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1ª Edição
mera coincidência.
“Ei, Ana. O que fará essa noite? Tentei te ligar e não obtive
sucesso, deu que estava fora de área. Me ligue quando ver esse
depoimento. Há uma festa na Iels, queria que fosse comigo.”
É uma boa opção ter diversão com ele essa noite, ao invés de ficar
monitorando os casais que estão indo praticar o ato sexual, mas faz um
tempo que tenho idealizado sexo com apenas uma pessoa e é um pouco
assustador como me sinto infiel só de ponderar a proposta.
Iels é uma das poucas boates da cidade, conhecida pela Quintaneja;
todas as quintas-feiras há shows de bandas sertanejas e aquele lugar vira o
caos. É extremamente bom, embora eu seja mais ligada ao funk e à música
eletrônica. Não perco uma quintaneja e já decorei todas as músicas do
Jorge e Matheus, Victor e Léo e César Menotti e Fabiano!
Estou ponderando se devo ou não aceitar o convite de Bruno quando
uma ideia muito louca surge na minha mente... Na verdade, estou bem
dividida. Uma delas é: como seria estar do outro lado essa noite? Nunca
estive em um motel nessa data. No Dia dos Namorados em que estava
comprometida, meu ex surgiu na minha casa por volta das sete da noite,
subiu as escadas que dava acesso ao meu quarto e, antes mesmo de
alcançar todos os degraus, jogou o presente em cima de mim como se
fosse uma bola, de uma maneira nada romântica. Era uma blusa que
prendia no pescoço, pega da loja da mãe dele. O desgraçado ainda teve a
audácia de dizer que pensou em mandar flores, mas ficou com preguiça.
Naquela noite ficamos no meu quarto transando como loucos.
A ideia de ser fiscal de motel essa noite me parece agradável! Talvez
eu possa levar Bruno para uma experiência diferenciada. Iels me
amedronta; a maioria dos homens que eu fico são frequentadores assíduos
de lá e temo que haja um megaencontro de peguetes. Para essa noite,
quero um programa onde possa ser livre para beijar na boca sem ter que
ficar buscando lugares escondidos onde um contatinho não vá ver o outro.
Sou muito perdida mesmo, mas dizem que as perdidas são as mais
procuradas, então estou bem!
A segunda opção seria ir à aula. Acredite, isso é ABSURDAMENTE
tentador. Todos os anos fujo da faculdade nesta data, mas, especialmente
este ano, há um alguém que me faz querer ser uma aluna exemplar e
frequentar todas as aulas: Ricardo Bueno, meu adorável professor de
matemática.
Eu ODEIO matemática desde sempre, mas ele conseguiu fazer com que eu
passasse a nutrir um encantamento pelos cálculos este ano. Nas aulas dele
me porto como a aluna aplicada (até demais). E, por ser aplicada demais,
sempre fico um pouco depois da aula tirando minhas dúvidas com ele. Era
inocente até meses atrás quando, num ato de coragem e loucura, o beijei.
Sim. Eu fiz isso. A boca dele... meu Deus! É irresistível! E fui correspondida
graças a Deus!
No início, ficamos duas semanas seguidas nos encontrando quase
todas as noites. A situação entre nós sempre foi tão intensa, desde o
primeiro beijo. Acredito que ele tenha pensado em levar a situação além,
mas estraguei tudo priorizando sair para a noitada como um trem
desgovernado. Foi aí que ele passou a ser meu amor de fim de noite.
Ocasionalmente, quando estou alcoolizada em alguma boate (ou até
mesmo quando não estou), é para ele quem ligo. Com um repertório pronto
para me dar as mais diversas advertências, ele vai me buscar e me deixa
em casa em segurança. O mais engraçado é que, mesmo quando não ligo,
sempre o encontro vagando de carro pela avenida principal durante as
madrugadas, como se estivesse em busca de um alguém — que fica bem
claro ser eu. Não importa quão perdida eu esteja, ele sempre dá um jeito de
me encontrar.
Eu saio, bebo, curto a vida. Mas, sempre no final da noite, é com ele
que eu vou para casa e é ele quem eu beijo. Nós nunca ficamos muito
abertamente em locais públicos, absolutamente ninguém sabe sobre nós,
nem mesmo as minhas amigas. Eu sou uma idiota e me arrependo às
vezes. Gosto muito dele, a ponto de sentir as famosas borboletas no
estômago e sentir também um ciúme desgraçado que me faz querer
arrancar os cabelos de algumas garotas.
Há uma química explosiva entre nós. Sinto que seremos altamente
compatíveis na cama. Ele é carinhoso, mas possui também uma voracidade
que faz minha mente viajar. É apaixonante, tem um sorriso perfeito e lábios
que... eu sou apaixonada. Tudo perfeito, não? Porém, a minha loucura
sobressai e isso acaba impedindo que avancemos.
A parte curiosa desta história é que, desde o primeiro beijo, só tenho ficado
com ele. Passei a controlar as próprias necessidades do meu corpo apenas
por beijos quentes. Há algo diferente nele que mexe comigo...
Talvez seja uma boa ir a aula esta noite. Certamente a faculdade estará
vazia, eu serei uma das poucas alunas na classe. Acho que essa é a opção
mais tentadora. Talvez seja o dia ideal para avançar as coisas entre nós.
Cansei de beijos. Quero saber o que mais ele tem a me oferecer.
Ligo meu celular e a primeira coisa que faço é ligar para Bruno —
mais conhecido como Bruninho — meu ombro amigo em horas vagas e
amigo a um longo tempo.
— Olá! — atende, animado.
— Olá, bom, acabo de ver seu depoimento. Ainda não me decidi,
mas te avisarei mais tarde. Talvez eu tenha que ir até a faculdade.
— Ana, vou esperar, mas vou deixar claro que não quero planos
loucos com as meninas hoje. Chamei você para sair, tipo um encontro a
dois mesmo. Seria em uma boate, mas seríamos nós dois. Ficaríamos lá
um pouco, sairíamos para comer algo e então faríamos outro programa.
Faz um tempo que não beijo sua boca — o tom de voz dele me faz arrepiar
e meu ventre se contorce em ansiedade.
Nós dois somos muito bons juntos. Temos muita química, muita
liberdade um com o outro. Seríamos um bom casal se quiséssemos. Mas
optamos por sermos melhores amigos e somos extremamente felizes
assim, sem problemas, sem estresse, nos pegando apenas quando
sentimos vontade (é raro). Ele é mais quieto e muito mais centrado que eu
e, além disso, há outra pessoa que simplesmente parece meu par perfeito e
que estou tentada a encontrar devido ao excesso de química e
compatibilidade.
Bruno sabe que estou vivendo uma fase de completa insanidade
desde o término do meu relacionamento, meio que um grito de revolta por
todas as coisas ruins que passei. Ele respeita isso, mas sempre que surge
oportunidade me repreende. Ele até gosta um pouco das minhas amigas,
mas julga que elas não sejam uma boa companhia, devido a todo álcool
que consumimos.
Bom, então já tenho algumas possibilidades para essa noite, é bom
ter opções.
— Eu sei que faz um tempo que não beija a minha boca e,
sinceramente, eu quero muito beijar a sua, não apenas isso. De qualquer
forma, vamos fazer o seguinte, assim que eu chegar em casa e decidir algo
te ligo, ok?
— Ok. Ficarei aguardando.
Tão previsível quanto possível! Nem vou repetir todo script, mas estou
rindo. Dirijo pela avenida principal lentamente, escutando músicas
aleatórias e analisando as pessoas nas filas dos restaurantes, alguns
casais apaixonados, outros não.
Tudo vai caminhando bem até uma pessoa surgir no meu campo
de visão. Meu ex. E ele não está sozinho, está com um mulherão à
tiracolo — uma que conheço bem.
Ele está com essa garota por volta de uns 2 meses e está noivo.
Nós namoramos pouco mais de 1 ano e ele nunca foi capaz de colocar
NAMORANDO no Orkut. Isso me feriu quando descobri, por um tempo me
senti inferior, uma pessoa que não vale a pena ser assumida para todos.
Talvez eu não me encaixasse no critério de perfeição dessa
beldade! Só não o chamo de filho da puta porque a mãe dele é uma das
pessoas mais maravilhosas que já tive o prazer de conhecer. Pobrezinha,
um dia ela foi à porta da minha casa agradecer a mim e a minha mãe por
permitirmos que ele dormisse em nossa casa; ela disse que não suportava
quando ele estava em casa, que ele a deixava louca e brigava
incansavelmente com o irmão gostoso que possui. O irmão dele é um
sonho que nunca poderei realizar e é o oposto do ogro que ele é.
Disposta a não me atrasar, acelero o carro rumo à faculdade. Logo
no estacionamento avisto alguém que faz meu coração acelerar e minha
calcinha umedecer no mesmo instante. Ricardo Bueno, meu professor
irresistível! Até mesmo a música “From this moment on” começa a tocar
em minha mente conforme o observo caminhar. Abençoado seja esse
homem nu e a bagagem que ele carrega dentro das calças! Meu ex
precisa de ao menos uns 7 centímetros de pica para chegar no potencial
de Ricardo.
Não sei descrever ou explicar o que existe entre nós, mas, em
alguns momentos, sinto que ele não me leva muito a sério. Entendo e não
o julgo, ele é um homem maduro e bem resolvido, já eu..., eu não passo
muita credibilidade, especialmente minhas ações não passam. Tenho
todos os receios do mundo em me entregar a um novo relacionamento, e
costumo agir como uma garota inconsequente. Só eu sei o quanto foi
difícil colocar um fim no relacionamento tóxico que vivíamos e o quanto
doeu superá-lo.
Me lembro de quando terminamos. Às quatro horas da tarde entrei
dentro do carro dele, diante da minha casa, e coloquei um ponto final em
tudo porque enxerguei que era o melhor a ser feito. Às sete da noite eu
estava de joelhos no chão, diante da minha mãe, pedindo para que ela
ligasse para ele e implorasse para ele voltar. Foram longos dias assim,
chorando em cima de uma cama, com febre emocional e uma dor que
causava falta de ar. Era terminar e enfrentar o fim ou permanecer e acabar
sendo agredida fisicamente. Rafael já tinha feito um estrago psicológico
feio e só restava o estrago físico para completar a destruição.
Quando me reergui, eu havia me transformado em outra pessoa;
uma mulher calejada, revoltada com a vida, se auto amaldiçoando por ter
se permitido ser tão boa e disposta a recuperar o tempo que perdi naquela
relação. Eu me transformei e nem sempre sinto orgulho da pessoa que me
tornei.
A vida que levo desde o término do meu namoro é um pouco louca.
Muitas bebidas, muitas festas, muitas loucuras. Observando Ricardo à
distância, me dá um pouco de tristeza. Eu queria que ele me visse de uma
outra maneira, embora eu morra de medo me entregar. Estar perto dele
me dá uma vontade incontrolável de ser valorizada, de me tornar o centro
do seu universo. Mas como fazer isso quando eu mesma não me dou o
devido valor?
Ricardo é dedicado, inteligente, esforçado, centrado, sério na maior
parte do tempo, tem 37 anos de pura gostosura. Enquanto eu sou o
oposto. Tornei-me uma pessoa um tanto quanto inconsequente, por mais
que estude e trabalhe. Eu ainda não encontrei meu lugar no mundo. É
bastante difícil ter forças para buscar isso quando alguém insistia em dizer
que você nunca seria nada na vida. Essa merda se fixou em minha mente
e eu ainda tenho esperanças de um dia superar esse fardo e a pressão de
mostrar que, sim, eu sou alguém, eu sou realmente boa. Eu sou. Eu
costumava ser antes dele.
Observando Ana Laura, tudo me leva a crer que seria uma péssima
ideia me arriscar em um relacionamento com ela, especialmente na data
de hoje. Ter a consciência disso não afeta nem mesmo um pouco o meu
desejo de correr riscos.
O que me faz pensar nisto? Vejamos: Ana leva uma vida muito
desregrada e aventureira, insana combinaria bem para descrevê-la. Como
se não bastasse todos os sinais para eu me manter distante, ela é minha
aluna, o que significa que um relacionamento entre nós é antiético —
embora eu tenha me esquecido deste fato quando ela me beijou pela
primeira vez. A junção de todas essas coisas dificulta muito as coisas
entre nós.
Então eu simplesmente resolvi ignorar os contras e... Maldição!
Confessar os meus pecados deveria servir de ajuda, mas não ameniza
absolutamente nada.
É inegável que eu esteja nutrindo sentimentos por ela, não poderia
ser diferente. Quando ela está com a guarda baixa e me permite entrar um
pouco em seu universo, sempre me surpreendo. Por trás da garota
inconsequente, há uma mulher incrível. Eu diria que existe 2 versões dela:
a alcoolizada — que não é nada bonita —, e a sóbria, que a deixa
completamente diferente. É quando ela se mostra inteligente, perspicaz,
interessante.
No entanto, como nem tudo pode ser perfeito, sei que ela sofre
interferências. A influência das amigas e o fato dela possuir um trauma de
relacionamentos tem sido obstáculos difíceis de vencer.
A verdade é que temos muito em comum, mas lidamos com os
acontecimentos de forma diferente. Ambos saímos machucados de
relacionamentos. Eu terminei um relacionamento pouco mais de um mês
antes de Ana me beijar. Assim como ela terminou um relacionamento
recentemente. Quando nos beijamos, ainda estávamos feridos. Parece
bizarro, mas foi legal quando nos abrimos um pouco um para o outro e
quando descobrimos ter passado pelos mesmos traumas. Nos tornamos
bastante íntimos dessa maneira. A situação entre nós tem avançado,
tornando-se mais intensa e interessante. O bastante para que nossos
assuntos fujam do nosso passado fodido.
Nas duas primeiras semanas em que ficamos, eu deixei de ser o
professor exemplar que sempre fui. Poderia dizer que fui corrompido. Não
deveria ser assim, ao menos não dentro da faculdade. Estar aqui, no lugar
que eu considerava sagrado, agora me faz procurá-la como um
dependente. E, quando a encontro, sua imagem dança em minha mente
de uma maneira que arranca toda a minha concentração, especialmente
quando estou dando aula em sua classe. É quase trágico, mas já chego
na faculdade pensando quando irei encontrá-la.
Ela é uma das mulheres mais maravilhosas que já tive o prazer de
conhecer, mas está perdida, tentando mostrar ser uma coisa que não é.
Eu sinto que, em pouco tempo, a conheço bem, talvez a conheça até mais
do que ela mesma. Ana adotou uma postura de rebelde e se mantém
sempre na defensiva, sempre ignorando os fatos e sentimentos. Ela acha
que é capaz de mascarar o que sente, mas é transparente o bastante
para não conseguir. É possível ver sua luta entre o que quer e o que ela
gostaria de não querer. Confuso, mas é exatamente assim.
Neste exato momento eu acabo de presenciar o brilho em seus
olhos pelo simples fato de me encontrar. Sinto que ela quer mais do que
demonstra. Ana ignora o fato de que está louca por mim e isso me obriga
a ignorar o fato de que estou louco por ela. Ela não é tão boa em
mascarar isso, eu sou. Cada um usa o mecanismo de defesa que julga
apropriado, mas até quando jogaremos esse jogo?
Tenho uma turma de amigos que estão em relacionamentos sérios,
eu sou o único solteiro e o único que é fiel a uma pessoa que nem mesmo
me leva a sério.
Enquanto todos traem suas respectivas namoradas, eu sou fiel à
uma aluna maluca e ao que temos. Talvez eles traiam por estarem
insatisfeitos em algum ponto da relação. O que existe entre nós é tão
intenso e incrível que nem mesmo consigo sentir insatisfação a ponto de
ter que buscar em outra pessoa o que falta nela, e nem mesmo fizemos
sexo ainda.
Por que não fizemos sexo? Porque tenho lutado para ignorar as
próprias necessidades do meu corpo. Eu e Ana estamos em fases
diferentes. Tenho 37 anos, já vivi o furor da pós-adolescência, do início da
vida adulta. Eu amo sexo tanto quanto é possível amar, mas não sinto
prazer em quantidades, números, em ser só mais um ou fazer uma só
vez. Se eu e ela avançarmos para esse nível, temo tornar-me um trato
desgovernado sobre a garota, porque vou querê-la exclusivamente para
mim, para o meu prazer, para pertencermos um ao outro. Minha.
A minha única insatisfação é o fato de eu querer mais e ter que
manter como se estivesse bem com a forma que estamos conduzindo as
coisas. Sim, eu não sou tolo de demonstrar tanto o que eu sinto e permitir
que uma garota de 21 anos massacre meu coração. Por isso, algumas
vezes, tento mostrar um distanciamento que nem mesmo existe.
O ex-namorado dela foi um grande babaca. O homem a torturou
psicologicamente e a fez duvidar de sua própria capacidade. Na mente de
Ana, ela nunca chegará a lugar algum. Ana está cursando Administração
apenas para ter um diploma, trabalha na Gerdau apenas para ter um
emprego, bebe como louca apenas para mostrar que está bem. É tudo
uma completa mentira em que se apega para mostrar aos outros que está
no controle, feliz e que está tudo maravilhoso. Não está. Eu já ouvi relatos
de que ela era outra pessoa antes daquele babaca. Nada contra mulheres
que saem e aproveitam a vida excessivamente, mas Ana não era assim.
Era uma garota quieta, centrada, sonhadora, caseira, com poucos e bons
amigos.
Essa Ana do passado aparece todas as vezes em que está em
meus braços e é exatamente quando ela se revela, que sinto meu coração
se apertar. Sempre que ela percebe que as coisas estão mesmo ficando
sérias, se afasta. É o mecanismo de defesa que ela adotou para não ter
seu coração massacrado novamente. E esse mecanismo faz com que
perca uma grande oportunidade de viver um relacionamento com um
homem que vai valorizá-la e que faria muito para vê-la feliz, realizada e
saciada nos mais diversos sentidos: eu!
Também já tive meu coração destruído. Meu antigo relacionamento
foi tóxico e traumático.
Bruna, minha ex, é o tipo de mulher mimada. No início eu
enxergava suas atitudes como dóceis, achava até que era excesso de
fofura (sim, pode rir). Mas, com o passar do tempo, eu fui percebendo que
o que achava ser dócil nada mais era que atitudes de uma mulher
mimada, que sabia jogar com as pessoas.
Com sua voz doce, suas falas infantis, Bruna conseguia me enrolar
bem. Eu era como um tapado na relação, sem voz ativa e dando tudo de
mim. Para completar, ela era dona de uma beleza surreal, parecia um
anjo. Nosso sexo era razoável. Mas, já para o fim do relacionamento,
tornou-se extremamente frio. Eu precisava quase implorar para termos um
momento sexual. As desculpas eram as mais variáveis; desde dor de
cabeça ao cansaço. Foi indo até eu colocar um ponto final, mas não foi
fácil chegar a essa decisão.
Ana e eu temos até mesmo isso em comum. Ela terminou com o ex
mesmo o amando, eu terminei com a minha ex mesmo a amando. E,
desde então, tentamos superar toda merda. Há apenas um ponto que nos
difere: ela parece ter adquirido um trauma de se entregar, eu não. Estou
na teia dela, aguardando pelo momento em que sua visão se expandirá e
conseguirá enxergar o que está bem diante de seus olhos. É evidente e
ela apenas foge do óbvio por medo.
Por enquanto tenho sido paciente. Mas, confesso, o limite está se
aproximando. Já está se tornando insuportável vê-la cada vez mais
perdida e negando que existe algo entre nós.
Ana é uma linda morena e, especialmente hoje, está mais gostosa
que o normal, até mesmo parece ter se vestido para provocar; parece que
acordou com o propósito de testar cada um dos limites dos homens e está
me provocando com seus sorrisos que dizem muito. Ela quer ir além, eu
também. Mas será que é o momento certo?
Está evidente que decidiu jogar, e sei jogar esse jogo, por isso
estou seguro de mim, demonstrando não ser afetado a cada vez que ela
estica o vestido em seu corpo, apenas para deixar seus seios o mínimo
visíveis aos meus olhos.
— Nenhum compromisso esta noite? — Indago, avaliando-a.
— Não sei. Me diga você, professor. Eu tenho algum compromisso
esta noite? —Sorrio, mesmo querendo segurar. Ela é engraçada quando
está pronta para o ataque.
— Bom — digo, verificando a hora em meu relógio. — Talvez, no
final da aula, podemos decidir isso juntos.
— Estou ansiosa para o final da aula, então — provoca. — Até
mais, professor.
CAPÍTULO 4
Eu vou.
— Planos para essa noite? — ele sussurra em meu ouvido assim
que entro no carro. Arrepio-me por completo antes de encará-lo.
Sua boca desliza pelo meu pescoço e eu começo a gemer sem nem
mesmo ponderar o local em que estamos. Abro meus olhos para ver
se há alguém próximo ao carro, mas, por sorte, não há ninguém.
Uma mão desliza pelo meu seio e eu levo minha mão em sua
ereção. É completamente errado, mas eu daria para ele exatamente
aqui nesse lugar.
— Ricardo... me tira daqui — peço, e ele se afasta de uma só vez.
Dessa vez não protesto. Ele está decidido a nos tirar daqui com
urgência. Fica ainda mais evidente quando ele acelera.
Seguimos até um condomínio, e logo ele estaciona diante de uma
suntuosa casa. É aí que, contrariando a insanidade que possuo, me
torno ansiosa e receosa. É provável que atingiremos um novo nível
agora. Ele é um homem bem maduro, muitos anos mais velho e
mais experiente. Estou me sentindo como uma garotinha medrosa
quando ele surge abrindo a porta do carro para que descer.
Na varandinha, ele volta a me beijar como um predador. Suas mãos
descem diretamente para as laterais das minhas pernas e então vão
subindo de maneira tortuosa para dentro do meu vestido. Estou
ofegante, uma bagunça, e piora quando ele abre a porta da casa
para que possamos entrar.
— Está certa sobre o que quer? — Indaga, me olhando de uma
maneira que beira a indecência. — Preciso que saiba que é um
caminho sem volta, Ana.
— Um caminho sem volta? — Questiono.
— Não sou um moleque, não sou como o babaca imaturo que a
magoou. Tentei adiar ao máximo o acontecimento de hoje, mas
sabemos que não dá mais.
— Não dá — concordo.
— Você gosta de mim. Mais do que está disposta a assumir. Eu não
serei o homem paciente que vai suportar ficar rondando as
madrugadas em busca da garota inconsequente que insiste em
teimar ser. Nós vamos atingir o novo nível, e então será minha.
Obviamente não será a minha prisioneira ou terá que renunciar a
um pouco de diversão com as amigas. Mas não irei compartilhá-la,
Ana. Se quer mesmo foder comigo agora, isso se tornará um
relacionamento sério. — Estou impactada com a palavra “foder”
saindo de sua boca. — Diga, Ana..., abrirá essas pernas e me dará
essa boceta gostosa, ou escolherá ir embora?
Deus! Ricardo fala coisas sacanas! Estou arrepiada, sentindo coisas
estranhas em minha intimidade apenas por ouvi-lo falar.
É óbvio que abrirei as minhas pernas, especialmente porque quero
mais de tudo que estou sentindo e tudo o que ele está me
oferecendo. O respondo com um sorriso malicioso e retirando meu
vestido. Seu olhar desliza por todo meu corpo, incendiando cada
pedacinho por onde passa. Retiro minhas sandálias também.
O observo retirar a camisa, chutar os tênis, as meias, descer a calça
em uma velocidade recorde. Mordo meu lábio fortemente quando
ele abaixa a cueca. Estou surpresa com a visão que estou tendo.
Ele é generoso. Seu pau é grande, grosso, perfeito. Sou capaz de
sentir como é ser invadida por ele. Estou divagando quando ele me
pega insanamente, retirando meu sutiã como um verdadeiro expert,
rasgando minha calcinha e me jogando contra a parede.
Eu sorrio, mas o riso morre quando ele provoca, deslizando seu pau
em minha entrada.
— Você está molhada, Ana. Nem mesmo preciso estar dentro para
sentir. Quer muito isso, não é mesmo?
— Eu não sabia que era o tipo provocador.
— E eu não sabia que ficaria tão louco por você, garota — sussurra
em meu ouvido antes de deixar uma leve mordida no lóbulo da
minha orelha.
O puxo para um beijo arrebatador e, no processo, ele me invade de
uma só vez, surpreendendo-me. Um gemido alto escapa de mim,
um misto de dor e satisfação plena. Ele afasta nossos lábios, me faz
levantar a cabeça, puxa meus cabelos, segura meu pescoço e me
fode impiedosamente, olhando diretamente em meus olhos. Não
consigo escapar da eletricidade que transita entre nós. Ricardo é tão
bem-dotado, que tudo em mim se encontra preenchido e um pouco
dolorido. Ele sai por completo e entra novamente, de uma só vez,
com força. Eu deliro em seus braços, deleitando-me com a
sensação mais incrível que já senti. Fazer sexo é bom, mas fazer
sexo com quem está disposto a foder seu corpo e sua mente é
INCRÍVEL. Ele se parece um selvagem desesperado para foder, a
imagem foge por completo do professor certinho e centrado. Uma
caixinha de surpresas.
Estou sendo fodida com determinação por um homão com braços
tão fortes que parecem capazes de me quebrar ao meio. E ele não
parece satisfeito com a parede, tanto que me leva para o quarto,
sem me deixar vazia por um segundo sequer.
Ele prende minhas mãos acima da cabeça e com a mão livre
explora meu seio. Ele ainda não está se movendo, então sou eu
quem impulsiono meu corpo, pedindo, clamando pelos movimentos.
Ricardo praticamente ruge e começa a ação. Por um momento
penso que iremos quebrar a cama. Ele é voraz e gosta das coisas
loucas no sexo.
Ele me faz abrir as pernas ao máximo e dá estocadas que me fazem
delirar. E, mesmo quando solta minhas mãos, permaneço com elas
acima da minha cabeça, me permitindo ser devorada da forma que
ele quer. Eu o deixo fazer o que quiser comigo, desde que me
proporcione o prazer arrebatador que estou sentindo agora, algo
que nunca havia experimentado antes. Ele me exterminou para
homens da minha idade, definitivamente. Ouso dizer que eles
precisam nascer de novo ou se esforçarem mais.
Ricardo segura meus quadris, arremetendo muito rápido, e eu me
sinto em completa queda livre, deixando meu corpo se desintegrar.
Um orgasmo incrível me toma, juntamente com a sensação de
saciedade e fogo. Tudo em mim parece ter sido desperto apenas
agora. Eu me pego suspirando em completa plenitude quando um
sussurro em meu ouvido me faz despertar do sonho que acabei de
ter... é como um sonho realmente.
— Quer namorar comigo? — ele pergunta, trazendo-me muito
rapidamente para a realidade.
— Se prometer que vai me foder assim diariamente, eu quero. —
Encontro forças para dizer, enquanto sorrio.
— Estou louco por você, garota. Eu só consigo pensar em todas as
maneiras que foderei minha namorada inexperiente.
— Como sabe que sou tão inexperiente?
— Está bastante visível. Mas eu gosto que seja assim.
— Gosta da minha inexperiência? — Pergunto.
— Sim, porque assim posso corrompê-la e transformá-la ao meu
modo na cama. — Engulo em seco diante das palavras
promissoras. — Agora diga que sim para que possamos quebrar
cada canto desse quarto.
— Sim. Agora cumpra sua promessa. — Peço, me movendo sob
seu corpo. — Quero muito você, Ricardo. Eu esperei durante muito
tempo para tê-lo dentro de mim. Idealizei esse momento, mas nada
chega perto do que imaginei. Você é tão gostoso dentro...
— Eu não vou sair daqui. Vou gozar em você e vou continuar
gozando e gozando, sem sair de dentro de você. Vou te bagunçar
todinha, e você vai implorar por mais. Vou fazê-la viciar em mim da
mesma forma que estou viciado em você. — Meu corpo formiga de
desejo enquanto ele diz cada uma das palavras. Deslizo minhas
mãos pelas suas costas, arranhando levemente e aperto sua bunda,
fazendo-o se movimentar.
— Faça... faça tudo o que quiser. Eu quero! — Ele beija minha boca
e se afasta abruptamente. Sou girada na cama e posta de quatro,
como se fosse um fantoche. Agarro as cobertas e me empino ao
máximo para ele, conseguindo um gemido de presente.
Ele me invade lentamente e parece precisar usar todo o
autocontrole para se segurar. Essa é a posição que provavelmente o
derruba. Eu o levo ao limite.
Ele traz uma mão em meus cabelos, puxando-os fortemente e
começa a arremeter forte. Em alguns momentos, que meu corpo é
impulsionado para frente, meus joelhos quase cedem. Bruto, forte.
Ricardo não é delicado. Não é o tipo de homem que pergunta se
está doendo ou não, e isso me deixa com mais tesão do que
deveria. Ele me dá tapas na bunda que queimam e eu me sinto
como uma sádica, sorrindo a cada vez. Ricardo sabe cuidar e fazer
uma mulher gozar.
Eu faço de tudo para tornar as coisas mais difíceis. Rebolo minha
bunda e a impulsiono para ele o tempo inteiro. Ele solta sons de
aprovação e, quando estou gozando, ele se liberta dentro de mim.
Gozar juntos é perfeito pra caralho, mesmo que meus joelhos
tenham acabado de ceder e que o corpo de Ricardo esteja me
pressionando contra a cama.
Ele beija minha nuca, costas, ombros e sai de dentro de mim. Me
viro, preguiçosamente, sorrindo como uma boba apaixonada.
Não sei dizer por quanto tempo ficamos assim, mas eu não trocaria
esse momento por nada. Valeu a pena a espera. Esse homem
explodiu minha mente agora.
1 ANO DEPOIS
FIM.