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© Copyrigth 2022 by Lanny Domiciano

Capa: Vitória Santos


Diagramação: Gervania Silva

Todos os direitos reservados,

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a produção de qualquer parte


dessa obra, através de quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis –
sem o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação
dos direitos autorias é crime estabelecido na lei nº.9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua


Portuguesa. Fugindo à regra apenas nos diálogos e nas
particularidades apresentadas pelos personagens.

Edição Digital – Criado no Brasil


1°edição – 2022
Queridos leitores, obrigada por dar uma chance a essa história, antes
de começar, vamos os avisos?
É uma história de ficção para maiores de 18 anos e contêm gatilhos
como relacionamento abusivo, violência doméstica. A autora não
apoia e tolera esse tipo de comportamento. Não leia se não se sentir
confortável com esse tipo de leitura. Mas desde já agradeço por
querer ler e se apaixonar por essa história encantadora e superação.
No seu primeiro dia Raquel chega atrasada e bate num carro preto,
depois descobre que é do seu chefe, Bruno Montenegro.
Logo de início ele é um grosseiro, implicante com sua nova
secretária. Mas ele começa olhar ela com outras olhos até tenta se
aproximar, porém, a moça não dar brecha, pois tem namorado.
Isso muda depois que começou a trabalhar na empresa que sempre
sonhou, Montenegro Advocacia Ltda. E com isso ficou distante.
O Senhor Montenegro fica sabendo da dessa distância e volta com
as investidas. Mas no seu caminho aparece Wirley Castro que
também se interessa na morena. E para piorar sua mãe e sócia da
empresa se intromete e vai fazer de tudo pra não ficarem juntos!

Como vai ficar essa relação com a mãe se metendo? E ainda tem o
Wirley que não vai desistir tão fácil da morena.
Faz três anos desde que concluí a minha graduação de
secretariado executivo, sem perder tempo cursei uma pós-graduação
de dez meses, para poder trabalhar na área tanto de secretariado
quanto de assessora empresarial.
Foram longos anos de estudo e esforço querendo conseguir
alcançar o meu objetivo, trabalhar na maior empresa de advocacia
do Rio de Janeiro, Montenegro Advocacia. Era o meu sonho
trabalhar nessa empresa.
E quando eu acessei os sites de emprego e vi que estavam
precisando de uma secretária executiva, nem acreditei no que estava
vendo. Não podia perder aquela oportunidade, sem pensar duas
vezes mandei o currículo para o e-mail do anúncio.
Só precisei aguardar. Torcendo para que conseguisse essa
vaga, eu estudei tanto, batalhei tanto. E Deus ouviu minhas orações,
pois duas semanas depois eu tive minha entrevista. A responsável
pelo RH gostou do meu currículo e a moça que fez a entrevista foi
extremamente simpática. Disse que ia passar para o Sr. Montenegro
o meu currículo, que era para aguardar que eles me ligaram.
Saí de lá toda esperançosa. Cheguei em casa fui para o meu
quarto, joguei a minha bolsa na cama, me ajoelhei e conversei com
Deus mais uma vez. Claro que fui pedir para ele me dar aquela
forcinha. Agradeci por essa oportunidade que apareceu, orei um Pai
Nosso e me levante.
Estou saindo da cozinha com o pote de pipoca, levando para
sala pra mim e minha amiga Patrícia. Claro que antes de vir aqui, tive
que aceitar suas brincadeiras sobre o meu fracasso encontro com o
meu namorado. Deixo a pipoca na mesa de centro junto com as
cervejas.
— O que você está fazendo? Está colocando dublado? Achei
que não gostasse? — digo, pegando a cerveja na mesa e dou um
gole.
— Sim, mas uma garota que fiquei mandou o trailer dublado.
Menina, que voz é aquela, doce e muito sexy do boy, minha calcinha
ficou até molhada, acredita? — caçoa, encostando-se no sofá,
apontando o controle na tela para começar a série.
— Que isso, hein? Patrícia, você está começando a gostar de
garotos? — olho para minha amiga e começamos a rir.
— Até parece, o meu negócio é com garotas, você sabe disso.
Mas espera começar que você vai ver — diz, e aponta o controle
para mim.
Quando ia zoar o meu celular vibra, noto que é um número
desconhecido. Quem está me ligando às nove da noite numa sexta-
feira?
— Alô? Quem fala? — sigo, irritada.
— Gostaria de falar com Raquel Oliveira? — pergunta.
— É ela — respondo, minha amiga diminui o volume da
televisão e olha pra mim.
— Aqui é Camila do RH da empresa Montenegro Advocacia
Ltda, lembra que foi chamada para uma entrevista semanas atrás?
— dou um salto no sofá. Não pode ser, levo a mão no rosto.
— Raquel, o que houve? Está tudo bem? — Patrícia vem na
minha direção, pega no meu braço e começa sacudir.
— Hã? Oi? Sim Patrícia, estou bem. Para de me balançar que
estou ficando tonta — peço, ela solta o meu braço.
— Alô? Senhorita Oliveira está aí? Está me ouvindo? — Escuto
uma voz no celular. Droga! Fiquei tão em choque que esqueci a
mulher do RH do outro lado da linha.
— Sim, estou aqui. — Minha amiga começa perguntar
querendo saber quem é, afasto-a pedindo pra fazer silêncio. —
Desculpa, pode falar... — vou para o sofá e me sento, Patrícia
também se senta fazendo gestos, mas a ignoro.
— Como estava dizendo, entreguei o seu currículo para senhor
Montenegro e ele gostou muito, ele perguntou se você tinha alguma
experiência, eu disse que não. — Escuto tudo, na parte da
experiência fico preocupada. Ai, ai meu pai do céu! Bato a ponta do
pé freneticamente. — E ele disse tudo bem, a senhorita vai começar
na segunda-feira às nove horas da manhã, vou enviar o endereço.
— EU SEI ONDE FICA! — grito, dou um pulo no sofá. A mulher
fica em silêncio por um momento — Digo... Sei onde fica... —
Patrícia ri da minha atitude, mas lanço um olhar de reprovação, ela
para na mesma hora.
— Tudo bem. — escuto uma risada no fundo da linha. —
Aguardo você para explicar e mostrar a empresa. Ah... Não se
atrase, senhor Montenegro detesta atrasos. — orienta a mulher.
— Ok, ok. Não vou me atrasar, pode deixar. — confirmo,
parecendo séria, mas no fundo pulando de alegria. Agradeço a
oportunidade e ela desliga.
Começo a pular e gritar sem parar, parecia que estava em
Salvador.
— Raquel? Raquel? — Patrícia se levanta e me fita em
entender o porquê comecei a pular. — Ei, você está me ouvindo,
mulher? — Segura o meu braço me fazendo parar de pular.
— Hã? Oi? O que foi?
— O que foi? Primeiro você ficou aí toda parada e imóvel,
parecia que viu alguém morrer, agora está pulando como uma louca.
Isso porque só deu um gole nela. — Pega a cerveja e começa
analisar. — Só falta ter vindo batizada. — olho para a minha amiga e
começo a rir.
— Patrícia, a cerveja não está batizada. — Pego a cerveja da
sua mão, colocando na mesa. — Vamos nos sentar que te explico o
que aconteceu, ok.
— Está bem... Mas se você tiver mentindo... — aponta o dedo
pra mim.
— Não estou. — sorrio. — Posso contar? — balança a cabeça
que sim. — Se lembra que mandei o currículo e duas semanas
depois fui chamada para uma entrevista?
— Claro que lembro, você só ficou falando isso durante uma
semana. Que a tal mulher do RH ia levar seu currículo para o tal
Monteiro, se ele gostasse você seria chamada — diz a minha amiga.
— Isso, amiga, não é Monteiro e sim Montenegro. — ela
balança os ombros, como se dissesse "tanto faz". Não aguento e
começo a rir, mas logo paro e continuo. — Vou trabalhar na
Montenegro Advocacia como secretária executiva! — revelo, ela fica
imóvel ali na minha frente, faço gestos e nada, começo a ficar
preocupada com a minha amiga.
Então dou um beliscão no seu braço e ela dá um salto do sofá
gritando de dor. Ufa, ela está bem.
— Merda, Raquel! Porque diabos você fez isso? — alisa o
braço, gemendo de dor do beliscão que dei.
— Era o único jeito, você ficou paralisada no sofá — digo, me
levantando do sofá e ficando na sua frente.
— Que exagero, mas esquece isso. É sério mesmo? Você vai
trabalhar naquela empresa que você sonhou tanto? — balanço a
cabeça confirmando. — Caramba, Deus ouviu suas preces, hein? —
ela diz, voltando a se sentar no sofá.
— Sim... Estou tão feliz, sabe? Um sonho sendo realizado... Vai
ser tudo... — ela me corta.
— Tudo de bom? — completa ela, nos olhamos e começamos a
rir.
— Sim e mais um pouco... — o meu rosto chega a doer de
tanto sorrir. Ela se vira e me fita.
— Mudando de assunto, Fabrício sabe que você mandou o
currículo? Melhor, qual vai ser a reação dele ao saber que você vai
trabalhar nessa empresa, porque se me lembro, ele não gostou
nadinha dessa ideia — relembra Patrícia, me fazendo lembrar
quando falei para o meu namorado que queria muito trabalhar na
Montenegro Advocacia.
Ele fez um drama para eu não mandar o meu currículo, me
proibiu de fazer isso. Até parece. Ele tem que entender que é o meu
sonho.
— Ele pensa assim porque acha que vou trocá-lo por um
bilionário engravatado sadomasoquista. — na hora, a Patrícia
começa a gargalhar. E lembramos quando nós três fomos para o
cinema assistir ao filme cinquenta tons de cinza, ver aquela delícia
do Christian Grey. Confesso que ia amar trocar de lugar com aquela
mocinha do filme.
— Até que não seria mal, né? — pisca pra mim e finjo que nem
escutei esse comentário dela.
Ela acha que estou perdendo tempo numa relação sem futuro,
tipo, estamos juntos faz cinco anos, ele não para em serviço nenhum
e sempre tá pedindo dinheiro e quando saímos eu que pago. Eu
gosto do Fabrício, foi o primeiro a quem me entreguei, vamos dizer
assim. E sei que ele sente alguma coisa por mim... Mas demonstra
de um jeito diferente, só isso...
— Ei, já está começando — avisa Patrícia, me cutucando com o
cotovelo, que tira dos meus pensamentos. — Está tudo bem? — me
fita.
— Sim. — ergo meu braço para pegar a cerveja. Ela aproveita e
pega a sua.
— Vamos comemorar! Brindar que você conseguiu esse
emprego, que você merece — comenta minha amiga.
— Sim, sim. — concordo logo tomamos um gole e começamos
assistir a série. Não vejo a hora de chegar segunda-feira para
começar a trabalhar.
É domingo e ainda estou na cama, acho que deve ser meio-dia
e está fazendo muito frio. E quem está aqui do meu lado é o meu
namorado, ontem ele veio aqui depois que saiu do seu turno. A noite
foi boa, pedimos comida, claro que paguei, porque o Fabricio não
tinha dinheiro. Nós nos divertimos muito, demos boas risadas com
uma série que assistimos na Netflix. Foi tudo perfeito. Estou muito
ansiosa, não paro de pensar que é amanhã que começarei a
trabalhar na Montenegro Advocacia. E meu celular começa a tocar.
Imediatamente me levanto da cama, com cuidado para não
acordar o Fabrício. Vou até a minha bolsa que está perto da cama,
pego o celular e coloco a mão no alto-falante para abafar o toque,
saio do quarto e encostei a porta vou para cozinha. Vejo que é a
Patrícia. Raios! Por que está me ligando?
— Oi? Nem no domingo você me dá folga? — sussurro, dou
uma espiada para o quarto ver se o meu namorado não levantou.
Acho que não. Continua dormindo, que bom.
— Nossa, que mau humor hein? — reclama. — Nem pra isso
ele serve, melhor trocar de namorado.
Vou pra cozinha, encostando na pia. Dou aquela bufada pelo
comentário da minha amiga.
— Tivemos uma noite ótima, tá? — digo, ela resmunga alguma
coisa na linha que ignoro. — Também estou muito ansiosa pra
amanhã.
— Depois eu que sou ansiosa, né? — diz, me zombando do
outro lado da linha. — Vem cá, você já contou para o Fabrício que
você começa amanhã?
— Ainda não... Mas sei que não vai gostar nadinha disso —
digo, com celular no ombro enquanto estou pegando o pó de café do
armário. — Por enquanto é melhor ele não saber.
— O que é melhor eu não saber? — dou um salto que derrubo
o pó de café na pia e o celular no chão, pelo susto que ele me deu.
— Que isso, gata, está devendo? — pergunta sorrindo e se
abaixa para pegar o celular que caiu. Em seguida me entrega, depois
vai na pia e limpa a sujeira que fiz. Fico por um tempo observando
ele.
— Que foi, gata? — especula, ao se virar de frente para mim,
apoiando as mãos na pia.
Ele está me fitando, usando uma regata branca e uma cueca
boxer preta, ele não é aquele tipo de caras fortes e malhados, pelo
contrário é magro, mas um magro bem definido e com aqueles olhos
castanhos levemente puxados me encarando.
Como vou dizer a ele que consegui o trabalho dos meus
sonhos? Pensa, Raquel! Pensa!
— Raquel? Raquel? — escuto alguém me chamar, olho para
Fabrício e ele faz um sinal apontando para o celular que estou
segurando. Então, lembro que estou na linha com a Patrícia. Esqueci
completamente.
— Oi? Patrícia, estou aqui. — aponto para sala que preciso
falar com a minha amiga e Fabrício balança a cabeça concordando.
Saio da cozinha indo para outro cômodo, pelo menos ganho um
pouco de tempo para criar coragem, para contar ao meu namorado
que conseguir o trabalho.
— Oi, amiga, desculpa. Aconteceu uma coisinha aqui em casa
— digo, me ajeitando no sofá.
— Sério? — pergunta. — O que o Fabrício aprontou agora?
— Não fala assim, Patrícia! — sussurro, chamando a sua
atenção. — Mudando de assunto, não sei como dizer a ele que vou
trabalhar na empresa... — Inclino para frente, dando aquela espiada
na cozinha, se ele não está nos ouvindo.
— Garota, para de graça fala que você mandou o currículo e foi
chamada. É assim que acontece quando se manda um currículo,
você sabe? — ela diz em um tom de ironia.
— Eu conheço o meu namorado, sei que quando contar ele não
vai gostar nada. — Encosto no sofá, encolhendo os ombros. — E
também ele é muito ciumento.
— Raquel, minha linda, escute aqui. Isso não é ciúme e sim,
posse. Você não é objeto dele, acorda! — ela fala um pouco alto,
afastei o celular para não ficar surda, mas acrescenta. — E se me
lembro isso é seu sonho, não? Como foi difícil terminar sua
graduação, noites em claro estudando e ainda você fez de tudo para
fazer aquela pós-graduação, vai desistir por conta desse traste do
seu namorado?
— Patrícia! — advirto.
— Ok, ok. Foi mal, mas é verdade, amiga. Então fala a verdade,
se ele gosta mesmo de você não vai ser contra. Ou prefere ele saber
por outra pessoa? — indaga.
Tenho que concordar que ela está certa. Criar coragem e contar
pra ele, não posso deixar ele me controlar desse jeito.
— Está bem, vou fazer isso. Obrigada.
— Pra isso que servem as amigas. — sorrio. Agradeço mais
uma vez e desliguei o celular.
Levanto-me do sofá e vou para a cozinha, assim que entro ele
está debruçado no balcão. Vai lá Raquel. Você consegue. Aproximo-
me e faço um carinho no seu braço, ele olha de lado para mim, está
com um semblante sério. Coloco uma mecha de cabelo atrás da
orelha, quando vou dizer algo ele leva seu braço ao redor da minha
cintura, vindo pra cima de mim e me beija, sua língua invade o céu
da minha boca, me deixando perdida nos seus lábios que me entrego
completamente.
Ergo meus braços na altura do seu peito, me afastando dos
seus carinhos, sei que vou me arrepender por isso. Me fita sem
entender porque fiz aquilo.
— Achei que estava gostando? — Leva a sua mão no meu
rosto e faz um carinho, fecho os olhos sentindo o seu toque.
— Fabrício, tenho uma coisa para te dizer... — Pego na sua
mão e a tiro do meu rosto. — Mandei o meu currículo para a
empresa Montenegro Advocacia. — Dou um passo para trás,
apoiando-se no balcão da cozinha. E acrescento. — Na sexta-feira
eles me ligaram e fui aceita para começar amanhã...
— Uau... Que maneiro... — Força um sorriso, a voz está rouca
e desanimada. Se vira dando as costas pra mim, que vai para o
quarto que fecha a porta com força.
Ok, sabia que não ia ser uma recepção calorosa. Mas essa
atitude foi demais, me ignorando completamente. Vou atrás dele? Ele
aparece na cozinha com um semblante diferente.
— Olha... Sei que tenho só dado mancada com você... — Levo
a mão no peito. Não diz isso, Fabrício. Tento me aproximar, ele me
pede para ficar onde estou e em silêncio, balanço a cabeça que sim.
— Sei que você ralou muito naquela faculdade, noites em claro
estudando. Ralou mais ainda para conseguir aquele tal de pós... —
Fico aqui observando, falando daquele jeito, me faz lembrar da
minha amiga Patrícia. As mesmas palavras... — Trabalhar nessa
empresa é seu sonho... Então, eu dou meu total apoio... — Fico sem
palavras. Não estou acreditando nisso, fui pega de surpresa.
Estou em choque depois do que o Fabrício acabou de dizer.
Tinha me preparado para seu ataque de ciúmes... Ele está me
apoiando? Não estou entendendo nada e não foi nada daquilo que a
minha amiga estava falando, que ele quer me controlar... Ai, Jesus!
Estou confusa...
— Raquel? Está me ouvindo? — Estala os dedos na minha
frente, que me faz levar um susto e o fito.
— Ai, o que foi? — indago.
— Estava dizendo que tenho uma mulher maravilhosa e incrível
como namorada. Agora vai trabalhar na empresa... Empresa... — Ele
para um tempo de falar e começa a coçar a cabeça. — Qual o nome
da empresa mesmo? — Olha para mim sem graça, perguntando o
nome da empresa. — Não resisto, solto um sorriso o abraçando.
— O nome da empresa é Montenegro Advocacia. A maior
empresa de advocacia do Rio de Janeiro — digo, meus braços estão
sobre o seu pescoço.
— Raquel... Você é incrível, linda, esforçada... — elogia, e
sorrio para ele. — Você merece isso e mais, já eu... — Vira o seu
rosto. Ah, gatinho não fala assim.
— Não diz isso que chega doer o meu coração. — Ergo as
minhas mãos no seu rosto fazendo ele olhar pra mim. — Você é
incrível também, viu? — Beijo seu rosto, em seguida faço um carinho
no seu cenho. — E que tal, mudarmos de assunto?
— E quer falar sobre o quê? — Volta me abraçar. Está com um
olhar diferente, gosto desse olhar.
— Pensei de assistirmos um filme... — Começo a fazer carinho
na sua nuca.
— Filme? — Faz uma careta. — Tive uma ideia melhor. —
Ergue a mão afastando uma mecha de cabelo que estava no meu
ombro, jogando para trás e começa beijar o meu pescoço. — Como
está frio, poderíamos voltar para o quarto... Deitar na cama...
— Humm... Interessante... — sussurro, ele vai subindo e indo
na minha orelha que dar uma leve mordida.
Meu corpo se arrepia com o seu toque. Viro o meu rosto, ele
para de morder a minha orelha, indo direto para os meus lábios,
sentindo aquele gosto maravilhoso que me faz arfar na sua boca de
desejo. Então ele me puxa para si, suas mãos descem indo para a
minha bunda, estou apenas usando uma camisa velha de algodão
cinza e uma calcinha vermelha, acabo soltando um gemido.
Ele sem perder tempo me pega no colo e sem demora vai para
o quarto, a porta está encostada, ele chuta a porta e me deposita na
cama. Sem rodeios tira a minha calcinha e vai abrindo as minhas
pernas indo direto no meu sexo. Começa fazendo movimentos leves
com a língua, dando voltas ao redor do meu clitóris. Levo as mãos
para o travesseiro, apertando com força, acho que percebe a minha
reação e aumenta o ritmo.
Puta merda! Sentindo sua língua com mais intensidade. Estou
quase chegando lá, começo a rebolar o meu quadril freneticamente,
ele continua sem parar o ritmo. Nessa velocidade vou gozar... E de
repente ele para!
Oi? Como assim? Me levanto e noto que ele está mexendo na
sua mochila preta perto da minha penteadeira. Parece procurando
algo. Sério? Precisava ser agora? Ele olha para mim encolhendo os
ombros.
— Foi mal, gata. Mas meu celular começou a tocar e precisava
ver quem é — explica, se desculpando. Atende o telefone e sai do
quarto. Jogo-me na cama decepcionada, é assim que me sinto.
Estava perto de... E ele para?
Estou com tanta raiva. Pego o travesseiro e coloco sobre o meu
cenho, dou grito de raiva, depois me jogo na cama de novo. Não
demora muito ele entra no quarto penso que agora vai.
Sua gata está pegando fogo e vem pagar meu gostosão. Então
volto abrir as minhas pernas do jeito que estava para ele continuar
onde parou, deitada na cama fecho os olhos. Fico assim por tempo,
acho que uns dez minutos, logo me levanto da cama e vejo ele se
vestindo.
Merda! Inacreditável! Tá de brincadeira, né? Saio da cama para
procurar a minha calcinha, só de lembrar começo a sentir raiva de
novo. Ah, Fabrício vou te matar!
Fico de pé com os braços cruzados na altura do peito o
encarando com o sangue nos olhos. Tem que ter uma explicação.
Pelo menos isso, né? Ele se aproxima e diz que conseguiu um
emprego hoje com um conhecido dele, um tal de ratão. Um trabalho
de motorista. Não sei, não... Não confio nesse cara, mas o Fabrício
confia nele.
— Precisa ir? — pergunto, olhando para ele. — Não precisa
fazer esse "trabalho", você já tem um trabalho... — Ele me corta.
— Fui demitido — revela. Sentando-me na cama, fico sem
ação.
— Demitido? Isso foi quando? — indago, viro o meu rosto
olhando pra ele.
— Na sexta-feira. — Encolhe os ombros.
— Mas por que não me contou isso?
— Eu ia te contar hoje, mas você deu sua notícia que vai
começar trabalhar na tal empresa dos seus sonhos, fiquei com
vergonha em dizer que seu namorado foi mandado embora. — Se
inclina para frente para pegar o tênis, que está embaixo da cama.
Tadinho do meu gatinho.
Faço um carinho no seu rosto. Depois calça o tênis, se levanta
da cama e vai para onde está a sua mochila. Fabrício sai do quarto
com a mochila nas costas, mas volta para o quarto e vem na minha
direção.
— Já ia esquecendo. Olha, que a cabeça a minha. — Leva a
mão na testa. Ufa, que bom. Já estava achando que tinha esquecido
de mim? — Tem como você me emprestar uma grana para encher o
carro? — Olho para ele incrédula, após a sua pergunta. — E aí, você
tem? — Fica ali esperando uma resposta.
— Sim... — Solto o ar, vou para o guarda-roupa e puxo a
segunda gaveta para pegar a minha carteira. — Cem reais está
bom? — Vou em sua direção separando as notas.
— Pode ser uns trezentos reais? — Paro na sua frente e
levanto a sobrancelha. Que merda é essa?
— Trezentos? Pra que tanta grana, Bruno? — grito, fechando a
carteira.
— Vou trabalhar como motorista de aplicativo. Vou ter que
encher o carro e comer algo, vou ficar nesse trabalho até meia-noite
— esclarece, ajeitando a mochila nas costas. Fala sério. Vai ficar o
dia todo fora? Poxa, eu tinha outros planos... — Tudo bem? —
Meneio a cabeça que entendo ele ir trabalhar, dou o dinheiro para ele
que coloca dentro da mochila, em seguida dá um beijo na minha
testa e sai.
Vou para minha cama e me sento, em pleno domingo, sozinha
em casa e com um tremendo fogo. Só me resta ir para o banheiro
tomar aquele banho, principalmente água gelada para apagar esse
fogo, já que o meu namorado me deixou na mão.
Que ódio que estou e não é pouco não. Fabrício, seu filho da
puta. Que ódio. Dou um soco no travesseiro de raiva. É, Raquel não
tem jeito, engole o choro. Depois do banho gelado, vejo algo na
Netflix para me distrair... Mas vai demorar para eu esquecer isso.
— Licença, senhor Montenegro, posso entrar? — pergunta
Camila, responsável pelo RH da empresa.
— Sim, pode sim. — Abre a porta e se aproxima da minha
mesa. Estou exausto depois de uma negociação que acabei de fazer
para um cliente. — Pode falar, Camila.
— Trouxe o currículo para o Senhor dar uma olhada. É para
vaga de secretária executiva — ela informa, me entregando o
currículo.
— Humm... Tomara que não seja igual à última que tive que
mandar embora, ficava mais no celular do que fazia o seu trabalho.
Aquela incompetente esqueceu de me avisar do julgamento de um
cliente? A sorte que lembrei e cheguei em cima da hora, se não
fosse isso estaria ferrado! — acrescento, irritado, enquanto analiso o
currículo.
— Sim, entendo — responde, sem olhar pra mim.
— Interessante. Fez graduação e pós-graduação meses
depois... Gostei disso, mas aqui não está falando da sua
experiência? — pergunto para ela, ainda com o papel na minha mão.
— Fiz uma entrevista, conversamos e ela nunca trabalhou, aqui
vai ser seu primeiro trabalho nessa área. — levanto a sobrancelha.
— Espera aí. Essa garota não tem experiência? — dou um pulo
na cadeira, aponto para merda do papel. — Porra, Camila! O que
deu na sua cabeça? Eu não tenho paciência para explicar como ela
deve fazer seu trabalho! — jogo o currículo na mesa. Estou puto da
vida, vou até o frigobar e pego a minha garrafa d'água, bato com
força a porta do frigobar.
— Calma, Senhor Montenegro. O currículo dela é bom,
excelente pra falar a verdade, melhor que das outras. O senhor viu o
currículo e também gostou? — balanço a cabeça para um lado e
para o outro, enquanto sorvo a água.
Volto para a minha mesa e coloco a garrafa d'água sobre a
mesa. Nesse exato momento a Elena entra na sala.
— Que gritaria é essa Bruno? — questiona.
— Pergunta para Camila, ela quer contratar uma secretária
executiva sem experiência? — digo, sentando na minha mesa.
— Ela tem um ótimo currículo, Elena, dá uma olhada? — pega
o currículo da mesa e mostra para Elena.
— Uau. Tenho que dizer que é bom currículo, tirando a parte da
experiência. — Se vira e fita para Camila. — Você acha que vale a
pena ela trabalhar aqui? Ela vai ter que aguentar essa mala de chefe.
— Aponta para mim, zoando.
— Ei? Olha como fala, mocinha! — advirto. Camila leva a mão
no rosto para disfarçar o riso. — Elena Montenegro, não é porque é
minha irmã pode falar assim. — ela balança os ombros me
ignorando.
— E aí, Camila? — pergunta Elena.
— Acho que devíamos dar uma chance, o currículo é muito
bom. Eu posso assumir a responsabilidade de explicar como
funcionam as coisas aqui na empresa — Camila comenta.
— Estou com a Camila, podemos fazer uma experiência? E
outra a Camila não é de se enganar, então confio nela. — olha para
ela e sorri. E volta olhar para minha direção.
— O que diz? — olho para minha irmã e depois para Camila,
dou uma bela bufada.
— Ok, ok. Fui vencido por vocês duas. Camila avisa a essa
garota para começar na segunda-feira. — As duas comemoram, ela
olha o relógio e aperta o passo para ligar para a tal garota.
— Camila? — levanto da mesa e a chamo.
— Sim, Senhor Montenegro? — está com a mão na maçaneta
da porta.
— Avisa para não se atrasar, odeio atrasos — digo, firmemente.
Ela assente e a libero para sair. Minha irmã se aproxima da mesa
encostando.
— Eu sei que você tem um coração aí dentro — diz, tocando
com a ponta do dedo no meu peito.
— Mas é claro, senão não estaria vivo. — Ela sorri. — Mas fala
por que veio aqui na minha sala?
— Nossa, já estava esquecendo, com essa confusão toda. —
Dá uma pausa. — A Sheila está te chamando?
— Por que ela não me ligou?
— Ela ligou, mas acho que você não atendeu? — tiro o celular
do bolso da calça. Vejo várias chamadas não atendidas. Merda! —
Ela está na sala dela? — pergunto para minha irmãzinha.
— Acho que sim, maninho. — guardo o celular no bolso e vou
para lá, nem me despeço da Elena. Assim que chego à sala ela está
acompanhada com um homem alto e moreno, vestido com um terno
preto.
— Pode entrar, Bruno. Esse é Wirley Lacerda, o cliente que
você fez um acordo ontem, se lembra? — aproximo-me deles, me
viro ficando de frente para ele e o cumprimento apertando a sua
mão.
— Sim, claro. O que quer? Acho que ficou tudo resolvido
ontem. — coloco a mão no bolso da calça e o fito.
— Mudei de ideia sobre o acordo. Quero tudo! — o homem
informa.
— Deixe-me ver se entendi, você mudou de ideia? — olho para
ele e depois para Sheila, que fica em silêncio. Caminho até a
poltrona e me sento. — O senhor não pode mudar de ideia depois
que o acordo foi assinado. Por que essa mudança?
— Eu que levantei aquela empresa para chegar onde chegou,
trabalhei muito duro e meu irmão vai ficar com a metade? Não!
Mudei de ideia e quero que ele fique sem nada — declara,
ferozmente. Ergo meu braço até a minha sobrancelha e começo a
coçar. Inacreditável! Inacreditável! Então me levanto da poltrona.
— Como disse não tem como "mudar de ideia", além do acordo
está assinado... — Dou uma olhada para meu relógio, logo abaixo o
braço. — Há uma hora caiu o meu pagamento e não tem como
desfazer isso. — Sorrio.
— Caiu nada. Para de me enrolar! — protesta, vindo pra cima
de mim.
— Então, o que é isso? — Pego o meu celular e mostro a
transferência.
Fica surpreso, dá um passo para trás e olha em direção a
Sheila que balança a cabeça concordando com o que eu disse. Ele
sai da sala puto da vida. Ela se aproxima.
— Já caiu o dinheiro? — Olho para ela e solto um sorriso largo.
— Claro que não. Só vai cair na segunda-feira. — Me fita, não
acreditando.
— Mas e a transferência que você mostrou para ele? —
pergunta, indicando para o meu aparelho que está no meu bolso.
— Ahh, isso aqui. Foi de um acordo entre funcionário e o chefe
que o demitiu por roubo — digo com suavidade.
— Você não tem jeito. — leva sua mão no meu ombro. Logo
coloca sua mão no meu queixo, virando-me para ela. — O que seria
de mim sem você.
— Acho que estaria completamente perdida. — digo, olhando
nos seus olhos. — Vamos para casa, mãe? Ou tem mais alguma
coisa para eu resolver? — Ela balança a cabeça que não, vai até a
sua mesa pegando sua bolsa e saímos da sala, no caminho
passamos na sala da minha irmã e saímos do prédio. E juntos
seguimos para casa, com as mulheres da minha vida.
Merda. Merda. Saio do banho correndo, nem deu tempo de
secar o cabelo. Merda de novo. Calma, Raquel. Respira fundo, vai
dar tempo. Não estou tão atrasada assim. Aproximo-me da minha
escrivaninha, ligo a tela do celular para ver a hora. Faltam dez
minutos, merda! Merda!
Jogo o celular na cama, vou para o meu closet para ver logo
essa roupa. Bora, Raquel! Não vai ficar indecisa agora, né? Coloco
uma calça social preta, pego uma blusa de cetim rosa claro
colocando dentro da calça para parecer séria – tentar ao menos –,
agora está faltando o sapato, acho que scarpin cairia bem, mas cadê
esse sapato?
Droga. Esse quarto está uma bagunça, quando chegar do
trabalho vou dar uma geral, parece aqueles quartos daqueles
solteirões que a gente assiste nos filmes. Procuro embaixo da cama
e nada. Cadê esses benditos sapatos? Então paro no meio do quarto
e tento lembrar onde eu deixei pela última vez? É isso.
Corro pra sala, vou para estante do lado esquerdo... Achei! Ufa,
que bom. Depois eu penso como eles foram parar ali? Neste
momento tenho que voltar para o quarto e terminar de me arrumar.
Cinco minutos depois já estou pronta e maquiada, saio do
apartamento e vou até o elevador. Não sei o porquê tenho a
impressão que estou me esquecendo de alguma coisa.
Ignoro isso, por sorte acaba de subir o elevador, não vou
chegar atrasada. Também estão duas senhorinhas com um
cachorrinho esperando o elevador. Assim que me aproximo, dou uma
olhada para os meus pés.
Sabia que estava esquecendo alguma coisa. Esqueci de
colocar a porra dos sapatos. Caralho! Caralho!
Começo a gritar de raiva. Nesse momento as duas velhinhas e
o cachorrinho me olham com desaprovação. Volto para o
apartamento e ignoro aquelas senhoras, vou para o quarto e coloco
os benditos sapatos, dessa vez estavam perto da cama. Pronto.
Dou mais uma olhada para ver se não estou esquecendo de
mais nada. Ufa... Está tudo ok. Saio do apartamento, vou pro
elevador, já dentro da caixa metálica aperto o botão para ir ao
estacionamento, nesse período olho a hora no celular.
São nove horas? Merda! Estou atrasada. Inferno! Saio do
elevador, vou correndo para o meu carro, já dentro dou uma
respirada, coloco o cinto e ligo o carro. Tento me acalmar.
Imprevistos acontecem. Vai que o trânsito esteja bom, posso chegar
rapidinho. Isso, pensamento positivo.

Droga. Não estou com sorte. Pego um baita engarrafamento só


para piorar a minha vida. Bato no volante do carro de raiva, meu
celular começa a tocar, o trânsito está parado mesmo, não vai ser
problema falar no telefone. É a Patrícia. Estava querendo desabafar
mesmo.
— Oi, Patrícia, estava pensando em você — Encosto no banco
do carro, olhando para o trânsito. — Você não vai acreditar o que
aconteceu comigo?
— O que foi? — pergunta, dá para ouvi-la roendo as unhas. —
Fala logo. O Fabrício não deixou você ir pro trabalho?
— Pelo contrário, amiga, ele me deu apoio por ter conseguido o
trabalho. — De repente a linha fica muda, olho pra tela para ver se
não caiu, mas ela continua na linha. — Patrícia? Patrícia?
— Oi, estou aqui. Desculpa. Fiquei sem ação depois dessa
atitude dele, tenho que dizer que seu namorado subiu no meu
conceito. Espera aí, são nove e dez, você não devia estar no
trabalho? — Noto que o engarrafamento se dissipou. Essa é a minha
chance. Pego no volante, engato a marcha e em seguida piso no
acelerador. Acho que dará tempo. Escuto alguém chamando, lembro
que estava no telefone com a Patrícia.
— Desculpe, amiga, estava um trânsito horrível agora
melhorou. E sim, estou atrasada. Está dando tudo errado pra mim
hoje, ontem foi o Fabrício... Hoje é esse trânsito infernal... —
Choramingo, igual uma criança de cinco anos.
— Calma, Raquel. Vai dar tudo certo, tá? Respira fundo e
depois solta o ar. — Faço que ela disse e aos poucos me acalmo. —
O que o Fabrício fez? Achei que ele te deu apoio? Que aceitou você
trabalhar? Estou confusa? — questiona.
— Sim, ele deu apoio, que estava feliz por ter conseguido o
trabalho. Mas ele começou a falar que merecia algo melhor... — digo,
prestando atenção na estrada.
— Isso é verdade. — Ela me corta.
— Como estava dizendo. — Ignoro seu comentário. —
Continuando, ele disse que merecia aquela oportunidade, pelas
noites em claro estudando, quando estava fazendo a minha
graduação.
— Isso tenho que concordar... Só um instante, fui eu que disse
isso! — ela comenta, solto o ar concordando, não quero discutir
quem "disse isso primeiro". Sem enrolação, explico o que o meu
namorado fez comigo. Bom, a mancada que ele deu.
— Não acredito! Ele não fez isso? É sério? — exclama, não
acreditando no que o meu namorado fez. — E ainda teve a cara de
pau de pedir dinheiro? Puts, que vacilo. Parece até um garoto de
programa.
— Patrícia! — Chamo a sua atenção. — Também não exagera,
o Fabrício não é um garoto de programa. — Estou chegando à
empresa, viro à esquerda e sigo em frente.
— Claro que não, o garoto de programa termina o trabalho! —
Patrícia caçoa.
— Nossa, que engraçado. — Escuto-a rindo no fundo da linha.
Finalmente cheguei. Afasto o celular do ouvido para falar com o
porteiro. Apresento-me como a nova secretária executiva da
Montenegro Advocacia, e liberam a minha entrada. Volto a colocar o
celular no ouvido.
— Foi mal, não resisti. Tudo bem, ele ter perdido o trabalho,
mas agora não conseguir fazer um sexo oral decente? Amiga,
termina com esse cara. Nem vale a pena continuar com um cara
assim! — Tudo bem, que ele vacilou comigo, mas não preciso
terminar, não é?
— Por favor, não fala assim. Isso acontece, você sabia? —
Estou dando a segunda volta no estacionamento... E acho uma vaga,
na primeira fileira à esquerda, atrás de um carro preto que acabou de
estacionar.
— Essas coisas acontecem? Fala sério? Você tem que
conhecer um gostosão e dar uma boa foda para esquecer esse seu
namorado! — brinca com malícia, fecho os olhos cansada dessa
conversa.
Sem perceber acelero e acabo batendo na traseira do carro
preto. Abro os olhos e vejo a burrada que fiz. Merda! Merda!
O homem para ao meu lado, me fita por um momento. Dá para
ver o seu rosto, parece cansado e com um pouco de barba que faz o
quê? Uma semana sem fazer aquela barba, ao que parece? E
aqueles olhos? São verdes que me deixa completamente rendida a
ele, fico até sem fôlego.
— Tinha que ser uma mulher mesmo pra fazer isso! — protesta,
sua voz alta me tira dos meus devaneios. Continuo encarando-o. —
Aposto que estava falando no celular.
— O quê? Como ousa falar assim comigo? — Pego a minha
bolsa que está banco do carona e saio do carro, ele dá um passo
para trás quando saio do veículo. — Escuta aqui, seu filhinho de
papai! — Ele levanta a sobrancelha. — Eu dirijo muito bem, ouviu?
— brado, apontando o celular pra ele, me deixou muito irritada. Se
aproxima e olha para a tela do telefone.
— Acho que tem alguém na linha. — diz, indicando para o
telefone. Olho para tela e noto que é a minha amiga Patrícia que
ainda está na linha. Merda.
— Alô? Patrícia? Está me ouvindo? — sussurro, virando de
costas para ele.
— Caramba, por que demorou para me responder? —
pergunta.
— Patrícia, depois te explico. Agora tenho que desligar, tchau.
— Acabo desligando na cara da minha amiga, coloco o celular na
bolsa e me viro. Ele continua ali parado, esperando... O que esse
cara quer? Calma, Raquel. Você fez a merda, então resolva como
uma mulher adulta que você é. — Olha, sei que estou errada, quero
pedir desculpas... Por ter batido no carro.
— Tudo bem, está desculpada — ele acrescenta. Pega o
celular no bolso da calça, acho que vai chamar o guincho?
Já está tudo resolvido, vou seguindo o meu caminho, pois estou
atrasada. Quando estava andando ele pega no meu braço e me puxa
para si, acabo perdendo equilíbrio e bato de cara no seu peito. Olho
para ele, estava tão perto que dava pra sentir a sua respiração e
aqueles olhos verdes? Não sei explicar, mas senti meu corpo pegar
fogo.
Raquel se controle! Você tem namorado! Dou um empurrão
para me afastar dele. Mas não adianta, ele continua segurando o
meu braço.
— Quer me soltar? — Faço força para sair, mas não consigo. —
O que você quer?
— Bate no meu Bugatti e acha que é só pedir desculpas que vai
ficar por isso mesmo? Só pode ser piada? — protesta, me
encarando.
— Foi sem querer... Não queria bater no seu... Seu... Carro? —
Encolho os ombros.
— Bugatti Veyron. Essa belezinha custou nada menos que dez
milhões de reais. E vai ter que arcar com o prejuízo — esbraveja.
Soltando o meu braço.
— O que disse? Pode repetir? — indago.
— Eu disse que a senhorita vai ter que pagar esse prejuízo. —
Se aproxima e alisa a minha bochecha.
— O quê? Está maluco? — grito, andando para trás. — Não
tenho esse dinheiro, começo hoje a trabalhar aqui...
— Começa hoje? — Ergue o braço e olha para o relógio. —
Lamento em dizer que está atrasada, corrigindo, está bem atrasada.
— Nossa, não me diga. — Bufo de raiva. Ele sorri me vendo
daquele jeito. — Olha aqui seu... Seu... — Me fita com as mãos no
bolso da calça. — Quer saber? Foda-se.
— Não pode falar assim comigo? Sabe com quem está
falando? — vocifera, ao se aproximar de mim.
Dou uma olha para trás e noto que tem um elevador. Essa é a
minha chance. Imediatamente, giro o meu corpo e corro em direção
para elevador e o deixo ali falando sozinho. Quando percebe ele vem
atrás de mim, mas já é tarde, estou dentro do elevador.
— Sua louca! Volta aqui? — berra, furioso. Está chegando
perto, mas o elevador está fechando. Enquanto está fechando,
mando o dedo do meio para ele.
Pronto. Estou livre daquele babaca... Lindo... Balanço a cabeça
tirando aquilo da minha mente. Encosto no espelho do elevador. Que
dia hein, Raquel? Acho que não tem como piorar, né?
Esperando o elevador chegar ao quinto andar, meu celular
começa a tocar. Ai meu pai, quem está me ligando? Será que é a
Patrícia? Procuro dentro da bolsa, mas quando o pego noto que é
um número desconhecido.
— Raquel? — Chama a moça no outro lado da linha.
— Sim, é ela — respondo, me olhando no espelho.
— Cadê você? Esqueceu que começa hoje na empresa? —
pergunta toda preocupada, conheço essa voz... Sim, é da mulher do
RH. Droga.
— Oi, Camila. É que aconteceu um probleminha no meio do
caminho... Mas já estou na empresa, estou no elevador — digo,
ajeitando a alça da bolsa no meu ombro.
— Tudo bem. Por sorte o senhor Montenegro não chegou,
assim que você chegar ao quinto andar vá direto para minha sala.
Estou de aguardando — Camila instrui. Concordo, antes de desligar
ela me dá instruções de onde fica a sua sala e logo desliga.
Chego ao quinto andar vou logo para a sala do RH. Ela está
sentada à sua mesa, morena de cabelos negros ondulados na altura
dos ombros, está elegante com um vestido vintage vinho que
combina com o seu tom de pele.
— Raquel, sente-se. — Camila se levanta e indica a poltrona na
minha frente, me aproximo e me sento, em seguida pouso minha
bolsa na outra poltrona. Reparo que ela está me observando.
— Algum problema? — indago, cruzando as pernas, ela volta a
se sentar na sua cadeira.
— Chegar atrasada no seu primeiro dia de trabalho... — Solta o
ar, inclina-se para frente apoiando seus braços na mesa. — Não sei,
se deixo você trabalhar...
— Não! Por favor! — Dou um pulo da poltrona. — Aconteceu
um imprevisto, me dê mais uma chance, isso não vai se repetir —
imploro, acabo pegando na sua mão. Ela fica me encarando e noto
que exagerei e solto a sua mão. — Desculpa, mas é meu grande
sonho trabalhar aqui...
— Tudo bem... — Levanta-se da cadeira, vem na minha direção
se encostando na mesa. — Como o senhor Montenegro não chegou
ainda, você vai trabalhar hoje. Mas Raquel isso não pode se repetir!
Ele odeia atrasos — adverte.
— Sim, sim, não vai acontecer. — Dou um abraço nela,
pegando ela de surpresa. — Desculpe... De novo. — Recuo,
encolhendo os ombros.
— Tudo bem — comenta, sorrindo. — Vamos conhecer sua
sala?
— Claro. Estou louca pra ver. — Sem perder tempo pego a
minha bolsa e vou atrás da Camila.
Voltamos para o elevador, agora iremos para o nono andar, sem
demora chegamos ao andar, no caminho ela me mostra as salas de
cada cargo: criminalista, trabalhista, ação penal... Também me indica
a sala de assistência jurídica, que sai uma morena bem bonita e
Camila nos apresenta.
— Elena, essa é a Raquel, a moça que falei outro dia — Camila
informa. A moça levanta a sobrancelha.
— Oi, tudo bem. Seja bem-vinda — diz, erguendo a mão para
me cumprimentar.
— Obrigada. — Cumprimento-a. — Nossa, quanta papelada?
— Ahh... Isso aqui é umas coisinhas que meu irmão me pediu,
nada de mais — comenta, olhando o relógio. — Por falar nisso,
Camila sabe me dizer se ele já chegou? Tenho que entregar isso a
ele — pergunta para moça do RH.
— Não sei, Elena, ele ainda não chegou — Carla responde,
educadamente.
— Humm... Ok então. Vou voltar para a minha sala, depois vou
para sala dele. — Quando ela faz menção de se virar, faz uma pausa
e dá meia-volta olhando para mim. — Boa sorte. Acho que você vai
precisar. — Ela entra na sua sala.
— Por que ela disse aquilo? — pergunto para Camila, enquanto
estamos indo para minha sala.
— Vamos dizer que o Senhor Montenegro tem um gênio difícil
— explica Camila. Não digo mais nada, já vi que vou ter muita
trabalho com esse cara.
Antes de chegar à minha sala, ela me explica como é o meu
chefe. Além de não gostar de atrasos, ele é bem exigente, não gosta
que fique no telefone, gosta de tudo organizado e se pedir algo é pra
fazer, detesta ser contrariado, que avise três dias antes dos
julgamentos para ele se preparar.
E diz para não ligar se ele por acaso for ignorante ou arrogante
que pode ser por conta do estresse do trabalho. Deve ser uma merda
trabalhar com um cara desse, agora sei o porquê não dura
funcionária nesse lugar. Aposto que deve ser um barrigudo e careca,
não resisto começo a rir.
— O que foi, Raquel? — Camila pergunta não entendendo a
minha atitude.
— Hã? Não foi nada... Me lembrei de uma piada. — Seguro o
riso, ajeito a alça da minha bolsa que estava caindo.
Ela abre a sala, quer dizer, a minha sala. Tenho que dizer que é
maravilhosa. É ampla e bem grande, as paredes são cinza-chumbo,
a mesa com tampa de vidro e o corpo em madeira. É linda demais.
Pareço que nem aquelas crianças que vão para Disney a primeira
vez. Fico ali admirando tudo, a decoração, o ambiente... Mas volto
para realidade.
— Raquel? — A senhora Camila me chama, fazendo gestos
para ir até ela.
— Desculpa, estava admirando a sala.
— Ok. Por favor, sente-se. — Aponta para a cadeira. Estilo
concha giratória com revestimento metálico, assim que me sento na
cadeira, ela me mostra o computador e duas agendas.
Fito Camila sem entender o porquê duas agendas e ela me
explica que a cinza é para reuniões com clientes, julgamentos, etc..
Já a preta para encontros particulares. Nossa, o cara deve pegar
muita mulher para ter uma agenda para isso? Olho para o lado e
noto que tem uma divisória de vidro.
— Camila, o que é aquilo? — pergunto, indicando para ela.
— Ali? É o escritório do Senhor Montenegro. — Levanto a
sobrancelha. — Não se preocupe, lá fica um blackout e está sempre
fechado. Ele não vai ficar olhando para você e nem você para ele.
Ufa, que alívio. Já basta esse velho pegador ficar me vigiando.
Quando ela ia falar algo entra um homem rosnando até entrar na
outra sala e fecha a porta ferozmente que levo um susto.
E nem deu tempo de ver quem era, foi tão rápido. A Camila me
pede para esperar aqui, pois ela vai ver o que houve, balanço a
cabeça concordando. Ela vai para sala e encosto na cadeira
esperando-a voltar, não demora muito ela volta.
— Raquel, levante-se e venha comigo — Camila orienta, me
dando passagem para ir até à sala de vidro. Então foi o velho que
entrou daquele jeito? Calma, Raquel, vai dar tudo certo. Assim que
entro na sala ele está de costas no frigobar. Não sei por que, mas já
vi aquele terno azul?
— Essa é a secretária que falei, ela vai começar hoje — Camila
anuncia, enquanto o homem sorve sua garrafa d'água que logo se
vira.
— Ok, seja... Que porra é essa, Camila? — Ele joga a garrafa
na mesa, que respinga, mas não se importa.
— Ah, não. Joguei pedra na cruz só pode. O que esse babaca
está fazendo aqui? — Aponto para ele e fito a Camila que fica
perdida.
— Olha como a senhorita fala! — alerta, levantando o dedo. —
Já basta o que fez no meu carro!
— O que ela fez no seu carro? — Camila pergunta olhando
para o homem de terno azul.
— Cala a merda da sua boca! — protesto, já irritada por esse
cara ficar falando desse jeito comigo. O que ele está fazendo aqui?
— Raquel! Não pode falar assim! — Camila me adverte.
— Por que não, mas é verdade... — Ela se aproxima e puxa o
meu braço.
— Ele é seu chefe. Esse é o Bruno Montenegro.
Oi? Olho para frente, ele está com os braços cruzados na altura
do peito. E achando que não tem como piorar o meu dia. Que merda!
Acabo de estacionar quando estou saindo do carro, meu celular
toca. Porra, quem está me ligando? Pego o telefone no bolso da
calça. É a Letícia. Que diabos ela quer?
— Fala, que tenho muita coisa pra resolver. Não tenho tempo
para bater papo! — digo, encostando no couro do meu carro.
— Nossa, que mau humor, hein? Queria saber se vamos jantar
hoje? — pergunta, dou uma bela bufada.
Não estou a fim de encontrá-la, tenho que resolver essa
negociação de um cliente, que não está me deixando dormir à noite.
Letícia é gata e uma ótima companhia, faz seis meses que
estamos assim. Agora ela acha que devemos dar o próximo passo?
Fala sério? Gosto muito da minha liberdade, sem mulher grudenta no
meu lado. Está tão bom a nossa relação: nos vemos final de semana,
transamos, sairmos e transamos de novo, volto para o minha
empresa e ela para o seu trabalho como promotora.
— Bruno? Bruno, está me ouvindo?
— Sim, Letícia! — respondo, olho pelo vidro fumê um pálio
branco dando volta para estacionar.
É segunda vez que está procurando uma vaga, não viu que tem
uma vaga atrás de mim? Que idiota.
— Então vamos sair hoje? — insiste, levo a mão aos meus
olhos e esfrego, pois estou perdendo a paciência com essa bobagem
— Olha aqui... — Vou para o volante e bato a cabeça pelo
impacto. Merda! Acho que foi uma batida. Ah, eu vou matar o filho da
puta que fez isso! — Letícia, vou desligar. Depois nos falamos. —
Desligo.
Abro o meu carro todo puto da vida, vejo que a traseira do meu
Bugatti todo amassado. Ahh... Olho para o lado, quem fez isso foi o
pálio branco. Desgraçado! Está fodido, mexeu com a pessoa errada.
Aperto o passo indo em direção ao pálio, vou para o lado do
motorista quando a vejo... Sim, é uma mulher. Mas não é uma mulher
qualquer... Ela é linda, cabelos negros ondulados, olhos castanhos,
uma boca... Puta que pariu, que boca. Sinto o meu membro fica duro.
Fico encantado por essa mulher.
Se concentre, Bruno! Balanço a cabeça para sair daquele
transe. Depois que volto em si, olho para ela.
— Tinha que ser uma mulher mesmo pra fazer isso — digo, ela
está me encarando, ainda dentro do carro. — Aposto que estava
falando no celular.
— Como ousa falar assim comigo? — Ela sai do pálio com
bolsa e tudo, ficando aqui na minha frente.
Observo-a, não deixo de reparar que assim em pé ela é muito
gostosa. Bruno se controla. Controle-se. Essa mulher bateu no seu
Bugatti!
— Escuta aqui, seu filhinho de papai! — Levanto a sobrancelha
e a encaro. — Eu dirijo muito bem, tá? — ela protesta, que aponta o
celular na minha direção, está bem irritada.
Tenho que admitir que a vendo assim, fica ainda mais linda por
sinal. Dou um passo para frente e noto que seu aparelho está ligado.
— Tem alguém na linha? — sondo, mirando na tela do seu
aparelho. Olha para a tela vendo que tem alguém na linha, atende à
ligação e se vira ficando de costas pra mim.
Até que é uma visão bem agradável, diga-se de passagem.
Continua falando no celular, mas sussurrando, acho que não quer eu
escute o que estão falando. Como é que pode? Uma mulher tão
gostosa e atrapalhada ao mesmo tempo?
Tomara que ela trabalhe na minha empresa, pois estou louco
para saboreá-la todinha. Desliga a ligação e leva um susto quando
me vê ainda aqui, esperando por ela. Achou mesmo que eu não iria
esperar para resolvermos sobre a batida do meu carro?
— Olha, sei que estou errada, e quero pedir desculpas por ter
batido no seu carro... — diz, parecendo estar sentida por ter feito
isso.
— Tudo bem. Está desculpada — digo, sorrindo, logo pego o
meu celular do meu bolso da calça para chamar o guincho.
A vejo passando por mim. O quê? Ela pensa que vai para
onde? Pego no seu braço e a puxo, nisso ela perde o equilíbrio e cai
sobre meu peito. Levanta a cabeça e olha para mim, fica um tempo
me encarando.
Dá para sentir o seu perfume, é doce com amadeirado e seus
lábios estão perto dos meus. Que vontade de beijar esses lábios
carnudos. E de repente ela se afasta de mim. Mas continuo
segurando o seu braço.
— Quer me soltar? O que você quer?
― Bate no meu Bugatti e acha que vai ficar por isso mesmo?
Só pode ser piada? — digo, encarando-a. Como ela é linda.
― Foi sem querer... Não quis bater no seu... carro? — Encolhe
os ombros.
― Bugatti Veyron. Essa belezura custou nada menos que dez
milhões de reais — Largo o seu braço. ― E vai ter que arcar com
esse prejuízo.
― O que disse? — indaga.
― Disse que a senhorita vai pagar por ter batido na traseira do
meu carro. — Aproximo-me e aliso o seu rosto.
― O quê? Está louco? — grita, dando um passo para trás
segurando na alça da sua bolsa. ― Não tenho esse dinheiro, começo
hoje a trabalhar aqui.
― Começa hoje? — Ergo o pulso e dou uma olhada no relógio.
― Lamento em dizer, corrigindo, está bem atrasada.
― Nossa, não me diga. — Solta o ar com raiva, não resisto e
sorrio. ― Olha aqui seu... Seu... — Observo-a atentamente com as
mãos dentro do bolso da calça. ― Quer saber? Foda-se.
― Não pode falar assim comigo? Sabe com quem está
falando? — digo, aproximando-me dela. ― Eu sou o dono dessa
empresa, sou Bruno Montenegro. Então quero respeito... — Quando
olho para frente, ela está no elevador. Me deixou aqui que nem um
idiota falando sozinho? ― Sua louca? Volta aqui! — Começo a gritar.
Ela já está dentro do elevador e eu tento apertar o passo, mas
não adianta, a merda do elevador está fechando. Enquanto recupero
o fôlego a vejo mostrando o dedo do meio para mim e o elevador vai
para o próximo andar. Ah, sua infeliz. Vai ter volta.
Olho para lado e vejo as escadas. Merda! Vou ter que ir por
aqui até chegar à minha sala. Tudo por culpa daquela louca.

Puta que pariu. Finalmente cheguei, foram nove andares. Estou


morto e todo suado. Merda! Tenho um encontro com um cliente na
hora do almoço e estou desse jeito. Culpa daquela... Doida... Linda...
Droga, não posso pensar naquela morena, por causa dela que estou
assim, todo ensopado de suor.
Escuto alguém bater na porta.
— Pode entrar.
— Olá... Tudo bem, Senhor Montenegro? — pergunta a Camila,
entrando na sala.
— Olha o meu estado? Pareço estar bem? — digo, irado,
olhando para ela. — O que você quer?
— Quero dizer que a nova secretária está aqui. — Solto o ar
com força. Jogo-me na cadeira me encostando para relaxar um
pouco, mas desisto. Minha camisa está inteira molhada de suor por
ter subido aquelas escadas. — Tudo bem, a chame. — Ela sai e vai
para o outro cômodo chamar a tal secretária. Levanto-me e vou para
o meu frigobar, me abaixo para pegar a garrafa d'água, preciso me
refrescar.
— Essa é a secretária executiva que falei. Começa trabalhar
hoje — anuncia Carla. Dou um belo gole na garrafa. Que delícia. Me
viro para falar com a tal moça.
— Ok. Seja... Que porra é essa, Camila? — Vou até minha
mesa. Estou puto da vida e bato com força a garrafa d'água na mesa.
— Ah, não. Devo ter jogado pedra na cruz, só pode. O que esse
babaca está fazendo aqui? — Diz, referindo-se a mim, logo fita a
Camila.
— Olha como a senhorita se refere a mim! — alerto, erguendo o
dedo na sua direção. — Já basta o que fez no meu carro!
— O que ela fez no seu carro? — pergunta Camila, me olhando
sem entender.
— Cala a merda da boca! Já disse que foi um acidente —
protesta a morena, rispidamente. Como é abusada!
— Raquel, não pode falar assim! — adverte Camila para
morena abusada.
— Por que não? É verdade. Ele é um idiota engomadinho. —
Se aproxima da suposta secretária e puxa o seu braço. Pois, depois
disso vou demiti-la. Ah, se vou.
— Ele é seu chefe. Esse é o senhor Bruno Montenegro. —
Camila larga o seu braço, direcionando-se para mim. Estou de
braços cruzados, encarando-a.
— Olha podemos resolver isso... — Camila vem em minha
direção. Tentando contornar aquela situação, mas não tem mais o
que fazer.
— Camila, nos deixe a sós.
— Senhor Montenegro... Foi um mal-entendido... — para na
minha frente falando. Mas só fico olhando para essa morena
abusada.
— Eu disse que nos deixar a sós! — Se afasta e sai da sala
fechando a porta.
— Olha... Que engraçado, né? O que disse antes é verdade...
Foi um acidente... — ela diz, encolhendo os ombros.
Vou até ela, com as mãos no bolso da calça. Estou bem na sua
frente.
— Qual parte? Quando mostrou o dedo do meio enquanto a
porta do elevador estava fechando ou quando me chamou de idiota
engomadinho? — digo, olhando firmemente nos seus olhos.
Ela não diz nada, ergue o braço colocando uma mecha de
cabelo atrás da orelha. Está trêmula. Acho que está com medo.
— Sinto muito... Mil desculpas... — Viro de costas para ela indo
atrás dela.
— Sente-se. — Aponto para cadeira e ela rejeita. — Isso não foi
um pedido — sussurro. — Estou ordenando. Então, sente-se! — Na
hora faz o que mandei e se senta na cadeira. Vou até a mesa e me
encosto, ficando de frente para ela.
— Agora sim, podemos conversar. Fique calada, nesse instante
só eu que falo, ok? — Ela meneia a cabeça confirmando.
— Me diz por que não devo mandá-la para o RH agora mesmo,
depois das coisas que me disse? — Encaro-a que está sentada na
cadeira. Ela olha para o lado, mexendo no cabelo. Está pensativa. —
Ei? A senhorita ouviu o que eu disse?
— Claro que ouvi, não sou surda não? — responde, olhando
para minha direção. — Você... — Levanto a sobrancelha e ela se
corrige. — Quer dizer, o senhor fica aí falando e não me deixa falar...
— Abaixa a cabeça, cruzo os braços na altura do peito.
― Então fale, estou ouvindo. — Ela levanta a cabeça e me fita.
Nossa, como ela é linda essa morena.
― Primeiro, sobre a batida do seu carro foi um acidente. Sinto
muito mesmo. — Levanta-se da cadeira vindo na minha direção
encostando no meu braço. Dou uma encarada, ela se afasta. ―
Desculpa... E segundo... Sobre lhe ter chamado de um idiota
engomadinho... — A corto.
― Não esqueça que mostrou o dedo do meio para minha
pessoa lá no estacionamento, no elevador? — Ergo a mão
lembrando. Ela engole a seco.
― Então... Tirando isso tudo... Por favor me dê uma chance? —
ela diz. — O senhor não vai se arrepender...
— Vou ter que dizer vou sim. Além de fazer um estrago no meu
carro, chegou atrasada no seu primeiro dia de trabalho. Sem contar
que a senhorita não tem experiência nenhuma, certo? — pergunto,
ela me fita com aqueles olhos castanhos.
Ergue as mãos na cabeça pensando em algo para me fazer
mudar de ideia. Olho firme para ela e digo que nada pode me
convencer do contrário. Então ela pega sua bolsa, me dando as
costas para mim. Quando está indo abrir a porta a chamo.
— Ei, senhorita?
— Sim — diz com desânimo na voz, virando-se e olha para
mim.
— Olha... A senhorita tem que pagar o prejuízo do meu carro.
— Ela já ia falar que não tem dinheiro e aquele blá-blá-blá. Ergo a
minha mão fazendo sinal para ficar quieta e ela abaixa a cabeça
fazendo o que mandei. Saio da mesa e vou caminhando em sua
direção com as mãos no bolso.
— Como estava dizendo a senhorita tem que pagar o prejuízo
do meu carro e desempregada não poderá fazer isso... Então a
senhorita...
— Oliveira. Raquel Oliveira — completa.
— Senhorita Oliveira, não precisa passar no RH. Poderá ficar
aqui na empresa, mas vou descontar uma parte do seu salário para o
conserto do meu carro? — digo, e seus olhos começam a brilhar.
— Sim, sim. Obrigada... Muito obrigada, o senhor não vai se
arrepender. — Se aproxima, toca no meu braço sorrindo e a encaro
novamente. Nota o meu cenho e se afasta cruzando os braços com
vergonha. — Desculpa... Obrigada... — Escuto alguém bater na
porta.
— Pode entrar — digo, entra a minha irmã.
— Bruno, a mamãe quer falar com você... — Ela olha para
morena. — Ah, não sabia que estava ocupado, posso vir depois...
— Não, tudo bem. A senhorita... — Aponto para ela.
— Oliveira, já disse. — Encaro-a por responder daquela
maneira que encolhe os ombros.
— A senhorita Oliveira estava indo para sua mesa, certo? —
Levanto a sobrancelha que olha para minha irmã, logo voltar olhar
para mim.
— Sim, sim — ela sussurra. Ficamos um tempo em silêncio,
que depois se toca e pega a sua bolsa da cadeira e sai fechando a
porta.
— Pode falar, Elena, o que a senhora Mirian quer comigo? —
sondo, tirando o paletó e jogo no sofá, em seguida tiro a gravata
também faço o mesmo que fiz com o terno. Logo sento na minha
mesa e bebo a minha garrafa d'água.
— Nossa, Bruno! Você está todo ensopado? O que aconteceu?
— Se aproxima da mesa jogando uma planilha na mesa, depois
encosta na mesa.
— Isso aqui? É por conta de ter subido pela escadaria, pois o
elevador estava ocupado. — Ponho a garrafa na mesa. — O pior não
é isso. Bateram bem na traseira do meu carro.
— O do Bugatti? O que você tanto ama? — minha irmã
pergunta.
— Esse mesmo.
— Quem foi que fez isso? — pergunta.
— A morena que estava aqui na sala — respondo dou mais um
gole na garrafa d'água, depois jogo na lixeira.
— Mas essa que você descreveu não é a sua nova secretária?
— Balanço a cabeça concordando. — E mesmo assim vai deixá-la
no emprego? Não estou te reconhecendo? — Me fita cruzando os
braços.
— Se mandá-la embora como ela pagará o conserto do carro?
— Pego a planilha que ela jogou sobre a mesa.
— Você está certo... Só um instante! — Dá um salto da mesa e
vai para o meu lado direito. — Bruno Montenegro? O seu carro não
está no seguro?
— Tem? — Dou um sorriso de lado para ela, que dá um tapa no
meu braço.
— Seu safado, você não disse do seguro para ela, né? — Está
ali me encarando.
— Ops, esqueci... Ah, depois eu falo. Agora me diga o que a
Sheila quer e o que é isso? — Jogo a planilha na mesa e olho para
minha irmã.
— Nada de mais, quer saber se você pode pegar um pro bono?
— minha irmã comenta, indo para cadeira e sentando-se.
— Ela sabe muito bem que não faço caridade. Então
desembucha. Não é a mamãe que está pedindo isso, não é? —
questiono. Ela solta o ar, depois volta olhar para mim.
— Sabe o que é... — Gesticula. Sabia! Inclino-me para frente,
colocando meus braços sobre a mesa.
— Esqueça, Elena. Nem vem com esse seu jeitinho que não
vou pegar esse pro bono. — Ela insiste, dizendo que seria ótimo para
o meu currículo. Levanto da cadeira puto da vida. — Não e não!
Agora saia que tenho que me trocar que daqui a quinze minutos
tenho um encontro com cliente. — Minha irmã se levanta da cadeira
pegando o tal pro bono resmungando nervosa, e vai em direção a
porta, batendo-a com força.
Era o que me faltava. Já basta o que passei hoje, agora tenho
que fazer caridade? Fala sério! Que absurdo!
Sai daquela sala e fui para a minha mesa. Pelo menos nessa
confusão toda não fui mandada pra casa. Me sento na minha
cadeira, coloco a minha bolsa na gaveta da mesa, em seguida dou
uma olhada no computador. Quando estava dando olhada, sai aquela
morena da sala do "meu chefe".
Está bem chateada. Logo ele sai da sala também e vem na
minha direção. Meu Deus! Esse homem é muito lindo, começo sentir
minhas pernas ficar bambas. Olha que estou sentada. Para na minha
frente, está segurando seu paletó e a gravata.
— Vou dar uma saída. Vou me trocar de roupa, se o cliente
ligar, avise que vou demorar um pouco pois tive… — Para de falar e
me fita. Aqueles olhos verdes me encarando, me deixa tonta. Raquel,
se controla mulher! Você tem namorado! — Ah, não preciso dizer que
a senhorita sabe muito bem! — Balanço a cabeça concordando.
Estava saindo, lembra-se de alguma coisa e volta, indo para minha
mesa.
— Já ia esquecendo… Prepare a carta de contrato. — Ele
disse, fico o observando. — O que foi? Não entendeu o que disse?
— Sim, entendi. — Digo, ele se aproxima inclinando-se
apoiando o braço no computador.
— E qual é o problema?
— É que… É que… — Gaguejou, baixo a cabeça.
— FALA LOGO PORRA! — Grita, batendo na mesa. Pisco
várias vezes, tento ficar firme ali na cadeira. Dou aquela bufada, olho
para ele e digo de uma vez.
— Eu não sei o que é essa tal carta… — Encolho os ombros e
fecho os olhos esperando ele dar seus gritos. Ouço passos, ele saiu?
— Escuta aqui, pois não vou repetir. — Diz com a voz rouca me
fazendo sentir um arrepio. Abro os olhos, vejo que ele está bem perto
de mim. Meu Deus! Dava pra sentir a sua respiração e estava com
cheiro de suor, não que estava fedendo, pelo o contrário era gostoso.
Estou ficando louca. Só pode. — A carta é de contrato. Com esse
contrato impede o cliente de nos processar. Entendeu? — Balanço a
cabeça concordando olhando para ele. — Que bom. Agora que de
expliquei o que é carta de contrato, posso ir então. Faz isso agora!
Isso é uma ordem. Como a senhorita chegou atrasada só tem meia
hora de almoço.
— Tudo bem… — Digo, abaixando o cenho. Quando levanto o
rosto, ele já tinha saído. Nossa, esse homem é um chato ao mesmo
tempo é bem intimidador. Não posso dizer que é lindo. Concentre-se
Raquel! Concentre-se! Vamos ao trabalho.
Vejo aqui alguns exemplos da tal carta de trabalho que aquele
chato… Lindo… Droga! Para de admirá-lo. Ele é seu chefe e outra,
tenho namorado. O meu moreno. Vamos focar no trabalho.
Pronto. Até que não foi difícil. Agora tenho que procurar uma
impressora? Estava levantando da cadeira para procurar a bendita
impressora e telefone toca.
— Bom dia, aqui é Montenegro Company Advocacia o que
deseja? – Digo com leveza.
— Bom dia. Marquei um almoço com Bruno Montenegro e ele
ainda não apareceu? Sabe me dizer se está vindo? – Pergunta o
homem do outro lado da linha. Ainda de frente para minha mesa
inclino o meu corpo para frente e apoiei meus braços sobre a mesa.
— O senhor Montenegro deu uma saída para trocar de roupa…
– Faço um esforço e viro o computador para ver a hora. — Daqui uns
vinte minutos ele estará aí.
— Ok. Obrigado senhorita. – Ele desliga. Me viro e levo um
susto que perco o equilíbrio, caindo nos braços do homem na minha
frente.
— A senhorita está bem? Desculpa se assustei, não era a
minha intenção. – Levanto a cabeça para olhar o homem e levei
outro susto. Homem másculo, de olhos cinza vibrantes, ele é muito
elegante e tem um olhar penetrante. Muito lindo, quer dizer,
maravilhoso. Que empresa é essa que só tem homens lindos? — Ei,
perguntei se a senhorita está bem? – Ele me fita, fico encantada com
aqueles olhos cinzas. Logo vem na minha mente o Bruno. Então me
afasto dos seus braços, aqueles braços fortes e musculosos que
dava para sentir, mesmo ele usando um paletó.
— Sim… Estou bem… Só levei um susto, apareceu do nada. –
Digo, encostando na mesa. Coloco uma mecha de cabelo atrás da
orelha.
— Eu te assustei? Nossa, não sabia que era tão feio assim? –
Põe suas mãos no bolso da calça e sorrir. Meu pai me protege
dessas tentações. Mas ele tem um sorriso lindo. — Deixa eu me
apresentar, sou Wirley Castro. – Ergue o braço para me
cumprimentar.
— Sou Raquel Oliveira, sou a nova secretária executiva do
Senhor Montenegro. – Aperto a sua mão.
— Secretaria do Bruno? Sei que ele…
— Um chato, tirano e grita com os seus funcionários. – Acabo o
cortando.
— Ia dizer que ele tem uma personalidade difícil, mas isso
também serve. – Encolho os ombros ficando sem graça. — Não fica
assim, se ele começar a gritar ignora ele, isso o deixa mais puto. –
Ele sussurra. A voz dele é suave e doce, não deixa de ser sexy.
Raquel tenha decência, você é comprometida. Se controla!
— Espero que tenha feito o que pedi… – Entra o Senhor
Montenegro. De banho tomado, ainda com os cabelos molhados,
estava usando uma calça, uma camisa branca e um terno preto.
Estava com um perfume, não sei qual era, mas dava pra sentir daqui.
Estava lindo! Meu pai do céu! Me blinda dessas tentações! — O que
está fazendo aqui Wirley? – Pergunta com suavidade.
— Queria falar com você. Podemos ir para sua sala? – Disse
Wirley apontando para sala do meu chefe.
— Vai ser depois, pois tenho um encontro com um cliente. Por
falar nisso? – Se aproxima e me fita. Aqueles olhos verdes me dão
um calor.
— Só falta imprimir, quando o telefone tocou e acho que era o
seu cliente, perguntou porque não tinha aparecido no encontro. –
Disse, continua me encarando. — Então disse que daqui uns vinte
minutos o senhor já ia o encontrá-lo.
— Vai logo imprimir essa bendita carta. Tem uma impressora
atrás da senhorita, ao lado da sua mesa. – Sorrir, que mira na
impressora. Balanço a cabeça confirmando e faço que ele manda.
— Enquanto ela imprime pra você podemos conversar? –
Pergunta Wirley. — Vai levar um minuto.
— Está bem. – Solta ar. — Diz logo o que você quer? –
Demanda o meu chefe.
— Queria saber se você pegou o pro bono? – Pergunta. Meu
chefe levanta a sobrancelha, desconfiado.
— Você muito bem que não gosto de fazer esse tipo de
trabalho. E não, não peguei esse pro bono. – Ele disse, virando de
lado e encostando na minha mesa. Vou até ele para entregar a carta
de contrato.
— Aqui está Senhor Montenegro. – Ele da uma analisada se
está tudo em ordem.
— Parece estar tudo ok. Melhor eu ir, que demorei demais aqui.
– Ergue o braço, olha para o seu relógio, logo se afasta da mesa.
— Wirley pode pegar esse tal pro bono que a minha irmã me
ofereceu. – Ele fala para o moço elegante na sua frente. Se vira e
olha para mim. — E a senhorita pode ir almoçar, não quero
funcionária minha passando mal porque não liberei comer alguma
coisa. Mas lembrando que é meia hora de almoço! – Alerta, e eu
sacudo a cabeça confirmando.
Logo ele sai com a pasta embaixo do braço. Claro que assim
que fechou a porta, mandei uma banana pra ele.
— Já que foi liberada para almoçar, gostaria de me fazer
companhia? – Wirley se vira para minha direção. Depois de me
recompor como uma mulher adulta que sou, olho para ele me
sentindo sem graça pelo convite.
— Não precisa. O senhor com certeza já tem companhia… –
Digo, abaixando a cabeça.
— Não tenho não, por isso que estou te chamando. – Se
aproxima, depois dar sorriso. Meu Deus que sorriso encantador.
— Está bem, eu vou. Já que estou com fome. – Digo sorrindo.
Logo ele também rir.
— Ok então. Pega sua bolsa, vamos que a senhorita é a minha
convidada. — Sem pensar duas vezes, vou à gaveta onde tinha
deixado a minha bolsa, coloco no meu ombro e sairmos da sala. Não
é sempre que um homem elegante me chama para um almoço. Acho
que não tem mau nenhum almoçar com Wirley né?
Estava indo para o elevador decido passar na sala da minha
irmã para dizer que Wirley vai pegar o pro bono. A porta está
encostada, afasto e entro, ela está debruçada na mesa chorando.
Isso tudo por causa de um pro bono? Por quê?
— Elena? – Ela me olha assustada, em seguida enxuga as
lágrimas.
— O que está fazendo aqui? Não tem um encontro com um
cliente? — Disse com irritação, com a voz embargada pelo choro.
— Vim aqui ver como você está, mas estou vendo que não está
nada bem. — Puxo a cadeira para me sentar e cruzo as pernas
olhando para ela.
— Nossa, quem vê pensa que é um irmão muito atencioso… Só
que não. — Se ajeita na cadeira, arruma os papéis sobre a mesa.
— Para de fazer drama, está parecendo a nossa mãe. Você
sabe muito bem que te amo e faço um possível, e o impossível pra te
fazer feliz. — Digo, jogando a minha pasta na cadeira ao lado que
estava embaixo do meu braço. Ela me fita, cruza os braços sobre a
mesa.
— Então por que não quis pegar o pro bono? — Questiona.
— Estou carregado de trabalho até sexta-feira. E outra, aposto
que é aquela sua amiga de infância? — Se afasta e olha para mim
chocada.
— E o que tem? Ela está precisando de uma força… Ela sofreu
assédio no trabalho e foi demitida por justa causa… — Me levanto da
cadeira, encosto na mesa de frente para ela, ergo a minha mão no
seu queixo a fazendo olhar para mim.
— Para de falar e me escuta. Essa não é a tal amiga, de época
escola que você me disse o que sente e nunca mais quis falar com
você? — Falo com suavidade.
— Ela me ligou. Pediu desculpas, tá? — Tira a minha mão do
seu rosto, se afasta. — Quando estávamos conversando sobre
trabalho… Ela soltou que foi demitida e como foi assediada… — A
corto.
— Precisava de um advogado e você lembrou-se de mim? –
Balança a cabeça dizendo sim. Solto o ar, sai da mesa e a fito. —
Merda Elena! Não vê que ela está te usando irmãzinha?
— Me usando? Para com isso Bruno! — Vira-se de costa
cruzando os braços. Vou à sua direção, pego no seu braço a fazendo
olhar pra mim.
— Sei que é duro eu dizer isso, mas eu como seu irmão e te
amo muito, preciso falar isso. Sim, ela te usando Elena, acorda!
Ficou meses sem entrar em contato e de repente que foi mandada
embora do trabalho, procura você? — Solto o seu braço, ela me
encara, em seguida abaixa a cabeça. Logo levanta e me fita com
olhos cheios d'águas.
Lembro-me como se fosse hoje, quando ela tinha dezesseis
anos, chegou arrasada em casa por conta desse sentimento.
Minha mãe estava fora trabalhando num julgamento importante,
estava no meu quarto estudando para as provas da faculdade,
escuto um barulho forte na porta. Decido ir ver o que aconteceu?
Bato na porta chamando por ela e nada, fiz isso umas quatro ou
cinco vezes até ela abrir a porta. Por muita persistência ela abre. Lá
estava ela com olhos inchados e avermelhados de tanto chorar. Volta
para cama e deita encolhida com travesseiro no meio das pernas, ela
fica assim quando está muito triste. Me aproximo e me sento na beira
da cama.
— Elena? O que aconteceu? – É assim que a chamo. Continua
na mesma posição e calada. — Me fala o que aconteceu? – Insisto,
fazendo carinho na sua perna. Ela se levanta tirando o travesseiro
entre as pernas e me fita com olhos avermelhados.
— Não… Foi nada… – Ela disse com a voz embargada.
Encolhe os ombros.
— Sério? Porque esses olhos inchados? – Pergunto. Ela abaixa
a cabeça.
— É que… Não posso falar… Você ia me achar um monstro? –
Levanto a sobrancelha, confuso. Me aproximo levantando o seu rosto
para olhar pra mim.
— Nunca ia pensar isso de você, você é a minha irmãzinha. –
Ela me fita por um momento, depois levanta-se da cama.
— MAS EU SOU! SOU DIFERENTE DAS OUTRAS GAROTAS
DA MINHA IDADE! – Me levanto da cama indo até ela.
— Como assim Leninha? Me explica. – To no seu ombro e
fazendo ela se virar para mim. — Pode falar.
— Eu gosto de uma pessoa… Então criei coragem para dizer o
que sinto… Mas foi uma idiotice. Todo mundo ficou me olhando
como se fosse… – Ela volta pra cama sentindo-se cruzando os
braços.
— Espera ai. Fala sério. – Ela me encara. — Isso tudo por
causa de um fora? Não fica assim, depois aparece um cara legal pra
você. – Sento na cama ao lado dela, jogando seu cabelo castanhos
para trás.
— Você está achando que estou assim por causa de um cara?
Claro que não. Nem gosto. – Levanto a sobrancelha. Como assim
não gosta de garotos?
— Que merda é essa? – Dou um salto da cama.
— Bruno eu não gosto de garotos…
— Eu escutei. Continua. – Digo, ela coloca uma mecha de
cabelo atrás da orelha.
— Eu gosto de garotas. Eu sou lésbica, Bruno. – Diz de uma
vez. Fico em choque o que me acaba de dizer. Ela levanta ficando na
minha frente.
— Viu? Não disse que sou um monstro! – Olho para ela e dou
abraço, sussurro no seu ouvido.
— Obrigado por me contar, não importa se você gosta de
garotos ou garotas. Vai continuando sendo a minha irmãzinha. – Se
afasta e me fita, seus olhos se enchem d'água.
— Bruno…
— Não diz nada. – Ergo o meu dedo nos seus lábios impedindo
dela falar.
Decidimos que esse é nosso segredo, nem a mamãe precisava
saber. Foi difícil, mas ela conseguiu se recuperar dessa decepção
amorosa. Agora essa mulher vem procurar a minha irmã por
interesse, pensando no seu próprio umbigo e minha irmã vai sofrer
tudo de novo. Tenho que impedir.
Pergunto a ela o telefone da tal amiga, ela demora para passar
o número, mas insisto e então me dar o bendito número. Me despeço
dando um beijo na sua testa, pego a minha pasta da cadeira e sai da
sala. Quando estava no elevador meu celular começa a tocar.
Dou uma olhada e é o meu cliente que marquei no restaurante.
Droga. Esqueci completamente quando estava conversando com
minha irmã. Mando a mensagem avisando que já estou chegando.
Estava chegando no restaurante, antes tive que deixar o meu
Bugatti no mecânico. Peguei um táxi para não me atrasar, logo vem
na mente aquela morena abusada... Linda... Sacudo a cabeça para
afastar esse pensamento. Aproveito esse tempo para ligar para a tal
"amiga" da minha irmã.
— Alô? Quem fala? – Pergunta no outro lado da linha.
— Aqui é o Bruno Montenegro, sou irmão da Elena colega sua
na época de escola, lembra? – Digo seriamente.
— Caramba, ela disse que ia falar com você, quer dizer, com o
senhor, mas não levei a sério... – A corto.
— Vamos parar com esse teatrinho. Você não me engana.
— Oi? Não estou entendendo? – Ela disse. Parece confusa.
— Vai continuar com esse fingimento? Vamos fazer assim, pego
o seu caso não vou cobrar nada e de quebrar limpo o seu nome e vai
ter bastante dinheiro no bolso que não saber de trabalho por um bom
tempo. Mas tem que ficar longe da minha irmã! – Olho para fora do
carro e noto que deu um engarrafamento. Merda! Isso vai me atrasar
mais ainda, que inferno!
— Uau. Bem direto o senhor. A proposta é bem interessante...
Porém, eu gostei de ver a Elena, ela está linda... – Disse com
admiração. Era só que me faltava, essa merda!
— ESCUTA AQUI! JÁ DISSE QUE PEGO SEU CASO E
DEIXAR A MINHA IRMÃ EM PAZ! PARA COM ESSE JOGO! MINHA
IRMÃ SOFREU MUITO POR CONTA DESSE SENTIMENTO! —
Acabo alterando a minha voz fazendo o taxista se virar para ver se
estava tudo bem comigo. Faço um aceno com a minha mão e volta
olhar para frente. — Não estou brincando garota, vai querer ou não?
— Fica em silêncio, acho que está pensando na proposta. Tenho que
dizer é uma boa e ela vai sair ganhando.
— Ok, ok... Vou aceitar. Mas tenho uma filha e preciso cuidar
dela — Disse com prostração. Ótimo. Mais um problema resolvido.
— Agora vou me encontrar com um cliente, depois entro em
contato. — Desligo, não a deixo ela se despedir.
Era o que me faltava, essa mulher está interessada na minha
irmãzinha, depois do fora que deu nela anos atrás. Coloco o celular
no bolso da calça. Abre o sinal, taxista continuou seguindo até o
restaurante.
—Senhor acabamos de chegar. — Avisa o motorista, pego a
minha carteira, pagando pela corrida e sai do carro. Vou logo para o
restaurante La Villa, bistrô francês chique, é um lugar acolhedor com
um lounge ao ar livre. Vou em direção da moça da recepção, ela está
usando um vestido justo preto com os cabelos negros presos, posso
dizer um rabo de cavalo. — Boa tarde, marquei uma reunião com um
cliente, a mesa está no nome de Clécio Coutinho.
— Vou dar uma olhada. — Disse a moça que está olhando a
lista, logo volta olhar para mim. — Sim tem alguém com esse nome,
vou levá-lo até a mesa. — Aceno agradecendo e acompanho. ela
aponta para a mesa onde estava o senhor Coutinho, agradeço mais
uma vez e vou até a mesa.
— Olá, senhor Coutinho. — Ele olha para o lado e me ver, pega
o guardanapo para se limpar, em seguida se levanta para me
cumprimentar.
— Finalmente! Achei que não vinha mais. — Ele disse
apertando minha mão.
— Tive um imprevisto lá na empresa, mas agora estou aqui,
posso me sentar? — Pergunto, mirando na mesa. Ele sacode a
cabeça concordando e sentamos.
— Não se importa eu terminar de comer, o senhor demorou
muito e estava faminto. — Ele disse.
— Sem problemas. — Faço um gesto com a mão, ele estava
terminando de comer um risoto de cogumelos. Logo dar um gole no
seu vinho château latour, é um clássico vinhos tintos da região
Pauillac, o mais potente dos cinco grandes, a safra é do ano 1961.
— Quer um gole? — Ele me oferece, rejeito, pois estou em
horário de trabalho, confesso que me sentir mal por rejeitar, é uma
delícia de vinho, diga - se de passagem.
— Já está alimentado, podemos falar do seu caso. Mas antes
assina essa carta de contrato. — Digo, colocando o papel sobre a
mesa.
— Pronto. Já assinei. E agora? — Indaga. quando ia falar vejo
o Wirley entrando no restaurante acompanhado com uma morena.
Sempre está acompanhado com uma mulher e parece ser bem
gostosa. Eles se sentam numa mesa perto da nossa e vejo que a
morena que está ao seu lado é a minha secretária. Que merda é
essa?
Acabamos de chegar no restaurante que o Wirley indicou, fica
localizado em Botafogo, aqui no Rio. Ele foi muito legal comigo no
caminho, conversamos muito que até tínhamos esquecidos do
tempo.
Fomos logo entrando ele foi falar com a moça da recepção e
por sorte conseguimos uma mesa, não estava cheio o restaurante.
Como cavalheiro que é, puxa a cadeira para eu sentar, coloco a
minha bolsa na cadeira, depois ele se sentou ficando de frente para
mim.
Como ele é bonito, mas não mexe comigo como o meu chefe.
Não posso pensar essas coisas. Tenho namorado. Chega o garçom
trazendo os cardápios.
— Sejam bem vindos ao La villa. Vão querer alguma bebida? –
Indaga o garçom, me encara.
— Pode pedir, não tenho noção nenhuma desse negócio. –
Sussurro, inclinando para frente para ele ouvir. Balança a cabeça e
volta olhar para o garçom.
— Vamos querer suco de laranja, pode trazer, enquanto
olhamos o cardápio. – Ele disse, o garçom anota o que o Wirley
disse e sai. Fito não acreditando no que ele pediu?
— Que foi? – Olha para mim, sem entender a minha fisionomia.
— Suco de laranja? Achei que ia pedir um vinho desses caros...
– Falo, encosto na cadeira.
— Não poderia pedir isso. – Levanto a sobrancelha. — Daqui a
pouco vou encontrar um cliente e não posso beber, mas depois do
trabalho pode ser. – Viro meu rosto para o lado. Ele está certo, que
cabeça a minha. Espera ai! Ele está me chamando pra sair? Merda,
merda!
— Olha, acho o senhor...
— Raquel, posso de chamar assim né? – Balancei a cabeça
confirmando. — Então, prefiro que me chame de Wirley.
— Está bem. Wirley, tenho uma coisa pra te falar... – Me chego
para frente para explicar que não posso sair com ele, se levanta
quando alguém se aproxima.
— Bruno? Você por aqui? – Olho para o lado e vejo o meu
chefe. Está com semblante sério, mesmo assim ele está lindo...
Raquel! Pará com isso!
— Sim. Marquei aqui a reunião com meu cliente. – Pega pelo
braço do Wirley o puxando para o canto, não consigo escutar, mas
parece ser sério. Ele fala alguma coisa para o meu chefe que o deixa
bem puto. Se aproxima de mim.
— Não demora, quero a senhorita na empresa. – Sacudir a
cabeça. Logo ele vai para outra mesa. Em seguida senta-se o Wirley.
— Mas que sem noção. – Resmunga. — Vamos logo fazer o
pedido?
— Sim... Claro... Algum problema? – Pergunto.
— Não é nada, só que me lembrei que tenho uma reunião. Só
isso. – Disse, faz sinal chamando o garçom. Dou uma olhada para o
lado e noto que o senhor Montenegro está me encarando, de repente
sinto um arrepio.
Meu Deus! Me viro e olho para o cardápio, o garçom já tinha
chegado e anotado o pedido do Wirley. Ele pediu filé mignon com
molho de gorgonzola e escolhi bife com Molho béarnaise e batatas
fritas, depois que anotou o pedido o garçom saiu.
Mas estou curiosa, o que meu chefe disse para o Wirley que o
deixou assim tão transtornado?
Finalmente cheguei em casa. Fecho a porta do apartamento,
nem vou pro quarto, jogo a minha bolsa na poltrona e me jogo no
sofá, tiro os sapatos e estico minhas pernas colocando sobre a
mesinha de centro. Está doendo tudo. Desgraçado do meu chefe! Me
fez andar pra lá e pra cá para imprimir alguns relatórios sobre o tal
caso do cliente.
Droga! Ainda estou curiosa o que o meu chefe disse para o
Wirley. Ele me levou para empresa e depois saiu, disse que tem uma
reunião com um cliente e não poderia demorar.
Meu celular começa a tocar. Droga, quem está me ligando a
essa hora? Afasto minhas pernas da mesinha com dificuldades,
levanto e vou até a poltrona, abro a minha bolsa e procuro o meu
celular. Depois de tanto procurar, consigo achar o celular. Volto para
o sofá e dou uma olhada, várias mensagens de da Patrícia.
Pati: Porque desligou na minha cara? Me fala o que
aconteceu?
Pati: Raquel? Está tudo bem? Por que não responde?
Pati: Me diz como foi seu primeiro dia de trabalho? E seu chefe
como ele é? É bonito?
Pati: Você não é minha amiga me deixando assim sem dar
notícia.
Pati: Por favor me dê algum sinal. Preciso saber como você
está?
Caramba, quantas mensagens? Tadinha, tinha desligado
quando estava falando com aquele chato, pra depois descobrir que
era o meu chefe. Vou ligar pra ela e explicar o houve.
— Alô? – Ela pergunta.
— Oi Pati. Sou eu a Raquel. – Digo, me encostando no sofá.
— AH SUA VADIA NOJENTA! POR QUE NÃO RESPONDEU
ÀS MINHAS MENSAGENS? FIQUEI PREOCUPADA. – Grita no
outro lado da linha. Afasto o telefone do ouvido. Merda, quase fico
surda.
— Se parar de gritar eu conto como foi. — Colocando o celular
no viva voz.
— Foi mal. Mas você não respondeu às minhas mensagens... –
Ela disse.
— Não tive tempo. Estava no estacionamento quando estava
falando com você naquela hora, acabei batendo no carro que estava
na minha frente no estacionamento. – Digo, olhando para o teto.
Me lembro quando aquele nojento do meu chefe vem na minha
direção... Aqueles olhos verdes me encarando...
— Uau. Começou em grande estilo, hein? – Acabo voltando a
mim. Escuto risos no outro lado da linha.
— Tá achando engraçado? Pois foi o carro do meu chefe, que
fui saber depois. – Na mesma hora ela para de rir.
— Caramba amiga. Então você foi demitida? – Fica
preocupada.
— Não. Mas pensei que ia viu? O pior não foi isso. – Estico as
pernas e volto colocar sobre a mesinha de centro.
— O que foi? – Pergunta a minha amiga.
— Ah, não sei se devo contar... – Olho para o lado, não sei se
conto sobre almoço que tive com o Wirley. Com certeza vai fazer mil
perguntas sobre esse almoço.
— Me conta, começou a falar, agora termine. — Solto o ar,
encosto a cabeça no sofá. Não tem jeito tenho que dizer.
— Está bem, está bem. — Dou uma pausa. — Fui convidada
para almoçar com um advogado que conheci lá na empresa.
— Sério? E como ele é? — Pergunta, toda empolgada. Sabia!
— Ah... Normal... — Digo, encolhendo os ombros.
— Normal? Como assim normal? Explica melhor Raquel? —
Ela pergunta.
— Ele é alto, musculoso e elegante. E também bem educado...
— Ela me corta.
— Sim, sei. Mas fala aí? Ele é bonito, né? Por isso que está
enrolando. — Ela disse, reviro os olhos contrariando esse
comentário. Wirley é legal e bonito, mas não é ele que mexe
comigo... — Raquel? Raquel?
— Oi? Que foi? — Olho para o celular.
— Estou esperando você me dizer se tal advogado é bonito?
— Isso diga se esse cara é bonito? Mas acho que sim, ficou aí
pensativa. — Dou um salto do sofá, Fabricio está me encarando de
braços cruzados.
Droga e droga! E agora?
— Olha... Não é nada disso que você está pensando? — Olho
para ele tentando acalmá-lo.
— SÉRIO, MINHA NAMORADA SAI PRA ALMOÇAR COM UM
CARA E FICA TODA CAIDINHA POR ELE. — Grita, puto da vida.
— Raquel, o que está acontecendo? Que gritaria é essa? —
Pergunta Patrícia no telefone. Quando ia pegar o celular, o meu
namorado é mais rápido do que eu e pega.
— Escuta aqui sua sapatão do inferno, deve está muito feliz,
né? — ele fala para minha amiga no meu celular.
— Fabricio? Seu ridículo! Ficaria muito se amiga largasse você!
— Se enfurece e desliga na cara da minha amiga e joga o meu
celular no chão.
— Fabricio! O meu celular! — Ele vem pra cima de mim e
segurar no braço e aperta com força. — Fabricio, me solta está me
machucando!
— Por que fez isso comigo? Não pode fazer isso, entendeu? —
Ele me puxa para si apertando o meu braço.
— Ai,ai... Fabricio... Me solta. Está me machucando. — Digo,
mas não adianta, aperta mais ainda o meu braço.
Tenho que fazer alguma coisa. Noto que estamos perto do sofá,
decido dar um empurrão que perde o equilíbrio e cai no sofá me
soltando. Aproveito que ele caiu e vou correndo para o meu quarto e
tranco a porta, assim ele não vai poder entrar.
— Raquel? Raquel? — Ele bate na porta, estou na minha
cama. — Desculpa morena. Eu fiquei louco só de pensar você com
outro. Por favor, abre a porta. — Continuo na cama, não respondo.
Olho para o meu braço e está roxo. Ai... Está doendo. Percebo
que o barulho parou, vou até a porta, ando devagar para ele não
ouvir meus passos. Encosto o ouvido na porta para ter certeza, ele
parou de bater, abro a porta e ele não está ali. Então, posso sair do
quarto e vejo que estou segura. Ele foi embora.
Vou para sala, vejo o meu celular no chão todo quebrado pela
força que o Fabricio o jogou. Nossa, nunca o vi desse jeito. Mas,
acho que isso é culpa minha. Não posso ter essa atitude lá na
empresa, isso tem que mudar.
— O que está fazendo? — Pergunto, ela está levantando a
manga da minha blusa.
— MEU DEUS! AQUELE BABACA FEZ ISSO? — Ela me olha
em choque quando ver o roxo do meu braço.. Me afastei dela e
abaixo a manga da minha blusa. — Raquel, você tem que ir para
delegacia e dar queixa desse idiota. – Vou até a pia e encosto,
começo a beber o café.
— Dar queixa do Fabrício? Que absurdo! Foi um acidente. —
Terminei de beber o café, coloco a caneca dentro da pia, vou para o
meu quarto para pegar a minha bolsa. ela vem atrás de mim. — Ele
se desculpou por ter feito isso. E outra, ele fez isso porque sai para
almoçar com o Wirley. Eu provoquei isso.
— Não acredito nisso. — Leva a mão no rosto, depois volta
olhar para mim. — Mulher acorda! Você foi a vítima e quem é
culpado ele! — Me puxa para sentarmos na cama. Olho para o lado.
Fico pensando se ela está certa? Não foi culpa minha, porque me
sinto como se fosse? Sacudo a cabeça para afastar esses
pensamentos. Estou confusa.
— Agora tenho que ir trabalhar.— Me levanto da cama.
— Está bem… Posso ir com você até o seu trabalho? —
Levanta - se da cama e me fita.
— Por que? — Indago, estávamos saindo do quarto.
— Ué, quero conhecer o local do trabalho da minha amiga,
quero saber tem alguma gostosa para você me apresentar. — Ela
disse, não resisto e começo a rir. — Acho que não tem o seu tipo
lá… — Estamos do lado de fora do apartamento, fomos para o
elevador.
Acabamos de chegar no estacionamento da empresa, no
caminho fofocamos muito. Patrícia não tocou mais naquele assunto,
até prefiro assim, gosto da minha amiga, ela é algo mais próximo de
família que tenho.
Depois que meus pais morreram num acidente de carro quando
eu tinha dezesseis anos. Sobre o lado financeiro não tenho que
reclamar, eles me deixaram uma bom dinheiro que estava guardado
na poupança para os meus estudos e para viver com tranquilidade,
mais a fazenda de café que tínhamos no interior do Rio.
Depois que fiz dezoito anos, falei com advogado da família, o
senhor Carlos Felipe Gonçalves e achei melhor vender a fazenda, já
que ia ficar no Rio para focar nos meus estudos. Quando conseguir
entrar na faculdade, minha colega de quarto foi a Patrícia e assim
que conhecemos nos demos bem logo de cara. E somos amigas até
hoje.
— Ei Raquel? Vai ficar aí, você não tem que ir para o trabalho?
– Olho para o lado, ela já tinha saído do carro.
— É mesmo. – Tiro o cinto e pego a minha bolsa que está no
banco de trás, saio do carro e fecho a porta.
Seguimos até o elevador, cheguei uns quinze minutos antes da
minha hora. O meu chefe ainda não tinha chegado e aproveito esse
tempo para mostrar a empresa para a minha amiga.
— Aqui é a minha sala e ali na frente é do meu chefe. – Abrir a
porta da sala, vou para a minha mesa e deixo a minha bolsa na
gaveta.
— Uau, que sala linda miga. – Disse Patrícia admirando a sala.
— O que está fazendo?
— Checando se o meu chefe tem alguma reunião agora de
manhã… — Pego agenda da gaveta esquerda e parece que ele não
tem, só depois do almoço. Fecho agenda e deixo sobre a mesa.
E quando estávamos saindo da sala, Patrícia está ao meu lado,
assim que fechei a porta ouço um barulho. Me viro e vejo ela e a
Elena no chão.
— Você está bem? Passei que nem uma louca e não vi você…
— Disse a Elena em cima da Patrícia.
— Tudo bem… — Disse Patrícia sorrindo para Elena, elas não
dizem mais nada, ficam se encarando por tempo.
— Vocês estão bem? — Pergunto, olhando para elas ali no
chão. Elena me vê, depois olha para minha amiga e sai de cima dela.
Em seguida, Patrícia também se levanta.
— Estou bem… – Elena olha para o lado e ver seus papéis no
chão. — Caramba, preciso entregar isso para a minha mã… quer
dizer, para a Sheila. — Se a baixa para pegar os papéis.
— Me deixa de ajudar. — Disse a Patrícia que se aproxima e se
a baixa também para ajudá-la.
Depois de conseguir juntar todos os papéis as duas levantam-
se e volta se entre olharem. Não pode ser? É isso mesmo ou é
impressão minha? Elena e Patrícia se olhando desse jeito, a Elena
gosta de garotas?
— Obrigada por me ajudar… E desculpe por isso… — Disse
Elena, colocando os papéis na pasta.
— Se soubesse que era você, deixava fazer isso mais vezes. —
Disse Patrícia sorrindo para Elena, que encolhe os ombros ficando
sem graça. — Eu me chamo Patrícia Carvalho, mas pode me chamar
de Pati. — Minha amiga ergue o braço para se cumprimentá-la.
— Prazer. Sou Elena Montenegro. — Coloca a pasta embaixo
do braço e aperta a mão da Patrícia. Fico de longe só observando
essas duas… Olhando daqui até que formam um belo casal.
— O que está acontecendo aqui? — Parece uma loira de
1,70m, está usando um vestido preto longo justo no corpo com um
decote modesto.
Eu chutaria que ela teria entre quarenta ou cinquenta anos, não
sei dizer. Ela é linda e elegante. Para do meu lado cruzando os
braços na altura dos peitos. Fitando a Patrícia e Elena.
— Sheila? — Recolhe a mão e se afasta da minha amiga
olhando para tal loira elegante. — Não está acontecendo nada… Ia
levar essa pasta para a sua mesa… — Ela entrega a pasta para ela.
— Pronto. Se não tiver, mas nada para dizer poderia voltar para
a sua sala! — Disse a loira para Elena, balança a cabeça
concordando e sai sem se despedir da minha amiga. — O que você
faz aqui? Sei que não trabalha nessa empresa? – Se aproxima da
Patrícia e a fita.
— Ela veio conhecer o local onde eu trabalho. – Digo,
levantando a mão para ela me ver.
— E quem é a senhorita? – Pergunta, se virando falar comigo.
Me olha de cima e a baixo. Que mulher estranha?
— Sou Raquel Oliveira, a secretária executiva do senhor
Montenegro. – Ergo o minha mão para cumprimentá-la. Mas me
ignora e dando as costas para mim e para a minha amiga.
Continuando andando para a sua sala.
— Que mulherzinha ridícula. Nem apertou sua mão Raquel? –
Disse Patrícia, que veio para o meu lado.
— Também achei. Esquece ela, me conta que foi aquilo entre
você e a Elena? Teve até troca de olhares. – Me viro ficando de
frente para Patrícia que dá um sorriso de lado.
— E ela é muito gata, gostei dela. – Fica olhando para o
caminho que ela saiu. — Bem que você podia conseguir o telefone
dela pra mim? – Toca no meu ombro.
— Eu? Comecei ontem, não tenho intimidade com ela para
pedir o seu telefone.
— Por favor, quero muito sair com ela. – Patrícia insiste
abraçando o meu braço. — Vai Raquel, por favor. – Me olha com
aquele olhar de cachorro pedindo comida. Droga!
— Está bem, está bem. – Ela começa pular de alegria.
— Você é a melhor amiga do mundo! – Me abraça.
— Ok, ok. Agora você tem que ir antes que o meu chefe
chegue. – Olho para o celular que peguei do bolso da calça. Ela
sacode a cabeça concordando. Se despede indo para o elevador e
vou para a minha sala. Hoje vai ser um longo dia. Agora tenho que
ajudar a minha amiga ter mais encontro com Elena.

— Não e não. Ainda não pude falar com ela Patrícia! Só um


minuto, estou estacionando agora. – Coloco o telefone no banco do
carona para estacionar e para não me distrair, já basta a última vez
né?
Pronto. Tiro o cinto, pego a minha bolsa e o celular ,volto a falar
com a Patrícia. Ela está muito impaciente depois que conheceu a
Elena.
— Por que não pegou o número? Vocês trabalham no mesmo
andar, não é possível que se não se falaram? – Fala toda impaciente
no outro lado da linha.
— E disse que não deu. Fiquei trabalhando até tarde na
empresa! Calma mulher! – Saí do carro e fecho a porta, fui indo até o
elevador. Olhei a hora pelo telefone e faltavam dez minutos para está
na minha sala. — Patrícia nunca vi você assim, até parece que… —
Ela me corta.
— Estou completamente apaixonada. Não paro de pensar nela,
Raquel! Ela aparece nos meus sonhos… Até sonhei a gente fazendo
sexo e tenho que dizer foi muito bom… — Aperto o botão do
elevador. Fico ouvindo a minha amiga falar aquilo.
Eu nunca a vi desse jeito… Apaixonada… Apesar de ser
lésbica é muito mulherengo ou mulherenga, sei lá. Mas não gosta de
se firmar com ninguém, ela que fazia isso com as outras.
Me lembro uma vez, que estávamos indo ao cinema e veio uma
peguete de uma noitada aí, que estava com saudade dela que não
ligava fazia um mês. Ela disse para garota: "Nossa e você ainda
tinha esperança depois desse tempo?" Acabou com a garota e foi
embora aos prantos, olhei para ela, e ela disse: "O que foi? Só falei a
verdade e outra sabe muito bem que gosto da minha liberdade".
Essa é a Patrícia. O elevador chega e entro, apertei o botão
para o andar que vou. Estava fechando a porta e escuto alguém
gritar.
— SEGURA PRA MIM! — Coloco a mão no meio da porta
impedindo de fechar, ela vem correndo na minha direção. Caramba!
Acho que estou com sorte.
— Obrigada… — Ela disse encostando no espelho do elevador.
— Patrícia vou ter que desligar, mais tarde te ligo. — A porta se
fecha e me viro de costas para ela, sussurro no telefone para ela não
ouvir.
— Raquel não se esquece de pedir o número. RAQUEL?
RAQUEL? — Grita, mas dar tempo de desligar, coloco o celular na
minha bolsa, me viro e ela sorrir para mim.
— Obrigada por segurar… — Olho para ela sem entender,
depois mira para a porta do elevador.
— Ah… Que isso. Não foi nada. — Digo, olhando para frente.
Ela não disse mais nada e eu também. Pensa Raquel? Como vou
pedir o número dela para Patrícia?
— Aquela loira é tua irmã? — Pergunta que me faz olhar pra
ela.
— A Patrícia? Como se fosse, mas não. Ela é minha amiga,
quer dizer, minha melhor amigas.
— Ela é sua amiga… — Ela disse, olhando para o lado. Ela
está interessada na Patrícia? Quando finalmente crio coragem para
perguntar o elevador chega ao andar.
— Obrigada mais uma vez. Agora tenho que ir, depois a gente
se fala. — Assim que abre ela sai às pressas. Droga!
Tento alcançar, mas acabo esbarrando em alguém. Ele segura
na minha cintura não deixando eu cair.
— Você está bem? — Pergunta.
—Sim… Eu não te vi… Wirley… — Digo, olhando para ele,
estava muito perto dele. Mas que homem forte e cheiroso. —
Desculpa… — Olho nos seus olhos e ele continua com a mão na
minha cintura.
— Wirley queria ter uma palavra com você… QUE PORRA É
ESSA? — Grita o meu chefe nos pegando abraçados.
Afasto-me do Wirley na mesma hora. O Senhor Montenegro
encara o Wirley, fico aqui parada. Não sei o que fazer? Será que deu
ruim pra mim?
Não dormir nada, pensando na porra da negociação que tenho
que fazer hoje. Merda, merda! Para piorar a porra do senhor
Coutinho se esqueceu de me informar que tinha traído a esposa no
escritório com uma secretária. Merda de novo! Antes que era dez mil
de pensão que estava combinado, ele mudou de ideia e não queria
pagar esse valor.
Advogada da sua ex esposa mostrou as fotos, prints das
mensagens pelo e-mail, que a mulher tinha a senha e que por acaso
é a mesma da empresa de hotelaria que os dois são sócios. Mais
uma vez merda! Além disso, tudo, não paro de pensar naquela
morena abusada… Sacudo a cabeça para afastar esse pensamento.
Saio do meu Bugatti, está novinho em folha, nem parece que
sofreu uma batida daquela louca… Linda… E gostosa… Para Bruno!
Para de pensar naquela doida. Estava indo para o elevador e meu
celular vibra, espero que não seja o Coutinho, não estou com
paciência pra falar com ele nesse momento. Olho a tela e é Letícia.
Puta que pariu! O que ela quer? Rejeito a chamada, depois falo com
ela. O elevador acabou de chegar.
Vou logo para a minha sala, noto que está vazia? A minha
secretária ainda não chegou. Olho para o celular e faltam dez
minutos para ela está aqui, espero que não bata no meu carro de
novo!
Me lembrei que preciso falar com o Wirley. Estava saindo da
sala e vejo a pouco metros de mim… E aquela cena na minha frente,
Wirley abraçado com a minha secretária? Viro de lado e esfrego os
olhos não acreditando. Não pode ser! Calma Bruno! Não tem motivo
para ter ciúmes, ela não é nada pra você… Abro os olhos e ela está
bem perto dele…
Espera ai! Eles vão se beijar? Não mesmo! Vou acabar com
essa palhaçada e é AGORA!
— QUE PORRA É ESSA AQUI NA EMPRESA? – Ela sai dos
braços dele e me fita alarmada. Encaro o Wirley que se vira para
mim com as mãos no bolso, de cara de paisagem.
— Nada… Não aconteceu nada senhor Montenegro. – Ela
disse não olhando nos meus olhos.
— O que foi Bruno? Pra quê esse escândalo todo? – Indaga,
olho para ela e depois para ele. Fecho o punho, estou com muita
raiva.
— Sabe muito bem que aqui é uma empresa séria e não ficar
agarradinho com uma funcionária qualquer. Se quer trepar leve ela
para um motel depois daqui, mas em horário de trabalho não pode
fazer isso! – Ela me olha chocada por o que disse, quando ia falar
algo não deixo. — Não me interessa se é verdade ou não, a
senhorita é paga para trabalhar e não ficar se esfregando com
advogado! – Abaixa a cabeça e vai para sua sala.
— Raquel, espera um pouco. – Wirley a chama que se vira e o
fita. — Quem você pensa que é para falar assim dela? – Levanto a
sobrancelha.
— Eu sou o chefe dela e falo como quiser! – Digo, olhando para
ele, que se aproxima.
— Sim, você é o chefe dela, mas não dar o direito de falar dela
assim! Se não sabe ela pode de processar por humilhar ela desse
jeito? – Disse Wirley que depois olha para a minha secretária.
— Teria coragem? – A encaro. Ela abre a boca para dizer e
Wirley a corta.
— Ela não vai dizer nada, está a coagindo. Vou de lembrar, mas
acho que você esqueceu da Lei 5.452/43 a indenização por coação
moral no trabalho. O empregador poderá considerar rescindido o
contrato e pleitear indenização quando o empregador ou superior
hierárquico praticar "coação moral, por meio de atos ou expressões
que tenham por objetivo ou efeito atingir sua dignidade… Quer que
continue? – Pergunta me fitando.
Fuzilo com os olhos. Merda! Seu filho da puta, olho para
morena que está me encarando.
— Ok, o que você quer? Quer ir para o Tribunal? – Questiono.
— Tribunal? Claro que não. Vamos resolver como adultos que
somos. – Olha para minha secretária que está calada e não fala
nada, só observa.
— O que seria? – Com as mãos no bolso da calça e o fito.
— Pede desculpas para Raquel.
— O quê? Está maluco? – Viro as costas para ele e vou
andando passando por ela, deu pra sentir seu cheiro, cheirava
pétalas de rosas. É tão bom…
— Então nos vemos no Tribunal. Sabe que não sou perder de
uma briga? – Ele disse, contínuo de costas e parado.
— Wirley não precisa disso. – Ela disse para o babaca, o todo
certinho.
— Claro que precisa, ele não pode de tratar assim. – Não
aguento ouvir aquilo, me viro e vou até a morena abusada.
— Me desculpe. – Digo. Ela me fita desconfiada, depois olha
para Wirley que balança a cabeça. Inferno! Ela confia nele do que de
mim? Desgraça!
— Tudo bem. Aceito as suas desculpas. – Ela disse.
— Agora que está tudo resolvido, poderia me deixar a sós com
o Wirley que preciso falar com ele. – Sacode a cabeça e se despede
do Wirley, passa direto por mim, nos deixando sozinhos. Dou uma
olhada para ter certeza que ela foi, volto a minha atenção para o ele.
— Porra, sério que você ia me enfrentar no Tribunal por causa dessa
aí? – Aponto para minha secretária que já estava na sua sala.
— Mais claro. Você estava humilhando do nada. Assim que
nem naquele dia do restaurante, me alertando, quer dizer, me dando
uma bronca mesmo, que não posso me envolver com a sua
secretária, que é completamente proibido na empresa! – Dar uma
pausa, me encara. — Vendo sua reação nos vendo abraçados…
Humm… Acho que você está com ciúmes?
— Eu?! Com ciúmes dessa louca? Tá de brincadeira né? –
Olho para o outro lado.
— Só fico imaginando onde fica a Letícia nessa história? –
Levanto a sobrancelha. — A Letícia nessa história? Não estamos
namorando, o nosso caso é só sexo mesmo. – Ele se afasta, passa a
mão no cabelo. Depois olha para mim seriamente.
— Então me diz o que você quer comigo? – Pergunta com a
voz áspera.
— Sabe que peguei o caso do senhor Coutinho, da empresa
hotelaria Coutinhos? – Olho para o Wirley. Sacode a cabeça
confirmando. — Queria pedir a sua ajuda para descobrir algum podre
da ex esposa dele, além de ser sócios, ela também que tomava
conta das finanças da empresa. Ele desconfia que a ex dele
desfocava o dinheiro e como você é muito bom nessa área. – Ele
Respira fundo e anda para um lado e para o outro.
— Você está pedindo pra ajudar ou isso é ordens da Sheila? –
Indaga. Olho para ele sem entender.
— Sheila? Claro que não Wirley! Eu que estou pedindo, estou
precisando da sua ajuda. Você é o meu… – Ele me corta.
— Amigo? – Se aproxima, depois dar uma risada. O fito não
entendendo essa sua atitude, que para de rir e volta olhar para mim.
— Sabe muito bem que não somos amigos depois…
— Porra Wirley! Ainda está chateado comigo? A culpa não foi
minha? – Digo, ele solta o ar e me fita.
— Mas teve a intenção. Olha deixa isso pra lá, você não é se
preocupar com o próximo e sim, com seu próprio umbigo! – Ele disse
com desdém. Me da às costas e caminha até sua sala.
— Wirley? Wirley? – Ele para e vira-se vindo na minha direção.
— Outra coisa, não humilha ou maltrate a Raquel, pois vai se
ver comigo. Ela é uma garota legal e não precisa ser tratada assim. –
Ergue a mão apontando para mim, nem espera eu falar algo e saiu
me dando às costas. Desgraçado! Agora virou o protetor daquela
morena abusada?
Era que me faltava. Merda! Merda! Vou para minha sala,
enfurecido e fecho a porta com força. Puta que pariu! Pego meu
celular e vejo que vai dar hora do almoço, foi longo essa discussão
com Wirley por conta da minha secretária, ainda tenho que resolver
esse pepino da negociação com a ex esposa do senhor Coutinho!
E ainda o Wirley ainda está chateado comigo? Brincadeira isso!
Pensa Bruno! Pensa! Vou até o interfone.
— Senhorita Oliveira?
— Sim, Senhor Montenegro? – Ela atende.
— Vem na minha sala imediatamente! – Desligo e vou sentar na
minha cadeira. Ela bate na porta. — Entra!
— O senhor chamou? – Abre a porta devagar, está na minha
frente, antes não tinha reparado, pois está com muita raiva e não
entendo porque estava desse jeito.
Ela está usando uma blusa de seda com mangas compridas na
cor rosa, uma saia preta justa até altura dos joelhos, sapatos de
salto. Esse tipo de vestimenta valorizava suas curvas, já imagino eu
fodendo com ela aqui em cima da mesa gemendo, chamando por
meu nome.
Merda só de pensar nisso sinto o meu pau fica duro. Bruno isso
não é hora de foda, tem uma negociação importante pra resolver!
— Quero que imprima todas as finanças da hotelaria Coutinho e
traga para mim! Quero isso na minha mesa quando voltar do
almoço? Entendeu? – Digo, me ajeitando na cadeira.
— Então eu não vou tirar hora de almoço? Tenho planos… –
Ela disse.
— Esquece! Vai almoçar aqui na sala, pede alguma coisa no
restaurante na minha conta, preciso desses relatórios! – Fico na sua
frente encostado na minha mesa.
— Ok, senhor Montenegro. Posso ir então? – Pergunta, reparo
que tem um roxo no seu braço, mas ignoro. Não é da minha conta.
— Sim. Pode ir! – Ela sai, fico só admirando ela de costas. Puta
que pariu é muito gostosa. Bruno esquece isso, agora você tem um
encontro com o seu cliente.

Depois horas conversando com o senhor Coutinho, se não


achar algum deslize da sua ex, ele paga dez mil de pensão se ela
vender a sua parte da empresa. Tomara que ela aceita essa
proposta.
Saio do elevador, essa reunião foi longa A advogada pediu para
remarcar a negociação para amanhã, que teve um contrato tempo.
Ótimo, poderei trabalhar melhor nesse caso. Assim que entro vejo a
minha secretária falando com alguém na linha, quando ia perguntar
sobre os relatórios, consigo a ouvir falando para o outro lado da
linha.
— Então você vai para o meu apartamento hoje? Não se
preocupe, está tudo bem. Vou deixar a porta encostada para você
entrar. Beijos. – Disse toda carinhosa e desliga o celular. Com quem
ela estava falando? Será que é com Wirley? Agora estão assim? Por
que me incomodo tanto ela com Wirley? Inferno, me sobe um ódio!
— Os relatórios já estão na minha mesa? – Pergunto, que leva
um susto com a minha voz. — A senhorita me ouviu?
— Sim, eu ouvi. E sim, já está na sua mesa. – Apontou para a
minha sala. Nem respondo, vou rápido para a minha sala e fecho
com força a porta.
Sento na minha cadeira, pego o relatório que está sobre a
mesa, vou examinando página por página. Jogo os papéis na minha
mesa, não consigo me concentrar, pensando no que acabei ouvir.
Ela convidou Wirley para o seu apartamento e toda carinhosa
na linha? Droga e droga! Levanto a minha mão e passo no meu
rosto, não acredito nisso. Estou muito puto! Ela convidou o Wirley
para o seu apartamento?
MERDA! MERDA! Dou um soco na mesa de tanta raiva! Isso
não vai acontecer, não vai mesmo! Mas tenho que impedir dela não
sair do horário… Mas o quê? Logo vejo os relatórios… Humm… vai
ser eles mesmos. Pego as folhas e rasgos as dez páginas e jogo na
lixeira, em seguida vou para o interfone.
— Senhorita Oliveira venha para minha sala imediatamente! –
Desligo o interfone, sem demora ela entra na minha sala. Está
preocupada. Por que será?
— O que foi senhor Montenegro? – Me levanto da cadeira, fito
seriamente para ela.
— Onde estão os relatórios que mandei a senhorita imprimir? –
Levanta a sobrancelha, está confusa.
— Eu deixei na sua mesa. Tenho certeza disso. – Gesticula,
apontando para mesa.
— Está querendo dizer que estou mentindo? – Cruzo os braços
e olho firmemente para ela.
— Não… Que isso… Mas tenho certeza… – Ela vai até a minha
mesa e olha para procurar os papéis.
— Já disse que não tem relatórios nenhum aí. – Me viro, indo
até a sua direção. Ela olha para lixeira nos papéis picados.
— Só um instante, acabei de ver algo. – Ela se abaixa para ver
a lixeira. Merda! — Não acredito! O relatório que imprimi todo picado
e rasgado na lixeira? O senhor fez isso? — Está com o papel na mão
mirando para mim. Fico em silêncio. Não sei o que dizer e não sei
por que fiz isso para falar a verdade. Ela joga o papel no chão e vai
para porta, vou até o seu braço e a puxo impedindo dela sair. — Me
solta! O senhor é um louco, fazendo essas doidices, vive gritando
comigo sem motivo? Vou embora!
— Quer ir logo encontrar com Wirley né? – Ela me olha
confusa.
— Wirley? Não vou encontrar com o Wirley. – Ela disse,
tentando soltar o meu braço. A puxo e ela cai nos meus braços.
Ficamos nos encarando por momento, posso ouvir o seu
coração, está acelerado, ela umedece aqueles lábios carnudos que
são bem convidativos… Solto o seu braço, levo até a sua cintura
apertando para ficar colado no meu corpo.
Ela observa, mas não diz nada e volta olhar para mim. Sem
perder tempo a beijo. Ela joga seus braços envoltos no meu pescoço
e se entregando completamente. Puta que pariu! São inebriantes os
lábios dessa morena. Não consigo parar de beijá-la, de repente ela
me empurra e dar um tapa na minha cara.
— Por que me bateu? — Pergunto.
— O senhor não devia fazer isso! Sou comprometida! — Ela
disse furiosa.
— Comprometida? O que está dizendo? — Me aproximo
tentando pegar no seu braço.
— Não chega perto de mim! Primeiro me humilha, gritando e
sem paciência comigo, segundo rasga os relatórios para depois me
humilhar mais uma vez e agora me beija? — Dá passos para trás se
afastando. — O senhor é um louco?
— Olha como a senhorita fala comigo, sou o seu chefe! –
Advirto. — Bem que gostou do beijo!
— Não! Eu não gostei! E outra tenho namorado, não posso ficar
beijando o meu chefe… – E acrescenta. — Sei que vou me
arrepender em dizer isso… Mas me demito. – Ela sai da minha sala
me dando as costas.
Merda! E está doendo o meu rosto por conta desse tapa. Essa
abusada tem uma mão pesada, aliso o meu rosto. Mas tenho que
dizer que beija bem e como beija…
— Espera aí! Fala mais devagar! Seu chefe rasgou uns papéis
e de beijou? - Pergunta Patrícia que está na sala tomando uma
cerveja comigo. Faz duas semanas que não apareço no trabalho,
liguei para a Camila do Rh falando da minha demissão. Insistiu pra
eu voltar, mas não volto! Quero ficar longe daquele louco psicopata
do meu chefe... Principalmente longe... Daquela boca... - Raquel?
Raquel? - Patrícia me chama.
— Hã? O que foi? - Olho para a minha amiga colocando a long
neck na mesinha do centro.
— Não sei não, acho que alguém gostou da "pegada" do chefe,
há, há. — Levanto a sobrancelha para ela.
— Que absurdo! Claro que não! — Me levanto do sofá e vou
para cozinha. Em seguida ela vem atrás de mim.
— Mas me conta o que aconteceu? Que eu entendi que pediu
para você imprimir uns papéis... E o que aconteceu depois? — Ela
encosta-se a pia segurando a long neck.
— Tinha deixado em cima da mesa dele, fiquei horas na frente
do computador procurando esses relatórios do tal cliente, estava
muito chato e insuportável por conta disso. — Fechei a geladeira e
abrir a long neck, em seguida dou um longo gole. — Depois aquele
babaca me chama às pressas para ir à sua sala. Quando chego lá,
está ele sentado na sua mesa, perguntando sobre os relatórios, vou
até sua mesa e olho para sua lixeira. E estava lá, todo rasgado e me
acusando que não fiz o trabalho, acredita? — Falo, olhando para
minha amiga lembrando daquela cena. Que raiva estou daquele
babaca!
— Nossa, que doido. Mas e o beijo? É bom? — Patrícia
pergunta tocando o cotovelo no meu braço. Por minha sorte toca a
campainha da porta, Patrícia deixa a cerveja sobre o balcão da
cozinha e vai lá ver quem. Ufa, me livrei dessa. Não posso falar que
gostei do beijo dele... Aqueles lábios tão quentes...
— Raquel? Raquel? — Saio daquele transe quando minha
amiga me chama.
— Oi? O que foi? — Olho para ela que dá um sorriso malicioso.
— Vai ficar aí rindo e não vai falar quem é na porta?
— Está bem, está bem. Tem um bonitão de terno e gravata, ele
disse que é lá da sua empresa... A corto.
— Não acredito nisso! Como ele conseguiu o meu endereço?
— Passo a cerveja para minha amiga e vou em direção da porta.
— Raquel, calma! O que vai fazer? — Ela deixa a cerveja no
balcão da cozinha e vem atrás de mim.
— Você vai ver! — Digo para Patrícia, estamos na sala, vou até
a porta e dizer uma verdades para aquele idiota do meu chefe.
— ESCUTA AQUI SEU BABACA! DEPOIS DAS
HUMILHAÇÕES, ACHA QUE VINDO AQUI EU VOU VOLTAR? NEM
QUE IMPLORAR-SE DE JOELHOS EU VOLTO! — Abro a porta,
gritando para ele com os olhos fechados.
— Nossa, que recepção calorosa? — Ele disse com suavidade.
Então abro os olhos e levo aquele susto.
— Wirley? O que... O que está fazendo aqui? — Indagou,
encolho os ombros cheia de vergonha por ter gritado com ele.
— Soube que tinha pedido demissão, vim aqui ver como está?
Posso entrar? — Pergunta.
— Sim, sim. Que cabeça a minha, entra. — Dou passagem
para ele entrar. Assim que entra, Patrícia está na sala observando o
homem alto e elegante de terno.
— Me deixa apresentar, Patrícia esse é o Wirley, advogado lá
da empresa que trabalho, quer dizer, trabalhava. — Falo para minha
amiga.
— Olá, muito prazer. — Disse Wirley erguendo a mão para
cumprimentar a Patrícia. Ela leva sua mão e o cumprimenta, que só
balança. Depois solta a sua mão e puxa para cozinha.
— Licença Wirley. — Digo, ele sacode a cabeça.
— Por que fez isso? — Pergunto, encarando a minha amiga.
— Esse é o cara que te beijou e você ficou toda derretida? —
Patrícia aponta para Wirley que acabou de sentar-se no sofá.
— O QUÊ? CLARO QUE NÃO FOI ELE? — Na hora tampo a
minha boca e olho para sala para ver se ouviu, ele acena pra mim e
respondo acenando de volta que está tudo bem. Volto a olhar para
Patrícia que está rindo da minha cara. — Não tem graça! —
Sussurro. De repente aparece Wirley na cozinha.
— Olha se eu estiver incomodando posso vim outro dia?
— Que isso, não está incomodando não. — Digo tocando no
seu braço, que dar um sorriso.
— Acho que vocês precisam conversar, então vou indo. —
Disse Patrícia indo para sala. Peço licença para o Wirley, que
balança a cabeça e atrás da minha amiga.
— Patrícia? — Olho para trás para ver se ele não estava nos
olhando, logo volto a minha atenção na Patrícia que está pegando a
sua bolsa do sofá. — Você vai embora? Por quê?
— Com certeza aquele bonitão quer falar com você, eu aqui ia
atrapalhar e outra já deu a minha hora também. — Disse Patrícia
piscando para mim.
— Mas... — Ela me corta.
— Está tudo bem. Depois nos falamos, tá? — Ela me dar um
beijo no rosto e sai do apartamento.
— Eu expulsei sua amiga né? — Pergunta Wirley que está
encostado no umbral da sala. Olho para ele e balanço a cabeça.
— Não. Ela já tinha outros planos. E você porque veio me ver e
como conseguiu o meu endereço? — Pergunto, sentando no sofá.
— Fui até o RH perguntar para Camila e ela me disse. Estava
no seu currículo que você tinha deixado. — Ele se aproxima e senta
no sofá ficando de frente para mim. — Por que não me conta o
motivo da sua demissão? — Desvio o olhar.
— Ele não de disse? — Encolho os ombros. Fico pensando se
ele contou que me beijou para Wirley?
— Disse um bocado de besteira, que você é uma péssima
secretária e que não estava aguentando a pressão, por isso que
você pediu demissão. — Ele disse. O fito não acreditando no que
acabou de dizer. Pressão? Sério que esse idiota disse isso?
— Pressão coisa nenhuma! Que ódio estou desse cara! — Me
levanto do sofá bufando de raiva.
— Me fala o que aconteceu? — Se levanta e pega na minha
mão e o fito. Conto o que ele aprontou? E o beijo, será que devo
dizer? — Raquel, a possibilidade de você voltar se eu pedir? —
Disse com suavidade, noto que ainda está segurando na minha mão.
Me afasto indo para estante onde está a tv.
— Desculpa Wirley, não volto. Só se o senhor Montenegro pedir
desculpas pelas coisas que ele fez. — Digo, olhando para ele que
fica curioso em saber o que houve.
— Ele te desrespeitou ou de humilhou? Pois se ele fez isso... —
Ergue o braço, levo a minha mão, fazendo ele se acalmar.
— Foi o de sempre, mas não precisa fazer nada. — Solto o ar e
vou até o sofá e me sento. — O pior que precisava desse trabalho...
— Está precisando de dinheiro? Se quiser... — Sentar-se ao
meu lado.
— Não, não. É que no primeiro dia... Estou com vergonha em
dizer... — Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Pode falar. — Ele disse, engoli em seco e continuei a falar.
— Como estava dizendo... No meu primeiro dia, acabei batendo
no carro do Bruno, o meu chefe. Ele me contratou por conta disso,
que seria descontado do meu salário para arcar esse prejuízo. —
Disse olhando para o Wirley toda preocupada.
— Ele disse isso para você? — Me fita e sacudo a cabeça
confirmando. — Raquel, você não precisa pagar nada! O carro do
Bruno tem seguro. — Dou um pulo no sofá com essa revelação.
Aquele babaca mentiu pra mim? Fazendo-me sentir culpa por esse
tempo?
— NÃO ACREDITO NISSO! NÃO ACREDITO! — Caminho para
um lado e para o outro. — AQUELE DESGRAÇADO MENTIU PRA
MIM! ELE MENTIU Wirley! — Falo com olhos cheios d'águas.
— Sim... Vem cá, não fica assim. — Ela pega no meu braço
com leveza e abraça para me acalmar. Já nos braços dele, não
resisto e lágrimas começam a cair. Porque ele fez isso? Fiquei me
perguntando, como uma pessoa pode ser tão ruim assim?

Hoje é sábado, estava na cozinha terminando de fazer a


lasanha bolonhesa, está no forno. Vou para pia e lavar a louça, fico
lembrando da outra noite que Wirley veio aqui me ver.
Foi tão carinhoso e gentil comigo, estava muito brava e triste
depois o que "meu chefe" fez comigo. Ficou um tempo, mesmo eu
pedindo para ele ir embora, ele disse que ia só quando eu estivesse
melhor. Um gentlemen. Se eu não tivesse com o Bruno, com certeza
tentaria algo com Wirley. Ai, que loucura!
Até parece um homem do estilo do Wirley ia querer alguma
coisa comigo? Para de pensar nisso Raquel! Continuo lavando a
louça, a campainha começa a tocar, pego o celular no balcão e vejo
a hora são dez horas da noite.
Quem será? O Bruno não me ligou avisando que vinha? Dou
mais uma olhada no forno e desligo, a lasanha está pronta. Vou
deixar um tempo aí dentro. E a campainha não para de tocar. Nossa,
que impaciência!
— JÁ VAI! — Grito, indo para a porta.
— Boa noite senhorita Oliveira. Podemos conversar? —
Pergunta, meu chefe está na minha frente segurando um buquê de
rosas vermelhas. Não acredito. Meu chefe aqui?
— Então, vai me deixar entrar? Já ia esquecendo, isso aqui é
pra senhorita. — Ele me entrega um buquê de rosas vermelhas. Elas
são lindas.
Olho para ele que sorri para mim, ele está tão lindo, está
vestido de terno azul escuro. Sinto o meu corpo se arrepiar e me
lembro do beijo que ele me deu.
Porém, também me lembrei o que o Wirley me disse sobre o
carro dele e veio toda a raiva das coisas que ele me fez passar. Jogo
o buquê em cima dele, que me olha confuso, se aproxima e fecho a
porta bem na sua cara.
— Ei? Sua louca! Venho aqui e é assim que me recebe? —
Bate na porta. Afasto-me indo para o sofá. — Abra essa porta! — O
ignoro e vou para cozinha ver a minha lasanha.
Abro o forno tirando a lasanha. Está linda e cheirosa. Escuto
batida na porta, me lembro do babaca do meu chefe. Tinha
esquecido daquele traste.
— ABRA ESSA PORTA! ANDA LOGO, ESTOU MANDANDO!
— Continua batendo na porta. São dez e meia da noite, os vizinhos
vão começar a reclamar do barulho. Vou para sala, abro a porta e ele
me fita.
— Finalmente! Achei que me ia me deixar aqui fora. — Olho
sério para ele, em seguida dou passagem para ele entrar, fecho a
porta.
— Me diga o que o senhor faz aqui? — Pergunto, com os
braços cruzados.
— Vim aqui conversar com a senhorita… Toma isso é para
senhorita. — Me entrega o buquê amassado que tinha jogado nele,
mas rejeito e ele põe sobre a mesinha de centro. — Como estava
dizendo, vim aqui para conversarmos e acho que posso dar uma
segunda chance… — O corto.
— Espera ai! Segunda chance? O senhor tem sido grosseiro e
me acusar de uma coisa que não fiz, sem contar… — Ele se
aproxima me encarando. Aqueles olhos verdes me fitando, sinto meu
corpo todo queimar. Meus Deus! Esse homem mexe demais comigo!
— Sem contar o que senhorita Oliveira? — Está bem perto de
mim com as mãos no bolso da calça. Sacudo a cabeça saindo
daquele transe.
— Sem contar que o senhor mentiu pra mim. Eu me sentindo
mal, achando que o senhor me contratou por pena…
— Ei, ei. Como assim? O que está dizendo? — Indaga.
— Que o senhor não me disse que seu carro tem seguro! —
Digo, com a voz embargada.
Vou para o sofá ficando de costas para ele, não quero que me
veja assim fragilizada. Sinto as mãos dele sobre o meu ombro me
fazendo virar e olhar para ele, meus olhos estão cheios d'água. Cai
uma lágrima no meu rosto, ele enxuga e sinto o seu toque.
— Eu não menti, só me esqueci de falar. — Disse com
suavidade. — E sobre as outras coisas… Me desculpe, você não
merecia ser tratada daquele jeito… — Olho para ele em choque. Ele
está se desculpando ou será que está me enrolando? Mas parece
ser sincero… — Estava muito estressado… No caso que estou
trabalhando, meu cliente só mente e isso estava me prejudicando e
em cima da hora ele muda o acordo para complicar… — Se afasta
passando a mão no cabelo.
— Caramba. Acho se eu fosse advogado e meu cliente fizesse
isso também ficaria louco… — Ele se vira e me olha. — Mas
descontar a sua raiva no funcionário, que nesse caso sou eu! — Ele
solta o ar, abaixa a cabeça balançando concordando no que disse.
— Você está certa. Se voltar isso não vai mais acontecer. — Ele
disse, chegando perto de mim. Desvio o olhar, ele ergue a mão para
o meu queixo me fazendo olhar nos seus olhos.
Os benditos olhos verdes hipnotizantes! Tento ficar firme, mas
meu corpo fica todo mole. Merda! Esse homem me causa um efeito
que meu corpo não me responde!
— Olha… Não sei… — Afasto sua mão do meu cenho e ando
para trás ficando um pouco distante dele, assim consigo pensar. Mas
ele se aproxima. Senhor me proteja!
— Por favor. E você achar que a contratei por pena, no começo
até poderia ser, mas vi como trabalha e você é muito boa. — Ele
disse. Fico ali analisando ele falar, pelo menos gostou do meu
trabalho. — Por favor, volta ser a minha secretária. — Insiste.
O que eu faço? Disse que não voltaria, mas esse homem está
aqui, no meu apartamento, se desculpando e pedindo, quer dizer,
implorando para voltar… O que eu faço?
— Está bem… Eu volto trabalhar, mas com uma condição. —
Digo, ele sorrir, logo me fita.
— Claro, pode dizer.
— Vamos começar do zero. Nada de gritaria, humilhações.
Tratando-me com respeito e nada de ficar fora do expediente se não
for sobre trabalho… — Passo por ele dizendo como deve ser o nosso
relacionamento de patrão e funcionária.
— Sim, claro. Isso não vai se repetir, eu prometo. — Levanta a
mão com os dedos cruzados. Não resisto e acabo sorrindo. — Já
que vamos começar do zero. Que tal começamos nos
apresentamos?
— Nos apresentamos? — Olho para ele confusa. Ele se
aproxima.
— Assim. — Ele ergue seu braço na minha direção. — Sou
Bruno Montenegro. — Fico observando e ele acena com a cabeça
para fazer o mesmo.
— Ah, isso. Está bem. Prazer. Sou Raquel Oliveira. — Assim
que ergo a minha mão para ele apertar, se inclina e beija minha mão,
sinto seus lábios tocarem na minha mão e vem à lembrança desses
mesmos lábios beijando a minha boca. Sinto um formigamento e não
é da barriga, mas sim, lá em baixo. Puta merda! Olha o que esse
homem me faz. Senhor me proteja, senão vou fazer uma loucura!
Tiro a minha mão e recuo dando um passo para trás. — Me lembrei
de algo… — Me fita.
— Pode dizer. — Olho para ele, coloco uma mecha de cabelo
atrás da orelha.
— O senhor não pode me beijar… Não quero que me beije
mais… — Ele se achega e da um sorriso malicioso.
— Humm… Você não quer? — Diz com a voz rouca. — Acho
que gostou, pois não me impediu? — Está bem perto de mim, seus
lábios estão quase encostando-se aos meus. Ele está olhando para
minha boca e confesso que estou olhando a sua. Até ia me afastar…
Mas não consigo, algo dentro de mim quer que ele me beije…
— Morena sei que não fui legal com você, então espero que…
QUE MERDA É ESSA AQUI? — Dou um salto pelo susto. Olho para
porta. Droga. Mil vezes droga.
— Fabricio? O que está fazendo aqui? — Pergunto, que está
me encarando com sangue nos olhos. Caramba! Como saio dessa?
— Anda Raquel, quero uma explicação? O que esse cara está
fazendo aqui? — Fabricio vem pra cima de mim.
— Calma Bruno. Não é o que você está imaginando… — Tento
acalmá-lo. Mas não adianta, está com muita raiva. Nisso Bruno me
puxa e pergunta quem é o moreno todo puto. — Esse é o meu
namorado. — Sussurro, ele levanta a sobrancelha.
— Esse é seu namorado? — Indaga, aponta para o Fabricio
não acreditando no que disse.
— O que tem? — Pergunta o Fabricio para o meu chefe. Ele o
ouviu falando daquele jeito. Senhor me ajuda sair dessa situação.
— Nada. Nada. — Meu chefe disfarça o sorriso para o meu
namorado não perceber. Queria saber qual é a graça?
— Raquel? — Me viro quando o Fabricio me chama.— Você
não me explicou o que esse cara está fazendo aqui? — Pega no meu
braço, pela força solto um grunhido que meu chefe escuta.
— Ei! Não precisa machucar a moça? — Meu chefe dar um
empurrão fazendo ele me soltar, Fabricio fica mais enfurecido com
essa atitude do meu chefe.
— Fabricio não aconteceu nada… Só estávamos conversando,
esse é o meu chefe… — Digo, olhando para ele que me ignora, vira
o seu rosto para o lado e nota um buquê de rosas na mesinha.
Merda!
— Agora seu chefe vem visitar funcionária levando um buquê
na residência delas? — Volta pegar no meu braço, agora apertando
com força.
— Ai, ai, ai… Está me machucando Fabricio… — Tento sair,
mas ele aperta com mais força me sacudindo alguma resposta.
Então o Senhor Montenegro da um soco no meu namorado,
que acaba caindo no chão. Meu chefe se vira ficando de costas para
ele e para vim falar comigo.
— Você está bem? — Pergunta, olhando nos meus olhos. Não
digo nada, só balanço a cabeça dizendo que sim. Ele pega no braço
com delicadeza, o mesmo que o Fabricio estava apertando para ver
o estado do meu braço. — Está um pouco vermelho… Dói aqui?
— Ai… Um pouco… Não precisa se incomodar… — Nisso, o
meu namorado levanta um pouco tonto pelo o soco que o meu chefe
deu.
— Seu desgraçado! Como ousa me bater… — O meu chefe
solta o meu braço, se vira e pega no pescoço do Fabricio que não
esperava por aquilo.
— Seu filho da puta! Eu devia colocar você na cadeia para
aprender a não encostar um dedo numa mulher! — Ele joga o meu
namorado no sofá tentando recuperar o fôlego.
— Por…Por… Por acaso é da polícia? — Pergunta o Fabricio
entre as tosses e com a mão no pescoço.
— Não! Sou advogado. E pela lei número 11340/06 no artigo 5
para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar
contra a mulher a qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial. Essa agressão que você fez nessa
mulher, ela pode fazer corpo delito e fazer um B.O contra você. Com
isso vai ser preso com duração de três anos de cadeia. — Fabricio
encara o meu chefe não acreditando no que ele disse.
Meu chefe tira do bolso da calça um celular e começa discar um
número. Logo começa a chamar. Meu Deus! Pra que ele ligou?
— Alô? Letícia aqui é Bruno…
— Meu amor, que saudades. Finalmente você me ligou, deixei
várias mensagens e sem contar as ligações… — Meu chefe revira os
olhos, acho que não gostou do que ouviu no outro lado da linha.
— Letícia, não estou ligando pra isso. Estou ligando por que
estou com um caso aqui que é da especialidade sobre violência
doméstica, está interessada? — Ele disse e Bruno arregala os olhos.
— Que merda é essa? Está ligando pra polícia? — Meu
namorado vai pra cima do Bruno que afasta o celular do ouvido,
dando um soco no estômago que cai no sofá.
— Cala a boca filho da puta! — Aponta o dedo para o Fabricio,
que está calado pelo soco no estômago que meu chefe deu. — Não
me atrapalhe, estou falando com a promotora Letícia Garcia.
— Letícia Garcia? Essa não é promotora que colocou o senador
na cadeia por maus tratos e ter matado a esposa? — Pergunto,
olhando para o meu chefe que se vira e me fita.
— Ela mesma. Ela é a melhor nessa área. — Volta colocar o
celular no ouvido para falar com ela. Meu Deus! Fabricio vai para
cadeia! Não, não posso deixar. Não vou ficar tranquila.
— Por favor não faz isso. — Vou até ele e seguro no seu braço.
Ele olha nos meus olhos e não entende o meu pedido.
— Sério? Vai deixar esse babaca ficar por isso mesmo? — Ele
afasta o telefone, depois mira no meu namorado que fala algo, mas
meu chefe o ignora.
— Eu não me sentiria bem se ele for pra cadeia por minha
culpa… — Abaixo a cabeça, se vira ficando de frente para mim e
ergue sua mão no queixo me fazendo olhar para ele. — Por favor…
Bruno…
— Está bem, estou fazendo isso porque você está pedindo.
Mas esse desgraçado não merece. — Se afasta para falar no
telefone com promotora. Me aproximo do Fabricio, toco no seu
ombro que me rejeita. Logo o meu chefe volta para falar comigo.
— Tenho que ir, tenho um julgamento amanhã. — Olha para o
Bruno. — Você vai ficar bem? Se quiser posso ficar aqui…
— Não precisa. Vou ficar bem. — Digo, coloco uma mecha de
cabelo atrás da orelha
— Então vou indo. — Acompanho até a porta, pergunta mais
uma vez se vou ficar bem, digo que sim. Ele se despede me dando
um beijo no meu rosto que sinto meu estremecer com o toque dos
seus lábios na minha bochecha.
Depois vai embora e volta para direção do Fabricio que está em
pé enfurecido. Senhor me proteja!
— De onde saiu esse babaca! — Vai até a porta com a mão no
estômago, acho que ainda está sentindo o soco que meu chefe lhe
deu. Fecha a porta com força e me fita. — Raquel não quero que
você vá trabalhar nessa empresa. Eu a proíbo! — Disse o Fabricio.
Olho para ele não acreditando. Não pode ser sério isso?
— O que você disse? Repete, acho que não ouvi direito? —
Olho para o meu namorado que se vira e me fita.
— Isso mesmo que você ouviu, está proibida de voltar a
trabalhar nessa empresa. — Caminha para o sofá e se joga,
esticando as pernas na mesinha de centro. — Ai… Ainda está
doendo meu estômago… Raquel, traz uma cerveja?
—NÃO! – Ele me olha confuso.
— Não vai trazer a cerveja? — Indaga.
— Não vou fazer o que você pediu? — Vou até ele. — Vou
voltar a trabalhar… — Ele me corta.
— Voltar a trabalhar? Você tinha saído? — Levantar-se me
encarando. — Por quê?
— Tive motivos para sair e era por isso que o meu chefe esteve
aqui… — Fabricio levanta a sobrancelha, desconfiado.
— Se você saiu porque faz tanta questão de voltar? — Cruza
os braços me encarando.
— Ah, meu chefe foi muito grosseiro comigo e também… —
Paro de falar e vem na mente o beijo do senhor Bruno… Aqueles
lábios quentes e macios…
— Raquel? Raquel? — Meu namorado me sacode me fazendo
sair daquele transe.
—Oi? O que foi? — Ele me olha receoso. Ai meu Deus! Será
que ele percebeu algo? — Não importa o motivo, ele veio aqui e se
desculpou, e vou voltar trabalhar sim. Ralei muito para conseguir
essa vaga, não vou desistir por conta do seu ciúme bobo. — Mudo
de assunto, estava indo para cozinha ele pega no meu braço.
— Você acha que sou idiota? — Questiona, o seu tom de voz
mudou. Está mais grave e áspera. — ME RESPONDA RAQUEL? —
Sacode o meu braço com força.
— Ai… Fabricio está me machucando... — Tento me soltar, mas
ele aperta com mais força.
— ME RESPONDA VOCÊ E SEU CHEFE, TIVERAM ALGUMA
COISA? — Olho para ele em choque.
— Fabricio me solta, está me machucando... — Mais uma vez
tento me soltar e ele continua me sacudindo com força. No impulso
dou um empurrão nele que me solta. — Para com isso! Não
aconteceu nada! Você está louco? — Quando ia dar as costas para
ele, me joga contra parede prendendo o meu corpo.
— Se não aconteceu nada porque está alterada desse jeito? —
Com o braço no meu peito e com a perna no meu quadril para não
me mexer. Droga! Por que você está fazendo isso? — Pela sua
atitude me mostra ao contrário e pior acho, quer dizer, gostou o que
ele fez! — Tento fazer um esforço, mas ele me impede com força do
seu corpo. — RESPONDA! É ISSO NÃO É?
— FA… Por favor, estou dizendo…
— CALA BOCA PIRANHA! — Dar um passo para trás e logo
me dar um tapa na minha cara, pela força acabei caindo no chão.
— Você… Me bateu… — Levo a minha mão no meu rosto, olho
para ele chocada. Ele se abaixa e pega no meu cabelo puxando com
força para eu levantar. — Ai, ai, ai…. Fabricio está puxando com
força. — Começa a cair lágrimas.
— Você não viu nada! Vai ter uma lição para você aprender que
não sou idiota. — Ele me da outro tapa, mais outro e mais outro, em
seguida bate com a minha cabeça na parede com força que me joga
no chão.
Vejo tudo embaçado, levo a mão na cabeça e percebo que está
sangrando.
— Fabricio… Por favor… — Ergo o braço, mas ele dá um tapa
nele. E então começa a chutar a minha barriga. Mais e mais forte,
que acabo cuspindo sangue no chão. — Para Fabricio. Por favor…
— Suplico com poucas forças que me resta, noto que está muito
enfurecido, ele não me ouve e continua me chutando.
Senhor, por favor me ajuda! Estou suplicando não me
abandone nesse momento difícil! Então ouço um barulho, como se a
porta fosse arrombada, sinto que os chutes pararam. Tento abrir os
olhos e vejo Bruno batendo no Fabricio.
— SEU FILHO DA PUTA! EU AVISEI SE ENCOSTASSE NELA
EU IA ACABAR COM VOCÊ! — Fabricio está no chão e meu chefe
está por cima dando vários socos. Tento ter força para levantar, mas
fiquei caída no chão.
— Bruno… Bruno… — A voz sai fraca, mas ele me vê e larga o
Fabricio vindo na minha direção.
— Raquel? Raquel? — Me coloca no seu colo e alisa o meu
rosto. — Vai ficar tudo bem, aquele desgraçado não vai mais
encostar em você!
— Estou vendo tudo ficar escuro...
— Não, não… Não fecha os olhos! Acorda Raquel!
Acordaaaa!!!
Merda! Merda! Ela está toda machucada… Por culpa desse
filho da puta!
— Raquel? Acorda, por favor. Não faz isso comigo! — Sacudo
para ver se ela abre os olhos, mas nada. Puta que pariu! Passo a
mão no seu cabelo sinto algo gosmento e vejo que é sangue.
Desgraçado! Olho para o lado e o infeliz continua apagado
depois da surra que dei nele. Não devia ter deixado ela sozinha com
ele! Calma Bruno! Não perca o controle, ela pode está viva?
Me aproximo do seu rosto e consigo ouvir sua respiração, fraca,
mas consigo. Graças a Deus! Ainda está viva! Com ela no meu colo
me levanto e a levo para o hospital, se eu for rápido acho que
consigo salvá-la. Então me levanto, pego ela no colo e saio do
apartamento, vou até o elevador, ainda com ela no colo me aproximo
e aperto o botão, não demora muito ele sobe.
Por sorte está vazia, não tenho paciência para dar explicações.
Chegamos ao estacionamento, aperto o passo para encontrar o meu
Bugatti. A coloco no banco do carona com cuidado, logo ponho o
cinto nela, fecho a porta e dou a volta e entro no carro, ponho o cinto
e em seguida ligo o carro.
Olho para ela, aliso o seu rosto. Você vai sair dessa, eu
prometo… Volto a minha atenção para o volante, Não posso perder
tempo!
Entrei às pressas no hospital com ela no colo e começo a gritar.
— POR FAVOR! ALGUÉM PODE ME AJUDAR? TEM ALGUM
MÉDICO AQUI? — Pessoas que estavam sentadas nos bancos
aguardando, começaram a olhar para mim. — O QUE FOI? — Olho
para eles com raiva que param de olhar, logo aparece um maqueiro
com a maca vindo na minha direção.
— Senhor a coloque aqui. — Faço o que ele pede, coloco a
Raquel com cuidado. Em seguida surge um cara de jaleco branco
com um crachá escrito Clínico Geral.
Só deu para ver isso naquele momento, começa a examiná-la e
ver os hematomas no corpo dela e na cabeça dela.
— Precisamos levá-la para UTI imediatamente, ela perdeu
muito sangue. Acho que temos que fazer uma cirurgia. — Disse o
homem de jaleco. O outro homem leva a Raquel, quando ia atrás
dela o tal médico ergue o braço impedindo a minha passagem. Que
merda é essa? — O senhor não pode ir, só médicos e enfermeiros
que entram ali. Peço que o senhor aguarde aqui. — Ele disse.
Levanto a sobrancelha.
— Preciso ficar ao lado dela! — Tento passar, mais uma vez o
homem de jaleco não me deixa passar.
— Senhor, entendo que está preocupado com a sua namorada.
Mas preciso que o senhor se acalme e me diga o que aconteceu com
ela? — O fito. Ele acha que sou namorado dela? Mas por quê?
— Eu não sou namorado dela. — O médico me encara. —
Somos amigos. Ela ficou assim por conta do namorado dela.
Cheguei para fazer uma visita… Escutei os gritos e depois ficou um
silêncio, arrombei a porta e a vi jogada no chão, ele continuava a
chutando. — Falo, o médico me olha não acreditando.
— Tudo bem. Tenho que ir, mas quero que o senhor se acalme
e aguarde aqui. — O médico pede mais uma vez, sacudo a cabeça
concordando.
Ele sai e fico ali esperando por alguma melhora, vou ao banco
para me sentar um pouco distante das pessoas que estavam
esperando.
Começo bater o pé impaciente, tomara que ela se salve. Eu
prometo que vou colocar aquele filho da puta na cadeia e deixá-lo
por lá até a morte! Fecho o meu punho, estou com muita raiva!
Meu celular começa a tocar, as pessoas que estão na minha
frente se viram para e me encaram. Merda! O gente curiosa! Puta
que pariu! Levanto-me e vou para o lado de fora para atender,
quando vejo o número nem acredito! Está de sacanagem? Leticia
ligando pra mim? Rejeito a ligação colocando o celular no bolso,
entro no hospital e nada do médico.
Merda! Será que deu alguma coisa errada com a Raquel?
Quando estava indo na recepção, o médico aparece do meu lado e
toca no meu ombro.
— Vim dizer que ocorreu tudo bem na cirurgia, apesar de que
ela perdeu muito sangue, mas conseguimos. — Disse o médico.
Levo a mão no peito de alívio. Ela está bem e salva.
— Posso ir vê-la? — Pergunto, olhando para ele.
— Humm… Esta tarde, vai pra casa descansar hoje foi uma
noite bem agitada. Amanhã… — O corto.
— Não vou a lugar nenhum! Quero ver se ela está mesmo
bem? — O médico solta o ar e me fita.
— Está bem, está bem. O senhor me convenceu... O senhor
pode ir lá ver como ela está, acho que o senhor não tem contato com
algum parente dela, não é? — Balanço a cabeça que não.
Ele não disse mais nada, só me levou até o quarto onde a
Raquel está descansando. Entramos e ela está dormindo. Parece um
anjo caído do céu. Ela está com uma faixa na cabeça depois da
cirurgia e com alguns roxos nos braços.
— Olha como eu disse pode ficar aqui, mas a não incomode?
— Sacudi a cabeça confirmando, mas continuei a observando, puxei
uma cadeira e me sentei. Estava tão concentrado que nem percebi
que o médico tinha saído. Pego na sua mão e começo a cariciar. —
Que bom que você está bem… Aquele infeliz vai pagar por ter feito
isso com você. Ele vai!
Depois dessa loucura toda está começando bater um sono...
Olho para os lados e não tem nada para onde eu possa descansar.
Puxo a cadeira para mais perto da cama e me encosto. Tiro o terno e
a gravata colocando meus braços sobre a cama ao lado dela. Acho
que vai dar para dormir.
Não estou entendendo, para piorar não me lembro de como vim
parar aqui? E por que o Bruno está aqui? Começo a observar ele,
parece cansado… Está bem perto de mim...
Ergo a minha mão no seu rosto, sinto o seu cabelo… Nossa, é
bem macio... Ele começa movimentar-se e logo afasto a minha mão
do seu cabelo, levantar-se e se espreguiça, olha para mim e dar um
sorriso.
— Você acordou! — Diz com doçura. Está feliz em me ver, mas
por quê? — Está sentindo alguma dor? — Olho para ele sem
entender?
— Dor? Do que está falando? Aliás, como vim parar aqui? Isso
aqui é um hospital, não é?
— Você não se lembra o que aconteceu? — Me fita. Se
aproxima e senta no canto da cama.
Balanço a cabeça que não. Ele levanta-se e vai para um lado e
para o outro com a mão na cabeça. Acho que está vendo uma
maneira para me dizer algo. Mas o quê?
— Pode falar. Não pode ser algo tão grave assim? — Me ajeito
para ficar sentada na cama, começo a sentir dor ao redor da minha
barriga.
— Não faz esforço. Depois do que você passou... — Se
aproxima, ergo a sobrancelha para ele.
— Como assim depois do que passei? — Pergunto, ele desvia
o olhar e fica em silêncio. Que droga! Agora estou apreensiva. Por
que não quer me contar o que houve comigo? Olho para os lados e
não vejo o meu namorado. — Onde está o Fabricio? — A fisionomia
do meu chefe muda completamente.
— Não acredito que está perguntando desse filho da puta? —
Vira de costas para mim e vai para janela do quarto.
— Não fala dele assim! E porque não posso perguntar por ele?
Ele é o meu namorado, já que estou aqui ele devia estar aqui
comigo, não acha? — Se vira e vem na minha direção.
— Ele é culpado de você estar aqui! Essa faixa na cabeça e
esses hematomas no seu corpo foi ele quem fez isso! — Olho para
ele não acreditando no que acabou de dizer. Não pode ser.
— O Fabricio fez isso? Não, não... — Sacudo a cabeça
negando. — O Fabricio me ama, ele nunca ia me machucar...
— Não queria dizer isso... — Ele abaixa a cabeça. Sentar-se na
beira da cama. — Eu voltei para o seu apartamento, senti que
precisava voltar… Quando cheguei à porta e ouvi gritos… — Ele
estava falando e aos poucos vou me lembrando.
Sim, o Bruno foi lá ao meu apartamento pedir desculpas pelo
modo como tem me tratado na empresa e para eu voltar trabalhar
com ele de novo, logo entra o Fabricio nos vendo ali e começa com
seus ciúmes. Ai, o que mais aconteceu?
Ah sim, depois que o meu chefe saiu, Fabricio queria que não
fosse mais trabalhar na empresa, não gostei disso e confrontei. De
repente, na cabeça dele achou que eu o trai, isso!
Começou ficar nervoso que até me deu um tapa… Meu Deus!
Estou me lembrando! O Fabricio fez isso? Não, não pode ser…
— Licença, como está? — Entra um homem alto, moreno claro,
cabelo curto preto. Está vestido um jaleco branco. Deve ser o médico
que me atendeu?
— Acho que estou bem… — Digo, ele se aproxima da cama.
— Humm… Parece está melhor, vejo também que depois da
cirurgia de ontem... — O corto.
— CIRURGIA? EU FIZ UMA CIRURGIA? — Olho para ele
assustada.
— Teve que fazer depois do estado que a senhorita chegou,
estava toda machucada nos braços, na barriga e na cabeça. E com a
força da pancada da agressão que sofreu se eu não levasse para
cirurgia acho que não estaria entre nós agora. — Disse o médico.
Fico em choque. Não consigo dizer nada, o Fabricio fez isso
mesmo... Meu Deus...
— Senhor, ela pode voltar para casa? — pergunta Bruno.
— Do estado que ela chegou acho melhor ficar dois dias em
observação. — Disse o homem de jaleco branco e falou mais coisas,
mas não prestei muita atenção. Estou muito abalada com essa
revelação.
O Fabricio, o meu namorado fez isso... Noto que Bruno vai até
o médico no canto e começam a conversar, então o médico sai e ele
vem na minha direção.
— Está em choque, não é?
— Não pode ser… Ele nunca foi assim… Ter ciúmes tudo bem,
mas quase me matar… — Começa cair lágrimas, ele senta na cama
de frente pra mim e enxuga o meu rosto.
Ele não diz nada e depois de enxugar começa a fazer carinho
no meu cenho, que fecho os olhos sentindo o seu toque. Sua mão é
macia… Abro os olhos, ele está bem perto de mim, vai ao meu
ouvido e sussurra.
— Não se preocupe, ele não vai chegar perto de você. Prometo
que vou colocar esse infeliz na cadeia por ter feito isso. — Balanço a
cabeça e sem pensar me jogo nos seus braços.
Esqueci-me das dores que estava sentindo. Ele coloca a
cabeça sobre a minha e alisa o meu cabelo. Nossa, é bom estar nos
seus braços. Sinto-me protegida. Nunca senti isso antes. De repente
seu celular começa a tocar.
— Com licença, vou quem está me ligando. Mas não vou sair
daqui. — Ele disse. E assenti, ele levanta da cama e atende ao
telefone. — Oi mãe. O que foi?
— Onde você está? Esqueceu que hoje você tem julgamento
do seu cliente, o Senhor Coutinho? — Ela disse. Ele ergue a mão na
cabeça, acho que se esqueceu de algo? — Caramba! Tinha
esquecido que era hoje. Daqui uma hora vou para o julgamento…
— Você não tem uma hora Bruno! Daqui a dez minutos você
tem que está lá! — Ela disse.
— Vai ter que mandar outra pessoa no meu lugar, não posso
sair agora. — Se afasta da cama e vai para o canto do quarto. —
Manda o Wirley para o julgamento.
— Você que é o advogado dele e não Wirley, sai logo daí onde
você está e vai para o julgamento… — Ele vira de costas para mim e
começa aumentar seu tom de voz.
— EU DISSE QUE NÃO VOU SAIR DAQUI! TEM ALGUÉM
QUE PRECISA DE MIM E NÃO POSSO ABANDONÁ-LA! MANDA O
WIRLEY ELE É UM ÓTIMO ADVOGADO E VAI CONSEGUIR
GANHAR ESSA CAUSA. NÃO ADIANTA INSISTIR SHEILA! AGORA
TCHAU! — Ele desliga e coloca o celular no bolso da calça, solta um
ar e vem na cama, senta do meu lado.
— Está tudo bem? Se for algo importante você pode ir… —
Digo encolhendo os ombros e abaixei a cabeça.
— Que isso? Deixar você aqui sozinha, depois de tudo o que
passou? Nada disso, vou ficar aqui do seu lado. — Ele ergue sua
mão no meu queixo para olhar pra ele. Em seguida fazer um carinho
no meu rosto. Fecho os olhos. Seu toque é tão macio… — Não se
preocupe com isso, depois eu me viro. — Ele disse e sorriu para mim
que sacudi a cabeça concordando.
Eu agradeci por ele estar ali do meu lado e logo se aproximou,
me abraçou e voltou alisando o meu cabelo. Não resisti e comecei a
chorar.

Já faz uma semana que sai do hospital e fiquei em casa


descansando depois do que passei com o Fabricio… O Bruno foi tão
legal comigo, não me deixou nem por um minuto, foi casa tomar
banho. Depois voltou para ficar do meu lado. Ele arcou com as
despesas do hospital e me deu uma semana de descanso antes de
voltar para o trabalho.
Agora estou indo me encontrar com minha amiga numa padaria
aqui perto de casa. acabei de entrar e olho para o lado direito e ela
está sentada numa mesinha de madeira com um lenço colorido.
— Raquel? Estou aqui. — Acena pra mim. Vou até ela.
— Oi miga. — Comprimento dando dois beijos no rosto e logo
sentamos, Patrícia já tinha pedido café e um pão na chapa.
— Me explica o que aconteceu? Liguei, mandei mensagens e
nada de você responder? — Ela pergunta, depois de dar um gole no
seu café, abaixei a cabeça. — O que foi? — Ela toca no meu ombro.
E meu celular vibra.
— Só um instante. — Abro a minha bolsa e pego o meu celular.
E minha fisionomia muda logo e minha amiga nota.
— Raquel, o que houve? Parece que viu um fantasma? —
Indaga. Engulo a seco e decido falar o que aconteceu comigo depois
o que Fabricio fez.
— Patrícia, preciso te contar uma coisa, eu e Fabricio brigamos,
mas brigamos feio. Ele me proibiu de ir trabalhar e eu o enfrentei.
Ralei muito para poder conseguir aquele trabalho… — Digo, olhando
para minha amiga.
— Está certa. Você não é objeto dele! Mas sinto que não ficou
só por aí né? — Balanço a cabeça, olho para cima para não chorar.
Ela larga o seu café na mesa e se aproxima pegando na minha mão.
— E de repente ele ficou agressivo comigo…
— Agressivo? Ele te bateu? — Fico em silêncio e abaixei a
cabeça. — Raquel, você não me respondeu! Aquele babaca te
bateu? — Levanto a cabeça e balanço a cabeça que sim. E começa
a cair às lágrimas.
— NÃO ACREDITO QUE ESSE FILHO DA PUTA FEZ ISSO?
VOU MATAR ELE! — Ela fica pé gritando. Todo mundo começa a
olhar pra gente.
— Patrícia, por favor, senta aqui. — Me levanto, enxugo as
lágrimas e a puxo para ela sentar-se. — Está todo mundo vendo. —
Com muito custo ela se senta, aos poucos vai se acalmando.
— Agora que está mais calma podemos conversar. — Digo,
coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Calma, pode ser, mas estou com muita raiva desse babaca!
Você vai terminar com ele né? — Fico em silêncio. Mas ela está
certa, não posso continuar com ele depois do que ele fez.
— Sim, vou terminar com ele… Chega. Não quero mais nada
com ele… — Lágrimas caem no meu rosto. Minha amiga ergue a
mão para enxugar as minhas lágrimas.
— Não fica assim. Esse Idiota não merece suas lágrimas. —
Sacudo a cabeça concordando, logo a abraço ela agradecendo pelo
seu apoio e noto na mesa ao lado. Não acredito. É muita
coincidência. Afasto-me do seu abraço.
— Patrícia olha quem está ali. — Aponto para a mesa ao lado
para a minha amiga. Ela vira e levanta a sobrancelha não
acreditando no que ver.
— Não pode ser? É ela mesma? — Pergunta olhando para
mim.
— Sim Patrícia, é a Elena. — Dou uma olhada na hora pelo o
meu celular. — Caramba, está na hora de ir.
— Você vai aonde? — Me levanto da cadeira.
— Ora, vou para o trabalho. Agora você pode chamar a Elena
para sair. — Me inclino para frente e sussurrei.
— Está maluca! — Olha para o lado onde a Elena está sentada,
— Vou até a mesa dela e digo: oi, quer sair comigo? Fala sério né?
Acho que nem se lembra de mim! — Ela encolhe os ombros. Viro a
cadeira que estava sentada de frente para ela.
— Para com isso! Não estou te reconhecendo? E outra, como
pode saber sem tentar conversar com ela? — Ela sacode a cabeça
concordando comigo. — Então, vai lá falar com ela. Puxa algum
assunto e depois a chama para sair.
— Está bem, está bem! Vou lá falar com ela. — Minha amiga se
levanta da cadeira e vai caminha onde a irmã do meu chefe está
sentada.
Vou até o caixa e pago o café e o pão na chapa, logo saí da
padaria e pego um táxi para ir para o trabalho. Tomara que ela
consiga chamar a Elena pra sair. Minha amiga merece isso.
Acabei de sair da padaria e vou para o ponto de táxi para ir
para empresa. Meu celular volta a vibrar. Quando entro no carro, tiro
o telefone da bolsa e vejo várias ligações do Fabricio. Sinto um
arrepio, dou uma olhada e tem mensagens dele.
Fabricio: Desculpa por ter feito aquilo.
Fabricio: Estava com ciúmes.
Fabricio: Raquel, eu te amo.
Fabricio: Me perdoa.
Fabricio: Raquel, me responde!
Fabricio: Raquel! Raquel!
Eu sei que você já saiu do hospital e vai continuar me
ignorando?
— Senhorita, chegamos ao endereço. — Disse o taxista.
Guardei o celular na bolsa e dou o dinheiro.
— Pode ficar com o troco. — Disse saindo do carro. Estava
entrando, comecei a sentir um calafrio, não sei por que sinto como se
alguém estivesse me seguindo?
Apertei o passo, acabei entrando para o estacionamento da
empresa. E aparece alguém na minha frente de repente que me faz
dar um grito pelo susto.
— Ei, fica quieta! — Ele coloca a mão na minha boca para parar
de gritar. Olho para ele não acreditando.
— Bruno? O que está fazendo aqui? — Me afasto ficando longe
dele. Fico apreensiva com sua presença.
— Tive que vim atrás de você, não atende as minhas ligações?
— Se aproxima e me recuo para trás. — Raquel, não fique assim.
Não precisa ter medo, eu não vou… — O corto.
— Me machucar? — Ele abaixa a cabeça. — Olha, não quero
conversar com você… Nesse momento… Agora tenho que ir
trabalhar. — Passo por ele, ele pega no meu braço me puxando pra
ele. — Ai…
— NADA DISSO! PRECISAMOS CONVERSAR! — Aperta o
meu braço.
— Fabricio! Eu não quero falar com você, me deixa ir? — Notei
que começa a ficar nervoso igual ao dia do meu apartamento.
— VOCÊ VAI SIM! VOCÊ É A MINHA NAMORADA! — Ele me
jogou para o um carro que estávamos perto, me prendendo com o
seu corpo.
— Fabricio! ME SOLTA!
— Shiiii! Fica quieta! — Ele põe a mão na minha boca. Sacudir
a cabeça para ele tirar.
— Solta ela! — Um homem alto de terno e gravata tira o
Fabricio de cima de mim, logo se virou e pude ver quem era.
— Wirley? — Apoio no carro para recuperar o ar.
— Você está bem? — Pergunta, jogando sua pasta no chão e
com as mãos no meu rosto.
— Quem é você? Não devia de se intrometer na conversa… —
Fabricio se aproxima, logo larga suas mãos no meu cenho e dar um
empurrão no meu ex namorado que faz ele cair no chão.
— Eu sou amigo da Raquel e se tocar nela desse jeito vou
chamar a polícia. — Disse o Wirley. Fabricio se levanta, me encara
por um momento, depois olha para o Wireu e vai embora, então ele
volta para minha direção. — Você está bem? Quem era esse sujeito?
— É ou era o meu namorado. Graças a Deus… Você chegou a
tempo… — Ergo a minha cabeça, olho para ele cheio d'água. — Ai,
Wirley não consigo imaginar… — Me jogo nos seus braços, as
lágrimas começam a cair.
— Calma, já passou, estou aqui agora! — Ele alisa os meus
cabelos. Saio do seu abraço, ergue a mão e enxuga as minhas
lágrimas. De repente ficamos nos olhando por uns segundos…
Quando vi, seu rosto estava perto do meu, sinto a minha garganta
seca…
— RAQUEL? — Escuto um grito, me afasto do Wirley. Olho
para o lado e era o Bruno.

Estava já pronto para ir para empresa, passo pelo salão da sala


e minha mãe começa me chamar, não dou atenção e continuo
andando indo para porta. Dou uma olhada na hora, tenho meia hora
para está lá, quando estava indo para porta minha mãe me chama.
Ignoro o seu chamado, mas ela continua me chamando. Então
desisto e me viro para ver o que ela queria.
— Diz logo o que a senhora quer?
— Não precisa falar assim? — Diz toda manhosa, se achega e
começa a alisar o meu braço. Afasto-me dela e vou para outro lado.
— Agora vai ficar assim estranho comigo?
— Não estou estranho, só estou com pressa! Não fica bem eu
chegar atrasado, concorda? — Ergo a sobrancelha para ela.
— Estou preocupada, você está muito estranho! — Ela vem até
a minha direção e leva a sua mão no queixo, levantando para olhar
nos seus olhos.
— Não tem nada que se preocupar, estou ótimo! — Tiro a sua
mão no meu rosto. E ela continua. — Não está! Bruno você largou
um julgamento importante pra fazer sei lá o quê? Não é de seu estilo
fazer isso?
— Só um momento, esse assunto é por causa do julgamento do
Coutinho? Faz favor, já foi resolvido! O Wirley não ganhou e o
Senhor Coutinho não recuperou a sua empresa e o dinheiro? Ainda
tiramos uma bela comissão. — Digo olhando para ela.
— Mas era pra você ter ganhado e não o Wirley. E não me
disse o que estava fazendo no hospital? — Perguntou, enquanto fica
me fitando.
— Estava no hospital que não poderia deixá-la sozinha, depois
o que ela pa... — Ela corta não deixando terminar de falar.
— Quem? — Indaga.
— A Raquel, a minha secretária. Ela foi agredida e estava indo
para o elevador... — Ela me interrompe mais uma vez.
— Largou um julgamento por causa de uma funcionária? E
outra a que estava fazendo no apartamento dela? — Da às costas
para mim. Como pode falar assim da Raquel?
— ESCUTA AQUI SENHORA SHEILA MONTENEGRO! ELA
PRECISAVA DE MIM, QUE HOMEM SERIA EU FAZER ISSO,
AGORA SOU UM CANALHA? — Ela levanta a sobrancelha com o
meu tom de voz, que ficou alarmada.
— Se acalme. Vamos mudar de assunto, tudo bem? A Letícia
me ligou e disse que faz dias que não liga para ela. Nem sabia que
vocês estavam namorando? — Pergunta com um sorriso bobo
Merda! Porque a Letícia ligou para minha mãe? Só faltava essa!
— Não, não estou namorando! Só tive uns encontros casuais
com ela, nada demais. — Digo para ela não criar esperança no
relacionamento onde não existe.
— Sério? A convidei para jantar hoje aqui em casa. — Olho
para ela em choque.
— A senhora fez o quê? — A fito, não acredito que ela fez isso.
— Por que diabos fez isso e sem me consultar? Não vou aparecer.
— Que isso Bruno, sei que você não tem nada pra fazer hoje?
— Se aproxima e alisa o meu braço e sorri para mim. — Vai ser um
jantar e nada demais.
— Sei, para mim está aparecendo um encontro que a senhora
está armando, isso sim. — Digo ríspido, recuo, dando as costas e
indo para a porta. Então ela pega no meu braço me puxando. Insiste
para eu comparecer nesse jantar, Quando a Sheila quer, ela
consegue ser bem persuasiva. — Está bem mãe... — Dou uma
bufada. — Venho para esse bendito jantar. Agora posso ir?
— Claro filho. Daqui a pouco vou para empresa, antes vou
passar tudo para a Maria para o jantar. — Assenti me despedi e sair
dali.
Finalmente cheguei à empresa, depois daquela conversa com a
minha mãe, ainda peguei um trânsito no caminho. Olho para hora e
noto que cheguei em cima da hora, se adiantar o passo vai dar pra
resolver alguns casos hoje.
Fecho a porta do carro e caminho até o elevador, olho para o
lado e vejo o Wirley abraçado com uma mulher... Não dá para ver...
Aproximo-me e vejo que está abraçado com a Raquel! Estão muito
próximos e... Ele vai beijá-la?
— RAQUEL! — Grito ferozmente, que ela leva o susto se
afastando do Wirley olhando só pra mim.
Vendo aquela cena, me aproximo para querer alguma
explicação. Por que diabos ela está nos braços do Wirley?
— Que palhaçada é essa aqui? — Pergunto, fitando o meu
colega de trabalho.
— Eu que pergunto, por que está tão nervoso? Até parece que
está apaixonado? — Indaga, Noto que a Raquel está me olhando já
afastada do Wirley. Neste momento esqueço-me do Wirley e fico
olhando para ela.
— Pode dizer o que aconteceu? — Dou um passo para frente
olhando nos seus olhos.
— É que o Bruno me seguiu até aqui... E se o Wirley não
tivesse aparecido... — Ela parou de falar e lágrimas caíram no seu
rosto. Não acredito nisso! Vou matar aquele filho da puta! — Calma
Raquel. O quê esse desgraçado queria?
— Ele estava a pressionando contra o carro parecia que estava
machucando quando vi, a primeira coisa que passou na minha
cabeça era tirar ele de cima dela... — Disse Wirley. Mas fico
prestando atenção na Raquel. Afasto-me dela, volto a olhar para
Wirley e puxo para ficarmos longe, pois não quero ouça.
— Wirley você pode ir para empresa que agora eu tomo conta
dela. ─ Ele franziu a testa, parece que não gostou o que disse.
— Você não manda em mim Bruno! Não vou deixá-la. Ela foi
atacada por um louco, quero ter certeza que está tudo bem? — Dar
as costas para mim e volta para Raquel. — Você está bem? — Pega
na sua mão fazendo carinho.
— Estou bem, Wirley. — Responde, depois olha para mim e tira
sua mão o fazendo parar com carinho. — Você pode ir... Acho que
tem muita coisa pra fazer agora não?
— De fato tenho que ver alguns relatórios... — Leva a mão no
queixo lembrando o que tem que fazer.
— Agradeço a preocupação, você pode ir. Vou ficar bem... —
Ela olha para ele, que retorna olhar para ela. Ficam em silêncio.
— Já que ela está bem, não precisa ficar aqui! — Digo, ele me
encara. Mas logo se despede da minha secretária e pega o elevador.
Finalmente ele foi embora.
— Agora que ele foi podemos conversar. — Me aproximo dela.
— Não acredito que aquele desgraçado teve audácia de vir aqui?
— Ele não veio por aqui por acaso... — Olho para confuso. Ela
continua. — Ele me seguiu.
— O QUÊ?! FILHO DA PUTA! — Acabei gritando de tanta raiva
que acabei dando soco no carro que estávamos próximos.
— Bruno! Não aconteceu nad... — A corto.
— Por sorte Wirley apareceu! Se ele tivesse feito alguma coisa
com você... — Ergo a minha mão no seu rosto, segurando. Olhando
nos seus olhos, estou bem perto dela.
— Mas não fez... — Sussurra, apoiando suas mãos no meu
peito. Depois olha para mim.
Pude sentir seus lábios perto dos meus. Droga! Estou com
vontade de beijar esses lábios e acho que ela quer também. Inclino
mais um pouco para beijá-la e de repente ouço uma buzina que
levamos um susto fazendo ela se afastar. Olho para o lado e quem
sai é loira e não é a minha mãe.
— O que isso significa Bruno? E por que estava agarrado com
essa aí? — Caminha onde estávamos e cruza os braços. Era o que
me faltava. O que a Letícia está fazendo aqui?

Estávamos tão perto, com sua mão no meu rosto pude sentir o
seu toque, sua mão é tão macia... Não resisti e coloquei minhas
mãos sobre o seu peito. Com olhos já abertos vi que seus estavam
perto dos meus... Meu Deus! O que está acontecendo comigo?
Ele está se inclinando para frente para me beijar. Devia recuar,
mas quero que ele me beije... De repente levo um susto pelo barulho,
acho que foi uma buzina, que me faz sair de perto do Bruno. Nisso
sai uma loira de dentro do carro e olha para o meu chefe com
bastante raiva.
— O que significa isso? Por que está agarrado com essa daí?
— Me ignora e fita o Bruno.
— Letícia, o que está fazendo aqui? — Pergunta, ficando
espantado com a presença da loira que está na nossa frente.
— Vim aqui te ver e vejo essa piranha com as mãos em cima
do meu homem. — Ela disse olhando para mim.
— O que você disse? Olha aqui… Sua louca. Vou te mostrar…
— Bruno pega no meu braço me impedindo de ir pra cima daquela
louca.
— Não faça isso. Deixa que eu resolvo. — Disse com
suavidade olhando nos meus olhos.
— Ela me ofendeu e do nada! Depois… — Olho para ela e
depois volto a olhar para o meu chefe. — Do ocorrido mais cedo…
— Eu sei, eu sei. Me deixa resolver isso. — Pede, solto o ar e
balanço a cabeça que sim. Fico onde estava e ele foi em direção da
loira, não estava longe deu pra ouvir o que eles estavam falando.
— Merda Letícia! Não pode falar assim da Raquel, o que deu
em você? — Pergunta com voz áspera, ela cruza os braços
encarando ele.
— E queria como eu agisse? Aquela piranha jogada nos braços
do meu homem, precisava… — Ele a corta.
— Para com isso Letícia! Primeiro eu não sou seu homem, só
trocamos carícias e nada mais. Tira isso da cabeça que temos
alguma coisa! E outra ela é minha secretária e não temos nada, ela
passou por uma situação desagradável.
— Estava dando uma atenção especial pra ela. — Leva a mão
no rosto esfregando os olhos, em seguida volta olhar para ela.
— CHEGA! Escuta aqui vai se desculpar imediatamente com
ela. Não admito falar dessa maneira com a Raquel! — Lança um
olhar severo.
— Eu vou, mas você tem que jantar comigo. — Ela disse, ele se
afasta olhando confuso. E continua. — Só peço desculpa a essa
cadelinha se jantarmos hoje?
— Espera ai… Só pede desculpas se eu jantar com você? —
Questiona, não acreditando no que ela acabou de falar. — Está
zoando?
— Claro que não. Sua mãe me convidou para um jantar com
você e insistiu para ela cancelar. — Ergueu o braço em direção ao
cabelo jogando ele para trás, olhando para ela com um olhar de fúria.
— Isso é um absurdo! — Ele respira fundo, fecha os olhos
tentando se acalmar, depois solta o ar. — Está bem. Eu janto com
você, pode falar com minha mãe do jantar. Ela comemora e logo se
joga nos braços dele, que em seguida afasta ela. — Agora que está
tudo certo, pode fazer o que lhe pedir?
— Claro meu amor. — Ela se inclina para beijá-lo e desvia o
rosto. Sai da frente para ela passar, caminha na minha direção. Para
e começa a se desculpar por ter me ofendido.
Disse que estava estressada por conta do trabalho e não podia
ter feito aquilo. Enquanto estava se desculpando pude notar o seu
rosto, que engraçado… Parece que já conheço? E me lembrei quem
era. Puta merda! É a Letícia Garcia, a promotora que resolveu vários
casos de criminalidade e feminicídios, principalmente daquela
deputada que foi espancada e morta pelo seu ex-marido, o deputado
federal Sérgio Campos. Passou em todos os jornais. Ela é incrível! —
E aí? Vai me desculpar ou não?
— Sim… — Digo, voltando para realidade. Depois ela dá as
costas indo diretamente até o meu chefe.
Logo ele a ignora e vem até mim. Depois pede para eu ir para o
escritório e deixar separado alguns relatórios na sua mesa, que logo
vai para lá. Sacudir a cabeça que sim, antes de ir para o elevador ele
puxa o meu braço, me fazendo olhar nos seus olhos. E diz: "sobre o
desgraçado do seu ex, vou fazer de tudo para ele não chegar perto
de você.".
Sussurrando no meu ouvido, meu corpo se arrepia ouvindo
aquela voz rouca. Engulo a seco, coloco uma mecha de cabelo atrás
da orelha, me despedi e entrei no elevador, antes de fechar o vi
voltando para senhora Garcia. E eles se beijaram, a porta se fechou.
Encosto no espelho, fiquei sem graça por ter visto isso, mas
sinto uma coisa… Quer dizer, um sentimento de… Tristeza? Por que
estou sentindo isso? Ai meu Deus! Será que estou gostando do
Bruno?
Não pode ser? Não, não! Estou imaginando coisas, é isso! Não
posso está gostando do Bruno. Não mesmo. O elevador se abre,
estou no escritório. Tento me acalmar, não posso ficar assim na
minha sala, com certeza vão perceber o meu estado. Se acalme
Raquel! Se acalme! Fecho os olhos para afastar esses pensamentos
e sem perceber esbarrei em alguém.
— Tudo bem Raquel? — Abrir os olhos e vejo que é Wirley, que
está com as mãos nos meus braços me segurando.
— Oi... estou bem... — Digo, me afastando. Tenho que me
acalmar. Não posso falar pra ele o motivo por está assim, então olho
para ele. — É que teve uma confusão lá no estacionamento.
— Que confusão? — Pergunta, mirando em mim, ficando
curioso.
— É, estava conversando com o Bruno... — Estava indo para
minha mesa, Wirley levanta a sobrancelha, estranha o modo como
chamei o meu chefe. Droga! Assim vai perceber que tenho alguma
coisa com ele, tenho que dar um jeito nisso. — Quer dizer, o senhor
Montenegro... Apareceu a Letícia Garcia, toda brava, que até me
ofende, mas o Senhor Montenegro conversou com ela, que em
seguida veio se desculpar.
— A Letícia está aqui? — Fica surpreso, ainda olhando para
mim. — O que ela quer... Ah, claro, veio ver o Bruno! — Disse, me
acompanhando até abrir a porta, que em seguida sentei-me à mesa.
Sentir um desapontamento na sua voz. Mas Por quê?
— Wirley, tudo bem? — Pergunto, mas continua não me
ouvindo. Está encostado na mesa, com a mente longe. Levanto-me,
tento me aproximar dele. — Wirley? Wirley?
— Hã?! Oi? — Volta olhar para mim. — O que foi?
― Estava falando da Letícia Garcia e você ficou aí pensativo...
Menciono, ele se distancia da mesa, dá um sorriso tentando
disfarçar. Mas deu para perceber que está incomodado com alguma
coisa. ― Olha se quiser conversar, estou aqui. ― Dou um passo
para frente, ergo a minha até o seu braço, que em seguida coloca a
sua sobre a minha.
― Obrigado. Estou bem. Estava pensando em um caso... —
Ele ergue o braço e olha para o relógio que está no seu pulso, depois
olha para mim. — Tenho que ir. — Assenti, ele saiu. Voltei para
minha mesa. Comecei a trabalhar, tinha que imprimir alguns
relatórios que o Bruno me pediu, mas não paro de pensar nele.
Antes da Letícia Garcia chegar, estávamos muito perto um do
outro, aqueles olhos verdes me encarando. Nossa... Meu corpo
chega queimar. Nunca me senti assim. Fecho os olhos por um
momento, fico imaginando nossos corpos juntos...
Dou um pulo da cadeira com o susto, meu celular começar
vibrar. Droga ! Que susto! Pego a minha bolsa e quando vejo são
varias mensagens do Bruno. Noto que ele mandou uma mensagem
de voz, olho para a porta para ver se vem alguém. Está tranquilo.
Dou play para ouvir.
"Raquel, isso não vai ficar assim! Quero falar com você!"
— Querida! Isso não é hora de mexer no telefone. A última foi
demitida por conta disso! — Levo um susto, colocando o celular no
meu colo. — É esse tipo de funcionário que Bruno coloca aqui... —
Ela disse, enrolando a mecha de cabelo.
— Olha aqui... — Me levanto da mesa, apoio as mãos sobre a
mesa e a fito. — Faço muito bem o meu trabalho. E Bruno nunca
reclamou dos meus serviços. Não pode vir aqui dizer como é meu
trabalho.
— Escuta aqui, querida! — Dar um passo para frente, me
olhando de cima para baixo, depois me fita. — Em primeiro lugar, é
senhor Montenegro para você e outra sabe que está falando?
— Claro que sei! É Letícia Garcia, a promotora de criminalística
e feminicídio aqui do Rio de Janeiro. — Me afasto da mesa, vou até
ela e a encaro nos olhos. E continuo. — Não é por isso que vai me
desrespeitar desse jeito!
— Eu falo como eu quiser! Aqui você é apenas uma
empregadinha e tem que me obedecer! — Nesse momento, entra
Wirley. Perguntando o que está acontecendo? E fica paralisado
quando vê a Letícia. Depois que ouviu minha voz, volta em si e vem
até mim. E explico o que aconteceu ele olha para ela.
— Enlouqueceu? Você não tem esse direito de falar assim da
Raquel! — Disse o Wirley bravo.
— Que isso Wirley, isso é jeito de falar comigo. Ainda mais por
conta dessa... — Ele a corta.
— Cuidado que você vai falar! Posso lhe processar por
agressão verbal, a pena é de seis meses... — Ela olha para ele e
começa rir.
— Para com isso. Não está falando sério? — Para de rir,
voltando a olhar para ele. — Está? — Indaga.
— Estou por acaso rindo? Nunca falei tão sério. — Cruza os
braços encarando seriamente.
— Nossa, não precisa falar assim... — Ela se aproxima dele
colocando sua mão no seu peito, em seguida faz movimentos
circulares.
Ela olha para ele. Ficam assim por um tempo, dar pra notar
uma tensão entre eles, não. Um sentimento. Tento sair, sei que estou
sobrando, de novo. Logo ele tira a mão e fazendo ela se afastar dele.
— Agora as coisas mudaram. E faz um favor pra nós dois. —
Ele olha pra mim e depois volta olhar para ela. — Saia daqui, antes
de entrar no processo contra você. — Ele aponta para a porta.
Olha incrédula, não está acreditando no que ele acabou de
fazer e sai bufando de raiva pela boca. Vou até ele e agradeço por
me defender daquele jeito. Disse que não foi nada, que lembrou que
foi a segunda vez que me salvou hoje e se acontecer a terceira que
vai pedir música para o fantástico, logo nós rimos. Depois ele ficou
me encarando, com doçura e se aproximou.
— Agora é sério, para Letícia implicar assim aconteceu alguma
coisa? — Abaixei a cabeça, estou com vergonha de dizer que meu
ex mandou mensagem. Nesse instante começa a cair lágrimas no
meu rosto. Com sua mão leva no queixo, fazendo eu olhar para ele,
que enxuga em seguida. — Sabe que pode confiar em mim? —
Assenti, balançando a cabeça. Decido falar. Preciso falar com
alguém, se não vou explodir!
— Recebi uma mensagem do meu ex...
— O que de tacou mais cedo aqui no estacionamento? O que
ele queria? — Pergunta, que encosta na mesa. Digo que sim,
confesso que estou com medo de ir pra casa sozinha, dele me seguir
e tentar alguma coisa comigo. Minha voz sai falhada.
Fica pensativo, que depois me abraça para me acalmar. Alisa o
meu cabelo fazendo um carinho. Não sei o que dizer, mas naquele
momento estava me acalmando é bom está nos braços dele, sinto
uma tranquilidade.
Ele leva suas mãos no meu rosto e olha nos meus olhos. Me
diz que depois do meu horário vai me levar para casa, falei que não
precisa, ele insiste e acabo dizendo que sim. Se despede e diz que
precisa ir resolver uma negociação, falo que pode ir, mas antes de ir
ele beija a minha testa. Sai da sala que logo entra o meu chefe.
— Está tudo bem? — Pergunta, vem até mim, parece
preocupado.
— Sim... Só um problema com a senhora Garcia, mas o Wirley
conseguiu resolver. — Volto para minha mesa, ele está na minha
frente esperando que eu diga sobre a Letícia.
Não posso dizer que ela me ofendeu, de novo, provavelmente
ele vai querer tirar satisfação e não quero mais problemas. Porém,
ele está ali me fitando, com um olhar sereno... Meu coração começou
acelerar, minha garganta ficou seca...
Não, Raquel! Vai acabar fazendo besteira! Então, digo que não
há nada de mais que soube resolver e Wirley só veio ver se estou
bem. Ele levanta a sobrancelha não acreditando muito.
Depois pergunta sobre os relatórios que pediu, digo que já
estou fazendo isso. Ele vai para seu escritório e fecha a porta. Ufa!
Que confusão! Vamos que tem muita coisa para fazer.
Acabamos de chegar ao apartamento, cumprimentei o porteiro,
eu e Wirley entramos no elevador. Apertei para o quinto andar, em
seguida a porta se fechou, ficamos encostados no espelho. No
caminho até aqui não dizemos nada, Wirley ficou calado a viagem
toda.
Pude notar que está pensativo, depois que ele voltou para a
empresa para me levar para casa, quando estávamos saindo da
minha sala, ele olha para o lado e vê o Bruno saindo com a Letícia
Garcia abraçados indo para o elevador. Ele ficou triste e confesso
que eu também senti uma dor no peito vendo aquela cena.
Olho para o alto para não cair uma lágrima no meu rosto.
Depois que eles entram e o elevador fecha, o Wirley vira e olha para
mim perguntando se estava pronta? Respondo que sim, dar
passagem para eu passar e logo depois fecha a porta. Não demorou
para o elevador chegar.
Não entendo porque ele está assim. Ele não é assim, fechado,
pelo contrário ele gosta de conversar. Chegamos no meu
apartamento, abri a minha bolsa para pegar a minha chave, demoro
um pouco para achar, tem muita coisa aqui dentro.
Cacetada! Onde coloquei essa bendita chave? E finalmente
achei, abri a porta. Convido o Wirley para entrar. Ele aceita e peço
para não reparar a bagunça, sorrir para mim. Tenho que dizer que
tem um belo sorriso. Logo se senta no sofá, pergunto se quer alguma
coisa: água, cerveja, suco…
Ele responde cerveja. Vou para cozinha, abro a geladeira e tiro
duas long neck, volto para sala. Dou umas das cervejas, que me
sento ao seu lado. Ele abriu e em seguida deu um gole, depois eu.
Tento puxar um assunto para quebrar aquele silêncio.
— E aí como foi a negociação? — Perguntei, coloca a cerveja
sobre a mesa de centro e olha para mim.
— Foi tranquilo… Quer dizer, pude convencer o meu cliente a
fazer a negociação, se fosse por ele não teria acordo. — Disse com a
voz saturada. Parecia cansada, mas não do trabalho, porém, com
outra coisa.
— Olha desculpa… Não é da minha conta… Mas por que você
está assim? Depois que viu a Letícia Garcia na minha sala? — Se
vira, pega sua cerveja que estava na mesa e dá longo gole. Fico
esperando ele me responder, mas continua bebendo. Encosto no
sofá, bebo a minha cerveja, quando olho para o lado ele está bem
perto de mim, olhando nos meus olhos.
— Por que quer saber?
— Estou preocupada com você, está estranho. — Levanta a
sobrancelha, desconfiou.
— Estranho como? Me conhece tão bem assim? — Ele disse,
me inclino para frente para deixar a long neck na mesinha, depois
volto a olhar para ele.
— Está apreensivo, distante… E também você sempre está
sorrindo e hoje não está… — Se vira esticando o braço para pegar a
cerveja dando um gole. Dar uma olhada e ver que está vazia, põe na
mesa voltando olhar para mim. Mas estava diferente o seu olhar,
estava com um olhar de desejo… Inclina seu rosto em direção ao
meu. Coloca sua mão na minha nuca, acho que vai me beijar,
imediatamente, virei o meu cenho e ele recua depois que virei o meu
rosto. ― O que está fazendo?
― Me desculpe. Não sei o que deu em mim. Você tem
namorado... ― Olho para ele, seu semblante está sem graça, depois
que virei o meu rosto
― Eu tenho, quer dizer, agora é meu ex, também estou
gostando de alguém… ― Ele me corta. Fitando-me.
― Sério? É lá do escritório? ― Pergunta-me, levanto e pego as
cervejas, vou para cozinha, e ele vem atrás de mim. ― Raquel, pode
dizer. Tudo bem gostar de alguém. Você é linda, inteligente. Qualquer
cara ficaria interessado em você. ― Coloquei as long neck no canto
da pia. Ele está perto do balcão, me aproximo.
― Ele tem sido tão atencioso comigo, me ajudou muito… Ele
veio aqui pedir desculpas o que ele fez comigo…
― Peraí! Não está falando do Bruno? Do seu chefe? ― Sacudo
a cabeça que sim. ― Porra! Que canalha! Está fazendo de novo! ―
Se afasta do balcão e anda para um lado e para o outro. Sua
fisionomia tranquila muda para com muita raiva.
― Wirley, o que foi? Está bravo comigo? Indago, ele veio até
mim.
― Não estou bravo com você e sim com ele, o Bruno! — Com
as mãos no meu rosto, olhando nos meus olhos. A voz está suave.
— Ele fez algo comigo no passado… E acho que você precisa saber!
— O que ele fez? — Recuo para trás me afastando dele. Ele
vira o rosto para o lado para não me encarar. — Wirley fala! O que
ele fez? — Pergunto, seguro no seu braço.
— Vou contar, estava noivo de Letícia, faltava uma semana
para o nosso casamento…
— Você estava noivo? E da Letícia Garcia? — Ele balança a
cabeça concordando. E ele continua.
— Ela veio até mim dizendo que não queria mais se casar, que
era um erro. Eu tentei dialogar para resolver aquilo, por que queria
terminar, justamente faltando uma semana do nosso casamento? —
Ele disse, está ao meu lado perto do balcão, olhando para mim.
— O que ela disse? — Perguntei, ele abaixa a cabeça. Logo
volta a olhar para mim com os olhos cheios d'água.
— Ela disse que não queria casar mais. Pegou suas coisas e foi
embora. Não acreditei, decidi ir atrás dela. — Dar uma pausa. Me
aproximei e segurei sua mão. — A seguir até o estacionamento,
quando ela foi até o Bruno, abraçou e o beijou…
— Meu Deus! — Ergo minhas mãos até meu rosto, ficando em
choque com essa revelação. Bruno estava tendo um caso com a
noiva do seu amigo. Estou perplexa.
Wirley para de falar, fecha os olhos lembrando-se dessa dor
que sofreu. Lágrimas começam a cair. Ele estava saindo dali e no
súbito pego no seu braço, puxo e o abraço. Ele me abraça também.
Ficamos ali no meio da cozinha, abraçados, um dando força um para
o outro.
Eu tive uma decepção com o Bruno e ele teve uma dupla
decepção, com a Letícia e com o Bruno. Nós dois estávamos
quebrados. Em seguida enxugou suas lágrimas, quando ia tirar
minha mão ele colocou sua sobre a minha. Sinto um arrepio. Ele
abre os olhos, me fitando.
— Raquel, você é uma mulher incrível, inteligente, carinhosa e
linda. Estou completamente apaixonado por você, desde que
almoçamos juntos. — Disse, sua voz está rouca.
Meu coração está acelerado. Ele se inclina para me beijar. Não
viro meu rosto, quero sentir seus lábios nos meus. Jogo meus braços
em volta do seu pescoço, ele me puxa para si, apertando a minha
cintura. Nos beijamos loucamente.
Ele me levanta, colocando em cima do balcão. Tiro seu terno e
sua camisa, deixando seu peitoral à mostra. Puta merda! Como ele é
lindo! Por sua vez ele abre o meu vestido, beijando meus seios,
inclino a cabeça para trás sentindo suas carícias, depois passa a
língua em volta do meu bico e solto um gemido.
Logo ele sai dali indo para minha boceta, levantando a saia do
vestido e afastando minha calcinha para o lado. Sinto sua língua me
invadindo completamente, tão delicioso que minhas pernas se abrem
sozinhas, ele vai até meu clitóris, com a língua fazendo movimentos
circulares e dando chupões. Caralho! Nossa, como é gostoso sentir
isso!
— Ahhh… — solto um gemido e ele aumenta o ritmo, com as
mãos nas minhas pernas, vai acariciando e passando a língua na
minha boceta que já está bem molhada. Estou quase gozando! Não
consigo segurar…— AHHHHH…
Ainda estou deitada no balcão, quando ele me pega com
cuidado e beija minha boca, um beijo com muito desejo e voracidade,
consigo sentir meu gozo nos seus lábios. Me fazendo ficar molhada
de novo.
— Onde é seu quarto? — Sussurra, olho para ele que está com
um sorriso bem malicioso. Então vou até a sua orelha respondendo a
sua pergunta.
— Entrando no corredor depois de passar a sala na primeira
porta esquerda. — Mordo sua orelha. Ele pega na minha cintura com
suas mãos me colocando no seu colo. Sinto seu membro duro e
pulsando na minha calcinha. Ainda me segurando ele diz.
— Já que fiz você gozar gostoso, agora é minha vez. Estou
louco para enviar meu pau dentro de você e sentir essa quentura
toda. Espero que sua cama aguente, pois você me deixou com muita
fome. — Dou uma leve mordida no lábio inferior. E fomos para o meu
quarto. Hoje a noite promete!
DOIS ANOS ATRAS
— O que foi Letícia? — Pergunto, estava de terno e gravata,
tinha acabado de chegar em casa.
— Não podemos fazer isso! É um erro! — Ela disse, andando
de um lado para o outro. Está bem nervosa.
— O que você está falando amor? — Vou até ela para abraçá-la
e recua para trás. Olho confuso. Por esta evitando o meu abraço?
— Não piora! Não podemos casar, já disse. — Rebate, não olha
nos meus olhos. Está bem apreensiva. Aconteceu alguma coisa que
não quer me falar. Me aproximo mais uma vez e mais uma vez ela
desvia de mim. E continua. — Não insista, está decidido! EU NÃO
QUERO MAIS CASAR COM VOCÊ! — Ela se vira e sai do meu
apartamento.
Fico ali sem entender. Como ela pode ter mudado de ideia tão
rápido, faltando uma semana para o nosso casamento? Pego a
chave do carro que está sobre o rack e vou atrás dela.
No estacionamento entro no meu carro, ela está saindo. Dou a
partida e começo a segui-la, estou bem atrás dela. Não quero
acreditar que ela não me ama mais. A Letícia não pode fazer isso?
Será que pode está me traindo? Ela está falando com o porteiro e
logo entra, mas reconheço esse prédio?
É o prédio onde eu trabalho junto com meu amigo, o que ela
está fazendo aqui? Não vou ficar aqui especulando, me apresento
para o porteiro que me reconhece e deixa eu passar. Estou distante
do carro dela que consigo ver, ela sai do carro. Dar uma olhada no
relógio, noto que está impaciente.
Quando o elevador se abre e vem o Bruno que estava falando
no telefone, que quando ver Letícia guarda o aparelho no bolso da
calça e se abraçam, que em seguida se beijam.
PUTA MERDA! Encosto a cabeça no volante do carro! Não, não
pode ser! Bruno e Letícia juntos? Lágrimas caem no meu rosto, tento
enxugar, mas não param de cair. MERDA E MERDA!
Não posso deixar por isso mesmo. Saio do carro e vou em
direção aos dois, Ela quando me vê fica assustada e o Bruno sorrir
pra mim. Que desgraçado! Empurro a Letícia e dou um belo soco no
seu rosto que perde o equilíbrio e cai.
— Que merda Wirley! Por que fez? — Pergunta, com a mão no
rosto.
— Ainda tem audácia de perguntar isso? Está tendo um caso
com minha noiva! — Olho para ele com muita fúria, que se levanta
em seguida me fitando confuso.
— Noiva? Que noiva? — Olha para Letícia, que depois volta a
olhar para mim. — Está falando dela? Quando a conheci ela me
disse que não é noiva.
— O quê? — A fito, não entendendo o que está acontecendo.
Ergo as mãos na cabeça. Estou muito confuso.
— Olha Wirley, ela nos enganou. Vamos esquecer isso… —
Coloca a mão no meu ombro, afasto e miro com muita raiva.
— Fique longe de mim! Você me traiu! Poderia ser qualquer um,
menos você. Meu melhor amigo… Fizemos faculdade juntos… — Ela
se aproxima e acabo dando um empurrão nela. — Não se aproxima
de mim! Sua… Nem vale a pena, estou com muita raiva de você
Letícia, quer dizer, com os dois. Fui duplamente traindo. Pela minha
noiva e pelo meu melhor amigo. — Me viro deixando eles ali.
Entrei no meu carro. Bruno tentou me impedir mas já tinha
ligado e saído dali. Já em casa me joguei no sofá. Estava devastado,
com muita dor no peito, lágrimas caindo no meu rosto pela dor que
estava sentindo.
Como eles puderam fazer isso comigo. Meu celular tocou
direto, fui olhar se era Letícia. Que nada, era o Bruno. Não atendi,
mandou mensagens pedindo perdão, mas não respondi, estava
muito mal.
Até pensei sair da empresa, porém, a senhora Montenegro
insistiu para eu continuar. Então disse que sim com tanto que eu
Bruno não trabalhamos juntos.

HOJE EM DIA
Ela estava em cima de mim, rebolando, sentindo seu sexo
molhado. Com as mãos nos seus seios, acariciando e ela vai
aumentando as reboladas que meu pau começa a pulsar dentro dela.
Puta merda! Como é incrível! Tiro minhas mãos dos seus peitos
e coloco na sua cintura apertando, dando início nas socadas e ela
solta um gemido. Ela se inclina para frente com as mãos no meu
peito e vai ao meu ouvido e sussurra.
― Se continuar assim vou gozar... ― Ela mordeu o meu ouvido
com tesão. Com os braços na sua cintura a abraço deixando ela
presa junto do meu corpo como se fossemos um só.
― Então goze pra mim. ― Peço, ela me beija, um beijo cheio
de paixão e desejo.
Continuo com as investidas, com o ritmo bem acelerado que ela
quica no mesmo ritmo das minhas socadas, que chega ao orgasmo
gemendo o meu nome.
Logo fica deitada no meu peito por uns instantes e levanta a
cabeça para olhar pra mim dando sorriso. A viro-lhe ficando em cima
dela abrindo suas pernas e voltando com as socadas. Começa a ficar
molhada de novo com as investidas do meu pau na sua vagina.
Como é incrível sentir isso! Ela é maravilhosa! Me inclino em
direção aos seus seios, começo sugando eles e ela solta um gemido,
aproveito vou aumentando o ritmo. Puta merda vou gozar.
Ela posiciona os braços no meu pescoço e solta: "estou quase
Wirley". Então, beijo seus lábios loucamente, nos envolvendo ali,
nesse tesão chegamos no clímax juntos. E me jogo no seu peito,
depois dessa foda incrível ficamos por tempo ali até recuperarmos o
fôlego, que em seguida fomos ao banheiro nos lavar e depois fomos
dormir.
Já era de manhã, tinha acordado umas seis e pouca da manhã,
estava aqui deitado admirando essa mulher que está na minha
frente. Como ela é linda. Parece um anjo...
Quem diria, que depois de tudo que aconteceu comigo, estaria
apaixonado de novo. O destino gosta mesmo de pregar peças, não é
mesmo? Olha, que prometi a mim mesmo que não me envolveria
assim de novo, mas quando aqueles olhos castanhos encontraram
os meus com medo, precisando de ajuda pelo modo como Bruno
estava tratando ela, tinha que fazer algo.
Ela me faz bem, quer dizer, muito bem. Mesmo que nesse
momento ela esteja confusa e abalada depois dos últimos
acontecimentos, vou lutar por seu amor. Está decidido. Eu a quero na
minha vida e não vou deixar Bruno se intrometer nas nossas vidas!
Ela está despertando, seus olhos encontraram os meus e solta um
sorriso.
— Bom dia... — Ela se espreguiça e vira-se ficando de lado.
— Bom dia linda. — Ergo minha mão e aliso seu cabelo. Que
fecha os olhos sentindo o meu toque. Nossa, ela é tão linda. —
Dormiu bem a noite?
— Sim, muito bem. — Dar um sorriso malicioso. E completa. —
Acordei com fome... Mas acho que não dá tempo, pois temos que ir
para a empresa.
― Bom, acho que dá para matar a sua fome e já sei como.―
Desço minha mão que estava no seu cabelo e vou para sua cintura
puxando para ficar bem colada no meu corpo. Logo em cima dela
trocando carícias.

― Vamos Wirley. Sabia que não devíamos ter ficado na cama.


― Ela estava penteando o cabelo, me levantei da cama e a puxo e
olha para mim.
― Mas na hora você não reclamou? Que eu me lembrei, estava
bem no meu ouvido. "Mais, mais". ― Inclinei minha em direção ao
seu ouvido. Senti seu corpo se arrepiar com minha voz.
Volto olhar para ela e solto um sorriso, estava prestes a beijar
aquela linda quando ouvimos um barulho. Logo ela se afasta e olha
assustada para a porta.
― Tudo bem? ― Seguro no seu braço, mas continua olhando
para a porta, está com um olhar de medo. Aproximo-me e levo minha
mão no seu queixo a fazendo olhar para mim. Falo para ela não ter
medo, estou aqui e nada vai acontecer a ela. Balança a cabeça
concordando. Digo que vou atender a porta, assente e vou até a
porta. Quando abro, entra uma mulher loira, com olhos levemente
puxados me fita, espantado.
― Quem é você e o que está fazendo aqui? — Quando ia me
apresentar vem a Raquel. Que abraça a tal mulher parecendo mais
tranquila.
— Que bom que era você... Pensei que fosse o Bruno... —
Sussurra, ainda abraçada.
— Que isso. Fala sério! Mas Raquel quem é esse cara? — Se
afasta e me fita.
— Nossa, que cabeça minha. Patrícia, esse é o Wirley. Um dos
advogados que trabalha na empresa que trabalho. Wirley, essa é a
Patrícia, minha melhor amiga. — Disse Raquel, ergo meu braço para
cumprimentá-la, que em seguida ela faz o mesmo.
— Esse é aquele bonitão que você disse que lhe convidou para
almoçar? — Mira para mim. A Raquel leva as mãos no rosto com
vergonha pelo comentário e eu não consigo controlar e solto o riso.
— Bonitão? — Pergunto, amiga da Raquel sacode a cabeça
que sim.
— Por favor, Patrícia, assim vou ficar com vergonha.
— Não fica assim linda. Olha, vou terminar de me arrumar para
irmos ao trabalho, ok? — A puxo dando um abraço, ela sacode a
cabeça que sim.
Levo meu dedo no seu queixo e dou um beijo. Em seguida me
afasto e volto para o quarto. Vai ser bom as deixar conversarem um
pouco.
Quando ouvi alguém batendo na porta e forte daquele jeito,
meu corpo gelou na mesma hora. Me afastei do Wirley, ele fala
alguma coisa, mas não escutava. Só vinha na minha mente, o Bruno!
E agora? Começa bater um pânico, meu coração começa disparar...
Mas volta normal quando sinto seu toque no meu rosto fazendo
olhar pra ele e disse: "Não tenha medo, estou aqui." Prometeu que
nada vai acontecer comigo. Disse que vai atender a porta, assenti.
Ele foi abrir e quando a pessoa entrou pude ouvir uma voz doce e
aguda, notei que não era a voz do Bruno, vou para sala e vejo que é
a Patrícia.
Dou um abraço bem apertado de alívio que não entende, mas
retribui o carinho. Depois nos afastamos e em seguida apresentei o
Wirley para minha amiga, por sua vez eu apresentei ela para ele que
se cumprimentaram. Claro, que minha melhor amiga tinha que
chamar o Wirley de "bonitão", notei que Wirley tentou disfarçar, mas
foi em vão.
Ergo minhas mãos em direção ao meu rosto, de tanta vergonha
que sinto. Logo ele me puxa para si me chamando de "linda" E em
seguida me beija, esqueci que minha amiga estava ali. Foi um beijo
sereno, que me fez sentir um arrepio, mas durou pouco.
Depois para de me beijar, diz que vai terminar de se arrumar no
quarto, assim que fecha a porta minha amiga vem pra cima de mim.
— Menina, me conta tudo! Você terminou com Bruno? Ele
aceitou numa boa? E esse bonitão? Ele dormiu aqui? E sexo é bom?
Ah, com certeza deve ser melhor que o Bruno... — Me pega no braço
me levando para o sofá. Fiquei confusa com tanta pergunta que ela
fez.
— Patrícia para! Estou ficando tonta e pela hora não dá para
explicar, mas se quiser mais tarde, depois do trabalho você passa
aqui pra a gente conversar. E também quero saber como foi seu
encontro com a Elena. — Cutucou o cotovelo nela, que deu aquele
sorriso largo.
É tão bom ver minha amiga assim. Wirley aparece na sala já
arrumado e tenho que dizer que ele está lindo!
— Como estão indo trabalhar, vou também que daqui a pouco
vou trabalhar. — Nos levantamos. Ela cumprimentou Wirley e saiu
em seguida.
Logo fui pro quarto para pegar minha bolsa, sairmos do
apartamento e fomos no estacionamento. Entramos no carro e fomos
para a empresa. Assim que chegamos, tiramos o cinto e fomos para
o elevador, ainda era cedo, pois o estacionamento estava vazio, no
caminho Wirley ficou de mãos dadas comigo e quando entramos no
elevador, a porta do elevador que estava fechando e me puxou me
dando um beijo.
Dessa vez, foi um beijo demorado e bem quente. Mas quando
chegou no andar tivemos que nos separar, pois a regra aqui na
empresa é extremamente proibido, funcionários se relacionam. Então
eu saí primeiro, depois ele saiu.
Fui para minha sala, deixei minha bolsa na cadeira e liguei o
computador, pego agenda para saber o que meu chefe vai fazer ou
caso que vai trabalhar hoje. Olho para o lado, vejo o senhor
Montenegro vindo, mas parece bem bravo. Ih, hoje vai ser um longo
dia. Porém, ele não vem aqui na sua sala e vai para a esquerda.
E vem na minha mente que para aquele lado fica a sala do
Wirley. Meu Deus! O que ele quer com ele? Será que é sobre algum
caso? Não sei por que, mas estou preocupada.
Depois que falei com a Raquel e ela tinha acabado de entrar no
elevador, fui ao encontro da Letícia. Vem pra cima de mim, me
beijando. Logo levo um susto, pois não estava esperando por aquilo
e também estava pensando na Raquel, depois do que ela passou
mais cedo.
Então, ergo meus braços afastando-a de mim, que me fitou sem
entender por que fiz isso. Não estava com nenhuma vontade e
paciência para explicar. Digo que estou com pressa já que tenho um
caso muito importante para resolver, estava indo para o elevador ela
vem atrás de mim.
― Eu não disse que vou jantar com você hoje? Por que está
vindo atrás de mim? ― Perguntou, depois que apertei o botão para o
andar e ela estava ali do meu lado, se olhando no espelho.
― Vou aproveitar e dar a notícia pessoalmente para a minha
sogrinha querida que você mudou de ideia, que vai ter o jantar hoje.
― Disse sorrindo, mostrando aquela boca carnuda, está com batom
vermelho, que realça bem seus olhos claros.
A Letícia é uma mulher que chama atenção, além de ter uma
beleza exuberante.
― Só lembrando que a senhorita vai nesse jantar porque foi a
minha mãe que lhe convidou, sem o meu consentimento e outra,
para chamá-la assim porque você não é minha namorada. Quantas
vezes tenho que te lembrar! O nosso caso é só transa, mais nada! —
Ela me olha um pouco descontente, tenta me abraçar, mas me
afasto. ― E não me abraça que estou no meu local de trabalho. ―
Abre-se o elevador, fui logo na frente.
Quando estava indo para minha sala encontro a minha irmã que
me avisa que a nossa mãe quer falar comigo. Reviro os olhos de
desaprovação, mas Elena insiste e acompanho até a sala da nossa
mãe. Quando chegamos ela se despede para ir para sua sala, pego
na sua mão e a puxo para ela olhar para mim.
Pergunto onde ela foi ontem a noite? Já que perguntei para
Maria, a nossa empregada, que tinha ido para um encontro. Espero
que não seja aquela mulherzinha que não tenha entrado em contato
com ela. Amo minha irmã, tenho um carinho muito forte por ela e não
quero vê-la sofrendo de novo!
― Sim… ― Olha para os lados para ver se não tinha alguém
perto para nos ouvir. ― Sai com a Patrícia, amiga da Raquel, foi bem
divertido. ― Sussurra sorrindo.
―Amiga da Raquel? ― Pergunto, levantando a sobrancelha.
Como assim? Como elas se conheceram? Quando ia perguntar para
minha irmãzinha querida, minha mãe abre a porta, fica me fitando.
― Bruno, não vai entrar? Precisamos falar sobre um caso aqui,
preciso que você pegue! ― Antes de me despedir da Elena, minha
mãe pega no meu braço me puxando para dentro, que logo fecha a
porta. Fico perplexo com a grosseria fechando na cara da própria
filha. Me olha não entendendo por que estou reclamando, disse que
o caso é bem mais importante e que depois pede desculpa para
Elena Vai até sua mesa e me entrega uma pasta. ― Preciso que
você pegue esse caso. É filho de um dos nossos clientes mais
antigos aqui da empresa.
― Ok, o que ele aprontou? Bateu no poste ou engravidou
alguma menina e não quer pagar pensão? ― Me sento na poltrona
na frente da sua mesa, enquanto folheio a pasta que ela me deu.
― Nada de mais… Uma besteira… ― Desconversou, indo para
sua mesa e sentando na sua cadeira. Fecho a pasta. Humm, ela está
escondendo algo?
― Senhora Mirian Montenegro, pode falar. Nem adianta me
enrolar, me fala do caso. E por favor, seja breve, pois não tenho
tempo para perder.
― Está bem. ― Respira e depois solta o ar, levantando e
apoiando as mãos sobre a mesa. ― O filho é Alexandre Farias
Gomes, filho do governador Túlio Farias Gomes. É um dos nossos
clientes mais antigos.
― Ok, ok. Já entendi. Mas quero saber a porra que o moleque
fez? Ou a senhora não sabe? ― A questiono, jogando a pasta na
mesa com raiva.
― Ele matou um homem, quer dizer, aquilo não é bem um ser
humano e sim um indigente, um mendigo. ― Solta, falando de uma
vez. Olho para ela que não estou acreditando no que acabei de ouvir.
Antes de eu falar alguma coisa, ela continua. ― Ele estava
alcoolizado, não sabia o que estava fazendo…
― Está zoando? E Falando assim, nessa calma? Que
maravilha! A culpa é do álcool por ele ter matado um cara? E não
importa se era um mendigo ou um empresário. ELE MATOU UM
HOMEM! ― Me afasto da poltrona que estava sentado e vou para o
meio da sala.
A sala da minha mãe é o dobro do tamanho da minha. Somos
sócios dessa empresa, só as nossas salas são enormes, diferentes
das da sala da minha irmã que é assistente jurídica e do Wirley que é
advogado Júnior.
— Foi um acidente, uma brincadeira de mal gosto, mas estava
bêbado… — Disse com suavidade. A fito não acreditando no que
acabou de dizer. Como pode falar assim, o moleque matou um cara!
— Como pode falar assim? Nessa calmaria, não estou te
reconhecendo! ― Exclamo, indo para a poltrona e eu apoiei meu
braço.
―Eu não estou te reconhecendo? Você nunca teve essa
“consciência" para os nossos clientes? Sei lá, ficou assim depois que
começou a andar com essa secretária aí… Ficou muito diferente…
― Nesse momento começo a pensar na Raquel.
De fato, depois que ela entrou na minha vida, comecei a pensar
diferente sobre tudo. Antes só queria saber do poder e dinheiro, só
pensava em mim, mas começo a pensar de outra maneira…
― Bruno? Bruno? ― Volto em si depois que escuto a sua voz
me chamando. Sacudo a cabeça para parar de pensar na Raquel e
fito a minha mãe. ― Aposto que estava pensando naquela
secretaria! Olha, vamos parar de enrolar aqui. Toma. Estude o caso e
vá logo resolver isso. ― Pega a pasta que tinha jogado na mesa e
me dá. Olho para a pasta e depois olho para ela me afastando.
― Não vou pegar esse caso. ― Digo, com as mãos no bolso.
― Quer tanto esse caso, por que não passa para o Wirley? Tenho
certeza que ele vai dar conta. Mas um minuto… ― Levo mão e com
dedo indicador mirando ela. ― Claro que ele não pega esse caso,
pois ele não aceita esse tipo de caso. E a senhora achou que eu
aceitaria isso! Logo eu? Então, quero saber? Quanto ele está
oferecendo pelo meu trabalho, querida mãezinha? ― Fico bem perto
dela, que consigo sentir sua respiração que está apreensiva. ―
Ficou calada, mãe? Fiz uma pergunta, quanto esse governador vai
pagar por eu pegar o caso? ― Insisto. Com muita insistência ela
finalmente diz.
― Duzentos mil reais. ― Ela disse, Recuo para trás. É muito
dinheiro para alguém que não quer ir para cadeia. Mas sinto que tem
mais coisa aí.
― Olha, é muito dinheiro. Não estou achando ruim, mas… ―
Caminho até sua cadeira e me sento. ― Tudo bem, esse cliente que
você disse, não quer que o filho seja preso. Ainda mais por que
matou um indigente. Palavras suas mamãe. Estou curioso. — Me
inclino para frente para pegar a pasta. Ali deve dizer o que quero
saber, mas minha mãe puxa, segurando a bendita pasta. — Antes
desconfiava, agora tenho certeza que a senhora está escondendo
alguma coisa. — Encosto na cadeira e cruzei os braços encarando.
— Não tem nada, Bruno. O senhor Faria quer ter certeza que
não vai deixar o filho ser preso por uma bobeira…
— CHEGA! Estou cansado dessa lenga, lenga porra! — Dou
um pulo da cadeira e dou um soco na mesa, que se assusta dando
um salto para trás. — Quero saber o real motivo? E não me enrole
mãe! Ou vou ter que eu mesmo ir no governador para saber? —
Aponto para ela, estou nervoso. Ela engoliu a seco. Joga a pasta na
mesa fitando meus olhos.
— Vou falar, mas tem que prometer que não pode sair daqui. —
Alerta, balanço a cabeça dizendo que sim. Ela se afasta e continua.
— Como eu disse, o filho do governador saiu com alguns amigos,
foram no posto de gasolina e compraram mais bebidas, ficando
bêbados… — Reviro os olhos, estou sem paciência, peço para ela ir
aos finalmente. — Decidiram mexer com o indigente ali perto… Até
que o filho do governador deu a ideia de amarrar os pés do mendigo
com uma corda e com a outra ponta da corda na picape. E todos
entraram no carro, em seguida ligaram o carro, puxando o mendigo
amarrado nas pernas em alta velocidade… — Me afastei, levei a
mão no rosto. Não, não. Ando para um lado e para o outro.
Ela me chama, demorei um tempo para responder, pois estava
analisando o que acabei de ouvir. O cara arrastou um mendigo, não
sei quantos quilômetros, só para se divertir? Ela se aproxima
encostando seu braço no meu ombro. Olho para com raiva.
— A senhora é louca? Acha que vou pegar esse caso, já não
queria pegar por que esse moleque matou um cara, saber que fez
isso por diversão? Óbvio que não vou pegar! — Recuo para trás,
tentando me afastar, mas ela pegar no meu braço me fazendo olhar
para ela.
— É dos nossos clientes mais antigos e sem contar que esse
dinheiro vai ser bom… — A corto.
— BOM? ELE MATOU UM HOMEM! Qual parte que a senhora
não entendeu? Meu Deus! Ainda insiste para eu pegar esse caso? —
Tiro seu braço do meu, me fazendo sair de perto dela.
Se explica que não precisa pra tanto, pois é um indigente, ele
vivo ou morto não faz diferença. Era um peso morto na terra. Olho
para ela perplexo. Como pode falar assim. Então, ela fala que o tal
governador quer pagar o valor tão alto porque o filho vai se
candidatar a ser prefeito, daqui a dois anos e deu a ideia de usar um
dos amigos para ser o "laranja". Levando a culpa ela me disse que já
foi confessado, que vai ser bem recompensado.
Ela falava com uma natureza e calmaria. Me distancio dela, não
estava raciocinando direito, é muita informação ao mesmo tempo.
Caminho até a porta, ela pergunta se vou pegar o caso? Não
respondo, abri a porta e sai, fechando em seguida com força indo
para minha sala, quero esquecer isso, chegando vejo a Raquel do
lado de fora.
Está com uma fisionomia estranha, me aproximo e pergunto se
está bem? Me fita por um tempo… Continuo olhando pra ela, deve
está assim por conta do desgraçado mais cedo. Queria abraçá-la
nesse exato momento, mas não posso… Depois da reunião que tive
com minha mãe, ainda estou perturbado e outra, estamos na
empresa e não posso fazer isso.
Droga! Então ela diz que está bem, teve um problema, mas
Wirley chegou e resolveu. Ergo a sobrancelha, não acreditando
muito. Perguntei sobre o relatório e disse que não imprimiu, que já
vai levar na minha mesa, vou logo pra minha sala, fecho a porta e me
sento. Não paro de pensar nesse caso que a senhora Sheila quer
que pegue, mas não consigo pegar depois que esse filho do
governador fez. Se fosse uns tempos atrás até pegaria, mas agora…
Ahh! Droga! Ainda teve esse problema com a Raquel e Letícia.
Depois resolvo isso, agora tenho que trabalhar.
Finalmente acabei com uma negociação. Tenho que dizer que
essa deu trabalho, mas consegui. Olho para meu Hublot ver as
horas, já são nove horas. Nossa, esse foi demorado, mas deu tudo
certo. O elevador acabou de chegar, saio e vou para sala da minha
irmã, quero saber se ela vai está no jantar hoje?
A Letícia vem na minha direção. O que ela está fazendo aqui?
Tinha que está se arrumando para essa porra de jantar. Esse jantar
que minha mãe faz questão da Letícia, se não a conhecesse tenho
quase certeza que a senhora Mirian está querendo, não, me
forçando um relacionamento com a Letícia. Se ela acha que foi
aceitar isso está muito enganada. Ela é minha mãe e minha sócia
aqui na empresa, mas não manda na minha vida amorosa.
― Você não devia estar em seu apartamento se arrumando
para o jantar lá em casa? ― Paro na sua frente com as mãos no
bolso da calça. A fito seriamente, que sorri quando me vê.
― Calma. Achei que você poderia me levar e brincamos um
pouco. ― Dar um sorriso malicioso. Desvio o olhar, se fosse numa
outra ocasião ia adorar dar uma trepada, mas não estou com cabeça
pra isso. Tem que resolver esse problema do ex da Raquel, o caso
do filho do governador... Merda, que está acontecendo comigo? ―
Gatinho, depois me leva para sua casa como... ― Interrompo.
— Como namorados? Não vou repetir! Pará com essa atitude
Letícia! Que saco! — Levo a mão até meu rosto e esfrego os olhos.
Estou cansado dessa insistência.
— Você vai aonde? — Pergunta, me impedindo de passar com
a mão no meu peito.
— Estava indo ver minha irmã. — Afasto seu braço, me
deixando livre para passar.
— Ela não está na sala. Fui lá antes, estava vazia, acho que ela
já foi. — Disse, se vira e enrola uma mecha de cabelo entre os
dedos. Viro o rosto, se devo acreditar ou não.
Pega na minha mão, lancei um olhar de reprovação que logo
tira. Ela disse que não está mentindo e insiste para eu levá-la para
seu apartamento, pois temos um jantar para ir. Dou uma bufada,
cansado depois do dia de hoje. Decido levá-la para casa, mas antes
passei na sala da minha mãe para avisar que vou levar a Letícia em
casa, já que acabei aceitando o jantar hoje.
Ela ficou muito feliz, vindo na minha direção e me abraçando,
fico sem me mexer, não retribuindo o gesto de carinho, me afastei
ainda estava mal depois da nossa última conversa. Ela fala do caso...
A corto, não estou com ânimo e paciência pra isso. Por enquanto, ela
não toca no assunto, está contente, pois vai ter o jantar e ela para
por hoje, vai passar em casa e ordenar a Maria preparar o jantar.
Balanço a cabeça concordando, logo saiu da sala, Letícia está
encostada no umbral me esperando. Falo que podemos ir, passamos
pelo salão pela hora estava vazio. Fomos para o elevador, assim que
chegamos, logo abre a porta entramos, quando olho para frente em
direção à minha sala. A porta estava se fechando e nesse momento
a Letícia vira o meu rosto, e me beija. Ergo meu braço em cima dela
e a empurrando.
― Que merda Letícia! Já disse pra não fazer isso aqui na
empresa! ― Advirto, que dou um passo para trás. Viro-me e olho
para o espelho, limpando a minha boca, tirando a marca do seu
batom.
— Nossa, nem sei por que está assim? A porta fechou e
também estamos indo embora... Antes você me beijava... Agora fica
nesse mau humor, está muito estranho? — Me fita, encostada no
espelho do elevador. A ignoro, no certo ponto ela pode está certa.
Estou diferente. Rejeitei um caso por questão de ética, isso nunca foi
problema. Neste momento não paro de pensar na Raquel, se ela
está bem? Merda! O que está acontecendo comigo? O elevador se
abre, ainda encostado pensando nisso tudo, Letícia me chama. —
Bruno? Bruno?
— Hã? O que foi? — Viro meu rosto para frente, ela está do
lado de fora olhando para mim.
Noto que já chegamos no estacionamento da empresa e saio
do elevador indo para o meu carro. Dou passos rápidos e ela vem
atrás de mim. Entramos no carro, logo ela começa a fazer milhões
perguntas por que estava estranho, digo que estava estressado e
não queria responder naquele momento. Saímos do estacionamento
para ir ao seu apartamento.
Chegamos no seu apartamento, depois que entramos no seu
apartamento, jogando sua bolsa no sofá, pergunta se quero beber
algo? Digo que não, pois tenho que ir para casa me arrumar para o
jantar.
Mas conheço a Letícia o suficiente que ela não desistiu fácil e
se aproxima, toca na minha nuca, dando inícios aos beijos. Acabei
sendo seduzido por ela. Além de bonita, a Letícia sabe seduzir. Ah,
como sabe. Acabei me envolvendo na situação. Quando estávamos
no seu quarto, estava pronto para dar uma foda e ela com certeza
estava pronta para ser fodida.
Não sei como ou onde, mas não consegui. Puta merda! Tinha
perdido a tensão. Na mesma hora me afasto dela, vou para beirada
da cama, ainda estava de calça. Ela me olha sem entender por que
eu parei com os amassos. Digo que está tarde e não podemos
chegar tarde. Tenta me convencer e acabei sendo grosseiro e saí dali
às pressas.
Já estava em casa, estava tomando banho. A água quente caía
sobre o meu corpo, estou assim faz uns dez ou quinze minutos e não
consigo entender o que foi aquilo? Isso nunca aconteceu.
Depois de ter acalmado a minha irmã, peço para ela me
esperar e prometo que vou conversar com a nossa mãe
civilizadamente. Bom, vou tentar. Estou muito nervoso Desço as
escadas, passei pelo salão procurando por ela e nada, antes fui no
seu quarto ela não estava. Encontro com a Maria que estava
arrumando a mesa para o jantar de hoje.
— Oi meu menino. Como está tão bonito, parece um galã de
novela. — Se vira e me vê, e abre um sorriso. Sorrio e logo dou um
abraço nela.
Ela que cuidou de mim e da Elena quando éramos crianças,
enquanto meus pais trabalhavam fora. A considero como a minha
segunda mãe.
— Você viu a minha mãe? Preciso falar com ela? — Pergunto.
— Ela está no escritório. É sobre a Elena? — Sai do seu abraço
e a fito. — Ai, me desculpe meu menino. — Leva a mão até seu rosto
tampando a boca, fica envergonhada. — Isso não é da minha conta.
Sou apenas uma empregada...
— Você sabe muito bem que pra mim e para Elena é mais que
isso! — Pego na sua mão e faço carinho, ela olha pra mim. Olhos
dela encheram d'água. — Você viu minha mãe e Elena discutindo?
— Indago, ela desvia o olhar e volto a insistir, finalmente ela fala.
— Estava terminando de arrumar a mesa e vi a Leninha no
telefone desmarcando de se encontrar com alguém por causa do
jantar. Logo aparece a dona Sheila, ela logo desliga o celular, a sua
mãe desconfia, começa perguntar para saber quem é? Mas ela disse
que era uma amiga, que não precisava se preocupar que tinha
desmarcado de se encontrar, pois tinha o jantar. A dona Sheila disse
que ela podia se encontrar com essa tal amiga. Que a presença dela
não é importante, que é só da família… ― Maria para de falar. Dar
para perceber que ficou triste o que ouviu, depois voltou a olhar para
mim e continuou.― Sua mãe deu as costas e saiu andando para o
escritório... A Leninha ficou tão mal que não teve forças para debater
ou saber por que sua mãe disse aquilo. Foi para seu quarto e não
saiu mais. Nunca entendi esse modo como a dona Sheila trata sua
irmã? Até parece que fosse uma estranha? ― Fiquei pensando nisso
que a Maria disse. Como uma mãe trata uma filha assim, com esse
desprezo todo?
Dou outro abraço na Maria e vou até o escritório. Bati na porta e
ela grita para eu entrar. Deixo a porta encostada. Quando me ver, se
levanta da mesa. Minha mãe está linda, está usando vestido
vermelho justo, com decote bem pequeno no busto. Vem na minha
direção sorrindo para me abraçar.
― Você está tão lindo! Isso tudo é para Letícia? ― Se afasta,
começa a me admirar.
― Que história é essa da Elena não participar do jantar?
― Ela já foi logo de contar. Que garota insuportável! ― Disse
com irritação, logo passa a mão no cabelo jogando ele para trás. ―
Só disse que não precisava desmarcar o encontro com a tal amiga.
― Se vira e olha para mim tocando no meu braço.
― Por que ela não faz parte da família? Mãe, quero entender
porque a senhora disse isso? E mais. ― Dou uma pausa. Me afasto
dela e encosto na mesa a encarando. ― A senhora sempre teve
essa atitude com a Elena. Quero saber o POR QUÊ?
― Está bem. Vou contar, não tem mais como esconder esse
segredo. ― Ela vem na minha direção. Olho para ela confuso.
― Segredo? Que segredo? ― Questiono.
― A Elena é uma bastarda. Ela não é minha filha, é de um caso
do seu pai.
― Como é que é? Que merda é essa agora? ― Sobre salto da
mesa que estava. Olho para ela abalado com essa revelação.
Caminho para um lado e para o outro, comecei a coçar o couro da
cabeça, estou muito nervoso.
― Bruno? Isso que disse é verdade, ele teve um caso... ― Se
aproxima e tenta tocar no meu braço, mas desvio, seguro o seu
braço e a fito.
― Não me interessa essa merda! Não quero saber! ― Rosno
entre os dentes. ― E outra coisa, a Elena vai ser sempre a minha
irmã!
― Mas meu filho. Ela é uma intrusa. Ela não tem nada haver
com a nossa família...
― CHEGA! CALA ESSA BOCA! ― Explodo, ela se afasta e me
olha espantada. Tenta falar algo, mas a impeço. ― Não quero saber!
Mesmo ela sendo filha de outra mulher, mas continua sendo minha
irmã e a amo muito. Então dane-se isso! ― Dou as costas para ela,
ando até a porta. Quando ponho a mão na maçaneta, me viro e olho
para minha mãe. ― Mais uma coisa. A Elena vai participar do jantar.
― Bruno, ela é uma... ― A corto.
― A ELENA VAI SENTAR JUNTO DA GENTE, SIM! Se não
concordar, não vou estar nesse jantar!
― Mas a Leticia deve está vindo. Não pode fazer isso! ― Ela
me fita. ― Não se atreveria?
― Quer pagar para ver? ― Sorrio, dou um passo para frente,
sussurrando no seu ouvido que vira o rosto perplexa. ― Acho que
isso é um sim? Já que conversamos, vou lá em cima avisar a minha
irmãzinha que ela vai estar no jantar. Ah... Já ia esquecendo. ―
Estava saindo, mas me viro erguendo o dedo indicador para ela. ―
Nem se atreva contar isso para Elena. Isso é uma ordem, senão vai
ser ver comigo! ― Minha mãe sacode a cabeça concordando. Me
viro e abro a porta, depois fechei. Vou até a cozinha avisar para
Maria por mais um prato na mesa.
Pronto. Já avisei para Maria colocar mais um prato na mesa.
Agora vou falar com minha irmã que ela vai poder estar no jantar.
Nessa merda de jantar, que fui chantageado pela Letícia, para ela se
desculpar com a Raquel.
Por falar nisso, como será que ela está? Se não fosse esse
problema com minha irmã, largaria essa merda e ia lá no
apartamento ver se está tudo bem. Estou de frente na porta do
quarto da Elena, dou duas batidas para ela abrir. Ela demora em
atender, continuo batendo. Ouço passos e ela finalmente abre a
porta. Dar as costas para mim e vai para cama. Entro e logo depois
fechei a porta.
— Elena, por que voltou pra cama? Vai se arrumar, esqueceu
que tem um jantar, essa merda de jantar. — Caminho até sua
direção, me sento na beira da cama. Ela está deitada, toda encolhida
de costas para mim, está com o travesseiro no meio das pernas. Ela
fica assim quando está muito triste. Meu coração fica despedaçado
vendo minha irmã desse jeito. — Vamos Elena! A Letícia já deve ter
chegado. Levanta daí.
— Pra quê? Eu não sou bem vinda para esse jantar! — Se
levanta, ficando sentada me fitando. Em seguida enxuga as lágrimas
que não paravam de cair.
— Eu conversei com a mamãe. — Ela desvia o olhar. — Ela me
disse que foi um mal entendido. Só falou daquele jeito porque achou
que você não estava afim de ficar. Que depois vai se desculpar.
— Não acredito. Ela falou isso porque você foi falar com ela, o
queridinho… Às vezes acho que ela me odeia…
— Que absurdo. Ela só teve.... ― Dou uma pausa. ― Teve uns
problemas lá na empresa… ― Minto para tirar isso da sua cabeça.
Ela não pode saber a verdade. Não consigo nem imaginar qual seria
a reação dela… — Vamos, sem você não consigo ir nesse jantar. Por
mim já teria cancelado.
— Cancelado? — Ela levanta a sobrancelha surpresa. — Achei
que estava feliz? Pois esse jantar era apresentar a Letícia a família
como sua namorada.
— Isso foi ideia da mamãe. Eu e Letícia não temos nada
sério… Só temos… — Ela me corta.
— Encontros casuais? Meu Deus! Isso é muito você mesmo! —
Ela sorriu. Como é bom vê-la sorrindo de novo. Não acredito no que
a mamãe disse sobre ela não ser a minha irmã. Ela é tudo pra mim.
A amo demais, faria de tudo para vê-la feliz e digo que faria TUDO
por ela! ― Está bem, vou lá me arrumar. Não vou demorar. Prometo.
― Ergue a mão garantindo que não vai demorar. Dou sorriso
acreditando naquilo.
Em seguida ela me deu um beijo no rosto e foi se arrumar.
Enquanto ela foi lá pra dentro, comecei a pensar na Raquel, será que
está tudo bem com ela? Caramba, tinha que estar com ela depois do
que aconteceu lá no estacionamento…
Ahhh, se eu ver aquele bosta vou acabar com ele! E me
recordo do dia que ela entrou na minha sala, estávamos discutindo,
não sei sobre o quê? Mas estávamos tão perto, senti sua respiração
ofegante. No impulso a beijei. Fecho os olhos lembrando aqueles
lábios macios…
— Raquel… Ah, Raquel…
— O que tem ela? — Ouço a voz da minha irmã. Abro os olhos
e noto que ela está ali do meu lado me fitando. Merda! Como vou
explicar para minha irmã por estar pensando na minha secretária, se
eu mesmo não sei por que estava pensando nela? Antes de eu falar
algo escuto alguém bater na porta. — PODE ENTRAR. — Elena grita
para entrar. Por um momento fico aliviado, pois não fazia ideia o que
dizer pra ela.
— Licença… — Abre a porta e minha irmã quando a vê, vai até
ela e dá um abraço forte.
Quando o nosso pai sumiu e a mamãe que foi trabalhar fora
como advogada cuidando de casos, era Maria que cuidava de nós,
nos levava para escola, ajudava nas tarefas de escola, passeava no
parque. E sempre deu o maior amor e carinho por Elena quando a
mãe não queria… Bom, na época não entendia por que ela fazia
isso… Mas hoje faz todo sentido.
— Leninha, sua mãe me pediu para chamar vocês para o jantar.
A senhorita Letícia chegou. — Se afasta e olha para minha irmã com
um olhar sereno. Depois, a Elena se vira e me fita.
— Eu lhe disse. — Dou um passo para frente com as mãos no
bolso da calça.
— Ela… Quer que participe do jantar? — Questiona, com a
cabeça baixa, está confusa. Com essa confusão está ficando
perdida. A dona Sheila tem que parar de tratar minha irmãzinha e
isso vai acabar hoje! Ergo a minha mão no seu rosto a fazendo
levantar e olhar nos meus olhos.
— Mais é claro que ela quer, é um jantar de família ou
esqueceu? — Ela sorrir e depois me abraça.
— Não quero atrapalhar esse momento lindo… — Maria se
aproxima, minha irmã se afasta e tenho toda atenção para a minha
segunda mãe. — Meu menino preciso dizer, que moça mais bela. —
Olho para Elena que dar um riso. Reviro os olhos, mas a Maria
percebe o que fiz e me dar um tapa no meu braço.
— Ai, essa doeu Maria! — Exclamo, com a mão no braço. Me
lembro desse tapa, ela fazia quando isso era algo errado. — Maria
não sou mais criança. Sou adulto.
— Mas continua tendo atitude de criança birrenta. — Ela disse.
Olho para o lado e noto minha irmã se divertindo com o que a Maria
fez.
Antes de falar algo ela me impediu, disse que era para nós
descer, que demoramos demais, a senhora Sheila detesta atrasos.
Tive que obedecer e fiz o que ela disse, sairmos do quarto e em
seguida descemos a escada.
Dona Sheila estava conversando com a Letícia, quando eu e
minha irmã nos aproximamos notei que mudaram de assunto. Acho
muito suspeito, porém, deixo isso pra lá.
― Meu lindo… ― Ela ergue o braço apontando para mim,
levanto uma das sobrancelhas e quando vê a minha irmã muda sua
expressão. ― Quer dizer… Meus lindos filhos. Achei que não iam
descer, a nossa convidada estava cansada de esperar. ― Minha mãe
se aproxima e me beija no rosto e na minha irmã toco no seu ombro.
Percebo que Elena ficou com um olhar desgostoso. Pego no
seu braço com leveza puxando para falar no seu ouvido.
― Teria como ser mãe carinhosa ou o jantar acaba agora
mesmo? ― Murmuro, para Elena não ouvir. Minha mãe me fita com
uma cara que não gostou, mas faz o que disse.
— Filha, vem cá. — Ela disse. A Elena se vira e olha sem
entender. Minha mãe pega no seu braço puxando para dar um
abraço. Confesso que fiquei surpreso com aquilo. — Me desculpe
mais cedo. É muito estresse lá na empresa. Tudo bem?
— Sim… Eu entendo, mamãe. — Disse a minha irmã ainda
abraçada com minha mãe. Não demora para ela se afastar da Elena,
que em seguida volta dar atenção para Letícia deixando minha
irmãzinha de lado, mas pelo menos ela não estava mais triste. Minha
mãe pediu para todos irem para sala de jantar. Assim que sentamos,
a Maria trouxe o jantar.
Sai do quarto da minha irmã. Está devastada por conta dessa
merda de jantar. Droga! Droga! Levo a mão no rosto e esfrego meus
olhos não acreditando que isso aconteceu. A Elena não merecia
passar por isso.
Desço as escadas muito puto, pois a minha querida mãe não
fez o combinado. Preciso ter uma conversa bem séria com ela. Estou
na sala de jantar, Maria e com outra empregada tirando a mesa. Vou
até perguntar sobre a minha mãe.
— Meu menino, você gostou do jantar? — Sorri quando me vê.
— Adorei tudo. Estava fabuloso… Mas… Sabe onde está a
minha mãe? Preciso falar com ela? — Agradeço, em seguida
perguntei pela a minha mãe.
— Estava fazendo sala para sua namorada e depois a
acompanhou até a porta, depois foi para o escritório. E sobre a
Elena, ela está bem? A vi saindo correndo para o seu quarto. —
Demanda, depois de juntar os pratos do jantar para ir para a cozinha.
— Ela saiu mais cedo porque estava cansada, só isso. — Digo
com leveza, não quero falar que minha mãe destratou a Elena. —
Você disse que a Sheila está no escritório? — Ela sacode a cabeça
que sim. Dou um beijo no rosto da Maria que levou os pratos para
cozinha e eu fui falar com a minha mãe. Bati na porta e logo ela
abriu.
— Caramba Bruno. Você foi muito deselegante deixando a
Letícia na mesa depois que saiu daquele jeito. A sorte que fiquei
distraindo ela para ela não ficar triste. Espero que no próximo jantar
você não faça isso. — Ela disse, está segurando copo com gelo seu
conhaque Martell Xo, está de frente pra mim encostada na mesa.
— Foda-se que fui deselegante com a Letícia! Por mim não
teria essa merda de jantar! — Fecho a porta com força. — O pior que
a senhora não fez o que prometeu! — Questiono, apontando para
ela.
— O que prometi? — Vira-se e vai numa mesa que está às
bebidas e enche o copo.
— Porra Sheila! Sério que vai se fazer de desentendida? —
Dou uma bela bufada de ar. Estou muito puto. — Já que esqueceu,
faço questão de lembrar. A senhora prometeu ser gentil com a sua
filha!
— Quer dizer a bastarda! Eu tentei, mas viu o que ela fez? Saiu
da mesa daquele jeito, como uma selvagem. Não é culpa minha. —
Se senta na sua mesa e depois dá um gole no seu conhaque.
— Cala boca! Não ouse falar assim da Elena! — Ergue a
sobrancelha e põe o copo sobre a mesa, se levanta tenta dizer algo,
porém, não deixo e continuo. — Escuta bem, se continuar tratando
ela desse jeito eu saio da empresa. Estou farto disso!
— Sair da empresa? Por causa dessa bastarda? Ela é uma
intrusa…
— CHEGA! JÁ DISSE OU MUDA ESSA ATITUDE, OU SAIO
DA MONTENEGRO COMPANY! — Esbravejo. Ela me fita por um
momento, depois diz algo.
— Está blefando. Não teria coragem. — Ela desdém. Dou uns
passos para frente e a encaro.
— Quer pagar pra ver? Quando decido uma coisa eu não volto
atrás. — Ela fica em choque. E completo. — Recebi ótimas
propostas de trabalho, se não sabe sou o melhor nesse ramo de
negociação. Não vou falar mais nada. Agora vou para o meu quarto.
— Me viro e abro a porta do escritório, saio dali.
— Bruno? Não dar as costas para mim. Estou ordenando! Não
terminarmos! — Continuo ignorando e subo as escadas. Ela continua
gritando, mas não vou virar. Cansei dessa merda! Estou farto da
atitude da minha mãe com a Elena e de querer controlar a minha
vida. Isso acaba hoje!

Merda! Não dormi nada essa noite. Depois desse jantar que
minha mãe armou pra mim, ainda descobrir que minha irmã é de
algum caso do meu pai. Nem ligo, pra mim continua sendo minha
irmã querida, mas a minha mãe Fica maltratando como se fosse uma
intrusa. E ontem no jantar foi demais, ver ela daquele estado…
Parecia que estavam enfiando uma faca no meu peito. Sai do
meu quarto e já com meu terno de dez mil reais. Quando desço as
escadas a Maria se espanta em me ver.
— Meu menino, já está de pé? — Indaga, vindo na minha
direção e me abraça. Retribuo e dou um beijo na sua testa.
— Não consegui dormir, depois da noite de ontem... — Disse,
me afasto e puxo a cadeira para me sentar. Está com café da manhã
já posta, com frutas, croissant, café e suco de laranja.
— Imagino… Vai querer alguma coisa?
— Só vou querer um café. Estou sem fome. E a Elena? Como
ela está? — Pergunto olhando para ela.
— Não saiu do quarto, tentei levar um lanche pra ela. Bati na
porta para eu entrar, porém, disse que não queria nada. Notei pela
voz falhada, acho que chorou a noite toda… — Ela me serve o café,
depois coloca a jarra no centro da mesa. Dou um gole no café.
Coitada da minha irmãzinha. Ela não merece isso.
— Ok. Maria. Acho que ela não vai para a empresa hoje,
também não tem cabeça para isso… — Dou mais um gole no café e
me levanto da mesa.
— Meu menino, já vai? Está cedo, come alguma coisa. Não
pode sair de estômago vazio. Se quiser faço aquele sanduíche que
você tanto gosta? — Insiste a Maria, balanço a cabeça que não.
Quando estava me despedindo dela, chega a minha mãe.
— Olha quem pulou da cama? — Disse a Sheila, que está
usando uma camisola de seda preta e robe da mesma cor. Puxa a
cadeira para se sentar e pede para Maria para lhe servir o suco.
Desconsidero o que ela disse, estava saindo da mesa, quando me
puxa para o braço. — Vai sair sem falar com sua mãe? — Afasto o
meu braço, me inclino indo para seu ouvido.
— Tenho nada para dizer. O que tinha, falei ontem no escritório.
— Sussurro, ela levanta a sobrancelha alarmada. Olha para o lado e
ordena para Maria se retirar, logo deixa nós dois sozinhos.
— Não está falando sério? Achei que isso era brinca… — Me
viro ficando de frente para ela e a corto.
— Estou fazendo muito sério. Se não se desculpar com a Elena
e começar tratá-la como filha, porque é isso que ela é. Eu saio da
empresa hoje mesmo e não duvide, sabe muito bem que faço isso!
— Ameacei, ela fica pensativa. Me viro indo para porta, quando ouço
seu grito.
—ESTÁ BEM, ESTÁ BEM. — Me viro dando um sorriso para
ela.
— A senhora fez uma boa escolha, também sou um ótimo
negociador. — Com as mãos no bolso da calça e em seguida dou
uma piscada. — Agora que está tudo resolvido, tenho que ir para
empresa, pois tenho uns casos para resolver, como por exemplo do
filho do governador.
— Então, você vai pegar o caso? — Ela se levanta e dar um
passo para frente toda entusiasmada. Ergo a minha mão para ela
parar, que me fita.
— Vou pegar, mas não porque é um cliente antigo ou porque a
senhora me pediu. Vou fazer isso, porém, vou negociar para fazer
trabalho comunitário ou doar dez mil para um centro comunitário. —
Ela recua e me fita.
— Mas esse não foi o que prometi… — A interrompi, levo a
mão no rosto e fazendo o gesto para ela ficar quieta.
— Foda-se o que a senhora prometeu para esse merda! Vou
pegar esse caso e esse é o meu termo! Estamos resolvidos. — Ela
assente cruzando os braços que em segunda abaixa a cabeça. —
Como estamos resolvidos. Vou para a empresa e estudar o caso.
Agora tenho que ir, mamãe. — Me despedi e dei um beijo na sua
testa. Depois me viro e abro a porta. Fui até o meu carro. Depois de
ontem, espero que hoje seja tranquilo e sem estresse.
Acabei de chegar ao estacionamento da empresa. Fico no
carro, tento criar coragem para sair, mas estou cansado. Cansado da
merda do jantar de ontem, o jantar que minha mãe armou pelas
minhas costas com a Letícia. Outra que falou com a minha mãe
sobre a gente. O combinado era só encontros casuais e nada de
"algo a mais".
Odeio de ser tratado como idiota. Não posso esquecer do fato
sobre a Elena, além de descobrir que ela é um dos casos do meu
pai. O que me deixou mesmo com raiva foi a nossa mãe tratar ela
como um lixo, pois foi isso que ela fez com minha irmãzinha. Ainda
tem a porra do ex da Raquel. Já não basta ter feito o que fez com
ela, o desgraçado deu pra segui-la! Só de pensar isso chega ferver a
minha mente. Como queria quebrar a cara daquele filho da puta pra
ele nunca mais encostar um dedo nela.
Encostado no banco, olho para o lado e noto um Porsche
branco chegando. Acho que é carro do Wirley, ele estaciona na
minha frente. Não percebeu o meu carro. Até ia ignorar ele mas
reparei uma morena saindo do lado do carona. Em seguida ele pega
na sua mão e vão para o elevador de mãos dadas. Não sei porque,
mas estou agoniado, parece que conheço aquela morena.
Saí do carro, tranquei a porta. Já do lado de fora do carro, olho
para o elevador pude ver. Não estou acreditando! Não pode ser?
Wirley a puxou para seus braços e a beijou. Logo a porta do elevador
fechou. CARALHO! MERDA E MERDA!
Ele e Raquel juntos? Adiantei o passo até o elevador, começo
apertar o botão freneticamente para a porra do elevador. Estou
bastante exasperante, depois dessa cena. Eles dois… Juntos?
Finalmente estou no escritório. Vejo a Raquel, ela está linda.
Me cumprimenta. Estou com muita raiva e vou para sala do Wirley.
Ele não pode ficar com a Raquel. Ela não. Chego na sala do Wirley,
a secretária tenta me impedir mas já estava abrindo a porta. Disse
alguma coisa, porém o ignoro, não me interessa.
— Que porra é essa? Você está transando com a Raquel? —
Rosto, entredentes apontando para ele. Que se levanta e dá volta da
sua mesa. Encosta na mesa com as mãos no bolso, me fita com um
sorriso.
Nem percebi que tínhamos chegado no andar da empresa,
estava ocupado, estava nos lábios da Raquel, sentido o seu gosto.
Quando chegamos no andar ela me empurra.
— Wirley, para. Chegamos. — Ela se ajeita, arrumando o
cabelo.
— Desculpa, mas essa boca me enlouquece. — Sorrio. E pisco
para ela.
— Sei… Fica aqui. Primeiro eu saio, depois você.
— Ok. Mas antes… — A puxo pegando ela de surpresa e dou
outro beijo. Esse é demorado e intenso, depois paro de beijá-la.
Ainda nos meus braços, me fita com aqueles olhos castanhos
admirando.
— Não devia ter feito isso. Se alguém nos ver? — Indaga.
— Mas não tem ninguém. — Olho para frente para confirmar,
depois olha para ela. — E outra, você me deixa louco… Não consigo
me controlar com esses lábios me provocando.
— Senhor Castro, se controle. Pois estamos no local de
trabalho. E se meu chefe ver com certeza vai me dar uma bronca.
— Ele que se atreva a falar alguma coisa com você. Processo
ele. — Ergue a mão na minha boca, fazendo eu ficar quieto.
— Para com esse negócio de processo. Vocês advogados
querem ganhar dinheiro de alguma maneira. — Dar uma pausa. — É
sério. Por favor, vamos nos controlar, só aqui.
— Está bem. Você está certa. É proibido relacionamento aqui
dentro. Mas assim que o expediente acabar, vamos jantar. — Digo,
me ajeitando na frente do espelho. — Ela sorri. Gostou da ideia de
sairmos para jantar. Fiquei no elevador enquanto ela ia na frente,
depois eu saí e fui para minha sala. Cumprimentei a Ana, minha
secretária.
Já dentro da minha sala, ela bate na porta e grito para ela
entrar. Deixa uma planilha de um caso, ela explica que foi a dona
Sheila que pediu para eu resolver. Como é da minha área de
desfalques e crimes financeiros. Eu agradeci e pedi para ela sair.
Sento-me na minha cadeira, pego a planilha e dou uma olhada.
Logo entra o Bruno na minha sala. A Ana entra nervosa, dizendo que
não conseguiu o impedir, falei que poderia deixar.
— Nossa Bruno. O que foi dessa fez? Está precisando de
alguma ajuda? — Pergunto, ainda sentado na cadeira. Ele está muito
irritado.
— Que porra é essa? Você está transando com a Raquel? —
Rosnou, entredentes apontando para mim. Tento me manter calmo.
Como ele sabe de mim e da Raquel? Ele nos viu? Mas aonde? Não
interessa. Tenho que dar um chega pra lá nele.
— Isso não é da sua conta! Mas garanto que isso não vai
atrapalhar aqui no trabalho. — Me levanto com as mãos no bolso da
calça. Dou a volta da mesa, ficando de frente pra ele e me
encostando, o fito.
— Quero você longe da Raquel! Não se atreva a se aproximar
dela! — Rosna, cerra os punhos. Seu semblante parece bem
alterado. Bom, avaliando daqui, não parece uma atitude de um chefe
brabo, mas sim… Não pode ser…
— Bruno você está com ciúmes? — Ele fica calado por um
tempo. — É inacreditável!
— Não… Não estou com ciúmes. Só estou querendo proteger
ela de caras como você, que querem se aproveitar da Raquel! —
Olho pra ele confuso. Ele está insinuando que vou fazer mal a ela?
Logo eu?
— Você não está insinuando que vou fazer mal a ela, pois eu a
salvei daquele idiota do ex dela ou esqueceu? — Dou um passo para
frente o confrontando. Ele me encara, acho que está tentando me
convencer com esses argumentos para me afastar da Raquel.
Porém, não adianta, estou completamente apaixonado e não vou
desistir de ficar com ela. Ele tenta falar mais alguma coisa e o corto.
— Esquece Bruno! Estou apaixonado por ela. Então, me dê um real
motivo, porque esses argumentos não estão funcionando. — Ele
abaixa a cabeça.
Seu semblante mudou, antes estava bem puto, como de um
caso deu errado. Agora ele está pensativo. Em seguida ele levanta a
cabeça e olha nos meus olhos.
— Wirley você não pode ficar com ela… — Cruzo os braços e o
fito seriamente.
— Fala logo! Por que não posso ficar com a Raquel?
— Eu estou apaixonado… É por isso que não pode ficar com
ela.
Não acredito que disse isso? Eu estou apaixonado na Raquel?
Por isso que não paro de pensar nela e quando estou perto dela meu
dia fica mais agradável…
— O que você disse? — Levanto a cabeça e Wirley está na
minha frente.
— É isso mesmo que você ouviu, estou apaixonado pela
Raquel e você tem que ficar longe dela!
— Sério? Você decidiu isso ontem durante o jantar que teve na
sua casa para apresentar Letícia como sua namorada, lembra dela?
MINHA NOIVA ANTES DE VOCÊ TER ROUBADO DE MIM! —
Esbraveja, que depois me dar um empurrão, que me faz recuar.
— Caralho Wirley! Já disse que não te roubei, ela que se jogou
pra cima de mim! Quantas vezes tenho que explicar!
— Tadinho dele. Ele foi forçado a transar com a minha noiva,
quer dizer, minha ex noiva. — Zomba. Virei o rosto, estava tentando
me controlar mas não aguentei.
— Porra, sou homem! Não tenho culpa que você não estava
dando no couro e ela teve que procurar fora de casa. — Rebati
sorrindo. O semblante dele muda e vem para cima de mim me dando
um soco, me pegando de surpresa. — Caralho Wirley! Está louco?
— Queria fazer isso a muito tempo! Sempre quer tudo que é
meu. Primeiro foi a Letícia e agora que estou com a Raquel. Você
sempre teve inveja de mim. — O encaro, não estou acreditando no
que diz.
— Eu? Com inveja de você? Está doido mesmo. — Puxo a
cadeira pra eu sentar. Ainda com a mão no rosto, sentindo o soco
que o Wirley me deu. Merda, como dói. — E sobre a Letícia, não
quero nada com ela. Nunca quis, era só transa mesmo.
— Ainda tem cara de pau de falar assim? Tratar como objeto,
usou e depois jogou fora! — Se vira ficando de costas para mim.
Depois puxa a cadeira que estava do meu lado e se senta. — Qual
será a reação dela você falando que não quer nada com ela e
preferindo a sua secretária?
— Tô nem aí. Ela tem que aceitar. Você fala como eu fosse um
canalha. Eu não sou, ela não é uma menininha inocente. Ela se
envolveu comigo sabendo que não teria esse negócio de romance!
Não sou disso!
— Inacreditável! Foda-se ela né? E vem aqui me dizer que está
apaixonado! Apaixonado pela Raquel! — Se levanta e ergue a mão
apontando para mim. Levanto a sobrancelha, balanço a cabeça que
sim encostado na cadeira. Ele se vira indo para o canto da sala com
a mão na cabeça, está receoso. Me levantei e fui até sua direção e
me examina cautelosamente.
— Agora que nós resolvemos, você termina com a Raquel,
inventa alguma coisa, depois… — Ele me dá outro soco que me faz
cair. — Puta merda Wirlely! Por que bateu seu desgraçado?
— Ainda pergunta? Eu não vou terminar com ela pra você ficar
um tempo e depois descartá-la. — Ele aponta para mim que ainda
estava no chão, por conta do soco que tinha me dado. Logo consigo
me levantar, com dificuldade tenho que confessar.
— Não vou fazer isso com ela! Eu gosto de… — Apoiado na
cadeira. Ele me corta.
— Igual que você vai fazer com a Letícia! — Ia responder, mas
sou impedido. — Você não gosta da Raquel, isso é capricho. Puro
capricho! Você diz que está apaixonado, mas quem não me garante
que vai descartá-la como vai fazer com a Letícia.
— Se está tão preocupado com a Letícia, por que não vai ficar
com ela! Se for fazer isso, termine com a Raquel. — Digo, dando um
sorriso torto. Ele está vindo até mim, notei que está com o punho
fechado que ia tentar me acertar mais uma vez, só que dessa vez me
desviei e dei um soco no seu estômago que se inclina para frente
sentindo o impacto. Em seguida peguei no seu pescoço e o joguei
sobre sua mesa, ele sente o impacto e grita de dor. — O seu defeito
é que você é muito sentimental! Fala que é apaixonado pela Raquel,
mas o meu ver que você não se esqueceu da sua ex noiva. E está
usando a Raquel para esquecê-la.
— Claro que não… Eu a amo… Não sinto nada pela Letícia! —
Ele tenta se levantar, estou com as mãos no pescoço, segurando
firme.
— Não ama, não como eu! Você não sabe ter a pessoa que
ama nos teus braços toda ferida e achar que estava morta, por isso
que não sabe! — Ele me fita.
— Bruno… Me solta… Está me… Enfocando… — Ele
murmura, com a mão no meu braço dando três tapas.
Estava com vontade de acabar com ele. Ele estava sendo um
empecilho para eu ficar com a Raquel. Escuto alguém chamar meu
nome, mas continuo ignorando, quando sinto me puxarem.
— Senhor Montenegro? Solta ele! Assim o senhor vai o matar!
— Me afasto e acabo soltando-o. Que se levanta tossindo apoiado
na mesa. — Você está bem? — Ela vai até ele, colocando suas mãos
no rosto dele, toda preocupada. — O que aconteceu aqui? — Ela
questiona, me encarando. Eu não disse nada, fiquei calado. —
Responda!
— Não aconteceu nada, Raquel. — Disse Wirley, pega no seu
braço fazendo ela olhar pra ele.
— Nada? — Ela o fita por um momento. Depois olha para mim.
— O senhor também vai dizer nada? — Se aproxima, ficando bem
perto me encarando. Esperando alguma resposta.
No entanto, sai dali às pressas, fechei a porta com força. Fui
para minha sala e tranquei a porta. Não conseguir ficar ali vendo
aquilo, ela toda preocupada com ele… Será que ela gosta dele? E
será que o Wirley está certo?
Seria um capricho eu querer a Raquel? Mas só penso nela,
imagino sentindo ela nos meus braços… Principalmente quando me
lembro do seu beijo que dei, aqui nessa sala. Merda e merda! Tenho
um caso para resolver, ainda tenho que me livrar da Letícia e lutar
para conquistar a Raquel.
Estava na sala, de frente para computador e anotando na
agenda uma reunião para senhor Montenegro quando a Ana,
secretária do Wirley, aparece na minha frente.
— Raquel, por favor, vem comigo. — Ela pede, está bem aflita.
— O que foi? — Pergunto, levantando da cadeira assustada
com seu estado.
— O senhor Montenegro que entrou todo alterado lá na sala do
senhor Castro, ouvir uns barulhos… — Sai da minha mesa e me
aproximei dela.
— Barulhos? Tipo, se como estivessem brigando? — Sacode a
cabeça que sim. Ela tira os óculos para enxugar as lágrimas. —
Calma Ana. Vou lá agora ver isso! — A tranquilizo, saímos da sala e
fomos para lá. Tomara que não seja tarde.
Chegamos à sala, peço para Ana se sentar na sua mesa que
vou abrir a porta da sala do Wirley. Com a mão na maçaneta pude
ouvir algo e parecia a voz do meu chefe.
Não consegui entender, porém, sua voz parecia furioso. Abri a
porta e fiquei impactada no que estava ali na minha frente. Wirley
sobre a mesa e meu chefe com as mãos no seu pescoço, apertando
com força. Wirley pedindo para ele parar, mas ele continua apertando
ainda mais.
— Senhor Montenegro? Solta ele! Assim o senhor vai o matar!
— Ele me escuta e se afasta e acaba soltando-o. Que se levanta
tossindo apoiado na mesa. — Está bem? — Larguei o braço do meu
chefe e vou até o Wirley, elevei minhas mãos até o seu rosto, depois
ele coloca suas sobre as minhas, e encosta sua testa na minha.
— Sim… Estou bem… — Ele disse, quase não deu pra ouvir.
Respiro aliviada que ele está bem. Em seguida me viro e vou ao meu
chefe e dou um empurrão que dá um passo para trás.
— Qual é o seu problema? Por que fez isso com o Wirley? —
Ele não responde. Estão me escondendo alguma coisa.
— Não foi nada, Raquel. — Disse o Wirley. Olho para ele por
um tempo, depois volto a olhar para o meu chefe.
— Nada? — Me aproximo do meu chefe, ficando de frente pra
ele. — O senhor também não vai dizer nada? — Continuo ali,
esperando ele me falar porque ágil daquele jeito com o Wirley.
Porém, está de cabeça baixa. O estranho que não está me
encarando como faz o de costume… De repente ele se vira dando as
costas para mim, saindo às pressas fechando a porta com força. —
O que deu nele?
— O deixe pra lá. Vem cá. — Wirley pega no meu braço me
puxando para me abraçar. Coloco minhas mãos na frente impedindo.
— Está maluco? Estamos no local de trabalho e se ele voltar…
— Ele já sabe, sabe que estamos juntos. — Ele diz com
serenidade. Levanto a sobrancelha assustada no que acabou de
dizer.
— COMO ASSIM ELE SABE? — Ele faz um gesto para eu não
falar tão alto. — Desculpa… Mas como ele sabe? Ele vai me mandar
embora? Apesar que tinha pedido demissão e depois pediu pra eu
voltar… Mas ele vai me mandar embora?
— Raquel? Raquel se acalme. — Sai da mesa e vem até a
mim, eleva suas mãos nos meus braços alisando, tentando me
acalmar. Toque dele é macio e está funcionando. — Ele sabe, mas
não foi por causa disso que brigamos.
— Sério? E por que então? — Perguntei, ele ficou calado. Ele
andou para um lado e para o outro, pensando no que vai me dizer.
Ele para no canto e continua em silêncio, me aproximo dele. —
Wirley, me fala por que o senhor Montenegro queria com você se não
era sobre está juntos? — Voltei a perguntar, ele olha pra mim e
depois sorri.
— É sobre um caso que a Sheila me passou… — Balbucia,
desviando o olhar. — Era um caso que ele estava trabalhando e não
gostou que a má… Quer dizer, a senhora Montenegro passou o caso
pra mim. Só isso. — Ele disse com as mãos no bolso da calça. O foto
por um tempo. Não sei por que estou achando que está me
enrolando.
— É verdade isso? — Cruzei os braços.
— Mas é claro, minha linda. — Me dá um beijo na boca.
— Está bem, agora pare de me beijar senão vou de agarrar e
esqueço que estamos na empresa. — Me afasto, colocando as
minhas mãos na sua frente o fazendo parar.
— Vai me agarrar aqui mesmo? Humm… Gostei disso. — Ele
solta um sorriso malicioso.
— Pará Wirley! Meu Deus, nem parece que levou uma surra. —
Dou um tapa no seu ombro. Levanta a sobrancelha.
— Eu levei uma surra? — Começa rir. — Se não reparou, foi o
"seu" chefe que saiu daqui com rosto todo quebrado. — Ele diz todo
contente, apontando na porta quando o senhor Montenegro saiu.
Peço para ele parar, pois não ia ficar bem ele falando isso. Ele
continua zombando, mas depois ele para. Digo que tenho que ir para
minha sala que tenho muito trabalho, visto que depois o que
aconteceu aqui vai atrasar um pouco e talvez eu deva sair mais
tarde.
Então, desmarco o jantar e deixar outro dia, ele balança a
cabeça concordando. Quando estava saindo ele puxa o meu braço
pela força solto grito.
— AI! Por que fez isso?
— Desculpa, foi sem querer… Você disse que vai ficar mais
tarde na empresa? Isso quer dizer com o Bruno? — Indaga.
— Acho que sim. Bom, ele é meu chefe né? — Afirmo, ele me
puxa de novo. Estou ficando sem paciência com isso. — Caramba,
qual é o problema, Wirley?
— Desculpe, de novo. Mas acho que devo te esperar e levo
você pra casa. — Olho para ele não entendendo essa atitude. Por
que ele não quer que fique sozinha com o Bruno?
Me afastei do Wirley, em seguida cruzei os braços e o encarei.
— Pode me dizer por que não posso ficar sozinha com o meu
chefe?
— Não confio nele. Acho seguro eu esperar e levá-la pra casa.
— Continuo fitando. — E também por conta do seu ex que está solto
por aí, vai que você sai daqui da empresa e ele tenta fazer alguma
coisa? — Conclui, olhando para mim. Tenho que dizer que ele está
certo… Mas sinto que tem mais coisa aí.
— É só isso mesmo? — Pergunto, ele se distancia e vai para
sua mesa e se senta.
— Claro que é. O que mais poderia? — Pega uma planilha,
abre e começa olhar e ler o que está escrito. Observo com cautela.
Caminho até sua direção, paro e me apoio na cadeira que estava na
sua frente, percebe que estava olhando pra ele. Então, para o que
estava fazendo e olha pra mim. — O que foi?
— Estou pensando aqui porque faz tanta questão para não ficar
sozinha com o meu chefe… — Ergo a mão e levo para meu rosto,
pensando.
— Já disse. É perigoso você sair daqui por… — O corto. Puxo a
cadeira para sentar. Eu sei por que não quer me deixar sozinha. Há,
há. Não acredito!
— VOCÊ ESTÁ COM CIÚMES! — Levo as mãos na minha
boca e olho para trás para ver se alguém ouviu. Ufa, ninguém ouviu.
Volto a olhar para ele e dou início às gargalhadas.
— Eu não estou com ciúmes. — Ele acena negativamente,
depois encosta na sua cadeira.
— Está sim e não adianta negar, há, há, há. — Aponto pra ele,
insistindo.
— Não estou com ciúmes. — Afirma, se levanta da mesa,
dando a volta e encostando-o. — Ele nem é bonito.
— Ele é lindo pra caramba! E aqueles olhos verdes sedutores.
— Wirley ergue a sobrancelha, desconfiado. — Com todo respeito, é
claro.
— Humm… Sei… — Cruza os braços, me fitando.
— Não fica assim, você também é lindo. Lembra como a minha
amiga Patrícia te chamou? — Levanto e o abraço, colocando meus
braços em volta do seu pescoço.
— De bonitão. — Ele disse, logo solta gargalhada, depois eu
também rir.
— Não se preocupe, Wirley. Não precisa ter ciúmes, como sua
namorada…
— O que disse? — Segura na minha cintura, fazendo me girar
para outro lado, eleva sua mão no meu rosto e alisou minha
bochecha. Fechei os olhos sentindo o seu toque. — Raquel?
Raquel? — A voz doce me faz abrir os olhos.
— Oi? — Sussurro, olho nos olhos dele.
— Repente o que você disse? — Pergunta, seus lábios estão
perto dos meus. Deu pra sentir sua respiração.
— Que sou sua namorada… — Ele não deixa eu terminar, me
beija. Um beijo urgente e doce, sua língua me invade
completamente, até esqueço que estamos na empresa e me entrego
às suas carícias. Saímos daquele momento mágico quando
escutamos alguém bater na porta.
— Raquel? Raquel? — Escuto uma voz me chamando.
— Wirley… Para… Tem alguém me chamando… — Sussurro,
bem pertinho nos seus lábios.
— Finge que não ouviu… Vamos continuar aqui quentinho. —
Ele sai dos meus lábios e desce indo no meu pescoço dando leves
mordidas. Tento me segurar para não soltar um gemido.
— Raquel? O senhor Montenegro está te chamando. — Dou
um empurrão no Wirley pelo susto, que é pego de surpresa e cai em
cima da mesa.
— DESGRAÇADO! — Braveja, de raiva. Apoiar-se na mesa.
— Desculpa Wirley. Quando ouvir que meu chefe está me
chamando levei um susto. — Levei as mãos no rosto, estou
morrendo de vergonha do que fiz com ele.
— Tudo bem, linda. É melhor você ir mesmo. Eu tenho um caso
para resolver. — Assenti, me despedir dele e sair da sua sala. Assim
que abrir me esbarrei com a Ana. Aceno para ela e adiantei o passo
e fui para minha sala, assim que abri a porta, estava o meu chefe
saindo da sua sala.
— Escuta aqui! Essa empresa não é bagunça, tenho um caso
muito importante para resolver e preciso da minha secretária para me
ajudar. Ouviu? — Adverte, firme. Parando bem na minha frente, me
fitando.
— Sim… Senhor… — Sacudir a cabeça, como sinal que sim.
Depois, seu semblante mudou, antes estava irritado, agora está
brando.
— Vou sair por um momento, enquanto isso pesquise tudo
sobre Alexandre Farias. — Ele disse, com a voz serena. Me afasto e
vou para minha cadeira, começo a pesquisar. Engraçado, esse
sobrenome é familiar. Quando acho aqui no computador sobre esse
rapaz, nem acredito.
— Senhor Montenegro?
— Sim, senhorita Oliveira. — Estava prestes a sair, mas se vira
quando o chamo.
— Esse nome que o senhor me pediu… É o filho do
governador, o senhor Túlio Farias… E pelo sei, tem um vídeo dele
circulando nos jornais… — Digo, com moderação. Estou de pé,
coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Quando a senhorita pesquisou o nome apareceu um vídeo?
— Pergunta, vindo na direção. Balancei a cabeça que sim, encolhi os
ombros.
— Droga! — Dar um soco na mesa pela explosão, que me faz
dar um salto pelo susto. — Desculpe. Não queria assustá-la. — Ele
ergue as mãos para se desculpar. — Esse vai ser um caso bem
complicado… Bota complicado nisso!
— O que senhor vai fazer? Vai desistir? — Indago. Ele se
afasta da mesa, caminha para o outro lado, onde eu estava ficando
na minha frente.
— Eu, desistir? Bruno Montenegro não é de desistir, eu só
ganho! — Leva sua mão no meu queixo, olha nos meus olhos.
Aqueles olhos verdes… Me fazem queimar meu corpo por inteiro.
Permanece no mesmo lugar, estou parada diante dele. — Essa
boca… Estou com vontade de saboreá-la… — Sussurra, a voz está
rouca que deixa arrepiada.
Acabei fechando os olhos. Umedeço os lábios e ele se
aproxima, posso sentir ele tocando a minha boca… Meu Deus…
Esse homem consegue me deixar assim… Será que ele vai me
beijar? E de repente ouço a porta se fechar. Abro os olhos e ele não
está mais aqui? Ele saiu? Puta merda! Não posso ficar sozinha com
ele, se não vou fazer uma loucura!
Puta merda! Essa morena me deixa louco! Até esqueci-me da
merda do caso, ficar tão perto dela poderia trepar ali mesmo no
escritório. Só de tocar aqueles lábios meu pau ficou duro! Bom, sei
que ela tem uma queda por mim. Então, ainda estou na parada, mas
antes tenho que terminar com a Letícia. Terminar que nem começou,
isso tudo foi armação dela com a minha mãe para me obrigar ter um
relacionamento. Mas se ferrou, só aumentou a minha vontade de
acabar de vez com isso! Vou ter que passar em casa para pagar
esse fogo que a Raquel deixou em mim! Caralho, fiquei assim só de
tocar nos seus lábios, imagina ela nos meus braços? Com certeza
perco o controle fácil, rs. Aperto o passo para não perder o elevador.
— SEGURA PRA MIM! — Grito, alguém coloca o braço no meio
da porta para não fechar. — Obrigado. — Agradeci, indo para o canto
do elevador, por sorte estava vazio. Me viro e olho para o meu lado
esquerdo. Caralho! Estou com muito azar mesmo! — Você?
— Sim, Bruno, sou eu. Você não é o único que está
decepcionado. Se soubesse que era você, nem teria parado o
elevador, deixaria mofando para pegar o próximo. — Disse o Wirley,
com as mãos no bolso da calça, encostado no espelho.
— Bom saber! Ah, obrigado por isso. — Aponto para o meu
rosto, todo roxo pelos socos que ele me deu. — Vai ser bem legal, eu
estando nesse estado, para me encontrar com o cliente! — Ele vira o
cenho e olha para o meu rosto, logo começa a rir.
— Desculpa… Mas está bem engraçado. Me faz lembrar nos
tempos da faculdade, quando chegava no quarto assim porque você
Deus uns pegas numa mina que era comprometida.
— Verdade, o cara era o dobro do meu tamanho. Até apanhei,
mas ele ficou mal também. — Começamos a gargalhar com a
lembrança, depois nos entreolhamos e paramos na hora de rir,
ficando sérios de novo.
— E sobre a demora da sua secretária, lamento por isso, mas
estávamos ocupados… — Olho para ele sem entender. — Sabe,
quando um casal está junto, começa a se beijar, trocar carícias… —
Solta o sorriso de canto da boca. Desgraçado! Filho da puta, por isso
que ela demorou para voltar! Certo o punho, que vontade de dar um
soco na cara desse merda! Controla-se Bruno. Agora você tem um
encontro com cliente, o deixe… Só um instante, se bem que posso
me vingar nesse exato momento…
— Sabe Wirley por conta dessa demora que a minha secretária
teve de ficar na sua sala, isso atrasou o meu caso e por conta disso
vamos ter que fazer hora extra hoje. — Ele balança os ombros,
desdenhando. E continuo. — Acredita que ficamos tão perto um do
outro que pude tocar nos lábios dela. — Ele vira o rosto e me fita,
firme. — Até esqueci que estávamos na empresa… — Antes de falar
alguma coisa a porta do elevador se abre, aproveito e aperto o botão
para ele subir, consigo sair antes dele fechar e o otário do Wirley
sobe. Isso deve demorar uns dez ou quinze minutos, vou para o meu
carro, sai logo daqui. Com certeza vai querer brigar e não estou com
tempo, pois tenho um caso para resolver.
Depois de banho bem gelado e vestido, desço as escadas para
ir logo me encontrar com o Alexandre Farias. Mas vou comer algo,
quando vou para mesa ver se a Maria tinha posto a mesa, noto a
minha irmã e está acompanhada com uma loira.
— Oi Elena, estou vendo que saiu do quarto. Mas quem é
essa? — Pergunto, apontando para a tal loirinha que está ao lado
dela.
— Bruno, isso são modos! Não foi essa educação que lhe dei!
— Aparece Maria que me dá um tapa na minha nuca. Inclinou-me
para frente, sentindo o tapa. Merda! Que mão pesada. — Nem
adianta reclamar! E sentar aí que vou trazer o seu prato! — Faço o
que ela disse, puxei a cadeira e me sentei.
Olho para o lado, reparei a Elena e tal loira rindo depois do que
a Maria fez. Em seguida traz o meu prato. Depois almoçamos, o
almoço hoje foi pato com molho de laranja com batata assada.
Estava maravilhoso! Maria tem mãos fadas. Depois conversei um
pouco com a minha irmã, ela estava mal e ligou para a Patrícia.
Ela conseguiu animá-la, o que fez a minha irmã sai do quarto
para comer alguma coisa, olhando aqui ao lado dela a Elena parece
bem. Nos cumprimentamos, ela disse que gosta muito da minha
irmã, que tem as melhores intenções com ela e sabe como ela é
muito importante pra mim. Estava encostado na cadeira a vendo
dizendo aquilo tudo, parece ser sincera. Digo que aprovo o namoro
delas, mas disse que a não faça ela sofrer e ela disse que sim, que
nunca faria isso porque a ama muito. Minha irmã olha para ela
admirada, que em seguida se beijam. Viro o meu rosto de lado para
não ver aquilo, fico um pouco sem graça.
Me levanto, jogo o guardanapo na mesa, antes falo pra elas se
controlarem, se quiserem transar vão para o quarto. Elas param na
hora, ficando sem jeito pela chamada. Dei a volta e fui me despedir
da minha irmãzinha dando um beijo na testa. Sai dali indo para o
meu carro, olho para meu relógio para ver se estava atrasado, faltava
quinze minutos para o meu encontro com o filho do governador.
Espero não me estressar, pois hoje bem complicado, bom, tirando
que pude ficar bem pertinho da minha morena e sei que ela se sente
atraída por mim, isso é muito bom…
Desgraçado! Ele apertou o botão e o elevador sobe, acho que
para o escritório. O que me deixa com mais raiva ele ter beijado a
Raquel e ela ter deixado! Estou ficando doido com isso! Tenho um
encontro com uma cliente sobre seu sócio desviar o dinheiro da
empresa, se não devolver o dinheiro, a empresa vai para falência.
Mas estou com muita vontade de ir lá tirar isso a limpo. Merda!
Essa provocação do Bruno está me tirando do sério! Quer saber?
Caso que espere, depois invento uma desculpa, mas agora preciso
resolver isso!
O elevador abre as portas e sim, estou no escritório. Caminho
em direção à sala da Raquel. Ela está ali sentada, concentrada no
computador. Dou duas batidas na porta, ela olha para mim, sorrindo.
— Oi, não tem um caso para resolver?
— Não… Quer dizer… Tenho, mas vir aqui falar com você
primeiro. — Me aproximo até a sua mesa. Ela se levanta da mesa
dando a volta e me abraça. Também retribuir a abraçando. Mas vem
na minha mente o que Bruno disse. Ergo meus braços e me afasto,
ela me fita.
— O que foi? — Pergunta confusa.
— Raquel eu quero que você fale a verdade, pois eu já sofri
muito com a Letícia… E não quero passar por isso de novo. — Ela
me olha intrigada.
— Claro, nunca mentiria pra você. Por que está perguntando
isso? — Indaga, tocando no meu braço. Fechei os olhos e respirei
fundo, abri os olhos e a fito, firme.
— Você e Bruno se beijaram?
— Que absurdo! Quem te falou isso pra você? — Ergue a
sobrancelha, alarmada.
— Então aconteceu? — Questiono, aflito. Dou um passo para
frente, sobe uma raiva que nunca senti antes.
— Não… — Dar uma pausa, umedece os lábios, está tensa. —
Não estou entendendo o porquê dessas perguntas!
— NÃO MENTE PRA MIM! FALA, FALA QUE VOCÊ E BRUNO
SE BEIJARAM? — No súbito de raiva elevo a minha mão e pego no
seu braço, puxando até a mim. — RESPONDE!
— Ai, Wirley. Pará com isso!
— RAQUEL, ME FALA! — Sem perceber, apertei mais o seu
braço.
— WIRLEY! ME SOLTA! — Esbraveja, isso faz eu voltar em si.
Vejo que estou fazendo e imediatamente a solto. Ela recua para trás,
ficando longe de mim. Parece… Assustada? Mas por quê?
— O quê está acontecendo aqui? — Ouço uma voz atrás de
mim. Me viro, ergo a sobrancelha pelo choque. — Wirley Castro, eu
fiz uma pergunta? Por que essa moça estava gritando e por que
diabos o senhor estava segurando o braço dela? — Questiona a
senhora Montenegro. E o pior, por que fiz isso com a Raquel? Logo
com a mulher que amo.
Estava ali, a Sheila, quer dizer, senhora Montenegro estava
bem na minha frente perguntando por que estava sendo tão
agressivo com a Raquel. Meu Deus! Eu, apertando seu braço… Por
conta do ciúme… Olho para direita, noto a Raquel no canto da sala,
perto da porta que dá pra sala do Bruno. Está com os braços
cruzados, olhos cheios d'águas segurando, mas queria deixar elas
cair. Merda! Sei que isso foi um gatilho pra ela, depois do que ela
passou com o seu ex. Por outro lado, a senhora Montenegro está
esperando a minha explicação, principalmente essa minha atitude…
— Senhor Castro? — Me chama, levantei a cabeça e a fitei.
— Sim… — Respondi, com os ombros encolhidos.
— Não perguntar de novo, vai me explicar o motivo dessa
gritaria na minha empresa?
— Não houve gritaria… — Me viro e olho para a Raquel que
desvia o olhar. Depois volto olhar para senhora Montenegro. — Foi
só um desentendimento, sabe? É comum entre um casal de
namorados.
— Namorados? — Ela fita a Raquel, demorou uns cinco
minutos, logo voltou a olhar para mim. — O senhor Castro vem para
minha sala… Agora! — Ordena, ela vai na frente. Antes de ir atrás
dela, me aproximo. Quando ia tocar no seu ombro, ela me dar um
empurrão.
— Não se aproxima de mim! Sai daqui! — Aponta para a porta
para eu sair. Ela está brava, com toda razão. Não insisto e saio da
sala e vou me encontrar com a senhora Montenegro na sua sala.
Abrir a porta, ela estava encostada na sua mesa, me esperando.
— Por favor, fecha a porta, não quero que ouçam. — Ela pede,
com a voz suave. Faço que me pediu, fechei a porta. — Sente-se. —
Mira na cadeira. Assenti, vou em direção a cadeira que estava na
sua frente, a puxo e em seguida me sento. — Ótimo! Me explica isso,
você, bom, o senhor acabou de dizer, isso que o senhor disse lá na
outra sala, que teve um desentendimento com sua namorada? Como
pode isso se é proibido ter relacionamento aqui na empresa? —
Cruza os braços, me encara, firmemente.
— Assim que a Raquel começou a trabalhar aqui, aos poucos
fomos nos conhecendo… O sentimento surgiu… — Gesticulei,
olhando para ela, saiu da mesa e caminhou para um lado e para o
outro, analisando no que acabei de falar. Depois vai para sua mesa,
puxa a cadeira e se senta.
— Tudo bem. Sabe, um advogado do seu porte merecia alguém
do seu nível, mas… — Ela disse. Ergo a sobrancelha, confuso. — Eu
entendo, ela é bonita, normal, os homens ficam encantados, até o
meu filho ficou. Sinceramente, prefiro o senhor com essa secretária
do que meu filho. Já basta as loucuras que ele fez por causa dela.
— Loucuras? Como assim? — Me levanto e alcanço a sua
mesa.
— Vou contar, mas que fica entre a gente. — Faz um gesto com
as mãos para guardar um segredo, sacudir a cabeça em sinal q sim.
E continua. — Lembra que falei que o Bruno nome foi naquele
julgamento porque estava cuidando da irmã que estava no hospital,
por isso que te chamei para esse julgamento?
— Lembro o que tem isso? — Indago, me afastei da mesa,
estava com as mãos no bolso da calça, a observando.
— Na verdade, não era a irmã que estava no hospital e sim,
essa secretária aí. — Balança a mão no ar, como "tanto faz". —
Parece que tinha apanhado desse namorado e Bruno a levou,
cuidou, até ela receber alta e ainda arcos com os custos.
— Não acredito! Bruno ajudar a Raquel? Não pode ser! — Me
distancio, estou incrédulo com essa notícia. Será que ele está
gostando da verdade dela? Sheila receber uma ligação do interfone.
— Sim. Ela já chegou, que ótimo. Já terminei aqui, pode deixá-
la entrar! — Desliga, olho pra ela. — Terminamos por aqui, Senhor
Castro. Pode ir. — Estava saindo, quando ela me chama. — Senhor
Castro, já ia esquecendo. O senhor é um excelente advogado, senão
um dos melhores aqui da empresa.
— Obrigado. — Agradeci, ele ergue a mão para o alto para ficar
calado. — Eu não terminei! Nunca mais faça isso, primeiro lugar os
nossos clientes, pois eles que pagam o seu salário. Nunca mais o
deixe esperando sem dar satisfação por que não apareceu numa
reunião, porque tinha que conversar com a sua namoradinha,
estamos entendidos? — Balancei a cabeça que sim.
Eu abri a porta e entra Letícia, nos cumprimentamos rápido e
logo sai, deixando elas ali. O que a Letícia veio fazer aqui falar com a
senhora Montenegro?
Acabei de chegar no apartamento playboy. Falo com o porteiro
e me apresento com advogado do Alexandre Farias. Ele ergue a
sobrancelha desconfiado. Digo se não me deixar subir ameaço, que
ligo para o senhor Farias, o governador do Rio de Janeiro ele tira
satisfação com ele.
Continuo diante dele, pleno e com as mãos no bolso da calça,
já ele fica tenso e sem pensar duas vezes, deixando eu passar e fala
que o apartamento é no terraço. Acenei e entrei no elevador. Quando
chego, bato na porta e ninguém atende. Estranho, pois o porteiro me
garantiu que ele estava em casa?
Caralho, odeio marcar um encontro e a porra da pessoa não
está ou não aparece! Fico com ódio! Estava desistindo e ouço gritos.
Dou meia volta me aproximando e encosto a orelha na porta, ouvir o
tal grito, era de uma mulher, conheço muito bem esse grito por sinal.
Me afasto e vou bater na porta, com mais força. E alguém abre.
— Quem é você? — Pergunta, a bela loira de olhos azuis
dentro de um robe branco.
— O Alexandre Farias se encontra? — Pergunto, sorrindo para
a loirinha que estava na minha frente. Tenho que dizer, esse idiota
tem um bom gosto. Logo aparece o tal Alexandre Farias, enrolado
numa toalha na porta.
— Gata, porque essa demora? O entregador errou o ped… —
Ei, quem é você? — Me fita.
— Eu tenho cara de entregador? Acho que não, pois sou muito
lindo para ser um entregador, não acha? — Olho para a loira que
sorriu, concordando comigo. Ele a puxa e pede para ela ir para sua
suíte, depois deixou eu entrar. Peço para falar pra sair, que ele já se
divertiu muito, agora temos muita coisa para resolver sobre o seu
caso.
— Pô cara, não pode ser outra hora? Estou ocupado se não
reparou? — Aponta para a bela loira que entrou lá dentro.
— Você está me dizendo para eu vim numa outra hora? —
Ergui a sobrancelha, com a mão na cabeça, comecei a coçar o couro
do cabelo. Estávamos na sala de jantar, estava enchendo o seu copo
com gelo e conhaque. Depois dar um belo gole. Balançou a cabeça
em sinal de sim. — Escuta aqui playboy de merda!
— Ei, olha como você ousa falar. Sabe quem eu sou? —
Caminho, indo até ele, com muita calma e digo.
— Claro que sei. O desgraçado que matou um pobre de um ser
humano porque queria se divertir, pois, o filhinho do governador
estava entediado! E antes que pergunte, eu sou o cara que não vai
permitir que você vá para cadeia, caso contrário, posso adiantar esse
processo? — O encaro, firme. Pego o seu copo que estava bebendo,
dou um gole. — Cara, coloco gelo demais. Argh, isso está horrível!
— Entrego na sua mão. Depois me sento no sofá.
— Ok. Já entendi. Vou pedir para ela sair, temos muito que
resolver sobre o meu caso né? — Ele disse, com a voz baixa. Mira
que vai lá dentro trocar de roupa.
— Agora estamos nos entendendo. Vou aguardar você. — Ele
assentiu e saiu. Depois de meia hora, a loira saiu e ele entrou na
sala, vestido. Conversamos sobre o caso, perguntei se ele estava
sozinho quando fez essa burrada, disse que estava com dois amigos
e também tem o posto de gasolina. Dou uma bufada. É muita gente
que viu, deve ser por isso o vídeo ter saído na internet. Respira fundo
Bruno. Falo que preciso falar com esses amigos deles, que
precisamos nos encontrar para nós combinarmos o que falar,
principalmente no dia do julgamento. Quando disse isso o cara ficou
louco!
— Peraí? Vai ter julgamento?
— Se acalme. E sim, vamos para o julgamento, por que você
matou um homem! E tem mais. — Ele me fita, alarmado. — Vou
negociar que faz um trabalho comunitário por que fez.
— Não, não. Esse não foi o combinado…
— Se levanta, revoltado. Pego pelo seu braço e olho nos seus
olhos.
— Foda-se o combinado! Eu trabalho assim, é pegar ou largar?
— Ele assente e o solto. Voltar-se a sentar-se no sofá. Voltamos a
conversar. Falo para ele não falar nada, deixa que de resto eu
resolvo. Ele concorda e nos despedimos e sai dali e entrei no
elevador que estava vazio. Aproveito, pego o celular e mando
mensagem para Letícia.

Olá, está tudo resolvido por hoje. Que tal jantarmos?


Quero conversar sobre o nosso relacionamento.
Bjs.
Pronto. Vou jantar com ela e depois vou terminar. Quero ficar
livre para poder conquistar a minha morena. E Wirley que se cuide!
Não vou desistir dela não. E nem a minha mãe vai me impedir de
ficar com ela. Nunca senti isso que estou sentindo por ela, acho que
ela também. Não vejo a hora de beijar aquela boca e ter-lá nos meus
braços, só de imaginar meu coração disparar. Estou completamente
apaixonado por ela.
Acabamos de chegar no Giuseppe italiano, um renomado
restaurante que se encontra no centro do Rio de Janeiro. Enquanto a
hostess nos leva até a nossa mesa. Agradeço e puxo a cadeira para
a Letícia e ela se senta. Depois eu me sento. Em seguida vem o
garçom para nossa mesa trazendo os cardápios.
— Vou querer spaghetti de camarão com catupiry e rúcula. —
Fecho o cardápio e coloco sobre a mesa, que anota o meu pedido.
— Sim, senhor. — Se vira e olha para a Letícia. — E a
senhorita, vai querer o quê?
— Um carpaccio. — Ela disse, que fecha o cardápio e também
coloca sobre a mesa. O garçom terminou de anotar o pedido dela.
Antes que pergunta algo a mais, ergo a minha mão para olhar pra
mim.
— Enquanto isso pode trazer um vinho branco, pode ser
Maison Belleroche Chardonnay. — Ele anota o pedido, logo saiu, nos
deixando a vontade.
— Adorei de você ter me chamado para sair. Na mensagem
disse que precisamos conversar, seria sobre a gente? — Ela
pergunta, mirando para mim.
Ela está deslumbrante, cabelos soltos, usando um vestido prata
com decote nas costas. Qualquer homem gostaria está aqui no meu
lugar, até poderia depois daqui ir para seu apartamento transar com
ela. Mas eu gosto da Raquel, se quero conquistá-la não posso está
com a Letícia. Acho que também ela era noiva do Wirley, mesmo
sendo inocente do que ele me acusa. Não fazia ideia que estava
noiva, tanto que nem o anel de noivado estava usando no dia quando
nos conhecemos na boate. O garçom chega com o vinho e nos
serve, depois sai.
— Ei, você não respondeu a minha pergunta? — Depois de dar
um gole e põe na mesa, leva sua mão sobre a minha, alisando.
Ponho a taça de vinho sobre a mesa, quando ia dizer, o garçom
trouxe os nossos pedidos. Por um instante ela parou de perguntar e
jantamos. Está fabuloso esse espaguete. Conversamos, ela
perguntou sobre o meu dia, disse que estou resolvendo um caso
muito difícil, mas sem entrar em detalhes, pois, era um assunto bem
confidencial. Ela entendeu e bebeu seu vinho. Acho que está na de
falar, não quero que pense que seja outra coisa.
— Letícia?
— Sim. — Ela levanta a cabeça para olhar pra mim.
— O motivo de ter a chamado para esse jantar é… — Ela me
corta.
— Meu amor, mas é claro que sim. — Olho para ela, confuso.
— Letícia? Não estou entendendo? — Questiono, inclinou para
frente com os braços apoiados na mesa.
— Lindo, estou falando que aceito ser sua namorada, apesar
que você demorou dois anos pra isso… Mas tudo bem. — Faz um
gesto com a mão, depois dá outro gole no vinho. Puta merda! Ela
está achando que… Não, não!
— Para por aí! Você entendeu tudo errado, Letícia. Não estou
pedindo você em namoro! — Revelo, ela me fita, largando sua taça
na mesa. — Na verdade, vim aqui para dizer que não vamos mais
nos encontrar. Acabou.
— O QUÊ? ESTÁ TERMINANDO COMIGO? — Dar um salto
da cadeira, mirando para mim. Outras pessoas de outras mesas nos
olham. Puta merda!
— VOCÊ ESTÁ TERMINANDO COMIGO? — Esbraveja, deu
um salto da mesa, olho para os lados e outras pessoas começaram a
olhar pra gente. Merda!
— Letícia, se acalme… — Ela me dá um tapa na minha mão.
— Não toque em mim! Inacreditável! Inacreditável! — Ela se
afasta da mesa e anda para um lado e para o outro. E continuam
olhando para nós. Abaixo a cabeça pensando em como sair dessa!
— Você não podia fazer isso, não podia! — Levo um susto, ela se
pega no meu braço, sacudindo.
— Leticia, senta-se na sua mesa, por favor! Estão olhando para
gente… — Ordeno, ela olha para os lados. Nota outras pessoas do
restaurante olhando para gente, depois voltar olhar para mim.
— FODA-SE! QUE VÃO PARA O INFERNO! — Grita, me
encarando, está com muita raiva. Depois se joga na cadeira, com os
cotovelos sobre a mesa e as mãos no rosto, começa a chorar. Nisso
vem o garçom até a nossa mesa.
— O senhor vai querer mais vinho?
— Sério? Você veio aqui pra isso? — Levantei a sobrancelha,
não acredito que ele veio na minha mesa perguntar isso? — Despois
dessa situação, você achou que preciso de mais vinho? — Aponto
para a Letícia depois do escândalo que ela acabou de fazer, me
deixando envergonhado. Ele encolhe os ombros, ficando sem graça.
Quando estava indo embora, me levanto e o chamo. — Ei, traz a
conta. Ah, o vinho também. — Ele anota e vai no caixa trazer a conta
e me jogo na cadeira. E Letícia continua na mesa chorando. Que
merda de jantar!
Depois que paguei a conta do restaurante, levei a Letícia para
seu apartamento, claro que tão cedo não volto para aquele
restaurante, depois que aconteceu. Não posso esquecer que ela se
jogou nos meus pés, implorando para continuarmos, que poderia ser
como antes, que não ia insistir para ter algo sério.
Vê-la daquele jeito era deprimente. Então, disse que estava
apaixonado por outra mulher. Logo que disse isso, começou a jogar
coisas em mim, por sorte consegui desviar. Fechei a porta e saí
correndo dali, não demorou e já estava no meu Bugatti e estava indo
para casa.
Pensando melhor, o apartamento da Raquel é para outro lado,
vou lá fazer uma visita. Contar que não estou mais com a Letícia,
assim ela despacha o sem noção do Wirley. Assim, podemos ficar
juntos. E já estou levando um vinho para brindar isso.
Saio do elevador, dou alguns passos para a porta e abro. Já
estou em casa. Fechei a porta, depois jogo a minha bolsa no sofá,
depois faço o mesmo. Sinto o braço, não está marcado, mas ainda
dói um pouco. Ainda não estou acreditando que Wirley fez aquilo.
Naquele momento não era o Wirley, aquele cavalheiro e gentil…
Parecia o meu ex namorado, Fabricio, louco, possessivo… E queria
saber como ele ficou sabendo daquilo, bom, não aconteceu nada.
Mas estava na sala eu e…espera aí! Dou um salto do sofá.
Será que Bruno o provocou falando aquilo, mas por quê? Pensa
Raquel! Meu celular começa a tocar, estico o braço para pegar a
bolsa e a tiro. Vejo que é Wirley, reconheço o número, rejeito a
ligação.
Não quero falar com ele agora. Estou chateada ainda. Ouço
batidas na porta, com o celular na mão, vejo a hora. E é tarde,
Patrícia não mandou nenhuma mensagem ou ligação avisando se ia
vim aqui? Será que é… Ai, meu Deus! O Bruno! Meu coração
começa a bater mais acelerado. Tento me acalmar, controlo a
respiração. Levanto do sofá e caminho bem devagar até a porta.
Quando estou me aproximando ouço uma voz junto com as batidas.
— Raquel? Sou eu, o Bruno Montenegro. Preciso falar com
você! — Reconheço essa voz, é do meu chefe. O que ele faz aqui? E
o que quer falar comigo? — Raquel, abra a porta! — Insiste. Então,
abri a porta e o deixei entrar. Deixa uma garrafa sobre a mesa de
centro, olha para os cômodos do apartamento.
— Bruno, está procurando alguém? — Indago, fechando a
porta. Aproximo-me o fitando.
— Cadê o Wirley? Quero que você o mande embora, melhor,
que você não quer nada com ele!
— Por que ia fazer isso, aliás, você disse que quer que faça
isso? Não estou entendendo nada. — Olho para ele erguendo as
mãos na direção dele. Fico confusa.
— Quero que faça isso para você se só minha. — Ele diz, com
a voz rouca e se aproxima olhando nos meus olhos. Engulo a seco.
Sinto meu corpo se arrepiar, só de ouvir a voz grave e sensual.
Sacudi a cabeça para sair daquele transe, me afastei indo para o
outro lado e o encaro.
— Como assim, se só sua? Você não está com a senhora
Garcia? — Pergunto, cruzando os braços, séria. Pelo menos, tento.
— Não tenho nada. Quer dizer… — Caminha, com a mão no
queixo e olhando para mim. E parando bem na minha frente, depois
coloca sua mão no bolso. Fico hipnotizada por aqueles olhos verdes,
me sinto queimar por inteira. Merda! Esse homem tem uma coisa que
não sei explicar! — Era só sexo, ela queria mais. Eu não. — Se
afasta, virando de costas para mim, mas logo se vira de novo,
olhando para mim. — E também, estou apaixonado por outra pessoa,
não poderia continuar com ela… — Sussurra e vem até mim, ficando
bem próximo do meu rosto, mira nos meus lábios.
— Apaixonado por outra? — Pergunto, ele olha nos meus
olhos, agora.
— Sim. Raquel, estou apaixonado por você… — Arregalei os
olhos com aquela revelação. Bruno está apaixonado por mim?
Estava parada. Não estou acreditando. Ele disse que está
apaixonado por mim… Não pode ser… Quando estava prestes a me
beijar me afastei. Ele olha confuso.
— Por que você saiu?
— Você não… Não pode me beijar? — Murmúrio, colocando
uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Você ouviu o que disse? — Ele caminha lentamente olhando
para mim. Evito olhar, mas valho completamente. — Estou
apaixonado por você… — Inclina a cabeça para frente, pude sentir
sua respiração. Fecho os olhos ouvindo aquela voz rouca.
De repente sinto sua mão no meu rosto e acabo deixando ele
me tocar. Sem perceber, ele me puxa e sinto seus lábios nos meus.
Sem pensar jogo meus braços envolta do seu pescoço, ele leva suas
mãos na minha cintura, me puxando para si. Seu beijo sedento e ao
mesmo tempo com ternura.
Ele para de me beijar e vai no pescoço dando leves mordidas
que acabo soltando um gemido. Isso o deixa com tesão, pude sentir
seu membro duro. Quando vejo, estamos jogados no sofá, suas
mãos estão passando no meu corpo, até ir para no meio das minhas
pernas. Ele volta a me beijar, agora voraz e intenso.
Estava usando uma saia, ele passou a mão por cima da minha
calcinha, fazendo movimentos circulares. Com isso, arfei nos seus
lábios com toque. Meu Deus! Esse homem me deixa louca só com
esse toque, minha calcinha molhada.
— Olha como você está… Duvido, o Wirley deixar você assim?
Quando ele disse, vem na minha mente o Wirley. Não posso
fazer isso e no impulso o empurro, ele cai no chão e me fita, não está
acreditando no que acabei de fazer. Me levanto na mesma hora. Ele
também pega no meu braço.
— Raquel, por que fez isso?
— Eu estou com o Wirley. Não posso fazer isso! Já basta você
ter feito isso com ele! — Levanta a sobrancelha.
— Como assim? — Indaga.
— Ora, você teve o caso com Letícia quando estava com ele.
Igual como você… Está fazendo agora?
— Só um momento. Eu não tive um caso com a Letícia! — Se
afasta, erguendo a mão no ar, negando. Olho para ele sem entender.
Estava ali diante dela e disse que estou apaixonado por ela.
Pensei que assim falasse aquilo ela iria se jogar nos meus braços,
mas ficou parada me olhando. Droga! Será que me enganei?
Caminho devagar, para não assustá-la. Fico bem perto e digo mais
uma vez, ergo a minha mão, tocando no seu rosto, sua pele é tão
macia…
Ela sente o toque da minha mão e em seguida fecha os olhos.
Ela é tão linda… Num súbito de loucura, a puxo e sinto seus lábios.
Logo ela jogo seus braços em volta do meu pescoço, levo minhas
mãos na sua cintura, puxando para ficar colocada no meu corpo.
O beijo é sedento e ao mesmo tempo com ternura. E paro de
beijá-la e vou até seu pescoço dando leves mordidas que a faz soltar
um gemido. Isso o deixa com tesão, que membro duro com aquele
gemido. Puta merda! Não aguento mais! Preciso senti-la nesse exato
momento! Como estávamos perto do sofá a jogo nele, depois fico por
cima dela, continuo a beijando.
Levanto sua saia e com uma das mãos vou até sua calcinha,
por cima mesmo faço movimentos circulares e sem demora já
começa ficar molhada. Meu pau começa a pulsar dentro da minha
calça. Caralho! Preciso senti-la dentro de mim!
— Aposto que Wirley não te deixa nesse estado… — Sussurro,
no seu ouvido. Estava afastando sua calcinha de lado. De repente
ela me empurra, fazendo eu cair no chão. Olho para ela sem
entender. Que porra é essa? Jurava que estava gostando? Noto que
ela se levantou do sofá, ajeitando a saia. Na mesma hora também
me levanto e vou até ela. — O que foi isso por que me empurrou?
— Não posso fazer isso, Bruno. É um erro… Já basta o que
você fez com ele… — Ela gesticula, desvia o rosto. Não queria olhar
para mim.
— O que eu fiz com Wirley? Explica? — Questiono, aproximo
dela.
— Você sabe! Você o traiu…
— Eu o traí? Só um momento está falando de mim e da Letícia?
Puta merda! — Recuo para trás, levo a mão no rosto para esfregar
os olhos, tento me acalmar. Não acredito que aquele idiota disse
para ela… Volto a olhar para ela, mais calmo. — Eu não o traí e
também não tive um caso com a Letícia. Pra falar a verdade nem
sabia que eles eram noivos.
— Como assim? Você nunca os viu juntos… — A corto.
— Ele nunca me apresentou a ela. Só falava que estava
apaixonado por essa tal noiva, que ela é a mulher da sua vida e
aquele blá, blá. — Faço o gesto com a mão no ar, depois me sento
no sofá. Continuo. — Dias depois tinha ganhado uma causa, estava
num bar para comemorar e conheci esse bar, conversamos,
bebemos alguns drinks. Antes de perguntar, ela não estava usando
nenhum anel de noivado. Ficamos, saímos de novo, mas nada sério,
só transa mesmo foi quando o Wirley nos viu e disse aquelas coisas,
que eu traí e etc.
— Mas por que você não disse isso a ele? — Indaga, sentar-se
ao meu lado, fitando.
— Eu já tentei, mas ele é muito cabeça dura. Então deixei pra
lá. — Encosto no sofá.
— Nossa… Deixou levar uma culpa por causa dela, que
claramente ela é uma safada! — Ela disse com raiva. Acho que não
gosta da Letícia, gosto disso. Quando ia me aproximando e lá se
levanta. — Não podemos fazer isso.
— De novo isso? Eu terminei com a Letícia para ficar com você.
Agora é sua fez fazer isso com o Wirley. — Falo, olhando para ela.
— Eu não vou terminar com o Wirley. Eu gosto… Dele…
— Não foi o que pareceu uns dez minutos atrás. — Dou um
sorriso malicioso. Me levanto e caminho na sua direção. Quando
tenta ir para o outro lado e pego no seu braço, ela solta um gemido
de dor, ergo a sobrancelha. — Está com o braço machucado? — Ela
o tira e não responde. Só o que me faltava! O desgraçado do ex a
perturbou de novo?

Ela continua calada. A encaro mais uma vez e tento me


acalmar.
— Vou perguntar mais uma vez, quem te machucou? — Ela
desvia o olhar, cruzando os braços. — Foi o seu ex? Ele esteve lá na
empresa?
— Não. Não foi ele. — Ela responde, com rispidez.
— Se está com medo ou não quer me contar por que está com
pena de eu colocá-lo na cadeia, sabe que lá é lugar dele. — Vou até
ela, ergo minhas mãos nos seus braços cruzados e ela me fita.
— Já disse que não é ele. Isso aqui não foi nada. — Se afasta e
vai até o sofá e se senta. — Só discutimos. Alguém falou para ele
que nos beijamos lá na empresa…
— Eu falei. — Me sento ao seu lado. Ela levanta a sobrancelha,
surpresa pelo o que disse. — Não me olhe assim. Ele me provocou
que vocês estavam se agarra… Quer dizer, se beijando. Então, tive
que provocar…
— Que droga, Bruno! Por isso que estava todo bravo e
apertando o meu braço. — Bufou, dando um salto no sofá.
— Então, foi o Wirley que fez isso? — Pergunto, olho para ela,
firme. Desgraçado!
— Não se mete Bruno! É coisa minha e Wirley… É não… —
Interrompi, caminho na sua direção, ficando de frente para ela,
encarando.
— Normal? Igual o que o seu ex fez com você? — Ela fica
calada. Me afasto para não ser grosso. Volto a olhar para ela. —
Raquel, entenda de uma vez por todas, não é normal um homem
bater numa mulher! E a vítima não tem culpa nenhuma, entendeu?
— Balança a cabeça, em sinal que sim. — Ok. Amanhã resolvo com
o Wirley. E sobre a gente?
— A gente? — Indaga.
— Sim, vai terminar com ele para ficarmos juntos. — Frisei,
apontando para nós.
— Só por que você terminou com a Letícia, eu tenho que
terminar com o Wirley. Ou melhor, mal terminou com ela e veio pra
cá. Acho que deve está abalada com isso. — Pontuou, colocando
uma mecha de cabelo atrás da orelha, estava atrapalhando sua
visão.
— Na verdade, fez um escândalo no restaurante. — Comentei,
virei de lado, lembrando-me da cena do restaurante. Depois me viro
e ela me olha chocada. — Que foi?
— Não acredito que você terminou com ela num jantar?
Inacreditável! — Olho para ela que se distancia de mim.
— Ora, é certo já que não gosto dela, quer dizer, nunca gostei,
era só sexo. — Falo, tranquilo. Ela continua me fitando, ruborizada.
— Meu Deus, olha como você se refere a ela? Tudo bem, ela é
uma estúpida com as pessoas, mas não merecia ser descartada
desse jeito! — Ressalta, mirando na minha direção. E continua. —
Ainda fala que está apaixonado por mim? Quem me garante que
depois não faça o mesmo comigo?
— Claro que não. Isso nunca ia acontecer! — Vou até ela, com
as mãos nos seus braços e olhando nos seus olhos. Logo, ela
encara os meus, ficamos um tempo assim. Mas ela se afasta de
mim.
— Olha, não vou negar, você me causa uma coisa que não
consigo explicar… Mas não posso ficar com um cara que me faz
perder o controle, principalmente na cama. Eu quero mais que isso,
sabe?
— Mais o quê? — Pergunto, me aproximando.
— Mas que sexo. Quero alguém conversar, jantar, passar a
noite comigo e não sair na manhã seguinte, nunca mais ver. Um
relacionamento! E, com você não vou ter isso… — Ouvi aquilo doeu
o meu peito. Mas ela está certa, se ela me escolhesse seria ser a
nossa relação…
— Ok. Como você já fez a sua escolha, não tem mais nada
para fazer aqui… — Quando estava saindo, ela me chama.
— Bruno? — Me viro e a fito. — Desculpa… — Sussurra. Vou
até ela, dou um beijo na testa.
— Tudo bem. Quero que você seja feliz. O Wirley é uma boa
escolha. — Ela sacode a cabeça que sim. Me viro e saio do
apartamento, vou até o elevador. Apertei o botão, está vazio. Assim,
que entro ele se fecha em seguida.
Olho para o espelho, fecho o punho e no momento de fúria,
comecei a socar o espelho. Mais e mais, até raiva que estava
sentindo passar. Sai do elevador, depois fui para meu carro. Já
dentro e com as mãos no volante. Seguro firme, olhando para frente,
estou me sentindo sufocado e dou um grito tão forte, que pude sentir
meu peito se abrir. E começo socar o volante, a raiva que achei que
tinha saído no elevador voltou.
Merda! Merda! Agora com esse sentimento dentro de mim, não
sei o que fazer! Lágrimas caem no meu rosto, encosto no banco do
carro. Tento me acalmar, não posso ir pra casa desse jeito. Vou
respeitar a escolha dela, mesmo não gostando, vou respeitar. Já
mais calmo, acho que dar pra ir pra casa, ligo o carro e saio do
estacionamento.
Ele foi embora. Caminho até a porta e em seguida a fecho.
Encosto na porta e sinto lágrimas cair no meu rosto. Eu gosto dele…
Mas não poderia ficar com ele. Não seria justo… Foi certo eu
escolher o Wirley, ele é a melhor opção. E com Bruno…
Ai, meu Deus! Deslizo minhas costas na porta até eu ir para o
chão. Meu peito está doendo tanto… Ouço um toque, acho que é o
meu celular. Levo a minha mão no rosto para tentar enxugar as
lágrimas, mas continua caindo. Me levanto e vou até a minha bolsa,
que está no sofá. Mas não estava lá dentro. Droga! E o telefone
continua tocando. Então sigo pelo som, está perto. Olho para os
lados e nada.
— ONDE ESTÁ ESSA MERDA DE TELEFONE? — Esbravejo,
de raiva, por não me lembrar de onde deixei esse bendito celular.
Continuo procurando e olho para frente, noto que o vinho que o
Bruno trouxe e deixou sobre a mesa. Comprimi os lábios, lembrando-
se dele me dizendo que está apaixonado por mim… Voltam cair às
lágrimas que tinham parado. Droga de novo! Sacudir a cabeça para
afastar esse pensamento. Quando olho para a mesa de centro,
exatamente, ao lado da garrafa de vinho está o celular. Ainda está
tocando, estico o braço para pegar o celular, nem olhei a tela. Atendi
e reconheci a voz. — Oi Patrícia… Preciso conversar com alguém…
— O que foi, Raquel? Sua voz parece rouca, está tudo bem? —
Pergunta, está preocupada. Levo a mão no rosto e depois fecho os
olhos, as emoções vêm vindo. Sem perceber faço um murmúrio
pelas lágrimas caindo. — Raquel? Raquel?
— Oi? Desculpa… Você pode vir… Pra cá? Não estou nada
bem… — Me inclino para frente com um braço apoiado no joelho.
— Sim, sim! Mas você está chorando, mas por que? — Indaga,
sua voz está apreensiva no outro lado da linha. Enxugou meu rosto,
que estava molhado das lágrimas. Pisco várias vezes, começo a
sentir ardendo os meus olhos.
— O Bruno esteve aqui… Disse que está apaixonado por mim e
pediu para eu terminar com o Wirley… — Menciono, a voz sai baixa,
por conta do choro, mas acho que ela conseguiu ouvir.
— O QUÊ? — Ela fica em choque, por um momento penso que
a ligação caiu. Afasto o telefone do ouvido, um pouco distante,
devido de tanto chorar. Noto que a ligação não caiu e volto colocar o
celular no ouvido.
— Patrícia, você está aí? — Pergunto, ela disse que sim. Avisa
que vai desligar e que está vindo para cá.
Faço que me pediu, desliguei e coloquei o celular sobre a
mesa. Depois me encosto ao sofá. Fechei os olhos, estava sentindo
eles pesados. Logo a Patrícia vai chegar e vou poder desabafar.

Abrir os olhos, estavam um pouco embaçado. Ergo as mãos no


meu rosto para esfrega-los, em seguida me levanto e vejo a minha
amiga vindo da cozinha com um copo d'água.
— Você acordou, que bom. Não precisei te acordar. — Ela se
senta ao meu lado. — Toma! Água, tem que se hidratar um pouco. —
Pego o copo e dou um gole, depois ponho sobre a mesa. — Que
história é essa, de que seu chefe está apaixonado por você? Ele não
tem namorada?
— Tinha. Ele terminou pra ficar comigo… — Gesticulo,
encolhendo os ombros.
— Nossa, ele é rápido! — Balancei a cabeça, concordando com
ela. — E me conta mais, ele pediu para você terminar com o Wirley?
— Isso. Mas não foi só isso… — Aviso, ela levanta a
sobrancelha, está intrigada.
— Tem mais? Só falta dizer que vocês… — Ela olha nos meus
olhos, depois sorrir. — Cacetada! Vocês transaram? Espera ai? Foi
aonde?
— Não Patrícia! Não transamos! — Afirmei, levantei do sofá.
Constrangida com esse comentário.
— Tá bom. Fala, foi no seu quarto ou… — Desvio o olhar. Ela
olha para o sofá. — Ah, foi aqui! — Aponta para onde está sentada
sorrindo, depois se levanta. — Eca, foi aqui. — Diz com nojo.
— Patrícia, já disse que não transamos, mas… — Seguro no
seu braço. Recordo, do beijo dele, como me senti completamente
envolvida nos seus braços. No seu toque…
— Raquel? — E saiu daquele transe. Retorno a olhar a Patrícia.
Que está esperando eu terminar de concluir.
— Eu disse que não transamos, mas nos beijamos. Um beijo
calmo e ao mesmo tempo voraz. Foi maravilhoso sentir aquilo.
Depois ele me tocou, vamos dizer… Intimamente, que até arfei com
o toque dele. Nossa, estava adorando sentir isso. — Dou uma bufada
de ar, depois me jogo no sofá. — Me lembrei do Wirley e não podia
fazer aquilo.
— Caraca! Se eu fosse hetero, teria uma inveja de você. Dois
homens de quatro por você… Eu transaria com seu chefe, só pra
saber que a pica é gostosa…
— Patrícia! Por favor, não está ajudando! — Ela para de falar,
em seguida me abraça. Me deito no seu colo. — Eu adorei ouvir da
sua boca que está apaixonado por mim. Mas ele não é do tipo de
cara para ter um relacionamento. Assim como terminou com a outra,
depois de tanto tempo juntos, dizer que não sente nada, que era só
sexo. — Me levanto e a fito. — Quem me garante que comigo não
seria a mesma coisa? — Vai uma lágrima no meu rosto.
— Mas se não for? Você está aí triste por achar isso. Seu mal
que você não vive agora.— Baixei a cabeça, volto a deitar no seu
colo.
— O que fiz é certo… O Wirley é uma boa escolha… E ele
gosta de mim…
— Mesmo você gostando de outro? — Pergunta, digo que com
ele vou esquecer-me do Bruno.
Depois disso Patrícia não falou mais nada. Passou a noite
comigo. Pediu alguma coisa para comer, mas estava sem fome, mas
ela me obrigou a comer pizza. Depois vimos alguma coisa na netflix,
acabei apagando.
Viro para um lado, depois viro para o outro lado. E nada do
sono vim. Não consigo dormir. Me levanto e me sento na beira da
cama, pego o celular que está em cima da escrivaninha. Pego e são
quatro da manhã. Jogo a porra do celular na cama, me inclino para
frente com os cotovelos em cima do joelho e com as mãos na
cabeça.
Pensando no que ela me disse… Mesmo sendo atraída por
mim, não quer se envolver pelas minhas atitudes… Merda e merda!
Sacudir o cabelo com as mãos de raiva! Poderia mostrar a ela que
sou a melhor escolha, mas não quero ser esse tipo de cara, que não
aceita um não e a força. Sinceramente, não sou esse cara, pelo
contrário, elas que pedem, até imploram para está nos meus braços.
Mas quem eu quero não me quer. Quer saber, como não
consigo dormir mesmo, vou lá ao escritório, acho que tem um pouco
de bebida e estou precisando muito. Me levanto, vou até numa
cadeira e pego uma calça de moletom e me visto, depois saio do
quarto, desço as escadas e caminho até o escritório. A porta está
encostada, a abro e vejo minha mãe no telefone.
— Olha, esta tarde. Vai dormir um pouco. Amanhã
conversamos melhor sobre isso. — Vou direto para adega, pego um
copo, coloco dois cubo de gelo no copo, depois coloco um pouco de
Royal Salutti. Puxo a cadeira e me jogo. — Sim, vou falar com ele. —
Ela me fita, ainda falando no telefone. Deve está falando com a
Letícia, dou um gole longo, me inclino para frente.
— FALA PRA LETÍCIA QUE NÃO VOU MUDAR DE IDEIA!
NEM ADIANTA! ACABOU! — Grito, minha mãe se afasta e tampa o
telefone para Letícia não ouvir.
— Cala boca Bruno! — Murmura, levanta-se e fala alguma
coisa no telefone. Bebo um pouco mais do meu conhaque, noto que
acabou. Então, me levanto e volto para a adega para colocar mais.
— Qual o seu problema? Por que você terminou com ela? Vocês
estavam tão bem aqui… — A corto.
— Bem o caralho! — Dou um gole, depois ergo o dedo que
estou segurando o copo. — Estava nada bem. Eu e Letícia era só um
caso casual, a senhora que armou, junto com ela, pra esse jantar
ridículo. — Menciono, olhando para ela, firme. Em seguida dou outro
gole.
— Sim, porque ela é perfeita pra você. Na verdade, a melhor
escolha para ser sua namorada…
— CHEGAAAA! — Esbravejo, ela se assusta e recua para trás.
— ESCOLHA É CARALHO! ELA É ESCOLHA PERFEITA PRA MIM,
ELE É ESCOLHA PERFEITA PARA ELA! ESTOU CANSADO
DESSA PORRA! — Me jogo na cadeira, continuo bebendo o meu
conhaque. Noto que ela se aproxima, está me observando.
— Você está estranho… Olhando aqui, está com olheiras…
Agindo desse jeito… A Letícia comentou que está apaixonado
naquela secretária, mas por que está desse jeito? Aliás, ela não quis
nada com você, é isso? — Me levanto da cadeira e volto a encher
mais um pouco o copo e coloco mais dois cubos de gelo. Num gole
só, bebi o conhaque que tinha acabado de encher. Ela vem até mim,
toca no meu ombro. A afasto, tirando sua mão dali, depois ponho o
copo ali na adega e viro dando as costas para ela. Sai do escritório,
fechei com força e vou para meu quarto. Acho que agora vou
conseguir dormir.
Acabei de chegar na empresa, estou toda cansada. Parece que
passou um trator em cima de mim, estou muito fraca. Também, não
parava de chorar por conta da visita do Bruno ontem. Ainda bem que
a Patrícia estava lá comigo, me dando força e cuidando de mim,
estava sem forças até para comer. Não parei de pensar um minuto
nele, pra saber se está tudo bem?
Nem sei como vai ser o nosso que convivo aqui na empresa.
Sai do elevador, cumprimentei algumas pessoas que encontrei no
caminho e fui para a minha sala. Puxei a cadeira, em seguida me
sentei, abri a gaveta e coloquei a minha bolsa ali e fechei depois.
Liguei o computador e comecei a trabalhar. Notei que está um
silêncio aqui na sala, logo ali na frente é sala do meu chefe e não
costuma ser assim, pelo ao contrário, ou está falando com alguém no
telefone ou me pedindo para pesquisar, ou pedindo relatórios
financeiros dos clientes.
Meu celular está sobre a mesa, o pego e vejo que nem são
nove e meia. Crio coragem e me levanto da cadeira, vou até sua
sala. Senhor, tomara que não vejo nada desagradável lá. Quando
encosto na maçaneta a porta se abre, percebo que já está aberta.
Que estranho? Ele não é de deixar assim? Será que ele não veio
trabalhar? Ouço uma batida na porta, vem lá da minha sala, sai da
sala do meu chefe e vi que era o Wirley.
— Bom dia, linda! Liguei ontem e você… — O interrompi, vou à
sua direção.
— Você viu o Bruno? — Pergunto, ele levanta a sobrancelha,
confuso.
— Não, não vi… Ele não está na sala dele? —Responde,
balanço a cabeça, negando.
— Não está! Acabei de ver. Será que aconteceu alguma coisa
com ele?
— Acho que não… Sei lá… — Balança os ombros, que não
quer saber. — Olha, que tal você almoçar comigo? — Estou de
costas para ele, pensando no meu chefe. Será que está tudo bem
com ele? Estou ficando preocupada. — Raquel? Raquel? Estou te
chamando? — Wirley se aproxima de mim e me puxa, fazendo me
virar e o Fito.
— Hä?! O que foi? — Indago. Ele ia dizer algo e levamos um
susto.
— Que porra essa? Aqui não é motel para ficarem se
esfregando? — Olho para frente e é o meu chefe. Na mesma hora
me afasto do Wirley.
— Caraca, está usando óculos escuros? Essa é nova para mim!
— Ressalta Wirley, cruzando os braços, fitando o meu chefe.
Por falar nisso, também notei. O que houve, para ele está
assim? Ele dá um passo para frente e mira na minha direção. Pode
parecer absurdo, mesmo usando óculos escuros consigo sentir o
meu corpo se queimar por inteiro. Fico completamente rendida a ele.
— Estava estressado num caso aí, decidi beber um pouco para
relaxar… — Da uma pausa, que solta o ar, pesadamente. — Mas,
acho que exagerei e acordei com uma ressaca, só isso! — Caramba,
será que ele bebeu por conta do que disse pra ele ontem? Vê-lo
desse jeito deixa uma dor no peito. Olho para o lado e noto que
Wirley está me observando. Droga! Mudo o meu semblante e abaixo
a cabeça.
— Raquel, vamos almoçar juntos? Precisamos conversar, quero
me desculpar… Depois da nossa última conversa… — Olho para o
Bruno e ele desvia o olhar. Volto olhar para o Wirley e balanço a
cabeça que sim. Ele sorri e pega na minha cintura e me beija. O
empurro para ele parar.
— VOCÊ ESTÁ MALUCO? QUE PORRA É ESSA? — Vai pra
cima do Wirley, com as mãos em cima do seu terno, o encarando.
Meus Deus! Ele vai bater no Wirley?
Meu Deus! O Bruno ficou doido quando o Wirley me beijou e foi
com tudo pra cima dele! Tenho que impedir, antes que aconteça
alguma tragédia. Vou até ao meu chefe.
— Por favor! Não faça isso! Olha… Desculpa, isso não vai
acontecer! — Suplico, com as mãos no seu braço. Ele me olha, por
tempo. Depois vira o rosto, me ignorando e solta o Wirley.
— Você está maluco? — Ressalta, não fiz nada demais. Estava
beijando a minha namorada!
— Lá fora sim, mas aqui dentro é proibido! — Inquiri o meu
chefe, semicerrando os dentes. — Eu me cedi, sinto muito... — Se
desculpa para o Wirley, vira o rosto e me fita por um momento, até
esqueci que o Wirley estava ali.
— Aham. — Wirley tosse e me faz sair daquele transe e
afastando do meu chefe.
— Senhora Oliveira, tem alguma reunião para hoje? —
Pergunta, disfarçando na frente do Wirley. Se distancia de mim.
— Vou ver. — Me afasto e vou para minha mesa, procuro
agenda, estava dentro da gaveta. Abri e dei uma olhada. — Sim, o
senhor tem uma reunião com o Senhor Farias, aqui na empresa
mesmo. Está marcado as duas da tarde. — Digo, estou na minha
mesa.
— Ok. Acho que dá tempo. — Ajeita o óculos, depois fita Wirley.
— Preciso falar com você.
— Não tenho nada pra falar com você! Não é só você que tem
um caso. Também tenho! — Pontou o Wirley, com rispidez. Olha para
mim, diz que vai passar aqui para me levar o almoço. Assenti,
quando estava saindo o meu chefe o alcançou, pegando no seu
braço.
— ESCUTA AQUI, PRECISO FALAR COM VOCÊ… AGORA!
— Esbraveja, me assusto, nunca o vi desse jeito.. Ele nota o meu
semblante e aproxima-se do Wirley. Fala algo que não conseguir
ouvir.
— Está bem, está bem. Vamos para a minha sala. Ele disse,
com a voz branda, se soltando. Logo, os dois saíram da sala, Wirley
foi a frente e Bruno foi atrás dele.
Sentei-me na cadeira e fiquei pensando, o que meu chefe disse
para o Wirley? E por que o Bruno precisa falar com ele? O que pode
ser? Droga! Queria muito ser uma mosca naquela sala, pra saber o
que eles estão conversando.
Precisava conversar com o Wirley, mas o imbecil estava me
evitando. Então tive que mostrar a ele que sou o chefe dessa porra!
Mesmo assim continuo me ignorando. Merda! Estava perdendo a
paciência já, ainda tive que presenciar ele beijando a Raquel na
minha frente.
Tirando a parte que queria dar um belo soco bem na sua cara,
não por ter feito isso, sim, por ter machucado ela. Ainda não consigo
entender, depois de tudo que passou com o traste do seu ex, ainda
assim ela o prefere a mim? Sacudir a cabeça para afastar esse
pensamento.
Estávamos perto da sua sala, ele estava na frente e estava
atrás dele, seguindo. Claro, que tinha gente me observando por esta
de óculos escuros. Uns pensaram que dormi com alguma mulher
casada e o marido descobriu e por isso que estou usando óculos.
Até parece! Nunca ia dar esse mole e outra, mulher casada dar
trabalho, não gosto dividir mulher que estou transando com outro
cara. Mas o real motivo é que estou assim porque estou sofrendo.
Nunca achei que ia me apaixonar, quando acontece a mulher não me
quer…
Puta merda! Deve ser castigo, só pode! Wirley entra na sala da
sua secretária e cumprimenta, ela me fita, apenas eu aceno com a
cabeça e vou atrás do Wirley. Logo ele abre a porta que dá para seu
escritório, ainda aberta ele me espera para eu entrar, assim que
entro, sem demora ele fecha.
— Já estamos aqui. Fala logo o que você quer tanto falar
comigo. Não posso demorar, tenho uns relatórios para ver… —
Avisa, me viro para olhar pra ele. e está impaciente. Deve ser um
pepino dos grandes para está assim? Me viro, caminho até sua
mesa, puxo sua poltrona e me sento. Me encosto no estofado,
acordei com uma dor nas costas. — Está confortável? Quer que eu
traga um café também? — Debocha, com os braços cruzados,
mirando na minha direção.
— Não, não está. Vou falar com a Sheila para trocar. Está
horrível, não sei como você aguenta isso aqui? Agora por favor,
sentar-se. — Inclina-se para frente e aponto para cadeira que está na
minha frente.
— Obrigado, prefiro continuar onde estou. — Faz um gesto com
a mão, negando. Depois põe dentro do bolso da calça.
— Senta aí. Ou não quer saber o que tenho a dizer? É sobre a
minha secretária… —Me encosto nessa poltrona horrível. Merda! E
em seguida estico as pernas em cima da mesa. Ele leva a mão no
rosto, esfrega os olhos. Depois bufa, pesadamente. Vai até a cadeira
puxa com raiva e se senta.
— Pronto. Estou sentado! Para de enrolar nessa merda e diz
logo!
— Ok, ok. Não precisa ficar nervosinha. — Ergo as mão no ar,
depois abaixo e não aguentei e rir. Ele desvia o rosto. Depois parei
de rir e tirei minhas pernas da mesa, me ajeitei na poltrona. — Ontem
terminei com a Letícia! — Ele vira o rosto e me fita. — Você lembra
dela, sua ex noiva que fica falando por aí que a roubei de você, blá,
blá. Então, terminei! O ruim é que ela não aceitou muito bem…
— Não acredito. E ela ia aceitar numa boa isso? Você é babaca
mesmo! — Ele ressalta. Pude notar ele fechando o punho, não está
com as mãos no bolso, sim, ao lado da cadeira. Parece com raiva.
Acho que ele ainda gosta dela…
— O que foi? Ficou puto? Vai lá dar aquele consolo, aposto que
ela vai adorar, sabe o que estou falando? — Provoco, sorrindo para
ele.
— CALA A BOCA! — Me fuzila, está com muita raiva. Ameaça
vim pra cima de mim, mas continua sentado.
— Como estava falando… Na mesma noite que terminei com a
Letícia e fui para o apartamento da Raquel. — Falo com suavidade.
— COMO É QUE É? — Dá um salto da cadeira, vai cima da
mesa, com as mãos sobre a mesa, me encarando. — REPENTE? —
Sorrio para ele, vendo ele alterado. — REPENTE? NÃO OUVIR,
REPETE BRUNO?
Estava ali, sentado na poltrona e vendo o cara calmo e
centrado que estou acostumado a ver aqui na empresa, por
totalmente oposto. Wirley estava todo alterado, só porque disse que
fui no apartamento da sua namoradinha. Não aguento e começo a rir.
Até que parei pelo susto na mesa, com o soco que ele deu.
— Porra Bruno! Isso não tem graça nenhuma!
— Está bem. Mas que foi engraçado, isso foi. Agora você tem
toda a minha atenção. — Debochei, cruzando os braços, olhando
para ele.
— CALA A BOCA! Quero saber o que você foi fazer no
apartamento da Raquel? — Questiona, apontando para mim.
— Quem você pensa que é para me mandar calar a boca, seu
merda! Ou esqueceu que eu mando nessa merda e por conta disso
posso mandá-lo pra rua! — Alerto, levanto da poltrona e o encaro.
— Você não pode fazer nada sem autorização da Sheila, você
até pode ser o chefe dos advogados, mas ela que manda administra
essa empresa! — Avisa, fecho o punho para controlar a minha raiva.
O pior que ele está certo, minha mãe que manda na maior parte do
tempo e também administra essa empresa. Antes era o meu pai que
comandava essa empresa, ele é dos melhores advogados, o
admirava muito quando tinha doze anos, achava incrível como ele
atuava no julgamento, quando crescesse queria ser igual a ele,
porém, quando fui crescendo fui vendo como ele era de verdade!
Recebia propina, traia a minha mãe com as funcionárias, até mesmo
dentro da empresa. Mas o cúmulo foi que ele desviou todo o nosso
dinheiro para Suíça e fugiu com a secretaria, com quem estava tendo
um caso fazia uns seis meses. Minha mãe e Elena ficaram
devastadas. Prometi a mim mesmo que não seria esse tipo de
homem, me esforcei muito, fui para Harvard e estudei até sair dali
como advogado e hoje sou um excelente advogado sénior.
— Me diga, o que ela disse? Pois o modo como ela te olhava
pra você lá na sala dela… — Ele dá uma pausa. — Me diz Bruno! —
Me afastei da mesa e fui para o canto da sala, ficando de costas para
ele. Depois vou até ele, ficando do seu lado, com a cabeça baixa.
Logo levantei o meu rosto e o fitei.
—Fui lá dizer que terminei com a Letícia para ficar com ela.
Que estou completamente apaixonado por ela. — Menciono, ele
levantou a sobrancelha, alarmado.
— O que ela disse? — Pergunta.
— Não disse nada, ficou balançada, bom, pareceu pra mim…
— Pareceu? Como assim? — Indaga. Me fitando.
— Depois que falei que estou apaixonado, achei que ia se jogar
nos meus braços… Mas… — Paro, olho para o Wirley por um
tempo. Decidi não falar mas nada. Ele ainda está apreensivo, acho
que não acredita no que acabei de falar. Se afasta e leva a mão na
cabeça, coçando o couro da cabeça. Olhando daqui, apesar de está
um pouco distante e de costas para mim, parece pensativo.
— Bruno, não brinca comigo! Você e a Raquel não… Não… —
Pragueja. Dou um passo para frente, olho nos seus olhos.
— Ficamos juntos? — Digo de uma vez, com a voz suave. —
Você quer saber se beijamos ou se rolou alguns amassos? — Sorrio.
— Bruno fala a verdade! Não minta pra mim, vocês ficaram ou
não? — Questiona, com sangue nos olhos.
Poderia mentir dizer que ficamos, mas vendo desse jeito me
lembro de quando ficou assim que me viu com a Letícia. Apesar das
brigas e discussões, não quero mais brigar com ele. Quero ficar
numa boa, sinto falta quando éramos amigos de faculdade.
— Escuta aqui Wirley. — Estico o braço e toco o seu ombro. Ele
estranha, mas presta atenção no que falo. — Não aconteceu nada.
Eu juro. Ela só disse que quer ficar com você… — A voz sai um
pouco falhada. Mas respiro fundo e continuo. — Ela disse que você é
a melhor escolha para viver do seu lado, depois de tudo que ela
passou. — Ele fica sem palavras, se distancia de mim. Fica um
tempo me fitando. Acho que não acredita no que acabei de falar.
Não posso acreditar! Quer dizer, estou até surpreso com isso,
que nem consigo dizer nada! Me afasto ficando de costas para ele.
Mas, vindo do cara de quem convivo aqui na empresa faz dois anos,
ele pode está aprontando? Armando alguma coisa para tirar a
Raquel de mim? Me viro e vou até ele.
— Olha aqui! Esquece que você não vai conseguir tirá-la de
mim!
— O quê? — Me olha confuso, não entende o que estou
falando. — Wirley, você não mudou nada. Eu não estou aprontando
coisa nenhuma! Estou falando a verdade, se quiser você perguntar
pra Raquel que ela mesma vai garantir isso. — Ele aponta na direção
da porta. Fico avaliando ele, parece que está falando a— Não, não
precisa. — Ergo a mão, fazendo o gesto que não precisava. — Mas
você disse, aqui mesmo na sala que ia tirar ela de mim e agora diz
que vai nos deixar em paz? Vindo de você é um tanto suspeito? —
Confesso, com as mãos no bolso da calça, olhando para ele.
— Sim, isso é verdade. Mas como gosto dela e não é pouco…
Quero vê-la feliz, mesmo que seja com você. Por isso não vou ficar
no meio de vocês dois… — Para de falar, virou o rosto e ajeitou os
óculos. Olhando de perfil, quando os óculos caíram pra frente deu
pra notar. Nem acreditei naquilo! São olheiras? E não de quem
passou a noite bebendo e sim de lágrimas! Estou pasmo! Então, é
verdade mesmo! Nossa, nunca o vi desse jeito, ainda mais por causa
de mulher, era ao contrário, mas o vendo assim, começo a entender.
— Vou deixar vocês em paz. Vou ficar na minha. — Ele conclui, notei
que sua voz saiu um pouco baixa, está segurando a emoção. Ele
está sofrendo. Vendo o Bruno me sinto mal, não desejo isso pra
ninguém. Me aproximei e toquei no seu ombro. Sacudir a cabeça, em
sinal de sim. — Só quero fazer o único pedido!
— Claro, pode falar.
— Que você prometa fazê-la feliz. Nunca a magoe, pois se isso
acontecer acabo com você! — Mira para mim, sério. Me afasto um
pouco e o fito.
— Isso nunca vai acontecer! A amo demais! — Dou um passo
para frente, para fita-lo. Ele assente, sacudindo a cabeça. Passo por
mim, se despede para sair. Quando estava com a mão na maçaneta
da porta, para e se vira e me chama.
— Wirley? Já estava esquecendo me de uma coisa. — Me viro
e quando ia dizer algo, do nada levo um soco, me pegando de
surpresa e me fazendo cair no chão pelo impacto.
— Porra, o que deu em você? Por que me bateu? Achei que
estava tudo resolvido entre a gente? — Reclamei, com a mão no
rosto, sentido o soco que ele me deu.
— Isso é por você ter machucado a Raquel, não adianta eu sei!
E também fica como amostra caso você magoe ela! — Alerta e da às
costas e sai da minha sala. Consigo me levantar e me sentei na
cadeira que estava na minha frente. Merda! Está doendo, acho que
ficou roxo. Bom, mereço não devia ter machucado a Raquel… Pelo
menos estamos resolvidos.
Estava saindo da sala do Wirley, estamos resolvidos, bom,
assim espero. Tinha que dar uma lição nele, depois que machucou a
Raquel. Tudo bem, não deixou marcas, mas nunca, nunca se deve
bater numa mulher, principalmente se essa mulher é a Raquel.
Merda! Andei tão rápido, por querer sair logo da sala do Wirley
que parei de frente na minha sala, quer dizer, da minha secretária.
Recuo para trás para ela não me notar. E olho para ela, está tão
linda. Está usando um vestido preto, justo que vai até a altura do
joelho.
Os cabelos estavam soltos, que se movimentavam com leveza
quando ela se movimentava. Poderia ficar aqui horas admirando. Ela
é muito linda. Me afasto e sacudo a cabeça para parar com isso,
pareço adolescente agindo desse jeito! Se comporta Bruno! Entro na
sala.
— Senhorita Oliveira?
— Sim, Bruno… Quer dizer, senhor Montenegro? — Levanta-se
e vem na minha direção.
— Vou ter que sair… Para resolver umas coisas… Só vou voltar
para reunião com o senhor Farias. — Ergo a mão para isso óculos,
ajeitando. Fico de coluna ereta e evito contato visual. Se olhar
aqueles olhos castanhas e a sua boca, sei que vou fazer uma
loucura! E prometido para Wirley que não ia mais me meter entre
eles e vou cumprir! — Quero que prepare a carta de contrato e
imprima alguns relatórios para essa reunião, entendido! — Enfatizo,
ela balança a cabeça, em sinal que sim. Me viro e saio da sala indo
para o elevador.
— Senhor Montenegro? Senhor Montenegro? — Ela me
chama, continuo caminhando. Finjo não ouvir. Por sorte o elevador
se abre, entro em seguida. Enquanto isso, nos olhamos e a porta do
elevador se fecha.
Dou dois passos para trás, aperto o botão para o térreo,
encosto no espelho. Imediatamente, tiro os óculos e olho para cima.
Tento me controlar, quase perco o controle! Fecho o punho, no súbito
de raiva dou um soco. Levo a mão até os meus olhos e esfrego,
tento me acalmar, porém, não adianta. Acaba caindo uma lágrima no
meu rosto.
Merda e merda! Deixo cair as lágrimas, não consigo segurar.
De repente, ouvir a porta do elevador se abrir, em fração de
segundos, enxugo as lágrimas e coloco os óculos e me ajeito. Entra
três pessoas no elevador, aceno por educação e continuo no mesmo
lugar. A porta se fecha, o elevador continua descendo até que todos
chegam ao seu destino e também chegou no meu, no
estacionamento.
Sai às pressas, sem demora, entro no meu Bugatti. Levei as
minhas mãos no volante e também coloquei minha cabeça, na
verdade, encostei a testa nela. E agora o que vou fazer? Como vou
me concentrar no meu trabalho com ela ali, tão perto de mim e não
poder tocá-la ou beijá-la?
Porra Bruno! Seja racional, isso não pode te atrapalhar! Me
levanto e encosto-me no banco do carro, soltando o ar,
pesadamente. Ergo meu braço e vejo a hora no meu relógio, faltam
duas horas para reunião com o senhor Farias. Pego a chave e logo o
carro, vou dar uma volta…
E ouço vozes, acho que está vindo do elevador? Ele se abre e
não acredito! Puta merda! Porra destino, está de sacanagem? Vejo o
Wirley e Raquel saindo do elevador abraçados, mas não notaram o
meu carro passando por mim. Noto que o semblante da Raquel está
preocupada, o que será?
Vou lá ver, estou prestes a sair do carro, me lembrei de que
prometi que não ia mais me meter, ainda mais nessa ocasião. Eles
entram no Porsche do Wirley e em seguida saem do estacionamento.
Afasto a mão da porta do carro, ainda está ligado, ponho a mão no
volante e sai dali, vou para algum bar aqui na Tijuca mesmo, preciso
beber para afastar esse sentimento que sinto pela minha secretaria.
Estou aqui de frente ao computador, mas não consigo me
concentrar. Estou apreensiva. Ainda mais depois que Bruno queria
conversar com o Wirley. Meu Deus, o que será que ele quer? Será
que vai dizer que foi no meu apartamento ontem?
Dou um salto da cadeira, só de pensar isso. Mas não aconteceu
nada… E vem na mente, o beijo que me deu. Só de lembrar meu
corpo estremecer todo, sentir aqueles lábios nos meus… Com
doçura e ao mesmo tempo com uma urgência. Sacudir a cabeça,
afastando essas lembranças.
Me distanciei da minha mesa e andei para um lado e para o
outro no que eles possam, está conversando. Levo a mão no meu
rosto e penso, por que o meu chefe veio de óculos escuros, tudo
bem, ele estava bonito… Mas por quê ele veio assim? Será que é
por minha causa?
Não posso ficar pensando nisso, vou trabalhar para esquecer
isso. Volto para minha mesa, pesquiso alguma coisa sobre o cliente
do meu chefe. Olho para meu lado direito e o vejo. Parece que meu
corpo sabe o efeito que ele me causa.
— Senhorita Oliveira?
— Sim, Bruno… Quer dizer, Senhor Montenegro? — Levanto e
vou na sua direção. Mas ele dá um passo para trás.
— Vou ter que sair… Para resolver umas coisas… Só vou voltar
para reunião com o senhor Farias. — Balanço a cabeça
concordando. Está de coluna ereta e não olha nos meus olhos, acho
que está evitando contato visual. Será que fiz algo de errado? —
Quero que prepare a carta de contrato e imprima alguns relatórios
para essa reunião, entendido! — Ordena, sacudir a cabeça.. Se viro
e sai da sala indo para o elevador.
— Senhor Montenegro? Senhor Montenegro? — O chama,
continua caminhando. Acho que não ouve. O elevador se abre, entro
em seguida. Olho para ele e ele por mim, depois a porta do elevador
se fecha em seguida.
Droga! Ia perguntar se queria mais alguma coisa e saiu desse
jeito. Ouço um toque de celular tocando. Caramba, deve ser o meu.
Caminho até a minha mesa, puxo a gaveta que está a minha bolsa.
A coloco em cima da mesa. A abro e procuro, toca
freneticamente, acho que tem alguém impaciente. Parece ser a
Patrícia. Com certeza deve me contar sobre sua noite romântica com
a Elena. Assim que pego o celular, reparo que é um número
desconhecido? Que estranho, mas vou atender.
— Alô, quem fala? — Pergunto, estou de pé, de frente a minha
mesa.
— Oi gata! Tudo bom? Nossa faz um tempo né? — Ouço
aquela voz e sinto um frio na espinha. Não pode ser! Não, não… —
Ué gata? Até parece que viu um fantasma? Sei que estou sumido
mas não precisa para tanto, há, há. — Puxo a cadeira para me
sentar. Não consigo falar nada. Minha respiração está acelerada…
— Gata, diz aí sentiu a minha falta? — Estou imóvel, na verdade
congelada. Pensei que ele tinha esquecido de mim. Mas o Bruno não
vai fazer da minha vida um inferno!
Falei com a minha secretaria agora pouco e pedi para
desmarcar uma reunião agora no almoço com o cliente, pois já tinha
compromisso. Sai da minha sala e fui para sala da Raquel, para
irmos ao nosso almoço. Assim que chego me deparo com a Raquel
no telefone.
— Estou com saudades do seu corpinho lindo gata. — Ela não
responde, está calada, só ouvindo. — Tira uma dúvida, qual dos dois
advogados você está dormindo? Ou está dormindo com os dois,
bom, sabia que você é uma vagabunda mesmo! — Ela fecha os
olhos, leva a mão no rosto, começa a chorar. Estou diante da sua
mesa. Vendo daquele jeito começo a me preocupar.
— O que houve, Raquel? — Me inclino para frente com as
mãos apoiadas sobre sua mesa. Ela não me respondeu, nem ouviu a
minha voz. Droga! Quem é do outro lado da linha? Pego o seu
celular, percebeu o que fiz, tenta falar algo, mas ignoro e ponho o
celular no meu ouvido para ouvir. Conheço essa voz… Que
desgraçado?
— Cala a merda da sua boca! Pelo artigo cento quarenta e sete
A: perseguir alguém, e por qualquer meio, ameaçando-lhe a
integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo sua esfera de liberdade
ou privacidade. A pena para isso é de seis meses a dois anos. — Me
viro, caminho me distanciando da mesa da Raquel. — Não
esquecendo da agressão que você fez nela, que é o mesmo tempo
de pena, vamos dizer que já somam quatro anos de prisão. Vai parar
ou quer mesmo continuar com isso?
— Escuta seu bosta, não tem como provar… — O interrompi,
com a mão no bolso da calça.
— Escuta aqui você, seu verme! Pois é isso que você é! Um
cara que bate numa mulher não merece ser chamado de homem! —
Caminho para frente e para na frente da Raquel, que abaixa a
cabeça, cai uma lágrima no seu rosto. Viro meu rosto e volto a falar.
— E sobre as provas, bom, temos as suas chamadas aqui no celular
da Raquel e não esquecendo da sua última visitinha aqui no
estacionamento da empresa. Ah, que temos câmeras, antes que eu
esqueça. — Digo, com a voz branda, sorrindo. Depois que disse isso
ele não disse mais nada. Afasto o celular e olho para ver se a linha
não caiu, ele continua na linha. — Ficou painho não é mesmo? Como
disse, Pará agora mesmo ou mesmo acabo com você! — E desligo,
sem dar chance para ele falar alguma coisa. Ponho o celular sobre a
mesa, dou a volta na mesa e me ajoelhei ficando do seu lado. — Não
se preocupe, meu amor. Já botei ele pra correr. Não tenha medo,
estou aqui, vou te proteger desse verme! — Ela assente, sacode a
cabeça e as lágrimas continuam caindo. Então, me levanto e pego na
sua mão, a puxo com leveza e em seguida abraço, aliso seus lindos
cabelos negros. Ergo minhas mãos no seu cenho e falo para gente
sair dali, ela precisa respirar um pouco… Peguei sua bolsa e saímos
abraçados da sala, estava indo para o elevador. A Raquel sussurra
no meu ouvido, me fazendo parar no caminho.
— Wirley, estão olhando para gente… Melhor nos afastar…
Podem falar alguma coisa para a senhora Montenegro… — Diz com
a voz falhada. Olho ao redor, de fato, estavam nos observando.
Direciono meu rosto para ela e olho nos seus olhos.
— Dane-se, que estão olhando para nós! Agora, nesse
momento você é mais importante! — Disse, faço um carinho no seu
cenho, ela balança a cabeça e continuamos até chegar ao elevador,
que fecha em seguida.
Estava sentado num bar qualquer na Barra da Tijuca, estava
bebendo alguma cerveja, parecia aquelas bem baratas. Descia
rasgando na minha garganta, mas pelo menos estava fazendo o
efeito que queria, bom, precisava umas cinco dessas para tirar a
Raquel da minha mente!
— Garçom? Mais uma! — Bato com o copo no balcão
chamando o garçom, para colocar mais.
— Ei, você não acha que já bebeu demais? — Diz uma mulher
do outro lado do balcão. Está usando um uniforme igual ao do
garçom. Será que é ela que é o garçom?
— NÃO IMPORTA! ESTOU PAGANDO ESSA MERDA!
ENTÃO...ENCHE ESSE COPO COM ESSA MERDA…DE
BEBIDA… — Grito, apontando para o copo. Se vira, traz a cerveja e
enche o meu copo.
— Está bem, está bem. Mas parece que isso tem cara de
mulher. — Para de encher o meu copo, olha para mim.
— Está tão na cara assim? — Dou um gole e ponho o copo no
balcão.
— Sim, só acho desperdício. Tanta mulher no mundo por aí,
para dar aquela… — Dar uma pausa, me olha de cima em baixo. —
Um cara lindo como você, todo mal por causa de uma ex. Fala sério!
— Ergo a sobrancelha, surpreso, com seu comentário. Parando pra
pensar, não estou me reconhecendo? Não posso ficar assim, ainda
mais que ela mesmo disse com suas próprias palavras que não
sente nada e prefere o Wirley. Ela está saindo para atender outro
cara, quando me levanto e pego no seu braço.
— Ei? Qual o seu nome? — Ela me fita, depois olha para minha
mão que estava segurando o seu braço. E percebo o que estava
fazendo e tiro, imediatamente, a minha mão. — Desculpa. Mas, você
pode dizer qual é seu nome?
— Me chamo Luna. Por quê? — Pergunta, dando um sorriso no
canto da boca.
— Luna, você está certa, não posso ficar mal com tanta
mulher… Vamos dizer, disponível por aí. Queria saber, se você
aceita jantar comigo e depois podemos nos divertir um pouco? —
Ponho as mãos no bolso da calça. Fico olhando para ela, que se
aproxima e apoia no balcão com os braços cruzados.
— Olha só, tivemos um plot twist agora! Gostei! Ia amar, me
divertir com você… — Ela morde o lábio inferior. Dou um olhar
malicioso, até que seria interessante ter aquela boca carnuda
sugando o meu pau. — Mas hoje não dar, troquei com uma colega e
vou sair só às onze da noite, mas amanhã estou de folga.
— Que sorte a minha. Está bem. Você tem um… — Ela pega
na minha mão e com uma caneta que estava no bolso, anota seu
número na minha mão. Depois dar um beijo, marcando na minha
mão. Ah garota, está brincando com fogo.
— Aqui está. Me liga, vou aguardar ansiosamente. — Dar um
sorriso.
— Ok, ok. — Tiro a minha carteira do bolso. E deixo uma nota
de cem em cima do balcão. Quando estava saindo ela me chama?
— Ei? Você esqueceu seu troco? — Me viro, indo até ela.
— Não, esqueci não. É sua. — Pisco para ela.
— Ei, qual seu nome? — Pergunta.
— Bruno! Bruno Montenegro! — Ela sorri, me distancio e vou
embora. Olho para o relógio, tenho uma hora para me encontrar com
Alexandre Farias. Vou em casa tomar um banho, tirar esse bafo de
cerveja para me encontrar com meu cliente. O negócio é seguir em
frente. Não posso ficar sofrendo pelos cantos por alguém que ama
outro cara. Não vou esquerda fácil, um sentimento assim não
esquece da noite pro dia, mas pelo menos vou tentando.

Acabei de chegar na empresa. Depois de um belo banho


gelado, estou melhor. Mas ainda estou com olheiras, não aparece
tanto como antes. Estava entrando na minha sala e me deparo com
ela, está sentada na sua mesa. Vou passar direto para minha sala…
Mas algo me faz me perguntar, sobre mais cedo…
— Está tudo bem? — Estou ao seu lado. Ela virou seu cenho e
olhou para mim. Tenho que dizer, só olhar para ela, aqueceu o meu
coração. Sou completamente louco por essa mulher. Bruno, esquece!
Preciso esquecê-la, senão, vou acabar ficando louco!
— Sim… Depois do ocorrido… — Gesticula, com a voz baixa,
quase não deu pra ouvir.
— O que aconteceu? — Questiono, me aproximo mais um
pouco, olhando firmemente.
— Sabe… Eu recebi uma ligação… E… E… — Ela gagueja.
Encolhe os ombros. Está apreensiva. Merda! Tomara que não seja o
que estou pensando! Se Wirley não cumpriu com a promessa, vou
acabar com ele!
— Por favor. Diga o que aconteceu? Se o Wirley fez algo, pode
me falar! — Me ajoelhei e peguei na sua mão, olhei nos seus olhos.
Estava prestes a chorar, lembrando do ocorrido. Com outro braço
que estava livre, fechei o punho de raiva. Abaixei a cabeça e em
seguida soltei o ar. — Raquel, por favor! Me conta o que aconteceu?
— Insisto.
— Está bem. — Respira fundo e depois solta o ar,
pesadamente. — Recebi uma ligação de um número desconhecido…
E depois que atendi a ligação era o Bruno…
— O QUÊ? — Dou um salto, ficando em pé. — O QUE ESSE
MERDA QUERIA? — Esbravejo. Puta merda! Só me faltava essa!
— Vamos Raquel? O que esse verme queria com você? —
Roga, seu olhar é de indignação. Caramba, não devia ter falado. —
Raquel? Me fala?
— Está tudo resolvido! O Wirley falou com… — Ele me
interrompe.
— Wirley? O que ele fez? — Indaga, olha para mim confuso.
— Ameaçou o meu ex com a lei de perseguição, eu acho que é
isso… Depois desligou e não ligou mais, bom, não hoje. — Ele se
vira ficando de costas para mim. Mas pude ver ele levantar a mão e
coçar o cabelo, está pensativo. Depois se aproxima.
— Está certo… Já que seu namorado resolveu… — Dar uma
pausa. Umedece os lábios, não consigo não tirar meus olhos
naqueles lábios… Meu corpo começa a queimar. Droga! Desviei o
olhar. — Não preciso fazer nada. Fez o que lhe pedir? — Pergunta,
com a voz suave.
— Sim. — Me viro, vou até a mesa para pegar os papéis e lhe
entrego. — Aqui está. Ah, já ia esquecendo. O senhor Farias e seu
filho estão aqui na empresa. Eles estão te esperando na sala de
reuniões.
— Que eu saiba tenho reunião com o filho dele, o que o
governador está fazendo aqui? — Questiona o meu chefe. Ergo as
mãos, não fazendo ideia por que ele está aqui. — Está bem! Mais um
pepino para resolver! — Dar uma bufada, pesadamente. Pede para
eu descobrir o promotor desse caso e marcar um encontro para meu
chefe. Balanço a cabeça, em sinal que sim. Logo ele sai da sala,
virando de costas para mim. Volto para minha mesa e faço o que me
pediu. Mas, estou triste. Ele está muito frio comigo… É estranho…
Isso entre a gente.

Sai da sala com os papéis que a Raquel me deu e vou para


sala, furioso. Assim que abri a porta da sala de reunião, eles estavam
ali me esperando. O senhor governador se levanta e ergue a mão
para me cumprimentar.
— Boa tarde! O senhor é Bruno Montenegro, o advogado que
pegou o caso do meu filho? — Está com a mão esticada, olho para a
mão, depois para ele. Fico o fitando por tempo, o senhor governador
ergue a sobrancelha. Esperando eu o cumprimentar, coloco os
papéis que estavam segurando sobre a mesa, depois o
cumprimentei.
— Sim. Sou eu mesmo. — Aperto com força sua mão, o fito,
firmemente. Logo, tiro a minha mão, colocando no bolso da calça. —
Queria saber por que o senhor está aqui? Se marquei essa reunião
com o seu filho? Não sabia que seria um combo? — Sorri, apontando
para os dois.
— Isso é engraçado. Mas, eu vim por que meu filho me contou
do encontro de vocês… — Ergo o meu braço, o interrompendo.
— Seu filho lhe contou o que falei com ele?
— Sim? E não foi isso que combinei com a sua mãe? — Me
afasto da mesa, ficando de costas para ele. Levo a mão na cabeça e
coço o couro da cabeça. Inacreditável! Inacreditável! Já estou vendo
que vou ter problemas nesse caso! Puta merda! Me viro, vou até a
mesa e olho fixamente para o governador.
— Senhor governador, a minha mãe não manda em mim, aqui
nessa empresa somos sócios. E por seu filho ter matado um homem!
Vamos ser claros aqui. Acho que o promotor do caso, acho que vai
aceitar a negociação dele fazer trabalhos comunitários, do que levar
isso para o julgamento. Que tem provas o indicando como culpado.
Eu não entro no caso para perder, entro para ganhar! — Digo,
olhando para ele.
— Garante que consegue essa negociação? — Questiona, olha
para o filho, depois volta a olhar para mim.
— Claro. Sou o melhor. Mas se preferir o senhor pode procurar
outro advogado para seu filho, mas garanto que vai falhar
miseravelmente! — Enfatizei, ele abaixa a cabeça, soltando o ar
— Está bem. Vamos fazer do seu jeito. — O filho dele dar um
salto da cadeira.
— Eu não acredito! Pai, não foi isso que a gente conversou!
Não, não! Nem pensar que vou fazer isso… — E quando fui pego
de surpresa. O senhor governador dar um tapa no rosto do filho. Na
mesma hora o moleque pará de resmungar, com a mão no rosto.
Olha para o pai sem entender.
— Cala a boca! Isso aqui não é sobre você e sim sobre mim.
Não ver como a minha imagem vai ficar suja por conta dessa merda
que você fez? — Ele aponta o dedo para o filho, que fica chocado, no
que o pai fez. — Agora sentar-se e ficar calado! Que estou limpando
sua merda! — O filho faz o que ele disse e se senta. Depois se vira e
volta olhar para mim. — Desculpa por isso…
— Não se preocupe. Não vai sair daqui. Aliás, eu ia fazer isso.
Que garoto mimado! — Mencionei, tocando no seu ombro.
— Isso é culpa da mãe. — Dar uma pausa. — Como está tudo
resolvido, acho que isso aqui é o contrato, certo? — Mira para o
papel sobre a mesa, respondo que sim. Peço para ele se sentar e
conversar mais a negociação. Espero que seja assim também com o
promotor do caso. Seria maravilhoso resolver esse caso assim, sem
precisar ir para o julgamento!
— Então, como tinha falado antes, claro, primeiro vou descobrir
quem é o promotor. Já pedir para minha secretária descobrir e depois
marcar com ele. — Estava explicando para o governador, como
vamos fazer isso. Ele ouvia atentamente. Nesse momento, alguém
bate na porta. Levantei a mão para o alto e pedi para ele esperar. Me
levantei e fui até a porta.
— Raquel? — Abrir e fiquei surpreso quando vi a Raquel ali na
minha frente. Notei que ela levantou a sobrancelha, depois me virei e
vi a reação do governador. Merda! Essa mulher mexe comigo de um
jeito, que esqueci que estou numa reunião. — Quer dizer, senhora
Oliveira. — Me corrigir, olhando firme para ela. — O que deseja? —
O senhor não me pediu para saber quem é o promotor desse caso?
Então, eu descobri… — Ela recupera fôlego, acho que veio correndo
para me avisar. Dou um leve sorriso, para o governador não notar.
Mas gostei desse carinho. — O nome do promotor é Sérgio Campos
e ele… — A corto.
— PUTA MERDA! — Bato na porta e acabei assustando ela.
Vou até ela e peço desculpa.
— O que foi senhor Montenegro? Temos um problema? —
Pergunta o governador, que está encostado na cadeira, com os
braços cruzados.
— Não. Claro que não. — Virei e caminhei até ele. — Minha
secretária veio me dizer sobre o promotor do caso. Melhor
terminarmos por aqui, vou me encontrar com ele e vou negociar com
ele.
— Está bem. Mas me deixe a par de tudo? — Sacudir a cabeça
que sim. O governador e o filho se levantaram e saíram. Logo, a
minha secretária fechou a porta e veio até mim.
— O que foi isso? — Ela pergunta tocando no meu ombro. Me
virei e olhei nos seus olhos, fiquei um tempo olhando aqueles olhos
intensos, que estavam sobre mim. Que vontande de pegá-la pela
cintura e beijar-te aqui mesmo, mas não posso fazer isso. Fiz uma
promessa e vou cumprir! Afasto sua mão sobre o meu ombro e me
distancio um pouco dela.
— Vamos dizer que tive um pequeno desentendimento com ele
no passado... — Menciono, fazendo gesto com a mão fazendo
círculos no ar. Depois, coloco a mão no bolso da calça.
— Está bem… Mas isso pode atrapalhar a negociação? —
Indaga. Coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha, continua me
fitando.
— Não… — Ela continua me fitando. — Quer dizer, sim… —
Puxo a cadeira e me sento.
— O quê? Como assim? Explicar melhor? — Questiona,
cruzando os braços. Está ao meu lado, me encarando.
— Foi na época de faculdade, coisa boba… Acho que nem se
lembra… — Ela está me encarando. Dou uma bufada e volto a olhar
para ela. — Quer saber vou agora mesmo falar com ele. — Me
levantei da cadeira, tirei o celular do bolso da calça. — Me passa o
contato dele?
— Está lá na minha mesa. — Ela disse, dou um passo para
frente, estou bem perto dela, pude sentir sua respiração que ficou
acelerada de repente. Bruno se controla! Controle-se! Recuo para
trás.
— Ok… Vamos lá pegar esse contato. — Ela assentiu, saiu da
mesa e fomos para sala. Ela foi à frente e fui atrás dela. Assim que
chegamos à sala, ela foi para sua mesa, que estava ali em cima.
Estava na ali diante dela aguardando o número do promotor,
porém, estava pensando como vou resolver essa merda! Ela pegou o
número e se virou para me entregar, acabou esbarrando em mim, por
acidente, segurei na sua cintura para ela não cair. Ela colocou suas
mãos sobre o meu peito. Seus lábios estavam perto dos meus.
Droga! Que vontade de sentir essa boca na minha… Não
posso… Eu fiz uma promessa e vou cumprir! Estico os braços para
tirá-la dos meus braços, pego no chão o papel que tinha caído por
conta do esbarrão.
— Me desculpe… Não era a minha intenção… — Ela se
desculpando, com as mãos no rosto.
— Tudo bem. Agora que tenho o numero vou poder falar com
ele. Por favor, pode pegar a planilha que está sobre a mesa! — Ela
foi para minha sala e pega planilha, depois vem ao meu encontro e
me entrega.
Me virei e saí da sala e fui para o elevador. Tenho que esquecer
ela! Senão vou fazer uma besteira e não posso fazer isso! Fiz a porra
da promessa!
Acabei de chegar no restaurante que Sérgio tinha combinado
para nos encontrar. Até estranhei, estava com um bom humor, nem
parecia aquele frangote nos tempos da faculdade, que até jurou que
ia acabar comigo, quando tivesse uma oportunidade. Isso porque de
trote de faculdade. Cumprimentei a hostess do restaurante, depois
ela me levou até a mesa. Estava lá, está diferente daquele gordo que
conheci na faculdade, agora está magro e bem vestido. Levanta-se
da cadeira quando me vê.
— Bruno Montenegro! Sentar-se! Desculpe, eu não aguentei
esperar, estou faminto. — Aponta para eu me sentar, depois volta
comer a sua comida, parece ser picanha com legumes. Deu até água
na boca. Puxo a cadeira e me sento.
— Tudo bem. Fiquei sabendo que você é promotor do caso do
filho do governador? — Ele pára de comer, pega o guardanapo e se
limpa.
— Sim, sim. O playboy está ferrado! Vou acabar com ele, por
quê? — Indaga, dá um gole no vinho.
— Estou no caso. Trouxe isso aqui para gente negociar, aqui
está tudo por escrito. — Ele pega os papéis e começa a ler por
tempo, depois joga na mesa.
— O que merda é essa? Por que jogou na mesa? — Questiono,
inclinado para frente, mirando nos papéis.
— Porque não vou aceitar, quer dizer, a família não vai aceitar
isso. — Volta a comer a sua comida.
— Família? Que palhaçada é essa, Sérgio? — Inquirir, olho
para ele não acreditando. Será que a Raquel não viu isso? Ela não ia
dar esse mole.
— Isso mesmo. O mendigo que seu cliente matou, tem família.
E a família não vai querer esse acordo. — Se vira, vai até sua pasta
e pega alguns papéis, depois joga na mesa, em cima do meu acordo.
— É isso que eles querem. — Aponta para os papéis que ele jogou.
Pego e dou uma olhada rápida. Levanto a sobrancelha.
— Que merda é essa? — Rosno, rangendo os dentes de raiva.
— Isso é um absurdo!
— Absurdo foi o que seu cliente fez! — Aponta para mim,
colocando seu prato no canto. Dar um gole na sua bebida. — Não
acentamos menos que duzentos mil, já estou avisando.
— Sérgio, aposto que isso aqui é coisa sua! — Balanço no ar
os papéis que estava segurando, depois jogo na mesa com raiva.
— Nossa, está tão nervoso? Se quiser, posso pedir um suco de
maracujá? — Debocha, se limpando com o guardanapo.
— Cala boca! Escuta aqui, já garanto que o meu cliente não vai
aceitar esse absurdo! — Olho firmemente para ele.
— Tudo bem! Então, nos vemos no julgamento. Achei que você
fosse inteligente. É um ótimo acordo… — Estica o braço e pega o
seu acordo, ia colocar na sua pasta. Neste momento, ponho a minha
mão no seu braço, impedindo ele de guardar.
— Espera um minuto… — Ele olha para a minha mão, depois a
tiro. Em seguida olha para mim, com a sobrancelha levantada, me
observando. — Isso é muito alto, que tal oitenta mil e mais trabalhos
comunitários. Essa é a minha última oferta!
— Hmm… Não! Até poderia aceitar esse acordo, mas algo me
diz para não confiar em você… Pois, já me ferrei uma vez.
— Merda, Sérgio! Ainda está chateado com isso? Isso foi no
tempo da faculdade… Foi best… — Ele me corta dando um tapa na
mesa com força.
— NÃO FOI BESTEIRA! — Nota as outras pessoas olhando
para gente, se ajeita e encosta na cadeira. — Aquilo não foi besteira
e sim uma humilhação! Eu jurei que vou acabar com você. E olha
que coisa do destino, vou acabar com você num caso que tu sabe,
que não tem como ganhar. — Ele riu, dando o último gole na sua
taça de vinho. Se levanta, ficando de pé e me fita. — Além de preferir
levar isso para o julgamento, sei que o Juiz é Tomás Viera. O mesmo
do caso do pai e da madrasta que matou a filha.
— O quê? Não pode ser? Ele é bem justo! — Olho para ele não
acreditando. Apesar de ser um bom Juiz, ele é religioso e detesta
injustiça.
— Já ia esquecendo, soube que o julgamento vai ser júri
popular. — Olho para ele surpreso. — Um assunto que passou em
todos os jornais e o vídeo está passando na internet, decidiram isso.
— Eu não fui informado nada disso? — Inquiri, falando com
muita raiva. Droga!
— Ih… Então você tem que correr e trabalhar no seu caso…
Um momento… Já está perdido! — Inclinar-se para frente e dar dois
tapas no meu ombro. Depois saí da mesa com sua pasta. Mas volta,
ficando do meu lado. — Paga a conta. Já que você chamou para
esse encontro né? Nos vemos no julgamento. — Fala, no meu
ouvido. Viro o meu rosto e ele pisca para mim, virando de costas
saindo. Em seguida vem o garçom com a conta. Desgraçado! Mais
do que nunca, preciso não, necessito ganhar esse caso!
Estou saindo do elevador puto da vida! Essa merda de encontro
com o Sérgio não deu tudo errado! Merda! Merda! Adianto o passo
indo para a minha sala, nem cumprimento a Raquel, estou muito
puto! Fecho a porta com força! Em seguida, ainda estou com muita
raiva, começo a derrubar as coisas que estavam em cima da mesa.
Logo ouço uma voz me chamando.
— Bruno? Está tudo bem? — Minha secretária pergunta. —
Abre a porta, por favor! — Pede, com aquela voz doce e suave.
Penso se devo abrir a porta ou a mando ir? Estou muito enfurecido
com essa merda de caso… Porém, seria bom conversar com
alguém… Caminho até a porta e abro, que em seguida ela entra. —
O que aconteceu aqui? — Olha para a minha sala, alarmada. Vou até
o frigobar, pego uma garrafa d'água e dou um gole.
— Não foi nada… — Me sento no sofá. — Eu quero saber, por
que a senhorita não fez o seu trabalho? — Ela levanta a
sobrancelha, não entendendo a minha pergunta. Abaixei a cabeça
dando uma bufada, pesadamente. — Ainda é surda. — Sussurro,
encostando-me ao sofá, colocando a garrafa d'água na mesa ao
lado.
— O que o senhor disse? — Se aproxima de mim, cruzando os
braços me fitando.
— Eu disse que a senhora é surda, pois não fez a porra do seu
trabalho! — Rosno, levantando do sofá, encarando a minha
secretária.
— Eu fiz o meu trabalho! Não estou entendendo você me tratar
assim? — Indaga, olhando nos meus olhos. Dou um passo para
frente e a fito.
— Não fez, pois o meu encontro com o promotor do caso deu
tudo errado! — Passo por ela, indo até a minha mesa e me apoio
nela, estou de costas para ela. — Como não me disse que o
mendigo tem família? — Me virei e volto olhar para ela. — Por conta
disso não conseguir fazer o acordo! Está entendendo?
— Família? Como assim? — Pergunta confusa. Estou sem
paciência, me viro, mas ela pega no meu braço me fazendo olhar
para ela. — Não sei de nenhuma família! Fiz o meu trabalho, como
você tinha…
— CHEGA ,DESSA MERDA! — Ela se afasta, recuando para
trás. — Pará de me chamar de você! Porra! Aqui eu sou seu chefe!
— Vou à sua direção, olhando fixamente nos seus olhos. — Estou
cansado dessa merda toda… Desse caso… Da senhorita…
— De mim? — Indaga, engole a seco, que em seguida
umedece os lábios. Que fico hipnotizado por eles.
-— Sim, da senhorita. Agora, nesse exato momento olhando
para esses lábios, estou com vontade de beijá-los e saboreá-los. —
Ela se aproxima, ficando bem perto de mim, posso sentir sua
respiração, está acelerada. Puta merda, vou fazer uma besteira!
— Sério? — Ela duvida. Queria merda é essa? Ela está me
provocando?
— Sim! Agora mesmo ia despi-la e depois colocaria em cima
dessa mesa, chuparia sua boceta, fazendo a senhorita gritar de tanto
tesão. — Digo, com a voz rouca bem perto do seu ouvido, que fecha
os olhos.
Acho que está imaginando a cena. Puta merda, meu pau ficou
duro, só de pensar minha boca na sua vagina. Ah… Que se dane!
Pego na sua cintura, puxando para bem perto do meu corpo. Ela
solta um grito sentindo meu membro no seu corpo, ela olha para
mim, com a outra mão seguro no seu rosto e a beijo. Que também
corresponde, jogando seus braços em volta do meu pescoço.
Como estava com saudade de sentir essa boca maravilhosa! A
viro colocando em cima da mesa que estava livre mesmo. Levo a
minha mão para dentro da sua saia, afastando a calcinha de lado,
tocando lá dentro da sua boceta. Depois toco no seu clitóris que fica
molhada. Ela geme na minha boca. Quando ia me abaixar para
colocar minha boca ali, ouço uma batida na porta, que levamos um
susto.
— Raquel? Bruno? Vocês estão aí? — É a voz do Wirley. Puta
merda! Essa agora?
Estávamos discutindo sobre eu não fazer o meu trabalho e de
repente, quando fui ver estava nos braços do Bruno, estava nos
beijando. Sua língua invadindo o céu da minha boca, uma mistura de
urgência e desejo me deixando mais louca por ele.
Com a mão em volta da minha cintura, me puxando para si,
sentindo seu corpo colado no meu. Juro, que esqueci que estávamos
no seu escritório. E ele me joga em cima da sua mesa, já que estava
livre, pois, tinha jogado tudo no chão pelas raiva que sentia antes.
Com a mão no meu rosto continua me beijando. Depois de se afasta,
com umas das mãos, ele abre minhas pernas, coloca sua mão lá
dentro.
Acaricia por cima da calcinha, depois afasta para o lado,
enfiando o dedo lá dentro. Logo tira o dedo dentro do meu sexo e vai
para o meu clitóris, massageando com leveza. Solto um gemido na
sua boca, com a mão na minha nuca, aperta e me beija com mais
desejo, não se esquecendo da minha vagina, que está fazendo
movimentos circulares no clitóris. Caraca! Sinto ela ficar molhada…
Se continuar nesse ritmo vou gozar… Ele para de me tocar e
me beijar, dar um passo para trás. E notei que ele começa
desabotoar sua calça, porém, ouvimos batidas na porta. Meu Deus!
Quem seria?
— Raquel? Você está aí? Bruno? — Dou um salto para frente.
Olho para o Bruno assustada.
— É o Wirley? — Sussurro, para ele não ouvir a minha voz.
— Jura? Achei que fosse o papai Noel! — Dei um tapa no seu
braço, descontente com esse deboche dele. — Ai! — Faço um gesto
para ele não gritar.
— Bruno, você está aí? — Pergunta o Wirley, que continua
batendo na porta.
— O que vamos fazer? — Pergunto, ele anda para um lado e
para o outro. Quando ele para e pede para eu me esconder embaixo
da sua mesa. — O quê? Não está falando sério?
— Não vai fazer? Ou você acha melhor eu abrir a porta e seu
namorado ver você nesse estado? — Ele murmura, cruzando os
braços me fitando.
— Está bem… — Bufo concordando. Dou a volta na mesa e
fico ali abaixada. Só o ouvi abrir a porta.
— Oi Wirley? O que você quer? Não ver que estou ocupado!
— Estou vendo? Sua sala toda bagunçada? O furacão passou
aqui? — Wirley pergunta, sorrindo. Mas Bruno ignora o comentário e
vai logo sendo curto e grosso.
— Olha, não estou para brincadeira Wirley! Hoje foi
estressante, não resolvi nada, então me diga o que você quer? —
Rosna enfurecido.
— Nossa, desculpa aí. Mas queria saber da Raquel? Passei ali
na sala dela e nada dela. Você a viu? — Meu Deus! Ele perguntando
por mim, o que o Bruno vai dizer?
— Sei lá, dessa doida! Quer saber, não quero a ver tão cedo! —
Ele caminha até a mesa, está bem na minha frente. Continuo
quietinha.
— Por quê? — Questiona Wirley, ele se aproxima da mesa.
Meu coração dispara. Ai, ai.
— Só fez merda! Principalmente hoje, não quero entrar em
detalhes, mas, fez tudo errado que tinha pedido! — Ah, como pode
falar assim de mim? Dou um chute na sua perna com força, que
sente que acaba se desequilibrando.
— Ai…
— O que foi? — Pergunta o Wirley, olhando para o meu chefe.
— Nada… — Ele olha para mim, que mando língua para ele,
que levanta a sobrancelha. Depois volta olhar para o Wirley. —
Esbarrei aqui na mesa, só isso. Mas como estava dizendo, eu não vi
a Raquel. Acho que ela já foi pra casa. — Ele conclui.
— Está bem. Mas é estranho, tinha falado para ela que ia levá-
la pra casa… Ok. Vou lá, quem sabe eu alcanço. — Se despede e
sai da sala. Meu chefe foi atrás dele, acho pra ter certeza que ele foi
mesmo. Depois ouço sua voz.
— Pode sair. Ele já foi.
— Caramba. Essa foi por pouco… — Me levantei e fui para
frente, apoiando na mesa para andar.
— Não podemos fazer isso, Raquel! — Ele disse e olho para
ele, encostada na mesa.
— Sim… Não podemos fazer isso… — Ele pega no meu braço,
me puxando para si.
— Você tem que escolher? Eu ou Wirley? Não podemos ficar
nesse triângulo! — Olho para ele chocada! — ANDA RAQUEL?
DECIDE-SE! — Ordena.
— Pará com isso! — O empurro para poder sair dos seus
braços.
— Parar? Não viu o que me fez fazer? Não quero enganar o
Wirley, ele não merece isso… — Mira para a porta. Abaixa a cabeça,
que leva a mão na cabeça que coça. Parece diferente, depois que
esteve no meu apartamento. Antes era uma disputa, agora parece
preocupado com o Wirley? Levanta a cabeça e vem até mim, me
encarando. — Raquel, você tem que decidi… Até parece a Letícia…
— Só um momento! Não me compare com aquela louca! — Me
afasto, indo para o centro da sala, ficando de costas para ele.
— Mas é o que parece. — Sua mão está no meu braço, me
fazendo virar e olhar para ele. Seu olhar era suave, virei o rosto e
senti, o seu toque macio da sua mão tocando no meu rosto, acabei
fechando os olhos. — Raquel, o que disse no seu apartamento, não
mudou. Ainda estou apaixonado por você! — Abrir os olhos quando
ele disse aquilo. Ele estava com as mãos segurando o meu cenho.
— Agora nesse momento, estou sentindo que você me quer, mas
está com dúvida… — Ele dá um passo para frente, seu rosto bem
perto do meu, engulo a seco. Queria muito ficar com ele, meu
coração dispara quando ele olha assim, com esses olhos verdes.
Respiro fundo, tiro suas mãos do meu rosto, recuo para trás.
— Não… Posso… Fazer isso com o Wirley… — Ele vem até a
mim, me fitando, tento desviar o olhar, mas leva sua mão no queixo
fazendo eu olhar para ele.
— Não acredito! Agora pouco, em cima dessa mesa mostrou ao
contrário! Por favor, Raquel! Me dê uma chance, vou te fazer a
mulher mais feliz desse mundo… Mesmo assim, você olhando nos
meus olhos não quiser nada comigo e ainda escolher, o Wirley… —
Dar um pausa. — Vou seguir a minha vida e você segue a sua, mas
não quero fazer mais isso! — Olho para ele chocada. E agora, o que
eu faço?
A coloquei contra parede, estava cansado dessa situação!
Precisava saber, bom, ouvir da sua própria boca que ela não sente
nada por mim. Porém, ainda agora estávamos nos beijando… Dou
uma bufada e olho nos seus olhos, firmemente.
— Então, Raquel? Diga-me olhando dentre dos meus olhos,
que não sente nada. Que aconteceu agora pouco, em cima dessa
mesa que não foi nada? — Se afasta, virando de costas para mim.
— Eu não sei… Estou confusa… — Se vira e se apoia na
mesa. — Olha, você mexe comigo de um jeito, que não sei explicar…
Tipo, uma explosão… E com Wirley me sinto bem… Acho… Que
gosto dos dois…
— Mas isso é errado! Você tem que escolher! — Me aproximo,
levo minha mão até o seu braço, fazendo ela se virar e olhar para
mim.
— Eu sei que é errado, mas isso o que sinto. — Ela abaixou a
cabeça e apoiou no meu peito. Fica por um tempo assim, fiquei sem
ação, não sabia o que fazer. Depois, ela ergueu a cabeça, voltando a
me fitar. — Olha, me dar um tempo para pensar… — A corto.
— Para você ficar comigo? — Levantei a sobrancelha, ela
desvia o olhar e fica em silêncio. — É o que imaginava. Faz o
seguinte, vai pra casa…
— Bruno, espera…
— O quê? Não tenho tempo para esperar você! Porra, já disse
que estou apaixonado, esse sentimento está acabando comigo! Não
paro de pensar em você! Mas não vou aguentar ver você nos braços
do Wirley e esperar você decidir? — Olha em choque pelo o que
revelei. Permaneceu ali na minha frente, me fitando. Caminho até a
porta e abro. Ela olha para mim sem entender. — Agora, a senhorita
pode ir? Acaba por aqui a nossa conversa! — Ela vem até mim,
gesticula algo, porém, ergo a mão impedindo que ela continuasse,
em seguida aponto para ela sair. Faz o que ordenei, quando estava
indo para sua mesa e disse. — A partir de hoje, me chame de senhor
Montenegro, está entendido?
— Sim, senhor! — Ela respondeu, se virou e pegou sua bolsa e
saiu da sala. Fui para minha mesa, dei um soco bem no meio que fez
um barulho, mas acho que por ser tarde, não tem mais ninguém na
empresa.
Estou com muita raiva! Mas fiz o certo! Não posso ficar, que
nem um adolescente, esperando ela decidir entre mim ou o Wirley.
Ouço uma voz na minha sala.
— Meu Deus! O que houve aqui? — Me viro e vejo que é a
minha irmã.
— Elena? O que está fazendo aqui, principalmente nessa hora?
— Questiono. Ela caminha na minha direção.
— Eu trabalho aqui, se não se lembra? E outra, estava cansada
de ficar em casa, precisava distrair a mente um pouco. — Encosta na
mesa, ficando ao meu lado. — Fala aí? O que aconteceu aqui? Ah, vi
a Raquel saindo daqui bem triste.
— Isso é uma longa história. — Bufei, virando o rosto.
— Me conta. O que temos é tempo e só está só a gente aqui.
— Ela pisca e acabo sacudindo a cabeça, concordando.
— Está bem, está bem. Mas não quero ouvir piadinhas?
— Ok, ok. — Ela sorrir.
— Agora me conta, que grosseria você fez para moça, dessa
vez? — A Elena pergunta,
— Eu não sou grosseiro? — Levanto a sobrancelha, ela
começa a rir. — Está bem. Tenho um gênio… Vamos dizer difícil.
— Sério? Gênio difícil? — Me fita, cruzando os braços.
— Está bem… Sou um chato, mas em minha defesa gosto de
tudo bem feito, tá? — Falo, olhando para a minha irmã. Depois solto
o ar pesadamente. E continuo. — Mas eu discuti com a Raquel… —
Minha irmã me fita e já explico que não era sobre trabalho.
— Se não era sobre trabalho, era o quê? — Indaga. Me afasto
dela levando a mão na cabeça e começo a coçar. — Bruno, fala por
que vocês discutiram. Pode confiar em mim! — Ela insiste, se
aproxima ficando perto, tocando no meu ombro.
— Estou apaixonado na Raquel! — Digo de uma vez. A Elena,
me fita espantada no que acabo de dizer.
— Não pode ser. Já sei, que está zoando, é isso? Te conheço
muito bem e sei que você não é de ter esse sentimento, claro, tirando
de mim e da mamãe… Mas você não é ter esse sentimento?
— Olha bem pra mim, Elena! Pareço estar brincando? Essas
olheiras aqui, não são do trabalho e sim que fiquei a noite toda
acordado, chorando por uma pessoa que não sente o mesmo por
você ou está confusa… Sei lá… Não sei mais o que pensar... —
Digo, com a voz falhada. Só de lembrar o que sinto pela a Raquel,
me viro ficando de costas para a minha irmã. Ela vem até a mim,
pega no meu braço, me fazendo virar e em seguida ela me abraça,
não diz mais nada.
Ficamos abraçados, ela estava me dando um conforto por está
passando por momento difícil na minha vida. Ela sabia muito bem
como é isso. Também abracei forte, estava precisando daquilo e não
aguentei segurar mais e as lágrimas começaram a cair. Só ouço a
voz dela no meu ouvido.
— Não se preocupe Bruno. Estou aqui, sempre vou está
quando você precisar, bota pra fora. — Sussurra, fiz o que ela disse.
Desabei nos seus braços, lágrimas continuavam a cair. De repente
fui surpreendido no que ela disse a seguir.
— E pensar que vim aqui para desabafar por a mamãe ter me
tratado com ignorância. Mas também, a Letícia estava…
— O quê? — Me afasto, enxugou as lágrimas e a fito, confuso.
— Explica isso? A Sheila te maltratou de novo? O que a Letícia foi
fazer lá em casa, se não temos mais nada! — Rosno, minha irmã me
olhou alarmada. — Fala Elena? Por que diabos a Letícia foi lá falar
com a nossa mãe? — Insisto, ela permanece calada.
— Vamos, me conta! Por que diabos a Letícia foi lá em casa?
— Rosno, indo pra cima da minha irmã.
— Calma Bruno! Não entendo você assim? — Ela ergue as
mãos pra frente me fazendo não me aproximar. — A Letícia estava
muito mal depois que você terminou com ela. E foi ver a mamãe, que
deu um pouco de consolo para ela.
— Ah, isso não foi mesmo! Tenho certeza que estavam
armando alguma coisa! — Digo, encostando-se à mesa. Fechando
os punhos de tanta raiva.
— Que isso? É uma grande besteira. Até parece que a Letícia e
a mamãe iam fazer uma coisa dessas! — Frisa, olhando para mim.
— Você a não conhece como eu. — Sussurro, estou com o
rosto virado. Ela toca no meu ombro perguntando o que disse. Me
viro, ficando de frente para ela. Quando ia dizer para a minha irmã, o
que a nossa mãe aprontou comigo, ela se vira, ouve um toque de
celular. Pergunta se é o meu, levo a mão no bolso e digo que não,
ela toca no bolso e sente seu celular vibrar. Tira o do bolso e ver que
o número, ergue a sobrancelha. — O que foi? — Pergunto
preocupado.
— É a Patrícia. Pode me dar licença? — Aceno com a cabeça
que sim. Ela sai da sala para atender e ver o que a namorada quer.
Já que a minha irmãzinha saiu coloco a mão no bolso da calça e tiro
um papel. Lá estava o número o número que estava na minha mão
daquela bartender linda. Será que devo ligar pra ela? Ou espero a
Raquel se decidir? Droga! Não posso ficar à disposição dela, tenho
que seguir a minha vida! Tiro o celular do bolso e começo a discar o
número. Está chamando. Ela atende.
— Alô? Quem está ligando? — Fala um pouco alto, escuto um
barulho no fundo da ligação.
— Olá, aqui é o Bruno! O que estava aí mais cedo, lembra? —
Digo, sai da mesa, ficando em pé com a mão no bolso da calça.
— O gato de olhos verdes? Sim, sim me lembro. O que tu
manda? — Pergunta sorrindo.
— Queria saber que horas você saí hoje?
— Humm… Já está com saudades? Hoje largo do trabalho
meia noite. — Olho para o meu relógio. Sacudir a cabeça
negativamente.
— Nossa, é muito tarde! Sabe… Queria te ver para aquela
conversa… — Dou um passo para frente, me distanciando da porta.
— Sério? Só conversa? — Ela disse um pouco desanimada. —
Pensei que seria pra outra coisa?
— Pode ser… Estou com vontade de descarregar alguma
energia hoje… — Mencionei, com a voz um pouco rouca. Ouço uma
risadinha no fundo da linha. E solto um sorriso malicioso.
— Já gostei disso. Vou sair para um intervalo daqui a trilha
minutos, se chegar rápido dar para gastar "essa tal de energia".
— Ótimo. Já acabei aqui. Logo vou está aí. — Aviso, em
seguida me despeço e desligo o celular. Estava saindo e minha irmã
apareceu. Digo que vou sair, começa a fazer mil perguntas, Só digo
que tenho urgência para resolver uma coisa, entro no elevador
deixando ali na minha sala. Hoje vou fuder com muita vontade! Só
assim vou esquecer da Raquel!
Acabei de chegar no bar, apesar de ter pego um trânsito agora
às nove da noite, mas consegui chegar. Entrei no bar e logo a vejo
no balcão. Ela está bonita, com blusa decotada curta, com uma calça
jeans, com os cabelos cacheados soltos. Puta merda! Ela é muito
linda, deixa qualquer homem louco… Porém, só tenho olhos para
Raquel. Pará com isso! Você não veio para esquecê-la e não ficar
pensando por ela! Volto a olhar para o balcão e ela sai, aproveito e
caminho na sua direção. Pego no seu braço puxando para olhar pra
mim. Assim que me ver abre um sorriso.
— Olha ele aí. — Tira o celular do bolso da calça para ver a
hora. — Nossa, chegou na hora. Isso tudo é saudade da minha
pessoa? — Pergunta, guardando o celular no bolso da calça, depois
leva sua na minha gravata, enrolando entre os dedos.
— Posso mostrar isso… — Me inclino para frente, ficando bem
perto dela. — Claro, se tiver um lugar mais reservado, você me
entende?
— Caramba, está bem direto? — Ela morde o lábio inferior. Se
afasta um pouco, olha para os lados, acho que procurando algum
lugar. Mas volta a olhar para mim. — Infelizmente não tem gato. O
pior que não posso sair daqui, daqui a meia hora tenho que voltar
para o bar, como você pode ver, hoje está bem… — A puxo
colocando contra parede, pressionando meu corpo no dela e em
seguida dou um beijo nela.
Minhas mãos estão na sua cintura apertando com forças,
depois me afasto. Caralho, essa boca é muito gostosa! Fiquei até
com tesão! Ela está ofegante com o beijo, tenho que dizer que
também fiquei. Depois me aproximo indo para seu ouvido,
sussurrando.
— Sério que não tem um lugar? Estou querendo te foder
todinha… — Pego a sua mão, olho para frente ver se não tinha
ninguém olhando. E a coloco na minha calça, ela sente o meu pau
duro. Ela me fita, com um brilho nos olhos.
— Olha, podemos ir para o banheiro feminino. Agora mesmo
está interditado porque a faxineira está limpando. — Ela disse, ainda
com a mão no meu membro, alisando por cima da calça.
— Adorei a ideia. Então vamos. — Ela me leva até o banheiro
que fica do outro lado balcão, entramos no banheiro feminino, a
faxineira não entende e peço para ela sair, ela tenta retrucar, tiro a
minha carteira do bolso e dou trezentos reais para ela, faço um gesto
para sair. Assim que sai, a morena fecha a porta do banheiro, ia pra
cima de mim me beijar, levo a mão na frente impedindo ela continuar,
que me fita sem entender. — Tira a calça e a calcinha! — Ela faz o
que mandei, jogando no canto.
A pego na cintura e a coloco por cima da pia, em seguida abro
suas pernas, Primeiro coloco o dedo dentro da sua boceta, tocando
lá dentro, ela dar um gemido tímido, dou um sorriso malicioso.
Depois vou na sua vagina passando a língua lá dentro, depois vou
para o clitóris, sugando levemente e em seguida faço movimentos
circulares em volta do clitóris que ela começa a gemer alto.
Sinto sua boceta molhada na minha boca, levo as mãos na
cintura e puxando para baixo, tiro o resto da roupa, vou nos seus
seios maravilhosos, sugando e apertando seu peito. Depois a viro de
costas, encostando seus peitos na pia, empinando sua bunda. Sem
perder mais tempo, tiro a minha calça, tiro a camisinha da carteira,
colocando no meu pau e coloco de uma vez na sua boceta, que solta
um gemido. Dou início com as socada dentro dela, ao mesmo tempo
dou tapas naquela bunda linda.
— Ai… Que pau gostoso… — Ela gemendo, Com as mãos na
pia do banheiro, se apoiando. Levo a mão no seu cabelo, enrolando
na minha mão e vou aumentando o ritmo das socadas. —
CARALHO! ISSO, ME FODE SEU GOSTOSO! — Faço o que ela me
pediu. Solto o seu cabelo, pego na sua perna levantando, vou
aumentando o ritmo. E de repente olho para o espelho e vejo a
Raquel. Esfrego os olhos não acreditando naquilo. Sacudir a cabeça
para afastar esse pensamento. Continuo com as socadas firmes,
chegamos no clímax. Me afasto e vou um dos vasos, levanto o vaso
sanitário e jogo a camisinha, dou a descarga. Já, a Luna veste sua
roupa, depois olhar pra mim sorrindo. Vem até a mim. — Que foda
deliciosa. Até ia querer mais uma, mas tenho que voltar para o
trabalho.
— Tudo bem. Podemos repetir amanhã, depois do jantar. —
Disse. Ela concordou e saiu. Merda! Fiz isso para esquecê-la. E não
consigo de pensar nela!
Sai do elevador e caminho até a minha porta, tiro a chave para
abrir a porta, logo fecho e passo pelos cômodos do apartamento,
procurando o Wirley, mas ele não está. Então vou para o meu quarto,
jogo minha bolsa no chão e em seguida me jogo na cama, me viro de
lado encolhendo as pernas.
Ouço um toque, me levantei e fui em direção à minha bolsa,
que estava perto da cama. Tirei o celular da bolsa e vejo que é o
Wirley. Deixo tocar, não quero falar com ele naquele momento. Não
paro de pensar no que o Bruno disse. Tenho que decidir com quem
eu fico?
Mas não consigo, quer dizer, eu sei por quem meu coração bate
mais forte, toda fez o vejo. Mas, tenho medo de ficar com ele. Mesmo
ele demonstrando o contrário, ainda sim, tenho medo de ir lá falar
que quero ficar com ele… O celular voltar a tocar, ignoro e jogo em
cima da cama. Não posso falar com Wirley desse jeito.
O telefone para de tocar e em seguida começo a ouvir batidas
na porta. E são fortes. Quem é que está batendo nessa hora? Vou
até a porta, nem olho para o "olho mágico" e abro a porta. Meu Deus!
Dou um passo para trás pelo susto.
— O que foi linda? Parece que viu um fantasma? Tudo bem? —
Perguntou, me fitando. Fico calada diante dele. — Linda, posso
entrar? — Ele acaricia o meu rosto, olho para ele e sacudir a cabeça
que sim. Dou a passagem para ele entrar, depois fechei a porta. Ele
vai para o sofá e se senta, afrouxa a gravata, me chama para eu
sentar no seu colo, o fito por tempo. Levanta a sobrancelha,
estranhando a minha demora. Então me sento, mas não no seu colo,
sim ao seu lado. Ele ficou um pouco intrigado, mas se virou
inclinando para frente para me beijar, porém, desviei o rosto, fazendo
beijar a minha bochecha. Droga Raquel! Assim ele vai desconfiar?
Ele se afasta e me fita. — O que está acontecendo? Não atende as
minhas ligações? Fui te procurar na sua sala e você não estava lá?
— Questiona. Tenho que pensar em alguma coisa, não posso falar
com ele sobre mim e Bruno, bom não agora. Vou ter que inventar
uma desculpa.
— Olha… É que estou estressada… — Gesticulo, virando de
lado.
— Estressada? Está falando do caso que Bruno está
trabalhando? — Ele se aproxima, faz carinho no meu braço e lembro
que quando estava embaixo da mesa, me escondendo de ser pega
no flagrante, Bruno disse para ele sobre seu caso. Olho para ele
balançando a cabeça, concordando. Abre os braços, me chamando e
vou até ele, que me envolve nos seus braços. — Não fica assim,
Bruno é assim mesmo, quando não sai no que ele planejou. Só o
deixe pra lá. — Beija a minha cabeça, sacudir concordando. Com o
rosto encostado no seu peito e com a cabeça sobre a minha, ele
sussurra. — Que tal irmos para assistirmos um filme romântico, pedir
uma pizza… — Me afasto e olho para ele.
— Acho melhor não… Não estou com cabeça para isso…
— Tudo bem. Podemos ir para cama… — Ele se levanta, me
puxando para irmos para o quarto. Tiro o meu braço e recuo para
trás sacudindo a cabeça, negativamente. Vira-se, levantando a
sobrancelha, surpreso. Não esperava aquela minha atitude.
— Por que tenho a impressão que você não quer que fique
aqui? — Pergunta, com as mãos no bolso, me fitando.
— Não é isso… Só que não estou com cabeça para isso… —
Desvio o contato visual, pois não vou conseguir mentir e dizer o que
estou sentindo. Agora não é o momento para isso. — Queria ficar
sozinha…
— Está bem. Vou deixar você sozinha… Mas amanhã depois
do trabalho, vamos jantar. — Ele se aproxima, ergue seu dedo para o
meu queixo, fazendo olhar pra ele. Sacudir a cabeça que sim. Depois
ele beija a minha testa, se despedindo. Acompanho até a porta e em
seguida a fechei. Encostei na porta e me jogo no chão com as mãos
na cabeça. O que vou fazer?
Fechei a porta do carro. Não estava acreditando naquilo?
Porque ela estava me ligando, principalmente a essa hora?
— Wirley? Wirley? Você está aí? — Ela pergunta. Continuo ali
parado ouvindo aquela voz… Confesso que faz dois anos que não
falamos… Mas o que ela quer ligando para mim depois que Bruno
terminou com ela? — Wirley, está me ouvindo? — Pergunta mais
uma vez.
— Oi Letícia, sim estou aqui. Por que está me ligando? —
Indago, estou encostado no meu Porsche.
— Que bom, achei que tinha caído a ligação… — Ela disse com
ternura. Isso me faz lembrar da antiga Letícia, doce e amorosa
quando…. Ah, esquece isso, Wirley! Droga, estou com a Raquel
agora! Merda!
— Perguntei por que está me ligando?
— Ahhh... Queria conversar, estou muito mal, sabe? Depois
que seu amigo terminou… Comigo… — A voz parece falhada, acho
que está chorando. Bruno é um canalha mesmo. Está tudo resolvido
entre a gente, mas continua sendo um babaca. — Wirley… Teria
como conversarmos?
— Está bem. Amanhã podemos conversar… — Ela me
interrompe.
— Amanhã não. Pode vim aqui no meu apartamento? — Ela
inquiriu. Não imaginava aquilo, ela está me chamando para ir ao seu
apartamento e nessa hora? Tiro por um momento o celular do
ouvido para ver a hora e vai dar onze horas. — Por favor, Wirley.
Vem, estou muito abalada com isso tudo… Faz dias que não me
alimento direito… Não tenho mais ninguém… Por favor… — Ela
insiste. Olho para o apartamento da minha namorada, depois levei a
mão na cabeça, coçando e pensando o que faço? Ela insiste mais
um pouco e acabei aceitando. Mas disse que vou ver como ela está
e não posso demorar, pois tenho que está na empresa bem cedo, ela
concorda e em seguida nos despedimos. Desliguei o celular,
coloquei no bolso da calça, abri a porta do carro e entrei em
seguida. Dei a partida e sai dali. Vou lá ver como ela está.
Sai do elevador deixa alguns passos indo para o apartamento
da Letícia, começa vim algumas lembranças…
— Pará Wirley! Alguém pode passar e nos ver assim, quase
despida. — Ela disse, se ajeitando depois que sua blusa está aberta.
Ela olha para os lados para ver se não tinha ninguém. Se afasta e vai
até seu apartamento, para em frente e começa a procurar a chave.
Caminho bem devagar para ela não perceber, pego na sua cintura
girando ela, que leva um susto deixando a bolsa cair. Coloco meu
dedo na sua boca para ela não gritar. — Está maluco! Quer me matar
do coração? — Dá um tapa no meu braço.
— Hmm… Acho que não tenho esse poder todo? — Sorri,
olhando bem nos seus olhos. Ela joga seus braços em volta do meu
pescoço, se aproxima indo para o meu ouvido.
— Ah, você tem sim. Sabe usa muito bem essa língua… —
Sussurra, que dar uma leve mordida na minha orelha. Ainda com a
mão na sua cintura, puxo bem perto do meu corpo e dou uma
apertada de leve na sua bunda, que dá um gemido bem baixinho.
— Letícia… Esqueço que estamos no corredor e fodo com
você aqui mesmo! — Digo com a voz rouca, minha boca está perto
da sua e dou um beijo cheio de desejo.
— Calma. Deixa eu abrir a porta, aí você pode fazer o que
quiser! — Ela se afasta com os braços esticados, me impedindo de
continuar com os beijos. Ela se vira ficando de costas para mim,
procura a chave para abrir a porta.
— Você me deixa louco… Não vejo a hora de casarmos logo…
— Me inclino para frente indo na sua orelha sussurrando que se vira
e pega na minha gravata me puxa me dando beijo, depois me solta.
— Você que me deixa louca. E sobre o nosso casamento, se
acalme que falta pouco… Agora deixa eu abrir essa porta, tá? —
Balanço a cabeça e entramos no seu apartamento. Fomos para o
sofá e fizemos amor ali mesmo. E fizemos de novo e de novo.
Sacudir a cabeça para afastar essa lembrança. Isso é do
passado. Continuo caminhando até a porta do apartamento da
Letícia. Dou duas batidas na porta. Logo ela abre. Puta merda! Ela
está vestida com camisola branca com decote e com robe
transparente por cima. Acho que não foi uma boa ideia eu ter vindo
para cá?
Estava ali imóvel, olhando para ela. Está deslumbrante, usando
aquela camisola de seda, que me lembre… Ela ia usar na nossa lua
de mel…
— Que bom que você veio.. . — Ela disse com a voz baixa e
sensual. Porém, só fico olhando para sua camisola… Achei que não
sentia mais nada, estava enganado. Ela ainda mexe comigo… —
Você não quer entrar? — Encosta no umbral, joga o cabelo para o
lado, com esse pequeno movimento consigo sentir o perfume do seu
cabelo… É delicioso… Merda Wirley! Isso não hora para ter uma
recaída, você está com a Raquel! Me componho e olho firme para
ela!
— Sim… Mas fecha esse robe e deixa eu entrar. — Ela deu
passagem para eu entrar e em seguida fecha o robe, também a
porta.
— Vai querer alguma coisa: vinho, vodka, água? — Pergunta,
enrolando uma mecha de cabelo no dedo.
— Não quero nada. Só vim aqui por que você me ligou, aliás,
que loucura foi essa de me ligar? Nunca fez isso depois… — Não
consigo terminar. Ela se aproxima colocando suas mãos no meu
peito.
— Depois que terminamos? É isso que você ia falar… —
Encosta sua cabeça no meu peito e começa alisar com a mão.
— Letícia se afasta, por favor. — Levo minhas mãos no seu
braço, me afastando. — Você disse no telefone que está mal por
conta do fim da relação com Bruno! — Ela vai para o sofá e se senta
com a mão no rosto. De repente seu semblante muda
completamente.
— Sim, sim… Não entendo porque ele fez isso? Sabe, o jantar
na casa dele foi ótimo… A mãe dele gostou de mim e sua irmã
também… — Lágrimas começam a cair do seu rosto. Antes estava
tentando ser neutro e até um pouco frio pelo modo como ela me
recebeu. Mas vendo ela desse jeito, abalada pelo término e com
certeza não esperava isso, quer dizer, ninguém espera por isso…
Vou até o sofá e me sento ficando do seu lado, nota a minha
presença e se joga nos meus braços, me abraçando. Coloco o meu
braço em volta dela, confortando. — Isso não é justo… Estávamos
bem… Até aquela piranha aparecer e jogar pra cima dele! Estou com
tanta raiva daquela piranha! — Ela disse irritada. Olho um pouco com
receio. Será que está falando da Raquel?
— Letícia, não está se referindo a Raquel? Que garanto que ela
não fez… — Ela me corta.
— Não acredito que vai defendê-la, Wirley! Ela é uma piranha
sim, viu ele todo lindo e dono daquela empresa, com certeza vai
querer dar um golpe nele…
— Por favor, pare imediatamente de falar assim dela! Não
admito! — Me levanto erguendo a mão em sua direção, para ela
parar de falar assim da minha namorada. — Não foi culpa dela para
você e Bruno terminarem. Verdade seja dita, ele nunca gostou de
você… — Parei de falar, ela se levantou e veio até mim, me fitando.
Dou um passo para trás desviando o olhar. — E outra, eu e a Raquel
estamos namorando. Como disse antes, ela não tem nada haver com
isso.
— O QUÊ? VOCÊ E AQUELA RIDÍCULA JUNTOS? —
Esbraveja em choque, por revelar que eu e Raquel estamos
namorando. Ela se aproxima pegando no meu braço. — Wirley não
vê que ela está brincando com seus sentimentos. Por ser esse cara
bom e gentil, sabia que ia se aproveitar de você. — Ela ergue suas
mãos e segura o meu rosto. Tiro suas mãos e recuo olhando para
ela.
— Ela não é você, que me deixou para ficar com Bruno a dois
anos atrás ou já esqueceu? — Ela me olha espantada. E continuo. —
E se ela estivesse interessada, como você está dizendo, ela ia me
falar.
— Claro que não. Acha mesmo, ela se envolvendo com o
Bruno, como estou dizendo ia dizer? — Ela se aproxima de mim,
mais uma vez me afasto.
— CHEGA! — Explodo, que se assusta pelo o meu grito. Me
olha aturdida. — Desculpa, se de assustei. Tive que fazer isso para
você parar de falar essas besteiras da Raquel.
— Mas tenho que falar, não ver que ela… — A corto, fitando-
lhe.
— Para com isso, Letícia! Se não vou ter que ser grosseiro e
não quero fazer isso… — Levo a mão no rosto, esfregando os olhos
para me acalmar. Depois volto a olhar para ela. — Acho melhor eu ir
embora… Não foi uma boa ideia ter vindo… — Me viro e caminho até
a porta, quando ela pega no meu braço que me faz eu virar para ela,
me abraçando.
— Desculpa… Tem todo direito de ter ódio de mim… Sou uma
pessoa horrível… Me desculpe… — Começa a chorar
descontroladamente. Me sinto mal ter falado aquelas coisas,
relembrando do passado… Ergo a minha mão no seu cabelo e
começo a alisá-lo… Está tão macio… E cheiroso… E de repente,
ela levanta a cabeça e seus lábios tocam nos meus… E nos
beijamos…
Sinto o seu beijo me invadir completamente. Mistura de desejo
e voracidade… Não resisto e com a outra mão pego na sua cintura e
puxo para perto do meu corpo e ela leva as suas em volta do meu
pescoço, continuamos nos beijando loucamente…
— Vamos para meu quarto… — Ela sussurra na minha boca.
Abro os olhos, logo me afasto da Letícia. Me distancio indo para o
sofá ficando de costas para ela. Que merda estou fazendo? Não, não
posso! Levei a mão na cabeça não acreditando no que acabei de
fazer! Sinto uma mão tocar no meu ombro, me viro e dou um salto
para trás, me afastando dela. — O que foi Wirley? — Pergunta,
olhando para mim, não entendendo a minha atitude.
— O que foi? Não devíamos fazer isso Letícia! Estou
namorando com a Raquel, o que deu na sua cabeça? — A fito,
severamente. Ela se aproxima.
— Calma Wirley. Não precisa ficar assim… — Faz gesto com a
mão apontando para mim. Olho para ela sem entender.
— Assim? Como? — Questiono.
— Todo alterado. Até parece que ela não fez o mesmo com o
Bruno… — Dá os ombros, fazendo desdém. Levantei a sobrancelha,
estarrecido o que ela disse. — Tinha até esquecido o gosto do seu
beijo… Como é gostoso… — Estica o braço para o meu rosto, mas
peguei sua mão e abaixei, depois a joguei no sofá que estava do
meu lado.
— Aí Wirley… Você me machucou… — Ela disse com a voz
manhosa. Ignoro com as mãos na cabeça. Será que a Raquel faria
isso comigo? — Está pensativo Wirleyzinho? Não se preocupe, o
chifre trocado não dói…
— Cala boca! — Vou até ela, ficando bem perto dela. — E para
de me chamar assim, não temos mais essa intimidade!
— Humm, não foi isso que apareceu os minutos atrás, pelo
contrário. — Ela encosta-se ao sofá, dando um sorriso. Merda! Ela
está certa, o que deu em mim fazer isso! — Não fica assim… Não
tem culpa você ainda ser louco por mim… — Ela levanta do sofá e
vem até a mim, desvio o rosto, ela vai no meu peito, fazendo
movimentos circulares com as pontas dos dedos. Sentindo o seu
toque vem aquele sentimento do passado… Não, não… Estico os
braços e me afasto.
— Escuta aqui, Letícia! Vou falar uma vez e prestar atenção. —
Falo sério para ela, que encolhe os braços e olhando para mim. —
Isso que aconteceu não vai se repetir! Só vim aqui por compaixão no
que Bruno fez com você, nenhuma mulher merece passar por isso,
até você! Mas agora vou embora! — Fui até a porta e nem dei
atenção para ela. Fechei a porta com força.
Caminho até o elevador, assim que aperto o botão, não demora
ele chega. Por sorte está vazio, apertei o botão, mais uma vez, mas
para o terraço. E vem na mente o que a Letícia disse sobre a Raquel.
Será que ela está me enganando? No apartamento dela estava
estranha comigo?
Droga Wirley! Claro que ela não faria isso! É coisa da Letícia
para você desconfiar dela, mas por quê? Abriu o elevador. Amanhã
vejo isso, agora tenho que esquecer o que aconteceu. A Raquel não
pode saber disso!
Ando para um lado e para o outro. Porque ela está demorando
a chegar? Depois que Wirley saiu daqui, liguei para a minha amiga,
claro, me xingou horrores, pois tinha que desmarcar seu encontro
com a Elena. Mas preciso dela e não faço a mínima ideia o que
fazer? Ouço batidas na porta, deve ser ela.
— Espero que seja urgente! Perdi uma ótima oportunidade de
jantar… — Abri a porta, entra reclamando por eu ter ligado pra ela,
mas muda quando ver o meu estado. — Raquel, o que houve? —
Me abraça. Não aguento e começo a chorar. Minha amiga fecha a
porta e depois me leva até o sofá, senta-se do meu lado. — Por
favor, me diz o que aconteceu e por que raios você está assim? —
Volta a perguntar, tento parar de chorar, mas não consigo. A Patrícia
diz que vai na cozinha pegar um copo com água e açúcar. Logo ela
traz o copo, falo que não precisa. Minha amiga me deu um copo
assim mesmo e bebi, aos poucos vou me acalmando, depois
coloquei o copo sobre a mesa e voltei a olhar para ela, que segura
minha mão.
— Patrícia… Eu não sei o que fazer… — Praguejei, olhando
para baixo.
— Está falando sobre o quê? — Indaga. Levanta o meu rosto.
— Por acaso é sobre seu namorado? — Sacudir a cabeça
confirmando.
— Aconteceu uma coisa entre mim e o meu chefe hoje... —
Ergo a mão para enxugar a lágrima que persistia em cair.
— O que foi agora? Vai me dizer que o tesão falou mais alto e
vocês transaram no escritório? — Se vira e encosta no sofá. Ficou
um silêncio, depois olha para mim, nota o meu semblante e dá um
pulo no sofá. — Puta que pariu! Sério? Vocês transaram?
— Não foi uma transa… — Me levantei do sofá, coloquei uma
mecha de cabelo atrás da orelha.
— Humm… Sei… — Cruza os braços e me fita com aquele
olhar de “o que estou escondendo". Dou uma bufada, pesadamente,
passando por ela. Tento evitar esse assunto, mas minha amiga pelo
braço me puxando para o sofá e sentamos, está de frente pra mim,
insistindo pra contar.
— ESTÁ BEM, ESTÁ BEM! — Levantei as mãos no ar, me
rendendo as suas insistências. Droga, não tem jeito. — Vou contar,
mas tem que prometer que não vai falar isso pra alguém? — Advito.
— É claro… Que não né? Agora me conta cada detalhe. E boy
é bom de cama?
— Bom, de dedo é perfeito! Só de me tocar lá. — Aponto para o
meu sexo, ela continua prestando atenção sem piscar. — Me fez ficar
toda molhada, faltava pouco para gozar.
— Eita porra! O cara é brabo mesmo. — Pontuou, Dou um leve
empurrão nela, que começa a gargalhar. — Me conta, depois você
sentiu o pauzão dele?
— Não deu tempo… — Ela me olha sem entender e continuo.
— Quando estava se preparando, o Wirley apareceu…
— Que merda! Pegou no flagra? — Pergunta, balancei a
cabeça, negando.
— Não foi assim… A porta estava fechada, ele chamou pelo
Bruno e meu chefe falou para me esconder embaixo da mesa, fiz
isso. Wirley perguntou por mim, mas ele disse que não me viu?
Depois ele saiu. — Disse, lembrando daquela cena. Chega dormir o
meu coração, não queria magoar o Wirley…
— Depois que ele saiu, vocês voltaram a transar? — Olhei para
Patrícia chocada.
— Acha mesmo que sou esse tipo de pessoa? Falando assim o
Bruno tem toda razão de me chamar de piranha mesmo! — Encolhi
os ombros e abaixei a cabeça.
— Nada a ver isso. O Bruno é um idiota! E outra, dar pra ver
que com seu chefe você sente algo a mais do que o Wirley. Não
entendo por que você não fica com ele logo? — Patrícia se aproxima,
tocando no meu ombro. Olho para ela por tempo. Não sei por que
não faço isso… — Acho que você não faz isso, por tudo que passou
com o Bruno e o pouco que disse desse seu chefe como ele trata
outras mulheres, acha que vai ser igual. Mas me desculpe Raquel, só
de falar que te ama isso muda tudo. — Olho para ela, impressionada.
Estou pensando isso mesmo.
— Patrícia, como você adivinhou que estava pensando isso? —
Ela me abraça, me puxando para si. — Esqueceu que conheço você,
mais do que você mesma? — Me distancio para olhar pra ela e uma
lágrima cai. Sacudir concordando.
— Não tenha medo. Se entrega a essa paixão ou antes que
seja tarde! — Aconselha, enxugando o meu rosto.
— Tem razão… Vou conversar com o Wirley e terminar a nossa
relação. Não posso mais lutar pelo que sinto.
— Isso garota! Agora que está decidido, acho que posso ir pra
casa… — Ela levanta-se do sofá. Pego na sua mão que vira pra
mim.
— Vai não Patrícia… Pode… Passar a noite aqui? Sabe…
Saudade do seu colo… — Soltei seu braço e coloquei uma mecha de
cabelo atrás da orelha.
— Mais é claro. O que minha irmãzinha pede que não faço. —
Ela me abraçou, depois beijou a minha cabeça. — Vamos pedir uma
pizza e assistir aqueles filmes bem dramáticos para choramos
horrores, até ficamos desidratadas, que tal? — Sacudi a cabeça,
concordando.
Pediu para eu tomar um banho, enquanto ela ligou para pedir
uma pizza pra gente. Depois de sair do banho, vestida com uma
camisa e uma calça de moletom, sentei do seu e começamos a
assistir o filme Como eu era antes de você, comemos a pizza e
bebemos um pouco de cerveja long neck que estava na geladeira.
Como é bom, está com a minha melhor amiga. Amo, amo minha
irmãzinha.
Saí do elevador e fui para a minha sala. Cheguei cedo ao
escritório, ainda está vazio. Parei na porta, fiquei pensando no que a
Patrícia me disse na outra noite. Não posso mais ficar nesse dilema
e parar de ter medo.
Tenho que conversar com o Wirley e terminar com ele. Não
posso ficar com uma pessoa e pensando nela. Com a mão na
maçaneta e abrir a porta, assim que entrei na sala e senti um braço
me puxando. Quando fui ver estava nos seus braços, era o Wirley
que inclina a cabeça para frente para me beijar, mas consigo virar o
rosto na hora.
— Por que você fez isso? — Questiona, me fitando por ter
desviado o rosto.
— Ora… — Me afasto dele. Penso no que vou dizer e olho ao
redor, me lembro que estamos na empresa. — Estamos na empresa,
não podemos ficar… Abraçando e nos beijando… É isso…
— Mas estamos aqui na sala, não tem problema e outra, ainda
é cedo. Não chegou ninguém, nem Bruno ou a senhora Montenegro.
— Ele se aproxima e pega na minha cintura, me puxando para si.
Quando ia me beijar o meu chefe entra na hora.
— Que merda. Aqui não é motel para ficarem se agarrando! É
uma empresa de respeito. — Entra dando bronca, fecha a porta com
força. Noto que está com raiva. Suponho por me vê, nos braços do
Wirley. Caramba, como queria falar que já decidi, que quero ficar
com ele…
— Bruno não pode falar assim. — Wirley o repreende, mas ele
olha para mim. Depois passa por mim indo para sala, ignorando o
Wirley. — Olha só, tem coisas que não mudam… — Resmunga, mas
olho para porta e nem presto a atenção que o Wirley disse. Estava ali
olhando para a sala do meu chefe. — Raquel você me ouviu? — Ele
puxa o meu braço para olhar pra ele.
— Oi? Desculpa… Estava pensando em outra coisa. — Abaixei
a cabeça e fui para a minha mesa.
— Está muito estranha? Rejeita os meus carinhos… Distante…
Você está bem? — Wirley pergunta cruzando os braços, me fitando.
— Já disse que é muita coisa na minha mente! É esse caso do
meu chefe, é da decisão que tenho de tomar… — Na mesma hora
paro de falar, olho para o Wirley.
— Decisão? Que decisão Raquel? — Dar um passo para frente,
encostando a mão na mesa. Engulo a seco. Será que falo com ele
agora sobre o nosso término? Acho melhor deixar pra outro dia.
— Não. Sabe o que é… Levei as mãos na cabeça. — É que a
minha amiga está namorando. Você lembra-se da minha amiga, a
Patrícia? — Ele balança que sim e continuo. — Então, ela quer levar
a namorada lá em casa, para fazer um jantar de casais hoje, sabe? E
como você anda ocupado e eu também. Decidi desmarcar. Tudo
bem?
— Ah… É isso? — Se afasta e coça a mão na cabeça, depois
volta se aproximar e fica do meu lado, jogando seu braço em volta do
meu pescoço. — Por que não me avisou? Poderia dado um jeito. —
Beija a minha testa.
— Fica pra próxima. Não se preocupe. — Disse, ele se afasta e
olha para mim.
— Que tal, na hora do almoço eu leva-la num belo restaurante?
Já que estamos estressados? — Ia levantar a mão para rejeitar, mas
ele abaixa a minha mão e me abraça. — Nem se atreva dizer não.
Estamos precisando. — Olho para ele, sacudir a cabeça que sim.
Tenho que dizer, o Wirley quando quer persuasivo ele
consegue, deve por conta do seu trabalho como ser excelente
advogado e também ele é lindo. Nos despedimos, pois tenho
trabalho e ele também, está finalizando um caso. Ele saiu e fechou a
porta.
Jogo-me na cadeira e penso que vai ser difícil falar pra ele que
gosto de outro, que justamente é meu chefe.
Pronto. Esse é o último. Caramba, finalmente acabei de
imprimir esses papéis. Agora vou voltar para minha sala e entregar
isso para o meu chefe. Olho a hora e falta meia hora para o almoço,
vou me apressar que depois Wirley vai lá para a gente ir ao tal
restaurante.
Acabei de entrar na minha sala, vou até a porta do meu chefe
para entregar esses papéis, vai tentar, de novo, um acordo com o tal
promotor do caso. Bruno vai tentar de tudo para esse caso não ir a
julgamento, principalmente indo para júri popular! Estou com os
papéis na mão e de frente a porta. Meu coração está disparado,
fecho os olhos e tento me acalmar. Respiro fundo, depois solto o ar,
sem demora bato na porta. Pude o ouvir gritar.
— PODE ENTRAR! — Abrir e depois a fechei. Ele estava
sentado na sua cadeira com celular no ouvido. Acho que está falando
com alguém, mas estou de longe não consigo ouvir. Com quem ele
está falando? Está até sorrindo? Ele me vê e faz um gesto com a
mão para me aproximar. Chegando perto da mesa, ele nem me nota,
mas consigo ouvir com quem está falando. — Sim, Luna. Foi incrível
na outra noite, mas hoje não dar. Tenho um caso para resolver e não
posso me distrair, rs. Mas podemos almoçar juntos, que tal?
Podemos ir ao La Trattoria, é um excelente restaurante italiano, você
vai adorar. Então está resolvido, vou aí de buscar. Tenho que
desligar, tchau. — Ele olha para mim, não esperava que eu ainda
estivesse aqui. Não consigo controlar, mas acabo explodindo pra
cima dele.
— Quem é essa mulher que estava falando? Você saiu com ela
outra noite? — O questiono, com muita raiva. Jogando os papéis na
mesa. Ele arqueia a testa, depois levanta-se da cadeira, dando a
volta da mesa e ficando na minha frente, me encarando.
— Isso não é da sua conta. O que faço da minha vida particular
é problema meu!
— Você… Não pode falar assim… — Gesticulo, tento olhar pra
cima para não deixar as lágrimas cair. Volto a olhar para ele. — Não
pode ser grosso comigo… — Ele me interrompe.
— Falo como quiser, eu sou seu chefe! E nada de você e sim,
senhor! Entendido! — Caminho até ele, ficando bem perto dele. Olho
dentro dos seus olhos.
— Que eu me lembre, você, foi no meu apartamento dizendo
que me ama… — Sussurro, ele vira o rosto para não continuar
ouvindo. Com a minha mão levo até o seu rosto e viro, para olhar pra
mim. — Ou vai dizer, que da noite pro dia não sente mais nada? —
Ele não diz nada, só continua me fitando. Inclina para frente a
cabeça, fecho os olhos para sentir seus lábios, sinto tocar de leve,
mas ele se afasta, indo para outro lado da sala, ficando de costas
para mim.
— Já foi… É coisa do passado agora… — Afirma, virando
para mim. E continua. — A senhorita já fez sua escolha também.
— Como assim? Não fiz nada. — O fito. — Nem falei da minha
decisão.
— E nem precisa! — Ele zomba, olho para ele, seriamente. —
Quando cheguei, estavam tão agarradinhos, se beijando… — Fala
com um tom de raiva. Fazendo gestos com as mãos entre lançadas,
depois as soltas. Vira de costas e solta o ar, pesadamente. Ele está
pensando… Oh, meu Deus! Não, não. Eu quero ficar com você…
Tento me aproximar, mas ele se afasta. — Nem vem tentar me dar
desculpas… Que está na dúvida e blá, blá. Estou cansado dessa
porra! ESTOU CANSADO! — Ele disse, com os olhos cheios d'água.
— Mas Bruno… Eu quero dizer…
— CHEGA! — Ele grita. Erguendo a mão me impedindo de
falar. — Cala a boca! Não quero ouvir mais nada! — Engulo a seco,
olhando para ele. Ele levanta o braço e ver a hora. — Já é hora do
almoço. Melhor você ir para sua sala, antes que seu namorado
apareça lá e não te ver e se vim aqui, eu não vou mentir de novo. —
Ele disse com as mãos no bolso da calça. Olho pra ele não
acreditando que ele disse isso. Balancei a cabeça e sai da sala e
fechei a porta com muita raiva.
Já na minha sala, me sento na cadeira. Não posso mais ficar
nessa situação. Tenho que resolver isso logo com o Wirley, depois do
almoço vou criar coragem e terminar com ele. Será que ele voltou
com a Letícia? Não, ele a chamou de Luna.
Se Wirley me levasse para esse restaurante, poderia ver como
ela é. Espera ai? Ouvi o nome, quando estava no telefone. Qual o
nome? Lembrei, é Lá Trattoria. É isso, vou pedir pro Wirley me levar
nesse restaurante. Vamos ver quem é essa tal Luna.
Saio da sala da Raquel, notei que a minha linda não está bem.
Primeiro aquela noite no seu apartamento, agora aqui na empresa.
Está distraída… Preocupada…
Também precisava beijá-la, sentir seus lábios nos meus. Desde
que fui ver a Letícia e depois que nos beijamos, quer dizer, ela me
beijou, só fiquei sem ação e acabei me envolvendo na situação.
Wirley para de se enganar. Na verdade eu gostei de sentir o gosto da
sua boca…
Parei de andar e sacudir a cabeça para afastar esses
pensamentos. Olho pra cima, dou uma bufada de ar e continuo
andando até chegar na minha sala. Cumprimento a minha secretária
e vou para minha, quando ela me chama.
— Senhor Castro, preciso lembrar-lhe que o senhor tem uma
reunião com o cliente às dez da manhã. — Avisa, me viro para ela,
arqueando a testa.
— Reunião com o cliente às dez? Não me lembro. Tem
certeza? — Pergunto, cruzando os braços.
— Sim senhor. Foi o senhor mesmo que me pediu para marcar!
— Ela se afasta e vai até a sua mesa de frente para a minha. Não é
igual da Raquel que a sala dela é no mesmo cômodo que do Bruno,
por ser grande e também ele advogado sênior e sócio da mãe dele,
por isso que tem essa diferença de sala. Vou até falar com a Sheila,
tive ótimos resultados, novos clientes e antigos, satisfeito com o meu
trabalho, acho que mereço uma promoção. Assim, o Bruno não é o
único pegando os melhores casos, rs. Ela volta com agenda e me
mostra. — Aqui senhor. Reunião com a esposa do cliente.
— Caramba… Tinha até esquecido. Mas é tanta coisa, que
acabei esquecendo. Mil desculpas, sei que a senhora faz muito bem
o seu trabalho. Obrigado por me avisar.
— Que isso, senhor. Sem problemas. — Ela disse, fechando a
agenda e colocando debaixo do braço.
— Só liga, avisando que eu deva demorar um pouco, por favor.
— Pedi, ela balançou a cabeça que sim. Depois entrei na minha sala
e ela foi para sua mesa, fazer o que lhe pedir. Puxei a cadeira e me
sentei. — Caralho! Deve ter chegado os arquivos que do promotor
desse caso, sobre as provas que ele tem contra o meu cliente. Pego
o fone do interfone e pergunto para minha secretária se chegou
alguns arquivos do caso? Ela disse que vai ver na sala de arquivos,
depois desliga e coloco o fone no gancho de novo. Sinto o meu
celular vibrar, o que será? Tiro do bolso e vi que recebi uma
mensagem. Conheço esse número. Abri whats para o ver o que ela
escreveu.

Leticia:
Wirley, queria pedir desculpas. Pelo que aconteceu na outra
noite.
Você foi tão legal de vir aqui…
E como desculpa, você poderia vir aqui para fazer um jantar.
Prometo, que vamos só conversar.
Topa?
Ela está me chamando para ir no seu apartamento e vai fazer
um jantar? Me lembra da velha Letícia que cozinhava para mim…
Merda! Jogo o celular na mesa! Não, não! Você está com a Raquel.
E escuto batidas na porta, fazendo eu sair daquele transe.
— PODE ENTRAR! — Grito e entra a minha secretária.
— Trouxe os arquivos que o senhor me pediu. — Ela se
aproxima e coloca sobre a mesa. Depois se afasta.
— Obrigado. — Peguei e folheei. Depois falei que ela pode ir,
em seguida ela acena com a cabeça que sim, saindo da sala. Levei a
mão no rosto, esfregando os olhos. Tenho que pensar na Letícia, ela
é do passado. Me fez muito mal. Agora estou com a Raquel e com
ela vou ser feliz. Me levanto da cadeira, pego os arquivos e minha
pasta e saio da minha sala. Tenho uma reunião para ir agora!

Graças a Deus! Cheguei. Como foi exaustivo essa reunião.


Mulher difícil, mas a coloquei contra parede ela me disse tudo, sobre
os desfalques do seu marido, que fez isso para ajudá-la, pois estava
com câncer. Mas isso vai me ajudar no acordo.
Agora vou até a minha linda para sairmos para almoçar. Estava
caminhando, indo para sala da Raquel e Bruno passa por mim.
Aproveito e pergunto se ela está na sala, mas passa por mim sem
responder e até me dar um esbarrão. Ele entra no elevador.
Viro-me, achando estranho, parecia atordoado. Deixo pra lá e
continuo andando até a sala. A porta está encostada, abro e ela está
ali sentada, distante. Aproximei-me e toquei no seu ombro, ela olha
pra mim.
— Oi Wirley. É você. — Ela disse não com muito entusiasmo.
Mas deixar levar por conta do estresse com o Bruno.
— Então linda está pronta? — Perguntei.
— Sim. Deixa eu pegar a minha bolsa. — Ela disse, levantando
da cadeira e pegando sua bolsa na gaveta.
— Tudo bem. — Estávamos saindo. Ela pega no meu braço,
me puxando. Olho para ela não entendendo o porquê disso. — Que
foi? Esqueceu-se de alguma coisa?
— Não me esqueci de nada. — Continuo a fitando. — Queria
que me levasse para o La Trollaria? — Encolhe os ombros.
— Mas por quer ir nesse restaurante? — Indago, olhando para
ela com uma das mãos no bolso da calça.
— É que vi numa revista… Algum problema?
— Não, minha linda. — A puxo e jogo meu braço em volta do
seu pescoço e beijo sua testa. — Vamos? — Ela sacudiu a cabeça.
Logo sairmos da sala e fomos para o elevador.
Ela saiu bufando de raiva da minha sala, vou até a minha mesa
e encosto levando a mão no rosto. Mais um pouco não ia resistir e
agarrá-la, ia beijá-la. Essa morena me deixa louco! Mas não posso
mais fazer isso, não quero magoar o Wirley. Fiz isso no passado com
aquela doida da Letícia, não posso fazer isso de novo, mesmo sendo
completamente apaixonado por Raquel. Ela tem que decidir.
Quer dizer, ela já fez a sua escolha, porém… Levantei a
cabeça, que me fez lembrar de algo. Quando ela veio pra cima de
mim, questionando os meus sentimentos por ela, parecia segura de
si. Nem se compara ao outro dia que estava na dúvida entre mim e o
Wirley? Caminho para frente ainda pensando. Quando ela se
aproximou da mesa, com certeza, ouviu a minha conversa com a
Luna, ela ficou…
Não pode ser, será? Com ciúmes? Estou rindo agora, por que
não hora não tinha me tocado disso. Se ela está com ciúmes de
mim… Então, ela me ama? Não, não. Se acalme Bruno! Assim que
cheguei ela e o Wirley estavam abraçados.
Puta merda! Essa mulher me deixa doido! Merda! Merda! Abri a
porta da minha sala e sai, nem falei com ela passando direto.
Continuo o meu caminho para o elevador
Estou tão atordoado com essa situação, que esbarrei no Wirley,
mas continuo andando, acho que ele disse alguma coisa, ignorei.
Conseguir pegar o elevador, por sorte está vazio. A porta se fecha,
noto Wirley me encarando. Desvio o rosto, para não aparecer o que
estava sentindo. E estava muito mal, muito mal.
Chegamos ao restaurante. Quando fui buscar Luna, ela estava
linda. Usando um vestido preto até o joelho, com decote nas costas e
com os cabelos cacheados pretos soltos. A hostess nos levava para
a mesa. E claro que ela chamava atenção onde passava. A hostess
nos deixou na nossa mesa e saiu em seguida. Puxei a cadeira para
ela sentar-se. Ela agradeceu, depois eu me sentei. Logo em seguida
chega o garçom trazendo os cardápios, entregou para mim e outro
para Luna.
— Enquanto escolhem o que vão pedir, o que vão querer
beber? Vinho? — Ele pergunta, segurando um celular para anotar. A
Luna abaixa o cardápio me fitando. Sussurrando, mas não consigo
escutar. Ponho o cadarpio na mesa e me inclinou para frente e faço
um gesto com mão para ela se aproximar para ela falar.
— Eu disse champanhe. Nunca bebi e queria experimentar. Só
vi isso nas novelas. — Sorrio e volto a encostar na cadeira. E ela faz
o mesmo. Ergo para o garçom que continua ainda na nossa mesa.
— Por favor, traz seu melhor champanhe da casa. — Digo, ele
digita no celular. Balança a cabeça que sim, depois sai. Enquanto
isso ficamos olhando para o cardápio para escolher o prato. A Luna
ficou enrolando a língua para conseguir falar os nomes dos pratos. E
fui ensinando como se fala. Depois começamos a rir. A Luna é
divertida e linda. Está sendo incrível a sua companhia. Acho que vou
conseguir esquecer a Raquel… Não estou acreditando! Não pode
ser? Vejo o Wirley e a Raquel entrando e sentando numa mesa de
frente a nossa. Caralho! Que merda!
Finalmente chegamos no bendito restaurante. Tivemos que
aguardar um pouco pois não tínhamos marcado e justamente hoje
estava lotado! E esperamos a hostess voltar, ela tinha ido lá dentro
ver se tinha alguma mesa vazia. Não acredito que nadei, nadei e vou
morrer na praia! Droga não tenho sorte! Dei um passo para frente ver
se o meu chefe está aqui, não estou conseguindo ver, tem muita
gente, aff!
— O que está fazendo? — Se aproxima e pergunta por está na
entrada olhando para lá dentro do restaurante.
— Hã… Bem… — Dou várias piscadas. O que vou dizer? Vim
aqui ver se o meu chefe está aqui? Claro, que não posso falar isso.
Pensar, o que falo? E me lembro o motivo para ele me trazer aqui. —
Só queria ver como é… — Logo entra a hostess. Dou passagem
para ela entrar.
Ela disse que tem uma mesa vazia, parece que um empresário
cancelou agora pouco. Olhei para o Wirley feliz. Finalmente vou
poder ver o Bruno e essa tal "Luna"! Ela foi à frente e fomos atrás
dela. Nos levou para a mesa e minha surpresa é de frente a mesa do
meu chefe, mas acho que o Wirley não percebeu. Não perdi tempo,
nem falei com a moça, fui logo me sentar, puxei a cadeira.
— Que pressa é essa? — Questiona, que puxa a cadeira para
se sentar. — Nem esperou eu puxar a cadeira?
— Ah não precisa desse cavalheirismo. E também estou com
fome. — Disse, fazendo um gesto com a mão e olhando para frente.
A morena que está com ele. Está subindo uma raiva por ele fazer
isso comigo, mas tenho que me controlar, pois o Wirley está aqui do
meu lado, mas é difícil vendo o meu chefe com essa mulherzinha!
— O que você tanto… Mas um instante. É o Bruno na outra
mesa? — Indaga o Wirley. Digo que sim e continuo olhando para
frente. — Tenho que dizer que ele não perdeu tempo, o velho Bruno
voltou. A morena é bem bonita.
— Sério? Está de brincadeira? — O encaro, com os braços
sobre a mesa. Ele me olha sem entender. E continuo. — A mulher é
vulgar, olha a roupa que está vestindo, isso não é roupa para um
almoço! Sem contar o jeito dela, ridícula! — Wirley ficou me fitando.
Olho para ele.
— O que foi? Estou errada?
— Está parecendo que está com ciúmes?
— EU COM CIÚMES? — Acabei falando alto. Notei que meu
chefe e a morena olharam para mim. Na hora fiquei sem graça e
olhando para outra direção. Wirley acena de longe, que o Bruno
responde e Wirley volta falar comigo.
— E sim, está parecendo isso.
— Que absurdo. E chama o garçom para fazermos o pedido. —
Wirley não disse nada, porém, fitou por um tempo. Depois acenou
para o garçom que veio logo para a nossa mesa.
Ele nos cumprimentou, depois nos entregou os cardápios.
Enquanto falava com o meu namorado e insistia em olhar para a
outra mesa. Estavam rindo, não sei qual era a graça? Depois ela
pega na mão dele. Que engraçada! Tinha que ser eu pegando a mão
dele e não ela!
— Raquel? Raquel? — Ouço uma voz me chamando.
— O que é! — Me viro já estressada por está me perturbando e
quando vejo é o Wirley. — Ah… Sim…
— Caramba, Raquel! O garçom está esperando para anotar o
pedido, só falta você! — Olho para o garçom que estava ali
esperando. Encolhi os ombros sem graça. Com o cardápio em mãos,
escolho penne ao molho branco com brócolis. Fechei o cardápio e
entrego a ele, que está anotando o pedido no celular. O garçom
pergunta o que vamos querer beber, enquanto a comida está sendo
preparada. O Wirley pede vinho suave. O garçom sai. — Raquel não
estou te entendendo? Está estranha?
— Eu estranha? Que exagero. — Encosto na cadeira cruzando
os braços. E fomos pegos de pelo gritos da outra mesa. A mulher
começou a gritar quando o garçom estava levando um balde de
champanhe no carrinho. — Olha só o que ela está fazendo? Que
mulher ridícula! Como ele pode está com ela…
— CHEGA! — Ele grita e fico imóvel. Noto que todos olham
para nossa mesa e até o meu chefe. — Porra, não aguento mais
isso! — Ele dá um soco na mesa me fitando. Eita, acho que não
conseguir me controlar e não sei o que dizer a ele. Ferrou tudo!
Estávamos no restaurante. A Raquel estava inquieta, não sei
porque, será que nunca a trouxe para esse restaurante? Mas vai ser
bom. Ela andava muito estressada por conta do trabalho e eu… Eu
estava… Não quero pensar na Letícia e não nesse momento! Hoje
quero ter um momento com a minha namorada. Sim, ele que amo de
verdade. E com a Letícia foi uma recaída, por conta que vivemos no
passado. Nesse momento chega a hostess, a Raquel Deus
passagem para ela entrar.
— Desculpa a demora. — Ela disse, recuperando o fôlego.
— Tudo bem. Tem alguma mesa sobrando? — Perguntei,
dando um passo para frente olhando para ela. A moça que está nos
atendendo disse que surgiu uma mesa livre, que em seguida nos
levou até a mesa. Depois saiu e agradeci e Raquel sentou logo, nem
ao menos esperou eu puxar a cadeira para ela sentar, já estava logo
se sentando. Olhei para ela não entendendo essa pressa de se
sentar.
— Ah não precisa desse cavalheirismo. E também estou com
fome. — Ela disse, fazendo um gesto com a mão e olhando para
frente. Noto que está olhando fixamente para a morena na nossa
frente e aproveito, não pude notar o parceiro dela. Caramba!
— Mas um instante… É o Bruno na outra mesa? — Indago Ela
sacudiu a cabeça que sim e continuou olhando para frente. — Tenho
que dizer que ele não perdeu tempo, o velho Bruno voltou. A morena
é bem bonita.
— Sério? Está de brincadeira? — A Raquel me encara séria,
com os braços sobre a mesa. Olho confuso para ela. E contínua. —
A mulher é vulgar, olha a roupa que está vestindo, isso não é roupa
para um almoço! Sem contar o jeito dela, toda ridícula! — Fico
fitando.
— O que foi? Estou errada?
— Está parecendo que está com ciúmes? — Menciono,
olhando para ela encostando-se à cadeira. Não estou gostando nada
disso.
— EU COM CIÚMES? — Ela se levanta gritando. Notei que o
Bruno percebeu e olhou para essa mesa. Droga! E a bela morena
também olhou para cá.
Na hora a Raquel ficou sem graça, a Raquel olha para outra
direção, disfarçando. Então, aceno de longe para ele, que depois ele
faz o mesmo. Viro-me, voltando a falar com a minha namorada. Ela
continua esperando a minha resposta.
— E sim, está parecendo isso. — Respondi. Continuei olhando
para o cardápio
— Que absurdo. — Ela disse. Tento não responder, pois já
estou brabo da minha namorada que está com ciúmes de outro cara
e não de mim!
Levantei a mão chamando o garçom para fazermos essa droga
de pedido, para sairmos logo daqui! Ele nos cumprimentou, depois
nos entregou os cardápios. Estava falando com o garçom e
perguntou o que vou querer, escolhi berinjela a parmegiana com
arroz de alho poro.
O garçom digitava o meu pedido. Depois ele olha para Raquel
se ela já escolheu o seu, mas continuava olhando para outra mesa.
Puta merda!
— Raquel? Raquel? — A chamo, ela olha para os lados. Merda,
levo a mão no rosto, esfregando meus olhos tentando me acalmar.
— O que é! — Olha para mim, finalmente! E fala com rispidez.
Quando me ver o seu semblante muda.. — Ah… Sim…
— Caramba, Raquel! O garçom está esperando para anotar o
pedido, só falta você! — Falo já sem paciência. Ela Olho para o
garçom que estava ali esperando. Encolheu os ombros sem graça.
Com o cardápio em mãos, ela disse que vai querer penne ao molho
branco com brócolis. Fechou o cardápio e entregou ao garçom que
está anotando o pedido no celular. O garçom pergunta o que vamos
querer beber, enquanto a comida está sendo preparada. É claro, que
ela voltou a olhar para a mesa do Bruno! Então pedi para trazer um
vinho. O garçom sai. — Raquel, não estou te entendendo? Queria
tanto vim nesse restaurante é não para de olhar para outra mesa?
Está estranho esse seu jeito?
— Eu estranha? Que exagero. — Encosta na cadeira cruzando
os braços. E fomos pegos de pelos gritos da outra mesa. A mulher
começou a gritar quando o garçom estava levando um balde de
champanhe no carrinho. — Olha só o que ela está fazendo? Que
mulher ridícula! Como ele pode está com ela…
— CHEGA! — Dou grito! Todos do restaurante nos ouvem, mas
foda-se! Cansei dessa porra! Ela fica imóvel. Noto que todos olham
para nossa mesa e até o Bruno, ignoro e continuo fitando a Raquel...
— Porra, não aguento mais isso! — Dou um soco na mesa com raiva
na mesa.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Bruno que está
na nossa mesa. Caralho, era só que me faltava!
— Droga! Caramba Raquel! — Dou um soco na mesa que ela
se assusta. Me fita espantada. — Porra! Conseguimos essa mesa e
você fica... — Encaro que está calada, imóvel na cadeira. Quando ia
continuar o Bruno estava na nossa mesa. Merda!
— Boa tarde Wirley. — Me cumprimenta e depois olha para
minha namorada. — Boa tarde Raquel.
— Boa tarde, Senhor Montenegro… — Ela respondeu
encolhendo os ombros, abaixou a cabeça.
— O que você quer aqui? — Questiono, sendo áspero.
— Vi que estava discutindo e quis ver se está tudo bem? — Ele
olha para a Raquel que desvia o olhar. Fecho o punho. Vai me
deixando bem irritado.
— Se estávamos ou não isso não é problema seu! Acho melhor
você voltar para sua mesa ou vai deixar aquela bela morena
esperando? — Levanto e aponto para sua mesa, que se vira olhando
para trás. Ela acena para ele, que também acenou para ela. Vira o
rosto para olhar para mim, mas nota a Raquel olhando para morena,
chateada. Ele ergueu a sobrancelha desconfiado. Puta que pariu! Ela
não consegue nem disfarçar, droga! — Então? Vai voltar para sua
mesa ou não? — Inquirir, já nervoso com aquilo tudo! Ele não
retruca, se despede e sai. Mas, dar mais uma olhada na Raquel e
volta para sua mesa. Puxo a cadeira para sentar já nervoso pra
caramba. Em seguida chega o garçom com as duas taças e o vinho.
Logo enche nossas taças e avisa que já está trazendo os nossos
pedidos. Acenei com a cabeça que tudo bem. Ele estava saindo e o
chamei para deixar a garrafa na mesa. Ele me fita, mas faz o que
pedir deixando a garrafa na mesa. Num gole só bebo o vinho, pego a
garrafa que estava na mesa e encho mais uma vez. Noto que a
minha namorada está ruborizada me vendo eu bebendo desse jeito,
ignoro. Em seguida vem o garçom com os nossos pedidos e depois
sai. Começo a dar garfada na minha comida. Olho para minha frente,
ela não toca na comida, está me fitando. Pego o guardanapo limpo a
minha boca. Depois jogo o guardanapo na mesa. — Não fez tanta
questão de vir aqui? Então estamos aqui e começa logo, que isso
custa dinheiro! — Ela faz o que mandei. Volto a encostar na minha
cadeira e bebo o meu vinho.
Chegamos no estacionamento da empresa. No caminho não
trocamos uma palavra, ela está chateada pela minha atitude no
restaurante. Chateada? Puta merda! Eu que tinha está chateado,
não, estou muito puto isso sim! Saímos do carro e estava indo para o
elevador, mas ela parou no caminho. Pegou no meu braço e me fitou.
— Precisamos conversar e depois de hoje… — A corto. Me
afastando.
— Justamente por hoje! Não estou entendendo o que você
quer? — Questiono olhando seriamente para ela.
— Como assim? — Ela pergunta.
— Já esqueceu o que você fez? Levo a Minha Namorada para
almoçar, mas chegando lá começa ter ataque de ciúmes, detalhe,
com outro homem! — Ressalto, muito bravo e apontando o dedo
para ela, que por sua vez se vira de costas se distanciando de mim.
— Não tem nada para me falar? — Vira o rosto, seus olhos estão
cheios d'água e vem até mim, me encarando.
— Não queria que fosse assim… Mas… — Cai uma lágrima
no seu rosto. Olho para ela, confuso. Não, não pode ser?
— Espera um momento! Recuo para trás. Levo a mão no rosto
e esfrego. Depois volto a olhar pra ela. — Você está querendo
terminar comigo? É isso? — Ela sacudiu a cabeça dizendo que sim.
Olho para ela não acreditando. Com a mão na minha boca, sendo
pego de surpresa. Puta que pariu!
Estou de frente a ele. Está bem alterado e querendo alguma
explicação pelo o que houve no restaurante, quer dizer, pela a minha
atitude. Mas tenho que ser sincera com ele. Não posso mais fazer
isso com ele… Caminho até ele, olho para o alto tentando não
deixar a lágrima cair. Abaixo a cabeça e volto olhar para ele que está
me fitando.
— Não queria que fosse assim… Mas… — Cai uma lágrima do
meu rosto. Olha para mim, confuso.
— Espera um momento! — Recuou para trás. Levou a mão no
rosto e esfregou. Depois voltou a olhar para mim. — Você está
querendo terminar comigo? É isso? — Balancei a cabeça que sim,
depois coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Isso tem a haver com… Você está gostando do Bruno? —
Ele se aproxima, me encarando. E estavam com um olhar enraizado.
Dou um passo para trás, me distanciando. Ele pega no meu braço
me puxando. — EU FIZ UMA PERGUNTA? VOCÊ ESTÁ
GOSTANDO DO BRUNO?
— Eu… Olha… — Praguejei, ele sacudiu o meu braço.
— PARA COM ISSO! FALA! — Ele esbraveja. Está bem perto
do meu rosto gritando.
— Wirley… Para, está me assustando! — Falo, olhando para
ele com as lágrimas caindo. Ele me solta e se afasta.
Caminha para o lado com as mãos na cabeça, tentando se
acalmar. Enxugo o meu rosto e vou até ele. Estou ao seu lado, ergo
minha mão para tocá-lo, mas paro na hora. Não consigo. Ele está
sofrendo. Ele vira e olhar para mim com os olhos cheios d'água.
— Desculpa se te machuquei… Mas preciso saber, por favor! —
Wirley pegou na minha mão, olhando nos meus olhos. Engolir a
seco.
— Eu… Gosto… — Disse fechando os olhos. Sentir uma
lágrima cair no meu rosto. Não sinto mais sua mão na minha. Abri e
ele estava distante. E volta e faz outra pergunta.
— Quanto tempo você está gostando dele?
— Wirley, por favor… Isso não impo… — Ele me corta.
— CLARO QUE IMPORTA! AINDA MAIS DEPOIS O QUE
VOCÊ ME FEZ, TENHO TODO DIREITO DE FAZER ESSA
PERGUNTA? — Ele aponta o dedo na minha direção. Lembrando-se
de hoje do restaurante do meu ciúme do Bruno.
— Ok. Ok. — Umedeci os lábios, respirei fundo e depois soltei o
ar. — Se quer tanto saber vou dizer, faz um mês.
— Um mês? Mas como assim? Nesse caso… — Ele desvia o
olhar e lembra-se de algo. Volta a fixar olhar para mim. — Está
querendo dizer que sente algo desde que o Bruno foi ao seu
apartamento? Mas ele me disse que você não sentia nada por ele…
— Olha confuso para mim.
— Não… Não podia ficar com ele depois do modo como ele
terminou com a Letícia… Mas no outro dia na sala dele… Não podia
mais ficar nessa dúvida…
— Dúvida? Na sala do Bruno? Quando aconteceu? —
Questiona, se aproximando me fitando.
— Quando você entrou na sala perguntando por mim. — Disse,
ele arqueou a sobrancelha, intrigado.
— Mas você não estava… Só um momento! Você estava lá?
— Sim… Escondida… — Ele dar um passo para frente, me
encarando.
— Por quê? — Indaga, olhando seriamente. Seu olhar estava
bem nervoso. Fiquei calada, não podia falar. Ele vai me odiar ainda
mais… — RAQUEL? — Me chama. Mas virei o rosto para o outro
lado. Ele vai para o meu lado e grita. — FALA PORRA!
— ESTÁVAMOS NOS BEIJANDO! — Solto de uma vez. Ele vai
para minha frente, me fitando.
— Só se beijando? — Perguntou. Não conseguir dizer, só
balancei a cabeça que não com as lágrimas caindo. — Puta que
pariu! — Levou a mão no rosto. Afastou-se e caminhou até seu
Porsche. Estava muito puto. Vou até ele e toco no seu braço,
perguntando aonde ele vai? Ele me empurra que acabo perdendo
equilíbrio e caindo no chão. Ele virou e veio até mim, seu semblante
estava diferente. Seu olhar era de um ódio muito grande.
— Nunca mais olha na minha cara! Ela me avisou e não deu
ouvidos. Que estava brincando com os meus sentimentos… —
Estava caindo lágrimas no rosto dele. Tento me explicar e ele me
interrompe. — Cala a boca! Achava que você fosse diferente, mas vi
que estava enganado!
— Wirley… Não… Me perdoe… — Ele deu as costas e entrou
no seu Porsche, depois saiu cantando pneu. Ai, meu Deus! Olha o
que fiz! Ele está me odiando… E por minha culpa…
Estacionei o carro. Ainda dentro do carro tirei o celular do bolso
da calça. Digitei o número. Está chamando, espero que ela atenda
logo! Ela atendeu.
— Alô? Wirley? — Ela pergunta.
— Sim Letícia, sou eu. Estou ligando que estou aqui de frente
ao seu apartamento. Queria saber se está em casa? — Tiro o cinto e
saio do carro, fechando a porta do carro em seguida.
— Estou. Mas… — Dar uma pausa. — Mas você não estaria
trabalhando a essa hora? — Questiona. Parei na frente do porteiro.
— Só um momento Letícia. Vou falar com seu porteiro e já
retorno. — Falo firme e sério. Ela diz que sim. Logo desligo o celular.
Cumprimento o porteiro e digo que estava no celular com a senhora
Garcia, para ele liberar a minha passagem. Ele acena que sim, me
deixando passar, logo entro no elevador. Pego o celular mais uma
vez, agora disco na última chamada e ela atende, dessa vez não fico
esperando. — Letícia?
— Oi Wirley. Você está subindo? — Pergunta. Deu pra perceber
sua empolgação.
— Sim, sobre a outra pergunta, liguei para minha secretária
para cancelar meus compromissos hoje. — Cheguei ao andar, a
porta do elevador se abre e sai. Caminhei até a sua porta. Desliguei
o celular e coloquei no bolso da calça.
Já de frente a porta, dei duas batidas na porta. Ela abriu, está
usando um vestido de alça finas e que vai até o joelho, bem soltinho
e amarelo claro. Sem perder tempo vou até ela, envolvendo nos
meus braços e a beijo, com muito desejo e urgência.
Que se entrega completamente nos meus lábios, jogando seus
braços em volta do meu pescoço e dando uma leve puxada nos
meus cabelos. Parei de beijá-la e fui para seu pescoço dando beijos.
— Wirley, não que esteja achando ruim… Mas e sua namo… —
Ergo minha mão colocando meu dedo na sua boca impedindo dela
continuar.
— Não tenho mais namorada. Está tudo acabado! — Disse e
ela morde o lábio inferior. — Você estava certa. A Raquel não
gostava de mim, estava brincando com os meus sentimentos.
— Eu te avisei. Rum. Ela é uma safada! Brincando com você e
com o Bruno. — a viro fazendo ela encosta-se à porta que está
fechada.
— Vamos parar de falar desses dois… Eu vir aqui não foi pra
falar deles!
— É mesmo? Veio pra quê então? — Indaga, sorrio para ela.
— Para isso. — Me abaixei e levantei seu vestido, afastei sua
calcinha de lado, comecei a passar a língua lá dentro da sua boceta.
Ela começa a gemer baixinho. Dou uma leve chupada no seu
clitóris, depois passo a língua em volta, para instigar ainda mais.
Volto para "seus lábios" movendo a língua pra cima e pra baixo lá
dentro que vai ficando molhada na minha boca, ela vai gemendo
mais alto e que segura com força o meu cabelo, subo e indo de novo
no clitóris, movimentando em volta, com mais rápido e chupando ao
mesmo tempo, ela rebola o quadril na minha boca.
— Ahhhhh… Ahhhh Wirley... Assim não vou aguentar… Ahh,
Ohh… Que língua deliciosa… — Olha para cima a vendo ficar
enlouquecida
— Está quase é? — Pergunto, sugando seu clitóris bem
devagar.
— Sii… Siiim… Se continuar nesse ritmo… Vou gozar… —
Sussurra, não estou aguentando. Meu pau está bem duro e pulsando
aqui na calça. Me levanto e beijo seus lábios sentindo o gosto da sua
buceta. Abaixo a alça do seu vestido deixando seu seios à mostra,
começo sugando o bico do seu peito e com a outra mão apertando
ou outro peito, que fecha os olhos sentindo o meu toque. Paro e me
afasto e tiro o cinto, também tiro de uma vez a calça e a cueca
deixando a mostra meu membro já duro. Ela umedece os lábios.
— Tira a calcinha e o vestido! — Ordeno. Faz o que ordenei.
Tirou a calcinha para longe e depois tirou o vestido. A Letícia é linda
demais, com aquelas curvas e os seios na medida certa. Nem muito
grande e nem pequenos demais. Perfeita! Pego na sua cintura
fazendo ela se virar ficar de frente para a porta, peço para ela ficar
de quatro e me aproximo dou um tapa na sua bunda que solta um
gemido. Me inclino para frente e coloco o meu dedo na sua vagina
fazendo movimentos circulares lá dentro que começa rebolar com o
meu dedo lá dentro. Tiro e passo o dedo que estava lá dentro da
minha boca para sentir sua buceta. — Está no ponto para eu meter!
— Sorrio e ela engole a seco. Com a mão na sua bunda e outra a
jeito o meu pau na sua buceta e de uma vez coloco lá dentro, que ela
solta um gemido. Dou umas socadas fortes e com as mãos na sua
bunda segurando. Puta que pariu! Ela está tão molhada… Gostosa
pra caralho… Tirei o meu pau, mais um pouco vou gozar. Caralho!
Me agacho e passo a língua na sua vagina, ela volta a gemer
horrores, coloco o dedo lá dentro e vou chupando seu clitóris.
Ficando mais molhada. Levo a mão na boca enxugando. Me levantei
e pego na sua perna levando, coloco meu pau de novo na sua
buceta. Dou as investidas lá dentro e vou aumentando o ritmo,
aumentando as socadas com força.
— Ai, ai… Caralho… Gostoso… Vou gozar… — Ela murmura
no meu ouvido. Continuo com as socadas. E chegamos no clímax do
orgasmo. Solto sua perna que logo cai no chão depois dessa foda.
Pego a minha cueca, vou até o banheiro e tiro a gravata e a camisa.
Ligo o chuveiro e começo a me lavar. E me lembro que não coloquei
a camisinha. Droga, esqueci! Mas acho que não vai dar em nada. A
Letícia teve cuidado com essas coisas.
Ele saiu e me deixou aqui. Droga! Não devia ter feito isso com
ele… Enxugou as lágrimas que insistiam em cair. Levanto e limpo a
minha roupa e de repente ouço passos, pareciam vir na minha
direção.
— Caraca que situação né, gata? Jogada aí no chão como uma
puta… Ahhh, mas você é isso mesmo! — Sinto um arrepio na
espinha. Conheço essa voz. Não, não pode ser? — Vai ficar de
costas pra mim? Caramba, sei que não estou bonito como antes,
mas também o seu chefe querido me deu uma SURRA, ainda estou
com a cara inchada, porém, ainda dou caldo. — Ele continua
andando. Meu Deus! O que eu faço?
— Bu! — Dou um pulo pelo susto. Me virei e está bem na minha
frente. — Que foi? Que cara é essa? Até parece que viu um
fantasma? — Alisa o meu cabelo, sorrindo. Olho para os lados, mas
o Bruno segura no meu rosto com força, fazendo eu olhar para ele.
— Nem adianta tentar fugir… — Com a outra mão ele levanta a
camisa, mostra a arma por dentro da sua calça.
— Meu De… — Ele coloca a mão na minha boca.
— Tu tá maluca! — Ele sussurra, olhando para os lados para
ver se tinha alguém por perto. Volta a me fita. — Fica quietinha e não
tenta nada! Que não tenho pena de meter uma bala aqui mesmo! —
Acenei com a cabeça que sim. Lágrimas caiam sem parar no meu
rosto. Tira a mão da minha boca que recua para trás, mas continua
perto de mim.
— Bruno… O que você quer? — Pergunto com a voz trêmula.
Fiquei com medo de perguntar, mas acho que já sei a resposta. Meu
Deus! Ele vai me matar!
— Calma gata. — Ele se aproxima, virei o meu rosto e dá um
beijo na minha bochecha, depois acaricia o meu rosto. Comecei a
sentir náuseas. — Como fiquei aqui o dia todo esperando você voltar
com seu namoradinho, quer dizer? Ex namorado, pela cena que
acabei de ver ele te deu um pé na bunda, não foi?
— Olha Bruno… O que você… — Praguejo, ele me interrompe.
— Shhiii! — Põe o dedo na minha boca. — Nem vem com lenga
lenga, Raquel! O cara se cansou de comer você, por que se tocou de
como você é uma putinha. Um cara daquele tipo, todo engravatado,
vai perder tempo com uma vagabunda que nem você?
— Pará de falar essas coisas, Bruno! — Dou um passo para
trás e tampo os ouvidos. Não aguento mais ouvir isso! Ele pega
pelos meus cabelos, me puxando com força. — Ai, ai… Está me
machucando… Ai, ai…
— Oh, piranha! Eu falo como eu quiser! Já esqueceu dos
chifres que você me deu? — Me joga no chão na sua frente. E ralo o
os joelhos e não deu tempo de pôr a mão no chão.
— Ai, ai… — Tento me levantar. O Bruno me dar um chute na
minha barriga e caiu no chão de novo. Depois coloca seu pé em cima
de mim, colocando seu peso e deixando deitada ali no chão. — Por
favor… Está… Me machucando…. — Ele continua pisando, posso
sentir ele esmagando minhas costelas. — AIIIIII… — De repente ele
pega nos meus cabelos me puxando com para eu levantar. Dói o
meu corpo todo. Lágrimas não param de cair de tanta dor que estou
sentindo. Ai meu Deus! Será que ele vai me matar aqui mesmo?
— Agora que está caladinha. Vamos pra nossa casa. — Sacudir
a cabeça negativamente. Não estava com forças para falar. Ele se
achega mais e tira a arma da sua cintura. Começo a ficar em pânico.
— Shh… Ei, ei? Se acalme, gata! — Alisa o cano da arma no meu
cenho. Choro desesperada. Sentindo aquilo gelado tocando no meu
rosto. — Vamos pra nossa casa, conversar, está bem? É só se
comportar que prometo que não vou fazer nada, ok? — Sussurra.
Balancei a cabeça que sim. Ele sorriu, guardou a arma na cintura,
logo colocou o meu braço em vota do seu pescoço e depois me
pegou no colo. Dei um grito alto com o corpo todo dolorido. — Ei,
olha o combinado? — Arregalei os olhos e balancei a cabeça. Ele me
levou até um carro que estava ali perto. Era um carro usado e caindo
aos pedaços, me colocou no banco do passageiro. Depois entrou no
carro, ligou e em seguida saímos dali. Pedir pro senhor fazer algum
milagre, pois hoje é o meu último dia de vida.
Antes de Wirley e Raquel. A Luna amou tudo, principalmente o
champanhe, Mas fiquei preocupado como o Wirley estava sendo
grosseiro com a Raquel, mesmo estando saindo com a Luna ainda
sinto algo por ela. Não aguentei e fui ver se estava tudo bem? E para
a minha surpresa, ela estava olhando para a Luna. Depois olhei para
o Wirley todo nervoso, aí entendi o motivo dele estar assim. Ela
estava com ciúmes de mim? Então, ela não gosta dele? Porém, não
pude ter certeza, pois o Wirley estava me expulsando dali, dei uma
olhada para trás e a Luna acenou para mim. Sai dali e voltei para a
nossa mesa que os nossos pedidos estava na mesa que o garçom
tinha trazido. Enquanto a Luna se deliciava com o seu pedido, eu
continuei observando a mesa da minha frente. Pelo menos o Wirley
parou de ser grosso com a Raquel, em compensação estava
bebendo muito. Espero que ele não esteja assim no trabalho, a dona
Sheila não vai gostar nada disso!
— Ué gatinho? Nem tocou na comida? — Pergunta a Luna, que
deu um gole no seu champanhe.
— Oi? — Olho para ela, que aponta para comida. Depois olho
para o meu prato. — Ah… É que estou pensando no meu caso.
Acabando aqui vou me encontrar com o promotor do caso.
— Ahhh, achei que a gente ia se divertir? — E sinto sua perna
enrolando a minha debaixo da mesa, dou um salto. A fito que pisca
para mim.
— Luna? Estamos em público! Não pode fazer isso aqui! —
Sussurro, inclinando para frente apoiando os braços na mesa.
Ela ri e encosta na cadeira. Faço um sinal para o garçom para
ele trazer a conta. Enquanto ele vai ao caixa para trazer a conta,
pude observar o Wirley, ter praticamente bebido a garrafa de vinho.
Não sei por que estou sentindo que não vai sair nada bem.
— Aqui está senhor. — Disse o garçom com a conta. Tiro a
carteira do meu bolso e entrego o meu cartão que passa na máquina
de cartão. Nesse momento noto o Wirley e Raquel saindo da mesa.
— Aqui está, senhor. Senhor?
— Bruno? — Escuto a Luna me chamar. Logo olho para ela.
— O que foi, Luna?
— O garçom está te chamando. Não está ouvido? — Olho para
o garçom que estava ali do meu lado segurando meu cartão, para me
devolver. Pego o cartão, agradeço e ele sai. Logo guardo o cartão e
nos levantamos para sair do restaurante.
Chegamos ao apartamento da Luna. Primeira vez que entro
aqui. Ela abre a porta para entrarmos.
— Hoje como estou de folga bem que podíamos nos divertir um
pouco. — Ela se aproxima, tenta me beijar, mas me afasto.
— Não dar. Agora vou encontrar com o promotor como te falei
mais cedo. Esse caso é muito importante pra mim e não posso
desmarcar assim. — Digo com delicadeza. Ela me fita, depois se
joga no sofá que estava na nossa frente. Quando estava me
despedindo, meu celular começou a vibrar.
— Alô?
— Senhor Montenegro? — Pergunta, uma voz feminina no
outro lado da linha.
— Sim. É ele, com quem estou falando? — Indago, me virando
de costas para a auna Aqui é Sandra, secretária do senhor Sérgio, o
promotor. O motivo da minha ligação é que ele vai comparecer na
reunião que tinha marcado, pois teve um imprevisto. Teria como
marcar para outra semana?
— Porra! Outra semana? — Questiono brabo. A Luna nota a
minha irritação e se aproxima, começa fazer carinho na minha
cabeça, mas afasto e olho para ela. — Agora não. Estou resolvendo
um assunto sério, Luna! — Sussurro, ela revira os olhos, ficando
chateada e joga no sofá. Quando ia falar a ligação caiu ou a porra da
secretária desligou. Desgraçada!
— Gatinho, esquece isso. Olha sei um modo de fazer ficar bem
relaxado… — Luna volta a se aproximar, começa beijando o meu
pescoço. E de repente meu celular começa a tocar.
— Alô? Quem está ligando? — Pergunto. O número é
desconhecido. Merda, é que faltava! Quem está me ligando?
— Bruno? Por favor, vem me ajudar! — Conheço a voz. É da
Raquel, mas por que está me ligando? Cadê o Wirley?
— Minha ajuda? Está com problemas aí na empresa e só
chamar o seu namo… — Ela me interrompe.
— NÃO ESTOU NA EMPRESA! ESTOU NO MEU
APARTAMENTO! O BRUNO ME TROUXE PRA CÁ! POR FAVOR!
ME AJUDA… ELE ESTA ARMA… AHHH…
— O quê? Raquel? Raquel? Você está aí?
— Desculpa, mas a piranha está ocupada agora! Tchauzinho.
— Ele desligou na minha cara. Filho da puta! — Digo bravo.
Guardo o celular no bolso. Estava saindo, mas a Luna segura no
meu braço. — Porra, o que está fazendo?
— Impedindo de ir atrás dessa mulherzinha. Você está comigo!
— Olho para ela não acreditando. Ela continua segurando o meu
braço.
— Sua doida? Ela está em perigo, o ex está lá armado e pode
matá-la! — Debato com ela, mas ela faz desdém com os ombros.
— Quem me garante que está fazendo isso pra você ir atrás
dela? E como otário, vai que nem um cachorrinho! — Ela disse. Dou
um passo para frente e olho para ela, severamente.
— Escuta aqui! A RAQUEL JAMAIS faria isso! Eu já salvei
desse crápula quando tentou matá-la bem diante dos meus olhos! —
A Luna dá várias piscadas e engole a seco. — AGORA ME SOLTA!
NÃO QUERO TE MACHUCAR! — Esbravejo e na mesma hora ela
solta o meu braço. Vou até a porta, com a mão na maçaneta ela
grita.
— VAI LÁ ATRÁS DELA! SÓ DIGO UMA COISA NÃO VEM
CHORAR POR ESSA AÍ! — Abrir a porta e depois fechei com força.
Eu a amo e não posso deixar a mulher da minha vida morrer! Vou
acabar com aquele desgraçado! Ah, se vou!
Acabei de chegar ao andar e estou bem em frente na porta do
apartamento da Raquel. Encostei a cabeça na porta para ouvir. Está
um silêncio. Será que é tarde demais? Não, não! Me afastei da porta
e comecei a chutar a porta. E com três tentativas conseguir abrir a
porta. Ninguém na sala.
— Raquel? Raquel? Onde você… — Quando ia para o quarto,
lá vem ele.
— Eita, olha quem chegou? O heroizinho da pátria! — Ele vem
vindo pelo corredor trazendo ela pelo braço. Não está aguentando
andar. Está toda ferida e com o corpo todo marcado. Filho da puta!
— Parece que não aprendeu da última vez, né? — Rosno,
caminho até ele.
— Se eu fosse você não vinha aqui? — Ergo a sobrancelha.
Não entendo o que ele está querendo dizer. Ele puxa a Raquel com
força que coloca seu braço em volta do seu pescoço e com a mão
livre, tira uma arma das costas e aponta na cabeça da Raquel. — E
aí herói? Vai continuar vindo? Se der mais um passo, dou um tiro
bem na cabeça dessa piranha! — Puta merda! O que faço agora?
— Acorda piranha! Acordaa! — Conheço essa voz, é o Bruno.
Estava ligando para o Bruno quando ele entra no meu quarto e bate
a arma na minha cabeça que acabo apagando. Ele está me
chutando. Tento abrir os olhos, mas estou vendo embaçado. —
Caralho! Levanta porra! — Sinto os chutes ficarem mais fortes. Não
consigo me defender e inclino para frente cuspindo gotas de sangue.
— Por favor… Pare… Está doendo… — Suplico, tento levantar
a mão e sou puxada com força para me levantar.
— Tá doendo piranha? Isso por que você desobedeceu o que
ordenei! Falei para ficar quieta, mas não… Tinha que ligar para seu
macho do seu chefe, né? — Pega no meu cabelo puxando com força
me fazendo olhar para ele.
— AI, AI… ESTÁ DOENDO… ME SOLTA… — Grito, lágrimas
começam a cair e tento bater no seu ombro para ele parar, mas ele
solta o meu cabelo e com as duas mãos no meu pescoço, me
empurrando contra parede, apertando com força.
— Cala a boca. Está me irritando nessa merda. — Sussurra no
meu ouvido. Tento com as mãos ele me soltar, mas estou fraca
demais. As lágrimas continuam a cair. Estou perdendo o ar… —
Você tinha que estragar tudo! Estava disposto a perdoar… Mas como
sempre sendo uma filha da puta brincando com meus sentimentos!
— Sacudir a cabeça que não. Ele fica mais puto e bate a minha
cabeça na parede. — MENTIRA! VOCÊ É UMA VAGABUNDA! Mas
isso vai ter um fim…
— RAQUEL? VOCÊ ESTÁ AÍ? RAQUEL? — O Bruno me solta
e recua. Caí no chão e comecei a tossir. O meu ex vai até a porta e
ver quem é.
— Puta merda! O filho da puta já está aqui! — Ele resmunga. O
Bruno está aqui? Ele veio me salvar. — Não sorrir não piranha! —
Ele vem até mim, me puxa pelo braço. Faço força para não ir. — Sua
vagabunda, pode parar com essa gracinha ou… — Ele tira a arma
das costas e aponta para mim. — Quer levar uma bala? Hã? Quer?
— Levanto as mãos para o alto. Faz o sinal com a arma para me
aproximar. Faço que ele me ordenou indo até ele, pega no meu
braço me puxando para ficar na sua frente. Dou um grunhido de dor,
com a mão na minha boca e murmura. — Fica quieta! Não dar um
pio! — Balancei a cabeça que sim. Tira a mão da minha boca e com
o braço em volta do meu pescoço, e guarda a arma na sua cintura e
saímos do quarto. Andei com um pouco de dificuldade, meu corpo
estava doendo muito. — Eita, olha quem chegou? O heroizinho da
pátria! — Estávamos andando pelo corredor, parei por que não
estava aguentando, ele deu um soco nas minhas costas.
Quando ia gritar de dor ele me puxa e ordena para eu não
gritar, faço o que ele determina e continuo andando. Não está
aguentando andar. Chegamos na sala e vejo o Bruno.
Amor da minha vida! Está olhando para mim, preocupado. Que
vontade de me jogar nos seus braços e dizer o como eu o amo. Mas
acho que não vai dar. Fecho os olhos e sinto as lágrimas descerem
no meu rosto.
— Parece que não aprendeu da última vez, né? — Exclama o
Bruno, caminha em nossa direção. O Bruno ergue o braço para ele
parar.
— Se eu fosse você não vinha aqui? — Ergueu a sobrancelha.
Não entende o que o Bruno está dizendo. Ele me puxou com força
para eu ficar bem colada a ele e com a mão livre, tira uma arma das
costas e aponta na minha cabeça. — E aí herói? Vai continuar vindo?
Se der mais um passo dou um tiro bem na cabeça dessa piranha!
— Ei, espera um segundo. — Fala com cautela para o meu ex
namorado, erguendo a mão para ele.
— Agora pede para eu esperar? Olha como fica mansinho, né?
— Zomba o Bruno, rindo do Bruno. Pressiona a arma mais minha
cabeça.
— Cara não vai isso! Olha, podemos negociar? — Bruno
ameaça dar um passo para frente, o Bruno tira a arma da minha
cabeça e aponta para ele ir para atrás. Bruno insiste e Bruno perde a
paciência e mira para o Bruno, disparando a arma.
— NÃOOOO! — Grito. Inclinando para frente. O Bruno larga o
seu braço e vai ao meu cabelo segurando e com a outra mão que
está segurando a arma com a parte de trás, bate na minha cabeça,
depois me joga no chão.
— RAQUEL? SEU FILHO DA PUTA POR QUE FEZ ISSO! —
Caída no chão, consigo olhar para frente. Vendo um pouco
embaçado, mas consigo ver o Bruno bem. Graças a Deus! — VOCÊ
ESTÁ LOUCO?
— Louco? Você que se meteu na nossa relação! Hoje estava
disposto a esquecer disso e perdoá-la! Mas você tinha que aparecer?
— Bruno pega no meu braço me puxando para ficar em pé, depois
joga seu braço em volta do meu pescoço e apontando para o Bruno.
E conclui. — Eu amo!
— Ama? Que amor doentio é essa que agride a pessoa que
ama! Olha o estado dela! Nem está aguentando em pé e ainda a
cabeça está sangrando! Olha eu sou advogado e tenho muito mais
muito dinheiro. Se quiser te dou o meu carro que está lá embaixo,
que vale dez milhões. — Coloca a mão no bolso.
— O QUE ESTÁ FAZENDO? DESSA VEZ NÃO VOU ERRAR!
VOU DAR TIRO BEM NO SEU PEITO! — Esbraveja o Bruno.
— Calma! Só estou tirando a minha chave. — Bruno mostra a
chave e depois coloca sobre a mesa de centro da sala. Bruno olha
atentamente para ele. — Essa chave é sua! Não vou dar queixa de
você. Só deixa ela ir! Estou te pedindo.
— Deixar a minha morena? Está louco! — Pega no meu rosto
fazendo eu virar e beija a minha boca. Depois sai e volta olhar para o
Bruno. — Gostei da ideia. Vou levar o carro que eu e minha morena
vamos nos divertir muito. Vai lá gata, pega a chave. — Me solta e dá
um tapa na minha bunda para ir à mesa.
Gemi bem baixinho e caminhei bem devagar até a mesa.
Cheguei perto do Bruno, tentei me abaixar para pegar, Bruno
percebeu a minha dor e ele se abaixou, pegou a chave e entregou na
minha mão.
— Raquel, não faça isso. — Ele sussurra, ouvindo sua voz me
acalmar e dar garra. Então decidi fazer algo para que o Bruno não
tente fazer mal a ele. Fechei os olhos, caiu uma lágrima no meu
cenho, depois abrir olhando no fundo dos seus olhos, aqueles olhos
verdes que me deixa sem ar.
— Eu te amo. — Ele levanta a sobrancelha, surpreso. E
continuo. — Sempre vou amar você! — Me virei e fui até o Bruno
levando a chave. O Bruno estava esticando a mão para pegar a
chave, com as últimas forças que me restam me joguei pra cima do
Bruno e tento tirar a arma de suas mãos. Acabamos caindo no chão.
Brigando, puxa dali e puxa daqui, quando acontece um disparo.
— RAQUEL? — Grita Bruno.
Estava parado, imóvel. Ela disse que me ama. Fiquei em
êxtase, sempre quis ouvir ela falando aquilo. Mas naquela hora
pareceu uma despedida. Ela virou, dando as costas para mim e
continuou caminhando até aquele desgraçado. Não podia fazer nada,
pois estava apontando a arma para ela. Que inferno! E de repente
ela parou na frente dele, deu mais uma olhada para mim e disse,
sussurrando para ele não ouvir. Eu te amo. Depois se jogou pra cima
dele! Não tive tempo de fazer nada. Ela tentava a qualquer custo tirar
a arma dele, acabaram perdendo o equilíbrio e caíram no chão,
continuaram, ela puxando arma dele e ele não deixando. Quando vi
ele dando o gatilho…
— NÃOOOOO… — Ouvir o tiro. Me aproximo e não estou
acreditando! O tiro pegou na Raquel! Vou até ela e coloco ela no meu
colo. — Raquel? Meu amor! — O tiro pegou na sua barriga. — SEU
DESGRAÇADO! OLHA O QUE VOCÊ FEZ! — Lágrimas caem no
meu rosto vendo a mulher da minha vida naquele estado. Ele se
afasta e fica procurando a chave, consegue encontrar fica de pé,
depois me fita.
— Isso foi culpa dela. Ela que foi idiota ter feito isso. Mas agora
que tenho a chave vou andar no carro… — Coloca com cuidado no
chão, que está desacordada.
Vou pra cima dele, aponta a arma pra mim. Mas consigo tirar e
jogo para longe, ele tenta vir pra cima, me dar soco, mas sou mais
rápido, esquivo e dou um soco no seu estômago e em seguida dou
um no seu rosto, pegando desprevenido. Ameaça me atacar, mas
esquivo mais uma vez e vou com tudo pra cima dele que perde o
equilíbrio caindo no chão. Começo a chutar suas costas.
— Toma isso seu filho da puta! Não gosta de bater em mulher!
— Pará… Cara… Assim vai me matar… — Exclamou, com o
rosto todo machucado. Pego na gola da sua camisa e volto a socar
sem piedade, escuto uma voz.
— Bruno… Não faz isso… — Me virei para o lado. Olho que é a
Raquel no chão com os olhos abertos e com a mão na barriga.
Imediatamente o solto e vou até ela. Levei minhas mãos no
ferimento, tentando estancar o sangue.
— Meu amor. Calma, estou aqui. Respirar…
— Bruno… Acho que demorei demais para falar… — Ela fala
com a voz bem fraca. Olho para ela, e ergo minha mão com sangue
no seu rosto.
— Não, não… Ainda dá tempo… Olha, meu amor… — Me
aproximo e a beijo. — Vou levá-la ao hospital e logo vai ficar tudo
bem… Eu prometo…
— Jura? — Pergunta, sorrindo. Balanço a cabeça que sim. —
Vou acreditar… Mas quero que você saiba que te amo… E te amo
desde que você me deu aquele beijo da sua sala… — Ela tossiu.
Acaricio o seu rosto.
— Sim, meu amor, eu lembro. Também te amo desde aquele
dia. Agora vou poder te beijar sempre… — Ela sorri. Ela fecha os
olhos e noto que seu braço cai onde estava no ferimento. — NÃO!
RAQUEL? RAQUEL? — A puxo colocando no meu colo e seguro o
seu rosto. — POR FAVOR, MEU AMOR! NÃO, NÃO! ACORDA! NÃO
ME DEIXE… EU PRECISO DE VOCÊ! RAQUELÍ!!!
Estava na recepção. Fazia horas que estou aqui esperando
notícias da Raquel. Merda! Está parecendo um déjà vu essa porra!
De novo estou aqui com ela, mas da outra vez estava começando a
sentir algo e agora… Porra! Que demora em trazerem alguma
notícia! Ando para um lado e para o outro, estou muito aflito…
Ansioso…
— Bruno? — Ouço alguém me chamar. Viro-me e elas vêm até
a minha direção e começo a ficar um pouco tranquilo. Ela me abraça
me deixando mais calmo. — Quando me ligou eu não acreditei.
Como você está? — Se afasta a Elena, alisando o meu rosto.
— Como estou? A mulher da minha vida está lá dentro e não
sei se ela… — Cai uma lágrima no meu rosto, não consigo terminar
a frase. E sinto alguém me puxar e de repente sinto um tapa no meu
rosto. Olho para frente e vejo a namorada da minha irmã.
— Nem se atreva dizer que a Raquel está morta? Ela é forte!
Muito forte e vai sobreviver disso! A conheço muito bem! Ela vai sair
dessa! OUVIU? — Olho para ela com olhos marejados, das lágrimas
que não paravam de cair.
— Patrícia você não podia ter feito isso… — A minha irmã fica
na minha frente e repreende sua namorada.
— Elena não. — Toco no seu ombro e ela me deixa passar, fico
diante da sua namorada. — Você está certa. Ela é forte até mais do
que eu… Que ela foi tão corajosa que foi pra cima dele para tirar a
arma…
— A Raquel fez isso? — Indaga, olhando para mim não
acreditando.
— Sim… Antes disse que me ama e… Sempre vai me amar…
— Ela me puxa e me abraça forte. Não consegui segurar mais e
deixei as lágrimas cair. A namorada da minha irmã sussurra no meu
ouvido.
— Eu que falei para ela falar o que sente por você… — Se
afasta e me fita. — Mas não desse jeito… Ela vai se sair bem… Você
vai ver… Minha amiga não merece morrer… Não… — Ela soluça,
batendo no meu peito. Logo a puxo e abraço ela que encosta a
cabeça no meu peito. Minha irmã nos abraçou. Ficamos nós três ali
assim, um dando força para outro. A Raquel vai sair dessa. Vamos
poder finalmente ficar bem.
Estávamos abraçados quando chega um homem com jaleco
branco com crachá e se aproxima.
— Olá, desculpa atrapalhar, mas vim falar da paciente… —
Olha para uma planilha que estava segurando. — Raquel Oliveira.
— Sim. Eu que vim com ela na ambulância. Como ela está? —
Pergunto angustiado.
— Tiramos a bala que estava dentro da sua barriga, sem contar
a costela quebrada e os machucados. — Disse o médico que estava
olhando para a planilha que estava segurando.
— Mas ela… Vai ficar bem? — Se aproxima a namorada da
minha irmã, está ao meu lado.
— Sim, ela está. Agora está descansando no quarto.
— Posso vê-la? — Pergunto para o médico. Ele me fita por
tempo e depois acena que sim. Mas não posso demorar porque ela
está dormindo. Sacudir a cabeça em sinal que sim. O médico
chamou uma enfermeira para me levar até o quarto. Ela me deixou
ali com ela e depois saiu. Fui até a cama, puxei uma cadeira e me
sentei em seguida. Estava entubada e com alguns curativos, com
soro também. Peguei na sua mão e lágrimas começaram a cair. Caiu
uma lágrima do meu rosto na sua mão.
— Bruno… Bruno… Ela murmura e aperta a minha mão.
— Sim meu amor, estou aqui. — Levanto da cadeira soltando a
sua mão e me aproximo. Ela abriu os olhos e me viu, lágrimas caem
no seu cenho.
— Bruno, onde estou? Ai, ai… — Ela olha para os lados e em
seguida tenta levantar.
— Não meu amor, não faz isso! Você acabou de sair de uma
cirurgia, ainda não cicatrizou a sua barriga. — Ela me olha confusa.
Leva sua mão na barriga. Acho que ela se lembrou do que
aconteceu, olha assustada para mim.
— E Bruno? Ele fugiu?
— Aquele desgraçado não vai te perturbar. Dei uma bela surra
e ele está na cadeia. Vai apodrecer por bom tempo lá! — Ela piscou
e caiu uma lágrima no seu rosto. Ergo minha mão até seu rosto,
enxugou seu cenho que vira levemente de lado sentindo o meu
toque. Nesse momento entra a enfermeira no quarto.
— Ela acordou? — Indaga, se aproximando da cama.
— Sim… — Disse, sorrindo para ela acariciando seu rosto.
— Ficou tempo demais. O doutor me pediu para o senhor sair.
Ela precisa descansar. — Disse a enfermeira, pedindo para eu sair.
— Mas me deixa passar a noite aqui. Não posso deixá-la
sozinha! — Afirmo, olhando para a enfermeira.
Ela insiste para eu sair e também falo com uma mulher loira
que ia passar a noite com ela. Raquel levanta a sobrancelha e diz
que é sua amiga. Ela abre um sorriso feliz que sua amiga está aqui.
Também disse que a Elena está aqui. E a enfermeira pede para eu
sair, a encaro levantando a sobrancelha e a Raquel leva a sua mão
até a minha e a fito.
Pede para eu fazer o que a enfermeira está pedindo, bife o ar
pesadamente, sendo vencido. Me despedir dando um beijo na sua
testa, sai em seguida. Fui até recepção e falei com a minha irmã e
sua namorada que ela acordou, e está falando. Elas se abraçaram
por ela ter acordado.
Eu fui para o estacionamento do hospital enquanto a Elena se
despede da sua namorada. Logo ela vem ao meu encontro e fomos
para seu carro. Agora que ela está bem, vou para casa tomar um
banho, vou poder dormir um pouco. Amanhã preciso ter uma
conversa com o Wirley.
Já estava pronto. Desço as escadas e vou para sala que a
mesa já estava exposta. Minha irmã está sentada tomando seu café.
— Bom dia Elena! — Puxei a cadeira para sentar. Maria se
aproxima de mim.
— Bom dia meu menino. Vai querer café? — Pergunta,
segurando a cafeteira.
— Bom dia! — Sorrio. — Por favor. Elena me passe a geleia.
— Aprontei para o pote que estava na sua frente. Ela me entregou e
passei um pouco na torrada.
— Nossa, até parece que está… — Ela dar uma pausa. Olho
para ela com a sobrancelha levantada, desconfiado.
— Parece o quê, Elena? — Indago, depois de morder a torrada.
— Apaixonado, há, há. — Ela rir ligando a boca com o
guardanapo. Maria ouviu e se aproximou de mim.
— Meu menino está apaixonado? — Pergunta com as mãos
entrelaçadas.
— Sim Maria. — Dou um gole na xícara, em seguida me limpo
com o guardanapo. — Estou apaixonado. E posso até dizer que ela é
a mulher da minha vida.
— Nossa! Nunca o vi falar desse jeito. Ela é uma mulher muito
especial! — Exclama a María, colocando sua mão no meu ombro.
— Ela é Maria, ela é. — Coloquei minha mão sobre a sua.
— Quem é especial? — Entra a nossa mãe, já vestida. Usando
um vestido preto com um leve decote, justo e com um cinto na
cintura. Aproxima-se da mesa. Ficamos em silêncio por um
momento. — Nossa porque ficaram em silêncio? Só porque eu
cheguei? Continua falando Bruno quem é essa mulher especial,
espero que esteja falando da Letícia. — Acena para Maria para lhe
servir o café.
— Não mãe. Não estava falando da Letícia, está tudo acabado
entre nós. Na verdade, nunca existiu! — Dou mais um gole no café.
Depois me levanto da mesa. — Agora tenho que ir trabalhar! — Olho
para minha irmã que está tomando suco de goiaba. — Elena você
quer uma carona? — Pergunto.
— Sim… — Leva a mão na boca que estava terminando de
comer a torrada. — Só um minutinho. — Ela levantou o dedo e
termina de beber o seu suco. Balanço a cabeça que sim.
— Bruno, onde você estava ontem? Ficou fora a noite toda,
fiquei preocupada. — Ela pergunta olhando para mim, tomando o seu
café.
— Estava resolvendo umas coisas. E outra, não criança para te
falar o que faço da minha vida.
— Pronto. Já terminei. Na hora do almoço vou passar no
hospital… — Elena levanta-se, vem até o meu lado e é interrompida
pela nossa mãe.
— O que vão fazer no hospital? — Ela nos fita perguntando. Eu
e Elena nós olhamos, ficamos em silêncio. Essa agora? Olho para
cima, solto o ar e depois olho para ela.
— Vamos visitar a Raquel. — Disse de uma vez. Ela olha para
mim não entendendo e pergunta quem essa? — Mãe, ela é a minha
secretária e está muito ferida.
— De novo! O que foi agora? O tal ex bateu nela de novo? —
Ela morde seu croissant. Depois nota o nosso silêncio. — O quê... —
Se engasga. Pega sua xícara e toma um gole. Se levanta da mesa e
me fita. — Não acredito nisso! E você, claro estava lá no hospital?
Essa garota é uma bomba ambulante meu filho! A Letícia tem toda
razão quando fala que essa garota só trouxe desgraça pra vocês. —
Recuo para trás e olho nos olhos dela.
— Não vou abandoná-la neste momento que ela quase —
Elena colocou seu braço no meu ombro. Olho para ela e seguro as
lágrimas que iam cair. Volto a olhar para nossa mãe. — Quer saber?
Esquece! A vida é minha! Eu decido o que fazer com ela! Agora dá
licença que tenho que ir para minha empresa e depois vou visitar a
Raquel! Vamos Elena? — Chamo a minha irmã para sairmos dali.
Nos despedimos da Maria que nos abençoou. A deixei ali, nem
me despedir dela, a Elena falou com a mamãe que como sempre não
deu a mínima. Ela foi atrás de mim. Estávamos no estacionamento e
entramos no carro. A Elena colocou o cinto de segurança.
— Não precisava falar assim da mamãe. — Repreende. — Ela
fala assim que se preocupa com você.
— Se preocupa, até parece! Ela quer me controlar isso sim! —
Coloco a chave e logo ligo o carro. — Você também é outra que ela
nem… — Na hora da raiva acabo falando demais. Merda!
— Ela o quê? Fala Bruno? — Questiona.
— Nada! Só estou com raiva e falei sem pensar. É só isso.
— Você jura? — Acabamos de sair do estacionamento e
pegamos a estrada.
— Sim. Eu juro. — Ela parou de perguntar e pude continuar
dirigindo tranquilo. Quase faço uma merda. A minha irmã não pode
saber a verdade! Não pode!
Chegamos na empresa. Nem fui para minha sala. Continuei
caminhando para o outro lado e a minha irmã estranhou.
— Bruno, você vai aonde? Sua sala é para outro lado? —
Questiona.
— Não vou para minha sala. Primeiro tenho que resolver um
assunto primeiro. — Ela pegou no meu braço e me puxou que parei
na hora.
— Não me diz que você vai à sala do Wirley? — Pergunta, me
fitando.
— Não. Vou pra Disney. Não está vendo? Não posso demorar
que marquei de me encontrar com Mickey. Deixa-me ir que ele
detesta atrasos. — Olho para a minha irmã com as mãos no bolso da
calça.
— Bruno está zoando? — A Elena cruza os braços me
encarando.
— Depende. Se você acha que vou encontrar com Mickey…
— Pará! Bruno já entendi! Mas porque você vai à sala do
Wirley? Não é por causa… — Ela dá um passo para frente, olha para
os lados para não ouvir a nossa conversa. Passaram duas pessoas e
depois ela voltou a olhar para mim. — Bruno, a Raquel está bem! Na
hora do almoço vamos lá visitá-la. A Patrícia me disse que ela está
melhor.
— Por culpa dele que aquele desgraçado a pegou e fez… —
Falo com raiva. Depois olho para o alto para não deixar cair uma
lágrima.
— Entendo Bruno. Você tem toda razão para falar isso, mas
não pode invadir a sala dele e quebrar a cara dele! — Menciona a
Elena e desvio o rosto. Ela ergueu a mão no meu cenho, me fazendo
olhar para ela. — Bruno, prometa que não vai ser impulsivo e não vai
fazer nada.
— Está bem! Só vou conversar, está bem? — Digo e ela me
abraça, vai para sua sala. Espero ela entrar. Ela entrou. Continuo
andando até a sala do Wirley. Vejo sua secretária, me aproximo dela.
— Wirley está na sala? — Perguntei. Ela parou o que estava
fazendo e olhou para mim.
— Sim… Mas o senhor não pode entrar! Ele não quer… — Dou
um passo para frente, a fito, rigorosamente. A corto.
— Eu vou entrar e nem se atreva a me impedir! Ou quer que
seja seu último dia de trabalho? — Ela balança a cabeça
negativamente. E volta a se sentar na sua mesa. — Ótimo! — Virei
dando as costas para ela e entro na sala. Em seguida fechei a porta.
Vou até sua direção que está em pé no meio da sala falando no
celular. Parece que é uma mulher. Notei que nem me viu entrar.
Estou atrás dele, ergo a minha mão no seu ombro que se vira, não
perco tempo e dou um belo soco na sua cara que acaba caído com
celular e tudo. Ele fala algo no telefone e depois me fita.
— QUE MERDA BRUNO! POR QUE DIABOS FEZ ISSO?
Estava na minha mesa me preparando para negociação com o
meu cliente e seu chefe. Meu celular começou a tocar. Quem será
que está me ligando? Será que é… Ela? Atendi a ligação.
— Alô? Quem está falando?
— Oi Wirley. Queria saber se você vai vir aqui? — Pergunta.
Reconheci a voz e bateu um desânimo. Está esperando que a
Raquel me ligasse, mas faz dois dias que não liga para mim?
— Oi Letícia. Eu não sei, agora estou terminando de arrumar a
minha pasta que vou fazer uma negociação. — Digo olhando para o
lado, não consegui disfarçar o meu desalento.
— Está tudo bem? Parece triste, ainda está pensando naquela
biscate? — Questiona a Letícia. Afastei o celular para não ouvir ela
falando da Raquel, apesar do modo como nos separamos… E de
repente alguém tocou no meu ombro, me virei para ver e fui
golpeado. Acabei perdendo o equilíbrio e caí no chão com o celular
na mão. Que porra foi isso? Esfrego os olhos e olho para cima. Nem
acreditei no que estava acreditando?
— Wirley? Está aí? Wirley? — Pergunta a Letícia no outro lado
da linha. Depois desse soco esqueci dela completamente. Coloco o
celular no meu ouvido.
— Estou aqui, agora vou ter que desligar. Depois te ligo! —
Sussurro, desligo o celular. Coloquei o celular no bolso e o fito. —
QUE MERDA BRUNO! POR QUE DIABOS FEZ ISSO?
— Sabe muito bem porque fiz isso! E você não cumpriu o que
prometeu? — Frisa, apontando o dedo para mim.
— Para com isso! Não sei o que está falando? — Me levanto e
me encosto na minha mesa. Com a mão no meu rosto. — Puta
merda! Não podia ter feito isso, agora vou me encontrar com um
cliente…
— FODA-SE! — Ele me interrompeu, aproximou, ainda está
com raiva. — Não podia tê-la deixado sozinha no estacionamento! —
Arqueiro a testa. Depois me recordo desse momento.
— Você está falando quando terminei com a Raquel? Deixei ela
ali, sim. Ela não foi sincera e brincou com os meus sentimentos! —
Ressalto, me afastei ficando de costas para ele, depois voltei a olhar
para ele. — Sobre a promessa que você faz tanto questão, que se
dane!
— Como ousa falar assim, seu desgraçado! — Segura no meu
paletó, me encarando.
— Não entendo porque está assim? Você e a Raquel não estão
juntos? Eu, que tinha ficado com raiva. E não você. — Enfatizei,
empurrando para ele sair de perto de mim. Ele recua para trás. —
Agora dá licença que tenho um caso para…
— A Raquel está no hospital. — Ele disse e olhei para ele.
Parei na mesma hora, prestando atenção no que ele fala.
— A Raquel… No hospital? — Indago. Fico confuso sobre o
que ele acabou de dizer. — Como assim?
— No momento que você a deixou sei lá o que foi o motivo. O
ex namorado dela apareceu. Você lembra dele? — Se aproximou e
deu dois tapas no meu ombro. Fiquei calado. O cara que tentou
bater nela aqui no estacionamento… Se eu não chegasse na hora
estaria ferida… E agora ela está no hospital…
— Wirley? Wirley, você me ouviu? — Senti um tapa na minha
cabeça fazendo sair daquele transe.
— Hã? Oi? — Olho para ele que continua me fitando, sério. —
Me fala como ela está? Melhor, vamos ao hospital, vou pedir para
cancelar tudo… — Tiro o fone e fui impedido pelo Bruno.
— Você nem vai chegar perto dela! Eu não vou deixar! — Olho
para ele cruzando os braços.
Estava ali diante da Elena esperando ela dizer o hospital que a
Raquel está, mas fica calada. Porque ela não quer me falar? Será
que Bruno falou com ela?
— Por favor, Elena. Me fala! Qual hospital a Raquel está! —
Insisto, pego na sua.
— Eu não posso contar… A Raquel precisa descansar depois o
que ela passou… — Ela se afastou e apoiou-se na sua mesa com a
mão no seu braço.
— Mas foi tão grave assim? Ele bateu muito nela? — Pergunto
me aproximando e encostando-me à mesa também.
— Wirley! Ela levou um tiro! — Ela exclama me fitando.
— O QUÊ? A RAQUEL LEVOU UM TIRO? — Esbravejo dando
um pulo, elevo as mãos na cabeça não acreditando.
— Wirley se acalme. — Ela foi até a porta e trancou. Depois ela
vem até mim e colocou suas mãos nas minhas costas. — Não fica
assim! Ela está bem.
— Mas foi por minha culpa que aquele desgraçado a
machucou! E pensar que estava em outro lugar… — Virei o meu
rosto. Me lembrei que fui no apartamento da Letícia. Merda! Minha
Raquel.
— Wirley? Não é culpa sua… — A Elena tenta me acalmar,
mas estou atordoado com essa notícia. Afastei-me do seu consolo.
Estou me sentindo muito mal.
— Mais do que nunca eu preciso ver a Raquel! Por favor! —
Elevo as minhas mãos nos seus braços implorando. Ela desvia o
olhar. — Por favor, Elena!
— Está bem! Está bem! — Se afasta, tirando minhas mãos de
cima dela. — Mas Bruno não pode saber o que falei. — Sacudir a
cabeça que sim. Ela foi à sua mesa, pegou um bloco de notas e uma
caneta. Escreveu o endereço e depois arrancou a folha, caminhou na
minha direção e me entregou o papel.
— Obrigado! Muito obrigado! — Agradeço, olhei para o
endereço, depois olhei para ela e abracei.
— Acho que você precisa vê-la pelo tempo que vocês ficaram
juntos. E olhando nos seus olhos você ainda gosta, apesar de ter
acabado desse jeito… — Sacudi a cabeça. Ela alisou o meu braço.
Ela se desloca olhando para mim. — Agora vai lá vê-la. Antes que
mude de ideia. — Ela sorriu. Acenei a cabeça, me despedi e saí da
sala, adiantei para chegar ao elevador.
Apertei o botão e em seguida subi para o elevador. Entrei e
estava vazio. Tirei o papel do bolso e dei mais uma olhada no papel
com endereço. É perto aqui da empresa. Encostei-me ao espelho do
elevador com o papel que estava segurando, coloquei sobre o peito e
olhei para o teto. Vou poder ver como ela está. Fecho os olhos.
Espero que ela me perdoe.
Faz dois dias que estou aqui nessa cama de hospital. Queria
voltar para minha casa, mas pelos acontecimentos tenho que ficar
em observação. Não posso reclamar, graças a Deus estou viva. Mas
faria de novo. Não podia o deixar ferir o Bruno… O meu Bruno…
Entra a Patrícia
— Fui à cantina e só conseguir isso, barra de cereal de
chocolate ou sanduíche natural de atum. — Ela se aproxima e senta-
se na beira da cama mostrando o que conseguiu na cantina do
hospital para eu comer. Estava enjoada de comer sopa. Sem contar
o gosto horrível! — Qual você vai querer?
— Atum? Nada disso! Passa aqui para barra. — Faço o gesto
com a mão para ela me dar a barra. Depois abri e dei uma bela
mordida. Fechei os olhos sentindo o gosto. Que delícia.
— É bom? — Pergunta a minha amiga que estava me olhando.
— Uhum… Uma delicia… — Abri os olhos. Nos olhamos e
começamos a rir. Depois ela pegou na minha mão fazendo carinho.
Olhei para minha amiga, sua fisionomia mudou. — O que foi
Patrícia? — Indaguei.
— Nada… Só estava pensando aqui, sabe? — Cai uma lágrima
no seu rosto. — Estávamos rindo aqui… E pensar… De você poderia
não está aqui… — Me inclino para frente puxando para o meu peito.
E começou a chorar.
— Para de falar essas coisas, tá? Estou bem! Não fica assim.
— Afastei e levei minhas mãos no seu cenho e enxuguei suas
lágrimas. Dei um beijo na sua bochecha.
— Uhum… — Sacudiu a cabeça. — Come logo essa barra
antes que eu coma isso. — Disse a Patrícia. Sorri e voltei a comer a
barra.
— Patrícia, sabe dizer se Bruno vai vir hoje? — Perguntei
dando a última mordida na barra de cereal.
— Eita, já quer dar para o homem? Já estou vendo que essa
cama desse hospital não vai aguentar vocês não, há, há. — Zomba a
minha amiga balançando o dedo indicador negativamente.
— Patrícia? — Dou um tapa no seu braço.
— Aii… Doeu, tá? — Leva a mão no braço e alisa onde dei o
tapa. Não aguentei e comecei a gargalhar. — Falando sério agora.
Enquanto estava na cantina a Elena me mandou uma mensagem
avisando que ela e o seu chefe querido. — Dar uma pausa e olhar
para mim. — Eles vão vir na hora do almoço. Ele tem um tal caso
para resolver, sei lá, algo desse tipo.
— Entendi. É um caso muito complicado mesmo. Mas… — Ela
me corta.
— Queria que ele estivesse aqui te enchendo de beijos e etc.…
— Patrícia pega a sua mão levando até sua boca e fazendo
imitações como o Bruno ia me beijar, não aguento e começo a rir.
Nesse momento entra a enfermeira.
— Estou escutando risos de lá de fora. Parece que está melhor
hoje?
— Ela está ótima! — Patrícia respondeu a enfermeira. A
enfermeira me olha e aceitar com a cabeça que sim. Ela dar um
passo para frente.
— O motivo de vir aqui que tem um moço lá fora insistindo
querendo te ver, mas disse que não pode. — Olho para Patrícia que
olha para mim em seguida. Depois fita a enfermeira.
— Como ele é? — Pergunta a Patrícia para a enfermeira.
— Ele está de terno e gravata, é bonito. Quer ver muito ver
Raquel Oliveira. — Disse a enfermeira.
— Deve ser o Bruno. — Inclinação um pouco para frente, mas
senti o ferimento da barriga. — Ai, ai…
— Oh mulher! Não se empolga. Você está se recuperando
ainda. — Patrícia se aproxima me colocando encostada na cama. Do
jeito que estava antes.
— Por favor, pode o deixar entrar.
— Tudo bem. Mas ele não pode demorar. — Adverte a
enfermeira. Sacudir a cabeça. Ela saiu para chamá-lo.
Patrícia está de frente para mim. Se está tudo em ordem com o
ferimento, se não abriu, mas continua fechado. Entra e levo um
susto. A Patrícia nota o meu semblante levantar-se da cama para ver
quem é. No súbito de raiva Patrícia vai pra cima do Wirley e da um
tapa no seu rosto.
— O que está fazendo aqui? — Rosna pra cima dele.
Estou do lado de fora esperando a enfermeira vir para me dizer
se posso vê-la. Estou muito ansioso. Apesar da própria enfermeira
me garantir que ela está bem, mas quero ver com meus próprios
olhos. Droga! Como está demorando! Será que a Raquel não quer
me ver? Ando para um lado e paro o outro. Logo vem a enfermeira.
— Falei com ela e o senhor pode vê-la. Mas não esquece que
não pode demorar, mesmo ela estando bem. Ouviu? — Orientou a
enfermeira, me fitando.
— Sim, sim. Não vou demorar. Só quero mesmo saber se está
tudo bem. — Ela deu passagem e deixou-me entrar. Assim que entrei
estava ela deitada com um lençol tapando suas pernas. Uma garota
loira de frente para ela. Acho que estava vendo o machucado. Dou
um passo para frente, a Raquel me ver. Mas seu semblante é…
Assustada? A moça loira nota a sua fisionomia.
— O que foi Raquel? — Ela não respondeu. A moça se
levantou e virou-se e me viu. É amiga da Raquel. Então ela vem pra
minha direção.
— Oi Pat… — Ela me da um tapa no meu rosto e grita.
— O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI? VOCÊ NÃO É BEM VINDO
AQUI!
— Patrícia não faz isso! — A Raquel chama atenção da amiga.
Levo a mão no rosto onde ela deu o tapa. Caralho! Que mão pesada.
— Tudo bem… Hoje o meu dia foi assim. Acho que até virou
rotina isso. — Sorri para ela com a mão no rosto. Ela coloca uma
mecha de cabelo atrás da orelha, parece que não esperava vir aqui.
Tento me aproximar e sua amiga põe a mão no meu corpo me
impedindo de ir até a Raquel.
— Você acha que vai aonde? Achei que o tapa que dei você ia
se tocar que NÃO É PARA VOCÊ SE APROXIMAR! — Esbraveja,
olhando com raiva. Ela não vai me impedir de falar com a Raquel!
— Entendo que você está chateada… — Ela me corta.
— Chateada? Não, não! Estou ódio de você, isso sim! — Se
afasta e depois encosta o dedo indicador no meu peito. Seu tom de
voz é asco. E continua. — Você a abandonou lá! Deixando sozinha
para aquele babaca a sequestrar e… — Lágrimas caem no seu
cenho. Fecho os olhos e também caem lágrimas no meu rosto.
Depois abrir e a fito.
— Eu a deixei por que ela me fez papel de idiota! — Aponto
para a rAQUEL que abaixou a cabeça envergonhada. Volto a olhar
para sua amiga. — Ela me diz que está apaixonada por outro cara,
justamente, que é seu chefe! Estava com muita raiva, a mesma que
você está sentindo agora de mim! — Ela olha para a Raquel e depois
olha para mim, dando as costas. Mas pego no seu braço e ela volta
olhar para mim. — Se soubesse que ela estava correndo perigo…
Nunca. Eu digo que NUNCA ia deixá-la naquele estacionamento.
Apesar disso, ainda a amo… — Virei o meu rosto e olhei para a
Raquel, que também olhou para mim. Caiu uma lágrima no seu rosto.
— Patrícia? — A Raquel chamou sua amiga que olhou para ela,
fez um sinal com a mão para ela se aproximar. Elas ficaram
conversando, estavam sussurrando. Até sua amiga me da uma
encarada. Caminha na minha direção e para bem na minha frente.
— Você cinco dez minutos! Depois você vai embora, ouviu? —
Ordenou. Sacudir a cabeça concordando. Deu passagem para me
aproximar, depois ela saiu e nos deixou sozinhos. Sentei na beirada
da cama e peguei na sua mão.
— Oi Raquel
— Oi Wirley.

Assim que a Patrícia saiu nos deixando sozinhos. Eu e Wirley


precisávamos conversar. O modo como terminamos e como ele me
deixou no estacionamento ficou, tipo, uma buraco entre a gente e
precisávamos resolver aquilo. Com ele bem diante de mim, vendo
seus olhos que sempre era amáveis e cheios de carinhos, hoje
estavam parecendo culpa… Não era para ele sentir assim, na
verdade, eu que tinha está assim. Ele não merecia… O que fiz com
ele… Abaixei a cabeça e lágrimas começaram a cair.
— Raquel, por que está chorando? — Se achega e leva sua
mão enxugando o meu rosto. Peguei sua mão para ele parar, me
inclino para frente, mas senti uma dor, justamente no meu ferimento.
— Raquel? Raquel, o que foi?
— Não é nada… — Olho para cima e solto o ar. Com a mão na
barriga, ele nota a minha mão. Ele levanta-se ficando em pé, fica ao
meu lado com as mãos no meu ombro e com cuidado ajeita os
travesseiros e depois me encosta neles.
— Acho que agora melhorou? — Pergunta. Balancei a cabeça
que sim. Ele volta a sentar na cama. — Por favor, não faz esse
esforço. Está se recuperando… — Ele para, não termina a frase.
Estico o meu braço colocando por cima dele.
— Wirley? — O chamei, com a voz fraca. Ele olha para mim. —
A culpa não foi sua. — Sussurrei. Ele fechou os olhos e as lágrimas
caíram. Apertei com força sua mão, ele abriu e voltou a olhar para
mim. — Você me perdoa? Desculpa… Se te magoei… — Falo com a
voz falhada.
— Claro que te perdoo… Estava com muita raiva… Tinha que
ter notado os sinais, porém, estava ocupado no trabalho e não
percebi… — Enxuga o rosto com as costas das mãos. Aproximou-se
mais um pouco, ficando bem perto de mim. Continua segurando a
minha mão. Sorri e também sequei as minhas lágrimas.
— Que bom. Não sabe como fico aliviada…
— Pode ficar tranquila… Meu amor… — Virei meu rosto,
levantei uma sobrancelha. Não estou gostando daquele tom. O que
ele está pensando? Ele continuou. — Eu te perdoo e vamos poder
ficar juntos. Eu… — Ergo a minha mão o fazendo parar.
— Wirley? O que está falando? Não está pensando de voltamos
né? — Ele se levanta se afastando. Me fita confuso.
— Achei que era isso que estava falando… Até pediu para te
perdoar… — Olha para mim com a mão no rosto. Droga! Respirei
fundo e disse de uma vez.
— Wirley, por favor. Senta-se aqui. — Bato na cama para ele se
sentar. Aproxima-se e se senta, está de frente pra mim. — Quero
que você preste atenção no que tenho pra te falar. — Ele sacudiu a
cabeça, concordando. — Wirley… — Coloquei uma mecha de cabelo
atrás da orelha. — Não vou voltar a namorar com você. Eu amo o
Bruno. — Ele olha para mim, com os olhos arregalados.
— Mas… Mas… Você me pediu perdão? — Indaga, virando seu
rosto para o lado, confuso. Toquei na sua mão e ele me fitou.
— Sim… Mas não para voltar para você, mas sim, pelo que fiz
pra você, entende? Você sofreu muito com a Letícia e acabei
fazendo o mesmo que ela fez… — Afastei a minha mão e em
seguida abaixei minha cabeça. Fiquei um tempo em silêncio, depois
voltei a olhar para ele. — Então é por isso. E queria saber se você
topa, mas se não quiser vou entender.
— O que seria? — Pergunta, com a voz cabisbaixa. Me fitando.
— Se poderíamos ser amigos?
Sai da sala do Wirley. Adiantei o meu passo para ir para a
minha sala, no caminho passei pela sala da minha irmã. Além de a
sua porta ser de vidro, ela não me notou. Acho que estava ocupada
com alguma coisa. Ainda bem. Não queria dizer que dei um soco no
Wirley por ele ter deixado a Raquel sozinha no estacionamento para
aquele filha da puta…
Paro de andar e fecho o punho pensando nesse infeliz! Fecho
os olhos e vou me acalmando. Agora tão cedo ele não vai perturbar a
minha morena… Abro os olhos e começo a me recordar como nos
conhecemos. Até solto um sorriso.
A safada bate no meu carro e ainda por cima me manda o dedo
do meio quando estava no elevador. Agora não posso pensar nela,
mesmo morrendo de saudade de vê-la. Não vejo a hora dela está
melhor e finalmente senti-la nos meu braços. Volto a andar indo para
minha sala, assim que passo na sala da minha secretaria e abro a
porta para ir na minha sala meu celular começa a vibrar. Fecho a
porta, tiro do bolso e atendi.
— Alô? Quem está falando? — Pergunto.
— É o senhor Montenegro? — Indaga, uma voz feminina no
outro lado da linha. Acho que conheço essa voz?
— Sim. O próprio, quem deseja? — Caminho até a minha mesa
e me encosto.
— Aqui é a Carmen, secretária do promotor. Lembra que liguei
avisando que ele não poderia encontrar o senhor que ocorreu um
imprevisto? — Depois daquela mulher disse, me lembrei na mesma
hora.
— Ah, sim, sim. Lembrei. Hoje ele vai me atender? — Perguntei
com um tom suave.
— Exatamente. — Dar uma pausa. E voltou a falar. — Teria
como o senhor vir… Às onze da manhã? — Ela pergunta. Que droga!
Não vou poder visitar a minha morena, mas por um lado vou poder
resolver logo esse caso! Que só está me dando dor de cabeça.
— Tudo bem. Teria como se ele poderia vir aqui na empresa?
— Demando, me afastando da mesa e olhando para o relógio. Ela
pede para ficar na linha que ia perguntar para o próprio. Aguardei,
encostei-me ao umbral batendo a ponta do pé impacientemente.
Logo ela volta para linha. — Conversei com ele e disse que sim.
— Ok. Então, vou passar o endereço. —Quando ia passar o
endereço ela me corta. — Não precisa, senhor. Ele sabe o endereço.
—Tudo bem, bom eu acho.
Agradeci, depois desliguei e coloquei o celular no bolso da
calça. Fui até minha mesa e deixei tudo separado, coloquei na pasta
todos os papeis para o acordo. Espero que dessa vez eu consiga.
Mas não sei porque estou com uma sensação ruim com esse
encontro com o Sérgio.
Quer saber? Depois vejo isso. Ergo o braço para ver a hora,
são exatamente nove da manhã. Humm… Acho que dá para eu dar
uma passada no hospital ver a Raquel agora de manhã. Vou fazer
isso. Ver como está a minha morena. A minha morena abusada.
Pronto. Está tudo pronto aqui. Dou a volta na mesa e deixo na
gaveta. Quando estava indo para a porta, meu celular começou a
tocar. Só falta o Sérgio desmarcar mais uma vez. Puta merda! De
novo não! Tirei o celular do bolso, de novo. Vi o número da chamada
e era do fixo de casa. O que será que aconteceu?
Apertei o botão para aceitar a ligação e logo reconheci a voz.
— Alô, meu menino? Está me ouvindo?
— Oi Maria! Sim, estou ouvindo. Tudo bem? — Pergunto, estou
no meio da sala. Fiquei curioso. Por que a Maria estaria me ligando?
— Comigo está bem, meu menino. Mas a sua mãe…
— Minha mãe? O que aconteceu com ela? — Inquirir, ela não
respondeu a minha pergunta. Começo a ficar apreensivo e acabo
alterando o tom de voz. — Maria, não vou perguntar de novo, por
favor, responda: O que aconteceu com a minha mãe?
— Está bem, está bem! Não precisa ficar nervoso! Vou dizer…
Mas você tem que prometer que não pode falar pra sua mãe que eu
disse? — Ela pede. O que deve ser para eu não contar para a minha
mãe? Estranho?
— Ok, ok. Diz de uma vez! — Frisei.
— Veio uma pessoa do passado conversar com sua mãe… —
Ela disse. Levo a mão na cabeça pensando em alguém, mas não
vem ninguém. Merda quem deve ser?
— Por favor Maria! Seja mais clara, quem esteve aí em casa?
— volto a insistir para ela dizer de uma vez e não ficar enrolando.
— Seu pai esteve aqui. — Logo que ela finalmente disse eu
fiquei imóvel, parado no mesmo lugar. Não estou acreditando.
— Maria, está falando sério? Não foi engano? — Eu apoio a
mão na cadeira pelo baque.
E com a outra mão continuo segurando o celular, olho para mão
que está apoiada na cadeira, está trêmula. O senhor Roberto
Montenegro, meu pai e da Elena nos abandonou quando eu tinha
dezesseis e minha irmã com onze. Depois de vinte e dois anos ele
volta? Por quê?
— Alô? Meu menino? Está me ouvindo? — Ouço a voz doce da
Maria me fazendo sair daquele transe.
— Oi Maria. Estou aqui. — Respondo para ela se acalmar. Mas
puxei a cadeira para me sentar, não esperava por aquela informação.
Não mesmo!
— Que bom! Você vai vir aqui? — Pergunta, droga o pulso para
olhar a hora. Tenho duas horas até o promotor vir aqui para
resolvemos o acordo do caso. Merda! Inclinou a cabeça para trás e
dou uma bufada de ar.
— Sim Maria, vou aí. Já, já chego. — Aviso, me levantando da
cadeira, passando a mão no cabelo.
— Que bom. Não demore. Sua mãe está muito mal, nunca vi
desse jeito… Só quando…
— Meu pai fugiu com o dinheiro dos nossos clientes e com a
amante? — Ela disse que sim no outro lado da linha. Me despedi da
Maria e em seguida desliguei o telefone. Depois coloquei no bolso da
calça. Caminhei até a porta e fui em direção ao elevador. Poderia
falar para a minha irmã, mas por enquanto é melhor não ela saber
ainda, preciso saber o que diabos ele quer?
Acabei de entrar em casa e Maria ouviu o barulho na porta e
quando me viu veio até mim me dando um abraço apertado. Depois
me afastei e perguntei onde está a minha mãe, ela indicou com o
dedo para escritório. Balancei a cabeça, quando estava prestes a ir
para o escritório ela pegou na minha mão que me fez olhar para ela.
— Meu menino, sei que você e sua mãe não veem suas
diferenças. Mas neste momento ela precisa de você! — Ela me solta
o meu braço, dou um passo para frente e olho para ela.
— Ele fez alguma coisa? — Questiono. Ela desvia o olhar.
Desgraçado! Me viro e vou logo para o escritório, ela grita, mas a
ignoro. Coloco a mão na maçaneta para abrir, porém está trancada!
Que inferno! Começo a bater na porta e chamar por ela e nada. Bato
com mais força e em seguida, a porta se abriu, ela leva um susto
quando me vê.
— Bruno? O que está fazendo aqui? Não devia estar na
empresa? — Pergunta, e inclina a cabeça para frente, vendo se tinha
alguém ou se já foi. Pude notar um vermelho no seu rosto.
— Está procurando quem? O meu pai? Foi ele que lhe deixou o
seu rosto desse jeito? — Rosno com muita fúria. Ela, imediatamente,
levou sua mão para o cenho tampando o vermelho que vi.
— Seu pai? Está louco, Bruno? Seu pai fugiu faz… — Pragueja
e a corto.
— Vinte e dois anos! E ele esteve aqui! — Avanço, abrindo a
porta para eu entrar. Ela recua, andando para trás.
— Que absurdo! — Ela se virou ficando de costas para mim.
Com as mãos apoiadas na mesa. Bato a porta com força, o que a faz
levar um susto. Vou até ela e pego no seu braço que gira e me fita.
— PARÁ DE ME ENROLAR, SHEILA! EU SEI QUE O PAPAI
ESTEVE AQUI! AGORA ME DIZ O QUE ELE QUERIA? —
Esbravejo, sacudindo ela.
— Está bem! Para de me balançar. — A solto e me distanciei,
mas ainda estou de frente a ela. — Ele disse que quer o que é seu
de direito.
— Ele não tem nada! Ele perdeu isso do momento que ele
roubou os nossos clientes e fugiu com sua amante. — Disse
balançando a mão no ar. Fui até a adega. Puxei um copo e coloquei
dois cubos de gelo, depois coloquei o conhaque. Tomei nunca gole
só. Argh! Estava precisando disso!
— Infelizmente você está errado. Tem um papel, quer dizer, um
contrato que ele continua sendo dono e sócio da Montenegro
Advocacia Ltda. — Bato o copo na mesa da adega, viro o rosto
olhando fixamente para a minha mãe, com indignação.
— O QUÊ? — Depois me afasto e balancei o dedo indicador,
negativamente. — Não, não E NÃO! ISSO NÃO É POSSÍVEL! —
Pego o copo que estava na adega, que tinha bebido e joguei na
parede com força.
— Bruno, para com isso! — Adverte a minha mãe. — Está
parecendo um louco?
— Estou parecendo um louco? O filho da puta do seu ex
marido, é isso que ele é pra mim! Pai ele nunca foi, nem pra mim e
muito menos para Elena! Ele aparece cobrando uma coisa que ele
tem direito, que eu nem sabia! — Vou até o seu lado, puxo o seu
braço e falo no seu ouvido. Ela se afasta, mas continuo segurando
no seu braço. — Não mãezinha. A senhora vai me ouvir! — A levo
para sua cadeira e a jogo ela ali.
— Não precisa ficar assim. Eu tenho esse contrato. Posso
acabar com ele, mas tem outra coisa… — Ela encosta-se à cadeira e
vira o rosto para o lado.
— Que coisa? Fala de uma vez, Sheila!
— Se eu não entregar esse contrato… Ele vai contar para
Elena que não é a minha filha. — Declarou, olho para ela surpreso.
Me distanciei dela indo para o meio do escritório com as mãos na
cabeça, bufando de raiva.
— Desgraçado! Filho da puta! Ahhh! — Ando para um lado e
para o outro. Me viro e fito à minha mãe. — Ele não pode fazer! Não
pode!
— Por mim, você sabe que ela poderia estar sabendo a
verdade, mas… — Dar uma pausa. Ajeita o cabelo, jogando ele para
trás. — Preferiu não contar para sua queridinha que ela é uma
basta… — Vou pra cima da mesa e dou um soco, que dar um salto
pelo susto.
— CHEGAR! CALA A BOCA! — Aponto para ela, com os
cheios de raiva. JÁ DISSE PARA NÃO REFERIR DA ELENA DESSE
JEITO! OU ESQUECEU O QUE NÓS COMBINAMOS? — Levantei a
sobrancelha, ela se lembrou e ficou caladinha. Olhei para a hora,
tenho quinze minutos para voltar para a empresa. Que inferno! Dou
as costas para minha mãe e caminho até a porta.
— Onde você vai? Ainda não resolvemos isso? — Problema é
seu! Agora tenho que fazer um acordo. — Abrir a porta e dei mais
uma olhada para ela. — Se lembra do filho do governador? Então,
vou lá. Até Sheila. — Aceno para ela, fechei a porta. Passei pela
sala, saí e fui para o meu carro. Tenho que correr. Espero que o
Sérgio venha para a nossa reunião.
Estava ali, diante da Raquel. Estava olhando para ela e
pensando no que ela acabou de me pedir. Amigos? Apesar de tudo,
ainda gosto muito dela… Mas a vendo assim, decidida ela quer ficar
com o Bruno. Não posso a obrigar a ficar comigo…
— Wirley? Wirley? — Ela me chama. Levanto a cabeça e olho
para ela.
— Sim? — Respondi, ela continua me fitando.
— Então… Você aceita de sermos amigos? — Ela pergunta
mais uma vez. Abaixo a cabeça e penso por um minuto. Depois
levanto da cama e vou para seu lado, ela continua olhando para mim.
Levo minha mão na sua cabeça e acaricio nos seus cabelos negros
macios, noto que fechou os olhos sentindo o toque. Me inclino e a
beijo. Ela abre os olhos e sorri para ela, levanta a sobrancelha.
— Sim Raquel. Vai ser uma honra ser seu amigo. — Sussurro
no seu ouvido. Ela se emociona, cai uma lágrima no seu rosto. Ergo
minha mão no seu cenho enxugando. Logo entra a amiga da Raquel.
— O que aconteceu? Ele fez algo com você? — Vem até a
cama perguntando e olhando para mim.
— Ele não fez nada, Patrícia. Pelo ao contrário. — Vira o rosto
e olha nos meus olhos, sorrindo. — Ficou tudo resolvido. Somos
amigos agora.
— Sério? — Questiona a amiga. Sacudir a cabeça que sim. —
Então está bem. — Balança os ombros e se aproxima, sentando na
beira da cama. Conversamos mais um pouco, depois olhei a hora
pelo celular. Tinha que voltar, pois tinha que resolver o meu caso
ainda. Me despedi da Patrícia apertando sua mão, depois dei outro
beijo na testa da Raquel. E sai em seguida do quarto. Me sinto bem.
Acho que vai ser bom assim. Já dentro do carro o celular começa a
vibrar, tiro do bolso e vejo que é a Letícia. Pensando bem, não tem
problema eu tentar com ela. Pode ser uma segunda chance para a
gente?

Finalmente! Conseguir chegar. Adianto o passo, vou para minha


sala, abro a gaveta e pego a minha pasta. A fecho, estava indo para
a porta, quando ela se abre e entra a Elena.
— Você está aí?
— Onde eu estaria? — Colocando a pasta embaixo do braço.
— Mais cedo não estava aqui. Por falar nisso, onde você
estava? — Indaga cruzando os braços, olhando para mim. Devo
dizer que estava com a mamãe? E conto que o papai está aqui no
Rio de Janeiro? Humm… Acho melhor não. — Bruno? — Ela toca no
meu braço e sai do transe e a fito.
— Está resolvendo um problema com o promotor do caso, aliás,
marquei uma reunião com ele aqui. — Levanto o meu pulso para ver
a hora, depois abaixei e voltei a olhar para ela. — Quer dizer nesse
exato momento. — Sorri para ela.
— Sei… Então como você tem reunião agora, não vai dar para
você ir comigo visitar a Raquel? — Pergunta.
— Não. Não vai dar. Mas manda um beijo na boca dela…
melhor não. Você está namorando e também não ia gostar disso. —
Brinco, ela dá um tapa no meu braço.
— Seu bobo. Mas vou mandar seu beijo. — Levantei a
sobrancelha.
Da outro tapa, dessa vez eu senti. Fui até a porta para ir para a
sala de reunião. Assim que cheguei à sala ele estava sentado me
aguardando. Fechei a porta e puxei a cadeira ficando de frente para
ele. Nos cumprimentamos.
— Finalmente nós encontramos. Achei que tinha dormido
comigo para não querer me ver? — Tiro a pasta embaixo do meu
braço e jogo sobre a mesa retangular de vidro.
— Há, há, há. Você não faz o meu tipo. Tive um problema
pessoal. Mas deixa ver isso aqui. — Ele disse. Pega a pasta e folheia
por um tempo. Depois fecha e olha para mim. — Acha que com isso
podemos fazer um acordo?
— Sim. Aí está alguns exames e clínicas de reabilitação. Com
isso posso garantir que ele precisa se tratar. Ele fica numa clínica por
um ano. — Enfatizei. Inclinando para frente com os braços cruzados
sobre a mesa.
— Olha, até podemos fazer esse acordo, mas… — Joga a
pasta na minha frente. O fito. Tem mais alguma coisa?
— Sérgio, diz logo! Vai aceitar ou não? — Questiono, olhando
severamente.
— Vou dizer. Aceito o acordo se ele confessar o crime.
— Depois disso, está tudo certo? — Pergunto, ele sacudiu a
cabeça confirmando. — Ok. Ele vai dizer. Mas assina isso aqui, por
favor. — Abrir a pasta, na última folha para ele assinar. Sorrir, tira a
caneta do bolso. Assina o contrato. Depois nos cumprimentamos,
logo ele saiu da sala. Peguei a pasta e depois liguei para o
governador que está tudo resolvido. Agora tenho que resolver o outro
problema: a volta do meu pai.
Um mês depois
Depois que recebi alta do hospital e fiquei um mês de licença
em casa, descansando. A Patrícia ficou o tempo todo comigo,
cuidando de mim. Bruno me ligava todos os dias, todo atencioso.
Agora estou de volta ao trabalho. Trabalhei muito hoje. Caramba!
Estou muito cansada, mas estava com saudade dessa correria.
Ajudei o Bruno no seu caso com um dos clientes aqui da
empresa, ver ele no julgamento foi incrível! Agora perto das dez da
noite, estou terminando sua agenda de amanhã. E de repente o
interfone começa a tocar. Paro que estou fazendo e vou atender.
— Sim?
— Por favor, senhorita Oliveira. Compareça à minha sala
imediatamente! — Ordena. Respondi que sim. Coloquei o gancho no
interfone, me levantei e fui para a sala do meu chefe.
— Senhorita Oliveira, fecha a porta, por favor! — Já dentro da
sua sala faço o que ele ordenou. Fechei a porta. Ele se levantar da
sua cadeira e vem até a minha direção.
Pega pela a minha cintura me puxando para si. Me beija, seus
lábios tocando nos meus. Voraz e urgentemente, não me contive e
joguei meus braços em volta do seu pescoço. Sinto sua língua
invadir o céu da minha boca, me fazendo me entregar completa a
ele.
Logo sai dos meus lábios e vai para o meu pescoço beijando,
indo para minha orelha, dando leves chupadas. Não aguento e solto
um gemido. Me puxando para bem perto do seu corpo, mesmo com
tanto tecido pude sentir seu pau duro roçando na minha saia.
Imagino ele pulsando dentro daquela calça. Estava muito doida pra
sentir, abaixei minha mão, fui até sua calça, por cima mesmo
comecei acariciar.
Caraca! É o que imaginava. Está muito duro, uma rocha. Ele
nota a minha investida, abaixa sua mão, desce até o meu sexo.
Afasta a calcinha leva o dedo lá dentro da minha vagina, tocando lá
dentro. Faz movimentos circulares lá dentro, estou tão molhada que
faz até um barulhinho. Com o dedo do meio ele toca no clitóris,
fazendo pra cima e pra baixo, paro que estava fazendo e volto
colocando o braço no seu pescoço e abro um pouco mais a perna.
— Humm… Que gostoso… — Gemi na sua orelha, depois
mordo. Ele me pega no colo, minhas pernas em volta da sua cintura,
vai à sua mesa e joga no chão as coisas que estava em cima e
depois me coloca ali deitada. Puxa a minha calcinha e abre as
minhas pernas, enfiou sua língua ali dentro. — Caralho! Caralho!
Que língua gostosa…
Ele sugou meu clitóris com os lábios, ao mesmo tempo colocou
o dedo na minha vagina aumentando o ritmo e também, no mesmo
ritmo com a língua no meu clitóris. Meu quadril começou a rebolar na
sua boca. Levei minha mão no seu cabelo, puxando de tanto tesão.
Ele sai e se distancia, desabotoa a calça, jogando no chão junto
com a cueca, mostrando seu membro duro e cheio de veias. Enfia de
uma vez na minha boceta e dou um gemido, com as mãos na minha
cintura dar início nas socadas dentro de mim.
Começa devagar e aos poucos vai aumentando o ritmo. Ele
leva as mãos na minha blusa, levantando deixando os seios à
mostra. Vai massageando e socando firme. Ele solta um gemido me
sentindo molhada. Então, ele pega a minha mão que estava na
mesa, me segurando e coloca no meu clitóris. Olho para ele se
inclinação seu troco e sussurra no meu ouvido.
— Quero ver você se tocando. — Viro o meu rosto para o dele
que sorri, depois me beija. Sai puxando meu lábio inferior. Murmura,
se vou fazer o que me pediu, balanço a cabeça que sim.
Com o dedo no clitóris, faço movimentos circulares, ele soca
com mais vontade dentro de mim. Eu também vou aumentando o
ritmo.
— Estou quase… — Gemi. Tocando no meu clitóris. Ele solta
um sorriso largo continua com as investidas e gozei ali mesmo,
depois ele gozou também.
Puta merda! Como foi gostoso. Todas as noites ficamos
fazendo isso, transando na sua mesa, no sofá e até no chão, ficamos
dias assim. Nos amando de novo e de novo. E estava amando tudo
isso. Espero que isso nunca acabe…
Primeiramente quero agradecer à Deus por me dar esse dom da
escrita e criatividade. Um agradecimento especial para a minha
amiga Gi que deu seu apoio e acreditar no meu trabalho, ter sido um
anjo em minha vida, dando força para continuar nessa profissão que
não é nada fácil, mas amo fazer. . Muito obrigada.
E para os meus divos maravilhosos: Bruno Carnevale e Wirley
Contaiffer para eles que me apoiaram e não deixam eu desistir dessa
profissão. Muito, muito obrigada. Amo vocês.

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