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SINOPSE

Um evento.
Uma armação.
Um homem decidido a conseguir o que quer.
Uma mulher traída com o coração ferido.
Reconciliação não está nos planos dela, mas ele nunca foi
de desistir fácil. Em um piscar de olhos, Christian viu sua vida virar
de cabeça para baixo, da noite para o dia ele perdeu quem mais
amava, sua esposa. Vivendo as consequências das suas ações, ele
tenta lidar com a saudade, solidão e carência, mas o mais
desafiador será lidar com o passado.
Catherine esperou muito pelo dia que iria se casar, construir
sua vida ao lado da sua família vivendo em um lar cheio de amor e
paz. Neste sonho, não tinha espaço para o temido “divorcio”, até
que um dia o pesadelo se fez presente destruindo tudo ao redor,
fazendo-a questionar o real significado do amor. Com duas crianças
espertas em casa desejando ver os pais juntos de novo, os planos
de Catherine para esquecer Christian, não darão muito certo. Entre
recaídas e tentativas falhas, ela se vê presa ao ex-marido.
Segredos e revelações assombrarão testando os limites do
ex-casal, mas isso não será o bastante para fazer Christian desistir.
Um homem persistente, louco pela sua família, no limite da solidão,
não aceitará facilmente ter sua família separada. Amigos e inimigos
estarão sempre presentes, desafios, armações, luto, pretendentes, o
destino parecia estar testando os dois, quem desistirá primeiro?
NOTA DA AUTORA
Olá, querido leitor! Seja bem-vindo a essa obra, é com muita alegria
e coração aquecido, que apresento o volume dois do livro “Uma
barriga de aluguel para o CEO”.
Após acompanhar como tudo começou na vida de Christian e
Catherine, não custa nada saber como eles estão agora. Após anos
de paz e felicidades, o casal terá que se preparar para os dias
tempestuosos, nem todos querem vê-los felizes. Mistérios, mentiras,
segredos, luto, divórcio e muitas recaídas, estarão presentes na vida
do casal.
Christian West, temido e arrogante, não permitirá que Catherine o
deixe. Alvo de uma armação, o casamento será destruído e cada
um seguirá seu caminho longe um do outro. Mas, nem tudo estava
perdido, não para Christian! Decidido a reconquistar sua ex-esposa,
te convido a ler esta obra e acompanhar mais uma história de
Christian e Catherine.
Desde já, agradeço por iniciar a leitura, me acompanhar e me dar
um voto de confiança. Espero que goste, feito com muita dedicação
e carinho.

Com amor, Natalia França.


Boa leitura!
CAPÍTULO 1

Certa vez, li uma frase que dizia…


“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas
na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem
momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis”.
Desde então, levo essa frase comigo, vivendo intensamente
e sempre esperando tudo das pessoas. Vivendo intensamente e
sonhando cada vez mais.
Levei essa frase comigo para dentro do meu casamento
com Christian, vivemos 4 anos de muitos momentos bons, mágicos,
momentos maravilhosos ao lado dos nossos filhos, viajamos,
celebramos todos os anos os aniversários deles, pude descobrir
coisas novas da maternidade, e se posso falar algo com toda
certeza do mundo, como é maravilhoso ser mãe. Ao longo dos anos,
tentei lidar com os desafios da maternidade, eu amo ser mãe, por
mais que seja cansativo às vezes, no fim do dia só quero aquele
sorriso encantador que me deixa apaixonada, que me diz que venci
mais um dia.
Benício e eu fizemos uma boa amizade, já Brendon, é
apaixonado por Christian, muito apegado e sempre preferindo ele.
Fico com ciúmes? Sim! Muito! O coração de mãe ciumenta fica
minúsculo, Benício é uma criança muito carinhosa, Brendon não é
tanto, mas é impossível dizer que amo um mais do que o outro, por
isso, amo igual e sempre tentei interagir com os dois. Nos
conhecemos, nos apegamos, vivemos momentos inesquecíveis,
mas tudo muda quando existe uma separação.
Eu e Christian nos mantivemos unidos mesmo quando
tínhamos todos os motivos do mundo para não estarmos.
Juntos descobrimos mais do amor, tornamos sonhos em
realidade, demos uma boa criação e educação para os nossos
meninos, passamos mais tempos juntos, conhecemos mais um do
outro e lidamos com todos os problemas juntos, mas o mais
importante, formamos uma FAMÍLIA.
Quem conviveu conosco viu de perto nossas conquistas,
felicidades, mas também dificuldades, sempre tivemos disposição e
coragem para encarar desafios, foi isso que nos manteve de pé.
Sempre com a certeza que juntos poderíamos ir mais adiante.
Quanto mais aprendemos, mais vimos que não sabemos nem a
metade, cada experiência nova era maravilhosa. É duro saber que o
nosso casamento acabou, mas levamos conosco a certeza de que
foi eterno enquanto durou.
Foi bom enquanto durou, mas não durou nada.
Desapeguei do passado e recomecei a criar laços com o
futuro. Foi bom enquanto durou ou foi ruim por um tempo… A
palavra diz tudo, foi; agora é hora de encarar e sem medo, levando
comigo aquilo que mais importa, as memórias boas. Planejo minha
vida em quem cogito ser de agora em diante. E nunca esquecer de
que a vida é feita de escolhas! Se doeu, é porque o enquanto durou
foi bom demais. Choremos, sim, mas a gente suporta. Todos têm
que lidar com a dor de alguma forma. Alguns gritam, outros se
revoltam; tem gente que se tranca no quarto e fica dias deitado na
cama. Seja o que for melhor, não guarde e nem mascare a dor.
Afinal, toda dor necessita que seja sentida para que, eventualmente,
ela passe. Aprendi isto e sei hoje como lidar com todas as situações
dolorosas e nada prazerosas da vida. Quem gosta de terminar
relacionamentos? Sei que a gente lutou muito para que esse dia não
chegasse, mas não teve jeito, não depois de tudo o que passei. Não
adianta a gente insistir e tentar dar um jeito, porque o que
acontecerá é que vamos apenas nos machucar mais. Saibamos
reconhecer os nossos limites e abrir o caminho do outro para novas
e belas histórias. É como diz aquela frase “ás vezes o amor da sua
vida, não é para a vida”.
Dizem que todo Carnaval tem seu fim, e parece que chegou
ao fim a nossa festa. De nós dois, guardarei a memória de muita
diversão e das tantas emoções deliciosas que senti durante esses
anos, sim, fomos uma família e eu me orgulho de todo esforço e
dedicação que tive.
Agora, você deve estar se perguntando, por que acabou se
tinha tanto amor e éramos tão felizes? Uma história que você já
sabe, o que aconteceu com a minha irmã e a minha ex madrasta.
Há um ano elas conseguiram sair da cadeia, de alguma forma, elas
conseguiram um advogado melhor e estão em liberdade. Foi aí que
o inferno começou na minha vida.
Algumas fotos minhas conversando com Vicente foram
totalmente modificadas parecendo estarmos nos beijando, mas não,
Vicente estava em um dia ruim, terminou o namoro e eu apenas o
abracei passando conforto, ele realmente estava mal. Outra vez, foi
com Mateo de frente ao salão de Letícia, ele levou a mãe dele para
ter um dia de rainha e me agradeceu com um abraço, Mateo
também está namorando, finalmente conheceu alguém legal digna
do seu coração. Christian recebeu as fotos anonimamente, ele me
mostrou, ficou chateado pela situação, por alguém estar fazendo
isso, mas não foi motivos para brigarmos.
Com muita paciência e investigação, descobrimos que
Brianna estava por trás disso, que negou com todas as forças. As
imagens foram enviadas por um computador de Lan house, ela
frequentava aquele lugar, quem mais poderia ser a não ser ela?
Depois disso, vivemos em paz por um tempo, quer dizer,
não tão em paz. Vô Humberto estava muito doente, internado no
hospital que lhe pertencia, é muito bem cuidado pela equipe médica
e por nós, mas esperanças não temos mais, a diabete ficou
incontrolável tomando espaço dele cada dia mais um pouco.
Mesmo com tantos problemas, Christian abriu um processo
contra Brianna, ela passou a ser vigiada pela polícia e mais um
vacilo voltaria para a prisão.
Um dia, chegando em casa muito cansada de mais um dia
cheio, fui recebida com flores pelos meus dois amores, mas uma
encomenda também me esperava. Christian estava no hospital de
plantão, depois do jantar, abri a tal encomenda, peguei o pen drive e
me deparei com a cena mais terrível, me destruindo por dentro.
Christian e uma mulher no quarto aos beijos, ela estava por cima
dele tirando as roupas que usavam, cada vez que eu assistia,
tentava ver alguma coisa que mostrasse ser mentira, eu não queria
acreditar que o meu marido estava me traindo, mas era muito real,
as vozes, as cenas, preliminares… foi demais para mim! A pior noite
após anos estava cravada no meu peito, a dor apertava mais e
mais, me deixando fraca, foi difícil, muito difícil, ainda é e eu tenho
certeza que nunca passará, por ele sempre será o amor da minha
vida, só que me custou caro saber que não é para a minha vida.
CAPÍTULO 2

Amanheceu e eu estava sentada na cama olhando para a


janela vendo amanhecer. As lágrimas desciam contra a minha
vontade, eu não tinha forças, voz, sono, nada, apenas um coração
cheio de furinhos como se tivesse sido espetado sem pena.
Saí para trabalhar antes que ele chegasse, não estava
pronta para encará-lo, precisava entender o que estava
acontecendo, onde eu havia errado, falhado, sido menos esposa,
mulher para ele, qual foi o meu erro para estar colhendo isso agora,
mas nada vinha a minha cabeça. Letícia notou que havia algo
errado assim que me viu, foi o pior desabafo, as palavras saíram em
desespero e dor, foi impossível trabalhar naquele dia.
No fim do dia, indo para casa, estava criando forças para
tomar a decisão mais dolorosa de toda a minha vida. Christian
estava em casa com as crianças, quando os vi brincando, minhas
pernas tremiam e eu só queria que fosse mentira.
— Mamãe! — Benício me viu encostada na porta e correu
na minha direção, foi o melhor abraço.
— Oi, meu amor.
— Oi, amor.
Christian tentou me beijar como de costume, meu rosto virou
automaticamente, porque eu ainda estava travada. Dava para ver no
seu rosto a confusão, as cenas daquele vídeo voltaram a minha
mente e eu só conseguia sentir raiva.
— A mamãe vai tomar banho, continuem brincando.
Fui para o quarto literalmente fugindo, Christian veio atrás
de mim e ficou como um cachorro no pé do dono.
— Está tudo bem? — perguntou estranhando minha
mudança.
— Vou tomar banho, enquanto isso, assista o trailer de um
filme, você provavelmente gostará. — entreguei o pen-drive.
— Você não me respondeu, o que está acontecendo?
— Está tudo bem.
Fui para o banheiro carregando comigo todas as minhas
dores, deixei que fossem levadas pelo ralo, uma hora ou outra teria
que decidir e essa era a hora. Ao sair do banheiro, o vi sentado na
cama com o rosto escondido nas mãos, fui me vestir e peguei
minhas malas.
— Amor, vamos conversar.
— Conversar? O que temos que conversar, Christian?
Pensei que já tivesse ficado claro, você gostou do trailer? Imagina o
filme como não será sensacional.
— Para tudo tem uma explicação, dois lados da moeda.
Levei as malas para a cama e ele me parou.
— Você não vai sair dessa casa, não vai me deixar mais
uma vez.
— Uma vez eu disse, só quem pode me tirar da sua vida, é
você mesmo. Isso está muito claro agora e não adianta você negar
que dormiu com aquela mulher, eu vi. O pior de tudo é que vi. Fico
me perguntando onde foi que errei, onde falhei e deixei faltar
alguma coisa? Sempre fiz de tudo para ser uma boa esposa, mãe,
uma pessoa melhor, sempre pensando em nós. Por que você tinha
que fazer isso comigo?
— Você não errou, eu sei que está magoada, mas… me
perdoa, Catherine.
— Porque, Christian?
— Eu não sei, eu não lembro de muita coisa, estava
tentando ter respostas sobre esse dia. Eu disse a você que iria
naquele evento da inauguração do hospital de um amigo meu,
estava tudo bem, amor, eu só lembro depois que acordei, quando vi
as filmagens chegando no quarto do hotel, eu não podia falar nada
sem ter certeza. Nunca, em toda minha vida, teria coragem de fazer
isso com você, eu não sei o que aconteceu e isso tem me deixado
maluco.
—Você não sabe o que aconteceu? Olha, assiste
novamente, eu vou te falar o que aconteceu.
— Isso foi armação, você não viu? Não existiria essa
filmagem se não fosse armado.
—NÃO DEIXA DE SER UMA TRAIÇÃO! — me alterei e
tentei não surtar mais.
— Amor, espera eu descobrir o que aconteceu, eu juro pela
vida dos…
— Não ouse colocar os nossos filhos no meio dos seus
erros, se foi armação ou não, você dormiu com outra mulher, foi com
ela que você transou, aquela mulher. Você acabou com o nosso
casamento.
— Sei que você está magoada, com raiva, não tiro sua
razão, mas não vai embora, me dê uma chance de esclarecer isso.
— Vou embora dessa casa, levarei os meus filhos comigo,
vamos nos divorciar e dividir a guarda das crianças. Não suporto
olhar para você e nada do que fale vai me fazer mudar de ideia.
— Não, você não vai sair dessa casa com as crianças, aqui
é o lugar de vocês, não permitirei que faça isso.
— E eu não vou continuar casada com um homem que me
trai, não pode me forçar ficar aqui.
— Mamãe, estamos com fome! — as crianças bateram na
porta.
— Oi, crianças, vamos jantar?
— Vem, papai. — Benício pegou na mão dele.
Fomos para a mesa, Christian não tocou no prato, por mais
que o choro estivesse entalado na minha garganta, tentei comer e
sobreviver por eles, somente por eles, os meus filhos. Era a nossa
última refeição juntos, e isso me doía muito, Christian saiu da mesa
em silêncio, só ouvimos a porta do escritório bater.
— O papai está bravo? — Brendon perguntou.
— Não, ele só está sem fome, precisa trabalhar.
— O papai é ocupado. — Benício respondeu ao irmão.
Christian passou a noite no escritório, aproveitei para
arrumar as minhas malas, não deu para colocar tudo, mas peguei o
máximo. Estava decidida a fazer isso, foi mais uma noite longa,
difícil, e eu tinha certeza de que as próximas seriam muito piores.
No dia seguinte, quando saí para trabalhar, levei as minhas
malas comigo, Letícia me ajudou com um apartamento, já estava
alugado no meu nome, depois dessa decisão, não teve mais volta.
Conversar com as crianças sobre isso foi o mais difícil,
busquei-os na escola, almoçamos juntos no restaurante que eles
gostam, fizemos um passeio tomando sorvete e conversamos.
— Tenho uma notícia para vocês.
— Qual? É boa? Vamos viajar? — perguntou Brendon,
ansioso.
— É aniversário, mamãe? — Benício perguntou com um
sorriso.
— A mamãe tem uma casa nova, vamos morar lá agora,
mas vocês podem visitar a casa do papai quando quiserem.
Lembram daqueles prédios altos que vocês gostam? Agora podem
morar em um deles.
— Que legal! — disse Brendon com surpresa.
— Eu quero! — Benício me abraçou.
— O papai vai ficar, ele precisa trabalhar, mas estará
sempre pertinho de vocês. Agora, precisamos buscar as coisas de
vocês ou ficarão pelados.
Eles sorriram se divertindo com o meu comentário, Teresa já
havia arrumado as coisas deles, não diria tudo de uma vez para
eles, eles não entenderiam e fariam uma confusão, mas aos poucos
direi o que está acontecendo.
CAPÍTULO 3

Ao chegarmos, pedi que colocassem as malas no meu


carro, as crianças correram para o quarto para pegar alguns
brinquedos que quisessem levar, Christian saiu do escritório e veio
até mim.
— Você vai mesmo fazer isso? Vai sair da nossa casa com
os nossos filhos sem procurar saber da verdade?
— A verdade está naquele vídeo, você acha que estou feliz?
O que você iria fazer se me visse transando com outro homem? Iria
querer dormir ao meu lado e fingir que não viu? Eu não farei esse
papel.
— Eu não quis fazer isso, Catherine, foi uma armação, sua
irmã ou outra pessoa, não sei, acredita em mim, meu amor.
— Estou muito magoada, Christian, tudo que eu mais quero
agora é ficar longe de você.
— Você duvida do meu amor por você?
— Só amor não basta, Christian, eu sempre disse isso, é
tanto que agora você preferiu… você passou a noite com outra.
Naquela noite fiquei no hospital ao lado do seu avô, as crianças
ficaram em casa com a sua mãe, você sabe o quanto os nossos
dias estão agitados, é muita coisa para assimilar. Tem um mês
desse evento, quantas vezes nos relacionamos e você escondendo
isso de mim?
— Eu não podia…
— Papai, vamos morar lá no alto. — disse Brendon,
empolgado.
— Você pode vê-los quando quiser, buscá-los na escola,
passar a noite com eles, me avise, não vou descontar neles e não
impedirei que os veja. Isso é entre nós.
— Eles já sabem?
— Não, preferi não entrar em detalhes, aos poucos vamos
falando de uma forma que entendam.
Christian ficou do tamanho deles, eles estavam com as
mãos cheias de brinquedos, até caíam, empolgados e felizes.
— O papai vai trabalhar, tem que passar a noite no hospital,
aproveitem a casa nova, em breve vamos nos ver e brincar muito.
— Papai, você tem que conhecer. — disse Benício.
— Quem disse que não vou? Mas não agora, não quero
saber de bagunça, hein? Obedeçam à mamãe, cuidem dela
também. Amo vocês mais que tudo no mundo! — abraçou-os.
As crianças foram correndo para o quarto, antes que eu
saísse, Christian me segurou e encostou sua testa na minha,
deixando uma lágrima cair no meu rosto.
— Me perdoa, Catherine, eu te amo muito, meu amor.
— Não, Christian, por favor, não torne as coisas mais
difíceis.
— Como vou viver sem vocês?
— Eu te faço a mesma pergunta.
— Por favor, me perdoe, me deixe esclarecer isso. Sei que
contra fatos não há argumentos, mas tem que haver uma
explicação, eu não faria isso com você lúcido.
— Quero o divórcio. — enxuguei minhas lágrimas tentando
ser firme, antes que ele negasse, saí o deixando na sala.
De todas as dores, deixá-lo ali parado na sala, foi a parte
que mais me doeu, dói, não é fácil deixar para trás quem você tanto
ama, mas não podemos ficar onde nos causa dor e nesse momento,
ele me fere.
A partir desse dia, as noites ficaram mais difíceis, o
apartamento era vazio mesmo com móveis, tentamos explicar todos
os dias para as crianças de que não éramos mais um casal, que
eles tinham duas casas, mas Brendon se revoltou comigo, me
acusou de deixar o pai dele sozinho, que sou uma péssima mãe, me
odeia, por mais que seja uma criança de 7 anos, dói ouvir tudo isso.
Já Benício, ficou triste no mundinho dele, estava chateado, mas ele
não me odiou.
Como prometi a Christian, sempre que ele queria ver as
crianças, vinha ao apartamento buscá-los para um passeio, ou
buscava na escola para levar para a casa dele. O divórcio foi
complicado, de início ele não quis dar, se negou por um mês, mas
fui atrás quando descobri que a mulher do vídeo estava indo atrás
dele.
Um dia no hospital, ouvi fofocas dos estagiários falando de
uma possível gravidez dessa mesma mulher, que o chefe seria pai
novamente, não, eu não merecia passar por isso.
Atualmente estamos divorciados, foi a melhor decisão a ser
tomada, Christian na dúvida se é pai ou não dessa criança, estamos
vivendo nossas vidas, não podemos parar, temos duas
preciosidades para cuidar e é por eles que temos que seguir. É
difícil, doloroso, mas nenhuma mulher merece passar por isso, se
prestar a esse papel. Dói sair, mas, mais doloroso seria ficar e
fechar os olhos para não ver, tapar os ouvidos para não ouvir e
enganar o coração.

Teresa agora mora comigo no apartamento, enquanto


trabalho, ela cuida das crianças me dando uma pequena ajuda
extra. Foi ideia de Christian, ele acha que será bom para as crianças
se adaptarem mais rápido.
— Catherine, já preparei a cesta que você pediu. — disse
Teresa ao me ver chegando.
— Obrigada, Teresa, onde eles estão?
— No quarto brincando.
— Obrigada!
Fui até o quarto deles, os encontrei brincando no chão com
os carrinhos.
— Oi! — disse da porta.
— Mamãe chegou! — Benício veio ao meu encontro e me
abraçou.
— Cheguei, eu prometi que faríamos um passeio, não foi?
— Sim.
— Não vai me dar um abraço, Brendon?
— Não quero sair sem o papai.
— Você saiu ontem com ele, por que hoje não pode estar
comigo?
— Eu prefiro o papai.
— Brendon, eu sei que você não gosta de ficar longe dele,
você sabe que ele está trabalhando agora, prometemos ir ao cinema
no final de semana, não foi?
— Você não gosta mais do papai, é por isso que ele não
está aqui, ele não vai para o cinema.
— Prometemos ir ao cinema e cumpriremos. Não adianta
você dizer essas coisas para me atingir, gosto do seu pai, não estou
afastando vocês deles, por que não tenta me dar uma chance?
Ontem você estava animado para o nosso passeio.
— Vamos, Brendon, será divertido. A mamãe levará a
bicicleta.
— Por favor!
Brendon saiu, era sempre difícil conversar com ele, ainda
mais quando se tratava de Christian, não sei o que Christian diz
para ele, mas está ficando cada vez mais difícil.
Quando eles ficaram prontos, saímos para passear no
parque, combinamos de fazer um piquenique e andar de bicicletas.
Enquanto eu arrumava o nosso piquenique, eles se divertiam nas
bicicletas fazendo voltas onde eu estava.
É claro que para uma mãe babona como eu, não poderia
faltar aquela foto para ficar de lembrança. Vê-los felizes é minha
prioridade, sempre abrirei mão de tudo para isso.
CAPÍTULO 4

Deixei-os brincando e fiquei lendo um livro, mas sempre


conferindo se estavam por perto. A tarde estava perfeita, o sol
esquentando a pele, vento fresco, o cheiro dos lanches que
trouxemos, fazíamos isso antes como uma família, mas agora,
apenas nós três.
Decidi chamar as crianças para se refrescarem, tinha alguns
refrescos gelados que eles gostam na cesta, quando os procurei,
não os vi onde estavam brincando, o desespero bateu no peito me
fazendo enlouquecer, na minha mente só conseguia pensar que
alguém os levou ou que se perderam. Mas, andando mais um pouco
à procura deles, os vi mais distantes, conversando com uma mulher,
que forçava tirar uma foto com eles, sem os deixar ir.
— Larga o braço do meu filho. — disse com autoridade.
Ao lado da mulher tem dois homens, fortes, mal-encarados,
mas isso nunca irá me assustar.
— Mamãe, não quero foto. — disse Benício, chateado.
A mulher fica de pé levantando as mãos para o alto se
rendendo, mas tinha um sorriso provocador.
— Se tocar nos meus filhos mais uma vez sem a minha
permissão ou permissão deles, vai ver do que uma mãe é capaz.
— Eu só queria conhecer os meus enteados.
— Enteados?
— Ah, você ainda não soube? Eu e Christian estamos nos
reconciliando. Que cabeça a minha, prazer, Giovanna Curvelo.
Prometo que cuidarei bem deles, serei uma boa madrasta.
— VOCÊ NUNCA FICARÁ COM O MEU PAI. — Brendon se
revoltou e a empurrou, um dos homens segurou o braço dele.
— Solte o meu filho agora, pouco me importa quem você
seja, você pode ser a rainha, para mim continuará sem importância.
Ouça bem, você pode ter o Christian, o príncipe, o rei, um feio, um
bonito, mas você nunca, em hipótese nenhuma, chegará perto dos
meus filhos e se fizer isso, querida, você não me conhece.
Voltamos para o nosso piquenique, Brendon ainda estava
chateado, ele abraçou os joelhos e respirava ofegante ficando
vermelho. Geralmente ele não chorava, guardava a raiva e era forte
contra as emoções, mas era possível notar seus olhos cheios de
lágrimas.
— Ei, está tudo bem, meu amor.
— É por isso que você não está com o papai mais? Ele tem
uma namorada? Meus amigos têm madrastas e elas namoram os
pais deles.
— Eu não sei se o seu pai está namorando essa mulher,
mas se tiver, ele tem todo direito de conhecer alguém, não estamos
mais juntos. Filho, nada, nenhuma pessoa, afastará seu pai de
você.
— Eu não quero, ele não pode namorar outra mulher, eu
não gosto dela.
— Ouçam, vocês dois sempre serão os nossos diamantes,
nossos meninos que tanto amamos. Christian está solteiro, vocês já
entendem, sabem que não estamos mais juntos como um casal.
Vocês acham certo ele ficar sozinho?
— O papai disse que vai consertar tudo e voltaremos para
casa. Ele não tem namorada. — disse Benício, triste.
— Queremos só você com o papai.
— Vamos tomar um refresco, vocês precisam se hidratar.
Essa mulher não fará mais isso, não se afastem mais de mim.
— Desculpa, Mamãe. — disse Benício, se refrescando.
Comemos sanduíches, bolo, frutas, eles voltaram a brincar
quando terminaram, dessa vez no parquinho com outras crianças.
Estava me divertindo com eles no balanço, na vez de empurrar
Benício, Brendon saiu correndo do balanço dele, ao olhar para ele,
vejo Christian se aproximando.
Benício fez o mesmo, eles amam o pai, do mesmo jeito que
ele os amam, um amor incondicional.
— O que falei sobre correr?
— O papai chegou! — Brendon mudou de humor e disse
sorrindo.
— Por que não me ligou? Fui informado pelos seguranças
sobre o que aconteceu, eu precisava saber, Catherine.
— Não era hora para isso, além disso, eles estão bem e
estão se divertindo. Sei proteger os nossos filhos.
— Eu não estou falando que não sabe, mas sou pai deles e
tenho que ser informado sobre o que acontece com eles.
— Vamos falar disso agora, aqui e na frente deles?
Christian olhou para eles os vendo interessados na
discussão.
— Não!
— Foi o que pensei, crianças peguem suas bicicletas.
— Já vamos embora? O papai chegou agora. — Brendon
novamente se chateia.
— Não, mas não podem deixar as bicicletas jogadas.
Eles correram, pegaram as bicicletas e deixaram na árvore
que estamos fazendo o piquenique. Christian me acompanhou e
sentou no chão comigo.
— O que ela disse?
— Estava apenas conhecendo os enteados, eles não
quiseram e ela os forçou.
— Catherine… -interrompi.
— Christian, ouça bem, você está solteiro, livre,
desimpedido, dono de si, você pode namorar quem você quiser,
mas a partir do momento que essa pessoa tocar nos meus filhos ou
maltratá-los, eu vou me meter sim. Se essa mulher tocar neles
novamente, você só vai vê-los dentro do meu apartamento. Não me
faça fazer isso, você sabe do que sou capaz para protegê-los.
— Você se deixa abalar muito fácil, Catherine, eu já disse
milhares de vezes que nunca existirá outra, não sou desimpedido
porque amo você, somente você, essa é a nossa família e nunca
existirá uma madrasta para eles.
— Eu já dei o aviso.
— Papai, compra sorvete. — disse Benício, segurando o
rosto dele fazendo uma carinha fofa.
— Vocês já comeram?
— Sim! — responderam em uníssono.
Christian os levou até um senhor que vendia sorvetes, não
sei porque meu coração não me obedece, porque é tão difícil estar
perto dele, porque me deixo afetar com essas coisas e
principalmente essas mulheres. Letícia costuma dizer que, se tem
amor, sempre haverá cuidado, ciúme, porque nos incomoda o fato
de sabermos que a pessoa que amamos está agora com outra
pessoa.
CAPÍTULO 5

Giovanna é a ex de Christian, a que fugiu levando seu


dinheiro e o transformando naquele homem arrogante cheio de
traumas, ela voltou, já havia ouvido alguns boatos, mas nunca nos
conhecemos como hoje. Agora não é mais uma, são duas, na vida
dele. Fico me perguntando como seria se estivéssemos casados
ainda, o que fariam para nos atingir.
— Esse é seu. — Christian me entregou um sorvete.
— Obrigada!
— Papai, pode dormir comigo hoje? — perguntou Brendon.
— Hoje é o dia de você ficar com a sua mãe.
— Quero os dois hoje.
— Combinamos de ir ao cinema juntos, não foi? Além disso,
tenho que trabalhar para podermos sair na minha folga.
— Então fica no dia do cinema?
— Vamos esperar o dia chegar, termine o sorvete, está
derretendo.
As crianças continuaram tomando o sorvete, recebi uma
ligação de Letícia e atendi.
Letícia: Cathe, você já leu as notícias?
Catherine: Não, o que aconteceu?
Letícia: A ex do Christian, falando de você, disse que foi
maltratada e que você colocou as crianças contra ela. As pessoas
estão tirando você como ex louca e possessiva.
Catherine: Isso é mentira!
Letícia: Tem mais, ela falou o motivo da separação, deu
apoio para aquela mulher e estão começando a querer Christian
com essa mulher. Estou te falando para saber por mim, evita entrar
nas redes sociais, não deixe isso te abalar.
Catherine: Obrigada por me falar, falarei com o meu
advogado e com os seguranças, acredito que as crianças agora vão
precisar.
Letícia: Se prepare, essa ex maluca dele não facilitará.
Catherine: Já estou preparada.
Ouvindo Catherine falar assim já me deixa nervoso, sua
expressão não estava boa, quando falou das crianças, senti que
mais uma bomba havia explodido. Ultimamente nada anda dando
certo, o que esperarei senão isso?
— Está tudo bem?
— Hora de irmos! No apartamento conversaremos, então se
puder nos acompanhar, agradeço.
— Claro!
As crianças aceitaram facilmente já que irei com eles, segui
o carro de Catherine orando para não ser nada sério, nada que a
afaste mais de mim.
Há um mês Giovanna reapareceu no hospital para fazer um
procedimento estético, nos reencontramos por acaso, mas nada,
além disso. Ela esteve no maldito evento que fui, tentava se
aproximar, mas o ódio que sinto por essa mulher só me faz querê-la
longe, cada vez mais longe. Nos encontramos algumas vezes no
hospital, ela insiste em se desculpar, querer conversar, uma chance
para se explicar, até foi a minha casa, mas sempre mantive longe de
mim.
Quando soube pelos seguranças do show que ela deu no
parque, não poderia ficar em paz no hospital, remarquei a cirurgia
que tinha e fui até lá. Me assusta saber que até se aproximou de
Catherine, seja homem ou mulher, não é ciúme, é medo, medo de
que a afastem mais de mim. Tenho tentado entender o que
aconteceu no evento, naquela maldita noite, como fui parar naquele
quarto com aquela mulher, quem é essa mulher, as respostas são
mínimas.
Sinto que cada vez mais perco um pouco da minha mulher,
não quero aceitar que a perdi de vez, lutei muito por nós, a perdi
uma vez e agora estou perdendo de novo, não é só sobre o meu
amor por ela, é como me sinto com a nossa família, o meu amor por
ela, as crianças, nossa vida juntos.
Agora com essa notícia de gravidez daquela infeliz, que se
recusa fazer o teste de DNA ainda grávida, foi o fim para nós dois, o
que fez Catherine acelerar o divórcio.
Perder as esperanças é algo que nunca acontecerá, quero a
minha mulher de volta, os meus filhos de volta e a minha paz de
volta. Sem ela, nada faz sentido, nada tem cor ou vida, nosso amor
é o que me sustenta.
No apartamento, as crianças foram para o banho e ficamos
na sala.
— Não me interessa o que você anda fazendo, se está com
alguém, se está tendo alguma coisa com a sua ex, se é ex ainda, eu
não me importo. O que ela fez hoje não terá perdão, abrirei um
processo contra ela e quero que aumente nossa segurança,
principalmente das crianças. Proíba que a imagem dos nossos filhos
sejam expostas assim, se não por mim, por eles.
— O que está acontecendo?
Ela me entregou o celular e fiquei chocado com tudo o que
eu lia. Os comentários, ofensas, notícias, fofocas, estavam
massacrando Catherine na Internet. Algumas ofensas comigo, mas
o foco estava somente nas mentiras que Giovanna falou e na
mulher que diz estar grávida de mim.
— Vou resolver isso, todas essas notícias serão removidas.
— O que vai adiantar? Você acha que ao sair na rua as
pessoas vão me ver e esquecer? Estou exposta, Christian, nossos
filhos estão expostos. Ela não sairá impune assim, eu não me
importo quem ela seja, pode ser a rainha, eu não me importo.
— Eu disse que vou resolver isso e eu vou. Você pode falar
com o seu advogado, não impedirei que abra um processo.
Catherine, por mais que demonstrasse estar apenas
preocupada com isso, com os nossos filhos, sei que também estava
magoada sobre nós. Tentei me aproximar até conseguir tocar seu
rosto, ela estava uma pilha de nervos. E no fim, tudo culpa minha.
— Desculpa, meu amor, sinto muito que esteja passando
por isso. Você não merecia, principalmente o que fiz, se eu pudesse
voltar naquele dia, não teria ido àquele evento. Eu não quis,
Catherine, tente entender.
— Acho que está na sua hora, Christian.
— Eu nunca deixei de amar você, olhe para mim, eu ainda
sou o mesmo homem por quem se apaixonou. Você está magoada,
eu entendo, mas não coloque um fim, não me tire de vez da sua
vida, é o meu único e último pedido, por toda a minha vida.
— Papai, fica.
Brendon estava sentado na escada nos olhando, não sei
quanto tempo ele estava ali, não quero que eles presenciem isso e
nem ouça nossas discussões, não merecem sustentar nossos
problemas. Catherine se afastou indo para a cozinha, ele veio até
mim e me abraçou.
— Não deixe a mamãe.
— Você lembra da nossa conversa?
— Sim, mas aquela mulher disse ser minha madrasta, eu sei
o que é madrasta, só tenho a mamãe e ela não será a minha
mamãe também.
— Ninguém, nunca, substituirá a sua mãe, nem para vocês
e nem para mim. Eu não tenho nenhuma namorada, aquela mulher
mentiu, não acredite nisso.
— Então você só quer a mamãe?
— Só existe a mamãe, apenas ela, mas esse é um segredo
nosso, ok?
— Tá, volta com a mamãe então.
— Paciência, meu filho, não é como você quer, deixei a
mamãe triste, cometi um erro, ela precisa apenas de vocês agora.
Quando eu disse para vocês cuidarem dela, não foi para birrar,
discutir, não pode agir assim.
— Desculpa! Só quero vocês dois juntos de novo, não quero
ficar em duas casas, nem ficar sem você.
— Estamos nos vendo todos os dias, você pode dormir lá
em casa quando quiser, sua mãe nunca impediu.
— Mas ela não vai também, pede desculpas, ela é
boazinha.
— Queria que todos tivessem sua inocência, que fosse fácil
assim. Sobre o que aconteceu hoje, não quero você perto daquela
mulher, não fale com ela, se a vê, fale com um dos seguranças,
ouviu? Você e o seu irmão, é uma ordem, Brendon. Posso contar
com você?
— Sim, pode.
— Preciso voltar para o hospital agora, tem atividades?
— Não!
— Ótimo, nos vemos amanhã no colégio, vou buscar vocês
para almoçarmos juntos.
— Oba!
— Vá chamar o seu irmão para se despedir.
Ele saiu correndo. Procurei Catherine até encontrá-la na
lavanderia tentando se recompor, foi impossível me controlar em
abraçá-la.
— Eu te amo!
— Christian, me deixe em paz, por favor. Não piora a
situação, não estraga mais a minha vida, eu juro que estou tentando
tirar você da minha vida, esquecer o que vi, o que você fez comigo,
eu só preciso que saia de uma vez. Você é como uma ferida
inflamada, não sai de mim, quanto mais mexe, mais dói. Cansei de
sentir dor.
— As mesmas feridas que abri em você, vou fechá-las e
cuidar para cicatrizarem. Não sairei da sua vida porque isso é
impossível, prometemos estar do lado um do outro em qualquer
situação, problema, eu não vou te deixar, mesmo que o causador
disso tudo tenha sido eu.
— Vai embora, por favor.
— Vou te conquistar de novo — fiz ela virar de frente para
mim — você é a mulher da minha vida, sempre será você, a única
que amarei até morrer.
Ela tentou sair, me evitar, deixar essa mulher ir, não estava
nos meus planos. Sequei seu rosto vendo seus olhos vermelhos,
enquanto segurava seu rosto, me aproximei mais até sentir seu
cheiro.
— Me perdoa, não me tira da sua vida, eu imploro! —
sussurrei próximo da sua boca, ela virou o rosto quando tentei beijá-
la e sai.
As crianças estavam assistindo na sala, fui até eles e me
despedi. Brendon estava mais calmo, dessa vez não fez drama com
a minha saída, isso é bom.
— Agora é a minha vez de tomar banho, Teresa está de olho
em vocês, assistam o desenho quietos.
Subi para o quarto o mais rápido que consegui, é sempre
nessa hora que tenho o tempo necessário para colocar para fora o
que está preso aqui dentro desde a hora que acordo e me deparo
com a minha realidade.
CAPÍTULO 6

— Benício, a mamãe estava chorando, o papai não


conseguiu de novo.
— Não queria vê-la chorando.
— Não podemos deixar aquela mulher ser nossa segunda
mamãe.
— Mas o papai vai brigar.
— Ele não vai saber, vamos aprontar com ela e afastá-la do
papai. Só aceitamos a mamãe.
— O que vamos fazer?
— Quero que o papai durma uma vez aqui, assim eles ficam
mais perto, você tem que fazer drama comigo ou não vamos
conseguir.
— Tá, eu faço, mas ninguém pode saber.
— Vi o papai bem pertinho dela. — sorri e voltei a assistir.
Minha paz é somente eles, depois que me senti aliviada, fui
para a sala e fiquei deitada com eles assistindo. Aproveitamos a
noite para colorir desenhos, eles amam fazer isso, compramos
muitos cadernos de colorir para nos divertir juntos, até tenho o meu
de princesas. No fim, eles discutem entre eles qual ficou mais
bonito.
Jantamos, brincamos de esconde-esconde até o sono vir e
fomos todos para a cama.
— Mamãe, desculpa por ser um filho ruim. — disse Brendon
antes que eu saísse do quarto.
— Eu te amo muito.
— Eu te amo, mamãe, não é verdade que é uma mamãe
ruim, é a melhor do mundo.
— Tento todos os dias, que bom que estou conseguindo,
vocês são tudo na minha vida e eu sempre estarei do lado de vocês.
Sempre!
Beijei sua testa fazendo um sinal da cruz em seguida, fiz o
mesmo com Benício, ganhei um beijo demorado como ele sempre
faz, me dando paz e conforto. Deixei-os dormir e voltei para a sala.
Minha reunião com o advogado só aconteceu agora por home office,
quando podemos conversar tranquilos, depois que soube a minha
versão, não perderia mais tempo e entraria com o processo.
No dia seguinte, levei as crianças para o colégio como faço
todas as manhãs que eles estão comigo, como prometido, a
segurança aumentou e alguns seguranças já estavam lá nos
esperando.
O coração de mãe fica mais tranquilo, posso trabalhar em
paz sabendo que estão protegidos. Mas, em questão de paz com
outros assuntos, é diferente.
Agora que todos sabem a verdade, as clientes do salão me
olhavam de outra forma, algumas com pena e outras com deboches,
certamente acreditam na Giovanna e sou a bruxa má.
— Você não deveria ter vindo hoje.
— Por que não? A minha vida tem que continuar, não será
aquela mulher que vai me fazer parar.
— Eu só quero que não fique mal.
— Está tudo bem, isso não é nada comparado ao que
passei e estou passando ainda.
— Sabe que estou do seu lado, não sabe? Pode me chamar
a qualquer hora, quer fugir? Fujo com você, quer matar alguém?
Escondo o corpo e você corre. É assim que funciona.
— Você está cada vez mais maluca, sabia? Eu te amo,
obrigada.
— Não se esqueça disso.
— Não vou esquecer.
Comecei a trabalhar atendendo a primeira cliente, graças a
Letícia, fiz alguns cursos para me especializar mais e agora consigo
ser melhor no que faço. Fiz três anos de curso de Estética e
Cosmética, hoje trabalho fazendo limpeza de pele, hidratação,
depilação, estética capilar, revitalização, peeling (uso de solução
para renovar células mortas da pele), drenagem linfática,
maquiagem definitiva e bronzeamento artificial. Não só eu, somos
uma equipe com essa parte. Letícia aumentou o salão trazendo
mais conforto para as clientes, agora têm até hidromassagem e
salas para massagens, um salão que se transformou em um SPA. E
eu só tenho a agradecer por fazer parte dessa equipe incrível, fazer
algo que gosto com pessoas que me sinto bem, e ter uma amiga tão
incrível.
Letícia e Arturo nunca estiveram tão bem quanto depois que
se casaram, mais felizes, juntos, continuam sendo nossos amigos,
advogado de Christian, ainda fazemos nossas noites de filmes
quando as crianças vão dormir na casa da avó que, por sinal, me
tratam com muito carinho, estão sempre me mimando e mimando
eles. Tenho os melhores sogros.
Quando terminei a primeira cliente, esperei a segunda entrar
na sala, enquanto estava me organizando, vejo Brianna entrar
naturalmente.
— Oi, irmã, vim fazer uma hidratação na pele.
— O que você pensa que está fazendo aqui, Brianna?
— Acabei de falar, vai se recusar fazer o seu trabalho?
Onde está a ética profissional?
— Uma coisa se chama ética, outra dignidade, e entre as
duas, eu prefiro minha dignidade e minha paz.
— Cuidado, raiva faz mal para o coração, talvez seja falta de
sexo. Ah, desculpa, você não transa, ele transa com outras, não é?
Vou me inscrever, quem sabe?
Joguei minhas luvas na lixeira e saí. Pedi para trocar com
uma das minhas colegas, foi a melhor coisa, eu não sei o que faria
se continuasse ali dentro.
Enquanto atendia a cliente, ouvia Brianna reclamando o
tempo todo, humilhando a minha colega, já estava ficando
constrangedor.
Letícia ouviu do salão os dramas de Brianna, quando a viu,
ficou furiosa e a tirou de lá pelos cabelos. Provavelmente não havia
visto Brianna entrar, acho é pouco, Brianna merece muito mais.
O dia foi difícil, algumas clientes desistiram quando me
viram, outras cancelaram por ligações, fora aquelas que ficam
conversando comigo jogando indiretas ou conversando lá fora. Para
piorar, quando sai para almoçar foi o mesmo, até os garçons me
olhavam.
Não daria esse gosto às pessoas, continuei almoçando e
voltei trabalhar, mesmo que agora fossem menos clientes.
Quando meu horário acabou, fui para o meu carro e o
encontrei pichado, arranhado, algumas palavras ofensivas e os
pneus furados. Voltei com um dos seguranças, tentando vencer
mais um dia e acreditar que era só uma fase.
— Oi, Teresa, as crianças chegaram?
— Ainda não, Christian ligou para avisar que ia almoçar com
eles e levá-los para visitar o senhor Humberto.
— Quando eles chegarem, faça-os tomar banho, eu estou
com um pouco de dor de cabeça e vou deitar.
— Tá bom, não se preocupe. Precisa de um remédio?
— Eu já tomei, obrigada.
Fui para o quarto, na verdade, fugindo de tudo e todos. Tem
dias que a gente só quer ficar em silêncio, quietinha na cama
pensando, é como se nossa alma precisasse silenciar para poder
entender o que se passa dentro e fora da gente. Acalmar o coração
que está cansado, a mente que grita, dar o descanso que o corpo é
a alma, precisam. Por outro lado, ter uma pessoa que te passe paz,
faça um carinho, fale uma palavra bonita, te mime nem que seja
com um miojo, você é rico e nem estou falando de dinheiro. Mas,
para quem não tem esse privilégio, aprender a ser sozinho é
sinônimo de coragem, hoje em dia, as pessoas estão com
dependência emocional e usando as pessoas para fugir do caos.
Viver, sentir, resolver, aprender, estar só, ouvir o seu interior, quando
você aprende fazer isso, você não precisa de mais ninguém, pois a
sua força vem de você mesmo e a sua melhor companhia é você
mesma.
CAPÍTULO 7

Christian West
As crianças sempre foram apegadas ao meu avô, agora
com ele no hospital, tentamos fazer com que entendam e não
sofram.
— Deem oi para o biso.
Eles subiram na cama e deram um beijo no rosto dele, como
sempre fizeram.
— Papai, o vovô não vai acordar mais? — Benício pergunta
triste.
— O biso precisa descansar, ele está muito doente, mas ele
sente quando fazemos carinho nele, então vamos deixar o biso
cheio de carinhos.
— O biso vai virar estrelinha? — perguntou Brendon,
curioso.
— O biso vai melhorar? — Benício indagou ansioso.
— Não, ele não vai melhorar, já conversamos sobre isso,
meninos. É por isso que viemos visitá-lo, para não deixá-lo sem
carinho e sozinho. Que tal falarmos para o biso sobre o final de
semana?
Eles se animaram e correram para a cama, sentando-se ao
lado do meu avô.
— Biso, o papai e a mamãe vão nos levar para o cinema. —
disse Brendon.
— E o papai vai dormir no apartamento.
É maravilhoso ver como eles conversam, meu avô está cada
vez pior, devido à diabete ele sofreu um derrame, tem dificuldades
em falar, amar, mexer um lado do corpo, dificilmente acorda, está
fraco e sempre dormindo. Quero que ele sinta o carinho das
crianças, o amor mais puro e verdadeiro, que ele não se sinta
sozinho em nenhum momento. Estamos revezando no hospital, às
vezes Catherine passa a noite, meus pais ficam mais tempos com
ele, quando faço plantão vejo-o mais vezes, as crianças estão
sempre vindo visitá-lo, às vezes ele acorda, mas não consegue falar
muito bem, se desespera. Hoje, que está mais calmo, a visita das
crianças pode deixá-lo melhor, não quero afastá-los.
— Vamos deixar o biso descansar, hora de ir para casa. Se
despeçam dele.
Fomos para o apartamento de Catherine depois que saímos
do hospital. As crianças foram correndo para o quarto tomar banho,
a sensação que tenho é que não devo sair daqui nunca.
— Quer alguma coisa, querido?
— Não, Teresa, obrigado. Catherine já chegou?
— Chegou tão tristinha, é de dar pena. Desde que chegou
não saiu do quarto, disse estar com dor de cabeça, sempre fico
preocupada quando a vejo assim, por isso liguei para Letícia e ela
disse que foi difícil no trabalho hoje.
— Acha que devo falar com ela?
— Melhor não, querido, deixe-a ficar sozinha, pensar um
pouco. Agora que as crianças chegaram, ela pode se animar.
— Não aguento mais isso, Teresa, ficar longe dela, saber
que ela está assim por minha causa.
— Eu sei, tá difícil para os dois lados, não é fácil. Ela está
magoada, a situação só piora, como ela ficará bem?
— O que eu faço? Não sei mais o que fazer, quando tento
me aproximar, ela se afasta.
— Se você quer quebrar essa barreira, coloque um fim
nessas pessoas que estão perseguindo vocês, primeiro começo é
cortar a raiz do problema, não desista, querido, no fim tudo valerá a
pena. Aproveitem o final de semana, ela ainda ama muito você.
— Cuide dela por mim, por favor.
— Sempre!
— Obrigado, Teresa! — agradeci com um beijo na testa dela
e sai.
Ao sair do apartamento fui em direção ao escritório de
Arturo, cortar a raiz do problema, como Teresa disse.
— Arturo, tem um minuto? — perguntei ao vê-lo se
despedindo de um cliente.
— Claro, vamos para a minha sala.
— Dia cheio?
— Muito, peguei alguns clientes do seu pai já que ele está
passando mais tempo no hospital, os dias estão agitados, mas
gosto disso. Melhor do que não ter clientes.
— Vim dar mais trabalho.
— O que precisa?
— Entre na justiça para conseguir o exame de DNA, ela não
pode ficar me enrolando e espalhando essas mentiras por aí.
— Farei isso, sobre a sua ex, já consegui as imagens das
câmeras do parque e com isso uma medida protetora, ela não pode
se aproximar das crianças, mas é somente delas. Quase não
consigo, fui muito insistente, não consegui uma medida para
Catherine. Mas, por injúria e difamação, Giovanna e essa mulher
não poderão citar o nome de Catherine outra vez.
— E as fofocas na Internet?
— O juiz já deu a ordem para ser retirado da Internet.
— Qualquer discurso de ódio contra Catherine, pode tomar
as providências.
— Farei isso.
— Você teve acesso ao processo?
— Falei com o advogado dela, está sendo encaminhado.
— Era só isso, Arturo, consiga a ordem do juiz para esse
teste de DNA sair, preciso recuperar minha família.
— Estou do seu lado.
— Não tem mais notícias sobre aquele evento?
— Estamos procurando o garçom que sumiu, ele vai ser útil,
é nítido que batizaram sua bebida, mas quem fez isso ainda não
sabemos.
— De qualquer forma, traí minha esposa e agora a perdi.
— Não perca as esperanças.
— Vou deixar você trabalhar,
Me despedi e fui para casa, o que foi uma péssima ideia, no
portão, Giovanna me esperava com uma cara nada boa.
— Vai liberar a passagem ou vou ter que pedir para tirarem
esse carro à força?
— Posso saber o motivo de não poder entrar mais? Desde
quando você se tornou esse homem amargurado?
— Desde quando você se tornou mulher dessa casa? essa
casa lhe pertence? Proíbo a sua entrada e a entrada de quem eu
quiser. Agora, se não tiver nada mais interessante para falar, tire
esse carro da frente ou passo por cima dele e de você.
Giovanna começou bater no vidro do meu carro e quebrou o
retrovisor, já estava perdendo a paciência, os seguranças a
seguraram e sai do carro.
— A conta será mandada para a sua casa, não vou cair no
seu plano sujo, tenha um bom dia!
De Giovanna espero tudo e tenho certeza que isso foi para
me irritar e conseguir algo de mim, seja uma palavra ofensiva ou
uma atitude. Se recusando a ir embora, chamei a polícia e tomei um
banho para tentar relaxar.
As roupas de Catherine ainda continuam no closet, ela não
levou tudo, cada vez que olho é impossível não tocar ou sentir o
cheiro.
— Quando você vai voltar para mim, meu amor?
O tempo? O tempo assusta, principalmente porque ele não
para ou faz pausas, o tempo anda ao lado do silêncio, nos deixando
surdos e sem certeza de nada. A única certeza que temos hoje é
que o tempo passa e temos que valorizar cada minuto, o que fazer
não poderá ser desfeito um dia. Queria de volta o tempo que se foi,
e ter tempo para valorizar o tempo que ainda tenho, reparar os
meus erros e não magoar as pessoas que amo.

As crianças pularam na minha cama com os cabelos


molhados me fazendo acordar, cochilei de tanto pensar, ser
acordada por eles é sempre a melhor coisa.
— Mamãe é preguiçosa! — fala Benício sorrindo, me
fazendo sorrir também.
— Só um pouquinho! O que fizeram hoje? — perguntei
sentando na cama, peguei a toalha e sequei os cabelos deles,
enquanto ouvia os dois falando ao mesmo tempo.
— Vimos o biso. — disse Brendon, ficando triste. — ele não
acordou.
— Tenho certeza de que o biso gostou muito da visita de
vocês, hoje é dia de fazer companhia a ele, a dinda vem ficar aqui.
Eles comemoraram muito, fiz aquela cena de mãe ciumenta
só para ser mimada com muitos carinhos, abraços e beijos.
Ajudei com as atividades da escola, brincamos, preparei
minha bolsa para ir ao hospital, quando Letícia chegou deixei-os se
divertindo. É sempre uma festa quando Letícia está presente, ela é
como uma criança e eles gostam disso.
CAPÍTULO 8

No hospital, enquanto guardava a chave do carro na bolsa,


esbarrei em alguém de frente ao elevador.
— Desculpa! — ao ver que era o doutor Liam, fiquei menos
preocupada.
— Já estou acostumado, Catherine. — ele sorriu me
deixando com vergonha, sempre esbarro nele e por ser o médico
responsável pelo vô Humberto, já nos esbarramos muito.
— Vou fingir que não ouvi isso.
— Hoje é a sua vez?
— Sim, e antes que esqueça, vou esperar aquele café da
madrugada.
— A cafeteira quebrou.
— O quê? E ninguém fez um abaixo assinado para Christian
comprar outra? Café é vida, Liam!
— Eu ainda não esqueci de quando você passou mal e
pediu café ao invés de soro, você não tem juízo mesmo.
Foi impossível não rir com ele, o elevador abriu de repente e
o clima ficou tenso. Christian nos encarou, ele parecia assimilar o
que estava acontecendo, quando as portas iam fechar, ele colocou o
pé no meio e entrou.
— Boa noite, Christian! — Liam o cumprimentou.
— Boa noite! — disse evitando contato visual.
Como de costume, quando está com raiva, ele apenas olhou
e não respondeu.
— Atrapalhei a conversa?
— Não, Christian!
— Até logo, Catherine, doutor Christian. — ele saiu do
elevador nos deixando sozinhos.
Faltando dois andares, sentimos o elevador parar
bruscamente, Christian me segurou ou teria caído.
— Meu Deus!
— Droga! Esse elevador foi consertado hoje e quebrou
novamente.
— O quê? Vai cair? Vamos morrer?
— Não vamos morrer, Catherine, não fala besteira.
— Christian, temos dois filhos para criar, eles precisam dos
pais vivos.
O filho da mãe apenas me olhou, pegou o celular do bolso e
fez uma ligação dando uma ordem para consertar o elevador.
— Quanto tempo?
— Eu não sei, só podemos esperar agora.
— Você vai ligar de novo em cinco minutos, e se
esquecerem de nós aqui? E se ele cair?
— Catherine, fica calma, não vai cair.
— Como pode ter tanta certeza? Você nem sabe qual é o
problema.
— Não adianta pedir para confiar em mim, não é? Você não
confia mesmo.
— Não, não vamos voltar nesse assunto. Agora eu que
ligarei para alguém para pedir ajuda.
— Aproveita e liga para o doutor Liam, ele pode ficar
preocupado.
— O que você tem contra o doutor Liam? Ele é uma ótima
pessoa.
— Imagino que seja mesmo, vocês se dão bem.
— Estou numa paz tão grande que não vou te dar o gosto
de uma discussão agora, além disso, não temos nada.
— Nós nunca deixamos de ter, não importa o que fale, o que
queira, se teve divórcio ou não, nunca deixaremos de ter. Você pode
tentar me esquecer, pode tentar me tirar da sua vida, mas não me
tira do seu coração.
— Isso leva tempo e eu tenho certeza de que vou te tirar do
meu coração e da minha vida! Você é livre, Christian, para de ficar
falando essas coisas, usa o seu tempo para cuidar da mãe do seu
filho que nascerá e dele também.
— Para de falar besteiras, Catherine, os únicos filhos que
tenho são os nossos filhos.
— Não é o que ela afirma.
— Você deveria acreditar no que falo, não no que as
pessoas falam. Você não aprende, não é? Quantas vezes não
tentaram nos separar, fizeram fofocas de ambos, sempre estivemos
fortes e com a mente blindada.
— Isso foi antes de você me trair com aquela… mulher. Foi
antes de ver com os meus próprios olhos você transando com
aquela mulher. Você diz não lembrar, você pode ter certeza de que
não é pai dessa criança?
— Tenho certeza, Catherine, o tempo não bate, foi armação,
por que não ver isso? Está dando o que essa pessoa quer.
— Nada irá me fazer esquecer o que vi, Christian. Mas nem
isso foi mais decepcionante do que saber que você me escondeu
isso, esse tempo todo e dormiu ao meu lado como se não tivesse
feito nada.
— Errei em esconder isso, mas queria ter provas o
suficiente para não chegar a esse ponto e você acreditar apenas no
que ver.
— Contra fatos não há argumentos.
— Lutei muito por você, te esperei por anos e esperaria
muito mais, quando conseguimos um pouco de paz aparece alguém
e tira tudo de nós com facilidade. Fui eu, mas poderia ter sido você,
se você fosse enganada como fui, não teria feito outra coisa
também.
— Eu nunca seria capaz de te trair, sempre soube o que eu
queria, a nossa família era tudo que eu tinha. Não tenho raiva de
você Christian, vivemos bons momentos, você me fez feliz, sim, não
serei hipócrita de falar o oposto, mas tenho raiva de mim por
acreditar que você um dia iria mudar. Quem mente uma vez, mente
duas, três, quatro… vicia.
— É uma pena que você não acredite, está cega, é uma
pena que eu tenha que ir atrás de provas para te provar algo que
não fiz consciente só para te fazer acreditar.
— Eu não pedi nada, Christian.
— Você não pediu, mas para te ter de volta preciso fazer
isso, porque só a minha palavra não basta. Você está magoada,
mas já parou para pensar como estou? Como estão os meus dias
sem você na nossa casa? Como estou correndo atrás do seu
perdão e de provas, com a esperança, pouca que me resta, de ter
você de volta. Não desistirei, mesmo que insista, não desistirei de
você.
— Tudo isso será em vão. — disse ignorando seu olhar,
nem eu tinha certeza do que falava.
— Para mim não será em vão, vai servir de lição, seja boa
ou ruim. Doerá muito mais que agora, eu tenho certeza, mas não
posso forçar você a ficar comigo. Você tomará a decisão final,
Catherine, eu só peço que seja verdadeira. Seja qual for o caminho
que seguirmos, saiba que eu sempre levarei você comigo, seja onde
for, seja para onde for.
O elevador voltou a funcionar, ele continuou olhando para
mim até quando parou. Antes que as portas se fechassem, olhei
para ele e mais uma vez falei usando a razão.
— É uma pena que não tenho me levado com você naquele
maldito dia, não falo fisicamente, mas dentro de você!
CAPÍTULO 9

Depois que o elevador fechou, fui para o quarto de vô


Humberto e encontrei o meu so… ex sogro saindo.
— Boa noite! Desculpe-me pelo atraso, o elevador quebrou.
— Não tem problema, Catherine.
— Como ele está?
— Hoje esteve mais calmo, acordou, dormiu, precisou de
oxigênio, estava cansado. Soube que as crianças vieram aqui, isso
é bom.
— Sim, Christian os trouxe depois do almoço.
— E vocês, como estão?
— Na mesma, não tem volta, senhor Ricardo.
— Você sabe que eu nunca perco as esperanças, não
sabe? Vocês ainda vão voltar, está no momento da mágoa ainda.
Não deixe de nos visitar, você é da família, Roberta sente sua falta.
— Prometo que vou visitá-los.
— Tudo bem, vou para casa agora.
— Até logo, dirija com cuidado.
— Até logo, querida.
Ele saiu.
Deixei minhas coisas no sofá e me aproximei do vô
Humberto.
— Eu cheguei! — beijei sua testa e o vi acordar.
Vô Humberto às vezes se esforça para se manter acordado,
ele parece uma criança olhando para curioso, ao me ver, tentou
sorrir e confirmou com a cabeça.
— Cheguei cheia de histórias de novo, por onde eu
começo? Devo começar pela parte que o senhor está cada vez mais
bonito, sabia? É o vovô mais bonito, que velho elegante!
Sei que, no fundo, ele se diverte com as minhas maluquices,
ele nunca estará sozinho ou triste.
— Mas sei o que o senhor quer saber, se pudesse me daria
umas broncas e puxões de orelhas. Quem mandou criar um neto tão
difícil e insuportável, desse jeito?
— Você também. — disse com a voz muito baixa, mas dava
para entender.
— Eu? Vô, precisa ficar do meu lado, ele quem me traiu. Já
ficou sabendo que ganhará outro neto?
— Você tá com ciúmes. — apertou meu braço sem
conseguir fazer força, mas se achava.
— Eu não estou com ciúmes, estou falando o óbvio.
Também estou triste, vô, me dói toda essa situação, sabe que ele é
o homem da minha vida, eu queria que fosse fácil esquecer tudo e
voltar para a nossa casa com os nossos filhos. Sempre que o vejo
lembro dele com aquela mulher, o senhor me entende?
Ele confirma com a cabeça.
— Não sei se tenho forças suficientes para entrar nessa
guerra, uma guerra onde a disputa é ele, o prêmio, melhor dizendo.
Nossos filhos passariam por isso também, não sei até onde sou
forte.
— Confiança.
— Eu sei, vô, sempre confiei nele, quando decidi voltar para
ele e dar uma chance para nós, foi deixando todo passado para trás
e disposta a tudo. Construímos nossa família, vivemos dias
inesquecíveis, não está sendo fácil, ainda mais o vendo tantas
vezes. Queria saber o que fazer, tenho muito medo de estar dando
voz ao coração e não a razão. Nem sempre o coração está certo, às
vezes só está mal-acostumado.
— Amor… não acaba! — disse cansado
— Meu amor por ele sempre existirá, não saber o amanhã
me deixa assustada, ainda mais quando todos os dias é uma coisa
nova que acontece. Sei que não deveria deixar que essas coisas e
as pessoas nos derrubem, mas às vezes a verdade está na nossa
frente e temos que abrir os olhos para enxergar.
— Christian ama você.
— E sempre vou amar. — disse Christian, parado na porta
com os braços cruzados.
Rapidamente pulei da cama, ele entrou e se aproximou de
Vô Humberto vendo-o como está.
— Com ela o senhor conversa, não é? Está muito birrento.
— Broncas. — Vô Humberto, disse sorrindo.
— Por que não aconselha acreditar em mim? Deixei de ser
o seu neto querido?
— Não, mas ela quem decide.
— Finalmente está do meu lado. — disse batendo palmas
— Ela ainda vai voltar para mim, o senhor vai ver.
— Christian!
— Vocês nasceram um para o outro.
— Eu concordo, vô! — disse Christian, me olhando.
Vô Humberto esticou sua mão para eu me aproximar,
quando segurei sua mão, ele uniu a minha com a mão de Christian.
— Vocês devem permanecer juntos, independente do que
aconteça, se tem amor, vocês devem lutar. As pessoas querem ver
vocês bem, mas não melhor do que eles, nem mesmo com quem
eles não têm por perto. Vocês têm dois filhos lindos, especiais, uma
história, não vão conseguir amar outra pessoa na mesma
intensidade. Tempo ao tempo, mas não deixem o tempo passar e se
perderem no caminho. O tempo não volta, um sozinho não
conseguirá, precisam estar juntos para ficarem fortes.
— Vô, não se canse. — disse ao vê-lo cansado.
— Em breve não estarei mais aqui, vocês não terão mais
broncas, ficarão perdidos, mas é só confiar no outro que terão as
respostas que precisam. Christian, você precisa abrir os olhos, já
teve uma grande evolução, mudou, é um homem melhor, é o
provedor da casa e deve manter seu império de pé. Catherine, você
edifica seu lar, é uma mãe maravilhosa, uma mulher de força
inigualável, se precisa descansar, descanse, mas levante-se no dia
seguinte e lute. Você tem um coração gigante, pessoas ruins
machucam pessoas boas.
— Vô, não precisa se preocupar conosco.
— Essa mulher… descubra a verdade, mas se o filho for
seu, assuma, ele não tem culpa. Vocês precisam se unir, não podem
permitir essas coisas, se unir.
— Descanse, não recebemos broncas demais por hoje. —
coloquei a máscara de oxigênio nele, vendo-o fechando os olhos
para descansar.
Christian saiu do quarto um pouco abalado, vô Humberto
sempre falava essas coisas sobre não estar aqui em breve, era
como se ele soubesse o amanhã enquanto nós, esperamos que
seja um dia bom.
— Christian… — quando ia tentar falar com ele, fui
interrompida.
— Licença, hora da medicação do meu paciente.
— Claro, doutor Liam, fique à vontade.
— Como ele está?
— Um pouco cansado, conversamos muito.
— Devo dar broncas?
— Talvez a ele, eu insisti para poupar a voz.
— Ele gosta de conversar com você.
— É sempre bom encontrá-lo acordado.
Ao olhar para a porta, Christian não estava mais lá.
Doutor Liam continuou no quarto, fui para o sofá e peguei
um livro para ler, assim esqueço um pouco da realidade.
— Quer alguma coisa?
— Não, obrigada! — agradeci com um sorriso.
— Até logo! — ele saiu.
Às 21h, Christian voltou ao quarto sem jaleco, havia
encerrado por hoje.
— Trouxe o jantar.
— Obrigada! Eu já estava terminando aqui para ir jantar,
mas já que você trouxe…
Enquanto comia, Christian ficou na cama ao lado do avô
conversando com ele falando sobre cirurgias, vô Humberto ainda
tinha uma memória de ouro, eles falavam tantas palavras difíceis
que eu não fazia ideia do que era.
CAPÍTULO 10

Letícia me mandou mensagem avisando que as crianças


dormiram, aproveitamos para fofocar, claro que ela tinha que
perguntar se vi Christian, como não ver se é dono do hospital e está
aqui todos os dias?
Além disso, Letícia me surpreende com um convite para o
aniversário de Arturo no final de semana com o tema “balada”, já
imagino o quanto será uma festa apocalíptica, como dizem hoje em
dia.
— Falou com Letícia? — Christian perguntou se
aproximando.
— Sim, as crianças estão dormindo.
— Dormiram cedo.
— Com certeza cansaram de brincar, Letícia é como uma
criança, então a festa foi grande. Você soube do aniversário?
— Sim, Arturo já havia comentado comigo, você vai?
— Não sei, tem as crianças e eu dei folga para Teresa.
— Minha mãe pode ficar com eles, é final de semana, eles
vão para a casa dela de manhã, podem ficar para dormir.
— Foi uma boa tentativa para me convencer.
— No dia seguinte eu os levo para a escola.
— Sim, senhor.
— Você tá bem aqui?
— Sim!
— Ok, eu vou para casa descansar, 05h tenho que estar
aqui novamente.
— Bom descanso!
— Para você também, qualquer coisa me ligue.
— Obrigada pelo jantar.
Ele acenou com a cabeça e saiu levando a bandeja.
Fazia tempo que eu não tinha uma conversa assim com
Christian, nem que fosse tão rápida, Vô Humberto me olhou
sorrindo, fui até ele e lhe dei um beijo de boa noite.
— Hoje vai ter histórias, sim, não adianta fazer bico, vou
mimá-lo sim.
Vô Humberto é tratado por mim como uma criança, ele se
diverte me vendo colocar as meias rosas, fui para a cama dele e
comecei ler uma história, devido os remédios fortes, ele sempre
dorme rápido e a noite toda, graças a Deus. Depois que ele
adormeceu, voltei para o sofá e o deixei, olhando para ele.
— Pessoas boas deveriam permanecer vivas para assim
iluminar as pessoas com sua luz. — disse pensativa.
Sempre que passo a noite no hospital não consigo dormir
com medo de não ouvi-lo caso precise de algo já que sua voz é
baixa, permaneço acordada a base de café, músicas, filmes e livros,
é a forma que encontrei para ficar acordada e tem dado certo.
Doutor Liam veio visitar vô Humberto, como de costume
trouxe aquele café sagrado para afastar meu sono.
— Já disse que você tem que parar de tomar tanto café. —
ele me dá uma bronca.
— Já entendi, mas é só aqui. Aliás, pensei que a cafeteira
havia quebrado.
— Christian mandou consertar, rápido, não é?
— Doutor Liam, mentir é feio. — brinquei.
— Está vendo coisas, Catherine!
Ele saiu sorrindo me deixando com o copo de café.
05:30
Ao chegar no hospital, antes de começar a cirurgia, fui ao
quarto do meu avô saber como passou a noite e também ver
Catherine. Normalmente ela está acordada, mas hoje foi um dos
dias raros que a encontro dormindo, o livro aberto quase caindo, o
óculos de grau pendurado no nariz, seus cabelos assanhados e
encolhida no sofá. Sempre será a mulher mais linda!
Após examinar meu avô, fui até ela, peguei o livro, tirei seu
óculos e a cobri com uma manta.
— Bom dia, meu amor! — disse baixinho e beijei sua testa.
Mais um dia cheio, mais um dia para salvar vidas e deixar
pessoas felizes.
— Bisturi…
Depois de quatro horas realizando uma cirurgia delicada, fui
para a minha sala e para minha surpresa, uma maluca estava me
esperando.
— O que você está fazendo aqui? Aliás, como entrou aqui?
— Sou mãe do seu filho, por que não posso entrar aqui? —
disse Natasha, a mulher que eu “supostamenteengravidei.
— A única mulher que pode entrar aqui, a mãe dos meus
filhos… -sou interrompido.
— Blá-blá-blá… esquece aquela mulher, você tem um novo
filho a caminho e deve sim valorizá-lo e a mãe dele. Quando estava
comigo naquele quarto você não reclamava.
Esse maldito assunto de novo…
Me aproximei dela irritado com esse assunto, ela parece ter
percebido, pois se afastou.
— Eu já falei as formas que posso fazer você esquecer e
parar de falar disso. Nós dois sabemos muito bem a verdade sobre
aquela noite, e essa criança… não é e nunca será o meu filho. Sei
quem é você, sei como vive, sei o que já fez, para cima de mim com
esse golpe? Melhore!
— Eu não vim aqui para ser insultada.
— Não deveria estar aqui, nem mesmo na minha sala, já
perdi a paciência, ou sai agora, ou sai com os seguranças.
— Não sem antes você se explicar.
Ela jogou alguns papéis na minha mesa, não precisei pegar
para ler para saber do que se tratava.
— Qualquer dúvida, fale com o seu advogado que ele
repassa para o meu.
— Você não pode fazer isso, eu só vou fazer esse exame de
DNA quando o bebê nascer!
— Isso já não sou mais eu que estou falando.
— Christian, você não pode fazer isso.
— Posso, fiz e farei quantas vezes for necessário. Agora, se
retire e não me procure mais!
— Isso não vai ficar assim!
Quando peguei o telefone da minha mesa, ela pegou a
bolsa irritada e saiu da minha sala. Aproveitei para reforçar a ordem
que já havia dado após demitir a pessoa que deixou ela entrar
desobedecendo uma ordem minha, se não sabe obedecer, não
serve no meu hospital.

Catherine Alencar
Depois de um sonho incrível e triste ao mesmo tempo, com
Christian, acordei e encontrei vô Humberto me olhando.
— Bom dia! Desculpa deixá-lo sozinho, acabei cochichando,
está precisando de alguma coisa?
— Não, você é linda dormindo.
Notei que tinha algo estranho, ele falava com a voz mais
baixa e dessa vez chorava.
— Está sentindo alguma coisa? — perguntei preocupada.
— Não!
— Eu te amo, meu velhinho lindo.
Ele sorriu deixando mais uma lágrima cair, cada dia que
passa ele fica pior, me dói vê-lo assim, ainda mais quando não
posso fazer nada. Sei que todos temos o dia certo para ir embora,
mas nunca estamos preparados.
— Licença! — disse Roberta, minha ex-sogra.
— Bom dia! — cumprimentei com um abraço.
— Como ele está? Bom dia, meu querido!
— Passou a noite bem, mas está em mais um daqueles dias
que chora.
— Entendo! — suspirou lamentando — hoje é meu dia,
amanhã é o dia do Christian.
— Se precisar de alguma coisa é só ligar, mesmo tendo uma
equipe completa aqui.
— Eu sei, querida, fique em paz.
Arrumei minhas coisas guardando tudo na bolsa, lavei o
rosto no banheiro para não sair com essa cara de sono e me
despedi do meu avô.
CAPÍTULO 11

Quando estava no elevador, ele parou e abriu em outro


andar, quem eu menos esperava ver, entrou.
A mulher que o meu ex-marido me traiu!
Ela me olhou com surpresa da cabeça aos pés, sorriu e
entrou em silêncio. Meu sangue estava fervendo, ainda não
acreditava que isso estava acontecendo.
— Está quente aqui, não é?
Ignorei!
— Não sei se é devido à gravidez ou ao clima. — disse ela,
se abanando.
— Ou se é a falta de vergonha na cara! — não me controlei,
ela sabe quem sou, não deixaria passar.
— Como? — se faz de sonsa.
— Você é surda também?
— Já ouvi muitos comentários sobre você, bons, por sinal,
mas de elegância não tem nada. Não deveria falar com uma grávida
assim, ainda mais alguém que carrega o irmão(a) dos seus filhos.
Não deixe o chifre falar mais alto.
Minha mão esquentou tanto que foi parar no rosto dela em
questão de segundos, o elevador ficou sufocado com o estalo de
quando bati no rosto dela fazendo-a se desequilibrar dos saltos.
— Não entre mais no mesmo elevador que eu. — indaguei
colocando meu óculos de sol — tenha um bom dia!
Mesmo depois do divórcio, as pessoas no hospital ainda me
tratam como a senhora West, enquanto andava em direção à saída
sentindo minha mão queimar, algumas enfermeiras falavam comigo,
ganhei até um café.
No caminho para casa, passei na padaria para comprar
algumas rosquinhas para os meninos, eles adoram, enquanto
esperava meu pedido ficar pronto, Christian me ligou.
— Oi, Christian!
— Você está bem?
— Sim e você?
— Fui informado sobre o que aconteceu no elevador,
observei as filmagens.
— Ah, você ligou esperando que eu peça desculpas por
agredir a sua… -ele me interrompe.
— Não ouse terminar! Eu não liguei para isso, foi só para
saber se você está bem, é com você que me importo.
— Estou bem, Christian, você deve ter muitos pacientes
hoje, até logo.
Desliguei antes que eu surtasse mais ainda, paguei os
lanches dos meninos e fui para o apartamento.
— Mamãe!
Recebi o abraço mais gostoso do mundo! Meus dois amores
saíram correndo do sofá e me abraçaram.
— Bom dia, meus amores! Como foi a noite?
— Ótima! — disse Brendon, com entusiasmo.
— A dinda é a melhor. — disse Benício, correndo até
Letícia.
— Bom dia, amiga!
— Bom dia, foi uma noite incrível, como sempre. Esses dois
bagunceiros estão prontos.
— Muito obrigada por ficar com eles.
— Estou sempre aqui, é só uma ligação e chego rapidinho.
— Trouxe algumas coisas da padaria que vocês gostam,
guardem nas mochilas para comer no passeio.
Eles saíram correndo como sempre, não sabem andar, só
correr.
— Como você está? — Letícia me conhece perfeitamente,
ela me encarou esperando a resposta.
— Encontrei a amante de Christian no elevador, não me
controlei com as provocações e bati no rosto dela.
Letícia começou a rir quando terminei de falar, foi impossível
permanecer séria, as crianças voltaram e fomos para o carro.
Hoje eles farão um passeio com a turma do colégio,
zoológico, o lugar que eles mais gostam. Foram o caminho todo
falando dos animais que estavam ansiosos para ver, se meu dia
estava ruim, agora ficou perfeito. São minha calmaria!
— Até logo, divirtam-se! Amo vocês!
— Amamos você! — falam me abraçando.
Depois que entraram no ônibus, voltei para o apartamento,
tive meu momento relaxante com um banho demorado, tomei café
da manhã e fui para o salão. Com poucos clientes pela manhã, sem
clientes a tarde, Letícia precisou de mim para organizar a festa de
Arturo que está próxima, passamos a tarde resolvendo alguns
detalhes, aproveitei para comprar o presente com ajuda de Letícia.
No fim da tarde, busquei as crianças e fomos para casa.

Quando o fim de semana chegou, as crianças tinham a


oportunidade de acordar mais tarde, mas acordaram cedo muito
empolgados com o passeio que faremos à tarde ao Cinema.
Christian chegou mais cedo do que esperava, mas é até
compreensível, estava há dois dias sem ver as crianças e eles já
reclamavam da ausência.
— Entre!
— Vim mais cedo para ficar um pouco mais com eles, tem
problema?
— Não, continuo me arrumando, vocês têm tempo.
— Papai! — eles gritam correndo até ele, é nessa hora que
a mãe deixa de existir e só tem espaço para o pai tão querido.
Voltei para o quarto para me arrumar, era possível ouvir os
gritos deles, foram ficando cada vez mais altos depois que foram
para o quarto brincar. Quando sai do quarto, encontrei Christian no
corredor.
— Você está linda!
— Obrigada! Vamos?
— Sim!
Fui para a sala um pouco sem jeito, mas sem demonstrar
isso, esse maldito está sempre bonito e quando sorrir fica mais
ainda.
— Onde está a Teresa? — tentei procurá-la, mas não a
encontrei, nem o almoço pronto.
— Ela está de folga, lembra?
— Eu sei, mas ela sempre sai depois do almoço.
— Então… — Brendon o interrompeu.
— Hoje vamos almoçar fora. — disse Brendon, com
seriedade.
— O que vocês aprontaram?
— Os meninos pediram para almoçar fora, pensei que não
tinha problema e dispensei a Teresa.
— Como você decide algo sem me consultar? Você pensa,
você decide, você faz, minha opinião não vale?
— Desculpa, claro que sua opinião importa, não acontecerá
novamente.
— Vocês estão brigando? — perguntou Benício, nos
olhando triste.
— Não, não estamos, apenas conversando como adultos.
Já que não tem almoço em casa, vamos para o carro procurar um
restaurante.
Eles correram para o elevador, esperei Christian sair para
fechar a porta, ele parecia querer falar alguma coisa, mas não falou.
Ir ao cinema todos juntos já estava sendo um esforço enorme da
minha parte, tudo que eu queria era me manter longe de Christian,
ainda mais com essa dúvida se ele é ou não pai da criança que a
amante está gerando.
Mesmo que as notícias tenham sido apagadas da Internet,
as pessoas sabiam, já haviam lido, nos ver juntos como uma família
novamente será motivo de mais comentários e mais maldade.
Mas, o que não fazemos pelos filhos? Deixamos as
diferenças e conflitos de lado por eles, para vê-los felizes.
CAPÍTULO 12

No restaurante, as pessoas nos olhavam sem entender,


comentavam, Christian escolheu uma mesa afastada dos outros
clientes, fizemos os pedidos e esperamos ouvindo as histórias do
colégio das crianças, ainda falavam do passeio ao zoológico.
— Quando vamos para a casa da vovó? — perguntou
Brendon.
— Amanhã, vocês vão dormir lá e segunda dormem comigo.
Combinado? — disse Christian, deixando-os animados.
— Queria que a mamãe voltasse a morar na nossa casa. —
Brendon voltou ao assunto mais difícil.
Quando eu ia respondê-lo, o garçom trouxe os pedidos das
crianças primeiro fazendo o clima mudar, mas Christian ainda me
olhava com o mesmo olhar teimoso de quando falamos disso.
Nossos pedidos chegaram em seguida, o almoço estava
perfeito e o clima foi mudando conforme os assuntos, demos toda
atenção para eles, entramos nos assuntos deles e aproveitamos o
momento deixando-os felizes.
Christian pode ter dezenas de defeitos, mas como pai ele é
incrível, isso não posso negar. Está sempre atento às crianças, as
necessidades e dificuldades, ensinando, repreendendo, orientando,
é o melhor pai para eles e admiro isso nele. Mesmo que seja sua
obrigação, nem todos cumprem isso, nem todos fazem ou se
dedicam, por isso o admiro.
Após a sobremesa, fizemos um passeio no aquário da
cidade para eles conhecerem, fomos lá quando eram muito
pequenos e não lembram de nada. Estávamos devendo este
passeio, agora pagamos.
Como crianças curiosas, eles ficaram encantados e
observando tudo para não perderem nada. Algumas vezes tinham
medo, mas Christian os encorajou.
— Eles estão muito empolgados. — disse Christian, se
aproximando.
— Sim, a felicidade deles é minha prioridade e farei o que
for preciso para vê-los sempre sorrindo.
— E a sua felicidade?
— Eu já sou feliz, Christian.
— Como consegue? Eu ainda não consegui obter essa
felicidade sem a minha família.
— Não esqueça o motivo de não ter mais ela.
— Não esqueço, principalmente para provar para você que
nunca faria isso em sã consciência, nunca considerei ficar com outra
mulher.
— Vamos continuar o passeio, Christian, esse assunto já foi
discutido e ficou para trás.
— Você deixou para trás, eu não!
— O que você queria que eu fizesse? Acredito que tenha
problemas maiores agora, ou não sejam problemas… você sempre
quis mais filhos, não é?
— Posso não ser mais o seu marido, mas eu nunca deixarei
de ser seu homem! Meu corpo e o meu coração, só pertence a
você, meus filhos só tem uma mãe, você!
— Não vamos estragar o passeio.
Segui as crianças, me mantive perto deles para não dar
chance de Christian voltar no assunto, quanto mais falamos disso,
mais nos ferimos.
Depois do passeio no aquário, muitas fotos, fomos para o
cinema e encerramos a tarde com muitas pipocas e filme.
No fim, eles cansaram e foram tomar banho, realizados e
felizes.
— Você vai amanhã para o aniversário? — Christian
perguntou antes de sair.
— Sim!
— Então, até amanhã!
— Até!
Era nítida sua animação, depois que ele saiu fui para o
quarto tomar banho, arrumei as coisas das crianças para irem à
casa da avó amanhã e descansei. Eles ficaram brincando no quarto,
jantamos depois de um tempo e encerramos a noite.
No dia seguinte, Christian levou as crianças para a casa da
mãe dele, Letícia me ligou nervosa depois que eles saíram e veio
até o apartamento.
— Preciso falar um segredo. — disse Letícia.
— Sabe que sou boa com isso.
— Fiz dois testes hoje…
— Não me diga que são testes de… — ela me interrompeu
com a mão na minha boca.
— Fala baixo!
— Teresa não está aqui, estou sozinha.
— Eu não sei o que fazer, eu nem tive coragem de olhar, fiz,
guardei na caixa e vim correndo.
— Você está maluca? Descobriremos então.
Peguei a caixa da mão dela e quando constatei os dois
testes marcando positivo, ela já estava chorando de nervoso.
— Grávida! Grávida! Grávida! AAAAAAAAAAAA, parabéns!
— abracei-a com muita alegria, mas depois a emoção tomou conta.
Temos uma história, uma amizade bonita, depois de tudo
que vivemos juntas, vê-la construindo sua família com Arturo me
deixa feliz.
— Pensei que isso nunca fosse acontecer, estamos
tentando há quase dois anos, não tivemos pressa, não nos
desesperamos, mas aguardamos esse positivo há muito tempo.
— Eu sei, é tudo na hora certa, no tempo certo. Estou feliz
por vocês, muito feliz, ele ficará tão bobo.
— Obrigada, você é a melhor pessoa, amiga, irmã, que eu
poderia ter do lado e viver esse momento. Cathe, se eu for metade
da mãe que você é, serei muito feliz e o meu pequeno(a) também.
— Você será uma mãe incrível, não se cobre com isso, eu
não sou perfeita, outras mães também não, você não será. Mas sei
que você dará o seu melhor assim como todas as mães dão aos
seus filhos.
— Eu te amo!
— Também te amo! Parabéns, amiga!
— Obrigada!
— Agora precisamos pensar em como anunciar, você quer
fazer isso hoje, não é?
— Como sabe?
— Porque você não sabe ficar calada e não perderia essa
oportunidade.
— Às vezes esqueço o quanto você me conhece.
Tentamos pensar em uma forma de Letícia anunciar para
Arturo, tínhamos muitas ideias, mas ela não sabia decidir,
compramos algumas coisas no shopping e fomos para o salão.
Dessa vez eu que tive meu dia de beleza no salão, Letícia
aproveitou esse momento também, estava muito ansiosa para a
noite e feliz com a gravidez. Por que quando sabemos que alguém
está grávida já vemos a pessoa com cara de grávida? Estou vendo
ela assim agora.
A noite, praticamente atrasada tentando encontrar o melhor
vestido, fui para a casa de Arturo e Letícia com o motorista, quero
aproveitar essa noite, me divertir como anos atrás, então preciso de
alguém para dirigir. Bêbada, sim, irresponsável não!
— Cathe! — Letícia fala empolgada até demais, ela se
anima ao me ver na porta.
— Você está linda! — abracei-a vendo as pessoas nos
olhando, Arturo veio até nós e o cumprimentei — feliz aniversário,
muitos anos de vida com saúde, paz e sabedoria. Você sabe que
pode contar comigo!
— Obrigado, Cathe, você é muito especial.
— Você também! — entreguei o presente.
Era impossível não notar Christian na sala, ele estava
conversando com os amigos, ainda os mesmos e agora todos
casados. Cumprimentei-os, Letícia não demorou muito para me
entregar um copo e deu uma ordem no meu ouvido.
— Beba por mim e por você.
— Se eu fizer isso, estarei sendo enterrada amanhã. —
disse baixinho, fazendo-a sorrir.
Não fazia ideia da lista de convidados de Arturo, quando vi
os próximos convidados chegando, me animei completamente.
Amanda, Camilli e Vicente chegaram juntos.
CAPÍTULO 13

Me apressei para cumprimentá-los por questão de


saudades, eles viajam muito e Vicente está sempre enrolado com os
negócios, ele assumiu os negócios da família, é um empresário
ocupado.
— Linda como sempre! — ele me abraçou e beijou meu
rosto.
— Sozinho?
— Largado.
— Vocês brigam muito, Vicente, por que não resolvem de
uma vez por todas?
— Ela não abre mão, quer sempre estar certa, ciumenta, ela
está certa e eu errado.
— Já dei conselhos.
— Tentei, mas depende dela também. Seu marido está aqui!
— Está, e é ex-marido.
— Ele fez mais alguma coisa? Sabe que posso dar uma
surra nele, não sabe?
— Você apanharia, Vicente, e você sabe que eu jamais
pediria isso.
— Também não precisa humilhar.
— Cathe, você está linda. — disse Amanda, muito bonita
com seu vestido azul-marinho.
— Obrigada, Amanda, você está linda também.
— Mas é minha! — Camilli sempre ciumenta.
— Já cansei de falar que se eu gostasse já teria roubado de
você. — provoquei.
— E eu já cansei de falar que você morreria fácil.
É diversão garantida quando estão todas juntas, voltamos
para onde a turma está, Vicente cumprimentou Christian, que agora
voltou a ter um pé atrás com ele e fez uma pausa para falar no seu
ouvido.
— Ou você conquista sua mulher de volta, ou eu a carrego e
as crianças para Braga de uma vez por todas!
— Faça isso e você terá uma morte lenta, dolorosa e
ninguém lembrará de você, nem para fazer uma piada.
Christian estava cada vez mais sério, depois que largou
Vicente, ele me encarou sério.
Arg! Odeio esse olhar, ele pensa que manda em mim, está
enganado!
Arturo tentou dar atenção para os convidados, enquanto
isso, aproveitamos a festa com bebidas, boas risadas, diversão e
muita música boa.
Quando parei para descansar, fui ao banheiro retocar o
batom, quando ia fechar a porta, senti algo impedindo e era
justamente o pé de Christian.
Ele entrou de uma vez, fechou a porta e me encostou na
parede.
— Você tá louco? Que mania chata de fazer isso, você não
muda?
— Você nunca deixará de ser minha!
Seu jeito possessivo de falar me deixava mais irritada, mas
cada vez que ele se aproximava, meu coração errava as batidas.
Christian estava alterado, provavelmente pela bebida e por
me ver dançando com um amigo de Arturo, por mais que eu tenha
visto seu olhar, temos que seguir em frente.
— Eu não sou sua, Christian, nunca fui, mas eu estava lá
por você, não sou um objeto!
— Você acha que não me afeta o que está fazendo?
— Estou seguindo a minha vida, então acostume-se, sou
uma mulher solteira e você também. Deve aproveitar a festa do seu
amigo ao invés de ficar me vigiando.
— Eu não estou brincando, Catherine, não existe um fim
para nós, estou todos os dias tentando reparar o meu erro, tentando
buscar provas e reconquistá-la, mas você parece não se importar.
— Reparar o seu erro? Como fará isso? Você engravidou
uma mulher dentro do nosso casamento, nosso fim chegou a partir
daí. Deveria estar feliz!
— Você já foi mais inteligente, mais segura, essa criança
não é meu filho, é sério que você quer que eu fique feliz com isso?
Ela não é ninguém, você é a mulher da minha vida! Essa criança
não é meu filho, os nossos filhos são!
— Eu também não era ninguém e gerei os nossos filhos, os
únicos que pude te dar.
— Agora está explicado! Você está magoada porque não
tivemos outro filho, não é? É porque outra mulher apareceu
mentindo estar grávida, o terceiro filho que não conseguimos, estou
errado?
— Me deixe em paz, Christian!
— Não, uma vez você me disse que eu era seu lugar de
paz, seu abrigo, sua força, sua alegria, o melhor lugar para estar, eu
nunca deixarei de ser. Você parou o tratamento, minha equipe, meu
hospital, esteve sempre aberto para você, mesmo que tenha tido
uma complicação pequena, você pode engravidar.
— Acabou, Christian!
— Não acabou, para de repetir isso, não lutamos tanto para
ficarmos juntos e agora deixar tudo acabar assim.
— Eu não suporto essa sua insistência, ficar perto de você
desse jeito, por que não me deixa seguir? Não ver que tudo isso me
machuca? Que ainda dói como se fosse o primeiro dia que descobri
tudo e estar perto de você me dói ainda mais por não ter você como
o meu marido? Juro por Deus que estou tentando, dia e noite, por
mim, pelos nossos filhos, para não doer tanto, mas você não deixa,
você gosta de me ver assim? Se quer o meu bem, então fique
longe, por favor!
— Não quero que você sofra, quero tirar essa dor que
causei, sei que posso te fazer feliz, sou fiel a você e sempre amarei
uma única mulher. Ninguém, nem mesmo você, me fará perder as
esperanças de que posso ter você, a nossa família, de volta. Então,
por favor, agora sou eu que peço, não acabe com as minhas
esperanças, eu amo você, Catherine.
— Não faz isso, Christian…
Ele falava me encarando, encostando seu nariz no meu,
meu coração parecia que ia sair pela boca, minha garganta fechou,
tentei recuperar o fôlego e manter a calma, mas cada palavra que
saía da sua boca, que estava próxima da minha, me deixava mais
extasiada.
— Amo você, meu amor, eu juro por Deus que nunca pensei
em mulher nenhuma, que nunca desejei outra mulher, além de você.
É você a mulher da minha vida, a única mulher que desejo, tentaram
nos afastar, conseguiram, mas só até onde deixarmos. Volta para
mim, por favor… — ele me beijou com um selinho — volta para
mim! — sussurrou nos meus lábios.
Antes que eu falasse alguma coisa, ou tentasse, Christian
me beijou feroz, a saudade, o desejo, estavam presentes, deixando
o beijo mais quente, nossos corpos queimando e nossos corações
acelerados.
Christian me apertava sobre ele, levantou meu vestido até o
quadril sem conseguir deixar suas mãos quietas, mas estávamos
sem conseguir respirar e precisamos parar.
Isso não foi impedimento para ele, ele desceu para o meu
pescoço distribuindo beijos, até que caí na realidade.
— Christian, para, não podemos…
— Podemos, você quer, eu também, o momento somos nós
que fazemos.
— Não consigo, desculpa! — tentei sair, mas ele me
segurou.
— Tá tudo bem, eu entendo, não está fácil para mim e nem
mesmo para você, o que você viu… não sairá da sua mente assim,
eu lamento muito. Se eu pudesse reverter… só quero que saiba que
eu nunca desejei outra mulher além de você, que eu nunca amarei
outra mulher, só existe você e só existem os nossos filhos. Eu te
amo, meu amor por você é eterno!
Ele saiu me deixando sozinha no banheiro, só consegui
respirar agora, suas palavras, seus beijos, esse momento… tudo
isso remexeu aqui dentro me trazendo diversas sensações
estranhas, nem eu mesma consigo dizer o que estou sentindo.
Vontade de chorar, correr atrás dele, dizer um, sim, mas também
ficar parada e deixar ir.
Voltei para a sala quando me senti melhor, os parabéns já ia
começar, Christian evitou contato e eu fiz o mesmo, mas o clima não
era como antes, estava tenso.
Depois dos parabéns, Letícia entregou o presente dela para
Arturo, ele abriu, aprovou e ficou todo bobo. Mas quando o segundo
chegou…
— Esse segundo presente você gostará mais, eu fiquei na
dúvida, então são dois.
— Você sempre surpreendendo. — beija-a.
— Antes de abrir, leia em voz alta.
— Agora fiquei com medo.
— São só palavras de carinho.
Letícia saiu de perto dele, ela veio até mim e ficou do meu
lado.
— Hoje é o dia da pessoa mais importante, um homem
íntegro, inteligente, amigo, família, companheiro e de coração
gigante. Tenho muito orgulho do homem que é, o quanto se dedica
para ser melhor a cada dia, é determinado com a nossa família,
nosso lar e sempre nos trata com prioridade. Hoje, não poderia estar
mais feliz por estar comemorando daqui mais um ano de vida que
Deus concedeu, e por falar nele, ele mandou avisar que está muito
orgulhoso de você, disse que preparou um presente para esse dia,
também disse que tudo é no tempo dele e para não desanimar
nunca, nem mesmo deixar de acreditar nele. E sobre o presente, por
favor, abra a caixa e leia em voz alta.
Os amigos já estavam vibrando, Letícia já estava chorando
e eu tentando controlar a emoção.
Arturo abriu o laço e a caixa, ele virou de costas ao ver o
que estava na caixa, ninguém entendeu nada, ele chorava, dava
voltas, olhava para a caixa e não conseguia se manter firme. Letícia
foi até ele, ele a abraçou com força assim que ela se aproximou,
todos os convidados respeitaram esse momento, sem entender,
com dúvidas, suposições, mas esperando.
Arturo tentou se recompor, agora ele sorria, ele pegou uma
roupa da caixa e mostrou para todos.
— O seu presente está no forninho, parabéns, papai! Agora
somos três!
Todos gritaram, pularam, parecia aqueles momentos
agitados no estádio de futebol, Arturo estava radiante, Letícia
também, eles curtiram esse momento e depois receberam o carinho
dos amigos.
Arturo saiu correndo na direção de Christian, eles se
abraçaram e caíram no chão. Nada melhor do que dividir a alegria
com uma amizade verdadeira.
CAPÍTULO 14

A festa continuou, agora com mais alegria, Arturo só tem um


assunto agora, o bebê. Aproveitamos esse momento, essa alegria,
nos divertimos, dançamos, comemos, bebemos, estávamos ali
celebrando seu novo ano de vida e a novidade. Mas ele também
exagerou, de presente de aniversário implorou para mim e Christian
dançar uma música, até Christian ficou surpreso, o que me fez
anular a possibilidade de ser combinado.
Dançamos, Christian aproveitou o momento tirando algumas
casquinhas, acariciava minhas costas e sempre que podia, beijava
meu rosto ou sentia meu cheiro.
Aproveitamos a festa só um pouco mais, quando senti que
estava ficando bêbada, decidi ir embora.
Só queria minha cama, tomei um banho demorado e deitei
esquecendo o roupão molhado. Para a minha infelicidade, quando
estava quase cochichando, ouvi a campainha tocar sem parar.
Tomei um susto só de pensar nas crianças, corri até a porta
tentando fechar o roupão, quando abri a porta fui atacada por
Christian. Ele me beijava com vontade, não deu tempo nem de
fechar a porta, ele me guiou para o sofá e deitou por cima de mim.
— Christian…
— Não consigo, amor, não consigo parar de pensar em
você, no seu beijo, eu te amo de mais para ficar longe.
— Preciso respirar, Christian, a porta…
Ele saiu rapidamente para fechar a porta, rapidamente
ajeitei o roupão, me sentei e tentei respirar.
— Você não pode fazer isso — fiquei de frente para ele
tentando falar sério, mesmo com o coração gritando o oposto —
conversamos sobre isso hoje, não passe dos limites, Christian.
— Me mande ir embora, mas me mande ir embora do seu
apartamento, da sua vida, do seu coração, da sua mente. Eu vou,
Catherine, me expulse agora de tudo isso e eu vou.
— Não complique mais, sabe que não é tão simples.
— Quando você me tirar da sua vida, deixarei você em paz.
— fala se aproximando — você não está facilitando com esse
roupão.
— O que? Você me assustou tocando a campainha feito um
louco.
Corri para o quarto vendo seu olhar sem vergonha, procurei
a camisola mais discreta, comportada, mas nessas horas parece
que tudo some. Vesti qualquer uma, quando ia sair do quarto,
Christian estava parado na porta.
— Vá embora, eu não quero você aqui. Poxa, Christian,
para de ser teimoso, você errou, assinamos o divórcio, que por
sinal, até hoje não recebi nada. Você…
Ele me puxou pela cintura e me beijou com um selinho.
— Você fala demais!
É impossível resistir a esse homem, principalmente quando
ele sabe o que é necessário para me ter entregue nos seus braços.
Seu cheiro ficou preso no meu nariz me fazendo estremecer,
Christian me deitou na cama, tirou a camisa e deitou por cima de
mim.
— Você é a mulher da minha vida!
— Vá embora, Christian.
Ele apenas sorriu vendo que já perdi minha dignidade, moral
e postura. Christian voltou a me beijar, dessa vez calmo, sem
pressa, quando pensei estar sentindo outra coisa, era seu celular no
bolso vibrando enquanto tocava. Christian não se importou, mas a
pessoa continuou ligando por três vezes.
— Atende ou desliga isso.
Ele tirou o celular do bolso, ao ver que era do hospital, saiu
de cima de mim e sentou na cama.
— Oi, o que aconteceu?
— Christian, eu… você precisa vir ao hospital.
— Não me enrola, o que aconteceu? Meu avô está bem,
não é?
— Seu avô teve duas paradas, tivemos que entubar, mas a
última parada… ele quase não voltou mais. Eu não quero enganar
você, Christian, você é médico, sabe do que estou falando. Como
médico responsável pelo seu avô, eu peço que venha para o
hospital e fique ao lado dele, não temos controle, chegou a hora!
Eu só percebi ser sério quando Christian deixou o celular
cair e escondeu o rosto nas mãos desolado.
— O que aconteceu? Ele tá bem, não é? — me desesperei
— fala alguma coisa, ele não morreu, não foi? Por favor, fale que ele
não morreu.
Mas Christian não conseguia falar nada, ele só sabia chorar,
o que me deu a certeza de que isso havia acontecido. Doeu, doeu
muito, sabíamos que isso um dia iria acontecer, mas não assim, não
tão rápido, não, simplesmente não, não estávamos preparados.
O abracei tentando confortar sua dor, ao mesmo tempo,
buscando conforto para a minha, Christian tentou se recompor,
nunca chorava na minha frente, dessa vez ele não era o meu ex-
marido, era o neto do senhor Humberto West, um homem criado e
amado pelo avô, um homem triste e desesperado.
— Fica comigo, por favor, fica comigo!
— Vou com você!
— Ele teve duas paradas, felizmente conseguiram trazê-lo
de volta, mas está na hora, não tem o que fazer. Preciso me
despedir dele, Catherine, não posso deixar que ele se vá assim, não
posso deixá-lo sozinho.
— Você nunca o deixou sozinho, sei que é importante para
você. Christian, não precisa ser forte o tempo inteiro, não guarde
essa dor.
— Você vem comigo?
— Sim!
Fui me trocar enquanto ele se arrumava, não consegui
pensar em mais nada, se já é difícil quando não falamos adeus,
imagina fazendo isso.
Fomos para o carro, pedi para um dos seguranças dirigir,
não deixaria Christian fazer isso. No caminho, ele ligou para o pai
informando, nossas mentes estavam nas crianças, mas Christian
pediu para sua mãe não falar nada, Ricardo estava a caminho do
hospital, às crianças ficaram com uma funcionária de confiança.
No hospital, todos sabiam do que estava acontecendo,
então não estranharam me vendo ao lado de Christian de mãos
dadas, não era estranho, não era feio, não nesse momento. O
silêncio e as expressões dos enfermeiros e médicos, nos deixava
pior.
No elevador, Christian respirou fundo e me abraçou forte.
Quando saímos, o médico estava nos esperando no corredor.
— Sinto muito, doutor Christian, não queria fazer essa
ligação.
— Onde ele está?
— Pode entrar! — faz sinal para o quarto.
Christian foi até lá, ele ficou olhando as máquinas,
aparelhos, tentou ouvir os batimentos e ficou lendo alguns papéis.
Interrompi sabendo que não adiantaria fazer mais nada.
— Ele precisa descansar, também dói em mim, eu sei que
você se sente um inútil por não poder reverter, mas não é. Você é o
maior orgulho dele, é mais do que um neto, tem uma história linda,
ele só precisa de um pouco mais de amor. Ele sabe que você fez de
tudo e faria o impossível se tivesse esse poder, fica em paz.
Christian caiu em si nesse exato momento, ele esqueceu de
quem estava no quarto, abraçou o avô deitando a cabeça no seu
peito e chorou como uma criança. Dói, dói muito, a dor da
despedida não deveria doer tanto, as pessoas se vão e ficam as
memórias e a saudade.
Tentei ser forte até o fundo da minha alma, mas estava
impossível, os pais de Christian chegaram muito tristes, eles
abraçaram Christian tentando confortá-lo, o que era impossível.
— Ele estava bem, fui para casa tomar banho e voltaria
agora pela madrugada, era só duas horas longe.
— Senhor Ricardo, não tinha como o senhor adivinhar e
nem mesmo fazer alguma coisa para reverter. Ele teve os melhores
cuidados, carinho, amor, se divertiu até dormindo.
— Que bom que você está aqui, Catherine, obrigada por
estar ao lado dele. — disse Roberta, se referindo a Christian,
apenas a abracei e fui puxada por Christian.
— Está tudo bem, fica calmo.
— Não estou bem, Catherine, fica aqui comigo.
— Respira, você precisa se acalmar.
— Fica comigo!
Ele me puxava para ele repetindo as mesmas palavras,
doutor Liam correu até nós, Christian foi perdendo os sentidos e
desmaiou.
Era sem dúvidas um dos piores dias da minha vida, Ricardo
não deixou que levasse Christian para outro quarto, uma cama foi
trazida para o mesmo quarto, a pressão arterial dele estava alta, se
não ficasse calmo teria que ser sedado.
Fiquei dividida entre as duas pessoas importantes na minha
vida, quando Christian acordou, parecia estar recebendo a notícia
naquele momento, ele voltou a ficar desesperado e a chorar. Não
queria que ele fosse sedado, sempre ando com um calmante na
bolsa, não sei por que, mas carrego comigo. Christian aceitou, tentei
mantê-lo calmo, fizemos uma oração e passamos a madrugada no
hospital.
CAPÍTULO 15

Horas se passaram, quando o dia estava amanhecendo,


você Humberto teve mais uma parada, Christian não o deixou ir, ele
ficou ao lado dele sem querer aceitar.
Duas horas depois, vô Humberto novamente tentou ir,
Christian gritava por ajuda, usou até mesmo choque e ficou por cima
do avô tentando fazê-lo voltar. Liam, como médico, tentou impedir
Christian, mas ninguém conseguiu tirá-lo de lá.
Eles marcaram o tempo, contavam os minutos, Christian já
estava suando de tanto se esforçar, ele gritava e pedia ajuda, mas o
doutor Liam impediu que a equipe atendesse. Ele anunciou o
horário, tentei fazer Christian parar, ele ficou alterado, mas só
estava adiando sua dor, segurei sua mão mais uma vez e ele parou
agora sentindo a dor em dobro.
— Vô, não… não, vô, não, eu cuido do senhor, por favor…
— Ele precisava desse descanso, ele tá bem agora, você
deve acreditar nisso. Ele sempre nos pediu para não sofrermos,
lembra? Desce daí, por favor.
Christian olhou para os seus pais que estavam desolados,
ele saiu de cima do avô fraquejando quando pisou no chão, o
abracei sentindo sua dor e deixei que chorasse o quanto quisesse.
Nos despedimos, saímos do quarto e esperamos o corpo
ser liberado para o velório. Roberta falou com uma pessoa
responsável para isso, alguém do hospital vazou a notícia, as
pessoas estavam de frente ao hospital, tristes e curiosas.
Enquanto isso, tentei convencer Christian de ir em casa
tomar banho, tentar tomar pelo menos um chá, ele só ia se eu fosse,
só comia ou bebia se eu estivesse do lado, o que me deixava pior.
Enquanto ele tomava banho, procurei uma roupa no closet para
mim, minhas roupas continuam aqui, Christian nunca deixou que
tirassem do closet. Depois que ele saiu, tomei banho e só então tive
coragem de deixar minha dor sair como queria, não queria que ele
ficasse mais desesperado, ele precisava de força e eu precisava ser
forte.
Foi mais difícil do que eu imaginava, mais doloroso do que
pensei que fosse.
Christian estava sentado na cama segurando um porta-
retrato, ele e vô Humberto quando ele se formou.
— Precisa tomar um pouco de chá.
— Ele não poderia ter levado o meu avô agora.
— É somente ele que determina, temos que aceitar e
manter a fé. Seu avô estava sofrendo, somente ele sabe o quanto,
remédios tiravam as dores dele, mas a dor estava na alma. Ele só
queria isso, descanso. Você tem boas memórias, viveu muitos
momentos ao lado dele, orgulhe-se, fique feliz por esse privilégio.
— Tinha tantas coisas que eu queria que ele
acompanhasse, ele ainda tinha sonhos, desejos, não vai ser fácil
aceitar sua partida.
— Eu sei, lidar com a morte é algo que não sabemos fazer,
às vezes aceitamos e às vezes ficamos na negação. Haverá dias
ruins, mas temos que seguir.
Meu celular tocou, Roberta avisou que estava tudo pronto
para o velório, ela passou o endereço de uma capela onde
acontecerá o velório. Christian tomou o chá, tentou se recompor,
pegou um óculos escuro e saiu do quarto.
O momento mais difícil foi dar o maldito adeus. Durante o
velório teve orações, músicas, algumas pessoas falaram um pouco
sobre vô Humberto, outras mal conseguiam ficar de pé. Christian
ficou durante horas ao lado do caixão, ele não bebeu, não comeu,
não sentou, ficou quieto em silêncio e apenas de pé. Mas no
momento mais difícil, dar o adeus, ele parecia ter entendido e
aceitado. Apenas os familiares seguiram até esse momento final, os
gatilhos vieram a minha mente, era impossível não lembrar da
minha mãe e do meu pai.
Arturo, Letícia e nossos amigos, estavam presentes o tempo
todo, até tentaram confortar Christian, mesmo sendo impossível,
mas, no fundo, esse apoio é importante e vale muito.
Quando estávamos indo para o carro, Giovanna apareceu
no cemitério vestida de preto e se jogou nos braços de Christian
chorando, ou melhor, fingindo.
— Sinto muito!
Christian a afastou sem falar uma palavra, ele segurou
minha mão e continuou andando para o carro.
— Não quero ficar sozinho, Catherine.
— Não se preocupe.
Como diria não? Vô Humberto sempre estará nos nossos
corações, nas nossas memórias, o biso, como as crianças o
chamavam, o avô que eu nunca tive, avô, pai, um grande homem
que me ensinou muito.
Pedi para o motorista nos deixar no apartamento, Christian
estava esgotado até para falar, a casa dele estava rodeada de
fotógrafos, o prédio também, mas quando o carro entra para o
estacionamento ninguém consegue nos incomodar.
— Você pode ficar no meu quarto, precisa descansar um
pouco, vou fazer um chá para você, algo leve para comer também.
— Não estou com fome.
— Precisa comer mesmo sem fome, está sob efeito de
calmantes, precisa se manter forte. Sei que está difícil, você pode
tirar um tempo para você, descansar, viver o luto, mas não pode
desistir de você.
Ele apenas balançou a cabeça em confirmação e foi para o
quarto. Enquanto ele tomava banho, tomei banho em outro quarto e
fui para a cozinha preparar uma refeição leve. Sabe aquela famosa
desculpa esfarrapada de “chorar cortando cebolas”? Eu estava
pronta para falar se ele aparecesse, estava muito difícil me manter
forte, ainda mais quando aquela cena do caixão no cemitério não sai
da minha mente.
Após horas, levei o jantar para ele no quarto e o encontrei
sentado na cama massageando a testa.
— Você não descansou? — pergunto enquanto deixo a
bandeja na cama ao lado dele.
— Não consigo.
— Tente comer um pouco, apenas o que conseguir, essa
enxaqueca logo passará.
Ele fez sem discussão, comeu apenas metade da comida do
prato, mas já foi alguma coisa para quem não comeu nada o dia
todo. Tomou um analgésico, deitou e tentou dormir. Enquanto
Christian descansava, eu pensava do sofá da sala em como dar
essa notícia aos meninos.
No dia seguinte, acordei na cama ao lado de Christian, só
lembro de ter dormido no sofá, pelo visto, ele não dormiu a noite
toda.
— Como se sente? — perguntei, notando-o me olhando em
silêncio.
— Como se tivesse passado por uma cirurgia e o médico
tivesse tirado um pedaço de mim.
— Eu entendo.
— Por que você dormiu no sofá? Eu poderia ter ficado no
quarto de hóspede.
— Não era minha intenção, mas o sono foi mais forte.
— Obrigado por ficar ao meu lado, me ajudado, você tem
todos os motivos para não fazer isso, eu não tinha moral para pedir,
mas você ficou. Você é minha paz e me dá forças, não sabe como
me sinto tendo você ao meu lado nesse momento. Foi o pior dia da
minha vida, mas você me manteve de pé até aqui.
— Ele é importante para nós, sei o quanto vocês foram
unidos, o quanto ele era importante na sua vida, sei deixar os
problemas de lado quando necessário. Não é sobre nós, é sobre
ele.
— Ele amava muito você, você era como uma neta, a neta
que ele não tinha.
— Eu sempre vou amá-lo, jamais esquecerei dele ou do que
já vivemos. Guardo nossas lembranças com carinho, sei que de
onde ele estiver, estará nos olhando.
— As crianças… não estou pronto.
— Eu sei, nem eu, vamos resolver isso depois, com calma,
eles já estão grandes e vão entender. Não pressionarei você, você
merece e deve ter esse tempo.
— Catherine, não faça isso.
— O que?
— Desde ontem você tenta ser racional, equilibrada, não é
só eu que preciso desse tempo. Você também não estava
preparada, não faça isso por minha causa.
Às vezes, não estamos prontos para ouvir algumas palavras
e elas terminam sendo como espinhos. Eu tentei, tentei ser forte,
mas não dá.
Christian me abraçou com força me deixando chorar, dessa
vez eu que precisei desse abraço. Foi bom colocar tudo para fora,
não precisar esconder. Teresa já estava de volta, ela preparou o
café da manhã, deixou tudo organizado na mesa, mas não ficou
conosco. Não poderia deixar que ela trabalhasse assim, pedi para
ela voltar para casa, mas ela não quis, preferiu trabalhar para
entreter a mente.
O dia estava nublado, Christian passou o dia isolado no
quarto, fez algumas ligações e permaneceu no lugar dele quieto.
Respeitei, não estávamos com ânimo para conversas paralelas.
CAPÍTULO 16

No fim da tarde busquei as crianças na casa dos pais de


Christian, Ricardo estava arrasado, mas se esforçando para ficar
bem. As crianças sempre conseguem deixar o clima melhor, certeza
que deixarão o pai bem de novo.
— Quero ver os dois só depois que estiverem cheirosos e
limpos.
— Agora? — Benício perguntou de preguiça.
— Agora, mocinho.
Eles foram para o quarto, enquanto tomavam banho,
organizei as coisas deles que estavam nas mochilas e vi anotações
na agenda da escola. Quando entrei no meu quarto, Christian
estava saindo do banho apenas com uma toalha no quadril.
— As crianças chegaram?
— S.Sim! — disse gaguejando engolindo seco.
Tentei disfarçar indo para o closet, ele me seguiu e se vestiu
sem se importar com a minha presença. Às vezes esqueço que já
fomos casados quando sinto essas sensações malucas.
— Vi um recado na agenda dos meninos, é sobre vô
Humberto. — vejo sua expressão mudar.
— Eles já sabem?
— Eles fizeram perguntas no carro, algumas crianças
tocaram no assunto, sua mãe conversou com os professores, eles
não sabiam que as crianças ainda não haviam sido informadas.
— Eles vão fazer perguntas.
— Se você não quiser, esperamos um pouco mais.
— Mamãe, o Brendon não quer… PAPAI!
Benício entrou no quarto falando comigo sem saber que
Christian estava aqui, eu não havia falado nada, quando entrou no
closet e viu o pai, ele correu para abraçá-lo. Não demorou muito
para Brendon aparecer também, ele correu até o pai com alegria e
ficaram os três abraçados.
— O que está fazendo aqui? Veio nos ver? Está fazendo as
pazes com a mamãe? — Brendon pergunta com empolgação.
— Tomou banho aqui? — Benício passou a mão nos
cabelos molhados do pai.
— O papai teve um problema na casa dele e vai passar a
noite aqui. — respondi por Christian.
Os gritos de alegria fizeram Christian sorrir, eles foram para
a cama e ficaram deitados fazendo bagunças.
— Vi o vovô chorando, ele estava triste. — disse Benício,
após falar o que fizeram na casa da avó.
— Ele disse que está difícil sem o biso, o que aconteceu
com ele? Ele não melhorou?
— Os nossos colegas nos abraçaram falando do biso, é por
isso que o vovô estava chorando?
As crianças faziam perguntas atrás uma da outra, Christian
me olhou sem saber o que dizer, seus olhos estavam vermelhos, ele
saiu da cama e eu fui até lá, ficando com a parte mais difícil.
— Lembra quando a mamãe falou que as pessoas viram
estrelinhas?
— O biso virou estrelinha? — Brendon perguntou querendo
chorar.
— O biso estava muito doente, fraquinho, vocês viram como
ele estava no hospital, nós pensamos que ele ia melhorar, mas ele
já estava velhinho e os remédios não podiam mais curá-lo. O vovô
estava com saudades, o papai está também, todos nós estamos.
Sei que vocês vão ficar com saudades dele, mas vamos sempre
relembrar dos momentos bons e temos muitas fotos para ver do
biso.
Tentei, juro que tentei, mas as crianças não entenderam,
eles choraram, fizeram um escândalo, Christian estava preso no
closet, mas não dava para esconder mais ou ficar mentindo.
Deitamos na cama, tentei acalmá-los e fazê-los entender.
— Não quero que o biso vire estrelinha, mamãe, por favor.
— Benício, muito sensível, falava com os olhos cheios de lágrimas.
— Não temos controle, filho, a vida é assim, já conversamos
sobre isso. Vocês queriam ver o biso sofrendo? Sei que estão
tristes, o biso não estará aqui presente para brincar com vocês, mas
estará sempre nos nossos corações.
— Está cuidando do papai igual à vovó? — Brendon
perguntou, ao ver Christian se aproximando com o rosto vermelho.
— Vamos todos cuidar do papai.
— Já anoiteceu, vamos ver o biso.
Benício correu para a varanda, ele ficou olhando para o céu
procurando as estrelas. Brendon o acompanhou, Christian ficou
olhando sem entender, fiz ele nos acompanhar e olhar o céu com os
mesmos olhos das crianças.
— O céu está cheio de estrelas, é lindo, não é?
— Qual é o biso? — Brendon perguntou.
— O biso é aquela estrela que está brilhando mais forte. —
Benício o respondeu.
Eles ficaram conversando sobre as estrelas, Christian
relaxou mais um pouco e abraçou as crianças recebendo carinho.
— Oi, biso. — Benício fala acenando com um sorriso
inocente.
E, realmente, uma estrela brilhava chamando nossa
atenção, é uma besteira, adultos sabem disso, mas quando
entramos no mundo das crianças tudo faz sentido e nos sentimos
melhor com essa fantasia.
Voltamos para a cama quando estavam mais calmos, mas o
assunto não deixou de ser o biso, agora, eles deram muito carinho
para o pai e se entreteram com um filme infantil.
— Mamãe, dá carinho ao papai também. — disse Benício.
— Está na hora do jantar, não acham? — não que eu
estivesse fugindo, mas estava na hora mesmo.
— Não achamos não. — disse Christian, dando razão a
Brendon.
Os três me olhavam fazendo drama, eu queria matar
Christian por estar se aproveitando da situação, ele sabia disso, seu
sorriso falava por ele.
— Christian, não se aproveite da situação!
— Se for pecado aproveitar da situação para ter a minha
família perto, eu estou pecando.
— Família! — disse Brendon.
Brendon abraçou meu pescoço e Benício me empurrou me
fazendo ficar muito próxima de Christian, ele me abraçou e as
crianças gritaram e me abraçaram também.
— Vou ma… -ele me interrompeu.
— Não termine na frente das crianças! Acho que a mamãe
está precisando se acalmar, façamos um carinho nela.
Eles me atacaram praticamente, fiquei esmagada na cama
recebendo abraços, beijos, carinhos e cócegas no final.
Quando consegui me livrar deles, fui para a sala sabendo
que estava igual uma bruxa e encontrei Teresa servindo o jantar. Ela
me olhou com espanto e depois sorriu.
— O que foi, Teresa? — passei as mãos nos cabelos
tentando ajeitar
— O que fizeram com você?
— Já me arrependi de deixar Christian ficar aqui, ele está se
aproveitando da situação, eu tentando ser uma amiga, oferecer um
ombro amigo, ser solidária, ele se aproveitando.
— Desistir nunca foi a intenção dele, vocês se amam, isso
nunca mudou, são uma família, você não acha que está na hora de
aceitar?
— Não, não está, porque eu não esqueci de nada. E, além
disso, a amante dele está grávida. Quer que eu balance a criança
quando nascer?
— Você não sabe se é dele.
— Mas sei o que eles fizeram.
— Devido a uma armação.
— Tanto faz, Teresa, ele me traiu, escondeu de mim durante
um mês, agiu como se nada tivesse acontecido, eu dormi com ele
depois disso, tem noção?
— Está magoada ainda, insegura, eu sei, mas ele está
tentando conquistá-la, não acha que ele merece uma segunda
chance? Não precisa fingir que nada aconteceu, voltar ao que eram
antes, apenas se permitirem uma segunda chance.
Quando ia responder, ouvi cochichos, os três estavam
sentados na escada me olhando, Christian parecia uma criança
quando estava perto deles. Cruzei os braços repreendendo com o
olhar, eles desceram e vieram me abraçar, recusei.
— Os três estão de castigo, nada de abraços, sentem-se e
comam.
— Nem se for um bem apertado? — Brendon tentou
negociar.
— Não!
— A mamãe só precisa comer para mudar o humor, vamos
deixá-la quietinha. — Christian me olhou com um sorriso cínico, eles
estavam se divertindo.
Sentamos, jantamos e aproveitamos a sobremesa, dessa
vez Teresa nos fez companhia.
— Mamãe, pode jogar videogame só um pouquinho com o
papai? — Benício tentou me convencer, aqui temos horários e esse
não é um deles.
— Tem atividades?
— Não! — ambos respondem.
— 30 minutos é suficiente?
— Sim! — eles responderam animados e saíram da mesa.
— Precisamos conversar depois. — disse Christian, saindo
da mesa.
Teresa me ajudou a tirar a mesa, enquanto eles se divertiam
no videogame, tirei esse tempo para falar com Letícia, que estava
muito preocupada.
CAPÍTULO 17

A Internet não falava de outro assunto, principalmente das


fotos vazadas eu e Christian de mãos dadas. Agora, a dúvida sobre
a “reconciliação” estava aumentando cada vez mais e as pessoas
dando palpites.
— Vocês estão aí mais de 30 minutos. — percebi que fiquei
na Internet tempo demais.
— Sim, senhora! — disse Christian, parando o jogo.
Eles foram para o quarto, ficaram deitados na minha casa
fazendo desenhos, dessa vez Christian quem os colocou para
dormir. Me despedi deles, fui me trocar e fui para o quarto de
hóspede.
Christian fez a cidade parar no dia que vô Humberto faleceu,
foi decretado luto por 3 dias, mas o hospital ficou por 7 dias. O salão
ficou fechado por esses dias, sem clientes e sem atendimentos. As
crianças ficaram em casa por esses 7 dias, preferimos assim, até
porque, eles ainda sofriam com a falta do bisavô e com os
comentários. Esse tempo ao lado dos filhos deixou Christian melhor,
ele sabia esconder a dor que sentia, mas ficava melhor recebendo o
amor e carinho dos meninos. Respeitamos nossos espaços, limites,
nos respeitamos e tentamos suportar o luto.
Sete dias que vô Humberto se foi, uma missa foi realizada
em memória dele, assistimos em “família”, as crianças ficaram um
pouco sensíveis vendo algumas pessoas chorar, mas
permaneceram na igreja até o final. Christian tentou falar um pouco,
as crianças ficaram ao lado dele, foi lindo e triste ao mesmo tempo,
sua dor era nítida, se eu pudesse tirar todo sofrimento.
Três dias depois, as crianças já tinham voltado à escola e eu
ao trabalho, mas Christian não saiu do quarto, crises de ansiedade,
insônia, o luto… com muita insistência ele aceitou fazer sessões
com uma psicóloga e o primeiro dia foi como uma bomba para ele,
mas não desistiu.
— Catherine? — Christian bateu na porta.
— Estou dormindo, Christian!
E realmente eu estava, melhor dizendo, tentando. Meu
corpo gritava por descanso, senti o colchão afundar, em seguida
senti dois braços fortes me abraçar, ele beijou meu rosto e ficou
roçando a barba próximo do meu ouvido.
— Christian, saia, respeite o meu espaço. — tentei impor
limites.
— Vamos para o seu quarto, durma comigo. — disse
baixinho.
— Não, você já está se aproveitando muito do momento,
entendo que ainda esteja sentido, mas às crianças foram como
calmantes. Você consegue passar essa noite sozinho.
— Temos que conversar.
— É a segunda vez que você fala isso, o que você tem para
me dizer? — pensei no pior, perguntei sentando na cama e o
encarando. Na minha mente só vinha a gravidez da amante.
— Ontem você me deixou tocá-la, antes de tudo isso
acontecer, agora está longe de mim. Pensei que…
— Você pensou errado, estávamos alcoolizados, foi
precipitação, calor do momento. Não mudou nada, Christian.
— E se tivesse acontecido?
— Estaríamos certamente arrependidos agora.
— Nunca, eu nunca me arrependeria. Para de se fazer de
difícil, no fundo, você sabe que eu nunca seria capaz de trair você,
sempre provei que amo você. Se você for em uma festa, alguém
batizar sua bebida, espera que eu julgue ou dê apoio?
— Eu não esconderia, não ficaria com você por um mês
sem falar nada, não conseguiria transar com você e muito menos te
enganar. Você não só me traiu na cama, como com a mentira, lá
fora tem uma mulher confirmando que o filho que está esperando é
seu, você espera que eu volte para você e finja que nada
aconteceu? Christian, eu não estou bem, não quero falar desse
assunto mais uma vez. Já estamos com muitas feridas abertas.
— Ele nos aconselhou, você não levou nada em
consideração? Não estou me aproveitando do momento, da nossa
dor, se você não sentiu, eu senti que algo fosse mudar. Foi o último
conselho, Catherine, estávamos precisando ouvir.
— Você ouviu tudo, não foi?
— Ouvi, você me ama, eu te amo, você está magoada, eu
posso curar. Não sou o pior homem do mundo, errei por não falar
nada, estava confuso, com medo da sua reação, sem saber o que
havia acontecido, não queria perder você, mas o que eu mais temia
aconteceu. A nossa família é tudo de mais precioso que tenho, você
sabe, Catherine.
— Luto todos os dias para conseguir seguir a minha vida
sem você, eu não te amo menos, mas eu não consigo, Christian.
Não consigo deixar isso de lado, você nem sabe se é pai dessa
criança, está sendo muito difícil passar por isso.
— Eu não sou, meu amor, as contas não batem, se aquela
noite foi armação, isso também é. O juiz já a intimou, faremos um
teste de DNA, não será no meu hospital, será em outro, Arturo está
cuidando de tudo. Vou te provar, sou pai apenas daqueles dois que
dormem como anjos no quarto ao lado, os nossos filhos.
— Por favor, me deixe dormir.
— Você não fugia tanto assim antes, por que não me dá
uma chance? Não conseguiremos ficar tanto tempo longe um do
outro, quem está por trás dessa armação toda está adorando nos
ver assim, não permita isso.
— Você também não mentia antes.
— Me perdoe, eu errei, mas se eu falasse a verdade, te
perderia do mesmo jeito, não é? Parece que eu só adiei.
— Quem não ficaria decepcionado, Christian?
— Você não quer voltar para mim devido essa mentira da
gravidez, não é?
— Vamos parar de falar disso, vá descansar.
— Me responda.
— São muitos motivos, Christian, tentei engravidar, não
consegui, então aparece uma mulher grávida. Estávamos bem, mas
você tinha uma bomba nas mãos e guardou segredo. Sua ex voltou,
não consegue ficar longe de você, essa mulher perseguindo, agora
a morte do seu avô, eu não consigo pensar em mais nada, nem
mesmo em nós.
— O casamento exige muita coragem para enfrentar os
desafios, assumir as falhas e se propor a melhorar, é o primeiro
passo, eu fiz isso. Nunca prometi que seria perfeito, que nunca iria
errar, você me conheceu errando, isso não justifica, mas eu tentei
melhorar, reconheci quando errei, pedi perdão e me levantei para
tentar acertar. É só uma chance, uma chance para tentar de novo,
para acertar dessa vez e não cometer o mesmo erro. Quero você, a
minha família de volta. Não importa quem está no nosso caminho,
quem apareceu agora ou aparecerá ainda, nosso amor é forte e
passará por mais um obstáculo.
Eu só conseguia chorar, ouvir, me lamentar, sentir medo e
chorar, chorar, chorar. Christian me fez deitar, me abraçou e ficou
beijando meu rosto até chegar nos meus lábios.
— Amor, não desiste de mim, do nosso amor, nosso
casamento, me perdoa, por favor. — disse antes de me beijar
intensamente.
Meu choro foi contido por um beijo, ele se cobriu com o
edredom deixando nos ombros e voltou a me beijar.
CAPÍTULO 18

— Somos a cura um do outro, vamos errar, acertar, faz


parte, só não podemos ficar longes um do outro.
— Não estou conseguindo suportar.
— Nem eu, meu amor, eu te amo tanto, você não tem
noção.
Christian voltou a me beijar, dessa vez com calma e carinho.
Sua mão desceu pelas minhas costas e foi até minha coxa, ele
deixou por cima dele, subiu a mão novamente e dessa vez por
dentro da minha blusa. Essa noite, todas as lembranças, problemas,
diferenças, ficaram de lado e só importou o momento.
Meu corpo arrepiava com os beijos no meu pescoço,
quando tirou minha blusa foi em direção aos meus seios com
desejo, ele sugava e mordiscava me deixando mais arrepiada.
Quando um gemido saiu da minha boca, ele voltou a me beijar e
dessa vez estava intenso.
Não esperei Christian ter atitude de fazer isso, tirei a camisa
dele e tentei tirar a calça, consegui apenas abaixar, ele terminou de
fazer isso.
Foi só uma batida na porta, já sabia que era ele, permaneci deitada
fingindo estar dormindo, meu corpo estava gritando por descanso,
mas Christian sabia que eu não podia mais resistir aos seus toques.
Senti o colchão afundar, seus braços me prenderam sobre o corpo
dele, seu hálito quente no meu ouvido enquanto falava baixinho.
— Você tem duas opções, fingir que estar dormindo até o sono vir,
ou pedir para eu te foder a noite inteira.
— Pode fazer o que quiser!
— Se eu fosse você tomaria cuidado ao falar isso, você nem
imagina o que posso fazer quando estou na vontade. — disse ele,
levando sua mão até o meio das minhas coxas.
Em seguida, afastou o edredom e tirou meu short enquanto
beijava por onde passava. Esse homem tem o poder de me fazer
esquecer quem sou só com um beijo. Suas mãos me apertavam,
minha pele voltou arrepiar sentindo seu hálito quente sobre o
umbigo, ele beijava meu corpo enquanto descia lentamente, antes
mesmo de chegar onde mais desejava, ele acariciou minha boceta
com os dedos sentindo úmida e entrou um dedo. Meu corpo se
contorceu pelo prazer, Christian fazia movimentos com o dedo me
deixando mais excitada, ele tentava ir mais fundo, mas quando
passou a língua sobre o meu clitóris, ele conseguiu tirar o meu
fôlego.
— Você sempre será minha, Catherine, assim como eu
sempre serei seu.
— Não ouse tirar sua boca daí!
— Não antes de tomar todo o seu mel.
Catherine estava delirando, ela tentava não gemer alto, as
crianças estavam no quarto ao lado e poderiam ouvir. Seus gemidos
eram abafados pela mão, sou completamente apaixonado por cada
centímetro desse corpo, Catherine me deixa louco desde o primeiro
dia que toquei seu corpo.
Seu corpo se contorcia enquanto eu lambia sua boceta,
levei um dedo para dentro dela fazendo movimentos rápidos,
Catherine o apertava enquanto gozava.
— Você é a mulher da minha vida. — disse em seu ouvido
enquanto me enterrava dentro dela, deixando o peso do meu corpo
sobre o dela — Antes considerei fazer amor com você, mas agora
quero te foder com tanta força que você esquecerá do próprio nome
por alguns segundos.
— Sim, oh, sim, Christian! Faça isso!
Abafei seus gemidos com a mão quando enterrei meu pau
dentro dela, completamente todo! É inexplicável o amor que sinto
por essa mulher, ela fez todas as outras perderem a graça.
Levantei suas pernas deixando presas no meu quadril,
fazendo assim ela me sentir mais fundo, minhas estocadas eram
rápidas levando-a à loucura.
— Christian, não pare! — ela implorou cravando suas unhas
nas minhas costas.
— O que você quer, safada? — perguntei me enterrando
dentro dela com força.
— Quero… ahh, eu… eu vou gozar!
Catherine me abraçou me fazendo sentir seu corpo
tremendo, ela me apertava e gemia ofegante. Deitei na cama atrás
dela, a abracei de lado enquanto penetrava, sentir seu corpo mais
uma vez estava me deixando louco, seus gemidos eram excitantes,
me deixavam louco. Catherine veio para cima de mim mostrando
suas intenções, ela sentou mantendo postura enquanto se
movimentava, seu corpo estava todo exposto para mim, que tesão
de mulher!
— Senta, gostosa, é todo seu… senta gostoso nesse pau!
Catherine então mudou de posição, ela ficou de costas para
mim quicando, sua bunda balançava com os movimentos, foi
impossível me controlar e não bater.
Fiz ela ficar de quatro, sei que é a posição que ela mais
gosta, Catherine mordeu o travesseiro quando me sentiu entrar de
uma vez, ela se tocava por baixo me deixando louco, sentia sua
boceta me apertar muito excitada.
— Me faça gozar de novo! — ela pedia me olhando de lado,
suas palavras foram como doses de prazer.
— Como você quer gozar? — perguntei fazendo-a deitar de
bruços.
Ela virou de frente para mim, deixou suas pernas trêmulas
nos meus ombros e sorriu.
— Ah, Catherine, vou te fazer ver estrelas enquanto me
satisfaço dentro de você profundamente.
— Faça isso!
— Safada!
Seu pedido foi uma ordem! O quarto foi preenchido com o
som das estocadas, não parei de foder sua boceta até ela gozar, ela
se tocava enquanto eu metia, sua boceta pulsava com o meu pau
dentro, me desfiz dentro dela a acompanhando.
Ainda na mesma posição, parados, a beijei com carinho,
satisfeito com essa noite, ela também estava, dava para ver nos
seus olhos.
— Eu te amo, mulher da minha vida!
— Também te amo, Christian!
Catherine foi para o banheiro ao sair da cama, ela parecia
processar o que aconteceu, o que eu mais temia era que ela saísse
do banheiro e me mandasse sair. Mas, quando ela saiu, ouvimos o
choro do Benício.
— Mamãe! — chamou batendo na porta do quarto de
Catherine, chorando.
Catherine saiu correndo preocupada, vesti um roupão e fui
até lá saber o que aconteceu.
— Oi, meu amor, o que aconteceu? — Catherine perguntou,
ao abraçá-lo.
— O biso tá no quarto.
— Como assim? — perguntei ao tomar um choque com o
que ele falou.
Fui até o quarto e só vi Brendon dormindo.
— Você sonhou com o Biso, ele não está no quarto, meu
amor, fique calmo.
— Eu o vi sentado na poltrona, ele estava com o meu carro
amarelo me esperando para brincar.
— Você sonhou com o biso, mas ficou assustado quando viu
que era um sonho. Vamos à cozinha tomar um pouco de água.
— Eu não quero dormir mais, o biso não está vivo para
brincar comigo.
— Vai ficar tudo bem!
Catherine foi para a cozinha com Benício, esse sonho me
deixou despedaçado, tomei banho tentando entender esse sonho do
Benício, a falta que ele faz me dói como se alguém enfiasse uma
faca no meu peito cada vez que ouço seu nome, penso, vejo uma
foto ou tenho lembranças.
CAPÍTULO 19

Encontrei Catherine e Benício no quarto dela, eles estavam


deitados, deitei ao lado dele deixando-o no meio e ele me abraçou.
— O biso virou estrelinha, mas sempre dará um jeito de
estar pertinho, seja nos sonhos ou nas lembranças.
— Sinto falta dele. — disse choramingando.
— Eu também sinto, mas ele não quer nos ver tristes,
precisamos ficar felizes para ele ficar feliz também.
— Posso dormir aqui? É só hoje!
— Será que a mamãe deixa?
— Ela deixa, não é, mamãe? — faz carinho no rosto dela.
— Depois de um pedido desse, como dizer não?
Catherine foi se vestir já que estava de roupão, dormimos
com Benício no meio da cama ainda abraçado comigo, foi difícil
fazê-lo dormir, após horas ele conseguiu dormir e só acordou no dia
seguinte.
Quando o alarme tocou, deixei Christian e Benício dormindo
e fui me arrumar para começar o dia.
— Bom dia, senhor preguiça. — tentei acordar Brendon para
ir ao colégio.
— Bom dia, mamãe!
— Dormiu bem?
— Sim! Onde está Benício? — viu a cama vazia.
— Seu irmão ficou assustado com um sonho que teve, ele
está dormindo com o seu pai, hoje só irá você para o colégio, tudo
bem?
— Sim! Verei a menina que eu gosto.
— Como é?
— Tenho uma namorada.
— Não ouvi muito bem, o meu garotinho de 7 anos está com
uma namorada?
— Sim, mas ela ainda não sabe, é segredo.
— Os mínis infartos começaram cedo, já para o banho.
Como assim o meu bebê de 7 anos está falando em
namorar já? Não é possível!
Brendon foi para o banho, se arrumou e tomou café da
manhã comigo e Teresa. Deixei-o no colégio com a promessa de
tomarmos sorvete mais tarde, meu bebê está um rapaz, responsável
e muito educado, desejava bom dia para quem encontrava no
caminho. Sabe a sensação de que valeu cada esforço, noite sem
dormir, lágrima derramada, renunciar algumas coisas, estou
sentindo agora vendo o meu filho agindo conforme os meus
ensinamentos, isso é muito para uma mãe.
Voltei para o apartamento imaginando que Christian ou
Benício já estivesse acordado, mas eles continuavam dormindo. Fui
trabalhar sem incomodá-los, Letícia estava uma pilha de nervos, os
hormônios da gravidez estavam deixando-a muito sensível.
— Vou quebrar tudo isso! — jogou um secador na lixeira em
seguida.
— O que está acontecendo? Você está muito nervosa.
— Não sei, hoje o dia decidiu que iria me colocar para trás.
— Calma, não pode agir assim, você tem que saber lidar
com as mudanças de humor.
— Pode cancelar sua agenda?
— Tenho cinco clientes e antes de sair tenho uma reunião.
Não posso desmarcar pela segunda vez.
— Você é má!
— Sou? Para de agir assim ou perderá suas clientes.
— Não sabia que a gravidez mudava tanto assim.
— Agora sabe! — sai correndo para não receber um tapa.
Voltei ao trabalho, atendi as cinco clientes da agenda, antes
de ir buscar Brendon no colégio, fui para a reunião. Uma empresa
de cosméticos quer fazer uma parceria conosco, apresentou alguns
produtos, valores, falou um pouco sobre cada um e como age na
pele. Sempre analisamos bem antes de aceitar esse tipo de
parceria, pois alguns produtos prejudicam mais a pele do que
beneficia.
— Então, a senhorita gostou? — perguntou o representante
da empresa, que, por sinal, é muito bonito.
— Sim, o cheiro é muito agradável.
— Que bom, temos uma parceria?
— Sem dúvidas, temos!
— Maravilha! Muito obrigado pela confiança, não vai se
arrepender, isso posso garantir.
Ele me entregou uma taça e brindamos. Seu olhar tinha algo
que me deixava presa, ele me olhava de um jeito intimidador, não
estava atraída por ele, mas queria descobrir porque ele me olhava
assim.
— Pode conhecer nossa empresa melhor, até mesmo
algumas lojas, fica ao seu critério.
— Podemos marcar um dia sim.
— É bom ver seu interesse na nossa marca.
— Confesso que fiquei atraída, é de uma boa qualidade,
promete bons resultados, as composições, os relatos de quem usou
me deixa confortável.
— Catherine, aceita almoçar comigo? Podemos conversar
um pouco mais sobre isso e depois ir até uma das lojas.
— Eu… — sou interrompida.
— Não, ela não aceita, porque ela tem compromisso com a
família dela. — disse Christian, me puxando pela cintura encarando
Patrick.
— Perdão, não sabia que você é casada e tinha
compromisso, mas só para deixar claro, o convite é profissional.
— E não sou, sou divorciada! Sobre a minha família, tenho
dois filhos e sempre almoço com eles, desculpa pelo
constrangimento.
— Falaremos disso depois.
— Obrigada pelo tempo e por escolher nosso salão para
fazer essa parceria.
— Tenho certeza que suas clientes irão gostar, ligo depois
para saber se está funcionando. Foi um prazer fazer negócios com
você!
— Igualmente!
Saí de lá com o rosto vermelho de vergonha, raiva, Christian
ainda estava grudado em mim, agora com raiva e sem paciência
nenhuma.
— Você ficou louco? — perguntei chateada.
— Não somos nada, não é? Depois de ontem nós não
somos nada? Inacreditável.
— O que você esperava, ir para o cartório hoje e voltar no
tempo?
— Eu não preciso falar o que eu esperava porque você sabe
bem, mas o que eu não esperava era ver um urubu em cima da
minha mulher.
— Eu não vou discutir com você no meio da rua.
Fui em direção ao meu carro, Christian ficou me chamando,
mas não voltei. Busquei Brendon no colégio, ele estava todo feliz
segurando alguns balões.
— Teve festa na sua turma?
— Não, fizemos para o Benício, ele vai ficar feliz.
— Você é o melhor irmão, sabia?
— Posso pedir uma coisa?
— Pode.
— Amanhã é aniversário da minha namorada, quero dar um
presente.
— Você e esse assunto de namorada.
— Por favor, não posso fazer isso, tenho que dar um
presente.
— Eu não sei o que ela gosta, você tem algo em mente?
— Não, mas ela é aquela ali. — aponta para a namorada
que dá tchau a ele, meu coração de mãe fica enciumado e
acelerado.
— Ela é linda!
— Ela é a menina mais linda.
— O que? Pensei que a mais linda era eu.
— É a mamãe mais linda, mas ela é a namorada mais linda.
— Vou ter que dividir o meu filho de 7 anos com a namorada
que não é bem uma namorada assim.
— É uma namorada.
Fomos para o apartamento falando nesse assunto,
combinamos de ir comprar o presente de Evelyn, é assim que ela se
chama, minha nora de 7 anos também. Crianças!
Christian estava me esperando com uma cara nada boa, só
piorava, Benício ficou muito feliz ao ver o irmão, recebeu muitos
desenhos que os colegas fizeram, já se sentia melhor e estava mais
convencido sobre o biso, Christian conversou com ele e o acalmou.
Almoçamos com Christian me encarando, já estava ficando
irritada, mas pelos meninos suportei essa marra dele.
Brendon convidou Benício para ir ao shopping, quando eles
foram se arrumar, fui para o meu quarto e tomei banho. Christian
parecia um fantasma, estava em todos os lugares, enquanto eu me
vestia, ele ficou no closet me olhando.
— Você vai ficar me encarando até quando?
— Até você parar de fugir e falar sobre nós. Isso já está me
irritando, não é mais sobre o que aconteceu, parece ser sobre você,
está gostando de ser solteira? De conhecer pessoas novas?
— Não acredito que estou ouvindo isso, não vai conseguir
tirar minha paz, Christian. Sobre nós, você já sabe a minha
resposta.
— Engraçado, ontem você não estava tão decidida assim,
mudou de ideia rápido.
— Se acha que o seu ciúme vai me atingir, está enganado.
Ele pegou as roupas dele e guardou na mala de mão. Não
impedi, pelo contrário, deixei que fizesse isso, será melhor assim.
Quando os meninos ficaram prontos, fomos para o shopping e
fizemos um passeio por algumas lojas, Brendon queria comprar
tudo, estava ansioso, comprei um vestido e uma pulseira. Além
disso, Brendon quis comprar alguns chocolates, eu não sabia de
onde ele estava tirando essas ideias, ontem estava ninando meus
filhos, hoje estou comprando um presente para a minha nora de 7
anos. Sei que o mundo gira, mas precisava girar tanto?
CAPÍTULO 20

Brendon estava feliz, não quis saber nem de brinquedos, já


Benício, compramos alguns brinquedos para ele. Além disso,
renovamos nossas brincadeiras, compramos um quebra-cabeça de
200 peças, os meninos adoram quando brincamos juntos, além de
brincadeiras educativas, nos divertimos muito.
Quando voltamos para o apartamento Christian já havia
saído, os meninos ficaram chateados por ele ir embora sem se
despedir, Brendon usou meu celular para se comunicar com o pai,
eles conversaram rapidamente, se trocaram e foram brincar no
quarto.
Letícia, com seus hormônios agitados, veio para o
apartamento e assistimos um filme. Ela estava engraçada, chorosa
e irritada, parecia TPM. Arturo veio buscá-la ao anoitecer, terminou
ficando para o jantar, brincou com as crianças, mimou Letícia com
flores e chocolates, conversamos um pouco sobre essa fase e
depois foram embora.
Antes de dormir, tentei assistir um filme sozinha, coisa que a
muito tempo não fazia, mas dormi no meio do filme.

Christian passou a semana ausente, não viu as crianças,


não foi buscá-los no colégio, nem mesmo atendeu as ligações dos
filhos. Ele não estava indo ao hospital, estava afastado,
principalmente por estar com seu emocional abalado.
Como de costume, as crianças foram para a casa dos avôs
no fim de semana, preocupada, fui até a casa de Christian para
saber o que estava acontecendo.
Gilda, a funcionária, me recebeu muito bem e com alegria
por me ver novamente, mas ao perguntar por Christian ela mudou o
semblante.
— Ele não sai do quarto, já tentamos de tudo, ele não come,
não bebe, não conversa com ninguém da casa, não atende as
ligações, a única pessoa que ele aceitou ver foi a psicóloga, ela veio
aqui ontem.
— Então é por isso que ele não quis ver as crianças.
— Sim, se a senhora quiser, eu falo que veio aqui.
— Acho melhor falar com ele antes de ir, quem sabe com
insistência ele não come um pouco?
— E.Eu acho melhor não incomodá-lo, não é? — disse sem
graça, me impedindo de passar — ele pode estar descansando.
— O que eu não posso saber? — perguntei desconfiada.
— É apenas isso mesmo. — disse sem jeito.
— Saia da minha frente!
Fui em direção à escada, algo dentro de mim me fazia
continuar, queria descobrir o que estava acontecendo. Quando
estava no corredor, vi Giovanna saindo do quarto, claro, tinha que
ser. Dei meia volta contando de um a dez para não me controlar,
aquela voz irritante me deixava enfurecida.
— Acho que algumas pessoas precisam estudar para saber
o que a palavra “divórcio” significa, não acha?
Ignorei!
Giovanna continuou provocando, mas por ser ignorada
diversas vezes, ela ficou irritada e me parou.
— Você não é surda, não adianta me ignorar, eu sei que, no
fundo você está furiosa.
— Não tanto quanto você por ser expulsa e ainda me ver
aqui.
— Você acha que a sua presença me abala? Acha que fui
expulsa? Você não sabe o que aconteceu lá dentro.
— Se tivesse sido tão bom quanto você quer que eu
acredite, você não estaria aqui, estaria lá e passaria o resto do dia,
ou melhor, moraria nessa casa por ser tudo que ele precisa. Mas,
não perderei meu tempo com você falando o óbvio.
— Nunca será esposa dele novamente, esse lugar sempre
foi meu! — disse furiosa.
— Entao aproveita que o lugar está vago.
— Vou aproveitar! — disse com o nariz empinado.
Já estava cansada, me virei para sair, mas recebi aquela
punhalada pelas costas, um empurrão forte nas minhas costas foi
suficiente para desequilibrar na escada e cair. Meu corpo doía, eu
tentei parar, mas não conseguia, a única coisa que pensei foi em
proteger minha cabeça.

Meu corpo tremeu quando ouvi o nome de Catherine ser


chamado, estava prestes a sair do quarto, minha mão já estava na
chave da porta, automaticamente saí correndo e ouvi as vozes
ficarem mais altas chamando por ela.
— O que acon…
Ao vê-la caída na escada, meu corpo estremeceu, corri até
ela sentindo uma flecha no meu peito.
— Amor, acorda, por favor. Reage, Catherine, reage…
Tentei fazê-la acordar, mas ela não acordava, tinha sangue
nos seus cabelos, saindo do nariz e seus braços estavam vermelhos
prestes a ficarem com hematomas.
— O QUE DIABOS ACONTECEU? — entrei em desespero,
as funcionárias me olhavam sem saber o que falar.
— Saíam da minha frente.
Levei Catherine para o carro, deixei o motorista nos levar
para o hospital, não conseguia sair de perto dela. Catherine não
respondia, por mais que eu devesse deixá-la onde estava e chamar
uma ambulância, não podia ficar parada vendo-a ferida e
desacordada.
No hospital, Catherine foi socorrida por uma equipe pronta
que esperava na entrada, acompanhei até a área permitida e fiquei
esperando notícias. Não conseguia pensar em nada, nem mesmo
em como ela caiu da escada, isso nunca aconteceu, mas agora… o
medo de perder mais alguém que amo me aterrorizava.
Ninguém vinha dar notícias, isso já estava me assustando,
tentei conseguir alguma informação, mas ainda não tinham,
estavam fazendo diversos exames para saber se ela tinha alguma
fratura.
Quando um dos médicos apareceu, tentei decifrar seu rosto
para saber antes dele falar o que estava acontecendo.
— Christian, precisa se acalmar.
— Me acalmar? Como me pede isso se a minha mulher está
lá dentro? — me alterei.
— Você sabe que não deveria ter trazido ela para o hospital
por vontade própria, poderia ser perigoso, não deveria tocá-la.
— Como ela está? Quero vê-la. — tentei passar, mas ele me
impediu.
— Ela está com a equipe, felizmente não teve nenhuma
fratura na cabeça, nosso medo era esse, mas os raios-x não
apontaram nada. Mas, ela teve uma luxação no tornozelo esquerdo,
sentirá muita dor e será limitada e impossibilitada de tentar. Você
sabe como funciona.
— É grave?
— Até um corte no dedo pode ser grave, Christian, mas se
seguir o tratamento certo pode agilizar a recuperação. Caso
contrário…
— Ela vai fazer!
— Me acompanhe.
Fomos até a sala dele, observei os exames de imagem,
Catherine machucou algumas costelas, o tornozelo está muito feio,
além dos cortes, hematomas, ela precisará ficar no hospital.
Quando foi levada para o quarto pude entrar e vê-la.
Catherine parecia estar dormindo, quando segurei sua mão, ela
falou de olhos fechados.
— Foi… ela. — disse baixo, me fazendo ficar confuso.
— O quê? Não entendi o que você falou. — me aproximei
do seu rosto para ouvir melhor.
— Giovanna… foi ela!
Catherine abriu os olhos deixando uma lágrima cair, ela
respirava ofegante, estava nervosa.
— Calma, precisa se acalmar.
— Foi ela, ela me empurrou.
— Giovanna não estava lá, eu a mandei embora.
— Acredita em mim, foi ela, ela tentou me matar.
Giovana assassina? De todas as acusações, eu não
esperava por isso, não duvidava de Catherine, fiquei em choque ao
saber disso, mas ao tempo furioso, tentei não demonstrar, mas
estava deixando ela nervosa.
— Você não acredita. — disse irritada.
— Acredito em você, não disse que está mentindo, minha
preocupação é você agora.
— Foi ela!
— Eu vou cuidar disso, precisa ficar calma, não pode se
alterar. Confie em mim, eu cuidarei disso, ninguém fará nenhum mal
a você.
— Eu não sei o que fiz para merecer tudo isso, quando vou
ter paz? — Catherine virou o rosto para o outro lado e chorou.
Não podia prometer nada, não podia prometer paz se sou o
principal a causar todas essas coisas. Catherine só se acalmou
quando dormiu, foi o momento que tive para reagir.
CAPÍTULO 21

Liguei para Arturo e pedi que policiais fossem até a minha


casa. Lá, pedi para os seguranças revistar todos os cômodos, só
então que descobri que a desgraçada já havia ido embora. Quando
a viatura chegou, olhamos as câmeras da sala, principalmente da
escada, e constatamos no momento que Catherine caiu, ou melhor,
foi empurrada.
— Quero essa mulher presa, mofando atrás das grades,
pago quanto for preciso, faço o que quiserem, mas essa mulher tem
que pagar.
— Senhor West, ela é filha de… — o interrompi ficando mais
irritado.
— Não importa de quem ela é filha, quem ela é, quando ela
tem, eu a quero presa e vocês vão fazer isso. Ou tenho que ir até a
delegacia?
— Christian, eu cuidarei disso, você tem provas suficientes,
não importa quem fez, importa o crime que cometeu.
Relutante, Arturo sabia o que estava pensando e me
impediu de passar, ele sabia que eu ia atrás daquela desgraçada.
— Vá para o hospital, cuidarei disso, não faça nenhuma
besteira.
Deixei nas mãos de Arturo, por mais que a minha vontade
fosse outra, ele impediu que eu dirigisse, fui com o motorista e
passei o dia no hospital tentando entender tudo que estava
acontecendo.
Letícia ficou sabendo o que aconteceu, ela ficou comigo no
quarto cuidando de Catherine, quando as dores se fizeram
presentes, Catherine reclamou muito e queria ir para casa. Ela só
ganhou alta no dia seguinte, por sorte, era domingo e ela poderia
descansar.
Eu e Letícia ficamos no apartamento, Catherine reclamava o
tempo todo e queria ter independência, mas não podia. Mimamos,
cuidamos, demos atenção, para onde ela queria ir, eu a carreguei e
Letícia auxiliou no banho.
— Sei que você não me quer por perto, mas não vou deixá-
la sozinha. Na saúde e na doença, lembra?
— Não é só isso que eu lembro.
— Coma, quando terminar deixaria você em paz.
Christian ficou de frente para a TV procurando um filme, não
estava com fome, mas o cheiro da comida abriu meu apetite. Teresa
não estava trabalhando hoje, mas Christian cuidou de tudo
perfeitamente e sabia que iria me conquistar pela barriga.
— O que aconteceu com ela? — perguntei chamando sua
atenção, não vou perdoar o que ela me fez.
— Ela será presa, depois do que aconteceu, ela viajou e
agora está sendo procurada pela polícia. Mas já sabem onde ela
está, ela não se escondeu, só voltou para a casa dela. — disse
virando de frente para mim.
— Ótimo, quero vê-la mofando na prisão.
Christian não disse mais nada, isso me incomoda, me
incomoda de uma forma gritante a ponto de me deixar louca.
— Não pense besteiras sobre aquele dia, Catherine, você
sabe que eu jamais ficarei com outra mulher além de você. — disse
ainda de costas procurando o filme.
— Você é um homem solteiro.
— Será que você pode parar de repetir isso? Chega desse
assunto.
Esse assunto já estava me irritando, Catherine sabe que por
mais que eu seja solteiro, eu não quero ser. Levei a bandeja para a
cozinha, quando terminei de lavar a louça, ouvi a campainha.
— O que você quer? — Vicente estava na porta com um
buquê de flores.
— Boa noite para você também. — seu sorriso zombeteiro
me irrita.
— Catherine não está recebendo visitas, isso não é hora de
visitar alguém, não acha?
— Seu ciúme te deixa cego, acha mesmo que pode
controlar as pessoas?
— Acho que já pode dar meia volta e parar de dar em cima
da minha mulher.
— Sua mulher?
— Não me provoque, Vicente.
— Essas flores são para ela.
Ele deixou as flores comigo e saiu. Se acha que entregarei
flores de outro homem para a minha mulher, ele ficou louco de
imaginar isso. Joguei na lixeira e continuei arrumando a cozinha.
Fiquei esperando dar o horário de Catherine tomar a medicação
para, levei para ela e fui para o quarto de hóspede, sei que ela não
me quer por perto. A notícia foi difícil, principalmente em quartos
separados, minha preocupação era que ela precisasse de alguma
coisa, então fiquei atento.
Pela manhã, Teresa já estava servindo o café da manhã, ela
ficou sabendo pela Internet o que aconteceu, as notícias correm
rápido, principalmente quando são ruins.
— Bom dia, Teresa. — ela me olhou surpresa.
— Bom dia, querido, você estava muito sumido.
— Precisei de um tempo, Catherine já deve ter acordado,
vou levar o café para ela.
— Por acaso é aquela ali?
Catherine estava andando com as muletas, meu corpo
automaticamente se moveu para ajudar, o que a deixou irritada, mas
quem liga?
— Posso andar, Christian.
— Pode? Não me lembro do médico ter falado isso,
esqueceu que também sou médico?
— Você me deixa esquecer?
— Catherine, se não se cuidar, pode piorar.
— Bom dia, ele está certo.
— Vai ficar do lado dele? — encarou Teresa, sentada à
mesa.
— Sim, se for para o seu bem, ficarei.
— As crianças já foram para o colégio, meu pai mandou
mensagem avisando, vou buscá-los mais tarde, eles ficarão comigo
essa noite.
— Tudo bem, se precisar de roupas, pode pegar no quarto
deles.
— Não, em casa tem tudo.
— Não vai tomar café da manhã? — Teresa perguntou ao
me ver saindo.
— Não, obrigado, tenho alguns assuntos para resolver.
Cuide dela, qualquer coisa me ligue.
— Se cuide.
— Melhoras!
Ele saiu!
— Vocês parecem dois estranhos. — Teresa me
repreendeu.
— Íntimos também não somos.
— Já foram e por teimosia não são mais.
— Como se fosse fácil.
— É fácil quando os dois querem, desse jeito que é difícil,
dá para sentir a frieza, mas lá, no fundo também dá para sentir os
sentimentos vivos.
— Ela estava lá com ele, Teresa, saiu do quarto dele, se ela
estava lá é porque ele não cortou essa intimidade. Eu não quero
falar dele, estou seguindo a minha vida.
Ouvimos a campainha tocar, Teresa foi atender, o porteiro
estava com um buquê de flores brancas, não foi Christian quem
mandou, quem poderia ser?
— Tem um cartão. — Teresa não falou muito animada.
— Deixe-me ver.
“Soube o que aconteceu com você, espero que fique bem e
se recupere logo. Abraço!”
— Patrick.
— Como ele descobriu o meu endereço? — pensei alto,
Teresa saiu fazendo drama, mas a fiz voltar.
— Espero que esteja indo buscar um vaso.
E não é que ela fez isso? Teresa é do time de Christian, faz
drama, mas ela me ama. Foi engraçado como ficou séria.
Meu dia foi muito preguiçoso, passei a manhã no sofá, olhei
as redes sociais, respondi algumas mensagens, assistia, e assim
repeti tudo de novo.
Fiquei assim por um mês, as crianças entendiam que não
podiam ficar em cima de mim e estavam sendo muito cuidadosos.
Fiz fisioterapia, refiz alguns exames, estava podendo andar
normalmente e voltar a minha rotina.
Estava sendo perseguida por algumas pessoas que
“adoram” Giovanna, fãs loucos, mas nada que os seguranças não
pudessem lidar. Ela foi presa, queria pagar fiança, mas Christian fez
alguma coisa para impedir. Falando nele, só nos vimos no hospital e
quando ele veio buscar as crianças para dormir na casa dele.
— Você já desistiu do jantar? — Letícia me perguntou pela
décima vez.
— Não, eu vou jantar com ele.
Patrick me convidou para jantar, já havia recusado uma vez,
dessa vez decidi aceitar e Letícia não gostou muito, ela prefere
Christian.
— Não adianta fazer essa cara, preciso seguir minha vida,
não quero ficar nesse barco afundando. Será bom conhecer novas
pessoas.
— Sou do time do Christian.
— Sou do meu time, até amanhã.
Me despedi dela e fui para o apartamento me arrumar. As
crianças estão na casa de um amiguinho do colégio, fica perto da
casa de Christian, não é a primeira vez que eles vão lá, então fico
em paz.
CAPÍTULO 22

Para o jantar escolhi um vestido preto com abertura lateral,


ele não é muito curto, vai até os joelhos e não tem decote. Não
estava a fim de chamar atenção, tentei ficar bonita com o básico,
não usei muita maquiagem e nem exagerei nas joias.
Patrick veio me buscar no horário marcado, ele é pontual e
está sempre com um sorriso no rosto.
— Mais uma vez, obrigado por aceitar o convite. — disse
abrindo a porta do carro.
— Será uma noite divertida.
Ele fechou a porta e deu meia volta.
— Quer escolher uma música?
— Já que você insiste. — brinquei.
Por coincidência, Patrick também conhecia a música
escolhida e fomos o caminho todo cantando o repertório. A noite já
começou divertida e espero que continue sendo leve e divertida até
o final.
No restaurante, fomos direcionados até a mesa que já
estava reservada, Patrick como um bom cavalheiro estava sempre
atento e puxou a cadeira para que eu sentasse, ele pediu um bom
vinho e eu a entrada.
— Você já veio aqui antes? O garçom parecia conhecê-la.
— Sim, vim algumas vezes, você fez uma boa escolha.
— Que bom, assim você se sente em casa.
— Você já veio aqui antes?
— Não, recebi uma indicação, precisava fazer algumas
pesquisas antes de convidá-la.
— Minhas clientes estão adorando seus produtos.
— Não tinha dúvidas de que isso iria acontecer, você usou
em você?
— Sim, fiquei curiosa, além do cheirinho bom, senti a
maciez que promete.
— Você já tem uma pele bonita, não precisa de produtos.
— Obrigada, mas sempre precisamos de cuidados.
— Você é linda.
— Obrigada. — fiquei sem jeito com o seu olhar intimidador,
fui salva pelo garçom que trouxe a entrada.
— O que você gosta de fazer?
— Ficar com os meus filhos, trabalhar, sair, ir ao cinema,
sair para comer, seja pizzaria, pipoca na praça, qualquer coisa está
ótimo.
— Vi uma foto dos seus filhos na Internet, eles são lindos,
muito idênticos, como não confunde?
— Pela voz e o jeito, eles são o oposto, um é mais
carinhoso, paciente, tem mais jeito de criança, já o outro, às vezes,
ele fala algumas coisas que parece um adulto falando.
— Tenho uma filha da idade deles, ela é igual, às vezes quer
ser adolescente, outras vezes age como criança, fico perdido, não
sei se estou falando com a minha filha de 8 anos ou com uma
adolescente.
— E o pior foi eu ouvir do meu filho que ele tem uma
namorada, mas ela não sabe ainda que namora ele. Você tem
noção disso?
— Não e não quero ter, não estou pronto ainda.
— Enfim, era aniversário dela e fomos ao shopping comprar
um presente, vi de longe no colégio, meu coração de mãe coruja
fica acelerado. Como se chama a sua filha?
— Chamamos ela de Vivi, mas se chama Viviane. É o nome
da minha mãe, ela se foi um dia antes da minha filha nascer.
— Sinto muito, Patrick.
— Na época eu era casado, a mãe dela decidiu colocar esse
nome, antes seria Heloísa.
— A Vivi mora com você?
— Não, trabalho muito e não tenho tempo de ficar em casa,
ela mora com a mãe, mas todos os finais de semanas vem para a
minha casa.
— Vocês têm uma boa relação de amizade?
— Temos, o motivo do término não foi nada sério, nos
conhecemos numa festa, com cinco meses descobrimos que ela
estava grávida, ficamos noivos e nos casamos. Foi tudo muito
rápido, tentamos nos conhecer, sair, aproveitar a companhia um do
outro, mas não adiantou muito. Gosto dela, somos amigos, ela é
uma mãe muito dedicada e uma mulher de luz.
Não quero saber de nada da vida dela, a respeito, desejo
que seja feliz, acho que isso é o mais importante para ter uma boa
amizade quando tem filhos no meio.
— Se todos os términos fossem assim, tudo seria mais fácil.
— Com você não foi?
— É complicado, imagino que você saiba toda a história, a
Internet não falava em outra coisa.
— Sim, eu soube, mas por trás das fofocas sempre existe
outra versão.
— Estou tentando seguir minha vida, não era o que eu
queria, sempre tive o sonho de casar e que durasse até o meu
último dia, mas aconteceu. Tenho dois diamantes que faço de tudo
por eles, fazê-los felizes e dar uma boa educação é o meu
propósito.
— Você não demonstra muita alegria, ainda existe amor aí
dentro, ou estou enganado?
— Quando amamos alguém de verdade, é impossível
esquecer do dia para a noite. Mas é obrigatório seguirmos em
frente.
— Você já está conhecendo pessoas?
— Eu não sei qual as suas intenções comigo, aceitei seu
convite justamente para isso, conhecer pessoas novas, sair da
minha rotina, por que não aceitar? Mas para falar em
relacionamento, não estou pronta.
— Entendo, casamento não é como um namoro, às vezes
até desaprendemos como fazer isso.
— Que bom que você me entende, desde o início pensei
que estivesse flertando comigo, mas você me deixou curiosa.
— Com o que?
— Seu olhar, você intimida as pessoas, sabia? Parece que
tá olhando o fundo da minha alma. Você fica bonito assim, mas é
um pouco curioso. Olha o vinho fazendo efeito, desculpa.
Tivemos uma crise de riso, já estava sem timidez nenhuma,
o clima está leve e está sendo bom conhecê-lo.
— Você não é a primeira pessoa que fala isso, já tentei
mudar, mas não tem jeito.
— Aposto que usa isso para conquistar as mulheres.
— Atire a primeira pedra quem nunca usou uma ferramenta
a seu favor.
— Você assume? Que cínico!
— Verdadeiro, isso sim. Vamos pedir o jantar?
— Sim, hoje quero frutos-do-mar, sair da rotina.
— Lagosta?
— Sim!
Depois que o garçom saiu levando nossos pedidos, pedi
licença a Patrick e fui ao banheiro. Estava tudo indo bem, enquanto
arrumava meus cabelos de frente ao espelho, vi uma sombra atrás
de mim e logo Christian apareceu.
— O que vo… -sou interrompida.
— Você está jantando com aquele cara? É sério isso,
Catherine?
— Você não tem nada a ver, esse banheiro é feminino, se
retire.
Ele me fez encostar na parede e deixou suas mãos ao lado
do meu rosto me deixando sem saída.
— Você nunca deixará de ser minha!
Seu jeito possessivo de falar me deixava mais irritada, mas
cada vez que ele se aproximava, meu coração errava as batidas.
— Se afaste! — tentei me manter séria, mas ele se
aproximou mais ficando poucos centímetros do meu rosto.
— Vou dar dois minutos para você ir para casa, se não fizer
isso…-o interrompi.
— Você não irá fazer nada, não manda em mim, cuide da
sua vida, estou cuidando da minha.
Passei por debaixo dos seus braços, saí do banheiro e me
deparei com uma fila de quatro mulheres.
— Cuidado, tem um maluco aí dentro. — disse me
afastando do banheiro.
Patrick estava olhando o cardápio, ele guardou quando me
sentei.
— Pediu mais alguma coisa?
— Uma sobremesa me chamou atenção, é indicação do
chefe, o que acha?
— Acho ótimo.
— Então, Catherine, o que você fazia antes de conhecer o
senhor West? Deixe-me conhecê-la melhor.
— Eu trabalhava em um restaurante, morava com o meu
pai, minha irmã, minha madrasta e as filhas dela.
— Pela sua cara já entendi que não foi muito legal.
— Não mesmo, mas já virei essa página, eu sempre tive
uma vida simples, é de berço. Minha mãe era uma mulher muito
humilde, linda, encantadora, não existia tempo ruim para ela.
— Fazer do limão uma limonada.
— Exato! Tentei seguir seus ensinamentos, não sei se fui
ótima, mas espero que sim.
— Todo esforço vale a pena.
— É, acho que sim. — enquanto sonhava acordada, vi
Christian indo para a mesa, estava jantando com uma mulher.
— Catherine! — Patrick estalou os dedos na minha frente.
— Desculpa, o que você falou?
O garçom chegou bem na hora, mas já era tarde, Patrick
olhou para trás vendo Christian nos encarando.
— Já entendi.
— Me desculpa, eu não sabia que ele estava aqui. Não será
um problema, eu prometo.
— Por que vocês não voltam? Tá nítido que existem
sentimentos das duas partes.
— Não é tão simples, virar uma página e esquecer que um
dia estava nela. Christian só não… não se acostumou ainda.
— Nem você!
— O cheiro está ótimo, prova.
Patrick deixou o assunto de lado, o jantar está realmente
delicioso, tentei não olhar para Christian, mas estava me corroendo
de ciúme vendo aquela mulher limpar o canto da boca dele.
CAPÍTULO 23

Christian fez sinal para o celular, ele estava vibrando quando


encostei a mão na bolsa, não peguei e desviei o olhar.
— Você cozinha?
— Sim, mas não faço um prato como esse.
O clima voltou a ficar melhor, soltamos boas risadas e
aproveitamos a refeição.
Quando terminamos, Patrick chamou o garçom para pedir a
sobremesa, foi o momento que me desconcentrei e peguei o celular,
tinha uma mensagem de Christian.
— Posso não ser mais o seu marido, mas eu nunca deixarei
de ser seu homem! Meu corpo e o meu coração, só pertence a
você, querida!
Guardei o celular ao vê-lo de sorriso com a mulher que o
acompanhava, nesse momento, Patrick estava com a mão na mesa
e eu só pensei em revidar. Deixei minha mão por cima da mão dele,
enquanto falava. Infantil, eu sei, mas nesses momentos descemos
do salto.
— Preciso agradecer pela noite, por ser um cavalheiro a
noite toda, me entendido, ao invés de me criticar ou flertar.
— Catherine, jamais faria o oposto, não é da minha índole.
Confesso que esperava te conhecer mais, mas respeito sua
escolha, se você não está afim, também não estarei. Obrigado por
aceitar meu convite! — disse ele, beijando minha mão em seguida.
Isso!
Poderia sentir o desconforto de Christian, ele tentou folgar o
nó da gravata, isso é bom, já que diversas vezes tentou me atingir
com essa mulher.
Quando a sobremesa chegou, dividimos por ser grande e
continuamos o assunto, dessa vez falando sobre a carreira
profissional dele.
— Trabalho há anos com cosméticos, meu primo é dono da
marca, eu faço o resto, represento, busco clientes, faço negócios,
tento fazer a marca crescer a todo custo.
— Pelo visto você gosta muito.
— Sim, dá um pouco de trabalho, mas eu gosto. Não quero
mais ou menos que isso, está ótimo assim.
— Você é bom em comunicação, foi assim que ganhou
minha confiança.
— Obrigado, tento esclarecer todas as dúvidas para passar
confiança.
Christian saiu do restaurante ao lado da mulher, quando ela
se virou, reconheci seu rosto. Kate! Juro que mato Christian, não por
estar seguindo sua vida, mas por ser justamente com essa
desgraçada.
— Catherine, você está bem?
— Sim, foi só uma enxaqueca.
— Se quiser podemos ir embora.
— Não sem antes comermos essa gostosura.
Assim fizemos, devoramos a sobremesa e só então fomos
embora. Quando chegamos no carro, Patrick notou os dois pneus
de trás furados, ele ficou muito frustrado, não queria acreditar que
fosse acidente, está na cara.
— Catherine, me desculpe, eu não havia percebido antes.
— Não se preocupe, está tudo bem, isso não anula que a
noite foi ótima.
— Vou ter que ligar para o guincho, mas não vou deixá-la
esperando, vou chamar um táxi.
— Posso fazer isso.
— Deixe comigo.
Ele chamou um táxi, ainda frustrado nos despedimos e fui
embora. No caminho, Christian me ligou e ignorei, desliguei o celular
para ficar em paz.
Quando finalmente respirei em paz, o taxista estava parando
o carro.
— Por que está parado?
— Um carro vindo atrás está dando sinal com os faróis.
Ao olhar para trás, observei o carro de Christian parando
atrás do táxi. Ele saiu do carro e veio até nós.
— Minha esposa está no carro, vou levá-la para casa.
— Não sou casada com esse homem, pode ir, moço.
— Pegue esse valor, acredito ser suficiente.
— Se aceitar isso, eu vou denunciar.
— Ela está blefando.
— Como ousa parar o carro assim do nada? Não conheço
esse homem, se não dirigir chamarei a polícia.
— Catherine, menos, saia do carro, vou levá-la em
segurança.
— Some da minha vida!
— Chega vocês dois! — o taxista se estressou e destravou
as portas. — sei quem são vocês, tenho mais o que fazer e não
quero esse dinheiro.
Ele devolveu, Christian abriu a porta e esticou a mão. Saí e
andei no meio da rua na intenção de ir embora sem ele, Christian
correu atrás de mim e me pegou deixando no seu ombro. Quem ele
pensa que é.
— Entra no carro, Catherine.
— Vai para o inferno, Christian! -cruzei os braços olhando os
carros passarem.
— Vai ser por mal então.
Ele me fez entrar no carro e colocou o cinto de segurança
passando muito próximo do meu rosto.
— Não quer que eu a beije para se acalmar, não é?
— Não ouse!
Ele deu meia volta e dirigiu.
— Não acredito que você estava num encontro com aquele
cara.
— Aquele cara se chama Patrick, um homem incrível, muito
inteligente, interessante e muito… -sou interrompida.
— Muito?
— Muito melhor que você! — deixei a raiva me consumir de
uma vez, o vinho já estava fazendo efeito e a essa altura eu já não
me importava com o peso das palavras.
Ele parou o carro e me encarou, enquanto tirava o cinto de
segurança.
— Repita se tiver coragem! — não foi um pedido, seu tom
era baixo, um iceberg não era nada comparado a frieza desse
homem.
— Você não é o único homem no mundo, Christian.
— Posso não ser o único no mundo, mas serei o único que
você terá. Faço o que for preciso para garantir isso.
— Você me irrita com esse jeito possessivo.
Ele permaneceu em silêncio, voltou a dirigir mudando o
trajeto, tentei tirar alguma resposta dele, mas ele não respondeu,
me olhava como nunca, não sabia se isso me assustava ou me fazia
engolir seco. Quando ele parou o carro, me dei conta de onde
estávamos.
— O que você está pensando para me trazer aqui? Quero ir
embora, Christian, agora. — disse séria, vendo-o mudar sua
expressão.
Ele se aproximou me fazendo recuar, até que senti outro
carro atrás de mim. Christian me deixou sem saída, ele estava tão
perto que seu perfume me deixou embriagada.
— Quero ouvir você falar se esse cara é melhor do que eu
mesmo. — disse ele, se aproximando mais, deixando nossos corpos
colados — depois que você confirmar, deixarei você ir. Mas, se não
confirmar, você terá a resposta de que sou o único homem na sua
vida.
Ele tentou me beijar, provocou tocando meus lábios com os
seus, quando me dei conta estava de boca aberta e olhos fechados
esperando esse beijo. Ele estava me olhando com um sorriso cínico,
isso me deixou irritada.
— Eu não preciso falar nada, já falei tudo que queria, não
vou alimentar seu ego.
Christian me segurou antes que eu saísse, ele me abraçou
por trás e me guiou até o elevador me deixando maluca enquanto
falava no meu ouvido.
— Catherine, não adianta lutar, você fala uma coisa, mas
seu corpo diz outra.
— Quero você bem longe de mim, volte para aquela infeliz
com quem estava jantando. — saí de perto dele, mas o elevador
fechou.
— Só existe você, meu amor, estávamos apenas
conversando, ela… -o interrompi.
— Me poupe dos detalhes, eu não quero saber o que
estavam fazendo ou conversando. Não vou passar a noite com você
neste hotel, faça o elevador descer.
Quando pensei que seria minha chance ao ver o elevador
abrindo, cinco pessoas entraram rapidamente me deixando sem
saída, pensei que estivesse vivendo um filme. Christian deixou o
celular cair chamando atenção de todos, ele se abaixou para pegar,
mas o filho da mãe fez de propósito, ele tocou minha perna e
quando se levantou, percorreu minha coxa com a mão até a minha
calcinha.
Eu já vi essa cena acontecer antes, no filme 50 tons mais
escuros, a diferença é que agora estou sentindo.
Antes que ele conseguisse afastar minha calcinha, o
elevador abriu e saímos todos. Estava tão nervosa que não
consegui pensar em mais nada, Christian me guiou para o quarto
rapidamente, meu corpo estava em chamas e minha mente gritando
não.
CAPÍTULO 24

Mesmo que o hospital fosse sua paixão, vô Humberto fez


investimentos, empresas, outros hospitais, ONGS, e até em uma
rede de hotéis. Agora que ele se foi, Christian assumiu os negócios
e por isso estamos aqui, no quarto presidencial.
— Você perdeu a noção? Como pode fazer isso comigo no
meio daquelas pessoas?
— Na verdade, eu queria fazer isso.
Ele abraçou meu quadril colando nossos corpos e nossos
lábios. Seu beijo era faminto, nossos corpos queimavam juntos,
Christian desceu sua mão abaixo do meu quadril e levantou meu
vestido.
— Me mande parar agora ou não será possível quando
estiver dentro de você. Se me deixar começar, não quererei parar.
— Talvez eu não queira que você pare.
— O que você quer, Catherine? — perguntou, me
encarando com o olhar malicioso.
Christian sabia que eu o queria tanto quanto ele me queria,
não dava para esconder. Caminhei até a cama enquanto tirava o
vestido, deixei-o no chão, me sentei na beira da cama e cruzei as
pernas enquanto o encarava.
— Pensando bem, acho que quero descansar.
— Ah, você quer descansar? Depois desse desfile você
quer mesmo descansar? — disse ele, se aproximando
desabotoando a camisa. Estava mais sério do que nunca, a malícia
ainda estava nítida no seu olhar, ele jogou a camisa no chão
próximo ao meu vestido e se ajoelhou na minha frente enquanto
tirava o salto do meu pé.
— Você quer descansar? Ajudarei a relaxar, você
descansará como nunca.
Depois que jogou meu salto atrás dele, ele beijou minha
perna e fez uma trilha de beijos até minha coxa. Christian descruzou
minhas pernas, jogou o outro salto sem olhar para trás, ele se
aproximou mais um pouco e afastou minhas pernas deixando-as na
beira da cama. Seu olhar safado estava na minha calcinha, que não
demorou muito para tirá-la, mas… ele resolveu inovar e tirou usando
os dentes.
— Christian… — um gemido escapou da minha boca
enquanto eu sentia sarrar a barba na minha pele, na tentativa de
tirar minha calcinha.
Christian levantou minhas pernas ficando de pé enquanto
lentamente tirava a calcinha, ele guardou no bolso, beijou meus pés
e fez uma trilha de beijos até minhas coxas. Ele permaneceu
segurando minhas pernas para o alto, beijava a parte interna até
chegar na minha boceta. Meu corpo estremeceu, minhas pernas
tremeram, ele deixou minhas pernas nos ombros dele e voltou a
chupar minha boceta. Meus gemidos preenchiam o quarto, estava
embriagada de prazer, esse homem não precisa de esforços para
me deixar entregue a ele.
Christian introduziu dois dedos para me provocar, minhas
costas arquearam quando ele fez movimentos, seus dedos iam
diretamente no meu ponto G, enquanto ele me chupava. Quando ele
sentiu que meu orgasmo estava próximo, sentindo os músculos
contraírem ao redor dos seus dedos, movimentou a língua com mais
rapidez me fazendo ver estrelas. Minhas pernas tremiam nos seus
ombros, ele não saiu de onde estava até sugar tudo de mim.
— Sou eu que faço você estremecer, sou eu que conheço
cada ponto sensível do seu corpo — ele fala enquanto beija meu
corpo indo em direção aos meus seios, enquanto suga um, provoca
o outro apertando o bico — sou eu que faço você se contorcer e ir
ao céu quando empurro tudo, sou eu que faço você gozar
intensamente até perder as forças… então, sim, eu sou melhor que
aquele cara e qualquer outro. Eles podem te dar segundos de
prazer, mas nenhum deles te levará ao céu como eu, nenhum deles
te deixará tão satisfeita a ponto de estremecer ao relembrar de uma
noite quente. — disse me encarando enquanto sarrava seu pau na
minha entrada.
— Christian… -ele me interrompe com um beijo.
— Sou eu o homem da sua vida.
Ele entrou de uma vez me fazendo arquear, abracei suas
costas cravando minhas unhas na sua pele, provavelmente ficará a
marca, mas quem se importa?
— Somente você! — deixo uma confissão escapar sendo
embriagada pelo prazer.
— Você é minha, somente minha, Catherine, nem mesmo
você pode negar isso. Nenhum homem além de mim, tocará em
você.
— Christian… não para! — suas estocadas me levam ao
céu.
— Fui claro? Você entendeu?
— S.Sim… — minha voz falhou com um gemido.
— Você pode ser melhor que isso, Catherine.
— Sou sua, Christian, só você tocará em mim. Agora me
fode como você sabe fazer!
Foi como uma dose de adrenalina no corpo dele, Christian
deixou minhas pernas para cima presas nos ombros dele e estocou
com vontade, empurrando tudo, a cada estocada ele ia cada vez
mais fundo me fazendo sentir tudo dele. Esse homem me fez delirar
sem muito esforço, o som dos nossos corpos misturado com nossos
gemidos, preencheram o quarto se transformando em música para
os nossos ouvidos.
Ele me fez deitar de bruços, deixou um travesseiro debaixo
do meu quadril e afastou minhas pernas tomando o controle.
— Gostosa!
— Quero você, amor.
— Porra! Você sabe que acaba comigo quando me chama
assim. — bate na minha bunda.
— Christian, por favor…
— Você ainda vai voltar para mim e quando isso acontecer,
descontarei tudo isso.
Ele voltou a estocar, dessa vez foi forte, sentia-o empurrar
tudo. Christian não facilitou, ele estava faminto, nesta posição perdi
todas as minhas forças e queimei no fogo dele. Christian me fez
gozar com facilidade, ele deixou o peso do corpo sobre o meu, me
fazendo ouvir seus gemidos.
Dessa vez, tomei o controle ficando por cima dele, seu olhar
era o mesmo de antes, não queria ficar relembrando disso agora,
mas tudo vira filme quando estou com ele, não estávamos fazendo
um sexo qualquer para matar a saudade, estávamos fazendo amor
e foi incrível.
Suas mãos passeavam pelo meu corpo enquanto eu
quicava, me inclinei para trás deixando minhas mãos nas pernas
dele, enquanto quicava deixando-o com a melhor visão. Christian
estava delirando, seus gemidos roucos me deixavam mais faminta
por ele, sentava em tudo dele fazendo-o estremecer.
— Isso, gostosa, senta nesse pau… é todo seu!
— Podemos fazer melhor.
Fiquei de costas para ele, cavalgava com vontade, seus
xingamentos e gemidos roucos me fizeram sorrir, ele dava tapas na
minha bunda, puxava meus cabelos me fazendo sentar nele todo.
— Você me deixa louco! — disse me fazendo deitar, ele
ficou por cima de mim e me beijou enquanto estocava com rapidez.
Christian não estava aguentando mais, nem mesmo eu, ele
se segurou ao máximo só para me fazer chegar ao ápice com ele,
gozamos juntos deixando nossas almas se conectarem de novo,
nossa chama queimar nossos corpos. Ele me encarou com uma
certa preocupação, me beijou em seguida e permaneceu em cima
de mim, sem querer me deixar sair.
— Eu te amo tanto. — disse ele, acariciando meu rosto.
— Preciso tomar banho.
— Não vá embora, por favor, não podemos terminar essa
noite assim, não somos desconhecidos, amor.
Ouvimos meu celular tocar, isso me salvou, agora não sabia
como agir direito.
— Preciso atender, pode ser as crianças.
Achei minha bolsa no chão, quando peguei meu celular vi
que era Leticia.
Catherine: Não me diga que está esperando até agora.
Leticia: Claro, preciso saber como foi, por que não me ligou
quando chegou?
Catherine: Não sabia que estava acordada.
Leticia: Catherine, se tem uma coisa que estou é acordada,
esperando você me enrolar e depois falar.
Catherine: Foi tranquilo, não pensa besteiras, amanhã
conversaremos.
Letícia: Você tá louca? esperei até agora, por que não quer
falar se foi tão tranquilo assim?
Catherine: Não estou em casa, não posso falar agora.
Letícia: O QUE? não me diga que você foi para a casa dele,
Catherine Alencar, você transou com ele?
Christian usou o telefone para pedir roupas de cama limpas,
Leticia gritou me fazendo afastar o celular do ouvido.
Leticia: AAAAAAAA, CHRISTIAN, É SERIO?
Catherine: Desligarei.
Leticia: Quero saber de tudo amanhã, mas antes de
desligar, vocês transaram? voltaram? estão de bem? Responda com
sim ou não.
Catherine: Sim e não.
Leticia: Desse jeito não ajuda.
Catherine: Boa noite, até amanhã.
Leticia: TE AMO!
Catherine: Te amo, maluca.
CAPÍTULO 25

Só Letícia para me fazer rir a essa hora, Christian ficou


mexendo no celular esperando um funcionário trazer seu pedido, fui
para o banheiro, tomei banho e quando estava saindo, Christian
entrou com duas taças com espumante. Não havia notado a
banheira cheia, ele me beijou como se estivesse tudo bem, não que
não esteja, mas ficou um clima estranho.
— Tem uma banheira cheia de espumas nos esperando.
— Christian… -ele me interrompe.
— Se para ter você comigo precisamos de prazer, vamos
transar a noite toda. Já entendi que você se arrependeu, que não
voltará comigo, mas eu não quero que vá, quero mais tempo com
você, nem que seja meia hora, isso é muito para quem não tem
nada todos os dias.
— Eu não… -novamente ele me interrompe.
— Vamos aproveitar esses minutos que nos restam, sem
nada do passado, apenas focar no presente, no momento, só isso
que peço.
Ele foi para a banheira levando as duas taças, quando
deixou a toalha cair, meu queixo quase caiu com a visão. O que são
alguns minutos comparado com o que fizemos? ficamos na banheira
relaxando com a água quente, estávamos de frente para o outro,
tentei evitar seu olhar ficando de olhos fechados enquanto relaxava,
foi quando senti ele se aproximar, ficar por cima de mim e me beijar.
Não falamos nada, apenas começamos outra rodada, dessa vez na
banheira.
A cama já estava com os lençóis trocados, estávamos
cansados e com sono, nem se eu quisesse conseguiria ir embora a
essa hora da madrugada, os táxis parece que desaparecem.
Christian me abraçou por trás enterrando seu rosto nos
meus cabelos, meu peito doeu, foi como uma furada de espinho,
pensei que seria difícil dormir, mas não foi.
Ao amanhecer, acordei primeiro do que Christian, ele estava
de bruços em sono profundo, fui para o banheiro tentando fazer o
máximo de silêncio possível, deixei Christian dormindo e sai.
— Bom dia, pode chamar um táxi para mim? — pedi auxílio
a recepcionista.
— Bom dia, senhora West, quer dizer, senhora Alencar. Vou
chamar um para a senhora.
— Obrigada!
Fiquei aguardando, notei os olhares de alguns funcionários
e hóspedes, quando o táxi chegou, passei meu endereço e fui
embora com as lembranças fervendo na minha mente. Meu apetite
foi embora, tomei banho, me recompus e trabalhei. Leticia estava
me esperando ansiosa para saber de tudo, enquanto não atendia a
primeira cliente, falei tudo com detalhes como ela queria saber,
quando terminei de falar, ouvi meu celular tocar, era Christian.
Ele tentou apenas uma vez, em seguida, mandou uma
mensagem.
“Só queria dizer que amei a nossa noite, amo você, meu
amor. Tenha um bom dia, bom trabalho”.
— Não consigo entender porque vocês não voltam. — disse
Letícia, lendo a mensagem outra vez.
— Sei que tem outras coisas em jogo, essa mulher gravida
que se recusa fazer o teste de DNA, mas pode ser armação.
— E pode não ser, Leticia, eles transaram, não foi invenção,
eu vi. Acha que será como antes se voltarmos? Ficarei com essa
dúvida, fruto de uma traição mesmo sendo armado, nem sei o que
sentir.
— Entendo, eu não ficaria em paz se existisse uma mulher
possivelmente grávida do Arturo, eu só quero que vocês sejam
felizes, de preferência, juntos. Vocês se amam.
Fomos interrompidos por uma colega, ela me entregou um
buquê, Christian mandou com um cartãozinho escrito à mão.
“Para a mulher da minha vida”.
— Christian.
Ao meio-dia, Christian me mandou uma mensagem
avisando que ia buscar as crianças no colégio, fiquei no salão,
almocei com Letícia, o que não foi uma boa ideia. Comemos sushi
no almoço, não me caiu bem, depois disso o dia ficou um tédio.
Recebi mais um buquê de flores, dessa vez de Patrick, estava se
desculpando sobre o ocorrido, tenho certeza que foi Christian quem
provocou.

Chegando de mais um dia de trabalho cansativo, o elevador


decidiu quebrar justamente quando estou enjoada.
— Você está bem? — um homem desconhecido que estava
no elevador comigo, pergunta.
— Um pouco enjoada, será que volta logo?
— Pela manhã estavam consertando, mas pelo visto não
deu certo.
— Você é o novo morador?
— Sim, prazer, Alerandro.
— Catherine!
— Catherine, você precisa respirar fundo, provavelmente
tem claustrofobia.
— Você é médico?
— Sou, mas na área da pediatria.
— Onde trabalha?
— Tenho uma clínica.
— Menos mal.
— Como?
— Nada, acho que voltou a funcionar.
O elevador voltou a funcionar, mas parou novamente.
— Meu Deus, eu não vou aguentar.
Já estava pronta, peguei um saquinho na bolsa e vomitei.
Não deu tempo para sentir vergonha, é a terceira vez que isso
aconteceu hoje, estava preparada.
— Se sente melhor?
— Que humilhação, me desculpe.
— Não fale besteiras, tá tudo bem, isso foi pelo elevador ou
foi algo que comeu?
— Acho que comi muito sushi ontem a noite.
— Tenho um pouco de água aqui, beba.
— Obrigada!
Estava um caco, mas estava em boas mãos, assim eu
acreditava. Quando o elevador abriu, Alerandro se ofereceu para me
acompanhar até a porta, ele mora do lado, nos despedimos e
entramos.
— Viu um fantasma? — Teresa perguntou ao me ver pálida.
— Preciso de um banho, não quero jantar, pode cuidar das
crianças?
— Claro, você está horrível.
— Obrigada, Teresa, vou levar como um elogio.
Fui para o quarto levando o maldito saquinho, descartei ao
entrar no banheiro e tomei um banho demorado com água fria.
Estava renovada, mas me sentia fraca. Essa sensação me
assusta, já senti uma vez e não foi causado por Sushi.
Esses pensamentos estavam me assustando, me
assombrou a noite toda, assisti um filme com as crianças pensando
nisso, fizemos atividades juntos, brincamos e li histórias, mas ainda
com esse pensamento.

Dias depois, após tanto encontrar o vizinho no elevador, pois


saímos e voltamos no mesmo horário para trabalhar, fizemos
amizade. Ele me chamou para sair, mas não estava bem para
aceitar, sempre deixava alguma coisa na minha porta, não sei como,
mas conseguiu meu contato e agora trocávamos mensagens.
— Podemos conversar? — disse Christian, parado na minha
porta, alcoolizado.
Nesse momento, Alerandro se aproximou com uma sacola.
— Boa noite! atrapalho?
— Boa noite, Alerandro, não atrapalha.
— Como havia falado por mensagem, trouxe um pouco de
sopa, vai se sentir melhor.
— Obrigada, vou comer agora.
— Você não tem medo de dar em cima da minha mulher na
minha frente?
— Christian!
— Descanse, até amanhã.
Ele saiu, deixei Christian na porta e fui para a cozinha. Já
sabia que ele não ia embora, ele veio até a cozinha e sentou ao
meu lado.
— É seu namorado novo? — disse com ironia.
— Não vou te responder.
— Você não vai comer isso.
Ele pegou a sopa e jogou na lixeira.
— Você ficou louco? — tentei não me alterar para não
acordar as crianças.
— Sou o homem da sua vida, Catherine, ele não vai roubar
você de mim.
Não sei se o cheiro da sopa ou do álcool que me deixou
enjoada, corri para o banheiro e mais uma vez o vaso foi minha
companhia.
— Amor, você está bem?
— Sai, Christian.
— Para de me tratar assim, eu só quero ajudar.
— Você fede a álcool, Christian.
Isso só piorou, ele ficou na porta me olhando, quando me
senti melhor, ele foi embora sem dizer nada.
Após essa noite, uma semana se passou e finalmente sai
com Alerandro, fomos a pizzaria, nos conhecemos melhor, cinema e
restaurante, ele é uma boa companhia, mas não passou de
passeios. Não estava ali para relacionamento, nem mesmo ele,
assim ele deixou claro.
CAPÍTULO 26

Certa noite, após ter aceitado o convite de Alerandro para


mais um jantar, ele queria me levar num restaurante que ele gosta,
mas que nunca fui. Letícia ficou com as crianças, finalmente minha
vida estava seguindo, conhecendo pessoas, lugares, pratos, coisas
novas.
No apartamento
— Benício, a mamãe não pode deixar o papai.
— Você acha que é um namorado?
— Acho que ele quer roubar a mamãe do papai.
— Crianças, vocês não vão brincar mais? Estou esperando.
A dinda estava na sala, com um momento de distração
chamei Benício para pegar um carro no quarto, a mamãe não pode
namorar esse vizinho.
— Precisamos fazer alguma coisa.
— O que? Brendon, a mamãe ficará brava.
— Distraia a dinda, vou tentar pegar o celular dela, sei a
senha mesmo.
— Vai ligar para a mamãe?
— Não, para o papai, ele vai trazê-la.
Voltamos para a sala, a dinda estava mexendo no celular e
quando nos viu o deixou no sofá e voltou para o tapete. Voltamos a
brincar, Benício a chamou para pegar o quebra-cabeça que
brincamos com a mamãe, o celular ainda estava com tela ligada
então não foi difícil. Na minha agenda da escola tem o contato do
papai e da mamãe, já havia copiado com Benício, corri para o
banheiro e liguei para o papai.
Christian: Oi, Letícia, tá tudo bem? Você não costuma me
ligar.
Brendon: Papai, sou eu, Brendon.
Christian: Oi, filho, como está?
Brendon: Bem. Papai, preciso de uma ajuda.
Christian: Aconteceu alguma coisa? Onde está sua mãe?
Ela sabe que está me ligando?
Brendon: A mamãe saiu com um homem, o nosso vizinho,
não gostamos dele, ele quer namorá-la.
Christian: Como?
Brendon: Traz ela, papai, não o deixa namorá-la. Eles
saíram de novo e a dinda ficou aqui hoje.
Christian: Brendon, devolva o celular a sua madrinha, fique
com o seu irmão, vou cuidar disso, tá?
Brendon: Tá bom, papai.
— Descubram onde a minha mulher está, vamos até lá. —
dei a ordem aos meus seguranças, fui me trocar e quando fiquei
pronto, eles já tinham um endereço.
Pensar que Catherine está seguindo a vida me deixa
aterrorizado, sinto que nós não chegamos ao fim, não acabou. Essa
ligação só me trouxe insegurança, raiva, não conseguiria ficar em
casa parado sabendo que outro homem está agora ao seu lado.
No restaurante, procurei a mesa de Catherine da entrada,
mas não a encontrei, pedi auxílio a um garçom que já me conhece,
quando ele me levou até a mesa, ela estava sozinha olhando o
cardápio.
— Aproveitando a noite? — ela me olhou confusa.
— O que está fazendo aqui? Está me seguindo agora?
— Pelo visto preciso mesmo fazer isso, você deixou os
nossos filhos em casa sozinhos para se encontrar com outro
homem?
— O que? Eu não discutirei com você sobre isso, acho
melhor você se retirar.
— Vim buscar você, ou vem por bem, ou vou te levar daqui
à força. Eu não estou brincando.
— Você não manda em mim, Christian, que ódio!
— Vai ser por bem ou por mal?
— Vai embora, eu vou chamar os seguranças do
restaurante, estou falando sério.
— Ok, vai ser por mal, então.
E como eu disse, não estava brincando, quando me
aproximei ela ficou de pé e foi fácil pegá-la e carregá-la no ombro,
um dos meus seguranças tirou o blazer, colocou no quadril dela, já
que está de vestido e pegou sua bolsa. Catherine chamou atenção
de todos, não estava me importando com nada, só em levar a minha
mulher para casa.
— Você ficou maluco? — disse alterada.
Já no carro, ela se alterou e tentou sair, mas não conseguiu.
O segurança nos levou para o apartamento, Catherine não parava
de reclamar, pouco tempo depois que o carro começou andar, ela
pediu para parar, pois estava enjoada. Não convencido, não deixei
que ele parasse, só depois que ela insistiu muito.
— A culpa é sua, Christian. — disse sem forças, voltando a
vomitar.
— Respira! Isso não é normal, Catherine, eu lembro de
quando você ficou assim semana passada.
— Água.
Entreguei uma garrafinha e ela limpou a boca.
— Se sente melhor?
— Estaria melhor se você não tivesse aparecido e me
carregado no ombro, isso é culpa sua, fora a vergonha que passei.
Você sabe que amanhã estará em todos os sites de fofocas.
— Você acha que me importo? Acha que ficaria em casa
sabendo que a minha mulher estava com outro homem? Para você
está tudo bem, os anos que vivemos juntos não contam, só importa
o que armaram para nos separar e as suas vontades. Você sabe
porque estou aqui? Sabe como eu te encontrei? Tem noção de que
o nosso filho me ligou pedindo para ir te buscar?
— O que?
— Sinceramente, Catherine, acho que nosso casamento
realmente chegou ao fim, não que eu não queira mais, mas só
existe interesse de uma parte. Primeiro era Vicente, depois aquele
desgraçado do Patrick, você passou a noite comigo, sumiu, agora
está com outro homem. Se fosse ao contrário, eu não prestava, não
amava você, seria o destruidor de tudo.
— Cala a boca, você não vai me ofender, Christian.
— Não, não estou te ofendendo, estou falando a verdade.
Quer viver a sua vida de solteira com quem quiser? Ótimo, faça
isso, mas pode ter certeza de que nós, nunca terá existido e eu terei
a guarda dos nossos filhos, porque não estarei em casa recebendo
ligações deles pedindo para eu ir buscar a mãe deles que saiu com
um novo homem.
— Você não pode estar falando sério, você não vai tirar os
meus filhos de mim, Christian, eles são meus.
— Pare o carro.
Já estava esgotado, saí do carro e fui para o carro que os
seguranças vinham atrás. Fomos em direções diferentes, voltei para
casa e acredito que Catherine foi para o apartamento.

— O que aconteceu? — Letícia me olha assustada.


— Pensei que já tivesse vivido o pior, mas não.
— O que houve? — ela me abraçou.
— Christian ameaçou tirar os meus filhos de mim.
— Meu Deus! Como ele pode fazer esse tipo de ameaça?
Meu celular não parava de tocar, Alerandro estava me
ligando desde a saída do restaurante, deixei minha bolsa no chão e
fui para o sofá com Letícia. Estava desolada, Christian conseguiu
acabar comigo apenas com palavras, tudo que tenho são os nossos
filhos, não me vejo sem eles.
— Ele estava novamente no mesmo restaurante?
— Não, você acha que sou uma péssima mãe? Que não
cuido bem deles? Letícia, eu faço o que for preciso para vê-los bem,
estou tentando seguir minha vida e não me vejo menos mãe por sair
com alguém que não seja o pai deles, poder conhecer outras
pessoas ou novos lugares, não estou com interesse em
relacionamento, apenas quero sair e ter companhia. Christian
sempre será o homem da minha vida, jamais conseguirei amar
alguém como o amo.
— Ei, quem disse que você é menos mãe por isso? Além de
mãe, você é mulher, uma mulher linda, bem resolvida, inteligente,
todos sabem o quanto você se dedicou ao seu casamento, não deu
certo, infelizmente, mas os dois precisam seguir. Não é porque você
é mãe e ex-esposa dele que tem que ficar presa nesse
apartamento, as crianças são bem cuidadas, estavam em
segurança, você não chega em casa alcoolizada, não está
cometendo crime nenhum.
— Um deles ligou para Christian, você não viu? Estou
arrasada por saber disso, fico imaginando o que eles estão sentindo
agora.
— Quando fizeram isso? Brincamos a noite toda.
— Não sei, você deve ter se distraído, eles são espertos.
Nunca me senti tão destruída, Christian não pode tirar as crianças
de mim.
— Ele falou isso de cabeça quente, não fica pensando
nisso, ele nunca fez esse tipo de ameaça, nem quando você saiu de
casa. Foi só para colocar medo.
E a noite estava só começando, fui novamente ao banheiro,
Letícia passou a noite comigo, tentou me convencer ir ao hospital,
mas eu só queria descansar e ficar perto das crianças.
Esse pesadelo me perseguiu por dois dias, não conversei
com as crianças sobre isso, não falei com Alerandro, não trabalhei e
não deixei Christian ir buscar as crianças no colégio, estava me
culpando, me punindo, só queria ficar perto deles. Não sabia de
onde isso estava vindo, mas era mais forte do que eu.
CAPÍTULO 27

Depois de mais uma noite mal dormida, levei as crianças


para o colégio e na volta comprei um teste de gravidez. Teresa saiu
para fazer compras, estava sozinha no apartamento, sem coragem
nenhuma e sem saber como começar. Se isso for realmente
verdade, nunca conseguirei me desligar de Christian, será uma
grande felicidade por conseguir, mas na situação que nos
encontramos… não sei como ficar bem.
Justamente hoje, o dia que Christian fará o exame de DNA,
não queria pensar nisso, mas é impossível. Fui para o banheiro, fiz
o teste, tomei banho, me arrumei para trabalhar e só então tive
coragem de ver o resultado, o resultado que eu já sabia.
Trabalhei tentando agir normal, ainda estava digerindo tudo
isso, muita informação. Ao mesmo tempo, estava nervosa com esse
exame de DNA.
— Ele não mandou nada? — Letícia fala da porta, me vendo
com o celular na mão pela décima vez.
— Sou muito idiota, não é?
— Sim, você é, porque está deixando de viver ao lado do
homem da sua vida por uma armação mal feita.
— Tenho medo, Letícia, fiquei magoada, estava sendo
assombrada com aquele vídeo que recebi, Christian escondeu isso
de mim, agora essa mulher grávida, são tantas coisas que me
fizeram desistir de tentar
— Eu sei, mas não pode viver baseada nisso, essas
pessoas querem vocês separados e estão conseguindo. Acha que
Giovanna está presa por quê? Essa mulher grávida quer o que?
— Queria voltar no tempo.
— Lembra dos conselhos de Vô Humberto? Você sempre
seguia, sempre ficava melhor.
— Mesmo sem forças, ele nos deu o último conselho. — falo
lembrando das suas palavras.
— E vocês seguiram?
— Não! — lamento.
— O que eu faço? Amarro os dois e dou uma surra ou bato
somente em você?
— Nenhum dos dois.
— Vocês se amam, vão lutar contra o amor? Façam uma
viagem, eu e Arturo cuidamos das crianças, precisam de uma
segunda lua de mel.
— O que mais me dói é lembrar de quando assinamos o
divórcio.
— Que nunca saiu, né? Você não acha estranho?
— Meu advogado disse que isso demora.
— Catherine, você acha mesmo? Acha mesmo que
Christian iria se divorciar de você?
— Como assim? Não teve divórcio? — fiquei atordoada.
— Vocês passaram por um momento difícil, ambos estavam
sofrendo, Arturo estava cuidando de tudo, mas de divórcio…
desculpa, mas eu nunca acreditei que existiu um. Posso tentar
descobrir, mas tenho quase certeza que isso nunca aconteceu.
— Christian sempre deixou claro que nunca me daria o
divórcio, que éramos para sempre, eu nunca recebi nenhum
documento, acreditei no advogado.
— Você não deve pensar nisso agora, faz o que eu disse,
não deixa de ser feliz, não deixa essas pessoas conseguirem o que
querem. Christian disse que não é o pai dessa criança, ele fez o
teste hoje, não espera ler para acreditar. Poderia ter sido com você,
mas ele foi o alvo. Como seria?
— Não quero nem imaginar.
— Você só tinha uma cliente e ela desmarcou, vai atrás
dele, não perde mais tempo.
— Você acha?
— Tenho certeza, já aconteceram muitas coisas para vocês
se reconectarem, mas você perde a oportunidade.
— Espera um pouco.
Lembrei do nosso lugar favorito, o chalé nas montanhas,
onde tivemos a nossa primeira vez. Comprei duas passagens para o
próximo voo, será lá onde darei a notícia da gravidez. Já perdi
muitas chances pelo medo e principalmente por pensar demais,
chega, eu nunca deixarei de amar Christian.
— Provavelmente ele está em casa, vou passar no
apartamento para pegar algumas coisas e vou até lá.
— Estou surtando! Boa sorte, amiga.
— Obrigada! — tentei não surtar também.
Fui dirigindo, quando parei no semáforo, o tempo mudou e
começou a chover. O trânsito ficou pior, não sei de onde saíram
tantos carros, minha ansiedade aumentava cada vez mais, mas
estava feliz e decidida.
Ao chegar no apartamento, gritei por Teresa para me ajudar
com a mala, mas não a encontrei. Fui para o quarto, peguei
algumas roupas e joguei na cama.
Um barulho de vidro se quebrando chamou minha atenção,
fui até a sala achando que havia sido Teresa que teria quebrado
algo, mas continuava silencioso.
— Teresa? Você quebrou alguma coisa? Onde você está?
— perguntei indo para a cozinha.
Teresa estava caída no chão, tinha sangue escorrendo da
sua testa, corri até ela desesperada, não poderia ficar parada
olhando, corri para a sala para ligar para a ambulância, mas parei
antes de chegar no telefone, ao ver um homem com capuz
segurando uma arma.
— Q.Quem é você? — gaguejei entrando em desespero.
Ele não respondeu, tudo ficou preto ao sentir uma pancada
na minha cabeça.
Uma hora depois.
No salão.
— Amor, vim buscá-la para almoçarmos, pode chamar
Catherine, convidei Christian também, está na hora de ajudarmos, o
que acha?
Quando vi Christian no carro esperando, fiquei sem
entender nada.
— Arturo, como assim Christian está no carro? Ele não
viajou?
— Viajou? Para onde? Christian não ia viajar.
— Catherine saiu daqui tem uma hora, ela comprou duas
passagens e foi para o apartamento fazer a mala, ela ia fazer as
pazes, por que diabos Christian está no carro?
— Fui buscá-lo na casa dele, Catherine não foi lá.
— Droga! Preciso ligar para ela.
Tentei diversas vezes, o celular estava desligado, isso me
deixou aflita, Catherine nunca deixava seu celular desligado.
— Tem alguma coisa errada, preciso ir até o apartamento.
— O que você está pensando?
— Não sei, mas tem algo estranho.
Christian saiu do carro desconfiado, Arturo não sabia como
falar, mas eu falei. Agora que estou grávida, não penso duas vezes
e falo mais que um papagaio.
— Ela não vai, não é? — Christian pergunta frustrado.
— Temos que ir até o apartamento dela, lá eu explico.
Arturo dirigiu, Christian fazia diversas perguntas, seus pais
buscaram as crianças no colégio hoje, tive que avisá-los da viagem
e pedir uma mãozinha extra, mas acabei falando demais e agora
estão animados e felizes.
Mas, eu, estou com o coração na mão.
Fui correndo até o elevador, Arturo falou com o porteiro,
Christian me seguiu desconfiado e não se controlou.
— Fala o que está acontecendo, eu não sou nenhum idiota,
sei que têm alguma coisa errada. — disse no elevador.
— Você não deveria estar aqui, Catherine comprou duas
passagens para vocês fazerem uma viagem, tem uma hora que ela
saiu do salão dizendo que ia fazer a mala e ia até a sua casa.
— O que? Catherine não… alguma coisa aconteceu, não
pode ser, ninguém ousaria encostar um dedo nela.
Christian ficou louco, ele apertava o botão do elevador para
abrir logo, não tentei acalmá-lo porque nem eu estava calma.
Catherine sempre deixou uma chave comigo, abri a porta e Christian
saiu correndo para o quarto gritando por ela.
No chão da sala tinha um vaso quebrado, a bolsa dela
estava no sofá, os papéis impressos das passagens, o celular
desligado, Arturo gritou da cozinha, quando fomos até lá
encontramos Teresa no chão reclamando de dor com uma fita na
boca, mãos e pés amarrados.
— Meu Deus! — tentei cortar as cordas.
— Catherine foi sequestrada, levaram a minha mulher! —
Christian falou andando de um lado para outro pronto para fazer
uma ligação.
— Juro que não tive culpa, eu não sei quem fez isso, minha
cabeça dói, eles queriam levá-la, não era só um. — Teresa tentou se
explicar apavorada.
— Você conseguiu ver o rosto ou reconhecer a voz? —
perguntou Arturo.
— Não, eles não falavam, me seguraram e só bateram na
minha cabeça quando Catherine chegou e me chamou.
— Christian, as câmeras, temos que ver as filmagens.
Arturo saiu correndo, tentei socorrer Teresa que estava
apavorada, as filmagens estavam salvas, mas não conseguiram ver
os rostos, estavam de capuz.
— Eu não vou ficar aqui parado. — Christian saiu.
— Amor, consegue dar conta?
— Traga a minha amiga de volta.
— Ligo para dar notícias, não fique nervosa.
Ele saiu.
Os seguranças me ajudaram a levar Teresa para o carro,
fomos para o hospital com o pensamento em Catherine, não
fazemos ideia de onde ela está agora.
CAPÍTULO 28

Em outro lugar…
Minha cabeça doía, sentia meus braços amarrados, meus
pés estavam livres, mas com uma corrente em um deles. Não
conseguia ver nada, apenas ouvia gargalhadas.
— SOCORRO! ME TIRA DAQUI!
Gritar foi a única coisa que pensei em fazer, ainda mais
estando apavorada.
— Olha só quem resolveu acordar, a bela adormecida. —
essa voz, não precisava ver seu rosto para saber que é a minha
irmã.
— Desgraçada! Como você pôde fazer isso? Juro que
acabarei com a sua vida fazendo você voltar para o lugar que nunca
deveria ter saído.
— Você vai? Como? Você acha mesmo que sairá daqui?
— Você deve ter esquecido que eu não sou sozinha,
diferente de você.
Brianna se aproximou de mim e bateu no meu rosto com
força.
— Como eu queria fazer isso. — ela reclamou de dor na
mão, mas estava se divertindo.
— Não faça isso, sabe que ela está grávida. — Alerandro
falou alto fazendo Brianna parar, não é possível, fui enganada esse
tempo todo.
— O que? Vocês estão juntos nisso? VOCÊS VÃO PAGAR
CARO!
— Não fique nervosa irmãzinha, você está grávida e pode
atingir o bebê. Prometo que isso tudo irá acabar quando o bebê
nascer.
— O que você vai fazer?
— Estou escrevendo a minha história, você acha mesmo
que só você vai se dar bem na vida? Giovanna, aqueles dois
pirralhos, Christian e esse bebê, serão muito felizes.
— Quanto ela te ofereceu? Você é muito suja, tenho nojo de
você, nunca mereceu nenhum esforço que os nossos pais tenham
feito.
— Você acha que eu me importo? Acha que quero viver
essa vida de pobre para sempre ou trabalhar num salão igual você?
Me poupe, Catherine, você se contenta com tão pouco.
— Brianna, você não era assim, tínhamos uma vida boa,
uma infância incrível, eu sou sua irmã.
— Blá-blá-blá… você acha que tudo isso traz felicidade?
Quer dizer, até que sim, pois agora poderei viver como quero,
graças a você.
— Você irá se arrepender, Brianna, pode ter certeza disso.
— Até lá já tenho feito tudo que quero.
Ela saiu.
Não adiantava gritar, tentar me soltar, não sairei deste lugar
nunca. Brianna se transformou em um monstro, não a reconheço
mais.
Me encolhi onde estava e fiquei pensando nos meus filhos e
nesse inocente que está aqui dentro.
Christian West
A polícia fechou a cidade, entradas e saídas, ninguém saía
ou entrava sem uma revista antes. Tudo que eu tinha de Catherine
era apenas seu celular, documentos, e as passagens. Meu coração
estava em pedaços, principalmente por saber que ela iria voltar para
mim, a mulher da minha vida voltaria a ser minha. Parece que o
destino não nos quer juntos novamente, tudo dá errado, quando
estamos finalmente perto, obstáculos aparecem no caminho.
— Não pense nisso, Christian. — Arturo me encara e pega
minha carteira.
— Ela ia voltar para mim.
— Uma vez você me disse que andava com esse cigarro na
carteira, mas nunca ascendeu. Você não voltará a fumar, precisa
enfrentar sem usar isso.
— Ela pode estar apavorada, Arturo.
— Eu sei, meu amigo, a polícia está atrás dela, a cidade
parou, quem ousaria encostar um dedo nela sabendo que terá
consequências maiores?
Quando Arturo me abraçou, lembrei de alguém que pode,
sim, encostar um dedo e uma mão cheia na minha mulher.
— A irmã!
— O quê?
— A irmã dela é capaz.
Fui até o policial e pedi para encontrarem a irmã de
Catherine, depois que ela saiu da cadeia a polícia ficou atenta e
sabe o endereço dela, mas Brianna não estava lá, não tinha
ninguém. Eles ficaram de guarda esperando, talvez estivesse saído,
mas os vizinhos confirmaram que ela não mora mais lá, pois
abandonou a casa há duas semanas.
— Vocês não lembram de mais outra pessoa? Alguém que
não goste dela ou que ela tenha brigado. — perguntou um dos
policiais.
— Não, ninguém, Catherine não é disso. Vocês precisam
encontrar a minha mulher, estão perdendo muito tempo. Encontrem
a irmã dela, eu tenho certeza que essa desgraçada tentou alguma
coisa.
— Giovanna não sabe de nada? Vocês estão esquecendo
dela. Não importa se está presa, ela tem dinheiro e quem tem
dinheiro pode fazer coisas piores lá de dentro do que aqui fora. —
disse Arturo, me deixando apavorado.
Letícia nos encontrou, ela não parava de falar.
— Catherine saiu para jantar duas vezes com o vizinho, eles
sempre se encontravam no elevador, ela dizia ser coincidência, que
ele era médico e tinha a própria clínica, tentei pesquisar um pouco
mais sobre a clínica e o dono já morreu, a filha, única herdeira, é
quem cuida da clínica.
Letícia nos mostrou fotos da clínica, a responsável por ela
agora, foto do vizinho e falou um pouco mais sobre ele.
— Catherine é inocente, acha que todos são bons, ele
sempre levava alguma coisa para ela dizendo que havia lembrado
dela. No início achei fofo, mas depois ficou forçado, ele estava
sempre lembrando dela.
— Ele já entrou no apartamento dela? — perguntou o
policial.
— Sim, mas foi coisa rápida. Ela disse que nunca ficou com
ele, estava gostando de conhecê-lo e ele era legal.
O policial pediu reforço com a investigação, agora existem
dois suspeitos, a irmã dela e esse idiota.
— Por que não me falou isso antes? — Arturo perguntou a
Letícia.
— Porque era um assunto dela, não tinha motivos para falar,
o que iria adiantar? Eu não sabia que ele não prestava.
Tudo estava ficando mais confuso, estava perdido e sem
nenhuma luz.
Quando estava desanimando, ouvi meu celular tocar,
ligação desconhecida, atendi e não ouvi nada. Quando desliguei,
retornaram e não falaram nada. Estavam todos em silêncio, a polícia
tentou rastrear, tentei fazer a pessoa falar, mas continuou silêncio.
A polícia estava quase conseguindo, mas quando
desligaram, sumiu a localização. A Internet estava sabendo de tudo,
meu pai veio me dar apoio, as crianças ficaram com a minha mãe
sem saberem de nada.
Horas se passaram, não tínhamos informações que nos
levassem até Catherine, decidi eu mesmo ir atrás dela, dirigi pela
cidade, perguntei algumas pessoas na rua usando foto de
Catherine, Brianna e o tal Alerandro. Ninguém sabia de nada.
Perdido, fui onde me restava ir atrás de informações.
— Não esperava sua visita. — disse Giovanna, sorrindo.
— Farei o que for preciso para você permanecer aí dentro.
— Já disse que não tive culpa, ela escorregou, eu só tentei
segurá-la, mas ela caiu.
— Não adianta mentir, eu constatei as câmeras. Mas não foi
sobre isso que vim falar.
— Então sobre o que? Saber se amo você?
— Onde está a minha esposa?
— Você se casou? Não sabia, esqueceu de mandar o
convite.
— Não se faça de sonsa, você já foi muito inteligente,
Giovanna. — tentei não me alterar.
— Eu não sei do que está falando, ela sumiu?
— Te dou apenas o fim da tarde para falar, se passar disso,
você verá do que sou capaz.
Bati o telefone e me levantei para sair. Giovanna continuou
como estava, pois bem… ela fez uma escolha.
Voltei para o apartamento, a polícia estava tentando
localizar Brianna, invadiram câmeras das ruas e de alguns
estabelecimentos.
— Christian, tem um homem que deseja falar com você. Ele
disse que só falará com você. — disse Arturo, voltando com sacolas
da rua.
— Onde ele está? — perguntei ansioso, pode ser alguma
pista sobre Catherine.
— Vou levar você até ele.
Segui Arturo, alguns policiais nos acompanharam, não
podíamos sair sozinhos. Um homem de terno e gravata passou pela
multidão que estava cercando o prédio.
— Quem é você?
— Senhor West, me chamo Jonas, sou advogado da
senhorita Giovanna.
— Era só o que me faltava, isso é perda de tempo. — dei
meia volta ficando irritado.
— Espere, é do seu interesse, é sobre a sua visita hoje.
Isso me fez parar, ele me entregou um envelope, Arturo
tomou das minhas mãos e leu em voz alta.
— Um acordo, ela quer que você se case com ela. — disse
Arturo, me deixando revoltado.
Acertei um soco na cara do desgraçado, como ele tem
coragem de vir até mim com isso.
— Se o senhor aceitar, ela vai falar onde está a sua ex-
esposa, mas só após assinar. — disse do chão.
— Nunca, jamais me casarei com outra mulher. Diga a sua
cliente que o tempo dela acabou.
Voltamos para o apartamento, mas dessa vez com uma
pista, se Giovanna propôs isso é porque ela está envolvida. A
polícia estava trabalhando sem parar, tentando fazer Giovanna falar,
as ligações voltaram, ninguém falava nada, agora nem eu.
CAPÍTULO 29

Quando anoiteceu, sentindo medo e desespero sem saber


como Catherine estar, pensei no acordo de Giovanna, mesmo sendo
a pior coisa a fazer, Catherine estaria de volta e ficaria em
segurança.
— Preciso ir a minha casa trocar de roupas, volto logo.
No caminho vi alguns policiais me seguindo, eles me
acompanharam até em casa, não sabia que Arturo estava em uma
das viaturas até parar o carro.
— Não, você não vai fazer isso, acha que sou idiota e não
sei o que você veio fazer? — Arturo me impediu de entrar em casa.
— Você sabe? tem certeza? acha que será fácil assim?
você continua casado com Catherine, não deixarei que faça essa
besteira.
— Será que você não entende? É a minha mulher que está
nas mãos dessa desgraçada, não sabemos se ela está ferida, você
não pode garantir isso e nem a polícia, eu faço o que for preciso
para trazê-la de volta.
— Garanto que não existirá dor maior do que a dor que ela
irá sentir se você assinar esse acordo, Giovanna não deixará
Catherine ir, ela só quer você, Christian.
Christian teve um surto de raiva, ele gritava, quebrava
algumas coisas, chorou, eu e um policial conseguimos contê-lo, ele
estava esgotado e sofrendo muito com o sumiço de Catherine, não
comeu nada o dia todo, isso estava me deixando preocupado.
— Calma, vai dar certo, meu amigo. Vamos encontrá-la, não
perca as esperanças.
— Não conseguirei viver sem ela, Arturo.
— Não vai.
— Perdi-a uma vez, meu avô me deixou, agora Catherine
sumiu, não sei o que fiz para merecer esse castigo. Sei que errei,
não deveria ter escondido aquele acontecimento, mas eu não podia
perder a minha esposa por algo que não lembrava ter feito.
— Não somos responsáveis pelas maldades dos outros,
Christian, não é castigo, você precisa parar de se culpar. Sabemos o
que aconteceu naquele dia, as provas serão entregues essa
semana, o teste de DNA daqui a duas semanas e tudo será
esclarecido. Você e Catherine são para sempre, não é assim que
você fala?
— Dói, Arturo, eu preciso dela.
Não impedi que ele chorasse, talvez fosse melhor, só vi
Christian assim no dia que o seu avô morreu e pensei que nunca o
veria assim novamente. Uma das funcionárias trouxe um pouco de
água, ele se acalmou e ficou em silêncio sentado no tapete.
Meu celular tocou, atendi quando vi que era Leticia.
Arturo: Oi, amor.
Leticia: Precisam voltar logo, encontraram o tal Alerandro, a
polícia está perseguindo ele.
Arturo: Estamos indo, me informe se tiver mais informações.
— Christian, precisamos ir, você tem que ser forte e manter
suas esperanças.
— O que aconteceu? encontraram-na?
— Não, mas a polícia está perseguindo o vizinho de
Catherine.
Christian saiu correndo, tirei-o da direção e dirigi de volta
para o apartamento.
Catherine
Presa nesse lugar assustador, Brianna não voltou mais, me
deixou sem água e comida, consegui soltar as mãos, tentei tirar a
corrente do meu pé, mas foi impossível. Ouvi-os brigar algumas
vezes, depois ficou tudo silencioso, até agora.
— Bebe isso. — ordenou ligando as luzes, Brianna se
aproximou com uma garrafa de água, ela virou na minha boca me
fazendo beber.
Meu corpo agiu no impulso tendo Brianna assim tão perto,
quando ela ia sair puxei nos seus cabelos e apertei seu pescoço
deixando-a sem ar. Brianna lutou comigo fazendo alguns arranhões
nos meus braços, ela puxava meus cabelos ficando sufocada,
caímos no chão, mas não a soltei.
Quando Brianna parou de reagir, procurei a chave do
cadeado da corrente, mas não estava com ela. Seu celular estava
ficando sem bateria, me afastei enquanto discava os números e orei
para Christian atender.
— Que droga! essa pessoa não para de me ligar.
Atendi jurando que era a última vez, os policiais estavam
focados na perseguição, sabíamos que essa pessoa não falaria
nada de novo.
Christian: Se você ficar em silêncio mais uma vez…
Catherine: Christian, por favor, me tira daqui. Socorro!
Christian: C.Catherine, amor, você está bem? te
machucaram? onde você está?
Arturo fez sinal para os policiais, eles começaram a rastrear
a ligação.
Catherine: Estou com muito medo, não sei onde estou, não
reconheço esse lugar. Brianna e Alerandro fizeram isso, eu não
quero morrer.
Christian: Meu amor, eu tirarei você daí, eu prometo.
— Desgraçada! — gritou Brianna, tossindo.
Catherine: Christian… AAAAAA.
Christian: O que está acontecendo?
— Não, me solta. — Catherine gritou.
— Juro que vou te matar, Catherine.
Ouvi o celular cair, gritos de Catherine, sons de tapas, até
que ficou tudo silencioso.
Brianna: Você nunca mais verá essa infeliz! — disse ela,
antes de desligar.
— Pelo amor de deus, me falem que vocês conseguiram.
— Conseguimos! Ela está a 40 minutos daqui, já pedi
reforço, traremos sua mulher.
Não sabia se ficava mais nervoso ou aliviado, os policiais
saíram correndo para as viaturas, eu não ficaria de fora, segui a
localização pelo meu celular saindo na frente da polícia, Arturo ficou
em ligação comigo, Alerandro foi capturado morto, saiu da pista e
capotou o carro. Menos um.
Quando faltavam cinco minutos para chegar, a polícia fez
sinal com os faróis, parei o carro e acompanhei o trabalho deles de
perto.
— Você pode colocar tudo a perder, não sabemos quantas
pessoas tem lá, fica aqui e obedece. — disse o policial.
— Então não fique aí parado.
Eles usaram um drone, que não adiantou de nada, os
policiais se separaram prontos para invadir, tentei acompanhar pelo
rádio, não me deixaram sair, eles pensam que estão falando com
quem? Quando ouvi pelo rádio que um dos policiais foi baleado,
meu corpo estremeceu. Não estávamos muito distantes, ouvimos os
tiros, os policiais ficaram atentos para me defender se for preciso,
tentei obter mais informações, mas ninguém falava. Peguei uma
arma no carro e corri até lá, se for para morrer, que seja salvando a
vida da minha mulher.
Não sabia o que estava fazendo, não sabia para onde ir,
apenas corri e segui meus instintos, na minha mente só tinha o
medo de Catherine estar ferida.

Depois que Brianna saiu, tentei manter as esperanças de


que Christian iria me tirar daqui, meu corpo doía, os cortes ardiam,
sentia o gosto de sangue na minha boca, Brianna perdeu tudo de
bom que tinha dentro dela, não a reconheço mais. A fraqueza que
sentia estava me fazendo dormir, Brianna entrou na sala ao lado de
um homem armado, foi então que perdi as esperanças.
— Levanta e fica em silêncio, não me faça perder a cabeça,
Catherine.
Eles me guiaram para o carro, quando Brianna abriu o porta-
malas, ouvimos tiros e ela me puxou me fazendo de escudo.
Muitos tiros e muitos policiais, estávamos na mira, Brianna
estava tão apavorada que sua mão tremia.
— Desiste, Brianna, você não tem como sair dessa.
— CALA A BOCA!
— Se você se entregar, eu prometo que pago um advogado,
você poderá refazer sua vida.
— EU NÃO VOU FALAR DE NOVO.
— Brianna Alencar, solte a refém e se entregue, você está
na mira, então não tente nada.
Brianna se assustou quando houve uma movimentação
entre eles, mas era Christian que estava desesperado. Ele me
olhava com tristeza, pensei que não fosse vê-lo mais, um filme
passou na minha cabeça, ele, nossos filhos, o quanto fomos felizes
juntos, nada mais importava, eu fui a mulher mais feliz e amada do
mundo. Christian queria enfrentar Brianna, os policiais seguravam-
no, Brianna até tentou me guiar para o carro, mas os policiais
cercaram tudo.
— Brianna, por favor, não acabe com a sua vida. Pensa nos
seus sobrinhos, você é tão sem coração assim para deixá-los sem
mãe? lembra de quando a nossa mãe morreu.
— Você acha que tenho vida? Minha vida acabou há muito
tempo, você não sabe como é naquele buraco, eu não voltarei para
aquele lugar.
— Então é melhor me matar logo, sairemos daqui para o
caixão, é isso que você deseja?
— Você nunca me tiraria daquele lugar, EU NÃO SOU
IDIOTA!
— Você sabe que cumpro o que prometo, por favor, me solta
e se entrega.
— Fica calada, Catherine, me deixa pensar.
Ela deu passos para trás, entramos novamente na maldita
casa, ela estava nervosa, tentava ligar para Alerandro, ele não
atendeu nenhuma das ligações, quando ela conseguiu falar com o
advogado de Giovanna, alguma coisa a deixou apavorada, Brianna
quebrou o celular jogando no chão e chorou.
CAPÍTULO 30

— O que aconteceu? — perguntei tentando tirar alguma


resposta dela.
— Vai Catherine, sai daqui. — disse enquanto me
desamarrava.
— O que? você vai se entregar?
— Sai logo antes que eu me arrependa.
— Só me diz o porquê de tudo isso, Brianna.
— Você nunca entenderia.
Ela me empurrou até a porta, mirou a arma para mim, saí
com os braços levantados e Christian correu até mim. Não sabia
que havia perdido as forças até ele me abraçar, me levou no colo
para longe de lá, quando pensei que tudo havia acabado, ouvimos
um tiro vindo da casa. Christian não parou, vi por cima do ombro
dele os policiais invadir a casa, esse foi o fim para ela? de uma
coisa ela sempre teve razão, eu nunca entenderia.
— Vamos para casa, meu amor, acabou. — disse ele e
beijou minha testa.
Fomos escoltados para o hospital, a ficha parecia não ter
caído, senti tanto medo de morrer e agora estou aqui, voltando para
casa ao lado do homem da minha vida.
— Está sentindo alguma coisa?
— Frio.
Christian tirou o blazer e deixou por cima de mim, me
abraçou com cuidado e permaneceu assim até chegarmos.
No hospital, Christian me levou para uma sala e ficou ao
meu lado enquanto a equipe se dividia. Ele não saiu de perto, nem
eu queria que ele saísse, até tentarem tirá-lo, mas ele recusou.
— Não quero ouvir ninguém me dizendo para sair, eu vou
ficar e se alguém estiver incomodado, pode se retirar. Conheço as
regras, ética e leis, mas ela é minha mulher e ninguém conseguirá
me tirar daqui. Agora, façam seus trabalhos.
Christian me examinava com as mãos tremendo, eu sabia
que ele estava nervoso, tenso, ainda mais por voltar ao hospital. Fui
medicada, fiz alguns exames, falei sobre o que aconteceu e tive
meus ferimentos limpos e com curativos.
— Christian, quero falar com você.
— Precisa descansar, quando acordar vai poder comer e se
sentirá melhor.
— Não, eu quero falar agora, por favor.
— Está sentindo alguma coisa?
— Não, quer dizer, sim, medo.
— Não sinta, está tudo bem agora.
— Você já deve saber que eu ia atrás de você e tinha
planejado uma viagem.
— Você mudou de ideia?
— Não, é que nessa viagem — fiz uma pausa e respirei
fundo — estava disposta a deixar tudo para trás e recomeçar.
Nossas vidas não seriam mais as mesmas, é claro que tem coisas
que não podemos mudar, mas se procurar o lado bom, podemos
viver bem.
— Amor, eu sei que você nunca esquecerá, assim como eu
também, sempre farei de tudo por nós, pela nossa família, não vou
mais esconder nada de você, em todos esses anos, juro por deus
que nunca escondi nada de você, foi só isso, tive medo e não sabia
falar algo que não lembrava. Errei, menti, falhei e perdi, mas só
descansarei quando você me perdoar.
— Não era sobre isso que eu ia falar, mas já que você falou.
Perdoo você.
Apesar de estar me sentindo ainda machucada com
omissão, eu perdoo você.
Espero que você consiga apagar seu erro e não cometa
novamente, de outra forma, será difícil dar continuidade.
Sempre desejei ter um casamento longo e feliz. É somente
por isso, e por amar você de verdade, amar a nossa família e quem
sou quando estou com você, que nosso casamento pode sobreviver.
Eu tentei, tentei de todas as formas tirar você da minha vida, te
amar menos, mas eu não consigo, você me prendeu de uma forma
que eu não consigo sair. É inevitável, eu amo você com todas as
minhas forças, Christian.
— Uma vez você me disse “às vezes o amor da sua vida
não é o amor para a sua vida” e agora eu te respondo, se for o amor
certo, ele sempre será para a eternidade. Não prometo ser perfeito,
mas prometo ser melhor a cada dia, te amar eternamente e cuidar
da nossa família. Não terá outra chance, não terá nenhum vacilo, só
quero a minha mulher de volta.
— A paciente precisa descansar. — disse a enfermeira.
— Só um momento. — ela saiu.
— Teremos tempo para conversar, não vou sair do seu lado.
— Não, precisa me ouvir, tem algo que precisa saber.
Aquela noite no apartamento, quando você foi até o meu quarto, não
sei porque o destino foi tão cruel e só esperou esse dia chegar para
fazer acontecer. O resultado daquela noite só veio agora, não sei se
ele(a) apareceu só agora para nos juntar, mas tem sido a razão da
minha felicidade.
— Você quer dizer que… -o interrompo.
— Hoje pela manhã descobri que estou grávida, vamos ter
mais um filho, eu consegui, Christian, estou grávida.
— Ah, meu Deus, eu não acredito, eu vou ser pai, serei
pai…
Christian surtou, ele andava pelo quarto com as mãos na
cabeça, não sabia se chorava ou se repetia que seria pai. Até que
caiu de joelhos ao lado da cama e deixou a emoção tomar conta.
— Eu vou ser pai! — disse me olhando.
— Vai, mais um para amarmos e cuidarmos.
Christian acariciou minha barriga por cima da roupa e a
beijou.
— Você tem um papai muito feliz e babão aqui te
esperando. Você é a mulher da minha vida, não me canso de dizer
isso, eu te amo muito. — disse ele, deixando uma lagrima cair
enquanto acariciava meu rosto, com cuidado devido o corte no meu
lábio, ele me beijou e me abraçou.
— Eu te amo! — nunca pensei que fosse falar essas
palavrinhas com um sorriso no rosto e paz no coração depois de
tudo.
— Fala de novo.
— Sempre amarei você, Christian.
— Você não tem noção do quanto estou feliz.
— Eu também!
— Por que você não disse antes que está grávida? Temos
que fazer um ultrassom para saber como o nosso bebê está.
Ele não me deixou falar, saiu correndo para solicitar o
exame, depois de tudo que passamos, finalmente sinto a paz que
precisava. Christian fez todos correrem, não sei o que falou, mas
sua equipe entrou correndo e me levaram para outra sala. Christian
estava suando, tremendo, parecia pai de primeira viagem.
A mesma obstetra que cuidou de mim na gravidez dos
meninos, cuidará agora, ela ficou surpresa e também comemorou.
Depois da gravidez dos meninos, não consegui engravidar mais,
queríamos outro filho, mas não planejamos, apenas deixamos
acontecer, mas não aconteceu. Tive um sangramento no útero,
desordens ovulatórias, precisei fazer um tratamento para poder
engravidar novamente, Christian sempre esteve confiante, isso me
abalou de certa forma, mas agora com essa notícia me sinto
realizada.
— Digam “oi” para esse bebê lindinho.
— Ele já está desse tamanho, quanto tempo? — perguntei.
— Hoje você completa 1 mês e duas semanas.
— Que espertinho, não quis ser descoberto antes. Oi, meu
bebê. — disse ele, com um sorriso no rosto.
— Eu não sabia da gravidez, fiz coisas que não deveria,
afetou de alguma forma?
— Não, ele está perfeitamente bem, mas agora precisa ter
uma atenção redobrada, até porque você parou no meio do
tratamento. Esse tempo de gestação é perigoso, não estamos
falando de tomar cuidado só na alimentação, é em tudo.
— Cuidarei dela, tenho dois companheiros em casa que
também ficarão de olho.
— Desejei tanto ter outro filho que farei o que for preciso
para chegar até o final.
— Vamos começar pela alimentação, você está desidratada,
quando for para o quarto a enfermeira levará.
— Obrigada por todo cuidado.
— Parabéns, estou feliz por vocês, principalmente pela
reconciliação. Estou certa, não é?
— Sim, está. — deixei Christian com um largo sorriso por
confirmar.
Voltamos para o quarto, Christian falou para todos que
encontramos no caminho, que seria pai e que voltamos. Ele liberou
Letícia e Arturo para me ver, Letícia estava desesperada, Christian
não conseguiu ficar calado e gritou para os dois que voltamos e
ganhou um presente, um filho.
CAPÍTULO 31

Quando a enfermeira trouxe a refeição, comi como se


tivesse dias sem comer, já estava tarde e só havia tomado café da
manhã.
Depois de muita comemoração, barriga cheia, tentei
descansar e só acordei no dia seguinte. Não bastava a reconciliação
e a gravidez para me deixar feliz, meus dois diamantes me
acordaram com muitos beijos e abraços.
— Oi, meus amores, senti tanta saudade.
— Mamãe, foi só um dia. — disse Benício, com as mãos na
cintura.
— Pois saiba que um dia é suficiente para sentir muitas
saudades.
— Mamãe, não pode correr na escada, caiu de novo. —
disse Brendon, me repreendendo. Olhei para Christian sem
entender o porquê Brendon disse, mas suas expressões falaram por
si só.
— Desculpa, não vou ser mais teimosa, aprendi a lição.
Meus dois príncipes vão cuidar da mamãe?
— SIM! — eles gritaram animados.
— O papai também. — disse Brendon.
— Será que o papai pode? — Christian se aproximou com
uma bandeja de café da manhã.
— Mamãe, o papai é bonzinho, ele cuida bem. — Brendon
sempre estava do lado do pai tentando me convencer.
— Só se o papai for bonzinho mesmo.
Eles abriram um largo sorriso olhando para Christian,
pareciam combinar com gestos, enquanto me alimentava, eles
quiseram comer pela segunda vez.
— Temos uma coisa para falar a vocês. — disse Christian,
chamando atenção deles.
— Vamos voltar para casa? — perguntou Brendon,
interrompendo o pai.
— Algo muito melhor, o que vocês pediram tanto e nunca
tiveram?
— Uma irmãzinha. — eles falaram em uníssono.
— Vamos ganhar uma irmãzinha? — perguntou Benício.
— A mamãe está grávida, não sabemos se é um irmão ou
irmã, vai demorar um pouquinho.
Eles comemoraram esquecendo que Catherine estava
ferida, se jogaram em cima dela e gritaram fazendo a festa.
— Oi, irmãzinha, nasce logo, tá bom? — disse Benício,
falando com a barriga de Catherine.
— Isso mesmo, nasce logo, eu sou Brendon, não confunda.
Nos divertimos ouvindo eles, estavam muito felizes, mas as
novidades não haviam acabado. Catherine recebeu alta depois que
se alimentou, ela tinha apenas cortes e poderia cuidar em casa. Já
no carro, Brendon chamou minha atenção.
— Papai, leva a mamãe para a nossa casa, podemos cuidar
da mamãe lá.
— Por favor! — disse Benício, de mãos juntas.
— Até parece que vocês não gostam do apartamento.
— Não gostamos.
Às vezes Brendon é tão sincero que chega assustar,
Catherine olhou para ele que estava se escondendo com as mãos,
isso me tirou uma gargalhada, mas recebi um beliscão.
— Vocês eram apaixonados por prédios, mudaram de ideia?
— Catherine ainda não se conformou e tentou ganhar uma resposta
melhor.
— Já enjoamos, preferimos a nossa casa, é maior. — dessa
vez Benício quem argumentou.
— Não gostei disso, o apartamento é muito melhor.
— Melhor desistir, amor, nossa casa sempre será a melhor.
— O papai chamou a mamãe de amor, só os namorados
falam assim. — disse Benício, surpreso.
— A mamãe perdoou o papai? Vocês já são um casal? —
Brendon arregalou os olhos e pulou do carro quando chegamos.
— A mamãe me perdoou, vamos voltar a morar na nossa
casa como uma família de novo.
Eles correram até Catherine e abraçaram-na, acho que a
notícia que terão um irmão(a) não foi tão boa quanto essa notícia,
eles correram, pularam e gritaram para os seguranças.
— Mamãe, dá um beijo no papai. — disse Brendon, um
pouco desconfiado.
— Por que você tem que ser tão desconfiado? — Catherine
perguntou cruzando os braços, Brendon fez o mesmo nos fazendo
rir.
— Porque eu não sou bobo, só um, por favor.
— Com quem ele está aprendendo essas coisas? —
Catherine perguntou me encarando, rapidamente levantei meus
braços me rendendo.
As crianças insistiram por esse beijo, nunca fizemos isso na
frente deles, eles colocaram as mãos nos rostos e abriram os dedos
para olhar. Rapidamente virei o rosto de Catherine e a beijei,
fazendo os dois voltar a comemoração.
— Bem-vinda de volta a sua casa, meu amor. — a abracei
guiando-a até a porta.
— Amo essa casa, admiro-a desde o primeiro dia que entrei
nessa sala, é por isso que nunca quis mudar nada.
— Já eu, lembro de uma pessoa ter derramado suco nas
minhas roupas, mas antes disso, quebrou um Porta retrato.
— Melhorei muito, confesse.
— Isso me irritava, principalmente no hospital, mas depois
ficou fofo.
— Você nunca escondeu isso.
— Temos uma história, não podemos colocar um fim sem
antes ter um final feliz. — a abracei e beijei seu rosto.
— Vamos deixar tudo para trás e se preocupar com o
presente, o futuro é um mistério ainda, mas se estivermos juntos
nada será mais forte.
— Esperei tanto por esse dia que parece mentira que você
está em casa de novo.
— É real.
— Amor, em duas semanas sairá o resultado do teste de
DNA, e também as… -ela me interrompeu.
— Christian, estamos juntos novamente, tudo isso ficou no
passado. Não quero mais falar disso, nem mesmo que me prove
nada, é página virada.
— Que bom que você acreditou em mim sem precisar de
provas. Mesmo assim, quero que você saiba, lutei cada dia para
conseguir, é o mínimo.
— Mamãe, e as nossas coisas que estão no apartamento?
— perguntou Brendon.
— Serão trazidas de volta.
— Vocês disseram que iam cuidar da mamãe,
esqueceram?
Eles guiaram Catherine para a escada segurando suas
mãos, levaram-na para o nosso quarto e a deixaram na cama.
— Vou tomar banho primeiro, depois vocês podem cuidar de
mim, combinado?
— Sim! — disse Brendon e saiu com o irmão.
— Tem como não amar? — seus olhos brilhavam vendo-os
saindo.
— Fizemos um bom trabalho.
— Mas ainda tem um longo caminho pela frente. — disse
indo para o banheiro.
Parece que estou vivendo um filme, depois de um pesadelo
quase sem fim, minha mulher de volta e meus filhos em casa
novamente. É, não era castigo.
Cuidamos de Catherine passando muito amor e carinho,
assistimos filmes, brincamos com as crianças, almoçamos juntos
como uma família novamente, Catherine dormiu a tarde e nós
ficamos jogando videogame escondido dela, quebrando a regra. É
errado, mas foi pelo bem.
CAPÍTULO 32

Mais tarde, quando as crianças foram para o banho, levei


um lanche para Catherine, fazendo-a acordar com muito carinho no
rosto.
— Precisa se alimentar, meu amor.
— Dormi muito, não foi?
— Um pouco.
— As crianças estão brincando?
— No banho, hoje irão dormir cedo, brincaram muito.
— Desculpa não ter ficado com vocês, a gravidez está me
deixando sonolenta.
— Não precisa fazer isso, nos divertimos e estamos aqui
para cuidar de você.
— Obrigada!
— É tão bom ter você em casa, continuo sem acreditar,
principalmente que você está grávida de novo.
— Às vezes nem acredito, queríamos tanto esse filho. A
primeira gravidez foi um pouco conturbada, mas essa… estamos
juntos, Christian, dessa vez melhor que antes.
— E sem um acordo no meio.
— Tenho que te pedir desculpas, não fiz isso ainda, coloquei
nossos filhos em risco, não deveria ter saído com Alerandro, nem
mesmo com outro homem. Estava tentando seguir minha vida,
tentando me convencer de que você e eu, já não existia mais. Mas,
eu nunca abri espaço para outra pessoa, era só amizade, Christian.
Às vezes fico pensando, por minha culpa, Teresa ficou ferida, se as
crianças estivessem em casa… nunca me perdoaria.
— Meu amor, nada foi culpa sua, não pode se culpar.
Infelizmente mais uma vez tentaram nos atingir, mas não
conseguiram.
— Você sabe de alguma coisa?
— Giovanna conseguiu sair, o pai dela tem influência, ela
responderá em liberdade. Mas, eu acho que ela tem influência no
que aconteceu com você.
— Ela tem, claro que tem, a minha irmã fez isso por
dinheiro. Elas só tinham um plano, me manter lá até eu dar à luz,
não era eu que elas queriam, era o nosso bebê.
— É importante que fale isso para a polícia, consegue fazer
isso?
— O que você está pensando? sei que está com muitas
coisas na mente.
— Quando você estava desaparecida, fui visitar Giovanna e
ela disse que só me falaria onde você estava se eu fizesse um
acordo, o advogado dela tinha tudo pronto para assinar, me casaria
com ela em troca da sua liberdade.
— Desgraçada!
— Mas, eu não podia, você não sabia, não queria que
soubesse. Quando deu entrada no divórcio, impedi que o advogado
continuasse, não estamos divorciados, não consigo fazer isso.
— Eu nunca desconfiei, Letícia tentou me falar, mas ela não
tinha certeza.
— Perdão, amor, mas eu ia fazer isso, ia fazer esse acordo,
por um momento de desespero considerei fazer isso, não sabia se
você estava ferida, viva.
— Que bom que não fez, não julgo, eu faria o mesmo por
você.
— Amor, Giovanna pode ser a responsável por tudo isso, ela
me quer, isso está claro, tem dinheiro, pode comprar quem ela
quiser, até mesmo aquela mulher que eu nunca vi na vida. Se ela
está grávida, não é meu, se não estiver, ou o plano era Giovanna
usar o bebê para me ter, ou o nosso bebê seria dado a essa mulher,
assim teria o DNA. O que deu errado foi aquele desgraçado ter
saído do esconderijo, sua irmã ter vacilado e a sua ligação. Agora,
precisamos de provas para fazer Giovanna voltar para a cadeia.
— você não acha que a minha madrasta está quieta
demais?
— Ela se mudou, está vivendo bem, quando disse estar
tentando encontrar provas sobre aquela noite, acreditamos que ela
esteja envolvida.
— Não estou entendendo mais nada.
— Giovanna soube quem procurar, ela é esperta, mas
acontece que ela não me conhece o suficiente. Só preciso ter em
mãos todas as provas, contratei uma equipe profissional para isso,
Arturo irá me avisar quando estiver pronto.
— Você sabe que acredito em você, não sabe? Sei que errei
em não ter confiado, ter me afastado ao invés de olhar com clareza,
mas foi demais para mim, não suportei, Christian.
— Você acha que eu não faria o mesmo? Eu errei, amor,
escondi de você, se você não tivesse recebido aquele vídeo,
provavelmente não saberia até hoje. Também, armação ou não, trai
você com aquela mulher.
— não vamos falar disso, já está claro o que pensamos,
deixar isso no passado é a melhor opção.
— Mamãe?
As crianças entraram no quarto de cabelos molhados,
penteados e com pijamas fantasias, Brendon de Batman e Benício
de Superman.
— Já estamos limpos. — Benício deita ao meu lado.
— Nossa irmãzinha já comeu? — Brendon pergunta com
toda convicção de que será uma menina.
— Sim, vocês não acham que estão sonhando alto demais?
Pode ser um irmãozinho.
— Mas vai ser uma menina, nós já sabemos. — disse
Brendon.
— Ok, não vamos discutir, nada de telas mais por hoje,
ficaremos com a mamãe, jantar e depois dormir, amanhã vocês tem
aula. — disse Christian, em tom sério, deixando-os desanimados
por saber que vão para o colégio amanhã.
Fizemos uma brincadeira educativa com as crianças,
Christian estava sempre atento a aprendizagem deles, às vezes eu
tinha que chamar sua atenção, ele exagerava no tempo de cada
coisa, por ele as crianças haviam nascido sabendo falar todos os
idiomas, sabendo matemática, entre outras matérias. Colocamos
regras em tudo, eles têm horários de telas, horários para estudar,
brincar e dormir, às vezes abrimos mãos de algumas coisas, não
somos rígidos, isso tem dado certo e esperamos que continue.
Depois que as crianças dormiram, Christian ficou
escolhendo um filme para assistirmos enquanto eu tomava banho,
isso tudo é maravilhoso, sinto que minha vida voltou a fazer sentido,
não me sentir mais incompleta ou vazia. Meus filhos, meu
casamento, meu marido, minha casa, sempre serão a mistura para
me preencher, se algo sair, não estarei completa.
— Encontrou o filme?
— Sim, pode vir aqui?
Fiquei curiosa, Christian estava deitado usando o
computador, me vesti rapidamente e fui até ele.
— Christian, não acredito que você ainda têm essas fotos.
Ele havia perdido nossas fotos de quando fizemos algumas
viagens, o casamento de Letícia, quando nos reencontramos após
anos, fotos de quando me levou para um chalé nas montanhas e
tivemos a nossa primeira noite.
— No dia do casamento de Arturo e Letícia, você não tem
noção do choque que tive ao ver você, eu tinha certeza de que
íamos nos encontrar um dia, mas não imaginava que fosse ali,
naquele momento. Minhas esperanças nunca acabaram, algumas
pessoas tentaram me fazer mudar de ideia dizendo que era
impossível, anos haviam se passado, mas eu nunca dei ouvidos. Sei
que já falei diversas vezes isso, você já deve estar cansada de
ouvir, mas não consigo esquecer.
— Cansada de ouvir? Christian, vivemos numa montanha-
russa praticamente, gosto da nossa história, do que vivemos,
tivemos momentos incríveis, principalmente aquela viagem. Nosso
reencontro foi especial, era impossível resistir a você, quando
lembro do que fizemos na praia. — cobri o rosto ficando vermelha.
— Quem será que insistiu? — disse ele sorrindo, me
deixando mais vermelha.
— Amo você, amo dividir a vida com você, nada faz mais
sentido sem você, Sr.West.
Ele me beijou carinhosamente e acariciou meu rosto com
um sorriso estampado.
CAPÍTULO 33

— Você mudou minha vida e me mostrou um novo sentido,


me apaixonei por você e o amor que cultivei foi a minha melhor
decisão até hoje. Te amo muito!
— Seremos muito felizes, não quero levar o passado para o
futuro, quero continuar de onde paramos, nossa rotina, nossos
costumes, tudo de volta.
— Mais felizes do que nós, tenho certeza de que ele está
muito feliz agora. — se referiu a vô Humberto.
— Não tenho dúvidas, meu amor, ninguém mais do que ele
queria nos ver juntos de novo.
— Ele iria gostar tanto de conhecer nosso bebê, não sei
conforme lá no céu, mas espero que ele saiba que estamos felizes e
nossa família está unida de novo.
— Sei que sente falta dele, ele estará sempre vivo aqui
dentro, sabe da nossa felicidade.
— Você acha que é outro menino?
— Não faço ideia, minha ansiedade aumenta só de
imaginar.
— Vamos assistir o filme antes que eu fique louco.
Era engraçado vê-lo ansioso, estava feliz feito criança.
Assistimos um filme incrível de romance, dormimos depois que
acabou, felizes e com a esperança de que o amanhã nos reserva
coisas lindas.
Uma semana depois.
Ser casada com um médico tem o lado ruim e o lado bom,
Christian não me deixou fazer nada, além de brincar com as
crianças. Nossos dias não foram só flores, a saída de Giovanna da
cadeia estava nos atormentando, Christian estava ansioso para
receber as provas que precisava, ele não demonstrava, mas não
sabia esconder.
Minha rotina voltou ao normal, não fui mais no apartamento,
depois daquele dia decidi não voltar mais lá, nossas coisas foram
levadas para casa, Teresa se recuperou bem, as crianças estavam
felizes, isso que importava.
Hoje fiquei responsável para buscar as crianças no colégio,
por mais que tenhamos motorista para isso, nada vale mais do que
ver o sorriso deles, quando veem um de nós dois esperando,
aquece a alma. Christian passou a manhã fazendo reuniões,
estávamos almoçando quando ele chegou.
— Amor, as provas estão todas aqui, conseguimos!
— Christian, as crianças, não vamos falar disso na mesa.
— Desculpa! se comportaram no colégio?
— Sim, tem matemática. — disse Brendon.
— Ótimo, vamos fazer atividade antes de dormir.
— Senta, papai. — disse Benício.
Teresa colocou mais um prato na mesa, Christian estava tão
empolgado que não conseguia disfarçar, ele almoçou conosco e
depois fomos para o escritório da casa.
— Aqui tem as provas daquela noite, filmagens, a confissão
do garçom que batizou minha bebida, comprovante de transferência,
temos tudo.
— Giovanna?
— Quem mais seria? Nunca tive dúvidas disso.
— Como Arturo conseguiu tão rápido?
— Ele terá alguns dias de folga, quer ficar com Letícia,
aproveitar essa fase da gravidez.
— Então acabou?
— Você não perguntou sobre o teste de DNA.
— Você disse que não é o pai, o resultado será negativo,
então, estou certa?
— O resultado saiu, não sou o pai.
— Que bom!
— Sou pai apenas dos nossos filhos.
— E se desse positivo?
— Você continuaria comigo?
— Essa criança não tem culpa de nada, não pediu para
nascer, não rejeitaria.
— E eu?
— É claro que não seria nada comemorativo para mim, mas
voltei pra você, não foi? ficaria do seu lado, sei que você seria um
bom pai igual é para os nossos filhos.
— Você é a mulher da minha vida, sabia? — disse se
aproximando, em seguida me beijou.
— Acabou!
— Acabou, meu amor, agora é serviço da polícia, pois sua
madrasta também estava envolvida nisso, teve uma alteração no
resultado do teste, mas Arturo já sabia que isso poderia acontecer, o
responsável está preso, sua madrasta já foi indiciada, Giovanna e a
tal mulher. Podemos viver em paz.
— Me espera aqui.
Fui até o quarto, peguei um envelope e voltei para o
escritório.
— É seu.
Christian sempre esperando o pior, ele já estava assustado,
mas quando viu o que tinha dentro, relaxou.
— Duas passagens. — disse sorrindo.
— Quer viajar comigo?
— Para onde você for, eu irei.
— Então precisamos arrumar as malas.
— Não vai precisar de roupas.
— Tentador, mas nessa época lá está nevando e não é bom
ficar sem roupas.
— Ok, bom argumento, você venceu. Vou ligar para os
meus pais.
Deixei-o sozinho e fui para o quarto arrumar nossas malas.
Tempo depois.
Levamos as crianças para um passeio no shopping, eles
escolheram alguns brinquedos, tomamos sorvetes, fiz algumas
comprinhas para a viagem e finalizamos no cinema. Christian os
avisou sobre nossa viagem, eles não reclamaram, adoram ficar na
casa da avó, com a tarde incrível que tivemos, eles se divertiram até
cansar. Os pais de Christian vieram a nossa casa depois que as
crianças dormiram, estavam nos expulsando só para ficarem a sós
com as crianças, tenho muita sorte de ter pessoas tão especiais por
perto.
CAPÍTULO 34

Viajamos durante a madrugada para chegar pela manhã no


chalé, minha sogra mandou diversas fotos das crianças indo para o
colégio, parecia bobo, mas já estava com saudades.
— Hora de desligar o celular e focar apenas no seu marido
lindo e gostoso. — disse ele, pegando o celular das minhas mãos,
só então me dei conta que o carro havia parado e estávamos de
frente para o chalé.
— Você está muito convencido.
— Vivi momentos incríveis ao seu lado, mas não posso
negar que esse é o meu lugar preferido. Quando trouxe você aqui,
já sabia que não poderia viver mais sem você, hoje estamos aqui
novamente após anos, sem insegurança, desavenças, desta vez,
casados.
— Senti muita falta desse lugar, principalmente de estar aqui
com você, aproveitar cada segundo.
— Tem uma hidro nos esperando. — disse apertando minha
coxa.
— Tentador.
O motorista ainda estava no carro, isso me deixou
envergonhada, Christian sorriu descaradamente. A neve caía sobre
nós enquanto íamos em direção à entrada, estava frio lá fora, mas
no chalé estava aquecido e muito confortável. Estava tudo
exatamente como antes, nada fora do lugar, anos se passaram e
não voltamos mais, focamos na criação das crianças, dar atenção,
fazer viagens para lugares que eles queriam conhecer, deixamos
nosso lugar preferido para outro momento.
— O que está pensando? — disse ele, me abraçando por
trás.
— não consigo acreditar que deixamos esse lugar sozinho.
— Então temos que fazer valer a pena.
— Foi onde tudo começou, eu amo a nossa história,
Christian.
A fiz virar de frente para mim e tomei seus lábios em um
beijo caloroso.
— Ter você aqui comigo é como se tivesse voltado no
passado, foi uma reconciliação antes, está sendo uma reconciliação
agora, não quero sentir novamente o medo de te perder.
— Nada me fará deixar você, eu prometo! Fui fraca,
Christian, minha mente estava bagunçada, estava decepcionada.
— Fomos alvo de uma armação, mas agora o que importa é
que estamos juntos.
— Podemos começar esquiando?
— Você está grávida.
— Amor, não começa, eu também estava grávida daquela
vez e tive algumas aulinhas.
— Não vou deixar você sozinha.
— Sim, senhor.
Fomos nos trocar, Catherine quando está grávida fica mais
teimosa do que já é, mas tem como dizer não? Essa mulher me faz
perder a postura sem se esforçar.
Aproveitamos o dia fazendo passeios, esquiamos, nos
aventuramos na tirolesa, conhecemos um restaurante novo na
redondeza, fizemos um boneco de neve na frente do chalé mesmo
sem sabermos, Catherine não desistiu até conseguir, ele ficou torto,
mas valeu o esforço.
O dia passou tão rápido que não percebemos, tudo é
incrível ao lado dela, até mesmo as coisas mais bobas, me sinto o
homem mais feliz por viver tudo isso.
— Por que está me olhando assim?
— Você é linda.
— Você diz isso sempre, mas não com essa cara de bobo.
— Só estou feliz.
— Você acha que ele vai ficar inteiro até amanhã?
— Quer que eu seja sincero?
— Não. — disse sorrindo.
— Ele está horrível, somos péssimos nisso.
— Ele não está tão feio, espera só um minuto, tá faltando
alguma coisa.
Catherine tirou minha touca e deixou na cabeça do boneco
de neve. Eu vendo não estava acreditando que ela estava fazendo
isso.
— Você consegue se superar.
— Apresento a você, Christian West Filho.
— Sou tão feio assim?
— Não, os dois são lindos.
Não queria ouvir mais nada depois disso, entramos no chalé
e fomos direto para o banho.
Catherine, estava radiante, parecia uma criança, ou estou
muito apaixonado, ou essa mulher consegue ficar mais linda a cada
dia.
Ela interrompeu meus pensamentos com um beijo, era
calmo e carinhoso, seus dedos entrelaçaram nos meus cabelos, ela
sorria no meio do beijo e me puxou para debaixo do chuveiro
fazendo a água cair sobre os nossos corpos.
— Eu te amo, Sr.West.
— Eu te amo muito mais, Sra.West.
E o que mais importava era isso, o amor que sentíamos era
mais forte do que qualquer coisa, podemos ir para qualquer lugar,
mas sabemos para onde voltar. Mesmo que obstáculos entrem no
nosso caminho, não tiro a razão de Catherine optar por caminhar
sozinha por um tempo, mesmo que tenha sido um curto tempo,
errei, tive as consequências, tentei acertar… até que consegui.
Depois do banho fomos jantar, fizemos uma noite de pizza
na sala com vinho e uma tábua de frios, Catherine não podendo
ingerir álcool, matou seu desejo de chocolate quente. Não era uma
boa combinação, mas ela estava adorando, então respeitei.
— Tenho uma surpresa para você.
— Uma dica?
— Nenhuma, mas você vai gostar.
Ela me puxou em direção ao quarto, me deixou na cama e
foi para o banheiro. Fiquei esperando sem fazer ideia do que era,
ela estava demorando, às vezes xingava, me mandava esperar, isso
estava divertido.
— Posso ir?
— Sim!
— Não vale sair da cama, se você sair juro que paro e vou
dormir na sala.
— Essa ameaça foi séria?
— Claro que foi.
— Pode vir.
Do nada uma música começou tocar, era sexy, ela saiu do
banheiro com uma lingerie preta muito sensual, meia, saltos, tinha
até chicote… Porra!
— Você só pode estar brincando.
— Não pode me tocar, se não eu paro.
— Fiz alguma coisa para receber uma punição dessa?
— Não, só quero mostrar as lingeries novas.
— Você não está falando sério.
Ela desfilou pelo quarto, jogou um travesseiro no meu rosto
e voltou para o banheiro.
Essa mulher só pode estar querendo me matar hoje, meu
coração já estava acelerado, meu corpo agitado, tirei a camisa
sentindo meu corpo queimando.
E lá vem ela de novo, dessa vez com uma lingerie branca,
apenas sutiã e calcinha, para acompanhar tinha uma algema,
pensei em diversas posições com Catherine usando aquela
algema.
Ela saiu e voltou com uma vermelha, foi a minha perdição.
Além da lingerie, ela tinha uma venda e uma fita para amarrar os
pulsos, Catherine desfilava pelo quarto, se aproximou e deixou a fita
comigo. Todas as lingeries eram sexy, minúsculas, muito sensuais e
provocativas.
Quando ela foi trocar, voltou com uma camisola preta
transparente, mostrava os bicos dos seios, ela segurava os cabelos
para cima deixando seu corpo livre para eu analisar cada detalhe,
meu pau latejava preso na peça íntima.
Isso era torturante, não poder tocar ou arrancar essas peças
do corpo dela.
CAPÍTULO 35

Quando pensei que havia acabado, ela voltou com uma


fantasia dessa vez, um vestido branco minúsculo tomara que caia,
mostrando metade da bunda, usava salto branco, nos cabelos tinha
um véu, luvas, ela parecia uma noiva muito…. sexy. Já sentia o
infarto perto de acontecer, tentei puxá-la para a cama, mas ela
correu.
— Eu vou enlouquecer, você quer me matar, só pode.
— Calma, não estou nem na metade.
— Você não tem ideia das coisas que estou imaginando
vendo você em cada lingerie dessas.
— Ah, eu tenho ideia, sim, volte para a cama, estou ouvindo
seus passos.
E realmente, eu estava dando voltas pelo quarto, já havia
tirado as roupas, estava apenas de peça íntima. Quando voltei para
a cama, ela apareceu com uma lingerie muito transparente, em
todos os sentidos, além disso, sua calcinha era aberta diretamente
no ponto certo. Catherine deu uma volta sem sair de onde estava,
ela me encarava descendo o olhar para o meu corpo.
— Tire a última peça do seu corpo.
— Se você não deitar nessa cama, eu juro que vou até
você, não aguento mais ver você nessas lingeries sem poder tocá-
la.
— Diga-me, qual parte do meu corpo você mais gosta.
Isso só poderia ser piada, ela sabe que adoro cada curva do
seu corpo, mas decidi entrar no seu jogo.
— Sua boceta! — disse com um sorriso malicioso, vendo-a
deixar um sorriso escapar.
— Só?
— Sua bunda!
— Outro. — caminha em minha direção.
— Seus seios, seu pescoço, suas pernas, sua boca… -ela
se aproximava cada vez mais me deixando rendido.
— Vou te dizer o que prefiro em você.
Quando ela estava próxima, fiquei de pé na intenção de
agarrá-la, mas Catherine foi inteligente e se ajoelhou rapidamente.
Ela arranhou meu abdômen com as unhas me olhando inocente,
meu pau pulsava desejando sua boca quente, ela sabia disso, mas
continuou provocando distribuindo beijos pelo meu quadril.
— Filha da… Ah, Catherine, vou te foder até você perder as
forças.
— Qual lingerie você mais gostou? — disse me olhando
enquanto me masturbava.
— Todas, mas prefiro você sem. — segurei seus cabelos
como um rabo de cavalo e a beijei.
— Faça o que você sabe fazer de melhor.
Ela me olhou com um sorriso safado, quando pensei que ela
ia abocanhar, ela deslizou a língua de baixo para cima me olhando
com aquele olhar de menina travessa.
Ela abocanhou meu pau como se fosse um doce, fazia
movimentos rápidos indo cada vez mais fundo, sentia sua boca me
apertando.
— Chupa, safada.
Apertei seus cabelos fazendo-a parar, estoquei meu pau
dentro da sua boca como se fosse sua boceta, como uma safada,
ela ficou parada me olhando. Quando vi Catherine se tocando
enquanto me chupava, foi como um choque no meu corpo me
trazendo ondas de prazer.
— Você não tem ideia das coisas que imaginei fazendo com
você, não tem ideia do quanto quero te foder agora.
— Faça isso.
Fiz ela levantar rapidamente, Catherine acabou comigo só
com as lingeries, mas agora eu que estava no controle. Ainda de pé
na beira da cama, ela simplesmente abriu as pernas deixando sua
boceta visível no corte da calcinha, não precisava tocá-la para saber
o quanto estava lubrificada. Me aproximei para o meio das suas
pernas, suguei cada gota que sua boceta liberava, ela estava
quente, seu clitóris piscava na minha língua de tão excitada que
estava.
— Não para, amor…
— Goza na minha boca, gostosa.
Seus dedos entrelaçados nos meus cabelos me prendiam
sobre ela, seus gemidos cada vez mais ofegantes, Catherine gozou
deliciosamente enquanto eu sugava sua boceta.
Não esperei que recuperasse o fôlego, estava tirado nessa
mulher, levei suas pernas para os meus ombros e entrei de uma vez
na sua boceta, enterrando tudo. Gosto disso em Catherine, ela é
participativa, se entrega por inteira em todas as nossas transas, sou
viciado nessa mulher.
— Me fode com força! — implorou.
— É assim que você gosta?
— Sim!
— Você que manda, querida.
Afastei suas pernas deixando-a completamente aberta, a fiz
sentir meu pau profundamente dentro dela, estoquei com força e
com rapidez fazendo o que ela queria. Seu corpo se contorcia, ela
estava ofegante, ver suas expressões me deixam maluco.
Catherine me fez deitar, ela ficou por cima quicando
enquanto apoiava suas mãos no meu peito, seus movimentos
rápidos e seus gemidos, estavam me levando ao limite. Sentei na
cama abraçando seu corpo, ela não parou, se esfregava sobre o
meu pau tendo-o mais dentro dela. A deixei de bruços na cama com
as pernas abertas, dava tapas enquanto estocava, ela pedia mais e
mais sentindo seu corpo queimar de prazer, quando ela se empina
ficando de quatro, senti que não ia aguentar mais tempo.
Catherine se tocava por baixo, implorava para socar com
força, ela queria gozar e eu já estava sentindo minhas forças irem
embora.
— Goza para mim, amor… -disse ofegante enquanto tinha
um orgasmo.
Quando ela gozou, deixei o prazer me consumir liberando
tudo dentro dela.
— Que boceta é essa?
Me joguei na cama sem fôlego, Catherine deitou de bruços
me olhando com um sorriso no rosto, a trouxe para perto para beijá-
la deixando-a sem fôlego.
— As lingeries estão aprovadas?
— Você queria me matar?
— Só queria uma opinião.
— Vou te foder com cada lingerie daquelas, exatamente
como imaginei quando você desfilou pelo quarto.
— Fiz na intenção.
— Vou te mostrar minhas intenções.
E quem disse que a noite acabou? Christian estava cada
vez mais faminto, continuamos no chuveiro e na banheira, a noite
rendeu muito.
Cada lingerie foi uma noite agitada, quer dizer, nem sempre
noites. Acordei-o no dia seguinte com uma lingerie preta, não era a
minha preferida, mas fiquei decepcionada quando ele rasgou.
Christian sabe como fazer enlouquecer na cama, suas mãos
habilidosas me agarravam com poder, nossos dias foram no chalé
transando, pareciamos dois viciados, mas foi incrível, cada vez se
superando mais.
CAPÍTULO 36

Dois meses depois.


Leticia passou por um susto dias atrás, caiu da escada
enquanto guardava alguns produtos no salão, isso fez descolar a
placenta, agora estava em casa de repouso, ela teve que ficar
deitada por alguns dias, mas não faltaram pessoas que a amam
para ajudar. Arturo conseguiu uma licença para ficar ao lado dela,
ele trabalhava no escritório do meu sogro, então não foi difícil
conseguir isso.
Leticia tinha planos do chá revelação, mas não podia fazer
muito esforço, ela decidiu fazer algo simples em casa com os
amigos mais próximos, foi exatamente nesse dia que a família de
Arturo, após anos, se aproximaram e tentaram fazer as pazes.
Letícia estava num momento delicado, não podia passar por
estresse, ela apenas perdoou e tentou ser gentil, mas era nítido que
estava fazendo isso para ter paz e evitar brigas. Nada era mais
importante do que o seu bebê, Arturo estava radiante, era um bom
pai e marido.
No dia que ela fez o exame para saber o sexo, a doutora
escreveu num papel sendo passado por mim, com muita tentação
para ler e saber o sexo, para a responsável pela decoração. Assim,
saberemos no dia.
E chegando o dia, estando todos reunidos na casa deles,
uma bela decoração no jardim com algumas brincadeiras para o
casal, eles foram a cada uma até descobrir. Por fim, Brendon e
Benício estouraram um balão enorme acima das cabeças, fazendo a
tinta azul cair sobre eles e sujá-los. Até as crianças se animaram,
entenderam rapidamente, Christian estava surtando de alegria, ele
corria com as crianças, Arturo e Letícia emocionados comemorando
juntos era a coisa mais linda, ela estava radiante, minha melhor
amiga agora é mãe de menino.
Arturo não conseguia largá-la, depois de muita
comemoração, quando a ficha caiu, ele correu até Christian e se
abraçaram, deixando Christian azul também. Os dois estavam muito
animados, eles jogaram celulares, carteiras, sapatos e pularam na
piscina. As crianças fizeram o mesmo, meu coração de mãe parava
me fazendo ir ao céu e voltar.
Depois dessa festa de comemoração, todos limpos
novamente, comemoramos com muitos doces, bolos, e companhias
incríveis.
— Então será Arthur mesmo?
— Perdi a aposta, amiga, se fosse menina eu iria escolher o
nome. — disse Letícia.
— Não poderia escolher um nome melhor, Arturo, pai de
Arthur, combinou, não foi?
Foi impossível segurar as risadas, até Letícia se divertiu, foi
um dia de muita alegria.
— Só falta saber se serei dinda de mais um menino ou
menina.
— Dessa vez eu acho que é menina, não serão três
meninos. — disse Arturo.
— Também estou achando. — disse Christian, animado.
— Pela primeira vez vejo um pai de menina feliz. — disse
Letícia.
— Quero viver essa experiência, mesmo sabendo que não
será muito tranquila, estou treinando para não ter um infarto.
— Você vai passar no teste quando chegar o primeiro genro.
— Arturo tocou no ombro dele, como se estivesse dando força.
— Primeiro? Você está pensando que ela terá vários
namorados? O primeiro será para sempre.
— Igual você? Igual eu? Igual Catherine? você acha que é
assim? — Arturo provocou mais.
— Chega desse assunto.
Christian se irritava facilmente, ele me encarou do nada só
porque estava sorrindo, acho que está desistindo da ideia de ser pai
de menina.
Eu e Letícia fugimos para o quarto do Arthur onde estão
todos os presentes, não tinha nada pronto, estava uma bagunça,
eles estavam esperando saber o sexo para começar a decorar.
Letícia estava babando cada presente, uma mãe coruja.
— Pensei que já tivesse vivido a felicidade, vejo que não,
foram momentos felizes, mas agora… é inexplicável.
— No dia que ele nascer, você me dirá isso novamente.
Será o dia mais feliz da sua vida, o mundo parece deixar de existir, é
mágico.
— Darei tudo de mim, farei de tudo por ele, você verá.
— Eu sei, não tenho dúvidas, estou muito feliz por vocês, de
verdade. É maravilhoso ver você tão feliz, ainda lembro de quando
nos conhecemos, quando conversamos sobre nossas vidas, o que
já passamos, você merece tanto ser feliz, é uma mulher
maravilhosa.
— Você também, sou muito feliz por ter sua amizade, nossa
conexão é coisa de outro mundo, estou muito feliz por ver você feliz
de novo.
— Tudo tem dado muito certo, parece que tem ficado muito
melhor.
— Que bom! Tem notícias da Lídia?
— Está fazendo serviços comunitários, respondendo a um
processo, espero que ela aprenda, não aguento mais ter que lidar
com essa mulher. Ontem Christian foi informado de que ela passou
mal, foi confirmado nos exames que ela tem um tumor na cabeça,
não poderá passar por uma cirurgia.
— Acho que dessa vez ela aprenderá, não cometerá o
mesmo erro duas vezes.
— Espero, não desejo mal a ela, ela terá as consequências
pelo que fez, só desejo que ela fique longe de mim e da minha
família.
— Isso inclui Giovanna, Kate…
— Graças a Deus estão longes, Giovanna vai ter que
cumprir pena na cadeia, o pai até tentou subornar a polícia, mas ela
foi levada para o juiz.
— Você não desconfiou dessa aproximação de Kate?
— Segundo Christian, ela se desculpou quando jantou com
ele e dividiu um pouco do que anda fazendo, se casou e está
tentando ter um filho. Teve três abortos, agora voltou para pedir
ajuda a ele, ela quer fazer o mesmo que eu, já fizeram a primeira
etapa, estão aguardando a confirmação da gravidez agora.
— Você confia?
— Não, mas eu não quero me preocupar mais com essas
coisas.
— Vim atrapalhar. — disse Christian, abrindo a porta.
— Dinda, quando o Arthur vai nascer? — disse Benício,
sentando no colo dela.
— Vamos ensiná-lo jogar bola. — disse Brendon, pegando
um carrinho. Letícia ganhou presentes para meninos e meninas,
todos sabiam que a fábrica não ia fechar agora, ela iria guardar e
tentar a sorte para ser menina na próxima.
— Não vai demorar, vocês vão poder brincar muito. —
Letícia abraçou os dois.
Eles ficaram fazendo carinho na barriga dela sentindo Arthur
mexendo, Benício correu até a minha barriga e tentou sentir o
mesmo, mas não estava mexendo, nos divertimos com a inocência
dele.
— Ainda não está mexendo, filho, só a barriga da dinda. —
disse Christian, bagunçando os cabelos dele.
— Mas tá grande a barriga da mamãe.
— Não está tão grande, ainda vai crescer mais, só então
ele(a) mexerá.
Ele voltou para Letícia e ficou conversando com o primo,
como Christian ensinou para chamá-lo.
— Está fugindo, Christian? — Arturo entrou no quarto com
dois copos.
— Vocês querem me deixar bêbado.
— Preparei sua dose.
— Tenho dois filhos e uma esposa grávida para levar para
casa.
— Você tem seguranças lá fora que podem dirigir.
— Amor, não vai falar nada?
— Sobrou para mim?
— não vai fugir, você disse que era a última.
Christian pegou o copo, Arturo sentou ao lado de Letícia e
ficou brincando com a barriga dela ao lado das crianças. Passamos
um tempo no quarto, depois que saímos decidimos ir embora,
alguns convidados já haviam ido embora, pois Letícia precisava
descansar, deixamos eles a sós com a família de Arturo, tinham
muito que conversar.
CAPÍTULO 37

No fim de semana, comemoramos o aniversário dos gêmeos


no parque de diversões, eles convidaram alguns amiguinhos, Letícia
e Arturo compareceram, uma mesa com bolo foi organizada no meio
do parque para cantar parabéns, eles se divertiram muito, foi o
pedido deles no lugar de uma festa, realizamos como pediram.
Domingo, fechamos as comemorações em família no parque
aquático, dia de sol e piscina, como amamos. Isso é felicidade, não
é festa, coisas vazias, momentos passageiros, nada disso, tem
quem gosta, mas gosto disso, ver minha família feliz e sentir essa
felicidade.
Meses depois.
Depois de tanto se esconder nos ultrassons, tivemos uma
resposta. No dia da revelação, Letícia foi a responsável, fizemos
uma festa em casa para essa revelação, Brendon e Benício
pintaram os carros deles de rosa e azul, eles fizeram várias apostas
para ver quem chegava primeiro, por diversas vezes repetiram me
matando do coração, na última volta, Brendon chegou primeiro no
carro rosa, foi quando fogos e muita fumaça rosa se espalharam nos
fazendo vibrar de emoção. Christian estava no ápice da felicidade,
ele não conseguia me largar, nem eu ele, a nossa menina como
tanto desejamos estava no forninho e ainda assim já amávamos
sem conhecê-la.
Os meninos pulavam jogando confetes para cima
comemorando, eles correram até nós para nos abraçar, caímos
sentados nos divertindo com essa cena e com a alegria deles.
Agora a briga era pelo nome, os meninos indecisos entre
Zoe, Ivy, Melinda e Jade, tivemos que fazer uma brincadeira em
casa para escolher um nome, cada nome era um balão, o último
seria o nome dela.
Brendon e Benício estouraram juntos o último balão, sendo
assim, nossa menina aqui tem um nome, Jade.
Com o passar do tempo Jade foi crescendo e cada vez mais
minhas dores nas costas aumentavam, mas nada que o meu
médico maravilhoso não conseguisse me fazer relaxar em casa.
Christian é apaixonado em ser pai, apaixonado pelos filhos, tem sido
um companheiro incrível, não que não fizesse isso antes, mas tem
dado muita atenção às crianças, ficado mais em casa, ele voltou às
cirurgias depois que foi liberado pela psicóloga, me acompanhou em
todas as consultas e sempre que saía, voltava com algum presente
para Jade. Isso deixaram as crianças um pouco ciumentas, às
vezes fazem birras, respondem, se negam a fazer algo que
pedimos, entendemos que seja o ciúme, por isso estamos nos
dividindo para passar mais tempo com eles, como viagens,
passeios, momentos em casa inventando algo novo para brincar,
ocupar a mente. Conversamos muito sobre a Jade, tentamos
conversar na intenção de fazê-los entender melhor sobre a irmã e o
quanto ela precisará de atenção quando nascer.
Foi em um dia agitado em casa que recebemos a ligação
avisando que Letícia estava entrando em trabalho de parto, fomos
para o hospital torcendo para dar tudo certo, as crianças estavam
ansiosos para conhecer o primo, Christian tentou conseguir mais
informações, Letícia já havia entrado na sala de parto, estava tudo
indo bem.
A família de Arturo chegou minutos depois, ficamos na
mesma sala esperando, Christian estava mais nervoso do que eu,
Jade não parava de chutar chamando atenção de quem me olhava.
Quando Christian saiu para buscar mais informações, a
prima de Arturo, irmã de quem tentou atrapalhar o relacionamento
deles, seguiu Christian com a desculpa de que iria ao banheiro. Sei
que era mentira, pois o banheiro ficava em outra direção.
Esperei-o voltar, minhas mãos tremiam de raiva, não
deixaria os meninos sozinhos, Christian sabe se defender.
Quando voltou, trouxe milk-shake para os meninos e um
cappuccino para mim. Ele me olhava sério, seu pescoço tinha uma
marca vermelha como se fosse arranhado, sei disso porque sua
pele é sensível e qualquer coisa fica vermelho por um curto tempo.
Tempo depois, ouvimos os gritos de Arturo, ele veio
correndo até nós gritando ser pai. Graças ao bom Deus, Letícia teve
um bom parto e Arthur nasceu com pressa, saudável e pesadinho.
Aguardamos mais um tempo, quando Letícia estava no
quarto, conhecemos Arthur de longe para não passar nenhuma
bactéria ou incomodá-los, Arturo apresentou o príncipe com
lágrimas nos olhos, foi engraçado. Os meninos ficaram empolgados,
deram presentes ao primo, estavam hipnotizados.
Enquanto eles admiravam Arthur, notei quando a prima de
Arturo foi para perto de Christian e segurou seu braço com um
sorriso largo.
— Parabéns primo, ele é lindo, esses homens só fazem
filhos bonitos.
— Sinto em dizer que ele não parece com você, meu amigo.
— disse Christian, ignorando o comentário.
— Já estou conformado de que parece com Letícia, tem
tudo dela, olha o tamanho dessa mão, o pé parece um pãozinho.
— Um papai babão também temos.
— Estamos muito felizes, foi o melhor dia de toda minha
vida, um dia inesquecível.
Quando ele chorou, Arturo correu para levar Arthur para
Letícia, ele estava todo perdido.
Uma enfermeira deixou os meninos entrarem a pedido de
Letícia, usavam toucas, luvas e máscaras, era apenas proteção. Um
momento especial para eles e para nós também, Christian estava
todo bobo tentando não ficar emocionado, um homem durão. No
momento em que a tal prima de Arturo iria falar, Christian foi
chamado por um colega de trabalho e saiu. Me aproximei dela e
ainda olhando pelo vidro, falei apenas para ela ouvir.
— Se eu fosse você, parava de falar com o meu marido
como se ele não fosse casado e estivesse com a esposa do lado,
principalmente, parava de investir nele.
— Você deve ser aquele tipo de esposa insegura, ciumenta,
está vendo coisas. Catherine, estou… -interrompi.
— Para você é senhora West, e se você quiser permanecer
neste hospital, acho melhor você se comportar e manter suas mãos
longes do meu marido, ou posso mostrar a saída te arrastando
pelos cabelos.
— Você deve estar cansada dos chifres, não é? Entendo,
aquele homem é um pecado. Você é esposa dele, é o que os papéis
dizem, mas não é dona do hospital, então ficarei aqui até a hora que
eu quiser.
Christian voltou no momento em que estava pronta para
agarrá-la pelos cabelos e tirá-la daqui, mas pensei melhor.
— Não quero essa mulher aqui, chame os seguranças ou eu
mesma mostro a saída.
— O que está acontecendo?
— Era só o que faltava, agora estou sendo expulsa por uma
louca e ciumenta, você não é dona disso aqui. — disse sorrindo,
chamando atenção de quem passava.
— Sim, ela é dona deste hospital e se quiser, é dona de toda
a cidade. Acho melhor você respeitar a minha esposa, ela não está
falando isso à toa, você não acha?
Christian pegou o celular e pediu um segurança.
— Vocês não podem fazer isso, não dá para respeitar esse
momento? Somos a família de Arturo. — disse Eliana, a mãe de
Arturo.
— A senhora deveria falar isso para a sua sobrinha,
principalmente, saber se comportar perto de um homem casado, se
não quiser sair também, melhor se calar e aproveitar esse momento
como citou.
— Tia, eu não fiz nada, ela é louca.
Christian segurou minha mão quando estava prestes a
explodir, dois seguranças apareceram, Christian apenas apontou
para a piranha, quando eles deram um passo, ela saiu por vontade
própria.
CAPÍTULO 38

— Você está bem?


— Sim!
— Amor, não sei o que ela falou, mas eu não fiz nada, em
todo momento respeitei você e não toquei em um fio de cabelo dela.
Fui buscar informações, comprei os milk-shake das crianças, o seu
café e ela apareceu do nada me pedindo informações, ela tentou,
sim, mas tenho testemunhas de que não fiz nada.
— Está tudo bem, Christian, vamos esquecer isso.
— Sua mão está gelada, tem certeza de que está bem?
— Só me estressei, depois passa.
— Não, depois passa nada, venha.
Christian deixou uma enfermeira de olho nas crianças, me
levou para a sala dele e pediu um chá ao funcionário do refeitório.
— Estou bem, já disse.
— Você acredita em mim?
— Acredito.
— Seja sincera, por favor, eu não fiz nada, juro por Deus.
— Não jure, Christian, está tudo bem, eu acredito em você.
Não sei porque viemos para a sua sala.
— Você está grávida, já se estressou demais, não quero que
passe mal.
— Nossa filha está bem.
Mesmo assim ele ficou preocupado, quando o chá chegou,
ele ficou ao meu lado até eu tomar tudo. Voltamos quando terminei
o chá, Christian ficou ao meu lado o tempo todo, ignorou a família
de Arturo, que me ignoravam e só enxergavam-no.
Quando os meninos saíram do quarto, fomos para casa
ouvindo-os falar todos os detalhes de como foi conhecer o primo,
eles estavam muito felizes.
Quando Letícia ganhou alta, entrou em desespero fazendo
uma tempestade no copo d'água, tentei socorrê-la, dormi dois dias
na casa dela tentando auxiliar com o que ela precisava, tudo que eu
não queria era que ela ficasse sob pressão. Arturo estava muito
atencioso, são pais de primeira viagem, passaram pelo susto na
gravidez, agora estavam perdidos.
Quando completou um mês do Arthur, as crianças foram
visitá-lo, se divertiram e tentaram brincar com ele, já que ele ainda é
um bebê e não tem a energia deles ainda. Agora iam sempre visitá-
lo e sempre levavam presentes.
Tempo depois.
Quando estávamos chegando no final da gravidez, Christian
preparou toda equipe, fez plantões longos, se preparou para a
chegada da Jade.
Os meninos estavam sem aulas, já estava há dias sentindo
contrações, tive atendimento em casa, segui as orientações, Jade
estava na posição certa esperando o momento certo, tudo no tempo
dela. Tentei deixar as crianças de fora desse momento, eles ficariam
preocupados, entendiam que eu estava repousando e descansando,
quando, na verdade, estava em uma banheira com água morna para
relaxar as dores.
— Ela está se mexendo muito, e se ela sair da posição?
— Vai dar tudo certo, não fique com medo. — tentou me
acalmar.
— Está ficando difícil, os intervalos são curtos.
— Estou marcando.
— Ansiosa para conhecer a nossa filha.
— Eu também, meu amor, agora está mais perto.
Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe. Conforme o tempo
ia passando, as dores aumentavam, não tinha uma posição certa,
tentei dormir deitada, mas foi algo impossível, dormi sentada numa
poltrona por algumas horas até as contrações voltarem, Christian
estava igual eu, dormia e acordava ao mesmo tempo. Passamos
mais uma noite assim, pela manhã, quando estávamos indo para a
sala tomar café da manhã, a bolsa estourou fazendo os meninos
rirem.
— A mamãe fez xixi. — disse Brendon, sorrindo.
Eles gargalhavam, mas, na verdade, Jade estava querendo
nascer e fez seus irmãos rirem. Christian correu até nós, ele já
sabia, ao invés de me ajudar, ele pulou com as crianças.
— Jade vai nascer, a irmãzinha de vocês irá nascer!
— Christian, se você não vier aqui agora, eu vou te matar.
— Precisamos ir ao hospital.
— Sério? Pensei que ia dar à luz aqui mesmo.
— Desculpa, meu amor, me empolguei.
Ele me deixou novamente e correu para o quarto para pegar
as coisas da Jade, fiquei apoiada na parede esperando ele voltar, as
contrações vieram com pressa, gritei por Christian diversas vezes,
os meninos foram correndo atrás dele, não sabia se havia braço
livre de tantas coisas que esse homem estava segurando.
Os seguranças me ajudaram, no caminho para o hospital
senti que não ia aguentar, já estava suando, as crianças foram em
outro carro com Teresa, eles insistiram muito para nos acompanhar.
Christian estava em ligação com a obstetra, ela estava dando
muitas orientações, isso estava me deixando apavorada, Christian
estava perdido, não parecia que era um médico-cirurgião.
— Eu não vou aguentar, está doendo muito, Christian.
— Respira, precisa se manter calma, tentar pelo menos.
— Ela vai nascer aqui.
— Vai dar tempo.
— Não vai, Christian, essas dores só me fazem empurrar
cada vez mais.
A obstetra então pediu para ele fazer o parto, não poderia
impedir Jade de nascer, nem se eu quisesse. Cada contração era
força que eu fazia, Christian sentia o mesmo que eu, Jade ia nascer
no carro, ele então tirou a camisa e deixou de lado. Estávamos
próximos do hospital, foram minutos no semáforo para chegar, mas
Jade quem chegou primeiro.
Senti que ia morrer, minhas costelas quebrando uma por
uma, meu corpo estremeceu e foi a pior dor. Christian tentava me
acalmar, conversava comigo, mas eu nada ouvia, ele estava todo
bobo, emocionado, quando Jade finalmente nasceu, o semáforo
ficou verde. Christian a segurou sem saber controlar a emoção, a
porta foi aberta e a equipe me levou para uma sala. Me bateu o
desespero quando não vi a Jade, a equipe me examinava e eu só
queria a minha filha.
CAPÍTULO 39

— Calma, Catherine, sua pressão está subindo, precisa ficar


calma.
— Não, não pode acontecer tudo de novo, onde está a
minha filha?
— Ela está sendo examinada, você deu à luz no carro, ela
será devolvida e Christian provavelmente está com ela.
— Ele vai trazer a nossa filha, não vai? Ele mudou, somos
uma família.
— Claro que sim, minha querida, ele não levou a filha de
vocês, fique calma.
Eu queria acreditar, estava me odiando por pensar isso, mas
lembro perfeitamente do primeiro parto. Estava com as emoções à
flor da pele, Christian entrou correndo sem a Jade e veio até mim.
— Ei, tá tudo bem, nossa filha está sendo pesada, estão
vestindo ela para ir para o quarto com você.
— Me perdoa.
— Não pense nisso, eu entendo, está tudo bem agora, tá?
— Não a deixe sozinha.
— Ela não está sozinha, meu amor.
— Christian, a pressão está baixando. — disse a obstetra.
— Que bom! Ela ficará bem sim.
— Estou bem.
Christian ficou comigo até a equipe terminar, uma
enfermeira trouxe Jade chorando com fome, fomos levadas para o
quarto com o papai do lado nos enchendo de amor, ainda me sentia
péssima por ter essa reação, um filme passou na minha mente, me
vi sozinha novamente.
— Me desculpe, não deveria ter deixado o passado voltar,
prometemos deixar no passado, mas quando me vi sozinha naquela
sala fiquei desesperada.
— Você está sensível, passou por um parto delicado, há
dias vem sentindo contrações, sem dormir direito, enfim… por mais
que deixemos o passado no passado, é parte da nossa história, não
foi legal minha atitude, marcou nós dois, nunca mais se repetirá.
— Eu sei, amor, é por isso que me sinto mal agora.
— Eu que errei, você não tem que se sentir mal, fique
calma. Jade está aqui, estamos bem, os meninos estão se
preparando para entrar, aproveitaremos esse momento.
— Ela é tão linda, não tenho sorte mesmo, Brendon tem sua
personalidade, Jade é seu clone, Benício já está mudando de lado
também.
— Quem sabe na próxima? Não tenho culpa de ser o
preferido.
— Convencido! Acho que fechei a fábrica.
— Só porque gosto de você grávida, isso não vale.
— Eu te amo, amo a nossa família, amo tudo que estamos
construindo juntos.
— Eu também, meu amor, essa princesa, nossos meninos,
nossa vida juntos, vocês são meus diamantes. Amo vocês, sempre
farei de tudo por nossa família.
— Onde está a Jade? — Benício perguntou da porta.
Os dois estavam parados um ao lado do outro, pareciam
tímidos, Jade parou de mamar, foi para os braços de Christian e só
então os meninos se aproximaram curiosos.
— Ela é menor que o Arthur. — disse Benício.
— Arthur cresceu um pouquinho, sua irmã nasceu hoje.
— Pode tocar? — perguntou Brendon.
— Claro, filho, é sua irmã.
— Oi, Jade, eu sou o Brendon.
— Sou o Benício, seu irmão.
Se não era a cena mais linda e emocionante, desconheço
outra. Jade estava quietinha nos braços de Christian, abria os olhos
com dificuldades, ela agarrou o dedo de Brendon e não soltou mais,
isso se tornou engraçado para eles. Sonhei tanto com esse
momento, meu maior desejo hoje é que eles cresçam felizes, com
saúde e se tornem pessoas incríveis, inteligentes e exemplares.
Christian estava muito feliz, nossa felicidade era uma só, nossa
família.
Quando o casal caminha na mesma direção, o sonho de um
é o sonho do outro, não precisam de mais nada, tudo acontece
conforme eles lutam.
Jade só chorava quando sentia fome, estava dando tudo
certo, Letícia e Arturo vieram ao hospital, os pais de Christian
estavam radiantes, sabia que, no fundo eles desejavam que Vô
Humberto estivesse aqui para viver esse momento também, eu
também desejava, mas espero que de onde ele estiver agora, esteja
nos vendo e fique feliz por nós.
Nossa rotina com Jade estava sendo incrível, já que os
meninos estavam sem aulas, me ajudaram muito. Eles eram
carinhosos e prestativos, quando ela chorava, eles corriam para
saber o que estava acontecendo. Christian participou das
madrugadas comigo, quando era para trocar a fralda, ele fazia isso
me deixando dormir mais um pouco, nem que fosse sentada.
No início os meninos fizeram o mesmo, mas não queríamos
desregular o sono deles. Quando a fase do ciúme chegou, que já
esperávamos, tentei dar atenção para todos, Christian até tentou
fazer isso por mim, mas eles não queriam nem saber do pai mais,
só queriam ficar perto de mim. Quando não estava com Jade,
estava ao lado deles brincando, assistindo, fazendo alguma coisa
para dar atenção. Tentei incluir a Jade também, mesmo que ela não
entendesse, mas essa aproximação deles era importante.
Quando eles voltaram para o colégio, fomos chamados para
uma reunião, Brendon estava agressivo, brigou com um colega,
sabíamos o motivo, tivemos que repreender com um castigo, mas
não desprezamos, isso seria pior.
Tempo depois.
Quando Arthur completou um ano, Letícia e Arthur fizeram
uma grande festa, estavam vivendo a melhor fase da vida deles.
Arthur estava gordinho, muito esperto, curioso e apaixonante.
Quando Jade estava prestes a completar um aninho, nos
preparamos para fazer a festa de aniversário, o ciúme da criança já
havia sumido, ela estava cada vez mais espertinha, estavam
sempre sorrindo, principalmente quando eles faziam ela sorrir. Jade
é risonha, simpática, ela sorri para todos quando fazemos passeios
pelo condomínio, na rua e no hospital, ela sorria e acenava dando
tchau para as pessoas. Quando começamos a introdução alimentar,
foi um momento especial, Christian e os meninos participaram de
cada momento deixando mais divertido. Quando Jade não gostava
de uma fruta ou fazia uma careta engraçada, nossas gargalhadas a
faziam sorrir, cada sorriso era um registro para guardar de
lembranças.
CAPÍTULO 40

Mais um dia buscamos o papai no hospital para almoçarmos


juntos, Jade gostava de estar no chão segurando minha mão, ela
ficava exibida, soltava gritinhos, queria correr, isso chamava
atenção.
Encontramos Christian no corredor falando com um
enfermeiro, Jade gritou demais dessa vez, quando Christian nos viu,
ele se abaixou abrindo os braços deixando-a agitada, Jade queria
correr, não dava para soltá-la, Christian correu até ela e a pegou no
colo ganhando um abraço apertado da sua princesa.
— Oi, meu amor, você veio ver o papai?
— Viemos buscá-lo para almoçar, será que ele tem uma
vaga?
— Já acabei o plantão, tenho todo tempo do mundo. Como
vocês estão?
— Bem, essa mocinha conquistou todos por onde passou.
— Vai ficar velhinha amanhã, que coisa linda.
— Está tudo pronto, resolvi os últimos detalhes da viagem
também.
— Você sempre se preocupando com tudo.
— Com muito prazer.
— Vamos buscar seus irmãos? Você quer passear de
carro?
Jade se animou batendo palmas, fomos para o carro com
Jade dando tchau para todos por onde passamos, já estávamos
atrasados, os meninos já estavam nos esperando, quando nos
viram, correram até nós e abraçaram a irmã fazendo uma festa.
Faremos uma festa pequena para comemorar o aniversário
de Jade e no dia seguinte viajaremos para a Disney. Aproveitamos a
presença do papai em casa depois de um plantão de quase dois
dias, um dos pacientes dele teve uma piora e por isso ele precisou
ficar no hospital, se importa com esse paciente, mas não é só isso,
depois que ele perdeu vô Humberto, ficou traumatizado e faz de
tudo para não perder um paciente.
O aniversário de Jade foi com tema da Disney, princesas,
minnie e mickey, tinha personagens e as crianças foram um deles,
Jade se divertiu muito mesmo com 1 aninho, ela brincou, abraçou os
personagens e os convidados, comeu, dançou, e ganhou muitos
presentes. Arthur, Brendon e Benício, se divertiram tanto quanto
Jade, se existem momentos melhores do que estou vivendo,
desconheço.
No dia seguinte nos preparamos para viajar, Leticia, Arturo e
Arthur, Roberta e Ricardo, nos acompanharam também nessa
viagem, Christian havia comprado uma casa, seus pais mereciam
atenção, principalmente depois da perda de vô Humberto, amam os
netos, eram como uma terapia.
Se pensarmos bem, uma vida sem família é uma vida muito
mais cinza! Não precisa de sangue, mas sempre será importante ter
pessoas com quem você possa contar e que possam contar com
você! Nossa família é o nosso bem mais precioso, o nosso tesouro
maior neste mundo. Cuidar dela e fazer com que este
relacionamento seja nutrido é de extrema importância. Não é o que
temos na vida, mas quem temos em nossas vidas que importa.
A família não nasce pronta; constrói-se aos poucos e é o
melhor laboratório do amor. Em casa, entre pais e filhos, pode-se
aprender a amar, ter respeito, fé, solidariedade, companheirismo e
outros sentimentos.
Conviver é nosso maior desafio. Aceitar as diferenças é
sinal de amor e evolução. Paciência, perdão e renúncia são para os
que entenderam o significado da família.
Com vô Humberto aprendi que, não importa o momento, não
importa a dificuldade, somos nossas próprias companhias e
devemos nos sentir bem com isso, mas melhor ainda é ter quem
você ama por perto, lutar por quem ama é a parte mais importante,
e daí se não der certo? Não era para ser, mas você tentou, você
disse que ama, você foi até o fim. Vivi momentos inesquecíveis ao
lado dele, não me arrependo de nada e sou muito feliz por isso, hoje
fica a saudade, mas com a certeza de que nos encontraremos na
vida eterna ao lado do pai. Por isso, valorize seu pai, valorize sua
mãe, sua família, seus amigos, valorize os que estão ao seu lado, a
vida não avisa quando terminará.
***
Continuamos construindo nossa história ao lado de pessoas
especiais, nossos filhos, amigos e familiares, sabemos que nem
sempre teremos dias bons, viveremos dias tempestuosos, mas
temos todas as ferramentas que precisamos para poder passar por
todos os obstáculos.
— Papai, Jade conseguiu de novo! — disse Benício,
comemorando.
Estávamos sentados na grama fazendo um piquenique com
as crianças, Jade andou mais uma vez, três passos, mas foi alguma
coisa, eles não desistiram…
— Quero mais um. — disse Christian, me abraçando.
— Pensei que tivéssemos fechado a fábrica.
— Eu te amo, obrigado por me ensinar a amar, me fazer
feliz, não ter desistido e dar tudo de si pela nossa família. Você é
uma mulher incrível, uma mãe excepcional, ganhei na loteria e não
estou falando de dinheiro.
— Eu te amo, Christian West, nossa história está apenas
começando.
— Papa…
— Ouviu? Você ouviu isso?
Christian comemorou jogando Jade para cima por ela falar a
primeira palavra com 1 ano e 3 meses, além do deboche, ficou
convencido. Corri atrás dele com uma almofada na mão, Jade
gritava sorrindo, as crianças correram também, nossa tarde estava
incrível assim como nossas vidas.
Ainda era difícil acreditar que estava casada com Christian
West, mãe de três preciosidades, mas tenho uma longa vida para
deixar a ficha cair e enquanto isso, vivo cada momento
intensamente.
O fim? é apenas o início da nossa história e do quanto
seremos felizes.
REFLEXÃO

“É exatamente disso que a vida é feita, de momentos.


Momentos que temos que passar, sendo bons ou ruins, para o
nosso próprio aprendizado. Nunca esquecendo do mais importante:
Nada nessa vida é por acaso. Absolutamente nada. Por isso, temos
que nos preocupar em fazer a nossa parte, da melhor forma
possível. A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é
perfeita naquilo que tem que ser.”
— Chico Xavier
FIM!
AGRADECIMENTOS

Muito obrigada a todos que chegaram até o final dessa


história, espero ter atingido as expectativas, ter levado emoções e
sensações boas de cada momento vivido por Christian e Catherine.
Obrigada as minhas leitoras fiéis por não desistirem de mim, por
estarem no mesmo barco que eu, é muito importante e gratificante,
vocês completam minha vida. O escritor precisa do leitor e o leitor
precisa do escritor, somos uma combinação. Espero vocês na
próxima, até logo!
Deixe sua avaliação, é muito importante, seja um elogio ou
uma crítica construtiva. Muito obrigada!

Abraços, Natália França.

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