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O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins

O Príncipe que me Amou

Karen Hawkins
(Série Príncipes de Oxenburg 01)

Mirna, Val Nascimento, Mara Oliveira, Thayana, Darlyng, Sarah Cortez e Eva
Sinopse

Um príncipe bonito e libertino que não acredita no amor


verdadeiro, encontra uma moça teimosa que não se contentará com
nada menos que isso …
Num alegre relato de um conto de fadas clássico, a autora mais
vendida Karen Hawkins dá à Cinderela um toque escocês.
O príncipe Alexsey Romanovin desfruta de sua vida
despreocupada, flertando ― e mais ― com cada adorável senhora que
atravessa o seu caminho. Mas quando a Grã-Duquesa Natasha
interfere e decide que é hora do neto se casar, Alexsey encontra-se na
Escócia determinado a frustrar seus planos. Inteligente, leitora ávida e
com óculos, Bronwyn Murdoch parece ser a resposta perfeita: ela não
é de todo do gosto da duquesa.
Vivendo sempre às ordens da sua ambiciosa madrasta e volúveis
irmãs, Bronwyn tem pouco tempo para flertar ― não importa o quão
intoxicantes sejam os seus beijos. Afinal, nenhum príncipe mimado e
arrogante estaria seriamente interessado numa mulher determinada
como ela. Assim… Não seria divertido transformar seu jogo de cabeça
para baixo e provar que uma mulher comum poderia levar um príncipe
a ajoelhar-se aos seus pés?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Para o meu amado marido Policial Sexy,
por me animar todos os dias,
fazendo-me sorrir quando não quero,
me trazendo café quando estou me arrastando,
e especialmente por raramente ficar mal-humorado
quando peço-lhe pela quarta vez
para soletrar algo que ― não parece certo.
Você é o melhor marido de escritora de todos os tempos.

Querida leitora,
No livro O príncipe Que Me Amou, a nossa heroína está lendo um livro fictício
escrito por uma autora igualmente fictícia da Era da Regência Britânica, Senhorita
Mary Edgeworth. A minha autora fictícia foi inspirada por uma autêntica autora
desse mesmo período, Maria Edgeworth. A verdadeira Srta. Edgeworth escreveu
livros infantis e romances para adultos, mas com um propósito muito maior em
mente do que minha escritora fictícia. A Srta. Edgeworth frequentemente abordava
temas bastante imponentes como as práticas de gestão da terra, o antissemitismo e
a moralidade. Como a heroína deste livro, Bronwyn Murdoch, Maria viveu com seu
pai, que foi um inventor, e também escritor, e ajudou a criar suas irmãs e meios-
irmãos.
Você também pode estar interessado em saber que o pai de Bronwyn é
vagamente baseado em William Murdoch, um inventor e engenheiro escocês.
Murdoch recebeu a autoria de um grande número de invenções importantes desde
máquinas de vapor à iluminação a gás.
Mais informações sobre essas duas pessoas interessantes da história podem
ser encontradas no meu site. Basta visitar Hawkins Manor e entrar na Biblioteca
Oxenburg.
Aproveite!
Karen
Capítulo 1

Gentil leitora, a nossa inocente heroína, de cabelos dourados,


Lucinda Wellville, está em grave perigo. Sem saber, o malvado Sir
Mordred entrou em seus aposentos enquanto ela dançava no baile de
seu tio, e agora está escondido atrás das cortinas da cama de seda,
com uma faca apertada em sua mão deformada… O Duque Negro, por
Srta. Mary Edgeworth.

Sentada à sombra de sua árvore favorita, o cheiro de grama


úmida e as folhas fazendo cócegas em seu nariz, Bronwyn Murdoch
virou a frágil página do pergaminho e tentou não fazer uma careta. Em
algum lugar por volta do capítulo sete, ela tinha começado a se
perguntar se Lucinda, a heroína irritante e incompetente do livro O
Duque Negro, realmente merecia viver. A garota tola estava sempre
choramingando a respeito de sua vida, enquanto se recusava a fazer
qualquer coisa sobre isso.
― Eu ouso afirmar que uma vez que Sir Mordred mostrar sua vil
faca, você gritará e fugirá. Apesar de conhecê-lo, você vai tropeçar em
suas saias no caminho para fora da porta e alguém terá que resgatá-
la.
Bronwyn olhou por cima dos óculos para a plateia, dois enormes
cães de caça que ela tinha desde que eram filhotes.
― Devo ler em voz alta um pouco?
Walter, com a grande cabeça em seu colo, abriu um olho
sonolento e balançou a cauda, enquanto Scott bocejava tão
amplamente que era possível ver todos os seus dentes.
― Eu tomarei isso como um sim. ― Ela se encostou contra o

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enorme tronco de árvore, a grama espessa como uma almofada macia
debaixo dela.
“Lucinda chegou ao santuário de seu quarto e fechou a porta,
inclinando-se sobre ela, grata pelo silêncio pacífico que a esperava.
Durante toda a noite, seu tio desfilou com ela diante de uma horda de
determinados pretendentes que a observaram como um grupo de lobos
famintos olhando um patinho particularmente gordo”.
Bronwyn olhou para Walter.
― Eu ficaria muito chateada se alguém me olhasse como um
patinho gordo.
Ele piscou sonolento, mas parecia estar de acordo.
― Estou feliz que Papai não tem nenhum desejo de me casar ―
ela disse aos cães sonolentos. Já a madrasta de Bronwyn era outra
história. Como filha mais nova de um conde e muito mais preocupada
com ascensão social que Bronwyn ou seu pai, Mamãe tinha tentado
muito obter uma união vantajosa para Bronwyn durante a sua
primeira e desastrosa temporada, marcada pela inexperiência dela
com a sociedade e sua tendência natural para a solidão. Após a
derrota, Bronwyn se recusou a repetir o mesmo, o que fez Mamãe
começar um longo discurso até que o pai interveio e exigiu que o
assunto fosse abandonado. Por ser um homem solitário, ele entendeu
muito bem a angústia da filha.
Bronwyn não podia deixar de se alegrar; uma temporada já tinha
sido suficiente, muito obrigada. Felizmente, com o passar dos anos, a
atenção de sua mãe havia mudado para a irmã de Bronwyn, Sorcha,
que faria a sua estreia em Londres na próxima temporada. Sorcha
gostava de bailes e de se arrumar; e não podia esperar para ser
apresentada ao mercado matrimonial.

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― Mas não eu. ― Bronwyn tirou os chinelos e enrolou os dedos
dos pés na grama espessa e fria antes de afundar nas emocionantes
páginas de seu livro.
“Lucinda apertou as mãos contra as batidas do seu coração e
abaixou sua cabeça, sua calma retornando lentamente. Alguns dos
pretendentes tinham sido bonitos, alguns ricos e alguns encantadores,
mas nenhum a fez sentir do jeito que Roland fez, com seus olhos azuis
acinzentados e sorriso reluzente”.
Bronwyn bufou.
― Você já teve a chance de fugir com ele, sua boba covarde, mas
em vez disso você chorou como um copo quebrado, resmungando
sobre como você sentiria muita falta de suas irmãs para ir. Você não
merece Roland.
Roland era corajoso e romântico, e o seu discurso implorando a
Lucinda para fugir com ele tinha enchido os olhos de Bronwyn com
lágrimas.
― Quem me dera conhecer um Roland.
Durante sua temporada desagradável, ela tinha percebido que no
mundo, lamentavelmente, faltavam Rolands. Essa suspeita tinha sido
confirmada com o passar dos dias após sua temporada, que se
transformaram em semanas agradáveis, e depois anos ocupados e
desfocados. Agora, na idade madura de vinte e quatro anos, Bronwyn
estava corajosamente na prateleira. Mas enquanto aquela prateleira
tivesse muitos livros, sua amada família e seus adoráveis cachorros,
ela estava bastante satisfeita.
Ela virou a página e continuou a ler.
“Por trás de Lucinda, as cortinas se agitaram quando uma mão
empunhando uma faca apareceu. Com um grito áspero, Sir Mordred

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saltou por trás das cortinas e mergulhou a faca em direção a Lucinda.”
Bronwyn engoliu em seco. “O tempo congelou. A jovem inocente olhava
horrorizada enquanto a faca parecia lentamente se aproximar de seu
coração puro e intocado. E nesse segundo, equilibrada de forma tão
precária entre a vida e a morte, pensou no único homem que possuía
aquele coração, embora não o soubesse ― o corajoso Roland”.
― Pensar nele é o mínimo que você pode fazer, sua tratante inútil
― Bronwyn disse a Lucinda. ― Especialmente se considerar como você
o deixou no altar no final do capítulo dezoito.
Walter suspirou com rispidez.
― Eu sei. Ela é uma tola. ― Bronwyn sacudiu a cabeça.
“Oh, Roland ― sussurrou Lucinda, lembrando-se de como ele havia
reclamado seus lábios inocentes com os dele na mais tenra das carícias.
― Ah, Roland!”
― Ah! Você está quatro capítulos atrasada, mulher. ― Bronwyn
virou a página. “Incapaz de ver a faca entrar em sua pele macia,
Lucinda fechou seus olhos firmemente quando... ― Oh! ― Bronwyn
abaixou o livro quando Scott olhou para ela com preocupação. ― Por
que você fecharia os olhos? Você deveria lutar, não apenas ficar
parada como uma... Argh! Se eu não estivesse certa de que Roland
está prestes a chegar, eu pararia de ler aqui mesmo. ― Com um
suspiro, ela voltou para o livro. “Lucinda fechou seus olhos firmemente,
quando a porta se abriu. Roland, o belo e robusto Roland, tinha vindo!”
Bronwyn assentiu com satisfação. ― Claro que sim. Ele sempre vem,
Lucinda merecendo ou não.
Scott latiu de acordo e Bronwyn esfregou sua orelha.
“Sem hesitação, o bravo jovem Lorde levantou sua espada e tirou
a faca da mão maligna. Para não ser vencido, Mordred puxou sua

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própria espada e, com um grito hediondo, atacou o jovem, com inúmeros
golpes. Roland rebateu cada investida de golpes que recebia, as faíscas
cintilavam com metal tinindo contra metal. As lâminas furiosas batiam
uma e outra vez, mas Lorde Mordred não era páreo para Roland.
Golpe por golpe, Roland lutou contra seu inimigo até que a espada
foi lançada da mão de Mordred. Com o rosto vermelho e furioso, o
maléfico Lorde se libertou. Vendo a fúria nos bons olhos de Roland,
Mordred sabia que sua vida estava em perigo. Com um olhar final e
nocivo para Lucinda, ele correu da sala, seus passos desesperados
ecoando no corredor de mármore. Instantaneamente, Lucinda caiu no
chão em um desmaio...”.
Bronwyn gemeu.
― De novo não! ― Walter espirrou, parecendo aborrecido. ― Eu
sei. Isso é exatamente o que eu penso. ― Bronwyn alisou a página.
“...Lucinda caiu no chão em um desmaio tão pálido quanto a morte.
Roland deu um grito de desespero quando correu para o seu lado.
Vendo seu pulso bater rapidamente sob sua pele clara, ele a levantou
em seus fortes braços e deu um beijo carinhoso nos lábios suaves”.
De repente, ela não conseguiu ler rápido o bastante. “O amor
chamou. Despertada de seu sono, Lucinda suspirou acordada. Seus
olhos se abriram e ela deu um grito de alegria ao ver seu amado
Roland. Sorrindo, ele a segurou em seu peito largo e declarou seu
amor”.
Bronwyn abraçou o livro e suspirou profundamente.
― O amor chamou. Eu gostaria de saber como é o chamado do
amor.
Walter lambeu o seu cotovelo.
Ela sorriu para ele.

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― Roland é maravilhoso, não é? Mas Lucinda deveria tê-lo
ajudado! Se eu estivesse lá, teria golpeado Mordred na cabeça com um
castiçal, ou usado a borda da cortina para fazê-lo tropeçar, ou enfiado
um travesseiro sobre a lâmina da faca, ou... Oh, mil coisas! Mas
Lucinda ficou ali como uma pedra, e então desmaiou. ― Bronwyn
sacudiu o livro com dedos impacientes. ― Eu não sei por que Roland
ainda quer beijá-la. Eu seria muito mais capaz de lhe dar um tapa,
embora Roland nunca faria uma coisa dessas, pois ele é muito
cavalheiro.
Como seria ser beijada? Realmente beijada. E por um homem
como Roland.
― Aí está o problema, hein? ― disse ela ao livro que agora
descansava em seu colo. Se ela só queria ser beijada, havia o filho do
açougueiro e o sobrinho de Lorde Durning, que muitas vezes estava
bêbado na frente da padaria juntamente com outros. Mas encontrar
um homem, um homem de verdade, alguém que gostasse de um bom
livro, assim como de um jogo de xadrez, que pudesse discutir autores
favoritos e acontecimentos atuais, falar sobre novas e empolgantes
invenções e, oh, tantas coisas; essa era a parte verdadeiramente difícil.
Durante a temporada de Londres, os homens que conhecera se
interessavam apenas por fofocas, cavalos, jogos de apostas e moda.
Nenhum deles possuía até mesmo um interesse básico nos livros, na
história ou em qualquer coisa que ela...
Walter e Scott ficaram de pé, olhando para a floresta, as cabeças
baixas, os dentes descobertos.
Bronwyn se levantou, o livro ficou aberto na grama perto de seus
chinelos abandonados. Com o coração batendo apressado, ela espiou
por cima das cabeças.

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Um leve murmúrio sacudiu um arbusto.
Os Deerhounds1 rosnaram mais alto, Scott avançou como se
estivesse pronto para agir.
Um arbusto a seu lado foi agitado e ela girou para enfrentar o
novo perigo, mãos em punho. Um flash peludo branco e rosa disparou
dos arbustos, e um cão pequeno saltou para fora, olhou para
Bronwyn, e sacudindo seu rabinho, jogou-se em seus braços.
Ela olhou para o animal, à medida que o rabo ainda abanava e
ele rosnava ferozmente para os deerhounds desnorteados. Era o menor
cão que ela já tinha visto, e o mais ridículo. Seu pelo comprido se
projetava sobre umas orelhas estranhamente pontiagudas, que o fazia
parecer estar usando um chapéu grande, em forma de borboleta,
moldando seus olhos escuros e focinho pontudo. Aquele focinho estava
agora dividido entre grunhir e fazer caretas para Scott e Walter.
― Pare com isso, ― advertiu Bronwyn, tentando não rir quando o
pequeno intruso lambeu seu rosto. Um enorme e sujo laço rosa estava
pendurado em seu pescoço.
Scott veio cheirar o cachorro.
O cachorrinho grunhiu instantaneamente, e Bronwyn bateu com
um dedo em sua cabeça. ― Eu disse, pare com isso!
O cão deu uma última latida para Walter e Scott, que ficaram
bastante confusos com o pequeno guerreiro, e então se instalou nos
braços de Bronwyn com um ar de determinação.
Bronwyn sufocou uma risada enquanto se inclinava para beijar a
cabeça do cachorro. ― Seja gentil, pequeno.
O cão balançou o rabo e lambeu a orelha dela, jogando seus
óculos para um lado. Ela endireitou-os enquanto Scott se aproximava
1Raça de cachorro também conhecida como galgo escocês. Uma raça primordialmente pertencente
aos chefes dos clãs escoceses.

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cautelosamente e cheirava a pata do cãozinho. O pequeno cão
inclinou-se para farejar e seus focinhos se tocaram, ambos agitando os
rabos com cuidado.
― Sim, isso é mais apropriado.
― Olá. ― Uma voz profunda, forte e rouca, encheu a pequena
clareira.
Bronwyn e os cães se voltaram para o som. Ali, na extremidade
da clareira, havia um homem que Bronwyn só tinha visto em sua
imaginação. Um homem muito mais bonito que qualquer outro que ela
já tinha conhecido. Um homem que deve ― simplesmente deve ― amar
poesia e gentileza e beijos longos.
― Roland, ― ela sussurrou.

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Capítulo 2

O que Roland tinha de diferente? Lucinda se perguntou enquanto


observava o cavalheiro passar durante a dança. O que fazia de Roland
superior a todos os outros homens? Era seu senso de honra, sua
bondade inata, a força de seus braços, ou algo tão simples quanto a
linha forte de sua mandíbula? Ela não sabia. Tudo o que sabia era que,
em seu mundo, existia Roland… Ou não existia nada. - O Duque Negro
por Srta. Mary Edgeworth.

Ela não podia desviar o olhar. Homens estranhos – especialmente


os altos e bonitos que pareciam heróis dos romances - nunca
chegaram a Dingwall
Nunca. Mesmo.
E em sua mente, Roland era exatamente um homem como este -
alto, misterioso, sinistro até, com uma mandíbula forte que anunciava
um caráter que valia a pena conhecer, e a inteligência brilhava em
seus olhos. Parecendo reafirmar sua imaginação, o sol rompeu as
árvores para banhar seus ombros largos com ouro. Por Zeus, o que
alguém diria a um deus andando entre os mortais?
― O que você está fazendo aqui? ― ela perguntou, estremecendo
interiormente pela aspereza de seu tom.
Ele sorriu. ― Estou olhando para você.
Ele estava de fato examinando-a exatamente como ela o
examinara, embora o olhar dele permanecesse em lugares que o dela
nunca ousaria.
Com o rosto em chamas, ela perguntou. ― Quem é você? Por que
está aqui?

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O sorriso do estranho se alargou em um sorriso malicioso, os
dentes brancos brilhando. Sua mandíbula audaciosa, forjada de
masculinidade crua e sombreada pela falta de barbear; indicava um
caráter determinado, confirmado pelo nariz de um imperador. As
maçãs do rosto altas se inclinavam sob os olhos que sugeriam uma
chama exótica, e sua pele era a cor dourada de alguém que passara
muitas horas ao ar livre.
E agora esse modelo de perfeição estava caminhando em sua
direção, sem se importar com os rosnados de seus cães. Seu olhar não
podia deixar de seguir a linha de seus ombros largos enquanto
convergiam com o seu peito musculoso, antes de se afunilarem em
uma cintura estreita. Ele se movia graciosamente, mas com um poder
bruto, um tanto como um boxeador que ela tinha visto certa vez em
uma feira.
Insegura do que deveria fazer - correr ou ficar e acalmar sua
curiosidade ardente - Bronwyn segurou o pequeno cão branco mais
perto enquanto o homem chegava à beira da clareira e então separou
os arbustos e pisou na grama grossa.
Walter e Scott se posicionaram diante dela, com os dentes
brancos à vista e rosnando.
O homem olhou para os cachorros. ― Seus cavalos, rosnam. ―
Sua voz era tão sedosa como um veludo densamente coberto de seda,
e com um sotaque que ela não reconheceu.
― São cães, ― disse ela. ― Meus cães. Perdoe-me se lhe assustam.
O divertimento aqueceu o seu olhar. ― Não me assustam,
pequena. É com a saúde deles que me preocupo, não com a minha.
Ela se endireitou e se aproximou de seus cachorros. ― O que isso
significa?

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Ele apenas sorriu, um sorriso preguiçoso, do tipo sem pressa.
Havia algo de rebelde nesse homem, algo que sussurrava beijos
proibidos e regras quebradas. Ele acenou com a cabeça para os cães.
― Faça-os se sentar. Não quero lutar para chegar até você.
― Lutar…? ― Ela finalmente notou a grande faca de caça em seu
cinto. ― Não! Não se aproxime!
Ele pareceu surpreso. ― Mas tenho de ir até você. ― Ele piscou
para ela, que sentiu seu corpo se aquecer como se ele tivesse usado as
mãos. ― Você tem algo que me pertence.
Seu coração deu um salto estranho. ― O que… pertence a você?
― Ela. ― Ele balançou a cabeça para seus braços, e ela seguiu
seu olhar para o pequeno cão branco aconchegadamente descansando
lá. ― É minha. Ela estava perseguindo um como se diz… 2krolic?
Bronwyn piscou.
― Krolic. Eles correm pelos campos e vivem em pequenos buracos
no chão.
― Raposas?
― Não. Essas, eu conheço. Os outros animais. ― Quando ela não
respondeu, ele suspirou, frustração em seu rosto. ― Eles... como se
diz... pulam, pulam. E eles têm… ― Ele colocou a mão atrás da cabeça
e fez um V, então balançou os dedos.
― Ah! Você quer dizer lebres.
― Lebres, isso. Papillon gosta de persegui-las. ― Ele olhou com
aprovação para sua cachorra. ― Ela pode ter as pernas curtas e se
parecer com um esfregão, mas Papillon é muito rápida.
Bronwyn teve que lutar para respirar. A suavização das linhas
ousadas de seu rosto enquanto ele olhava para sua cachorrinha, tinha

2 Coelho em polonês.

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o poder de derreter ossos. Das centenas de homens que conheci
durante minha temporada em Londres, nenhum deles me afetou
assim.
― Você…você tem um sotaque estranho.
Seu olhar voltou para ela. ― Sou de Oxenburg. É um país muito
longe daqui.
Seu rosto corou. ― Sinto muito. Tenho o péssimo hábito de dizer
a primeira coisa que penso.
― Isso é honesto, o que é bom, não?
― Nem sempre.
Certamente não em Londres, durante a primeira temporada de
alguém, e definitivamente não quando alguém estava dançando, ou
tentando dançar, e infelizmente com o filho de um lorde que estava
bêbado e cheirando a cebola. Bronwyn tinha sido um pouco honesta
com ele sobre isso, que a deixara na pista de dança, abandonada e
humilhada. Pior ainda, para o desgosto de sua mãe e a irritação de
Bronwyn, ele a ridicularizou toda vez que seus caminhos haviam se
cruzado depois, e tinha espalhado alguns rumores inteiramente
mentirosos também.
Mamãe tinha ficado furiosa com o filho do Lorde, embora achasse
que Bronwyn era em parte culpada pelos seus comentários irrefletidos.
Seu pai havia dito que não era culpa dela, pois Ackinnoull Manor
estava longe demais das danças, dos jantares e de coisas que lhe
permitiriam desenvolver um nível de controle sobre sua língua rebelde.
Além disso, a morte de sua mãe, quando Bronwyn era muito jovem,
tinha tornado suas vidas ainda menos sociáveis do que poderiam ter
sido. Até seu pai se casar de novo Bronwyn fora deixada sozinha com
seus livros e cães, enquanto o seu pai se afundava no trabalho,

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criando suas invenções maravilhosas.
Para ser honesta, ela estava feliz pelo que fez o filho do Lorde,
cujo nome ela não conseguia mais lembrar. Seu mau comportamento
tinha solidificado sua decisão de terminar sua temporada e nunca
mais voltar a Londres. Até mesmo sua madrasta concordou que
Bronwyn não era feita para a sociedade de Londres, nem a sociedade
era para ela.
Eles estavam todos mais felizes por essa decisão, também. Além
disso, o pai precisava da ajuda de Bronwyn com suas invenções; ela
era a única que sabia como arquivar as valiosas patentes.
― Você não responde, pequena.
Bronwyn percebeu que o estranho havia dito alguma coisa
enquanto ela estava perdida em seus pensamentos. ― Sinto muito. Eu
estava pensando.
― E você não pode ouvir enquanto está pensando. ― Ele assentiu
pensativamente. ― Eu não posso ouvir e ler ao mesmo tempo, o que
tem dado à minha família muitos motivos para queixas.
― Você gosta de ler?
Ele pareceu surpreso. ― Quem não gosta?
Talvez ele seja o Roland, afinal. Mas não, era uma maneira
perigosa de pensar. Roland só existia entre as páginas de livros, não
em Dingwall. O pequeno cão estendeu a pata para lhe lamber o
queixo.
― Papillon é um nome incomum para um cão.
― Sim. O nome dela é francês para ‘borboleta’. É uma ótima
cadela de caça.
― Usando um laço cor-de-rosa?
Seus lábios se contraíram. ― As lebres não pareciam notar

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quando fugiram dela.
Era difícil imaginar que essa pequena cachorrinha frágil,
pertencesse a esse homem enorme e de peito largo, capaz de segurar
facilmente o animal em uma das mãos. O contraste a fez sorrir, e se
sentir um pouco sem fôlego, também.
Bronwyn suspirou. É exatamente como Roland se pareceria se ele
se vestisse como um caçador. A beleza dos romances era que nunca se
cansava dos heróis, pois assim que alguém fechava o livro e lamentava
a perda dos personagens ― porque tal era o caminho dos bons livros ―
podia se abrir outro e se apaixonar de novo. Assim, alguém estava
sempre completamente apaixonado. Bronwyn gostava disso.
Ela ficou imaginando como o estranho ficaria com uma gravata e
casaco, assim como Roland usava. O casaco preto deste homem era
disforme e brilhante de desgaste nos cotovelos. Seu cinto largo
aparentava ser bem usado, assim como a bainha para sua faca de
caça. Agora que ele estava mais perto, ela podia ver uma aljava de
flechas atrás de seu ombro, as flechas vermelhas e pretas pertencente
a Selvach, o guarda-caça no Castelo de Tulloch. Ah! Então meu
Roland é um caçador, isso explica muitas coisas.
Uma grande e antiga família, os Davidsons possuíam o Castelo
Tulloch, mas raramente o habitavam, preferindo residir na cidade. Na
verdade, Sir Henry não tinha visitado sua propriedade nas Terras
Altas há mais de dez anos, o que deixara Selvach e os outros servos
para comandar o castelo e os terrenos como achassem conveniente.
Sempre que a caça ameaçava invadir as terras do castelo, Selvach
contratava homens das redondezas para diminuir o bando e os
rebanhos, o que explicava porque Bronwyn não reconhecera esse
homem.

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Mas de todos os caçadores que Selvach tinha empregado ao longo
dos anos, ela nunca tinha visto um tão bem apessoado. Seu olhar
vagou sobre seu peito, obviamente musculoso, e mais para baixo, até
os calções do homem, que estavam enfiados em botas de montaria
arranhadas. Suas pernas são tão musculosas. Eu nunca vi ninguém
com essas coxas.
― Tenho lama nas calças, para que você fique olhando assim?
Seu rosto corou e ela ajustou os óculos com nervosismo. ― Suas
roupas e as flechas… Vejo que é um caçador.
O humor cintilava de novo em seus olhos. ― Estou sempre à
caça.
A boca de Bronwyn ficou seca. Ele está flertando comigo! Nunca
em todos os seus anos tinha acontecido isso. Normalmente, quem quer
que ela estivesse conversando, teria saído irritado com a forma como
ela falara sem pensar nas palavras, ou simplesmente estaria entediado
porque ela não tinha falado nada. Seus pensamentos mais
interessantes sempre pareciam trancados em sua mente.
― No que você está pensando agora, pequena? Em mim?
― Não.
O caçador olhou atônito, então começou a rir profundamente
conforme se aproximava.
Os cachorros enrijeceram, abaixando a cabeça enquanto
rosnavam.
― Walter, Scott, quietos, ― ela ordenou.
O homem parecia curioso. ― Walter e Scott. O poeta, hein?
― Você conhece Sir Walter Scott?
― Eu gosto muito de sua poesia. Sua senhora deve permitir que
você use a biblioteca.

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Senhora? Ele acha que sou uma serva. Ela supôs que parecia
uma, pois estava com seu vestido mais desgastado para ajudar com a
lavagem mais tarde. Além disso, em sua pressa de mergulhar em seu
livro, ela apenas tinha limpado o rosto e tinha prendido os cabelos em
um coque apressado que já estava se desfazendo, as mechas que
caíam ao lado do rosto dela eram uma indicação.
O caçador aproximou-se, e Walter saltou para frente para ficar
entre ele e Bronwyn. Um brilho de aborrecimento cruzou o rosto do
homem.
― Diga ao seu cavalo para parar de rosnar.
― Ele está me protegendo, como é a função dele.
O homem parecia positivamente espantado. ― Eu nunca
machucaria uma mulher, pequena Roza.
― Roza? Você quer dizer… a flor, uma rosa?
A boca fina do homem se curvou em um sorriso. ― Sim. Você é
Roza, com suas bochechas cor de rosa e... ― seu olhar a analisou da
cabeça aos pés com óbvia aprovação ― e tudo em você, Božj moj3, é
uma beleza.
Nunca em seus 24 anos alguém tinha chamado Bronwyn de uma
beleza. Bonita, sim. Atraente, várias vezes. Mas nunca, nunca - uma
beleza. Bronwyn sempre tinha pensado que gostaria de ouvi-lo, como
ela tinha lido muitas vezes nas páginas de seus romances, mas o
prazer era a última coisa que ela sentia. Ela não sabia o que dizer ou
onde olhar. Pior, ela teve que engolir o impulso de negar a verdade
daquelas palavras. O que é bobagem. Eu pareço com a minha mãe, e
todos disseram que ela era uma mulher muito bonita.
Mas de alguma forma, entre as aulas de dança (que ela detestava)

3 Božj moj:Meu Deus, em croata.

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e as aulas de francês (que ela evitava, fingindo estar doente) e as
intermináveis instruções de aquarela (inútil, quando não tinha talento
para isso), ninguém tinha jamais lhe ensinado a como receber um
elogio.
Um simples – obrigada - seria o suficiente, ou a faria parecer
presunçosa, como se ela esperasse tal elogio?
― Ninguém nunca me chamou de bela, ― ela disse.
― Os homens de seu país são cegos, então.
Ela não acreditou por um instante, mas era tentador fingir por
um momento que era verdade. Aquela sociedade estava errada por
favorecer a magreza em vez de sua forma arredondada. E aquele
cabelo loiro que era a moda atual, era descorado ao lado de seus ricos
cabelos castanhos. Aquela pele branca como creme, tão desejada, era
tediosa e sem graça ao lado do próprio rosto bronzeado e sardento.
Tão, tão tentador…
― Deixei você sem fala.
― Não, eu estava tentando decidir como responder ao seu elogio.
Parece presunçoso aceitá-lo e tolice recusá-lo, mas eu acho… ― Ela
mergulhou numa breve reverência. ― Obrigada pelo elogio. Foi muito
gentil de sua parte. ― Se inclinando colocou Papillon no chão. ―
Adeus, cachorrinha, infelizmente é hora de você ir.
O estranho estalou os dedos. ― Venha, Papillon.
A cachorrinha deu alguns passos para frente, mas depois parou e
olhou para Bronwyn.
Ela sacudiu a cabeça. ― Eu não vou com você.
O estranho estalou os dedos outra vez, desta vez mais
bruscamente. ― Venha.
Papillon olhou para Bronwyn e para o desconhecido e sentou-se.

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O homem soltou uma maldição abafada e avançou para pegar a
cachorra, que tentou lamber seu rosto. ― Pare com isso, vira-lata!
Você causou bastante problema.
O rabo de Papillon não poderia ter movido mais rápido. Com um
sorriso relutante, o homem esfregou a cabeça dela.
― Obrigado por capturá-la. Espero que ela não tenha
incomodado. ― O olhar do caçador cintilou entre os sapatos
descartados de Bronwyn e seu livro. ― Ela interrompeu sua leitura,
não é? É um bom dia para ler.
Bronwyn olhou para o sol brilhando através das folhas. ― Foi,
mas devo voltar para casa. Tenho tarefas a fazer.
Ele colocou o cão a seus pés, onde ficou expectante. ― Onde você
trabalha, pequena? Quem é sua senhora?
Ela supôs que poderia dizer-lhe que não era uma criada, mas
algo a impediu. Um sussurro de advertência de que talvez fosse melhor
se ele não soubesse nada mais que o necessário.
― Onde eu trabalho não é da sua conta.
― Você vai me dizer. ― O estranho lhe deu um sorriso zombador
que lhe deu um arrepio estranho. ― Eu vou saber.
Ela ergueu o queixo. ― Você não precisa saber de nada.
― Ah, mas eu preciso. ― Ele caminhou em direção a ela,
ignorando os rosnados de seus cães de guarda.
Papillon o seguiu, avançando, a fita arrastando-se para trás.
Quando ela se aproximou de Walter, eles cheiraram um ao outro, com
os rabos repentinamente abanando. Scott se aproximou
cautelosamente do estranho e cheirou uma das botas do caçador.
Bronwyn deu um passo para trás, mas seus pés não estavam
dispostos a se moverem mais longe. Ele era tão tentador.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O caçador estava diante dela, um brilho de lobo nos olhos.
― Isto é muito melhor. Podemos conversar mais facilmente
agora.
Bronwyn alongou o pescoço para olhar em seu rosto. Uma
cicatriz intrigante separava uma sobrancelha. Agora que ela o viu mais
de perto, percebeu que seus olhos eram do mais belo verde escuro,
seus cílios longos e grossos, sombreando sua expressão de uma
maneira misteriosa e sensual.
Ela poderia facilmente se afogar em tais olhos.
― Qual é o seu nome? O mínimo que você pode fazer é me dizer
isso.
Ela não devia nem falar com esse estranho, sozinha num bosque
como este. Sua madrasta gritaria angustiada ao simples pensamento.
Ele encolheu os ombros. ― Então te direi o meu. Talvez então
você se sinta à vontade para compartilhar o seu. ― Ele se curvou. ―
Sou Alexsey Vitaly Grigori Romanovin.
― Romanovin?
Ele riu, e o som se aprofundou em seu peito. ― Apenas me chame
de Alexsey. Eu prefiro.
― Não é apropriado chamar alguém por seu nome, a menos que
você o conheça muito, muito bem.
― Ah, mas logo nos conheceremos muito bem. Disso estou certo.
Aquela simples frase fez com que ela brilhasse com uma estranha
felicidade e ela disse com uma voz envergonhada. ― Você parece muito
certo, Sr. Romanovin.
― Não. Alexsey. ― Ele falou suavemente, mas não havia dúvida de
que esperava que ela fizesse o que ele disse. Ele se curvou e pegou seu
livro. ― O que você tem li─?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Não! ― Ela estendeu a mão. ― Por favor, devolva isso.
― Em breve. Ah, O Duque Negro, da Srta. Mary Edgeworth. ― Seu
olhar se voltou para ela. ― Nunca ouvi falar dessa autora.
― Ela é muito popular, mas só recentemente.
― Humm. ― Abriu o livro e folheou as páginas.
Sentiu um aperto no peito. Mamãe a provocava constantemente
por ler ‘bobagens’, mas Bronwyn amava seus livros. Eles a deixavam
voar para lugares distantes, para aventuras que ela só podia sonhar, e
para encontrar pessoas que nunca a encontrariam em seu pequeno
canto do mundo.
Ela alcançou o livro, seus dedos apenas segurando uma parte.
― Tsc, tsc. Tão determinada. ― Alexsey segurava-o bem acima da
cabeça dela, com um olhar pensativo em seu rosto. ― O que você lê
que precisa esconder?
― Eu não estou escondendo nada. Não é educado pegar o livro de
alguém.
Ele deu uma risada preguiçosa. ― Não fique tão zangada,
pequena Roza. Eu vou devolvê-lo depois de ver o que você acha tão
fascinante. ― Ele leu algumas linhas para si mesmo, e então levantou
seu olhar para ela. ― Talvez eu devesse ler algumas páginas em voz
alta, para que possamos compartilhar.
Ela pulou para o livro, seus óculos saltando em seu nariz.
― Nyet. ― Ele facilmente tirou o livro de seu alcance novamente.
Virou uma página e depois outra, finalmente parando. ― Ah, aqui. Eu
vou ler. Você vai ouvir.
Ele mergulhou na história, sua voz era profunda e acariciava as
palavras.
O amor esquentou seus olhos do azul ao cinza. ― “É você que eu

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


amo” ― Roland declarou.
Lucinda ergueu as mãos. ― “Você está enganado, senhor. Você não
me conhece como pensa, porque eu não amo ninguém.”
Alexsey fez uma careta. ― Não gosto desse nome, Lucinda.
― Nem eu. ― Nisso, eles estavam de acordo. ― Ela é uma
personagem muito fraca, ― confidenciou Bronwyn. ― Está sempre
desmaiando.
― Desmaiando?
Bronwyn lançou uma mão sobre sua testa e jogou a cabeça para
trás, fechando os olhos em um desmaio fingido.
Alexsey riu. ― Você é uma boa atriz, mas eu acharia isso um
traço muito irritante. Personagens de coração fraco assim tornam uma
história pobre.
De fato ― a fraqueza de Lucinda tinha sido aborrecida desde a
primeira página.
― Esperemos que este Roland encontre outra mulher para amar,
uma que não seja dada a tal tolice. ─ Alexsey voltou ao livro.
“Ah!” ― gritou Roland. ― “Você não pode dizer isso. Vou provar
seus sentimentos, pois posso vê-los em seus olhos.”
Lucinda colocou uma mão gentil em seu rosto. ― “Eu não mereço o
seu amor. Já duvidei de você e mais…”― Mantendo sua angústia,
Roland colocou seus lábios sobre a bela Lucinda e beijou-a com uma
casta paixão.
― Ah! ― Alexsey franziu o cenho.
Bronwyn tinha entrado na história à medida que aquela voz
sedutora pronunciava as palavras, acrescentando uma profundidade
que a fez se inclinar para frente numa expectativa que lhe tirou o
fôlego.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Não pare!
Mas ele fechou o livro, sua mão enorme quase tomando todo o
livro. ― Eu não posso continuar. Não é um beijo de verdade.
Ela colocou suas mãos ao redor do quadril. ― Esse é um beijo
perfeitamente bom.
― Nyet. ― Ele estendeu a mão, abriu um dos punhos dela e
colocou o livro sobre sua mão. ― Não há tal coisa como paixão casta.
Se casto está aqui. ― Ele estendeu a mão para um lado. ― Então a
paixão está aqui. ― Estendeu a outra mão para o outro lado, o mais
longe que podia. ― Quando eles se juntam… ― Ele bateu palmas tão
alto que soou como um trovão.
Os três cães olharam surpresos.
Os dedos de Bronwyn apertaram o livro. ― Eu acho que é um
beijo perfeitamente bom. ― Ela tinha lido uma dúzia de vezes; era
perfeito, e ela sabia disso.
Houve um ligeiro silêncio. ― Você nunca foi beijada.
― Eu-eu-eu... ― Seu rosto queimava tão ardentemente, que ela se
perguntou se seu cabelo não pegou fogo também. ― É claro que eu fui
beijada! Dezenas de vezes. Agora, se me der licença, preciso ir. Bom
dia, senhor.
Como ele ousa insultar o momento mais romântico de Roland?
― Você está com raiva porque arruinei sua história. Eu sinto
muito, mas a verdade é a verdade. ― Ele deu um passo para frente,
sua mão quente segurou suavemente o seu cotovelo.
Um raio de calor entorpecente correu por ela. Poderia facilmente
ter se libertado se quisesse, mas havia algo sobre o calor de sua mão
na pele dela, algo delicioso e arrepiante.
Alexsey sorriu, seus lábios firmes atraindo seu olhar quando ele

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


disse em sua voz rouca e suave. ― Você precisa de um beijo, um gosto
da verdadeira paixão. Apenas o suficiente para que saiba por que não
existe tal coisa como paixão casta.
Ela piscou para ele, incapaz de formar um único pensamento.
Sua mão grande e quente segurou o queixo dela e inclinou seu
rosto para o de Bronwyn. ― Eu faço isso para que você saiba a
diferença entre ‘casto’ e ‘paixão’. Todas as mulheres devem saber
disso.
Então ele capturou seus lábios com os dele - e nesse segundo,
Bronwyn passou de nunca beijada para beijada.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 3

E com aquele beijo, sua alma ficou livre…. O Duque Negro, por
Srta. Mary Edgeworth.

Bronwyn não conseguia se mover, ciente apenas da firmeza dos


lábios do caçador sobre os dela e do jeito que o coração batia como se
desse boas-vindas.
Ele deslizou a mão de sua bochecha até o pescoço e depois a
puxou para frente até seu peito pressionar o dele. O livro caiu de seus
dedos nervosos enquanto ela agarrava seu casaco para se firmar.
Sua boca se moveu sobre a dela, numa mordida suave,
provocante, enviando ondas repetidas de tremores aquecidos sobre
ela. Seus joelhos tremiam e começaram a fraquejar, mas o braço dele
deslizou em torno de sua cintura.
Sem interromper o beijo, ele a levantou, seu corpo grande e firme
contra suas curvas.
Nenhum homem a abraçou de uma maneira tão íntima; foi
chocante e surpreendentemente emocionante. Ela passou os braços
sobre o pescoço dele, e ele deslizou a língua sobre o lábio inferior de
Bronwyn.
Seus lábios se abriram de surpresa e, instantaneamente, a língua
quente escorregou entre eles e acariciou a ponta da sua. Uma onda de
calor puro a sacudiu, seus mamilos se enrijeceram numa reação
indecente. Ela ofegou e recuou.
Com um suspiro relutante, ele a colocou de volta em pé. ― Eu
gostaria de te beijar mais, pequena Roza, mas não quero dominá-la. ―
Seus olhos cintilaram de forma diabólica. ― Ainda não, de qualquer

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


maneira.
Ela olhou para ele, seus dedos pressionando o canto da boca
inchada. O coração parecia incapaz de desacelerar com tanta
excitação, enquanto sua pele coçava com um anseio deliciosamente
aquecido, um desejo de mais beijos, mais carícias, mais tudo. Por um
momento esplêndido, ela tinha vivido uma página de um de seus livros
amados, e queria mais.
Ele roçou o polegar sobre a boca, enviando nova sensação sobre
ela. ― Entendeu? 'Casto' e 'paixão' não pertencem à mesma frase. E
uma mulher com lábios tão tentadores e gostosos precisa conhecer a
diferença.
Tão verdade. Um verdadeiro beijo era muito mais emocionante do
que a fraca descrição do livro.
De repente, ela percebeu que ainda segurava o casaco de Alexsey
com uma mão e olhava para ele maravilhada, sem palavras. Devo
parecer tão boba como Lucinda. Corada, ela forçou seus dedos
apertados para soltar o casaco e, endurecendo seus joelhos
enfraquecidos, ela recuou.
― Isso... isso foi interessante. ― Sua voz, trêmula e rouca,
parecia tão abalada quanto se sentia.
Alexsey estava comemorando o beijo inesperadamente
apaixonado, mas com isso ele perdeu seu sorriso. Naturalmente não
esperava elogios, pois tinha sido breve e gentil, mas chamar um beijo
tão maravilhoso de simplesmente ‘interessante’?
― Eu não aceito isso.
A moça piscou para ele, seus óculos fazendo seus olhos
castanhos parecerem ainda maiores, lembrando a exuberante flor que
ele lhe dera o nome. ― Aceita o quê?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― “Interessante” é o que você diz para o mingau quando não
deseja insultar quem o fez.
Seus lábios se curvaram, o divertimento aqueceu sua expressão e
sua indignação se suavizou. Havia algo fascinante sobre ela, algo que o
tinha fisgado quando ela exigiu secamente saber quem ele era.
Ninguém, especialmente as mulheres, falava com ele dessa maneira, e
ele viu nela uma diversão bem-vinda depois do dia começar bastante
entediante.
Ele gostava de mulheres. Todas as mulheres. E esta parecia mais
interessante que o habitual. Ela era pequena e curvilínea, como uma
flor em plena floração, com tranças castanhas grossas e brilhantes,
sua pele polvilhada com delicadas sardas, seu humor brilhando nos
olhos e tropeçando na sua língua.
Mas sua característica mais forte e sensual era sua boca, tão
carnuda e madura para beijos.
Ah, como ele adorou beijar aquela boca.
Poucas, pouquíssimas mulheres tinham o poder de intrigá-lo,
mas de alguma forma, com apenas um beijo, essa pequena criada de
óculos tinha conseguido fazer exatamente isso.
Ele pegou sua mão e desenrolou os dedos dela, alisando o polegar
sobre as manchas de tinta. Onde quer que ela trabalhe, ela
obviamente mantém as contas. Eles devem confiar nela. Ele sorriu.
― Ah, Roza, eu sei apenas uma coisa e uma coisa só – que
nossos lábios foram feitos um para o outro.
Seu olhar cintilou em sua boca, e então – ficando ruborizada ―
ela puxou sua mão livre. ― Não.
O sorriso de Alexsey escorregou. ― Não?
― Foi apenas um beijo, nada mais.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O tom prático com que ela falou, o fez querer beijar os
pensamentos sensatos diretamente da cabeça dela. Ela era muito
atraente em seu vestido manchado de grama e com os dedos dos pés
descalços. Uma flor pendia de seu cabelo, que estava meio solto de sua
fita e caia em seu rosto. Jovem e obstinada, era uma mudança bem-
vinda de sua última amante, uma cantora de ópera italiana
excessivamente perfumada e maquiada que se deleitava com presentes
caros e um drama sem fim. Nenhuma mulher puritana seria
apanhada, nem morta, lendo uma novela no chão da floresta, cercada
por cães do tamanho de cavalos. Apesar de seu ar respeitável, esta
criada tinha devolvido o seu beijo com a paixão selvagem de um
Romani4, agarrando-se a ele com as duas mãos, sua ânsia agitando
sua paixão mais do que qualquer sedutora habilidosa.
Ele roçou um dedo por sua bochecha. ― Você costuma vir a este
lugar para ler?
― Às vezes.
Tanta cautela. Você não mostrou nenhuma quando estava me
beijando. ― E beijar estranhos? ― ele provocou, incapaz de resistir.
Seus lábios voluptuosos estreitaram-se. ― Sr. Romanovin, como
você deve saber agora, eu normalmente não beijo estranhos, ou
qualquer outra pessoa. Não é apropriado.
― Estamos muito além do apropriado, pequena Roza. E me
chame Alexsey.
Uma cor deliciosa inundou seu rosto novamente, mas ela não
cedeu.

4Os Romani são um grupo étnico tradicionalmente nomada, que vive principalmente na Europa e nas Américas e
que é originário das regiões do norte do subcontinente indiano dos estados indianos de Rajasthan, Haryana,
Punjab e Sindh. Os Romani são amplamente conhecidos por ciganos, que algumas pessoas consideram pejorativas
devido às suas conotações de ilegalidade e irregularidade. São grupos dispersos, mas suas populações mais
concentradas estão localizadas na Europa, especialmente na Europa Central, Oriental e do Sul (incluindo a
Turquia, a Espanha e o sul da França).

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― É melhor eu chamá-lo de Sr. Romanovin.
Sua voz soou de uma maneira intrigante, levantando o seu nome
e suavizando o final. Alexsey gostava muito de um sotaque escocês.
― Você é muito formal para alguém que não usa sapatos.
Ela ajustou a saia para que os dedos dos pés estivessem
escondidos da vista. ― Eu não esperava encontrar ninguém aqui.
― Eu também não. Na verdade, eu vim para um pouco de paz e
tranquilidade. Eles estão preparando o Castelo de Tulloch para a
chegada de Sir Henry e seus convidados, e está muito barulhento.
Seu olhar se encontrou com o dele. ― Sir Henry está voltando?
Com seus sobrinhos?
― Sir Henry e um sobrinho, sim.
― E mais?
― Eu acredito que ele traz de vinte a trinta convidados adicionais.
Muitos quartos estão sendo preparados.
― Isso é estranho. A Sra. Durnoch não mencionou isso quando
falei com ela há uma semana.
― Quem?
― A governanta em Tulloch.
― Talvez ela não soubesse. Esta reunião não foi planejada há
muito tempo, penso.
― Ah. Isso explicaria. Eu… ― O olhar dela desceu sobre ele e
depois se afastou. ― Está ficando tarde, eu deveria voltar para casa.
― Tolice. Ainda é cedo. ― Ele inclinou um ombro contra a árvore e
cruzou os braços sobre o peito. Alexsey não estava pronto para deixar
essa encantadora de cachorros manchada de tinta. ― Além disso,
temos muito que conversar. Talvez devêssemos tentar outro beijo.
― Essa seria uma má ideia. Ninguém nos apresentou, nem

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


conheço você.
Ele abriu as mãos. ― Estou aqui, pronto para ser conhecido.
Tudo o que você precisa fazer é ficar.
Bronwyn mordeu o lábio. Ele fez parecer tão fácil. Tudo o que ela
tinha que fazer era ficar, e esse momento mágico, no qual um homem
bonito a achava fascinante demais para manter um senso de decoro,
duraria.
Mas ela já havia permitido que ele a beijasse. Que outras
liberdades ela poderia ser persuadida a permitir? O pensamento a
emocionou e a aterrorizou.
Ele afastou-se da árvore. ― Você não fica nem um pouco curiosa
de saber se um beijo seria tão bom pela segunda vez? Talvez o
primeiro tenha sido uma aberração, uma estranha ocorrência.
Ela combateu um sorriso em sua expressão esperançosa. ― A
curiosidade matou o gato.
― Você não é um gato. Você é uma mulher pensante. Posso ver
isso em seus olhos. ― Seu sorriso se tornou diabólico. ― Agora, você
pensará apenas em nosso beijo e como devemos tentar novamente.
Oh, como ela ansiava, mas seu bom senso clamou contra isso.
Relutantemente, ela se afastou para recuperar seu livro da grama. ― O
beijo foi adorável. Você foi muito… habilidoso.
Seus olhos brilharam calorosamente. ― Foi o que me disseram,
muitas vezes.
Espere! Muitas vezes? Será que ele apenas andava em busca de
mulheres, depois as enchia de charme até concordarem em beijá-lo?
Esse era o tipo de homem que ele era? Claro que sim, seu bom senso
sussurrou. Isso é realidade versus Roland. Consciente de um tremor
profundo e amargo de desapontamento, ela empurrou o livro debaixo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


do braço e recolheu os sapatos.
― Passar bem. Eu tenho tarefas a fazer.
O sorriso de Alexsey desapareceu. ― Não vá. Você não pode...
― Venha, Scott, Walter. ― Ela enfiou os sapatos no bolso e se
dirigiu para um caminho do outro lado da clareira, andando o mais
rápido que pôde. ― Adeus, ― ela disse por cima do ombro.
Franzindo o cenho, Alexsey observou enquanto ela desapareceu
na floresta, seus cachorros a seguindo logo depois.
Papillon gemeu e olhou para Alexsey.
― Eu também estou desapontado. ― Ele se perguntou se deveria
segui-la. As mulheres não costumavam se afastar depois dele
manifestar interesse nelas. Na verdade, a maioria delas se atirava nele
de uma maneira bastante irritante. Mas não Roza.
Claro, ela não sabia que ele era um príncipe, um fato que evitou
propositadamente mencionar, já que ele não desejava virar a cabeça
em sua direção usando nada que não fossem beijos. Mas agora…
Talvez devesse ter mencionado. Isso ajudaria sua causa?
De alguma forma, ele duvidava.
Ele sufocou um suspiro impaciente e abriu caminho para onde
seu cavalo estava amarrado ao lado do atalho, desejando ter passado
menos tempo conversando e mais tempo beijando aquela boca
tentadora. Aqueles quadris e seios encantadores e fartos - ele ainda
podia senti-los, pressionados contra ele. Tudo sobre ela era
exuberante e rico e fazia pensar em noites satisfeitas e aquecidas ao
lado dessa chama ardente.
Ela poderia muito bem ser a mulher perfeita para algumas
semanas de um caso, numa tentativa apaixonada, promissora,
divertida e sem restrições pelas regras sociais de uma mulher de

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


linhagem nobre. Além disso, ela não tentaria sua Tata Natasha em
uma onda de esperança para o matrimônio.
Esses eram os modos de Tata. Sua avó, a Grã-Duquesa Natasha
Nikolaevna, poderia pensar que ele não sabia da razão para desejar
que a acompanhasse à Escócia, para participar da festa na casa de Sir
Henry Davidson, mas Alexsey sabia muito bem.
Embora pudesse pensar de outra forma, ele não estava prestes a
deixá-la ditar a sua seleção de esposa.
É culpa sua, Wulf, Alexsey informou seu irmão mais novo
ausente. No ano passado, o pai convenceu Tata Natasha a escoltar o
Príncipe Wulfinski para a Escócia, onde, contra os desejos de sua avó,
Wulf conheceu e se casou com a mulher dos seus sonhos. Embora
Tata Natasha tenha se oposto veementemente ao relacionamento no
começo, isso não a impediu de assumir a responsabilidade pelo
assunto - especialmente quando a família inteira se apaixonou pela
nova noiva de Wulf, Lily.
Infelizmente para Alexsey e seus outros dois irmãos solteiros,
esse sucesso inesperado subiu para a cabeça de Tata. E agora suas
vistas estavam sobre eles.
Alexsey montou o cavalo e depois o voltou para o caminho que
conduzia aos pátios, Papillon trotando atrás. Ele acabaria por se
casar, é claro. Embora seus pais tenham abençoado Oxenburg com
quatro príncipes saudáveis, todos deveriam garantir a linhagem
familiar com herdeiros legítimos. Mas ele não viu necessidade de
apressar as coisas, especialmente quando havia tantas mulheres
adoráveis e ansiosas para apreciar.
Além disso, ele tinha coisas para realizar, coisas cada vez mais
urgentes. O povo de sua mãe, os Romanis, precisava dele. Ao mesmo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


tempo, o marido de Tata Natasha, Dyet Nikki, tinha sido o savyet lidir,
sua posição observada por um kaltso de ouro pesado, um grande anel
de rubi que ele usava na mão esquerda que brilhava quando movia a
mão. Como o 5savyet lidir, ele supervisionou o conselho que governou
os Romani; decidiu sua rota para os meses de verão; serviu como o
porta-voz das pessoas durante os problemas; oficiou casamentos,
funerais e julgamentos; e uma dúzia de outros deveres importantes.
Ele tinha sido rei, conselheiro, padre e pai para seu povo, e sob ele os
Romani haviam prosperado.
Alexsey tinha idolatrado seu avô e estava mais perto do velho do
que qualquer um de seus irmãos. Quando Alexsey passou algum
tempo com seus avós, compartilhando sua caravana colorida com o
Romani, passou a amar aquele povo. Todos assumiram que ele
seguiria os grandes passos de seu avô e um dia usaria o kaltso, mas
quando ele tinha apenas doze anos, um infeliz acidente de caça havia
levado seu avô e o kaltso foi deixado em mãos mais velhas e mais
experientes.
Alexsey olhou para a mão nua, e com impaciência fechou a mão.
Quando voltar para Oxenburg, vou abordar isso, pois a hora chegou.
Mas não posso fazer nada agora. Ele abriu os dedos e esticou-os,
embora o peito permanecesse apertado. Preciso de uma distração. Eu
vou encontrar esta criada cujos beijos são como fogo, e nós
desfrutaremos de mais tempo juntos. Alguém no castelo a conhece e
eu a encontrarei. Isso deve fazer as semanas passarem rapidamente.
Com um aceno de satisfação, Alexsey levantou o rosto para o pôr
do sol. Tudo o que ele tinha que fazer era evitar o esquema de Tata
Natasha para lançar cada jovem bem nascida da Escócia em seu

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


caminho. Embora ele fosse imune a seus esforços, sua determinação
poderia ser irritante. Felizmente, ele tinha muito que o manteria longe
do castelo.
O latido estranhamente abafado de Papillon chamou a atenção
dele, e Alexsey olhou para baixo para ver o cachorro trotar ao lado de
seu cavalo com um sapato na boca.
Lembrando os pés descalços da garota, Alexsey parou o cavalo e
desceu. ― Então ela deixou cair um dos sapatos, não é?
Ele o pegou de Papillon, observando que estava bem usado, mas
de boa qualidade, talvez passado por um amante generoso. A ponta foi
arranhada e o calcanhar desgastado, mas mostrava perfeitamente o
contorno do pé do usuário. Cada um de seus dedos do pé tinha feito
uma marca no couro fino, e ele quase conseguia desenhar o pé dela.
― Talvez eu lhe ofereça um novo par de sapatos. Isso seria
generoso e poderia causar uma impressão. O que você acha Papillon?
Papillon sentou-se e inclinou a cabeça para um lado.
― Sim ― ele concordou relutantemente. ― Provavelmente é
demais. Ela pode sentir que me deve algo, o que não é o que eu quero.
Quando ele colocou o sapato no bolso, algo caiu de dentro - um
pequeno rolo de papel que tinha sido pressionado na frente para que
ficasse melhor.
― Então mesmo este sapato pequeno ainda é grande para ela.
Roza tem um pé delicado, nyet?
Papillon bocejou.
Alexsey riu e desenrolou o rolo de papel. Era uma carta escrita
para uma empresa em Londres; algo sobre uma patente. Intrigante.
Esta deve ser sua caligrafia, pois é como ela - uma tendência contra a
maneira normal de fazer as coisas. Ele dobrou o papel em um

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


quadrado limpo e enfiou o sapato no bolso.
― Eu vou encontrá-la novamente e depois, haverá mais beijos.
Assobiando uma melodia alegre, voltou para o cavalo, Papillon
saltando atrás dele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 4

Lucinda não tinha família, nenhuma mãe gentil para ensinar-lhe os


caminhos de uma mulher, nenhum pai forte para protegê-la das ciladas
dos homens. Ela estava completamente sozinha. Mais só do que
qualquer mulher, homem ou criança deve ser. ― O duque negro por Srta.
Mary Edgeworth.

Algo atingiu a lateral do livro de Bronwyn e depois caiu no seu


colo.
Ela moveu seu livro e olhou para baixo. Alguém jogou um pão.
Fazendo uma careta, Bronwyn olhou por cima do aro de seus
óculos para encontrar Sorcha e Mairi na mesa do café da manhã, a
imagem da inocência. Uma delas estava lendo, enquanto a outra se
servia de mais chá.
Os olhares decididamente virtuosos sobre os rostos de suas
irmãs teria despertado sua suspeita nos melhores dias.
Bronwyn marcou o lugar com uma fita e fechou o livro. ― Eu
suponho que vocês duas acreditam que foi engraçado.
Mairi riu e então tentou transformá-lo em tosse, mas falhou
miseravelmente.
Sorcha deu à sua irmã um olhar meio exasperado.
Bronwyn teve que sorrir. ― Foi o que pensei.
Mairi apressou-se a dizer. ― Não fui eu! Sorcha fez isso.
― Fofoqueira! ― Sorcha não podia conter um brilho de humor.
― Bem, você fez. ― Mairi riu. ― E bateu perfeitamente, logo na
lateral do livro e depois ‘tum’, diretamente em seu colo!
Bronwyn sorriu. Ela as amava muito. As duas eram adoráveis,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


com cabelos loiros, olhos azuis e figuras graciosas. Também tinham a
altura perfeita para usar as modas atuais com facilidade. Tudo o que
ela não era.
Ainda assim, compartilhavam as coisas importantes. Ela sorriu
quando seu olhar recaiu no romance de Sorcha. Mairi acabara de
terminar o livro no dia anterior e entregou-o a Sorcha ao entrar na
sala. Apesar dos melhores esforços de sua mãe, ambas eram leitoras
entusiasmadas.
Bronwyn ainda podia lembrar-se do dia em que chegaram e com
a agonia do nervosismo com que ela conhecera sua nova mãe e irmãs.
Seu pai tinha cortejado Lady Malvinea por apenas algumas semanas,
antes de se casar com a viúva mais nova e trazer ela e suas filhas para
Ackinnoull.
Bronwyn não deveria ter ficado surpresa; ela sabia que seu pai
estava sozinho nos anos que se seguiram à morte de sua mãe. Ainda
assim, durante esse tempo, eles se instalaram em um padrão
confortável. Ela teve a liberdade para dirigir a casa e viver como
desejava; desde que seu pai não parasse de trabalhar em suas
invenções. Sua vida lhe dera muito tempo para seus livros e
cachorros, perambulando pelos vastos bosques que cercavam
Ackinnoull, e ela era feliz.
Tudo estava bem até que um novo vigário e sua esposa
chegaram. A esposa do vigário não tinha ficado feliz com o estado de
solteira de Bronwyn e com as incursões solitárias no campo. Sua
desaprovação tornou-se uma verdadeira aversão quando Bronwyn
tinha ignorado a tentativa da mulher em combinar Bronwyn com o
irmão sem graça dela. Depois disso, a esposa do vigário tinha feito
questão de criticar Bronwyn todas as chances que tinha.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn ignorou os comentários venenosos da mulher, mas seu
pai não era tão imune. No dia seguinte ao seu décimo sexto
aniversário, Bronwyn havia retornado de uma longa caminhada
quando encontrou com o vigário e sua esposa deixando Ackinnoull.
Seu pai não disse por que eles vieram, mas os efeitos foram imediatos.
Depois desse dia, seu pai pareceu vê-la de forma diferente,
fazendo-lhe perguntas bobas: se não queria vestir vestidos mais
bonitos, se estava esquecendo-se de participar de reuniões e bailes, e,
mais estranho, se ela não pensava em casar. Ela não pensava, pois
não havia homens para isso, e ela estava muito ocupada ajudando o
pai e lendo todos os livros que pudesse encontrar. No entanto, de
alguma forma, mesmo assim não tinha acalmado os temores que ele
tinha.
Pouco tempo depois, seu pai partiu para Edimburgo, e quando
ele voltou, anunciou seu casamento com Lady Malvinea.
Embora nunca tenha admitido isso, Bronwyn sabia que ele se
casara por causa dela, para dar-lhe uma mãe que a ajudaria a
desenvolver hábitos mais gentis. O pensamento de que ele poderia
estar desapontado com ela pesava demais e tinha firmado a sua
determinação para agradar sua nova mãe, independentemente do
esforço que podia ser.
Quando Lady Malvinea e suas filhas chegaram a Ackinnoull em
uma carruagem seguidas por dois vagões empilhados com móveis e
roupas, Bronwyn estava dividida entre apreensão e esperança. O
pensamento de ter uma nova mãe era estranho, mas irmãs? Ela nunca
quis nada mais que isso.
Dentro de muito pouco tempo, Sorcha, de 10 anos, Mairi, de 8
anos de idade, e Bronwyn, de 16 anos, criaram um vínculo profundo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


As meninas mais novas admiraram a independência de Bronwyn, algo
que nunca lhes tinha sido permitido. Para Bronwyn, ter duas irmãs
pequenas que compartilhavam seu senso de humor e seu amor pela
leitura era um sonho tornado realidade.
Infelizmente, as coisas não tinham procedido tão suavemente
com sua nova mãe; ela e Lady Malvinea entraram em choque desde o
primeiro momento. Bronwyn pensava por si mesma, já crescida,
enquanto Lady Malvinea sentia uma necessidade de moldá-la em algo
mais flexível.
Para ser justa, Bronwyn estava muito acostumada a seguir o seu
próprio caminho, e ela teve que lutar contra a vontade de discutir
sobre todas as ‘melhorias’ que Lady Malvinea desejava fazer em
Bronwyn, em seu pai e na casa. Às vezes, a luta de Bronwyn para
conter-se era muito mais visível do que devia ser, mas tinha sido tão
conciliadora quanto possível.
Infelizmente, sua madrasta não conseguiu ficar a favor. Lady
Malvinea, impulsionada por uma necessidade de afirmação constante
por membros da alta sociedade, acreditava que ela sabia melhor, e
nenhuma argumentação ou senso comum jamais a convenceria de
outra forma.
Poderia ter ajudado se seu pai tivesse entrado para amenizar as
coisas entre a filha e sua nova esposa, mas ele passou anos evitando a
realidade desagradável, e não viu nenhum motivo para mudar isso
agora. Quanto mais Bronwyn resistiu às tentativas de sua madrasta
de civilizá-la, mais seu pai ficou em sua oficina, até que só o viam para
jantares, e mesmo assim só na ocasião.
Demorou muito tempo, mas finalmente Bronwyn percebeu que,
mesmo com todas as falhas de Lady Malvinea, ela realmente desejava

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que Bronwyn fosse feliz e bem sucedida. O problema era que isso, para
Lady Malvinea, significava um casamento bem sucedido com um
homem de título, nascimento e propriedade.
Mas Bronwyn não podia ser algo que ela não era, e suas
explicações simplesmente a irritaram. Ela e sua madrasta poderiam
continuar sua luta, exceto por uma coisa: Sorcha.
Agora aos dezoito anos, Sorcha era alta e graciosa, e possuía a
espécie de beleza rara que provocara a ascensão meteórica de
Elizabeth e Maria Gunning, jovens damas de descendência irlandesa
que alcançaram sucesso social lendário, muitos anos antes. Mamãe
frequentemente falava sobre elas com admiração.
Sorcha adorava bailes, flerte e a última moda. Ela era a filha de
sua mãe em todos os sentidos, exceto por seu amor pela leitura e por
seu forte senso de humor. Bronwyn poderia desejar que sua irmã não
visse o casamento como seu único caminho para a felicidade, mas
Sorcha era inflexível. E com seu olhar e charme natural, não era difícil
imaginar que ela encontrasse um marido digno e intitulado que a
agradasse pelo resto da sua vida.
O único medo de Bronwyn pelo plano de Sorcha era sua mãe.
Embora desejasse o melhor para suas filhas, Mamãe era muitas vezes
cega à natureza verdadeira de uma pessoa se possuíssem riqueza e
um título. Bronwyn tinha testemunhado uma e outra vez, e ela não
tinha vontade de ver Sorcha casar-se infeliz. Então, com a esperança
de proteger sua irmã de qualquer tipo de consequência desastrosa,
Bronwyn se envolveu na busca de sua madrasta por um companheiro
para Sorcha. Um afortunado efeito colateral desse envolvimento foi
que Bronwyn e Mamãe agora se encontravam em bases mais
caritativas.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Juntas, procuraram exaustivamente eventos para que Sorcha
fosse e pudesse ganhar alguma sofisticação antes de sua apresentação
à sociedade, tinham melhorado o orçamento familiar para que
houvesse fundos para comprar as sedas e o cetim tão necessários para
um guarda-roupa apropriado, contaram com a ajuda de sua
governanta para salvar a guarnição de alguns vestidos mais antigos
para serem reusados e, oh, um milhão de pequenas coisas que
tornariam a estreia de Sorcha um sucesso. E muito cedo, Mairi teria
idade suficiente para o mesmo. Embora ela não fosse tão bonita
quanto sua irmã, sua vivacidade prometia fazê-la igualmente
procurada.
Bronwyn colocou o pão em seu prato. ― Eu suponho que haja
uma razão para você estar jogando pão em mim?
― Oh, sim! ― Sorcha depositou a xícara de chá, uma expressão
ansiosa no rosto. ― Eu ouvi a notícia mais maravilhosa, e queria
contar antes que Mamãe descesse.
― Ela tentou chamar sua atenção três vezes, ― disse Mairi,
batendo na torrada. ― Você nem sequer piscou.
― Seu truque funcionou, agora estou ouvindo. ― Ela abriu o pão
e pegou a manteiga. ― Quais notícias maravilhosas você está tão
ansiosa para compartilhar? Existe um novo chapéu na vitrine da Sra.
MacLeith em Inverness? Ou um novo par de sapatos na...
― Sir Henry está abrindo o Castelo de Tulloch!
Bronwyn parou de passar manteiga, uma visão de olhos verdes
profundos cintilando em sua mente e fazendo com que seu coração
acelerasse.
― Ah. Sim.
― E ele está trazendo dezenas de convidados! ― Mairi acrescentou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


com entusiasmo.
― Dezenas, Bronwyn. Visitantes elegíveis. ― Sorcha não poderia
ter ficado mais feliz.
Mairi inclinou-se para frente. ― Para Sorcha significa ‘homens
elegíveis’.
― Que bom. Nós teremos algo para aguardar. ― Bronwyn deu
uma mordida em seu pão e depois reabriu seu livro. Desde o encontro
com o caçador na floresta, ela fez o possível para não pensar nesses
momentos confusos, pois a incomodavam. Tinha sido muito
impetuosa? Muito atirada? Esses pensamentos a cutucavam, mas os
que realmente a atormentavam…. Deveria ter ficado para mais beijos?
E se ela tivesse; o que poderia acontecer então? Foi o último
pensamento que a manteve acordada com muita frequência desde
aquele dia.
― Bronwyn? ― O sorriso de Mairi desapareceu. ― Você não acha
que é uma notícia emocionante?
― Ah sim. Bastante. ― Ela rastreou um dedo na página para
encontrar a última linha que lera; não conseguia se concentrar nas
palavras.
― Espere um momento, ― disse Sorcha. ― Você não está
surpresa. Você sabia sobre isso!
― Como poderia? ― perguntou Mairi. ― Nós não soubemos até
esta manhã. Mamãe só descobriu porque Cook falou com a governanta
no Castelo de Tulloch.
Sorcha assentiu.
― Mamãe disse que a Sra. Durnoch não sabia que Sir Henry e
seus convidados estavam chegando, até receber uma carta há pouco
mais de uma semana. Então, como você sabia?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn colocou o livro na mesa.
― Eu ia te dizer isso, mas esqueci. ― Tinha sido uma perda de
tempo tentar esquecer o estranho na floresta; sonhos e pensamentos
eram muito mais incontroláveis do que ela tinha percebido.
― O que você esqueceu? ― Mairi perguntou.
― Alguns dias atrás, três ou quatro, eu encontrei um caçador na
floresta, um de Selvach. O homem mencionou que Sir Henry e seus
convidados chegariam em breve.
― E você não nos mencionou isso? ― reclamou Sorcha.
― Eu não tinha certeza de que ele estava falando a verdade. ― Ao
ver o olhar interrogativo de Sorcha, ela acrescentou: ― Eu nunca vi o
homem antes, e depois de pensar nisso, parecia exagerado. Sir Henry
nunca visita Tulloch. ― Além disso, quanto mais Bronwyn pensava
sobre o encontro com o caçador, mais tudo parecia um sonho muito
vívido, mas impossível.
― Fiquei chocada ao ouvir que o castelo também estava aberto, ―
disse Sorcha. ― Talvez Sir Henry esteja planejando reunir sua família e
amigos em Tulloch por algumas semanas, antes de ir para Inverness
para o Northern Meeting.
O Northern Meeting6 era o evento social mais grandioso da
sociedade escocesa. Iniciado em 1788 por um grupo de cavalheiros
como forma de animar a sociedade escocesa, que havia sido
desmoralizada pelas sanções que se seguiram à revolta Jacobina, a
reunião foi ajudada liberalmente pela duquesa de Sutherland, que
havia adicionado atividades e bailes para as damas participarem.
Realizada sem falhas todos os anos em Inverness, durante o mês de
outubro, a reunião foi um sucesso estrondoso desde o início, e cresceu

6 A reunião do Norte.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


para incluir bailes elaborados e jantares sofisticados, pontuados por
competições de gaita e bateria militar. Era o destaque da temporada
escocesa, e Sorcha foi apresentada lá em sua estreia.
Sorcha continuou. ― Quaisquer que sejam as razões de Sir
Henry, Mamãe está certa de que ele estará oferecendo pelo menos um
jantar, e talvez até um baile!
― Mal podemos esperar! ― Mairi deu um pequeno salto em seu
assento.
― Sim. ― Sorcha sorriu. ― Mas Bronwyn, por que você não nos
contou sobre esse caçador? Você poderia ter pelo menos mencionado
ele.
― Oh! ― Os olhos de Mairi se arregalaram e ela se inclinou para
frente. ― Ele era bonito?
Bronwyn havia revivido esses momentos da floresta tantas vezes,
tinha imaginado ir além deles, e tinha visto o rosto do caçador em seus
sonhos com tanta frequência que estava certa de que poderia tirar isso
da memória.
― Não me lembro.
― Você não se lembra de nada sobre ele? ― Sorcha não pareceu
acreditar em uma palavra.
― Ele… ele era… alto. ― Bronwyn rapidamente deu mais uma
mordida em seu pão para não ter que responder a mais perguntas.
Compartilhando esses momentos, mesmo falando sobre eles para
suas irmãs, parecia… inadequado. Como se ela perdesse algo precioso
- o que era bobo. É apenas uma memória, mas é minha memória.
Quando suas irmãs continuaram a observá-la, ela encolheu os
ombros.
― Ele tinha o cabelo escuro e usava um casaco gasto. Isso é tudo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


de que me lembro. Eu ia contar o que ele disse sobre a chegada de Sir
Henry, mas só depois de visitar a Sra. Durnoch em Tulloch para
confirmar a história.
As delicadas sobrancelhas de Sorcha aumentaram. ― Por que
você não procurou a Sra. Durnoch imediatamente e verificou as
informações do homem?
― Isso é o que eu teria feito, ― acrescentou Mairi.
― Eu não tive tempo, com o trabalho extra que tive que fazer pelo
mais novo pedido de patente do Papai. ― Mas havia outra razão pela
qual hesitou em visitar o Castelo de Tulloch. Um motivo muito maior…
Um de mais de 1,80 de altura.
Ela nunca conheceu um homem que a fez sentir tão exposta. E
excitada. E viva. Terão sido esses momentos importantes para ele? E
por que ela se importava?
Ela se moveu impaciente em sua cadeira. Foi bobo continuar
pensando em um evento único. No entanto, tarde da noite, sua
imaginação assumiu o controle e ela não só lembrou os beijos, mas
elaborou-os como se estivesse escrevendo um dos livros da Srta.
Edgeworth.
Apenas pensar sobre aqueles beijos, sentia um tremendo arrepio
através dela, e tornou-a plenamente consciente de uma estranha
sensação de perda, de oportunidade perdida, de… Solidão. Que
bobeira é essa? Ela não se sentia solitária desde que suas irmãs
tinham ido morar com ela.
Ela afastou o estranho pensamento de sua mente e sorriu
brilhantemente.
― Agora que Sir Henry chegou, espero que haja vários jantares e
um baile. Se não dois.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Mairi suspirou com alegria.
― Eu adoraria dois bailes e quatro jantares. Ah, e talvez um
passeio de carruagem para o lago, ou um piquenique em…
Lady Malvinea entrou na sala, acenando com uma carta no ar, o
vestido verde elegante farfalhando a cada passo.
― Olhe o que acabou de chegar! ― Embora seu cabelo loiro e
lustroso devesse sua cor ao talento artístico e não à natureza, e sua
figura ter se encorpado ao longo dos anos, além da alegação que seus
olhos estavam inchados algumas manhãs, Mamãe ainda era uma bela
mulher.
Ela sorriu para as suas três filhas nesse momento, contudo,
Bronwyn viu um brilho determinado por trás da excitação. ― Todas as
minhas queridas filhas na mesma sala, e aqui estou; estourando boas
notícias!
Mairi foi para a frente, uma expressão ansiosa no rosto. ― É
sobre Sir Henry? Ele está oferecendo um jantar para…
― Mairi, por favor. Um momento. ― Ela pegou uma cadeira na
mesa e sentou-se com suas filhas. ― Uma Lady nunca corre.
Mairi deslizou para trás em seu assento e apertou as mãos diante
dela, embora uma pitada de teimosia abalasse sua expressão
suavizada.
― Pronto! ― Mamãe disse aprovando. ― Que imagem bonita!
Tão… ― Seu olhar encontrou o vestido de Bronwyn. ― Bronwyn?
Bronwyn ergueu o olhar para a madrasta. ― Sim?
― Eu pensei que você tivesse jogado fora esse vestido.
― Este? Não, eu joguei o cinza. ― Na verdade, ela também não
tinha descartado aquele, mas o havia designado como um vestido para
ser usado com os cachorros do lado de fora. Quando ela se lembrasse.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Mas nós falamos sobre esse vestido, o verde. Não o cinza.
― Nós? ― Bronwyn tentou parecer confusa, mas estava bem certa
de que estava falhando.
― Sim. Nós falamos sobre como estava desatualizado e precisava
ser reparado em uma dúzia de lugares, e que fazia muito pouco para
lisonjear sua figura e…
Bronwyn teve que rir, embora tenha feito a boca da mãe apertar.
― Este vestido precisa de algum reparo, eu concordo, mas apenas
onde o bolso se enganchou no trinco da porta. Ele serviu bem o
suficiente para as tarefas que fiz nesta manhã. ― Quando a expressão
dolorida da mãe não suavizou, Bronwyn escondeu um suspiro e jogou
uma mão. ― Eu prometo não usá-lo na frente dos convidados. Sempre.
Lady Malvinea abriu a boca para argumentar, mas Sorcha foi
mais rápida.
― Conte-nos sobre este convite. Vamos precisar de vestidos
novos? Ou serão os que pedimos o mês passado?
― Estou tão feliz que pedimos esses vestidos adicionais para a
sua apresentação, embora seja uma pena que não possamos ter nada
para Bronwyn. ― A madrasta tentou a sua enteada. ― Eu queria que
você tivesse me permitido encomendar alguns vestidos quando tivemos
a chance.
Bronwyn poderia ter apontado, como tinha na época, que o
orçamento não permitia que todas encomendassem novos vestidos ao
mesmo tempo, mas ela se absteve.
― Tenho três vestidos excelentes para visitas, e raramente os uso
agora.
― Vestidos de visita, sim, mas não vestidos de baile. Eu vou ter
que lhe dar um dos meus vestidos mais antigos e alterá-lo para servir,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


agora que fomos convidados para o baile de abertura de Sir Henry.
― Um baile? ― Mairi interrompeu, seus olhos arregalados de
emoção. ― Sir Henry dará um baile!
Sorcha bateu palmas. ― E ele nos convidou!
― De fato, ele fez! ― Mamãe deu uma risada excitada enquanto
agitava o papel mais uma vez. ― Meus amores, vocês nunca
acreditarão nisso, mas Sir Henry trouxe mais de trinta convidados
com ele para o Castelo de Tulloch, todos homens e mulheres de
criação e nobreza. Nossa pequena aldeia monótona nunca viu coisa
parecida!
Mairi deu outro salto na cadeira.
Mamãe disse educadamente. ― Sir Henry está programando
todos os tipos de eventos, começando com um baile de abertura. E
sim, ele convidou todos nós, como está certo, já que seu pai foi seu
vizinho mais próximo há anos. ― Um lampejo de descontentamento lhe
escureceu os olhos. ― Naturalmente, seu pai já disse que não pode ir,
porque está muito ocupado com algum projeto ou outro, mas está
tudo bem. Bronwyn e eu iremos acompanhar vocês duas.
― Então eu posso ir também? ― Mairi perguntou com um tom
ofegante.
O rosto de Mamãe suavizou. ― Você pode. Seu pai e eu já falamos
sobre isso, e acreditamos que isso servirá como um bom treinamento
para quando você for apresentada. Mas se eu notar algum
comportamento impróprio, será a última vez que você aproveitará até
os dezoito anos. Ficou claro?
Mairi assentiu enfaticamente. ― Sim, Mamãe.
― É bastante incomum para uma garota de dezesseis anos
participar de um evento tão grande, mas seu pai destacou que é um

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


baile de campo e informal, por isso vai ficar bem para você participar
dessa vez.
― Eu vou me comportar, prometo. ― A voz de Mairi era fervorosa.
― Por que Bronwyn é acompanhante? ― Sorcha parecia
descontente. ― Ela é muito jovem para ser acompanhante.
― Tolice. Ela tem 24 anos e a idade perfeita para cuidar de suas
irmãs mais novas. ― Mamãe tomou um gole de chá. ― Além disso, será
necessário que nós duas fiquemos de olho em vocês. Eu diria que seus
cartões de dança serão preenchidos antes de cinco minutos após
estarem lá.
― Fico satisfeita de acompanhar, ― acrescentou Bronwyn. ―
Aliviada, na verdade. Não gosto de conversar com pessoas com as
quais não tenho nada em comum, e se eu me sentar com as outras
acompanhantes, posso falar com Miss MacTavish, que tem feito as
geleias mais saborosas para o pai. Ela me promete a receita toda vez
que nos encontramos, mas continua esquecendo-se de trazê-la.
Sorcha já estava balançando a cabeça. ― Miss MacTavish tem
quarenta anos ou já teve algum dia. Você é muito jovem para se sentar
com as chaperonas.**
― Sorcha está certa. Além disso, ― acrescentou Mairi ― como
você sabe que não tem nada em comum com alguém até falar com ela?
― Porque não gosto de conversar com estranhos. E não diga que
sentirei falta da dança, pois não vou. Lembra-se de nossas lições?
Mamãe insistiu nessas lições, não importava como Bronwyn
implorasse para ser deixada de lado. Felizmente, depois de várias
sessões dolorosas, seu mestre de dança concordou que Bronwyn era
uma causa perdida. Ela nunca conseguiu manter o tempo, o que
tornou a dança impossível.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn riu. ― Pobre Monsieur Beaumont estava arrancando os
cabelos de frustração comigo. Não seria justo que os homens da festa
de Sir Henry fossem submetidos a ambos os meus pés esquerdos ao
mesmo tempo.
― O mestre de dança, Monsieur Beaumont, não era um homem
paciente. ― Mairi enviou à sua irmã um olhar malicioso. ― No entanto,
ele gostava muito de você, Sorcha.
Sorcha corou. Monsieur Beaumont fazia parte de uma longa lista
de tutores que haviam sido demitidos depois de se apaixonar por ela,
algo que aconteceu com bastante frequência desde que tinha quatorze
anos.
Mamãe enviou a Mairi um olhar firme. ― Diga o que disser sobre
o Sr. Beaumont, ele era um mestre de dança muito procurado. Um dos
melhores.
― Mas um poeta miserável. ― Encorajada pelas lágrimas não
derramadas de Sorcha, Mairi acrescentou: ― Bronwyn, você se lembra
do poema que ele escreveu para a Sorcha?
Bronwyn teve que sorrir.
― Começava com... como era a frase? Ah, sim, “Justa dama que
fica na janela da noite e persegue o sol com seu estado de beleza...”
Mairi terminou, rindo. ― Seu estado de beleza! ─ O que raios é
isso?
O rosto de Sorcha flamejou. ― Desejo que você esqueça esse
miserável poema, pois eu esqueci.
― Como posso esquecer seu estado de beleza? E o que mais ele
disse? Ah, sim, ele disse que “seus ombros brancos eram montanhas de
granito e seda”.
― Mairi, já é o suficiente, ― Lady Malvinea disse com firmeza. ―

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ou talvez você já tenha decidido não comparecer ao baile de Sir Henry
e prefere ficar em casa com seu pai?
O sorriso de Mairi desapareceu. ― Não, não! Eu só estava
provocando.
― Isso é muito ruim. ― Bronwyn franziu os lábios. ― Eu acredito
que papai planeja examinar um tratado sobre iluminação a gás esta
semana. Tenho certeza de que ficaria feliz em lê-lo em voz alta, se você
estivesse entediada.
Mairi estremeceu. ― Eu prefiro comer ovos crus do que ouvir
papai ler outro de seus papéis. Mamãe, sinto muito por ter provocado
Sorcha.
Satisfeita com a expressão castigada de sua filha, Lady Malvinea
assentiu. ― Bom, porque tenho uma coisa para te contar, algumas
novidades verdadeiramente excitantes desta vez.
Os olhos de Sorcha se arregalaram. ― Tem mais?
― Muito mais, ― disse com um ar de emoção suprimida. ― Eu
pude descobrir que um dos sobrinhos de Sir Henry, o visconde
Strathmoor, está se juntando ao grupo, e ― ela olhou em volta da
mesa, um brilho em seus olhos azuis ― também há um príncipe!
Sorcha ofegou. ― Um verdadeiro príncipe?
― Claro! E um com uma renda de trinta mil libras por ano! A Sra.
Durnoch ouviu uma das damas da festa de Sir Henry contar tudo
sobre ele.
― Trinta mil libras, ― Sorcha disse com um tom impressionado. ―
Não consigo imaginar.
Nem poderia Bronwyn. Ela conhecia até os centavos que custava
para manter Ackinnoull, e anualmente era menos, muito menos do
que a renda diária do príncipe.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Mamãe sorriu com satisfação com seus espantados rostos.
― Eu acho que um príncipe com uma renda anual de trinta mil
libras deve estar à procura de uma princesa, não é?
― Eu pensaria assim, ― concordou Mairi. ― Uma pessoa não
poderia gastar tanto em um ano, não sozinho, de qualquer maneira.
― Meus pensamentos, exatamente. ― Mamãe alcançou e colocou
as mãos sobre as de Sorcha. ― E eu não sei por que ele não deveria
escolher você!
Sorcha corou e tirou a mão, enviando um olhar de desculpas
para Bronwyn. ― Ou Bronwyn.
― Ridículo, não. ― Bronwyn retirou outro pão da tigela e depois
pegou a manteiga. ― Eu não consigo imaginar nada pior do que ter
que estar sempre em exibição como numa exposição de museu, ter
que fazer reverência o dia todo, forçada a sorrir quando você realmente
prefere um bom livro, não, obrigada. ― Ela passou manteiga no pão. ―
Preferiria possuir uma assinatura de uma biblioteca que ser uma
princesa.
― Você não pode dizer isso, ― disse Mairi.
― Eu quero dizer isso. Todas aquelas pessoas que desejam
ganhar a sua atenção, basta pensar em todos os artigos que lemos,
onde a carruagem da pobre princesa Charlotte foi atormentada.
Loucura. ― Ela torceu o nariz.
― Eu gosto de pessoas, ― disse Mairi com firmeza. ― E não me
incomodaria fazer uma reverência durante todo o dia.
― Eu não tinha considerado isso, ― Sorcha disse pensativa ―
mas posso ver como isso se tornaria cansativo.
― Tolices, ― disse Mamãe. ― Você gostaria de ser uma princesa,
minha querida. É para o que você foi criada.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Eu não fui criada para ser uma princesa, ― protestou Sorcha.
― Você foi criada para ser esposa de um homem poderoso e bem
educado, o que inclui príncipes. ― Ela sorriu para Sorcha. ― Soube
que Oxenburg também é adorável.
― Oxenburg?
Todos olharam para Bronwyn, e ela percebeu que havia dito a
palavra muito mais alto que o necessário. ― Eu… Eu li sobre
Oxenburg em algum lugar recentemente. O nome parece familiar.
Então, o caçador deve ser um dos servos do príncipe e não
empregado de Selvach, afinal. Isso explica muitas coisas, como o cão
fofinho. Deveria estar cuidando do cachorro para o príncipe. Um
sorriso fazia cócegas em seus lábios. Sem dúvida, o homem era tão
pequeno e fresco como seu animal de estimação.
Ignorando a imagem pouco atraente que Bronwyn tinha do
príncipe, Mairi suspirou sonhadoramente.
― Eu acho que casar com um príncipe seria o melhor de todas as
coisas. Carruagens e oito tiaras de diamantes, vestidos novos todos os
dias da semana, chinelos enfeitados com joias, pessoas para trazer-lhe
o que quiser, sempre que quiser; como você pode odiar ser uma
princesa?
Bronwyn se serviu de chá. ― Talvez eu seja muito particular para
meu próprio bem. Se você não se importar, deixarei todos os príncipes
para você e Sorcha.
Sorcha balançou a cabeça. ― Mas Bronwyn, apenas pense em
todos os livros que uma princesa poderia ter. ― Ela acenou com as
mãos. ― Salas de livros.
― Isso pode valer a pena. ― Bronwyn fingiu considerar isso. ―
Porém, novamente, eu também poderia obter uma assinatura da

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


biblioteca em Inverness e ter acesso às salas dos livros, sem ter que
ficar de pé a recepcionar até meus pés e costas doerem.
― Tolice, ― disse Mamãe rapidamente. ― Ser uma princesa seria
adorável, e não ouvirei nada de outra forma. Sorcha, qual vestido você
vai vestir? Nós temos apenas cinco dias até o baile e temos muito para
nos preparar de agora em diante.
Instantaneamente, Sorcha, Mairi e Mamãe começaram a discutir
vestidos, sapatos, fitas para cabelo e outros itens relacionados.
Bronwyn ouviu por um curto espaço de tempo, depois encontrou seu
livro e tentou ler.
Mas de alguma forma, sua mente continuava vagando para o
caçador de Oxenburg. O país era tão bonito quanto o homem? E por
que, oh por que, ela ainda estava pensando nele, perguntando-se
sobre ele, sonhando com ele? Felizmente para ela, havia poucas
possibilidades de vê-lo novamente. E ainda… ela se perguntou onde
ele estava agora, e se ele também estaria pensando naquele momento
na floresta. Pois ela pensava, muito mais do que queria.
Mas todos os primeiros beijos eram assim, não eram? Ela disse a
si mesma, tentando reduzir a memória em algo que não perturbaria
tanto o sono ou a imaginação dela. Mas sua tarefa era impossível. O
caçador possuía uma habilidade sobrenatural que até seus lábios
novatos tinham reconhecido. Ora bolas, por que não poderia ter sido
horrível ao beijar? Talvez então, eu tivesse uma chance. Mas ela não
teve tanta sorte.
Com um suspiro resignado, ela forçou sua mente para as páginas
do livro e para as aventuras de Roland, cujas palavras agora ecoavam
em sua mente com um acento distinto e um tom suave e rouco.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 5

Roland lembrou-se da primeira vez que colocou os olhos em


Lucinda, e como ele tinha sido instantaneamente tomado pela inocência
que brilhava em seu rosto, como um farol numa costa enevoada.
O que mais um homem poderia desejar de uma criada do que
pureza de mente e coração? ― O Duque negro por Srta. Mary
Edgeworth.

Alexsey Vitaly Grigori Romanovin, Príncipe Real Menhivkov de


Oxenburg e convidado de honra de Sir Henry Davidson, estava
entediado. Aqui estava ele, um homem de ação forçado por sua
posição a ficar em um salão de baile cheio de pavões aperaltados.
Alexsey murmurou um grunhido enquanto examinava as
mulheres diante dele. Havia ruivas, morenas e loiras. As altas, as
baixas e as medianas. Havia gorduchas, magras e curvilíneas.
Algumas eram bastante atraentes, outras não eram, e pelo menos três
eram lindas. Mas o que nenhuma delas era, era interessante.
― Bem? ― Tata Natasha perguntou de onde ela estava, sua voz
impaciente. ― Qual você deseja conhecer?
O olhar de Alexsey varreu a sala novamente, demorando-se nessa
mulher, então naquela, procurando em seus rostos por
algo…intrigante. Finalmente, ele encolheu os ombros.
― Nenhuma delas.
― Pah! ― Tata Natasha fuzilou-o com um olhar sombrio,
desaprovação um manto quase tangível em seus ombros pequenos.
― Há mais de cinquenta mulheres maravilhosas e bonitas aqui
esta noite. Sir Henry garantiu-me que todas são bem criadas e bem

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


adequadas como potenciais noivas. Você tem à sua escolha, 7durahk.
Então, escolha!
― Sua preocupação com minha felicidade me impressiona, ― ele
disse em um tom seco.
― Você ficará feliz uma vez que for casado. Fale com uma.
Convide-a para dançar. Você não saberá se vai gostar da sua
companhia até falar com ela. ― Quando ele não respondeu, ela
acrescentou: ― Sir Henry prometeu que todas as mulheres aqui
possuem uma educação adequada e gentil, e são bem criadas.
― Você já disse isso dez vezes até agora. Por favor, pare sua
mania infernal de casamenteira. Escoltei você para Tulloch Castle
porque me pediu; não para encontrar uma esposa.
Seus olhos se estreitaram. ― E se alguém encontrá-lo? O que
acontece então?
Por algum motivo, uma imagem instantânea da morena de rosto
fresco que ele conheceu na floresta há uma semana, passou por sua
mente. O que era uma pena, pois nenhum dos seus interrogados deu o
nome dela. Embora fosse óbvio que os servos soubessem quem era,
nenhum deles tinha admitido conhecê-la. Estava irritando-se.
Percebendo que sua avó ainda o observava, ele fez um gesto para
a mesa de refrescos. ― Vou buscar-lhe um copo de orchata**?
Sua expressão ficou azeda. ― Você não vai falar sobre casamento.
― Nyet. Aqui não. E não com você.
― Chegará o dia em que você não poderá mais evitar o assunto.
Você é um príncipe e um príncipe deve se casar.
― É verdade, mas esse dia não é hoje. ― Quando esse dia chegar,
Alexsey só poderia esperar que tivesse a boa sorte de seu pai para

7 A expressão se refere a um jogo de cartas muito popular na Rússia e no Leste Europeu no século XIX.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


encontrar uma companheira. Com apenas um olhar para uma
adorável criada cigana, seu pai havia caído profundamente,
apaixonado. As leis de Oxenburg não permitiram o casamento entre o
membro da família real e uma plebeia, mas isso não impediu o pai de
Alexsey. Ignorando os suspiros indignados e as advertências furiosas
de seus conselheiros, ele emitiu um decreto que permitia que membros
da família real se casassem com qualquer um que desejassem, e então
procedeu a desfilar sua amada ante as pessoas de seu país. Seu plano
havia funcionado; o povo de Oxenburg tinha se apaixonado por sua
linda e encantadora noiva como ela era. Eles receberam a nova rainha
com celebrações de tal entusiasmo, que seus conselheiros foram
silenciados e as leis de Oxenburg mudaram para sempre.
Pode-se supor que tal mudança significaria que os filhos do rei
poderiam seguir seus corações no caminho para o amor verdadeiro.
Pode-se supor, também, que a Grã-Duquesa Nikolaevna, a mãe da
cigana-que-virou-rainha, encorajaria seus netos a se casarem por
amor como sua filha tinha feito.
Mas não.
Ninguém era mais crítico com as linhagens do que a Tata
Natasha. Uma mulher minúscula com um orgulho feroz, ela estava
mais consciente do seu novo título, e dos outros, do que qualquer um
nascido na nobreza. Pior ainda, ela era mais rainha do que qualquer
outra rainha que Alexsey já havia conhecido. E ele conheceu todas.
Tata Natasha apertou seu braço.
Ele deu uma olhada. ― Pare com isso.
― Você não estava ouvindo. Eu estava apontando as belezas
desta multidão e você estava olhando para a parede oposta como se
estivesse no inferno.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Tem uísque nesse inferno? Se assim for, eu ficaria feliz. Tata,
pare com isso. Apertar meu braço não me encoraja a ouvir. Na
verdade, tem o efeito oposto.
― Você tem a sorte de estar aqui. Caso contrário, você ainda
estaria em Oxenburg com aquele…
― Não! ― Alexsey franziu o cenho. ― É sempre o mesmo com você:
você gasta muito tempo tentando ordenar minha vida, e não preciso de
tal ajuda. Eu sei o que eu quero.
E no momento eu desejaria algumas horas debaixo de uma
árvore, com certa criada de óculos e bochechas arredondadas. Ele
tinha visitado seu local de leitura todos os dias, mas ela nunca
reapareceu; tinha desaparecido como a névoa da manhã. Ele poderia
encontrar outra mulher, supôs, mas duvidava que achasse uma tão
tentadora.
Tata Natasha mordeu a língua, um olhar contrito em seu rosto.
― Venha, Alexsey. Não fique tão perturbado.
Ele não confiou nela por um momento, e apenas levantou uma
sobrancelha em sua direção.
Ela franziu o cenho. ― Você tem afinidade com as mulheres mais
inadequadas. Por que nunca seleciona uma mulher de nascimento
nobre?
― Eu gosto de mulheres que me desafiam; que não choramingam
quando se molham ou precisam sentar-se na terra.
― E é por isso que você gosta tanto das mulheres Romani?
Porque elas não ‘choramingam’?
― Elas são muito independentes e tem esse espírito. ― Ele
brincou com ela. ― A verdade é que eu queria encontrar uma mulher
como você, Tata Natasha. Aquela que sempre surpreende e nunca

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


aceita um não como resposta.
Sua expressão se suavizou, e ela disse com relutância. ― Não há
muitas mulheres como eu, mesmo entre meu povo.
― Há mais lá do que aqui. ― Ele assentiu em direção ao salão de
baile. ― Perto de você, essas mulheres ficam sem cor.
― Você tem um gosto muito específico. ― Os dedos enrugados
tocaram o pesado colar de corda dourada que pendia de seu pescoço,
um dos muitos. Com um toque breve, soltou-o. Ali, balançando como
um pêndulo pesado estava o kaltso de seu avô, o pesado anel de ouro,
o rubi cintilando vermelho escuro.
As mãos de Alexsey se fecharam em punhos. ― O kaltso deveria
ser meu.
― Você vai conseguir isso quando merecer. ― Sua voz falhou
bruscamente. ― Você romantizou o nosso povo, Alexsey. Às vezes
penso que isso lhe impedirá de ser um bom voivode.
― Experimente-me, velhota. Dyet desejava isso; você sabe que ele
queria.
― Você sabe tão bem quanto eu que seu avô gostaria que você se
provasse. ― Ela apertou o anel, seus dedos prendendo-o como se
estivesse vivo. ― Eu vou recomendá-lo ao conselho somente quando
você provar que é maduro de espírito, estabelecido em seus caminhos
e capaz de liderar pessoas de grande complexidade.
― Eu conheço os Romani, Tata Natasha. Fiquei em suas
barracas, compartilhei sua comida…
― Sim, sim. E dormiu com suas mulheres. ― Ela lhe enviou um
olhar azedo. ― Um grande número delas, pelo que eu ouvi.
― Tolice. Você exagera, embora eu admita que elas sejam
atraentes. São livres, sem restrições e apaixonadas.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Se você deseja ser seu líder, você não pode varrer as mulheres
como uma foice através da grama.
― Dá-me o kaltso e eu nunca mais vou dormir com outra.
Ela tocou o anel de rubi, seu olhar escuro examinando seu rosto.
Ele não se encolheu.
Depois de um momento, ela resmungou. ― Eu não acredito em
você. ― Ela afastou o anel.
O maxilar de Alexsey apertou. ― Você sabe que sou o melhor
para o nosso povo. Além de você, ninguém na nossa família entende os
Romani do jeito que eu entendo.
― E o que você faria se se tornasse o voivode?
― Eu construiria campos permanentes.
― Os Romani nunca ficariam em um só lugar.
― Eu não espero que façam. Eles partem a cada primavera e
voltam a cada outono. Eu nunca mudaria isso, mas lhes daria campos
permanentes no rio em Oxenburg, estruturas de madeira seguras,
onde poderiam viver durante o inverno. Mantê-los aquecidos, dissipar
a umidade que é tão prejudicial, e deixá-los reparar suas caravanas e
tendas para a viagem de primavera. Durante os invernos, eu
providenciaria escolas para os jovens e traria um médico para
consultar seus curandeiros.
― Você acha que um médico poderia ensinar algo a um
curandeiro Romani? Ah!
― Eles poderiam aprender uns com os outros se alguém lhes
desse a chance, ― ele disse calmamente.
Ela não parecia convencida. ― Eles nunca iriam concordar com
tais mudanças. São pessoas do vento e não desejam ser encerradas.
― Eu poderia, se eu fosse o voivode nomeado, como o avô era.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sua expressão suavizou. ― Seu Dyet Nikki foi um lidir
excepcional.
― Eu jamais me atreveria dizer que me sairia tão bem no trabalho
como ele. Ele tinha muito mais conhecimento das pessoas, como
juntá-las, apesar de seu espírito independente, mas eu tentaria, Tata.
E eu não pararia de tentar até ter melhorado suas vidas.
― Melhorar? Você julga…
― Eu não julgo, mas tampouco pretendo que tudo está bem
quando não está. Eu sou um realista, não um romântico, como você
pensa. Eu amo os Romani, verdade, mas conheço suas falhas. Eu não
sou cego às suas falhas. Eles podem ficar bastante balançados pelo
ouro.
― Talvez você os veja com clareza suficiente, ― ela admitiu, com
tom rancoroso. ― Mas isso não muda minha ideia. Por enquanto, o
kaltso fica comigo, em volta do meu pescoço, onde o seu avô o colocou.
― 8Božj moj, o que devo fazer?
Ela apertou o braço e inclinou-se para frente. ― Se casar com
uma mulher de boa criação, alguém que irá resolver esses modos
inquietos e lhe dar filhos para levar nosso nome de família.
― Como você sabe que vou ter filhos? Você só teve uma filha.
Ela suspirou. ― Sim, mas ela produziu quatro belos filhos
robustos. Ela tem sangue bom e forte, sim. Meu sangue.
Apesar de sentir-se contrariado, ele teve que sorrir. ― Você se dá
crédito demais, Tata Natasha.
Um brilho acendeu seus olhos negros. ― Talvez. ― Ela deu-lhe
um tapinha no braço e soltou-o. ― Você deve me deixar lhe ajudar,
Alexsey. No ano passado você esteve muito perto ― ela ergueu o dedo

8 Meu Deus.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


indicador e o polegar, com quase nenhum espaço entre eles ― de fazer
uma proskchek um membro da nossa família.
Ele endureceu. ― Não posso acreditar que você use essa palavra.
Tata acenou uma mão. ― Eu digo o que eu vejo.
― Você não sabe nada. Passei algumas lindas semanas na
companhia de uma jovem dançarina…
― Uma proskchek.
― Eu nunca planejei fazer dela um membro da nossa família, e
você sabe disso. Eu já tinha cansado dela muito antes de você saber
de sua existência.
― Hum. Eu ouvi que você estava louco por ela.
― Eu nunca fui louco por nenhuma mulher.
O olhar de Natasha se afiou, um olhar de verdadeira curiosidade
cruzando seu rosto. ― Nyet?
― Eu acho que não fui cortado do mesmo pano que meu pai, que
ficou profundamente apaixonado só com um olhar. ― Ele encolheu os
ombros. ― Eu não tenho essa capacidade.
― Que é a sorte para todos nós, considerando a baixa reputação
que você mantém, ― ela murmurou.
Alexsey levantou uma sobrancelha. ― Pare de me consignar ao
diabo por ser um homem. ― Ele sorriu para ela. ― Se eu pudesse
encontrar uma mulher com seu espírito, eu me casaria com ela hoje.
― Pah! Não tente me encantar. Eu sou imune a elogios.
Ele riu e se inclinou para beijar sua bochecha. ― Então não digo
outra palavra. Na verdade... Ah! Eu vejo alguém com quem estava
esperando para falar. Se você me desculpar, Tata.
― Quem é? ― Ela ficou na ponta dos pés. ― Ela é adorável? Diga-
me quem ela é e eu pedirei para Sir Henry apresentá-la a você.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Nyet. Estive esperando o Visconde Strathmoor. Embora ele seja
de bom nascimento, ainda assim você não desejará que me case com
ele, pois ele é muito baixo e tem um temperamento terrível. Agora me
desculpe. E chega de tentar me arranjar alguém, por favor. Está
cansando. ― Ele beijou sua mão e depois saiu, ignorando sua carranca
enquanto atravessava a sala para chegar até Strath.
Alexsey conhecia o visconde há mais de dez anos. A inteligência
aguda de Strath sempre o fazia rir, e se houvesse uma coisa que ele
precisava agora, era uma risada.
Consciente de que estava sendo analisado da cabeça aos pés por
cada mulher presente enquanto cruzava a sala, Alexsey olhou para
elas de volta. Elas olharam, mediram e, infelizmente para elas, ficaram
esperando. Havia várias belezas entre o grupo de mulheres, mas
nenhuma possuía nada que o atormentasse. Sua Roza superava todas.
Ele gostou que ela fosse inocente e exótica ao mesmo tempo,
curvilínea e acolhedora. Um homem poderia afundar na cama com
uma mulher daquela e não se levantar por uma semana. Ele
suspeitava ter a mesma paixão natural inata que os Romani. Talvez
fosse isso que o atraiu para a beleza na floresta.
― Eu não posso acreditar. ― Strathmoor ficou diante de Alexsey,
um copo em cada mão. ― Todas essas belezas estão passando, e você
não está fazendo nenhum esforço para falar com uma. Você está
doente, irmão?
Alexsey aceitou alegremente o copo de seu amigo. Pequeno e
rápido como um pardal, Strath compensava sua falta de altura com
sua perspectiva humorística e espírito generoso. Alexsey tomou um
gole da bebida que tinha sido entregue.
― Que ambrosia é esta?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― O bom uísque escocês, um rico e saboroso que você gostará. É
melhor que as coisas doces que meu tio oferece. ― Strath estremeceu.
― Sem cor e fraco. Prefiro beber água.
Alexsey pegou outra bebida. ― Excelente. ― Strath era um bom
sujeito. Eles se conheceram quando o visconde visitou o tribunal
italiano durante uma importante viagem, enquanto Alexsey era o
emissário de Oxenburg. A posição era uma missão de treinamento leve
e sem deveres reais, e ele estava entediado até Strath, com sua risada
pronta e sua sede de aventura, chegar.
Strath e Alexsey passaram três meses gloriosos bebendo e
festejando, curtindo o sol italiano e as belas mulheres italianas. Desde
então, mantiveram uma correspondência esporádica e se visitaram a
cada ano mais ou menos.
― Estou feliz que você esteja aqui, ― disse Alexsey, tomando um
gole apreciativo.
― Você deveria estar. Eu vim só porque meu tio mencionou
algumas semanas atrás que você e sua avó estariam se juntando a ele
aqui. No segundo em que descobri, fechei minha casa da cidade,
arrumei minhas malas e voilà, aqui estou.
― Eu suponho que você estava sozinho naquela casa da cidade,
ou nada poderia ter afastado você de lá.
Strath suspirou tristemente. ― É verdade que estou sem
amantes.
― Como eu. ― Alexsey girou o líquido âmbar no copo. ― Este
uísque é excelente; preciso de um pouco disso para o meu estoque
particular. Isso é possível?
― Claro. Diga-me o quanto você quer e eu o entregarei antes de
partir.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Você é um bom amigo.
Strath levantou o copo. ― Assim como você. Espero que não se
importe com minha suposição de que você precisava de uma bebida,
mas vi você conversando com sua avó, e parecia como se quisesse
estrangulá-la.
― De fato. Ela está determinada a me casar e logo.
― Mas por hora você escapou e está aqui, uma bebida em sua
mão, cercado por um monte de encantos e sem casamento à vista. Eu
chamo isso de perfeição.
Alexsey encolheu os ombros.
Strath suspirou. ― Deixe-me adivinhar: você ainda está se
consumindo por sua donzela da floresta.
― Eu não estou me consumindo, mas ainda não vi nenhuma
mulher que se comparasse a ela. ― Ele enviou um olhar amargo a
Strath. ― Esperava que você conhecesse alguns dos agregados
familiares locais que pudessem possuir uma criada, mas você parece
um inútil.
― Eu posso contar, por um lado, o número de vezes que estive
neste extremo norte. Deveríamos ter pedido ajuda ao meu tio para
identificar sua beleza misteriosa. O tio Henry era um libertino em seus
dias e tenho certeza de que teria entendido sua impaciência para
encontrá-la.
― É claro que era; ele não teria conhecido minha avó, caso
contrário. ― Alexsey olhou por cima do copo para onde Sir Henry
estava conversando com Tata Natasha. Conspirando, na verdade. Sir
Henry era alto, com ombros largos e uma cabeça de distintos cabelos
brancos. Ele tinha um pouco de barriga de anos de boa vida, mas era
fácil ver que deve ter sido um tipo impressionante.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Havia algo sobre a forma como o homem olhava para Tata
Natasha, quase como se… Hmmm.
― Eu acredito que há uma história entre minha avó e seu tio.
O olhar de Strath seguiu o de Alexsey. ― É possível. Eles estão
perto de idade.
― Eu duvido que Tata Natasha se importe com a idade. Ao longo
dos anos, ela se tornou muito mais preocupada com pedigree.
― No entanto, já foi uma cigana, verdade?
― Ainda é. E, como ela destaca sempre, é a rainha dos ciganos.
Se você quiser ver Tata Natasha com raiva, e você não quer, então
sugira o contrário.
Uma dama dançou, espiando eles pelo ombro de seu parceiro.
Strath abanou as sobrancelhas para ela. Era uma mulher de
aparência desbotada com pele pálida e olhos azuis, seus cabelos
vermelhos, a única coisa colorida sobre ela.
― Essa é Miss MacGregor, ― Strath confessou em voz baixa. ― As
coisas que ela pode fazer com essa boca… Adorável! Eu dançaria com
ela, mas temo que ela possa apaixonar-se desesperadamente por mim.
As mulheres me conhecem e oferecem instantaneamente seus
corações. É um fardo que eu tenho.
― Quão difícil para você, ― disse Alexsey secamente. ― Eu prefiro
quando não há corações envolvidos, apenas corpos dispostos.
Strath riu. ― De acordo com o que a sua avó contou ao meu tio,
esse é o modo dos Romani.
― Minha avó também acha que suas poções podem transformar
príncipes em sapos.
O sorriso de Strath desapareceu. ― Sapos? Você está
provocando?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Infelizmente, não. ― Alexsey remexeu o uísque restante em seu
copo. ― Sua Miss MacGregor deixou seu parceiro e agora está
tentando abrir caminho entre a multidão em nossa direção.
Strath iluminou-se enquanto abaixava o copo e alisava o casaco.
― Ela está de fato? Devo responder à chamada, então. Se você me
der licença?
― Claro. Depois de terminar de provar o seu uísque, acredito que
vou me retirar para o meu quarto.
Strath piscou. ― Mas… você é o convidado de honra! Meu tio não
ficará feliz se você se retirar muito cedo.
Alexsey esboçou uma careta. Houve momentos em que ser um
príncipe era dispendioso. No segundo que as pessoas sabiam,
imediatamente supunham certas coisas. Se fossem pais de uma
donzela elegível, eles assumiam que possuía uma riqueza que poucos
príncipes podiam. Se fossem mulheres jovens elegíveis, assumiriam
uma inclinação romântica para com ele, geralmente envolvendo
cavalos brancos e capas vermelhas flutuantes, que ele não tinha. E se
fossem anfitriões ou convidados, acreditavam que ele não só gostava
de ser seu convidado de honra, mas ficariam ofendidos se não o
fizessem assim.
― Não gosto de ser um convidado de honra.
― Mas, infelizmente, você é um príncipe e como um príncipe… ―
Strath encolheu os ombros.
― Eu vou ficar até a meia-noite, mas não mais. Acordei com o
galo esta manhã. Visitei o lugar onde conheci minha criada, pensando
que talvez ela estivesse lá em uma hora anterior.
― Acho que não estava. Ela parece estranhamente determinada a
não ser encontrada. Por mais que possa lhe machucar ouvir isso, não

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


posso deixar de pensar que talvez você deva encontrar alguém para
divertir-se. Mas quem? ― Enquanto falava, Strath ergueu a ponta dos
pés, olhando pela multidão para verificar o progresso de Miss
MacGregor.
― Nenhuma dessas mulheres me interessa.
― Então você não olhou com bastante atenção. Todas as
mulheres são bonitas, você sabe. ― Ele franziu a testa. ― Droga, Miss
MacGregor foi atraída por Lorde Dunn. Devo esperar que ela se livre.
― Ela vai chegar logo. E devo discordar da sua convicção de que
todas as mulheres são lindas. ― Alexsey olhou para o salão de baile. ―
E a respeito dela? ― Ele acenou com a cabeça em direção a uma
mulher pequena, bastante linda, com cabelo castanho e um queixo
recuado.
Strath a olhou por um momento e depois disse. ― Sua pele é
como um creme. Ela brilha à luz das velas. Sua figura também é
adorável. Deitada, você nunca perceberia que ela é um pouco baixa.
Espalhada sobre uma colcha, o cabelo dela sobre ela, a luz das velas
acariciando sua pele cremosa, você não poderia manter suas mãos
guardadas.
― Hmm. ― Inclinou a cabeça em direção a outra mulher, uma
loira fina com um nariz excessivamente grande. ― E ela?
― Aquele cabelo, solto, alcançaria sua cintura. Gostaria de
apostar o meu último centavo que é macio como a seda, e roçaria sua
pele nua até que você estivesse ansioso por seu toque. E note,
também, a boca dela. É ampla, apaixonada e tão quente como… ―
Strath suspirou. ― Você pode ver sua beleza agora, hein?
― De fato. Uma maneira intrigante de ver o mundo, meu amigo.
― Infelizmente, eu não sou um homem bonito. Eu não sou nem

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


alto nem impetuoso. Meu título é insignificante e não tenho fortuna
para falar. Então, como posso esperar a perfeição quando tenho pouco
a oferecer?
― E as mulheres verdadeiramente lindas? As que a sociedade
considera diamantes da primeira água?
― Eu as evito como a praga. Tudo o que elas farão é usar-me
como parceiro para uma dança vaga, e quando a dança acabar vão me
pedir para apresentá-las ao meu amigo, o príncipe.
Alexsey ergueu uma sobrancelha. ― Isso aconteceu?
― Cinco vezes só esta noite. E se você não estivesse aqui, elas
pediriam uma apresentação a Loudoun ou Portman. Eles são dois
condes, e gastam mais por mês em seus cavalos de caça do que eu
tenho para todas as minhas despesas durante o ano inteiro.
― Nem todas as mulheres lindas são tão superficiais quanto você
pensa.
Strath lhe deu um olhar divertido. ― Então elas querem que você
pense; eu tenho permissão para vê-las em seu estado mais natural. A
maioria, se não todas, das mulheres lindas, são mimadas e pensam
que merecem o melhor que a vida tem para oferecer sem fazer
qualquer esforço para conquistá-lo. Dê-me uma mulher que seja grata
por um sorriso, alguém como… ― Ele olhou para o salão. ― Lá, na
porta. Não estou falando sobre a deusa em azul; aquela é a sua irmã,
que é muito convencida, você pode ver pela maneira como ergue a
cabeça. Estou falando sobre a de rosa que…
― Espere! ― Alexsey começou. ― Aquela é ela!
Strath olhou fixamente. ― Mas… não é uma criada. Essa é Miss
Bronwyn Murdoch, membro da nobreza local.
― Nye za shta! ― Ele franziu o cenho. Isso faria um flerte muito

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


mais difícil. Ainda assim, era muito bom finalmente tê-la encontrado.
― Bronwyn. ― Ele enrolou o nome sobre sua língua. ― Isso se adequa
a ela. ― Ele colocou o copo em uma mesa próxima. ― Venha. Devemos
nos aproximar dela.
― Mas Miss MacGregor es… ― Strath suspirou. ― Deixa para lá.
Eu vou encontrá-la depois. Primeiro, tenho que conhecer essa mulher.
Eu... aguarde, Alexsey. Espere por mim, caramba.
Alexsey não desacelerou, seu olhar fixo em Roza.
Strath o alcançou e seguiu-o pelo salão lotado. ― Posso
apresentá-lo, eu conheci as Murdochs na fila de chegada.
― Eles são uma família bem-sucedida?
― Não financeiramente, mas muito pelo nascimento. O Sr.
Murdoch é um inventor bastante excêntrico. Meu tio concluiu que
Miss Murdoch ajuda seu pai com suas patentes.
Assim, os dedos manchados de tinta e a letra se encaixavam. ― E
as outras?
― Sua madrasta e irmãs. A madrasta é Lady Malvinea, filha de
um conde. Isso é tudo que eu realmente sei da família. Gostaria de ter
prestado mais atenção quando meu tio me contou sobre eles; você
sabe que ele gosta de uma fofoca.
Era uma pena que sua Roza fosse uma mulher de boa família,
pois significava que ela estava tão amarrada pela sociedade quanto ele.
Talvez mais. Como príncipe, seus comportamentos eram perdoados. A
sociedade, nunca justa em seu tratamento com o sexo mais frágil, não
seria tão generosa quanto às ações de uma mulher de bom
nascimento, e menos ainda em relação a uma fêmea de bom
nascimento, mas sem renda. Essa falta de renda também explicava
sua roupa desgastada. Teremos que ter muito cuidado, Roza.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Quando ele se aproximou, viu que o vestido que ela usava agora,
embora de melhor qualidade do que o que usava na floresta, estava
fora de moda e de uma cor rosa acastanhada que pouco fazia para
complementar sua pele quente e cabelos castanhos.
― Ela não se veste tão bem quanto suas irmãs.
Strath encolheu os ombros. ― Miss Murdoch está na prateleira e
está aqui esta noite como acompanhante.
― O que isso significa - na prateleira?
― Ela deve ter, oh, eu não sei, 25 ou mais. ― Strath assentiu com
a cabeça para um homem que acenou enquanto passavam na
multidão. ― Ela passou do estágio casável da vida.
O que a tornava ainda mais perfeita para um caso apaixonado.
As coisas estavam começando a melhorar. Uma mulher que não era
mais considerada em idade de casar seria muito mais livre das
restrições da sociedade educada, e menos sob o olhar atento de um
pai preocupado do que uma donzela de tenra idade. Talvez sua
nobreza não seja um fardo, afinal.
Strath continuou. ― Ela parecia bastante tímida quando fomos
apresentados. Ela só disse duas palavras, e do que eu podia ver, é
tudo o que ela disse a qualquer um.
Porque ela está aborrecida. Posso ver isso em sua expressão.
― Isso é tudo?
― Sim. Para ser sincero, não prestei muita atenção nela. Para
qualquer uma delas, na verdade. Eu gosto de mulheres de inteligência
mais vivaz.
Se houvesse uma coisa que Bronwyn Murdoch possuía, era uma
sagacidade vivaz. Ela simplesmente não se incomodou em exibir num
baile chato. Strathmoor não apreciava Roza porque ele nunca olhou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


nos olhos dela quando falou sobre livros, nem ouviu aquela gagueira
engraçada que ela fez quando tentou esconder uma risada, nem sentiu
o calor de seus lábios quando a beijou. O homem não sabia como seus
olhos castanhos brilhavam quando sorria, ou como sua boca franzia
quando estava exasperada, como se estivesse inconscientemente
implorando um beijo.
Quando ele se aproximou, Alexsey olhou para ela com uma
alegria renovada. Seu longo cabelo castanho estava preso, mas as
tranças indisciplinadas já estavam lutando por sua liberdade, alguns
caracóis sobre seu pescoço delicado. O lamentável vestido fazia pouco
pela sua figura exuberante. E ela estava ofuscada não só por causa de
seu vestido deselegante, mas porque não tinha as joias cintilantes das
outras mulheres ali.
Uma vez que ela for minha, eu comprarei suas joias. Imaginou-a
desnuda e radiante diante da chama de uma vela, rubis brilhando
contra sua pele quente. Ela merece rubis para refletir a paixão que eu
vi em seus olhos. Sim. Definitivamente rubis.
― Ah, é o príncipe! ― exclamou uma mulher enquanto ele e
Strath tentavam passar por um último grupo de convidados.
Como um vento que atravessava um campo de trigo, a palavra de
sua aproximação chegou antes de atingir seu objetivo. Alexsey viu que
as irmãs de Bronwyn perceberam quem estava vindo para encontrá-
las. Elas alisaram seus cachos loiros e se desinteressaram de seus
admiradores, voltando a atenção de um jeito que pressionou seus
seios nos corpetes de seus vestidos, pavoneando-se.
A mulher mais velha que estava com elas - a madrasta, de acordo
com Strath - fez o mesmo, seu sorriso muito largo, parecia mais uma
careta fixa.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Roza nem olhou para ele. Ela estava olhando como se estivesse
procurando por alguém entre as acompanhantes, uma variedade de
mães esperançosas e solteiras mais velhas.
Claro que ela não está prestando atenção. O que ela via em
príncipes?
Sorrindo, ele parou com Strath na frente do grupo de mulheres.
Bronwyn, ainda entrecerrando os olhos para os convidados,
ergueu os dedos dos pés e perguntou-se onde Miss MacTavish poderia
estar. Espero que ela se lembre de trazer a receita; eu escrevi-lhe
ontem para lembrá-la.
Infelizmente, a mulher mais velha não estava à vista. Bronwyn
suspirou. Elas estavam aqui há menos de uma hora, mas já se sentia
como dias. E estava cada vez mais lotado. Duas vezes agora, as
pessoas haviam esbarrado nela sem se desculpar, até que alguém
tinha derramado sua bebida nela.
― Boa noite.
Bronwyn virou-se para encontrar o sobrinho de Sir Henry, o
visconde Strathmoor, curvando-se para Lady Malvinea. No entanto, ao
fazê-lo, ele lhe enviesou um rápido olhar, a curiosidade evidente em
seu rosto. Bronwyn escondeu uma careta surpresa. Ele mal olhou
para mim quando fomos apresentamos mais cedo.
Seu olhar tornou-se educado para mamãe. ― Lady Malvinea.
Permita-me apresentar você e suas adoráveis filhas ao nosso
convidado de honra, Sua Alteza, o Príncipe Menshivkov.
Oh, bom, Sorcha ficará tão satisfeita. O olhar de Bronwyn passou
pelo sobrinho de Sir Henry para parar no… o príncipe?
Não.
A respiração deixou seu corpo em um segundo plano.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Não pode ser.
Mas era.
Quando Lady Malvinea, Sorcha e Mairi fizeram uma reverência, o
mundo de Bronwyn congelou.
Meu caçador é o príncipe.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 6

Prezado leitor, dizer que Roland conhecia a profundidade do seu


amor por Lucinda logo ao primeiro olhar, seria semelhante a dizer que
se pode conhecer a profundidade do oceano num piscar de olhos. Leva
tempo e uma corda bem torcida, para resultar esse tipo de medição. - O
Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Alexsey inclinou-se para o grupo, seu olhar fixo em Bronwyn.


― Muito prazer em conhecê-las.
Bronwyn não sabia para onde olhar ou o que dizer. Tudo o que
conseguia fazer era fitar os olhos verdes dele, com a mente a rodopiar
em descrença.
Como é que isto podia ser? Ele estava vestido de forma simples e
carregava a aljava e flechas e, bom Deus, porque é que ele não me
disse? Ele deve ter rido de mim o tempo todo. As faces dela queimaram
com o pensamento.
Alheia à sua agitação, a sua madrasta e as filhas saudaram o
homem com enorme entusiasmo.
― Vossa Alteza!
― Muita satisfação! ― Sorcha, corada com o prazer, inclinou-se
numa cortesia.
Mairi seguiu a mesma linha de ação. ― É uma enorme honra!
Ele inclinou-se ligeiramente perante elas, com o olhar sempre fixo
em Bronwyn, possessivo e quente. Ela se sentia tão exposta quanto na
floresta - e mais. O seu coração acelerou contra o peito e ela sentiu
como se tivesse sido pega em um horrível pesadelo.
Ele parecia tão diferente vestido formalmente; senhoril, mais

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


orgulhoso e muito menos acessível. O seu casaco perfeitamente
cortado se assentava em seus ombros largos, e depois afinava até a
cintura estreita. Seus calções apertados moldavam suas pernas
musculosas e a faziam lutar para respirar.
Agora ele parece mesmo com Roland. ― Você não é um caçador.
O olhar espantado de Lady Malvinea dirigiu-se para Bronwyn. ―
Bronwyn!
Os olhos de Sorcha escancararam-se.
Mairi ficou embasbacada enquanto olhava para o Príncipe da
cabeça aos pés. ― Este é o seu caçador?
Oh Céus. Eu não devia ter dito isto em voz alta.
Alexsey pegou na mão de Bronwyn, com os olhos verdes a
cintilarem enquanto ele se inclinava. ― Sou realmente um caçador.
Desde o nosso encontro, não tenho feito mais nada a não ser caçar ―
ele mostrou um sorriso de lobo ― caçar você.
Ela abriu a boca, mas não emitiu uma única palavra. Isto não era
nada bom. Nada bom. Ele era o Príncipe, o mesmo homem que mamãe
desejava para Sorcha. E agora aqui estava ele, a segurar-lhe a mão.
Ele traçou um círculo nas costas da mão dela com o polegar
quente e ela teve um lampejo de memória das mãos dele na sua
cintura e ancas, da sua boca firme sobre a dela. O calor inundou-a e a
face voltou a ficar corada.
― Não se embarace pequenina.
Mamãe, que estava olhando para eles com a boca aberta,
enrijeceu. ― Pequenina?
Strathmoor inclinou-se para dizer algo ao príncipe, o qual parecia
irritado.
― Ah. Eu não sabia. ― Ele inclinou a cabeça na direção de Lady

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Malvinea. ― Pequenina é como eu chamei sua filha, mas acabaram de
me informar que não é uma maneira polida de se dirigir a alguém.
― Oh. Eu… Eu estou certa que não pretendia ser inconveniente.
― Mamãe não podia parecer mais irritada. ― Isso é… Eu tenho certeza
que há… Eu simplesmente não… ― Ela se acalmou em um silêncio
ruborizado, com os olhos brilhando.
O Príncipe voltou-se novamente para Bronwyn. ― Estou feliz por
finalmente tê-la encontrado. ― As mãos dele apertaram as dela,
quentes e poderosas.
― Oh. Sim. É muito bom. ― Bronwyn tentou libertar uma mão. ―
Obrigada, Alt… Vossa Alteza. É extremamente amável.
Os olhos de Alexsey ficaram quentes e ele aproximou-se mais.
Um arrepio percorreu o corpo de Bronwyn, aquecendo a pele dela
e fazendo os mamilos ficarem eretos. A reação tinha sido tão rápida,
tão brutal, que ela tinha de lutar para continuar a respirar.
A risada fraca de mamãe cortou o momento e fez Bronwyn voltar
à realidade.
― Santo Deus, não sei o que dizer! Como é que os dois se
conheceram?
Bronwyn abanou a cabeça. ― Nós não nos conhecemos. Não
realmente.
― Mas nós nos conhecemos, ― disse Alexsey, seu sorriso
desaparecendo. ― Lady Malvinea, eu tive o privilégio de encontrar a
sua enteada há vários dias. O cão da minha avó desapareceu durante
uma caçada, e a sua enteada que estava lendo um livro na floresta,
encontrou-o.
― Na floresta? Sozinha? ― Mamãe enviou um olhar reprovador na
direção de Bronwyn.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Na realidade, não. ― Disse o Príncipe, parecendo arrependido.
― Ela tinha dois cães grandes como cavalos a guardá-la. Estava
bastante segura.
Lady Malvinea disse com um tom duro: ― Eu não queria sugerir
que ela não estava, tenho certeza de que você foi um perfeito
cavalheiro. Só estou surpreendida por Bronwyn nunca ter mencionado
este encontro.
Bronwyn abanou a cabeça. ― Não pensei que fosse importante.
Ele tinha algumas flechas de Selvach e vestia roupas comuns, não
parecia absolutamente nada um Príncipe.
Mairi inclinou-se para mais perto de Bronwyn e disse baixinho, ―
Como você poderia esquecer como ele era? Ele é perfeito!
Alexsey riu, o som profundo, rico e sonoro enviando tremores
familiares através de Bronwyn. ― Miss Mairi, eu sou muitas coisas,
mas perfeito não é uma delas.
― Eu posso comprovar isso. ― Ofereceu-se Strathmoor,
parecendo divertido.
Mamãe ainda não tinha terminado. ― Bronwyn, você obviamente
contou às suas irmãs sobre este encontro nos bosques, mas não falou
nada a mim.
― Eu disse-lhes que tinha conhecido um caçador, porque era o
que eu pensava que ele fosse.
― E ela só nos contou porque a obrigamos. ― Mairi mordeu o
lábio quando o olhar duro da sua mãe a encontrou.
― Estou vendo que originei uma confusão e essa não era a minha
intenção. ― Alexsey tentou esconder a sua impaciência. ― Roza não
conhecia o meu título porque eu não lhe disse.
― Roza? ― Miss Sorcha franziu a testa.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn disse: ― Recusei-me a dizer-lhe o meu nome, então ele
me chamou de Roza e…
― Mas… ― Lady Malvinea começou.
―Perdão. ― Alexsey inclinou-se. ― Eu dançarei com a sua
enteada.
― Oh não! ― Bronwyn recuou até ficar um pouco atrás de Miss
Sorcha. ― Eu não danço.
― Bronwyn não dança e Mairi é muito jovem. ― As costas de Lady
Malvinea estavam totalmente eretas, como um soldado preparado para
a batalha.
Alexsey tinha de admirar a atitute da dama. As suas palavras e
expressão eram delicadas e polidas, mas a sua postura e a linha do
seu queixo mostravam a determinação dela. Ele conhecia muitos
estadistas que pagariam para poder usar apenas essas habilidades.
― Mamãe! ― Miss Mairi balbuciou, com o rosto vermelho. ― Disse
que eu poderia dançar esta noite!
O sorriso de Lady Malvinea não se desmanchou. ― Não com o
príncipe. ― Ela colocou um braço sobre Sorcha e levou-a para frente.
― Mas Sorcha dança divinamente.
Alexsey inclinou-se. ― Aguardarei ansiosamente pelo momento de
dançar com as suas duas filhas.
― Excelente! Sorcha irá…
― Dançaremos depois de eu dançar com Miss Murdoch. ― Ele
pegou na mão de Bronwyn, puxando-a para a frente.
Ela tentou recuar. ― Não, não. Estou aqui apenas para
acompanhar…
― Nós vamos dançar. ― Alexsey apertou a mão dela com mais
firmeza. Ele esperara longos dias para encontrar esta mulher e diabos

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


o levassem se a iria deixar sumir da sua vista. ― Eu não vou aceitar
um não.
― Mas eu…
― Bronwyn!
Todos olharam para Lady Malvinea.
Seu leque tremia, mas ela conseguiu exibir um sorriso. ―
Bronwyn, o Príncipe foi extremamente polido na sua oferta. Você vai
dançar com ele. Tenho a certeza de que alguém irá convidar Sorcha
para dançar. ― Lady Malvinea olhou diretamente para Alexsey. ―
Sorcha é muito solicitada. Ela pode não estar aqui quando voltar e
pode ter de esperar pela sua dança.
― Strath! ― Disse Alexsey por cima do ombro.
O Visconde, que estava a observá-los como se estivesse no teatro
a apreciar um espectáculo, sobressaltou-se surpreendido.
― Sim?
― Dance com Miss Sorcha.
― Mas…
― Eu irei solicitar a companhia dela na próxima música.
― Mas… ― Strath captou o olhar firme de Alexsey e suspirou. ―
Claro que eu dançarei com a encantadora Miss Sorcha. Terei o maior
prazer. ― Ele inclinou-se e deu-lhe o braço. ― Miss Sorcha, vamos
fazer o que nos foi ordenado pela realeza?
Miss Sorcha parecia ter engolido uma abelha, mas depois de um
segundo constrangedor, fez um aceno desajeitado e um sorriso
magoado.
― Com certeza. ― Ela colocou a mão no braço de Strath. Sem
olharem um para o outro, os dois juntaram-se aos dançarinos no
salão.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Pronto. ― Disse Alexsey com satisfação. Recusando-se a olhar
para mais alguém, ele colocou a mão de Roza no braço dele e
conduziu-a para a pista de dança.
Finalmente tinha-a onde ela pertencia: no círculo dos seus
braços.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 7

Havia algo sedutor no modo como as pestanas de Lucinda tremiam


contra as suas bochechas, como se ela fosse a mais pequenina, a mais
inocente pomba. À medida que Roland a observava, o seu coração
dilatava-se, e o instinto de proteção enchia sua alma. - O Duque Negro,
por Srta. Mary Edgeworth.

Nunca nenhuma mulher dançara com menos graciosidade.


Apesar de Alexsey recear que seus dedos ficassem permanentemente
machucados, não era capaz de conter o sorriso rasgado. Estava
dançando com a sua Roza.
Ele olhou para baixo, para ela, e perguntou-se o que estaria
pensando. Parecia perdida em seus pensamentos, com a testa
franzida, o olhar fixo nos próprios pés. De todas as formas que as
mulheres reagiam ao dançar com ele, nunca tinha sido confrontado
com silêncio.
Alexsey reteve um ‘ai’ quando os pés pequenos e escorregadios
voltaram a acertar a bota dele. Talvez por causa das suas meias-irmãs
e madrasta serem mais altas que ela, Roza parecia mais baixa do que
recordava, mais delicada de muitas formas. Mas a pele era como se
tivesse sido beijada pelo sol, o cabelo castanho brilhante como as luzes
avermelhadas que brilhavam nas velas do candelabro.
Tinha desaparecido a expressão de franca curiosidade, e no seu
lugar estava a fachada de polidez social, o tipo que era usado por
alguém desconfortável em público. És tímida, pequenina? Não me
apercebi disso antes, mas agora penso que é possível.
Ele notou a firmeza com que ela mantinha o queixo para cima, as

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


pestanas baixas, quase em repouso nas bochechas. Ele perguntou-se
se ela achava o silêncio enervante e se era por isso que se recusava a
olhar para ele. Depois compreendeu a verdade: ela estava
concentrando-se para dançar com os passos certos, os lábios dela se
movendo silenciosamente enquanto ela contava os tempos da música.
A atenção dela em relação aos passos não parecia ajudar, uma
vez que a dança dela era mais do que atroz. Ela falhou nos passos,
moveu-se duas vezes para o lado errado, recusou-se a deixá-lo
conduzir e já pisara o seu pé esquerdo pelo menos seis vezes.
Felizmente, enquanto os olhos dela estavam voltados para o
chão, ele tinha a oportunidade de admirá-la à vontade. Como é que
não se apercebera de como as suas pestanas eram espessas? E como o
seu pequeno nariz tinha um aspecto interessante? Ele queria beijar
esse nariz, juntamente com outras partes dela. Ele desviou-os
habilmente do caminho de outro par.
A mão dela apertou a dele com mais força e para seu
divertimento, compreendeu que ela estava outra vez tentando
conduzir, um hábito que tentou controlar ao recusar-se a segui-la.
Frustrada, Bronwyn lançou-lhe um olhar. ― Eu te disse que não
gosto de dançar.
― Disse. O que você não me disse é que não podia dançar.
Ela corou. ― Devia ter dançado com Sorcha. Ela é muito boa
dançarina.
Ele olhou para Strath e o olhar de Bronwyn seguiu-o. O Visconde
e Sorcha eram dançarinos excepcionais, movendo-se suavemente e
sem falhas, parecendo flutuar enquanto deslizavam pelo chão. Com o
seu vestido de crepe branco com pequenas pérolas aplicadas, longas
fitas brancas a flutuarem à volta dela, Sorcha parecia pertencer a um

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


conto de fadas.
Mas embora o casal dançasse divinamente, a conversa parecia
estar mal sintonizada. Era óbvio que tinham trocado palavras duras.
Strath parecia disposto a estrangular alegremente Sorcha por um
penny, enquanto ela parecia disposta a retribuir o favor de graça.
Alexsey olhou para baixo, para Bronwyn. ― Prefiro dançar com
você, por mais desengonçada que você seja ao fazê-lo.
― Por que é que isso é… Tão indelicado!
― É a verdade. Não te diria algo que não o fosse.
Ela levantou uma sobrancelha: ― É realmente um Príncipe
Encantado.
― Isso é… qual é a palavra? Ah sim, está sendo sarcásmica.
― A palavra é ‘sarcástica’. E sim, estou. ― Ela olhou-o de cenho
franzido. ― Perdoe-me, Alexs... Vossa Alt... Meu Deus! Nem sequer sei
como te chamar. Esta situação toda é confusa e desconfortável. Não
consigo aceitar que é um Príncipe. Um verdadeiro Príncipe.
― Se isso lhe incomoda, então esta noite voltarei a ser o seu
caçador. ― A expressão dele adoçou-se. ― Adoro caçar, especialmente
se for você.
Ela semicerrou os olhos. ― Tenho a sensação de que quer dizer
outra coisa, quando fala de caçar.
Ele riu. ― Talvez queira. Então, Roza. Não comece a ficar
perturbada com coisas que nenhum de nós pode mudar. Afinal, só
estamos dançando.
― Se pensa que os bailes são feitos apenas para dançar, então é
muito ingênuo.
― Oh, eu sei que os bailes são para juntar pares. Mas eu não
presto atenção a tamanho disparate e você devia fazer o mesmo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela olhou para ele com curiosidade. ― Não está à procura de uma
esposa?
― Não consigo pensar numa coisa que deseje menos que isso.
Vim da Escócia para acompanhar a minha avó, que está mais idosa e
frágil do que quer admitir. Para além disso, não tenho nenhum
objetivo e certamente não tenho vontade de me casar. Ainda não, pelo
menos.
― Eu também não. ― Assentiu pensativamente e relaxou um
pouco, seus passos não estavam tão rígidos à medida que
continuavam a dançar. Daí a pouco, ela lançou-lhe um olhar através
das pestanas e disse num tom confidencial: ― Se eu tivesse percebido
que era um príncipe quando nos encontramos no bosque, não teria
falado com você, e muito menos… ― Ela lançou um olhar em volta e
depois baixou a voz. ― Você sabe.
― Beijar-me... OW!!! ― Ele parou e outro par quase colidiu com
eles. ― Pisou no meu pé de propósito!
― Pisei mesmo? Sinto muito.
Ele podia ver muitíssimo bem que ela não estava nada
arrependida. Conduziu-a com firmeza para um canto da sala,
mantendo um olhar atento aos pés dela.
Uma vez afastados da turba, ele reduziu o ritmo para um passo
mais lento. Agora estavam completamente fora do ritmo da música,
mas mais de acordo com suas habilidades.
― Pronto. Agora pode parar de fingir que consegue dançar.
― Eu o avisei.
― Os meus ouvidos não estavam funcionando, estavam
excessivamente felizes por ter lhe encontrado finalmente. Mas agora
lamento não tê-la ouvido. ― Ele abanou a cabeça com desespero

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


fingido. ― As pontas dos meus sapatos nunca mais serão as mesmas.
Os lábios dela curvaram-se num sorriso irreprimível.
― Então não tem vergonha de ter arruinado os meus sapatos,
Nyet? Se não fosse tão difícil substituí-los aqui no meio do nada,
deixaria você tropeçar nas pontas de todos, mas não é este o caso. Se
estiverem arruinados, terei de andar sem sapatos.
― Um Príncipe descalço? Isso soa como uma ópera italiana ruim.
Ele riu. ― Pois parece. E vai parecer ainda mais como uma se
você estragar os meus sapatos até que eu não possa usá-los, porque
então terei que castigá-la.
Bronwyn não tinha a certeza do que era, o brilho dourado das
centenas de velas que iluminavam o salão de baile, o embalo musical
da orquestra, ou o fato de que ela estava dançando com um principe
verdadeiro, direto de um conto de fadas, um tão bonito que todo
mundo estava olhando para ela com evidente ciúme, mas ela sentia-se
tonta, como se tivesse tomado muito champanhe. Isso fez com que ela
olhasse para o Príncipe através de seus cílios, e dissesse de um jeito
nada típico dela:
― Oh? E como é que vai me castigar?
Os olhos dele brilharam. ― Eu lhe daria palmadas. ― Ele
inclinou-se até os lábios estarem perto do ouvido dela. ― Mas de uma
forma muito prazerosa.
O coração de Bronwyn saltou com a ameaça feita em voz baixa.
Não consigo acreditar que ele está dizendo essas coisas para mim.
Mais ainda, não posso acreditar que eu estou deixando. Mas uma
parte dela, uma parte que ela nunca soubera que existia, delirava com
a malandrice da situação. Por um momento, ela queria que ele lhe
fizesse algo prazeroso. De fato, ela podia pensar em várias coisas

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


prazerosas que gostaria que ele lhe fizesse agora…
Eu tenho que parar isso. Esse pensamento só me levará a um
caminho muito perigoso. Ela sabia que havia um preço a pagar, por
pensamentos postos em prática. Ela afastou-se um pouco e forçou-se
a parecer desinteressada. ― Suponho que todos os príncipes sejam
namoradores.
― Só posso falar por mim mesmo, mas eu não sou assim
normalmente. Esta noite estou sendo namorador com você e com mais
ninguém.
Ele disse as palavras como se estivesse oferecendo algo valioso.
― Suponho que deveria me sentir honrada. Por esta noite, pelo
menos. ― Estranhamente ela estava honrada… Um pouco. E agitada…
E ainda ofegante de felicidade, o que a preocupava.
O sorriso dele aqueceu-a. ― Eu só sei isto, Roza: estou feliz por
ter lhe encontrado e desejo beijar você mais vezes. Mas desta vez,
penso que o beijo será diferente daquele que partilhamos no bosque.
Há diferentes tipos de beijos? O peito dela contraiu-se e a pele
formigou em antecipação. ― Oh?
Alexsey riu suavemente, numa mistura de excitação e assombro
que brilhavam na sua expressão. Ela é tão amorosa, tão aberta, cada
emoção transparece nos seus olhos. A excitação óbvia nos olhos dela
estimulou a sua própria.
― Os nossos primeiros beijos foram suaves, novos. ― Alexsey
inclinou-se para junto dela, o perfume de seu cabelo engolfou-o em
lilás e luz do sol. ― Desta vez, vou beijar você sem piedade. Vou beijá-
la uma e outra vez, até que implore por mais do que simples beijos.
Os olhos dela arregalaram-se e os lábios separaram-se, puro
desejo nos olhos escuros.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O corpo dele contraiu-se instantaneamente, com o coração a
fragmentar-se num estranho tipo de reconhecimento, como se o seu
corpo, ativado pela proximidade dela, reconhecesse-a.
Desejasse-a.
Precisasse dela.
Mas tão rapidamente como o desejo lhe atravessou o rosto, as
pestanas dela desceram e eliminou qualquer vestígio de desejo. Com
um tênue olhar de arrependimento, o maxilar dela endureceu e o rosto
apresentou uma nova determinação.
Enquanto observava a mudança das emoções, o desapontamento
caiu-lhe sobre os ombros. Tão rápida a negar os seus próprios desejos.
Por que faz isso? Ela era tão espinhosa como a flor cujo nome ele lhe
chamava. Ele perguntava-se porque é que a achara tão atraente, que
atributo o cativara. Mas um olhar para a curva carnuda de seus
lábios, para a maçã rosada e sedosa das suas faces, e a única coisa
que ele sabia era que queria provar esta atraente donzela e estimular a
sua sensualidade latente. Só um toque dele poderia libertá-la, podia
ver isso nos olhos dela.
Seu olhar deslizou por ela até o lugar onde o peito preenchia o
vestido de uma forma encantadora. Apostaria seu palácio preferido de
Verão em como os seios dela encheriam suas mãos como fruta
madura, macia e suculenta.
Sua boca ficou cheia de água e desejou que estivessem a sós,
num local onde pudesse explorar essas possibilidades intrigantes. Ela
parecia diferente quando estavam nos bosques isolados, havia sido
diferente, mais doce e mais acessível. O cabelo dela estava solto e o
vestido amarrotado, e depois dele beijá-la, ela tinha uma expressão
sonhadora no rosto. Agora estava altiva e dura, com uma expressão

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


tão cuidada como as roupas. Os salões de baile não são apropriados
para você, Bronwyn.
Era necessário algum esforço para libertá-la das amarras que ela
atara em volta de si mesma.
― Diz-me que tipo de beijos gosta mais: os lentos que fazem
aquecer a pele, ou os rápidos, urgentes que lhe fazem desejar mais,
ou…
― Pare. ― Ela olhou em volta como se quisesse ter certeza de que
ninguém podia ouvir, com as bochechas coloridas de um atraente tom
rosado. ― Esta conversa não é aceitável para uma dama e você sabe
disso.
― Eu não gosto desta palavra, ‘aceitável’. ― Ele também não
gostava lá muito de ‘dama’, agora que pensava nisso.
― Bem, eu gosto dessa palavra. E se não parar de brincar comigo
dessa forma, pedirei que me leve para junto da minha família.
Ele suspirou. ― Tão empertigada. Isso eu não gosto.
O olhar dela escureceu. ― Eu também não gosto disso, mas é
assim que as coisas são.
― Por quê?
Ela pestanejou. ― Por quê? Certamente consegue imaginar as
terríveis complicações que surgiriam se nós continuássemos ― ela
lançou um olhar sobre um dos ombros primeiro, e depois sobre o
outro, antes de se inclinar para perto e sussurrar: ― Esticar os limites
do comportamento aceitável.
Ele teve que rir. ― Não me parece que precisasse murmurar isso.
― Talvez não, mas seria melhor que nós nos comportássemos de
forma mais apropriada. Pode não ter de se preocupar com a sua
reputação, mas preocupo-me com a minha. Se nós causarmos um

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


escândalo, a minha irmã pode ser afetada por ele.
Alexsey encontrou-se olhando por cima da cabeça de Bronwyn
para o local onde Tata Natasha estava com Sir Henry. Eles já não
estavam conversando. Em vez disso, ela estava olhando ele dançar
com Bronwyn, com o rosto franzido. O pesado colar dourado que ela
trazia, chamado kaltso, brilhava à luz das velas.
Ele virou o olhar para Bronwyn. ― Infelizmente, existem pessoas
que julgarão alguém com base em uma reputação.
― É uma injustiça, mas o mundo é assim. Por isso, é melhor para
nós colocarmos o nosso disparatado passado para trás e
permanecermos meros conhecidos.
― O que isso quer dizer?
― Não haverá mais beijos.
― Nyet.
Ela franziu o cenho. ― Eu não perguntei. Estou afirmando.
― Eu concordo que devemos ser mais circunspectos quando
estivermos em público. Mas em privado? É um assunto
completamente diferente.
― Alguém pode surpreender-nos.
― Ninguém nos surpreendeu no bosque, ― fez questão de referir.
― Temos de voltar a nos encontrar no bosque.
― Tivemos muita sorte. Na próxima vez isso não acontecerá.
― Então iremos colocar uma espécie de guarda, subornar os
criados para…
― Nyet. Não. Nem em um milhão de anos.
Alexsey não estava habituado a um diálogo tão direto e
certamente não estava habituado a que lhe dissessem nyet de uma
forma tão ousada. Ele, o Príncipe de Oxenburg, um caçador

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


incomparável, o futuro savyet lidir dos Romani, ou seria, uma vez que
Tata Natasha acabasse de tentar marcar uma posição, tinha sido
colocado no seu lugar por uma pequena escocesa que gostava mais de
livros do que de beijos.
― Está tornando isto muito difícil.
― Estou tornando isto simples.
Irritado, ele explodiu. ― Isto é um truque, uma forma de me fazer
te desejar mais?
Ela arqueou uma sobrancelha numa forma ameaçadora tão
adorável, que o fez ansiar voltar a pôr um sorriso nos lábios
suculentos.
Ele abanou a cabeça pesarosamente. ― Vou aceitar isso como um
não. Ah, Roza. Por que é que não pode ser uma criada como eu pensei
que fosse?
― Por que é que não pode ser um caçador, como eu pensei? ―
Replicou ela, com um tom pesado de desgosto na voz. ― Você e eu
somos de mundos diferentes.
― Tolice. Temos muito em comum. Ambos gostamos de livros,
cães, poemas, Sir Walter Scott, cães… Posso continuar a lista.
― Disse cães duas vezes.
― Não importa, consegui demonstrar o meu ponto de vista.
― Não, não conseguiu. Isso é tudo o que sabe sobre mim, quatro
miseráveis coisas. Não é suficiente. Além disso, qualquer coisa que
tivéssemos em comum não altera o fato mais importante, você é um
Príncipe. Tudo o que faz é observado, examinado, escrutinado. ― Ela
olhou à volta deles. ― As pessoas estão observando-nos agora mesmo.
― Eu ignoro-os.
Ela não pareceu ter ficado impressionada. ― E isso os impede de

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


fazer mexericos?
Bem, não. Nada impedia isso. Mas admiti-lo não o ajudava em
nada, por isso encolheu os ombros.
― As pessoas falam sempre.
― Não a meu respeito. Se nós continuássemos com os beijos,
alguém iria nos ver e depois seria um escândalo. ― O seu olhar
límpido encontrou o dele. ― Um escândalo com o qual teríamos de
viver eu e as minhas irmãs depois de você ter partido.
Um escândalo faria igualmente com que Tata Natasha se
agarrasse ainda com mais força ao seu kaltso. Ele franziu o cenho. Ele
considerava a veia pragmática de Bronwyn charmosa até então. Agora
o irritava, porque tinha de admitir que ela tinha razão.
Quando encontrou o olhar dela, captou um lampejo de
arrependimento genuíno em seus olhos. Ele apertou ainda mais as
mãos dela, puxando-a para perto de si.
― Eu não vou desistir de nós.
― Eu desisto. ― O sorriso dela tremeu por breves instantes. ―
Agora falemos acerca do tempo como todos os outros devem estar a
fazer. Será muito mais seguro.
Mas ele não queria segurança. Havia algo nela que o tornava
ainda mais destemido. Uma centelha de paixão que se tornara mais
forte à medida que os minutos passavam. Ela era uma mistura de
ninfa dos bosques com uma desajeitada menina de sociedade e - ele
começava a compreender isso, uma parte de elfo irritadiço de
biblioteca.
― Não vou perder tempo precioso falando sobre o tempo, quando
temos tão pouco tempo junt…
― Vossa Alteza! ― A voz de Lady Malvinea sobrepôs-se à música.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn afastou-se imediatamente dele. As mãos de Alexsey
converteram-se em punhos.
A madrasta de Bronwyn sorriu, Miss Sorcha espreitava atrás
dela, parecendo ambas embaraçadas e excitadas. Alexsey engoliu um
palavrão, mas inclinou a cabeça e foi educado. ― Lady Malvinea. Miss
Sorcha.
Lady Malvinea favoreceu-o com um sorriso tímido, mas
persuasivo. ― Vossa Alteza, espero que ainda consiga andar depois de
ter dançado com Bronwyn.
― Sim, mas apenas porque tenho calçado uns sapatos excelentes.
Bronwyn enviou-lhe um olhar direto. ― Você foi avisado.
Lady Malvinea soltou uma gargalhada. ― Foi realmente avisado,
Vossa Alteza.
― Bronwyn, creio que Mairi está falando com uma conhecida sua
sentada com as outras acompanhantes. Ela disse algo sobre uma
receita que lhe prometeu, mas não percebi bem qual era.
― Claro. ― Bronwyn executou uma reverência. ― Vossa Alteza,
obrigada pela dança.
― O prazer foi todo meu, ― disse ele com gravidade, esperando
que ela captasse o significado mais profundo do seu tom de voz. Ele ia
começar a dizer que esperava voltar a vê-la, mas ela tinha ido embora
antes de conseguir formar as palavras, partindo em direção às
acompanhantes como uma bússula a procurar o Norte.
Lady Malvinea empurrou Miss Sorcha para frente. ― Creio que
Vossa Alteza prometeu esta dança à minha filha?
Alexsey engoliu a sua frustração. Se a sua Roza pensava que ele
tinha acabado a perseguição, estava errada. Eles voltariam a estar
sozinhos em breve. Ele se certificaria de que isso acontecesse. E

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


arranjaria uma forma de manter os olhos do mundo afastados deles,
uma forma que sirva o lado excessivamente cauteloso dela.
Ele teria de ser muito, muito cuidadoso, mas ela merecia esse
esforço.
Entretanto, era vantajoso para ele manter-se nas boas graças da
família dela. Consciente do olhar de aprovação de Lady Malvinea,
Alexsey pegou na mão de Sorcha e inclinou-se na frente dela, sorrindo.
― Vamos?
― Ficaria muito honrada, Vossa Alteza.
Ele conduziu Miss Sorcha para o meio dos dançarinos, seguidos
pelo sorriso radiante de Lady Malvinea.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 8

Há ocasiões, caro leitor, em que até o amor precisa de um


empurrãozinho... - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Alexsey deslizou da sela do seu capão negro e entregou as rédeas


ao cavalariço que o esperava.
― Bem vindo de volta, Vossa Alteza. Espero que tenha gostado da
cavalgada?
― Foi revigorante. ― Alexsey esfregou o pescoço do cavalo. ―
Viktor e eu desfrutamos muito do caminho à volta do lago. A sua terra
é bonita em todas as horas, especialmente com o nevoeiro matinal.
O cavalariço brilhou de satisfação. ― Esta é uma terra muito
antiga, Vossa Alteza. Deus levou o seu tempo fazendo-a, e fez bem.
Alexsey deu umas palmadinhas no pescoço úmido de Viktor. ―
Isso ele fez. Viktor ficou especialmente impressionado com as
cascatas. Nós temos muitas em Oxenburg e elas nos fizeram lembrar o
nosso lar.
O capão manteve-se quieto, baforadas de vapor frio saíam-lhe
pelo nariz enquanto cutucava o bolso de Alexsey.
― Procura a sua recompensa, não é? ― Alexsey tirou uma maçã
do bolso e deu-a ao cavalo, antes de se voltar para o empregado. ― Eu
andei com ele o último quilômetro para casa, por isso ele já esfriou.
― Sim, Vossa Alteza. Vou cuidar para que beba água e seja
banhado, escovado e penteado.
― Obrigado. ― Deslizou uma moeda para a mão estendida do
empregado e observou enquanto Viktor era levado.
Normalmente, depois de uma noitada no baile, Alexsey ainda

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


estaria deitado. Mas de alguma maneira, acordara com a aurora de
um sonho onde estava a dançar com uma raposinha de olhos
castanhos com o cabelo emaranhado, olhos brilhantes e com um
espírito tão docemente penetrante como um doce de limão. Então
Bronwyn, você está invadindo meus sonhos agora, não é?
Ele não devia estar surpreendido. Depois da dança deles na noite
anterior, não pensara em mais nada a não ser nela, a sensação dela
nos seus braços, a centelha de humor nos olhos, a forma como os
lábios se franziam quando estava a considerar algo que ele dissera,
suas expressões eram tão mutáveis quanto o mar; e ele estava ávido
para compreender cada uma delas.
Ela atormentou-o. Ainda esta manhã, enquanto cavalgava em
volta do lago azul, com a água a beijar as cinzentas rochas das
margens, ele a imaginou cavalgando com ele, seus olhos eram do
mesmo tom castanho que as manchas de turfa aninhadas entre o
cume das montanhas. Há muito tempo que uma mulher não o
incomodava desta forma.
Alexsey caminhou em direção ao portão que ligava o pátio do
estábulo ao caminho do castelo, com o cascalho a estalar debaixo das
botas. O sol estava agora queimando as bordas da neblina e subindo
lentamente pelos lados das montanhas que rodeavam Tulloch. À
medida que o dia clareava, a manhã branca revelou a glória verde,
marrom e púrpura do campo escocês. Tal beleza e ainda carrega muita
força, também.
O som de um cavalo a aproximar-se o fez parar quando chegou
ao portão. Saído da névoa baixa e densa, Strathmoor surgiu montando
um enorme baio. Ele acenou a Alexsey antes de parar e desmontar. O
Visconde entregou as rédeas a um cavalariço que o esperava, falando

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


brevemente com o homem antes de começar a percorrer a vereda para
se juntar a Alexsey.
Strathmoor olhou Alexsey de cima abaixo. ― Você tem de se vestir
como um cavalariço?
― Visto o que é confortável. É uma das vantagens de ser um
Príncipe, posso andar fora de moda quando me apetecer e mesmo
assim a sociedade não me banirá.
― Iam banir-me se eu usasse essas roupas. ― Strath abanou a
cabeça. ― Estou surpreso por vê-lo tão cedo.
― Esta manhã, eu me surpreendi.
Strath destrancou o portão e manteve-o aberto. ― Não conseguiu
dormir?
― Nyet. Um sonho. Um sonho muito bom.
― Excesso de cordeiro. ― O Visconde fechou o portão e depois
veio colocar-se ao lado de Alexsey. ― Eu disse ao meu tio que não
devíamos servi-lo em todas as refeições, porque é mau para a digestão,
mas ele nunca me ouve.
― Foi a sua digestão que lhe acordou esta manhã?
Strath sorriu. ― Não, um capricho acordou-me. Um capricho bem
vívido.
― Era um capricho loiro? Ou moreno?
― Ela é… ― Ele continuou a andar, o sorriso foi desaparecendo à
medida que foi chegando perto da vereda na parte de trás do castelo.
Alexsey seguiu o olhar de Strath bem a tempo de ver uma mulher
encapuzada desaparecer pelo portão em um alto muro de pedra.
― Quem era aquela?
― Por um momento, eu pensei… ― Strathmoor abanou a cabeça.
― Não poderia ter sido.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Não poderia ser quem?
― Por mais estranho que pareça, achei que fosse Miss Murdoch.
Alexsey estacou. ― Sim?
― Tenho certeza que estou enganado. É demasiado cedo para
uma visita e por que ela entraria no castelo pelas cozinhas? Isso não
faz nenhum sentido.
Eu não tenho tanta certeza disso.
― Acho que devo ver essa dama misteriosa pessoalmente.
Strath encolheu os ombros, apesar dos seus olhos brilharem. ―
Vai lá, então. Eu vou tomar o café da manhã porque estou esfomeado.
Só não se esqueça de me contar o desfecho deste encontro amoroso,
seja lá quem for a dama.
― Não coma todo o bacon. ― Com uma piscadela, Alexsey
começou a atravessar o relvado. Chegou rapidamente ao portão,
destrancando-o e passando por ele.
A horta da cozinha estava posicionada na parte de trás do
Castelo de Tulloch, rodeada por três altos muros de pedra. Fileiras
arrumadas estendiam-se à frente dele, em repouso durante o outono,
embora algumas hortaliças esparsas perto da porta do castelo
provassem a teimosia do cozinheiro.
Era um belo jardim mesmo sem os benefícios da floração total,
com percursos organizados em pedra branca e um banco de madeira
colocado debaixo de uma árvore. E mais além, encaminhando-se
rapidamente para uma porta de acesso ao castelo, estava a mulher
que Strath vira. Estava coberta com uma capa da cabeça aos pés e
trazia um cesto grande. Ele avistou-a no momento em que alcançava a
porta.
― Roza.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn, com os dedos já colocados na aldraba metálica da
porta, saltou com o coração em sobressalto. Certamente que não. Ela
não fizera nada a não ser pensar nele desde a dança na noite anterior,
mas nunca esperara encontrá-lo esta manhã.
As mãos fortes fecharam-se sobre o cesto e retirou-o de seu
alcance. ― Eu levo isto.
Como de costume, ele não pediu. Raramente o fazia. Isso tinha de
ser alterado. Havia muitas coisas acerca deste homem que precisavam
ser alteradas, agora que ela pensava nisso.
― Não vai me desejar um bom dia? Acho que é um requisito de
educação, nyet?
Ela endireitou os ombros e puxou o capuz para trás, enquanto o
olhava.
No momento em que ela o fez, compreendeu que cometera um
grande erro. Não era que ela estivesse despida – pois, embora vestisse
o seu vestido mais velho, com o cabelo despreocupadamente preso em
um coque na nuca, ele estava igualmente vestido. De novo, usava as
roupas descontraídas e casuais tal como quando o conhecera, o
casaco castanho ligeiramente puído nos cotovelos, a gravata atada
com um nó simples na base do pescoço.
Não, o erro dela foi ter pensado a noite inteira que se se
esforçasse o suficiente, poderia parar de reagir à beleza de tirar o
folego deste homem. Isso, aparentemente, era uma impossibilidade e
seria melhor para ela parar de fingir que tinha controle sobre uma
reação puramente humana - e apreciar a beleza independentemente
do tipo de forma que a mesma assumisse. Tenho certeza de que
estaria igualmente sem fôlego se estivesse a observar uma magnífica
estátua ou uma…

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Os olhos dela encontraram os dele. O calor atravessou-a tão forte
que ela se perguntou se seria visível como o clarão de um relâmpago.
Ela nunca reagira desta forma perante uma estátua.
O sorriso dele era tão lupino como o brilho nos seus olhos. ―
Está feliz por me ver?
― Pensei que estivesse dormindo. ― Respondeu bruscamente.
― Estava. Sonhei com você.
Ela abriu a boca, depois fechou. Oh, as coisas que ela desejava
perguntar! Mas gostaria realmente de saber? Se ele tivera um bom
sonho, isso não ajudaria a acalmar a reação do corpo dela cada vez
que ele estava próximo. E se ele tivera um sonho ridículo, onde ela
caíra pelas escadas abaixo e se transformara num monstro marinho,
ou alguma coisa igualmente absurda, sentiria um desapontamento
que não queria ter de explicar a si mesma.
― Vem. Vamos nos sentar no banco. ― Ele voltou-se em direção
ao banco, mas ela agarrou o cesto com as duas mãos.
― Tenho de levar estes ovos e compotas para a Sra. Durnoch. ―
Quando ele não pareceu entender, ela abafou um suspiro. ― Ela é a
governanta aqui em Tulloch.
― Por que é que a governanta lhe solicita fornecimentos?
― Ela enviou um recado à Sra. Pitcairn, que trabalha para nós
como cozinheira e governanta em Ackinnoull, que a despensa do
castelo tinha falta de diversas coisas. Sir Henry não avisou à pobre
Sra. Durnoch que ele viria, e com tantos convidados, ela tem se visto
em apuros para manter as mesas abastecidas.
― Não parece haver falta de comida. Tem sido bastante
abundante.
― O cordeiro está disponível aqui no local, e Selvach e os seus

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


caçadores têm uma boa porção de carne já seca e salgada. Têm trazido
o que caçam todos os dias, também. Saíram esta manhã para caçarem
patos, porque os vi passar em direção ao lago.
― Terei de transmitir os meus agradecimentos à Sra. Durnoch e a
Selvach.
― Tenho certeza de que irão apreciar o gesto. Temos mais de vinte
galinhas em Ackinnoull e as compotas da Sra. Pitcairn são muito
famosas aqui na região, por isso nós os mantemos abastecidos. Em
troca, quando Selvach tem caça sobrando, ele envia para Ackinnoull.
― É muito amável da parte dele. Já vi essa Sra. Durnoch, acho.
Ela usa uma argola de chaves à cintura, como os homens usam na
guerra uma armadura.
― Ela está em guerra. Uma guerra contra a desorganização e o
lixo.
― Ela está ganhando, o castelo está muito bem administrado. Até
a minha avó está satisfeita e isso não acontece muitas vezes. ― Ele
voltou-se em direção à porta da cozinha. ― Anda. Vamos entregar o
seu cesto.
― Não pode entrar nas cozinhas!
Mas era demasiado tarde. Ele já estava a entrar porta adentro.
Bronwyn apressou-se a ir ter com ele, chegando mesmo a tempo
de ver a expressão chocada da cozinheira quando se apercebeu de
quem estava a carregar o aguardado cesto. ― Céus, é o Príncipe!
Instantaneamente, todas as criadas, cozinheiras, ajudantes de
cozinha e outros ajudantes pararam o que estavam fazendo para
olhar, o ruído desapareceu para dar origem ao silêncio no espaço de
um segundo.
A cozinheira começou a fazer montes de reverências, como se

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


fizessem parte dela, enquanto uma das criadas da cozinha desabou no
chão com um desmaio, atraindo a atenção de outra criada, a qual
abanava a moça tonta com um avental. Um rapaz da cozinha que
estava a virar um assado num espeto teve um ataque de gargalhadas,
enquanto outra criada ficou tão vermelha que Bronwyn receou que
morresse com uma apoplexia.
Ela não podia culpá-la. Um Príncipe como Alexsey, tão atraente e
elegante, com o cabelo negro a cair-lhe sobre a testa, os olhos verdes
brilhantes num salão de baile, era poderoso. Um Príncipe como
Alexsey, com um metro e oitenta numa fumarenta e povoada cozinha,
parecendo totalmente devastador, era o material de que são feitos os
contos de fadas.
― Bem vindo, Vossa Alteza! ― A cozinheira parou de fazer
reverências o tempo suficiente para limpar as mãos em uma toalha e
retirar o pesado cesto das mãos do Príncipe. ― Eu… nós… ou seja…,
Eu… ― ela lançou um olhar desesperado a Bronwyn.
― Sua Alteza viu-me no jardim carregando o cesto com
dificuldade, e amavelmente ofereceu-se para trazê-lo para dentro.
A cozinheira colocou o cesto numa mesa próxima e iniciou outra
cortesia, esta muito mais profunda e mais dramática. ― Muito
obrigada por ter trazido o cesto, Vossa Alteza.
Alexsey inclinou a cabeça. ― Miss Murdoch é quem merece os
seus agradecimentos. Ela carregou o cesto da casa dela até aqui. Eu
apenas o trouxe para dentro a partir do jardim.
― Sim, mas Vossa Alteza carregou-o para dentro com as próprias
mãos. Isso não é uma coisa que se possa ignorar!
Quando Alexsey ia começar a discordar, Bronwyn agarrou-o pelo
cotovelo e empurrou-o em direção à porta.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Muito obrigada, Cook! Por favor, diga à Sra. Durnoch que
poderemos enviar-lhe mais ovos amanhã.
Quando a porta se fechou, Bronwyn soltou-lhe o braço. ― Para a
próxima vez, diga só obrigado.
― Mas eu não fiz nada.
― Visitou a cozinha. Isso foi suficiente. Eles estavam honrados
que você os agraciou com a sua presença.
Ele bufou.
― Se isso ajuda, eu não fiquei impressionada com seus esforços.
― Ela ultrapassou-o no caminho em direção ao portão. ― Tenho de me
despedir, tenho muitas coisas para fazer hoje.
Ele alongou o passo e ficou ao lado dela. Era irritante a forma
como ele se mantinha por perto com facilidade.
Quando ela esticou a mão para agarrar a aldraba do portão, ele
agarrou-lhe a mão, levando-a aos seus lábios quentes para beijá-la.
― Certamente pode me dispensar dez minutos.
Ela podia, provavelmente. Mas falar com ele de forma tão
inocente, parecia-lhe algo ilícito, como se estivesse a fazer algo que não
devia. Afinal de contas, não havia ali ninguém para lhes fazer
companhia. Mas o que havia de errado em conversar?
Nem uma única, maldita coisa, disse a si mesma.
― Suponho que posso dispensar alguns minutos.
Antes de se aperceber disso, estava sendo conduzida para o
banquinho, as quentes mãos dele sobre as dela.
A névoa ainda pairava baixa e espessa dentro das paredes do
jardim, e uma vez que era a manhã depois do baile, os lordes e as
damas presentes na festa em casa de Sir Henry estariam deitados até
o início da tarde. E quanto à questão dos servos, a maioria deles

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


estaria ocupada com as tarefas da manhã: acender lareiras nos
quartos, polir botas, preparar comida para as mesas do café da
manhã, passar ferro em vestidos, polir a prataria e executar algumas
das dezenas de coisas que teriam de estar acabadas antes dos lordes e
das damas acordarem. Por isso, ela e Alexsey não seriam vistos no
jardim. Não pode advir nenhum mal de uma calma e polida conversa.
Eles chegaram ao pequeno banco e Alexsey puxou o lenço para
sacudir as folhas mortas do assento. ― Tenha a bondade.
Bronwyn sentou-se, aconchegando a capa à sua volta.
O Príncipe se juntou a ela, seu joelho roçando o dela e enviando
um estremecimento consciente através dela. Seus ombros eram largos
e não podiam sentar-se confortavelmente sem que ele se virasse um
pouco para o lado, com o braço apoiado nas costas do banco.
Já ofegante e dolorosamente consciente do braço dele a
descansar tão perto dos seus ombros, Bronwyn lançou um olhar ao
portão. O muro do jardim era alto, com trepadeiras verdes agarradas
às pedras talhadas. Mas o portão era apenas da altura da sua cintura
e qualquer pessoa podia espreitar por cima dele. Ela perguntou-se se
eles iriam acreditar nos seus olhos, ao verem o Príncipe sentado no
jardim ao lado dela. Mas talvez não fizessem um par assim tão
estranho, afinal de contas.
De alguma forma quando ela estava com Alexsey, sentia-se
melhor ― até mesmo mais alta. Ela não tinha certeza se era o seu
olhar admirado, ou o fato de se sentir mais viva quando ele estava por
perto, mas ela não podia deixar de sentir… bem, mais bonita. Ela
gostava disso. É bom para mim passar um tempo com ele e lembrar do
nosso beijo. Não importa o que aconteça, terei memórias da nossa
dança, de me sentar neste jardim e do beijo. Especialmente do nosso

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


beijo...
― Eu sei no que estás pensando, ― anunciou ele, como se
ninguém no mundo pudesse questioná-lo.
Ela levantou as sobrancelhas. ― Duvido.
Ele simplesmente sorriu. ― Está pensando no nosso beijo, nyet?
― Por que é que pensa isso? ― Ela tentou manter o tom
beligerante afastado da sua voz, mas não tinha certeza de ter
conseguido. Como é que ele sabe? ― Não penso nele com muita
frequência, ― mentiu.
― No entanto eu não penso em outra coisa. ― Os olhos dele
brilharam com calor.
― Vou beijar você outra vez, pequenina, mas não vou dizer
quando.
― O quê? Isso é ridículo. Por que é que devia ameaçar que vai me
beijar e depois não me diz quando é que concebe fazê-lo?
― Porque assim acrescento o elemento surpresa.
― Não gosto de surpresas.
― Vai gostar desta. ― Ele sorriu de uma forma que a fez querer
deslizar para o colo dele e prender os braços à volta do pescoço.
― Deve estar preparada.
― Estou preparada para recusá-lo. Você não decide quando devo
ser beijada.
― Nyet, vamos decidir juntos. ― Ele agarrou na mão dela e
esfregou os lábios sobre os dedos, enviando-lhe um olhar por debaixo
das pestanas. ― Talvez em breve. Se estiver com disposição, claro.
O toque dos lábios dele na sua pele nua instantaneamente pôs o
coração dela a bater violentamente e Bronwyn encontrou-se disposta a
ser beijada muito mais rapidamente do que esperava. Irritada consigo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


mesma por reagir tão rapidamente a ele, puxou a mão e escondeu-a
debaixo da capa.
― O que o trouxe ao jardim, esta manhã?
― Você. Eu estava com o Visconde Strathmoor, e ele a viu
entrando no portão. Naturalmente, eu tinha de ver porque é que
estavas a entrar sorrateiramente no castelo através das cozinhas.
― Não estava a entrar sorrateiramente.
― Foi isso que me pareceu. E conhecendo a sua natureza
problemática...
― O quê?
― Pensei que poderia estar inclinada a cometer algum ato
nefasto, mas em vez disso, eu encontro você nos salvando da fome
com um carregamento de ovos e compotas.
Os lábios dela franziram-se. ― Estou feliz que aprecie os meus
esforços, embora devesse agradecer antes à Sra. Pitcairn. Ela é
bastante habilidosa a bajular as nossas galinhas para produzirem
ovos, ou não teríamos nenhum para partilhar.
― Tornarei isso num dever a cumprir. ― Ele deslizou os dedos ao
longo da linha da capa dela, no local onde cobria a perna. ― Fala-me
de Ackinnoull. É a sua casa, nyet?
― Nasci lá e o meu pai antes de mim e o pai dele antes dele e...
oh, continua e continua. Está na nossa família há muito tempo. Mas
para mim, é só a minha casa.
― É uma boa sensação, estar em casa.
Ela pensou sobre isso, tentando ignorar as sensações tentadoras
que o dedo dele vagueando no joelho dela causava. ― Às vezes me
sinto mais em casa no meu local de leitura.
― Onde eu a encontrei pela primeira vez nos bosques?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela assentiu. A brisa da manhã soprou sobre o topo da árvore e
uma chuva de folhas acastanhadas caiu sobre suas cabeças. Ela
sacudiu algumas da capa.
― Eu também gosto dos bosques. ― Ele puxou uma folha do
cabelo dela e sacudiu-a sobre o próprio ombro, virando-se ainda mais
para ela.
― Conheceu a minha avó no baile a noite passada?
― A Grã-Duquesa Nikolaevna? Não. Mas a vi do outro lado da
sala. Mamãe me mostrou.
― Ela é Romani. Uma cigana.
Ah! Isso explicava o cabelo negro do Príncipe e o ar exótico.
― Mamãe tinha ouvido esse rumor, mas não acreditou nele.
― É verdade. O meu pai estava a cavalgar ao longo do rio na
cascata e encontrou-se com a minha mãe perto do acampamento
Romani. Mal a viu, soube que ela era para ele. Então casou com ela.
― A nossa realeza tem regras mais restritas sobre com quem
podem casar.
― O meu país também tinha, mas meu pai ultrapassou todas as
barreiras para minha mãe permanecer ao lado dele. Quando eu fiz seis
ou sete anos, tinha de ficar com a minha avó e o meu avô cada
inverno, partilhando a caravana deles no acampamento Romani. O
meu avô, Dyet Nikki, era o voivode, o rei deles. Esses eram dias cheios
de aventuras. Eu acompanhava Dyet enquanto cumpria suas tarefas,
visitando as famílias, verificando os doentes e os jovens, resolvendo
disputas, presidindo casamentos, supervisionando tratados com
agricultores locais… Quando eu era criança, pensava que ele era o
homem mais sábio do mundo.
― O seu pai é um Rei. Ele não faz as mesmas coisas?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Algumas. Mas o reino é muito maior, por isso tem que
administrá-lo através da Assembleia. Ele não pode encontrar-se com
todos os seus súditos face a face. Não sabe o nome deles. Não conhece
os seus problemas. Dyet Nikki sabia o nome de todos na sua
kumpania, de quem eram parentes, os problemas que enfrentaram no
passado... tudo.
― O que é uma kumpania?
― O nosso grupo de Ciganos. Há muitos grupos, mas apenas uma
lei, o Romano Zakono. Não está escrita, mas tem sido transmitida de
geração em geração. Dyet Nikki conhecia a lei e me ensinou.
― Porque queria que assumisse a chefia dos Romani?
― Era o seu desejo, penso que sim - mas a decisão não era dele.
Existe uma Assembleia e eles escolhem o voivode para governar
enquanto viver.
― Certamente pode ir ter com eles, dizer-lhes o quanto gostaria
de assumir a posição do seu avô?
― Agora que o meu avô já faleceu e o novo voivode foi nomeado, a
Assembleia só ouve uma pessoa: a phuri dai. Cada kumpania tem
uma. Ela é uma velha senhora, normalmente a mais idosa do grupo.
Neste caso, é a minha Tata Natasha.
― A sua avó? ― Quando ele assentiu, ela notou uma linha de
dureza à volta de sua boca. ― Presumo que ela não deseja que se torne
o voivode?
― Ela tem se recusado, esperando vergar-me à sua vontade.
Infelizmente para ela, eu não sou feito de metal macio, mas de aço. Eu
não dobro.
A centelha de rebeldia nos seus olhos verdes, fez com que
Bronwyn se sentisse mais corajosa.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Como é que pode ser o líder dos Romani se é um Príncipe de
Oxenburg?
― Tenho três irmãos. E como a Tata Natasha gosta de nos dizer,
não há lugar no trono para quatro idiotas. O meu irmão mais velho,
Nikki, vai sentar-se nesse trono. O meu irmão mais novo, Wulf, já está
a fazer o que faz melhor, trazendo saúde para o nosso país. O meu
irmão Grisha é um soldado, um dos mais destemidos lutadores da
história do mundo. Ele irá comandar os nossos exércitos.
― E isso o deixa livre para ajudar os Romani.
― Não tão livre, talvez, mas sim, é o que eu farei quando chegar a
ocasião. ― Ele esticou-se para sacudir uma folha do ombro dela,
deslizando os dedos para trás para seu pescoço e depois para cima,
para o queixo. ― E você? Sonha com o quê, Roza? Que costas
distantes lhe atraem? Que montanhas você deseja escalar?
A sua voz era macia e sedutora e ela teve que lutar contra o
desejo de virar a bochecha na mão dele.
― Estou bastante satisfeita onde estou.
A perplexidade converteu os seus olhos em verde escuro.
― Contente com o local, eu posso entender. Aqui é encantador.
Mas certamente há coisas que ainda deseja alcançar.
― Gostaria de ver as minhas duas irmãs bem casadas e felizes.
Alexsey franziu a testa. ― Esse é o seu sonho para elas, não para
você. O que é que você quer fazer?
Ela inclinou a cabeça para um lado, com uma expressão
pensativa no rosto. ― Não sei realmente. Tenho estado tão ocupada
com Sorcha e Mairi e a ajudar o meu pai com as suas patentes, ele é
um inventor e tem de preencher a papelada ou perderá alguns lucros.
Não pensei realmente em fazer outra coisa.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Deve ter algum tipo de sonho, ― insistiu Alexsey. ― Já sei que
possui um espírito aventureiro, que lhe permite partilhar o mais
delicioso beijo com um caçador que acabou de conhecer nos bosques.
― Ele pegou no rosto dela e esfregou o polegar sobre a fina linha do
osso da bochecha. Ela tinha feições delicadas, deliciosamente
diferentes, salpicadas de sardas que pontilhavam o seu nariz.
As faces dela coraram, mas não se afastou. De fato, ele pensou
que ela pode ter inclinado mais um bocadinho sobre a sua mão.
Ela limpou a garganta, com a voz ainda rouca. ― As pessoas são
habitualmente aventureiras em alguns aspectos das suas vidas, mas
não o são noutros tantos.
― Devíamos aceitar todos os desafios. Felizmente, as coisas que
nos assustam são também as que nos tentam.
Alexsey retirou um caracol da face dela, prendendo-o atrás da
sua orelha rosada. Não parecia ser capaz de parar de lhe tocar. Tê-la
assim tão perto, a sua coxa contra a dele no banco pequeno, fazia o
seu corpo doer com desejo ardente.
― O que lhe assusta, Roza? O que é que deseja, mas tem medo?
O olhar dela encontrou o dele e ele soube a resposta. Ela
desejava-o, mas temia as consequências desse desejo. O corpo dele
saltou em resposta e apercebeu-se de que se inclinara para frente,
com as ancas a tocarem nas dela, com o mais suave dos toques.
Era um beijo provocante, um destinado a tentá-la a querer mais,
mas ele nunca tivera a oportunidade de lhe dar um segundo beijo,
nem um terceiro. No momento em que a boca dele roçou a dela, ela
gemeu suavemente, fincou as mãos no casaco dele e puxou-o para si,
apertando a boca contra a dele e abrindo-a debaixo dele com uma
exigente insistência.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Alexsey estava perdido numa torrente de desejo. Puxou-a para o
seu colo, nunca interrompendo o beijo, correndo as mãos por ela,
moldando-a ao seu corpo. Ela arquejou contra a boca dele e ele
aprofundou o abraço, correndo uma mão pela parte lateral para
moldar o seio. Era tão deliciosamente cheio como ele esperava.
Gemendo suavemente, ele encontrou o mamilo e acariciou-o com o
polegar.
Ela arqueou-se contra ele, gemendo desesperadamente enquanto
ele…
O portão rangeu e imediatamente Alexsey voltou a colocá-la no
lugar dela.
Ficaram sentados um longo momento, com a respiração tão dificil
como o cascalho do caminho. Do meio da névoa apareceu uma criada
carregando uma cesta com lençóis. Ela passou por eles, virou em
direção à cozinha e desapareceu pela porta, sem vê-los.
Logo que a porta se fechou, Bronwyn pôs-se de pé com as mãos
nas faces escaldantes. ― Não era o que eu estava à espera de… Quero
dizer é… Oh céus. Eu realmente devia… Não, não se levante! Eu irei…
― ela fez uma reverência rápida e depois desapareceu na neblina. Um
segundo depois, o portão se fechou com força.
Ainda sentado no banco, Alexsey se perguntou se deveria
caminhar até o lago para um mergulho gelado, ou pedir um banho de
gelo. De qualquer forma, ele temia que não fosse suficiente.
O sol da tarde brilhava lá na encosta, Sir Henry Davidson
permanecia no terraço ignorando o relvado do sul, desejando poder
passar mais tempo aqui. Era um lindo castelo, que merecia mais
atenção do que podia dar.
De construção sólida, o castelo necessitava de melhoramentos de

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


muitas formas. Se ele tivesse tornado Tulloch uma das suas
residências permanentes, teria renovado as cozinhas, acrescentado
mais casas de banho, instalado iluminação, teria consertado o telhado
da ala oeste, reparado o extenso caminho, tudo itens caros para um
castelo que visitava raramente. Não havia dinheiro que pudesse
deslocar o castelo para mais perto de Edinburgo, e Sir Henry não
conseguia imaginar viver tão longe da civilização.
Ele veio para Tulloch por uma única razão: porque a mulher que
se encontrava no fim do terraço lhe pedira. Ou talvez fosse mais
correto dizer que lhe ordenara.
Numa certa altura da sua vida, ele teria dado o braço direito
apenas para conseguir um olhar da bela e esbelta mulher observando
seus convidados no gramado. Mas agora ele era quarenta anos mais
sábio e o tempo mudara as coisas.
Podendo escolher agora entre os ainda belos olhos da dama e,
digamos, uma bem temperada perna de carneiro, ele escolheria o
carneiro.
Claro, isso poderia ser porque estava muito além de sua hora
normal de jantar, e a dama o afastara do bufê quando se preparava
para comer um bolo de limão especialmente delicioso, o que não
preocupava sua hóspede o mínimo.
O seu estômago roncou em protesto.
Não se apercebendo disso, Tasha fez um aceno dramático para os
convidados que apreciavam a tarde invulgarmente quente.
― Olha só para ele! ― ordenou ela. ― Ele é impossível!
Henry juntou-se à Natasha, desviando reluntantemente o olhar
das portas abertas que conduziam à sua biblioteca, localizada a
alguns passos de distância.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Lá dentro, uma garrafa de scotch o esperava e chamava por ele.
Também podia tocar uma campainha e ter um lacaio que lhe
trouxesse alguns bolos para chá e talvez um assado…
― Está me ouvindo? ― Os olhos dela estreitaram-se. ― Estamos
falando do meu neto.
Ele abafou um suspiro. ― Oh, é claro.
Vasculhou os vestidos de cor pastel e os casacos escuros que
passeavam pelo gramado coberto de folhas. Demorou apenas um
segundo para localizar o homem alto que permanecia num lado do
gramado, cercado por um enxame de jovens damas.
― O seu neto tem uma figura impressionante. Quantos netos
têm?
― Quatro. Um casou e os outros três são teimosos.
Isso o fez rir.
― Pode ser teimoso, mas a Princesa Menshivkov é uma excelente
mãe. E ele parece apreciar a companhia dela, também.
― Ele gosta bastante de mulheres. ― Disse ela sombriamente. ―
Demasiado mesmo.
― Então certamente é apenas uma questão de tempo até ele se
casar.
Natasha lançou-lhe um olhar dardejante. Como era pequenina
como uma fada, o seu gesto apenas colocou o topo da sua cabeça um
pouco mais perto do ombro dele.
― Não este. Olha para ele sorrindo, ao falar com elas, dando-lhes
esperança. Mas o que deseja realmente é deitar-se com elas e depois
partir.
O que, se as coisas correrem como planejado, tinha os seus
méritos. Mas Sir Henry sabia que não deveria dizer isso em voz alta.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele assentiu como se concordasse plenamente, e ficou a olhar
para o príncipe com o que Henry esperava que fosse um olhar de
desaprovação. Enquanto o observava, o Príncipe Alexsey baixou-se e
agarrou a cadelinha de Natasha, um animal branco peludo, e
acariciando-o de forma tranquilizadora, disse algo que fez as mulheres
à volta dele rirem. A brisa despenteou o cabelo negro do Príncipe e
colou o casaco aos seus ombros largos, o que fez com que as mulheres
ficassem a olhar para ele como se fosse um sorvete gigante.
Henry esfregou o queixo pensativamente. ― Tasha, se quer a
opinião de um homem sobre isto… ― Ele esperou.
Ela lançou-lhe um olhar curioso. ― Da?
― É possível – apenas possível, lembre-se - que esteja preocupada
em demasia. Dê tempo ao homem. Ele vai encontrar a moça certa e
assentar. Vai ver.
― Eu não vou ver, pois ele não tem intenções de fazer tal coisa.
Ele tornou isso muito claro para todos nós - tudo o que deseja é
flertar, flerte e nada mais que um flerte.
― É o que todos os homens querem, até encontrarem a mulher
certa. O seu neto é educado, sofisticado, inteligente, um exímio
atirador e ainda melhor caçador e joga esplendidamente as cartas. É
um excelente homem e as moças o adoram. Além disso, é rico e um
Príncipe, ainda por cima. É a receita ideal para um casamento se é que
alguma vez houve uma.
Tasha acariciou distraidamente o grosso cordão de ouro
pendurado à volta do pescoço. ― Apesar das minhas queixas, tenho
esperança de que mude de atitude em breve.
Encorajado, ele acrescentou: ― Pelo menos ele fez uma tentativa
para conhecer as belezas locais no baile da noite passada.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Ele dançou apenas com duas mulheres. Miss Bronwyn
Murdoch e a irmã dela, Miss Sorcha.
― Miss Sorcha é absolutamente encantadora, uma loira com
vivos olhos azuis e uma natureza delicada e indulgente. Todos estão
encantados com ela.
― Ela foi encantadora, ― concordou Natasha. ― Pensa que ele
estaria interessado nela?
― Muito, ― disse ousadamente Henry, mas para ser
absolutamente franco, ele não prestara muita atenção à expressão do
Príncipe. ― Ela descende de famílias excelentes. A mãe dela é Lady
Malvinea, a mais jovem filha do Conde Spencer.
― Não me lembro de uma Lady Malvinea, mas havia muitas
pessoas no baile.
― Se você conhecesse os Murdochs, teria se lembrado deles. Lady
Malvinea é uma mulher de caráter enérgico e a filha dela Sorcha é
bastante bonita, tal como eu disse. Há mais duas filhas para além de
Sorcha; uma é mais jovem, enquanto a outra, uma enteada mais
velha, serve de acompanhante. O pai, Sr. Murdoch, é um cavalheiro
com um nome tradicional e antigo, trata-se de uma família
encantadora.
― Bom. Muito bom. ― Uma expressão pensativa penetrou nos
olhos de Natasha. ― Acreditas que esta Sorcha daria uma boa esposa
para um homem irrequieto como o Alexsey?
― Oh, claro que sim. Eu não me importaria de tê-la na minha
família, caso tivesse algum filho. Lady Malvinea não poupou despesas
no que diz respeito às filhas. São fluentes em várias línguas, possuem
modos e sotaques refinados e são versadas em artes musicais. Tudo o
que poderia desejar que uma esposa soubesse, as filhas dela sabem.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Pelo menos as duas mais novas.
― Mas não a enteada?
― Nay. A esposa do vigário disse-me que Miss Murdoch tinha
dezesseis anos quando Lady Malvinea chegou a Dingwall, demasiado
velha para se beneficiar da orientação da madrasta.
― Mas esta Sorcha parece bem adequada. ― O olhar de Natasha
estava fixo no neto. ― Pergunto-me se…
O estômago de Sir Henry roncou e ele estremeceu, imaginando se
ousaria sugerir chá em uma hora tão matinal. Ia começar a falar no
assunto quando Natasha disse:
― Talvez eu deva conhecer Lady Malvinea e Miss Sorcha.
― Isso seria fácil de conseguir. Mas… um aviso. Embora tenha
um coração bom, Lady Malvinea pode ser um pouco mordaz.
Natasha lançou-lhe um olhar despreocupado. ― Não culpo uma
mulher por ter ambição para os seus filhos. Aquela Sorcha tem
potencial. Potencial é um começo. E uma vez que Alexsey perdeu
tempo a dançar com ela, deve estar atraído.
― Ele também dançou com a filha mais velha e menos atraente, ―
lembrou-lhe Sir Henry, ― talvez por uma questão de delicadeza.
Um lampejo de aprovação bastante breve atravessou o rosto dela.
― Isso foi bem feito e nada típico dele. Talvez tenha razão e ele
esteja interessado na senhorita Sorcha. ― Natasha curvou os lábios. ―
Irei convidar as Murdochs para tomarem chá no castelo. Desejo
conhecer pessoalmente esta moça e também Lady Malvinea.
― Claro.
― Está feito, então. ― Sorriu, um lampejo de humor nos seus
olhos negros ― Venha, vamos procurar algum sustento para você. O
seu estômago está roncando sem parar. Receio que, se não

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respondermos, logo decidirá ir jantar sem você.
Ele riu e ofereceu seu cotovelo. ― Sou um caso perdido, Tasha. ―
Ele meneou as sobrancelhas sugestivamente. ― Sempre esfomeado,
especialmente no que lhe diz respeito.
― Também estou esfomeada. ― Ela enfiou a mão na dobra do
cotovelo dele. ― Mas apenas por chá e bolos.
Ele deu-lhe uma palmadinha na mão.
― Então serão bolos.

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Capítulo 9

Lady Catulino deu um lenço à Lucinda. ― Minha querida, você é


tão inocente. Os homens foram feitos para levar as mulheres à loucura,
seja com o que eles farão, ou com o que eles não farão. É simplesmente
assim a natureza da besta. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

O lacaio de libré de Sir Henry abriu a porta, e depois ficou de lado


enquanto Lady Malvinea, Sorcha e Mairi entraram na sala de estar.
Bronwyn seguiu atrás, absorvendo o espaço luxuoso, se bem que fora
de moda, da sala de estar do Castelo de Tulloch com profunda
apreciação.
Desde que conversou - ou melhor, beijou - Alexsey no jardim,
Bronwyn tinha sido um emaranhado de pensamentos, tentando
colocar tudo o que aconteceu em ordem. Mas tudo o que conseguiu
fazer foi realizar duas coisas difíceis e tristemente conflitantes.
Primeiro, príncipe ou não, Alexsey possuía uma natureza
altamente sensual. Uma natureza que, provavelmente, encorajada por
sua educação em uma terra exótica, e o fato de que os príncipes
raramente enfrentavam correções por regras sociais, obviamente não
tinha sido controlada. Infelizmente, ela reagiu fortemente a essa
natureza sensual. Sua mera presença fez seu coração palpitar e seus
joelhos tremerem.
Ela não estava satisfeita com essa percepção, mas era melhor
admitir a verdade das coisas ao invés de escondê-las.
Sua segunda percepção foi sobre si mesma. Quando confrontada
com a sensualidade não filtrada de Alexsey, sua imaginação foi
lançada em uma guerra instantânea com seu senso comum. Ela sabia

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que um galanteio de qualquer tipo com Alexsey era perigoso, e
provavelmente iria além do que deveria. No entanto, apesar de saber
que seria desastroso para o futuro dela, ela ainda se achava
imaginando o que poderia acontecer se eles estivessem sozinhos de
novo. Era como se o momento em que ele a tocou, ela se tornou outra
pessoa, alguém muito mais aventureira do que nunca pensara ser.
Diante dessas contradições, tudo o que podia fazer era garantir
que ela e Alexsey nunca estivessem sozinhos; então nunca teria que
fazer uma escolha entre sua imaginação e seu senso comum. Ela
temia que já soubesse qual deles era o mais forte.
― Bronwyn?
Sua mãe e irmãs haviam tomado seus assentos e estavam
olhando para ela com expectativa.
Corando, ela apressou-se a se juntar a elas. ― Desculpe, eu
estava admirando o tapete. É lindo.
Os lábios de Mamãe diminuíram, mas ela se virou para o lacaio
esperando.
― Por favor, informe Sua Graça que chegamos.
― Sim minha senhora. Ela descerá em breve.
Mamãe inclinou a cabeça no que ela obviamente pensou ser uma
maneira real, mas só conseguiu parecer estranha.
― Obrigada.
Ele curvou-se novamente e depois saiu. Quando a porta se
fechou atrás dele, Mairi levantou-se.
― Você já viu mobiliário tão elegante? Essas cadeiras! O sofá! Os
tapetes! Mesmo os pés são elegantes. Todos têm os pés dourados.
― É lindo. ― Concordou Bronwyn. A sala longa tinha brilhantes
candelabros dourados sobre uma mesa de mármore grande, ricos

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tapetes orientais cobrindo quase todos os centímetros do chão, e
lindos móveis cobertos de seda dispostos por toda a parte.
Sorcha olhou sobre ela com espanto. ― Foi muito gentil da parte
da grã-duquesa nos convidar para o chá.
― Não foi uma mera gentileza. ― Mamãe não conseguiu manter
seu sorriso para si. Ela estava em um clima particularmente
ensolarado desde o baile, e agora sorriu para todas. ― Tenho certeza
que não foi a grã-duquesa quem emitiu o convite. Na verdade,
apostaria meus melhores sapatos nisso.
Mairi virou-se após admirar um relógio de liga de cobre em
particular. ― Se não foi a duquesa, então, quem? Certamente, não Sir
Henry, pois o convite não tinha seu nome, apenas o dela.
Um olhar impaciente cruzou o rosto dela. ― Pense, Mairi. Nem
nos encontramos com a grã-duquesa, então por que ela nos convidaria
para o chá? Alguém mais manipulou essa pequena reunião. Alguém
que passou algum tempo conosco no baile.
Bom Deus, ela acha que Alexsey está por trás desse convite!
Bronwyn não poderia ter discordado mais.
As intenções do príncipe estavam longe de serem puras, mas ela
não podia imaginar que ele estivesse tão perdido a ponto de induzir
sua avó a ajudá-lo com uma sedução. Se ele fosse uma espécie de
trapaceiro, ela supôs que isso poderia ser verdade, mas ele não era
nem um pouco trapaceiro.
Francamente, ela o achava ousadamente honesto, mesmo
quando a verdade o fazia parecer libertino. Ela achou sua honestidade
atraente. Ela murmurou um suspiro nostálgico.
― Mamãe, eu não acredito que o príncipe está por trás do convite
da grã-duquesa.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O sorriso de mamãe desapareceu. ― É claro que está. Acho que
ele queria ver Sorcha, e é uma grande honra que ele deseje que ela
seja apresentada à sua família.
Sorcha, corada, sacudiu a cabeça. ― Não, mamãe. Eu acho que
você está fantasiando demais sobre isso.
― Eu não estou! Minha querida, apenas pense. O príncipe
prestou especial atenção a você na noite do baile. Você é a única
mulher com quem ele dançou.
― Ele também dançou com Bronwyn.
― Ela não é uma participante elegível. Além disso, ela deixou o
baile logo depois que ele dançou com você. Na verdade, ele mal falou
com mais ninguém. ― Mamãe parecia que iria explodir de felicidade. ―
Toda a vizinhança tem rugido especulações. Muitas pessoas
comentaram seu comportamento.
Provavelmente estimuladas pelas sugestões dela. Bronwyn
sabiamente manteve seus pensamentos para si.
Sorcha balançou a cabeça, seus dedos brancos sobre o novo
reticulo9.
― Mamãe, você exagera. Ele mal falou comigo quando estávamos
juntos. Enquanto isso, ele conversou com Bronwyn o tempo todo em
que dançavam. Eu sei, pois eu os vi.
E ele tinha tido muito para dizer a ela, pensou Bronwyn.
O sorriso de mamãe vacilou, mas apenas por um momento. ― Ele
provavelmente estava perdido em pensamentos. Você sabe como
alguns homens se comportam em grandes bailes, não gostam de
dançar e o ruído dificulta a conversa. Isso é mais provável, porque ele
teve a grã-duquesa nos convidando hoje, para que pudesse falar com

9 Reticulo: arcaico (séc. XVIII e XIX) saco em forma de rede usado pelas senhoras.

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você em um ambiente mais silencioso.
― Não tenho nada para dizer a ele.
― Claro que você tem! E se ele pedir, seria perfeitamente aceitável
ele a atrair para um lado da sala enquanto eu converso com sua avó.
Enquanto você permanecer à vista, vocês dois podem ter a mais
agradável conversa. ― Mamãe lançou um olhar afiado para Bronwyn e
Mairi. ― Quando você vê o príncipe levar a Sorcha para um lado, ore,
não pule e siga-os.
Mairi fungou. ― E se o príncipe nos convidar?
― Eu lembro que a cortesia o fará fazer isso, mas vocês duas
devem recusar. Depois de uma visita agradável, convidaremos a
Duquesa e o príncipe para uma visita, embora― mamãe colocou a mão
sobre uma almofada de seda e uma sombra de insatisfação escureceu
seus olhos ― Eu não sei como recebê-los em nossa pobre sala de estar.
Obviamente, Sua Graça está acostumada com o melhor de tudo e
estaremos lá, nossa casa mal nos encaixa.
Bronwyn murmurou um suspiro. ― Mamãe, esta é a casa de Sir
Henry e não a de sua Graça. Quem sabe o que ela está acostumada?
― Tenho certeza de que sua casa é ainda maior. Oxenburg é uma
das nações mais ricas do mundo. Eu sei, pois eu li sobre isso.
Sorcha virou-se para sua mãe. ― Onde você leu sobre Oxenburg?
Eu nunca tinha ouvido falar do país antes desta semana.
― Eu encontrei um livro na biblioteca do seu padrasto que
continha uma quantidade notável de informações. ― Mamãe olhou
para a porta fechada e depois falou com voz baixa. ― O país é
conhecido por sua riqueza, que vem de vastas terras, a qualidade de
suas rendas e tecidos, e... ― Ela franziu a testa. ― Não consigo lembrar
a terceira coisa, mas era algo entediante, como madeira ou cevada.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― O que mais falava o livro? ― Bronwyn perguntou curiosa e
disfarçadamente.
― O rei tem uma família bastante grande, quatro filhos, de fato. O
que significa que nosso príncipe tem três irmãos.
― Ele é ‘nosso príncipe’ agora, é? ― Bronwyn disse secamente.
Mamãe não hesitou. ― Ele será, uma vez que passar mais tempo
com sua irmã.
Sorcha parecia miserável. ― Mamãe, por favor, não diga essas
coisas. É perfeitamente possível que ele não goste de mim.
O sorriso radiante dela desapareceu. ― Não seja ridícula. Você foi
criada para ser uma princesa.
Mairi bufou. ― As princesas roubam pastéis da cozinha quando
pensam que ninguém está olhando? Sorcha pegou o último pastel da
cozinha na noite passada, apesar da Sra. Pitcain ter guardado para
mim.
― Eu não sabia disso. ― Disse Sorcha com força enquanto a
porta se abriu e um lacaio entrou.
Ele curvou-se. ― Sua Graça irá vê-las agora. O chá foi levado ao
terraço.
― Adorável! ― Mamãe se levantou e alisou seus cabelos. ―
Venham, garotas.
O lacaio segurou a porta e esperou quando elas saíram da sala.
Quando todos estavam no corredor, ele fechou a porta e depois as
conduziu pelo amplo salão.
Eles estavam perto da porta do terraço quando Sorcha parou tão
abruptamente, que Bronwyn quase correu até ela.
― Oh céus! Deixei o meu reticulo na sala de estar.
O lacaio deu um passo à frente. ― Vou buscar o reticulo, minha

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


senhora.
― E deixar Sua Graça aguardando? ― Mamãe bufou. ― Eu acho
que não. Encontraremos o reticulo após o chá.
Sorcha disse. ― Mas Mamãe...
― Eu vou buscá-lo agora. ― Bronwyn ofereceu. ― E então vou me
juntar a vocês. Você pode pedir minhas desculpas à Sua Graça, se
precisar. ― Talvez ela ficasse um bom tempo na busca do reticulo
também. Ela não desejava assistir à conversa da madrasta com a
Duquesa.
― Obrigada, Bronwyn. ― Mamãe acenou para o lacaio para
prosseguir.
Bronwyn voltou para o corredor. Entrando na sala de estar,
encontrou o reticulo. Ao sair, estava se preparando para passar pela
grande escada no enorme vestíbulo quando ouviu vozes masculinas.
― Que perda de tempo. ― Disse Alexsey. ― Por que os escoceses
tomam chá com tanta frequência? ― Ele estava descendo a escada,
seus passos abafados pelo tapete grosso que caia em cascata pelos
degraus de mármore.
O Visconde Strathmoor respondeu. ― Você sentiu nosso clima?
Se não nos aquecermos todas as tardes com um pouco de chá,
estaremos congelados no jantar.
Estavam quase sobre ela. Seu coração batendo forte, ela
procurou por um lugar para se esconder. Ela não estava pronta para
vê-lo novamente. Ainda não. E não sem a proteção de uma de suas
irmãs.
Com um sentimento semelhante ao pânico, ela entrou na
pequena alcova esculpida na parede lateral da escada e se espremeu
atrás de um pilar segurando uma estátua de cupido de bronze. Uma

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


das flechas de bronze capturou uma mecha de seu cabelo, e ela se
apressou a desembaraçar.
― Está mais frio em Oxenburg, ― continuou o príncipe. ― Eu nem
mesmo gosto de chá.
O Visconde Strathmoor riu quando desceram as escadas.
― A hora do chá é socialmente importante. É onde, sobre
delicadas xícaras de bohea10, as mulheres se criticam mutuamente por
meio de elogios muito expressivos.
― Tata Natasha está usando a hora do chá para outra finalidade -
formar casais. Ela convidou alguém que quer que eu conheça. Eu sei.
― Ela é sincera, não é? Que beleza você acha que sua avó está
desejando que você examine esta tarde? Miss Carmichael? Lady
Muiren?
― Eu não perguntei e ela não conta. Ela só envia uma nota ao
meu quarto dizendo que é minha responsabilidade comparecer. Pah!
Uma negociação do tratado é uma responsabilidade, mas isto,
Papillon, deixa minha bota em paz ou eu vou lhe jogar na lagoa.
― Esse é o malandro mal comportado que conheço.
Seus passos ecoaram quando os dois homens saíram do último
degrau coberto no chão da escada de mármore. Eles deram alguns
passos com o cão os perseguindo, antes que eles parassem.
― O mau comportamento de Papillon é devido à minha avó
arruína-la, mas ela caça com o coração de um leão. Eu posso perdoar
muito por isso.
― Eu também poderia, se ela não rosnasse para mim cada vez
que eu me abaixo para acariciá-la.

10 Bohea― um chá preto chinês que vem da última safra da temporada é considerado de baixa qualidade. A folha
do chá verde é tanto na cor, forma e tamanho de uma folha de louro, o de bohea é menor, mais suave e de uma cor
mais escura.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Ela não gosta de sua gravata. Eu estive segurando um rosnado
a manhã toda.
Strathmoor fez um barulho indignado enquanto Bronwyn
sufocava uma risada.
― Não há nada de errado com esta gravata.
― Está tão alta que você não pode abaixar o queixo.
― Eu poderia se não me importasse de estragar as linhas. Essa é
toda a moda.
Bronwyn podia imaginar a expressão de despreocupado de
Alexsey.
― Depois de nos juntarmos à avó no terraço para o chá, iremos
até Ackinnoull Manor e visitaremos os Murdochs.
Os olhos de Bronwyn se arregalaram. Strathmoor murmurou. ―
Ah, então Miss Sorcha causou uma impressão.
― Sorcha? Não, vou ver Bronwyn.
― Eu? Apesar dela, Bronwyn não pôde ignorar uma agitação de
felicidade.
― Realmente? Mesmo depois que você conheceu Sorcha?
Seu sorriso desapareceu. Bem. Essa certamente foi dura.
― Sorcha é muito jovem. ― Bronwyn quase podia ver o príncipe
encolher os ombros. ― E enfadonha. Ela não tinha nada a dizer para
mim todo o tempo em que nós dançamos.
O bom humor de Bronwyn tinha ido embora. Sorcha nunca foi
enfadonha! Se Alexsey tivesse feito o menor esforço para falar,
Bronwyn estava certa de que Sorcha também teria.
― Talvez Miss Sorcha seja muito tímida. ─ A voz do visconde era
cuidadosamente desinteressada. ― Ela parecia bastante agradável
para mim quando eu dancei com ela.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Há! Bronwyn poderia ter beijado o visconde. Curiosidade queima,
ela se esgueirou em torno da estátua e tentou pegar um vislumbre
deles, mas estavam fora de vista.
― Talvez. ― O príncipe não poderia ter soado mais entediado. ―
Se você gosta desse tipo de mulher.
― Sim, ― Strathmoor falou lentamente. ― Os homens acham a
pele de marfim, os lábios pétalas cor de rosa, e os belos olhos azuis
banais demais, e muitos preferem a gordura, as sardas e os óculos.
Bronwyn não se considerava vaidosa até este momento, mas
ouvir-se diminuída tão sumariamente doía mais do que imaginara. Ela
espiou além da estátua para o espelho da parede oposta. Ela não era
simples. Suas feições eram boas, sua pele boa o suficiente, mesmo que
lhe faltasse a palidez cremosa de Sorcha, e seus olhos eram cheios de
vida. Ou assim ela pensou até agora.
Talvez ela pudesse ver melhor os homens e julgar suas
expressões melhor se ela se inclinasse um pouco. Movendo-se
cuidadosamente, ela segurou o pilar e se inclinou para a frente. Ela
podia ver o ombro largo do príncipe.
Franzindo o cenho, deslizou um braço em volta do cupido e
inclinou-se ainda mais. Agora ela podia ver os dois homens de perfil
claro na parte final da escada.
O príncipe estava balançando a cabeça. ― Não é sobre beleza, que
é tão barato quanto vinho barato, mas sobre espírito, entusiasmo e
paixão. Isso é difícil de encontrar.
― Eu prefiro uma mulher que guarda suas respostas animadas
para quando estamos sozinhos.
O príncipe riu e bateu no ombro de Strath. ― É por isso que você
e eu nunca brigamos, nós gostamos de diferentes tipos de mulheres.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Como você, minha avó favorece Miss Sorcha.
Houve um momento de silêncio.
― Ela faz?
― Ontem Tata Natasha fez muitas perguntas sobre minha dança
com a garota. Se a família Murdoch receber a aprovação de Tata, ela
sancionará o casamento.
― E por sanção, você quer dizer...
― Tentar enfiá-lo na minha garganta.
― Ah. Esse tipo de sanção. Eu me pergunto se isso não é quem
nos aguarda no chá agora. O que sua avó diz sobre a elegível Miss
Murdoch?
― Ela ouviu que Bronwyn está - como você diz - na prateleira? E
que ela tem poucas graças sociais, que minha avó muito aprecia. Tata
Natasha nunca aprovaria Miss Murdoch, o que está bom para mim.
Strathmoor levantou uma sobrancelha. ― Então você ainda
pretende perseguir Miss Murdoch?
― Eu vou tê-la.
As palavras atingiram Bronwyn como um vento aquecido. Ele
disse sem hesitação, como se já soubesse que ela se renderia. E
olhando para ele, seu cabelo preto caindo sobre sua testa, tão alto e
largo─
Um arrepio passou por ela, fazendo-a segurar o deslizamento da
estátua. Antes que ela pudesse cair, ela recuou para as sombras do
Cupido.
Papillon, que estava sentada aos pés de Alexsey, de repente virou
para a direção dela.
Ela ficou perfeitamente imóvel. Não, não venha aqui. Não venha
aqui.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Mas era tarde demais. A cadelinha ergueu-se e atravessou o
corredor, farejando assim e então, seus olhos brilhantes voltando de
novo para onde Bronwyn estava escondida.
Ela prendeu a respiração, desejando que o cão parasse, mas sem
sucesso, a cadela entrou a poucos passos e, abanando a cauda, olhou
diretamente para ela.
― Vá! ― Ela sussurrou, olhando apreensivamente para os dois
homens no final do corredor.
O cão abanou a cauda com mais força.
― Papillon, onde você está?
Bronwyn congelou.
Alexsey suspirou. ― Sua vira lata, o que está fazendo?
O cão recuou dois passos e latiu, sua calda balançando
freneticamente. Ela olhou o corredor, e depois de volta para Bronwyn,
como se estivesse desejando que pudesse compartilhar as notícias de
sua descoberta.
Bronwyn ouviu os passos de Alexsey enquanto ele se movia para
olhar pelo corredor estreito em direção a Papillon.
― O que é? ― Strathmoor perguntou.
― Eu não sei. Ela provavelmente farejou um rato.
Alexsey voltou para o fundo da escada onde Strathmoor esperava,
e Bronwyn afundou aliviada.
Papillon, com sua calda embaraçada ainda balançando, sentou-
se, seu olhar esperançoso fixo em Bronwyn.
Ela balançou a cabeça para o cachorro tão silenciosamente
quanto podia, deslizou um braço em volta da estátua para se
equilibrar e inclinou-se para a frente para ver os dois homens.
― Minha avó será minha morte. ― Disse Alexsey. ― Ela deseja

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que eu corteje uma mulher com seriedade, para encontrar uma
esposa. Eu me recusei, mas ela ainda continua a me censurar. Pior
ainda, ela começou a me ameaçar com a perda do meu direito de
sucessão.
― Ela ainda está balançando aquele anel diante de você?
― Em todas as chances que ela tem. Ela pensa que pode me
controlar com isso. ― O príncipe soprou uma respiração em um sopro
provocado. ― Ela está errada.
― Eu não diria isso a ela. Nunca conheci uma mulher mais
decisiva. Francamente, ela me assusta um pouco.
― Ela pode ser arrogante. ― Houve um momento de silêncio, e
então Alexsey riu. ― Você sabe, pode haver uma maneira de silenciá-
la.
― Você não pode matar sua avó.
Alexsey riu. ― Não, não. Mas talvez eu possa parar sua constante
irritação e provar que, embora pretenda obter o Kaltso, não vou
sacrificar meus princípios.
― E como você vai realizar esse milagre?
― Vou cortejar Miss Murdoch abertamente - cortejá-la para o
mundo - e minha avó - notar.
Bronwyn recuou e sua cabeça bateu contra a aljava11 do cupido.
Ela estremeceu e apertou os dentes para não gritar.
Strathamoor parecia intrigado. ― Você deseja cortejar Miss
Murdoch com seriedade?
― Isso parecerá sério para todos, inclusive para minha avó. O que
fará com que ela se preocupe que talvez eu esteja apaixonado. Ela
então irá parar com a ideia de um casamento infernal e, em vez disso,
11 Aljava: coldre ou estojo sem tampa em que se guardavam e transportavam as setas, e que era carregado nas

costas, pendente no ombro.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


tentará me convencer de que talvez ela tenha sido precipitada e eu não
deveria cortejar ninguém. Eu já sei que ela acha Miss Murdoch sem
qualificações para ser uma princesa.
Bronwyn descobriu que, com o encorajamento certo, suas mãos
podiam se enrolar em garras.
― O que há de errado com Miss Murdoch?
― De acordo com minha avó, ela é muito velha para ter bebês,
muito franca para uma dama de qualidade e tem uma falta decidida de
polimento.
Ah. Bronwyn esfregou a cabeça dolorida mais forte, franzindo o
cenho com fúria.
― Eu não sabia que elas se conheceram, ― disse Strarhmoor.
― Elas não se conhecem. Tata Natasha não ouviu nada além de
rumores da esposa do vigário. Infelizmente, Tata é rápida para julgar e
demora a abrir seu coração. Ela nunca vai se entusiasmar pela jovem
agora. Felizmente para mim, todas as coisas que a Tata não gosta em
Miss Murdoch, eu acho encantador.
― Humm. Um plano interessante. E quanto a Miss Murdoch? Ela
pode acreditar no seu comportamento e pensar que é sério em cortejá-
la.
Bronwyn ouvia atentamente.
― Eu nunca vou deixar avançar tão longe. Miss Murdoch não
deseja ter um casamento. Ela me disse isso.
Doeu como uma traição ouvir suas opiniões usadas dessa
maneira, e casualmente lançadas diante de Lorde Strathmoor, a quem
ela mal conhecia.
A voz profunda do príncipe percorreu facilmente o vestíbulo.
― Vou seduzir Miss Murdoch em privado, mas cortejo-a em

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


público. Vou matar o tédio desta visita, e também manter minha avó
em paz.
― E depois?
― E então, como ambos desejamos, iremos seguir os nossos
caminhos separados. Serão várias semanas encantadoras, e ambos
seremos mais felizes por isso.
― Eu não sei, Alexsey. ― A voz de Strarhmoor teve uma nota de
preocupação. ― Parece um plano moderado. Mas algo poderia dar
errado com isso.
― Não tanto quanto você pensa.
― Mas Miss Murdoch.
― É a única coisa de que tenho certeza. Ela não causará nenhum
dano, eu prometo. Ela é refrescantemente honesta e já mostrou uma
grande aptidão para a paixão. Vou provocá-la até que ela me deseje
além dos pensamentos, e então vou satisfazer esse desejo. Ficarei feliz,
meu tédio se dissipará. Ela ficará feliz e terá ótimas lembranças. E
minha avó será silenciada. É perfeito, não é?
― Eu suponho. Desde que ninguém seja ferido, por que não?
― Exatamente. Agora venha, vamos tomar esse chá, então
podemos dar uma volta. Não tenho vontade de passar um dia tão
maravilhoso aqui dentro. ― Ele assoviou. ― Papillon!
O cão afastou-se para o seu dono...
O som das botas do príncipe e do visconde ecoaram quando eles
saíram do vestíbulo.
― Você vai me ter, vai? ― ela murmurou. ― E então vai embora.
Eh? Há! Apenas tente me seduzir agora! ― Ela saiu por trás da
estátua, sua mente trabalhando furiosamente. Como se atreve, ele
planeja casualmente se divertir às minhas custas!

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Que plano insuportável! Que homem insuportável! Ela podia
imaginar as reações de sua madrasta e irmãs quando ela lhes contar o
que ela ouviu. Mamãe ficaria chateada ao saber que ele não estava
interessado em Sorcha (ou qualquer uma, para esse assunto). Sorcha
e Mairi ficariam tão furiosas com o príncipe como ela, e se negariam a
participar de eventos onde ele pudesse estar presente. O que seria
maravilhoso, leal e...
Desastroso.
A temporada de Londres de Bronwyn tinha sido miserável porque
ela não conhecia ninguém e não entendia as regras da sociedade. Ela
não podia permitir que o mesmo destino acontecesse com Sorcha.
Embora sua irmã fosse naturalmente mais sociável, cada momento
que Sorcha passar neste castelo, conhecendo os homens e mulheres
que compunham as listas de convidados da temporada, acostumados
com as regras da sociedade, a aproximariam de um futuro feliz.
O que significa que não posso contar a ninguém sobre o plano
arrogante do príncipe.
Então, como ela lidaria com esse problema? O que abalaria a
fachada do príncipe?
Possivelmente... talvez eu não deva rejeitar seu cortejo. Se
parecer que estou me rendendo, talvez eu possa virar o jogo sobre ele.
Talvez eu possa fazê-lo me querer. E então, quando ele estiver louco
por mim, eu vou rir na cara dele e mandá-lo embora, um homem
humilhado, mas esperançosamente melhor.
Sim. Por que não? Imaginando sua expressão, ela borbulhou com
gargalhadas. O dia não estava perdido, afinal. Talvez ela...
O som de um cão saltando ecoou pelo enorme vestíbulo.
― Maldição! ― Bronwyn escorregou atrás da estátua novamente,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


com a esperança de que Papillon continuasse seu caminho. Mas os
passos das patas se aproximaram. E mais perto. Em segundos
Papillon alcançou a estátua e parou, abanando a cauda e latindo.
Então uma voz profunda, rica e deliciosamente acentuada disse.
― Roza? O que você está fazendo?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 10

Sir Mordred esfregou as mãos, sua respiração maligna tão suja


quanto sua alma. ― Eu nunca vou descansar até que ela seja minha! ―
Ao ouvi-lo, Roland riu. ― Mesmo o mal não pode suportar o aço de um
bom coração. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Bronwyn não sabia o que dizer quando Alexsey, com os braços


cruzados sobre o amplo peito, olhou para ela com um sorriso
questionador.
Ele estava vestido com roupa de cavalgar, suas botas ostentando
borlas, um lenço descuidadamente amarrado no pescoço forte. Com o
cabelo caído em seus olhos, sua boca firme curvada em um sorriso
conhecido, ele parecia travesso e devastadoramente bonito.
Sua mente voando, ela rapidamente saiu de trás da estátua.
― Eu estava admirando esta estátua. ─ Nada estranho. As
pessoas admiram estátuas o tempo todo, não é?
― De fato?
― É extraordinária. Saí da sala de estar agora, onde estava
procurando o reticulo da minha irmã, e este cupido
surpreendentemente bem feito chamou minha atenção. ― Ela
acariciou a estátua enquanto encontrava o olhar de Alexsey. ― Eu
acho enormemente atraente.
Alexsey assentiu para onde a mão dela tocava a estátua. ― Você
parece ter bastante compreensão sobre esse assunto em particular.
Ela seguiu seu olhar. ― Oh! ― As bochechas ardendo, ela afastou
a mão da área íntima do cupido, que foi moldada por folhas de
figueira. ― Isso foi... eu nunca quis tocar... ― Ela fechou a boca,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


incapaz de dizer outra palavra.
Ele riu. ― Você estava admirando toda a estátua, ou apenas...
― Tudo isso. ― Disse ela com firmeza. ― É muito realista.
― Roza, eu asseguro a você, isso não é realista.
Ela olhou a estátua novamente, desta vez com um olhar crítico.
― É para um cupido. Ou então eu imagino. ― Isso não pareceu
correto. ― Quero dizer, então eu imaginaria se eu já tivesse pensado
nisso. Que eu não tenho. Até agora, é claro.
Ele riu suavemente, o som aquecendo-a como uma lareira em
uma noite fria. ― Oh, Roza, Roza. Eu nunca preciso me perguntar o
que você pensa. ― Ele pegou sua mão, puxando-a para mais perto.
Ela tentou resistir, mas seu corpo formigou com consciência
instantânea sobre ele, sua pele acesa onde ele a tocou. Ela ansiava por
mais... mas esse era exatamente o plano dele. Seduzi-la em decisões
insensatas como uma dupla conveniência para si mesmo - uma
maneira de satisfazer esses mesmos desejos nele e manipular sua avó.
Oh, como seria divertido virar a mesa dele. Ele queria seduzi-la,
sem pensar em seus sentimentos ou futuro? Bem, ela queria fazê-lo
cair descontroladamente, apaixonadamente, loucamente em luxúria
com ela, antes que ela corajosamente frustrasse suas esperanças em
pó.
Ela não conseguia manter um sorriso satisfeito em seus lábios.
Encontrando-se no bosque, conversando e beijando, então
encontrando um ao outro em um baile e dançando - esses momentos
saíram de um de seus romances. E ela tinha muitos desses livros que
poderiam mostrar como efetuar um plano, ele nem saberia que estava
sendo conduzido pelo caminho de prímulas até ficar profundamente
emaranhado em espinhos.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sentindo-se aturdida por sua temeridade, ela olhou para ele,
baixou os cílios e disse com uma voz sem fôlego. ― Sua alteza, nós não
devemos ficar sozinhos. Ainda não, de qualquer maneira.
Depois de um segundo surpreso, seus olhos se aqueceram e ele
se aproximou. ― Tal é o peso que suportamos pelo bem da sociedade.
― Ele pegou sua mão e beijou seus dedos. ― Em algum momento,
devemos encontrar nosso caminho de volta para a sua árvore de
leitura.
Ela ignorou os tremores que o toque dos lábios enviou através
dela e concentrou-se em suas palavras. Conseguir que ele flerte
comigo é ridiculamente fácil, mas devo ir devagar ou ele suspeitará de
algo. Ela liberou sua mão.
― Isso será muito arriscado, eu tenho medo.
― Estamos mais seguros aqui, você acha? ― Ao acenar com a
cabeça ele encolheu os ombros. ― Estamos em plena visão do mundo.
Além disso, temos Papillon. Ela pode ser nossa dama de companhia.
― Eu não tenho certeza de que isso calaria as línguas.
― Talvez. Eu... ― Ele hesitou, como se um pensamento acabasse
de ocorrer a ele. ― Roza, espero que você não se importe com a minha
pergunta, mas há quanto tempo você está no corredor.
Ela tentou manter seu rosto inexpressivo. ― Um minuto ou dois.
Por quê?
― Então você não ouviu Lorde Strathmoor e eu descendo as
escadas mais cedo?
Ela piscou. ― Lorde Strathmoor? ― Ela olhou pelo corredor como
se esperasse ver o visconde. ― Ele está aqui também?
Alexsey a olhou com olhos estreitados. Ele não estava certo se
acreditava nela. Por um lado, era suspeito encontrá-la de pé atrás da

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


estátua, mas, por outro lado, ela voltou o olhar com tanta rapidez que
não podia deixar de sentir que estava falando a verdade.
Ele esperava que o céu não o tivesse ouvido falar com Trath. Não
que seu pequeno plano fosse outra coisa senão uma desculpa para
estar perto dela, e que mulher não veria isso pelo elogio que era? Além
disso, ela não parecia irritada ou chateada. Nem um pouco. Então, se
ela ouviu, não pareceu considerar isto contra ele.
Pelo pouco que ele sabia sobre ela, estava certo de que mostraria
seus sentimentos.
― Sua família está com minha avó, tomando chá no terraço.
― Sim, eu estava a caminho de lá quando Sorcha percebeu que
tinha deixado o reticulo na sala de estar. E depois que eu achei. ― Ela
sorriu para seus olhos. ― Eu encontrei você.
Ela não se aproximou. Na verdade ela não se moveu. No entanto,
Alexsey estava ciente do calor do seu olhar, emoldurado por seus
óculos e do ar da intimidade em seu sorriso. Eles adicionaram um
toque que não estava lá antes.
Bem. Talvez não fosse necessário tanto esforço para seduzi-la
como pensou. Ela deseja tanto quanto eu. O pensamento o emocionou.
E a beleza disso era que, ao cortejá-la, ele teria todo o tempo do
mundo para atendê-la, para beijá-la de maneiras novas, para ensiná-
la. ― Pare. Agora não é a hora de pensar nisso. Ele estava se tornando
tão apaixonado que não seria capaz de pensar.
Ela sorria agora, a luz do sol das janelas laterais ondulando
sobre seus cabelos e tocando o marrom com ruivo. ― Eu devo me
juntar à minha mãe e irmãs, elas devem estar se perguntando o que
aconteceu comigo.
― Eu vou acompanhá-la. Eu também estou tomando chá.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Que sorte para nós dois. ― Ela sorriu e deslizou a mão dentro
de seu cotovelo. ― Eu pensei que você poderia ter coisas melhores para
fazer com sua tarde do que tomar chá no terraço.
Ele cobriu sua mão com a dele e sorriu nos olhos dela. ― Não,
pequena. Você é meu único dever hoje.
Seus lábios, tão maduros e cheios sorriram de volta. ― Então,
vamos.
Ele deu um passo à frente, mas depois parou. ― Antes de nos
encontrarmos com os outros e não podermos falar, há uma coisa que
eu gostaria de saber...
― Sim?
― É bobo da minha parte, mas no baile você mencionou o
casamento.
O sorriso dela desapareceu, mas apenas por um segundo. ― Sim?
― Você me disse que não desejava isso para si mesma. Posso
perguntar o porquê? Não tivemos tempo para discutir isso, e fiquei
fascinado.
― Estou bastante satisfeita com a minha vida como está. Feliz,
mesmo. Eu sou uma parte importante do negócio do meu pai. Ele não
conseguiria executá-lo sem mim. Ajudá-lo me permite muito tempo
livre para meus livros e minhas irmãs. ― Ela encolheu os ombros. ― O
que mais eu poderia desejar.
Isso fazia sentido. Ele assentiu devagar enquanto começavam a
atravessar o vestíbulo, com a luz cintilando manchando sobre eles.
― Você parece ter uma vida muito gratificante. Nunca conheci
uma mulher que tão audazmente proclamasse que não queria casar. A
maioria parece desejar muito. Talvez demais.
― Eu não sou uma mera garota fora da sala de aula. Gosto da

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


minha liberdade como uma senhora não casada. Na verdade, há
apenas uma coisa que mudaria minha opinião sobre o casamento.
― Sim?
― Se eu me apaixonasse profundamente.
Ele quase perdeu o passo. ― Então há uma ressalva.
― Sim, mas duvido que isso aconteça. Nunca estive apaixonada, e
duvido que um dia esteja. Eu simplesmente não sou do tipo
romântico.
― Mas o livro que você estava lendo na floresta...
― É ficção. Eu gosto de ler sobre corações puros e amor de contos
de fadas, mas esses geralmente não existem na vida real. Por esse
motivo e outros, é altamente improvável que eu encontre o amor e
estou perfeitamente contente com isso.
Alexsey assentiu e aproveitou a primeira oportunidade para
mudar o assunto. A conversa o tranquilizou, mas também permitiu
que ele soubesse que Strath tinha razão, quando ele e Bronwyn
progredirem com o seu flerte, Alexsey teria que observá-la
cuidadosamente. Se ela parecesse ficar muito apegada a ele, acabaria
com isso. Ele não desejava machucá-la.
Enquanto isso, ele aguardava as próximas semanas, quando
cortejaria essa mulher em público e a seduziria em particular. Ela
apreciaria os dois, decidiu, embora ele pensasse que acharia a
sedução muito mais do seu agrado.
Seu olhar deslizava sobre ela enquanto eles caminhavam, e ele se
alegrou com as curvas exuberantes de seu corpo e o brilho inteligente
em seus olhos. Seu corpo doía por ela, e ele desejava levá-la para uma
das muitas salas de estar e mostrar-lhe o prazer que a vida tinha para
oferecer àqueles corajosos o suficiente para apreciá-los.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Logo prometeu a si mesmo. Muito em breve. Quando ela estiver
pronta e me acolher. Do jeito que ela estava sorrindo para ele agora,
aquele momento não demoraria em chegar.
E com um sorriso de volta, ele abriu a porta do terraço e a levou
para a luz do sol.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 11

Roland sentou-se ao lado de sua pequena irmã. ― Você é muito


jovem para saber disso, mas o amor não pode crescer em solo rochoso.
Deve ser plantado em um coração macio, cuidado com os mais suaves
toques, aquecido com felicidade e protegido de tudo o que possa querer
prejudicá-lo.
― Isso parece muito trabalho, ― disse Melisandre.
― É muito trabalho. Mas se é amor verdadeiro, então será o fardo
mais leve que você carregará. - O Duque Negro, por Srta. Mary
Edgeworth.

No dia seguinte, Alexsey caminhou pela grande escada, o chapéu


em uma mão, as luvas de cavalgar na outra. Um rápido olhar para o
relógio parado junto às portas da sala de jantar, lhe disse que já
estava atrasado e acelerou os passos.
Chegando ao vestíbulo disse ao mordomo. ― Estou à procura de
Lorde Strathmoor. Você o viu?
Davies respondeu. ― Ele foi em direção aos estábulos há uns dez
minutos, em uma missão para Sir Henry.
― Eu vou encontra-lo lá, se conseguir. Nós deveríamos sair
juntos, mas parece que ele esqueceu.
― Devo enviar um lacaio para ver se ele saiu?
― Não. Eu irei sozinho. Será mais rápido.
― Muito bem. Antes de ir, Sua Alteza, devo mencionar isso...
Uma mão se fechou no braço de Alex. Fortemente enrugados, os
dedos estavam manchados como se o dono mexesse o chá com os
dedos nus.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Davies ofereceu um sorriso apologético. ― Sua Graça tem
procurado você desde o café da manhã.
― E agora ela me encontrou. ― Alexsey cobriu a mão com a dele e
se virou para a avó. ― Como você está esta manhã, Tata?
― Minhas costas doem, meus tornozelos estão inchados, e eu
preciso de um bom purgante. ― Ela colocou a mão no estômago e fez
uma careta. ― Aquela sopa de tartaruga na noite passada foi muito
forte.
Alexsey trocou um olhar divertido com o mordomo. ― Obrigado,
Davies. Eu assumo a partir daqui.
― Sim sua majestade.
― Tata, embora não se sinta bem, você parece radiante.
― Pah! ― ela disse. ― Não tente me animar. Eu peguei você
tentando esgueirar-se. Não negue. ― Ela apontou para suas botas de
equitação.
Ele riu. ― Esgueirar-me? Através da porta da frente em plena luz
do dia? Se eu realmente quisesse escapar, você não me pegaria.
― Ha! ― Ela se virou, gesticulando para que ele a seguisse. ―
Venha. Sir. Henry cedeu-me a sala Verde para o meu uso enquanto
estou aqui. Falaremos lá.
Este seria um bom momento para começar a sugerir à sua avó
que ele estava disposto a mudar seus caminhos e procurar uma
esposa.
Então, é claro, ele admitiria o alvo pretendido. Ele teria que pisar
com cuidado e não ceder de forma tão repentina, ou ela saberia que
algo estava acontecendo. Tata Natasha era bem versada em traição.
Ela iria reconhecê-la em outro sem sequer tentar.
Quando se aproximaram da sala, um lacaio apressou-se a abrir a

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


porta.
Ela fez uma pausa ao lado do jovem. ― Papillon?
― Ela tomou banho como Vossa Graça pediu, e agora está sendo
seca por uma das criadas.
― Excelente. Uma vez que ela estiver seca, coloque uma nervura
azul no pescoço e traga-a aqui.
O lacaio curvou-se e a duquesa entrou na sala, Alexsey seguindo
atrás.
Assim que a porta se fechou, ele disse: ― Pobre Papillon, ser
obrigada a tomar banho e depois usar uma rédea.
― Ela não precisaria de um banho se você e Strathmoor
deixassem de levá-la para visitar cada poça de lama da Escócia. ― Ela
fungou, sentando-se em um sofá grande.
Ele parou ao lado da lareira, olhando com aprovação em torno da
sala pequena e elegante. ― Sir Henry foi muito previdente em reservar
uma sala para você. ― Decorada em ouro e verde, era aconchegante e
imponente. Sir Henry conhece muito bem minha avó. Muito bem.
Ela olhou sobre o ombro com indiferença. ― Eu prefiro vermelho,
mas essa vai servir. ― Ela gesticulou para a cadeira em frente. ―
Sente-se. Vamos conversar.
Ela falou em Romani12, seus olhos presos nele como se quisesse
colocá-lo no lugar.
― Onde você estava ontem depois do chá? Você estava falando
com os Murdochs, e então, poof! Desapareceu como um fantasma.
Alexsey se acomodou na cadeira. ― Após o chá fui cavalgar com o
visconde Strathmoor. Regressamos enquanto o jantar era servido,
então comemos na sala de café da manhã. ― E também bebi um pouco
12 Romani é uma das várias línguas dos Romani pertencentes ao ramo indo-ariano da família dos idiomas indo-

europeus.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


do melhor Scotch de Sir. Henry.
No geral, ontem foi um dia muito gratificante. Além de
desenvolver um plano brilhante para ganhar alguma liberdade das
queixas incessantes de Tata Natasha, ele também encontrou uma
maneira de passar tempo com sua Roza. Depois do chá, ele e
Strathmoor cavalgaram para Ackinnoull Manor, explorando as
estradas menos usadas em torno da casa. Eles haviam andado perto
da casa, perto o suficiente para ver a mansão pelas árvores, mas não a
tinham visitado. Ainda não.
Alexsey queria dar a Bronwyn algum tempo para pensar sobre
sua conversa e, com esperança, nele. Ele também se achou pensando
nela. Perguntando o que ela estava fazendo, o que estava pensando.
Ele quase riu de si mesmo. Raramente se incomodava com uma
especulação assim ociosa. Tal é o preço de estar tão entediado, estou
muito excitado com todo divertimento.
― Você não deveria ter se atrasado para o jantar. ― Tata lhe
lançou um olhar impaciente. ― Isso foi rude.
― Sir Henry nem percebeu. Eu sei, porque falei com ele esta
manhã e ele perguntou o que eu achava do cordeiro no jantar.
― Eu percebi. ― Ela balançou a cabeça, seus olhos negros
severos. ― Você deve encontrar uma boa esposa e ter algumas
crianças. Isso arrefecerá o seu sangue quente.
― Isso iria esfriar minha alma, isso é certo.
― Pah! Você não sabe o que faria. Mas... ― ela olhou-o com
atenção. ― O que você pensou do nosso chá de ontem?
― Eu não gostei dos pequenos sanduíches, mas as tortas estavam
excelentes.
― Khvah tet! Se você não pode ser sério, então fique em silêncio.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Ela esperou por um segundo, seus dedos em uma batida rápida
sobre o braço do sofá. ― Você sabe exatamente o que quero dizer. O
que você achou das Murdochs?
― Parece uma boa família.
― Eles são mais do que excelentes. Embora não sejam ricos, eles
são de nascimento exemplar. Lady Malvinea é filha de um conde, e a
linha familiar do Sr. Murdoch pode ser rastreada até William, O
Conquistador.
― Você descobriu tudo isso no chá?
Ela franziu a testa. ― Não. Sir Henry explicou a linhagem delas
para mim. E você não respondeu à minha pergunta. O que você achou
das Mudochs?
― A mãe parece assustadora. Ela não parou de sorrir o tempo
todo que estava aqui. Comecei a me perguntar se ela estava congelada
dessa maneira.
― Ela estava um pouco nervosa, ― disse Tata de má vontade. ―
Mas é uma mulher de juízo preocupada com suas filhas. E as filhas?
― A mais nova contou uma história engraçada sobre um passeio
que ela foi. Ela caiu na lama e um porco...
― Tá, tá. Eu ouvi isso. E a outra?
― A filha mais velha? Ela tem uma risada encantadora. ― Ele
apostaria suas melhores pistolas de duelo que ela tinha seios
adoráveis, também. ― Ela era encantadora. ― Ele estava encantado.
― Sim, sim, mas... ― Tata inclinou-se para frente. ― E Miss
Sorcha?
Ele retornou seu olhar.
Tata levantou as sobrancelhas.
Ele levantou um ombro. ― Ela é muito bonita, é claro.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Bonita? Ela é linda. ― Tata Natasha olhou para ele como se
estivesse se atrevendo a dizer o contrário.
― Bem. Ela é linda. Mas ela também parecia...bastante previsível.
Tata Natasha murmurou uma maldição de Gyspsy. ― Oh! Eu
gostaria que você tivesse dado à pobrezinha uma chance. Fale com ela.
Para conhecê-la, pelo menos, antes de condená-la com suas palavras.
― Eu conheci essa mulher. Eu a observei. Falei com ela. Até
dancei com ela e agora tomei chá. Ela não é para mim.
O olhar severo de Tata se aprofundou. ― Ela é linda, jovem, bem-
nascida, inteligente, tudo o que um príncipe desejaria em uma noiva.
― Exceto interessante.
― Não posso acreditar que você não a ache atraente.
― Eu acho muito poucas mulheres atraentes. ― Ele recostou-se
na cadeira. ― Papai disse que era o mesmo para ele até encontrar a
mamãe. Então, ele disse, foi como um raio. ― Alexsey pensou em como
eles se olhavam, como ele muitas vezes os pegava de mãos dadas ou se
beijando como se fossem recém-casados. E depois de tantos anos. Isso
é paixão. ― Eu não acredito que vou ter isso.
Sua expressão suavizou. ― Oh, Lexsey. Quem feriu seus
sentimentos para você acreditar nisso?
Surpreso, ele riu. ― Ninguém me feriu.
Ela o observou de perto. ― Nunca? Nem mesmo uma vez?
― Nem um pouco. Não sou abençoado?
― Isso não é uma benção, mas sim uma maldição.
― Bobagem. ― Ele piscou para ela. ― Você se preocupa demais.
Não tenha medo de que eu seja ferido. Eu sempre estou no controle de
minhas emoções.
― E as mulheres com quem você esteve antes? Você não sentiu

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


nada por elas?
― Nada que não desaparecesse depois que eu tive que enfrentá-
las no café da manhã, duas vezes seguidas.
Tata Natasha levantou as mãos, as mangas de seu vestido
voando. ― Pah! Não sei por que eu até falo com você.
― Porque eu sou seu neto favorito, e você me ama mais que todos
os meus irmãos.
― Não. Você é o mais frustrante dos meus netos. Encontre uma
boa mulher, case com ela, tenha filhos, então você será o meu favorito.
― Talvez eu me conforme em ser o segundo favorito. O que levaria
isso?
― Cesse suas provocações infernais, estou falando sério. ― Ela
cruzou as mãos, seus olhos brilhando de emoção. ― Alexsey, seu
destino está aqui. Você encontrará alguém aqui que o fará feliz e vai
ajudá-lo a cumprir seu destino como príncipe, apenas abra os olhos e
o coração. Eu sei disso. Não me pergunte como, mas eu sei.
― Você é uma cartomante agora, oh rainha dos ciganos?
Ela não riu. ― Eu tenho o sangue de um vidente, sim. Mas eu
tenho a alma de uma avó e como a Phuri dai13 da nossa Kumpania14,
eu sei coisas que podem e serão.
― Então você acha que o amor pode me atingir como um raio,
como fez com o papai.
― A pessoa atingida por um raio nem sempre sabe o que
aconteceu, não no início. A única questão é quem será a mulher
afortunada. Se você não quiser Miss Sorcha, continue procurando.
Durante o café da manhã de hoje, Sir. Henry mencionou uma família

13 Phuri dai: Decide o padrão de migração e torna-se a porta voz para as autoridades municipais locais, governa
através de um conselho de anciões.
14 Kumpania: conjunto de várias famílias, não necessariamente unidas entre si por laços de parentesco, mas

todas pertencem ao mesmo grupo e ao mesmo subgrupo afins.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que está relacionada com o rei. Os McDougals ou McDonaldas─ Pah,
não consigo me lembrar, é o que acontece com MacThise e MacThoses.
Eles têm duas filhas com idade para casar, filhas jovens, bem
educadas e muito bonitas. Essas qualidades são importantes a
considerar em relação às suas funções oficiais.
― Tata, eu sou um dos quatro príncipes. Nikki vai herdar o trono
como o mais velho. Grisha supervisionará o exército. E Wulf tem o
bom senso de se certificar de que os cofres reais estão transbordando
de ouro.
― Assim?
― Então não há necessidade de me casar.
― Se você quiser usar o Kaltso, você se casará.
― O avô já tinha o anel quando você o conheceu. Ele não era
casado.
― Seu avô era diferente. Ele era o responsável por sua família
desde os dezessete anos. Você não teve tanto peso sobre seus ombros.
Seu maxilar apertou. ― Você deve admitir que não é um requisito
da posição que eu deva casar. É só você que pensa que é necessário.
Ela encolheu os ombros. ― Eu confesso isso.
― Isso não é justo.
― Você será melhor com isso. Confie em mim. É a única coisa
que seu pai e eu concordamos, que você deveria se casar antes de
assumir o Kaltso.
― Meu Deus, você e papai nunca concordam com qualquer coisa.
― Nós concordamos com isso.
Ele deslizou-lhe um olhar sob seus cílios depois fingiu franzir a
testa, pensativo. ― Isso é demais, até mesmo para mim. Eu posso lutar
contra você, ou posso lutar contra papai, mas não posso lutar contra

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


vocês dois.
Seu olhar se estreitou, uma expressão presa no rosto. ― O que
você quer dizer?
― Talvez você esteja certa. Eu queria que fosse de outra forma,
mas... Bem. Começarei a levar este esforço mais a sério. Tanto quanto
me dói, vou começar a pensar em escolher uma esposa. Mas apenas
pensar nisso. Nada mais.
Ela não poderia ter ficado mais satisfeita. ― Você fala sério?
Ele suspirou. ― Sim.
― Muito bom. Muito bom, muito bom! ― Ela esfregou as mãos. ―
Nós devemos encontrar uma boa candidata. É uma pena que você não
dê à Miss Sorcha uma chance. De todas as mulheres no baile, ela
parecia... Não importa. ― Tata acenou sua mão generosamente. ― Se
ela não é para você, então encontraremos outra.
Ele esfregou o queixo. ― Na realidade... havia uma mulher que
achei intrigante...
Ela se inclinou para frente, com toda a ânsia. ― Oh?
― A filha mais velha de Murdoch.
Ela sentou-se na cadeira. ― O quê?
― Ela tem uma maneira diferente... Não sei o que é, mas havia
algo. Eu também gosto que ela não seja inocente. Uma mulher mais
velha me agradaria.
― Você fala sério?
― Claro. Ela é a única mulher que eu achei interessante.
Tata fez um barulho que parecia um gato sufocando em um
pedaço de corda. ― Nunca! Ela é muito velha! Ela nunca terá filhos.
― Ela tem apenas vinte e quatro anos.
― Logo vai para vinte e cinco anos, e seria ainda mais quando

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


você cortejar e casar com ela. Adicione um ano a mais para conceber
uma criança, ela pode ter vinte e sete ou vinte e oito anos, velha
demais. ― Tata balançou a cabeça. ― Deve haver outra pessoa.
Ele fingiu pensar, os olhos de sua avó sobre ele. Finalmente, ele
disse. ― Nenhuma.
Ela franziu o cenho. ― De todas as mulheres no baile, você gosta
apenas desta, uma mulher muito velha para ter filhos, deselegante,
simples e gorda e...
― Miss Murdoch não é nem simples, nem gorda. ― Para sua
surpresa, um leve lampejo de irritação invadiu seu bom humor. ― Ela
é atraente e animada. E por uma vez, encontrei uma mulher
respeitável que eu quero conhecer melhor. ― Isso era verdade, pelo
menos.
― Ela não é...
― Não é você que deseja que eu leve minhas responsabilidades
mais a sério?
― Sim. ― Disse Tata com uma voz azeda.
―Então afaste-se e me deixe. Passarei algum tempo com Miss
Murdoch, vou conhecê-la e ver se o raio me atinge ou não. E se, no
final de algumas semanas, ela ainda me interessar, talvez eu peça sua
mão em...
― Não seja tão precipitado! Cortejar não é algo que se apresse.
Alexsey escondeu um sorriso. Há dez minutos, Tata Natasha teria
dito o contrário. Ele encolheu os ombros.
― Estou intrigado com Miss Murdoch, e raramente fico assim.
Talvez seja o suficiente.
― Ela é muito velha, usa óculos e o cabelo dela nunca é como
deveria ser. Ontem ela veio ao chá com uma teia de aranha no cabelo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


As criadas de Sir. Henry deveriam limpar a estátua com mais
frequência. ― Ela pode não possuir o tipo de beleza que os poetas
escrevem, mas está lá. É mais silenciosa, mais suave. Seus olhos
brilham e os lábios borbulham com risos. ─ Alexsey por pouco não riu.
Estou sendo quase poético.
Ele continuou. ― E, felizmente para minha nova diretiva, passar
um tempo com Miss Murdoch, eu devo acompanhar Lorde Strathmoor
para visitar algumas das famílias locais. Tenho certeza de que vamos
parar para visitar Ackinnoull, onde vou sentar-me e aceitar uma
xícara de chá morno, e admirar o comprimento dos cílios
surpreendentes de Miss Murdoch. ― Se o destino sorrir, eu posso até
ganhar outro beijo dos lábios carnudos da moça escocesa mais
intrigante que conheci até hoje.
A voz de Strath soou afastada no vestíbulo.
― Ah, aí está ele agora. ― Alexsey curvou-se e beijou a testa de
Tata. ― Eu vou encontrá-la quando voltar. Enquanto isso, divirta-se
na conversa com Sir Henry.
― Esqueça Sir Henry. ― Ela pegou a mão de Alexsey entre as
dela, seus olhos se estreitaram. ― Você realmente gosta desta Miss.
Murdoch?
― Estou realmente interessado nela. ― Isso era verdade.
Finalmente com um aceno rápido, ela o soltou. ― Vá. Tenha a
sua diversão. Mas não pense que você pode se esconder do amor. A
mulher certa irá encontrá-lo, e quando ela fizer isso, você nunca mais
será o mesmo.
Alexsey riu. ― Não tenho certeza se eu deveria me esconder ou
me armar, mas prometo isso a você, Tata, quando tiver terminado,
você vai me entregar o Kaltso com alegria. ― E com isso, ele saiu para

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


encontrar Strath.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 12

No jantar, nada menos que catorze apresentações importantes


foram feitas, três casais haviam flertado escandalosamente sobre a
carne de bovino e, durante a sobremesa, um jovem cavalheiro ansioso
se atreveu a pedir aos pais de uma certa moça por uma audiência ―
implorando ― um favor. A tia de Lucinda declarou o caso como o mais
feliz.
No entanto, Lucinda não podia estar tão animada. Os casais que
flertavam estavam todos casados com outros, as apresentações foram
orquestradas por mães severamente determinadas, desejando que seus
filhos e filhas se casassem por riqueza ao invés de felicidade, e a jovem
que fora forçada a suportar os avanços indesejados do cavalheiro
embriagado que pedira aos pais dela uma audiência, desatou a chorar
quando o pai concordou alegremente em ouvir o pedido do jovem. Em
suma, Lucinda pensou na noite como uma triste perda de tempo. - O
Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Na sala de estar no último andar de Ackinnoull Manor, Bronwyn


deixou cair outro livro sobre uma pilha a seus pés. Folhas de papel
esticadas nas capas dos livros, marcando todas as passagens cruciais.
Em algum lugar dentro das páginas de seus romances favoritos estava
a resposta que ela buscava. Desde que ouviu o príncipe em Tulloch no
dia anterior, ela tinha sido consumida com uma pergunta: como
alguém faz um príncipe arrogante se apaixonar?
Ela estendeu os pés em direção ao fogo, fazendo com que Walter,
dormindo, se mexesse no tapete diante das chamas. Claro, não seria
amor verdadeiro. Mas uma forte paixão serviria, o tipo que insinuava

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


coisas excitantes e deixasse um suspiro com potencial. Apenas o
suficiente para que, quando ela finalmente revelasse que conhecia
suas intenções grosseiras o tempo todo, ele sentisse uma poderosa
sensação de perda. Era o único castigo justo.
Ela pegou The Lady of Beaumont e começou a folheá-lo. Dentro
desse livro havia alguns segredos bem-guardados de feminilidade que
ela precisava. Essa era a beleza dos romances, no meio da fantasia
havia núcleos de ouro de verdade. Como quando Miss Edgeworth
descreveu o desejo social pernicioso da sociedade, ou quando Lady V
escreveu sobre as frustrações de uma jovem mulher que perdeu sua
mãe. Bronwyn conhecia bem esses momentos. Para ela, eles tinham
sido muito reais e, adoçados pelo romance arrebatador do resto das
páginas, ainda mais pungentes.
Ela pegou a lista que estava fazendo. Até agora ela tinha três
itens que prometiam. Em Castle Graystone pela divinamente Lady V
(que era supostamente um verdadeiro membro da realeza, embora
Bronwyn suspeitasse que esse rumor fosse um estratagema para
vender mais livros), ela encontrou uma passagem que descrevia como
o herói perdia a razão, pelo mais leve indício do perfume da heroína.
Em um ponto, ele se viu roubando seu lenço para levar seu cheiro com
ele.
Ela bateu um dedo na página. Onde é que ela poderia encontrar
um perfume que nenhuma outra mulher tivesse. Isso poderia ser
complicado, mas ela pensaria em algo.
A próxima joia escondida foi a partir de seus volumes favoritos
pela sempre conhecida Miss Henrietta Opal, My Lady Lost. Bronwyn
descobriu três passagens dedicadas a como o herói admirava o timbre
suave da heroína enquanto cantava e tocava o piano. Bronwyn não

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


costumava cantar em público, mas sua voz era bastante aceitável. Pelo
menos, não era melhor nem pior que qualquer pessoa, ela franziu os
lábios. Pode valer a pena uma tentativa.
A última sugestão de sedução veio de um de seus livros favoritos
de todos os tempos, Dark Castel, escrito pela prolífica Mary Edgeworth.
Neste livro, a heroína era uma dama de grandes recursos que passou a
maior parte de dois capítulos precariamente equilibrada na borda de
um castelo açoitado pela chuva, enquanto orquestrava uma fuga das
garras do seu primo do mal – e havia cativado o herói com seu
profundo conhecimento da casa e da propriedade da família dele,
ambos locais reais que carregavam significado histórico, o que tornou
o livro ainda mais agradável. Bronwyn teria que encontrar o livro sobre
Oxenburg que Mamãe havia lido. Sentindo-se mais esperançosa, ela
bocejou e esticou os braços diante dela, olhando pela janela para onde
o sol se espalhava no telhado. O seu quarto consistia em uma sala de
estar, um vestiário e um pequeno e acolhedor quarto de dormir. Lá
atrás, quando Ackinnoull Manor alojara um moleiro rico e sua grande
e crescente família, nesse quarto ficava o berçário. Lady Malvinea não
tinha ficado feliz quando Bronwyn pediu para se mudar para este
andar, mas para surpresa de todos, seu pai concordou. Bronwyn
pensou que ele sabia as razões reais para que ela desejasse ficar no
andar superior, ter paz e tranquilidade para poder ler e, o mais
importante, esgueirar seus cachorros dentro e fora da casa sem que
Lady Malvinea ficasse sabendo.
Ela se abaixou e acariciou a cabeça de Scott, que estava em seu
colo.
― Eu esperava a visita de Alexsey para ontem, mas ele não veio. A
duquesa deve mantê-lo ocupado. Mas isso é bom. Isso me dará tempo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


para me preparar.
Scott apoiou o queixo em seus joelhos, seus grandes olhos
castanhos tão emotivos que ela foi forçada a beijar sua testa. ―
Príncipe ou não, Alexsey nunca será tão adorável quanto você.
Scott balançou a calda.
Apesar de ferida pelas armações dele, ela não conseguia parar de
pensar na primeira vez que viu Alexsey, quando ele foi simplesmente
um caçador bonito. Aqueles beijos. Ela estremeceu com a memória. Os
beijos eram muito mais excitantes do que ela tinha entendido.
Mas isso tudo foi no passado. Agora ela estava lidando com um
presunçoso príncipe que merecia uma censura; e planejar como fazer
era inesperadamente excitante.
No entanto, a coisa toda estava de cabeça para baixo. Embora
estivesse preparada para dar o melhor que conseguisse, ela não
conseguia impedir sua imaginação de dizer, isso é tudo? Você
realmente não quer mais?
Ela poderia querer mais, mas a verdadeira pergunta era: Ela
deveria?
Tinha sido desconcertante descobrir que alguns príncipes
realmente eram bonitos e elegantes. Parecia injusto o destino colocar
homens tão bonitos na terra e depois lhes dar falhas como arrogância
e─ Bem, essa era realmente a única falha que sabia que ele tinha, mas
certamente haveria mais. E todas elas a ajudariam a resistir às suas
tentativas de sedução.
O que seria difícil; eles já haviam se beijado, e a lembrança deles
só a tentava. E oh, que beijos deliciosos tinham sido. Eles ainda
faziam sua pele tremer, seu coração acelerava, seus mamilos se
endureciam.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Argh! ― Ela moveu o queixo de Scott do joelho e ficou em pé. ―
Príncipes e beijos. Ambos devem ser evitados por pessoas com grande
imaginação que...
Alguém subiu os degraus. Então a porta abriu-se e Mairi
tropeçou. Seu cabelo estava uma bagunça, um pente aparecendo
sobre uma orelha, seu vestido enrugado onde ela agarrou-o com as
duas mãos quando subiu as escadas.
Ela colocou uma mão no peito e se inclinou contra o batente da
porta, ofegante.
― Bom Deus! O que está acontecendo com você? ― perguntou
Bronwyn.
― Mamãe... diz... você... todos nós... deve vir agora! O príncipe...
Strathmoor... enviou uma nota!
Uma onda de excitação a aqueceu. Finalmente! ― Quando eles
estarão aqui?
― Mamãe disse... nós devemos estar ... na sala de estar... prontas
... ao meio dia!
― Excelente. ― Bronwyn olhou para o relógio. ― Isso é meia hora,
apenas tempo suficiente para me preparar. Obrigada, Mairi. Vá
caminhando para o seu quarto. Você não estará apta a falar com
ninguém se correr para cima e para baixo pelas escadas como um
terrier procurando por um rato.
Com um sorriso, Mairi saiu, seus passos um pouco mais lentos
quando desceu as escadas.
Enquanto isso, Bronwyn apressou-se em direção ao seu guarda
roupa, depois parou. Se ela vestisse algo mais formoso que o habitual,
faria o príncipe pensar que ela não era a mulher que ele conhecera na
floresta. E ele se sentiu atraído por aquela mulher. A antiga e simples,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


sem babados e os enfeites ridículos que sua madrasta achava tão
necessário para garantir a atenção de um homem.
Bem. Talvez eu tenha aprendido apenas uma lição de sedução -
use o que funciona. Sorrindo para si mesma, ela se virou para os cães.
― Eu não vou mudar, então. Deixe-me ver como estou. Enquanto
isso, é hora de deixar vocês dois brincarem lá fora.
Na palavra ‘fora’, os dois cães levantaram-se, esticando e
bocejando. Cantarolando para si mesma (ela realmente tinha uma voz
agradável), ela levou os cachorros para baixo e deixou-os sair pela
porta dos fundos para percorrer os campos.
― Não persigam a ovelha do Sr. MacGregor. Ele virá gritando se
vocês fizerem isso.
Com quase quinze minutos ainda no relógio, ela parou tempo
suficiente para pegar uma xícara de chá e uns biscoitos antes de se
dirigir para a sala de estar. À medida que os sons frenéticos dos
quartos de dormir no andar de cima eram audíveis, ela não ficou
surpresa ao encontrar-se sozinha.
Ela terminou o pequeno biscoito e colocou o chá em uma mesa
lateral, enquanto caminhava para as prateleiras que alinhavam um
lado da sala. Lá, ela olhou para cima e para baixo até encontrar o livro
sobre Oxenburg que Mamãe havia mencionado.
Em poucos momentos, ela estava no final do livro.
Mais tarde, ela ouviu a porta se abrir e seu pai entrou, uma pilha
de papéis nas mãos sujas, um olhar perturbado no rosto. Ele era um
homem magro de formas esbeltas, com olhos castanhos e uma massa
de cabelos grossos e brancos que nunca pareciam ter sido penteados,
embora sua madrasta tenha certeza que era feito pelo menos uma vez
ao dia. As manchas de tinta manchavam sua mão esquerda e coloriam

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


o centro de sua gravata torta, onde um prendedor deveria estar fixado.
Ele se alegrou ao ver Bronwyn.
― Eu estive procurando por você, pequenina.
― Que estranho vê-lo em casa, ― ela provocou, colocando seu
livro de lado. ― Não é nem mesmo a hora do jantar.
Ele olhou para o relógio, uma leve confusão oscilando sobre seu
rosto. ― Já é hora do jantar?
― Ainda não. E você ficaria arrependido de perder, pois o
cozinheiro fez tortas de maçã especialmente para você.
O olhar dele iluminou-se.
― Bem! É algo para aguardar, então. ― Ele entrecerrou os olhos
para o livro que ela tinha deixado ao lado de sua cadeira. ― Oxenburg,
hein? País interessante.
― Por que temos um livro sobre isso?
― Dois dos pesquisadores com os quais eu me correspondia são
dali. Eu queria saber um pouco sobre o país.
― É muito interessante. O que você está fazendo em sua oficina a
esta hora do dia? Mamãe deve ter mencionado os nossos visitantes.
Ele fez uma careta e, com um olhar atormentado na porta aberta,
disse com uma voz muito baixa. ― É o que ela veio falar em minha
oficina? Eu estava movendo a nova máquina de gás e não podia ouvir
uma palavra do que ela disse, mas não queria ferir seus sentimentos,
então acenei e continuei com o serviço.
Bronwyn acariciou o ombro dele. ― Está tudo bem. Tenho certeza
que Mamãe não queria que você se juntasse a nós, ou ela teria pedido
que mudasse suas roupas.
Suas sobrancelhas subiram. ― Ela pode ter dito alguma coisa a
mais, mas eu não sei. Foi muito barulho na oficina. Mas agora estou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


aqui, talvez você possa me ajudar com alguma correspondência
enquanto esperamos. Eu não posso encontrar meus óculos para me
salvar a vida.
Rindo, ela se ergueu na ponta dos pés e deslizou os óculos dele
do topo da cabeça para o nariz. ― Eles estavam escondidos na sua
cabeça, como sempre fazem.
Ele fez uma careta. ― Eu deveria ter olhado para lá primeiro,
bem, eu estava distraído por esta carta de Lorde Watt.
― Sobre a engrenagem rotativa?
― Sim, sim. Ele questiona todos os relatórios que enviei e me
pergunta se a engrenagem é realmente tão eficaz quanto os testes
mostram, o idiota!
Ela franziu a testa. ― Lorde Watt acha que você está forjando os
resultados?
― Ele apenas insinua isso, talvez ele não seja homem o suficiente
para dizer publicamente. ― Seu pai franziu o cenho. ― Eu odeio esses
métodos maliciosos.
― Oh céus. Isso não soa como Lorde Watt. Ele geralmente é tão
direto. Talvez eu devesse ler a carta?
Ele entregou-lhe obedientemente.
Ela leu rapidamente, com a ruga na testa enquanto virava a
página. ― Papai, Lorde Watt não questiona seus resultados. Ele
apenas diz que não pode ler sua caligrafia, e pede que você use um
gráfico para exibir suas descobertas. Isso é tudo.
― Oh! ― Entrecerrou os olhos para a carta que ela havia
devolvido. ― Humm. ― Ele enviou um olhar hesitante por cima de seus
óculos. ― Talvez eu deva procurar o último artigo de Lorde Watt sobre
a pulsação e ver o formato que ele usou para testar? Se eu combinasse

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


com isso, ele poderia entender melhor meus resultados.
Ela arqueou uma sobrancelha para ele. ― Eu acho que você
gostaria que eu achasse o papel não é?
Ele se iluminou instantaneamente. ― Oh, minha pequena, doce
criança, isso seria a coisa certa.
― Deve estar nos trabalhos encadernados da Royal Society. A
versão mais recente está em seu estúdio. Eu cuidarei do jantar.
― Isso seria adorável. ― Ele ajustou seus óculos e depois voltou
para a pilha de papéis e começou a vasculhá-los. ― Além disso, recebi
uma carta de Knightley e ele diz que a descrição da patente que você
escreveu foi perfeita, e o desenho bastante completo também. ― Sorriu
e pressionou um beijo na testa dela. ― Você é um tesouro, Bronwyn.
Eu não sei o que faria sem você.
Normalmente, quando papai dizia essas coisas, Bronwyn o
abraçava ou lhe dizia que não se preocupasse, pois não tinha plano de
estar em outro lugar além de Ackinnoull com ele. Mas por algum
motivo, as palavras ficaram presas na garganta. Nesse instante, em
um momento selvagem e sem restrições, ela teve uma imagem de si
mesma e Alexsey, beijando-se sob sua árvore de leitura favorita.
Foi uma visão ridícula e ela imediatamente baniu, mas a
memória permaneceu. Desejo realmente estar aqui para o resto da
minha vida? Ainda serei útil, arquivando as patentes de papai quando
eu tiver trinta anos? Quarenta? Cinquenta? Será que algum dia eu
desejaria ter vivido uma vida mais aventureira?
Era divertido, mas antes de conhecer o príncipe, ela nunca
pensou nessas coisas. Agora, estava ciente, não desgostava de sua
vida, pois isso implicaria que ela estava insatisfeita, o que não era
verdade, mas a falta de ambição de sua parte ao considerar seu futuro

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


estava errada. Talvez fosse porque Sorcha e Mairi haviam entrado na
vida de Bronwyn quando normalmente, ela estaria sonhando com sua
própria felicidade para sempre. Seja como for, em algum lugar ao
longo do caminho, ela parou de pensar em seu futuro como sendo
diferente de seu presente, o que era uma grande injustiça. As coisas
mudariam. Ela mudaria. Sorcha e Mairi se casariam e teriam famílias
próprias, enquanto ela─
Ela franziu a testa. O que ela faria?
Ela agarrou sua imaginação ridícula e forçou-a de volta em sua
caixa. Claro que ainda serei feliz. Papai e eu fazemos uma boa equipe,
e seu trabalho é muito importante.
Passos soaram na escada e então Lady Malvinea entrou na sala,
seguida por Sorcha e Mairi.
― Perfeito! ― Ela disse, sorrindo vivamente. O sorriso vacilou
quando viu a gravata manchada de tinta do marido. ― Você não
mudou suas roupas?
Ele piscou, claramente surpreso com a ideia. ― Por que eu faria
isso? Não é hora de ir dormir.
― Você é incorrigível. ― Mas ela sorriu de novo enquanto
balançava a cabeça e dava um beliscão na bochecha dele.
Ele ficou cor-de-rosa e embaraçado, cambaleando de um pé para
o outro, olhando todo mundo como um estudante. ― Oh, Malvinea.
Não na frente das meninas.
Mamãe riu. ― Não pode fazer mal às nossas filhas saberem que
uma demonstração restrita de carinho entre marido e mulher é
perfeitamente aceitável na privacidade de sua própria sala.
Bronwyn olhou para os vestidos brilhantemente coloridos de suas
irmãs. ― Vestidas como princesas para o príncipe. Muito bonitas!

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


As sobrancelhas de seu pai arquearam-se. ― O príncipe? Que
príncipe?
Lady Malvinea suspirou. ― Murdoch, eu visitei sua oficina há
exatos trinta minutos para lhe dizer que estávamos esperando
convidados, convidados importantes!
― Ah, sim, então você fez. Eu ah... eu esqueci na excitação de... ―
Ele acenou os papéis. ― Eu tinha cartas e Bronwyn precisava ajudar
e...
― E você não ouviu uma palavra do que eu falei. ― Mamãe disse
com impaciência. ― Você lembra que concordou em ir comigo ao
Castelo de Tulloch para ver Sir Henry, para devolver a honra da visita
do príncipe e de Strathmoor hoje?
Ele imediatamente pareceu contrariado, mesmo quando se
moveu em direção à porta. ― Eu prometi visitar Sir. Henry?
― Sim. E logo. Ele está em Tulloch agora, mas o céu sabe quanto
tempo ele vai ficar.
Os pensamentos mais brilhantes de Bronwyn diminuíram
instantaneamente. Em quanto tempo o príncipe irá embora?
― Castelo de Tulloch, eh? ― O pai dela olhou a porta agora,
parecendo ter vontade de desaparecer.
― Na verdade, ― disse Lady Malvinea, acalorando o assunto, ―
seria apropriado visitar Sir Henry amanhã, mesmo que esteja
adiantando as coisas um pouco. Em circunstâncias normais, devemos
esperar um ou dois dias antes de devolvermos as cortesias.
― Mas Malvinea, estou bastante ocupado agora, com o meu novo
sistema de engrenagem e...
― William, ― disse Lady Malvinea com firmeza. ― Apenas uma
visita. Por suas filhas.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Claro. Claro. ― Ele voltou para a porta com passos mais
seguros.
― Vendo como eu não estou vestido para visitas hoje, talvez eu
deva ir e deixar as mais bonitas da casa para fazer as amabilidades.
― Não. Você deve pelo menos cumprimentar o príncipe. No
entanto, você não precisa ficar por toda a visita. ― Ela suspirou, mas
acenou. ― Vá. Vou enviar uma das meninas para buscá-lo uma vez
que o príncipe chegue.
Ele concordou com um suspiro. ― Eu estarei na minha oficina.
― E amanhã você nos acompanhará para Tulloch? ― Mamãe
perguntou.
― Sim, assim que meu modelo terminar e responder algumas
cartas e tentar fazer um gráfico para mostrar o... ― Sua voz se apagou
quando ele desapareceu pela porta.
Bronwyn viu o lampejo nos olhos da madrasta.
― Papai sempre se esconde da humanidade quando está preso a
uma nova invenção, ― ela disse calmamente.
― Ele nunca se sente confortável com as pessoas. ― Mairi pulou
para buscar uma almofada na cadeira da janela.
Mamãe forçou um sorriso. ― Ele é o homem mais tímido que já
conheci. É um milagre que ele reuniu a coragem para propor a mim.
― Ele a ama, ― disse Bronwyn suavemente. ― Não havia outra
razão para ele ter feito isso.
O sorriso da madrasta tremulou um momento, e ela se curvou
rapidamente para mexer as brasas, o rosto agora escondido.
― Eu queria que a empregada aprendesse a fazer um bom fogo.
Bronwyn se perguntou se deveria dizer alguma coisa ou até
mesmo abraçar sua madrasta, mas a mulher mais velha não ficava à

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


vontade com exibições de carinho. Era uma das muitas maneiras que
ela diferenciava-se da mãe de Bronwyn, e talvez uma das razões pelas
quais seu pai a escolhera.
Sua mãe tinha sido luz borbulhante, a casa cheia de risadas,
calçados enlameados e histórias junto à lareira. Quando a mãe estava
viva, as cortinas e as mesas nunca estavam livres de poeira, mas as
paredes eram aquecidas pelas risadas. Lady Malvinea, entretanto,
manteve Ackinnoull perfeitamente limpa, as cortinas passadas, as
roupas de cama sempre frescas. Nunca havia permissão para se
reunir. A casa era perfeita, mas fria.
Bronwyn pensou que o pai sentia aquela perda intensa. Uma vez
que Lady Malvinea e suas filhas foram instaladas em sua casa, ele
parecia encontrar mais e mais razões para ficar na oficina, longe da
família, deixando-as para seus próprios assuntos.
Não é justo. Não importa as falhas de Lady Malvinea, ela era
capaz de um grande amor. Embora Bronwyn tivesse muito pouco
interesse nas coisas que agitavam sua madrasta, ela estava
profundamente grata pelos esforços da mulher mais velha para inclui-
la.
Mamãe largou o atiçador e veio se juntar a elas. ― Bem, minhas
queridas! Devemos discutir a visita do príncipe. ― Ela afundou em
uma cadeira, acomodando-se o suficiente para enviar um olhar
provocador para Bronwyn. ― Sentimos sua falta no café da manhã.
Você estava lendo outro livro?
― Sim, eu estava relendo algumas das minhas cenas favoritas. ―
Traçando o castigo de um certo príncipe.
― Eu gostaria de ler The Black Duke quando você terminar. ―
Mairi caiu sobre a cadeira, suas saias ondulando.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Mairi, suas maneiras!
― Ninguém está olhando Mamãe.
― Como eu disse uma e outra vez, uma senhora nunca esquece
suas maneiras, mesmo em particular.
Mairi suspirou. ― Eu vou tentar, mas não consigo imaginar que
todos realmente agem em particular da mesma maneira que fazem em
público, nunca colocando os pés ou falando sobre algo além do tempo
e das últimas fofocas em Londres. Bem, exceto o velho Sr. Grisham do
MacCuen Hall. ― Ela sorriu. ― Aposto que ele faz exatamente o mesmo
em particular, como faz em público, que é acariciar empregadas
domésticas, arrotar alto e beber cerveja.
― Mairi, Mairi! ― Mamãe beliscou a ponta do nariz entre dois
dedos como se ela tivesse uma dor de cabeça súbita.
Sorcha e Bronwyn mal seguraram o riso.
Estudando sua expressão, Sorcha deu um tapinha no braço de
Mairi. ― Mamãe está certa. Por favor, mostre algumas maneiras.
― Estou mostrando minhas maneiras. Além disso, eu não sou a
única que usa botas enlameadas.
Todos os olhos se voltaram para Bronwyn.
― Eu sinto muito. Fui andar de manhã cedo e esqueci
completamente das minhas botas.
Mamãe olhou para o relógio. ― Infelizmente, não há tempo
suficiente para você mudá-las. Você terá que usar como estão.
Mantenha-as debaixo das suas saias, por favor. Isso terá que servir.
Mairi virou o rosto amuado em direção à mãe. ― Por que você
nunca se preocupa com as roupas de Bronwyn?
― Bronwyn tem vinte e quatro anos, minha querida, passou da
idade para desejar um pretendente.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Embora ela pensasse exatamente a mesma coisa muitas vezes, as
palavras atingiram Bronwyn com uma nova força, o tom da madrasta
condenando sua finalidade casual. Bom Deus, ela era muito velha
para ter um pretendente? Por que aquela sentença severa doeu tanto?
Mamãe pegou seu olhar surpreso e, com uma expressão
preocupada acrescentou. ― Não que você não possa fazê-lo, se você
tentar, mas parece satisfeita com as coisas.
― Eu sou, quero dizer, eu tenho estado. Nunca conheci um
homem com quem eu desejasse me casar. ― Apenas gosto de beijar.
Isso era um começo, não?
A expressão de mamãe suavizou. ― Talvez um dia você conheça
alguém que lhe fará mudar de ideia.
E talvez alguém estivesse bem a caminho. Ou tinha estado, até
que ela viu sua verdadeira face.
Sorcha sorriu para Bronwyn.
― A verdade é que você está muito apaixonada pelos homens em
seus romances para dispensar seu tempo sobre meros mortais. Como
se pode competir com Roland de Miss Edgeworth?
Mairi juntou as mãos entre o queixo e olhou sonhadora. ― Oh,
Roland!
Bronwyn não conseguiu reter uma risada. ― Felizmente, estou
bem ciente da grande diferença entre fato e ficção. E falando de fatos,
Sorcha, percebi ontem à noite que você mal mencionou sua dança com
o príncipe quando estávamos no baile.
Mairi voltou sua atenção para a irmã. ― O príncipe também
dança, assim como Lorde Strathmoor? Parecia-me que o visconde
estava mais leve em seus pés.
― O visconde foi o melhor dançarino. ― Ela não parecia feliz com

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


isso. ― Embora suas maneiras deixassem muito a desejar. Fiquei feliz
quando a nossa dança terminou.
― O visconde Strathmoor não é uma preocupação, ― disse Lady
Malvinea. ― Eu perguntei sobre ele, pensando que ele poderia fazer
bem para Mairi, mas ele quase não tem renda e, apesar de sua estreita
relação com Sir. Henry, também não pode herdar nessa direção.
― Uma pena, ― concordou Mairi. ― Eu achei que ele tinha olhos
gentis, mas... ― Ela esfregou as mãos. ― Devo concentrar minhas
atenções em outro lugar, pois estou decidida a casar com um homem
rico. Tenho livros para comprar, vestidos para encomendar e jóias
para usar e, oh, mil coisas muito caras.
Bronwyn teve que rir.
Sorcha sorriu, mas disse em seu tom suave. ― Mairi, um homem
rico nunca irá lhe considerar se você se comportar como uma moça
espevitada em público.
Mairi fungava. ― No chá, o príncipe riu não menos de quatro
vezes quando falou comigo. Eu não o vi sorrir tanto quando estava
com você. Ele até bocejou. Eu vi!
― Não Mairi, isso não é verdade, ― Mamãe repreendeu. ― O
príncipe sorriu muito agradavelmente tanto no chá quanto no baile,
quando levou Sorcha para dançar. Eles também formaram um par
bonito, se posso dizê-lo. Depois, várias damas presentes me disseram
algo sobre a graça de Sorcha, e eles foram muito elogiosos sobre seu
comportamento também, o que é muito revelador. Em geral, as
mulheres são mais críticas e mais duras que os homens.
Bronwyn nunca tinha visto sua madrasta tão feliz.
Sorcha ajustou o xale sobre os ombros. ― Estou com frio.
― Está sempre frio aqui, ― disse Mairi. ― O sol nunca aquece este

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


lado da casa. Devemos acrescentar mais carvão ao fogo.
― Aqui. ― Bronwyn pegou uma manta de colo de onde estava
pendurada na parte de trás do sofá, e entregou a Mairi. ― Isso a
manterá quente.
Ao entregar o cobertor a Mairi, uma brisa repentina explodiu na
chaminé, soprando fumaça na sala. Sorcha e Mairi gritaram, tossindo
e cobrindo os rostos, enquanto Bronwyn apressou-se a abrir a janela.
Com o braço pressionando o rosto, Lady Malvinea acenou para o
ar com a saia. ― Eu queria que Murdoch consertasse o cano da
chaminé.
A fumaça lentamente escoou, substituída pelo ar mais frio.
― Feche a janela! ― Sorcha exclamou uma vez que a fumaça
havia se dispersado.
― Sim, sim, ― concordou Mairi. ― Está ainda mais frio agora!
Bronwyn levantou e fechou a janela, voltando para o sofá.
Sorcha estremeceu e olhou ansiosamente para a caixa de carvão.
― Mamãe, podemos adicionar mais carvão com os convidados
chegando em breve. Aí a sala estará na temperatura perfeita para uma
boa visita.
Como se estivesse adivinhando, um cavalo relinchou do lado de
fora, o ruído seguido pelos sons inconfundíveis de vozes masculinas.
As mulheres trocaram olhares assustados, e então Mairi e Sorcha
se levantaram e correram para a janela, olhando através das cortinas.
― É o príncipe, ― exclamou Mairi. ― Com o visconde Strathmoor!
Mamãe estava em pé de uma só vez. ― E a sala ainda está
enfumaçada!
Ela adicionou carvão ao fogo e depois começou a dar ordens
como um general no calor da batalha:

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Sorcha, corra e diga ao seu pai que temos convidados e que ele
deve vir imediatamente. E não aceite não por resposta. Mairi puxe as
cortinas um pouco. Uma sala sombreada esconderá o tapete rasgado,
para não mencionar que todas nós pareceremos melhor com isso.
Bronwyn, corre até a cozinha e avisa à Sra. Pitcairn que precisamos de
chá imediatamente, e que nem sequer pense em aproveitar aqueles
biscoitos duros que ela tentou servir ontem. Diga a ela para arrumar
uma boa jarra de Bohea, e não ser tímida com as folhas, e para servir
a torta de maçã que estava guardando para o jantar desta noite. Há
apenas quatro delas, então, corte-as pela metade. Isso fará oito,
embora nenhum de nós possa pedir nada, caso sua alteza ou Lorde
Stratmoor desejem dois pedaços.
Lady Malvinea balançou as mãos. ― Vá rápido! A alteza levará
somente alguns momentos para proteger seus cavalos e tocar a
campainha, e tudo deve ser perfeito!
Sorcha correu para fazer o que foi pedido por sua mãe, enquanto
Mairi correu para as cortinas e começou a arrumá-las como tinha sido
instruída.
Bronwyn permaneceu na entrada.
― Devemos sacrificar nossas sobremesas por meros visitantes?
Duvido que eles permaneçam tempo suficiente para comê-las, de
qualquer maneira.
― Bronwyn, essas coisas - bailes e visitas matutinas e até mesmo
tortas de maçã, são todos os sacrifícios para fazer se quisermos que
Sorcha e Mairi tenham sucesso. ― Mamãe afofou as almofadas e
dobrou os cobertores descartados e xales, deixando o fraco aroma de
águas de rosas em seu rastro. ― Se fizermos as coisas certas, fazendo
sua alteza se sentir bem vindo aqui, então iremos vê-lo muito mais

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


vezes.
― E você acha que uma torta de maçã trará o príncipe de volta
para mais visitas?
― Criança, eu vi homens escalar penhascos por um pedaço de
carne, então sim. Basta pensar o que seu papai faria por um pudim!
Os homens têm seus pratos favoritos e muitas vezes ouvem melhor
quando você fala com eles através do estômago. Oh querida -
depressa, pois acho que ouço passos no pórtico! A Sra. Pitcairn
também atende a porta?
Bronwyn correu para a cozinha. Hoje ela sorriria, pareceria
interessada em tudo o que o príncipe tivesse a dizer, e riria de suas
piadas. Eu também sei algumas coisas sobre Oxenburg, o que deve
agradá-lo. Ele vai acreditar que eu acho Oxemburg o mais encantador
de todos os países e que, por força de ser seu príncipe, eu penso o
mesmo dele. Em sua mente fraca, isso irá afirmar o que ele já decidiu:
que eu posso ser facilmente cortejada com palavras macias.
Ela simplesmente não podia permitir-se pensar sobre aqueles
beijos marotos. Falar sobre Oxenburg, deixá-lo pensar que eu o achei
fascinante, fingir estar interessada, ela repetiu uma e outra vez
enquanto se dirigia para dentro da cozinha.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 13.

Querido leitor, nunca pergunte a uma mulher sobre seus


pensamentos. Algumas coisas são melhores manter na imaginação. - O
Duque Negro por Srta. Mary Edgeworth.

Ackinnoull Manor estava situada em um adorável monte de terra,


o longo gramado verde alcançando um grupo de árvores que o
rodeavam. Alexsey colocou a mão sobre uma das colunas que apoiava
o pórtico15.
― Esta é uma adorável casa antiga. Tudor, eu deveria pensar,
embora não no estilo tradicional. Já que é construída de pedra.
Strath olhou a casa com indiferença. ― Você acha que é tão
velha?
― Eu sei que é. Olhe a janela. Mas esses... ― Alexsey apontou a
coluna ― são novos. Este pórtico foi adicionado no século XVIII, eu
diria, há menos de cem anos.
Ele encolheu os ombros diante do olhar interrogativo de Strath.
― Um bom príncipe é um mestre em inúmeras artes triviais e
inúteis. Isso e eu leio.
― Você lê além do que é saudável. Poderia ficar com os olhos
cegos de tanto que olha as páginas, sabe.
Strath amarrou seu cavalo, subiu os degraus e pegou o sino.
Um som profundo e longo soou, ecoando com um timbre
sombrio.
― Bom Deus, esse som é assustador. Exatamente o que alguém
poderia esperar ouvir em uma cripta. ― Ele olhou para a direita e

15 Local coberto à entrada de um edifício, de um templo, de um palácio etc.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


depois para a esquerda e então disse numa voz muito baixa, ― O que
não é de todo surpreendente, considerando que Lady Malvinea mora
aqui. Dá-me arrepios, o que essa mulher faz. E suas filhas. ― Ele
balançou a cabeça.
― Eu pensei que você achasse Miss Sorcha uma beleza.
Strath encolheu os ombros. ― Ela é, para alguém que gosta do
tipo loiro insípido. Por falar nisso, fiz umas pesquisas para você sobre
Miss Murdoch, e eu tenho algumas notícias ruins. Notícias horríveis,
na verdade. Ela é uma bluestocking.
― O que é bluestocking?
― Uma mulher que gosta de ser membro da intelligentsia.16 ― Ele
abaixou a voz ― isso é contra as leis da natureza.
Alexsey levantou as sobrancelhas. ― Por que você está
sussurrando? Está com medo das bluestocking?
― Todos os homens inteligentes têm. Elas gostam de argumentar.
Muito e com frequência.
― Ah, então eu acho que Bronwyn é realmente um membro desse
grupo black-stocking.
― Bluestocking. Elas são horríveis. Um homem não pode ter um
dia de paz com elas.
― Talvez eu não queira paz, mas excitação. Talvez eu queira
brincar com o fogo de sua mente e mexer com o calor de seu coração.
Strath piscou: ― Bom Deus, Alexsey, você a faz parecer atraente.
― Ela é.
― Hmm. ― Ele deu uma olhada de lado para o amigo ― Talvez eu
devesse dar uma outra olhada nela.

16 O termo intelligentsia usualmente refere-se a uma categoria ou grupo de pessoas envolvidas em trabalho
intelectual complexo e criativo direcionado ao desenvolvimento e disseminação da cultura, abrangendo
trabalhadores intelectuais.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O sorriso de Alexsey estremeceu: ― Isso não seria inteligente.
A porta rangeu e uma mulher baixinha e corpulenta, com uma
touca sobre seus cachos cor de ferro olhou para o pórtico. Ela não os
saudou, mas os encarou.
Um estranho silêncio perdurou até que Strath limpou sua
garganta:
― Me desculpe, mas este é o solar Ackinnoull, casa da família
Murdoch?
― Sim. ― A mulher abriu a porta um pouco mais, seu queixo
tremeu quando ela olhou um deles da cabeça aos pés, então o outro, e
franziu a sobrancelha.
Alexsey escondeu um sorriso. ― Peço perdão, mas você é... ― Ele
levantou as sobrancelhas e esperou.
― Ah, sou a senhora Pitcairn, cozinheira e empregada. ― Ela
soltou a porta o suficiente para alisar o vestido preto. Agora que a
porta estava mais aberta, Alexsey podia ver a farinha espalhada em
seus punhos.
Como se estivesse se explicando, ela acrescentou: ― Normalmente
eu não atendo a porta.
― Ah ― Strath disse, dando um sorriso encantador enquanto
tirava o chapéu. ― Você está fazendo um bom trabalho até agora.
Muito bem, Sra. Pitcairn.
Ela olhou para Strath. ― Não é preciso muito talento.
Seus lábios se contraíram, mas conseguiu dizer: ― É verdade.
Ainda assim, não é seu dever habitual, e, no entanto, você está aqui o
executando como se tivesse feito centenas de vezes.
A empregada olhou para Strath da cabeça aos pés novamente. ―
Humph.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Alexsey escondeu um sorriso: ― Espero que não seja um
momento inoportuno.
A governanta considerou isso: ― Não, eu suponho que não.
Strath aproveitou a brecha. ― Excelente. Eu acredito que as
apresentações sejam necessárias. Amável senhora, eu sou o Visconde
Strathmoor e este é o Príncipe Menshivkov. Nós viemos visitar o Sr. e a
Sra. Murdoch e suas encantadoras filhas.
― Príncipe? ― Os olhos da cozinheira se arregalaram e ela olhou
Alexsey interessada ― Você é um príncipe? Um verdadeiro?
Alexsey curvou-se.
A senhora Pitcairn abriu a porta um pouco mais e disse com a
voz cheia de admiração: ― Deus amado, eu nunca conheci um príncipe
antes. Mas você parece um. Bonito, alto, e com um belo conjunto de
ombros. Você parece bom o suficiente para comer, sim.
Strath fez um som sufocante enquanto Alexsey perguntou com
cautela:
― Podemos entrar?
― Oh, claro que podem entrar. ― Ela saiu do caminho,
balançando a porta. ― Entre, e lembre-se de limpar os pés, a senhorita
Bronwyn limpou o vestíbulo ontem de manhã e não vai gostar de vê-lo
sujo.
― Senhora Pitcairn! ― O tom gelado de Lady Malvinea cortou a
tagarelice da criada.
A governanta se virou, suas costas de repente rígidas: ― Sim?
― Pedimos à senhora que escoltasse Lord Strathmoor e seu
convidado para a sala de estar, não para informá-los sobre se limpar.
― Oh, bem, eles tem lama em suas botas e eu pensei que era
uma ordem para eles também.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― É o suficiente. Você pode voltar para a cozinha.
Ela bufou. ― Não use seu tom afiado comigo. Eu não queria nem
sair da cozinha para começar, mas Miss Bronwyn disse que eu tinha
que vir.
― Senhora Pitcairn, é o suficiente. ― O tom gelado fez com que
Strath ficasse um pouco mais reto.
A governanta enrijeceu, e depois de algumas palavras
resmungadas, entrou como um furacão no corredor lateral e
desapareceu.
Lady Malvinea enfrentou Strath e ALexsey com um sorriso fixo: ―
Lorde Strathmoor, Vossa Alteza! Que visita amável. ― Ela gesticulou
para a porta aberta atrás dela. ― Juntariam-se a nós para uma
pequena refeição? Estávamos apenas esperando o chá.
― Mas é claro.
Eles seguiram Lady Malvinea na pequena sala de estar. Com um
olhar rápido, Alexsey percebeu que enquanto Lady Malvinea e as
outras duas filhas estavam presentes, Bronwyn não estava. Ele teve
que sufocar um impulso forte para mover o calcanhar e ir buscá-la.
Lady Murdoch fez uma pausa junto ao fogo e disse com uma voz
triunfante:
― Vossa Alteza, Lorde Strathmoor. Acredito que conheçam
minhas filhas, Sorcha e Mairi.
As duas garotas levantaram-se enquanto Alexsey e Strath
entravam na sala, e curvaram-se simultaneamente. Alexsey e Strath
responderam reverenciando-as também.
Strath disse em seu tom usual: ― Como alguém poderia esquecer
as lindas Misses Murdochs?
― Eu acredito que havia três de vocês ontem à noite. ― Alexsey

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


fez uma pausa.
Lady Malvinea que estava radiante piscou: ― Oh, sim, Bronwyn.
Porque será que ela não está aqui? Ela tinha uma incumbência.
A filha mais nova, Mairi, riu: ― Eu imagino que ela encontrou um
livro. Ela faz isso, sabe, tem uma incumbência, mas encontra um livro
e não volta.
Sorcha assentiu: ― Às vezes ela fica fora por horas.
― Tenho certeza que ela não fez isso dessa vez, ― disse Lady
Malvinea. Seu sorriso retornou. ― Vocês não querem sentar para
tomar um pouco de chá?
Ela acenou com a mão para as duas cadeiras colocadas
estrategicamente em frente às suas filhas:
― Nós temos tortas de maçã.
Strath se sentou na frente de Sorcha: ― Eu vivo para tortas de
maçã.
Mairi riu, ganhando um olhar de aprovação de Strath, mas
Sorcha mal sorriu. As irmãs de Browyn se pareciam com bonecas,
vestidas com roupas caras, cabelos bem arrumados. Para Alexsey,
pareciam o oposto da sua imperfeita e impetuosa Bronwyn, o mais
possível.
Strath fez um comentário casual sobre o caminho, e Lady
Malvinea falou sobre outras atividades a serem realizadas nos
arredores.
Com o olhar vagando pela pequena sala, Alexsey viu um livro
aberto em cima da mesa. Será que Browyn teria lido naquela sala, com
os pés dobrados sob um xale e seus lábios se movendo
silenciosamente enquanto lia? Ele podia imaginar ela fazendo
exatamente isso, e essa imagem o fez sorrir.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele percebeu que Miss Mairi esfregava os braços como se sentisse
frio, então olhou para o fogo que estava queimando alegremente, um
balde de carvão pronto. Estava um pouco frio na sala. Talvez elas
tivessem acendido o fogo recentemente. Ou talvez não pudessem se
dar ao luxo de serem tão generosos com o carvão e acabaram usando
este para a visita deles.
O pensamento o perturbou. E ele olhou mais de perto,
observando os tapetes gastos e as bainhas remendadas das cortinas.
Ah pequena Roza, você vem de circunstâncias modestas, e eu
posso te ajudar com isso.
No entanto, no mesmo momento em que teve esse pensamento,
ele percebeu que ela nunca permitiria ajuda. Suspeitava que ela
tivesse mais orgulho do que muitos homens que ele conhecia.
Ele passou muitos verões entre os campos Romani, vivendo
simplesmente com o povo de sua mãe. Gostava daquela vida e achou a
mudança muito bem vinda em relação à opressão da corte, mas
também sabia do custo para conseguir comida e abrigo. O peso que
poderia colocar sobre ombros estreitos, muito delicados para suportar.
Ele percebeu o olhar divertido de Strath.
― Perdão?
― Miss Sorcha acabou de lhe perguntar uma coisa, mas você
estava com a mente distante.
― Me desculpe. Estava perdido em meus pensamentos. ―
Ignorando a risada malvada de Strath, Alexsey disse. ― Miss Sorcha,
se você não se importar, poderia repetir?
Sorcha franziu a testa, mas disse com a voz suave: ― Não tive a
chance de perguntar no chá se Vossa Alteza gostou do baile.
― Foi o melhor baile em que estive na Escócia.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Ah, meu Deus! ― Lady Malvinea parecia absurdamente
satisfeita. ― Isto que é um elogio.
Mairi franziu os lábios. ― Talvez sim, talvez não.
O sorriso de Lady Malvinea vacilou por um momento. ― Mairi,
não...
― Depende de quantos bailes a Alteza tenha frequentado na
Escócia. ― A menina mais nova ergueu uma sobrancelha, de repente
lembrando-lhe de Bronwyn. ― De quantos participou?
Lady Malvinea explodiu. ― Mairi, você não pode... Isto é, não há
motivo para...
― Está tudo bem, ― disse Alexsey com um sorriso. ― Eu estive
em dois na Escócia, e um deles foi realmente miserável. Foi dado por
Lorde Dalhousie. Sua senhoria não permitiu que as lareiras fossem
acesos e o castelo estava congelante. Não havia nada para comer além
de bolo envelhecido, tão duro que você poderia usá-lo para construir
móveis, os músicos estavam bêbados.
― Por que alguém daria um baile assim? ― Sorcha perguntou.
― Eu acredito que sua filha pediu para que desse um baile. E ao
mesmo tempo que ele queria agradá-la, desejava manter suas moedas
em seus cofres.
Strath bufou. ― Nunca conheci um homem mais mesquinho que
Dalhousie, ele uma vez...
Um barulho soou no corredor e Alexsey virou para a porta
quando Bronwyn estava entrando, um giro alegre de saias amassadas
e uma simpatia jovial.
― Me desculpe, estou atrasada, Mamãe. A senhora Pitcairn
precisava de ajuda na cozinha.
Ela curvou-se em direção a Strath e Alexsey, então sentou no

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


assento vazio ao lado de Mairi.
― Peço desculpas por não estar aqui para cumprimentá-los, mas
estava atendendo a alguns assuntos.
Alexsey e Strath, que ficaram de pé ao vê-la entrar na sala, agora
voltaram para seus assentos. Para Alexsey, parecia que as nuvens se
separaram e o sol brilhava. O cômodo era mais brilhante agora, o
tapete desbotado já não era evidente, abençoado pela luz do sol. Perto
de Bronwyn, com os cabelos escuros e a pele levemente dourada, suas
irmãs pareciam orquídeas de estufa pálidas, ao lado de uma rosa
selvagem vibrante.
Bronwyn sorriu para Strath. ― Visconde Strathmoor, quanta
gentileza sua e do príncipe aparecerem. Tenho certeza de que minha
mãe e irmãs lhes disseram o quanto estamos apreciando os
entretenimentos de seu tio. Nós raramente temos tais assuntos aqui
no país, e essas poucas semanas de eventos serão discutidas por
meses.
― De fato, elas têm, ― disse Lorde Strathmoor. ― Tivemos uma
conversa muito agradável.
― Então, temos, ― o príncipe disse, seu olhar fixo em Bronwyn. ―
A mais agradável.
O rosto de Bronwyn ficou acalorado. Ela decidiu não se
aproximar até que tivesse um bom controle sobre suas emoções, mas
agora ela se viu olhando diretamente em seus olhos. O homem tinha
os cílios mais longos. Eles lhe davam uma aparência indolente e
sensual, mesmo quando ele apenas a olhava inocentemente. Exceto
que ‘inocente’ não era uma palavra provável para descrevê-lo.
Até a maneira como ele se sentava indicava uma sensualidade
casual. Lorde Strathmoor sentou-se com a dignidade inconsciente que

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


se esperava de um visconde, enquanto o príncipe estava esparramado,
seus braços cruzavam sobre seu amplo peito, suas pernas diante dele
como se estivesse em um alojamento de caça nas Terras Altas. Ele
parece muito mais um caçador perigoso e arrojado do que um
príncipe.
Ela agora notou sua roupa. Seu casaco era simples, suas botas
sem graça e faltando polimento, seu casaco muito solto para a moda
atual. Seus cabelos se curvavam sobre sua gola, enquanto seu rosto
bonito estava adornado com uma barba. Era difícil acreditar que este
homem seria generosamente acolhido em cada sala de visita do
continente. No entanto, mesmo que ele estivesse vestido de tal
maneira, ainda parecia melhor que qualquer homem.
― Príncipe Menshivkov, nos conte sobre Oxenburg, ― disse
Mamãe. ― Está frio lá nesta época do ano?
Bronwyn sorriu. Esta era a chance dela. ― Oxenburg experimenta
temperaturas moderadas no outono, mas não é incomum que haja
quedas de neve repentinas em setembro.
Todos a olharam.
Encorajada ela adicionou: ― Embora as temperaturas nas
cordilheiras possam ser extremas, nas planícies são agradáveis a
maior parte do ano.
Mamãe piscou. ― Eu... Eu não tinha ideia, Bronwyn.
― Sim. Parte de Oxenburg tem fortes neves no inverno, e as
estradas da montanha são muitas vezes intransitáveis, exceto pelo
cavalo e pelo trenó.
Sorcha olhou para ela e para Alexsey. ― Mesmo?
Bronwyn assentiu. ― Há duas principais cadeias de montanhas
em Oxenburg, com quatro picos principais.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela olhou para Alexsey e pegou ele olhando-a com um sorriso
estranho.
O que mais? Ah sim.
― Existem dezessete rios, e uma série de planícies inundáveis,
bem como ― ela franziu a testa, tentando lembrar ― eram sete grandes
cidades?
― Seis, ― disse Alexsey.
― Seis. ― Ela deu-lhe um sorriso grato. ― Oxenburg não tem
litoral, pois está inteiramente cercado por outros países, mas os lagos
são abundantes. Há mais de uma centena e ― ela apertou os olhos e
mordeu o lábio ― catorze lagos, todos eles rodeados por exuberantes
terras agrícolas e...
O príncipe ficou de pé, surpreendendo a todos. ― Lady Malvinea,
Strathmoor e eu devemos levar suas filhas para uma caminhada em
seus jardins.
Bronwyn piscou para a nota urgente na voz do príncipe.
Mamãe assentiu. ― Claro! Sorcha e Mairi ficariam felizes em...
― E Miss Murdoch, ― disse Alexsey.
Seu olhar voou para o dele. Ele inclinou a cabeça, um leve sorriso
curvando sua boca firme. ― Essa recitação. Eu estou impressionado.
Seu rosto corou com a voz dele, seu corpo todo suavizando. E eu
só li o primeiro capítulo. Como ele reagirá quando eu ler mais? Ele
vai...
Um barulho soou no vestíbulo e Mamãe, que não parecia nada
satisfeita, animou. ― Ah! Temos chá agora. A caminhada pode esperar.
Um som entrecortado veio do corredor, seguido de um golpe
abafado. Bronwyn franziu o cenho para a porta. ― O que raios é isso?
A porta abriu com um estrondo e Scott correu, um lenço

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


vermelho na boca. Logo atrás estava a Sra. Pitcairn, uma vassoura em
uma mão enquanto ela balançava sem sucesso na cauda do cachorro.
― Devolva isto, ― ela falou, seu rosto tão vermelho quanto o lenço.
Lady Malvinea levantou-se, segurando um braço de sua cadeira.
― Bronwyn, controle seus animais!
Bronwyn já estava de pé, entrando no caminho de Scott. Walter
apareceu na entrada, sua cauda balançando enquanto observava a
briga. Com uma perna ruim, ele correu para se juntar à diversão.
― Scott, pare! ― Ela agarrou-o enquanto ele corria, mas
impulsionado pela perseguição da governanta, ele estava fora do
alcance antes que ela pudesse pegar sua coleira.
― Traga de volta as tortas, seu cão do inferno. ― A Sra. Pitcairn
gritou, balançando a vassoura.
Scott saltou sobre uma pequena mesa com facilidade e a Sra.
Pitcairn, talvez pensando que poderia bater nele enquanto estava no
ar, acidentalmente abaixou a vassoura em um grande vaso de flores
que virou no ar, espalhando água e flores por cima de Sorcha.
Os caules molhados agarravam-se à cabeça e ao rosto, enquanto
ela ofegava em estado de choque. O vestido ficou ensopado e alguns
cachos de seu cabelo estavam grudados em sua testa.
Mairi e Lorde Strathmoor deixaram escapar um riso, enquanto de
rosto vermelho e furiosa, Lady Malvinea tirou um lenço do bolso e
correu para ajudar Sorcha.
Bronwyn correu atrás de Scott que estava tentando se esconder
sob uma cadeira para fugir da vassoura. Mas a cadeira era pequena
demais para um cão tão grande, e ele só conseguiu se tornar um alvo
fácil para a Sra. Pitcairn.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn pegou a vassoura logo antes de pousar, e puxou-a para
longe da governanta irritada.
― Sra. Pitcairn, por favor!
A Sra. Pitcairn empurrou-a. ― Aquele cachorro roubou nossas
tortas!
― Ele não deveria ter feito isso, mas persegui-lo pela casa não vai
ajudar. ― Bronwyn se moveu na frente de Scott, que agora tentava se
livrar da cadeira.
As mãos da cozinheira se fecharam em punhos. ― Miss, eu
somente quero lhe dar uma lição por roubar as minhas tortas.
― Não, chega, e não... ― Bronwyn viu Walter, onde ele estava
lambendo água derramada do chão. ― Walter, fora!
O cão balançou a cauda e deu uma última lambida no chão. Ela
franziu o cenho para ele. Ele baixou a cabeça e trotou pela porta.
Scott, finalmente livre, resolveu se juntar a ele, e logo Bronwyn viu os
dois cães correndo, passando por uma das janelas.
― Você deixou a porta aberta!
― Eu estava tentando segurá-los na porta quando eles me
roubaram as tortas. ― A Sra. Pitcairn colocou um punho no quadril e
se inclinou contra sua vassoura. ― E agora não temos nada para sua
senhoria e o príncipe comerem.
Bronwyn olhou para seus convidados. Alexsey, agora sentado em
sua cadeira, esfregava o queixo como se estivesse escondendo o riso,
olhando para todo o mundo como se ele estivesse em um espetáculo
de algum tipo. Lorde Strathmoor estava oferecendo seu lenço para
uma Sorcha encharcada, seus olhos brilhantes de riso.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O coração de Bronwyn doeu quando pegou o olhar mortificado de
Sorcha, enquanto limpava a água de seu rosto, uma flor saindo do
cabelo como um chifre quebrado.
Lady Malvinea fixou Bronwyn com um olhar furioso. ― Esses
animais são sua responsabilidade!
― Sinto muito que eles comeram as tortas.
― Eles são cães do inferno ― gritou a Sra. Pitcairn, saindo pela
porta.
Lord Strathmoor limpou a garganta. ― Eu, ah, acho que o
príncipe e eu deveríamos ir. Retornaremos a essa caminhada em
algum outro momento.
Alexsey levantou-se, dominando todos os que estavam na sala.
Ele curvou-se, seu olhar preso ao dela. ― Eu gostei muito da minha
visita.
Aposto que você adorou, pensou Bronwyn com irritação. Ela
tinha trabalhado tão duro para causar uma boa impressão, e por um
momento solitário, ela pensou que tinha conseguido.
Ele não tinha olhos para ninguém que não ela. Mas agora o
momento estava perdido.
― Obrigada, Vossa Alteza, ― mamãe disse. ― Me desculpe pela
bagunça e... por tudo. Eu lhe asseguro que normalmente somos bem
mais entediantes que isso.
Strathmoor riu. ― Se alguém entende das exigências de um
cachorro é o príncipe. Seu cachorro é um monstro.
― Papillon é o pior cachorro de toda Oxenburg, ― o príncipe
concordou sem rancor. ― Todo mundo diz isso.
― Especialmente sua avó.
Alexsey assentiu.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Ela gostaria que ele fosse um cão de salão.
― Eu não conheci esse cachorro, apesar de ter ouvido falar sobre
isso. ― Mamãe deu uma olhada brusca em Bronwyn.
Alexsey disse: ― Papillon é pequena, criada para caçar ratos.
― Ratos? ― Mairi ficou fascinada.
― Oh, não. E qual é a palavra? ― Seu olhar piscou para Bronwyn.
― Ah, sim, lebres!
Mairi iluminou-se. ― Eu amo cães pequenos.
― Mas ela é demais ― disse Alexsey. ― Como uma mulher.
Strathmoor explodiu rindo. ― Agora, nós realmente devemos ir.
Temos outras visitas para fazer. Mas antes, meu tio quer que eu
convide todos vocês para um jantar em nossa casa depois de amanhã.
Mamãe sorriu. ― Um jantar. Que elegante! Ficaríamos
encantados.
― Excelente. Às oito. ― O visconde inclinou-se. ― Aguardamos a
sua visita
Bronwyn sentiu o olhar do príncipe sobre ela quando fez sua
reverência obrigatória, mas ela se recusou a dar-lhe a satisfação de
um único olhar. Foi só quando ele estava saindo pela porta, Lady
Malvinea revirando para trás, que ela permitiu uma longa olhada em
seus ombros largos quando ele desapareceu de vista.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 14

― Homens. ― Lucinda suspirou. ― Seus desejos são tão simples,


mas seus sentimentos são como um rio, sempre em movimento e
profundos. - O Duque Negro da Srta. Mary Edgeworth.

Quando desamarraram seus cavalos, Strath sorriu. ― Bem, isso


foi divertido.
― Miss Sorcha não concordaria.
O sorriso de Strathmoor se ampliou. ― Vê-la toda molhada e
coberta de caules... ― Ele riu.
Alexsey levantou uma sobrancelha. ― Você geralmente não é tão
cruel com as mulheres.
Strath encolheu os ombros. ― Disseram-lhe a vida toda como ela
é linda. É bom para ela perceber que é humana de vez em quando.
― Ela não me pareceu ser excessivamente focada em sua própria
beleza.
― Então, por que ela estava tão chateada em ter água derramada
sobre ela?
― Porque estava frio e desconfortável. Eu diria que você sentiria o
mesmo. ─ Alexsey subiu na sela.
Strath permaneceu ao lado de seu cavalo, um olhar questionador
em seus olhos. ― Você realmente acha que isso foi tudo?
― Sim.
― Hmmm. Eu acho que você está lhe dando muito crédito.
Strath subiu na sela e eles viraram seus cavalos em direção à
estrada. No final da viagem, Alexsey pegou o olhar curioso de Strath.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― O quê? E não me diga que não é nada, pois não acreditaria em
você.
― Muito bem. Você não precisa responder, pois é apenas uma
curiosidade. Mas o que era Miss Murdoch, soltando bobagens sobre
Oxenburg?
Alexsey riu. ― Eu acho que ela estava tentando flertar.
Strath ficou boquiaberta. ― Aquilo foi um flerte?
― Sua versão de flerte, eu acho que sim, sim.
― Bem, maldito seja. Eu nunca teria pensado nisso.
Por um momento, eles andaram em silêncio.
― E seu pedido para levar as senhoras para uma caminhada?
― Eu tive a reação mais incomum ao seu flerte, ruim como foi.
― Oh?
― Eu queria beijá-la. Eu a afastaria de suas irmãs no jardim.
― Ah, então eu deveria ajudá-lo.
― Você não teria me ajudado?
Strath sorriu. ― Claro.
― Você é um bom amigo, Strath. ― Pensando em Bronwyn,
Alexsey riu. ― Eu gosto de vê-la nervosa. Tenho a sensação de deixá-la
confusa.
― Ela parece muito segura de si.
― Sim, mas posso deixá-la ruborizada com um olhar.
Era estranho, o quanto isso o divertia. As mulheres muitas vezes
ficavam nervosas ao redor dele, tentando muito atrair sua atenção. E
hoje Bronwyn também ficou, mas ela tinha feito isso de uma forma tão
incomum e sincera, que ele estava encantado. Mais que encantado.
Strath disse pensativamente: ― Ela estava bastante falante hoje.
Geralmente é muito tranquila.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Muito verdadeiro. Porque queria me informar que estava...
Interessada. Isso é bom, porque também estou. Mesmo ansioso. Mas
não me atrevo a avançar muito rápido. É óbvio que ela é nova nisso e,
se eu assustá-la, ela se retirará, como fez no jardim.
Consciente do olhar interrogativo de Strath, ele disse:
― Ela é muito capaz. Lá estava ela, perseguindo aquele cachorro
na sala, de frente para uma governanta furiosa armada com uma
vassoura e uma madrasta quase histérica, mas Bronwyn estava calma
e senhora de si. Nem um pouco sem fôlego. Acho isso intrigante.
Strath balançou a cabeça. ― Você é estranho. Bem, seja qual for
suas intenções com ela, tenha cuidado. Na Escócia, mesmo um
príncipe não pode arruinar uma mulher de boa reputação e
simplesmente se afastar.
― Não tenho intenção de arruinar ninguém.
Strath deu-lhe um olhar inquisitivo.
Alexsey riu. ― Bem. Posso ter alguma ruína em mente, mas
apenas uma muito, muito privada.
― Bom. ― Strath suspirou. ― A Escócia está presa na moralidade
antiga, enquanto parte da Europa está à frente. Apenas olhe para sua
avó. Um cigano nunca poderia se casar com a família real neste país.
― As coisas são diferentes em Oxenburg.
― Bem, aqui as coisas são administradas por um tribunal
invisível da opinião pública, sem o senso comum e alimentado pela
mais cruel das fofocas. Tenha cuidado para não acabar processado
sob suas leis não escritas.
Alexsey enviou a Strath um olhar intrigado. ― Você está cheio de
conselhos pesados e infelizes hoje, meu amigo. Não tenha medo de
mim, ou de Miss Murdoch. Nós jogamos um jogo, mas vou garantir

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que ele permaneça dentro de limites seguros. Não tenho vontade de
prejudicá-la.
― Eu sinto muito. Estou zangado hoje e não tenho ideia do
porquê.
― Você precisa de uma mulher.
― Provavelmente.
― Encontre uma então. Que lhe ofereça um desafio. Alguém com
fogo suficiente em sua alma para provocar, e suficiente cérebro em sua
cabeça para ganhar um argumento. A beleza é fácil de encontrar. Mas
alguém interessante... ah, isso é algo a ser estimado.
Strath balançou a cabeça. ― Você sabe, por mais que goste de
fingir que você é um tipo frívolo, você é profundo.
Alexsey levantou as sobrancelhas. ― Vamos ver o quão profundo
você me achará uma vez que eu vencer o caminho de volta para
Tulloch.
Strath abriu a boca para protestar, mas o príncipe já estava
galopando.
― Puta merda! ― Ele chutou os calcanhares e saiu, perseguindo o
pó de Alexsey.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 15

Lucinda puxou seu xale mais apertado quando os ventos


freneticamente chicotearam as charnecas. As nuvens cinzentas que se
arrastavam enchiam o céu; havia poder na tempestade que se
aproximava. Ela podia senti-la picar por sua pele, balançando o cabelo.
O raio serpenteava pelo céu; O trovão rugiu tão alto que sugou todos os
outros sons do ar. E com um grande suspiro, os céus se abriram e a
chuva caiu. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Na noite seguinte, Mairi se afastou da janela da sala de estar,


deixando a cortina pesada cobrir o vidro. ― Eu odeio chuva. É tão
sombrio.
Bronwyn, enrolada no sofá com um cobertor sobre o colo, olhou
por cima de seu livro. O tremor constante da chuva contra o lado da
casa a fez sorrir. ― Eu gosto disso.
Sorcha aproximou-se da lâmpada. ― É tão aconchegante estar
dentro de casa com esse clima lá fora.
Mamãe, que estava remendando as meias de papai, amarrou o
último ponto. ― Temos sorte de ter três velas esta noite. Estamos com
poucas e precisaremos buscar algumas em Dingwall em breve.
O relógio tocou uma melodia suave, e ela suspirou e fechou a
cesta de costura. ― Está tarde e devemos ir para a cama.
Ao ver Bronwyn esfregar os olhos, ela perguntou:
― Bronwyn, você está bem?
― Estou apenas com dor de cabeça. Tenho certeza de que vai
desaparecer de manhã.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sorcha ergueu as sobrancelhas: ― Oh céus! Espero que sim. Você
não vai querer perder o jantar no castelo.
Lady Malvinea veio tocar a testa de Bronwyn, sua mão gentil
contra a pele de Bronwyn. ― Você não parece estar com febre.
― Claro que não. Eu não estou doente.
― Não desafie o destino, Bronwyn, ― alertou Sorcha com um
sorriso.
― De fato, ― Mamãe concordou. ― Estou bastante entusiasmada
com o jantar de amanhã, embora tenhamos muito o que fazer para nos
preparar para isso. Sorcha, como está essa bainha?
― Quase pronta. ― Sorcha sacudiu o vestido, mostrando à sua
mãe os pontos sutis. Ao acenar de aprovação da mãe, Sorcha colocou
a agulha na caixa de costura. ― Vou terminar a bainha pela manhã, o
que nos dará muito tempo para nos preparar para o jantar no castelo.
Uma luz bateu na janela e fez um retrato de seu gramado por um
segundo surpreendente, antes de deixar uma cortina de escuridão.
Uma forte rajada de trovão rasgou o céu, enviando vibrações pelo
chão.
Mairi esfregou os braços. ― Eu odeio trovão.
― Você pode dormir comigo esta noite, se quiser, ― Sorcha
ofereceu.
― Sim, por favor! ― Ela lançou um olhar cauteloso pela janela.
― Eu gosto de tempestades, ― disse Bronwyn. ― É uma boa noite
para ler na cama.
Sorcha lhe enviou um olhar divertido quando fechou sua caixa de
costura. ― Que noite não é boa para ler na cama?
Bronwyn sorriu. ― Muito verdadeiro.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sorcha cuidadosamente colocou o vestido novo sobre uma
cadeira, depois virou-se para recolher uma das preciosas velas.
― Vamos Mairi?
― Boa noite, queridas, ― disse Mamãe.
― Boa noite!
Uma vez que se foram, Mamãe pegou uma das duas velas
restantes.
― Certifique-se de ir para a cama logo. Você não quer ter olheiras
sob seus olhos no jantar.
― Sim, Mamãe. ― Bronwyn virou a página, a história de
Oxenburg dançando através de sua imaginação. Embora pequeno, o
país tinha uma história pitoresca. E o fato de que ela conhecia um de
seus príncipes deixava-a mais concentrada na leitura. Ela quase podia
ouvir sua rica voz de seda e mel lendo as palavras para ela, contando-
lhe sobre sua terra e antepassados, compartilhando o vasto
conhecimento.
― Bronwyn?
Ela olhou para cima.
Mamãe estava na entrada. Seu olhar piscou para o pequeno
volume nas mãos de Bronwyn.
― Ainda lendo sobre Oxenburg, vejo. Você terminou com o livro
da senhorita Edgeworth, então?
― Ainda não. Estou lendo lentamente para que dure.
Mamãe sorriu. ― Às vezes me pergunto... ― Ela fez uma pausa. ―
Bronwyn, você não está interessada no príncipe, está?
O rosto de Bronwyn ficou ruborizado. ― Não! Ele é muito frívolo
para mim.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Assim eu penso, também. Eu nunca vi você mostrar o menor
interesse em um cavalheiro antes, mas algumas vezes eu vi você olhar
para ele... E quando ele visitou ontem, você começou a falar sobre
Oxenburg, então eu me perguntei se você estava tentando ganhar o
interesse dele.
Deveria mencionar a conversa que ela ouviu entre o príncipe e
Strathmoor? Não. Isso irritaria a Mamãe, e o resto da visita seria
socialmente estranho. Mamãe era horrível ao esconder coisas.
― Não significava nada. Eu só tentava conversar. Além disso, ele
não é para mim.
As palavras pareciam vazias para os ouvidos, mas Mamãe ficou
tranquilizada.
Ela assentiu, a luz das velas suavizando as linhas em seu rosto.
― Ele faria Sorcha feliz, eu acho. Nós somos muito afortunados por ter
essa oportunidade para ela.
Bronwyn mordeu o lábio. ― Talvez, embora... o príncipe não
parece ter o menor interesse em encontrar uma esposa.
― Ninguém pensa que quer uma esposa, mas todos se casam.
― Não tenho certeza de que isso seja verdade sobre esse homem.
E... ele e Sorcha são muito diferentes.
Mamãe pareceu surpresa. ― Você acha? Eu pensei que eles
fizessem um casal deslumbrante. Ele tão moreno e grande, e ela tão
pequena e delicada...
― Eles fariam um belo casal, mas eles têm muito pouco em
comum. Ela é um pouco tímida, enquanto ele sempre acaba sendo o
centro das atenções. Ela não gosta de argumentar, mas ele é bom
nisso. Ela se preocupa com moda e cortesia, e ele tem o mínimo de
ambos. Sua moral é questionável, a dela não é.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Como você sabe tudo isso sobre ele?
Ela sabia porque ele tinha dito a ela, e ela tinha visto isso por si
mesma, mas ela só disse: ― Eu ouvi coisas.
― Fofoca, então. Sou uma boa juíza de caráter e vejo sinceridade
nele. O príncipe pode ter vivido como um selvagem, mas agora ele se
estabeleceu.
― Você sabe melhor que eu, é claro, mas... Gostaria que Sorcha
fosse parte de um casal feliz, não apenas parte de um belo casal.
― Eu também. ― Mamãe ficou em silêncio, seu rosto inescrutável
na luz de velas cintilante. ― Vamos vê-los e discutiremos isso
novamente mais tarde. Enquanto isso, se você não se importa, não
mencione seus pensamentos para Sorcha. Se ela gostar do príncipe ou
não, precisa ser sua decisão e não a nossa.
Bronwyn assentiu. ― Não vou dizer uma palavra.
― Obrigada. Como de costume, você cuida bem de sua irmã.
Ela sorriu para Bronwyn. ― Vá para a cama, criança. Está tarde.
E... ― Seu sorriso desapareceu. ― Você está bem? Você continua
esfregando sua orelha.
― Está coçando só isso.
― Bem, vamos ficar de olho nisso. Boa noite.
Horas depois, instalada confortavelmente na cama, Bronwyn
guardou o pequeno livro sobre Oxenburg. Depois de apagar a vela,
fechou os olhos, se perguntando sobre o príncipe.
Uma parte dela, a parte que se demorava sobre as cenas
aventureiras em seus livros, começara a ansiar por uma vida maior e
sussurrou que, pelo menos, era uma aventura real em que ela poderia
embarcar. Mas a outra parte, a parte que atendia à constância e o

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


conforto de sua vida aqui, advertiu que ela estava brincando com fogo,
um que poderia destruir sua vida confortável.
E se eu me apaixonar? Ela se perguntou, esfregando
distraidamente sua orelha. Ela achou o príncipe intrigante, mas isso
não era amor. E ele não estará aqui o tempo suficiente para que meus
sentimentos corram o risco, de qualquer maneira.
Ela rolou em direção à janela para que pudesse assistir o
relâmpago. A chuva tremulava alto no telhado, enquanto um dos cães
roncava suavemente. Sua cama era limpa e aconchegante, a colcha e
os travesseiros a acolhiam com suavidade. Ela pensou em suas irmãs,
e todas as risadas que haviam compartilhado. Pensou no pai e suas
invenções, e Mamãe e suas ambições. Ela pensou em seus vizinhos e
em todas as pessoas que trouxeram vida a Dingwall. Ela adorava tudo,
e esperava com todo seu coração que nada disso mudasse.
Mas estava mudando. Sorcha e Mairi estavam crescendo e se
casariam, se afastando. Uma vez que elas se fossem, seria apenas ela e
seus pais. Ela ficaria ocupada, ajudando o pai com suas patentes e
Mamãe com as tarefas domésticas. De repente, Bronwyn não tinha
certeza de como se sentia sobre isso. Ela apenas ficaria aqui para o
resto de sua vida, nunca experimentando aventuras? Ou ela poderia
encontrar uma maneira de viver de uma forma maior?
Talvez conhecer o príncipe foi uma oportunidade de viver uma
vida maior.
E como ele só estava aqui por um breve tempo, flertar com ele era
a aventura mais segura que ela poderia ter. O fato de que ele queria
apenas um breve romance, que nunca se apaixonaria por ela e nem
exigiria que ela fosse embora com ele, tornava tudo seguro. Um flerte
lhe daria uma dose de confiança, e quem não poderia usar mais disso?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Talvez, uma vez que Sorcha e Mairi forem embora e Papai e
Mamãe estiverem tranquilos, deixarei Ackinnoull por um mês a cada
ano. Eu vou viajar e visitar os lugares que eu li, e explorar terras
estrangeiras.
Ela sorriu. Isso seria o que ela gostaria, na verdade. E talvez o
primeiro país que ela visitaria fosse uma joia verde de um lugar
aninhado nas montanhas azul e branca da Europa.
Alguns minutos depois, ela caiu em um sono profundo onde, em
uma pequena aldeia sob a sombra de uma montanha, um caçador
bonito com olhos verdes a perseguiu em torno de uma árvore e tentou
roubar seus beijos.
****

Na noite seguinte, Mairi ficou no vestíbulo da frente e ajustou seu


xale de seda verde pálido para que ele estivesse sobre seus ombros.
― Não posso acreditar que você não esteja vindo ao jantar de Sir
Henry com a gente.
Do canapé, com a cabeça enrolada em um xale para cobrir seu
ouvido dolorido, Bronwyn lutou com o desejo de fazer birra como uma
criança. ― Eu também, eu queria ir. Eu amo sopa de tartarugas. ― E,
há Alexsey... Ela suspirou.
Sorcha, preocupada, colocou sua mão fresca na testa de
Bronwyn. ― Você ainda está quente. Mas não parece ter tanta dor
como você tinha esta manhã.
― A dor está quase desaparecendo agora. ― Bronwyn se moveu
inquieta, chutando em seu cobertor. ― Eu estive nesse sofá o dia todo.
E quando vocês forem, eu posso dar um passeio e...

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Não, ― disse Mamãe. ― Dr. Leith disse que você deveria manter
seu ouvido embrulhado pelo menos até amanhã. Ele disse para usar
essas gotas a cada poucas horas e evitar ruídos, luz brilhante e todas
as formas de excitação.
― Fazer uma caminhada não é emocionante.
― Será se chover novamente, ― disse Mairi. ― Ainda estava cinza
lá fora quando a noite caiu.
Bronwyn suspirou de novo.
Sorcha enfiou o cobertor sobre ela. ― Nós diremos tudo o que
aconteceu quando retornarmos.
Mairi assentiu. ― Eu vou prestar especial atenção aos vestidos de
todos, para que eu possa dar-lhe descrições deles. Estou tão feliz que
Sir Henry enviou uma carruagem. É muito luxuosa, em comparação
com a nossa velha.
― É uma grande honra, ― disse mamãe, parecendo satisfeita. ―
Somos muito afortunadas.
Sorcha virou-se para Bronwyn e estendeu os braços para ambos
os lados. ― O que você acha? ― A túnica circassiana de crepe rosa
sobre uma combinação de cetim branco acentuava sua figura delicada.
O vestido com franjas na bainha tinha um corpete de cetim rosa atado
com fitas prateadas, e mangas curtas decoradas ao estilo espanhol,
das quais o crepe branco espreitava sempre que se movia.
― Você parece adorável, ― disse Bronwyn.
Sorcha sorriu. ― Obrigada.
Mairi sorriu. ― Sorcha está decidida a parecer especialmente
bonita desde que o príncipe e Strathmoor a viram usando chifres de
flores há dois dias.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Eu não estou! ― Sorcha franziu a testa. ― Não me importa o
que qualquer um deles pensa.
O relógio tocou e mamãe disse: ― Devemos ir. Vamos meninas.
Sem falar mais. ― Ao sair, voltou-se para Bronwyn. ― Seu pai está
visitando o Coronel Washburn esta noite, esperando pegar emprestado
seu vagão; mas a Sra. Pitcairn estará aqui até as nove. Não se esqueça
de tomar seu remédio. ― Ela apontou para uma pequena garrafa
marrom na mesa, próxima ao cotovelo de Bronwyn.
Bronwyn enrugou o nariz. ― Isso me deixa tonta.
― Então, tome-o logo antes de ir para a cama. Você se sentirá
melhor pela manhã.
Ela saiu e Bronwyn logo ouviu a carruagem se afastar.
Tirando o cobertor, ela levantou e encontrou o livro sobre
Oxenburg que tinha escondido sob um almanaque. Após a conversa de
Mamãe ontem à noite, ela pensou que seria melhor manter o livro fora
de vista. Voltou para o sofá e começou a ler.
Isso a ocupou durante a próxima hora, embora ela continuasse a
olhar o relógio da lareira. Lentamente o tempo passou. Finalmente,
depois de um capítulo particularmente exaustivo sobre os vários
tratados negociados por um parlamento aparentemente muito ativo de
Oxenburg, ela fechou o livro e jogou-o de lado. Além do crepitar do
fogo e do tic do relógio, o quarto estava em silêncio.
― Bem. Aqui estou. ― Suas palavras ecoaram no quarto vazio, e
ela pensou ansiosamente nas risadas que ela teria compartilhado no
jantar de Sir Henry. Pare com isso. Pensar sobre a diversão que você
está perdendo apenas faz você se sentir pior.
Ela afastou os pensamentos e, percebendo que era hora de seu
remédio, desarrolhou a garrafa e derramou uma dose na colher que

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


sua madrasta tinha deixado ao lado dela. Estremecendo com o gosto
amargo, ela puxou o cobertor mais perto. E em poucos minutos estava
profundamente adormecida.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 16

Havia apenas uma mulher que acendia sua alma, uma mulher
que, com apenas um olhar, poderia fundir seus ossos em líquido ou
rasgar membro a membro.
E todos os dias, ele abençoou o dia em que a conheceu. - O Duque
Negro, por Srta. Mary Edgeworth
.

Algum tempo depois, Bronwyn lentamente acordou, sentindo-se


como uma pessoa vindo à tona em um lago. Seus ouvidos pareciam
abafados, seu corpo vagamente entorpecido, seus sentidos apagados.
Ela lançou um olhar duro à pequena garrafa de remédio marrom,
sentindo-se tão bêbada como se tivesse esvaziado uma garrafa de
vinho sozinha.
Com um enorme bocejo, ficou de pé e se esticou. Seu ouvido não
doía e isso era bom, valeu o cérebro distorcido.
Um tinido no passeio a fez olhar para a porta.
― Elas estão em casa! ― Ela se levantou, cambaleando um pouco
quando puxou o cobertor sobre ela como uma capa. Lentamente se
dirigiu à janela para olhar fora das cortinas.
Nenhuma carruagem.
Ela esfregou os olhos. Será que sonhava?
Essa é a última vez que tomo esse remédio. Ela estava
começando a voltar para o sofá quando uma batida soou na porta da
frente. Papai tinha esquecido sua chave novamente?
Ela caminhou até a porta e a abriu.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Em vez de seu pai, seus olhos se encontraram com um botão
dourado.
Era de ouro verdadeiro, e não bronze. A superfície tinha sido
confeccionada para se assemelhar a um leão, que brilhava
ameaçadoramente para ela.
Lentamente, ela deslizou o olhar para cima de um colete azul,
passando por uma gravata descuidadamente presa com uma grande
esmeralda, a uma garganta bronzeada. E o rosto divertido de Alexsey.
Seu cabelo preto se mexia com o vento, seus olhos verdes
brilhantes, tinha uma expressão maliciosa que fazia seu coração saltar
como se estivesse em reconhecimento.
― Ohhhhh... ― Tão lindo, sua mente perplexa suspirou. Muito,
muito bonito.
As sobrancelhas dele subiram, e ela notou novamente como elas
alargavam um pouquinho nos cantos, dando-lhe um olhar exótico.
― Oh? ― ele repetiu.
Ela tentou chutar seu cérebro confuso para que entrasse em
ação, mas nada aconteceu e ela apenas assentiu.
Diversão e curiosidade apareceram em seus olhos. ― E aqui eu
cheguei cavalgando como um louco para ver você. Não esperava um
abraço ou um beijo, mas esperava um ‘Olá, que prazer em vê-lo’.
Um bocejo que não seria reprimido começou a atormentá-la. Ela
cobriu a boca e esperou que ele não percebesse.
O olhar do príncipe se estreitou, o sorriso dele agora desapareceu
enquanto seus olhos passavam pelo cabelo e notaram o cobertor.
― Ya ni panilah, você está doente?
― Sim. Dor de ouvido. ― Ela viu sua falta de compreensão, então
acariciou a orelha. ― Estou melhor agora, mas o remédio ─ ufa! ― Ela

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


inclinou a cabeça contra a porta, pendurando-se na maçaneta para
manter o equilíbrio enquanto tentava fazer com que seus olhos se
focassem nele. ― O que você está fazendo aqui? O jantar ainda não
acabou.
― Eu estou visitando você. ― Ele tirou as luvas e estufou o bolso
do casaco com elas, antes de por uma mão debaixo do seu cotovelo,
seus dedos aquecendo-a.
Ela realmente gostava de suas mãos. Eram grandes, mas sempre
muito gentis.
― Roza, perdoe-me, mas você parece que a qualquer momento
pode cair.
― Não, não. Eu estou segurando a maçaneta. ─ Ela acenou com a
cabeça para as mãos, que estavam completamente escondidas pelo
cobertor.
Ele olhou para o cobertor.
Então um de seus braços deslizou atrás dela enquanto o outro
encontrava seus joelhos. Com o menor esforço ele se endireitou, e de
repente ela estava em seus braços.
Era celestial. Muito mesmo, muito celestial. Ela baixou a cabeça
contra o ombro largo dele.
Alexsey chutou a porta da frente, fechando-a atrás dele. ― Onde
eu levo você, pequena?
Ela apontou um dedo lento em direção à sala de estar. Enquanto
ele a carregava lá, ela admirava a força de seus braços e a largura de
seu peito. Se quisesse tocá-lo, tudo o que tinha que fazer era levantar
a mão.
Era tão tentador.
Muito tentador. E era a última coisa que deveria fazer.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Seu coração bateu de forma estranhamente feliz e ela o observou
através de seus cílios. ― Você sabe o que penso, ó grande príncipe?
Parou no sofá e sorriu para ela. ― Não, mas eu sei que você vai
me contar.
― Sim. Você não deveria estar aqui.
― Eu sei. ― Ele a colocou no sofá, depois o chapéu na pequena
mesa ao lado. ― Ainda assim, estou eu aqui, incapaz de me afastar.
Ela tentou sentar-se, ao menos inclinar-se. ― Eu estou
desacompanhada. Isso não é permitido. Você deve ir. ― Ela apontou
para a porta.
― Você quer que eu vá?
Ela piscou. Claro que sim. De alguma forma, seu olhar encontrou
sua boca. Nunca conheceu um homem com um lábio inferior tão
sensual. Apenas vendo isso fez com que a respiração falhasse, seus
joelhos ficaram fracos, ela...
― Então eu fico por um tempo.
A satisfação curvou sua boca, quebrando o feitiço. Desabotoou o
casaco e encolheu os ombros, mostrando o elegante casaco e o colete
azul bordado. Sua gravata simples era presa por um pino de ouro e
esmeralda, cuja cor correspondia ao seu olhar.
Embora seu pino de gravata brilhasse, ela não conseguia desviar
os olhos dos dele. Eles eram tão bonitos. Muito bonitos.
Bronwyn sabia que deveria insistir para que ele fosse embora,
mas sua mente distorcida apenas cantarolava alegremente.
Ele se sentou ao lado dela no sofá, que de repente parecia muito
pequeno.
― Você é um homem muito grande.
― E você é uma mulher muito pequena. Como um pássaro.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela considerou isso, fingindo não perceber quando sua mão
encontrou a dela. ― Que tipo de ave?
Ele riu. ― Um pardal, talvez.
― Que tal um falcão? Eu gostaria de ser um falcão.
Ele beijou seus dedos. ― Comigo, Roza, você pode ser qualquer
coisa que desejar.
Com ele. Ela gostou disso. Muito. Seu senso comum sussurrou
uma advertência urgente, uma que ela não conseguia ouvir através da
névoa.
― O jantar não pode ter acabado. ― Certamente ela havia dito
isso antes, mas ele não havia respondido.
― Não. Continua. Eu disse a eles que estava com dor de cabeça.
Então vim até aqui. ― Ele continuou beijando seus dedos, olhando
para ela enquanto fazia isso. ― Eu não poderei ficar muito.
Ele parecia tão delicioso, cada toque de seus lábios mandando
tremores de sensações através dela. Ela se perguntou o quanto mais
forte eles seriam se não fosse pelo remédio, e a resposta quase a
assustou. Ela puxou a mão livre e cruzou os braços.
― Não. Isso é impróprio. ― As palavras presas em seus lábios,
como se não gostasse de serem ditas. ― Se formos pegos...
― Eu sei: haveria um escândalo. ― Ele sorriu. ― Então não
seremos pegos.
― Como você pode estar tão certo... ― Seu olhar desceu para os
seios e ela olhou para baixo. Ao cruzar os braços, ela
involuntariamente pressionou-os para cima, fazendo com que eles
arredondassem sobre o decote do vestido.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela rapidamente abaixou os braços, com o rosto corado,
enquanto embrulhava o cobertor ao redor de si, o que era impossível
de fazer enquanto estava sentada.
― Isso é o bastante. ― Ela tentou parecer severa, mas arruinou
isso com uma risadinha.
Bom Deus, que situação. Mas talvez isso sirva bem. Eu vou fazer
com que ele caia descontroladamente, loucamente apaixonado por
mim ― ou pelo menos profundamente na luxúria, e agora é a hora de
curá-lo, subjugá-lo, fazê-lo desejar-me como nenhum outro... Ela se
viu no espelho e ofegou.
― Meu cabelo!
Ele riu quando ela freneticamente tentou arrumar os cachos
indisciplinados no lugar.
― Não é engraçado. Eu pareço uma...ah... Eu não sei o que, mas
isso não, isso não funcionará!
Ele puxou-a para o peito dele, enfiando a cabeça sob o queixo.
― Pronto. Agora não consigo ver seu cabelo, apenas sinto sua
suavidade. ― Ele passou os dedos pelos cachos. ― Eu gosto do seu
cabelo. Parece seda.
― Você gosta dele despenteado? ― perguntou duvidosamente.
― Eu gosto do jeito que fica em você.
De repente, ela se perguntou quem estava tentando fazer quem
cair na luxúria, e lembrou de que ambos estavam fazendo exatamente
o mesmo. De alguma forma, ela não tinha visto isso de maneira
particular antes, e riu um pouco para surpresa dele.
― O que é? ― ele perguntou, seus batimentos cardíacos eram
cálidos contra sua bochecha.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Estou apenas rindo de nós. De você. Você está tentando me
seduzir.
Um sorriso sombrio apareceu no rosto. ― Tentando? Não tentei
nada. Eu estou fazendo.
― Eu também. Muito. ― Há - pegue isso.
Ele passou os dedos sobre a bochecha dela, e olhou o vestido
azul-acinzentado que estava enrugado por ter ficado sentada no sofá o
dia inteiro.
― Eu não gosto dessa cor em você. Você deve usar vermelho,
Roza. Como a flor que você se parece. Vou comprar muitos vestidos,
todos vermelhos. Você os usará.
Ela levantou a cabeça para poder vê-lo. ― Pare de ‘principesar’.
― Principesar? O que é isso?
― Você pode ser um príncipe em Oxenburg, mas este não é o seu
país. ─ Sua voz aumentou, e ela o cutucou com o dedo. ― Eu não sou
um problema, e não receberei ordens de você como uma criada.
Ele riu como se estivesse amplamente divertido e esticou um
braço na parte de trás do sofá. ― Minha bela Roza, não temos servos
em Oxenburg. Mas se tivéssemos, você seria uma muito ruim. Sempre
está argumentando. Nunca faz o que pedem.
Ela abriu a boca para replicar que daria uma boa serva, mas o
absurdo da ideia a fez sufocar com uma pequena risada. ― Estou
bastante orgulhosa de ser uma má serva.
Seu olhar a atravessou. ― Felizmente eu gosto de uma mulher
com orgulho.
E ela gostava que ele gostasse dela, sem restrições e sem
censura. Que ele não se importasse se ela o cutucasse no peito

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


enquanto fazia uma reclamação, ou que seu cabelo estava bagunçado
e seu vestido enrugado... Ela gostava muito desse homem. Demais.
Ela aconchegou a cabeça para trás em seu ombro e suspirou
contra seu pescoço. ― Ah, Alexsey, o que devemos fazer?
Seus braços apertaram sobre ela e por um momento, ela pensou
que não iria responder. Então ele inclinou o rosto para o dela. ―
Alguém já lhe disse que você pensa demais?
Ela assentiu. ― Todo mundo que me conhece.
Ele beijou seu nariz. ― Eles estão certos.
Sentindo-se cercada por ele, protegida, ela olhou para ele através
dos cílios. ― Minha madrasta e irmãs podem retornar em breve. Eu
não desejo que você seja pego.
― Elas não estarão em casa por mais uma hora, pelo menos. O
jantar foi muito elaborado e houve conversa sobre o que se joga
depois.
― Você tem certeza?
― Positivo. As pessoas estavam bastante animadas.
Ela olhou para cima e para baixo. ― Eu não posso acreditar que
você alegou uma dor de cabeça e acreditaram.
― Para aliviar qualquer suspeita, eu sugeri ao meu anfitrião que
tinha um encontro marcado com uma empregada disposta.
― Então você veio me visitar... e nada mais?
O olhar dele passou por ela. ― Eu não vou fingir que não quero
tocar em você, Bronwyn. Não vou fingir que você não está
atormentando meus pensamentos.
Ela, a mulher mais ameaçadora na face da terra, atormentava os
pensamentos de um príncipe bonito? Ela lutou com o desejo de sorrir.
― Há mulheres muito mais bonitas que eu. Sorcha, por exemplo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Você é linda da maneira que eu gosto. Sorcha não é.
― Você não pode negar sua beleza.
― Por que não? Você está negando a sua.
Ela olhou para ele, surpresa. ― Eu... Eu suponho que estava.
― Roza, toda vez que olho para você, vejo seus cabelos brilhantes,
seus olhos quentes, a luz do seu sorriso, seus seios fartos, seu...
― Sim, sim. ― Seu rosto pareceu estar incendiado, pois seus
olhos seguiram a progressão de seu discurso. ― Isso é muito lisonjeiro.
Mas minha madrasta espera que você queira Sorcha.
Ele não poderia ter olhado mais desinteressado. ― Roza, você não
entende? Essa atração que temos é rara. Esta centelha que temos; isso
não acontece com frequência.
― Faísca?
Seus olhos escureceram. ― Quando eu faço isso... ― Ele rastreou
um dedo ao longo da clavícula, persistindo nas cavidades, sua pele
quente contra a dela.
Ela estremeceu, seus seios incharam, um suspiro escapando de
seus lábios.
Seu braço apertou sobre ela. ― Isso é o que acontece entre nós.
Vi várias vezes a sua irmã, e não há nada entre nós. Você não pode
fazer existir uma faísca onde não existe.
Ele apoiou a mão no joelho, sua voz quente. ― Basta sobre sua
irmã. Temos muito pouco tempo, meu doce. Muito pouco.
Embora houvesse camadas de saia e anágua entre a mão e a pele
dela, o calor e o peso de sua mão provocou uma reação tão forte que
quase arquejou. O corpo dela se apertou, a pele corada e os seios
inchados como se estivessem doendo por seu toque. Bom Deus, estou
perdida.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele ergueu lhe o queixo, virando o rosto em direção ao dele,
depois tirou os óculos e os colocou na mesa lateral.
― Eu lhe veria sem estes.
O humor, a paixão e a inteligência brilhavam em seus olhos. Sua
mandíbula revelava um caráter forte, enquanto a gentileza de suas
mãos a deixava doente por mais. Havia tanto nesse homem de que
gostava. Ele chamou a forma como seu corpo reagia a uma faísca; ela
chamaria isso de fogo.
Ela ansiava por ele como uma mulher morrendo de fome. E de
repente, olhando nos olhos dele, ela não se preocupou em fazer o que
era certo. Ela não se importava com o futuro.
Ela agarrou seu casaco, inclinou-se e beijou-o.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 17

Roland, escondido nos arbustos, olhou na direção do barulho.


Lucinda estava passando pelas rosas, a ponta dos dedos roçando as
pétalas das flores. Ele observou enquanto ela se aproximava cada vez
mais perto dele e mais longe dos perigos do castelo sombrio, seu vestido
puxado pelo vento brincalhão, seus longos cabelos loiros jogavam sobre
seu rosto. Logo ele se revelaria para ela, e observaria seus olhos claros
com amor e... Um barulho no caminho fez com que ele se agachasse
mais baixo.
Alguém mais estava vindo. E assim, o momento estava perdido. - O
Duque Negro, por Srta. Mary Edgewort.

As grandes mãos de Alexsey agarraram sua cintura enquanto ele


a deslizava no colo sem interromper o beijo, e ela estremeceu e se
pressionou contra ele.
É isso. É isso que eu quero! Em todos os lugares que ele tocava,
em todos os lugares que desejava que ele tocasse, estava cheio de
saudade e desejo, necessidade correspondida e anseio sem resposta.
Ela passou os braços pelo pescoço, pressionando o peito contra o dele,
tentando aproximar-se.
Seus lábios cobriram e ofereceram, deram e tomaram. Bronwyn
estremeceu contra ele e se ofereceu sem reservas.
Cada beijo tentou e provocou, e lavou cada vez mais a névoa que
o medicamento deixou sobre ela. Suas carícias ficaram mais ousadas,
mais fortes, suas mãos se moviam sobre suas costas, seus quadris,
seus seios...

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela ofegou quando o polegar dele encontrou seu mamilo, mesmo
através do vestido e da camisola, e ela apertou o peito em sua mão,
querendo, precisando.
Seu beijo tornou-se feroz, deixando-a saber, que ele também
estava tentado com necessidade. Ela gemeu contra sua boca.
Ele quebrou o beijo e ofegou em seu pescoço, sua respiração
forte.
― Roza, Roza ― ele murmurou, pontuando as palavras com
beijos. ― Você se encaixa tão bem. Você pertence aos meus braços.
Ela abriu os olhos. Ela pertencia aos seus braços? Não, não, não.
Ele deveria sentir como se pertencesse aos braços dela. Droga, havia
esquecido seu propósito mais uma vez.
Como ela poderia mudar isso, transformar isso em sua vitória e
não na dele? O que ela tinha aprendido em seus livros? Oh sim.
Mas isso realmente funcionaria? Havia apenas uma maneira de
descobrir. ― Alexsey?
Doendo com desejo, ele pegou sua mão e beijou a palma. ― Sim,
minha querida?
Com os cabelos caindo pelo rosto, suas bochechas coradas de
seus beijos e seus olhos meio fechados, ela parecia uma mulher que
acabara de ser completamente amada. Um dia, olhará assim por
minha causa. O prazer passou pelo pensamento. Deus, ele amava o
toque desta mulher, suas curvas cheias, e a...
Ele franziu a testa. O que ela... ela estava zumbindo?
Ele se afastou e a olhou.
Ela sorriu e, com uma disposição em desacordo com sua
expressão habitual, seu zumbido se transformou em uma música.
Ela estava cantando para ele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele conseguiu um sorriso, embora tenha feito algum esforço. Esta
era uma tradição escocesa?
Uma maneira de dizer que ele de alguma forma havia perdido?
Ou ela estava apenas sendo... Roza?
Ela deve ter tomado seu silêncio como aprovação, pois cantou
mais alto. Sua voz alternava entre rouquidão, doce e dolorosamente
plana, e ainda assim de alguma forma isso não importava. Ela estava
aqui, em seus braços, cantando para ele. Somente para ele.
Ele não sabia por que isso importava, mas sim.
Ele apertou seus braços sobre ela, uma onda de paixão feroz em
suas veias. Seus lábios se abaixaram por uma vogal, e depois se
apertaram e com cada movimento de seus lábios macios, ele ficou
fascinado, recém-encantado, mais profundamente agitado.
Quando ela respirou fundo para começar uma nova estrofe, ele a
beijou com toda a paixão reprimida que ela despertou. Ele a beijou
para deixá-la saber que a queria. Para que ela soubesse que ele estava
pensando nela, e sonhando com ela, e que isso... ― segurando-a em
seus braços e provando-a, o deixava com os sentidos confusos.
Uma porta se abriu e fechou em algum lugar da casa, obrigando-
os a romper o beijo e olhar para o vestíbulo.
Ele teve que enrolar uma de suas mãos em punho para lutar
contra a paixão que ela deixara suspensa em sua alma. Depois de um
segundo, ele pôde falar.
― Roza?
― Eu pensei... ― Havia o som da porta abrindo e fechando
novamente, seguido de passos desaparecendo. Ela relaxou em seus
braços. ― É apenas a Sra. Pitcairn indo embora.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn passou o dedo pelos lábios, com os olhos brilhantes de
paixão. ― Você... você gostou do meu canto?
― Isso me provocou. ― Com uma piscadinha, ele gentilmente
mordeu seu dedo. ― Demais.
Ela riu, o som quente contra o peito. ― Estou feliz que você tenha
deixado o jantar cedo, mas essa é uma ideia maluca, Alexsey.
― Eu sei. Mas não irei embora até o destino me forçar, ou você
me pedir.
Ela ergueu os lábios em sua orelha e sussurrou: ― Eu não quero
que você vá. Ainda não.
Com isso, ela deslizou os lábios para a mandíbula, beijando um
caminho para sua boca ansiosa.
Božj moj, ela era tão suculenta e doce. Ele a segurou para ele,
tomando e dando, inundado de ondas de paixão, o contrário de
qualquer coisa que ele já experimentou.
Bronwyn se deleitava com a urgência de seus beijos, de suas
mãos. Ah, isso. Isto é o que eu queria.
Suas mãos estavam espalhadas por suas costas. Quando ele a
beijou, deslizou uma delas até a cintura e ao longo da curva do
quadril. Era um toque tão íntimo, que tristes escorregões de vontades
dançavam por ela. Ele deslizou a mão pela perna sobre o vestido até o
joelho, e logo abaixo; ela podia sentir cada um de seus dedos enquanto
deslizavam sobre o tornozelo e seguraram.
Através da névoa causada por seus beijos, ela sentiu sua mão
escorregar debaixo da saia. Ela agarrou os punhos do casaco,
pressionando contra ele.
Sua língua roçou a dela e ela se abriu para ele. Ele empurrou a
língua contra a dela enquanto a mão deslizava sobre o joelho, acima

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


de sua meia. A palma da mão pousou contra sua coxa nua. Ela ofegou
ansiosamente contra a boca, abrindo as pernas, movendo-se inquieta,
desejando tudo o que nunca tinha conhecido. Nunca tinha pensado.
Até agora.
Ele ficou quieto, quebrando o beijo, com suas respirações
esfarrapadas, recostou sua testa na dela. ― Bronwyn, você...
Ela agarrou seu pulso e puxou a mão para cima, deslizando-a
pela coxa, os dedos perigosamente perto de seu núcleo.
Sem respirar por sua própria audácia ela esperou; seu coração
batendo furiosamente. Por toda a vida, ela havia lido sobre a paixão.
Por causa de Alexsey, ela estava neste instante vivendo os momentos
que antes não tinham sido nada além de palavras vagas em uma
página.
Ela realmente estava vivendo agora, saboreando a vida, sentindo
a alegria e a paixão. Ela fechou os olhos, seu corpo tremendo à espera.
A liberdade desse momento era quase insuportável. Com as mãos que
tremiam de desejo, ela o guiou mais alto, até que ele descansou lá,
escondido debaixo de seu vestido e da camisola, quente contra sua
feminilidade.
Enquanto sentia suas coxas, Alexsey apertou os dentes contra
uma onda de seu próprio desejo. Ela era tão audaz, tão apaixonada.
Ela era tudo o que ele pensava que era, extremamente apaixonada,
vibrante, compartilhando-se com ele de uma maneira que fazia seu
sangue români selvagem cantar com alegria.
Ela se moveu inquieta contra ele, apertando-se na sua mão. Ele a
massageou, suavizando as dobras lisas com a palma da mão. Ela
gemeu contra seu pescoço, contorcendo-se contra os dedos, úmida e
inchada, pronta para ele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


A respiração de Alexsey falhou, seu pau inchou em resposta
instantânea. Deus, ele a queria com uma obstinação que nunca
sentira antes. Queria ela debaixo dele, na cama dele e de mais
ninguém.
Ele a acariciou lentamente, arrastando seus dedos sobre ela,
acariciando-a ligeiramente no início, depois com pressão crescente.
Ela ofegou, agarrando o casaco, a camisa, torcendo-se com
necessidade, sua respiração quente por sua mandíbula e enviando
tremores pelo corpo dele. Ele seguiu seus dedos novamente, e
novamente, sentindo o centro de seu desejo endurecer-se, sua
excitação aumentando com cada movimento, cada toque.
Com um grito assustado, ela se arqueou contra ele, gritando seu
nome quando apertou suas coxas na mão, acenando após uma onda
de paixão lavando através dela. Ele a esmagou, mantendo-a perto até
que seus movimentos cessaram, lutando contra seu próprio desejo.
Esse momento foi para ela.
Enquanto sua respiração se acalmava, ele ficou chocado ao ver
uma lágrima rolar no canto do olho, uma gota de diamante contra sua
pele.
― Roza? ― ele perguntou suavemente.
Ela apoiou a testa contra a dele. ― Isso foi... ― Ela engoliu um
soluço. ― Aquilo foi...
Ele a beijou suavemente, seu coração apertado com uma emoção
sem nome.
A mente de Bronwyn estava muito entorpecida para pensar. Seus
olhos molhados de felicidade e seu corpo cantarolando. Ela nunca se
sentiu mais viva, mais completa, mais ela mesma. Ela se aconchegou
mais perto dele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele deu uma risada abafada que terminou com um gemido. ― Por
favor, não se mexa, minha Roza. Esse abraço também me despertou, e
não posso continuar sem...
Ela esperou, olhando para ele.
Ele gemeu, sua voz rouca de desejo. ― Eu vou explicar mais
tarde. Ah, Roza, o que você faz comigo. Ninguém nunca me amarrou
em tais nós.
― Nunca?
― Nunca ― ele declarou, sua respiração diminuiu ligeiramente.
Profundamente feliz, envolvida em seus braços, sentiu-se... um
tesouro. E, no entanto, ela não conseguiu evitar que um pequeno
pensamento penetrasse em seu casulo. Onde isso termina? E como?
Desesperada por pensar em outra coisa, ela perguntou:
― Você gosta de ser um príncipe, Alexsey?
Ele pareceu surpreso. ― Ninguém nunca me perguntou isso.
Suponho que sim, tanto quanto posso.
― O que quer dizer?
Ele encolheu os ombros. ― Você gosta de ser uma filha? Uma
irmã? Nós somos o que somos; fazemos o que deve ser feito. E se é o
que conhecemos desde que nascemos; então não imaginamos outros
modos ou vidas.
Ela olhou para ele com curiosidade. ― Mas você imagina outras
coisas. Eu sei disso.
Ele deu um sorriso relutante. ― Às vezes eu faço. Mas nunca por
muito tempo.
Ela suspirou, pensando em sua própria vida, de como todos
trabalharam para atingir seus objetivos, as patentes de seu pai e a
temporada de Sorcha.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Tudo o que podemos fazer é o melhor que pudermos.
― Agora você pareceu uma cigana. Minha avó ficaria orgulhosa.
― Eu queria ser realmente uma cigana e você realmente um
caçador. Foi uma fantasia tão adorável, melhor que qualquer livro.
Mas era só isso, ‘uma fantasia’. ― Ela suspirou.
Seus olhos estavam meio fechados enquanto ele a observava, um
sorriso satisfeito em seus lábios. Quem ganhou essa rodada? Ele
certamente a levou muito mais longe no caminho da sedução; seu
corpo ainda tremia em resposta.
Mas ela também viu um calor em seu olhar que era mais íntimo.
Então eu fiz algumas incursões, também.
― Alexsey, você acha...
O som de uma carruagem surgiu no exterior, o barulho de um
freio e o ruído das rodas.
Bronwyn sentou-se na posição vertical. ― Ah não! Minha
madrasta e minhas irmãs! ― Ela estava de pé em um pulo. ― Você
disse que não voltariam por horas!
― Foi o que pensei. ― Com um grande suspiro, Alexsey ficou de
pé. ― Eu preciso ir.
― Mas eles verão seu cavalo e saberão que você esteve aqui!
― Não se preocupe. Eu amarrei o cavalo ao lado da estrada. Elas
não vão vê-lo no escuro. ― Ele curvou-se e beijou-a profundamente. ―
Eu irei pela janela. ─ Ele rapidamente vestiu o casaco.
Lá fora, Bronwyn ouviu a voz do cocheiro e a abertura da porta
da carruagem.
― Apresse-se!
Ele recolheu o chapéu e depois se curvou para beijá-la uma
última vez, docemente e com insistência.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Apesar do perigo, ela se agarrou a ele.
O som do fechamento da porta da carruagem fez com que ela o
soltasse.
― Eu verei você em breve, pequena.
Quando ele foi até a janela, ela dirigiu-se para a porta da sala de
estar, fechando-a atrás dela e alcançando o vestíbulo assim que sua
família entrou.
― Como você está se sentindo? ― perguntou sua mãe.
― Muito melhor, obrigada. Como foi o jantar?
Sorcha, rosada pelo vento, desamarrou seu capuz. ― Oh,
Bronwyn, nunca vi uma comida tão maravilhosa!
― Havia pratos e mais pratos ― disse Mairi. ― E as sobremesas...
Ela beijou seus dedos no ar do jeito que seu tutor francês fazia
quando estava satisfeito com alguma coisa.
Bronwyn riu e ajudou-as a remover seus casacos.
― Conte-me tudo sobre isso, pois não pude deixar de pensar em
seu maravilhoso jantar quando não estava dormindo.
― Foi adorável ― Sorcha disse, seus olhos brilhando. ― A sala de
jantar estava decorada com ramos de pinheiros e cheirava
divinamente.
― Mas Sorcha foi forçada a sentar-se ao lado do visconde
Strathmoor no jantar, ― disse Mairi.
― Isso foi horrível. ― Mamãe concordou, pendurando sua pelisse
em um gancho de casaco.
Bronwyn dirigiu o caminho para a sala de estar, olhando para as
janelas que estavam todas fechadas. ― Strathmoor foi rude?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sorcha fez uma careta quando afundou no sofá. ― Ele só falou
comigo duas vezes durante o jantar, deixando-me completamente ao
cavalheiro à minha esquerda, o horrível Sr. MacInnis.
― Que tem mil anos e não consegue ouvir. ― Mairi riu. ― Sorcha
teve que gritar para que ele a ouvisse.
― Ele diz as coisas mais inapropriadas, também, ― Sorcha falou
com um tom irritado. ― Ele me disse que gostava de mulheres mais
jovens como eu, e passou todo o jantar me olhando de uma maneira
muito vergonhosa.
Bronwyn balançou a cabeça. ― Uma pena. Espero que as duas
coisas que Lorde Strathmoor disse para você durante o jantar tenham
sido agradáveis.
― Não. Primeiro, ele pediu o sal. Então, antes que os homens se
retirassem para o porto, ele me disse que teve a conversa de jantar
mais agradável de sua vida.
Os lábios de Sorcha diminuíram.
Mamãe fungou. ― Ele não vale o seu tempo e sabe disso.
― O príncipe falou com Sorcha, ― acrescentou Mairi.
― Ele foi muito gentil, ― disse Sorcha. ― Ele perguntou sobre
você, Bronwyn, e disse que esperava que você se sentisse melhor em
breve. Então falou sobre os pratos que ele mais gostou e me perguntou
o mesmo.
Ela arrumou distraidamente um travesseiro no sofá.
Ele é gentil. E apaixonado também. O pensamento fez seu rosto
ficar quente.
― É uma pena que ele não tenha ficado depois do jantar, ― disse
Lady Malvinea, com uma expressão insatisfeita nos olhos.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Oh. Para onde ele foi? ― Sua felicidade surgiu apesar de suas
tentativas de reprimi-la.
― Sua avó disse que ele tinha dor de cabeça, ― disse Sorcha. ―
Ela parecia bastante infeliz com ele por isso, embora como ele poderia
evitar uma dor de cabeça, eu não sei.
― Sua Graça falou com Sorcha, também, ― disse Mairi da lareira,
virando-se para que suas costas se beneficiassem do calor. ― Por
quase meia hora.
Com óbvia satisfação, Mamãe disse: ― Sua Graça foi muito gentil
com Sorcha.
― Sim, mas eu me senti como um cavalo em leilão. Ela continuou
olhando para mim, como se quisesse me beliscar e ver se eu estava
saudável o suficiente.
Mairi riu. ― Eu pensei a mesma coisa! Eu esperava que ela
pedisse para ver seus dentes.
― Eu acredito que ela é uma românia, ― disse Bronwyn. ― Talvez
isso explique seu comportamento.
Mairi disse: ― Ela me faz tremer! Quando eu ri em voz alta, o
olhar que ela me lançou... Eu não ficaria surpresa se ao acordar me
encontrasse transformada em sapo!
Sorcha riu. ― Se você se transformar em um sapo, devo
reivindicar todos seus chapéus como meus.
Mairi mostrou a língua.
― Meninas, por favor! ― Mamãe não parecia divertida. ― Vocês
estão falando sobre a Grã-duquesa de Oxenburg.
Sorcha obedientemente apagou seu sorriso. ― Me desculpe
Mamãe, mas Vossa Graça é muito estranha.
― Ela ainda é uma senhora muito respeitada.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Sim, Mamãe. ― Sorcha virou-se para Bronwyn, o brilho nos
olhos deixando sua irmã saber que ela não estava completamente
subjugada.
Lady Malvinea escondeu um bocejo. ― Suponho que seu pai
ainda não chegou?
― Eu não o vi desde o jantar, ― disse Bronwyn com sinceridade.
O relógio tocou e Lady Malvinea estava parada.
― Está tarde e devemos ir para a cama.
― Eu não sei por que, ― Mairi disse em um tom mal-humorado. ―
Sir Henry planejou três dias inteiros de caça, então não há nada que
nos faça levantar cedo.
― Nós não vamos ver ninguém até a sexta-feira. ― Sorcha parecia
concordar com Mairi.
O coração de Bronwyn deslizou um pouco, e ela percebeu o
quanto estava ansiosa para ver Alexsey novamente.
― Sexta chegará antes que se deem conta, ― Lady Malvinea disse
calmamente.
― O que acontecerá na sexta-feira? ― Bronwyn perguntou.
Sorcha iluminou-se. ― Sir Henry dará um jantar, e ele prometeu
que os jogos animarão a noite.
― Isso será divertido.
Bronwyn levantou-se, Sorcha seguindo o exemplo. Mairi abriu a
porta da sala de estar e se dirigiram para a escada.
Lady Malvinea parou no final dos degraus. ― Vou esperar o pai de
vocês voltar. Ele não deve demorar. Boa noite, meninas.
Enquanto Sorcha e Mairi conversavam sobre quem usava o quê e
quem havia dito o quê, Bronwyn as seguiu. Quando ela chegou ao fim

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


da escada olhou para trás, assim que mamãe se inclinou para pegar
algo do chão.
O coração de Bronwyn gemeu. Era uma luva de homem. A luva
de Alexsey.
Mamãe olhou para cima, seu olhar se encontrando com o de
Bronwyn.
Sem pensar, Bronwyn virou-se e apressou-se a descer as
escadas. ― Você achou!
Não dando à sua madrasta mais tempo para pensar, Bronwyn
tirou a luva de suas mãos e colocou-a em seu próprio bolso. ― Eu
comprei um par de luvas para o aniversário de Papai e perdi uma
delas.
― Como chegou aqui?
― Os meus cachorros devem ter carregado. Eu não deveria ter
permitido que eles entrassem na casa.
― Você os deixou dentro de casa novamente? Você prometeu que
não.
― Eu sei, mas eu estava me sentindo mal, e eles são uma boa
companhia.
― O aniversário do seu pai será daqui há mais de dois meses.
Você planejou com antecedência.
― Sim, eu as vi numa vitrine e sabia que seria perfeita para
Papai, então... Eu as comprei.
O olhar de Lady Malvinea nunca deixou o rosto de Bronwyn. ―
Parece bastante grande para ele. Talvez eu devesse olhar isso
novamente.
― Oh, ele não se importará. Ele não é viciado em moda, é?
Com um sorriso forçado, Bronwyn virou-se para os degraus.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Bronwyn?
Oh Deus, ela suspeita? Por favor, não a deixe pensar em nada,
por favor! Bronwyn colocou um sorriso no rosto e voltou-se para sua
madrasta.
― Sim?
― Estou feliz que você esteja se sentindo melhor.
― Muito melhor, obrigada. Meu ouvido não dói nada agora.
― Bom. Durma bem, querida.
― Boa noite.
Seu coração acelerado, Bronwyn subiu as escadas consciente do
olhar de sua madrasta seguindo-a.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 18

Senhora MacClinton olhou para Lucinda com piedade em seus


velhos olhos. ― Minha querida, a sociedade não foi desenvolvida para
proteger o coração, mas para impedir o seu coração de se envolver. - O
Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

― Se você está determinado a ficar mal humorado, imploro que vá


a outro lugar.
Alexsey, que estava encostado na lareira, enviou um olhar duro
para Strath. ― Se você não gosta do meu humor, sinta-se livre para
sair.
― Este é o escritório do meu tio. ― Ele olhou o copo de uísque na
mão de Alexsey, foi até o aparador e serviu-se de um copo e, em
seguida, veio ficar perto dele.
Eles estavam vestidos formalmente para o jantar, embora Strath
estivesse com os dedos coçando para arrumar a gravata de Alexsey
que tinha sido atada casualmente.
― O que está errado, meu amigo? Você tem agido como um urso
com uma dor na pata nos últimos dias.
― Roza está evitando-me. Eu fui visitá-la três dias seguidos, e ela
não quer me ver a sós. Temo tê-la assustado.
Strath franziu a testa. ― O que você fez? Ela parece ser bastante
destemida.
Alexsey deu de ombros. ― Ela é destemida para si, mas não para
suas irmãs. Se houvesse um escândalo, ela se sentiria responsável.
― Ah. Em consequência, você precisa ser mais discreto.
Agora, ele estava disposto a fazer qualquer coisa, não só dar em

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


cima dela. Nos últimos três dias, ele foi incapaz de pensar em qualquer
coisa, além de Bronwyn. Seus suspiros. Seus beijos. Sua pele macia.
Sua paixão, como ela se contorceu contra ele. Seus seios, tão
luxuriantes e cheios que sua mão não podia contê-los.
As memórias queimavam como o desespero de um homem
morrendo de sede no deserto. ― Eu devo encontrar com ela, só ela,
sem as irmãs e a mãe.
― Ah, sim. O problema da acompanhante. Na França, você não
teria nenhum problema em encontrar uma senhora sozinha, contanto
que sua acompanhante estivesse em uma sala adjacente. E se você
escorregasse algumas moedas na mão dela, você poderia levar sua
senhora para longe por horas a fio, sem que ninguém soubesse.
― Em Oxenburg, nós não tratamos as mulheres como vasos de
vidro, ou usamos truques. Ontem, sentei-me durante duas horas em
uma maldita sala de estar enquanto Lady Malvinea tentava convencer
Miss Mairi a tocar piano.
Strath estremeceu. ― De fato. Graças a Deus ela se recusou.
― Miss Bronwyn toca?
― Ela canta, mas só quando está bêbada.
Strath abriu a boca.
― Por causa do láudano. Ela teve uma dor de ouvido.
― Ah! Eu não podia imaginar o contrário.
Alexsey suspirou. ― Esta manhã eu a vi rapidamente com sua
mãe na cidade. ― Bronwyn usava um chapéu de palha que enquadrou
seu rosto adoravelmente. Tinha se coçado para tirá-lo e soltar o seu
cabelo grosso, tirando um alfinete de cada vez. Ele imaginou fazer isso
o dia todo. ― A mãe de Bronwyn me observou.
― Se a senhora Malvinea lhe estiver observando, provavelmente,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


mentalmente está lhe avaliando para ser noivo de Miss Sorcha. ― Uma
nota amarga gelou a voz de Strath. ― Meu tio diz que Lady Malvinea
tem feito alusão de que a sua ameixa mais madura, mais suculenta,
não merece nada menos que uma tiara real.
Alexsey bebeu o seu uísque. ― Nunca receberá uma de mim.
A curiosidade brilhou no olhar fixo do outro homem. ― Não tem
interesse em absoluto naquele diamante de primeira água?
― Nada.
Strath considerou o seu copo com um ar pensativo, logo enviou
um olhar cauteloso de relance a Alexsey. ― Tenho de admirar-me...
Nunca o vi perseguir uma mulher com tal intensidade. Não perca de
vista a sua intenção original, um flerte inofensivo com uma bonita
mulher e a frustração de sua avó.
Alexsey pensou nos grandes olhos castanhos de Bronwyn, no
escuro aveludado, nos cílios tão compridos que se curvavam nas
pontas, e na boca cheia, tão macia e pronta para se abrir para ele. Do
jeito que os olhos dela brilharam quando ele ganhou um sorriso dela-
Tomou um gole de uísque. ― Sei exatamente do que se trata, e
por enquanto, vale a pena a perseguição. É mais bela cada vez que a
vejo.
Strath assoviou. ― Capturou realmente a sua atenção. Parece um
tanto... inexplicável para mim.
― Não é uma mulher fácil para conquistar, mas levarei a melhor.
Se puder passar o dragão que a guarda.
― A mãe dela?
― Os seus próprios medos.
― E depois?
― Então acenderei a sua paixão.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― E logo a deixará, bem desse jeito.
― Uma vez que a nossa paixão se queimar, estará contente de
ver-me ir. Fui muito claro com ela sobre as minhas expectativas,
assim como foi clara sobre as suas.
Strath pareceu impressionado. ― Teve essa conversação, e não
lhe comeu vivo?
Alexsey encolheu os ombros. ― Ela sabe como estão as coisas.
Espero passar algum tempo com ela esta tarde depois do jantar.
Embora esteja na frente de todo mundo, já será algo.
― Devemos reajustar os cartões na mesa para que possa sentar-
se com ela. Uso esse pequeno truque de vez em quando.
― Olhei antes, mas Sir Henry e minha avó já estiveram lá,
deslocando cartões como se jogassem algum tipo de jogo. E agora que
a prataria está posta, os funcionários já foram designados para olhar
as mesas. ― Observou o copo. ― Precisaria fazer algo apressado.
― Estaria feliz em ajudá-lo. Somente avise-me se precisar. ―
Strath virou em direção à janela. ― Ah, essa é a primeira das
carruagens. ― Atravessou a porta e manteve-a aberta. ― Deixe a
agitação começar!

Como tinha esperado melancolicamente, Alexsey não se sentou


perto de Bronwyn durante o jantar. Ela e suas irmãs ficaram todas
perto de Strath, que terminou com Miss Sorcha ao seu lado. O
visconde não pareceu gostar do arranjo, porque ele mal disse uma
palavra para ela durante as três horas inteiras que precisou passar no
jantar. Levou a maioria do tempo falando animadamente com a beleza
sentada do outro lado, enquanto Sorcha lhe enviava olhares furiosos

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


por não ter com quem falar, já que o outro parceiro de jantar, um
homem idoso que adormeceu no seu lugar, acordou-se só a tempo da
sobremesa.
A influência de Tata podia se enxergar nos hóspedes sentados ao
lado de Alexsey. À sua esquerda a filha de um visconde que tinha uma
tendência de usar a palavra ‘eu’ em excesso, enquanto do outro, a filha
de um duque que era demasiado tímida para dirigir-lhe mais de duas
palavras em todos os momentos do jantar.
Alexsey ignorou-as e olhou Bronwyn em vez disso. Ela falava com
as pessoas ao lado dela, mas não parecia especialmente confortável. A
certa altura, ela deve ter dito algo ousado e parecido com Bronwyn
para o homem sentado à sua esquerda, pois ele corou e depois se
virou, recusando-se a olhá-la pelo resto da refeição.
Bronwyn não pareceu notar, mas de vez em quando lançava os
olhos na direção de Alexsey e seus olhares se encontravam. Toda vez
ele se via lutando contra um lampejo de calor genuíno. Para outras
pessoas, parecia timidamente amável, o tipo da mulher que não
levantava a voz mais que o permitido, mas ele sabia melhor. Atrás
daqueles olhos castanhos transparentes, tinha um cérebro mais agudo
do que a maioria e uma faixa de paixão potente.
Sir Henry finalmente decretou o fim do jantar. ― Normalmente,
sugeriria que os homens me seguissem para degustar um copo do
porto, mas esta noite as senhoras desejam jogar charadas, e
precisarão de parceiros. Por isso, sugiro que nos juntemos
imediatamente, para que não encontrem outros homens disponíveis.
Isto resultou em uma rodada cordial de risadas e todo mundo o
seguiu.
― O porto, o xerez e os refrescos serão servidos nos salões onde

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


os jogos acontecerão ― anunciou Sir Henry.
A multidão começou a mover-se em direção às portas no fim da
sala de jantar, e Alexsey perdeu de vista Bronwyn na multidão.
― Droga. Onde ela foi? ― perguntou a Strath.
― Ela e suas irmãs decidiram jogar charadas. Está sendo jogado
no Salão Verde.
― É um jogo de cartas?
― Não, é um jogo bobo de crianças.
― E os adultos também jogam?
― Os adultos bobos jogam em partidas domésticas, onde o
anfitrião bobo não pensa em nada além de torturar o resto de nós
retendo o porto.
Alexsey lançou os olhos em volta. ― Onde fica este Salão Verde?
Vamos juntar-nos ao jogo.
― Quê? Não. Não jogo charadas.
― Agora joga.
― Mas… este é o entretenimento mais detestável. Os homens
nunca o jogam, só as mulheres.
― Os homens jogarão este.
Murmurando para si mesmo sobre ser mal utilizado, Strath
liderou o caminho para o Salão Verde.
Assim que eles passaram pelas portas largas, Alexsey
instantaneamente encontrou Bronwyn. Reparou à sua volta, ela e
Sorcha estavam falando com uma moça de cabelo vermelho.
Strath apertou os olhos para a ruiva. ― É Miss MacInvers.
Família rica, filha única. Ela é considerada um ótimo partido, mas sua
risada... ― Ele balançou a cabeça. ― Eu colocaria uma corda em meu
próprio pescoço, antes da primeira semana terminar.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Eu vou evitá-la. Quem é o homem fingindo dormir na última
fileira de cadeiras?
― Oh, Mr. MacPherson. Sua esposa deve querer jogar. ― Strath
olhou em volta da sala. ― Ela é a que está encostada na parede ao
fundo, falando com Lady Malvinea e Mairi.
Alexsey viu Lady Malvinea ao mesmo tempo em que ela o viu, e
não havia dúvidas que sua mandíbula se firmou com determinação.
Ele muitas vezes recebia esse olhar de sua avó, então sabia
exatamente o que aquilo significava. Ela logo iria enviar Sorcha em
sua direção. Ele se virou de volta para Strath.
― Todo mundo parece estar segurando pedaços de papel.
― Sim. É atribuído um número para que eles saibam a ordem dos
participantes jogarem.
― De fato. ― Alexsey olhou a seu redor. ― Você disse que os
homens não jogam este jogo, mas Lord Perth parece ser um jogador,
pois ele tem um pedaço de papel. E há um cavalheiro na lareira,
apesar de ele não ter um… Ah. Alguém lhe deu um, então ele também
está jogando, como é…
― Sim, sim. Mr. MacKennit. Eu vejo todos eles, mas é sério,
Alexsey... ― Strath inclinou-se mais perto ― eles não são homens. Eles
são marionetes, cada um.
Alexsey levantou uma sobrancelha. ― Você mentiu.
― Eu? ― Strath tentou parecer chocado, depois suspirou. ― Tudo
bem. Eu odeio esse jogo. Eu prefiro levar um tiro à queima roupa e ter
a bala removida com pinças quentes que jogar.
― Eu serei infeliz se nos não jogarmos este jogo, o que é uma
pena. Eu estava pensando em levá-lo amanhã de manhã para atirar
com meu novo jogo de pistolas, mas agora não sinto vontade de fazer

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


isso.
Strath endireitou. ― Você tem um novo conjunto?
― Eu comprei do próprio Felligrino.
― Isso - eu tentei comprar alguns dele, mas ele não vai vendê-los
para mim.
― Ele só vende para quem sabe atirar.
― Eu sei atirar! ― Às sobrancelhas arqueadas de Alexsey, Strath
suspirou e acrescentou ― Um pouco.
― Você gostaria dessas pistolas. Elas são balanceadas como uma
pena em uma cabeça de alfinete, suave como a seda para atirar, a
ação…
― Maldito, Menshivkov. Meu ponto fraco!
― E eu mencionei os cabos de prata gravados? Não muito, pois
pode interferir no resultado. Mas delicado como um beijo de borboleta.
― Bem, eu vou jogar seu jogo de charadas! Mas eu aviso, eu sou
horrível nesse jogo e suspeito que você não vai ser melhor.
Alexsey encolheu os ombros, seu olhar encontrou Bronwyn mais
uma vez. Estaremos juntos, Roza. Eu cuidarei disto.
― Não me subestime, Strath. Eu sou muito competitivo e não
assumo o fracasso de ânimo leve. Explique como este jogo é jogado.
― A pessoa que está organizando este jogo é Miss MacInvers, já
que ela está à frente da sala onde o jogo foi colocado. Primeiro, todo
mundo recebe um número. Quando o seu número for sorteado, é a
sua vez de jogar. Você vai para a frente da sala, puxa um pedaço de
papel…
― Outro?
― Sim. Você puxa um cartão de um chapéu ou uma tigela ou
algum tipo de suporte e, em seguida, você representa o que ele diz.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Representar? Como em um palco?
― Sim, mas você não pode dizer uma palavra. Enquanto você está
imitando o objeto ou a pessoa ou coisa que está escrito na tira de
papel, as pessoas na audiência falam seus palpites. Se alguém
adivinhar corretamente, você dá-lhe o pedaço de papel. No final do
jogo, quem tiver mais tiras de papel ganha.
― Isso é ridículo.
Strath iluminou-se.
― Mas vamos jogar de qualquer maneira. Conte-me mais.
― Maldição. Vamos ver... o que mais há para dizer? Ah, sim! Você
não pode falar, mas há geralmente alguns sinais aceitáveis. As pessoas
usam este gesto ― ele puxou a orelha ― para significar ‘parece’.
― Eu vou lembrar. O que mais?
― Isso ― ele bateu com o nariz ― significa ‘na mosca.'
― Muito bem. E o que eu ganho se eu ficar com mais tiras de
papel?
― Algo ridículo, como uma coroa de papel ou um pequeno bolo.
― Uma pena. Os jogos são mais divertidos se há dinheiro
envolvido.
― Poderia torná-lo tolerável. Ou uísque.
Alexsey assentiu com a cabeça.
― Então eu vou dar nossos nomes a Miss MacInvers. ― Strath
suspirou e saiu.
Alexsey continuou a observar Bronwyn, que estava acompanhada
por sua madrasta e meias-irmãs. Ela olhou em volta da sala e quando
o olhar encontrou o seu, ele inclinou a cabeça, sorrindo.
Ela se mexeu, um olhar de prazer iluminando a face quando deu
um passo involuntário em sua direção. Mas antes que ela pudesse dar

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


um segundo passo, sua madrasta segurou seu cotovelo e murmurou
algo urgente em sua orelha, sua postura rígida. Ela e Bronwyn falaram
brevemente, então Lady Malvinea voltou-se e disse algo a Sorcha.
Sorcha enviou-lhe um rápido olhar de relance e ficou vermelha
como as almofadas sobre o sofá.
Lady Malvinea disse outra coisa, seu tom obviamente mais
estridente, pois Alexsey o pegou do outro lado da sala. Sorcha, com o
que parecia ser um corajoso aceno de cabeça para sua mãe,
lentamente fez seu caminho até Alexsey.
O cordeiro do sacrifício. Ele curvou-se quando ela fez sua
saudação.
― Boa noite, Miss Sorcha. Eu vejo que você e sua família vão
jogar charadas.
― Sim, nós amamos charadas.
― Quem não?
Ela balançou a cabeça e começou a dizer algo, mas mordeu o
lábio, obviamente pouco à vontade. Finalmente, ela disse:
― Vossa Alteza, é... é maravilhoso ver você aqui. ― Sua voz
carregava uma respiração ofegante. ― A maioria dos homens não gosta
de charadas.
― Minha avó adora um drama. Cada noite após o sol se pôr e as
fogueiras serem acesas, eles cantam, dançam, representam comédias
bobas, e, às vezes, recitam Shakespeare.
― Isso soa maravilhoso.
― Infelizmente, a maioria das peças não são apropriadas para a
companhia mista.
― Oh.
Ele escondeu um sorriso enquanto observava ela perceber que,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


de todas as lições que tinha tido sobre conversar com um príncipe,
nenhuma ensinava como discutir brincadeiras ciganas inadequadas.
Ela deu um leve sorriso, gaguejou: ― Isso é... Mas é claro que
ninguém jamais iria pensar... Quero dizer...É muito…
Felizmente para a língua presa de Sorcha, Strath voltou. Ele
lançou um olhar desdenhoso para ela e a favoreceu com a mais breve
das reverências, que ela relutantemente devolveu, sua própria boca
apertada com desagrado.
Strath entregou um pedaço de papel para Alexsey. ― Miss
MacInvers me informou que havia espaço para apenas um jogador a
mais, então eu me designei como seu intérprete, caso você pegue uma
palavra ou frase com a qual você não esteja familiarizado.
Alexsey pegou o papel, que tinha um elegante número 20 escrito
no texto.
Miss Sorcha falou encabulada. ― Eu deveria voltar até minha
mãe, se você me der licença…
― Por favor, fique com a gente. O jogo está prestes a começar e eu
vejo três bancos juntos. ― Alexsey ofereceu o seu cotovelo.
Ela hesitou, mas apenas por um segundo, e ele acompanhou-a
até os bancos. Quando chegaram, Miss Sorcha tomou um assento,
Strath seguiu o mesmo caminho.
Alexsey disse. ― Estarei de volta em breve. Eu gostaria de falar
com Miss MacInvers antes do jogo começar.
― Para quê? ― Strath perguntou.
― Regra de esclarecimento. Você pode fazer companhia a Miss
Sorcha enquanto eu faço isso.
― Mas… ― Strath e Sorcha disseram ao mesmo tempo.
Alexsey se afastou, indo até onde Bronwyn, sua mãe e irmã mais

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


nova estavam com um pequeno grupo de senhoras.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 19

Lucinda observou a flor enquanto ela descia pelo caminho e


entrava em uma grande poça. Lá, ela flutuou. Apesar da chuva tê-la
atingido cruelmente e o vento empurrá-la para cá e para lá, a pequena
flor permaneceu à tona. Apesar de delicada na sua concepção, ela era
perfeitamente forte no coração. - O Duque Negro por Srta. Mary
Edgeworth.

Bronwyn desejou pela décima vez estar em qualquer outro lugar.


Sua madrasta estava de um lado, Mairi no outro, enquanto Lady
Alexandra, a filha do Conde Mercer, queixou-se novamente sobre a
temperatura da sala, que ela achou quente demais para a sua pele.
Como a pele da dama era corada devido ao uísque que ela bebia
constantemente, de um frasco de prata, quando pensava que ninguém
estava olhando, era difícil manter um ar de genuína preocupação.
Foi com alívio que Bronwyn sentiu alguém ao seu lado. Pensando
que era Sorcha, ela se virou com um sorriso e encontrou-se olhando
para o verde esmeralda preso na gravata do príncipe.
Seu coração pulou de satisfação, seu estômago revirou. Ela
preparou-se e inclinou a cabeça para trás, só para encontrar-se
afogando nos olhos de Alexsey.
Nenhum homem deveria ter olhos tão lindos.
― Ah, Vossa Alteza! ― Lady Malvinea apertou o cotovelo de
Bronwyn e puxou-a delicadamente afastando-a do príncipe. ― Como é
bom e agradável vê-lo está noite.
Mairi afundou-se de imediato numa reverência. ― Como é bom
ver você de novo!

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn seguiu o exemplo, pegando seus óculos quando eles
escorregaram no seu nariz, seu coração batendo num ritmo estranho.
Ela lançou um olhar cauteloso para Lady Malvinea, apenas para
descobrir que a senhora olhava o príncipe com uma expressão
fechada. Uma sensação de desconforto filtrou através dela. Nos
últimos três dias, ela pegou a madrasta olhando-a com um estranho
olhar sobre sua face. No entanto, quando Bronwyn tinha perguntado
se tinha algo errado, ela apenas mudou o assunto. Ela não podia
desconfiar de nada. Pelo menos, esperava que não. Bronwyn não
estava certa de como iria explicar a relação entre ela e o príncipe. Ele
quebrou todas as regras, ultrapassou todas as fronteiras, e deixou-a
com a sensação de falta de ar e deliciosamente viva. Quem sabia que
tais sentimentos poderiam ser tão libertadores?
Mas talvez, ‘sentimentos’ fosse a palavra errada. ‘Desejos’ seria
mais apropriado, e ela tinha muitos. Deliciosos, potentes desejos que
invadiram todos os aspectos do pensamento, escorregou em cada
sonho, enroscou através de todos os livros que ela leu.
Foi difícil esconder os pensamentos de suas irmãs e madrasta,
especialmente enquanto a mãe parecia incapaz de desistir de seus
sonhos de ver Sorcha se tornar uma princesa. O que seria da mãe se
Bronwyn admitisse que ela queria o príncipe para si mesma? Apesar
de que não era estritamente a verdade. Ela queria mais beijos, mais
abraços, mais paixão, mas o casamento que a madrasta estava
sonhando, estava fora de questão. Nem ela nem Alexsey queriam. Ele,
porque valorizava a sua liberdade, e ela porque o jogo era impensável.
Sua voz quente envolveu-a.
― Lady Malvinea. Miss Murdoch. Miss Mairi. Como vocês estão?
― Estamos muito bem, mas... ― Mamãe fingiu espiar por cima do

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


ombro dele ― Onde está Sorcha? Você estava falando com ela apenas
um momento atrás.
― Ela está falando com o Visconde Strathmoor.
Bronwyn olhou além para ver Sorcha sentada rigidamente ao
lado de Strathmoor, sem falar.
― Eles não parecem muito felizes ― Mairi observou.
Alexsey deu de ombros. ― Talvez eles tenham tido uma
divergência.
― Sua Alteza! ― Lady Alexandra virou de modo que ela foi
empurrada para o pequeno círculo. Uma mulher magra, bastante
parecida com um passarinho, e que olhava para Alexsey da mesma
forma que uma gralha azul olharia para um verme gorducho. ― Como
é agradável você participar do nosso jogo.
Bronwyn piscou. Certamente não.
Como se tivesse ouvido seus pensamentos, o príncipe enviou-lhe
um rápido olhar. Ela tinha lido a frase ‘rir com o olhar’ em muitos de
seus livros, e agora ela sabia o que isso significava.
Seus olhos espelhavam todo seu pensamento, o que era bom,
porque ela nunca tinha que se preocupar com o que ele estava
pensando. Ela só podia esperar que seus próprios olhos não fossem
tão fáceis de ler, ou todo mundo iria saber que ela estava pensando em
uma maneira de subir de volta em seu colo e...
Ela esperava que sua cara não estivesse tão quente como se
sentia, mas Bronwyn pegou sua madrasta olhando para ela, e viu um
olhar de decepção no rosto da mulher mais velha.
Ela sabe.
O coração de Bronwyn afundou e ela novamente se perguntou
sobre sua escolha. Quando eles estavam compartilhando inebriantes

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


beijos e mais, o sol brilhava forte, seu coração estava feliz, ela estava
segura em sua decisão.
Mas no segundo que ficava sozinha as dúvidas surgiam, e temia
por seu futuro. Ainda mais preocupante e doloroso, era o desejo de ter
um futuro além de cuidar de sua família, que começou a arrastar-se
em sua mente. Ela encontrou-se pensando se tinha sido muito
precipitada em pensar que pertencia ao Ackinnoull para sempre.
Perguntou-se se talvez houvesse um lugar melhor para ela em outro
lugar. Com alguém que amasse.
Amor, a única coisa que ela não compartilhava com o príncipe.
Eles estavam envolvidos neste jogo, cada um tentando conquistar o
outro. Embora isso tenha adicionado um sabor picante ao
relacionamento deles, também os manteve à distância, escondendo
pedaços de si mesmos uns dos outros.
Era lamentável, mas era assim que as coisas eram. Ela tinha que
se lembrar de seu propósito original em flertar com ele: o despertar de
sua sensualidade era apenas um bônus. Mas oh, que bônus
surpreendentemente delicioso era.
Ela o observava por baixo de seus cílios, enquanto ele falava com
Lady Alexandra, seu olhar encontrando o dela de vez em quando. Isto
é progresso.
Havia outros sinais de que seu interesse por ela aumentava. Ele
tinha visitado Ackinnoull várias vezes nesses últimos dias, mas sua
mãe tinha sido muito presente. E hoje à noite, seu olhar tinha ficado
sobre ela durante todo o jantar. Ele claramente queria passar um
tempo com ela, ela precisava encontrar uma maneira de encontrá-lo
sozinha…
― Bronwyn! ― Mamãe falou com um toque de raiva.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela percebeu que tanto Lady Alexandra como Alexsey estavam
olhando para ela, com um olhar questionador.
― Lady Alexandra fez-lhe uma pergunta. ― Mamãe forçou um
sorriso. ― Por favor, preste atenção.
Lady Alexandra riu. ― Perdida em sua própria mente? Eu sei
uma coisa ou duas sobre isso.
― Eu sinto muito. Eu deveria ter estado atenta.
― Tolice. Eu nunca me escuto, a menos que eu precise. Eu
perguntei se você acha que Sua Majestade pode perder o jogo, devido à
sua falta de experiência?
Alexsey perder? De alguma forma, ela não achava que tal coisa
fosse possível.
Temendo o risco de um olhar em sua direção, enquanto Lady
Malvinea pairava tão perto, Bronwyn forçou um sorriso. ― Tenho
certeza que ele vai surpreender a todos nós.
Lady Alexandra riu. ― Uma excelente resposta, minha filha.
Miss MacInvers bateu palmas. ― Estamos prontos para começar,
todos achem um assento.
Bronwyn sentou-se com Mairi e a mãe, enquanto Alexsey e Lady
Alexandra sentaram-se atrás delas. Alexsey com as pernas longas
descansadas para um lado da cadeira de Bronwyn, suas botas
casualmente cruzadas no tornozelo, encostando contra suas saias.
Miss MacInvers explicou: ― Sobre a mesa temos uma taça de
prata contendo as tiras de papel com as palavras que devem ser
representadas. Lembrem-se, não falem e não soletrem. E o primeiro
participante é... ― ela procurou em seu bolso e tirou uma cédula ―
número quatro!
― Sou eu! ― Lady Alexandra ficou em pé. Ela correu para a frente

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


da sala e tirou seu desafio da taça de prata.
Ela apertou os olhos, murmurou algo para si mesma, e guardou
o papel no bolso. Em seguida, de frente para o público, ela começou
pulando em um pé só.
Previsivelmente alto e alegre, o jogo avançava. Bronwyn
encontrou dificuldade para prestar atenção, no entanto. Cada vez que
Alexsey mexia-se, ela sentia seu pé entrar em contato com a sua
cadeira, e ela podia ouvir o farfalhar de suas roupas quando ele
mudava de posição no assento, sentindo o leve cheiro de sua colônia.
Ela apenas ouviu metade das pistas a serem dadas pelos
participantes, e até mesmo quando ela e Mairi falaram sobre os
maravilhosos refrescos, mesmo quando ela ficou de olho em Sorcha,
que tinha ficado presa no jogo e foi gritando respostas para a diversão
do Lorde Strathmoor, mesmo com todas as distrações ao seu redor,
Brownyn estava consciente de cada respiração de Alexsey.
Risos explodiram e Bronwyn viu como o digno Sr. MacPherson
andou para a frente da sala, com os polegares dobrados em seus
braços, os cotovelos batendo como uma galinha.
Lady Alexandra se inclinou para a frente e gritou: ― Você é uma
galinha! Ganso! Um pato! Uma perdiz! Um...
MacPherson apontou para ela e tocou o nariz.
― Uma perdiz! ― ela disse, parecendo satisfeita.
Ele franziu a testa e balançou a cabeça.
Seu sorriso desapareceu.
― Um pato?
Ele fez uma careta e empurrou o seu polegar por cima do ombro.
― Você é um frango, então! ― Lady Alexandra apertou sua bolsa
com emoção. ― Um com um...um... polegar!

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele bateu o pé, seu rosto vermelho.
Lady Alexandra explodiu. ― Caramba, diga-nos!
Mairi afundou-se em um vendaval de risos, enquanto Lady
Malvinea apertava os lábios. Atrás dela, Bronwyn ouviu o profundo
estrondo do riso de Alexsey na direção das solas dos seus pés.
― Ele não pode falar, ou vai ser desclassificado, ― Miss MacInvers
avisou.
― Eu sei o que é ― a Sra. MacPherson falou. ― Você é um ganso!
O Sr. MacPherson tocou seu nariz feliz, em seguida, pegou um
guardanapo de uma mesa vizinha e colocou sobre a sua cabeça.
Amarrou um imaginário arco sob o queixo, em seguida, estendeu a
mão para duas crianças imaginárias.
Miss MacInvers disse ― Uma babá?
Ele balançou a cabeça. Ele fingiu pegar uma das crianças com
carinho e beijou-a, em seguida, apontou para ela e para si mesmo.
Sorcha tentou. ― Você é a mulher dos gansos! Não um ganso,
mas um... um... Oh, por que eu não consigo lembrar como isso se
chama?
― Ele é a Mamãe Ganso! ― falou o Senhor MacDavid.
― Sim, obrigado Deus! ― O Sr. MacPherson arrancou fora o
guardanapo e enxugou a testa. ― Abençoado seja você por ter me
tirado da minha miséria, MacDavid.
Em meio a muitas risadas, MacInvers chamou outro número do
seu bolso e o número de Sorcha foi chamado. Ela leu o papel, mordeu
o lábio e, em seguida, olhou ao seu redor. Encontrou uma cadeira
vazia, subiu sobre ela e agiu como se fosse fazer um grande discurso.
― Romeu e Julieta, ― Strathmoor disse.
Ele disse tão baixinho que todos esperaram um momento.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Voltando-se vermelha, Sorcha acenou bruscamente com a cabeça
e desceu da cadeira. Ela trouxe o papel e, em seguida, tomou o seu
lugar novamente, não olhando para ele.
― Como diabos ele adivinhou tão rapidamente? ― Mairi
sussurrou.
― Eu não tenho ideia, ― Bronwyn respondeu.
Miss MacInvers estava mexendo no bolso para tirar outro nome
quando Alexsey disse em uma voz profunda: ― Não há necessidade. É
a minha vez.
Todos olharam para ele.
Miss MacInvers riu; um tanto encabulada. ― Sua Alteza, você não
deve se oferecer, mas é a sua primeira vez e ninguém pode culpá-lo
por estar animado para jogar. Ninguém se importa se o príncipe
avançar?
Um coro de vozes levantou-se imediatamente em acordo.
Bronwyn franziu a testa. Ele deve estar acostumado a isso –
talvez seja por esse motivo que sempre espera conseguir o que quer. E
porque ele acha que é tão fácil viver o momento sem pensar nas
consequências.
Ele pegou a taça de prata e tirou um pedaço de papel. Ele leu a
palavra, seu rosto inescrutável.
― Você precisa de um intérprete? ― Strathmoor perguntou.
― Nyet. Esta é uma palavra que eu conheço muito bem. ― Ele
colocou o papel sobre a mesa, com o olhar fixo em Bronwyn.
Oh céus! Por que ele está olhando para mim?
Ele ficou muito ereto. A sala ficou em silêncio. Com um
movimento lento, quase acariciando o ar, ele fez uma silhueta
feminina. Silêncio.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Oh, meu, ― Lady Perth disse em uma voz fraca.
Com o rosto vermelho, Miss MacInvers limpou a garganta. ― Sua
Alteza, eu não acredito que seja permitido indecência…
― Uma mulher! ― Strathmoor falou.
Alexsey assentiu, e então, como uma reflexão tardia, tocou seu
nariz. Ele olhou para Miss MacInvers.
― Isso significa sim?
Ela assentiu com a cabeça, mas sussurrou: ― Você não deveria
falar.
― Eu vou ficar em silêncio agora. ― Ele fez o contorno novamente,
só que desta vez, ele fez uma pausa no joelho e imitou uma cauda de
peixe.
― Um peixe! ― Mairi tentou.
Ele tocou o nariz.
Mairi deu um animado pulo em sua cadeira e bateu palmas.
Alexsey agora tocou a garganta e fez mímica como se estivesse
cantando.
― Peixe e canto? ― Mr. MacPherson ponderou. ― O que pode ser
isso?
Mairi levantou rapidamente. ― Uma...uma...uma… ― Ela se virou
para Bronwyn. ― Como são chamadas? Elas estavam no épico que
você leu para nós quando éramos crianças, sobre uma bruxa velha e
uma… Oh! Uma sereia!
Alexsey olhou diretamente para Bronwyn e ela sabia exatamente
o que ele estava pensando. Ela havia cantado para ele, e ele tinha
respondido com uma paixão que ela estava agora lembrando em
irritantes detalhes vívidos. Seu corpo aquecido, seus mamilos
pontudos, e, por um instante, ela se perguntou se poderia falar.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Vendo o rubor, um olhar de prazer aqueceu o seu rosto.
― Da. Na verdade, é uma sereia. ― Sua voz acariciou, e só ela
sabia.
O grupo aplaudiu em apreciação.
Lady Malvinea limpou a garganta. ― Sua Alteza, eu estou
surpresa que você conheça a palavra.
― É quase a mesma na minha língua - ‘Sirenya’, ― disse ele. ― Eu
gosto muito de ouvir o canto da sereia. Ele faz ferver o sangue de um
homem.
― Oh! ― Miss MacInvers disse, fingindo um desmaio.
Bronwyn não conseguia desviar o olhar. O que poderia haver
sobre este homem que a fez querer coisas que nunca quis, sonhar com
coisas que ela nunca se permitiu sonhar? Coisas que ela só pensava
quando se apresentava entre as capas de proteção de um livro?
Alexsey retomou ao seu assento, sua mão roçando o ombro de
Bronwyn levemente, as pernas, mais uma vez, estendendo-se até seus
pés descansar contra suas saias. Instantaneamente, seu corpo
aqueceu e seu coração tremeu.
Como o jogo continuou, Bronwyn tirou a frase ‘caça à raposa’,
que foi rapidamente descoberta, porque muitos dos convidados tinham
recentemente participado de uma caçada. O tempo todo que ela esteve
na frente da sala, Alexsey parecia devorá-la com seus escuros olhos
verdes e sorriso preguiçoso. Ela ficou aliviada quando chegou a hora
de retornar a seu assento.
Finalmente, o último participante atuou sua cena e os pontos
foram contados. Lady Alexandra recebeu um belo bule de chá. Mairi,
que vinha em segundo, recebeu um xale bordado com rosetas,
enquanto a Sra. MacPherson ganhou um vaso de rosas pelo terceiro

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


lugar.
― Foi bastante animado, ― Mamãe disse enquanto se
levantavam.
― Eu não sei quando eu ri mais. ― Mairi abraçou o novo xale. ―
Nós devemos jogar isso em casa. Se praticássemos e soubéssemos os
sinais um do outro, poderíamos ganhar todos os jogos. Pensem em
todos os prêmios! Teríamos que usar um dos quartos para guardá-los.
Bronwyn teve que rir. ― Se nós pudéssemos ganhar o tempo
todo, as outras pessoas se cansariam de jogar e ninguém nos
convidaria mais.
Mairi desanimou. ― Suponho que sim. Nós teríamos que perder
alguns jogos. Veja! A avó do príncipe está na porta, falando com Sir
Henry e o príncipe. Ela é pequena, não é?
― Devemos parar para prestar a nossa homenagem antes de sair.
Onde está Sorcha? ― Mamãe olhou. ― Lá está ela. Oh, querida. ―
Sorcha estava se afastando de Lorde Strathmoor enquanto ele a
observava, sua boca se torcendo como se tivesse provado um limão.
Chegando até elas, Sorcha apertou seus dedos nas têmporas ―
Eu tenho uma dor de cabeça. Podemos ir logo, Mamãe?
― Claro, querida. Mairi, você poderia pedir a um dos lacaios para
enviar a carruagem? Nós vamos nos despedir.
Alexsey escondeu um sorriso de satisfação quando viu Bronwyn,
sua mãe e irmã andarem em direção a eles. Agora tinha a
oportunidade de falar com ela.
Ele ia puxar-lhe um pouco fora do caminho e oferecer-se para
encontrá-la em algum lugar próximo.
― Vossa Alteza? ― Miss MacInvers ficou olhando para ele, uma
pergunta simples em seus olhos.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele curvou-se. ― Sim?
― Foi um desempenho surpreendente, mas... Eu escrevi todas as
palavras para serem representadas, e não me lembro de ter escrito a
palavra ‘sereia’.
Ele levantou suas sobrancelhas friamente. ― Eu não sei o que
dizer. Essa foi a minha palavra.
Ela piscou. ― Claro. Eu não sei o que estava pensando. A minha
memória é péssima.
― Isso não é problema. Eu joguei e me diverti muito. Você fez um
trabalho muito bom.
Ela mexeu-se, olhando louca de prazer. ― Obrigada, Vossa Alteza!
Ele curvou-se e ela saiu.
Sua avó olhou para ele, seus olhos apertados. ― Que palavra você
sorteou da taça?
― Isso não é importante.
Ela estendeu a mão. ― Eu gostaria de ver a palavra, por favor.
Ele encolheu os ombros e buscou no bolso uma tira de papel,
entregando para ela.
Ela olhou para ele. ― ‘Bilhar’. O que é isso?
― Não sei. E não me importo. Eu sabia a palavra que queria
encenar.
Tata começou a dizer algo, mas Lady Malvinea chegou naquele
momento para dizer adeus.
Alexsey curvou-se sobre a mão de Bronwyn. ― Eu esperei por isso
a noite toda, ― murmurou.
Seu sorriso congelou, seu olhar piscando para sua madrasta e
sua avó.
― Pare de olhar como uma lebre perseguida. Você só vai atrair

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


mais atenção. Diga-me, Roza, você anda me evitando?
Ela estampou um leve sorriso no rosto, mas seus olhos viraram
cautelosamente em direção à sua mãe antes de dizer. ― Você deixou
sua luva em minha casa. Minha madrasta suspeita de algo.
― Ah. Isso explica, então. Eu pensei que você estava com raiva de
mim.
Ela olhou surpresa. ― Não, não. Eu só... ― A sua mão apertou
mais a sua. ― Temos de ser mais cautelosos.
O alívio inundou-lhe. Se estivessem sozinhos, ele a teria levado
em seus braços e a enchido de beijos. Como não estavam, ele apenas
cobriu a mão dela com a sua.
― Eu serei. Mas preciso ver você novamente. Sozinha.
Por um momento ele pensou que ela ia recusar, mas algo piscou
em seus olhos e ela disse em uma voz rouca: ― Eu gostaria, também.
Muito.
Božj moj, ela tinha olhos tão sensuais. Eles enxergavam através
dele e o faziam ansiar por ela de novo.
Ela abaixou sua voz. ― Amanhã, venha para…
― Bronwyn. ― Lady Malvinea entrelaçou seu braço com o de sua
enteada, com um sorriso brilhante no rosto. ― A pobre Sorcha está
com dor de cabeça. Temos mesmo que ir.
― Sim, claro. ― Mas enquanto era empurrada para fora por Lady
Malvinea, Bronwyn enviou-lhe um rápido olhar, deixando Alexsey
certo de que iria vê-la novamente em breve.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 20

Roland correu a pedra lisa ao longo da borda de sua espada. Com


cada golpe contínuo, um fino brilho de pó de metal flutuava no ar,
deixando a lâmina afiada em sua esteira. Era preciso o golpe de uma
pedra dura para afiar uma lâmina. E uma lâmina forte para resistir a
um golpe de pedra... - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

O Duque Negro de um lado, seu manto jogado sobre o braço,


Bronwyn desceu as escadas para a cozinha. Scott e Walter correndo
atrás dela, rente em seus calcanhares.
― Bom dia! ― ela falou à Sra. Pitcairn.
― Bom dia, Miss. ― Quando a mulher mais velha tampou a
panela perfumada, ela viu os cães. ― Och! Não os traga aqui. ― Ela se
lançou para uma perna de carneiro que estava descansando sobre a
mesa antes que Walter a pegasse. ― Isso não é para você, sua besta
selvagem!
Walter olhou com esperança e com ar angelical, mas a Sra.
Pitcairn não se comoveu. ― Oot, você é um vira-lata sarnento, os dois
são uns ladrões!
Ela enrolou a perna de carneiro em papel encerado e colocou-a
no alto de uma prateleira, enquanto Bronwyn abria a porta da cozinha
e observava os cães de caça saírem para o início da manhã de sol. Era
um belo dia, excepcionalmente quente para esta época do ano, o sol
derramando raios de ouro entre o marrom e o verde dos morros. Se
não fosse pelos cães, ela ainda estaria na cama. Ela tinha caído no
sono muito tarde, incapaz de parar de pensar em Alexsey.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela tinha certeza que ele iria visitá-la hoje, e ela precisava estar
pronta, mais pronta do que estivera em seu último encontro, quando
tinha sido seduzida no meio da sua própria sedução. Ela não podia
sucumbir a ele toda vez que estavam juntos, ou nunca iria ganhar o
desafio que estava mais que nunca determinada a fazer.
Ela subestimou seu adversário. Ele sabia muito mais sobre as
formas de sedução que ela. A partir de agora, tinha que pensar em
uma forma mais complexa de agir, tentá-lo em formas mais
sofisticadas, dar-lhe um pouco de esperança, mas não muita, para
torná-lo louco de desejo. E então, justamente quando ele pensar que a
conquistara, ela iria rir e informá-lo de como ele estava enganado.
Que dia glorioso que seria! Mas antes tinha que encontrar uma
maneira de manter o controle sobre suas reações diante das suas
investidas. Enquanto isso soava simples agora, quando Alexsey não
estava em nenhum lugar para ser visto, era muito mais difícil de
lembrar quando ele a beijava loucamente. Mas hoje ela iria virar a
mesa e mostrar a Alexsey Romanovin que ele não era o único capaz de
dominar a inteligência de outra pessoa perspicaz e tranquila.
Infelizmente, tudo o que tinha sobrado em seu arsenal de
sedução, técnicas adquiridas a partir de seus romances, era o truque
do perfume. Ela tinha que encontrar um perfume marcante que o
fizesse pensar nela cada vez que sentisse o aroma, que iria atormentá-
lo com memórias depois que ela partisse. Um que o faria se arrepender
de ser tão insensível a ponto de planejar seduzir uma mulher sem uma
razão melhor do que lhe disseram para não fazê-lo. De todos os
motivos válidos para seduzir alguém, o amor, a admiração, a paixão -
a teimosia era o motivo menos atraente.
Um insulto deveria ser respondido, e tudo o que ela precisava era

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


de um perfume tão sedutor que ele iria ficar apaixonado só de cheirá-
la. Mas havia um problema. Ontem, enquanto Lady Malvinea e Sorcha
tinham ido visitar o vigário e sua esposa, Bronwyn tinha ido para o
quarto de dormir da madrasta atrás de uma amostra de perfumes;
mas descobriu que eles eram todos muito enjoativos e pesados. Ela
queria deixar Alexsey louco de desejo, não o fazer pensar em flores de
funeral. Então a seguir, Bronwyn tinha experimentado o de Sorcha,
que era muito mais leve e mais agradável. Ela quase o pegara
emprestado, quando lhe ocorreu um pensamento: se ela queria que o
perfume fizesse Alexsey se lembrar dela sempre que o sentisse, então a
última coisa que deveria fazer era pegar emprestado o perfume de uma
outra mulher. Frustrada, Bronwyn tinha relutantemente colocado a
ideia para trás. Ela não tinha tempo para encontrar um perfume para
Alexsey associar a ela. Além disso, se ela encontrasse um, a fim de
deixar o príncipe louco de desejo (se ele ainda não estivesse), ela teria
que pagar a um servo para borrifar um pouco em Tulloch Castle, o que
nunca faria.
Ela suspirou, pensando em como poderia seduzir alguém que era
tão bom em sedução. Ao suspirar, ela sentiu os deliciosos aromas que
perfumavam a cozinha: canela, noz-moscada, manjericão, endro –
aquele era tomilho?
Talvez ela estivesse pensando em aromas de uma forma muito
estreita. E se ao invés disso, ela cheirasse a algo que ele entrasse em
contato todos os dias, algo que iria fazê-lo lembrar de seu tempo
juntos, seus beijos, de seus abraços?
A Sra. Pitcairn secou suas mãos no avental. ― Você vai sair para
ler?
― Sim, mas eu tenho apenas uma hora. Mairi e eu iremos polir a

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


prata esta manhã.
― Você trabalha duro, merece algum tempo para diversão. ― A
cozinheira levantou o pano úmido que cobria uma tigela grande e
removeu uma bola de massa de pão ressecada. ― Suas irmãs não
estarão aqui para sempre, Miss. Uma vez que elas se casarem e forem
para seus lugares, o que você vai fazer então?
― Eu não estou realmente certa. ― Bronwyn hesitou. ― A vida
toda achei que Ackinnoull era o meu futuro. Era tudo que eu queria.
Mas agora... ― Ela se inclinou contra a mesa. ― Não tenho certeza do
que o futuro nos reserva. Talvez uma vez que Sorcha e Mairi estiverem
estabelecidas, eu vá viajar.
― Onde queres ir? ― Mrs. Pitcairn tirou um pilão de pedra e
almofariz, colocou um pouco de alecrim na tigela e começou a moer.
O aroma limpo e fresco fez cócegas no nariz de Bronwyn.
Hmm...alecrim. O cozinheiro de sir Henry serve com frequência
pão de ervas e quase sempre usa alecrim. Isso tem potencial.
Ela pegou o olhar questionador da Sra. Pitcairn. — Me desculpe
- para onde eu iria viajar? Eu adoraria visitar a Grécia e a Itália, mas
isso seria muito caro. Talvez em vez disso, eu faça uma viagem às
Hébridas e aos lagos do norte.
─ Os lagos são de tirar o fôlego, Miss. Meu irmão mora no norte,
então eu os vi. E eles não estão tão longe. ─ A Sra. Pitcairn terminou
de moer o alecrim e o reservou de lado, virando-se para pegar um
pouco de manteiga derretida em uma pequena panela junto à pedra.
Bronwyn se inclinou sobre a mesa e pegou uma pitada de
alecrim. Com um rápido olhar para a senhora Pitcairn, ela esfregou
um pouco no pescoço.
Bom Deus, era muito potente quando recém-moído – pensou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


quase com os olhos esbugalhados. Ela procurou um pano para
esfregar, mas a sra. Pitcairn voltou antes que Bronwyn pudesse fazer
qualquer coisa.
A cozinheira pincelou a massa com a manteiga derretida, depois
a polvilhou com o alecrim.
― Se você viajar vai precisar de uma dama de companhia.
Mulheres não podem viajar sozinhas.
― É claro que elas podem, ― disse Bronwyn.
Certamente o cheiro vai desaparecer antes que a hora acabe.
― Nós não vivemos nos tempos medievais; as mulheres viajam
sozinhas para muitos lugares. ─ Mulheres mais velhas, com certeza,
muitas delas forçadas pelas circunstâncias a fazê-lo, mas são aceitas.
Ainda assim, pensar em viajar sozinha não era tão atraente
quanto viajar com alguém com o mesmo senso de humor. Alguém que
iria desfrutar de uma ou duas linhas de um poema de Walter Scott
enquanto admirava um belo lago. Alguém que não gostava de
formalidade e poderia beijar as nuvens de tempestade...
Pare com isso! Ela abanou a cabeça, esperando esquecer os seus
pensamentos.
A Sra. Pitcairn riu. ― Você está com um inseto no ouvido, moça?
― Não, só um pensamento incômodo.
A Sra. Pitcairn colocou o pão em uma grande pá de madeira e
colocou-o no forno. ─ Você terá que agitar mais do que isso para
esquecer um pensamento.
─ Eu vou ler. Você não pode ler e se preocupar, não é possível.
─ Eu me preocupo com você, sozinha lá fora. Algo poderia
acontecer com você e ninguém ouvir seus gritos.
― Os cachorros estão comigo; eles são proteção suficiente.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


A Sra. Pitcairn esfregou as mãos no avental. ― Hmph. Você confia
mais nos bichos do que eu, ― ela revirou os olhos. ― Vá em frente. Há
maçãs no barril, pegue uma no caso de você ficar com fome.
― Obrigada. ― Bronwyn enfiou a maçã brilhante no bolso e vestiu
o manto. Quando ela fechou a porta atrás dela, assobiou para os cães.
Eles vieram correndo de um campo próximo e saíram atrás dela
enquanto descia a trilha, seu livro com um peso agradável no bolso.
O céu estava claro e o sol quente enquanto suas botas rangiam
ao longo do caminho; ela realmente não precisava do manto até chegar
à sombra da floresta. Os cães vagavam aqui e ali, cheirando a grama e
as pedras, e uma folha ocasional que flutuando pousava diante deles.
O som crescente do riacho anunciou sua chegada à clareira favorita.
Scott e Walter escolheram um lugar ao sol para se esticar e logo
seus olhos se fecharam.
O chão estava úmido demais, então ela desamarrou o manto,
jogou-o por cima do ombro, enfiou as saias no cós e depois subiu em
um galho baixo e grosso de sua árvore de leitura. Lá, ela se acomodou,
apoiando as costas contra o tronco enquanto esticava as pernas ao
longo do galho largo. Segura de que não corria o risco de cair, ela
jogou o manto sobre as pernas, certificando-se para não roçar a grama
úmida.
Com um suspiro feliz, ela tirou a maçã e o livro do bolso. A
quietude era adorável e relaxante, um alívio das tensões que agora
enchiam Ackinnoull. Mamãe não era a mesma desde que descobrira a
luva de Alexsey no vestíbulo, embora estivesse estranhamente
relutante em mencioná-la. Bronwyn estava pensado em investigar o
assunto, mas temia que só acrescentasse mais suspeitas às já afiadas
da mãe e, assim, tinha resolvido ficar com o desconfortável silêncio. O

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


restante da família estava muito agitada: seu pai com a cabeça
enterrada na oficina mais profundamente do que o normal, e elas
raramente o viam; Mairi estava constantemente borbulhando de
excitação por causa de eventos no castelo; enquanto Sorcha estivera
quieta ultimamente na tensão de sua nova vida social.
A própria Bronwyn estivera no limite, sua mente nunca em paz.
Não importava onde ela estivesse (em casa, na chapelaria, na igreja) no
momento em que ouvia uma porta se abrir, seu coração acelerava na
expectativa de ser Alexsey. Quando era ele, Bronwyn era lançada em
um estado de excitação física e de turbulência emocional, nenhum
deles lhe dando qualquer alívio. E quando não era ele, ela era mordida
por uma profunda decepção que permanecia por horas.
Ela supunha que a decepção era natural; estava ansiosa para
ensinar a Alexsey uma lição muito necessária e seu tempo estava
acabando. Muito em breve, Sir Henry e seus convidados deixariam o
Castelo Tulloch, e a vida voltaria ao tédio anterior.
Ela franziu a testa. Eu não estava entediada em Ackinnoull antes
de Alexsey chegar, e não vou ficar entediada depois que ele se for.
Porém... teve que admitir que as coisas seriam menos animadas.
Ela reprimiu um suspiro e deu uma mordida vigorosa em sua
maçã, apreciando a doçura quando a pele deu lugar à polpa. Quando
terminou, jogou o miolo na clareira, onde Walter e Scott saltaram
sobre ele, brincando antes de se acalmarem e comerem o que sobrou.
Ela limpou os dedos na parte inferior de sua capa e, em seguida,
pegou o livro, inalando profundamente o ar gelado da floresta, o cheiro
de mofo de folhas caídas e chão úmido fazendo cócegas em seus
sentidos. Ela abriu o livro e dentro de alguns parágrafos estava
perdida nas palavras.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela não estava certa de quanto tempo estava lendo, quando
Walter e Scott olharam para a floresta. Assustada, ela abaixou seu
livro.
Como se tivesse saído das páginas, apareceu Alexsey vestido
igual ao primeiro dia.
Bronwyn prendeu a respiração. Como um homem poderia ficar
tão bem em roupas tão comuns? Ela bateu com o dedo no livro. Miss
Edgeworth obviamente nunca tinha visto uma bela figura masculina
adornada na roupa de um homem trabalhador, ou ela teria mostrado
Roland só com essas roupas, ainda parecendo tão bonito e nobre como
se estivesse vestido formalmente.
Com um latido, Papillon apareceu à vista, com as patas
enlameadas e o rabo abanando tão rápido que era como um borrão.
Walter e Scott correram para cumprimentar a cadelinha.
Alexsey caminhou em direção a Bronwyn, seu olhar quente e
possessivo. ― Você parece uma ninfa de madeira, empoleirada em sua
árvore.
― Eu sentei aqui porque a grama está úmida.
― Ah. Isso, eu posso consertar. ― Ele tirou o casaco e espalhou
sobre a grama na parte inferior do tronco enorme. Parecia mais
acessível agora, vestindo uma camisa branca solta que se agarrava a
seus ombros largos, e depois caía em dobras graciosas em torno de
sua cintura.
― Eu não esperava ver você aqui tão cedo.
Seus lábios se contraíram. ― Você acha que eu sou uma lesma-
da-cama que não levanta até tarde, reclamando de ter que apreciar o
dia? Eu não sou um homem tão insignificante.
"Insignificante" não era uma palavra que ela usaria para

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


descrever qualquer coisa sobre esse homem.
― E não se preocupe que não vou interferir no seu tempo de
leitura. ― Ele enfiou a mão no bolso e tirou um pequeno livro. ― Eu
tenho um livro também.
Quantos homens se juntariam a ela na leitura? Nenhum que ela
já conheceu antes. Ela realmente queria poder parar de encontrar
coisas que gostasse nele; tornava mais difícil manter a distância que
ela precisava desesperadamente.
Mas... talvez isso fosse apenas um truque para ganhar seu favor,
para avançar suas tentativas de sedução.
― Como você sabia que eu estaria aqui?
― Parei em Ackinnoull e falei com a Sra. Pitcairn que estava a
caminho de buscar ovos. Ela me disse que você estaria em seu vale
especial, então eu sabia que você estaria lendo.
― E você acabou tendo um livro no seu bolso? ― Ela não
conseguia manter o tom duvidoso de sua voz.
Ele acenou com a mão. ― É um presente para você, mayah
daragahya 17. Vez que você já está lendo, vou ler com você. Depois
disso, é seu.
Para seu desgosto, mais dos nós que ela amarrou ao redor de seu
coração diminuiu. Não só ele estava disposto a sentar e ler com ela,
mas trouxe-lhe o presente que ela amava acima de todos os outros -
um livro. Droga, ele tinha de ser tão gentil? Ela percebeu que ele
estava olhando para ela, uma pergunta em seus olhos, e ela conseguiu
dizer sem parecer ingrata: ― Obrigada. Você me conhece quase bem
demais.
Seu sorriso brilhava com calor. ― O que eu sei sobre você, minha

17 mayah daragahya: minha querida em russo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


pequena Roza, eu gosto muito. E sei que também vou gostar do resto.
O ronronar em suas palavras fez seu corpo aquecer em reação.
Ele levantou uma sobrancelha. ― Posso me juntar a você?
Claro, seu coração sussurrou. Mais emoções, mais beijos, mais
abraços. Eu quero todos eles.
Isso não é sábio, seu cérebro sussurrou de volta.
Fique quieto, Bronwyn disse a eles quando balançou os pés sobre
a borda do galho e caiu no chão.
― No que você estava pensando? ― Um olhar sombrio escureceu
seus olhos. ― Têm dúvidas, não?
― Dúvidas? Não. Nada disso.
― Você estava pensando em nós. Sobre nossos beijos. O que
fazer. É demais? É muito pouco? Eu vejo em seu rosto Roza, e eu sei.
Bom Deus, ele pode ler minha mente.
― Você pensa demais. ― Ele estendeu a mão para capturar as
bordas de seu manto, puxando-a para ele. ― Eu vejo isso em seus
olhos o tempo todo - duvide disso, duvide daquilo, questione isso,
questione aquilo.
Ela fazia isso? Ela deveria parar? Era ruim que ela não desejasse
viver uma vida não examinada? Possivelmente...
Ele riu baixinho. ― Vê? Você está fazendo agora.
― Eu suponho que me preocupo com as coisas. Você não?
― Às vezes. Mas nunca com você. ― Ele pareceu surpreso por
admitir tal coisa, mas rapidamente ele se recuperou. ― Em
circunstâncias normais, eu deixaria o tempo resolver as questões em
sua mente, mas nós não temos tempo.
Bronwyn achou difícil de engolir. ― Você... você vai embora em
breve.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Uma semana talvez, mas não muito mais. Muito cedo, Roza.
Então, quando vejo essa máscara em seus olhos, sei que devo dizer
alguma coisa.
― Você não precisa dizer nada; isso nunca foi feito para durar. É
apenas um flerte. ― Isso é tudo, um flerte muito potente e
emocionante. Eu vou sentir muita falta. A percepção pegou-a de
surpresa, e seu coração doeu com isso.
― Não olhe assim, Roza. ― Ele puxou-a para mais perto. ― Você
deve lutar contra essas vozes.
― Que vozes?
― As pequeninas que sussurram na noite dizendo que você não
deveria confiar em mim, não deveria estar comigo, não as deixe
reivindicar você. Vamos vencê-las com beijos e risos, vivendo o
momento como os romani. Ninguém é mais feliz que eles.
Ela balançou a cabeça. ― Mas nós escoceses somos o oposto.
Enquanto os ciganos podem fazer as malas e seguir em frente se as
coisas não são como eles gostam, os escoceses cavam em encostas
rochosas e constroem castelos de pedra para que possam permanecer
por séculos. Viver o momento parece errado. É contra o meu sangue.
Seus cílios obscureceram sua expressão enquanto ele passava o
dedo pela bochecha dela. ― Vocês escoceses amam seus castelos.
Ela estremeceu ao toque dele. ― Nós planejamos para os
invernos, porque devemos. E desde que te conheci, percebi que devo
planejar o meu.
Ele deslizou os braços ao redor dela enquanto sorria com seus
olhos. ― Você está longe de seus anos de inverno, Roza. Hoje temos
sol, grama macia para nos proteger, livros para ler e... outras coisas
agradáveis.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela lutou contra a atração de suas palavras. Ele deveria me
desejar até a loucura - não o contrário. Eu não posso esquecer isso.
No entanto, quando ele se inclinou para beijá-la, ela
instantaneamente se levantou na ponta dos pés para encontrá-lo, os
olhos fechados enquanto a boca dele descia sobre ela e...
Ele se afastou.
Ela abriu os olhos.
Ele cheirou.
Ah! O alecrim! Prendendo a respiração, ela esperou.
Ele cheirou novamente. ― É uma erva, nyet?
Ela assentiu, sorrindo timidamente. ― Alecrim.
― O cozinheiro de Tulloch coloca em sopa de tartaruga.
Seu sorriso vacilou. Ela cheirava como uma tartaruga? Não a um
pedaço perfumado de pão, mas uma tartaruga?
― Certamente você também sentiu o cheiro em outros pratos.
Pão, talvez?
Ele balançou a cabeça.
― Em um delicioso ensopado, então? Algo saboroso e quente?
Ele soltou o manto dela. ― No meu país, nós jogamos alecrim em
túmulos.
Ela apenas olhou para ele, chocada.
― Isso parece estranho para você, não? Alecrim mantém fresco
o... Como se diz... — Ele bateu na testa. ― Pensamentos sobre os
tempos que não estão mais aqui.
― Recordações?
― Da! Alecrim mantém frescas as memórias dos mortos.
Adorável. Ela cheirava como uma tartaruga e a sepultura.
― Por que você cheira a alecrim? ― ele perguntou.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Oh. Eu estava ajudando a senhora Pitcairn na cozinha. Ela
estava moendo alecrim para sovar um pedaço de pão e, ah, eu devo ter
derramado um pouco no meu vestido. ― Ela se afastou dele, esperando
que ele não pudesse ver suas bochechas aquecidas. ― Talvez
devêssemos ler por um tempo. ― Bronwyn pegou sua capa e sentou-
se, afastando-se para o lado para dar espaço a ele.
Ele se juntou a ela, sentando-se muito perto, sua coxa
pressionada contra a dela, o que parecia bom demais.
― Alexsey, o alecrim... não vai te incomodar?
― Eu gosto do alecrim. Você cheira como a floresta.
Ela iluminou-se. Isso era muito melhor. Agora, sempre que ele
entrasse na floresta iria pensar nela. Claro, ele também pensaria nela
sempre que tomasse sopa de tartaruga ou assistisse a um funeral, o
que não era o ideal, mas era melhor do que nada. Nada mau para uma
pitada de erva.
Ele se mexeu, o ombro largo contra o braço dela.
― Eu sinto muito. Você precisa de mais espaço?
Uma luz perversa aqueceu seu olhar. ― Com você, eu sempre
quero mais - especialmente beijos.
Ela se viu olhando para a boca dele, desejando... Não. Ainda não.
Ela se afastou. ― Talvez depois de termos lido um pouco.
― Quando você decidir que deseja um beijo, apenas me diga. Eu
esperarei. — Ele se inclinou contra a árvore e olhou em volta. As
folhas brincavam na brisa enquanto a corrente borbulhava. Os três
cães dormiram ao sol. ― Eu gosto disso. Eu não consigo ler em
Tulloch. É muito barulhento.
― Estou surpresa que você não tenha encontrado um espaço
vazio em algum lugar. O castelo é enorme.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Vazio, eu poderia encontrar. Quieto, não. Alguém sugeriu um
show de talentos para aqueles que não caçam. Muitos dos convidados
devem secretamente acreditar que são cantores de qualidade
profissional, e têm praticado a semana toda. Alto.
Ela não pôde deixar de rir. ― Eu entendo que nenhum deles é
bom.
― Os seus miados me deram dor de cabeça.
Seu sorriso escorregou. ― Eu pensei que você gostasse de canto.
― Bom canto, sim, mas isso... ― Ele deslizou um olhar antes de
encolher os ombros. ― Este é um lugar tão pacífico, devemos nos
sentar em silêncio e deixar a natureza cantar para nós.
― Isso soa adorável. ― Ela decidiu não interpretar muito seu
comentário, e se recostou na árvore para ler.
Uma brisa passou pela clareira e ela sentiu o leve aroma de sua
colônia. Ela imediatamente se lembrou do primeiro beijo deles e
depois, do jeito que ele a tocou muito intimamente, deixando-a
ofegante e ansiosa por mais.
Seu corpo formigava pela consciência. Apenas estar perto dele a
fez se sentir desequilibrada e levemente tonta. É assim que ele deve se
sentir. Não eu.
― O que você está lendo, Roza? ― Ele se inclinou para ver seu
livro, sua colônia provocando-a ainda mais. Ela viu quando o olhar
dele percorreu a página. Ele não se barbeou esta manhã e a sombra de
uma barba emoldurava sua boca, fazendo-a ansiar por traçar seus
lábios ao longo de sua mandíbula.
Seus cílios estavam abaixados, então ele estava quase
terminando de ler a página. Tais cílios longos e grossos. Ela se
perguntou como ele deve ter parecido quando criança. Como seria um

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


filho nosso? O pensamento foi tão inesperado que suas bochechas se
aqueceram.
Naquele exato momento ele se endireitou, seu olhar encontrando
o dela.
Por um momento sem fôlego, ela pensou que ele poderia ler seus
pensamentos como tinha feito antes, mas ele apenas balançou a
cabeça pensativamente. ― A pena de Miss Edgeworth é mais afiada
quando ela não está escrevendo sobre beijos.
― Sim. Ela quase errou o alvo com isso.
Alexsey olhou para ela com um sorriso e voltou ao seu próprio
livro.
Ela arrastou o olhar para longe dele, empurrou os óculos de volta
ao lugar e olhou para o livro. Como se pode ler quando um homem
bonito senta-se literalmente do lado? Um homem de verdade. Um que
cheirava tão bem, também.
Ela se pegou inclinando-se um pouco enquanto tentava sentir
sua colônia mais uma vez. Era masculina, picante, e muito leve. Ela
espiou para ele por baixo dos cílios e ficou aliviada por ele parecer
imerso no livro.
Ele virou uma página, aparentemente alheio a ela, seus olhos se
movendo sobre as palavras sem pausa. Havia algo nele - talvez fosse
seu tamanho e seu sorriso preguiçoso - que o fazia parecer sonolento,
como um leão tomando sol. Sabia-se que o leão podia fugir de tudo
que desejasse; a questão era apenas quanto tempo sua presa poderia
suportar.
Ela percebeu que não tinha virado uma página por um tempo,
então rapidamente fez isso, arrastando o olhar para longe dele. Foi
difícil, no entanto. Um homem que amava ler. Um homem que poderia

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


fazê-la rir. Um homem que era tudo o que deveria ser, exceto -
Lembrou-se dele ao pé da escada, informando a Strath a maneira
como passaria algumas semanas à custa dela.
Como poderia um homem tão arrogante ser tão intrigante?
Dentro de uma semana a festa na casa de Sir Henry terminaria, e os
convidados se dispersariam de volta à vida habitual. No caso dela, dias
cheios de nada mais excitante do que um ocasional novo livro. Antes,
isso teria parecido mais que suficiente. Agora, ela não tinha tanta
certeza.
Ela reprimiu um suspiro e se perguntou como ele poderia ficar
tão focado em seu livro, quando ela não conseguia ler uma única
palavra. Que livro ele trouxe para ela, afinal? Um romance? Um livro
de poemas?
Sob o pretexto de enrolar um cacho solto atrás da orelha, ela
virou a cabeça para olhar. Uma descrição de uma tumba egípcia
encontrou seu olhar interessado e ela examinou a página, inclinando-
se para examinar uma imagem delicadamente desenhada de um
sarcófago particularmente belo.
― Você quer ler este livro em vez do seu?
Surpreendida, ela olhou para cima para encontrar seu divertido
olhar sobre ela.
Ela corou.
―Eu sinto muito. Vi um vislumbre da foto e esqueci que era o seu
livro.
― Eu vou trocar com você se quiser.
― Não, não. Está tudo bem. ― Ela voltou ao livro e ficou grata
quando ele fez o mesmo. Ela não ousou olhar para o rosto dele ou para
o livro novamente, ele era rápido demais em perceber. Mas as pernas

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


dele eram outra coisa. Se baixasse um pouco o livro, poderia ver a
longa e musculosa extensão de suas pernas estendendo-se diante dele
e cruzando os tornozelos.
Não havia nada mais arrojado do que um homem com coxas
fortes em calções e botas de montaria. Enquanto ela olhava para as
coxas dele, ele recruzou as pernas flexionando os músculos da
maneira mais perturbadora. Oh Senhor. Eu me pergunto como deve
ser pele nua contra a pele-
― Você não está lendo.
Não, ela não estava. Nem uma única palavra. Ela fechou seu
livro. ― Sinto muito, mas não posso ler com você aqui.
Ele fechou seu livro. ― Para ser honesto, também não tenho lido.
Eu estive olhando para suas botas.
Ela olhou para elas. ― Minhas botas enlameadas?
― Eu não posso olhar para elas sem querer desatá-las.
Houve um ronronar em sua voz que a agitou. ― Desatá-las, ― ela
repetiu sem fôlego, imediatamente capturada na imagem.
― Eu quero fazer você querer o que não deveria, fazer você fazer o
que disse que não faria. Você lembra quando toquei em você, Roza?
O bom Deus, como esquecer tal coisa? Precisou de um momento
para recuperar o controle da sua voz. ― Eu... vagamente lembro-me.
― Tentou parecer aérea, mas deve ter falhado, já que ele riu
quietamente.
― Minha pequena Bronwyn, sempre se negando.
Não se negava nada; simplesmente tentava manter o seu
controle. Se desejasse importuná-lo do mesmo modo que a sua mera
presença a importunava, então teria de ser aquela que conduziria a
dança.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela levantou o queixo e encontrou o olhar dele, e disse em um
tom sugestivo: ― Então o que vamos fazer, já que a leitura
aparentemente está fora de questão?
Seu olhar escureceu. ― Se você quer mais beijos, você tem que
pedir...
Basta pedir, ela disse a si mesma. Mas não – isso não era o que
ela realmente queria. Sorriu provocativamente. ― Não. Você pede.
Algo brilhou nos seus olhos; seu maxilar apertou-se. ― Não
deseja os beijos? Então não os terá.
Meu orgulhoso príncipe precisa ceder! Sua teimosia reforçou a
determinação de que não seria apenas mais um beijo debaixo de uma
árvore, mas um beijo que ele lembraria em seu leito de morte. O beijo
que nenhum outro beijo se comparasse. Era o que ela queria. E se isso
significasse negar o calor que estava fervendo em seu sangue agora,
então ela gostaria de encontrar a força para fazê-lo.
― Bem, nós vamos apenas conversar, então.
Decepção escureceu o seu olhar, e ele jogou o livro para um lado
com um pouco mais de força do que o necessário. ― Sobre o que você
gostaria de conversar?
― Livros, política, arte, religião?
― Você. ― Ele pegou um dos seus cachos, que estava contra o
ombro dela e entrelaçou-o sobre o dedo. ― Seu cabelo é macio como
seda.
Ela teve que engolir antes que pudesse responder. ― Tocar não é
falar.
─ Hmm,─ disse ele em um tom abstraído, seu olhar em seu
cacho.
Ela moveu a cabeça, soltando o cabelo. ― Conte-me sobre

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Oxenburg e seus irmãos. Você é próximo deles?
Ele reprimiu um suspiro, mas respondeu-lhe. ― Nós não
discutimos, se é isso que você quer dizer, mas nós temos vida própria.
Meus irmãos Nikki e Wulf estão na Côrte mais tempo que eu. Nikki é o
rei, então ele deve ficar lá.
― Ele gosta disso?
― Eu acho que sim, embora ele não goste do... como você diz...
rapapés?
― E o seu outro irmão?
― Wulf tem uma cabeça para manter nossos cofres cheios. Agora,
ele e sua esposa estão desenvolvendo nossa indústria de renda, que já
estava prosperando. Mas com a ajuda deles, começamos a fazer o
suficiente para dobrar nossas exportações para várias cidades e por
um preço maior. É muito procurada.
― Eu gostaria de ver esta renda.
― É linda. Meu terceiro irmão, Grisha, o soldado da família,
raramente está em casa. Ele prefere ficar com o exército e realizar
treinamentos quando não está ajudando nossos países vizinhos a
cumprir as obrigações do tratado.
― E você, quando não está vivendo com o povo da sua avó?
― Até recentemente eu era o embaixador.
Ela olhou para a roupa dele e ele riu.
― Eu não sou do tipo que gosta de cerimônia, então há alguma
ironia, não? Mas quando devo me vestir, eu faço. Eu principalmente
participo de festas, finjo me lembrar de pessoas que não conheço e
carrego mensagens de outros reis e parlamentos.
― Parece um pouco chato.
― Eu não gosto disso. ― Ele se inclinou para frente. ― Do que eu

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


gosto são de perniciosas escocesas que dançam como se tivessem três
pés esquerdos, cantam com grande entusiasmo, cheiram como a
floresta e preferem enterrar suas cabeças em um livro do que usar
sedas.
Ela nunca viu ninguém com olhos tão profundos, a cor infinita.
― Algumas das mulheres que você conheceu devem ser lindas.
Ele deu de ombros, seu ombro aquecido contra o dela. ― Você é
linda, mas isso não é suficiente. Beleza é só para olhar. Você não pode
segurá-la. ― Ele lhe deu um sorriso torto. ― Eu quero um favor seu.
Finalmente ele vai pedir esse beijo! Ela assentiu, sua respiração
aumentando.
Ele ergueu os óculos do nariz e os dobrou. ― Eu gostaria de ver
seus olhos. ― Colocando-os de lado, ele segurou seu rosto com sua
mão grande e quente. ― Seus olhos me fazem pensar nos campos
perto da minha casa de verão em Oxenburg. Todo ano o solo é
transformado, e é rico e escuro e marrom como seus olhos. Nesses
campos crescem o trigo mais dourado que o mundo já viu. Ouro como
as manchas em seus olhos, como as luzes em seu cabelo. ― Ele tirou
um cacho de seu rosto, seus dedos roçando sobre sua bochecha até o
lábio inferior. ― Eu me afogo em seus olhos.
Sua boca de repente secou, ela umedeceu os lábios. Seu olhar
seguiu o delicado toque de sua língua.
Ele respirou fundo. ― Droga, Roza, me peça para lhe beijar.
Ele queria beijá-la! E ela queria também. Queria tanto que seu
coração fraquejava, sua pele formigava em antecipação.
Ela virou o rosto na palma da mão dele e beijou sua pele quente.
― Você deve me pedir ― ela sussurrou, implorando.
Sua boca apertou, ela viu a guerra que ele estava lutando, queria

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


o beijo tanto quanto ela, mas seu orgulho exigia sua rendição.
― Peça ― ela sussurrou, segurando seu pulso e arrastando os
lábios sobre os dedos. ― Uma palavra, Alexsey.
Ele prendeu a respiração quando ela beliscou as pontas dos
dedos, seu olhar agora trancado com o dele.
― Peça ― ela sussurrou novamente.
Um lampejo de desejo cru brilhou em seu rosto, e ele estremeceu
como se estivesse com dor. ― Nyet. Você deve ser a única a pedir.
Bronwyn pensou que explodiria como uma bola de fogo se ele não
a tocasse logo. Seu corpo inteiro ansiava por seu toque com um desejo
que a deixou se contorcendo de necessidade.
O que um beijo poderia causar? Seu lado apaixonado perguntou.
O futuro. Seu lado escocês sussurrou com urgência.
Esqueça o futuro. Eu quero isso agora.
― Para o inferno com o pedido. ― Ela puxou a cabeça dele para
baixo e o beijou.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 21

Lucinda se derreteu em seus braços, e o coração de Roland


aqueceu. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Com um gemido de dor Alexsey pegou-a em seu colo, sua boca


possuindo a dela. Ela entrelaçou os braços com mais força em volta do
pescoço dele, abrindo a boca e respondendo beijo por beijo. Lutou para
respirar e devorar, contorcendo-se para se aproximar dele, para
saboreá-lo mais. Ele quebrou o beijo para mordiscar apaixonadamente
seu lábio inferior, e ela ofegou com a necessidade, seu corpo em
chamas, com um anseio que era quase doloroso.
A respiração de Alexsey encurtou o som do pequeno suspiro de
Bronwyn. Ela apertou-lhe a camisa e se esticou contra ele, enquanto
ele deslizava as mãos sobre suas curvas maduras, aprofundando o
beijo. Deus, ela era um enigma delicioso, espinhosa e macia,
desafiando-o com uma frase atrás da outra, beijando-o como se nunca
quisesse que ele parasse.
Ele passou as mãos sobre seu corpo, explorando suas curvas
generosas, amando que ela parecia uma mulher e não um saco de
ossos. Ele poderia segurá-la sem ter medo de quebrá-la. Seus seios
cheios e quadris foram feitos para segurar e provar.
Uma mão se moveu do quadril para a coxa, enquanto a outra
alisava suas costas. O coração dela batia violentamente, enviando
fortes emoções.
Ah, Bronwyn, é o que acontece quando você para de pensar. Você
sente.
Ele acariciava sua língua com a dele. Ofegante e corada, ela

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retornou seus abraços, imitando tudo o que ele fazia com mais paixão.
Ela era uma amante criativa, e o surpreendia toda vez que estavam
sozinhos. Do lado de fora, ela era um pacote de papel pardo
primorosamente amarrado com uma corda, mas por dentro havia uma
explosão das mais ricas especiarias, os vinhos mais caros, os mais
deliciosos pedaços. O desejo de desembrulhá-la e abrir seus segredos
era irresistível.
Ele desamarrou sua capa e a afastou. Então pegou o laço do seu
vestido e puxou, abrindo-o, cobrindo a fina combinação com as mãos
até alcançar os seios cheios e redondos com um gemido. Eles
encheram suas mãos e mais, fazendo com que seu pênis doesse de
necessidade. Deus, ele amou sua plenitude. Gentilmente segurou os
seios dela, observando seus cílios vibrarem com seu toque, um suspiro
afiado encorajando-o.
Puxou o vestido para baixo para que pudesse ver os círculos
generosos de suas aureéolas rosadas através da fina combinação, seus
olhos festejando com a visão. Então se inclinou para colocar o mamilo
na boca, rolando sua língua sobre o nicho endurecido, encorajado
pelos suspiros. De um seio para o outro, ele ministrou servilmente,
negando a si mesmo enquanto incitava sua paixão mais, e mais alto.
Ela apertou-o com as mãos gulosas, as pernas abertas para os
dedos dele que procuravam, enquanto os quadris se moviam inquietos.
Seu corpo doía com a necessidade de enterrar-se nela, mas ele lutou
pelo controle. Ela era muito deliciosa, muito preciosa para devorar.
Esta era uma mulher feita para ser saboreada, uma e outra vez, de
maneira duradoura e tranquila.
Lentamente, ele deslizou a mão para a coxa quente, com a pele
macia escorregando sob a ponta dos dedos. Fez uma pausa logo

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abaixo de sua feminilidade, arrastando os beijos dos seios até o
pescoço. Lentamente, com suavidade, deslizou a ponta dos dedos
sobre ela, mal roçando as dobras úmidas e inchadas.
Ela estremeceu em seus braços. Ele a segurou forte e continuou
acariciando-a, acelerando seus movimentos.
Molhada e com desejo, ela apertava seus ombros devido à
necessidade, suas pernas se separando ainda mais. Ele acariciou-a
com mais firmeza agora, curtindo as expressões que cruzavam seu
rosto. Ela era tão selvagem, tão despreocupada, esticada no colo,
enquanto a acariciava uma vez, duas vezes. Ela convulsionou, seus
gritos tenros e desesperados quando a paixão a atravessou.
O som o deixou com uma dor profunda que o fez trincar os
dentes. Ele apoiou sua testa sobre a dela, sua respiração forte. ― Você
é tão linda.
Segundos passaram e então ela se moveu contra ele, sua voz
rouca e baixa. ― Alexsey. ― Seu olhar fixou o dele. ― Eu quero mais.
― Mas…
Seus dedos se enrolaram sobre sua camisa e ela o puxou para
perto. ― Você disse que eu tinha que pedir. Não estou pedindo, estou
exigindo.
Ele riu e beijou seus lábios inchados. ― Eu não posso dizer não a
você. Eu nunca consegui dizer não a você. ― Ele não tinha esse poder
desde o momento em que a conheceu, e a compreensão disso foi
surpreendente. Antes que ele pudesse se questionar sobre isso, ela
enfiou a mão no colo dele e segurou-o.
Ele inspirou enquanto sua ereção latejava de novo. Menos de um
segundo depois, ambos estavam despidos. Então ele estava abaixando-
a, nua e corada de necessidade, para o casaco.

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Ele a beijou em todos os lugares que podia ver, adorando a
suavidade de sua pele, o rosado de suas auréolas, o rubor de paixão
em suas bochechas. E então, suavemente, sempre muito gentilmente,
ele se moveu entre as pernas e pressionou seu pênis rígido para dentro
dela.
Estava molhada e pronta, e ele deslizou até encontrar sua
barreira. Ela estava tão deliciosamente apertada, seus movimentos
inocentes. Ele apertou os dentes para evitar sua reação e avançou
lentamente.
Ela fez uma careta e arqueou contra ele.
― Bronwyn, ― ele conseguiu dizer. ― Isso pode…
― Pare de falar. Apenas... ― Ela pressionou contra ele.
Ele acariciou sua mandíbula e atravessou a sua virgindade,
capturando sua lágrima com uma chuva de beijos, pedindo
silenciosamente por seu perdão, mesmo que seu corpo se movesse
junto ao seu.
Uma dor profunda misturada com prazer enchia Bronwyn. Ela
apertava-lhe os ombros, ofegante com a dor, mas uma necessidade
poderosa crescia e pedia para puxá-lo contra ela, para se aproximar,
para senti-lo. Ela deslizou as mãos para a cintura dele e depois para
seus quadris. Com um esforço súbito, ela empurrou contra ele,
engolfando-o completamente.
Ele gemeu o nome dela.
Encorajada, envolveu suas pernas em torno dos quadris e
enterrou-o profundamente dentro dela. Ela fez isso de novo e de novo,
a dor surda retrocedendo a cada golpe. E cada vez que o puxava para
dentro, um suspiro de prazer era arrancado dos lábios de Alexsey.
Ele se juntou a ela, empurrando no mesmo ritmo, seus corpos

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suados enquanto eles se deleitavam ferozmente. Momentos depois,
uma onda de prazer a atravessou, fazendo-a gritar seu nome. E desta
vez Alexsey foi com ela enquanto cavalgavam onda após onda de
paixão, finalmente entrando em colapso, agarrando-se um ao outro
sob o céu.

Muito tempo depois, ela suspirou com felicidade. Sentia-se


extremamente poderosa e bastante impertinente, quase bêbada com as
sensações percorrendo seu corpo.
― Então é disso que se trata todo o barulho.
Ele riu e ergueu o cotovelo para sorrir para ela, com os cabelos
caídos em seus olhos. ― Da, é disso que se trata todo o barulho.
― Isso é ... Maravilhoso ─ era muito fraco. ─ Incrível ─ muito
técnico. ― Bem aventurado, ― disse ela.
― Sim, é. ― Ele beijou o canto de sua boca. ― Você está feliz que
você parou de pensar?
― Ai, sim. Um milhão de vezes sim. ― Ela sorriu sonolenta. ― Na
verdade, eu posso decidir nunca pensar novamente.
O que seria bem-aventurado: nunca ter que considerar o que é o
quê, mas apenas ser. De repente, ela entendeu porque isso atraía
tanto a tantas pessoas.
― Eu estou exausto, meu amor. Você me drenou. ― Ele beijou
seu ombro nu, então rolou até suas costas e colocou-a contra ele, sua
cabeça contra seu ombro.
Ela encaixava perfeitamente, e ele sorriu quando ela se
aconchegou contra o pescoço dele, o cheiro de alecrim e lírio fazendo
cócegas em seu nariz.
Ele não só se sentia repleto, mas também se sentia orgulhoso,

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como se tivesse realizado algo excepcionalmente especial. Supôs
mesmo que tinha; ele conseguiu entrar nos braços da mulher mais
fascinante que já conheceu, e agora não queria deixar passar o
momento.
Segurando-a para ele, tirou seu cabelo de seda de sua bochecha.
― Somos bons juntos.
Ela ergueu a cabeça para olhar para ele. ― Podemos fazer isso de
novo?
Ele riu. ― É claro, embora eu deva me recuperar primeiro. E você
também precisará de tempo. Você pode ficar dolorida por um dia ou
dois e pode não se sentir como...
Ela rolou em cima dele, seus olhos rindo. ― Nyet. ― Ela passou
as mãos sobre seu peito, seu estômago, até seu pênis meio
adormecido. ― Eu sinto vontade agora, Alexsey.
― Infelizmente, os homens precisam de tempo para reabastecer.
Mulheres, não tanto.
Ela o olhou com olhos meio fechados, uma expressão melancólica
atravessando seu rosto. ― Quanto tempo vai demorar, pois devo
retornar a Ackinnoull em breve ou alguém pode vir me procurar.
Ele envolveu seus braços com mais força sobre ela, segurando
seu corpo quente contra o dele. ― Ainda é cedo, então você estará
segura aqui comigo. Além disso, é uma boa maneira de ficar depois de
uma brincadeira ― Ele esfregou a bochecha no cabelo dela, puxando
seu manto sobre eles como um cobertor.
― Uma brincadeira, hein? É o que era isto?
― Uma brincadeira, um encontro, fazer amor. . . chame como
você quiser
― Tudo o que você disse, foi muito legal. ― Ela se enrolou contra

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


ele como um gato se aquecendo em uma rocha.
Seu peito estava pressionado para o lado dele e ele podia sentir
seu coração, a batida tão firme como ela, sua pele quente contra a
dele. Um homem poderia se acostumar com isso.
Durante vários minutos permaneceram assim, ambos curtindo a
proximidade do momento, mas muito cedo Bronwyn suspirou e depois
se afastou.
― Está ficando tarde. Devo me vestir.
Ele a alcançou, mas ela o evitou, levantando-se e pegando suas
roupas.
― Fique aqui, ― ela instruiu. ― Eu voltarei.
Ela se foi antes que ele pudesse protestar, e a ouviu se lavar no
riacho. Ele deu-lhe alguma privacidade, levantando-se para reunir sua
própria roupa. Logo ela voltou, parecendo corada mas apresentável.
Com um beijo rápido em seus lábios inchados, ele também foi ao
córrego.
Quando voltou, viu um olhar distante em seu rosto.
― Nyet. ― Ele se sentou em seu casaco e deu um tapinha no
assento ao lado dele.
― Não o quê?
― Você não pode começar a pensar ainda. ― Ele pegou sua mão e
puxou-a para baixo ao seu lado.
― Sim, mas... ― Ela se virou para olhar para ele. ― Alexsey, o que
estamos fazendo?
― Apreciando um ao outro. Parece certo, não é?
― Sim. ― Mas havia dúvida em sua voz.
Porque ela desejava que isso significasse mais? Ou porque temia
que isso significasse demais? Ele olhou em seu rosto, mas agora,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


quando mais precisava, não conseguia dizer o que ela estava
pensando. Seus olhos estavam escuros, sua testa enrugada, mas
nenhuma pista descansava em sua expressão.
― Talvez o nosso propósito seja simplesmente o prazer, ― disse
ele cautelosamente.
― Possivelmente.
Ela não pareceu feliz, mas tampouco ficou desapontada.
Ele suspirou. ― Estamos construindo lembranças, Roza.
Memórias para desfrutar muito depois que este momento se for.
Seu sorriso parecia apertado. ― E você pode se lembrar sempre
que sentir o alecrim.
Sim. Ele se lembraria desse dia até o último suspiro deixar seu
corpo. Isso era bom, não era?
De longe na floresta surgiu um chamado.
― Mairi! ― Bronwyn agarrou seu livro do lugar que estava no
chão, enquanto tentava ajeitar o cabelo com alguma aparência de
ordem, e parecia adoravelmente nervosa. ― Eu deveria ajudar minha
irmã a polir a prata. Ela não deve nos encontrar aqui.
Um estranho baque passou por seu coração. ― Eu não desejo que
você vá embora.
― Não quero ir, mas devo.
Relutantemente, ele encontrou seus óculos e entregou-os para
ela. ― Eu preciso ver você novamente.
Ela deslizou os óculos no nariz. ― Sim. Nós vamos ao castelo em
breve, e nos veremos lá.
― Isso não é suficiente! ― Ele deslizou um braço sobre a cintura e
a puxou para perto. ― Há tão pouco tempo, e quero ver você sozinha,
não com dezenas de pessoas.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Seus lábios se viraram para baixo. ― É tudo o que temos.
― Eu quero mais Bronwyn, deixe-me ir até você esta noite.
Seus olhos se arregalaram. ― Você quer dizer... ao meu quarto?
― Deixe-me passar a noite com você e mostrar-lhe...
Como eu me sinto. As palavras congelaram sua língua. Como eu
me sinto?
Ela se afastou, balançando a cabeça. ― Não. Isso é... Alexsey, nós
não podemos. Não podemos arriscar sermos pegos. Além disso, meu
quarto é no sótão. Há uma árvore lá, mas não é seguro escalar.
― Bronwyn! ― Mairi chamou, sua voz mais próxima. ― Onde está
você?
Bronwyn puxou seu braço livre. ― Eu preciso ir.
Ele deu um passo atrás dela. ― Envie-me uma nota. Diga-me
onde encontrar com você e eu estarei lá.
Mas ela já tinha ido embora, correndo pelo caminho, seus
cachorros correndo atrás dela. Só uma vez ela olhou para trás, e
Alexsey pensou que viu a sombra de um sorriso antes de desaparecer.
Papillon gemeu.
― Eu também. ― Alexsey ficou parado por um longo tempo,
olhando para o caminho. Finalmente, sem nada para ver, e cheio de
sentimentos que brigavam uns com os outros até que ele não pudesse
entender nenhum deles, ele começou a sair. Ao fazê-lo, viu o livro que
trouxe para Bronwyn.
Ele o pegou do chão e guardou-o no bolso, depois olhou em volta
da pequena e idílica clareira. Nenhum outro lembrete da magia que
acabara de acontecer permaneceu.
Curiosamente desolado, voltou para seu cavalo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 22

Lady MacClinton suspirou lamentavelmente. ― Quem sabe o que


está nos corações dos homens?
― Ou mulheres ―, respondeu Lorde MacLynd. ― Seus corações são
tão complicados e negros quanto os nossos. - O Duque Negro, por Srta.
Mary Edgeworth.

Dois dias depois, Alexsey estava no vestíbulo com Strath, Papillon


ofegante aos seus pés. Enquanto colocavam seus casacos, um lacaio
se aproximou.
― Perdoe-me, Vossa Alteza, Sua Graça... A grã-duquesa está
chamando.
Alexsey fechou os olhos, apertando a mandíbula. Como ela sabe
quando estou indo para Ackinnoull? Ele não estava seguro de quem
estava espionando para ela, mas eram notavelmente precisos e ele
estava muito cansado disso.
― Diga a ela que eu estou indo dar uma volta com o visconde. Eu
a vejo quando voltar.
O lacaio estava pálido, com as mãos tremendo. ― Perdoe-me,
Vossa Alteza, mas ela me ordenou que não levasse nenhuma resposta,
e se eu fizesse... ― Ele engoliu e então sussurrou as palavras como se
pudesse torná-las menos poderosas ― Ela disse que se eu não voltasse
com você, ela me transformaria em uma cabra.
O maxilar de Alexsey apertou. ― Ela falou isso?
Ele assentiu com a cabeça, o olhar arregalado e suplicante. ― Eu
não desejo ser uma cabra.
― Posso imaginar que não.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Puta merda! ― Strath fez um barulho frustrado. ― Sua avó...
Fico feliz que ela não seja minha.
― A maioria das pessoas fica. ― Ele se virou para o lacaio. ―
Diga-lhe que você procurou em todos os lugares. Ela não vai
transformá-lo em nada se achar que você simplesmente não conseguiu
me encontrar.
O lacaio limpou a garganta. ― Mais uma coisa, Vossa Alteza.
Parecia que Sua Graça estava tendo dificuldade em respirar. Ela
estava quase ofegante, meio que recuperando o fôlego, por assim dizer.
Ela também parecia pálida.
Strath imediatamente franziu a testa. ― Isso é diferente. Alexsey,
você deve ir até ela.
Alexsey deu uma pequena risada. ― Bobagem. ― Ele olhou para o
lacaio. ― Sua Graça lhe disse para contar se eu recusasse, não é?
O lacaio mudou de pé para pé, sua expressão de pura miséria.
― E ela também pagou algumas libras, eu aposto.
O lacaio não poderia ter parecido mais miserável. ― Cinco libras,
Vossa Alteza.
― Eu sabia. Ela pode esperar, então. Eu tenho uma tarefa a fazer.
― E uma mulher para ver, uma que eu tenho pensado por dois dias e
noites seguidos.
Strath balançou a cabeça. ― Alexsey, tanto quanto me dói por
dizer isso, você deve ir vê-la. E se ela realmente estiver doente? Você
nunca se perdoaria.
Ah merda. Todos estão tentando me manter afastado de
Bronwyn? Mas um olhar de preocupação genuína no rosto do visconde
fez Alexsey suspirar.
― Droga. ― Ele engoliu o impulso de chutar a escada para

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


desabafar sua frustração. ― Bem. Você continua em frente.
Strath assentiu infeliz. ― Essa é a segunda vez em dois dias.
Pergunto-me o que ela está tramando.
― Eu me pergunto, realmente. ― Mas Alexsey sabia. Ele acenou
para o lacaio que se ofereceu para pegar o casaco. ― Vou continuar
vestido, pois não vou ficar muito tempo. ― Ele olhou para Papillon e
gesticulou para o visconde. ― Vá com Strath.
Papillon sentou.
Strath balançou a cabeça. ― Até o cachorro me recusa. Sinto a
necessidade de uma forte bebida e ainda é cedo.
Alexsey voltou a gesticular com os dedos. ― Vá!
Com a cabeça pendurada, Papillon ficou de pé com Strath.
― Eu sempre sou uma segunda escolha. ― Strath puxou suas
luvas. ― Você pensaria que eu estaria acostumado com isso agora. Eu
esperaria por você, mas se o meu tio me encontrar vagando sem nada
para fazer, eu nunca sairei do castelo. Ele falou sobre as melhorias
que gostaria de fazer nesse castelo miserável, e não posso aguentar
mais uma conversa de quatro horas sobre os problemas de drenagem
causados pela inclinação do telhado do lado sul.
Alexsey assentiu. ― Minhas desculpas, Strath. Eu verei você em
breve. ― Com isso, ele se afastou.
Desde seu encontro com Bronwyn na floresta há dois dias, ele
tentou vê-la novamente, mas o destino, e ele suspeitava sua avó,
estavam contra ele.
Ele seguiu o lacaio para baixo na ala em direção à suíte da avó.
Tata Natasha estava em forma rara nos dois últimos dias. No primeiro
dia, enquanto ele ainda estava confuso sobre seu encontro com
Bronwyn, sua avó o pressionou para que fizesse uma viagem rápida a

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


uma aldeia próxima, para comprar um pouco de renda.
O que Tata Natasha não falou para ele; foi que tinha convidado
Miss Carolina Acheson para se juntar a eles. Miss Acheson não estava
muito satisfeita quando Alexsey, reconhecendo as tentativas pesadas
de Tata Natasha em juntá-los, ignorou-a sumariamente. A jovem
senhorita não era tímida em deixar que seus sentimentos fossem
conhecidos, e toda a viagem rapidamente se tornou uma pedra no
sapato.
Pior ainda, eles não encontraram a renda nem a aldeia que sua
avó descreveu, e a pretenciosa Miss Acheson garantiu que todos
estivessem conscientes de que estava cansada, com fome e frio. Seu
temperamento não melhorou quando uma forte chuva atingiu o
caminho para casa, e a carruagem acabou atolada em uma faixa
estreita, duas de suas quatro rodas afundadas até o eixo na lama.
Depois de duas horas inteiras de empurrar e puxar, Alexsey e o
cavalariço tinham conseguido liberar a carruagem, mas estava bem
depois do anoitecer quando entraram na pista que levava ao Castelo
de Tulloch, tarde demais para visitar Bronwyn. Adicionando ao seu
humor já ruim, Miss Acheson tinha sucumbido às lágrimas muito
antes de chegarem ao castelo, e Tata tinha falado bastante
rispidamente com ela e saiu, deixando-o para aplacar a mulher quase
histérica enquanto um lacaio corria para buscar sua mãe amorosa.
Depois de tudo isso, o que Alexsey queria era um banho quente e
nunca mais ver sua avó, ou Miss Acheson, novamente.
Quando amanheceu, veio o crescente desejo de ver Bronwyn. Ele
decidiu se juntar ao ritual da caça com Strath e viajar para
Ackinnoull.
Não conseguiu. Ele mal se sentou para o café da manhã quando

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


a primeira convocação de sua avó chegou. Uma risonha senhorita
chamada Lady Jane, que Alexsey já havia decidido ter a inteligência de
um esquilo morto, informou-o de que sua avó estava doente e
precisava dele imediatamente.
Ele pensou que poderia ser um estratagema, mas era obrigado a
ver a velha senhora. Ele desculpou-se com os outros na sala do café
da manhã e foi ver a avó, apenas para descobrir Lady Jane em seu
encalço, tendo sido ordenada para escoltá-lo como uma espécie de
guarda, com uma tendência irritante de se pendurar em seu braço
enquanto caminhavam.
Quando ele chegou à suíte de Tata Natasha, ele a viu em sua
cama parecendo suntuosa e bem, e rapidamente se tornou evidente
que ela estava apenas cansada da independência dele. Ele
educadamente fez perguntas quanto à sua saúde, fingiu simpatia
quando ela se queixou de dores e aflições que a mantinham na cama.
Para libertar-se dela pelo resto do dia, ele concordou em buscar uma
garrafa de Olimpíada Dew e algo chamado Gorland’s Lotion, ambas as
quais ela jurou que deveria ter, ou não conseguiria se levantar da
cama.
Alexsey tinha a intenção de entregar sua tarefa para um lacaio,
mas sua avó insistiu para que Lady Jane o acompanhasse. Nunca
acostumada a medir as palavras, Tata Natasha deixou Alexsey saber
que a menina risonha era a filha de um conde rico, e que qualquer
insulto poderia ser motivo de um incidente internacional. Era uma
afirmação ridícula, mas Tata havia dito isso na frente da moça, que
não tinha tido o senso de se sentir insultada quando deveria ter. Em
vez disso, a mulher parecia tão entusiasmada com a perspectiva de
simplesmente andar na carruagem com ele, que Alexsey concordou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


com a viagem, prometendo fazê-la o mais rápido possível.
Assim, em vez de visitar Ackinnoull como ele desejava, ele se viu
escrevendo uma nota para ser entregue a Bronwyn antes de dirigir
para a cidade mais próxima para buscar as poções de Tata, com uma
adormecida Lady Jane ao seu lado. Ele descobriu que Lady Jane
amava a moda, a cor azul, as tranças francesas, a limonada rosa, os
cachorros, e toucas, quase tanto quanto odiava política, livros, música
de ópera e museus. Ele nunca esteve tão entediado em toda sua vida.
Embora tivesse feito o seu melhor para desencorajar a convicção
de que Lady Jane era uma conversadora espirituosa, ele não havia
conseguido. Ela falou a partir do segundo em que entraram na
carruagem. Ela até falou enquanto ele se afastava, notando seu amor
por relógios.
Ainda mais frustrante do que a tagarelice de Lady Jane foi a
enorme tempestade que surgiu enquanto estava em sua missão. Ele
perdeu alguns minutos depois do retorno, porque os convidados
estavam tão interessados pelo trovão, que queriam saber como eles
poderiam senti-lo, mesmo quando nas profundezas das muralhas do
castelo. Arriscar um cavalo em tal tempo era pura insensatez, então
sua visita a Ackinnoull teve que ser adiada novamente. Assim, outra
oportunidade para visitar Bronwyn foi perdida.
Quando a tempestade caiu sobre o castelo, ele se perguntou o
que Bronwyn estava pensando. Ele só podia esperar que ela não
acreditasse que sua ausência estava de alguma forma relacionada com
a consumação de seu relacionamento.
Então esta manhã, em um esforço supremo, ele decidiu deixar o
castelo antes que Tata Natasha estivesse acordada. Ele e Strath
haviam se encontrado antes que o sol nascesse. Infelizmente, parecia

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


que estava errado.
Ele andou silenciosamente pelos corredores. Não protelaria para
outro dia. Ela sabe que eu desejo ver Bronwyn, embora eu não saiba
como. Essa é a única explicação para essas tarefas incessantes.
Quando ele alcançou a suíte, dispensou o lacaio e bateu na
grande porta de carvalho. Uma ligeira chamada para entrar se seguiu.
Tata estava sentada em sua cama, vestida com um elaborado
robe, cheio de laços e babados, uma touca de renda sobre seus cachos
perfeitamente penteados. Na cama em que ela estava havia uma
bandeja, sua empregada estava vertendo o chá.
― Humph. Aí está você. ― Tata deu uma olhada na empregada. ―
Saia. Eu falarei com meu neto agora.
A criada saiu. Assim que a porta se fechou, Tata disse: ― Levou
muito tempo para vir.
― Eu vim no segundo em que fui informado de que você queria
me ver.
As sobrancelhas de Tata levantaram-se.
― Correção, no segundo em que ouvi que você estava morrendo,
mesmo não acreditando.
Uma expressão presunçosa descansou em seu rosto. ― Eu pensei
que você poderia pensar isso.
― Qualquer dia você irá mentir e...
― Você não virá? Por favor. Você é ingênuo como seu pai. Todos
os filhos dele são. Você não pode mudar.
Ele apertou os dentes. ― O que você quer, Tata?
― Onde você estava quando o lacaio entregou minha mensagem?
― No vestíbulo. Em mais dois minutos, eu teria escapado.
Suas sobrancelhas se ergueram. ― Escapar? Chegamos a isso,

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


não é?
― Da. Mais uma vez, o que você quer Tata?
Ela tomou um gole de chá. ― Primeiro, parece que perdi meu
cachorro. Novamente.
― Papillon está com Strath, que deve estar andando na trilha sul,
agora.
― Ela fica suja quando você a leva para os campos.
Ele encolheu os ombros. ― Ela precisa de exercícios.
Tata não parecia feliz. ― Traga-a de volta quando você voltar, mas
limpe-a primeiro.
― Tudo bem. Agora, que deveres imensamente importantes você
tem para mim hoje? Não há mais Olimpo Orvalho ou Gorland's Lotion,
espero? Comprei tudo o que eles tinham no apicultor da aldeia ontem.
― Não, não. Tenho muito agora. ― Ela apertou uma mão em seu
coração e suspirou. ― Já foi uma grande ajuda.
― Naturalmente. Na noite passada, no jantar, sentei-me ao lado
de Miss MacInvers, que tem alguma experiência com remédios, pois
sua mãe é bastante idosa. Perguntei-lhe o que pensava de suas duas
poções.
Tata Natasha largou a mão do peito, o olhar repentinamente
evasivo.
― Ela disse que preferia o Olímpico Dew, pois tornava sua pele
mais suave, enquanto Gorland era melhor para aquelas com sardas.
Ela ficou olhando para ele.
― Você me disse que precisava deles. Precisava Tata.
Ela engoliu em seco. ― Eu preciso deles.
― Você me levou a acreditar que sua saúde estava envolvida, que
eles eram medicinais. Eles não são.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Na minha idade, a loção de beleza é medicinal, ― ela respondeu
rispidamente.
Ele suspirou. ― Tata, nos últimos dois dias, você me manteve
ocupado como se eu fosse um menino de recados. Eu permiti isso;
mas não hoje. Hoje, farei o que quiser.
― E o que é que você deseja fazer que é tão importante?
Ela sabia.
― Como eu disse, vou trazer Papillon para você esta noite.
― Pah! Fique com o cachorro. Ela prefere você, de qualquer jeito.
― Ela se serviu de chá e depois o olhou por cima da borda da xícara,
seus olhos escuros se estreitaram. ― Você está cometendo um erro,
você sabe.
Ele se virou para a porta, mas com isso, ele suspirou e voltou.
Ela colocou o copo no prato. ― Eu sou velha, não estúpida. Eu
sei o que você está fazendo e eu me preocupo. De todos os seus
irmãos, você é o mais inquieto.
― Eu? E quanto a Grisha? Ele não esteve em Oxenburg por mais
de três dias seguidos nos últimos quatro anos.
― Ele é um príncipe soldado. Deve treinar o exército.
― Mesmo quando o exército está em casa, ele encontra razões
para ficar longe. Não me diga que papai e mamãe não mencionaram
isso, eu sei que mencionaram.
Seus finos lábios se contraíram. ― Ele é um problema para outro
momento. Este minuto, você é o problema. ― Havia um tom mal-
humorado em sua voz. ― Nikolai e Wulf nunca causam tanta
preocupação como você.
― Nikki é o herdeiro, então ele não pode se dar ao luxo de causar
problemas. E Wulf agora está casado, o que significa que ele não é

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


mais sua preocupação. Isso deixa você livre demais para me
incomodar.
― Eu me preocupo com você porque você se recusa a ficar com
uma mulher que faria sua família orgulhosa! Sempre você encontra
aquelas que não são adequadas: cantoras, dançarinas e atrizes, e
agora este pequeno rato. Pah!
― Basta, Tata. Você não sabe do que está falando.
Ela deu um olhar sombrio. ― Eu sei mais do que você me dá
crédito.
Os empregados sempre pareciam saber de que maneira o vento
soprava.
― Você queria que eu cortejasse uma mulher de qualidade.
― Não uma como esta. Bronwyn Murdoch não tem maneiras,
nenhuma graça, nada que uma princesa precise. Ela não sabe como
receber um dignitário estrangeiro e fazê-lo sentir-se à vontade, ou
como falar com outros convidados em um jantar real. Ela dança como
um urso performático e diz as coisas mais ultrajantes. Sir Henry
tentou conversar gentilmente com ela no último jantar, e ela disse que
não gostava de falar com pessoas que não conhecia. Que tipo de
princesa é essa?
Alexsey teve que esconder um sorriso. ― Eu mesmo não gosto de
falar com a maioria das pessoas.
― Mas você não anuncia. Você pode conversar educadamente
quando precisar, ela não pode.
― Essa é a sua única objeção?
― Isso e ela ser muito velha para ter filhos.
― Você teve um filho com a mesma idade.
Natasha fez uma pausa. Ela esperava que ele não se lembrasse

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


disso.
― Eu tenho a força dos Romani. Ela seria inútil como uma
princesa.
― Você está exagerando. E eu não disse nada sobre fazer dela, ou
qualquer outra pessoa, uma princesa.
Ainda não, pensou.
― Eu duvido que qualquer homem já lhe tenha dado a menor
atenção antes. Ela estará desesperada por conquistar você, e irá
enganá-lo se precisar.
― Basta. ― Sua voz era puro gelo, e ele se virou para a porta.
― Para o bem de sua família, e se você quiser segurar o kaltso,
você não vai persegui-la. Você vai envergonhar a todos.
― Eu não envergonho ninguém compartilhando meu tempo com
uma mulher inteligente.
― Inteligente? ― Natasha o favoreceu com um olhar estreito. ―
Você a ama, então?
Surpresa atravessou o seu rosto. ― Não sei o que sinto, mas hoje
desejo estar com ela. É suficiente.
Ela franziu o cenho. ― Se você quer uma Murdoch, então case
com sua irmã. Falei com Sorcha, e seus modos são bonitos e
encantadores. Ela fala três línguas fluentemente, e sua mãe me
assegurou que ela pode tocar piano com talento. Ela conversa com
conhecimento e graça. Corteje Sorcha em vez disso, e mantenha a
irmã mais velha como amante.
A boca de Alexsey estava branca de raiva. ― Não tenho interesse
em Sorcha, nem em ninguém além de Bronwyn.
Ela escondeu um leve lampejo de esperança por trás de um
encolher de ombros. ― Agora. Mas vai passar. Sempre faz. Você

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


sempre me disse.
― Talvez. Tata, se você conhecesse Bronwyn não sentiria isso. Ela
é sincera e cuida de sua família e de suas irmãs. Ela é atenciosa,
imaginativa e... ― Ele fez uma pausa e respirou fundo. ― Ela é mais
real em índole do que eu jamais serei.
― Então é o que você diz. Mas nós dois sabemos o que você quer
dessa garota. Não negue que tenha tentado seduzi-la. Eu conheço
você, Alexsey. Mas é perigoso jogar com uma mulher virtuosa. As
coisas não são as mesmas aqui como em Oxenburg. Se houver um
escândalo, não há como mudar o seu caminho. Você pagará com sua
liberdade.
Ele virou-se e caminhou até a porta.
― Espere! Não terminei de falar. Aonde você vai?
Ele ofereceu um sorriso sombrio enquanto abria a porta. ― De
acordo com você, eu vou arruinar minha vida e destruir meu futuro.
― Nyet! ― Ela jogou as cobertas. ― Alexsey, se você quisesse
provar que não é mais o rakehell irresponsável que já foi, esta não é a
maneira de fazê-lo. ― Ela pegou o kaltso, puxando-o debaixo de suas
vestes e segurou-o no alto. ― Isto não é para um homem que jogaria
fora sua herança por um mero romance com uma ninguém.
Seus olhos se estreitaram, suas costas muito retas, ele parecia
mais com seu irmão soldado do que nunca o tinha visto. ― Eu desejo
ser o voivode, sim. Mas não à custa do meu orgulho. Vou escolher o
meu caminho, Tata. Com você, sem você. Com o kaltso, sem ele.
― Então você desistiria de suas esperanças por essa mulher.
― Não estou desistindo de nada, não de você, não do destino e
nem dela.
Ela correu até o limite da cama. ― Alexsey, você deve pensar!

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Você não pode...
Mas ela falou com um quarto vazio, a porta batendo de forma
ameaçadora. Ela puxou o sino, e então foi apressadamente para a
mesa dourada rabiscar uma nota. Um lacaio chegou segundos depois,
assim que ela estava dobrando a nota. Ela entregou a ele. ― Leve isso
para Lady Malvinea em Ackinnoull, e aguarde uma resposta.
― Sim, Vossa Graça.
― Pegue agora e monte como o vento. ― Ela puxou uma moeda de
ouro de um saco de seda na mesa. ― Você vê isso?
Os olhos dele eram tão grandes quanto um pires. ― Sim, vossa
Graça.
― Você o terá se retornar com a resposta em menos de meia hora.
Mas se você demorar um segundo mais que isso, você não terá nada.
Agora vá!
Ele praticamente correu da sala.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 23

Lady Bartram suspirou profundamente. ― Lucinda deve ser objeto


de pena tanto quanto de admiração. Há uma coisa sobre uma garota
que perdeu sua mãe ― um conjunto trágico de seus lábios, uma
expressão terna em seus olhos, uma suavidade de espírito. - O Duque
Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Nessa tarde, Bronwyn segurou a página de moda da revista


feminina La Belle Assemblée ao lado do espelho, olhando dela para o
cabelo. A imagem mostrava uma senhora com uma linda pelica azul,
suas mãos enluvadas e aquecidas por um grande casaco de pele
branco. O cabelo da senhora estava num estilo conhecido como à
Sappho, que Bronwyn tentara recriar.
Ela se virou para Walter e Scott que estavam esticados diante do
fogo.
― O que vocês dois acham? ― Ela levantou a revista. ― Está
parecido o suficiente?
Os cães abanaram as caudas, embora não com entusiasmo.
Ela suspirou e jogou a revista em sua penteadeira. ― Eu temia
isto. Eu pensei em fazer algo diferente, mas essa não foi uma escolha
sábia.
Ela olhou de volta para o espelho e puxou alguns cachos,
tentando reorganizá-los. O problema era que seu cabelo era muito
grosso para segurar uma onda adequada. Em vez dos círculos
delicados da imagem, seus cachos pareciam mais salsichas grossas.
Ela suspirou e ajustou um grampo, esperando um milagre. Estava
tentando ficar ocupada desde o último encontro com Alexsey. O

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


momento deles tinha sido tão docemente apaixonado, tão...
emocionante.
Melhor que qualquer romance.
Mas ela não o via desde aquele dia, um fato que estava causando
mais e mais desconforto. Ela esperava uma visita, ou pelo menos uma
nota.
Mas houve aquela horrível tempestade.
Isso o teria mantido longe. Apenas um idiota arriscaria seu
cavalo em tal. Ainda assim, não havia razão para não poder escrever
uma nota. Algumas palavras teriam acalmado seus medos.
Mas até agora, nenhuma nota chegou. Ela engoliu um nó na
garganta. Isso significou tão pouco para você, Alexsey?
Ela não sabia, e não saberia até que falasse com ele novamente.
Scott levantou a cabeça e olhou para a porta. Walter seguiu o
exemplo.
Uma batida firme soou no painel de madeira.
Bronwyn abriu, piscando com espanto quando Mamãe sorriu de
volta para ela, embora seu olhar se arregalasse quando viu o cabelo de
Bronwyn.
― Mamãe... que surpresa. ― De repente, lembrando-se dos
cachorros, ela se jogou na porta.
Lady Malvinea afastou-a de lado. ― Bronwyn, por favor. Eu sabia
desde o dia em que você se mudou para esse quarto que os cães
viriam com você.
― Oh. ― Bronwyn fechou a porta atrás de sua mãe.
A mãe enviou-lhe um olhar monótono. ― Uma boa mãe sabe tudo
sobre seus filhos.
Bom Deus, eu espero que não.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Bronwyn gesticulou para as cadeiras ante a pequena lareira. ―
Não quer se sentar? É a primeira vez que você me visita aqui.
Lady Malvinea sentou-se na cadeira mais próxima, olhando o
cabelo e o vestido de Bronwyn. ― Você está arrumada, eu não sabia
que teríamos qualquer lugar para ir até o jantar de amanhã e a
apresentação de talento em Tulloch.
Bronwyn sentou-se em frente à madrasta. ― Eu estava pensando
em usar isso amanhã. ― Era um vestido de sua temporada, há muito
tempo. Encontrou-o na parte de trás do seu guarda-roupa, esquecido e
tristemente enrugado. Na época, a seda azul pastel com renda branca
tinha lhe causado raiva, mas não mais. Ainda assim, era melhor do
que os vestidos habituais.
Uma vez que a Sra. Pitcairn tivesse feito alguma magia com o
ferro e tivesse removido várias fileiras de flores de seda desbotadas,
Bronwyn pensou que o vestido ficaria adequado para ela. Embora fora
de moda, pelo menos era bonito. E se, por acaso, certo príncipe bonito
passasse a vê-la usando... bem, não podia doer estar devidamente
vestida por uma vez.
Desde o encontro com Alexsey, ela se sentiu mais ousada de
alguma forma. O mundo parecia mais alegre, o sol mais brilhante,
ruídos mais suaves ― e ela estava pronta para mais aventuras. Mais
carícias. Mais Alexsey.
Mas por que, então, ele não a visitou? Seu prazer diminuiu.
Talvez ele estivesse esperando convidá-la para um encontro secreto,
em algum lugar onde eles poderiam estar sozinhos novamente. Era de
tirar o fôlego pensar em se esgueirar para encontrar Alexsey. De tirar o
fôlego, arrojado e talvez errado. Ele disse que estavam fazendo
lembranças. Quando ele se fosse, precisaria de muitas lembranças

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


para manter sua companhia nos próximos anos. O pensamento não a
animou como deveria. De fato, isso fez seus olhos lacrimejarem de
uma maneira muito irritante.
Mamãe franziu os lábios. ― O estilo combina com você, mas está
terrivelmente fora de moda. A cintura é muito baixa e as mangas... ―
Ela balançou a cabeça.
Bronwyn conseguiu um sorriso. ― Tal elogio! Eu mal sei como
responder.
Lady Malvinea imediatamente pareceu contrita. ― Eu sinto
muito. Eu disse isso de forma errada.
― Você disse o que pensa, o que eu valorizo. A propósito, seu
vestido é bastante gracioso.
― Obrigada. É um daqueles que pedimos da modista em
Edimburgo para a temporada de Sorcha. Os pedidos para mim se
ajustaram perfeitamente, mas os dois que pedimos para Sorcha não se
ajustaram em nada.
― Oh céus. Como eles conseguiram errar? Eles mediram Sorcha
na loja.
― Tenho certeza de que não sei. ― Mamãe cruzou as mãos no
colo. ― Seu pai ficou lívido, pensando que teríamos que pagar as
alterações, mas assegurei-lhe que a modista irá consertá-los e sem
custo extra. Mas isso significa que devo levar Sorcha de volta a
Edimburgo para que novas medidas sejam tomadas.
― Que triste.
― É uma pena, pois desejei especialmente que Sorcha usasse o
vestido de crepe azul-claro amanhã à noite. É perfeito para uma jovem
que acabou de ser apresentada à sociedade. ― Ela suspirou. ― Agora
teremos que nos contentar com um de seus vestidos antigos.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Felizmente, ela saiu tão pouco que ninguém vai perceber que
são seus vestidos mais velhos.
― Espero que sim. ― Mamãe recostou-se na cadeira, seu olhar
brilhando sobre Bronwyn de uma maneira muito intensa. ― Foi uma
semana louca, não é?
― Foram semanas muito loucas, embora eu saiba que não é por
isso que você está aqui.
Lady Malvinea corou. ― Sim. ― Ela pausou um longo momento e
então respirou fundo. ― Você sabe que eu te amo como se você fosse
uma das minhas próprias filhas. Espero que você perceba que eu
apenas diria algo crítico se eu achasse que isso era de seu interesse.
Bronwyn esperou; um instante de pavor lhe percorrendo.
― Eu quero perguntar... Oh, querida, não sei como dizer isso,
mas... você esteve se encontrando com o Príncipe Menshivkov em
segredo?
Bronwyn piscou. De todas as coisas que ela esperava que sua
madrasta perguntasse, esta seria a última. Sentindo o olhar da mulher
mais velha sobre ela, umedeceu os lábios esperando que seu rosto não
estivesse tão vermelho quanto sentia.
― Eu não diria que nos encontramos em segredo. ― Isso era
verdade. Pois alguém poderia ter caminhado na direção deles.
― Pensei muito. ― Mamãe cruzou as mãos no colo. ― Ele fez uma
visita há apenas uma hora.
Bronwyn começou. ― O quê! Ele perguntou por mim? ― Ela não
conseguiu evitar a falta de ar de sua voz.
Os olhos da madrasta escureceram. ― Ele perguntou por você,
mas eu disse que você estava levando um recado em Dingwall.
― Por que você disse isso a ele? Eu gostaria de vê-lo. ― Ela

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


precisava vê-lo.
― E é exatamente por isso que eu disse que você não estava aqui.
― Mamãe suspirou. ― Bronwyn, por favor... isso deve parar antes de
alguém se machucar.
― Ninguém vai se machucar. ― Bronwyn não conseguiu manter a
nota teimosa de sua voz.
Os olhos de Lady Malvinea de repente pareceram muito sábios. ―
Minha querida, eu temo que você já tenha se machucado.
Lágrimas queimaram inesperadamente os olhos de Bronwyn. ―
Não.
― Realmente? ― A voz de mamãe era inesperadamente gentil. ―
Devo dizer-lhe que quando eu disse que você não estava disponível, ele
passou bons vinte minutos conversando com Sorcha. E estava muito
atento.
O coração de Bronwyn torceu. ― Tenho certeza de que ele estava
sendo agradável. Ele... ele é muito educado e... ― Mas ele era mesmo?
Ele não se importava se deixaria um bebê dentro dela simplesmente
porque estava entediado, e ele não pensava em pedir nenhuma
permissão às pessoas. E Sorcha era tão adorável.
Não que Alexsey tivesse prometido nada a Bronwyn. De fato,
nenhum deles colocou limites sobre o que começou como um flerte;
transformou-se em um desafio e então se tornou... o que era agora?
Ela nem sabia.
De repente foi difícil engolir. Estava enganada sobre ele?
Não. Não era possível. Se ele esteve conversando com Sorcha, foi
porque era a única coisa a fazer na situação.
A madrasta deu um tapinha em sua mão. ― Oh, Bronwyn.
Gostaria de ter percebido o que estava acontecendo. Fui negligente e

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


sim, sinto muito.
― Você não fez nada de errado.
― Não tenho certeza. Mais cedo hoje, eu tomava chá com a grã-
duquesa. Ela acredita que você está desenvolvendo certos sentimentos
pelo Príncipe Menshivkov. ― Mamãe fez uma pausa, sua cor alterou-
se. ― Sentimentos que não são correspondidos da maneira que você
deseja.
O coração de Bronwyn bateu com dor. ― Como ela saberia?
― Ela falou com seu neto sobre você.
Bronwyn endureceu. ― Quaisquer sentimentos que existam ou
não existam entre o príncipe e eu não são assunto de ninguém.
― Minha querida, uma inocente como você, protegida e com
pouca experiência sobre homens, é facilmente enganada. Expliquei
isso a Vossa Graça e assegurei-lhe que não tinha intenções em relação
a seu neto, que você não está tentando prendê-lo em casamento ou
qualquer outra coisa.
― Claro que não! O casamento nunca foi mencionado. ― E ainda
assim... ela tinha que admitir que em algum lugar ao longo do
caminho, ela estivera sonhando com algo mais. Não casamento, talvez.
Ainda não. Mas seu coração dirigiu-se nessa direção e a percepção
enviou tremores e calafrios através dela.
Como se estivesse sentindo sua turbulência, Walter ergueu-se e
ficou de pé contra o joelho de Bronwyn. Ela acariciou-o
automaticamente e ele se pôs de pé, inclinando-se contra sua perna.
Mamãe suspirou. ― Por favor, não pareça tão arrasada.
― Eu não estou. Não há nada entre nós. Nós dois gostamos de ler
e conversar. ― E beijar. E fazer amor. Suas mãos estavam apertadas
tão fortemente juntas, que seus dedos estavam brancos.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Sim, mas... você o ama? ― perguntou gentilmente.
Ela teve que engolir duas vezes antes de poder responder. ― Não.
― Até agora, ela só gostava muito dele. O amor incluía paixão e
gentileza, carinho e...
Ela fechou os olhos quando a verdade explodiu diante dela. Oh,
querido Deus, eu o amo. Quando isso aconteceu? Ela não podia
respirar, não podia pensar.
― Oh, Bronwyn, ― Lady Malvinea disse suavemente. ― Eu sinto
muito.
Bronwyn só podia assentir.
― No entanto aconteceu, mas devo concordar com Sua Graça:
apaixonar-se pelo príncipe seria desastroso. Ela disse que ele sempre
prometeu que não vai se casar. Ele disse a ela várias vezes que nunca
esteve apaixonado e planeja nunca estar.
Cada palavra era como uma flecha em seu coração.
Mamãe suspirou. ― Por sua causa, pelo bem de todos, você, nós,
devemos parar isso agora.
A garganta de Bronwyn estava tão apertada, que nem conseguia
engolir. Por que ele teria dito algo assim à sua avó, a menos que
desejasse que isso fosse repetido para mim? Eu não lhe ensinei uma
lição, mas ele certamente me ensinou. O amor é tão doloroso quanto
agradável.
Scott veio se juntar a Walter no joelho dela, ambos os cães se
debruçando nela. Seu coração como um peso de ponta, Bronwyn
envolveu seus braços sobre eles.
― Obrigada por falar comigo. Eu sei que não deve ter sido fácil.
― O que não é fácil é ver você se machucar. Eu desejo... ― Mamãe
suspirou.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Lágrimas quentes caiam dos olhos de Bronwyn, mas ela as
segurou.
― Se você não se importar, gostaria de algum tempo para pensar
sobre isso.
― Claro. ― Lady Malvinea levantou-se, incerteza em seu rosto. ―
Eu direi às suas irmãs que você não vai participar do jantar de
amanhã em Tulloch. Devemos simplesmente dizer que você não se
sente bem?
Bronwyn não olhou para cima.
― Por enquanto, tudo bem.
A madrasta começou a dizer algo mais, mas ao ver a cabeça
dobrada de Bronwyn, ela se virou e silenciosamente saiu, deixando
Bronwyn sozinha com seus cachorros e seus pensamentos.

******

― Você não encontrará nenhuma resposta aí, temo.


Alexsey ergueu os olhos das profundezas douradas de seu uísque
para encontrar Strathmoor na porta de seu quarto, vestido com um
casaco de veludo vermelho.
― Nunca se sabe. Eu encontrei respostas em lugares estranhos.
Strath entrou e fechou a porta atrás dele. ― Você deixou a porta
aberta. Eu tomarei isso como um convite.
Ele encolheu os ombros. ― Estamos praticamente sozinhos nesta
ala.
― O jeito nada sutil do meu tio de informar que ele nos acha uns
demônios. ─ Strath fez uma pausa para se servir de um copo de
uísque, antes de sentar-se em frente a Alexsey. ― Deixe-me saber se

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


você encontrar respostas, perguntas ou qualquer outra coisa além de
bom scotch esfumaçado aí dentro. Pois, se você o fizer, os lacaios não
lavaram os copos como deveriam. ― Ele esticou as pernas diante do
fogo e tomou um gole para apreciação.
Alexsey olhou para o amigo. ― Você está acordado até tarde. O
brilho do casaco que está vestindo impediu você de dormir? Está me
mantendo acordado agora.
Strath acenou com o copo. ― Zombe tudo que você desejar. Eu o
comprei na França e paguei uma fortuna por ele, e não ouvi nada além
de elogios por isso.
― Quem elogiou foi meramente educado.
Strath sorriu. ― Provavelmente, mas pelo que paguei, eu aceito
qualquer elogio que receber. Eu estava tão empolgado quando comprei
que mal conseguia contar as moedas. ― Ele passou a mão pelo veludo.
― Pelo menos é quente.
― Isso é bom aqui.
― Ah, é um velho castelo gelado.
Os dois homens ficaram sentados em silêncio por um tempo, o
fogo crepitante o único som na sala. Finalmente, Strath disse: ― Olhe
para nós, dois rapazes turbulentos e felizes. Eu mal sei como suportar
nossa alegria esmagadora.
― Eu admitirei isso; Estou triste esta noite.
― Por causa da jovem Murdoch?
― Sim. Fui visitá-la hoje. Duas vezes. Sua madrasta me recebeu
as duas vezes e pareceu bastante estranha. Ela mentiu para mim e me
disse que Bronwyn não estava em casa.
― Talvez Miss Murdoch tenha relutado em vê-lo, e enviou sua
madrasta para falar com você em vez disso.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Eu pensei nisso, mas quando a vi pela última vez... ― Ele
franziu a testa para o copo. ― Não. É sua madrasta. Mas não posso
evitar pensar que talvez eu tenha culpa. Talvez eu tenha empurrado as
coisas muito longe e rápido demais com Miss Murdoch, esperado
muito... ― Ele balançou sua cabeça. ― Eu não sei.
Ele não deveria ter ficado surpreso; ele pediu a ela que agisse
bem fora da sua área normal de conforto.
― Eu não posso acreditar nisso. Você, o homem que nunca
recusou nenhuma garota, completamente triste por causa de uma
mulher?
Claro que sim. Uma mulher muito teimosa, não cooperativa,
endurecedora e totalmente adorável. Percebendo que os olhos de
Strath estavam sobre ele, Alexsey encolheu os ombros.
― Estou triste, sim. Não é nada, provavelmente a causa seja pelo
clima cinzento. Quando ele desaparecer amanhã, tenho certeza de que
todos vão estar em melhor situação.
― Desaparecer? ― Strath bufou. ― Você obviamente não conhece
a Escócia. Nosso clima é chuvoso, enevoado, nebuloso, nublado,
gelado e - durante duas semanas todos os anos, se merecemos ou não,
- ensolarado.
― No entanto, há certo encanto místico com esse clima. Tanto
quanto existe em suas mulheres.
― Encanto místico. Essa é uma boa maneira de colocá-lo. ―
Strath assentiu e girou lentamente seu uisque. ― Eu tenho pensado
em alguém.
― Alguém que eu conheço?
Strath tomou um gole do uísque. ― Não importa, porque ela não
vai me ter.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Alexsey olhou para seu amigo surpreso. ― Você está apaixonado?
― Afortunadamente, não. Estou com profunda luxúria. Não
acredito no amor.
― Oh? ― Alexsey levantou uma sobrancelha.
― Não ― Strath disse com uma voz muito teimosa. ― Mas essa
mulher... ela é o próprio demônio para decifrar. Um momento ela está
quente, depois ela está fria, muito parecida com o nosso tempo.
― Ah. Ela está relutante, então?
― Muito. Mas então, eu também.
Apesar de seu desânimo, Alexsey teve que rir. ― Vocês dois
relutantes, então como vocês chegaram a se envolver?
― Eu não sei. Isso é o diabo da questão. Lá estávamos nós,
negando um ao outro em um momento e nos beijando no próximo.
Agora nos dividimos entre esses dois extremos até estarmos ambos
tontos com isso.
― Ela gosta de você, então, ou não haveria beijos.
― Por enquanto. Infelizmente, as mulheres mudam de ideia com a
mesma frequência que vestem seus vestidos.
Alexsey assentiu. Seu ânimo estaria se arrastando ainda mais se
ele não se apegasse ao fato de que ainda não havia falado com
Bronwyn. Até que o fizesse, ele não aceitaria essa versão que sua
madrasta continuava cultivando, que ela tivera uma mudança de
sentimentos e não queria mais nada com ele. Claro, ele não estava
apaixonado como o pobre Strath. O que Alexsey sentia era uma
luxúria profunda e agonizante, combinada com uma forte dose de...
Ele gostava de Bronwyn. E de alguma forma isso tornava tudo mais
difícil. Ele não conseguia parar de pensar nela. Tudo o lembrava de
algum momento que eles tinham compartilhado.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Você está olhando para o seu copo novamente, só que agora
você está franzindo o cenho.
― Eu queria que seu tio dissesse a seu cozinheiro para parar de
usar tanto alecrim.
Strath piscou. ― O que há de errado com o alecrim?
Todas as refeições agora serviam como lembrança de Bronwyn. ―
Cada prato maldito tem alecrim nele. Todos.
― Eu nem sei como o alecrim cheira.
― Eu sei... Se você soubesse, também o incomodaria. E também
há muita música nesta casa.
Strath parecia ainda mais confuso. ― Canto. Isso também está
incomodando você?
― Da. A empregada que acende minha lareira de manhã
cantarola. Depois, quando ela está no corredor, ela canta. Não quero
ouvir cantorias.
― Devo entender que sua voz é miserável.
― É agradável o suficiente. Não é isso que me incomoda.
Strath balançou a cabeça. ― Às vezes eu não entendo uma
palavra do que você está dizendo.
― Não é nada. Eu sou como um urso com uma pata ferida. Tudo
me incomoda. Estou tentando descobrir algo – ou alguém – por aí. Isso
é tudo.
― Boa sorte com isso. ― Strath ergueu o copo. ― Aqui é para
mulheres que são espertas demais para seu próprio bem.
Alexsey levantou o copo.
― O que você vai fazer sobre ver Miss Murdoch?
― Vou continuar visitando; se ela quiser me ver, ela vai. ― E se
ela não o fizer... ele pensaria nisso quando tivesse que fazê-lo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Você a deixaria decidir tudo?
― Eu a deixaria fazer todas as escolhas. Deve ser a decisão dela.
― Humpf. Não parece justo para mim, mas o que eu sei? Eu não
posso nem mesmo pegar as mais simples.
― Se você quer essa mulher mutável, você vai conquistá-la. Eu
tenho confiança em você. Mas... tem certeza que é mera luxúria?
Nunca te vi tão determinado a ganhar uma mulher antes.
Strath acenou com o copo. ― Confie em mim, eu sei a diferença.
― Oh?
― Sim. Você pode satisfazer o desejo, mas o amor está sempre
com fome. Quanto mais você o alimenta, mais ele quer. Eu pretendo
saciar esse desejo na primeira oportunidade e acabar com isso. ─ Ele
abaixou o copo vazio, bocejou e ficou de pé. ― Está tarde; Eu devo ir.
― Sim, nós dois devemos dormir um pouco. ― Não que Alexsey
fosse conseguir, pois ele estaria pensando em Bronwyn, lembrando
como era se afundar em seu suave...
Clink.
Ele se virou para a janela. Isso soou como um seixo no vidro.
O ruído veio de novo. Clink. Clink, clink, CLINK!
Poderia ser? Certamente não...
― O que é isso? ― Strath deu um passo naquela direção.
Alexsey quase saltou de pé, bloqueando o caminho de Strath.
― É o vento.
― O vento faz clink?
― Sim. Isso, ah, sopra através das rachaduras na janela e fica
rangendo. Isso é um rangido que você ouve, não é um clink.
― Eu sei o que ouvi. Parecia que algo batia no vidro.
― Nyet ― Alexsey disse com firmeza.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


As sobrancelhas de Strath se elevaram. ― Então você tem
certeza?
― O lacaio verificou na noite passada quando eu mencionei isso.
Fez esse ruído todas as noites desde que cheguei. ― Alexsey pegou
Strath pelo cotovelo e dirigiu-o até a porta. ― Mas eu me acostumei
com o barulho e agora acho calmante.
― Calmante? ― Strath disse duvidosamente.
― Da. Isso me lembra a nossa casa de campo em Oxenburg. As
persianas fazem o mesmo ruído. Clink, clink, clink, a noite toda.
― Puta merda. Lembre-me de nunca aceitar o seu convite para
visitas.
― Eu irei ― Alexsey abriu a porta e guiou Strath até o corredor. ―
Boa noite. ─ Ele fechou a porta e, por uma boa medida, virou a chave
na fechadura.
Depois que os passos relutantes de Strath desapareceram, ele
atravessou o quarto, afastou as cortinas e abriu a janela.
O pálido luar descansava sobre o rosto de Bronwyn virado para
cima, e brilhava em seus óculos.
Alexsey poderia tê-la beijado da cabeça aos pés. ― Roza!
― Shhh! ― Seu sussurro furioso mal alcançou sua janela. ― Você
deseja que sejamos apanhados?
― Nyet, é claro que não, ― ele sussurrou em troca, embora não
houvesse ninguém do lado do castelo que pudesse ouvi-los. ― Se você
tivesse me enviado uma nota, eu teria ido até você.
Um olhar sombrio cintilou em seu rosto. ― Muitas pessoas já
estão falando.
― É mesmo? ― Ele teria que perguntar o que isso significava, mas
agora, ele só a queria em seus braços. ― Espere aí. Vou descer e...

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Não há necessidade.
Para seu espanto, ela jogou as saias sobre um braço e começou a
subir a treliça.
O medo o agarrou. Um passo em falso e... Nyet, não podia pensar
nisso. Ele ficou irritado, incapaz de dizer uma palavra por medo de
assustá-la.
Ela subiu mais alto, movendo-se devagar, com cuidado.
Alexsey murmurou uma série de maldições em voz baixa. ― Você
pequena tola! ― ele sussurrou.
Ela continuou a subir, cada vez mais perto.
Tanto quanto ele odiava que ela estivesse tendo essa ideia, ele
precisava lhe dar crédito. Podia não ser capaz de dançar, mas sabia
como escalar. Ela fez isso bem e rapidamente. Apenas Bronwyn,
pensou com orgulho.
Logo ela estava à sua janela e ele a levou para o quarto. A
sensação de sua suavidade contra ele o fez doer de novo, mas ele
colocou-a em seus pés e virou-se para fechar a janela.
Bronwyn estava sem fôlego, não só com o esforço de sua subida,
mas com sua própria ousadia. Ela não podia acreditar que estava
fazendo isso. No entanto, aqui estava ela, sozinha com o príncipe, tão
deliciosamente lúcida como se tivesse tomado champanhe.
Alexsey puxou as cortinas das janelas e virou-se para encará-la,
com os olhos escuros. ― Você veio até mim. ― Sua voz vibrava de
felicidade.
― Sim. ― Explique isso, Mamãe. Explique por que ele está tão
feliz em me ver, se ele não se importa. Após a visita de Mamãe,
Bronwyn sabia que tinha que ver Alexsey. Ela tinha refletido sobre
tudo o que sabia dele, e não combinava com o que a mãe havia dito.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Eu vim falar com você. Tenho pensado muito ultimamente,
sobre minha vida e a sua. Você estava certo sobre uma coisa.
― Apenas uma? Estou desapontado.
Ela sorriu. ― Você disse uma vez que eu deveria viver o momento,
e não tanto em meus livros. Ao longo dos anos, os livros tornaram-se
meus companheiros. Eu poderia viajar sem viajar, conhecer pessoas
sem deixar Dingwall, me tornar outra pessoa quando minha vida
parecia demais. Sentir sem realmente sentir.
― Um desperdício de uma boa vida.
― Sim. Eu também quero viver e ler. Então ― ela abriu as mãos ―
Estou fazendo exatamente isso. Mas eu tenho uma pergunta para
você, e você deve responder agora, antes que isso continue.
― Da?
― Sou uma fantasia passageira para ser esquecida no segundo
em que você partir?
― Não, Roza. ― Sua voz se aprofundou. ― Se eu vivesse mil anos,
nunca poderia esquecê-la.
As palavras a acalmaram, e seu sorriso sexy lhe disse que a
desejava tanto quanto antes. Não era amor, é claro. Mas ele nunca
tinha prometido a ela, e ela nunca pediu. Era o que era, e isso era
suficiente para esse momento. Não era? Poderia ser?
Ela se afastou do olhar atento de Alexsey sob o pretexto de
examinar o quarto. Era duas vezes maior que a sala de estar em
Ackinnoull Manor. De um lado, havia uma cama grande com cortinas
de veludo vermelhas penduradas, e pilhas de travesseiros e lençóis
brancos como a neve. Uma colcha azul escuro estava cuidadosamente
dobrada ao pé da cama. Apenas olhar para a cama causou um
sensação estranha em seu peito.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela veio aqui para falar com ele, para olhar nos seus olhos e
saber com certeza que ele não era menos do que o homem que ela
conhecera. Mas ela também veio para outra coisa: mais lembranças.
Mais dele. Antes de ele partir.
Seu olhar voltou para ele, e ela percebeu que tudo o que ele
usava era uma camisa branca folgada enfiada nas calças pretas. A
camisa estava desabotoada no pescoço e revelava sua garganta. Seu
cabelo preto estava bagunçado como se ele tivesse passado a mão
várias vezes, e seus olhos brilhavam com curiosidade.
Engraçado, mas ela não tinha pensado em subir ao seu quarto.
Agora aqui estava ela, bêbada em sua própria bravura e com nada a
dizer. Ela sabia o que queria, no entanto.
O aprofundamento de seu olhar lhe dizia que ele também sabia.
Levantando o queixo, desamarrou o manto e jogou-o sobre uma
cadeira próxima. ― Eu não vou precisar disso.
― Não, você não vai. ― Ele riu e caminhou em direção a ela.
Nunca ele pareceria mais com um leão do que agora, suas coxas
musculosas ondulavam enquanto ele se aproximava dela, seus ombros
largos tracejavam contra o fogo. Lembrou-se de quão fácil ele a
arrancou da treliça e a pele dela aqueceu, como se ela estivesse em
seus braços.
Ele parou na frente dela e correu a parte de trás de sua mão por
sua bochecha. ― Estou tão feliz que você veio até mim.
― Eu também estou.
― Você parece estar com frio ― Ele a pegou como se fosse a coisa
mais natural, e a levou para o fogo. Prendendo o pé na perna de uma
cadeira virou-a para mais perto das chamas, e então sentou-se,
enbalando-a para ele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ele sorriu, seus dentes brancos na sala escura. ― Ah. Você gosta,
nyet?
Ela apoiou a cabeça contra o ombro dele. ― Eu gosto, sim.
― Bom! ― Ele fez uma pausa para deslizar seus óculos de seu
rosto e colocá-los na mesa pequena ao lado. ― Mais confortável?
― Muito mais confortável.
Estava bem quente embrulhada em seus braços, mais quente do
que qualquer lareira. Desde que se sentaram, suas mãos nunca
estiveram imóveis, uma acariciando suas costas e a outra o joelho.
Ela olhou para a mão dele, observando o sinete com a esmeralda
reluzente. Ele tinha mãos tão lindas. Se ela fechasse os olhos, podia
imaginar que elas a tocavam, acariciando-a, fazendo-a se contorcer
contra ele. A memória a fez estremecer.
As mãos de Alexsey pararam, depois a abraçaram.
― Por favor, não se mova assim, Roza.
Assustada com a tensão rouca de sua voz, ela se virou para olhar
para ele.
Sua mandíbula estava apertada, sua boca pressionada em uma
linha branca.
― Eu sinto muito. Machuquei você? Eu vou me levantar...
Quando ela se moveu, seus braços a apertaram.
― Apenas... fique um momento para eu poder me recompor.
Ela apertou os lábios sobre o resto da frase e sentou-se em
silêncio até que a respiração dele desacelerasse.
― Desculpe, mas não sei o que aconteceu.
O sorriso dele era apertado, mas menos doloroso. ― A excitação
de um homem só pode ser reprimida por algum tempo. Eu pensei e
sonhei com você o dia todo, e eu sou como um barril de pólvora. E

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


agora você está aqui, a faísca para o meu pó.
Ela sorriu.
― Talvez devêssemos explorar este barril de pólvora mais perto.
Seus olhos escureceram, e ele sussurrou: ― Onde você esteve
toda a minha vida?
Ela sentiu o sorriso tremendo quando sussurrou de volta. ―
Esperando por você.
Seus braços se apertaram sobre ela. ― Você se arriscou hoje à
noite. Eu estou honrado.
― Eu me surpreendi. Nunca imaginei fazer nada assim, visitar
um homem em sua cama.
― Os Romani diriam que seu espírito é tão forte quanto lindo.
Não há maior elogio entre eles.
― Um dia gostaria de conhecê-los.
― Nós os visitaremos no outono, quando eles retornarem após as
viagens de verão.
E assim, ele a envolveu em seu futuro. Era imaginário, é claro,
mas adorável.
― Eu gostaria disso.
― É lindo! As tendas, Roza, e as caravanas até onde o olho pode
ver, tudo aceso com luzes. ― Enquanto ele falava, lentamente passava
a mão por suas costas. ― Há mil fogueiras e música em abundância. A
música puxa o coração.
― E um dia, você irá liderá-los.
Seu sorriso desapareceu, uma súbita escuridão descansando em
seu rosto. ― Eu vou, ― ele disse sombriamente. ― Há mais de uma
maneira de encontrar seu destino.
Inclinou a cabeça para um lado. ― O que quer dizer?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Nada, pequena. Um pequeno obstáculo que devo superar, é
tudo.
Ele parecia tão sério que ela impulsivamente pegou o rosto dele
entre as mãos e acariciou seu pescoço.
― Você pode vencê-lo amanhã. Esta noite, há nós e nada mais.
Sua respiração acelerou enquanto ela seguia os lábios para a
orelha.
― Por favor, ― ela sussurrou, tentando sem sucesso manter a
firmeza em sua voz.
― Sim! Roza. Apenas nós. ― Sem outra palavra, ele ficou de pé e
levou-a para a cama.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 24

Roland olhou para a mão pequena de Lucinda colocada na dele.


Havia momentos na vida de um homem que tinha que tomar uma
decisão. Agora era aquele momento, e seu coração aqueceu com o
pensamento. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Bronwyn lentamente acordou, consciente de um peso


reconfortante sobre a sua cintura. Ela abriu os olhos e, com a luz
cintilante da vela, viu o braço de Alexsey enrolado sobre ela, seu peito
pressionado em suas costas enquanto ele a abraçava, suas pernas
entrelaçadas.
As lembranças da noite anterior provocaram seu despertar. Que
noite gloriosa. Ela sorriu e se acomodou contra ele. Ela se sentia
quente, segura e amada.
No entanto, havia um profundo abismo entre eles, um feito de
seus desejos e suas posições na vida. Era como se estivessem no
mesmo livro, mas em páginas muito diferentes.
Ela passou os dedos por seu braço musculoso e foi dominada
pelo desejo de aproveitar seu calor.
Apesar de todas as histórias de amor que lera, ela não tinha
entendido o poder da paixão ou a dor do próprio orgulho. Só de pensar
em nunca ver Alexsey novamente sentia uma dor quase física em seu
coração. Quando chegar a hora, terei que deixá-lo ir e vou ter que fazer
isso com um sorriso.
Ela engoliu para manter as lágrimas nos olhos. Ela não poderia,
não deveria tornar isso difícil para ele, implorando seu amor,
desejando que ele pudesse cuidar dela do jeito que ela cuidaria dele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Então ela partiria antes dele acordar, antes que pudesse ler a verdade
em seus olhos. Fortalecendo-se, ela lentamente saiu da cama. Tão
silenciosamente quanto pôde, lavou-se e vestiu-se, finalmente
recolhendo seu manto.
Na ponta dos pés foi até a janela. Em vez de arriscar ser pega por
um lacaio na casa, ela desceria a treliça. A lua cheia iluminaria seu
caminho bem o suficiente.
Ela pegou a banda da cortina e depois congelou. Ao fundo havia
uma fina linha de luz. Luz solar.
Com o coração acelerado, ela se virou e olhou para o relógio na
lareira.
Não era o meio da noite, mas de manhã.
Tentando não entrar em pânico, ela abriu a cortina e viu vários
convidados caminhando abaixo, vestidos para uma caçada. Bronwyn
fechou os olhos. Querido Deus, o que eu faço agora? Sentirão minha
falta se eu não voltar logo.
Ela se virou para a porta. Se ela caminhasse com confiança
suficiente, ela poderia simplesmente descer as escadas e sair pelo
jardim. Uma vez que estivesse livre de Tulloch, ela poderia dizer que
acabara de sair para uma caminhada matinal. Ninguém suspeitaria de
nada, então.
Atravessando o quarto, ela parou junto à cama e olhou para
Alexsey. Como ela suspeitou, ele dormiu corajosamente nu, seu corpo
rivalizando com cada estátua grega que ela já tinha visto. Os dedos
dela ansiaram por correr ao longo dos músculos de sua coxa, para
cercar seus braços poderosos e traçar as linhas de seu peito amplo.
Mas, mais do que isso, ela desejava sentir novamente o bater de seu
coração sob a sua bochecha.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela enrolou os dedos nas palmas das mãos e se virou. Movendo-
se silenciosamente, ela cruzou a porta e destrancou-a
cuidadosamente. Abriu uma fenda e espiou no corredor.
Estava vazio.
Aliviada, saiu para o corredor fechando suavemente a porta atrás
dela.
Então ela caminhou com confiança para a frente.
― Miss Murdoch?
Bronwyn congelou, e então se virou para ver Lorde e Lady
Duncan de pé no alto dos degraus com a Sra. MacPherson. Todos
estavam piscando com surpresa.
Ah não!
A Sra. MacPherson deu uma risada sem fôlego. ― Eu não sabia
que você decidiu se juntar à festa da casa! Eu me pergunto por que Sir
Henry lhe designou para esta ala?
Bronwyn forçou um sorriso. ― Tenho certeza de que não sei.
Lorde Duncan disse em um tom confidencial: ― A ala leste é
muito melhor. Há iluminação a gás em cada quarto.
Lady Duncan concordou com a cabeça. ― Estamos aqui para
procurar Lorde Strathmoor. Ele vai caçar com a gente essa manhã e...
― Seus olhos se arregalaram quando de repente olharam por cima do
ombro de Bronwyn. Lady Duncan abriu a boca.
A Sra. MacPherson tornou-se vermelha e encarou também,
enquanto Lorde Duncan atormentado dizia:
― Eu nunca ...!
Lentamente, com medo do que veria, Bronwyn virou-se.
De pé, na porta do quarto de onde ela fora vista saindo, estava
Alexsey. Seus óculos pendiam de uma de suas mãos, enquanto a outra

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


cobria uma parte crítica de seu corpo espetacularmente nu.

Tata caminhou pelo quarto novamente, parando onde Alexsey se


esparramava em uma cadeira junto ao fogo, seu olhar hipnotizado
pelas chamas.
Ela apertou os punhos. ― Seu tolo! Você... Ela ... Eu nunca ...
Pah! Como você pode ser tão estúpido?
Ele ainda parecia perdido em pensamentos, não a reconhecendo
agora mais do que tinha quando entrou pela sala há mais de meia
hora.
― Você não está me ouvindo! Você nunca ouve! Se ouvisse, você
não estaria nesta situação! ― Ela girou nos calcanhares e subiu e
desceu pelo quarto novamente. ― Como eu cheguei a ter tantos tolos
como netos? Nenhum de vocês se casará para se adequar à honra do
seu pai. Olhe para Wulf, que se casou com uma ninguém! Uma
ninguém ...
― Que o povo ama.
Sua resposta repentina a fez se virar. ― Finalmente, você fala.
― Wulf se casou bem, e você sabe disso. Ela o faz muito feliz.
― Ela é apenas uma costureira.
― Que, com seus figurinos, fez com que a renda de Oxenburg
valesse dez vezes mais do que era antes. Por causa dela, há viúvas que
agora podem se dar ao luxo de colocar carne em suas mesas, garotas
que vão se casar com dotes completos, crianças que terão sapatos e
roupas e...
― Pah!
Seu olhar se estreitou. ― Você ganhou crédito por esse
casamento.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Ela se plantou diante de sua cadeira. ― Somente porque eu não
tinha escolha. Ele estava apaixonado por ela. E embora ela não seja
das linhagens que eu teria gostado, ela é uma mulher forte. Eles terão
filhos fortes.
― Você não é tão generosa em sua avaliação de Bronwyn.
― Ela é um rato que se abala com o pensamento de falar com seu
parceiro em um jantar!
Ela esperava enfurecê-lo, mas um leve sorriso tocou sua boca.
― E, no entanto, nunca conheci uma mulher tão obstinada e
forte. Mesmo você e minha mãe empalidecem em contraste.
Tata franziu a testa. ― Você soa como se a admirasse.
― Eu a admiro, muito.
― E, no entanto, você a arruinou!
― Eu fiz, não foi? ― Um sorriso admirado tocou sua boca. ― E
com todo o prazer do mundo.
― Nyet, nyet! Você não entende o que isso significa neste país! No
nosso, isso significaria que você deve à sua família um presente para
ser transferido para o marido escolhido. Não há vergonha nisso, é o
caminho do mundo. Mas aqui, significa que você deve se casar com
ela!
Ele encontrou seu olhar firmemente. ― Eu sabia disso antes de
“arruiná-la”.
― E, no entanto, você correu o risco?
Esse estranho sorriso voltou, um olhar de admiração em seus
olhos.
― Não foi um risco.
― Pah! Como o Lorde da terra, Sir Henry deve exigir que você
ofereça casamento a ela. Mas você me disse centena de vezes que

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


nunca desejou se casar; então você deve partir.
― O quê? ― Alexsey pareceu assustado.
― Agora, antes que Sir Henry possa agir. Encontre um navio e vá
para casa.
― Não irei correr como um covarde.
― Você deve. Esta mulher não é boa para nós. Ela...
― Basta! ― Alexsey se levantou, seus olhos em chamas. ― Não
ouvirei mais suas palavras amargas. Bronwyn deve ser respeitada.
Exijo isso.
Sua raiva era tão forte que Natasha deu um passo para trás. Mas
apenas por um momento. Ela puxou a corrente segurando o kaltso e
sacudiu-o.
― Isso nunca será seu se você se casar com aquela mulher.
― Então não será meu. Mas ninguém pode me impedir de ajudar
o povo Romani. Assim como ninguém pode me impedir de casar com
Bronwyn Murdoch.
Ele se virou e se afastou.
― Não seja tolo! O que você vai fazer?
― Eu vou enviar uma carta a Bronwyn. Esta noite, no jantar de
Sir Henry, eu vou perguntar se posso anunciar nosso casamento.
― Ela não vai querer você. Ela é orgulhosa. É a sua única
qualidade.
― Eu vou conquistá-la. ― Ele hesitou. ― Mas você está certa; ela
está muito ofendida. Mas se eu tiver sorte e o destino for gentil, então
ela vai perceber que não temos escolha e devemos nos casar.
― Você está sendo nobre e deseja salvar a garota do
constrangimento. Isso é bom. Mas há outras maneiras. Se você me der
tempo, vou encontrar uma saída para isso...

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― É meu erro. Devo corrigi-lo. ― Ele foi ao pequeno escritório ao
lado da janela. Tirou um papel e tinta e sentou-se, escrevendo
furiosamente. Ele releu o que escreveu duas vezes, fazendo pequenas
mudanças, depois fez a missiva, dobrou-a e colocou-a no bolso.
Então se dirigiu para a porta. ― Até o jantar.
― Onde você vai destruir sua vida, eu não posso esperar para
testemunhar isso.
Ele saiu, a porta batendo atrás dele.
A carranca de Tata desapareceu, e por um longo tempo ela
simplesmente ficou em pé e olhou fixamente. Então deu um aceno
nítido e correu para o sino junto ao fogo. Ela puxou uma vez, depois
foi até a mesa e rabiscou uma nota apressada. Apenas selou quando o
lacaio apareceu.
Ele se iluminou quando viu a carta. ― Outra missiva para Lady
Malvinea?
Natasha assentiu. ― Desta vez traga-a de volta com você.
Convidei-a para tomar chá, então diga ao mordomo no seu caminho
que uma bandeja deve ser enviada para o meu quarto.
― Sim, Vossa Graça. E se eu a trouxer dentro de trinta minutos,
recebo outra moeda de ouro?
― Duas, se ela chegar antes desse tempo. Mas se ela chegar mais
tarde, então você se tornará uma cabra.
― Och, Vossa Graça, eu vou tê-la aqui em menos de vinte
minutos, veja se não. ― Ele pegou a carta, fez uma meia reverência e
afastou-se do quarto.
Pouco depois, ela ouviu uma carruagem correndo pelo caminho.
Assentindo com a cabeça, sentou-se junto ao fogo e esperou.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capitulo 25

Lucinda olhou as estrelas cintilando no céu acima. Havia tantas.


Roland também estava olhando para elas? Na solidão do momento, uma
estrela brilhou e sentiu sua alma tocar a dela. - O Duque Negro, por
Srta. Mary Edgeworth.

Bronwyn leu a nota pela décima segunda vez, apesar de ter


certeza de que tinha memorizado.
Minha querida Roza,
Devemos nos falar. Eu vou encontrá-la hoje à noite e nós
resolveremos nossas dificuldades sem a interferência dos outros.
Atenciosamente,
Alexsey Romanovin

Bronwyn apertou a nota, sentindo o mesmo lampejo de


desapontamento. O que ele quis dizer com ‘resolver nossas
dificuldades’? As palavras eram tão frias... tão insensíveis.
Mas talvez ela estivesse esperando muito de uma mera nota. Ou
talvez isso fosse tudo o que ele tinha para oferecer, uma oferta
despreocupada feita apenas para apaziguar a sociedade.
Pois é o que eles estavam fazendo, apaziguando a sociedade.
Droga, por que, por que ele apareceu no corredor sem uma roupa
adequada? Não que isso importasse, ela supôs, pois ela teria sido
arruinada de qualquer maneira. Ainda assim, não teria sido uma
história tão sensacional.
Ela pensou em sua atitude quando ele trouxe a carta mais cedo

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


hoje. É claro que mamãe estava presente, determinada a não deixar
que as coisas ficassem fora de controle.
Mas Alexsey tinha sido muito educado. Ele estava tão diferente
de si mesmo, tão rígido e formal, que se parecia estranho e apenas lhe
falou duas palavras. Só houve um momento em que ele parecia mais
ele mesmo. Foi quando disse seu adeus e segurou sua mão por mais
tempo do que era necessário, olhando-a nos olhos como se estivesse
procurando alguma coisa.
A coisa toda tinha sido estranha, e ela estava perplexa até saber
o que significava.
Assim que ele partiu Bronwyn tinha lido a carta, consciente do
olhar de Lady Malvinea sobre o ombro dela. Naturalmente, a mãe
pediu para ler a carta. Curiosamente, pareceu exasperá-la. Ela
declarou que Bronwyn não iria comparecer ao jantar, e no momento
Bronwyn concordara.
Ela não - não poderia - ser amarrada a um homem que nunca
olharia para ela sem desejar sua liberdade. Ela queria ser uma
lembrança maravilhosa, não uma sombria.
Talvez mamãe tivesse razão, o melhor que Bronwyn poderia fazer
era escrever de volta e se recusar a ouvir sua oferta, liberá-lo dessa
situação dolorosa. Ela nunca se casaria por nada menos que amor, e
tudo que Alexsey tinha a oferecer era dever. Ela o libertaria desse
dever. Era o mínimo que podia fazer. Esfregando o peito onde estava
apertado, se virou ao ouvir vozes do lado de fora da porta do quarto,
sem fôlego e rindo. O que na Terra era isso? Ela abriu a porta para
encontrar a Sra. Pitcairn, Sorcha e Mairi, com os braços
transbordando de anáguas, fitas e sapatos.
― Eu pensei que nunca conseguiria subir as escadas, ― exclamou

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Mairi, soprando.
― Onde colocaremos? ― perguntou a Sra. Pitcairn, examinando
uma pilha de anáguas.
― Na cama, ― dirigiu Sorcha. ― Scott, fora!
O grande cão foi se juntar a Walter junto à lareira.
― Eu não entendo, ― disse Bronwyn.
― O que vocês estão fazendo aqui? Não vou ao jantar esta noite.
Mamãe disse...
― Esqueça o que Mamãe disse, ― Sorcha respondeu. ― Você vai
ao jantar esta noite, e é isso.
― Eu não sei. Alexsey não parece muito... animado e todos
estarão falando. ― Ela apertou as mãos em suas bochechas quentes. ―
Eu não quero enfrentá-los. Ou ele.
― Você deve, e você vai fazer isso vestida corretamente.
― Mas Mamãe disse...
― Mamãe nem sempre está certa. ― A boca de Sorcha se
contraiu. ― Na verdade, há momentos em que ela está simplesmente
errada. ─ Ela limpou a colcha com cuidado, depois colocou um longo
embrulho envolto em lençol, juntando-o à pilha de anáguas.
Sorcha virou-se para Bronwyn. ― Nós viemos para garantir que
você vá ao jantar, vestida como alguém esperando uma proposta muito
apropriada e romântica.
― O que você deve conseguir, se o príncipe for metade do homem
que pensamos que ele é, ― acrescentou Mairi.
Bronwyn balançou a cabeça. ― Eu não vou aceitar. Mamãe diz...
― Mamãe-Não-Está-Sempre-Certa. ― Sorcha repetiu a frase com
uma pontuação que aumentou as sobrancelhas de Bronwyn.
― Ela tem boas intenções.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sorcha corou. ― É verdade, mas ela não entende que o amor
nem sempre acontece como um cronograma.
Bronwyn balançou a cabeça. ― Eu nunca disse nada sobre o
amor.
― Você não precisa.
Mairi assentiu. ― Já conhecemos você há algum tempo.
― Muito tempo, ― acrescentou a Sra. Pitcairn.
Bronwyn não podia negar nada com três pares de olhares
expectantes presos nela. Ela afundou no assento da sala de vestir.
― Mas como? Eu só percebi isso nos últimos dias.
Sorcha sorriu. ― Nós conhecemos você. E esta noite, se você
decidir que ele é digno de você ou não, você irá para lá parecendo
fascinante. Porque se você não fizer isso, você passará o resto de sua
vida a se perguntar “e se”. E não há nada mais doloroso do que isso.
Bronwyn parecia curiosa. ― Você soa como se soubesse tudo
sobre o amor.
― Não o suficiente. ― Sorcha se ocupou ordenando os itens na
cama. ― Eu me pergunto se podemos replicar a trança que Mairi fez
pelo meu cabelo, no seu?
― Não, não podemos, embora a ideia seja adorável. Meu cabelo é
muito cheio. ― Bronwyn pegou a mão de Sorcha e virou sua irmã para
encará-la. ― Isso é muito gentil de todas vocês. Não sei como
agradecer.
Ela sorriu para todas elas.
― Eu gostaria que pudéssemos ficar e ajudá-la a se vestir, ― disse
Mairi, ― mas Mamãe virá para ver nossos vestidos, então devemos
estar em nossos quartos e preparadas. Nós não queremos que ela
saiba que você está vindo até o último momento possível.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Então, será tarde demais para ela fazer algo sobre isso, ― disse
Sorcha.
― É por isso que estou aqui, ― disse a Sra. Pitcairn, sorrindo
alegremente. ― Para ajudar você a se vestir.
Bronwyn olhou a carta na mão. Elas estavam certas. Ela e
Alexsey mereciam um encontro final cara a cara.
― Venha ver o que lhe trouxemos. ― Sorcha foi até a cama. Havia
dois pares de sapatos, algumas meias, luvas noturnas e um xale
estilizado pontilhado com rosas de seda azul. ― Não tínhamos certeza
do que seria melhor para você, então trouxemos tudo o que não
iríamos usar.
Mairi pegou o par de sapatos. ― Você tem pés menores, mas pode
colocar papel nos dedos dos pés. Eu não tinha certeza de qual seria o
melhor com o vestido. Espere até você vê-lo! ― Ela desembrulhou o
pacote de folhas.
Brilhando suavemente à luz das velas, havia um vestido de crepe
azul pálido com detalhes em branco. Duas dobras na frente do vestido
estavam alinhadas com pérolas, enquanto uma dupla fileira de pérolas
e pequenas flores brancas decoravam a bainha.
Bronwyn tocou o vestido reverentemente. ― Onde você conseguiu
isso?
Sorcha sorriu. ― É meu, mas não me cabe. Mamãe iria enviá-lo
de volta a Edimburgo para que a saia fosse alongada e o corpete
diminuído, mas acho que caberá em você. E eu quero que você o use
hoje à noite.
Bronwyn olhou para o belo vestido, lágrimas escorrendo pelos
olhos. Ela envolveu Sorcha num enorme abraço.
Mairi riu e abraçou as duas. Enquanto se abraçavam, Mairi

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


disse: ― Quando vocês duas estiverem casadas, vocês devem me
encontrar um marido tão legal quanto os seus. Mas ele deve ser pelo
menos um conde, devastadoramente atraente, e ter dinheiro suficiente
para me manter com livros para sempre.
Bronwyn riu ao se desvencilhar das irmãs. ― Você tem a minha
palavra.
Uma chamada estridente soou em francês e a senhora Pitcairn
anunciou. ― É a empregada francesa de sua mãe. Ela vai querer
ajudar você a se preparar.
Sorcha fez uma careta. ― Nós devemos ir. Desça as escadas
exatamente às oito. É quando vamos sair, e Mamãe mudará de ideia
sobre permitir que você compareça, quando ela perceber que você está
pronta. Vamos ter certeza que ela deixará.
Ela foi para a porta, Mairi em seus calcanhares.
Bronwyn percebeu que as irmãs tinham razão. Ela teria que
enfrentar seu destino esta noite, não se esconder dele. E que melhor
maneira de fazer do que em um novo vestido? O espírito dela animou e
ela começou a atravessar a pilha de roupas.
Uma hora depois, Bronwyn estava de pé diante do espelho, o
brilho suave de uma lanterna brilhando sobre o vestido e sobre as
pérolas. A Sra. Pitcairn prendeu os seus cabelos em um estilo simples
e elegante. Ela parecia melhor do que nunca antes. É uma pena me
vestir para recusar uma oferta, uma que, se tivesse sido feita sob
circunstâncias diferentes, me tornaria a mulher mais feliz da terra.
Ela engoliu uma onda de emoção, limpando os olhos com
rapidez. Ao voltar a colocar seus óculos no lugar, ela olhou para o
relógio. Faltavam cinco minutos para as oito horas, para ela descer as
escadas. Ela pegou seu manto e amarrou-o no pescoço.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Clique!
Bronwyn virou-se para a porta. Isso soou como... a fechadura?
Ela apressou-se e tentou virar o trinco. Nada. Estava trancada do
lado de fora. ― O que é isso? Quem está aí?
A voz de mamãe flutuou. ― Suas irmãs me contaram o plano
delas. Isso é para seu próprio bem, Bronwyn. Eu prometo.
― Não! Você não pode fazer isso!
― Eu devo. ― A voz dela estava cheia de lágrimas. ― Apenas
espere aí. Eu realmente tenho seus melhores interesses no coração -
você verá. Não posso dizer mais, mas apenas espere.
― Mamãe, por favor, não faça... ― Sua voz quebrou e ela teve que
engolir para se estabilizar. Se ela não fosse, então Lady Malvinea
estaria livre para entregar a mais fria das respostas a qualquer coisa
que Alexsey pudesse ter a dizer. Seu coração bateu dolorosamente. ―
Mamãe, vamos falar sobre isso. Venha para dentro e...
― Boa noite, Bronwyn. Vou destravar a porta quando voltarmos.
Seus passos recuaram, e logo Bronwyn ouviu o som distante da
carruagem quando elas saíram. Seu coração batendo na garganta, ela
afundou no chão, sua mente trabalhando furiosamente.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 26

Ela roubou seu coração com apenas um beijo, um beijo tão casto
como a asa de um anjo, leve e cheio de promessa inocente. - O Duque
Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

De uma janela no corredor superior, Alexsey observou as


carruagens entrarem no pátio de Tulloch. O dia todo seu corpo
cantarolou e ele se sentia leve como um leopardo de neve na caça,
fervendo de excitação e senso de propósito. Hoje, ele reclamaria
Bronwyn para si.
Ele não se arrependeu da noite apaixonada que passou com
Roza, se houvessem cem escândalos, ele nunca se arrependeria disso.
Naquela noite, ele estava ainda mais determinado a tê-la em sua vida.
Mas lamentava a forma como se daria esta proposta. A coisa toda - o
escândalo, a fofoca, o fato de que outras pessoas estavam agora
envolvidas no relacionamento dele e de Bronwyn - era a parte
insustentável e isso complicava muito as coisas.
Bronwyn nunca aceitaria uma oferta de casamento feita por
causa da sociedade. Ela era muito teimosa e muito independente para
isso, o que ele gostava. Mas agora, por causa de sua situação, ela
pensaria que era tudo o que ele tinha para oferecer. Por causa de seu
descuido, as coisas se tornaram complicadas. Ela vai me recusar. Eu
sei disso.
Ele puxou a gravata, as palmas das mãos úmidas. Ele não
aceitaria sua recusa. Precisaria de um plano, no entanto. Sim, um
plano. Ele teria que conquistar seu lado pragmático primeiro. Suas

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


circunstâncias ditavam que eles se casassem, e ele estava mais que
disposto, então era isso. Mas seu lado romântico apresentaria um
desafio maior. Ele teria que provar que mais que a necessidade o
trouxera para ela, e que havia uma boa razão para se casar. A melhor
de todas. Porque ele a amava.
Se eu tivesse admitido isso antes. Mas seu coração tinha sido
teimoso em ceder seus segredos. Droga, eu deveria tê-la atraído desde
o começo, mas eu era um tolo e planejei apenas um flerte. Ele pensava
nisso agora. Mas tudo isso poderia ser superado, ele estava convencido
disso. Porque não podia aceitar outra alternativa. Não dessa vez.
Felizmente, ele não era um novato. Apalpou no bolso do casaco,
onde um pacote descansava. Havia mais de uma maneira de atrair
uma mulher que amava um bom livro. Deve funcionar. Nossa
felicidade depende disso.
Abaixo no pátio, o cocheiro de Sir Henry parou. Alexsey inclinou-
se para a frente quando o cocheiro desalojou seus convidados, mas o
pórtico bloqueou sua visão. Amaldiçoando, ele saiu da janela e desceu
as escadas para o salão de baile. Finalmente!
Uma vez dentro do salão de baile, inclinou-se para os que
estavam mais próximos da porta e seguiu para a multidão, ciente dos
sussurros e olhares que o seguiram. Os rumores eram abundantes,
mas ele não poderia ter se importado menos.
Strath deixou um pequeno grupo de homens e se juntou a
Alexsey. ― Ah, o noivo feliz!
Alexsey olhou em volta, franzindo a testa. ― Eu não a vejo. E
você?
― Não.
O olhar de Strath estreitou-se. ― Diga-me uma coisa: valeu a

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


pena?
― Mil vezes sim.
Strath não parecia convencido. ― Ela não vai aceitá-lo, você sabe.
Ouvi dizer que ela vem apenas para recusá-lo.
― Então eu vou fazê-la mudar de ideia.
― Boa sorte. As mulheres Murdoch são um lote teimoso.
― Elas são escocesas. Não espero nada menos.
Strath riu. ― Eu suponho que sim. Somente... não faça nada
precipitado. Você poderia fazer a oferta, deixá-la recusá-lo, então
seguir seu caminho alegre, livre e sem restrições.
― Livre e sem restrições, não tem os benefícios que eu pensava.
― Amém ― murmurou Strath em voz baixa. ― Devo dizer que você
é o mais disposto dos noivos que eu já conheci. Você está
positivamente radiante com...
― Sua Alteza!
Eles se voltaram para encontrar Lady Malvinea. Embora sempre
rígida, ela estava ainda mais esta noite, com as mãos apertadas
firmemente diante dela.
Alexsey olhou além dela, mas não havia ninguém lá. Empurrando
a impaciência para o lado, ele curvou-se. ― Lady Malvinea, onde estão
as suas lindas filhas esta noite?
― Sorcha e Mairi estavam ambas dançando quando as vi pela
última vez.
― E Bronwyn?
― Foi o que eu vim dizer. Ela... ― Lady Malvinea olhou para
Strath, que fingia não ouvir, mas obviamente estava. Ela franziu a
testa. ― Lorde Strathmoor, eu gostaria de falar com Sua Alteza em
particular.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Strath corou. ― Visto que eu já estava aqui quando a senhora se
dirigiu a ele, eu dificilmente poderia sair sem ser grosseiro.
― Você pode sair agora.
A boca de Strath ficou branca, mas sem dizer uma palavra, ele se
virou e saiu.
Alexsey franziu a testa. ― Strathmoor é um bom homem, minha
senhora.
― Se você soubesse quantas vezes ele... ― Ela fechou os lábios. ―
Não importa. Se pudermos caminhar e conversar, haverá menos
interrupções.
Ele a acompanhou. ― Bem? ― ele disse assim que estavam
distante da multidão. ― Onde está Miss Bronwyn?
― Ela se recusou a vir.
Ele nunca considerou essa possibilidade. Tinha certeza de que
ela iria pelo menos ao jantar. Ele imaginou tudo: ela chegaria, eles
conversariam, até discutiriam, ela talvez até deixasse as coisas sem
resolver. Mas ele nunca imaginou que ela poderia nem falar com ele.
E se ela se recusar a falar comigo? Seu coração gelou.
Lady Malvinea o observou de perto. ― Isso lhe perturba, eu posso
ver.
― Eu devo falar com sua filha, Lady Malvinea.
A mulher mais velha suspirou. ― Se fosse assim tão fácil. Vossa
Alteza, ela não se casará com você. Ela está determinada a libertá-lo
desta situação e continuar com sua vida.
Seu peito apertava a cada palavra. ― Ela falou isso?
Ela assentiu. ― Bronwyn não deseja aceitar de forma alguma. Ela
pede apenas que respeite seus desejos e parta o mais rápido possível,
para que ela possa continuar sua vida como era antes.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Seu coração afundou e ele lutou para respirar. Ele percebeu que
Lady Malvinea estava esperando por uma resposta. ― Desculpe, mas
esta notícia... Não posso aceitá-la.
Sua expressão suavizou. ― Talvez... talvez possamos pedir ajuda.
Bronwyn gosta de Sir Henry. Poderíamos pedir-lhe para falar com ela
em seu nome. Ela poderia estar disposta a considerar então.
Por que não? ― Sim. Isso seria bom.

― Aqui está a biblioteca. Por que você não espera, e vou buscar
Sir Henry? Acabei de vê-lo nas escadas, e seria melhor se eu pedisse
sua presença. Ele não está feliz pelo fato de o incidente acontecer sob
o teto dele. Está um pouco irritado com você agora, mas uma vez que
ele saiba que deseja fazer as coisas certas, tenho certeza que virá.
Alexsey não tinha nada a perder. ― Espero aqui. ― Espero que
haja alguma bebida escocesa na biblioteca.
Quando ela saiu ele entrou na biblioteca, apenas para encontrá-
la bastante escura, com apenas uma vela acesa.
Franzindo o cenho, deu um passo em direção a uma lâmpada ao
lado da vela.
― Olá?
Ele se virou ao som da voz de uma mulher. Olhando para a
escuridão, viu alguém se levantar do sofá ao lado do fogo, a parte de
trás do alto ocultando-a de vista. Ele franziu a testa. ― Eu sinto muito.
Achei que esta sala estava desocupada.
― Oh! Vossa Alteza, eu não percebi que era você. ― Ela abaixou
em uma reverência.
― Sorcha? ― Alexsey franziu a testa, caminhando mais perto. ― O
que você está fazendo aqui?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Mamãe tem uma dor de cabeça, e me disse para esperar aqui
enquanto ela pegava alguns...
Ele congelou no lugar. ― Sua mãe?
― Sim. Ela disse que... retornaria... ― Suas palavras diminuíram
para um sussurro, seus olhos se alargando.
― Droga!
Ele se virou para a porta, mas antes de poder dar mais de dois
passos, Tata Natasha e Lady Malvinea entraram, Sir Henry atrás
delas. Sir Henry estava no meio de contar às senhoras uma história
sobre um peixe que ele já havia pego, mas parou bruscamente quando
viu Alexsey e Sorcha.
Parecia condenatório, ― a sala vazia, ele e Sorcha no escuro.
― Bem! ― Tata Natasha disse, a satisfação em seu rosto.
― O que temos aqui?
Os olhos de Lady Malvinea brilharam, embora ela sacudisse a
cabeça em condenação.
― Maldito seja, Sir! ― Sir Henry deu um passo em frente, seu
rosto obviamente corado. ― Quantas Murdochs você está tentando
arruinar?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 27

Lorde Thomas se aproximou. ― Roland, vou lhe contar um antigo


segredo. Há duas maneiras de conquistar uma mulher. A primeira é
usar todas as armas à sua disposição. A segunda é nunca ficar sem
armas. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth.

Alexsey se irritou. Não havia nada para dar certo hoje?


Lady Malvinea voltou-se para Sir Henry. ― O príncipe arruinou
Sorcha. Exijo uma retratação.
As palavras pareciam tão planejadas quanto era.
Alexsey abriu caminho até a lâmpada mais próxima, inundando a
sala com um brilho mais forte.
― Mamãe, não! ― Sorcha correu para o lado da mãe. ― Nada
aconteceu, e você sabe disso. Você foi a única que...
― Calma, criança. Deixe Sir Henry lidar com isso.
O queixo levantou-se.
― Não, não vou deixar! Você planejou isso. Você...
Tata interveio:
― Sir Henry, perdoe a garota. Ela está obviamente perturbada.
Alexsey estreitou seu olhar para a avó. Ela não parecia nem um
pouco chateada. Na verdade, ele detectou um leve vislumbre de um
sorriso nos olhos.
― Com bom motivo! ― Sir Henry olhou para Alexsey. ― Sua
Alteza, você tem muito para responder!
― Não tentei seduzir Miss Sorcha.
― Você estava aqui, assim como ela, a lâmpada foi apagada e

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


quase todas as velas estavam afastadas. Quem fez isso, senão você? ―
Sir Henry balbuciou. ― Como você ousa abusar da minha
hospitalidade desse jeito!
― Eu não sabia que Miss Sorcha estava na biblioteca quando
entrei. Lady Malvinea não mencionou que deixou a filha aqui.
― Ele nunca me tocou, ― acrescentou Sorcha.
― Há! ― Tata Natasha disse.
Alexsey pegou o rápido e significativo olhar que ela compartilhou
com Lady Malvinea. Seu olhar se estreitou.
― Tata, você e Lady Malvinea estão maquinando. Mas o quê? Eu
me pergunto.
Tata fungava: ― Não me peça ajuda; este assunto está nas mãos
de Sir Henry. ― Ela se virou para ele.
― Sir Henry, você sabe o que deve fazer.
O olhar ameaçador de Sir Henry desapareceu um pouco. ― Sei?
― Diga ao meu neto que ele deve fazer uma escolha. Ele deve
escolher com quem se casará.
Sir Henry piscou. ― Eu devo?
― Claro. O que mais você pode fazer?
― Eu não sei. Suponho que essa resposta sirva como qualquer
outra. ― Ele se virou para Lady Malvinea. ― É isso que você gostaria
que eu fizesse? Se fosse eu, preferiria jogar o rapaz na prisão pelo
resto de sua vida.
― Você não pode, ― disse Tata Natasha com serenidade. ― Ele é
um príncipe de Oxenburg.
― Não dou a mínima se ele é um príncipe da Inglaterra, ― Sir
Henry bufou. ― Até onde sei, esse rakehell perdeu sua imunidade
quando seduziu duas mulheres debaixo do meu teto.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Meu Lorde. ― Lady Malvinea limpou a garganta. ― A ideia de
Vossa Graça tem mérito; permita à Alteza a escolha.
Tata assentiu. ― É uma escolha fácil. Bronwyn não tem mais
idade para casar. Sorcha é perfeita. Está decidido. ― Inclinou a cabeça
para Sir Henry. ― Case-os o mais rápido possível.
― Vou buscar um vigário agora e...
― Não.
Todos se viraram para ver Lorde Strathmoor de pé na porta
aberta, com o rosto branco.
Sir Henry franziu a testa. ― Este caso não é de seu interesse.
― O inferno que não ― Strath estendeu a mão para Sorcha.
Com um soluço abafado, ela correu para o lado dele, deslizando
no círculo de seus braços como se ela pertencesse ali.
― Estou tão feliz que você tenha vindo! Mamãe me pediu para
esperá-la aqui, não sabia que estava enganando o príncipe para se
juntar a mim aqui ou...
Tata bateu com o pé. ― Bojhy moj! Todos neste castelo estão
escondendo seus amores?
A boca da senhora Malvinea ficou aberta.
― Sorcha? O que é isso?
Strathmoor apertou um beijo na bochecha de Sorcha, depois
curvou-se para Lady Malvinea.
― Sorcha e eu lhe devemos uma desculpa. Mas cheguei à senhora
muitas vezes solicitando permissão para cortejar sua filha.
― Muitas vezes, ― disse ela bruscamente. ― Você não tem nada
para oferecer a ela.
― Eu a amo, minha senhora. E para nós, é o suficiente. ― Ele
pegou a mão de Sorcha e beijou. ― Nos casamos há dois dias.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O silêncio dominou a sala.
Alexsey engasgou com uma risada. ― Você é um bastardo de
sorte.
Strath enviou-lhe um olhar satisfeito. ― Eu queria te dizer, mas
você estava no meio de sua própria tempestade.
― Estou feliz por ver que seremos irmãos, uma vez que convença
Bronwyn a me aceitar.
― Pah! ― Tata Natasha levantou as mãos. ― Isso arruína tudo.
Lady Malvinea assentiu, com lágrimas nos olhos. ― Nosso
plano... todas as intrigas...
― Da, ― disse Tata com um encolher de ombros arrependido. ―
Foi um belo plano, mas não funcionou tão bem, hein?
― Eu não entendo. ― Sir Henry esfregou os olhos como se
esperasse entender a confusão com mais clareza. ― Strath... casado
com Miss Sorcha? Pensei que não pudessem ficar próximos um do
outro.
― Confie em mim, houve momentos em que a odiava certamente,
e ela, a mim. ― Strath lançou um olhar divertido à sua esposa, que
corou. ― Ela disse não, muitas, muitas vezes.
Sorcha sorriu timidamente. ― Mas ele continuou perguntando,
cada vez mais.
― Sorcha, como você pôde? ― O rosto de Lady Malvinea
transbordava em lágrimas.
― Como você não pôde me dizer? Eu sou sua mãe!
― Eu queria, mas sempre que mencionei Strathmoor, você
declinava e começava a falar sobre o príncipe.
― Mas... ele é apenas um visconde, e tem tão poucas
perspectivas. Como você vai viver?

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Sorcha passou o braço pelo de Strathmoor. ― Eu o amo, e vamos
fazer nosso próprio caminho.
Lady Malvinea voltou-se para Sir Henry. ― Você deve fazer algo
sobre isso!
― Eu não posso. Se eles estão casados, é tudo o que há para dizer
sobre isto. ― Sir Henry suspirou. ― Eu suponho que posso fazer uma
coisa, no entanto. Eu já estava pensando sobre isso, então vou tornar
oficial. ― Ele curvou uma sobrancelha para Strath. ― O que você acha
de ganhar como presente de noivado este castelo?
Os olhos de Strath se arregalaram. ― Tulloch? Para nós?
― Sim ― Sir Henry olhou carinhosamente para a biblioteca. ― Eu
adoro o lugar, mas precisa de alguém que viva aqui e invista as rendas
de volta nas terras. Não tenho tempo para isso, mas você poderia fazê-
lo, rapaz. Você é jovem e tem inteligência.
Strath olhou para Sorcha. ― Bem? Gostaria de ser a Lady de
Tulloch?
Sorcha sorriu. ― Eu felizmente seria a senhora de uma cabana,
se você estivesse lá comigo.
Ele a abraçou e se virou para o tio, com gratidão em sua voz. ―
Eu não posso agradecer o suficiente, tio. Você não vai se arrepender.
Vou implementar todas as mudanças que você sugeriu.
Sir Henry ficou satisfeito. ― Você é bom, Strath. Eu sempre
pensei isso. E tenho vergonha de não ter mantido Tulloch tão bem
como merece. Agora eu posso visitá-lo todos os anos e você pode me
mostrar as melhorias que fez.
Ele levantou a sobrancelha para Lady Malvinea. ― Aí minha
senhora. Eu adociquei o prêmio com um castelo e todas as suas
rendas, que são consideráveis. Sua moça será bem cuidada. Não

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


muito rica, mas ela estará confortável e segura, e terá uma grande
casa para ela e seus filhos.
─ Vou morar perto também, ─ Sorcha acrescentou radiante. ―
Você pode visitar o tempo todo.
Alexsey viu o estremecimento de Strath, mas Lady Malvinea
brilhou.
Ela se virou para Sir Henry. ― Eu não posso lhe agradecer o
suficiente.
― Och, não é nada. Está resolvido, então, e estamos todos muito
felizes por isso. ― Sir Henry se endireitou, seu olhar voltando-se para
Alexsey quando sua expressão se tornou sombria mais uma vez. ―
Mas isto não conserta nosso outro problema.
Tata acenou uma mão. ― Ele não é um problema. Bronwyn é o
problema. ― Ela se virou para Lady Malvinea. ― Nosso plano teria
funcionado, se não fosse por essa complicação.
Alexsey perguntou: ― Qual era esse plano, Tata?
― Ha! Você teria gostado. Foi para seu próprio bem.
― E de Bronwyn, ― acrescentou Lady Malvinea.
― Então vocês duas sabiam que eu nunca escolheria Sorcha.
― Claro que sabíamos disso! ― Tata franziu o cenho.
― Diferente de outras pessoas ― Lady Malvinea enviou um olhar
significativo para Sorcha e Strath ― todos sabiam como se sentia sobre
Bronwyn e ela sobre você.
― Todos?
Sir Henry limpou a garganta. ― Na verdade, eu não fazia ideia.
― Nem eu, ― disse Strath.
Sorcha olhou para o marido. ― Mesmo? Era tão óbvio.
Alexsey levantou as mãos. ― Tata, apenas me diga qual

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


travessura você andou fazendo! Não tenho paciência para isso.
Tata sorriu. ― Está claro para mim há algum tempo que você
pretendia ter a Srta. Bronwyn, ela, ela não. Ela é uma senhorita muito
independente. Muito obstinada.
― O que você não gostou. Você ameaçou reter o kaltso.
― Eu não gostei de imediato, talvez. Mas Lady Malvinea veio me
ver. Ela me contou coisas sobre Bronwyn que eu não conhecia. Sobre
sua força e seu cuidado. Eu decidi que a garota lhe faria muito bem.
― Você disse que ela ficava muito desconfortável em público para
ser uma princesa.
― Facilmente superado com a prática.
― Você também disse que ela era muito velha para se casar e ter
filhos.
― Pah. Aos vinte e quatro anos, ela é uma mera criança. Eu tinha
vinte e sete anos quando tive sua mãe.
― Então você fingiu não gostar de Bronwyn?
― Eu queria ver o quão difícil você estava disposto a trabalhar
para estar com ela.
― Então é por isso que você me fez fazer todas aquelas tarefas
inúteis.
─ E protestei, e exigi que você parasse de vê-la. Mas não importa
o que eu fizesse, não importa o que Lady Malvinea fez, você não deixou
isso te impedir. Você não deixou nada te impedir. Mas então, você
estragou tudo quando deixou que ela fosse pega saindo do seu quarto.
Que jogada tola!
― Eu não queria que isso acontecesse. Mas não é nada. Eu vou
ter Bronwyn como esposa. Esta noite eu ia pedir a ela para se casar
comigo.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Tata levantou a mão, uma expressão dolorida no rosto. ― E ela
teria pensado que era apenas porque você está sendo forçado a isto.
― Eu diria a ela que não é assim.
― Ela pensaria que você estava sendo gentil, ― disse Lady
Malvinea suavemente. ― Ela teria recusado você. É por isso que, com a
sugestão de Vossa Graça, garanti que Bronwyn não estivesse aqui esta
noite, para que essa simulação acontecesse.
Alexsley lentamente acenou com a cabeça compreendendo. ― E
eu teria que fazer uma escolha.
Lady Malvinea sorriu. ― E você teria escolhido Bronwyn.
― Você acha que isso a teria amolecido para a minha causa?
Tata soltou a respiração. ― Você não ouviu uma palavra do que
dissemos? Seu orgulho não permite que ela aceite um casamento
forçado. Se você tivesse uma maneira clara de sair dessa situação e
não a aceitasse, então seu orgulho não seria mais um obstáculo. Claro
que então ela diria que sim.
Strath se moveu com impaciência. ― Estou surpreso que você
jogue com a reputação da Sorcha desse jeito.
Tata acenou com a mão. ― Ninguém saberia o que aconteceu
aqui exceto nós.
Lady Malvinea acrescentou: ― E se alguém falasse, Vossa graça
afirmaria que ela estava na sala o tempo todo. Ninguém ousaria
desafiá-la. Pensamos em tudo. Ou pensei que tínhamos.
Alexsey caminhou em direção à porta.
― Espere! ― Tata deu um passo atrás dele. ― Aonde você vai?
― Vou ver Bronwyn, onde quer que esteja.
Tata disse: ― Leve flores.
― Ou um presente, ― disse Lady Malvinea. ― Isso seria simpático.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Um anel é sempre bem-vindo. ― Sorcha olhou para Strath, que
riu.
― Em breve, meu amor, ― ele murmurou enquanto colocava a
mão no seu braço. ― Iremos a Londres esta semana e você pode
escolher um.
Na porta, Alexsey olhou de volta para Lady Malvinea. ― Ela está
em Ackinnoull?
Ela assentiu.
Sorcha acrescentou: ― Ela viria conosco, mas nunca desceu, e
não podíamos deixar o cocheiro de Sir Henry esperando.
Lady Malvinea estremeceu. ― Na verdade, eu tranquei a porta do
quarto dela.
― Mamãe! ― Os olhos de Sorcha se arregalaram. ― Por que você
faria isso?
― Porque se ela estivesse aqui, não conseguiríamos manter o
príncipe longe dela tempo suficiente para executar nosso plano.
Ao olhar sombrio de Alexsey, Tata disse na defensiva:
― Nós não poderíamos apenas dizer a ela para ficar longe de você.
Você não pode dizer a uma mulher forte que não faça algo. É o mesmo
que...
Mas Alexsey já tinha ido embora.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Capítulo 28

“Leitores amáveis, o amor é indescritível, mas vale a pena. Assim,


vale a pena. - O Duque Negro, por Srta. Mary Edgeworth”.

Alexsey galopou apressadamente o caminho para Ackinnoull e


estava meio fora da sela antes que o cavalo parasse. Ele jogou as
rédeas sobre um anel de ferro e bateu a mão contra a porta.
Ninguém respondeu.
Ele bateu mais alto.
Ainda sem resposta.
Estava argumentando e chutando a porta quando ouviu a voz
frenética da Sra. Pitcairn atrás da casa.
Bronwyn.
Ele correu para a parte de trás da casa e encontrou a cozinheira
de pé debaixo de um grande carvalho, uma mão cobrindo a boca.
― Sra. Pitcairn! O que é...
Ela soltou um grito de lamento e se atirou sobre ele.
― Você tem que salvá-la! Você deve!
Seu coração acelerou aflito enquanto ele olhava ao redor.
― Onde ela está?
A Sra. Pitcairn explodiu em lágrimas e apontou para cima.
Confuso, Alexsey olhou para cima... e viu Bronwyn no alto do
carvalho. Ela estava em um dos galhos, suas saias presas em outro
ramo, uma expressão aflita e os cabelos caindo sobre seu rosto.
Quando ele olhou, o galho em que ela estava deu uma rachada e
desceu uns centímetros.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― As saias dela estão presas, ― disse a Sra. Pitcairn, esfregando
lágrimas dos olhos. ― Ela estava escalando a janela para escapar, e
suas saias ficaram presas em um ramo e agora ela não pode se mover.
― Você está ferida? ― perguntou para Bronwyn.
Ela lançou um olhar assustado para baixo. ― Bonito, ―
murmurou. ― A única vez que eu quero parecer composta e o que o
asno faz, aparece como se fosse algum cavaleiro...
― Eu posso ouvir você.
Houve silêncio, e então, ― Oh.
― Você está ferida?
― Somente meu orgulho, porém, está muito ferido.
O humor em sua voz deveria acalmá-lo, mas não o fez. ― Fique
onde está.
― Como se eu tivesse escolha. Meus óculos caíram. Você
poderia...
― Eles não são importantes. Sra. Pitcairn, não há como escalar
esta árvore; os galhos inferiores estão bem acima da minha cabeça.
Como faço para chegar à janela mais próxima de Miss Murdoch?
― Siga-me. ― Ela parou para gritar: ― Aguente aí, Miss! Sua
Alteza está chegando!
Bronwyn murmurou algo que Alexsey estava certo de que era
inadequado para uma mulher bem-nascida, mas ele não podia culpá-
la.
Ele seguiu a cozinheira escada acima até chegar ao último andar.
― Oh, olhe! ― A Sra. Pitcairn apontou para a chave na fechadura.
― É por isso que ela subiu. Alguém a trancou.
Alexsey abriu a porta, e Walter e Scott saltaram em cima dele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Abaixo, filhotes pestilentos, ― ele rosnou, passando por eles até
a janela aberta.
Bronwyn estava vários ramos abaixo, e ele podia ver onde a saia
dela tinha se enrolado em um nó bem acima de sua cabeça.
― Não se mexa, ― ele ordenou. Demorou alguns minutos, mas
cuidadosamente ele saiu pela janela e subiu na árvore, seguindo
lentamente até o lado dela, tomando cuidado para não pisar no galho
em que ela estava.
Ela deixou escapar a respiração. ― Eu não posso acreditar nisso.
Eu nunca escorreguei, mas estava com pressa.
Para vê-lo.
― Você não deveria estar com pressa, lyubovnitsa18; eu teria
esperado. E agora, você rasgou seu vestido, perdeu seus óculos e seu
sapato.
― Eu posso passar sem as críticas. Estou bem ciente da minha
situação precária.
― Bom. Espero que você esteja farta de escaladas. ― Ele colocou
o pé com segurança em um galho grosso e enrolou um braço sobre
outro. Finalmente, conseguiu alcançá-la.
― Você não se queixou quando subi a treliça para o seu quarto, ―
ela apontou com uma voz séria.
― Aquilo foi diferente. ― Com a mão livre, ele se abaixou, deslizou
um braço sobre a cintura de Bronwyn e ergueu-a.
Ela se agarrou a ele quando foi levantada ao mesmo nível. À
medida que seus pés encontraram segurança ela afrouxou o aperto
feroz em seu pescoço.
― Ufa! Estava bastante assustada. Muito obrigada pela sua

18 Lyubovnitsa: amada em búlgaro.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


ajuda. Mamãe me trancou no meu quarto e... Você já sabia disso?
― Vou ajudá-la de volta à sua janela, e depois discutiremos todos
os eventos da noite. A menos que você deseje fazê-lo aqui. Isso é
bastante confortável, mas não posso te beijar adequadamente sem pôr
em perigo nossas vidas.
Ela ficou em uma tonalidade encantadora de rosa, mas quase
imediatamente sacudiu a cabeça, arrependimento nublando seus
olhos. ― Nós iremos esperar.
Ele se curvou para desenredar cuidadosamente a saia do ramo
quebrado. ― Isso parece com um dos seus livros.
― Exceto que em meus romances, o herói nunca se envolve em
pequenas conversas desperdiçadas quando um resgate é necessário.
Ele riu e continuou tentando libertar as saias.
Ela o observou. ― Não parece que estou ficando livre.
― Eu não posso puxar mais, ou eu posso acidentalmente te
derrubar. ― Ele soltou a saia. ― Você terá que tirá-la.
─ Tirá-la... ─ Ela piscou. ― Aqui?
― Da. Vou ajudar com o laço. Eu sou muito bom com nós.
Ela suspirou. ― Eu começo a me perguntar se você está me
resgatando, ou se eu apenas estou entretendo você.
― Tenho certeza de que podemos conseguir ambos os objetivos ao
mesmo tempo, mas não em uma árvore.
Seus lábios se curvaram. ― Tudo bem. ― Com alguns
movimentos rápidos, ela desatou o vestido e, com um passo
cuidadoso, saiu.
Ela não usava mais que uma combinação, meias e um sapato; a
bochecha estava suja, e os cabelos eram uma massa de emaranhados.
Alexsey nunca viu uma mulher mais bonita.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Aí. ─ Ela pegou um galho próximo. ─ Eu posso voltar para a
janela sozinha. ― Sem dar-lhe outro olhar, ela começou a subir.
Ele manteve um olho nela, mas ela manteve seu equilíbrio muito
bem. Sua Roza era uma mulher de muitos talentos.
Ela finalmente subiu pela janela, Alexsey seguindo-a. Eles foram
saudados por gritos de felicidade da Sra. Pitcairn e latidos dos cães.
A Sra. Pitcairn apertou as mãos sob o queixo. ― Ai, foi tão
romântico, Miss!
Bronwyn encontrou uma túnica e correu para colocar. ― Eu não
chamaria isso de romântico.
― Pode não ter sido como se fosse, mas parecia ser da janela.
Alexsey virou-se para a Sra. Pitcairn. ― Eu acredito que sua
senhora poderia tomar um pouco desse chá que vocês escoceses
parecem beber o tempo todo.
A Sra. Pitcairn correu para a porta, depois parou e se virou.
― Miss Bronwyn, não é apropriado para você ficar sozinha aqui
com um homem, Miss. Eu não poderia...
― Está tudo bem, senhora Pitcairn, ― disse Alexsey. ― Miss
Murdoch e eu estamos prestes a ficar noivos.
Bronwyn enrijeceu. ― Não estamos.
― Sim, estamos, ― ele respondeu. ― Se não hoje, então muito em
breve. ― Ele olhou de forma significativa para a senhora Pitcairn ―
Será mais cedo se estivermos sozinhos.
A Sra. Pitcairn sorriu. ― Eu vou fazer um chá. ― Apesar das
queixas murmuradas de Bronwyn, ela desapareceu pelas escadas.
Alexsey sentou-se na beira da cama, admirando a camisa de
renda que sua futura noiva estava vestindo, aparecendo de sob o seu
manto.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Seu rosto enrubecido, Bronwyn mergulhou de volta no guarda-
roupa e procurou um vestido. ― Não há necessidade de você ficar
aqui.
― Eu desejo falar com você. Aguardei toda a noite para fazer isso,
e agora é um bom momento.
Ela encontrou um vestido e apressou-se a puxá-lo, consciente do
seu olhar quente.
Os olhos de Alexsey eram escuros e inescrutáveis. ― Muitas
coisas aconteceram nas últimas semanas desde que nos conhecemos.
― Sim, e algumas delas têm implicações para o nosso futuro.
Alexsey, eu sei o que você vai dizer, mas devo ser clara. Não posso me
casar com você.
Seus olhos se aqueceram. ― Você não sabe o que vou dizer. Eu
ainda não falei sobre casamento. Eu tenho outras coisas mais
importantes para dizer. Como o quanto eu amo você.
Ela levantou uma mão. ― Não! Você não precisa dizer isso.
― Precisar? ― Ele pareceu divertido. ― Eu não tenho que fazer
nada. Eu poderia sair deste país agora e ir para casa, e ninguém
poderia me impedir.
Ela endureceu. ― Você poderia, não poderia?
― Da. Mas eu não quero. Não, a menos que eu possa levar meu
prêmio comigo.
― Prêmio?
― Você, Roza. ― Ele pegou sua mão e puxou-a para ele, fazendo-a
sentar em seu colo.
― Há dois fatos que não consegui admitir nem a você nem a mim
mesmo. Bronwyn, eu quero você e ninguém mais. E eu terei você, ou
não terei ninguém.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Quer? Isto não é suficiente.
― É. Eu quero você na minha vida por uma razão e uma única
razão. Porque eu amo você.
A garganta de Bronwyn apertou. Ela queria acreditar nele. ―
Alexsey, eu sei por que você começou a me cortejar. Eu ouvi sua
conversa com Strathmoor em Tulloch.
Ele estremeceu. ― Aquilo foi errado da minha parte e eu te devo
um grande pedido de desculpas. Eu era egoísta e entediado e...nada
disso é para o meu crédito. Mas desde que te conheci e me deixou ver
que mulher linda e maravilhosa você é - Bronwyn, eu não sou o
mesmo homem que estava naquele corredor, um homem que não
acreditava no amor. Se você me aceitar ou não, eu nunca mais serei
aquele homem. ― Seus olhos brilhavam com a verdade.
― Eu tenho que admitir algo também, ― disse ela. ― Depois que
eu ouvi você, eu desejei puni-lo. Eu tentei seduzi-lo, para fazer você
ficar louco de desejo por mim.
― Você conseguiu.
― E então eu ia te rejeitar. ― Ela franziu os lábios. ― Eu nunca
cheguei na segunda parte.
Ele riu e gemeu ao mesmo tempo. ― Foi uma agonia! Eu não
poderia te dizer não, mesmo quando queria. Você me deixou louco com
luxúria, e depois com desejo, e depois com amor. Eu sou seu,
Bronwyn. Nunca mais pertencerei a ninguém. ― Ele acariciou sua
bochecha. ― Eu ia te pedir para casar comigo esta noite, mas não
porque eu precisava. Eu ia te pedir para casar comigo porque não
posso imaginar não ter você na minha vida. Meu futuro sem você é um
deserto, uma árvore solitária em uma planície ventosa, uma pedra

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


empoleirada em uma montanha com nada além de eco para lhe fazer
companhia.
Os olhos dela arregalaram-se com suas palavras, o mais fraco
tremor de um sorriso nos seus lábios.
Alexsey levantou as sobrancelhas. ― Bem?
― Isso foi lindo. Eu gosto especialmente da parte do deserto,
planície e montanha.
Ele ficou em silêncio por um momento. ― Para ser sincero, roubei
essa parte.
― De Sir Gordan Bradford.
Ele suspirou. ― Percebo que vou pagar todos os meus pecados
por me casar com uma mulher instruída.
― Não disse que me casaria com você.
― Ainda não. Mas você vai. ― Ele ficou de pé. ― Eu tenho algo
para te mostrar. Mas primeiro você deve se sentar.
Ela pousou na beira da cama. ― Por quê?
― Você vai ver. ― Ele se ajoelhou diante dela.
Enquanto observava, ele enfiou a mão no bolso e tirou um pacote
fino e estreito. Ele o desenrolou e segurou.
― Isso é...esse é o meu sapato!
― Você deixou na floresta a primeira vez que nos encontramos.
― E você guardou todo esse tempo?
― Eu mantive-o na minha gaveta e não permitia que os servos
tocassem nele. ― Sua mão quente apertou seu tornozelo e ele ergueu o
pé. Seu olhar se elevou até o dela. ― Posso?
Era um momento como um de seus livros - apenas melhor,
porque era real, e ele era real, e ele estava aqui, com ela.
― Sim.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


Seus lábios se curvaram e ele segurou o sapato em uma mão, o
outro ao redor do tornozelo.
― Você tem tornozelos muito delicados.
― Obrigada. Suponho que foi isso que fez você me amar.
― Como posso resistir a uma mulher com uma folha no cabelo?
― Ah, não! ― Ela deu tapinhas com a mão até encontrá-la.
― E que cheira a sopa de tartaruga e canta com tanta paixão
embora ela não possa levar uma melodia?
Ela endureceu. ― Você não gostou do meu canto?
Ele colocou a mão no joelho dela. ― Eu gostaria que você
cantasse para mim todos os dias e todas as noites, apenas para ver a
felicidade em seus olhos.
Ela tentou ignorar a mão quente em seu joelho. Ele devia amá-la,
ainda desejava que ela cantasse. ― Eu sei um pouco sobre Oxenburg,
também, ― ela acrescentou prestativamente. ― Acredita-se que a
montanha mais alta tenha mais de 3.576 metros de altura.
― Estou impressionado. ― Seu polegar fez um círculo preguiçoso
em seu joelho enquanto ele segurava o sapato perto de seu pé. ― Antes
de fazer isso, devo dizer-lhe que é minha intenção cortejar você.
Ela sentiu um lampejo de desapontamento. ― Eu pensei que você
queria se casar comigo?
― Eu planejo cortejar você também.
― Depois de nos casarmos?
― Antes, durante... ― ele passou a mão na sua coxa ― e depois.
Planejo cortejá-la todos os dias até o final dos dias. Eu lhe darei tudo o
que seu coração desejar. Novos vestidos, uma biblioteca cheia de
livros, um funcionário para ajudar seu pai a apresentar suas
patentes...

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Oh! Que adorável! Podemos pagar um assistente que poderia
ajudá-lo com suas experiências?
― Claro. Mas agora... ― Ele deslizou a mão de volta para o
tornozelo dela e puxou o pé para a frente. ― Bronwyn Murdoch, a mais
problemática de todas as mulheres, você me daria a honra de se casar
comigo? Você vai prometer amar, honrar e - bem, eu não vou pedir o
que você não pode dar. Vamos apenas dizer amar, honrar e ouvir de
vez em quando.
Ela riu, seus olhos se acenderam. ― Sim, Alexsey Romanovin. Eu
aceito.
Ele deslizou o sapato no pé dela.
A felicidade o aqueceu da cabeça aos pés e ele se juntou a ela na
cama, puxando-a contra ele. Ele acariciou seu pescoço, depois
beliscou o lóbulo da orelha esquerda.
― É justo dizer-lhe, não tenho certeza de que vou gostar de ser
uma princesa.
Ele arrastou um beijo pelo pescoço dela. ― Às vezes, ronco.
Ela apertou os ombros com mais força. ― Eu não gosto de
multidões.
Ele beliscou o queixo dela. ― Eu fico enjoado toda vez que estou
em um barco.
Sua mão descansou no colo. ― Não sou boa em lembrar os nomes
das pessoas.
Ele colocou uma linha de beijos aquecidos ao longo da sua
clavícula. ― Não consigo suportar chocolate.
Ela congelou e levantou a cabeça. ― Podemos ter problemas com
isso.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


― Com você, Roza, os problemas não me assustam. ― Seu sorriso
se tornou perverso, e ele a inclinou para trás na cama. ― Deixe-me
começar este namoro com um beijo.
E ela consentiu, sabendo que tinha encontrado o homem com
quem deveria estar. Alguém que a fez rir e compartilhou seu amor pela
leitura, um homem que a encorajaria a arriscar novas oportunidades
― tudo ao mesmo tempo em que demonstrava um amor lindo,
gratificante, enlouquecedoramente maravilhoso por ela.
Com um sorriso, ela passou os braços pelo pescoço dele e
mostrou exatamente o que pensava dele.

O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins


O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins

Epilogo

― Não foi assim que pensei em ver meu neto casado. Eles
deveriam ter esperado até retornarmos a Oxenburg para que
tivéssemos o casamento na nossa grande capela.
Sir Henry ficou ao lado de Natasha no topo dos degraus e viu o
casal feliz subir em uma carruagem adornada com rosas vermelhas.
Ele entregou-lhe um copo de uísque escocês.
― Não, mas você não pode duvidar que ele está feliz.
Natasha observou enquanto Alexsey se inclinava para beijar o
nariz da noiva, deslizando os óculos dela. Os dois riram, e Alexsey
reajustou os óculos com o maior cuidado.
― Eles se amam, ― ela disse com um tom satisfeito.
― Ela não se casaria com ele por seu dinheiro.
Natasha assentiu. ― Verdade.
― Nem sua posição.
― O que ela odeia.
Sir Henry tomou um gole de seu uísque, pensativo. ― Ele também
não gosta muito disso.
Natasha fez uma pausa. ― Eu costumava pensar que ele iria
mudar, mas não. Felizmente, ele agora tem o kaltso.
Eles usaram o anel durante o casamento, o que significaria mais
ainda.
― Por causa disso, ela está casada com Alexsey e com a causa
Romani. Eles farão bem ajudando meu povo.
De onde estava, Sir Henry percebeu como o anel refletia o sol da
tarde. ― Eu vi esse anel antes do casamento. O rubi... era
interessante, era.

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O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins

Ela não respondeu, mas tomou outro gole de uísque.


― É falso, ― disse Sir Henry, sem rodeios.
― Meu marido Nikki era conhecido por jogar às vezes.
Sir Henry ficou boquiaberto. ― Ele não!
― Ele era um Romani. ― Ela deu de ombros. ― Ninguém sabe. É
muito grande para o dedo da noiva. Ela vai usá-lo em seu pescoço
como eu fiz, e ninguém vai ver isso.
Sir Henry teve que rir, voltando o olhar para o casal, que agora
estava dizendo suas despedidas para a família Murdoch.
― Os Romani aceitarão uma estranha?
― Eles farão o que seus phuri dai lhes disserem, ou os
transformarei em cabras.
Ele riu. ― Eu tenho pena do conselho.
― Eles precisam de uma mão forte; Alexsey estará bastante
ocupado, penso eu. Quanto à sua princesa, pode ser hora de alguém
se encarregar da Grande Biblioteca.
― Eu não sabia que Oxenburg tinha uma grande biblioteca.
― É frivolidade. Meu genro compra milhares de livros. Ele recriou
a grande biblioteca perdida em Alexandria, mas assim que o prédio foi
terminado, ele não encontrou ninguém capaz de organizar a coleção. ―
Natasha tomou um gole do escocês, deixando-o aquecê-la. Ela não
conseguiu conter um sorriso de satisfação. ― Há muitos benefícios a
serem obtidos com a mulher que meu neto selecionou. Ela é muito boa
em organizar. Precisamos disso em Oxenburg.
Sir Henry sorriu. ― Você é brilhante.
― Eu tenho muitos talentos. Muitos, muitos talentos. ― Ela
estendeu o copo para Sir Henry com um sorriso. ― Eu terei mais do

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O Príncipe que me Amou – Karen Hawkins

seu bom uísque. Tenho muito planejamento para fazer. Tenho mais
dois netos, você sabe.
― Och, e nenhuma dúvida de que ambos são tão teimosos quanto
você. ― Sir Henry sorriu. ― Pelo menos, eles pensam que são.
Ela sorriu, mas não disse nada. Havia muito para fazer antes de
estar pronta para se afastar e deixar sua família se governar. Muito,
mas por enquanto, ela poderia desfrutar de alguns momentos pacíficos
e felizes.
Com um suspiro satisfeito, ela aceitou o copo de uísque de Sir
Henry e observou a carruagem que carregava seu neto e sua noiva
desaparecer na estrada.

Fim

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