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Notas iniciais do capítulo

Não foi a toa que escolhi dia 18/06 como o dia da estréia da 2ª temporada da
história, afinal essa é uma data muito especial para todas nós: HOJE É
ANIVERSÁRIO DO NOSSO GREY!!!!

Bem, teremos mais oportunidades para conversarmos melhor, eu sei que ninguém
quer papo comigo agora.

Então vamos ao que interessa!!!

Ana olha constantemente para o relógio preso à parede da sala de reuniões. Cada
segundo que passa, aumenta mais sua ansiedade. “Precisa dar tempo. Precisa dar
tempo. Vai dar tempo, tem que dar!”. E não poderia tem um dia pior do que hoje
para ela estar tão distraída no trabalho. Os últimos ajustes para a abertura da filial
da Grey Publicações em Londres estão sendo fechados neste exato minuto, mas
Ana só consegue pensar que os ponteiros do relógio estão andando rápido
demais. “Droga, não vai dar tempo! O trânsito está uma loucura a essa hora. Eu
não vou conseguir fazer tudo a tempo. Não, Ana! Pensamento positivo. Vai dar
tempo.”

– Então, o que você acha Ana? – a voz rouca de Roach interrompe seus
pensamentos. Ela olha em volta e vê todos os acionistas aguardando uma
resposta sua.

– Eu acho ótimo! – ela diz, sem ter ideia do conteúdo da conversa.

– Então estamos combinados. – diz Roach, dando a deixa que Ana precisava para
escapar.

– Marailha! – ela diz, levantando da mesa. – Senhores, acho que estamos


acertados. Qualquer alteração, por favor, me avisem.

– Pode deixar!

– Com licença, eu preciso correr. Meu horário está apertado. Uma ótima tarde para
todos. – ela reúne suas coisas e sai apressada.

No final do corredor, Hannah está a postos esperando por ela.


– Você está atrasada. – diz a secretária, pegando as pastas da mão de Ana e lhe
entregando a bolsa.

– Eu sei, eu sei! Mas eles não paravam de falar. Apropósito, peça ao Roach um
relatório sobre a reunião, com todas as decisões que foram tomadas. Eu juro que
tentei, mas não consegui prestar atenção em metade das coisas que foram ditas.

– Eu imagino. – a loura sorri.

– Droga, eu passei meia hora do planejado.

– Eu liguei e avisei que você ia se atrasar um pouco, acho que vai dar tempo.

– Você é o meu anjo da guarda!

– Agora corre, senão não vai dar tempo mesmo.

– Obrigada, Hannah! Você é a melhor! – ela se despede da secretária e corre para


a saída.

Assim que avista Ana na entrada da garagem, Sawyer segue com o carro para
encontrá-la.

– Você está... – ele começa.

– Atrasada! Eu sei. A reunião durou mais do que eu imaginei. – ela entra no carro.

– Eu liguei para conferir, já fizeram a entrega.

– Ah, perfeito! Menos uma coisa para me preocupar.

– Mas será que vai dar tempo?

– Tem que dar! Vamos, rápido, precisamos buscar as crianças. – ela diz, e Sawyer
segue para o destino.

Quinze minutos após sair do prédio da editora, Ana e Sawyer chegam ao colégio
Bright Water Waldorf. Ana salta do carro e corre, apressada, para dentro da
escola. Ela é recebida pela diretora.

– Sra. Grey, que bom vê-la! – diz a senhora de cabelos negros.

– É muito bom vê-la também, Diretora Fridman! As crianças estão prontas?


– Sim, só um instante. – ela diz, pegando o telefone. – Laurel, por favor, traga Ella
e Henry Grey. A Sra. Grey está aguardando.

Segundos depois a porta se abre, revelando duas crianças adoráveis e animadas.

– Mamãe! – Ella e Henry gritam juntos e correm para abraçar a mãe.

– Oi, meus amores!

– Já está na hora, mamãe? – pergunta Ella.

– Já sim, na verdade, nós estamos um pouco atrasados.

– Vamos, mamãe! Vamos, vamos. – ansioso, Henry puxa Ana pela mão.

– Vamos! Obrigada, Diretora.

– De nada. Até segunda, crianças. – eles se despedem e saem.

Segurando Ella pela mão, Ana pega Henry no colo e apressa o passo em direção
ao carro, onde Sawyer os aguarda, a postos.

– Oi, pessoal! – diz ele, sorrindo, quando as crianças se aproximam.

– Oi, Luke! – Ella e Henry respondem ao mesmo tempo, com a mesma alegria.

Já dentro do carro, Ana checa a trava das cadeirinha das crianças, enquanto
Sawyer se prepara para dar a partida.

– Estamos prontos! Pisa fundo, Luke. Precisamos chegar a tempo. - ela diz,
sorrindo. - Afinal, hoje é aniversário do papai!

– Vamos fazer uma surpresa pro papai! - vibra Ella.

– Sim! Vamos fazer surpresa, cantar parabéns, comer bolo e dar muitos beijos no
papai.

– Festa pro papai! - diz Henry, empolgado.

– Festa pro papai! - Ana e Ella repetem, como grito de guerra. Sorrindo com a
empolgação do trio, Luke segue para a Grey Enterprises.

O elevador parece levar o dobro do tempo para percorrer todos os vinte andares.
Impaciente, Ana bate o pé no chão, enquanto conta os andares percorridos.
Alguns segundos depois, a porta do elevador se abre, revelando uma Andrea
ansiosa.

– Ah, que bom que vocês chegaram. - diz a secretária, sorrindo.

– Ele já saiu da reunião?

– Ainda não. Eu mandei mais alguns relatórios, para prolongar mais o assunto lá
dentro.

– Muito obrigada, Andrea! E as entregas?

– A decoração chegou mais cedo, então assim que ele saiu para a reunião, Amy e
eu perduramos as bolas e as faixas. O bolo e o lanche chegou ainda a pouco,
então ainda não tive tempo para arrumar.

– Tudo bem, eu faço isso! Você consegue segurá-lo lá por mais uns 10
minutinhos?

– Eu vou tentar, ele ficou um pouco mal humorado quando eu levei os últimos
relatórios. - diz Andrea, com humor.

– Não se preocupe, Andrea. O humor dele vai melhorar já já. Bem, precisamos nos
apressar. Vamos, crianças! - Ana segue, apressada, para a sala de Christian,
enquanto Andrea tenta providenciar mais trabalho para segurar o chefe na reunião.

Entrando na sala de Christian, Ana sorri. O escritório que, outrora, era branco, frio
e distante, hoje parece ter adquirido vida. Está caloroso e aconchegante. E isso
não é mérito da decoração da festa surpresa. Por toda sala é possível ver fotos da
família, as paredes ganharam cores com os trabalhos artesanais das crianças, que
o pai orgulhoso faz questão de exibir. O imenso retrato de Ana, que Christian
comprou de José, ganhou a companhia de dois outros retratos, igualmente
grandes. De um lado, uma foto em preto e branco de Ella, dando seus primeiros
passos, no jardim de casa. Do outro lado, Henry gargalha ao entrar no mar pela
primeira vez. Esse lugar agora é cercado de muito amor.

Olhando para o relógio, Ana vê que não há mais tempo a perder. Eles precisam
deixar tudo pronto, para quando Christian chegar.

– Gente, vamos arrumar! Daqui a pouco o papai está aqui.

– Cadê o bolo, mamãe? - pergunta Ella.


– Está ali na caixa, filha. Abre e vê se ficou bonito.

– Mamãe, posso colocar os pãezinhos na mesa? - pergunta Henry, pegando a


bandeja com os mini-sanduíches.

– Claro, filho! - diz Ana, enquanto arruma as caixinhas de suco e a garrafa de


vinho, no cooler.

– Mamãe, vem ver! O bolo do papai ficou lindo. - diz a menina, maravilhada.
Sorrindo, Ana se aproxima da filha.

– Nossa, filha, ficou lindo mesmo!

– Eu ajudei a escolher! - diz Henry, prontamente.

– Foi o Henry que mandou fazer em azul. Eu que escolhi a frase.

– Vocês dois escolheram direitinho, o papai vai amar! - Ana beija os dois filhos. Os
três olham para a porta, ao ouvirem batidas suaves.

– Sra. Grey, a reunião acabou. - informa Andrea. - Quando eu saí da sala, eles já
estavam finalizando.

– Obriagada, Andrea. Nós já arrumamos tudo por aqui. Agora é só esperar ele
chegar.

– Bem, eu vou lá pra frente. Me avise se precisar de alguma coisa.

– Pode deixar. E mais uma vez, obrigada por tudo. - diz Ana, e a secretária deixa a
sala.

– Mamãe, tem que colocar as velas no bolo! - lembra Ella.

– Ai, meu Deus, é verdade! Cadê as velas? - Ana olha em volta.

– Aqui! - Henry acha as velas dentro de uma sacola.

– Vem, coloca no bolo. - diz Ella. O menino fica na ponta dos pés para alcançar o
bolo em cima da mesa. Com cuidado, ele coloca o 3 e o 5 no meio do bolo.

– Ficou bom? - ele pergunta.

– Ficou ótimo, Henry! O papai vai adorar. - diz a menina, com doçura. Ana sorri
com o carinho entre os filhos.
Ao ouvir uma movimentação do lado de fora da sala, Ana se apressa. Ela apaga a
luz da sala e se esconde atrás do sofá com as crianças. A voz inconfundível de
Christian se torna mais clara e próxima, mostrando que ele está a segundos de
descobrir a surpresa. Ana pode ouvir o marido dar algumas ordens do outro lado
da porta.

– Roberts, eu preciso desse balanço até o final do dia. Dependendo dos


resultados, não vale a pena fechar negócio.

– Não se preocupe, Grey. Enviarei o relatório o mais rápido possível.

– Ok, nos falamos mais tarde. - ele diz, e Ana pode ouvir a porta se abrir. - Mas o
que... Quem apagou a luz da minha sala?

Assim que Christian aciona o interruptor e as luzes se acendem, Ana, Ella e Henry
pulam de detrás do sofá.

– Surpresa! - os três gritam ao mesmo tempo.

– Oh, meu Deus! - um imenso sorriso se forma no rosto de Christian.

Maravilhado, ele olha em volta. Sua sala está toda decorada com bolas e
serpentinas nas cores azul, branco e prata. Atrás de sua mesa, há uma enorme
faixa escrita "Feliz Aniversário, papai". Christian fica emocionado. Ele se ajoelha a
tempo de receber o abraço dos filhos.

– Parabéns, papai! - as duas crianças gritam ao mesmo tempo, se jogando nos


braços do pai.

– Muito obrigado! Muito obrigado mesmo, meus filhos! - ele aperta as crianças
contra o peito.

– A gente fez uma surpresa pra você. - diz Henry.

– Vocês fizeram mesmo. Eu não tinha idéia.

– Você gostou, papai? - pergunta Ella, em expectativa.

– Se eu gostei? Eu amei, filha. Esse é o melhor aniversário que eu já tive em toda


a minha vida. - ele diz, emocionado.

– Eu te amo, papai.

– Eu também te amo, princesa. - ele beija a filha.


– Papai, tem bolo, tem pãozinho, tem suco. Tem um monte de coisa. - informa
Henry.

– Uau, vocês pensaram em tudo mesmo.

– É uma festa de verdade, papai!

– Eu estou vendo.

– Será que a mamãe pode dar um beijo no aniversariante? - pergunta Ana,


sorrindo. Christian fica em pé, puxa a esposa para seus braços e lhe dá um
beijaço, arrancando risadinhas dos filhos.

– Feliz aniversário, baby. - diz Ana, sem fôlego.

– Obrigado! Obrigado por tudo. Eu te amo, Sra. Grey!

– Eu também te amo, Sr. Grey! - eles se encostam pela ponta do nariz e sorriem
um para o outro.

– Vem, papai, vamos cantar parabéns! - diz Henry, puxando o pai pela mão.

– Mamãe, vamos pegar o bolo.

Henry leva o pai para o sofá, enquanto Ana e Ella vão buscar o bolo. Christian
senta no sofá e coloca o filho no colo. Ana acende a vela e deixa Ella velar o bolo
até o pai. Os olhos de Christian se enchem de lágrimas ao ler "Para o melhor pai
do mundo! Feliz Aniversário, papai."

– Sua mãe os levou para escolher o bolo. O mérito é todo deles. - diz Ana.

– Nós te amamos, papai. - diz Ella.

– Você é o melhor pai do mundo inteiro! - completa Henry, se agarrando ao


pescoço do pai.

– Eu também amo muito vocês.

– Agora faz um pedido, papai.

Olhando para sua família, Christian sorri. Foi um longo caminho até chegar aqui.
Muitos obstáculos, muitas lutas, mas o mais importante, muitas vitórias. Quase 4
anos após o nascimento de Henry, muita coisa mudou. Christian mudou. Tudo que
ele pensou que já soubesse sobre paternidade foi colocado a prova com a
chegada do caçula. Henry é sua cópia perfeita. Forte, selvagem, destemido,
orgulhoso, feito a imagem e semelhança de seu pai. Christian se viu refletido no
filho. Se com sua primogênita, tudo eram flores e calmaria, agora a história é outra.
Henry é indomável, e Christian precisou aprender a lidar com isso.

Mas Christian não pode reclamar. Seus filhos se equilibram. Se por um lado, Henry
é uma força da natureza, por outro, Ella exala paz. Cada dia mais parecida com a
mãe, a menina é uma fonte de doçura interminável. Se Henry não para um minuto
e é capaz de sumir da vista dos pais em um piscar de olhos, Ella parece mais
inclinada para as atividades indoor. Ana gosta de dizer que a filha será uma mulher
das artes. A menina pode passar horas a fio entretida com os livros ou com suas
pinturas, e desde nova já mostra ter ótimo gosto para obras refinadas.

Está tudo bem, quando todos que você ama estão bem. E Christian tem estado
ótimo ultimamente. Kate e Elliot acabaram de celebrar o batizado da segunda filha,
Brooke, que chegou para fazer companhia à Ava. O bistrô de Mia, o La Vie En
Rose, é um grande sucesso, um dos lugares mais concorridos de Seattle. Com o
ritmo frenético de trabalho, ela e Ethan ainda não pensam em filhos, mas eles
juram que o assunto é pauta para os próximos anos. Com a casa cheia de
crianças, Carrick e Grace, enfim, reduziram a carga de trabalho. Com mais tempo
livre, os dois podem se dedicar mais aos netos, como sempre quiseram. Christian
nunca esteve tão feliz.

– Anda, baby, faz um pedido! - diz Ana.

– Não preciso. Eu já tenho tudo que eu quero bem aqui. - ele diz, sorrindo.

Ana se senta ao lado do marido. Com o amor de sua vida ao seu lado, e cercado
pelos filhos, Christian assopra suas velas. E a única coisa que ele pensa, antes
das chamas se apagarem, é obrigado!

Notas finais do capítulo

FELIZ ANIVERSRIO, SR. GREY!!!!

Capítulo 2
Capítulo 2
Notas iniciais do capítulo

------------------------------ AVISO IMPORTANTE!!! POR FAVOR, LEIAM!!!!---------------


-----------------

Olá, meninas!!! Como estão todas??? Nossa, que saudades de vocês!!!

Depois de longos 3 meses, aqui estou eu!!! Algumas de vocês sabem (acho que a
maioria aqui me tem no facebook), outras não, mas nesses últimos 3 meses minha
casa esteve em reforma geral. E quando eu digo geral, é geral mesmo. Reformei
terraço, quintal, cozinha e fachada. Só quem já passou por obra sabe o quanto é
estressante. A bagunça, a sujeira, a despesa, enfim, um caos. Mas minha obra
acabou há 3 semanas mais ou menos, então eu pude, finalmente voltar a escrever
em paz!! Eu sei que vocês estão ansiosas para ler, mas antes eu gostaria de
passar alguns recadinhos. Durante esse período em que estive ausente, algumas
dúvidas surgiram e eu quero esclarecer algumas coisas.

POR FAVOR, LEIAM!!!

- Quantos capítulos a fic vai ter? - Não sei! Tudo vai depender da minha
inspiração. A primeira temporada era para ser curta (na verdade, eu nem tinha
planos para uma segunda temporada), então enquanto eu tiver ideias e elas forem
boas (pq não adianta eu ficar estendendo uma história sem sentido), eu vou
continuar a escrever.

- Quando você vai postar os capítulos? - Também não sei ao certo. A única coisa
que sei é que os intervalos não serão tão grandes (leia-se meses). Eu trabalho,
vou começar um curso amanhã, ainda tenho casa, marido e cachorros. Meu tempo
vago se reduziu demais, mas sempre que eu tiver um tempinho, estarei lá,
escrevendo, firme e forte.

- Você vai abandonar a fic? NÃO!!!!! Sério, vocês não sabem como essa pergunta
me aborrece. Sim, eu não sou paga para escrever, esse não é o meu trabalho (um
dia será, se Deus quiser), mas o que eu recebo escrevendo é muito melhor. A
quantidade de amizades que eu fiz, graças a essa história é imensa. O carinho que
eu recebi de vocês nos momentos difíceis que eu passei há pouco foi absurdo.
Então realmente me magoa vocês acharem que eu largaria a história assim, sem
ao menos uma satisfação.
Enquanto eu tiver tempo e inspiração, eu vou continuar escrevendo. Simplesmente
porque eu amo! Amo essa história e amo as amigas que fiz. Quando eu achar que
não vai dar mais, que não vou conseguir dar conta, acreditem, eu vou avisar que a
história vai acabar e eu darei um fim a ela. Então não precisa me xingar e nem me
mandar recados mal criados.

Nem o Nyah e nem o Wattpad permitem que a gente poste recados, eles
identificam isso como propaganda e acabam advertendo a gente. Então, qualquer
coisa, qualquer dúvida, falem comigo pelo facebook. Aliás, eu criei um grupo no
face para falar da fic. Quem quiser participar do grupo, só meu add no face: Laura
Vidaurreta de Pontes!!!

Bem, chega de enrolação!! Vamos ao que interessa...

Os primeiros raios de sol da manhã de sábado começam a invadir o quarto,


anunciando que primeiro final de semana do verão americano chegou. Christian
sente um calor subir por seu pescoço, mas ele sabe que o sol não é o responsável
por isso. Ainda de olhos fechados, ele sorri ao sentir a trilha de beijos que sua
esposa traça de seu pescoço até sua boca.

– Bom dia, aniversariante! - ela sussurra em seu ouvidos.

– Hummm, bom dia. - ele diz, puxando Ana para seus braços e acomodando-a em
seu peito. - Baby, não que eu esteja reclamando do seu bom dia, porque eu não
estou, mas meu aniversário foi segunda-feira.

– Eu sei disso, seu bobo. Mas hoje é o dia da sua festa de aniversário. - ela diz,
animada. Christian resmunga e cobre o rosto com o edredom.

– Nós precisamos mesmo ir?

– Claro que precisamos, é a sua festa de aniversário.


– Você e as crianças já me deram uma festa de aniversário, eu não preciso de
outra.

– Eu sei que você adorou a surpresa e eu fico muito feliz por isso, mas sua família
e amigos também querem comemorar com você.

– Eu sei, mas precisar de uma festa desse tamanho?

– 35 anos é uma idade icônica, precisa ser comemorado.

– Qual a diferença do 34 ou do 36?

– Toda diferença! - ela diz, apoiando o queixo no peito do marido. - Além do mais,
nós prometemos que comemoraríamos todos os seus aniversário desde, bem,
você sabe.

– Eu sei. Urgh, que horas começa essa festa?

– Começa ás 19:00, até lá você tem bastante tempo para melhoras esse humor.

– Eu não estou de mau humor, mas eu prefiro ficar com a minha esposa e os meus
filhos, a ter que passar a noite toda dando atenção para um bando de gente chata.

– Deixa a sua mãe ouvir que você está chamando ela de chata. - Ana ri.

– Não estou falando da minha família. Estou falando desse bando de gente que
você convidou.

– São seus amigos, sócios, parceiros, alguns investidores e outros possíveis


investidores.

– Tem gente que eu nunca troquei mais do que quatro frases.

– Mesmo assim, Christian. São pessoas com quem você faz, já fez ou vai fazer
negócios. É importante trazer essa gente para seu círculo de amizades. Mostra
que você não é uma figura inalcançável. É bom para os negócios. - ela diz e ele a
olha com admiração.

– Adoro quando você soa assim.

– Assim como?
– Como uma voraz mulher de negócios.

– Eu já te disse, eu aprendi com o melhor. - Ana dá uma piscadela e o beija.


Christian tenta segurá-la na cama, mas ela escapa. Ele faz beicinho. Ana ri. -
Temos muita coisa pra fazer hoje. Você tem uma vídeo conferência agora cedo e
treino com o Claude. Eu preciso ir ao clube, ver como estão indo os preparativos
para a festa, ligar para o fornecedor de bebidas e buscar as nossas roupas na
Neiman Marcus.

– Não sei porque você tem que fazer isso tudo. Podia ter pedido para a Hannah.

– A Hannah não é mais minha assistente, Christian. Eu não vou designar uma das
minhas melhores editoras para cuidar dos preparativos da festa de aniversário do
meu marido. Essa função é minha, pessoal e intransferível. Ah, eu tenho que
perguntar a sua mãe se ela pode ficar com as crianças, enquanto eu estou na rua.
A Gail não estará aqui pela manhã.

– Eu posso ficar com as crianças.

– E a sua conferência? E o treino?

– Nenhuma das duas coisas é mais importante do que os meus filhos. Além do
mais, a conferência é agora às 8:30h, as crianças ainda estão dormindo. E
enquanto ao treino, não tem problema nenhum. É só deixar os dois entretidos com
alguma coisa dentro da academia.

– Tem certeza?

– Absoluta.

– Ok! Então que tal um banho antes do café da manhã? Aí você me mostra o que
estava querendo fazer aí na cama. - diz Ana. Christian dá uma sorriso lascivo. Ele
pula da cama e segue a mulher até o chuveiro.

Sorrindo e abraçados, Ana e Christian seguem até a copa, onde encontram a


mesa do café da manhã fartamente posta.

– Bom dia, Hilda! - diz Ana.

– Bom dia, Sr. e Sra. Grey! - responde a simpática governanta, braço direito de
Gail. Nascida na Inglaterra, Hilda se mudou com a família para os Estados Unidos
ainda criança. Hoje, aos 56 anos, ainda não perdeu seu sotaque britânico. Hilda foi
contratada para ajudar Gail na organização da casa, já que a Sra. Taylor dedica
seu tempo às crianças Grey.

– Hilda, o Taylor e a Gail já saíram? - pergunta Christian.

– Já sim, senhor. Eles saíram bem cedo. A reunião na escola da Sophie começava
bem cedo.

– As vezes eu me esqueço que a Sophie já tem 15 anos. - Ana suspira,


saudosista.

– Semana que vem ela começa o segundo grau. - completa Christian. - Desde que
ela veio morar com o Taylor e a Gail, ela tem se dedicado cada vez mais aos
estudos. Eu não vou me surpreender se ela entrar para Yale ou Stanford.

– A Sophie é uma menina muito inteligente e dedicada. Ela terá um futuro brilhante
pela frente.

– Com certeza! - diz Christian. - Bem, vamos comer. Estou morrendo de fome.

O casal saboreia seu café da manhã. Ana, além de seu tradicional chá Twinings,
devora uma tijela de frutas da estação com granola e um belo omelete de claras.
Já Christian se delicia com ovos mexidos com bacon e um belo copo de suco de
laranja.

– O senhor aceita uma xícara de café?

– Agora não, Hilda. Eu tenho uma vídeo conferência em poucos minutos. Mas
depois eu vou querer sim.

– Só me avisar. - diz a governanta.

– Já são 9:00h? - pergunta Ana.

– São 10 para às 9:00. - responde Christian, olhando para o relógio.

– Eu vou acordar as crianças. Hilda, você pode preparar o café da manhã deles,
por favor? Cereal com leite para a Ella e mingau de aveia para o Henry. Não
precisa ser agora, ainda vou colocá-los para tomar banho.

– Claro!
– Quer ajuda com as crianças?

– Não, baby, obrigada.

– Eu posso atrasar a conferência por alguns minutos.

– Eu sei, baby, você é um amor, mas realmente não precisa. - Ana beija o marido.
- Eu vou me apressar. Quero deixar as crianças prontas, antes de sair.

– Se precisar de mim, estarei no escritório. - após outro beijo, Christian segue para
seu escritório, enquanto Ana segue para os quartos dos filhos.

Entrar no quarto de Ella é como entrar em um conto de fadas. Paredes cor de


rosa, laços de fita, flores e coroas para todos os lados. Torres de castelo, moveis
vitorianos, longas cortinas, cama com dossel de voal, tudo que um quarto de
princesa tem direito.

Pé ante pé, Ana entra no quarto da filha. Alguns raios de sol atravessam as frestas
das cortinas, iluminando levemente o ambiente. Acomodada em sua cama,
cercada por seus bichos de pelúcia, Ella dorme tranquilamente. Ana sorri e se
sente culpada por acordar a filha.

Ajoelhando ao lado da cama da menina, Ana sussurra em seu ouvido.

– Bom dia, princesa. Hora de acordar. - ela diz, acariciando o rosto da filha.

– Mamãe? - Ella esfrega os olhos, sonolenta.

– Oi, meu amor. Bom dia. - Ana beija e abraça a filha.

– Bom dia. Que horas são?

– São 9 da manhã. Eu sei que é cedo, mas eu preciso sair para ver as coisas para
a festa do papai, então preciso deixar você e seu irmão arrumados e de café da
manhã tomado. O papai vai ficar com vocês, enquanto eu vou na rua.

– Eu posso ir com você? Eu quero ajudar na festa do papai.

– Claro que pode, princesa.

– Oba!
– Então tome banho, se arrume e desça para tomar café. A Hilda vai preparar seu
cereal. Eu vou acordar o seu irmão e levá-lo para tomar banho. Encontro você lá
embaixo, combinado?

– Combinado. - Ella pula da cama, animada. - Cadê o papai?

– Está no escritório, trabalhando.

– Eu quero dar um beijo de bom dia nele.

– Não se preocupe, amor, antes da gente sair, o papai já terminou o que está
fazendo. Agora se apressa. Toma banho, escova os dentes e desce pra tomar
café.

– Tá bom! - diz a menina, correndo para o banheiro. Ella se tornou uma criança
independente e muito responsável. A cada dia que passa, está mais parecida com
a mãe. Ana não podia estar mais orgulhosa.

Caminhando em direção ao quarto do filho, Ana pensa o quão abençoada ela é.


Um marido maravilhoso, filhos incríveis, anos de paz em suas vidas. Ana só tem a
agradecer. Abrindo a porta do quarto de Henry, seu coração se enche de amor. O
quarto de Henry reflete o dono: um pequeno e adorável caos. Assim como Henry,
seu quarto não segue um padrão. Há super heróis, carros, barcos, aviões, piratas
e tudo mais que uma criança possa querer. Bolas de futebol e luvas de beisebol
dividem o lugar nas prateleiras com livros e bonecos de ação. Mas há uma certa
organização em meio a essa "desordem". Henry não gosta que arrumem seu
quarto, pois isso atrapalha sua bagunça organizada. Como pode um ser tão
pequeno, ter tanta personalidade?

Ana senta na cama e afaga os cabelos do filho. Henry se remexe.

– Bom dia, meu ursinho. - ela diz, com carinho.

– Não, mamãe. Eu tô dormindo. - ele resmunga, de olhos fechados. Ana ri.

– Eu sei, meu amor. Mas tá na hora de acordar. Hoje é a festa do papai, lembra?

– Eu tô com sono. - ele esfrega os olhinhos.

– Eu sei, amor. A mamãe promete que deixa você dormir até mais tarde amanhã,
tá bom? Agora a mamãe vai te dar um banho bem gostoso e nós vamos descer
pra tomar café. A Hilda preparou mingau de aveia pra você. Vamos? Vem com a
mamãe. - diz Ana, pegando o filho no colo. Henry deita a cabeça no ombro da mãe
e segue, resignado, para o banho.

Christian sai do escritório no momento em que seus filhos terminam de tomar café.
Assim que avista o pai, Ella salta da cadeira e corre para abraçá-lo.

– Papai! Bom dia. - ela diz, se jogando nos braços do pai.

– Bom dia, minha princesa. Você dormiu bem?

– Dormi sim.

– Ah, que bom! - ela dá um abraço apertado na menina. Olhando para a mesa, ele
vê Henry aninhado no colo de Ana, com a cara emburrada. - Ei, garotão, o que
houve?

– A mamãe me acordou muito cedo. - ele diz, então Christian percebe que a cara
fechada do filho, na verdade, é sono. Ele e Ana sorriem.

– Mas hoje é um grande dia.

– Eu disse pra ele que hoje é a festa de aniversário do papai. - diz Ana.

– E sabe o que mais? Daqui a pouco o papai vai ter aula de boxe. - diz Christian, e
Henry parece despertar na hora.

– Eu posso ir com você?

– Claro que pode! Por que você não vai buscar suas luvas? Daqui a pouco o
Claude chega.

– Eba! - Henry salta do colo da mãe e corre para o quarto.

– Num raro momento em que ele está sonolento, e você poderia ter uma manhã
tranquila, você resolve agitá-lo. - diz Ana. Christian ri e beija a esposa.

– O que eu posso dizer? Eu gosto de fortes emoções. - ele diz, envolvendo Ana
em seus braços.

– Mamãe, estou pronta. - diz Ella, se aproximando dos dois.


– Já escovou os dentes?

– Sim! - ela diz, abrindo um imenso sorriso.

– Então vamos.

– Ué, você vai com a mamãe? Achei que você fosse querer ficar comigo. - diz
Christian, se agachando na frente da filha.

– Eu quero ajudar a arrumar a sua festa, papai. Mas não se preocupe, você não
vai ficar aqui sozinho. O Henry vai ficar aqui pra te fazer companhia. - diz Ella, e
Christian sente o coração se encher de amor.

– Ah, então tá bom! Mas Henry e eu vamos sentir saudades das nossas princesas.

– A gente já volta, papai. É rapidinho.

– Tudo bem, vamos ficar esperando vocês voltarem.

– Vamos, meu amor? - chama Ana.

– Vamos.

– Cadê o beijo do papai? - Christian pede e Ella dá um beijo estalada na bochecha


do pai.

– Te amo, papai.

– Eu também te amo, minha princesa. - Christian se levanta e beija a esposa. - E


eu amo você, minha rainha.

– Eu também te amo, baby. Filha, avisa o Luke que nós já estamos saindo.

– Tá bom, mamãe. - diz Ella, segundo para a garagem. Christian evolve Ana em
seus braços.

– Cuidado na rua, por favor.

– O Luke vai com a gente, não se preocupe.

– Eu sempre me preocupo. Vocês três são o meu bem mais valioso.


– Eu sei, e eu te amo demais por isso. - o casal é interrompido por Henry, que
chega correndo.

– Papai, já tô pronto pra lutar! - grita o menino, exibindo seu par de luvas de boxe.

– Opa, devagar, garotão! O que já falamos sobre correr dentro de casa? - diz
Christian, pegando o filho no colo.

– Não pode correr. - Henry responde, fazendo carinha de culpado. Ana e Christian
se derretem.

– Isso mesmo, furacão! Dá um beijo na mamãe, ela vai sair. - Christian inclina
Henry na direção de Ana. O menino agarra o pescoço da mãe e lhe dá um beijo
apertado na bochecha.

– Tchau, mamãe.

– Tchau, meu ursinho! Se comporta, seja bonzinho pro papai. Mamãe te ama!

– Tá bom! Também amo, mamãe.

– Tchau, baby, até daqui a pouco.

– Voltem logo. Te amo! - ele beija a esposa.

– Também te amo. - Ana se despede e sai.

– Agora somos só nós, os garotos. O que nós vamos fazer?

– Vamos lutar!

– Isso aí! Vamos lutar. Você vai deixar o papai ganhar dessa vez?

– Não. Eu vou ganhar!

– Ah, deixa o papai ganhar, só uma vez?

– Tá bom, você pode ganhar papai.

– Ah, muito obrigado! - Christian enche Henry de beijos e cócegas. Os dois


seguem para a academia.
Já passa das 15:00h quando Ana e Ella chegam em casa. Enquanto a filha corre
para o quarto, Ana anda pela casa, em busca de Christian e Henry. Não é preciso
procurar muito. Ana encontra os dois na sala de TV. Acomodados nas imensas
chaises, os dois assistem um filme juntos.

– Achei os meus amores. - diz Ana, recostada na entrada da sala.

– Mamãe! - Henry pula do sofá e se joga no colo da mãe.

– Oi, meu amor! Como foi o dia de vocês?

– Foi muito legal! Nós lutamos, depois corremos em volta da piscina, depois
jogamos bola.

– Uau, vocês fizeram tudo isso? E você não está nem um pouco cansado,
mocinho? Achei que fosse chegar em casa e encontrar você dormindo.

– Eu não tô cansado, mas o papai quase dormiu no filme. - diz Henry, entregando
o pai.

– Ah, mas o papai é velho, filho. Nós temos que pegar leve com ele. - diz Ana,
rindo.

– Está me desmoralizando na frente do meu filho, Sra. Grey?

– De jeito nenhum. - ela diz, segurando o riso. Christian abre os braços. Ana se
aconchega ao lado do marido, com Henry entre eles.

– E você? Conseguiu resolver tudo na rua?

– Sim, está tudo pronto para mais tarde.

– Cadê a Ella?

– Foi pro quarto. A Jennifer, a florista, deu um livro lindo para a Ella, com fotos de
mais de 200 espécies de orquídeas.

– Uau, que bacana. Mas por que ela fez isso?

– Porque da primeira vez que nós estivemos lá, a Ella ficou encantada com o
orquidário dela. As duas emendaram um papo sobre flores, e hoje ela veio com
essa surpresa.
– Nossa, que atencioso da parte dela. Peça para a Ella escrever um cartão de
agradecimento.

– O que você acha que ela foi fazer? As duas coisas que ela queria fazer, assim
que chegasse em casa: escrever um cartão para a Jennifer e te mostrar o livro.
Daqui a pouco ela está apontando por aqui.

– Ela é tão preciosa. Não é a toa que todos se apaixonam por ela. Por eles dois! -
diz Christian, beijando o filho. - Nós temos filhos maravilhosos, Ana!

– Temos mesmo! Nós somos muito abençoados. - o casal se olha com muita
ternura.

– Mamãe, já está na hora da festa do papai? - pergunta Henry.

– Ainda não, filho. A festa do papai é mais tarde.

– Eu também vou?

– É claro que vai! - responde Christian. - De jeito nenhum eu vou fazer uma festa
sem o meu melhor amigo.

– Eu sou seu melhor amigo? - pergunta o menino, olhando para o pai, encantado.

– É claro que é! Você é o meu melhor amigo do mundo todo.

– Você também é o meu melhor amigo, papai! Do mundo todo. - ele se joga no
colo do pai e o abraça.

– E a mamãe? - pergunta Christian.

– A mamãe é a minha melhor mamãe do mundo todo! - responde o menino,


arrancando gargalhadas dos pais.

– Ah, eu sou sua melhor mamãe? Você não tem nenhuma outra melhor do que
eu?

– Não, mamãe, você é a melhor!

– Ah, que bom, fico muito feliz.

– E a mamãe não é linda, filho?


– É sim! A mais linda.

– A mamãe é a mais linda do mundo, não é?

– A mamãe é a mais linda do mundo todo!

– Então vamos encher a mamãe de beijos! - diz Christian. Pai e filho agarram Ana
e a enchem de beijos.

Às 20:00 em ponto os primeiros convidados começam a chegar ao Rainier Golf &


Country Club. Ana reservou o setor vip do clube, uma área composta por um
imenso salão de baile, pista de dança externa, bar tropical, entrada privativa e
centro recreativo infantil, tudo isso em 350 metros quadrados. Ana fez questão de
cria um clima informal e descontraído. O salão de baile recebeu grandes mesas
redondas, onde o jantar será servido. Uma banda toca clássicos do jazz, fazendo o
som ambiente do lugar. Do lado de fora, um DJ comanda as pickups e anima a
pista de dança. No centro recreativo, 5 animadores infantis tomam conta e
entretém a criançada, enquanto os pais podem curtir a noite.

Ana e Christian estão na entrada do salão de baile, quando Carrick e Grace


chegam. Os dois seguem para cumprimentar o filho e a nora.

– Feliz aniversário de novo, querido. - diz Grace, abraçando Christian.

– Obrigado, mãe. Que bom que vocês vieram.

– Estávamos loucos para te dar um abraço. - diz Carrick.

– Olá, querida! - Grace abraça Ana. - Uau, está tudo lindo.

– Que bom que vocês gostaram.

– E onde estão as crianças? - pergunta Carrick, cumprimentando a nora.

– O Henry está na área de recreação, e a Ella estava com a Ava, lá na pista de


dança.

– O Elliot e a Kate já chegaram?

– Chegaram ainda há pouco. Vem, eu levo vocês à mesa da família. - diz


Christian, conduzindo os pais para a mesa, enquanto Ana continua recebendo os
convidados. A próxima a chegar é Andrea, secretária de Christian.
– Andrea, oi! Que bom que vieram. - Ana recebe a moça com um abraço.

– Sra. Grey, obrigada pelo convite.

– Nós não estamos na Grey House, você pode me chamar de Ana.

– Tudo bem, Ana. Ah, você se lembra do meu marido, Ronald? - diz a loura,
introduzindo o marido na conversa.

– Claro! Como vai, Ronald?

– Muito bem! Obrigado por nos receber.

– Imagina! E o bebê, como está?

– Ele está ótimo, graças a Deus! Lindo, saudável e crescendo a cada dia. Na
verdade, é a nossa primeira noite longe dele.

– Ah, eu sei bem como é.

– Mas eu preciso me acostumar, daqui há duas semanas, eu volto ao trabalho.

– Nossa, já? Como o tempo passa rápido.

– Muito rápido.

– Bem, fiquem à vontade. - diz Ana, seguindo para receber mais convidados.

A noite corre animada. Com a família toda reunida, Christian se diverte e aproveita
a comemoração. Ele puxa Ana para a pista de dança e os dois dançam por horas.
Mia anima a família, dando sugestões de músicas ao DJ e liderando as
coreografias.

– Eu preciso de uma pausa. - diz Kate, fazendo cara de exausta. - Vou me sentar.

– Eu vou com você. - diz Ana.

– Vocês querem beber alguma coisa? - - pergunta Christian.

– Você me consegue uma taça de prosecco, baby?

– Claro! Alguma coisa pra você, Kate?


– Água, por favor.

– Ok! Podem sentar, nós levamos pra vocês. - diz Christian. Ele e Elliot seguem
para o bar, enquanto Ana e Kate vão se sentar.

Assim que chega à mesa, Kate se joga na cadeira e tira os sapatos.

– Ai, meu Deus, eu estou tão cansada! - diz a loura.

– É minha amiga, nós não temos mais o mesmo pique.

– O que aconteceu com a gente, Steele?

– Marido, filhos, carreira, idade. Nós não temos mais 20 anos, Kavanagh.

– Eu podia dançar em uma boate durante horas, a noite inteira, até o sol raiar.
Hoje em dia, eu só vejo o dia amanhecer da janela do quarto, dando de mamar
para a Brooke, ou colocando a Ava de volta no quarto, depois que ela vem para a
nossa cama de madrugada. - Kate se lamenta.

– É, nossa realidade agora é outra.

– Eu sei, mas eu sinto falta da minha realidade antiga. - ela diz, e Ana sente uma
ponta de amargura na voz da amiga. Mas antes que ela possa falar qualquer
coisa, Christian e Elliot se aproximam, dando um fim ao assunto.

– Seu prosecco, baby. - diz Christian, entregando a taça para a esposa.

– Obrigada. Você viu se as crianças estão bem?

– Sim, está tudo bem. Minha mãe está lá na área de recreação com elas.

– Com licença, Sra. Grey. - Beth, a babá das filhas de Kate e Elliot, se aproxima. -
A Brooke acordou.

– Você quer que eu vá? - pergunta Elliot.

– Não, isso é só comigo mesmo. - diz Kate, apontando para os seios. - Eu já volto.
- Kate se retira e Ana pode notar uma certa tensão entre a amiga e Elliot.

– E como está a Brooke? Já está dormindo melhor? - ela pergunta, tentando


sondar alguma coisa.
– Mais ou menos, mas ela só tem 4 meses, daqui a pouco melhora. Foi assim com
a Ava.

– E vocês dois, já conseguiram sair sozinhos, sem as meninas?

– Para ser sincero, eu não me lembro a última vez que ficamos sozinhos, só eu e a
Kate. - ele diz, resignado. - Agora, nem dormir mais sozinhos a gente consegue.
De umas semanas pra cá, a Ava tem vindo para a nossa cama de madrugada.

– Vocês sabem que podem contar com a gente para qualquer coisa, não é? O que
precisarem, é só chamar.

– Eu sei, cunhadinha. - ele diz, beijando o rosto da cunhada. - Eu vou lá, ver se a
Kate está precisando de alguma coisa. Com licença.

Quando Elliot sai, Ana fica pensativa. Notando a preocupação da esposa, Christian
a envolve em seus braços e beija o topo de sua cabeça.

– Ei, não se preocupe, vai ficar tudo bem. - ele diz, aconchegando-a em seu peito.
Ana se aninha.

– Obrigada.

– Pelo quê?

– Por me entender. Por ser minha rocha.

– Tudo por você, Sra. Grey. - ele diz, e a beija. Os dois são interrompidos pelos
gritos estridentes de Mia.

– Christian! Christian! - ela se aproxima da mesa, apressada. - A mamãe está te


procurando.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa?

– Ela quer cantar parabéns. - diz Mia, e a feição de Christian se fecha.

– Eu não vou cantar parabéns. - ele diz, sério.

– Por que não?

– Porque é ridículo! Eu não tenho mais idade para cantar parabéns.


– Não existe festa de aniversário sem parabéns. - contesta Mia.

– A Mia está certa, é claro que você vai cantar parabéns.

– Eu não vou, Anastasia.

– Ah, Christian, por favor! As crianças vão adorar cantar parabéns com você. - ela
diz, e Christian sabe que não há mais discutir. Mesmo a contra gosto, ele segue
para o grande salão para cantar parabéns.

Após o bolo ser cortado, os primeiros convidados começam a deixar a festa. Não
demora muito para o salão ficar vazio, restando apenas a família Grey. Sentados à
mesa, a família conversa animada, enquanto as crianças brincam sob os olhares
dos pais. Um dos garçons se aproxima, trazendo alguns embrulhos de presentes.

– Com licença, Sr. Grey. Aqui estão os presentes. Onde eu posso colocar?

– Eu disse que não queria ganhar presentes. Eu preferia que tivesse feitos
doações.

– Algumas pessoas ainda fazem questão de dar presentes. - diz Ana. - Pode
colocar aqui no chão mesmo. - ela diz ao garçom, que coloca os pacotes no chão,
ao lado da mesa.

– Deixa as crianças abrirem, elas vão se divertir. - sugere Ethan.

– Boa ideia! - diz Mia. Ela, então, coloca as três crianças sentadas ao redor dos
pacotes e organiza a abertura. A primeira a desembrulhar um pacote é Ella.

– Olha papai, você ganhou uma caneta! Olha que bonita. - diz a menina,
mostrando a caixa da caneta Mont-Blanc.

– Muito bonita mesmo, filha.

– Aqui, papai, você ganhou gravata! - diz Henry, mostrando a caixa com um trio de
gravatas de seda da Armani.

– Tio, você ganhou uma garrafa de vinho. - diz a menina, mostrando a caixa de um
Sauvignon Blanc, safra de 2001.

Enquanto as crianças abrem os outros presentes, Christian engrena uma conversa


com o pai e o irmão. A conversa fui animada, até que Ella chama a atenção do pai.
– Olha, o papai ganhou uma foto! - diz a menina.

– Uma foto?

– É, Tia Mia. Uma foto de uma moça, um homem e um bebezinho. - ela diz,
atraindo a atenção da família.

– Deixa a mamãe ver. - diz Ana. Ella, entrega a foto para a mãe.

Assim que põe os olhos da fotografia, o coração de Ana dispara. A tensão em seu
rosto é evidente e não passa desapercebido por Christian.

– Ana, o que é isso?

– É uma foto. - ela diz, trêmula.

– Isso eu já notei. De quem é essa foto?

– É... sua. - ela diz e Christian se tenciona na hora. Ele estende a mão, pedindo a
foto. Ana hesita por um momento, mas entrega o retrato ao marido. Ao olhar a foto,
o mundo de Christian para. Sentados na grama, uma família sorri para a câmera.
Um jovem casal e seu belo bebê de cabelos acobreados e olhos cinza. Ao virar a
foto, Christian reconhece a letra da mãe:

"Eu, mamãe e papai, no meu primeiro aniversário!

Detroit, 18/06/1984"

A tensão no ambiente é palpável. Todos parecem estar prendendo a respiração.


Christian está prestes a explodir.

– Ei, quem quer ir lá fora, dar pão para os patos? - pergunta Ethan para as
crianças. Os três pulam de alegria.

– Eu! - o coro é unânime.

– Então vamos lá fora! Vem, vamos alimentar os patos. - Ethan conduz as crianças
para fora. Assim que as crianças saem, as perguntas explodem.

– Quem são essas pessoas?

– Você tem certeza que é você?


– O que diz no verso da foto?

– Quem te mandou essa foto?

As perguntas vêm de todos os lados, mas Christian parece não ouvir. Ele
permanece com os olhos vidrados na imagem. Ella, sua mãe, exibe um imenso
sorriso, enquanto segura um Christian gorducho e sorridente. O homem ao lado
dos dois, seu pai, segura um pequeno bolo com uma vela acessa. Ele parece
gargalhar. Esse homem que ele não conhece, que até hoje nunca havia visto uma
foto sequer, seu pai. Um turbilhão de emoções o atinge e ele já não pode mais
lidar com isso. Deixando a foto cair sobre a mesa, Christian dá as costas e sai do
salão, deixando todos preocupados.

– Christian! - Grace o chama, mas é inútil.

– Eu vou falar com ele. - diz Ana, levando da mesa e correndo atrás do marido.

Chegando ao jardim, Ana encontra Christian andando de um lado para o outro,


passando as mãos pelos cabelos nervosamente.

– Baby, por favor, fale comigo.

– Isso não faz sentido. É ridículo! - ele diz, com um misto de fúria e receio. - Quem
pode ter me mandado isso? E por quê? Por quê agora?

– Será que não foi a Maggie que mandou a foto?

– Ela não me mandaria uma foto assim, sem me avisar antes. Ela teria me ligado,
ou coisa do tipo.

– Olha, não fica imaginando coisas. - ela se aproxima e toma o rosto do marido
entre as mãos. - No melhor dos casos, agora você tem uma foto dos seus pais,
juntos.

– E no pior dos casos, tem alguém aí querendo mexer com a minha cabeça. Eu já
passei por isso uma vez, eu não posso fazer isso de novo.

– Ei, não tem ninguém querendo mexer com a sua cabeça. E mesmo que tenha,
você sabe que não está sozinho. Eu estou aqui com você.

– Eu sei.
– Não deixa isso estragar a nossa noite, estragar o seu aniversário. Vamos pra
casa descansar, amanhã é domingo, nós temos o dia inteiro para nos divertir. A
gente pensa nisso na segunda feira.- ela pede, e ele respira fundo.

– Ok! Vamos pra casa. - ele diz, dando a mão para a esposa.

De volta ao salão, Christian avisa que não quer falar sobre a foto. Ele pede que
todos compreendam que ele precisa de um tempo para entender o sentido desse
"presente". Mesmo a contra gosto, a família aceita respeitar o espaço dele.
Encerrando a noite, todos se despedem e seguem para suas casas.

Assim que entra em casa, Christian sente uma sensação de segurança


inexplicável. Sua casa é sua fortaleza, seu santuário. Por trás dessas portas, não
pode atingi-lo. Nem a ele, nem a sua família.

– Baby, por que você não vai se deitar? Eu cuido das crianças. - diz Ana.

– Não, eu posso te ajudar.

– Eu sei, mas não precisa. Eles vão tomar um banho rápido, eu vou colocá-los na
cama e daqui a pouco estou no quarto com você.

– Você tem certeza?

– Absoluta. - ela diz. Cansado e preocupado, Christian dá um beijo rápido nos


filhos e segue para o quarto.

Após dar banho nos filhos, Ana pede para Ella se vestir, enquanto ela coloca
Henry para dormir. Assim que o caçula adormece, Ana segue para ver a
primogênita. Chegando no quarto da menina, Ana a encontra sentada na beira da
cama.

– Filha, achei que você já estivesse deitada.

– Eu estava esperando você, mamãe.

– Eu já cheguei, então já pra cama, mocinha. - diz Ana, com um sorriso. Ella deita
na cama e Ana cobre a filha com o edredom. - Boa noite, minha princesa.

– Boa noite, mamãe. - Ana beija a filha e segue para a porta, quando a menina a
chama de volta. - Mamãe?
– Oi, meu amor!

– O papai está bravo comigo? - ela pergunta e Ana perde o ar.

– Não, meu amor! Claro que não. Por que você acha que o papai está bravo com
você? - Ana volta e se senta na cama da filha.

– Porque eu mostrei pra ele aquela foto. Eu sei que ele não gostou. Ele ficou bravo
comigo? - ela pergunta, melancólica. Ana sente o coração se partir.

– Amor, presta atenção no que a mamãe vai dizer! Sim, o papai ficou um pouco
abalado quando viu aquela foto. Aquela é uma época da vida do papai que foi bem
complicada, e um dia ela vai contar tudo pra você e pro seu irmão. Mas o seu pai
nunca, em hipótese nenhuma, ficaria bravo com você por isso. Você não fez nada
de errado! Seu pai te ama mais do que tudo nessa vida. Você e seu irmão são a
vida dele. Você acredita na mamãe?

– Acredito.

– Então dorme tranquila. Está tudo bem. Durma com os anjos, meu amor. - Ana
beija a filha novamente e deixa o quarto, para que a menina possa dormir em paz.

De volta ao seu quarto, Ana segue direto para o banheiro. Já de banho tomado,
ela pode, enfim descansar. Na cama, ela encontra Christian deitado, encarando a
foto em suas mãos. Ela deita e se acomoda no peito do marido.

– Como você está? - ela pergunta.

– Eu não sei. É estranho olhar para essa foto. Ela não parece real. Eu reconheço a
minha mãe, eu me reconheço nessa criança, mas mesmo assim, não parece real.
E esse homem, eu não o conheço. Eu não sei quem ele é. Esse homem que está
nessa foto, rindo de orelha a orelha, feliz de verdade, não parece o mesmo homem
que abandona a mulher e o filho doente. Eu não sei qual dos dois ele é.

– Você não precisa saber, se não quiser.

– E eu não quero. Ele não é meu pai. Ele não é nada pra mim. - ele diz, em tom de
desabafo.

– Por falar em pai, sua filha acha que você está bravo com ela. - revela Ana,
fazendo Christian pular da cama.
– O que? Por que?

– Porque foi ela quem abriu a foto. Ela viu que você ficou nervoso e achou que
você estivesse bravo com ela por causa disso.

– Não, eu não estou! Meu Deus, como ela pôde pensar isso? - Christian fica
agitado.

– Ela tem seis anos, baby. A reação natural dela ao te ver nervoso, foi achar que a
culpa era dela.

– O que você disse pra ela?

– Eu disse a verdade, que você ficou abalado com a foto porque era parte do seu
passado. Eu disse que um dia você conversaria com ela e com o Henry sobre isso.
E disse que isso não tinha nada a ver com ela. Que você a ama demais e que
nunca ficaria bravo com ela por causa disso.

– E ela?

– Ela acreditou, porque é verdade.

– Eu vou lá falar com ela.

– Baby, ela está dormindo. Amanhã vocês dois conversam. Não se preocupe,
nossa filha é muito inteligente. Ela entendeu que está tudo bem.

– Você tem certeza?

– Absoluta. Vem, vamos dormir.

– Eu não quero que ela pense que eu estou bravo com ela.

– Ela não pensa mais isso, já passou. Vem deitar, você precisa descansar. - Ana o
chama de volta para a cama. Christian hesita um pouco, mas acaba cedendo.
Pouco tempo depois, os dois adormecem abraçados.

No meio da madrugada os olhos de Christian se abrem. Seu coração está


angustiado e só há uma coisa que ele pode fazer para resolver isso. Com cuidado,
Christian sai da cama e deixa o quarto. Pé ante pé, ele segue para o quarto da
filha.
Ella parece dormir tranquila, mas é só ouvir a voz do pai, que seus olhos abrem
imediatamente.

– Oi, princesa. - ele sussurra, ajoelhado ao lado da cama da menina.

– Oi, papai. - ela responde, insegura.

– O papai só veio dizer que te ama muito. Você e o seu irmão foram as melhores
coisas que eu já fiz na vida e nunca, nada e nem ninguém vai mudar isso. E
mesmo quando eu, de fato, ficar bravo com você, meu amor nunca vai mudar. Tá
bom?

– Tá bom. Eu também te amo, papai.

– Pra sempre?

– Pra sempre. - ela responde com uma lindo sorriso. Christian beija a testa da filha.

– Boa noite, minha princesa.

– Boa noite, papai. - com o coração aliviado, Christian pode voltar a dormir.

O domingo passa rápido. Com a ajuda de Mia e Gail, Ana consegue manter as
crianças entretidas, enquanto ela, Christian, Grace e Carrick discutem sobre a
origem da fotografia. Em um telefonema Maggie confirma o que Christian já sabia:
não foi ela quem enviou o "presente". Apesar da dúvida ainda permanecer no ar,
Christian sente um certo alívio ao saber que a senhora não recebeu nada suspeito
e não foi procurada por ninguém do passado. Maggie informa, também, que não
tem conhecimento sobre nenhum familiar vivo de Ella. Após uma longa conversa
com Ana e seus pais, Christian decide pedir a Welch que investigue a origem e o
remetente da foto.

E é a primeira coisa que Christian faz, ao chegar em seu escritório na segunda


feira. Depois de delegar esse serviço ao seu chefe de segurança, Christian pode,
enfim, se concentrar em seu trabalho. Após uma longa reunião, ele está conferindo
um relatório quando o telefone em sua mesa toca.

– Grey!

– Desculpe incomodar, Sr, Grey. - Caroline, a moça que está substituindo Andrea
em sua licença maternidade, não consegue lidar com o jeito intimidador de
Christian. -Mas o seu pai está na linha, ele gostaria de falar com o senhor. Posso
passar a ligação?

– Claro que pode. - ele diz, impaciente. Ele não vê a hora de Andrea voltar ao
trabalho. Ao ouvir o bipe de transferência, Christian inicia a conversa. - Oi, pai! Por
que você não ligou para o meu celular?

– Eu não tenho o número do seu celular.– a voz do outro lado da linha,


definitivamente não é de Carrick.

– Quem está falando?

– Você recebeu o meu presente?

– Eu não sei quem é você e não sei de que presente você falando.

– Claro que sabe! Eu te mandei um foto de presente. Você recebeu, não


recebeu?– diz o homem, e Christian pode sentir o sangue pulsando em seus
ouvidos.

– Eu não sei como você conseguiu enganar a minha secretária, mas eu não tenho
mais nada para falar com você. - a voz de Christian é gélida.

– Eu não enganei a sua secretária.

– Você não é... - Christian começa, mas o homem o interrompe.

– Você está certo, eu não sou Carrick Grey. Mas eu sou o seu pai. - o coração de
Christian dispara.

– O que? - sua voz é quase inaudível.

– Olá, filho.

Notas finais do capítulo

E aí, gostaram??? O que será que o pai do Christian quer???

Qualquer dúvida sobre a próxima postagem, leia o recado acima, ou me add no


facebook!! É muito bom estar de volta... estava com muita saudades de vcs!!!
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Temporada" morrer!
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Notas iniciais do capítulo

Cadê minhas bonitasssssss????? Tuduba, gente???

Viu só, esse capítulo nem demorou tanta assim pra chegar... rsrsrsr

Bem, sei que ninguém tá muito afim de falar comigo, então vamos ao que
interessa!!!

Espero que gostem!!

– Você está certo, eu não sou Carrick Grey. Mas eu sou o seu pai. - o coração de
Christian dispara.

– O que? - sua voz é quase inaudível.

– Olá, filho.

– O que... o que foi que você disse? - a voz de Christian é trêmula.

– Eu disse "olá, filho".– diz o homem, com um certo humor.

– Quem está falando?

– Eu já disse!

– Eu quero a verdade!

– Eu estou dizendo a verdade.

– Não, não está! Eu quero saber quem é você agora! - Christian se exalta.
– Meu nome é Joseph Palmer e eu sou seu pai. – diz o homem, com a voz serena.

– Pare de dizer isso!

– Você pediu a verdade e eu estou dizendo.

– Olha, eu não sei quem você é e nem o que você quer, mas essa brincadeira já
está me tirando do sério.

– Você tem o meu temperamento.

– Pare de falar como se me conhecesse!

– E eu conheço. Tudo bem, tem muitos anos que eu não te vejo, mas sim, eu te
conheço.

– Já chega! Essa conversa acabou. - Christian se prepara para desligar o telefone,


quando o homem revela.

– Você tem uma marca de nascença nas costas. São três pintas, que formam um
triângulo. Eu sei, porque eu também tenho. Você as puxou de mim.– ele diz, e
Christian fecha os olhos, relembrando uma noite com sua esposa.

Christian está deitado de bruços na cama. Ele sorri ao sentir sua esposa se
acomodar em suas costas. Ela cheira a rosas, sua pele ainda úmida do banho
recém tomado. Ela esfrega o nariz na nuca do marido, seus dedos percorrem a
coluna dele.

– Você é tão bonito. - ela suspira.

– O que? - Christian acha graça.

– Você é lindo. Cada pedacinho de você é lindo.

– Sra. Grey, a senhora tomou alguma coisa no banheiro? - ele ri.

– O que foi? Uma mulher não pode elogiar o próprio marido?

– Claro que pode. Mas você está me deixando constrangido.

– É melhor se acostumar, Sr. Grey. Eu pretendo passar o resto da minha vida te


elogiando. - ela diz, sorrindo.
– Está tentando me seduzir?

– Sempre. - ela diz, e ele tenta se virar. Ela o impede. - Não, não se vire. Está bom
aqui. Eu gosta das suas costas.

– Mas eu quero te ver. Admirar você.

– Não, aqui está tão bom. - ela diz, fazendo charme e abraçando-o.

– Ok, você venceu. - ele dá um sorriso de canto de boca.

Ana se acomoda nas costas do marido. Christian sente os dedos da esposa


circularem um único ponto das suas costas.

– Eu gosto disso. - ela diz.

– Disso o que?

– Dessas pintinhas.

– Eu tenho pintas?

– Sim, três. Não sabia?

– Nunca reparei.

– São duas embaixo e uma em cima. Parece um triângulo, uma pirâmide. São
lindas.

– Minhas pintas são lindas? - ele ri.

– Você é todo lindo. - ela diz. Christian se vira, deixando o corpo da esposa cair ao
seu lado. Ele a olha nos olhos e acaricia o seu rosto.

– Deus, como eu sou um homem de sorte. Eu sou amado pela mulher mais linda e
sexy do mundo. - ele toma o rosto da esposa nas mãos e a beija com paixão.

Após um período de silêncio, o homem torna a falar, tirando Christian do transe.

– Christian, você ainda está aí?

– Isso... isso não prova nada.


– Ok! Quando você tinha 1 anos e 6 meses, você caiu na calçada em frente à
nossa casa. Não foi nada muito sério, apesar da sua mãe ter se desesperado. No
final das contas, o tombo acabou te rendendo 3 pontos no queixo. Acredito que
você ainda tenha a cicatriz. - ele diz, e Christian leva a mão ao queixo,
automaticamente. Ele gela ao sentir a cicatriz.

– Você está inventando. - diz Christian.

– A foto que eu te mandei estava na cabeceira da sua cama de hospital. Sua mãe
mantinha a foto lá para você ver que aquela fase ruim ia passar, que você ia ficar
bem, e que nós três voltaríamos a sorrir novamente. Não foi o que aconteceu. Eu
fugi, a Ella morreu e você se perdeu de nós. - ele diz, e Christian sente que
recebeu um soco no estômago.

– Pare de falar.

– Naquela noite, eu fui ao hospital me despedir de você, mas não consegui.

– Pare de falar. - Christian sente o corpo tremer.

– Você estava dormindo e eu não tive coragem de te acordar. Eu sabia que se


olhasse nos seus olhos, eu não conseguiria partir.

– Cale a boca!

– Então eu peguei a foto. Para me lembrar do que eu tive, do que eu deixei para
trás. Para me lembrar o que a minha covardia me causou. Minha esposa e meu
filho.

– CALE A BOCA! - Christian grita, seus olhos queimam com as lágrimas. Lágrimas
de tristeza e raiva.

– Não há um dia sequer que eu não me arrependa. Não há um dia que eu não
pense em você.

– O que você quer de mim?

– Você é meu filho, Christian. Eu quero você de volta, eu quero poder ser seu pai.

– Sério? - Christian ri, irônico. - É isso que você quer? Eu tenho uma novidade pra
você. Fique longe de mim, seu mentiroso desgraçado! Não me ligue novamente,
não entre em contato comigo, não se aproxime de mim, ou você vai se arrepender.
Eu juro por Deus, você vai se arrepender. - ele diz, entre os dentes.

– Eu não tenho pressa. Eu esperei 33 anos, eu posso esperar um pouco mais.


Mas eu vou ter você de volta. Você vai me chamar de pai de novo.

– Nunca. Você me ouviu? Nunca! - furioso, Christian bate o telefone e encerra a


ligação. Mas não adianta, as palavras desse homem continuam ecoando em sua
cabeça.

Ele está mentido! Só pode estar mentindo. Mas como ele saberia dessas coisas?
Das pintas, da cicatriz, da foto? Ele deve estar inventando. Deve ter ouvido de
alguém. Mas quem? Quem saberia disso? E se ele estiver falando a verdade? E
se ele, de fato for quem disse que é? O que ele quer? Por que aparecer agora,
mais de 30 anos depois?

As perguntas explodem na cabeça de Christian como pequenas granadas. Ele


percebe que está hiperventilando. Um misto de raiva e indignação o invadem. As
paredes estão se fechando ao seu redor. Ele sabe que precisa sair dessa
ambienta, antes que seu peito exploda. Correndo porta à fora, Christian irrompe no
corredor como um furacão.

– Sr. Grey, o senhor está bem? - ao ouvir a voz da jovem secretária, Christian já
sabe em quem descontar sua ira.

– Você! Como pôde me passar aquela ligação? - ele diz, avançando sobre a mesa
da secretária.

– Que ligação? - ela pergunta, não entendendo a reação do patrão.

– Você disse que era o meu pai?

– Mas ele disse que era.

– Ele estava mentindo! Você não checa essas coisas?

– Senhor, eu não...

– Como você pode ser tão incompetente? - ele grita, acuando a jovem.

– Me desculpe. Eu não sabia. Eu nunca...


– Você está demitida! - ele berra, levando Caroline às lágrimas.

– Senhor Grey, por favor, eu sinto muito. Eu não sabia. Eu nunca falei com o seu
pai antes.

– Não me interessa! Eu quero que você pegue as suas coisas e desapareça daqui.

– Por favor, senhor! Eu sinto muito.

– Suma daqui! Eu não quero mais olhar pra você! - Christian grita, transtornado,
atraindo a atenção dos funcionários, incluindo Taylor, que corre em direção à cena

– Ei, ei, ei! O que está acontecendo? - pergunta o segurança, se colocando entre
Christian e Caroline.

– Eu não sei. Eu transferi uma ligação... - Caroline tenta se explicar, mas é em


vão, Christian está cego de ódio.

– Eu já disse que não quero mais olhar pra sua cara! Suma daqui!

– Vá, Caroline! Depois eu falo com você. Apenas vá. - diz Taylor, enquanto segura
Christian.

– Eu sinto muito, Sr. Grey. Eu realmente sinto muito. - diz a jovem, enquanto se
retira aos prantos.

– Sr. Grey. Sr. Grey. Christian! - Taylor tenta chamar a atenção de Christian

– O que?! - ele pergunta, se soltando dos braços do segurança.

– O que foi isso? O que houve?

– Não houve nada! - ele passa as mãos pelo cabelo.

– Nada? Você estava furioso com a garota. Você a colocou para fora aos berros. O
que foi que ela fez?

– Ela... - Christian tenta recuperar o controle da respiração. Taylor percebe que ele
está fora de si.

– Você está bem?


– Nós estamos indo pra casa. Agora. - Christian sai, sem responder nenhuma das
perguntas que Taylor fez. O segurança não tem escolha, a não ser seguir o patrão.

Durante todo o percurso para casa, Christian mostra-se agitado e impaciente,


como se fosse um animal enjaulado. Assim que o carro para em frente à casa,
Christian salta do veículo como um furação. Ele segue casa a dentro e se tranca
em seu escritório. Gail estranha o comportamento do patrão.

– O que houve? Ele está bem? - ela pergunta, quando Taylor entra em casa.

– Eu não sei. Ele estava bem, e de repente surtou. Ele demitiu a secretária
substituta da Andrea aos berros. A pobre menina saiu de lá aos prantos.

– Nossa, mas por que?

– Eu não sei, ele não disse. Eu só sei que aconteceu alguma coisa muito séria
para ele ficar desse jeito.

– Eu acho que seria melhor ligar para a Ana.

– É, acho que você tem razão. - diz Taylor, sacando o celular.

30 minutos após o telefone de Taylor, Ana entra pela porta de casa. Ela é recebida
por Taylor e Gail.

– Onde ele está? - ela pergunta, aflita.

– No escritório. - responde Taylor. - Eu bati na porta há alguns minutos, mas ele


me mandou ir embora.

– Eu vou lá, falar com ele. Gail, eu não vou poder buscar as crianças, você pode ir
pra mim, por favor?

– Claro!

– O Sawyer já está esperando no carro. - diz Ana, e Gail segue para buscar as
crianças na escola. Após liberar Taylor, Ana segue para o escritório.

Girando a maçaneta devagar, Ana sente um certo calafrio ao entrar no ambiente.


Tudo parece estar exatamente no lugar, mesmo assim o escritório parece ter
adquirido um tom sombrio. Olhando para o fundo da sala, Ana vê Christian. Ele
está sentado em sua poltrona de couro, encarando a paisagem, perdido em seus
pensamentos. Ao seu lado, uma garrafa de Jack Daniel's pela metade.
Cautelosamente, Ana se aproxima.

– Baby? Oi! - ela diz, suavemente.

– O que você está fazendo aqui? - ele pergunta, sem se virar.

– Taylor me ligou. Ele disse que você não estava muito bem.

– Taylor tem que aprender a cuidar da vida dele. - ele diz, e Ana estranha o tom do
marido.

– Mas o trabalho dele é cuidar da sua. Christian, o que está acontecendo?

– Anastasia, eu realmente não quero falar sobre isso.

– Baby, eu estou preocupada com você. Por favor, conversa comigo.

– Você não vai deixar isso pra lá, né?

– Eu só quero te ajudar. - ela diz, e Christian respira fundo.

– Meu... - ele solta um risinho irônico. - Meu pai ligou.

– E o que ele disse? Está tudo bem? Estão todos bem? - ela pergunta, e Christian
se levanta da poltrona. Ele esfrega o rosto com as mãos.

– Eu não estou falando sobre Carrick. - ele diz, vasculhando o bolso do paletó. -
Eu estou falando desse cara. - e diz, jogando a foto sobre a mesa.

– O que? - diz Ana, em choque. - Você está falando sério?

– Muito sério.

– O que ele disse?

– Ele disse que foi ele que me mandou a foto. - diz Christian, enchendo o copo de
whisky e tomando em um só gole.

– E o que mais? O que ele quer?

– Ele disse que quer ser meu pai de novo. Que quer me reconquistar.
– O quê? Que absurdo! A gente nem saber se o que ele está dizendo é verdade.
Se ele é seu pai mesmo.

– Ele está dizendo a verdade. - diz Christian, tomando outro gole de whisky.

– Como você pode ter certeza? Ele te deu provas?

– Algumas.

– Quais?

– Anastasia, chega de perguntas! - ele diz, batendo o copo na mesa. Ana se


assusta.

– Não, eu não vou parar de fazer perguntas. Eu quero saber o que ele disse, que
provas ele te deu, como ele conseguiu te achar. Eu quero saber o que ele fez com
você.

– O que ele fez comigo? É só você olhar para mim, que já dá para saber. - ele diz.
Realmente, Christian está um caco. Ana se aproxima do marido e toma o rosto
dele entre as mãos.

– Ei, olha pra mim.

– Ana, por favor. - ele tenta se desvencilhar, mas Ana é firme.

– Não fuja de mim. Não se esconda. Me deixa entrar, me deixa te ajudar. - ela diz,
e Christian abaixa a cabeça. Ele respira fundo, e Ana pode sentir o corpo do
marido se tencionado.

– Você quer me ajudar? - ele pergunta, ainda de cabeça baixa. Ana percebe que
há algo diferente na voz de Christian, algo que lhe provoca um arrepio.

– Claro que eu quero te ajudar. Christian, olha pra mim. Eu sempre estarei aqui
para te ajudar.

– Ótimo. - ele diz, e levanta a cabeça, olhando dentro dos olhos da esposa. - Então
tire as suas roupas.

– O que? - Ana perde o ar.


– Eu disse: tire suas roupas. - ele está de volta! Seus olhos frios e distantes, seu
sorriso lascivo, sua postura autoritário e intimidadora. O Christian dominador está
de volta.

– Não! Eu não vou tirar a minha roupa. Por que você está dizendo isso? - ela
recua.

– Você disse que queria me ajudar.

– E eu quero. Você precisa conversar comigo.

– Eu não quero conversar. Eu quero transar com a minha esposa.

– Você não está falando comigo como sua esposa. Você está falando comigo
como se eu fosse sua...

– O que? Minha submissa. - ele diz, dando um passo em direção à Ana, que
recua.

– Sim.

– Mas você não é minha submissa.

– Não, não sou.

– Então por que você está fugindo de mim?

– Porque eu não gosto do jeito que você está agora.

– Que jeito? - a voz dele é gélida.

– Você está chateado, e já bebeu bastante, são duas coisas que não dão muito
certo.

– Mas você disse que queria me ajudar.

– Não desse jeito.

– Então sua oferta de ajuda tem restrições?

– Não faça isso, não vire essa situação contra mim.


– Eu não estou virando contra você. Eu só quero entender por que você está
fugindo de mim.

– Porque você está regredindo 7 anos. Porque você está se escondendo atrás de
uma personalidade dominadora falsa, só para esconder o quanto você está
assustado e triste. Porque você está prestes a fazer algo do que vai se arrepender.

– E se eu não me arrepender?

– Então você não é o Christian com quem eu me casei. - ela diz, firme.

– Acho que você está muito impertinente, Sra. Grey.

– Então você quer me punir? - mesmo amedrontada, Ana resolve entrar no jogo,
pois ela sabe que por trás desse homem frio e assustador que está diante dela,
seu marido ainda está aí, em algum lugar.

– Eu mandei você tirar a roupa e você me desobedeceu. Acho que você está
merecendo uma punição. - diz ele, tirando o cinto. Ana estremece.

– Se você quiser me bater, vai ter que fazer assim. Eu não vou tirar a minha roupa,
eu não vou me debruçar sobre os seus joelhos e eu não vou contar. Se você
quiser mesmo me bater, vai ter que ser assim, de pé. E você vai me bater quantas
vocês você achar que deve. - ela diz, austera.

– Ok, seu desejo é uma ordem. - Christian parece não se abalar. - Você pode usar
a palavra de segurança.

– Não usarei. - Ana luta para se manter firme.

– Você está pronta?

– Sim. - diz Ana.

E assim ela fica, parada de pé, frente a frente com seu marido, ou com o homem
que costumava ser seu marido. Fechando os olhos por um segundo, Ana se
lembra da primeira e única vez que Christian a puniu com o cinto. Ela consegue se
ver de roupão, debruçada sobre a cadeira de couro, contando até seis. Respirando
fundo, ela afasta os pensamentos e se prepara para o que está por vir.
Christian retira o paletó e dobra as mangas da camisa. Pegando o cinto nas mãos,
ele o aperta, sentindo o couro entre os dedos. Ele contorna a esposa, ficando de
costas para ela. Olhando-a de cima a baixo, ele a analisa. Seu sapato de salto
alto, suas belas pernas, seu vestido justo, na altura dos joelhos, seus cabelos
soltos. Ela está firme e isso o excita. Sem hesitar, Christian desfere o primeiro
golpe, acertando Ana na bunda. Ela solta um leve grunhido de dor, a sensação de
ardência e queimação a fazendo perder o equilíbrio, e ela se apoia na mesa.

As mãos de Ana estão espalmadas sobre a mesa de mogno. Ela mantêm uma
respiração ritmada e contínua que a preparam para o segundo golpe. Lágrimas
brotam em seus olhos, lágrimas de dor e de tristeza.

– Eu posso parar. - sugere Christian, e sua voz já mostra sinais de mudança.


Como se ele quisesse que Ana o impedisse.

– Você quer parar? - pergunta Ana, lutando contra o nós que se forma em sua
garganta.

– Por que você não briga comigo? Por que não arranca esse cinto da minha mão?
Não vai embora, como você fez da outra vez? - ele pergunta com a voz
embargada. Olhando para trás, Ana vê que Christian está travando uma imensa
luta interna.

– Eu disse que não vou fugir, nunca mais. E você não precisa que eu brigue com
você. Você precisa me levar ao limite, ao fundo do poço, assim eu posso trazer
você de volta.

– Eu preciso continuar. Eu preciso continuar a te punir. - Ana vê sofrimento na voz


do marido. Está dando certo, ele está voltando pra ela.

– Então continue. Eu estou aqui, eu não vou fugir.

Sentindo o coração apertado de angustia, Christian se prepara para desferir outro


golpe. Mas ao invés disso, é ele que é atingido.

– Papai? Mamãe? - a voz de Ella arranca todo o ar do pulmão de Christian.


Virando-se lentamente para trás, o mundo de Christian desmorona ao ver seus
filhos parados à porta.
– Oh, não! - Christian solta o cinto no chão. - Não, não, não, não, não! Meu Deus,
não! - seus piores medos se concretizaram. Seus filhos olham para ele, como ele
olhava para o cafetão que espancava a sua mãe.

Tomado pela raiva, vergonha e, especialmente, pelo medo de perder seus filhos,
Christian leva as mãos à cabeça e cambaleia perdido, pelo escritório. Tentando
evitar que as coisas piorem ainda mais, Ana corre em direção aos filhos.

– O papai tá chorando? - pergunta Henry.

– Vem cá, meu amor. - diz Ana, pegando Henry no colo.

– Mamãe, o que foi? - é a vez de Ella perguntar.

– A mamãe vai conversar com vocês lá em cima.

– Mas e o papai? - pergunta a menina, preocupada com o pai. Sem saber o que
responder, Ana fecha a porta do escritório.

– Vem, amor, vamos subir! - diz Ana, levando a filha pela mão.

Tentando distrair as crianças, enche a banheira da suíte master com bastante


espuma e dá um banho demorado nos filhos. Vendo que as crianças estão
curtindo a brincadeira, Ana relaxa um pouco, se preparando para a difícil conversa
que terá pela frente.

Após o banho, Ana leva as crianças para trocarem de roupa. Com os dois
vestidos, Ana se reúne com os filhos no quarto de Ella. Sentando os dois na cama
da menina, Ana puxa uma cadeira e senta de frente para os filhos. Receosa, ela
tenta ler a expressão dos pequenos, que olham para a mãe, confusos.

– Nós estamos encrencados? - pergunta Ella, quebrando o silêncio.

– Não, princesa, vocês não estão encrencados. Vocês não fizeram nada de
errado.

– Mas o papai está triste com a gente? - pergunta Henry.

– Não, amor, o papai não está triste com vocês.

– Mas ele estava triste, não estava? - pergunta Ella.


– Sim, o papai está triste. - Ana respira fundo. - A mamãe pode perguntar uma
coisa?

– Sim.

– O que vocês viram?

– Onde? - pergunta Ella, confusa.

– Lá no escritório. Quando vocês entraram, o que vocês viram? - Ana pergunta,


com medo da resposta.

– Nós vimos que o papai estava triste, eu acho que ele estava chorando. - diz Ella.

– Foi só isso que vocês viram?

– Foi. - as crianças confirmam e Ana respira aliviada.

– Mamãe, o que aconteceu com o papai? - pergunta Ella, e Ana vê a preocupada


estampada nos rosto dos filhos. Comovida, ela pensa no que dizer.

– O papai está passando por um problema muito sério, por isso ele estava tão
triste. Mas é um problema de adulto, não é nada com que vocês precisem se
preocupar.

– Eu não quero que o papai fique triste. - diz Henry, entristecido.

– Eu sei, meu amor. - Ana acaricia o rosto do filho.

– A gente pode ajudar?

– Claro que podem. Vocês podem ajudar dando muito amor e carinho pro papai.
Ele vai precisar muito do nosso apoio. Vocês podem fazer isso?

– Sim. - respondem os dois.

– Venham cá. - diz Ana, abraçando os filhos com força. - Mamãe ama muito vocês!
- ela diz, beijando e abraçando as crianças.

Com uma caneca de café nas mãos, Ana faz seu caminho de volta para o
escritório. Ao abrir a porta, ela encontra um cenário menos caótico do que ela
imaginava. Ao contrário, o clima que pesa no ar é de tristeza, de pesar. No canto
do cômodo, está Christian. Ele está sentado no chão, com as costas encostadas
contra a parede, os braços cruzados sobre os joelhos dobrados. Sua testa
descansa sobre seu punho. Em silêncio, Ana se senta ao lado do marido. Após
alguns minutos, Ana quebra o silêncio.

– Eu trouxe um café pra você.

– Não, obrigado. - ele diz, ainda de cabeça baixa.

– Toma um pouco, você vai se sentir melhor.

– Eu não vejo como isso seja possível.

– Christian, olha pra mim.

– Ana, por favor, só me deixe sozinho. Eu já fiz muita merda para um dia só. Eu
não aguento mais. - diz Christian, exausto física e emocionalmente.

– Por favor, Christian, olha pra mim. - ela pede. Christian hesita, mas acaba
olhando para a esposa. O coração de Ana se parte. Ela acaricia o rosto do marido.
- Eu te amo.

A declaração suave de Ana serve como gatilho para Christian liberar todos os
sentimentos reprimidos.

– Eu sinto muito. Por favor, me perdoe. - ele diz, enterrando o rosto no colo da
esposa.

– Está tudo bem.

– Não! Não está tudo bem. Ana, não está nada bem. Olha pra mim. Olha pra você!
Não está nada bem. Eu achei que estivesse forte, que conseguiria lidar com tudo
que a vida jogasse na minha cara. Mas eu estava errado. Eu não posso! Eu não
posso lidar com isso, eu não consigo. Eu não tenho forças.

– Você não precisa lidar com isso sozinho.

– Eu não posso te pedir isso. Não depois de hoje, não depois do que eu fiz com
você. Meu Deus, o que eu fiz? O que eu fiz com você? O que eu fiz com os nossos
filhos? Como eu vou poder olhar para eles de novo?

– Baby, eles não viram nada.


– O que?

– Eles não viram nada.

– Como você sabe?

– Eu perguntei.

– E o que eles disseram?

– Que estão preocupados com você, que te viram triste. Eles querem te ajudar.

– Oh, Deus! - Christian sente o peso do mundo saindo de seu peito.

– Seus filhos te amam. Mas você não pode mais deixar esse tipo de coisa
acontecer. Hoje nós tivemos sorte, não sei como será na próxima vez.

– Não haverá próxima vez. Eu juro! Nunca mais. Eu não posso mais perder o
controle desse jeito, por você e pelas crianças. Ana, se eu perdesse vocês, eu
morreria. - ele diz, segurando o rosto da esposa entre as mãos.

– Você não vai nos perder. Nós vamos superar isso. Juntos. Como uma família. -
ela diz, abraçando o marido. Nesse momento, Ella e Henry entram no escritório.
Em silencio, eles se acomodam no colo dos pais e os quatro permanecem
abraçados.

Já é tarde da noite, quando Ana e Christian conseguem fazer as crianças


dormirem. Nem Ella, nem Henry pareciam dispostos a ficar longe do pai por muito
tempo. Somente após Christian prometer que no dia seguinte eles passariam o dia
inteiro juntos, as crianças se acalmaram. Mesmo a contra gosto, Ana cede ao
combinado. Com os filhos dormindo tranquilos, Ana e Christian podem, finalmente,
se recolher.

– Eu não sei se gosto da ideia das crianças faltarem aula amanhã. - diz Ana, se
preparando para tomar banho.

– Eles não faltam nunca, Ana. Só um dia não vai ter problema. E outra, depois de
tudo que aconteceu, eu quero ficar com meus filhos por perto. - ele diz, sentado na
cama.

– Ok, você venceu. - ela diz, colocando o roupão.


– Ei, vem cá. - ele chama.

– O que foi? - ela se aproxima.

– Eu quero ver.

– Christian.

– Por favor, me deixe ver. - ele pede. Ana, então, levanta o roupão, revelando as
marcas roxas em sua nádega. Christian engole seco e se tenciona. - Me perdoe. -
ele pede.

– Eu já perdoei.

– Como você pode ser assim, tão perfeita?

– Eu estou longe de ser perfeita.

– Pra mim, você é perfeita. - ele diz, e sorri. O primeiro sorriso, após o vendaval.

– Posso te perguntar uma coisa?

– Você já perguntou. - ele brinca. O humor está de volta.

– Você me entendeu. - ela ri.

– É claro que você pode perguntar.

– O que você pretende fazer? Em relação ao seu... a esse homem? - ela pergunta,
e o sorriso desaparece do rosto de Christian.

– Eu não sei.

– Acho que devemos ligar para a Maggie, ver se ela confirma tudo que esse
homem contou.

– É, pode ser.

– Mas antes de tudo, precisamos conversar com seus pais.

– Eu farei isso.
– Christian, nós precisamos agir. Nos cercar, nos proteger. Nós não sabemos o
que ele quer.

– Não me interessa o que ele quer, esse homem não vai se aproximar de nós. Eu
não vou permitir.

– Você tem certeza? E se ele for mesmo o seu... - ele a interrompe.

– Se ele for, quem disse que é, a única coisa que ele vai receber é o meu ódio e o
meu desprezo. Por ter abandonado a mim e a minha mãe. Nada do que ele disse,
do que ele fizer, vai me fazer perdoá-lo por isso.

– Eu vou apoiar qualquer decisão que você tomar, eu só não quero que você se
machuque ainda mais.

– Eu não vou. Se você estiver ao meu lado, nada poderá me ferir.

– Eu sempre estarei ao seu lado. E nós vamos superar isso. Eu te prometo.

Puxando Ana para o seu colo, Christian enterra o nariz no cabelo da esposa,
pedindo a Deus que esse dia terrível termine logo.

Notas finais do capítulo

Lembrando mais uma vez: EU NÃO TENHO PREVISÃO PARA POSTAR O


PRÓXIMO!!! Só prometo que não vai demorar. Juro!

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSS, AMO VOCÊS!!!!

Notas iniciais do capítulo

SURPRESAAAAAAA!!!!

Aposto que ninguém estava esperando me ver por aqui tão cedo. Pois é, essas
últimas semanas foram mais tranquilas, então consegui escrever mais.

Bem, vamos ao que interessa!!!


Espero que gostem...

Christian abre os olhos. Olhando para o lado, ele constata que ainda está escuro lá
fora. Algo o incomoda, uma aflição o consome. Nem a imagem de sua bela
esposa, dormindo tranquilamente em seu peito, o acalma. Com todo cuidado para
não acordá-la, Christian move Ana de lugar e levanta da cama. Angustiado, ele
anda de um lado ao outro do quarto. De repente, Christian verifica o relógio, são
5:10h da manhã. Pegando o celular na mesa de cabeceira, ele manda uma
mensagem. Alguns minutos depois, ele recebe a resposta. Christian, então, troca
de roupa e sai.

Chegando à garagem, Christian encontra Johnson, um dos seguranças.

– Sr. Grey? - diz o homem, estranhando a presença do patrão há essa hora.

– Boa noite, Johnson. Ou bom dia. Enfim, eu estou saindo.

– O Taylor vai com o senhor?

– Não, eu estou indo sozinho.

– Eu posso acompanhá-lo, se o senhor quiser.

– Não há necessidade. Apenas avise ao Taylor que eu saí. - ele diz, indo em
direção a seu carro. Porém, ele pára e se vira para o segurança novamente. -
Provavelmente eu já estarei de volta antes disso, mas se a senhora Grey
perguntar por mim, diga que eu fui resolver um problema e já volto.

– Sim, senhor! - diz o segurança. Christian, então, volta para seu carro e segue
portão a fora.

De dentro de seu carro, Christian vê o sol nascendo. E nem mesmo a promessa de


um novo dia, Christian consegue acalmar seu coração. Com as ruas praticamente
vazias, ele pisa fundo no acelerador, rumo ao seu destino.

Christian sobe os degraus da escada do pequeno prédio de dois em dois. Um


homem parado à porta do único apartamento do terceiro andar espera por ele.
– Você chegou bem rápido. - diz o homem, com sotaque britânico.

– Obrigado por me receber, John. Especialmente assim, na sua casa e há essa


hora.

– Você parecia bem aflito na mensagem. Eu fiquei preocupado.

– É, eu realmente preciso conversar com você.

– Você aceita um chá, ou um café?

– Não, obrigado. Estou bem. Será que nós podemos começar?

– Claro! Vamos para o meu escritório.

Os dois homens caminham apressados pelo longo corredor. Chegando ao


escritório, Flynn abre a porta, dando passagem para Christian. Logo em seguida,
ele fecha a porta atrás de si. Ansioso, Christian se aproxima da janela e tenta
buscar calma na paisagem. Ele volta sua atenção para Flynn, quando o médico se
aproxima de sua mesa.

– Como está Rhian? E os meninos? - pergunta Christian.

– Estão todos bem, obrigado por perguntar. E a Ana e as crianças?

– Estão bem. Quero dizer, mais ou menos.

– Como assim?

– É a Ana.

– Aconteceu alguma coisa com a Ana?

– Sim. Não. - ele respira fundo e corre as mãos pelo cabelo. - Eu bati nela.

– Você o quê? - o psiquiatra se espanta.

– Eu bati nela. Com o cinto. Como da vez que ela foi embora. Mas dessa vez foi
diferente. Eu estava excitado, mas também estava com raiva. Muita raiva.

– Raiva da Ana?
– Não! Eu nunca sentiria raiva da Ana. Eu estava com raiva do meu pai. Ou
melhor, do homem que se diz meu pai.

– Carrick?

– Não. Um tal de Joseph. Ele me mandou uma foto no meu aniversário. Eu, ele e a
minha mãe, no meu aniversário de um ano. E ontem ele ligou para o meu
escritório.

– Christian, se acalma. - Flynn interrompe. - Você não está fazendo sentido


nenhum. Vamos do começo. O que aconteceu no seu aniversário? - o médico
pergunta. Christian, então, se senta no sofá e esfrega o rosto com as mãos.

– Eu recebi esse envelope na minha festa de aniversário. - ele diz, e entrega o


envelope para Flynn. - Estava no meio dos presentes. Minha filha abriu, achando
que era mesmo um presente.

– Só tinha a foto? Nenhuma carta ou bilhete? - pergunta Flynn, analisando o


retrato.

– Não, só isso. No verso da foto tem um recado, mas é só isso.

– E como você se sentiu?

– Irado. Sufocado. Indignado. Eu achei que fosse algum tipo de brincadeira de


mau gosto. Essa é uma parte da minha vida que eu não esperava ter que revisitar.

– E o que aconteceu depois?

– Nós fomos pra casa. No dia seguinte eu liguei para a Maggie, ela me confirmou a
autenticidade da foto, mas negou que tenha enviado. Ela não soube me dizer que
poderia ter me enviado.

– E depois?

– Ontem eu estava no trabalho, quando ele me ligou. Ele disse para a minha
secretária que era meu pai, ela achou que fosse o Carrick e transferiu a ligação.
Ele se identificou, disse que era meu pai e, quando eu não acreditei, ele me deu
algumas provas.

– Como, por exemplo?


– Ele citou uma marca de nascença que eu tenho nas costas.

– Não teria como alguém saber disso?

– Não. Nem eu sabia disso, foi a Ana quem notou, há alguns anos atrás.

– O que mais ele disse?

– A cicatriz que eu tenho no queixo. - Christian aponta para o local. - Foi de um


tombo que eu levei em frente à casa que nós morávamos em Detroit. E essa foto...
- Christian respira fundo.

– O que tem a foto?

– Ele pegou a foto na cabeceira da minha cama de hospital, no dia em que ele
abandonou a mim e à minha mãe.

– E como você se sentiu?

– Como você acha? Eu fiquei furioso, transtornado. Eu sinto que poderia ter
matado alguém naquela hora.

– E como a Anastasia entrou nisso?

– Eu fui pra casa. Eu precisava me acalmar de alguma maneira. Não tinha


ninguém em casa. A Ana estava trabalhando, e as crianças estavam na escola.
Então eu me fechei no escritório e comecei a beber. A Ana veio pra casa, porque o
Taylor ligou pra ela. Ela começou a me fazer perguntas e dizer que queria me
ajudar.

– E o que aconteceu?

– Eu não sei. Eu olhei pra ela e o dominador voltou, eu queria rasgar a roupa dela
e transar ali, no chão do escritório. Mas ela olhou pra mim e ficou com medo. Ela
recuou e isso explodiu alguma coisa dentro de mim. Tudo que eu queria era puni-
la.

– Você quis punir a sua esposa por que ela se recusou a fazer sexo com você?

– Não, é muito pior do que isso. Eu puni a minha esposa porque eu queria vê-la
sofrer. Eu queria que ela sentisse a dor que eu estava sentindo, que ela se
sentisse miserável, como eu estava me sentindo naquele momento.
– E o que ela fez?

– Ela topou. Ela olhou nos meus olhos e me mandou ir em frente. E ficou lá, em
pé, firme, sem emitir um único som, enquanto que batia na bunda dela com o cinto.
- Christian se levanta num sobressalto. - Deus, eu sou um sádico desgraçado! Ela
é minha mulher, mãe dos meus filhos! Como eu pude fazer isso com ela? E os
meus filhos? Eles entraram no escritório.

– Eles viram?

– Graças a Deus não! Mas foi por um triz. Quando eu vi os meus filhos parados na
porta, eu juro por Deus, eu achei que estava tudo acabado. Que eu tinha perdido
tudo. Eu não mereço a família que eu tenho.

– E a Anastasia? O que ela disse depois?

– Anastasia é uma rocha. Ela me perdoou. Como ela pôde me perdoar?

– Isso é uma pergunta que você precisa fazer pra ela. - diz o médico. A conversa
se estende por mais uma hora, então Christian resolve que é hora de voltar pra
casa. Seu caminho de volta é um pouco mais demorado, pois as ruas já começam
a se encher de carros, mas nada que vá afastá-lo de casa por muito tempo.

O relógio marcar 8:35h quando Christian entra pela porta de casa. Ouvindo a voz
da esposa, Christian vai seguindo o som, até encontrá-la na cozinha, conversando
com Gail. Ao avistar Ana, Christian apressa o passo em direção a ela.

– Oi, eu estava agora mesmo perguntando para a Gail se ela sabia onde você
estava. - diz Ana, com um sorriso no rosto. Christian, no entanto, permanece sério.
Ao se aproximar, ele a toma nos braços e a abraça apertado, junto ao peito.

– Como você pôde me perdoar? - ele pergunta, sofrido.

– O que? - pergunta Ana, confusa. Gail deixa o ambiente, para dar privacidade ao
casal.

– O que eu fiz com você não tem explicação, não tem desculpa. Como? Como
você pôde me perdoar?

– Christian, eu...
– Eu preciso saber. - ele toma o rosto da esposa entre as mãos. Os olhos dele
transbordam ansiedade.

– Eu não sei. - ela diz, e ele a olha, confuso.

– Como assim?

– Eu não tenho uma explicação lógica, ou brilhante, ou romântica para isso. Eu me


fiz a mesma pergunta. Mas não achei resposta. Quando você me pediu perdão, eu
senti que podia te perdoar. Então eu perdoei.

– Eu não sei se você deveria.

– Eu também não. - ela diz, e Christian sente um nó se formar em sua garganta. -


Mas eu fiz o que o meu coração mandou. Ele nem sempre é coerente, mas
costuma acertar. - Christian segura as mãos da esposa.

– Ana, eu te juro por tudo que há de mais sagrado, pela vida dos nossos filhos,
que nunca mais vou encostar em você desse jeito. Eu não quero mais ser aquele
cara, aquele dominador. Eu ainda não consigo explicar o que aconteceu comigo,
mas eu sei que não foi bom. Eu não me senti bem. E você tinha toda razão, eu me
arrependi no segundo seguinte. É esse o cara que eu quero ser, o Christian que
você conhece, que você ama. Eu não quero nunca mais que você me olhe do jeito
que você olhou. Não quero que você tenha medo de mim. Se eu perder você e
meus filhos, e morrerei. - ele a abraça novamente.

– Você não vai nos perder.

– Eu te amo demais, Anastasia.

– Eu também te amo. Então, você vai me dizer aonde foi?

– Eu fui ver o Flynn.

– E como foi?

– Eu saí de lá com mais perguntas do que respostas, mas mesmo assim foi bom.

– Que bom! E já que você decretou que hoje era dia de folga, quais são seus
planos para entreter as crianças?

– Eu confesso que não fiz planos, mas eu pensarei em algo.


– Melhor pensar logo, já já eles acordam.

– Acho que podemos começar o dia com um bom café da manhã. Eu estou
faminto.

– Vou pedir para servirem o café.

Enquanto Ana e Christian tomam café, Gail se oferece para acordar e arrumar as
crianças. Durante a refeição, Christian conta mais detalhes de sua conversa com
Flynn. Ele diz que o médico o aconselhou a voltar com suas 3 seções semanais,
para prepará-lo para um iminente embate com seu pai biológico.

– Nós precisamos falar com os seus pais. - diz Ana.

– Eu sei. Depois do café eu vou ligar para eles, avisar que passaremos lá mais
tarde.

– E então, já teve alguma ideia do que fazer hoje?

– Na verdade, tive sim.

– Sério?

– Como o dia está bonito, eu pensei em darmos uma volta de no The Grace. A
última vez que passeamos no barco, o Henry era muito novinho ainda.

– Ótima ideia, baby. As crianças vão adorar.

– Um dia ao ar livre.

– Podemos almoçar no SP's Place.

– Tudo que você quiser, baby. - diz ele, beijando a mão da esposa. Passinhos
apressados anunciam que as crianças já estão prontas para começar o dia.

– Oi! Bom dia, meus amores. - diz Ana, sorrindo, ao ver os filhos entrarem na sala
de jantar. Ella segue para abraçar a mãe, enquanto Henry se acomoda no colo do
pai.

– Bom dia, papai. - ele diz, ainda meio sonolento.


– Bom dia, amigão. - ele diz, beijando a cabeça do menino. Ele sorri ao ver Ella
sentada no colo da mãe. A menina manda um beijo para o pai, que repete o gesto.

– O papai tem uma surpresa pra vocês. - diz Ana, animando as crianças.

– O que é? - eles perguntam.

– Nós vamos passear de barco hoje. - diz Christian, e as crianças vibram.

– Oba!

– Que legal! Nós vamos agora? - pergunta Ella.

– Daqui a pouco. Vocês precisam tomar café e o papai precisa dar uns
telefonemas antes.

– Então vamos comer! A Lindsay fez umas panquecas deliciosas. - Ana começa a
servir os filhos.

– Baby, você precisar de ajuda? Eu preciso ir ao escritório por uns 10 minutos,


deixar as coisas esquematizadas. - diz ele, levantando da mesa, com Henry no
colo.

– Claro, pode ir. Eu dou conta.

– Eu não vou demorar, só alguns telefonemas. Qualquer coisa, só gritar.

– Pode deixar.

– Vai com a mamãe, garotão. - Christian coloca Henry na cadeira ao lado de Ana.
Christian segue para o escritório, enquanto Ana cuida do café da manhã das
crianças.

Uma hora depois, estão todos no carro, a caminho da Marina de Seattle. Mesmo
com atenção redobrada ao volante, Christian se permite cantar e entrar na
brincadeira dos filhos. Ana observa o marido se esforçar para apagar o ocorrido de
ontem, e sorri ao ver que as coisas voltaram ao normal.

Ao chegarem à Marina, a família segue direto para onde o The Grace está
ancorado. O capitão Mac os espera ao lado do catamarã.

– Olá! Bom dia, pessoal.


– Mac, quanto tempo! - Ana dá um longo abraço no capitão.

– Bastante tempo mesmo.

– Como vai, Mac? - Christian cumprimenta o homem com um caloroso aperto de


mão.

– Muito bem, obrigado. E vocês baixinhos, como estão?

– Crianças, vocês lembram do Mac? - pergunta Ana.

– Eu lembro. - diz Ella.

– Eu não conheço você, mocinha. - brinca Mac.

– Sou eu, a Ella.

– Não, não é possível. A Ella que eu conheço é uma menininha, você já é uma
moça.

– Sou eu, sim. Eu cresci.

– Estou vendo. E esse rapazinho?

– Eu sou o Henry.

– Olá, Henry! A última vez que eu te vi, você era um bebezinho no colo da sua
mãe.

– Eu já estou grandão. - diz o menino, animado, arrancando risos de todos.

– Você está mesmo.

– Está tudo pronto, Mac?

– Sim, senhor. Só embarcar e partir.

– Então vamos! - Christian ajuda Ana e as crianças a subirem no barco.

Com todos a bordo, é hora de cuidar da segurança. Christian e Ana conferem se o


colete salva-vidas das crianças está colocado de forma correte, em seguida
conferem um o do outro. Após se certificar que estão todos seguros e prontos para
partir, Christian dá sinal verde para o capitão, e o The Grace zarpa.

Não demora muito para o catamarã chegar em mar aberto. Sentindo o vento mais
forte, Ana resolve agasalhar as crianças. Com Henry devidamente agasalhado,
Ana enfim o deixa filho chegar à proa, onde Christian e Mac estão.

– Papai! Papai! - o menino corre em direção ao pai, deixando Ana aflita.

– Henry, não corre!

– Ei, obedeça a sua mãe, rapazinho. - diz Christian, sério, pegando o filho no colo.

– Desculpa. - ele diz, entristecido.

– O papai não está brigando, filho. Mas você precisa ter muito cuidado aqui. Eu
não quero que você se machuque. Você vai ter cuidado?

– Vou.

– Esse é o meu garoto. Você quer ajudar o papai a navegar?

– Sim! - o menino vibra. Ana sorri ao ver a interação entre Christian e Henry,
enquanto se aconchega no sofá da cabine com Ella. A menina busca o colo da
mãe e as duas trocam carinhos.

– Ei, as minhas garotas não vão vir ficar com a gente, não? - pergunta Christian,
com seu lindo sorriso torto.

– O papai está com saudade da gente, mamãe. - diz Ella.

– O papai senta saudade da gente o tempo todo. - diz Ana, sorrindo.

– É porque ele ama muito a gente.

– É verdade. O papai ama demais a gente. Vem, vamos ficar com eles. - diz Ana,
pegando Ella pela mão e seguindo para onde Christian e Henry estão. As crianças
se divertem, enquanto Ana e Christian admiram a paisagem. Quando o mar fica
um pouco mais agitado, Christian resolve que é melhor voltarem para a cabine e
deixar o comando do barco para Mac.
Enquanto Christian toma conta dos filhos, Ana prepara um lanche para todos. Ana
está servindo as bebidas, quando o barco balança bruscamente, fazendo-a perder
o equilíbrio. Ao ver que a esposa vai se chocar contra a quina mesa, Christian age
rápido. Num movimento ágil, ele salta do sofá e envolve Ana em seus braços.
Evitando a superfície pontiaguda, ele gira o corpo e se joga no chão, caindo de
costas, com Ana em cima dele.

– Argh! - ele geme no chão.

– Oh, meu Deus! Você está bem? - pergunta Ana, se recuperando do susto.

– Sim, estou bem. E você? - ele pergunta, tirando o cabelo que cai sobre o rosto
da esposa, e analisando-o.

– Estou bem, você amorteceu toda a queda.

– O papai te salvou, mamãe. - diz Ella, encantada.

– Ele salvou mesmo.

– O papai é um herói. - diz Henry. Christian ajuda Ana a levantar, e ela percebe
que a camisa do marido está encharcada de suco.

– Me desculpe, baby. Eu estraguei sua camisa.

– Isso não é nada. O importante é que você não se machucou. Além do mais, tem
roupa nossa no armário da suíte.

– Eu vou lá buscar uma camisa limpa. Enquanto isso, você tira essa camisa suja e
coloca na bolsa, que eu vou levar pra lavar em casa.

– Sim, senhora. - ele responde, sorrindo. Ana segue para a suíte, enquanto
Christian cumpre as ordens da esposa. Ele tira a camisa, dobra e coloca dentro da
bolsa. Com um guardanapo, ele limpa o resto de suco respingou em seu peito.

De volta ao sofá, Christian aguarda Ana retornar com a camisa limpa. Ele está
prestes a se servir com mais suco, quando percebe o olhar do filho sobre ele.
Henry olha para o pai com um olhar confuso, e Christian estranha.

– O que foi, filho?

– Papai, o que é isso?


– Isso o que?

– Isso. - diz o menino, apontando para o peito do pai. Christian olha para baixo e
percebe que Henry se refere às suas cicatrizes.

Ele, então, percebe que nunca teve essa conversa com o filho. Na verdade,
Christian não consegue se lembrar se essa é a primeira vez que o filho o vê sem
camisa, ou se é a primeira vez que a criança nota as marcas no corpo do pai. De
um jeito ou de outro, Christian se vê atônito, sem saber o que responder a Henry.
Como explicar para uma criança tão pequena, todas as barbaridades e provações
que ele já passou?

Mas algo tem que ser dito. Então Christian pega Henry e o põe sentando em seu
colo. O menino aguarda ansioso , uma resposta do pai.

– Isso são cicatrizes. - diz Christian.

– Cicatrizes?

– Sim. Você quer tocar?

– Dói?

– Não dói mais. - ele responde, sereno. Com cuidado, Henry passeia o dedinho
pelo torso do pai, começando pelas marcas de cigarro. Uma por uma, Henry
analisa as marcas, sentindo a textura delas. Em seguida, ele desce para o peito do
pai. Christian se sente incrivelmente calmo, vendo o filho tocar m suas cicatrizes.
Cada vez que Henry o olha, pedindo permissão para continuar, Christian o
encoraja. É incrível ver como sua família o transformou. Essa cena nunca seria
possível há uns anos atrás.

Ao chegar no final de seu "tour", Henry coloca as duas mãozinhas na barriga do


pai, em cima das cicatrizes do acidente de carro.

– Papai, por que você tem cicatrizes? - pergunta o menino. Antes que Christian
tenha a chance de responder, Ella surpreende o pai.

– São marcas de coragem. - diz a menina.

– Como assim? - pergunta Henry.


– Só quando uma pessoa é muito corajosa, que ela consegue essas marcas.
Significa que ela pode enfrentar todos os monstros e perigos do mundo, e que ela
vai sempre ganhar, porque ela é forte e corajosa. Por isso que o papai tem essas
marcas, porque ele é o mais forte e o mais corajoso do mundo. - ela diz, deixando
o irmão encantado e o pai, emocionado. Levantando o olhar, Christian vê Ana
parada na entrada da cabine. Ela tem um sorriso bobo no rosto, e olhos
marejados.

– Quando eu crescer, eu também vou ter essas marcas de coragem? - pergunta


Henry.

– Talvez. Seu pai e eu preferimos que vocês não tenham essas marcas de
coragem. - diz Ana, sentando ao lado do marido, e puxando a filha para seu colo. -
Mas essas coisas estão além da nossa vontade.

– Mas eu sou forte e corajoso. - ele diz, arrancando risos dos pais.

– Claro que você é. Mas cada marca dessas carrega uma história triste, cheia de
dor e medo. São esses os obstáculos que você precisa passar, para conseguir
essa marca. Sua mãe e eu amamos vocês dois demais, e se depender de nós,
vocês nunca vão ter que passar por isso.

– Você sentiu medo, papai?

– Senti sim, muito medo.

– A mamãe ajudou você? - pergunta Ella.

– Ela me salvou. A mamãe é minha heroína.

– Mas a mamãe não tem marcas de coragem.

– As marcas de coragem da mamãe são diferentes. Acreditem, ela é a pessoa


mais forte e corajosa do mundo. - diz Christian, olhando com ternura para Ana.

– Eu te amo. - ela sussurra.

– Eu também te amo. - ele sussurra de volta.

O sol começa a se pôr no horizonte, quando o The Grace ancora no cais. Christian
e Ana são só sorrisos, após uma ótima tarde em família. Mas como nem tudo são
flores, Christian ainda precisa conversar com seus pais. Então, após um lanche
rápido, eles partem para Bellevue.

Carrick e Grace estão ansiosos. É raro uma visita de Christian no meio da semana,
especialmente com Ana e as crianças. Ele não deu muitos detalhes para os pais,
apenas que precisava conversar. Carrick e Grace presumem que deve ser sobre o
incidente na festa de aniversário, o que aumenta mais a ansiedade pela chegada
da família.

Assim que ouve o motor do carro, Grace salta do sofá. Christian, finalmente,
chegou. Aflita, ela corre para entrada.

– Vovó! - Ella e Henry vibram, ao ver a avó sair pela porta. Assim que Christian os
libera do cinto de segurança, os dois correm para abraçá-la.

– Oi, meus tesouros! Nossa, que surpresa boa. - diz Grace, abraçando e beijando
os netos.

– Vovó, a gente foi andar de barco hoje! - conta Ella.

– É mesmo? E foi divertido?

– Muito! O papai me deixou ser o capitão. - diz Henry.

– Nossa, que bacana! Vamos entrar, eu quero que vocês me contem tudo. - diz
Grace. Quando Christian e Ana se aproximam, ela cumprimenta os dois.

– Cadê o meu pai? - pergunta Christian.

– Estou aqui. - diz Carrick, surgindo na porta. - Eu estava vindo pra cá, mas a sua
mãe correu na minha frente. - ele diz, rindo.

– Eu estava ansiosa para ver os meus netos. Claro, meu filho e minha nora
também.

– Será que nós podemos entrar? - pergunta Christian.

– Claro, filho! Vamos. - diz Grace.

Enquanto as crianças contam sobre a tarde no barco, Grace pede que o jantar seja
preparado. Com todos devidamente alimentados, Ana deixa os filhos entretidos na
sala de TV e se junta à Christian, Grace e Carrick, na sala de estar. Prevendo que
o filho tem algo importante a dizer, Grace e Carrick tentam controlar a ansiedade.

– Bem, vocês devem estar se perguntando por que nós viemos aqui hoje, há essa
hora. - diz Christian.

– Não que a gente não tenha gostado da visita, meu filho, mas sim, nós estamos
curiosos sobre o que você tem a nos dizer. - diz Carrick.

– É sobre a foto? Você descobriu quem mandou? - pergunta Grace.

– Sim, descobri. Quem me mandou a foto foi um homem chamado Joseph Palmer.
E ele afirma ser o meu pai.

– O que? - pergunta Carrick, perplexo, e Christian pode ver o rosto do pai ficar
branco como papel.

– Christian, você está falando sério? - pergunta Grace.

– Muito sério.

– Ele entrou em contato com você?

– Ele ligou para o meu escritório.

– Você falou com ele? - Christian identifica um misto de surpresa e revolta na voz
do pai.

– Sim. Ele enganou a minha secretária e conseguiu que ela transferisse a ligação.

– E o que ele disse? - pergunta Grace, e então Christian relata toda a conversa
para os pais. A cada detalhe, Carrick se mostra mais indignado. Grace, inclusive,
precisa conter o marido em alguns momentos.

– Bem, e depois disso eu desliguei. - diz Christian, encerrando o relato. - Eu estava


com tanta raiva, que eu nem sei o que faria se ele estivesse na minha frente.

– Não é pra menos, meu filho. Esse homem, aparecer assim depois de tanto
tempo, e jogar essas bombas em cima de você. - diz Grace.

– E desculpa jogar isso em cima de vocês, mas eu achei melhor contar.


– Você fez o certo, meu filho. Nós somos seus pais, e estamos aqui para o que
você precisar. E nós estaremos sempre ao seu lado, protegendo você. - diz
Carrick, e Christian se comove.

– Obrigado, pai. - ele diz, dando um abraço apertado no pai.

– E o que você vai fazer, se esse homem entrar em contato com você novamente?

– Eu não quero contato com ele. Não importa o que ele diga, esse homem não é
meu pai. - diz Christian, deixando Carrick orgulhoso.

A conversa se estende por mais algumas horas, até que Christian decide que já
está na hora de ir embora. Após colocar as crianças no carro, Christian se
despede dos pais. O abraço de Carrick é um pouco mais longo que o de costume,
e Christian pode sentir o pai um pouco abalado. Carrick conduz o filho até o carro,
se despede da nora e dos netos e volta para dentro de casa. Christian estranha a
atitude do pai, mas prefere não estender o assunto. Mas durante todo o percurso
de volta pra casa, Christian pensa na situação.

Quando chegam em casa, Ana e Christian se dividem na tarefa de colocarem os


filhos pra dormir. Ana fica encarregada de Henry, que já veio adormecido pelo
caminho, enquanto Christian se prontifica a levar Ella para a cama. Após trocar a
roupa da filha, Christian a deita na cama e beija sua testa.

– Boa noite, princesa.

– Papai.

– Oi, docinho.

– Se você quiser, você pode dividir as suas marcas de coragem comigo. - diz a
menina, deixando o pai confuso.

– Como assim? - ele pergunta, sentando na cama da menina.

– Eu sei que você é forte e corajoso, e que você sempre protege a gente dos
monstros, mas você já tem muitas marcas e eu não tenho nenhuma, então, se
você ganhar outras, você pode dividir comigo. Eu juro que eu não conto pra
ninguém. - ela diz, e Christian sente o coração transbordar de amor.
– Meu amor, você é a menina mais preciosa do mundo. - ele diz, puxando a filha
para seu colo. - Você está certa, eu sempre protegerei você, sua mãe e seu irmão
de todos os monstros e perigos do mundo, mas você não precisa se preocupar
comigo. Não importa quantas marcas de coragem eu ganhe, nada vai me tirar de
vocês. Nunca! Okay?

– Okay.

– Eu te amo, princesa.

– Eu também te amo, papai. - com um beijo de boa noite, Christian deixa o quarto
da filha.

Chegando na suíte, Christian encontra Ana trocando de roupa.

– Foi tranquilo com o Henry? - ele pergunta.

– Ele não acordou nem quando eu troquei a roupa dele. - ela diz, sorrindo. - E a
Ella?

– Foi tranquilo também. Sabe o que ela me disse?

– O que?

– Que se eu quiser, eu posso dividir as minhas cicatrizes com ela.

– Ela disse isso?

– Disse. Acho que ela tem medo de que aconteça alguma coisa comigo.

– Você tem razão. O subconsciente dela guardou algumas lembranças da época


difícil que nós passamos. Eu mesma devo ter passado alguma ansiedade pra ela
ainda na barriga.

– Você acha que deveríamos levá-la ao Flynn?

– Acho que não. Só se ela desenvolver algum tipo de transtorno, o que não deve
acontecer. A Ella é muito sensível e ama demais o pai dela. Só isso. - diz Ana,
com um sorriso acolhedor.

– Falando em pai... Você viu como o meu pai ficou abalado, quando eu contei
sobre o Joseph?
– Claro que ele ficou. Além de estar preocupado com você, com seu bem estar e
com a sua segurança, ele também está se sentindo ameaçado.

– Ameaçado?

– Sim. Se coloca no lugar dele. Um cara aparece do nada, diz ser seu pai e que
vai te reconquistar, ter você de volta. O coração de pai dele ficou angustiado.

– Eu disse que não quero nada com esse cara, ele não é meu pai. Ele é, no
máximo, o cara que abandonou a mim e a minha mãe.

– Eu sei disso. E seu pai também sabe. Mas no fundo, ele está com medo de te
perder. - diz Ana, abraçando o marido. - Acredite, eu conheço a sensação.

– Eu vou conversar com ele. Deixar claro que nada vai mudar, que eu não vou a
lugar nenhum.

– Faça isso. - ela diz, beijando o peito do marido.

– Mas depois. Agora eu tenho uma coisa mais importante a fazer.

– O que?

– Eu tenho que fazer amor com a minha esposa. - ele diz, pegando Ana no colo e
carregando-a para a cama.

Um mês se passa. Um mês sem nenhum sinal de Joseph. Christian, finalmente


respira aliviado e volta a relaxar. Ao que tudo indica, Joseph entendeu bem o
recado e resolveu tirar o time de campo. Com Christian em paz novamente, a casa
funciona melhor. As crianças estão felizes, Ana está tranquila e tudo voltou ao
normal.

Christian e Ros estão voltando de uma reunião. A Grey House está prestes a
fechar uma grande parceria na área de indústria civil. Andrea aguarda os dois na
porta da sala.

– Alguma ligação, Andrea?

– Sim. O Sr. Hayashi ligou, ele disse que chegará a Seattle na semana que vem e
que gostaria muito de encontrar o senhor e conhecer as instalações da empresa.
– Pode confirmar a visita. Certifique-se, também, que ele e toda sua comitiva
fiquem hospedados em um dos nossos hotéis parceiros, nós arcamos com as
despesas.

– Sim, senhor.

– Ah, Andrea, me faça outro favor. Entre em contato com a nova assistente da Ana
e peça que ela mande as plantas do projeto da reforma da filial de Londres, por
favor. Eu preciso mandar isso para os nossos arquitetos com urgência.

– Eu já fiz isso, senhor. As plantas já estão com a equipe de arquitetura, e a Sra.


Grey receberá as alterações ainda hoje.

– Muito obrigado, Andrea.

– Sério, Christian, o que você faria sem a Andrea? - pergunta Ros, fazendo a
secretária rir.

– Sinceramente? Não sei. - diz Christian, sorrindo. Ele abre a porta da sala, dando
passagem para Ros.

– Você vai precisar de mim na semana que vem? Para a visita do Hayashi?

– Semana que vem é a sua viagem para a Austrália.

– Eu sei, mas eu posso adiar, se você for precisar de mim.

– Não seja boba, Ros. Eu posso lidar com um bando de japoneses. Vá tirar as
suas merecidas férias. Além do mais, se você perder essa viagem, a Gwen vai
arrancar a minha cabeça. - diz ele, em tom de brincadeira.

– A minha também. Ela está falando dessa viagem há meses.

– Então vá, e se divirta. - ele diz, quando a conversa é interrompida por seu
celular. Ele sorri ao ver a foto de Ana aparecer na tela. - Oi, linda! Que bom ouvir a
sua voz no meio do dia.

– Oi, baby.– Ana responde, e Christian pode sentir algo estranho na voz da
esposa.

– Está tudo bem?


– Baby, por favor, não surte!– ela pede, mas o pedido parece causar o efeito
contrário.

– Ana, o que houve? - ele pergunta, e no fundo é possível ouvir o choro de


alguém. - O que está acontecendo? Tem alguém chorando? Onde você está?

– Eu estou no carro, indo pra casa. Escute, está tudo bem, não foi nada sério.

– Ana!

– É a Ella. Aconteceu um pequeno acidente no treino da ginástica.– ela diz, e o


coração de Christian para.

– Oh, meu Deus! O que houve?

– Não foi nada de mais. Ela se chocou contra outra menina e machucou a boca. E
com o impacto, o dentinho da frente, que já estava mole, acabou caindo.

– E como ela está? Por que ela está chorando?

– Ela está bem. Ela só está assustada por causa do sangue.

– Sangue? - Christian praticamente grita, deixando Ros alarmada.

– O dente caiu e ela cortou a gengiva um pouquinho, por isso sangrou. Mas eu já a
levei ao dentista, ele disse que está tudo bem. Ela nem precisou levar ponto, é só
colocar um pouco de gelo e amanhã está bom.

– Eu estou indo pra casa.

– Christian, não precisa. Ela está bem, eu juro.

– Eu estou indo pra casa, Ana.

– Okay! Okay! Te vejo em casa, então. Venha com cuidado.

– Pode deixar. Até mais! - ele diz, encerrando a ligação.

– Christian, o que houve? - pergunta Ros.

– A Ella teve um acidente no treino da ginástica. Eu estou indo pra casa. - ele diz,
arrumando suas coisas.
– Claro! Se precisar de alguma coisa, só avisar. Espero que esteja tudo bem.

– Obrigado, Ros. Nos vemos amanhã. - diz ele, pegando sua pasta e saindo
apressado.

Ana e Ella estão aconchegadas na sala de TV. A menina já parou de chorar, mas
ainda está abalada. Seus olhinhos estão vermelhos e inchados. Ela solta alguns
suspiros, enquanto segura um pacotinho de gelo sobre a boca. Ana puxa a filha
mais para perto de seu corpo, enquanto acaricia seus cabelos. O carinho da mãe
acalma a menina.

A porta batendo com força e passos apressados denunciam a chegada de


Christian.

– Ana! - ele a chama pela casa.

– Estamos aqui! - ela responde. Segundo depois, Christian surge na entrada da


sala de TV.

– Papai. - Ella fica chorosa assim que vê o pai.

– Oh, meu Deus! Minha princesa, como você está? - Christian pega a filha no colo
e a aperta contra o peito.

– Eu me machuquei, papai.

– Deixa o papai ver. - ele pede, e Ella abre a boca. Christian solta um chiado de
dor ao ver ao analisar o machucado. - O que aconteceu?

– O treinador disse que ela e a Megan estavam fazendo um exercício juntas, uma
outra menina se desequilibrou, empurrou a Megan e ela bateu a cabeça no rosto
no Ella.

– Oh, Deus! E o treinador não viu que isso podia acontecer? É o trabalho dele
evitar que esses acidentes aconteçam! - Christian se exalta.

– Christian, se acalma.

– E o que o dentista disse?

– Ele disse que ela está bem. Os dois dentinhos da frente já estavam moles. Um
caiu com a pancada e o outro deve cair nos próximos dias.
– E esse inchaço?

– O inchaço é por causa da batida. É só colocar gelo, que daqui a pouco melhora.

– Foi só isso? Ela não machucou outra coisa? Não quer levá-la ou hospital?

– Não, baby, foi só isso! Apesar do susto, a nossa princesa está bem. - diz Ana,
sorrindo.

– Jesus! Eu morri mil vezes quando você disse que ela tinha se machucado. -
Christian aperta a filha contra o corpo novamente.

– Eu sei. Eu me desesperei também. Mas, graças a Deus, foi só um susto. - diz


Ana, juntando-se ao abraço.

Christian e Ana passam o resto da tarde cuidando da filha. Christian só sai de


perto de Ella, para buscar Henry na escola. Vendo a irmã machucada, Henry se
torna super protetor. Ele se prontifica a ficar ao lado dela e a providenciar tudo que
ela precisa. A interação dos filhos é, cada vez mais, motivo de orgulho para os
pais. Após se certificarem de que está tudo bem, Ana deixa os filhos vendo um
filme e vai se juntar a Christian, no jardim.

– Eu ainda acho que nós devíamos tirá-la da ginástica. - ele diz, quando Ana se
aproxima.

– Christian, foi um acidente. Isso podia ter acontecido em qualquer lugar. Na


ginástica, no balé, na escola, aqui em casa. Ela é uma criança e precisa de
atividades para se entreter.

– Existem atividades menos perigosas.

– É ginástica artística, Christian. Não é tiro ao alvo.

– Você me entendeu.

– Baby, me escuta. - ela diz, puxando o rosto do marido em sua direção. - Nós não
podemos evitar que esses pequenos acidentes aconteçam. Nós não podemos
envolvê-los em plástico bolha.

– Eu sei.
– A única coisa que a gente pode fazer é cuidar deles. E isso a gente faz muito
bem.

– Nós e o nosso menino. - diz Christian, sorrindo.

– Você viu ele, todo homenzinho, cuidando da irmã?

– Ele é muito supre protetor.

– De quem será que ele puxou isso?

– Touché, baby. - ele diz, beijando a têmpora da esposa. - Eles estão crescendo
tão rápido.

– Estão mesmo. Daqui a dois meses, o Henry faz quatro anos.

– Passou voando.

– Num piscar de olhos. - a conversa é interrompida pelo celular de Ana. A foto de


Kate aparece no visor. - Oi, Kavanagh!

– Oi, Steele! Escute, você está em casa?

– Estou sim.

– O Christian está com você?

– Está aqui comigo. Por quê?

– Eu preciso que você faça uma coisa?

– O que?

– Você precisa manter o Christian longe da internet e da TV, e vocês dois


precisam vir pra casa do Ethan e da Mia agora.

– Por quê? O que houve?

– Aconteceu uma coisa com a Mia, eu não sei bem o que é, o Elliot não me disse.
Ele só pediu que eu te dissesse isso. Mantenha o Christian longe de qualquer
veículo de comunicação e venham pra cá agora. O Elliot já está aqui, e eu acabei
de chegar.
– Ok! Nós estamos indo.

– Tchau, Ana.

– Tchau, Kate. - Ana desliga o celular e se vira para Christian, que aguarda
informações.

– O que foi? - ele pergunta.

– Era a Kate. Ela pediu que nós fôssemos para a casa da Mia. Parece que
aconteceu alguma coisa. - ela diz, e Christian perde o ar.

– O que houve? A Mia está bem? - ele levanta de súbito.

– Eu não sei, a Kate também não soube explicar. Ela só pediu para irmos pra lá
rápido.

– Então vamos! - Christian segue para a porta.

– Eu vou pedir à Gail para olhar as crianças, te encontro lá fora.

– Okay, não demora! - enquanto Christian corre para o carro, Ana aproveita para
esconder o celular do marido. Deve haver um bom motivo para mantê-lo longe da
internet.

O caminho para a casa de Mia é tenso. Tudo o que Christian e Ana não
precisavam hoje era de outro susto na família. Apenas na metade do caminho
Christian sente falta do celular, mas Ana o mantém distraído até chegarem a seu
destino. Assim que o carro estaciona na porta da casa de Mia, Christian reconhece
o carro dos pais, do irmão e da cunhada. Algo sério deve ter acontecido, o que
aumenta ainda mais o pânico de Christian. O casal salta do carro e corre para
dentro da casa.

Assim que entram, eles seguem direto para a sala, onde toda a família se encontra
reunida. Os olhos de Christian vasculham o ambiente. Estão todos ali. Grace,
Carrick, Elliot, Kate e Ethan, mas, seu coração só encontra sossego ao ver Mia,
sentada no canto da sala. Seus olhos estão vermelhos e sua maquiagem está
borrada, sinais de que ela esteve chorando. Mas isso não importa, pois sua irmã
está viva e bem.

Ao ver o irmão, Mia salta do sofá e corre em sua direção.


– Ai, Christian! - ele se joga nos braços do irmão e chora.

– Você está bem?

– Não, eu não estou bem! Isso é um desastre. - ela chora copiosamente.

– Está tudo bem, eu estou aqui! Seja lá o que tiver acontecido, vai ficar tudo bem.
Eu prometo. - ele diz, esfregando as costas da irmã.

– Não vai ficar tudo bem.

– Mia, me conte o que aconteceu? - ele pergunta, mas antes que a moça possa
responder, a voz de Ana irrompe no ambiente.

– Oh, meu Deus!

Soltando o abraço, Christian se vira para a esposa. Ana está parada em frente a
grande televisão da sala. Ela leva as mãos à boca em absoluto choque. Ao olhar
para a televisão, Christian sente seu sangue ferver. O apresentador de um
programa anuncia em letras garrafais.

EXCLUSIVO: FOTOS DE MIA GREY NUA VAZAM NA INTERNET!

Notas finais do capítulo

Vamos esperar que as próximas semanas continuem tranquilas, mas mesmo


assim... NÃO TENHO PREVISÃO PARA POSTAR!!!

Notas iniciais do capítulo

MUITO IMPORTANTE!!! LEIAM!!!

Oi, gente!

Preciso ter uma conversa com vocês, algo que já deveria ter sido conversado há
um tempo atrás.
No capítulo passado, uma leitora me perguntou se eu ficaria chateada se ela
dissesse que não está mais gostando da fic, que essa segunda temporada está
descaracterizando os personagens do livros e que está dramático demais.

Primeiro, não me chateio com críticas negativas de maneira nenhuma. Nunca! Se


eu me proponho a escrever uma história e postá-la, o mínimo que devo esperar
são críticas negativas. Faz parte, sempre. Alguém que não aguenta críticas, não
deve se dar ao trabalho de divulgar seu trabalho.
Segundo, concordo plenamente com ela. Sim, os personagens da minha história
não são os mesmos personagens do livro. Por vários motivos. O primeiro e mais
importante, quem está escrevendo essa história sou eu, e não a E.L.James, ou
seja, essa é a minha visão sobre esses personagens.

O que me leva ao segundo motivo, na minha visão, é assim que esses


personagens estão depois de tudo que passaram (na primeira temporada da
minha história). Pra mim, as pessoas mudam, ou evoluem ou regridem, mas é
difícil alguém continuar imutável depois de tanto tempo. O Christian do primeiro
livro não é o Christian do terceiro livro. Me entendem?

Outra questão: "Estou sentindo falta das cenas de sexo. Por que você não escreve
mais cenas de sexo?" Porque eu não sou boa nisso, gente! Tem gente que tem o
dom de
escrever sobre sexo sem que fique vulgar, e eu não sou uma delas. Podem ver na
primeira temporada, as minhas cenas de sexo são sempre iguais... hahahahahaha.
Fazer o que?

Eu não vou mais responder "você vai abandonar a fic?". Porque quem me conhece
nesses quase dois anos de Cinquenta Tons Eternos e criou um laço comigo, sabe
que eu não vou
abandonar a fic. Posso demorar um ano pra postar, mas não vou abandonar! E se
eu demoro, não é por descaso ou falta de responsabilidade, como algumas
disseram. Até porque,quem está aqui desde o começo e me acompanhou em
todos os momentos (quando eu troquei de emprego, quando fiquei doente, quando
minha mãe morreu...) sabe que esse não é o caso.Então, se eu não estou
postando, não é porque estou de férias em Cancun, é porque alguma coisa está
acontecendo. Trabalho, casa, marido... enfim!

Por fim, quero agradecer o carinho e a compreensão de todas. Dizer que eu amo
vocês e é por vocês que eu escrevo!!
A voz do apresentador do programa de fofoca ecoa no ar, e por um segundo a sala
de estar da casa de Mia e Ethan fica em absoluto silêncio.

– Após o nosso intervalo comercial, nós vamos mostrar com exclusividade as fotos
da socialite Mia Grey que vazaram na internet. E eu posso adiantar para vocês que
as fotos são quentes. Não saiam daí!– diz o homem, sorridente.

Durante todo o intervalo comercial, o tempo parece suspenso no ar. Ninguém tem
coragem de se manifestar e tornar tudo real. Há uma prece silenciosa para que
tudo não passe de um mal entendido, um blefe. Mas é só o programa retornar,
para que a dura realidade os acerte com um soco no estômago.

Ocupando toda a tela da imensa televisão da sala está Mia, leve e sorridente, onde
parece ser um banheiro. Com os seios expostos, ela sensualiza com o dedo do
meio na boca. Dez segundos depois, e outra foto surge na tela. Dessa vez Mia
está de frente para um grande espelho, que mostra seu corpo inteiramente nu. Em
uma das mãos, um celular, prova irrefutável da legitimidade e autoria das fotos.
Durante dois minutos, quase 10 fotos íntimas de Mia são expostas em rede
nacional.

– Isso não pode estar acontecendo. - Mia cai sentada em uma poltrona e cobre o
rosto com as mãos. - Isso é um pesadelo, um pesadelo!

– O que... o que significa isso? - Christian parece não acreditar no que os seus
olhos estão vendo.

– Que merda é essa? - explode Elliot.

– Mia Grey, eu exijo uma explicação! - esbraveja Carrick.

– Carrick, meninos, por favor! Nós precisamos manter a calma. - Grace tenta
apaziguar os ânimos.

– Manter a calma? Os peitos da sua filha estão expostos em rede nacional.

– Elliot! - repreende Grace. Christian se ajoelha diante de Mia e toma o rosto da


irmã entre as mãos.
– Por quê? Por que você fez isso? - ele pergunta, num misto de confusão e
decepção, o que parte o coração da jovem.

– Por quê? Porque ela quer ser a nova Paris Hilton, ou Kardashian, ou seja lá qual
for o nome dessas vagabundas da internet. - o Grey mais velho está transtornado.

– Elliot, já chega! - Carrick intervém.

– Não é nada disso! Eu juro que não é nada disso. - Mia não consegue conter o
choro.

– Olha pra mim. - pede Christian. - Apenas me diga por quê.

– Ela fez pra mim. - confessa Ethan.

– O que? - Christian levanta-se lentamente, sem tirar os olhos do cunhado. - Você


fez a minha irmã tirar fotos nuas para você? - ele sibila, entre os dentes.

– Seu pervertido! - Elliot tenta avançar sobre o cunhado, mas é contido pelo pai.

– Não! Parem! Ele não fez nada. - Mia se põe na frente do marido. - Eu tirei essas
fotos porque eu quis. Eu tirei essas fotos e enviei para o meu marido porque eu
quis.

– Querida, por favor, se aclame! - pede Grace, abraçando a jovem. Mãe e filha se
sentam no sofá.

– Foi no dia dos namorados do ano passado. O Ethan estava em Chicago, para
um simpósio, nós dois estávamos arrasados por passarmos nosso primeiro dia dos
namorados longe um do outro. Então eu resolvi tirar essas fotos e mandar pra ele.
Eu achei que seria divertido. - ela relata.

– Você achou que seria divertido? Você não podia ter pensado em um presente
melhor?

– Cala a boca, Elliot! - Mia explode com o irmão. - Eu tirei fotos para o meu marido.
Isso é uma coisa íntima de nós dois. Eu não entro na sua casa e procuro saber da
sua intimidade com a sua esposa. Então não se meta na minha!

– Mas não foi a minha intimidade que foi parar no jornal da noite.

– Você quer uma medalha por isso?


– Pelo amor de Deus, parem vocês dois! - pede Carrick. - Querida, você tem
certeza que não mandou essas fotos para outra pessoa?

– Claro que eu tenho.

– Você nunca mostrou essas fotos para alguém? Ninguém mexeu no seu celular?

– Não, claro que ninguém mexeu no meu celular. E como eu disse, essas fotos
fazem parte da minha intimidade, eu nunca mostraria a ninguém.

– Acho que não precisamos perguntar ao Ethan. - diz Carrick, olhando para o
genro.

– Claro que não! Por favor, de jeito nenhum.

– Então nós precisamos descobrir quem fez isso. E como conseguiram as fotos. -
Mia ouve o pai falar, mas ela não está interessada em saber quem roubou suas
fotos, nem em como, nem em porque. Mia está interessada no par de olhos fixos
nela. Os olhos frios de Christian são cheios de decepção e desaprovação. De
todas as pessoas naquela sala, incluindo seu marido, é esse olhar que Mia mais
temia receber. Os dois olhos se encaram por algum tempo, em silêncio, não há
palavras que expressem a tristeza desse momento. Uma mão em seu ombro,
quebra a conexão de Mia.

– O que importa é que estamos aqui com você. - diz Carrick, aparentemente
encerrando um discurso.

– O que? - Mia se perde no assunto.

– Seu pai está dizendo que vai ficar tudo bem. Que não importa o que aconteça,
nós somos sua família, nós te amamos e vamos estar com você para o que vier.
Certo, rapazes?- diz Grace. Automaticamente, todos olham na direção de Elliot.
Mesmo furioso com a irmã, ele sabe que não poderia abandoná-la.

– É, por que não? - ele diz, dando de ombros.

– Christian? - Grace se volta para o outro filho. Ao olhar para o irmão novamente,
Mia não encontra mais aquele olhar, na verdade, ela não encontra olhar nenhum.
Christian está de cabeça baixa e respira fundo. Grace chama o filho novamente. -
Christian?
– Com licença. - ele diz, virando as costas e deixando a sala.

– O que? - Grace se espanta com a atitude do filho.

– Christian! - Carrick tenta chamá-lo, mas é em vão.

– Eu vou falar com ele. - diz Ana, seguindo atrás do marido.

Ana precisa correr para alcançar Christian na garagem da casa.

– Christian! Christian, espere. - ela o intercepta no carro.

– O que você quer, Anastasia?

– O que eu quero? Eu quero saber o que você está fazendo?

– Eu estou indo embora.

– Você está falando sério? Você vai simplesmente ir embora? Vai virar as costas
para a sua irmã?

– Sim, eu vou virar as costas para a minha irmã e vou embora. Satisfeita? Posso ir
agora? - ele tenta entrar no carro, mas Ana o impede.

– Não, eu não estou satisfeita. Esse não é você! O que está acontecendo?

– O que está acontecendo? Você não viu aquelas merdas de fotos?

– Sim, eu vi. E vi uma jovem muito assustada com a sua privacidade invadida
dessa maneira.

– Ela só está nessa situação porque quis. Ela trouxe isso pra vida dela.

– A Mia não é a vilã aqui, ela é a vítima.

– Me desculpe, mas eu não posso lidar com isso agora. Não posso!

– Christian.

– Você sabe o que eu penso sobre esse tipo de fotos e o que elas representam.

– Esse não é o caso. Ela é sua irmã.


– Ela é uma pessoa completamente diferente pra mim agora. O rosto daquelas
fotos... eu não o conheço. - ele diz. Algo chama a atenção do casal e ambos olham
em direção à porta. Parada na entrada da garagem está Mia, devastada pela
declaração do irmão. Mas nem as lágrimas da irmã são capazes de amolecer o
coração de Christian.

– Me desculpe, eu preciso ir. - ele diz à esposa.

– Christian, por favor, não vá. - pede Ana.

– Fique, ajude no que for preciso.

– Ela é sua irmã, por favor.

– Eu vou mandar o Sawyer vir pra cá. - ele diz, irredutível.

Após beijar o topo da cabeça da esposa, Christian entra no carro e parte para
casa, deixando Mia desolada. Aos prantos, ela busca consolo nos braços da
cunhada.

Já passa da meia noite quando Christian ouve a porta da frente se abrir. Sentado
em um banco no bar, ele saboreia uma taça de vinho em silêncio.

– Oi. - diz Ana, ao se aproximar do marido.

– Oi. - ele responde, sem tirar os olhos da taça.

– Eu falei com o Welch. Ele disse que provavelmente o celular da Mia foi
hackeado. Aconteceu a mesma coisa com algumas atrizes, há alguns meses. Ele
vai investigar.

– Bom. - ele diz, indiferente.

– Sua mãe está chateada com você.

– Eu lido com ela depois.

– Christian, para, tá bom? Para!

– O que? - ele esfrega o rosto com as mãos.


– Como você pode ser tão indiferente ao que está acontecendo com a sua própria
irmã?

– Indiferente? Você acha que eu estou indiferente? Você acha que eu não ligo?
Que eu não me importo de ver milhares de pessoas vendo a minha irmã nua? - ele
explode.

– É o que parece.

– Depois de todos esses anos, parece que você não me conhece nem um pouco.
Eu não estou indiferente, eu estou furioso! Pelo amor de Deus, ela é minha irmã.
Eu estou me segurando para não explodir. Eu estou tão... eu podia matar alguém.
Eu queria socar a cara do Kavanagh pelo que ele fez.

– Ele não fez nada, Christian. Eles são casados. Não é da conta de ninguém o que
eles fazem na intimidade. Você, melhor do que ninguém, deveria saber disso. - diz
Ana.

– Eu sempre fui extremamente cuidadoso, sempre fiz de tudo para que esse tipo
de situação nunca acontecesse comigo. Muito porque ninguém tem nada a ver
com a minha vida, mas também porque eu não saberia como encarar a minha
família, se eles soubessem dos meus hábitos. Agora essa merda aconteceu com a
Mia e eu não sei mais como olhar pra ela.

– Você não pode abandonar a sua irmã quando ela mais precisa de você.

– Mas eu não posso ajudá-la agora. Quero dizer, você pode usar todos os nossos
recursos para ajudar, mas eu... eu não posso encará-la. Eu não posso estar com
ela. Eu estou com tanta raiva, que tenho medo de acabar a magoando ainda mais.
- ele diz, e corre as mãos pelos cabelos. Ana abraça o marido.

– Essa situação. Isso é tão... - ela diz, enterrado o rosto no peito dele.

– Eu sei. - ele responde, beijando o topo de sua cabeça.

– Mas, baby, você não pode...

– Ana, por favor, eu não quero mais falar sobre isso. Eu só quero sentar aqui e
terminar o meu vinho. - ele diz, sentando de volta no banco.
– Okay. - Ana acha melhor não pressionar o marido. - Posso tomar uma taça de
vinho com você?

– Claro. - ele diz, dando um gole em sua taça de vinho. Ana se serve e senta ao
lado do marido. Os dois permanecem em silêncio.

Três dias se passam e o alvoroço em torno das fotos de Mia só aumenta.


Perseguida por fotógrafos e repórteres, a jovem se isola em casa. Mostrando todo
seu suporte, a família se une para apoiá-la e acompanhar de perto as
investigações. Ethan não sai do lado da esposa nem por um segundo. Grace e
Carrick mostram que mesmo chateados com a situação, seu amor pela filha é
incondicional. Mesmo Elliot, que verbalizou toda sua revolta, tem mostrado seu
apoio. Até Ana e Kate se colocaram a disposição da jovem. A única pessoa de
quem Mia não tem notícias é Christian. A ausência do irmão tem deixado a caçula
Grey cada vez mais arrasada. Ela tenta contato com o irmão, mas é em vão.

Christian está dentro do closet, se arrumando para ir para o trabalho. Ele ajeita o
nó de sua gravata, quando ouve o celular tocar. Seu coração aperta ao reconhecer
o toque, mas ele não se move do lugar.

– Alô!– ele ouve Ana atender o seu celular. - Oi, Mia, como estão as coisas? Não
se preocupe, a polícia vai conseguir a liminar para tirar essas fotos do ar, daqui a
pouco as pessoas vão esquecer e tudo vai voltar ao normal. Eu não acho, eu
tenho certeza. Confia em mim. Não, ele... ele foi trabalhar e esqueceu o celular
aqui. Eu falo pra ele, pode deixar. Se cuida, tchau!

Christian não precisa esperar muito para notar a presença da esposa. Ana se
aproxima com cuidado e observa o marido da porta do closet.

– Posso ajudá-la, Sra. Grey? - ele pergunta.

– A Mia ligou. De novo.

– Eu ouvi.

– Eu já não tenho mais desculpas para dar.

– Então não dê nenhuma.

– Até quando você vai continuar com isso?


– Até eu consegui digerir o fato da minha irmã gostar de tirar fotos nuas.

– Você não consegue ver que a sua irmã está sofrendo?

– Sim, eu consigo ver. Mas não há nada que eu possa fazer agora.

– Claro que tem.

– Okay, não há nada que eu queira fazer agora. Era isso que você queria ouvir?

– Lógico que não. Eu só odeio ver vocês dois assim, tão distantes.

– Eu só preciso de tempo. - ele diz, terminando o nó na gravata. - Mudando de


assunto, o que você e as crianças vão fazer hoje? Primeiro dia de férias, né?

– Pois é! - Ana suspira. - A Ella quer aprender a fazer biscoitos decorados, então
acho que nosso dia vai ser assim, gourmet.

– Guarde biscoitos pra mim. - ele diz, sorrindo.

– Pode deixar. E você, o que vai fazer hoje?

– Tenho uma papelada para revisar agora de manhã, e um almoço de negócios no


Canlis.

– Uh, chique. - diz Ana, fazendo graça.

– Não é a mesma coisa sem você. - ele diz, e a beija.

– Eu sei. - ela o abraça. - Você acha que chega muito tarde?

– Acho que não. Por quê?

– Eu estava querendo sair para jantar com as crianças hoje.

– Excelente ideia, baby. Tentarei chegar em casa antes das 18h.

– Obrigada.

– Eu preciso ir, baby.

– Está bem. Tenha um bom dia.


– Você também. Eu te amo! - Christian beija a esposa antes de sair.

– Eu também te amo.

A manhã transcorre tranquilamente. Ana aproveita que as crianças estão


assistindo televisão para responder alguns e-mails de trabalho. Com suas
obrigações encerradas, Ana resolve ligar para Kate, para ver se a amiga quer vir
passar a tarde com ela e as crianças. Ela liga a primeira vez, mas Kate não atende
o celular. Passados 10 minutos, Ana retorna a ligação. Após quatro toques, Kate
atende.

– Alô!

– Oi, Kavanagh.

– Ah! Oi, Ana.– a loura responde, e Ana ouve um pequeno alvoroço do outro lado
da linha.

– Está tudo bem?

– Sim, sim. É a Brooke, ela está chorando a manhã toda.– ela diz, resignada.

– Mas ela está bem?

– Sim, não é nada de mais. Nós estamos tentando acostumá-la a ficar no carrinho.
Ela só quer saber de ficar no colo, o dia inteiro. O pediatra disse que nós
precisamos tentar um pouco todos os dias, até ela acostumar.

– Você quer que eu vá pra aí, te ajudar?

– Não precisa, a Beth está aqui.

– Você tem certeza?

– Absoluta.

– E a Ava?

– Ela vai passar o dia com a minha mãe.

– Kate, você tem certeza que não precisa de ajuda?


– Eu estou bem, Ana. Sério.

– Então tudo bem. Qualquer coisa, me liga.

– Pode deixar.

– Tchau, Kavanagh.

– Tchau, Steele. – Ana desliga o telefone com uma sensação estranha. Mas seus
pensamentos são interrompidos quando a porta do escritório abre.

– Mamãe! - a voz animada de Ella invade o ambiente.

– Oi, amor.

– Você está trabalhando?

– Não, eu já acabei.

– A gente pode fazer biscoitos agora?

– Claro. Vocês já terminaram de ver desenho?

– Eu já terminei. O Henry quer ver Ben 10, mas eu não quero.

– Mas ele viu o seu desenho com você, não viu?

– Viu. Mas eu já vi quatro desenhos do Ben 10. Eu cansei, mas ele não quer ver
outra coisa. Eu pedi pra ele trocar, mas ele não quis. Ele é muito cabeça-dura. - diz
a menina, arrancando risos da mãe. Ana pega a filha e a coloca sentada em seu
colo.

– Eu conheço bem essa sensação, amor. Os homens da família Grey são bem
teimosos mesmo. - ela diz, dando um beijo estalado na bochecha da filha.

– Ella? - a voz tímida de Henry chama atenção das duas.

– Vem cá, ursinho. - Ana chama o filho. O menino se aproxima encabulado. - O


que foi, amor?

– Ella, você pode assistir desenho comigo? A gente pode ver o desenho das
princesas, se você quiser? - ele pede, e Ana se derrete.
– Sabe, filha, às vezes nossos rapazes só precisam de um tempo. - ela diz, e Ella
sorri. A menina pula do colo da mãe e abraça o irmão. - Ei, o que vocês acham da
gente fazer biscoitos agora? O papai falou que vai querer comer muitos biscoitos
quando chegar. Então, vamos fazer biscoitos?

– Vamos! - as crianças vibram juntas. De mãos dadas com os filhos, Ana parte em
direção à cozinha.

Ocupando uma mesa em uma área reservada do restaurante Canlis, Christian e


seus parceiros de negócios discutem os últimos detalhes do investimento.

– Acho que ficamos acertados, Grey. Na quarta feira você vai receber os
documentos com todos os tópicos que foram discutidos hoje. - diz Robert Stein,
dono de uma empresa de construção civil.

– Ótimo. Eu vou mandar para o meu departamento jurídico, se estiver tudo certo,
antes do final da semana nós fechamos negócio.

– Maravilha! - comemora Jonathan Perry, sócio de Robert. - Cavalheiros,


precisamos celebrar. Drinques hoje à noite, o que dizem?

– Infelizmente eu não posso. Eu tenho compromisso com minha esposa e meus


filhos hoje.

– Grey, eu sabia que você era casado, mas não sabia que tinha filhos.

– Sim, eu tenho. Uma menina de seis anos, e um menino com três, quase quatro. -
ele diz, abrindo um grande sorriso.

– Uau, que bom. Minha filha acabou de fazer nove anos. Ela é tão matura, tão
independente. Eu sinto falta de quando ela tinha uns quatro anos e ainda pedia
para eu amarrar os sapatos dela. - diz Robert, com um sorriso saudoso.

– Eu tenho dois meninos de cinco anos, gêmeos. Eles colocam fogo na casa,
literalmente. - diz Jonathan, rindo. - Nós devíamos marcar uma tarde para as
crianças brincarem juntas.

– É uma boa ideia. - diz Christian.

– Como nós passamos de drinques para playground assim tão rápido? - brinca
Robert, e os três homens riem.
– Com licença, Sr. Grey. - diz Taylor, interrompendo a conversa. Ele se abaixa e
fala ao ouvido de Christian. - Há um grupo grande de fotógrafos e repórteres se
formando na porta do restaurante, esperando por você. Eu falei com o gerente e
não há outra saída. Acho melhor sairmos agora, antes que o número de fotógrafos
aumente e acabe se formando uma confusão ainda maior.

– Ok, prepare o carro. - responde Christian, e Taylor segue para a saída. Christian
torna sua atenção aos novos parceiros. - Senhores, eu preciso ir. Foi um almoço
muito produtivo. - diz ele, levantando-se da mesa. Os dois homens imitam o gesto.

– Foi ótimo fazer negócios com você, Grey. - diz Robert, apertando a mão de
Christian.

– Eu fico aguardando os documentos.

– Combinado.

– E vamos marcar esse playground. - diz Jonathan.

– Vamos sim. Por favor, aproveitem a refeição. - com um aceno de cabeça,


Christian deixa a mesa.

Caminhando para a saída do restaurante, Christian tem uma visão da situação do


lado de fora do estabelecimento. Cerca de 30 pessoas, fotógrafos e repórteres, se
aglomeram na rua, provavelmente ávidos por uma declaração de Christian sobre o
escândalo envolvendo Mia. Esse assédio ao seu redor só aumenta ainda mais a
raiva de Christian em relação à situação da irmã.

Quando Taylor surge na porta, Christian sabe que está na hora de enfrentar a
horda. Respirando fundo, ele adentra a confusão. Assim que Christian põe o pé
para fora do restaurante, a multidão avança sobre ele. Flashes explodem em seu
rosto, incontáveis microfones surgem à sua frente, câmeras de vídeo atrapalham
sua visão. Em uma fração de segundo, tudo se transforma em caos quando
Christian é bombardeado com as perguntas mais absurdas.

– Sr. Grey, o senhor já viu as fotos da sua irmã?

– Sr. Grey, o que o senhor acha sobre esse vazamento?

– Sua irmã ainda está casada?


– Essas fotos foram tiradas pra quem?

– A Mia vai posar nua?

– Ela tem uma sextape?

Christian precisa fazer um esforço sobre-humano para não reagir a coação dos
repórteres. Taylor faz o que pode para proteger Christian, mas sem uma escolta
maior, os dois são alvos fáceis dos paparazzi. Os dez metros que separam o carro
do restaurante nunca foram tão longos.

– Sr. Grey, sua irmã foi deserdada?

– Ela vai divulgar mais fotos?

– Ela recebeu proposta para filmes pornô?

– Você acha que sua irmã precisa colocar silicone?

Christian finalmente se aproxima do carro. Taylor se adianta para abrir a porta e


Christian se vê a poucos passos do fim do tormento.

– A Mia sumiu do bistrô. Ela está se escondendo por causa das fotos?

– Ela vai tirar as fotos do ar?

– Ela tem vergonha das fotos?

– Claro que não! Ela fez isso de propósito, todas elas fazem. - Christian está quase
entrando no carro quando ouve o tom irônico de um dos paparazzi. - Primeiro elas
tiram as fotos, depois querem retirar do ar? Ridículo. A gente tem todo direito de
ver. Se não quisesse as fotos expostas, que não tivesse tirado.

E de repente Christian é atingido por uma gama de sentimentos. Raiva, revolta,


indignação e, acima de tudo, culpa passam por cima dele como um rolo
compressor. Os comentários misóginos e ofensivos do paparazzo despertam um
leão dentro de Christian. Saindo do carro, ele olha em volta e localiza o homem.
Um sujeito magricela e esquisito, com um sorriso sombrio e debochado no rosto.
Sem pensar duas vezes, Christian avança sobre o homem. Pego de surpresa, o
sujeito não tem tempo de fugir. Christian o agarra pelo colarinho e o joga sobre o
capô do carro.
– É por causa de homens de merda como você, que mulheres são estupradas
todos os dias pelo mundo. - ele diz, entre os dentes, e então arranca a câmera das
mãos do homem e a arremessa longe, fazendo o objeto de espatifar no chão.

– Eu vou processar você! - grita o homem.

– Faça isso. Eu estarei esperando. - diz Christian, enquanto o homem corre para
longe.

Olhando em volta, Christian se vê cercado de fotógrafos e repórteres


enlouquecidos pela sua reação. Recompondo-se da explosão, Christian se volta
para as câmeras.

– Minha irmã, Mia, foi vítima de crime sexual. Ela teve sua intimidade invadida e
exposta sem sua autorização. Ela não tem nada do que se envergonhar e nem
razão para se esconder, ela é a vítima dessa situação, e não a bandida. A
divulgação e propagação dessas fotos só endossam a agressão sexual que isso
representa. As leis desse país precisam mudar urgentemente, para que esses
vazamentos sejam considerados crimes hediondos, porque é isso que são. Mas
enquanto isso não acontece, minha irmã terá todo apoio das pessoas que a amam,
seu marido e sua família. - ele declara, e antes que possam fazer mais perguntas,
Christian dá meia volta e entra no carro.

– Vamos, Taylor.

– Para a Grey House?

– Não, nós vamos para outro lugar.

Na cozinha de casa, Ana tenta organizar a bagunça da decoração de biscoitos que


as crianças estão fazendo. Há farinha de trigo, gotas de chocolate, confeitos e
glacê colorido espalhados por cada centímetro da cozinha. Mas ela não está nem
um pouco incomodada com a confusão, muito pelo contrário, ver seus filhos
exercendo a criatividade e a imaginação só enche Ana de alegria e orgulho.

– Mamãe, eu posso pintar o meu coração de azul? - pergunta Ella.

– Claro que pode, amor. Mas por que, acabou o rosa?

– Não. É porque esse é pro papai, e o papai é menino, então eu quero pintar de
azul.
– Ah, entendi. Mas você pode pintar de rosa, se quiser, o papai vai amar qualquer
cor que você escolher.

– Mamãe, meu carro ficou pronto. - diz Henry, mostrando seu biscoito em forma de
carro, ricamente decorado com várias cores.

– Nossa, filho, ficou lindo. Você quer decorar a estrela agora?

– Quero. - Ana ajuda Henry a decorar um biscoito, quando Ella chama sua
atenção.

– Mamãe, olha! O papai tá na televisão. - diz a menina, apontando para a televisão


da sala de estar. Ana larga os biscoitos e corre para a sala para ver a matéria
envolvendo Christian.

Na tela, os apresentadores do programa de entretenimentos falam, enquanto a


matéria anuncia: EMPRESÁRIO CHRISTIAN GREY ATACA FOTÓGRAGO.
Atônita, Ana não tem tempo de tirar as crianças da sala, pois no segundo seguinte,
imagens de Christian segurando o homem pela camisa e o jogando em cima do
carro surgem na tela. Após as imagens, os apresentadores debatem.

– O empresário foi cercado por fotógrafos na saída de um restaurante. Antes de


entrar em seu carro, Christian se voltou contra um dos fotógrafos e o jogou contra
o veículo. O incidente aconteceu há menos de uma hora.

– Algumas testemunhas disseram que o fotógrafo fez comentários inapropriados e


ofensivos sobre sua irmã. Nós imaginamos que depois do vazamento das fotos, a
família Grey tem ouvido muita barbaridade.

– É, mas Christian Grey acabou de provar que ninguém mexe com ele e nem com
a sua família.– diz a apresentadora, e Ana não consegue evitar sorrir.

– Mamãe, por que o papai bateu naquele homem? - pergunta Ella, assustada.

– Ele estava defendendo sua Tia Mia.

– Aquele homem foi mal com ela? - pergunta Henry.

– Sim, ele foi. - diz Ana, voltando sua atenção para a televisão.
– Após o incidente, Christian ainda deu uma declaração emocionante sobre a
irmã.– diz a apresentadora, e então Christian surge na tela.

– Minha irmã, Mia, foi vítima de crime sexual. Ela teve sua intimidade invadida e
exposta sem sua autorização. Ela não tem nada do que se envergonhar... - as
palavras de Christian trazem lágrimas aos olhos de Ana. Ela sente um grande
alívio no peito ao ver que Christian finalmente entendeu.

– Às vezes, eles só precisam de um pouco de tempo. - Ana sussurra pra si


mesma.

– A família Grey ainda não enviou uma declaração oficial sobre o vazamento das
fotos de Mia Grey, mas após as palavras de Christian, acho que ficou bem clara a
posição da família em relação ao ocorrido.– diz o apresentador, encerrando a
matéria.

– Crianças, vamos pegar uma cesta e colocar os biscoitos nela. - diz Ana,
animada.

– Por quê? - pergunta Henry.

– Nós vamos sair.

– Aonde a gente vai? - pergunta Ella.

– Nós vamos encontrar o papai.

A campainha toca e Ethan se apressa em atender. Não que ele estivesse


ocupado, pois não há muita coisa para fazer na casa nos últimos três dias. As
televisões estão desligadas, o acesso à internet está interrompido, celulares estão
no mudo e os rádios estão fora da tomada. Nada que possa ligá-los ao mundo
exterior. Então Ethan passa os dias lendo, e rezando para que tudo volte ao
normal.

Ao abrir a porta, Ethan se surpreende ao dar de cara com Christian.

– Onde ela está?

– Christian, se você veio aqui pra ofendê-la, por favor, vá embora.


– Eu não vim aqui pra isso, eu só preciso conversar com ele. Por favor, onde ela
está? - pede Christian, Ethan hesita um pouco, mas acaba cedendo.

– Ela está na varanda lá de trás. - ele diz, abrindo o caminho para Christian
passar.

Encolhida em uma cadeira, Mia toma um café, enquanto contempla a vista. Seu
coração acelera ao olhar para o lado e ver Christian parado na porta da varanda.

– O que você está fazendo aqui? - ela pergunta. E Christian analisa o rosto da
irmã.

Ela está abatida. Seus olhos têm um contorno escuro, resultado de noites em
claro. Ela parece ter envelhecido 10 anos em três dias. E ela olha para o irmão
com um ar entristecido. Isso parte seu coração.

– Eu preciso falar com você.

– Eu acho que você deixou sua opinião bem clara.

– Não, não deixei. - ele diz, puxando uma cadeira e sentando-se de frente pra
irmã. - Mia, eu vim aqui me desculpar com você.

– O que?

– Hoje eu percebi que não fui um bom irmão pra você. Eu estava tão focado na
minha raiva e em como essa situação era difícil pra mim, que eu não parei para
pensar em como está sendo difícil para você. Eu me coloquei na posição de vítima
e me agarrei ao fato de você ter me decepcionado, mas a verdade é que eu me
iludi. Eu não quis enxergar que você não é mais uma garotinha, você agora é uma
mulher, uma linda mulher. Que você tem o seu marido, e que não é da conta de
ninguém o que vocês dois fazem na intimidade.

– Então você não está decepcionado comigo?

– Claro que não. Eu espero que você não esteja decepcionada comigo.

– Por que eu estaria?

– Porque eu fui covarde. Eu escolhi acreditar que era você que estava errada.

– Mas se eu não tivesse tirado as fotos...


– Não, Mia, não faça isso. Não pense assim. - ele diz, tomando o rosto da irmã
entre as mãos. - A única pessoa que tem que se envergonhar é quem fez isso com
você. E eu te juro, eu vou fazer de tudo para que achem o responsável, e seja lá
quem for, vai pagar por isso. Você, que sempre foi tão corajosa, não se esconda
de ninguém.

– Ah, Christian. - os olhos de Mia se enchem de lágrimas.

– Você é uma mulher maravilhosa, eu te amo demais. E eu espero que você possa
me perdoar por não estar aqui quando você mais precisou.

– Você está aqui agora. - Mia se joga nos braços do irmão, e os dois se abraçam
emocionados.

– Desculpem interromper. - diz Ethan, chegando de mansinho. - Mas vocês têm


visitas.

– Como assim? - pergunta Mia. Ethan, então, dá um passo para o lado, dando
passagem para Ella, Henry e Ana passarem.

– Tia Mia! - as crianças gritam ao mesmo tempo, correndo para abraçar a tia.

– Ah, meu Deus! - diz Mia, abraçando as crianças. - O que vocês estão fazendo
aqui?

– Nós quisemos fazer uma surpresa pra vocês. - diz Ana.

– A gente trouxe biscoitos pra você, tia. - diz Ella, entregando uma cesta com
vários biscoitos.

– A gente fez. - completa Henry.

– Uau, vocês que fizeram? Nossa, que lindos!

– Prova? - pede a menina, dando um biscoito para Mia.

– Sem dúvida nenhuma, é o melhor biscoito que eu já comi na vida.

– Mesmo?

– Sua tia é chef, ela sabe o que está dizendo. - diz Ana. Christian puxa a esposa
para junto de si e a abraça.
– Como soube que eu estava aqui? - ele pergunta.

– Eu vi você na televisão.

– Sério?

– Estou orgulhosa de você. - ela diz. Sorrindo, Christian beija a esposa.

– Televisão? - pergunta Mia, confusa.

– O papai apareceu na televisão. - diz Ella.

– Ele bateu no homem que foi mal com você, tia. - conta Henry.

– Verdade? - Mia fica surpresa.

– O papai é um herói. - diz Ella.

– Ele é mesmo. - Ela olha para o irmão com admiração.

No dia seguinte, Mia recebe a notícia de que a justiça vai mandar retirar todas as
suas fotos do ar. Ela também é informada de que o FBI entrou no caso, pois
algumas das jovens que tiveram suas fotos vazadas eram menores de idade. Com
a ajuda dos federais, a família Grey se sente mais segura quanto à descoberta da
pessoa por traz desse escândalo. Cercada pelo apoio total da família, Mia volta a
sua vida normal.

É final de tarde de sábado. Ana e Christian estão curtindo um dia de total preguiça.
As crianças parecem ter feito um acordo silencioso para manter as brincadeiras
em ritmo lento, permitindo que os pais possam descansar. Aconchegada no peito
de Christian, Ana observa os filhos brincando no tapete.

– O aniversário do Henry está chegando e nós ainda não resolvemos o que vamos
fazer. Precisamos conversar sobre isso. - ela diz, mas não obtém resposta do
marido. - Baby, você me ouviu? Baby? Christian! - ela chama, e sente o marido
tremer embaixo dela.

– O que foi? - ele pergunta, aturdido.

– Você estava dormindo?

– Não. - ele diz, mas a cara de sono o entrega.


– Você estava dormindo sim. - diz Ana, achando graça. - Está até com os olhos
vermelhos.

– Okay, eu confesso. Acho que estava mais cansado do que imaginava.

– Você quer ir pro quarto dormir?

– Não, eu estou bem. Só quero ficar aconchegado com você. - ele puxa a esposa
de volta. O clima é interrompido pelo celular de Ana. Olhando o visor, ela vê a foto
de Kate aparecer.

– Ei, Kavanagh! - atende Ana, sentando-se.

– Steele, oi.

– Tudo bem?

– Tudo. Escute, você está em casa?

– Estou sim.

– Posso te pedir um favor?

– Claro.

– Eu posso deixar as meninas com você por algumas horas? A Beth não está aqui
e eu... eu preciso resolver um problema.

– Claro que pode.

– Tem certeza?

– Absoluta. Venha, estou esperando.

– Estou a caminho. – diz Kate, encerrando a ligação.

– E então? - pergunta Christian.

– Era a Kate, ela vai deixar as meninas aqui, enquanto resolve algumas coisas na
rua. Tudo bem, não é?

– Claro, baby. - ele sorri.


– Eu já disse o quanto te amo hoje?

– Só hoje?

– Não seja espertinho, Grey. - ela ri, dando-lhe um leve tapa no braço. Christian a
agarra e deita sobre ela.

– Então, você vai dizer que me ama?

– Você está me esmagando. - Ana ri.

– Eu não vou te soltar até você dizer que me ama.

– Eu te amo! - ela diz, rindo.

– Mais o que?

– Eu te amo, Christian Grey.

– Diga de novo.

– Eu te amo, Christian Grey! - ela grita e ele a beija.

– Eu adoro ouvir você gritar o meu nome.

– Eu sei, você sempre deixa isso bem claro, quando tenta me deixar em coma toda
noite.

– E você gosta.

– Claro que eu gosto. - diz Ana, com um sorriso malicioso no rosto.

– Mais tarde, baby. - ele diz, provocando-a. - Nós temos duas crianças em casa e
mais duas a caminho.

– Promessa é dúvida, hein?!

– Pode contar com isso. - ele diz. Ana, então, beija o marido, levanta do sofá e
segue para junto dos filhos.

– Crianças, sabem quem está vindo pra cá?

– Quem? - pergunta Ella.


– A Ava e a Brooke.

– Oba! - as crianças comemoram.

Vinte minutos depois, um dos seguranças anuncia a chegada de Kate. Sabendo


que a amiga está com as duas filhas, Ana segue para o pátio da casa, para ajudá-
la.

– Você chegou rápido. - diz Ana, se aproximando do carro.

– Eu já estava na rua quando te liguei. - Kate abraça a amiga. - Não tem problema
mesmo as meninas ficarem aqui com você?

– Claro que não. O Henry e a Ella estão ansiosos para a Ava chegar. As crianças
vão brincar juntas, enquanto Christian e eu cuidamos da Brooke.

– Ah, Ana, muito obrigada. - ela abraça a amiga novamente.

– Imagina.

– Okay, Ava, se comporte! Seja boazinha e faça tudo que a Tia Ana e o Tio
Christian falarem. Estamos combinadas? - ela diz, tirando a filha mais velha do
carro.

– Sim, mamãe. Oi, Tia Ana.

– Oi, minha princesa. - Ana abraça a sobrinha. - Pode entrar, a Ella e o Henry
estão esperando por você. - ela diz, e a menina corre para dentro da casa,
enquanto Kate tira Brooke da cadeirinha.

– Ela ainda não acostumou totalmente com o carrinho, então ela pode te dar algum
trabalho. - ela passa a neném para Ana.

– Está tudo bem, Tia Ana está acostumada. Vem cá, boneca!

– Aqui na bolsa tem mamadeiras, fraldas, mudas de roupa, enfim. Você conhece o
procedimento.

– Não se preocupe, Kavanagh, elas vão ficar bem.

– Eu sei. - Ana nota que Kate tem um ar estranho. - Bem, eu preciso ir. Mais uma
vez, obrigada, Steele.
– De nada! Até mais.

– Até mais. - Kate se despede e vai embora. Com Brooke no colo e a bolsa no
ombro, Ana faz seu caminho de volta pra casa. Chegando à sala, Ana encontra
Christian sentado no chão, ajudando as crianças com os brinquedos. Demora
alguns minutos para que Christian note a presença da esposa.

– Oi, eu não vi você chegar.

– Você estava tão concentrado. - diz Ana, sorrindo. Christian levanta e se


aproxima da esposa.

– A Kate não quis entrar?

– Acho que ela estava com pressa. Está tudo certo com as crianças?

– Tudo. Eles estão tão entretidos, que vamos precisar insistir para eles pararem
para lanchar.

– Por falar nisso, eu vou pedir para Gail preparar um lanche pra eles. Segura a
Brooke pra mim, por favor.

– Claro! Vem cá, gatinha. - Christian faz graça para a sobrinha, enquanto Ana vai
resolver as coisas na cozinha.

A tarde corre tranquila. Contrariando as expectativas, Brooke fica tranquila e não


estranha tanto o carrinho. Os primeiros minutos foram meio tensos, mas com
paciência Ana consegue fazer a neném sentar e até cochilar no carrinho. Ava, Ella
e Henry criam um mundo de faz de contas só deles e passam a tarde imersos nas
suas brincadeiras. Após checar as crianças, Ana parte em busca de Christian. Ela
encontra o marido no jardim, dando mamadeira para Brooke. Ela não consegue
evitar sorrir.

– Está me espiando, Sra. Grey?

– Só estou apreciando a vista. Você fica ainda mais bonito segurando um bebê.

– Mesmo? Acho que vou pedir à Kate e ao Elliot para deixarem a Brooke aqui em
casa com mais freqüência.
– Ou nós podíamos ter outro bebê. - ela diz, e Christian revira os olhos,
visivelmente incomodado.

– Ana...

– O Henry já tem quase quatro anos.

– Será que a gente pode não falar sobre isso agora?

– Outro dia. Menos hoje. - ele diz, e Ana se dá por vencida.

– Okay. - ela bufa. - Podíamos chamar o Elliot e a Kate para jantar, o que acha?

– Boa ideia. Eu vou ligar pra ele.

– Me dá a neném. Vem com a tia, vem, amor!- Ana pega a sobrinha, enquanto
Christian liga para o irmão.

– Alô!– Elliot atende no segundo toque.

– Lelliot, sou eu, Christian.

– Eu sei, mano. Olha, eu posso te ligar depois?– diz o Grey mais velho, e Christian
sente o irmão agitado.

– Está tudo bem?

– Está sim. Eu só estou tentando falar com a Kate. Ela saiu mais cedo com as
meninas e ainda não voltou. Estou tentando falar com ela.

– As meninas estão aqui. - diz Christian, surpreso pelo irmão não saber o
paradeiro da família.

– O que?

– Sim, a Kate as deixou aqui há umas três horas atrás. Ela disse que precisava
resolver um problema na rua e a babá estava de folga.

– A Kate está aí?

– Não, ela ainda não voltou. Eu te liguei para perguntar se você não quer jantar
aqui, aproveitar que a Kate vai ter que voltar para buscar as meninas.
– É, claro! Eu estou indo pra aí. Até mais.

– Até mais. - Christian desliga o telefone intrigado.

– O que foi? - pergunta Ana.

– O Elliot não sabia que as meninas estavam aqui.

– Como assim não sabia?

– Ele disse que estava tentando falar com a Kate. Que ela tinha saído com as
meninas e que não tinha dado notícias ainda. Ele pareceu nervoso, preocupado.

– Quando a Kate passou aqui, ela também parecia estranha. Estava tensa, sei lá.
Será que eles estão tendo problemas?

– Eu não sei. Ele não me disse nada.

– Desde o seu aniversário que eu estou sentindo uma tensão entre eles.

– Estranho. Mas não vamos tirar conclusões precipitada. Tente não se preocupar,
tá bom?

– Vou tentar. - ela diz, e Christian a beija na testa.

Não demora muito para Elliot chegar. Ao entrar na casa ele parece afobado. Ele
solta um grande suspiro ao ver a pequena Brooke no colo de Ana.

– Oi! Aí está você. Ei, macaquinha, o papai sentiu saudades. - ele diz, pegando a
filha no colo e a abraçando apertado junto ao corpo.

– Ela se comportou como uma dama. Tivemos um pouquinho de drama na hora de


trocar a fralda, mas nada que a Tia Ana não conseguisse contornar.

– E a Ava?

– Está com a Ella e o Henry, brincando. Não há ninguém que os tire de lá.

– Muito obrigada, Ana.

– Não tem nada que me agradecer, nós amamos vocês.


– Quer uma taça de vinho? - pergunta Christian.

– Acho que preciso de algo mais forte. - diz Elliot.

O trio se senta na sala e bate papo por algum tempo. Elliot evitar tocar em
qualquer assunto relacionado à Kate, o que deixa Ana e Christian intrigados.
Quando Ana insiste e pergunta como eles estão, Elliot é sucinto ao afirmar que o
casal está bem, mas a resposta não convence muito.

– Papai! - grita Ava, correndo em sua direção.

– Oi, minha gatinha!

– Papai, olha o que eu fiz? - diz a menina, mostrando o desenho para o pai.

– Nossa, filha, que lindo.

– Você acha que a mamãe vai gostar?

– Claro que ela vai.

– Por que você não pergunta pra ela? - diz Ana, apontando para a Kate, que entra
pela sala.

– Mamãe! - a menina vibra ao ver a mãe. - Olha o desenho que eu fiz!

– Uau! Muito lindo, amor. - diz Kate. De mãos dadas com a filha, Kate se aproxima
do trio. Ela e Elliot trocam um olhar tenso.

– Ava, você pode avisar a Ella e ao Henry que o jantar está quase pronto?

– Tá bom, tia. - diz a menina, deixando o ambiente.

– Posso falar com você em particular? - pergunta Elliot, para Kate.

– Claro. - ela diz.

– Mano, você pode... - Elliot diz, passando Brooke para o colo do irmão. O casal,
então, segue para o jardim, deixando Ana e Christian preocupados.

– Eu espero que eles não briguem. - diz Ana, abraçando o marido.


– Eu também. - ele beija o topo da cabeça da esposa.

– Com licença, Ana. - chama Gail. - O jantar está pronto, posso mandar servir?

– Pode sim, Gail. Obrigada.

– Eu vou chamar as crianças.

Todos já estão reunidos à mesa, quando Elliot e Kate retornam. Apesar do clima
estranho entre eles, a tensão inicial parece ter diminuído um pouco. Mesmo
preocupada, Ana evita o assunto e só propõe conversas leves e agradáveis. Aos
poucos o casal relaxa e o resto da noite fica bem agradável.

Sentada na cama, Ana penteia o cabelo, enquanto Christian escova os dentes no


banheiro. Ela não consegue parar de pensar nos cunhados.

– Um centavo por seus pensamentos. - diz Christian.

– Eu estou tão preocupada com o Elliot e a Kate. Claramente tem algo errado com
eles.

– É, eu sei.

– Ele te disse alguma coisa?

– Não. Você acha que eu devo conversar com ele?

– Claro que sim, baby.

– Eu vou ligar pra ele amanhã.

– Sabe o que devíamos fazer?

– O que?

– Devíamos viajar. As crianças estão de férias, nós podemos tirar uns dias de
férias, a Kate e o Elliot definitivamente precisam de férias. O que acha?

– Acho que você está certa, como sempre. Podemos ir pra Aspen, o clima é ótimo
nessa época do ano.

– Maravilha. Você fala com o Elliot amanhã sobre a viagem?


– Falo sim.

– Acho que vai ser bom pra eles.

– Sim. Mas agora, falando do que é bom pra gente... - ele diz, beijando o pescoço
da esposa. - Eu quero ouvir você gritar o meu nome.

– O seu desejo é uma ordem, Sr. Grey. Nosso objetivo é satisfazer.

Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!!

E me achem no facebook: Laura Vidaurreta de Pontes!!

Vamos conversar!!! Beijosssssss

Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa, minhas lindas!!! Como estão todas???

Bem, vamos logo ao que interessa! Espero que gostem do capítulo. Como sempre,
foi escrito com muito carinho. Ah, tem uma surpresinha no capítulo:

http://letras.mus.br/gavin-degraw/1939404/traducao.html

http://letras.mus.br/the-beatles/88/traducao.html

A movimentação começa cedo na casa de Christian e Ana. Antes das seis da


manhã quase todos já estão de pé, organizando os últimos detalhes para a viagem
à Aspen. Enquanto Christian está ao telefone com o centro de comando do
aeroporto Sea-Tac, Ana revisa as bagagens. Após conferir tudo, Ana dá permissão
para Taylor e Sawyer colocarem as bolsas no carro. Depois de equipar o carro, é
hora de conferir os suprimentos para a viagem. Com mais de 4 horas de vôo de
Seattle à Aspen, é preciso ter lanches para as crianças, e apesar da tripulação do
jato manter a dispensa cheia, Ana gosta de ser a responsável pela alimentação
dos filhos. Com a ajuda de Gail, ela prepara sucos e sanduíches para os
pequenos, tudo o mais natural possível.

Assim que Christian encerra o telefonema e todos os outros preparativos já estão


prontos, chega a hora mais crítica: preparar as crianças. Nem durante o período
escolar as crianças têm o costume de acordar tão cedo, mas com uma frente fria
prevista para o final da manhã, Christian quer partir de Seattle antes da chuva
chegar, deixando o vôo mais seguro. Mas pra isso acontecer, o avião tem que
partir antes das nove da manhã. Então o casal precisa se apressar.

Enquanto Ana se ocupa com a filha mais velha, Christian segue para o quarto do
caçula. Sentando na cama do filho, Christian acaricia seus cabelos. O menino se
remexe um pouco, mas não abre os olhos. Virando para o lado, Henry põe a mão
no rosto e Christian se lembra imediatamente da Ana. Mãe e filho têm o mesmo
jeito de dormir, os mesmos gestos e as mesmas manias. Isso trás um enorme
sorriso ao rosto de Christian.

Com cuidado, ele se deita ao lado do filho e puxa o menino para perto de seu
peito. Ao sentir a proximidade com o pai, Henry solta um suspiro gostoso e se
aconchega.

– Ei, garotão. Está na hora de acordar. - ele sussurra.

– Hmmm. - Henry resmunga e enterra o rosto no peito do pai.

– Nós vamos viajar hoje. Você não está animado?

– Hmmm. - Henry resmunga de novo, e Christian sorri.

– A mamãe foi acordar a Ella, então só falta nós dois. Papai vai dar um banho
gostoso em você, tá bom?

– Tá. - a vozinha sonolenta de Henry é quase inaudível.

– Vem cá no colo do papai, então, meu príncipe. - Christian pega o filho no colo e o
aperta junto ao corpo. - Eu te amo tanto, filho.

– Também te amo, papai.


Após arrumar e dar café da manhã para as crianças, enfim chega a hora de partir.
Christian, Ana, Gail e as crianças seguem em um carro, enquanto Taylor, Sawyer
e as bagagens seguem em outro. O trajeto até o aeroporto dura aproximadamente
30 minutos. Ao chegarem, a família encontra a tripulação esperando por eles. O
embarque é rápido, agora eles só precisam aguardar.

Ana olha no relógio, são 8:45h da manhã. Ela está impaciente. Ela olha em volta,
estão quase todos ali. Christian está sentado em uma confortável poltrona, com
Henry preguiçosamente aconchegado em seu colo. Pai e filho desenham no IPad.
Ella dorme com a cabeça no colo de Gail, que conversa com Taylor. Sawyer
parece entretido com seu celular. Todos estão relaxados, menos Ana.

– Você está me deixando tonto. - diz Christian, com um sorriso torto.

– O que? - só então Ana percebe que está andando de um lado para o outro do
avião. - Ah, me desculpe.

– Não se preocupe, baby. Daqui a pouco eles chegam.

– E se eles não vierem?

– Eles vão vir. Eu falei com o Elliot antes de sairmos de casa. Eles estavam
arrumando as meninas e já iam sair.

– Eu quero muito que essa viagem dê certo. Eu estou tão preocupada com eles.

– Eu sei.

– Eles precisam descansar, relaxar um pouco.

– Vai dar certo, baby. Agora vem cá, senta aqui comigo. Não gosto de ver você
assim tão agitada. - diz Christian. Mesmo a contra gosto, Ana relaxa e se senta ao
lado do marido.

– Gail, quer me dar ela? - Ana pergunta, apontando para a filha, que continua
dormindo junto à governanta.

– Não, pode deixar ela aqui. - Gail sorri.

– Assim que o avião decolar, a gente a coloca no quarto. - diz Christian. - Esse
baixinho aqui também está quase dormindo. - ele diz, e Ana checa o filho.
– Você quer deitar na cama, amor? - ela pergunta.

– Não, eu quero ficar com o papai.

– Você está com sede? Quer um pouquinho de suco?

– Sim, por favor. - diz o menino.

– A bolsa está aqui, Ana. - diz Sawyer, entregando a sacola térmica.

– Obrigada, Luke. - Ana prepara o copo com suco, quando o capitão Stephan
aparece.

– Sr. Grey, seus convidados chegaram. - diz o capitão, e Ana não consegue
disfarçar a ansiedade.

– Ei, se acalma. - diz Christian. - Lembre que o objetivo dessa viagem é permitir
que os dois relaxem.

– Eu sei disso.

– Eu sei que você gosta de consertar as coisas, mas nós não sabemos o que está
errado ou se, de fato, tem algo errado. Então fica tranquila e não os pressione, ok?

– Ok. - Ana respira fundo, e Christian sorri.

– Eu te amo tanto por isso.

– Pelo que? Por ser uma neurótica descontrolada?

– Não, por se preocupar tanto com a sua família. - ele diz, e a beija.

– Sério? A essa hora da manhã? Vão para o quarto! - diz Elliot, entrando no avião,
segurando Ava pela mão.

– Vai se ferrar, Lelliot. - Christian ri.

– Desculpem o atraso. - diz Kate, com Brooke no colo, sendo seguida pela babá
Beth.

– Não se preocupe, o importante é que vocês chegaram. - diz Ana, abraçando a


amiga.
– E a Mia? - pergunta Elliot.

– Ela tem alguns compromissos com o bistrô, só vai conseguir nos encontrar no
sábado.

– Então teremos dois dias de paz.

– Elliot! - Kate e Ana o repreendem.

– Estou brincando. - ele ergue as mãos e sorri. - Sua mãe e sua tia não entendem
o humor refinado do papai. - ele diz, colocando Ava sentada na poltrona, e fazendo
a filha gargalhar. - Viram só, minha filha me acha engraçado.

– Ela ri daquele desenho da porquinha, é claro que ela vai rir de você. - implica
Christian.

– Rapazes, comportem-se. - diz Ana.

– Com licença, Sr. Grey. Está tudo pronto, podemos decolar?

– Podemos sim, Stephan.

Com todos em seus devidos lugares, o avião está pronto para levantar vôo. Como
sempre, a decolagem é tranquila e em poucos minutos, todos já estão livres para
transitar. As quatro horas de vôo transcorrem tranquilamente. Com o tempo limpo,
nenhuma turbulência ou imprevisto atrapalha a viagem.

Às 13h em ponto, o avião faz um pouso suave em Sardy Field. Com autorização
do comandante, o grupo se prepara para desembarcar. Eles se dividem em três
SUVs e seguem em direção à Aspen. A paisagem é exatamente igual a que Ana
se lembra, árvores frondosamente verdes e céu azul límpido. Ela sorri, saudosa.

– O que foi? - pergunta Christian, captando o sorriso da esposa.

– Essa paisagem. É absolutamente deslumbrante.

– Tudo por você, baby. - ele diz, e Ana ri.

– Você está tentando levar crédito pela natureza, Sr. Grey?

– Claro que sim. Eu quero ser o responsável por tudo que maravilhe os seus olhos.
– Você já é, baby. - ela diz. Christian toma a mão da esposa e a beija.

Após inúmera subidas, descidas, curvas e atalhos, finalmente o grupo chega à


entrada da casa. Como de praxe, a Sra. Bentley os aguarda no topo da escada. Ao
avistarem a mulher, Ella e Henry se agitam, ansiosos para encontrá-la. Saltando
do carro, Christian se apressa em liberar as crianças.

– Vão em frente! - ele diz, soltando os dois das cadeirinhas de segurança. Assim
que se vêem livres, os dois correm em direção à senhora, que os recebe de braços
abertos.

– Carmella! - os dois gritam e se jogam nos braços da mulher.

– Oh, meus pequenos! Meu Deus, como vocês cresceram. Estão tão grandes. - ela
abraça e beija as crianças. Logo em seguida, é a vez de Ava se aproximar.

– Oi, Carmella. - diz a menina, ansiosa por um abraço.

– Minha bonequinha! Que saudade que eu estava de vocês.

– Como vai, Carmella? - pergunta Christian, se aproximando com o resto do grupo.


A Sra. Bentley cumprimenta um por um.

– Estou muito bem, obrigada. Espero que vocês tenham tido um vôo tranquilo.

– O vôo foi ótimo. E como estão as coisas por aqui? Onde está o Martin?

– Ah, ele está lá atrás, verificando o combustível do barco. Ele achou que vocês
fossem querer pescar.

– E nós vamos mesmo. - confirma Elliot.

– Mas antes de vocês irem pescar, será que nós podemos almoçar? Eu estou
faminta! - diz Kate.

– Claro! O almoço está pronto, só esperando vocês. - ela diz, e todos seguem para
dentro da casa.

Após o almoço, os dois casais deixam as crianças aos cuidados de Gail e Beth e
partem para um passeio de barco. O clima ameno e as paisagens paradisíacas de
Aspen contribuem para transformar o passeio em uma fuga romântica. Ana
observa Kate e Elliot interagindo. Eles se abraçam, dividem uma taça de vinho e
apreciam o visual. Por um curto período de tempo, os dois parecem um casal de
adolescentes apaixonados, começando a vida, sem nenhuma sombra de
problemas. Ana sorri ao sentir um braço em volta de sua cintura.

– Você fica ainda mais linda cercada pela natureza. - Christian sussurra, roçando o
nariz na orelha dela.

– Está tentando me seduzir, Sr. Grey?

– Depende. Está funcionando?

– Sempre. - ela diz, beijando o marido apaixonadamente.

– Ai, vocês dois não se desgrudam, não? - Elliot interrompe o beijo dos dois.

– Não, se eu puder evitar. - diz Christian, puxando a esposa mais pra perto.

– Kate, eu pensei em fazermos uma caminhada amanhã, só nós duas. O que


acha?

– Eu topo.

– Vocês duas, sozinhas? Eu não sei se é uma boa ideia. - diz Elliot.

– Ah, por favor, Elliot. O cargo de Grey neurótico já pertence ao meu marido.

– Por que eu virei alvo, se até agora, eu não disse uma palavra? - indaga
Christian.

– Por que você não acha uma boa ideia? - pergunta Kate, e o clima ameno entre
os dois se evapora no ar.

– Nada de mais, Kate. Eu só fico preocupado de acontecer alguma coisa e não ter
ninguém por perto para ajudar.

– O que pode acontecer em uma caminhada?

– Eu não sei. Christian, você pode me ajudar aqui?

– Particularmente, eu também não gosto da ideia de vocês duas andando por aí


sozinhas. No entanto, eu reconheço você vocês precisam de um tempo só pra
vocês.
– Obrigada, baby. - Ana beija o marido. - E amanhã vai rolar um festival de verão
no centro da cidade, com várias atrações para as crianças. Assim conseguimos
mantê-los entretidos, enquanto estivermos fora.

– Ótima ideia.

– Agora só precisamos encontrar alguma coisa para os rapazes fazerem.

– Não se preocupem, a gente encontra alguma coisa pra fazer. - diz Christian,
piscando para a esposa. - Bem, acho melhor a gente voltar. O sol está se pondo e
vai começar a esfriar bastante.

Aos quatro chegam em casa a tempo do jantar. Após uma deliciosa e


reconfortante refeição, os dois casais se reúnem com os filhos ao redor da lareira.
No colo da mãe, Henry olha pela janela da sala.

– Mamãe, cadê a neve? - pergunta o menino.

– Nós estamos no verão, amor. Não tem neve nessa época do ano. - diz Ana, e o
menino faz cara de decepção.

– Eu queria brincar na neve.

– Eu sei, ursinho. Mas amanhã vocês vão se divertir tanto no festival. Vai ter
brinquedo, música, teatro, muitas coisas legais.

– Será que vai ter carrossel? - pergunta Ella, sentada no colo de Christian.

– Acho que vai. Mas você precisa se lembrar de tomar bastante cuidado, hein? Eu
não quero que você se machuque.

– Não se preocupe, papai. Eu já sou uma mocinha.

– Não, você não é. Você é o meu bebê e eu sempre você me preocupar com você
- diz Christian, agarrando a filha e enchendo-a de beijos.

– Eu tomo conta dela, tio Christian. - diz Ava, arrancando um enorme sorriso de
Christian.

– Muito obrigado, Ava. Vocês duas são melhores amigas, e sempre têm que tomar
conta uma da outra.
– Nós vamos ser melhores amigas pra sempre. Igual a mamãe e a tia Kate.

– Eu tenho certeza que vocês vão. - diz Ana. Ela olha para a amiga, que está com
a caçula nos braços, e as duas trocam um sorriso.

– Ei, mano, essa coisa ainda funciona? - pergunta Elliot, apontando para o belo
piano de calda.

– Um piano não deixa de funcionar, Elliot. - Christian revira os olhos.

– Então faz um som pra gente.

– Sério?

– Por que não? Na pior das hipóteses, eu pego o meu protetor de ouvido. - diz o
Grey mais velho, levando todos ao riso.

– Papai, eu posso tocar com você? - pede Ella.

– Claro que pode. - diz Christian, pegando a filha no colo e seguindo para o piano.

Sentando no banco, ele coloca a menina sentada ao seu lado. Christian estala os
dedos e Ella repete o movimento do pai. Ana assiste com adoração. Juntos, pai e
filha testam o som de algumas teclas.

– Você se lembra dessa música? - pergunta Christian, tocando os primeiros


acordes.

– Lembro. - diz Ella, acompanhando o pai. Ana abre um enorme sorriso ao


reconhecer a melodia de "Soldier", de Gavin Degraw.

– La da da da da da, la da da da da... - os dois cantarolam juntos.

A cada nota, a cada tecla, pai e filha trocam olhares de incentivo e cumplicidade. A
vozinha de Ella é doce, suave, quase lírica. E sua desenvoltura no piano parece
hereditária. A menina passeia as pequenas mãos através das teclas como uma
profissional. Por vezes, Christian dá apenas o primeiro acorde e deixa a filha
seguir a melodia. Cheio de orgulho, Christian tem certeza de que Ella tem
potencial para ser uma grande pianista no futuro.

Após uma introdução, que também serviu de aquecimento, Christian começa a


cantar.
"Where did all the people go?
They got scared when the lights went low.
I'll get you through it nice and slow,
When the world's spinning out of control."

Christian começa a cantar e o tempo parece suspenso no ar. Sua voz aveludada
alcança o tom alto que a música pede sem grande esforço. Imponente e
autoconfiante, ele em nada lembra o Christian que cantou "Piano Man" cheio de
receio há cinco anos atrás. Ao lado da filha, Christian canta e sorri. Um sorriso
lindo e iluminado. Juntos, os dois cantam o refrão.

"I'll get it if you need it,


I'll search if you don't see it,
You're thirsty, I'll be rain,
You get hurt, I'll take your pain.

I know you don't believe it,


But I said it and I still mean it,
When you heard what I told you,
When you get worried I'll be your soldier."

A letra da música trás lágrimas aos olhos de Ana, porque ela representa tudo que
seu marido é. Seu protetor, seu porto seguro, seu soldado. Elliot nem espera os
últimos acordes da música e logo começa a aplaudir. Usando os dedos, ele
assobia tão alto, que Ava e Henry tampam os ouvidos.

– Aeee! Bravo! - ele aplaude de pé.

– Lindos! - Ana vibra.

– Se tudo der errado, vocês dois podem formar uma banda. - diz Kate, sorrindo.

– Canta outra? - pede Ava.

– Papai, canta essa! - diz Ella, e então cochicha no ouvido do pai.

– Você me ajuda? - ele pergunta, sorrindo.

– Ajudo.
– Então no três. Um, dois, três. - Christian conta e os dois começam a cantar
juntos.

"Hey, Jude, don't make it bad


Take a sad song and make it better
Remember to let her into your heart
Then you can start to make it better"

Beatles é quase uma unanimidade na família Grey. Elliot e Christian herdaram a


paixão pela banda da mãe, e fizeram questão de passar a herança musical para os
filhos. Então quando Ella e Christian escolhem "Hey Jude" para cantar, eles levam
a pequena platéia ao delírio. Todos fazem coro e batem palmas, animados.

"Then you'll begin to make it better (better, better, better,better, better, oh!)
Na, na na na na na, na na na, hey, Jude
Na, na na na na na, na na na, hey, Jude"

E com Beatles no repertório, a cantoria segue animada até tarde da noite.

Se remexendo na cama, Christian busca o calor de sua esposa, mas tudo que ele
encontra é o espaço vazio. Seus olhos abrem imediatamente. Confuso, ele corre
os olhos pelo quarto, mas não há nenhum sinal de Ana. Rapidamente, Christian
salta da cama e vai em busca da esposa pela casa.

Christian não precisa procurar muito. Assim que chega aos últimos degraus da
escada, ele avista a luz da cozinha acesa. Ele respira aliviado ao ver Ana sentada
em um dos bancos.

– Ei. - ele diz, colocando a mão no ombro da esposa, fazendo-a pular de susto.

– Ai, meu Deus!

– Desculpe, baby. - ele a abraça. - Desculpe. Eu não quis te assustar.

– O que você está fazendo aqui?

– Eu que devia estar te perguntando isso. O que você está fazendo aqui há essa
hora?

– Que horas são?


– Quase quatro da manhã.

– Eu fiquei com fome, então vim fazer um lanche. - ela diz, e Christian olha para o
balcão. Há apenas um pote de picles pela metade e um copo de suco de laranja.

– Você ficou com fome e resolveu comer picles às 4 da manhã?

– Sim. - ela diz, dando uma mordida no pepino em conserva. Ao olhar de volta
para o marido, Ana vê um misto de espanto e medo no rosto de Christian. - O que
foi?

– Tem alguma coisa que você queira me contar? - ele pergunta, e Ana já sabe o
medo do marido.

– Não, Christian, eu não estou grávida, se é disso que você está com medo. - ela
diz, ligeiramente aborrecida.

– Que bom. - ele respira, visivelmente aliviado. O que aumenta o aborrecimento da


esposa.

– Que bom? E se eu estivesse grávida, o que você ia fazer?

– Se você estivesse grávida, nós teríamos um problema, pois você teria


engravidado sem a minha autorização.

– Meu Deus, nós voltamos sete anos no passado! - ela esfrega o rosto com as
mãos, irritada. - Eu não preciso da sua autorização pra nada, Christian. Eu não sou
sua submissa.

– Não foi isso que eu quis dizer.

– Então o que você quis dizer? Por que eu precisaria da sua autorização?

– Ok, eu me expressei mal. O que eu quis dizer é que esse tipo de decisão tem
que ser tomada pelos dois.

– Pois é, mas você já tomou essa decisão por nós dois. Você já decidiu que nós
não teremos mais filhos e eu que me contente com isso.

– Eu não entendo. Nós já temos dois filhos lindos, nada pode ser melhor do que
isso.
– Você não sabe disso.

– Eu sei que eu quase te perdi da última vez. Quase perdi você e o Henry.

– Mas não perdeu. Eu estou aqui, e seu filho está aqui. Ele é lindo, saudável e
muito feliz. E ele é louco para ter um irmão. A Ella também. E eu, eu ainda não
acabei. Eu sinto que ainda tenho tanto amor dentro de mim. E eu sei que você
também tem.

– Eu prefiro redirecionar esse amor para os filhos que eu já tenho. E você deveria
fazer o mesmo.

– O que aconteceu com aquela sua vontade de ter um monte de filhos?

– Aquela vontade morreu no minuto em que eu vi a minha mulher e o meu filho


com a vida por um fio. Eu não quero passar por isso de novo.

– Nós vivemos dois partos. O que aconteceu no parto do Henry foi assustador,
mas foi uma exceção à regra. Até parece que você esqueceu como o parto da Ella
foi lindo e perfeito.

– E quem me garante que o parto da Ella não foi a exceção? Você sofreu a
gravidez do Henry toda. Eu já devia saber que ia dar alguma coisa errada.

– Pára de dizer que deu alguma coisa errada, porque não deu! Nós tivemos um
susto, mas passou.

– Ana, já chega! Eu não quero mais filhos e isso não está aberto à discussão.
Você pode respeitar a minha decisão?

– Se eu tivesse respeitado a sua decisão desde o início, nós nem teríamos a Ella.
Você também não a queria. - Ana diz, e Christian é atingido no coração.

– Isso não é justo. - ele diz, e Ana pode sentir a voz do marido um pouco
embargada. Ela se arrepende de suas palavras.

– Você tem razão. Me desculpe.

– Ana...

– Olha, eu vou dormir. Isso já deve ser o cansaço falando. Amanhã conversamos.
Boa noite. - ela diz, se dirigindo pro quarto, sem dar chance para Christian falar. E
ele fica lá, parado no meio da cozinha, com um gosto amargo na boca e a
sensação de o chão foi arrancado de debaixo de seus pés.

Ana acorda com o som do celular vibrando sobre a cômoda de madeira. Ela se
estica para pegar o aparelho. Há uma nova mensagem.

"Está pronta para a caminhada? Estou te esperando aqui embaixo.

Bjs,

Kate."

Ana, então, salta da cama. Ao olhar para o lado, ela vê a cama vazia e se
pergunta: será que Christian já acordou ou não voltou para o quarto para dormir?
Seja qual for a resposta, ela tem certeza de que já ira descobrir.

Após um banho rápido, Ana se apressa para encontrar a amiga. Descendo as


escadas, Ana encontra Kate sentada no último degrau.

– O que você está fazendo sentada aí?

– Estava esperando você.

– Nós temos sofás e cadeiras pela casa, sabia disso?

– Eu sei. Mas preferi esperar aqui.

– Cadê o Elliot?

– Não sei. Deve estar tomando café da manhã. E o Christian?

– Acredito que esteja fazendo o mesmo. - ela diz, e as duas seguem para a sala.

Assim que entram no ambiente, as duas dão de cara com Elliot e Christian, que
também se preparam para sair. A tensão entre os dois casais é palpável. Enquanto
Ana e Christian fixam o olhar um do outro, Kate e Elliot evitam se encarar. Ana
resolve quebrar o gelo.

– Onde estão as crianças? - ela pergunta.

– Acabaram de sair pro festival de verão. - diz Christian. - O Sawyer e o Taylor


foram acompanhando.
– Então estamos só nos quatro?

– Sim, por quê? - ele pergunta, enquanto ajuda Elliot a guardar alguns suprimentos
em um cooler.

– Por nada. O que vocês estão fazendo?

– Estamos arrumando as coisas, nós vamos sair para pescar. - ele diz, e de
repente Ana se incomoda.

– Oh, só vocês dois?

– Sim, eu te falei que o Sawyer e o Taylor estão ajudando a Gail e a Beth com as
crianças. -

– Ok. Só tenham cuidado, por favor. - ela pede. A preocupação de Ana com sua
segurança traz um certo alento para o coração de Christian.

– Nós teremos. E vocês duas também. Qualquer coisa, me ligue.

– Pode deixar.

– Boa caminhada. - diz Elliot, para Kate.

– Obrigada. Boa pescaria. - ela responde, sem jeito. O clima frio entre Kate e Elliot,
de certa maneira, alivia a tensão entre Ana e Christian. Como se seus problemas
fossem pequenos diante do enorme abismo que há entre o Grey mais velho e sua
esposa. Ana dá um leve sorriso para o marido antes de sair. Christian retribui.

– Está tudo bem com vocês? - pergunta Elliot, olhando para o irmão.

– É... - ele suspira, resignado. - Está sim.

Apesar do sol, o vento gelado que sopra por entre as árvores das colinas de
Aspen, faz Ana se arrepender de não estar usando um casaco mais grosso. Ela
cruza o suéter ao redor do corpo, enquanto segue a trilha rumo ao topo da colina.
Mesmo precisando redobrar a atenção no caminho, por conta dos inúmeros
desfiladeiros que contornam a trilha, seus olhos mal se desviam de Kate. A loura
permanece calada por todo o caminho, e por muitas vezes parece distraída. Ana
tem cada vez mais certeza de algo muito sério está acontecendo entre sua melhor
amiga e seu cunhado.
Após um bom tempo caminhando, Ana e Kate, finalmente, chegam ao topo da
colina. A vista é de tirar o fôlego. Com o verão em seu auge, o verde da mata e o
azul do céu parecem intensificados. A sensação de liberdade é imediata.

– Uau! - diz Kate, olhando ao redor.

– Demorou, mas valeu a pena. Nós andamos por quanto tempo?

– Não sei. - Kate parece perdida na vista.

– Acho que foram umas duas horas. Minhas pernas estão doloridas. - diz Ana,
apoiando as mãos no joelho. - Christian ia adorar essa vista. Ela acalma a gente
na hora. E acho que estamos precisando um pouco disso. Nós discutimos ontem à
noite. Ele continua irredutível sobre não ter mais filho, e eu continuo irredutível
sobre ter. A gente se estressou um com o outro e eu acabei falando uma besteira
pra ele. Me arrependi na hora em que saiu da minha boca. Urgh, mas o Christian
me enlouquece às vezes. Ele pode ser tão frustrante...

Ana continua a desabafar, mas Kate não está ouvindo. Ela se afasta um pouco da
amiga e se aproxima da beirada do desfiladeiro. Uma brisa gelada bate em seu
rosto, ao mesmo tempo em que uma lágrima solitária desce. A sensação de
liberdade agora é sufocante. Kate solta os cabelos e tira o casaco. Na beira do
desfiladeiro, Kate abre os braços, deixando os ventos lavarem sua alma.

– O que você acha? - pergunta Ana, sem obter resposta. - Kate?

Quando o silêncio persiste, Ana olha em volta, em busca da amiga. Ela estranha
ao ver a loura de braços abertos.

– O que você está fazendo? - ela pergunta, e nada. - Kate?

Ana se aproxima cautelosamente.

– Kate?

Pânico começa a crescer dentro dela. Os problemas de Kate estariam chegando à


uma trágica conclusão?

– KATE! - Ana grita, tirando a loura de seu transe.

– O que foi? - ela pergunta, atordoada.


– Você me assustou, parada aí, de braços abertos. Achei que você fosse pular.

– Nossa, acho que você exagerou um pouco.

– Exagerei? Qual é, Kate? Você anda estranha e não é de hoje. O que está
acontecendo com você?

– Nada. Eu estou bem.

– Não, não está! Por favor, conversa comigo. - ela pede, segurando a mão da
amiga.

– Não há nada para conversar, tá bom? Acho melhor a gente voltar pra casa. - diz
a loura.

– Kate.

– Vamos. - ela diz.

Mas ao dar um passo para o lado, Kate pisa em algumas pedras soltas e
escorrega. Ana tenta segurar a amiga, mas perde a força nas pernas. Sem que
haja tempo para reação, as duas são lançadas desfiladeiro a baixo.

A água gelada não impede Christian e Elliot de entrarem no rio. Os dois avançam
até que a água os cubra até o joelho. Com seus anzóis em punho, os irmãos
aguardam pacientemente algum peixe morder a isca. A calmaria impera e o único
som ao redor é o das águas fluindo das nascentes.

– Elliot, posso te fazer uma pergunta? - Christian quebra o silêncio.

– No caso, duas. - Elliot dá um sorriso torto.

– O que?

– Nada. Pergunta logo. - ele revira os olhos.

– Você está traindo a sua esposa? - pergunta Christian, curto e grosso, causando
espanto no irmão.

– O que?! Da onde você tirou essa merda? É claro que eu não estou traindo a
minha esposa! - diz Elliot, indignado.
– Ela está traindo você?

– Claro que não!

– Então o que merda está acontecendo com vocês?

– Eu... - Elliot suspira. - Eu não sei.

– Como não sabe?

– Não sei. - diz ele, virando as costas e saindo da água. Christian segue o irmão.

– Elliot, o que é?

– Ela está diferente.

– Diferente como?

– Não sei explicar. Ela está distraída, triste. Ela jura que me ama, que ama nossa
família, mas eu a sinto cada vez mais distante.

– Vocês já conversaram sobre isso?

– Eu já tentei, milhões de vezes. Ela diz que está tudo bem, quando eu insisto, nós
acabamos brigando. Nós brigamos o tempo todo, por motivo nenhum. Ás vezes eu
acho que ela está com raiva de mim, das meninas, do mundo, sei lá.

– Qual é, Elliot? A Kate é louca por você e pelas filhas.

– Eu sempre achei isso, mas de uns tempos pra cá, tenho as minhas dúvidas.
Naquele dia que ela deixou as meninas na sua casa, eu juro por Deus, eu pensei
que ela tivesse ido embora.

– Eu percebi que você estava nervoso ao telefone.

– Eu não acho que meu casamento vai durar muito tempo. - ele diz, triste.
Christian não tem nada a fazer, a não ser consolar o irmão.

– Ana? Ana, cadê você? Ana! - Kate segura o ombro ferido, enquanto olha em
volta, em busca pela amiga.
Tudo aconteceu muito rápido. Kate só se lembra de escorregar nas pedras e da
mão de Ana tentando segurar o seu braço, depois disso tudo passou num flash.
Ela olha pra cima e tem a real noção da sorte que as duas tiveram. Há uns 5
metros acima, a manga de seu casaco tremula, indicando o local de onde as duas
caíram. Uma ladeira coberta por pedras e arbustos. Alguns centímetros para o
lado e as duas teriam uma queda fatal e uma das fendas da colina.

Levantando-se do chão, Kate testa sua estabilidade. Um de seus tornozelos dói,


mas nada insuportável. Ela firma os dois pés no chão e se certifica de que nada
está quebrado. Tirando a grande escoriação no ombro e alguns poucos ralados
pelos braços, tudo parece estar em ordem. Sua maior preocupação volta a ser a
amiga.

– Ana! - ela grita em plenos pulmões.

– Estou aqui. - ao virar de costas, Kate vê Ana se aproximando. A morena tem um


grande corte no joelho e um ralado na área do queixo.

– Você está bem? - pergunta a loura.

– Sim, e você?

– Também estou bem. Vem, nós precisamos ir pra casa, limpar essa bagunça.

– Não. - diz, Ana, e Kate se espanta.

– Como assim "não"?

– Eu não vou sair daqui até você conversar comigo.

– Nós conversamos o tempo todo.

– Você sabe do que eu estou falando.

– Ana, não há nada para conversar.

– Não? Então por que você e o Elliot não se olham mais nos olhos? Por que vocês
mal conseguem ficar no mesmo ambiente? Por que você anda tão distraída?

– Ana, pára.
– Você não é mais a Kate que eu conheço. Você anda calada, desinteressada das
coisas, melancólica. Eu estou preocupada com você.

– Ana.

– Kate, por favor! Por favor, fala comigo. Confia em mim. Eu estou aqui, eu sou
sua melhor amiga. Me fala o que está acontecendo.

– Eu não sei o que está acontecendo!

– É o Elliot? Ele está fazendo alguma coisa?

– Não, sou eu. O problema sou eu. - ela desabafa, sentando em uma pedra. - Eu
acho que tem alguma coisa errada comigo.

– Como assim? - Ana senta ao seu lado.

– Eu estou infeliz o tempo todo, com raiva, impaciente. Tem horas que eu quero
sair correndo e fugir dali, tem horas que eu não tenho forças pra sair da cama.
Tudo me enlouquece. Eu não consigo mais amamentar. Eu amo demais as minhas
filhas, mas quando elas começam a chorar, eu só quero me trancar no banheiro.

– Você já conversou com o Elliot sobre isso?

– Ele não entenderia. Na verdade, não há o que entender, eu sou uma péssima
mãe, péssima esposa. Eu menti pra você. No dia que eu deixei as meninas na sua
casa, eu não tinha nenhum compromisso. Eu fiquei sentada no meu carro, horas e
horas, pensando se eu ia, ou não, voltar pra casa. Que tipo de pessoa faz isso?

– Kate, isso é muito mais sério do que ser uma péssima mãe. Você precisa
conversar com o Elliot.

– E dizer o que? "Eu amo vocês, mas toda vez que a nossa bebê chora, eu sinto
vontade de pular pela janela?"

– Exato! Kate, você precisa de ajuda.

– Eu não posso falar isso pra ele. Ele vai me odiar.

– O que ele deve estar odiando agora é a dúvida, é não saber o que está
acontecendo de verdade. Você o ama?
– Claro que eu amo, ele é o amor da minha vida. Eu não consigo viver sem ele e
sem as minhas filhas.

– Então conversa com ele. Fale a verdade, peça ajuda. Urgente.

– Ah, Ana, eu estou tão assustada. - a loura desaba em lágrimas. Ana abraça a
amiga.

– Eu sei. Mas eu estou aqui pra você. Eu estou do seu lado, para o que der e vier.

– Obrigada.

– Você é minha melhor amiga, e eu te amo.

– Eu também te amo, Steele.

– Bem, acho melhor a gente voltar pra casa. A gente definitivamente precisa de um
banho. - abraçadas, as duas fazem o caminho de volta pra casa.

Após a conversa sobre a crise em seu casamento, Elliot perde a vontade de


pescar. Os dois irmãos resolvem voltar para a casa e continuar a conversa lá.
Após um banho quente, Elliot senta em um dos bancos da cozinha, enquanto
Christian se dirige para a geladeira.

– Está com fome? - pergunta Christian.

– Estou. Tem alguma coisa pronta aí?

– Não, mas eu posso preparar alguma coisa pra gente comer.

– Você? - Elliot ri. - E desde quando você sabe cozinhar?

– Desde que o Henry nasceu. Eu sou pai, Elliot, eu preciso saber me virar.

– Eu também sou pai e não sei ferver nem água.

– Pois deveria aprender.

– Ok, então o que o Chef Christian Grey vai fazer para o almoço?

– Que tal filé de peixe grelhado e uma salada verde?


– Parece ótimo. Quer ajuda?

– Você sabe lavar as verduras?

– Eu não sou totalmente inútil. Onde estão?

– Na geladeira. Gaveta de baixo. - enquanto Christian tempera o peixe, Elliot lava


as verduras.

–Então, quando você perguntou mais cedo, se estava tudo bem entre eu e a Ana,
acho que eu não fui totalmente sincero com você.

– Mesmo?

– Sim. Nós... nós tivemos uma briga na noite passada. Na verdade, não foi bem
uma briga, foi mais uma discussão.

– Sério? Sobre o que?

– Filhos. Ela quer mais filhos, eu não.

– Ué, mas você vivia dizendo que queria um monte de filhos.

– Eu mudei de ideia.

– Ninguém muda de ideia sobre filhos assim. O que houve?

– Eu não posso arriscar perder tudo.

– Você está falando do parto do Henry.

– Sim.

– A médica da Ana disse que pode acontecer de novo?

– Não. Mas ela também não disse nada antes.

– Mano, eu estava lá, eu vi o quanto você ficou desesperado.

– Então você entender o meu ponto de vista.

– Deixa eu terminar. Sim, eu entendo o seu medo, eu vi o quão desesperado você


ficou, mas eu também vi os seus olhos brilharem no momento em que você viu o
seu filho pela primeira vez. Aquele sorriso que você abriu. Eu só vi aquele sorriso
duas vezes na vida, quando a Ella nasceu e quando o Henry nasceu.

– Eu amo os meus filhos, Elliot. Mais do que a mim mesmo. Eu morreria por eles
sem pensar duas vezes. Meu coração dói quando eles estão longe de mim. E é
por isso que eu não consigo nem imaginar passar por aquele sofrimento de novo.

– Mas olha pra ele agora. Cara, ele é o menino mais incrível que eu conheço. Ele é
inteligente, é engraçado, é educado, é carinhoso. E a Ella a gente nem precisa
falar.

– Você não entende. Eu tinha tudo, e de repente, tudo isso estava por um fio.
Assim, num estalar de dedos. Eu fui da ansiedade de conhecer o meu filho, pro
medo de perdê-lo. Perder o meu filho e a minha esposa.

– Mano, eu sei que o risco, se é que existe um risco, é grande, mas a recompensa
é muito maior.

– Eu não sei. Não posso arriscar. - a conversa dos dois é interrompida pelo som da
porta da frente. Os irmãos ficam na expectativa da chegada das esposas, mas a
expectativa logo se transforma em susto, assim que eles vêem o estado das
mulheres.

– Oh, meu Deus! O que aconteceu? - Christian larga tudo e corre para a esposa.

– Vocês estão bem? - pergunta Elliot, amparando Kate.

– Nós estamos bem. Não foi nada. - diz Ana, tentando acalmar os nervos.

– Como nada? Olha pra vocês! Ana, seu joelho está sangrando. - Christian enrola
um guardanapo de tecido em volta do joelho de Ana.

– O que diabos aconteceu? - pergunta Elliot. Ana e Kate se olham.

– Foi minha culpa. - diz Ana. - Nós estávamos subindo a colina, eu me


desequilibrei, a Kate tentou me segurar e nós duas acabamos caindo.

– É melhor levar vocês para o hospital. - diz Christian.

– Não precisa, de verdade, a maioria é só arranhão. Nós estamos bem. - diz Ana.
– Você tem certeza que está bem? - Elliot pergunta para a esposa. Depois de
muito tempo, Kate olha dentro dos olhos do marido.

– Sim, eu estou bem. - ela diz, e então joga os braços ao redor do pescoço do
marido. - Eu te amo, Elliot. Por favor, acredite em mim.

O Grey mais velho é pego de surpresa com a reação da esposa. Mas ao senti-la
tão junto de seu corpo, ele relaxa e a abraça de volta.

– Eu acredito. Eu também te amo, Kate. - os dois permanecem abraçados. Ana e


Christian resolvem dar privacidade ao casal.

– Vem, vamos limpar esses machucados. - diz Christian, tomando a esposa pela
mão. Os dois seguem para o segundo andar da casa.

Chegando à suíte, Christian conduz Ana direto para o banheiro. Enquanto ele
busca o kit de primeiros socorros, Ana se livra das calças sujas e rasgadas. Em
posse do kit, Christian ergue Ana pela cintura e a coloca sentada na pia de
mármore.

– Eu preciso limpar isso. - ele diz, se referindo ao ferimento no joelho.

– Vá em frente. - ela diz. Ele, então, embebe um algodão em solução salina e


começa a higienizar o ferimento.

– Está doendo?

– Não, pode continuar. - ela diz.

Após terminar o curativo do joelho, Christian parte para ralado do queixo.


Repetindo o processo, ele embebe o algodão e começa a higienizar o rosto da
esposa. Ana olha fixamente para o marido.

– Eu não quero mais brigar. - ela diz, tomando a mão dele entre as suas.

– Nem eu.

– Eu realmente sinto muito pelo que eu disse ontem. Me desculpe.

– Está tudo bem.

– Nós estamos bem?


– Estamos sim.

– Eu ainda quero mais filhos.

– E eu não.

– Como vamos resolver isso?

– Conversando. Dando tempo ao tempo.

– Conversando. Eu gosto disso. - ela sorri. - Eu gosto de poder conversar com


você. Sobre tudo. Tudo que me faz feliz e tudo que me deixa triste. Eu não quero
parar de conversar com você.

– Então não pare. Nunca. - ele acaricia o rosto da esposa. - Você é o meu mundo,
Anastasia. Sem você e sem os meus filhos, eu sou só a casca de um homem.

– Nós não vamos a lugar nenhum. Você está preso com a gente pra sempre.

– Ótimo. - ele diz, puxando a mulher para um beijo apaixonado.

O resto da viagem transcorre da melhor maneira possível. Mia e Ethan chegam à


Aspen na tarde de sábado, completando a animação. Mas o final de semana
passa rápido e o grupo precisa se despedir do recanto e pegar o caminho de volta
para casa.

Terça feira à tarde, Sawyer encosta o carro em frente a Barnes & Noble, uma
grande livraria em Seattle. Ana tem um encontro de negócios com os sócios da
rede. O segurança olha para Ana através do retrovisor.

– O estacionamento é do outro lado da rua. Eu vou deixar o carro lá e te encontro


em 5 minutos.

– Tudo bem, mas não precisa ter pressa. A reunião deve demorar, pelo menos,
uma hora.

– Sem problemas. Eu vou ficar te esperando dentro da livraria mesmo. Eu só vou


estacionar o carro.

– Ok. - diz Ana, separando os documentos dentro de sua pasta. Sawyer salta do
carro e abre a porta para Ana. - Nos vemos daqui a pouco. - ela diz, saltando do
carro e seguindo para dentro da livraria.
Travis Ferguson, gerente da Barnes & Noble, sorri ao ver Ana entrar na loja. A
editora da esposa de Christian tem sido responsável pelos maiores lançamentos
literários dos últimos 3 anos, o que trouxe muito lucro para as livrarias do país,
incluindo a Barnes & Noble.

– Sra. Grey, que bom vê-la! - ele cumprimenta Ana com um aperto de mão.

– Eu estou muito bem, Travis. Obrigada. E você?

– Estou ótimo. Como pode ver, a livraria está cheia. Ah, eu já enviei a lista dos
livros que estamos sem estoque para o setor de vendas da editora.

– Maravilha. Eu vou pedir urgência pra vocês.

– Muito obrigado. Estamos com uma lista de espera imensa.

– Muito bom saber disso. O Peter e a Sydney já chegaram?

– O Sr. Austin ainda não chegou, mas a Sra. Keller já está aguardando a senhora.
Eu vou avisar que a senhora já chegou.

– Obrigada.

Enquanto o homem se dirige para o escritório, Ana aproveita para conferir a loja.
Ela caminha entre as gôndolas de livros, se certificando de que suas obras estão
sendo bem expostas. Ela aproveita para fazer algumas anotações com sugestões
de melhorias para o lugar. Enquanto confere uma prateleira, algo chama sua
atenção. Um homem mantém os olhos fixos nela. Ao olhar para o homem, Ana tem
uma sensação estranha. Algo naquele homem, em sua aparência, mais
precisamente em seus olhos. Ana sente um arrepio lhe correr a espinha. Sua
tensão aumenta quando ela percebe que o homem caminha em sua direção. Ela
tenta se mover, mas suas pernas não respondem.

– Com licença. Você é Anastasia Grey, correto? - ele pergunta, com a voz suave.

– Sim, sou eu. Quem é você? - ela pergunta, e o homem olha dentro dos olhos
dela. Olhos cinza em olhos azuis.

– Meu nome é Joseph Palmer, e acredito que nós temos muito o que conversar.
Notas finais do capítulo

Amores, espero que tenham gostado!

Até a próxima!!

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