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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
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saída, além de chamar Roy para ajudá-la. Precisou de muito esforço e determinação para
fazer aquela ligação, pois ele era a última pessoa que gostaria de ver e a única que seria
capaz de resgatar a menina.
O que nenhum dos dois esperava era que ao se reencontrarem, o amor que uma vez
sentiram mostrou que o sentimento nunca havia se acabado. Em algum momento, Ella
acaba nos braços de Roy e se beijam apaixonadamente.
Agora Antonella tinham duas coisas para resgatar, a sobrinha Giovana e o amor de um
mafioso.
Querido leitor,
Em primeiro lugar gostaria de agradecer por ter dado uma oportunidade
para conhecer a história de Roy e Antonella. No entanto, também gostaria de
citar alguns pontos antes de mergulhar deste conto que é romance incrível.
Em Roy, O amor de um Mafioso não é citado um lugar especifico, além da
cidade, onde desenrola a história. Deixe sua imaginação livre para encontrar
o lugar perfeito, qualquer semelhança à realidade é mera coincidência.
Peço que deixe sua mente aberta, aproveite o livro e se apaixone por mais
esse casal incrível.
Boa leitura!
Um beijo, um cheiro...
Com carinho, Erika Martins.
Esse eu dedico a todos meus leitores
Seu amor por esta série é o que nos trouxe até aqui,
Meu muito, e mais sincero, obrigada.
Prólogo
A escuridão não a assustava, de forma alguma. Embora, enquanto dormia
Antonella tivesse sentido os pelos da nuca se arrepiarem como se algo lhe
informasse do perigo. Isto foi motivo suficiente para que abrisse os olhos.
Ficou quieta em sua cama tentando entender o que tinha a acordado. Sua
respiração era baixa e calma. O quarto estava gelado, mas ela se mantinha
quente por baixo das cobertas. No entanto, isto não a enganava. Algo estava
acontecendo.
Com a lentidão de uma lesma, ela deslizou a mão para fora da cama e
abriu a gaveta de sua cabeceira com a agilidade de um leopardo alcançou a
Glock guardada ali. Seu dedo estava sobre o gatilho sem nenhuma hesitação.
daquela noite.
Giovana!
Sua sobrinha estava em perigo, mas Antonella não podia se mover pela
emoção. Precisava ser fria e ajudar a pequena menina. Antes de alcançar sua
porta, alguém a abriu com força.
O som dos tiros perturbaram seus ouvidos, mas não abalou a firmeza de
seus braços e nem mesmo afastou seu dedo do gatilho que apertava com tanta
precisão.
Ou melhor, tentou.
Eram quatro homens fortes contra ela e mais um que arrastava sua
sobrinha para fora aos berros.
Giovana!
Sua mente gritava pelo nome da menina que criava desde o nascimento. A
considerava sua filha.
Foi difícil, mas balançou sobre seus pés quando se levantou. O mundo
girou em sua volta e ela apoiou-se sobre a parede e fechou os olhos. Respirou
fundo e tudo o que conseguiu foi ficar ainda mais nauseada devido ao terrível
Odiava se sentir tão vulnerável. Chegava a tremer por saber que não foi
capaz de proteger Giovana. E nem mesmo conseguiria fazer isto agora, correr
pela noite fria italiana e alcançá-la. Envolver seus braços em seu pequeno
corpo e jurar que estava segura, que a protegeria sempre.
Doeu levar o aparelho até o ouvido, mas assim que fez ouviu a primeira
chamada, e a segunda, até que veio a voz dele.
— Ella?
Nunca era seguro falar demais pelo celular, ela não confiava em ninguém.
Porém, no fundo do seu coração Antonella sabia que podia confiar naquele
mafioso, mesmo que ele tenha um dia ido embora sem olhar para trás
destruindo seu amor.
Capítulo Um
Deitado de bruços em um telhado sujo, Roy olhava pela mira de seu rifle
com atenção. Sem tirar os olhos de todo movimento ao redor do chefe
enquanto ele fazia bem... ‘Seu trabalho de Deus sob a terra’, era assim que
gostava de chamar.
Foi difícil para Roy segurar a gargalhada, não queria entregar sua posição.
Roy ficou quieto, obedecendo a suas ordens por alguns minutos, ainda
atento a cada movimento dentro daquele galpão. Ouvia Adônis, com muita
elegância, colocar o bando de motoqueiros em seu lugar. Os lembrando de
que era o Dom daquela cidade, daquele país. Ninguém tinha coragem de
revidar, e os tolos que ousavam, não ficavam vivos por muito tempo.
Ela desligou a chamada e todo humor de Roy se foi. Ele ficou tenso e
inquieto, sentia uma terrível necessidade de abandonar seu posto e sair
correndo em direção a ela. Tinha anos que não ouvia sua voz de tão perto,
mas ele fazia questão de manter um olho em seus movimentos, embora nunca
tivesse coragem de se aproximar.
Apesar de toda vontade de correr até Ella, Roy não ousou desviar o olhar
de sua mira. Por mais que odiasse seu trabalho agora, entedia o risco que
— Sim.
— Algum problema?
Desta vez, Roy não implorou para atirar. Ele simplesmente queria finalizar
a noite e descobrir o que caralho estava acontecendo para fazer Ella o ligar.
Nunca foi devoto, não depois da vida obscura em que foi jogado, acreditava
que ofenderia Deus caso pedisse alguma coisa. Mas naquele momento tudo o
que ele pensou, ou melhor, quase implorou, foi para que tanto Ella quanto
Gio estivessem bem.
Elas eram a única família de sangue que lhe sobrou e isto foi motivo
suficiente para que não se desviasse de suas funções. Nada naquele mundo
poderia fazê-lo sair daquele telhado antes que Adônis estivesse seguro em seu
carro. Era isto, ou lagar tudo para começar a se esconder depois que fosse
considerado um traidor.
Demorou quase uma hora para que tudo estivesse pronto para saírem do
local. Roy jogou o rifle no ombro e pulou do telhado para uma grande caixa
de lixo e depois para o chão. Correu em direção a Bruce, antes que ele
A expressão de Bruce não se alterou, mas estava claro que ele não
precisava. Seu silêncio era tão irritante que o fazia falar antes que percebesse.
— Preciso conferir uma pessoa — disse sem muita informação.
Roy sabia que ele não tinha falado nada, além do nome da pessoa que
ligava.
Ele queria dizer que não precisava, mas sabia que era uma ordem.
Somente acenou concordando e correu para onde tinha deixado sua moto. Já
tinha esperado tempo demais. Pietro o alcançou depois de pegar uma moto,
falando sem parar, tentando tirar informações dele. Isto realmente irritou
Roy, porque ele não sabia o que estava acontecendo. Não tinha respostas para
Acelerou pelas ruas ignorando a voz do amigo em seu ouvido. Tudo o que
conseguia pensar era em Ella. Foram criados juntos. Sua mãe se casou com o
pai de Ella quando ela tinha quatro anos e Roy cinco. Não eram irmãos, mas
foram ensinados a se protegerem como se fossem.
Logo depois, a mãe de Roy e o pai de Ella, deram vida a uma doce menina
chamada de Elisabeth. Agora sim, irmã de ambos, e o amor de suas vidas.
Roy e Ella, adularam e mimaram muito sua pequena irmãzinha Beth.
Cresceram juntos, fazendo todas as travessuras que suas idades permitiam,
até que um dia Roy chegou em casa e encontrou sua mãe tomada por um
terror que o deixava trêmulo até hoje.
Seu pai biológico havia descoberto que tinha um filho de quinze anos e
estava ali para levar seu herdeiro. Sob a ameaça de colocar uma bala na
cabeça de sua mãe, Roy foi embora com seu pai sem olhar para trás. Sentiu
uma terrível necessidade de proteger sua mãe, sua irmã e Ella.
Roy afastou todas aquelas lembranças para longe quando chegou à frente
da loja de Gellato de Ella. Seu coração estava em uma batida fria, como
nunca antes. Ele não reclamou. Aquilo o mantinha calmo. Desceu da moto
deixando o capacete pendurado no guidom, e assim que se aproximou da
escada lateral que levava para o apartamento dela, Roy sentiu um frio
— Eu também não.
Seu sangue ficou um pouco mais frio por ver a porta arrombada.
Empurrou lentamente com a ponta do dedo e o barulho foi mais alto do que
imaginava. Deu um passo para dentro e uma arma foi apontada para sua
têmpora.
Pietro ficou tenso em suas costas, mas não se moveu para não entregar sua
presença.
— Não vou ser pega de surpresa duas vezes na mesma noite, se veio
terminar o serviço — disse Antonella com frieza.
— Roy!
— Acho que ela tem um bom time — riu Pietro. — Eu teria atirado.
— Quem a levou?
Ele não acreditou que alguém tenha tentado ajudar, ainda mais depois de
ter passado tanto tempo.
— De raspão. — O corrigiu.
Mas desta vez ela não lutou contra ele, permitiu que Roy a levasse até o
sofá. O olhar dele pousou sobre o corpo na sala com atenção. Observou suas
roupas e procurou por tatuagens. Queria saber quem era, mas sua principal
vontade era que não estivesse morto para que ele mesmo pudesse fazê-lo.
— Você fez isto para se proteger, lutou bem — disse baixo. — Vou tirá-lo
daqui.
Ela não protestou, parecia até mesmo agradecida de não precisar ver o
corpo. Roy foi rápido em arrastar o bandido para longe do alcance de seus
olhos. Quando se voltou para ela, viu o medo estampado em seu olhar e se
sentou ao seu lado.
— Não há nada que faça diferença. Eles não falaram nada. — Bufou. —
Somente derrubaram as portas, atirei em um, lutei contra os outros e antes
que pudesse impedir a levaram daqui arrastada! Ou acha que eu lhes servi um
café para conversarmos?
Roy ignorou seu sarcasmo, sabia que ela estava criando barreiras para se
proteger e muito perto do pânico. A entendia. Também sentia medo sobre o
— Já disse que vou encontrá-la, mas primeiro tenho que cuidar de você.
— Bom.
— Quem é Milena?
— Ella...
sua expressão. Viu que ela respirou fundo antes de começar a contar em
detalhes tudo o que tinha acontecido. Ele ouviu com atenção, não tinha
muitas pistas, mas bastariam algumas horas para que descobrissem tudo sobre
quem a atacou. Eles comandavam o lado mais obscuro da cidade, encontraria
Antonella sabia que Roy fazia parte da máfia, mas nunca esteve tão perto
dessas pessoas antes. Ele havia contado anos atrás quando ela esbravejou
com ele por tê-la deixado sem nenhuma explicação. Um dia, ela chegou em
casa e descobriu que o pai de Roy tinha aparecido e o levado embora.
Antonella chorou sem entender seus motivos, até que um ano depois, em seu
aniversário, ele apareceu prometendo voltar algumas vezes durante os
próximos meses. E assim o fez, Roy a visitou sempre que pode, mas
Antonella via que existia um gelo, uma frieza tomando seus olhos a cada vez
que o via.
Não entendia. Como poderia? Ela nunca havia ouvido falar de uma
organização criminosa tão perigosa como aquela em seus poucos anos de
idade.
— Esse dois idiotas estavam aqui, não existe perigo — apontou para Roy
e Pietro. — E você, Malone, tente obedecer a seu chefe de novo e me prender
no carro pra ver. Vou fazer você se arrepender.
Antonella quis perguntar o porquê ele estava correndo, mas ficou muito
obvio que a médica não se importava muito sobre quem eles eram. Ela só
passava por cima deles, até mesmo do que esbanjava mais perigo.
— Não disse? Bando de patifes — riu. — Mas vejo que tem um ferimento
sério, ainda está sangrando.
— Foi de raspão.
Milena não discutiu, mas acenou para Apolo que eles deveriam sair para
que pudesse ter privacidade para examinar Antonella.
— Não.
Antonella sabia o que ele queria dizer, iria mexer no corpo que ela atirou e
tentar descobrir suas origens. Seu estômago se revirou mais um pouco.
Antonella pensou que seus olhos saltariam de seu rosto quando percebeu
que Apolo era um dos chefes da máfia.
— Achei que queria que ele saísse da sala, gatinha — disse ele.
Viu Roy se mover não mostrando nada em sua expressão, ela queria lê-lo,
mas o homem tornava isto impossível com seu olhar gelado.
um raspão.
Ela não deu ouvidos para o que conversavam, não podia. Voltou a encarar
a bonita médica de olhos gentis e espertos antes de suspirar. Sua adrenalina
tinha baixado demais e ela não sabia o que doía menos em seu corpo, mas
isto não chegava nem perto da preocupação que estava sentindo por causa de
Giovana.
Ela não discordou, e pelos próximos minutos nem mesmo disse uma única
palavra. Começou a buscar por todas suas lembranças, cada uma delas, para
que pudesse entender quem poderia ter levado sua sobrinha.
Tinha jurado cuidar dela. Jurado que nenhum mal lhe aconteceria.
Foi então que se lembrou de que segurou a mão de sua irmã, Elizabeth,
ainda no hospital, depois que deu a luz com muito esforço a uma bela
menininha de cabelos loiros e prometeu cuidar dela. Beth teve grandes
complicações durante o parto e não resistiu, mas antes de fechar seus olhos
Contudo, a vida se apagou dos olhos de sua irmã e seu mundo virou uma
Imaginou que os homens que invadiram sua casa tinham voltado, o que
seria grande ousadia, mas contava com isto, pois ele necessitava matar
alguém.
Ella o ignorou e se levantou indo apressada até Roy. Ele segurou seus
ombros, ainda com uma grande vontade de pegar seu rifle e da uma olhada
em toda vizinhança.
— Ella?
— Foi ele.
— Quem?
— O pai de Giovana.
Roy não se impediu de franzir as sobrancelhas, não estava entendendo o
que Ella queria dizer. Pelo o que ele já havia apurado antes, era difícil
encontrar o homem pelo qual Beth se envolveu. Ela era uma menina doce e
tímida, confiava facilmente nas pessoas, até o dia em que contou que estava
grávida.
Foi doloroso perder Elisabeth quando ela só tinha dezessete anos, mas Roy
já estava acostumado com a dor. Sua mãe, seu padrasto e sua irmã, todos
haviam partido e o deixado para ver sua vida morrer também. Ainda
respirava, seu coração batia, mas no lado mais escuro que o mundo conhecia.
O antigo Roy, aquele..., o menino que cresceu com Ella e sua meia-irmã,
Beth, não existia mais. Não tinha brincadeiras na rua, as dores de barriga por
exagerarem com doces, as corridas por novas descobertas, o mundo alegre e
colorido em que viviam... tudo, exatamente tudo tinha ido embora.
contou Ella. — Eu nunca tinha pensado nisto antes, mas tenho certeza de que
estava falando do pai de Giovana.
— Eu não sei! — exclamou exaltada. — Mas quem iria raptar uma menina
inocente?
— Estava ocupado.
Ele sabia que ela considerava Giovana sua filha e respeitava isto.
Tanto Roy quanto Ella não se viraram para ver a expressão dos homens,
mas caso fizessem saberiam que Pietro estava se divertindo, Malone estava
tenso e Apolo chegou abrir a boca para se intrometer, mas logo fechou
Roy estava rígido como uma porta, mas no fundo de sua alma sentia-se
trêmulo como uma maldita vara verde. Como ela poderia acusá-lo de
sequestrar a própria sobrinha? Como ela duvidava de seu caráter desta forma?
Uma fúria quente subiu em seu peito. Queria gritar e sacudi-la até a morte
por suas acusações.
Apolo ordenasse sem pensar duas vezes em seus princípios. Ele nem mesmo
sabia o significado disto, havia se perdido com o tempo, e hoje com seus
vinte e oito anos sentia-se morto demais para se preocupar com suas
qualidades.
— Desculpe.
— Eu vou encontrá-la.
— Sim.
deixava tenso.
— Obrigada.
...
As próximas horas foram uma loucura para Antonella, ela queria sair às
ruas e buscar por sua menina. No entanto, tudo o que fez foi permitir que
Ficou furiosa, tentou discutir com ele, mas o olhar que recebeu a impediu
de fazer qualquer coisa. Tinha uma calma gelada naquele olhar castanho que
lhe tirou a voz. Não sabia se era medo, admiração ou até mesmo pânico, mas
empurrou tudo isto para longe e decidiu confiar nele.
Não existia razão para nenhuma desconfiança e nem mesmo para todas as
suas acusações. Ainda se envergonhava por tê-las feito, mas não sabia o que
pensar. Ela não conhecia o homem que ele tinha se tornado, somente o garoto
que foi... e o jovem que a abandonou.
Bem...
Ela não conhecia o jovem que a deixou, pois depois que ele se foi com seu
pai biológico, a luz dele se apagou. Frustrada, caminhou de um lado para
outro no elegante apartamento de Roy. Queria ter paciência para o esperar,
mas tudo o que pensava era que ele a deixou para trás somente porque tinha
um par de peitos.
Foi sua segunda mãe e jamais poderia dirigir uma palavra rum a ela. Mas
o desejo de bater na cara de Roy por deixá-la para trás continuava firme.
Olhou ao redor da sala com o cenho franzido antes de começar abrir todas as
portas da estante. Depois seguiu para a cozinha, mexeu em tudo que viu em
sua frente e até mesmo abriu sua geladeira. Teve que rir, só tinha cerveja e
maior, que sem dúvidas era o de Roy. Era escuro, muito masculino e tinha
um peculiar aroma madeirado. Entrou em passou hesitantes, tocou a colcha
escura e se sentou na cama. Olhou ao redor sem saber como se sentia, mas
também não fez muito esforço para tentar entender.
encontrou cuecas dobradas com perfeição e meias que ela jurava que viram
um ferro quente inúmeras vezes.
Quando conseguiu desviar os olhos dela, viu que uma das portas da
estante estava mal fechada. Ergueu uma sobrancelha bem inquisitiva. Alguém
andou mexendo em suas coisas. Precisou se segurar para não rir, sabia que
ela fez isto para irritá-lo. Para que ele se sentisse invadido, afrontado, da
mesma forma que ela se sentiu por ele não permitir que ela o seguisse para as
ruas.
Seus olhos se abriram, e aquele tom de verde cinzento lhe trouxe inúmeras
lembranças.
— Não.
Então, toda aquela força se apagou e apareceu um medo que o deixou com
dor de estômago. Balançou em suas pernas, e ele a segurou antes que caísse.
A luz voltou a brilhar em seus olhos e ele se sentiu orgulhoso por poder
dar a ela um pouco de esperanças. Com muita paciência e precisão, explicou
a Ella que os homens que ela matou faziam parte de um novo grupo, uma
gangue, que se formava na parte mais remota da cidade.
E essa gangue era liderada por um homem chamado Jaime Hope. Claro,
ele não disse a ela que essas informações e mais algumas ele conseguiu com
a força de seu punho. Mesmo usando luvas, os nós de seus dedos ficaram
feridos. Não se importava, a brutalidade da noite ajudou a aliviar a raiva que
sentia.
— Sim.
— É o pai dela — afirmou.
O sorriso de Roy se apagou e seu rosto foi tomado por uma frieza que ele
nem mesmo percebia.
— Quando meu pai me surrava por achar uma única ruga em minha
camisa — respondeu, surpreendendo a ambos. — Era motivo suficiente para
não deixar nada desorganizado.
— Roy!
— Não estou com pena. — Balançou a cabeça. — Estou com raiva que ele
te batia.
Roy a encarou por um tempo, tentando entender o que a vida estava lhe
mostrando. O que estava acontecendo? Por que sentia necessidade de
compartilhar com ela coisas de seu passado?
Sentia muito por toda dor que causou a ela e de alguma forma, parece que
chegou a hora de explicar, contar como tudo aconteceu. Nunca a teria
deixado. Ele teria se apaixonado mais por ela, se casado e teriam muitos
filhos.
Roy a deixou sozinha, foi até a cozinha e buscou duas cervejas. Ofereceu
uma a Ella e voltou a se sentar.
enquanto ela tremia e tinha os olhos tão arregalados que pareciam saltar para
seu carro e fossemos embora, ou ele mataria minha mãe e toda a nossa
família, incluindo a mim.
Roy deixou a cerveja na mesa de centro e tirou a camiseta preta que vestia.
— Dor e boca fechada — disse virando as costas para que ela visse suas
cicatrizes.
causaria nossas mortes. O chefe não aceitava homens fracos e eu não poderia
ser um.
— Isto é um absurdo!
— Não gaste saliva com isto, Ella. — Buscou sua cerveja e tomou um
longo gole. — Conheceu Apolo essa madrugada, sentiu o perigo que ele
esbanja e viu seu sorriso. Ele não chega nem perto do que o chefe é, e eles
são irmãos.
que fui concebido esse era o meu destino, só demorou mais do que deveria
para que eu tivesse conhecimento disto. Não muda o fato de que sou um
mafioso.
— Per Dio!
— Não se abale por isto, só estou te contando porque acredito que depois
de tanto tempo eu lhe devia algumas explicações.
— Tiraram seu brilho, sua luz.
— Sem dúvidas, mas eu não tenho medo de morrer — disse sério. — Seria
— Me matariam?
— E a Gio também.
— Sim.
— Sim — disse sem se exaltar. — Meu pai foi um homem muito cruel.
— Morreu?
— Não tem graça — apontou um dedo em riste no seu rosto. — Tire esse
sorriso.
— O que?
— Como ele pode fazer tudo isto com você? — sussurrou aflita.
— Fez o que todo filho de mafioso precisava passar para ser aprovado. Eu
precisava ser alguém de confiança, alguém que não falasse demais caso fosse
pego por um inimigo, alguém que faz o trabalho sujo sem reclamar. — Não
desviou o olhar. — Esse é o homem que eu me tornei, Ella.
A esperança dela em acreditar que ainda existia algo bom dentro dele o fez
se sentir humilde. Chegou a pensar em se afastar, exigir que ela nunca o
Por outro lado, ficou aliviado por alguém ser capaz de ver a humanidade
nele. Sentiu um pouco de esperança e isto o fez dar o próximo passo. E foi o
seu fim.
Capítulo Cinco
Eram tantas informações, tantas emoções que Antonella não conseguia
controlar o rumo que sua mente seguia até que os lábios dele tocaram os dela.
Não sabia dizer quantos anos não se sentia daquela forma, tão envolvida e
perdida ao mesmo tempo. Não se lembrava do último beijo que
compartilharam, mas a sensação jamais esqueceria.
Ignorou tudo, pisou em seu bom senso e jogou fora todas suas dúvidas
quando envolveu o pescoço de Roy em um abraço firme e retribuiu o beijo
dele. De início, hesitante, mas logo tomou uma proporção muito maior do
que ambos acreditavam ser capazes. Sua língua encontrou a dele provocando
uma furiosa onda de calor entre eles.
— Ella, se você continuar — Roy disse tenso, mas não se moveu um único
centímetro.
— Hoje eu sei.
Antonella deslizou pelo corpo dele firmando seus pés no chão. Porém, não
afastou suas mãos dele. Continuou com os dedos fechados em seus lisos
cabelos castanhos e a outra mão posta em seu ombro, impedindo-o de colocar
uma distância entre eles.
— E o que?
Ela percebeu que ele não queria contar sobre o que pensou. Podia ver em
seus olhos o desejo de se fechar, de esconder dela coisas que deveriam
conversar.
— Roy!
Ele endureceu seu olhar, não deixando que ela visse seus sentimentos ou
pensamentos.
surpreendida com o delicado colar de ouro que ele prendeu em seu pescoço.
O pingente era o desenho de dois passarinhos, lado a lado. Ainda o tinha, mas
não usava para evitar lembranças.
Embora, agora tudo o que ela conseguia se lembrar era que assim que o
agradeceu, eles se beijaram. Ambos não sabiam o que estavam fazendo, ou
sentindo, mas descobriram juntos. Antonella se entregou, deu a ele sua
virgindade, seu amor, sua alma. E quando Roy foi embora no inicio da
manhã, ele jurou que voltaria em dois dias. Se passaram anos, e ela nunca
— Quem?
— Meu pai.
— Nada que eu não possa aguentar — garantiu, mas não enganou Ella
nenhum pouco.
De alguma forma, Antonella sabia que ele estava mentindo. Que tinha
mais naquela história do que ele estava contando. Pensou em insistir que ele
falasse o que estava escondendo, no entanto, ficou calada, pois viu o flash de
alguma coisa em seus olhos e antes que ele conseguisse trazer a frieza de
volta, ela soube que era dor.
O que seu pai tinha feito não foi algo bom, nem de perto chegaria a ser
agradável.
— Não tem que se desculpar, acho que nenhum de nós. — Ele fez um
carinho em seu rosto. — Não tinha como controlarmos as coisas que
aconteceram.
— Olhe para mim — pediu erguendo seu queixo, Ella fechou os olhos. —
Querida, olhe para mim! — voltou a pedir. — Por favor.
— Por quê?
Não queria que ele visse a dor que tinha infiltrado em seus olhos. Que
percebesse que depois de todas aquelas confissões e o beijo que trocaram,
que a esperança havia renascido dentro do seu coração. E agora, depois da
sua afirmação que voltaria a ir embora assim que resgatassem sua sobrinha,
Ele percebeu o momento que algo tinha mudado e forçou sua mente a
tentar entender o que estava acontecendo. Não foi difícil.
Foi o que ela perguntou e ele nem mesmo hesitou em responder que sim.
Tinha que voltar ao que era antes de sua ligação. Manter distância, protegê-la.
Sentiu que sua voz era tão gélida quanto a que usou no momento em que
pediu sua ajuda.
— Ella?
— Acho que vamos ter que esperar por respostas sobre esse tal Jaime
antes de fazer alguma coisa, não é? — Perguntou olhando para o vazio.
— Sim! — não mentiu, tinham que esperar. — Ella?
Ela balançou a cabeça negando, estava se distanciando cada vez mais dele
e Roy sentia que não podia permitir isto.
— VOCÊ!
Era por isto que ela não queria lhe olhar antes, porque ele a machucou
novamente e nem mesmo entendia o motivo.
— Não importa o que tem, não é mesmo? — sorriu com tristeza. — Você
não vai ficar, irá embora como foi antes.
Claro que importava! Queria gritar isto para ela, mas deu a resposta que
mais disse a si mesmo durante muito tempo.
— Para te proteger.
— Sim.
Ella se levantou.
— Bom, vou deitar um pouco — disse com uma calma que o irritou. —
Minha adrenalina baixou e eu estou sentindo dores em lugares que nem sabia
que existia.
— Sim.
— Diga e é seu.
Roy viu a tristeza no olhar dela aumentar, ele sabia o que ela queria, mas
— Eu vou.
Ele não teve a chance de dizer, novamente, que ela jamais precisava
agradecer. Só que Ella acelerou seus passos e foi embora, deixando um Roy
muito atordoado para trás.
Jogando-se no sofá, ele bebeu a cerveja que Ella nem mesmo tocou
enquanto forçava sua mente a funcionar. Ele não era um idiota, não quando
se tratava do amor de sua adolescência. Não quando se tratava de Antonella.
...
Horas mais tarde, Antonella estava de pé e pronta para fazer alguma coisa.
Não aguentava a aflição de não saber o que tinha acontecido com Giovana. E
nem mesmo queria chegar a pensar sobre Roy. Ela simplesmente deixou a
cama bagunçada para trás e o encontrou dormindo de um jeito muito
para a porta de entrada e saiu. Iria para casa. Não abria a Gellateria, mas iria
para casa.
Ainda estava surpresa por não ser tão longe. Isto a magoou mais um
pouco. Roy morava perto e nunca voltou para ela. Não apareceu em seus
Sua sala estava limpa e organizada como se nada tivesse acontecido antes.
Como se ela não tivesse matado dois homens e nem mesmo assim foi
suficiente para proteger Giovana. A realidade bateu tão forte que precisou se
sentar.
Ela sabia se proteger. Depois que Roy foi embora, seu pai insistiu que
aprendesse a lutar e atirar. Isto a fez fechar os olhos. Seu pai sabia toda a
verdade sobre Roy e nunca lhe disse nada. Mas quis garantir que ela pudesse
tarefa fácil, contudo ficou muito agradecida por ocupar sua mente com o
cuidado que precisou tomar para refazer seus curativos e a dor de suas
contusões, que foi graciosamente aliviada com a água quente.
Estava no meio da tarde quando ignorou uma mensagem de Roy. Ele não
insistiu e Antonella sabia que os homens que a vigiavam já tinham dado seus
relatórios a ele. Um momento depois uma mensagem chegou.
“Venha até o endereço abaixo e vamos ver o que fazer em relação a minha
filha Giovana. Jaime.”
Gelada como um iceberg, era assim que ela se sentiu ao ler aquela
mensagem. Aquele gelo se tornou em fúria quando Antonella começou a se
mover. Vestiu jeans, camiseta, jaqueta e botas antes de ir até seu armário para
pegar sua Glock. Foi esperta em colocar uma pistola pequena escondida na
Desceu para sua garagem e pegou o carro. Buscaria sua menina nem que
tivesse que matar mil pessoas para chegar até ela. Não hesitou nem uma vez,
apesar do medo que sentia. Prometeu protegê-la e era exatamente isto que
faria.
Capítulo Sete
O galpão aparentemente abandonado em uma das regiões mais pobres e
perigosas da cidade deixou sua pele arrepiada. No entanto, Antonella desceu
do carro e seguiu em passos determinados até a frente e foi cercada por dois
homens. Eles não disseram nada, mas claramente indicaram que a esperavam.
Foi guiada para dentro do local e se surpreendeu com a organização. Tinha
um bar com tantas garrafas atrás do balcão que não poderia contar e do lado
um ringue de boxe. Havia vários rapazes espalhados pelo local, mas ela não
se preocupava com eles.
— Ah, você tem uma determinação que Elisabeth não tinha — disse
despreocupado. — Mas está se esquecendo que eu sou o único dando ordens
aqui.
— Não é sua!
Antonella forçou seu braço para fora do aperto do idiota que a segurava.
— Talvez seja porquê ela descobriu das coisas que sou capaz. — Deu de
ombros como se não se importasse.
O homem bufou.
— Se você o fez...
— Sim.
Antonella não respondeu, não insistiu, percebeu que quanto mais falava,
mais o fascinava. Por mais irritante que fosse, não alimentaria o ego daquele
imbecil cruel.
— Ah claro, pela doce Gio — sorriu. — Tão doce quanto sua deliciosa
mãe.
Não caiu na armadilha que ele estendeu bem diante dela. Sabia que se
aceitasse a provocação o divertiria muito e eles renderiam muito mais do que
o necessário aquela situação.
perdeu a graça, sua alma pura era cativante, mas ela não aguentaria meu
mundo. Elisabeth me viu matar um homem e nunca mais voltei. Não me
importei. Mas veja só, cinco anos depois, vou comprar um café e vejo a doce
garotinha na casa de Elisabeth — sorriu. — Minha filha. Foi uma pena que a
mãe não resistiu.
— Ela era uma criança! — Acusou. — Nem tinha atingido a maior idade.
— Não seja tão sensível. — Hope revirou os olhos. — Ela tinha idade
suficiente para fazer escolhas, e escolheu ir para minha cama.
— Seu crápula!
— Queria saber quem era, entender o porquê a máfia luta por você.
— Acha que a máfia luta por mim? — riu. — Se fizessem isto, você não
teria entrado na minha casa e sequestrado minha filha depois de tentar me
matar.
— É exatamente isto que está fazendo. — Levantou o copo mais uma vez.
Recado dado, o homem deu um passo para o lado e outro homem entrou.
Ele tinha a mesma graça felina que Apolo, alguns centímetros mais alto, o
mesmo tom de cabelo escuro e os olhos... Per Dio, eram tão calmos que lhe
dava calafrios.
— Diria que me sinto honrado por saber meu nome — respondeu Hope.
Ela acenou com um olhar desconfiado, mas não disse nada. Adônis
também não lhe deu oportunidade, ele caminhou mais para frente, pegou a
cadeira de uma mesa e a limpou com um lenço de seda que tirou do bolso.
forma.
— Eu não faria isto se fosse você, Bruce não tem senso de humor — disse
uma voz no fundo do galpão que Antonella reconheceu como Apolo. —
Irmão! — riu.
Mas quem iria raptar uma menina inocente? Foi o que questionou a Roy e
recebeu o silêncio como resposta. Todos eles eram capazes de fazer isto se
fosse necessário.
— Idiota? — Hope deu um passo a frente.
Apolo gargalhou.
pudesse ouvi-lo. — Deixe ele se aproximar para que eu soque a cara bonita
dele.
— O que é?
— Claro que sou, por que acha que minha gatinha se apaixonou por mim?
confiança inquebrável.
— Adorável — disse Apolo sem nem se virar, mas ele sabia de quem se
tratava. — Amo quando nos reunimos.
uma coisa:
Uma arma foi erguida e a sombra de cabelos loiros passou por eles.
— Eu não faria isto se fosse você — ameaçou Violet. — Uma pena que eu
não posso te matar, mas garanto que vou lhe arrancar um bom pedaço antes.
— Eu sou tudo o que aquela menina tem e eu não vou permitir que um
verme como você, tire dela a segurança que prometi.
Antonella precisou se esforçar para não estremecer. Sabia que Roy não
hesitaria e a prova disto foi o primeiro homem caindo. Eles não estavam
escondidos. Permaneciam em pé no mesmo lugar de quando ela chegou, mas
agora cada um tinha um mafioso de olhos mortos e frios ao seu lado.
Outro homem caiu exatamente dois segundos depois. Então outro, e outro,
e outro.
— Basta! — exigiu Hope.
Não sobraria ninguém se a ordem para parar não fosse dada. Ali, ela teve
um pequeno vislumbre do homem que Roy se tornou. Do criminoso,
assassino... mafioso que era. Não hesitava. Obedecia aos irmãos da máfia
sem nem mesmo piscar.
Ela não soube o que pensar, o que sentir a respeito. Não se importou, sua
atenção estava voltada para Hope, que ainda tinha sua faca cravada no braço.
Antonella não queria, iria desafiá-lo sem pensar duas vezes, mas o olhar
que recebeu de Violet dizia que ela deveria recuar e confiar.
— Sem tempo para shows Adônis. — Apolo provocou, mas seu irmão não
lhe deu atenção.
Adônis aproximou de Hope com uma falsa calma, que continuava com um
olhar arrogante apesar do medo que aparecia em alguns momentos.
bem debaixo do meu nariz. Não o vi e eu costumo ver tudo. — Puxou a faca
do braço de Hope e o homem gritou. — Mas eu tenho certeza que ouviu falar
de mim. Sempre estou aberto a novos aliados.
— Não sei porquê está falando, não me lembro de ter te dado permissão.
— Eu não preciso...
Apolo gargalhou.
O rosto de Hope perdeu a cor, ele desviou o olhar pelo lugar vendo seus
homens mortos e os mafiosos dominando seu galpão. Parecia que ainda tinha
a ideia de que estava no controle da situação, era uma ilusão absurda, mas
Seu punho ergueu tão rápido, que logo ela tinha quebrado o nariz de Hope.
Puxou o braço para trás e bateu no homem de novo, desta vez em seu olho.
— Ella, basta!
Ele não tinha nenhuma expressão, estava sério e escondendo o que sentia,
mas a surpreendeu por socar o queixo de Hope algumas vezes até que o
homem caiu para fora da cadeira atordoado.
Ela queria ir, muito. Mas também queria ficar e arrancar a pele de Hope.
— Ele não vai viver — afirmou Adônis. — Tenho alguns assuntos para
tratar com ele e eu irei fazê-lo se arrepender de todo o mal que lhe causou.
— Obrigada — hesitou.
— Por nada.
Ela não o olhou, parou por um momento e percebeu a rigidez de Roy, mas
seguiram em frente. Não importava o que aquilo queria dizer, desde que
colocasse Giovana na segurança de seus braços novamente.
Capítulo Nove
Roy tinha os nervos tensos, não se lembrava da última vez que se sentiu
daquela forma. Eles caminhavam com pressa pelas ruas, ninguém entrou em
seu caminho. Não ousariam. Dois de seus amigos iam à frente e mais alguns
os seguiam lentamente passos atrás. A casa indicada por Hope ficava alguns
quarteirões depois do galpão.
Ela poderia ser malvada quando pisavam em seu calcanhar. Era uma
mulher incrível. Nunca duvidou e isto o fazia pensar em tudo o que desejou
um dia. A vida que queria ter ao lado dela, mas que não ousava ter
esperanças.
Roy tinha outras coisas a dizer a ela, mas entendeu que seria muito mais
sábio ficar calado. Claramente queria apontar que foi um erro vir sozinha até
aquele lugar. Entendia que faria o mesmo no seu lugar algum tempo atrás,
quando era um garoto impetuoso.
Saber o que Ella tinha feito deixou seu sangue frio de medo. Hope já havia
mandado matá-la uma vez e faria isto novamente. Não esperava que o
maldito homem entrasse em contato tão cedo. Isto com certeza irritou
Adônis, o fez se sentir um passo atrás e claramente o motivou a aparecer
quando simplesmente poderia ter mandado uma equipe para resgatar Ella e
Giovana.
Precisou de muita calma para ficar atrás de uma janela do outro lado da
rua e olhar pela mira do seu rifle. Ele viu a sua determinação em mantê-la
segura. Mal podia acreditar que Ella havia esfaqueado um homem com tanta
frieza. Ficou impressionado e riu.
— O que?
Percebeu que ela se abaixou e voltou com uma pequena pistola. Queria
fazer perguntas e elogiá-la por estar preparada, mas não ousou desviar
novamente o olhar. Seu dedo não hesitou quando viu o primeiro alvo, então
logo o segundo.
Roy nem mesmo se moveu, somente olhou com grande assombro Ella
jogar a cabeça para trás batendo contra o nariz de seu atacante e afastar as
mãos dele de seu corpo. Roubou a arma dele e deu dois, muito
impressionantes, tiros. Viu o cuidado que ela teve em não acertar pontos
vitais jogando-o no chão, mas Roy não tinha esse mesmo escrúpulo. Se
— Roy?
Ele não hesitou, não mirou, mas seu rifle estava apontado diretamente para
a cabeça do homem e a estourou em um segundo. Ouviu Ella arfar assustada.
Ela não disse nada, Roy não perguntou. Pensou que fosse melhor.
Ergueu o pé, batendo contra a madeira e abrindo-a com sua força. Do lado
de dentro estava escuro e ele precisou exigir por lanternas. Seu coração se
endureceu com o que viu. Uma garotinha, de cabelos loiros olhava para eles
com terror. Lembrou-se de como sua mãe o olhou quando estava sendo
ameaçada pelo pai biológico de Roy.
Roy precisou de muito esforço para não notar o colchão sujo, as teias de
— Está tudo bem querida, vamos levá-la para casa — Ella a abraçou.
Foi difícil saber quem soluçou primeiro, mas as duas choravam enquanto
se abraçavam. Roy entregou o rifle para o homem mais próximo. Caminhou
com sutileza até elas e se abaixou. Seu olhar encontrou o que Ella e aquela
troca silenciosa disse muitas coisas.
— Oi — choramingou.
— Está tudo bem, anjinho. — Sentou do lado dela. — Você está segura
agora, tudo bem?
Não negou o abraço que todos estavam precisando. Envolveu seus braços
ao redor de Ella e Gio, puxando-as para a segurança e o conforto que ele
oferecia. Roy murmurou inúmeras vezes que estava tudo bem, que ele
protegeria ambas, que não precisavam ficar com medo.
Chegou um momento que Roy não soube a quem ele estava consolando,
se era as duas ou a si mesmo. Um sentimento quente e angustiante infiltrava
Nada daquilo era igual o que sentia antes, quando se mantinha afastado.
Algo tinha mudado e Roy não estava confiante de que gostaria de descobrir o
que significava. Não calculou quanto tempo ficou sentado naquele lugar sujo
com as duas em seus braços, mas em algum momento ergueu-se com
Giovana aninhada em seu corpo e puxou Ella para saírem dali. Seu coração,
aquele que ele acreditava não existir mais, parecia pesado assim que ele
pureza de Ella. Concordou com o homem, ainda concordava. Roy era sujo
demais para macular algo tão perfeito como o amor da sua vida.
Capítulo Dez
Antonella não conseguia ignorar o elefante branco. Quero dizer, o silêncio
gritante de Roy. O homem havia se fechado em uma concha que até então
parecia impenetrável. Entrando em seu apartamento que agora tinha uma
fechadura nova com travas extras, Antonella deu o seu melhor olhar a ele de
que iriam conversar de um jeito ou de outro, e ele não discutiu.
No entanto, o que mais a abalava era ter conhecido o homem que Roy se
tornou. Frio, calculista, cruel e muito determinado a protegê-la. Não sabia o
que pensar. Ou melhor, não conseguia pensar direito.
Ele não demorou a retornar, tinha a mesma expressão vazia e olhar calmo
que já não a enganava muito. Sabia que por baixo daquela mascará fria, o
homem estava em fúria.
— Não.
— Preciso ir embora.
para fingir. Seu corpo nunca esteve tão desgastado antes e sua mente, per
Dio, parecia gelatina.
— Sim. — Não foi capaz de negar. — Mas essa é sua vida, seu destino,
não é mesmo?
Seus dedos deslizaram para os pulsos dele, passando por uma pulseira de
couro antes de suas mãos tocarem as mangas de seu terno preto. Foi subindo,
apertando em alguns lugares até chegar em seus ombros e descer por seu
peitoral. A imagem dele sem camisa ainda marcava sua mente. Esguio, com
músculos magros e bem definidos. Sua boca estava seca, talvez fosse a
adrenalina que ainda corria em seu sangue, sentia uma louca necessidade de
tocar sua pele nua, como tinha feito antes quando ele a beijou.
— Ella.
— Não...
Ele não a amava mais. Aquele beijo, foi só um beijo. Não existia mais os
dois juntos, nem sequer uma possibilidade. Fechando os olhos lentamente, ela
o privou de ver suas emoções. Não ficou com raiva e tentou com muito
afinco não se magoar, mas doeu tanto que a feriu profundamente.
Não o culpou. Sentiu que ela era a única culpada por sentir esperanças de
forma tão desesperadora. Até mesmo se envergonhou. Roy tinha dado tudo
de si para proteger aqueles que ambos mais amavam, contando com ela, e
agora vivia em um outro mundo. Um lugar escuro demais e que não tinha
espaço para ela.
— Adeus, Roy — conseguiu dizer com um tom de voz bem firme, sem
mostrar que outras lágrimas desciam por seu rosto.
Tudo o que ouviu no minuto seguinte, foi o som da porta batendo e o que
restava de seu coração se quebrando.
...
Dois dias depois, Roy estava sentado em um absoluto silêncio. Era seu dia
de folga e ele aproveitou para se afastar de tudo. Pilotou sua moto até o litoral
e encontrou um lugar onde pudesse ficar sozinho. Tinha conseguido manter
seus pensamentos para si, mesmo com a insistência de Pietro em saber o que
estava acontecendo com ele.
Franziu a testa ao ouvir a voz de Adônis, mas não desviou o olhar para o
chefe.
— Vai pra casa, Roy. — Não era uma ordem, e sim um conselho. — Sei o
que está passando, estive lá uma vez.
Continuou em silêncio.
Por um momento odiou o chefe por sempre estar um passo à frente que
todos, mas teve que admitir que ficou surpreso por ouvir um tom tão
concedente dele.
— Ela será a única pessoa capaz de manter sua humanidade, ainda que
pouca, viva.
Quase riu. Seu chefe dando explicações e fazendo algo tão trivial, como
dar de ombros.
Quase.
Roy não concordava. Preferia que Ella estivesse o mais longe possível de
qualquer coisa do tipo. Que ela nunca precisasse levantar uma arma. Isto o
lembrou de que Ella matou dois homens em seu apartamento. Uma mulher
daqueles.
Mas Ella não reagiu assim. Ela tinha uma arma em sua mesa de
cabeceira... e outra escondida na bota, não poderia esquecer-se deste detalhe.
Sem contar que lutou contra vários homens, maiores que ela, e matou um
— Não é uma mulher frágil, ela não vai correr — disse Adônis — Vá logo
e pare de me irritar com seu silêncio.
Roy ergueu uma sobrancelha, geralmente isto não acontecia. Acabou rindo
e Adônis indo embora com a promessa de que o encontraria para algum
treino muito em breve.
Capítulo Onze
Antonella arfou, pronta para começar a lutar quando uma mão tampou sua
boca e um corpo pesado cobriu o dela. Estava de madrugada, e a escuridão da
noite não permitia que ela reconhecesse seu atacante.
— Calma.
Tentou livrar sua boca do aperto dele, mas não teve sucesso.
Ella mal podia acreditar no que estava ouvindo, chegou a pensar que
estava sonhando, mas o peso dele a deixava muito consciente da realidade.
— Sim.
— Entendo.
Roy suspirou.
— Ah algo muito escuro em mim — disse baixo.
— Eu tenho a chave.
— O que...
Esticou uma mão e acendeu o abajur que ficava na sua mesa de cabeceira.
— Então, você me quer em sua vida — concluiu Ella com a voz rouca de
emoção.
Ella puxou o rosto dele para baixo, beijou sua bochecha e arrastou o nariz
por sua barba.
Não gastaram mais tempo com palavras, Roy atacou sua boca em um beijo
feroz. Seus lábios moldaram os delas e sua língua a invadiu de forma muito
exigente.
— Ai!
Roy se afastou.
— O que...
— Desculpe eu...
— Nos vire.
— Como assim?
— Caralho — resmungou.
— Roy.
— Dios! — ele se sentou com ela em seu colo. — É ainda mais bela do
que me lembro. — Beijou o ombro nu de Ella. — Se tornou uma mulher
muito linda.
Antonella teria rido se fosse capaz. Podia se lembrar, com muita clareza,
que quando se entregou a ele anos atrás era só uma jovem com o corpo ainda
em desenvolvimento. Seus seios se incharam e suas curvas ficaram muito
mais acentuadas.
Fato que agora ele comprovava com a exploração de suas mãos. Ella o
puxou para mais perto, segurando-o pela nuca e colando sua boca sobre a
dele beijando com uma sedutora ternura. Ele não hesitou em retribuir,
aprofundou o beijo com ansiedade fazendo aquela ternura se tornar feroz
enquanto ambos buscavam aplacar o desejo que os envolvia.
— Roy?
— Hm?
Ele não respondeu, estava ocupado beijando a garganta dela enquanto suas
mãos exploravam suas costas e desciam lentamente, tomando o cuidado para
não apertar nenhuma das contusões de um tom feio que marcavam o corpo
dela. Pensar sobre isto, acendeu a fúria de Roy. Sua boca se tornou mais
Muito atento a suas reações, inclinou-se sobre ela encontrando seu olhar
deixando que visse suas promessas. A partir daquele momento, Antonella
pertencia a Roy e visse versa. E ele nunca a deixaria ir. Daria sua vida, se
fosse preciso, pela dela. Quis que ela soubesse disto, que não duvidasse
enquanto a cobria com beijos. Cada toque significava uma promessa, um
juramento, uma palavra.
alto de Ella.
Ele a torturou com sua boca, intercalando entre os seios com beijos cada
vez mais exigentes enquanto seus dedos invadiam o corpo dela. Firmes em
busca do clímax. O que não demorou muito, devido à insistência de seus
toques.
Ella gritou, ele sabia que ela estava sensível, mas foi incapaz de se mover
para longe dela. Lambeu e a beijou, tomando para si todo o prazer que ela
encontrara para logo estar excitando-a novamente. Empurrou-a para o prazer
desenfreado, tomando seu orgasmo direto de seu centro.
antes.
— Ella? — Não disse as palavras certas, tudo o que queria perguntar era
se ela ainda o aceitava.
Se ele não estivesse tão no limite, teria rido de como Ella era uma mulher
mandona na cama e fora dela.
Contudo, não foi capaz de pensar muito, além disto. A bela mulher no seu
colo, aquela que ele amou desde o primeiro momento em que colocou seus
olhos sobre ela ainda na sua infância, aquela que ele abandonou... Bem, Ella
tinha se erguido sem desviar o olhar dele, segurado sua rígida ereção e
descido sobre ele, permitindo que invadisse seu delicioso e receptivo corpo.
Uma de suas mãos a soltou e se apertou entre os dois para esfregar aquele
ponto doce, que com alguns círculos feito por seus atenciosos dedos, Ella
encontrou o ápice de seu prazer.
Seu grito alto foi abafado pelo beijo que ainda compartilhavam. Ela o
sentiu estremecer, estocando mais duas vezes e se entregando ao clímax. Não
sabem dizer quando tempo ficaram naquela posição tentando voltar para a
terra novamente. Mas quando se moveram, Roy a deitou na cama cobrindo-a
parcialmente com seu corpo.
— Casar em uma igreja pequena e histórica, ter cinco filhos e viver juntos
até a terrível velhice? — sorriu.
— Você se lembra.
— E então?
— O que?
— Vai se casar comigo? Ter cinco filhos? E me amar até quando eu usar
um andador?
Ella gargalhou.
— Sim — respondeu.
Hoje, depois de dez meses casada com ele, ela ainda tinha dificuldades
para entender o mundo cruel e obscuro em que Roy vivia. Como poderia?
Não era uma mudança fácil, era quase que instintivo recuar, mas precisava
seguir em frente pelo instinto de viver com o amor de sua vida.
Ella entendia.
Sua vida virou de cabeça para baixo, e ela gostou dessas mudanças.
Continuou com sua Gellateria e ele com todas suas obrigações de mafioso.
Ella nunca perguntava o que ele tinha feito a cada dia, era melhor assim, para
ambos. Mas Roy fazia questão de conversar com Ella sobre tudo o que ela
fazia.
E desde então, Roy não media esforços para fazê-la feliz. E em alguns
momentos Ella se questionava se ela o fazia feliz.
Estavam deitados juntos no sofá vendo um desenho, muito chato por sinal,
mas que Giovana amava. Nem mesmo piscava enquanto olhava a televisão.
— Fiz algo que te fez duvidar de que sou feliz? — exigiu saber.
Ele não disse nada, mas Ella sabia o que estava pensando.
— Muito?
imaginar o dia em que eu teria que começar a treiná-lo para servir a famiglia.
Per Dio.
Não existia uma maneira fácil de aceitar aquela situação. Meu pai tentou
me quebrar mais vezes do que eu seria capaz de contar, mas eu tinha algo
para lutar. Precisava proteger a família que ele, tão desumanamente, me
arrancou dela. Isto me motivou a lutar, a viver, pois todos dependiam de
mim.
Agora, eu não sabia o que fazer com aquela criança de valor inestimável.
Por mim, o esconderia em algum fim de mundo para mantê-lo seguro, mas eu
sabia que isto não significava, de forma alguma, que ele estaria protegido.
Um dia o destino bateria em sua porta e as consequências não seriam boas
para ninguém.
— Amor?
Tentei não ficar mal-humorado, depois que Gabriel nasceu eu não queria
mais sair de casa. Desejava ficar paparicando-o o tempo todo e velar seu
sono. Mas... eu tinha responsabilidades, Bruce chutaria minha bunda e me
mandaria para o hospital caso me atrasasse.
— Jamais.
Inclinei meu rosto e busquei sua boca com a minha. Nossas línguas
entrelaçaram aprofundando o beijo. Segurei-a mais firme, amassando sua
carne e a espremendo contra minha ereção dolorida.
Não me surpreendi quando ela escalou meu corpo e abraçou meu quadril
com suas maravilhosas pernas. Foi impossível resistir e eu a pressionei contra
a porta. Nos encaramos em silêncio, a tensão sexual estava acima do nível e
era difícil de resistir.
Ri, amando como ela era impressionante. Puxei suas pernas um pouco
mais para cima, apressando-me para abrir minha calça. Levei mais tempo do
que imaginava e odiei meu terno. Até soltar o cinto, o botão, o zíper e puxar a
camisa para fora, já tinha testado demais minha paciência. Ella não parecia
nenhum pouco se importar com isto enquanto me atacava com beijos
enlouquecedores.
Percebi que eu também não me importava com o tempo que isto levava
desde que ela não saísse dos meus braços. Porém, confesso que fiquei muito
aliviado por Ella não estar usando calcinha por baixo de sua sedutora
Não esperei por sua resposta, eu sabia o que encontraria. A invadi em uma
estocada funda e engoli seu grito com um beijo.
— Sim! — murmurou.
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