sabrina.

A garotinha adorável que ela viu crescer não era assim, ou pelo
menos ela achava que não.

— Sabrina, não me faça perder a paciência. July é minha filha sim.

Angélica estava pronta para aproximar-se e colocar Sabrina no


lugar dela, quando ouviu a seguinte frase:

— Você sabe que eu posso tirar essa criança de vocês, eu tenho o


exame de corpo de delito, eu estou grávida e mesmo assim Melanie me
bateu. — As palavras eram frias e o olhar ameaçador.
Elliot passou a mão no rosto nervoso, Sabrina já estava
ameaçando-o há semanas com isso, foi assim que conseguiu convencê-
lo a se casar com ela, era tudo uma chantagem.

∞∞∞

— Filho preciso falar com você e com a Tay. — Angélica disse


quando se aproximou da mesa que Christopher estava.

— Tayla está com a Megan, irei chamá-la.

— Espero vocês na cozinha.

Tayla deixou Andrew sobre o olhar constante de Megan e foi falar


com a sogra junto do marido.

— O que houve mãe? — Christopher perguntou preocupado.

— Como eu fui tão cega a respeito da Sabrina? Você tentou me


alertar tantas vezes.

— O que descobriu? — Tayla perguntou, pegando um copo com


água para a sogra que estava muito nervosa.

— Ela está chantageando o Elliot.

— Com o quê? — Chris perguntou.

— A ouvi falando sobre um exame de corpo de delito, já que


Melanie bateu nela grávida, isso pode fazê-los perderem a guarda.

— Eu duvido dessa gravidez, se quando Elliot e Melanie viraram


guardiões legais da July ela tinha nove meses, então Sabrina está com
quase quatro, mas cadê a barriga? Ela está magra demais. — Tay
comentou a sua suspeita.

Angélica completou:
— A não ser que Elliot e ela tenham ficado depois.

— Quando Melanie voltou para a vida de Elliot, ele não dormiu


com nenhuma mulher. — Chris tirou as dúvidas da mãe e da esposa.

— Como sabe? — foi Angélica quem perguntou.

— Eu e ele conversamos muito, e é completamente notável que ele


está apaixonado por Melanie, apenas os dois não enxergam isso.

— E a história se repete. — Angélica sorri se lembrando de Tay e


Chris no começo.

— Eu era um idiota, mas não irei deixar isso acontecer com o


Elliot. — O loiro abraçou a esposa.

— Eu sei o que fazer, Sabrina vai perceber que seu maior erro foi
mexer com um dos meus filhos.

∞∞∞

— Não acredito que você a convidou Elliot. — Mel reclamou


quando os dois ficaram sozinhos.

— Eu... — Ele tentou se explicar, mas Mel voltou a falar.

— Sei que ela é sua namorada, mas ela detesta a July.

— Eu não a convidei. — Ele a segurou firme pela cintura, fazendo


Melanie parar de andar pela cozinha da casa deles e o olhar.

Mel estranhou o gesto, mas não se afastou e permaneceu em


silêncio.

— Melanie eu estou uma pilha nesses últimos dias, preciso que


você acredite em mim.
Ela encarou aqueles lindos olhos que tanto adorava, eles pareciam
sinceros.

— Eu acredito em você Elliot. — Ela passou a mão no rosto dele,


o moreno fechou os olhos e aproveitou o toque que depois dessa
gravidez de Sabrina, se tornou raro.

— Apenas confie em mim anjo, eu preciso resolver algumas


coisas. — Melanie sorriu com a palavra anjo, os dois estavam se
aproximando cada vez mais.

— Eu confio. — Ela fechou os olhos e sussurrou as palavras.

Então ele a beijou de novo, aquele beijo que há semanas não


acontecia. Um beijo carregado de carinho e sentimento. Aquele tipo de
beijo que poucos tinham a chance de dar e receber.

Um beijo que valia cada segundo provando os lábios um do outro.

Quando o ar faltou, ambos se afastaram. A intensidade no olhar


deles, provava o quanto esse sentimento aumentava a cada dia.

— Sabe que não podemos fazer isso, não sabe? — Foi ela quem
perguntou.

— Eu sei, mas quando você está perto, simplesmente esqueço-me


de tudo. Eu só quero beijar você. — Ele ainda a segurava em seus
braços.

— Isso também acontece comigo — sorriu para ele, mas a


presença de outra pessoa fez eles se afastarem.

Angélica sorriu completamente sem graça por atrapalhar os dois.

— Me desculpe, achei que estaria sozinho. — Ela se referiu ao


filho.

Mel ficou constrangida, claro que Angélica sabia o que ambos


estavam fazendo.
— Tudo bem mãe. — Ele soltou Melanie e se apoiou no balcão,
escondendo da mãe o quanto a mulher que a pouco estava em seus
braços, o excitava.

— Eu quero falar com você filho, é sobre a Sabrina. — Mel se


retirou da cozinha antes mesmo de ouvir algo mais.

— Pois diga — pediu sentindo toda a rigidez voltar para o seu


corpo.

— Sinceramente eu estou muito decepcionada com você. —


Angélica começou.

— Por quê? — Ele a encarou, detestava quando a mãe usava


aquelas palavras.

— Porque eu não criei filhos idiotas, mas você e Chris me


surpreendem a cada dia.

— Ei, o que foi que eu fiz? — Elli perguntou confuso.

— Engravidou a Sabrina, mas a sua família é essa, você está


apaixonado por uma, mas outra está grávida, isso é ser idiota para mim.

— Mãe, não foi bem assim, nós ficamos juntos muito tempo antes
da Melanie.

— Quanto exatamente? — Era isso mesmo que Angélica queria


saber.

— Talvez um mês antes de July chegar. Lembro que ainda tinha


saído com Eduard e acabei vendo Sabrina e a noite se estendeu. — Ele
começou a narrar, nem percebendo na cara de satisfação da mãe.

— Muito tempo então, mas cadê a barriga dela? Eu estava tão cega
a respeito de Sabrina, que não reparei nesse detalhe, mas Tayla sim.

Elliot olhou pela janela e reparou no vestido colado da suposta


grávida, realmente ela não tinha barriga alguma, nem se quer uma
protuberância.

— Nem eu, já era para ela estar com uns quatro meses. — Ele
comentou pensativo.

— Eu vou marcar uma consulta para ela e eu mesma irei levá-la,


mas não quero que ela saiba, quero pegá-la desprevenida. — Angélica
sorriu planejando tudo.

— Eu a levei mãe, ela está realmente grávida.

— Sim meu amor, mas acredito que nessa consulta não lhe
disseram o tempo gestacional.

— Não mesmo.

— Então a levarei, Sabrina nem vai desconfiar. Tenho certeza que


tudo será resolvido amanhã.

Elliot nunca quis tanto que uma segunda-feira chegasse logo.

— Eu mais do que ninguém quero que tudo isso seja um engano,


minha vida estava indo muito bem antes disso.

— Eu irei conversar com os pais dela assim que essa farsa for
desfeita, não importa os anos de amizade, isso não se faz. E sobre essa
ameaça, tem algo mais que eu deva saber? — Angélica levantou uma
sobrancelha loira, daquela forma que fazia para convencê-los na
infância.

— Ameaça? — Ele se fez de confuso, não para proteger Sabrina,


mas para evitar que toda a família soubesse da briga dela e de Melanie.

— Elliot Bittencourt, desde pequeno você nunca me enganou, eu


sei que foi você quem tacou fogo na boneca da Megan e culpou o
Matthew, sei que não foi o Chris quem arranhou o carro do seu pai e
também sei que Ethan só passou na prova do vestibular porque você o
ensinou a colar. — Ela começou a narrar as travessuras do filho.
Para ele aquelas revelações foram assustadoras.

Como assim ela sabe? — pensou preocupado, jurava que tinha


enganado a todos.

— Mãe... — Começou, mas ela o cortou.

— Não tente me enganar mocinho, eu irei te ajudar com isso,


Sabrina não vai ameaçar um filho meu. Não vai mesmo!

— Me ajudará como?

— Primeiro quero ter certeza, depois irei fazer o que tenho em


mente.

Elliot nem imagina do que a mãe é capaz, casada com um mafioso,


claro que ela tem os seus talentos de vingança...
Capítulo 18

Bônus Angélica

Lembro-me de quando fui visitar Sabrina no hospital, a bebê


pequena, com apenas um pouco de cabelos loiros na cabecinha e
grandes olhos azuis era linda, a mãe estava exausta, mas não deixou de
sorrir, tínhamos nos tornado boas amigas, já que ela se casou com meu
amigo de infância.

Mas nada, nada mesmo me preparou para o que está acontecendo


agora.

A mesma garotinha que frequentou a minha casa, cresceu com os


meus filhos e que muitas vezes eu defendi de Christopher e Megan que
alegavam o quão desprezível Sabrina é, me desapontou e infelizmente só
percebi isso agora.

Se ela pensa que a admiração que sinto pelo pai dela vai
ultrapassar o amor que sinto pela minha família, ela está completamente
enganada.

Se depender de mim, ela não atrapalhará a vida do meu filho.

Percebi desde o primeiro olhar que Melanie é a mulher certa para


ele, assim como foi com Tayla e acredito que será com a mulher de
Ethan e Matthew, e com o marido de Megan, eu vou sentir aquela
sensação boa, terei a certeza apenas com um olhar.

E não será Sabrina quem irá mudar o rumo dessa linda história que
espera pelo meu filho.

Marquei com uma ginecologista amiga minha, ela foi a médica de


Tayla na gestação de Andrew e tanto eu quanto Megan passamos sempre
com ela. Essa consulta será hoje pela manhã.
No aniversário da minha linda July, percebi que Sabrina a detesta,
minha neta não será criada com essa cobra por perto. Ah! Mas não
mesmo!

Liguei para ela e a chamei para irmos ao shopping, com a desculpa


de comprar os móveis do bebê, a mesma recusou no início, mas eu
insisti tanto que ela não foi capaz de negar.

— Sabrina querida, entre — mandei de dentro do carro.

Ela sorriu e adentrou o veículo, reparei de novo em sua barriga,


nenhum sinal de gravidez.

— Está de quantos meses? — Não aguentei, tive que perguntar.

— Quase quatro. — Ela respondeu depois de ficar branca, mais


branca do que já é pelo menos.

Uma mentirosa, eu tenho certeza.

— E está fazendo seu pré-natal? — perguntei enquanto dirigia até


o consultório da minha amiga.

— Sim, com uma médica da família — respondeu cautelosa.

— Eu queria tanto te acompanhar algum dia, o que acha? — Dei a


ideia, apenas para ver a sua reação.

Ela segurou a bolsa um pouco mais forte, antes de responder.

— Claro, quando quiser. — Parei o carro, pois já estava no


estacionamento da clínica.

— Não íamos ao shopping? — Ela perguntou confusa e olhou ao


redor.

O consultório é em um elegante prédio, por isso acredito que


Sabrina não desconfiou.
— Sim iremos, mas antes tenho que passar aqui. Vem comigo?

Sem saber para onde iríamos, Sabrina desceu do carro e pegamos


o elevador.

Quando paramos no andar, ela leu o nome da clínica e me olhou


assustada.

— Por que me trouxe aqui? — perguntou nervosa.

— Você disse que seria quando eu quisesse e eu quero agora. — A


segurei firme pelo braço e avisei a recepcionista que já estávamos ali
para a consulta.

Será que fiz filhos tão lindos assim ao ponto de uma mulher fingir
estar grávida?

Tenho certeza que sim, meus meninos são maravilhosos.

— Eu não estou me sentindo bem, acho melhor voltarmos outro


dia. — Ela tentou me enganar, a Angélica de antes, encantada por aquela
garotinha que vi crescer, teria aceitado na hora, mas não hoje, não
depois de descobrir o ser desprezível que ela é.

— Querida, essa é mais uma razão para entrarmos, ou você tem


algo a esconder? — perguntei com aquela voz maternal que aprendi com
o decorrer dos anos.

Parecia que estava falando com uma criança de cinco anos.

— Claro que não, eu e Elliot teremos esse bebê. — Isso veremos.

Ela segurou a barriga e eu me sentei na recepção, puxei Sabrina e


ela fez o mesmo.

Tínhamos acabado de sentar quando Elliot chegou.

— Mãe. — Ele se aproximou e me deu um beijo no rosto.


— Oi querido — retribuí o carinho, mas fiquei atenta em Sabrina,
afinal ela estava com cara de quem estava preste a fugir dali.

— Sabrina. — Ele a cumprimentou com um aceno.

— Elliot o que significa isso? — Ela grasnou para o lado dele.

— Significa que estamos cuidando de você e do bebê querida,


Elliot estava muito preocupado. — Eu respondi por ele, sendo tão falsa
quanto ela.

Quando ela foi chamada para se trocar, Elliot comentou:

— Eu estou nervoso mãe.

— Calma filho, tudo dará certo, duvido que esse filho seja seu.

Uns minutos depois a minha entrada e de Elliot foi liberada.

Silvia já estava na sala e me cumprimentou alegre.

— Angélica, não te vejo desde a última consulta. — Ela me


apertou em um abraço e vi quando Sabrina ficou ainda mais assustada.

Certeza que na minha ausência ela tentou subornar a médica.

— Não mesmo, tenho que remarcar novamente.

— Faça isso. — Silvia piscou para mim e olhou para Sabrina.

— Vamos olhar esse bebê? — perguntou.

Sabrina apenas assentiu.

Enquanto Silvia arrumava tudo para o ultrassom, eu fiquei ao lado


de Elliot, que estava muito nervoso.

Assim que a médica colocou o aparelho sobre a barriga plana da


Sabrina, minhas conclusões estavam quase se confirmando.
— Aqui está o bebê. — Ela apontou para um borrão na tela.

— Irei liberar o som do coraçãozinho.

Percebi quando Sabrina sorriu olhando a tela.

— Esse é som dos batimentos do bebê. — O barulho tomou conta


da sala e vi quando Elliot encarou Sabrina.

A grávida apenas olhava a tela concentrada e foi ali que eu percebi


que mesmo de uma forma torta, Sabrina ama aquele bebê.

Olhei para Elliot e ele olhava a tela agora e vi quando um pequeno


sorriso deixou seus lábios.

Ele também estava emocionado com essa gravidez...


Capítulo 19

Era óbvio que Sabrina estava realmente grávida.

Mas Angélica ainda não tinha descoberto o que tanto queria, o


tempo gestacional.

A matriarca olhou para o filho novamente e ele a encarava,


nitidamente pálido, quando a médica disse para Sabrina se limpar que
logo em seguida a orientaria, o clima no consultório ficou tenso.

O silêncio estava incomodo, mas logo Silvia olhou para Sabrina,


soltou um pequeno riso acolhedor e disse:

— Vou remarcar a sua consulta para o próximo mês, já que você


está com apenas nove semanas, mas assim que entrar no sexto mês
nossas consultas serão mais frequentes.

Elliot e Angélica paralisaram quando ouviram “nove semanas”.

— Nove semanas são exatamente quantos meses doutora? — Ele


perguntou e viu quando Sabrina fechou os olhos.

Tinha mentido para ele e estava tensa com a descoberta.

— Aproximadamente dois meses e uma semana. — A médica


respondeu sem saber que essa era a resposta que Elliot precisava para se
ver livre de Sabrina.

Os Bittencourt se retiraram da sala e deram privacidade a médica e


paciente.

— O filho não é meu. — Ele abraçou a mãe apertado e Angélica


sorriu aliviada.

— Não mesmo querido, mas eu tenho dó dessa criança, Sabrina


está se mostrando alguém que eu nunca imaginei que fosse.

— Christopher e Megan sempre nos alertaram, eu só percebi isso a


pouco tempo, a senhora pelo visto só percebeu ontem.

— Sim, me arrependo tanto por ter aproximado vocês dois.

— A senhora não teve culpa, eu sou um homem adulto, se levei


Sabrina para a cama foi por vontade própria.

— Tenho tanto orgulho de você, saiba que sempre pode contar


comigo, independente da sua idade. — Ela segurou os dois lados do
rosto dele e Elliot se abaixou para a mãe poder beijá-lo no rosto.

Angélica apertou o filho carinhosamente e se virou quando ouviu


os passos de Sabrina.

— Eu achei que fosse seu Elliot. — Lágrimas grossas saíram dos


olhos dela.

— Deixa de ser hipócrita Sabrina, todos sabemos que você sempre


soube a verdade, afinal precisou ameaçar o Elliot.

— Como sabe disso? — perguntou a jovem assustada.

— Pouco importa. Apenas pare com isso antes que as coisas


fiquem feias para o seu lado. — A mãe ameaçou e Elliot estranhou o
tom dela.

Angélica costumava ser amorosa com Sabrina, sempre foi assim.

— Você não pode me tratar assim Angélica, meus pais saberão


disso. — Ela ameaçou com faíscas saindo do olhar raivoso.

— Pode ter certeza que saberão, farei questão de ir pessoalmente


conversar com eles e mostrar a filha odiosa que colocaram no mundo. —
A matriarca da família Bittencourt a olhou com desdém e virou as
costas, pronta para ir embora.
— O que foi isso? — Elliot quis saber assim que entraram no
elevador.

— Apenas defendi meu filho.

Ele sorriu com isso, a mãe sempre foi calma e protetora, mas era
agradável vê-la tão feroz para ajudá-lo.

Angélica sabia que o assunto dela e Sabrina ainda não tinha


acabado, e essa garota merecia aprender. E ela era a melhor pessoa para
ensinar antes que a vida acabasse lhe dando lições ainda piores.

∞∞∞

Depois de descobrir toda a mentira, o dia de Elliot foi melhor, um


sorriso vivia escapando de seus lábios assim que pensava em Melanie e
July.

Seu celular tocou e quando ele viu quem era seu sorriso se
ampliou.

— Oi anjo — decidiu que chamaria ela assim de agora em diante.

— Oi Elli, tem como você vir para casa agora?

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou enquanto se levantava e


pegava o terno.

— Não. Apenas a visita da assistente social e você precisa estar


presente.

— Logo estarei aí. — Ele finalizou a ligação.

Depois que Melanie soube da gravidez de Sabrina, ela e Elliot se


afastaram, apenas aquele beijo no aniversário da July foi o mais próximo
que ficaram, mas agora Elliot a queria, queria sentir Melanie nele, o
cheiro, o gosto, o olhar, o beijo, ele queria tudo e faria isso acontecer.
∞∞∞

Assim que ele abriu a porta, viu Melanie servindo café para uma
senhora de semblante sério.

— Boa tarde. Sou Elliot Bittencourt. — Ele cumprimentou a


assistente social.

— Sei quem você é senhor Bittencourt. Sou Irene Johnson a


assistente responsável pelo caso de July Stef.

Ele concordou enquanto andava até a pequena July e depositou um


beijo na testa da bebê e depois se aproximou de Melanie dando um casto
selinho em seus lábios.

A morena ficou completamente surpresa e confusa, mas evitou


questionar isso na presença da assistente social.

Quando Irene suspirou cansada, o casal olhou para ela.

— Vocês estão em um relacionamento? — perguntou ela,


segurando uma prancheta.

— Não.

— Sim.

Os dois responderam juntos, Elliot confirmando e Melanie


negando.

— Estão ou não? — A senhora deixou de olhar a prancheta e


encarou os dois.

— Ainda não, mas eu pretendo mudar isso. — Elliot afirmou e


olhou para Melanie, que estava completamente confusa.

Desde quando ele havia decidido isso? E Sabrina? E a gravidez?


O casamento? — Mel estava pensando em tudo isso, mas no momento o
importante era provar que ambos eram capazes de cuidar de um bebê.

Depois de inspecionar toda a casa, fazer diversas perguntas ao


casal e constatar que tudo estava certo, Irene finalizou a visita dizendo:

— Bom... A casa é adequada para uma criança, a condição


financeira é estável e ambos estando em um relacionamento é ainda
melhor. Creio que nada possa atrapalhar esse processo. Porém voltarei a
visitar no decorrer desses três anos.

O casal concordou e sem mais a assistente foi embora, assim que


ele fechou a porta Melanie relaxou o corpo todo.

— Ufa, meu coração quase saiu pela boca. — Ela se jogou no


sofá.

— Eu preciso conversar com você. — Elliot falou assim que


adentrou a sala de estar.

— Sou toda ouvidos. — Ela se sentou, chegou para o lado e bateu


com a mão no sofá, indicando para ele se sentar ao seu lado.

Só agora que ele percebeu que a mesma estava ainda mais linda,
com roupas casuais, uma bermuda simples e uma regata, com os cabelos
presos em um rabo de cavalo.

Tão linda e seria toda dele se ela aceitasse.

— Desde a primeira vez que te vi, quando você abriu a porta da


casa de Eduard e Lisa para mim, eu soube que você era especial.

— Elli... — Ela estava pronta para dizer algo, mas ele a calou com
o dedo indicador em seus lábios.

— Só quero que me escute agora anjo. Eu soube naquele dia que


você era a pessoa certa para mim.

Mel apenas encarava aqueles olhos azuis cristalinos e a boca


bonita e rosada.

— Errei com você por causa da Sabrina, mas ela já não é mais um
problema.

— Ela está grávida Elliot. — Melanie sussurrou.

— Sim está, mas de apenas dois meses, se o filho fosse meu seria
uma gestação de aproximadamente cinco meses.

Melanie abriu a boca surpresa, digerindo cada palavra que ouviu


dele.

— Sério? — perguntou ainda de olhos arregalados.

— Sim anjo, agora eu quero apenas uma coisa. — Ele se


aproximou um pouquinho mais, Melanie acreditou que ele a beijaria,
mas Elliot parou um palmo antes de seus lábios se tocarem.

— O que você quer? — O tom dela foi baixinho, os olhos negros


fixos no lábio que ele mordia.

— Viver com você e com a nossa filha, mas para isso eu preciso
que você também queira. — Ele abaixou o olhar para os lábios dela.

Melanie sabia que ele esperava uma resposta, não a beijaria sem
uma, então ela fechou o espaço que tinha entre os dois e o beijou.

Um beijo calmo e explorador, ambos soltavam pequenos gemidos


de prazer, mas quando uma mãozinha pequena agarrou a mão de Elliot
que estava na perna de Melanie, ele finalizou o beijo.

— Olha o que temos aqui, uma pequena ciumenta — comentou


risonho e pegou July no colo.

— A ciumenta mais linda. — Mel completou e agarrou a pequena


mãozinha.

July olhava de um para o outro e sorria aquele sorrisinho banguela


e encantador.

— Eu não posso perder vocês duas. — Elliot sussurrou e olhou


para Melanie.

Ela levantou o olhar do rostinho delicado de July e encarou os


olhos azuis dele.

— Sabe que estamos arriscando muito, não é? Você mesmo disse


que eu não sou o seu tipo de mulher. — Ela reclamou, não perderia a
oportunidade.

Elliot trocou July de perna e olhou mais atentamente para Melanie.

— Você está brincando com a minha cara, não é? Eu acabei de me


declarar.

Mel mordeu o lábio querendo rir da cara dele, mas também queria
uma resposta.

— Eu disse para Christopher que você não é o tipo de mulher que


estou acostumado, isso é verdade, porque você é doce, amável,
encantadora, só conheço mais três mulheres assim, minha mãe, minha
irmã e minha cunhada, aí você apareceu e me mostrou que pode ser
ainda mais que encantadora, pode ser sexy, gentil, uma excelente mãe, e
que ainda por cima sabe ser muito brava para defender a filha.

Mel não segurou o riso dessa vez.

— Está me dizendo que sou muito boa para você?

— É exatamente isso que estou dizendo.

Os dois continuaram ali, conversando, se conhecendo, até que July


pegou no sono e ambos subiram para colocá-la no berço...
Capítulo 20

Quando dizem que tudo que acontece de ruim é para melhorar, é


verdade. Elliot precisou passar por tudo isso, para enxergar um palmo à
frente do nariz.

À primeira vista Melanie instigou a curiosidade, queria conhecê-la


melhor, descobrir o motivo dos lindos olhos negros ostentarem tristeza e
medo. Depois ela instigou a atração, aquele vestido colado, o salto alto e
a dança sensual na despedida de solteiro de Lisa e Edu, fizeram com que
Elliot a desejasse. Logo após isso ela instigou um vício que ele não
poderia suprir, afinal ela tinha deixado bem claro que era apenas sexo de
uma noite.

O erro do Bittencourt foi dormir depois de uma madrugada inteira


se perdendo nas curvas dela, acordou e a bela morena não estava mais
na cama, nem no hotel, quis ir à casa dos amigos atrás dela, mas não o
fez, Melanie foi clara com as palavras.

Ele se lembrava bem...

Lutou desde o jantar da noite anterior para não se comportar


como um adolescente, já era um homem independente, tinha diversas
mulheres aos seus pés, não poderia simplesmente se tocar apenas por
recordar os olhos dela, mas naquela manhã ele só conseguia pensar em
Melanie, nos grandes olhos expressivos demais, no sorriso gentil, na
forma delicada de colocar o cabelo atrás da orelha, na pequena boca,
ah aquela boca, fechou os olhos e deixou que a mão saciasse a vontade
de tê-la provando-o.

Estava faminto pela melhor amiga da noiva de seu melhor amigo,


estava louco por Melanie, a desejou desde o primeiro olhar, mas
Eduard o alertou, Melanie é especial, merece alguém especial. Essa foi
a principal razão de Elliot não a beijar na noite anterior.

Mas agora, com os olhos fechados, os dentes prendendo forte o


lábio inferior, a respiração entrecortada e as mãos lhe proporcionando
prazer, ele só conseguia imaginá-la ali com ele, molhada não só por
causa do chuveiro, nua e completamente corada de desejo.

— Merda. — Gemeu quando atingiu o ápice sozinho.

Não se lembrava da última vez que se masturbou, na adolescência


talvez, antes de Christopher o levar para uma boate e fazê-lo perder a
virgindade.

Melanie estava o deixando louco, mal a tocou, mas se incendiava


por dentro.

A manhã foi terrível, saciar o desejo com a mão não foi o


suficiente, ele a queria, como queria, nunca quis ninguém assim.

Foi buscá-la no horário marcado e aqueles olhos só pioraram a


situação, imaginou o que faria com ela ali no carro, começaria a
explorando com o dedo, sentindo se o desejava assim como ele a ela.
Soltou um suspiro e mudou o foco do pensamento, estava ficando
excitado e ela poderia notar.

Melanie mostrou ser autêntica, petulante e ainda mais linda.


Quando ela deu uma rodadinha para aprovar o local, ele reparou no
vestido que subiu, deixando as grossas e torneadas coxas à mostra.

— Então é aqui. — Ele sorriu e ela apenas o encarou, o bendito


vestido estava novamente no lugar, mas ele já tinha visto, sabia o que a
peça escondia.

Naquela noite, quando ela entrou no pub foi magnético, seu olhar
a pegou ainda na porta e ela já o olhava, pareciam ligados, atraídos de
alguma forma.

— Malditamente gostosa. — Ele acabou comentando e Eduardo o


fuzilou com o olhar.

— Espero que não esteja falando da minha mulher. — Só naquele


momento o Bittencourt percebeu que Elisabeth estava ao lado de
Melanie.

— Vai se foder, ela é como uma irmã.

— E Melanie e como uma irmã para mim também, não a


machuque. Mesmo que ela seja linda, ela merece alguém para a vida
toda.

Elliot sabia que ele não era esse alguém, mas quando Melanie se
sentou ao seu lado no bar e o olhou fixamente nos olhos, ele se rendeu,
pois a queria muito.

— Percebi que me olhou à noite toda senhor Bittencourt, mas


parecia com medo de se aproximar. — Ela mordeu o lábio e ele se
amaldiçoou por olhar diretamente lá.

— Melanie, Melanie, não sou um homem de sentir medo, estou


sendo cauteloso.

— Sim, imagino que Eduard te alertou, mas e se eu estiver tão


desejosa quanto você? — Ela olhou para a calça dele.

Foi pego.

— Está?

— Não sei, podemos sair daqui e você mesmo descobre.

Pronto, Elliot parou de pensar com a cabeça de cima.

Procurou entre as pessoas e não encontrou nem Lisa e nem


Eduard.

— Será apenas uma noite de prazer Elliot, não estou te pedindo


em casamento.

Ele a pegou pela mão e os dois saíram do pub, Elisabeth e Eduard


estavam vendo tudo, torciam por aquilo, mas temiam ao mesmo tempo.
Quando chegaram no hotel, Melanie o surpreendeu quando
começou a despi-lo, tão ou mais desejosa que ele.

— Ei, preciso fazer uma coisa antes. — Ele sussurrou no ouvido


dela.

— O quê? — Mel perguntou e como os lábios ficaram meio


abertos ele se aproveitou e a beijou, desejou aquilo a noite toda.

As mãos grandes foram descendo pelo corpo delineado dela, o


vestido foi sendo puxado para cima aos poucos e quando chegou na
calcinha, ele afastou para o lado e a penetrou com o dedo, era
exatamente isso que ele queria.

Finalizou o beijo e chupou o dedo que se afundou nela, sem


perder o contato visual.

Ainda mais desejosa Melanie desabotoou o cinto dele, depois a


calça e retirou a camisa que já estava sem os botões. O queria também,
necessitava na verdade.

— Você está com pressa?

— Paciência nunca foi uma virtude para mim.

— Eu gosto disso. — Ele a ergueu e Melanie o enlaçou com as


pernas, deixando sua intimidade à mostra quando o vestido subiu.

Elliot a sentou na cama e a despiu, o vestido era um modelo que


não exigia uso de sutiã, a calcinha era um fio dental rendado preto.

— Isso ficará comigo — rasgou a pequena peça e Melanie sorriu


travessa.

Quando os lábios se tocaram novamente, ele a explorou mais, mas


ainda não era o suficiente, amou o gosto dela em seu dedo e queria
provar direto da fonte.

Beijou o pescoço, os ombros, chupou os seios, um de cada vez,


apreciando o momento, adorando vê-la se contorcer, depois desceu
para a barriga e quando chegou ao umbigo parou e a olhou.

Ela já gemia em antecedência, queria aquilo mais que ele mesmo.

Quando Elliot a provou com os lábios, o quente da sua boca


entrando em contato com a pele sensível, fez Melanie gemer.

— Ohhh. — Queria mais, queria tudo vindo dele.

Fazia muito tempo, mais de um ano que Melanie não se entregava


a nenhum homem, foi unicamente de um, Gregory, se fechou para todos
os outros, mas se soubesse que o dono daquele olhar claro como o mar
era fogoso como um vulcão em erupção, Melanie já teria se dado a ele
muito antes.

O orgasmo avassalador a assustou, já tivera muitos outros, mas


nenhum nunca tão intenso quanto esse. E melhor, ele conseguiu apenas
com a boca.

Melanie preferiu pensar que era por estar muito tempo sem, por
isso foi tão intenso, não era o local, nem a pessoa, era apenas a falta do
ato que a deixou tão fora de ar e ainda mais desejosa.

A morena se viu engatinhando na direção dele e fazendo o mesmo,


queria prová-lo também, queria dar prazer assim como recebeu.

Terminou de retirar a boxer que Elliot usava e viu a beleza nua à


sua frente, era um homem de tirar o fôlego e seria todo dela, apenas
naquela noite, mas ela faria valer a pena.

— Deite-se — mandou firme. Ele a olhou surpreso, mas se deitou.

Melanie o envolveu com os dedos e o provou.

Tudo o que Elliot imaginou naquela mesma manhã não passou


nem perto da sensação de ter os lábios dela o envolvendo.

— Hummm — gemeu sem se conter.


Melanie era boa naquilo, sabia muito bem o que fazer e como
atiça-lo ainda mais.

Quando sentiu que estava a um fio, Elliot a segurou pelos cabelos,


de uma forma firme, mas sem a machucar.

— Só vai acontecer quando eu estiver dentro de você. — Ela


sorriu ainda mais safada e se posicionou na frente dele.

O Bittencourt se surpreendeu ainda mais, nunca tinha conhecido


uma mulher tão decidida, fogosa e ao mesmo tempo dominante na
cama.

Ele se protegeu, afinal a camisinha era algo que ele nunca


esquecia e a penetrou de uma vez, levando os dois à loucura.

Só que acordar sem Melanie fez com que o fogo de antes se


apagasse por completo.

Sentia o gosto amargo do que ele mesmo sempre fez, afinal partia
antes mesmo que a mulher acordasse, só que dessa vez foi diferente, ele
era o deixado, ele era o que queria muito mais daquela mulher
misteriosa, linda e deliciosa na cama.

Queria Melanie, mas sabia que ela nunca seria dele, afinal fora
apenas uma noite, a melhor que já teve, mas apenas uma.

Passou os dois anos seguintes procurando por uma igual a ela, mas
nunca conseguiu encontrar, Melanie era única e agora ele sabia que
queria apenas ela...
Capítulo 21

Melanie sempre foi a mulher certa para ele, mas Elliot não quis
enxergar isso, jurou no passado nunca amar ninguém, mas foi só olhar
para ela que esse juramento se foi, quando viu os olhos dela pela
primeira vez soube que dali em diante nada mais seria como antes.

Christopher o avisou, disse que quando acontecesse, ele nem


perceberia que foi atingido, e isso realmente aconteceu.

A visão do amor sempre foi uma merda para ele, sabia que os pais
sofreram antes de se acertarem de vez, viu o que Tayla e Christopher
passaram, assim como os pais de Tay. Não queria isso para ele, mas
Melanie apareceu e foi inevitável.

Agora não tem mais volta, Melanie e July são o único final que ele
almeja ter.

— Eu acho que amo você. — Ele confessou cauteloso, olhando no


fundo dos olhos negros dela.

Melanie estava sentada no colo dele, tinham acabado de colocar


July no berço, já que a pequena pegou no sono um pouco depois da
partida da assistente social.

As palavras dele a pegou desprevenida. Não estava pronta para


ouvir aquilo novamente, não depois de tudo o que já sofreu. Não estava
preparada para amar de novo.

Com um pulo Melanie se levantou e virou as costas, não querendo


demonstrar o quanto estava afetada.

Seu coração se apertou com isso, afinal são poucos os homens que
se declaram assim, Elliot merecia a sinceridade, mas a razão de Melanie
gritava para ela se afastar, era mais seguro estar em um terreno tranquilo
e confortável, do que se arriscar em um desconhecido e sofrer
novamente.

Ela estava se sentindo culpada por não ser capaz de dizer o


mesmo.

Estava sim muito ligada a ele, queria continuar com aquilo, mas
sabia que o primeiro passo para se afundar em mágoas é admitir que se
ama.

— Não precisa dizer o mesmo Melanie, apenas queria que


soubesse dos meus sentimentos. — Elliot sussurrou, mas seu coração se
partia por não ouvir que a recíproca existia.

— Me desculpe, eu não posso. — Ela falou e fechou os olhos,


parecia uma frase tão estúpida, mas era a verdade.

Não podia se entregar de novo.

Quando Justin falou sobre sentimento na boate, ela se afetou, mas


ouvir de Elliot foi mais intenso, fez Melanie perceber que Gregory ainda
a influenciava e muito quando o assunto era amor.

— Não precisa se desculpar, meu anjo. — Ele caminhou até ela e a


tocou.

O clima que antes estava quente e agradável se tornou estranho,


frio.

— Irei tomar um banho. — Melanie correu para o andar de cima,


não conseguiria olhar para ele e mostrar suas lágrimas.

Era tudo tão novo. Ainda era cedo demais para se abrir com ele.

Desde que Gregory a quebrou para sempre, Melanie permaneceu


na superfície, nunca afundou de cabeça em mais nada, pesava os prós e
contras antes de qualquer ato, mas conhecer Elliot mudou tudo isso.

Fazia pouco mais de um ano que Melanie tinha se mudado para o


Brasil, só voltou para Nova Iorque por causa do casamento dos amigos e
com isso conheceu Elliot, o dono dos olhos mais belos que teve o prazer
de olhar.

Sentiu por ele o que não havia sentido por mais ninguém e
precisou se entregar, estava sozinha desde Gregory e sentia falta do
contato com um corpo masculino, mas Elliot a arrebentou de uma
maneira prazerosa demais, nunca tinha sido tão bom dividir uma cama
com alguém, na madrugada do dia seguinte ela fugiu, estava atraída
demais por ele e não aguentaria vê-lo despertar e acabar sorrindo ainda
com sono, seria sua perdição.

Depois da noite compartilhada, ambos se trataram com educação


no casamento e nem conversaram durante a festa, foram apenas as trocas
de olhares e essas Melanie nunca esqueceria, após o casamento ela fugiu
novamente, sua casa no Brasil continuava a mesma, a segurança nos
braços de Karina também e ela contou tudo, só que ele permaneceu com
ela em suas lembranças, a melhor noite da sua vida, teve no decorrer dos
dois anos seguintes outros homens, poucos, mas teve e nenhum
conseguiu ser como ele.

Pegavam fogo juntos e ela adorava voltar a ser a mesma Melanie


de anos antes, ele despertava isso nela, apenas ele.

E essa era a razão de ela estar tão assustada.

∞∞∞

Quando Mel teve aquela reação inusitada, Elliot só viu uma saída,
ligar para Christopher.

— Espero que seja algo importante. — A voz do primogênito foi


ouvida, Elliot percebeu que o irmão estava com a respiração acelerada.

— Não quis atrapalhar. — Elli comentou, mas na verdade queria


rir.

Christopher olhou para Tayla, nua na cama o olhando irritada.


— Merda Elliot, você tem noção no quanto é difícil fazer o
Andrew dormir? — reclamou fazendo uma careta.

— Já pedi desculpa.

— Tayla ficou muito mais brava.

— Eu não precisava saber disso Christopher.

— Me ligou por que então? — Chris se sentou na cama e puxou


Tayla para seus braços.

— Eu me declarei para Melanie.

Christopher se surpreendeu com essa notícia, acreditou que o


irmão demoraria muito mais para perceber os reais sentimentos.

— Me conte. — Ele mandou, afinal se Elliot ligou é porque algo


deu errado.

— Descobri que o filho que Sabrina espera não é meu, vim para
casa por causa da visita da assistente social e acabei falando que eu e
Mel estamos em um relacionamento.

— Esse foi seu erro? — Chris voltou a perguntar.

Elliot segurou o celular apoiado entre o ombro e a cabeça e se


serviu de uísque, precisava de algo forte.

— Não, eu não errei em nada, apenas disse que acho que a amo,
mas ela não falou o mesmo... Ela apenas se desculpou. — Elli finalizou
e bebeu o líquido âmbar em um gole só.

— Precisa sair para beber? Podemos conversar melhor. —


Conhecendo bem o mais novo Chris sabia que ele precisava disso.

— No lugar de sempre em meia hora.

Christopher soltou um riso irônico.


— Preciso de uma hora e meia. — Ele finalizou a ligação, mas
Elliot ainda conseguiu ouvir um gemido, teve certeza que veio do irmão.

∞∞∞

Melanie permaneceu no quarto de July, olhando fixamente para a


foto dos amigos, dentre várias fotografias, a que mais lhe chamou a
atenção foi a que estavam os três juntos, July ainda era recém-nascida.

Olhando a felicidades deles, Mel se perdeu em boas lembranças e


só voltou a prestar atenção no quarto, quando Elliot abriu a porta.

Estava arrumado.

— Vai sair? — Ela perguntou.

— Sim, passei aqui para te avisar. — Ele permaneceu olhando-a,


mas quando viu que Melanie não diria nada ele se despediu. —
Qualquer coisa me liga.

Ele já estava no andar de baixo, pegando as chaves do carro e a


carteira, quando sentiu a delicada mão segurar seu braço.

— Está assim por causa do que aconteceu? — Melanie ergueu os


olhos para ele, estava triste também.

— Você não é obrigada a sentir o mesmo, anjo.

Quando Elliot se abaixou um pouco para acariciar o rosto dela,


Melanie ergueu os pés e o beijou.

— Não é você, sou eu que tenho medo de me entregar e acabar me


magoando — confidenciou em um sussurro, quando os lábios dos dois
se afastaram.

Elliot suspirou, olhou-a nos olhos e disse:


— Eu queria que confiasse em mim.

O Bittencourt se afastou após dar um beijo na testa dela e Melanie


sentiu seu peito se apertar.

— Elliot. — Ela o chamou quando abriu a porta.

Ele a olhou em expectativa.

— Não faça nada para se arrepender depois.

Ele apenas assentiu e saiu, deixando Melanie encarando a porta.

Duas horas haviam se passado e nada dele voltar, Melanie tentou


dormir, mas não conseguiu, então resolveu ler algo, só que ao procurar
por um livro, encontrou a carta que Lisa havia deixado para ela.

A caligrafia bonita chamou a atenção de Melanie.

Sentia tanta falta da sua parceira de vida que quis matar um pouco
da saudade.

Resolveu então abrir a carta e ler...


Capítulo 22

Mesmo se esforçando para não chorar, quando Mel abriu o


envelope, as lágrimas já estavam banhando seu rosto.

Elisabeth sempre foi uma pessoa prática, Melanie não se lembrava


de ter visto alguma vez sua amiga escrevendo uma carta, normalmente
trocavam e-mails e telefonemas.

“Querida Mel, se você está lendo essa carta, é porque a minha


loucura é real...”

Lendo a letra delicada, Melanie suspirou, seria mais difícil do que


pensou.

Quando adolescentes, trocavam cadernos na escola e cada uma


copiava para a outra, sentia tanta falta dessa época, a que estar na escola
era a parte mais alegre do seu dia, afinal Lisa estava lá para fazê-la se
sentir especial e amada.

O lado emocional de Melanie a proibiu de pensar sobre qual


loucura Lisa estava escrevendo, as emoções à flor da pele faziam
Melanie apenas recordar de momentos bons do passado, deixando passar
o detalhe mais importante.

“Não entendo a razão de meu coração se apertar tanto a cada


palavra escrita, dói tanto, está sendo difícil de verdade...

July está me encarando agora do bercinho e parece sentir minha


angústia, meu coração se aperta ainda mais em pensar que talvez você
leia essa carta, isso significa que não estarei mais ao lado de vocês, por
isso quero deixar escrito o que realmente sinto...

Mel você sempre foi a minha irmã, mesmo nós duas sendo filhas
únicas, Deus uniu os nossos caminhos e nos tornamos inseparáveis
desde então. O dia que te vi entrando na sala de aula, de cabeça baixa e
totalmente perdida, me aproximei, pois era isso que meu coração pedia
para fazer, exigia na verdade, e esse ato foi o meu maior acerto, recebi
uma amiga para a vida toda...

Mesmo por trás de toda a sua timidez, você sempre foi notada, seu
brilho único era perceptível, por isso Gregory se apaixonou, ele era
perfeito para você e te amou de verdade, eram perfeitos juntos e dessa
perfeição veio a pequena Luna.

Eu me apaixonei pela sua pessoa mirim, idêntica em tudo até nos


imensos olhos castanhos escuros, lembro o quanto ela ficou feliz com o
ursinho de pelúcia que eu e Eduard demos para ela no aniversário de
quatro aninhos, Luna era como você, amava o pouco e sabia valorizar o
que tinha, sempre admirei isso, tanto nela quanto em você.

Melanie você era a mãe perfeita, Luna te amava demais, ainda te


ama tenho certeza, você nunca errou, mas te ver se culpando cada vez
mais me matava por dentro, doenças existem e infelizmente a Luna foi
vítima de uma”.

Mel já estava soluçando, lembrar-se de tudo isso acabava com ela,


saber que nunca mais iria olhar aqueles olhinhos escuros de Luna a
destruía, se ela pudesse trocaria de lugar com a filha. Sem sombra de
dúvidas.

As lágrimas estavam deixando a vista embaçada, Melanie passou


as mãos no rosto e voltou a ler.

“Se eu disser que entendo a sua dor será mentira, só quem passou
por isso sabe o quão horrível é, mas eu posso imaginar desde que
descobri que estava grávida de July, me vi amando-a mais a cada dia,
ela se tornou tudo para mim e perdê-la seria a minha ruína.

O propósito dessa carta é te mostrar o quanto você é capaz,


sempre disse isso para você, mas a mágoa te cegou e você se fechou,
espero que não seja para sempre... Minha mãe costumava dizer que
Deus escreve certo em linhas tortas, se essa carta chegar até você terei
certeza que isso é realmente verdade, afinal eu perderei a oportunidade
de viver ao lado da minha filha, mas você terá a sua segunda chance,
quero que ame e proteja July, assim como amou e protegeu Luna, cuide
dela como se fosse a sua filha.

Enxergue essa nova vida como a sua nova chance de ser feliz, sei
que a perda de Luna e o fim do seu casamento com Gregory foram a
base para a sua destruição, mas Mel não se feche para sempre, você
não merece viver assim.

Quando eu e Eduard conversamos a respeito de tutores legais


caso algo aconteça conosco, pensei em você no mesmo instante e ele em
Elliot, imaginamos que vocês se darão bem, mas como não temos
certeza optamos pela cláusula de três anos, perdoe-me por mudar a sua
vida assim, mas não enxergo uma mãe melhor para ela do que você.

Meu único desejo era ver aquele brilho intenso nos seus olhos
novamente, mas acredito que não conseguirei, o brilho se foi, mas sei
que pode reencontrá-lo dentro de si, é só se permitir amar novamente
Mel, July amará você e Elliot, sei disso, minha pequena já adora vocês
com pouco convívio, vivendo junto ela enxergará os dois como os pais,
mas quero que eu e Eduard sejamos uma lembrança feliz para ela, sei
que é exatamente isso que fará.

Sei que para você essa convivência será mais difícil, afinal o
último homem que morou com você te destruiu, mas não pense que
todos são iguais a ele, Elliot é uma pessoa maravilhosa, você perceberá,
ele colocará a sua felicidade à frente da dele, é o modo dele de ser.

Gregory foi perfeito para você, o amor paterno o mudou para


melhor, só que ele não suportou a perda de Luna e acabou perdendo
você também, sei que o amou demais, talvez ainda o ame, mas merece
seguir em frente e ser feliz, ficar presa ao passado nunca fará a dor
amenizar.

Nova Iorque te traz lembranças boas, mas que a saudade faz


parecer ruim, sinto muito por te prender aqui por anos, mas eu não tive
escolha, me perdoa irmã, meu único erro foi amar demais July e ser
egoísta com você, por acreditar que só você seria capaz de fazê-la feliz
no meu lugar. Se mudar para o Brasil foi o melhor naquela época, mas
aqui é o seu lugar, aqui é o seu lar, fique e reconstrua sua felicidade.

Eu te amo e sempre amarei Melanie, apenas peço que ame July,


sei que já a ama, mas a ame como filha, a aceite como sua, não fique
insegura, de onde eu estiver saberei que agora você é a mãe dela aqui
na terra.

Se ame mais amiga...

Se perdoe e tente aceitar que você não podia evitar o que


aconteceu com Luna...

Eu amo você e amo demais a July...

Quero te pedir um imenso favor, deixamos uma carta para July no


gaveteiro da minha penteadeira, dê para ela quando ela for capaz de ler
e entender o que escrevemos...

PS: Você e Elliot sempre serão um casal para mim, espero que no
futuro tudo se resolva entre vocês.

Um grande beijo, te amo irmã!”


Capítulo 23

Quando Elliot adentrou o pub foi impossível não se lembrar do dia


que ele e Melanie escolheram aquele lugar para ser a despedida de
solteiro dos amigos, foi ali que ela o convenceu a ficarem juntos, por
apenas uma noite, fazia mais de dois anos, mas ele se recordava bem,
Melanie é inesquecível.

O pub é um lugar charmoso, tem um pequeno palco onde algumas


pessoas se arriscam cantar, um grande bar com diferentes variedades de
bebidas e a pista de dança é rodeada de mesas, deixando assim os
clientes a vontade para apenas apreciar o show.

No meio do pouco movimento Elliot avistou Christopher, que


acenou para ele assim que os olhares dos dois se encontraram.

Enquanto caminhava até o irmão, Elli sentia os olhares femininos


nele, antes ele retribuiria e escolheria uma para fazer-lhe companhia,
mas agora é diferente, a que ele quer está em casa, mesmo que não o
amasse ainda, ele não desistiria, as palavras de Mel não saiam da sua
cabeça.

Não faça nada para se arrepender depois. — Ele não faria, não
depois de perceber que o que sente é realmente amor.

Estava perdidamente louco por ela, ansiava tocá-la, provar de novo


do gosto bom que só ela tem, mas não faria sem ter certeza de que é isso
que Melanie também quer.

Nunca foi de necessitar afeto, mas ouvir um “eu também te amo”


dela seria perfeito, queria aquilo, mas não podia obrigá-la a amá-lo.

— Sua cara está péssima. — Christopher falou assim que Elliot se


sentou ao seu lado e acenou para o barman.

— Essa não é uma das minhas melhores noites. — Elli pediu o


mesmo que Christopher bebia, uísque.

— Nunca levou um fora irmão? — Voltou a provocá-lo.

— Vai se foder Christopher, você veio aqui para me zoar? —


Elliot reclamou virando a bebida de uma vez.

Já o primogênito apenas bebeu um pouco da sua, para então


responder:

— É o mínimo que você merece, já que o prêmio de melhor


empata foda é seu, ganhou até da Megan.

Com uma careta Elliot o olhou.

— Eu não sabia que vocês estavam... — Ele parou de falar,


adorava Tayla e não era agradável imaginar o irmão e a cunhada no
momento íntimo.

— Eu sei, mas mesmo assim terá troco, com certeza terá. — Chris
soltou um riso convencido.

— Foi mal. — Elliot se desculpou, mas acabou rindo.

— Foi péssimo, mas consegui acalmar a Tayla depois, agora pode


começar a falar o que aconteceu. — O mais velho acenou para o barman
que voltou a servir os irmãos.

— Melanie não me ama. — Elliot soltou seguido de um suspiro


sofrido.

Christopher gargalhou.

— Qual é o motivo da graça? — Carrancudo o mais novo o


encarou.

— Estou tendo umas lembranças aqui, — ele colocou a mão no


queixo fingindo pensar. — “Está para nascer à mulher que me fará
amar”. — Christopher imitou a voz de Elliot e sorrio convencido.
— Você é um filho da puta.

— Sou filho da sua mãe.

Bufando irritado com o irmão, Elliot virou a bebida novamente.

— Foi ainda mais rápido do que eu pensei. — Christopher voltou a


falar.

— Eu deveria ter convidado o Ethan para beber, não você, às


vezes ele é mais velho que nós dois juntos.

— Eu sou o mais velho, Ethan é o que tem mais juízo. Ele te


chamou para a reunião domingo na casa dos nossos pais?

— Não, estou perdendo os almoços em família, tenho medo de


chamar Melanie e ela não querer ir.

Chris voltou a rir.

— “Você apaixonado parece uma mulherzinha”, lembra quando


me disse isso? Agora está pior do que eu.

Elliot detestou o irmão nesse momento, mas sabia qual era a


intenção de Christopher, fazê-lo ficar à vontade para se abrir.

— Por que ele convocou essa reunião? A última reunião


convocada em família foi para nos contar que você estava noivo sem
conhecer a noiva. — Elliot recordou sorrindo.

— Teremos que ir para saber. — Chris se recordou do dia que viu


a primeira foto de Tayla, foi capaz de odiar uma menina de oito anos na
época e hoje ela é a mulher que ele ama.

— Será que ele descobriu sobre o pai? Nós deveríamos ter contado
desde o início.

— Eu não poderia simplesmente chegar nele e falar, ele tinha


acabado de entrar para a academia de polícia.
Elliot assentiu, era realmente verdade.

— Irá domingo? — Chris perguntou.

— Com certeza, curiosidade é um grande defeito meu, e você irá?

— Claro a curiosidade é um defeito de todos da nossa família.

— Vou convidar a Melanie e levaremos a July também.

— Ainda acho que ele vai anunciar o noivado. — Elliot olhou


espantado para Christopher.

— O quê? Ele vai se casar antes que eu? Isso é um desaforo. —


Elliot fingiu estar chateado, mas acabou rindo.

Mas Christopher não sorriu.

— Torço para não ser isso, eu não gosto da Sarah.

— Por quê? Ela sempre foi legal comigo. — Elli estranhou.

— Legal não a define, já que ela vivia dando em cima de mim,


namorando o meu irmão. — Chris comentou com uma careta estranha.

Elliot ficou ainda mais surpreso.

— Que vadia. E Tayla sabe? Ela vai matar a Sarah quando souber.

— Eu contei para ela, mas a proibi de fazer um escândalo, ela


realmente queria arrancar o mega hair da Sarah. São palavras dela essas.
— Christopher gargalhou.

— Por ciúmes? Vocês nem estavam juntos.

— Não, por não respeitar o Ethan.

— Você tem sorte Chris, está casado com uma mulher fantástica e
tem um filho crescendo ao seu lado.
O loiro levantou dois dedos e Elliot o olhou confuso.

— Tay está grávida. — Ele sorriu todo bobo.

Elliot se levantou no mesmo instante e abraçou o irmão, o


parabenizando.

— Parabéns, vocês são bem rápidos — comentou sorrindo.

— Eu sei fazer bem feito, — o mais velho se gabou. — Ela está


com 12 semanas, nós iremos contar no domingo, então finja estar
surpreso, ou Tayla vai me matar, era surpresa.

— Pode deixar. — Elliot concordou.

Christopher sempre teve o dom de acalmar o irmão, mesmo


quando crianças e essa noite estava ajudando muito Elliot.

— Eu acho que já vou para casa, está tarde e eu não gosto de


deixá-las sozinhas.

— A conta é sua. — Christopher falou e Elliot balançou a cabeça


negando.

— Sabia.

— Você quem precisava desabafar igual uma menina.

— Mas você me convidou.

— Mas a conta é sua assim mesmo.

Elliot pagou a conta e os dois saíram do pub.

— Eu acho que ela sente algo por você. — Christopher falou


quando os dois pararam de frente com o carro de Elliot.

— Antes de ver o medo nos olhos dela quando eu disse que acho
que a amo, eu também acreditava que ela sentisse algo.
— Você acha que a ama ou tem certeza?

— Eu a amo, tenho certeza disso.

— Então diga que a ama e não que acha. Mulheres gostam de


certeza.

Elliot voltou para casa com as palavras do irmão em mente, se


apenas falar que achava já deixou Melanie amedrontada, confirmar seria
ainda pior.

∞∞∞

Quando Mel viu a porta se abrindo e ele entrando já passava da


meia noite.

— Vamos conversar Elli? — Ela sussurrou.

Ele levantou o olhar e a encarou, Melanie percebeu que ele não


estava bêbado.

— Você deveria estar dormindo Mel.

— Não consegui até você chegar. — Ela tentou sorrir, mas falhou.

Ele se sentou ao lado dela no sofá, ambos apenas se encarando.

— Sobre àquela hora, eu... eu...

Ela travou, sabia que sentia algo por ele, algo forte e
amedrontador, mas optou por demonstrar em carícias o que sente, então
o beijou.

Um beijo lento, carinhoso, que tinha o sabor do uísque que ele


bebeu e de menta dela. Um beijo perfeito.

Mel sabia que era atraída por ele desde a primeira vez que o viu,
desde a noite que dormiram juntos, mas agora estava sendo diferente, ela
gostava de Elliot e esse gostar estava crescendo cada vez mais.

Ainda com os lábios colados ele a puxou para o seu colo e Melanie
soltou um suspiro satisfeito.

Era maravilhoso estar no colo dele, beijando os lábios que ela


percebeu estar viciada, as mãos tocando-a em cada parte exposta, mas o
melhor de tudo era sentir a sua ereção roçar em sua calcinha já molhada
de desejo.

— Já disse que você fica muito sexy com essa camisola? — Ele
comentou desejoso.

Mel deu uma rebolada provocativa no colo dele, sorrindo


maliciosa.

— Não, você ainda não disse — sussurrou no ouvido dele.

— Pois está dito, você fica muito sexy.

Elliot a apertou ainda mais em seu colo, deixando Melanie ainda


mais fogosa.

— E eu já te disse que sou louca por você? — Foi o mais perto de


se declarar que ela chegou e Elliot sorriu com isso.

Nessa nova relação ele não era o único que estava se sentindo
louco.

— Também sou louco por você anjo, desde quando te provei pela
primeira vez. — Ele sussurrou no ouvido dela, deixando Melanie
arrepiada.

Ela o olhou nos olhos e começou a despi-lo, estava em


desvantagem, afinal se ele retirasse a camisola dela, ela ficaria apenas de
calcinha.

— Você tem certeza Mel? — Elli perguntou quando ela começou


a desabotoar o cinto dele.

— Estou com essa certeza há muito tempo — respondeu


terminando de soltar o cinto.

Elliot a pegou no colo, estava apenas de cueca box e ela ainda com
a camisola.

Caminhou para o quarto com Melanie em seus braços, o beijando


e mordendo.

— No seu ou no meu? — Ele perguntou parando próximo às duas


portas.

— No que será nosso a partir de hoje. — Melanie respondeu


decidida, com os olhos presos um no outro.

O azul e o castanho brilhando de desejo.

A resposta dela deixou Elliot ainda mais feliz, amava essa mulher
e estava disposto a fazê-la amá-lo também.

E então ele entrou no dela, será ali a segunda vez que ele a terá em
seus braços.

Só que agora é totalmente diferente, ele sabe que não é apenas por
uma noite, é por uma vida e ele lutará para realizar esse desejo...
Capítulo 24

Aquela manhã tinha tudo para ser perfeita, Melanie acordou com
os resmungos através da babá eletrônica. July é um bebê acostumado a
despertar bem cedo, detestava ficar com a fralda molhada e sempre
acordava por causa disso.

Mel abriu os olhos preguiçosamente e encarou o homem deitado


ao seu lado. Nunca se acostumaria com tamanha beleza.

Na primeira vez que ficaram juntos Melanie sentiu a química que


tinham, mas depois de finalmente se acertarem, tudo se intensificou. Ela
ficava cada dia mais atraída por ele e isso a assustava.

Se aproximou do homem adormecido e depositou um delicado


beijo em seus lábios, foi apenas um roçar para não o acordar. Mel
deixou o olhar cair para o peito despido, passou os olhos por ele todo e
levantou levemente o lençol, ele estava nu, tinha adormecido
completamente despido. Mordendo o lábio inferior ela protestou
baixinho, seria maravilhoso esperá-lo acordar e curtir a manhã com ele,
mas desde que começaram a dormir juntos, isso não foi possível, afinal
July sempre acordava inquieta e Melanie precisava vê-la.

Levantou e colocou a camisola, caminhou com as pontas dos pés


para não acordar Elliot e seguiu para o quarto de July.

A pequena balançava as perninhas inquieta e chupava a mão com


vigor.

— Está faminta, não é meu amor? — Mel reparou o pequeno


sorriso que a menina deu quando seus olhares se encontraram.

— Claro que está, a fome vive em você. — Melanie continuou


falando com July, aquela voz engraçada que a maioria dos adultos
teimam em falar com os bebês, e as crianças parecem adorar.
Mel preparou tudo para a troca da fralda, o banho seria só após o
café da manhã, afinal July fazia muita sujeira quando comia.

— Prontinho, agora vamos encher essa barriguinha — comentou


com a bebê que apenas a olhava atentamente.

Ambas desceram para a cozinha, Mel colocou July na cadeirinha


de alimentação e foi preparar a mamadeira.

Enquanto July segurava a mamadeira e mamava sozinha, Melanie


preparava o café da manhã de olho nela.

Aprendeu a segurar a mamadeira sozinha fazia pouco tempo, e


Mel ficou admirada quando isso aconteceu pela primeira vez, Lisa e
Eduard ficariam muito orgulhosos, a pequena July estava crescendo
rápido demais.

— Bom dia princesa. — Elliot deu um beijinho em July e depois


se aproximou de Melanie que ainda estava de costas para ele, de olho
nos ovos mexidos para não os queimar.

— Bom dia meu anjo — sussurrou no ouvido dela e sorriu quando


ela se arrepiou.

Melanie sorriu também e fechou os olhos por um instante, se


preparando mentalmente para a visão que teria quando se virasse. Elliot
Bittencourt é apaixonável.

— Bom dia... — Ela se virou e o olhou dos pés à cabeça, estava


descalço e usava apenas um short de academia. — Lindo — completou.

— Vocês acordaram cedo de novo, acredito que nunca verei você


despertar.

Melanie olhou para July que ainda mamava.

— Eu pretendia te esperar, mas a pequenina ali estava com fome.

Elliot também olhou para a bebê e sorriu.


Melanie estava mexida demais com a visão que é aquele homem
logo de manhã, então voltou a encarar os ovos.

— Fiz ovos com bacon — comentou colocando-os na mesa.

Elliot ainda estava parado próximo ao fogão, apenas a olhando.

— Eu quero que seja assim todas as manhãs Melanie. — Ele


comentou preocupado.

— Eu também quero. — Ela se aproximou dele cautelosa, mas


assim que ficou a um braço de distância, Elliot enlaçou a cintura dela e a
puxou para mais perto.

— Acordar com o seu cheiro no travesseiro ao lado é delicioso.

Ela o olhou intensamente e deu aquele sorriso bobo.

Elliot a virou e prensou-a entre ele e o balcão ao lado do fogão.

— Vou te beijar.

— Demorou demais já. — Ela sorriu provocativa e ele capturou


seu sorriso com um beijo.

July protestou quando a mamadeira acabou e os dois se separaram


e a olharam.

— Eu disse que ela é ciumenta. — Elliot se sentou ao lado da


bebê, que agora sorria contente.

— Estou começando a acreditar nisso. — Melanie se sentou de


frente para Elliot, do outro lado de July, deixando a menina na ponta da
mesa, olhando curiosa para os dois.

Elliot se serviu de café e Melanie de suco, os dois apenas se


olhando vez ou outra, ele parecia querer contar algo e ela estava curiosa
demais para saber o que era.
— Vai trabalhar hoje? — perguntou para começar um assunto.

— Sim.

— Mas é sábado.

— Eu sei, preciso ir ao presídio. — Ele parou de comer e a olhou,


queria adiar ao máximo aquela conversa, mas queria ser sincero com ela
também, desde o início.

— Mas você é advogado empresarial, não criminalista. — Melanie


comentou e o olhou, foi nesse momento que ela percebeu que tinha algo
mais por trás disso.

— Eu preciso visitar uma pessoa.

Melanie voltou a olhar para o prato, de repente o apetite tinha


sumido, os ovos recheados com bacon e presunto já não davam mais
água na boca.

Queria perguntar quem, mas tinha medo que a resposta fosse a que
ela imaginava.

— Eu não queria estragar a nossa manhã, mas quero ser sincero.


— Melanie voltou a olhá-lo e bebeu um pouco do suco, a boca seca era
sinal de nervosismo.

— Não irá estragar, tenho certeza.

Elliot tinha certeza que iria, mas mesmo assim optou pela
sinceridade.

— O homem que irei visitar se chama Luís Gonçalves, ele é o


caminhoneiro que bateu no carro da Lisa e do Eduard. — Elli comentou
cauteloso, olhando atentamente a reação de Melanie.

A morena levantou em um pulo e o olhou alarmada.

— Você vai visitá-lo? Aquele bêbado irresponsável matou os


nossos amigos, matou os pais da July. — Mel alterou a voz e se
arrependeu quando July a olhou assustada.

— Mel, se acalme, tenho que te contar muitas coisas. — Ele


também já tinha perdido o apetite.

— Você está ajudando aquele homem? — perguntou ela,


indignada.

— Estou, Christopher está responsável pelo caso dele.

As palavras foram como uma faca no peito de Melanie. Sabia que


Christopher era um advogado criminalista, mas nunca imaginou que
justamente ele e Elliot ajudariam o assassino de seus melhores amigos a
sair da prisão.

— Ei, eu posso explicar Melanie, não chore. — Mel só percebeu


as lágrimas quando ele começou a secá-las, mas se afastou, estava
confusa e chateada.

— Isso não tem explicação Elliot. O que eu direi a July quando ela
me perguntar se o causador da morte dos pais está pagando pelo crime
que cometeu? Como contarei que o pai adotivo está ajudando-o a se
livrar da prisão? Ele deve apodrecer lá. — O tom foi apenas um
sussurro, mas estava tão firme que Elliot temeu se aproximar
novamente.

— Melanie, as coisas são mais complicadas do que você pensa. —


Ele decidiu se aproximar e a apertou em um abraço forte, proibindo-a de
se afastar.

Odiava ver alguém chorar, mas quando era Melanie ele se sentia
ainda pior, cortava seu coração.

— Então as simplifique para mim, por favor, porque se você não


tiver uma boa explicação para isso, eu nunca vou te perdoar...
Capítulo 25

Optou por ser sincero com Melanie, mas realmente estava com
medo de ela não o perdoar, Elliot não estava preparado para perdê-la.

— Vamos para o quarto? — perguntou pegando July da


cadeirinha.

— O quê? Vamos conversar Elliot, não tente adiar essa conversa.


— Melanie começou a reclamar.

— Eu preciso te mostrar uma coisa.

Mel o seguiu e quando os três entraram no quarto, ele colocou July


sentada no meio da cama e olhou para Mel, que andava de um lado para
o outro inquieta.

— Você já leu a carta que a Lisa te deixou? — perguntou para ela,


que o olhou confusa.

— Sim.

— Ela não te contou nada na carta? — Elliot voltou a perguntar.

— Não Elliot, ela só... — Mel se calou quando percebeu onde ele
queria chegar.

— Eu li a de Eduard e você também precisa ler. — Ele caminhou


até o closet, pegou o envelope e entregou para ela, com as mãos
trêmulas Mel pegou o envelope e antes de abri-lo ela se recordou das
palavras de Lisa.

“Se você está lendo essa carta, é porque a minha loucura é


real...”

Encarou o envelope temerosa.


— Tem certeza que posso ler? — Ela perguntou para Elliot, afinal
poderia ter algum segredo ali.

— Eu quero uma relação com você Melanie, quero começar certo,


sem segredos e esse é o único segredo que tenho.

Melanie o olhou alarmada.

Começar certo... Sem segredos... Será que também tenho que


deixá-lo ler a carta? — Melanie se assustou com esses pensamentos.

Evitou pensar sobre isso agora e focou sua atenção na carta. O


papel estava levemente amassado, a caligrafia quase ilegível de Eduard
fez Melanie soltar um pequeno riso com a lembrança que teve.

— Sério que ele não tem nenhum defeito? — Mel perguntou para
Lisa, que descobriu estar apaixonada pelo vizinho de sua avó.

— A letra dele é horrível. — Ela respondeu risonha e entregou o


bilhete que ganhou do novo admirador.

Começou aquele lindo romance assim, com olhares trocados


através da janela dos quartos, num bonito verão que Lisa passou na
casa da avó.

Mel estava com a visão embaçada devido as lágrimas, passou a


mão nos olhos e começou a ler.

“Elliot, caso você leia essa carta, eu já não estarei mais aqui para
te dizer pessoalmente, então vamos ao que realmente interessa.

Logo depois que eu desisti da investigação de Alejandro Herrera,


percebi que estava tudo calmo demais...”

— Quem é Alejandro Herrera? — Melanie parou de ler e olhou


confusa para Elliot, que agora colocava a pequena July inquieta no chão.

— Leia primeiro toda a carta e depois você pode me perguntar o


que quiser. A história é realmente longa. — Ele tentou sorrir, mas não
conseguiu, estava muito nervoso.

Melanie voltou sua atenção para a leitura, ficando cada vez mais
confusa.

“Eu fui um tolo em subestimar esse homem, acreditei que poderia


sair de tudo isso quando eu quisesse, mas infelizmente não é bem assim.

Tudo começou no pré-natal de Lisa, ela me contou que alguém


estava seguindo-a, disse que não tinha certeza, mas que estava com essa
sensação, tentei convencê-la que era apenas um engano, mas eu
comecei a desconfiar e contratei uma equipe de segurança particular.

Sem que Lisa soubesse, eles a seguiam para todos os lugares,


passaram-se meses e July nasceu, nada mais tinha acontecido, os
relatórios diários dos seguranças me provaram que nada estava
anormal, então os dispensei, achei que era tudo fruto da minha
preocupação.

Mas percebi estar errado quando um carro começou a seguir o


meu, ele era bom, uma pessoa comum não teria notado, mas eu já
estava desconfiado desde que peguei esse trabalho, parei o carro e
desci em um café, ele parou também e ficou me observando, ali eu
percebi que realmente tinham me encontrado.

Eu estava preocupado com o bem-estar da minha família, então


investiguei mais a fundo e descobri que o meu endereço de IP tinha sido
descoberto.

Eu estava na mira deles, minha família estava. Fui sincero com


Elisabeth e resolvemos contratar os seguranças novamente, mas mesmo
com toda a proteção, resolvemos deixar garantido que July ficasse
segura caso algo nos acontecesse, por isso escolhemos você e Melanie
como tutores legais dela, não existem pessoas melhores que vocês dois,
sei que se July tiver a proteção do seu sobrenome, ela estará segura,
Alejandro não seria idiota de mexer com um Bittencourt.

Tem outra coisa que preciso deixar claro, nunca se sinta culpado
por isso Elliot, eu entrei nesse trabalho por vontade própria, você nunca
me obrigou.

Lisa e eu conversamos e decidimos contar tudo para você e


Melanie após o nosso jantar de casamento, queremos deixar vocês
avisados, afinal ser pai de repente não está nos seus planos, mas não
vejo ninguém melhor que você para protegê-la. Sinto muito por isso
meu amigo, estou torcendo para que você nunca precise ler essa carta.

Amo você, Melanie e July... Eduard.”

Melanie finalizou a carta tremendo ainda mais do que quando


começou.

Sentia seu corpo se afundar, afundar e afundar cada vez mais em


uma tristeza profunda. Sabia que estava à beira de um ataque de pânico.

— Não foi um acidente? Eles foram assassinados?


Capítulo 26

Apenas o olhar de Elliot foi o suficiente para Melanie entender.

As lágrimas se intensificaram ainda mais.

Perder os amigos para um acidente foi difícil, mas descobrir que


eles poderiam estar ali, que ainda não tinha chegado a hora do casal, isso
destruía Melanie ainda mais.

— Eu sinto muito Mel. — Ele se aproximou e acariciou o rosto


dela, secando as lágrimas.

— Eu quero ir com você até o presídio. — Ela comentou convicta.

Precisava descobrir tudo, queria justiça pela morte dos amigos e


iria até o fim para conseguir.

Mas pela expressão de Elliot, ele não estava de acordo.

— Não Melanie, você não vai.

— Por quê? Eu preciso ir Elliot, quero que os verdadeiros


culpados paguem por tudo. — Ela se afastou dele e o olhou nos olhos.

— Ei, isso é o que eu mais quero também, mas a sua presença no


presídio não é necessária, fique aqui com a July, ela é a que mais precisa
de você agora. — Mel olhou para a bebê que tentava subir na cama
sozinha, se equilibrando em uma perninha e a outra no ar, segurava
firme os lenções com as duas mãozinhas.

— Eu quero que eles paguem por tudo Elli, July não merecia
perder os pais tão nova, Lisa e Eduard tinham uma vida toda pela frente.
— Melanie secou o seu rosto e caminhou até a pequena bebê, pegou-a
no colo e colocou-a na cama.
July engatinhou até chegar aos travesseiros e se jogou sorrindo,
Mel sorriu com a cena.

Uma pequena preguiçosa essa — pensou admirada.

— Prometo te deixar informada de tudo, cada detalhe, mas é


melhor você não ir. — Ele respondeu firme.

Melanie suspirou derrotada.

— Promete mesmo? Sem segredos? Quero saber de tudo. — Ela o


olhou nos olhos, tentando ver se ele estava sendo sincero.

Ele caminhou até a cama que ela estava sentada e se sentou ao seu
lado.

— Juro que contarei tudo. — Elliot pegou a mão de Melanie e


depositou um beijo, olhando-a nos olhos.

A jovem suspirou aliviada, afinal enxergou apenas sinceridade nos


olhos dele.

— Mas isso vale para você também Melanie, se quer se relacionar


comigo, teremos que começar sem segredos. — O sorriso dela que antes
era aliviado se tornou tenso.

Será que devo contar tudo a ele agora? — pensou preocupada.

Não estava pronta para se abrir ainda, tinha medo de ser julgada,
então optou por adiar essa conversa, afinal Elliot não iria sair e nunca
mais voltar, ele sempre estaria ali e Melanie poderia conversar com ele a
qualquer momento.

— Prometo te contar tudo quando eu estiver pronta. — Ela afagou


o rosto dele.

— Estarei esperando. — Ele se levantou e foi tomar banho.

Melanie permaneceu sentada no mesmo lugar, olhando para July


que rolava entre um travesseiro e outro, sorrindo sozinha.

— Você minha menina, foi a que mais sofreu sem nem ao menos
entender. — Ela pegou July no colo e foi banhar a bebê.

A manhã daquele sábado estava quente, então Mel decidiu colocar


um vestido em July, a bebê já estava trocada quando Melanie a colocou
no chão da sala sentadinha.

Mas pela visão periférica Mel viu quando July se levantou e se


preparou para dar o primeiro passinho.

Desesperada Melanie correu até a escada e gritou:

— Acho que ela vai andar Elliot.

Melanie voltou a olhar para July, a pequena estava em pé parada


na sala, como se estivesse apenas esperando Elliot chegar para dar os
primeiros passinhos.

Ele desceu as escadas correndo e Mel o olhou, ele estava dando o


nó na gravata e olhava ansioso para July.

A menininha sorriu para os dois e começou a caminhar meio torta


e cambaleante.

Melanie sorria se sentindo nostálgica, maravilhada e ainda mais


apaixonada por aquele pequeno ser.

— Cadê o seu celular? — Ela sussurrou para Elliot, os dois


vidrados na pequena que estava dando o quarto passinho.

— Não sei, e o seu? — Ele perguntou sussurrando também.

— Não faço a menor ideia.

Não teria como gravar esse acontecimento, mas os dois estavam


aproveitando bem, então July caiu para trás de bunda no chão e sorriu.
— A fralda amorteceu essa queda pequena. — Elliot comentou
todo bobo, enquanto caminhava até a bebê, seguido de Melanie.

Os dois a rodearam e July apenas os olhava.

— Parabéns meu amor, você foi muito bem. — Mel a parabenizou


e deu-lhe um beijinho carinhoso.

Elliot pegou July no colo e a ergueu.

— Essa é a minha garota. — Ele começou a andar com ela,


imitando um aviãozinho, Mel apenas ria para os dois.

— Eu queria ter filmado esse momento para mostrar para os


namoradinhos dela no futuro.

Elliot parou de imitar o aviãozinho pela sala e olhou Melanie


carrancudo.

— Não estrague o meu dia, por favor. July não terá namoradinhos,
não é mesmo princesa?

A menina apenas ria.

— É o que as meninas têm quando crescem Elliot, elas se


apaixonam sabia?

— July não, não é minha linda? Terei o Andrew ao meu lado, ele
me ajudará a ficar de olho nessa bonequinha aqui.

Melanie gargalhou alto, imaginando diversas cenas de July e


Andrew na adolescência.

Elliot colocou July no chão novamente e caminhou até Melanie.

— Por que está rindo? — perguntou confuso.

— Não é nada meu amor, sabia que está muito lindo? — Ela
tentou mudar de assunto e não percebeu que o chamou de amor, mas ele
sim percebeu.

— Eu sou o seu amor é? — Ele arriscou perguntar.

Melanie o olhou surpresa, mas então sorriu.

— Eu sou o seu? — Devolveu a pergunta, realmente interessada


na resposta.

— Claro que é.

— Você também é o meu Elliot. — E quando essas palavras


deixaram a boca de Melanie, ela percebeu que deveria ser sincera com
ele.

Elli não merecia menos que isso.

— Sabe que eu te amo, não é? Tenho certeza do que sinto


Melanie, nunca amei alguém assim. — Ele foi sincero, olhando dentro
dos olhos dela.

— Elliot... Eu preciso ser sincera com você, tenho que te contar


uma coisa, na verdade devo te contar tudo, principalmente a razão de eu
lutar tanto com esse sentimento que a cada dia cresce mais em mim. —
Ela sussurrou, sem desviar o olhar do dele.

— Quer conversar agora? — perguntou nervoso.

— Agora não, você precisa ir para o presídio e eu preciso


encontrar a melhor forma de te contar tudo, falar sobre isso ainda é
muito doloroso para mim.

— É tão horrível assim?

— Sim, é pior do que você imagina...


Capítulo 27

Todo o caminho percorrido até o presídio foi com Elliot pensando


nas palavras de Melanie.

O que seria tão ruim assim? — pensou ficando ainda mais


preocupado.

Sempre enxergava a dor nos olhos dela quando falavam sobre isso.

A perda afetou-a tanto que July se tornou seu maior porto seguro,
Elliot queria se tornar também, queria que ela visse nele a segurança que
perdeu tempos atrás.

Está disposto a ajudá-la a superar qualquer coisa, ama-a e nada


fará seus sentimentos mudarem.

Quando a entrada no presídio foi liberada, Elliot se sentou de


frente para o vidro, aguardando a chegada do detento.

Luís entrou na sala de visitas e encarou Elliot, que também o


encarava. O homem é mais novo do que ele pensou que seria.

Elliot pegou o telefone que ficava ao lado do vidro e viu quando


Luís fez o mesmo.

— Quem é você? — Ele perguntou sem tirar os olhos de Elliot.

— Sou Elliot Bittencourt e você é o Luís Gonçalves, certo?

O jovem acusado de homicídio culposo sorriu irônico.

— Ao que tudo indica, esse sou eu. — Deu de ombros.

— Como assim? — Elliot não entendeu.


— Esse não é o meu nome. Não tenho a menor ideia de como me
colocaram nessa furada, mas eu não sou o culpado.

Elliot o olhou mais atento, mas acreditou no homem.

— Qual seu verdadeiro nome?

— Isso importa? Afinal eu vou apodrecer aqui por dois


assassinatos que eu não cometi. Eu nem sou caminhoneiro.

— Importa para mim, se você me contar a verdade eu posso ajudá-


lo. — Elliot se ajeitou na cadeira e olhou nos olhos do suposto Luís,
queria mostrar a sinceridade de suas palavras.

— Eu não confio em você cara, não direi nada, minha família pode
estar em perigo. — Ele se aproximou mais do vidro, tentando intimidar
Elliot.

O Bittencourt não se moveu e nem desviou o olhar.

— Essa é a questão, se sua família está em perigo você tem que


me dizer quem são e onde estão para eu protegê-los.

O prisioneiro o olhou mais atentamente, desconfiado.

— Quem me garante que você não trabalha para o Herrera? — Ele


semicerrou os olhos e Elliot ficou ainda mais interessado nessa
conversa.

— Você sabe quem ele é?

— Foi aquele maldito que me colocou aqui. — O detento cuspiu


as palavras com desprezo.

— Como sabe sobre ele? — Elliot perguntou.

— Fui contratado para fazer a proteção de uma gestante, o marido


dela me entregou um dossiê completo sobre a ameaça que estavam
recebendo. — Elliot ficou surpreso com essa revelação.
Esse homem é o segurança de Eduard? — perguntou-se perplexo.

— Quem foi o cara que te contratou?

— O mesmo que estou sendo acusado de matar no acidente.

Elliot queria se levantar de tão inquieto que estava, mas


permaneceu sentado no mesmo lugar, os pensamentos criando muitas
teorias a respeito do que realmente aconteceu. Para Elliot tudo começava
a fazer mais sentido agora.

Alejandro foi muito esperto, armou para que o próprio segurança


de Eduard e Lisa fosse culpado pela morte do casal.

— Você precisa confiar em mim, sou o único que posso ajudá-lo.

— Minha família é tudo para mim, eu não irei colocar a segurança


dela nas mãos de um desconhecido.

Elliot suspirou cansado, entendia o homem, nunca confiaria


Melanie e July para um desconhecido também.

— Irei contratar um advogado para te defender, mas precisa


confiar em mim.

— Se você fizer isso eu saberei que não trabalha para Alejandro,


afinal não teria sentido me colocar aqui e logo depois me ajudar a sair.

— Eu não trabalho para ele, sou amigo do casal que estava no


carro e estou procurando justiça pela morte deles.

Não sei se foram os olhos de Elliot que estavam sinceros, ou se


simplesmente o detento estava cansado de lutar sozinho essa batalha, por
fim ele falou:

— Meu verdadeiro nome é Breno Vilar, trabalho como segurança


particular, eu era um dos que seu amigo contratou. Sou casado e quando
fui preso, minha esposa tinha acabado de descobrir a gravidez. — Elliot
viu quando os olhos do homem ficaram marejados.
— Eu irei protegê-los enquanto você estiver aqui.

— Eu terei uma dívida eterna com você.

— Não terá, é uma questão de honra acabar com Alejandro


Herrera e a única coisa que vou querer de você é a sua ajuda, ele irá
apodrecer na prisão pelo o que fez com meus amigos.

— Eu sinto muito pela sua perda, pode contar comigo para pegar o
homem que me acusou injustamente.

O Bittencourt agradeceu e foi embora do presídio, precisava


conversar com Christopher.

∞∞∞

Elliot tocou a campainha do irmão e não demorou muito a porta


foi aberta, Chris segurava Andrew no colo.

— Precisamos conversar. — Elliot disse e o primogênito apenas


assentiu dando passagem para o irmão entrar.

Christopher colocou Andrew no chão e deixou o pequeno


Bittencourt caminhar pela sala de estar.

— A July começou a andar hoje. — Elliot comentou vendo o


sobrinho caminhar entre os brinquedos.

— Que maravilha, agora que o verdadeiro trabalho começa.

— Imagino. — Elliot sorriu.

— Você e Melanie ainda não se acertaram? — perguntou curioso.

— Estamos bem, minha vinda aqui hoje tem outro motivo.

— Qual? — O loiro perguntou curioso.


— Fui ao presídio, conversei com o caminhoneiro do acidente.

— Foi sozinho? Elliot eu disse que iria com você. — Christopher


reclamou.

— Eu sei, mas precisava fazer isso o quanto antes.

Depois que Elliot contou tudo o que descobriu, Chris permaneceu


calado, apenas pensando nas palavras do irmão.

Alejandro era mais esperto e perigoso do que eles imaginavam.

— Estou pensando em levar Melanie para os treinos a partir de


segunda-feira.

— É o melhor, Megan ficará feliz, afinal ela vai perder a parceira.

Tayla está grávida e não poderá participar mais dos treinos, apenas
ficará no banco observando tudo.

— Chris, acredito que deveríamos falar com o pai, adiamos muito


essa conversa e como consequência Eduard e Lisa foram assassinados.

Mesmo após ler a carta, mesmo Eduard afirmando que Elliot não
tinha culpa de nada, o Bittencourt ainda assim se sentia culpado.

— Você sabe que não tem culpa de nada, não é? Não foi você que
matou eles Elliot, não se culpe. — Christopher aconselhou o irmão.

— Mas ele entrou nessa por ser meu amigo, eu sou o culpado.

— Não, não é, o culpado foi muito inteligente em encobrir a


verdade, mas conseguiremos pegá-lo, pelos seus amigos vamos
conseguir justiça.

— É o que eu mais quero.

— O primeiro passo é confrontar o nosso pai, ele sabe mais do que


Roger me contou.
— Faremos isso quando? — Elliot perguntou interessado.

— Amanhã logo após Ethan contar a razão de unir toda a família


em um almoço...
Capítulo 28

A demora de Elliot estava deixando Melanie inquieta, por isso


resolveu ligar para Karina e chamá-la para almoçar.

— Oi Mel. — A voz da ruiva foi ouvida assim que ela atendeu o


celular.

— Oi, quer almoçar aqui em casa hoje? Elliot saiu e eu preciso


muito conversar com você.

O riso de Karina do outro lado da linha fez Melanie sorrir também.

— Claro que sim, eu terei que cozinhar? Assim irei preparada.

Melanie olhou para a cozinha que estava perfeitamente limpa e


mordeu o lábio indecisa.

— Não precisa, farei algo. — Mel avisou e ouviu quando Karina


soltou um resmungo.

— Mel estou com saudades de cozinhar para mais pessoas, desde


que cheguei em Nova Iorque, cozinho apenas para mim.

Melanie balançou a cabeça de forma negativa, sorrindo.

— Já que você insiste tanto.

— Ótimo, em meia hora estarei aí — despediu-se.

∞∞∞

Karina deu vida a cozinha enquanto Melanie a observava.

— Certeza que não quer ajuda?


— Não, a louça será para você. — A bela ruiva piscou e Melanie
assentiu.

— É justo. — Mel se sentou no chão, de costas para a entrada da


cozinha, de frente para Karina e começou a brincar com July que pegava
as peças da mesinha didática e colocava na boca.

— É caca, não pode — advertiu e recebeu um olhar divertido de


Karina.

— Essa menina trouxe a luz novamente para sua vida Mel.

A bebê ergueu o olhar e Melanie encarou o par de olhinhos


brilhantes sentindo seu coração se encher ainda mais de amor.

July é a sua salvação, as duas estão criando um laço eterno, o de


coração.

— Ela é tudo o que eu preciso.

— Nisso eu não concordo com você amiga, você precisa encontrar


uma forma de superar o Gregory e amar novamente. — Karina pontuou.

— Eu já superei o Gregory há muito tempo.

— É mesmo? — A ruiva levantou uma sobrancelha irônica, Mel


sabia o que viria depois disso, então a cortou.

— Sim, tanto que contarei tudo para o Elliot — contou.

— O quê? Não acredito. — Melanie ergueu o olhar para Karina e


viu que a moça colocou o dedo na boca.

— O que foi? Se machucou?

— Quase cortei o dedo com essa revelação, mas não chegou a


sangrar. Então vai contar tudo para o bonitão? — Karina voltou ao
assunto que interessava e foi até a pia lavar a mão.
— Sim, eu quero contar, mas ainda estou insegura.

— Por quê? Ele confessou te amar Melanie, sem contar que está
provando isso.

Melanie revirou os olhos, se Lisa e Karina tinham algo em comum


era querer que ela encontrasse alguém, um companheiro de vida.

— Caio dizia te amar e acabou te traindo. — Melanie falou sem


pensar, mas Karina percebeu o arrependimento da amiga assim que as
palavras foram ditas.

— A questão Mel é que Caio e Elliot são dois homens totalmente


diferentes. — A ruiva continuou cortando os temperos.

— Me perdoe Ka, eu não deveria ter falado isso.

— Não tem importância Mel, Caio faz parte do meu passado,


mesmo ele me ligando sempre.

— O quê? — Melanie perguntou surpresa.

— Ele me ligou algumas vezes.

— O que ele queria? — Melanie estava perplexa com essa


novidade.

— Queria saber onde eu estou.

— Você não contou, não é?

— Claro que não, desliguei na cara dele, mas ainda assim todos os
dias tem chamadas perdidas.

Tudo o que menos precisamos é de Caio perseguindo-a — pensou


Melanie preocupada.

— Você sempre mereceu alguém melhor que ele, alguém como o


Will talvez. — A morena sugeriu e viu quando a amiga sorriu, mas não
negou.

— Willian é um homem gentil, obrigada por liberá-lo para me


ajudar com a mudança.

As duas continuaram a conversa agradável, Melanie ainda estava


sentada no chão brincando com July e Karina comentou:

— O almoço já está quase pronto, e você ainda não falou como se


sente a respeito do Elliot. — A ruiva se virou para o fogão, mas ainda
estava atenta a conversa.

Melanie estava tão concentrada em o que responder para a amiga,


que acabou não ouvindo a porta da frente ser aberta.

— Eu não o esqueci desde a nossa primeira noite juntos a dois


anos. E agora estamos juntos novamente, tudo aconteceu tão rápido, mas
ele já ocupou todo o meu coração, estou apaixonada por ele. — Melanie
confessou.

Elliot tinha acabado de chegar, viu Mel de costas para a porta e


Karina também, as duas alheias à presença dele, mas o que mais o
surpreendeu foram as palavras dela, mesmo que a declaração não tenha
sido para ele, saber que ela o amava fez ele sorrir.

Ela me ama afinal — pensou admirado.

Ele estava prestes a cumprimentar as garotas, quando Karina


perguntou:

— Por que não conta para ele que o ama?

— Eu tenho medo que o passado se repita.

Karina suspirou triste pela amiga.

— O Gregory te abandonou quando você mais precisou dele, acha


que Elliot faria o mesmo? Ele te ama Mel.
O Bittencourt paralisou no lugar quando ouviu o nome Gregory.

Quem é esse? — Elliot não sabia, mas já detestava esse homem


por ele ter feito Melanie sofrer.

— Sei que os dois são homens diferentes, mas Gregory também


dizia me amar e tudo acabou de uma forma tão trágica.

July que estava de frente para a porta, levantou o olhar e viu Elliot,
o sorrisinho da bebê fez Elliot sorrir também, mas ele não estava
preparado quando July disse:

— Papa. — Foi a primeira palavrinha dita por ela e essa simples


palavra entregou o Bittencourt.

Melanie arregalou os olhos e se virou assustada.

— Desde quando você está aí? — Ela perguntou enquanto se


levantava do chão.

— July me chamou de papai, você ouviu? — Emocionado ele se


aproximou da pequena bebê e a pegou no colo, aproveitando também
para fugir da pergunta de Melanie.

Karina e Mel se olharam por um breve momento, mas logo as duas


sorriram.

— Isso não é justo, eu passo o dia todo com ela e a primeira


palavrinha é papa? — fingiu estar chateada, mas os olhos denunciavam
a felicidade que sentia com esse momento.

— Meu amor, eu sou o preferido. — Elliot se aproximou e beijou


os lábios dela, ainda com July no colo.

Melanie sorriu, entendia a preferência da pequena July, Ele é


encantador.

— Pelo visto é mesmo. Você chegou há muito tempo? — Ela


perguntou novamente, temendo a resposta.
Sabia que a conversa com ele estava próxima, mas queria contar-
lhe tudo e não que ele descobrisse através de um desabafo com a amiga.

— Acabei de chegar e July me viu. — Ele mentiu.

Elliot sabia que Melanie precisava de tempo para se abrir e decidiu


não pressioná-la.

Os dois ficaram conectados em uma troca de olhares, mas Karina


pigarreou e disse:

— O almoço está pronto. — A ruiva sorriu.

— Vou colocar a mesa. — Melanie avisou.

— Eu te ajudo amiga.

As duas se encarregaram disso e Elliot permaneceu com July nos


braços, olhando a troca de olhares constante das amigas.

Quando a mesa já estava posta, ele colocou July na cadeirinha de


alimentação e vestiu o babador nela, para evitar sujar a roupinha.

— Você vai adorar o frango que a Karina faz, é o melhor. —


Melanie comentou enquanto amassava os legumes cozidos de July.

— O cheiro está realmente muito bom. — Elliot comentou


enquanto se servia.

O almoço foi agradável, Melanie se dividia em comer e dar a


papinha de July, Elliot e Karina engataram em uma conversa tranquila,
sobre a diferença entre os dois países.

—Melanie, você prefere Nova Iorque ou o Rio de Janeiro? —


Elliot perguntou interessado.

Mel deu a papinha para July e o olhou.

— Me apeguei ao Rio, gosto de lá...


Ele assentiu com uma careta, não era bem a resposta que queria.

— Mas Nova Iorque me trouxe vocês, então gosto daqui também.


— Ela completou baixinho, ele levantou o olhar e sorriu, aquele sorriso
sincero.

Karina olhava para os dois e sorria agradecida, Melanie tinha


encontrado o homem certo para ela.

— Vou pegar a sobremesa. — A ruiva saiu da sala de jantar.

— Eu amo você. — Elliot pegou a mão de Melanie e deu um casto


beijo.

Ela sorriu e antes que pudesse responder algo, Karina voltou com
a deliciosa torta de chocolate com limão.

— É a segunda sobremesa preferida da Mel. — A ruiva contou


enquanto se servia.

Elliot olhou interessado para Melanie.

— Qual é a primeira? — Ele perguntou e também se serviu da


sobremesa, colocando para Melanie logo em seguida.

— Waffles com sorvete de morango — respondeu sorrindo e


limpou a boca de July que como sempre comeu toda a papinha.

— Nunca provei, mas deve ser delicioso. — Ele comentou e


provou da torta, fazendo uma expressão de prazer. — Impossível que
seja melhor que isso.

Melanie gargalhou e respondeu:

— Na verdade a torta é divina, mas a minha preferida é Waffles


com sorvete de morango porque é uma das raras lembranças que tenho
com meus pais.

Elliot assentiu e segurou a sua mão.


— Acho que a July quer torta. — Karina comentou risonha
quando o silêncio começou a ficar incomodo.

Melanie olhou para a bebê e July encarava a torta com olhinhos


pidões.

— Darei um pouquinho para ela, acho que não fará mal. — Mel
pegou uma pequena colher e mergulhou na torta, dando para a bebê
provar.

— Está muito bom, mas eu tenho que ir para casa.

— Pedirei para o Willian te levar. — Elliot propôs, mas a ruiva


negou de imediato.

— Não quero incomodar, eu irei de táxi.

— Não é incomodo Ka, aproveita a carona. — Melanie piscou


provocativa e Elliot a olhou confuso.

— Vou ligar para ele — pegou o celular e discou o número da


casa dos pais, afinal Willian tem a residência lá, na ala dos funcionários.

Quando o motorista atendeu e se prontificou a levar Karina, a


ruiva sem escolha acabou aceitando.

— Então está combinado para segunda à procura do local para o


restaurante? — Melanie perguntou para a amiga enquanto se despediam.

— Sim, a corretora marcou para às três da tarde.

Karina se despediu de todos e foi embora quando Willian chegou


para levá-la.

— Restaurante? — Elliot perguntou curioso.

— Estávamos pensando em abrir um restaurante no Brasil, mas


adiávamos sempre, vamos tentar abrir aqui. — Melanie respondeu
enquanto tirava July da cadeirinha e retirava o babador sujo.
— Fico feliz por vocês, mas você que irá cozinhar?

Melanie colocou July no chão e olhou para ele.

— Não, eu cuidarei da parte administrativa, Karina que cursou


gastronomia.

— Bem melhor assim. — Elliot comentou brincalhão.

Melanie semicerrou os olhos para ele.

— Está dizendo que a minha comida é ruim Elliot Bittencourt?

— Sua comida é maravilhosa Melanie, estou dizendo que é melhor


ela ser a chefe assim teremos mais tempo para ficarmos juntos.

Mel sorriu provocativa para ele.

— Mais tempo para fazer o quê?

— Tenho muitas coisas em mente, mas para a maioria delas a July


não pode estar presente. — Ele respondeu malicioso e ela o beijou...
Capítulo 29

Bônus Karina e Willian

Karina olhou para Willian completamente envergonhada, o


homem loiro, uniformizado e de quepe estava encostado no carro,
também olhando-a.

— Boa tarde senhorita — falou risonho enquanto abria a porta


traseira para ela.

— Boa tarde, se importa se eu for na frente? — perguntou.

— De forma alguma. — Ele então abriu a porta da frente, Karina


entrou e colocou o cinto.

— Não queria te incomodar, realmente posso ir de táxi. — A ruiva


comentou quando ele entrou no carro e também colocou o cinto.

— Esse é o meu trabalho senhorita.

— Pode me chamar de Karina. — Ela ruborizou.

Durante o tempo que Willian ajudou-a na mudança, os dois se


trataram formalmente, mas agora ela simplesmente queria terminar com
isso de senhor e senhorita.

— Então me chame de Willian. — Ele sorriu de lado, sem desviar


os olhos da rua, ambos já estavam saindo do condomínio.

— Eu realmente não queria te incomodar, mas Elliot e Melanie


fizeram questão.

— Eu não me importo, a sua companhia é muito agradável. —


Willian percebeu que Karina ruborizou.
— A sua também é. — Ela sorriu gentil.

Ele a olhou por um instante e voltou a olhar para o trânsito.

— Conseguiu colocar suas coisas no lugar? — perguntou se


referindo a mudança.

— Na verdade sim, eram poucas coisas. Tenho que te agradecer


novamente pela ajuda.

— Você já me agradeceu umas dez vezes. — Ele sorriu se


recordando do dia que passaram uma parte da manhã juntos.

— Sim, mas ainda não é o suficiente, você deveria jantar na minha


casa.

— Isso foi um pedido ou uma ordem? — O loiro perguntou


brincalhão.

Karina não aguentou segurar o riso.

— Me desculpe, claro que é um pedido — comentou olhando-o,


mas Will ainda olhava para o movimento de carros na rua.

— Eu adoraria.

Ela quis bater palminhas empolgada, mas se conteve.

— Estarei te esperando, às sete está bom?

— Às sete estarei aqui. — Ele comentou e estacionou o carro em


frente ao prédio que fica o apartamento de Melanie, no qual Karina está
morando agora.

Ela desceu do carro sorrindo e ele só partiu quando teve certeza


que ela já tinha entrado.

No elevador ela ainda estava com o pensamento no loiro que ela


chamou para jantar.
Como pode ser tão lindo? — pensou admirada.

Quando entrou no apartamento, pegou o telefone fixo e ligou para


a casa de Melanie e Elliot, precisava contar para a amiga o que acabara
de fazer.

— Eu chamei o Willian para jantar aqui hoje — falou assim que a


ligação foi atendida.

— Agora eu entendo o olhar da Melanie. — Elliot comentou


risonho.

Karina sentiu as faces queimarem de vergonha, acreditou que


Melanie atenderia ao telefone e não o Elliot.

— Espero que não seja um problema para você, já que o Willian é


seu funcionário.

— Problema nenhum, fiquei feliz por vocês, agora irei chamar


Melanie para você. — Ele comentou e a linha ficou muda por um tempo.

— Karina?

— Mel, achei que você atenderia.

— Estava com a July na sala.

— Eu chamei o Willian para jantar.

— Perfeito, mulheres também devem tomar atitude.

— Não foi por isso que chamei, apenas quero agradecer a ajuda na
mudança.

— Se você quer pensar assim, mas a mim você não engana, sei
que está rolando um clima entre vocês, desde o dia que te pegamos no
aeroporto, eu percebi.

Karina bufou contrariada.


— Acabei de sair de um relacionamento de anos, não quero outro
agora.

— Karina, Willian é admirável, simpático e uma visão para os


olhos.

— Não estou à procura de um relacionamento Melanie.

— Está bem, mas tente pensar nisso quando estiver com aqueles
olhos verdes fixos em você. — Mel provocou.

— Eu liguei apenas para te contar, não para ficar insinuando


coisas.

— Não está mais aqui quem falou, só siga o seu coração e sei que
fará a coisa certa.

A ruiva suspirou aliviada.

— Obrigada pelo conselho, te amo. — Ela se despediu.

— Também te amo. — Melanie desligou e a ruiva foi para a


cozinha

Estava em dúvida entre dois pratos, adorava ambos, mas optou por
fazer seu preferido.

Como minha avó sempre dizia, o melhor caminho para se


conquistar um homem é pelo estômago. — Ela pensou enquanto pegava
os ingredientes, mas logo tratou de mudar os pensamentos, afinal não
era essa a sua intenção, queria apenas agradecer a um amigo.

∞∞∞

O jantar já estava pronto, a mesa posta e Karina ainda estava


completamente desarrumada.
Correu para o quarto e tomou um banho rápido, colocou um
vestido simples e passou apenas rímel e batom rosa claro, nunca foi
amante de maquiagem.

Quando a campainha tocou Karina se olhou novamente no espelho


e gostou do que viu.

Estava nervosa e não entendia a razão, mas foi só abrir a porta e


olhá-lo que ela percebeu.

Willian é um cara lindo, dono de um sorriso encantador e com


covinhas.

Quem não ama covinhas?

— Você está linda — elogiou olhando-a dos pés à cabeça.

— Você é lindo... Quer dizer, você está muito lindo. — Ela se


corrigiu depressa, balançando a cabeça para os lados.

Willian estava diferente das vezes que Karina o viu, o uniforme o


deixava muito atraente, mas jeans e camiseta transformavam-no em
alguém ainda mais belo e jovial.

— Você também é linda — sorriu admirado. — Comprei para


você. — O loiro estendeu um pequeno buquê de rosas brancas para ela.

Karina ficou completamente paralisada.

— Eu nunca ganhei flores. — Ela comentou emocionada e


encarou o delicado buquê sorrindo.

Willian fez uma nota mental de presenteá-la com flores mais


vezes, amou ver aquele brilho feliz nos olhos claros dela.

— A partir de hoje isso irá mudar. — Ele estendeu o buquê


novamente e ela o pegou, inalando o cheiro das rosas.

— Obrigada Willian, eu amei. — Ela comentou sincera e deu


passagem para ele entrar.

— Não sabia que iria gostar tanto.

— Eu não sabia que ganhar flores fosse tão bom, me desculpe por
me empolgar tanto. — Ela o conduziu até a pequena cozinha e apontou
para o lugar que ele deveria sentar.

— Não se desculpe por isso. — Ele sorriu e ela assentiu se virando


para a pia.

A ruiva queria esconder a emoção que sentiu em ganhar flores pela


primeira vez. Namorou Caio por anos e nunca tinha ganhado, Willian foi
jantar apenas uma vez com ela e a presenteou.

Suspirou fundo e terminou de colocar as rosas no vaso, depois


pegou a travessa do jantar e caminhou para a mesa.

— Eu fiz estrogonofe de frango, com arroz branco e batata palha,


é o meu prato preferido, já provou? — Ela perguntou se sentando
também e começando a servi-lo.

— Não, mas o cheiro está muito bom. — Ele inalou e fechou os


olhos, ela sorriu.

Enquanto Karina se servia, Willian olhava-a atentamente.

— Não vai provar? — Ela perguntou.

— Sim, estou te esperando.

Quando ele pegou o garfo e provou, a ruiva ficou encarando-o em


expectativa.

— Muito melhor do que eu imaginei — comentou ele em um


suspiro.

— Então fui aprovada? — perguntou esperançosa.


— Sim, com todas as letras maiúsculas, nunca comi algo tão bom.

Ela sorriu e começou a comer também.

Sempre foi elogiada por seus pratos, mas nunca de uma forma tão
admirada quanto a de Willian.

— Eu estava em dúvida entre dois pratos, esse e feijoada, mas


optei por esse e deixei a feijoada para a próxima refeição que
dividirmos. — Ela comentou e bebeu o vinho.

Willian a olhou surpreso.

— Teremos uma próxima refeição?

— Se você quiser é claro, foi um convite. — Ela sorriu e ele


assentiu.

— Com certeza eu vou querer. — A resposta foi dada com os


olhares fixos um no outro, o verde dele e o azul dela, ambos sentindo
que realmente existia um clima agradável ali.

As palavras de Melanie vieram na mente de Karina e a ruiva


pensou:

Talvez eu seja feliz em Nova Iorque...


Capítulo 30

Quando o sol de domingo despertou Elliot, ele sentiu a respiração


tranquila bem perto do seu ouvido e sorriu ainda de olhos fechados.

Melanie ainda está aqui, pela primeira vez adormecida quando


acordo — pensou e lentamente abriu os olhos, se acostumando com a
claridade.

Ela era ainda mais espetacular dormindo, o rosto lindo estava


completamente relaxado, os lábios entreabertos e os cabelos
esparramados rebeldes pelo travesseiro branco, um braço dela estava
jogado em cima dele, o prendendo bem perto do corpo curvilíneo, e ele
amou essa possessividade.

Abaixou ainda mais o olhar pelo corpo da moça e percebeu os


seios amostra, o lençol tinha decido e Melanie estava completamente
exposta para ele.

O Bittencourt quis acordá-la para desfrutar daquele corpo


convidativo, mas não o fez, preferiu observá-la por mais tempo e
acariciá-la lentamente nas coxas que estavam jogadas em cima da sua
perna.

Tão delicada e tão linda. — Sorriu com isso, estar apaixonado é


assim, ver a beleza no mais simples dos momentos.

Elliot não entendia quando Christopher aparecia feliz demais na


empresa, sorrindo igual um idiota, mas agora, olhando para Melanie ele
passou a entender o irmão, descobriu o quão bom é acordar e observar a
pessoa amada despertar aos poucos.

— Eu posso te dar uma foto se quiser. — A voz risonha o


despertou de seus pensamentos.

— É a primeira vez que acordo primeiro, preciso gravar esse


momento, é raro. — Ele respondeu, mas não parou o carinho gostoso na
coxa dela.

Melanie se aproximou ainda mais dele e começou a acariciá-lo no


abdômen, uma leve carícia.

— Eu posso me acostumar com essa vida Melanie. — Ele


sussurrou olhando-a ainda mais intensamente.

— Você deve se acostumar Elliot, nunca mais sairei da sua vida.


— Ela sorriu sincera.

Viver ao lado de July e de Elliot é tudo o que ela mais almeja.

— Vocês duas se tornaram tudo para mim. — Ele olhou para a tela
da babá eletrônica que mostrava a pequena July dormindo.

Melanie também olhou para a bebê e logo depois para ele.

— Acha que dá tempo de tomarmos um banho juntos? — Ela


perguntou avaliando a ideia.

— É só sermos rápidos. — Ele propôs e Melanie assentiu.

Elliot se levantou e ela o admirou dos pés à cabeça.

— Você está muito desejável agora — comentou.

— Eu sou desejável, mas um desejável só seu. — Ele se gabou.

— Desde quando você ficou tão convencido? — Ela arqueou a


sobrancelha brincalhona.

— Desde quando você surgiu na minha vida e a cada troca de


olhar me provava o quanto me queria.

— Ainda quero, mas só para ressaltar, foi você que começou com
a troca de olhares quentes. — Ela apontou para ele e se levantou
também.
— Mas como eu poderia evitar? Você já se olhou no espelho
mulher?

Melanie ruborizou e o olhou com ainda mais paixão.

— Como você consegue me deixar tão louco com apenas um


olhar? — perguntou retórico.

Melanie pegou a babá eletrônica e correu para o banheiro,


deixando Elliot com a bela vista do corpo dela.

July colaborou naquela manhã e os dois desfrutaram do primeiro


banho juntos.

∞∞∞

Quando Elliot propôs para Melanie o almoço na casa dos pais, ela
aceitou.

Ela e July precisavam ter contato com mais pessoas, sair e se


divertir.

Quando Angélica abriu a porta July estendeu os bracinhos de


imediato.

— Sentiu saudade minha linda? — A avó perguntou toda boba e a


pegou no colo.

Após cumprimentar a anfitriã, Elliot e Melanie caminharam de


mãos dadas até a sala de estar, Christopher e Tayla já estavam lá, com
Andrew andando pelo tapete felpudo.

— Essa é a vantagem de morar no mesmo condomínio. — O mais


novo comentou e Christopher bufou e disse:

— Estou pensando em me mudar, não aguento mais a Megan


todos os dias em casa.
— Ei, eu ouvi isso Christopher. — A voz de Megan foi ouvida e
todos olharam para a jovem que descia as escadas.

Tayla gargalhou, Melanie também achou graça, mas foi mais


discreta.

— Que bom. — O primogênito reclamou.

— Me ama e fica fazendo charme, — a caçula da família jogou os


cabelos loiros para o lado e olhou confusa para Melanie e Elliot. — E a
July?

— Com a nossa mãe. — Elliot respondeu e nesse momento


Angélica entrou na sala com July nos braços.

Assim que a bebê loirinha viu Andrew no chão ela se esperneou


para descer.

Angélica a colocou no chão e July caminhou cambaleante até o


priminho.

— Ela já está andando? Por que ninguém me contou? — Meg


reclamou.

— Ela começou ontem, são poucos os passinhos que ela consegue


ainda. — Mel contou e olhou para July que tinha acabado de cair de
bunda no tapete.

Tayla, Melanie e Angélica começaram a falar sobre os primeiros


passinhos dos bebês, Megan completamente por fora, caminhou até onde
os dois irmãos estavam sentados e perguntou:

— Sabem o que o Ethan quer contar?

— Não, você sabe? — Elliot a olhou curioso.

— Eu não faço ideia.

O silêncio predominou entre os três, até Megan soltar um suspiro.


— Olha que coisa mais linda. — Ela apontou para o Andrew e a
July, ele segurava a mão da priminha.

Todos olharam para os bebês. A cena estava muito fofa, até Elliot
levantar-se e atrapalhar tudo.

— Ei meninão, vem com o tio. — Ele estendeu o braço e Andrew


aceitou o colo.

Christopher gargalhou, sendo acompanhado pela esposa e por


Melanie.

— Elli, um dia a July terá um namorado e você não poderá mudar


isso. — Chris provocou.

— Quem disse que não? E Drew vai me ajudar com isso, não é
garotão? — O bebê sorriu alheio a conversa.

Assim que Ethan chegou, Angélica foi chamar Matthew para o


almoço, afinal os dois filhos mais novos eram os únicos que ainda
moravam na casa dos pais.

∞∞∞

O clima que antes estava agradável na sala de estar, mudou


completamente.

— Qual a razão desse almoço? — Alfredo impaciente perguntou


para Ethan.

O terceiro dos filhos, terminou sua sobremesa tranquilo, levantou


os olhos verdes para o pai e disse:

— Sairei do país por um tempo.

Alfredo olhou mais atento para o filho, percebendo que algo estava
errado.
— Para onde vai? — Megan perguntou empolgada.

— É a trabalho Meg, não posso dizer.

— Quanto tempo ficará fora? — Angélica perguntou preocupada.

— Ainda não tenho certeza mãe, tudo depende do sucesso da


missão, estou avisando agora porque não entrarei em contato com
frequência.

— Não pode dizer nem para a sua família? — Alfredo perguntou


interessado.

— Não posso, às vezes o inimigo está mais perto do que você


imagina. — Ethan respondeu encarando-o.

Christopher e Elliot se olharam intrigados.

— O que isso quer dizer? — Matthew quem perguntou.

— Foi apenas um comentário. — Ethan respondeu para o irmão


mais novo, mas seu olhar ainda estava no patriarca da família.

Desde a infância dos meninos, Ethan sempre foi o mais difícil de


ser controlado por Alfredo e tudo piorou quando ele entrou para a
academia de polícia de Nova Iorque.

Alfredo odiou desde o início a profissão do terceiro filho, mas não


conseguiu evitar, Angélica apoiou Ethan.

As palavras da esposa nunca mais foram esquecidas por ele.

“Seus filhos não são obrigados a seguir os seus passos Alfredo,


Chris, Elliot e Matthew se formaram em advocacia por vontade própria,
Ethan não quer isso.”

— Apenas tome cuidado querido. — Angélica sorriu para o filho,


mas o clima ainda estava desagradável,
Tayla e Chris se olharam e decidiram que aquele era o melhor
momento para contar da gravidez e mudar de assunto.

— Pode falar. — Tay sussurrou para o marido, que sorriu


satisfeito.

— Nós também temos uma novidade. — A voz de Chris saiu alta


e ele segurou a mão da esposa, os dois se levantaram.

Todos os olhares foram para eles.

— Teremos outro bebê. — Ele contou.

Angélica colocou a mão no peito, emocionada.

Megan tapou a boca surpresa.

Matthew arqueou a sobrancelha também surpreso.

Ethan e Alfredo sorriram.

Melanie sentiu seu coração se acelerar, mas também ficou


contente pelos novos amigos.

Já Elliot fez a melhor cara de surpresa que conseguiu, se levantou


e disse:

— Parabéns. — Tayla deu um leve tapa no braço dele.

— Ensaiou essa cara no espelho? Sei que o Christopher já tinha te


contado.

— Caramba Chris, passei duas horas em frente ao espelho só para


não te entregar. — Elliot fingiu estar indignado, mas foi o primeiro a
abraçar o casal.

— Não acredito que serei tia pela terceira vez. — Megan deu um
gritinho e se levantou, correndo eufórica para os braços do irmão e da
cunhada.
Todos parabenizaram o casal, o clima tinha melhorado muito.

— Logo será a Melanie e o Elliot. — Chris falou.

Melanie sentiu todos olhando-a e quando Elliot pegou sua mão, ela
apertou a dele e sorriu.

Devemos contar. — Ela o olhou pensando isso e desejou que


Elliot a entendesse, pelo visto ele compreendeu e disse:

— Nós estamos juntos.

— São notícias maravilhosas. — Angélica segurou a mão de Tay e


de Mel.

— São mesmo. — Megan se juntou a mãe e segurou a outra mão


da Melanie.

— Seja bem-vinda a família Melanie, desde que vi vocês dois pela


primeira vez eu soube que eram perfeitos um para o outro. — A sogra
comentou emocionada.

— Obrigada.

Angélica sorriu para elas e as quatro se abraçaram.

— Tenho três filhas agora.

Melanie sentiu seus olhos se marejarem. Teve Lisa a vida toda,


mas nunca se sentiu assim, querida como filha e aquilo foi muito
importante para ela.

— Fico muito feliz por vocês, mas agora preciso fazer um


telefonema. — Alfredo apertou o ombro de Elliot e de Christopher.

O patriarca da família quer descobrir para onde Ethan viajará, mas


para isso precisará da ajuda de alguns amigos.

— Eu e Elliot precisamos falar com você. — Christopher avisou


ao homem que a muito tempo não chamava de pai...
Capítulo 31

Alfredo olhou para os dois filhos e perguntou:

— Precisa ser agora?

Elliot assentiu e Christopher respondeu:

— Já esperamos tempo demais. — O tom de voz chamou a


atenção de todos.

— Vamos para o meu escritório. — Alfredo propôs e os filhos o


seguiu.

Assim que Elliot entrou e fechou a porta, Christopher foi direto ao


assunto.

— Quando nos contaria que é um mafioso?

Elliot e Christopher viram o pai empalidecer. Alfredo sempre


tomou muito cuidado para evitar que os filhos descobrissem esse
segredo, mas pelo visto não foi o suficiente.

— Não sei do que está falando. — Ele desconversou.

— Você sabe sim. — Elliot se sentou de frente para o pai,


Christopher permaneceu em pé, estava inquieto demais para sentar-se.

— Nós já sabemos, apenas abra o jogo.

Alfredo olhou irritado para o seu primogênito. Christopher sempre


foi o mais controlável dos filhos, mas desde que foi obrigado a se casar
com Tayla ele havia amadurecido.

— Quem mais sabe? — O patriarca perguntou.


— Nós e Tayla, mas acredito que Ethan desconfie de algo.

— Também acredito... — Elliot ressaltou, mas antes de continuar


a porta foi aberta e Angélica entrou preocupada.

— Posso saber o que está acontecendo? — perguntou olhando-os.

— Não é nada mãe. — Elliot preferiu poupá-la da conversa, mas


Angélica encarou o marido.

— Eles descobriram amor. — As palavras de Alfredo deixaram


Elliot e Christopher surpresos.

Ela sabe?

— Como puderam esconder isso de nós? — Elliot perguntou


indignado.

— Optamos por não contar, seu pai não queria herdar esse legado,
decidimos manter vocês fora disso. — Ela respondeu tranquilamente,
mas os olhos demonstravam o quanto estava assustada.

— Como vocês descobriram? — Alfredo questionou.

— Não importa, queremos saber tudo, desde a aposta de Tayla até


o envolvimento com outros mafiosos.

Christopher sabia o motivo da aposta, mas se contasse, seu pai


saberia que foi Roger quem abriu o jogo.

— Não existe envolvimento com outras máfias — alegou Alfredo.

Chris bufou contrariado.

— Pai, nós sabemos que você esteve em várias reuniões com


Alejandro Herrera. — Elli falou.

— Essas informações são sigilosas, como descobriram? — exigiu.


Os irmãos se olharam e decidiram contar uma parte.

— Essas informações resultaram na morte de Eduard e Elisabeth.

Angélica arquejou e os filhos perceberam quando os olhos da mãe


lacrimejaram.

— Não foi um acidente? — Alfredo perguntou, estava nítido nos


olhos dele a surpresa.

Ele sempre gostou de Eduard, desde quando aquele jovem


franzino apareceu na sua casa pela primeira vez.

— Não, por isso estamos aqui, queremos saber se você tem algo a
ver com isso. — Elliot cruzou os braços na defensiva quando viu a
tristeza nos olhos do pai.

— Acredita que eu seria capaz de algo assim?

— Você escondeu muitas coisas de nós. — Foi Chris quem


respondeu.

— Eu nunca mataria pessoas inocentes Christopher. — Alfredo foi


sincero e os filhos perceberam isso.

Angélica caminhou até ele e apertou-lhe a mão, em forma de


apoio.

— Seu pai não queria herdar a máfia, mas não teve escolha por ser
filho único. — Angélica olhou decepcionada para os filhos.

Elliot sentiu seu coração se acelerar, o pai estava sendo sincero e


descobrir isso foi um grande alívio.

— Eu vi Alejandro poucas vezes e uma delas foi quando ele esteve


em Nova Iorque para assinar o contrato de paz.

— Contrato de paz? — Christopher perguntou interessado.


— Sim, é um termo que proíbe ambas as instituições a cometerem
delitos.

— Eu não compreendo. — Elliot comentou confuso.

— Alejandro não pode cometer nenhum crime aqui em Nova


Iorque e nenhum dos nossos no México, onde ele comanda. — O pai
explicou.

— Ele cometeu pelo visto. — Angélica comentou ainda impactada


com a notícia.

Elliot olhou para a mãe e resolveu perguntar:

— Como a senhora entrou nisso tudo?

Os genitores da família se olharam e sorriram.

— A história da dívida e da nossa mãe ser o pagamento era


mentira?

Os filhos sabiam a história de quando os pais se conheceram.

— Não em tudo, eu não fui um pagamento, fui um elo entre o meu


falecido pai que era um gângster e o seu avô, eles queriam se unir e o
meu casamento com Alfredo foi a melhor forma que acharam.

Elliot abriu a boca surpreso e Christopher arregalou os olhos.

— Nosso avô era gângster?

Angélica riu.

— Era sim, mas descobri isso só quando já estava apaixonada pelo


seu pai. — Ela deu um leve tapa no braço do marido.

— Se conheceram na lanchonete em que você trabalhava mesmo?

— Sim Chris, ele me conquistou primeiro, para só então me contar


a verdade e me fazer odiar amá-lo.

— Eu faria o mesmo. — O primogênito ressaltou e o pai sorriu


orgulhoso.

— Ela já estava grávida e casada, não teria como fugir de mim.

— Teria sim, eu poderia muito bem criar o Christopher sozinha, só


te perdoei por amá-lo. — Angélica respondeu firme.

— Sei que poderia amor, e agradeço por não ter desistido de nós.

— Ainda bem, senão eu não teria nascido. — Elliot respondeu


rindo.

O clima estava começando a ficar agradável novamente, quando


Angélica disse:

— Megan também quer contar algo, por isso vim aqui chamá-los.

Os quatro deixaram o escritório e voltaram para a sala.

Melanie estava sentada em um sofá com Tayla e July. Matthew e


Megan estavam sentados no tapete com Andrew e Ethan estava
encostado no batente da sala de estar, olhando para todos em silêncio.

— Pode contar agora Megan. — Angélica se acomodou ao lado de


Tayla.

— Eu estou namorando. — A mais nova da família foi direta.

Três dos irmãos olharam para ela surpresos, apenas Christopher


que já sabia sorriu de lado.

— Como é que é? — Ethan perguntou e se afastou do batente


olhando atento para a irmã.

— Isso mesmo, namorando. — A loira levantou a mão direita e


mostrou a bonita aliança.
— Como eu não vi isso antes? — Tayla perguntou alegre e
segurou a mão da cunhada para ver melhor a aliança.

— Estava escondida. — Megan respondeu sorrindo.

— Posso saber quem é o cara? — Matthew perguntou e todos


olharam para Megan em expectativa.

Meg suspirou dramaticamente antes de responder.

— É o Theodoro.

— O melhor amigo da Tayla? — Elliot perguntou mais surpreso


ainda.

— Sim, esse mesmo.

— Por que ele não veio falar comigo primeiro Megan? — Alfredo
perguntou irritado.

— Porque estamos no século 21 pai, não tem mais essa.

— Respeito tem sim.

— Ele queria vir, mas eu não deixei.

— Por que não? — Ethan quem perguntou.

— Por isso, todo esse interrogatório apenas afastaria ele de mim.

Alfredo olhou para a filhinha, que já não é mais tão pequena assim
e suspirou derrotado.

— Quero o nome completo dele.

— Por que pai? — Meg perguntou indignada.

Porque quero investigá-lo e tenho meios para isso. — Ele quis


responder, mas não o fez.
— Apenas obedeça, Megan. — Chris aconselhou.

— Por que você está tão tranquilo Christopher? — Elliot


perguntou confuso.

— Porque eu já sabia. — O primogênito respondeu.

Todos olharam para ele.

— Você contou para o Christopher e não para mim? — Angélica


perguntou chateada.

— Ele descobriu porque Theo me mandou flores e o Christopher


achou que eram para a Tayla.

— Tive que contar a verdade ao Christopher. — Tayla recordou da


briga que teve com ele por causa disso.

— Estou feliz por você filha, e sei que seu pai e seus irmãos
também ficarão.

— Ficarei só depois de deixar bem claro para esse rapaz que não
se brinca com a minha menina. — Alfredo avisou irritado.

— Não esperava menos do senhor e já alertei o Theo quanto a


isso.

— Christopher também. — Tay sorriu para o marido.

Megan sorriu para eles.

O pai e os irmãos são protetores, mas ela sabe que é amada de


verdade e isso é tudo o que importa...
Capítulo 32

Melanie prestou muita atenção em cada diálogo da família


Bittencourt.

E que família. — Ela sorriu com esse pensamento e Elliot olhou-a


confuso.

— O que foi? — Ele parou de empurrar o carrinho de July e olhou


para ela atento.

Os três estavam voltando para casa, como é no mesmo


condomínio, o uso do carro foi desnecessário.

— Não é nada. — Ela sorriu ainda mais, todos os Bittencourt são


tão parecidos na curiosidade.

Ele franziu o cenho, voltou a andar e três passos depois parou


novamente.

— Por que está rindo? — perguntou risonho também.

Melanie não aguentou a curiosidade dele e resolveu contar.

— Eu estava pensando na sua família.

— No que exatamente? — Ele estava ainda mais confuso.

— O quão grande ela é, vocês todos juntos, conversando e até


brigando, porque aquilo entre seu pai e o Ethan foi uma briga, não é?

— Ficou tão óbvio assim? — Ele perguntou preocupado.

— Sim, os dois estavam tensos.

— Isso te incomoda, a minha família ser assim? — Ele perguntou


desacelerando os passos e olhou para July que dormia no carrinho.

Melanie engoliu em seco, não era essa a reação que ela esperava.
Percebeu o quanto Elliot admira a família e que ficou entristecido com
esse comentário dela.

— Não é isso... — Ela começou cautelosa.

Como ele permaneceu em silêncio, Melanie resolveu se abrir com


ele.

— Eu senti inveja Elliot. — Ela foi sincera e se sentiu tão idiota ao


dizer as palavras em voz alta.

Ele paralisou no lugar e se virou para olhá-la, Melanie estava


parada na calçada, de cabeça baixa e pensativa.

Ele travou a roda do carrinho de July, que já dormia agarrada a um


ursinho de pelúcia que acabara de ganhar de Andrew.

— Estou parecendo uma idiota, mas é o que sinto, sempre quis


irmãos, sempre quis uma avó, se eu tivesse mais alguém, não teria
passado por tudo o que passei. — Ela chorou, mesmo se esforçando para
evitar isso.

Elliot a abraçou apertado e disse:

— Os meus pais tiveram muitos filhos por essa razão Mel, os dois
são filhos únicos e nunca gostaram disso.

Ela permaneceu em silêncio e ele continuou:

— Não gosto quando chora. E saiba que essa família é sua agora.
É nossa. — Ele sorriu com isso e Melanie se sentiu tão acolhida, não
apenas pelos braços que a confortavam carinhosamente e sim com as
sussurradas palavras sinceras.

— Eu fiquei sem reação quando sua mãe me chamou de filha,


foram tantos anos sem esse amor maternal e eu senti o quão sincera ela
foi, quis abraçá-la, agradecê-la e chorar por todos os anos que me senti
só sem uma mãe, mas me segurei, não queria assustar a sua família no
primeiro almoço que compareço. — Ela soltou um riso com a última
frase e Elliot a acompanhou.

— Eu te amo Melanie, se pudesse eu apagaria toda a sua dor do


passado, mas eu não posso, só posso te prometer felicidade, tudo que
estiver ao meu alcance para te fazer sorrir, eu farei.

Melanie o apertou mais forte e sussurrou:

— Eu também amo você. — Foi bem baixinho, apenas um mover


de lábios, mas quando Elliot suspirou aliviado, ela percebeu que ele
ouviu, mas não a pressionou, ficaram apenas ali abraçados por um
tempo.

∞∞∞

July não desgrudou da pelúcia que ganhou de Andrew, o ursinho


azul tinha o cheiro do primeiro herdeiro da família Bittencourt e July
parecia amar isso.

Pelo visto, o jeito lindo e conquistador dos Bittencourt é passado


através de gerações.

— Elliot, preciso dar um banho na July, poderia trocar a lâmpada


do quarto dela? Queimou essa manhã e não sei onde ficam as reservas.

— Irei trocar, ficam no porão. — Ele respondeu e foi buscar a


lâmpada enquanto Melanie levava July para preparar o banho.

Quando Elliot chegou ao porão, haviam várias caixas empilhadas,


ele começou a procurar as lâmpadas reservas pelas caixas menores, mas
não estavam em nenhuma.

Quando chegou nas caixas maiores, percebeu que eram as


fotografias de Lisa e Eduard, ele e Melanie resolveram levar tudo para a
nova casa e guardar para quando July quisesse conhecer mais dos pais
biológicos.

Curioso ele pegou uma caixa com a palavra “lembranças” escrita


em uma caligrafia bonita em MDF.

Abriu a caixa cauteloso e sentiu seus olhos se marejarem quando


viu a primeira fotografia, era Eduard e ele abraçados no dia que se
formaram, ambos estavam com sorrisos satisfeitos no rosto. A próxima
era Lisa com July no colo, ainda recém-nascida e quando mudou para
ver a seguinte, viu Melanie, mas ela não estava sozinha.

Estava acompanhada de um homem sorridente, de cabelos


castanhos escuros e com barba, mas Elliot prestou atenção nos braços
possessivos que estavam em volta de Melanie e a aliança de ouro no
dedo anelar esquerdo do casal.

Disposto a parar de ver as fotos, ele fechou a caixa e começou a


subir as escadas do porão, mas no terceiro degrau, a curiosidade foi mais
forte e ele voltou.

Passando as fotos rapidamente ele viu várias de Lisa e Eduard,


mas quando encontrou uma de Melanie, ele não estava preparado para o
que viu...
Capítulo 33

Ainda não tinha anoitecido e Melanie aproveitou a luz do dia para


dar banho em July.

Elliot estava demorando com a lâmpada e ela começou a estranhar.

Já tinha finalizado o banho da pequena e ele ainda não tinha


voltado.

Quando as duas desceram, Melanie colocou July na cadeirinha de


alimentação e começou a preparar o jantar, mas a demora de Elliot lá
embaixo estava preocupando-a.

— Elli? Por que está demorando tanto? — Se aproximou da porta


do porão e perguntou.

A luz fraca do local estava acesa, mas ela não conseguiu vê-lo de
onde estava.

— Já estou indo. — Ele respondeu, mas Melanie percebeu o tom


diferente da voz dele.

Elliot ainda encarava a foto com atenção, não sabia se havia


passado minutos ou horas ali, mas aquela imagem de Melanie o
paralisou.

A fotografia era antiga, mas a imagem dela sorridente acariciando


a barriga era nítida.

Melanie ficou tão linda grávida — pensou enquanto passava o


dedo indicador na imagem.

Muitas perguntas rodeavam a cabeça dele, mas Elliot resolveu


esperar o dia que Melanie estivesse pronta para se abrir.
Antes de subir para ajudá-la com o jantar, ele colocou a imagem
dela grávida ao lado da que ela está abraçada com o possível marido,
ambos pareciam tão felizes e mesmo sendo uma atitude idiota, Elliot
sentiu ciúmes daquilo.

O sorriso dela, o anel que brilhava chamando a atenção, tudo o que


ela viveu com outro homem e não com ele o incomodava demais.

Disposto a não ser egoísta, ele colocou o melhor sorriso forçado


no rosto e subiu para a cozinha.

Melanie estava no fogão, cantarolando uma música e July batia o


copinho de água na cadeira de alimentação, era como se as duas
estivessem em sintonia.

— Não encontrou a lâmpada? — Ela perguntou confusa.

Tão surpreso com as fotos, Elliot acabou esquecendo de procurar.

— Não, comprarei novas amanhã. — Ele usou um tom casual, mas


percebeu quando Melanie o olhou atentamente.

— Aconteceu alguma coisa? — questionou confusa.

— Não. Não aconteceu nada. — Ele caminhou até a pia e


começou a lavar as verduras.

Melanie não insistiu no assunto, conhecia Elliot a pouco tempo,


mas mesmo assim foi capaz de perceber que ele estava incomodado com
algo.

— Vou tomar um banho rápido. — Ela avisou, abaixando o fogo e


voltou a olhá-lo.

Ele apenas assentiu.

∞∞∞
Quando Mel voltou para a cozinha, Elliot já tinha desligado o
jantar e posto a mesa.

Ela o olhou agradecida, mas ele ainda fugiu dos seus olhos.

— Está tudo bem? — perguntou preocupada.

Ele tirou a atenção dos talheres e passou os olhos por ela toda.

— Eu gosto dessa camisola — respondeu com um sorriso.

Mel deu uma voltinha.

— Sei que gosta, por isso coloquei. — Ela correu até ele e o
abraçou apertado.

Sabia que algo estava diferente e não queria que isso afetasse o
relacionamento dos dois.

— Elli, lembra que eu disse que precisava te contar algumas


coisas? — Ela perguntou cautelosa e ele a olhou.

— Sim.

— Quero te contar tudo. — Ela mordeu o lábio nervosa.

— Agora? — Ele tentou não demonstrar a curiosidade extrema,


mas falhou.

— Vamos jantar e assim que July dormir conversamos.

Ele assentiu e Melanie começou a tratar de July, que como sempre


comia tudo.

∞∞∞

— Ela adormeceu tão rápido. — Ele comentou quando colocava a


bebê no berço.

Mel fechou o mosqueteiro e sussurrou:

— O dia foi longo.

— Foi mesmo. — Ele a puxou pela cintura e beijou a nuca exposta


dela.

Mel soltou um gemido baixinho e se virou de frente para ele.

— Quero conversar com você, quero que saiba tudo. — Ela o


puxou pela mão e caminhou até o quarto deles.

Melanie o deixou sentado na cama e foi para o closet, pegou o


envelope que estava guardado entre os seus livros preferidos e voltou
para o quarto.

— Assim como você, eu também quero começar certo Elliot, por


isso peço que leia a carta que Lisa me deixou. — Ela estendeu o
envelope para ele.

As mãos estavam trêmulas e frias de nervoso e quando Elliot


segurou as pequenas e delicadas palmas, ele estranhou.

— Está nervosa?

— Sim, bastante.

— Não é obrigada a isso Mel, posso esperar.

— A questão é que eu não quero mais que você espere, eu não


quero mais viver presa ao passado Elliot, quero ser capaz de olhar nos
seus olhos e dizer que te amo.

— Você já disse, eu ouvi mais cedo.

Ela suspirou e se jogou nos braços dele.


— É a verdade, mas eu quero falar te olhando, quero que você veja
a verdade em meus olhos e acima disso, eu quero ser sincera e para isso,
te contar tudo é necessário... Então leia e quando acabar, prometo que
responderei todas as suas perguntas.

Ele começou a abrir o envelope cauteloso e a cada palavra que lia,


mais confuso ficava.

Enquanto ele lia, Melanie encarava as mãos, ansiosa, pronta para


desabafar.

Quando Elliot fechou a carta e a olhou com o rosto banhado em


lágrimas, Melanie não aguentou mais e também chorou.

— Ela se chamava Luna? — Ele perguntou num fio de voz.

Mel fechou os olhos e assentiu.

— Sei que é difícil para você Melanie, não é necessário me contar.


— Ele falou um tempo depois, os dois estavam sentados na cama,
afastados e pensativos.

— É necessário sim, eu preciso disso para ser feliz com você.

Ele estendeu a mão e Melanie a pegou, apertando carinhosamente.

— Eu fui casada e nos amávamos tanto, o amor quando é grande


demais se reproduz em filhos e nós tivemos uma, a Luna... — Ela
engoliu em seco e ele apertou a mão dela.

Mel respirou fundo e voltou a falar.

— Eu não sabia a dimensão infinita que é amar, fui descobrir isso


quando soube da gravidez, me apaixonei pela minha filha no primeiro
instante, ela se tornou tudo para mim e para ele. Gregory sempre foi
dedicado, vivíamos em nossa bolha e então Luna nasceu e trouxe ainda
mais alegria para nós. — Ela secou as lágrimas e ele permaneceu em
silêncio, apenas digerindo as palavras tristes.
— Foi assim por quatro anos, eu me sentia a melhor mãe do
mundo a cada abraço, a cada palavra, a cada passinho, tudo era motivo
para me emocionar. Quando Luna disse que me amava pela primeira
vez, eu chorei de alegria, sempre fui muito próxima a ela. Mas do nada
tudo mudou. — Melanie olhou para o chão, perdida em seus
pensamentos.

— O que ela teve? — Ele perguntou baixinho.

— Foi de repente, ela começou sentindo falta de ar, Gregory se


desesperou e eu tentei manter a calma, mas por dentro estava tão
assustada, Luna tinha asma, mas nunca teve uma crise daquela. A
levamos para a emergência na hora e o médico de plantão a diagnosticou
com gripe, eu estranhei, afinal Luna já tinha ficado gripada várias vezes
e nunca foi daquela forma, mas fomos para casa e confiamos no médico,
e esse foi o nosso erro. — Melanie falou com amargura.

Elliot a puxou para perto, segurando-a em um abraço acolhedor.

— Nós não dormimos a noite toda, ficamos velando o sono dela,


estava tudo bem, mas quando o dia amanheceu ela acordou pior.

— Levaram ela ao médico novamente?

— Sim, ao pediatra dela e foi quando ele diagnosticou a


pneumonia, é uma doença que tem cura, mas quando se descobre no
início. No caso da Luna, já tinha se agravado demais e não percebemos
porque foi sem febre, ela sempre foi de comer pouco e não notei... Eu
não notei nada diferente Elliot. — Ela finalizou a frase em um tom
culposo.

— Você não teve culpa Mel.

— Eu tive sim, eu falhei como mãe, eu não a protegi. — Ela se


levantou e começou a caminhar pelo quarto, as lágrimas cada vez mais
intensas.

— Anjo... — Ele a pegou novamente nos braços e Melanie não se


afastou.

— O Gregory me culpou, ele se culpou também e não aguentamos


a perda e nos afastamos, nós lutamos por ela até o fim, mas não foi o
suficiente...

— Vocês não tiveram culpa Melanie, ele não deveria ter te


culpado.

Mel suspirou exausta.

— O pediatra disse que se tivéssemos descoberto antes, ela teria


sobrevivido, eu a teria em meus braços ainda.

Elliot não disse nada, apenas ficou abraçado com ela, os dois
chorando, faz parte da vida chorar e isso nunca será uma fraqueza.

Quando os pais morrem, os filhos se tornam órfãos, quando


alguém perde o cônjuge, se torna viúvo, mas a dor de se perder um filho
é tão intensa que se torna impossível nomear, pois não tem como colocar
em palavras, o que se sente no coração, é como se alguém tivesse o
arrancado de você e o levado para longe, num lugar onde você nunca
mais poderá recuperá-lo...
Capítulo 34

Melanie estava tão abalada por reviver todo o triste passado, que
Elliot apenas cuidou dela.

A morena deixou que ele a ajudasse com o banho, enquanto


também tomava e quando ambos deitaram na cama para dormir, ele
perguntou:

— Está melhor?

Ela inalou profundamente e sentiu o cheiro gostoso que ele


exalava e assentiu.

— Você não precisava ter me contado, anjo.

Melanie levantou a cabeça do peito dele e o encarou.

— Te contar me fez reviver coisas que lutei por anos para superar,
eu queria que você soubesse por mim, eu não quero nada entre nós, nada
mesmo.

— Eu já sabia. — Elliot confessou e Mel se sentou na cama em


um salto.

— Como assim?

— Soube agora pouco, encontrei uma caixa com fotos no porão.

— Caixa? Qual? — Ela já estava de pé e calçava as pantufas.

Elliot também se levantou e seguiu Melanie, que praticamente


correu até o porão.

— Essa. — Ele pegou a caixa e entregou para ela.


Melanie encarou o delicado objeto e começou a abrir lentamente,
como se o conteúdo de dentro fosse o mais valioso dos tesouros, e era
realmente isso para ela.

Cada fotografia a deixava sem ar, tinham muitas de Lisa e Eduard,


mas também tinha de Melanie e Lisa quando crianças, abraçadas e
sorrindo.

— Esse é o Gregory? — Elliot perguntou e ela assentiu.

Ver o ex marido depois de tanto tempo foi estranho, muitos anos


da sua vida foi dedicado a esse homem e agora tudo tinha mudado,
Elliot estava mudando tudo para melhor.

— Sim, quando Elisabeth tirou essa foto, tínhamos acabado de


voltar da lua de mel. — Ela respondeu encarando o sorriso que
ostentava.

Elliot desviou o olhar desconfortável.

Gregory é o passado de Melanie, mas nem isso fazia ele se sentir


melhor, estava com ciúmes e detestava isso.

— Lisa sempre teve talento para fotografar. — Mel comentou


olhando a maioria de fotos que nem percebeu quando a amiga tirou.

— Sim, vocês eram lindas. — Ele comentou quando Mel parou


em uma das fotos, com as duas na escola.

— Obrigada. — Ela desviou o olhar para ele e Elliot capturou seus


lábios em um beijo terno.

Quando o beijo finalizou, ele suspirou.

Tinha que ser sincero com ela também, mas decidiu esperar,
aquele domingo já tinha sido de muitas emoções.

— Foi você quem trouxe essa caixa na mudança? — perguntou


para Elli, que estava atrás dela, segurando-lhe a cintura.
— Acho que não, eu peguei apenas as que você já tinha embalado.

Mel olhou mais atenta para a grande caixa de papelão.

— Deve ter sido eu, quero que July tenha acesso as fotos dos pais,
quero que ela saiba o quão maravilhosos os dois foram.

— Faremos isso, contaremos os melhores momentos que passamos


com eles, vamos nos esforçar para que ela se lembre deles de alguma
forma.

Mel inspirou fundo e fechou a caixa de lembranças.

— Não vai levar lá para cima? — Ele perguntou confuso.

— Não todas, as que estou com Gregory pretendo destruir, mas as


de Luna, irei guardar.

Elliot assentiu e disse:

— Mas eu quero essa para mim. — Quando ele abriu a caixinha


novamente e pegou a que Melanie estava grávida de Luna, ela sentiu
seus olhos marejarem.

— Quer?

— Sim, você está tão linda e é algo que quero ter para sempre.

Ela o abraçou apertado e disse, olhando nos olhos dele.

— Eu amo você.

Ele sorriu de uma forma linda.

— Eu amo você também.

Quando os dois voltaram para o quarto, Elliot apenas abraçou


Melanie e acariciou os cabelos dela até ela adormecer.
Às vezes apenas um simples carinho é o que mais precisamos.

∞∞∞

Quando Mel despertou, Elliot já havia levantado. Ela olhou o


relógio e viu que já se passavam das nove, levantou rapidamente e olhou
a tela da babá eletrônica, July não estava no bercinho.

Como ela sabia que a bebê estava em boas mãos, se deu ao luxo de
tomar banho e se arrumar antes de descer, mas quando pisou no último
degrau da escada, ela se surpreendeu.

— O que é tudo isso? — Ela perguntou para Elliot, que a olhava


em expectativa.

— Um café da manhã apenas nosso.

— E July? — Mel perguntou olhando ao redor.

— Está com a minha mãe, essa manhã será apenas nossa.

Ela o olhou surpresa e admirada.

— Planejou tudo isso?

— Na verdade tive a ideia hoje de manhã. — Ele sorriu sem graça.

— Ainda são nove e meia Elliot.

— Eu sei, mas consegui fazer tudo a tempo.

Mel inspecionou a mesa posta para dois e sentiu seu estômago


roncar.

— Pelo visto está com fome. — Ele comentou rindo.

— Deu para ouvir? — perguntou colocando a mão na barriga,


assustada.

— Com certeza. — Ele puxou uma cadeira para ela e Mel se


sentou.

Elliot tinha preparado uma variedade de coisas.

— Sabe fazer croissant? — Ela perguntou enquanto pegava um e


mordia, o recheio de chocolate fez Melanie gemer satisfeita.

— Na verdade não, mas a padaria aqui perto entregou a tempo, a


maioria das coisas. — Ele apontou para a mesa e Melanie gargalhou.

— O que foi você quem fez? — Ela perguntou olhando para as


diferentes opções.

— Espremi as laranjas para o suco. — Ele levantou um dedo


enumerando e deu um sorriso convencido.

Melanie assentiu, amando tudo isso.

— E o que mais?

Elliot levantou um segundo dedo e disse:

— Fiz o café. — Mel olhou ansiosa para a garrafa e se serviu.

Elliot permaneceu com os dois dedos erguidos, olhando para ela


em expectativa.

— Está muito bom — elogiou.

Ele levantou o terceiro dedo e falou:

— Também retirei os frios da geladeira, coloquei a mesa e liguei


para a padaria.

Melanie não aguentou e gargalhou. Ele olhava a cena maravilhado.


— Sabe? Eu amei. — Ela se levantou e sentou-se no colo dele.

Elli a segurou firme pela cintura e os dois se beijaram.

— Vamos comer antes que eu perca o controle. — Ele avisou e ela


fez um biquinho engraçado.

— Certeza? — perguntou manhosa.

Elliot pegou uma uva e colocou nos lábios carnudos dela, Melanie
a saboreou sem desviar o olhar dele.

— Anjo, pare de me olhar assim, preciso te levar em um lugar


ainda e desse jeito você não está ajudando.

Ela o olhou mais animada ainda.

— Que lugar?

— É uma surpresa.

Melanie terminou de saborear o delicioso café da manhã com ele,


mesmo Elliot não querendo se distrair, os dois demoraram no desjejum,
ela ainda em seus braços e os dois se alimentando.

∞∞∞

— Não vai me contar mesmo? — Ela perguntou novamente.

— Não, logo saberá. — Ele desviou o olhar do trânsito e a olhou


rapidamente.

Melanie ligou o aparelho de som do carro e deixou que a canção


suave os guiasse.

Estava sorrindo de uma forma que a muito não fazia, mas quando
Elliot parou o carro e pediu para ela vendar os olhos, ela estranhou.
— É mesmo necessário?

— É sim, só confie em mim.

— Eu confio.

Ele arrumou o lenço nos olhos dela e Melanie apertou o puxador


da porta com mais força, percebendo que estava com a mistura de
ansiedade e expectativa, mas não medo.

Elliot parou o carro e desceu, pegando-a pela mão.

— Vem amor. — Ele a conduziu pelo lugar desconhecido para


Melanie e parou de repente.

— Posso tirar? — Ela perguntou relando no lenço.

— Sim. — Quando Melanie retirou a venda, seus olhos se


arregalaram de surpresa.

— Não, você não fez isso...


Capítulo 35

Melanie sentiu quando as lágrimas brotaram nos seus olhos.

De todos os atos de Elliot, esse com certeza foi o mais lindo.

— Como conseguiu organizar tudo isso em tão pouco tempo? —


Ela perguntou encarando a locomotiva que estava decorada com
algumas flores.

— Eu tenho um amigo que conhece o dono desse local.

Melanie assentiu nostálgica. E olhou para o lugar. Parece uma


pequena estação, onde várias locomotivas estão paradas próximas.

— Não é tão grande quanto a que você disse, mas dá para


conduzir. — Ele enfiou a mão no bolso da frente sorrindo e Melanie
jogou os braços no pescoço dele e o beijou.

— Não acredito que se lembra.

— Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para te fazer sorrir


assim sempre. — Ele foi sincero e Melanie quis chorar.

Antes suas lágrimas eram todas de tristeza, mas agora ela queria
chorar de pura felicidade, encontrou em Elliot e em July a segunda
chance que acreditou não merecer.

— É um sonho de criança Elli. — Ela caminhou para mais perto


da locomotiva preta com detalhes vermelhos.

— Que você realizará hoje. — Ele pegou uma rosa que enfeitava o
veículo automotor e estendeu para ela.

Melanie aceitou e inalou o delicioso cheiro.


— Obrigada.

Ele assentiu e perguntou:

— Está preparada?

Ela quis pular de alegria, mas se conteve e concordou.

Quando adentraram a máquina, Melanie prestou atenção em cada


detalhe enquanto o maquinista explicava o que ela precisava fazer.

— Estou tão empolgada. — Ela sussurrou para ele.

Elliot assentiu enquanto assistia a cena completamente


maravilhado, nunca a viu sorrir assim.

Mas foi quando Melanie conseguiu conduzir a locomotiva que ele


a viu empolgada demais.

— Foram os melhores vinte minutos da minha vida. — Mel


entrelaçou as mãos dos dois enquanto caminhavam para o carro.

— Mesmo o maquinista ficando por perto o tempo todo? — Ele


perguntou, afinal percebeu o quanto ela queria se livrar do homem às
vezes.

— Mesmo com isso, sei que ele só estava trabalhando. Eu amei


cada segundo, você é demais. — Ele parou e a pegou nos braços.

— Eu amo quando você fica feliz assim, acho que nunca te vi


sorrir tanto.

Ela o beijou, rapidamente, mas com muito afeto.

— Acho que nunca sorri tanto assim, obrigada por despertar o


melhor que existe em mim.

Ele assentiu fazendo charme e abriu a porta do carro para ela


dizendo:
— Sempre às ordens senhorita.

Ela gargalhou e entrou no veículo.

∞∞∞

Quando Melanie entrou na praça de alimentação do shopping foi


fácil encontrar Karina.

O tom ruivo natural da amiga é algo lindo e que chama a atenção.

— Oi, me atrasei porque tive que buscar July na casa da mãe do


Elliot.

Mel se sentou ao lado da ruiva que brincava com os pezinhos de


July.

— Sua sogra. — Karina a corrigiu e Melanie sentiu seu rosto


corar.

— Sim, minha sogra.

— Então decidiu dar o braço a torcer e aceitar o bonitão? — A


ruiva mexeu as sobrancelhas delicadamente encarando-a.

— Eu contei todo o meu passado para ele, Elliot me ouviu, me


mimou e me apoiou.

— Eu sempre soube que ele é o homem para você.

— Ele não me culpou Ka, e isso é tudo o que importa para mim.

— Você não teve culpa de nada, assim como acidentes acontecem,


doenças existem.

Melanie abaixou o olhar, mas não teve tempo de se entristecer, já


que July a olhava e quando as duas conectaram o olhar, a bebê sorriu.
— Sei que a dor nunca vai passar Mel, mas você merece ser feliz
novamente. — A ruiva segurou a mão de Melanie.

— Eu sei, mas agora estou curiosa, me conta como foi o jantar


com o Willian.

Karina revirou os olhos e encarou July, com uma cara engraçada.

— Está vendo mocinha? Sua mãe tem a mania de mudar de


assunto.

July sorriu ainda mais e levou o mordedor até a boca. A pequena


estava deitada no carrinho de passeio, alheia a conversa das duas.

— July não liga para você, não é mesmo amor? Ela também quer
saber das novas. — Melanie perguntou olhando para os olhinhos
brilhantes da garotinha.

— Ele me beijou.

Os olhos que antes estavam na bebê, foram direcionados para


Karina, arregalados de surpresa.

— O quê? — perguntou.

— Sim, me beijou. E que beijo. — A ruiva ousou se abanar.

— No dia do jantar? Por que não me ligou e contou?

— Porque não quis atrapalhar e confesso que fiquei receosa de


Elliot atender de novo.

Melanie gargalhou e isso chamou a atenção de algumas pessoas


próximas.

— É só perguntar quem é antes de sair falando o que aconteceu.


— Ela sugeriu e Karina jogou uma batata nela.

— Foi um erro, que não cometerei mais.


— Agora me diz, o que achou do beijo? — Mel se aproximou
mais da amiga, olhando-a com atenção.

— Se eu soubesse que aquele homem me queria, eu teria me


mudado antes.

— Você é uma safada, pelo visto amou.

— Eu... Eu fiquei muito mexida com o beijo, Will se preocupa


comigo, consigo notar isso nele e me deu flores, Caio nunca me deu
flores.

— Não acredito, no primeiro encontro flores e beijo? Isso é muito


bom.

— Eu sei, marcamos de nos ver essa semana.

Melanie segurou a mão da ruiva e aconselhou:

— Você só tem que parar de comparar os dois, Willian é muito


mais homem que o Caio, siga o seu próprio conselho e tente ser feliz.

Karina assentiu pensativa e Melanie resolveu mudar de assunto.

— Eu disse que o amo. — A ruiva a olhou espantada.

— Para o Elliot?

— Claro. — Melanie respondeu o óbvio.

— Qual foi a reação dele?

— Ele amou pelo visto e hoje de manhã planejou um café da


manhã para nós dois e deixou a July com a Angélica.

— Ah que lindo, e você aproveitou, não é? — A ruiva sorriu


safada e Melanie entendeu a pergunta.

— Sim, mas o mais especial de tudo é que ele me levou para


realizar um sonho de criança. Eu acabei contando para ele que queria ser
maquinista quando era menina e ele me levou para conduzir uma
locomotiva hoje.

Melanie mordeu o lábio feliz e Karina a olhou emocionada.

— Oh Mel! Você mais do que ninguém merece uma pessoa assim


ao seu lado.

— Eu realmente o amo Karina, não tenho dúvidas di... — Mel não


completou a fala e paralisou.

Não pode ser... — Pensou ela.

Mas quando os olhares se encontraram, Melanie sentiu seu


coração se acelerar.

Ela quis correr, quis sumir, mas não fez nada, permaneceu ali
sentada enquanto ele caminhava para mais perto...
Capítulo 36

— Mel está tudo bem? Parece que viu um fantasma. — Karina


comentou quando Melanie empalideceu.

— É quase isso. — Mel respondeu com um sussurro.

Depois de anos Gregory estava na sua frente, os olhos ainda


estavam fixos com os dele, que se aproximava lentamente, mas ele não
era mais o mesmo.

O brilho intenso do olhar bonito não existe mais, a barba estava


bem maior e os cabelos também. Ele está bem diferente da última vez
que Melanie o viu, no dia que assinaram o divórcio.

Quando Karina seguiu o olhar da amiga, e viu Gregory parar ao


lado delas, a ruiva arregalou os olhos surpresa.

— É ele? — perguntou baixinho e Mel não a respondeu.

— Melanie? — Ele perguntou surpreso, a voz rouca de sempre fez


Mel estremecer.

Gregory sempre foi muito bonito, até mesmo agora, com os


cabelos mais longos e a barba evidente, ele ainda continuava belo.

— Gregory.

Ele a olhou dos pés à cabeça, e Mel agradeceu por estar sentada,
não confiava em suas próprias pernas no momento.

— Sinto muito por Lisa e Eduard, soube o que aconteceu com


eles. — Ele comentou sincero.

— Obrigada. — Mel agradeceu, sem saber o que mais dizer.


— Não sabia que ficaria em Nova Iorque por mais tempo.

— Ficarei. — Ela respondeu e apertou os dedos nervosa.

— Tem coisas que nunca mudam. — Ele sorriu, estava se


referindo ao nervosismo dela.

Mel parou de apertar os dedos e o encarou.

— É aí que você se engana, as pessoas mudam. — Ela respondeu


firme, os dois se encarando.

Karina olhava atenta para cada um, pensando se deveria se retirar


dali, ou se ficava e salvava a amiga daquela conversa desagradável.

Gregory sentia vontade de se aproximar, abraçá-la e nunca mais


deixar Melanie sair da sua vida.

— Já deu a nossa hora Melanie. — Karina decidiu ajudar a amiga


e fingiu olhar o relógio.

Ele desviou o olhar e encarou a ruiva, parecendo notar só agora a


presença dela e da bebê.

— É sua? — perguntou para Karina e apontou para July.

Antes que a amiga pudesse responder algo, Melanie se levantou e


disse:

— É minha.

Mesmo confusa Mel conseguiu responder firme.

Como ele sabe de Lisa e Eduard e não sabe de July? — Melanie


pensou, estranhando.

Com a resposta de Mel, Gregory se virou para ela e intercalou o


olhar dela para July, um par de vezes.
— Sua? — A pergunta foi feita com um leve franzir de
sobrancelha.

Mel sabe que ele tem essa reação quando está completamente
surpreso.

— Sim, é minha filha. Agora devemos ir. — Ela falou a última


frase olhando para Karina, que se levantou também e agarrou o carrinho
de July, pronta para correr dali se necessário.

As três já estavam de costas para ele, quando Melanie sentiu o


toque em seu braço.

— Eu gostaria de falar com você. — Ele pediu, engolindo em


seco, nervoso.

Melanie olhou para Karina e sussurrou para as duas esperarem por


ela no estacionamento do shopping.

— O que você quer? — perguntou cruzando os braços na


defensiva.

— Você se casou novamente?

Melanie o olhou cética.

— É isso o que quer saber? Se eu consegui seguir a minha vida


sem você?

— Sim. — Ele respondeu assentindo.

Melanie quis socar a cara dele, mas se segurou.

— Não te importa Gregory, você não faz mais parte da minha


vida.

— Eu não esperava por uma resposta assim.

— É como eu disse antes, as pessoas mudam.


Ela se virou para sair, mas ele voltou a tocá-la.

— Nós éramos tão amigos. — Ele comentou com pesar.

— Não existe mais “nós”, e foi você quem fez questão disso. —
Ela o encarou.

— Eu me arrependo todos os dias Mel, eu não deveria ter desistido


de você, eu deveria ter lutado e segurado a barra por nós dois e hoje essa
menininha poderia ser nossa. — As lágrimas estavam visíveis nos olhos
escuros dele.

Melanie o encarou por um tempo sem reação.

Se ela e Gregory não tivessem terminado, ela nunca teria


conhecido Elliot, o homem que hoje é o dono do seu coração.

— July é filha da Lisa e do Eduard, achei que soubesse que os dois


à tiveram. — Melanie esclareceu.

Gregory balançou a cabeça um pouco, tentando se recordar.

— Eu não sabia, vi no noticiário o acidente, mas não citaram a


criança.

— É filha deles.

Gregory assentiu e Melanie resolveu partir.

— Preciso ir agora. — Ela o olhou mais uma vez e se virou para ir


embora.

Mas Gregory não se importou com a praça de alimentação lotada


de pessoas, ele apenas queria sentir o gosto dela mais uma vez e assim
ele fez, puxou-a para os seus braços e selou os lábios dos dois em um
beijo calmo e carregado de saudades.

Melanie foi pega totalmente de surpresa, foi um beijo roubado,


mas para os que estavam ali perto, parecia um beijo apaixonado.
E Elliot que foi atrás de Melanie para devolver o seu celular que
ficara no carro, viu tudo e não gostou nada disso...
Capítulo 37

Antes que Elliot se aproximasse dos dois, Melanie se afastou


bruscamente de Gregory e desferiu um tapa em seu rosto, o estalo
chamou a atenção das pessoas próximas e Melanie não se importou com
isso, ela só queria deixar as coisas claras.

— Como você tem a coragem de me tocar depois de tudo? —


perguntou irritada.

No passado ela o amou com todas as suas forças, de uma forma


inimaginável, mas ele não se importou com isso quando pediu o
divórcio.

Gregory colocou a mão no rosto ardente e olhou confuso para


Melanie.

— O que deu em você?

— Eu quem tenho que te perguntar isso, você não tem mais o


direito de me tocar.

— Mel... Nós nos amávamos, você e Luna eram tudo para mim, eu
fui um idiota em te perder também e me arrependo todos os dias. Quero
tentar consertar, preciso tentar. — O tom dele foi suplicante.

Elliot prestava atenção em cada palavra dita, mas o que o


preocupava mesmo era o olhar de Melanie, ela olha para Gregory com
um brilho intenso, um afeto que causou ciúmes no Bittencourt.

Quando Elli já estava pronto para sair dali sem ser visto, as
palavras de Melanie acabaram o surpreendendo.

— Não tem como você consertar Gregory, eu amo outro homem.

— Você superou tudo tão rápido. — O tom do ex foi acusatório.


Melanie sentiu o peso das palavras dele e se aproximou
novamente.

— Nunca mais diga isso, eu sofri assim como você. Eu odiei essa
cidade com todas as minhas forças, odiei a mim mesma e você não tem
o direito de aparecer agora e dizer isso. — Ela respondeu raivosa, com o
dedo na cara dele.

Gregory a encarou, ela estava tão próxima e tão distante. Isso o


sufocava. Perder Luna acabou com ele, mas ver o desprezo no olhar de
Melanie estava o enfurecendo.

— Eu amo o pai da minha filha e é com ele que eu pretendo viver,


você não vai simplesmente aparecer e estragar tudo. Encontrei
novamente a felicidade Gregory e você deveria fazer o mesmo.

— Pelo visto a perda de Luna não significou nada para você. —


Ele soltou as palavras furioso.

Para Melanie, ouvir aquilo foi como levar um soco no estômago.


Ela sentiu quando as lágrimas surgiram em seus olhos e com a vista
embaçada percebeu a presença de Elliot que desferiu um soco em
Gregory.

— Meu Deus. — Ela arfou assustada, mas os dois não ouviram.

Elliot odiou o que as palavras de Gregory causaram em Melanie,


vê-la desabar ali por culpa do ex foi o impulso que ele precisava para
partir para cima do infeliz.

Os dois homens estavam se atracando no meio da praça de


alimentação, todos olhavam sem separar a briga.

— Isso é por você fazê-la sofrer. — Elliot o socou novamente.

Quando Melanie se colocou no meio da briga, tomando cuidado


para não ser golpeada, Elliot a olhou e percebeu o quão assustada ela
estava.
Ele se afastou de Gregory, que limpava o canto da boca.

— Elli, por favor. — Ela segurou o braço dele.

— Nunca mais toque na minha mulher. — Ele deu o aviso.

Gregory se levantou e olhou novamente para Melanie.

— Podemos sair daqui? — Ela perguntou para Elliot, que segurou


a mão dela e começou a caminhar para a saída do shopping.

— O que veio fazer aqui? — Mel perguntou analisando o corte


que ele tinha na mão.

— Vim devolver seu celular. — Elli enfiou a mão no bolso e


quando o corte relou no tecido da calça, ele fez uma careta de dor.

— Não pegue, vamos cuidar desse machucado.

Ambos voltaram a caminhar lado a lado, mas Elliot parou de


repente e Melanie fez o mesmo, o olhando confusa.

— O que foi?

— Preciso te perguntar uma coisa. — O tom cauteloso fez Mel se


preocupar.

— Pode perguntar.

— Você ainda o ama? Eu vi como você olhava para ele.

Melanie o olhou surpresa e confusa, mas teve certeza quando


respondeu:

— No passado senti algo muito forte por ele, mas agora é você
quem eu amo, é com você que eu quero viver o presente e se você quiser
o futuro também, July e você são a família que eu desejo, que eu amo.

Elliot a olhou emocionado e sorriu.


— É tudo o que eu mais quero. — Ele sussurrou, mas Melanie o
beijou de uma forma doce e intensa.

Quando os dois voltaram a andar até o carro, ela disse:

— Precisamos fazer um curativo nesse corte.

— Não precisa, eu queria sair com você agora, te levar para um


lugar especial e aproveitar cada segundo ao seu lado. — Ele falou e
antes que Melanie o respondesse, a voz de Karina foi ouvida.

— Eu posso cuidar da July, aproveitem. — A ruiva piscou safada


para Melanie e só nesse momento os dois perceberam que tinham
chegado ao carro.

— Mas não vamos ver o local para o restaurante? — Melanie


perguntou, afinal essa era a razão delas estarem no shopping.

— Eu posso procurar sozinha hoje e depois te mostro.

Mel olhou receosa para ela.

— Tem certeza que dará conta? July pode dar trabalho às vezes.

Karina sorriu olhando para a bebê que dormia no carrinho.

— Confie em mim, sou uma boa babá.

Elliot decidiu se intrometer.

— Willian me trouxe, ele pode ajudar a Karina enquanto nós dois


vamos no seu carro — propôs.

Karina mordeu o lábio inferior, para evitar sorrir.

— Acho perfeito amor. — Melanie deu um sorriso safado para


Karina, que ruborizou.

— Vou chamá-lo. — Elliot se afastou para ligar para o motorista.


— Pensa que me engana? Você amou isso. — Mel a cutucou.

— Não nego.

— Cuida bem da minha filhota. — Ela pediu e deu um beijinho


nos cabelinhos de July.

— Pode deixar, cuidarei com a minha vida.

— Não tenho dúvidas disso.

— Mandarei fotos do local que eu escolher hoje, pode ser? —


Karina perguntou.

— Sim, e quando for escolher a decoração irei com você.

— Ótimo, assim você poderá me contar como Elliot fez aquele


corte na mão.

— Prometo te contar tudo.

Quando Elliot se aproximou, as duas mudaram de assunto e


começaram a falar do que esperavam do local que será o restaurante.
Logo Will chegou e ele e Karina partiram, com July ainda dormindo.

— Em que lugar vai me levar? — Ela perguntou curiosa para o


Bittencourt.

— É surpresa anjo...
Capítulo 38

Elliot se sentou no banco do motorista e começou a mandar


mensagens, Melanie o olhava confusa.

— Estou organizando a surpresa.

Ela deu um sorrisinho.

— Então não era algo já planejado?

— Definitivamente não, minha intenção era apenas entregar o seu


celular e voltar para a empresa, mas depois de tudo, merecemos um
tempo sozinhos.

Ela assentiu e tentou bisbilhotar, mas não obteve sucesso, já que


ele tapou o celular.

— Você é um chato. — Ela deu uma tapinha no braço dele.

— E você é curiosa demais.

— Me conta. — Ela pediu fazendo uma carinha suplicante.

— Apenas espere, se eu contar deixa de ser surpresa.

Quando Elliot ligou o carro e começou a percorrer as ruas de Nova


Iorque, Melanie ficou em silêncio apenas apreciando a vista das vitrines
das lojas e adorando a sensação de expectativa que crescia em seu
interior.

Detestava surpresas antes, mas até isso Elliot mudou nela.

Quando ele estacionou em frente ao hotel, Melanie ficou


completamente surpresa.
— Elli, esse é o hotel mais caro da cidade. — Ela não conseguiu
segurar as suas palavras.

Ele apenas sorriu com o espanto dela e desceu do carro.

A intenção dele era abrir a porta para ela, mas Melanie já tinha
descido sozinha e caminhava até ele.

— Como você conseguiu uma reserva? Precisa ser feita com


semanas de antecedência.

Ele enlaçou os dedos dos dois e adentraram o hotel.

— Essa é a vantagem de carregar o sobrenome do meu pai.


Acabamos sempre conseguindo o que queremos. — Ele se referiu aos
irmãos também.

— E o que você quer agora senhor Bittencourt? — Melanie


perguntou quando estavam a poucos passos da recepção.

— Quero você.

— Você já me tem desde a primeira troca de olhares. — Ela foi


sincera nas palavras e ele passou os braços pelos ombros dela e beijou-
lhe os cabelos.

— Eu amo você anjo.

— Também amo você.

Melanie apreciou cada detalhe do hotel enquanto Elliot falava com


a recepcionista.

Simplesmente maravilhoso — pensou ela admirando o luxo do


lugar.

— Melanie, você aqui? — Ela se virou quando ouviu seu nome e


deu de frente com Justin.
Fazia tempo que não se viam, desde quando ela e Elliot
começaram a se relacionar.

— Justin, que bom te ver. Vim com o Elliot. — Ela se aproximou


dele e Jus a abraçou.

Mesmo vendo a carranca de Elliot, que observava os dois, Melanie


retribuiu o abraço.

— Vocês estão juntos ainda? — Ele perguntou curioso, notando a


reação de Elliot.

— Sim, estamos em um relacionamento, e você o que faz aqui?

Justin sorriu e olhou em volta do grande hotel.

— Tive um pequeno contratempo com o meu apartamento, estou


hospedado aqui até que consertem o encanamento.

— Te desejo sorte com isso. — Mel sorriu e colocou os fios de


cabelos atrás da orelha.

Justin olhou o relógio de pulso e disse:

— Obrigada, tenho que ir para o aeroporto agora, minha amiga de


infância está vindo morar em Nova Iorque.

Melanie assentiu sorrindo e se despediu.

Quando Elliot terminou o check-in, ele se aproximou de Melanie a


passos rápidos e perguntou:

— O que ele queria com você?

— Apenas me cumprimentou. — Ela respondeu sem dar


importância.

— Ele não precisava te abraçar para isso — reclamou.


— Ah amor! Ele é passado, seu ciumento. — Ela o enlaçou pelo
pescoço e roubou-lhe um beijo.

Melanie também ficaria assim se fosse ele e Sabrina, mas os dois


não queriam brigar então resolveram ignorar esse ocorrido.

Caminharam para o elevador e quando Elliot apertou o botão da


cobertura, Melanie o encarou perplexa.

— Cobertura?

— Sim, nossa por uma noite.

Ela ficou ainda mais surpresa e preocupada.

— A noite toda? Mas e a July?

— Relaxa anjo, ela estará segura com a minha mãe, avisei o


Willian e a Karina, eles deixarão July na mansão mais tarde.

Mel sorriu aliviada, Angélica é apaixonada pelos netos e July será


bem cuidada.

Quando ele abriu a porta da grande cobertura, Melanie ficou ainda


mais maravilhada.

O local é todo decorado em branco e dourado, mas o que mais


chamou a atenção da moça foram as rosas espalhadas por todos os lados
de uma forma linda e o cheiro aromatizado da suíte.

Ela olhou para ele com a pergunta explícita no rosto.

— O gerente foi muito atencioso. — Ele respondeu e também


prestou atenção em cada detalhe decorativo.

— Está tão perfeito. — Ela suspirou.

Não importa que fizeram a mando dele, o importante é ele querer


estar ali com ela.
Quando Elliot se aproximou do espumante e começou a abri-lo,
Melanie perguntou:

— Não está muito cedo para beber?

— Não sairemos daqui tão cedo, July está segura e não faremos
isso muitas vezes, então é bom aproveitarmos.

Ela optou por aceitar a taça, ele tem toda a razão, ambos amam
July com todo o coração, mas passar um tempo sozinhos, se conhecendo
ainda mais e se amando é essencial.

— Então aproveitaremos. — Ela o olhou provocativa e o puxou


pela gravata.

— Sabe que eu amo esse seu olhar safado. — Elliot a capturou nos
braços e os dois se perderam na sensação maravilhosa que é beijar.

Ele pegou as duas taças e descartou-as em um criado mudo,


deixando as mãos livres para ambos se explorarem.

Quando Elliot segurou-a firme com as duas mãos em sua bunda,


Melanie suspirou desejosa.

Ele causa isso nela, as mãos trêmulas, o coração acelerado, a


sensação deliciosa no estômago, tudo isso acontece apenas com ele.

Quando ele começou uma leve massagem, Mel não se segurou


mais e colou o corpo ainda mais no dele, sentindo o quão desejoso ele
também está.

— Hum... — O gemido veio de ambos, em sintonia.

A cada beijo lento no pescoço, Melanie sentia seu vestido se


deslizar mais e mais.

Ele está demonstrando nos gestos o quão preciosa Melanie é.

— Você é tão linda. — Ele sussurrou rouco quando o vestido dela


caiu no chão. A visão o deixou sem fôlego.

Ainda de lingerie e desejando tanto ou mais que ele, Melanie


começou a se desfazer das roupas de Elliot, primeiro foi a gravata que já
estava praticamente arrancada de tanto que ela o puxou para si, depois
foi o terno, seguido da camisa, botão por botão, os olhos conectados
prometendo coisas que as bocas eram incapazes de dizer.

Quando enfim o despiu, sem pensar duas vezes Melanie o


empurrou para a cama.

— Mel... — Foi um gemido em forma de aviso.

— Só aproveita amor. — Ela avisou e o provou com os lábios,


fazendo Elliot fechar os olhos e gemer seu nome.

Já a amava, mas depois disso passou a se viciar nos lábios dela de


todas as formas possíveis, porém antes que chegasse ao prazer maior, ele
se afastou, não queria simplesmente que terminasse assim, queria se
liberar dentro dela.

Delicadamente ele a colocou deitada e foi a vez de Melanie


receber as carícias. Ela se contorcia delirante, afinal ele sabe usar os
dentes e a língua da melhor forma possível.

— Oh Elliot...

Quando Melanie atingiu o ápice, ele se deliciou com o sabor único


dela. Seu Mel.

— Eu te amo. — Ele sussurrou enquanto se afundava nela.

— Eu amo mais, com toda a certeza. — Ela conseguiu dizer, ainda


trêmula do intenso orgasmo.

— Isso é um desafio? — Os olhares se conectaram.

Mel não precisou responder, pois ambos estavam dispostos a


provar quem ama mais, mesmo sabendo que ali, os dois eram capazes de
amar infinitamente, não teria como competir...
Capítulo 39

Bônus Justin

No aeroporto, Justin esperava a adolescente chata que ele tanto


ama.

Fazia nove anos que não se viam, mas quando seus olhos pararam
na mulher que ela se transformou, ele ficou surpreso.

Será que é ela? — Se perguntou confuso.

O brilho intenso no olhar e a forma delicada de andar ainda eram


os mesmos, com certeza é ela. Mas o corpo que antes era magro, agora
está com muitas curvas e os cabelos que antes batiam nos ombros, estão
beirando a cintura, lisos e bem negros.

Quando Adriana o encontrou no meio da multidão, ela sentiu seu


coração se acelerar no peito.

— Justin?! — Ela o chamou caminhando o mais rápido que o seu


salto permitiu.

Quando se aproximaram o bastante, ela pulou nos braços dele, o


apertando.

Cresceram juntos, vizinhos e melhores amigos de infância, mas a


jovem sempre nutriu um amor secreto por ele.

— Drica. — Ele enlaçou os braços na cintura dela e inalou o


cheiro adocicado delicioso das madeixas compridas.

Quando ele se mudou da Flórida para Nova Iorque, a jovem sofreu


como nunca antes e chorou por horas seguidas, mas nunca deixaram de
se falar.
— Que saudade Jus. — Ela se afastou e encarou os olhos escuros
intensos.

— Você está tão diferente. — Ele a percorreu com o olhar


novamente e mesmo ela não querendo se afetar, foi impossível.

— O tempo fez bem a nós dois. — Ela o olhou mais atenta


também e quando chegou no rosto bonito, ela desviou o olhar.

— Foi muito tempo.

— Pois é, mas vamos, você tem que me contar todas as novidades.


— Ela falou empolgada e ele sorriu com isso.

Mesmo tendo mais de vinte anos, Drica ainda tem o mesmo jeito
encantador de quando criança, a empolgação, o modo de falar fazendo
gestos com a mão e o sorriso, sempre foram as qualidades que mais
chamaram a atenção do moreno que carrega as suas malas.

∞∞∞

— Em que lugar ficará? — perguntou quando já estavam no carro.

— Aí meu Deus Jus, esqueci de fazer a reserva. — Ela deu um


tapinha na testa e pegou o celular, a procura de hotéis disponíveis.

— Você não mudou nada. — Ele se referiu ao modo dela de ser


avoada com tudo.

Ela continuava a mesma menina pela qual ele sentia o coração se


encher de alegria, a garota que um dia ele foi o primeiro a beijar, a
mesma que ele fugiu apenas por nutrir um sentimento não
correspondido. Era isso o que ele pensava, mas estava tão perto de
descobrir a verdade.

— Eu não planejei a viagem, minha avó praticamente me


despachou para cá. — Ela sorriu, mas estava preocupada.
— Não se preocupe, você pode ficar comigo no hotel.

— E o seu apartamento? — Ela perguntou confusa, sabia que ele


morava em um apartamento de solteiro.

— Aconteceu um contratempo com o encanamento, mas pode


ficar comigo no hotel. — Ele piscou para ela, galanteador.

Sozinha com ele em um quarto de hotel. — Ela pensou corando.

— Tudo bem — respondeu apenas isso e ficou perdida em


pensamentos.

Talvez não fosse boa o suficiente para esconder os seus


sentimentos.

Sentimentos do qual ela achou ter superado, mas foi só olhar para
ele novamente, tão lindo e mudado, que tudo voltou como uma
avalanche.

Seria esse o melhor momento para se abrir? Contar que no


passado o primeiro beijo não foi horrível e sim o melhor que já tivera?
— Drica se perguntava mentalmente.

Aquela história de que o homem deve tomar a atitude é velha,


muitas mulheres lutam pelo seu amor e essa é uma das razões de ela
estar ali, segundo a avó, se for para ser será, mas se não for é bom
descobrir logo.

Então a garota decidiu ser sincera.

— Acho melhor eu não ficar com você no hotel. — Ela comentou


quando ele parou em um sinal vermelho.

— Por que não? — Ele franziu o cenho confuso.

Ela respirou fundo e falou a verdade que por anos manteve apenas
para si.
— Porque talvez eu não seja boa o suficiente para fingir que sua
presença não me afete. — As palavras sussurradas o surpreenderam e
quando o sinal abriu, ele arrancou com o carro ainda em silêncio.

Será que ela também me ama? Depois de anos fugindo de um


sentimento forte, o encontrei novamente e é correspondido? — Justin
dirigia e pensava nas palavras dela.

— Essa seria uma boa hora para você dizer algo. — Ela falou já
não aguentando mais o silêncio e Justin sorriu.

— Você fica linda nervosa, é linda de qualquer maneira.

Ela sorriu, mas o riso não chegou aos olhos. Estava nervosa
demais por ter se declarado e recebido um “você é linda” como resposta.

Justin pensava na melhor resposta para dar a ela, mas as palavras


fugiam de sua mente, então o caminho até o hotel foi percorrido em
silêncio, porém ele não deixou de notar na forma nervosa que ela
apertava a mão.

Quando ele estacionou de frente para o hotel, ela desceu do carro e


adentrou o bonito edifício.

Continua a mesma. — Ele pensou sorrindo.

Adriana estava nervosa e começando a se irritar com o silêncio


dele.

— Espere você não sabe qual é o andar. — Ele correu atrás dela,
que já estava no elevador.

Ele apertou o botão do 23° andar e o silêncio predominou quando


o elevador fechou.

Justin a segurou pela cintura e selou os lábios dos dois de uma


forma lenta e deliciosa, as lembranças de nove anos atrás surgiram na
mente deles.
Ela estava em frente a casinha que morou com os pais e ele estava
junto com ela, quando Drica tropeçou na calçada ele a segurou firme e
quando perceberam, cada um tinha sido o responsável pelo primeiro
beijo um do outro.

— Só para você saber, aquele primeiro beijo não foi horrível. —


Ela confessou e Justin riu.

— Só para você saber, eu concordo. — Ele sussurrou e voltou a


beijá-la.

Ali presa entre a parede fria do elevador e o corpo másculo e


quente, Drica sentiu que estava completa novamente.

Ações são melhores que palavras.

Quando uma senhora entrou no elevador com eles, ambos foram


obrigados a se afastarem, mas nem isso foi o suficiente, afinal ele
continuou segurando-a perto.

Adriana encarou cada detalhe do quarto que ele está hospedado,


mas a grande e única cama de casal foi o foco da sua atenção.

— Pode dormir na cama, eu dormirei no sofá.

Ela o olhou como se aquilo fosse um absurdo.

— Nem pensar, esse quarto é seu.

— Não tem importância.

— Para mim tem sim, não me importo de dividir a cama com


você, não seria a primeira vez afinal. — Ela respondeu sincera.

Ambos foram o primeiro um do outro em tudo, mas logo que isso


aconteceu ele partiu.

— Você sabe a razão de eu ter me mudado, não sabe? — Ele a


segurou pela mão e os dois se sentaram na cama.
— Nunca consegui encontrar um motivo, você tinha sido aceito na
universidade daqui, mas nunca cogitou vir.

— Eu achei que você soubesse... Logo depois que nós ficamos


juntos, você disse que foi um grande erro, que não deveríamos ter
colocado a nossa amizade em risco assim. — Ele contou olhando-a nos
olhos.

Drica ficou surpresa.

— Eu não me lembro de ter dito isso, só me lembro da nossa noite


juntos. — Ela tapou a boca e sentiu vontade de chorar.

Todos os anos afastados foram por culpa dela.

— Eu fui aceito na universidade daqui e na da Flórida também, eu


ficaria lá com você.

— Eu sinto muito Justin, eu amava você e acho que fiquei com


medo de você não sentir o mesmo. — Ela confessou.

— Eu ainda sinto o mesmo, e você? — Ele perguntou interessado.

— Você sempre soube mexer comigo, nunca se esquece o


primeiro amor...
Capítulo 40

Bônus Karina e Willian

Sabe quando a opinião de alguém é muito importante para você,


mas parece que a pessoa nem liga? Era exatamente isso que acontecia
entre Caio e Karina, tudo o que ela perguntava ele respondia com um
“tanto faz”.

Só que agora, olhando para o último imóvel que a corretora iria


mostrar, a ruiva queria muito a opinião do loiro ao seu lado que
segurava July nos braços.

— Se me permite dizer, dos três esse foi o que mais gostei. — Ele
comentou sem imaginar que ela queria muito a opinião dele.

A ruiva o encarou com aqueles grandes olhos azuis carregados de


expectativas.

— Jura? — perguntou muito empolgada.

— Sim, o espaço é bem grande, o preço está bom, com a


decoração que me falou, ficará perfeito. — Ele mudou July de braço e
olhou para Karina.

Ela sentiu seu coração se acelerar, Willian a olhava de verdade, a


enxergava com esses olhares, notava o quão importante é isso para ela.

— Não sabe como isso me deixa feliz. — Ela enlaçou a cintura


dele, no lado onde não segurava July e o abraçou apertado.

— O quê? Eu dar minha opinião? — ele perguntou confuso.

— Sua opinião é importante para mim. — Ela foi sincera e


encarou o chão.
— Olha para mim. — Ele pediu e ela levantou o olhar.

O loiro segurou o queixo dela com a mão livre e selou os lábios


dos dois, em um selinho carinhoso, Karina o retribuiu. A sensação de
seu corpo quando ele a tocava era extremamente única.

∞∞∞

Já a caminho da mansão Bittencourt, July estava quietinha no bebê


conforto e Karina apenas cantarolava baixinho a música que tocava no
carro, enquanto Willian desfrutava do som da voz dela, carregado de um
sotaque brasileiro.

— Levarei o bebê conforto para você. — Ele falou quando


estacionou o veículo.

Karina desceu do carro e pegou July nos braços, enquanto Willian


pegava a cadeirinha.

A ruiva tocou a campainha e quando Angélica abriu a porta, seu


sorriso se intensificou.

— Vai ficar com a vovó essa noite meu anjo — comentou com a
bebê que sorriu feliz.

— Elliot pediu para avisar que se precisar de algo tem na casa


dele, a chave está na bolsa da July.

— Tudo bem, querida.

— Eu já estou indo, aqui está a bolsa dela senhora. — Karina


estendeu a bolsa e Angélica a olhou contrariada.

— Não me chame de senhora Karina, sou tão nova — brincou,


mas estava realmente muito linda para sua idade.

Ka sorriu, a amiga tinha as apresentado no dia do aniversário de


July, mas naquele dia Angélica ainda não era sogra de Melanie.

— Eu sempre esqueço Angélica. — Ela sorriu tímida.

Quando criança a mãe a ensinou que o correto é tratar os mais


velhos com respeito e mesmo quando as pessoas pedem, Karina ainda se
sente estranha em tratar com tanta intimidade.

— Tudo bem, obrigada por cuidar da minha neta, tem certeza que
não quer entrar? — A matriarca da família Bittencourt propôs.

— Não, deixa para a próxima, irei chamar um táxi agora. — Ela


comentou e deu um beijinho de despedida em July.

Willian que estava colocando o pequeno bebê conforto próximo à


porta, se aproximou das duas e disse:

— Elliot me pediu para levá-la para casa.

— Leve-a Will, pode tirar o restante do dia de folga. — A


Bittencourt piscou para Karina.

— Sim senhora. — Ele se afastou das duas e caminhou para o


carro novamente.

— Ele é um homem admirável, vocês ficam lindos juntos. — Ela


comentou com Karina, que ruborizou.

— Não somos um casal.

— Detalhe menina, logo serão tenho certeza. — Ela lançou aquele


olhar sábio para a amiga de Melanie.

— Bom... Eu vou indo. Se caso precisar de ajuda me ligue, essa


fofinha aqui é muito importante para mim. — Ela beijou a mão pequena
de July que sorriu sapeca.

— Tenho certeza que não irei precisar, Andrew fará companhia


para essa pequena aqui e Megan me ajudará.
Só então Karina viu Drew andando atrás da avó e Megan atrás
dele tomando cuidado para ele não se machucar.

— Até mais. — Se despediu e caminhou até o carro, Willian a


esperava e abriu a porta.

— Já disse que não é necessário isso.

— Sou acostumado. — Ele sorriu.

∞∞∞

Assim que entraram no carro, Karina perguntou:

— Quer assistir um filme hoje, comer pipoca e brigadeiro?

— Claro que sim, mas me diz o que é brigadeiro?

Ela o olhou chocada.

— Não sabe o que é brigadeiro?

— Não faço ideia.

— Meu Deus, preciso te apresentar, é o melhor doce que existe.

— Nunca provei.

— É uma sobremesa típica do Brasil, mas garanto que é o doce


mais gostoso que você vai provar na vida.

— Se é tão bom assim, quero provar.

Eles permaneceram o restante do caminho em uma conversa


agradável, mas quando chegaram de frente para o apartamento de
Melanie, onde Ka está morando, o carro estacionado chamou a atenção
dos dois.
O homem moreno encostado no veículo alugado é conhecido.

É alguém que Karina não queria ver tão cedo.

— Você o conhece? — Willian perguntou quando notou que a


ruiva estava pálida.

Ela o conhece... Caio.

— Pelo visto o meu ex me achou. — Ela comentou baixinho e


percebeu quando Willian ficou tenso.

— Ele é o motivo de você ter se mudado do seu país? — Foi mais


uma afirmação do que uma pergunta.

— Sim, ele me traiu. — Ela sussurrou com o olhar baixo por dois
motivos...

Um porque não queria olhar para Willian agora e ver a decepção


nos lindos olhos dele. E dois porque sabia que Caio estava encarando-a,
já que sentia o peso do olhar dele.

Ao contrário de Karina, Willian sustentava o olhar do homem que


foi idiota o suficiente em traí-la.

— Se não quiser entrar, tudo bem. — Ela olhou apenas para ele.

— Não quer mais que eu suba? Quer conversar com ele?

— Não, claro que não. O que eu mais quero é que você suba
comigo, mas achei que não quisesse mais depois disso. — Ela olhou
para fora.

Caio estava parado na mesma posição olhando para os dois.

— É melhor irmos para outro lugar. — Karina falou com a


intenção de fugir novamente.

— Não vai adiantar nada você fugir agora Karina, você tem que
resolver logo essa situação. — Willian falou segurando o rosto da ruiva.

O loiro nem ligou para a presença de Caio, apenas se aproximou e


beijou os lábios dela.

— Sim eu vou resolver. — Ela falou convicta, mas pulou


assustada quando Caio bateu no vidro do carro.

Willian percebeu que o ex dela estava alterado e desceu do carro.

— Algum problema? — perguntou encarando Caio, que era um


pouco mais baixo que ele.

— Posso saber o motivo de você estar beijando a minha mulher?

A ruiva desceu do veículo assustada.

— Sua? Ela não é sua. — Willian falou debochado, mas sua


vontade era socar a cara daquele infeliz.

Caio olhou para ela, estava se aproximando quando Karina falou:

— Pare, não quero que se aproxime. Como me achou?

— Existe GPS no celular caso não saiba. Quero saber o motivo de


ter saído do Brasil, e por que não atende as minhas ligações?

Karina simplesmente sorriu, estava se sentindo protegida com Will


ali presente.

— Eu simplesmente deixei de ser uma idiota. — Ela falou firme.

A ruiva não queria chorar por causa dele, não derramaria uma
lágrima se quer.

— Do que você está falando? — Caio perguntou confuso.

— Eu vi você com aquela mulher, ainda por cima grávida, você


foi um cafajeste. — Ela falou incrivelmente baixo.
Willian se aproximou dela e a abraçou.

— Tire as mãos dela. — Ele mandou com um tom raivoso.

— Tente me fazer tirar. — Sua voz saiu ameaçadora, bem mais


que a de Caio.

— Karina você vai voltar para casa comigo agora.

— Não vou, minha casa agora é aqui, eu estou com outra pessoa,
entenda isso.

— Aquela mulher é minha irmã, eu não estava te traindo gatinha,


você deveria ter falado comigo. — Caio dizia a verdade, ele realmente
não estava a traindo, mas Karina não o deixou falar mais nada.

— Uma irmã que eu não conheci, fiquei com você por sete anos e
nunca conheci sua família, acha mesmo que eu deveria voltar? Acha que
nosso relacionamento merece uma segunda chance?

— Tenho certeza.

— Não Caio, você teve sete anos para me valorizar, sete malditos
anos que eu fui uma boba nas suas mãos. Eu não quero mais nada com
você.

Caio percebeu que aquela Karina na sua frente não era mais a
mesma, ela havia mudado, amadurecido.

— Então você não me ama mais? — Ele perguntou, fazendo com


que Will e até mesmo Karina ficassem tensos.

A moça não sabia o que responder. Não sabia se ainda o amava.

— Não vai responder? — Will perguntou sentindo um nó na


garganta.

Ela abaixou o olhar, afinal foram sete anos ao lado dele, não sete
dias.
A ruiva sentiu o abraço de Willian se desfazendo e viu quando
Caio sorriu vitorioso.

— Eu sabia que ela ainda me amava e você nunca será capaz de


fazê-la me esquecer.

Willian deixou que a raiva se sobressaísse e socou a cara dele.

— Para mim já chega. — Ele se virou para Karina. — Você ainda


o ama eu sei disso.

Ele virou as costas para partir, mas ela segurou-lhe o braço e


suplicou:

— Não Will, por favor, fique. — Os olhos azuis estavam


marejados.

— Eu queria ficar, mas você não me deu uma razão para isso, sei
que ainda o ama.

— Eu não sei o que sinto por você, mas sei que você me mudou,
me entende. Não posso dizer que te amo, porque ainda é cedo para isso,
mas posso dizer que estou muito a fim de tentar e torço para você
também estar. — Ela mordeu o lábio nervosa.

Ele olhou para ela e viu a sinceridade.

— Você ainda o ama? — Ele perguntou apenas para que ela


ouvisse.

— Não o amo, se eu o amasse estaria agora falando com ele e não


com você, apenas não respondi isso porque estava em choque.

— Você tem certeza? Foram sete anos com ele.

— Sete anos que não vivi para mim, eu vivia para ele, sem receber
nada em troca. Já com você nesse pouco tempo, eu me senti acolhida,
muitas vezes amada e quero continuar sentindo isso. Quero ver suas
caretas quando eu fizer um prato que você nunca comeu, quero ver seu
sorriso quando disser que adorou a comida, quero sentir seus beijos...

Caio que ouvia cada palavra dela se lembrou de quando Karina


fazia isso para ele e nunca foi valorizada.

— Eu nem deveria ter vindo atrás de você. — Caio falou dando-se


por vencido. — A forma como você olha para ele, você nunca olhou
assim para mim, com essa admiração e carinho. Ou talvez já tenha
olhado, mas eu nunca dei atenção, simplesmente fui um idiota, você
merece ser feliz com ele.

Karina encarou o ex completamente surpresa, não esperava por


isso.

— Que bom que entendeu Caio, entre nós já não existe mais nada,
não sei se um dia realmente existiu, aquela relação era movida apenas
por uma pessoa, eu, isso nunca daria certo.

— Eu sei. — Ele comentou amargo.

Caio estava sendo sincero ele iria sair da jogada e deixaria Karina
ser feliz. E foi isso que ele fez, voltou para o carro e voltou para a casa.

∞∞∞

— Amo quando você faz essa careta. — Ela sorriu vendo Willian
se deliciar com brigadeiro.

— Eu amo brigadeiro, mas a coisa mais deliciosa que já provei


foram os seus lábios.

Karina sorriu e colocou brigadeiro no lábio inferior.

— Então me beije e prove os dois juntos.

Ele não pensou duas vezes e foi para perto dela, mas quem diria
que desse beijo se seguiria para algo mais íntimo, já que ela estava cem
por cento segura de que não sentia mais nada por outra pessoa e resolveu
se entregar de vez para ele...
Capítulo 41

Quando Elliot e Melanie foram buscar July na manhã seguinte,


Angélica estava dando frutas de café da manhã para a neta.

— Bom dia, ela deu trabalho? — Ele perguntou para a matriarca


enquanto cumprimentava-a com um beijo no rosto.

Melanie desejou bom dia para a sogra e olhou para July, cheia de
saudades.

— Não, July é um anjinho. — Ela respondeu sorrindo, ainda


dando a fruta para a bebê.

— Obrigada por cuidar dela Angélica. — Mel se aproximou da


filha e beijou-lhe as pequenas mãozinhas.

July deixou as frutas de lado e pediu colo estendendo os bracinhos.

— Sempre que precisarem podem deixá-la aqui, sinto falta de


crianças nessa casa.

Mel esperou Angélica limpar a boca da pequena comilona e


pegou-a no colo.

— Senti saudades meu amor. — Ela beijou a bochecha gordinha


que sorria feliz.

Mesmo tendo amado a noite com Elliot, ela não gosta de se


separar de July, a bebê é seu porto seguro, sua casa, seu lar, tanto quanto
Elliot também é.

— Não vai para empresa hoje filho?

— Hoje eu tenho que resolver um assunto em casa, mas vou


trabalhar lá.
Que assunto será esse? Mel olhou para ele sem entender.

Enquanto os três percorriam o caminho até a casa, Melanie


pensava nas palavras de Elliot.

— Você parece tensa. — Ele disse mudando o bebê conforto de


braço.

— Que assunto tem que resolver em casa? — Ela perguntou


curiosa.

Elliot apenas suspirou.

— Você parece nervoso, aconteceu alguma coisa?

— Não anjo, eu só estava pensando... — Ele deixou a frase


morrer, antes de concluí-la.

— Em quê? — Ela o incentivou a voltar a falar.

— Está na hora de me abrir com você, contar tudo.

Mel parou de andar e o encarou.

— Você ainda me esconde algo? Achei que os segredos já tinham


acabado.

— Esse segredo não é apenas meu, mas como faço parte dele,
preciso dividir com você. — Elliot estava sério, sabia que se contasse
para Melanie, estaria colocando-a em perigo também.

Ela ficou em silêncio, afinal eles já estavam em frente à casa, mas


assim que entraram ela disse:

— Pode me falar.

Enquanto Elliot pensava na melhor forma de contar, Melanie


soltou July da cadeirinha e deixou a menina andar pela casa, afinal
estava toda equipada para crianças com travas nas gravetas, grade na
escada, protetor nos cantos dos móveis, tudo minimamente pensado por
ela e Tayla, que teve que fazer o mesmo por causa de Andrew.

— É sobre a minha família. — Ele começou e quando Mel o olhou


viu o quão preocupado ele estava.

Os dois se sentaram no sofá, lado a lado.

— Você está tão preocupado. Acha que devo realmente saber?

— Você deve saber sim, quero que saiba desde já para não se
arrepender depois.

— Elliot qualquer erro da sua família, não justificaria eu julgar o


seu caráter, isso seria errado da minha parte, afinal estou com você e não
com eles.

Ele sorriu aliviado com as palavras dela, era exatamente isso que
precisava ouvir.

— Mesmo se eu te disser que meu avô é um mafioso e que meu


pai está para herdar esse cargo? — Ele perguntou receoso e notou
quando Melanie se tensionou.

— Como assim mafioso? Quer dizer, aqueles mafiosos mesmo?


Que matam pessoas por dinheiro. — Mel ficou em choque e olhou
preocupada ao redor. — Elli e se a nossa casa estiver com escutas? —
Ela sussurrou.

Ele sabia que o assunto é sério, mas não conseguiu evitar e


gargalhou.

— Não temos escutas aqui, sim um mafioso, mas não aqueles


ruins, ou pelo menos acho que não, eles apenas protegem a cidade. —
Elliot segurou a mão dela mais firme.

— Acha que eles protegem como? Matando pessoas com certeza.


— Ela respondeu a própria pergunta.
— Eu e o Chris descobrimos poucas coisas ainda, mas é como
você disse, não deve me julgar pelos erros da minha família.

— Você parou para pensar que tudo isso é comprado com dinheiro
sujo? — Ela mostrou ao redor.

— Claro que não, eu comprei as minhas coisas com o meu


dinheiro, ao qual trabalhei para ganhar. Christopher e eu duvidamos do
lucro da empresa há um tempo, mas já investigamos e o dinheiro que
entra lá, também é limpo.

— Sua mãe sabe da vida que seu pai leva? — Melanie perguntou.

— Sabe, ambos têm pais mafiosos, isso vem de gerações, por isso
Tayla e Christopher tiveram que se casar.

Melanie abriu a boca surpresa.

— Não foi uma aposta?

— Descobrimos no final que foi apenas uma proteção, Roger


temia que o avô materno dela quisesse raptá-la por ser sua única
herdeira, mas como existe um contrato com proteção para os
Bittencourt, ele não poderia relar nela, tudo isso levou ao casamento
deles.

Mesmo depois de descobrir tudo, Melanie ainda olhava para ele


com o mesmo brilho no olhar, realmente não o julgara pelos erros de sua
família.

∞∞∞

Na manhã de sábado, Melanie estava se arrumando para participar


dos treinos da família Bittencourt pela primeira vez, ela optou por um
top preto e legging da mesma cor.

— Deixarei July com a minha mãe. — Elliot avisou assim que


entrou no quarto, foi quando ele analisou Melanie dos pés à cabeça.

— Vai vestida assim?

— Qual o problema? — Ela perguntou e terminou de amarrar os


cabelos em um rabo de cavalo alto.

— Por que não coloca uma camisa? — Ele propôs e Melanie se


olhou no espelho uma última vez.

— Não gosto de treinar com camiseta amor, fica grudando no


corpo com o suor.

— Terá muitos homens lá Melanie, não quero ninguém olhando


para a minha mulher. — Ele voltou a analisar a barriga plana e
descoberta dela.

— São roupas próprias para treinos Elliot, não irei trocar por causa
do seu ciúme.

— Não é ciúme, estou apenas preservando o que é meu.

— Eu amo ser sua namorada, mas isso não te dá o direito de


escolher o que irei vestir, amor eu irei assim e não estou aberta a
discussões.

Ela saiu do quarto decidida.

— Agora eu entendo o Christopher. — Ele comentou caminhando


atrás dela.

Chris costumava ter a mesma reação, nunca gostou das roupas que
Tayla usava para treinar.

Quando chegaram à academia, Elliot percebeu os olhares na


direção de Melanie e sorriu quando a mesma o abraçou pela cintura,
mostrando estar acompanhada.

— Eu amo você. — Ela sussurrou no ouvido dele.


— Também amo você. — Ele respondeu quando estavam se
aproximando de Tayla e Christopher.

— Oi. — Tay cumprimentou o casal e enlaçou o braço no de


Melanie. — Hoje eu vou mostrar tudo para você, já que estou proibida
de treinar por alguns meses.

Melanie assentiu em acordo e acenou para o cunhado quando as


duas começaram a caminhar.

— Como está a linda da July? — As duas engataram em uma


conversa sobre bebês enquanto Tayla mostrava cada detalhe para
Melanie.

Chris olhou a cara do Elliot e gargalhou.

— A lei do retorno existe pelo visto. — O primogênito ainda ria.

— Quem foi que contratou esses talaricos? Nunca viram uma


mulher não. — Elliot reclamou um pouco mais alto.

— Mas não foi você quem disse que eles são altamente
capacitados? — Christopher ainda se divertia nas custas do irmão.

Elliot se lembrou de quanto Tayla foi para o treino pela primeira


vez, Chris queria arrancar cada par de olhos que pousavam nela, mas ele
como um bom irmão apenas disse que os homens eram profissionais
capacitados.

— Eu odeio a lei do retorno, por isso jurei nunca amar na vida,


mas não se manda no coração. — Ele comentou olhando para as duas
que já estavam bem distantes.

Tayla mostrou cada canto do local para Melanie e por último


explicou.

— Os treinos deles podem ser intensos às vezes, mas não se


preocupe, eles treinam desde muito pequenos.
Melanie concordou com a cabeça e percebeu quando Matthew
chegou.

— Desde pequenos? — perguntou surpresa.

— Sim, com apenas 3 anos já entraram no treino, acredito que


com Drew e July será a mesma coisa.

Melanie estremeceu, imaginando a sua menininha ali, diante de


todos esses homens desconhecidos.

— Nossos filhos serão treinados pelos pais, nada de muitas


pessoas quando o treino for infantil, já conversei com Chris a respeito
disso. — Tayla a tranquilizou.

— Ainda bem, eu estava pensando em colocar July no balé com


essa idade, para ver se ela gosta da dança.

— Ela pode treinar e fazer balé também amor. — Elliot falou


quando ele e o irmão mais velho já estavam próximos das companheiras.

Quando o treino se iniciou, os primeiros foram Christopher e


Elliot, o primogênito é mais forte e venceu o irmão, mas quando um
homem forte e tatuado entrou no tatame, Melanie olhou preocupada para
Tayla.

— Quem é esse?

— É o Tales, chefe da segurança.

Depois de Chris ter sido quase derrotado, ele conseguiu derrubar o


homem, mas estava fisicamente exausto.

— Chris realmente é bom. — Mel comentou surpresa e Elliot


respondeu:

— Sim, meu pai o treinou e é o único que consegue derrubá-lo no


tatame.
— Dizem que o aprendiz é melhor que o mestre. — Mel comentou
em voz baixa.

— Deve ser verdade, já que Christopher foi o único capaz de


segurar o meu pai, quando um funcionário dele deu em cima da minha
mãe na festa de quinze anos da Megan.

— O que seu pai fez?

— Isso não vem ao caso. Vamos aquecer agora, porque você será
a próxima, eu irei te treinar.

Melanie concordou e foi fazer os alongamentos.

Do outro lado da sala, Matthew estava no tatame com Ethan e


outro homem que Melanie não conhecia estava observando os dois.

— Quem é aquele com os seus irmãos? — Ela perguntou.

— É o Miguel, parceiro do Ethan na academia de polícia.

— Ah! E Megan não veio?

— Ela tem uma prova na universidade hoje e não pôde vir, no


próximo ela estará presente e vocês duas treinarão juntas.

Melanie assentiu e começou a se alongar.

Alguns minutos depois eles iniciaram o treino de Melanie, que


prestava atenção em cada instrução do namorado.

— Ela é boa. — Tay gritou percebendo que Melanie estava


pegando o jeito.

Elliot olhou orgulhoso na direção do irmão e da cunhada, foi


quando sentiu o punho de Melanie no rosto dele, o impacto o
desequilibrou e o Bittencourt caiu.

Todos os olhares foram para ele, até mesmo os de Matthew e


Ethan que treinavam afastados.

Quando Melanie estendeu a mão para Elliot se levantar,


Christopher já tinha fotografado o irmão caído.

— Essa vai ficar para lembrança. — O mais velho não aguentou e


gargalhou, sendo acompanhado por algumas pessoas.

— Eu estava distraído. — Ele se levantou.

— Desculpa amor, não foi minha intenção. — Mel olhou


assustada para a marca vermelha no rosto dele.

— Tudo bem anjo, você é boa nisso, quem te ensinou a lutar? —


Ele perguntou e todos a olharam.

— Ninguém, apenas tive que aprender a me defender sozinha. —


Ela respondeu sincera.

— Você se saiu muito bem. — Ele a elogiou e logo em seguida a


beijou...
Capítulo 42

Enquanto Melanie trocava July, ela contava para a bebê o belo


soco que deu em Elliot.

— Mas juro que foi sem querer meu amor, não pode fazer isso é
muito feio. — Ela sorriu e Elliot que estava deitado na cama, perto das
duas se intrometeu.

— Pode sim filha, desde que seja necessário se defender. — Ele


comentou mexendo nos cabelinhos levemente loiros de July.

Melanie olhou torto para ele.

— O que é? Não vou iludir ela, July crescerá em uma família que
possui muitos inimigos, é necessário saber se defender.

Sabendo que Elliot tinha razão, Melanie estava preparada para


mudar de assunto quando o celular dele tocou.

— Christopher? — atendeu no primeiro toque.

A expressão de Elli, antes relaxada, se tornava cada vez mais tensa


com o decorrer do telefonema.

Melanie finalizou a troca de July e olhou com mais atenção para o


namorado.

Elliot respondia apenas em monossilábicos e Mel estava perdida


na conversa, só sabia que era algo sério pela expressão facial dele.

— Terei que sair agora. — Ele comentou quando desligou o


celular.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela desceu July da cama e deixou


a bebê andar pelo quarto.
— Sim, Breno será liberado.

— O quê? Mas é sábado à noite. — Melanie comentou confusa.

— Pelo visto isso não é um problema.

— Achei que não estavam conseguindo.

— Eu e Christopher não estávamos. Foi o meu pai, ele sempre


consegue o que quer.

Melanie se sentou na cama surpresa e acabou dando um pequeno


sorriso.

Talvez Alfredo Bittencourt não seja tão ruim afinal. — Ela pensou
um pouco mais aliviada.

— Fico feliz por ele, ninguém merece ser privado do privilégio


que é ver um filho crescer. — Ela comentou sincera.

Elliot se aproximou dela e a puxou pelas mãos, deixando os dois


em pé e próximos.

— O que te preocupa? — Ele perguntou relando com o dedo


indicador levemente na testa dela.

— Como ele fará a partir de agora? Encontrar um trabalho decente


com a ficha suja será muito difícil.

Elliot a abraçou forte. Se tem algo em Melanie que ele ama muito
é essa qualidade.

— Não se preocupe com isso anjo, Alejandro sujou a ficha de Luís


Gonçalves, não de Breno Vilar.

— Fico mais aliviada em saber que a verdadeira identidade dele


não foi descoberta, mas como isso é possível?

— Alejandro deve ter algum policial na ficha de pagamento. —


Elliot supôs.

— Mas então como o seu pai conseguiu liberá-lo?

— Bom... Pelo que conheço do meu pai, se Alejandro tem um


policial em mãos, meu pai tem um superior.

— Eu gostaria de entender tudo isso. — Ela comentou pensativa.

— Eu também, mas tudo o que sei te contei. — Ele comentou e


caminhou até a cama, para vestir os sapatos.

Melanie o observava calada, temerosa com o cargo que será de


Elliot também por direito.

— Estou indo. — Ele a tirou de seus pensamentos e selou os


lábios dos dois em uma despedida.

— Se cuida, não gosto que você frequente esses lugares. — Ela o


segurou no rosto e encarou os olhos azuis cristalinos.

— Você terá que se acostumar anjo, se casará com um advogado.


— Ele comentou risonho.

Melanie sentiu o coração se acelerar quando ele disse a palavra


“casar”.

— Isso foi um pedido senhor Bittencourt? — Ela o enlaçou pelo


pescoço.

Elliot a encarou de forma intensa, o brilho no olhar demonstrando


o quanto a ama.

— Eu queria fazer um pedido diferente, mas não vi um melhor


lugar que esse, na nossa casa, com a nossa filha. — Ele olhou contente
para July que olhava para os dois.

— Tenho certeza que em nenhum outro lugar teria sido tão


perfeito quanto agora. — Ela comentou com lágrimas nos olhos.
— Então minha resposta é sim? — Ele a apertou um pouco mais.

Melanie jogou a cabeça para trás e soltou um riso gostoso.

— Qual é a pergunta exatamente? — brincou, mas queria ouvir a


frase sair dos bonitos lábios masculinos dele.

Elliot se abaixou, pegou a mão de Melanie e perguntou:

— Será que você aceitaria ser esposa de um homem extremamente


apaixonado por você, que ficará ao seu lado por todo o sempre, e te
amará mais que tudo?

Mesmo não tendo um anel, mesmo não sendo aquelas cenas


clichês e sendo ali no quarto de July, estava tudo perfeito, afinal aquele
homem ajoelhado aos seus pés e aquela bebê alheia a conversa, tinham
devolvido à razão de viver para Melanie e a única coisa que ela queria
era eternizar esse momento.

— Confesso que também estou perdidamente apaixonada por esse


homem que me trouxe de volta à vida, antes eu estava apenas
sobrevivendo, mas agora eu tenho dois motivos para lutar e sorrir. —
Ela olhou para ele e depois para July. — Sim, sim e sim, eu aceito.

Elli sentiu quando as lágrimas brotaram em seus olhos e não se


incomodou com isso, estava se sentindo realizado e as lágrimas eram de
felicidade.

Quando ele se levantou, Melanie prometeu com o olhar que fará


de tudo para que essa união seja eterna. E então ele a beijou, aquele
beijo que só os dois sabem como era carregado de emoções que com o
passar do tempo serão cada vez mais fortes e intensas.

∞∞∞

Quando Elliot chegou na entrada do presídio, Christopher e


Alfredo já estavam lá.
— Como conseguiu tirá-lo tão rápido? — Elliot perguntou direto.

— Quando você fizer parte do negócio da família, saberá que


carregar um sobrenome abre portas.

Isso os irmãos já sabiam, afinal crescer com o sobrenome


Bittencourt trouxe várias vantagens para eles, ainda mais na
adolescência, quando queriam entrar em boates proibidas para menores
de idade.

Christopher estava para perguntar algo, quando dois carros


pararam próximos a eles.

— Quem são? — O primogênito perguntou.

Alfredo não precisou responder, já que a porta de um dos veículos


foi aberta e Dimitri Bittencourt desceu, arrumando o terno.

— O que o nosso avô está fazendo aqui? — Elliot perguntou


quando o reconheceu.

— Boa noite. — A voz do mais velho da família Bittencourt foi


ouvida.

Christopher apenas fez um gesto com a cabeça, Alfredo abraçou o


pai e Elliot voltou a perguntar:

— O que está fazendo aqui vô?

— Viemos resolver essa merda toda. Alejandro brincou com as


pessoas erradas.

No outro carro, Roger desceu e abriu a porta para John. Os dois


líderes da Laços de Sangue estavam presentes para a saída de Luís
Gonçalves da prisão.

Quando Roger e o pai se aproximaram, ambos cumprimentaram os


Bittencourt presentes.
Christopher apenas acenou novamente em silêncio.

Estar ali era algo que ele não queria e herdar a Laços de Sangue
menos ainda.

Dimitri e John são homens que aparentam ter a idade avançada,


mas nem isso era o suficiente para deixá-los menos assustadores, a
bengala que o Moraes usa deixa-o com aspecto ainda mais raivoso e
quanto mais Christopher o olhava, mais distante ficava o bisavô
animado que visitava Andrew com frequência.

Quando os portões do presídio foram abertos, Elliot teve certeza


que a lista de pagamentos da Laços de Sangue é imensa.

— Como o planejado, ele será considerado morto. — O homem


baixo e barrigudo que acompanhava Breno avisou.

— Assim espero, se não saberá as consequências. — Alfredo


ameaçou.

Elliot não sabia o cargo do ameaçado, mas imaginou que seria do


alto escalão.

— Obrigado por me tirar daquele inferno. — Breno agradeceu a


Elliot e Christopher, já que os dois eram os únicos que ele conhecia.

— Foi o meu pai quem te tirou. — Elliot indicou o pai e Breno


encarou Alfredo.

— Obrigado, terei uma dívida eterna com você. — Mal sabia que
essa foi a pior frase que já falou na vida.

Quem quer ter uma dívida eterna com um mafioso? Mesmo que
esse seja um Bittencourt, não quer dizer que ele seja cem por cento bom.

— Eu já tenho uma forma para você me pagar. — Alfredo avisou


e tanto Chris quanto Elliot ficaram confusos.

Será que não existe bondade no coração dele? Estava fazendo isso
apenas por querer algo em troca?
Capítulo 43

— Não acredito que o liberou com segundas intenções. —


Christopher esbravejou enquanto o pai dirigia o carro.

— Achamos que você era diferente pai. — Elliot completou a


frase do irmão.

Alfredo tinha cada detalhe planejado para fazer Alejandro Herrera


pagar.

— Antes de me julgar ouçam toda a história, aceito que os outros


julguem o meu caráter, mas nunca os meus filhos. — O patriarca
acelerou mais o carro, seguindo de perto o carro da frente que Roger
dirigia.

— Como quer algo assim? Quando na verdade todos os seus atos


provam o quão ruim é. — Christopher continuou.

Alfredo apertou ainda mais o volante e esbravejou:

— Quando chegarmos lá, eu contarei tudo.

Os irmãos permaneceram o restante do caminho em silêncio, cada


um perdido em seus pensamentos.

O carro foi estacionado em frente a um armazém aparentemente


vazio. Elliot e Christopher nunca estiveram ali, portanto precisaram
seguir o pai até o caminho correto.

Quando adentraram o local, perceberam onde estavam, na sede da


Laços de Sangue, que por fora parece um antigo armazém, mas por
dentro é um local moderno, a sala de reunião cheirava a bebida e
nicotina, mas o que mais chamou a atenção dos herdeiros foram os
rostos conhecidos que estavam ali, entre eles os sócios da Bittencourt &
Co., Luiz e seu filho Bruno.
— No que querem a minha ajuda? — Breno perguntou.

Mesmo diante de tantas pessoas desconhecidas, ele não estava


com medo, sua profissão o fez assim, corajoso e destemido. Isso fez com
que os líderes da Laços de Sangue soubessem que Breno é o ideal para o
que tinham em mente.

— Você será a nossa isca. — Roger começou a contar.

— Para quê? — Interessado Breno voltou a perguntar.

Enquanto acendia um charuto, Dimitri o respondeu:

— Para nos ajudar a pegar Alejandro, ele está acabando com o


nosso sossego.

Breno deixou um pequeno sorriso escapar, vingar-se de Alejandro


é algo que ele já planejava fazer sozinho, afinal foi por culpa dele que
seus últimos meses foram um inferno, longe de sua esposa e filho.

— Você não pode usar um inocente assim. — Elliot interveio.

Alfredo soltou um riso e alguns dos presentes o acompanharam.

— Eu posso o que eu quiser — falou firme.

— Mas Breno não é obrigado a aceitar. — Christopher se


intrometeu.

Todos olharam para Breno Vilar, que parecia muito propenso a


aceitar.

— Não mesmo, mas ele sabe que aceitar será o melhor para ele. —
Dimitri respondeu.

— Melhor no que exatamente? — Breno encarou Dimitri, curioso.

— A dívida que tem conosco será quitada, se fizer o trabalho


corretamente, poderá ser da equipe de segurança dos Bittencourt e com
isso poderá morar com a sua família no condomínio. — Alfredo
explicou.

Breno avaliou as suas vantagens, um emprego bom e garantido,


residência e proteção para sua família, era tudo o que ele precisava no
momento.

Christopher e Elliot sabiam que o pai estava dizendo a verdade, já


que o condomínio fechado que pertence à família Bittencourt, também é
o lar de muitos dos funcionários da família.

— Caso eu aceite, o que terei que fazer? — Breno já tinha uma


decisão, mas antes de dizer sim, optou por avaliar o quão arriscado é ser
uma isca nisso tudo.

Enquanto Alfredo explicava o plano, Elliot e Chris se encaravam


preocupados, poderia dar tudo certo no fim, ou simplesmente ferrar com
tudo e Breno acabar pagando com a vida.

— Eu aceito com uma condição — exigiu.

— Qual? — Roger perguntou encarando-o.

— Quero a proteção da minha família garantida, mesmo que algo


me aconteça, quero os dois protegidos sempre.

— Você tem a nossa palavra, não deixamos de cumprir as nossas


promessas. — Dimitri se levantou e apertou a mão de Breno, John fez o
mesmo e assim se fechou um novo acordo entre eles.

∞∞∞

Quando Elliot chegou à sua casa, encontrou tudo em silêncio. Ele


subiu para o quarto a procura de Melanie e encontrou ela e July
adormecidas na enorme cama de casal.

Ele pegou o celular e eternizou esse momento sorrindo. Toda


aquela sensação ruim que a reunião da Laços de Sangue trouxe, se foi
assim que olhou para as duas mulheres da sua vida.

Estar presente naquela noite e descobrir todo o plano sufocou tanto


Elliot quanto Christopher, conhecer esse lado frio e calculista da família
e herdar isso no sangue era algo que não almejavam, mas que talvez
fosse necessário, talvez eles um dia também fiquem assim, às vezes é
preciso vingar aquilo que te feriu.

Ainda encarando as duas, Elliot pensou em como sua vida mudou.


Ele terá uma esposa, uma filha e quem sabe um filho dele com Melanie,
imaginar uma criança correndo pela casa atrás de July o alegrou, mas
apenas para um futuro distante.

Foi nesse momento que Elliot se lembrou. Não usaram


preservativo na última vez que estiveram juntos.

A única regra é nunca esquecer o preservativo. — Essas palavras


de Christopher jamais deixaram a mente dele, tanto que por causa disso
ele duvidou da paternidade do filho de Sabrina, afinal sempre se
protegeu com ela, mas tudo com Melanie é tão intenso que ambos se
esqueceram.

Apenas cogitar que um bebê dele e de Melanie poderia estar a


caminho, fez Elliot sentir-se tão bem, como se estivesse apenas agora
descobrindo o quão ansioso estava por aumentar a família. Ama aquelas
duas mais do que a si mesmo e a vinda de um novo membro a família
seria um presente.

Foi com esse pensamento que ele pegou July no colo e levou-a
para o berço, deu um beijo na testa dela, sussurrando “boa noite filha” e
fechou a porta do quarto.

∞∞∞

O domingo ensolarado trouxe para Melanie um animo que ela não


estava sentindo, afinal desde que tomara a decisão de levar July para o
cemitério na noite passada, tem se sentido deprimida, por ter demorado
tanto a fazer isso.

— Bom dia. — Elliot a beijou e foi até July, agradar a pequena


enciumada.

— Bom dia, amanhã July tem pediatra, então decidi levá-la hoje
ao... — Ela começou com o olhar triste e no mesmo instante ele soube
em qual lugar seria.

— Irei com vocês. — Ele avisou e Melanie se virou novamente


para a pia, onde cortava as frutas matinais da bebê.

— Não precisa se preocupar, irei passar na sepultura da Luna e na


dos meus pais, desde que voltei ainda não fui lá. — Ela estava se
sentindo culpada, mas Elliot segurou no queixo dela e fez ela o olhar nos
olhos.

— Não é culpa sua Mel, desde que teve que voltar as coisas foram
confusas demais.

— Faz quase quatro meses que voltei Elliot, antes eu costumava ir


todas as semanas, mesmo sendo doloroso demais.

Ele a puxou para os seus braços e sussurrou:

— Eu entendo, mas a partir de agora as coisas irão mudar, sempre


que for para lá, irei com você para te dar apoio.

∞∞∞

Quando os três pararam de frente com o túmulo da pequena Luna,


Elliot viu a dor no olhar de Melanie, odiava ser impotente nesse
momento e nada poder fazer para ajudá-la, a única coisa que ele foi
capaz no momento foi abraçá-la apertado e era exatamente isso que
Melanie precisava.
A dor da perda é a pior que existe e mesmo tão nova, a vida já
tirou tanto de Melanie.

Após deixar as delicadas flores rosas e acariciar a foto de sua filha,


sua versão mirim, Melanie caminhou até o túmulo dos pais, os dois
foram sepultados juntos, como sempre quiseram.

Não aguentava mais tentar ser forte e quando Elliot começou a


falar, Melanie se viu à beira de uma crise de choro.

— Sei que parece estranho, mas quero algo sério com você, algo
duradouro e sinto que devo dizer isso aqui. — Ele começou cauteloso e
desviou o olhar de Melanie para a foto dos pais dela, uma mulher
exuberante e sorridente, muito parecida com Melanie e um homem
sério, mas que segurava protetoramente a esposa nos braços. — Prometo
amá-la a cada dia mais, prometo ser o melhor homem que Melanie já
conheceu e acima de tudo prometo cuidar dela e da nossa família
sempre, nem que para isso eu precise abrir mão da minha própria vida.
— Ele finalizou a promessa olhando novamente para Mel, que chorava
baixinho agarrada a July.

Elliot jurou diante do túmulo dos falecidos pais dela que a


protegeria e amaria para sempre, isso foi algo inédito, algo único que ela
nunca imaginou que aconteceria.

— Eu te amo. — Ela sussurrou quando ele a apertou em um


abraço carinhoso.

— Eu sei e também amo você.

No túmulo dos amigos, July olhou para a foto dos pais, Melanie
colocou-a no chão e a menina ficou próxima a ela, apenas olhando ao
redor.

— Está vendo aqueles dois ali meu amor? São os seus pais, eles
estão morando no céu agora, mas sempre estarão ao seu lado como
anjinhos protetores. — Melanie deixou mais lágrimas caírem e percebeu
quando Elliot também secou as dele.
Estavam os três ali, de frente para a razão de tudo isso, a morte de
Lisa e Edu resultou a união de Melanie e Elliot. Resultou na salvação
que Mel sempre precisou, mas nunca lutou para alcançar.

E agora diante do túmulo deles, Melanie se recordou das palavras


de Elisabeth na carta. Minha mãe costumava dizer que Deus escreve
certo em linhas tortas, se essa carta chegar até você terei certeza que
isso é realmente verdade, afinal eu perderei a oportunidade de viver ao
lado da minha filha, mas você terá a sua segunda chance.

Isso era realmente verdade, July e Elliot trouxeram-na de volta à


vida...
Capítulo 44

Quando Melanie foi trocar July, na segunda-feira de manhã ela


percebeu que a maioria das roupinhas já estavam ficando pequenas.

— Irei ao shopping comprar roupas para July. — Mel avisou


Elliot, que estava sentado de frente para ela, tomando o café da manhã e
lendo as notícias no jornal.

— Deixarei um cartão para você. — Ele comentou.

— Estou apenas avisando amor, não preciso de dinheiro.

Elliot levantou o olhar para ela e logo olhou para July.

— Posso deixar o cartão sem problemas. — Ele voltou a sugerir.

— Não precisa mesmo. — Melanie deu um pouco mais de fruta


para July e o olhou desafiando a teimar.

— Tem certeza? — Ele perguntou arqueando as bonitas


sobrancelhas.

— Eu tenho dinheiro, não se preocupe. — Ela parou de tratar da


bebê e sustentou o olhar dele.

— Achei que com a abertura do novo restaurante...

— Pode ficar tranquilo, Karina ajudou também.

Elliot estava pronto para teimar novamente quando uma voz


delicada foi ouvida:

— Mama. — July falou em alto e bom som.

Melanie olhou perplexa para a bebê.


— Oh meu Deus! Ela me chamou de mãe Elli. Ouviu? — Mel
deixou a colherzinha de frutas no pratinho de July e pegou-a no colo,
emocionada.

Quando Luna a chamou de mãe pela primeira vez, o coração de


Melanie encheu-se de alegria e agora, com July dizendo a mesma
palavra, não foi diferente, o amor intenso e verdadeiro a fez chorar.

Os olhinhos claros e quase verdes de July encararam Melanie


atenta, para a pequena é a sua mãe, afinal é dela que recebe um carinho
especial, um olhar doce e gentil, tudo o que representa o amor materno.

Mesmo que Lisa tenha falecido, ela sempre será a mãe biológica
de July, isso Melanie fará questão de deixar vivo na memória da menina.
Mas ao lado da garotinha, Melanie será a mãe que July precisa.

Elliot admirava o elo entre as duas emocionado, desde que July o


chamou de pai pela primeira vez, o momento que chamaria Melanie de
mãe era aguardado com ansiedade e cada segundo de espera valeu a
pena.

O clima agradável do café da manhã permaneceu, mesmo após


Elliot contar todo o plano de Alfredo para pegar Alejandro. Mesmo não
sendo algo correto, Melanie optou por não se intrometer, afinal depois
do que Herrera fez com Elisabeth e Eduard, o mínimo que ele merece é
pagar pelos seus atos.

Não adianta prender alguém como ele, o dinheiro o libertaria nesse


mundo corrupto, Alfredo e todos os outros sabiam disso, então só
restava um caminho, Mel só não queria imaginar quem seria capaz de
matá-lo.

∞∞∞

Quando Melanie entrou naquela loja específica no shopping, ela


não imaginou que daria de frente com Sabrina.
A loira estava segurando um pequeno cesto onde colocava
delicadas roupinhas de bebê, quando ela viu Melanie e July, a reação foi
estranha, ao invés do habitual olhar de desprezo, estava apenas a
curiosidade.

Mel voltou a caminhar como se não a tivesse visto, mas a loira a


seguiu.

— Melanie espere. — A voz dela foi ouvida e Mel ficou tensa.

Com July nos braços, ela se virou lentamente e encarou a mulher.

— Sim? — perguntou.

Sabrina desviou o olhar para July e comentou:

— Ela está enorme.

Mel assentiu e continuou a olhá-la com interesse.

— Bom... — Sabrina pigarreou e olhou ao redor. — Eu queria me


desculpar com você, por todo o mal-entendido da minha gravidez. —
Ela colocou a mão de forma protetora na barriga já evidente.

Melanie arqueou a sobrancelha indignada.

— Mal-entendido? — perguntou irônica.

— Então... Eu... Eu acreditei que fosse do Elliot.

Melanie soltou um riso sem humor.

— Não tente me enganar Sabrina, nós duas sabemos a verdade.

A loira engoliu em seco e voltou a desviar o olhar.

Quando descobriu que estava grávida, e percebeu que não era de


Elliot, sua única ideia foi levá-lo para cama e se possível sem proteção
para enganá-lo, mas a presença de Melanie na vida dele já o tinha
mudado. Resultou assim em mais um fracasso de Sabrina, afinal tentara
prender Elliot a ela de diversas maneiras e nunca conseguiu, a gravidez
seria o ato perfeito.

— Eu sei, mas queria dizer que sinto muito mesmo, minha


intenção sempre foi ter Elliot de forma definitiva na minha vida e
quando descobri estar grávida de outro homem... Bom... Eu vi ali a saída
para tudo.

Melanie bufou irritada. Ama Elliot com todo o seu ser, mas nunca
entenderia o que o levou a se envolver com alguém tão fria e
manipuladora.

— Já acabou? Realmente estou muito ocupada hoje.

Sabrina suspirou.

— Eu entendo que me odeie, espero que um dia possa me perdoar.

Melanie a olhou com mais atenção agora, estava parecendo


sincera.

— Não é a mim quem deve desculpas, o enganado seria o Elliot.

— Eu sei, mas não estou disposta a aparecer na empresa


novamente, Angélica foi muito persuasiva quando exigiu que eu me
afastasse da família dela, incluindo você.

Melanie quis sorrir, afinal a sogra estava a defendendo e


considerando parte da família, mas não o fez e apenas se limitou a
responder Sabrina.

— Eu direi a Elliot que sente muito. — Mel estava quase se


virando para sair, mas parou e voltou a dizer. — Só aprenda com seus
erros Sabrina, afinal esse bebê vai precisar muito de você.

Antes de partir Melanie conseguiu ver um sorriso genuíno brotar


nos lábios da loira, talvez esse bebê seja a salvação que ela precisa.
∞∞∞

July estava adormecida no carrinho quando Melanie adentrou o


local que será o restaurante.

Karina estava focada na decoração e quando viu a amiga correu


para abraçá-la.

— E então? O que achou? — perguntou dando uma rodadinha


apresentando o local para a amiga.

Melanie olhou cada detalhe com atenção, levando o carrinho de


July junto, nunca deixaria sua filha sozinha.

— Esse lugar é perfeito Karina, é muito mais bonito que nas fotos,
ficará do jeito que sempre sonhamos.

— Eu sei Mel, estou tão ansiosa. — Ela agarrou a mão da amiga


comemorando.

Karina é apaixonada por gastronomia e Melanie tem prazer em


administrar, as duas se uniram nessa sociedade, sendo Mel a sócia
majoritária, afinal herdara um bom dinheiro dos pais e Karina investiu
com a quantia que tinha, resultado de muitas economias no decorrer de
vários anos, assim deram vida ao restaurante Sabor Brasileiro, que fica
situado em uma das ruas mais movimentadas de Nova Iorque, próximo a
Bittencourt & Co.

— Eu e Elliot tomamos uma decisão ontem à noite. — Ela


comentou.

Karina a encarou curiosa.

— Qual decisão?

— Iremos demitir o Willian. — Mel reparou quando os olhos


verdes da amiga se arregalaram assustados.
— Mas por quê? — Ela se afastou de Melanie, pega totalmente
desprevenida.

— Elliot decidiu que na empresa tem muitos motoristas de


confiança e um deles será encaminhado para a família.

— Mas o Will precisa do emprego Melanie. — Mesmo não


querendo se alterar, Karina falou um pouco mais alto, completamente
indignada com a amiga.

— Assim como nós precisamos de um novo gerente. — Melanie


soltou uma piscadinha cúmplice para a ruiva, mas ela pareceu não
entender.

— O quê?

— É exatamente isso amiga, Willian será o nosso gerente, eu não


poderei ficar sempre aqui, você estará encarregada da cozinha, afinal
essa é a sua paixão, precisamos de alguém de confiança tomando conta
de tudo e ele é o único que me veio em mente. — O sorriso de Melanie
iluminou todo o local quando ela terminou de explicar.

Dessa vez Karina abriu a boca completamente chocada, a ruiva já


estava pronta para declarar guerra pelo seu amado, mas Melanie já tinha
planejado um futuro para Willian.

— Você me assustou completamente.

— Eu sei, e você como uma mulher apaixonada estava


defendendo-o.

— Claro, ele precisa do emprego, seria cruel demiti-lo sem


justificativa.

— Nunca faria isso. E tem outra coisa, minha intenção era deixar
vocês mais próximos. — Mel sorriu safada e cutucou a amiga,
provocando-a.

— Você é uma safada. — A ruiva entrou na brincadeira.


— Aprendi com você. Mas agora falando sério, você precisa
convencê-lo, Elliot acha que ele não aceitará.

— Pode deixar que eu tenho meus modos de persuasão. — A ruiva


corou se recordando da primeira vez dos dois juntos. Tão intenso e
espetacular...
Capítulo 45

Os dias que se seguiram foram agradáveis para Elliot, mas


Melanie por outro lado estava a cada dia mais nervosa.

— Bom dia amor. — Ele comentou quando ela entrou na cozinha.

— Bom dia, dormi demais de novo — comentou vendo que pela


terceira manhã seguida, foi ele quem acordou para cuidar de July.

— Não se preocupe com isso.

Ela o beijou e logo caminhou até July que estava sentadinha na


cadeirinha de alimentação, ponta para comer.

— Oi meu amor.

A bebê sorriu sapeca e adorou o mimo que Melanie deu.

Quando Elliot terminou os ovos com bacon e colocou na frente da


noiva, Melanie se levantou.

— Preciso de um minuto. — Ela correu da cozinha para o quarto


novamente.

Elliot estranhou aquilo, mas começou a comer e a dar o mingau de


July.

— Ela está estranha, não é filha?

— Papa. — Foi a resposta que ele recebeu seguida de um


resmungo de fome.

Ele voltou a alimentar July e quando Melanie entrou novamente na


cozinha, ela não se sentou, apenas caminhou para perto da jarra com
suco de laranja e bebeu um grande gole.
— Você está bem? Parece pálida. — Ele comentou olhando-a
preocupado.

— Eu estou muito bem, não se preocupe.

— Não vai comer amor?

— Sim, quando me der fome. — Ela foi evasiva e voltou a beber


do suco.

Estava faminta, mas sabia que se colocasse os ovos na boca,


soltaria tudo.

Quando subiu ao quarto, a primeira coisa que Melanie fez foi olhar
seu celular, a tabela menstrual mostrou o atraso de nove dias.

Como não percebi antes? — Se perguntou perplexa.

Cada momento com Elliot passou na sua cabeça, tentando


descobrir quando não usaram preservativo.

O hotel, meu Deus. — Ela colocou a mão no ventre e acariciou.

Sabia que algo estava diferente dias antes, quando começou a


dormir mais que o normal, mas tudo se confirmou quando Elliot colocou
os ovos na frente dela, aquele enjoo ela estava costumada a sentir na
gravidez de Luna.

Quando desceu novamente e viu Elliot alimentar July com tanto


afeto e cuidado, Melanie teve certeza que nenhum outro homem seria
tão perfeito para ser o pai de seus filhos.

A notícia a pegara desprevenida, mas não detestou a ideia.

Recomeçar... Uma palavra tão simples com um significado tão


intenso. É exatamente isso que Melanie precisa.

Encarando Elliot indecisa, ela se decidia se contaria agora ou não.


— Preciso ir para a empresa, me ligue se ainda estiver passando
mal. — Ele comentou se levantando e limpou a boquinha de July.

— Como sabe?

— Eu te conheço anjo, sei que o café da manhã é a sua refeição


preferida, nunca ficou sem fome assim, se quiser posso ficar em casa
com vocês.

Ela arregalou os olhos preocupada.

— Não, não precisa mesmo, tenho que fazer algumas coisas.

Elliot se aproximou dela, ainda mais confuso.

— Que coisas?

— Coisas de mulheres, essas coisas. — Ela fez um gesto de pouco


caso com a mão.

— Tudo bem. — Ele suspirou vencido e a beijou. — Qualquer


coisa estarei com o celular todo o tempo.

— Eu sei meu lindo, não se preocupe, eu te amo. — Ela o abraçou


uma última vez, mas Elliot a olhou novamente.

— Diz de novo.

— Eu te amo. — Ela comentou e sorriu.

— Também amo você, amo as duas. — Ele olhou para July e se


despediu.

Melanie se jogou na cadeira e suspirou exausta.

— O que acha de ter um irmãozinho ou irmãzinha filha? — Ela


perguntou para a bebê que a olhava atenta.

July bateu as duas mãozinhas juntas, como se estivesse


comemorando.

— Então vamos ter certeza antes de contar para o papai? —


propôs e pegou a bebê nos braços.

∞∞∞

O carro de Melanie estava estacionado de frente com a


Bittencourt&Co., a morena olhava para o bonito prédio e sentia suas
mãos soarem.

— Bom... — Ela soltou um longo suspiro. — É agora ou nunca,


não é? — Ela olhou no espelho interno e sorriu confiante.

July estava quietinha no bebê conforto enquanto Melanie


caminhava empresa adentro.

— Moça, tem como não me anunciar? É que eu quero fazer uma


surpresa. — Ela pediu para a secretária, que já a conhecia das vezes que
esteve ali antes.

— Eu não sei se é adequado...

Antes que ela terminasse de dizer, Christopher apareceu no campo


de visão de Melanie, como uma salvação.

— Ei Mel, você por aqui. — Ele a cumprimentou e foi mexer com


July.

— Ei lindeza do tio, está cada dia maior.

— Passa muito rápido mesmo. Podemos conversar? — Melanie


perguntou para ele, o olhar azul-exótico se levantou para ela confuso.

— Aconteceu alguma coisa? — Chris a conduziu até os elegantes


sofás, se afastando das secretárias.
— Eu preciso falar com o Elliot, descobri uma coisa hoje e quero
dividir com ele. — Ela relou involuntariamente na barriga e Christopher
acompanhou o gesto.

— Oh, minha nossa. — Ele arqueou as sobrancelhas surpreso.

— Sim, quero fazer uma surpresa, mas a secretária não me deixa


entrar sem ser anunciada.

— Essa é uma regra da empresa, mas venha, vou te ajudar com


isso.

Ele pegou o bebê conforto de July e deixou Melanie trazer apenas


a bolsa.

— Não precisamos falar com a moça? — ela perguntou quando os


dois passaram direto pela secretária de Elliot.

— Não. — Christopher abriu a porta do escritório do irmão e


quando Melanie entrou, ela não estava preparada para o que viu.

O primogênito colocou o bebê conforto com a sobrinha próximo a


Melanie e sorriu sem graça.

— Acho que é melhor eu deixar vocês sozinhos.

Antes que Christopher terminasse de fechar a porta, ele ainda foi


capaz de ouvir Melanie dizer:

— Não pode ser. — Ela comentou colocando a mão na boca e os


olhos marejaram.

— O que você está fazendo aqui anjo? — Elliot perguntou se


levantando e caminhando rápido até ela.

— Eu vim... Eu. — Ela gaguejou e Elliot seguiu o olhar dela.

Em cima da sua mesa estava a delicada caixinha aveludada e


Melanie estava completamente surpresa olhando-a.
— Não era exatamente assim que eu queria te entregar. — Ele
falou enquanto pegava a caixinha e se aproximava dela novamente.

— É para mim? — Melanie fez a pergunta mais boba do mundo.

— Claro que é, você é a única mulher que eu amo, a única que eu


quero ao meu lado sempre.

Melanie deixou um suspiro feliz escapar quando Elliot a segurou


pela mão.

— Sei que o meu pedido não foi um dos melhores. — Ele passou a
mão livre no cabelo, completamente constrangido.

— Foi o melhor para mim. — Ela sorriu deixando a emoção tomar


conta dela.

— Mas faltou um anel anjo, e você merece mais que apenas um


pedido... Quando eu vi esse em especial, — ele abriu a caixinha e
Melanie encarou a joia emocionada, — me lembrei de você, é tão
simples, mas possui um brilho único que não o deixa se tornar comum.

Melanie estava com o rosto todo molhado. São os hormônios da


gravidez, misturado com a alegria de ser amada de verdade.

— Elli... — Ela sussurrou.

— Sei que já me disse sim, mas quero ouvir de novo, eu nunca me


canso. Você quer ser minha esposa? — Os olhos azuis cintilaram como
uma linda joia recém-polida.

— Sim amor, com toda a certeza do mundo é sim, eu aprendi a


amar novamente graças a você, graças a vocês dois. — Ela olhou para
July que mordia a mãozinha assistindo a cena toda.

As lágrimas que Elliot segurava, se derramaram, dançando em


sintonia com as de Melanie, no exato momento em que ele colocou o
anel no dedo dela.
Elliot selou os lábios dos dois, o seu lugar no mundo é ali,
segurando a mulher da sua vida em seus braços.

Quando os dois se afastaram, Melanie tirou July da cadeirinha e a


pegou nos braços.

— Nós viemos aqui te dar uma notícia. — Ela comentou ainda


chorando.

Ter o Bittencourt em sua vida já era perfeito, mas trazer ao mundo


o fruto do amor que sentem, tornaria tudo ainda mais especial.

— Que notícia. — Ele tentou evitar o tom preocupado, mas


falhou.

— É que... — Ela parou de falar e pegou o envelope na bolsa.

— Ainda está com o mal-estar? — Ele perguntou quando Melanie


estendeu a folha para ele.

— Sim, esse mal-estar vai me acompanhar por um tempinho. —


Ela sorriu, mas ele não.

— O que você tem?

— Abra o envelope amor, a resposta está aí. — Ela mordeu o lábio


nervosa.

Cada gesto de Elliot foi acompanhado pelas duas mulheres da vida


dele, July estava completamente calada, prestando atenção, parecia que
sabia o quão importante é esse momento para os seus pais.

Ele retirou o papel do envelope já aberto e leu.

Melanie o olhou em expectativa.

— Diga algo — pediu impaciente.

— Teremos mais um filho?


— Ou mais uma filha. — Ela apertou um pouquinho July,
demonstrando o amor que sente pela pequena.

Elliot já imaginava que a gravidez poderia acontecer, mas receber


a notícia foi o melhor presente do mundo.

Ele envolveu as duas em seus braços e beijou Melanie.

— Teremos um bebê. — Ele afirmou alegremente.

— Sim, às vezes nem eu acredito, depois de Luna, tudo pareceu


perder a cor, mas hoje sei que o meu recomeço era necessário.

— Eu te amo minha linda, um acaso nos uniu, mas nem mesmo o


destino será capaz de nos separar.

E foi assim do nada que essa família se construiu, mas será para
todo o sempre. O acaso existe, e nesse caso foi o melhor acaso que se
existiu...
Epílogo 1

Ao contrário de Elliot, Melanie não estava completamente


assustada quando foi ganhar Dylan, afinal já passara por isso e soubera o
quanto é doloroso, mas compensador no final.

O novo membro da família Bittencourt foi esperado com


ansiedade, a cada mês ela visitava o túmulo dos pais e contava da
gestação, assim como fez na de Luna, era um ritual que ela levaria pela
vida toda. A cada visita ela passava no de Luna e contava o quanto o
irmãozinho dela chutava forte e que na maioria das manhãs ficava
quietinho dormindo.

July não fazia parte de todas as visitas, mas Melanie a levava


quase sempre, para falar um pouco mais de Lisa e Eduard.

Costumam dizer que cemitério não é lugar para crianças, mas e


quando os seus pais biológicos estão enterrados lá? Isso muda
totalmente, e tanto Melanie quanto Elliot concordavam nisso.

Passar ali com July, contar as histórias de quando eram crianças e


deixar viva a memória dos pais é algo que os dois fariam sempre, com
muito amor.

Sua rotina estava agradável, mas o término da gravidez chegou e


tudo mudou.

Elliot estava à beira do desespero

— Respira fundo e apenas dirija. — Melanie falou tentando


acalmá-lo.

— Eu quem deveria estar acalmando você amor. — Ele comentou


acelerando o carro.

— Sim, é mesmo, mas... — Ela parou de falar quando uma forte


contração a atingiu.

Elliot gemeu baixinho e olhou para o banco de trás, July estava


sonolenta.

Quando a bolsa de Melanie estourou e tiveram que correr para o


hospital, July não se safou e teve que ir junto.

O Bittencourt acelerou um pouco mais.

— Não precisamos de um acidente agora homem, pare de correr.


— Melanie reclamou, já estava suando por causa das dores.

Elliot respirou fundo e aceitou a ordem dela, estava correndo


demais.

— Eu estou nervoso.

— Eu sei, mas a médica já está me esperando, dará tudo certo meu


lindo, agora respire. — Ela falou acariciando a mão dele que estava no
volante.

Elliot tentou relaxar.

— Como o Chris sobreviveu a isso duas vezes? — Ele se


perguntou, mas Melanie soltou um riso fraco e respondeu.

— No nascimento da Olivia ele ficou muito nervoso.

— Eu sei, mas eu estou morrendo de nervoso. — Elli reclamou e


quando o hospital foi avistado, ele respirou aliviado.

— Campeão, você é o herói do papai, nascer em um domingo à


noite foi a minha salvação — comentou com a barriga, agradecendo aos
céus por não ter trânsito essa noite.

Melanie desceu do carro com a ajuda do marido e enquanto ele


pegava July nos braços, ela adentrou o hospital.
Como o esperado, a médica já a aguardava.

∞∞∞

Melanie acordou, mas ainda se sentia exausta, quando abriu os


olhos deu de frente com Elliot segurando o pequeno Dylan nos braços.

— Oh, me dê ele um pouco? — Ela pediu estendendo os braços.

—Claro.

Elliot passou o bebê para ela e Melanie segurou na pequena


mãozinha.

— Ele é lindo.

— Mesmo todo enrugadinho ele é. — Elliot falou babão.

— Cadê a nossa filha? — Melanie perguntou olhando ao redor


preocupada.

— Não se preocupe, ela estava com sono e fome, minha mãe


resolveu leva-la para casa.

— Sua mãe é o nosso anjo. — Mel sorriu agradecida.

— Ela comentou algo comigo hoje.

— O quê?

— Que a July na vida de nós dois foi o nosso melhor acaso.

— Sim eu concordo, e resultou no Dylan, não é meu menino? —


Melanie perguntou para o recém-nascido.

Elliot se aproximou da cama dos dois e segurou a mão da esposa,


afinal ambos se casaram um mês após o pedido, no jardim da casa que
chamam de lar.

— Obrigado. — Ele sussurrou.

— Por que está me agradecendo?

— Por você me fazer feliz todos os dias, por ser essa mãe
maravilhosa para a July, por ter trazido o Dylan ao mundo. — Ele deu
um beijo demorado na testa dela.

— Oh Elliot, você não precisa agradecer, afinal contribuiu para


que tudo isso acontecesse.

— Eu sei, mas eu estava tão nervoso ontem e você foi tão forte. —
Ele falou orgulhoso.

— Eu precisei ser por nós todos. — Ela comentou brincalhona.

Mas era a verdade, Melanie foi tão forte e decidida quando o


assunto foi a escolha de parto normal, e Dylan contribuiu para que isso
se realizasse.

— Queria July aqui, para enfim ficarmos completos.

— Logo levaremos o irmão dela para casa...


Epílogo 2

Todos da família Bittencourt estão reunidos na casa de Christopher


e Tayla.

Andrew está completando oito anos de vida, mas nem essa idade
foi capaz de fazê-lo entender as palavras de Elliot.

— Tem como repetir tio? — Ele perguntou confuso e correu seus


olhos azuis até onde July brincava com Olívia, a filha caçula de Chris e
Tay.

Ela é tão linda. O coração do jovem Bittencourt disparou, já


adorava sua prima e melhor amiga.

— Quero que me prometa algo. — Elliot voltou a dizer.

— Essa parte eu entendi, quero saber o que devo prometer. — Ele


perguntou novamente.

Elliot olhou onde as meninas estavam e suspirou.

— Sabe que nem sempre poderei estar ao lado da sua prima,


cuidando dela, quero que prometa que nesses momentos em que eu
estiver distante, você será meus olhos, quero que cuide dela e
principalmente, não deixe nenhum menino chegar perto da nossa
garotinha.

Apenas a ideia de um garoto perto de July fez o jovem rapazinho


se zangar, fazendo a mesma expressão do pai quando está bravo.

— Por que quer que eu prometa? A July sabe se cuidar, ela já


derrubou o Dylan nos treinos. — A inocência de Drew fez Elliot
gargalhar.

— Sei que ela é muito boa nos treinos e que sabe se cuidar, mas
você é mais forte que ela, é o homenzinho da família, cuidar dela não
será difícil.

Andrew inclinou a cabeça para o lado pensativo. Protegeria July


sempre, assim como faz com Olivia sua irmã e até mesmo com suas
outras primas.

— Eu prometo, nunca vou deixá-la sozinha com nenhum menino,


nenhum mesmo. — Ele levantou a mão direita e jurou, do mesmo modo
que aprendeu no acampamento de escoteiros que vai todo verão.

— Esse é o meu garoto, agora vai lá brincar com aquelas duas


bailarinas. — Elliot espatifou as madeixas lisas e negras do sobrinho e
Andrew correu em direção a July e Livy que agora treinavam pequenos
passos de balé perto da piscina.

Melanie caminhou cautelosa até o marido e o olhou de olhos


semicerrados.

— O que você fez o menino prometer Elliot? — perguntou.

Elliot olhou na direção da esposa, que segurava a mão de um


sonolento Dylan o menininho parecido com a mãe, mas era o pai em
tudo, dos netos Bittencourt, ele fora o único até agora que nasceu com os
olhos castanhos tão intensos quanto os de Melanie, Olivia tem os olhos
azuis ainda mais claros que de Andrew.

— Você deveria descansar, ficou de pé o dia todo. — Ele mudou


de assunto, acariciando a barriga dela de seis meses, dessa vez
esperavam uma menina, a pequena Andy.

— Não adianta tentar me enrolar, quero saber o que o fez


prometer... — As palavras de Melanie foram quebradas quando o
barulho de alguém caindo na piscina chamou a atenção de todos.

— Se safou dessa, por enquanto. — Ela respondeu e andou o mais


rápido que conseguiu para ajudar July, atrapalhada como é caiu na
piscina durante o treino de balé.
Mesmo Elliot não fazendo ideia, ele acabara de fazer um possível
romance passar por diversas turbulências antes de pousar em um
ambiente calmo e seguro, afinal um Bittencourt nunca esquece as suas
promessas...
Agradecimentos

Aos leitores que estão acompanhando a série, me apoiando e me


incentivando cada vez mais.

A minha filha Ashley, quem me inspirou muito para criar July. Ao


meu marido David, que me incentiva e me apoia em tudo.

Agradeço a Islay pelo lindo trabalho na capa, a Carol pela revisão


do livro e a Karina por sempre dar a leitura final.

Obrigada a todos vocês, sem cada ajuda, incentivo e criação esse


livro não chegaria até aqui...
Próximo livro da série Bittencourt
A ESCOLHA - LIVRO 3
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Depois de terminar um relacionamento complicado, Ethan
Bittencourt se tornará Alex Stewart o oficial infiltrado no caso Herrera,
sua função será proteger a única herdeira de um mafioso mexicano.

Sua promoção depende do sucesso desse trabalho, mas ele não


imaginou que o seu principal problema seria aquela menina.

Antes mesmo de conhecê-lo, Tayane Herrera já detestava Alex.


Disposta a se livrar dele o quanto antes, ela se rebela contra o pai.

Porém, ela não imaginou que esse segurança era um homem


atraente, com um sorriso debochado que o tornava deliciosamente sexy.

Um trabalho os uniu...

Ela disposta a fazer da vida dele um inferno...

Ele disposto a se manter afastado...

Duas vidas unidas por um objetivo...

Poderá nascer um amor no meio de tantas mentiras?


Outra obra da autora
DIVORCIADOS
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Antony se apaixonou por Liliana na faculdade, no instante em que


a viu, toda linda no corredor, os olhos verdes, os cabelos cacheados
esparramados pelas costas delicada e o tom chocolate de sua pele, tudo
nela chamou a atenção do jovem estudante de ciência da computação.

Ela parecia perdida e ele se aproximou para ajudá-la, dali nasceu


uma forte atração física, mas Lily estava decidida a focar apenas no
curso de pedagogia, por longos dois anos ela e Antony foram apenas
melhores amigos, mas a atração acabou sendo mais forte e ela enfim se
rendeu.
Agora já casados e há 10 anos juntos, ambos têm um filho,
Thomas, o fruto do amor que acreditavam sentir, mas a vida para Liliana
nunca foi fácil e ela percebeu que isso ainda não havia mudado, quando
acordou de manhã e seu marido tinha simplesmente partido, sem dar
nenhuma razão, ele apenas foi embora e levou seu coração junto.

Só que Antony não contava com a chegada de um pretendente na


vida de Liliana, um homem também divorciado, um restaurador
carinhoso, de sorriso fácil e totalmente decidido a conquistar a famosa
tia Lily, professora da sua filha...
Sobre a autora

Vanessa Gandolpho Secolin nasceu em fevereiro de 1996, no


interior de São Paulo, onde atualmente reside com o marido e a filha. É
uma mulher sonhadora, viciada em chocolate, café, livros e séries, não
necessariamente nessa ordem.

Descobriu a paixão pela escrita há pouco tempo, por meio de uma


plataforma online, já o amor pela leitura nasceu anos antes, quando leu
“O Morro dos Ventos Uivantes” para um trabalho escolar, desde então,
se aventura em diversos gêneros, mas o seu preferido é o romance.

REDES SOCIAIS

Instagram: autoravanessasecolin

Wattpad: AutoraVanessaSecolin

E-mail: vanessasecolin@hotmail.com

Gostou de conhecer um pouco da família Bittencourt? Se sim,


vamos levar O Acaso para mais leitores.

Indiquem esse livro, compartilhem com os amigos e publique nas


suas redes sociais. Se possível, deixe sua avaliação na Amazon, as
avaliações são muito importantes.

Desde já eu agradeço imensamente.

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