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A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei n. 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
Giovanna Oliveira
Edição Digital / Criado no Brasil
Aviso
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Epílogo
Capítulo Extra
Agradecimentos
Redes sociais
Sobre a autora
Sinopse
Hanna Collalto não quer saber de amor. Seu coração foi
quebrado há alguns meses e ela tem que conviver com a lembrança
disso diariamente. Então, ela tenta ficar focada nos assuntos da
família e seus estudos. Sua família tem poder e ela aprendeu a lidar
com isso desde nova. O problema é que o homem por quem é
apaixonada está sempre por perto, sendo um lembrete do que não
pode ter.
Acho que já era quase meia noite. Abby havia ido encontrar
seus pais que a estavam procurando e eu tinha acabado de sair do
banheiro quando escutei alguém me chamar.
— Hanna — viro na direção da voz e percebo ser a mãe de
Matteo. Donatella Lombardi sorriu ao me ver e me aproximei dela. —
Você está linda como sempre, querida!
— Obrigada, senhora Lombardi. — Abraço a mãe de Matteo.
— Como você está? — Pergunta e vejo meu irmão e o amigo se
aproximando. — Sua mãe comentou que vai para faculdade.
Ansiosa?
— Sim! — Sou sincera, porque realmente estou ansiosa para
começar a estudar.
— Fico feliz, minha querida! — Consigo enxergar a sinceridade
na sua voz.
Infelizmente, algumas pessoas ainda não aceitavam que as
mulheres da máfia fossem para faculdade, mas Donatella não era
uma delas.
— Minha irmã vai ser a advogada mais foda da Famiglia[9]! —
Nicolas para ao meu lado, passando o braço pelo meu ombro,
enquanto Matteo para do outro e sorri para mim.
— Não tenho dúvidas! — A senhora responde sorrindo.
Uma música começa a tocar e nossa atenção vai para o
centro do salão. Papai e mamãe começam a dançar uma valsa e eu
conseguia enxergar a troca de olhares entre eles. Mesmo não
podendo mostrar muito afeto em público, dava para ver que era um
casal que se amava muito, e eu sabia que era isso que desejavam
para mim no futuro.
— Tenho certeza que você vai encontrar o amor em breve, vai se
casar e ter muitos filhos. — Donatella fala, colocando a mão no meu
ombro. Sinto um bolo se formar na minha garganta, mas sorrio
concordando.
O que ela não sabia era que eu não tinha mais esperanças
para o amor. Havia decidido deixar o meu coração fechado para esse
sentimento há alguns meses, pois já tinha encontrado o amor, mas
ele não era recíproco. O homem que amava havia quebrado meu
coração e se casaria em breve. No entanto, preciso dizer que ele não
sabia que meu coração era seu para quebrá-lo.
Esse homem estava ao meu lado.
Capítulo 2
Alguns casais se dirigiram para a pista de dança quando a
banda começou uma nova música.
— Me concede essa dança, senhorita? — Nicolas faz uma
reverência exagerada, o que me faz sorrir.
— Será um prazer! — Entro na sua brincadeira e ele pega
minha mão.
Nos juntamos aos outros casais e começamos a dançar.
Começamos a nos movimentar pelo salão em silêncio, mas não
demora para meu irmão puxar assunto.
— O que ela falou com você? — Estava demorando para ele
perguntar algo sobre minha conversa com Vanessa.
— O mesmo de sempre! Casamento é o único tema na mente
daquela garota. — Meu irmão suspira. — Sabe que ela quer casar
com você, né?
— Deus que me livre! — Ele arregala os olhos e balança a
cabeça. — Nunca vou me casar com ela, guarde bem minhas
palavras.
— Ninguém mandou ficar com ela mais de uma vez. Agora
aguenta!
— Se eu, realmente, um dia tiver que me casar… — ele
pondera e o corto.
— Você vai ter que se casar, Nicky! — Falo um pouco alto
demais, atraindo a atenção de algumas pessoas. Coloco um
pequeno sorriso no rosto para disfarçar e continuo falando, só que
agora mais baixo. — Vai casar e ter mini herdeiros. — Ele revira os
olhos, com um sorriso falso no rosto.
Ficamos em silêncio por alguns minutos e a música vai
chegando ao fim. Nicolas foge tanto dos seus sentimentos, sempre
foi assim. Sei que ele esconde coisas de mim, mas eu consigo
enxergar o que ele tenta guardar lá dentro do coração. Respiro fundo
e tomo coragem para perguntar.
— Por que você não…
— Vou procurar outro par! — Ele me interrompe e vai se
afastando, com um sorriso irônico nos lábios. — Como você mesma
disse, terei que me casar. Então, vou ver se encontro uma
pretendente por aí.
Vejo Nicolas se aproximando de um grupo de meninas e
convidando uma delas para dançar. Será que um dia ele vai aceitar
que o que sente não irá mudar? Meus pensamentos sobre a vida
amorosa do meu irmão são interrompidos no momento que uma
pessoa para do meu lado. Meu corpo imediatamente fica em estado
de alerta.
— Agora é a minha vez? — Matteo está com a mão estendida
esperando uma resposta.
Suspiro.
— Ok, mas essa é minha última dança! — Vejo um pequeno
sinal de um sorriso surgir no canto dos seus lábios enquanto
concorda com a cabeça.
— Sempre fugindo das danças, pequena. — Sussurra próximo
do meu ouvido quando começamos a dançar.
Sinto um frio na barriga e, como é uma música lenta, temos
que ficar mais próximos um do outro.
— Não gosto de ficar sendo bajulada por esses filhinhos de
papai. — Dou de ombros e ele solta uma risada baixa. Sinto meu
corpo arrepiar em resposta e o silêncio ganha espaço por alguns
segundos, mas logo volto a falar. — Cadê sua noiva? Não a vi hoje.
— Percebo que ele fica surpreso com a pergunta.
— Ela está na Itália com a família. Não conseguiu chegar a
tempo. — Ele não parece chateado com isso e assinto, continuando
nossa dança.
A verdade é que não tenho interesse em saber onde está sua
noiva. Melanie é uma mulher muito bonita. Seus cabelos são
castanhos, mas existem várias mechas coloridas mesclando com a
sua cor natural. Seu pai é italiano e sua mãe é coreana e ela acabou
sendo a mistura perfeita dos dois.
Eu só fiz a pergunta porque não é comum no nosso meio,
pessoas que estão noivas comparecerem aos bailes sem seu par. No
entanto, sei que o noivado deles ainda não foi anunciado para a
sociedade, somente família e amigos próximos sabem do
compromisso.
Observo Matteo enquanto ele está distraído prestando
atenção nas pessoas ao nosso redor. Ele sempre foi bonito, com seu
cabelo preto cortado nas laterais e maior na parte de cima, e seus
olhos cinzas que me lembravam um dia nublado. Está usando um
terno preto e uma camisa da mesma cor, dispensando uma gravata.
Ele sempre fica bonito de preto.
Fico me perguntando quando foi que me apaixonei por ele.
Nos conhecemos desde sempre, já que seu pai é o consigliere do
meu. Lembro que sempre estava me protegendo do meu irmão
quando éramos crianças e que me ajudava com algumas lições
quando estava com dúvidas.
Sempre fui a irmãzinha do seu amigo, nada além disso. E
estava tudo bem, sabe? Pelo menos estava até eu perceber que
queria algo além da sua amizade e proteção. Por que eu tinha que
ser tão clichê e me apaixonar pelo melhor amigo do meu irmão?
Ficamos em silêncio pelo resto da música. Estamos tão
próximos que fica difícil respirar. O cheiro do seu perfume
amadeirado entra no meu sistema a cada segundo e seus dedos
nas minhas costas estão subindo e descendo lentamente.
Impressão minha ou está ficando quente aqui?
Quando a música chega ao fim, dou um passo para trás e o
agradeço com um pequeno sorriso. Eu só quero sair daqui o mais
rápido possível. Viro de costas para ele e começo a seguir em
direção ao bar, sem prestar muita atenção no caminho, quando
acabo esbarrando em alguém.
— Cuidado! — Sinto as mãos de Tyler na minha cintura me
equilibrando para não cair. — Não estava prestando atenção,
Hanna? — Ele pergunta em um tom brincalhão, mas suas
expressões continuam sérias.
— Tudo bem? — Matteo chega me soltando das mãos de
Tyler e coloca a mão no meu rosto, me olhando preocupado. — Você
tá bem, pequena?
— Tô bem! — Falo baixo e desvencilho da mão dele. — Não
precisam se preocupar, ok?
— Certeza?
Por que ele tem que se preocupar tanto?
Matteo ainda me olha preocupado, tentando encontrar algum
sinal no meu rosto para ter certeza que estou bem. Eu queria que ele
parasse de me olhar assim.
— Ela já disse que tá bem, Matt! — Tyler fala colocando a
mão no ombro do amigo e o agradeço mentalmente por isso. — Bora
encontrar o pessoal!
Matteo ainda está um pouco relutante, mas aceita ir com o
amigo quando faço um sinal com a cabeça para ele ir. Suspiro
aliviada quando ele se afasta e fico observando ele ir ao encontro
dos amigos.
Meus pés estão doloridos por conta das longas horas que
fiquei em cima do salto. Passo pela porta principal da nossa casa
com os saltos na mão e vou direto para o sofá, me jogando nele.
Meus pais vem logo atrás, conversando sobre algum assunto de
trabalho, e percebo que mamãe não está contente.
— Está tarde, querido! Não pode deixar isso para amanhã?
— Você sabe que não posso, meu amor! — Papai responde e
mamãe fecha os olhos com força balançando a cabeça. Ele coloca a
mão no seu rosto com carinho. — Não fica assim.
— Quando, Alessandro? Quando? — Mamãe aumenta o tom
da voz, mas não grita. Papai respira fundo e passa a mão pelo
próprio rosto.
Sento no sofá e fico observando a conversa que já vem
acontecendo há alguns meses. Eu já decorei as falas dessa
discussão: minha mãe não quer mais que meu pai saia de casa
durante a madrugada para resolver problemas da Famiglia. Ela fala
que ele já não tem mais idade para lidar com isso de perto e fica
preocupada. Papai diz que não tem outra opção. E assim segue o
embate entre eles
— Me dê alguns meses — papai coloca as mãos nos ombros
dela. — Vou começar o treinamento dele hoje mesmo.
Ele dá um beijo na testa dela e se afasta, indo em direção a
porta. Minha mãe está em choque, com os olhos arregalados e a
boca aberta, sem emitir um som. E eu? Eu levantei em um pulo.
— Espera aí! — Papai para com meu grito, mas continua de
costas. — Treinamento? — Nenhuma resposta vem de imediato, só
o silêncio de uma madrugada de verão. Então, decido reforçar. —
Você vai começar o treinamento para o Nicolas assumir?
— Boa noite, meninas! — É a única coisa que ele fala antes
de seguir para o carro, que o motorista já trouxe de volta e está
esperando com a porta aberta.
Fico parada sem saber como reagir a notícia. Nicolas
finalmente vai assumir como Capo. Tudo está prestes a mudar nesta
casa. Olho para mamãe, que continua no mesmo lugar, sem se
mover.
— Mãe? — Estou preocupada e me aproximo com cuidado,
para não assustá-la. — A senhora está bem? — Ela parece sair
levemente do transe e assente com a cabeça.
— Vamos dormir, mia figlia[10]. — Ela coloca a mão nas
minhas costas e vai me guiando para a escada.
Eu sei que ela não está bem com a notícia de que seu
primogénito vai assumir o principal cargo da máfia, mas ela também
sabia que esse era o preço para papai deixar de lado as saídas da
madrugada. Tudo nessa vida tem um preço a se pagar.
Subimos a escada em silêncio. Quando chegamos no topo,
ela faz o sinal da cruz na minha testa e depois dá um beijo. Observo
ela seguir pelo corredor em direção ao quarto, até desaparecer pela
porta, e vou em direção ao meu. Tento fazer o mínimo de barulho
quando abro a porta, para não acordar meus irmãos mais novos que
estão dormindo.
Fecho a porta e me encosto nela. Minha mão vai ao peito, no
local que fica o coração, e é nesse momento que vem a realização.
Se Nicolas vai se tornar Capo, Matteo vai… Balanço a cabeça para
afastar esse pensamento. Não preciso me preocupar com isso, não é
da minha conta.
Tomo um banho morno, deixando o meu corpo mais relaxado.
Faço meu skin care noturno e coloco o pijama, uma camisa larga de
Friends[11]. Saio do banheiro e caminho em direção a minha cama.
Estou com muito sono, não nasci para socializar em festas e ter que
ficar lidando com os garotos que querem se aproximar por conta do
legado da minha família. Nenhum deles está interessado em mim,
estão interessados no poder e prestígio que ganhariam ao se casar
comigo.
Deito e fecho os olhos desejando que esse dia acabe logo,
mas é só fazer isso que me lembro das palavras do meu pai.
Merda!
— Amanhã vai ser um longo dia — sussurro.
Capítulo 3
Não sei porque concordei com isso.
Quando meus amigos me chamaram para ir ao Trix Club
depois da festa, minha primeira opção foi recusar. Não estava no
clima de ir para a balada e muito menos continuar socializando por
hoje. Mas Nicolas, meu melhor amigo, sabia como me convencer e
aqui estamos, em uma mesa na área vip bebendo e jogando
conversa fora.
— Por que a Bianca não veio? — Tyler questiona.
Ele está apoiado na grade, observando as pessoas dançarem
no andar de baixo. Estou focado na minha bebida e continuo quieto.
Não vou me envolver nas confusões de Bianca, até perceber que ela
realmente precisa de ajuda. Quando não obtém uma resposta, olha
na nossa direção com a sobrancelha levantada.
— Ela disse que ia pra casa, porque estava cansada. Nada
demais. — Respondo levantando os ombros, demonstrando que não
estou preocupado. Tomo um gole da minha cerveja e vejo Tyler me
encarar. — O que foi?
— Ela estava estranha no final da festa. — Tyler sai do lugar
que estava e senta ao meu lado no sofá.
— Deve ser por conta daquele filho da puta que estava indo
embora acompanhado. — Michael fala entredentes, vira o resto do
conteúdo do seu copo de uísque e chama o garçom com o dedo,
pedindo outra dose.
— Achei que ela já tinha superado. — Confesso que estou um
pouco confuso.
Bianca havia terminado o relacionamento de alguns meses
após descobrir que o filhinho de papai estava ficando com uma
suposta amiga dela. Sorrio quando lembro que esse mesmo termo
foi usado há algumas horas por Hanna quando ela disse que
detestava ser bajulada por filhinhos de papai.
— Qual a graça, Matt? — Michael pergunta e percebo que
meus pensamentos haviam me tirado da realidade. Percebo a
preocupação em seu olhar. — Bianca tá mal, talvez a gente…
— Nós convidamos ela! — Tyler o corta. — Fizemos nossa
parte. Agora vamos ficar de olho para ver como ela vai estar nesses
próximos dias. — Michael e eu concordamos com a cabeça e não
tocamos mais no assunto.
O clube está cheio, como sempre. A música alta impede que
as pessoas conversem normalmente lá embaixo. Sendo honesto,
confesso que detesto lugares cheios assim. Porém, hoje me sinto
pior por ter aceitado o convite e estar aqui. Lembro que enquanto
estou me divertindo com meus amigos, minha noiva está viajando
com a família.
Meu Deus, minha noiva!
Ainda não me acostumei com esse novo termo para falar
sobre Melanie. Éramos muito amigos na infância, mas com o passar
do tempo nos afastamos. Eu precisava me dedicar ao treinamento, já
que em alguns anos me tornaria consigliere. Ela vinha de uma
família muito tradicional, então seu tempo livre foi dedicado a aulas
de etiqueta e outras aulas para ser a esposa perfeita no futuro. Cada
um seguiu seu caminho e estava tudo bem. Tudo mudou quando ela
me mandou uma mensagem há alguns meses.
Aquela maldita mensagem.
— Olha aquela garota ali — Tyler me traz novamente para o
presente e olho na direção que ele está apontando. — Está
totalmente na sua, Matt.
— Não, obrigado! — Balanço a cabeça negando. — Hoje só
vou ficar com a cerveja.
— Se você não quer — Michael termina de virar o outro copo
e já vai se levantando. — Tem quem queira! Com licença, ragazzi[12].
Sinto meu celular vibrar no bolso da minha calça, e logo vejo que
chegou uma mensagem do meu pai. O que ele quer a essa hora? É
só o tempo de ler o que está escrito, para meu corpo fica em alerta.
Viro minha cerveja em um gole e levanto do sofá.
— Temos que ir. — Tyler me olha confuso enquanto balança seu
copo de um lado para o outro, totalmente despreocupado. — Agora,
Tyler! — Falo firme, fazendo com que ele levante rapidamente e
vamos na direção de Michael, que conversa com tal garota. —
Michael, vamos embora! — Grito por conta da música alta e nos
encaramos por um breve segundo para ele entenda a urgência da
situação.
Michael pede desculpa para a menina e nos acompanha. Sei que
ainda vai reclamar por perder uma foda. Estamos indo em direção a
saída do clube quando me lembro que está faltando a pessoa mais
importante do grupo. Que merda, Nicolas!
— Cadê ele? — Pergunto a um dos vários seguranças que estão
parados, espalhados pelas paredes do local, de olho em tudo que
acontece.
— Da última vez que o vi, estava indo em direção ao corredor dos
banheiros vip, senhor. — Me responde e aceno com a cabeça em
agradecimento.
Viro para meus amigos e aviso que podem ir para o carro,
enquanto vou atrás de Nicolas.
Não demora muito para encontrá-lo saindo por uma das
portas dos banheiros, passando a mão pelo cabelo bagunçado.
Quando me vê, abre um sorriso e fico encarando meu amigo com os
braços cruzados. A garota que estava com ele sai logo depois, com o
batom vermelho todo borrado, e ajeitando o vestido para baixo. Ela
está sorrindo, mas quando me vê fica envergonhada por ter sido
pega no flagra e passa por mim com passos apressados.
— Por que essa cara de julgamento, Matteo? — Nicolas
questiona ao se aproximar, também cruzando os braços.
— Você sabe o porquê. — É a única coisa que respondo e
vejo quando ele levanta as mãos, balançando a cabeça. Esse é o
sinal de que não quer falar sobre, então resolvo dizer o porquê de
estar aqui — Precisamos ir.
Não preciso explicar o motivo, porque ele compreende.
— O que aconteceu? — Neste momento não é meu melhor
amigo brincalhão que está perguntando, e sim o futuro Capo.
— Um dos nossos foi pego passando informação para os
russos. Querem a gente lá, só sei isso.
— Caralho! — Ele diz antes de irmos nos encontrar com
nossos amigos e seguirmos para o armazém.
Não foi bonito, mas tenho que dizer que me sinto bem melhor
agora. Melanie não terá que se preocupar mais com as ameaças do
pai ou suas agressões. Vai poder viver sua vida como bem entender.
O senhor Santi ficou ensanguentado e quando saímos da
sala, ele estava desacordado e com uns dois dedos da mão
amputados. O homem não aguentou e teve uma hora que acabou
chorando e implorando por misericórdia. Deveria ter escutado
quando o ameacei pela primeira vez, logo após o anúncio do meu
noivado com a filha.
Estou saindo do banheiro da sala de Nicolas. Subimos para o
escritório depois que terminamos com o homem, pois estávamos
muito sujos e precisávamos de um banho. Passo a toalha na cabeça
e pingos de água acabam caindo no chão. Meus olhos passeiam
pela sala e encontro meu amigo sentado em sua mesa, conferindo
alguns papéis.
— Cadê os meninos? — Pergunto, já que não avistei Michael
e Tyler.
— Foram pegar algo para comer na copa — responde sem
tirar os olhos dos papéis.
— Não é tarde para ficar resolvendo essas coisas, Nick? —
Questiono ao me sentar no sofá no canto da sala.
Nicolas suspira e finalmente ergue o olhar.
— Tenho muitas coisas para resolver, Matt — responde.
A porta do escritório é aberta e nossos amigos entram com
xícaras de café e um pacote de biscoito. Agradeço quando Tyler me
entrega uma xícara e saboreio a cafeína. Nicolas faz o mesmo
quando Michael entrega a dele.
— O sol já está quase nascendo — Michael está de pé
observando a paisagem de Nova Iorque pela janela de vidro do
escritório.
— Temos algum compromisso hoje? — Questiona Tyler.
— Não, podem tirar o final de semana para descansar —
Nicolas avisa.
— Ótimo! — Michael se vira e percebo que já está com seu
semblante brincalhão de volta ao rosto. Ele é o melhor em mascarar
os sentimentos. — Preciso me divertir e não desejo receber uma
ligação de vocês me atrapalhando.
— Às vezes esqueço que você é o nosso caçulinha e ainda
tem o tesão de um adolescente — Tyler caçoa, levando a xícara aos
lábios para ingerir o conteúdo.
— Vá a merda, Ty! — Michael levanta o dedo do meio para
meu amigo, mas está com um sorriso no rosto.
Ficamos um tempo conversando sobre coisas irrelevantes,
tentando descontrair após um momento tenso. Só quando o sol já
nasceu totalmente e a luz adentra a sala, decidimos que é a hora de
ir para casa. Descemos até a garagem e começamos a caminhar até
os carros.
— Vai para sua casa ou vai para a casa da sua noiva? —
Nicolas questiona com um sorriso nos lábios.
— Achei que não existisse mais noivado — Michael parece
confuso.
— Você não ia se casar com Melanie para que ela se livrasse
do traste do pai dela? — Tyler questiona.
— Ah, esquecemos de contar — Nicolas leva a mão à testa,
fazendo uma encenação.
Reviro os olhos para meu melhor amigo, que agora está com
um sorriso debochado no rosto esperando uma reação minha.
— Então… — Tyler olha para nós dois em expectativa.
— Acho que vou para a casa da minha noiva — dou de
ombros. — Assim, você não precisa dar voltas pela cidade ou sentir
minha falta — implico.
Observo Michael e Tyler, que estão olhando um para o outro,
confusos. É a vez do meu amigo revirar os olhos e ele bufa.
— Você já vivia lá em casa, agora vai praticamente morar lá
— reclama, mas sei que no fundo ele está adorando isso.
— Você concordou — empurro meu ombro contra o seu e
ambos sorrimos.
— Não estou entendendo nada — Tyler balança a cabeça.
— Espera! Você — Michael aponta para mim — vai viver na
casa dele — aponta para Nicolas. — Isso quer dizer que… — ele
parece compreender e seus olhos quase saltam para fora. — Você tá
noivo da minha prima?
— Quê? — Tyler grita espantado.
Nicolas e eu nos entreolhamos e não conseguimos conter a
gargalhada. Esperava uma reação, mas não essa. Tyler está em
choque e Michael está com um sorriso sacana no rosto.
— Sim, vou me casar com Hanna! — Afirmo.
Michael me puxa para um abraço e dá tapinhas nas minhas
costas.
— Bem vindo a nossa famiglia, cara! — Ele fala ao se afastar.
— Obrigado! — Passo a mão na nuca.
— Isso não é justo — Tyler abaixa a cabeça, balançando de
um lado para o outro.
— Do que você tá falando? — Nicolas questiona, pois
estamos confusos com sua reação.
— Do nosso grupo, sou o único que não faz parte da família
de vocês — ele continua com a cabeça baixa.
— Ok… — Michael fala com receio. — Eu, Nicolas e Isabella
somos primos, apesar da Isa não andar mais com a gente. Matteo
vai se casar com Hanna e entrar na família. Mas ainda tem a Bianca,
ué!
— Mas você vai se casar com ela — Tyler levanta a cabeça e
esboça um pequeno sorriso debochado.
— Caralho, Tyler! — Michael grita e nós rimos da sua reação.
— Não sei porque ainda caio nessa. Vou embora! Ciao, ragazzi[36].
Michael se vira e segue para seu carro. Tyler se despede e faz
o mesmo, indo até sua moto. Entro no banco do carona enquanto
Nicolas entra no do motorista e seguimos até a mansão Collalto.
Quando chegamos em casa, já são quase dez da manhã.
Entramos na sala, Hanna está descendo a escada. Ela usa um
cropped preto de alcinha e um short jeans de cintura alta. Está linda,
como sempre! Quando nos vê, esboça um sorriso e sei que tudo vale
a pena se eu conseguir ver esse sorriso todos os dias. Se aproxima
de nós, abraçando o irmão primeiro, e quando chega na minha
frente, me dá um selinho.
— Meus olhos! — Nicolas tampa o rosto e a irmã revira os
olhos. — Ainda vou ter que me acostumar com isso.
— Bom dia, meninos — ela ignora o drama do irmão.
— Bom dia, sis — Nicolas sorri para ela e observa o ambiente.
— Cadê todo mundo?
— Papà e mamma saíram com Maya. Prometeram um dia
especial somente para ela.
— Giulio?
— Na sala de jogos — aponta para a direção da sala.
— Sophia? — Ele ergue a sobrancelha.
— No quarto dela.
Nicolas assente.
— Bom, vou descansar um pouco — se vira na minha direção.
— Pode ficar em um dos quartos de hóspedes ou… — olha para
irmã. — Não sei de nada! — Pisca um olho e vai em direção a
escada.
— Enfim, sós — ela se joga contra mim, passando os braços
pelo meu pescoço e seguro sua cintura.
Nossos lábios já sabem o caminho um até o outro. Sentindo o
gosto da sua boca, sei que estou em casa. Nosso beijo é calmo, mas
com muita paixão. Quando nos separamos, tiro uma mecha do seu
cabelo do rosto e a coloco atrás da sua orelha.
— Cansado?
— Um pouco — dou um sorriso fraco.
— Vamos — pega minha mão e entrelaça nossos dedos. —
Vou te fazer companhia.
Seguimos para seu quarto e ao me deitar ao seu lado, sei que
quero isso para o resto da vida.
Capítulo 42
Acabei cochilando ao lado de Matteo e só acordei com Sophia
batendo na porta para avisar que o almoço estava pronto. Passamos
a tarde na piscina, já que o calor do verão está insuportável hoje.
Meu irmão e minha prima se juntaram a nós e acabamos fazendo um
duelo na água: Sophia no ombro de Nicolas e eu no ombro de
Matteo. Infelizmente, eles venceram e ficaram se gabando pelo resto
da tarde.
Quando já estava quase anoitecendo, meu irmão teve a ideia de
irmos ao Trix com nossos amigos. Sophia foi a primeira a aceitar e
quase pulou de alegria por poder sair de casa para ir à balada, mas
se conteve. Eu sabia que Nicolas estava fazendo isso para que ela
aproveitasse mais e não ficasse enfurnada dentro de casa o tempo
todo, já que ainda buscavam o autor das ameaças.
Agora nós estamos aqui, em um ambiente cheio de pessoas e
com música alta. Matteo está sentado ao meu lado com a mão na
minha coxa. Acho que desde o momento que assumimos nosso
amor para o mundo, não conseguimos ficar no mesmo ambiente por
muito tempo sem nos tocar.
Sophia está sentada na minha frente e toma um gole do seu
drink, enquanto Nicolas conversa com Tyler e Michael implica com
Bianca. Abby é a única que parece se sentir deslocada, mas não
quero que ela se sinta assim.
— Fiquei sabendo que vai viajar na próxima semana — puxo
assunto e ela me olha surpresa. — A fofoqueira ali me contou.
Abby sorri e olha para minha prima, que levanta o copo no ar,
como se dissesse “culpada”.
— Decidi espairecer um pouco. Meus pais tem me deixado louca
— faz uma careta.
— E o destino?
— Ainda não decidi — dá de ombros.
Continuamos nossa conversa e falamos sobre nossas
expectativas para a nossa nova fase, a universidade. Em pouco
tempo, serei uma estudante de Direito e estou animada para isso.
Apesar de Sophia ter decidido fazer um curso diferente do nosso, ela
entra na conversa e demonstra sua empolgação com o curso de
Moda.
Matteo observa nossa conversa e sinto seu olhar sobre mim o
tempo todo. Seus dedos fazem círculos na minha coxa desnuda e
sinto meu corpo correspondendo a cada toque. Ele só para quando
se levanta para cumprimentar Melanie no momento que ela chega.
Ela quase não veio, mas conseguimos convencê-la e ela
trouxe a namorada. Samantha, ou Sam como prefere ser chamada, é
linda e tem o cabelo preto com mechas verdes. Fico feliz por Melanie
se sentir mais segura e poder sair nas ruas, fazendo programas de
casal com a namorada e os amigos, sem ter que se preocupar com o
que seu pai pode fazer. Cumprimento as duas e iniciamos uma nova
conversa.
Não sei quanto tempo passou, mas percebo que Michael já
está bem alterado. Meu primo levantou e se apoiou no parapeito,
observando as pessoas dançando na pista de dança.
— Acho que tá na hora de buscar uma companhia para mim
— ele se vira para nós e percebo Bianca revirando os olhos. —
Quem vem comigo?
— Bora — Tyler vira o conteúdo do seu copo e se levanta.
— Ficarei aqui com minha pequena — Matteo olha para mim
com carinho e sorrio.
— Fofos — Michael ironiza e lhe mostro a língua. — Muito
maduro, Hanna!
— Nunca neguei meu lado infantil — pisco para ele.
— Nicolas? — Meu primo questiona e todos nós encaramos
meu irmão.
Não é segredo para ninguém aqui que Nicolas tem fama de
pegador. Sempre que sai com os amigos, acaba deixando um
coração partido para trás. Menos Vanessa, essa é um caso à parte.
Meu irmão toma um gole da sua cerveja e parece respirar fundo
antes de responder.
— Tô bem hoje! — Sei que finge indiferença.
— Meu Deus, vai chover! — Bianca é quem brinca e todos
nós rimos.
— Não enche, Bianca. — Ele fica irritado, mas logo tenta se
conter. — Só não tô afim, muita coisa na cabeça.
— Tudo bem — ela levanta as mãos no ar e trata de mudar de
assunto. — Quem quer dançar? Tô cansada de ficar sentada.
— Nós! — Sophia pega seu copo em uma mão e puxa a mão
de Abby com a outra.
Minha amiga quase não consegue pegar sua taça de drink
antes de ser arrastada pela minha prima. Bianca sorri e, antes de
seguir as duas pela multidão, se vira para os amigos.
— Tomem cuidado para não engravidarem uma garota por aí
— ela pisca para eles e sai sem esperar uma resposta.
Tyler e Michael fazem caretas e não demoram a desaparecer
no meio das pessoas. Melanie e Sam pedem licença e saem para
pegar uma bebida. Olho para meu irmão e o vejo concentrado na
garrafa a sua frente. Parece que ele está com a cabeça em outro
lugar.
— Nicky — chamo e ele ergue os olhos. — Aconteceu alguma
coisa?
— Não — ele tenta sorrir, mas percebe que eu não caio na
sua. — Nada que você tenha que se preocupar.
— Certeza?
— Sim, sis! Fica tranquila — ele ingere o resto do líquido da
garrafa, se levanta e comunica. — Vou ao banheiro.
Fico olhando meu irmão caminhando pela multidão, até
desaparecer pelo corredor que leva aos banheiros da área vip. Solto
um suspiro e escuto a risada abafada de Matteo. Viro o rosto e
encontro seus olhos cinzas me observando.
— Ele vai ficar bem — tenta me tranquilizar.
— Assim espero — sou sincera e sorrio. — Se algo acontecer,
sei que ele tem você e os meninos para ajudá-lo.
Matteo assente e abaixa a cabeça, depositando beijos no meu
pescoço. Meu corpo desperta com o contato dos seus lábios em
minha pele e mordo o lábio inferior. Inclino minha cabeça para que
ele tenha melhor acesso à região. Sua mão vai subindo por minha
coxa e encontra a barra do vestido.
— O que acha de darmos a noite por encerrada e você dormir
no meu apartamento hoje? — Sussurra no meu ouvido.
Tento conter o gemido, mordendo mais forte meu lábio, e
balanço a cabeça em concordância.
— Com palavras, pequena — morde o lóbulo da minha orelha.
— Sim — minha voz sai baixa e ele se afasta, pegando minha
mão.
— Vamos!
Caminhamos até a saída de mãos dadas e seguro seu braço
com a outra mão. Matteo pede o carro e logo seu segurança
aparece. Ele abre a porta para que eu entre primeiro e entra logo
depois, sentando-se ao meu lado. Enquanto dá ordens para o
motorista, faz carinho com os dedos no dorso da minha mão. Mando
uma mensagem para Sophia e outra para Nicolas avisando que
estou indo embora com meu noivo. Encosto minha cabeça no seu
ombro e fico vendo a paisagem pela janela, até chegar no prédio de
Matteo.
As portas do elevador que levam até a cobertura se fecham e
Matteo já me prensa contra a parede de metal, beijando minha boca
com ferocidade. Me entrego da mesma maneira, nossas línguas
duelando. Sua mão aperta minha bunda e eu mordo seu lábio
inferior. Quando as portas se abrem, já estamos em frente a sua
porta e ele busca rapidamente as chaves no bolso da calça.
É a primeira vez que entro no apartamento dele e é
exatamente como imaginei. A mistura de cores, branco, preto e cinza
já eram esperadas. No entanto, as cores não fazem com que o
ambiente fique impessoal. Consigo visualizar um lar de uma família
aqui. A família que vamos construir juntos!
Matteo me abraça por trás e aproxima a boca do meu ouvido,
causando arrepios.
— Gostou? — Consigo perceber um pouco de insegurança na
sua voz.
— É lindo! — Viro o corpo e ele continua com os braços ao
meu redor. Coloco um sorriso malicioso no rosto. — Mas quero
conhecer seu quarto…
— Nosso quarto — ele coloca uma mecha do meu cabelo
para trás da minha orelha. — Tudo que é meu já é seu, pequena.
Meu sorriso se abre ainda mais e colo meus lábios aos seus.
Nosso beijo é um pouco mais calmo agora, mas logo começa a se
tornar selvagem. Sinto sua ereção contra minha perna e meu ponto
de desejo começa a chamar atenção.
— Eu tô a noite inteira querendo tirar esse vestido do seu
corpo — ele sussurra com a voz rouca que o deixa sexy pra caralho.
— Então tira — mordo seu lóbulo da orelha.
Não preciso dizer duas vezes, porque ele já me vira,
colocando meu cabelo para o lado e abrindo o zíper que fica na parte
de trás. Quando termina o trabalho, sinto seus dedos deslizando as
alças pelos meus ombros. Inclino a cabeça para trás e apoio no seu
peito. Matteo desliza os dedos por todo meu corpo e brinca com a
lateral da calcinha.
Inferno, acho que quero pular algumas etapas hoje.
— Onde fica o quarto? — Questiono com minha respiração
começando a falhar.
— Segundo andar. Terceira porta à esquerda.
Tomo coragem para me afastar do seu corpo e quando nossos
olhos se cruzam, encontro-os brilhando de desejo.
— Te encontro lá em cima — saio o mais rápido que consigo,
tirando o sutiã e o deixando pelo caminho. Escuto os passos dele
logo atrás de mim.
Quando abro a porta, encontro um quarto nos mesmos tons e
uma cama king size no centro.
— Sabe quantas vezes sonhei com você deitada nessa cama,
dizendo meu nome e pedindo por mais? — Sussurra em meu ouvido
e prendo a respiração.
Suas mãos sobem por minha barriga e envolvem meus seios,
prendendo os bicos entre os dedos. Solto um gemido com o contato.
— Hora do sonho virar realidade! — Viro meu corpo e prendo
nossos lábios novamente.
Quando nos separamos, percebo que Matteo já está sem a
camisa. Passo os olhos por seu copo e percebo duas tatuagens que
não estavam ali antes. Ok, talvez já estivesse na última vez, mas não
reparei. Uma eu reconheço no seu braço, a que é feita por todos os
membros da Famiglia após concluir a iniciação, e que Matteo tinha
me contado que faria somente depois de tomar o cargo como
consigliere.
A segunda não consigo ver direito, porque é na lateral do seu
tórax, mas percebo que é alguma palavra ou frase. Passo os dedos
no local e sinto que ele está me observando.
— O que é isso aqui? — Questiono e ergo o olhar para ele.
— Remember me[37] — ele sorri. — Fiz para me lembrar de
você.
Fico surpresa com sua resposta e volto a observar a
tatuagem, confirmando o que ele falou. “Lembre-se de mim”.
— Quando você fez?
— No mesmo dia que fiz a da Famiglia — pega meu queixo e
faz com que o olhe nos olhos. — Lembrei da música que estava
cantando no carro quando voltávamos para casa e quis marcar na
minha pele o quão importante você é para mim. E que eu nunca iria
te esquecer.
Meus olhos se enchem de lágrimas e Matteo me beija com
carinho. Logo vamos intensificando e ele segura minha bunda com
as mãos, me levantando. Enlaço minhas pernas na sua cintura e ele
me carrega até a cama. Sinto minhas costas contra o colchão macio
e Matteo vai descendo os beijos pelo meu corpo, mordendo,
chupando e soprando cada parte, até chegar nos meus seios. Solto
um gemido quando ele começa a dar atenção ao local e meus dedos
puxam seu cabelo.
— Matteo…
— O que foi, meu amor? — Ergue o olhar com um sorriso
safado no rosto.
— Preciso de você — tento concentrar, mas ele leva um dos
dedos até meu ponto de prazer.
— O que quer que eu faça? — Questiona e solto um gemido.
— Preciso que me diga, pequena. Com palavras.
— Você… dentro de mim — mordo o lábio inferior e fecho os
olhos.
Matteo se afasta e escuto sua movimentação. Não demora
para senti-lo na minha entrada e ele começa a se movimentar. Acho
que nunca vou me cansar de tê-lo. Começo a movimentar meu
quadril no mesmo ritmo e nossas respirações vão ficando aceleradas
a cada instante.
Os únicos sons que escuto são de nossos corpos, nossas
respirações e nossos gemidos. Seguro a colcha entre os dedos e
arranho as costas dele com a outra mão. A movimentação vai se
intensificando e sei que estou quase lá.
Matteo sai de dentro de mim, me gira na cama, fazendo com
que eu fique de quatro e volta a me preencher. Quando chegamos ao
ápice juntos, sei que estou no paraíso. Matteo é o meu lar e sei que
posso superar tudo ao seu lado. Ele fica sob mim, tentando não
colocar seu peso em cima do meu corpo, e nossas respirações vão
normalizando. Ele se levanta e vai até o banheiro descartar a
camisinha. Viro de barriga para cima e puxo a colcha para o lado,
entrando debaixo do lençol.
Olho para o teto com um sorriso no rosto. Mesmo cansada,
não consigo deixar de sorrir e agradecer por tudo que vem
acontecendo na minha vida. Estou com o homem que amo e tenho
minha família e meus amigos comigo.
Sinto o colchão afundar ao meu lado e viro o rosto,
encontrando os olhos cinza de Matteo. Ele sorri e me puxa para seu
peito. Deito minha cabeça e pouso minha mão, enquanto ele faz
desenhos indecifráveis nas minhas costas.
— Eu te amo tanto, pequena — ele sussurra e deposita um
beijo na minha cabeça.
— Eu te amo, Matteo. Acho que sempre te amei — levanto um
pouco o rosto e beijo seus lábios.
Enfim, acho que vou ter meu final feliz!
Epílogo
Quase um ano se passou desde toda a confusão da missão
em Las Vegas e meu noivado com Matteo. Antes que vocês me
perguntem: não, ainda não nos casamos! Decidimos que vamos
aproveitar esse momento para namorar e a previsão é que o
casamento saia depois que eu me formar. Sim, previsão. Vai que eu
surto e queria me casar nos próximos meses, nunca se sabe.
Ando muito cansada. As aulas estão me matando, mas
confesso que estou amando aprender mais sobre a área. As férias
de verão já estão chegando e vou poder aproveitar com minha
família, amigos e meu noivo. Noivo, ainda não me acostumei com
isso. Está programada uma viagem para a nossa casa de férias na
Toscana, com toda família e alguns amigos. Estou ansiosa para
andar a cavalo com Matteo, e ganhar dele, obviamente.
Ah, lembram das ameaças que a parte italiana da família
estava recebendo? Então, acharam o culpado! Era um dos soldados
que estava apaixonado por Sophia. Ele descobriu sobre o término de
seu namoro e pediu sua mão de casamento para Lucca, que negou
prontamente. O homem surtou e começou com as ameaças. Quando
foi descoberto, ele tentou negar, mas Lucca tinha bastante prova
contra ele e o resultado acho que vocês conseguem imaginar.
Sophia está bem tranquila com tudo isso. Na verdade, ela
nem sabia que alguém tinha pedido sua mão em casamento. Agora
divide seu tempo estudando moda e ajudando o departamento de
teatro da faculdade com os figurinos das peças. No tempo livre,
fazemos algo juntas e ela dedica um tempo para brincar com Maya.
Vive recebendo mensagens do ex-namorado, Jesse, mas na maioria
das vezes acaba ignorando o coitado.
Já meu irmão anda atolado de trabalho. Entretanto, isso não
impede que ele saia com os amigos para a balada e não volte para
casa. Ele acabou tomando toda a responsabilidade de administrar os
negócios e nossa família. Como ele é bem protetor, colocou Kyller
para ser meu segurança particular. Além de gastar seu tempo com
os negócios, Nicolas reserva uma parte da sua semana para dar
atenção a Maya e ajudar Giulio com o treinamento. Sim, meu irmão
adolescente já está na fase da iniciação.
Meus pais decidiram se mudar para a Itália. Era um sonho de
papai e mamãe prontamente concordou. Meus irmãos mais novos
bateram o pé e disseram queriam continuar morando aqui, então
fizemos um acordo: eu e Nicolas tomamos conta dos nossos irmãos
e eles vem de dois em dois meses nos visitar.
Sei o que você deve estar pensando, que Maya é muito nova
para escolher onde viver. Meus pais acharam melhor não alterar sua
rotina e, como Nicolas é maior de idade, não viram tanto problema
em aceitar o pedido da pequena. Já para Giulio foi mais fácil
convencer eles, porque ele tinha a desculpa de que precisava
participar do treinamento da iniciação.
Nossos amigos continuam praticamente a mesma coisa. A
única alteração é que Bianca agora está de rolo com um homem um
pouco mais velho que ela, mas quem se importa com idade se
tratando de amor? Tyler e Michael continuam os mesmos, com meu
primo sempre sendo o brincalhão da turma e o outro sendo o mais
fechado. Abby parece estar apaixonada, mas ainda não consegui
descobrir quem é o cara. Mudarei meu nome se não descobrir até o
final do ano letivo. Melanie segue firme e forte com seu
relacionamento com Sam. A convite de Nicolas, ela começou a
trabalhar na empresa da família, ajudando com a parte administrativa
e está se dando super bem no cargo.
Olho para a roupa na minha mão e percebo que passei tempo
demais no mundinho dos meus pensamentos. Estou colocando as
roupas dobradas na gaveta errada. Balanço a cabeça e tento focar
no que estava fazendo.
Decidi dar uma geral no meu quarto hoje. Sempre faço isso
perto da data do meu aniversário, que no caso é daqui a uma
semana. Olho para a cama e vejo que tem bastante roupa para
colocar no lugar ainda. Respiro fundo e caminho até lá.
A música tocando me ajuda a concentrar e cantarolo uma das
canções do novo álbum da minha cantora preferida, Taylor Swift.
Pego uma blusa e a observo com atenção. Faz um tempo que não a
utilizo, talvez outra pessoa esteja precisando. Jogo a blusa na pilha
de roupas para doação, e continuo minha organização.
Só percebo que alguém entrou no quarto, quando os braços
de Matteo contornam minha cintura e ele encaixa a cabeça no meu
ombro.
— O que tá fazendo aí, pequena?
— Organização anual do closet.
Giro o corpo dentro de seus braços, passo os meus
contornando seu pescoço, e lhe dou um selinho.
— O que você tá fazendo aqui a essa hora? — Questiono ao
olhar para o computador e ver que a tela está marcando quase meio-
dia.
— Nicolas veio almoçar em casa e perguntou se a gente
queria acompanhá-lo — responde como se não fosse nada demais e
questiono o “a gente” como olhar. Ele entende e não demora a
responder. — Michael e Tyler estão lá embaixo.
Estranho. O problema de Matteo é que o conheço bem, e
olhando bem nos seus olhos, sei que ele está omitindo algo. Ergo
minha sobrancelha e ele bufa.
— É uma merda você me conhecer tão bem — resmunga.
— Pode começar a contar, amor!
Matteo se afasta de mim, fazendo movimentos de negação
com a mão.
— Sem essa pra cima de mim — ele fala e tento conter o
sorriso. — Não vai usar a hierarquia para me persuadir.
— Mas eu não ia fazer isso — tento fingir inocência e ele
estreita os olhos na minha direção.
— Sabe como você sabe que eu tô omitindo algo por me
conhecer tão bem? — Questiona e eu assinto. — Vale o contrário,
minha adorável noiva!
Reviro os olhos.
— Abre a boca logo, Matteo!
Ele suspira e se joga na minha cama, bom, no espaço
disponível nela.
— Viemos almoçar em casa, porque teremos uma reunião de
emergência.
Ok, ele tem minha atenção. Puxo a cadeira para perto da
cama e me sento nela.
— É assunto sério? — Questiono.
— Não sabemos ainda.
— Calma — estou confusa. — Como vão ter uma reunião e
não sabem sobre o que é?
Matteo levanta e se senta na beirada do colchão, pegando
minhas mãos e olhando nos meus olhos.
— Seu pai, o senhor Dante e o senhor Giulio estão neste
momento em um avião, vindo para cá.
Demoro um pouco para processar a informação.
— Você tá dizendo que meu pai, meu avô e meu tio-avô estão
vindo para cá? — Tento não parecer nervosa. — Eles só viriam daqui
uma semana para minha festa.
— Eles que convocaram a reunião.
— E você ainda não sabe se é algo sério? — Me levanto alterada
e caminho de um lado para o outro dentro do meu quarto. — Eles
não antecipariam a viagem se não fosse algo de extrema urgência,
Matteo.
— Talvez…
— Meu Deus — passo a mão no rosto. — Me fala que vocês não
aprontaram nenhuma merda nos últimos dias.
Matteo se levanta também e chega até mim, colocando as mãos
em meus ombros e me fazendo parar de andar. Seu olhar carinhoso
me acalma um pouco e tento me controlar.
— Tudo está correndo bem, não fizemos nada. — Ele me
garante.
— Então, por que…
— Para de criar teorias nessa cabecinha — ele me interrompe e
beija minha testa. — Tudo vai ficar bem!
Matteo abraça meu corpo e acabo relaxando. Encosto minha
cabeça em seu peito e ele apoia a cabeça na minha. Nos braços
dele eu me sinto tranquila, pois ele é meu lar. No entanto, nosso
momento é atrapalhado por batidas na porta e vejo a cabeça de
Sophia passar pela fresta. Seus dedos tampam seus olhos e não
consigo evitar o sorriso no rosto.
— Mandaram avisar que o almoço já vai ser servido — ela fala
rápido e fecha a porta em seguida.
Olho para Matteo e ele também está sorrindo da forma que minha
prima veio avisar.
— Vamos? — Pergunto e ele assente.
Me separo dele e vou até a minha escrivaninha pegar meu
celular. Sinto seu olhar sobre meu corpo me acompanhando. Quando
volto a andar, ele me para antes de cruzarmos a porta.
— Não comenta com ninguém o que te falei — ele pede. — Pode
ser só uma coisa à toa que eles querem resolver conosco. Não
precisa preocupar todo mundo.
Penso um pouco e ele deve estar certo. Problemas sempre
aparecem no nosso meio. Às vezes são tranquilos de resolver, outras
vezes demora um tempo. No final, o resultado é sempre o mesmo, e
conseguimos resolver tudo.
— Tudo bem — concordo e lhe dou um selinho.
Seus olhos acabam se fixando nos meus lábios e não consigo
evitar a vontade de beijá-lo. Nossas bocas encontram o caminho
uma da outra com facilidade e nosso beijo é cheio de paixão, tesão e
amor. Suas mãos apertam minha cintura e sinto um calor subindo
pelo meu corpo. Infelizmente, logo fomos interrompidos com o grito
de Nicolas.
— Andem logo!
Separamos nossos lábios e estamos ofegantes. Ambos com um
sorriso no rosto.
— Vamos, antes que meu irmão suba e nos arraste até a sala de
jantar.
Dou um selinho em seus lábios e quando começo a me
afastar, ele me puxa de volta.
— Te amo, pequena!
Acho que nunca irei me cansar de ouvir isso.
— Também te amo!
Capítulo Extra
Finalmente chegamos em casa.
Kyller nos acompanhou no caminho de volta, como todos os
outros dias. Ser uma herdeira da máfia tem disso: não podemos sair
sem segurança. Kyller é o soldado responsável pela segurança da
minha prima Hanna e ele que nos acompanha quando vamos à
faculdade.
Entramos pela porta principal, jogo minha bolsa no chão e me
sento no sofá. Estou muito cansada nos últimos dias com os
trabalhos da faculdade e os preparativos para a festa de aniversário
de dezenove anos de Hanna.
— Você também sente como se não existissem mais nenhuma
energia no seu corpo? — Minha prima perguntou se sentando ao
meu lado.
— Estou exausta e ainda tenho coisas para fazer hoje —
resmungo.
Uma discussão em tom elevado atrai nossa atenção e nossos
olhos percorrem a sala até encontrarem a porta do escritório. Hanna
solta um leve gemido ao meu lado e lanço um olhar questionador na
sua direção.
— Reunião de última hora. Só sei que meu pai veio da Itália para
isso — ela dá de ombros. — Ah, pops e nonno também estão aqui.
Arregalo os olhos para a informação. Meu avô está aqui? Mas ele
só viria daqui uma semana para o aniversário de Hanna.
— Então a situação é séria. Nossos avôs não sairiam da Itália
para uma simples reunião em Nova Iorque.
— Você pode ter razão…
Minha cabeça não tem tempo de pensar em uma teoria,
porque logo Matteo sai do escritório com um semblante cansado e se
aproxima de nós. Ele deposita um beijo na testa da noiva e passa o
braço pela sua cintura.
— Como foi a aula? — Ele pergunta, trocando o olhar entre
nós duas.
— O mesmo de sempre — Hanna responde primeiro e recebe
um pequeno sorriso do noivo.
Os dois são tão fofos que nem parecem fazer parte do nosso
mundo, isso na maior parte do tempo. Quando estão em uma
missão, eles mantêm o foco para executarem aquilo que foram
treinados para fazer. Quer dizer, menos em Vegas…
— O que tá acontecendo lá dentro? — Hanna questiona e
Matteo faz uma leve careta.
— Estamos tentando resolver uma pequena confusão — seus
olhos gritam que a confusão não tem nada de pequena.
— Pequena? — Minha prima revira os olhos e bate a ponta do
dedo no nariz dele. — Você não me engana, noivinho.
— Desta vez eu juro que não sei como… — Matteo não
termina a frase e olha para a porta do escritório quando alguém grita
lá dentro.
— Bom — atraio a atenção deles. — Estou cansada e ainda
tenho que terminar um trabalho para amanhã. Vou deixar os
pombinhos a sós e seguir para meu quarto.
Pego minha bolsa e estou começando a subir a escada
quando escuto Hanna me chamar. Viro segurando no corrimão e
encontro as duas bolas cor de mel me encarando.
— Meu vestido? — Ela quer saber do vestido que estou
fazendo para ela usar no seu aniversário.
— Estará pronto para a festa, não se preocupe — pisco um
olho e continuo meu caminho.
Abro a porta do meu quarto, coloco minha mochilinha
pendurada na cadeira, faço um coque no cabelo e respirei fundo
antes de iniciar a última tarefa do dia. Tenho que terminar de fazer
alguns croquis para a aula de amanhã. Puxo a cadeira da minha
escrivaninha e tento me concentrar para iniciar meu trabalho, mas
um barulho chama minha atenção.
Notificação de mensagem. Decido ignorar.
Outra.
E mais uma.
Inferno!
Pego o celular, que estava apoiado com a tela virada para
baixo em cima da mesa. Não me surpreendo quando vejo que são
mensagens de Jesse. Meu ex namorado vem me mandando
mensagem desde ontem pedindo para conversar. Respiro fundo e
decido ignorar, como fiz com as anteriores.
Não me entenda mal, Jesse é um cara muito legal. Nós nos
conhecemos há anos, já que seu pai trabalhava para nossa família, e
agora ele é o chefe dos soldados da parte italiana, também
conhecida como o território que meu irmão Lucca comanda.
Nós começamos a nos relacionar quando eu tinha dezesseis
anos e nosso namoro durou quase dois anos. Terminamos um pouco
antes de me mudar para os Estados Unidos. Eu me mudei para cá
para fazer faculdade e ele foi fazer um treinamento especializado na
Bélgica. Não brigamos feio nem nada do tipo, mas era o momento
certo de terminar. Ambos tínhamos ciência disso.
Balanço a cabeça para afastar esse assunto da minha mente.
Preciso focar no meu trabalho, porque preciso passar nessa matéria
esse semestre. Aperto o botão para escurecer a tela do meu celular
e volto minha atenção para a folha em branco em cima da
escrivaninha.
— Vamos, Sophia. Você consegue! — Falo sozinha antes de
pegar o lápis e começar a rabiscar.
Eu não sei quanto tempo passou, mas desperto com meu celular
fazendo barulho. Tateio o lençol da cama buscando o aparelho.
Lembro de ter terminado de fazer os croquis e ter decidido assistir
um episódio da minha série turca preferida, mas devo ter dormido
antes de terminar o episódio. Cada episódio tem duas horas, o que
você queria?
Consigo encontrar o aparelho e abro os olhos com dificuldade por
conta da claridade. Demoro um pouco para enxergar com clareza,
mas levanto rapidamente quando vejo a quantidade de mensagem.
“Tá acordada?”
“Preciso falar com você”
“É urgente!”
“Por favor, não me ignore!"
“Tô aqui, te espero no jardim”
Leio umas três vezes para ver se não entendi errado. O que
ele tá fazendo no jardim nessa hora da noite? Olho no relógio e
constato que são duas da manhã. Fecho a mão e coloco na boca
para evitar o grito que está quase saindo pela garganta.
Não demora para uma nova mensagem chegar.
“Eu sei que você tá acordada, vi que visualizou as
mensagens.”
Respiro fundo.
“Vem aqui, por favor!”
Ok, ele deve estar querendo muito falar comigo. Pediu por favor
duas vezes!
Levanto da cama, calçando meu chinelo e pego um cardigan
preto pendurado no cabide. Estou usando um vestido solto de
alcinha e sei que vou sentir frio ao sair de casa. Estamos quase no
verão, mas de madrugada costuma ter um ventinho frio.
Saio do quarto e tento tomar todo o cuidado possível para não
acordar os outros moradores. Ninguém precisa saber que estou
saindo de fininho no meio da noite para encontrar alguém no jardim.
Além disso, não quero acordar Maya. Sei que minha priminha tem
sono leve e se me encontrar acordada essa hora da noite vai me
encher de perguntas.
Consigo chegar no andar de baixo e solto o ar que nem
percebi que estava segurando. Caminho até as portas que levam ao
jardim e encontro seu corpo virado para a vista da cidade.
— O que você tá fazendo aqui? — Sussurro ao me aproximar
dele e recebo sua atenção.
Ele se vira e consigo ver seu rosto mesmo tendo só a luz da
lua como iluminação. Está usando camisa social com as mangas
dobradas até o cotovelo e uma calça jeans. Seus olhos estão
cansados.
— Algum soldado pode nos ver aqui — olho para os lados
para ver se nenhum deles está nos observando.
— Não se preocupe com isso.
Ele me encara com seus grandes olhos azuis, mas não diz mais
nada. Sinto um arrepio me percorrer e abraço meu corpo.
— Então… — ele continua me olhando. — Vai me dizer o que
está fazendo aqui a essa hora?
— Preciso de ajuda — ele respira fundo e volta a olhar para a
cidade.
— Você viu que horas são? Duas da manhã! Não podia esperar
até amanhecer? — Sei que minha voz saiu irritada, mas pelo amor
de Deus.
— Achei que fosse me ignorar… Não seria a primeira vez, né? —
Ele me olha de canto e resolvo desviar o olhar para a cidade
também. Melhor apreciar a vista do que responder essa pergunta
totalmente retórica.
— O que aconteceu? — Resolvo perguntar. Não vou ficar a noite
toda passando frio e esperando ele anunciar o que está
acontecendo.
Ficamos em silêncio por alguns segundos e escuto ele soltar o ar
com força antes de dizer as palavras:
— Preciso que se case comigo!
Giro o corpo em uma velocidade impressionante. Estou com os
olhos arregalados, ninguém precisa me dizer, eu sei. Minha mente
demora a processar o que ele acabou de dizer.
Ele só pode estar louco, certo?
Não é possível que isso esteja acontecendo.
Agradecimentos
Primeiro eu quero agradecer você, leitor, que leu minha
história do início ao fim. Espero que tenha gostado desse universo
que criei.
Agradeço à minha família, pelo apoio e incentivo. À minha
mãe, que ficava insistindo em querer ler, mas até o momento da
publicação não leu uma frase do que escrevi aqui, porque eu não
deixei rsrsrs.
Agradeço os meus melhores amigos, que me incentivaram
nessa loucura e me ajudaram a não desistir da escrita. Minha leitora
beta Alice, que tenta tirar informações sobre o #vemaí, muito
obrigada por topar entrar nessa loucura comigo.
Às minhas parceiras, muito obrigada por aceitarem participar e
ajudar na divulgação desse livro.
Obrigada!