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Copyright © 2021 Thamy Bastida

Capa: Gialui Design


Revisão: Patrícia Suelen
Diagramação: TTAB
Esta é uma obra de ficção.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua
Portuguesa.
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É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios (tangível ou intangível)
sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.2018
Sumário
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
Nota de Autora

O que é amar?

O amor vem com o tempo?


Há pessoas que demoram anos para amarem uns ao outro.
Há amores que duram dois verões.
Existe o amor que surge do nada, ele queima em seu peito
ardentemente e a chama nunca se apaga.
Mas no final o importante é amar.
Thamy Bastida.
— O seu polícia tu é um pitelzinho! — grito, doida pela euforia que
é o carnaval.
Amo carnaval adoro sair pelos blocos pulando feito louca sem
ter qualquer peso na consciência de que estou passando vergonha
ou não. Posso dançar mal do jeito que for, ninguém me julgará esse
é o bom do carnaval todos somos iguais. Vejo de longe um homem
lindo usando uma farda da polícia federal, melhor fantasia.
Corro e me jogo no colo do policial mais lindo que já vi na
vida, mais pessoas deveriam vir assim para o carnaval, com essa
farda. Assim que entrelaço minha perna na cintura musculosa do seu
polícia sinto algo me cutucar, olha só, não acredito que seu polícia já
está armado para mim! É hoje que dou a perseguida de vez. Adeus
virgindade. Nem sentirei falta dela, juro pela Virgem Santa que
amanhã mancarei, provavelmente precisarei de uma cadeira de
rodas, mas tudo bem!
— Ohhh, seu polícia, tu é tão gostoso que sinto que não vou
querer sair das tuas algemas. Mostre-me o poder dessa arma que já
sinto cutucando minha bunda, mas, coisa linda, nada de anal porque
minha avó disse que dá o orifício anal é coisa de puta, e eu sou coisa
linda do céu, que Deus enviou para cuidar de você, sou seu anjo da
guarda. Real prometo sempre cuidar de você, é só me manter
algemada a você — digo, olhando seus olhos castanhos que tanto
me dão tesão. Esse homem é uma pura tentação!
Ele me olha nos olhos sem dizer nada, posso jurar que ele
consegue ver além de mim. Suas fortes mãos apertam com força
minha bunda, mantendo-me parada. Seus lábios entreabertos
parecem buscar palavras certas para dizer. Virgenzinha, amanhã
rezarei dez Aves Maria para poder levantar da cama, porque esse
homem vai fazer um estrago na minha pessoa.
— Oh, seu polícia, cê tá bem armado, né?
— Não imagina o quanto! — Só a voz dele já me faz querer
gozar. — Aliás, o que a coelhinha faz no meio dessa bagunça toda?
— Vim curtir esse carnaval, igual você, seu polícia.
— Coelhinha, está na hora de você ir para casa ou o policial
aqui terá que levá-la para delegacia — ele diz num tom que Deus do
céu! — Não é melhor a coelhinha ir para casa?
— Ooooh, seu polícia, eu quero que você me prenda! — grito
Ele não diz nada apenas anda comigo no seu colo para um
lugar que não faço nem questão de saber qual é! Apenas grudo
meus braços ao redor do seu pescoço dando beijinhos pelo seu
rosto.
Seu rosto não tem barba nenhuma é rostinho de neném, ele é
uma coisa linda. Sua postura séria me faz pensar o quão sujeito
macho ele é! A forma como ele me pegou Jesus do céu, nem sei
descrever o que senti. Esse homem é meu pecado! Reparo que nas
laterais da cabeça ele tem uns fios grisalhos que dão um puta
charme.
— Você pintou o cabelo de grisalho nas laterais?
— Não, é hereditário. Está aí desde os meus vinte anos.
— Nossa você fica um tesão com esses cabelos grisalhos! —
exclamo, excitada de expectativas sobre como será nossa noite!
Quando menos percebo estou numa rua estranha onde tem
vários carros de polícia federal. Sempre soube que o Rio de Janeiro
era perigoso, mas não vejo motivo para tantos agentes federais num
só lugar. Será que aconteceu algo.
— Delegado quem é essa? — Alguém pergunta.
Delegado?
— Ninguém importante, Santos — diz meu tesão
ambulante. — Daniele!
Ele grita o nome de alguém, não, ele grita o nome de outra
mulher. Que palhaçada é essa?
— Oh, seu polícia, por que está chamando outra mulher?
— Quieta, coelhinha. — Ele me põe sentada dentro de uma
viatura. — Daniele, leve a senhorita para delegacia — diz isso me
algemando.
Não acredito que estou sendo presa de verdade pelo senhor
sexy!
Nunca em minha vida pensei que seria tão legal a prisão, real eu
estou amando passar a noite aqui na delegacia as outras presas são
bem legais até estão me ensinando a seduzir o policial gostosão que
me prendeu. Elas fizeram até meu cabelo e ainda disseram que sou
a coelhinha mais fofa desse mundo, nem amo elas, mentira amo sim,
elas são o máximo.
Eu sei que elas são bandidas e tal, mas poxa entendam a
Jamile foi presa por quase matar de paulada o marido que estava
transando com a prima dela na cama que era deles, na casa que ela
construiu junto ao traste, eu super dei apoio a ela. Já a Neuza, foi
presa por socar a esposa do ex dela que maltratou a filhinha dela,
gente quem bate em uma criança de dois anos? Bebês são um
amor...
Cada uma aqui tem uma história de vida para contar, cada um
de nós veio para cá por um motivo, já eu vim para cá sem saber qual
crime cometi, eu só queria pular carnaval e pegar o seu polícia
gostoso. Ele é o meu sonho todinho de puta! Nossa Senhora do céu,
estou me sentindo uma devassa! O que o álcool não faz com a
gente.
— Então eu só preciso saber andar e seduzir ele com o olhar?
— pergunto, tentando copiar o olhar seduzente que a Jamile me deu.
— Isso, anda rebolando, mas não muito, pisca com cílios com
cuidado e delicadeza, abre os lábios um pouco e dá um sorriso
sedutor — Neuza ensina. — Você consegue, garota.
— Eu consigo, ele será meu! — digo, levantando os punhos
no ar.
Deito minha cabeça no colo da Neuza e durmo cansada, pulei
bastante nesse carnaval, dancei muito e não beijei ninguém tudo
culpa do seu polícia.
— Laura! — acordo com meu nome sendo gritado, cadê a
educação do guarda, hein?
— O seu guarda seja mais educado, por favor, sua mãe não
lhe deu educação não? — pergunto já de pé encarando o guarda,
que me olha com ódio, eu hein, cara estranho.
— Senhorita Laura, o delegado quer falar com a senhorita —
informa, abrindo a cela para que eu saia.
— Meninas, vou lá quem sabe eu não volte se cuidem — digo,
abraçando cada uma delas.
O guarda me algema como se eu fosse uma criminosa, mas
nem ligo, hoje estou para o crime! Sigo-o pelo corredor passamos
por várias celas lotadas percebo que onde eu estava é a única com
poucas pessoas, e para melhorar as meninas são ótimas, amém por
isso. Saímos do corredor de celas e entramos na famosa recepção
da cadeia até que é bem organizada, ele me puxa até que paramos
diante de uma porta de madeira grossa escura. O guarda que ainda
não sei o nome dá duas batidas na porta. Não obtendo resposta ele
entra.
— Aqui, chefe, a meliante — diz.
Quando ele sai da minha frente eu o vejo, o seu polícia, o meu
policial. Sorrio para ele exibindo todos os meus dentes, meus olhos
fecham de tão amplo que é o meu sorriso. Vovó, para esse eu dou
tudo de mim. Ele nem olha na minha direção, o que é bem chato.
— Seu polícia! — digo, sorrindo, e caminho em sua direção só
que a grande mesa de madeira me impede de chegar mais perto.
— Sente-se — ele fala, e quase corro para seu colo. Mas me
comporto e me sento na cadeira. Pode sair, Edison. — Agora sei o
nome do guarda mal-educado. — Senhorita, sabe me dizer por que
está aqui?
— O senhor que me prendeu como posso saber, seu polícia?
— Qual a sua idade? — pergunta.
— 21 anos e qual é sua idade, seu polícia?
— A minha não lhe interessa, a senhorita já é maior de idade,
então não há motivos para chamar um responsável, não há queixa
prestada contra a senhorita o que significa que pode ir embora
tranquilamente — diz, ainda olhando a papelada em suas mãos.
— Seu polícia, cadê o delegado que queria falar comigo? —
pergunto, curiosa.
— Diante da senhorita — responde, fazendo com que eu fique
de boca aberta.
— Então não é seu polícia e sim seu delegado, Nossa
Senhora meu sonho de deva....
— Laura, comporte-se — repreende-me, e Nossa Senhora do
céu esse homem não é normal não, que voz. — Um táxi levará a
senhorita para casa e não precisa se preocupar que pagarei tudo —
informa.
Não falo nada, pois estou sem palavras. Ele se levanta me
mostrando o quão alto realmente é, e vem até mim, pega minhas
mãos me liberando das algemas. Suas mãos são ásperas, mas
sexys. Por mais caduca que eu seja sei que esse tratamento só
existe em filme de romance, e puta merda estou me sentindo a
Angelina Jolie.
— Pode ir para casa, senhorita, e não espero mais vê-la aqui
— diz, indo até à porta e abrindo para que eu possa passar.
Levanto-me com cara de cachorro sem dono, mas ele apenas
me encara e acena para a saída, grosso! Será que também é grosso
lá embaixo? Abaixo a cabeça e olho bem para o meio das suas
pernas, bem, há um volume ali, mas não dá para ver a espessura,
que pena.
— Laura, posso saber o que está fazendo? — Saio do transe
com sua pergunta.
— Vendo se é grosso ou fino — respondo sem pensar.
— Senhorita, por favor, saia agora da minha delegacia! —
manda, apontando para a saída, ele não me quer aqui fazer o quê?
— Tome — diz, estendendo-me um casaco bem grande, nem está
frio, mas aceito.
— Obrigada — digo, educada.
— Não há de quê — responde.
— Tchau.
— Adeus, Laura.
Não olho para trás quando passo pela porta, há amores que
duram para sempre e outros que só uma noite, acho que ele não
nasceu para mim, mas sei que nasci para ele. Saio da delegacia e
vou até o ponto de táxi. Visto o casaco que para mim, parece mais
um vestido longo, tudo bem ao menos tem seu cheiro, vou usá-lo
para dormir todos os dias até feder.
Por incrível que pareça não há nenhum táxi no ponto e o mais
legal é que estou sem celular, acho que não pode ficar pior.
Resolvo andar até o ponto de ônibus mesmo. Ando de busão
a minha vida toda. Caminho devagar não tenho pressa, minha mãe
está em Cabo Frio aproveitando o carnaval e eu quis ficar por aqui
mesmo. Estou aproveitando sozinha pela primeira vez sendo
responsável por mim mesma. Acabei conhecendo o seu polícia e me
apaixonando por ele, mas ele não me ama. Isso é uma linda história
de amor. Faz parte! Os amores não correspondidos são os melhores,
eu me apaixonei em uma noite e ele vai me amar em 365 dias, a vida
é sofrida, porém, linda.
Quando estou perto do ponto um garoto vem correndo na
minha direção passa por mim, levando o único dinheiro que eu tinha,
para piorar a situação ainda me derruba numa poça de lama suja e
fedorenta sinto uma dor na cabeça, acho que bati na queda. Estou
suja, fedorenta, vestida de coelhinho, com dor de cabeça e sem
dinheiro para ir para casa.
Essa vida não me ama, só pode! Sento-me na calçada e
choro. Pior carnaval da minha vida.

Cansado, estou exausto. Fazer um plantão de vinte e quatro


horas em época de carnaval é algo terrível ainda mais quando se
tem uma operação para comandar. Tudo saiu certo até que no final
resolvi fazer uma vista grossa por uns dos blocos, e foi lá que a vi
dançando feito maluca sozinha atraindo olhares errados vestida de
coelhinha, por alguma razão meus instintos gritaram para me afastar
dela, aliás, era só uma menina curtindo o carnaval, mas antes que eu
pudesse sair daquela muvuca desnecessária ela correu em minha
direção feito louca pulando em meu colo. Gritando seu polícia o
tempo todo fazendo com que meus tímpanos doessem com o agudo
da sua voz. Sem escolhas e sendo antiético a prendi. Joguei-a na
melhor cela e esperei o efeito do álcool sair do seu organismo, só
não esperava que sua doideira fosse algo já implantado nela. Nova
demais, e totalmente sem filtro. Oposto de mim.
Expulsei-a da minha sala no intuito de fazer com que ela
sumisse da minha vida, mas quem disse que ela quer sair?
— Senhor? — Adilson me chama na porta.
— Entre.
— Então, delegado, a menina não entrou no táxi — informa,
fazendo com que eu pare de ler os papéis.
— Não? — pergunto, sério.
— Não tinha táxi no ponto, então ela andou até o ponto de
ônibus, mas no caminho foi assaltada e caiu na poça de lama. E
agora está sentada chorando feito doida. Peguei o bandidinho — diz.
Olho para o relógio e vejo que meu plantão acabou. Levanto-
me, junto os papéis e os coloco na minha pasta pessoal. Pego a
chave do carro, as minhas coisas e saio. Hora de ir para casa.
Adilson não me segue nem nada. Sabe que já estou mais do que
puto da vida.
Entro no carro e sigo em direção ao ponto de ônibus, não
acredito que farei isso.
Vejo-a sentada na calçada chorando igual uma criancinha,
estaciono o carro, desço e ando na sua direção, ela está em uma
situação lamentável demais. Paro diante dela estendendo minha
mão para que ela possa se levantar. Ela me olha como se eu fosse o
último pote de biscoito, ela sorri para mim, enquanto funga. Só quero
ir para casa descansar, mas parece que hoje não é bem meu dia,
aturar essa maluca deve fazer com que eu ganhe pontos extras por
ser bondoso.
— Seu polícia, hoje não é meu dia — diz, chorando. —
Primeiro, você despreza o meu amor e agora tudo isso acontece
comigo.
Sinto vontade de rir do seu drama nem há amor para
desprezar.
— Senhorita, por favor, levante-se e me diga seu endereço
para que eu posso levá-la para casa.
— Oh, seu polícia, eu moro em Niterói no outro lado, até nisso
somos distantes — comenta, levantando-se com minha ajuda. —
Oh, vida cruel!
Não digo nada apenas a conduzo até o lado do carona, fecho
a porta e sigo para o lado do motorista. Ela afivela o cinto de
segurança e fecha os olhos. Faço o mesmo só que fecho meus olhos
para tentar me lembrar exatamente do motivo de estar fazendo isso.
Não sou uma pessoa muito boa. Ah, lembrei que quero ganhar
pontos extras para quando morrer ir para o céu! Ligo o carro e sigo
viagem para o lado totalmente oposto de onde moro.
— Qual bairro de Niterói? — pergunto quando já estamos na
ponte Rio-Niterói.
— São Lourenço — responde.
Puta merda, poderia morar mais perto, hein. Ela dorme o
trajeto todo.
— Laura, digite seu endereço aqui no mapa, por favor. —
Peço estendendo meu celular.
— Nossa Senhora do céu! — exclama. — Esse Iphone deve
custar dez salários meus e um pouco mais do extra que faço às
vezes.
Não respondo nada apenas me concentro em dirigir, já
estamos na principal de Niterói aqui até que é bonito, mas ainda
prefiro a Barra.
São Lourenço não é lá um bairro muito bonito de Niterói, mas
há certas belezas na história do lugar. Sigo o mapa até parar em
frente à casa da Laura. Uma de muros baixos de cor verde estranha
com um portão de ferro que parece que vai cair ao primeiro vento. A
casa é simples, de laje, na cor azul-caneta, como dizem: uma casa
bem simples.
— Chegamos — diz. — Obrigada por me trazer.
— Não há de quê.
Ela me olha pensativa, algo me diz que ela deve estar criando
algum plano fora do normal o que provavelmente me trará dor de
cabeça.
— Estou curiosa sobre algumas coisas — diz, pensativa.
Não ouso perguntar sobre o que, aliás, até mesmo temo sua
resposta.
Ela tira o cinto como se fosse sair, mas para do nada, olha
para mim e simplesmente estende a mão e aperta meu pau.
— É grande de verdade! — diz em choque, apertando ainda
mais forte.
Quando saio do estado de torpor e penso em agir alguém
abre a porta gritando no meu ouvido.
— Laura, que pouca-vergonha é essa aqui?
— Mãe?
Olho para o lado e vejo uma mulher muito furiosa com um
cabo de vassoura na mão, eu só queria ajudar e acabei tomando no
rabo.
Como faço para fugir daqui?
Respiro fundo tentando entender o que está acontecendo à minha
volta. Mas simplesmente não entendo nada. Alguém me explica, por
favor?
— Então você é o safado que está tirando a inocência da
minha filha? — pergunta a mulher batendo o cabo de vassoura
na mão.
O que devo dizer a ela? Temo ter que dizer que sua filha é
uma completa maluca que não bate bem da cabeça. Ou posso
simplesmente falar com toda sinceridade que a menina que está me
apalpando com a mão. Será que ela gostará de ouvir tais verdades?
Quem para a fim de olhar a minha situação vê que a jovem inocente
está apertando meu pênis para saber se é grande ou pequeno, mas
a culpa é minha, porque algo me diz que isso não é algo que uma
jovem menina inocente faria. Mas sou o mais velho e perdi o controle
da situação, por isso sou o culpado. Mas em minha defesa a garota é
completamente doida! Entretanto, não há defesa para mim.
— Minha senhora...
— Sua senhora porra nenhuma, não sou nada sua e senhora
está no céu! — diz, me cortando e apontando o cabo de vassoura
em minha direção. Vejo que há pessoas saindo para fora de suas
casas. — Agora me explica que pouca-vergonha é essa aqui?
— Mãe, ele me trouxe até em casa porque fui assaltada e
ainda cai na poça de água suja. Não levei meu celular com medo de
ser roubada por isso não liguei. — Ela tenta explicar a mãe
exasperada.
— Até aí estou entendendo, só não entendo o que sua mão
estava fazendo no pinto do homem — diz, batendo o pé no chão e
mexendo o cabo de vassoura para lá e para cá. Sinto que esse cabo
de vassoura é uma arma mortal que será usada contra mim. E nem
culpado sou.
— Fui tentar pegar a chave que estava no bolso dele, aí sem
querer minha mão bateu no pênis dele — explica a doida. — Mãe,
ele é um delegado federal que me ajudou após ter sido assaltada e
ainda me trouxe até aqui.
— Delegado federal? — pergunta a dona. — Por qual motivo
um delegado federal te ajudaria?
Estou me fazendo a mesma pergunta nesse exato momento.
Não era para ter tirado o dia para ser uma boa pessoa, era para ter
lhe deixado naquela maldita poça de água suja, mas por alguma
razão quis fazer algo benevolente e acabei nessa situação
desnecessariamente ridícula. Respiro fundo para não parecer ser
uma pessoa muito grossa com a senhora.
— Ajudei sua filha como qualquer cidadão deveria fazer.
Existem uns mal-entendidos? Existe! E por isso peço desculpas por
não ter me apresentado antes devidamente, Arthur Sokolov,
delegado federal do estado do Rio de Janeiro — digo, estendendo
minha mão a senhora que pensa bem antes de pegá-la.
— Solange Santinni, mãe da Laura — apresenta-se, tentando
apertar forte minha mão. — Seu sobrenome fala estranho assim
mesmo?
—É russo — respondo já acostumado com essa pergunta.
— Entendo então, seu Artur, minha filha está entregue.
Obrigada pelo seu ato de bondade — diz, seca.
— Mãe achei que estaria em Cabo Frio, não aqui com esse
cabo de vassoura — Laura diz ainda dentro do carro. Por que ela
ainda não saiu?
— Cheguei agora de manhã. Amanhã eu trabalho —
responde, mexendo a vassoura para lá e para cá. — Aguardo você lá
dentro em três minutos, Laura — diz isso e sai andando para dentro.
— Seu delegado, muito obrigada! Sou extremamente grata
por me trazer em casa! — comenta, agora apertando minhas coxas.
— Nossa! Elas são firmes!
Retiro suas mãos de cima de mim. Essa garota é tarada por
natureza, deveria prendê-la por assédio, porém, ela seria minha
derrota na delegacia. Deixe-a por aqui mesmo. Longe da minha
pessoa.
— Não há de quê — digo, ligando o carro para poder ir para
casa o mais rápido possível. — Agora entre sua mãe deseja
conversar com você.
Ela me olha triste, respira fundo e sai batendo a porta do carro
com força, que menina louca!
Dirijo para longe daquela menina feliz da vida. Ela não é uma
pessoa má, mas é louca demais para minha pessoa ficar na sua
companhia. De loucura já bastam as que vivo no meu cotidiano de
trabalho.
Quase paro em um hotel para descansar, mas opto por seguir
e atravessar logo essa maldita ponte. Já são meio-dia o que significa
que terei que dormir, mas antes preciso almoçar. Raiva é o que sinto
só de pensar nisso! Uma hora e meia depois estou em casa após
pegar o maravilhoso engarrafamento do Rio de Janeiro!
Moro em um condomínio fechado na Barra, passo pelas casas
até chegar à minha o que me deixa bastante feliz. Meu muro é o
mais alto o único com certas elétricas ao redor. Aperto o botão do
portão para que ele possa abrir. Assim que coloco o carro na
garagem praticamente corro para dentro de casa. Necessito
descansar!
Minha mãe me olha como se eu fosse uma criminosa ou algo
do tipo. Mal entrei em casa e ela já está me esperando com a
vassoura assassina na mão. Olho para ela acuada, não fiz nada de
errado ou fiz? Tento lembrar o que fiz de tão errado para receber
esse olhar tão cruel em minha direção.
— Laura, quem era aquele homem? — pergunta com raiva.
— O delegado Sokolov — digo tentando pronunciar seu nome
certo, mas quem diz que consigo. Esse sobrenome dele não é de
Deus não.
— Que ele é um delegado eu sei e entendi, agora me diga por
que você estava com as mãos no pinto do homem?
— Mãe, eu não já lhe expliquei?
— O que faz você, minha filha, que nasceu da minha piriquita
achar que engoli aquela sua explicação mal inventada? — pergunta,
já levantando o cabo de vassoura na minha direção.
— Mãe, foi o que aconteceu, aliás, sou maior de idade, né? —
pergunto.
— Você é, Laura. Não lhe proíbo de nada, absolutamente
nada, mas peço apenas que se controle e não traga machos para o
meu portão.
— Que macho o que, mãe? Ele não é nada meu, apenas me
ajudou quando precisei, nada mais do que isso — digo, olhando em
seus olhos.
— Filha, você viu o carro daquele homem? — pergunta. — O
relógio no pulso dele não é algo que um simples delegado federal
pode comprar. Algo me diz que ele é alguém poderoso demais e
pessoas como nós, devemos ficar bem longe deles.
Não digo nada apenas abaixo minha cabeça não há o que
dizer cada pessoa pensa de uma forma. Eu não vejo muita diferença
entre eles e nós, somos todos humanos que possuem sangue
vermelho.
— Vou tomar um banho, estou toda suja e preciso dormir um
pouco — digo, indo em direção ao meu quarto.
— Laura?
— Sim.
— Não falo essas coisas para magoá-la, apenas falo porque
sinto que você precisa acordar para a vida — diz, olhando-me com
lágrimas nos olhos. — Meu amor, você já possui 21 anos. Mas ainda
vê a vida como algo mágico e feliz, mas, filha, a vida não é uma terra
encantada onde há fadas e unicórnios voando para tudo que é lado.
Devemos ter sempre nossos pés firmados no chão. Não podemos
nos dar ao luxo de querer ser uma princesa encantada.
— Entendo, mãe — digo isso e corro para o banheiro após
pegar minha toalha no quarto.
Quando a água fria bate em minhas costas suspiro de
felicidade. No Rio faz um calor infernal principalmente nessa época.
Lavo meus cabelos com cuidado. A maldita água suja e mais o suor
deixaram meu cabelo em um estado lamentável.
Quase uma hora depois, saio do banho renovada para dormir,
mas antes vou à cozinha comer algo. Minha mãe comprou uma
quentinha para o almoço. Sento-me à pequena mesa e como igual
uma esfomeada. Quando termino limpo a bagunça que fiz, escovo os
dentes e caio mortinha na cama, cansada.

Após o carnaval as coisas voltam ao normal na minha vida,


estou buscando um emprego igual a uma louca, às vezes faço um
bico ali e outro aqui, mas nada fixo o que é ruim. Minha mãe paga
aluguel, coloca comida na mesa e ainda me dá um dinheirinho
quando preciso. Sinto-me um estorvo por não fazer nada útil para
ajudar, mas não há muito o que eu possa fazer em relação a isso.
Hoje de manhã recebi um e-mail dizendo para comparecer a
uma entrevista de emprego em um restaurante em Copacabana,
tenho que estar lá às 14h. Visto-me rapidamente com roupas
decentes, pego a carteira, bolsa e corro para o ponto de ônibus, uma
hora e meia depois estou diante de um grande restaurante chique
em que jamais me sentaria a uma mesa para degustar da comida
cara que há aqui. Não é como se eu precisasse comer aqui.
Ajeito meu vestido preto social vejo se meus cabelos estão
bem penteados e entro. O perfume do ar chega até mim. Que cheiro
bom! Ando até à recepcionista que me olha e sorri simpaticamente.
— Olá, boa tarde em que posso ajudar a senhorita? —
pergunta, docemente.
— Boa tarde, sou Laura Santinni tenho uma entrevista de
emprego agendada — informo, sorrindo casualmente.
— Estávamos ao seu aguardo. Acompanhe-me. — Ela se
levanta e faz um sinal para que eu a siga.
Passamos por uma porta que dá acesso a um corredor com
mais portas, ela anda até à última porta, bate e logo depois pede
para que eu entre.
— Olá, boa tarde, sou Laura — apresento-me quando entro
para o senhor que está sentado à minha frente.
— Boa tarde, Laura, sou Gelson o gerente — diz, olhando o
que parece ser meu currículo. — A senhorita poderia me informar por
qual razão deveria lhe dar o emprego?
— Bem senhor como pode perceber não tenho muita
experiência, mas sou determinada, esforçada, jovem e aprendo
rápido. Se me der uma chance tenho certeza de que não se
arrependerá — afirmo, sorrindo.
— Contratada — diz, sério. — Trabalhará como garçonete, de
segunda a quarta no turno da manhã até a tarde e de quinta a
sábado no turno da tarde até a noite. Você terá duas folgas na
semana. Um domingo e outro no meio da semana. haverá esse
rodízio de folgas. Não há dias certos. Você receberá todos os seus
direitos de acordo com as leis trabalhistas. Seu salário é de 1.200,00
ao mês. Mais o extra que somará. Alguma dúvida?
— Domingo é a minha folga certa? — pergunto.
— Domingo sim — responde. — Aqui leia o contrato antes de
assinar.
Leio cada linha e vejo que é tudo conforme ele falou. O
contrato é de três meses. Trabalharei oito horas diárias e se caso
seja necessário ficarei até mais tarde, será como extra! Vou fazer
muitos extras. Assino o papal feliz da vida.
— Seja bem-vinda, Laura! — diz, apertando minha mão.
Vou até o RH a fim de fazer todos os protocolos de
contratação. Saio daqui duas horas depois sabendo que terei que
voltar segunda como funcionária. Meu primeiro trabalho de carteira
assinada!
Quando vou atravessar a rua, feliz da vida, ouço um som de
sirene de carro de polícia, bateu uma saudade do seu delegado.
Olho para os lados e não vejo nada até que quando estou na metade
da rua ouço um barulho e depois sinto uma dor. Caio no chão, por
alguma razão permaneço deitada, sinto uma preguiça e não tenho
coragem alguma para levantar.
— O que houve aqui? — Ouço uma voz que conheço
perfeitamente, bela e maravilhosa, voz essa que me faz ter vontade
de gozar, por mais que nunca tenha gozado.
— Delegado, ela surgiu no meio da rua sendo que o sinal de
pedestre estava fechado.
— Não importa, chame uma ambulância agora. — Essa voz.
— Não acredito nisso, Laura?
Ainda deitada no chão entre a vida e a morte eu o vejo como
um anjo, perfeito, bonito e maravilhoso. Um príncipe encantado.
— Seu polícia — digo, baixo, tentando sorrir.
— Laura, fique parada. Não durma — orienta, agachado na
minha frente. — Ela bateu a cabeça com força?
— Não, senhor, o impacto não foi grande.
— Eu nem sei o tamanho do seu pau — choramingo.
— Laura, fale mais. — Pede.
Sinto minhas pálpebras pesadas, então vejo que vou morrer...
— Laura?
Juro que até mesmo vejo uma luz no fim do túnel... Vou para o
céu...
Amém!
Olho para a Laura que fecha os olhos e não abre mais, checo seus
pulsos e vejo que está tudo normal. Não há sangue saindo da sua
cabeça e de nenhum outro lugar e isso me preocupa mais, pois pode
ser uma hemorragia interna, por mais que a colisão não tenha sido
grande ainda assim não é algo que gostaria de arriscar.
Tento me manter calmo mesmo com a multidão se formando
ao nosso redor, pessoas curiosas me dão nos nervos. Eu achei que
tinha me livrado desta louca, mas vejo que fui completamente
ingênuo ao pensar isso. Eu gostaria de poder ficar distante dessa
doida que gosta de manjar o pau dos outros, uma mera criança
tentando ser adulta. Quando ouço o som da sirene da ambulância
suspiro aliviado.
Com todo cuidado a colocam na maca e a levam para dentro
da ambulância. Caminho até meu carro para poder segui-los, não
quero dar motivos para que a descontrolada da mãe dela me
ameace mais uma vez com um cabo de vassoura, na última vez já foi
lamentável até demais.
Quando estamos perto do hospital Samaritano da Barra onde
pedi para que a trouxessem dou um sorriso aliviado, graças ao bom
Deus não houve trânsito e quanto mais cedo chegarmos mais cedo
isso se resolve, sendo assim poderei entrar em contato com a mãe
dela e ir embora para mais longe possível dessa doida e da mãe que
gosta de dar vassourada nos outros.
Meia hora depois estou sentado na sala de espera
aguardando Laura fazer todos os exames necessários e
desnecessários, mas quero ter certeza de que ela está ótima. Não
quero nem ao menos ficar com uma vírgula de dúvida sobre sua
saúde. Pedi para alguém ligar para a mãe dela, que disse que
chegará o mais rápido possível, questiono-me se ela virá voando ou
não.
Era para o meu dia ser perfeito, mas está tudo mais uma vez
dando errado, o que faz uma pessoa pensar que pode atravessar a
rua com o sinal fechado? Balanço a cabeça em sinal de negação,
não há o porquê pensar em algo que não me importa.
Levanto para pegar um pouco de café. Mas paro ao ouvir uma
voz que creio que jamais esquecerei.
— Acho bom vocês me dizerem onde está minha filha, senão
coloco esse prédio abaixo. — A mulher gosta de confusão e de uma
boa gritaria.
Ando em passos longos até à recepção onde se encontra a
mulher apontando um jornal enrolado para a pobre recepcionista que
a olha assustada. Essa mulher parece ter sempre algo na mão para
bater em alguém.
— Dona Solange — digo, aproximando-me e ganhando sua
atenção.
— Delegado do nome estranho que não sei pronunciar — diz,
olhando-me de cara feia. — O que o senhor faz aqui? E o que houve
com a minha filha?
— Sua filha atravessou o sinal com ele fechado para pedestre
o que resultou em uma colisão com uns dos nossos carros que
estavam em perseguição — explico. — Não foi uma batida muito
forte, mas por precaução ela está fazendo todos os exames
necessários para que tenhamos certeza de que ela está
perfeitamente bem.
— Perfeitamente bem ela nunca foi! — comenta, olhando para
as janelas de vidro. — Minha filha não bate bem e quem sabe com
essa pancada seus neurónios não voltem para o lugar — fala,
voltando toda sua atenção para mim. — Só quero saber quem é que
vai pagar todos os gastos desse hospital, uma coisa eu sei, não serei
eu! Ainda mais porque não tenho nem o início do valor cobrado neste
hospital de ricaço como o senhor delegado russo. — O maldito jornal
está apontado na minha direção. Mulher louca, louca até demais.
— Eu pagarei por todos os custos hospitalares e se por acaso
for preciso algo além disso aqui fora também arcarei — digo,
calmamente.
— Acho bom, acho muito bom que o senhor pague tudo, aliás,
a culpa é do senhor! — O jornal quase voa na minha cara. Essa
mulher não se cansa de apontar algo na minha direção não?
— Minha senhora se formos olhar os culpados veremos que
não sou eu, houve um erro de todos os lados, mas me diz o que
levou sua filha atravessar a rua com o semáforo fechado para ela,
uma pedestre? — pergunto. — Conheço as leis, pois trabalho com
elas todos os santos dias, e sei perfeitamente que pela lei o culpado
será o motorista que colidiu com sua filha, mas eu, delegado federal,
posso dizer que não vencerá esse processo tão fácil sem falar que
pode não ter sido o carro do meu pessoal e sim dos bandidos que
esse país tanto protege. Houve um erro de ambos os lados, mas a
culpa não é minha ainda mais porque não fui eu colidi com ela —
acrescento, sério, vendo-a encolher os ombros, mas vejo chamas de
ódio em seus olhos. — Apenas me ofereci para ajudar sua filha e
fazer com que ela tenha um bom médico cuidando dela.
— Por qual motivo a trouxe para cá? — pergunta.
Poderia dizer perfeitamente que é pelo simples motivo de que
não suportarei ouvi-la berrando em minha cabeça por sua filha estar
tendo um péssimo atendimento por causa dos hospitais públicos
superlotados, por causa de verba pública que é desviada para os
cofres de seus governadores.
— Minha senhora, não imagine coisas onde não há — digo, já
sabendo aonde quer chegar. — Não me envolvo com crianças e
muito menos tenho tempo para falsas acusações então peço que,
por favor, para de me julgar por algo que não fiz — completo,
olhando em seus olhos. — Vamos aguardar os médicos para
dizerem como sua filha está.
Ela me acompanha em silêncio até o sofá macio que há na
sala de espera. Seu silêncio não me incomoda até me deixa mais
calmo. Já lidei com várias pessoas difíceis em minha vida, mas essa
mulher supera qualquer uma delas.
— Laura sempre foi uma menina doce e sonhadora e vejo que
ela viu no senhor um príncipe encantado cavalgando em um cavalo
branco — comenta.
— Não sou um príncipe da Disney, minha senhora, e não me
recordo de em algum momento ter feito sua filha pensar isso —
reitero.
— Sei perfeitamente que o senhor delegado não deu a
entender isso, mas a minha filha fantasiou isso na cabeça dela —
comenta, dando um longo suspiro. — Só lhe peço paciência com as
maluquices dela. — Pede olhando para baixo, mas me pergunto por
qual razão essa mulher me pede algo assim. — O senhor delegado
possui uma bondade e espero que use isso um dia com paciência.
Paciência é um dom e eu com toda certeza do mundo não
herdei!
Minha paciência é tão interina quanto a percepção de perigo
por isso sei que essa menina, Laura, vai se meter em vários
problemas no decorrer da sua vida só espero que tudo isso aconteça
bem distante de mim, já estou tendo o bastante de Laura Santinni!
— Farei meu melhor se caso um dia for preciso — digo.
Ficamos um bom tempo sentados em silêncio absoluto não
havia mais nada para ser dito. Olho pela milésima vez meu relógio
de pulso para ver a hora, essa demora dos médicos para nos dar
alguma informação está me irritando se algo acontecer com essa
menina a senhora ao meu lado vai enfiar o cabo de vassoura em um
lugar que com certeza não gostarei.
Levanto assim que por fim vejo a médica vindo em nossa
direção.
— Olá, delegado, sou a doutora Karla Lopez fiquei
encarregada da paciente Laura Santinni — apresenta-se,
estendendo a mão para mim.
— Doutora. — Cumprimento
— O que há de errado com a minha filha? — pergunta de cara
a dona Solange.
— Tirando o fato de que ela está com a imunidade baixa e
com falta de algumas vitaminas ela está perfeitamente bem —
informa, sorrindo e quase dou um grito de aleluia.
— Amém por isso! — fala dona Solange sorrindo pela primeira
vez desde que a conheci.
— Sua filha já está de alta, vou trazê-la para vocês! — revela
a doutora Karla com toda sua simpatia.
— A senhora é a única médica negra aqui? — dona Solange
pergunta do nada.
— Não, graças a Deus estamos conseguindo quebrar esse
tabu racista onde negro tem que viver na favela — Karla comenta,
sorrindo.
— É muito bom ouvir isso, doutora, não aguento mais ver
apenas médicos brancos e chatos — Solange caçoa, ainda mais e
agora sei que ela tem todos os dentes da boca.
— Ainda é um processo lento, mas aos poucos estamos
conseguindo ganhar nosso lugar. — Vejo nos olhos da doutora um
brilho de orgulho a cada palavra pronunciada.
— Vivemos em uma sociedade muito preconceituosa, mas
como disse a doutora é um processo longo e demorado que aos
poucos estamos vencendo, poderia sim ser algo mais rápido, mas a
ignorância humana não permite — comento. — Hoje pode até haver
liberdade, mas o sistema humano preconceituoso ainda enxerga a
escravidão, mas quando se é para ter direitos eles dizem que há
liberdade, então não há razão para existir datas para lembrar do
passado — acrescento. — Só quem enxerga as entrelinhas vê que a
liberdade absoluta ainda não foi dada e o sistema ainda é dissipado,
mas enquanto houver quem acredita há esperança.
Olho para a doutora Karla que possui lágrimas nos olhos que
não escorrem. Dona Solange me olha com curiosidade.
— Você disse tudo — diz Karla, sorrindo abertamente. —
Deixe-me ir buscar a Laura — dizendo isso, ela sai andando.
— Você é um bom sujeito, meu caro. — Olho para dona
Solange tentando absorver se realmente foi isso que ela disse.
— Tento ser — digo apenas.
Minutos depois eu a vejo vindo andando como se tivesse em
uma passarela, ela olha para mim e para sua mãe com dúvida de
para quem deve correr, tiro na hora meus braços da reta. Ando para
o lado deixando o caminho livre para que possa ir até sua mãe. E
assim ela faz corre igual louca e quase derruba sua mãe no impacto.
— Mamãe, eu achei que ia morrer até mesmo pude ver a luz
do céu vindo até mim — Laura choraminga. — Mas eu disse para os
anjinhos que ainda é muito cedo para que eu fique no paraíso eterno.
Dona Solange afasta Laura e dá um tapa estalado no ombro
da menina seguido por mais outros. — Sua filha ingrata, ainda fica
metendo o nome de Deus nessas suas loucuras — brada, batendo
na Laura que tenta sem sucesso desviar da mão da mãe.
— O que você viu foi sua loucura. Toma vergonha nessa
cara, Laura Santinni, senão eu farei você tomar e não será de um
jeito fácil acredite quando digo que estou anotando tudo no
caderninho.
— Mãe, isso dói! — Laura protesta.
— É para doer mesmo, onde já se viu me dar um susto
desses. — O som dos tapas ecoa nos meus ouvidos. A doutora Karla
olha a cena divertida e eu preocupado.
— Mãe para. — Pede Laura com a voz chorosa.
— E eu comecei alguma coisa? — pergunta, apontando o
dedo para Laura. — Está com cara de choro por quê? Engole o
choro nem te dei motivos para chorar! — diz, pegando sua bolsa. —
Vamos embora, por hoje meu dia já deu, seja educada e agradeça
ao delegado que está fazendo a bondade de pagar por tudo isso —
diz, apontando para o hospital.
Quando menos espero a louca está me abraçando. Por
educação devolvo o abraço. Puta que pariu! Misericórdia, creio que
estou dando esperanças para ela.
— Obrigada, seu delegado, por me salvar! — agradece,
beijando meu peito. Que menina louca me dê paciência santo Deus.
— Você é tão alto, qual a sua altura? — pergunta, levantando a
cabeça para olhar para mim.
Essa garota vai do norte ao sul em questão de segundos.
— Tenho 1, 92 — respondo, olhando em seus olhos escuros
que parecem brilhar o que me assusta muito.
— Nossa que alto eu tenho 1,60, comparada a você, sou tão
baixa! — reclama, fazendo bico.
Criança!
— Ande, Laura, vamos embora não me faça ir aí te buscar! —
Chama dona Solange, a louca beija mais uma vez meu peito aperta
minha bunda e sai correndo.
Passo a mão no meu cabelo, frustrado.

A doutora me olha sorrindo, sinto que ela quer gargalhar, mas


saio antes que ela faça isso! Pago todos os gastos do hospital, pego
seus exames e vou para casa o dia de hoje deu!

Quando estou prestes a deitar na minha cama macia após um


jantar saboroso ouço o barulho do meu telefone apitando avisando
que chegou uma mensagem, como pode ser algo importante vou
abrir, mas me surpreendo ao ver que é um número desconhecido.
Quando abro a mensagem meu coração gela.
Oi, seu polícia, tenha uma boa noite.
Atenciosamente, sua coelhinha!
Ela me enviou uma foto vestida de coelhinha assim como no
carnaval.
Sinto que não me livrarei tão cedo dessa louca!
— Preste atenção quando for atravessar a rua hoje — brada
minha mãe, apontando o dedo para mim — E, Laura, pelo amor de
Deus, não me venha passar mal ou aparecer em um hospital toda
quebrada, além de se machucar na rua te quebro todinha em casa,
já basta a última que me aprontou.
— Mãe, eu não tive culpa se fui atropelada. — Defendo-me.
— Você teve sim, não custa nada olhar para os lados ao
atravessar a rua — grita. — Não sei se sabe, mas sou sua mãe e
como toda boa mãe fico aflita quando acontece algo com você.
Não digo nada e se eu ousar pensar em dizer alguma coisa
levarei umas boas bofetadas, minha mãe acha que não olhei para os
lados, mas eu olhei sim só que o carro veio muito rápido e pá, se
chocou contra minha pessoa. Eu quase morri e até mesmo cheguei a
ver a luz dos anjos vindo me buscar, não é drama eu só quase morri,
mas não morri. Amém por isso, obrigada Deus por me deixar viver
mais um pouco. Serei eternamente grata. Até mesmo aceitei o
convite da tiazinha de ir domingo à noite na sua igreja que fica no
final da sua rua. Dona Margarida vive chamando eu e minha mãe
para irmos a algum culto, mas sempre damos desculpas e nunca
vamos. Eu acredito em Deus só não confio no que o homem diz.
Complicado eu sei, mas é a mais pura verdade esses meus
sentimentos em relação ao que o homem prega, nem sempre o que
eles dizem ser são e a maioria usa o nome de Deus para se
autopromover o que é extremamente vergonhoso.
Ai!
— Presta atenção no que estou falando, Laura! — grita minha
mãe.
Ela deu uma cabada de vassoura no meu braço e doeu muito.
— Mãe, isso dói! — reclamo.
— É para doer mesmo, eu hein, onde já se viu não prestar
atenção no que sua mãe diz? — pergunta. — Eu lhe eduquei melhor
do que isso, Laura. Qualquer hora dessas vamos ter uma
conversinha sobre esse seu comportamento ruim — ameaça,
olhando-me séria. — E, acho bom não dá um pio. Agora vá trabalhar
senão chegará atrasada no seu primeiro dia.
Apresso-me para não me atrasar. Dou um beijo na minha mãe
e saio correndo feito louca para o ponto de ônibus. Preciso tirar
minha habilitação, vou ver se consigo dar entrada no processo
semana que vem, vou tirar de carro e moto, sou apaixonada em
moto. Eu amo de paixão pilotar, mesmo que nunca tenha pilotado
uma. Minha mãe obviamente vai surtar com isso, mas sei que, no
fundo, ela entenderá que isso é para o meu bem e não para o meu
mal, aliás, quais riscos possui uma pessoa calma e controlada como
eu pilotar uma moto?
Duas horas depois, estou diante ao restaurante sorrindo feliz
da vida. Meu primeiro emprego, meu primeiro dia de trabalho vai dar
tudo certo em nome de Jesus, amém!
Assim que entro, Josiane vem em minha direção para me
levar até à área de serviço aonde irei me trocar. Pelo que entendi
será ela a me treinar hoje. Ela é agitada e super gentil, adorei ela.
— Então, Laurinha, deixe-me lhe explicar; você cuidará de
atender as mesas da primeira fileira à direita, qualquer coisa basta
me chamar não há mistério nisso — fala, me fazendo sorrir. — Não
ligue para os clientes chatos e com toda certeza desse mundo
muitos irão dar em cima de você, basta dar um não educado e virar
as costas se continuar a insistência bastar chamar o Léo, ele é nosso
guarda-costas, está vendo como somos chiques? — pergunta
fazendo com que eu caia na gargalhada com ela.
— Léo é o cara grandão que fica na porta certo? — pergunto
só para ter certeza de que não estou confundindo as pessoas.
— Isso mesmo! — exclama, batendo palmas, amo ela! —
Agora coloque esse avental horrível, mas que amamos às vezes e
bora trabalhar, mulher, pois o único rico aqui é o chefe!
Saio seguindo e ela, pego um tablet e a sigo para minha área
de atendimento. Eu achei tão chique os pedidos serem tirados pelo
tablet, só precisamos clicar aqui, ali e enviar direto para a cozinha
com o número da mesa e o meu de atendente. A Josiane me
explicou que é preciso tomar cuidado para não clicar no nome do
prato errado já que muitos são parecidos e tal.
Meu primeiro cliente é um casal de idosos supereducado que
me tratam tão bem. Olhando para eles até me imagino casada assim
com o seu polícia, ele não sabe ainda, mas um dia seremos casados
com quatro filhos e dois cachorros, gosto de família grande, minha
mãe só teve eu de filha e meu pai, bem, ele tem outros filhos, mas
não ligam para mim assim como nosso pai. Triste essa minha
realidade, mas fazer o quê? A vida é o que é. Positividade sempre.
Em oito horas de trabalho quebrei três copos, dois pratos e
quase mandei um cliente tomar no rabo. Fora isso meu dia foi bem
tranquilo. Estou fechando o expediente bem graças ao bom Deus,
me despeço do pessoal e vou embora já são dez e meia da noite o
que significa perigo. Rio de Janeiro é lindo, mas não deixa de ser
menos perigoso por causa da sua beleza.
Quando vou atravessar para o ponto de ônibus olho bem para
os lados. Confiro se não tem nenhum carro ou moto vindo o sinal
está fechado atravesso na faixa bonitinha como minha mãe disse.
Assim que atravesso me dou conta que tenho que passar pela
passarela para o outro lado. Ninguém merece essa vida difícil.
Quando estou a caminho da passarela vejo um carro todo
preto com vidros escuros vindo em minha direção, apresso os
passos se eu for assaltada mais uma vez e perder meu celular minha
mãe me capa, tenho dinheiro para celular novo não, meu Deus. Ai,
meu Deus o carro acelera e eu também se o cara tiver armado basta
dar um tiro e adeus Laura. Nossa Senhora, Virgem do céu dá um
help aqui, por favor, só não quero morrer e nem ser assaltada hoje,
nem disse para a minha mãe que amo ela e muito menos liguei para
seu polícia para dizer o quanto ele é tesudo e gostoso.
— Laura? — Uma voz do além grita, eu conheço essa voz
grave e máscula. Essa voz de macho que dá susto até no passarinho
que voa no alto céu.
Viro-me feliz da vida e não mais quase cagando nas calças e
minha Nossa Senhora do céu! Ele está diante de mim com toda sua
glória e beleza, o russo mais brasileiro desse mundo todinho está na
minha frente todo gostosão com uma arma na mão. Essa roupa da
polícia federal é um espetáculo. Um dia ele vai fazer um strip-tease
para mim nesse uniforme e esse será meu sonho de puta mais
safada de todas, porque meu Deus do céu, como ele fica sexy nesse
uniforme.
— Laura, você está bem? — pergunta agora com a voz mais
perto, pisco meus olhos três vezes e ele está diante de mim.
— Estou bem só estava sonhando com você fazendo strip-
tease para mim com esse uniforme — respondo, sorrindo.
— Você não possui filtros, não é mesmo? — pergunta,
passando a mão pelos cabelos. — O que está fazendo uma hora
dessa por aqui sozinha?
— Trabalhando — respondo.
— Até essa hora?
— Sim, sou garçonete no restaurante e trabalho das duas às
dez da noite — explico, colocando a mão em seu peito firme. — Não
é todo dia que pegarei esse horário, mas por enquanto está assim.
Ele afasta minha mão e me puxa pelo pulso até seu carro todo
preto, agora vendo mais de perto acho esse carro lindo.
— Entre que te levarei para casa — diz, e entro sem pensar
duas vezes.
— Obrigada e me desculpe por sempre lhe dar trabalho —
comento, olhando para ele e piscando meus olhos várias vezes
como vi nos filmes. Isso faz com que eu pareça fofa.
— Não se preocupe com isso — diz, e fecha a porta dando a
volta para se sentar no banco do motorista.
Ele liga a seta e sai numa velocidade que quase bato a
cabeça no vidro.
— Coloque o cinto, Laura, senão voará vidro acima.
Coloco rapidamente. Não quero morrer.
— Se importa se eu parar em um lugar antes para comer
algo? — pergunta.
— Claro que não, demoraria mais a chegar em casa se fosse
de transporte público — digo, sorrindo para ele. Ele é tão sexy
dirigindo.
— Já comeu algo?
— Comi algumas coisas no restaurante.
Na verdade, eu comi foi muito, mas não direi isso vai que o
seu polícia me ache uma morta de fome.
— É habilitada?
— Ainda não, mas vou tirar de carro e moto em breve —
revelo, animada. — E logo em seguida darei entrada em uma moto.

Ela quer tirar habilitação de moto? Puta que pariu, essa


menina vai além de tirar a própria vida vai tirar a de mais de alguém!
Ela me olha como se esperasse eu lhe dizer algo sobre isso,
mas sinceramente nem sei ao menos o que lhe dizer. É loucura ela
se habilitar em moto, mas não sou nada dela para lhe dizer isso,
então deixa que a louca da mãe dela diga se não disser não há nada
que eu possa fazer.
Não estava mais uma vez nos meus planos ajudar essa
menina, mas por alguma razão o destino ama fazer com que eu a
veja sozinha na rua e sinta pena ou talvez só seja o meu consciente
me lembrando que se alguma coisa acontecer com ela sua mãe me
matará, mesmo eu não sendo o culpado, mas se alguém quiser dizer
isso a dona Solange, que não sou responsável pela sua filha eu
agradeceria.
Bem, eu só estava fazendo meu caminho para casa quando a
vi praticamente correndo para atravessar a passarela, eu achei no
início que poderia ser alguém lhe seguindo, mas depois deduzi que
poderia ser o simples fato de que eu estou dirigindo um carro todo
fumê em sua direção e pela primeira vez essa garota fez algo
sensato, mas então, ela abriu a boca e disse o que não devia e
porra, que troço estranho era aquele de piscar os olhos será um
tique nervoso?
Meu dia hoje foi corrido como na maioria das vezes, eu só
queria ir para casa e dormir. Meu planos mais uma vez mudaram e
veja só essa menina está mais uma em meu carro sorrindo para
mim, abertamente sem motivo algum, nem ao menos sou um
príncipe encantado. Garota louca, completamente maluca. Suspiro
cansado e até mesmo saturado do dia de hoje, vejo uma barraca de
cachorro-quente e resolvo parar para comer. Estou faminto e não
chegarei em casa tão cedo após atravessar a ponte.
— Vou parar aqui para comer, deseja algo também? —
pergunto.
— Você! — responde.
Finjo que ela não disse nada e saio do carro calmamente,
aceno para o dono da barraca que me olha assustado não posso
fazer nada em relação a isso, estou uniformizado e para piorar
armado é normal que ele leve um susto.
— Boa noite, ainda tem um dog quente? — pergunto sendo o
mais simpático possível.
— Tem sim, quer do maior ou do menor?
— Pode ser do maior tem como fazer metade de salsicha e
metade linguiça?
— Tem sim, patrão, o que o senhor desejar. Vai ser completo?
— Sim, mas sem queijo ralado ou purê de batata — explico.
— Quero o tradicional do Rio mesmo.
— Deixa comigo!
Laura ficou no carro para minha surpresa achei que ela sairia,
mas aparentemente realmente não está com fome. Sento à mesinha
que há no local aguardando meu lanche. Estou em um estado crítico
mesmo jantar cachorro-quente, amanhã voltarei a me alimentar
direito senão adeus corpo saudável e sarado que tanto amo.
Quando o senhor traz o dog peço uma lata de guaraná para
acompanhar, já que chutei o pau da barraca o que me custa chutar a
barraca toda de uma vez. Como calmamente mais em alerta sobre o
que está acontecendo à minha volta. Quando termino pago o senhor
e deixo uma gorjeta boa para ele.
Assim que entro no carro vejo que tem algo de errado com a
Laura que mexe sem parar no seu telefone.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto.
— No meu bairro está ocorrendo um tiroteio e minha mãe
pediu para que eu fique na casa de um amigo do trabalho já que sai
sem cartão além do da empresa — informa, chorando.
Merda!
Eu não posso simplesmente me envolver nesse tiroteio já que
não é na minha região e muito menos estou a fim de levantar
interesse sobre essa área. Não posso deixar que ela volte para casa
e muito menos deixá-la na rua, com certeza seus amigos do trabalho
já estão em casa e se ela estava sozinha indo embora significa que
não são ainda tão próximos, resumindo ela ficará comigo essa noite.
Essa garota só me traz problemas.
— Você pode dormir lá em casa essa noite há quartos de
hóspedes vazios — informo.
— Não quero lhe dar trabalho e muito menos deixar sua
esposa ou namorada irritada — diz, fungando. — Sem falar que
minha mãe vai me matar.
Em relação a sua mãe eu até entendo mais sobre eu ser
casado? Com certeza ela está tentando descobrir algo, garota tola.
— Não será incômodo nenhum e se quiser falo com a sua
mãe — aviso. — Ligue para ela que lhe explico a situação.
Ela não diz nada apenas disca o número da mãe e me passa
o telefone.
— Laura, minha filha? — Assim que ouço a voz da dona
Solange lembro do cabo de vassoura.
— Olá, dona Solange, sou eu o delegado Arthur Sokolov —
informo.
— Meu Deus do céu, então é verdade você está tendo um
caso com a minha filhinha — berra no meu ouvido, mas mesmo com
seu grito exagerado ouço o barulho dos disparos e merda não são de
armas pequenas.
— Minha senhora, fique no cômodo da sua casa onde há
paredes mais grossas e que não possua janelas de vidro, deite no
chão até que tudo acabe, esses tiros são armas pesadas, sua filha e
eu não temos um caso apenas a encontrei enquanto saía do trabalho
lhe ofereci carona até que ela me informou sobre a atual situação do
bairro de vocês — esclareço com a voz calma, gritar com ela só
piorará situação.
— Obrigada pelas dicas farei isso imediatamente só cuide da
minha filha, delegado — diz pela primeira vez mansa. — Mas se
alguma coisa acontecer com ela eu enfio meu cabo de vassoura até
o talo no seu rabo, fui clara? — Retiro o que disse. Literalmente retiro
o que disse.
— Transparente, dona Solange. — Assim que digo isso ela
desliga na minha cara, que senhora educada a mais educada de
todas ela é tão simpática que até me assusta.
— Você fica comigo essa noite, amanhã resolveremos tudo —
digo, olhando para ela que sorri um pouco para mim.
— Obrigada! — Seu sorriso é doce, mas seus olhos são
travessos.
Espero sobreviver a essa noite!
Minha mãe me disse para não aprontar nada e que não era
para mim estressar o delegado, mas me pergunto como eu iria fazer
isso? Ela ainda ameaçou me bater caso o Arthur nome digno de um
rei brigasse comigo e reclamasse com ela. Eu sou uma mulher bem
sensata e tudo mais como poderia irritar esse ser lindo gostoso
diante de mim? É algo impossível!
Não sei onde ele mora, mas já vou descobrir. Estou tão
ansiosa por isso, vou conhecer a futura casa onde morarei com ele e
nossos filhos mais dois cachorros. Seremos tão felizes juntos
vivendo nosso sonho maravilhoso. Gente do céu que sortuda serei,
mas antes preciso conquistar esse gostosão. Irei me esforçar mais
um pouco e ele não resistirá ao meu charme exuberante. Até já me
vejo com uma aliança dourada no dedo e as pessoas me chamando
de senhora Sokolov, amo esse sobrenome que mal sei pronunciar.
Deus é minha testemunha que só sei falar português e nada além
disso, meu português é limitado só ao Brasil porque acreditem o de
Portugal é muito difícil de falar ou até mesmo pronunciar. Bem, eu
nasci para ser brasileira nada mais que isso.
Minha boca se abre quando passamos pelo portão de um
condomínio que puta merda, que condomínio! Há cada casa que
minha Nossa Senhora, abro e fecho a boca várias vezes antes de
falar algo. Não há nada a ser dito. Ele para na última casa onde os
muros e os portões são maiores espera um pouco até que os portões
se abram, vejo a entrada da casa e quase morro, mas tenho certeza
de que enfartarei com a casa diante de mim. Gente do céu, que casa
linda e perfeita. Minha futura casa é maravilhosa!
— Sua casa é linda! — exclamo com a boca aberta.
— Obrigado — diz, sucinto. — Vamos entrar.
Apenas o sigo para dentro, minha boca se abre ainda mais
quando passamos da porta de entrada, a primeira coisa que penso é
que deve dar um trabalho e tanto para limpar essa casa, gente essas
madeiras brancas com uma pequena tonalidade preta nas bordas
devem dar tanto mais tanto trabalho para limpar que até já me vejo
sendo escrava dessa casa, mas amarei limpar cada canto minúsculo
que há.
Minha mãe sempre me disse que desde quando eu era bem
pequena e meu pai nos deixou por outra mulher que eu deveria
cuidar muito bem das coisas que temos, devemos dar valor e jamais
maltratar aquilo que é nosso. Por causa do meu pai minha mãe e eu
perdemos nossa casa própria, meu pai nunca se importou com isso,
ele continuou seguindo a vida dele, mas eu e minha mãe tivemos
que sobreviver à nossa maneira. Às vezes sinto tanta raiva do meu
pai que até mesmo tenho vontade de matá-lo, no entanto, eu sei que
não devo e nem posso. Olhando essa casa me vejo construindo uma
bela família aqui com o meu russo mais brasileiro, como eu disse ele
não sabe, mas um dia seremos uma família feliz com quatro filhos e
dois cachorros, é meu sonho todinho ter uma vida assim. Eu só
quero amar e ser amada, nada mais e nada menos do que isso. Uma
vez uma colega minha disse que tudo que eu sinto é bem intenso,
eu, particularmente, não vejo isso apenas gosto de amar as pessoas.
— Seu polícia, há algum problema em querer amar alguém?
— pergunto.
— Não há problema algum, Laura, contanto que a pessoa
também lhe corresponda o sentimento. Amar sozinho é bem ruim —
responde com calma, sinto que ele é sempre bem paciente comigo.
Ele é um amor!
— Entendo. Uma ex-colega minha me disse que sou muito
intensa em relação aos meus sentimentos, mas eu não vejo assim —
comento. — Apenas gosto de amar. O que tem de errado nisso?
Viro minha cabeça para encará-lo, ele não está olhando para
mim, mas sim para um quadro grande que decora sua sala. Há
diversas cores na pintura que ainda não sei identificar o que é em
exato. Para mim são apenas borrões, mas não entendo de arte.
— Não há nada de errado nisso, mas como disse o amor tem
que ser correspondido, amar sozinho é bem ruim — insiste. Dessa
vez se vira para me encarar. — Vamos subir, mostrarei o quarto que
vai ficar e lhe darei algo para vestir — informa, indo em direção a
uma escadaria de madeira maciça de cor preta linda. Sigo-o.
— Acho que tenho algumas cuecas que nunca usei e que são
de tamanho menor das que uso. Duvido muito que alguma calça
moletom minha vá caber em você.
— Não se preocupe, tenho calcinha limpa e um short moletom
leve, minha mãe sempre me manda sair com alguma roupa a mais
caso algo venha acontecer, como minha menstruação desce do nada
— explico.
Quando entramos no corredor fico abismada com a beleza e
simplicidade do lugar, ele vai até à última porta e abre ela. Quase
morro do coração, é o quarto dele. Gente do céu essa é a primeira
vez que entro no quarto de um homem ainda mais acompanhada.
Que vontade de me jogar nessa cama e tirar toda minha roupa, que
vontade louca de dar minha piriquita para esse ser diante de mim.
Esse homem é tão tesudo.
Vejo ele ir até uma porta dupla e a abrir, segundos depois
volta com duas toalhas na mão e roupas. Nossa, o closet dele tem
portas duplas. Essa casa é meu sonho.
— Seu quarto tem tons vermelhos — comento, ao observar a
decoração. — Achei que seria algo mais para cinza.
— Gosto da tonalidade vermelha e preta com detalhes
brancos — diz, parando diante de mim. — Vou levá-la até o quarto
que irá dormir. Aqui o que vai precisar para hoje, posso colocar suas
roupas na máquina e amanhã de manhã já estará seca.
— Obrigada. — Limito-me a dizer, por alguma razão fiquei
sem graça.
Acompanho-o para fora do quarto em completo silêncio. Ele
para duas portas depois do seu quarto, abre revelando um quarto
lindo com paredes claras e uma cama de casal, há um guarda-roupa
branco à direita e uma porta ao lado também branca.
— Bom, fique à vontade há roupas de cama do guarda-roupa
e aquela porta é o banheiro. Qualquer coisa pode ir me chamar, boa
noite — ele diz isso já se virando para sair, mas não deixo. Abraço-o
com força. Ele exala suor, perfume e algo mais que não identifico
apenas sei que adorei seu cheiro. — Laura?
Eu não respondo apenas o aperto com mais força e por
alguma razão estranha acabo chorando, sinto por fim seus braços
fortes me devolverem o abraço. Ele não aperta com a força que eu
gostaria, mas sinto que é o suficiente para me aquecer. Ele beija o
topo da minha cabeça o que faz com que eu me sinta feliz, mas a dor
que agora está em meu coração continua. Agora que estou tendo
real noção que minha mãe está em casa sozinha no meio de um
tiroteio. Eu vou dormir em uma cama quentinha e ela deve estar toda
assustada. Que péssima filha eu sou!
— Laura, não chore, sua mãe vai ficar bem.
— Sou uma péssima filha — digo, fungando.
— Você não é, não há nada que possa fazer nesse momento
a não ser dormir bem e segura como sua mãe deseja — diz, alisando
minhas costas.
Fico mais um pouco grudada a ele e por fim me afasto para
poder tomar um banho e dormir. Por mim eu dormiria juntinha a ele.
— Obrigada — digo mais uma vez. — Vou tomar um banho e
dormir.
— Farei o mesmo, Laura, boa noite.
— Boa noite, seu polícia.
Ele acena com a cabeça e sai fechando a porta.
Olho para o quarto e me dirijo ao banheiro para poder tomar
um banho relaxante.
O banheiro é simples, mas, ao mesmo tempo, chique demais.
Faço xixi e corro para o box para poder tomar banho, namoro um
pouco o chuveiro duplo antes de ligá-lo Quando o jato de água
quente cai sobre mim quase grito de prazer. Fico um tempo debaixo
da água antes de desligar para me ensaboar. O sabonete líquido tem
um aroma de morango, mas levo uma coça do troço, não tenho o
costume de usar sabonete líquido só em barra, essa coisa líquida
cheirosa não faz espuma e parece que não tira a sujeira direito. Fico
um bom tempo passando-o pelo meu corpo. Opto por não lavar
meus cabelos já que os lavei pela manhã. Seria uma merda para
eles secarem.
Sorrio feliz da vida ao me ver dentro da blusa do Arthur, Nossa
Senhora, é tão estranho falar o nome dele, mas, ao mesmo tempo, é
tão gostoso pronunciar o nome dele. Opto por não vestir meu short já
que a blusa parece um vestido para mim.
Arrumo a cama para dormir quando está tudo certo saio
correndo para apagar as luzes. Jogo-me de volta na cama como uma
criança travessa me enfio debaixo das cobertas. Esse colchão é
extremamente macio e sedoso. Sinto-me flutuando nele. Dá até
vontade de arrastá-lo comigo quando for embora amanhã de manhã.

Durmo com esses pensamentos e sonho com o seu polícia.

Acordo, mas me recuso a levantar, porém, meu telefone não


para de tocar. Com muito custo me levanto e vou até onde o bendito
está tocando sem parar. Atendo sem ao menos saber quem é.
— Lauraaa — grita minha mãe, despertando-me de vez. —
Acho bom que já esteja acordada.
— Mãe, bom dia — digo. — Como a senhora está?
— Estou com dores no corpo por ter dormido no chão, mas
fora isso estou viva e indo trabalhar porque a vida não para —
responde. — Espero que não tenha dormido na cama desse
delegado russo. E mais uma coisa não se atrase para o trabalho.
Ele diz tudo isso e desliga na minha cara, melhor mãe do
mundo.
Jogo-me na cama macia e fecho meus olhos, mas abro
rapidamente me dando conta de que estou na casa do seu polícia.
Nossa Senhora do céu! Eu ao menos preciso preparar um café da
manhã decente para ele, eu não sou especialista. Na cozinha, mas
sei fazer algumas coisas que ao meu ver saem muito gostosas.
Corro para o banheiro para fazer xixi e escovar os dentes,
assim super chique ele ter mais de uma escova de dente fechada na
gaveta do armário do banheiro. Nem jogo uma água na cara e desço
as escadas correndo por misericórdia de Deus não caio de cara ao
chão. Deus é pai e não padrasto, amém por isso! Olho para linda
sala e mais uma vez reparo o quadro de rabiscos com cores
diferentes, como disse não entendo de arte, mas esse quadro parece
ser muito importante para o seu polícia um dia descobrirei o porquê,
mas por ora só preciso achar a cozinha invadi-la como os soldados
fazem na guerra quando querem algum território inimigo, só que a
cozinha não será minha inimiga e sim minha melhor amiga já que
um dia cozinharei nela para nossa família. Meu sonho todinho.
Olho à minha volta para ver se acho a cozinha, opto por seguir
para direita e voilá acho a cozinha. Portas amplas de madeira me
dizem que essa cozinha é o sonho de qualquer mulher, e agora se
tornou o meu sonho! Fico tão preocupada em admirar a cozinha que
nem ao menos me dou ao trabalho de prestar atenção se tem mais
alguém no cômodo, às vezes sou um pouco distraída. Mas só um
pouco.
— Oh, meu Deus, ela é linda! — Alguém diz e quase caio para
trás com a voz da mulher. Na mesma hora me viro e dou de cara
com duas mulheres, não três mulheres me encarando. — Menina,
você é linda, meu irmão escolheu perfeitamente a namorada dessa
vez — diz a mulher que possui um cabelo cortado em Chanel com
um bico longo, seu cabelo é meio avermelhado, seus olhos são
castanhos, sua pele é clara e possui um sorriso enorme nos olhos.
— Oh, meu Deus, me desculpe eu não me apresentei, sou
Alyane, irmã do Arthur — apresenta-se, dando a volta na mesa e
vindo até mim me abraçar apertadamente.
— Pelo amor de Deus, Alyane, deixe a menina em paz —
comenta a outra mulher.
— Olá, sou Mayra, irmã do Arthur. E essa ao meu lado é
Patrícia uma amiga da família. — E você quem é? — Mayra
pergunta, arrogantemente.
Olho para Mayra ela ao contrário da irmã possui cabelos
longos com luzes, sua pele é mais morena, seus olhos castanhos me
dizem que não é uma pessoa bem-educada. Já Patrícia até agora
não disse nada, mas vejo pela forma que me olha com nojo que não
gosta de mim. Olho para ela mais uma vez, bem, Patrícia possui
cabelos castanho-claros até a altura do ombro seu corte é repicado.
Elas são bonitas.
— Então quem é você mesmo? — Agora sim a tal de Patrícia
fala.
— Quem ela é não é da conta de vocês — fala a voz do seu
polícia vindo da luz para me salvar dessas bruxas do mal, menos a
Alyane é claro. — Mas a pergunta certeira a se fazer é o que vocês
fazem aqui uma hora dessas? — pergunta. Ele está atrás de mim e
nem consigo virar minha cabeça para o encarar. Quero tanto saber
como ele é quando acorda pela manhã, aroma masculino que sai
dele me diz que acabou de sair do banho. — Então, estou esperando
respostas.
— Eu vim tomar café com você já essas duas não sei o que
fazem aqui — diz Alyane sorrindo para mim. — Como é o seu nome?
— pergunta.
— Laura — respondo, sorrindo para minha futura cunhada,
vejo que seremos melhores amigas.
— É um prazer conhecer você, Laura — comenta, batendo
palminhas. Ai, meu Deus, eu já amo ela.
— Não me lembro de ter convidado ninguém para tomar café
— diz seu polícia, que agora põe uma mão na minha cintura fazendo
com que nosso corpo se choque com delicadeza.
Pergunto-me se esse troço me cutucando está duro ou mole?
Sinto seu pênis contra minha bunda, mas me pergunto se está duro
ou mole.
— Somos da família e essa daí que é a intrusa — fala Mayra.
— Se está comigo, é mais que minha convidada —
acrescenta Arthur, apertando o braço em minha cintura.
— O que está querendo dizer com isso? — pergunta Patrícia.
— Laura, suba e coloque uma roupa — orienta seu polícia. —
No meu quarto em cima da minha cama há algumas roupas para
você, vista-as e desça. — Essa parte ele sussurra no meu ouvido me
deixando toda arrepiada. Eu daria para ele agora se ele pedisse
sussurrando assim e nem ligaria para quem visse.
— Já volto — digo e ele me solta do seu aperto dando
passagem para que eu saia da cozinha.
Quando estou passando da porta ouço algo que me deixa
superfeliz ainda mais disposta a conquistar o meu seu polícia.
— Ela está comigo porra e a respeitem ou saiam da minha
casa.
Sorrio feliz da vida ao ouvir isso.
Vou bolar um plano de ataque para que suas palavras sejam
reais.
Agora é ataque e contra-ataque!
Olho para minhas irmãs e para Patrícia tentando entender o que
elas fazem aqui a uma hora dessas da manhã. São apenas nove da
manhã, eu estou acordado desde às seis, mas isso não está em
questão, não tenho o costume de acordar tarde, então mesmo
estando de folga acordo cedo é uma força do hábito que não mudei e
nem penso em mudar.
Quando acordei sabia que lidaria com a loucura de Laura e
talvez a da sua mãe, por isso me dei ao trabalho de sair de casa e
comprar algumas roupas para a menina que dormia profundamente
enrolada nos cobertores, eu sei disso pelo simples fato de ter
verificado ela antes de sair, na verdade, queria ter certeza de que ela
estava bem. Após verificar isso saí para comprar suas roupas e algo
para o café da manhã.
O que não esperava após sair, correr e malhar era encontrar
toda essa zona na minha cozinha e para piorar não esperava
encontrar Laura só com a minha blusa e uma calcinha em pé na
minha cozinha, para piorar a situação seus cabelos pretos e longos
estavam soltos. Essa garota é problema. Um grande problema.
— Quem é aquela menina, Arthur? — pergunta Patrícia com
uma voz de choro.
Respiro fundo tentando entender o porquê tenho que dar
alguma explicação para ela. Busco na memória o motivo, mas não
encontro.
— Como havia dito ela está comigo — repito, ficando irritado
com essas perguntas descabidas.
— Acho que merecemos mais explicações, não é, irmão? —
pergunta Mayra na tentativa de defender Patrícia.
— Não, vocês não merecem e pela última vez vou dizer Laura
está comigo, isso é tudo que terão de mim — sentencio. — Agora
preciso preparar o café da manhã.
— Não se preocupe já coloquei a água no fogo e trouxe pães
quentinhos e pelo que vi você também comprou algo — fala Alyane
indo até o fogão onde há uma leiteira no fogo. Ela poderia usar a
cafeteira, mas prefere fazer café do jeito tradicional. — Laura é linda
e parece ser uma boa mulher.
Finjo não ouvir o comentário da minha doce irmã caçula.
Laura é sim uma boa menina é louca com toda certeza e obviamente
me dá mais dor de cabeça do que muitas coisas, mas ainda assim é
uma boa pessoa. Dizer que ela está comigo implica em várias coisas
e sei perfeitamente disso, até mesmo sei o que isso vai implicar com
ela mesma. Questiono-me quais pensamentos loucos ele deve estar
tendo sobre isso, na verdade, tenho até medo de descobrir quais
são.
— Voltei! — exclama Laura, parando ao meu lado.
Olho para ela e vejo que escolheu usar o vestido de alça fina
amarela que vai até à metade da sua coxa. A vendedora disse que
era algo de verão. Só comprei, mas vejo que caiu bem na Laura.
— Laura, meu amor, que vestido lindo — comenta Alyane,
enquanto passa o café.
— Agora podemos tomar o café. Como foi sua noite?
— Cansativa, intensa, agitada, mas dormi perfeitamente bem
— responde sem filtrar o que isso significará na cabeça da minha
irmã que na hora me lança um sorriso malicioso.
— Deu até calor! — diz minha irmã, abanando-se. — Até que
meu irmão não está tão acabado assim.
Puta que pariu. Eu não preciso de duas doses de loucura logo
pela manhã. Minha irmã e Laura me deixarão louco.
— Que conversa mais indecente para o café da manhã —
protesta Mayra com cara de nojo.
— Ah, pelo amor de Deus, se você não fornica há quem faça.
— Aliás, há quem goste de gozar da vida.
— Eu adoro gozar da vida. É tão bom ser feliz! — Olho para
Laura tentando entender o que ela quer dizer com isso, mas sinto
que ela falou isso sem pensar nas consequências. — Vejo que
acordou com mais disposição do que eu — comenta, olhando para
mim, sorrindo abertamente como sempre faz.
— Descansei o suficiente para aguentar mais uma — digo, e a
puxo para que se sente na cadeira.
— Então já que a Laura se sentou aqui na cozinha mesmo
ficaremos por aqui — acrescenta Alyane, já trazendo o café para o
balcão.
— Quem come na cozinha é serviçal, Alyane — resmunga
Mayra.
— Acho que nasci serviçal então — diz Laura, coçando a
cabeça. — Amo comer na cozinha é mais simples e prático.
— Vamos comer aqui na cozinha, se não está satisfeita
Mayra, vá para sua casa e tome café lá, como disse não convidei
nenhuma das três para vim aqui — rebato, ao pegar o queijo e
presunto colocando no pão de forma e passando para Laura. —
Quer que coloque na chapa? — pergunto.
— Não assim está bom — fala, sorrindo.
— Laura, seu café é puro? — pergunta Alyane.
— Com leite.
Olho em minha volta rapidamente tentando entender o que
estou fazendo da minha vida, mas não encontro a resposta.
Acabamos tomando o café da manhã em silêncio total. Nem
Mayra ou Patrícia dizem alguma coisa, acho que ambas entenderam
que não há o que dizer e que a casa é minha. Esse café da manhã
está sendo bem agitado e com toda certeza mais tarde minha mãe
me ligará para falar sobre a Laura, mas simplesmente não tenho
nada a dizer.
— Então, Laura, vamos marcar para sair um dia desses —
convida Alyane. — Adoraria conversar mais com você.
— Por mim tudo bem, só temos que marcar para minha folga
— Laura responde, animada.
— Oh, então você trabalha? — pergunta Mayra como se
tivesse surpresa.
— Sim, eu trabalho em um restaurante — diz Laura com
calma. — Tenho contas para pagar como todos aqui.
— Achei que meu irmão pagasse suas contas — comenta
com um falso sorriso. Estou quase expulsando minha irmã daqui.
— E por qual motivo ele faria isso se posso perfeitamente
fazer?
—Chega dessa conversa. Mayra peço que por favor pare de
fazer perguntas ou insinuações desnecessárias — brado. — Laura
coma tranquilamente.
— Uhum, me passa um pedaço de bolo. — Pede com os
olhos brilhando para o bolo de cenoura com calda de chocolate.
— Assim engordará — diz Patrícia com uma falsa doçura.
Antes que a Laura possa responder, tomo à frente. — Ela
pode comer o que quiser o que não me falta é disposição para
queimá-las. — O rosto de Patrícia fica vermelho. Ela respira fundo e
sorri. — Tome, coma o que quiser — digo, ao entregar o bolo e mais
uma vez ela sorri abertamente para mim.
Quando minhas irmãs vão embora levando a Patrícia fico
aliviado. Laura está sentada no sofá mexendo no seu aparelho
celular entretida. Ela possui um jeito menina-mulher que sempre me
surpreende, sua loucura é visível, mas não é exatamente algo que vá
te deixar de cabelo em pé. Até agora sua loucura é flexível, mas me
pergunto até onde ela vai com tudo isso. É visível que ela possui um
grande interesse em mim e por mais que eu finja que não há e que
não vejo está lá no seu olhar a cada instante que ela olha para mim,
não compartilho dos seus supostos sentimentos, mas não consigo
evitar essa garota. Onde estou ela surge do nada e para piorar não
tem intenção dela é o destino mesmo. Mas sou mais velho do que
ela e até mesmo sirvo para ser seu pai. Essa suposta paixonite dela
passará.
— Você tem que ir trabalhar que horas? — pergunto fazendo
com que ela leve um susto.
— Eu? — pergunta. — Duas horas da tarde.
— Até às dez?
— Exatamente.
— Tome cuidado com a passarela no horário em que sair é
perigoso — aconselho.
Pensando bem é melhor colocar uma viatura por ali. Eu já
tinha pensado nisso antes, mas por ora será melhor.
— Eu sei, mas é a vida eu tenho que trabalhar — responde.
Não digo nada, sinto que não tenho muito o que dizer.

Eu amei a irmã do seu polícia!


Alyane é a melhor futura cunhada do mundo. Trocamos
nossos números para que possamos conversar melhor. Não gostei
da Mayra e nem da tal Patrícia mais fazer o quê?
Eu amei a forma como o seu polícia me defendeu na hora do
café da manhã estou até agora me perguntando sobre como ele me
fará queimar calorias. Será que me colocará para correr? Porque se
for isso Deus me livre, sou sedentária com orgulho e certificado! Mas
parando para pensar eu amaria correr com ele, só de imaginá-lo sem
camisa correndo na praia renova minhas energias. Será a visão do
paraíso.
— Seu polícia, como é que queimará minhas calorias? —
pergunto.
— Para certas questões você até que é inocente, mas
respondendo sua pergunta: correr, caminhar ajuda muito —
responde.
— Como assim certas questões?
— Apenas saiba que há várias formas de queimar calorias —
responde.
— Está me deixando confusa.
— Às vezes acho que nasceu confusa.
Jogo minha cabeça para o lado tentando assimilar o que ele
está dizendo, mas fico ainda mais confusa.
Passamos o resto da manhã em silêncio o que para mim foi
bem aproveitador já que pude ficar admirando sua beleza. Ele
arrumou a casa e cortou uma parte da grama que estava alta. E no
final pegou duas lasanhas pré-prontas e as colocou no micro-ondas.
Fiz um arroz e fritei a batata. Almoçamos em silêncio. Até a forma
que ele mastiga é sexy para mim. Os fios brancos na lateral da sua
cabeça o deixam tão charmoso que meu Deus do céu!
Quando dá uma hora me arrumo para ir trabalhar ele disse
que me levará, fico contente com isso.
Olho para sua garagem e minha boquinha fica escancarada
ao ver os carros que há ali. Sem falar nas motos. Gente, eu amo
moto!
— Um dia me deixa pilotar? — pergunto, esperançosa.
— Um dia quem sabe — responde.
O trajeto para meu trabalho é calmo e tranquilo. Por alguma
razão desconhecida fico assustada, mas nem relevo esse sentimento
de pavor deve ser coisa da minha cabecinha. Quando ele estaciona
o carro diante do restaurante sorrio e agradeço antes de sair. Mais
uma vez ele me diz para ter cuidado e ser atenta, fala que posso
ligar para ele caso algo aconteça. Sorrio feliz da vida e dou um beijo
no seu rosto onde há uma barba para fazer. Ele não diz nada e nem
fico para saber, só saio correndo para entrar no restaurante.
Assim que entro nos vestiários de funcionários levou um susto
com a Josiane que sorri abertamente para mim.
— Laurinha, quem era o gostosão que te trouxe naquele
carrão? — pergunta.
— Quê?
— Não me olhe assim, todos nós vimos que você desceu de
um carrão e que havia um homem lá com você! — comenta, batendo
palminhas.
Busco na minha cabeça o que devo lhe dizer, pois bem, o seu
polícia ainda não sabe que vamos namorar e casar e para piorar a
situação nem ao menos temos uma amizade estabelecida.
— Ele é irmão de uma amiga minha onde ontem passei a
noite, pois no meu bairro estava tendo tiroteio, então hoje de manhã
ela pediu para que ele me trouxesse já que ela não podia. Eles são
meio ricos, mas simples a conheci na praia — minto na cara dura.
— Depois me apresenta essa amiga e quero saber se ela tem
mais irmãos — brinca.
— Agora, nega, sua mãe está bem?
— Melhor impossível até já brigou comigo hoje!

Nós duas rimos.

Trabalhar em pé dói e dói muito.


Ser garçom não é fácil, na verdade, é até bem difícil, ficar para
lá e para cá servindo, atendendo e ouvindo reclamações sem motivo
algum é bem estressante. Eu sorrio para todo mundo, brinco quando
o cliente dá liberdade, mas às vezes é completamente irritante ainda
mais quando dizem que você anotou o pedido errado. Apenas sorrio
e peço desculpas.
Quando dá 18h30, fico feliz sabendo que faltam só mais
algumas horas para meu turno acabar.
— Menina, isso aqui hoje está cheio e as gorjetas estão
ótimas — comenta Josiane, enquanto aguardamos o pedido dos
clientes para levar à mesa.
— Sim! Já ganhei $50,00 de caixinha — digo, empolgada. —
Vou guardar todas as gorjetas que ganhar, só contarei ao final do
mês — comento sabendo que provavelmente não terei essa
disciplina toda. Mas tentarei mesmo assim.
— Isso aí, Laurinha, juntar money! — Josiane fala, sorrindo.
Sorrio de volta.
— Todo mundo para o chão! — Alguém grita.
Quando me viro para ver o que é fico paralisada ao ver
homens armados e mascarados.
Ai, meu Deus!
Meu corpo está paralisado de uma forma que nem ao menos sei o
que fazer ou como fazer para me mexer. Meus olhos não saem da
arma que o homem está apontando na minha direção. Eu apenas
não sei o que fazer. Sinto que alguém me puxa para o chão. E lá fico.
Diante dos meus olhos tudo parece acontecer em câmera lenta.
Ouço choros, mas não sei se é o meu ou de alguém. Quando olho
para o lado há mais pessoas armadas e com essas máscaras pretas.
Eles gritam fortemente, mas não tenho reação. Essas vozes
parecem que possuem o mesmo timbre vocal, um timbre que me
assusta e apavora.
— Cadê o dinheiro porra? — Um deles grita só não sei com
quem.
Vejo quando um deles vem em minha direção, sinto meu
corpo tremer ainda mais. Ao meu lado alguém me abraça, mas não
consigo devolver o abraço só quero sair correndo, apenas quero
correr daqui. Meu coração bate tão rápido, estou suando frio. Oh,
meu Deus! Me ajuda vai!
Quero minha mãe!
Quero o seu polícia!
Quero sair daqui!
Eu já passei por assaltos no ônibus, mas foram coisas rápidas
e tranquilas. Não me apavorei tanto, mas hoje, aqui com essas
armas que só vi em filmes de ação não sei o que fazer. Sinto que vou
morrer e morrerei virgem o que significa que vou direto para o céu.
Ao menos irei para o céu!
Tudo isso é uma barbaridade, trabalhador não deveria passar
por isso. Ninguém merece passar por isso. Meu Deus, por favor, nos
proteja só peço isso que nada aconteça com ninguém aqui.
Quando menos percebo o homem armado está diante de mim,
a arma a qual não sei reconhecer está apontada na minha cara. Uma
arma grande apontada bem no meu rosto. Bem na minha cabeça por
um homem que com toda certeza do mundo não se importará se irá
me matar ou não, para ele serei só mais uma na sua lista, mas para
minha mãe serei uma filha morta, sua única filha. Mamãe sofrerá e
chorará não quero que ela sofra.
Por alguma razão desconhecida levanto minha cabeça e olho
dentro dos olhos do bandido. Seus olhos são castanhos, não são
frios e nem quentes eu nem ao menos sei o que eles são. Quem é
você? Gostaria de fazer tantas perguntas e esse safado diante de
mim, mas não consigo. Meus olhos focam no cano da arma. Uma
bala dessa na minha cabeça e adeus Laura. Nem ao menos
consegui realizar todos os meus desejos de devassa com o seu
polícia. Nem conquistei seu coração.
O bandido se agacha diante de mim e pega o tablet da
empresa. Ele não diz nada e nem eu. Que loucura Laura por que
você diria algo?
Antes que possa pensar em mais alguma coisa ouço disparos.
Um grito silencioso ecoa pela minha garganta.
Quando olho para frente vejo um homem no chão sangrando.
Eles atiram em alguém!
Podia ser eu, mas não foi, mas ainda sim alguém se feriu.
Quero ir para casa.

Saí do restaurante correndo após pegar minhas coisas e falar


com um PM que chegou. Na verdade, não disse quase nada.
Perguntei se podia ir embora e disseram que sim. Não me lembro ao
certo como cheguei em casa tão rápido, só sei que chamei um Uber
que me saiu caríssimo, mas não importa. Só queria chegar em casa
tomar um banho e dormir. Apenas isso e nada mais.
Minha mãe quando me vê chorando corre até mim, fazendo
mil perguntas respondo em meio aos soluços. Depois disso ela me
deixa quieta.
Demoro mais que o normal no banho, quando saio minha mãe
preparou algo para que eu coma.
— Acho bom que coma isso, não me obrigue a enfiar na sua
goela abaixo — briga.
— Coma tudo, escove os dentes e descanse. O que ocorreu
hoje, faz parte do nosso dia a dia.
Não digo nada apenas como. Não entendo como isso pode
fazer parte do nosso dia a dia.
Não consigo dormir e nem é pelo motivo de estar tendo
fantasias eróticas com o meu seu polícia, mas sim pelo fato de que
não consigo esquecer o que aconteceu. Cada vez que fecho meus
olhos vejo as armas e o homem sangrando no chão. Não sei como
tudo isso aconteceu só sei que temos uma segurança de merda. Vou
reclamar disso com o seu polícia, mas não hoje, não agora. Talvez
amanhã.
Quando acordo na manhã seguinte a primeira coisa que vem
à mente é o que aconteceu ontem. Fica reprisando na minha mente
sem parar. Olho o relógio e percebo que dormi demais. Tenho que
trabalhar. Mas não quero ter que ir trabalhar. Só de pensar em ir,
meu coração já se agita sinto uma vontade louca de chorar sem
parar, e as lágrimas rompem pelos meus olhos.
— Laura? — Minha mãe me chama entrando no meu quarto.
— Está chorando por qual motivo, menina?
— Mãe, não acho que eu vá conseguir ir trabalhar.
— Laura, pelo amor de Deus, já passou e está tudo bem.
Você tem que seguir a vida — mamãe diz.
Ela não entende.
— Olha só vou ligar para seu serviço e direi que não está bem
— comenta. — E mais uma coisa terei que ficar fora por uns dias. Irei
hoje e só voltarei na próxima segunda, okay? — pergunta. — O
dinheiro de emergência está no mesmo lugar de sempre. Qualquer
coisa basta me ligar. Fique com Deus!
Dizendo isso ela sai.
Fico no quarto chorando por um tempo até que resolvo sair
para fazer algo. Primeira coisa que faço, é ir tomar banho.
Quando estou saindo do banheiro ouço alguém chamar, me
enrolo na toalha e vou atender no automático. Quando abro a porta
acabo chorando mais ao ver o meu seu polícia no portão. Sem
esperar a minha permissão ele abre o portão e vem em minha
direção em passos rápidos. Antes que eu possa entender algo sinto
seus fortes braços ao redor de mim. Bato de cara com o seu peito
musculoso. Então mais uma vez caio no choro constante. Ele vai
andando para frente eu para trás, mas em momento algum nossos
corpos se separam ouço a porta sendo fechada com impacto.
Aperto-me ainda mais contra os braços do seu polícia, o meu seu
polícia.
— Laura? — A forma como ele me acha é tão bom. — Laura,
fala alguma coisa.
— Foi tão ruim — digo, soluçando. — Eles apontaram uma
arma para minha cabeça. Eu achei que ia morrer. Eu achei que
nunca mais te veria seu polícia. Eu estou tão mal com isso. Eu estou
com tanto medo. Aquele homem, eles atiram no homem por nada.
Por nada. Meu Deus! — Meu choro se torna berros. — Achei que ia
morrer virgem sem nunca nem ao menos ter dado para você.
— Laura, acalme-se já passou, vai ficar tudo bem — diz,
acariciando minhas costas com leveza. — Vá tomar um copo d’água
para se acalmar um pouco e vestir uma roupa.
Afasto-me dele bruscamente e saio marchando para meu
quarto. Visto um short com um tecido leve e uma blusa básica de cor
azul. Volta para sala e vejo ele em pé mexendo no seu celular de
uma geração que deve custar mais do que sete salários. Olho e
percebo que se talvez ele estivesse lá na hora teria reagido, e talvez
agora estaria em um hospital ou morto. Só de pensar nisso sinto meu
coração doer. E, consequentemente, acabo chorando ainda mais.
Merda! Minha cabecinha louca esquece que ele é um
delegado e que deve viver em situações de risco assim. Meu Deus,
ele arisca tanto a vida por alguém, por nós cidadãos que na maioria
das vezes nem ao menos os respeitamos. Quantas vezes culpei um
policial por fazer seu serviço, quantas vezes eu gritei mentalmente
com eles por dar suas vidas por nós. Agora olhando para o seu
polícia vejo o quão cruel é ser policial.
— Laura, acalme-se — diz, tirando-me do meu mundinho. —
Onde posso pegar água para que possa beber?
— Não quero água — digo, emburrada, secando as lágrimas
com a mão.
— O que quer então, Laura? — pergunta.
Sinto que meus olhos brilham e não é pelas lágrimas.
.
Por alguma razão sinto que não foi uma boa ideia perguntar o
que ela queria no lugar do copo de água, mas não é como se eu
pudesse voltar atrás agora. Eu, na verdade, nem ao menos sei o que
estou fazendo aqui. Quem estou tentando enganar, sei perfeitamente
o que estou fazendo aqui, mas ainda assim estou espantado por
realmente ter vindo até aqui. Até essa menina louca. Ainda ontem eu
descobri o que tinha acontecido não era algo para eu resolver, mas,
ainda assim, fiquei preocupado e acabei perturbando todos com isso.
Eu liguei mais de uma vez para Laura até que acabei ligando para a
louca da sua mãe que atendeu já me culpando de algo. Eu não tenho
culpa se a criminalidade está crescendo de uma forma desenfreada,
a culpa é dos governantes que não estão sabendo diminuir a
desigualdade social, mas não é algo que cabe a mim, ficar
explicando a dona Solange. Ela me explicou que Laura estava
dormindo e que chegou muito abalada em casa. E me deu uma
intimação de comparecer aqui hoje para cuidar da sua filha já que ela
teria que ficar uns dias fora. Eu vim não porque ela mandou, mas sim
pelo simples fato de que já viria até aqui ver Laura. Um sentimento
de preocupação nasceu dentro de mim. E acabo me sentindo
responsável por essa menina.
— Quero que me beije — dispara Laura me tirando dos meus
pensamentos. Olho para ela, e puta merda, ela está falando sério. —
Quero que me beije com paixão.
Olho para ela tentando compreender melhor o significado
desse pedido. Não era para estar surpreso, não era mesmo, mas,
ainda assim, estou. Essa menina deve ter um carma ou eu tenho só
pode. Nunca em minha vida pensei que conheceria alguém como
ela. Alguém tão louca que acha legal ficar em uma prisão. Alguém
que aperta meu pau para saber se ele está duro ou mole. Alguém
que faz com que eu quebre minhas regras. Essa menina com toda
certeza ficará um bom tempo me perturbando.
— Se eu te beijar agora será o último e primeiro beijo, Laura
— digo, vendo-a arregalar os olhos. — Depois desse beijo sairei por
aquela porta e nunca mais nos veremos. De darei seu melhor beijo,
mas saiba que também será o último. Quer isso mesmo? — pergunto
sabendo o quão baixo estou jogando. — Me diga é isso que quer que
eu a beije agora com paixão e depois vá embora para sempre? — O
que estou fazendo? Isso que dá fazer promessas a alguém. Ser um
homem de palavra às vezes ferra com você.
— Então se não nos beijarmos agora poderei te beijar depois
quantas vezes eu quiser? — pergunta, entusiasmada.
— Quase isso — digo. — Quando ocorrer o primeiro beijo
será dentro das minhas regras, Laura.
— Mas poderei te beijar? — pergunta, sorrindo. Há poucos
minutos ela estava chorando rios e rios de lágrimas.
— Dentro das minhas regras — repito.
— Ótimo. Saberei esperar — diz com tanta convicção que
quase acredito.
— É bom saber disso — comento. — Não se sentiu bem para
poder ir trabalhar hoje? — pergunto já sabendo a resposta.
— Não sei se poderei ir trabalhar lá de novo. Só de pensar em
ter que ir sinto um medo e não acho que eu vá conseguir. Eu quero,
seu polícia, eu realmente quero, mas não consigo. Sinto-me
sufocada, assustada e apavorada. Minha mãe diz que tenho que
saber lidar com isso e que devo entender que tenho que seguir em
frente. Só que não dá. Aqui dentro está uma bagunça total — diz,
apontando para sua cabeça. — Eu até mesmo havia dito para mim
mesma ontem de que hoje tudo ficaria bem e que seria um novo dia
só que não dá. Eu quero, mas não consigo. É tão doloroso, tão cruel.
— Calma, respira. Está tudo bem — aconselho. Ela deve estar
tendo uma crise de estresse pós-traumático é normal de acontecer
pela minha experiência. — Você não precisa ter que ir trabalhar hoje
e se amanhã não estiver bem peça demissão de lá.
— Eu não posso me demitir. Eu demorei para encontrar esse
emprego para poder ajudar minha mãe em casa. Não quero me dar
ao luxo de desistir — diz com a voz sufocada.
— Você pode trabalhar com a Alyane na boutique que ela tem
no shopping da Barra — comento. — Ela disse que estava buscando
alguém para trabalhar com ela mesmo.
— Sério? — pergunta.
— Sim, vou até confirmar com ela — digo, pegando meu
celular e discando o número da minha irmã que atende na segunda
chamada. — Lyane, você ainda precisa de alguém para trabalhar
com você na boutique? — pergunto.
— Sim e não, por quê?
— Laura está tendo um problema no seu atual emprego e
precisa de outro — revelo, e logo depois ouço os gritinhos da minha
irmã no meu ouvido.
— Claro que contrato a Laurinha, era para ter dito desde o
início que era para ela — grita quase estourando meus tímpanos
— Okay. Irei informá-la sobre isso e amanhã irei levá-la até a
loja — digo, já desligando sem dar a menor chance da minha irmã
falar algo.
— Amanhã você pede sua demissão e logo depois te levo até
à boutique — digo.
— Obrigada!
Apenas aceno com a cabeça. — Laura arrume suas coisas.
Você passará esses dias que sua mãe está fora na minha casa —
aviso, recebendo um olhar de choque dela.
Acredite, ninguém está mais chocado do que eu.
Sinto que me arrependerei amargamente disso.
Beijar ou não beijar?
Beijar ou beijar?
Beijar amanhã ou depois?
Beijar com paixão ou sem paixão?
Com língua ou sem língua?
Com pegada ou sem pegada?
Como deve ser beijar essa boca suculenta e gostosa?
Qual gosto tem sua boca?
Ele beija molhado ou seco?
Minha Nossa Senhora, estou enlouquecendo com essas
dúvidas maléficas. Minha cabeça só gira em torno do nosso futuro
beijo. Eu quero tanto, mas tanto beijar ele que até enlouqueço com
isso. Ele é tão seguro de si, tão dono da verdade é tão não meu,
ainda. Que crueldade é essa vida. Meu pobre coração não aguenta
todo esse sofrimento. Ele ao menos poderia ser mais gentil comigo,
mais carinhoso, mas não, ele é ele o tempo todo. Desde o segundo
em que entramos no seu carro ele está calado. Nesse momento
estamos parados em um engarrafamento na ponte o que é bem
normal para mim, mas a forma como ele fica batendo os dedos no
volante mostra que está impaciente e por alguma razão não quero
falar nada. Tenho certeza de que ele sabe que estou o encarando,
mas nem ao menos me olha de volta ele é um policial malvado.
Malvado e sexy! Meu sonho todinho de devassa. Mal vejo a hora de
usar as dicas das meninas da cela sobre sedução. Assim que chegar
à casa dele colocarei em prática uma delas e vou arrasar, disso não
tenho menor dúvida.
Olho para a janela vendo o oceano diante de mim, amo essa
vista é tão perfeita, tão pura me acalma ao mesmo tempo que me
assusta, para mim o oceano é algo desconhecido. Mas um
desconhecido maravilhoso. Quando o carro se movimenta um pouco
sorrio e quase choro quando um carro grande para ao nosso lado me
impedindo de admirar a vista perfeita.
— Porra. — Ouço o seu polícia praguejar baixinho.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto
— Não, não é nada só esse trânsito — diz, concentrado no
que acontece à sua frente. — Está mais calma? — pergunta ainda
sem olhar para mim.
— Sim, estou — respondo, sorrindo.
Ainda estou assustada com o que aconteceu, mas com toda
certeza não estou chorando feito louca mais. Meu coração deu uma
acalmada. Mas minha mente toda hora revive o que aconteceu e por
alguma razão não consigo esquecer aquela arma apontada para a
minha cabeça. Eu só não consigo. Estou assustada, mas sei que o
Arthur cuidará de mim. Eu confio nele.
— Sua irmã, a Mayra, também trabalha na boutique? —
pergunto tentando puxar assunto.
— Não, Mayra trabalha com minha mãe em eventos sociais,
etc. — esclarece.
— Eventos sociais? — pergunto, confusa.
— Ela só vai a eventos sociais marca presença ou representa
nossa família — explica.
— Entendi. Ela é uma dondoca — digo sem pensar. E na
mesma hora coloco a mão na boca. — Ah, me desculpe.
Ele ri, oh, meu Deus ele está rindo!
— Exatamente isso o que disse não precisa se desculpar —
diz, ainda rindo de leve.
— Minha irmã começou quando mais nova a faculdade de
moda, mas parou no terceiro semestre — revela, acelerando o carro
já que o tráfego ficou mais tranquilo. — Alyane que concluiu a
graduação em gestão empresarial, mas preferiu trabalhar com
roupas já que sempre gostou da área — completa, antes que eu faça
mil perguntas.
— E você é formado em direito, certo? — pergunto, sabendo a
resposta.
— Certo, mas também sou formado em economia — comenta,
fazendo com que eu abra ainda mais a minha boca. — E você,
Laura, quer cursar qual faculdade?
— Não sei ao certo. Gostaria de cursar serviços sociais ou
algo do tipo — respondo sem certeza. — Gostaria de fazer algo que
vá ajudar as pessoas.
— Faça o que lhe deixar feliz — diz.
— Beijar você me deixará feliz — confesso. — Devo te beijar
então?
— Estou falando sobre cursar uma universidade — explica.
— Isso é algo bem complicado, acredite. Minha mãe não
possui as melhores condições, meu pai é um safado e faculdade
tanto pública quanto particular exige gastos e sinceramente não vejo
de onde minha mãe tirará dinheiro para me ajudar. Sei perfeitamente
que não conseguirei conciliar trabalho com estudos. Minha cabeça é
bem confusa e sou perdidona nas coisas. Terei que sacrificar algo e
não pode ser o arroz e o feijão da mesa — esclareço, calmamente.
— Compreendo — diz.
Não falo mais nada. Não sei nem o que dizer. Conheço meus
limites e além. Amaria de todas as formas cursar uma universidade,
mas tenho que olhar bem para o que está à minha volta. Ao menos
para isso tenho o pé firme no chão. Sei perfeitamente que minha
mãe não se importaria de trabalhar em dois empregos ou mais por
minha causa, mas eu me importo. Ela precisa cuidar de si mesma.
Eu já sou responsável por mim. Tenho que saber lidar com meus
próprios fracassos de vitórias.
— Quando mais nova eu me imaginava casada com filhos e
um cachorro — digo do nada. — Eu me via saindo do trabalho
pegando as crianças e ainda brigando com meu marido sobre quem
levaria e buscaria as crianças na escola — completo, rindo. —
Sempre sonhei com isso. Uma família grande. E você, seu polícia,
também sonha com isso? — pergunto.
— Não, eu não sonho com isso — responde. — Se um dia me
casar vou preferir que minha esposa seja dona de casa, não por ser
machista, mas sim porque gostaria de chegar em casa e vê-la ali
com os nossos filhos seguros — finaliza.
— Mas ela pode trabalhar e ainda assim estará segura —
retruco.
— Sim ela pode, mas, ainda assim, não é algo que eu
gostaria, mas não a impediria se caso fosse seu desejo trabalhar fora
— comenta. — Trouxe sua carteira de trabalho para que eles
possam dar baixa? — pergunta mudando completamente de
assunto.
— Sim, está tudo aqui — respondo apertando a bolsa que
está em meu colo.
Por mim eu não voltaria ao restaurante tão cedo, ou melhor,
nunca mais, mas é algo que preciso fazer e é o que farei.
Quando estacionamos em frente ao restaurante fico nervosa e
com medo. Posso jurar que até vejo tudo acontecendo de novo.
Arthur pega minha mão e aperta.
— Vamos acabar com isso — diz.
Faço com sim com a cabeça e com muita dificuldade largo
sua mão. Abro a porta do carro ao mesmo tempo que ele abre a sua.
Ele me espera e entramos juntos. Ele parece um guarda-costas ao
meu lado, mas não é algo que eu bem possa dizer em alto som, ele
é um poste. Entro pela ala dos funcionários com o meu seu polícia
bem atrás de mim. Sorrio de leve para as pessoas que vejo antes de
ir até à sala do meu chefe pedir demissão. Trabalhei aqui dois dias e
posso dizer que estava amando, mas como tudo uma hora tem fim.
O meu mal se iniciou, mas hoje é o fim.
Choro a cada palavra que tento dizer ao meu gerente, mas no
fim é Arthur que resolve tudo eu só assino sem saber o que estava
assinando. Despeço-me do pessoal que me abraça com carinho e
me deseja boa sorte. Hoje o restaurante não está funcionando, mas
os funcionários devem estar aqui. Jossiane e eu prometemos que
marcaremos um cineminha ou uma praia, mas vamos ver isso ao
certo. Seu polícia só observa tudo sem dizer uma única palavra.
Todos olham para ele assustado, mas não ousam comentar nada.
Ele possui um ar assustador, bem, foram essas as palavras da
Jossiane. Ela disse isso bem baixinho no meu ouvido.

Quando adentramos no carro para ir para sua casa fico


ansiosa e feliz. Passarei quase uma semana sob o mesmo teto que o
seu.

Quando ele entra no condomínio onde mora abro mais uma


vez minha boca ao perceber o quão belo aquele lugar é minha Nossa
Senhora do céu, morar aqui deve ser muito caro. Fico olhando paras
as mansões que passamos tentando achar qual é mais bela, mas no
final ainda prefiro a do seu delegado.
— Morar aqui é caro? — pergunto.
— Um pouco — responde entrando na garagem da sua casa.
— Mas gosto daqui é seguro e confiável — acrescenta, abrindo a
porta do carro para sair.
Saio junto a ele. Ele abre a porta de trás e pega a minha mala
como se fosse a coisa mais leve do mundo.
— Todo delegado mora em uma casa como a sua? —
especulo.
— Não, moro aqui porque tenho mais condição do que a
maioria dos delegados desse país — responde, calmamente.
— Você é corrupto? — pergunto mais uma vez sem pensar.
— Não, e digo mais odeio essa gente do caralho, que acha
que pode roubar e ficar por isso mesmo — fala com a voz alterada.
Minha família é milionária, Laura. Trabalho como delegado por
paixão — finaliza.
Ele é tão apaixonante! Não digo nada apenas o sigo para
dentro da sua linda casa. Ele me leva mais uma vez para o quarto
que dormi na última vez em que estive aqui. Está bem-arrumado
como da última vez. Vejo um dia minha filha dormindo nesse quarto,
mas as paredes estarão em cor-de-rosa e branco com vários outros
detalhes.
— Laura, terei que trabalhar das quatro da tarde até às quatro
da manhã. Plantão de doze horas — informa, fazendo com que eu
olhe para ele triste. — Há comida na geladeira e qualquer coisa
basta me ligar, bem sabemos que tem o número do meu telefone —
comenta, olhando em meus olhos. — Bem, vou comer algo e depois
me preparar para ir trabalhar.
— Está bem — digo, triste. — E se alguém aparecer? —
pergunto já que da última vez que estive aqui ele recebeu visitas.
— Diga que está comigo e que qualquer coisa basta me ligar
— diz, sério. Ele sério é tão lindo. Tão gostoso. Ai que delícia. — É
para ficar aqui, não saia para lugar nenhum.
— Aqui ficarei e não sairei — afirmo.
Com um aceno de cabeça ele sai do quarto, deixando-me
sozinha. Jogo-me na cama. É hora de colocar o plano de conquistá-
lo em ação.
— Então está me dizendo que ela está na sua casa nesse
exato momento? — pergunta Adilson.
— Foi o que eu disse — respondo.
— Porra, cara. Mas tem certeza de que é aquela garota
maluquinha da noite de carnaval que quase traçou você? —
pergunta mais uma vez. — Arthur, aquela menina não é uma
drogada? — pergunta.
— Ela não é usuária, é muito sã, isso sim — digo.
— A garota é doidinha — comenta, pensativo.
— Me diga algo que eu não sei, Adilson? — questiono. — Sei
que é louca e que me dá mais dores de cabeça do que minha família
junto. Mas, ainda assim, dei a porra da minha palavra e cumprirei
custe o que custar. Minha palavra é lei e honra para mim —
acrescento.
— Calma aí, delegado — caçoa. — A menina está na sua
casa, okay. Mas a pergunta é ela precisa estar lá? Você não leva
nenhuma menina para sua casa e eu sei perfeitamente disso amigo,
só é estranho você está levando uma foda para lá.
— Ela não é uma foda. É apenas uma menina que estou
ajudando — explico.
— Meu amigo, ela tem vinte e um anos. Não é mais uma
menina e qualquer um vê o quão bela ela é. A menina é linda e tem
um corpo maravilhoso. Sou casado e fiel a minha esposa, mas isso
não quer dizer que eu seja cego. Até a Carmem disse que ela é linda
e se minha mulher diz isso é porque posso dizer — diz na defensiva.
Ele quer me provocar, mas não conseguirá. Não hoje, não
agora e não usando a Laura.
Ele tem razão minha casa é meu santuário, meu lugar de paz
e não gosto de levar ninguém para lá. Mal admito que meus
familiares fiquem indo lá me visitar. Mas eu não poderia deixar a
Laura em qualquer lugar. Sou um homem honrado e de palavra disse
que cuidaria dele então vou cuidar. Nada mais do que isso. Na
maioria das vezes ela me irrita, me estressa e faz com que eu
questione a minha própria sabedoria, mas em outros momentos fico
bem ao seu lado. Ela me faz rir com suas idiotices e palavras
desenfreadas. Nunca quis encontrar alguém como ela em minha
vida, mas ela simplesmente surgiu das cinzas e agora parece que
grudou em mim. Parece que ela está impregnada em cada curva da
vida que faço. Simplesmente não vejo fuga.
— Sim ela é linda — digo.
— Meu amigo, pare de olhar para os números — diz,
levantando-se. — Agora se me der licença, delegado, preciso ir
trabalhar o chefe de plantão hoje é conhecido como o Imperdoável.
— Dizendo isso ele sai em passos rápidos.
Meu telefone apita, pego-o para olhar, mas me arrependo logo
em seguida.
Oh, seu polícia, quando chegar não esquece de me dar
um beijo de boa-noite.
Merda! Ela não vai esquecer do beijo.
Acordo sabendo que não estou mais no sofá dormindo, então isso
significa que o seu polícia me trouxe para a cama ontem à noite.
Pergunto-me se ele viu minha camisola sensual. Eu nunca pensei
que um dia a usaria, mas então a oportunidade apareceu. Uma
camisola curta e bem grudada no meu corpo, acho ela um máximo.
Eu gosto de dormir toda largada, mas já que dormirei sob o mesmo
teto, mas não sobre a mesma cama do meu Arthur tentarei seduzi-lo
de todas as formas. Sei que ele é um cavalheiro e que jamais se
aproveitaria de mim, mas eu quero que ele aproveite muito bem de
mim, mas o homem está decidido a me ver apenas como uma
garotinha. É tão frustrante isso, só quero o seu polícia para mim isso
não pedir muito ou é?
Levanto-me da cama e logo a arrumo. Vou correndo para o
banheiro fazer xixi e minha higiene matinal. Quando termino saio do
quarto em silêncio e desço as escadas. Nesse horário o Arthur deve
estar dormindo e por isso não acordarei ele. Ele chegou bem tarde
hoje. Quando chego à cozinha para preparar o café levou um susto
ao ver que já são mais de nove e meia dormi demais, mas sem
problemas. Se fosse lá em casa eu já estaria acordada há muito
tempo. Minha mãe teria me acordado aos gritos ou tapas. Para ela
todos temos que acordar às oito horas da manhã e aí de mim se
reclamar. Ontem depois que o meu seu polícia saiu para a delegacia
comecei a vasculhar a cozinha e descobri onde fica tudinho. Ele é
mais organizado que a minha mãe. E organização me dá nos nervos
já que não sou nem um pouco organizada.
Coloco a água no fogo para fazer o café, pego na sua
maravilhosa geladeira dos sonhos o queijo minas e o presunto. Pego
o pão de forma e começo a montar meu misto cheio de calorias, mas
não estou nem aí se não perder tudo isso um dia. Ligo a
sanduicheira e coloco meu pão lá. Começo a coar o café, vou atrás
do meu leite e já até me vejo com mais disposição.
— Bom dia, Laura. — Essa voz mais rouca que o habitual.
Minha Nossa Senhora do céu!
Viro-me e dou de cara com o meu paraíso usando uma regata
e uma calça moletom. Esse homem é tão lindo. Seus cabelos estão
bagunçados o que o deixa ainda mais charmoso. Nossa Senhora!
Esse homem é meu e nem sabe. Lutarei como uma leoa por ele. Dou
até minha entrada de trás, mas ele será meu.
— Para ter uma visão dessa todos os dias eu te deixaria até
comer meu cu todos os dias sem ao menos me importar com a dor
— digo.
Ele me olha com os olhos arregalados, por um instante me
pergunto o porquê, mas aí me dou conta do que acabei de falar. Mas
nem ligo. Já falei mesmo.
— Bom dia, Laura, deveria filtrar melhor o que diz — diz em
um tom de repreensão, passa por mim e vai até os armários pegar
uma xícara e se servir com uma dosagem de café.
— Eu filtro bem o que falo na maioria das vezes — digo,
sorrindo.
— Você filtra? — pergunta.
— Claro que filtro se eu falar tudo que penso seria
considerada uma louca — comento, dando um sorriso aberto para
ele.
— Bom saber disso — diz. — Vejo que dormiu bem.
— Não muito, mas obrigada por ter me levado para o quarto,
sei que deve ter chegado bem cansado e ainda me levou para a
cama. Não sou uma pessoa muito leve — agradeço.
— Não há de quê — diz, sucinto.
Comemos em silêncio. Ele comendo é a coisa mais linda
desse mundo, a forma como ele mastiga é tão sensual que fico até
arrepiada.
— Achei que dormiria até mais tarde — comento, incomodada
com o silêncio.
— Dormi o suficiente, aliás, preciso te levar até à boutique da
Alyane — informa. — Assim que terminarmos aqui, iremos lá, disse a
ela que iria lá de manhã — acrescenta, limpando a boca com um
guardanapo.
Olho para ele e não digo nada tinha até me esquecido disso,
mas amarei trabalhar com minha futura cunhada dos sonhos. Ao
contrário dele não me dou ao trabalho de limpar minha boca com o
guardanapo apenas lavo o que sujei e subo as escadas com ele para
me arrumar.
Opto por uma rasteirinha e um vestido até os joelhos verde-
claro de ombro caído, prendo meus cabelos em um rabo de cabelo
bem alto. Quase quebro minha mão para fazer isso, mas valeu a
pena. Passo um batom rosinha e estou pronta. Antes de sair do
quarto pego minha bolsa com meus documentos. Encontro o meu
seu polícia sentado no sofá mexendo no seu iphone que deve custar
o valor do meu rim.
— Estou pronta — digo, empolgada.
— Então vamos — fala, levantando-se.
Às vezes só às vezes gostaria que ele fosse mais atencioso
comigo, mas querer nem sempre é poder e já vi que ele assim com
todo mundo é sua personalidade o que posso fazer.

Abro minha boca de uma forma que até dói meu maxilar, a loja
de roupa da Alyane é um espetáculo de tão linda e cara. Não é uma
loja que eu entraria para comprar algo, acreditem eu jamais pisaria
na entrada e muito menos passaria da porta. Há roupas divinas e
olha que só olhei algumas, mas tenho certeza de que custam meu
pulmão no mercado negro. Arthur está ao meu lado olhando ao redor
como se isso não fosse nada para ele, talvez não seja, mas para
mim isso é tudo. Entre roupa de grife e comida, prefiro comida há
pessoas que deixam de pôr na mesa para ter a merda de uma roupa
de marca. Mas, bem, cada um ostenta o que pode, eu amo ostentar
barriga cheia!
— Laura! — Alyane surge do nada gritando meu nome.
Abro um sorriso e vou ao seu encontro para lhe abraçar. Ela
me abraça forte e devolvo o abraço. Nós nos beijamos na bochecha,
ela é tão doce, tão carinhosa.
— Alyane, obrigada! — agradeço.
— Não precisa agradecer estava doida para passar mais
tempo com você e então surgiu essa oportunidade perfeita — diz,
sorrindo. — Oi, irmão.
— Oi — diz, dando-lhe um abraço leve.
— Seco que só — fala Alyane, virando-se para mim. — Laura,
vou assinar sua carteira como gerente, okay? — informa, pegando-
me de surpresa.
— Eu nunca fui gerente — digo de pronto.
— Para tudo tem sua primeira vez — comenta, puxando-me
para não sei onde na loja. — Eu te ensinarei tudo não é difícil sem
falar que você só trabalhará seis horas por dia e às vezes oito.
Sábado e domingo em casa. Haverá sábados ou domingos que
teremos que vir trabalhar por causa de algum evento na loja, mas
fora isso é tranquilo — ela explica.
— O certo não é oito horas diárias? — pergunto.
— Quem é a chefe? — Alyane rebate.
— Você.
— Exatamente, sou eu quem faço os horários — acrescenta.
— Agora me dê seus documentos para que eu assine sua carteira e
aqui o contrato, leia antes de assinar — fala me entregando alguns
papéis.
Começo a ler os papéis com calma até que algo chama a
minha atenção. O salário é de 3.500,00. Muito dinheiro para mim que
não tenho absolutamente nada.
— Esse valor está certo? — pergunto, mostrando a ela.
— Certíssimo, sem falar no bônus quando fizer uma venda
grande — esclarece, tranquilamente.
Não digo nada apenas leio até o final e assino o contrato de
seis meses.
— Ótimo, você começa segunda sem falta, das 08h até às
14h, okay? — pergunta.
— Okay! — digo, fazendo joinha com o polegar.
Arthur fica o tempo todo em silêncio.
— Irmão, não esquece do jantar hoje à noite — Alyane
comenta, olhando para Arthur.
— Laura, arraste ele, viu? — diz em minha direção.
— Mamãe está doida para lhe conhecer!
Olho para ela e para o meu seu polícia sem saber o que dizer.
De forma alguma estou preparada para conhecer minha sogra não
sogra ainda. Só de pensar nisso sinto uma vontade louca de chorar
ou surtar. Minha nossa, vou conhecer os parentes dele! A família
dele!
— Eu não vou — digo com o coração doendo, porém,
sabendo que é a melhor coisa a ser dita.
— Mas por quê? — pergunta Alyane, me encarando. —
Arthur, posso saber por que ela não vai? — pergunta agora ao irmão.
— O que você fez?
— Ele não fez nada, apenas não tem o porquê da minha
presença a um jantar em família, é um momento de vocês — explico,
sorrindo levemente. Me dói de verdade ter que falar isso, mas é a
coisa mais sensata a se fazer e dizer. Eu não tenho roupa para ir e
nem ao menos sei se o seu polícia me quer lá. Minha mãe me disse
que não devemos ir aonde não somos bem-vindas.
— Mas, Laura, você é da família! — protesta Alyane, ficando
de pé.
— Ela vai — diz Arthur, fazendo com que eu arregale os
olhos. — Alyane acho que ela precisa de algo novo para hoje à noite,
não acha?
— Com toda a certeza desse mundo! Vamos, Laura, achar o
vestido perfeito para você. — comemora, puxando-me pelas mãos
para fora do seu escritório.
Olho para o seu polícia em busca de ajuda, mas o gostoso
está apenas nos olhando com o que parece ser diversão.
— Ai, meu Deus! Lyane, isso mostra meus fundos todinho e
se eu abaixar vai aparecer meu rabo todinho, isso não! — digo, ao
experimentar o terceiro vestido.
— Concordo com a Laura, muito curto — Arthur se intromete,
olhando para mim por cima da tela do celular.
Ele está sentado em um sofá bege de couro que há aqui na
seção de provadores.
— Tenta esse — pede Lyane, como lhe chamo agora,
entregando-me um vestido verde-claro longo de alça grossa onde há
dois rasgos ao lado.
Experimento o vestido com todo cuidado assim como fiz com
os outros. Saio do provador sem me olhar no espelho.
— Esse — sentencia Arthur, antes mesmo que eu consiga
pedir opinião. — Só falta o sapato, Alyane quero aquele colar branco
e o conjunto de brincos de esmeraldas — acrescenta agora para
irmã. — Bem e uma bolsa pequena de mão.
— Vou pegar agora, fique aí, Laura! — manda a minha futura
cunhada enquanto sai correndo.
Olho para o meu seu polícia que está me encarando
atentamente.
— Deus do céu, se ele continuar me olhando assim irei voar
em cima dele igual uma gaivota feroz.
— Gaivotas feroz? — questiona.
— Falei alto demais? — pergunto já sabendo a resposta.
— Você não possui filtros — diz, olhando-me. — Gostaria de
mais algum vestido?
— Não! Isso daqui já deve ser equivalente a dez salários
meus, em quantas parcelas posso pagar isso tudo? — pergunto. —
Já estou até vendo que terei que rodar bolsinha na esquina se quiser
um extra, minha mãe vai me matar quando ver tudo que devo. Puta
merda. Vou até começar a contar as esquinas. A vida é tão difícil —
digo, tentando olhar a etiqueta do vestido. — Morri, assim não dá!
Sete mil e oitocentos um vestido desse? Tem ouro nesses tecidos?
— Laura, pagarei por tudo, não se preocupe — informa Arthur,
calmamente.
— Eu te pago um dia, não sei quando, mas pago, fico lhe
devendo essa, seu polícia — falo, suspirando de alívio e mando um
beijinho para ele no ar. Já que não posso beijar sua boca ao menos
faço isso.
— Na hora certa irei cobrar, acredite — diz de um jeito que até
da certos arrepios. Seu olhar por alguns instantes possuem um brilho
diferente do que estou acostumada a ver.
— Devo me preocupar com a sua família? — pergunto.
— Deve apenas se manter ao meu lado — responde sem
sorrir, aliás, ele quase nunca sorri.
— Aqui, Laura, achei o sapato e bolsa perfeitos para você! —
diz Alyane, entrando.
Olho para o sapato de salto agulha de um veludo preto e
sorrio.
Irei cair feio no meu primeiro encontro com os meus não ainda
sogros.
Que eu me mantenha em pé até o final da noite, boa sorte
para mim!
Acreditem quando digo que não nasci para ir a uma festa
chique, me olho pela décima vez no espelho.
Maquiagem está okay!
Cabelo está okay!
Sapato assassino está okay!
Vestido de sete mil e oitocentos está okay!
Bolsa na mão okay!
Irei brotar na casa da minha futura sogra para o desespero
das piriguetes.
Mais uma vez vejo se meu cabelo está alinhado no penteado
que vi na internet hoje, meu batom vermelho-mate está perfeito,
maquiagem leve. Está tudo okay, menos o meu nervosismo. Respiro
fundo e por fim saio do quarto. Olho para as escadas e quase choro
em desespero, mas desço igual uma velhinha e quase pulo quando
termino o último degrau. Olho para os meus seios para ver se o
decote está legal e não está revelando quase nada. Estou me
sentindo linda, digna de uma princesa. Não me lembro de vestir algo
tão bonito assim eu nem ao menos tive festa de quinze anos.
— Você está linda, Laura — elogia, o seu polícia surgindo do
nada.
— Puta que pariu, lindo assim dá até vontade de perder todas
as minhas virgindades com você agora — digo, admirando sua
beleza, mas em questão de segundos coloco a mão sobre boca. —
Obrigada — digo com a voz abafada pela minha mão. — Você
também está lindo.
— Você deixou isso claro, mas obrigado — comenta,
estendendo-me a mão. — Vamos? — pergunta.
Minha mão sobre a sua parece a coisa mais perfeita desse
mundo é como se elas fossem feitas uma para outra, há um encaixe
feito por Deus apenas isso explica. Suas mãos são grandes e firmes
o que faz com que eu me pergunte como deve ser uma pegada na
hora do sexo.
Permito que ele me guie até o lado de fora onde há um carro
prateado que puta merda, que carro, que carro! Tenho até medo de
tocar e ele arranhar.
— Que modelo é esse? — pergunto ainda em choque.
— Lamborghini Aventador — diz, e olho para ele ainda
confusa.
— Um delegado não dirige um carro desses — comento,
baixinho.
— Um comum não. — Concorda. — Eu dirijo porque não sou
um delegado comum — acrescenta.
— Você é milionário — digo mais para mim do que para ele.
— Algo do tipo — comenta, fazendo com que eu me sente no
banco do carona.
Quando ele se senta ao lado do motorista e liga a máquina
fazendo com que o motor ganhe vida. Me dá um arrepio que minha
nossa.
Como era de se esperar ele dirige com maestria, ele sabe o
que faz. Ele fica tão mais tão sexy assim, me pergunto se ele
também dirigirá meu corpo dessa forma e, se caso ele for, serei a
mulher mais feliz do mundo. Não terá mulher mais feliz do que eu.
— Meu nome é Arthur Dimitry Camargo Sokolov — ele fala do
nada. — Nasci na Rússia, mas estou no Brasil desde os meus cinco
anos. Meu pai se chama Nikolai Sokolov e minha mãe Silvanna
Camargo Sokolov. Ela conheceu meu pai durante uma visita à
Rússia na adolescência. Ambos se encantaram um pelo outro e
tiveram um caso o que fez com que eu nascesse meses depois.
Ambos se casaram quando minha mãe tinha dezesseis anos e meu
pai vinte e três. Como disse nasci na Rússia em Moscou. Minha mãe
é mulata e meu pai um digno homem russo, como você bem viu
nenhum de nós puxamos os traços do meu pai o que é bem
frustrante para nossa família russa — diz, enquanto acelera o carro.
— Meu pai vem de uma família bem rica e esnobe, já minha mãe
vem do morro da Rocinha. Hoje teremos os dois lados da família lá,
mas tenha cuidado com a minha tia Sueria. Ela é terrível qualquer
coisa basta sempre se manter ao meu lado ou do lado da Alyane —
explica, calmamente. — Tenho trinta e sete anos, você vinte e um.
Há uma certa diferença e com toda certeza farão piadinhas sobre
isso não se deixe levar por eles. — Ele suspira e eu quase dou um
grito quando ele faz uma curva fechada sem reduzir a velocidade. —
Não se preocupe meu pai me ensinou a dirigir em uma pista de
corrida.
— Seu pai é legal? — pergunto baixinho torcendo para que o
cheiro do peido que soltei no desespero não chegue até o seu nariz.
— Ele é sério e na dele — esclarece. — Fala o suficiente
quando quer.
— Ele e sua mãe são felizes? — pergunto.
— Você verá. — É tudo que diz.
— Para onde estamos indo? — sondo.
— Já estamos chegando — responde. — Aliás, trouxe roupas
que a Alyane mandou para você.
— Roupas, para quê? — pergunto sem entender.
— Vamos ficar até domingo por aqui — diz. — Ela disse que
há tudo que você precisará na mala.
— Você me diz isso assim do nada? — pergunto, já sentindo
desespero. — Eu tenho ainda mais dívida para pagar — protesto,
colocando a mão na cabeça. — Não sei se sabe, mas as roupas da
loja da sua irmã custam uma fortuna que só — acrescento.
— Pagarei por tudo até pelas peças íntimas — diz, diminuindo
a velocidade e passando por um portão enorme com os muros
maiores ainda. — Aqui é como se fosse uma fazenda meu pai
comprou há anos e fez com que isso daqui virasse um ponto de
encontro entre as famílias — explica. — Ficaremos na casa principal.
— Ainda dá tempo de eu ir embora — digo.
— Você ficará comigo, Laura.
— E se eu peidar na frente deles? — pergunto.
— Finge que não foi você e se mantenha normal — responde,
virando uma pequena curva e então vejo as diversas luzes e uma
mansão que minha Nossa Senhora do céu! Se eu andar sozinha
dentro dela com toda certeza irei me perder. — Meu pai gosta de
coisas rústicas.
— Rústico é o bar do seu Manel, isso daqui é tudo menos
rústico — comento com a boca aberta.
Ele solta uma leve gargalhada e para o carro. Ele abre a sua
porta o que acho um máximo nesse carro a porta abre para cima. Se
eu contar que andei em um carro desses minha mãe nem vai
acreditar. Levo um susto quando minha porta se abre e ele estende a
mão para mim. Ele está tão lindo nesses smoking preto três peças
que sem sombra de dúvidas foi feito sob medidas para ele. Seguro
sua mão e saio do carro sem cair ou pisar no vestido de sete mil e
oitocentos. Seguro minha bolsa e sorrio para ele que aperta minha
mão com força.
— Vamos entrar — diz. — Se apoie em mim para subir as
escadas — instrui, soltando minha mão e entrelaçando meu braço ao
seu em forma de apoio.
— Obrigada, estou morta de medo de cair com esse salto —
digo, andando ao seu lado.
— Não lhe deixarei cair — diz com firmeza. Essa firmeza dele.
Quando chegamos ao sexto e último degrau uma porta de
madeira maciça escura com duas toras de maçaneta de ouro em
cada lado se abre revelando o interior da casa. Entramos. No
corredor há um tapete vermelho que nos guia até o grande salão da
casa onde há algumas pessoas que param tudo para nos olhar
quando chegamos. Por vergonha ou sei lá o que aperto o braço do
seu polícia que para o meu total desespero descruza nossos braços
e coloca a mão na minha cintura me puxando para ele com certa
leveza. Isso me passa confiança. Levanto minha cabeça um pouco e
sorrio para ele em forma de agradecimento. Para minha surpresa ele
sorri de volta levemente.
Por alguns instantes me perco dentro dos seus olhos
castanhos. Ele é tão lindo, tão maravilhoso. Tão meu. Tão perfeito
para mim só não sabe disso ainda, mas um dia saberá.
— Laura, ainda bem que você veio — comenta Lyane, tirando-
me do meu encanto.
Ela está linda com seu vestido azul-caneta longo lindo, seus
cabelos castanho-avermelhados estão jogados para um lado só
deixando seu bico chanel perfeito.
— Layne — digo, indo lhe abraçar. Nós nos apertamos e
trocamos beijinhos. — Você está deslumbrante — elogio, sorrindo.
— Oh, meu bem, e você está divina a mais linda da festa toda
— diz, me deixando toda sem graça.
— Concordo com você, Alyane — Arthur comenta, fazendo
com que minhas bochechas fiquem vermelhas.
— Irmão, você é péssimo, deveria elogiar mais a Laurinha e
quem sabe assim ela não fique toda vermelha ao ouvir um mero
elogio seu — caçoa, olhando de cara feia para o irmão.
— Não é que você a trouxe — diz a irmã do mau chegando
até nós e ao seu lado agora está a Patrícia e mais três pessoas,
sendo que uma delas é um homem loiro de olhos verdes alto, um
homem de cabelos castanho-claros e olhos azuis e uma mulher
baixa loira com os cabelos loiros e olhos verdes. Enfim todos são
bonitos e estão bem elegantes.
Mayra me olha de cima a baixo. Devolvo o olhar. Seu cabelo
loiro está solto e jogando completamente para trás. Seu vestido vai
até um pouco acima do joelho prateado é bonito. Ela está elegante e
ainda não gosta de mim. Sinto que o olhar de Patrícia me queima.
Estou surpresa por seu cabelo estar preso em um coque baixo com
sua franja solta sobre seus olhos. Seu vestido vermelho é chamativo
a meu ver, mas é lindo. Ela com toda certeza tem silicone no peito,
eu acho lindo, mas não teria coragem de colocar um dia. Na
verdade, nem sei.
— É claro que a trouxe, por qual motivo não a traria? —
pergunta Arthur, me puxando mais uma vez para ele. Eu amo
quando ele faz isso.
— É uma reunião de família — responde ao irmão com o tom
ácido.
— E ela está comigo o que significa que deve e tem que estar
aqui — diz, tranquilamente, me deixando tonta com suas palavras. —
Se está incomodada basta sair de perto de nós dois.
Mayra respira fundo e sai com toda sua raiva e elegância. O
resto apenas faz um aceno com a cabeça e vão atrás dela. Não
entendi nada.
— Vamos! — fala Alyane, cruzando os braços com os meus e
me puxando.
O seu polícia em momento algum enquanto cruzamos o
imenso salão tira as mãos da minha cintura. Lyane sorri para que
todos. É visível os olhares sobre mim, mas basta olhar para o meu
delegado sexy que tudo parece ficar melhor.
— Pai, mãe, olha a Laura aqui — diz Lyane ao parar diante de
um casal bem-vestido.
A mulher se vira primeiro e abre um largo sorriso para nós. Ela
é linda, olhos castanhos iguais ao do seu polícia, seus cabelos
castanhos vão até a altura do ombro em um corte reto bem feito,
seus dentes são claros e seu sorriso acolhedor. Só espero que ela
goste de mim, Deus do céu me livre de ser inimiga da minha sogra.
Ela usa um vestido longo bege com um pequeno V na altura dos
seios. Uma mulher linda, quero envelhecer assim.
Já o homem alto vestido perfeitamente bem possui olhos
azuis e cabelos grisalhos bem volumosos ele até parece aqueles
caras do Instagram. Ele me lança um leve sorriso. Ele é sério igual
ao filho.
— Laura, que bom finalmente te conhecer — diz minha futura
sogra, vindo até mim, sorrindo abertamente. — Sou Silvanna —
explica, me dando um abraço apertado que faz com que eu me
recorde do da minha mãe. — Seja bem-vinda à família, minha linda
— diz, docemente, me deixando confusa, apenas sorrio já que não
sei o que dizer.
— Olá, Laura, sou Nikolai — se apresenta, apertando minha
mão com leveza.
— Seu sotaque russo é o máximo. Eu amei! — digo, sorrindo
para ele. O sotaque dele é maravilhoso. Nunca fui a Rússia, mas já
estou amando o país só pelo sotaque deles.
— Se um dia tiver um filho quero que ele nasça e cresça na
Rússia só para ter esse sotaque. Meu sonho todinho agora — digo,
sorrindo. Até mesmo posso já ver meu filho correndo na neve e
gritando em russo. Vai ser a criança mais linda do mundo.
— Ela é uma graça, meu filho — comenta dona Silvanna,
sorrindo para mim.
— Mãe, pai bença — fala Arthur, abraçando a mãe e em
seguida o pai. — Acho que já se conheceram — comenta.
— Mãe, a Laura vai trabalhar comigo — diz Lyane, juntando
nossos braços.
— Isso é maravilhoso, minha filha. Vou até mais um pouco lá
— diz, piscando os olhos para mim.
Apenas sorrio porque não estou entendendo nada.
Absolutamente nada.
Nikolai fica me encarando por alguns segundos e acabo
sorrindo sem graça para ele. Meu futuro sogro é um coroa gato mais
bonito do que aqueles do Instagram. Vou até perguntar a ele se tem
algum parente solteiro para apresentar a minha mãe, vai que assim
ela deixa de ser tão rabugenta e sorri mais.
Olho para minha volta e percebo que mais uma vez estão me
encarando de cima a baixo. Santo Deus, eu sei que não pertenço a
esse lugar, mas estou aqui e é chato que fiquem me olhando como
se você fosse um rato de esgoto. Sou pobre, mas ao menos meu
cabelo é bonito, brilhoso e nem ao menos fico indo ao salão quase
todo dia. Aqui é muita babosa, óleo de coco e hidratação caseira
mesmo.
— Está na hora do jantar — informa Silvanna.
— Até que fim achei que ia morrer de fome — digo, e na hora
levo minhas mãos à boca. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar — fala Silvanna, sorrindo. —
Todos aqui estamos com o mesmo pensamento, mas você foi a
única que teve sinceridade em dizer — comenta.
Sorrio e quando menos percebo o seu polícia está com as
mãos nas minhas costas me guiando pelo salão até onde será o
jantar.

Só espero não ter que comer essas comidas de rico que tem
sete facas.

Quase choro de alegria ao sentir o cheiro de churrasco.


— É agora que gozarei da minha maravilhosa fome — digo
enquanto me sento na enorme mesa de madeira que há.
— Você o quê? — pergunta Arthur, sentando-se ao meu lado.
— Amo churrasco — digo sorrindo para ele. — Achei que
seria comida chique que precisa comer com três garfos.
— É tradição ter o churrasco — diz. — Minha mãe ama
churrasco.
— Já amo ainda mais sua mãe!
— Fico feliz em saber que me ama e não me odeia — brinca,
Silvanna do outro lado da mesa. — Vamos ser melhores amigas,
minha flor. — Pisca.
— Vamos sim! — Pisco de volta para ela.
Melhor futura sogra do mundo.
Meus olhos brilham quando começam a servir a comida. Achei
um máximo a divisão deles. É uma quantidade por dupla ou casal
melhor dizendo. E foi por isso que compreendi o porquê de ter tanto
espaço entre as cadeiras é para que na mesa tenha espaço para
cada dupla. Diante de mim, foi colocada uma tigela de arroz branco,
salpicão, molho à campanha e farofa essa quantidade absurda é só
para mim e o Arthur. Os pratos são brancos sem nenhum risco, os
garfos de prata dá para ver o meu reflexo.
Quando olho para o lado vejo que Patrícia me olha com raiva
e nem ao menos sei o porquê.
— Laura, quer esse arroz branco mesmo ou outro? —
pergunta o seu polícia.
— Esse para mim está perfeito. Amo arroz branco. Já posso
comer? — digo só que agora mais baixo.
— Podemos sim — responde, e pega meu prato e põe um
pouco de cada para mim. Ele levanta a mão e faz um sinal com o
dedo e então vem um homem com uma bandeja onde sinto o cheiro
do churrasco ainda mais forte. Meu estômago ronca pedindo por
isso. Quero carne! — Laura tem algo que não coma?
— Eu como de tudo inclusive você, mas acho que nesse caso
eu que sou comida! — digo olhando para ele, que me olha com a
sobrancelha esquerda erguida. — Pode pôr o que achar melhor no
meu prato.
— Quero o contra filé, uma asa, fígado e o coração no prato.
E o resto coloque nesse prato vazio, por favor — pede ao garçom.
Quando ele coloca meu prato feito diante de mim, quase dou
um beijo nele de tão feliz. Olho para ele esperando ele fazer o seu.
Quando termina me olha antes de dar uma garfada.
— Isso é muito bom — digo, ao colocar o contra filé na boca.
Isso é carne de churrasco!
— Se quiser algo basta me falar — diz de um jeito mais
carinhoso.
Apenas aceno com a cabeça e me concentro no meu prato.
Churrasco é vida.
O jantar ocorreu normal eu acho. Minha futura sogra toda hora
sorria e seu sorriso ficava mais amplo quando o seu polícia fazia algo
por mim como separar a asa da coxinha. Meu ponto fraco foi a torta
de chocolate com recheio de leite moça comi feito uma criança e em
consequência acabei me sujando toda. Quis rir de nervoso, mas
fazer o quê?
— Deixe-me limpar seu rosto, Laura — pede o seu polícia
pegando meu queixo e virando para ele. — Você se lambuzou toda
— comenta, limpando meu rosto com o guardanapo de pano.
Engulo em seco ao perceber que ele olha para minha boca.
— Você bem que podia me lamber — digo quase em um
sussurro.
— Se assim deseja — rebate.
Seu rosto se aproxima do meu e quando menos espero seus
lábios estão no meu.
Acho que agora sei como é o céu!
Quando seus lábios encostam nos meus uma corrente elétrica
passa por todo meu corpo, me deixando extasiada. Seus lábios são
macios e quentes como sempre sonhei. Sua barba para fazer roça
no meu rosto me espetando, mas me trazendo uma sensação boa de
felicidade. Mas ele me surpreende ao lamber o canto da minha boa e
em meus lábios antes de selar nosso beijo rapidamente. Me sinto
decepcionada com sua atitude, eu sonhei muito com esse beijo e
quando acho que vai acontecer ele não acontece. Abaixo minha
cabeça não conseguindo encarar o seu polícia nesse exato
momento. Estou triste com o que houve. Esperava mais dele, mas
aparentemente não será hoje o meu beijo dos sonhos.
— Seu beijo acontecerá em particular e não na frente dos
outros. — Levo um susto ao ouvir sua voz grave e rouca no pé do
meu ouvido. — Eu apenas lambi como você me pediu, Laura.
Levanto minha cabeça e quase bato na sua, seria um choque
e tanto.
— Vai me beijar mais depois? — pergunto baixo, mas sorrindo
abertamente.
— Sim, Laura — diz abrindo um meio-sorriso.
— Estou contando os segundos, seu polícia — diz pegando
sua mão e apertando com força. — Também iremos fazer sexo? —
pergunto ainda baixo. — Eu sou muito sexual sabe — brinco. —
Posso me tornar uma pantera na cama. Uma leoa.
— Laura, chega — rosna. Que voz excitante meu Deus.
— Sua voz me deixa excitada — sussurro, e seguro seu rosto
com as mãos. Não pensando dou um selinho rápido nele. — Um
selinho não é um beijo — protesto, emburrada, ele só me olha e
antes de se afastar e se ajeitar na cadeira. Quando faço o mesmo
percebo que todos estão nos olhando. Fico sem graça e tenho pura
certeza de que estou vermelha.
Ninguém diz nada e minha futura e maravilhosa sogra pisca
para mim, sorrindo e nem, ao menos sei o porquê, mas mando um
beijinho para ela. Com certa coragem olho para os lados e vejo
Patrícia me olhando com ódio? Acho que é isso mesmo, mas nem
sei o que eu fiz para ela me olhar assim com tanta raiva. O que será
que eu fiz?
— Laura, vamos ao toalete? — Lyane me chama, já parada
bem ao meu lado.
— Vamos sim — concordo, arrastando a cadeira para trás
para me levantar, mas em um movimento rápido o meu delegado
sexy está atrás de mim, puxando a cadeira e me estendendo a mão.
Que cavalheiro! — Obrigada — digo, sorrindo ainda mais para ele.
Ele acena com a cabeça me dando passagem para que eu
saia. Lyane pega minha mão e sai me arrastando até o banheiro. Ela
não fala nada, apenas me puxa. Quando paramos diante de uma
porta dupla ela puxa um lado para que possamos entrar e minha
Nossa Senhora do céu! Que banheiro lindo, puta que pariu vida de
rico é outro nível. Ela fecha a porta ouço que ela passa a chave.
— Menina, que cena linda foi aquela com meu irmão? —
pergunta, me olhando sorrindo. — Juro que quase chorei de emoção.
Vocês são lindos juntos — fala, docemente.
Ouvimos batidas na porta fazendo e saímos do nosso
momento mágico.
— Alyane, abra a porta também quero fofocar. — Ouço minha
futura sogra dizer. Lyane corre e destrava a porta e a dona Silvanna
entra com toda sua glória. Ela olha para mim e vem me abraçar. Seu
abraço me lembra o da minha mãe. É um abraço caloroso que
aquece meu coração. — Minha menina, você com toda certeza faz
mágica, nunca vi meu filho tão doce quanto hoje quando limpava sua
boca. É isso que o amor faz — diz, segurando meu rosto. — É a
primeira vez que vejo ele assim tão sorridente e carinhoso com
alguém — comenta. — Na verdade, é a primeira vez que ele traz
alguém para apresentar a família.
Seus comentários fazem com que eu me sinta nas nuvens, é
inacreditável, mas, ao mesmo tempo, tão real. Não acredito que eu
seja alguém especial para ele, mas vou me agarrar nessa pura ilusão
para ter mais forças para conquistar o seu polícia mais lindo do
mundo.
— Mãe, a senhora viu que só faltou a Patrícia voar igual uma
galinha de briga na Laura? — pergunta Lyane, rindo.
— Fale baixo, menina — pede minha ainda não sogra. —
Todos viram, mas não há nada que ela possa fazer. Isso é culpa da
sua tia e dos pais dela que sempre disseram que ela e o Arthur
seriam um casal perfeito. A menina cresceu ouvindo isso e agora fica
a todo custo tentando conquistar seu irmão que nunca nem sequer
fez ou faz grande questão de ser gentil com ela. Vou ter uma
conversa com Mayra sobre isso. Ela tem que parar de ficar também
empurrando a Patrícia para ele. É algo chato e desnecessário —
comenta com pesar e raiva.
— Mãe, é tão complicado isso — diz Lyane. — Mayra é
estranha, mas deixa isso quieto. O Daniel está com raiva, acredita?
— Quem é Daniel? — pergunto, confusa.
— Meu marido que está no nosso quarto deitado puto da vida
— responde. — Amanhã você conhecerá ele — fala, sorrindo.
— Esses dois são um casal estranho, então não ligue para
isso — comenta Silvanna, piscando para mim. — Alyane é elétrica e
ele parado igual ao Arthur só que ele ainda é mais na dele — explica.
— Ele é chato isso sim, mas ainda o amo — protesta, Alyane
fazendo bico. — Casamento é um saco.
— Casamento é uma corda bamba, a qual devemos aprender
a andar e só se aprende tentando. — Olho para minha futura sogra e
acho incrível suas palavras. — Agora deixe-me fazer xixi para que
possamos voltar para a festa.
Também entro em uma das cabides estou apertada e odiaria
fazer xixi na calcinha. Com muito cuidado levanto o vestido me
certificando que nenhum lado vá entrar no vaso ou se respingar de
xixi. Após uma luta e tanto consigo me secar a sair sem molhar meu
vestido.
Lavo minhas mãos e me olho no espelho. Não trouxe minha
bolsa, então não dá para repor o batom, que merda.
— Aqui — diz Lyane, me estendendo seu batom. — Use o
meu.
No final nós três usamos o mesmo batom o que para mim, foi
super divertido. Saímos do banheiro rindo sem motivo e sinto que
todos olham para nós. Dona Silvanna está no meio e eu e Lyane na
ponta, nossos braços estão entrelaçados como se fôssemos velhas
amigas caminhando pelo shopping. Não há mais ninguém na mesa
de jantar. Minha futura sogra nos guia até o lado de fora onde
percebo que todos estão ali conversando e bebendo algo. Olho para
todos em busca do seu polícia e o encontro bem afastado de todos
em um canto mais escuro. Olho para minha futura sogra e ela me
solta piscando os olhos, sorrio para ela e para Lyane e caminho até
meu delegado sexy. Ele ainda não sabe que é meu mais um dia
será, só não sei quando.
No percurso até ele sinto vários olhares queimando nas
minhas costas, mas não dou bola. Ele está de costas para mim o que
só me deixa ainda mais apaixonada por ele. Amaria chegar até ele
cobrindo seus olhos, mas sei que não daria certo. Mesmo de salto
sou pequena perto dele. Quando enfim chego perto dele, me jogo
sobre ele o abraçando por trás. Ele nem ao menos dá dois passos
para frente pelo impacto do meu corpo se chocando com o seu. Suas
mãos cobrem as minhas, sorrio com sua atitude.
— Seu polícia, morri de saudades de você — comento,
enquanto curvo meu corpo para o lado para olhar para ele que vira a
cabeça para mim. Nossa ele é lindo.
— Foram minutos, Laura. — Amo a forma como ele pronuncia
meu nome.
— Para mim foram horas, quando estou com você o tempo
passa rápido e quando estou longe ele simplesmente para que
cruel ele é comigo — digo, olhando seus olhos.
— O tempo é o tempo não o culpe pelos seus devaneios, ele
é o que é. Se ao meu lado ele passa rápido é porque você vive
intensamente, mas se longe de mim ele demora é porque a saudade
é quase permanente. Então o deve fazer? — pergunta com um tom
de voz que me dá arrepios.
— Devo permanecer ao seu lado — digo, convicta.
— Ao meu lado não vê o tempo o que seria você sem o
tempo?
— Ao seu lado eu vivo o tempo o que seria de mim longe de
você?
— O que seria de nós sem o tempo?
— Sem o tempo não existiria nada e nem você, e eu morreria
sem seus lábios juntos aos meus, o tempo nos dá tempo. E eu
preciso de ti ao meu lado.
— Menina, que tem alma viajante e veio para logo ao meu
lado, o tempo é mais vivido ao seu lado, mas, menina moça, tome
cuidado já sou um homem de vários tempos e você é o que o tempo
acabou de criar.
— Senhor de muitas horas quero passar esses novos tempos
ao seu lado.
— És descuidada ao dizer isso, mas o que posso fazer senão
viver o que nos é dado?
Não sei mais o que responder, não sei ao certo aonde viemos
parar, apenas sei que algo mudou no seu olhar, há uma intensidade
que me deixa acesa como se eu tivesse em chamas, um sorriso
breve e indecifrável surge no canto da sua boca. O que será que
significa?

Eu não deveria dizer essas coisas para ela, mas se tornou


algo que simplesmente não consegui controlar. Essas palavras de
encaixe são promessas que não sei se um dia poderei cumprir. Seus
olhos brilham e tenho certeza de que os meus também há uma
eletricidade no ar que nos puxa um para o outro. Sei que não
conseguirei fugir mais dessa menina louca. Ela já está na minha vida
e até ouso dizer que gosto. Ela chegou sem aviso e ficou por pura
ironia do destino. Sua mãe tem razão quando disse que ela seria
uma força bruta da natureza em minha vida só que ela é delicada,
frágil e por alguma razão é um ímã para confusão. Ela me olha com
carinho e ternura, um olhar que pela primeira vez aceito receber de
uma mulher. Se fosse em outros tempos com toda certeza do mundo
teria afastado ela de mim, mas agora não acho que consigo e para
melhorar a situação fiz uma promessa a sua mãe. Dona Solange me
ameaçou várias vezes, mas quando me pediu sem gritar ou me
ameaçar com um cabo de vassoura fez com que um instinto
adormecido dentro de mim, viesse à tona.
Olho para a menina mais louca que conheci e sorrio de leve.
Acho que assim como eu, ela não sabe o que dizer. Ela ficar sem
palavras, é algo surpreendente para mim essa menina não tem freios
e se ao menos soubesse o que certas coisas que diz faz comigo não
diria, sorte dela que tenho um controle quase perfeito e se caso eu
não tivesse ela já estaria embaixo de mim, gemendo meu nome de
verdade. Mas sei que certas coisas ela fala sem pensar. E é esse
sem pensar que me ferra totalmente.
Para a sorte dela ou a minha própria é que não sou uma cara
aproveitador, tenho consciência de que é ela que se aproveita de
mim sempre que pode e eu simplesmente não consigo afastar ou
repreendê-la de forma correta e sendo assim acabo lhe dando mais
esperanças. Deveria acabar com tudo, isso seria o mais correto, mas
ao invés disso trago ela para conhecer meus familiares deixando
claro que ela é minha. O “minha” tem mais de um significado não me
dou ao trabalho de explicar ou deixar claro, cada um pensa o que
quiser sobre isso para ser sincero nem eu sei ao certo o que fazer
com isso.
Os olhos da minha mãe brilharam quando ela viu Laura, meu
pai ficou curioso, mas até agora não disse absolutamente nada o que
para mim, é bom sei que ele não vai me repreender no máximo deve
me alertar dos riscos que corro ou que ela corre ao estar ao meu
lado. Nossa diferença de idade só é um pequeno obstáculo
comparado aos outros. Sem contar que essa garota é um problema
dos grandes.
— Sabe, seu polícia, um dia vou sentar em cima da sua bunda
para fazer massagens nas suas costas — fala, passando as mãos
sobre minhas costas e depois desce para meus bíceps, apertando-os
de leve. — Até já me vejo nua fazendo massagem em você, que
romântico! — exclama, feliz.
Não digo nada meu pau já sentiu antes de mim o impacto
dessa palavra. E agora para minha tortura estou imaginando ela nua
sobre mim e porra isso não é hora de ter uma ereção. Tão
desenfreada, tão porra. Essa menina será minha queda.
— Seu polícia, aonde irei dormir? — a forma como ela
pronuncia “seu polícia” é excitante.
— Comigo — respondo simplesmente sabendo que nesse
exato momento ele deve estar imaginando várias formas de dormir
comigo. Será uma noite longa e disso não resta a menor dúvida.
— Minha Nossa Senhora do céu! É hoje que perco o cabeçote
— fala, feliz.
Suspiro sentindo meu pênis ficar ainda mais duro ao saber
que ela é virgem. Ela não deveria ficar falando essas coisas, só não
deveria.
— Laura, iremos apenas dormir — digo, mantendo minha voz
firme, mas há algo a mais e se ela perceber que estou com uma puta
ereção desnecessária.
— Eu sei, mas nada impede de antes fazermos safadezas —
rebate, agora rodopiando meu corpo e ficando de frente para mim.
Suas mãos pequenas são colocadas sobre meu peito. — Podemos
dormir depois.
— Iremos só dormir, Laura — reafirmo.
— Não precisa ser grosso, tenho vinte e um anos, mas
acredite que posso te dar uma surra de b... — A corto antes de fale.
— Chega, Laura, vamos para dentro quero dormir — rosno,
pegando suas mãos e voltando para o meio da multidão que evitei a
noite toda.
— Não quero só dormir — protesta, fazendo beicinho.
Não digo nada apenas saio andando para o andar de cima
onde estão os quartos. O meu fica no terceiro andar é uma das
maiores suítes, exigi assim desde que compramos essa casa. Não
me despeço de ninguém apenas faço um aceno de cabeça amanhã
estaremos todos juntos de novo o que para mim, é um saco, mas
jamais deixaria de vir, minha mãe ficaria triste.
Paro no meio das escadas e olho para o pé da Laura, esses
saltos estão incomodando ela solto sua mão e me abaixo para tirá-
los do seu pé.
— Segure em meus ombros para não cair e levante um dos
seus pés — ordeno e assim ela faz. Quando tiro o primeiro salto vejo
que está machucando seus pés, mas ela não disse nada e nem
reclamou. Quando termino me levanto e vejo em seus olhos alívio.
— Vamos.
— Obrigado, seu delegado — agradece, sorrindo. Não
respondo.
Quando chegamos ao terceiro andar ouço ela suspirar em
alívio, caminho até meu quarto. Quando abro a porta de madeira
escura e dou espaço para ela adentrar ela solta um gritinho agudo
levando as mãos a boca.
— Deus do céu, essa cama foi feita para fazermos amor até o
amanhecer — comenta, correndo até a cama e se jogando nela com
tudo. — Ela é firme. É perfeita! — Seus olhos param em mim,
brilhando em expectativa.
Fecho a porta passando a chave não quero ter visitas
desnecessárias. Olho ao redor e acho um sofá que parece
confortável. Acho que será nele que passarei minhas noites.
— Vou trocar de roupas para dormir — aviso indo até minhas
malas.
Ela não diz nada o que é bem estranho.
Quando saio do banheiro Laura já está vestida com uma
pequena camisola de renda vermelha que mal cobre sua bunda. Que
inferno! Não digo nada apenas caminho para a cama me deitando ao
lado direito.
Não abro meus olhos quando ela apaga as luzes e se deita ao
meu lado. Sinto seu perfume, mas, ainda assim, me mantenho
parado e de olhos fechados.
— Seu polícia — sussurra, passando a mão sobre meus
cabelos com cuidado. — Você é meu! Te conquistarei. Minha missão
de vida é me casar com você — diz baixinho e beija meu rosto.
Ela se aconchega em mim, colocando sua cabeça em meu
peito e jogando sua perna sua sobre a minha. Seu perfume chega
com um impacto maior sobre mim.
Meu pau está duro como pedra e para piorar a tentação está
sobre mim.
Deus do céu, ajuda aqui!
Acordo sabendo que estou com minha cabeça sobre o peito
musculoso do Arthur, o aperto com mais força e inspiro seu perfume
natural, é um aroma amadeirado que me deixa excitada, aliás, tudo
nele me deixa excitada e doida de prazer. Cansada de ficar nessa
posição por mais maravilhosa que seja me levanto um pouco
deixando de abraçar ele. Que coisa mais linda. Esse homem é meu
tesão todo e olhar que por mais louquinha que eu seja jamais tarei
um homem, mas ele eu taro toda hora, Nossa Senhora que homem
gostoso, o pai de ele e mãe fizeram uma obra de arte, mas que obra
de arte mais tesuda, mais gostosa e mais sexy. Dá até calor ficar
olhando ele deitado com o braço sobre o rosto com os cabelos
bagunçados, eu acho que esses cabelos grisalhos que ele tem um
charme e tanto. Se ao menos ele soubesse o quanto é meu ou o
quanto percebesse que meu coração bate fortemente por ele e só
por ele. Eu sou louca por esse seu polícia mais lindo de todos.
Quando eu o vi foi amor à primeira vista, quando pulei em seus
braços eu soube que era ali que eu queria ficar pelo resto da minha
vida. Só falta agora ele entender que ficaremos juntos para sempre.
Aproveitando que ele está dormindo e que não verá o que
significa que ele não me impedirá de matar essa curiosidade. Com
cuidado e não fazendo barulho retiro aos poucos a coberta de cima
dele, mas paro quando vejo que realmente é real. E minha Nossa
Senhora das Virgens que Nunca Deram esse homem tem um
monstro entre as pernas e olha que está coberto imagina totalmente
livre, nossa, acho que esse treco não vai caber dentro de mim não,
literalmente não caberá dentro de mim, mas quem sabe com um
lubrificante não entra um pouco mais. Laura filha da Solange, você
não vai fugir dessa batalha, esse homem é seu e se ele possui um
pau enorme maior do que os carinhas da África então aceite e sente
com vontade.
Para tentar entender melhor o que estou vendo bem diante de
mim, deito atravessada na cama e de cara para o seu pênis, me
apoio nos braços e fecho um olho e me aproximo um pouco. Fecho
meus dois olhos e depois abro de novo e Nossa Senhora é real, ele
é pauzudo. Acho que sou sortuda. Quantos centímetros será que ele
tem? Será que é mais grosso do que aparenta? Oh, meu Deus, esse
homem é um paraíso dos pecados e não vou nem me importar em
me lambrecar nesse paraíso. Jogo minha cabeça para o lado em
busca de um melhor ângulo, não satisfeita viro para o outro. Não
importa o ângulo que eu olhe o tamanho é o mesmo. Será que
consigo abaixar sua calça sem acordá-lo? Mas antes preciso de uma
régua. Isso necessito de uma régua, mas aonde irei achar isso?
Merda, vou ter que medir pela palma da minha mão. Então vamos lá!
Com cuidado coloco minha mão no cós da sua calça e com muito
cuidado levanto um pouco para puxar para baixo, mas em segundos
estilo flash sinto uma mão forte segurando meu pulso.
— Laura, o que pensa que está fazendo? — pergunta meu
delegado sexy fazendo com que eu solte um grito. Olho para cima e
ele está me olhando com os olhos abertos. Ele é lindo quando
acorda e sua voz está mais rouca que o normal, deu até um
choquezinho na perseguida.
— Estava tentando ver qual era o tamanho do seu pau —
respondo, olhando para ele — sabe eu ia medir com a minha mão,
palmo por palmo, ah, e também queria ver o quão grosso é, tenho
que me preparar para quando for adentrar na minha caverna — digo,
e ele ergue uma sobrancelha — é que ela é pequena e nunca nem
sequer passou um dedo por ela, língua nem nada e aí do nada —
aponto para o seu pau — entrará isso. Tenho que me preparar para
caber — explico, e abro um sorriso.
— Bom dia — fala, levantando-se ele se senta na cama e
passa as mãos pelo rosto — Você com toda certeza tem alguns
parafusos a menos, mas a grande questão é isso — comenta, e
aponta para o próprio pênis — se um dia entrar na sua boceta
entrará com cuidado e gentileza, além do mais você estará molhada
para mim. — Seu tom é bruto.
A forma como ele falou da minha perseguida foi tão excitante.
Ele falando sujo é algo que gosto de ouvir.
— Então não vai doer? — pergunto, sentando-me também só
que de frente para ele.
— Você é virgem e provavelmente não será muito confortável
de início — diz, olhando-me com uma expressão que não sei
descrever.
— Tudo bem? — pergunto para saber se ele está ou não
chateado comigo.
Ele suspira e passa as mãos pelo cabelo, fecha os olhos e
depois abre de novo. Respira mais uma vez fundo antes de me
encarar.
— Você deveria tomar mais cuidado com o que diz —
acrescenta, roucamente — tenho um controle que me orgulho, mas
tudo tem um limite, Laura — a forma como ele diz me parece um
aviso, mas não sei de quê. — Antes que pergunte, essa é a minha
ereção matinal que está ficando a cada segundo mais dolorosa,
então peço que fique quieta para que eu possa tomar um banho e
respirar sem cometer nenhuma loucura às oito da manhã —
sentencia, levantando-se.
— Posso tomar um banho com você? — pergunto com
esperança de que ele vá dizer sim.
— Não, Laura, você não pode. — Sua voz soa tão bruta que
sinto como se tivesse levado um tapa na cara.
Assim que ele entra no banheiro e fecha a porta com força me
jogo sobre o seu travesseiro e choro. Ele não precisava ser tão
grosso assim comigo eu só fiz uma pergunta.
Fico um tempo deitada e nem vejo quanto tempo ele ficou no
banheiro só sei que ele saiu quando ouço ele abrir sua mala, de
cabeça baixa me levanto e corro para o banheiro não quero que ele
me veja chorando por sua causa. Após fazer xixi e escovar meus
dentes, tomo um banho demorado. Lavo meus cabelos e quando
saio do box percebo que não tem toalha e que não trouxe nenhuma
comigo. Sem saber o que fazer olho em volta em busca de uma
solução, me recuso a chamar o seu polícia para me ajudar, não
quero que ele seja grosso mais uma vez. Vejo que há uma toalha de
enxugar a mão corro até ela e a ponho sobre a minha piriquita e
cubro meus peitos com o braço perfeito. Saio do banheiro e já corro
para as malas, mas para minha desgraça completa escorrego e caio.
— AI! — grito ao sentir o impacto com o chão.
— Laura. — Ouço a voz do seu polícia e logo sinto suas mãos
sobre meu corpo me ajudando a me levantar. — Você está bem? —
pergunta.
— Estou melhor do que deveria — respondo, desolada — não
havia toalha no banheiro e então corri para cá e cai.
— Laura, você poderia ter me chamado — fala em tom de
quem está repreendendo uma criança — está ferida em algum lugar?
— pergunta.
Olho para ele e pisco duas vezes sem saber ao certo o que
lhe dizer. Ele está preocupado? Esse meu seu polícia é bem
complicado de entender.
— Minha bunda dói — respondo — vai beijar para sarar? —
pergunto na cara limpa, vai que cola.
— Não, Laura, eu não vou beijar sua bunda para sarar —
responde, me deixando triste.
— No dia em que eu colocar minha boca na sua bunda será
para morder ou lamber, mas isso não é assunto para agora — ele
diz, e fico de boca aberta — vá vestir uma roupa para que possamos
descer para tomar café da manhã.
Levanto-me sem me importar com minha nudez tentando
assimilar o que ele me disse. Ele quer lamber e morder minha
bunda? Minha Nossa Senhora do céu, só manda ele que eu não
nego de forma nenhuma vem com tudo Arthurzão que a Laurinha
aqui vai amar ser mordida e lambida por você, isso agora se tornou
meu sonho de puta!
Corro para minha mala e me curvo para pegar algo para
vestir.
— Porra, assim fica difícil — ouço Arthur dizer.
— Que foi? — pergunto, virando-me de frente para ele.
— Nada, apenas se vista — responde, e dou de ombros.
Quinze minutos depois estou pronta para um lindo café da
manhã em família. Optei por deixar meus cabelos soltos já que estão
molhados. Visto um macaquinho laranja de alça fina e um chinelo
branco. Estou bem assim. O seu polícia está apenas de bermuda e
uma regata branca e de chinelo assim como eu. É só um café da
manhã e não um jantar com o presidente. Estou tentando acreditar
nisso, mas depois do que vi ontem à noite está difícil.
Desço as escadas segurando a mão do seu polícia que está
em silêncio o que para mim, é normal, mas gostaria que
conversássemos mais intimamente.
Alyane me abraça assim que me vê, seu marido está ao seu
lado sério, mas nem ligo para isso. Caminho abraçada com ela até o
jardim onde todos estão sentados e comendo tranquilamente, minha
futura sogra se levanta e sorri para mim, quando me vê, eu adoro
ela.
— Laura, bom dia! — fala animada ao me abraçar — dormiu
bem?
— Melhor impossível e você? — pergunto, sorrindo.
— Quase nada, mas tenho certeza de que você também —
diz, piscando para mim.
Sorrio e me sento ao lado Arthur que já está tomando uma
xícara de café. Vejo que há pessoas nos encarando, mas nem ligo o
que poderia dizer ou por qual motivo ligaria para eles? Levo um
susto quando o seu polícia coloca uma xícara na minha frente.
— Toma — manda — é café com leite — diz, fazendo-me
sorrir — quer bolo de cenoura ou pão mesmo?
— Bolo de cenoura — digo, feliz. — Obrigada — agradeço
quando ele coloca dois generosos pedaços diante de mim.
— De nada, coma — ordena como sempre mandão.
Ele come apenas um pedaço e come um mamão. Minha
futura sogra mais linda do mundo olha para mim e pisca. Ela ama
piscar só pode.
— Laurinha, vamos estrear aquele biquíni hoje — fala Alyane,
animada. – Quero pegar uma marquinha.
— Faz um tempo que não pego uma — digo — quase nunca
vou à praia ou piscina — comento. Por mais que eu seja uma sereia
sou mais da terra do que do mar. Eu amo água, mas morro de medo
de me afogar.
— Então é hoje que ficaremos iguais às modelos do Instagram
— diz e cai na gargalhada assim como eu.
— Meninas, hoje irei acompanhar vocês na marquinha —
avisa Silvanna — faz um tempinho que não tosto no sol. — Ao dizer
isso ela se vira para o marido, pisca e manda um beijinho em sua
direção.
Quero um dia ser um casal igual a eles.

Eu sabia que isso não daria certo. Isso com toda certeza não
vai prestar.
— Filho, relaxa — fala meu pai ao meu lado — estamos em
família.
Olho, mas não digo nada. Essa família aqui está secando a
Laura que nesse exato momento se encontra em um biquíni
vermelho que falta pano. Literalmente, falta pano nesse conjunto.
Porra, isso está me ferrando.
— O tio está olhando para a bunda da mamãe — protesto.
— Esse filha da puta quer morrer! — brada meu pai,
levantando-se da cadeira e olhando na direção da mamãe. —
Arthur?
— Viu? — pergunto — é assim que me sinto, só que a
diferença é que todos esses seus sobrinhos estão olhando para ela
com malícia — digo, bebendo minha água de coco.
— Posso atirar em um? — pergunto só por perguntar.
Estamos sentados no jardim na sombra e de frente para a
piscina onde as mulheres estão curtindo o sol. Desde essa manhã
me sinto fodido de todas as formas, mas era só eu vendo ela nua ou
em uma camisola sexy, mas agora todos estão vendo ela de bunda
para cima no sol. A bunda que ela me pediu para beijar hoje de
manhã. Essa garota está tirando meu bom senso. Mas essa bunda é
puta que pariu. Se eu soubesse que me meteria nessa confusão toda
teria deixado ela presa por mais tempo. Tudo culpa do carnaval.
— Ela te faz sorrir — comenta meu pai, atraindo minha
atenção.
— Ela me faz ganhar cabelos brancos e olha que eu já tinha
— digo, recostando-me na cadeira —, mas sim, ela me fez sorrir —
confesso.
— Isso é bom, mas você terá um bocado de trabalho com ela
— ele diz o que já sei — ela tem uma natureza diferente.
— Uma natureza louca o senhor quer dizer — digo — ela fala
e age sem pensar o que sempre a mete em problemas — comento e
suspiro — se eu fosse um cara esperto teria a afastado desde o
início quando a vi.
— Por ser um cara esperto a manteve e a deixa ficar ao seu
lado — meu pai caçoa — ela faz com que você viva e mesmo que
discorde de mim, sabe que isso é verdade — às vezes quero socar
meu pai. — Ela é apaixonada por você e de forma alguma nega isso.
— Sou velho demais para ela — argumento.
— Idade são apenas números — meu pai acrescenta — agora
está na hora de entrarmos na piscina — diz, ficando de pé — marcar
território é o que faz com que um casal fique bem.
Fico de pé, seguindo até elas. Meu cunhado está deitado em
uma espreguiçadeira com óculos de sol na cara. Quando me
aproximo da Laura sei perfeitamente o que vou fazer. Acho que
tenho que marcar território também. Ou melhor, passou da hora de
marcar.
Assim que Laura me vê fica de pé sorrindo como sempre, ela
sempre sorri abertamente para mim, garota louca. Em passos
lentos, chego até ela coloco a mão na sua cintura, puxo-a para mim
e a beijo com vontade. Ela fica em choque, mas logo depois rodeia
suas mãos no meu pescoço e me beija com desespero. Sua boca é
doce, seus lábios macios fazem com que eu queira mais. Exploro
sua boca com calma e sabendo que estão nos olhando, eu quero
que eles nos vejam. Minha língua junto a sua parecem bailar uma
doce e lenta valsa. Encerro o beijo e deixo um beijo casto em sua
testa. Ela me olha como se pedisse por mais.
— Por agora é só – digo em seu ouvido.
— Mais tarde será sexo? — pergunta com esperança.
Essa garota não tem limites.
Inacreditável, é inacreditável que ele tenha me beijado mais uma
vez, mal pude aproveitar bem nosso doce e delicioso beijo. O seu
polícia é tão cruel comigo, mas tão cruel que chega a me doer no
peito o simples fato de que ele me rejeita ao mesmo tempo que me
deseja. Estou confusa demais com ele. Mas eu o amo tanto que
minha Nossa Senhora do céu quero transar com ele a noite toda.
Fico na piscina admirando-o e hora ou outra me jogando em seus
braços que firmemente me pegam com cuidado. Ele me beija de leve
na testa com um carinho apaixonante, ele é bruto, mas é gentil em
outras horas é impossível não amá-lo. Sorrio para ele de tempo em
tempo, seguro seu queixo e dou alguns beijos no seu rosto. Ele não
me afasta apenas me dá um sorriso de leve. É bom estar
aproveitando o sol, piscina com sua família e ouvindo histórias
engraçadas... o dia está perfeito.
— Seu polícia, você prefere que eu fique de quatro ou só o
papai e mamãe mesmo? — pergunto no final da tarde quando já
estamos nos recolhendo para subir para o quarto.
Ele me olha, respira fundo, fecha os olhos e logo depois passa
as mãos pelo cabelo.
— Laura, por favor, nada de sexo para nós dois por enquanto
— diz, calmo. — Por agora se contente com os meus beijos — fala,
tranquilo.
— Entendi você quer ir devagar, mas, seu polícia, eu quero ir
rápido — protesto, pegando suas mãos fortes. — Olha, só tenho
vinte e um ano e desejo mesmo transar com você, é meu sonho de
puta mais puta do mundo te dar a noite inteira — explico-lhe meus
sonhos. — Até anal eu faço por você, eu te amo! — Sorrio para ele
que me olha assustado.
— Freios, preciso frear essa sua boca que nem ao menos
sabe filtrar o que fala, Laura, por favor, não se diz essas coisas para
um homem como eu. Não sou a melhor pessoa do mundo, mas
gostaria que ao menos você pegasse mais leve com o que diz para
mim, senão haverá uma hora que não conseguirei me controlar,
então cometerei um crime quase capital com esse seu corpo que um
dia me ferrará de todas as formas, mas por agora só freie essa sua
doce boquinha — pede, segurando meu queixo. Ele é tão gostoso
que, minha Nossa Senhora. — O que está pensando? — pergunta.
— Que você é gostoso — digo.
Ele pisca seus longos cílios e se afasta um pouco pegando
minha mão e subindo as escadas para o nosso quarto. É tão bom,
mas tão bom saber que já temos um quarto nosso mesmo que seja
temporário. Eu gosto de nossas mãos juntas me sinto especial ao
lado dele.
Ele não fala mais nada e nem eu, estou perdida nos meus
próprios pensamentos o que é bem estranho já que tudo que penso
eu falo, mas por agora não quero ter que falar nada. Assim que
entramos no quarto ele fala para eu ir tomar banho primeiro, até
penso em chamá-lo para vir junto, mas desisto. Demoro um pouco
mais já que precisei lavar meus cabelos. Quando saio do banho
corro para minha mala e pego uma calcinha fio dental para vestir,
mas antes que eu tire a toalha, o seu polícia já está no banheiro com
a porta fechada a chave... será que ele pensa que invadirei o
banheiro e pularei nele nu? Se ele pensou isso, pensou correto.
Opto por vestir um short jeans e um body branco aberto nas
costas. Mas então mudo de ideia e ponho algo especial que minha
quase cunhada mais linda me deu. Seco meu cabelo rápido com o
secador o prendendo em um rabo de cavalo no topo na minha
cabeça, passo um batom rosa-claro e estou pronta para mais um
jantar em família só tenho que sobreviver a tia assassina e irmã que
me odeia, só preciso sobreviver a isso!
— Vamos? — pergunta ele surgindo do nada já vestido e
lindo, como sempre.
— Vamos! — digo, correndo até ele pegando sua mão.
Saímos do quarto em passos lentos, ao descer a escada ele
põe a mão na minha cintura como se estivesse me impedindo de
cair. Ele é um príncipe!
— Até que fim chegaram — fala Alyane quando chegamos ao
fim das escadas. — Hoje iremos brincar de verdade ou consequência
— comenta, batendo palmas.
Olho para ela animada, sempre quis brincar dessas
brincadeiras, mas nunca tive chance e a hora é agora.
— Eu quero, que legal! — exclamo.
— Nada disso, Laura — diz Arthur.
— Alyane, isso sempre dá confusão no final — Arthur revida,
sério, para a irmã.
— Vamos nos divertir um pouco, filho — diz minha futura
sogra dos sonhos.
Ele respira fundo e saí me puxando para não sei onde, mas
sorrio ao ver comida. Eu amo comer. Hoje é uma comida mineira
bem gostosa. Amo minha sogra por ser tão brasileirinha.
Ele me arrasta para um lugar mais silencioso rodando de
árvores, tipo um bosque, me sinto em uma pequena sincronia com a
mãe natureza. Eu amo a natureza por mais que eu tenha medo dela,
é fofo! Mãe natureza brava é pior que a minha mãe com um cabo de
vassoura na mão, e até satanás corre!
— Laura? — O meu seu polícia me chama!
Olho para seus olhos castanho-escuros e sorrio ao admirar
tamanha perfeição, esse homem nasceu para ser meu!
— Oi!
— Tome cuidado nas brincadeiras que minha irmã inventa e
para que esse biquíni tão sensual?
Oh, Meu Deus! Ele me achou sensual, esse vestido é p-e-r-f-
e-i-t-o! Perfeito para que eu possa seduzir o senhor polícia amor da
minha vida meu sonho todinho de puta!
— Delegado sexy, o biquíni é para conquistar esse seu
coração!
Ele me olha e suspira pesadamente, às vezes, eu me
questiono o quão mais lindo esse ser diante de minha pessoa pode
se tornar!
— Laura, pelo amor de Cristo tome cuidado com essas
brincadeiras elas são perigosas dependendo de quem te desafia ou
lhe pede a verdade — ele diz todo preocupadinho, aí que coisa mais
linda da minha.
— Tomarei cuidado pode deixar, confie no meu taco que tudo
dará certo!
Ele me olha duvidoso, mas concorda com a cabeça.

Estamos quase todos sentados ao redor de uma mesa com


uma garrafa prestes a girar. Eu em particular não vejo maldade
nessa ilustre brincadeira, mas não sou burra a ponto de não
perceber que com toda certeza isso uma hora dará merda. Estamos
em seis meninas, eu, Alyane, Patrícia, Mayra, Camila e Suellen
essas duas últimas surgiram do inferno porque não havia visto elas
até agora, pelo que entendi são primas ou amiga da Patrícia, tenho
certeza de que também são enviadas do inferno para atormentar
minha vida. Que Deus me proteja, amém!
— Vamos começar? — pergunta Alyane, batendo palmas
excitada.
— Vamos! — gritamos juntas.
Mayra pega a garrafa e gira parando entre Alyane e
Camila uma loira de cabelos curtos repicados acima do ombro.
É verdade ou desafio? — pergunta Camila.
Verdade.
— É verdade que seu marido já transou com a Patrícia? —
É visível a maldade de Camila na pergunta, mas Lyane sorri de
lado nada abalada.
— Bem, pelo que eu saiba verdade não é, mas o seu
noivo já transou com a minha irmã. — Sua resposta faz Camila
ficar roxa de raiva.
Esse jogo é sujo e agora entendo o que o Arthur queria me
dizer, Nossa Senhora do céu me proteja!
— Pelo amor de Cristo, Camila, eu nunca nem sequer
beijei o Daniel! — Patrícia diz, toda nervosinha, apontando o
dedo para a cara da prima.
O silêncio foi óbvio e então mais uma vez a garrafa foi girada
parando entre Patrícia e Mayra. Sabe quando o aperto surge no peito
e você sabe que vai dar merda? Então, me sinto assim nesse exato
momento. Isso vai dar merda e nem preciso ser vidente para saber.
Tento me manter plena como se o sorriso maldoso delas não fosse
me atingir, mas a verdade é que sei que uma hora ou outra irei surtar
de verdade com elas e que minha Nossa Senhora me livre do
espírito barraqueiro da minha mãe, puta merda se minha mãezinha
me ouvir falando que ela é barraqueira com toda certeza vou
apanhar de cabo de vassoura até vara de goiaba; ela deve fazer
surgir das cinzas para me dar umas lapadas, e essa vara dói na
alma. A única vara que quero sentir é a do seu polícia.
— Verdade ou consequência? — pergunta Mayra para
Patrícia.
— Consequência! — responde a mocreia passando a
língua de cobra pelos lábios.
— Te desafio a beijar meu irmão.
Quando estava prestes a falar algo sinto a mão de Alyane
me parando e sorrindo para mim de lado. Minhas mãos tremem
e sinto uma louca vontade de voar na cara dessa mocreia de
uma figa, mas me mantenho uma diva.
Patrícia se levanta e vai andando para onde os rapazes estão
no outro lado da piscina conversando e bebendo. Eu que nem bebo
muito não me importaria de estar sentada no colo do delegado
beijando sua boca vezes ou outra. Foco meus olhos extremamente
abertos no andar de Patrícia que balança sua bunda no biquíni verde
minúsculo que se não tomar cuidado mostra sua piriquita descoberta.
Ela não é feia, aliás, a cobra é até bonita com seus cabelos ruivos de
fogo, mas eu nunca admitiria isso em voz alta. Jamais! Ao se
aproximar dos meninos ela sorri e joga seu cabelo para trás aí está o
projeto sedução. Ela fala algo e então se aproxima do Arthur, mas
quando vai beijá-lo ele a empurra com delicadeza, e quando ela
insiste mais uma vez ele é menos delicado se pondo de pé, por
consequência ela cai dentro da piscina. Explodo em gargalhada
ouvindo outras risadas me seguindo. A safada falhou, bem feito!
— Bem, ela falhou — caçoa Lyane, sorrindo abertamente.
— E agora? — pergunto, curiosa.
— Ela terá que pagar, porém, esse mico já é uma
vergonha lendária — diz Suelen, rindo.
Assim que a cobra se senta de volta à mesa giramos mais
uma vez a garrafa e para entre mim e Suelen que me olha
maldosamente, dá até um arrepio que sinceramente todos os
cabelos se levantaram.
— Verdade ou consequência? — pergunta.
— Consequência! Pareço inabalável, mas estou me cagando
de medo, francamente onde estou me metendo.
— Te desafio a sentar no colo do Arthur e beijá-lo
sensualmente.
Levanto-me jogando meus longos cabelos negros para trás. O
máximo que pode acontecer é ele me jogar na piscina e estou com
calor mesmo. Ando com confiança até o seu polícia que me olha
seriamente, ele sabe que vou aprontar, mas em vez de ir em direção
a ele dou a entender que irei em direção ao Patrick um cara meio
ruivo que pelo que entendi é irmão da cobra da Patrícia. Ele sorri
abertamente ao me ver indo em sua direção até estende a mão.
Coloco minha mão sobre sua e ele leva até a boca beijando de leve
meu pulso. Sorrio gentilmente e me viro caminho até o delegado
gostoso que parece que vai me matar a qualquer instante. Patrick
ainda tenta segurar meu pulso, mas acabo puxando bruscamente me
soltando do seu leve aperto. Ao ficar cara a cara com o meu
delegado pisco para ele e me sento em seu calo. Ele põe a mão
sobre minha nádega direita e a outra sobre minha cintura, apertando-
a sutilmente. Seu olhar parece que vai penetrar minha alma talvez
além dele. Mexo-me delicadamente eu seu colo sabendo que tem
múltiplos olhares sobre nós dois. Ignoro todos à minha volta e sorrio
para a pessoa que roubou meu coração todinho.
— O que fará, Coelhinha? — pergunta baixo. Seu timbre vocal
mais uma vez me causa uma excitação incomum.
Ao invés de dizer algo me aproximo, coloco uma mão sobre
seu rosto e outra sobre seus ombros. Chego mais perto de seus
atraentes lábios e quando o toco uma corrente elétrica passa por
meu corpo. Porém, para minha ilustre surpresa ele acaba tomando
minha ferozmente. Ele assume o comando, sua boca possui um
gosto amargo devido à cerveja, mas não me importo. Sua mão sobre
minha bunda dá apertos leves. Sua língua trabalha tão bem, ele a
mexe com tanta precisão que pergunto como será quando ele beijar
minha boceta. Nossa Senhora, esse homem é meu tesão todinho.
Seu beijo não é molhado e nem seco é um agridoce perfeito para
mim. Ele só para quando ouvimos gritos e mais gritos. Abro meus
olhos e encaro sua íris escura. Ele sorri de lado e pisca. Sinto meu
rosto esquentar, ai meu Deus que vergonha. Apoio minha cabeça na
curvatura do seu pescoço. Os risos e gritos não param.
— Acho que venceu seu desafio — diz em meu ouvido. —
Mas na próxima vez escolha verdade que seu desafio pode não ser
eu. Fui claro, Laura?
Hoje é meu dia de sorte só pode! Seu polícia com ciúmes é
tudo para mim, já amo a Suelen pelo desafio dos meus sonhos.
— Entendi perfeitamente! — digo, mas não vejo a hora de
haver mais desafios.
Que ele enlouqueça tanto quanto eu. Vamos jogar!
Meu pai tem razão quando diz que os homens da nossa família não
são bons em esconder o que sente e uma vez que sentem algo por
alguém costumam ligar um foda-se e viver como se nada mais
importasse. Meu avô uma vez me disse que por evitar sentimentos
uma vez quando eu sentisse meu mundo seria derrubado de uma só
vez. Que os muros que construí ao redor do meu coração iriam ao
chão sem que ao menos percebesse, e por Cristo, essa menina está
me derrubando sem perceber. Não sei ao certo quando deixei que
ela entrasse em tão pouco tempo no meu sistema, acho que foi no
carnaval ou talvez tenha sido quando quase apanhei da sua mãe.
Francamente, opto por não tentar descobrir quando permiti que essa
maluca deslavada se enfiasse na minha vida falando coisas sem
sentindo, me implorando para tomá-la. Essa menina é tão tola que
não percebe que o que me pede é algo que jamais deveria desejar
de um homem como eu, mas por mais que eu a afaste ela fica cada
dia mais próxima, cada vez me tentando mais e não importa o
quanto eu fuja ela me acha até nos meus sonhos, mas temo por feri-
la. Sei que não sou a melhor pessoa desse mundo e francamente
tenho 38 anos, por mais que minta para as pessoas à minha volta lá
no fundo essa menina já é tão minha quando ela diz que sou dela.
Eu deixei que ela ficasse em minha vida, não por pena, mas por
querer. Relaxo meu corpo na espreguiçadeira e olho mais uma vez
para onde as meninas estão. Desta vez minha mãe e minhas tias se
juntaram. Sorrio ao perceber que não sou o único olhando para a
mulherada, não, estou olhando para a minha menina. Meu pai olha
para minha mãe e suspira, e o motivo é óbvio o minúsculo biquíni da
minha honrável mãe. Eu até riria se não estivesse tão ferrado quanto
ele.
— Pai, o senhor está bem? — pergunto quando ele bebe a
cerveja em uma só golada.
— Pior que o Daniel não estou! — comenta tirando o dele da
reta.
Daniel olha para nós dois e suspira, meu cunhado é tão
reservado quanto eu e minha irmã pode ser pior do que Laura.
Alyane é terrível quando quer, mas ambos não costumam comentar
sobre seus problemas. Porém, ele parece estar no seu limite.
— Essa família é fodida mesmo — protesta, bebendo vinho.
— Somos ferrados por temos as mulheres que temos — meu
pai diz, sério. — Toma vergonha no caralho da sua cara e se resolve
com Lyane. Minha filha é igual à mãe na maioria das vezes, pare de
ser pacífico, perca a cabeça e se jogue. Não faça igual ao Arthur
esse daqui foi preciso uma menina mais nova dar uma surra nele de
paixão. Seja mais homem, tenha mais atitude.
Não ousei tentar me defender, todos temos nossos passados
e medos. E meu pai ama se meter onde não é convidado igual minha
mãe. Dois fofoqueiros.
— O senhor realmente gosta de dar conselhos, não é? —
Daniel se mexe na espreguiçadeira.
— Não, não gosto até porque se conselhos fossem bons
teriam uma taxa para se receber. — Meu pai passa a mão por seus
fios grisalhos e sorri. — Não perca horas da sua vida corroendo-se
por algo que em um bom diálogo pode ser resolvido.
Se não fosse pelos gritos agudos femininos haveria tempo
para refletir o que o velho acabou de dizer. Olhamos todos para o
círculo feminino e posso dizer que o sangue sobe em minha cabeça.
Minha mãe, Laura e Alyane estão desamarrando a parte de cima de
seus biquínis. Que porra de desafio é esse? Antes que eu possa
dizer algo um grito rasga o dia de sol.
— Alyane, você está louca, porra? — É, meu cunhado chegou
ao limite.
Elas param e nós três ficamos de pé. Olho para a louca e ela
sorri para mim, amarrando de volta o biquíni e correndo em minha
direção sorridente, por Deus o que se passa na cabeça desta
menina? Laura se joga no meu colo com força total quase me
derrubando.
— Seu polícia, iria ser só o meu peito nada de mais!
— Se mostrar eles, aqui teríamos sérios problemas — brado,
segurando-a.
— Eu amaria ter problemas!
Louca, louca mil vezes louca!
Olho para frente e vejo minha mãe ainda com a parte superior
desamarrada e segurando com o braço esquerdo seus seios ainda
cobertos. Se ela tirar a mão o biquíni cai, minha irmã está na mesma
situação. Meu pai a encara com os olhos cerrados, ela lhe devolve o
olhar em sinal de desafio, bem já meu calmo cunhado está andando
até minha irmã em passos de chumbo. Daniel pega Alyane e a joga
sobre seus ombros tão rápido quanto eu poderia achar possível. Ele
normalmente é tranquilo, mas hoje uma formiga mordeu o rabo
dessas senhoras e senhoritas causando esse borbulho de emoção
em nós, pobres homens. Olho para meu pai que solta um suspiro e
se senta mais uma vez dando um gole em sua bebida. Quando
devolvo o olhar para minha mãe vejo-a jogar os cabelos para trás,
ajustar seu biquíni e marchar para dentro da casa. Às vezes, eu me
pergunto se nasci na família certa ou se sou o mais normal.
Francamente, todo ano temos algo assim acontecendo. Nunca há
paz. Desta vez eu trouxe a louca da corte para se juntar ao hospício.
Suspiro e seguro com mais firmeza Laura que beija meu pescoço
dando leves mordidas.
— Quando eu crescer quero ser igual à sua mãe!
— Então quer dizer que não é grande ainda? — pergunto
olhando para Patrick que nos encara com certa curiosidade. — Se
não é grande não podemos beijar e nem transar.
Ela se agita em meus braços quando nos derrubando.
Segurando meu rosto com as duas mãos ela me olha e faz um bico
digno de uma ótima mordida.
— Sou gigante não vê? — rebate. — Podemos fazer tantas
coisas, mais tantas coisas que até já me vejo fazendo anal com
você!
Olho em seus olhos e pela milésima vez me questiono se ela
pensa antes de falar.
— Laura, mais tarde quero conversar com você, mas depois
do jantar, acho que por agora vamos descansar. Amanhã iremos
voltar. Tenho que trabalhar.
Seus olhos perdem um pouco o brilho e pela primeira vez seu
sorriso para mim, é triste. Ela tenta disfarçar, mas falha. Estou
cansado de brincar.

O jantar foi tão frio quanto a Antártica, ninguém quer dizer


nada a não ser minha tia despejando seu veneno e Patrícia que em
alguns momentos a acompanhava. Laura estava quieta e eu diria
que seu silêncio era sua inquietação interior. Suspiro pesadamente.
Eu não queria deixá-la deste modo, mas já passou da hora de
assumir as minhas responsabilidades. Esses dias, essas semanas
ela tem invadido meu espaço pessoal como se fosse dela. Sua mãe
hora ou outra insiste em me bater. Em alguns momentos questiono o
porquê um homem calmo como eu permito que uma louca ninfeta
entre em minha vida e a resposta é somente uma, não há, ao menos
não ainda. Gostaria de poder dizer que levantei os muros para ela,
mas a verdade é que por deixar a guarda baixa que ela entrou, não a
culpo, apenas sinto dó por ter que lidar com um homem como eu. E,
sinceramente, o futuro parece não existir para nós dois. Porém, o
presente me parece bem atrativo.

— Então, delegado, o que gostaria de falar comigo? —


pergunta Laura olhando para tudo menos para mim.
Suspiro ao olhar para o céu escuro com estrelas que brilham
mais do que farol de carro. Escolhi o jardim que fica na parte de trás
da casa para poder ter essa conversa. Puxei Laura para a parte mais
escura porque assim evitamos os olhares fofoqueiros de minha
família.
— Antes de dizer qualquer coisa gostaria de lhe perguntar o
que quer comigo?
— O que quero com você? — Ela me olha e mesmo estando
no escuro vejo o brilho em seus olhos negros como a noite. — Eu
quero tudo, quero te conhecer melhor e quem sabe um dia não
possamos casar e ter lindos filhos.
Passo as mãos pelo cabelo e sorrio cansado.
— O que deseja para si mesma? — pergunto olhando para
ela.
— Como assim o que desejo para mim? Eu já respondi. —
Sua confusão é visível.
— Não, não você não respondeu, Laura — digo, calmamente.
— Você disse o que gostaria de ter ao meu lado, mas me pergunto o
que deseja para sua vida. Para suas conquistas pessoais. Quais são
suas ambições? Você disse que me ama, mas como pode amar
quem acabou de conhecer? Pode estar apaixonada por mim, mas,
Laura, amar? Você não me ama.
— É claro que amo! — exclama, aproximando-se. — Você é o
meu seu polícia.
— Você está apaixonada por minha aparência e
provavelmente encantada por meus beijos, mas, Laura. Para poder
me amar você teria que me conhecer melhor e não só o que imagina
sobre minha pessoa. Precisa conhecer meus defeitos, minhas
qualidades. Precisa me ver ao vivo e em cores como realmente sou
— digo, lentamente, segurando sua face direita.
— Está me dizendo que não o amo? Que não o conheço? —
pergunta, exasperada. Eu sei que é impaciente e prefere coisas
calmas e gosta de estabilidade. Sei que é justo e que jamais feriria
um inocente — diz, apertando minha mão sobre seu rosto.
Uma pontada de dor esmurra levemente meu peito. Ela não
me conhece de verdade. Conhece o lado legal, mas não o lado que
luto contra mim mesmo.
— Está tudo bem se apaixonar por mim, Laura — digo, e
sorrio para ela. — Eu também sinto algo por você, algo bom. Mas
não pare sua vida por mim. Não sonhe me incluindo em tudo. Sonhe
por si. Ame por si. E acima de tudo se coloque acima de todos.
— Você sente algo por mim? — pergunta, rindo, e lágrimas
escorrem de seus olhos.
— Laura?
— Oh, meu Deus! Você sente algo por mim. Estou tão feliz
que não precisarei mais me esforçar tanto para chegar até você! —
exclama, sorrindo entre lágrimas.
Puxo-a para meus braços e beijo sua testa em busca de
palavras certas, mas aparentemente sua loucura anda me calando
mais do que eu gostaria. Algo me diz que em sua cabeça deve ter
uma conspiração de planos futuros que envolve um príncipe em um
cavalo branco. Francamente, nesse ritmo sinto que acabarei um dia
subindo em um cavalo branco e usando uma coroa e lhe dando o
sapato de cristal.
Que eu tenha sabedoria para lidar com ela sem surtar.
— Seu delegado, é agora que iremos para cama e fazemos
amor o dia todo? — questiona, exalando meu perfume
descaradamente.
— Não, ainda não.
— Nossa Senhora do céu! O que custa enfiar sua espada no
meu buraco. O que há de errado em querer visitar a caverna do
dragão? — pergunta, batendo as mãos em meu peito.
— Laura, só respira um pouco, okay?
— Vou respirar melhor quando passarmos a noite toda
gemendo, esse é meu sonho de put...
Beijo-a para que assim ela possa calar a boca.
Observo o seu polícia de despedir de sua família, ficar um tempo
neste paraíso foi inovador para mim, pude conhecer alguns lados do
Arthur que me aquecem bastante, até mesmo seu lado atrevido e
ciumento, porém, não consegui ir além de uns pouquíssimos
amassos. Francamente, meu sonho era poder ter dado a noite
inteira, mas quando o delegado diz não é não! Que raiva sinto de sua
teimosia desnecessária, custa me jogar na cama me chamar de
cachorra e meter fundo em mim? Reviro meus olhos e aceno para a
vaca da Patrícia que está neste exato momento jogando seus braços
de franga ao redor do meu sonho de puta, que raiva eu tenho desta
mulher. Cruzo meus braços batendo meu pé no chão feito uma
criança mimada. Quando estou prestes a soltar meu docíssimo
suspiro frustrado ouço uma risada ao meu lado, viro-me prestes a
xingar o infeliz, mas me surpreendo ao ver meu sogro russo me
encarando e rindo abertamente.
— Você é tão fácil de ler, menina.
Olho para ele e sorrio tristonha queria ser difícil, mas ser difícil
é complicado, tenho preguiça de ser algo além do que já sou.
— Eu só quero voar naquela vaca ali, mas creio que pode ser
crime bater em animais.
Sua risada soa mais alto chamando atenção de alguns que
estão à nossa volta.
— Sorte sua que meu filho é delegado e advogado — diz,
passando os braços pelos meus ombros, sinto-me tão pequena
perto dele. — Dou menos de dois minutos para ele chegar aqui e
tomá-la dos meus braços.
Antes que a contagem realmente comece Arthur larga a vaca
Patrícia e caminha até nós sério, como sempre.
— Laura, já se despediu do meu pai? — pergunta.
— Estava me despedindo de novo, o sotaque russo dele é
bom de ouvir, é atencioso — comento, rindo largamente estilo
Coringa e Arlequina.
— Bem, minha esposa nunca reclama, mas agora deixarei
vocês irem. — Ele se afasta e dá dois tapinhas nas costas do filho e
sai andando.
Não importa o quanto eu pense, essa família é extremamente
estranha e legal. É tão saber que faço parte desta bagunça estranha!
Entro no carro acenando para quem fica, despedi-me de
Lyane e a da minha sogra mais cedo ambas se recusaram a me
assistir partir, nem me senti amada. Assim que afivelo o cinto o seu
polícia dá partida nos levando de volta ao local onde ele dorme em
uma cama e eu em outra.
Conto de fadas duram tão pouco tempo...

Pego minha mala e arrasto para dentro de casa com ajuda do


Arthur, bem, ele carrega a mala enquanto eu admiro suas costas
largas e sexys.
— Laura, pode abrir a porta? — pergunta parando, mas antes
que possa falar qualquer coisa minha mãe abre a porta e falta
cometer um assassinato. — Dona Solange, boa tarde!
— Dona seu cu, já disse para parar de me chamar de algo
velho, inferno! — Ela se afasta da porta, mas para olhando para nós
dois que congelamos do lado de fora. — Quer que eu pegue vocês
no colo? Vão entrar ou está difícil? — Arthur se move para dentro e
eu também.
— Mãe, a senhora está de chico? — pergunto após fechar a
porta.
— Laura, estou é com vontade de sentar a mão na sua cara,
malcriada.
— A senhora que me criou!
— Laura, filha de Deus cale a porra da boca e vá rezar! — É
incrível como uma vassoura voa para a mão de minha mãe.
— Usa o nome de Deus entre os palavrões — sussurro.
Quando ergo minha cabeça minha mãe está quase voando na
minha direção, ela é extremamente assustadora às vezes.
— Bem, eu já estou indo. Tenho que ir para casa e ajeitar
minhas coisas para trabalhar amanhã — seu polícia fala.
Vou até ele o abraçando forte, não quero que ele vá!
— Deixa o homem ir, garota, pare de agir feito uma pulga! —
minha mãe berra, batendo com o cabo de vassoura em minha
cabeça.
Arthur me afasta e beija minha testa, sinto uma promessa
silenciosa em seu ato, ele caminha até a porta, abre-a e vai embora
logo sem seguida. Suspiro já sentindo falta dos seus braços, é
irônico, mas posso jurar que um vazio surge em meu peito. Nossa
Senhora do céu, o amor é algo incrível.
— Mãe, sentiu minha falta? — pergunto correndo até ela, que
me abraça apertado.
— Estou com você desde o nascimento, deixe-me ter uma
folga das suas loucuras!
— Mãe!
Ela gargalha e me solta, sentando-se em nosso sofá gasto.
— Laura, sabe que não dá mais para ficarmos aqui, né? —
pergunta. — Tenho um novo emprego que paga bem e você
também, sem contar que morar aqui é muito distante da boutique.
— E para aonde vamos? — especulo.
— Vamos caçar um bom lugar e mais aconchegante. — Ela
suspira e sorri. — Vamos mudar de vida, minha filha.

Sento-me no chão e ponho a cabeça em seu colo recebendo


seu carinho, minha mãe por mais expansiva que seja é bastante
carinhosa quando quer.

— Seu polícia, você não sabe a novidade! — berro com o


celular na mão.
Faz dois dias que voltei da viagem, hoje minha mãe mandou
carinhosamente que eu começasse a organizar minha vida, minhas
malas e meus trapos como ela bem disse.
— Conte-me a novidade.
Sua voz está calma, já passam das dez da noite, sinto que
não é a melhor hora para ligar, mas ele estava ocupado esses dias e
somente agora teve um tempinho para mim. Senti falta dos seus
beijos.
— Vou me mudar para mais perto de você, não é
maravilhoso? — Sinto que a alegria está saindo pelos meus poros.
— Vejo que está animada, como sempre.
— Vou ficar mais perto de você, seu polícia, e mais distante
de sofrer algum assalto no ônibus.
— É bom você se mudar para cá, menina, ficará bem mais
perto de mim, e segura — diz e me derreto por ele. — Se precisar de
ajuda me fale.
— Qualquer coisa?
Ele suspira no outro lado da linha e ouço vozes no fundo.
— Laura... — Meu nome ecoa como uma alerta de que devo
tomar cuidado.
Olho para o teto e ligo um dane-se para ele e sua opinião, não
estou nem aí.
— Ficar mais perto significa que também iremos transar mais!
— Laura, nunca transamos!
Ponho-me de pé irritada. É tão difícil assim transar nesta vida?
— É esse o problema, Arthur! Não transamos — digo, irritada.
Ouço uma porta fechar e logo depois seu suspiro soa ainda
mais pesado que o anterior.
— Tudo no seu devido tempo.
— Tempo o caralho, você é chato! — berro, e desligo o
telefone.
Jogo-me na cama frustrada, eu vou transar antes dos meus
22 anos.
Ele que me aguarde.
— Mãe, eu não nasci para sofrer tanto assim! — reclamo
enquanto carrego uma caixa pesada para meu novo quarto.
— Laura, pare de reclamar e carregue essa merda senão eu
juro por Deus que te dou uma surra — grita da cozinha.
— Violência é crime!
— Educar um filho não é crime, agora cale a porra da boca e
tire suas tralhas da minha sala!
Entro no meu novo quarto e sorrio feliz. Minha mãe e eu, nos
mudamos para um apartamento em Copacabana na rua Barata
Ribeiro. Não é grande, mas é confortável. É perto do meu serviço e
ainda mais perto do Arthur! Sento-me na minha cama de solteiro
após deixar a caixa no chão. Vou sentir falta de Niterói, mas estar
aqui é bom. Minha mãe disse que fica a poucos minutos do seu
trabalho e para mim, é quase o mesmo. A boutique da minha quase
cunhada fica em um shopping na Barra. E bem, é aqui perto. Faz
exatamente duas semanas que o seu polícia confessou sentir algo
por mim, o problema é que depois deste momento inesquecível
tivemos que voltar no outro dia, me doeu sair daquele paraíso e
abandonar minha futura sogra. E o pior foi que nem dormi de
conchinha com o Arthur, ele passou boa parte da noite conversando
em seu telefone e depois discutindo com seus familiares sobre algum
problema que desconheço. Sabia que naquela discussão minha
pessoa não seria de grande ajuda e a Virgem Santinha sabe que
amaria sentar-se no colo do meu delegado sexy massageando seus
ombros para aliviar sua atenção, mas só fiquei deitada na cama e
adormeci na esperança de que ele viesse dormir também.
Jogo-me para trás e acabo batendo a cabeça na parede, puta
que pariu! Doeu! Massageio o local na minha cabeça onde dei a
bancada nada leve. Frustrante, nem ao menos posso fazer um
momento dramático para constar minhas saudades do meu sexy
delegado que esqueceu da minha existência. O amor dói. Arrumar
estas caixas doem. Mudança é chata. Que droga de vida só quero
beijar, namorar e perder a minha santa virgindade. Vovozinha é tão
difícil ser puta nesta vida, tão, mas tão complicado que até tento
sentar gostoso a questão é que ele não deseja minha sentada. Eu
tento não ser pura, mas este homem quer que eu seja. Falta nele
sacanagem, putaria e maldade. Pego meu telefone e ligo para o seu
polícia, depois de cincos longos toques ele atende.
— Laura, aconteceu algo? — pergunta sem ao menos dizer
“oi, amor da minha vida”.
— Oi, para você também, e estou bem nada aconteceu —
digo já fazendo um bico digno de um Oscar.
Ele suspira pesadamente e reviro os olhos.
— Por que me ligou uma hora dessa sabe que estou no
trabalho e pelo que me recordo bem está arrumando a mudança, não
é?
— Está certo, mas surgiu uma grande questão na minha
cabeça que gostaria de discutir com você.
— O que há de tão importante que não pode deixar para
depois? — pergunta, impaciente.
— Então, percebi que ainda sou virgem....
— Laura....
—... por esta questão acho que deve haver algum problema....
— Laura ....
— ... na sua libido! — digo aliviada ao pôr para fora o que
sinto. — Por que me chamou, seu polícia?
Antes de ele responder ouço risos, não eu ouço gargalhadas.
— Você não está sozinho? — pergunto sussurrando.
— Não, eu não estou, Laura! — esbraveja.
Mais gargalhadas.
— Não sabia que era tão difícil fazer subir assim, Arthur! —
Alguém fala entre risos.
— Cale a boca, Magalhães, senão o coloco para fazer ronda
na baixada. — Posso ouvir os dentes dele cerrados. Sinto que fiz
merda e das grandes.
— Depois eu falo com você, amor da minha vida, minha mãe
está me chamando, beijos no seu coração te amo de montão.
Desligo antes que ele diga qualquer coisa.
Merda! Estou ferrada e não de um jeito bom. Coloco a mão
sobre meu peito e meu coração bate freneticamente. Sinto que só
desculpas não aliviará minha barra, talvez um boquete resolva, é
isso lhe pagarei um lindo boquete nunca fiz, mas para tudo existe a
primeira vez.
— Laura, pelo que saiba você ainda vai trabalhar hoje — grita
minha mãe.
— Pulo da cama e tropeço na caixa no chão batendo minha
testa no guarda-roupa.
— Ai meu chifre! — berro.
— Como assim o russo te traí? — Pergunta minha mãe
surgindo na porta.
— Ah, meu Deus! — Pouso a mão no peito assustada. —
Mãe, surgiu de onde?
— Do inferno não vê? É claro que vim da cozinha, já são
meio-dia e meia, vá se arrumar para não se atrasar. Você precisa ser
mais responsável, Laura. — Quando se vira para volta para sei lá
onde para e me olha. — Agora me responda o delegado russo te
traiu?
— Ah, mãe, é claro que não, só bati minha cabeça e gritei o
ditado popular para essas questões.
— Esses jovens de hoje em dia não têm jeito mesmo — ela
sai resmungando

Corro para um banho ansiosa para mais um dia de trabalho.

Arrumo a última peça de roupa na sacola da cliente e lhe


entrego sorrindo. Hoje fiz ótimas vendas e com toda certeza esta foi
a maior, minha comissão será altíssima! Já me vejo comprando
tantas coisas que antes não podia, melhor há tantas comidas que
poderei comer. Estou até com água na boca.
Uma hora e meia depois arrumo as coisas na boutique junto a
outra vendedora para fechar, Alyane não pode vir hoje por motivos
pessoais, ela me disse que amanhã conversaremos. Ajudo Taina a
fechar o caixa e varrer as coisas rapidinho, adiantamos algumas
coisas para amanhã para que não tenhamos tanto trabalho já que dia
de sábado a loja fica extremamente cheia, eu não deveria trabalhar
finais de semana, mas pedi para a Alyane me deixar ficar um final de
semana sim e outro não, quero ter uma renda extra, morar em um
apartamento em Copacabana não é barato e o condomínio é uma
facada no peito. Minha mãe não precisa se matar tanto trabalhando
para me sustentar, está na hora dela descansar um pouco e gozar
mais da vida.
Quando terminamos tudo sorrimos uma para outra, Taina é
um amor tão doida quanto eu, estamos marcando de ir em um
barzinho na Lapa e sambar um pouquinho, ela é uma diva, de acordo
com ela amarei beber umas caipirinhas, mal vejo a hora de esse
encontro acontecer. Quando estou indo apagar as luzes perto da
porta me viro para perguntar algo a ela, mas paro ao ver sua
expressão de surpresa, então olho para direção que ela olha
assustada já pensando que é um assalto, mas suspiro aliviada ao
meu boy magia parado me encarando.
— Laurinha, eu vou na frente tá? Não esquece de trancar a
porta, tchau! — Dizendo isto ela pega sua bolsa e sai correndo como
se estivesse vendo um fantasma. Se eu pudesse faria a mesma
coisa que ela fez, e nem pensaria duas vezes. Eu estou frita e a
bonitona sabia e por esta razão saiu fugida achando que haveria
baixaria, mas pelo que conheço do delegado ele no máximo me dará
uma bronca em tom baixo, como sempre.
— Seu polícia sensual que manja da rola-grande que nada
cabe quando enfia, já disse que te amo? — pergunto brincando com
o meu rabo de cavalo.
— De acordo com minha equipe, minha rola manja em não
subir mesmo com uma novinha atirada de 21 anos diante de mim.
Sua voz não aparenta estar com raiva, mas não me engano.
— Eles não sabem de nada, e não que eu saiba muito —
digo, sorrindo. — Eu até poderia manjar de rolas, mas sou santa. Só
sei a língua do amor e nada mais, Virgem Santa é a prova viva que
digo a mais bela verdade. E se eu estiver mentindo que a luz se
apague porque nem pornô eu vejo nesta vida! — reitero, confiante.
— Você tem certeza do que fala, Laura? — pergunta, sucinto.
— Absoluta!
Foi só eu dizer isso que tudo se apaga.
— Meu Deus do céu! — grito. Estou cega, estou cega.
— Laura...
— Eu só vejo pornô às vezes, mas nunca nunquinha me
masturbei vendo tais sacanagens. Deus, por favor, tenha piedade
desta alma, prometo ir a todas as missas de domingo subo até a
escadaria da Penha de joelho, mas devolva minha visão — peço,
suplicante. — Eu quero ver, eu juro que quero ver todas as cores que
há no mundo. Ainda nem pude ver direito o pênis do Arthur, eu ainda
nem pude vê-lo de formas sexuais, e o Senhor sabe que amo coisas
sexuais por mais que nunca tenha feito nadinha assim. Juro que de
devolver minha visão irei me resguardar para o casamento e não
tentarei mais ser puta — digo, chorosa.
— Laura, a luz acabou.
— É o quê? — pergunto, exasperada. — Não estou cega?
— Não, mas então você assiste pornô em sites proibidos e
ilegais? — pergunta, calmamente.
— Eu? Sei nem o que é isso. Sou santa! — digo e junto
minhas mãos em um ato santo.
— É claro, havia me esquecido que é santíssima, perdoe-me
por cometer tal erro.
— Ah, seu polícia, por favor não deboche de mim sou o amor
da sua vida! — Meu bico fica maior que o do peixe beijoqueiro.
— Tire este bico, Laura.
Com o coração saltitando caminho em direção a sua voz,
porém, o chão me atrai e acabo caindo de boca nele, bem que podia
ser no pau do gato diante de mim, eu não vejo, mas sei que é a coisa
mais linda deste mundo. Tatuei seu rosto em minha mente para
nunca mais esquecer.
— Meu Deus, menina, que desastre. — Sinto suas fortes
mãos me segurarem, erguendo-me do chão. — Está ferida em algum
lugar? — pergunta, passando uma das mãos pelo meu rosto em
sinal de ferimento.
— A única coisa ferida hoje é o meu ego, nada mais ou nada
menos do que isso —comento, tristonha. — Segunda vez que bato
algo meu hoje. — Minha cabeça, minha testa e agora minha boca.
Que dia do azar!
— Vamos embora — instrui, acendendo a lanterna do seu
celular.
Com auxílio da lanterna pego minhas coisas, a chave da loja e
saio. Após trancar tudinho e seguro firme no braço direito do Arthur.
Seus músculos são tão fáceis de sentir, gostoso. Caminhamos em
silêncio pelo shopping que está pouco iluminado. Não falamos nada,
o caminho até o estacionamento foi longo e frio. Entro em seu carro,
afivelo o cinto e quando ele faz o mesmo dá partida, e me perguntei
pela primeira vez por qual razão ele foi me buscar hoje.
— Por que veio me buscar? — pergunto cortando o silêncio.
— Precisamos conversar.
— Sobre hoje mais cedo?
— Sobre tudo, Laura. — Sua seriedade causa arrepios e não
são bons.
— Esse não é caminho para minha casa. — Observo.
— Mas é para a minha, sua mãe já sabe e há roupas suas lá
— informa sem pedir minha opinião.
Não respondo nada apenas fecho meus olhos para descansar
um pouco. Hoje deveria ter tirado o dia de folga, mas minha amada
mãe não permitiu.

Quando abro meus olhos já estou na garagem da casa dele.


Ele desliga o carro, retira o cinto e desce. Sigo-o fazendo a mesma
coisa. Não me canso de dizer que sua casa é linda, só vim aqui uma
vez, mas sinto que pertenço a este lugar.

Depois de tomar banho e vestir um pijama da Kurama da


raposa do Naruto saio do quarto de hóspedes e desço a escada. O
cheiro de lasanha me arrasta até à cozinha onde vejo meu futuro
marido tirando duas lasanhas do forno vestido apenas com uma
regata verde-clara e com um short de tecido leve acima do seu
joelho.
— O cheiro está ótimo — digo, bastante animada. — Falta a
batata frita.
— Já basta o arroz e a lasanha pré-pronta — diz. — Vamos
comer aqui na cozinha mesmo.
— Por mim tudo bem.
Nós nos servimos em total silêncio e nos alimentamos sem ao
menos haver uma troca de olhar. Por alguma razão sinto-me
envergonhada para olhar em seus olhos. Após terminarmos e me
levanto para lavar o que sujamos, quando ele se aproxima pego seu
prato e talhares, lavando-os também. Limpo a pia e me viro. Arthur
está sentado com os cotovelos sobre a mesa, ele apoia a cabeça em
suas mãos entrelaçadas, seu semblante é impassível. Por alguns
minutos me perco em seu olhar e vejo algo que não havia visto
antes, há certa tristeza bem lá no fundo. Uma que desconheço.
— Não estou chateado por ter dito aquilo, e muito menos
estou envergonhado. — Ele suspira e ergue o corpo. — Seu jeito
desenfreado é sua maior qualidade, seu maior tesouro e me encanto
por ele, mas, Laura, há certas coisas que não pode ser dita em
qualquer lugar. Certas coisas que devemos falar somente em certos
momentos e não na frente de qualquer pessoa. Compreendo que
não vê maldade no que fala, mas, menina, não seja tola, as pessoas
são maldosas. — Suas palavras me doem. — Talvez eu esteja sendo
duro demais ao falar isto, mas perceba que só quero o seu bem. —
Ele puxa o ar e o solta vagarosamente. — Não peça para um homem
como eu lhe possuir, não implore por mim. Por meu carinho e nem
por meu amor. Como já lhe disse se valorize mais.
— Eu me valorizo — rebato. Querer transar com você não faz
de mim nada, só uma mulher que sabe o que quer — esbravejo. —
Eu te quero! Já gritei, berrei, insinuei e ainda assim você não faz
nada. Não me deseja? — pergunto.
— Te desejo noite e dia.
— Então por que não vem saciar seu desejo?
— Porque até homens como eu caem no encanto dos contos
de fada, e buscamos sermos melhores.
— Não entendi.
— Laura, quero dizer que por lhe respeitar irei prolongar este
desejo mais um pouco.
— Por quê?
— Porque não quero que se arrependa depois de se deitar
comigo caso algo dê errado. Se perder sua virgindade comigo jamais
poderá reconstruir ela outra vez.
— Eu confio em você.
— Eu sei.
— Você quer que eu vá e dê para um estranho para resolver o
problema com sua consciência moral?
— Deus, não Laura. Apenas quero que entenda que não sou
a melhor pessoa deste mundo. Nutro sentimentos por você, e por
eles ainda não lhe devorei. Posso estar faminto, mas como um bom
predador sei esperar.
— O que isso significa?
— Que na hora certa irei te comer!
Gozei!
Ser sexualmente inativo com fortes desejos sexuais é uma merda.
Estou com uma louca vontade de transar e viver de punheta não é
algo que eu particularmente ame. É normal esfolar o brinquedo de
vez enquanto durante o banho ou pela manhã não acho vergonhoso,
aliás, acho completamente necessário para a vida sexual conhecer o
próprio corpo e saber se dar prazer, mas a grande questão da minha
vida é que desde a hora em que essa ninfeta entrou nos meus
pensamentos não transo por razões nada óbvias para alguns, porém,
para mim, é uma questão de respeito, a quero para mim como a
porra de um sádico, entretanto, ela precisa se conhecer mais, e cada
vez que abre sua boquinha para falar algo sempre insinua que quer
ser possuída por mim, por Cristo eu tento todo instante ser paciente
e ignorar sua inocência, fodida inocência do caralho. Laura fala as
coisas sem pensar nas consequências, quero tratá-la com carinho,
talvez levá-la ao cinema, parque ou a Petrópolis já que ela revelou
ter vontade de conhecer a região Serrana. O fato de ela me enxergar
como um príncipe encantado não ajuda muito minha vida, sua
loucura é agradável, porém, por mais que eu seja gentil sempre
acabo soando grosseiramente e não é por mal. Ela merece mais do
que pede e isso ela não vê. Respiro fundo ao sentir uma fisgada no
meu menino lá embaixo, Laura está com a porra da bunda gostosa
enroscada no meu pau e hora ou outra se mexe causando um atrito
doloroso. Puta que pariu! Não é a primeira vez que dormimos na
mesma cama, mas, desta vez, estou fodidamente ferrado. Busco
pensamentos chatos que possam fazer com que eu adormeça, mas
nada além de posições as quais eu gostaria de pôr Laura enquanto a
devoro vem à mente. Se ao menos durante o sono ela ficasse quieta,
mas até dormindo feito um anjo é atentada.
Respiro fundo concentrando minha atenção em flores, flores
de jasmim, rosas, violetas, uma Laura de quatro engolindo meu pau
com sua boceta molhada, porra, Arthur Sokolov, foco! Foca em flores
doces. Ah, como deve ser o cheiro da ninfeta lá embaixo? Merda,
merda! Para porra, foca Arthur. Puta que pariu o tesão é o inimigo
dos ordenados. Só queria poder dormir. Trabalhei feito burro de
carga esses dias e agora que posso descansar estou trabalhando
mais do que gostaria para manter meu autocontrole. Eu sabia que
isso daria merda, deveria ter mantido ela no quarto de hóspedes,
mas não, olhei em seus olhos pidões e no seu beiço de abandono
que no automático fizeram com que o sim escapasse por meus
lábios. Hoje entendo quando meu pai diz que somos os machos
alfas, mas quem decide por nós são as mulheres, e se elas
soubessem o poder que tem com toda certeza seríamos escravos.
Com toda certeza deste mundo eu não me importaria de ser
chicoteado por esta menina, mas no momento só desejo ser
chicoteado e amordaçado por sua boceta. Caralho, preciso sair
dessa cama já perdi o sono mesmo.
Sem muitos esforços me afasto de Laura, levanto-me da cama
olho para a louca que está deitada ainda mais espalhada após minha
saída, sorrio de lado balançando minha cabeça negativamente. Meu
celular em cima da mesinha de cabeceira e com cuidado caminho
até à porta, abrindo-a vagarosamente sem fazer muitos ruídos.
Desço as escadas pulando degraus. Vou para cozinha pego uma
garrafa d’água e bebo ela quase toda mesmo com o sistema de
refrigeração a casa está quente, o outono deveria ser fresco, mas
parece que aqui no Rio de Janeiro é verão o ano todo. Pouso a
garrafa sobre a pia indo em direção à porta que dá acesso aos
fundos onde se encontra a piscina e área da churrasqueira, eu nunca
faço reuniões aqui por isso este lado da casa é invisível para mim,
mas hoje mergulhar nu nesta piscina parece ser bem atrativo quem
sabe com a água gelada meu amigo abaixe um pouco permitindo
que eu respire um pouco mais tranquilo.
Tiro minha regata e meu short ficando completamente nu,
coloco meu celular sobre a espreguiçadeira, ignorando o meu
membro que lateja entre minhas pernas mergulho na piscina,
sentindo-me bem melhor. Nado de uma ponta a outra tentando
liberar a tensão que me envolve. Sempre me orgulhei de ser um
cara que possui um autocontrole, de ser uma pessoa sensata que
sempre pensa antes agir e sempre busca a razão ao invés da
emoção, mas de uns meses para cá fui atropelado pelas malditas
palavras “seu polícia você é meu sonho de puta”, “seu delegado sexy
vamos transar a noite toda”, essas malditas frases me derrubaram
causando borbulhos em minha sensatez, destruindo minha plena e
perfeita lógica, no começo só quis ajudar, mas então me vi seguindo
por minha própria emoção e desejo a quis mais perto de mim para
proteger e cuidar. Me vi desejando seu corpo de todas as maneiras,
se fosse somente desejo eu a tiraria da minha vida, entretanto, meu
coração passou a errar batidas ao vê-la e minha curta paciência para
baboseiras se alongou ao ouvir suas doidices intermináveis. Coisas
que até pouco tempo achava irritantes hoje acho normais. Ela
desencadeou um lado que nem eu sabia que havia dentro de mim o
lado da paixão, uma paixão que cresce em meu peito sendo
sufocante em alguns dias. Sinto-me um homem tolo por me
apaixonar por uma menina de vinte e um anos. Eu deveria ter
vergonha e deixá-la ir, mas francamente mesmo que diga que ela
deve ser mais independente anseio para que cada dia ela fique ainda
mais ansiosa por mim, um bastardo egoísta é o que sou, que Deus
me perdoe por ser assim um desgraçado que se faz de bom moço.
Até quando irei pregar o bom discurso que ela deve cuidar mais de si
não sei, uma hora vou ligar o foda-se e deixarei ela entra de vez
quando este momento chegar a foderei tanto que no outro dia a
cama será sua melhor amiga para descanso.
Encosto-me na beira da piscina, apoio minha mão na beirada
segurando-a com certa pressão, levo minha mão livre até meu
comprimento massageando de leve pondo pressão aos poucos.
Suspiro ao sentir meu corpo ansiar por alívio que nem mesmo a
água fria conseguiu realizar. Aumentando a precisão dos meus
movimentos gemo baixo ansiando por alívio. Aperto meu polegar
sobre minha glande estremecendo levemente, porra isso é bom.
Bato com mais força tentando acabar logo com esta questão, mas
nada me faz gozar. Frustrado busco o rosto da Laura em minha
mente, seu corpo de biquíni perfeito, sua bunda generosamente
gostosa, seus lábios carnudos, seus seios que parecem que foram
feitos para caberem em minha boca. Porra!
— Laura... — balbucio baixo enfim gozando. Meu coração
bate freneticamente. Olho para minha mão e por alguma razão meu
pau ainda não está mole. Merda!
— Nossa Senhora do céu! — Ouço seu grito.
Levanto minha cabeça vendo a dona da minha insanidade me
olhando com suas bochechas coradas, olhos arregalados e a porra
dos seus seios estão duros e bem-marcados nesta droga de
camisola. Encaro-a sem dizer nada. Não há o que dizer.
— Você bateu uma gemendo meu nome! — exclama,
chocada.
Poderia lhe dizer que não é a primeira que muito menos será
a última vez, mas opto por me manter calado.
— Virgem Santa, você sente tesão por mim a ponto de gozar
dizendo meu nome, sou abençoada por isto — diz, colocando a mão
sobre o rosto. — Você é meu tesão também, juro que estou
molhada, pingando e não sei ao certo como fazer para essas
fisgadas aqui embaixo pararem — diz, apontando para sua boceta
marcada em seu shortinho de dormir.
Respiro fundo sabendo que poderei me arrepender mais tarde
por isto.
— Laura, tire sua roupa e sente-se nesta espreguiçadeira de
frente para mim e abra bem suas pernas — digo, roucamente.
Engulo em seco sabendo que isso dará merda.
Ela nem pensa duas vezes já tira toda sua roupa sem pudor
algum seu corpo nu quase me faz gozar.
— Seu corpo é lindo, Laura. Perfeito — elogio, devorando-a
com os olhos sem esconder meus desejos. — Não fique tímida e
faça o que pedi — digo, apontando para a espreguiçadeira.
Mas ao invés de me obedecer, ela simplesmente caminha até
mim, olhando em meus olhos e se agacha diante de mim, sua boceta
em minha cara, ela não sabe o que está fazendo. Caralho ela
realmente se encontra molhada, muito molhada minha boca saliva de
desejos. Afasto-me um pouco da beirada encarando mais uma vez
sua vagina nem pequena e nem grande perfeita nas medidas certas,
seus lábios são cheinhos, mas quem não gosta de fartura? Porra
estou parecendo um moleque.
— Sente-se com seus calcanhares na beirada, deixe suas
pernas bem abertas. Quero-a exposta para mim.
— Arthur, você vai beijar aqui embaixo? — pergunta,
passando o dedo por seu clitóris soltando um gemido fino.
— Não vou beijar, eu vou comê-la com minha boca e sugar
seu mel até me saciar completamente — digo, aproximando-me dela
e sentindo seu perfume enlouquecedor.
Olho em seus olhos em busca de qualquer dúvida, mas só
vejo luxúria e certeza. Passo a língua por meus lábios secos, abro
minha boca e assopro sua boceta fazendo com que ela estremeça.
Seguro em seus calcanhares sem pressa coloco minha língua em
sua entrada melosa, circulando-a vagarosamente sentindo seu
gosto, seu doce gosto. Nunca fui fã de açúcar, mas estou amando
seu gosto adocicado tornou-se o meu favorito neste inferno de
mundo. Seus gemidos contidos aumentam o meu ego mesmo
sabendo que ainda nada fiz. Mesmo com minha língua sinto sua
boceta se contrair por mais. É como se ansiasse por meu pau, e
porra agora eu quero enfiar até o talo. Começo a sugar seu mel sem
pudor como se fosse um maldito sacolé de morango. Passo minha
língua por seu clitóris colocando pressão sobre seu ponto inchado e
circulo com força minha língua parando apenas para arrastar de leve
meus dentes, fazendo-a gemer mais alto enquanto empurra sua
pelve contra minha boca buscando mais alívio. Ela joga a cabeça
para trás, suas unhas arranham minhas costas levemente. Seu peito
sobe e desce rapidamente, ela está suando. Seus olhos fechados
pelo prazer me deixam em êxtase.
— Laura. — Chamo fazendo com que ela me olhe ansiosa por
mais. — Vou fazer uma pergunta e quero que pense bem antes de
me responder.
— O quê?
— Você quer gozar na minha boca ou no meu pau? —
pergunto, sério. — Seja qual for a resposta vou respeitar sua
decisão.
— Se for no seu pau vou perder minha virgindade.
— Sim, não será em uma cama e sim dentro desta piscina,
nada romântico.
— Mais romântico que isso é impossível — fala, rindo. —
Quero gozar no seu pau.
Solto um suspiro feliz e me afasto um pouco da borda,
chamando-a com os dedos.

Meu Deus do céu não acredito que vou perder a minha não
tão amável virgindade. Meu corpo está em chamas e minha piriquita
parece que vai saltitar. Meus peitos estão doloridos e nem sei o
porquê, pai amado do céu este homem é meu pecado. Quando
acordei, automaticamente, senti sua falta e saí a sua procura, mas
não imaginei que daria de cara com a cena mais quente do mundo.
Assistir o seu polícia batendo punheta chamando por mim, foi como
se eu estivesse no deserto do Saara ao meio-dia sentindo todo o sol
e seu calor sobre mim, misericórdia. Após sentir sua boca no meu
ponto inchado me sinto no céu, mas agora prestes a ter seu pau
dentro de mim me sinto ansiosa, necessitada dele.
Entro na piscina encarando seus olhos, seguro na beira por
não sentir o chão, ser baixa é uma merda. Mas antes que eu possa
raciocinar direito seus braços rodeiam minha cintura puxando me
para si e seus lábios buscam o meu ansiosamente. Rodeio minhas
pernas em sua cintura sentindo seu pau duro, Ah, que delícia.
Abraço seu pescoço colando ainda mais seu corpo ao meu, arranho
suas costas em busca de algo a mais, tento controlar a situação,
mas falho miseravelmente, ele sabe o que faz. Remexo-me atritando
minha piriquita em seu pênis, e gemo de prazer sobre sua boca. O
fato de não ter um só tecido separando nossas intimidades faz com
que o prazer seja bem maior do que poderia imaginar. Vivenciar
estas maravilhas é algo inexplicável, o calor que emana por meus
poros fazendo com que eu transpire mesmo estando dentro d’água.
Cessamos o beijo por falta de ar, mas nossas testas se mantêm
grudadas. Se isto for um sonho não me acorde, por favor.
— Vamos mesmo foder? — pergunto sem vergonha alguma.
— Não, hoje vamos fazer amor na água. Hoje serei lento e
carinhoso — responde, mordiscando meu lábio inferior.
— Depois vai me quebrar?
Ele solta uma risada gostosa e balança a cabeça.
— Ah, Laura, quebrar? — Não sei, mas com toda certeza
você me sentirá em cada instante do seu dia.
Nossa Senhora do céu tenha pena de mim, mentira tenha
não. Eu amo este homem.
— Seu polícia, é agora que me sento no seu pau?
— Garota, estou tentando ver a melhor forma de fazermos isto
aqui.
— Não é só enfiar?
— Não, me orgulho da minha largura e comprimento e por
esta razão temo machucá-la. Você está molhada escorrendo, mesmo
assim tenho que ir devagar por ser sua primeira vez. Quero que seja
especial para você.
Seguro seu rosto e beijo seus lábios lentamente saboreando
seu gosto. Sentindo sua delicadeza comigo. Estamos em perfeita
sincronia, desta vez eu conduzo o beijo ao meu modo. Quando o ar
nos falta sorrio largamente.
— Não poderia existir nada mais especial do que isso. —
Estou em seus braços e para mim, já é um sonho de princesa —
digo, ele sorri abertamente fazendo meu coração errar algumas
batidas. — Você é tão lindooo. Ah! — Arfo ao sentir seus dedos
dentro de mim. — Nossa Senhora do céu!
— Estou preparando-a para me receber quero ter certeza de
que está confortável mesmo com sua primeira vez — explica,
mexendo seus dedos com mestria. — Segure firme em meus ombros
e relaxe — diz, tirando seus dedos. Escorrega um pouco mais para
baixo. — Pede e faço o que pediu.
Minha respiração se agita pela ansiedade, vovó eu realmente
estou me tornando uma puta! Ai que tudo, vou ser uma mulher feita.
Arthur começa a beijar meu pescoço lentamente, sua mão em
minha bunda me ergue um pouco e então sinto seu comprimento me
invadir aos poucos, é um pouco doloroso, não imaginei que haveria
tanta grossura. Quando a cabeça passa meu hímen se rompe tenho
certeza, é doloroso, mas sinto prazer também. Bem levemente. Ele
para.
— Quando eu puder continuar e me mover me avisa.
— Ainda não entrou tudo? — pergunto.
— Não, ainda não.
Estou chocada, ele ainda nem colocou tudo. Credo que
delícia, nem vou trabalhar.
— Pode se mover — sussurro.
Ele entra mais um pouco me preenchendo por inteira, minhas
paredes o apertam com força, é gostoso. Ainda há dor, mas a forma
como ele se mexe lentamente parece me deixar extremamente
satisfeita.
Ele sai e entra lentamente, a forma como nosso encaixe é
feito, é bem mais real do que em meus sonhos, é mais do que
poderia ter imaginado ou sonhado. É esplêndido. Seguro com forças
em seus ombros para poder acompanhar melhor suas investidas.
— Laura, você consegue tocar seu clítoris? — pergunta entre
gemidos abafados pela minha pele.
— Sim — respondo, ofegante.
— Bom, então o faça.
Quando vou guiar minha mão para meu ponto inchado solto
um grito ao sentir meu corpo todo se sucumbir em uma corrente
elétrica que arrepia todos os meus cabelos. Sinto um prazer
incomum, algo sai de mim. Jogo minha cabeça para trás e balanço
meu corpo freneticamente.
— Ah! Oh, meu Deus — grito.
— Você gozou, minha menina — diz, mordendo minha
têmpora. — Achei que iria precisar que tocasse seu clítoris, mas só o
meu pau foi preciso.
Olho para seus olhos ainda me recuperando do meu próprio
clímax. Há uma alta camada de prazer em seu rosto que
desconheço.
— Não vai gozar? — pergunto, ainda o sentindo se mexer
dentro de mim só que ainda mais devagar.
— Sim, mas não dentro de você.
— Por que não dentro de mim?
— Você não toma anticoncepcional, Laura — explica,
mordendo minha clavícula e saindo de dentro de mim. Sinto-me
vazia assim que ele se retira. — Baby, bate uma para mim. — Pede
roucamente.
Não respondo nada, apenas guio minha mão para o monstro
entre suas pernas, e puta que pariu é realmente grande e grosso,
coube dentro de mim não sei quem é anormal. Ele por ser longo ou
eu por aguentar. Concentro-me em apertar de leve para não
machucar, assim como nos filmes pornôs que vi, começo a apertar a
glande e coloco pressão com o polegar e depois desço com a minha
mão fechada ao redor dele, começo a subir e a descer rapidamente.
Seus gemidos em meu ouvido fazem com que eu fique molhada, seu
timbre parece ainda mais rouco. É gostoso de ouvir.
— Porra, Laura, assim não vou durar muito — diz entre
suspiros pesados.
— Seu pau é gostoso, seu polícia, não vejo a hora de tê-lo em
minha boca!
— Ainda não.
— Porra! Geme e goza em minha mão.
Seus olhos cruzam o meu e quando abro a boca para dizer
algo, a sua boca bate contra a minha asperamente, sua mão em
minha nuca me segura firme, não há doçura, somente uma aridez
desconhecida por mim. Ele se afasta quando o ar falta.
— Agora sou realmente sua? — pergunto puxando o ar.
Ele ri e beija minha testa carinhosamente.
— Em algum momento você não foi minha? — questiona.
— Reformulando você é realmente meu agora, tipo
namorados prestes a ir ao noivado seguido pelo altar?
— Laura, já éramos namorados mesmo sem um título
específico, e já te pertenço há um tempo. Deveria prestar mais
atenção no que falo.
Abraço-o fortemente sabendo que agora estamos unidos
oficialmente. Esta madrugada estou cansada, mas domingo quero
passar o dia cavalgando em seu pau. Sempre gostei de rodeios.
Credo que dorzinha gostosa!
Espreguiço-me um pouco e bocejo sorrindo logo em seguida
ao lembrar da madrugada maravilhosa que tive com o meu homem,
agora finalmente ele é meu. Somente meu! Olho para o lado e não
sinto o bendito, minha alegria diminui dez por cento, infeliz! Olho
para a cabeceira da cama e dou um pulo a ver a hora, puta que
pariu. Meu Deus! Vou ser demitida, tenho certeza disto. Quando vou
dar um pulo da cama, caio no chão pelo susto que levo ao sentir uma
baita dor na minha perseguida. Ah, como dói!
— Meu Deus, Laura! — exclama o motivo da minha dor, me
erguendo do chão. — Você está bem?
Olho para seu rosto, sua barba, sua boca e por fim me
recordo de tudo que aconteceu, minhas bochechas esquentam, levo
minhas mãos em meu rosto envergonhada, misericórdia, essa boca
ontem esteve na minha piriquita. Ai que tudo! Ouço ele rir
descaradamente de mim. Safado! Sua gargalhada vai ficando cada
vez mais sonora. É gostosa de se ouvir, mas eu preferiria que ele
não risse de mim.
Até horas atrás subia e descia em meu pau dentro de uma
piscina, e agora está envergonhada? — pergunta.
— Laura, minha menina, se todas as vezes que transamos
você ficar envergonhada vai ser difícil...
— Vai ter mais transa? — sondo, tirando as mãos do meu
rosto e olhando para ele esperançosamente.
— Por mim todos os dias. — Sua tranquilidade ao falar isso
me deixa de boca aberta.
— Laura, te quero agorinha mesmo, porém, você está dolorida
e por esta razão vamos esperar uns dias. — Deposita um beijo em
minha testa. — Tome um banho, já avisei minha irmã que não poderá
ir hoje ao trabalho. — Te aguardo lá embaixo para o café da manhã.
— Ele sai andando para fora do quarto.
Jogo-me de volta na cama sorrindo boba, ele me quer de novo
e de novo, será que ele sente o que sinto por ele? Será que me ama
como o amo? Minha cabeça está tão bagunçada quanto antes, agora
por alguma razão desconhecida sinto medo deste relacionamento
sem nome acabar. Todo mundo fala que quando nos entregamos ao
um homem ele perde o interesse, será que comigo será desta
maneira? Eu o amo, o amo mais do que tudo. Entretanto, sou mais
nova que ele. Menos experiente e irresponsável. Gostaria tanto de
poder dizer que tudo dará certo, mas vejamos: é uma meia-verdade.
É óbvio para qualquer um que somos diferentes de todas as
maneiras, não faço o tipo ideal dele por mais que viva me
declarando, correndo atrás e implorando seu amor. Até quando ele
aturará minhas criancices. Posso ter perdido minha virgindade, mas
ainda não sou uma mulher feita. Sou só uma recente ex-virgem.
Passo as mãos pelos meus cabelos frustrada.
Ergo-me da cama arrastando meus pés até o banheiro onde
faço xixi, retiro o blusão do Arthur que visto, jogando-o no cesto de
roupa suja. Entro no box abrindo o chuveiro e permitindo que junto a
água morna minhas lágrimas também rolem por meu peito. Eu não
entendo o porquê de toda essa insegurança dentro de mim. Era para
estar festejando, soltando fogos de alegria, mas ao invés disso o
medo me consome como se tudo fosse dar errado a partir deste
instante. Há uma guerra se formando dentro do meu peito. Tudo se
misturou. Soluço desesperadamente, agachando-me no box. Puxo
os fios do meu cabelo na necessidade de banir a dor em meu peito,
mas não consigo, então começo a puxar com mais força. Quero
gritar, mas não consigo, somente soluços dolorosos escapam por
minha garganta.
Por que as lembranças desta madrugada que me fazia tão
feliz agora me assustam tanto? Deus, por que estou tão confusa?
Ah! Grito por fim puxando mechas de meu cabelo, meu couro
cabeludo arde. Sinto-me sufocada. Pouso a mão sobre meu peito e
bato nele desesperadamente. Não era para ser assim. Sussurro. Era
para ser como nos meus sonhos, mas parece um pesadelo.
— Laura! Ouço sua voz e logo em seguida a água para de cair
restando apenas minhas lágrimas. — Minha menina — sussurra,
pegando-me em seus braços, tirando-me do chão e eu só soluço. Ele
me põe sobre a cama e me abraça.
— Vou molhar os lençóis — digo baixo.
— Foda-se a cama, os lençóis — diz, apertando-me com
força. — O que houve, Laura?
— Eu estou com medo — confesso, chorando vigorosamente.
— O que teme? — Sua voz está calma, mas há certo
desespero.
— De me deixar após essa madrugada — respondo,
transparecendo meus medos e dores.
— O que a fez cogitar tal absurdo? — pergunta, virando-me
para si e olhando em meus olhos.
— Seus olhos demonstram uma raiva contida. — Sua
respiração agitada faz com que eu me pergunte o que se passa em
sua cabeça.
— Arthur, desde o início fui eu que o procurei. — O desejei. O
cacei. Implorei seus beijos; seus abraços; seus toques e seu afeto.
Tudo fui eu! — exclamo, cansada. Eu fiz tudo. — Eu me joguei em
sua vida; em seus braços. Busquei você de todas as formas. Você
não me convidou para sua vida, eu entrei sem ser chamada e por
alguma razão que minha cabeça desconhece fiquei, mas até
quando? — pergunto, rindo tristemente.
— Laura...
— Não, me ouça. — Peço, interrompendo-o. — Eu sou feliz,
alegre e amo amar as coisas e as pessoas eu...
— Eu te quero em minha vida — acrescenta, não permitindo
que eu continue. — Garota, você só entrou em minha vida porque eu
quis. — Eu não costumo ser gentil com pessoas que prendo e seja lá
qual for a causa — diz, firme. — Eu a desejei em minha vida, a deixei
ficar e cometer seus delírios apaixonados. Laura, não se diminua
tanto. Não sou de expor meus sentimentos como você, mas você é a
única que dorme em minha cama, que fica em minha casa e a única
a invadir meu coração. Não se perturbe tanto. Minha menina, essa
madrugada foi perfeita. Eu amei estar com você de uma forma tão
íntima, não pretendo lhe deixar. — Ele me aperta contra si, beijando
o topo da minha cabeça.
O abraço e choro, meu peito fica mais leve com suas palavras
meus medos aos poucos vão se dissipando. A mente prega tantas
peças. Relaxo em seus braços, sinto seu carinho sobre mim. Acho
que agora entendo o porquê de amar doer tanto.

Cuidei dos machucados no couro cabeludo de Laura, sequei-a


e a vesti enquanto ela dormia profundamente. Sento-me na poltrona
encostada no canto do quarto e a observo cuidadosamente. Ele se
feriu devido a uma pequena crise de ansiedade. Suspiro
pesadamente. Seus medos são reais, e não a culpo por isso. Eu
deveria ter demonstrado melhor, entretanto, a meu ver eu
expressava o suficiente do que sentia, vejo o quão errado estava. Ela
anseia por meus cuidados e por palavras de afetos que tenho
dificuldade em dizer. Não a culpo por querer tanto assim, condeno-
me por não transmitir meus sinceros sentimentos. E eu me tornei o
menino tolo. Que vergonha. Fecho meus olhos e puxo o ar. Esta
garota me desarmou mais uma vez. Ela me deixou sem chão, sem
força e sem coragem para lutar contra os melosos sentimentos que
crescem dentro de mim. Eu sabia que suas loucuras me deixariam
sem palavras, mas, na verdade, suas loucuras me trouxeram calor, e
vida para o preto e branco que vivia.
Ponho-me em pé e caminho até à cabeceira da cama, pego
meu celular, vou para a sacada respirar o ar fresco de outono, depois
de tantos dias quentes o céu por fim ficou nublado e o ar mais fresco.
Apoio-me ao balaústre e disco o número de alguém mais sábio que
eu.
— Posso saber por qual razão meu menino me liga? —
pergunta minha mãe.
— Não posso querer ouvir a voz de minha mãe? — questiono.
— Pode, é claro que pode, mas achei que estaria ocupado já
que não permitiu que Laura fosse trabalhar hoje — comenta, e tenho
vontade de enforcar a fofoqueira da minha irmã.
Suspiro e sorrio pelo nariz, minha mãe e irmã são duas
fofoqueiras de uma figa que amam comentar sobre a vida dos outros.
— Deveriam cuidar mais da vida de vocês — sibilo.
— Até deveria, mas cuidar da vida dos outros é mais divertido.
E a sua é um carretel de emoção, filho — diz, alegremente. — Nunca
em sua vida houve tanta ação como agora.
Essa mulher é má. Ama jogar na minha cara a vida monótona
que eu tinha.
— Mãe, por favor, tenha compaixão por teu filho. — Peço. —
Mas gostaria de lhe pedir ajuda.
— O que houve? — Seu tom fica mais sério. Ela sabe que
raramente peço ajuda para algo.
— Eu e Laura dormimos juntos e nesta manhã após acordar
ela teve uma crise em que puxou os fios de seus cabelos
desesperadamente com medo de que eu a deixe já que entregou sua
virgindade para mim. — As palavras saem por meus lábios
vagarosamente com tristeza.
— Arthur, Laura é uma menina sonhadora que pensa que
podemos viver um conto de fadas mesmo estando em um mundo
real e cruel. — Ela faz uma pausa como se estivesse buscando uma
maneira certa de continuar falando. — Filho, por te amar ele teve
estes medos. Você é quente como o polo sul em termos de
demonstrar o que sente — diz. — Ela provavelmente perdeu a
confiança em si mesma depois que lhe entregou sua virgindade, pela
primeira vez a fumaça brilhosa que estava diante de seus olhos caiu,
e ela viu como poderia ser sua realidade, não estou dizendo que é
um cafajeste que irá rejeitá-la, mas ela entendeu que isto pode
acontecer. — Seu suspiro pesado demonstra o quanto esse assunto
é delicado. — Ela te ama de uma forma que eu achei impossível,
nem mesmo eu, com toda esta minha loucura faria metade do que
ela faz para ser amada por você.
— Eu sei, eu sei — digo. — Ela se dedicou a me ter em seus
braços.
— Ela conseguiu, só não percebeu — ela comenta e gargalha.
— Ela se esforçou tanto naqueles dias para que olhasse somente
para ela, mas nem mesmo percebeu que seu olhar a seguia onde
quer que ela fosse. — Suas palavras me fazem rir. Você não
escondia que ela te pertencia, nenhum som saía de sua boca, mas
seus olhos transmitiam tudo. Achei que fosse matar o Patrick, e ela
nem ao menos percebeu o quanto você, Arthur Sokolov, marcou
território.
— Acho que preciso ser mais claro com meus sentimentos —
comento alto.
— Ou talvez devesse colocar a porra de um anel no dedo
dela, acredite será muito mais claro para ela.
— Um anel? — questiono.
— Sim, um de compromisso bonito e chamativo — diz. —
Essa menina quer que todos vejam que estão juntos, acredite é o
sonho dela.
— Vou ir em uma joalheria então.
— Cuide dos machucados dela e observe melhor suas
atitudes, se puxar os fios de seu cabelo for algo constante leve-a em
um psicólogo — instrui, arduamente.
— Eu sei, cuidarei e a observarei melhor, obrigado, mãe.
— Amanhã é domingo traga a Laura e sua sogra para
almoçarem aqui.
— Chamarei — digo, e ela desliga.
Minha mãe e dona Solange juntas? Puta que pariu,
francamente estas duas irão se amar, temo até pensar o quão fodido
vou estar.
Volto para o quarto e vejo Laura acordada. Seus olhos se
fixam nos meus e sorrio para ela. Por alguns segundos ela encara o
meu rosto e por fim, abre seu belo sorriso.
— Seu polícia, eu estou bem — comenta, calmamente. —
Não precisa me olhar assim. Mas antes que me alimente com
comida poderia fazer algo que me deu vontade? — pergunta,
sapeca.
— O que deseja? — pergunto, já imaginando o que pode ser.
— Pode chupar minha perseguida de novo? — pergunta na
cara dura e gargalho. — Não podemos fazer de novo porque estou
dolorida, mas podemos fazer outras coisas.
— Podemos sim, mas antes, quero que me prometa que não
puxará seus cabelos como fez hoje. — Olho em seus olhos enquanto
falo.
— Eu não sei por qual motivo eu fiz aquilo.
— Laura, se isto voltar acontecer fale comigo. Se precisar a
levo ao psicólogo.
— Não! Eu não sou doida para ir ao hospício.
— Minha menina, buscar um psicólogo não é vergonha e
muito menos é sinal de loucura, mas todos somos loucos — digo,
calmamente.
— Entendi, me desculpe, mas caso sentir que preciso te falo
— me tranquiliza. — Agora pode me beijar lá embaixo?
Sorrio e me aproximo da cama, subo nela e engatinhando até
a Laura, subindo em seu corpo me posicionando entre sua perna.
— Não peça mais de uma vez. — É uma honra para mim,
beijar sua boceta, chupá-la —digo baixinho.
— Você é safado, muito safado.
Gargalho com sua observação.
— Percebeu agora, Coelhinha? — pergunto, inclinando-me
sobre seus lábios. — Você ainda não viu nada.
— Você só está começando?
— Eu ainda nem comecei.
Ela abre a boca surpresa, aproveito e a beijo com ternura, ela
é o meu fim.
Vai dar merda!
Isso com toda certeza vai dar merda!
Puta que pariu onde estava com a cabeça quando concordei
com isso? Minha mãe e minha quase sogra versus as tias do seu
delegado e a cobra da Patrícia no mesmo lugar? É certo que coisa
boa não sairá. Olho para minha mãe, enquanto ela arruma o vestido
florido rosa, ajeito meu macacão longo bege e passo a mão por meu
rabo de cavalo alto. Seu delegado está bem-vestido com uma calça
moletom e uma blusa de manga longa preta, simples, mas lindo que
chega doer minha visão, aí que delícia este homem. Bem-dotado e
tudo mais, meus quase sogros souberam fazê-lo direitinho, ele é
meu sonho por completo de puta, sou muito bandida, meu sonho é
que ele me algeme, me bata e me chame de safada! Nossa Senhora
do céu estou divagando meus mais eróticos desejos. Ardida estou,
mas uma sentada não nego.
Assim que o carro é estacionado na grande mansão Sokolov
desço e minha mãe faz o mesmo. Ela carrega a travessa de lasanha
de frango caseira que é um espetáculo. Passo a mão pela minha
roupa, nervosa. Arthur surge ao meu lado segurando minha mão. De
onde estamos dá para ouvir o pagode antigo, e gritos que
acompanham a música. Dona Solange deve estar com as pernas
tremendo para poder sambar, minha mãe ama um samba. Quem não
gosta? Seguimos pela trilha de pedra e logo avisto a casa com
algumas pessoas sentadas em redes, outras na mureta da varanda,
mas o melhor é o povo da piscina que parece nem ligar para o tempo
nublado. Rico é gente como a gente. O cheiro de carne assada é o
melhor, amo churrasco. Hoje tiro a barriga da miséria, onde sentar só
saio quando a comida acabar. Nasci para pesar cem kg, mas a
magreza natural não permite, amém!
Quase choro ao ver Alyane, temos tantas coisas para
conversar. Antes que eu saia correndo a vaca corre até mim,
sorrindo alegremente com seu short c preto e uma regata vermelha,
linda esta mulher! Antes que eu possa pensar em algo ela me agarra
e beija meu rosto feito louca. Ficamos nos abraçando e rindo feito
doidas. Ela pula e eu pulo junto. Aperto sua bunda e ela a minha.
Ela é a irmã que meus pais não me deram. É tão ruim ser filha única
às vezes, eu amo ser amada exclusivamente pela minha mãe, mas
adoraria ter tido alguém para dividir o quarto a noite e implicar a todo
instante. Bem, eu não sou filha única, mas meu irmão e eu nunca
nos demos bem. Ele não fala comigo e nem respondo quando
mando, um simples “oi”. Tanto ele quanto meu pai fazem questão de
ignorar minha existência. Queria receber ao menos um abraço de
Natal e Ano Novo deles, mas como diz minha mãe não dá para
querer amor de quem não sabe amar.
— Laurita, do meu coração você chegou! — exclama. — Esse
almoço estava tão sem graça sem você.
— Essa sua irmã não bate bem não. — Ouço minha mãe
dizer. — Mas gostei dela — diz para Arthur. — Laura vai ter uma
amiga no hospício.
— Com toda certeza vai. — Concorda meu policial sexy.
— Eu não sou doida — protesto. — Apenas vivo bem minha
vida — digo, sorrindo.
— Dona Solange é uma honra conhecê-la! — Alyane vai até
minha mãe, abraçando-a sem jeito por conta da travessa.
— O prazer é meu — diz minha mãe, sorrindo. Onde posso
colocar essa travessa? — minha mãe pergunta, olhando em volta.
— Vamos até minha mãe que saberá melhor do que eu onde
por — Alyane comenta e sai andando na frente.
Arthur pega minhas mãos e caminhamos juntos para trás da
casa, mas vamos por fora, estou curiosa sobre como deve ser esta
casa por dentro, mais tarde peço para Lyane me mostrar. Paro ao ver
uma grande varanda onde há uma mesa de madeira gigante no
centro coberta por uma toalha de mesa enorme azul. O banco sem
encosto deixa o ar mais rústico. Vejo meu quase sogro na
churrasqueira com outro senhor que não conheço, deitado em uma
rede na sombra está o marido da Alyane. Percebo que Daniel
sempre se mantém distante de todos, mas não o julgo se eu não
fosse de farra também amaria ficar na minha ignorando o resto.
— Ah, vocês chegaram! — exclama minha sogra, vindo até
nós em passos largos, ela sorri abertamente. — Olá, Solange, sou
Silvana Camargo, mãe do Arthur. É tão bom que enfim possamos
nos reunir para conversar — comenta, beijando o rosto da minha
mãe.
— Sou Solange Santinni, mãe da Laura. — Oh, meu Deus!
Minha mãe está sem graça. — Fico contente que enfim estamos
reunidos. Trouxe lasanha caseira para acrescentar no almoço —
mamãe informa, estendendo a travessa para minha sogra.
— Amo lasanha caseira, dona Silvana, e querida é Sokolov
seu sobrenome — diz meu sogro com seu sotaque russo. — Fico
feliz que tenha vindo.
Ele aperta a mão da minha mãe, pega a travessa e carrega
para uma mesa no centro onde há várias travessas recheadas de
comida.
— Não lembro de ser um crime usar meu sobrenome —
rebate, minha sogra rindo.
— Não é, mas prefiro que use o meu! — fala Nikolai, rindo
abertamente.
— Você poderia ser igual seu pai, né? — digo para o seu
polícia, que me olha com uma sobrancelha erguida.
— Ser igual ao meu pai? — questiona.
— Sim, atencioso, carinhoso e falar bobeiras assim —
comento, fechando meus olhos. — Seria meu sonho de puta todinho!
— Minha filha, se seu sonho de puta é ele ser atencioso e
bocó, não é um sonho e sim um pesadelo para você! — Minha mãe
fala e todos riem.
— Sinto muito, Laura, mas meu filho não puxou nem a mim ou
a mãe, e sim ao seu avô. Ele é sério e tem a aparência do meu pai
— diz meu sogro, abraçando Silvana por trás. — Mas, ele sabe ser
atencioso quando quer!
Dou de ombros e olho mais uma vez à minha volta, e ainda
acho que vai dar merda minha mãe aqui com a minha sogra. Posso
dizer que estou rezando para que não tenha barraco, mas a questão
é que minha mãe ama um. Graças ao bom Deus sou mais contida e
controlada, mas acreditem quando digo que por ser controlada não
significa que eu vá perder uma briga, porque tudo que bate volta. Se
elas vierem quente eu vou pelando e ainda dando pirueta para trás e
para frente. Sou na minha, mas ser quieta não é ser santa.
Minha mãe e meus sogros começam a conversar sobre não
sei o que. Lyane me puxa para dentro da casa, mas antes Arthur
beija minha testa e vai em direção ao Daniel, sorrio boba com seu
gesto carinhoso. Como imaginei a casa é um espetáculo, não vi
muito, mas já me apaixonei pelo que estou vendo. Este lugar é
maravilhoso. Não é puro luxo, é simples, porém, elegante. Eles
realmente não gostam de ostentar. Sou puxada para o andar de cima
às pressas, só rio da minha cunhada que não para de rir. Puta que
pariu, somos duas hienas! Ao menos somos felizes.
Aliás, felicidade é tudo. É vida. É paz e não tomar conta da
vida dos outros. É isso, desejo para todos felicidade porque pessoas
sorrindo não desejam mal a ninguém.
Ela me arrasta para um quarto e fecha a porta com tudo,
trancando-a.
— Me conte agora como foi transar com meu irmão? —
pergunta com brilho nos olhos.
— Então, na hora foi um máximo sabe? Fizemos na piscina e
ele foi tão carinhoso, gentil, e atencioso. Ele foi firme, mas nem tanto
— confidencio. — Mas fiquei com tanto medo ao amanhecer —
revelo, tristonha.
— Como assim teve medo? — questiona.
Por alguma razão eu choro, choro porque ainda tenho minhas
dúvidas mesmo com Arthur conversando comigo e dizendo que
agora somos um casal, porém, não é só essa questão que me abate.
O simples fato de ele ser mais velho, mais sábio e com a vida ganha
faz com que eu sinta pavor de não ser boa o suficiente para ele e
para mim. Temo não poder ser uma mulher digna da sua potência
masculina. Entretanto, se eu for sincera temo perder a mim mesma
para este mundo que estou descobrindo. Não sei como olhar para
Alyane e lhe dizer todos os meus medos. É normal, temer sair da sua
zona de conforto?
— Medo de como seria o depois, o agora e o amanhã — digo.
Ela me olha e sorri.
— Eu também tive esses medos, mas confesso que para mim,
foi pior — confessa, sentando-se na cama ao meu lado. — Eu tinha
dezesseis anos e queria fazer o que todo mundo estava fazendo.
Queria saber como era amar corpo a corpo, mas o garoto não era o
certo. Não, ele não era, mas ainda sim pensei que era. Pensei que
tudo daria certo. Imaginei um verdadeiro conto de fadas. Mas ele não
foi gentil e nem ficou ao meu lado. Só meteu e saiu. — Ela ri com
amargura e segura minha mão. — Mas quatro anos depois eu fiz de
novo com o Daniel, e ele foi um príncipe. Arrumou velas, pétalas de
rosas e me amou com ternura, delicadeza e paixão. Ele amanheceu
ao meu lado e desde então nunca saiu. Ele apagou qualquer vestígio
do que veio antes dele. Considero que minha primeira vez foi com
meu marido. — Seus olhos brilham ao falar do Daniel. — Ele não é
perfeito, mas sempre segurou minhas mãos. Temos nossas brigas,
desilusões, mas conseguimos nos resolver. Ser um casal não é ter
uma vida perfeita, é ter o oposto disto. É saber lidar com as
diferenças — diz, calmamente.
— Seu irmão e eu somos tão diferentes um do outro.
— E é isso que faz de vocês dois perfeitos um para o outro —
fala, rindo. — Arthur é arrogante e por incrível que pareça ciumento
também, possessivo. Acredite, não é você que o vigia, mas sim ele
que te observa. A diferença é que você escancara o que sente, ele
não.
A esperança volta a reinar em meu coração, amém!
— Eu não sabia...
— Agora sabe e use isso ao seu favor, mas com cautela.
Pego a dica e pisco.

Eu sabia que deveria ter fugido, desta reunião, mas aqui estou
eu. Vendo minha mãe, minha “sogra” e minha tia brigando por quem
sabe mais sobre maridos. Minha sogra toda hora olha para um lado e
para o outro em busca de algo, ouso arriscar dizer que é uma
vassoura, porém, desta vez não será para tentar atolar no meu cu.
Bebo meu suco tranquilamente, optei por não beber hoje. Suspiro
olhando o céu azul, essas mudanças climáticas estão uma merda,
abaixo me olhos e encaro Daniel que parece estar em uma ressaca
dos infernos. Puxo meu banco mais para perto dele na rede e sorrio.
— Esqueceu como se bebe?
— Quem me dera fosse ressaca, mas é só Mayra infernizando
minha vida — diz, e ergo uma sobrancelha.
— Como assim Mayra te infernizando?
Ele suspira e põe a mão no rosto, bebendo um pouco de sua
cerveja.
— Sua irmã não gosta de ninguém e você sabe disso. — A
amargura em sua voz ao falar da minha irmã é visível. — Ele está
com um papo estranho de que tenho que por juízo na sua cabeça, eu
até mesmo disse que seus assuntos são seus e de mais ninguém.
Não cabe a mim me envolver, porém, ela não para de insistir em
tentar agendar um encontro de casal com você e Patrícia. Sei que
não gosta destas merdas e por esta razão não comentei antes.
Passo a mão no meu cabelo e respiro fundo. Minha irmã tem
que aprender a ficar na sua.
— Conversarei com ela mais tarde.
Ele só balança a cabeça em concordância e nada mais diz.
Reuniões de família nunca acabam bem, é certo isso. Família
unida é maravilhoso, mas reunida é uma desgraça. Para piorar,
minha tia Sueri está aqui, a velha nunca gosta destas reuniões de
acordo com ela é dor de cabeça esse pagode sem graça ou classe, e
todos se remexendo para e lá e para cá. Sempre tive uma vontade
imensa de dizer a ela que se não gosta não vem, porém, isso só
pioraria o momento em família. E Deus me livre fazer algo assim.
Quero viver em paz não em guerra.

Observo Laura se divertindo com a minha irmã, ambas dão


boas risadas que hora ou outra atraem atenção de quem está em
volta. Todos já almoçamos após grande fila ao redor das travessas e
panelas, a lasanha da dona Solange acabou num estalar de dedos
sorte a minha que consegui pegar uma generosa fatia. Aliás, ela e
minha mãe se tornaram grandes amigas em poucos segundos tenho
quase certeza de que a missão delas é falar mal do terrível Arthur,
minha orelha queima por conta da má língua delas.
Levanto-me calmamente e jogo o copo de vidro em minha
mão no chão, a companhia de Laura não está me fazendo bem. Não
mesmo, estou à beira da loucura por conta dela. Ela gosta de ser
amada publicamente, então farei isso. Darei a ela uma alegria só
para vê-la sorrindo para mim. Se um dia alguém perguntar por que
fiz isso direi que a culpa foi da cachaça.
Todos me olham e sei que chegou a hora.
— Se vocês puderam calar a porra da boca agradeço! — Na
mesma hora o silêncio de faz presente. Culpo desde já a cachaça
que nem bebi. — Obrigado! Gostaria sem muita enrolação pedir a
Laura em namoro oficialmente — digo em alto e bom som. — Todos
sabemos que não sou de enrolar e muitos menos gosto de perder
tempo. Gosto desta criança adulta que me dá dor de cabeça a cada
segundo e gostaria de passar meu tempo ao seu lado. — Olho para
Laura que está em choque, mas o amplo sorriso se encontra em seu
rosto perfeito. — Se a dona Solange me permite quero assumir um
compromisso sério com sua filha.
— Estava achando que teria que enfiar um pau no teu rabo
para apressar essas palavras aí russo dos infernos — fala minha
sogra, bebendo seu vinho.
— Laura, quer namorar comi...
Não termino a frase porque um furacão se joga em meus
braços me beijando e gargalhando abertamente.
— Você é oficialmente meu, seu polícia, só meu! — Seguro-a
em meus braços e dou um sorriso.
— Sim, seu! — confirmo.
Coloco-a no chão e tiro a caixinha de vermelho veludo do meu
bolso, quando abro, ouço um burburinho da boca dos presentes,
ignoro e pego a mão de Laura direita e deslizo em seu dedo um anel
de ouro branco com pequenas pedras, e antes que possa dizer algo
ela coloca a outra aliança em meu dedo. Sorrio e lhe beijo ouvindo
gritos e palmas.
— Sabia que tinha mau gosto, mas não tanto assim, Arthur! —
berra alguém, mas sei que é minha tia.
— O que você disse, sua defunta? — grita minha sogra,
jogando sua taça no chão e colocando a mão na cintura, enquanto
segura uma vassoura.
Olho à minha volta e como diabos aquela vassoura foi parar
tão rápido em suas mãos?
Minha mãe segura o riso, meu pai se senta bebendo sua
cerveja relaxado, e todos aguardam o inferno começar.
— Eu sabia que ia dar merda! — comenta Laura.
— Como? — questiono.
— Minha mãe e sua tia, eu sabia que coisa boa não sairia.
Não comento nada, apenas a puxo para um canto enquanto
as duas senhoras se olham prestes a sair no tapa, eu poderia
interferir, mas ver minha tia apanhando é um sonho.
— Olha só, sua baranga de quinta, me respeite que não sou
da sua laia — brada minha tia, jogando seus cabelos para trás.
— Não é? — questiona Solange, erguendo o cabo de
vassoura.
— Não, eu não sou! — responde tia Sueria.
— Se não é por que está arrumando barraco comigo, hein,
velha murcha? — indaga, e antes que minha tia possa abrir a boca
dona Solange para diante dela e bate com o cabo da vassoura em
sua cabeça. Ouço o som do impacto. — Olhe só, madame, deixe os
jovens serem felizes, e vá caçar alguém para foder sua boceta
fedorenta, porque só quem não transa é ranzinza assim.
— Minha boceta é cheirosa — diz minha tia, batendo em sua
vagina. — Vem cá, cheira e chupa, vagabunda.
— Caralho, tia Sueri desceu no barraco — fala Miguel, rindo.
Olho para meu primo e reviro os olhos, às vezes me questiono
se ele é mesmo psicólogo.
— Eu chupo rola e não boceta, velha rica rebaixada! — dona
Solange diz, dando as costas.
Minha tia dá dois passos à frente puxa o cabelo da minha
sogra, e aí meus amigos a baixaria começa. Dona Solange se vira e
mete um soco na cara da minha tia que cai no chão soltando o
cabelo dela, que a derrubou. Ninguém se mete. Ela joga a vassoura
para o além e sobe em cima da velha dando tapas fortes que
estalam a alma na cara de minha tia que tenta de todas as formas
revidar.
— Mãe, pelo amor de Deus para de barraco!
— Cale a boca, Laura, senão apanha junto!
Minha namorada fica quieta enfiando a cabeça em meu peito,
abraço-a e beijo o topo da sua cabeça. Miguel ao meu lado filma a
cena explanando para alguém.
— Então, Família Camargo Sokolov que não puderam
comparecer hoje, informo-os que estão perdendo a barraco do
século nesta família — diz, apontando a câmera para as velhas
brigando. — Informo também que no vídeo anterior nosso Arthur,
vulgo caveira que não casa, está namorando uma novinha que se
não fosse dele eu pegava para mim e casava em Vegas!
Dou um olhar mortal para o filha da puta que só sorri divertido,
essa porra é mesmo psicólogo?
— Arthur, faça alguma coisa! — Pede Mayra.
— Eu? De forma alguma, elas que se matem!
Os olhos da minha irmã brilham de raiva.
— Prima linda do meu coração, saia da minha frente que está
atrapalhando as minhas filmagens. — Pede Miguel, empurrando-a
para longe.
— Você tá doido? — Mayra pergunta, dando um tapa em seu
ombro.
— Claro que estou, não vê? — especula, e gargalha.
Os dois entram em uma discussão sem nexo. Reviro meus
olhos e viro minha cabeça e encaro meu pai que sorri e faz um
pequeno aceno com a cabeça.
Afasto Laura um pouco, caminho em direção as duas
barraqueiras, mas paro um pouco distante. Levo a mão até minhas
costas e tiro minha pistola o cós da minha calça. Destravo-a e aponto
para as duas com o dedo no gatilho.
— Acabou a palhaçada, as duas de pé agora!
— Tá se achando com essa arma — debocha minha sogra,
segurando o pescoço da tia Sueri.
Respiro fundo, aponto a pistola para o céu e dou um tiro.
Gritos ecoam na mesma hora as duas se afastam.
— Peço que ambas se acalmem, levantem e vão se limpar —
digo, calmo. — Mas antes deixe-me informá-la que da minha vida
cuido eu. Quem eu namoro ou não, não diz respeito a ninguém.
Parem de se intrometer onde não são chamados. — Suspiro e olho
para Daniel. — Liga o som que a festa continuará. — Espero não ter
que apontar minha arma para mais ninguém.
Olho para Laura que me olha com certa excitação e sorrio.
Não é que realmente deu merda!
Observo meu delegado sexy dormir calmamente, pela escuridão do
quarto não consigo ver ao certo seu corpo, mas como gravei cada
detalhe em minha cabeça para não esquecer, basta fechar meus
olhos que vejo cada detalhe deste maravilhoso corpo. Arthur
algumas vezes costuma dizer que é velho, mas puta que pariu um
velho desse é mais que um sonho de princesa é um sonho de puta.
Eu amo ser a puta perfeita para ele, não, sou perfeita para mim
mesma. Sou completamente apaixonada neste homem de quase
quarenta anos. Uma vez ou outra me pergunto se todos os velhos
são gostosos assim, não que o seu polícia seja velho, longe disso, é
que ele tem mais experiências do que eu e por Deus, esse homem
sabe como meter bem gostoso, o único problema é que nesse exato
momento está dormindo e não transando comigo como se fôssemos
dois coelhos no cio. Levanto-me da cama, pego meu celular e saio
de fininho do quarto para não acordar meu delegado sexy.
Desço as escadas e ando até o sofá, busco no aparelho em
minhas mãos o contato de alguém que eu possa conversar, quando
passo pela letra M o nome do Miguel brilha. Juro pela Nossa
Senhora do céu que o nome dele parece até purpurina de tanto que
brilha. Desde que o conheci no dia do vai merda, o qual formalizei
minha relação com o Arthur, salvei seu contato, mas até agora não
tive lá muita coragem de mandar um simples “oi” para ele no chat.
Mas hoje sem vergonha na cara clico no verdinho e antes mesmo
que eu pense em encerrar a ligação o psicólogo gato atende.
Que o seu polícia não me ouça chamando o Miguel de gato!
— Por qual inferno ao invés de estar transando se encontra
ligando para minha pessoa? — Sua voz rouca de sono me faz rir.
— Estou me fazendo a mesma pergunta.
— Laurinha, aconteceu alguma coisa para estar me
telefonando neste horário terrível onde você deveria estar com um
pau bem fundo em você e eu dormindo feito um bebê?
Eu juro por Deus que esse homem deve ser comediante,
Miguel é um cara sem filtros, puramente doido e eu o adoro por isso.
Sua sinceridade é a força para que eu possa ser aberta com ele,
mesmo que isso signifique que sou tão louca quanto ele, enfim com
ele sinto que possa ser mais sincera do que já sou.
— Então, não sei como acordar o seu polícia para transar! —
confesso.
— Deixe-me ver se entendi, você não sabe como acordar seu
namorado para transar?
— Exatamente. — Suspiro e mexo em meus cabelos,
nervosa.
— Bem, isso não deveria ser algo tão complicado, mas
recomendo que vá e o chupe sem pudor algum. — Quase engasgo
com suas palavras. — Um homem gosta de ser chupado, dê isso a
ele, Laurinha. Pegue a jiboia, leve até os lábios, chupe a cabeça
lambe como se fosse um picolé e aos poucos vai enfiando e
rodeando a língua sobre a base, quando ele estiver em sua garganta
tente dar uma sugadinha para tirar o veneno, faça isso até não
existirem vestígios algum do terrível veneno.
Entendo sua explicação perfeitamente.
— E depois que tirar o veneno o que faço? — Minha cabeça
dá um pequeno branco.
— Confie no delegado diante de você que ele saberá o que
fazer com a rã.
— Rã? — questiono.
— É a perereca. — Sua seriedade ao falar isso é engraçada.
— Agora, Laurinha, deixe-me ir dormir que acordo cedo para
trabalhar.
— Está bom, obrigado, Miguel.
Ele desliga e eu fico olhando para o teto.
Em um salto, coloco-me de pé e subo as escadas
ligeiramente, vou fazer o que ele disse pôr a jiboia na boca e sugar o
veneno. Simples e fácil, o que pode dar errado? Nada! Abro a porta
do quarto e entro feito sombra, fecho-a sem fazer barulho e em
passos leves feito pena caminho até à cama. O colchão afunda, mas
quem disse que ligo, engatinho até o delegado, parando centímetros
da sua cobra. Tiro o cobertor de cima dele com cuidado, e quase
choro por baixo ao ver uma boa marcação sobre a cueca branca
boxer, puta que pariu que delícia, um pecado capital. Amo pecar
quando é com esse homem.
Levo a mão até o cós da sua cueca e começo a tentar descê-
la, mas vejamos não é tão fácil quanto pensei. Suspiro frustrada.
Tento de novo e nada, e seu tentar simplesmente enfiar a mão e pôr
a jiboia para fora não dará certo, não será mais uma surpresa.
— Quer que eu erga um pouco meu corpo para que possa
tirá-la com mais facilidade?
— Seria de grande agrado, seu polícia — respondo e puta que
pariu. — Você está acordado! — Ponho a mão sobre a boca e quase
choro em desespero.
— Sim, estou desde o segundo em que se levantou da cama,
mas me questiono o que você quer fazer?
— Quero pôr a jiboia na boca e sugar o veneno — esclareço,
simplista, massageando a cabecinha dentro da cueca.
— Andou falando com o Miguel? — pergunta.
— Só um pouco.
Ele sorri e se ergue um pouco retirando sua cueca e em um
passe de mágica posso ver a cobra em pé com toda sua glória e
beleza.
— Sugue o veneno, menina Laura.
Sem falar nada me posiciono de joelhos e abaixo o meu
tronco, seguro na jiboia firme, mas não com muita força, quando
minha boca toca na fenda eu sinto seu pré-gozo sobre meus lábios,
passo a língua sobre toda a base superior e dou pequenos beijinhos
na cabeça. Com as minhas mãos masturbo o seu pau levemente,
seu gemido rouco me deixa extremamente molhada.
— Lauraa, porra! — Ergo minha cabeça e a viro para o lado
para olhar em seus olhos. — Fique de quatro sobre meu corpo com
sua bunda virada para minha cara, vou te tocar também, minha
menina.
Não sei se tenho voz para falar qualquer coisa, rapidamente
tiro meu baby-doll, e minha calcinha já que estava sem sutiã. Faço o
que ele disse, rodo seu corpo com minhas pernas, cada uma em um
lado e empino minha bunda na sua cara, Arthur desfere um tapa bem
forte na minha nádega direita.
— Ah! — balbucio, excitada.
Sem mais qualquer chance de não enlouquecer levo minha
boca até sua cobra e começo a chupar desesperadamente. Me
engasgo quando sinto um tapa de leve na minha boceta seguida por
dois dedos ágeis que tocam meu clitóris me fazendo engasgar de
prazer. Levo seu comprimento até minha garganta a sugando com
força. Arfo quando sinto dois dedos entrando em mim, merda.
— Não pare de chupar, Laura, você não quer o veneno?
Levo outro tapa na minha na bunda e fico ainda mais excitada.
— Você gosta de levar uns tapas, né, safada? — pergunta,
me fodendo ainda mais rápido com o dedo. — Porra, você está
molhadinha.
Sinto meu corpo entrar em combustão, algo dentro de mim se
acende e minha pele queima, sinto que estou dentro de um vulcão
que em breve entrará em erupção. Solto um berro ao sentir meu
corpo tremer e os dedos do Arthur me fodem com mais força. Meu
corpo não para de tremer, minhas pernas estão bambas.
— Laura, erga a cabeça — ordena. E quando tira sua cobra
da minha boca levo um susto ao ser brutalmente virada na cama e
ter seu peso sobre meu corpo, seus lábios buscam os meus
freneticamente, sua língua invade minha boca fazendo com que eu
gema em resposta, sua mão cobre todo o meu seio direito,
apertando-o com tanta força que gemo em resposta ao seu toque
bruto.
Sua outra mão desliza pelo corpo até chegar ao meu pescoço
onde aperta levemente. Separa nossos lábios por falta de ar, seus
olhos encontram-se mais escuros que o normal. Ele dá um sorrisinho
de lado, e sem aviso prévio estoca seu pau bem fundo em mim.
— Oh! — exclamo, jogando meu corpo para frente. — Arthur
— gemo, arranhando suas costas.
O prazer que sinto ao sentir suas estocadas frenéticas, é
indescritível. É tão bom, tão prazeroso, tão gostoso ser comida
desta forma por ele. Minhas paredes molhadas o recebem
perfeitamente bem, me sinto em êxtase e tão ansiosa por algo mais.
Me sinto elétrica, é como se estivesse em uma sauna de prazer, e
minha pele queima com os seus toques. Seus lábios sugam meu
pescoço como um sanguessuga, isso faz com que eu queira mais do
que ele está me dando. Eu nunca pensei que sentiria tanto prazer
em uma só noite, quando ele arfa sinto seu veneno ser derramado
em minha intimidade.
Ele me vira de lado e começa a tocar meu clitóris sem
qualquer delicadeza, meus gemidos são mais altos, conforme sou
embriagada pelo prazer minha visão fica turva, abro minhas pernas
não aguentando o tesão. Estou ofegando, Nossa Senhora o que é
isso?
— Ah! — berro ao sentir meu orgasmo. — O que é isso? —
Me sinto em combustão as fisgadas gostosas em meu ventre
parecem me deixar extasiada.
— Isso, meu amor, é você gozando e tendo um orgasmo ao
mesmo tempo — diz, beijando minha têmpora. — Descanse, meu
amor, quando amanhecer nos limpamos.
Sinto ele fazer carinho em meus cabelos, o cansaço me bate
e minha visão vai escurecendo.
No final não senti o veneno da cobra em minha boca.
Suspiro cansado, isso não vai dar em nada. Passo as mãos pelo
meu cabelo frustrado tentando entender o que minha jovem
namorada fala, esses gritos aleatórios, seu pé batendo
freneticamente ao chão me dizem que ele está com muita raiva e eu
nem ao menos sei dizer o porquê. Ela para de falar e solta um grito
fino que ecoam dolorosamente em meus ouvidos. Eu gostaria de lhe
perguntar o que se passa em sua cabeça, mas temo sua resposta.
Abaixo minha cabeça, sentindo-a latejar. Cheguei há pouco tempo de
um plantão de 24hrs, passei uma semana trabalhando feito burro de
carga e francamente penso em me aposentar na carreia de
delegado, não dá mais. A porra do governo não ajuda em nada só
piora e fode com o que há de bom. Fecho meus olhos, tudo que eu
queria quando busquei Laura em seu emprego era chegar em casa,
jantar ter uma boa transa antes de dormir, mas ao invés disto estou
ouvindo gritos sem parar sem ao menos entender a situação, como
um bom advogado sei que preciso me manter calmo e ouvir tudo
antes de intervir e me defender. A grande questão é qual crime
cometi nesta merda?
— Arthur, me ouve! — grita, segurando meu rosto.
— Estou te ouvindo, meu amor! — digo, ela sorri ainda brava.
— O que houve para tanta gritaria assim? — pergunto, calmo.
Uma coisa que aprendi com a vida é que duas pessoas
nervosas não contribuem em nada, e duas gritando ajuda menos
ainda.
— Seu pai e sua mãe resolveram pagar minha faculdade,
acredita?
— Acredito eles têm esses projetos que dão bolsas de estudo,
mas qual é o grande problema nisso?
Ela me olha indignada e bate os dois pés no chão, porra meu
carpete não vai aguentar.
— Eles não podem pagar só porque estamos juntos! —
esbraveja.
— Acho que entendeu errado — digo, erguendo-me no sofá e
encostando minhas costas no encosto confortável. — Meus pais
costumam fazer isso, por carinho e amor, não é por você ser minha
namorada — articulo. — Se eles não pagassem eu iria, não me
importo. — Mas se caso optar por estudar em uma universidade
pública lhe dou meu apoio, porém, terá que estudar mais que o
normal para passar com boas notas e garantir sua vaga.
Ela me olha e mexe nervosa nos fios de cabelo, observo seu
ato atentamente. Ainda não me esqueci da sua crise de ansiedade
sábado passado. Ainda nem conversei com sua mãe sobre isso,
quero também tirar algumas dúvidas com o Miguel. Laura é doce,
sonhadora, mas se sobrecarrega em querer tudo ao mesmo tempo.
Ela tem medo e não fala, mas não é como se eu também me abrisse
muito sobre como sou. Estamos atropelando o início como se ele
não importasse, contudo, devemos abrir nossos corações
abertamente e dialogar mais. O que ela sabe sobre mim? Algo em
diz que quase nada.
— Eu não sei, mas tenho medo, caso algo dê errado como
ficarei? — ela pergunta a si mesma.
— Laura, não pretendo te deixar — afirmo.
— Meu pai disse a mesma coisa para minha mãe e
abandonou nós duas. Meu irmão nem ao menos olha na minha cara,
a não ser ontem quando me enviou umas mensagens — comenta.
— Seu irmão? — questiono.
— Sim, Renan é meu irmão mais velho, quando meu pai se
casou com minha mãe já tinha ele. — Dá de ombros. — Não nos
falamos, ele não gosta de mim, mas ontem me mandou um “oi”. —
Faz aspas com as mãos. — Estranhei, porém, respondi é meu irmão,
né?
— Família é importante — acrescento. — Chame seu pai e
ele para almoçar conosco amanhã. — Quero conhecê-los. — Seus
olhos brilham com o que digo.
Ela se joga em meu colo com todos os dentes à mostra.
— Vou ligar agora para eles enquanto você toma um banho.
— Achei que fôssemos tomar banho juntos.
Seus olhos encontram os meus surpresos.
— O que foi? — indago.
— É que não pensei que fosse querer de novo, já que ficamos
uma semana longe. — Sua voz murcha quase me faz rir.
Ela possui uma inocente encantadora que com toda certeza
ferra meu psicológico. Cheiro seu pescoço sentindo uma fragrância
adocicada que se encaixa perfeitamente nela. Dou mordidas, e
beijos. Vou subindo e mordisco a ponta da sua orelha.
— Eu não vi a hora de tê-la de novo — sussurro, passando a
mão levemente por sua perna indo em direção ao seu centro. —
Acaricio suas coxas macias e quando sinto sua calcinha ela geme
baixinho, resvalo meus dedos por cima do tecido da sua calcinha, e
já sinto sua umidade. — Com a outra mão subo até seu pescoço e
aperto levemente antes de descer para seu seio esquerdo onde
aperto com força. — Eu acordo pensando em ter você embaixo de
mim, enquanto meto fundo. Meu pau anseia por seu calor, seus
apertos. Meu ouvido necessita dos seus gemidos. Minha cama
anseia por ficar bagunçada. Minhas costas precisam da sua unha.
Eu a quero, Laura. — Empurro minha pelve para cima. — Sinta o
quanto a desejo, minha menina.
Seus olhos fechados, sua boca entreaberta é demais para
mim, e para piorar ela geme e remexe meu colo, sobre meu pau.
Porra!
— Podemos transar? — pergunta suspirando pesadamente.
— Podemos! — digo, pondo-me de pé com ela em meus
braços.
Subo os degraus apressados com Laura beijando meu
pescoço, porra essa menina é minha morte, tenho certeza de que é.
Abro a porta do meu quarto em um chute, e sem carinho algum jogo-
a sobre a cama. Sua gargalhada excitada deixa meu menino ainda
mais dolorido.
Eu a quero tanto.

Saber que ele me anseia tanto quanto eu o desejo é


gratificante demais para mim. Arrasto-me mais para trás na cama até
sentir a cabeceira. Os travesseiros macios me incomodam por isso
jogo-os ao chão buscando mais conforto para mim.
Meu corpo formiga, minha vagina lateja e a sinto pulsar
desenfreadamente. O bico do meu peito está dolorido, o tecido do
meu vestido nunca pareceu ser tão doloroso a ponto de me apertar.
Santa Maria, que calor é esse? Eu não aguento mais com todo este
calor. Levanto minha cabeça encarando o seu polícia mais sexy do
mundo sorrindo enquanto tira seu uniforme que é uma blusa preta, e
uma calça da mesma cor malditamente sexy. Eu preciso dele dentro
de mim, mas não consigo falar nada. O único som que ecoa por
minha garganta são os gemidos antecipados. Abaixo uma alça e
depois a outra deslizando o vestido apressadamente por meu corpo,
com a ponta do pé esquerdo jogo meu vestido na direção do
delegado sexy! Mãe virgem, esse homem é um paraíso. Ele tira seus
sapatos e meias calmamente, onde está a pressa mesmo? Cadê a
maldita pressa? Inferno! Sem paciência e necessitada tiro minha
calcinha e começo a me masturbar sob o olhar do Arthur, ele para o
que está fazendo e me encara com a boca meio aberta, sua mão
direita vai até seu pau duro e aperta o mesmo com força soltando um
gemido rouco. Passo meus dedos por meus lábios maiores,
aumentando minha excitação. Vou para os menores e com a minha
outra mão aperto o bico do meu seio, fecho meus olhos em puro
prazer. Isso é tão bom, é como se todo o meu corpo estivesse
conectado. Cada parte me deixa mais excitada. Sinto que estou
pingando, circulo meu dedo sobre meu bico, sentindo-me ainda mais
aflita. Quando toco meu clitóris um grito sai pelos meus lábios. É
uma sensibilidade dolorosa e gostosa que.
— Laura, abra os olhos. — Sua voz grave chega até mim
como uma pontada de calor.
Assim que os abro vejo Arthur nu se tocando, ele sobe e
desce a mão por seu pênis vagarosamente, seu olhar sobre mim
queima como um inferno, este homem é um pecado. Meu pecado,
ele é meu sonho de puta. Me sinto tão devassa por ter seu olhar
sobre o meu desta maneira. Intensifico a velocidade de meu dedo
sobre meu clitóris. Gemo mais alto e Arthur também aumenta a
velocidade de sua mão sobre seu pau. Sinto meu corpo treme e uma
sensação de êxtase chega até mim, solto um grito sentindo uma
sensação maravilhosa. Meu peito sobe e desce freneticamente.
Minha boceta está tão molhada sinto escorrer junto ao suor por
minha perna. Olho para o seu delegado que paro de me masturbar.
Ele se aproxima da beira da cama, fica de joelhos e engatinha
parando bem diante de mim. Arthur abre mais minhas pernas se
posicionando entre elas. Sinto-me embriagada por seu toque, suas
mãos sobem por meus braços e para acima do meu ombro, seu
corpo é inclinado sobre o meu. Meu peito toca o seu e meus lábios
são capturados pelo seu sedentamente. Dou passagem para sua
língua. Seu beijo é perfeito, devora-me como se eu fosse um doce.
Arranho suas costas com força gemendo sobre seus lábios. Ele
impulsiona sua pelve contra a minha, seu pau arrasta por minha
boceta, um atrito prazeroso e torturante. Nós nos afastamos quando
o ar falta.
— Laura, você está me enlouquecendo.
— Essa é minha meta de vida — digo, rindo.
Ele se afasta um pouco, e então sinto ele me invadir aos
poucos. Pressiona minha cabeça no colchão jogando-a para trás. Ele
lambe minha garganta e a mordisca. Sinto que irei enlouquecer com
este homem. Merda! Louca já sou.
Quanto mais ele me invade mais preenchida me sinto. Por
mais que eu esteja molhada, ainda é um pouco doloroso, entretanto,
a alegria de tê-lo dentro de mim, é ainda maior.
— Quando eu puder me mexer avisa.
— Se mexe, por favor — imploro entre gemidos.
— Não implore por mim, meu amor.
Suas estocadas são lentas, torturantes, mas cada vez que ele
entra e sai mais molhada fico. Sua pressão ganha velocidade, meus
gritos ecoam pelo quarto, seus gemidos ao pé do meu ouvido são
baixos e roucos. Uma corrente elétrica passa por meu corpo fazendo
minha boceta pulsar ainda mais.
— Arthur! — grito sentindo uma onda avassaladora de prazer
ecoar por meu corpo.
— Você enfim gozou — sussurra e para.
Saindo de cima de mim, ele cai para o lado, fazendo com que
eu me deite da mesma forma. Ele segura minha cintura e com outra
mão puxa minha perna para trás fazendo com que ela fique sobre a
sua. Suas mãos passam por minha barriga parando em minha
boceta necessitada. Ele beija meu ombro e meu pescoço, sinto seus
dedos brincarem com minha entrada, e depois sobem para meu
ponto inchado e um som alto ecoa da minha garganta. Ele me invade
ao mesmo tempo que me toca.
— Você gozou, agora quero que tenha outro orgasmo, grite
meu nome com força, Laura — ordena.
Sigo sua ordem e berro seu nome sem pudor algum. Ele entra
e sai de mim com a mesma voracidade que mexe no meu clitóris.
— Ah! — grito embriagada pelo prazer.
— Porra! — Seu gozo quente me invade.
Viro minha cabeça para trás e toco seus lábios com o meu.
— Você é perfeita para mim, minha louca menina.
Sorrio sobre seus lábios esgotada demais para falar qualquer
coisa.

Olho para meu pai e irmão que entram me procurando com os


olhos. Arthur escolheu um restaurante “popular” segundo ele. Meu
pai está bem acabadinho para sua idade, seus cabelos grisalhos
estão visíveis e as rugas mais aparentes que o normal. Já meu
irmão, ainda possui seu jeito jovial. Ambos estão bem-vestidos.
Levanto-me e aceno para eles que sorriem para mim, um sorriso
falso. Um infeliz falso sorriso. Finjo que não percebo e abro meu
sorriso dói gengiva, abraçando-os quando se aproximam. Foi um
abraço rápido porque seus olhos se encontram em Arthur que estava
de pé atrás de mim.
— Pai, Renan esse é meu namorado, Arthur Sokolov.
Meu delegado estende a mão apertando a mão de meu pai.
— Sou Arthur, namorado da Laura estava ansioso para poder
conhecê-lo — diz, calmo. — É bom poder te rever — revela, sério,
para meu irmão. Bem, agora a situação é diferente.
— Você conhece meu irmão? — pergunto, confusa.
— Sim, seu irmão e eu já nos vimos por aí, mas essa situação
é a mais favorável, felizmente.
— Não sabia que conhecia meu filho, mas sou João pai da
Laura e do Renan — meu pai se apresenta. — Espero que nada
grave tenha ocorrido entre você e meu filho no passado.
— Pelo amor não me diga que se conheceram na delegacia?
— pergunto, exasperada.
— Sim — responde Renan, murcho. — Eu me envolvi em
coisas erradas no passado.
Não digo nada, estou chocada. Juro que travei geral após
saber disso, nem Wi-fi passa. Meu irmão só me envergonha. Nossa
Senhora que encontro.
— Bem, vamos nos sentar — fala Arthur.
Todos nós nos sentamos e o clima fica estranho. Meu irmão
me olha curioso e sinceramente não sei o que falar. Este clima está
mais ferrado que tudo nesta vida. Santa Mãe do céu, quero jogar
uma água quente neste clima que nos invade.
— Como vai sua mãe, Laura? — pergunta meu pai. — Faz
tempos que não a vejo.
— Vai bem, namorando e tudo mais — comento, olhando o
cardápio. Cada prato aqui é meio salário-mínimo. Minha mãe segue
solteiríssima, mas ele não precisa saber disso.
— Namorando é? Hum, que bom para ela — rebate.
— Sim, mamãe merece ser feliz e tudo mais.
— E você, mana, o que faz da vida? — Renan tenta
demonstrar interesse, mas falha.
— Vou bem, trabalhando, namorando e pensando em qual
faculdade cursar — respondo alegre por falar da minha vida.
— Que bom que quer cursar uma universidade, minha filha.
— Também acho ótimo a Laura obter mais conhecimento, mas
o senhor não é próximo dela, né? — pergunta meu delegado, sério.
— A mãe de Laura e eu não nos damos bem — explica.
— O senhor não se dá bem com sua ex-mulher, não com sua
filha. — O tom arrogante de Arthur não passa despercebido.
— Não pude construir uma boa relação com ela sendo que eu
e a mãe nos confrontávamos — comenta meu pai, alterado.
— É claro que podia, sua filha deveria ser sua prioridade. Ela
não é sua esposa que se separa e vira as costas como fez. Não há
ex-filhas, há somente filha e pai presente, não culpe terceiros por sua
falta de responsabilidade, afeto e paternidade.
Meu pai se levanta agitado apontando o dedo para a cara do
Arthur que se mantém calmo.
— Você não sabe de nada! — esbraveja.
— Sei o suficiente para ver a negligência paternal do senhor
com sua filha, acho que este almoço acaba aqui. — Ele se põe de pé
estendendo a mão para mim. — Laura, vamos?
Pego sua mão engolindo as lágrimas, ele pega algumas notas
de cem reais e joga sobre a mesa fazendo um sinal para o garçom.
Renan se mantém neutro. Eu queria que meu pai fosse diferente, eu
amaria ser querida por ele e sempre estar ao seu lado como Renan,
mas nem tudo é como desejamos. Saímos do restaurante em total
silêncio.
Entro dentro do carro e quando ele entra em movimento
encosto minha cabeça na janela e choro. Não era para doer, mas
dói. Sempre dói.
— Laura, meu amor, não chore, por favor. — Pede o seu
polícia segurando minha mão. — Seu pai não merece suas lágrimas,
me desculpe se te feri com minhas palavras. — Seu olhar vaga entre
mim e a estrada.
— A culpa não é sua, só disse a verdade alta e clara. Eu que
pensei que ele olharia para mim, mas me enganei. Meu pai não é
capaz de me amar porque não quer me amar. — Aperto sua mão e
enxugo minhas lágrimas.
Meu telefone apita e sorrio com a mensagem no grupo
poderosas.
Atenção, barangas, hoje iremos beber até cair no chão!
Travo a tela e sorrio abertamente, é hoje que enlouquecerei
com a cachaça carioca!
Olho para meu delegado sexy que aparenta querer matar alguém,
mas acho que essa pessoa a ser morta sou eu, sim. Ele não falou
nada, mas deixou claro que não gostou da ideia do bar. Seu silêncio,
a forma como bufa a cada vestido que experimento deixa claro sua
real vontade, mas minha Santa Maria do céu esse homem é meu
sonho de puta todinho. Seu ciúme possessivo me deixa em êxtase.
Eu o amo. E estou adorando vê-lo desta maneira. É tão bom me
sentir amada.
— Em qual bar vocês vão mesmo? — pergunta.
— Não sei — digo e realmente não sei.
Minha mãe disse que deveriam manter segredo de mim por
não ser muito confiável, de acordo com elas vou falar para Arthur
sem sombras de dúvidas. Eu não falaria, mas sei que se ele me
persuadir eu vou revelar o local, inferno de coração vagabundo. Eu
amo ter esse coração que adora se vagabundear para o delegado
mais sexy do mundo. Vou até o closet do Arthur e busco uma
sapatilha preta que tem lá. Há muitas coisas minhas aqui, porém, a
maioria veio da boutique de Lyane. Ela me deu as roupas e deixei
aqui, é mais prático que não preciso ficar arrastando malas para lá e
para cá.
Saio do closet sorrindo, vou até o espelho da penteadeira e
passo um batom preto, amo essa cor. Sorrio para meu reflexo, estou
linda e pronta para fazer sucesso.
— Seu polícia, essa noite eu vou dançar feito louca e me
divertir como nunca! — digo, e rodopio pelo quarto.
— Quando você não faz uma loucura, minha menina? —
pergunta, caminhando até onde estou e segurando minha cintura
com firmeza. — Sua mão sobre mim me deixa quente.
— Eu não posso me atrasar — sussurro.
— Uma rapidinha não é atraso, é alívio. — Seu hálito quente
sobre meu rosto, faz com que eu grude meu corpo ao seu.
Sua excitação é tocante, sim tocante porque está nesse exato
momento cutucando minha borboletinha molhada sob o tecido fino
da calcinha. Esse homem é minha loucura. Meu tesão. Minha
sanidade. Ele é meu sonho todinho de puta. Ai que tudo! Nossa
Senhora que me perdoe, mas realmente transei antes do casamento
e dou sempre que posso porque dar é muito gostoso. Fazer sexo é
vida, quanto mais dou mais quero dar, minha piriquitinha arde, mas
quem liga? É gostoso!
Sua língua invade minha boca sem aviso. Abro mais minha
boca exigindo mais atenção sobre mim. Arranho sua nuca colando
mais nossos corpos, seu beijo é tão saboroso, não importa o quanto
eu tente comandar ele sempre lidera perfeitamente. Suas mãos
passeiam por minhas costas até minha bunda apertando com força,
solto um gemido fino. A ereção me cutuca cada vez mais faz com
que meu corpo se acenda com ele.
Sou empurrada para trás sentindo o braço da poltrona bater
em minhas pernas.
— Se debruce sobre a poltrona, Laura — ordena. — Obedeço
como uma cadelinha, sua voz rouca é tão saborosa de se ouvir.
Ele sobe meu vestido, minha calcinha é colocada de lado,
ouço o zíper da sua bermuda descendo.
— Ah! — gemo ao sentir dois dedos dentro de mim, uma tapa
estala em minha nádega direita.
Seus dedos entram e saem de dentro de mim com força, me
estimulando ao máximo possível. Mordo meu lábio inferior gemendo
baixo. Abro mais minhas pernas, quando menos espero seu pau me
invade. Grito e bato no acolchoado da poltrona. Seu membro é
mastigado por minhas paredes internas, o atrito do meu clítoris com
a poltrona áspera faz com que eu fique ainda mais molhada e
excitada. Suas investidas ficam mais duras, mais fortes e intensas. O
som das nossas peles batendo uma contra a outra é o som mais alto
do quarto.
— Você vai me sentir em cada instante em que estiver
naquele maldito bar — rosna entredentes, estocando cada vez mais
forte. — Sinto que irei a loucura com esse homem. — Entendeu,
Laura?
— Sim! — grito ao sentir meu orgasmo, seu gozo me
preenche.
Seu corpo debruça-se sobre o meu. Respiro fundo tentando
controlar a minha respiração.
Ele sai de dentro de mim e dá um tapa forte em minhas
nádegas. Logo em seguida sinto seus lábios sendo depositados no
local de cada tapa. Uns minutos depois ele me ergue, ajeita minha
calcinha e meu vestido. Me vira para si, deposita um beijo na minha
testa, na ponta do meu nariz e nos meus lábios com calma. Seu ato
de carinho aquece meu coração fazendo com que eu transborde de
dentro para fora, eu o amo tanto. Nossa Senhora do céu, esse
homem foi feito para mim.
— Eu te amo, Laura — diz, e meu pobre coração erra
algumas batidas. — Se eu souber que um bastardo se aproximou
demais de você ele será preso por justa causa. — Sua seriedade é
tão nítida que percebo que ele realmente está falando sério.
Olho em seus olhos e sorrio feito boba, é agora povo brasileiro
que eu amo ainda mais este homem. Abraço-o em silêncio tendo de
controlar as batidas de meu coração.

Vou beber todas e pôr a culpa na cachaça, que Deus me vigie


senão cometerei uma atrocidade e o seu polícia me prende de
novo... parando para pensar eu gostei da prisão.

— Seu guarda eu não sou vagabundo eu não sou


delinquente... — Minha mãe canta segurando uma taça de vinho. —
Meu ex-marido era um vagabundo, um infeliz. — Eu o odeio por
fazer minha garotinha sofrer. — Ela cai no chão se sujando toda e
começa a chorar. — Maldito seja esse homem, até o nome dele evito
falar senão o capeta aparece!
Minha sogra vai até minha mãe a consolando, eu olho para
Lyane e caio na gargalhada, ela me acompanha. Só nós quatro que
viemos, Mayra não quis vir por não querer ficar perto de mim, enfim
só gente boa que veio. Eu sou a única que não quis beber nada
alcoólico, porque de acordo com meus cálculos o anticoncepcional
não está fazendo efeito, então pode fazer mal para meu futuro baby,
por isso nada de álcool até euzinha fazer o teste de gravidez daqui a
algumas semanas. Eu juro por Deus que já vejo uma criança em
meu colo. Algumas pessoas falam que sou louca por querer tudo de
uma só vez, mas eu acho que por mais que me veja com uma
carreira em arquitetura com grandes projetos e ganhando bastante
dinheiro, ainda assim meu sonho é o casamento e a maternidade. É
loucura ter 21 anos e querer ser mãe? Pode até ser para muitos,
mas, para mim, primeiro porque enxergo o brilho da maternidade
entendo que nasci para isso. Eu quero ser mãe antes dos meus 23
anos, e pretendo cursar uma universidade, bem, eu passei na UERJ
e agora em julho irei fazer minha matrícula em arquitetura. Eu achei
que não seria capaz de passar na prova discursiva, mas passei e
agora poderei seguir minha carreira, obviamente não contei para
ninguém meus planos, não contei por ser egoísta ou algo do tipo,
mas sim por causa dos meus medos, e foi algo que quis fazer por
conta própria. E se caso eu passe ou não será unicamente método
meu, eu menti para mim mesma me fazendo acreditar que não seria
capaz de fazer um Enem ou prestar uma prova para um concurso
público, entretanto, eu só tenho medo de fracassar, mas percebi que
todos temos a virtude de passar ou não, todo mundo possui a
chance de fracassar ou de acertar, a vida é cheia de altos e baixos.
Será uma loucura ser mãe e universitária. Oh, meu Deus
ainda namoro um delegado sexy pra caralho!
— Laura, minha filha eu te amo! — berra minha mãe. — Até
choro em ter você longe dos meus braços. J-uro por Deus que se
um dia você sair de casa eu me caso, caso de verdade.
— Mãe, eu apoio a senhora se casando! — grito de volta. —
Fico de pé e começo a dançar a música do tchan. — Segura o
tchan, agarra o tchan, segura o tchan, tchan — berro dançando.
Microfone para quê?
Nós quatro dançamos juntas após minha mãe levantar doida
da vida, a graça é quando minha sogra escorrega no vinho e cai de
bunda no meio da dançar.
— Caralho, mas que boceta, porra! — pragueja. — Me
ajudem, cambada.
Minha mãe estende a mão para ajudar, mas bêbada da silva
acaba caindo por cima da melhor sogra do mundo. Misericórdia!
Dobro meu corpo para frente rindo feito louca, aí, meu Deus, minha
barriga dói e não é pouco. Lágrimas escorrem dos meus olhos,
Lyane corre até as velhas no chão, mas de salto acaba deslizando e
caindo também! O impacto da sua bunda com o chão é alto e seu
grito maior ainda. Não me aguento, caio de joelhos no chão
gargalhando. Francamente, isso é uma vergonha alheia.
— É isso Brasil, sou a única sobrevivente dessa maçante
queda! — Gargalho. — Ai, minha barriga dói.
A porta da nossa cabine é aberta e dois homens de gravata
adentram eles olham para as três no chão e depois para mim a louca
que rola no chão de rir.
— Por favor, pedimos que as senhoras se retirem do
estabelecimento, houve diversas reclamações sobre esta cabine —
informa o mais sério de todos que pega o controle e desliga o
karaokê. — Acompanharemos as senhoras até à porta.
— Antes de me expulsar me ajuda a levantar seu brutamonte!
— grita minha mãe.
Eles as ajudam a se levantarem, me ergo sozinha, pego
minha bolsa e calço meus sapatos. Minha mãe falta bater no
segurança, minha sogra não está atrás e Lyane está vermelha não
se é por conta da cachaça ou por vergonha, mas julgo que seja pela
linda queda que levou. Saímos escoltadas pelos brutamontes, Lyane
paga tudo na saída e quando o ar quente da noite nos atinge minha
mãe e minha sogra dão o dedo do meio para o local chique.
— Vão tomar no cu! — berram juntas.
Olho para minha cunhada que me olha e juntas nos viramos e
repetimos o ato das mais velhas.
— Vão tomar no cu! — gritamos em uníssono, e corremos
feito loucas pela rua ao ver os brutamontes voltando.
— Corre! — brado e quando vejo minha mãe e sogra já estão
no outro lado da pista.
Alyane pega minha mão e me arrasta pelos carros que freiam
bruscamente, somos xingadas, amaldiçoadas e recebemos uma
quantidade de buzina que juro que durará por um ano. Mas quem
disse que ligamos? Mas digo e repito não façam isso, é loucura e
pode gerar um acidente de trânsito. Atravessem na faixa do pedestre
e somente quando o sinal estiver verde para poder atravessar.
— Pernas para quem te quer! — berra minha mãe, pegando a
mão da dona Silvana, partindo rumo a um destino desconhecido para
mim.
Mas ainda segurando firme a mão de minha linda cunhada,
acompanho-as rindo e me divertindo como nunca. Você não precisa
de muito para ser feliz é preciso ter as pessoas certas ao seu lado.
Não é preciso haver várias pessoas segurando sua mão, mas
somente a que não te soltará independentemente das circunstâncias.
A verdade é que tudo que se precisa é ter as criaturas certas ao seu
redor. Hoje eu tenho, e mesmo que não dure para sempre ainda
assim valeu mais do que tudo tê-los ao meu lado. Cada segundo é
válido e cada sorriso uma excelente recordação, recordar é viver.
Quando o ar nos falta paramos e sorrimos umas para a
outras, em passos lentos caminhamos para mais perto da orla, fecho
os olhos ao sentir o barulho das ondas. O vento frio do amar aquece
minha alma. Já disse que não sou uma boa nadadora e que evito o
mar, por mais que o ame. Mamãe vem até mim e pega minha mão
segurando-a com força, ela sabe meus medos, meus sonhos e meus
delírios. E francamente, por mais que ela reclame e berre nunca a vi
me desmotivar. Ela nunca desistiu de mim, quando eu não tinha
amigos, colegas ou pai eu a tinha. Dona Solange nunca me
abandonou, nunca me deixou de lado e muito menos me virou as
costas. E esse é o meu verdadeiro para sempre. Eu quero ter esse
laço com meu filho ou filha, eu quero ter o para sempre ao lado deles
assim como tenho com minha mãe.
— Vamos, o mar não vai te devorar — incentiva.
— Estou segurando sua mão, mãe — digo, e abro um sorriso.
Jogamos nossas bolsas no chão, e corremos para a água.
Juro por Cristo que essa água parece um gelo, puta que pariu!
Respiro fundo e vou adentrando o mar.
— Mãe, isso é gostoso!
— Não falei? — Ela solta minha mãe e se joga para trás,
ainda estamos em uma parte rasa, então não vejo problema, faço o
mesmo.
Solto um grito ao sentir uma onda quebrar sobre mim, meu
corpo é arrastado para trás. Sinto que estou dando cambalhota sem
querer, bebo 1 litro de água salgada, por Deus que isso? Quero
chorar, mentira já estou chorando de desespero. Quando paro, a
água volta a me puxar para o mar, me desespero, serei devorada.
Com toda certeza!
Alguém me segura, olho para cima e vejo minha mãe sorrindo.
— Levou seu primeiro caixote, filha, e não morreu parabéns!
Agora ajeite seu vestido senão o delegado no outro lado da rua
enfartará — comenta, e na mesma hora levanto-me sentindo meus
cotovelos e joelhos arderem.
Viro-me e vejo ele, seu pai, o primo psicólogo e Daniel. Os
quatro estão sérios, minto. O Miguel ri e acena para nós com uma
câmera na mão. Aceno de volta pulando.
— Seu polícia, paguei peitinho para a torcida do flamengo,
mas olha já está escuro e nem torcida há aqui! — berro, dançando
sem ritmo.
Ele balança a cabeça e sorri de volta, é sobre esses
momentos que estou falando. É sobre viver, amar e ser amado.
— Podemos nadar nu — fala Alyane.
— Nadar nu! — gritamos juntas, eu, minha mãe e sogra.
— Não! — escutamos os homens gritarem!
Ué, vi um impasse.
Suspiro frustrado, estou cansado e sem paciência alguma. Voltei de
uma reunião do cão e não esperava que no fim de um longo dia de
trabalho teria que lidar com duas mulheres mimadas enchendo a
porra do meu saco. Olho para duas enquanto me sento mais uma
vez na minha cadeira e bato meu punho levemente na mesa. Respiro
fundo e já preparo os meus ouvidos para o que está por vir.
— Posso saber qual a razão das senhoritas estarem aqui? —
pergunto, encostando minhas costas na cadeira. — Desejam fazer
uma denúncia?
Mayra joga seu cabelo para trás e Patrícia estende a mão
sobre a mesa, esticando-a até a minha que no automático pouso
sobre minhas pernas, deixando-as mais longe possível do seu
toque. Sua cara de surpresa quase me fez rir, juro por Deus que
gostaria mesmo de rir, mas isso só fará com que meus ouvidos doam
mais da falação que irá se iniciar e com toda certeza deste mundo
não desejo que se estenda.
— Meu Deus, Arthur! — minha irmã fala, colocando a mão no
ombro da amiga me encarando com certa raiva. — Como pode fazer
algo assim com a Patrícia, seja sensível aos sentimentos dela.
Passo as mãos pelo cabelo, nervoso, e seguro minha língua
para não mandar ambas para casa do caralho, e depois ouvir seus
chororôs desnecessários.
— Em algum momento vocês tiveram complacência sobre os
meus sentimentos? —pergunto. — Quando foi que as senhoritas
ouviram e entenderam o meu silêncio, nunca dei chance ou
esperança para a Patrícia e deixei extremamente claro que estou
com Laura, mas vocês insistem em infernizar meu namoro, minha
vida. O que vocês fazem da vida para que percam tanto tempo
vigiando minha vida e alimentando um sentimento unilateral? — Fito
os olhos das duas que aparentam estar em choque. — Por Cristo,
cuidem da vida de vocês e param de encher a porra do meu saco. —
Bato na mesa e elas pulam de susto.
— Arthur, eu te amo... — Patrícia começa, mas a corto.
— Não, não me ama. Você nutriu unir sua família a minha,
com isso aumentar o poder aquisitivo e contatos, mas porra trabalhe
e crie seu próprio nome. Saia da barra da saia da minha irmã e da
sua mãe. Pare de me seguir, seguir minha família e minha mulher —
esbravejo já sem uma gota de paciência.
— Somos perfeitos juntos.
Olho para ela com pena, com muita pena, odeio uma mulher
quando ela faz isso, e é por essa razão que por muito tempo senti
raiva de mim mesmo por tentar distanciar a Laura.
— Irmão, pense bem vocês dois são da mesma classe e
aquela favelada não tem nada a ver com a nossa família e classe
social. — Mayra me olha com esperança.
— Mayra irmã, nossa família é puro barraco e fofoca. Somos a
favela de ricos, porra! — Gargalho. — Meu Deus, vocês duas vivem
arrumando brigas por aí, sóbrias ou bêbadas, só não estão presas
por conta do meu nome, e a partir de hoje não as protejo mais,
chega! Arrumem bons advogados e se tocarem ou ameaçarem a
Laura ninguém e nem nada me impedirá de acabar com ambas —
digo, ríspido. — Patrícia, vá embora e se preciso for busque ajuda,
porque não é normal você se humilhar tanto assim para o alguém.
Tenha mais amor-próprio.
Ela me olha espantada, se levanta e sai chorando.
— Você acha que durará quanto tempo com essa menina? —
Mayra me olha com deboche.
— Quanto tempo você acha que minha paciência dura, irmã?
— Como assim, irmão?
— Tenho 38 anos, não sou um garotinho que você pode
manipular e fazer o que bem pensa. Eu sei o que quero e desejo
para mim, quero mantê-la em minha vida, Mayra, mas se caso Laura
não for digna o suficiente para estar na sua presença, então quer
dizer que eu não sou bom o suficiente para estar ao seu lado. —
Suavizo minha expressão. — Eu te amo, mas se você quer infernizar
minha vida e não está feliz com a minha alegria, sinto dizer não
posso tê-la na minha vida.
— Tudo isso por conta desta garota?
— Não, tudo isso por mim.
— Tudo que eu quero, é o seu melhor, só quero o seu melhor!
— grita!
Fecho meus olhos e suspiro pesadamente tentando buscar
palavras que a faça entender. Mas sou surpreendido por um forte
sotaque russo.
— Você não quer o melhor do seu irmão porra nenhuma,
Mayra. — A voz do meu pai ecoa como um trovão.
Abro meus olhos encarando o velho que tanto admiro parado
no batente da porta, seu terno três peças perfeito, na cor azul fica
bem nele. Ele entra e fecha a porta. Sua cara mostra o quanto ele
está irritado.
— Pai, o que...
— Cale a boca e me deixe falar — esbraveja, chegando perto
dela e puxando a cadeira em que ela estava sentada para que
ficassem cara a cara — Não chore porque não te dei nenhuma surra
e hoje me arrependo de ter passado a mão na sua cabeça tantas
vezes, sua mãe tinha razão em dizer que você seria egocêntrica e
mal-amada, e veja só a filha que tenho aqui diante de mim, você
inferniza a vida de todos para sermos infelizes como você é, minha
filha pare de perturbar a vida dos outros, eu te amo, mas você se
ama? Só quem não tem amor-próprio tenta desgraçar tanto assim a
vida de outras pessoas. Pense a partir de hoje em suas atitudes e
mude sua caminhada, como pai digo que jamais te abandonarei, mas
como sábio digo que se continuar assim ficará sozinha pelo resto da
sua vida.
Minha irmã soluça e seu corpo esbelto treme. Meu pai se
afasta provavelmente lutando contra a vontade de pegá-la em seus
braços para que assim ela seja consolada. Que situação fodida. Não
era para ser assim, mas porra não há mais o que fazer em relação a
isso. Ela precisava de uma dura faz tempo e meu pai pegou leve se
fosse minha mãe as palavras seriam ainda mais duras, muito mais
duras.
— Eu só quero o melhor para todo mundo, pai, para a nossa
família — diz, fungando.
— Não, você não quer. — Meu pai se encosta na parede e
sorri triste. — Você ao menos sabe o que é felicidade, filha?
Os olhos dela se arregalam rapidamente, ela se põe de pé e
sai da sala batendo a porta atrás de si.
— Se ela correr para a tia vai estar fodida — Miguel fala e
quase pulo da cadeira.
— Virou fantasma? — pergunto, encarando-o.
Ele me olha abismado e põe a mão no peito.
— Eu quase morri, mas estou vivo. Confesso que as palavras
do tio me aproximaram do caixão, porém, sigo vivo — comenta com
o telefone na mão.
— Você filmou isso? — pergunto.
— Deus me livre, só faço transmissão de coisas alegres.
Suas palavras arrancam uma gargalhada minha e do meu pai,
não há mais o que dizer. Esse assunto foi encerrado por hoje.
Miguel salvou o clima, e por mais que eu saiba que ele tem algo a
comentar sinto que seu silêncio é em respeito às nossas emoções.
Meu celular apita e vejo uma mensagem da Laura.
Seu polícia, será que hoje faremos anal?
Meu coração acelera.
Sorrio ao ver Miguel nervoso por causa de algo que desconheço,
ele irritado é algo extremamente raro. Mas de um tempo para cá o
homem tem ficado cabreiro com a vida. Balanço minha cabeça e
olho para o tempo frio diante dos meus olhos, raramente temos
inverno no Rio de Janeiro, mas este ano até que deu para esfriar
bastante. Entretanto, esse tempo frio e chuvoso faz com que julho o
mês das férias seja chato e vazio. Ninguém quer sair de casa. Eu
estou classificando esse tempo como meu favorito, é gostoso ficar
em casa abraçado com alguém, o problema é que Laura resolveu
tomar a porra de um chá de sumiço.
— Aliás, cadê a doida da sua esposa-namorada? — pergunta
Miguel me tirando dos meus pensamentos.
— Não sei — confesso, ficando irritado. — Ela saiu sem dizer
aonde ia.
— Entendi — diz como se nada fosse. — É normal que ela
esteja crescendo, sabe, desde o momento que a vi pensei de início
que fosse uma louca desvairada, mas tempos depois percebi que ela
não era bem isso, louca é, mas quem tem uma mente sã hoje em
dia? E o que é loucura? Ela para mim não é doida, ela para mim, é
uma pessoa feliz que não perde seu tempo olhando para o sucesso
alheio. Ela ama, odeia e não guarda rancor. Ela fica triste, tem suas
crises, mas esses momentos ruins são passageiros, porque ela é tão
feliz com o que tem e com o pouco que conquista, porra essa garota
é sorrir por um simples abraço que ganha. Ela não quer dinheiro,
fama, palco ou aplausos. Arthur Dimitry Camargo Sokolov ela só
quer seu amor. Ela não liga para o que você tem a oferecer, Laura
deseja seu coração, e por tê-lo sua felicidade é esplêndida! Ele me
olha e sorri. Eu invejo isso, eu admiro esse companheirismo que
vocês dois possuem, é algo estranho para alguns, mas para mim, é
algo lindo. Eu anseio por alguém que me ame como vocês se amam.
— Seus olhos possuem um brilho desconhecido para mim. — Eu
quero viver esse amor da minha maneira. Você é frio aos olhos de
muitos, mas sabemos que esse é seu jeito. Você se preocupa e
cuida em silêncio. Amar é isso, é dar e receber. Cada um de vocês
se doam de formas diferentes, mas por isso que o amor de vocês
mesmo repentino é tão quente. — Ele olha para fora e sorri. — Há
pessoas que estão juntas a vida toda e não conhecem o amor. Há
pessoas que em um mês descobrem o amor da sua vida inteira.
Amor não são anos, ou meses, amor é sentir algo puro e quente por
alguém. O para sempre não existe, mas as memórias são eternas.
Viva, sorria, erre, chore, comece, pare, acerte, termine e morra
orgulhoso da sua trajetória. Não inveje a vida alheia, viva do seu
modo. Não crie arrependimentos, crie lembranças.
Ele se senta no sofá e sorri, Miguel é um psicólogo bom no
que faz. Ele costuma sorrir para evitar perguntas. É bom em lidar
com o próximo. Nunca o vi negar ajuda, mas sinto que quem tanto
ouve também precisa ser ouvido e não por um especialista.
— Você ainda se culpa? — pergunto, sentando-me ao seu
lado.
— Todos os dias — confessa. — Há noites que não durmo,
mas há dias que nem lembrança tenho dos acontecimentos. Tudo
bem, eu não estar bem, é um ioiô minhas lembranças elas vão e
vem, mas por um tempo achei que havia perdido tudo, mas sabe, eu
perdi uma parte de mim, mas estou vivo. Estou me recuperando. Vai
haver noites que chorarei e outras que sorrirei, é normal. Eu perdi
pessoas que amava, e francamente dói pra caralho, Arthur, mas o
vazio não é mais tão grande, e a dor não é mais tão cruel. Um passo
de cada vez, estou dando um passo de cada vez. Sorrir hoje em dia
não é tão ruim, é gostoso e aquecedor. Viver às vezes pode ser
cruel, mas não viver é uma condenação.
— Eu não conheço sua dor, mas para o que precisar estou
aqui. — Ponho a mão no seu ombro.
— Eu sei que está, obrigado, seu polícia!
— Porra! Assim não dá para te ajudar — brigo.
Ele cai na gargalhada me arrastando junto.
Quando eu ia falar algo, um furacão chamado Laura passa
pela porta e me olha assustada.
— Seu polícia, eu fui fazer minha matrícula na universidade e
até aí tudo bem, eu começo em agosto a cursar arquitetura na UERJ
— ela fala, desfreada. — Mas assim que saí de lá me senti mal e fui
ao médico...
— Foi aonde? — pergunto, levantando-me.
— Ao médico, eu disse. — Ela joga as bolsas e o papel no
chão. — Fiz alguns exames e um teste rápido de sangue e deu
positivo, o exame de sangue. O teste de farmácia. Tudo deu positivo.
Eu vou ser mãe e universitária! — grita, pulando.
Teste? Gravidez? Minha cabeça gira em torno dessas
palavras, eu vou ser pai.
— Laura! — grito. — Você está grávida?
— Sim, tudo conforme minha imaginação.
— Você seguiu o plano — comenta Miguel.
— Sim, eu sabia que poderia engravidar e deixei na mão do
destino, tomei minhas injeções normalmente, mas aparentemente
estou grávida de dois meses, oito semanas — explica, andando
para lá e para cá. — Tenho que falar com Lyane sobre minha carga
horária por conta da faculdade que será de manhã. Preciso arrumar
espaço no meu quarto para as coisas do bebê, minha mãe com toda
certeza se matará de amores pelo netinho. — Explode em risos
passando a mão por uma barriga inexistente.
Respiro fundo buscando calma, essa menina está atropelando
tudo mais uma vez. Ela não faz uma só pausa. Planeja tudo me
excluindo. Miguel se levanta e sai rapidamente, ele me conhece o
suficiente para saber que não estou nenhum pouco calmo neste
exato instante. Quero dar uma surra na bunda desta menina-mulher
diante de mim. Meu peito de uma forma estranha se encontra
prestes a explodir de felicidade por saber que serei pai, mas o fato
de Laura não ter me dito nada sobre esta possibilidade me
incomoda, e ainda há a faculdade, eu achei que faríamos isso juntos.
Sinto-me sendo massacrado por seus desejos e vontades. Eu adoro
essa loucura e paixão que ele tem em viver, sua imaginação me
causa excitação, seu prazer é meu prazer, entretanto, o simples fato
de ela não ter me contado tudo sobre si me magoa. Porém, respiro
fundo e me acalmo. Caminho para mais perto dela e seguro seus
ombros parando-a. sua euforia é quase contagiante, quase.
— Laura, por que não me falou de seus planos?
— Porque eram meus — responde, séria.
— Eu não me encaixo neles? — Meu filho em seu ventre não
cabia a mim saber sobre seu planejamento — questiono, calmo.
— Você não me entendeu, seu polícia! — diz, batendo o pé.
— Eu queria fazer uma surpresa e tanto, mas acabou que me
desesperei e aqui estou eu sendo péssima em esconder algo de
você depois que tenho certeza. Queria ir até à universidade por
contra própria, era um sonho que sempre quis fazer. E fiz!
— Entendo, mas na próxima vez não me esconda nada,
okay?
— Contanto que também não me esconda.
— O que quer dizer? — pergunto.
— A Patrícia te procurou, né?
— Sim, e não achei importante sua aparição em meu local de
trabalho — digo, simplista. — Deixei claro o lugar dela e da mesma
forma que deixo claro que seu lugar é ao meu lado, nós dois vamos
nos casar.
— Repete, por favor. — Pede, pasma.
— Vamos nos casar, ter filhos e você estudará — afirmo.
— Vamos nos casar por causa do baby?
— Não, vamos nos casar porque eu te amo, e quero ter uma
vida ao seu lado.
— Nossa Senhora do céu! Me abana que estou passando
mal, estou passando mal. Esse homem deveria preparar meu
coração antes de dizer estas coisas. Puta que pariu sou a mulher
mais sortuda deste mundo.
Abro um sorriso abraçando-a apertado. Ela não sabe, mas o
sortudo sou eu.

Acho que virou religião ter o almoço de domingo em família, e


hoje todos mais todos mesmo vieram, até meu tio que normalmente
não se mistura, o velho Camargo não gosta dessas reuniões, na
verdade, ele nem é próximo da família. Meu tio e minha mãe são
distantes, não que isso seja incomum nas famílias. Mas tio Fernando
odeia agitação, mas vejo que pela forma como ele olha para a minha
sogra extremamente calma que é por ela que está aqui. É titio se
fodeu legal.
Como estava dizendo o almoço em família é maravilhoso até
virar barraco. E desta maravilhosa vez estar sendo aqui em casa,
Laura decidiu que hoje será o dia do anúncio da gravidez. É claro
que de forma alguma quis discordar dela, e por isso estou vestido
todo de preto e ela de branco cores neutras para que não tenha
opiniões sobre o bebê e seu sexo.
— Atenção, família! — grita Laura subindo em cima da mesa.
— Vem cá, mozão! Me chama com o dedo.
Caminho até ela calmamente, todos nos olham com
expectativas, mas a grande questão é: quando ela não causa?
Chego perto dela e sinto seus joelhos serem apoiados em
meu ombro.
— Sabe, família, eu e o Arthur temos uma notícia maravilhosa,
primeiro quero agradecer minha mãe pelo grande exemplo de vida,
obrigada por tudo, mãezinha.
— Laura, pare de enrolar e fale logo! — berra dona Solange.
— Aí, mãe, calma, enfim, eu e o seu polícia sexy vamos ter
um minidelegado! — Grita eufórica. — Vou ser mãe, caralho!
Ouço o silêncio.
— Porra, meu primeiro neto! — Meu pai joga a cerveja no
chão e ergue as mãos em sinal de vitória. — Sabia que a Laurinha
não ia decepcionar meu sonho de ser avô nessa vida, Laura, eu te
amo! — berra como se o Brasil estivesse vencido a copa do mundo.
— Não acredito, Laura! Grávida? Grávida? — pergunta sua
mãe, irritada. — Eu pensei que me daria outra notícia, mas não
essa. Vou infartar.
Meu tio corre até ela e a pega em seus braços, ela fala algo
em seu ouvido e recebe um tapa bem estalado.
— Velho tarado, me larga — grita. — Era o que me faltava, ser
avó na flor da idade.
— Mãe, também em entrei para a universidade, começo agora
em agosto — anuncia, sua mãe olha para minha jovem namorada
louca com admiração. — Arquitetura.
Dona Solange abre um sorriso e enxuga as lágrimas que
descem. É nessa hora que percebo que a escolha de profissão da
Laura é por conta da sua mãe. É uma homenagem a sua mãe.
— Espero que dê conta de fazer tudo isso e ainda ser mãe,
quando estiver tendo aula posso ficar com a sua cria, aliás, sou avó
— diz como se não estivesse há pouco tempo dado um show.
— Dona Solange, olha para a câmera e me diga, por que meu
pai é um velho tarado? — pergunta Miguel.
— O que perguntou, menino? — Minha sogra fica nervosa e
bate os pés no chão com certa frequência.
— Chamou meu pai de velho tarado, quero saber o porquê.
— Porque é o que ele é, e saia da minha frente com essa
câmera senão quebro ela e você! — Aponta o dedo na cara dele,
que se afasta sorrindo como se não estivesse acabado de ser
ameaçado de morte.
Minha mãe anda até nós dois e me abraça antes de abraçar
uma Laura que simplesmente pula da mesa ao chão, vou ter sérios
problemas com suas doidices. Ela e minha mãe choram juntas,
depois vem sua mãe e minha irmã o quarteto que unidas são ótimas,
mas juntas não presta. Quando o chororô acaba pego minha arma e
atiro para o céu ganhando a atenção de todos, eu não grito. Não
mesmo. Depois converso com os vizinhos.
— Eu sempre digo que não sou a melhor pessoa para a Laura
— digo olhando para todos antes de voltar o olhar para minha
menina. — Eu cometi erros no passado irreversíveis, erros os quais
sempre terei que lidar. Na minha profissão é matar ou ser morto
muitas das vezes, e eu já matei, não um, ou dois... matei muitos. Não
me recordo de existir um cidadão inocente entre minha arma e eu,
porém, já fui chamado de assassino várias vezes. Alguém como eu
não é digno de um ser de luz como essa garota mulher diante de
todos nós. Mas meu coração a escolheu, melhor ela me escolheu e
por isso a desejo que ela me escolha por toda a vida.
— Laura Santinni, você quer casar comigo? — pergunto,
ficando de joelhos com a arma na mão e o distintivo pendurado em
meu pescoço. Tiro uma caixinha do meu bolso e abro mostrando
uma aliança com o símbolo da polícia federal. — Aceita ficar presa a
mim?
Ela chora, sorri, anda de um lado para o outro e por fim se
joga em meus braços.
— Meu sonho é me algemar a você para todo o sempre —
sussurra e me beija com vontade.
Entre gritos e choros, conseguimos sobreviver ao almoço em
família. Eu ousaria dizer que é só o começo de muito mais que virão.
— Então eu serei avô? — pergunta meu tio no final da noite.
— Será avô meu rabo! — rebate minha sogra com sua típica
taça de vinho nas mãos.
— Então me dará seu rabo? — questiona coçando sua barba
branca, tio Fernando tá que tá.
— Seu velho tarado de uma figa! — vocifera dona Solange,
correndo atrás dele que francamente está melhor que o flash. O
coroa está muito bem para a idade.
— Seu delegado? — Chama Laura.
— Sim — respondo olhando em seus olhos.
— É só o começo, né?
— Sim, só começo.
Ela volta a esconder o rosto no meu peito. Olho à minha volta
e mesmo puto com o horário e por todos ainda estarem aqui
impedindo minha foda, me sinto feliz.
— Mais tarde quero cavalgar em você — ela diz em meu
ouvido, levantando-se.
Meu pau do sinal de vida, porra quando eles vão embora?
Joga a raba para cima, mexe a raba para baixo e faz o quadradinho
de quatro. Danço no ritmo do trote universitário. Isso é bom de mais,
eu, Laura Santinni futuramente Sokolov universitária e grávida, já
falei que estou noiva? Sim, a noiva mais feliz deste universo todinho,
eu amo essa vida louca que tenho, amo ter acelerado o tempo e
estar realizando os meus maiores e melhores sonhos, é complicado
ter tudo de uma só vez? É, mas a sensação de realização é incrível,
saber que cada célula do meu corpinho gosto se sente bem. Eu
estou ótima. Em breve serei a mulher de branco, Nossa Senhora do
céu meu tudo é ser a noiva que vai algemar e prender o delegado
mais sexy deste mundo. Quem diria hein Brasil que euzinha em
menos de um ano encontraria o amor da minha vida, ficaria grávida e
ainda estaria cursando arquitetura, valeu a pena sonhar e acreditar,
eu coloquei fé em meus delírios e eles se tornaram realidade. Eu
amo a minha realidade.
Jogo meus braços para o alto e pulo, estou com um chapéu
em formato de prédio é feio que dói, mas nem ligo. Estamos na
central do Rio de Janeiro, meu rosto está pintado de verde e amarelo
aqui é Brasil. Amo ser brasileira, gosto das diversas culturas e
gêneros musicais, sou apaixonada pelo nosso clima perfeito. O Brasil
é o próprio paraíso, um paraíso que muitos desmerecem. A única
coisa que desmereço é o governo, mas fora isso aqui é meu lugar se
um dia pensei em ir para Rússia morar só pensei mesmo, porque
neste solo, nesta pátria amada é meu lugar. Eu tenho saúde de
graça, escolas gratuitas sem contar nos inúmeros cursos e bolsas
que o governo oferece gratuitamente, meu Deus não estuda e não
aprende quem não quer, oportunidades há, mas cabe a cada um
buscar a sua, o Nordeste é sofrido? É pra caralho, porém, a culpa é
do JK e dos governantes depois dele que só investiram na região
sudeste, porra ferram o Brasil com isso, mas o que quero dizer e
gravar em mim mesma e no baby em meu ventre é que devo
valorizar o que tenho em casa, e essa é minha casa. Que o papai do
céu me abençoe, e o Cristo Redentor continue olhando por nós
cariocas sofridos.
Venceu, venceu, venceu pátria amada Brasil! Grito com os
outros estudantes o fim do hino nacional. Abraço uma colega que
acabei de fazer e acaricio minha barriga nanica que cresce ainda.
Estou de barriga de fora e pintada com o símbolo da
arquitetura, meu short curto de tecido leve me deixa nada elegante,
mas quem disse que estudante tem que ser elegante nas ruas num
sol quase de rachar, o inverno resolveu sorrir e aqui estamos nós
pegando um bronzeado em pleno agosto, vida melhor não há!
Olho em volta e com congelo ao ver meu delegado sexy me
encarando. Ele está uniformizado e com óculos escuros. Seus
braços estão cruzados sobre seu peito musculoso. Nem preciso me
aproximar para dizer que ele não se encontra nada feliz. Eu poderia
tentar correr ou fingir demência e continuar com o pessoal, mas o
meu seu polícia é rápido, rápido demais. Ajeito meu top, e anda em
passos lentos até sua forte presença. Passo pela multidão verde e
amarela e quando estou diante dele abro meu melhor sorriso.
— Oi, seu polícia, o que faz por aqui? — pergunto,
inocentemente, tenho quase certeza de que ele não está nesta
localidade por minha causa.
— Não, é claro que não estou por sua causa. — As palavras
saem lentamente por sua boca. — É óbvio que minha noiva grávida
tomaria mais cuidado em sua gestação e de forma alguma ficaria
num sol deste pulando e dançando descuidadamente — diz e
descruza os braços.
— É claro que ela não faria isso. — Concordo querendo fugir
para China, alô tios dos olhos puxados me recebam bem viu?
— Foi o que eu pensei, mas vejamos, já que minha noiva
jamais colocaria sua gestação em perigo o que ela está fazendo
aqui, neste calor pulando e dançando feito doida? — pergunta.
— Seus olhos viram errado — informo. — Sua noiva grávida
estava sentada na sombra observando o trote.
— Meus olhos viram errado?
— Exatamente, eles viram completamente errado.
— Laura, vamos para casa agora! — Sua mandíbula está dura
e seus dentes cerrados.
— Eu já estava indo, amor, mas você aqui me faz gastar
menos com Uber, sua carona é sempre bem-vinda.
Ele pega minha mão e quase me arrasta para fora da
multidão. O povo deve estar me achando uma delinquente, porque
há um delegado federal me arrastando. Que vergonha, mas de
vergonha não morro e sim vivo. Viva lá vida!
Quando estamos bem afastados da multidão vejo seu carro,
entro no lado do carona e afivelo o cinto. Em silêncio Arthur adentra
o carro, põe o cinto e gira a chave, ligando-o, sem me olhar ele sai
acelerando o carro como se estivesse no filme Velozes e Furiosos. O
silêncio é quase assustador, mas se ele falar será bem pior. Olho
para a rua e para as pessoas.
— Será menino ou menina? — pergunto do nada, quebrando
o silêncio.
— Quero que apenas venha com saúde independentemente
do sexo, Laura — responde, calmo. — Mas para que ele ou ela
tenha saúde você precisa ser cuidar, Laura, vamos ter uma gestação
tranquila, por favor. — Pede.
— Não sei ser tranquila — digo. — Sou agitada e gravidez
não é doença e sabe bem disso. Eu vou me cuidar, mas não vou me
deitar em uma cama esperando os meses passarem e a bolsa
estourar. — Olho para ele que se concentra na estrada. — Minha
gestação não é doença e sim uma bênção, não estou acamada e
não me limitarei tanto, mas de qualquer forma ouvirei a opinião de
um profissional.
— Amanhã será sua consulta com a obstetra, veremos como
tudo anda.
— E quando nos casaremos? — pergunto ansiosa por esse
dia.
— Sábado!
— O que você disse? — inquiro, sentindo pássaros girar em
torno da minha cabeça.
— Sábado agora nos casaremos — informa, docemente. —
Minha irmã já está com os vestidos para que possa experimentar.
— Você é doido? — questiono, chocada.
— Eu convivo com você, minha menina, não posso ser tão
normal assim, aliás, não vejo mais o porquê de aguardamos tanto
tempo para o casamento. Já estamos grávidos, moramos juntos e
agilizar o casamento é praticidade.
Olho para ele e para o anel em meu dedo. Nossa Senhora eu
vou me casar em quatro dias! Estou puta de raiva, mas tão contente
quanto o girassol Arthur sabe como enlouquecer alguém, ele me
enlouquece desta maneira. Como é possível que eu me case sem ao
menos planejar o tempo, Jesus não é que minha doideira é
contagiante?
— Posso ao menos saber aonde iremos nos casar? — indago,
ansiosa.
— Petrópolis, Palácio da Quitandinha. O casamento será à
noite, reservei o local para nosso casamento, não é algo fácil, mas
consegui — comento.
— Eu nunca fui em Petrópolis — digo, rindo feito boba.
— Você vai amar, mas escolha um vestido de inverno para
não passar frio — avisa, e sorrio.

Meu Deus, vou me casar em uma semana, mentira em quatro


dias.

— Laura, o vestido com manga longa sem babado é melhor!


— minha mãe diz, impaciente.
— Não, Solange este aqui com pedras na cintura é mais
charmoso — rebate dona Silvana.
— Acho que o com V na frente e pedras na borda melhor.
— Eu, Laura, a noiva prefiro o estilo princesa com as mangas
em renda e um laço médio na parte de trás, o decote na frente me
aparece maravilhoso — digo, serena. — Vamos agora escolher as
joias — comento, andando até o porta-joias onde há diversos
conjuntos de brincos, colares e pulseiras.
— Não sei por que estamos aqui se não quer nossa opinião
— reclama minha mãe.
Ignoro elas e busco algo simples e acho, um cordão com um
pingente de sol, e brincos simples de pérolas. Uma tiara delicada
nada exagerada, algo bem simples, não quero uma coroa em minha
cabeça. Optei por colocar uma sapatilha branca com pedras, não
quero usar salto no dia do meu casamento, com a sorte que tenho
caio de cara no chão em questão de segundos, e Nossa Senhora do
céu nesse dia tudo tem que ser perfeito. O que pode acontecer de
errado? Já sei, a doida da Patrícia aparecer de surpresa e querer
roubar o noivo, mas me lembro que o meu noivo é delegado, além de
ser foda em tudo que faz.
— É isso, meu povo — informo, apontando para as minhas
escolhas. — Não desejo nada mais que isso. — Bato palmas para as
minhas escolhas.
— Você tem um noivo rico e escolhe simplicidade, te criei
bem. Minha mãe me abraça por trás.
— É, dona Solange, agora você também está na família pelo
tio Fernando.
— Eu não tenho nada com o velho tarado — fala minha mãe,
brava.
— Se você diz, mas, mãe, ontem ele dormiu com a senhora —
digo.
— Laura, cala a porra da sua boca, menina! — vocifera,
batendo-me.
— Estou grávida!
— E eu com isso? — pergunta.
— É assim que me ama? — revido, virando-me para ela.
— Eu te amo e é isso que importa, agora cale a boca e vista
de novo esse vestido para as medidas, e pelo amor de Cristo não me
venha mais com essas pinturas no corpo senão eu te surro. — Seu
dedo em minha cara é promessa de que cumprirá o que diz.
Visto de novo o vestido escolhido ligeiramente e coloco as
joias, o sapato e quando me olho no espelho sorrio, mesmo
parecendo uma bruxa sorrio ao me sentir feliz e realizada.
Está chegando o meu dia....
Que Deus me proteja de tudo e de toda a maldade.
É seu polícia vou te algemar a mim de verdade! — sussurro
para mim mesma.

Aliso meu vestido sentindo a glória vindo, restam quatro,


quatro dias...
Sorrio para Miguel, quem diria que eu, Laura viria a um
psicólogo após a consulta médica. Esperava um divã ou sei lá o que,
mas há um sofá extremamente confortável que posso me deitar ou
não, enfim é lindo seu consultório acho que é assim que se fala. As
paredes são claras, um certo azul-bebê com as bordas mais escuras.
Vejo quadros espalhados, planta é um ambiente acolhedor.
— Diga pelos céus que veio me contar o sexo do bebê? —
pergunta, rindo.
— Não mesmo, segredo de nascimento e nem deu para ver o
sexo.
— Um absurdo isso! — reclama, cruzando os braços e as
pernas.
Sorrio da sua atitude infantil, mas a meu ver assim como eu
Miguel busca viver com leveza sem se importar com opiniões
alheias. Ele brinca, sorri e diverte qualquer um.
— Desculpa te decepcionar.
— Está tudo bem — comenta, rindo. — Agora, me diga o que
a trouxe aqui? — pergunta, inclinando o tronco para frente,
descruzando as pernas e batendo em suas coxas com leveza.
— Você é psicólogo.
— Se quer uma consulta não posso ajudar — avisa, e murcho
em meu lugar. — Não posso consultar família, Laura, é antiético,
mas se quiser bater um papão de graça estou à disposição.
Suspiro derrotada.
— É, então vamos de bate papo.
— Como você está?
— Feliz, nervosa, ansiosa e com medo. Há um turbilhão de
sentimentos aqui. — Aponto para o meu peito e sorrio nervosa.
— É normal, casamento. Gravidez. Faculdade. É tudo de uma
só vez, porém, é tudo que deseja. Alguns vivem uma coisa por vez
você está vivendo o que anseia e deseja. Eu também tremeria na
base — diz, rindo.
— Meu pai não vai entrar comigo.
— E por acaso ele fez falta em sua formatura do colegial?
Quando ficou doente? Em que momento que viveu você achou que
precisava dele e percebeu que os que lhe cercava eram mais que o
suficiente? — pergunta.
— Em nenhum, em todos minha mãe e minha falecida avó me
bastaram e agora eu tenho todos vocês.
— Então por que se tortura tanto? — Ele ri, e se levanta. —
Laura, não podemos sentir falta do que nunca tivemos. Minha mãe
me largou e fugiu com outro homem quando eu tinha cinco anos, até
hoje não temos contato. Já me doeu e sei que ela tem outros filhos,
mas eu fui esquecido e francamente, meu pai a tratava como uma
rainha. Nem sempre somos o suficiente para alguém, mas devemos
ser o suficiente para nós mesmos.
Levanto-me e o abraço.
— Sua mãe perdeu um filho maravilhoso.
— Seu pai perdeu a melhor filha do mundo. Agora vamos
tacar um foda-se para esses bastardos e sorrir para vida, porque o
sol reina, a lua sempre surge e o criador é perfeito.
Ele beija minha testa e faz uma dancinha maluca, o
acompanho me sentido muito mais leve comigo mesma. Eu adoro
esse menino, ele chegou há pouco tempo, mas já considero um
irmão.
Passo a mão em meu ventre e percebo que sou perfeita do
jeitinho que sou, eu me basto.
Olho para meu vestido vermelho com um corte gigantesco em
ambos os lados, pego minha máscara preta e coloco no meu rosto.
Vejo se meu rabo de cavalo se encontra perfeitamente alinhado. É,
se Arthur Sokolov acha que pode ir em uma despedida de solteiro e
eu não, está muito enganado, é hoje que endoido o cabeçote dele.
Ah, seu polícia, você ainda tem que ir em um clube de luxo, onde
máscaras são extremamente bem-vindas? Ódio é o que me define.
Para ter noção na situação até minha mãe, minha mãe está indo
porque o Fernando foi junto, e quem nos informou isso? Miguel! De
acordo com o psicólogo ele gosta de filmar barracos e amará ver a
cara do meu delegado sexy quando me vir. Calço meu salto 15 cm e
sorrio para meu reflexo maravilhoso. Meu batom é vermelho, só não
mais que meu vestido perfeito.
Desço as escadas da casa de Alyane vendo as mulherada e
Miguel me esperando. Minha mãe usa um vestido bege rodado com
pedras nas bordas, sua máscara é branca. Lyane usa um vestido
preto e máscara preta, na verdade, ela está toda de preto, suas falas
foram “estou de luto”. Minha sogra usa um vestido longo branco, com
uma máscara vermelha. Estamos para fazer sucesso. Miguel usa um
típico terno com gravata borboleta. Sua máscara é verde, e meu
Deus, a câmera já se encontra em suas mãos filmando cada uma de
nós. Ele realmente não bate bem da cabeça, não, ele não bate. Mas
o adoro, real! Miguel vale ouro.
— Okay, mulheres lindas, vamos que a noite só começou —
diz andando de costas em direção à porta. — Essas damas estão
para matar, literalmente, para matar, se tudo der certo amanhã
teremos casamento!
Sorrio para suas palavras morto ou vivo Arthur se casa
amanhã comigo, acreditem. De mim ele não foge, em falar que hoje
ele fugiu e ainda mentiu, francamente não esperava isso do meu
marido, não esperava mesmo, mas ele simplesmente fugiu. Sumiu
das minhas vistas aí que ódio.
Assim que entro no banco de trás do carro, exatamente no
meio vejo Miguel dar partida e dirigir ligeiramente pelas ruas, esse
homem vai fazer merda, tenho quase certeza, uma certeza não
certa. Sabe aquela voz que diz, vai dar merda? Então estou ouvindo
a mesma neste exato momento, e francamente eu tenho certeza de
que coisa boa não vai sair desta noite, estou nervosa e pronta para
atirar em alguém, minha sorte é que não tenho arma, eu realmente
não tenho arma alguma, mas se tivesse matava alguém. Certeza de
que meu noivo, lindo, gato e pai do meu baby levaria um tiro bonito
na fuça, só por ousar olhar para outras mulheres, eu uma mulher
linda, perfeita e novinha não precisa ser abandonada um dia antes
do casamento pelo delegado mais sexy do mundo, Nossa Senhora
do céu! Você sabe, que eu sei que esse homem é meu sonho
todinho de puta devassa, mas também sabemos que quando sento
nem guindaste me tira de cima dele.
— Laura, não se altere por conta do bebê — Lyane diz,
pegando minha mão. Ela é tão carinhosa.
— Podem deixar que serei bem na minha e ainda um amor de
pessoa. — Tranquilizo. Pretendo pôr fogo, mas não falarei isso.
— Quero que meu neto nasça bem — acrescenta minha
sogra no banco da frente. — Meu primeiro neto, que honra.
— Mãe, pelo amor de Deus, em breve terá mais netos.
— Você está grávida, Alyane? — Minha sogra vira a cabeça
para trás assustada e eufórica.
— Não! Por Deus, não — Lyane fala, exasperada
— Que pena! — Dona Silvana fica triste na hora,
— Um neto de cada vez é melhor, Silvana. — Minha mãe a
consola. — Curta um por vez.
— Isso, mãe, um por vez! — Reforça Lyane. — Mãe, vamos
aproveitar a Laurinha.
— Eu apoio uma cambada de catarrentos, você vai a loucura,
tia! — Miguel se pronuncia.
— Eu concordo com você, mas meus filhos não! — Sua
tristeza é visível.
— Vai que a Laura tem gêmeos — diz o psicólogo.
— Deus abençoa, mas bênçãos em dobro é de mais para meu
coração — digo, rapidamente.
Nada contra ter gêmeos, mas é muito trabalho e por mais que
seja amor em dobro é um amor que chora a noite toda. Temo essa
felicita realidade, um só é o bastante.
Seguimos em silêncio total até que paramos diante de um
prédio de três andar com o nome de Luxo, mas que porra é essa?
— Miguel, que caralho de lugar é esse? — pergunto, olhando
fixamente para o local.
— Um prédio, não vê? — questiona, virando a cabeça para
minha direção. — Agora se afaste que não desejo seus lábios.
Afasto-me e olho mais uma vez indignada para o prédio.
— É um motel? — pergunto, nervosa. — Ou um clube estilo
Cristian Gray? Porque se for um dos dois ou ambos eu mato seu
filho, sogra.
— Relaxa, querida, se for algo assim eu mato seu sogro...
— Eu mato seu pai, Miguel... — brada minha mãe.
— Eu mato o Daniel, com toda certeza o mato.
— E eu não mato ninguém, mas filmo tudo nesta porra! —
Miguel pega sua preciosa câmera e sorri. — É hoje que
testemunhamos um assassinato em tempo real, vivas as esposas,
noivas e namoradas assassinas.
Ele acelera o carro indo em direção a uma garagem, mostra
um crachá e entramos. E puta que pariu a garagem é chique imagine
o restante. Eu juro que se não fosse pela atual situação eu estaria
até mesmo girando em um pole dance por estar aqui, Nossa
Senhora que tesão por este lugar. Juro por meu baby que se
pudesse até strip-tease faria, mentira posso nem pensar nisso senão
o delegado sexy me nega sexo. Ai que vida triste.
Depois que mamãe sai do carro eu saio e Lyane já está fora.
Juro por Deus que minha sogra é a mais assassina daqui, porque eu
estou vendo até ela esfaqueando um.
Sigo Miguel até um elevador que ao chamar digita uma senha,
isso é uma máfia do sexo? Puta que pariu que lugarzinho sinistro.
Parece mentira, mas é verdade o elevador é todo estofado de
vermelho com preto por dentro, há um espelho gigante no fundo.
Minha boceta até fica molhada com a esperança de poder dar uma
rapidinha.
— Porra tem câmera aqui — protesta minha mãe.
— O quê? — Pergunto eu, Alyane e minha sogra juntas.
— Ah, nada de sexo no elevador, senhoras. — Miguel falta
gargalhar da nossa cara de desgosto.
Quando um apito ecoa as portas se abrem mostrando um
local extremamente luxuoso com pessoas mascaradas, elegantes e
com toda certeza milionários. Eles não dão importância para os
novos chegados. Continuam seguindo suas vidas como se nada
mudasse.
Espero Miguel assumir a frente para que possa segui-lo. A
cada passo que dou sinto a excitação correr por minhas veias,
homens viram a cabeça quando passamos, mas nem dou ideia.
Quando menos espero estou subindo uma escada que possui
degraus pretos com triângulos vermelhos, mas que porra é essa?
Quando penso que o ar me faltará chegamos ao topo, há dois
corredores, um com luzes brancas e outras vermelhas. Seguimos as
vermelhas. Passamos por certas portas e ouvimos uns gemidos,
outras portas há gritos e até barulho de tapas. Esse lugar é o pecado
encarnado entre quatro paredes.
Miguel para diante de uma porta dupla, a última no fim do
extenso corredor, sabe a vontade de matar um? Então, seja lá o que
for eu juro por Deus que mato Arthur, mato de verdade. Minha Nossa
Senhora do céu, estou me tornando uma assassina. Eu não
esperava me tornar uma tão cedo, mas vejam só me sinto prestes a
cometer o maior crime de todos, matar meu noivo.
— Puta que pariu! — dizemos em uníssonos ao ver o que
tem por trás das duplas portas de madeira escura.
No local só há alguns homens jogando sinuca, cartas e dados.
Eles conversam, fumam e bebem.
— Miguel Camargo, cadê as putas? — pergunta minha mãe.
— Putas? — Ele parece confuso. — Nessa sala só há jogos.
— Como é? — questiona minha linda cunhada.
— Eu disse que o lugar era pura luxúria, não pura sacanagem
— explica.
— Garoto, eu vou te matar! — mamãe ameaça com os
dentes cerrados.
— Não mate seu filhinho! — O psicólogo abre um sorriso
digno da propaganda de pasta de dente.
Suspiro e adentro na sala, olho a minha volta enquanto ando,
então o vejo sentando em um bar com os outros homens. Sua
expressão até por trás da máscara é tranquila, quieta e calma. Passo
pelas mesas de jogo tocando nas bordas, chamando atenção de
quem está à minha volta. Paro atrás dele e sorrio de lado.
— Dizem que esse local é bom para sexo! — comento,
despretensiosamente.
É irônico minha calma, eu gostaria de poder matar esse
homem, mas vejamos eu o amo.
— É o que dizem... — Não há surpresa em sua voz por eu
estar aqui. — Demorou, pensei que viria com mais velocidade. —
Sua voz rouca me excita, inferno! Delegado sexy.
— É velho tarado — Minha mãe fala antes que eu possa
pronunciar qualquer palavra.
— Quer compromisso sério, mas vem em puteiro de luxo!
— Não, Sol. — Juro que estou vendo meu quase padrasto
tremer na base. — Viemos aqui para beber e só. Explica.
— Beber e só? — pergunta, aproximando-se dele. — Sou
otária? Se quisesse beber iria a um bar comum não viria para este
lugar. — O dedo na cara dele é sinal de que uma guerra poderá vir à
tona a qualquer instante.
— É Nikolai esperava mais de você — dona Silvana diz com
a voz leve. — Mas já que estamos aqui, já que colocamos estes
vestidos dignos do met-gala, aproveitaremos também o Luxo, sabe
sempre tive vontade de conhecer certas partes deste lugar.
— Aprovo, mamãe, mal vejo a hora de poder dançar e beber
— Lyane diz com raiva na voz.
— Por favor, vamos todos aproveitar esse local com sabedoria
e gosto. — Miguel se intromete na guerra de casal.
— A única coisa que quero experimentar são aquelas barras
que vi na outra sala — comento, virando-me a saindo.
Mas antes que eu possa me distanciar braços fortes me
agarram. Suas mãos desligam por minha cintura e param em meu
ventre. Seu corpo gruda ao meu. Sinto sua ereção cutucar minha
bunda, ai que delegado safado. Ele é meu sonho da puta todinha.
— Aonde a dama de vermelho pensa que vai rebolando essa
bunda gostosa? — Seu hálito quente em meu pescoço faz com que
meu corpo estremeça.
— Vou mexer essa raba.
— Ah, você não vai e se for mexer algo será subindo e
descendo em meu pau. Acredite, Laura, é isso que você fará. — Ele
me puxa ainda mais contra ele.
— Vou, é? — provoco.
— Vai, e hoje será seu último dia triturando meu pau solteira,
amanhã depois das sete da noite será minha, minha doce e terrível
menina-mulher.
— Achei que já fôssemos um do outro.
— E somos, porém, amanhã perante a Deus e ao homem
seremos um. — Seu tom rouco, seu dedo que acaricia meu ventre
me deixa louca, louca por mais.
— Vão transar logo — diz Nikolai. — Na verdade, o único na
seca será Miguel. Provoca.
— A noite mal começou, titio. — Há malícia na voz do
psicólogo.
— Olha o chicote! — Lyane diz e me viro com tudo quase
derrubando seu polícia.
— Você é um Gray na vida? — pergunto, curiosa.
— Quer descobrir como? — pergunta. — Na sala vermelha ou
no elevador?
Antes que eu possa dizer algo meu delegado fala por mim.
— Vai descobrir com a minha arma atolada no seu cu, filha da
puta.
— Puta ela era mesmo — responde Miguel, rindo.
Sem entender nada sou arrastada por Arthur rumo ao paraíso.

Meto com força dentro da sua boceta, enquanto ela geme


escandalosamente meu nome, Laura é minha loucura. Aumento a
intensidade das estocadas fazendo a cama ranger e a cabeceira
bater levemente na parede. Puxo seu cabelo longo com força
fazendo com que suas costas nuas e suadas venham ao encontro do
meu peito. Largo seu cabelo, deslizando minha mão sobre suas
costas até chegar ao seu pescoço e aperto-o de leve tendo cuidado
para não machucá-la. Minha outra mão aperta seus mamilos duros
com força e a safada parece adorar minha brutalidade. Não diminuo
o ritmo das estocadas, Laura aperta os lençóis com força, seus gritos
agudos ficam roucos, sua boceta me aperta cada vez mais, nosso
encaixe é perfeito, extremamente perfeito.
Afasto um pouco nossos corpos. Ergo mais seu quadril para
cima, coloco minhas mãos em sua cintura fina e volto a investir ainda
mais forte, deslizo uma mão para seu clitóris, começo a massageá-lo
no ritmo das minhas estocadas, seu corpo treme de prazer, meu
corpo busca um alívio desesperadamente.
Quando ela me aperta mais e berra, sinto seu gozo e a
acompanho. Meu copo cai sobre o dela, mas não jogo todo meu
peso. Estamos ofegantes, cansados, suados e felizes. Não há
palavras para serem ditas.
“Você acredita em finais felizes?” Foi essa pergunta que fiz a minha
professora no sexto ano do ensino do fundamental quando ela me
obrigou a ler a Bela e a Fera pela primeira vez, confesso que eu
amei a história, na época contos de fadas me alegravam, mas o da
Bela e a Fera foi o que mais demorei para ler. O fato de a Bela por
amor ir ao castelo e viver com uma criatura horrorosa me parecia
cruel, mas depois de ler em voz alta percebi que a maldade de
enxergar as coisas se encontram dentro de nós, a fera poderia não
ter a melhor da aparência, mas, ainda assim, era lindo por dentro,
não, minto ele precisou se tornar uma besta para que pudesse
apreciar a real beleza e os verdadeiros valores. Mas para amar é
preciso existir boniteza? Não, vejamos a mãe do Patinho Feio o
amou de qualquer forma. O Príncipe amou a Raposa. Voltando para
pergunta que fiz a minha professora, ela me respondeu que
felicidade nunca é plena, mas é isso que dá razão ao viver. Na época
eu não compreendi, mas hoje faltando sete minutos para meu
casamento eu entendo. Não é sobre o “feliz para sempre”, mas sim
sobre o viver, nada é eterno nesta vida, mas a forma como vivemos é
o que realmente importa.
Entre minhas loucuras, sonhos e medos, este era o que eu
menos esperava viver ou vivenciar. Nossa Senhora, eu, Laura estou
parecendo a Cinderela. Não me reconheço diante deste espelho
gigante que vai até o teto. Pedi para que as garotas saíssem para
que pudesse ficar um pouco sozinha. É real, eu achei meu príncipe
encantado, encontrei uma razão de acreditar mais que há pessoas
boas e sou feliz. Meu pai disse uma vez que com minha loucura
jamais arrumaria um homem que me levasse a sério, e vejam só
achei um baita de um gostoso que quer me levar para o altar.
Misericórdia, ele me aceita como sou, não pediu para que eu
mudasse ou deixasse de acreditar em minhas fantasias. Ele não é de
sorrir a cada instante, mas sempre, sempre sorri para mim. Ah, se
minha vozinha estivesse viva sentiria orgulho da mulher que me
tornei! Eu estou orgulhosa dos caminhos travessos que tomei. Quero
eternamente viver desta forma. A vida é para ser vivida com leveza,
com graça e amor.
— Laura do céu, veja só onde você chegou! — digo ao meu
reflexo. — Você está indo longe, muito longe.
Passo a mão por meu ventre e sorrio largamente. Era
somente eu, agora há você. Deus, eu ainda nem o conheço, mas já o
amo tanto. Eu imaginei tanto esse momento, eu me vi várias vezes
escrevendo meus sonhos mais loucos em meu diário, e agora estou
aqui diante da realidade. Se alguém ler meus diários, verão que
realmente uma fada-madrinha abençoou minha vida, o faz de conta
tornou-se minha incrível realidade. Valeu a pena não ter medo de
viver.
Fecho meus olhos tentando acalmar meu coração que mais
parece uma escola de samba em meu peito. Estou nervosa e
ansiosa.
Ouça batidas na porta.
— Entre.
Pelo espelho vejo Mayra entrando, ela usa um vestido azul-
bebê longo com um pequeno V na frente. Por uns instantes não sei
o que falar, não esperava essa visita. Não imaginei que ela
apareceria do nada.
— Você está parecendo uma princesa, está fabulosa — diz,
aproximando-se.
— Obrigada. — Consigo dizer.
— Gostaria de me desculpar por meus comportamentos
desde o instante em que a vi — se desculpa, sem graça. — Eu
sempre vi meu irmão ao lado de uma amiga, mas então você
chegou. Me desarmou. — Ela sorri e passa as mãos em seus fios
loiros que se encontram soltos. — Eu nunca o vi tão feliz e leve,
Arthur é um homem bom, porém, sempre foi fechado até mesmo
para a família, por isso invejei sua aproximação. Ele não usou
escudos, ou armas contra você ao contrário meu irmão te abraçou de
uma só vez, sem amarras ou medo. — Seus olhos buscam o meu e
então ela abre um lindo sorriso. — Sempre quis ser mais próxima
dele, mas sempre fui arrogante e na minha. Criei meu pedestal e me
recusei a descer, meu pai tem razão ao dizer que vivo sozinha por
escolha. Laura, apenas me desculpe e me deixe ficar perto do meu
sobrinho.
Viro-me para ela e sorrio.
— Te desculpo. É claro que pode ficar perto do meu baby. —
Vou até ela e a abraço com força. Demora uns segundos para que
ela devolva o abraço.
— Obrigada.
É sobre isso, família perdoa e não carrega ódio no coração.
— Agora vamos para o altar? — pergunta.
— Nossa Senhora, sim vamos. Meu Deus, eu vou para o altar.
Ela ri da minha loucura e me ajuda a pegar meu buquê de
tulipas vermelhas, coloco meu véu longo e nem ligo se não sou mais
virgem. Quando saio pela porta vejo minha mãe e Lyane, que correm
até onde estou. Minhas madrinhas estão vestindo um vestido azul-
bebê como o da Mayra, mas os modelos são diferentes. Com
cuidado ando para fora e na saída há uma carruagem me esperando,
os dois cavalos são brancos e bonitos. Puta que pariu estou
realmente me tornando uma princesa.
Com ajuda subo na carruagem quase chorando, mas Deus
me livre estragar a maquiagem. A mulherada vai no carro atrás.
Jesus do céu que eu não desmaie. Não posso de forma alguma
desmaiar, é o meu dia. Meu momento. Quando a carruagem para,
vejo meu sogro me esperando. Ele me ajuda a descer a as meninas
correm até onde estou para me ajeitarem. Minha sogra já se
encontra no altar ao lado do seu delegado sexy. Meu sogro beija
minha testa e sorri. Paro diante de um arco de pisca-pisca com flores
enroladas nele. São três arcos e no final há degrau e acima uma
cortina de flores, que me impedem de ver o que há no outro lado. Eu
não cuidei dos detalhes e francamente sou extremamente grata a
eles por isso.
Olho para o meu sogro russo que sorri tanto que as gengivas
estão à mostra.
— Laura, te vejo no altar — dizendo isso ele vai rumo ao altar.
Minutos depois os padrinhos são chamados. Alyane e Daniel
entram jogando flores, como pedi. Daniel está uma graça segurando
uma cesta de flores. Mayra entra com Miguel e quando chega a
minha vez, mamãe entrelaça seu braço ao meu.
Passo pelo primeiro arco, segundo e no terceiro sinto o frio na
barriga. Subo o degrau e olho para minha mãe.
— Vamos, princesa.
Aceno com a cabeça e quando começa a cantar Garota de
Ipanema atravesso a cortina de flores. Todos estão de pé me
aguardando, Arthur está vestido com um terno branco com a gravata
vermelha. Ele sorri ao me ver, me sinto nervosa e dolorosamente
quente. Caminho sem perceber em direção ao meu príncipe
encantado, meus pés parecem flutuar. Tudo que me importa é
chegar até ele. Até o nosso momento.
Quando minha mãe para me viro e a encaro.
— Você é o melhor de mim, Laura — diz. — Realize o seu
sonho e seja mais que feliz.
— Eu já sou!
Pego a mão do Arthur, e sem dizer nada caminhamos ao altar,
seu pai nos aguarda sorrindo abertamente. Arthur levanta o meu véu
e beija minha testa. O pai dele começa a falar, mas não é nele que
presto atenção. Suas palavras bonitas não me parecem atrativas,
minha cabeça volta para quando pela primeira o vi, misericórdia. Eu
me joguei em seus braços, fui presa, fiz amigas na prisão e ainda fui
assaltada na saída. Deus escreve certo por linhas tortas, ele
realmente sabe o que faz.
— Sim.
— Sim.
— Podem se beijar, os declaro marido e mulher.
— É agora e para sempre, minha louca menina.
— Até depois da morte — sussurro antes de beijá-lo.
Algumas pessoas esperam que os contos terminem como no
início, eu digo que o meu livro não é um conto, as páginas ainda
estão sendo escritas.
Beijo Arthur como se nossas vidas dependessem disso, e
talvez dependam.
Nunca fui tão grata por ser tão delirante.
Seguro minha taça ao mesmo tempo que admiro a aliança em meu
dedo, casado aos 38 anos, conheci a noiva em menos de um ano, e
francamente não importa os meses, os anos, tenho absoluta certeza
de que ela é a mulher da minha vida. E mesmo se eu não soubesse
ela me daria a certeza por bem ou por mal, porém, duvido que ela
seja capaz de fazer mal para alguém, essa menina-mulher é uma
porra louca, mas a minha porra louca favorita. Eu amo a forma como
ela me olha apaixonada a cada instante, sinto que a olho da mesma
maneira. Foi preciso eu viver quase 40 anos para compreender que
o amor não tem data, horário ou idade, por Cristo onde em meus
melhores pensamentos futuros me imaginava casado com uma
novinha de 21 anos e ainda aguardando ansiosamente que meu filho
ou filha nasça, é loucura é quase como se eu estivesse delirando em
meus próprios pensamentos. Entretanto, aparentemente tudo me
trouxe até ela, é como se o carnaval deste ano tenha sido feito
especialmente para que nossos destinos se cruzassem. Eu sou o
filho da puta mais feliz deste mundo por tê-la em meus braços, por
ser amando por ela. Laura é uma pessoa com o coração tão puro
que nem percebe a sua inocência contagiante, eu ainda não fiz
metade das coisas que anseio fazer com ela e puta merda, o
casamento é só o início de que a terei todos os dias na minha cama
meu pau até dói com esse bendito pensamento de que ela será
somente minha, me sinto um ogro ferrado por esses pensamentos,
mas é assim que me sinto.
— Você com essa cara de trouxa? — pergunta Miguel,
sentando-se ao meu lado.
— Por é o que sou, mas sou sexy e gostoso.
— Esqueceu o velho, mas até que eu te daria uns bons
pegas, delegado.
Viro para ele e ergo a sobrancelha.
— Quem sabe em outra vida — brinco.
— Sinto muito, delegado, mas essa novinha vai te perseguir
em todas as suas vidas, e eu não tenho força para brigar com ela,
nem disposição possuo.
— Eu não sabia que era Bi.
— Não me dou títulos, delegado, apenas me dou o prazer e a
sensação da loucura — diz e sorri. — Eu sou eu, nada mais do que
isso.
— Não vão te pressionar a assumir um lado? — questiono.
— A sociedade talvez, mas não me rotulem porque rótulos eu
não tenho — fala, sério. — Não sou obrigado a ser A ou B, eu sou
Miguel Camargo apenas isso.
Bebo um gole do meu champanhe e olho para minha esposa
que está sambando feito doida com a minha mãe e sogra.
— Seja você mesmo!
— Eu sei...
Olho para suas mãos e só vejo a caneca de cerveja.
— Miguel, cadê a câmera? — pergunto, já que ele não está
filmando nada.
— Você pagou caro para esses caras fazerem a filmagem do
seu casamento, eu apenas pedi para que eles sigam ao vivo no meu
Instagram — comenta.
— Casar custa uma pequena fortuna — digo. — Não que eu
esteja reclamando, mas esse lugar me custou bons zeros.
— É claro que custa, por isso sigo sendo solteiro — caçoa,
colocando-se de pé. — Deixe-me mostrar para essas senhoras que
precisam da minha pessoa na roda de samba...
O desgraçado larga a caneca e corre para a pista de dança,
esse psicólogo não bate tão bem da cabeça e tenho certeza disso.
Levanto-me, largo minha taça sobre a mesa e caminho para
perto do DJ, amo um pagode, mas tenho uma surpresa para a louca
da minha esposa, porra é isso 38 anos, casado e com um bebê a
caminho.
Assim que chego à cabine do DJ lhe entrego o pendrive.
Faço um aceno com a cabeça e caminho em passos curtos para o
banheiro masculino onde visto rapidamente a mesma roupa que a
Laura me viu no carnaval. Calça preta justa. Camisa preta colada e o
distintivo pendurado no pescoço. Arma no cós da calça na parte de
trás, algemas no bolso de trás e bota meio cano escura. Coloco o
boné com o símbolo da polícia federal, respiro fundo e saio porta
afora, onde meus homens de confiança me esperam. Todos estão
vestidos de preto assim como, porém, sou o único de boné.
Conforme caminhamos para a pista de dança a luz se apaga
fazendo as mulheres gritarem, com isso pego uma falsa arma ponho
para o alto, puxo o gatilho e ela se acende em luzes rosas atraindo
toda atenção para mim. Caminho até minha noiva delirante e a
arrasto até uma cadeira que colocaram no centro da pista de dança.
Faço-a sentar, pego as algemas no bolso de trás e com a arma ainda
para cima, pego seus braço e os coloco para trás e passo as
algemas, a desgraçada sorri safada. Seguro seu queixo e a beijo
ferozmente.
A música começa a tocar e me afasto sorrindo, solto o gatilho
e guardo a arma.
Todos fazem uma roda ao redor curiosos, abaixo mais a aba
do meu boné, respiro fundo e quando a música começa a tocar os
padrinhos vão para trás, quando o cantor fala “ alô minha galera
presta atenção o rebolation é a nova...” começo a dançar conforme o
ritmo e coreografia que aprendi em pouquíssimo tempo. Quando
começo a rebolar sensualmente Laura grita desesperada, aproximo-
me dela e jogo meu quadril em sua direção, sua reação me aquece,
ignoro todos à nossa volta, enxergo somente ela e sua excitação,
sento em seu colo e simulo uma cavalgada, fazendo meu pênis já
duro bater em sua barriga, sua boca entreaberta arranca um sorriso
meu, me inclino e beijo sua boca sedento por seu gosto jovial que
me ferra a cada instante.
— Seu polícia, pela pelo amor de Cristo me solte, não quero
ficar algemada a você! Por favor, solte-me! — implora entre
pequenos gemidos que me deixam ainda mais duro e doido para
estar dentro dela.
Porra estou de pau duro na minha festa de casamento.
Saio do seu colo e me junto aos rapazes para a última parte
da coreografia, pego uma garrafa d’água, puxo minha camisa,
fazendo-a rasgar e jogo água sobre meu peito, e a sinto escorrer
pelo meu abdômen.
Quando a música para os gritos são tão altos que tenho
vontade de cobrir meus ouvidos. Olho para minha esposa que
contorce os pulsos na tentativa de se soltar das algemas. Seus olhos
possuem tesão e desespero, em passos curtos e lentos caminho
mais uma vez em sua direção. Conto os segundos sabendo que
nesse exato momento o apagão acontecerá. Quando gritos de susto
ecoam, solto as algemas de Laura, pego-a no colo jogo o buquê para
qualquer lado e saio rapidamente da muvuca, assim que chego
numa área mais reservado vejo o Miguel encostado no carro
segurando a chave e o envelope com tudo que precisarei.
— Seu polícia, aqui está a chave e tudo que precisam, menina
Laura, boa lua de mel! — Coloco as chaves sobre uma Laura calada
em meus braços e ele se afasta, sendo engolido pelo escuro.
Ajeito a Laura no banco do carona, ela está quieta com os
olhos arregalados, pela primeira vez a vejo surpresa. Entro no carro
dou partida rindo da cara de espanto da minha esposa.
— Você está me raptando! — fala quando dou partida no
carro, creio que somente agora a ficha cai para ela.
— Sim.
— Isso é crime! — Acelero o carro no mesmo instante em que
seus dedos param a poucos centímetros do meu rosto.
— Mande me prender então, estou pouco me fodendo se é
crime ou não.
— É loucura!
— Olha só quem está falando de loucura.
— Arthur, o que deu em você?
— Nada eu só quero ir para a lua de mel com a minha jovem
esposa e fodê-la até a porra do sol raiar, algum problema? —
pergunto virando um pouco a cabeça para encará-la.
— Eu não acredito que me tirou da minha festa de casamento
por conta de sexo!
— Não é sobre sexo — minto. — É sobre não querer dividir
você com mais ninguém.
— Você sabe que está agindo feito louco, né?
Sorrio, não, eu gargalho por conta de suas palavras.
— Loucura é o que define nossa relação, minha menina,
estamos nos casando com menos de um ano de relacionamento.
Temos um bebê a caminho. Você me leva ao extremo a cada
instante e não me importo, nós nos conhecemos no carnaval, com a
senhorita pulando em meu colo e porra foi algo que achei
extremamente incrível, eu te prendi sem razão alguma, acho que no
fundo queria ter um pouco mais de você comigo. Eu te amo pra
caralho, Laura. Mas sim, estou louco e a culpa é sua que mexeu com
a calmaria que havia em minha vida, você chegou feito um tornado,
derrubou tudo e ainda me fez desejá-la cada dia mais. Você se
impregnou no meu sistema. Fez com que eu tivesse febre de amor,
delírios de paixão. Aqueceu meu coração me envolveu em seus
braços e pegou minha mão. Não sei mais ser normal, meu amor, e
se isso te assusta perdoe-me.
Reduzo para fazer uma curva e volto a acelerar, a Serra tem
muitas curvas fechadas, tenho que ser mais atento.
— Seu polícia, é tão bom saber o quanto você me ama.
Ela põe sua mão sobre a minha gargalhando, ela não
percebeu, mas a amo tanto quanto ela me ama, na verdade, se eu
for sincero comigo mesmo verei que delirei antes mesmo dela.

Ela é o meu mais louco delírio de paixão.

— Vai cachorrão, rebela delegado, seu polícia, eu te amo de


montão.
Laura grita enquanto faço um strip-tease para ela, chegamos
há poucos minutos em Paraty e nos acomodamos na pousada, a
grande questão é que desde que cheguei minha jovem esposa pulou
sobre mim, implorando que eu a foda com força, não que eu me
importe, mas quero seguir meu plano.
Em resposta a sua pressa, algemei-a na cabeceira da cama e
estou quase arranjando uma forma de calar sua boca também.
Mesmo estando na suíte sinto que seus gritos acordarão a todos.
Tiro o casaco que vesti no caminho para cá, removo-o
devagar e jogo na cara de minha bela esposa arrancando um belo
grito excitado dela. Uma batida sexy e baixa ecoa da caixa de som.
Removo as botas e abro o fecho da calça e a abaixo devagar
exibindo minha cueca branca boxer, arranco um suspiro pesado da
minha louca favorita, jogo a calça sobre seu corpo. Caminho em
passos lentos até à cama, subo e em pé paro quando meu pau está
na direção da boca de Laura, ela olha para cima extasiada. Dou um
passo para trás e começo a remover minha cueca, a boca aberta de
minha jovem esposa nunca me foi tão atrativa e sexy. Porra onde fui
me meter! Após remover minha última peça, jogo-a para longe.
Agacho-me e beijo sua boca calmamente ao mesmo tempo
que ela tenta me envolver em um ritmo rápido extremamente
necessitada e desesperada por mais.
Quando me afasto seus protestos alcançam meus ouvidos.
— Não faz isso!
Sorrio, beijando sua têmpora com cuidado.
Com agilidade e sem romantismo algum rasgo seu vestido de
festa jogando os pedaços de pano para tudo que é lado. Quase caio
duro para trás ao ver que ela não usa calcinha ou sutiã! Porra!
— Laura, o que é isso?
— Eu, nua e necessitada do seu pau, ande, Arthur, pare de cu
doce e me coma logo.
Olho espantado para ela e me ergo na cama com os joelhos
dobrados em cada lado do seu corpo.
— Você não pode andar sem calcinha.
— Depois discutimos sobre eu poder ou não, agora pegue a
jiboia e a enfie na minha caverna, quero sentir o veneno sendo
despejado.
Sorrio para ela e faço o que ela ordenou, não preciso prepará-
la, ela está tão molhada tão excitada que deslizo para dentro dela
com facilidade seus gemidos manhosos ao pé do meu ouvido me
deixam em chamas, por mais desesperado que esteja, vou devagar
para poder saborear minha mulher, a cada estocada sinto suas
paredes me apertarem, ela se contorce embaixo de mim. Suas mãos
presas parecem deixá-la ainda mais louca do que já é. Me estico
dentro dela indo cada mais rápido, seu orgasmo chega junto ao meu
e nossos corpos tremem com o prazer que ambos nos
proporcionamos. Aumento as estocadas chupando seu pescoço,
quando seu grito ecoa, rosno ao sentir a jiboia soltar o veneno.
Paro um pouco e respiro entre risos, tanto ela quanto eu
soltamos gargalhadas de alegria, estamos exaustos, mas felizes. Em
um movimento rápido Laura joga as pernas para o lado e sem
equilíbrio caio de costas no chão.
— Ah, meu Deus, você está vivo, seu polícia?
Puta que pariu, até algemada ela consegue ser desastrada.
— Vivo!
Volto a gargalhar ainda deitado no chão frio, na cama seus
risos são mais altos que o meu. Ela sempre me derruba e não é
como se eu me importasse.
Coloco-me de joelhos sentindo minhas costas arderem, subo
de volta na cama, pego as chaves na mesinha ao lado e solto as
algemas, Laura voa sobre mim me derrubando mais uma vez,
porém, agora sobre o colchão macio.
— Eu te amo — fala, olhando em meus olhos.
— Eu sei, eu te amo, meu maior delírio!
Ela põe a cabeça sobre meu peito e minutos depois adormece
agarrada a mim.
— Laura Santinni Sokolov, juro que enlouquecerei cada dia
mais ao seu lado até a próxima vida.
Viva lá vida, é esse o meu lema neste exato momento enquanto
assisto de olhos bem abertos e com brilho feito purpurina o homem
mais gostoso do mundo inteiro mergulhar no mar com sua sunga
vermelha, exibindo seus músculos atraentes na medida certa pelo
seu corpo, mas o que mais me atrai no meu gostoso esposo é sua
bunda durinha e o volume na parte da frente, a jiboia é grossa, é de
uma longa e gostosa espessura que amo sugar, sentar e quicar, sou
tão devassa meu Deus, vozinha do céu estou realizando todos os
meus sonhos de puta, a senhora sabe que isso é bom pra caralho,
né? Ter alguém para amar e ser amada é um sonho, eu sou tão feliz
por viver essa realidade que não é mais uma mera fantasia
impossível, tenho até vontade de chorar de alegria, sonhos se
realizam sim, basta ter paciência ou simplesmente seduzir o
delegado mais sexy de todos, esse homem é minha perdição quanto
mais ele me fode mais algemada eu quero ficar a ele, mas não estou
falando isso pelo simples fato dele ser bom de cama, claro que não
eu o amo mesmo se seu pau fosse do tamanho do meu mindinho e
nem fizesse cosquinha ao entrar, pois pensando bem existem
vibradores e se o pau não sobe o vibrador entra simples e fácil, é só
ser bem resolvida com a vida! Ter um homem para esquentar a cama
é ótimo, mas ter ajuda do amigo de pilha é uma excelente ideia,
porque agora que me casei vejo que não iremos transar todos os
dias, e para ser mais sincera eu já achava impossível isso, ele faz
plantão de 12 horas, o ruim é saber que uma noite ou outra não
vamos fornicar, por isso é bom ter o amigo movido a pilhas.
— Laura, você está bem?
Quase caio da cadeira de praia ao ver seu polícia todo
gostoso diante de mim molhado, porra está água escorrendo por
todo seu corpo gotas de água salgada que estão me dando vontade
de lamber cada uma delas, puta que pariu esse homem é a
encarnação do pecado em pessoa. Eu o desejo tanto.
— Laura? — Sua voz é tão sensual que me deixa molhada.
— Quero ser comida por você! — grito como se minha vida
dependesse disso.
Ouço um “Meu Deus” e quando me viro para olhar vejo
pessoas nos encarando como se eu fosse uma doida, talvez eu até
seja, mas não é algo que eu vá afirmar ou desmentir.
— Falei alto demais? — pergunto só para ter certeza mesmo.
— O que faço com você, Laura? — diz, incrédulo, passando
as mãos por seu cabelo molhado, o que aumenta o meu tesão ainda
mais, que homem gostoso.
— Me fode! — Sugiro na maior inocência.
Ele respira fundo e balança a cabeça.
— Pegue suas coisas e vamos embora — manda, vestindo
sua bermuda e chamando o tio do quiosque para pagar a conta.
— Para casa ou para a pousada fazer amorzinho até
anoitecer? — especulo, levantando-me e vestindo minha saída de
praia branca feita de crochê.
Ele só me olha enquanto paga o moço, então pega minha
bolsa e entrelaça seus dedos aos meus enquanto me arrasta para
longe dos olhares curiosos. Atravessamos a rua e em segundos
estamos na pousada subindo para a suíte master, e ele nem sequer
me olha, mas posso ver pelo volume em sua bermuda que minhas
palavras trouxeram efeito mais do que o esperado. Quando o
elevador para e as portas se abrem ele me arrasta até a segunda
porta dupla, abre-a antes de me jogar para dentro, e antes que eu
pisque seu corpo está grudado ao meu, uma das suas mãos está na
minha bunda enquanto a outra se enfia entre meus fios de cabelo,
puxando-os com força com força, sua testa cola na minha, seus
olhos estão no meu e a uma luxúria que queima em mim como um
inferno, seu nariz está encostando ao meu.
— O que você faz comigo, hein, diga-me o que deseja fazer
com a minha sanidade? —Seu tom de voz faz com que eu me
derreta.
— Eu só faço o que você faz comigo!
Ele ri pelo nariz puxando meus fios com mais força, gemo
quando ele se posiciona no meio das minhas pernas fazendo com
que eu sinta sua ereção bater contra minha barriga. Remexo-me
tentando colar meu corpo mais ao seu em busca de mais do que ele
está me oferecendo neste exato momento. Seu peito gruda ao meu,
e de propósito seus joelhos separam minhas pernas, ele os sobe
fazendo com que se esfreguem em minha boceta molhada
implorando por mais atenção. O ar quente de sua respiração em meu
rosto me deixa ainda mais louca, sua ereção deixa claro o quanto ele
me quer, mas o desgraçado prefere nos torturar, ele quer que eu
implore. Agarro seus ombros e aperto-os com a unha, arrastando-as
por sua pele nua sem dó.
Sinto um tapa estalado em minha bunda antes de sua boca
bater contra a minha com força me exigindo passagem, ele me
saboreia e eu o devoro. Meu corpo queima tanto que dói, Nossa
Senhora do céu, me ajude aqui. Esse homem é o fogo e eu sou a
gasolina.
— Me coma, jiboia para dentro da caverna!
Ele ri sobre meus lábios. Suas mãos descem para as minhas
nádegas antes de puxá-las para cima, entrelaço minhas pernas em
sua cintura e agarro seu pescoço. Seu pênis agora cutuca outra
coisa, aí que delícia.
— Uma hora vou matar o Miguel.
Com uma mão puxa minha saída de praia, rasgando-a com
tudo, suas linhas caem ao chão destruídas, a parte superior do meu
biquíni é jogada longe, ele desamarra de um lado minha calcinha e
depois o outro, por fim fico nua, amém meu Deus!
— Essa não é a hora em que você também fica nu e eu sinto
seu pau duro entrando, com tudo, em minha boceta molhada? —
pergunto, mordendo seus lábios.
Ele rosna e não sei como abaixa a bermuda e a sunga de uma
só vez, chutando-as para longe com uma agilidade absurda.
Seus beijos molhados em meu pescoço fazem com que
gemidos sofridos ecoam por minha garganta. Sua mão sobe por
minha cintura até o meu seio direito onde aperta com tudo, solto um
grito fino ao seu toque. Ele aperta a mão sem dó, safado. Jogo
minha cabeça de encontro a parede, soltando longos e prazerosos
suspiros.
— Não preciso nem conferir para saber que está molhadinha
para mim. — Ele morde meu pescoço e logo depois passa a língua.
— Amo ouvir seus gemidos sofridos pedindo por mais, minha doce
menina. — Seus dentes descem me arranhando até chegar ao meu
peito onde ele me sobe um pouco antes de abocanhar o direito.
Levo as mãos até seus cabelos os puxando com força, ele tá
me maltratando.
— Arthur, eu preciso que você me foda!
— Virtude é a maior paciência...
— Eu não sei o que é isso, paciência é algo que eu não
possuo — digo, querendo socá-lo.
Ele solta uma gargalhada sonora que vibra dentro de mim, até
o riso dele é maravilhoso. Antes que eu pense em qualquer outra
coisa, sinto-me penetrar com tudo.
— Oh, meu Deus! — choramingo!
Ele estoca sem parar, me preenchendo por completo. Minhas
paredes abraçam meu mastro facilmente. Meu corpo se choca
freneticamente contra a parede fazendo barulho, seus lábios voltam
aos meus no mesmo ritmo em que ele me fode, rápido e duro.
Arthur para os movimentos me colocando no chão, mas me
vira rapidamente dando um tapa em cada lado da minha bunda.
— Laura, apoie-se na parede e abra as pernas — ordena.
Como uma menina obediente faço o que mandou, mas antes
que eu possa fazer pensar em algo ele volta a me invadir socando
fortemente trazendo prazeres inexplicáveis. Seus dentes mordem
meu ombro com leveza, suas mãos em minha cintura me seguram
com firmeza. Meu corpo explode em um clímax.
— Toque-se!
Sua voz de comando faz com que correntes elétricas ecoem
pelo meu corpo, levo uma das minhas mãos até o meu clitóris
enquanto com a outra seguro firmemente a parede.
— Toque-se agora!
Massageio meu ponto inchado na mesma velocidade em que
Arthur investe contra mim, a cada estocada me sinto mais perto de
uma explosão. Sinto-me quente é como se um vulcão fosse explodir
dentro de mim.
— Arthur! — gemo. — Eu preciso.
— Ainda não... — Ele estoca cada vez mais rápido e quando
penso que poderei gozar ele diminui o ritmo, fazendo com que a
combustão em meu ventre se agite implorando por sua velocidade.
— Aumente o ritmo dos seus dedos, Laura, torture-se mais um
pouco. Sinta o quão bom é me ter dentro de você vagarosamente
enquanto mantém uma velocidade a mais. Tenha outro orgasmo,
baby — manda, e meu corpo obedece.
Meu corpo treme a ponto de me fazer perder o ritmo em que
me toco, jogo meu corpo ao encontro do seu, seu peito suado gruda
na minha pele me deixando ainda mais quente. Arthur se alonga
dentro de mim encontrando meu ponto sensível, ele continua até
acelerar o ritmo mais uma vez, fazendo meu corpo ir para frente e
para trás. Meus gemidos soam mais altos assim como o seu. Seu
tom rouco no pé do meu ouvido me deixa ainda mais molhada.
— Agora! — exige.
Gozo com ele sentindo um prazer e alívio enorme, seu polícia
me preenche deixando-me cheia de seu amor e semente. Antes que
eu tenha qualquer reação Arthur me pega no colo com delicadeza e
sem falar absolutamente nada, coloca-me sobre a cama depositando
um beijo em minha testa, estou exausta.
— Durma, meu amor, vou pegar um pano úmido para te limpar
e quando acordar te darei um banho. — Ele alisa meus cabelos
gentilmente. — Isso é só o início do nosso futuro, minha menina
louca. É só o começo de nossas vidas. — Ao dizer isso suas mãos
tocam meu ventre. — Vocês precisam descansar, amo vocês!
Adormeço com suas palavras carinhosas.
Lua de mel deveria durar para sempre, mas a realidade deixa bem
claro que tudo que é bom dura pouco. Seu polícia tem que trabalhar
e eu estudar, uma combinação não tão boa para mim, porém,
aproveitei bastante uma semana em Paraty, Arthur prometeu que
voltaria comigo um dia, mas não disse quando. Estou há duas horas
arrumando minhas coisas no closet, mas por alguma razão sinto falta
do guarda-roupa porque nele eu só teria que embolar tudo e jogar de
qualquer jeito, mas aqui tenho de organizar tudinho, e francamente
isso exige uma paciência que eu não tenho e nem sinto vontade em
ter. No dia em que minha cria nascer vou deixar a organização das
roupas e sapatos para o delegado sexy, aliás, já vou parir é mais do
que o dever dele cuidar destas coisinhas chatas.
— Por que a raiva? — Pulo de susto ao ouvir a voz do Miguel.
Olho para trás e vejo ele a Lyane no batente da porta sorrindo
feito o Coringa para mim. Levo as mãos ao meu peito e suspiro
aliviada, tudo que eu quero, é jogar um cabide na cara deles.
— Não sabem bater não? — pergunto, levantando-me do
chão e cruzando os braços.
— Não! — respondem em uníssono.
Respiro fundo tentando ficar brava com eles, mas falho
miseravelmente na minha tentativa.
— O que querem?
— Shopping, compras e filme! — diz Lyane.
Olho para o Miguel tentando descobrir o que ele faz aqui.
Desde o dia em que o conheci se eu piscar ele surge na minha frente
com sua psicologia sexual e sua alegria contagiosa.
— Você okay, mas e esse doido de uma figa?
Miguel me olha com seus olhos castanhos antes de passar as
mãos por seus fios volumosos e sorri feito um capetinha para mim.
— Preciso de roupa, filme e fofoca, então, por que não estaria
ao lado das senhoras? — pergunta, olhando-me nos olhos, esse
desgraçado sabe que é bonito. — E, minha querida, se sou doido
você é o hospício inteiro.
Reviro meus olhos e sorrio sentindo vontade de saltitar por aí.
— Okay, deixe-me só trocar de roupa.
— Vai lavar a xana não? — pergunta Alyane.
Bato nela e saio correndo para dentro do closet, visto algo
simples e pego o cartão que meu marido me deu, esse cartão parece
conter tudo que preciso. É o poder!

Seguro minha barriga enquanto sorrio de chorar do Miguel


bêbado contando suas histórias loucas de vida, esse homem é pior
que eu, certeza disso. Ele e a Lyane estão na segunda garrafa de
vinho tinto e ainda não sete horas da noite, o que significa que
estamos há algumas horas aqui na orla em um restaurante
confortável, optamos por ficar na área do terraço onde o vento bate e
me deixa confortável. Mastigo minhas batatas recheadas de molho
com vontade, mas quase me engasgo ao tentar engolir e sorrir.
— Sério, a mulher disse só deixo você me comer se eu puder
enfiar o vibrador no seu cu, sendo um cara maneiro; eu disse:
colega, deixe-me ir atrás de um gostosão que aí eu fico no meio,
enquanto meto em você o outro mete em mim e depois ambos
comemos você. Sugeri de boa, mas a mulher me deu uma tapa na
cara me chamou de “devasso” e foi embora puta da vida, fiquei meia
hora deitado tentando compreender a lógica dela — Miguel fala,
tomando mais uma taça de vinho. — Perdi a noite e a foda.
— Mi, era só ter deixado ela enfiar o vibrador — Lyane
comenta, sorrindo para o vento.
— Por mim seria de boa, mas naquele momento eu queria a
porra de uma tora de pau no meu cu, não um brinquedo eletrônico.
— Estou perdendo minha inocência com o Miguel. — Tem dias que o
brinquedo vai, mas há dias que não dá! — diz, sorrindo de lado.
— Podia usar para o aquecimento.
— Alyane, a única que poderia aquecer seria meu pau na
boceta dela.
Olho atentamente a discussão deles, e meu Deus é válida pra
caralho. Estou aprendendo tantas coisas, Santa Maria estou ficando
ainda mais devassa com eles. Bando de safados, minha coroinha
angelical está sumindo aos poucos. Quanto mais eles discutem mais
me divirto. Não importa o quão louco eles sejam, sei que a cria em
meu ventre vai estar bem respaldado de amor e carinho. Sem contar
a gentileza e fidelidade.
— Olha só se não é a vadia que roubou o homem dos outros.
— Fala uma voz que odeio, Patrícia.
Viro minha cabeça para o lado para ver a bendita me
encarando com os olhos cerrados, por alguma razão meu sangue
nem ferve, apenas respiro fundo e volto para a minha batata
recheada. Porém, sinto que a desgraçada ruiva fica ao meu lado me
secando como um secador, que Deus me livre de todos os olhos
gordos direcionados a mim.
— Patrícia, pega sua falta de vergonha e sua cara de vadia e
some daqui, minha filha! — Miguel solta essa e dá um longe gole na
sua taça.
— Olha, seu psicólogo de uma figa e veado de merda cala a
boca que estou falando com essa piranha mirim. — Dizendo isso ela
põe a mão no meu cabelo e o puxa quase me derrubando da
cadeira. — Olhe para mim, desgraçada.
Respiro fundo fecho minha mão e me levanto já dando um
soco na cara dela.
— Toma o meu olhar! — berro, distribuindo mais socos na
cara da desgraçada. — Piranha mirim seu cu, porra! — Dou um tapa
na cara dela e depois outro, suas mãos não estão mais no meu
cabelo. — Quer que eu te olhe? Estou te olhando!
Ela tenta acertar um soco no meu rosto, mas por alguma
razão incorporo a Lara Croft e desvio devolvendo um outro soco no
nariz que sangra.
— Sua cadela favelada — grita, colocando a mão no nariz.
— Sou mesmo e daí? — questiono abrindo o braço. — Venho
de um bairro pobre, nasci em um hospital público e nunca pisei em
um colégio particular, mas tenho uma riqueza que você jamais vai
ter, não importa a quão rica você seja, pelo amor de Deus, Patrícia,
você mendiga amor-próprio e isso eu tenho de montão, sou amada
por ser “pobre”, favelada e uma cadela que o seu polícia ama ficar
todas as noites no cio, então cale a porra da sua boa e siga sua vida.
Senão não vai ser só o seu nariz sangrando — digo, apontando o
dedo na sua cara.
Antes que ela possa dizer algo dois seguranças surgem,
pegando-a gentilmente pelo braço e a retirando da minha frente.
Quando ela sai me viro para os meus pinguços e gargalho.
— Você é minha doida favorita, Laurinha! — grita Miguel se
pondo de pé e me abraçando.
— Se antes eu te exaltava agora te exalto ainda mais. —
Damos um abraço triplo e rodamos feito loucos até que Lyane cai no
chão. — Puta que pariu!

Sento-me no chão ao lado dela rindo feito uma retardada,


Miguel segue meu exemplo sinto que alguém vai ligar para o
hospício.

Entro no quarto na pontinha do pé, evitando fazer menos


barulho possível, mas assim que fecho a porta a luz se acende e um
delegado sexy se encontra a poucos passos de mim me encarando
sério.
Eu sabia que o dia de hoje daria merda!
— Laura, vocês estão bem? — pergunta, calmamente, e eu o
olho desconfiada.
Calmo e com uma expressão suave, com certeza ele não
deve estar bem.
— Estamos sim — digo, sorrindo desconfiada.
— Que bom, agora vá tomar um banho e venha se deitar —
fala, vindo até mim e dando um beijo rápido. — Vai comer alguma
coisa?
Olho para ele espantada, sinto um friozinho na minha barriga,
algo me diz que devo tomar cuidado com essa calma toda.
— Você está calmo, muito calmo, seu polícia, você está bem?
Ele solta uma gargalhada e caminha para a cama só de cueca
boxer azul-marinho.
— Estou ótimo, e estou calmo porque sabia onde você estava
e sei que teve um dia divertido. Você me enviou umas dez
mensagens, Laura, notificando-me de onde estava e como estava
sem eu perguntar. Confio em você, relacionamento é a base de
confiança e eu dou a minha vida a você, agora tome um banho e
venha se deitar.
Tomo um banho correndo, escovo os dentes e corro para a
cama do de calcinha e top. Deposito minha cabeça no peito sensual
do meu marido gato. Ele me abraça e faz carinho no meu braço
devagarinho fazendo com que eu me sinta amada.
— Em casamento ambos precisam confiar um no outro, minha
maior preocupação é que se envolva em um acidente, mas fora isso
confio 100% em você, minha garota delirante. — Suas palavras
trazem conforto ao meu coração.
Não digo nada apenas o abraço mais forte, nem todas as
noites precisam ser de sexo, por mais que me sinta quente como o
inferno perto dele. Fecho meus olhos ao sentir sua mão acariciar
meu ventre, então meu tesão some um pouco e meu coração
borbulha pelo carinho que meu bebê recebe sem ao menos nascer.
Sorrio já começando a criar sonhos delirantes sobre o nosso
futuro.
Na verdade, o amor é o mais belo delírio de todos.
Anos depois

Corro pelos corredores desesperada, a adrenalina bombeia no meu


sangue me impedindo de cair. Lágrimas escorrem pelo meu rosto o
aperto em meu peito é quase sufocante, olho para o meu sogro que
ao me ver anda em passos largos até mim, tomando-me em seus
braços enquanto choro por fim sem interrupções e sem me conter.
— Eu não posso perder ele! — digo entre soluços.
— Laura, meu filho vai ficar bem a cirurgia já terminou, e ele
está estável — explica, afagando meu cabelo.
Separo-me brutalmente do seu corpo, olhando-o assustada.
— Como assim a cirurgia já acabou? — pergunto, secando as
lágrimas com as costas das mãos.
— O Arthur já passou por sete horas de cirurgia, e optamos
por não te avisar antes.
Olho para ele chocada e ao virar minha cabeça encaro todos
ali que já sabiam de tudo. Só eu que não sabia, a esposa. Nossa
Senhora.
— Querida, era esse o pedido de Arthur se caso ele sofresse
um acidente você soubesse por último para não deixá-la muito
nervosa até saber como foi tudo — explica minha sogra. — Ele
levou três tiros, as balas foram removidas com sucesso e ele já se
encontra em recuperação, podemos vê-lo pelo vidro por alguns
minutos, você quer ir?
Afasto-me um pouco deles enquanto tento pôr minha cabeça
no lugar, eu estou quase enlouquecendo e se desde a hora do
acidente eu tivesse conhecimento iria enlouquecer de agonia por não
poder fazer nada. Agora vejo que ter um delegado sexy é bom, mas
a vida de um homem de farda não é segura, há um preço e esse
preço não quero mais sofrer. Eu ainda nem o vi, mas vozinha do céu
estou com tanto medo de perdê-lo, abaixo no chão com a mão em
meu peito chorando compulsivamente, juro que vou matar esse
homem assim que ele sarar, serei a melhor enfermeira, mas também
o farei sofrer um pouco, juro por Deus que ele sofrerá um pouco sob
meus cuidados, mentira! Não sou nem capaz de fazê-lo sofrer um
pouco. Eu o amo tanto.
Com ajuda me levanto e caminho até onde meu delegado se
encontra, vê-lo cheio de aparelhos ao seu redor, tão frágil. Tão meu
seu polícia. Abraço meu corpo desejando abraçar o seu.
Tomo uma decisão, assim que o Arthur acorda lhe intimarei a
tomar uma decisão extremamente séria.

Tempos depois

Corro atrás de Estela e do Gabriel que insistem em correr pela


casa toda sem roupa. Correr atrás de bandido é mais fácil, acreditem
é muito mais prático. Esses dois são bem terroristas, mais loucos
que a Laura, e francamente ser pai de primeira viagem de gêmeos
não estava nos meus planos, mas abracei assim como me envolvi na
loucura da mãe destes meliantes, mas meus filhos são minha
alegria, mas aos cinco anos de idade esses dois estão virados nos
220 volts. Pego Gabriel que solta um grito de frustração, dou mais
uma corrida e alcanço Estela que solta uma gargalhada sonora.
— Vamos nos arrumar, pequenos, senão não iremos à casa
do vovô e da vovó — digo, e volto toda a trajetória até o segundo
andar.
Uma hora depois ambos estão visivelmente vestidos, dignos
de um conto de fadas. Olho para o relógio enquanto aguardo Laura
que saiu com minha irmã para um Spa. Alyane está grávida de sete
meses, e espera uma menina. Daniel me perguntou como faz para
ter porte de arma.
— Papai, posso ter uma namorada? — Gabriel pergunta.
— Com dezoito anos pode.
— E eu, papai? — A voz doce de Estela quase aquece meu
coração, quase, mas conheço a minha filha.
— Não, só com dezoito anos também.
— Papai, eu tenho cinco faltam muitos anos ainda. — Seu
rosto fica vermelho, seu cabelo negro balança para lá e para cá
enquanto ela nega com a cabeça.
— Paciência, minha filha, paciência.
Ela fica em silêncio com um bico e tanto, não digo mais nada.
Gabriel se concentra no livro diante dele. E eu penso no quanto
minha vida mudou em cinco anos e meio. Laura se formou em
arquitetura e já trabalha na empresa dos meus pais, e eu me
aposentei na carreira de delegado federal. Após levar dois tiros, e
passar semanas internado Laura me implorou para sair, não preciso
do dinheiro de lá para trabalhar. Então, desde esse dia trabalho
dando palestras em universidades e congressos. Minha vida ficou
mais parada, não me arrependo, mas sinto falta da adrenalina,
porém, me lembro que esses dois diante de mim e mais a Laura são
pura adrenalina. Eles me cansam e enlouquecem.
— Seu polícia! — Ouço o grito da Laura, na mesma hora
levanto-me.
— Laura, o que aconteceu? — pergunto, segurando-a quando
cruza a porta desesperada.
— Eu fui ao médico com Alyane, e acabei fazendo uns
exames rápidos.
— Laura, o que está acontecendo?
— Deu positivo!
— O que deu positivo? — pergunto, exasperado.
— O teste de gravidez!
Puta que pariu estou fodido nesta vida, mais um ou dois para
me enlouquecer. Dou dois passos para trás e pouso as mãos no meu
peito. Isso deve ser um louco delírio. A paixão, às vezes faz com que
deliramos. Olho para Laura e vejo tudo apagar.
— Delegado sexy? Meu sonho de puta? — Ouço seu grito.
— Mãe, o que é puta? — Ouço Estela perguntar.
Minha filhinha vai para o mau caminho, vai ser mais vida louca
que a Laura. E meu novo filho me enlouquecerá.
— Seu polícia, já disse que tu é um pitelzinho?
Abro meus olhos e a encaro.
— Vou te prender, Coelhinha.
Ela gargalha e nossos filhos nos encaram como se fôssemos
doidos.
Aí que está a graça da vida, nos pequenos e múltiplos delírios
que a paixão causa, e se alguém disser que quase desmaiei por
descobrir a existência do meu terceiro filho mentirei.
Laura se joga sobre mim e as crianças também.
— Para um coroa você está muito bem — sussurra no meu
ouvido. — Mal vejo a hora de subimos e você me algemar, e
fazemos boas putarias.
Se eu soubesse que ao conhecer a Laura eu viveria uma vida
melhor teria feito isso antes, teria a buscado até no inferno. Eu a amo
do jeito que é, ela não mudou com o passar dos anos, ela melhorou.
Às vezes, sou obrigado a buscá-la em algum lugar bêbada com
minhas irmãs, mãe e sogra. Outra coisa importante é que Laura deu
uma surra em Patrícia e nem sei o porquê, enfim, não me meto em
suas brigas porque senão eu que irei apanhar depois. Laura é bem
doida, bem delinquente quando quer, porém, é por causa de ser tudo
isso que me apaixonei por ela. Eu a amo como nunca me vi amando
ninguém. Ter mais filhos não estavam nos planos, mas vejamos, o
que eu planejei com essa menina que deu certo? Nada, nada sai de
acordo com a elaboração. No entanto, sai bem melhor do que minha
programação.
Juro que se ainda não enlouqueci é porque a sanidade é
minha amiga.
Fim.
Primeiramente quero agradecer a Minhas irmãs por te me apoiado
em tudo, minha mãe por sempre estar ao meu lado. Obrigados
leitores por tudo sem vocês nada disso seria possível.
Escrever delírios foi algo maravilhoso e leve, o livro sempre
teve a programação de ser concluído quando ela o conquistasse, e
assim foi. Até o próximo!
Beijos.

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