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O que é amar?
Abro minha boca de uma forma que até dói meu maxilar, a loja
de roupa da Alyane é um espetáculo de tão linda e cara. Não é uma
loja que eu entraria para comprar algo, acreditem eu jamais pisaria
na entrada e muito menos passaria da porta. Há roupas divinas e
olha que só olhei algumas, mas tenho certeza de que custam meu
pulmão no mercado negro. Arthur está ao meu lado olhando ao redor
como se isso não fosse nada para ele, talvez não seja, mas para
mim isso é tudo. Entre roupa de grife e comida, prefiro comida há
pessoas que deixam de pôr na mesa para ter a merda de uma roupa
de marca. Mas, bem, cada um ostenta o que pode, eu amo ostentar
barriga cheia!
— Laura! — Alyane surge do nada gritando meu nome.
Abro um sorriso e vou ao seu encontro para lhe abraçar. Ela
me abraça forte e devolvo o abraço. Nós nos beijamos na bochecha,
ela é tão doce, tão carinhosa.
— Alyane, obrigada! — agradeço.
— Não precisa agradecer estava doida para passar mais
tempo com você e então surgiu essa oportunidade perfeita — diz,
sorrindo. — Oi, irmão.
— Oi — diz, dando-lhe um abraço leve.
— Seco que só — fala Alyane, virando-se para mim. — Laura,
vou assinar sua carteira como gerente, okay? — informa, pegando-
me de surpresa.
— Eu nunca fui gerente — digo de pronto.
— Para tudo tem sua primeira vez — comenta, puxando-me
para não sei onde na loja. — Eu te ensinarei tudo não é difícil sem
falar que você só trabalhará seis horas por dia e às vezes oito.
Sábado e domingo em casa. Haverá sábados ou domingos que
teremos que vir trabalhar por causa de algum evento na loja, mas
fora isso é tranquilo — ela explica.
— O certo não é oito horas diárias? — pergunto.
— Quem é a chefe? — Alyane rebate.
— Você.
— Exatamente, sou eu quem faço os horários — acrescenta.
— Agora me dê seus documentos para que eu assine sua carteira e
aqui o contrato, leia antes de assinar — fala me entregando alguns
papéis.
Começo a ler os papéis com calma até que algo chama a
minha atenção. O salário é de 3.500,00. Muito dinheiro para mim que
não tenho absolutamente nada.
— Esse valor está certo? — pergunto, mostrando a ela.
— Certíssimo, sem falar no bônus quando fizer uma venda
grande — esclarece, tranquilamente.
Não digo nada apenas leio até o final e assino o contrato de
seis meses.
— Ótimo, você começa segunda sem falta, das 08h até às
14h, okay? — pergunta.
— Okay! — digo, fazendo joinha com o polegar.
Arthur fica o tempo todo em silêncio.
— Irmão, não esquece do jantar hoje à noite — Alyane
comenta, olhando para Arthur.
— Laura, arraste ele, viu? — diz em minha direção.
— Mamãe está doida para lhe conhecer!
Olho para ela e para o meu seu polícia sem saber o que dizer.
De forma alguma estou preparada para conhecer minha sogra não
sogra ainda. Só de pensar nisso sinto uma vontade louca de chorar
ou surtar. Minha nossa, vou conhecer os parentes dele! A família
dele!
— Eu não vou — digo com o coração doendo, porém,
sabendo que é a melhor coisa a ser dita.
— Mas por quê? — pergunta Alyane, me encarando. —
Arthur, posso saber por que ela não vai? — pergunta agora ao irmão.
— O que você fez?
— Ele não fez nada, apenas não tem o porquê da minha
presença a um jantar em família, é um momento de vocês — explico,
sorrindo levemente. Me dói de verdade ter que falar isso, mas é a
coisa mais sensata a se fazer e dizer. Eu não tenho roupa para ir e
nem ao menos sei se o seu polícia me quer lá. Minha mãe me disse
que não devemos ir aonde não somos bem-vindas.
— Mas, Laura, você é da família! — protesta Alyane, ficando
de pé.
— Ela vai — diz Arthur, fazendo com que eu arregale os
olhos. — Alyane acho que ela precisa de algo novo para hoje à noite,
não acha?
— Com toda a certeza desse mundo! Vamos, Laura, achar o
vestido perfeito para você. — comemora, puxando-me pelas mãos
para fora do seu escritório.
Olho para o seu polícia em busca de ajuda, mas o gostoso
está apenas nos olhando com o que parece ser diversão.
— Ai, meu Deus! Lyane, isso mostra meus fundos todinho e
se eu abaixar vai aparecer meu rabo todinho, isso não! — digo, ao
experimentar o terceiro vestido.
— Concordo com a Laura, muito curto — Arthur se intromete,
olhando para mim por cima da tela do celular.
Ele está sentado em um sofá bege de couro que há aqui na
seção de provadores.
— Tenta esse — pede Lyane, como lhe chamo agora,
entregando-me um vestido verde-claro longo de alça grossa onde há
dois rasgos ao lado.
Experimento o vestido com todo cuidado assim como fiz com
os outros. Saio do provador sem me olhar no espelho.
— Esse — sentencia Arthur, antes mesmo que eu consiga
pedir opinião. — Só falta o sapato, Alyane quero aquele colar branco
e o conjunto de brincos de esmeraldas — acrescenta agora para
irmã. — Bem e uma bolsa pequena de mão.
— Vou pegar agora, fique aí, Laura! — manda a minha futura
cunhada enquanto sai correndo.
Olho para o meu seu polícia que está me encarando
atentamente.
— Deus do céu, se ele continuar me olhando assim irei voar
em cima dele igual uma gaivota feroz.
— Gaivotas feroz? — questiona.
— Falei alto demais? — pergunto já sabendo a resposta.
— Você não possui filtros — diz, olhando-me. — Gostaria de
mais algum vestido?
— Não! Isso daqui já deve ser equivalente a dez salários
meus, em quantas parcelas posso pagar isso tudo? — pergunto. —
Já estou até vendo que terei que rodar bolsinha na esquina se quiser
um extra, minha mãe vai me matar quando ver tudo que devo. Puta
merda. Vou até começar a contar as esquinas. A vida é tão difícil —
digo, tentando olhar a etiqueta do vestido. — Morri, assim não dá!
Sete mil e oitocentos um vestido desse? Tem ouro nesses tecidos?
— Laura, pagarei por tudo, não se preocupe — informa Arthur,
calmamente.
— Eu te pago um dia, não sei quando, mas pago, fico lhe
devendo essa, seu polícia — falo, suspirando de alívio e mando um
beijinho para ele no ar. Já que não posso beijar sua boca ao menos
faço isso.
— Na hora certa irei cobrar, acredite — diz de um jeito que até
da certos arrepios. Seu olhar por alguns instantes possuem um brilho
diferente do que estou acostumada a ver.
— Devo me preocupar com a sua família? — pergunto.
— Deve apenas se manter ao meu lado — responde sem
sorrir, aliás, ele quase nunca sorri.
— Aqui, Laura, achei o sapato e bolsa perfeitos para você! —
diz Alyane, entrando.
Olho para o sapato de salto agulha de um veludo preto e
sorrio.
Irei cair feio no meu primeiro encontro com os meus não ainda
sogros.
Que eu me mantenha em pé até o final da noite, boa sorte
para mim!
Acreditem quando digo que não nasci para ir a uma festa
chique, me olho pela décima vez no espelho.
Maquiagem está okay!
Cabelo está okay!
Sapato assassino está okay!
Vestido de sete mil e oitocentos está okay!
Bolsa na mão okay!
Irei brotar na casa da minha futura sogra para o desespero
das piriguetes.
Mais uma vez vejo se meu cabelo está alinhado no penteado
que vi na internet hoje, meu batom vermelho-mate está perfeito,
maquiagem leve. Está tudo okay, menos o meu nervosismo. Respiro
fundo e por fim saio do quarto. Olho para as escadas e quase choro
em desespero, mas desço igual uma velhinha e quase pulo quando
termino o último degrau. Olho para os meus seios para ver se o
decote está legal e não está revelando quase nada. Estou me
sentindo linda, digna de uma princesa. Não me lembro de vestir algo
tão bonito assim eu nem ao menos tive festa de quinze anos.
— Você está linda, Laura — elogia, o seu polícia surgindo do
nada.
— Puta que pariu, lindo assim dá até vontade de perder todas
as minhas virgindades com você agora — digo, admirando sua
beleza, mas em questão de segundos coloco a mão sobre boca. —
Obrigada — digo com a voz abafada pela minha mão. — Você
também está lindo.
— Você deixou isso claro, mas obrigado — comenta,
estendendo-me a mão. — Vamos? — pergunta.
Minha mão sobre a sua parece a coisa mais perfeita desse
mundo é como se elas fossem feitas uma para outra, há um encaixe
feito por Deus apenas isso explica. Suas mãos são grandes e firmes
o que faz com que eu me pergunte como deve ser uma pegada na
hora do sexo.
Permito que ele me guie até o lado de fora onde há um carro
prateado que puta merda, que carro, que carro! Tenho até medo de
tocar e ele arranhar.
— Que modelo é esse? — pergunto ainda em choque.
— Lamborghini Aventador — diz, e olho para ele ainda
confusa.
— Um delegado não dirige um carro desses — comento,
baixinho.
— Um comum não. — Concorda. — Eu dirijo porque não sou
um delegado comum — acrescenta.
— Você é milionário — digo mais para mim do que para ele.
— Algo do tipo — comenta, fazendo com que eu me sente no
banco do carona.
Quando ele se senta ao lado do motorista e liga a máquina
fazendo com que o motor ganhe vida. Me dá um arrepio que minha
nossa.
Como era de se esperar ele dirige com maestria, ele sabe o
que faz. Ele fica tão mais tão sexy assim, me pergunto se ele
também dirigirá meu corpo dessa forma e, se caso ele for, serei a
mulher mais feliz do mundo. Não terá mulher mais feliz do que eu.
— Meu nome é Arthur Dimitry Camargo Sokolov — ele fala do
nada. — Nasci na Rússia, mas estou no Brasil desde os meus cinco
anos. Meu pai se chama Nikolai Sokolov e minha mãe Silvanna
Camargo Sokolov. Ela conheceu meu pai durante uma visita à
Rússia na adolescência. Ambos se encantaram um pelo outro e
tiveram um caso o que fez com que eu nascesse meses depois.
Ambos se casaram quando minha mãe tinha dezesseis anos e meu
pai vinte e três. Como disse nasci na Rússia em Moscou. Minha mãe
é mulata e meu pai um digno homem russo, como você bem viu
nenhum de nós puxamos os traços do meu pai o que é bem
frustrante para nossa família russa — diz, enquanto acelera o carro.
— Meu pai vem de uma família bem rica e esnobe, já minha mãe
vem do morro da Rocinha. Hoje teremos os dois lados da família lá,
mas tenha cuidado com a minha tia Sueria. Ela é terrível qualquer
coisa basta sempre se manter ao meu lado ou do lado da Alyane —
explica, calmamente. — Tenho trinta e sete anos, você vinte e um.
Há uma certa diferença e com toda certeza farão piadinhas sobre
isso não se deixe levar por eles. — Ele suspira e eu quase dou um
grito quando ele faz uma curva fechada sem reduzir a velocidade. —
Não se preocupe meu pai me ensinou a dirigir em uma pista de
corrida.
— Seu pai é legal? — pergunto baixinho torcendo para que o
cheiro do peido que soltei no desespero não chegue até o seu nariz.
— Ele é sério e na dele — esclarece. — Fala o suficiente
quando quer.
— Ele e sua mãe são felizes? — pergunto.
— Você verá. — É tudo que diz.
— Para onde estamos indo? — sondo.
— Já estamos chegando — responde. — Aliás, trouxe roupas
que a Alyane mandou para você.
— Roupas, para quê? — pergunto sem entender.
— Vamos ficar até domingo por aqui — diz. — Ela disse que
há tudo que você precisará na mala.
— Você me diz isso assim do nada? — pergunto, já sentindo
desespero. — Eu tenho ainda mais dívida para pagar — protesto,
colocando a mão na cabeça. — Não sei se sabe, mas as roupas da
loja da sua irmã custam uma fortuna que só — acrescento.
— Pagarei por tudo até pelas peças íntimas — diz, diminuindo
a velocidade e passando por um portão enorme com os muros
maiores ainda. — Aqui é como se fosse uma fazenda meu pai
comprou há anos e fez com que isso daqui virasse um ponto de
encontro entre as famílias — explica. — Ficaremos na casa principal.
— Ainda dá tempo de eu ir embora — digo.
— Você ficará comigo, Laura.
— E se eu peidar na frente deles? — pergunto.
— Finge que não foi você e se mantenha normal — responde,
virando uma pequena curva e então vejo as diversas luzes e uma
mansão que minha Nossa Senhora do céu! Se eu andar sozinha
dentro dela com toda certeza irei me perder. — Meu pai gosta de
coisas rústicas.
— Rústico é o bar do seu Manel, isso daqui é tudo menos
rústico — comento com a boca aberta.
Ele solta uma leve gargalhada e para o carro. Ele abre a sua
porta o que acho um máximo nesse carro a porta abre para cima. Se
eu contar que andei em um carro desses minha mãe nem vai
acreditar. Levo um susto quando minha porta se abre e ele estende a
mão para mim. Ele está tão lindo nesses smoking preto três peças
que sem sombra de dúvidas foi feito sob medidas para ele. Seguro
sua mão e saio do carro sem cair ou pisar no vestido de sete mil e
oitocentos. Seguro minha bolsa e sorrio para ele que aperta minha
mão com força.
— Vamos entrar — diz. — Se apoie em mim para subir as
escadas — instrui, soltando minha mão e entrelaçando meu braço ao
seu em forma de apoio.
— Obrigada, estou morta de medo de cair com esse salto —
digo, andando ao seu lado.
— Não lhe deixarei cair — diz com firmeza. Essa firmeza dele.
Quando chegamos ao sexto e último degrau uma porta de
madeira maciça escura com duas toras de maçaneta de ouro em
cada lado se abre revelando o interior da casa. Entramos. No
corredor há um tapete vermelho que nos guia até o grande salão da
casa onde há algumas pessoas que param tudo para nos olhar
quando chegamos. Por vergonha ou sei lá o que aperto o braço do
seu polícia que para o meu total desespero descruza nossos braços
e coloca a mão na minha cintura me puxando para ele com certa
leveza. Isso me passa confiança. Levanto minha cabeça um pouco e
sorrio para ele em forma de agradecimento. Para minha surpresa ele
sorri de volta levemente.
Por alguns instantes me perco dentro dos seus olhos
castanhos. Ele é tão lindo, tão maravilhoso. Tão meu. Tão perfeito
para mim só não sabe disso ainda, mas um dia saberá.
— Laura, ainda bem que você veio — comenta Lyane, tirando-
me do meu encanto.
Ela está linda com seu vestido azul-caneta longo lindo, seus
cabelos castanho-avermelhados estão jogados para um lado só
deixando seu bico chanel perfeito.
— Layne — digo, indo lhe abraçar. Nós nos apertamos e
trocamos beijinhos. — Você está deslumbrante — elogio, sorrindo.
— Oh, meu bem, e você está divina a mais linda da festa toda
— diz, me deixando toda sem graça.
— Concordo com você, Alyane — Arthur comenta, fazendo
com que minhas bochechas fiquem vermelhas.
— Irmão, você é péssimo, deveria elogiar mais a Laurinha e
quem sabe assim ela não fique toda vermelha ao ouvir um mero
elogio seu — caçoa, olhando de cara feia para o irmão.
— Não é que você a trouxe — diz a irmã do mau chegando
até nós e ao seu lado agora está a Patrícia e mais três pessoas,
sendo que uma delas é um homem loiro de olhos verdes alto, um
homem de cabelos castanho-claros e olhos azuis e uma mulher
baixa loira com os cabelos loiros e olhos verdes. Enfim todos são
bonitos e estão bem elegantes.
Mayra me olha de cima a baixo. Devolvo o olhar. Seu cabelo
loiro está solto e jogando completamente para trás. Seu vestido vai
até um pouco acima do joelho prateado é bonito. Ela está elegante e
ainda não gosta de mim. Sinto que o olhar de Patrícia me queima.
Estou surpresa por seu cabelo estar preso em um coque baixo com
sua franja solta sobre seus olhos. Seu vestido vermelho é chamativo
a meu ver, mas é lindo. Ela com toda certeza tem silicone no peito,
eu acho lindo, mas não teria coragem de colocar um dia. Na
verdade, nem sei.
— É claro que a trouxe, por qual motivo não a traria? —
pergunta Arthur, me puxando mais uma vez para ele. Eu amo
quando ele faz isso.
— É uma reunião de família — responde ao irmão com o tom
ácido.
— E ela está comigo o que significa que deve e tem que estar
aqui — diz, tranquilamente, me deixando tonta com suas palavras. —
Se está incomodada basta sair de perto de nós dois.
Mayra respira fundo e sai com toda sua raiva e elegância. O
resto apenas faz um aceno com a cabeça e vão atrás dela. Não
entendi nada.
— Vamos! — fala Alyane, cruzando os braços com os meus e
me puxando.
O seu polícia em momento algum enquanto cruzamos o
imenso salão tira as mãos da minha cintura. Lyane sorri para que
todos. É visível os olhares sobre mim, mas basta olhar para o meu
delegado sexy que tudo parece ficar melhor.
— Pai, mãe, olha a Laura aqui — diz Lyane ao parar diante de
um casal bem-vestido.
A mulher se vira primeiro e abre um largo sorriso para nós. Ela
é linda, olhos castanhos iguais ao do seu polícia, seus cabelos
castanhos vão até a altura do ombro em um corte reto bem feito,
seus dentes são claros e seu sorriso acolhedor. Só espero que ela
goste de mim, Deus do céu me livre de ser inimiga da minha sogra.
Ela usa um vestido longo bege com um pequeno V na altura dos
seios. Uma mulher linda, quero envelhecer assim.
Já o homem alto vestido perfeitamente bem possui olhos
azuis e cabelos grisalhos bem volumosos ele até parece aqueles
caras do Instagram. Ele me lança um leve sorriso. Ele é sério igual
ao filho.
— Laura, que bom finalmente te conhecer — diz minha futura
sogra, vindo até mim, sorrindo abertamente. — Sou Silvanna —
explica, me dando um abraço apertado que faz com que eu me
recorde do da minha mãe. — Seja bem-vinda à família, minha linda
— diz, docemente, me deixando confusa, apenas sorrio já que não
sei o que dizer.
— Olá, Laura, sou Nikolai — se apresenta, apertando minha
mão com leveza.
— Seu sotaque russo é o máximo. Eu amei! — digo, sorrindo
para ele. O sotaque dele é maravilhoso. Nunca fui a Rússia, mas já
estou amando o país só pelo sotaque deles.
— Se um dia tiver um filho quero que ele nasça e cresça na
Rússia só para ter esse sotaque. Meu sonho todinho agora — digo,
sorrindo. Até mesmo posso já ver meu filho correndo na neve e
gritando em russo. Vai ser a criança mais linda do mundo.
— Ela é uma graça, meu filho — comenta dona Silvanna,
sorrindo para mim.
— Mãe, pai bença — fala Arthur, abraçando a mãe e em
seguida o pai. — Acho que já se conheceram — comenta.
— Mãe, a Laura vai trabalhar comigo — diz Lyane, juntando
nossos braços.
— Isso é maravilhoso, minha filha. Vou até mais um pouco lá
— diz, piscando os olhos para mim.
Apenas sorrio porque não estou entendendo nada.
Absolutamente nada.
Nikolai fica me encarando por alguns segundos e acabo
sorrindo sem graça para ele. Meu futuro sogro é um coroa gato mais
bonito do que aqueles do Instagram. Vou até perguntar a ele se tem
algum parente solteiro para apresentar a minha mãe, vai que assim
ela deixa de ser tão rabugenta e sorri mais.
Olho para minha volta e percebo que mais uma vez estão me
encarando de cima a baixo. Santo Deus, eu sei que não pertenço a
esse lugar, mas estou aqui e é chato que fiquem me olhando como
se você fosse um rato de esgoto. Sou pobre, mas ao menos meu
cabelo é bonito, brilhoso e nem ao menos fico indo ao salão quase
todo dia. Aqui é muita babosa, óleo de coco e hidratação caseira
mesmo.
— Está na hora do jantar — informa Silvanna.
— Até que fim achei que ia morrer de fome — digo, e na hora
levo minhas mãos à boca. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar — fala Silvanna, sorrindo. —
Todos aqui estamos com o mesmo pensamento, mas você foi a
única que teve sinceridade em dizer — comenta.
Sorrio e quando menos percebo o seu polícia está com as
mãos nas minhas costas me guiando pelo salão até onde será o
jantar.
Só espero não ter que comer essas comidas de rico que tem
sete facas.
Eu sabia que isso não daria certo. Isso com toda certeza não
vai prestar.
— Filho, relaxa — fala meu pai ao meu lado — estamos em
família.
Olho, mas não digo nada. Essa família aqui está secando a
Laura que nesse exato momento se encontra em um biquíni
vermelho que falta pano. Literalmente, falta pano nesse conjunto.
Porra, isso está me ferrando.
— O tio está olhando para a bunda da mamãe — protesto.
— Esse filha da puta quer morrer! — brada meu pai,
levantando-se da cadeira e olhando na direção da mamãe. —
Arthur?
— Viu? — pergunto — é assim que me sinto, só que a
diferença é que todos esses seus sobrinhos estão olhando para ela
com malícia — digo, bebendo minha água de coco.
— Posso atirar em um? — pergunto só por perguntar.
Estamos sentados no jardim na sombra e de frente para a
piscina onde as mulheres estão curtindo o sol. Desde essa manhã
me sinto fodido de todas as formas, mas era só eu vendo ela nua ou
em uma camisola sexy, mas agora todos estão vendo ela de bunda
para cima no sol. A bunda que ela me pediu para beijar hoje de
manhã. Essa garota está tirando meu bom senso. Mas essa bunda é
puta que pariu. Se eu soubesse que me meteria nessa confusão toda
teria deixado ela presa por mais tempo. Tudo culpa do carnaval.
— Ela te faz sorrir — comenta meu pai, atraindo minha
atenção.
— Ela me faz ganhar cabelos brancos e olha que eu já tinha
— digo, recostando-me na cadeira —, mas sim, ela me fez sorrir —
confesso.
— Isso é bom, mas você terá um bocado de trabalho com ela
— ele diz o que já sei — ela tem uma natureza diferente.
— Uma natureza louca o senhor quer dizer — digo — ela fala
e age sem pensar o que sempre a mete em problemas — comento e
suspiro — se eu fosse um cara esperto teria a afastado desde o
início quando a vi.
— Por ser um cara esperto a manteve e a deixa ficar ao seu
lado — meu pai caçoa — ela faz com que você viva e mesmo que
discorde de mim, sabe que isso é verdade — às vezes quero socar
meu pai. — Ela é apaixonada por você e de forma alguma nega isso.
— Sou velho demais para ela — argumento.
— Idade são apenas números — meu pai acrescenta — agora
está na hora de entrarmos na piscina — diz, ficando de pé — marcar
território é o que faz com que um casal fique bem.
Fico de pé, seguindo até elas. Meu cunhado está deitado em
uma espreguiçadeira com óculos de sol na cara. Quando me
aproximo da Laura sei perfeitamente o que vou fazer. Acho que
tenho que marcar território também. Ou melhor, passou da hora de
marcar.
Assim que Laura me vê fica de pé sorrindo como sempre, ela
sempre sorri abertamente para mim, garota louca. Em passos
lentos, chego até ela coloco a mão na sua cintura, puxo-a para mim
e a beijo com vontade. Ela fica em choque, mas logo depois rodeia
suas mãos no meu pescoço e me beija com desespero. Sua boca é
doce, seus lábios macios fazem com que eu queira mais. Exploro
sua boca com calma e sabendo que estão nos olhando, eu quero
que eles nos vejam. Minha língua junto a sua parecem bailar uma
doce e lenta valsa. Encerro o beijo e deixo um beijo casto em sua
testa. Ela me olha como se pedisse por mais.
— Por agora é só – digo em seu ouvido.
— Mais tarde será sexo? — pergunta com esperança.
Essa garota não tem limites.
Inacreditável, é inacreditável que ele tenha me beijado mais uma
vez, mal pude aproveitar bem nosso doce e delicioso beijo. O seu
polícia é tão cruel comigo, mas tão cruel que chega a me doer no
peito o simples fato de que ele me rejeita ao mesmo tempo que me
deseja. Estou confusa demais com ele. Mas eu o amo tanto que
minha Nossa Senhora do céu quero transar com ele a noite toda.
Fico na piscina admirando-o e hora ou outra me jogando em seus
braços que firmemente me pegam com cuidado. Ele me beija de leve
na testa com um carinho apaixonante, ele é bruto, mas é gentil em
outras horas é impossível não amá-lo. Sorrio para ele de tempo em
tempo, seguro seu queixo e dou alguns beijos no seu rosto. Ele não
me afasta apenas me dá um sorriso de leve. É bom estar
aproveitando o sol, piscina com sua família e ouvindo histórias
engraçadas... o dia está perfeito.
— Seu polícia, você prefere que eu fique de quatro ou só o
papai e mamãe mesmo? — pergunto no final da tarde quando já
estamos nos recolhendo para subir para o quarto.
Ele me olha, respira fundo, fecha os olhos e logo depois passa
as mãos pelo cabelo.
— Laura, por favor, nada de sexo para nós dois por enquanto
— diz, calmo. — Por agora se contente com os meus beijos — fala,
tranquilo.
— Entendi você quer ir devagar, mas, seu polícia, eu quero ir
rápido — protesto, pegando suas mãos fortes. — Olha, só tenho
vinte e um ano e desejo mesmo transar com você, é meu sonho de
puta mais puta do mundo te dar a noite inteira — explico-lhe meus
sonhos. — Até anal eu faço por você, eu te amo! — Sorrio para ele
que me olha assustado.
— Freios, preciso frear essa sua boca que nem ao menos
sabe filtrar o que fala, Laura, por favor, não se diz essas coisas para
um homem como eu. Não sou a melhor pessoa do mundo, mas
gostaria que ao menos você pegasse mais leve com o que diz para
mim, senão haverá uma hora que não conseguirei me controlar,
então cometerei um crime quase capital com esse seu corpo que um
dia me ferrará de todas as formas, mas por agora só freie essa sua
doce boquinha — pede, segurando meu queixo. Ele é tão gostoso
que, minha Nossa Senhora. — O que está pensando? — pergunta.
— Que você é gostoso — digo.
Ele pisca seus longos cílios e se afasta um pouco pegando
minha mão e subindo as escadas para o nosso quarto. É tão bom,
mas tão bom saber que já temos um quarto nosso mesmo que seja
temporário. Eu gosto de nossas mãos juntas me sinto especial ao
lado dele.
Ele não fala mais nada e nem eu, estou perdida nos meus
próprios pensamentos o que é bem estranho já que tudo que penso
eu falo, mas por agora não quero ter que falar nada. Assim que
entramos no quarto ele fala para eu ir tomar banho primeiro, até
penso em chamá-lo para vir junto, mas desisto. Demoro um pouco
mais já que precisei lavar meus cabelos. Quando saio do banho
corro para minha mala e pego uma calcinha fio dental para vestir,
mas antes que eu tire a toalha, o seu polícia já está no banheiro com
a porta fechada a chave... será que ele pensa que invadirei o
banheiro e pularei nele nu? Se ele pensou isso, pensou correto.
Opto por vestir um short jeans e um body branco aberto nas
costas. Mas então mudo de ideia e ponho algo especial que minha
quase cunhada mais linda me deu. Seco meu cabelo rápido com o
secador o prendendo em um rabo de cavalo no topo na minha
cabeça, passo um batom rosa-claro e estou pronta para mais um
jantar em família só tenho que sobreviver a tia assassina e irmã que
me odeia, só preciso sobreviver a isso!
— Vamos? — pergunta ele surgindo do nada já vestido e
lindo, como sempre.
— Vamos! — digo, correndo até ele pegando sua mão.
Saímos do quarto em passos lentos, ao descer a escada ele
põe a mão na minha cintura como se estivesse me impedindo de
cair. Ele é um príncipe!
— Até que fim chegaram — fala Alyane quando chegamos ao
fim das escadas. — Hoje iremos brincar de verdade ou consequência
— comenta, batendo palmas.
Olho para ela animada, sempre quis brincar dessas
brincadeiras, mas nunca tive chance e a hora é agora.
— Eu quero, que legal! — exclamo.
— Nada disso, Laura — diz Arthur.
— Alyane, isso sempre dá confusão no final — Arthur revida,
sério, para a irmã.
— Vamos nos divertir um pouco, filho — diz minha futura
sogra dos sonhos.
Ele respira fundo e saí me puxando para não sei onde, mas
sorrio ao ver comida. Eu amo comer. Hoje é uma comida mineira
bem gostosa. Amo minha sogra por ser tão brasileirinha.
Ele me arrasta para um lugar mais silencioso rodando de
árvores, tipo um bosque, me sinto em uma pequena sincronia com a
mãe natureza. Eu amo a natureza por mais que eu tenha medo dela,
é fofo! Mãe natureza brava é pior que a minha mãe com um cabo de
vassoura na mão, e até satanás corre!
— Laura? — O meu seu polícia me chama!
Olho para seus olhos castanho-escuros e sorrio ao admirar
tamanha perfeição, esse homem nasceu para ser meu!
— Oi!
— Tome cuidado nas brincadeiras que minha irmã inventa e
para que esse biquíni tão sensual?
Oh, Meu Deus! Ele me achou sensual, esse vestido é p-e-r-f-
e-i-t-o! Perfeito para que eu possa seduzir o senhor polícia amor da
minha vida meu sonho todinho de puta!
— Delegado sexy, o biquíni é para conquistar esse seu
coração!
Ele me olha e suspira pesadamente, às vezes, eu me
questiono o quão mais lindo esse ser diante de minha pessoa pode
se tornar!
— Laura, pelo amor de Cristo tome cuidado com essas
brincadeiras elas são perigosas dependendo de quem te desafia ou
lhe pede a verdade — ele diz todo preocupadinho, aí que coisa mais
linda da minha.
— Tomarei cuidado pode deixar, confie no meu taco que tudo
dará certo!
Ele me olha duvidoso, mas concorda com a cabeça.
Meu Deus do céu não acredito que vou perder a minha não
tão amável virgindade. Meu corpo está em chamas e minha piriquita
parece que vai saltitar. Meus peitos estão doloridos e nem sei o
porquê, pai amado do céu este homem é meu pecado. Quando
acordei, automaticamente, senti sua falta e saí a sua procura, mas
não imaginei que daria de cara com a cena mais quente do mundo.
Assistir o seu polícia batendo punheta chamando por mim, foi como
se eu estivesse no deserto do Saara ao meio-dia sentindo todo o sol
e seu calor sobre mim, misericórdia. Após sentir sua boca no meu
ponto inchado me sinto no céu, mas agora prestes a ter seu pau
dentro de mim me sinto ansiosa, necessitada dele.
Entro na piscina encarando seus olhos, seguro na beira por
não sentir o chão, ser baixa é uma merda. Mas antes que eu possa
raciocinar direito seus braços rodeiam minha cintura puxando me
para si e seus lábios buscam o meu ansiosamente. Rodeio minhas
pernas em sua cintura sentindo seu pau duro, Ah, que delícia.
Abraço seu pescoço colando ainda mais seu corpo ao meu, arranho
suas costas em busca de algo a mais, tento controlar a situação,
mas falho miseravelmente, ele sabe o que faz. Remexo-me atritando
minha piriquita em seu pênis, e gemo de prazer sobre sua boca. O
fato de não ter um só tecido separando nossas intimidades faz com
que o prazer seja bem maior do que poderia imaginar. Vivenciar
estas maravilhas é algo inexplicável, o calor que emana por meus
poros fazendo com que eu transpire mesmo estando dentro d’água.
Cessamos o beijo por falta de ar, mas nossas testas se mantêm
grudadas. Se isto for um sonho não me acorde, por favor.
— Vamos mesmo foder? — pergunto sem vergonha alguma.
— Não, hoje vamos fazer amor na água. Hoje serei lento e
carinhoso — responde, mordiscando meu lábio inferior.
— Depois vai me quebrar?
Ele solta uma risada gostosa e balança a cabeça.
— Ah, Laura, quebrar? — Não sei, mas com toda certeza
você me sentirá em cada instante do seu dia.
Nossa Senhora do céu tenha pena de mim, mentira tenha
não. Eu amo este homem.
— Seu polícia, é agora que me sento no seu pau?
— Garota, estou tentando ver a melhor forma de fazermos isto
aqui.
— Não é só enfiar?
— Não, me orgulho da minha largura e comprimento e por
esta razão temo machucá-la. Você está molhada escorrendo, mesmo
assim tenho que ir devagar por ser sua primeira vez. Quero que seja
especial para você.
Seguro seu rosto e beijo seus lábios lentamente saboreando
seu gosto. Sentindo sua delicadeza comigo. Estamos em perfeita
sincronia, desta vez eu conduzo o beijo ao meu modo. Quando o ar
nos falta sorrio largamente.
— Não poderia existir nada mais especial do que isso. —
Estou em seus braços e para mim, já é um sonho de princesa —
digo, ele sorri abertamente fazendo meu coração errar algumas
batidas. — Você é tão lindooo. Ah! — Arfo ao sentir seus dedos
dentro de mim. — Nossa Senhora do céu!
— Estou preparando-a para me receber quero ter certeza de
que está confortável mesmo com sua primeira vez — explica,
mexendo seus dedos com mestria. — Segure firme em meus ombros
e relaxe — diz, tirando seus dedos. Escorrega um pouco mais para
baixo. — Pede e faço o que pediu.
Minha respiração se agita pela ansiedade, vovó eu realmente
estou me tornando uma puta! Ai que tudo, vou ser uma mulher feita.
Arthur começa a beijar meu pescoço lentamente, sua mão em
minha bunda me ergue um pouco e então sinto seu comprimento me
invadir aos poucos, é um pouco doloroso, não imaginei que haveria
tanta grossura. Quando a cabeça passa meu hímen se rompe tenho
certeza, é doloroso, mas sinto prazer também. Bem levemente. Ele
para.
— Quando eu puder continuar e me mover me avisa.
— Ainda não entrou tudo? — pergunto.
— Não, ainda não.
Estou chocada, ele ainda nem colocou tudo. Credo que
delícia, nem vou trabalhar.
— Pode se mover — sussurro.
Ele entra mais um pouco me preenchendo por inteira, minhas
paredes o apertam com força, é gostoso. Ainda há dor, mas a forma
como ele se mexe lentamente parece me deixar extremamente
satisfeita.
Ele sai e entra lentamente, a forma como nosso encaixe é
feito, é bem mais real do que em meus sonhos, é mais do que
poderia ter imaginado ou sonhado. É esplêndido. Seguro com forças
em seus ombros para poder acompanhar melhor suas investidas.
— Laura, você consegue tocar seu clítoris? — pergunta entre
gemidos abafados pela minha pele.
— Sim — respondo, ofegante.
— Bom, então o faça.
Quando vou guiar minha mão para meu ponto inchado solto
um grito ao sentir meu corpo todo se sucumbir em uma corrente
elétrica que arrepia todos os meus cabelos. Sinto um prazer
incomum, algo sai de mim. Jogo minha cabeça para trás e balanço
meu corpo freneticamente.
— Ah! Oh, meu Deus — grito.
— Você gozou, minha menina — diz, mordendo minha
têmpora. — Achei que iria precisar que tocasse seu clítoris, mas só o
meu pau foi preciso.
Olho para seus olhos ainda me recuperando do meu próprio
clímax. Há uma alta camada de prazer em seu rosto que
desconheço.
— Não vai gozar? — pergunto, ainda o sentindo se mexer
dentro de mim só que ainda mais devagar.
— Sim, mas não dentro de você.
— Por que não dentro de mim?
— Você não toma anticoncepcional, Laura — explica,
mordendo minha clavícula e saindo de dentro de mim. Sinto-me
vazia assim que ele se retira. — Baby, bate uma para mim. — Pede
roucamente.
Não respondo nada, apenas guio minha mão para o monstro
entre suas pernas, e puta que pariu é realmente grande e grosso,
coube dentro de mim não sei quem é anormal. Ele por ser longo ou
eu por aguentar. Concentro-me em apertar de leve para não
machucar, assim como nos filmes pornôs que vi, começo a apertar a
glande e coloco pressão com o polegar e depois desço com a minha
mão fechada ao redor dele, começo a subir e a descer rapidamente.
Seus gemidos em meu ouvido fazem com que eu fique molhada, seu
timbre parece ainda mais rouco. É gostoso de ouvir.
— Porra, Laura, assim não vou durar muito — diz entre
suspiros pesados.
— Seu pau é gostoso, seu polícia, não vejo a hora de tê-lo em
minha boca!
— Ainda não.
— Porra! Geme e goza em minha mão.
Seus olhos cruzam o meu e quando abro a boca para dizer
algo, a sua boca bate contra a minha asperamente, sua mão em
minha nuca me segura firme, não há doçura, somente uma aridez
desconhecida por mim. Ele se afasta quando o ar falta.
— Agora sou realmente sua? — pergunto puxando o ar.
Ele ri e beija minha testa carinhosamente.
— Em algum momento você não foi minha? — questiona.
— Reformulando você é realmente meu agora, tipo
namorados prestes a ir ao noivado seguido pelo altar?
— Laura, já éramos namorados mesmo sem um título
específico, e já te pertenço há um tempo. Deveria prestar mais
atenção no que falo.
Abraço-o fortemente sabendo que agora estamos unidos
oficialmente. Esta madrugada estou cansada, mas domingo quero
passar o dia cavalgando em seu pau. Sempre gostei de rodeios.
Credo que dorzinha gostosa!
Espreguiço-me um pouco e bocejo sorrindo logo em seguida
ao lembrar da madrugada maravilhosa que tive com o meu homem,
agora finalmente ele é meu. Somente meu! Olho para o lado e não
sinto o bendito, minha alegria diminui dez por cento, infeliz! Olho
para a cabeceira da cama e dou um pulo a ver a hora, puta que
pariu. Meu Deus! Vou ser demitida, tenho certeza disto. Quando vou
dar um pulo da cama, caio no chão pelo susto que levo ao sentir uma
baita dor na minha perseguida. Ah, como dói!
— Meu Deus, Laura! — exclama o motivo da minha dor, me
erguendo do chão. — Você está bem?
Olho para seu rosto, sua barba, sua boca e por fim me
recordo de tudo que aconteceu, minhas bochechas esquentam, levo
minhas mãos em meu rosto envergonhada, misericórdia, essa boca
ontem esteve na minha piriquita. Ai que tudo! Ouço ele rir
descaradamente de mim. Safado! Sua gargalhada vai ficando cada
vez mais sonora. É gostosa de se ouvir, mas eu preferiria que ele
não risse de mim.
Até horas atrás subia e descia em meu pau dentro de uma
piscina, e agora está envergonhada? — pergunta.
— Laura, minha menina, se todas as vezes que transamos
você ficar envergonhada vai ser difícil...
— Vai ter mais transa? — sondo, tirando as mãos do meu
rosto e olhando para ele esperançosamente.
— Por mim todos os dias. — Sua tranquilidade ao falar isso
me deixa de boca aberta.
— Laura, te quero agorinha mesmo, porém, você está dolorida
e por esta razão vamos esperar uns dias. — Deposita um beijo em
minha testa. — Tome um banho, já avisei minha irmã que não poderá
ir hoje ao trabalho. — Te aguardo lá embaixo para o café da manhã.
— Ele sai andando para fora do quarto.
Jogo-me de volta na cama sorrindo boba, ele me quer de novo
e de novo, será que ele sente o que sinto por ele? Será que me ama
como o amo? Minha cabeça está tão bagunçada quanto antes, agora
por alguma razão desconhecida sinto medo deste relacionamento
sem nome acabar. Todo mundo fala que quando nos entregamos ao
um homem ele perde o interesse, será que comigo será desta
maneira? Eu o amo, o amo mais do que tudo. Entretanto, sou mais
nova que ele. Menos experiente e irresponsável. Gostaria tanto de
poder dizer que tudo dará certo, mas vejamos: é uma meia-verdade.
É óbvio para qualquer um que somos diferentes de todas as
maneiras, não faço o tipo ideal dele por mais que viva me
declarando, correndo atrás e implorando seu amor. Até quando ele
aturará minhas criancices. Posso ter perdido minha virgindade, mas
ainda não sou uma mulher feita. Sou só uma recente ex-virgem.
Passo as mãos pelos meus cabelos frustrada.
Ergo-me da cama arrastando meus pés até o banheiro onde
faço xixi, retiro o blusão do Arthur que visto, jogando-o no cesto de
roupa suja. Entro no box abrindo o chuveiro e permitindo que junto a
água morna minhas lágrimas também rolem por meu peito. Eu não
entendo o porquê de toda essa insegurança dentro de mim. Era para
estar festejando, soltando fogos de alegria, mas ao invés disso o
medo me consome como se tudo fosse dar errado a partir deste
instante. Há uma guerra se formando dentro do meu peito. Tudo se
misturou. Soluço desesperadamente, agachando-me no box. Puxo
os fios do meu cabelo na necessidade de banir a dor em meu peito,
mas não consigo, então começo a puxar com mais força. Quero
gritar, mas não consigo, somente soluços dolorosos escapam por
minha garganta.
Por que as lembranças desta madrugada que me fazia tão
feliz agora me assustam tanto? Deus, por que estou tão confusa?
Ah! Grito por fim puxando mechas de meu cabelo, meu couro
cabeludo arde. Sinto-me sufocada. Pouso a mão sobre meu peito e
bato nele desesperadamente. Não era para ser assim. Sussurro. Era
para ser como nos meus sonhos, mas parece um pesadelo.
— Laura! Ouço sua voz e logo em seguida a água para de cair
restando apenas minhas lágrimas. — Minha menina — sussurra,
pegando-me em seus braços, tirando-me do chão e eu só soluço. Ele
me põe sobre a cama e me abraça.
— Vou molhar os lençóis — digo baixo.
— Foda-se a cama, os lençóis — diz, apertando-me com
força. — O que houve, Laura?
— Eu estou com medo — confesso, chorando vigorosamente.
— O que teme? — Sua voz está calma, mas há certo
desespero.
— De me deixar após essa madrugada — respondo,
transparecendo meus medos e dores.
— O que a fez cogitar tal absurdo? — pergunta, virando-me
para si e olhando em meus olhos.
— Seus olhos demonstram uma raiva contida. — Sua
respiração agitada faz com que eu me pergunte o que se passa em
sua cabeça.
— Arthur, desde o início fui eu que o procurei. — O desejei. O
cacei. Implorei seus beijos; seus abraços; seus toques e seu afeto.
Tudo fui eu! — exclamo, cansada. Eu fiz tudo. — Eu me joguei em
sua vida; em seus braços. Busquei você de todas as formas. Você
não me convidou para sua vida, eu entrei sem ser chamada e por
alguma razão que minha cabeça desconhece fiquei, mas até
quando? — pergunto, rindo tristemente.
— Laura...
— Não, me ouça. — Peço, interrompendo-o. — Eu sou feliz,
alegre e amo amar as coisas e as pessoas eu...
— Eu te quero em minha vida — acrescenta, não permitindo
que eu continue. — Garota, você só entrou em minha vida porque eu
quis. — Eu não costumo ser gentil com pessoas que prendo e seja lá
qual for a causa — diz, firme. — Eu a desejei em minha vida, a deixei
ficar e cometer seus delírios apaixonados. Laura, não se diminua
tanto. Não sou de expor meus sentimentos como você, mas você é a
única que dorme em minha cama, que fica em minha casa e a única
a invadir meu coração. Não se perturbe tanto. Minha menina, essa
madrugada foi perfeita. Eu amei estar com você de uma forma tão
íntima, não pretendo lhe deixar. — Ele me aperta contra si, beijando
o topo da minha cabeça.
O abraço e choro, meu peito fica mais leve com suas palavras
meus medos aos poucos vão se dissipando. A mente prega tantas
peças. Relaxo em seus braços, sinto seu carinho sobre mim. Acho
que agora entendo o porquê de amar doer tanto.
Eu sabia que deveria ter fugido, desta reunião, mas aqui estou
eu. Vendo minha mãe, minha “sogra” e minha tia brigando por quem
sabe mais sobre maridos. Minha sogra toda hora olha para um lado e
para o outro em busca de algo, ouso arriscar dizer que é uma
vassoura, porém, desta vez não será para tentar atolar no meu cu.
Bebo meu suco tranquilamente, optei por não beber hoje. Suspiro
olhando o céu azul, essas mudanças climáticas estão uma merda,
abaixo me olhos e encaro Daniel que parece estar em uma ressaca
dos infernos. Puxo meu banco mais para perto dele na rede e sorrio.
— Esqueceu como se bebe?
— Quem me dera fosse ressaca, mas é só Mayra infernizando
minha vida — diz, e ergo uma sobrancelha.
— Como assim Mayra te infernizando?
Ele suspira e põe a mão no rosto, bebendo um pouco de sua
cerveja.
— Sua irmã não gosta de ninguém e você sabe disso. — A
amargura em sua voz ao falar da minha irmã é visível. — Ele está
com um papo estranho de que tenho que por juízo na sua cabeça, eu
até mesmo disse que seus assuntos são seus e de mais ninguém.
Não cabe a mim me envolver, porém, ela não para de insistir em
tentar agendar um encontro de casal com você e Patrícia. Sei que
não gosta destas merdas e por esta razão não comentei antes.
Passo a mão no meu cabelo e respiro fundo. Minha irmã tem
que aprender a ficar na sua.
— Conversarei com ela mais tarde.
Ele só balança a cabeça em concordância e nada mais diz.
Reuniões de família nunca acabam bem, é certo isso. Família
unida é maravilhoso, mas reunida é uma desgraça. Para piorar,
minha tia Sueri está aqui, a velha nunca gosta destas reuniões de
acordo com ela é dor de cabeça esse pagode sem graça ou classe, e
todos se remexendo para e lá e para cá. Sempre tive uma vontade
imensa de dizer a ela que se não gosta não vem, porém, isso só
pioraria o momento em família. E Deus me livre fazer algo assim.
Quero viver em paz não em guerra.
Tempos depois