Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1º Edição 2020
Primeiramente agradeço a leitoras do Wattpad que sempre me incentivaram e me
apoiaram. Pessoas maravilhosas que mesmo de longe e com muito carinho me amparam
nos braços quando quis cair.
Agradeço as duas pessoas que foram de suma importância. Duas pessoas que
resgataram, a mim e 3 Desejos, quando eu já tinha jogado a tolha. Duas amigas/irmãs que a
vida me presenteou: Simone Schneider e Franciane Gonçalves. Sem vocês nada disso seria
possível.
Uma observação:
O meu gênio e Quarto Califa Hassan Ibn Ali, foi inspirado
no Quinto Califa Hasan Ibn Ali da Arábia (viram a diferença? um S a menos?
E um califado a mais?)
O Hasan Ibn Ali, foi Califa, teve 60 a 70 mulheres e um harém de 300
concubinas, diz a Wikipédia. Era neto de Maomé e morreu envenenado por
uma de suas mulheres (também pudera) com uns 45 anos de idade.
E ele era muito sexy:
Ah vão dizer que lendo isso ali de cima a imaginação de vocês não
voou longe? Tipo, como assim? Tanta mulher!? Como assim NETO DE
MAOMÉ!? Como assim CALIFA? Envenenado? Vai dizer! Caralho! É muita
informação! Então vou fazer igual ao Jô Soares e os seus livros que
misturam ficção e realidade! Se ele pode eu também posso!!! Qual a nossa
diferença? Só porque ele é rico, milionário, famoso... aff não vou falar mais
nada!
Ps.: Eu achei o Hasan um tesão! Devo ter sido alguma das concubinas
dele na outra vida, e devo ter gostado! hum... hum...
Para todas as pessoas,
que acreditam na magia do amor.
6:30 am
Benbenbenbenbenben...
Alarme maldito!
Com os olhos fechados eu tento alcançar o miserável que me arrancou
de um sonho cheio de luxúria e chantilly. Não o alcanço e o barulho irritante
ecoa nas paredes.
Benbenbenbenbenben...
Oh inferno!
Pego meu travesseiro e jogo neste negócio criado por Satã, e vitória! O
som para! Aleluia Senhor!
Me viro de bruços e sorrindo, satisfeita, volto a me lembrar do delírio
interrompido...
Onde estávamos mesmo, Dante? Ah sim, minha vez com o chantilly!
10:23 am
Atravesso a rua correndo, com o farol aberto mesmo, um carro azul
quase me atropela, e sai me xingando e buzinando como louco.
— Vai para o inferno! — eu grito de volta.
Estou ferrada! Muito ferrada! Droga de paixão não correspondida,
pelo lindo, maravilhoso, possivelmente gostoso, e podre de rico: Dante
Schwartz!
Mas também não foi culpa apenas dele, Carmen teve uma parte, a
maior parte da culpa! Desde que brigou com Leo ela não me deixa mais!
Ontem ficamos até tarde no barzinho perto das nossas casas, e ainda bem que
eu não bebi, porque hoje eu estaria pior do que estou!
Mas eu tive que jurar por tudo que era mais sagrado que tomaria uma
garrafa de vinho hoje! Aff! Essa fossa da Carmen está me dando prejuízo,
mas amigas são para estas coisas.
Bom, eu deveria ter ao menos deixado ela ligar para o Leo às 04:00 da
madrugada, bêbada igual um gambá (não sei se gambá bebe, nunca entendi
esta expressão), para ele levar ela para casa, porque quando finalmente me
deitei, no meu minúsculo kitchenette já eram quase 05:00! Como em nome de
Deus, eu iria conseguir acordar às 06:30? Nunca!
Estou um lixo! Tenho completa consciência disso. Não consegui
arrumar os cabelos, na verdade nem pentear, chapinha então, nem pensar!
Peguei a primeira roupa que achei no armário. Calça jeans e regata com
florezinhas, quase sem amassados. Quase.
Sem maquiagem, sem salto, vim de All Star mesmo, só porquê é
melhor para correr atrás do ônibus, ou até a loja de antiguidades O'Hara onde
trabalho.
Pretendo me ajeitar depois que bater o ponto.
Solto um bafo na minha mão em concha. Eca! Tenho que escovar os
dentes também! Sem falta!
Enfim, tô um lixo, atrasada, com sono, e certamente fodida, de um jeito
ruim, não do jeito que eu sonhei esta manhã.
Quando finalmente entro na Antiguidades O'Hara, são 10:40.
— Laura! Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você! Tentei
te ligar desde que abri a loja! Seu celular está desligado! — grita meu patrão.
Verifico a bolsa. Sim, o pobre celular está desligado, ainda. Eu aperto o
botãozinho e o ligo.
— Desculpe Seu O'Hara! É que depois que a Carmen se separou do
Leo, ela não me dá sossego! Me liga a madrugada toda! Aí tenho que desligar
o telefone, e não me acostumei ainda com o despertador convencional... —
digo enquanto vou batendo o ponto.
— Você sabe que vou levar minha filha hoje para experimentar o
vestido de noiva, e não posso me atrasar, Laura! A loja não pode fechar e se
eu ficar... — ele continua falando, eu finjo que escuto e balanço a cabeça.
Até que foi melhor do que eu pensava.
A filha de Seu O'Hara — que nada tem de O'Hara, pois é um turco com
nome bem turco, que adotou esse, pois diz que seu nome verdadeiro, é quase
indecifrável para nós pobres brasileiros – bom, a filha dele, com quase
quarenta anos, vai casar, e seu O'Hara está dando pulos de alegria, pois o
noivo é perfeitamente judeu! Viva!
— Eu sinto muito seu O'Hara! Eu compenso ficando até mais tarde,
trabalho no sábado o dia todo... — odeio trabalhar no sábado, mas se for
preciso...
— Sabe muito bem que não abro no Shabat! — sim, graças a Alá! eu
penso, mas não falo. — Mas tenho um serviço para você, que vai lhe
compensar o horário perdido. Chegou esta manhã! Venha!
— Mas eu preciso me arrumar, escovar os....
— Logo Laura! Eu já tenho que sair! E não volto mais hoje!
— Sim, eu sei, sexta-feira, dia de dominó com os velh... com os mais
lindos desta cidade! Nossa que inveja Seu O'Hara!
— Pare de debochar e venha aqui no estoque de uma vez, que Miriam
já está me esperando!
— Mas não estou debochando... Puta que pariu! De onde saiu essa
tralha?! — pilhas de caixas cheias de material metálico estão na entrada do
estoque.
— Olha a boca menina! — ele me repreende. — Meu primo da
Turquia me mandou. Chegaram hoje.
Ele parece orgulhoso.
Eu mexo em uma das caixas, tirando o conteúdo de dentro. Tem de
tudo, objetos de decoração em sua maioria. Todos velhos e feios.
— Você vai arrumar e catalogar para mim, quero eles lindos e
brilhantes!
— O quê??? Essas coisas velhas? Lindos? Brilhantes? Tá de
brincadeira comigo, né? — eu ergo um castiçal que deve ser de bronze, ou sei
lá, e o negócio está verde! — Isso aqui não tem jeito não, Seu O'Hara!
Ele procura nas prateleiras e me alcança dois vidrinhos.
— Esse aqui você passa nos objetos de prata, e este nos de bronze.
Eu olho para os dois vidrinhos, desolada.
— Mas vou precisar de muito mais que isso aí! No mínimo uns 10! Eu
sabia que tinha coisa, o senhor estava muito bonzinho...
— Não exagere Laura! E tome muito cuidado que são relíquias do
século IX.
— Todos? — eu esvazio outra caixa, e mais outra, a curiosidade me
dominando.
— Sim! Todos eles.
— Até este aqui que está escrito "Made in Taiwan”?
— Onde? — ele ajeita os óculos, e lê a marca. — Do século IX feito
em Taiwan. Qual o problema?
Eu rio dele. Um dos motivos de estar tanto tempo aqui, além de adorar
coisas antigas, é o Seu O'Hara.
— Certo... Oh nossa! O que é esta coisa? ISSO deve ser do século IX!
— eu digo enquanto pego um negócio, que parece uma chaleirinha, que temo
que se desmanche em minhas mãos.
— Você acha? Então posso conseguir mais do que imaginei!
— Deixa de ser espertinho, Seu O'Hara! Isso aqui está quase podre!
Ninguém vai dar nem R$ 10,00.
— Quanto você daria?
— Sei lá, talvez dê para colocar flores dentro... Uns R$ 15,00?
— R$ 15,00? Imagina, isso é relíquia! Da Arábia. Pode ter pertencido a
um xeique! No mínimo R$ 200,00!
Ele observa minha reação. E como sempre...
— Tá maluco? Se alguém der R$ 30,00 o senhor tem que dar uma
estrelinha de alegria! Isso aqui nem serve para nada... — eu viro o negócio de
cima a baixo, e acho umas letras engraçadas... Se não fosse tão malcuidada
iria ser linda.
— É uma lâmpada, menina ignorante! Se usava como lampião. Igual a
de Aladdin! Pode até ter um gênio... Vale uns R$ 100,00.
Eu avalio, e me entrego, cedo demais:
— Hummm... Quem sabe... Se o senhor der um destes vidrinhos
junto...
— Fechado! - ele aperta minha mão. — Pode levar a solução de
limpeza, e eu desconto os R$ 100,00 do seu próximo salário. Tranque tudo e
bom final de semana Laura!
— O quê?? Espera aí seu turco safado, eu não...
Eu tento ir atrás deste descarado que me passou a perna mais uma vez,
e que saiu rindo, mas só tento, porque quando chego a porta esbarro, em
quem?
Em quem Laura Miller a maior azarada esbarraria no dia em que não
penteou os cabelos, nem escovou os dentes, e está parecendo uma mendiga?
Exatamente! Entre todas as pessoas neste mundão eu tenho que justo
hoje, justo agora, esbarrar em Dante Schwartz!
O
s olhos muito azuis, me olham espantados.
— Oh me desculpe... Maria, não é?
Eu dou um passo para trás. Avaliando a mercadoria. Como
Deus fez um homem tão lindo?
Alto, ombros largos, cabelos loiros, olhos da cor do céu, vestindo terno
cinza, sem gravata, camisa branca, ele é a cara da riqueza, da elegância, da
beleza... Ao contrário de mim aqui!
Quero cavar um buraco e me enterrar! Droga! Justo hoje? E seu
O'Hara nem está aqui, senão eu poderia sair de fininho, me esconder, fingir
que não estou... Que vergonha! Drogadrogadrogadroga!!!!
Mas ele perguntou alguma coisa, o que foi mesmo? Ah não importa!
Vou ficar aqui olhando ele, até ele perguntar de novo.
Ele parece se incomodar diante do meu olhar de babação para cima
dele. Pois sorri sem jeito, e começa a perambular pela loja.
— Sabe Maria, minha mãe gostou tanto do presente que você escolheu,
que agora preciso de sua ajuda mais uma vez! - precisa da minha ajuda?
Uruuuu..., mas espera, quem é Maria?
— Er... Meu nome é Laura, Sr. Schwartz...
— Me chame de Dante, Maria.
— Ok. Dante. Mas não é Mari...
— Como eu disse, preciso de você - ele me interrompe, e nossa,
minhas pernas fraquejam, ok, depois dessa pode me chamar de Maria. —
Você foi fantástica no presente para minha mãe, agora preciso que me ajude a
achar algo raro para minha sogra!
Eu me engasgo, saindo do meu estupor. Sogra?! S O G R A?
Ele me olha com um sorriso nos lábios perfeitos e eu encontro minha
língua.
— Claro Dante! Vamos achar sim! Desculpe, eu não sabia que era
casado - merda, merda, merda!
— Não sou casado, vou ficar noivo, esta noite! No aniversário da mãe
dela. Por isso o presente tem que ser muito especial.
Noivo? Ai meu coração! Pobrezinho, está se quebrando aos pedaços!
Dou um sorriso amarelo (bem amarelo, já que nem vi a escova de
dentes hoje) e assumo meu papel de vendedora. Mas estou destruída,
desiludida...
Droga de destino miserável! Aposto que a tal noiva é linda e podre de
rica! Daquelas que vive no salão com o cabelo perfeito e silicone nos peitos!
Inferno, quanto mais eu penso, pior me sinto.
Ele como sempre é tão querido, tão gentil, tão educado... só tem esta
mania de não gravar meu nome, mas eu perdoo, porque ele é tãooooo lindo,
que dói! E falando em dor, eu lembro do meu pobre coração!
Por que Senhor? Por que tem que ser tão cruel comigo?
Há quase seis meses eu sou apaixonada por Dante, a quase seis meses
sonho com o dia em que ele vai me notar como mulher e entrar por aquela
porta e me chamar para sair. A quase seis meses vejo-o chegar de carrão
prateado e entrar no seu escritório, só para quem sabe, ele me ver e sorrir,
cumprimentar... E agora isso? E agora ele fica noivo?
Jesus, sei que nunca fui santa, sou até pecadora demais..., mas só
desta vez, me dá uma luz! Nunca te pedi nada, mentira, sei que estou sempre
te pedindo as coisas..., mas o Senhor parece que se faz de surdo...
O telefone dele toca e ele atende sorrindo, ai que gato!
— Oi amor... - ele diz, e eu me viro de costas, para esconder minha
cara de nojo.
Vou aproveitar que vou sair com a Carmen esta noite e afogar as
mágoas junto com ela! Sim, nada melhor que uma noitada para deixar a gente
se sentindo melhor, depois de uma desilusão destas!
— Também estou com saudades - ele continua, e eu acho um erro
gigante, Deus não ter dado a nós opção de poder fechar os ouvidos! —
Amor... eu não posso falar agora, mas te prometo que vou te compensar esta
noite pelo tempo perdido... - ele sussurra, com um megafone provavelmente!
Eu tenho vontade de gritar! Me afasto, entrando no depósito. Agora já
é demais, além de saber que ele ficará noivo de outra, saber que vai fuder a
desgraçada a noite toda também é demais para minha pessoa!
Levo algumas das peças que Seu O'Hara me mandou polir para o
balcão, e enquanto espero ele desligar a ligação horrorosa, vou tentando
lustrar esses negócios, mas estou fazendo com tanta força, que um deles
envergou nas minhas mãos! Aff! Se eu não parar o Seu O'Hara vai me fazer
ficar com mais algumas destas quinquilharias!
Respiro fundo. Tenho que me acalmar, não é nada demais, eu nem
conheço esse cara direito! Que idiotice a minha...
Ele continua falando no telefone, e seu olhar celeste encontra o meu,
um sorriso lindo se espalha pelos seus lábios e ele pisca um olho para mim,
com tanto charme que eu acho que virei gelatina!
Certo, eu preciso de socorro! Urgente!!!
Está decidido: vou pegar o primeiro gato sarado que aparecer na minha
frente hoje! Hoje eu tiro meu atraso! E não quero mais saber de amor
platônico!
Inferno de vida!
22:00pm
Meu celular toca alto lá na sala. Sim, meu toque é da Rihanna, S&M,
troquei hoje, depois de ver a tradução no Vagalume, que quer dizer:
Porque eu posso ser má, mas eu sou muito boa nisso
Sexo no ar, eu não me importo, eu amo o cheiro
Paus e pedras podem quebrar meus ossos
Mas correntes e chicotes me excitam...
Hehehehehe...
Ainda estou rindo quando atendo a ligação de Carmen:
— E aí moça? Já está aqui em baixo? - eu corro para a janela para ver
se ela está ali, mas...
— Laura, eu não vou poder ir... - ela diz do outro lado da linha.
— O quê??? Como assim? - me deixo cair no sofá.
— É que o Leo está aqui e a gente se acertou...
— Eu não acredito! Justo hoje?!
— O quê? Não está feliz por mim?
— Estou sim, mas por que cargas d'água não me ligou antes? Eu já
estou até pronta! Que saco, Carmen!
— Aí Laura eu perdi a noção da hora, a gente se entendeu e uma coisa
levou a outra... Por favor me desculpe Arara...
Golpe baixo me chamar do apelido da nossa adolescência, não que eu
tenha um narigão nem nada, é que quando tinha 16 anos pintei meu cabelo de
vermelho cereja, e não ficou muito bom... Enfim, rimos muito e o apelido
ficou. Quando ela me chama assim, me lembro de quando a vida era mais
tranquila, leve e feliz.
Eu suspiro.
— Tá bom, tudo bem. Fico feliz por vocês! Y-u-pi! - eu tento parecer
alegre, mas não dá muito certo.
— Aí Laura, quer que eu ligue para a Jaque para ir com você? Com
certeza ela vai sair hoje e...
— Nem pense nisso! - Jaque é a maior piriguete que eu conheço, e sair
com ela é passar vergonha na certa!
Bom, hoje eu estou querendo, ou melhor, estava querendo, fazer
algumas bobagens, mas aquela ali apela demais!
— Você vai ficar bem? - a voz de Carmen é preocupada.
— Claro! Eu nem estava querendo ir mesmo... - que mentira cabeluda,
mas ela engole.
Desligamos, eu jogo meus sapatos longe e me afundo no sofá.
O jeito é me contentar com um dos meus filmes, com um mocinho bem
lindo, porque pelo visto isso vai ser o mais próximo que vou chegar de um
homem nesta noite!
Inferno!
Me abraço a minha garrafa de vinho, escolho um DVD e coloco
Escorpião Rei, nada melhor que o sarado The Rock para me fazer esquecer
meus infortúnios.
Alternativas:
a) Você corre gritando porta afora.
b) Finge que não é com você.
c) Desmaia.
d) Agradece a Deus, relaxa e goza.
Abro a porta e dou de cara para um mega corredor. Todo branco com
um monte de portas e até um aparador com um arranjo de flores gigantesco e
lindo em cima.
Ando um pouco, meus saltos fazem tlec, tlec no chão, estou me sentido
poderosa sobre eles. Até me permito rebolar os quadris.
Caminho errado! Chego ao final do corredor depois que ele se dobra.
Meia volta volver!
Volto pelo meu caminho e com minha bolsa na mão, com meus
devidos documentos, "passaporte" meu bem, porque eu sou chique no último!
Eu acho a escada que nem preciso dizer é linda, branca e com degraus
de vidro, ou sei lá o que é isso, só sei que é transparente!
Quando chego na sala, não tenho ideia de onde está Hassan...
Até ouvir a gargalhada do infame.
Sigo meus ouvidos e o encontro dentro da cozinha, debruçado em um
balcão conversando com duas mulheres, uma gordinha com mais idade, e a
outra é Maria.
Elas estão cativadas por ele e eu tenho vontade de lhe atirar minha
bolsa. Ele está dando em cima da moça ou é impressão minha? Para quê rir
tanto assim? Precisa apoiar tanto o corpo para frente deste jeito?
— Harãm, harãm! - eu sou obrigada a limpar minha garganta já que
ninguém me nota!
Vejo as mulheres arregalarem os olhos e endireitarem os corpos,
Hassan se vira sem desapoiar o corpo, até que seu olhar me encontra e me
mede de cima a baixo.
O vestido ficou justo e tem o comprimento perfeitamente comportado,
meus ombros estão de fora e sei que deve ter custado uma fortuna, pois
deixou meu corpo perfeito.
Vejo a admiração dele estampada em seus olhos castanhos e meu ego
infla.
— Onde você pensa que vai assim, "prima"?
— Eu não penso, eu vou ao banco, meu caro primo! Um bom dia para
você!
Safado!
— Não vai tomar café, srta. Laura? - Maria me pergunta.
Hummm... eu estou cheia de fome, e talvez se eu comer algo passe essa
tremedeira nas pernas.
— Até quero mesmo! Obrigada!
Eu já estava procurando um bule ou térmica, que tivesse algum café,
quando escuto Hassan dizer:
— Venha prima vou lhe levar a sala de jantar, onde o café está servido,
e eu também estou cheio de fome.
Ele disse isso olhando para Maria e dando uma piscadela!
Eu bufo e ele me arrasta porta a fora, em direção a tal sala, e quando eu
já fujo das vistas das mulheres eu me solto dele com um puxão no meu braço.
— Me solte, seu nojento! - eu grito.
— Prima que é isso? Quer que escutem? - ele arregala os olhos, mas
tem um sorriso debochado nos lábios.
— Não estou nem aí, que escutem! E não me olha! Ou vou dar um
soco neste seu olho piscante!
Então, vejo diante de mim, Hassan (árabe dos infernos) ter um ataque
de riso.
— Está rindo de mim?! Ora seu...! - taco minha bolsa nele.
Ele ri mais.
— Ahhhhh! - grito para não arrancar meus cabelos.
Me viro e vou até o final do corredor onde está a tal "sala de jantar".
Para que tudo isso meu Deus? Tanta comida, tanto luxo? Como vou
comer tudo isso? Ainda mais estando com raiva daquele cretino! Piscando
para Maria! Vou arrancar aquele olho dele! Safado!
Pego uma maçã e dou uma dentada.
Ainda bem que não tenho nada com aquele ali, senão iria virar uma
maníaca homicida! Não consigo nem suportar a ideia dele olhando para
outra! Bandido! Não, ele não estava olhando, ele estava PISCANDO!
Quando ele aparece na porta eu jogo a maçã nele. Nem penso.
— Ei oncinha calma! - ele ergue as mãos para cima e ainda ri.
— Não me olha! - eu grito.
Infantil? Nem um pouco! Se fosse o seu homem, piscando para outra...
Seu GÊNIO, eu quis dizer gênio!
— Certo vou ficar de olhos fechados! Que tal?
Ele continua com as mãos erguidas e agora tem os olhos fechados, mas
isso não ajuda em nada com minha raiva, minha ira, meus ciúmes. Ah! Quem
quero enganar? Estou morrendo de ciúmes sim! Quero furar os olhos dele!
Quero prender ele de volta naquela lâmpada para ele não poder ficar com
ninguém! Para não ver ninguém babando por ele, para ele não começar outro
harém! O que é bem capaz de fazer... Ai! Eu estou ficando louca! Perdi o
juízo, perdi a vergonha na cara, perdi a noção de tudo. Afinal eu quero ele ou
quero o Dante?
Quero ele! Com todo meu ser, corpo, coração, mente... tudo! Mas ele é
um safado! Ordinário de marca maior! Olha só, dando em cima da Maria!
Por isso tenho que focar no Dante! E esquecer esse aí, todo lindo, todo
gostoso, todo charmoso...
Suspiro fundo, uma, duas, três vezes.
— Tudo bem Hassan. Pode abrir os olhos, vamos tomar café - eu dou
um sorriso falso e forçado.
Ele abre os olhos e sorri para mim, aquele meio sorriso nojento dele.
Ele se aproxima e puxa uma cadeira e se senta à minha frente.
— Sim. Como eu disse a Maria, estou cheio de fome - ele diz me
provocando.
Até parece que vou cair nessa. Estou zen. Respiro melhor. Uma, duas,
três vezes.
— Sabe prima, acho que vou gostar muito de morar nesta casa com
você... - quatro, cinco, seis... — E como você não quer fazer o último
desejo, vou ficar um bom tempo. Então resolvi que vou aproveitar.
Ele sorri de orelha a orelha. Com ma-lí-ci-a!
Sete, oito... Que se dane!
Pego tudo que tem na fruteira e jogo nele. Maçã, banana, romã, até as
uvas voam em sua direção.
Ele ri e acaba que tudo passa através dele. O que me dá mais raiva!
Pulo de onde estou e com fogo nas ventas eu vou até ele, quero arranhar a
cara sacana dele, quero arrancar esses cabelos sexys e ondulados, quero...
Ele se levanta e já não ri mais. E quando dou por mim ele está me
beijando, e eu correspondendo. Agarro seus cabelos e me entrego enquanto
ele puxa e cola o corpão dele ao meu.
— Você não vai dar em cima de ninguém seu depravado! Já te disse
que você é meu! – é, eu disse isso e me atraquei nele outra vez, sem dar
chance de ele rir da minha cara.
Mas o que eu estou fazendo?
Empurro ele e pego minha bolsa de cima da mesa e saio da sala. Vou
para a porta sem olhar para trás.
Quando saio para o pátio da frente, pensando se chamo um táxi, vejo
um carrão lindo de morrer preto, com um homem ao lado em pé sorrindo para
mim.
E eu congelo no lugar. O sósia do Reynaldo Gianecchini está vestido
de chofer e me olhando com olhar caliente!
Jesus! Morri e fui para o céu!
— Bom dia minha gostosa - Gianecchini cover falou com voz rouca e
baixa.
O quê? Ouvi direito? "Minha gostosa"?
Eu pisco várias vezes. Estou puta da vida com Hassan, e puta comigo
mesma por estar puta com ele, é tanta putice que estou tendo alucinações!
Essa é a única explicação para tudo isso.
O cara deve ser algum senhor grisalho de chapa, óculos de grau e com
certeza ele disse "bom dia minha filha" ou " bom dia minha senhora" ...
Sinto a energia de Hassan ao meu lado. Me viro e dou de cara com ele,
mas ele não olha para mim. Ele encara o Gianecchini e parece querer matar o
lindo.
Então ele também está vendo? Vendo o Gianecchini ali? Não estou
louca?
— Já disse que você não vai sair vestida assim - ele sussurra para mim.
— O que tem meu vestido? É lindo e chique...
— É justo e eu posso ver todo o contorno do seu corpo! Não deixa
nada para a imaginação! Se fosse nua teria a mesmo efeito! - ele sussurra
novamente, desta vez entre dentes.
— Hassan estamos no século XXI! E eu não sou nenhuma das suas
esposas! Você não manda em mim. Não mandaria mesmo se eu fosse uma
delas!
Eu o desafio e vou descendo os últimos degraus da escadaria.
Gianecchini abre a porta para mim.
— Bom dia, como está? - eu o comprimento com um sorriso, entrando
no carro.
— Melhor agora delícia - ele murmura quando passo por ele.
Mas que atrevido! Quem deu essa abertura toda a ele? Tá que é bonito
igual ao Santo Giane, mas também não exagera né companheiro?
Hassan se enfia ao meu lado antes que o outro consiga fechar a porta.
— Onde pensa que vai diplomata? Não tem muitas opções aqui para
treinar sua diplomacia seu filho da...
— Nem morto eu deixo você sair sozinha e muito menos com esse aí -
ele diz um minuto antes do homem se sentar atrás do volante.
— Para onde La... srta. Laura? - o motorista pergunta.
Eu mexo na minha bolsinha, que parece uma carteira grande, sei que
isso tem um nome chique e estrangeiro, mas não me lembro agora, se é que
sei de verdade... Enfim, encontro meu cartão de crédito. Bank Boston.
Hummmm...
— Bank Boston... - qual nome do cara?
Eu não posso chamar ele de Giane... Ou posso?
As pessoas deveriam usar crachá o tempo todo. Principalmente no
primeiro dia de um desejo.
— Você que é o Alex, irmão de Maria? - Hassan pergunta me
salvando.
— Sim, sou eu - ele diz. — E você é o primo árabe que ninguém
conhecia?
É impressão minha, ou está o maior climão de ódio aqui dentro? Que
merda é essa?
— Eu mesmo. Ninguém importante conhecia, você quer dizer. Quem
importava conhecia bem demais. Não é prima?
Eu estreito meus olhos olhando de um para outro, ainda sem entender
que diabos está rolando aqui.
O carro vai trafegando pelas ruas lindas e arborizadas. Um silêncio de
morte cai no local. Hassan sempre encarando o tal Alex, e Alex lhe
devolvendo o olhar duro pelo retrovisor. Quando chegamos ao destino eu
suspiro aliviada por sair dali de dentro.
Quando Hassan sai ele se dirige ao chofer, em tom baixo e frio:
— Se você chegar perto dela outra vez, eu corto seu pau e enfio na sua
garganta. Então você vai entender porque o mundo inteiro teme os árabes.
Vejo Alex ficar branco igual papel. Hassan passa por mim, pega minha
mão e me arrasta para dentro do banco.
Eu perdi a fala.
Não só pela ameaça dele ao pobre coitado que só me cumprimentou
salientemente, mas porque estamos andando na rua de mãos dadas.
Quanto tempo eu não passo por isso? Era tão bom assim? Não
parecia. Agora parece que este ato é tão fofo, tão lindo, tão cúmplice.
— Por que cargas d'água você falou aquilo para o cara? Ele não fez
nada... - pergunto sem retirar minha mão da dele.
É, eu sei. Eu sou patética. Esse infame me transformou em uma louca
bipolar!
Queronãoqueroquerodenovoenãoquero. Aff!
— Ele fez sim. Oh se fez! - Hassan não me olha está vermelho de
raiva.
Eu paro, já dentro do banco e fico de frente a ele.
— O que ele fez afinal?
Hassan olha para cima, para os lados e finalmente para mim. Vejo a
tensão com que aperta os lábios, a veia pulsante do seu pescoço. E tenho uma
puta vontade de beija-la.
Droga de pensamento inconveniente de merda!
— Ele era seu amante. Era! Entendeu? Era e nunca mais vai tocar em
você ou eu cometo um assassinato com minhas próprias mãos se precisar.
Você me ouviu Laura?
Meus olhos devem estar do tamanho de um pires. Meu queixo está
sobre o piso de mármore e acho que estou infartando.
Meu amante? Aquele lindão? Eu era noiva de Dante e tinha o Giane
de amante? Essa noiva era fogosa e sortuda pra caralho!
Eu sorrio sem querer com uma sobrancelha erguida.
Que vidão eu ganhei, hein?
Só me dou conta que Hassan está tendo um ataque de cólera quando
sinto ele apertar com força minha mão e quase quebrar meus dedos!
— Ai! Que porra Hassan! - digo me soltando e massageando meus
miseráveis dedos que quase viraram panquecas.
Hassan não dá a mínima para meus dedos e pega minha mão outra vez,
e agora me arrasta para fora do banco.
— Onde você...?
Ele anda pela rua, e dobra um lado e em um beco e puft!
Não estamos mais na cidade. Estamos em um deserto enorme, cheio de
areia. O sol brilha, mas não queima. Parece que nasceu agora.
Ele larga minha mão como se estive doendo segurar ela.
— Hassan, o que estamos fazendo aqui? - eu pergunto com cautela.
Para mim ele pirou de vez. E eu sempre tive medo de louco.
Ele está de costas e o vejo passar a mão pela nunca. Ele se vira e eu
tenho que recuar alguns passos.
— Você gostou de saber que ele era seu amante! - diz berrando.
Ele não perguntou.
Ai Deus! Ele está possesso, me trouxe aqui para me matar, me afogar
na areia! Fazer bife à milanesa de mim!
— Hassan... - ele está se aproximando.
Então eu faço a coisa mais sensata que uma mulher adulta poderia fazer
nesta situação da zorra, e super sem noção.
Eu jogo os sapatos longe, me viro e corro.
— Hassan não chegue perto de mim! Ou eu... - grito correndo ainda.
— Ou você o que? Sua safada fogosa?! Te como até você não
conseguir andar e você já está pensando em dar para outro?!
Ele está na minha frente.
Filho da puta!
Eu faço como fazia quando brincava de pega-pega na infância. Finjo
que vou para um lado e vou para outro em uma jogada de corpo perfeita. Mas
este vestido não está me dando vantagem alguma. Caralho!
Eu me desvio dele e corro, mas a alegria acaba rápido. Mais uma vez
ele está na minha frente.
— Isso é roubar! Não é justo! - eu digo recuperando o fôlego.
Ele vem para mim com olhar assassino e eu recuo.
— Eu não queria dar para ele! Eu só achei que a noiva do Dante era
uma safada - sortuda (completo mentalmente). - E ei! Foi ela que fodeu com
os dois, não eu! Eu não fodi com ninguém! Só com você! - eu grito mesmo,
já que só tem nós dois aqui!
Ele está na minha frente e eu achei que ele iria comer meu fígado
agora, mas ele só fica me olhando com olhar possuído. Nunca vi ninguém
assim. Nunca. Nem em filme.
Então a expressão dele vai relaxado, parece que vai voltando ao
normal.
— Jura? - a voz dele sai rouca e baixa.
— Juro! - não sei o que exatamente eu estou jurando, mas se é para
acalmar esse touro bravo, eu juro até que sou a miss Brasil.
Ele puxa o ar e vejo que o tinha prendido desde que chegamos aqui.
Caralho ele iria ter um treco por ciúmes?
Eu faço aquela cara que a Carmen fez quando viu ele no meu
apartamento. Mordo o lábio e estreito os olhos enquanto um sorriso vai se
formando no meu rosto.
Me aproximo dele lentamente, qualquer coisa eu corro outra vez.
— Você estava louco de ciúmes! Que bonitinho - eu toco seu peito.
Espero que ele rebata, me diga um monte de coisas e ainda me jogue na
cara que eu tive um ataque mais cedo também. Mas ele não o faz. Ao invés
disto ele pega minha mão e leva aos lábios onde beija meus dedos.
Depois me olha no fundo dos olhos.
— Você está me deixando louco. Não sou mais dono de minhas
emoções desde que lhe conheci. Eu não suporto pensar em outro tocando
você...
— É, mas dar em cima da Maria você suporta numa boa, né?
— Eu só fiz aquilo para você rever essa ideia idiota de continuar com
esse desejo. Volte atrás Laura.
— Nem fodendo, meu querido!
Eu cruzo meus braços e ele fecha os olhos com um suspiro pesado.
— Por que você tem que ser tão teimosa? Um camelo tem mais cérebro
que você!
— O que você disse? Seu califa de uma figa? E eu aqui dando
explicação para você, sobre quem eu quero dar ou quem eu não quero! Ora
vai pro inferno! Comeu mais mulher que a porra do James Bond e eu tenho
que dar satisfação de minhas misérias fodas? Ordinário! E ainda quer fazer
ceninha de ciúmes! Coitadas das suas mulheres, pois eu fiz as contas e
mesmo você transando o dia todo, você só poderia comer no máximo cinco
vezes POR ANO a mesma mulher! Você era assim com elas também?! Não
deixava ninguém comer, era só o poderoso Hassan!? Elas não podiam nem
olhar para outros? Seu egoísta de merda! E quer saber? Eu dou para quem
quiser! Você não é meu dono! Não é meu marido! Não é droga nenhuma
meu!
Eu comecei meu discurso na tranquilidade, mas terminei aos berros.
Sem me dar nenhuma chance ele se transporta para trás de mim, e me
segura me abraçando pela cintura. Me prendendo junto a ele. Estou com
medo da reação dele, mas porra estou excitada pra dedéu. Meu peito parece
que vai sair pela boca e minha calcinha está ensopada.
Ele comprime sua boca na minha orelha e fala entre dentes:
— Você se engana em tudo sua burrinha. Eu não comia a mesma
mulher cinco vezes ao ano. Eu raramente comia a mesma mulher duas vezes.
Nunca três. E elas se serviam de quem bem entendessem, eu não me
importava nem um pouco. Até os filhos que não eram meus eu assumia,
afinal um Califa precisa de herdeiros. Lógico que não assim abertamente.
Mas eu estava me lixando para todas elas. Por isso tinha tantas. E quanto a
não ser nada seu, eu discordo. Eu sou seu homem. Sou seu gênio, seu servo,
seu escravo, seu amante, seu amigo, e se quiser posso ser muito mais.
Ele passa a mão pelo meu corpo, enquanto o outro braço está em volta
do meu pescoço e peito.
— Você não transava três vezes com a mesma mulher?
— Nunca aconteceu, lhe garanto - ele diz enfiando a mão dentro do
meu decote.
— Por que? - solto um suspiro barra gemido.
— Por que eu não queria amar ninguém - ele tirou meus dois seios para
fora e está brincando com os mamilos.
— Por que não? Qual o problema disso?... Oh... - filho da mãe!
A outra mão dele se infiltra por baixo da saia do meu vestido e sinto a
ereção dele batendo em minhas costas.
Quando ele me toca eu recuo. Estou fodida, ardida e tudo a mais “ida”.
Vejo ele estalar os dedos e a dor some de vez, então ele me toca e eu
gemo me entregando, fechando os olhos e deixando minha cabeça pender
para trás, apoiando-a no peito dele.
— Você não sabe das histórias dos califas, não é? Pois lhe digo que são
apenas de traição e falsidade. Nada digno ou bonito. Nenhum chegou até os
50 anos. Foram todos assassinados. Eu sabia que comigo não seria diferente.
Eu não poderia confiar em ninguém e amar significava baixar a guarda.
Ele conta tudo isso mexendo no meu clitóris e eu estou erguendo mais
a minha maldita saia justa e abrindo mais a perna, mas eu ouvi... Ou quase.
— Hassan, cala a boca e me come logo!
Eu digo me virando para ele e sem aguentar nem mais um minuto eu o
beijo enquanto vou tirando a roupa dele, a minha e duelando com a língua
dele.
Quando nossos corpos enfim se encontram eu estou quase tendo um
troço, a pele dele é tão linda, quente e firme.
Eu o deito de costas na areia e me posiciono sobre ele.
— Quer dizer que eu fui a única que teve repeteco de Hassan?
— Você é a única em tudo oncinha - ele me beija e inverte nossas
posições.
A areia roça e arranha minhas costas, mas quanto sinto ele entrar em
mim eu não penso em mais nada. Só quero ele, cada vez mais.
Ele me penetra sem pressa, beija meu pescoço, suga meus seios e vai
metendo, dançando e remexendo dentro de mim como se quisesse ficar assim
para sempre.
Desde quando papai e mamãe era assim tão bom? Desde quando fazer
amorzinho era melhor que foder com força?
Ele me olha nos olhos com intensidade e beija minha boca enquanto se
enterra outra vez dentro de mim.
Eu cravo minhas unhas na bunda dele, estou perto do clímax e ergo as
pernas e o puxo para mais perto. Com mais força.
Ele aumenta o ritmo e eu estou ofegante, mordo seu ombro e lhe dou
um chupão no pescoço enquanto tenho um orgasmo que me rouba o ar e a
terra. Grito o nome dele. Gemo alto aproveitando nossa solidão.
Me entrego me esbaldo. Lambo o suor que escorre dele e ele perde o
rumo. Com estocadas rítmicas e profundas ele se derrama em mim, falando
em árabe e eu queria muito saber o que.
Quando terminou ainda estamos abraçados, tentando recuperar nossas
respirações que se perderam no meio da areia. Eu faço um carinho na sua
barba e o puxo para um beijo. Um beijo que quer dizer o quanto isso aqui foi
especial para mim.
— O que foi isso? - ele pergunta de olhos fechados sorrindo. — Que
beijo foi esse?
Eu rio feliz.
— Eu poderia dizer o mesmo da foda.
Ele abre os olhos castanhos lindos de morrer.
— É porque não foi uma foda. Eu não fodi você. Nós fizemos amor.
---
Laura diabinha: "Puta que pariu! Ela se fodeu agora!"
Laura anjinha: "Essa é a prova. Que o amor pode acontecer quando
menos se espera" - a anjinha está com lágrimas nos olhos.
Laura diabinha: "Será que é isso mesmo? Pode ser este tesão do
caralho que está fodendo a cabeça dela!" - a diabinha afia o tridente e me
examina.
Laura anjinha: "Do contrário por que ela ficaria deste jeito? Só por
que ele falou a frase: 'acreditaria se eu dissesse que te amo?' “Isso é amor!"
Laura diabinha: "Ele não disse que te ama Laura. Não morra sua
puta idiota!" - a diabinha olha dentro dos meus olhos e me sacode.
Laura anjinha: "Pare com isso sua maligna! Ela ama esse homem! Não
é só uma paixonite por causa da cama boa."
Laura diabinha: "Tenho que concordar sua sonsa. É a porra do amor!
Agora ajoelha e chora minha querida, nossa trouxa aqui se ferrou bonito!"
Laura anjinha: "Ignore ela, minha querida. Entende agora que é por
isso você não se reconhece mais? Não pensa em mais nada a não ser ele, não
consegue olhar para mais nenhum homem com outras intenções? Nem o
Dante, nem o Giane..." - a voz suave da anjinha me enche o coração.
Laura diabinha: "Por isso sua estúpida, você não podia cair nessa!
Eles são uns tesões! Imagina dar para aqueles dois? Por Satã! Eu me
esbaldaria com um e depois com outro e depois voltaria com o um..., mas
não! Você não quer nenhum deles. Só quer o Hassan! E por que? Porque
além de lindo, gostoso e safado, você ama o cara! Ama de todo seu (argh!)
coração. Que decepção! Achei que você era melhor que isso! Tsc, tsc, tsc" -
ela torce a boca para mim e revira os olhos.
Laura anjinha: "Não dê bola para o que ela diz. Ela só está com medo.
Isso é pura autodefesa. Por não querer enfrentar as lagartas para ver as
borboletas..."
Laura diabinha: "Você perdeu o juízo? Quem quer lagartas? Que se
danem as borboletas! Seu coração é um burro! Você é burra Laura! Se fodeu
de novo! Como vai amar esse depravado? E ele vai morrer!! Vai te deixar!
Esqueceu? E você sua anja sonsa? Vai fazer o que quando ele se for? Vai
limpar as lágrimas dela e passar durex envolta do coração despedaçado? Seu
Emmanuel, vai fazer o que? Nada como sempre! Deixar ela se explodir isso
sim! Como sempre! Não caia neste papinho não Laura! Eles estão se fodendo
pra você!" - a diabinha está possessa.
Laura anjinha:" Estaremos do seu lado Laura. Deus não abandona
quem faz a escolha certa."
Laura diabinha: “Que nada! Esqueça isso e vamos sair daqui
conhecer uns gatinhos novos, umas picas novas. Vamos começar pelo
motorista..." - ela se interrompe porque estou sacudindo a cabeça
negativamente.
A anjinha bate palmas.
Laura anjinha: "Ela sabe o que tem que fazer. É fácil Laura. É só se
entregar" - ela faz um gesto com as mãos como se estivesse entregando seu
coração.
A diabinha bate nas mãos dela, e pisa no chão como se o coração
tivesse caído e ela o esmagou com seus saltos 15 e vermelhos envernizados.
Laura diabinha: "Tá vendo? É isso que ele vai fazer! Como fez antes!
Como fez com as trezentas antes de você! Ele mesmo disse que estava se
lixando para elas! Qual é sua diferença? Ah, esqueci, você é linda e
maravilhosa, um tesão na cama e perfeita em tudo! Rá, rá, rá! Você sabe que
é uma mulher comum, que gosta de sexo como todas as outras mortais, e
nada tem demais. Como ele mesmo disse, nem curvas você tem! Vai cair
nesse papo de amor? Vai se ferrar chorando por ele depois que ele se for?
Sabe por que ele está dizendo isso? Porque você é a única xota que ele vê
depois de mil anos! Fala que ama ele sua estúpida, e confirma tudo o que eu
disse!"
Laura anjinha: "Isso Laura, fala que o ama e prova que ela está
errada!"
Laura diabinha: "Vai fala! Paga pra ver e ainda paga mico! Pior coisa
da vida é vadia sentimental. Tsc, tsc, tsc" - a diabinha olha para as unhas
perfeitamente feitas.
Laura anjinha: "Ele não vai esquecer de você, ele te ama"
Laura diabinha: "Ama nada! Se amasse ele diria: 'Eu te amo.' Mas ele
não disse. Prova então que eu estou errada. Deixa ele comer outra. Aí quero
ver se ele ainda vai te amar. Meu Lúcifer, ele estava dando em cima da
Maria. A única mulher comível que encontrou além de você, e claro, Carmen
estava com Leo, mas ele já foi marcando em cima. Deixa ele livre meu bem e
quero ver se ele vai escolher você. Espera uns dias. Uma festa. Monte de
mulher e eu aposto que ele sucumbe." - ela diz a anjinha.
Laura anjinha: "Sabe que não posso fazer apostas."
Laura diabinha: "Ah vamos lá, não vamos apostar nada. Só pelo
prazer de estar certa."
Laura anjinha: "Apostado!" - elas apertam as mãos.
— Ei, e eu aqui? - eu pergunto já que parecem esqueceram de mim e
meu dilema.
Laura anjinha e Laura diabinha: "Respira, espera, relaxa e goza!" -
elas dizem em uma só voz.
---
E
stamos no quarto de Dante na mansão.
— Ótimo. Agora pode ir - eu lhe digo enquanto vou ao closet
achar uma roupa. Quero comprar uma casa e vai ser hoje. Não fico
mais aqui nenhum minuto.
Hassan vem atrás de mim.
— Vai embora caramba - eu lhe digo entre dentes.
Vejo a veia do pescoço dele pular em sua ira.
— Não me obrigue a fazer você falar Laura - ele diz em tom baixo que
me congela o sangue.
— Você falou de sua esposa - digo logo, pois tenho amor a minha vida.
— Minha esposa? Qual delas?
Qual delas? Foi isso mesmo que eu ouvi?
— A que você ama - cuspo as palavras.
Ele ergue as sobrancelhas, parecendo confuso.
— Você disse algo como: "fique minha esposa, não me deixe eu te
amo"... e blá, blá, blá.
— Achei que não sonhasse mais com isso - ele não nega, o que não sei
se é melhor ou pior.
— É uma lembrança então?
— Sim - ele não parece disposto a conversar sobre isso então eu
pergunto logo o que quero saber.
— Você a amava ou ainda a ama?
Ele parece pensar por alguns longos minutos e por fim responde:
— Ela não chegou a ser minha esposa. Neste momento da lembrança
eu estava pedindo para ela ser. "Seja minha esposa. Fique. Eu te amo."
Foram minhas últimas palavras para ela. E sim, eu a amava, ainda a amo, e
sempre vou amar.
Eu não sei por quanto tempo fiquei largada no chão do closet, chorando
com pena de mim mesma. Só me dei conta que o tempo passou quando ouvi
uma batida suave na porta.
— Srta. Laura? Posso entrar? - era Maria.
Limpo as lágrimas do rosto, mas não me levanto.
— Pode - respondo desanimada.
Ela entra e me vendo cobre a boca com a mão. Correndo para mim em
seguida.
— Minha nossa! Está bem?
— Estou Maria. Ou melhor, vou ficar.
— Posso te ajudar em alguma coisa?
Ela parece sincera. Simpatizei com ela de cara. Por isso lhe dou um
sorriso triste.
— Só se você for parceira para um porre dos bons.
Ela arregala os olhos surpresa e depois ri.
— Eu vim dizer que o almoço está servido, mas se quiser trocar por
uma bebida, eu posso trazer - ela assume o tom profissional logo em seguida.
— Não Maria, não quero nada obrigada. Queria um sorvete bem
grande de chocolate e uma amiga para chorar as pitangas. Cerveja seria bom
também.
— Porque não liga para Selena? Vocês parecem ser tão amigas - vejo
ela torcer a boca enquanto fala e eu imagino que essa tal de Selena deve ser
uma perua podre.
— Não, obrigada. Acho que ela não é do tipo de parceria que eu
preciso.
— É, não parece ser mesmo - ela sussurra mais para si mesma. — Oh,
me desculpe não deveria ter dito isso.
Ela fica verdadeiramente corada. Nem sabia que gente assim existia
ainda. Parece coisa de livro antigo.
— Tudo bem Maria. Tá tranquilo - me levanto e sigo para o quarto.
Vejo meu celular que supostamente deveria estar em algum lugar
dentro do mar da Arábia, em cima da cama.
Eu corro e o pego.
— Maria, conhece algum corretor de imóvel?
Ela parece confusa.
— Desculpe, mas não - ela não pergunta nada e vejo que tem muita
educação.
Eu já estaria perguntando tudo.
— Maria, eu sei que não devo encher seu saco, mas você poderia ficar
um pouco aqui? Comigo?
Ela se surpreende com meu pedido, mas concorda.
Fica sem jeito a princípio, mas vai se soltando e descubro que ela
realmente é uma pessoa legal. E claramente apaixonada por Dante. Ela diz
que trabalha aqui a seis meses, que conhece Dante a muito tempo desde que
era pequena, pois seu pai era motorista da família antes de Alex assumir o
lugar dele. Mas quando ela fala de Dante, seus olhos brilham, um sorriso
aparece no canto da sua boca, e eu me pergunto se ele tem alguma coisa com
ela. Não parece. Tenho pena dela, me lembra a mim mesma a uma semana
atrás, totalmente apaixonada pelo príncipe Dante Schwartz. Por que
convenhamos o cara parece um príncipe.
Com a ajuda dela ligo para uma corretora e marco para ela vir me pegar
para me mostrar alguns imóveis na cidade.
— Eu vou terminar com Dante - digo a ela assim do nada.
E a vejo quase cair no chão.
— Por... por quê? - ela consegue articular. — Por isso está assim?
— Eu gosto muito de Dante, Maria. Ele é um cara bom e educado. Do
tipo milionário que entra em uma lojinha de antiguidades só para achar o
presente perfeito para sua mãe. Ele é sensível e nada arrogante. Mas não o
amo. Achei que amava. Que estava apaixonada, mas na verdade nem sabia o
que era isso.
Ela se senta ao meu lado e pega minha mão.
— Meu irmão me contou ontem o que aconteceu entre vocês. Não
troque um homem perfeito como Dante por ele. Ele é meu irmão, mas sei que
é um cafajeste!
Eu rio dela.
— Não se preocupe, o que aconteceu com Alex nunca mais voltará a
acontecer. Mas como você mesmo apaixonada por Dante, me aconselha a
ficar com ele? Como consegue fazer isso?
Ela dá um pulo da cama e seu rosto vira um pimentão.
— Eu não... eu...
— Não se preocupe Maria. Eu te entendo. Não precisa dizer nada.
Espero que no futuro possamos conversar melhor, pois gostei muito de você.
Ela sacode a cabeça concordando.
— A senhorita está diferente. Parece outra pessoa. Eu adoraria
conversar novamente em outra ocasião - ela sorri e seu sorriso é bonito e
sincero.
— Dante é uma besta em pegar uma vadia de tão longe com uma
mulher decente bem aqui! Na cara dele. - eu lhe digo, mas depois me
arrependo, afinal a vadia em questão sou eu.
Ela fica vermelha e abre a boca para falar alguma coisa, mas depois
torna a fecha-la, me dá um sorriso sem jeito e sai. Eu me levando para me
arrumar. Logo a corretora vai chegar.
Passo a tarde vendo casas, ou melhor mansões. Todas lindas, enormes
e caríssimas.
Só servem para realçar ainda mais minha solidão. Sinto saudade de
minha mãe, família e amigos. Sei que nesta hora eu iria ligar para minha mãe
que iria me dizer que eu era uma idiota por ter caído no papo deste
vagabundo (qualquer um que chegasse perto de mim, e pisasse levemente na
bola era considerado vagabundo, até o fim dos dias) e me convidaria para ir
na casa dela, onde falaria sem parar e cozinharia tudo e mais um pouco até eu
sair de lá praticamente rolando.
Ou Carmen que ficaria ainda mais louca que já é só para me alegrar.
Ou as primas solteiras que me arrastariam para um baile qualquer, me
enfiando cerveja e mexendo com os gatinhos.
Pedi para ir embora no momento em que as lágrimas já caiam sem eu
perceber.
Quando chego na casa de Dante, me sinto mais miserável que nunca. A
falta de Hassan é quase gritante, como se o sol tivesse se apagado. Sabe
aquela sensação que algo que DEVERIA estar ali, não está? É exatamente
assim que me sinto. Como se uma parte de mim tivesse sido esquecida em
algum lugar. Algo que dói, mesmo quando eu não penso nisso.
Agradeci a moça, muito simpática, pegando seu cartão e prometendo
que iria ligar no dia seguinte.
Então quando cruzo a porta eu vejo Dante. Lindo em seu terno azul
escuro e impecável. Ele sorri um sorriso tão bonito, tão genuíno que em
minha carência eu corro e o abraço, como faria com um amigo muito querido.
E ora, é exatamente isso que ele é para mim.
As lágrimas brotam dos meus olhos e eu escondo meu rosto no pescoço
dele. Eu precisava tanto deste abraço, deste consolo.
— Princesa, eu também estava morrendo de saudades - ele me aperta
em seus braços e eu me deixo ficar.
Só quando ele puxa meu queixo para cima e vejo sua boca procurar a
minha que eu me arrependo de ter sido impulsiva assim. Eu penso em virar o
rosto, mas de repente Dante voa para trás se chocando com força na parede,
derrubando um aparador e um arranjo de flores.
Sem entender o que aconteceu eu olho em volta e vejo Hassan a me
encarar com olhar assassino a alguns metros de mim.
O barulho chamou a atenção de todos na casa e eu e outros corremos
para socorrer Dante que está atordoado e cortou a mão nos cacos do tal vaso.
— O que houve? - ele pergunta para mim se entender.
Mas eu entendo. Hassan sem nem tocar nele o jogou a mais de cinco
metros de distância.
— Eu não sei, acho que você teve uma tortura e caiu. Deve ser o fuso
horário... - falo um monte de besteiras para disfarçar a estupidez do gênio.
Hassan não se mexe, o homem, que se chama Nilson, ampara Dante
por um braço e Maria o leva por outro. Eu até iria tomar o lugar dela, mas
penso que ela ficará feliz depois deste momento. Pelo menos eu teria ficado a
uma semana atrás.
Vou atrás deles subindo as escadas, mas Hassan me segura pelo braço
me impedindo de continuar.
— Quero falar com você! - ele sussurra entre dentes.
Eu puxo meu braço com força.
— Você quase o matou! Seu árabe louco! Não sei como era na sua
época, mas aqui as coisas não funcionam assim!
— Na minha época ele já estaria com minha espada atravessada no
corpo. Já disse que quero falar com você e tem que ser agora.
Eu subo mais alguns degraus.
— Vá para o inferno Hassan!
Me viro e continuo a subir os degraus, mas escuto nitidamente ele
responder atrás de mim.
— Já estou nele.
uando cheguei ao quarto de Dante, ele estava deitado e Maria
Q conversava com ele. Nilson passou por mim no instante em que entrei.
Saindo do aposento.
— Quer que eu ligue para o médico Sr. Dante? Talvez tenha se
machucado por dentro. Pode ser perigoso. Onde mais dói? - Maria lhe diz
com voz carinhosa.
Ela está curvada sobre ele, cuidado do ferimento em sua mão e eu fico
aqui na porta apenas olhando-os.
— Eu estou bem Maria, nem precisa tudo isso - ele sorri para ela. —
Só estou um pouco tonto, o corte foi muito fundo?
Ela ri baixinho.
— Não Sr. Dante. Pode olhar, não vai se assustar, nem está saindo mais
tanto sangue. Vê?
Ela dá outra risadinha.
— Mas eu não me assusto com sangue! Eu só... humm... não gosto de
ver ele saindo de mim.
Ele sorri novamente e vejo o instante em que o olhar dos dois de
cruzam. Fazendo Maria perder o movimento do mundo e Dante parecer olhar
pela primeira vez para ela.
Eu dou um passo para trás, devagar, depois mais outro e me sumo dali.
Sorrindo eu vou para uma sala ao final do corredor, é grande, e sem
mentira, parece um cinema particular. Tapetes grossos e felpudos, poltronas
de couro, sofás enormes que mais parecem camas, e a maior TV que eu já vi
pendurada na parede.
Jogo meus sapatos longe, não vou lá ver Dante por agora, pois não
quero interromper aqueles dois.
Eu acho que posso ficar aqui um pouco.
Ligo a TV me afundando no sofá grande, zapeio alguns canais e paro
em um canal de filmes. Nem ligo para o que está passando, minha mente
divaga.
Considero a ideia de ir para um hotel, a própria família Manganiello
deve ter algum na cidade se bobear. Lá eu ficaria mais à vontade, mas
primeiro quero falar com Dante.
Espero que ele e Maria conversem. Será que ele não nota que ela está
apaixonada por ele? Claro que não nota, não notava a mim também. Mas me
chamava pelo nome dela... será que isso não quer dizer nada? Talvez ele não
tenha se dado conta do que está bem na frente dele. Talvez seja mais
arrogante do que pensei...
Bumblebee aparece na tela se transformando de carro velho para um
Camaro lindo de morrer.
Amo Transformers, e esta cena sempre me tirou o fôlego.
— Isso que é um carro! Caramba eu posso ter um agora! Putz! Acho
que vou comprar um azul... Será que existe azul?
— Lhe dou um agora mesmo, se isso fizer você voltar a falar comigo -
Hassan está sentado ao meu lado e eu quase infarto.
Depois que recupero os batimentos cardíacos, eu me dou conta que ele
está a apenas dois palmos de mim. Está tão bonito, que meu coração dói.
— Você fala como se fosse muito difícil para você simplesmente fazer
aparecer um - eu torço a boca.
— Peça qualquer coisa então. Que eu faço mesmo sem usar meus
poderes - o olhar dele é angustiado.
Eu pensei tanto nele e no que me disse, no dia de hoje. E
decididamente eu não o entendo. Ele parece estar apaixonado por mim as
vezes, e em outras sinto que ele está apenas aproveitando uma última
concubina. Que ele tem tesão por mim eu já notei. Que me considera alguém
legal também. Mas e quanto ao amor? Eu estou apaixonada, o amo com todas
as minhas forças, mesmo em tão pouco tempo.
É como aquele conhecimento da língua árabe que ele "botou" em mim.
Quando descobri o amor por ele, era como se estivesse ali desde sempre.
Como se um véu tivesse sido retirado da minha mente, do meu coração e eu
notasse que Hassan Ibn Ali sempre esteve comigo, em minha alma.
Eu engulo o seco.
— Me diga o que quer de mim e seja sincero Hassan, eu juro que já
tentei te entender, mas não consigo.
Ele passa a mão pelos cabelos os colocando para trás, me olha dentro
dos olhos e sorri muito de leve.
— Eu quero que seja feliz. Daria minha vida por isso, se fosse preciso.
— Quer que eu seja feliz e me diz aquilo que me disse esta manhã?
— Por que te incomoda tanto que eu ame alguém? - ele me pergunta
me deixando sem fala. — Por que você não é sincera comigo?
— Eita! Nananinanão! Tentando mudar de assunto? Eu perguntei
primeiro! - me lembrei de quando era uma menina, brigando com meus
primos!
Ele amplia o sorriso.
— Você não acredita em mim. Não posso lhe falar a verdade.
— Experimente! Talvez eu acreditasse se você falasse e não ficasse
enrolado!
— Certo, sem enrolar. Eu lhe perguntei se eu falasse que a amava, se
você acreditaria. E você não respondeu.
— Porque você não falou. Você perguntou "se" você falasse. O que
não fez - olho séria para ele.
Ele se ajeita no sofá e olha dentro dos meus olhos, e pega minha mão.
— Eu te amo - ele diz.
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas.
— Por que faz isso comigo? - pergunto em um fio de voz.
— Viu? Você não acredita.
— Claro que não! Você me disse esta manhã mesmo que amava outra!
- eu retiro minha mão dele.
— Laura, aquele sonho, lembrança, aconteceu a mil anos atrás!
— Mas você disse que a amava e iria sempre amar - murmuro sem
olhar para ele. — Pode alguém amar duas pessoas ao mesmo tempo?
Ele fica em silêncio e eu ergo as vistas e encontro-o me avaliando.
— Eu não tirei seu conhecimento da minha língua, pense no que eu te
falei quando estávamos juntos. Você se lembra?
Sim, eu lembro que ele falava árabe quando estávamos fazendo amor.
E também dos apelidos. Tento me recordar, os apelidos ele mesmo traduziu
na época, mas o que ele disse na hora da transa ele nunca...
Ai meu Deus!
As palavras vêm a minha mente:
Baladi 'iilhatan - minha deusa.
Ana 'behibek - eu te amo.
E ele falou isso duas vezes! Duas vezes antes desta. Então esta é a
terceira vez que ele diz que me ama?
Pisco muitas vezes tentando digerir isso. Hassan pega minha mão outra
vez e a leva aos lábios a beijando.
— Eu não quero lhe pressionar. Você tem que pensar e decidir o que é
melhor para você. Como eu disse quero que seja feliz. Nem que para isso,
tenha que me fechar naquela maldita lâmpada outra vez, para não ver você e
esse outro juntos, se isso lhe fizer feliz - ele sussurra se aproximando.
— Eu... - não sei o que dizer, pois perdi a fala depois desta. Na
verdade, parece que perdi foi tudo, sinto como se tivesse saído do meu corpo.
— Laura! Eu estava lhe procurando! - Dante entra na sala com um
curativo na mão esquerda.
Eu pulo de onde estou, ainda meio catatônica. Olho para Hassan,
depois para Dante.
Meu pai eterno! Eu preciso pensar, e o Senhor me manda Dante aqui?
O que eu faço? O que eu digo? Eu tenho que terminar com Dante, ir para um
hotel e lá conversar direito com Hassan.
Isso! É isso que eu vou fazer.
Por fim digo:
— Eu... vi que Maria estava... fazendo seu curativo e... não quis
interromper. Hassan... estava... me contando algo importante...
Dante olha para Hassan e o cumprimenta com um gesto de cabeça,
enquanto pega minha mão.
— Como vai Sr. Hassan?
Hassan fica olhando nossas mãos dadas e responde entre dentes:
— Não tão bem quanto você, Dente.
— É Dante! - este dá um passo na direção de Hassan, que se levanta
devagar do sofá o encarando.
— Estou morrendo de fome! Vamos jantar? - eu vou puxando, meio
empurrando Dante sala a fora.
Isso o distrai e ele me olha abrindo um sorriso.
— Eu tenho uma reserva no Giovanne's para nós esta noite. Sei o
quanto você gosta da comida de lá, e queria comemorar o contrato novo que
fechei em Nova York - ele diz me puxando para si.
Eu dou uma risada sem jeito e me afasto.
Ai não! Como vou terminar com o cara em um jantar romântico?
Merda! Mas pensando bem, talvez não ter Hassan por perto ajude neste
momento específico a lidar com esta situação específica.
— Ótimo. Precisamos conversar mesmo. Vou me arrumar então. Será
que dá tempo para um banho? - pergunta mega inocente, mas que me fez
arrepender os fios de cabelos.
Ainda estamos na sala e eu ouço Hassan literalmente bufar como um
touro enraivecido. Dante dá um meio sorriso safado e molha os lábios com a
ponta da língua enquanto seu olhar me percorre o corpo.
— Claro princesa. Eu te acompanho...
Então, não há tempo para mais nada. O apocalipse acontece.
T
udo treme, o chão parece dançar sob meus pés. As coisas da parede
caem e se quebram, móveis balançam e derrubam tudo que existem
sobre eles. Eu tento me segurar, mas junto com Dante, eu vou ao chão.
Ergo a cabeça e vejo Hassan ainda em seu lugar, de pé. Braços cruzados
e olhar em fúria. Está alheio ao terremoto. Mas apenas por uma coisa: porque
não foi um maldito terremoto! Caralho! Estamos no Brasil inferno! Aqui não
existe terremoto!
Ouço pessoas gritando, os empregados da casa, e também o som de
encanamentos explodindo.
Hassan vai destruir a casa do outro! Tudo isso por um banho?
Diabo de homem ciumento! E ainda teve cara de dizer que a escolha
era minha. Sim, posso escolher Dante, e no outro minuto Hassan o mata!
— Hassan!!! - eu grito.
O lustre luxuoso de cristal caiu a centímetros de Dante, que cobriu o
rosto com os braços, mas não pode evitar os estilhaços.
Então, como se nada tivesse acontecido o tremor para.
Minha respiração está totalmente alterada. Olho em volta e reparo que
onde estou não caiu um mísero alfinete no raio de um metro. Hassan passa as
mãos pelo cabelo, e me olha assombrado. Acho que isso aqui saiu do controle
dele.
Dante dá um gemido ao meu lado e eu corro para ele.
— Dante! Você está bem?
O pandemônio aconteceu. Está tudo destruído. As pessoas ainda
gritam, a sala antes tão linda está aos pedaços.
Hassan quase abriu a casa do outro ao meio!
Dante tem o braço inteiro sangrando. E quando ele o vê, arregala os
olhos e eu vejo meu antigo príncipe desmaiar nos meus braços.
Olho para Hassan com raiva.
— Desfaça isso! - eu grito com ele.
— Não vou desfazer nada! - ele me diz entre dentes. — Ele queria
fazer com você o que eu fiz naquele banheiro. Do mesmo jeito!
— Hassan, as vezes querer não é poder! E você mesmo disse que era
EU quem escolhia!!! Aqui você não é mais o califa que faz o que bem
entender! É meu servo! Mil anos não lhe tiraram a arrogância!
Então diante de mim Hassan fica totalmente azul. As roupas bonitas
somem ficando apenas a calça larga e branca. Seu tamanho vai crescendo, se
agigantando, é quase um Hulk azul.
— Posso ser um reles servo agora, mas continuo sendo Hassan Ibn Ali,
quarto califa da Arábia e neto de Maomé. E nenhuma maldição vai mudar o
que eu sou. Vejo que já fez sua escolha. Escolheu este fraco. Não ficarei mais
em seu caminho.
E dizendo isso, como um furacão ele se vai. Deixando a destruição, em
volta e dentro de mim.
Alarme maldito!
Com os olhos fechados eu tento alcançar o miserável que me acordou.
Não o alcanço e o barulho irritante ecoa nas paredes.
Benbenbenbenbenben...
Oh inferno!
E
u o aperto firme e pouso a cabeça em seu ombro, daquele jeito que faz
nossos corpos parecerem moldados um no outro e meu coração se
aquieta. Agora tudo vai ficar bem. Meu amor está aqui.
— Afaste-se do califa, mulher! - alguém me ordena e eu enrijeço.
Oh meu Deus! Não é o seu amor Hassan, é o CALIFA Hassan, que
você está abraçando! Burra!
Eu me afasto um pouco, só o suficiente para erguer as vistas e encarar
ele. Dar uma conferida se é meu homem, sabe como é, né?
E ele está me olhando com olhar intrigado e a sombra de um meio
sorriso.
Mesmo olhos, mesmos lábios, mesmo homem lindo que faz meus
joelhos fraquejarem e meu coração acelerar.
— Hassan...? - o nome sai sozinho, como se eu quisesse me certificar
que é ele mesmo, o meu gênio, o MEU Hassan.
Ele apenas me encara. Parece querer me dizer algo, parece... aturdido.
Eu levanto a mão e faço um carinho na sua barba, que eu tanto amo, e
que meus dedos já conhecem o caminho e textura de cor.
Mãos brutas me arrancam dos braços dele e me puxam para trás, me
fazendo cair na areia.
— Afaste-se do califa! - o homem grita.
— Deixe-a Omar! Não toque outra vez nela! Ela não representa perigo!
- Hassan fala com sua voz de trovão, e me ajuda a levantar.
Quando sua mão toca a minha, seu olhar atravessa o meu e eu
estremeço. Minha respiração fica pesada.
— Obrigada... - eu sorrio sem jeito, hipnotizada, para variar, por ele.
Um sorriso aparece em seus lábios quando ele me mede de cima a
baixo. Com os olhos brilhando.
— Você é alguma de minhas esposas? - ele franze as sobrancelhas.
— Não - eu me irrito com a pergunta, e largo sua mão.
— Uma concubina talvez? - ele coça a barba.
— Lógico que não! Seu califa safado! - eu explodo!
Ele acha que sou uma das suas centenas de amantes?! Safado! Não
sabe nem quem são!
Um dos caras que estão ao lado dele dá um passo à frente com a mão
na espada. Mas Hassan levanta sua mão, e impede o outro a fazer qualquer
coisa.
— Califa safado? - Hassan ergue uma das sobrancelhas, e quando eu
acho que pronto! Perdi minha cabeça! Para meu espanto ele ri.
Atira a cabeça para trás e a gargalhada sai sozinha. Linda e enche meu
espírito de alegria. Eu sorrio também, igual uma idiota.
— Vocês têm algo que é nosso! - uma voz grita não muito longe.
Vejo Hassan e os outros dois desembainharem as espadas enormes,
curvas e lindas. Brilhando à luz do sol nascente.
Eu corro para trás de Hassan, me escondendo do olhar cruel dos sete
homens sujos que estavam atrás de mim.
— Hassan, não deixe que eles me levem... Por favor! - eu digo atrás
dele.
A simples ideia de que ele por um minuto pode acreditar naqueles
homens e deixar que me levem me causa pânico.
— E desde quando um bando de ladrões é dono de algo? - Hassan
pergunta, mostrando claramente a sua posição e eu solto um suspiro de alívio.
— Não queremos problemas. Nos dê a moça e pouparemos suas vidas.
Estamos em maior número e vocês não têm a mínima chance - o baixinho de
espada diz.
— Não gosto de ladrões em minhas terras, então, ou vocês dão meia
volta e somem daqui, ou eu e meus guardas iremos deixar seus corpos aos
abutres.
O baixinho parece considerar a ideia, mas depois sem aviso se lança
com fúria sobre Hassan.
Eu dou um passo atrás e vejo com a boca aberta, Hassan e seus homens
lutarem cada um contra dois bandidos.
Hassan se esquiva de uma facada, e chuta outro que tinha um punhal.
Crava sua espada no peito de um, e quando o sangue escorre eu fecho os
olhos. Uma coisa é ver em filme, outra bem diferente é ver ao vivo.
Sinto náuseas, e me obrigo a respirar fundo. Sinto alguém pegar no
meu braço com força e abro os olhos, vejo um rapaz, ele não deve ter nem 16
anos pois nem barba tem, está sujo e é magro e me puxa para ele. Colocando
uma faca na minha garganta.
— Calma moço! Podemos resolver isso... - eu começo enquanto ele me
leva para longe, os outros, ocupados pela briga, não notaram o movimento do
garoto.
— Resolver? O quê? Como vai resolver nossa miséria? Como vai
alimentar nossas famílias? Ora! Cale a boca! - ele se irrita.
— Leve minhas joias! - eu ofereço com pena dele. — Você é muito
jovem, tem muito futuro pela frente...
— Se eu lhe soltar eles me matam! Quando estivermos longe eu
prometo que a liberto se me der suas joias, mas por enquanto você é minha
garantia de que...
A voz para subitamente com um som gorgolejante, a mão que me
segurava solta-se e o som oco de um corpo cai atrás de mim.
Eu me viro e vejo o rapaz, tão jovem, tão desesperado, pobre e sem
futuro morto em uma poça de sangue. Hassan está com a grande espada
desembainhada e ele está suja com o sangue do rapaz.
— Você está bem? - ele me pergunta, mas eu quase não escuto.
As lágrimas me nublam à vista e a raiva me impulsiona. Eu soco o
grande peito de Hassan, e grito a todos os pulmões!
— Como ousa matar ele?! Não viu que era um pouco mais que um
menino?! Era pobre! E queria ajudar a família!!! Seu bandido!
Hassan está atordoado. Guarda a espada e segura meus braços que
insistem em tentar socar aquela montanha.
— Ele iria lhe matar! - ele diz entredentes me olhando dentro dos
olhos.
— Não! Ele iria me soltar quando estivéssemos longe! Ele me disse!
Só queria as minhas joias! Agora você matou o menino! Um menino! Seu
monstro!!! - eu tento me soltar, mas ele não cede o aperto e eu choro.
— Acredita mesmo nisso? - a voz dele é fria.
Eu contínuo chorando. E me chego mais a ele, até deitar minha cabeça
em seu peito amplo, ele me solta as mãos e eu o abraço, chorando ainda. Ele
passa as mãos por minhas costas. Vacilante. Eu o aperto mais ainda.
— Oh meu Deus! - eu me afasto de um pulo. — Você está bem? Lhe
feriram?
Eu toco seu rosto, seus braços, procurando algum machucado.
— Não. Estou bem - ele responde baixo e parece querer me enxergar a
alma.
Eu cruzo os braços e torço a boca, andando para longe dali, já estamos
dentro do oásis e as palmeiras estão impossibilitando a vista dos outros, mas
eu ando na direção que acho que vim.
— Ótimo! Mas isso não redime o que você fez ao garoto! - digo ainda
andando.
— O que você queria que eu fizesse? Ele tinha uma faca no seu
pescoço. Deveria ter deixado ele leva-la e só? Era isso que queria? - ele fala
atrás de mim, me fazendo parar e virar para ele que tem a veia do pescoço
pulsando, e eu sei que ele está possesso.
Eu sorrio. Como sempre, eu o acho lindo demais irado assim.
Me chego a ele. Toco seu peito.
— Tem razão, eu sou uma burra. Mas não gostei de ver o garoto
morrer. Mesmo sendo um bandido... Entende?
Ele tem os olhos muito abertos e parece surpreso. Então apenas
concorda com a cabeça.
— Obrigada - eu digo encarando seus lábios.
Ah como eu quero beijar ele...
— Não tem de quê...? - ele ergue uma sobrancelha em uma pergunta.
Eu ainda estou fascinada por ele vestido de guerreiro árabe negro e dou
mais um passo superando nossa pequena distância.
— Laura. Eu sou Laura.
Hassan me encara e vejo seu olhar descer aos meus lábios e eu os
umedeço-os com a ponta da língua e agarro sua túnica.
— Eu sou... - ele começa parecendo perdido e ainda encarando minha
boca.
— Sim califa. Eu sei quem você é. Você é Hassan - MEU Hassan, eu
completo em pensamento e não resisto mais.
Fico na ponta dos pés e o puxo para baixo, colando meus lábios nos
dele e o beijando como eu achei que nunca mais o beijaria.
Com fogo, com luxúria, com ardor.
H
assan cola o corpo grande no meu. Sua língua duela com a minha, ele
me puxa ainda para mais perto e eu gemo contra sua boca, o fogo me
queimando por dentro. Coloco as mãos por baixo da sua blusa, ou sei
lá o nome deste negócio e toco suas costas musculosas.
Sinto a ereção enorme dele batendo na minha barriga e fico na ponta
dos pés. Ergo uma das pernas para que ela toque meu lugar que está
chamando por tudo aquilo dele. Sinto as mãos dele sobre minha bunda me
puxando e roçando aquilo duro em mim. Eu gemo seu nome, arranco aquele
turbante o jogando longe, depois beijo seu pescoço, sugo e lambo tudo, me
deliciando com a pele e o cheiro deste homem que me deixa louca.
— Hassan, eu quero você aqui. Agora - eu sussurro no seu ouvido
enquanto vou abrindo suas calças para pegar o que é MEU.
Eu o toco e ele geme alto.
— Ah, que delícia - eu digo enquanto o manejo.
Hassan tem os olhos fechados e me pressiona em uma palmeira, me
tocando por baixo da saia, me fazendo arquejar.
— Quer me deixar louco, mulher? É isso? - ele parece realmente
confuso.
Eu sorrio para ele.
— Só um pouco...
Ele segura meus pulsos em cima da minha cabeça, com apenas uma das
mãos grandes, e com a outra desce meu decote e toma meus seios em seus
lábios. Eu ofego. Estou me queimado! Estou há dias sem ele. Eu preciso
urgente de uma dose extra de Hassan!
— Por favor Hassan! Não me torture mais. Me fode! Me possua!
Então para meu desespero ele para. Me solta e se afasta.
— O quê?! - eu quase grito quando o vejo pegar seu turbante do chão e
sacar a espada olhando em volta.
— O que quer de mim? - ele pergunta parecendo agoniado.
— Não está óbvio?! - eu lhe devolvo o olhar, chocada com o que ele
está fazendo.
— O que pretende? - ele ergue o queixo.
— Gozar, inferno! Transar até minhas pernas ficarem tremendo e eu
não conseguir andar direito! O que mais?! - Raio de homem idiota!
Vejo os olhos dele ficarem do tamanho de pires e o queixo cair. Se eu
não estivesse com tanta raiva teria rido. Acho que não está acostumado com
uma mulher falando isso, assim na cara dura.
Ele pisca várias vezes e olha outra vez ao redor com a espada na mão.
— Você não pode estar falando sério... Não pode fazer isso, sem pedir
ou esperar algo em troca...
— Que inferno Hassan! O que está falando?! O que acha que eu espero
de você? Ou quero em troca, a não ser você dentro de mim? Droga mesmo!
Eu ajeito minha roupa. E o fuzilo com o olhar.
Passo por ele com o queixo empinado e segundos depois seus dois
guardas aparecem.
— Senhor acho melhor irmos, não sabemos quantos ainda podem ter -
o moreno que me jogou na areia diz me encarando.
Hassan concorda com a cabeça ainda parece perturbado.
— Claro. Vamos - ele caminha até os cavalos e eu não sei o que fazer.
Devo falar sobre a caverna agora? Ele não parece confiar em mim.
Peço para me levar junto? Outra vez, ele não parece confiar para tanto... Que
faço?
— Senhor? - o moreno o chama, sem tirar os olhos de mim. — O que
faremos com a moça? A deixamos? A matamos?
— Não. Seria um desperdício - o mais alto dos dois chega perto o
suficiente para eu dar uns dois passos para trás. — Se não se opuser senhor,
eu gostaria de reivindica-la.
Hassan para e olha para o homem depois para mim, como se estivesse
pensando em considerar o absurdo.
— Prefiro que tirem minha vida! Não serei sua! Nem de ninguém! - eu
grito ao homem que sorri.
Hassan caminha até mim.
— Pareceu ficar feliz em ser minha a poucos minutos atrás. O que me
difere do chefe da Guarda? - ele diz isso na minha cara o grosseirão, em voz
alta que faz os outros rirem.
Eu não penso. Eu apenas ouço a bofetada e sinto minha mão doer.
Quando eu olho para ele, Hassan tem a marca dos meus cinco dedos na
bochecha esquerda.
— Seu grosseiro! Sem educação! Um califa deveria ser mais
cavalheiro! E se o quis a um minuto atrás saiba que agora tenho vergonha por
ter querido um homem tão desconfiado e idiota!!!
Eu o encaro, com raiva.
Sinto minhas mãos sendo pegas por trás. Por um dos guardas.
— Vamos cortar a língua dela, meu senhor. Ela não pode ofender
assim o neto de Maomé!
Eu encaro o califa com toda a minha raiva, ódio. E acho bem feito
aquele deus ter jogado a maldição nele! Quando eu voltar vou contar ao MEU
Hassan que não consegui salva-lo, por que ele era um grande filho da puta!
— Já disse para não tocar nela Omar! Não falarei outra vez! - a voz
dele é baixa e irada e eles me soltam na mesma hora.
— De onde você é? - Hassan estreita os olhos, ainda com a face
vermelha.
— Sou do Brasil - eita que o Brasil nem tinha sido descoberto ainda. —
É um reino distante, depois do grande mar. Fui... ahnnm... Raptada. Sou uma
princesa.
Isso! Me superei! Ótima essa.
Hassan coça a barba, me olhando e de repente um meio-sorriso aparece
nos lábios dele.
— Venha ao meu palácio. Será minha hóspede até conseguir voltar à
sua pátria.
Eu sorrio. Não acredito!
— Obrigada, Hassan! - eu digo ainda sorrindo.
— Chame-o de Califa, mulher. - O tal de Omar me diz entre dentes.
— Obrigada, Califa - eu faço uma reverência como nos filmes antigos
que eu assistia.
O califa Hassan sorri, e meu coração falha uma batida.
— Antes de levá-la acho que devemos revista-la - o tal chefe da guarda
diz ainda com olhar de tarado para cima de mim.
— Acho muito apropriado - Hassan confirma. — Eu mesmo estava
pensando nisso a alguns minutos atrás...
— Você estava pensando em me revistar? - eu me indigno. — Por isso
estava estranho? Achou que eu iria ataca-lo? - o asco é aparente em minha
voz.
Eu ergo os braços e lhe encaro.
— Pode revistar, já que sou uma ameaça tão terrível.
Quando eu vejo o chefe da guarda se aproximar quase babando eu
travo a mandíbula e olho para o lado, desviando o olhar até sentir as mãos
dele nos meus ombros e tocando meus seios.
— Seu porco! - eu arranho seu rosto e o empurro com toda a minha
força.
Ele cambaleia para trás e saca a espada.
— Kassin! Afaste-se dela! - a voz de Hassan parece um trovão.
Mas que inferno! Estes homens parecem ser piores que os outros! E
esse califa arrogante?! Saco! Se não houvesse conhecido o MEU Hassan
antes, eu nem olharia para este aí!
Mentira. Olharia sim. O cara é um tesão. É o meu Hassan, mas
arrogante, burro e metido a besta. Mas é ele mesmo...
Eu o observo enquanto se aproxima e o tal de Kassin se afasta.
— Eu revisto ela - Hassan diz em baixo tom e me olhando nos olhos,
fazendo minhas pernas fraquejarem.
Inferno! Esse desejo todo pelo califa Hassan não estava nos meus
planos. Isso vai dar merda!
— Mas senhor, não é dever de um califa... - Omar tenta fazer Hassan
mudar de ideia.
— Cale-se, Omar! E acho melhor vocês dois tomarem conta dos
cavalos para nossa partida! Eu e princesa Laura já iremos.
— Mas poder ser perigoso... - Omar tenta outra vez.
— Agora Omar! - Hassan ruge.
Os dois fazem uma reverência e seguem até os cavalos que estão mais
atrás.
Eu o olho e levanto os braços, torcendo a boca.
— Se fosse ao contrário o tratamento que receberia seria bem melhor
eu lhe garanto - eu digo olhando para longe, me lembrando da noite em que
ele saiu da lâmpada, lindo, azul e sexy.
— Certamente você não tem recebido ameaças constantes contra sua
vida, como eu... - ele passa as mãos pelos meus cabelos, na base do pescoço.
Eu fecho os olhos, para não demonstrar a ele meu desejo.
— Isso não te dá o direito de ser grosseiro, ou deixar que seus homens
sejam desrespeitadores... - eu tento brigar com ele, mas o discurso sai fraco e
sinto suas mãos nos meus ombros, e descendo.
— Tem razão. Kassin teve uma atitude deplorável... - as mãos estão
agora nas minhas costas.
— Isso é um pedido de desculpas? - eu abro meus olhos o encarando e
engulo o seco, ele está tão perto que eu vejo dentro dos olhos castanhos tanto
fogo, que acho que vou derreter.
— Um califa não pede desculpas - ele abaixa os olhos para meu decote.
— Acho que já revistou aí antes califa arrogante - estreito os olhos para
ele.
— Eu sei..., mas gostaria de revistar com maior atenção. Posso? - ele
não olha para mim quando diz isso.
Eu pego a mão dele, em um movimento que o deixa surpreso, e coloco
sobre meu seio, a palma o envolvendo. Eu arquejo.
— Você eu deixo - digo mordendo o lábio.
Ele sorri, e com a outra mão pega o outro. MEU Hassan não me
mandou para cá com sutiã, nem com calcinha, digo de passagem. Então
quando o califa os tocou, eles ergueram a seda do meu top. E vi ele puxar o ar
pelos dentes, para depois massagear com os polegares os mamilos que felizes
aceitavam a atenção como se fossem morrer se não o fizessem.
Eu deixo escapar um gemido. Hassan ergue as vistas, torturado tanto
quanto eu. Amooo isso. Saber que eu o afeto do mesmo jeito que ele a mim.
— Encontrou algo perigoso aí? - eu não resisto e debocho dele.
— Possivelmente. Talvez perigoso até demais - ele diz com voz rouca
e baixa.
Percorre então meus quadris com as mãos grandes e desce por minhas
pernas. Eu contenho a respiração. Suas mãos passam agora por dentro das
minhas pernas. Por baixo da minha saia.
Ai me Deus! Eu não vou resistir se ele tocar...
Não toque Hassan! Não toque...
As mãos correm por minhas panturrilhas, meus joelhos, minhas
coxas... Sem querer, mentira foi por querer mesmo, eu abro as pernas um
pouco mais.
Hassan está meio ajoelhado em minha frente e eu não tiro os olhos
dele, tampouco ele os desvia.
Então eu sinto-o me tocar entre minhas coxas, no meu lugar, que só
quer a ele, desesperadamente.
Eu me remexo sob sua mão, me esfregando mais nela e gemo
mordendo o lábio, o encarando.
— Hassan... - eu gemo e sinto-o aprofundar o toque, até que ele enfia o
dedo em mim.
— Por Alá! - a expressão de choque sai de seus lábios. — Você já está
pronta! Como pode?
— Caralho! Que parte do: "eu quero você", você não entendeu? Por
favor Hassan... - eu o toco nos ombros largos, para me apoiar, pois minhas
pernas estão tremendo tamanha a minha excitação.
Sinto a mão dele se mexer e o dedo sair para depois entrar mais uma
vez. Eu aperto seu ombro e gemo alto.
— Você será minha concubina então - ele deposita um beijo na minha
barriga que está de fora.
Estou flutuando, mas eu acho que entendi a palavra: "concubina"...
— Não vou ser sua concubina coisa nenhuma! - eu digo me afastando
trêmula do toque dele.
Ele me olha sem entender, depois enrijece o maxilar.
— Sabia que aí tinha coisa. Quer ser mais uma de minhas esposas, é
isso?
— Ora seu metido! Não! Não quero ser mais uma de suas esposas! Eu
vou embora amanhã! Não quero ser sua esposa, nem concubina! De onde eu
venho os homens têm apenas uma esposa e nenhuma concubina se quiserem
ficar inteiros! Eu não quero nada de você, porra! Quero só que me coma!
Inferno de homem burro! - eu vou marchando com os punhos fechados ao
longo do corpo para até onde os cavalos estão.
Hassan vem atrás.
— Se oferece a mim, sem pedir nada em troca? E como vai embora
amanhã?
— Eu vou embora amanhã e ponto. E o que eu ofereci, agora não está
mais disponível! Você é burro demais! Já me ofendeu o suficiente com suas
desconfianças. Obrigada! - eu paro de braços cruzados ao lado do cavalo
negro, o único que não está com um homem em cima.
Hassan monta em questão de segundos. E antes que eu possa notar o
que fará, me puxa para sua frente, me fazendo montar e pressionando o corpo
grande em minhas costas. Sinto a ereção enorme dele.
— Está tentando furar minhas costelas grandão? - digo mal-humorada.
Escuto sua risada alta atrás de mim, e vejo os dois guardas olharem
para ele de boca aberta.
Ele espora o animal que sai a galope pelas dunas.
Eu me chego mais a ele e seguro mais o seu braço que está me
envolvendo a cintura.
— Não vou deixa-la cair. Embora deveria lhe dar umas chibatadas por
ter me chamado de burro. Sua questão em me desafiar ainda é um mistério
para mim.
Eu me viro para ele, o seu olhar é arrogante e desconfiado.
— Tá louco? Chibatadas?! Eu arranco seus olhos se fizer isso! - Ele
apenas ergue uma sobrancelha. — E certo. Desculpe por ter te chamado de
burro. Mesmo que esteja agindo como um. Não foi certo. Você me defendeu
daqueles bandidos e está me dando abrigo no seu palácio, eu deveria ser mais
agradecida. Desculpe - digo outra vez o olhando nos olhos e sendo sincera.
Sei lá porquê, mas isso parece o desarmar. Eu vejo a expressão dele
ficar atônita, e ele piscar várias vezes, depois o braço dele me aperta com
mais força.
— Acho que também lhe devo desculpas pelo modo que a tratei... - ele
sussurra em meu ouvido.
— Mas um califa não pede desculpas... - eu dou um meio-sorriso, o
olhando de canto de olho.
— Sempre há uma primeira vez. E a propósito, você não faz com que
eu me sinta um califa...
— Desculpe. Na verdade, não sei me comportar na frente de um califa.
Eu vou tentar... Ahmmm..., mas não sei se consigo parar de te chamar pelo
nome... Eu...
Sinto os lábios dele na curva do meu pescoço, e paro de falar na mesma
hora, me chegando a ele como um gato que recebe carinho.
— Não estou dizendo para parar. Eu gosto que me chame de Hassan,
meu nome fica diferente quando você o diz, com esse sotaque lindo... E
também ninguém me chama assim desde que eu sou um menino. Isso é uma
das coisas que você faz que me... fascina – ele completa me dando outro beijo
molhado na curva do meu pescoço. — Quero lhe visitar nos seus aposentos
esta noite.
Meu coração dá uma cambalhota no peito.
Isso! Então vou poder contar tudo a ele! Além de dar muito para ele
também! Yes!!!
— Eu espero que faça isso - eu pego a mão dele que me envolve e a
beijo.
Depois beijo seus dedos, e poxa, eu sou uma perdida mesmo, pois os
dedos grandes dele me lembraram outra coisa dele também grande e eu passo
a língua por um deles, e fecho os olhos o colocando na boca e o sugando...
Ah eu quero ele!
Quando ouço-o dar um gemido eu abro os olhos surpresa com meu ato
impensado.
Mas o olhar de pura agonia que ele me dá, me deixa perversa.
— Não sei se vou aguentar até a noite... - eu digo colocando a mão dele
debaixo das minhas saias, e lhe mostrando o quando eu estou pronta para ele.
Ele engole o seco.
— O que pretende então? - ele me pergunta.
Eu toco seu membro maravilhoso e enorme por cima das calças largas
e que lhe deixam o movimento livre.
— Ah, Hassan! Você é criativo que eu sei. Ache algum lugar para
podermos ficar uns minutos a sós... No palácio, no deserto, no oásis... Eu não
me importo, contanto que esteja com você - e para provar o que eu digo eu o
beijo, com tudo que sinto pelo MEU Hassan e pelo califa Hassan.
Ele me aperta me retribuindo o beijo, me enfiando e recolhendo a
língua dentro de minha boca. Eu a sugo, me agarro em seu pescoço,
apertando o corpo grande.
— Se entregará a mim, em outro lugar que não seja seu aposento ou o
harém? - ele parece surpreso, quase chocado.
— Por quê? Não posso? - eu fico brava.
O que ele está achando? Vai ficar me dizendo agora o que eu devo
fazer? E que merda que ele tinha que falar neste tal de harém?! Raios!!!
Mas então eu me ligo, que não estou preparada para encontrar as
quarenta e poucas mulheres dele e as duzentas e tantas amantes.
Oh diabos! Que ideia de jerico essa minha!
H
assan me olha com um enorme sorriso.
— Pode fazer o que quiser, mas será outra primeira vez para
mim...
Meu sorriso se abre largo.
— Primeira vez que transará em lugar impróprio? Hummmm... gostei
disso - eu me chego mais a ele. — Têm algum em mente?
— Não faço ideia! - ele solta uma risada baixa. — O palácio é sempre
cheio e o deserto é perigoso...
— Ah! qual é Hassan? Deve ter um lugarzinho, meio escondido, ou
que não vá ninguém... Ou que você possa mandar todos embora... Sei lá! Ser
califa deve ter alguma vantagem!
— Hummm... - ele coça a barba. — Quando deixarmos os cavalos... Na
estribaria só fica o cavalariço e não vai ninguém...
— Estribaria? - eu solto uma risada.
— Tudo bem, foi uma péssima ideia - Hassan parece desapontado. —
Mas o fato é que realmente não sei...
Eu contínuo rindo.
— Não estou reclamando, nunca transei em cima de um monte de
fenos, mas já ouvi dizer que é uma delícia - eu o beijo nos dedos. — Sei que
é muito criativo e se me oferece a estribaria, é porque só pode isso no
momento. Então eu aceito.
Ele puxa meu rosto em sua direção. Me olhando dentro dos olhos,
parecendo querer ver minha alma.
— Você existe realmente? Já ouvi falar em alucinações do deserto...,
mas...
Eu solto uma gargalhada, mas não o respondo. Ele vai ficar meio doido
quando eu sumir amanhã. Só espero que consiga convence-lo a não ir a tal
caverna...
Então o palácio enorme, lindo e reluzente aparece na minha frente.
— Bem-vinda ao palácio - ele sussurra ao meu ouvido fazendo um
arrepio correr por meu corpo.
— Seu palácio é lindo Hassan. Você merece viver nele, feliz - eu me
lembro da vista de dentro daquela lâmpada e minha voz sai embargada, as
lágrimas subindo por meus olhos e o aperto mais, como se assim eu o
protegesse de algum modo.
— O que houve princesa Laura? - ele pergunta sério.
— Nada. Só lembrei algo triste. E não me chame de princesa que eu
não gosto - lembro de Dante. - Me chame só de Laura.
Ele solta uma risada baixinha.
— Quando você arranhou Kassin me lembrou um animal muito bonito
que meu pai tinha quando eu era um menino. Veio do além-mar, como você.
— Um animal? Que animal...?
— Era um felino, parecido com um tigre só que menor. E ao invés de
listras tinha manchas. Os nativos do país o chamavam de onça. E era linda,
pequena, brava e como você, ela também tinha estas pintinhas... Você é
igualzinha... Será minha oncinha.
Eu arregalo os olhos. Meu coração parou. Que merda é essa?! É muita
coincidência!!!
Eu rio.
— Conheço as onças Hassan. Tem muitas no meu país.
Ele me aperta me abraçando por trás.
— Viu? É perfeito para você, oncinha.
— Você dá apelido a todas as mulheres que passam por sua vida? - eu
pergunto sem querer saber a resposta.
Ele fica em silêncio.
— Não. Não dou - ele responde quando eu acho que nem vai mais
fazê-lo.
Atravessamos o grande portão de madeira. Mesmo sendo tão cedo há
muito movimento. Nossa! Isso aqui está fervendo de gente.
Há pessoas com carrinhos de frutas, outras levando bodes, cavalos,
burros. Mais algumas com baldes pesados de água, leite e até quem carrega
tecidos.
E só entramos no pátio!
— Estão se preparando para alguma festa? - eu pergunto.
— Não - ele dá uma risada baixa. — Esse movimento é normal.
— Oh! - eu digo.
Vejo os outros homens desmontarem e dar as rédeas há um rapaz que
estava ali.
— Vão na frente. Tenho coisas a resolver antes - Hassan diz enquanto
continua sobre o cavalo e manobra em uma direção oposta à que os homens
se dirigem.
— Mas senhor... Seu irmão...
— Vou depois Omar! Kamal que espere.
Sem esperar resposta Hassan continua até parar em frente a estribaria.
Ele desmonta e pega a minha mão e tirando de cima do lombo do
animal.
— Tenho assuntos mais urgentes a tratar. Não é, oncinha?
Eu lhe sorrio, feliz.
Ele chama o rapaz.
— Há alguém aí dentro, rapaz?
— Não senhor Califa. Estou só.
— Ótimo. Quero mostrar os cavalos a minha hóspede e não quero ser
incomodado. Não entre e não deixe ninguém entrar. Entendeu?
— Sim senhor Califa - o moço faz uma reverência e fica de prontidão
ao lado da porta.
Hassan inclina um pouco o corpo e faz gesto para eu entrar. Eu sorrio e
passo por ele.
— Vamos até o final. Lá ninguém nos verá ou ouvirá... - ele pega
minha mão andando muito depressa e quase me arrastando com ele.
Eu rio.
— Quanta delicadeza, senhor Califa pica das galáxias... - rio com mais
vontade.
O lugar é enorme. Nunca vi tão grande, nos filmes eu quero dizer, já
que cavalos não é minha realidade..., mas aqui deve ter mais de cem!
— Pica das galáxias?! - ele me puxa para si, e eu sinto um frio na boca
do estômago. — Metade do que fala eu não entendo. Juro.
Eu rio ainda com mais vontade.
— Não precisa entender. Só me beije.
Fico na ponta dos pés e o puxo para mim. Os lábios perfeitos tocam os
meus e eu esfrego minha língua e meu corpo no dele. O agarrando,
arrancando o seu turbante e também a sua túnica.
Ele fica com os músculos de fora e é tão igual ao MEU Hassan que eu
não vejo mais o Califa. Só o meu amor.
Me ajoelho diante dele e abro sua calça, liberando meu amigo de lá de
dentro.
— Oi grandão, senti sua falta... - eu digo antes de o enfiar na boca e
chupar com vontade, enquanto o massageio e lambo tudo, desde os testículos
até a grande cabeça aveludada. Depois sugo outra vez. E mais outra,
colocando no fundo da garganta e tirando.
Hassan geme em total abandono. Até que parece despertar. Me ergue
de um pulo.
— O que raios é você?! Você não é uma mulher comum! - ele parece
acreditar nisso, mas em seguida me beija a boca.
Retira meu top e depois a minha saia, me deixando inteiramente nua na
sua frente. Ele me come com os olhos, depois retira com urgência suas calças
e botas e vem até mim, todo rijo e eu não espero. Em pé mesmo eu me
penduro nele, o envolvendo com as pernas, ele me pressiona na pilastra de
madeira e me beija o pescoço, colo, chupa meus mamilos e eu gemo alto.
— Enfia logo este pau em mim, pelo amor de Deus!
— Agora?
— Sim! Agora! Me come logo!
Um sorriso travesso aparece nos lábios dele.
— Em pé?! - ele está surpreso.
Eu rio, puxo seu rosto até lhe encarar dentro dos olhos.
— Em pé, de quatro, de lado, até de ponta cabeça! Pode me comer do
jeito que você quiser. E te garanto que vou gostar. Vou amar na verdade.
Juro que me pareceu que ele brilhou. Juro. Sei que não pode, mas foi
como se tivesse. Talvez tenha sido os olhos, ou o sorriso...
— Assim? - ele vai metendo devagar.
— Não. Com força. Do jeito de você gosta! Caralho me come como
você quer! Sem frescura!
Ele enfia tudo de vez, batendo no fundo do meu útero.
— Assim que você quer?! - ele diz entre dentes.
Eu gemo em resposta.
— Ahhhh...! Assim Hassan! Assim! Mete mais!
Ele me segura pela bunda e vai se remetendo com força, com quase
fúria para dentro de mim.
Eu cravo minhas unhas nas costas musculosas, me remexendo de
encontro a ele.
— Você é deliciosa... Que delícia.
Ele me encara.
Eu mordo o lábio e gemo, tendo um espasmo.
Hassan começa a me comer com força, com selvageria, eu gozo tão
descaradamente e escandalosamente que os cavalos relincham.
— Hassan eu vou gozar neste pau gostoso ... ahhhhh... Porraaaa ...
Eu rio, feliz...
— Droga, esses cavalos nunca mais vão deixar eu chegar perto deles
depois desta...
Hassan me olha atordoado.
Depois, sem falar nada, me beija com volúpia, eu correspondo.
— Eu quero te comer de outro jeito - ele me desce e me vira de costas.
Eu rio mais uma vez. Me seguro na pilastra enquanto dobro meu corpo
para frente empinando minha bunda para ele.
— Assim? - eu o olho por cima do ombro e ele segura o membro me
encarando de boca aberta.
— Bem assim. Você é perfeita - ele entra outra vez em mim e geme
alto. — Perfeita minha oncinha.
Ele vai entrando e saindo naquela dança tão dele e que está me fazendo
sentir o gozo vir outra vez. Eu me seguro com mais força e gemo alto.
— Mete mais fundo Hassan que eu vou gozar de novo... Isso... Mais...
Mais...
Juntos atingimos o clímax, as estrelas e tudo, essa zorra.
Eu estou com as pernas tremendo e Hassan ainda se remete mais
algumas vezes para dentro de mim, parecendo se demorar no êxtase.
Então ele sai de repente. Tira tudo aquilo. E me olha apavorado. Sim a
palavra é essa. Hassan está apavorado.
V
ejo o peito dele subir e descer, ele me olha com olhos arregalados.
— O que foi? - eu pergunto.
Ele engole o seco.
Se abaixa e veste as calças e calça as botas em questão de segundos.
— Hassan? - eu estou imóvel, não entendo a atitude dele.
— Laura... Eu.... hamnm... Vou mandar Abu vir leva-la para conhecer
seus aposentos... - ele passa a mão pelos cabelos, visivelmente aturdido.
— O que aconteceu? Por que está assim? Eu fiz tudo errado, né?
Merda!
Droga! Eu sabia! Eu sabia! Ele não é o MEU Hassan! Lógico que
achou estranho eu me entregar assim, e também não ser virgem... Não duvido
que agora ele vá me jogar algumas moedas como pagamento.
— Merda! - eu tranco a mandíbula para não chorar e vou pegando e
vestindo a minha roupa.
— Não - Hassan me ergue o rosto o fazendo encarar. — Foi perfeito.
Perfeito demais. Eu... Eu preciso pensar...
— Pensar? Pensar no que? Você não pode simplesmente colocar as
calças e me deixar! Não é certo!
Mas ele se afasta.
— Eu não posso ter fraquezas Laura. E creio que estou tendo uma por
você. Uma fraqueza que me fez pensar absurdos ainda a pouco quando estava
me derramando dentro de você...
Ele coloca a túnica e o turbante, e vai saindo.
— Espere, Hassan! - ele se detém um minuto na caminhada, mas não
olha para trás. — Eu o verei esta noite ainda?
Ele parece pensar a resposta.
— Eu possuo uma mulher apenas uma vez, raramente duas...
— E nunca uma terceira. Eu sei - eu termino.
Ele se vira para mim.
— Como sabe...?
— Ora! Eu não recebo ordens de um cavalariço! Meu irmão está
atrasado para uma importante reunião! Não sei o que seria...
O homem que vem gritando e tem o rapaz atrás de si, claramente
tentando impedi-lo, para quando me vê.
Ele olha, para Hassan e depois para mim. E fica me olhando, um
sorriso de covinhas aparece em seu rosto jovem e bonito, muito parecido com
Hassan.
Ele se aproxima e pega a minha mão a levando a seus lábios.
— Linda princesa. Vi a marca que deixou em Kassin. E por isso
mesmo digo que é uma honra conhece-la. Eu sou Kamal, irmão do Califa.
Os olhos dele queimam e eu sorrio, diante de seu galanteio.
— Vamos então Kamal! Você mesmo disse que estou atrasado! -
Hassan rosna do lado do outro, lhe dando um olhar irado que Kamal faz
questão de ignorar.
— Pode ir irmão. Eu não sou importante nesta reunião. O sultão quer
falar com você, não comigo. Eu vou fazer companhia a princesa - Kamal
cobre a minha mão com a sua outra e eu fico sem jeito diante do toque
demorado.
— Não. Você não vai - Hassan separa nossas mãos. — Vou mandar
Abu para fazer companhia a ela...
— O ancião?! Não. Uma princesa assim não precisa de um velho
banguela, ela precisa de alguém jovem que lhe dê muita atenção, eu posso lhe
mostrar o palácio e o seu aposento...
— Não irá mostrar nada Kamal! Ou acabará ficando tão banguela
quanto Abu!
Kamal deixa o queixo cair.
— Ah, entendi. Vai tomá-la como mais uma esposa e quer ser o
primeiro. Eu entendo, irmão. Mas depois que tiver sua primeira ou até
segunda noite juntos, querida princesa, saiba que eu sou tão bom quanto meu
irmão. Talvez até melhor... E mais jovem. Lembre-se disso quando estiver
sozinha. Ou então, seja uma de minhas esposas. Eu não fico contando quantas
vezes durmo com uma mulher...
O empurrão que Hassan dá no outro o joga, a no mínimo, dois metros
longe.
— Não chegue perto dela! Nem você, nem ninguém! Ouviu Kamal?! -
a voz de trovão de Hassan faz meus pelinhos do braço se arrepiarem.
O outro apenas concorda com a cabeça.
— Nunca imaginei que veria este dia. O grande Califa Hassan Ibn Ali
com ciúmes de uma mulher! - Kamal fala se levantando, limpa as vestes
brancas e para meu espanto dá risada.
Ele coloca a mão no peito e faz uma pequena reverência a mim.
— Como eu disse antes, é uma honra conhecê-la, minha rainha. Eu o
espero na saída irmão.
Dito isso ele sai.
— Rainha? O que...? - eu me viro para Hassan que ainda têm a veia do
pescoço pulsando e eu vou até ele e a beijo. Do jeito que eu gosto de fazer.
Ele me olha surpreso. Depois respira fundo parece se acalmar.
— Mais uma primeira vez - ele diz, passando a mão em meus cabelos.
— Vou mandar Abu aqui, e você não saia até ele chegar. E não preciso dizer
que não quero que converse, toque ou ao menos olhe para outro homem. Fui
claro? - ele me encara dentro dos olhos.
— Nem olhar?
— Nem olhar, oncinha. Ou sou capaz de fazer uma besteira.
Eu sorrio. É, eu sei que ele é ciumento, mas fazer o que, se eu acho tão
lindooooo isso?
— Tá bom. Eu vou andar com os olhos fechados! Só espero que este
tal de Abu não seja cego para me guiar por aí...
Ele me surpreende com um grande e profundo beijo na boca.
— Ele quase é, por isso pensei nele. E me espere esta noite, que eu vou
visita-la sim, em seus aposentos.
Ele me dá outro beijo e se vai, me deixando suspirando pelo MEU
Califa Hassan.
Já passou do meio dia. O velho Abu, que deve ter uns oitenta anos, me
mostrou uma parte do palácio e contou algumas histórias sobre os califas do
passado. Me surpreendi por todos eles terem morrido assassinados e muito
jovens. Não é à toa que Hassan é tão desconfiado.
Outra coisa que me surpreendeu foi a quantidade de crianças por aqui.
— Herdeiros. Do Califa e seus irmãos... - o velho me disse.
— Fi- filhos...?! - eu me engasgo e meu peito se aperta.
— Sim. A maioria são do Califa, mas os seus outros cinco irmãos
também moram aqui. Por isso o palácio está sempre cheio de crianças e
outras novas chegando...
Eu não consegui mais acompanhar o vovô, eu disse que estava passado
mal e ele me trouxe aqui para o quarto, que disse ser meu aposento. Não
preciso dizer que é lindo, e parece que estou em um sonho..., mas não quero
reparar este teto, parede, tapetes e tudo o mais que parece ser feito de ouro,
mármore e seda. Eu só penso em uma coisa: filhos.
Eu acabei de transar com um pai de família! Eu sou uma vadia! Eu vou
para o inferno!!!
Eu ando de um lado para o outro. Me enviaram o almoço, não eu nem
consegui tocar em nada. Depois me fizeram um banho em uma enorme
banheira que há aqui dentro. Me deram este vestido lindo de seda e organza,
transparente nas pernas e que parece mais revelar que esconder, mas não
parece nada com aqueles de odalisca, não, até por que eu sei que elas eram
tipo as amantes e safadas dos caras, então eu não iria usar. Este vestido é
verde parecendo jade, e me sinto como uma princesa realmente dentro dele.
Mas isso não me faz sentir melhor. De jeito nenhum. O calor aqui é de
matar. O meio dia já passou a horas e ainda está terrivelmente quente.
Saio para o pátio e caminho a esmo.
Na verdade, eu não tenho porquê me culpar por transar com o califa safado.
Afinal ele tem um monte de esposas e amantes... E ele disse que deixava elas
dormirem com quem quisesse também, e até assumia filhos que não eram
dele... Kamal ter achado estranho ele não querer me dividir, é a prova que ele
falou a verdade.
E outra, eu estou aqui para fazer com que o Califa pai fique com eles, e
não suma em uma caverna! Estou aqui não para destruir um lar, estou aqui
para o bem da nação!
Toquem o hino da Arábia que eu mereço!!!
É. É isso aí! Ele vai no meu quarto esta noite, eu explico tudo. E deu.
Não preciso mais dormir com ele...
Outra mulher linda passa por mim. Tem tanta mulher aqui, com
vestidos coloridos e lindos que fico pensando... Serão todas esposas ou
amantes do Califa? Certo que ele tem outros irmãos também...
Mas é que elas são tão bonitas e jovens. Certo que tem as não tão
bonitas e até mesmo umas já mais velhas... Para dizer a verdade tem para
todos os gostos...
Ah, o que eu estou pensando...
Mas ei! Alguma delas pode ser aquela mulher que ele disse que amava!
E que sonhou por mil anos!!! Será aquela ali? Ela tem o cabelo bonito... Ou
aquela piranha ali? Tem um corpão...
Aff! É melhor eu parar com isso, antes que comece a ficar louca.
Passo a mão por rosto ainda caminhando e paro quando escuto uma
algazarra. Risos e gritinhos. Do tipo, muitos.
Eu me dirijo ao local que vem o som. É afastado e quando eu chego na
porta há dois guardas, um de cada lado com lanças e espadas.
Na verdade, não é uma porta, mas uma cortina de véu branco e
transparente que eu já conheço. Afinal, já estive aqui, quando MEU Hassan
me trouxe, aquela vez...
É o tal harém.
Os guardas me olham, parecendo indecisos se me deixam entrar ou
não.
— Minha vez de ensaboar o califa! - uma voz melosa e nojenta grita lá
dentro e outros risos se seguem.
Meu coração pula.
Eu sorrio para os guardas, acho que é isso que uma dessas putas faria,
então eles abrem a cortina e eu entro, dou alguns passos e paro petrificada.
Hassan está na banheira, ou piscina, ou sei lá que merda é aquilo. E ele
não está sozinho. Tem no mínimo dez mulheres com ele.
Todo mundo nu. Que beleza. Orgia em grande escala. Hassan é o único
homem. Mas não parecem estar transando, ou cheguei cedo, ou tarde.
Uma morena escultural quase esfrega os grandes seios perfeitos na cara
dele, enquanto finge que ensaboa seus ombros fortes.
Ele está com a cabeça jogada para trás, e olhos fechados..., mas tem um
sorriso filho da puta nos lábios. Parece estar gostando muito da atenção de
dez.
Puft! Puft!
Anjinha e diabinha aparecem, uma em cima de cada um dos meus
ombros.
Laura anjinha: Respira Laura. Pelo amor do Senhor! Este não é o
SEU Hassan. É o Califa que você veio salvar pelo bem dos filhos e da nação.
Lembra?
Laura Diabinha: Porra nenhuma! O cara acabou de te comer! E
ainda pediu para você não olhar para nenhum homem! Enquanto ele
está aí! Na orgia!!!
Laura anjinha: Mas o que isso importa? Homens são assim. Ele é
assim. Saia daí, espere ele a noite e faça o que veio fazer. Pronto. Espere o
nascer do sol e volte para sua vida! Você terá salvo seu amor e ainda feito
uma boa ação...
A diabinha aparece sorrateiramente nas costas da anjinha e a empurra,
essa cai de quatro para frente, e outra espeta sua bunda com o tridente.
Fazendo-a dar um belo pulo.
Laura diabinha: Sai daí sua songamonga! Laura, minha linda, vira
a Kill Bill e mata todo mundo! Eu te ajudo - ela ergue o tridente como se
fosse uma espada ninja. — Pega a espada dos guardas lá fora... Tá, não
precisa matar o Hassan, só as putas. Ele a gente capa. Corta o pau bem
rente...
Ela faz um movimento com a mão, como se estivesse puxando algo e
depois desce a espada.
— Certo. Entendi. Agora sumam vocês duas! Vou ficar com o meio
termo. Obrigada! - eu lhes digo em pensamento, e ambas me encaram e
somem de uma vez.
Puft! Puft!
Eu me aproximo e paro bem na frente de Hassan.
As mulheres me olham furiosas e curiosas.
— Quem é essa aí?! - elas perguntam entre si.
É neste momento que o Califa safado abre os olhos, e me vê. O seu
queixo cai e ele fica atordoado. Depois um sorriso safado se abre...
— Veio se juntar a nós? - ele pergunta.
Ah, como eu queria ter pego aquela espada!
— Se eu quero me juntar a vocês? Oh, não querido Califa, eu não gosto
de mulher e acho que o único homem aqui está um pouco superlotado. Talvez
se eu trouxesse aqueles dois guardas ali, eu poderia pedir para EU ser
ensaboada por eles... Afinal, você está com dez, eu posso ter meu momento
com dois... É, acho que seria divertido... - eu me viro andando outra vez em
direção a porta.
— Não ouse, Laura! - ele grita.
— Guardaaaaas! Yuuuuú! - eu chamo melodicamente os homens.
Eles colocam a cabeça para dentro.
— Guardas, eu estou precisando... - eu começo com voz doce fingida,
mas sou interrompida.
O som de água caindo é ouvido e sei que Hassan se levantou.
— Vão embora!!! - ele urra, e os homens somem.
Eu me viro e ele está totalmente nu. Mas não rijo, o que me faz
imaginar que já comeu umas cinco dali... talvez mais.
— Que direito você tem de não me deixar foder com dois?! Que direito
você tem de me pedir para nem olhar para nenhum homem quando você está
aqui comendo dez?
— Laura... - ele começa entre dentes.
Eu caminho até ele, que como ainda está dentro da maldita piscina fica
do meu tamanho.
— Isso mesmo! Você não tem direito nenhum! Não sou nada sua, e
nunca seria! Seu pervertido! - eu me viro para as mulheres que estão atônitas
meio mergulhadas nas águas, meio com a boca aberta. — E vocês? Por quê
se deixam usar por ele? Vocês são lindas, podem ser felizes e ter um homem
que as ame! Ele não ama ninguém! Nem sabe o que é isso! Não ama nem ele
mesmo eu aposto! Vocês não podem se contentar com migalhas! Ele é lindo e
gostoso, mas não está merecendo nem que deixe dar uma chupada! Ouviu
Hassan? Nem uma chupada eu deixaria você me dar com essa boca que
beijou trezentas!!! - eu o fuzilo com o olhar.
Ele e todas estão com os olhos muito abertos e queixo caído. Qual é?
Vão bancar os puritanos agora? Fazendo a maior suruba e eu é que não presto
por ter a boca suja?! Pois sim!
— Delas eu tenho pena. Mas de você... - eu cuspo para dar ênfase as
palavras. — De você eu tenho nojo.
Empino tão alto meu queixo que quase não enxergo o chão. E saio de
lá. Quando cruzo a porta, eu pergunto a um dos guardas se neste palácio de
satã tem algum lugar que seja quieto e afastado que eu não precise olhar para
cara de ninguém.
Com a boca aberta eles me indicaram um tal de jardim abandonado do
outro lado do palácio.
Ótimo! Maravilha!
Quase correndo eu vou até lá.
Inferno! Eu nunca deveria ter vindo! Eu não pensei nas mulheres, nos
filhos, e nem que iria me apaixonar pelo Califa Hassan! Inferno mesmo!!!
Eu vou chamar MEU Hassan e ir embora daqui! Será que dá?
— Gênio!!! - eu chamo quando chego lá.
Na verdade, o negócio aqui não está abandonado, abandonado. Está um
pouco largado a vontade da natureza isso sim. Não tem os arbustos
desenhados, e nem a fonte está ligada, mas é um lugar muito bonito e com
grandes árvores e até bancos. Vou para a sombra de um grande salgueiro que
tem um banco embaixo de seus galhos lindos. Mas eu não me sento. Fico em
pé, andando de um lado para o outro como uma onça enjaulada e irada.
— Gênio! Apareça! Me leve de volta! Interno! Isso é muita provação!
Hassan no meio de dez! Dez! Gênio!
Mas ele não aparece. Lógico. Tenho que esperar até o amanhecer. Vou
esperar aqui. Isso. Aqui ninguém vai me achar.
Eu contínuo caminhando, e óbvio falando comigo mesma. Sou só eu
que quando estou furiosa não consigo só pensar? Tenho que colocar para fora
em alto e bom tom?
— Eu deveria ter feito o que a diabinha falou. Deveria ter pego a
espada do guarda - eu faço o gesto, roubando a arma do guarda imaginário.
— Zup! Erguido ela no ar e virado a Kill Bill! Zap, toma isso sua vadia! Zap,
corto você no meio peituda miserável! Zap, zap, pow! - faço movimentos
como a Uma Thurman, já me imaginando de macacão amarelo.
— Depois só faltaria aquele safado... - faço o mesmo movimento que a
diabinha fez. - Puxo tudo e zaz! Já era o grandão! Já era!!!
Eu sinto uma presença atrás de mim e me viro.
— Se quiser eu posso voltar quando estiver me matado
imaginariamente, e não apenas me castrado - Hassan está com roupas
molhadas, sem sapatos e braços cruzados.
Ah, e parece furioso.
— Capado. A palavra é capado, e não castrado. Não estava cortando
suas bolas, mas tudo que você tem aí pendurado - eu faço um movimento
com a cabeça, apontando para aquela parte dele.
Ele olha com os olhos arregalados para onde eu apontei.
— Você é louca! Não pode ameaçar um Califa e muito menos dizer o
que disse lá dentro!!! - o vozeirão ecoa pelo jardim abandonado.
Ah, mas se ele está achando que vai gritar comigo, como faz com os
outros, está muito enganado!
— Escute aqui... Espera que eu não consigo olhar direito na sua cara...
- eu olho em volta e vejo o banco a poucos passos e subo nele, em pé, só
então continuo. — Agora está melhor, estamos no mesmo nível! Escute aqui,
seu Califa tarado, eu não sou seus servos e nem porra nenhuma sua, para
baixar a cabeça quando você grita igual ao Luciano Pavarotti!!! - eu digo bem
alto, não gritando por que EU tenho educação. Bom... quase tenho. — Eu
estou me lixando que tu é Califa, que tem palácio de ouro e essa merda
toda!!! Você é um homem nojento e pervertido, e por mim estaria sem pau!!!
Porque homem que quer comer todo mundo, merece passar o resto dos dias
sendo comido!!! Entendeu a referência, Capitão América?!!
Hassan tem as narinas dilatadas, o cenho franzido e a veia pulsante do
pescoço está me chamando..., mas eu ignoro a danada. Eu sou forte!
Ele dá alguns passos na minha direção e para bem na minha frente.
Estamos a um palmo de distância um do outro, e graças ao banco, da mesma
altura.
Eu o encaro e ele me encara de volta, vejo o olhar dele se desviar para
o meu decote, e torcendo a boca, contrariado ele me encara outra vez.
— Eu posso possuir quantas mulheres eu quiser - ele diz entre dentes.
— Ou melhor, podia, antes que você me jogasse o seu feitiço!
Hein?
— O quê? Feitiço? Que papo é esse cara? Tá me chamando de bruxa?
Eu sou uma bruxa agora?
— É. É sim. Você me colocou um feitiço quando a possuí! Eu senti. E
agora não consigo mais ficar firme diante das outras mulheres! Mas perto de
você ele se ergue! - ele aponta para o membro que orgulhoso ergue a calça
larga e molhada. — Retire essa mágica, essa maldição de mim! Retire
agora!!! - ele esbraveja.
Ele está vermelho de raiva. Parece querer me matar.
O que eu faço? O que você faria?
Sim, isso mesmo. Eu tenho um ataque de risos.
Rio. Rio. Rio.
— Você ... você broxou!.... No meio de.... dez! .... Parabéns, Califa!
Ai, eu não aguento! Minha barriga está doendo e há lágrimas nos meus
olhos!
— Pare de rir de mim!!! - ele me pega pelos ombros.
— Vou rir até eu ter um ataque cardíaco! Você bro-xo-u-u! - eu digo
ainda rindo, balançando a cabeça meio que dançando. — No meio de DEZ!!!
Estouro outra risada.
— Laura! Retire essa maldição!!! Ou eu...!!!
Eu paro de rir. Um pouco.
— Ou você o quê? Eu sinto informar Califa dos tarados, mas eu não
tenho esse poder, se tivesse faria ele cair... Hum... literalmente... Não assim
como você está falando... Ah! Você me entendeu!
Ele passa a mão pelos cabelos. Parece tentar se acalmar. Quase sinto
pena. MENTIRA! Tô rindo igual louca por dentro. A diabinha tá jogada no
chão batendo as mãos de tanto rir e até a anjinha tá rindo baixinho. Que
momento feliz! Obrigada Senhor!!!
— Mas no meu diagnóstico, ele parece muito bem... - eu coço o queixo
avaliando a calça erguida.
— Eu achei que uma visita ao harém me faria parar de pensar em
você..., mas ele não se mexeu! Não se mexeu! Aí você pula em um banco
gritando seus absurdos com esse decote, um simples decote! Não seios
grandes balançando na minha frente, mas sim um maldito decote! E ele
desperta de tal forma que me deixa dolorido!!! Você é uma bruxa sim! - ele
me mede de cima a baixo e vejo o meu amigão, parecer erguer mais a calça.
Um sorriso grande se abre na minha boca.
— Bem feito para você! Bem feito que passou vergonha!
— Eu não passei vergonha! - ele se ofende.
— Ah, então não sei como chamam por aqui! Mas na minha terra a
gente diz que o cara passou ver-go-nha! Coitadas das moças... Deixar dez na
mão Hassan, que feio!
Ele fica a um palmo de mim outra vez, e agradeço por não ter descido
do tal banco, pois ainda consigo olhar ele na altura dos olhos.
— Eu só estava sendo banhado... - ele começa.
— Ah! Entendi. É costume de vocês aqui, ser "banhado" por dez
mulheres? Interessante. Vou adotar este costume também. Meu próximo
banho eu quero ter dez homens lindos e musculosos me "banhando" –
humm... ideia boa essa... — E quero que eles passem sabonete líquido nas
rolas e depois esfreguem em mim... Uiiiiii!
Um arrepio percorre meu corpo. Queria Hassan fazendo isso...
Hummm. Não! Não quero! Queria meu gênio fazendo isso! Mas é o mesmo
cara porra! O que um apronta o outro também apronta...
— Ninguém vai tocar em você! - ele estreita os olhos e diz entre
dentes, a veia pulsando e me chamando.
— Você não disse antes que poderia possuir quantas quisesse? Pois eu
posso dar para quantos quiser também! E pode ser ao mesmo tempo, porque
EU não broxo!
Agora ele me mata, já estou vendo as mãos grandes no meu pescoço...
— Laura!!! - ele grita e eu corro.
— Hassan não chegue perto ou eu... eu... - eu me escondo atrás do
salgueiro.
— Você o quê minha oncinha? Vai gritar? Vai me capar com sua
espada imaginária?
Ele faz a volta e eu o vejo retirar a túnica molhada que estava aberta,
depois ele retira as calças e pronto. A Laura aqui acaba de ter um orgasmo.
— Oh! - sim, isso saiu da minha boca, sozinho.
Caralho, já vi este cara pelado não sei quantas vezes e ainda sinto este
frio na barriga! Esse acelerar de pulso! Inferno!
— Não chegue perto Hassan! Estou avisando! Eu... te jogo outro
feitiço!
Ele para um segundo, e depois sorri.
— Pode me enfeitiçar outra vez. Mas vai ter que ser do mesmo jeito
que fez antes... - ele me envolve com os braços grandes. — Comigo dentro de
você.
Então me beija. Nu. Lindo. Safado.
E eu não resisto.
Quem resistiria?
H
assan me aperta contra o corpo grande, nu e só para variar eu esqueço
tudo e me grudo nele, com braços, pernas, tudo.
A urgência de ter ele junto, dentro de mim, vem com tanta
força que me atordoa.
Ele beija meu pescoço, demoradamente, os lábios brincando com
minha pele.
— Quero você, oncinha. Aqui. Agora - ele diz retirando a parte de
cima do meu vestido, liberando meus seios.
Devagar ele baixa a cabeça e beija meu colo, massageia os meus
mamilos com a ponta do polegar, e depois os suga, percorrendo com a língua
um, depois o outro. Me fazendo jogar a cabeça para trás e gemer.
Ele puxa meu quadril me fazendo roçar no seu pau enorme e duro. Que
como não tenho nada de besta, já estou segurando e mandado um carinho
agitado. Igual aqueles iogurtes, sabe? Agite antes de consumir? Pois é! E eu
vou consumir isso aqui até ter uma indigestão!
Ele vai se abaixando e levando consigo minha roupa, terminando de
puxar meu vestido, me livrando da peça totalmente, e então ele está de
joelhos diante de mim.
Eu olho para ele com um meio sorriso. Ele molha os lábios com a
língua.
— Um califa, nunca se submete a uma mulher. Mas o que você falou lá
dentro...
Eu sorrio mais ainda.
— Sobre me dar uma chupada?
Adoro causar, e parece que aqui eles têm está mania de não querer ficar
medindo palavras! Ah, mas comigo isso não existe! Não existe mil anos no
futuro, e não vai existir agora!
Vejo-o engolir o seco.
— Sim - então ele me olha e me beija as coxas, a virilha... — Mas
seria, uma outra primeira vez...
Ele diz entre beijos e eu arregalo os olhos.
Nunca chupou uma mulher antes?! Mas como...? Não acredito!!!
Eu abro as pernas, seguro seus cabelos úmidos e coloco uma delas
sobre seu ombro.
— Me chupe, Hassan, isso não é se submeter... E afinal, você é o
califa! Pode fazer o que quiser... - sinto a língua dele sobre meu clitóris e
arquejo. - Ah! Isso... Passa a língua assim... oh! Que gostoso!.... caralho!
Chupa, Hassan... a-assim... puta que pariu! - me seguro mais nos cabelos
dele, esfregando-me em sua boca, sentindo a barba arranhar minha pele
sensível.
Ele suga com vontade, gemendo contra mim.
— Laura, que delícia você é! - ele afasta a boca só para dizer isso e
volta outra vez ao trabalho.
E que trabalho! Trabalho de mestre! Por que sempre tive vergonha
disso? É tão bom! Tão maravilhoso! Tão... oh! Cristo!
— Assim... isso... vou gozar na sua boca... Hassaaaaan!!!!!
Fudeu! Gritei igual uma vadia, com certeza alguém vai ouvir!
~~~~
~~~~
~~~~
Puft!
— Só um pouquinho! Ninguém precisa saber! E outra, você nem
vai ver mais o Hassan! Ele não vai te comer uma terceira vez... Então,
depois que contar a merda que veio contar, se encontra com o Cauã
cover! Dá um monte para ele e volta para casa desintoxicada deste
califa/gênio! Por favor! Por Satã!
Vai embora! Onde está minha anja quando eu preciso?
— Matei e comi o fígado!
O quê?!
Puft!
— Sabe que ela mente - a anjinha aparece. — Não ligue para ela,
vamos seguir com os planos. Consiga a atenção de Hassan e fale o que veio
falar. Certo?
Certo!
— E depois foda! - A diabinha ergue os braços.
— Depois casa! - A anjinha cruza os braços balançando a cabeça em
desaprovação.
— Santa do pau oco! - a diabinha olha com nojo para a outra.
Puft! Puft!
~~~~
Não tenho ideia de que horas são, sei que é madrugada, não queria,
mas acabei dormindo depois da nossa terceira sessão de amor. Não aguentei.
Droga!
Hassan está atrás de mim, com o braço passado pelo meu corpo, de
conchinha.
Sorrio e me viro para ele, observando seus traços bonitos, seus lábios
cheios. A vontade de o abraçar é enorme e eu não resisto.
— Oncinha? - Hassan me chama despertando.
— Desculpe por ter te acordado... - eu o beijo. — Mas eu...
Então para desgraça maior eu sinto algo parecer me puxar. Olho
rapidamente para cima, para o teto sem telhado e vejo que o céu está
clareando.
— Hassan! - Eu o olho com desespero.
Ele parece notar a minha agonia, olha também para o céu e me abraça.
— Laura! Não vá! Por favor! - Ele me olha nos olhos, agoniado, quase
apavorado. — Seja minha esposa. Fique. Eu te amo.... Laura!!!!!!
Estão tudo some. O quarto, meu califa... E eu entendo depois de todo
este tempo que fui eu. Fui eu a maldita mulher que contou para ele sobre a
caverna. Afinal ele nunca tinha ouvido falar daquele lugar antes! Foi por
minha causa que ele foi amaldiçoado. E sou eu a mulher que ele sempre
amou. Aquela que ele sonhou por mil anos, pedindo para ela ficar com ele.
Quando apareço outra vez no meu apartamento, no Brasil no ano de
2016, estou aos prantos. Os soluços sacodem o meu corpo, e eu não consigo
evita-los.
Sinto braços me envolverem e me assusto, quase tendo um ataque
cardíaco.
Arábia Saudita, 1016 d.C.
Mais tarde encontro com Omar em frente ao portão principal, levo meu
cavalo e mais um sobressalente para Laura, ambos carregados de joias
preciosas e ouro. Pretendo ir com ela para um palacete que me pertence e que
fica à beira mar, quero muito lhe mostrar uma certa praia deserta que existe
próxima a ele.
Omar está sobre sua montaria e acompanhado de mais quatro homens.
— Levaram a princesa Laura, e vamos resgatá-la - eu lhe informo
assim que o vejo.
— Tem ideia de quem a levou, meu senhor? - ele pergunta com
cuidado.
— Mais ou menos. Acho que foi um demônio - digo com cenho
franzido, desafiando qualquer um deles a duvidar de minha teoria.
— Por Alá! - eles exclamam e uníssono.
— Quem quiser pode ficar, não me importo. Sou o neto do profeta
Maomé, não me deterei diante de nenhum demônio do deserto! - dito isso,
incito meu cavalo e voo portão afora.
Ouço o som de outros cascos atrás de mim e virando-me noto que os
cinco me acompanham.
Ótimo. Nenhum deus demônio irá ser páreo ao poder de um
descendente do grande Profeta!
— Estou indo, Laura! - digo ao vento, desejando que ele leve as
palavras até minha amada.
C
horando com os olhos fechados, mãos sobre o rosto, eu sinto braços
me envolverem.
Levo um susto, e erguendo as vistas eu vejo meu gênio. Hassan
totalmente azul e lindo na minha frente.
Eu o abraço também, escondendo o rosto molhado no seu peito forte,
mas então eu fico com raiva. Tipo, muita!
Me afasto um pouco, bem pouco, porque a raiva não é taaaaaaaaanta
assim.
— Seu burro! Eu falei para você não ir na caverna!!! E você foi igual!
Por que? Se quando lhe falei sobre ela, você nem tinha ideia do que era?!
Hassan me olha com olhar tranquilo e sem me soltar conta:
— Eu fui até aquela caverna porque achei em minha ignorância que a
deusa que esteve comigo naquele dia, a pela qual me apaixonei estava lá e era
prisioneira do tal "deus malvado que amaldiçoava califas". Eu queria lhe
libertar, eu queria você para mim. Quando a vi sumir pela manhã foi como se
tivessem me roubado o ar. Eu precisava tê-la de volta. De qualquer maneira.
E em minha arrogância eu achei que poderia enfrentar o tal deus, ou demônio
como eu achava. Eu era neto de Maomé, julgava que Alá jamais deixaria que
algo de ruim me acontecesse, eu comandava exércitos e régia a Arábia toda,
achava que meu poder era sem limites. Bom, você me conheceu. - Ele
termina com um sorriso.
Meu coração aperta com seu relato. Saber que ele enfrentou tudo
porque achou que me salvaria me deixa com remorso.
— Hassan, Alá não se mete em assuntos assim... - Eu começo, porém
ele me interrompe.
— Se engana quando pensa isso. Alá ou simplesmente Deus, deu a
permissão a Gilgamesh para me lançar a maldição. Por que ele faria isso?
Para me ensinar a ser menos egoísta, orgulhoso e arrogante. Para aprender a
ter paciência e valorizar o amor. Ele me deu a chance de conhecer, e ter você.
Mesmo que por um mês apenas. Gilgamesh foi apenas um instrumento nas
mãos de Alá.
— Gilgamesh? Era esse o nome do deus-demônio que fez isso com
você?! E você esperou mil anos para ter um mês comigo? Que troca de merda
é essa?! - meus olhos se enchem de água.
Não acredito que ele está falando sério!
— E esperaria por dez mil se fosse preciso - ele toca meu rosto,
fazendo um carinho, me encarando nos olhos.
E eu não resisto, puxo meu homem para baixo, em direção a minha
boca e lhe beijo. Beijo o meu azul, o meu gênio, o meu amor. Hassan
corresponde com paixão e eu sinto tudo dentro de mim se tumultuar. Como
sempre.
— Hassan...? - eu murmuro em seu ouvido, enquanto ele beija meu
pescoço.
— O quê, minha oncinha? - ele me beija outra vez.
— Poderia fazer aquele truque de estalar os dedos? - eu peço meio que
com vergonha.
Hassan me olha com olhos arregalados e depois joga a cabeça para trás
e solta uma gargalhada.
— E quem é melhor? O califa ou o gênio? - ele pergunta estalando os
dedos e me fazendo ficar novinha em folha.
— Os dois. Eu amo os dois, porque são a única pessoa. Eu amo você
Hassan Ibn Ali. Sempre vou amar - eu digo me chegando mais a ele que
brilha intensamente me erguendo nos braços, então um vento sopra meus
cabelos e quando olho em volta estamos na nossa praia.
— Eu tinha um palacete não muito longe daqui, pensei que poderia
deixar o califado para Kamal e vir para cá com você. Como minha única
rainha - ele diz me depositando na cama linda ao ar livre.
— Iria desistir de suas mulheres, trezentas, para ser mais específica...
Por euzinha?! - o choque está na minha voz, na minha cara em tudo.
— Ainda têm dúvidas? - ele se deita ao meu lado.
— Mas, se você foi naquela caverna infeliz, MESMO depois de tudo
que eu disse, porque me disse aquelas coisas aquele dia, depois que Carmen e
Leo saíram do meu apartamento? Você me fez acreditar que eu era menos
que nada na sua vida... me fez fazer aquele desejo idiota... - estreito os olhos
para ele.
— Eu não poderia destruir sua chance de ser feliz. Eu não posso
aprisioná-la com meu amor. Amor é liberdade. Eu queria vê-la feliz, mesmo
que com outro, do que infeliz sentindo a minha falta e sozinha.
— Eu é quem deveria decidir isso! Não você! Você deveria ter me
contado tudo! Desde o início! - Eu ainda estou meia brava com ele.
Ele me envolve nos seus braços me puxando para mais perto.
— Pare de reclamar oncinha. Deu tudo certo. Estou com você! - Ele me
beija e minha indignação caí por terra.
— Não deu certo, Hassan, meu amor! Você ainda é um gênio, ficou
prisioneiro e... - Minha voz vira um sussurro. — Tem apenas mais alguns
dias.
Hassan se ergue um pouco acima de mim e me olha muito sério.
— Laura, me escute. Eu tive a escolha. Se não mandasse você para o
passado, eu nunca iria virar gênio. Mas EU escolhi mandar. EU escolhi o
meu destino. Eu escolhi ter você.
— Você é o meu Lord Milori!
— Seu o quê?! - Ele não entende e eu rio.
— O Lord Milori é o Rei das Fadas do Inverno... Ele também se
sacrificou por amor. Sofreu o castigo de ser privado de suas asas para poder
ficar com sua amada a Rainha Clarion. Eu sabia que você era o Lord
Milori!!! - então eu o beijo. E acho que meu coração vai explodir de tanto
amor.
O beijo se aprofunda e quando Hassan já está sobre mim com intenções
claras do que quer, meu estômago ronca alto.
Ele me olha surpreso de sobrancelhas erguidas.
— Acho que preciso urgente de um café da manhã reforçado! - Eu digo
rindo.
Também pudera! Depois da minha última noite com o califa Hassan, é
lógico que estaria com essa fome de leão!
Hassan solta uma gargalhada e a mesa enorme e cheia de coisas
aparece no mesmo lugar que dá outra vez. Eu corro para lá, sem me importar
com a educação, pois estou até enjoada de fome.
— Vamos pensar em como fazer o último desejo valer para nosso lado
e libertar você - digo comendo tudo que encontro.
Hassan me olha e parece não me escutar, está sorrindo e brilhando.
— O que foi? - Pergunto comendo outro doce com mel em cima.
— Você sempre tem esse apetite pela manhã? - Ele sorri ainda mais,
cruzando os braços no peito musculoso e azul.
Eu engulo e pego um pêssego.
— Claro! Sempre que eu passo noites com califas e gênios! - Reviro os
olhos, debochando dele.
Ele se aproxima e me abraça por trás.
— Pois eu acho que é exatamente isso. Esse apetite todo pode ser
justamente por ter passado noites com um gênio/califa. - Ele diz em meu
ouvido e coloca a mão na minha barriga.
Eu me engasgo.
Tusso, e tomo quase o suco de uma jarra toda.
— Grávida? - A ideia me assusta e me enternece ao mesmo tempo. —
Não... eu só estou com mais fome que o normal...
Eu não consigo terminar, pois Hassan me vira para ele e me beija os
lábios.
— Não quer um filho meu, é isso? - Ele não brilha mais.
— Hassan o que mais quero é uma família com você. Um futuro com
você. Igual aos velhinhos do UP! Só que com uma penca de filhos... Acho
que três estava bom!
— Só três? - Ele sorri aquele sorriso lindo de covinhas.
— SÓ TRÊS?! Três está mais do que demais! Mas achei que três seria
bom, igual aos desejos... Sabe? - Eu sorrio e o abraço. — Como eu disse
antes, precisamos pensar em fazer o terceiro desejo de um jeito que quebre
sua maldição! Você não vai ficar preso mil anos e depois morrer! Eu não
aceito isso! Então não vai acontecer!!!
Hassan me olha com olhar carinhoso, mas eu vejo no fundo deles um
brilho diferente. O brilho da esperança.