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Qualquer
Candace Camp
vida de dissipação, quer ele queira ser resgatado ou não. Mas como
ponta dos pés. Talvez Lord Rose seja exatamente o que ela precisa
para continuar sua busca e trazer seu irmão para casa no Natal. Ele
EDIMBURGO, 1807
Sinceramente, teria sido fácil se sua amiga Eleanor não tivesse ficado com
eles até o Natal. Seus pais, nos fundos da casa, dificilmente a ouviriam por
causa do ronco de seu pai. Mas Eleanor tinha o sono leve e seu quarto ficava
entre o de Rylla e as escadas. Embora Elly fosse uma amiga querida, ela era
deprimentemente inflexível em seus padrões. Ela era filha de um pastor de uma
pequena cidade e pior, parecia ter pouco gosto por aventuras. Se ela pegasse
Rylla saindo furtivamente de casa vestida com as roupas velhas de seu irmão,
Elly se sentiria na obrigação de impedi-la.
Foi uma sorte que eles tinham cortado seu cabelo neste outono, quando
ela tinha pegado uma febre, então ela não tinha que usar uma peruca. Suas
madeixas de cachos dourados davam-lhe uma aparência decididamente
feminina, mas ela conseguira alisar o cabelo para trás com pomada. Isso tinha a
vantagem adicional de escurecer a cor. Sua voz era naturalmente rouca, então
ela só precisava abaixar um pouco mais o tom. Ela praticou seus gestos e
caminhou em frente ao espelho metade da tarde.
—Tem razão. Meu nome é Harry Lindsay. ─ Seu novo amigo deu a ela
um aceno de cabeça.
—Ele foi o cara que recomendou. Pensei que poderia topar com ele.
─ Ele pode entrar se você ficar. Há uma mesa sendo aberta. Vamos nos
juntar a ela?
Rylla foi até a mesa com ele. Ela hesitava em jogar, mas dificilmente
conseguiria ficar a noite toda sem fazer nada. Quando se sentaram, Harry fez
uma piada que ela não entendeu, mas como ele e o homem do outro lado riram,
Rylla riu também.
Rylla voltou sua atenção para o jogo. Harry pediu uma garrafa de porto e
“Rolly” dificilmente poderia recusar um brinde. Ela tomou um gole e se
esforçou para esconder o fato de que queimou até o estômago, onde explodiu.
Ela conseguiu não tossir, embora seus olhos lacrimejassem um pouco. Ela se
virou para esconder sua reação e viu que o homem na outra mesa estava
olhando para ela novamente.
Rylla teve um medo repentino de que ele tivesse visto através de seu
disfarce. Um dos outros homens em sua mesa disse algo para ele e ele se virou,
sorrindo, e respondeu. O sorriso dele, ela percebeu, aqueceu suas vísceras tanto
quanto o licor, embora felizmente não tão explosivamente. Ela olhava para ele
de vez em quando eles começaram a jogar.
Era o licor, ela decidiu. Ela estava fazendo o possível para dar a
impressão de que bebia enquanto apenas bebericava, chegando ao ponto de
despejar disfarçadamente meio copo no chão a seus pés. Ainda assim, ela não
podia evitar beber totalmente, especialmente porque Harry enchia seu copo
toda vez que estava baixo.
Ela ouviu alguma menção de seu irmão ou seus amigos e tentou trazer o
nome de Daniel discretamente na conversa. Logo ficou claro que nenhum
daqueles homens seria de alguma ajuda. Ela se perguntou qual era a etiqueta
para deixar um jogo. Pelo menos ela não tinha perdido todo o seu dinheiro; na
verdade, ela tinha ganhado uma ninharia.
Um homem deu um passo para trás, batendo nela, e ela tropeçou. Uma
mão esticou-se e agarrou seu braço, mantendo-a de pé. Rylla virou a cabeça e se
viu olhando para o rosto do homem para quem ela tinha olhado furtivamente a
noite toda.
─Ei! ─ Duas figuras lutavam na névoa. O homem maior olhou para trás
ao grito de Gregory. Ele empurrou o menor para os paralelepípedos e saiu
correndo. Gregory alcançou o menino. ─Você está bem?
─ Não, não vou. Estou bem. ─ Sua voz estava sem fôlego e alta de medo,
mas tinha a mesma rouquidão gutural que Gregory tinha ouvido em sua risada
antes. O som deslizou pelas terminações nervosas de Gregory de uma forma
decididamente perturbadora.
Gregory começou a subir a rua, sua mão sob o braço do jovem, tentando
não pensar no efeito que a voz do estranho tinha sobre ele.
—Oh! Rolly. Meu nome é Rolly. ─ Ele se animou com esse feito de
memória, mas logo estava cedendo novamente.
Gregory subiu a colina, levando cada vez mais o peso do outro homem,
embora a diferença em suas alturas tornasse isso difícil. Eles estavam quase na
sua porta quando Rolly parou.
Gregory olhou para ele com desconfiança. —Você não vai desmaiar
agora, vai?
—Eu vou, vou— Os olhos de Rolly rolaram para trás e ele ficou mole.
—Oh. Claro.
─Bom Deus! ─ Gregory se inclinou para frente. Não era um rasgo, mas
um corte limpo. — Ele te esfaqueou!
Rylla nunca em sua vida ficara tão envergonhada. Ela soltou um gemido
mortificado e puxou os lados de sua camisa juntos. Gregory estava olhando
para ela com um sorriso divertido no rosto. Sua longa forma masculina estava
sugestivamente posicionada entre suas pernas. Para tornar a situação ainda
mais humilhante, a visão dele criou um calor estranho e pesado em seu
abdômen. Qual era o problema com ela?
—Um rapaz! Eu tenho vinte e dois anos. ─ Ocorreu a Rylla que, de tudo
isso, ela havia se apegado a uma coisa peculiar para ficar indignada.
—Isso, eu acho, é o melhor. Você não está em condições de andar por aí.
Ele estendeu a mão para agarrar as laterais de sua blusa e Rylla recuou,
se espremendo na almofada do sofá o máximo que podia. Ela agarrou a roupa
com ainda mais força.
—É apenas um arranhão.
─Perdão!
—Oh!
—Meu socorro! Hah! ─ Ela encolheu os ombros fora de sua mão. —Você
provavelmente estava aliado a ele.
─ Não estou bêbada como um carrinho de mão! Nem sou uma mulher de
moral frouxa. ─ Ela colocou as mãos nos quadris e olhou para ele. —Eu, Sr.
Rose, sou uma lady.
—Acredito que devo. ─ Gregory empurrou uma mão para trás em seu
cabelo e suspirou. —O que devo fazer com você?
—Você não tem que ‘fazer’ nada comigo, ─ Rylla disse orgulhosamente.
—Sou perfeitamente capaz de fazer isso sozinha.
─De ... do que precisa ser feito. ─ Ela estendeu a mão em um gesto vago
e abrangente e perdeu o equilíbrio.
Gregory agarrou o braço dela novamente para evitar que ela caísse. Seus
lábios se contraíram.
Quando Rylla tentou se afastar, ele deu um puxão forte, com mais força
do que o necessário, Rylla pensou, e a colocou de volta no sofá.
— Você não está em condições de ir a lugar nenhum. Fique aí. Vou fazer
um café para você.
Ele se afastou. Rylla lançou um olhar sinistro para suas costas antes de se
jogar contra o sofá e fechar os olhos. Tudo se inclinou e depois voltou ao lugar.
Talvez ela estivesse um pouco tonta com isso. De que outra forma ela poderia
explicar as sensações peculiares que sentiu esta noite? A forma como seu
estômago embrulhou quando ela olhou nos olhos azuis de Gregory. Ou o calor
que floresceu dentro dela quando o viu ajoelhado entre suas pernas. A forma
como o pulso dela acelerou cada vez que a mão dele se fechava ao redor de seu
braço, mesmo que ela não quisesse que ele a tocasse. Ela não queria isso de
forma alguma. Ela ouviu Gregory tagarelar e murmurar maldições. Rylla
suspeitava que ele próprio não estava totalmente sóbrio. Ela sorriu fracamente,
pensando na surpresa em seu rosto quando percebeu que ela era uma mulher.
Ele foi bom, realmente, vindo em seu socorro, ajudando-a a ficar em segurança.
E sua preocupação de que ela pudesse ter sido ferida era bastante comovente.
—Não é.
—Isso é horrível.
─Você pode estar certa. ─ Ele olhou em sua própria xícara, então tomou
outro gole. —Não tem gosto do café que a governanta faz. Ainda assim, é
melhor beber como o homem que você não é. Talvez ele rebata o que você
estava bebendo.
Gregory riu. —Você ficou um pouco verde depois de dar uma tragada.
Ele estava bem perto dela, sua posição no banquinho deixando seu rosto
quase no mesmo nível do dela. Rylla podia ver cada linha, cada curva de seu
rosto. Olhar para ele a deixava nervosa e inquieta... e ousada.
Seus olhos azuis brilhantes eram delineados com cílios castanhos, mais
escuros do que a cor de seu cabelo. Suas sobrancelhas eram marrom-
avermelhadas, e tinham uma inclinação acentuada para baixo nas pontas que
adicionava um toque de perpétua travessura em sua expressão. Ela podia ver a
sombra de sua barba, e de alguma forma essa visão fez seu abdômen apertar e
torcer. Seus lábios eram carnudos e macios, sua boca larga. E ela teve o desejo
mais surpreendente de pressionar seus lábios contra os dele. Qual seria o gosto,
ela se perguntou?
─ Ninguém pensa nada disso se um homem sai para beijar quem ele
quer.
Ele soltou uma risada assustada, mas não questionou sua mudança
repentina de assunto.
─Por que de fato? ─ Seus olhos azuis dançaram. —Me diga, você
pretende beijar alguém? Eu ficaria feliz em ser voluntário. Puramente para
corrigir uma injustiça, é claro.
O calor queimou dentro dela. Rylla sabia que sua reação estava errada. A
maneira como ele olhava para ela deveria deixá-la indignada, não
estranhamente ansiosa. Não havia o respeito que um cavalheiro deveria ter por
uma lady. Mas o que mais ele poderia pensar, dada a ousadia de suas palavras
agora? Nenhuma lady teria levantado tal assunto.
─Eu sinto muito. Eu não devia ter falado aquilo. Normalmente não sou
tão imprópria.
—Acho que isso diz algo mais sobre você do que sobre mim ─ ela
retrucou. Isso trouxe outra risada dele. O som deixou seu peito mais leve.
Rylla não disse nada. Ela não podia contar a ele. Ela havia se
comprometido totalmente esta noite, mas enquanto ele não soubesse quem ela
era, não poderia haver escândalo.
—Por que você estava no Faraday's esta noite? ─ ele continuou quando
ela não respondeu.
—Não tinha nada a ver com você. ─ Rylla se levantou. ─ Eu preciso ir.
─ Ninguém. Não tinha nada a ver com ninguém além de mim. Eu queria
ver o interior de um clube de cavalheiros. Isso é tudo. ─ Vendo o olhar cético
em seu rosto, ela decidiu mudar a conversa deles. — Sem dúvida você está
horrorizado com uma curiosidade tão pouco feminina.
Ele se inclinou um pouco mais perto, sua voz tão suave e atraente
quanto seu sorriso.
─ Temo que raramente faça o que devo. A verdade é que acho que você é
uma mulher revigorante, encantadora e totalmente intrigante. Você não vai
nem me dizer seu nome?
—Eu não vou revelar nada do que aconteceu esta noite ─ Gregory disse.
─ Eu juro.
—Eu não posso correr esse risco. ─ Ela agarrou seu sobretudo. ─ Onde
está meu chapéu? Oh, droga, eu o perdi. Ele não ficará feliz.
—Mas como vou te ver de novo se você não me disser seu nome?
—Você não vai. ─ Ela deu um passo para longe dele, surpresa com a
pontada de arrependimento.
—Por que você não vai me contar? ─ Sua voz estava tensa de frustração.
─ Você deve saber que pode confiar em mim. Eu fui ao seu auxílio. Inferno, eu
carreguei você por um lance de escadas.
—Você desmaiou!
─ Tenho certeza que vou encontrar uma. Obrigada por tudo o que você
fez. ─ Ela se afastou, mas ele a alcançou nas escadas. ─ Sr. Rose, realmente...
—Eu não poderia permitir que uma lady volte para casa sem escolta.
—Mas esta noite eu não sou uma lady. ─ Ela baixou a mão para seu traje
masculino. — Eu fui ao clube sem escolta.
—Sou grata a você, mas duvido que serei atacada duas vezes na mesma
noite.
—Gregory...
—Por que você está sendo tão irracional? O que há de errado em ver
você em casa?
—Já te disse, não vou revelar nada. Eu só quero ver você de novo.
─ Não posso contar com isso. Eu mal te conheço. E como você me veria
de novo? Você não pode simplesmente chegar a uma casa desconhecida.
—Eu vou pensar em uma maneira. ─ Ele sorriu. —Eu posso ser bastante
inventivo.
—De qualquer forma, não adianta. Eu logo irei embora. ─ Ela podia
muito bem continuar com a adoção da formação de Eleanor.
Ela riu.
— Você é ridículo.
—Já me disseram. Se você não mora aqui, então suponho que sua família
deve estar alugando uma casa? ─ Ela balançou a cabeça e ele se aventurou – Ou
estão ficando em uma pousada?
— Eu estou com uma amiga ─ Isso era quase verdade, apenas um pouco
invertido. —Fomos para a mesma escola feminina.
—Eu sou das Terras Altas. Estou visitando meu primo Andrew.
─Eu lembro. ─ Sua voz estava seca. ─ Veja como falei livremente sobre
mim. Parece justo que você retribua.
Sua risada sumiu, e ela se virou para ele. O olhar de Gregory tirou seu
fôlego.
—Sua risada enfeitiça um homem, ─ ele disse a ela, sua voz rouca.
─O quê?
—Eu ouvi você rir esta noite, e senti calafrios dentro de mim. Eu posso te
dizer, me deu uma sensação peculiar pensar que você era um homem. ─ Ele
curvou a mão ao longo de sua bochecha.
─Me diga seu nome. ─ Ele se curvou e roçou os lábios nos dela.
Ele ergueu sua boca da dela. Sua respiração estremeceu contra sua
bochecha.
Rylla tinha certeza de que seus joelhos estavam prestes a ceder. Ela lutou
para juntar as peças de sua vontade e recuou.
A sorte estava com ela, pois ela ouviu os passos de Gregory derrapar até
parar, seguidos pela exclamação irritada de um homem à pressa de Gregory.
Rylla colocou a cabeça para fora da janela, falando de volta para ele:
─ Obrigada
Como diabos ele a deixou escapar? Pelo menos ele a ouviu dar ao
condutor o nome de uma igreja. Certo de que sua adorável impostora morava lá
ou estava visitando uma amiga que morava lá, ele partiu esta manhã para St.
David, apenas para descobrir que o pastor era um viúvo sem filhos e sem uma
hóspede. Depois de vagar para cima e para baixo em várias ruas próximas,
Gregory teve que admitir que havia pouca possibilidade de topar com Rolly
simplesmente vagando pela área. Isso o deixou com apenas uma pequena
chance: primo Andrew.
O valete de Sir Andrew levou Gregory para seu quarto. Seu primo, ainda
vestido com o roupão, estava contemplando as roupas que seu valete tinha
colocado na cama diante dele.
—Não estou aqui há muito tempo. Tive que fazer visitas de plantão às
irmãs da minha mãe primeiro.
─ Sem dúvida.
Andrew bufou.
—Se é que se pode chamar assim. Tia Adelaide decidiu que é seu dever
me casar com uma garota rica, agora que consegui perder a propriedade. Ela
insiste em me arrastar para todas as malditas festas que encontrar.
─ Acho que devo em algum momento. Seria mais agradável ter uma
esposa rica do que pobre. Mas a caçada atual foi ideia da tia Adelaide. ─ Ele
deu a Gregory um olhar de dor. —Eu costumava pensar que minha tia era uma
mulher doce e inofensiva, mas a mulher é implacável.
—Ela me disse algumas outras coisas, mas não tenho certeza se elas estão
corretas.
—É uma possibilidade distinta. Ela tem vinte e dois anos. E ela disse que
seu pai era clérigo em uma pequena cidade.
—Se for a filha loira do clérigo que eu conheço, com certeza é. O nome
dela é Eleanor McIntyre, mas não aconselharia encontrá-la, Greg. Você ficará
desapontado.
—É claro que você não passou muito tempo na companhia dela. Eu vou
admitir, ela é uma mulher bonita, mas tão doce como um buquê de cardos.
—Eu diria que sim. Eu dancei com ela. A dança foi boa o suficiente. Mas
quando eu pedi a ela para passear pelo salão depois, ela passou o tempo todo
me dando um sermão.
─ Mais fácil dizer sobre o que ela não me deu um sermão. Os males do
jogo. Os demônios do álcool. A situação dos pobres. Em outra festa, cometi o
erro de perguntar se ela gostaria de dar um passeio pela galeria. Ela agiu como
—Espero que seja uma garota diferente. A Srta. McIntyre não é o tipo de
mulher a quem qualquer homem gostaria de ter afeto.
Gregory riu. —Vamos Andy, com certeza ela não pode ser tão temível.
Gregory mal notou uma das mulheres, pois seus olhos estavam focados
apenas na garota alta ao lado dela. A cintura alta de seu vestido branco
enfatizava os seios atrevidos, seus topos arredondados atraentemente
delineados por um decote amplo. Um xale estampado azul estava enrolado em
seus braços, descoberto por mangas curtas bufantes. Um colar de camafeu era
seu único adorno. Seu cabelo, mais curto do que o estilo usado pela maioria das
senhoras presentes, não era o loiro escuro que tinha aparecido na noite anterior,
mas uma confusão de cachos dourados e fofos, enrolados com uma fita azul.
Seu primo continuou a falar, mas Gregory não o ouviu. Ele já estava
caminhando em direção à porta, toda sua atenção voltada para a Srta. McIntyre.
Como se tivesse sentido seu olhar, ela olhou em sua direção. Seus olhos se
arregalaram em choque e ela saiu correndo do salão.
—Amaryllis, esta é a terceira vez que você boceja desde que saímos da
carruagem ─ a mãe de Rylla disse a ela enquanto entravam no salão de baile
lotado. —Você ficou acordada até tarde lendo novamente na noite passada?
—Não, mamãe.
Era mais tédio que a afligia do que falta de sono. O baile de Natal dos
Stewarts parecia simples em comparação com sua aventura na noite passada.
—Eu ouvi você bem cedo esta manhã. Você estava bem?
Ela seguiu seus pais para o salão de baile, parando na soleira para
examinar o ambiente. E lá, do outro lado do salão de baile lotado, estava
Gregory Rose. Seus olhos se fixaram nela. Rylla congelou, o pânico passando
por ela.
Rylla cruzou através dos recém-chegados atrás dela sem pensar para
onde estava indo, motivada apenas pela necessidade de fugir. Ela correu por
um corredor quase vazio que levava à parte de trás da casa. Olhando por cima
do ombro, ela viu Gregory abrindo caminho através da multidão na porta. Alto
como ele era, bastou-lhe um rápido olhar para localizá-la. Ele evitou um grupo
de pessoas e caminhou pelo corredor atrás dela, seus longos passos diminuindo
a distância.
─Bem. ─ Havia algo muito parecido com um ronronar em sua voz baixa.
— Que surpresa bem-vinda.
— Eu não teria imaginado que você estaria tão ansiosa para ficar sozinha
comigo.
─Não? Então por que, eu me pergunto, você me puxou para esta sala? ─
Os dentes de Gregory brilhavam na quase escuridão do pequeno espaço.
─Eu sei. ─ Ele abaixou a cabeça. —Um muito pequeno... muito escuro ...
Rylla franziu a testa. —Se foi tão terrível, só podemos nos perguntar por
que você insistiu tanto tempo.
Ele deu uma risadinha. —Eu não disse que foi terrível. Somente ...
exótico.
—Ah, mas isso não seria tão agradável quanto beijar você. ─ Seus lábios
se curvaram sedutoramente.
Ela deu mais um passo para trás, encontrando uma pilha de caixas.
─Pare. Nós temos que conversar. Ninguém pode saber o que fiz ontem à
noite. Minha reputação está em suas mãos.
─O quê? Você achou que eu não iria persegui-la? Você me deu algumas
dicas. Foi o suficiente.
—Elas não foram dicas ─ Rylla protestou. —Você faz parecer que eu
queria que você me encontrasse.
—Não queria?
─Claro que não! A última coisa que eu queria era que você procurasse
por mim.
Seu corpo ficou mais tenso, cada músculo e tendão se endurecendo. Rylla
ouviu a batida de seu coração aumentar, sentiu seu peito subir e descer mais
rapidamente. Uma dor suave e insistente começou a florescer entre suas pernas.
Ela mudou de posição, e a mão de Gregory apertou convulsivamente em sua
saia. O criado se aproximou deles. Os nervos de Rylla estavam à flor da pele.
—Eleanor...
─Não ─ Ela pulou de seu colo e cambaleou para trás, segurando a mão
na frente dela como se para protegê-la.
Gregory se moveu para frente quando ela deixou seu colo, sua mão
estendendo-se e agarrando sua saia. Ele ficou lá por um longo momento, seus
olhos fixos nos dela, o único som na sala era uma inspiração e expiração áspera.
Ele fechou os olhos e abriu a mão, deixando o vestido dela cair.
Seus olhos brilharam na luz fraca. Claramente ela apenas aumentara sua
convicção de que era Eleanor. Rylla olhou para ele com frustração. Mesmo se
ela dissesse a ele seu nome verdadeiro agora, ela tinha a sensação de que ele
não iria acreditar nela. Mas ela teria que convencê-lo a não revelar nada. A
reputação de Eleanor estava em jogo, assim como a dela.
—Eu sei que não! ─ Rylla retrucou. —É exatamente por isso que não te
disse meu nome.
—Claro que não, até que você esteja bebendo uma noite com seus amigos
cavalheiros e se gabando de suas conquistas.
—Você está dizendo que aprova uma mulher que se aventura em trajes
de cavalheiro? Que beija estranhos em armários?
—Suponho que sim, já que te aprovo ─ rebateu ele. Ele relaxou, seu
humor pronto iluminando novamente seus olhos. — Desde que, claro, o
estranho que você está beijando sou eu.
— Gregory... ─ Ela balançou a cabeça. —Eu não sei o que fazer com
você.
—Você vai me dar sua palavra? Prometa que não vai dizer que sou
Eleanor McIntyre. Você pode contar a todos toda a triste história se não disser
que foi Eleanor McIntyre quem agiu assim.
─Eu não vou. ─ Ele olhou fixamente em seus olhos. ─ Dou-lhe minha
palavra de cavalheiro. Como uma Rosa de Loch Baille. Não vou falar de você
para ninguém. Nunca fui apresentado a Eleanor McIntyre. E eu certamente não
passei o baile de Natal dos Stewarts em um armário escuro e fundo com ela. ─
Ele levou a mão dela aos lábios e deu um beijo em sua palma.
─Eu só quero ver você de novo. ─ Ele beijou o interior de seu pulso. —
Deixe-me visitar você.
Então sua boca estava na dela, tão quente, tão doce, tão sedutora, que ela
quase não pôde suportar. Se era mau se sentir como ela se sentia, ela realmente
devia estar mergulhada no pecado. Tudo o que ela queria era estar em seus
braços, ter sua boca na dela, sentir esse calor urgente por dentro. Um pequeno
gemido escapou dela, e ela sentiu sua resposta.
—Não, fique comigo. ─ Suas mãos estavam em sua cintura, mas seu
aperto era leve.
Ela olhou para o rosto dele, sentindo a fome estampada nele, seus olhos
turvos de desejo, sua boca suave e corada de seus beijos, e ela não queria nada
mais do que ficar ali e se perder em seu abraço.
─ Não posso. Eles estarão procurando por mim. Por favor, não saia junto
comigo. Isso significaria a morte de minha reputação se alguém nos visse.
—Eu não vou. ─ Ele se inclinou, descansando sua testa na dela, sua
respiração saindo em uma pequena risada. —De fato, acho que levará algum
tempo até que eu possa ser visto em uma companhia educada.
—Acho que você pode estar com febre. ─ Eleanor a segurou pelo braço.
—Devíamos ir embora.
─Você está certa. Devo voltar para casa. Mas você deve ficar. Vou
mandar a carruagem de volta para você e meus pais.
─Tolice. Eu irei com você. Vamos apenas pegar nossas capas e direi a
seus pais que estamos indo embora.
— Muitas bobagens e tolices. O que mais ele diz? Ele acha que o charme
o levará a qualquer lugar e que as convicções morais são um disparate. Sabia
que ele me disse que eu era hipócrita?
—Bem, suponho que você deve parecer assim para alguém como ele.
─ Sir Andrew é realmente ... quero dizer, você acha que ele é uma pessoa
perversa?
— Perverso? ─ Rylla olhou para ela, assustada. —Eu acho que não.
Nunca ouvi falar dele fazendo nada de mal. Ele é como muitos jovens
cavalheiros e passa a maior parte do tempo com coisas frívolas. Daniel uma vez
disse que “seu dinheiro não estava de acordo”.
—Eu ouvi que Andrew está procurando uma esposa rica. ─ Eleanor
ainda estava absorta no ajuste de suas luvas.
—Eu não acho que ele está procurando muito. Eu não o vi pendurado
atrás de ninguém em particular. Eleanor... você gosta de Sir Andrew?
─Não. Não, claro que não. Tenho certeza de que ele e papai vão superar
sua desavença. Daniel estará aqui para o Natal. ─ Rylla colou um sorriso. —Ele
tem que estar.
—Para onde diabos você fugiu? ─ Sir Andrew disse em um tom ofendido
quando Gregory se aproximou dele.
—Eu ah, não consegui encontrar você e pensei que poderia encontrá-la.
─Tarde demais agora. Ela já foi embora. Dor de cabeça ou algo parecido.
─ Eu digo, primo, você está bem? Você tem agido de maneira estranha.
Gregory encolheu os ombros. Ele não conseguia explicar suas ações para
seu primo. Ele não conseguia nem explicar para si mesmo. Não era típico dele
perseguir nenhuma mulher com tanto zelo. Ele nunca tinha ficado tão
consumido pela luxúria a ponto de pensar em puxar uma mulher para o chão
de um armário e tomá-la ali mesmo, com dezenas de outras pessoas ao redor,
nada menos.
—Estou bem ─ disse a Sir Andrew. —Só lamentando não estar aqui para
encontrar a dama.
─Sim eu estou.
—Ela me disse que iria a alguma palestra amanhã à noite. Sobre a cultura
e os costumes das Terras Altas. Ela disse que achava que eu gostaria de
comparecer. Eu lhe pergunto. Como se eu não tivesse passado minha vida
tentando fugir da cultura e dos costumes frustrados das Terras Altas!
—Andrew, rapaz, não diga que não quer um homem das terras baixas te
contando tudo sobre você. ─ Gregory sorriu. —Acho que esta palestra seria o
lugar perfeito para me apresentar a Srta. McIntyre.
—Lugar perfeito para tirar uma soneca, você quer dizer. Muito bem. Vou
levá-lo para a maldita coisa e apresentá-lo. Mas estou te avisando: é melhor
você não sumir de novo.
Gregory caminhou às cegas pela rua. Ele sabia que tinha sido brusco e
rude, um comportamento nada normal para ele. Sem dúvida, seu primo, assim
como a perfeitamente inocente Srta. McIntyre, nunca o perdoariam. Mas ele não
conseguia se importar. Tudo o que ele conseguia pensar era que ela, quem quer
que ela fosse, droga, havia mais uma vez escapado de suas mãos.
Ela o havia enganado. Mentido para ele. Bem, para ser justo ela não
havia realmente contado a ele que era Eleanor McIntyre. Na verdade, ela disse
que não era Eleanor McIntyre. Mesmo assim, sua crença de que ela era a Srta.
McIntyre baseava-se no tecido de mentiras que ela lhe contara. A filha de um
clérigo. Ele deveria saber que isso era uma mentira. Uma mulher que visitava
clubes de jogo vestida como um homem, que parecia como ela, agia como ela,
que, caramba, beijava como ela, não era filha de nenhum pastor.
Por que ela mentiu para ele? Por que ela queria tanto que ele não
soubesse quem ela era? Ele a ajudou. Ele não a repreendeu ou censurou. Ele não
contou a ninguém o que havia acontecido entre eles. No entanto, ela se recusou
a dar a ele até mesmo seu nome.
Uma rápida olhada ao redor de Faraday disse a ele que Rolly não estava
lá. Exatamente o que ele queria. Mas o lugar parecia sem graça e em pouco
tempo ele seguiu em frente. Apesar da neve que caía, ele caminhava de uma
sala de jogos para outra. A mulher que ele conhecera primeiro como Rolly,
depois Eleanor, não estava em nenhuma delas. Perversamente, em vez de lhe
trazer alívio, esse fato apenas o deixou mais nervoso. Ele deveria, pensou, ir
para casa. Naquele momento, ele olhou para cima e viu um jovem entrar no
clube. A gola do sobretudo estava levantada, o chapéu puxado para baixo na
testa, de modo que apenas uma fatia estreita de seu rosto aparecia.
Sem esperar por uma resposta, ele saiu pela porta puxando o jovem atrás
dele.
Ele não prestou atenção. Ela tentou plantar os pés, mas eles derraparam
nos paralelepípedos escorregadios pela neve. Percebendo que seus esforços
eram inúteis, Rylla finalmente concordou com ele, mantendo o que esperava ser
um silêncio desdenhoso. De qualquer maneira, no momento em que ele a
puxou colina acima em seu ritmo rápido, ela não tinha ar suficiente para criticá-
lo.
Gregory claramente não tinha esse problema, pois assim que a levou
para sua sala, ele se virou para ela, trovejando: ─ Que diabos você pensa que
está fazendo? Você ficou maluca?
—Você não se lembra que foi atacada da última vez que saiu disfarçada?
Roubada? Derrubada? Você está tentando se machucar?
—Eu não estou gritando! ─ Gregory baixou a voz para um nível feroz e
decididamente controlado. ─ Mesmo se eu estivesse, quem poderia me culpar?
Você percebe o que poderia ter acontecido com você esta noite se alguém
tivesse visto através do seu disfarce? O que um homem poderia ter feito?
—Você quer dizer a mesma coisa que você fez? ─Ela apertou os punhos
nos quadris, olhando para ele.
O beijo deles durou para sempre, e ela amolecia a cada segundo que
passava, a dor entre as pernas inchando e latejando. Ele deslizou as mãos pelo
corpo dela, pressionando-a ainda mais firmemente contra sua perna.
─Não. ─ A palavra baixa e dura pareceu arrancada dele. —Eu não vou
fazer isso de novo.
Ele deu um passo para trás, mantendo-a longe dele. Ele estava corado,
sua respiração difícil, mas seu rosto estava firme.
—Eu não vou bancar o idiota atrevido de novo com você. Desta vez terei
respostas. ─Ele respirou fundo. —Quem é você, e que jogo louco você está
jogando?
Rylla o encarou, rígida de frustração. Seu corpo não queria nada além de
sentir suas mãos e boca nela novamente. Seu espírito estava igualmente
empenhado em não ceder às suas exigências. Sua mente, bem, ela não tinha
certeza do que sua mente queria, uma vez que não parecia estar presente no
momento. Ela suspirou, finalmente cedendo.
Rylla olhou para suas mãos longas e capazes envolvendo as dela. Seus
dedos eram finos, os nós dos dedos ossudos proeminentes. Vê-los era de
alguma forma reconfortante e ao mesmo tempo fazia coisas peculiares em seu
interior.
Ela ergueu os olhos para ele. A raiva e a fome masculina sumiram de seu
rosto, substituídas por calor e preocupação. Lágrimas brotaram de seus olhos.
—Oh, Gregory, Daniel se foi há quatro dias e ninguém sabe onde ele
está.
Ele enrolou um braço em volta dos ombros dela, embalando-a contra ele.
─ Não se preocupe. Nós vamos encontrá-lo. Você acha que algo aconteceu com
ele?
─Eu não sei! ─ Ela engoliu em seco. ─ Ele teve uma briga terrível com
nosso pai. Daniel se irrita com as restrições de Papai. Ele está na universidade
agora e se considera um homem. Mas ele tem apenas dezoito anos e papai
controla sua mesada. Daniel começou a beber e jogar. Tenho certeza de que é
apenas uma fase. Ele está ansioso para rebelar-se. Mas isso fez papai apertar as
rédeas. Papa não gosta de seus novos companheiros. ─ Ela fez uma pausa e
olhou seriamente para Gregory. ─ Temo que nosso pai tenha razão; eles não são
bons homens.
─ Não. Foi Daniel quem ele ameaçou. Ele me disse que Daniel estava se
metendo em problemas e que seria melhor ele pagar suas dívidas. Ele não disse
que algo ruim iria acontecer com Daniel, mas deixou implícito. Finalmente, dei
a ele meu broche em pagamento.
—Seu broche! Ele pegou suas joias? ─ Gregory fez uma careta.
—Kerns foi um canalha por colocá-la nessa posição. O que seu irmão
disse?
—Eu não tenho irmã. Nem um irmão, também. ─ Ele fez uma pausa,
parecendo pensativo. —Meus primos sabiam, Andrew e Isobel. ─ Ele sorriu
fracamente. ─ Claro, geralmente era a casa deles para onde eu ia depois de uma
discussão com papai. Ou Coll e Meg's.
—Mais primos?
─Eu sinto muito. ─ Rylla deslizou sua mão na dele. —Não consigo
imaginar como deve ser perder sua mãe. Com seu pai frequentemente ausente,
você deve ter se sentido muito sozinho.
─Você é gentil. ─ Ele entrelaçou seus dedos com os dela e ergueu sua
mão para dar um breve beijo sobre ela. —Tive saudades da minha mãe. Mas
provavelmente salvou meu pai e eu de muita dor por não morarmos juntos.
Fiquei feliz em Baillannan. Eles eram minha família mais do que meu pai.
Andrew e eu fomos para a escola, depois para Londres. Só nos últimos dois
anos que passei muito tempo em casa.
─ Sim, ele se aposentou. Ele está ... não totalmente bem. ─ O rosto aberto
de Gregory ficou fechado. — Mas o que quero dizer é que o fato de seu irmão
estar ausente por alguns dias não significa que algo terrível aconteceu com ele.
Ele provavelmente foi ficar com um amigo ou outro membro da sua família.
— Certamente seus amigos dirão que você está procurando por ele.
─ Temo que ele também não vá visitá-los. Já faz tanto tempo. É como se
ele estivesse evitando todo mundo. Não é típico de Daniel ser tão descuidado.
Ele sabe que ficaríamos preocupados. E se ele foi ferido?
─ Sim, claro. Mas você deve prometer que não irá procurá-lo por conta
própria. Seu irmão não gostaria que você fizesse isso. É perigoso.
—Eu não irei sozinha. ─ Ela sorriu. ─Eu irei com você.
─ Não. Eu não posso te levar comigo. Terei que visitar alguns lugares
perigosos, e você não pode ir a um inferninho de jogo. Existem outros lugares
que ─ Ele fez uma pausa, parecendo envergonhado. —Bom acredite em mim,
seria impossível você ir lá.
Rylla o estudou.
Ocorreu a ela que não queria que Gregory visitasse um bordel, mesmo
que estivesse procurando por seu irmão.
—Você não sabe que não deve falar sobre essas coisas?
— Amaryllis Campbell... você deve ser uma provação dolorosa para sua
mãe.
— Sim ─ ela admitiu. ─ Temo que sim. Sem dúvida você também está
chocado e me deseja no inferno.
Gregory deu a ela aquele sorriso lento e atraente. —Nae. Eu não te desejo
em outro lugar senão aqui. Comigo.
Ele estendeu a mão e pegou a dela, levando-a aos lábios para beijar cada
dedo. —Eu acho você totalmente sedutora
—Eu sei como é o Daniel. Você poderia estar na mesma sala com ele e
não ter a menor ideia de quem ele era. Também posso reconhecer o amigo dele,
o Kerns.
─ Por mais agradável que seja saber que você me acha invencível, devo
dizer que não sou.
—Claro que sim. ─ Ela olhou para ele com os olhos arregalados. — Eu
não sou estúpida, Gregory, por pior que você pense de mim.
—Eu não tenho uma opinião negativa de você ─ ele disse entre os dentes.
— Quantas vezes devo dizer a você?
─ Isso é injusto. Eu não pude evitar ser roubada. Além disso, ele não viu
através do meu disfarce. Você não percebeu que eu era uma mulher até que
tentou tirar minha camisa.
—Eu sei como é a sua voz. ─ Ele parou de andar e a encarou, seus olhos
brilhando. — Ouço-a todas as noites nos meus...
─ Deixa pra lá. A questão é que sua voz não parece a de um homem.
Envergonhada por sua nudez diante dele, ainda mais excitada por isso,
ela deixou seus olhos se fecharem. Gregory se inclinou para colocar seus lábios
contra a curva suave de seu seio, e ela estremeceu, o calor florescendo entre
suas pernas. Ele se moveu para o botão de rosa tenso de seu mamilo, sua língua
provocando. Rylla cravou os dedos em seu cabelo, a espiral de sensações se
apertando profundamente dentro dela.
Seus dedos deslizaram sobre seu estômago e na fenda entre suas pernas.
Ela estremeceu de surpresa com o toque, mas não conseguiu evitar se mover
contra seus dedos ágeis, a dor dentro dela crescendo. Sua respiração era quente
contra sua pele, e ele murmurou algo ininteligível enquanto sua boca subia para
tomar a dela novamente. Uma batida forte na porta rompeu a névoa de desejo.
A cabeça de Gregory se ergueu.
Gregory passou as mãos pelo rosto, lutando para fazer seu cérebro
funcionar.
─ Você?
—Devo dizer, isso é demais! Peço desculpas, não tive a intenção de fazer
sua passarinha voar. ─ Ele gesticulou vagamente atrás de Gregory. ─ Mas
depois...
—Vim descobrir o que você pensa que está fazendo, ─ Andrew rebateu.
—Por que você fugiu esta tarde? Primeiro você me diz que tem que conhecer
Eleanor, então toda vez que tento apresentá-lo, você sai como se os cães do
inferno estivessem atrás de você.
Gregory suspirou.
—Ela não é minha Srta. McIntyre. E ela acha que você é louco como um
chapeleiro, o que não foi nenhuma surpresa para ela, considerando que você é
meu primo. É a mim que você deve pedir desculpa. Fui eu quem ficou preso
ouvindo aquela falação por horas.
— Eu não sei do que você está rindo ─ Andrew disse com amargura
considerável. ─ Tive muita dificuldade em ficar acordado.
— Eu não tenho a menor noção do que você está falando. Quem é que
você esta procurando? E por quê?
─ Quem é?
─ Aquela garota com quem Eleanor está ficando? Você quer conhecer
Rylla?
Rylla olhou para Eleanor, sentada ao lado dela no sofá. O rosto de sua
amiga estava perfeitamente neutro, mas o riso brotava em seus olhos. Rylla teve
que apertar os lábios com força para não sorrir de volta para ela. Eleanor pode
ter um padrão moral estrito, mas graças a Deus ela também tinha um senso de
humor pronto.
—Sir Andrew ─ Eleanor murmurou, uma nota estranha em sua voz que
fez Rylla se virar para a amiga novamente. Ela percebeu que Eleanor estava em
sua melhor aparência esta tarde, apesar do tédio da visita das mulheres. Suas
bochechas estavam ficando rosadas.
Rylla teve que olhar para ele então. Gregory se curvou para ela, seus
olhos azuis dançando com malícia. Sua respiração ficou presa na garganta e
Rylla sabia que, se tivesse a chance de fazer tudo de novo, ela escolheria fazer
exatamente o que tinha feito.
—E esta é a amiga da minha filha, que vai ficar conosco por algumas
semanas, Srta. Eleanor McIntyre ─ a Sra. Campbell continuou. Gregory se virou
para Eleanor, cumprimentando-a suavemente.
Com a chegada de sangue novo, ficou claro que Lady Stewart e a Sra.
Fraser não tinham a intenção de partir tão cedo. Lady Stewart lançou-se
imediatamente ao assunto mais caro ao seu coração.
—Espero que Sir Andrew o tenha trazido com ele para minha festinha,
Sr. Rose.
—Minha mãe partiu deste mundo há alguns anos infelizmente. Meu pai
mora recluso em Orkney.
—Ah, entendo. Sinto muito. Então você mora sozinho? ─ A mãe de Rylla
continuou sua sondagem delicada, logo estabelecendo que Gregory não tinha
—Talvez você decida ficar em nossa bela cidade um pouco mais ─ disse
a Sra. Fraser a Gregory timidamente.
Andrew olhou para o primo como se tivesse crescido uma cabeça extra.
─Está nevando.
Sir Andrew pareceu momentaneamente sem fala. Antes que ele pudesse
se recompor o suficiente para responder, Rylla disse brilhantemente:
—Sim, adoro passear na neve. ─ Ela sorriu para os dois homens. ─ Estou
tão feliz que você pensou nisso, Sir Andrew. Sr. Rose.
—Er, bem. ─ Sir Andrew ajustou os punhos. — Não tinha certeza se você
gostaria, sabe. Caminhar pela umidade. O frio e tudo.
As duas garotas escaparam para calçar suas botas e mantos antes que a
Sra. Campbell pudesse decidir se opor ao passeio. Enquanto subiam as escadas,
Eleanor comentou:
─ Fiquei bastante surpresa com o Sr. Rose hoje. Tive a impressão de que
ele era tímido.
─ Ele fugiu ontem assim que Sir Andrew nos apresentou. Perdeu a
palestra inteira.
—Eu nunca teria imaginado que Sir Andrew tivesse algum interesse em
... bem, em qualquer coisa sobre a qual alguém pudesse dar uma palestra.
—Oh, eu não acho que ele estava interessado. ─ Eleanor deu uma
risadinha. ─ Suspeito que Andrew teve dificuldade em manter os olhos abertos.
Francamente, até eu estava um pouco entediada. Mas foi legal da parte dele
ficar para me fazer companhia, não acha?
—Bem você certamente parece ter encantado minha mãe ─ Rylla disse a
Gregory enquanto desciam a rua em direção ao pequeno parque. Andrew e
Eleanor caminhavam alguns metros à frente deles.
─ Tenho jeito com as mães. Elas raramente são tão esquivas quanto suas
filhas.
─Adulador. Bem eu não vou reclamar. Estou muito grata por ter
escapado daquela sala de visitas.
—Eu gostaria de poder pegar sua mão agora. ─ Rylla olhou para ele.
Gregory estava olhando para frente, sua mandíbula rígida. ─ Eu desejo muito
mais do que isso, verdade seja dita. Mas é o diabo nem mesmo ser capaz de
Rylla colocou a mão em seu braço. — Fico feliz que você veio me visitar.
— Eu pretendo sair esta noite para visitar alguns antros de jogos que são
conhecidos por se aproveitar de rapazes ingênuos.
─Sim. ─ Ele lançou um olhar inclinado para ela, um leve sorriso nos
lábios. — Você gostaria de se juntar a mim?
Gregory estava vivendo com pouco sono. Ele passou metade da noite
vagando pelos locais de jogo de Edimburgo, e a maior parte do dia procurando
por Daniel. No entanto, a busca não era o verdadeiro motivo de seu cansaço.
Não, tanto a insônia quanto os nervos em frangalhos eram devidos a uma coisa:
Rylla Campbell.
A mulher o atormentava. Ele tinha jurado não tirar vantagem dela. Cada
noite ela entregava sua segurança e sua reputação nas mãos dele; ele não
poderia trair essa confiança atraindo-a para sua cama. Ele não a beijou ou
acariciou ou a tomou em seus braços, mesmo quando eles terminavam suas
noites na frente de sua lareira, discutindo a investigação. Mas como resultado
de seu comportamento cavalheiresco, ele passava todo o tempo com ela
equilibrado no fio da navalha do desejo.
Ele não deveria levá-la para seus aposentos para conversar depois que
saíssem das casas de jogo. Estar sozinho com ela, a apenas alguns metros de seu
quarto, era muito tentador. Mas ele não tinha força para negar a si mesmo. Esta
fatia de tempo era tudo o que ele poderia ter dela. Durante as visitas à tarde em
sua casa, eles estavam na companhia de Andrew, Eleanor e a mãe de Rylla,
incapazes de falar, exceto das formas mais afetadas e comuns.
Ele avançou para encontrá-la, tomando cuidado para não tocá-la. Mesmo
oferecer-lhe o braço pareceria estranho, dado o seu disfarce. Gregory havia
descoberto nos últimos dias quantas pequenas coisas poderiam revelar que
Rylla era uma mulher por baixo daquelas roupas. Ele costumava manter as
mãos enfiadas nos bolsos sempre que estava perto dela, apenas para se
certificar de que não a tocaria. A coisa mais difícil de controlar era a maneira
como ele a olhava, para esconder o deleite, o desejo, o carinho que ele
suspeitava que brilhava em seus olhos.
Olhando para ela, Gregory teve vontade de rir, puxá-la em seus braços
para um beijo e sacudi-la, tudo ao mesmo tempo. Nenhum delas seria uma
coisa sábia a se fazer.
─ Pode ser, mas acho que aqueles caras ali estão jogando dados.
Ela lançou a ele um olhar brilhante. — Não me diga que você vai se
tornar um idiota agora.
—Eu não estou sendo pedante. Mas não tenho certeza de que poderia
mantê-la segura de maneira adequada. Garanto-lhe que aquele sujeito acabou
de parar as carruagens dos correios. E aquele com o boné vermelho? Parece que
ele está medindo onde colocar a faca em seu companheiro.
Rylla olhou por cima. — Você deve ter razão. Olha, tem uma mesinha no
canto. É escuro e protegido dos dois lados. Poderíamos facilmente sentar lá e
assistir sem nos metermos em problemas. Eu prometo que nem vou falar com
ninguém. Você pode pegar nossas bebidas, e eu fico ali mesmo. Palavra de um
cavalheiro.
Gregory teve que rir. ─ Ah diabo, muito bem. Me siga. E não olhe na cara
de ninguém. Você é bonita demais, mesmo quando rapaz.
Ela se virou em direção ao longo bar onde Gregory estava. Ele estava
examinando a sala, procurando por possíveis perigos. Ela fixou o olhar nele,
desejando que ele olhasse para ela, mas ele voltou-se para o barman, colocando
a mão em um dos bolsos para pagar ao homem.
—Não foi minha culpa! ─ Ela disse a ele enquanto abriam caminho
através da multidão tumultuada.
─Não. Kerns.
─ Não tenho certeza. Eu não consigo vê-lo. Não, espere, ali em cima! ─
Ela apontou para a rua, que subia acentuadamente. Bem no topo, um homem
estava ziguezagueando. Ele passou sob um poste de luz. —Acho que é ele
Ela começou a correr, Gregory logo atrás dela. Suas longas pernas
rapidamente a ultrapassaram, mas ele desacelerou, esperando por ela.
─Eu não vou deixar você. ─ Ele se ajustou a um ritmo acelerado ao lado
dela.
─Lá ─ Gregory começou atrás da figura escura. Sua presa olhou para
trás, viu-os e saiu correndo. Gregory correu atrás dele. Com um salto voador,
Gregory se chocou contra o homem, e a dupla caiu no chão.
Os dois homens rolaram pela rua, lutando, enquanto Rylla corria atrás
deles. Rylla ergueu a bengala para golpear, mas não conseguiu acertar Kerns.
Ele cortou Gregory com uma faca, rasgando seu casaco. Gregory agarrou o
pulso do homem e o jogou contra os paralelepípedos.
—Sim é ele.
—Eu nunca o enganei. De qualquer forma, não o vejo desde que ele se
queixou de que sua irmã estava me pagando por ... Diga ─ Ele parou e olhou
Rylla de cima a baixo. —Você é ela, não é?
Ele riu.
─ Bem, bem, agora... Eu ficaria feliz em jogar algumas mãos com você. Ai
─ Seu rosto se contorceu e ele revirou os olhos na direção de Gregory. —
Cuidado, você vai quebrar meu braço.
─ Eu não observo as idas e vindas do rapaz. Seis dias atrás, talvez sete.
Ele veio pedir mais tempo para pagar. Eu disse a ele que você cuidou disso. Ele
voou contra mim por eu ter conversado com sua irmã. Saiu como uma
tempestade. Não o vi desde então.
Lágrimas brotaram dos olhos de Rylla e ela se virou. Atrás dela, Gregory
puxou o outro homem, abaixando-se para falar com ele em um tom baixo e
feroz. Rylla não prestou atenção neles. Tudo o que ela conseguia pensar era na
decepção esmagando seu peito. Ela tinha ficado tão esperançosa quando
avistou Kerns alguns minutos antes, tão certa de que ele seria capaz de levá-los
até Daniel.
Mas eles não estavam mais perto do que antes. O Natal é depois de
amanhã. Como eles poderiam encontrar seu irmão antes disso? Estava ficando
cada vez mais claro que Daniel não planejava se juntar à família. Como ela e sua
família poderiam comemorar o Natal, sem saber se Daniel estava bem... ou
mesmo vivo?
Gregory disse a Rylla, pegando seu braço e puxando-a para mais perto
do fogo. Ela tinha ficado quieta todo o caminho de volta para seu apartamento.
Ele sabia que seus pensamentos estavam em seu irmão. Ele ficou surpreso com
o quanto ele gostaria de poder dar a ela o que ela queria.
─ Como você pode saber ─ Rylla estendeu as mãos para o calor do fogo,
sem olhar para ele.
Ela era tão adorável, que seu peito chegava a doer. Os olhos de Gregory
vagaram sobre sua pele pálida e delicada, bochechas e lábios avermelhados de
frio. Ela havia tirado o chapéu que usava e penteado os cachos com as mãos,
dando ao cabelo loiro uma aparência encantadoramente despenteada.
—Não posso claro, não tenho certeza. Mas eu conheço jovens. Eu sei o
que é sentir-se tolo, arrependido e envergonhado por algo que você fez. É isso
—Eu peguei isso dele. ─ Ele estendeu a mão com a palma aberta.
—Aparentemente ele não foi capaz de obter tanto quanto queria por ele.
Ele sorriu.
— Agora você está preocupado com Kerns sendo enganado? Não fique.
Eu paguei por isso.
— Gregory - Não você não deveria. Eu não posso aceitar isso de você. ─
Ela acariciou com os dedos o broche em sua palma. ─ É muito.
Rylla sorriu. — Não sou nobre o suficiente para recusar. ─ Ela ficou na
ponta dos pés, colocando a mão em seu ombro para se firmar, e roçou os lábios
nos dele. ─ Obrigada
─Eu sei. Mas você tem, mesmo assim. Você é muito gentil.
─Você não me beija há três dias. Nem uma vez. ─ Rylla continuou a
olhar para ele, os olhos arregalados e límpidos. Ele não conseguia desviar o
olhar.
─ Por quê? ─ A palavra era enganosamente simples. Ele não tinha ideia
de como responder. Depois de um momento de silêncio, ela acrescentou: —
Você não quer mais me beijar?
—Você quer dizer que você era um canalha quando me beijou aqui outro
dia?
—É pior beijar alguém que você conhece? ─ Sua voz era levemente
provocante. A tensão traiçoeira dentro dele piorou.
─ Você está brincando comigo. ─ Ele sabia que ela devia sentir a onda de
calor em suas mãos, ouvir a irregularidade de sua voz enquanto a contenção
guerreava com a paixão.
—Você me deu sua confiança. Você está sob meus cuidados. Eu deveria
proteger você.
Sua resposta foi um pequeno gemido e ela se arqueou contra a mão dele.
— Eu não quero que você pare.
Rylla esteve pensando nisso, sonhando com isso por dias. Ela não sabia
exatamente o que queria, exceto uma recorrência do prazer que ela sentiu em
suas mãos antes, mas ela entendeu agora que esta necessidade frenética e
desesperada que pulsava em Gregory era exatamente o que ela ansiava.
Ele a bebeu, seu rosto ficando cerrado e relaxado com paixão enquanto
estendia a mão para cobrir seus seios. O olhar dos seus olhos fez a dor baixa e
quente pulsar mais ferozmente, e enquanto ele a acariciava, ela se esticou sob
suas mãos como um gato, qualquer constrangimento e timidez que ela sentiu
com sua nudez foram varridos pelo prazer de seu toque.
Ele tirou as calças com impaciência, e ela pensou que ele iria entrar nela,
mas em vez disso, a mão dele voltou para tentá-la e deleitá-la, e ele baixou a
boca até seu seio. Rylla soltou um gemido baixo com os prazeres duplos, e ela
entrelaçou os dedos pelo cabelo dele, segurando-o contra ela.
Ele ficou imóvel, e ela podia ver a concentração feroz em seu rosto
enquanto esperava. Sua voz estava rouca quando disse:
Ela fez o que ele disse, olhando em seus olhos azuis brilhantes, e se
permitiu relaxar. Ele se curvou, tomando seus lábios em um beijo lento e
profundo. Rylla enrolou os braços ao redor dele, entregando-se ao prazer de
sua boca. Ele deslizou dentro dela, centímetro por centímetro, enquanto beijava
seu rosto e pescoço. Ele a preencheu, trazendo-lhe uma satisfação que ela nunca
tinha imaginado, e enquanto ele acariciava para dentro e para fora, ela sentiu a
necessidade de dar um nó nela.
Rylla cravou os dedos nas costas dele, ansiando por algo que não
conseguia nomear, sabendo apenas que a tensão nela era quase insuportável.
Sua mão se moveu entre eles, seu polegar encontrando o botão sensível de
carne entre suas pernas, e ela prendeu a respiração bruscamente. Ela apertou
por toda parte, cravando em seus calcanhares, enquanto ele conduzia mais forte
e mais rápido. De repente, o emaranhado de tensão explodiu, o prazer lavando
através dela em ondas profundas e fortes. Gregory estremeceu violentamente,
um grito baixo saiu de sua garganta e caiu contra ela. Rylla envolveu seus
Gregory virou na rua de Rylla, com a cabeça baixa pensando. Ele estava
estranhamente nervoso. O momento era errado. Ele provavelmente deveria
esperar até depois das férias. Além disso, Rylla estava perturbada com o
fracasso deles em encontrar seu irmão. O que trouxe à mente o fato de que
Gregory falhou na única coisa que ele poderia fazer por ela. Para não mencionar
o fato de que ele se comportou como um salteador total na noite passada.
—Andrew?
─ O que você está fazendo aqui? Afinal, você está indo para Baillannan?
Quando Andrew não disse mais nada, Gregory disse: ─ Então... por que
você está em uma carruagem?
─ Apenas aqui por quinze dias, você sabe. Seu pai a quer em casa no
Natal. Ele é um clérigo.
─Sim. Eu ouvi. ─ Gregory franziu a testa. —Andy... você não está bem?
─Sim. Quer dizer, não, estou perfeitamente bem. Muito, hum... Diabos,
Greg! Acho que posso lançar minhas contas aqui mesmo.
—Não precisa gritar. Estou falando sobre o pai dela. É isto... sabe ... Eu
vou pedir-lhe a mão.
─Não tenho certeza. ─ Ele olhou para seu primo por um momento. —
Andrew, você tem certeza?
─ Quero dizer, você tem certeza de que quer se casar com a senhorita
McIntyre? Você me disse que ela era rígida, pudica e obediente às regras.
—Sim, hum, talvez eu não devesse ter dito pudica. ─ Um pouco de cor
tingiu suas bochechas. —De qualquer forma, todos preferem uma esposa que
respeite as regras, não é?
—Quando ela disse que ia para casa hoje... bem, eu não queria que ela
partisse. Ela é ... ─ Andrew franziu o rosto, como se pensar fosse um processo
doloroso. —Ela é muito diferente de mim. Mas, a questão é, eu não quero me
casar com alguém como eu. E eu pensei que gostaria de vê-la sentada na minha
frente na mesa do café todas as manhãs. ─ Ele olhou para Gregory. ─ Você sabe
o que eu quero dizer?
O que ela faria quando visse Gregory novamente? Ou talvez ela nem
mesmo o visse. Talvez ele não a desejasse mais. Ele agora pode considerá-la
lasciva e licenciosa. Dizia-se que os homens eram assim.
Mas não Gregory. Ele entendeu seu desejo de fazer coisas, ver coisas. Na
verdade, ele parecia gostar de sua natureza. Ele nunca pareceu severo ou
desaprovador sobre algo que ela disse. Às vezes, ele se opunha, dizendo que
algo era muito perigoso, mas nunca disse que ela era muito pouco feminina ou
agia como uma travessa. Não, Gregory era diferente. Ele não se afastaria dela.
Seu coração se apertou dentro do peito. Ela não sabia como poderia suportar se
ele fizesse.
─ Lamento ir para casa antes que Daniel volte ─ Eleanor disse a ela. —Eu
sei que você está preocupada com ele
—Lá está Gregory... Sr. Rose. E Sir Andrew. Eu não tinha certeza quero
dizer, eu não estava esperando por eles. ─ Ela deu um pulo, sacudindo a saia e
verificando sua imagem no espelho.
— Eleanor! O que você está dizendo? Ele está ... você está ...
Rylla corou. Ela não conseguia ver Gregory sem pensar em como ele
estava na noite anterior, mergulhado na paixão. Ela se perguntou o que ele
pensava quando olhava para ela.
— Daniel. Onde você esteve? Eu tinha certeza de que algo terrível havia
acontecido com você. Gregory e eu temos...
Gregory havia se tornado uma parte tão importante de sua vida que
parecia absurdo que seu irmão nem mesmo o tivesse conhecido. Rylla repassou
rapidamente as apresentações dos dois homens e voltou ao assunto.
— O que aconteceu com você, Daniel? Por que você não nos disse para
onde estava indo?
─ Não faça cerimônia com Gregory ─ Rylla disse a ele. —Ele sabe tudo
sobre isso. Ele tem me ajudado a procurar por você.
Daniel suspirou.
─ Fiquei furioso com o papai, mas sabia que ele tinha razão. Eu tinha que
consertar tudo. Fui providenciar o pagamento da minha dívida de jogo. E Kerns
me mostrou seu broche ─ Uma luz ofendida brilhou em seus olhos. —Rylla, por
que você deu seu broche a aquele patife?
—Um cara que eu conheci na escola. Acontece que ele tinha ido para casa
no Natal. Eu tive que ir até Aberdeen. Não pensei em deixar um recado para
você. Uma vez que eu estava na estrada, não adiantava escrever para você. Eu
estaria em casa quando você recebesse uma carta. Mas quando cheguei lá,
descobri que Ramsey estava doente. Eu tive que esfriar meus calcanhares por
dias, esperando para vê-lo.
─Eu estava bem. Eu estava com Gregory. É a Gregory que você deve. Ele
comprou meu broche de volta para mim na noite passada.
—Vá ver seu pai. Muito tempo para discutir isso mais tarde.
—Não sério, não precisa. Eu sabia o que estava fazendo ontem à noite.
Eu não vou cobrar de você
─ Então me diga que ainda tenho uma chance. Que você não está me
jogando na cara.
─ Claro que sim ─ Gregory pareceu surpreso. —Farei tudo que puder
para que você sinta o mesmo por mim. Eu vou cortejá-la como você deveria ser
cortejada. Sem dúvida você está com raiva de mim, mas eu ...
Rylla riu e piscou para afastar as lágrimas. — Bem não estou zangada
com você agora.
─ Não porque eu estivesse com raiva. Achei que você estava aqui para
me dizer adeus.
─Adeus! Bom Deus não. Por que eu diria uma coisa dessas? Eu vim te
pedir em casamento. Eu pretendia ir até o seu pai, mas queria perguntar a você
primeiro. Achei que ele diria que era muito cedo, mas não quero esperar.
─ Nem eu. Ele pode dizer que é muito cedo, mas eu não me importo. Ele
vai mudar de ideia. ─ Ela sorriu. —É melhor começar a cansá-lo o mais rápido
possível.
Ela riu. —Está falando sério? Você realmente me ama? Você não está
apenas me pedindo por que se sente obrigado?
—Eu amo você de verdade ─ disse ele solenemente. —Eu me casaria com
você hoje, neste momento se pudesse.
Ele levou a mão dela aos lábios e beijou-a, então olhou ao redor. — Ah, aí
está.
—Aí está o quê? Gregory, aonde você está indo? ─ Rylla riu quando
Gregory a puxou para a porta.