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Copyright © 2019 ÉRIKA MARTINS

Capa: Mari Sales


Revisão: Tatiane Souza

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
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ROY, O AMOR DE UM MAFIOSO


1ª Edição
2020
Brasil
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Todos os direitos reservados.

São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de


quaisquer meios ─ tangível ou intangível ─ sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Código Penal.
Sumário
Sinopse
Querido leitor,
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Epílogo
Capítulo Bônus
Sinopse
Quando a casa de Antonella é invadida e sua sobrinha é sequestrada, Ella não vê outra

saída, além de chamar Roy para ajudá-la. Precisou de muito esforço e determinação para
fazer aquela ligação, pois ele era a última pessoa que gostaria de ver e a única que seria
capaz de resgatar a menina.

O que nenhum dos dois esperava era que ao se reencontrarem, o amor que uma vez

sentiram mostrou que o sentimento nunca havia se acabado. Em algum momento, Ella
acaba nos braços de Roy e se beijam apaixonadamente.

Agora Antonella tinham duas coisas para resgatar, a sobrinha Giovana e o amor de um
mafioso.
Querido leitor,
Em primeiro lugar gostaria de agradecer por ter dado uma oportunidade
para conhecer a história de Roy e Antonella. No entanto, também gostaria de
citar alguns pontos antes de mergulhar deste conto que é romance incrível.
Em Roy, O amor de um Mafioso não é citado um lugar especifico, além da
cidade, onde desenrola a história. Deixe sua imaginação livre para encontrar
o lugar perfeito, qualquer semelhança à realidade é mera coincidência.
Peço que deixe sua mente aberta, aproveite o livro e se apaixone por mais
esse casal incrível.
Boa leitura!
Um beijo, um cheiro...
Com carinho, Erika Martins.
Esse eu dedico a todos meus leitores
Seu amor por esta série é o que nos trouxe até aqui,
Meu muito, e mais sincero, obrigada.
Prólogo
A escuridão não a assustava, de forma alguma. Embora, enquanto dormia
Antonella tivesse sentido os pelos da nuca se arrepiarem como se algo lhe
informasse do perigo. Isto foi motivo suficiente para que abrisse os olhos.

Ficou quieta em sua cama tentando entender o que tinha a acordado. Sua

respiração era baixa e calma. O quarto estava gelado, mas ela se mantinha
quente por baixo das cobertas. No entanto, isto não a enganava. Algo estava
acontecendo.

Com a lentidão de uma lesma, ela deslizou a mão para fora da cama e
abriu a gaveta de sua cabeceira com a agilidade de um leopardo alcançou a
Glock guardada ali. Seu dedo estava sobre o gatilho sem nenhuma hesitação.

Escorregando para fora da cama e ignorando o frio em sua pele, Antonella


manteve o foco em pisar com cuidado para que não fizesse nenhum barulho.
O que não importou muito depois do grito infantil que abalou o silêncio

daquela noite.

Giovana!

Sua sobrinha estava em perigo, mas Antonella não podia se mover pela
emoção. Precisava ser fria e ajudar a pequena menina. Antes de alcançar sua
porta, alguém a abriu com força.
O som dos tiros perturbaram seus ouvidos, mas não abalou a firmeza de
seus braços e nem mesmo afastou seu dedo do gatilho que apertava com tanta

precisão.

Sentiu uma dor queimar em sua lateral e ignorou completamente. Correu


para acender algumas luzes da casa e se deparou com mais dois bandidos.
Eles atiraram nela e ela atirou de volta, até que suas balas acabaram e

Antonella teve que partir para a luta corpo a corpo.

Ou melhor, tentou.

Eram quatro homens fortes contra ela e mais um que arrastava sua
sobrinha para fora aos berros.

Socou, chutou, rolou e se machucou.

Os nós de seus dedos feriram. Seus bíceps queimaram. Suas costas


gemeram sozinha. E ela nem mesmo queria falar sobre suas costelas, pois

estava muito focada na sua visão turva.

Matou dois homens. O primeiro que invadiu seu quarto e o segundo na


sala, quebrando seu pescoço. Em um momento pensou que aqueles que
sobraram iriam mata-la, mas eles correram para fora antes de terminarem o
serviço.

Antonella precisou de mais do que alguns minutos para conseguir se


levantar novamente. Foi difícil sentar. Seu estômago se revirou, pois alguém
havia lhe chutado bem ali algumas vezes.

Giovana!

Sua mente gritava pelo nome da menina que criava desde o nascimento. A
considerava sua filha.

Sua doce e gentil menina.

Precisava segui-la, mas não podia se levantar. Nem sequer conseguia


enxergar com facilidade devido aos pontos coloridos que dançavam sobre os
olhos. Arrastou-se pelo chão ignorando os vidros e porcelanas quebrados,
passando por cima deles com uma determinação de aço. Chegando ao
corredor ficou de quatro, buscando forças para se erguer mais um pouco.

Foi difícil, mas balançou sobre seus pés quando se levantou. O mundo
girou em sua volta e ela apoiou-se sobre a parede e fechou os olhos. Respirou
fundo e tudo o que conseguiu foi ficar ainda mais nauseada devido ao terrível

cheiro de sangue que invadia sua casa.

Odiava se sentir tão vulnerável. Chegava a tremer por saber que não foi
capaz de proteger Giovana. E nem mesmo conseguiria fazer isto agora, correr
pela noite fria italiana e alcançá-la. Envolver seus braços em seu pequeno
corpo e jurar que estava segura, que a protegeria sempre.

Antonella estava à beira do pânico, mas não permitiu que o sentimento se


alastrasse por ela. Simplesmente pulou o corpo na sua porta e entrou no
quarto em busca do celular.

Não foi difícil encontrar, sabia que estava debaixo do travesseiro. O


número que procurada estava na discagem rápida e isto trouxe outro
sentimento ruim. Não gostava de pedir nada a ele. Não depois que a deixou.
Não depois de ter quebrado seu coração.

Mas agora não era o momento para ser orgulhosa.

Doeu levar o aparelho até o ouvido, mas assim que fez ouviu a primeira
chamada, e a segunda, até que veio a voz dele.

— Ella?

— Preciso de ajuda. — Conseguiu dizer antes de voltar e desligar a


chamada.

Nunca era seguro falar demais pelo celular, ela não confiava em ninguém.
Porém, no fundo do seu coração Antonella sabia que podia confiar naquele

mafioso, mesmo que ele tenha um dia ido embora sem olhar para trás
destruindo seu amor.
Capítulo Um
Deitado de bruços em um telhado sujo, Roy olhava pela mira de seu rifle
com atenção. Sem tirar os olhos de todo movimento ao redor do chefe
enquanto ele fazia bem... ‘Seu trabalho de Deus sob a terra’, era assim que
gostava de chamar.

Tirou distraidamente um chiclete do bolso, rasgou a embalagem com os


dentes e enfiou o doce com sabor de menta na boca. Levou à mira de uma
janela a outra contando quantos homens tinha. Por sorte, as luzes do lugar
estavam acesas e dava a eles uma visão ainda melhor do que acontecia.

— Idiotas — disse alto sem deixar de sorrir.

— Eu estou te ouvindo, Roy — repreendeu Bruce pelo ponto eletrônico de


comunicação.

— Me deixa atirar em alguém, por favor! — brincou sabendo que irritaria

o homem no comando da segurança dos Albertini.

— Eu vou atirar em você se não calar a boca — ameaçou Bruce.

— Seu humor está uma merda, isto é falta de sexo? — o provocou.

— Rita está dando um gelo nele — respondeu Pietro.

Foi difícil para Roy segurar a gargalhada, não queria entregar sua posição.

— Meu amigo — zombou Roy.


— Espere até sairmos daqui — ameaçou Bruce. — Vou quebrar seus
dentes Roy, essa é uma promessa.

— Hoje não, chefe — riu.

Roy ficou quieto, obedecendo a suas ordens por alguns minutos, ainda
atento a cada movimento dentro daquele galpão. Ouvia Adônis, com muita
elegância, colocar o bando de motoqueiros em seu lugar. Os lembrando de

que era o Dom daquela cidade, daquele país. Ninguém tinha coragem de
revidar, e os tolos que ousavam, não ficavam vivos por muito tempo.

A vibração de seu celular chamou a atenção, não olhou o aparelho,


somente esticou sua mão para pegá-lo em cima de sua mochila. Bastou uma
olhadinha para se surpreender com o nome na tela. Voltou os olhos para a
mira e atendeu a chamada.

— Ella? — Estava surpreso com sua ligação.

— Preciso de ajuda. — A voz do outro lado da linha parecia um iceberg


de tão fria e não lhe deu a chance de perguntar o que tinha acontecido.

Ela desligou a chamada e todo humor de Roy se foi. Ele ficou tenso e
inquieto, sentia uma terrível necessidade de abandonar seu posto e sair
correndo em direção a ela. Tinha anos que não ouvia sua voz de tão perto,
mas ele fazia questão de manter um olho em seus movimentos, embora nunca
tivesse coragem de se aproximar.
Apesar de toda vontade de correr até Ella, Roy não ousou desviar o olhar
de sua mira. Por mais que odiasse seu trabalho agora, entedia o risco que

corria caso deixasse o seu Don desprotegido.

Isto quase lhe causou uma úlcera de tanta ansiedade.

— Roy? — chamou Pietro.

— Aqui, com o dedo no gatilho — respondeu sem hesitação.

Nunca demostrava o que sentia de verdade. Suas vulnerabilidades ficavam


trancadas no mais profundo da sua alma.

— Você recebeu uma ligação — afirmou seu amigo.

— Sim.

— Algum problema?

— Nenhum — disse despreocupado.

Franziu a testa ao ver um homem movendo ao fundo.

— Alvo suspeito à esquerda — anunciou. — Ele não deveria estar se


movendo tão devagar.

— Filho da puta — resmungou Bruce.

Desta vez, Roy não implorou para atirar. Ele simplesmente queria finalizar
a noite e descobrir o que caralho estava acontecendo para fazer Ella o ligar.
Nunca foi devoto, não depois da vida obscura em que foi jogado, acreditava

que ofenderia Deus caso pedisse alguma coisa. Mas naquele momento tudo o

que ele pensou, ou melhor, quase implorou, foi para que tanto Ella quanto
Gio estivessem bem.

Elas eram a única família de sangue que lhe sobrou e isto foi motivo
suficiente para que não se desviasse de suas funções. Nada naquele mundo

poderia fazê-lo sair daquele telhado antes que Adônis estivesse seguro em seu
carro. Era isto, ou lagar tudo para começar a se esconder depois que fosse
considerado um traidor.

E não sobraria um único pedaço inteiro dele, e de sua pequena família,


para contar qualquer história.

Demorou quase uma hora para que tudo estivesse pronto para saírem do
local. Roy jogou o rifle no ombro e pulou do telhado para uma grande caixa
de lixo e depois para o chão. Correu em direção a Bruce, antes que ele

entrasse no carro com o chefe.

— Qual o problema? — questionou Bruce ao fechar a porta de Adônis.

— Você não implorou pelo tiro — observou Pietro.

— Eu preciso do resto da noite — pediu.

A expressão de Bruce não se alterou, mas estava claro que ele não
precisava. Seu silêncio era tão irritante que o fazia falar antes que percebesse.
— Preciso conferir uma pessoa — disse sem muita informação.

A janela do carro desceu lentamente fazendo que todos encarassem o


homem dentro. As sombras sobre seu rosto só o deixavam mais perigosos.
Sempre fazia os pelos da nuca de Roy se levantar, não importava quanto
tempo passasse.

— Vá — ordenou Adônis. — Ouvi sua ligação pelo ponto.

Roy sabia que ele não tinha falado nada, além do nome da pessoa que
ligava.

— Ela nunca liga, não é mesmo? — questionou o chefe.

Não se surpreendeu, Adônis sabia de tudo. Estava sempre um passo a


frente e nunca se deixava ser pego desprevenido. Bastou ouvir o nome dela
pelos lábios de Roy para Adônis saber de quem se tratava e principalmente
do valor que tinha.

— Não, senhor — respondeu sério.

— Bom, então, é importante — afirmou. — Pietro vai com você.

Ele queria dizer que não precisava, mas sabia que era uma ordem.
Somente acenou concordando e correu para onde tinha deixado sua moto. Já
tinha esperado tempo demais. Pietro o alcançou depois de pegar uma moto,
falando sem parar, tentando tirar informações dele. Isto realmente irritou
Roy, porque ele não sabia o que estava acontecendo. Não tinha respostas para

as próprias perguntas e muito menos para as de Pietro.

Acelerou pelas ruas ignorando a voz do amigo em seu ouvido. Tudo o que
conseguia pensar era em Ella. Foram criados juntos. Sua mãe se casou com o
pai de Ella quando ela tinha quatro anos e Roy cinco. Não eram irmãos, mas
foram ensinados a se protegerem como se fossem.

Logo depois, a mãe de Roy e o pai de Ella, deram vida a uma doce menina
chamada de Elisabeth. Agora sim, irmã de ambos, e o amor de suas vidas.
Roy e Ella, adularam e mimaram muito sua pequena irmãzinha Beth.
Cresceram juntos, fazendo todas as travessuras que suas idades permitiam,
até que um dia Roy chegou em casa e encontrou sua mãe tomada por um
terror que o deixava trêmulo até hoje.

Seu pai biológico havia descoberto que tinha um filho de quinze anos e
estava ali para levar seu herdeiro. Sob a ameaça de colocar uma bala na

cabeça de sua mãe, Roy foi embora com seu pai sem olhar para trás. Sentiu
uma terrível necessidade de proteger sua mãe, sua irmã e Ella.

No entanto, o preço foi alto demais.

Roy afastou todas aquelas lembranças para longe quando chegou à frente
da loja de Gellato de Ella. Seu coração estava em uma batida fria, como
nunca antes. Ele não reclamou. Aquilo o mantinha calmo. Desceu da moto
deixando o capacete pendurado no guidom, e assim que se aproximou da
escada lateral que levava para o apartamento dela, Roy sentiu um frio

atravessar sua espinha.

— Não gosto disto — resmungou Pietro atrás dele.

— Eu também não.

Seu rifle continuava pendurado no ombro, gostava do peso e da lembrança


que estava ao alcance de suas mãos caso fosse preciso. Pegou a Glock na sua
cintura, era menor e mais adequado para as estreitas escadas que estava
subindo.

Seu sangue ficou um pouco mais frio por ver a porta arrombada.
Empurrou lentamente com a ponta do dedo e o barulho foi mais alto do que
imaginava. Deu um passo para dentro e uma arma foi apontada para sua
têmpora.

Pietro ficou tenso em suas costas, mas não se moveu para não entregar sua
presença.

— Não vou ser pega de surpresa duas vezes na mesma noite, se veio
terminar o serviço — disse Antonella com frieza.

— Se me chamou para uma armadilha, fez um bom trabalho — disse Roy.

— Roy!
— Acho que ela tem um bom time — riu Pietro. — Eu teria atirado.

— Cale a boca — exigiu e entrou no apartamento.

Ao ver a bagunça, ergueu uma sobrancelha. Tinha um corpo no centro da


sala revirada e um cheiro forte de sangue.

— Você está bem? — perguntou ele virando-se para encará-la pela

primeira vez. — Per amor di Dio!

Aproximou dela em dois passos rápidos e a viu vacilar ao descer o braço


que segurava a arma ainda apontada para ele. Tinha um corte acima da
sobrancelha que sangrava em seu olho. A bochecha estava machucada e seus
braços com pontos roxos. Mas o que realmente o assustou foi à mancha
vermelha na sua camisola lilás.

— Alguém entrou em uma briga — comentou Pietro.

— Levaram a Giovana — disse ela com os dentes trincados.

— Quem a levou?

— Um caralho que eu sei!

— Bonitinha, mas tem a boca suja — brincou Pietro.

Roy o fulminou com o olhar.

— Calei a boca — jurou levantando as mãos. — Eu gosto de uma mulher


de boca suja, sabe disto — riu.
Roy não achou graça, mas sabia que ele se referia a sua mulher, Violett.

— Vou fazer algumas ligações, precisamos da equipe de limpeza e


garantir que ninguém tenha chamado à polícia — anunciou Pietro.

Ele não acreditou que alguém tenha tentado ajudar, ainda mais depois de
ter passado tanto tempo.

— Vamos encontrá-la — prometeu. — Mas agora deveria se sentar...

— Não me diga o que fazer! — exclamou ela. — Demorou quase duas


horas para chegar aqui! — acusou. — Se minha vida dependesse de você, já
estaria morta.

— Vim assim que pude! — Retrucou.

— Sabe-se lá onde está minha menina agora e o que pode estar


acontecendo com ela.

Roy viu suas barreiras romperem devido a preocupação. Ela balançou em

seus pés e se escorou contra a parede.

— Por favor, sente-se. — Segurou seu braço tomando o cuidado de não


tocar em seus machucados. — Vou chamar um médico.

— Não preciso de um.

— Foi baleada — apontou o óbvio.

— De raspão. — O corrigiu.
Mas desta vez ela não lutou contra ele, permitiu que Roy a levasse até o
sofá. O olhar dele pousou sobre o corpo na sala com atenção. Observou suas

roupas e procurou por tatuagens. Queria saber quem era, mas sua principal
vontade era que não estivesse morto para que ele mesmo pudesse fazê-lo.

— Nunca matei ninguém — sussurrou ela.

Roy voltou a encará-la, percebeu como ela parecia assustada. Colocou o

rifle apoiado de lado antes de se mover.

— Você fez isto para se proteger, lutou bem — disse baixo. — Vou tirá-lo
daqui.

Ela não protestou, parecia até mesmo agradecida de não precisar ver o
corpo. Roy foi rápido em arrastar o bandido para longe do alcance de seus
olhos. Quando se voltou para ela, viu o medo estampado em seu olhar e se
sentou ao seu lado.

— Vamos encontrá-la — reafirmou. — Conte tudo o que aconteceu, tudo


o que se lembra.

— Não há nada que faça diferença. Eles não falaram nada. — Bufou. —
Somente derrubaram as portas, atirei em um, lutei contra os outros e antes
que pudesse impedir a levaram daqui arrastada! Ou acha que eu lhes servi um
café para conversarmos?

Roy ignorou seu sarcasmo, sabia que ela estava criando barreiras para se
proteger e muito perto do pânico. A entendia. Também sentia medo sobre o

que poderia estar acontecendo com Giovana neste momento.

— Me dê os relatos — pediu novamente. — Talvez tenha algo que possa


ajudar.

— Vai ajudar se sair daqui e ir logo atrás dela. — Apontou o dedo em


riste.

— Já disse que vou encontrá-la, mas primeiro tenho que cuidar de você.

— Eu não preciso de cuidados!

— Tenho minhas dúvidas — retrucou.

— Eu também — concordou Pietro.

Roy o encarou com as sobrancelhas franzidas.

— Deveria ficar calado.

— É mais forte do que eu — Pietro deu de ombros. — E Milena está a


caminho, ela estava saindo do hospital quando liguei.

— Bom.

— Quem é Milena?

— Uma médica, ela vai te ajudar.

— Estou bem! — trincou os dentes.


Roy suspirou e se levantou, conhecia o apartamento. Não que alguma vez
tenha sido convidado para entrar, mas ele dava um jeitinho de observá-la do

outro lado da rua pela mira de seu rifle.

Ele buscou no banheiro dela um kit de primeiros socorros. Sentou-se ao


seu lado e com muita paciência começou a tirar todos os aparatos que
imaginou precisar. Começou limpando sua testa, depois o canto de sua boca...

Assim foi memorizando e descobrindo cada novo ferimento. Se odiava por


ter demorado tanto, mas de certa forma também estava a protegendo ao
cumprir seu trabalho. A protegendo de algo muito pior do que aqueles
ferimentos. A máfia não tinha piedade dos traidores e muito menos de seus
familiares.

— Ella...

— Perdeu o direito de me chamar assim quando foi embora.

Ele voltou a ignorá-la.

— Ella — disse firme. — Você está ferida, assustada e preocupada com


Giovana. Entendo e compartilho de seus medos, mas se tem uma coisa que eu
aprendi com os anos em que estive fora, é que a emoção nos atrapalha em
momentos como este. — Segurou uma gaze contra o corte na testa que
continuava a sangrar. — Use a frieza que teve ao apontar sua arma para a
minha cabeça.
Roy viu que suas palavras trouxeram o fogo de volta em seus bonitos
olhos verdes cinzentos. Sentiu-se orgulhoso por conseguir afastar o medo de

sua expressão. Viu que ela respirou fundo antes de começar a contar em
detalhes tudo o que tinha acontecido. Ele ouviu com atenção, não tinha
muitas pistas, mas bastariam algumas horas para que descobrissem tudo sobre
quem a atacou. Eles comandavam o lado mais obscuro da cidade, encontraria

a pequena Giovana e quem ousou machucar suas meninas morreriam sem


contar com o mínimo de piedade.
Capítulo Dois
O movimento na porta chamou a atenção de Antonella. Um homem de
terno preto e pele morena atravessou o lugar como se fosse dono. Atrás dele
veio um segundo homem, este usava um terno cinza que nem de longe
escondia o perigo que ele esbanjava.

Antonella sabia que Roy fazia parte da máfia, mas nunca esteve tão perto
dessas pessoas antes. Ele havia contado anos atrás quando ela esbravejou
com ele por tê-la deixado sem nenhuma explicação. Um dia, ela chegou em
casa e descobriu que o pai de Roy tinha aparecido e o levado embora.
Antonella chorou sem entender seus motivos, até que um ano depois, em seu
aniversário, ele apareceu prometendo voltar algumas vezes durante os
próximos meses. E assim o fez, Roy a visitou sempre que pode, mas
Antonella via que existia um gelo, uma frieza tomando seus olhos a cada vez
que o via.

Não entendia. Como poderia? Ela nunca havia ouvido falar de uma
organização criminosa tão perigosa como aquela em seus poucos anos de
idade.

— Mas quanta bobagem! — exclamou uma voz feminina. — Eu ainda


vou dar um olho roxo em você, Apolo!

Uma mulher exuberante de cabelos negros entrou no apartamento


carregando uma maleta médica.

— Bando de patifes! — apontou um dedo para o homem de terno cinza.


— Não se atreva a tentar me prender no carro de novo.

— Só queria ter certeza de que o lugar estava seguro, gatinha —


respondeu com um sorriso despreocupado no rosto.

Ela bufou e colocou uma das mãos na cintura.

— Esse dois idiotas estavam aqui, não existe perigo — apontou para Roy
e Pietro. — E você, Malone, tente obedecer a seu chefe de novo e me prender
no carro pra ver. Vou fazer você se arrepender.

— Estava seguindo ordens. — Malone deu de ombros.

— Que mulher sanguinária.

— Saiam do meu caminho e me deixem ver minha paciente — ordenou.

— Estou fora — resmungou Roy ao se levantar.

Antonella quis perguntar o porquê ele estava correndo, mas ficou muito
obvio que a médica não se importava muito sobre quem eles eram. Ela só
passava por cima deles, até mesmo do que esbanjava mais perigo.

— Peço desculpas, querida, fazemos uma boa entrada, não é mesmo? —


Milena perguntou e se sentou na frente de Antonella.

— Sem dúvidas! — conseguiu encontrar seu bom humor.


— Sou Milena, esposa daquele idiota — apontou para Apolo.

— Ela me ama — respondeu ele despreocupado enquanto andava pelo


apartamento com a graça de um felino.

— E conserto algumas pessoas depois do meu horário de trabalho. —


Completou ignorando o marido.

— Peço desculpas, estou bem, mas não me escutam — resmungou. — Sou


Antonella.

— Não disse? Bando de patifes — riu. — Mas vejo que tem um ferimento
sério, ainda está sangrando.

— Foi de raspão.

Milena não discutiu, mas acenou para Apolo que eles deveriam sair para
que pudesse ter privacidade para examinar Antonella.

— Você também. — Milena indicou a saída para Roy.

— Não.

— Agora! — ordenou. — Vocês machos alfas me irritam.

— Eu sou o alfa, gatinha. — Apolo fez questão de apontar.

— Vai ser o cachorrinho que dorme no gramado se não parar de me irritar.


— Milena disse com muita convicção.
— Seu humor está uma maravilha — retrucou Apolo despreocupado. —
Vou estar no quarto vendo o que posso descobrir.

Antonella sabia o que ele queria dizer, iria mexer no corpo que ela atirou e
tentar descobrir suas origens. Seu estômago se revirou mais um pouco.

— Roy, é uma ordem — disse Apolo. — É melhor não contrariar minha


esposa hoje, ou vou me lembrar disto amanhã.

— Não o ameace por você ser um idiota. — Milena o enfrentou.

Antonella pensou que seus olhos saltariam de seu rosto quando percebeu
que Apolo era um dos chefes da máfia.

— Achei que queria que ele saísse da sala, gatinha — disse ele.

Viu Roy se mover não mostrando nada em sua expressão, ela queria lê-lo,
mas o homem tornava isto impossível com seu olhar gelado.

— Estou indo — resmungou Roy. — Mas quero saber se isto é realmente

um raspão.

— Vou exigir meus diretos de paciente — disse Antonella.

— Aprenda meu amigo, o mundo foi feito por mulheres teimosas —


brincou Apolo.

Ela não deu ouvidos para o que conversavam, não podia. Voltou a encarar
a bonita médica de olhos gentis e espertos antes de suspirar. Sua adrenalina
tinha baixado demais e ela não sabia o que doía menos em seu corpo, mas

isto não chegava nem perto da preocupação que estava sentindo por causa de

Giovana.

— Preciso que se deite e me deixe ver seus machucados — pediu Milena.


— E espero mesmo que seja sincera comigo sobre isto, pois não posso ajudar
se mentir para mim.

Acenando, Antonella se deitou erguendo a camisola até os seios.

— Isto não está bonito — murmurou Milena. — Não perfurou, mas


deixou um rasgo bem feio.

— Dói como um inferno. — Sentiu-se melhor por abaixar a guarda por um


momento.

— Imagino — concordou Milena. — Vou anestesiar e costurar o local.


Sua testa também vai precisar de alguns pontos.

Ela não discordou, e pelos próximos minutos nem mesmo disse uma única
palavra. Começou a buscar por todas suas lembranças, cada uma delas, para
que pudesse entender quem poderia ter levado sua sobrinha.

Tinha jurado cuidar dela. Jurado que nenhum mal lhe aconteceria.

Foi então que se lembrou de que segurou a mão de sua irmã, Elizabeth,
ainda no hospital, depois que deu a luz com muito esforço a uma bela
menininha de cabelos loiros e prometeu cuidar dela. Beth teve grandes

complicações durante o parto e não resistiu, mas antes de fechar seus olhos

pela última vez, segurou a mão de Antonella e sussurrou as palavras “Não


deixe ele chegar perto dela”. Quis perguntar quem era ele? Exigir que lhe
contasse mais a respeito que falava.

Contudo, a vida se apagou dos olhos de sua irmã e seu mundo virou uma

gigante e inestimável bola de solidão e dor. Sentando-se apressadamente,


assustada. Milena chegou a protestar falando algo sobre os pontos que estava
dando, mas Antonella não ouviu.

— ROY! — gritou assustada.


Capítulo Três
De uma coisa é certa, Roy pensou que aterrorizaria o mundo com a
determinação que o invadiu assim que ouviu Ella gritar seu nome. Desviou de
Malone, empurrou Pietro e por pouco tropeçou em Apolo, mas nada o fez
parar. Correu até a sala e a encontrou com os olhos arregalados, mas não deu
muita atenção. Olhou em volta com a fúria de um animal selvagem

procurando pelo responsável em lhe causar medo.

Imaginou que os homens que invadiram sua casa tinham voltado, o que
seria grande ousadia, mas contava com isto, pois ele necessitava matar
alguém.

Contudo, não tinha ninguém na sala além de Ella e Milena.

— O que aconteceu? — Apolo perguntou.

Ella o ignorou e se levantou indo apressada até Roy. Ele segurou seus

ombros, ainda com uma grande vontade de pegar seu rifle e da uma olhada
em toda vizinhança.

— Ella?

— Foi ele.

— Quem?

— O pai de Giovana.
Roy não se impediu de franzir as sobrancelhas, não estava entendendo o
que Ella queria dizer. Pelo o que ele já havia apurado antes, era difícil

encontrar o homem pelo qual Beth se envolveu. Ela era uma menina doce e
tímida, confiava facilmente nas pessoas, até o dia em que contou que estava
grávida.

Foi doloroso perder Elisabeth quando ela só tinha dezessete anos, mas Roy

já estava acostumado com a dor. Sua mãe, seu padrasto e sua irmã, todos
haviam partido e o deixado para ver sua vida morrer também. Ainda
respirava, seu coração batia, mas no lado mais escuro que o mundo conhecia.
O antigo Roy, aquele..., o menino que cresceu com Ella e sua meia-irmã,
Beth, não existia mais. Não tinha brincadeiras na rua, as dores de barriga por
exagerarem com doces, as corridas por novas descobertas, o mundo alegre e
colorido em que viviam... tudo, exatamente tudo tinha ido embora.

— Quando ela morreu me disse “Não o deixe se aproximar dela” —

contou Ella. — Eu nunca tinha pensado nisto antes, mas tenho certeza de que
estava falando do pai de Giovana.

— Como tem tanta certeza?

— Eu não sei! — exclamou exaltada. — Mas quem iria raptar uma menina
inocente?

O silêncio na sala foi ensurdecedor. Roy viu a incerteza no olhar de Ella e


depois a compreensão. Lentamente, ela girou seu rosto, encarando todos os
homens na sala e até mesmo Milena. A médica era a única que tinha gentileza

em seu olhar, como se compreendesse o tamanho do horror que Ella estava


experimentando naquele momento. No entanto, nos olhos de Roy, Apolo,
Pietro e Malone, exibiam uma frieza que a fez estremecer. Não a julgavam,
mas claramente não mostravam nenhuma emoção. Eram mafiosos. Não

existiam limites no mundo em que viviam. Faziam tudo o que precisavam


para conseguir seus objetivos, ou melhor, alcançar poder e submissão.

— Foi você? — a voz de Ella tremeu.

Roy precisou de um único instante para entender sua pergunta.

— Não — respondeu sério.

— Demorou quase duas horas para chegar aqui — acusou se afastando.

— Estava ocupado.

— Com o que? Sequestrando minha filha?

Ele sabia que ela considerava Giovana sua filha e respeitava isto.

— Eu nunca faria isto — jurou.

— QUE MERDA ESTAVA FAZENDO?

— Vamos dar a eles privacidade — disse Milena.

Tanto Roy quanto Ella não se viraram para ver a expressão dos homens,
mas caso fizessem saberiam que Pietro estava se divertindo, Malone estava

tenso e Apolo chegou abrir a boca para se intrometer, mas logo fechou

quando recebeu um olhar ameaçador de sua esposa.

— Estava fazendo o meu trabalho — respondeu com muita seriedade.

— Você a levou? — perguntou Ella em um sussurro.

— Não, nunca faria nada para machucá-la — garantiu. — Nem mesmo a


você.

— Eu não tenho tanta certeza.

— Então por que me chamou? Você me conhece, sabe quem sou e


principalmente para quem trabalho. — Deu um passo ameaçador em direção
a ela. — Por que me chamou?

Roy estava rígido como uma porta, mas no fundo de sua alma sentia-se
trêmulo como uma maldita vara verde. Como ela poderia acusá-lo de

sequestrar a própria sobrinha? Como ela duvidava de seu caráter desta forma?

Uma fúria quente subiu em seu peito. Queria gritar e sacudi-la até a morte
por suas acusações.

— Porque confio em você — sussurrou. — Sei que vai encontrá-la.

A vulnerabilidade no olhar dela ao dizer aquelas palavras em voz alta


quebrou o coração de Roy, se é que ele ainda tivesse um. Seu temperamento
se acalmou, entendia as desconfias dela, sabia que faria o que Adônis ou

Apolo ordenasse sem pensar duas vezes em seus princípios. Ele nem mesmo

sabia o significado disto, havia se perdido com o tempo, e hoje com seus
vinte e oito anos sentia-se morto demais para se preocupar com suas
qualidades.

— Daria minha vida por vocês — disse com suavidade.

— Desculpe.

— Eu vou encontrá-la.

Acenando, Ella o surpreendeu ao abraçá-lo.

— Você disse o pai dela? — questionou envolvendo os braços ao redor


dela.

— Sim.

Roy engoliu em seco, a necessidade de protegê-la era tão grande que o

deixava tenso.

— Vamos começar por aí. — Foi ousado e beijou sua testa.

— Obrigada.

— Nunca, nenhuma vez, me agradeça — pediu ele em um murmúrio.

...
As próximas horas foram uma loucura para Antonella, ela queria sair às
ruas e buscar por sua menina. No entanto, tudo o que fez foi permitir que

Milena cuidasse de seus machucados, trocou de roupas e foi levada para o


apartamento de Roy, sem Roy.

Ficou furiosa, tentou discutir com ele, mas o olhar que recebeu a impediu
de fazer qualquer coisa. Tinha uma calma gelada naquele olhar castanho que

lhe tirou a voz. Não sabia se era medo, admiração ou até mesmo pânico, mas
empurrou tudo isto para longe e decidiu confiar nele.

Ela havia o chamado.

Não existia razão para nenhuma desconfiança e nem mesmo para todas as
suas acusações. Ainda se envergonhava por tê-las feito, mas não sabia o que
pensar. Ela não conhecia o homem que ele tinha se tornado, somente o garoto
que foi... e o jovem que a abandonou.

Bem...

Ela não conhecia o jovem que a deixou, pois depois que ele se foi com seu
pai biológico, a luz dele se apagou. Frustrada, caminhou de um lado para
outro no elegante apartamento de Roy. Queria ter paciência para o esperar,
mas tudo o que pensava era que ele a deixou para trás somente porque tinha
um par de peitos.

— Machista filho... — não completou a frase para não ofender sua


madrasta.

Foi sua segunda mãe e jamais poderia dirigir uma palavra rum a ela. Mas
o desejo de bater na cara de Roy por deixá-la para trás continuava firme.
Olhou ao redor da sala com o cenho franzido antes de começar abrir todas as
portas da estante. Depois seguiu para a cozinha, mexeu em tudo que viu em
sua frente e até mesmo abriu sua geladeira. Teve que rir, só tinha cerveja e

iogurte de morango. Roy sempre foi apaixonado por iogurte de morango.

Sentiu uma pontinha de nostalgia e empurrou o sentimento para o lado.


Não queria se lembrar do passado, naquele momento, planejava passar seu
tempo vasculhando todas as coisas dele. Ainda não sabia por que estava
fazendo aquilo. Talvez seja pelo simples fato de querer puni-lo por deixá-la,
por trancá-la em sua casa, por... continuar sendo tão bonito como antes,
mesmo sem o brilho de seus olhos.

Passou por um quarto que julgou ser de hospedes e depois entrou no

maior, que sem dúvidas era o de Roy. Era escuro, muito masculino e tinha
um peculiar aroma madeirado. Entrou em passou hesitantes, tocou a colcha
escura e se sentou na cama. Olhou ao redor sem saber como se sentia, mas
também não fez muito esforço para tentar entender.

Abriu a gaveta de cabeceira e não se surpreendeu ao encontrar uma Glock.

— Quantas armas você esconde? — murmurou.


Isto a motivou. Levantou e vasculhou todo o quarto. Encontrou duas
armas presas debaixo da cama, uma de cada lado. E uma escondida atrás da

cabeceira. Ficou impressionada com sua paranoia. Animada, entrou no closet


com a suspeita de que encontraria uma parede falsa e não estava errada.

Ficou chocada com a organização. Camisas separadas por cores, dobradas


e passadas perfeitamente sem uma única ruga. Curiosa olhou suas gavetas e

encontrou cuecas dobradas com perfeição e meias que ela jurava que viram
um ferro quente inúmeras vezes.

Quem passava meias? E cuecas?

Tocou no fundo da parede onde mantinha inúmeros ternos perfeitamente


alinhados, um espaço se abriu e logo deu a ela uma exposição de armas
grandes que ela nem mesmo saberia nomear. Eram armas de longa distância.
Rifles que ela imaginava que somente a polícia ou o exercito deveriam ter
acesso.

— O que andou fazendo todos esses anos, Roy?


Capítulo Quatro
O sol estava aparecendo entre os prédios quando Roy entrou em seu
apartamento. Estava exausto. Realmente cansado. Ele passou o que restou da
noite nas ruas, buscando por informações e chutando algumas bundas
ousadas demais que não responderam suas perguntas.

Surpreendeu-se ao ver Ella sentada em uma poltrona na frente da janela.


Seu rosto estava virado para o lado e um pequeno raio de sol pousando
diretamente em seus cabelos cor de mel.

Quando conseguiu desviar os olhos dela, viu que uma das portas da
estante estava mal fechada. Ergueu uma sobrancelha bem inquisitiva. Alguém
andou mexendo em suas coisas. Precisou se segurar para não rir, sabia que
ela fez isto para irritá-lo. Para que ele se sentisse invadido, afrontado, da
mesma forma que ela se sentiu por ele não permitir que ela o seguisse para as
ruas.

— Ella? — chamou baixo.

Seus olhos se abriram, e aquele tom de verde cinzento lhe trouxe inúmeras
lembranças.

— Você a achou? — questionou se erguendo com rapidez.

Como se não tivesse machucada, com muitos hematomas e pontos em


alguns lugares. Sua força o impressionava.

— Não.

Então, toda aquela força se apagou e apareceu um medo que o deixou com
dor de estômago. Balançou em suas pernas, e ele a segurou antes que caísse.

— Per dio, onde ela está? — murmurou.

— Tenho algumas dicas — indicou que ela se sentasse. — Vou te contar


tudo o que descobri.

A luz voltou a brilhar em seus olhos e ele se sentiu orgulhoso por poder
dar a ela um pouco de esperanças. Com muita paciência e precisão, explicou
a Ella que os homens que ela matou faziam parte de um novo grupo, uma
gangue, que se formava na parte mais remota da cidade.

E essa gangue era liderada por um homem chamado Jaime Hope. Claro,
ele não disse a ela que essas informações e mais algumas ele conseguiu com

a força de seu punho. Mesmo usando luvas, os nós de seus dedos ficaram
feridos. Não se importava, a brutalidade da noite ajudou a aliviar a raiva que
sentia.

— Hope é o mandante atrás do ataque na sua casa — informou.

— E o sequestro de Gio — completou Ella.

— Sim.
— É o pai dela — afirmou.

— É o que fiquei sabendo. — Não negou.

Ella passou as mãos pelos cabelos soltos e bagunçados, como se tentasse


colocar seus pensamentos em ordem.

— Como teve informações tão rapidamente? — questionou curiosa.

Roy não respondeu, se encostou à poltrona e ficou a encarando. Não


queria conversar sobre o assunto, não gostava de como ela reagia ao homem
que ele se tornou.

— Sabe onde encontrá-la?

— Ainda não. — Cruzou as pernas. — Mas é só uma questão de tempo.

O silêncio entre eles se tornou algo desconfortável. Nenhum dos dois


sabiam o que dizer, apesar de que haviam tantas coisas para acertar.

— Está com fome? — questionou ele.

— Não! — ergueu uma sobrancelha arrogante. — E você teria algo além


de cerveja e iogurte de morango?

— Achou alguma coisa interessante em sua busca? — questionou rindo.

— Quando se tornou tão perfeitamente organizado?

O sorriso de Roy se apagou e seu rosto foi tomado por uma frieza que ele
nem mesmo percebia.

— Quando meu pai me surrava por achar uma única ruga em minha
camisa — respondeu, surpreendendo a ambos. — Era motivo suficiente para
não deixar nada desorganizado.

— Roy!

— Não quero sua pena, Ella.

— Não estou com pena. — Balançou a cabeça. — Estou com raiva que ele
te batia.

Roy a encarou por um tempo, tentando entender o que a vida estava lhe
mostrando. O que estava acontecendo? Por que sentia necessidade de
compartilhar com ela coisas de seu passado?

Sentia muito por toda dor que causou a ela e de alguma forma, parece que
chegou a hora de explicar, contar como tudo aconteceu. Nunca a teria

deixado. Ele teria se apaixonado mais por ela, se casado e teriam muitos
filhos.

Roy a deixou sozinha, foi até a cozinha e buscou duas cervejas. Ofereceu
uma a Ella e voltou a se sentar.

— Quando eu tinha quinze anos e fui embora, tinha uma explicação —


começou. — Cheguei em casa e encontrei meu pai com uma arma apontada
para a cabeça da minha mãe. Ele demonstrava estar muito calmo e frio...

enquanto ela tremia e tinha os olhos tão arregalados que pareciam saltar para

fora de seu rosto.

— Ele fez isto?

— E muito mais — concordou. — Eu soube, assim que o olhei, que não


estava brincando. A única condição exigida era que eu o acompanhasse até

seu carro e fossemos embora, ou ele mataria minha mãe e toda a nossa
família, incluindo a mim.

— Dios! Por que não me disse nada disto antes?

— Eu não podia, sigilo é uma das primeiras coisas que aprendi.

— Como assim? — questionou ela assustada.

Roy deixou a cerveja na mesa de centro e tirou a camiseta preta que vestia.

— Dor e boca fechada — disse virando as costas para que ela visse suas

cicatrizes.

— O que... ele o machucou assim de propósito? — seus dedos traçaram


algumas de suas marcas com grande assombro.

— Estava me ensinando a suportar a dor. Como filho de um mafioso, eu


tinha que aguentar situações extremas. — Engoliu em seco. — Aprender a
suportar coisas que eu nem tenho coragem de te contar. Se eu não fosse o
herdeiro perfeito para o seu posto, o envergonharia, mancharia seu nome, e

causaria nossas mortes. O chefe não aceitava homens fracos e eu não poderia

ser um.

— Isto é um absurdo!

— Isto é o resultado do meu sangue criminoso — disse despreocupado. —


Não posso mudar quem eu sou.

— Claro que pode!

— Não gaste saliva com isto, Ella. — Buscou sua cerveja e tomou um
longo gole. — Conheceu Apolo essa madrugada, sentiu o perigo que ele
esbanja e viu seu sorriso. Ele não chega nem perto do que o chefe é, e eles
são irmãos.

— Não é possível que tenha medo deles. — Cruzou os braços.

— Claro que tenho, mas me tonei um deles. — Deu de ombros. — Assim

que fui concebido esse era o meu destino, só demorou mais do que deveria
para que eu tivesse conhecimento disto. Não muda o fato de que sou um
mafioso.

— Per Dio!

— Não se abale por isto, só estou te contando porque acredito que depois
de tanto tempo eu lhe devia algumas explicações.
— Tiraram seu brilho, sua luz.

— Sim. — Nem mesmo tentou negar. — Vivo na escuridão, me adaptei a


ela, é o meu mundo. Nunca, jamais sairei. O preço para isto seria a morte.

— Te matariam? — questionou assustada.

— Sem dúvidas, mas eu não tenho medo de morrer — disse sério. — Seria

considerado um traidor e o preço para isto seria o meu sangue e minha


família.

— Me matariam?

— E a Gio também.

— Isto é um absurdo! — Se ergueu furiosa.

— Se acalme, por favor.

— Vive nesse inferno para nos proteger?

— Sim.

— Desde sua adolescência?

— Sim — disse sem se exaltar. — Meu pai foi um homem muito cruel.

— Morreu?

— Levou um tiro no peito.

— Bom! — cruzou os braços. — Pois eu mesma faria isto.


Ele riu, achando adorável como ela ficava brava.

— Não tem graça — apontou um dedo em riste no seu rosto. — Tire esse
sorriso.

Roy se levantou deixando a garrafa vazia de volta a mesa de centro. Com


clara despreocupação, passou os braços ao redor dela.

— Não percebe que eu faria tudo de novo por vocês?

— O que?

— Chicotadas, afogamentos, dedos quebrados, fome, frio — murmurou.


— Aceitaria isto mil vezes para que nossa pequena família ficasse segura.

— Como ele pode fazer tudo isto com você? — sussurrou aflita.

Ella abraçou seu pescoço.

— Fez o que todo filho de mafioso precisava passar para ser aprovado. Eu
precisava ser alguém de confiança, alguém que não falasse demais caso fosse

pego por um inimigo, alguém que faz o trabalho sujo sem reclamar. — Não
desviou o olhar. — Esse é o homem que eu me tornei, Ella.

— Ainda existe o Roy pelo qual me apaixonei, aí dentro, em algum lugar.


— Lágrimas mancharam suas bochechas. — Aquele jovem pra quem eu me
entreguei, que lhe confiei meu corpo, minha alma, ainda está aí.

A esperança dela em acreditar que ainda existia algo bom dentro dele o fez
se sentir humilde. Chegou a pensar em se afastar, exigir que ela nunca o

olhasse daquela forma novamente.

Por outro lado, ficou aliviado por alguém ser capaz de ver a humanidade
nele. Sentiu um pouco de esperança e isto o fez dar o próximo passo. E foi o
seu fim.
Capítulo Cinco
Eram tantas informações, tantas emoções que Antonella não conseguia
controlar o rumo que sua mente seguia até que os lábios dele tocaram os dela.
Não sabia dizer quantos anos não se sentia daquela forma, tão envolvida e
perdida ao mesmo tempo. Não se lembrava do último beijo que
compartilharam, mas a sensação jamais esqueceria.

Queria resistir, se lembrar daquela antiga magoa, se afastar. No entanto,


como faria isto depois de tudo o que ele contou? Da forma que sofreu para
proteger sua família? Seu coração quebrado talvez não pudesse ser colado,
mas teria como curá-lo?

Como encontrar uma resposta para perguntas tão complexas?

Ignorou tudo, pisou em seu bom senso e jogou fora todas suas dúvidas
quando envolveu o pescoço de Roy em um abraço firme e retribuiu o beijo
dele. De início, hesitante, mas logo tomou uma proporção muito maior do

que ambos acreditavam ser capazes. Sua língua encontrou a dele provocando
uma furiosa onda de calor entre eles.

Antonella sentiu as mãos de Roy descendo por suas costas e segurando


firme sua bunda. Ele a puxou contra ela, fazendo com que sentisse a rigidez
de seu corpo. Mostrando o tamanho de seu desejo. Ela arfou, seu ventre se
retorcia de ansiedade. Movida pelo instinto, escalou o corpo delgado e
musculoso dele envolvendo suas pernas em seu quadril.

Perdeu a capacidade de pensar quando Roy colocou-a contra a janela em


que esteve observando por horas esperando-o retornar. Ele pressionou sua
ereção potente contra seu centro sensível. Antonella gemeu contra seus
lábios, ela estava em chamas, mas isto não o impediu de se afastar dela.

— Temos que parar — resmungou rouco.

— O que? — Ela não conseguia pensar direito.

Antonella agarrou seus cabelos, puxou-o para baixo e voltou a beijá-lo


como se sua vida dependesse disto. Ela o mordeu com força, tirando sangue
de seu lábio inferior, antes de mover a boca por seu queixo, amando a textura
de sua barba sedosa. Beijou seu pescoço e continuou descendo, deixando uma
marca vermelha por onde seus dentes se afundavam.

— Ella, se você continuar — Roy disse tenso, mas não se moveu um único

centímetro.

— O que? — O provocou. — Sonho com você por anos.

Seus olhos se encontraram.

— Eu não teria a deixado se soubesse que ficaria segura.

— Hoje eu sei.

— Mas não sabia — murmurou.


— Não, e eu odiava e amava você — confessou ela.

Antonella deslizou pelo corpo dele firmando seus pés no chão. Porém, não
afastou suas mãos dele. Continuou com os dedos fechados em seus lisos
cabelos castanhos e a outra mão posta em seu ombro, impedindo-o de colocar
uma distância entre eles.

— Devia ter me contado tudo antes — disse ela em um sussurro.

— Eu não poderia, a colocaria em risco demais. Meu pai era louco,


descontrolado e... — Roy se calou.

— E o que?

Ela percebeu que ele não queria contar sobre o que pensou. Podia ver em
seus olhos o desejo de se fechar, de esconder dela coisas que deveriam
conversar.

— Não se atreva a me deixar do lado de fora. — Puxou seu cabelo. —

Você me deixou! Sem nenhuma palavra! Quebrou meu coração! E agora


estamos aqui, juntos, nos beijando e se tem algo para me contar diga agora ou
eu vou te dar um soco na cara!

— Agressiva — sorriu. — Gostei.

— Roy!

Ele endureceu seu olhar, não deixando que ela visse seus sentimentos ou
pensamentos.

— A última vez que nos vimos.

Antonella sentiu seu próprio corpo enrijecer. Aquela noite, ou melhor,


aquela madrugada em que ele bateu na janela do seu quarto em seu
aniversário de dezessete anos. Ela o deixou entrar e ganhou de presente flores
lindas e deliciosos chocolates. Se emocionou com a atenção dele e foi

surpreendida com o delicado colar de ouro que ele prendeu em seu pescoço.
O pingente era o desenho de dois passarinhos, lado a lado. Ainda o tinha, mas
não usava para evitar lembranças.

Embora, agora tudo o que ela conseguia se lembrar era que assim que o
agradeceu, eles se beijaram. Ambos não sabiam o que estavam fazendo, ou
sentindo, mas descobriram juntos. Antonella se entregou, deu a ele sua
virgindade, seu amor, sua alma. E quando Roy foi embora no inicio da
manhã, ele jurou que voltaria em dois dias. Se passaram anos, e ela nunca

mais o viu, até ontem.

— Ele estava no carro do lado de fora me esperando — contou Roy


tirando-a de suas lembranças.

— Quem?

— Meu pai.

Ficou mais rígida, se é que fosse possível.


— O que ele fez?

— Nada que eu não possa aguentar — garantiu, mas não enganou Ella
nenhum pouco.

De alguma forma, Antonella sabia que ele estava mentindo. Que tinha
mais naquela história do que ele estava contando. Pensou em insistir que ele
falasse o que estava escondendo, no entanto, ficou calada, pois viu o flash de

alguma coisa em seus olhos e antes que ele conseguisse trazer a frieza de
volta, ela soube que era dor.

O que seu pai tinha feito não foi algo bom, nem de perto chegaria a ser
agradável.

— Eu teria voltado, todas as noites — jurou Roy.

Antonella engoliu em seco e precisou de muita determinação para manter


suas lágrimas presas em suas pálpebras.

— Acredito em você — afirmou. — Peço que me perdoe por tê-lo odiado


por tanto tempo, por julgar algo que eu não entendia.

— Não tem que se desculpar, acho que nenhum de nós. — Ele fez um
carinho em seu rosto. — Não tinha como controlarmos as coisas que
aconteceram.

— Eu sei e sinto muito que tenha sofrido tudo isto.


— Não sinta — pediu. — Já disse que passaria por tudo isto quantas vezes
fosse preciso para proteger vocês.

O coração de Antonella doeu de uma forma que não imaginou ser


possível. Seu pai faleceu de ataque cardíaco, sua adorável madrasta esteve em
um acidente e não sobreviveu, e sua irmã se foi depois do parto. Hoje, ela só
tinha Giovana e... Roy.

Sempre se sentiu terrivelmente sozinha, mas não imaginava, nem de perto,


tudo o que Roy sofreu e sacrificou por sua família.

— E hoje, depois que encontrarmos Giovana, você vai embora


novamente?

— Sim! — não hesitou em dizer.

Antonella o soltou e desviou o olhar, silenciosamente pediu que se


afastasse, mas Roy não moveu um único músculo para longe dela.

— Olhe para mim — pediu erguendo seu queixo, Ella fechou os olhos. —
Querida, olhe para mim! — voltou a pedir. — Por favor.

— Eu não posso — sussurrou ela.

— Por quê?

Não queria que ele visse a dor que tinha infiltrado em seus olhos. Que
percebesse que depois de todas aquelas confissões e o beijo que trocaram,
que a esperança havia renascido dentro do seu coração. E agora, depois da

sua afirmação que voltaria a ir embora assim que resgatassem sua sobrinha,

ela sentiu a decepção voltar a quebrá-la como foi anos atrás.


Capítulo Seis
Roy aguardava com paciência que Ella abrisse os olhos, mas ela persistia
em manter as pálpebras fechadas. Queria entender o que se passava. Exigir
que contasse tudo o que pensava. Contudo, não acreditava ter o direito de
exigir qualquer coisa. Por isto, esperou que ela confiasse nele para dizer o
que sentia.

Ele percebeu o momento que algo tinha mudado e forçou sua mente a
tentar entender o que estava acontecendo. Não foi difícil.

Você vai embora novamente?

Foi o que ela perguntou e ele nem mesmo hesitou em responder que sim.
Tinha que voltar ao que era antes de sua ligação. Manter distância, protegê-la.

— Não posso ficar — sussurrou.

Ela puxou o rosto para longe de sua mão e não o encarou.

— Entendo — disse com frieza.

Sentiu que sua voz era tão gélida quanto a que usou no momento em que
pediu sua ajuda.

— Ella?

— Acho que vamos ter que esperar por respostas sobre esse tal Jaime
antes de fazer alguma coisa, não é? — Perguntou olhando para o vazio.
— Sim! — não mentiu, tinham que esperar. — Ella?

— Vou me deitar um pouco — informou. — Irei usar seu quarto de


hospedes se não se importar.

— Eu não me importo, fique à vontade.

— Então, por favor, se afaste e me deixe ir.

— Não até que converse comigo.

Ela balançou a cabeça negando, estava se distanciando cada vez mais dele
e Roy sentia que não podia permitir isto.

— Não temos o que falar. — Deu de ombros.

— Ella, olhe para mim! — Exigiu ele realmente impaciente. — Agora!

— Não me dê ordens! — Seu olhar encontrou o dele no mesmo instante.


— Você não tem esse direito. — O empurrou, conseguindo uma brecha para
se afastar dele. — Não me toque. — O repeliu quando tentou segurá-la.

— Qual é o maldito problema? — vociferou.

— VOCÊ!

Roy franziu as sobrancelhas, ele raramente fazia isto. Demonstrar


emoções era um sinônimo de fraqueza. Esteve a ponto de pedir mais
informações, só que não pôde, pois viu as barreiras dela caírem tão rápido
que o deixou bambo. Seus olhos, tão lindos, cinzentos e verdes... exibiram
uma dor que lhe tirou o fôlego.

Era por isto que ela não queria lhe olhar antes, porque ele a machucou
novamente e nem mesmo entendia o motivo.

— Nunca o esqueci — confessou e se sentou lentamente no sofá. —


Muitas vezes pensei em você com raiva, muita raiva. Só existia esse
sentimento porque ainda tinha amor.

— Tinha? — perguntou em um sussurro.

— Não importa o que tem, não é mesmo? — sorriu com tristeza. — Você
não vai ficar, irá embora como foi antes.

Claro que importava! Queria gritar isto para ela, mas deu a resposta que
mais disse a si mesmo durante muito tempo.

— Para te proteger.

— Para me proteger — concordou Ella sem hesitar. — O jeito é seguir

minha vida e você a sua, não é mesmo?

Mas eu não tenho uma vida, quis dizer.

— Sim.

Ella se levantou.

— Bom, vou deitar um pouco — disse com uma calma que o irritou. —
Minha adrenalina baixou e eu estou sentindo dores em lugares que nem sabia
que existia.

— Precisa de alguma coisa?

— Sim.

— Diga e é seu.

Roy viu a tristeza no olhar dela aumentar, ele sabia o que ela queria, mas

ele jamais poderia dar a ela tal coisa.

— Encontre minha filha — pediu com determinação.

— Eu vou.

— Bom e... obrigada.

Ele não teve a chance de dizer, novamente, que ela jamais precisava
agradecer. Só que Ella acelerou seus passos e foi embora, deixando um Roy
muito atordoado para trás.

Jogando-se no sofá, ele bebeu a cerveja que Ella nem mesmo tocou
enquanto forçava sua mente a funcionar. Ele não era um idiota, não quando
se tratava do amor de sua adolescência. Não quando se tratava de Antonella.

...

Horas mais tarde, Antonella estava de pé e pronta para fazer alguma coisa.
Não aguentava a aflição de não saber o que tinha acontecido com Giovana. E
nem mesmo queria chegar a pensar sobre Roy. Ela simplesmente deixou a
cama bagunçada para trás e o encontrou dormindo de um jeito muito

desconfortável no sofá. Engoliu em seco. Não o acordou. Somente caminhou

para a porta de entrada e saiu. Iria para casa. Não abria a Gellateria, mas iria
para casa.

Ainda estava surpresa por não ser tão longe. Isto a magoou mais um
pouco. Roy morava perto e nunca voltou para ela. Não apareceu em seus

aniversários. Nem a consolou com um abraço a cada ano de morte das


pessoas que os dois tanto amava. Ela sabia que os presentes para Giovana
vinham sempre, mas ele parecia ter esquecido o fato de que Antonella existia.

Novamente, empurrou todos aqueles pensamentos e lembranças para fora


de sua cabeça. Subiu as escadas do seu apartamento e encontrou a porta
somente encostada, de alguma forma sabia que sua casa nunca esteve tão
protegida antes. Pois não foi idiota para não perceber que estava sendo
seguida por um homem de terno preto e outro tomava café na cafeteria da

frente. Nem mesmo queria pensar quantos mais rodeavam o quarteirão.

Sua sala estava limpa e organizada como se nada tivesse acontecido antes.
Como se ela não tivesse matado dois homens e nem mesmo assim foi
suficiente para proteger Giovana. A realidade bateu tão forte que precisou se
sentar.

Ela sabia se proteger. Depois que Roy foi embora, seu pai insistiu que
aprendesse a lutar e atirar. Isto a fez fechar os olhos. Seu pai sabia toda a
verdade sobre Roy e nunca lhe disse nada. Mas quis garantir que ela pudesse

se defender sozinha caso fosse preciso. E foi. Agora que entendeu a


gravidade do que fez ao atirar em um homem e quebrar o pescoço de outro,
mesmo que fosse estritamente necessário, não tinha ninguém para consolá-la.

E nunca na sua vida se sentiu tão sozinha antes.

Queria poder confiar em Roy, em deixar que ele a abraçasse e a ajudasse


entender que não teve escolha, pois caso contrário eles a matariam sem
hesitar. Só que não podia mudar as coisas como eram antes, porque Roy não
ficaria. Ele iria embora. E ela ficaria com o coração partido e solitário, igual
antes, só que agora com o peso de duas mortes em suas costas.

As paredes estavam limpas e livres de qualquer sangue, percebeu quando


foi para seu quarto, mas os buracos de balas continuavam no lugar. Precisou
de certo esforço para seguir até o banheiro e tomar um banho. Não foi uma

tarefa fácil, contudo ficou muito agradecida por ocupar sua mente com o
cuidado que precisou tomar para refazer seus curativos e a dor de suas
contusões, que foi graciosamente aliviada com a água quente.

Estava no meio da tarde quando ignorou uma mensagem de Roy. Ele não
insistiu e Antonella sabia que os homens que a vigiavam já tinham dado seus
relatórios a ele. Um momento depois uma mensagem chegou.
“Venha até o endereço abaixo e vamos ver o que fazer em relação a minha
filha Giovana. Jaime.”

Gelada como um iceberg, era assim que ela se sentiu ao ler aquela
mensagem. Aquele gelo se tornou em fúria quando Antonella começou a se
mover. Vestiu jeans, camiseta, jaqueta e botas antes de ir até seu armário para
pegar sua Glock. Foi esperta em colocar uma pistola pequena escondida na

bota e uma faca na outra.

Desceu para sua garagem e pegou o carro. Buscaria sua menina nem que
tivesse que matar mil pessoas para chegar até ela. Não hesitou nem uma vez,
apesar do medo que sentia. Prometeu protegê-la e era exatamente isto que
faria.
Capítulo Sete
O galpão aparentemente abandonado em uma das regiões mais pobres e
perigosas da cidade deixou sua pele arrepiada. No entanto, Antonella desceu
do carro e seguiu em passos determinados até a frente e foi cercada por dois
homens. Eles não disseram nada, mas claramente indicaram que a esperavam.
Foi guiada para dentro do local e se surpreendeu com a organização. Tinha

um bar com tantas garrafas atrás do balcão que não poderia contar e do lado
um ringue de boxe. Havia vários rapazes espalhados pelo local, mas ela não
se preocupava com eles.

Em uma das banquetas, um homem tomava whisky com despreocupação.


Costas largas e músculos apertados em uma camiseta justa. Era ele. Não
tinha dúvidas. Este era Hope, ela devia se preocupar agora.

— Onde está minha menina? — exigiu saber.

Ouviu uma risada, vinha dele. Lentamente, o homem girou e a encarou.

Precisou de um segundo. Hope era a representação da beleza masculina. Seus


olhos eram incrivelmente azuis, os cabelos em um tom perfeito de loiro e o
sorriso parecia ter sido esculpido por anjos.

— É um prazer finalmente conhecê-la, senhorita Antonella.

Sua voz lhe causou arrepios.


— Não posso dizer que é um prazer para mim, devolva minha sobrinha
imediatamente.

— Ah, você tem uma determinação que Elisabeth não tinha — disse
despreocupado. — Mas está se esquecendo que eu sou o único dando ordens
aqui.

Ela deu um passo a frente e alguém segurou seu braço. No minuto

seguinte puxaram a Glock de sua cintura.

— E definitivamente uma mulher corajosa — disse deslumbrado.

— Vou matar você se a machucou — Antonella ameaçou.

— É a minha filha, eu não a machucaria.

— Não é sua!

— Engraçado, ainda me pergunto o porquê a esconderam por tanto tempo.

Antonella forçou seu braço para fora do aperto do idiota que a segurava.

— Se não percebeu, Giovana nunca esteve escondida. — Pontuou. —


Deve se perguntar o porquê minha irmã, antes de morrer, me implorou para
protegê-la de você.

Hope não se abalou, a encarava com uma curiosidade que realmente a


irritava.

— Talvez seja porquê ela descobriu das coisas que sou capaz. — Deu de
ombros como se não se importasse.

— Você a machucou? — questionou furiosa. — Forçou ela?

O homem bufou.

— Eu não preciso força ninguém.

— Se você o fez...

— Não vai fazer nada, eu mando aqui, não você.

— Filho de uma cadela.

— Sem a menor dúvida. — Gargalhou. — Minha mãe não passava de uma


vadia.

Antonella precisou respirar fundo para não fazer uma besteira.

— Vamos parar com essa conversa, me entregue a menina e eu vou


embora.

— Mas logo agora? Estou gostando de conhecê-la.

— Quer mesmo render isto mais do que o necessário? — questionou


colocando as mãos na cintura.

— Sim.

Antonella não respondeu, não insistiu, percebeu que quanto mais falava,
mais o fascinava. Por mais irritante que fosse, não alimentaria o ego daquele
imbecil cruel.

— Soube que tem amigos interessantes. — Ela ficou calada. — Bateram a


merda por aí querendo saber onde me encontrar.

— Não procuravam por você.

— Ah claro, pela doce Gio — sorriu. — Tão doce quanto sua deliciosa

mãe.

Não caiu na armadilha que ele estendeu bem diante dela. Sabia que se
aceitasse a provocação o divertiria muito e eles renderiam muito mais do que
o necessário aquela situação.

— Eu a conheci por acaso, nos esbarramos em uma padaria e eu a


convidei para um café. Primeiro ela não aceitou, mas você se lembra de como
ela era linda? — questionou. — Fiquei encantado com tanta inocência e a
persegui por alguns dias. O resto foi acontecendo. — Deu de ombros. — Mas

perdeu a graça, sua alma pura era cativante, mas ela não aguentaria meu
mundo. Elisabeth me viu matar um homem e nunca mais voltei. Não me
importei. Mas veja só, cinco anos depois, vou comprar um café e vejo a doce
garotinha na casa de Elisabeth — sorriu. — Minha filha. Foi uma pena que a
mãe não resistiu.

— Ela era uma criança! — Acusou. — Nem tinha atingido a maior idade.

— Não seja tão sensível. — Hope revirou os olhos. — Ela tinha idade
suficiente para fazer escolhas, e escolheu ir para minha cama.

— Seu crápula!

— Não a chamei aqui para levá-la embora — anunciou.

— E o que acha que está fazendo?

— Queria saber quem era, entender o porquê a máfia luta por você.

— Acha que a máfia luta por mim? — riu. — Se fizessem isto, você não
teria entrado na minha casa e sequestrado minha filha depois de tentar me
matar.

— Primeiro, não é sua filha. — Levou o copo a boca. — Segundo, já me


arrependi de dar a ordem para que a matassem. Fiquei maravilhado ao saber
de seu sangue frio.

— Não estou aqui para encantá-lo.

— É exatamente isto que está fazendo. — Levantou o copo mais uma vez.

Antonella gritou quando o copo estraçalhou na mão do homem sem


nenhuma explicação. Ouviu alguém no fundo gritar “atirador”. Ficou
impressionada ao ver Hope se levantar num pulo, mas ele não se escondeu,
ergueu uma arma, a dela, sem saber para onde mirar.

A porta do fundo se abriu, Antonella girou para ver e não reconheceu


quem passou por ela. Mas o terno preto era difícil de enganar. O homem
tinha um corte de cabelo militar e um olhar mal-humorado.

— Acho bom abaixar sua arma — anunciou. — Um movimento errado,


seu ou de qualquer outro homem dentro deste lugar, vão se arrepender.

Sua voz causou arrepios.

Hope abaixou a arma com um olhar bem desafiante.

Recado dado, o homem deu um passo para o lado e outro homem entrou.
Ele tinha a mesma graça felina que Apolo, alguns centímetros mais alto, o
mesmo tom de cabelo escuro e os olhos... Per Dio, eram tão calmos que lhe
dava calafrios.

— Então você é Hope — disse baixo e suave.

— Diria que me sinto honrado por saber meu nome — respondeu Hope.

— Antonella, enfim estou a conhecendo — disse o homem. — Sou


Adônis.

Ela acenou com um olhar desconfiado, mas não disse nada. Adônis
também não lhe deu oportunidade, ele caminhou mais para frente, pegou a
cadeira de uma mesa e a limpou com um lenço de seda que tirou do bolso.

Antes de se contratar no que estava acontecendo com os dois homens, ela


viu a quantidade, realmente assustadora, de homens de preto entrando no
local. Eles tomaram o galpão sem fazer o mínimo esforço. Somente fizeram
como se tivessem o direito e mesmo que não fosse assim, fariam de qualquer

forma.

— Bruce — disse Adônis sem se virar.

O homem de olhar mal-humorado foi para frente e tentou tomar a arma de


Hope.

— Tente! — disse Bruce num tom ameaçador.

— Eu não faria isto se fosse você, Bruce não tem senso de humor — disse
uma voz no fundo do galpão que Antonella reconheceu como Apolo. —
Irmão! — riu.

— Apolo — murmurou Adônis. — Atrasado. — Aquilo era claramente


uma acusação.

— Estava ocupado satisfazendo os desejos da minha deliciosa gatinha —


riu puxando uma cadeira e sentando ao contrário na cadeira.

Ele tinha um jeito perigosamente despreocupado.

— Esse é o idiota que sequestra crianças inocentes? — perguntou e olhou


para Antonella como se lembrasse do que ela disse em seu apartamento.

Mas quem iria raptar uma menina inocente? Foi o que questionou a Roy e
recebeu o silêncio como resposta. Todos eles eram capazes de fazer isto se
fosse necessário.
— Idiota? — Hope deu um passo a frente.

Durou apenas um segundo, pois outra bala estourou a janela e bateu na


frente de seu pé fazendo-o pular para trás.

Apolo gargalhou.

— Adoro esse menino! — exclamou. — Roy! — disse como se ele

pudesse ouvi-lo. — Deixe ele se aproximar para que eu soque a cara bonita
dele.

Bastou um olhar mais atento para Antonella ver o ponto eletrônico no


ouvido de Bruce. Roy estava realmente os ouvindo. Bruce empurrou Hope
em uma cadeira e o forçou a ficar.

— Adônis? — chamou Apolo.

— O que é?

— Olhe como ele é bonito! — Exclamou rindo. — Ah não, tem que me

deixar fazer um estrago no nosso amigo Hope.

— Você é um idiota — acusou Adônis.

— Claro que sou, por que acha que minha gatinha se apaixonou por mim?

— Ela é louca — murmurou Malone atrás de Antonella, assustando-a.

— Ouvi isto, Malone — retrucou Apolo.


Malone somente deu de ombros.

Antonella estava a ponto de bater na cara de todos aqueles homens,


estavam brincando enquanto sua sobrinha estava presa em algum lugar. Mas
o som de saltos altos ecoou no galpão. Precisou se virar para olhar de quem
se tratava e quase não pode segurar seu queixo. Uma loira com um vestido
muito justo de couro e sandálias de salto caminha para dentro com uma

confiança inquebrável.

— Adorável — disse Apolo sem nem se virar, mas ele sabia de quem se
tratava. — Amo quando nos reunimos.

— Violetta — murmurou Pietro não muito longe de Malone. — Essa


mulher ainda me enlouquece.

— Marido! — ela piscou para Pietro e seguiu direto para os irmãos da


máfia, segurando a cadeira de um deles. — Chefe.

— Violet! — cumprimentou Adônis.

— Soube que temos um inimigo que gosta de sequestrar crianças e mandar


matar mulheres — disse ela despreocupada, como se a máfia poupasse
alguém.

— Violet é a única entre nós com princípios — explicou Apolo. — Ela


não mata inocentes, mulheres ou crianças. Eu não tenho tanto escrúpulos
assim, mas admiro a coragem dela de afrontar Adônis — riu.
Um homem gritou e caiu assustando Antonella, ela foi à única que reagiu.
Roy tinha acertado um dos homens de Hope que tentou aproveitar da situação

para sacar uma arma.

A agilidade dele a deixou impressionada, mas não tinha paciência para


continuar lidando com aquela situação. Deus alguns passos ficando a frente
de todos, não se importava quem eram ou o que podiam fazer, ela só queria

uma coisa:

— Devolva Giovana agora mesmo!


Capítulo Oito
Antonella perdeu o que restava da sua prudência quando puxou a faca de
sua bota e a cravou no braço de Hope. O homem ficou tão chocado com seu
movimento que nem mesmo reagiu.

— Ficou louca? — questionou e ergueu a outra mão em direção a ela.

Uma arma foi erguida e a sombra de cabelos loiros passou por eles.

— Eu não faria isto se fosse você — ameaçou Violet. — Uma pena que eu
não posso te matar, mas garanto que vou lhe arrancar um bom pedaço antes.

Antonella não desviou o olhar de Hope.

— Eu sou tudo o que aquela menina tem e eu não vou permitir que um
verme como você, tire dela a segurança que prometi.

— Roy, a cada dois segundos você dá um tiro — ordenou Adônis. —


Vamos esvaziar esse lugar.

Antonella precisou se esforçar para não estremecer. Sabia que Roy não
hesitaria e a prova disto foi o primeiro homem caindo. Eles não estavam
escondidos. Permaneciam em pé no mesmo lugar de quando ela chegou, mas
agora cada um tinha um mafioso de olhos mortos e frios ao seu lado.

Outro homem caiu exatamente dois segundos depois. Então outro, e outro,
e outro.
— Basta! — exigiu Hope.

Mais um tiro, e outro, e outro.

— Mira boa — elogiou Apolo. — Dê uma pausa meu amigo.

Não sobraria ninguém se a ordem para parar não fosse dada. Ali, ela teve
um pequeno vislumbre do homem que Roy se tornou. Do criminoso,

assassino... mafioso que era. Não hesitava. Obedecia aos irmãos da máfia
sem nem mesmo piscar.

Ela não soube o que pensar, o que sentir a respeito. Não se importou, sua
atenção estava voltada para Hope, que ainda tinha sua faca cravada no braço.

— Antonella? Violet? — chamou Adônis. — Poderiam se afastar, por


gentileza?

Antonella não queria, iria desafiá-lo sem pensar duas vezes, mas o olhar
que recebeu de Violet dizia que ela deveria recuar e confiar.

O chefe da máfia se ergueu e tirou o terno.

— Sem tempo para shows Adônis. — Apolo provocou, mas seu irmão não
lhe deu atenção.

Adônis aproximou de Hope com uma falsa calma, que continuava com um
olhar arrogante apesar do medo que aparecia em alguns momentos.

— Sabe, eu admiro sua coragem — disse suavemente. — Montou um


grupo, ganhou dinheiro e tem um lugar bacana para seus homens. Tudo isto

bem debaixo do meu nariz. Não o vi e eu costumo ver tudo. — Puxou a faca

do braço de Hope e o homem gritou. — Mas eu tenho certeza que ouviu falar
de mim. Sempre estou aberto a novos aliados.

— Não abaixaria minha cabeça para um idiota — retrucou Hope.

— Não sei porquê está falando, não me lembro de ter te dado permissão.

— Eu não preciso...

Hope gritou quando Adônis enfiou a faca no mesmo lugar de antes.

— Odeio sujar minhas roupas com sangue — murmurou Adônis puxando


a faca pra fora lentamente. — Já que não é um aliado, é um inimigo —
concluiu. — E eles não duram muito — afirmou. — Acredito que deve estar
pensando o que estamos fazendo aqui, protegendo uma simples vendedora de
Gellato e sua sobrinha, mas eu não vou te contar.

Apolo gargalhou.

— Onde está a menina? — questionou Adônis. — Quanto mais rápido


dizer, mais rápido resolvemos nossos problemas.

— Bruce, mande trazer as facas — ordenou Apolo.

O rosto de Hope perdeu a cor, ele desviou o olhar pelo lugar vendo seus
homens mortos e os mafiosos dominando seu galpão. Parecia que ainda tinha
a ideia de que estava no controle da situação, era uma ilusão absurda, mas

pelo menos o fez dizer onde Giovana estava.

— Você a prendeu no porão? — Antonella questionou furiosa.

Seu punho ergueu tão rápido, que logo ela tinha quebrado o nariz de Hope.
Puxou o braço para trás e bateu no homem de novo, desta vez em seu olho.

— Ella, basta!

Roy apareceu, sabe-se lá de onde, com um rifle jogado em seu ombro e a


segurou.

— Ele prendeu minha filha em um porão! — exclamou furiosa.

Ele não tinha nenhuma expressão, estava sério e escondendo o que sentia,
mas a surpreendeu por socar o queixo de Hope algumas vezes até que o
homem caiu para fora da cadeira atordoado.

— Bem, deixe um pedaço para mim — pediu Apolo.

— Roy e Antonella, vão buscar a menina — ordenou Adônis.

Ela queria ir, muito. Mas também queria ficar e arrancar a pele de Hope.

— Acredite, tanto você quanto Giovana estão seguras — garantiu Violet.

— Ele não vai viver — afirmou Adônis. — Tenho alguns assuntos para
tratar com ele e eu irei fazê-lo se arrepender de todo o mal que lhe causou.
— Obrigada — hesitou.

— Por nada.

Deram dois passos a frente e ouviram a voz de Apolo.

— Bem-vinda a famiglia, querida.

Ela não o olhou, parou por um momento e percebeu a rigidez de Roy, mas

seguiram em frente. Não importava o que aquilo queria dizer, desde que
colocasse Giovana na segurança de seus braços novamente.
Capítulo Nove
Roy tinha os nervos tensos, não se lembrava da última vez que se sentiu
daquela forma. Eles caminhavam com pressa pelas ruas, ninguém entrou em
seu caminho. Não ousariam. Dois de seus amigos iam à frente e mais alguns
os seguiam lentamente passos atrás. A casa indicada por Hope ficava alguns
quarteirões depois do galpão.

— O maldito a prendeu em um porão — bufou Ella. — Se eu não


estivesse tão preocupada estaria voltando até lá e o quebrando inteiro. Filho
de uma cadela!

— Precisa se acalmar — disse ele apesar de se divertir com seu gênio.

Ela poderia ser malvada quando pisavam em seu calcanhar. Era uma
mulher incrível. Nunca duvidou e isto o fazia pensar em tudo o que desejou
um dia. A vida que queria ter ao lado dela, mas que não ousava ter
esperanças.

— Me acalmar — resmungou bem irritada.

Roy tinha outras coisas a dizer a ela, mas entendeu que seria muito mais
sábio ficar calado. Claramente queria apontar que foi um erro vir sozinha até
aquele lugar. Entendia que faria o mesmo no seu lugar algum tempo atrás,
quando era um garoto impetuoso.
Saber o que Ella tinha feito deixou seu sangue frio de medo. Hope já havia
mandado matá-la uma vez e faria isto novamente. Não esperava que o

maldito homem entrasse em contato tão cedo. Isto com certeza irritou
Adônis, o fez se sentir um passo atrás e claramente o motivou a aparecer
quando simplesmente poderia ter mandado uma equipe para resgatar Ella e
Giovana.

Precisou de muita calma para ficar atrás de uma janela do outro lado da
rua e olhar pela mira do seu rifle. Ele viu a sua determinação em mantê-la
segura. Mal podia acreditar que Ella havia esfaqueado um homem com tanta
frieza. Ficou impressionado e riu.

Ela era adorável.

Chegaram até uma casa e Roy sentiu os cabelos da nuca se arrepiaram.


Segurou Ella e fez sinal de silêncio, puxou-a para ficar atrás de um muro e
acenou para seus parceiros.

— O que?

— Calada — exigiu baixo.

Roy puxou o rifle de seu ombro e o apoiou em um ponto estratégico.


Ouviu seu pessoal se posicionar e por extinto levou uma mão até o braço de
Ella puxando-a para mais perto do seu corpo.

— Não se mova, Ella — pediu.


— O que está acontecendo? — sussurrou.

— Não estamos sozinhos — murmurou.

Percebeu que ela se abaixou e voltou com uma pequena pistola. Queria
fazer perguntas e elogiá-la por estar preparada, mas não ousou desviar
novamente o olhar. Seu dedo não hesitou quando viu o primeiro alvo, então
logo o segundo.

O caos estourou, mas foi facilmente dominado. Eram homens brutos e


despreparados, atiravam para todos os lados e queriam lutar ou correr, se
fosse preciso. Mas a Máfia não dava espaço para erros e eles varreriam o
inferno se fosse possível sem nem mesmo pensar em voltar atrás.

O Roy não esperava que um homem conseguiria se esgueirar daquele caos


e puxar Ella para a prisão de seus braços.

— É o seguinte — disse o bandido. — Vocês vão me deixar sair, vou

levar essa vadia e ninguém irá me seguir.

— Solte-a — exigiu Roy.

— Vadia? — bufou Ella. — Estou cansada dessa besteira.

Roy nem mesmo se moveu, somente olhou com grande assombro Ella
jogar a cabeça para trás batendo contra o nariz de seu atacante e afastar as
mãos dele de seu corpo. Roubou a arma dele e deu dois, muito
impressionantes, tiros. Viu o cuidado que ela teve em não acertar pontos

vitais jogando-o no chão, mas Roy não tinha esse mesmo escrúpulo. Se

aproximou e pisou no ombro ferido, o homem gritou, como uma moça.

— Não deveria ter tocado nela — rosnou.

— Roy?

Ele não hesitou, não mirou, mas seu rifle estava apontado diretamente para
a cabeça do homem e a estourou em um segundo. Ouviu Ella arfar assustada.

— Dios, vou ficar doente.

Roy se virou para ela imediatamente.

— Não se atreva — exigiu. — É uma mulher forte e sabe se defender, mas


não pode ignorar o homem que eu sou. Ele te tocou, te ameaçou e o que fiz
foi misericordioso. Em outro momento, o arrastaria para um lugar e o
torturaria por dias pela ousadia.

Ela não disse nada, Roy não perguntou. Pensou que fosse melhor.

— Roy? Achamos o porão.

Ambos se viraram e seguiram apressadamente para o fundo da casa. Roy


se sentia furioso por alguém ousar machucar sua família. Teoricamente
Giovana era a única de seu sangue e ele deveria ter a protegido melhor.

Ergueu o pé, batendo contra a madeira e abrindo-a com sua força. Do lado
de dentro estava escuro e ele precisou exigir por lanternas. Seu coração se

endureceu com o que viu. Uma garotinha, de cabelos loiros olhava para eles

com terror. Lembrou-se de como sua mãe o olhou quando estava sendo
ameaçada pelo pai biológico de Roy.

— Gio! — Ella exclamou e correu para dentro.

Roy precisou de muito esforço para não notar o colchão sujo, as teias de

aranha e o rosto machucado de sua sobrinha.

— Está tudo bem querida, vamos levá-la para casa — Ella a abraçou.

Foi difícil saber quem soluçou primeiro, mas as duas choravam enquanto
se abraçavam. Roy entregou o rifle para o homem mais próximo. Caminhou
com sutileza até elas e se abaixou. Seu olhar encontrou o que Ella e aquela
troca silenciosa disse muitas coisas.

— Gio? Este é seu tio Roy.

O olhar da menininha se ergueu, eram de um tom impressionante de verde


assim como foi o de sua mãe e estavam banhados por muitas lágrimas.

— Oi doçura — disse baixo. — Achamos você.

— Oi — choramingou.

— Está tudo bem, anjinho. — Sentou do lado dela. — Você está segura
agora, tudo bem?
Não negou o abraço que todos estavam precisando. Envolveu seus braços
ao redor de Ella e Gio, puxando-as para a segurança e o conforto que ele

oferecia. Roy murmurou inúmeras vezes que estava tudo bem, que ele
protegeria ambas, que não precisavam ficar com medo.

Chegou um momento que Roy não soube a quem ele estava consolando,
se era as duas ou a si mesmo. Um sentimento quente e angustiante infiltrava

em seu peito. Não entendia a possessividade ardente. A fúria gelada. O medo


ensurdecedor.

Nada daquilo era igual o que sentia antes, quando se mantinha afastado.
Algo tinha mudado e Roy não estava confiante de que gostaria de descobrir o
que significava. Não calculou quanto tempo ficou sentado naquele lugar sujo
com as duas em seus braços, mas em algum momento ergueu-se com
Giovana aninhada em seu corpo e puxou Ella para saírem dali. Seu coração,
aquele que ele acreditava não existir mais, parecia pesado assim que ele

concluiu que tinham chegado ao fim.

Levaria Giovana para ser examinada por Milena e devolveria ambas a


segurança de seu apartamento. Se despediria, ou talvez não, para então ir
embora sem olhar para trás. Ele queria ficar, precisava ficar com elas. Mas
não conseguia esquecer o preço que pagou quando tocou Antonella pela
primeira vez.
Seu pai havia quebrado todos os dedos de suas mãos e o lembrado de que
em suas veias corria um sangue sujo, criminoso, e que ele havia manchado a

pureza de Ella. Concordou com o homem, ainda concordava. Roy era sujo
demais para macular algo tão perfeito como o amor da sua vida.
Capítulo Dez
Antonella não conseguia ignorar o elefante branco. Quero dizer, o silêncio
gritante de Roy. O homem havia se fechado em uma concha que até então
parecia impenetrável. Entrando em seu apartamento que agora tinha uma
fechadura nova com travas extras, Antonella deu o seu melhor olhar a ele de
que iriam conversar de um jeito ou de outro, e ele não discutiu.

Atravessou a sala com a sobrinha adormecida no colo e a levou direto para


o quarto sem dizer uma única palavra, o que realmente não a surpreendeu.
Lentamente, se sentou em seu sofá e pulou uma longa respiração. Havia
acontecido tantas coisas nas últimas horas que sua mente tinha dificuldade de
processar.

No entanto, o que mais a abalava era ter conhecido o homem que Roy se
tornou. Frio, calculista, cruel e muito determinado a protegê-la. Não sabia o
que pensar. Ou melhor, não conseguia pensar direito.

Ele não demorou a retornar, tinha a mesma expressão vazia e olhar calmo
que já não a enganava muito. Sabia que por baixo daquela mascará fria, o
homem estava em fúria.

— Ela não acordou — informou Roy.

— Deve estar muito cansada, tadinha — disse Antonella.


— Sim.

O silêncio voltou com a mesma delicadeza de um elefante em uma loja de


porcelana, muito difícil de ignorar.

— Sente-se — ordenou Antonella.

— Não.

— Agora! — apontou para o seu lado.

— Preciso ir embora.

— Não! — Ella retrucou. — Você precisa parar de fugir, de se esconder.

— Não estou me escondendo.

— Não? — ergueu uma sobrancelha muito arrogante. — Estou muito


cansada para discutir com você, Roy, mas vou fazer isto. Nem que eu tenha
que bater um martelo nessa sua cabeça dura, não duvide que vamos resolver
isto entre nós.

— Não tem nada entre nós.

— Você tem certeza? — questionou sabendo que ele estava tentando


afastá-la como já fez antes. — Aquele beijo tem que significar alguma coisa,
eu ainda não fiquei louca!

— Não significou nada.


Desta vez, Antonella não se escondeu. Ela permitiu que Roy visse a dor
que tomou seus olhos. Queria que ele visse tudo, pois estava cansada demais

para fingir. Seu corpo nunca esteve tão desgastado antes e sua mente, per
Dio, parecia gelatina.

Apesar de aliviada com o resgate de Giovana, sentia que estavam longe de


finalizar aquela história. Não até que Roy se abrisse, fosse sincero sobre seus

sentimentos e parasse de ir embora deixando-a machucada para trás.

— Não me olhe assim — implorou ele.

— E como quer que eu o olhe?

— Com raiva, com nojo.

— Não tenho nojo de você, nem raiva.

— Deveria! — exclamou. — Viu o que sou capaz de fazer. — Roy olhou


para suas próprias mãos. — Estão sujas demais.

Suspirando, Antonella se levantou e passou os dedos por suas palmas com


suavidade.

— Sim. — Não foi capaz de negar. — Mas essa é sua vida, seu destino,
não é mesmo?

— Por que quer conversar? — questionou. — Por que não me deixa ir


embora? Prometo nunca mais voltar.
— Simplesmente por isto, Roy, porque sei que você não vai voltar.

— Eu não posso — sussurrou.

— Foi o que me disse — disse Ella distraída.

Seus dedos deslizaram para os pulsos dele, passando por uma pulseira de
couro antes de suas mãos tocarem as mangas de seu terno preto. Foi subindo,

apertando em alguns lugares até chegar em seus ombros e descer por seu
peitoral. A imagem dele sem camisa ainda marcava sua mente. Esguio, com
músculos magros e bem definidos. Sua boca estava seca, talvez fosse a
adrenalina que ainda corria em seu sangue, sentia uma louca necessidade de
tocar sua pele nua, como tinha feito antes quando ele a beijou.

— Ella.

— Aquele beijo... — deu uma longa pausa e o olhou nos olhos. —


Lembrou-me que apesar de ter me sentindo machucada por muito tempo, o

amor nunca acabou, só ficou guardado em uma caixinha bem no fundo do


meu coração.

— Não...

— Você não pode me amar? — o interrompeu. — Está tão quebrado que


não é capaz de sentir algo assim? Ou nunca soube me amar?

— Sabe que isto não é verdade!


— Qual parte? — exigiu saber.

— Eu te amei, muito. — Ele engoliu em seco.

— E não ama mais?

Roy ficou em silêncio, não a respondeu e voltou a se fechar. Antonella não


desviou o olhar tentando entender o que significava sua expressão séria.

Quando ele deu um passo atrás, se afastando dela, Antonella entendeu.

Ele não a amava mais. Aquele beijo, foi só um beijo. Não existia mais os
dois juntos, nem sequer uma possibilidade. Fechando os olhos lentamente, ela
o privou de ver suas emoções. Não ficou com raiva e tentou com muito
afinco não se magoar, mas doeu tanto que a feriu profundamente.

Não o culpou. Sentiu que ela era a única culpada por sentir esperanças de
forma tão desesperadora. Até mesmo se envergonhou. Roy tinha dado tudo
de si para proteger aqueles que ambos mais amavam, contando com ela, e

agora vivia em um outro mundo. Um lugar escuro demais e que não tinha
espaço para ela.

— Tudo bem — disse se virando.

Lágrimas riscaram suas bochechas enquanto ela seguiu para a janela da


frente.

— Adeus, Roy — conseguiu dizer com um tom de voz bem firme, sem
mostrar que outras lágrimas desciam por seu rosto.

Tudo o que ouviu no minuto seguinte, foi o som da porta batendo e o que
restava de seu coração se quebrando.

...

Dois dias depois, Roy estava sentado em um absoluto silêncio. Era seu dia

de folga e ele aproveitou para se afastar de tudo. Pilotou sua moto até o litoral
e encontrou um lugar onde pudesse ficar sozinho. Tinha conseguido manter
seus pensamentos para si, mesmo com a insistência de Pietro em saber o que
estava acontecendo com ele.

Escolheu um ponto onde conseguisse a melhor visão do mar e ficou


encarando o horizonte, sentado em sua espreguiçadeira e com os braços
cruzados.

— Parece que escolhemos o mesmo lugar para um pouco de descanso.

Franziu a testa ao ouvir a voz de Adônis, mas não desviou o olhar para o
chefe.

— Vai pra casa, Roy. — Não era uma ordem, e sim um conselho. — Sei o
que está passando, estive lá uma vez.

Continuou em silêncio.

Por um momento odiou o chefe por sempre estar um passo à frente que
todos, mas teve que admitir que ficou surpreso por ouvir um tom tão

concedente dele.

— Ela será a única pessoa capaz de manter sua humanidade, ainda que
pouca, viva.

Desta vez, Roy virou o rosto e o olhou.

Adônis tinha um olhar calmo e parecia em férias usando camisa branca e


bermuda bege. Não era comum vê-lo assim, sem terno, apesar de estar
impecavelmente bem vestido.

— Giulia queria uma pausa. — Deu de ombros.

Quase riu. Seu chefe dando explicações e fazendo algo tão trivial, como
dar de ombros.

Quase.

— Se não fosse por ela, talvez eu tivesse me tornado um homem igual ao

meu pai — disse em um tom muito despreocupado. — Seja lá o que está


pensando, empurre essa besteira para longe e vá de uma vez atrás daquela
mulher — ordenou. — Devo dizer que Antonella tem sangue frio, ou quente
demais, foi algo para se admirar.

Roy não concordava. Preferia que Ella estivesse o mais longe possível de
qualquer coisa do tipo. Que ela nunca precisasse levantar uma arma. Isto o
lembrou de que Ella matou dois homens em seu apartamento. Uma mulher

despreparada não teria reagido daquela forma, não sobreviveria a um ataque

daqueles.

Mas Ella não reagiu assim. Ela tinha uma arma em sua mesa de
cabeceira... e outra escondida na bota, não poderia esquecer-se deste detalhe.
Sem contar que lutou contra vários homens, maiores que ela, e matou um

deles quebrando seu pescoço.

Se machucou bastante naquela noite, é um fato, mas lutou como uma


guerreira. Respeitava isto.

— Não é uma mulher frágil, ela não vai correr — disse Adônis — Vá logo
e pare de me irritar com seu silêncio.

Roy ergueu uma sobrancelha, geralmente isto não acontecia. Acabou rindo
e Adônis indo embora com a promessa de que o encontraria para algum
treino muito em breve.
Capítulo Onze
Antonella arfou, pronta para começar a lutar quando uma mão tampou sua
boca e um corpo pesado cobriu o dela. Estava de madrugada, e a escuridão da
noite não permitia que ela reconhecesse seu atacante.

— Calma.

Arregalou os olhos, era Roy.

Tentou livrar sua boca do aperto dele, mas não teve sucesso.

— Fique quieta — exigiu. — Eu amo você, me ouviu? Nunca deixei de


amar, só guardei um lugar bem escondido esse sentimento. Emoções são
fraquezas, e eu não posso ser fraco. Mas você, puta merda, você ainda vê
algo de bom em mim mesmo que eu não concorde.

Ella mal podia acreditar no que estava ouvindo, chegou a pensar que
estava sonhando, mas o peso dele a deixava muito consciente da realidade.

— Entende que sou um mafioso? — destampou sua boca.

— Sim.

— Que nunca vou deixar de ser?

— Entendo.

Roy suspirou.
— Ah algo muito escuro em mim — disse baixo.

— E ainda assim você me ama? — questionou ela em um sussurro.

Ouve alguns segundos de silêncio.

— Foi o que me manteve vivo por todos esses anos — confessou.

— Não vai mais embora? — perguntou séria.

— Nunca mais, se aceitar quem eu sou.

— Eu aceito você do jeito que é, Roy.

— Não é bonito — insistiu ele.

— Eu sei — sorriu. — E você invadiu minha casa — provocou querendo


um pouco de distração.

— Eu tenho a chave.

Antonella riu, achando tudo aquilo inacreditável.

— Como sabia que eu não o chutaria daqui?

— Tive que arriscar — murmurou. — Ella — suspirou —, tem certeza?

Ela abraçou o pescoço dele e arregalou os olhos por encontrar um mundo


de pele nua.

— O que...

— Tirei a roupa — contou. — Para o caso de você me mandar embora.


— Ia me seduzir? — riu.

Esticou uma mão e acendeu o abajur que ficava na sua mesa de cabeceira.

— Sem a menor sombra de dúvidas.

— Então, você me quer em sua vida — concluiu Ella com a voz rouca de
emoção.

— Eu não te mereço, e me sinto muito egoísta, mas a quero muito.

O coração de Antonella se encheu de amor, com uma grande parcela de


gentileza pelo menino que ele foi. Suas inseguranças só a faziam amá-lo um
pouco mais.

Ella puxou o rosto dele para baixo, beijou sua bochecha e arrastou o nariz
por sua barba.

— Por sorte, eu também estou nua — sussurrou em seu ouvido.

— Dios! — exclamou Roy.

Não gastaram mais tempo com palavras, Roy atacou sua boca em um beijo
feroz. Seus lábios moldaram os delas e sua língua a invadiu de forma muito
exigente.

— Ai!

Roy se afastou.
— O que...

— Apertou meu machucado — arfou.

— Desculpe eu...

— Nos vire.

— Como assim?

— Nos vire, agora, Roy! — ordenou.

— Caralho — resmungou.

Rolaram pela cama, ele foi cuidadoso em não a machucar novamente.


Suas pernas ficaram enroladas no edredom, mas concluiu com muito êxito a
tarefa que ela exigiu. E quando ergueu seu olhar, Antonella percebeu o
quanto Roy estava hipnotizado olhando seus seios nus.

— Gosto de onde está — murmurou.

— Roy.

— Dios! — ele se sentou com ela em seu colo. — É ainda mais bela do
que me lembro. — Beijou o ombro nu de Ella. — Se tornou uma mulher
muito linda.

Antonella teria rido se fosse capaz. Podia se lembrar, com muita clareza,
que quando se entregou a ele anos atrás era só uma jovem com o corpo ainda
em desenvolvimento. Seus seios se incharam e suas curvas ficaram muito
mais acentuadas.

Fato que agora ele comprovava com a exploração de suas mãos. Ella o
puxou para mais perto, segurando-o pela nuca e colando sua boca sobre a
dele beijando com uma sedutora ternura. Ele não hesitou em retribuir,
aprofundou o beijo com ansiedade fazendo aquela ternura se tornar feroz
enquanto ambos buscavam aplacar o desejo que os envolvia.

— Calma. — Roy pediu se afastando por um mero centímetro. — Está


machucada.

— Roy?

— Hm?

— Se me pedir calma mais uma vez eu vou chutá-lo para fora —


ameaçou.

Roy riu baixinho contra o pescoço dela.

— Só desacelerar querida — murmurou mordiscando sua pele. — E nem


que você tente, eu sairei da sua cama.

— Você é muito abusado.

Ele não respondeu, estava ocupado beijando a garganta dela enquanto suas
mãos exploravam suas costas e desciam lentamente, tomando o cuidado para
não apertar nenhuma das contusões de um tom feio que marcavam o corpo
dela. Pensar sobre isto, acendeu a fúria de Roy. Sua boca se tornou mais

exigente, deixando avermelhado por onde beijava enquanto a inclinava para

trás até que ele a deitou novamente.

Muito atento a suas reações, inclinou-se sobre ela encontrando seu olhar
deixando que visse suas promessas. A partir daquele momento, Antonella
pertencia a Roy e visse versa. E ele nunca a deixaria ir. Daria sua vida, se

fosse preciso, pela dela. Quis que ela soubesse disto, que não duvidasse
enquanto a cobria com beijos. Cada toque significava uma promessa, um
juramento, uma palavra.

Encontrou seus seios, tocou-os com uma calma exasperante, provocou


seus mamilos com os dedos. Provou-a em sua boca. Ainda tinham a coberta
entre eles, e Roy demostrou grande habilidade ao se livrar daquele pequeno
incomodo. Suas mãos continuavam a exploração, buscando pelo ponto mais
sensível do corpo dela. Tocou intimamente e recebeu em troca, um gemido

alto de Ella.

Ele a torturou com sua boca, intercalando entre os seios com beijos cada
vez mais exigentes enquanto seus dedos invadiam o corpo dela. Firmes em
busca do clímax. O que não demorou muito, devido à insistência de seus
toques.

Roy parou para observá-la, sentiu-se encantado e incapaz de se mover por


um tempo. Queria olhá-la pelo resto de sua vida, mas também desejava algo a
mais. Desviou o olhar quando puxou os dedos de dentro dela com lentidão.

Estavam deliciosamente brilhantes. Ele desceu ansiosamente por seu corpo,


colocando o rosto no meio de suas coxas e beijando-a com uma fome
desesperadora.

Ella gritou, ele sabia que ela estava sensível, mas foi incapaz de se mover

para longe dela. Lambeu e a beijou, tomando para si todo o prazer que ela
encontrara para logo estar excitando-a novamente. Empurrou-a para o prazer
desenfreado, tomando seu orgasmo direto de seu centro.

Quando se ergueu, não deixou de perceber a fina camada de suor que


cobria a pele nua dela e a forma que respirava com dificuldade. Levou um
tempo para conseguir pensar com clareza, mas forçou seu corpo a respeitar
seu comando.

Puxou ela de joelhos e a colocou esparramada em seu colo, como estavam

antes.

— Ella? — Não disse as palavras certas, tudo o que queria perguntar era
se ela ainda o aceitava.

Precisava de sua permissão.

— Roy, agora! — ordenou.

Se ele não estivesse tão no limite, teria rido de como Ella era uma mulher
mandona na cama e fora dela.

Contudo, não foi capaz de pensar muito, além disto. A bela mulher no seu
colo, aquela que ele amou desde o primeiro momento em que colocou seus
olhos sobre ela ainda na sua infância, aquela que ele abandonou... Bem, Ella
tinha se erguido sem desviar o olhar dele, segurado sua rígida ereção e
descido sobre ele, permitindo que invadisse seu delicioso e receptivo corpo.

Antonella segurou com força os fios de cabelo de Roy e o beijou. Seus


lábios dançando sobre os dele, suas línguas se encontrando em uma
alucinante batalha. Cada segundo, o beijo era mais envolvente, o balanço de
seus corpos mais exigentes, mais fundo, mais intenso.

As unhas dela cravaram em seu ombro enquanto aproveitava aquela


sensação maravilhosa de ser possuída por uma ânsia febril e enlouquecedora
que estava crescendo a cada vez que ele se afundava dentro dela.

— Roy... — conseguiu dizer e nem se importou pelo tom de suplica.

Uma de suas mãos a soltou e se apertou entre os dois para esfregar aquele
ponto doce, que com alguns círculos feito por seus atenciosos dedos, Ella
encontrou o ápice de seu prazer.

Seu grito alto foi abafado pelo beijo que ainda compartilhavam. Ela o
sentiu estremecer, estocando mais duas vezes e se entregando ao clímax. Não
sabem dizer quando tempo ficaram naquela posição tentando voltar para a
terra novamente. Mas quando se moveram, Roy a deitou na cama cobrindo-a
parcialmente com seu corpo.

— Nunca esqueça, Ella, que eu amo você — disse ele. — E eu estou


torcendo para que você não tenha nenhum controle de natalidade.

— O que? — murmurou ela.

Ella ainda não conseguia pensar com muita clareza.

— Vou colocar um bebê em você.

Ella arregalou os olhos entendendo o que ele havia dito.

— Puta merda! — exclamou.

Tentou se ergueu parcialmente, mas Roy a segurou no lugar. Ficou


novamente entre suas pernas.

— Não usamos camisinha, Roy!

— Não — concordou. — E não pretendo usar nenhuma vez.

— Nem venha com machismo exacerbado pra cima de mim! — retrucou


irritada. — Deveria me perguntar primeiro, e não tomar decisões sem saber
minha opinião.

— Desculpe — pediu Roy e foi sincero. — Só que... não aguento mais


esperar por nada. Eu havia desistido de tudo, de amar, de filhos porque não
podia ter você.
— Roy — Ella suspirou.

— Diz que ainda quer viver aqueles sonhos comigo.

— Casar em uma igreja pequena e histórica, ter cinco filhos e viver juntos
até a terrível velhice? — sorriu.

— Você se lembra.

— Como me esqueceria, fizemos um juramento debaixo de um vinhedo e


compartilhando de uvas que deveriam se tornar vinhos.

— E então?

— O que?

— Vai se casar comigo? Ter cinco filhos? E me amar até quando eu usar
um andador?

Ella gargalhou.

Ficou brava de inicio, mas já passou.

Não conseguia ignorar o tempo separado e a dor que isto causou.

— Sim — respondeu.

Estava cansada de tanta dor e sofrimento, estava na hora de viver aquele


amor. Ter muitos filhos e se amarem por toda a vida.

— Bom. — Beijou seus lábios com suavidade. — Agora eu vou fazer


amor com você, Antonella — a penetrou lentamente —, pelo resto da minha
vida.
Epílogo
Felicidade, algo tão difícil de alcançar, ou melhor, entender. Quem
entende o que é e como conseguir essa tal felicidade? O que Antonella
descobriu era que a felicidade vinha dos pequenos momentos, das pequenas
coisas. E que nem sempre você é feliz, também não significa que é infeliz, só
que não é possível ser feliz o tempo todo.

E o mais importante que se tira desta conclusão é que a vida continua.


Anos atrás, perdeu Roy em um dos momentos mais importantes de sua vida
como mulher. Quebrou seu coração, decepcionou seus sentimentos. E a
verdade era que precisavam se afastar. Era necessário para proteger sua
família, claro, uma boa explicação seria muito bem-vinda, mas talvez, ela não
tivesse entendido seus motivos naquela época.

Hoje, depois de dez meses casada com ele, ela ainda tinha dificuldades
para entender o mundo cruel e obscuro em que Roy vivia. Como poderia?

Não era uma mudança fácil, era quase que instintivo recuar, mas precisava
seguir em frente pelo instinto de viver com o amor de sua vida.

Ella entendia.

Sua vida virou de cabeça para baixo, e ela gostou dessas mudanças.
Continuou com sua Gellateria e ele com todas suas obrigações de mafioso.
Ella nunca perguntava o que ele tinha feito a cada dia, era melhor assim, para
ambos. Mas Roy fazia questão de conversar com Ella sobre tudo o que ela

fazia.

Ele se mostrou muito presente, muito atencioso e às vezes um pouco


sufocante. Roy havia a arrastado para uma igreja no próximo fim de semana,
Giovana foi a porta alianças e a festa do casamento foi em um encantador
vinheiro. Conheceu muitas pessoas naquele dia, e inúmeras crianças, o que

foi uma surpresa muito adorável.

E desde então, Roy não media esforços para fazê-la feliz. E em alguns
momentos Ella se questionava se ela o fazia feliz.

— O que está pensando? — perguntou ele.

Estavam deitados juntos no sofá vendo um desenho, muito chato por sinal,
mas que Giovana amava. Nem mesmo piscava enquanto olhava a televisão.

— Eu te faço feliz? — questionou ela baixinho.

Roy a encarou com as sobrancelhas franzidas.

— Claro que sim, mas que pergunta é essa?

— Só estava me perguntando isto.

— Fiz algo que te fez duvidar de que sou feliz? — exigiu saber.

— Não — suspirou e tentou se aconchegar uma pouco mais a ele. — Só


que parece que eu faço tão pouco por você.
— Per Dio! — exclamou. — Você é a mulher mais incrível que eu
conheço. Nunca mais pense que faz pouco por mim. — Colou sua boca na

orelha dela. — Você está casada e esperando o filho de um mafioso. Isto é


muito. É tudo o que eu nunca imaginei e nem esperei.

Ambos seguraram a barriga arredondada dela, estava grávida de sete


meses e esperavam por um menino.

— Você me faz muito feliz — afirmou Roy. — Muito mais do que eu


mereço, querida.

— Você merece — retrucou firme.

Ele não disse nada, mas Ella sabia o que estava pensando.

— Merece muito ser feliz, por isto me pergunto se faço isto.

— Você faz — garantiu. — Muito feliz.

— Eu te amo — sussurrou ela.

— Isto me deixa mais feliz — sorriu. — Porque eu também te amo.

— Muito?

— Mais do que sou capaz de dizer.

Roy olhou pra Giovana, ainda muito entretida com o desenho.

— Acha que ela vai demorar a dormir?


Ella riu baixinho.

— Um pouco, e então, eu vou deixar você acordado a noite toda —


prometeu com um tom malicioso.

— Graças a Deus, estou contando com isto — riu.


Capítulo Bônus
Por Roy – Meses depois.

Eu não conseguia desviar meus olhos dela e confesso que cheguei a me


beliscar algumas vezes para ter certeza de que não estava sonhando. Não
imaginei, nem uma vez, de que voltaria a tê-la tão pertinho de mim. Sentia-

me tão sortudo, e mesmo encarando algumas lembranças ruins de tudo o que


tinha acontecido, eu não me via em outro lugar.

Hoje, mesmo acreditando ser irreal demais, estava muito feliz e


inesperadamente realizado por ter me casado com Ella. O amor que descobri
por ela ainda na minha infância nunca se apagou, pelo contrário, aumentou, e
muito, mas era necessário ficar longe. Meu velho pai a machucaria, sem
pensar duas vezes, somente para me fazer curvar, para me ter submisso as
suas ordens.

Foi necessário e muito cruel me afastar dela.

Um toque suave no meu peito espantou todos aqueles pensamentos. Olhei


para baixo, desviando a atenção da minha deliciosa e dedicada esposa que
contava uma história para Giovana dormir. Encarei o pequeno bebê que
descansava na curva do meu braço. Gabriel, nosso filho de cinco meses, tinha
o rosto sereno em seu sono e sua pequena mãozinha segurava minha gravata.

Meu coração chegou a inchar de tanta realização e preocupação. Agora, eu


entendia como meus amigos se sentiam a cada vez que um novo herdeiro
nascia. Toda aquela pureza era preciosa demais para ser jogada naquele
inferno em que eles viviam. Cheguei a sentir uma pontada de pânico ao

imaginar o dia em que eu teria que começar a treiná-lo para servir a famiglia.

Per Dio.

Não existia uma maneira fácil de aceitar aquela situação. Meu pai tentou

me quebrar mais vezes do que eu seria capaz de contar, mas eu tinha algo
para lutar. Precisava proteger a família que ele, tão desumanamente, me
arrancou dela. Isto me motivou a lutar, a viver, pois todos dependiam de
mim.

Agora, eu não sabia o que fazer com aquela criança de valor inestimável.
Por mim, o esconderia em algum fim de mundo para mantê-lo seguro, mas eu
sabia que isto não significava, de forma alguma, que ele estaria protegido.
Um dia o destino bateria em sua porta e as consequências não seriam boas

para ninguém.

— Amor?

Olhei minha linda esposa escondendo todos aqueles pensamentos dela.

— Gio dormiu, podemos colocar esse menininho na cama também.

— Claro — acenei concordando.


Porém, no fundo, eu queria protestar. Por mim, ficaria com ele no colo
quantas horas fosse preciso e não o soltaria tão cedo. Levantei e juntos

seguimos para o quarto do bebê. Beijei seus cheirosos cabelos castanhos e o


coloquei no berço.

Ella ligou a babá eletrônica e um abajur enquanto eu cobria nosso filho


com seu cobertorzinho azul.

— Venha, você está ficando atrasado.

Tentei não ficar mal-humorado, depois que Gabriel nasceu eu não queria
mais sair de casa. Desejava ficar paparicando-o o tempo todo e velar seu
sono. Mas... eu tinha responsabilidades, Bruce chutaria minha bunda e me
mandaria para o hospital caso me atrasasse.

Ella me acompanhou até a porta com um olhar calmo, como se soubesse o


que eu estava sentindo, mas não disse nada. Enrolou seus braços no meu
pescoço puxando-me para bem perto e roubando-me um beijo.

— Parece que você precisa de um carinho. — Brincou.

— Muito carinho. — A corrigi.

— Bom! — Ella sorriu. — Quero um maravilhoso beijo de despedida.

— Como sempre, muito exigente. — Apertei sua bunda trazendo-a para


perto, colando seu corpo ao meu.
— É uma reclamação? — Seus olhos queimavam de desejo.

— Jamais.

Inclinei meu rosto e busquei sua boca com a minha. Nossas línguas
entrelaçaram aprofundando o beijo. Segurei-a mais firme, amassando sua
carne e a espremendo contra minha ereção dolorida.

— Ella... — tentei me afastar.

Não me surpreendi quando ela escalou meu corpo e abraçou meu quadril
com suas maravilhosas pernas. Foi impossível resistir e eu a pressionei contra
a porta. Nos encaramos em silêncio, a tensão sexual estava acima do nível e
era difícil de resistir.

— Vou me atrasar. — Consegui dizer.

— Então, acho bom você fazer isto rápido e gostoso. — Me provocou.

Ri, amando como ela era impressionante. Puxei suas pernas um pouco

mais para cima, apressando-me para abrir minha calça. Levei mais tempo do
que imaginava e odiei meu terno. Até soltar o cinto, o botão, o zíper e puxar a
camisa para fora, já tinha testado demais minha paciência. Ella não parecia
nenhum pouco se importar com isto enquanto me atacava com beijos
enlouquecedores.

Percebi que eu também não me importava com o tempo que isto levava
desde que ela não saísse dos meus braços. Porém, confesso que fiquei muito

aliviado por Ella não estar usando calcinha por baixo de sua sedutora

camisola vermelha de seda.

— Está molhada pra mim?

Não esperei por sua resposta, eu sabia o que encontraria. A invadi em uma
estocada funda e engoli seu grito com um beijo.

— Sim! — murmurou.

O prazer de ter seu corpo quente e molhado envolvendo o meu levava-me


ao céu. Ah sim, valia a pena levar uma surra por chegar alguns minutos
atrasado.
Erika Martins, nasceu em São Domingos do Prata, mas ainda na infância
mudou-se para João Monlevade com a família. Formada em contabilidade,
resolveu trocar os números pelas letras. Apaixonada por romances, começou
a escrever em um aplicativo para autores independentes, onde já alcançou a
expressiva marca de mais de 3 milhões de páginas lidas. Viciada em sorvetes,
filmes e séries, passa boa parte do seu tempo escrevendo, acompanhada de
uma boa música e seu inseparável Chá Mate.

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Conheça também outros livros da autora.

Série Irmãos da Máfia


Adônis
Apolo
Bruce – Um homem da máfia
Malone – O resgate da filha da máfia
Pietro – Um mafioso em perigo
Spin-Of – Roy, o amor de um mafioso

Série Destinados a Amar


Amor Real
Um Amor para Recomeçar
Férias para o Amor

Série Insanos
Abner – Marcas do passado
Elliot – Amor por acidente
Ethan – Inesperado Amor
Alice – Um Amor por toda a vida
Spin-Of - Um Natal para Xavier

Série Mulheres Fortes


Um CEO como salvação
Livros Únicos
Doce Sentimento
Mais que Vizinhos
A força de um Amor
Sinopse
O quão real é o amor para você?
Já amou alguém em que pode afirmar com todas as letras que aquele
sentimento era real?
Vitor e Sofia se encontram por acaso, talvez por obra do destino. Destino
este, que os mostrou que estavam destinados a amar. O casal mostra todo o
romantismo possível para um relacionamento verdadeiro, autêntico.
Sem muito drama e com uma grande parcela de humor, traz uma delicada
história de amor e cumplicidade.
Sinopse
Já chegou ao ponto de desistir de encontrar sua outra metade? A acreditar
que não existisse uma pessoa que se encaixasse perfeitamente a você e
simplesmente desistiu?
Guilherme e Letícia desistiram, mas não esperavam que fossem marcados
pelo destino para amar.
Mesmo sobre circunstâncias difíceis, os mais puros e belos sentimentos
floresceram. E tudo o que eles precisavam fazer era aceitar aquele amor
inesperado, aquela oportunidade de ter um amor para recomeçar.
Sinopse
Quem nunca teve um primeiro encontro frustrado? Aquele que você
acredita que nada vai dar certo e que estava ali somente por causa de um
amigo ou parente casamenteiro.
Com Dani não foi diferente, seu primeiro encontro com Vinicius foi um
completo desastre. E se dependesse dela, não o veria nunca mais.
O que Dani não sabia era que o destino era caprichoso e não desistia com
facilidade. Vinicius se tornou mais próximo, mais amigo. E depois de uma
pequena mentirinha ele se torna seu namorado.
Foi a semana mais louca de sua vida, no entanto, não se arrependia de
nada.
Afinal, aquela era suas férias para o amor...
Sinopse
O que eles tem em comum? Salvam vidas.
Ela médica. Ele bombeiro.
Vizinhos.
Tudo começa com uma boa parcela de brigas, até o primeiro beijo. Aquele
beijo que derruba barreiras que nem mesmo sabiam que existia. Um beijo que
roubou todo o fôlego, deixou as pernas bambas e o coração acelerado.
Fred e Emma começam uma amizade seguida por um romance cheio de
altos e baixos que os deixaram mais forte, mais unidos.
Afinal, quem resiste ao amor?
Quem sabe o mais tolo dos teimosos, no entanto, teimosia não mantém o
cúpido longe. Isto foi o que eles descobriram ao decorrer de cada capitulo.
Venha conferir!
Sinopse
Dono de um restaurante/bar e independente, Connor levava uma vida pacata e tranquila
até uma bela mulher aparecer em seu mundo. Ele nunca havia se apaixonado, mas
descobrirá que quando menos se espera, o amor bate em sua porta e o arrebata como um
caminhão desgovernado prestes a atropelar.
Disposto a seguir seu coração, ele vive um dia de cada vez ao lado de Nikky, uma bela
descendente japonesa que é dona do mais lindo par de olhos que já viu. Juntos eles
descobrem seus sentimentos e vivem um grande amor.
Doce sentimento é um romance adulto leve, sem inimigos vingativos ou cenas de ação.
Não há muitas brigas ou confusões, é um livro onde os personagens encontram o amor,
amor à primeira vista, e tudo se passa na visão de Connor. Os personagens se mostram
adultos suficientes para enfrentarem seus sentimentos e deixar as coisas acontecerem.
Sinopse
Nada mais seria da mesma forma depois que Adônis Albertini colocou
seus olhos sobre a pequena ruiva, que agora era sua prisioneira. Ele não
saberia explicar o que sentiu quando seus olhos encontraram os dela. A única
certeza que tinha, era que nunca poderia machuca-la. Quando pela primeira
vez em sua vida experimentou um sentimento chamado, compaixão.
O medo e a fragilidade que exibia de forma tão crua o atraiu. Era como se
seu demônio interior estivesse hipnotizado pela beleza natural e pura que ela
ostentava. Giulia. Sua nova e única protegida.
Quem a machucasse enfrentaria o pior dele.
Adônis sempre teria inimigos, mas sua única preocupação era se render
aos sentimentos que pela primeira vez experimentava.
E o maior deles era o amor.
Sinopse
Seu sorriso e o ar de despreocupado eram sua marca de perigo.
Apolo acredita que não nasceu para amar, para ter família. A fera que o
habitava estava sempre a superfície, fazendo-o cruel e vil. Acreditava que
nunca iria se apaixonar, que morreria sozinho e sem ninguém para ama-lo.
Pretendia seguir com esses planos por toda a vida, pois não desejava
submeter terceiros no mundo em que dominava.
No entanto, a vida estava pronta para prova-lo o contrário. Que todos
tinham a oportunidade de serem amados. O único problema era conseguir
manter esses sentimento acima de qualquer diferença.
Depois de um erro.
Um pequeno erro.
Apolo se viu perdido e descontrolado.
Seu maior medo tinha se tornado realidade e não existia a menor
possibilidade de fugir. Ele tentou, mas não era homem de correr de
problemas.
O único jeito era ficar e enfrentar aquilo que mais temia.
Sinopse
Ele, um homem marcado pelo passado. Acredita que seu coração não
tenha mais espaço para amar. Talvez, nem mesmo queira se apaixonar.
Estava amargurado, congelado pela dor que se negava compartilhar.
O que Abner não imaginava, era que suas vontades não tinha voz. O amor
bateu na sua porta e em troca, ele pisou e maltratou a dona desse sentimento.
Agora, era o momento de cicatrizar o passado e correr em busca do seu
futuro.
No entanto, será que Carolina irá perdoá-lo?
Ele merece seu amor?
Talvez sim, talvez não.
Venha conhecer o desenrolar desta história.
Sinopse
Já imaginou que, talvez, seu amor verdadeiro esteja prestes a ser
atropelado por você?
É melhor não, né?
Elliot não esperava que sua vida de playboy rico e mulherengo fosse
terminar quando colocasse os olhos em cima de Charlotte. Literalmente em
cima, depois de quase matá-la com seu carro. Ela o enfrentou, gritou e ainda
não aceitou sua ajuda.
Não teve jeito, foi amor por acidente.
Ele estava pronto para fazer o que fosse preciso para que Charlotte o
aceitasse, nem que fosse apenas um encontro. E então, trabalharia para que
continuassem se encontrando até que aquele sentimento sufocante em seu
peito acabasse de vez ou aumentasse.
O que Elliot não esperava era ter um concorrente insignificante, mas
determinado a ter Charlotte.
Sua Charlotte.
Não! Isso ele não permitirá.
OBRIGADA!

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