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Índice

avisos
Sinopse
LEMA DA MÁFIA
LEIS DA MÁFIA
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
capítulo 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
EPÍLOGO I
EPÍLOGO II
Agradecimentos
avisos

Esse é um romance dark, caso não se sinta confortável com esse


tipo de leitura, por favor, não leia. Mas, caso queira se arriscar, seja
bem-vindo ao meu submundo.
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Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares,


incidentes são exclusivamente produtos da imaginação do autor.

Título Original: Ryan Moore | Máfia Irlandesa 1


Capa:
Revisão: Patrícia Suellen

PERSÉFONE. Ryan Moore | Máfia Irlandesa 1.


Edição do Kindle.
Sinopse
Até quando os segredos devem se manter guardados?

ALLIE MORGAN
Eu sempre seguia todas as regras, eu era a mulher perfeita
a que obedecia e sorria nas horas certas, mas ele entrou na minha
vida e me fez quebrar minhas próprias barreiras, fazendo com que
todos os meus segredos fossem revelados.

RYAN MOORE
Passei metade da minha vida comandando a minha máfia
e vivendo das minhas próprias regras, mas nunca pensei que uma
mulher como ela pudesse ultrapassar um coração que eu sequer
imaginava que ainda tinha, ela era a filha de um possível inimigo e
um passado pior do que eu pudesse imaginar.
“Eu tinha meus segredos também, mas os delas destruíram a
sua alma…”
LEMA DA MÁFIA
“Vivemos nas sombras como verdadeiros ninjas, nós lutamos
e vencemos, o que você sabe sobre nós? Nada.
E é assim que continuará sendo.”
“Somos fantasmas agindo na escuridão da noite.”
LEIS DA MÁFIA
1- NÃO NOS ALIAMOS A GANGUES OU MC ‘S.
2- NÃO MOSTRAMOS NOSSOS ROSTOS.
3- O CHEFE E SUBCHEFE, SÃO OS ÚNICOS NO
COMANDO.
4- UM SOLDADO PODE VALER POR MIL.
5- A NOSSA LEALDADE AO CHEFE ESTÁ ACIMA DE
TUDO.
6- NÓS MATAMOS E ROUBAMOS EM NOME DA
LEALDADE A MÁFIA.
7- SEM MISERICÓRDIA, OU REDENÇÃO, PARA
QUALQUER TRAIÇÃO.
8- NÃO SE RENDER NUNCA.
PRÓLOGO
ALLIE MORGAN

Estava mais uma vez em um dos elegantes salões onde


festas grandiosas aconteciam, eles diziam ser eventos de caridade,
mas cada um estava aqui para mostrar ser mais rico que o outro,
todos eram gananciosos e queriam mostrar quem podia mais.
E eu era apenas uma em meio a tantas outras mulheres ricas
de Dublin que estava nesse mesmo lugar, fazendo a mesma coisa,
mantendo a pose e fingindo ser uma pessoa amável com todos, eu
era dócil, a garota de família perfeita, só tinha o defeito de ser eu
mesma, boazinha demais para conviver no meio de tantas pessoas
egoístas.
Com o meu olhar eu acho a minha irmã Kathe, que como
sempre tinha me deixado no meio do salão, sozinha, enquanto
nossos pais conversavam com alguns investidores ou clientes do
seu escritório de advocacia. Eu era o completo oposto da minha
irmã, ela tinha opinião forte, nunca abaixava a cabeça para
ninguém, enquanto eu era apenas a boneca perfeita da minha mãe.
— Allie querida, venha aqui, por favor. — Meu pai me
chamava e eu sorri segurando a minha taça de champanhe indo
diretamente até aonde ele e minha mãe estavam com outras
pessoas.
— Claro, pai. — Vou até aonde ele estava e sorri para todos
os homens e mulheres que estavam presente naquela roda. — Olá.
Cumprimentei todos gentilmente e sorri nos momentos
certos, eu sabia que meu pai só queria exibir sua filha mais velha
perfeita, ele ou minha mãe nunca ligaram muito para mim, ou Kathe,
talvez pelo fato de nós sermos mulheres e ele ter sempre preferido
um homem.
Uma pena que o destino lhe entregou duas mulheres em
suas mãos, eu podia ser a menina perfeita, mas a minha irmã não
era e eu agradecia a Deus por isso.
— Cadê a sua irmã, querida? — Minha mãe estava fazendo a
pergunta soar inofensiva, mas eu sabia que não era.
— Ela foi ao toalete, daqui a pouco ela deve estar de volta —
respondi, sorrindo, para ela e para a senhora Douglas que estava ao
seu lado.
— Ah! Querida! Entendo ela, esses eventos nos trazem
benefícios, mas sempre são cansativos — a senhora Douglas disse,
gentilmente, e a minha mãe faz um movimento com a mão.
— Katherine deveria estar aqui e agora, como uma
verdadeira Morgan, mas a garota está cada vez mais rebelde, mas
Deus me presenteou com Allie, sempre obediente. — Obediente
somente por não ter coragem de te enfrentar, pensei comigo
mesma, mas como sempre não tinha coragem de falar.
Era mais fácil colocar um sorriso no rosto e fingir ser a
pessoa perfeita do que mostrar nossa verdadeira face e, eu
agradeço mentalmente quando minha mãe e sua nova amiga
mudaram de assunto, não gostava de ser o centro das atenções,
muito menos dela.
Continuo distraída com meus pensamentos até a porta do
salão ser aberta novamente, todos os olhares foram direto para lá, e
comigo não foi diferente, penso que nem se eu quisesse, poderia
não olhar para eles.
Dois homens extremamente bonitos, altos, fortes e com
seguranças atrás deles entraram no lugar, eu não conseguia desviar
o olhar do homem com o smoking preto, que parecia ter sido feito
sob medida. Seus músculos eram evidentes por baixo do tecido e
eu sentir vontade de passar minha mão sobre eles.
Eu podia ouvir os burburinhos que se formavam ao meu redor
com a entrada deles, eu só não sabia quem eram eles, eu sequer os
vira na minha vida, eles pareciam tão intocáveis, tenebrosos.
— Os irmãos Moore estão de volta à cidade. — Ouço minha
mãe dizer e eu me viro para ela com curiosidade.
— E quem são eles? — pergunto e a senhora Douglas dá
risada.
— Pessoas que não devemos nos meter no caminho.
Não entendi o que ela falou, eu não me meteria no caminho
deles, virei-me de novo para olhar para eles e me deparei com o
homem das tatuagens me olhando profundamente, sem conseguir
manter meus olhos nos seus, desviei meu olhar.
CAPÍTULO 1
RYAN moore

Solto a fumaça do meu cigarro e respiro


profundamente, olho através da janela do meu carro e observo as
pessoas de Dublin andando pelas ruas modernas da cidade, olho
para Gael meu soldado de confiança que dirige e faço uma pergunta
silenciosa.
Quem é Rafael Morgan? Um advogado que pegou uma
causa contra a minha empresa de tecnologia, eu não poderia me
importar menos com a minha empresa, mas ela serve para lavar
meu dinheiro sujo, e eu não deixaria ninguém se meter nos meus
negócios.
— Senhor, ele é um advogado conhecido em Dublin, família
tradicional, sua esposa é a mulher perfeita, tem duas filhas, uma um
tanto rebelde, a outra é a filha perfeita, parece uma boneca de tão
bonita. — Ouço as informações do meu soldado sem muito
interesse e despreocupado.
— Marque uma reunião na casa dele, mas agora me diga que
tipo de sujeira ele esconde — ordeno esperando que meu soldado
me dê boas informações, eu sei que todo homem do meu mundo
tem seus segredos, e Rafael não é diferente.
— Ele mantém uma amante fixa, mas visita um dos nossos
clubes — Gael cospe as palavras com nojo e eu não estou muito
diferente.
— Um lixo na terra, mas ele pode servir de mensageiro para
quem quer que esteja querendo me processar pense muito bem
antes disso, fiquei apenas um tempo fora de casa e aqui já virou
uma bagunça.
Planejo deixar tudo em perfeita ordem, passarei por cima de
quem ficar no meu caminho, não importa quem seja, passarei por
cima.
— Vamos para casa? — Gael pergunta, e eu nego com a
cabeça.
— Não, vamos para o clube que o Rafael usa, quero ver qual
das minhas meninas ele gosta de usar.
Gael assente e volta a dirigir em silêncio, olharei meu inimigo
de perto e depois o farei se arrepender de ter mexido comigo, ou
com a máfia irlandesa, a coisa mais importante da minha vida, e não
importa o quanto eu me foda, sempre darei a minha vida pela
organização.
Observo o momento exato em que Gael para o carro na
frente da minha boate, eu espero ele descer e abrir a porta para que
eu saia, os dias como hoje o lugar está lotado mesmo sendo um dia
qualquer da semana, posso observar os homens fazendo fila em
frente ao lugar para foderem as melhores prostitutas de Dublin.
Posso compreender o porquê que eles continuam vindo, as
minhas meninas são as melhores, não dão trabalho, fazem tudo que
você quer e são sempre pacientes.
Começo a caminhar para a entrada do lugar com Gael ao
meu lado, reconheço alguns soldados na entrada e vejo Gael parar
para falar com eles enquanto sigo para dentro.
— Irmão, eu não sabia que você iria vir hoje. — Ruan
aparece na minha frente assim que coloco os pés dentro da boate.
— Rafael Morgan está aqui, vim apenas dar as boas-vindas
ao filho da puta, aliás, nunca negamos uma boa recepção a alguém
— digo, e Ruan sorri.
Meu irmão é meu braço direito, depois que nos livramos do
nosso pai, assumimos a máfia irlandesa e mudamos algumas
regras, é somente eu e ele, ninguém mais.
— Vamos dizer oi a ele, quem sabe assim ele não diz quem
quer mexer conosco — comenta, enquanto caminhamos para o
camarote que nossa presa está.
— Ele obviamente não dirá, vamos apenas brincar um pouco
com ele, soube que ele tem duas filhas — digo, e ele me olha
levantando as sobrancelhas.
— Duvido muito que ele se importe com as garotas — afirma
e subimos as escadas do lugar.
— Ele não se importa mesmo, cadê o Luís? — pergunto pelo
seu soldado que não está com ele.
— Dei uma noite de folga a ele, precisava relaxar um pouco e
com Luís no meu pé não dá. — Sua resposta não me engana nem
um pouco.
Meu irmão não é um poço se responsabilidade, e eu sei
perfeitamente que às vezes ele sai do controle com suas ideias
malucas ou sua imaginação fértil demais para o meu gosto.
— Quero ele com você, quero evitar ao máximo que meus
soldados ou civis morram por sua causa. — Vejo ele fecha as mãos
em punhos, mas se controla perto de mim.
— Sei o que devo fazer.
Responde firme e entramos no camarote em silêncio com
Gael a dois passos atrás de mim, ao longe vemos Rafael com duas
das nossas meninas, uma de cada lado, que parece estar se
divertindo o suficiente para não prestar atenção em nada ao seu
redor.

— Dê um pouco de poder há um homem, e veja a merda que


ele faz — murmuro, e Ruan dá risada.
Homens quando recebem poder demais não sabem
administrar, eles sempre querem mais, eu também me encaixo no
grupo de querer mais, o problema é você ter controle e não virar um
viciado de merda.
— Vamos apenas ter uma conversa com ele — aviso ao meu
irmão, que dá de ombros como se não fosse nada.
Aproximamo-nos de Rafael, mas ele está focado de mais nos
peitos das prostitutas do que ao seu redor para nos ver chegando,
mas a prostituta a sua esquerda quando nos vê se levantou do sofá,
ele olha sem entender para ela. Mas quando nos vê reconhecimento
brilha no seu olhar.
Sem nenhuma palavra, Ruan dá tapa na bunda prostituta que
está a direita dele e ela sai com a outra rebolando, pego uma
cadeira de uma mesa ao lado e sento-me de frente para ele.
Vejo o medo nos olhos dele, o medo porque ele sabe que o
sobrenome Moore significa poder, e mexer conosco, é perigoso
demais.
— Acredito que nos já nos conhecemos, não acha? — Ruan
pergunta, sarcasticamente, enquanto enche o copo que está na
mesa de whisky.
— Não nos conhecemos, mas gastar meu tempo com
apresentações seria desperdício — respondo, tirando um cigarro do
meu bolso e o acendendo.
— Senhores Moores, não imaginava que vocês
frequentassem esse tipo de lugar — Rafael diz como se aquilo fosse
um grande escândalo.
— Deveria ser você a ter vergonha de vir a esse tipo de lugar,
casado e com filhas. — Vejo um sorriso nervoso brotar no seu rosto.
— Um homem tem suas necessidades.
— Concordo, mas qual a necessidade desse homem se
meter nossos negócios? — Ruan pergunta, e eu dou mais uma
tragada no meu cigarro.
— Senhores, me desculpem, mas esse tipo de assunto eu
não posso falar.
— Mas posso falar onde o senhor frequenta, apenas uma
ligação e todos os jornais locais vão noticiar sua falta de fidelidade e
respeito, mas isso sua esposa perdoaria, não é? — digo,
calmamente, e o vejo me olhar com raiva, devolvo seu olhar até ele
desviar do meu, e juntar suas mãos no colo.
— Não podem me julgar! Sei bem que tipo de homens são
vocês! — exclama com raiva, Ruan dá risada.
Pego-o pela sua gravata até que ele que seu rosto esteja
próximo o suficiente do meu para ele entender bem, que não
estamos brincando, e se estivéssemos ele seria nosso
brinquedinho.
— Se sabe quem somos, então também deve saber que não
deve se meter conosco. — Estou olhando bem em seus olhos que
refletem medo.
— Eu entendo, senhor, vamos conversa, por favor. — Pede, e
eu solto sua gravata.
— Pensei que ainda estivéssemos conversando — digo,
dando de ombros e seus olhos azuis continuam me olhando com
raiva e medo.
— Acredito que você assustou o nosso amigo — Ruan
zomba de Rafael, que endireita sua postura e nos encara mais uma
vez.
— Não posso dizer quem está processando vocês, tenho
ética no meu trabalho, mas posso recebê-los amanhã na minha
casa formalmente, acho que lá seja um local mais apropriado. —
Oferece enquanto ajeita sua gravata.
— Conhecer sua esposa e filhas será um prazer — Ruan diz
cheio de malícia e o homem parece não se importar.
— Serão muito bem-vindos, agora eu penso que já deu
minha hora — expressa, tomando o copo de whisky cheio e se
levantando.
Continuo sentado observando o homem não tem coragem
alguma, mas pensa que pode jogar comigo, mas no momento ele
não é um problema não para mim, é só mexer em algumas coisas e
ele estará nas minhas mãos.
— Você pode ir, mas não se esqueça que amanhã estaremos
na sua casa. —Lembro-o e ele acena com a cabeça antes de sair
andando e ir embora do camarote.
— Você acha que ele falará sem pressão, ou precisaremos
dar um jeito nele? Posso cuidar dele com minhas facas. — Oferece
Ruan e eu nego com a cabeça.
— Não preciso que você use suas facas, amanhã colocarei
escutas no escritório dele, se ele não falar por bem, com certeza eu
ouvirei alguma conversa dele. — Dou de ombros sabendo que ele
não falará.
— Talvez com um pouco de incentivo ele fale, sabe posso
incentivar......
O Interrompo antes que ele termine de falar.
— Não discutiremos isso, você não incentivará ninguém a
falar nada, se eu quisesse foder com ele, eu mesmo já tinha feito
isso. — Ruan me olha sério por um tempo e toma mais do whisky
que está na mesa.
— Se você quer fazer assim, que sua vontade seja feita, por
isso que você é o chefe, não é? — Ignoro a provocação na sua voz
e me levanto da cadeira.
— Esteja no meu escritório de manhã — ordeno e saio
andando sentido à saída do camarote.
Não estou a fim de passar uma noite vendo meu irmão beber
e se afundar em qualquer prostituta que vir pela sua frente, também
não quero lidar com prostituta que só realizam o que quero sem
reação nenhuma.
— Chefe. — Ouço Gael chamar e eu me viro para olhá-lo. —
Gabe do Dark Angels está aí querendo falar com o senhor.
— O que ele quer? — Odeio o presidente do Dark Angels,
repudio seu fodido moto clube, mas tenho que admitir que ele tem
coragem de entrar no meu território.
— Falar com o senhor, disse ser importante. — Fecho meus
olhos e os abro olhando bem para o meu soldado de confiança.
— Aonde ele está? — pergunto.
— Na garagem......
— Ótimo. — Corto Gael antes que ele possa me responder e
continuo meu caminho para fora da boate, chego ao estacionamento
e dou de cara com ele.
Não me impressiona que Gabe esteja aqui nesse momento,
com certeza o nosso território vizinho é o assunto para que o fez
aparecer na Irlanda.
— Eu poderia estar impressionado com sua coragem — Faço
uma pausa. — Mas, sinceramente, eu não estou nem um pouco.
— Não deveria estar mesmo, já que sabia que eu viria até
aqui. — Sua voz grossa que amedronta muita gente, ecoa por todo
o armazém.
— Sim, eu sabia, mas me diga o que te traz a Irlanda? —
pergunto enquanto o encaro.
Gael que está ao meu lado me lança um olhar irônico, sei que
tudo que ele mais quer é ir matar Gabe, mas ele sabe que isso não
acontecerá.
— Temos territórios vizinhos. — Ele para de falar por um
momento. — E eu sei que vocês não fazem alianças com Mc’s,
então, vim deixar claro para você não entrar no meu território. — A
risada que escapa da minha boca após a sua fala, faz com que ele
me olhe com raiva.
— Você tem muita coragem, veio ao nosso território e ainda
nos ameaça? — pergunto, sarcasticamente.
— Prefiro vir e mostrar minha cara, do que me esconder nas
sombras — rosna cada palavra.
— Você está nos insultando, e insultando meus soldados? —
inquiro, sombriamente
— Não, meu aviso está dado.
— Sim, seu aviso está dado, mas eu ainda não dei o meu,
você e seu MC fiquem bem longe dos meus negócios e do meu
território, você não quer ver meu rosto no seu território, lembre-se
que todos em que eu já entrei foi para derrubar quem estava no
poder… — O ameaço calmamente e o vejo subir na sua moto e sair
do estacionamento.
Depois de sua saída, eu e Gael caminhos até o meu carro,
sem nenhuma palavra entro no carro e espero começar a dirigir e ir
direto para a minha cobertura.
CAPÍTULO 2
ALLIE morgan

“Hoje é o dia que o homem mau vem aqui em casa, mamãe


fala que ele vai me ajudar, mas ele é mau.
— Aqui está a minha garotinha preferida. — A voz dele me
assusta, e me viro para ele.
Ele está com aquele sorriso quando faz aquelas coisas ruins.
— Por favor, vá embora! — Peço com meus olhos cheios de
lágrimas.
— Não, garotinha, eu não vou embora — ele fala e se
aproxima de mim.”

Acordo atordoada com o meu pesadelo, olho ao redor e


percebo que estou no quarto, meu corpo está todo suado e um grito
está preso na minha garganta. Faz tempo que eu não tenho esses
pesadelos, e com certeza não preciso que eles voltem agora.
Jogo os lençóis para o lado e saio da cama e me arrasto
até o banheiro, me olho no espelho da pia e observo o quanto estou
horrível, meus olhos azuis estão vermelhos e inchados, meu cabelo
castanho todo desgrenhado e parece que eu ainda estou vivendo
aquele pesadelo de novo.
Tomo uma ducha rápida e faço minha higiene, depois olho
para os comprimidos que tem na pia do meu banheiro, eles são
como velhos amigos sempre comigo, e como sempre eu tomo mais
um. Saio do banheiro e volto para o meu quarto olhando a hora e
percebendo que não adianta muita coisa ficar no quarto.
Eu não iria dormir mesmo.
Com um vestido velho florido desço para tomar café, na
mansão dos meus pais com arquitetura antiga e com uma
decoração que minha mãe provavelmente trocou há pouco tempo,
eu não me sinto de verdade em um lar, porque eu sei que sempre
acontece uma briga e tenho certeza de que essa manhã não será
diferente.
Eu ainda me pergunto o que eu faço aqui nessa casa, mas a
minha mãe sabe bem me prender e eu não posso deixar Kathe
sozinha com os meus pais, eu tenho certeza de que eles brigariam
mais que o normal.
— Bom dia, menina. — A Sra. Wanda me cumprimenta assim
que entro na cozinha.
— Bom dia, ninguém desceu ainda apara tomar café? —
pergunto, sentando-me em um dos bancos da cozinha.
— Não, ainda está muito cedo, menina, mas o seu pai e a
sua mãe devem descer daqui a pouco e a sua irmã, que inclusive eu
a peguei chegando de madrugada. — A senhorinha ruiva que
conhece eu e Kathe tão bem quanto nos mesmas, fala sem parar
enquanto fico a observando.
— Ela deve ter ido apenas tomar um ar. — Justifico a saída
da minha irmã e a Sra. Wanda estreita os olhos para mim.
— Eu não entendo, quem deveria sair era você, no entanto,
continuar dentro dessa casa. — Sinto-me desconfortável com sua
fala e sorrio sem graça.
— Alguém precisa ficar aqui para conversar com a senhora
— brinco, e ela balança a cabeça em negação enquanto mexe algo
no fogo.
— Essa velha aqui. — Aponta para si mesma. — Te conhece
muito bem para saber que você não está aqui por mim, se for pela
sua irmã eu acho que ela gostaria que você se libertasse das garras
da sua mãe.
— Garras, hum? — pergunto, segurando o riso, e ela se vira
sorrindo para mim.
— Você com certeza foi a melhor coisa que seus pais fizeram
— afirma com carinho e eu sorrio para ela.
— Agora me senti excluída, pensei que sua preferida fosse
eu — Kathe diz, entrando na cozinha, e eu me viro para vê-la.
— Bom dia — digo, mandando um beijo para ela que está na
porta da cozinha.
— Seus pais estão te chamando para tomar café com eles.
— Nossos pais. — Corrijo-a mesmo sendo inútil.
— Bom acho melhor você ir — a senhora Wanda diz e olho
para ela antes de me levantar do banco respirando fundo e sair da
cozinha em direção aos meus pais.
A mesa do café da manhã como sempre está em completo
silêncio quando chego, sento-me e se não fosse pelo barulho da
cadeira ninguém teria percebido minha chegada. Meu pai está na
cabeceira da mesa e minha mãe ao seu lado esquerdo, enquanto eu
do seu lado direito e Kathe ao meu, mantendo a maior distância que
ela consegue deles.
— Bom dia filha, já tomou seus remédios hoje? — Minha mãe
me cumprimenta sorrindo, e eu forço um sorriso de volta
— Bom dia, já tomei sim — respondo de volta, ela sorri
largamente para mim.
— Que bom! Querida, não quereremos nenhum acidente, não
é mesmo? Sabe, você poderia voltar para a terapia com o Dr. Duran
— Meu peito chega a ofegar com essa possibilidade.
— Eu não quero. — Minha voz sai tão firme quanto eu
consigo.
— Filha, será bom para você — argumenta, mas é
interrompida por Kathe.
— Você não ouviu ela dizer que não quer?! — Minha irmã
quase grita e meu pai bate com a mão na mesa chamando a
atenção de todos para ele.
— Chega! Não quero ouvir mais nada, teremos um jantar
hoje à noite aqui, e durante ele eu não quero ouvir nenhuma palavra
e muito menos algo que me faça vergonha. — O silêncio se fez
presente por um segundo antes de Kathe declarar.
— Eu não venho a porra nenhuma de jantar. — Ela se
levanta da mesa arrastando a cadeira pelo piso e sai andando sem
olhar para trás.
Meu pai e minha mãe observam ela sair com um olhar de
desprezo no rosto, no entanto, eu preciso falar com Kathe antes que
ela faça alguma loucura apenas por sentir raiva.
— Licença, eu tentarei falar com ela — digo, levantando-me
da mesa, mas meu pai segura meu braço antes que eu pudesse
sair.
— Filha, tenho um pedido para te fazer. — Ele faz uma pausa
e eu espero ele continuar. — Os convidados de hoje, eles sãos
homens importantes, se você pudesse, sabe o que estou querendo
dizer, não é?
Eu quero gritar na cara dele que não, que tipo de coisa ele
está me pedindo, eu sei que ele e minha mãe, que não demostrou
reação alguma até agora, são gananciosos, mas o que ele está me
pedindo era demais.
— Eu não farei nada disso — declaro, soltando meu braço do
aperto do meu pai, e olhando com desprezo para ele e minha mãe.
Viro as costas para eles antes que falem algo e saio daquele
lugar, sei que meus pais não são santos, muito menos morrem de
amor por mim e pela minha irmã, mas me pedir aquilo é nojento.
Penso em ir falar com Kathe, mas quando chego à sala ouço
um barulho de carro saindo pela garagem e sei que é ela, fecho os
olhos sabendo que mais uma vez eu serei vítima da minha mãe e
sua atenção excessiva.

Pela última hora eu ouvi minha mãe dar ordens a todos os


funcionários da casa, mas a única coisa que minha cabeça pensa é
nos homens virão para o jantar, para o meu pai me pedir aquilo.
— Allie! — minha mãe exclama ao meu lado me fazendo
fechar o livro que está nas minhas mãos com força pelo susto.
— A senhora estava aí há muito tempo? — pergunto, ela
cruza os braços na frente do peito.
— Estava, onde está a sua irmã? — questiona enquanto
mexe no colar de esmeralda que ela usa no pescoço, minha mãe é
vaidosa, até demais.
— Eu não sei, ela saiu desde da hora do café — respondo e
abro o livro na mesma página de antes.
— Sei, mas o jantar será praticamente daqui a pouco e ela
tem que estar aqui. — Sua voz é de nervosismo, e eu sei que virá
algum drama quando Kathe chegar.
— Ela chegará — afirmo e tento me concentrar na minha
leitura.
— Allie, não quero que você leve a sério o que o seu pai
disse hoje de manhã, ele não falou sério, sabe como sempre nós
nos importamos com você, e agora seria uma boa hora para
retribuir, mas se você não quer. — As palavras sugestivas dela
fazem meu estômago embrulhar, eu sei do que ela está falando
porra, como eu sabia.
— Sei que sim. — Minha resposta como sempre é diferente
dos meus pensamentos.
— Espero que você seja sábia na sua escolha hoje à noite.
— Meu Deus ela não para nunca.
— Eu não farei aquilo. — Minha resposta é essa e não
mudará, não importa o que ela fale.
— Certo, ligue para sua irmã caso ela não chegue em alguns
minutos. — O som dos seus saltos se afastando no piso me faz
suspirar de alívio, eu tenho certeza de que se ela continuasse me
pressionando eu cederia.
Eu invejo minha irmã pela sua coragem e sinto vergonha da
minha covardia por dentro, posso gritar nessa porra que eu sou livre
e que minha mãe não tem mais nenhum poder sobre mim, porém,
isso é uma grande mentira.
Levanto-me da poltrona e coloco o livro sobre ela, pego o
meu celular do bolso e olho a hora, já é tarde e eu preciso me
arrumar para o jantar, e antes que a minha mãe volte e queira
escolher minha roupa ou me arrumar como sua bonequinha, subo
as escadas para o meu quarto.
— Talvez esteja na hora de algumas mudanças — murmuro
enquanto caminho para meu quarto.
A primeira coisa que eu faço quando entro no meu quarto é
procurar pelo número de Kathe no celular, envio uma mensagem
para ela, para que ela venha de boa vontade para o jantar.
Depois entro no meu closet e procuro por um vestido, até
achar um na cor vinho que tem um pequeno decote nos seios, ele é
perfeito, cairá perfeitamente no meu corpo e eu não vou parecer
uma prostituta dando em cima de um homem, como o meu pai
deseja.
Pego o vestido e o levo para cima da minha cama e o deixo
lá, vou em direção ao banheiro e ligo a minha banheira, a deixo
encher e preparo o meu banho. Quase solto um gemido pequeno
quando entro na banheira e sinto a água morna tocar a minha pele.
Relaxo lá dentro até lembrar do homem do evento, seus
olhos castanhos frios e sem emoção alguma, as tatuagens que
cobriam suas mãos, eu imaginaria até aonde eles iriam. Porém, a
minha imaginação acaba quando a água da banheira fica fria e eu
me levanto para sair dela.
Sair do banheiro e vou para o meu quarto pronta para me
arrumar.
— Pronta — murmuro para mim mesma enquanto me olho na
frente do espelho, o vestido vermelho ficou perfeito, meu cabelo
está solto em cachos e minha maquiagem perfeita, estou pronta.
— Você realmente se tornou a bonequinha da Margareth —
Kathe afirma na porta do meu quarto e eu reviro meus olhos para
ela.
— E você chegou a tempo. — A lembro e ela entra de vez no
meu quarto e caminha até a janela.
— Vim apenas chamar você para descer junto comigo, os
homens do jantar acabaram de chegar — informa saindo da janela,
e eu me viro para ela.
— Então, vamos — digo, indo em direção a porta e ela vem
atrás de mim.
Fomos juntas em silêncio até à sala, onde não estão meu pai,
nem minha mãe, mas ouvirmos as vozes vindo da porta e Kathe se
joga no sofá enquanto espera eles chegarem, eu me sento ao seu
lado e pela cara da minha irmã, espero que a noite não seja tão
ruim.
— Senhor Moore, essas são minhas filhas, Allie e Katherine
— meu pai diz e nos viramos para trás, onde eu observo o senhor
Moore que meu pai está falando.
— Olá. — Cumprimento sorrindo o homem que mantém seus
olhos grudados em mim.
— Olá, Allie, eu sou Ruan e aquele é meu irmão Ryan. — Um
cara alto, parecido com o outro, todavia, mais novo, e o que não se
pode negar é a beleza dos dois.
Olho de volta para Ryan e ele continua sério sem dizer
nenhuma palavra e o clima fica pesado ao redor, minha mãe parece
sem graça e meu pai também, o tal Ruan parece se divertir e eu não
ouso olhar para trás para ver como Kathe está.
— Acho melhor sentarmos não? — minha mãe sugere
tentando melhorar a situação.
— Claro. — A voz grossa de Ryan me fez olhá-lo novamente
e ele devolve meu olhar até eu desviar do dele.
Eu me sento no sofá e acompanho com os olhos todos se
sentarem também, Kathe se aproxima mais um pouco de mim e
sussurra no meu ouvido:
— Acho que o jantar hoje valerá apena.
E eu posso concordar com ela.
CAPÍTULO 3
RYAN MOORE

Observo Rafael como um falcão, o homem falou pouco desde


que eu e Ruan chegamos aqui, já meu irmão não perde a
oportunidade para jogar uma provocação no ar e mostrar quem está
no comando do jogo.
O jantar é servido e eu presto atenção na filha mais velha do
casal, não entendo a relação deles, mas com certeza não é das
melhores, a cara da garota mais nova mostra que ela está aqui
forçada, enquanto a outra se esforça para mostrar que está tudo
bem.
— E como vão os negócios, Ryan? Um homem tão novo
como você e um império tão grande. — A pergunta de Margareth
chama a minha atenção para ela, e eu respondo no automático.
— Os negócios são heranças de família — respondo e seus
olham brilham com mais curiosidade.
— E seus pais? Nunca ouvir falar deles por toda a Irlanda. —
Sorrio sombriamente para ela antes de responder, parecia que
alguém ali esconde mais que alguns segredos da mulher.
— Ele era um homem reservado. — Minhas pequenas
respostas parecem atrair mais da curiosidade dela, e tudo eu queria,
é que a próxima pergunta seja para o meu irmão.
— Penso que a senhora não sabe, mas seu marido está
processando nossa empresa de tecnologia. — Ruan joga as
palavras no ar e a mulher franze as sobrancelhas.
— Como assim? Rafael não tinha me dito nada. — O olhar
que dá para o seu marido parece que ela quer atravessar a alma
dele.
— Não é bem um processo… — Tenta se explicar e eu o
corto.
— Claro que não é, você e seu cliente misterioso querem
mexer com quem não se deve, até por que tenho certeza de que
isso não vai para frente.
— E como você tem tanta certeza disso? — A pergunta agora
vem da garota que parece querer me desafiar com os olhos, que
diferente da sua irmã são pretos, um fato interessante para uma
família de olhos claros.
— Bonitinha, nada contra nós vai para frente — Ruan diz,
piscando para ela, que revira os olhos.
— Para mim vocês não passam de pessoas convencidas
demais, e isso sempre tem algo por trás. — As palavras dela me
fazem estreitar os olhos para ela.
— Katherine chega! — Rafael ordena, mas a garota não
parece se importar e continua me desafiando com os olhos.
— E tem mesmo muitas coisas, pode perguntar ao seu pai,
ele tem muito a dizer sobre muitas coisas. — Minha sugestão faz
com que todos olhem para Rafael.
— Todo mundo tem segredos, uns mais perigosos que os
outros apenas. — As palavras de Allie me fizeram olhar para ela,
que mantém seus olhos fixos em mim.
Algo por trás das suas palavras têm um significado, eu
conheço o olhar no rosto dela, como se estivesse imersa em seus
próprios segredos.
— Sim, mas agora chega de falar disso, acredito que está na
hora de irmos resolver nossas pendências — Rafael declara,
olhando para nós, e eu assinto com a cabeça.
— Concordo, quando mais rápido terminar aqui será melhor
para nós — Ruan fala, levantando-se da cadeira junto comigo e
Rafael.
— Com licença, senhoras. — Ouço meu irmão falando
enquanto acompanho Rafael sem dizer nenhuma palavra para as
mulheres que estão à mesa.
Para mim não tem importância ser educado ou não quando
eu vou ameaçar alguém, dá no mesmo sempre, Rafael e todos
odiaram a minha presença, o que importa é eu conseguirei o que
desejo, a menos que ele não queira colaborar comigo e com meu
irmão.
— O meu escritório é aqui. — O homem nos guia por uma
porta que fica do lado da escada que leva ao andar de cima da
mansão.
— Feche a porta — ordeno entrando no lugar e Ruan vem
atrás de nós.
— Tenho certeza de que ninguém virá até aqui para escutar
nada. — Rafael se defende parecendo ofendido com minha ordem.
— Mas nós não confiamos em ninguém aqui. — Ruan
contrapõe, sentando-se na cadeira em frente à mesa de Rafael
enquanto eu caminho pela sala até me sentar na cadeira dele.
— Você deve ser um bom advogado, seu currículo é
excelente, mas o quanto as pessoas sentiriam falta de um bom
advogado em Dublin? — Faço a pergunta retórica para mim mesmo.
— Isso é uma ameaça?
— Chame do que quiser — Ruan responde antes de mim.
— Prefiro dizer ser um prelúdio do que acontecerá se você
continuar com esse processo ridículo — digo enquanto pego
sutilmente uma pequena escuta eletrônica do meu bolso.
O pequeno brinquedo quase desaparece na minha mão de
tão pequeno que é, mas bem eficaz para o que eu quero, com
cuidado colo a escuta debaixo da mesa de Rafael enquanto ele
parece engolir as palavras que eu disse.
— Eu não sabia quem eram vocês até ontem à noite, não
podem simplesmente chegar na minha casa e me ameaçar! —
esbraveja, Ruan dá uma risada sarcástica.
— Agora você sabe quem somos, ou você quer que eu me
apresente? — pergunto irônico, e ele engole em seco.
— Não precisa, mas eu não sei o que posso fazer por vocês
— expressa nos olhando firme.
— Quem é seu cliente? — jogo a isca, e ele mexe no seu
paletó nervosamente.
— Eu não posso dizer — responde, e meu irmão se levanta
ficando frente a frente com ele.
— Repita — ordena, e Rafael engole em seco.
— Ele não me disse quem era — responde novamente.
— Certo, vamos dizer que ele agora é um fantasma e se
comunica com você pelo além. Não seja ridículo, eu não sou a porra
de uma criança brincando aqui — vocifero, para ele que apenas se
encolhe mais no lugar.
— Eu não sei as respostas que vocês querem.
— Sabe de uma coisa. — Faço uma pausa e me levanto da
sua cadeira indo até ele e meu irmão. — Eu poderia cortar sua
garganta e deixar você aqui para quando suas filhas e mulher te
verem morto, rasgado por mim — digo, calmamente, enquanto tiro
um canivete do meu bolso e brinco com ele entre meus dedos.
Ele é uma presa fácil, se tivesse alguém inteligente por trás
aqui também teria escutas, mas o difícil não é matá-lo é descobrir
quem está por trás, então eu preciso dele vivo.
— Tenho como provar para vocês que eu não sei quem ele é
— explica quando dou mais um passo à frente.
— Tem mesmo? Mostre — Ruan ordena, ele passa correndo
por nós indo até uma das gavetas da mesa e tirando alguns papéis.
— Aqui está, essa é toda a comunicação que ele tem comigo
disso daqui não vai além de mais nada — esclarece, dando os
papéis para mim e Ruan.
Leio cada carta com raiva, com certeza a pessoa é muito
esperta para manter toda a sua identidade oculta, mas não será por
muito tempo, acabarei com essa palhaçada quanto antes.
— Acho que não temos mais a fazer aqui, ah! E você tenha
muito cuidado com o que você falar por aí, eu estou sempre de olho
na minha cidade — aviso antes de virar as costas para ele e sair do
seu escritório.
Saímos da mansão dele sem que ninguém nos veja, não
estou para despedida, mas tenho uma leve impressão que eu
voltarei ali de novo.
— Colocou a escuta? — Ruan pergunta quando estamos no
carro com Gael dirigindo e Luís ao seu lado no banco da frente.
— Sim, Luís conecte a escuta e coloque outro soldado para
monitorar tudo, eu tenho certeza de que ele não nos contou tudo —
ordeno para meu soldado que assente pelo retrovisor do carro.
— Talvez ele não tenha dito mesmo, mas ele dirá de uma
maneira ou outra — afirma Ruan, e concordo com a cabeça.
— Vamos para o cassino, Gael.
Preciso colocar a minha segunda casa em ordem e começar
eliminando os ratos é uma boa ideia.

Entro no meu cassino com Ruan ao meu lado, Gael e Luís


atrás de nós, o caminho para cá foi rápido, o cassino é um dos
meus melhores negócios e mantê-lo dentro de um castelo na parte
antiga de Dublin foi uma ótima ideia.
Vender drogas aqui, manter algumas das nossas meninas
deixando os homens satisfeitos e muito jogos para manter os
viciados ocupados sempre. Porém, o meu negócio está começando
a ficar rodeado de ratos e abutres e hoje mostrarei para uma policial
quem está no comando do lugar.
Não faço ideia de como a polícia ficou sabendo daqui, ou
melhor, como eu não percebi antes uma infiltrada querendo meter o
nariz aonde não foi chamada.
— Gael, aonde ela está? — pergunto ao meu soldado,
enquanto Ruan foi para algum lugar do castelo com Luís.
— Ala sete, senhor, olhando os jogadores de póquer. — Ela
está no lugar perfeito, pensei comigo mesmo.
— Depois que eu resolver o problema mande Raine subir
para o lugar de sempre — ordeno, e ele acena saindo de perto de
mim.
Sigo o meu caminho por dentro do lugar até a ala sete,
quando abro a porta do grande lugar vejo a única mulher que não é
uma das minhas meninas, ela parece ser nova, mais bem
experiente para receber essa missão.
Caminho até ela olhando as outras pessoas jogarem até
enfim ficar na mesma mesa de jogo que ela, a mulher parece tão
concentrada que não percebe nem mesmo minha aproximação.
— Você parece perdida — murmuro perto dela, a mulher me
olha e um brilho de reconhecimento passa por eles.
— Não estou perdida, apenas acompanhando os jogos —
responde me dando um pequeno sorriso.
— Não costumo ver mulheres jogando no meu cassino —
comento e vejo ela morder os lábios, uma puta policial, interessante.
— Você é o dono? Devo te dar parabéns, o lugar é
maravilhoso — elogia, sorrio de lado para ela.
— Posso te mostrar algo mais maravilhoso ainda se quiser —
sussurro no seu ouvido, e vejo sua pele se arrepiar.
— Seria um prazer — comenta baixinho, e eu coloco uma
mão em volta da sua cintura.
— Você é louca, saindo com um homem que não conhece —
digo, despretensiosamente, e ela dá uma pequena risada.
— Não sou nenhuma inocente, sei me cuidar e tenho certeza
de que você cuidará de mim muito bem — responde, sorrio para
ela.
Com certeza eu cuidarei, cortarei sua garganta e te jogarei na
primeira vala por aí. Minha mente está trabalhando à vontade.
— Vamos. — Chamo estendendo a mão que ela aceita de
bom grado.
— Qual o seu nome? — pergunta
— Ryan e o seu? — devolvo a pergunta e ela sorrir.
— Dafine, é um prazer estar ao lado do tão famoso, Ryan
Moore. — Ela parece testar meu nome na sua boca, com certeza
ela está planejando minha morte, assim como eu a dela.
— O prazer é todo meu — respondo e saímos da ala sete do
castelo medieval, agora eu a levarei para um lugar fácil de matar.
Subimos uma escada que leva a parte dos quartos no
castelo, eu já tenho o quarto perfeito para fazer o serviço com ela,
tudo planejado para a morte de Dafine.
— Entre. — Peço quando abro a porta do quarto, ela entra
olhando todo o lugar.
— Ele é bem bonito — enaltece, enquanto admira todo o
lugar. — Nunca ouvi falar que tinha essa parte do castelo para os
clientes — comenta por último enquanto fecho a porta do quarto.
— Aqui não é para clientes — respondo, aproximando-me
dela e colocando minhas mãos na cintura e grudando meu corpo ao
seu.
— Algo exclusivo? — pergunta, respondo dando pequenos
beijos na sua nuca.
— Sim, exclusivo para o que quero fazer com você — digo,
colocando a minha mão no bolso do meu paletó e tirando meu
canivete que está sempre comigo.
Quando ela tenta se virar de frente para mim eu a mantenho
de costas, e coloco meu canivete na sua garganta, sinto seu corpo
ficar tenso no mesmo momento que meu canivete encosta na sua
pele, ela respira fundo e pergunta:
— Como você descobriu?
— Não sou burro e mulheres não são permitidas aqui dentro,
antes mesmo de você colocar os pés dentro desse castelo eu já
sabia que você era uma policial de merda — brado, e ela gargalha
como uma louca.
— Pode me matar, eles descobrirão que foi você, tem
pessoas que sabem que estou nessa missão — fala ainda rindo, e
eu aperto mais ainda o canivete na sua garganta.
— Não me importo, você nunca terá nem existido em Dublin,
sua vida será exatamente excluída a partir de agora — declaro,
cortando sua garganta e vendo seu sangue sendo derramado.
Essa é a terceira mulher que eu matei na minha vida, e a
única que eu não sentia arrependimento nenhum, aliás, eu ainda
sou o chefe e dou a minha vida pela minha máfia.
Aquele corpo no chão é somente mais um para minha lista.
— Gael, limpe a bagunça — ordeno para o meu soldado que
está do lado de fora do quarto quando eu abrir a porta.
Passando por ele vou em direção ao outro quarto atrás de
Raine, minha foda fixa a mulher que pensa que um dia eu iria
assumi-la, doce ilusão. Ela só está sendo usada porque seu pai me
devia e eu queria manter algo que ele se importasse por perto, perto
o suficiente para eu a usar quando eu quisesse.
CAPÍTULO 04
ALLIE MORGAN

As coisas estão tensas na minha casa faz dois dias depois


daquele jantar estranho, mas o que eu não consigo esquecer do
irmão mais velho dos Moore. Que é alguém que eu sei que meu pai
odeia, isso pelo fato de ele ter gritado quando a minha mãe
perguntou por eles.
Eles nunca brigam, são pais ruins, porém, nunca os vi
brigando entre si, ou mesmo discordando de algo, minha mãe é a
mulher submissa perfeita, sempre ao lado do marido nunca
importando as condições daquilo, mesmo que seja para diminuir
suas filhas como ele sempre faz.
Passo pela frente do escritório do meu pai e escuto sua voz
alterada saindo de lá, a porta está entreaberta e dá para ver que ele
fala ao telefone com alguém.
— Você é louco, Nico! — exclama ao celular e mesmo
sabendo que eu não deveria, continuo ouvindo. — Ele e aquele
irmão dele estiveram aqui para jantar e me ameaçaram.
Meu pai está falando dos irmãos Moore, eles os ameaçou?
Mas por quê? Meu pai pode ser um bom advogado, mas não é
ninguém tão importante assim, apesar que moramos em uma
mansão cara demais para o dinheiro que ele recebe.
Me deixando levar pela minha curiosidade eu me aproximo
mais da porta para ouvir melhor.
— Estou achando que eu acabarei morrendo por sua causa,
estou me envolvendo com a máfia irlandesa. — Meu pai faz uma
pausa e conclui. — Sei, Nico, entendido.
Quando vejo que ele desligou o celular saio rápido da porta
do seu escritório para a sala, meu pai? Metido com a máfia
irlandesa, eu não posso acreditar nisso, eu sei que ele não é tão
honesto assim, mas o que os Moore tem a ver com tudo isso?
Minha mente está tentando achar uma resposta plausível
para o que eu ouvi, no entanto, eu só consigo pensar na
possibilidade do meu pai morto, Rafael não é nenhum exemplo de
pai para mim, mas mesmo assim eu ainda o amo.
Mesmo que ele não tenha me protegido quando precisei,
porém, se eu fosse pensar em quem poderia ter me protegido
quando tudo aconteceu eu colocaria a culpa em muitas pessoas, na
minha mãe, no meu pai ou até mesmo na minha irmã.
Mas meus segredos são apenas meus e ninguém sabe disso,
a menos que ele contasse, no entanto, eu sei que isso não
acontecerá, ele já está morto para me atormentar.
— Allie! Finalmente eu te achei, sairemos hoje. — Kathe não
está fazendo uma sugestão, ela está praticamente me dando uma
ordem para eu sair com ela.
Respiro fundo quando vejo ela descer a escada e finjo
naturalidade para que não desconfie de nada.
— Você me perguntou se eu queria sair ou se decidiu sozinha
mesmo? — pergunto, irônica, e ela termina de descer a escada.
— Não perguntei porque sei sua resposta, por isso nós
sairemos hoje, por Deus, Allie, ninguém aguenta ficar dentro dessa
casa tanto tempo como você! — exclama, e eu quase dou risada.
Aguento ficar nessa casa o tempo que for, não me importo se
eu ficar entediada, somente não quero enfrentar meus próprios
demônios de frente.
— Aguento perfeitamente — respondo, indo me sentar no
sofá, e ela cruza os braços revirando os olhos.
— Eu não me importo se você aguenta, sairemos às 8h não
se esqueça — avisa, subindo para o quarto, e eu respiro fundo
vendo que mais uma vez perdi uma luta com ela.
Só espero que isso que ela chama de balada seja algo bom,
mas o que não sai da minha cabeça é aquela conversa com o meu
pai, o que será que aquilo significa?

Eu não faço ideia que tipo de lugar Kathe está me levando,


mas o jeito que ela está dirigindo rápido eu espero que estejamos
pelo menos vivas quando chegarmos lá.
— Você conhece alguém para onde estamos indo? —
pergunto, e ela concorda com a cabeça.
— Sim, conheci umas duas garotas, elas são primas, uma
ruiva e outra loira dá para acreditar? — pergunta
— Acredito perfeitamente que você conheceu elas, mas que
tipo de lugar estamos indo? — Eu estou com medo daquela
resposta e pelo sorriso da minha irmã, eu só me assustarei de
verdade quando chegarmos ao lugar.
— O tipo de lugar que você evita a todo custo — responde,
sorrindo, na maior tranquilidade e faz uma curva brusca acelerando
mais ainda o carro depois dela.
Eu não faço ideia que tipo de balada ela está me levando, até
porque o que mais tem nessa cidade são pubs e baladas de todo o
tipo, e eu sinceramente não quero conhecer os piores.
Pois eu ainda não engoli a conversa do meu pai de hoje à
tarde, mas também não tenho coragem de falar para ninguém, nem
mesmo para a minha irmã, Kathe surtaria se eu contasse e
provavelmente ligaria para polícia somente por odiar o nosso pai.
Minha mãe mandaria eu esquecer o assunto e fingiria que
nada aconteceu, porque segundo ela é isso que as boas esposas
fazem, ficam ao lado dos seus maridos independentemente de
qualquer coisa. O pensamento mais antigo que eu ouvir dela.
— Chegamos! — anuncia Kathe, estacionando o carro ao
lado de um prédio gigante com uma fila maior ainda.
— Não conseguiremos entrar aí tão cedo — digo o óbvio,
antes mesmo de descer do carro.
— Você é tão negativa, mas eu já tenho a entrada, irmãzinha,
e seremos recebidas no camarote. — Comemora e eu balanço
minha cabeça em negação por ter me metido nisso com Kathe, é
tão óbvio que dará errado.
Os saltos que eu estou são super altos e me incomoda um
pouco, o vestido preto que dela escolheu deixa meus seios grandes
super à amostra, o que me deixa desconfortável, já Kathe quando
mais mostrar dela, mais ela gosta.
— Vamos logo, Allie. — Ela chama estendendo a mão para
mim e eu pego.
Como Kathe mesmo disse é só falar algo no ouvido do
segurança e eles liberam nossa entrada e nos guiam até um
camarote, extremamente grande e luxuoso.
Eu não faço ideia de como Kathe conseguiu entrar em um
lugar como esse, mas tenho certeza de que tinha algo a ver com a
ruiva e a loira que ela falou, até porque são elas que estão
esperando por nós duas no camarote.
— Oi, meninas. — Kathe as cumprimenta sorrindo e me
apresenta. — Allie, essa é Hanna e Valéria.
Kathe diz os nomes das duas e eu só decorei que a ruiva é
Hanna e a loira é Valéria, de parecidas elas não têm nada, mas eu
não posso julgar já que eu e Kathe também somos bem diferentes.
— Você não está acostumada a vir a esse tipo de lugar — A
ruiva afirma ao meu lado e eu dou de ombros.
— Não mesmo, mas minha irmã sabe ser insistente quando
quer — explico, e ela me estende um copo de whisky em minha
direção.
— Vai te ajudar a se adaptar ao lugar — diz, dando de
ombros e eu tomo o líquido que parece descer rasgando a minha
garganta e eu faço uma careta.
— Isso é horrível — digo, após tomar, e ela dá risada.
— Não é, mas com o tempo você vai se acostumar. Agora
levante daí, melhore essa cara e vamos curtir a balada, lembre-se
amanhã a gente nunca sabe o que pode acontecer — comenta,
puxando-me e vou sorrindo em direção a ela.
O que eu não fazia ideia era do quanto essa frase iria fazer
sentido na minha vida.
Eu já tomei algumas doses de whisky novamente, e eu tenho
certeza de que não devo beber nada, pois amanhã não conseguirei
levantar.
É uma surpresa enorme vê-lo nesse lugar, Ryan Moore
chega ao camarote como se fosse o dono dele, como se todos que
todos aqui fossem inferior a ele, o irmão que anda sempre com ele
não está aqui, somente um homem atrás dele que eu imagino ser
algum tipo de segurança.
Por um instante a minha mente bêbada lembra das palavras
que o meu pai disse no escritório dele, mas a minha mente está
entorpecida demais para que eu lembre de algo direito.
E tenho certeza de que eu não quero lembrar de nada
quando o olhar dele vem em direção ao meu, ele passa um bom
tempo me observando, porém, logo uma mulher loira com curvas
perfeitas chega perto dele e o puxa para um beijo de tirar o fôlego.
Fico com inveja dela, porque naquele momento levemente
bêbada sou eu quem deseja beijar a boca dele.
— Allie, você está olhando demais para ele, pelo menos
disfarce. — Olho para Kathe assustada que ela tenha percebido
meu pequeno momento.
— Não ligo — respondo atrevida, e ela sorri.
— É assim que gosto de ver você, mas uma pena que o
gostosão ali já esteja acompanho, eu ficaria tentada se o irmão dele
estivesse aqui também — confessa com malícia e eu reviro os
olhos.
— De quem vocês estão falando? — Valéria pergunta por
cima da música.
— Ryan Moore — Kathe responde por mim, e eu vejo algo
passar no olhar de Valéria, mas ela disfarça rápido, porém, já tinha
prestado atenção demais para ver quando algo muda no olhar de
alguém.
— Ele é gostoso, mas com certeza não seria para mim — diz
com um falso pesar no olhar.
— E por que não? — pergunto, ela bufa como se fosse óbvio
a resposta.
— Além dele ser o maior empresário do país, você acha que
ele olharia para uma pobre mortal como eu? — Kathe dá risada com
a resposta de Valéria, mas meu olhar se volta para onde Ryan
estava antes com a mulher.
Quando olho de novo ele já não está mais lá, parece ter
sumido em breves minutos com a mulher, provavelmente ele não
perdeu tempo e está transando com ela.
— Limpe a baba, está escorrendo. — Kathe me provoca e eu
reviro os olhos bebendo mais uma dose de whisky.
Eu estava realmente babando por ele, mas ali naquele lugar
tem muitos homens que eu poderia facilmente foder em um
banheiro qualquer.
— Vamos dançar. — Chamo a minha irmã e elas se
levantam, animadas e todas me acompanham.
Quando começo a dançar colada a Kathe, tento fazer algum
tipo de dança sexy, mas provavelmente sai uma coisa tosca, mas
depois nos misturarmos aos corpos suados.
Depois de algum tempo dançando sozinha, sinto mãos na
minha cintura e um corpo musculoso grudado ao meu, mantenho
meus olhos fechados sentindo o perfume amadeirado do homem
que está com as mãos na minha cintura.
Começamos uma dança lenta e eu sinto o seu pau duro
contra a minha coluna, e com uma coragem bêbada começo a me
esfregar mais ainda nele que me continua me segurando com
firmeza.
Viro-me para olhá-lo e fico surpresa ao ver quem está
dançando comigo.
— Continue dançando. — Não é uma sugestão, mas sim
mais uma ordem, vindo da voz rouca de Ryan.
E eu continuo dançando apesar de querer outra coisa.
CAPÍTULO 05
ALLIE morgan

Meus olhos continuam nos de Ryan, seu olhar é intenso


como tudo nele, seu perfume parece ter grudado em mim, meus
lábios estão secos, passo a língua sobre eles e vejo quando ele
acompanha meu movimento.
— Foda-se — digo tão baixo que eu quase não consigo ouvir,
depois sua boca vem contra a minha em um beijo voraz.
E eu me agarro a ele com toda a vontade que eu estou de
prová-lo e saber qual é seu gosto. O beijo de Ryan não tem nada de
carinhoso, é um beijo duro.
— Vamos para um quarto — diz, quando paramos nossas
respirações ainda estão ofegantes.
— Com certeza — afirmo, mordendo meu lábio inferior, Ryan
me puxa entres os corpos suados do camarote e me leva para uma
escada atrás do bar.
Quando pisamos no andar de cima, percebo as portas dos
quartos, a iluminação nessa parte é baixa e tem algumas pessoas
quase transando do lado de fora dos quartos. E eu penso no que
Ryan fará comigo quando entrarmos em um, quase tremo de
ansiedade.
Paramos em frente ao último quarto do corredor e ele tira
algum tipo de chave mestra do bolso e coloca na porta do quarto,
quando a porta abre, entro e Ryan não perde tempo me agarrando,
eu enfio minhas mãos por baixo da sua camisa sentindo a sua pele
úmida da dança e a rigidez dos seus músculos.
— Tire a roupa. Agora. — Sua voz sai firme e eu desço do
meu salto arrancando o meu vestido no processo.
Ouvir também o som de outras roupas indo ao chão e quando
olho para Ryan ele está completamente nu na minha frente, e a
visão do corpo dele é de tirar o fôlego, não há nada fora do lugar,
apenas músculos.
E aquele maldito V apontando para baixo.
— Acho que morri — digo, ainda admirando o seu corpo,
Ryan ataca minha boca novamente.
Perdemos o equilíbrio, caio na cama com ele, quando eu mal
me recuperei da queda ele está de novo em cima de mim.
— Seus seios são perfeitos — elogia, rouco, antes de apertá-
los e os colocar na boca, solto um gemido ao sentir a sucção no
meu seio.
Minhas mãos percorrem o seu corpo, apertando-o e
arranhando onde eu consigo, depois entrelaço minhas pernas na
sua cintura e faço com que ele role para que eu fique por cima, mas
ele é forte e pesado demais, Ryan levanta a cabeça e olha para mim
com seus olhos cheios de desejo.
— Estou louco para sentir seu gosto — sussurrou descendo
beijos por toda a minha barriga até chegar a minha boceta pulsante.
Ryan enfia sua cabeça no meio das minhas pernas, sua
língua abre caminho dentro de mim, meu quadril se remexe sem
parar, meu corpo implora por um orgasmo.
— Me faça gozar — quase imploro.
Ryan dá sugadas e lambidas no meu clitóris, sinto minhas
pernas bambas quando o orgasmo veio com força, pensei que Ryan
pararia ali, mas ele continua me chupando, quando menos espero
ele se levanta e entra com seu pau dentro de mim.
Seu membro é grande e grosso, preenche toda a minha
boceta apertada, fazendo-a se alargar mais um pouco com sua
grossura, e eu o aperto dentro de mim, sentindo toda a sua
grossura.
— Você é muito gostosa — diz, antes de começar a me foder
com força.
Me fodendo para valer, como se estivesse me marcando com
seu olhar penetrante, alguns minutos depois de sentir Ryan colocar
sua mão entre nós dois e começar a acariciar o meu clitóris me
preparando para mais um orgasmo.
Quando ele dá mais estocadas dentro de mim, eu o aperto
mais ainda quando meu segundo orgasmo chega e observo a
sombra de um sorriso quando ele começa a ir mais forte até ele
gozar com força dentro de mim.
Nesse momento eu não penso em nada, bêbada demais para
raciocinar qualquer coisa que seja. E quando penso que Ryan me
mandará embora, ele recomeça tudo pela porra da madrugada.

RYAN moore

O corpo de uma Allie adormecida está ao meu lado na cama,


uma noite de sexo intenso com ela valeu muito a pena, ainda me
lembro perfeitamente da sua boceta apertando o meu pau, mas eu
esqueci a porra de um detalhe muito importante enquanto transava
com ela.
A porra da camisinha.
Levanto-me da cama e pego as minhas roupas do chão ainda
está de madrugada e se eu abrir a porta consigo ouvir a música
ainda vindo da boate, talvez seja uma boa acordar a menina para
ela ir para casa, mas tenho certeza de que ela quer descansar.
Eu só preciso deixar um recado com Gael para ele mandar
uma das meninas da boate dar uma pílula do dia seguinte a ela,
uma gravidez indesejada me geraria grandes problemas no final de
tudo.
Quando eu já estou vestido, olho uma última vez para a
garota na cama antes de sair de vez do quarto e deixá-la sozinha.
Procuro pelo meu celular no bolso da minha calça e o acho.
Disco o número de Gael e no primeiro toque ele atende.
— Preciso que você mande uma das meninas deixarem uma
pílula do dia seguinte no meu quarto na boate 15, não esqueça —
ordeno antes de desligar meu celular e voltar a caminhar
normalmente para dar o fora da boate.
Enquanto desço as escadas, vejo uma ruiva me procurar com
os olhos e quando ela me vê, sobe com tudo a escada e eu tenho
certeza de que é alguma reclamação.
— Cadê a Allie? — pergunta e eu dou de ombros.
— Está no quarto — respondo e continuo descendo as
escadas e Hanna me acompanha.
— Você transou com ela? — pergunta e eu levanto a minha
sobrancelha para ela saber da resposta. — Ela não é como as que
você está acostumado a transar.
— Tenho que concordar com você, ela era melhor — digo,
enquanto termino de descer as escadas e Hanna não me
acompanha mais.
Saio do camarote a essa hora já não tem mais tantas
pessoas assim, eu não vim aqui hoje por acaso, saber que as filhas
de Rafael Morgan estavam aqui foi um incentivo, e melhor ainda
saber que elas são amigas das únicas mulheres que fazem parte da
minha máfia.
Talvez usar as filhas dele um pouco dê certo ou muito errado,
mas nada acontecerá a nenhuma delas caso o pai delas colabore.
Até porque eu preciso saber para quem ele está trabalhando.
Ando pelo estacionamento da boate até o meu carro, onde eu posso
ver meus soldados fazendo toda a segurança do lugar.
Entro no meu carro e começo a dirigir pelas ruas de Dublin,
essa boate fica na parte mais moderna da cidade e onde é o meu
apartamento.
Entro pela garagem subterrânea e sigo direto para a
academia treinar, eu já dormi o bastante, por essa noite e não
preciso dormir mais.
Troco de roupa no vestiário e começo a treinar, não sei
quanto tempo de passa, mas, ainda assim, consigo ouvir os passos
do meu irmão e de Luís entrando no lugar.
Meu corpo está complemente encharcado de suor, a
camiseta que eu estou está grudada em mim, quando me viro para
olhar para o meu irmão, ele mantém um sorriso debochado no rosto,
já Luís está com uma expressão séria.
— Quer dizer que você estava fodendo a filha do nosso
inimigo, que falta de ética, irmãozinho. — Não me surpreende Ruan
já estar sabendo disso.
— Aconteceu algo, Luís? — pergunto, ignorando a
provocação do meu irmão e focando no seu soldado.
— Sim, senhor, a escuta na casa do Morgan foi desativada.
— Franzo as sobrancelhas para ele.
— Como porra isso aconteceu? — questiono porque Rafael é
burro suficiente para não saber que colocamos uma escuta na casa
dele.
— Parece que ele não é tão burro assim como pensávamos
— Ruan fala.
— A escuta foi desativada por fora, alguém que trabalha de
fora desativou, não foi ele — Luís diz e eu pergunto para ele.
— Tem como saber quem foi?
— Não.
Sua resposta acrescenta um problema na minha lista, e eu
estou pronto para caçar quem está mexendo onde não deve.
CAPÍTULO 06
ALLIE morgan

Acordar sozinha em uma cama desconhecia e com uma dor


de cabeça e tanto não é algo que eu esperava fazer quando saí de
casa ontem com a minha irmã, mas as lembranças da noite interior
invadem a minha mente.
O sexo quente, a boca de Ryan em todo o meu corpo, e a dor
no meio das minhas pernas deixa em evidência o que eu fiz com
ele, não sei que horas ele foi embora, deixando-me sozinha dentro
desse quarto, mas quando eu adormeci ele ainda estava aqui.
Levanto-me da cama e procuro pelas minhas roupas no chão,
não vejo nenhuma outra porta no quarto a não ser a da saída,
procuro um banheiro e ver como eu estou. Fora a porra da
camisinha que eu sequer me lembro se usamos ou não, parabéns
Allie.
Minha mente não perde a oportunidade de me condenar pelo
que fiz ontem, faz tempo que eu não saía para transar com ninguém
já que a última vez não foi uma boa ideia, no entanto, ontem eu
estava bêbada demais para me controlar.
Pego todas as minhas roupas do chão e as visto o mais
rápido que consigo para sair desse quarto, mas aqui vão ficar as
lembranças de uma das minhas melhores noites de sexo, passo as
mãos pelo meu cabelo tentando deixá-los de um jeito menos
bagunçado e abrir a porta do quarto.
— Você finalmente acordou. — Uma voz feminina preenche
os meus ouvidos e eu me viro para ver uma mulher desconhecida
me olhando de cima a baixo.
— Desculpa, mas eu não te conheço — digo, devolvendo o
olhar que ela me dá.
— Claro que não me conhece, o chefe mandou te dar essa
pílula aqui, tome, aliás, tenho certeza de que você não quer um
bastardo para cuidar — debocha, empurrando a pílula na minha
direção e eu pego olhando para o comprimido que agora está na
minha mão.
É óbvio que não usamos preservativo, mas ele é filho da puta
demais para mandar alguém simplesmente me entregar a porra de
uma pílula e me mandar engolir goela abaixo.
— Eu tomarei sim. Ah! Diga ao seu ‘chefe’ que quero que ele
se foda.
Viro as costas para a mulher e sigo pelo mesmo caminho que
eu vim ontem à noite, eu não sou nenhuma vadia, porém, também
não sou nenhuma inocente, mas ter a porra de uma pílula entregue
por uma mulher desconhecida é demais.
Desço as escadas e procuro por um banheiro no mesmo
camarote que eu fiquei na noite anterior, e só quando chego lá
embaixo que eu percebo que já é de manhã e eu sou a única
pessoa aqui embaixo a não ser os homens que sequer olharam para
mim quando passo em direção ao banheiro.
Olho-me no espelho vendo meu cabelo completamente
emaranhado e meus olhos com a maquiagem borrada, mas a minha
prioridade é engolir a pílula para não ter nenhuma criança
indesejada ou tendo uma vida miserável comigo.
Lavo o meu rosto e respiro fundo pensando no que eu fiz, fui
para cama com um cara que meu pai está brigando na justiça e tem
algum tipo de envolvimento com a máfia, não usei a porra da
camisinha e ainda estou sem os meus remédios ali.
Eu havia sido inconsequente.
Essa porra não devia ter acontecido, mas sempre acontece
quando saio para beber, ir para cama com um homem para
esquecer o meu passado, eu ainda sou uma doente movida a
remédio.
— Olha só. — Viro-me para a porta do banheiro sendo aberta
e vejo Raine Douglas entrando no banheiro. — Se não é a filha
perfeita dos Morgan, que nunca sai da linha e agora ela
simplesmente virou uma putinha igual à irmã.
Eu não faço ideia de que porra Raine está falando, sei que
ela e minha irmã não se dão bem e comigo bom, eu nunca fiz
questão de sequer trocar uma palavra com a loira à minha frente.
— Eu não perderei meu tempo com você, muitos menos
retribuindo seus xingamentos que eu não faço ideia do porquê você
está me chamando assim. — Pego alguns lenços de uma caixinha e
vou secando as minhas mãos neles, enquanto ignoro a presença de
Raine ali.
— Não se faça de idiota, não agora que sei que você não é
tão perfeita assim, pensa que eu não vi que ele me deixou para ir
atrás de você? — pergunta parecendo com ódio de mim, e eu me
pergunto se ela está louca.
Mais uma lembrança na minha mente me lembra do beijo de
Ryan em uma loira assim que chegou à boate e porra, parece que a
loira era exatamente Raine.
— Se você estiver falando do fato de que transei com Ryan,
eu não posso retroceder ou fazer nada por você. Ah, se você quer
tanto fique com ele para você. — Jogo os lenços sujos na lixeira e
caminho ficando de frente com Raine que está na porta.
— Ele é meu — afirma, e eu sorrio para ela.
Foda-se que ele é dela, eu que não vou me meter nessa
merda.
— Fique com ele todo para você, querida, eu não faço
questão de uma merda qualquer — digo com desprezo, e abro a
porta esbarrando nela antes de sair.
Eu não brigo por homem nenhum, ainda mais com uma
mulher como Raine, ou muito menos por um homem que eu fodi
uma vez e me deu alguns orgasmos, mas como Raine mesmo falou
eu sou uma boa moça, o que aconteceu ontem não pode se repetir.
Eu não saio muito de casa e isso não mudará, eventos,
jantares de luxo é tudo que eu me permito ir, preciso manter a minha
fachada, mas agora terei que tomar cuidado para Raine não abrir a
boca e todos ficarem sabendo que eu fiz com Ryan, não que eu me
importe, mas eu preciso me manter invisível dos olhares de todos.
Olho ao redor do camarote e não vejo nenhum rosto
conhecido, então vou descendo as escadas para fora, sair desse
lugar sem ser reconhecida por ninguém me dá alívio, fora que não
sai da minha cabeça o fato de ter ido tão facilmente para cama com
um homem.
O homem que vi somente duas vezes na minha vida antes,
mas que parecia sempre rondar a minha mente por mais que eu
tentasse que ela esquecesse dele. Coloco os meus pés do lado de
fora da boate e vejo dois seguranças completamente sérios,
vigiando o lugar como águias.
— Senhorita, peço que me acompanhe. — Quase pulo de
susto ao ouvir a voz de comando ao meu lado.
Olho bem para o homem bem mais alto que eu, de terno
impecável seus olhos frios e objetivos estão em mim, ele parece
esperar para que eu o acompanhe.
— Desculpe, mas eu não vou com você — respondo
calmamente esperando que ele não me force a ir com ele e me
sentindo um pouco nervosa.
— Tenho ordens para levá-la em casa. — Contrapõe e eu
estreito os olhos para ele.
— Ordens de quem? — pergunto.
— Do Senhor Moore.
— É assim que ele trata quem ele fode? Diga-lhe que eu não
preciso que ele dê ordens a ninguém para me levar em casa. — Sei
que estou descontando a minha frustração da manhã no homem à
minha frente sem ele ter feito nada.
— Se a senhorita não for por bem, eu irei levá-la por mal. —
As palavras saem da sua boca como se não fosse nada, e se olhar
duro me dá medo.
— Você não pode me obrigar. — Obrigo as palavras a saírem
da minha boca com um tom firme, no entanto, sei que minha postura
denuncia o meu medo.
— Me siga — ordena, virando as costas para o
estacionamento ao lado da boate.
Olho para os seguranças da boates vejo que nenhum se
mexe durante a minha conversa estranha com aquele cara, mas
algo sobre aquela garota ter chamado Ryan de chefe significa que
ele é dono disso e com certeza ninguém aqui fará nada para me
ajudar.
Forço meus passos a seguirem o homem que anda à minha
frente, sei que meus pequenos momentos de coragem acabaram e
eu voltarei a ser quem eu realmente sou.

O caminho até à mansão dos meus pais é feito totalmente em


silêncio, eu não falo nada desde o momento em que entrei aqui
dentro e tenho certeza de que o homem que dirige o carro também
não tem necessidade nenhuma em falar.
Assim que ele para o carro na frente da mansão, desço sem
pensar duas vezes, não presto atenção em quem abre o portão para
mim, mas pelo menos eu não sou interrompida quando abro a porta,
subo correndo as escadas.
Entro no meu quarto e tranco a porta, desço do salto que
estava usando e suspiro de alívio quando sinto o chão gelado sob
os meus pés. Arranco o vestido do meu corpo e sigo em direção ao
banheiro.
Preciso tirar o cheiro de Ryan que está no meu corpo, entro
no box e tomo uma ducha fria. Volto para o meu quarto e me jogo na
cama apenas de roupão, fecho meus olhos esperando dormir mais
um pouco antes de enfrentar a minha mãe e suas perguntas.
Acordo sentindo uma mão fazendo carinho no meu cabelo,
abro meus olhos e vejo Kathe mexendo no seu celular enquanto
com a outra mão acaricia no meu cabelo.
— Como foi a noite de ontem? — pergunta ainda olhando
para o seu celular.
— Foi boa — respondo não querendo que Kathe entre nesse
assunto.
— Só isso? Fala sério, Allie, aquela cara tem que de quem
faz uma mulher ficar molhada somente com um olhar. — Reviro os
olhos para ela, e cubro meus olhos com a minha mão.
— O sexo com ele foi bom, apenas — sentencio, tentando
terminar aquele assunto.
— Não me diga que foi sua primeira vez? — Meu Deus eu
não quero nem saber de onde diabos Kathe está tirando essas
perguntas.
— Eu não era virgem, Kathe.
Minha irmã faz silêncio por um tempo e eu ergo minha
cabeça para olhá-la, Katherine nunca passava muito tempo sem me
provocar ou encher o saco, mas pego algo diferente no seu olhar.
— Está tudo bem? — pergunto, tocando seu braço e a
tirando do seu pequeno transe.
— Sim, por que não estaria? E se prepare porque quando
cheguei ontem a primeira coisa que sua mãe fez, foi perguntar sobre
você — diz, fugindo do assunto, e eu reviro os olhos para ela.
Se minha mãe souber que eu transei com Ryan tenho certeza
de que ela me daria parabéns e me mandaria ficar mais próxima
dele somente pelo fato de que ele tem dinheiro.
— Não me importo com o que ela pensa — rebato, Kathe
ergue a sobrancelha surpresa.
— Não é o que parece, você tem vinte e três anos, continua
na casa dela, fazendo tudo que ela manda, obedecendo à porra de
regras ridículas e agradando a todos da sociedade. — Suas
palavras não incomodam.
Eu sei que tudo que Kathe fala é verdade, e eu não me
importo muito com isso, viver nas casas dos meus pais me
incomoda muito, mas se eu sair daqui ele poderá voltar, eu não sei
onde ele está, mas eu tenho medo que um dia ele possa voltar e me
achar.
— Sério? Eu não percebi nada disso — ironizo, e Kathe
revira os olhos.
— Somos tão diferentes, será que somos realmente irmãs?
— As palavras de Kathe me faz olhar para ela e me sentar na cama.
Nossas diferenças são gritantes em muitas coisas, mas eu
nunca duvidei que ela seja minha irmã, mas qual a probabilidade de
alguém com olhos castanhos nascer em uma família aonde só tem
pessoas de olhos claros?
— É claro que somos! — responde firme, ela me lança um
olhar cético e volta a olhar para a tela do celular.
— Eu não me importaria se eu não fosse filhas deles, mas
doeria saber que você não é minha irmã.
Meus olhos e se enchem de lágrimas com suas palavras,
Kathe nunca fala sobre o que sente ou não, assim como eu, mas ela
é a menina que me orgulho e eu não tenho dúvidas que somos
irmãs.
— Bom, pois tire essa ideia ridícula da sua cabeça, você
sabe que somos irmãs — digo, tentando melhoras o clima.
— Eu ouvi uma conversa do Rafael. — Travo assim que as
palavras saem da boca dela, se ela ouviu a mesma conversa que
eu, talvez teremos problemas.
— Sério? — pergunto, tentando fingir que não estava
nenhum pouco preocupada.
Kathe desliga a tela do celular e me olha e como se me
analisasse, como se quisesse descobrir se deve ou não me contar.
— Acho que é paranoia da minha cabeça — responde,
desconfiada, e eu estreito meus olhos para ela.
Mas na hora que eu penso em falar algo uma batida na porta
chama a nossa atenção.
— Pode entrar — Kathe diz para quem está do outro lado da
porta e a senhora Wanda entra no quarto.
— Os pais de vocês estão esperando as duas para o almoço,
meninas, se aparecem e desçam — ela informa, sorrindo, e eu
retribuo.
— Obrigada, nos já desceremos — agradeço, sorrindo e me
coloco de pé indo na direção do meu closet para vestir alguma
roupa.
Ouço quando a porta do meu quarto ser novamente fechada
e me preocupo em me vestir, fecho meus olhos por um momento e
procuro meu remédio que devem estar em algum lugar por ali.
Após tomar do remédio, visto-me e estou pronta para descer,
pronta para ouvir minha mãe reclama e falar sobre coisas fúteis
enquanto minha mente relaxa com o remédio, mas não sei se estou
pronta para olhar nos olhos do meu pai após ouvir sua conversa no
escritório.
CAPÍTULO 07
RAINE douglas

Observo a vadia entrar no carro de Ryan com o seu


segurança de merda e fico com raiva, muita raiva, ele nunca tinha
me trocado por ninguém, e sei quem é Allie Morgan, a menininha
perfeita dos Morgan, nossos pais são velhos amigos, mas eu nunca
suportei nenhuma das irmãs.
E agora que a mais velha resolve seguir o mesmo caminho
do que a irmã, ela fica com o meu Ryan, mesmo que ele não admita
isso, eu cheguei primeiro na sua vida, eu conheço como ele gosta
do sexo, seu gosto, deixo que ele me use quando quiser.
Mas pelo simples fato de que eu desejo estar ao seu lado,
conquistar algo que nenhuma daquelas vadias da sociedade
conquistou antes, ele é tudo que eu mereço, e não será ela a tirá-lo
de mim, como fez ontem à noite.
Pego a chave do meu carro destravando ele e pego o
caminho que leva a empresa de Ryan, a empresa que um dia ainda
será minha também. Em alguns minutos eu já estou de frente para a
enorme empresa que ele mantém aqui.
Desço do meu carro e entro no prédio sem precisar mostrar o
meu crachá, eles sabem perfeitamente quem eu sou, o espaço é
luxuoso, e quando coloco meus pés lá dentro quase todas as
cabeças viram na minha direção.
E um quase sorriso se forma na minha boca enquanto
observo o quanto chamo a atenção aonde passo, observando o
olhar das pessoas sobre mim.
Pego o elevador e subo até o último andar do prédio, a porta
do elevador se abre para mim e não presto atenção na recepcionista
do lugar, somente a vejo quando ela entra na minha frente me
barrando de entrar na sala de Ryan.
— Senhorita, eu não tenho autorização para liberar a sua
entrada. — Olho para a criatura na minha frente e eu sinto uma
enorme vontade rir pelo simples fato de ela ter coragem para me
barrar desse jeito.
— Querida, vamos dizer assim, você não sabe o quanto sou
importante para o dono de tudo isso aqui, e eu garanto que você
não quer saber, então é melhor sair da minha frente agora — ordeno
com raiva, e ela mantém a postura firme.
— Liberarei sua entrada quando você falar seu nome e eu
ligar para o senhor Moore, caso contrário é melhor se retirar ou
chamarei os seguranças — ela diz com o nariz em pé, e eu decido
passar por ela.
Passo na frente da mulher que tenta me conter e entro na
sala de Ryan, os olhos dos presentes na sala vão em minha direção
e da secretária que vem logo atrás de mim.
— Senhor Moore, me desculpe interromper sua reunião, mas
essa mulher simplesmente não me ouviu — a secretária explica e os
olhos frios de Ryan vem em minha direção.
Estou aqui para falar com ele e só sairei quando eu tiver sua
atenção, não me importa se sua reunião é com a rainha da
Inglaterra, mas percebo ser com duas mulheres apenas, uma ruiva
e outra loira que me olham de cima a baixo.
— Meu bem, eu não sabia que você estava em reunião —
digo com a minha voz mais doce, mas percebo que só serve para
que a raiva no seu olhar aumente.
— Pode ir. — Ele dispensa a secretária e olha para mim. — O
que você quer aqui, Raine? — A sua pergunta sai em um tom mortal
e eu não consigo sair do lugar.
— Vim te ver, você não apareceu ontem e eu pensei que algo
pudesse ter acontecido — explico, docilmente, e ele estreita os
olhos para mim.
— Não ter fodido você ontem, não lhe dá o direito de vir até à
minha empresa e muito menos passar pela minha secretária do jeito
que você passou, entendeu? — Suas palavras batem na minha cara
com força e eu mordo meu lábio com força.
— Você tem um gosto peculiar para as suas putas, Ryan. —
Eu posso sentir o tom de deboche na voz daquela ruiva.
— Eu apenas.......
Sou interrompida por ele mais uma vez.
— Eu não quero saber o que porra você achou ou não, eu
quero que você saia da minha sala agora! — ordena, batendo as
mãos na mesa, e eu pulo com o susto.
Estou me sentindo humilhada, ele nunca falou assim comigo,
e o olhar das duas mulheres são de pura pena, e a última coisa que
eu desejo delas, é pena.
Levanto a minha cabeça para abrir a porta da sua sala, bato
a porta com muita força, meu desejo é que Ryan Moore fosse a
merda da porta nesse momento, mas se ele pensa ter se livrado de
mim, está muito enganado.

RYAN moore

Observo Raine sair da minha sala e eu dou graças ao inferno


por isso, a maldita loira está querendo tirar a minha paciência
sempre no meu pé agora, apenas por que eu fodo com ela às
vezes.
— Seu gosto para mulheres está muito ruim. — A voz de
Hanna me faz olhar para ela e Valéria que estão sentadas a minha
frente.
— Que eu sabia meu gosto por mulheres não lhe diz respeito,
ou você quer ser mais uma? — pergunto, e ela revira os olhos.
— Eu passo — responde, e eu olho firme para as duas
mulheres à minha frente.
— Quero que vocês duas realizem uma pequena tarefa para
mim — digo calmamente enquanto eu me preparado para dizer o
que elas duas teriam que fazer. — Quero que vocês fiquem de olho
em Rafael Morgan, se puderem e tiverem oportunidade o levem
para a cama e descubram informações sobre o processo que ele
está abrindo contra a minha empresa.
Deixo que elas pensem em nas minhas palavras e como eu
sei que iria acontecer Hanna é a primeira a falar.
— Você quer que nós duas tenhamos relação com um velho
nojento daquele? — pergunta, incrédula, e eu olho para Valéria que
mantém calma no seu lugar.
— Eu apenas sugeri isso, adiantaria o trabalho de vocês. —
Dou de ombros não me importando com o que elas acharam das
minhas palavras, até porque eu sou o chefe e elas somente
obedecem.
— E quando você quer que isso comece? — Hanna
pergunta, pego um cigarro da minha mesa para fumar.
— Quanto mais rápido melhor, eu tenho urgência com isso,
não virarei uma prostituta da mídia devido à merda de um processo,
e isso pode chamar muita atenção sobre nós.
As duas sabem bem que não podem chamar atenção, e
tenho certeza de que elas farão o trabalho muito bem, Hanna é a
pessoa certa para ser persuasiva, Valéria é perfeita quando quer ser
boazinha com alguém.
— Então traremos as respostas que você tanto quer. —
Valéria garante, levantando-se da cadeira e eu me levanto com
Hanna também.
— Ótimo. — Me limito a dizer enquanto acendo meu cigarro e
vou em direção à porta com as duas atrás de mim.
Saímos da minha sala em silêncio, quando passo pela
recepção vejo a minha secretária me olhar e voltar a seus deveres
rapidamente, eu quase sinto pena da mulher por aguentar Raine, sei
bem como a vadiazinha sabe ser ruim fora da cama.
Entro no elevador privativo com as meninas e desço até o
térreo, Gael está me esperando escorado no carro, por um
momento ele olha para duas primas ao meu lado, mas logo desvia o
olhar.
— Até a próxima, Ryan. — Ouço Valéria dizer, assinto para
ela.
Que diferente da prima, que penso que ainda tem um pouco
de humanidade dentro dela, mas isso não é problema meu, caminho
em direção ao meu carro e Gael abre a porta para eu entrar.
Quando o carro entra em movimento, pergunto:
— Ela deu algum trabalho para ir com você? — Mandar Gael
levar Allie em casa não foi algo que eu queria, mas eu precisava ter
certeza de que ela chegou bem.
— Nenhum — responde, e volta a dirigir calado enquanto
vamos escolher novos soldados.
Gael para o carro na frente de um dos nossos galpões na
área antiga de Dublin e desço do carro com ele, na entrada temos
poucos soldados, entro no lugar com Gael para escolher quem será
o garoto treinado por mim. Observo o meu irmão olhando os garotos
lutando entre si do andar de cima e eu subo para lá.
Observo os novatos abaixo de mim, lutando uns contra os
outros, todos eles sãos bons, mas somente alguns sobreviverá.
Qual a graça de ver seus futuros soldados lutarem até a morte? É
ver até onde eles estão dispostos a ir para entrar na máfia.
Eu poderia ser justo se todos eles entrarem? Sim, mas qual
seria a graça? Nenhuma.
A luta fica mais interessante quando um dos lutadores
derruba o outro no chão e continua dando vários socos consecutivos
até o outro desmaiar.
Deixo de prestar atenção na luta na minha frente e passo o
olho pelo lugar, até ver um garoto em um canto. Ele está isolado e
parece estremecer quando um dos homens que está lutando ao seu
lado quebra o pescoço do outro.
Tiro meus olhos dele e volto a observar o galpão antigo, ou
centro de treinamento, o lugar é usado para treinar os novatos, não
temos ringues ou coisas assim, é somente um lugar vazio com
armas e facas para os futuros soldados treinarem.
Aqui eles aprendem a se virar do pior jeito, já vi alguns
implorar para sair, já vi alguns sobreviverem por pura sorte.
— Quero aquele. — Olho para onde meu irmão está
apontando e vejo um garoto cheio de sangue, e no chão a frente
dele um homem sangrando e provavelmente morto.
— Pegue.
— Você ainda não escolheu o seu — ele diz enquanto me
observa.
— Você está muito enganado — digo, e me viro para Gael. —
Quero aquele garoto aqui. — Aponto para o garoto no canto, vejo
meu irmão e Gael descer as escadas enquanto fico ali observando a
todos.
Em pé olhando ainda as lutas que acontecem lá embaixo
espero o garoto que eu escolhi subir até aqui. Todo ano escolhemos
um novato para treinarmos ele, talvez para se tornarem nossos
sucessores, ou homens de confiança, isso ainda não decidimos ao
certo.
Ouço passos subindo as escadas e por puro reflexo vejo o
garoto se aproximando de mim, ele é alto, um pouco forte, cabelos
castanhos e olhos verdes, pela sua aparência provavelmente
acharam ele na rua ou ele se mudou para cá sem nada.
— Qual o seu nome? — pergunto sem me virar.
— Remi, senhor — responde em um tom firme, e eu me viro
para ficar de frente para ele.
Fico calado por um tempo para analisá-lo melhor, ele
observa o lugar onde está e bate os dedos nervosamente na perna.
O garoto é péssimo em esconder emoções, vejo que terei um longo
caminho pela frente, mas nada que a prática não leve a perfeição.
— De onde você veio, e o que você quer da máfia? —
questiono para ele que mantém seus olhos grudados em mim.
— Vim de Denver, eu quero entrar na máfia porque não tenho
ninguém lá fora — responde rápido e parece um pouco com medo
eu diria, ninguém lá fora, ele me parece perfeito para ser treinado.
— Ótimo, não se deve ter amores na máfia, garoto —
asseguro e ele assente — Sabe por que eu te chamei aqui? — Ele
nega com a cabeça.
— Quero palavras, garoto — rosno para Remi, ele arregala
um pouco os seus olhos verdes opacos
— Eu não sei, o porquê o senhor me chamou aqui — diz,
rapidamente.
— Vou te treinar, agora o Luís vai te levar para onde o garoto
que Ruan escolheu ficará com você.
— Certo, Senhor.
— Agora pode sair — ordeno, ele desce as escadas sem
olhar para trás.
Depois que o garoto sai, meus pensamentos se voltam
para a morena que minha mente insiste em me encher com as
lembranças do corpo dela debaixo do meu. Mas toda vez que eu
lembro dela, lembro também da porra do pai dela que está
enchendo a minha paciência e trazendo problemas para a minha
imagem.
Desço as escadas do galpão indo para onde os meus
possíveis futuros soldados estão lutando, sangue já está correndo
por todo o lugar e o cheiro insuportável está começando a aparecer
para quem está perto.
Quando viro as costas para sair vejo Ruan se aproximando
de mim, sua expressão está séria e atrás dele vejo Luís com um
olhar preocupado sobre o meu irmão.
— O que está acontecendo? — pergunto para ele, que ergue
os olhos na minha direção e passa andando sem falar nada.
Caminho em sua direção e o puxo pelo braço o escorando na
parede o forçando para olha para mim, Ruan precisa controlar a
merda dentro dele, eu não acho possível que o filho da puta do
Ronald que se dizia nosso pai tenha feito com que meu irmão se
afundasse dentro de si mesmo.
— Acho bom você começar a me dar uma explicação para
virar as costas para mim — rosno na sua cara e vejo seus olhos
sombrios.
— Não foi nada. — Sua resposta me fez apertar mais um
pouco ele contra a parede.
— Não minta para mim. — O alerto e ele continua me
olhando com raiva no olhar.
— Não estou mentindo, não foi nada, se quiser, pergunte ao
cão de guarda que você colocou para me vigiar. — Suas palavras
de desprezo não me atingem e eu me viro para Luís que está
calado observando tudo.
— Achamos Nino Graterri, senhor. — Olho para o meu irmão
e sinto uma vontade imensa de encher a cara dele de porrada.
— Ótimo, agora tenho um prisioneiro para torturar — digo,
passando por Ruan que fica calado, e eu saio do galpão.
Nino Graterri é um cuzão italiano que pensou em usar os
meus cassinos e não me pagar eu deixaria para lá somente por que
ele usa a porra de um sobrenome italiano, ele está muito enganado
e agora é a hora que eu tenho para mostrar-lhe como não se deve
mexer comigo.
CAPÍTULO 08
RYAN moore

Eu quase me senti feliz ao reencontrar o italiano amarrado


em correntes totalmente, exposto para mim, o velho desgraçado
está somente com uma cueca boxer preta e está desacordado, mas
um banho frio vai deixá-lo esperto muito rápido.
Pego uma mangueira caída no meio do armazém e faço um
sinal para que o soldado que está ao meu lado ligue a água. Posso
sentir o jato frio entrando em contato com a pele do italiano e o
fazendo acordar, xingando quem estiver pela frente.
Quando percebo que ele já está desperto o suficiente faço
outro sinal para que o soldado desligue a mangueira e então fico de
frente para Nino.
— Como é bom rever velhos amigos, Nino — digo, e o velho
me olha com ódio, ele sabe o que acontecerá aqui então raiva é a
única coisa que ele pode sentir por mim nesse momento.
— Seu desgraçado, eu sou da famiglia eles sentirão a minha
falta, aí então você morrerá. — Cospe no chão e eu dou risada.
Não será a porra da famiglia dele que me tirará o prazer de
torturar esse velho até vê-lo implorando para eu parar, mas eu tenho
certeza de que não precisará de muito esforço para isso acontecer.
— A sua famiglia nunca sentiu sua falta, não será agora que
irá, você morrerá aqui pelas mãos de um irlandês na porra do meu
território — rosno as palavras para ele, e o desgraçado dá uma
risada.
— Cadê aquele seu irmão mesmo? Ele parece um
animalzinho com raiva, seria mais divertido se ele estivesse aqui. —
Dou um sorriso com sua fala e tiro minha pequena adaga do bolso.
— Sabe, Nino, eu pensei em te matar hoje, mas agora quero
te torturar até ver a porra da vida saindo dos seus olhos, você
sofrerá dez vezes mais. — Vejo seu rosto ficar branco com minha
afirmação e o sorriso no meu rosto cresce.
Ele terá sobre ele a fúria do fantasma de Dublin.
Aproximo-me dele com a minha faca girando na minha mão e
pego sua mão acorrentada, olho bem para Nino e passo minha faca
sobre seus dedos, mas especialmente sobre o dedo que carrega o
brasão da sua família.
Sei que os italianos não virão atrás de Nino, ele está sumindo
há um bom tempo e seus filhos sequer vieram procurar por ele, o
que mostra que tipo de verme ele é.
Alguém que eu preciso eliminar da terra, porque ele é a porra
da escória do mundo.
— Seus dedos, Nino, foram somente o começo, daqui por
diante você levará surras diariamente, alguns cortes para aprender
a virar um bom garoto e quem sabe depois eu não te dê uma morte
rápida — digo, enquanto tiro um lenço do bolso do meu paletó e
limpo a minha adaga suja de sangue.
— Você ainda cairá, Ryan, cair de um trono que não é seu —
diz com desprezo, e eu dou de ombros.
— Se isso não fosse meu, eu não tinha conseguido, agora
lembre-se de quem você pertence agora, aos fantasmas de Dublin
você vai observar o quanto podemos ser assustadores a noite. —
Minha ameaça parece fazer efeitos no homem e eu me delicio com
sua cara de pavor.
— Posso te pagar, você sabe que tenho dinheiro. — Balanço
minha cabeça em negação.
— Eu te dei tempo suficiente para me pagar mio amico, agora
você pagará por fugir de mim. Vamos as suas sentenças enquanto
você ficar aqui. — Faço uma pausa e continuo. — Afogamentos,
banhos de água fria, surras diariamente e o melhor a perda de
alguns órgãos que não vão fazer falta. — Divirto-me com a sua
expressão e termino. — E o menos importante a sua morte, mas se
me der licença vou para casa. Ah, dizem que os italianos têm muita
fé em Deus, se eu fosse você eu rezava para que meu irmão não te
pegar aqui.
Digo para o homem e viro as costas para ele, deixando-o
nas mãos dos meus soldados loucos por sangue e por ter um
italiano nas mãos, com certeza eles vão se divertir com Nino,
garantidamente.
Saio do armazém antigo e vejo Gael me esperando do lado
de fora, ele abre a porta para mim, quando chego perto do carro e
vejo que ele está incomodado com algo.
— Aconteceu algo? — pergunto para ele antes de entrar no
carro.
— Não, senhor — responde, firme, e eu seguro o seu olhar
no meu. Gael é meu melhor soldado e nenhum segundo sequer
desvia o olhar do meu.
— Ótimo — digo, entrando no carro e esperando que ele me
leve para o meu apartamento.
Pelo menos uma noite de sono eu mereço e amanhã talvez
eu faça uma visita a uma pequena morena.

ALLIE morgan

Eu já estou cansada de ouvir a minha mãe falar no café da


manhã, minha cabeça dói pela falta dos remédios que não tomei
hoje e Kathe saiu para o meu completo desespero e me deixou aqui
sozinha.
— Allie querida, hoje eu penso que receberei algumas visitas
— diz, e eu olho para ela com toda a paciência do mundo.
— Eu sairei para fazer algumas compras, talvez eu veja
algumas amigas — digo, tentando fugir do assunto, e ela sorri.
— Que amigas, querida? Veja Rafael, Allie agora tem amigas
que não conhecemos, só não me diga que conheceu elas com
Kathe. — Respiro fundo antes de respondê-la, para que eu não a
xingue por falar da minha irmã.
— Na verdade, eu conheço elas há pouco tempo, tenho
certeza de que a senhora gostará de conhecê-las, mas eu sairei
hoje e não poderei ficar com as suas amigas aqui — respondo,
firme, e observo a senhora Wanda que serve o chá do meu pai me
dar um pequeno sorriso e uma piscadela discreta.
— Que seja! Estou cheio de problemas enquanto vocês duas
discutem sobre coisas idiotas. — As palavras do meu pai fazem a
minha mãe pegar sua mão sobre a mesa e dar um pequeno aperto.
— Sei como seu trabalho é duro, querido, desculpe. — Minha
vontade de revirar meus olhos com a cena é enorme.
— Bom, vou pegar minha bolsa para sair — declaro,
levantando-me da mesa recebendo um aceno de cabeça dos meus
pais.
Eu mal consegui olhar na cara do meu pai após ter ouvido
sua conversa no escritório, minha mãe continua a mesma mulher de
sempre ao seu lado e eu me pergunto se ela sabe de algo ou se ele
guarda seus segredos de todos.
Subo as escadas e sigo em direção ao meu quarto pegar a
minha bolsa para sair, quando pego tudo que eu preciso, desço as
escadas e procuro pela chave de algum carro para que eu possa
sair.
Quando acho, vou direto para a garagem e saio de casa em
direção a algum lugar que eu possa fazer compras em paz, ou que
eu possa respirar, não tenho nenhuma amiga que eu possa chamar,
Kathe deve estar em algum curso por aí, enquanto fico em casa
servindo de enfeite.
Quando vejo um shopping não penso duas vezes antes de
estacionar o carro. Ver um monte de gente andando de um lado
para o outro comprando coisas ou passeando é um tanto divertido
para mim.
Avisto uma loja de doces ao longe e caminho direto para lá
comprar algo doce para eu comer.
— Você parece uma formiga olhando todos esses doces. —
Viro-me para ver quem é a dona da voz conhecida e me deparo com
Hanna e Valéria juntas.
— Acho que eu não consigo resistir muito, e vocês duas
sempre andam juntas? — pergunto, querendo tirar o foco de mim e
Valéria me dá um pequeno sorriso.
— Somente às vezes, mas estávamos passeando e
resolvemos dizer oi a você — explica, sorrio quando o moço fala
meu nome e me entrega o meu pedido.
— Vocês querem sentar comigo? — pergunto, gentilmente,
quando eu me viro e ainda as vejo no mesmo lugar me olhando.
— Pediremos algo, e sentamos com você, garanto que não
vamos de te incomodar — Hanna diz enquanto Valéria faz um
pedido para elas.
Procuro por uma mesa e nos acomodamos após cada uma
receber seu perdido, quando saímos àquela noite parecíamos
estranhas e agora com elas aqui e eu me pergunto como
conheceram Kathe, Valéria parece ser daquelas que preferem uma
calmaria e Hanna é totalmente o contrário
— Aonde vocês conheceram a minha irmã? — pergunto,
enquanto como.
— Eu a conheci em um pub, depois pegamos nossos
números e continuamos conversando, depois ela falou ter uma irmã
e eu apresentei a Valéria a ela — Hanna explica, e eu concordo
coma cabeça.
— Bem a cara de Kathe fazer sempre amizades, eu sou
muito na minha. — Dou de ombros e Valéria comenta:
— Acho que somos parecidas, Hanna sempre sai, sou mais
em casa. — Hanna cutuca a prima que revira os olhos para ela.
— Eu apenas não sou ranzinza. — Se defende e eu sorrio.
— E você está totalmente certa, eu às vezes não saio porque
não gosto, mas a minha irmã adora.
— Pude perceber, mas o que você faz? — Hanna pergunta, e
dou de ombros.
— Normalmente organizo eventos e vocês? — Valéria olha
para Hanna antes de me dar uma resposta.
— Às vezes fazemos alguns trabalhos — responde,
despretensiosa.
— Que tipo de trabalho? — Percebo que perguntei demais
quando vejo Hanna se remexer desconfortável na cadeira.
Quando elas me dariam uma resposta o celular de Hanna
toca e ela olha a tela depois para Valéria e responde à mensagem
que recebeu antes de guardar o celular no bolso novamente.
— Desculpe, Allie, mas dessa vez temos que ir — Hanna diz,
enquanto ela e Valéria se levantam da mesa.
— Não tem problema, eu espero que nos vejamos mais
vezes — digo, sinceramente, e elas piscaram para mim.
— Nós nos veremos em breve com certeza — dizem em
uníssono e saem.
Mais uma vez eu me vejo sozinha e termino de comer, saio
da pequena confeitaria e dou uma volta por todo o shopping, depois
entro em uma loja e escolho algumas roupas para provar, depois de
um tempo pego algumas lingeries e levo para o provador.
Fecho as cortinas enquanto uma funcionária da loja me
espera do lado de fora, experimento as peças que peguei e fico me
olhando no espelho vestida em uma lingerie bem ousada. O sutiã é
de renda e não tem nenhum bojo, deixando meus peitos grandes a
à mostra, a calcinha tem pequenas tiras que vão até a minha
barriga.
Quando me viro para tirar as peças e sair do provador as
cortinas são abertas Ryan entra no para o espaço e fica olhando
para o meu corpo.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto, tentando
manter a calma e ele olha para o meu rosto.
— Vim te fazer uma pequena visita — diz, casualmente,
enquanto cruza os braços sobre o peitoral.
— Quero que você saia, ou eu gritarei — ameaço, e ele
passa outro olhar pelo meu corpo.
— Toda vez que penso em você, lembro da sua pequena
bocetinha esmagando o meu pau. — Ofego com suas palavras e
não posso deixar de lembrar de nós dois na boate.
— Pois eu não lembro de nada — minto, descaradamente, e
ele descruza os braços e eu o analiso.
Sua camisa social azul-escuro que aperta perfeitamente seus
músculos, a porra da calça, jeans que deixa em evidência que ele
está duro para mim, de novo.
— Acho que você gosta do que vê — ele diz, dando um
sorriso sútil, e eu estreito meus olhos para ele.
— Eu não vou foder com você — digo, firme, e ele levanta a
sobrancelha para mim.
— Ninguém falou em foder aqui, princesinha, aliás, fiquei
sabendo que você era a boa menina de família, que interessante ter
ido para a cama comigo em menos de alguns minutos de conversa.
— Ele claramente está zombando da minha cara, porém, eu não
importo.
— Fui para cama com você por que estava com vontade,
mas não se preocupe, tudo que eu menos quero, é repetir o que
fizemos — digo, e ele sorri mais ainda, um sorriso cheio de malícia.
— Será mesmo? — pergunta, aproximando-se de mim, e eu
recuo. — Será que se eu colocar minha mão dentro da sua calcinha
eu não encontrarei você molhada para mim? — ele me provoca
vindo ao meu encontro até que minhas costas batem no espelho do
provador.
— Ela não estará — afirmo mesmo sabendo que eu estou.
— Então me deixe tirar a prova? — Pede no meu ouvido, e
solto a respiração que nem eu sabia estar prendendo.
— Para quê? Se você já sabe a resposta! — brado, quando
ele cola seu corpo de vez ao meu e começa a aplicar pequenos
beijos no meu pescoço.
— Eu não sabia, mas agora eu sei — diz, sorrindo para mim
antes de engolir a minha boca em um beijo dominador do seu jeito
E eu mais uma vez aceito que ele me beije, como fez na
boate, sua língua passeia dentro da minha boca e suas mãos
trabalham no meu corpo enquanto as minhas estão no seu cabelo,
puxando-o para mim.
— Agora vou te ensinar por que não se deve mentir para
mim. — Minha respiração fica irregular e eu me excito mais ainda
com sua ameaça no meu ouvido.
capítulo 09
RYAN moore

Posso ver em seus olhos azuis o quanto ela está excitada,


suas pupilas estão dilatadas e sua respiração se acelerou com a
minha pequena ameaça.
— Você quer isso, não? — pergunto, ela afirma com seus
enormes olhos de gato para mim.
Desço minha boca sobre a dela e a puxo para cima, Allie
passa suas pernas pela minha cintura e eu apoio seu corpo contra o
espelho, pego as alças do pequeno sutiã e as desço liberando seus
seios para mim.
Olho para eles e os aperto brincando com os pequenos bicos
que já estão rijos na minha mão, abaixo minha cabeça um pouco e
coloco um na minha boca ouvindo Allie soltar um pequeno gemido.
Sinto ela se remexer no meu colo e sorrio vendo seu
desespero, continuo com seu seio na minha boca a vendo se
remexer mais e mais, até que coloco minha mão dentro da sua
calcinha.
Quando abro suas dobras com os meus dedos ela está
escorrendo, quase sorrio com a sua pequena mentira e começo a
trabalhar com os meus dedos dentro da sua boceta, sinto a sua
respiração acelerada no meu pescoço, as suas unhas cravadas nos
meus ombros, giro meus dedos que estão dentro dela e Allie solta
um choramingo.
— Ryan… — Meu nome saindo dos seus lábios faz com que
o meu pau se remexa na minha calça.
— O que, pequena mentirosa? O que você quer? — pergunto
no seu ouvido, e ela deixa escapar mais um gemido enquanto
acaricio seu clitóris e mexe meus dedos dentro dela.
— Quero gozar, por favor — pede em um sussurro e eu me
divirto com seu desespero.
Começo a fazer movimentos mais rápidos no seu clitóris até
que a sinto apertar meus dedos, continuo com o movimento até ela
gozar. Tiro meus dedos de dentro dela e os levo até à minha boca
provando do seu gosto.
— Agora começaremos a brincadeira — digo enquanto tiro
suas pernas da minha cintura, fazendo-a ficar em pé. — Vire de
costas para mim — ordeno, ela me obedece sem questionar.
Passo a minha mão pela sua bunda empinada e desfiro um
tapa do lado direito, fazendo-a pular de surpresa. Pego a calcinha
que ela ainda está vestida e a abaixo, passo minhas mãos pelas
suas dobras ainda molhadas e tiro uma camisinha do meu bolso.
Abro o meu cinto e coloco meu pau para fora, abro a
camisinha e a deslizo pelo meu pau, posiciono-o na entrada de Allie
e entro com tudo dentro dela. Ela geme em resposta da minha
investida e eu dou outra tapa na sua bunda enquanto estoco
profundas vezes dentro dela.
Ouço Allie gemer meu nome enquanto meto com força dentro
dela e sinto sua boceta apertar o meu pau quando ela está perto de
gozar é um caralho de bom. Sinto-a gozar pela segunda enquanto
eu aperto seu seio com uma mão, e bato com outra na sua bunda
branquinha que já está vermelha.
Estoco mais algumas vezes dentro dela até gozar, minha
respiração fica muito acelerada e fico mais algum tempo
aproveitando a sensação de estar dentro dela. Depois tiro meu pau
de dentro dela e retiro a camisinha dando um nó nela e ajeitando
minha roupa.
Meus olhos se conectam com os olhos dela através do
espelho e ela desvia os olhos dos meus começando a se arrumar,
sua pele está vermelha e ela parece envergonhada.
— Isso não voltará a acontecer — murmura mais para si
mesma do que para mim, ouço e eu franzo as sobrancelhas para
ela.
— O que não voltará a acontecer? — pergunto, aproximando-
me dela e Allie me olha como se eu fosse louco por não ter
entendido o que ela disse.
— Esse negócio de transar com você, eu não quero mais isso
e você não deveria nem ter entrado aqui! — Ela para de colocar a
blusa dela e se vira com tudo para mim.
— Não coloque a culpa em mim, princesinha, você quis tanto
quanto eu e não me faça provar como você quer de novo. — Ela
desvia os olhos do meu e volta a se arrumar enquanto eu a observo.
Mas eu sei que nenhuma arrumação que ela faça vai retirar o
cheiro de sexo que está em no seu corpo.
— Não importa se eu quis ou não, isso nos vai se repetir, eu
apenas fui fraca e você é muito prepotente, com certeza as pessoas
ouviram, meu Deus, eu não quero nem pensar na vergonha. — Ela
parece realmente se importar que uma transa entre nós dois não
acontecerá, no entanto, eu duvido muito.
— Não se preocupe, princesinha — sussurro no ouvido —
haverá outras vezes.
Antes que ela possa responder, saio do provador e a deixo
sozinha, não estou a fim de ouvi-la me xingar ou dizer qualquer
outra coisa, nós fodemos apenas, eu quis e ela quis, Allie não pode
reclamar. Passo pela loja com o olhar de algumas funcionárias
sobre mim, mas não me importo, quando saio Gael me espera do
lado de fora para irmos treinar os dois garotos que eu e Ruan
escolhemos.
— Os garotos já estão no apartamento? — pergunto,
enquanto andamos em direção à saída.
— Sim, quando chegamos Ruan já deve estar lá — responde,
e eu assinto.
Entro no meu carro e quando olho para a entrada do lugar
Allie está saindo com algumas sacolas na mão e eu quase sorrio
com isso, ela é uma boa menina.
Quem diria que a menina perfeita dos Morgan estava há
pouco fodendo comigo, pela pesquisa que fiz da vida da garota ela é
a princesinha da alta sociedade de Dublin, sempre na linha, sempre
dando exemplo, sem nenhum defeito.
Paro de pensar nela quando Gael começa a dirigir o carro e
pegamos o caminho para o prédio que os novatos estão morando.


O prédio que os meninos novatos estão é um prédio onde
alguns outros soldados mais velhos moram também, achei uma boa
ideia construir prédios e colocar alguns juntos já que a maioria não
tem ninguém.
Mas o ruim seria sofrer um ataque e perder mais de
cinquenta soldados de uma vez, mas eu duvido que algo assim
aconteça já que temos poucos inimigos no momento.
Eu desço do carro assim que Gael estaciona e ele vem atrás
de mim, entro no lugar e muitos soldados olham para mim e param
de conversar ou fazer qualquer coisa enquanto passo pelos
corredores.
— Qual o apartamento que os dois estão? — pergunto ao
Gael.
— O 17, chefe.
Entro no elevador sozinho e faço um sinal com a mão para
que ele dê uma volta no lugar para saber como as coisas estão indo
por ali, aperto o botão que leva ao apartamento e espero o elevador
subir.
Quando o elevador abre indicando o andar, eu entro no
apartamento sem bater na porta, só não esperava encontrar a cena
que vejo ao colocar meu pé no lugar.
Os garotos que eu e meu irmão escolhemos estão
amarrados em duas cadeiras, enquanto dez homens batem e judiam
deles, eu não posso acreditar nessa porra, mas eu sei que eles
estão aqui por inveja dos dois.
— Acabou a bagunça aqui. — Todas as cabeças viram em
minha direção.
— Quando chego vocês ficam em silêncio? — pergunto com
sarcasmo aos que estavam zoando os dois, todos abaixam suas
cabeças e engolem em seco.
— Olhem para mim, porra! Que merda é essa aqui?! Vocês
não têm trabalho a fazer não? — inquiro gritando de raiva com eles
que se mantêm calados.
— Senhor, desculpa, não sabíamos que viria até aqui. — Um
deles fala deixando claro o medo em suas palavras.
— Sério? Eu não ligo, agora soltem os garotos e teremos
uma pequena conversinha aqui — ordeno e um deles se aproxima
dos meninos que estão calados até agora e solta os braços deles.
Enquanto isso tiro duas pequenas adagas do meu bolso e
espero os meninos se levantarem das cadeiras, para entregar para
cada uma das adagas.
— Bom, eu não gostei do que vi aqui, eu e meu irmão
escolhemos eles dois para serem treinados como nós, e eu
confesso que não gostei da brincadeira de vocês — Faço uma
pausa e continuo — É tão injusto, e eu não sou um cara nada justo,
mas vocês dez contra eles dois é muito pouco, vocês não
concordam comigo?
— Sim, senhor — respondem em uníssono.
— Estendam as mãos para a frente cada um de vocês —
ordeno e eles fazem do jeito que disse. — Agora eu lembrarei uma
lei que vocês aprenderam antes de entrar na minha máfia, um
soldado pode valer por mil e eles dois valem por vocês dez.
O silêncio se faz presente na sala e eles sabem o que
acontecerá aqui, eu não quero perder dez soldados de uma vez,
porém, arrancar uns dedos de cada um não será algo de todo ruim.
— Vocês dois, estão preparados para fazerem de tudo em
nome da máfia irlandesa e provarem lealdade a mim? — pergunto
para Remi e o garoto que Ruan escolheu.
— Sim, senhor — respondem juntos.
— Ótimo, cortem dois dedos de cada um deles. — Aponto
para os meus outros soldados que estão com as mãos estendidas
E cumprindo a primeira ordem como soldados, eles cortam
os dedos dos outros ouço os gemidos de dor de cada soldado e
observo a expressão no rosto de cada um, mas aqui eles sabem
que não podem gritar, eles estão na presença do chefe e como
soldados treinados têm que dar exemplo.
— Agora que vocês aprenderam a lição vão para a
enfermeira, não quero ninguém morto por infeção aqui, e espero
que não se repita o que aconteceu aqui — ordeno, olhando para
cada um que segura o sangue que saem das mãos antes de passar
por mim de cabeça baixa.
Quando todos os outros saem da sala, pingando sangue por
todo o lugar olho para os dois na minha frente, eles acabam de selar
o destino deles com o diabo e isso é um caminho sem volta.
— Como é o seu nome garoto? — pergunto para o garoto
que Ruan escolhe para ele, e me lembro que o desgraçado do meu
irmão ainda não chegou.
— Jhon, senhor — respondeu, firme, e eu gosto da dureza na
sua voz, algo me diz que ele é mais parecido com o meu irmão do
que eu posso imaginar.
— Certo, limpem essa bagunça agora, Ruan já deve estar
chegando.....
Sou interrompido por um assobio que meu irmão que dá da
porta onde ele está sorrindo com as mãos no bolso do seu paletó e
olhando para mim.
— Aconteceu algum tipo de carnificina aqui e ninguém me
chamou. — O tom debochado da sua voz me faz quase revirar os
olhos.
— Você está atrasado. — Lembro-o dando as costas aos
garotos que foram limpar os pedaços de dedos no sangue e todo o
sangue derrubado.
— Desculpe, acabei me atrasando um pouco com algo. —
Sorri com malícia e eu percebe que o seu ataque dias atrás não
surtiu efeito nenhuma sobre seu maldito humor.
— Espero que não tenha se atrasado metendo seu pau em
alguma prostituta. — Ele dá risada com minha fala e arqueia as
sobrancelhas para mim.
— Não sou eu que estou transando com a filha do nosso
inimigo — rebate, e eu dou de ombros.
— Rafael é apenas um bonequinho, ele não pode causar
nenhum estrago para mim, tenho certeza de que se pressionamos
mais um pouco ele fala. — O filho da puta é interesseiro e eu tenho
quase certeza de que alguém está dando dinheiro, ou prometendo
algo ao desgraçado.
— Sei que ele não é, mas seria engraçado se ele não
falasse. — Sua sugestão faz com que eu dê de ombros.
— Se ele não falar vamos matá-lo — respondo simples, e ele
concorda com a cabeça.
— O que aconteceu aqui antes da minha chegada? —
questiona, olhando para os meninos que acabaram de limpar a
bagunça que ficou na sala.
— Os soldados que saíram daqui estavam batendo nos dois
ali. — Aponto para os dois e Ruan sorri para eles.
Sei que esse sorriso não significa uma coisa boa, tenho
certeza de que ele não pegará leve com os meninos que vão ficar
sob responsabilidade dele por um tempo.
— Não gostei de saber que meu futuro sucessor apanhou, é
você que precisa bater — diz com raiva para o menino, que o
encara sem medo.
— Eles nos pegaram desprevenidos — Remi justifica, e dou
risada.
— Viraram amiguinhos agora? — pergunto, e eles se
entreolham sem me responder
— Não importa se vocês estavam distraídos ou não, se fosse
um inimigo vocês estariam mortos, mas agora não importa mais,
vocês vão aprender que nunca devem estar desprevenido para
nada.
Observo os dois à minha frente engolir em seco com as
palavras do meu irmão, coloco minhas mãos no bolso da minha
calça, imagino que Ruan não poupará nenhum dos dois pelo
pequeno deslize. Tenho quase certeza de que eles implorarão para
sair daqui depois do seu treinamento.
CAPÍTULO 10
ALLIE morgan

Transei com ele de novo, aquele maldito, não posso acreditar


que fodi com Ryan no provador de uma loja, ainda consigo sentir
sobre mim os olhares das vendedoras quando saí de lá.
Porém, tento não me importar já que comprei todas as roupas
que peguei para provar, duvido muito que se eu não comprasse elas
ainda deixariam aquelas roupas lá depois do ouvir todos os meus
gemidos.
— Oh! Deus, estou tão ferrada — murmuro para mim mesma
quando estaciono o meu carro na garagem da mansão e espero que
nenhuma das amigas da minha mãe esteja aqui ainda.
Saio do meu carro e dou a volta para entrar pela porta da
frente da mansão, passo pela grama do jardim da minha mãe bem-
cuidada e não vejo nenhum carro por ali, mas todas as aquelas
mulheres vêm sempre de motoristas.
Por favor, que elas já tenham ido embora. Peço a Deus e
espero que ele me ouça ou pelo menos olhe para mim, abro a porta
de casa e a única coisa que ouço é o meu salto batendo contra o
piso.
Entro na sala e também não vejo ninguém, o que é estranho
a não ser que a minha mãe tenha saído também, sigo em direção a
cozinha para tirar as dúvidas e encontrei a Sra. Wanda mexendo
algo no forno.
— Ei. — Chamo e ela olha para trás, abrindo um sorriso
quando vê quem é. — Onde estão as pessoas dessa casa? —
pergunto, ela joga um pano de prato sobre o ombro.
— Sua mãe saiu e Kathe também, seu pai está trancado no
escritório desde cedo, ele praticamente não saiu de casa hoje —
explica, e me apoio na bancada da cozinha.
— Que horas o jantar ficará pronto? — pergunto, e ela revira
os olhos.
— Você nem para perguntar como estou, mas o jantar ficará
pronto no horário de sempre — rebate, e se volta para sua panela
fazendo drama e eu tenho vontade de rir.
— Sem drama — reclamo, e ela não se vira para mim, então
dou risada. — Ok então, subirei para o quarto — aviso, saindo da
cozinha e indo em direção as escadas.
Quando subo o primeiro degrau da escada, ouço meu pai
dizendo algo a alguém, provavelmente está ao telefone, paro por um
momento e penso em ouvir, mas logo volto a consciência e continuo
subindo até o meu quarto.
Abro a porta e me tranco tirando toda a minha roupa, me
lembro das sacolas que ficaram no meu carro, no entanto, não me
importo no momento e sigo direto para o meu banheiro. Entro no
box e deixo a água fria cair sobre o meu corpo, preciso tirar o
maldito cheiro de sexo que Ryan deixou em mim.
Quando saio do banheiro, ouço alguém batendo na porta do
quarto, Kathe está gritando o meu nome a plenos pulmões.
— Allie Morgan, abra a porra da porta — berra, corro para
abrir somente de toalha.
— Espero que seja importante para você estar quase
derrubando a minha porta — brado para ela que me olha de cima a
baixo e só dou de ombros.
— Um jantar com seus pais, não aguento sozinha —
protesta, entrando no quarto e fechando a porta enquanto vou para
o meu closet vestir algo.
— Eu não importo com isso — digo, vestindo-me e soltando
meus cabelos molhados da toalha que está na minha cabeça.
— Eu sim, sabe muito bem que eu não suporto Margareth
falando sobre eventos e todas essas merdas que vocês fazem
juntas. — Penteio meu cabelo enquanto a ouço reclamar.
— Você poderia fazer conosco — sugiro, ela me olha como
se eu fosse louca.
— Termine de se arrumar de uma vez — manda, e não me
importo.
Poucos minutos depois, saio do quarto com um vestido de
verão enquanto Kathe veste uma calça jeans com tênis e uma
jaqueta por cima de uma camiseta. Olhando para nós duas somos
tão diferentes.
— Meninas, andem logo. — Ouvimos a senhora Wanda
chamando do início da escada e andamos mais rápido para descer.
Atravessamos a sala e vamos para a sala de jantar onde meu
pai e minha mãe estão esperando por nós duas com uma
impaciência presente no ar.
— Boa noite — digo, enquanto me sento no meu lugar e
Kathe ao meu lado sem falar nada.
Ouvimos alguns resmungos em respostas e o jantar começa
a ser servido por uma ajudante da senhora Wanda enquanto ela
informa o que é o jantar de hoje. E sem nenhuma briga começamos
a comer em silêncio.
— Allie, a senhora Douglas fará um evento e como sempre
quer que você vá falar com ela amanhã. — Minha mãe quebra o
silêncio e olho para ela.
Fazer eventos não é algo que eu goste de fazer, mas distrai
minha mente e depois sempre vem a recompensa, os elogios e mais
convites para eventos.
— Certo, amanhã eu ligarei para ela — responde, minha mãe
levanta a mão no ar.
— Ela pediu que você vá direto para a casa dela de manhã,
provavelmente o evento será nesse final de semana e o prazo está
em cima. — Guardo minha vontade de revirar os olhos e concordo
com a cabeça.
Não estou a fim de ir à casa dos Douglas e ver Raine
soltando seu veneno em cima de mim, com aquela ideia de que
Ryan é dela e tudo mais, contudo, preciso ir pela sua mãe, que é
uma senhora gentil até demais.
O jantar termina em pleno silêncio do jeito que começou,
Kathe não fala nada nem solta nenhum tipo de piadinha, meu pai
parece estar concentrado demais em seus próprios pensamentos, e
minha mãe pelo jeito não se importa com esse silêncio incômodo.
Assim que termino de comer, subo para o meu quarto sem
esperar por Kathe ou ninguém, ela sobreviveu até ali não morrerá
por nada. Tranco-me no quarto e me deito para dormir, esperando
que amanhã Raine não esteja em casa.

— Criança que bom que você veio. — A senhora Douglas me


recebe com um abraço assim que abre a porta da sua mansão e eu
sorrio com tanto contato.
— Eu não recusaria um convite da senhora — digo, soltando-
me do seu abraço que me deixou incomodada.
— Sei que não, agora entre estou sozinha em casa e
poderemos aproveitar bastante hoje. — Graças a Deus! Agradeço
mentalmente e vou entrando na sua casa luxuosa.
A mansão deles é enorme e muito bem-cuidada cheia de
quadros e fotos da família espalhada por todo o ambiente.
— Vejo que gostou da decoração — a senhora Douglas
comenta ao meu lado e percebo que parei em frente ao retrato de
Raine.
— Sim, achei muito bonito todo o ambiente — elogio e ela me
lança um sorriso que ilumina todo o seu rosto com poucas rugas.
— Adoro fotos — diz, e caminhamos em direção ao sofá.
— Eu também acho bonitas — comento, e ela olha para mim
com curiosidade.
— Você gosta e eu nunca vi nenhuma sua. — Sua
curiosidade faz com que desvie meus olhos dos seus.
— Gosto de olhá-las, não de tirar — explico, e ela sorriu
docilmente.
— Buscarei um chá para nós duas — avisa, levantando-se e
eu me sinto desconfortável por ficar sozinha nessa casa, pensando
se em algum momento Raine aparecerá.
Mas demora mais que o normal para a Senhora Douglas
voltar e ouço a porta sendo aberta e alguém entrando na casa,
esperava que fosse o senhor Douglas, mas estava levemente
enganada.
— Olha só se não é a sonsa que está aqui. — A voz irritante
de Raine preenche meus ouvidos assim que ela chega à sala e para
à minha frente.
Seguro firme para não lhe dar uma resposta e a analiso, seu
cabelo loiro está levemente cacheado caindo sobre seus ombros,
ela usa um vestido vermelho que fico pensando como ela está
respirando de tão apertado que ele é, sua boca está com um batom
também vermelho.
Nós nos encaramos por alguns segundos até esperar que a
Senhora Douglas apareça de uma vez e me tire de perto da filha
louca dela.
— Não falará nada? — pergunta, parecendo irritada, e
apenas cruzo as minhas pernas e aliso a minha saia lápis preta,
impecável.
— Não tenho o que falar, você mais uma vez você apenas
está tentando chamar minha atenção e eu não ligo para isso. — Sei
que minhas palavras surtiram efeito quando observo o brilho de
raiva no seu olhar, e me sinto satisfeita por um momento.
— Você se acha demais, eu ainda descobrirei o que você
guarda por trás dessa fachada de mulher perfeita — ameaça, e sei
que aquilo ela não descobrirá.
Não enquanto ninguém sabe dele, o homem que estragou a
minha vida.
— Não tenho segredos se isso é o que você quer saber —
minto, observando-a se aproximar mais um pouco de mim e fico em
alerta.
— Filha, não sabia que você tinha chegado. — A senhora
Douglas fala chegando à sala e olhando entre nós duas, observando
o clima pesado.
— Aconteceu algo? — pergunta, olhando-me e eu me levanto
ficando mais perto de Raine.
— Sabe, eu penso que a senhora pode me mandar todas as
coisas do evento por e-mail e eu resolvo tudo, mas eu julgo que a
sua filha não se sinta confortável comigo aqui. — digo, docilmente
para a senhora, mas mantendo meu olhar firme para a filha dela.
— É melhor mesmo, mamãe, a senhora nem sabe que tipo
de gente está trazendo para dentro de casa. — Quase solto uma
risada com sua provocação, mas sei que tenho como telespectadora
uma senhora Douglas muito curiosa ali.
— O que você quer dizer com isso, querida? — Levanto uma
sobrancelha para Raine, desafiando-a silenciosamente a dizer.
— Acho que a Raine se confundiu, no entanto, prefiro voltar
outro dia — digo, olhando nos olhos da senhorinha e ela assente.
— Mas o evento é esse final de semana — rebate, parecendo
preocupada e Raine bufa impaciente na minha frente.
— Sei que é pouco tempo, mas garanto a senhora que será
tudo impecável — reitero, sabendo que eu jamais deixarei nada
passar despercebido, tudo sairá perfeito.
— Confio em você, querida — afirma, sorrindo, saio da frente
da filha dela para me aproximar um pouco dela.
— Foi um prazer vir à sua casa hoje, mal posso esperar pela
próxima vez — digo, beijando seu rosto e ela me lança um belo
sorriso.
— E eu esperarei por essa visita, agora vou te levar até à
porta.
Espero que ela coloque a bandeja com o chá na mesa de
centro na sala, e caminhei com ela até a saída, mas não sem antes
dar uma boa olhada em Raine que me observava com seus olhos
de falcão.
— Querida, eu espero que minha filha não tenha lhe ofendido
em nada. — Sente um pouco de pena da senhorinha pela filha que
tinha, mas forcei um sorriso.
— Não se preocupe — pisco, para ela que segura minha mão
firme.
— Até a próxima, e eu irei à sua casa amanhã — avisa e eu
lhe dou um último sorriso antes de ir em direção ao meu carro que
está em frente à sua mansão.
Destravo o meu carro e entro nele, passo pelos portões da
mansão e vou em direção à minha casa. Mas as palavras de Raine
começam a fazer efeito na minha mente, ela tinha tanta convicção
na voz quando disse que descobriria meus segredos que fico em
dúvida se ela realmente será capaz.
Espero que não, não quero que ninguém saiba e o certo é
ninguém saber, mas a minha mente é nervosa e ansiosa demais
para parar de pensar no assunto e continuar insistindo que ela
poderá descobrir.
— Calma, Allie, ela não descobrirá — sussurro para mim
mesma no carro.
Eu não posso deixar que uma das minhas crises aconteça
aqui, portanto, não pensarei demais, Raine é igual um cachorro que
late e não faz nada. Acelero o carro mais ainda, esperando chegar
logo em casa, no entanto, sei que demorará um pouco.
Procuro com a minha mão pela minha bolsa que está no
banco ao lado, e não consigo encontrar meus remédios,
provavelmente, não os trouxe comigo, droga, bato com as minhas
mãos no volante e continuo dirigindo o mais rápido que eu posso
para chegar em casa.
Assim que avisto os portões da minha casa suspiro de alívio
como se tivesse corrido uma maratona, na entrada de casa buzino e
abrem os portões, não me importo de guardar meu carro na
garagem, deixo-o na frente de casa mesmo, abro a porta correndo e
subo as escadas rápido, mas ainda ouço a voz da minha mãe.
— Allie, por que voltou tão cedo? — a pergunta não faz
sentindo para mim naquele momento, só penso em chegar ao
banheiro do meu quarto.
Olho para os meus remédios na pia e os pego tomando mais
de um de uma vez, espero escorada na pia para que os remédios
façam efeito e a minha mente pare de pensar se alguém descobrirá.
Ouço alguém chegando à porta e olho através do espelho
para a minha mãe que me olha com desgosto, quero saber o porquê
desse olhar, sou a merda da filha perfeita, faço tudo perfeito, mas
sou a doente que tem que tomar remédio para controlar a própria
mente.
— Eu sempre te falo para levar os malditos remédios com
você. — Sua fala não me surpreende e continuo calada segurando
seu olhar através do espelho. — Ah! E da próxima vez responda
minha pergunta.
Ela sai do banheiro me deixando sozinha, como ela sempre
deixou e por alguns momentos eu entendo o porquê Kathe a odeia
tanto.
CAPÍTULO 11
RYAN moore

Estou olhando para um dos meus soldados de confiança e


espero que ele me dê uma boa resposta para as minhas perguntas,
também estou esperando que Hanna e Valéria aparecessem logo de
uma vez, ao invés de ficarem demorando demais.
— Chefe, o melhor seria acabar de uma vez com Rafael ou
talvez dar-lhe um tratamento especial para falar. — A sugestão de
Luís me faz encará-lo e dar uma risada sarcástica.
— Rafael não é merda nenhuma no meu caminho, tem
alguém por trás disso, alguém maior comandando. — Lembro-o e
ele volta a mexer no seu computador que está no seu colo.
A sala volta ao seu completo estado de silêncio até que ouço
passos no corredor da minha sala e Luís olhar para lá junto comigo,
a porta foi aberta é aberta e Gael, Hanna, Valéria e Ruan entram na
com uma cara nada boa.
— Espero que tenham novidades. — Sou o primeiro a falar
diretamente para as meninas.
— Aquele velho é nojento — Valéria diz, e espero que ela
continue. — Um viciado em pornografia e parece estar agindo
corretamente para você não descobrir nada dele.
Todos ficam olhando para mim, esperando uma resposta e eu
penso na sugestão de Luís, talvez, só talvez fosse uma boa dar uma
pressão em Rafael.
— Vamos matá-lo de uma vez e nos livramos do problema —
Meu irmão sugere se servindo de whisky e se sentando no sofá no
canto da minha sala.
— Sim, claro e depois virá outro no lugar dele e matamos de
novo, acabaremos com o problema de uma vez — Hanna fala firme,
e eu observo a ruiva por um momento.
— É o que Hanna falou, se fosse para matá-lo eu mesmo
tinha cortado a garganta dele — digo por fim, e todos voltam a olhar
para mim.
Posso ver a inquietação no olhar de Ruan, Luís ainda está
concentrado no seu notebook e Hanna, Valéria e Gael me observam
de perto.
— Você está fazendo a merda de um jogo psicológico com
ele, esperando que Rafael se enrole e nos conte tudo — Meu irmão
brada com desprezo e isso não me surpreende.
Eu não estou me importando com a opinião de ninguém
dessa sala, sei o que estou fazendo, vou sair tão silenciosamente da
vida de Rafael quanto entrei, ou talvez ele que saia da minha.
— Alguém aqui tem uma boa notícia para me dar? —
pergunto, Luís ergue os olhos para mim.
— Os Douglas estão organizando um evento, uma das filhas
dos Morgan está na linha de frente da organização, seria uma boa
ficar de olho nele. — Faz sentido, mais ainda se a morena de olhos
azuis estiver lá.
— E para que ficaríamos de olho nele lá? — Valéria pergunta,
e vejo Hanna cruzar os braços na frente do corpo como um escudo.
Sei que a ruiva odeia eventos da alta sociedade como ela
mesma diz, no entanto, ela é perfeita para ir ao evento talvez como
minha acompanhante, ou não.
— A pessoa que está por trás de Nico pode ser alguém do
círculo dele — explico, e ouço um estalar de dedos.
— Não acho que seja, pode ser algum inimigo antigo que
sabe que você tem pavor da mídia — Hanna provoca, e levanto a
sobrancelha para ela.
— Cuidado, Ruiva, não sou só eu que tenho um passado
bem escondido, me lembro bem de onde achei você. — Coloco
dedo sobre a sua ferida e ela se cala.
— Pode ser uma boa ideia, os Douglas estão na nossa folha
de pagamento mesmo — Gael lembra, e concordo.
— O pai na folha de pagamento e a filha com a boca no pau
do meu irmão. — Olho para Ruan e a vontade que ele esteja mais
perto para poder lhe dar um soco é grande.
— Acho melhor você sair daqui ou calar boca, senão eu
mesmo farei isso por você — aviso, porque eu já estou cansado das
suas brincadeiras.
— Agora eu entendo o porquê que a loira entrou aqui daquele
jeito — Valeria comenta.
— Sim, mas isso não tem a ver com Rafael e eu não ouvir
nenhum de vocês falando sobre os outros assuntos que cuidam ou
se saiu algo na mídia. — Lembro-os e espero que eles me deem os
relatórios dos dias que eu viajei.
— Carregamento das drogas continua o mesmo, temos um
acordo para fechar com o cartel mexicano, mas seria bom esperar o
novo líder assumir — Gael informa, e me lembro de Miguele
Sanchez o Herdeiro do Cartel Lá Família.
— Não teremos que aturar os mexicanos no nosso território,
não é? — Ruan pergunta, e eu nego com a cabeça.
— Não, negociaremos armas não passeios pelo nosso país.
— respondo e olho para Hanna esperando notícias das nossas
novas meninas.
— Tivemos um aumento considerável nas meninas dos
clubes, o cassino anda o mesmo — Hanna anuncia simplesmente, e
espero Luís falar.
— Teve uma notícia saindo sobre a policial morta no cassino,
nada que nos envolvesse e impedi outra reportagem sobre o novo
processo contra a empresa, daqui a pouco o assunto estourará se
não acabamos com Rafael. — Pego suas informações e foco no que
me é útil.
— Continue monitorando as reportagens, daqui para a
semana que vem Rafael falará — garanto, porque minha intuição diz
que isso vai um pouco mais além do que eu gostaria.
O evento será uma boa para pressioná-lo, principalmente
usando sua filha mais velha, adoraria ter a princesinha ao meu lado.
— Tem mais alguma ordem? — Hanna pergunta, e sorrio
para ela cheio de maldade.
— Tenho sim. — Faço uma pausa e continuo. — Vamos ao
evento, peguem o convite e cada um vá acompanhado, Valéria com
Luís e Ruan com Hanna, Gael arrume alguém para levar — ordeno,
e vejo todos franziram as sobrancelhas e me olhar como se eu
estivesse louco.
— Você quer que eu mate seu irmão? — Hanna pergunta, e
Ruan dá risada.
— Já tivemos dias melhores, Ruiva — ele a provocou, Hanna
o ignora e continua me encarando.
— Não tem nenhuma brincadeira, agora saiam — mando que
Hanna comece a falar algo.
Não estou a fim de ouvir a Ruiva reclamar de algo, sendo que
ela trabalha para mim e não o contrário, espero todos saírem da
sala, mas Ruan é o único que ficou e me encara do sofá, onde está
sentado.
— Quem vai com você a esse evento? — pergunta e eu me
mantenho calado. — Nós nunca fomos aos eventos acompanhados,
ou melhor, não vamos aos eventos que não sejam nossos. — Meu
irmão sabe bem do que está falando, mas não me importo.
— Tá na hora de mudarmos algumas coisas, quem sabe
assim as pessoas param de querer se meter conosco — digo,
pegando uns dos papéis da minha mesa e tentando me concentrar
neles.
— Você vai com a filha mais velha dos Morgan, não é? —
especula, e o olho, Ruan não precisa de nenhuma resposta além
dessa.
Irei com Allie, não por gostar da sua companhia, mas sim por
todo o pequeno estrago que seu pai quer causar em mim, esse é
meu único interesse nela.
— Não vou me meter nos seus assuntos — diz por fim,
levantando-se do sofá e saindo da minha sala sem mais nenhuma
palavra.
Acho estranha a atitude de Ruan, mas não digo nada, ele que
pense o que quiser, talvez nesse evento eu consiga mais coisas que
eu pretendo, tanto com o pai ou com a filha.
Giro a minha cadeira e olho para a vista da cidade de Dublin
abaixo dos meus pés.

Pego o elevador para sair da empresa e finalmente ir para


casa treinar, mas meu celular toca no meu bolso e eu tiro para ver
quem é, não me surpreende quando vejo o nome de Raine na tela,
essa garota ainda vai encher o meu saco.
— Ryan, eu pensei que você não ia mais me atender — diz,
assim que eu atendo e já posso imaginar o bico que ela está na
boca.
— O que você quer Raine? — pergunto de uma vez sem
paciência.
— Meus pais farão um evento no domingo, você receberá o
convite, nós vamos juntos, não é? — Essa garota só pode estar
delirando apenas por que fodemos algumas vezes.
— Não, não iremos juntos e por favor pare de encher a porra
do meu saco. — Desligo a chamada antes que ela responda e
guardo o celular de volta no meu bolso.
Eu não sou burro e sei o que Raine quer, ela deseja que eu a
assuma como minha, tudo que ela quer é isso, status melhor que
aqueles que seus pais têm, a garota não passa de uma interesseira,
mas escolheu a pessoa errada para tentar se envolver.
O elevador se abre no térreo e vejo Gael me esperando no
carro, assim que me vê abre a porta e espera que eu entre, tenho
certeza de que ele está incomodado com o evento tanto quanto
Hanna.
— Chefe, eu quero pedir que reconsidere a ideia que eu
tenha que participar do evento. — Seu pedido antes de eu entrar no
carro não me surpreende.
Mas a minha resposta a ele também será não.
— Não vou reconsiderar nada. — Entro no carro e puxo a
porta para fechá-la antes dele.
Eu não cederei nada para os meus soldados, eles sabem as
regras quando entram na minha máfia, eu mando e eles obedecem
e fim, não existe reconsideração para nada, não aqui dentro, não
enquanto eu comandar.
Vejo quando finalmente se move da porta e começa a dirigir
para fora da empresa, quando saímos vejo que já anoiteceu em
Dublin, eu acho que nunca passei muito tempo na empresa como
hoje.
Mas o lugar já começa a me dar melhor lucros que minhas
drogas, contudo, nunca ultrapassará as armas, ou melhor, nosso
whisky que no meio do caminho é trocado por armas, as melhores
do mercado negro se posso dizer.
Saio dos meus pensamentos quando o celular de Gael
começa a tocar o vejo atender, meu soldado me olha pelo retrovisor
e eu reconheceria aquele olhar em qualquer lugar.
Significa temos problemas pela frente.
— O que aconteceu? — pergunto.
— Nosso capitão]foi morto nas docas, Ruan já está lá —
informa, soco o banco e Gael nem sequer se move.
— Vamos para lá — mando, e ele muda o caminho para as
docas.
Não sei o que porra aconteceu, no entanto, tenho certeza de
que a polícia cairá em cima da gente feito urubus. Minutos depois,
estamos chegando perto das embarcações onde aconteceu o
assassinato, de longe já vejo vários carros de polícias espalhados
por todo o maldito lugar.
Ninguém mataria o nosso capitão por nada, bastava ter as
conexões certas e achar o maldito. Eu com certeza passarei horas
torturando o desgraçado. Desce do carro assim que Gael o para ao
lado dos policiais e vou andando até eles.
— Senhor Moore, o senhor não acha coincidência demais, o
seu capitão ter morrido no horário das suas importações de whisky?
— A voz da policial irritante preenche meus ouvidos, me seguro
para não lhe dizer o óbvio e mandá-lo para o inferno.
— E que insinuação, a senhora está fazendo? — pergunto
com desdém.
— Nenhuma, a única insinuação que já fiz, tenho certeza de
que estou certa — responde com o nariz em pé, e eu sorrio de lado.
— E qual seria essa?
— Que você e seu irmão são os comandantes da máfia
irlandesa, mas eu prenderei vocês dois. — Sua voz tem tanta
convicção que me dá vontade de rir, ela jamais nos pegará.
— Julgo que a senhora está lendo muita ficção. No entanto,
não estou aqui para discutir seu gosto literário, e sim para saber da
morte do meu capitão. — Seu olhar antes de soberba muda para
ódio rapidamente.
— Como pode ver, alguém cortou a garganta dele e deixou
uma marca estranha nas costas, nós não sabemos.....
— Que tipo de marca? — pergunto, interrompendo-a, não
estou a fim de ouvir o quanto a polícia de Dublin é inútil.
— Um N com um X na frente.........
Paro de ouvir no momento que ela disse N, não pode ser
esse desgraçado, eu e Ruan o matamos, ele não pode ter
sobrevivido. Isso significa que tem alguém querendo brincar de
fantasma comigo, mas se realmente quisesse eu entraria na guerra.
— Irmão, você ouviu o que a policial falou? — Ruan pergunta
ao meu lado e finalmente o percebe aqui.
— Ouvir sim — respondo.
— Você acha que ele pode estar vivo? — Nego com a
cabeça, vejo o desgraçado morrer na minha frente e não acredito
em reencarnação.
— Temos um novo inimigo então — concluo e eu quase
sorrio, sempre teríamos a porra de um novo inimigo.
— Não me importo, vamos matá-lo, agora vamos deixar os
abutres fazerem o trabalho deles, não adiantará nada ficamos aqui
— digo, virando as costas e saindo daquele lugar.
CAPÍTULO 12
ALLIE morgan

Acordei de madrugada com o meu celular tocando, não


imagino quem esteja me ligando a essa hora, mas mesmo assim
pego o celular e atendo a chamada.
— Alô, quem é? — pergunto, ajeitando-me na cama e me
apoiando na cabeceira ainda zonza de sono.
— Não pensei que a princesinha fosse atender. — Aquela
voz, a maldita voz do Ryan, eu não acredito que ele me ligou a
essa.
— O que você quer? — Não estou com paciência para aturá-
lo falando comigo, não mesmo.
— Terá um evento no domingo, você já deve estar sabendo,
aliás, a organização está sendo feita por você, portanto, resolvi ir
com você. — Isso é a merda de uma piada? Por causa dele tem
uma louca no meu pé me acusando de roubá-lo dela.
— Eu não vou com você a lugar algum, quem sabe se você
chamar Raine ela não aceite ir com você — sugiro, não
conseguindo segurar a minha língua.
Eu tenho uma postura para manter, não posso vacilar
momento algum, e muito menos arrumar uma briga devido a um
homem com Raine.
— Isso é ciúme? — Sua pergunta quase me faz rir, mas eu
me contenho, Ryan pode ser o primeiro homem que me deixa sem
ar ou palavras, mas ciúmes? É ridículo.
— Não estou, agora eu dormirei e recomendo o mesmo
senhor, Moore — digo, esperando que ele desligue o celular.
— A princesinha está de volta, espero você para o evento! —
afirma e eu me permito dar um sorriso, eu não irei com ele a lugar
nenhum.
— Obrigado pelo convite, mas não.
Desligo a chamada na sua casa e respiro fundo voltando a
me deitar de vez na cama, esse homem só pode ser louco e ainda
por cima tem aqueles problemas com o meu pai, o jantar esquisito
aqui na minha casa.
— Meu Deus!.. — murmuro no escuro do meu quarto
esperando por uma resposta, mas não obtenho nenhuma.
Fecho os meus olhos os forçando a voltar a dormir, mas eis
que ali era uma batalha em vão, se eu acordasse no meio da noite,
significava que eu não dormiria mais, até o outro dia mesmo que
meu corpo implorasse por descanso eu não dormia.
Meus pensamentos vão direto para o que Raine e Ryan tem,
se é que tem algo entre eles, mas eu não duvido nada que ela
esteja fascinada por ele, não tem como não ficar, Ryan não é o cara
perfeito isso se vê de longe com o ar de perigo que o acompanhava,
no entanto, pode-se dizer que ele é o homem mais lindo que eu já
vi.
Seus olhos negros e frios me intrigam, ele esconde algo
dentro dele, assim como eu, no entanto, é diferente, muito diferente
parece ter tudo que quer aos seus pés e seu jeito imponente deixa
claro que ele se acha o dono do mundo.
Fecho meus olhos novamente e me lembro das suas mãos
passeando pelo meu corpo, apertando meus seios, eu só posso
estar delirando para pensar tanto nesse homem.
Rolo pela cama tentando dormir, porém, falho
miseravelmente, mas amanhã preciso estar impecável e sem
nenhum traço da minha insônia, precisarei vestir minha máscara e
ficar perfeita.

— Allie, a senhora Douglas acabou de chegar para o café —


o aviso da Senhora Wanda me faz passar mais rápido o corretivo
abaixo dos meus olhos para esconder as olheiras da noite interior.
— Diga-lhes que já estou descendo, preciso de alguns
minutos a mais — digo, e a imagino revirando os olhos e suspirando
antes de sair do meu quarto.
Olho para o meu reflexo no espelho e termino a minha
maquiagem o mais rápido que posso, por último olho para os meus
remédios ali e resolvo tomar somente um, não acho que nada me
incomodará logo pela manhã.
Saio do banheiro e fecho a porta, passo as mãos na calça
que estou usando e saio do quarto. Desço as escadas rápido e vou
direto para a mesa, o café está sendo servido, assim que entro no
lugar, a senhora Douglas me olha, assim como Kathe e sorrio.
— Bom dia. — Cumprimento a todos e me sento na cadeira
de costume.
Meu pai não está à mesa e eu acho um pouco estranho, aqui
estão somente as mulheres da casa e minha mãe parece tão
contente quanto a senhora Douglas.
— Sabe, querida, ontem à noite acabei tendo algumas ideias
para as cores que usaremos no evento — comenta, e me servir de
chá prestando atenção nela.
— Então olharemos a paleta daqui a pouco, o cardápio
também, a arrumação das mesas. — Paro de falar e tomei um gole
de chá enquanto me sinto sendo observada pela minha mãe.
— Claro que sim, são tantas coisas para fazer, penso que
nem saberia o que fazer caso não tivéssemos uma pessoa tão boa
quanto você para cuidar de tudo. — Sorrio com seu elogio, e ela
continuou falando — Sua irmã também poderia participar, seria um
prazer ter as meninas Morgan trabalhando comigo.
Kathe com certeza não perderia a oportunidade de revidar,
mas por incrível que pareça sua resposta é completamente diferente
do que imaginei.
— Eventos não são para mim. — Sua voz está suave e até
eu observo as sobrancelhas da minha mãe franzir.
Também acho estranho, mas vejo o quanto a senhora
Douglas ficou contente com a resposta e eu resolvo engolir minhas
dúvidas goela abaixo.
— Agora deixarei você tomar seu chá em paz — a senhora
Douglas diz e começa a puxar conversa com a minha mãe.
Minha atenção fica totalmente focada na minha irmã que está
calma demais para ser ela mesma, sempre passei tempo demais
observando as pessoas para saber quando algo a incomodava e
Kathe parece estar ansiosa por algo.
Pego-a olhando para o celular de minuto em minuto como se
estivesse esperando alguma notícia chegar, ela levanta os olhos
para mim, mas desvio primeiro para que não desconfie que a estou
observando-a.
Tomei meu chá e espero Kathe terminar o dela e se levantar
da mesa, eu a acompanho, ela franze as sobrancelhas para mim e
somente dou de ombros.
— Senhora Douglas, vá olhando as paletas com a minha
mãe, conversarei com Kathe e já volto — digo para a senhora, que
sorri.
— Não tenha pressa..... — Ela é interrompida pela voz da
minha mãe.
— Espero você aqui daqui a pouco, Allie. — Respiro fundo
com a sua ordem e somente concordo com a cabeça.
Kathe sai daquela sala sem falar nada e sigo atrás dela sem
graça, Kathe nunca suportou as ordens da minha mãe ou o poder
que ela tem sobre mim, ela nunca entendeu nada disso.
— Kathe pare. — Peço quando já estamos na sala e ninguém
ouviria nossa conversa.
Minha irmã se vira para mim com seus olhos cheios de raiva
pela nossa mãe, sei que aquilo era totalmente para ela, tenho medo
que se ela e Kathe ficarem no mesmo cômodo por muito tempo elas
percam a cabeça.
— O que você quer, Allie? — pergunta com sua voz cortante,
percebo que não posso ir direto ao ponto com ela nesse momento.
— Conversar sobre alguma coisa. — Preciso arrumar algum
assunto urgente para falar com ela, talvez conversar sobre Ryan por
cima dos assuntos seja uma boa ideia para atrair a atenção dela.
— É sobre Ryan — murmuro com a mentira saindo tão bem
dos meus lábios e observo a cara de confusão.
— O que tem o cara misterioso que você falou? — especula
indo direto ao ponto, reviro os olhos indo me sentar no sofá.
Espero Kathe vir para o meu lado que eu explique, ela vem
revirando os olhos, tenho quase certeza de que ela sabe que eu não
a chamei somente para isso.
— Terá o evento e bem — Faço uma pausa para falar e
Kathe ergue as sobrancelhas para eu continuar. — Ele me chamou
para ir com ele — digo de uma vez, ela continua com a expressão
de quem não está entendendo porra nenhuma.
— E qual o problema de você ir com ele? Seria uma boa,
quem sabe assim você se envolve com alguém interessante. —
Divaga e eu concordo com a cabeça.
— Pode ser, mas o que você tem? — questiona de forma
nada sútil.
— Então você não me chamou aqui para falar com do tal
Moore, e eu estou ótima, Allie, bem melhor do que você que vai
passar o dia com aquelas duas. — Aponta para outra sala e eu
reviro os olhos.
— A senhora Douglas é legal — defendo a senhorinha por
quem sinto empatia.
— Pelo menos você não defendeu sua mãe — ironiza, e
apenas bufo em resposta.
— Ela também é sua mãe. — Lembro pela milésima vez.
Kathe recebe alguma mensagem no celular e para olhar de
quem é. Eu não pergunto o assunto, mas sua cara não está das
melhores e eu continuo a observar por um tempo até chamar a
atenção dela de volta, aliás, ela nem mesmo tinha me respondido.
— Aconteceu algo? — pergunto, endireitando-me no sofá e
ela tira os olhos do celular, guardando-o no bolso.
— Não, só fiquei distraída, uma amiga minha acabou de
enviar uma mensagem — respondeu, e desconfio. — Pare de me
olhar assim! — exclama, e olho sem entender.
— Não estou te olhando de jeito nenhum. — Defendo-me e
ela se levanta de vez.
— Olha, vá arrumar suas coisas para esse tal evento, preciso
sair! — avisa, irritada, e eu me levanto e a seguro pelo seu braço.
— Kathe, calma, a gente ainda tá conversando — digo, e ela
solta o seu braço da minha mão.
— Eu preciso ir, depois nós conversamos — avisa, indo em
direção a porta, e não faço nada para impedir.
Não entendi nado do que aconteceu, estávamos conversando
e do nada ela simplesmente se vai, no entanto, algo me diz que tem
a ver com a mensagem que ela recebeu. Passo as mãos pelo meu
rosto e suspiro, sem poder fazer mais nada.
Fico um tempo parada olhando para a direção da porta
esperando que Kathe volte ou algo aconteça, mas ao ouvir vozes
chegando à sala percebo que nada acontecerá e que eu tenho um
evento para preparar.
— Allie, cadê a sua irmã? — Ouço a pergunta da minha mãe
e me virei para ver ela e a senhora Douglas chegando à sala.
— Ela tinha um compromisso e teve que sair — respondo,
enquanto a senhora Douglas balança a mão no ar.
— Esses jovens de hoje em dia são sempre cheios de
compromissos, minha filha é um exemplo disso, vive cheia deles. —
Uma parte da minha mente me pergunta se os compromissos de
Raine são com Ryan, mas logo percebo que já estou indo longe
demais com eles e os paro.
— Sim, estão sempre cheios de coisas para fazer, porém,
Katherine às vezes é demais. — A voz da minha mãe é de puro
desgosto e me dá vontade de responder que é por culpa dela.
Mas eu não posso falar nada, tudo que eu devo fazer é
somente começar a planejar o evento de domingo e ponto final,
escolher uma roupa bonita e estar lá, não preciso pensar demais em
nada.
— Começaremos o projeto? — pergunto a senhora Douglas e
ela sorri animada.
— Claro.
Começamos as escolhas que as duas mulheres querem, mas
meus pensamentos não saem da minha irmã, algo dentro de mim
me diz que ela não está bem, mas sou bem mais ferrada que ela
para ajudar.
— Você está distraída querida. — Olho para a senhora
Douglas e um pedido de desculpa já estava na ponta da língua, mas
ela não me deixou falar. — Percebi que ficou preocupada com sua
irmã — comenta, e olho para a entrada da sala jantar onde minha
mãe foi buscar algo.
— Só um pouco — admito, e ela segura a minha mão.
— Você é uma menina tão boa e pura, espero que um dia
encontre alguém tão bom quanto você. — Suas palavras
instintivamente me levam ao homem de olhos escuros, mas eu
rapidamente afasto o pensamento.
Ele parece ser tudo menos alguém bom.
— Obrigada — agradeço, ela sorri voltando a olhar para as
revistas no seu colo.
Minha mãe volta em seguida com mais revistas na sua mão e
iniciamos tudo novamente, meus pensamentos agora não estão
mais tão longes, e sim na senhora que parece tão boa e tão
diferente da sua filha.
Completamente oposto, mas eu não me importo com isso, a
minha família mesmo é um exemplo de opostos, todos somos tão
diferentes que nem parecemos da mesma família.
E eu, no fundo, agradeço por isso, eu não me imagino sendo
tão fria quanto a minha mãe ou egoísta como o meu pai, não
mesmo, prefiro ser eu mesma, sem nada deles, somente os olhos
que nunca poderei mudar.
CAPÍTULO 13
RYAN moore

Hoje é o dia do maldito evento, pelas janelas do meu quarto


dá para observar os carros passando lá embaixo dos meus pés, viro
todo o conteúdo do copo que mantenho na minha mão e continuo a
olhar para os carros e as pessoas andando por toda a Dublin e sua
parte moderna.
Sinto um pouco de raiva porque sei que Allie não irá comigo,
ninguém nunca desobedeceu uma ordem minha, mas ela ainda não
me conhece, não de verdade, não faz ideia de quem sou. Porém, se
seu querido pai não me obedecer ela conhecerá, não só ela, mas
toda a sua família.
Saio de frente à janela e me viro para sair do meu quarto
completamente escuro, no entanto, não preciso de luz para me olhar
no espelho para saber quem eu sou.
Todo o meu apartamento está em completo silêncio, imagino
o porquê já que Ruan deveria estar aqui com Hanna para irmos
todos juntos para o evento, mas eles como sempre dão um jeito de
se atrasar.
Quando cheguei à sala, para a minha surpresa Hanna e
Ruan estão me encarando em pleno silêncio e sem nenhuma briga
aparente, o que é bem estranho, aliás, as coisas estão estranhas
depois da morte do capitão.
— Pensei que não estavam aqui — comento enquanto deixo
o meu copo de whisky em cima do pequeno bar que tem na sala.
— Resolvemos vim mais cedo, quanto mais rápido fomos,
mais rápido voltaremos — a Ruiva declara e Ruan não perde a
oportunidade de provocar.
— Pensei que você fosse menos iludida, Ruiva, mas me
enganei. — Estou só esperando a hora de Hanna pular no pescoço
dele, e como não quero enterrá-la tão cedo e resolvo interferir.
— Vamos de uma vez — sentencio, mordaz, meu irmão me
olha por um tempo, e depois veio para atrás de mim.
O filho da puta está esperando que alguém falasse, porém,
seu olhar encontra o meu e ele sabe que uma palavra sobre aquilo
não será bom, mas é a Ruiva quem fala:
— Quer dizer que você não vai acompanhado?
Olho para Hanna com o sangue começando a esquentar
pelas minhas veias, Ruiva intrometida demais, não importa a
ninguém se eu vou ou não com alguém, então pelo bem de Hanna
ignoro sua pergunta e caminho até à porta, mas antes de abri-la dou
o meu aviso a eles.
— É melhor você não se intrometer nos meus assuntos. —
Deixo os dois dentro do meu apartamento e abro a porta indo para o
elevador privativo da minha cobertura.
Aperto o portão e o elevador se abre espero os dois se
aproximarem e entro na caixa metálica em silêncio com eles, Hanna
aperta o botão e começamos a descer para a garagem do prédio.
Todos estão calados perdidos em seus próprios pensamentos, mas
o elevador se abre e cada um sabe o que tem que fazer a partir
daqui.
Ruan e Hanna vão em um carro com um soldado, irei com
outro soldado para o evento, chegaremos os quatro na mesma hora
e espero encontrar a princesinha por lá.
Ando até o meu carro que o soldado novo que não sei o
nome está me esperando com a porta aberta, Ruan e a Ruiva
entram no carro ao lado do meu e Hanna olha para mim e sustenta
meu olhar.
— Plano ainda é o mesmo? — pergunta, e eu confirmo com a
cabeça entrando do carro.
Espero que aquilo termine cedo, nunca vou a eventos
demais, tanto que a cidade acha que somos uns fantasma se não
fosse pela empresa e nossos próprios eventos clandestinos.
O soldado começa a dirigir o carro e saímos do meu prédio,
sabia que o lugar do evento não é muito longe de onde eu moro,
mas também não fica tão perto, fica localizada no meio da parte
moderna e da antiga da cidade, mas pelo menos não é na porra de
um castelo antigo, seria ironia demais.
Não presto atenção no caminho, só quero chegar logo assim
essa palhaçada acaba de vez. Quando meu soldado estaciona em
frente ao um gigante hotel, observo a porra de um monte de
jornalistas apontando suas câmaras em nossa direção.
Espero o carro de Ruan estacionar atrás e ele abrir a porta
para que eu desça também, todos os nossos soldados que já estão
a postos, impedindo de que qualquer foto seja tirada.
Vejo Gael chegando com uma mulher negra ao seu lado, mas
não presto atenção nisso, observo Luís e Valéria por outro ângulo e
começo a andar para dentro do lugar.
— Malditos abrutes — Ruan os xinga ao meu lado enquanto
entramos e eles tentam tirar fotos nossas ou fazer algum tipo de
pergunta.
— Deem boas-vindas aos convidados — ordeno a todos que
dão pequenos sorrisos de maldade antes de todos entrarmos no
salão.

E como eu imaginava todas as cabeças viram na nossa


direção, é sempre assim, eles não esperavam por nós, está nítido
no rosto de cada um presente ali, mas logo o anfitrião, mulher e filha
que me olham com malícia vem nos dar boas-vindas.
— Ryan Moore, Ruan Moore é uma honra que os dois irmãos
tenham vindo ao meu humilde evento e terem trazidos
acompanhantes. — A melação na voz do senhor Douglas, me dá
vontade de revirar os olhos.
— Eu e o meu irmão com certeza não perderíamos esse
evento — Ruan diz como sempre o mais comunicativo quando quer,
ou quando tem algum interesse em foder alguém.
E se esse alguém for Raine eu agradecerei, a mulher que
antes eu fodia fixamente agora está se tornando um problema e eu
não vejo a hora de me livrar dela e quem sabe do seu pai também,
pobre da sua esposa, mal conhece o marido que tinha.
— Aproveitem bem o evento — A senhora diz, e Ruan sorri
cheio de malícia.
— Com certeza iremos — anuncio, e dou um último olhar
para os três antes de virar as costas e sair com Ruan ao meu lado.
Os outros com certeza já estão fazendo algo ou
cumprimentando alguém irrelevante demais para mim, procuro com
o olhar alguém desejo ver e a encontro me olhando de volta, a
princesinha dos Moore está vestida um vestido longo vermelho sem
alças e que acentua perfeitamente cada maldita curva do seu corpo.
— Seria bom você disfarçar que estar olhando para ela —
Hanna sussurra ao meu lado e vejo Allie franzindo as sobrancelhas
ao ver a Ruiva ao meu lado.
— Não tenho motivos para disfarçar nada, já você parece que
ela não sabe que você trabalha para mim — provoco, e ela estreita
os olhos para mim.
— Queria que eu falasse para ela que trabalho para a máfia
irlandesa? E eu conheço a irmã dela — acrescenta, e volto a olhar
para onde Allie está, só que dessa vez não a vejo mais.
— Deveria deixar a menina em paz. — Olho para Hanna
depois da sua sugestão e ela apenas dá de ombros.
— Vou deixá-la quando eu quiser — respondo curto e grosso,
indo procurar por Allie.
Eu vou deixá-la em paz sim, não agora, mas um dia a
deixarei quando o negócio com seu pai acabar, quem sabe bem em
breve e falando nele ainda preciso ter uma conversa clara com o
filho da puta.
Ou posso deixar Ruan cuidar dele, mas meu irmão não
deixaria o cara sequer falar e logo o torturaria sem nenhum remorso,
assim como Nino Graterri está sofrendo uma hora dessa, na mão
dos meus piores soldados.
Vejo Allie de costas para mim, olhando para a porta do salão
como se estivesse esperando alguém entrar, vejo também seus
ombros abaixarem em derrota e eu me aproximo mais dela.
— Aqui está você, além de mentirosa uma pequena fujona,
princesinha? — pergunto no seu ouvido por trás dela, que se vira
rapidamente.
— O que você quer, hein? — Percebo que ela está
determinada com algo quando cruza seus braços na frente do seu
minúsculo corpo em comparação ao meu.
— Eu nada, apenas vendo você que deveria ter vindo
comigo. — Lembro-a e percebo seu revirar os olhos para mim.
— Não vim com você para cá e nem irei a lugar algum. —
Sua ousadia me dá vontade de rir dela.
— Tem muitas mulheres que queriam receber o convite que
você recebeu. — O desdém brilha no olhar dela.
— Então deveria ter oferecido a elas. Ah! E só para lembrar
eu não sou como elas. — Sua voz está mais firme, noto que não é
mais a princesinha que está falando comigo, mas sim uma parte que
ela esconde de si mesma.
— Eu não sou um homem que aceita nãos, e se você
soubesse quem sou, não me negaria algo tão simples — digo,
sombriamente, e algo passa pelo seu antes de me responder de
novo.
— Como eu disse...... — Allie é interrompida por uma Raine
que aparece falando atrás de mim.
— Ryan querido, não tivemos tempo de conversarmos — diz
Raine, ignorando Allie que revira os olhos para ela.
— Se eu não falei com você, é porque não se faz necessário.
— Vejo a humilhação nos olhos de Raine, mas ela não liga e encara
Allie de novo.
— E você, queridinha, já parou de fingir ser a pessoa perfeita.
— Observo Allie e ela nem sequer parece se abalar pelo que Raine
falou.
— Não tenho como voltar a ser algo que eu não sou querida,
agora se me dão licença eu preciso ir — diz, sorrindo, gentilmente, e
eu me pergunto como ela consegue.
Acompanho com meus olhos Allie virar as portas para nós
dois que ficamos aqui, ela sai para falar com as outras pessoas do
lugar, vejo quando ela sorri para os outros quando provavelmente a
elogiam e não gosto.
— Você não vê como ela é? — Percebo que Raine ainda
continua ao meu lado quando ela abre sua maldita boca para falar
de novo.
Por mim eu a fecharia para ela nunca mais falar nada, mas
aqui não é o lugar para isso e não tenho tempo para ficar perdendo
com uma prostituta da alta sociedade. Pego o braço dela com força
e vejo Raine arregalar os olhos.
— Acho melhor você manter a porra da sua boca calada e
nunca mais chegar perto de Allie, entendeu? — pergunto para ela
que mantém os olhos arregalados e assente com a cabeça. —
Quero a porra de palavras — rosno na sua cara.
— Vou deixá-la em paz — afirma, e a solto e ajeito o meu
smoking preto virando as costas para ela e indo procurar por Rafael,
darei um prazo generoso a ele.
Passo por algumas pessoas que me cumprimentam para
falar de negócios e percebo que não são os limpos, vislumbro o
interesse no olho de cada um que passa por mim e me pergunta dos
meus negócios, vejo que ser um diretor-executivo de uma empresa
de tecnologia usada para fazer lavagem de dinheiro não é de todo
mal assim.
No entanto, não estou encontrando a pessoa que eu quero
ver por aqui, Rafael parece estar se escondendo de mim, uma pena
ele achar que poderia. Gael aparece no meu campo de visão e
percebo que ele pegou a nossa presa da noite, é a minha hora ter
uma boa conversa com Rafael sobre ele e seu processo que quase
está explodindo na mídia.
— Senhor, ele está em uma sala próximo ao banheiro — a
informação sussurrada no meu ouvido por Gael me faz virar em
direção aos banheiros.
Sigo em direção ao lugar como quem não quer nada, mas
mesmo assim eu sinto um olhar sobre mim, olho em volta do salão
com atenção, mas todos estão envolvidos em suas próprias
conversas para ficar me observando.
Contudo, eu já sou experiente o suficiente para ter certeza de
que tem alguém me olhando por ali. No entanto, ficar parado e
descobrir quem é, não adiantará nada, viro minhas costas e
continuo andando até a tal sala que tem ao lado dos banheiros.
Abro a porta da sala e entro fechando-a atrás de mim,
continuo olhando para Rafael que está à minha frente segurando
uma taça de champanhe, tentando manter uma postura de homem
forte e imponente, mas o medo está presente nos seus olhos.
— Quase que eu não te encontrei hoje — digo, calmamente,
saindo do meu lugar e estando dois passos à frente.
— Estive ocupado, eu não sabia que o senhor queria falar
comigo — ele explica se remexendo desconfortável no seu lugar.
— Entende, sabe seu processo estar a um palmo de explodir
na mídia e com ele eu terei problemas na minha empresa e nos
meus negócios. — Divago, enquanto mantenho meu olhar sobre ele.
— Sei, Ryan, mas eu não...... — Interrompo-o porque não
queria ouvir a merda das suas desculpas, não agora.
— Não quero saber, tudo que tenho para te dizer é que agora
você tem um prazo, bem longo, na verdade — digo, seus ombros
relaxam e eu seguro uma risada que ameaça sair da minha boca.
— Qual o prazo? — Ele pergunta parecendo realmente
esperançoso.
— Dois dias isso é tudo que você tem, ou então vou ter que
fazer uma visita. — A esperança desaparece do seu olhar e eu vejo
que ele quer dizer algo. — E se cuide, Rafael, eu não sou um
homem paciente.
Ele não me responde nada e em viro de costas abrindo a
porta e saio da sala, deixando a porta aberta para que ele saia
também, não olho para trás para saber se ele vem ou não, mas
agora a decisão será totalmente dele.
E enquanto o pai pensa, vou ver a filha dele.
CAPÍTULO 14
ALLIE morgan

Não olho para trás quando saio de perto de Raine e Ryan, eu


o observei desde do momento em que ele colocou o maldito pés
dentro desse evento, não consegui não olhar para ele em seu
smoking preto que eu tinha certeza de que foi feito sob medida, mas
até então Ryan não tinha me visto.
Escondo-me no meio dos homens e mulheres desse evento,
mas não adiantou muita coisa, pois ele me acha, mas lá está Raine
aparecendo ao seu lado, não sei o motivo, porém, está começando
a me incomodar o fato de que ela está atrás dele.
Mesmo que tenha percebido pelo olhar de Ryan que ele não
se importa muito com ela, mas ele também não se importa com
você, minha mente me lembra e fecho os olhos por um momento,
ele não se importa comigo e eu não faço ideia do porquê estou me
importando com ele, só transamos duas vezes.
Apesar que ele foi o único em muito tempo.
— Allie, onde você vai? — Viro-me para a dona da pergunta
e dou de cara com os olhos chocolate da minha irmã me encarando
sem entender nada.
— Pensei que você não viria hoje — digo, e ela revira os
olhos.
— Eu não ia vir mesmo, mas uma amiga minha, veio
também, então — explica, eu levanto a sobrancelha, Kathe não tem
amigas no nosso círculo.
— Que amiga? — pergunto.
— O nome dela é Dara, depois apresento vocês duas, agora
sorria, pois tem gente vindo atrás de você — ela avisa, e eu me viro
para trás vendo algumas senhoras vindo em minha direção.
— Allie, querida, Kathe. — Elas nos cumprimentam sorrindo e
sorrio de volta.
— O que estão achando do evento? — pergunto, e elas
começam a me encher de elogios sobre como eu arrumei tudo tão
bem.
Sei que a senhora Douglas disse que eu organizei tudo, mas
sinto-me um tanto constrangida com tanto elogios vindo dessas
mulheres tão críticas, me concentro nelas por um momento até olhar
para Kathe e perceber como ela está impaciente com isso.
Mas a minha irmã também está linda, seu vestido preto
possui pequenas pedras por ele todo, uma abertura na perna e seu
decote nos seios deixam em evidência o quanto ela é linda e ama
mostrar seu corpo, tanto quanto pudesse.
Prefiro que meu corpo não fique tão à mostra ou minhas
enormes curvas marcariam todo esse vestido que estou usando,
porém[12], hoje eu não pude evitar usá-lo hoje.
— Querida, acho que quando for o casamento da minha filha
você fará a organização. — Uma bela senhora fala e eu sequer
lembro o nome dela, então sorrio e concordei com a cabeça.
Ouço Kathe bater o pé do meu lado e abrir mais um sorriso
ouvindo as mulheres à minha frente falarem sem eu sequer prestar
atenção no que está sendo dito por elas até que Kathe segura meu
braço.
— Licença para vocês, eu e a minha irmã vamos ali. — Não
posso deixar de sentir raiva de Kathe nesse momento, que tipo de
merda ela está fazendo.
— Nós nos vermos mais tarde. — Despeço-me delas com um
sorriso no rosto, isso com certeza será motivo de fofoca entre elas.
Sair com Kathe me arrastando para algum lugar que não
tenha muita gente no salão e eu me deixo ser levada por ela, só
espero que tenha um bom motivo para toda a sua cena na frente
das pessoas, porque as atitudes impulsivas de Kathe estão me
tirando do sério.
— Dá para falar o que você tem? — exijo, soltando meu
braço do seu aperto e vejo ela olhar para o chão antes de olhar para
mim de novo.
— Não tenho nada, só não queria mais ficar lá com aquelas
mulheres — responde, ríspida, e coloco as minhas mãos na cintura.
— Eu sinceramente não te entendo mais, se odeia tanto esse
lugar ou isso aqui. — Giro meu dedo no ar. — Para que você ainda
vem? — pergunto, grossa, e vejo Kathe arregalar os olhos.
— Eu nunca vi você falar assim — afirma o óbvio e eu nem
ligo para isso, ela é minha irmã e talvez possa ver um pouco da Allie
de verdade.
— Mas está vendo agora e, eu não aturarei seus surtos —
aviso, ela levanta as mãos em um final ridículo de rendição.
— Não pedi para você aturar surto nenhum meu — rebate, e
cruzo meus braços respirando fundo.
Me descontrolar não é algo que me permito, descontrole não
dá certo para mim, não mesmo eu preciso me manter no controle
das minhas emoções, mas Kathe está mandando tudo isso à merda
nesse momento.
— Não vamos discutir, Kathe, só relaxe, fale com a sua
amiga que você disse estar aqui, não seja má com as pessoas hoje,
apenas relaxe — sugiro e ela revira os olhos.
— Você está no controle de novo — ela sussurra, e não
entendo porra nenhuma. — Você nunca perde a merda do controle,
Allie, meu Deus você parece uma boneca de tão perfeita. — Suas
afirmações e palavras me fazem fechar os olhos.
Sou tudo, menos perfeita, uma boneca quebrada não
perfeita.
— Eu não sou perfeita, Kathe, e ter autocontrole sobre as
coisas, não é algo ruim, isso apenas me torna uma pessoa menos
impulsiva — digo, ela me olha por um tempo e depois desvia os
olhos de mim.
— Aquela é a Hanna e a Valéria? — pergunta com as
sobrancelhas franzidas e olho para trás.
E realmente é a ruiva e a prima loira conversando com alguns
homens, mas Hanna está ao lado do irmão de Ryan que mantém
um braço ao redor da cintura dela que parece um pouco
incomodada com o gesto.
— Não sabia que elas vinham, não vi o nome de nenhuma
das duas na lista de convidados — comento mais para mim mesma
do que para Kathe.
— Vai saber, não é? Acho que depois falarei com elas, mas
agora vou te apresentar a Dara vem comigo. — Ela me chama
estendendo a mão e antes que eu dê a minha a ela, minha mãe me
chama.
— Allie, quero te apresentar a alguém — ela informa ao meu
lado ignorando a presença de Kathe, que mal olha para ela.
— Eu estava indo com Kathe — digo, mas sou cortada por
ela.
— Ele é alguém muito importante — afirma, e vejo Kathe
balançar a cabeça em negação.
Eu não tenho que ir com a minha mãe, Kathe nesse momento
é a minha prioridade, porém, eu sempre cedo para a minha mãe,
porque ela tem plena consciência de que conseguia me manipular.
— Vá com ela Allie, depois nos vemos — minha irmã declara
com uma voz cansada, porém, com irritação nela também e recolhe
sua mão virando as costas para mim.
Suspiro e lembro o porquê que eu não consigo contradizer a
minha mãe, minha mente não me deixava esquecer.
— Vamos logo, Allie! — ela exclama virando as costas e eu a
sigo indo na direção contraria que a minha irmã foi.

Não entendi para aonde minha mãe está me levando, mas


quase travo quando vejo que estamos indo em direção onde
somente tem homens conversando com o meu pai, que mantém
seus olhos baixos e parece não estar muito concentrado.
— Rafael, querido, aqui está Allie, agora cadê o nosso
convidado dessa noite? — minha mãe pergunta e todos os olhares
focam em mim, eu me sinto totalmente desconfortável.
— Filha, quero te apresentar Felipe Duran. — Esse
sobrenome faz com que o arrepio cruze a minha espinha.
Se ele é um Duran o outro também pode estar aqui, quase
não consigo controlar quando a minha respiração começa a ficar
acelerada e ele estende a mão para mim.
— Prazer, Allie, sou Felipe. — Olho para a sua mão e vejo
que ele tem poucas semelhanças com o Duran que eu conheço.
Aperto sua mão e vejo quando ele abre um sorriso de
predador para mim, tento não me importar com isso, ou melhor,
tento esquecer o sobrenome dele, talvez seja uma infeliz
coincidência.
— É um prazer te conhecer. — A mentira flui da minha boca
enquanto retiro minha mão da sua rapidamente.
— Filha, o Felipe é filho do Dr. Duran, você lembra dele, não
é? — Como eu poderia esquecer? A minha consciência pergunta e
eu sorrio para o meu pai.
— Sim, eu me lembro. — Limito-me a responder e fecho a
minha mão em punho para controlar a minha ansiedade, tudo que
eu menos quero, é ter uma crise.
— Meu pai faleceu no ano passado. — A voz de Felipe tem
um pesar e eu sinto um alívio no meu peito, o desgraçado não está
mais vivo.
— Sinto muito — digo mesmo sem sentir, e Felipe abre um
sorriso agora.
— Eu também, mas esses são os ciclos da vida, sempre se
fechando enquanto outros se abrem. — Concordo com suas
palavras e sorrio para ele mais aliviada.
Talvez ele seja diferente do pai, já que mal têm semelhança
física.
— Seus planos são para ficar na cidade? — minha mãe
pergunta entrando na conversa.
— Sim, passarei algum tempo aqui e depois irei embora. —
pergunto-me mentalmente para aonde ele irá.
— Querido, seria um prazer te receber lá em casa antes de
você ir embora — minha mãe convida, e um grito de quase não sai
da minha boca. — Seu pai foi um doutor para Allie quando ela
precisou. — Essa afirmação dela me deu náusea, não posso
acreditar no que sai da boca dela.
— Entendo, ele realmente era um bom médico. — Felipe
concorda parecendo orgulhoso do pai, mas eu não o culpo, talvez
ele nem saiba quem era seu pai de verdade.
— E você que profissão seguiu? — meu pai especula
parecendo interessado no homem que está à minha frente.
Os olhos da minha mãe chega a brilhar olhando para ele,
sinto um pouco de raiva dela e do meu pai, de todos naquele
maldito evento e por eu não ter visto o nome de Felipe na lista de
convidados, mas ele pode ter vindo acompanhado de alguém, mas
agora isso não importa mais e ficar com raiva não adiantará de nada
para mim.
— Sou médico igual o meu pai — responde, percebo na hora
que seu olhar vai para mim, desvio e resolvo levar meus
pensamentos para longe.
Para não ter que ouvir mais eles falando sobre o Dr. Duran o
homem que pode ter sido tudo, menos um bom médico para mim,
porém, para Felipe ele parece ter sido o melhor pai do mundo e não
culpo o filho por achar que ele foi alguém bom.
Não presto atenção na conversa e procuro Kathe com o olhar
por todo o salão, mas eu não conseguir vê-la, no entanto, vejo
Raine olhando para mim com raiva, fujo do olhar dela e resolvo não
me importar.
— Boa noite, senhores. — Essa voz me faz fechar os olhos
por um instante só para ter certeza de que eu ouvir a voz dele
mesmo.
Mas quando me viro para trás eu pode ter certeza de que
Ryan está atrás de mim e me lança um dos seus malditos sorrisos
perfeitos. Respiro fundo enquanto todos respondem ele, apenas fico
calada o observando.
Olho para o homem que invadiu meus pensamentos desde
da primeira vez que eu vi.
— Allie, responda o senhor Moore — minha mãe me
repreende e eu lhe dou um pequeno sorriso em resposta olhando
para o senhor Moore.
— Boa noite. — Ele tira seus olhos de mim e observa os
outros homens falando com ele.
— Sua filha não precisa me cumprimentar, Margareth, já falei
com ela, mas infelizmente Allie se recusou a vir ao evento comigo.
— Ele solta a bomba e pela cara dela, com certeza mais tarde vai
rolar um sermão.
E eu mal consigo olhar para Ryan, o filho da puta falou tudo
aquilo de propósito e agora eu terei que aguentar muita coisa vindo
da minha mãe quando voltarmos para casa, não que eu me importo
com a opinião dela.
Chegar em casa depois de um evento desse, descansar é
uma das minhas prioridades.
— Eu não acredito que Allie recusou um convite seu —
protesta, parecendo chocada e eu fecho minhas mãos em punhos.
— Não achei apropriado — acrescento antes que alguém
mais fale algo e piore a minha situação.
— Se a minha filha não veio com você, com certeza ela teve
um bom motivo. — As palavras do meu pai me surpreende, até
demais eu diria.
O ambiente fica em silêncio na nossa pequena roda, os
homens que antes estavam envolvidos em suas conversas param e
observam meu pai e Ryan, que mantém um olhar tão duro no seu
rosto que até tive medo.
— Com certeza ela teve — Ryan afirma, e todos voltam a
conversar.
Fico parada tentando entender o que aconteceu ali, mas
todos estão agindo normalmente com a resposta dele, porém, olho
para o rosto de cada um a procura de uma resposta, mas não
consigo obter absolutamente nada.
Só o olhar de Felipe sobre mim, que não está suave como
antes, mas sim duro e algo a mais que eu não sei decifrar.
Volto a prestar atenção nas outras conversas e espero
pacientemente que o evento que pensei que iria me relaxar acabe
de uma vez.
Eu com certeza não aguentarei muito tempo aqui.

RAFAEL MORGAN

Estou voltando para casa, eu não acredito que já tomei a


minha decisão, seria melhor dar tudo de uma vez para a máfia
irlandesa ou morrer ajudando o NX.
Qualquer um dos dois caminhos com certeza me levará a
morte, e talvez eu mal possa esperar por isso. Olho pelo retrovisor
do meu carro para o rosto das minhas filhas e da minha mulher ao
meu lado.
Não me arrependo de nada que fiz para elas, mas com
certeza quando eu morrer minha alma irá direto para o inferno.
CAPÍTULO 15
RYAN moore

Já se passou um dia depois daquele evento de merda que só


serviu para irritar meus soldados, Ruan está calmo esses dias, e
isso tenho certeza de que é sobre colocamos as mãos em Rafael e
fazer dele o que bem entendemos.
Mas ele ainda não me ligou ou apareceu com as minhas
respostas, e preciso delas o mais rápido possível, talvez com elas
eu descubra quem matou o meu capitão. Mas minha intuição diz
que isso acontecerá o mais rápido possível.
Tenho certeza de que Rafael me ligará a qualquer momento.
— Você está colocando muita fé que ele vai falar — Ruan diz,
e eu levanto meus olhos para o meu irmão que está à minha frente
no seu pequeno escritório em uma das nossas boates.
— Eu nunca errei e com Rafael não vai diferente — afirmo e
ele cerra os punhos por cima da mesa.
— Sei, eu sei, mas aquela marca nas costas do capitão você
acha possível que tenha sido ele? — A pergunta do meu irmão me
faz encolher os ombros em resposta.
— Se você acreditar em reencarnação ele pode estar vivo —
respondo, e Ruan balança a cabeça em negação
— Isso é ridículo, aquela marca você já pensou se foi alguém
da mão vermelha querendo vingança? — Isso poderia ser uma
possibilidade, mas a essa altura eu duvido muito.
— Não acho, a mão vermelha mata e depois fala, eles não
ficam matando pessoas ao redor. — Ruan passa a mão pela sua
barba, e dou de ombros.
— Pode ser uma possibilidade, mas vamos esperar o milagre
do santo Rafael ligar.
Ruan e suas tentativas ridículas de fazer uma piada me dá
raiva e ele sabe disso, porém, é meu irmão e eu duvido que ele
parará com isso. Fecho meus olhos por um instante sentindo mais
uma das minhas dores de cabeça constantes, essa porra sempre
vem quando não durmo bem.
Quando abro meus olhos de novo vejo Ruan me observando
de perto e eu dou de ombros? Não quero que ele pergunte sobre
minhas dores de cabeça nem nada do tipo, quando ficamos nos
encarando o celular em cima da mesa toca e Ruan a pega antes
que eu me mexa.
— Quem é vivo sempre aparece. — Pelas palavras do meu
irmão, tenho certeza de que é Rafael.
Eu não estava errado quando falei que o filho da puta ligaria
para falar. Mas pelo olhar de Ruan ele quer brincar e não estou com
nenhuma paciência para essa merda nesse momento, mas meu
irmão parece querer se divertir.
— Não se preocupe, estávamos te esperando, porém..... —
Sei que meu irmão ia falar algo e eu o interrompo antes.
— Coloque essa porra no viva-voz ou haverá consequências.
— Minha voz pode sair controlada, mas Ruan sabe que estou
falando sério, muito sério.
— Diga oi para o meu irmão, Rafael. — O nome saindo da
boca do meu irmão é de puro nojo.
— Ryan, eu estou com as informações aqui para você, são
muitas e eu pensei que podemos nos encontrar em um lugar seguro
para nós dois. — Sua voz denuncia seu nervosismo.
— Espero que essas informações possam valer de algo para
mim. — Meu tom é de alerta, e o ouço respirar fundo do outro lado
da linha.
— Garanto a você que vão, só me encontre perto das docas.
— Sua voz fica um pouco mais baixa e eu desconfio disso, tem
alguma merda errada.
— Que lugar perto das docas. — Pressiono-o para falar e por
alguns instantes só escuto sua respiração na linha.
— Fale porra! — Ruan exclama batendo na mesa, e eu
semicerro meus olhos para que ele se acalme.
— Onde o capitão de vocês foi morto, eu tenho informações
sobre a morte dele também, direi tudo a vocês só me encontrem lá.
— A voz dele transparece desespero antes de desligar a chamada.
Olho para o meu irmão que me encara com a sobrancelha
erguida e seus olhos de falcão em mim, ele não confia em Rafael e
em nada do que disse, seu olhar para mim, transparece isso, mas
eu também não confio nele, porém, iremos direto para lá.
— Você acreditou em algo que ele disse? — Ruan finalmente
pergunta, dou de ombros me levantando da cadeira.
— Não, mas é o que temos no momento, não importa agora
se ele mentiu ou não, iremos juntos para onde ele disse agora. —
Faço uma pausa e pego o meu copo de whisky que está sem cima
da sua mesa cheia de papéis. — Pegaremos as informações e o
matamos de uma vez. — Levo o copo a boca e bebo todo o
conteúdo dele, colocando-o na mesa onde estava.
— Vamos arriscar soldados indo lá. — Meu irmão diz o óbvio,
sorrio sem graça para ele.
— Nossos soldados estão aqui para nos servir, se querem
fazer isso direito estão indo para a guerra agora, e até onde eu me
lembro era você que estava louco para colocar as mãos nele. —
Lembro-o e ele se levanta também, com um olhar determinado em
seu rosto.
— Porra sim! Quero matá-lo, fazê-lo sangrar até a morte, mas
isso está muito estranho, aquele cara não se ofereceria assim para
gente. — Ruan está certo, mas não ligo.
— Ele está indo direto para a toca dos lobos, ou talvez
estejamos indo, mas é a nossa máfia, a nossa vida e eu dou tudo
por ela, não importa as consequências — reitero, e Ruan assente.
Sei que o meu irmão faz o mesmo pela nossa organização.
— Então vamos atrás dele, chame Gael e Luís, acho bom
levarmos os novatos, Jhon e Remi já estão na hora de conhecer
nosso mundo de verdade ou os garotos vão virar uns maricas — ele
diz, andando até à porta e eu o acompanho.
— Chame-os então — determino, passando por ele quando
abre a porta para mim.
Ando pelo corredor que leva até às escadas, desço ouvindo
Ruan antes de mim, fazendo ligações para os nossos soldados,
posso ouvir o tom de vitória na sua voz, mas o encontro com Rafael
pode dar certo ou muito errado.
No entanto, eu tenho certeza se dará certo, no nosso mundo
nada nunca dá certo.
— Gael e Luís já estão nos esperando no estacionamento
com os outros soldados, Remi e Jhon vão do alojamento onde estão
mesmo — Ruan informa ao meu lado enquanto saímos da boate
indo em direção ao estacionamento onde Gael e Luís estão.
Não respondo nada ao meu irmão ali, estou calculando os
prejuízos caso algo aconteça.

— Senhor, Remi e Jhon já estão próximos do lugar. — Viro-


me para olhar Luís que acabou de falar.
— Diga-lhes para esperar por nós, já estamos saindo mesmo
— decreto, e assovio alto para que todos no estacionamento
prestem atenção em mim. — Vamos sair agora — instruo para todos
e entro no meu carro esperando Gael assumir o volante.
Quando Gael entra no carro para dirigir, sinto falta de Ruan
ao meu lado e procuro por ele entre todos os meus soldados que
estão aqui e não o vejo, desgraçado, pensei comigo mesmo, ele foi
sozinho.
— O subchefe foi na frente de moto, chefe — meu soldado de
confiança informa e travo meu maxilar com força.
Não era para ele desobedecer, terei uma conversa com ele
depois que Rafael falar, Ruan aprenderá quem dá a última sou eu.
— Vamos — sentencio, para ele que começa a dirigir em
direção às docas onde Rafael disse que estaria.
O caminho todo é feito em silêncio e observo pelo retrovisor
do carro, os outros veículos dos meus outros soldados vindo atrás
de mim, só não consigo ver Ruan em nenhum momento, parece que
ele sumiu com a sua moto ou já está no lugar.
Quando chegamos à metade do caminho vejo duas motos
que estão paradas começarem a nos seguir, sei que é Remi e Jhon,
os outros agora estão sempre juntos, nunca andavam separados
nem nenhuma merda desse tipo.
Quando olho de volta para a janela do carro de longe consigo
vislumbrar onde estão as docas, fico tenso sobre o banco do carro e
pego a minha arma guardada no meu coldre. Percebo que Gael
deixa dois carros passarem na nossa frente, esse é o código, eu
não posso chegar antes dos meus soldados, eles dão a sua vida por
mim não o contrário, no entanto, hoje sinto vontade chegar primeiro.
Quando os carros param lá na frente e olham ao redor,
fazem sinal para Gael parar também, desço do carro antes de Gael
e pego a minha arma em punho para qualquer coisa. Mas quando
olho ao redor Ruan está lá na frente e todos estão quietos demais.
— O que aconteceu? — pergunto, rosnando para meu irmão
enquanto me aproximo dele.
— Seu informante está ali — responde, apontando para
alguém está morto no chão.
Sem esperar mais nenhuma palavra dele, vou andando até o
corpo e o chuto, quando o corpo vira, vejo vermelho na minha
frente, Rafael está morto e não posso não acreditar nessa merda,
não quando ele finalmente ia abrir a boca.
— Alguém terminou o serviço antes de chegamos — Ruan
diz com uma voz sarcástica, e eu me viro indo até ele com raiva.
Pego Ruan pela jaqueta, soco-o sua cara com toda a minha
raiva, meu irmão se solta do meu aperto e limpa a boca do sangue
que está escorrendo dele, vejo raiva no seu olhar enquanto ele
caminha até mim, pronto para me atacar.
— Não encoste em mim, eu sou seu chefe, eu mando e não
importa se você é meu irmão ou não, tem que me obedecer
também! — rosno as palavras para ele que continua me encarando
com raiva até se afastar de mim.
Ruan vai até um dos carros do soldado e soca o carro
deixando a marca do seu punho lá, olho para todos os meus
soldados e vejo todos tensos olhando para nós dois. Os mais velhos
sabem que isso não é nada.
Mas o olhar no rosto de Remi e Jhon são de puro horror,
seguro firme o olhar nos dois até eles pararem de observar Ruan e
olharem para mim.
— Você matou Rafael? — pergunto para meu irmão e ele
para de se apoiar no carro para me encarar.
— Eu não mataria o que seria útil para nós — afirma
rangendo os dentes e eu seguro meu olhar para ele saber que eu
não estou acreditando muito nele.
— Explique — exijo e mais uma vez ele passa o braço sobre
o corte na boca que ainda sai sangue.
— Quando cheguei ele já estava com uma bala entre os
miolos, com certeza de quem estava fazendo ele trabalhar contra
nós, sabia que hoje nos contaria. — Fecho minhas mãos em punhos
e tomo uma respiração.
— Procurem por algo, qualquer coisa que possa dizer quem
matou ele ou não — vocifero para os meus soldados e ouço Ruan
dar uma pequena risada.
— Se você pensa que eles deixaram alguma prova estar
enganado — debocha, e eu caminho até ele que fica tenso na hora.
— Você ficará aqui com os outros soldados e procurar uma
explicação para morte desse verme, depois arrumará um jeito que a
família saiba que foi um assalto que ele sofreu — determino, ele
levanta a sobrancelha em desafio.
— Tudo isso por uma boceta, irmão? Não oferecemos
enterros aos nossos inimigos — ironiza com desprezo, e eu sorrio
friamente para ele.
— Você está duvidando de uma ordem minha? Pois, é o que
parece. — Ele me encara por um tempo depois recua um passo
para trás.
— Não estou — afirma, e eu viro as costas para ele me
sentindo observado.
Olho para o lado e vejo Remi e Jhon ainda parados, mas não
me importo, Ruan que cuide disso, sigo para o meu carro e Gael
vem em minha direção. Entro no banco do passageiro e espero
Gael entrar no carro também.
— Vamos para a boate, fale para Ruan que vá para lá após
limpar essa bagunça — decreto, e Gael assente pelo retrovisor.
Tento me acalmar o caminho inteiro, mas a porra da minha
cabeça dá voltas e voltas, quem sabe Rafael não planejou a própria
morte para colocar a culpa em nós? Quem sabe da mente daquele
fodido, agora não tenho mais nenhuma prova de quem matou o meu
capitão, se é que Rafael realmente tinha essas malditas provas.
Dou um soco no banco da frente e Gael nem sequer se mexe
com a minha explosão, ele já se acostumou comigo e com Ruan
explodindo como loucos às vezes, mas eu preciso me manter sobre
controle.
— Chefe, chegamos — Gael avisa e eu nem me dou conta
que o carro já parou
Abro a porta do carro e saio, batendo a porta com força para
fechar, caminho para dentro da boate e nenhum soldado aparece na
minha o que eu agradeço. Não paro para olhar o movimento e subo
direto para o escritório, não presto atenção no caminho até abrir a
porta e encontrar a pessoa que eu menos quero ver.
Raine, sentada na porra da minha cadeira fumando um
cigarro, e com um robe aberto mostrando uma lingerie vermelha
enquanto seus cabelos loiros caem sobre seus ombros e ela sorri
para mim, um sorriso que eu quero quebrar com um soco.
— Que porra você tá fazendo aqui dentro? — pergunto,
fechando a porta, ela se levanta da cadeira apagando o cigarro e
deixando o robe cair sobre seus pés.
— Vim te ver, você nunca mais me procurou e senti sua falta,
querido. — Raine se aproxima ainda mais, ela coloca sua mão
sobre meu rosto e eu a paro antes que ela me toque mais.
— Quem disse que eu queria te ver? Se eu não te chamei é
por que tinha um bom motivo. — Cuspo minhas palavras na cara
dela, mas dessa vez ela parece não se importar.
— Posso fazer valer apena, estou aqui para te servir, meu
senhor. — Meu pai pulsa na calça quando ela passa a mão sobre
ele.
Solto sua mão e seguro seus cabelos com força fazendo com
que seu rosto fique próximo ao meu.
— Se ajoelhe e reze, vadia — brado, Raine cai aos pés
abrindo o cinto da calça e colocando meu pau completamente duro
para fora.
Ela o coloca na boca, solto o ar com força e eu seguro seus
cabelos imaginando uma morena aos meus pés.
CAPÍTULO 16
ALLIE morgan

O silêncio no jantar entre mim, minha mãe e minha irmã é


mortal, não vejo o meu pai desde ontem à tarde quando ele saiu e
não voltou até agora. Minha mãe parece estar tentando se manter
sob controle enquanto Kathe se mantém indiferente ao sumiço do
meu pai.
Já eu não consigo ignorar o fato de que ele não está ali com
a gente, talvez pode ter ido a uma viagem de negócios, mas eu
acho difícil, pois ele sempre fala quando vai sair, mas dessa vez ele
somente saiu e não voltou.
Rodo o garfo sobre o meu prato fazendo um barulho
incômodo e mesmo assim ninguém parece ouvir nada, reunindo
coragem resolvo falar.
— Mãe, onde está o meu pai? — pergunto, ela ergue os
olhos para mim em uma expressão de tédio.
— Deve estar em alguma viagem, Allie, se não percebeu ele
não está aqui. — Seu tom é de deboche e me arrependo de ter feito
a merda da pergunta.
Volto a comer em silêncio e mais uma vez me perco em meus
próprios pensamentos, volto a prestar atenção na mesa quando
Kathe se levanta e sai, minha mãe fica olhando para ela por um
tempo e depois volta a comer novamente.
— Vou subir — aviso, levantando-me e não ouço nenhuma
resposta da minha mãe enquanto saio da mesa do jantar para a
sala.
Esperava encontrar Kathe na sala, mas parece que ela subiu
para o seu quarto então fui para lá, subo as escadas e paro em
frente a primeira porta.
Eu bato e espero uma resposta de Kathe que vem um tempo
depois.
— Pode entrar, Allie. — Sua voz é monótona e entro
fechando a porta atrás de mim e me escorando nela.
Observo o quarto escuro de Kathe antes de falar algo, faz
tempo que não entro aqui já que está sempre trancado e minha
mãe raramente para em casa, mas o lugar está completamente
escuro e sem qualquer traço da personalidade dela.
— Veio fazer uma análise do meu quarto? — pergunta, e
ignoro a provocação e me aproximo da cama dela.
Tiro o sapato que está usando e me jogo em cima da cama
onde ela está sentada perto da janela. Ficamos em silêncio um bom
tempo, eu não vejo motivos para falar e Kathe está perdida nos seus
pensamentos.
— Você não está achando estranho seu pai não estar em
casa? — A sua pergunta me surpreende e a olho surpresa.
— Acho sim, mas não acho que vá demorar para ele voltar e
a mamãe está tranquila em relação a isso — respondo, e ela dá de
ombros.
— Não sei, Margareth é sempre daquele jeito com tudo,
nunca se importando com merda alguma, a não ser ela mesma. —
Suspiro com as palavras da minha irmã porque sei que é verdade,
porra, como eu sei.
— Se algo aconteceu ou não, amanhã ficaremos sabendo
disso tenho certeza — afirmo, e Kathe fica em silêncio por um longo
tempo depois da minha fala e resolvo me levantar da sua cama ir
para o meu próprio quarto.
— Se precisar de mim, grite — Kathe comenta, e reviro os
olhos.
Na hora eu me lembro de Hanna e Valéria no evento dos
Douglas, eu também não conheci a tal amiga da minha irmã que
estava lá, sequer me lembrei delas depois que Ryan chegou.
— As meninas foram com quem ao evento? — pergunto,
enquanto cruzo os braços na frente do meu corpo.
— Que meninas? — Kathe franze as sobrancelhas.
— Hanna, Valéria sua amiga eu me esqueci totalmente delas
— explico.
— Ah, sim! Elas foram acompanhadas de uns amigos
daquele tal de Ryan, com quem você transou. — Ela faz questão de
ressaltar a parte que eu transei com ele, já eu ignoro as lembranças
que vem na minha mente do corpo dele sobre o meu.
Mas acho estranho elas terem ido com amigos dele, Valéria
na balada parecia que não conhecia Ryan, no entanto, ela foi com
amigos dele, então não tem motivos para eu desconfiar de nada.
— Bom, vou dormir amanhã quero sair — digo um pouco
animada, Kathe concordou com a cabeça.
— A princesinha vai sair do castelo — debocha, eu coloco um
sorriso falso para ela.
— Você poderia ser a bruxa má que me mantém trancada
aqui — rebato, e ela levanta o dedo do meio para mim.
— Desculpe-me, princesa, mas tudo que quero, é que você
caia fora daqui! — exclama, e eu rio da sua fala.
Faz tempos que nós não conversamos assim, ou riamos
juntas, Kathe sempre está fora de casa e eu sempre estou ocupada
com eventos demais para lhe dar atenção, minha irmã olha firme
para mim e eu vejo no seu rosto que ela está pensando na mesma
coisa que eu.
— Eu serei mais presente — declaro mais para mim do que
para Kathe.
— Eu também vou, eu sei que sou uma merda de chata às
vezes, mas Allie eu sempre estarei aqui — afirma, seco as lágrimas
que estão no canto dos meus olhos e sorrio para minha irmã.
— Sei que sim, agora de verdade eu vou dormir — digo,
abaixando-me para pegar meus sapatos que estão no seu tapete e
me levanto de volta acenando um tchau com a mão para ela que
retribui.
Fecho a porta do quarto da minha irmã e caminho lentamente
pelo corredor até o meu quarto, ouço algumas vozes vindo do
quarto da minha mãe quando passo em frente a ele, mas ignoro
todas e vou direto para o meu. Abro a porta do meu quarto e a
tranco em seguida, jogo os meus sapatos no chão do quarto e vou
em direção ao closet pegar uma roupa para dormir.
Depois que eu já estou trocada de roupa e com a minha
higiene feita eu me jogo no meio da minha cama e me enrolo
completamente, pego o meu celular e dou uma olhada nas minhas
redes sociais que eu nem sequer mantenho ativas, depois dispenso
o celular e fico pensando em Ryan.
Eu espero que isso de pensando nele passe, eu nunca ficarei
com ele do jeito que a minha mente está tentando me fazer acreditar
que conseguiria. Fechei meus olhos e soltei uma longa respiração
pedindo ao universo que eu dormisse bem e que não precisasse
usar meus remédios a noite.

Minhas preces da noite anterior parece ter sido ouvidas, pois


só acordo quando o sol que entra das janelas bate no meu rosto
sendo muito bem-vindo, mas minha paz dura pouco, pois me
desperto completamente com um grito vindo do quarto da minha
mãe.
Levanto-me às pressas e abro a porta do meu quarto, vejo
Kathe em pé descalça e com uma roupa de dormir igual eu sem
entender nada, nossa mãe grita mais uma vez, corro para a porta do
quarto dela batendo nela que está fechada.
— Mãe, abra a porta! — mando, batendo mais na madeira e
Kathe chega perto de mim.
— Margareth, abra a porra da porta de vez! — exclama,
socando a porta que é aberta bruscamente.
Os olhos da minha mãe estão vermelhos e inchados, e seu
lábio inferior treme enquanto ela aperta seu robe com firmeza contra
seu corpo, fico sem reação por um momento até abraçá-la sem
entender nado do que está acontecendo.
— O que aconteceu? — pergunto sussurrando no seu ouvido
e um soluço sai da sua boca.
— Rafael está morto, Allie, ele morreu e me deixou sozinha
— responde, chorando mais ainda, e paraliso por um momento.
Eu estou sem reação como assim meu pai morreu? Como?
Ele estava viajando e voltaria para casa, disso eu tinha certeza sim,
mesmo que ele não fosse um bom pai, ele ainda amava a gente
sim, ele amava. Minha mente tenta me convencer em vão.
— Isso não é verdade, com certeza ligaram enganados —
afirmo e sentir uma mão no meu ombro, me viro soltando a minha
mãe para olhar Kathe.
— Allie, ele morreu, não ligaram enganados tenho certeza,
agora tenha calma, ok? — A minha irmã está falando tão, pacífica
tão calma, como ela pode estar assim?
— Por que você tá assim? — pergunto com a voz fraca sem
conseguir derramar nenhuma lágrima parece que elas estão presas
e não vão sair.
— Nem na morte do seu você tem um coração, você sempre
foi um desgosto. — Aponta minha mãe chorando para Kathe que dá
uma risada sarcástica.
— E você nem na morte do seu marido sabe segurar seu
veneno. — Kathe cospe as palavras com desprezo e eu fecho meus
olhos querendo não acreditar que meu pai morreu.
— Me respeite garotinha insolente! — Minha mãe exige e eu
entro na frente dela e de Kathe.
— Por favor parem! Acabei de receber a notícia que meu pai
morreu e vocês estão brigando, pelo menos hoje respeitem a morte
dele, por favor — imploro quase que em um sussurro.
Minha mãe passa seus braços pela minha cintura e me puxa
contra seu peito e vou sem fazer nenhum esforço, quero que ela e
Kathe parassem e isso parece ter funcionado naquele momento,
respiro fundo nos braços da minha mãe ouvindo seus soluços pela
morte do meu pai.
— Sei como deve estar sendo difícil para você, querida, me
desculpe por brigar com Katherine, mas ela nem sequer se importou
com a morte do seu pai e não aguentei — Minha mãe se justifica
enquanto saio aos poucos do seu abraço.
Eu poderia não ter percebido, mas sua fala era com certeza
uma provocação a Kathe, aquela trégua que elas deram não vai
durar muito, viro minha cabeça para trás e não vejo mais Kathe na
porta, ela foi sem ao menos se importar.
— O que faremos agora? — pergunto em um tom quase
inaudível.
— Organizaremos o funeral dele, você sabe bem como
organizar tudo e as pessoas devem trazer o corpo daqui a pouco —
minha mãe diz soltando a minha mão e não consigo entender o que
ela disse.
— Como assim já estão trazendo o corpo? — Ela passa as
mãos por todo o rosto enxugando algumas lágrimas e suspira.
As coisas não funcionam assim, o corpo dele não será trazido
tão rápido para casa, temos que reconhecendo corpo, mas a minha
mãe já deu a notícia, minha mente dá voltas e mais voltas sem
entender nada.
— Querida, o corpo dele já foi reconhecido, ele morreu em
um assalto, assaltaram ele, Allie. — Sua voz está quase quebrando
novamente e eu me preocupo com minha mão de verdade. — Mas
sei que deve ser difícil para você, minha bonequinha, por isso quero
que você tome seus remédios e depois desça para organizar tudo
comigo. — Ela faz uma pausa novamente e depois continua. — Não
aguentarei fazer tudo sozinha sem ao menos você do meu lado, já
basta sua irmã.
Fico sem palavras e minha mãe sabe que eu farei tudo que
ela pedir nesse momento, no entanto, tem Kathe também, não sei
como ela ficou e sua indiferença me machucou muito.
— Vou para o meu quarto, daqui a pouco eu desço — afirmo
com a voz baixa.
Eu não sabia mais o que dizer, nem como reagir, minhas
emoções parecem ter sido sugadas com aquela notícia logo pela
manhã, mas obedecendo a minha mãe sigo para o meu quarto e me
tranco por alguns segundos enquanto tomo meu banho para ir
encontrá-la e organizar todas as coisas que precisam que ser feitas.
Rafael não foi o melhor pai do mundo, longe disso ele era tão
diferente dos pais que as meninas tinham na escola, ele não foi meu
herói na infância, ele não era gentil comigo e com a minha irmã, ele
não foi muitas coisas.
Mas, ainda assim, deixou um estrago no meu coração,
sentirei a falta dele.
— Querida, deixe-me entrar. — Ouço a voz da senhora
Wanda e me afasto da porta.
— Estou mal. — Admitir isso em voz é ruim muito ruim.
— Minha menina. — Ela entra no quarto e me abraça, eu a
agarro como se fosse a minha tábua de salvação. — Sinto tanto por
você, sabe disso. — diz, passando as mãos no meu cabelo.
— Sei que sente — digo, e ela me apertou mais contra ela.
— Você é tão boa querida, tão boa. — Não entende o porquê
ela está falando isso nesse momento e por um tempo eu não me
importo muito.
— Acho que eu preciso tomar um banho e descer para
organizar tudo — digo no automático, e a ouço suspirar.
— Então vamos ao banheiro, você desce para comer um
pouco e depois vai organizar tudo tá bom? — pergunta, e dou um
sorriso triste para ela.
— Está bem, pode checar Kathe para mim? — Peço, ela
acaricia o meu rosto.
— Sim, vá tomar seu banho — acrescenta, e eu obedeço
indo em direção ao banheiro.
Eu serei forte, tomarei meu banho, descerei e depois
organizarei tudo, não tem problema nenhum, serei forte como
sempre fui e depois não terá muito problema, segurei em frente, já
passei por coisas maiores e sentido dores piores do que a perda de
alguém.
CAPÍTULO 17
ALLIE morgan

Respiro fundo mais uma vez e espero as lágrimas que nunca


desceram do meu rosto finalmente descer, mas não acontece, ela
não vem e daqui a pouco todas as pessoas que são amigos,
clientes ou conhecidos do meu pai estarão na nossa sala onde o
corpo dele está nesse momento.
Olho para tudo no lugar e suspiro, as flores brancas
devidamente colocadas em vasos ao redor do caixão do meu pai,
que eu não tive a coragem de me aproximar ainda, tudo nesse lugar
está parecendo mórbido demais, o silêncio é tanto que dá para ouvir
um alfinete caindo no chão.
Fecho minhas mãos por um momento antes de abri-la
novamente, estou tremendo de medo não consigo parar quieta nem
mesmo os meus remédios dessa vez me acalmaram, está tudo tão
confuso, que mal consigo respirar em alguns momentos.
Só queria alguém aqui comigo, antes de todas as pessoas
chegarem para prestar seus pêsames, a minha família, no entanto,
Kathe se trancou no seu quarto e não saiu para mais nada, minha
mãe foi para o seu quarto se arrumar e eu continuo aqui sozinha,
mais uma vez.
— Allie, eu trouxe um chá para você. — Viro-me para a
senhora Wanda e pego o chá que está nas suas mãos e seguro a
xícara com um pouco de insegurança.
— Obrigada — agradeço baixinho e viro para a frente de
novo mantendo meus olhos fixos no caixão do meu pai.
Ouço um suspiro vindo da senhora Wanda que está agora ao
meu lado calada, ela não disse nenhuma palavra sobre todos na
minha casa estarem agindo estranho nesse momento, enquanto eu
só quero que tudo fique normal.
— Eu chamarei sua mãe para descer, menina, sei o quanto
você deve estar com medo de todas as pessoas que vão chegar,
mas ficará tudo bem. — A garantia da senhora Wanda não é nada.
— Certo, vou para a porta — aviso, entregando para ela a
xícara de volta com o chá sem eu ter tomado nenhum gole dele.
E antes que ela diga que eu tenho que tomar, saio de perto
dela passando pelo caixão do meu pai sem sequer olhar para o lado
e vou em direção a porta da entrada. A cada passo que dou, ouço o
som do meu salto ecoando pelo piso, o cheiro das velas e flores
estão mais fortes na entrada da casa, então abro a porta assim que
cheguei perto dela.
Sinto o ar gelado batendo no meu rosto e coloco a mão na
minha boca fechando meus olhos por alguns momentos até ouvir
sons de alguns carros chegando na frente da minha casa, abro
meus olhos e tiro a mão da minha boca esperando que eles se
aproximem.
A primeira família a chegar é os Douglas, todos descem do
carro e eu encontro o olhar zombeteiro no rosto de Raine, mas eu
não estou preparada para enfrentá-la, não hoje.
— Allie, querida, eu nem sei o que te dizer, mas sinto muito,
querida, nem posso imaginar o quanto deve estar doendo paga você
— a senhora Douglas diz gentilmente me abraçando e eu retribuo
seu abraço carinhoso.
— Obrigada — agradeço, e vejo na hora que ela olha para
trás de mim, provavelmente procurando pela minha mãe e irmã.
— Meus pêsames, senhorita, seu pai era um bom amigo — o
senhor Douglas acrescenta, ouço alguém bufar e nem dá para
duvidar de que foi Raine.
— Onde está sua mãe? — Enceno um sorriso fraco para a
senhora Douglas e me preparo para falar.
— Estou aqui, Julie, entrem por favor. — A voz da minha mãe
pede e me viro para olhar para ela que está com um vestido preto
longo, seus cabelos loiros estão amarrados em um coque no alto da
sua cabeça, enquanto os óculos escuros cobre seus olhos,
provavelmente vermelhos.
— Allie, ficará aqui para receber as outras pessoas — minha
mãe informa para a senhora Douglas que continua me olhando.
— Claro, podem entrar — digo e a senhorinha aperta a minha
mão em apoio seguindo minha mãe para dentro.
O senhor Douglas também passa por mim, mas a única
pessoa que fica para trás é a Raine, ela me olha de cima a baixo
com um ar de superioridade que claramente ela não tem, tudo que
faço é retribuir o seu olhar até ela descruzar seus braços e se
aproximar de mim, com seus cabelos loiros quase tocando o meu
rosto.
— Eu não sinto muito por você — declara, e não posso deixar
de me importar menos com o que ela sente.
— Sei que não — afirmo, e ela estreita os olhos para mim.
— Não ficarei aqui gastando meu tempo com você — diz,
ácida, e fez uma pausa para continuar. — Mas para uma filha que
acabou de perder o pai, você nem sequer parece triste, cadê suas
lágrimas, bonequinha? — Mal sabe ela que eu estou fazendo a
mesma pergunta a mim mesma. Eu penso, mas não digo nada,
Raine que pense o que ela quiser.
— Como eu lhe disse, eu não me importo com o que você
acha. — Torno a repetir e ela joga os cabelos na minha cara com
impaciência e passa por mim, entrando na minha casa.
Eu não consigo entender Raine, nem quero entender, mas
depois daquela noite que dormir com Ryan ela parece ter criado um
grande problema comigo. Eu não tenho a menor ideia se eles dois
tem algo e não ligo, mas com ela fazendo birra até no enterro do
meu pai é insuportável.
— Allie, não ligue para ela. — Viro-me para ver quem falou e
dou de cara com Felipe Duran.
O filho do meu pior pesadelo, está bem ali na minha frente,
vestido em um terno preto com sua pele bronzeada e seus olhos
azuis me olhando com solidariedade, eu mal posso acreditar.
— Eu não ligo, na verdade — digo, dando de ombros, e ele
se aproxima mais um pouco.
— Desculpe ter ouvido sua conversa — comenta,
oferecendo-me sua mão que eu aceito e logo retiro minha mão de
cima da dele.
— Não tem problema — digo, sentindo-me sem graça com
seu olhar sobre mim, até que ele respira fundo e abaixa os olhos
para o chão.
— Sei como é perder um pai, e de verdade sinto muito por
você, mesmo que não tenha derramado nenhuma lágrima ainda
tenho certeza de que você sente muito. — Não conseguir ver qual é
a expressão no rosto de Felipe, no entanto, naquele momento suas
palavras parecem sinceras, mesmo que eu não confie nele
totalmente.
— Obrigada, é que eu não sei o que dizer — agradeço meio
incerta e ele me dá um pequeno sorriso.
— Não tem problema, vamos entrar? — pergunta me
chamando, nego com a cabeça.
— Estou aqui para receber todas as pessoas, talvez daqui a
pouco eu entre lá — explico e ele concorda com a cabeça.
— Vou te esperar, acho que hoje você precisa de alguém ao
seu lado — ele acrescenta, e tudo que faço é dar um aceno com a
cabeça enquanto ele entra da minha casa.
Eu realmente queria alguém ao meu lado, uma parte de mim,
queria a minha família, mas sabia que não acontecerá mesmo com
a morte do meu pai, uma parte louca e minúscula da minha mente
implora para que o homem que está perseguindo meus
pensamentos esteja ao meu lado, mas isso eu não acho possível.
Depois que Felipe entra, cruzo meus braços sobre a frente do
meu corpo e espero que as outras pessoas cheguem, apesar que
não demoram muito os carros começam a chegar por toda a
estrada.

Eu já estou cansada de tanto ficar em pé e receber as


pessoas, quero me despedir do meu pai aproveitar os últimos
momentos ao lado dele, mas todas as pessoas chegam e tenho que
ficar aqui recebendo elas e seus pêsames, mas quando estou quase
entrando na minha casa, mais três carros se aproximam e entram
pelos portões.
Espero que seja mais algum amigo ou cliente do meu pai,
mas não Hanna e Valéria descem do primeiro carro sozinhas, até aí
eu não tenho o que achar estranho, elas são amigas de Kathe e
talvez minhas também, mas nos outros dois carros Ryan desce
primeiro do que está atrás do que Hanna veio dirigindo e seu irmão
desce do outro.
Todos eles andam juntos até mim, deixando para trás
somente o que parece ser os dois seguranças de cada um.
— Allie, como você está? — A pergunta vinda de Valéria
enquanto eu mantenho meus olhos em Ryan que também me
observa muito bem.
— Acho que quando ela e meu irmão pararem de se olhar ela
responde. — Na mesma hora desvio meu olhar para Ruan Moore, o
irmão de Ryan.
Ele tem um olhar duro no rosto, no entanto, esboça um
sorriso debochado no rosto que duvido ser de verdade.
— Eu já estive melhor — respondo, não querendo ser grossa
com as meninas, porém, eu não entendo a ligação delas com os
Moore.
— A pergunta não foi apropriada, eu e a minha prima
sentimos muitos — Hanna declara e eu seus olhos somente
demonstram a verdade nas suas palavras.
— Eu agradeço — digo, os irmãos Moore dão um passo à
frente tomando toda a frente das meninas.
Com eles de perto vejo o rosto de Ruan machucado na boca,
franzo minhas sobrancelhas, mas guardo minha curiosidade.
— Eu não posso dizer algo que eu não sinto — Ryan fala
primeiro e antes que eu possa me conter as palavras saem da
minha boca:
— Se não sente, o que está fazendo aqui? — pergunto, e
Ruan deu um sorriso malicioso na minha direção.
— Negócios são importantes, bonitinha, agora vamos entrar
de uma vez, ninguém vai mais aparecer aqui além de nós e lógico o
corpo do seu pai já deve estar saindo.
As palavras dele são como um balde de água sobre mim,
eles têm razão o corpo do meu pai sairá em breve e eu ainda não
tive coragem o suficiente para entrar lá dentro e olhar para o caixão
dele.
Se eu fizesse aquilo ia se tornar real e eu não quero sentir
nada real nesse momento, então ignorando todas as regras de
etiqueta e viro para eles entrando o mais rápido dentro da minha
casa, graças ao universo não tem ninguém no corredor de entrada e
posso me ajeitar antes de chegar à sala onde todos estão.
Fico parada um tempo olhando para o caixão do meu pai até
ouvir passos na minha frente e atrás de mim.
— Allie querida, iremos levar o corpo do seu pai agora —
minha mãe informa, parecendo imparcial aquilo e arregalo meus
olhos e procuro por Kathe na sala e não a encontrei.
— Como assim agora? — pergunto, ela toca o meu rosto e
sinto vontade de me afastar do seu toque.
— Será melhor assim, já está tudo preparado e Felipe nos
acompanhará até o cemitério — acrescenta, e nego com a cabeça.
— Eu não vou para cemitério algum — afirmo, e passo por
ela que segura meu pulso me olhando seriamente.
— Não surte agora, Allie. — Repreende-me, mas não ligo,
não dessa vez.
— Eu nunca surtei, apenas estou cansada demais, foi o meu
pai que morreu e vai enterrado, então pelo menos uma vez na vida
eu não farei algo que eu não quero — digo bem firme a olhando
sem conseguir enxergar seus olhos por causa do maldito óculos
escuros.
— Senhora Morgan, eu sinto muito pela sua perda, mas acho
que sua filha não está pronta para dar adeus ao pai dela ainda, se a
senhora se sentir mais segura posso ficar com ela aqui. — A voz de
Ryan ao meu lado parece mais uma ordem do que um simples
pedido.
Minha mãe olhou para ele sem entender nada e pelo canto
do meu olho vejo as meninas passarem com Ruan para algum lugar
na sala e enfim ficamos somente nos três.
— Agradeço, mas… — Corto-a antes que ela termine de
falar.
— Tomo minhas decisões e eu não vou. — A firmeza da
minha voz faz a minha mãe estreitar os olhos para mim em sinal de
aviso, mas apenas ignoro.
De um certo modo me sinto mais segura ao lado de Ryan,
principalmente quando sinto sua mão na minha coluna.
— Acho que sua filha acabou de decidir, senhora Morgan. —
Posso apostar que no tom de Ryan tem uma pontada de orgulho.
— Certo. — Margareth suspira derrotada e nos dá as costas.
Sinto-me um pouco nervosa ao lado de Ryan quando ele
continua alisando as minhas costas, então eu me afasto um pouco
dele e o encaro.
— Obrigado, mas não precisa ficar aqui — digo, e ele levanta
uma sobrancelha em silêncio.
— Se eu disse que ficaria é por que com certeza eu ficarei. —
Não ouso duvidar dele, seu olhar estava intimidador demais.
— Tá bom, eu vou subir. — Aponto para as escadas e ele
continua me olhando até concordar com a cabeça sem falar mais
nada.
Espero um pouco mais ele dizer algo, mas seu olhar está em
outro ponto da casa e eu me lembro de Raine ali, ele pode estar
olhando para ela, essa ideia me incomoda, passo por ele sem me
importar com os olhares e subo as escadas em direção ao meu
quarto. Por um momento penso em passar no de Kathe, mas
desisto e sigo direto para o meu, jogo-me em cima da minha cama e
simplesmente fecho os olhos querendo voltar a dormir.
— Está na hora de acordar, princesinha. — Conheço voz,
mas não entendo o que ele está falando até abrir os meus olhos.
Esqueci do enterro do meu pai, a pequena briga com a minha
mãe, não fui ao cemitério, tinha Kathe também eu dormi enquanto
isso tudo aquilo aconteceu, meu Deus fui tão irresponsável.
— Respire. — O tom de ordem na voz de Ryan que está
praticamente em cima de mim, me faz perceber que eu estava
realmente segurando a respiração.
— Como você conseguiu entrar aqui? — Finalmente
pergunto, ele dá de ombros como se não fosse muita coisa.
— A porta não estava trancada, só vim te acordar — sussurro
perto do meu ouvido e todos os pelos do meu pescoço se arrepiam.
Sem perceber passo a língua sobre o meus lábios secos e
vejo Ryan acompanhar o movimento com os olhos, meus olhos se
fixam em sua boca e me lembro dos seus beijos, mas pensar nisso,
nesse momento é errado.
Penso ser errado até ele descer seus lábios sobre a minha
boca e me beijar, Ryan começa me beijando devagar enquanto sua
língua passeia calmamente pela minha boca. Sentindo-me
impaciente coloco minhas mãos no pescoço e o puxo para baixo até
que nossas intimidades estejam perto o suficiente para me sentir
seu pau duro contra a minha barriga.
— Muito impaciente — ele murmura contra a minha boca e
volta a me beijar.
Ele tem razão, estou impaciente, na verdade, quero esquecer
esse dia, e tenho certeza de que Ryan poderá fazer isso.
Sinto as mãos de Ryan passeando pelas minhas coxas e
abrindo caminho para ir até a minha boceta, sinto o toque dos seus
dedos pela renda da minha calcinha e solto um pequeno gemido. Eu
já estou molhada para ele com um simples toque dele.
— Levante-se — manda, parando de me beijar e tirando sua
mão dos meio das minhas pernas, instantaneamente sinto falta do
seu toque.
Mas mesmo assim sento na cama sem entender nada, mas
no segundo seguinte Ryan segura as bordas do meu vestido e o
arranca do meu corpo, agora estou na frente dele somente de
calcinha enquanto seu olhar vagueia por todo o meu corpo.
— Você é sempre gostosa — balbucia antes de abrir minhas
pernas na cama e subir na cama se posicionando sobre elas e
assoprando a minha intimidade sob a pequena renda que a cobre.
Ryan não parece se preocupar com isso quando rasga a
minha calcinha e passa seus dedos na minha boceta, abrindo-a e
assoprando antes de colocar sua boca nela e começar a chupar
meus clitóris.
Solto um gemido alto e seguro seus cabelos arqueando meu
corpo, no entanto, sua mão grossa mantém meu corpo no lugar,
enquanto os dedos da outra estão dentro da minha boceta enquanto
Ryan brinca com o meu clitóris.
Aperto os dedos dele que estão em mim quando chego perto
de gozar e Ryan acelera os seus movimentos enquanto me olha nos
meus olhos quando tenho meu primeiro orgasmo, quando penso
que ele vai parar ele só continua com os dedos em mim me
preparando para o próximo orgasmos que vem com força total.
— Eu não aguento mais — digo em um tom inaudível,
quando vejo ele se levantar sobre o meu corpo a fim de pegar uma
camisinha no bolso do seu terno e abrir o seu zíper colocando seu
pau ereto para fora, cobrindo-o com a camisinha.
— Você aguenta, baby — afirma, entrando lentamente dentro
de mim enquanto me beija e sufoca todos os gemidos que saem da
minha boca.
Ryan começa com o ritmo lento até começar a meter o seu
pau grande e grosso com força dentro de mim, enquanto arranho
suas costas o máximo que eu consigo, ele coloca sua mão entre
nós e começa a brincar com o meu clitóris inchado, fazendo-me
gozar pela terceira vez no seu pau.
Sinto que ele está perto de gozar quando ele mete dentro de
mim com mais força ainda enquanto coloca um dos meus seios na
boca e o suga, aperto o seu pau dentro de mim e Ryan dá sua
última estocada antes de gozar soltando um gemido da sua
garganta e deixando seu corpo suado cair sobre o meu.
CAPÍTULO 18
RYAN moore

Ouço o coração de Allie batendo descompassado no meu


ouvido, sua respiração ainda está acelerada como a minha, e os
nossos corpos estão cobertos de suor, minha intenção quando
entrei no seu quarto não era transar com ela, eu ia simplesmente
brincar um pouco com sua mente, mas a maldita Morgan me deixa
fora do eixo.
Seu jeito inocente, calmo e controlado esconde algo por trás
da sua postura, mas uma raiva se apossou de mim hoje quando vi
Felipe Duran a observando enquanto ela conversava com sua mãe,
vi o jeito que ele a olhou e não gostei nenhum pouco.
Eu não deixarei nenhum homem chegar perto dela enquanto
estiver transando com ela, ninguém se aproximará que algo que é
meu, mesmo que seja temporário.
— Ryan… — Allie começa e não termina deixando as
palavras no ar.
Levanto minha cabeça para olhá-la e percebo que ainda
estou completamente vestido a não ser pelo meu pau que ainda
estava dentro dela com a camisinha. Levanto-me de cima dele e tiro
meu pau de dentro da sua boceta, soltando um pequeno murmúrio
enquanto tiro a camisinha dele e faço um nó na ponta, jogando-a no
chão.
— Acho melhor você dormir — sugiro, ajeitando a minha
roupa.
— Você é sempre assim? — pergunta, e a olho sem
entender.
— Assim como?
— Fechado, pós-sexo — esclarece, e me seguro para não rir,
ela com certeza não ia querer que eu me abrisse para ela.
— Não sou, apenas acho que a princesinha não vai querer
que a vejam com um homem na sua cama. — Minhas palavras com
certeza fazem efeito nela, não quero uma mulher enchendo meu
saco para ficar com ela pós-foda.
— Claro, pode sair — diz, apontando para a porta e puxando
sobre si um lençol.
Olho uma última vez para ela e não entendo o porquê transei
com ela, a garota tem 23 anos ainda convive com os pais e parece
um ratinho assustado depois de transar comigo, mas pensando
bem, na primeira vez não foi assim, quem sabe na próxima eu não
traga algo para ela beber de novo.
— Adeus para você, Allie, e até à próxima visita. — Ando até
à porta deixando bem claro que eu voltarei para transar com ela.
O que me fez querer a repetir? Isso eu não sei.
Espero por uma resposta mais nenhuma veio saio de uma
vez do quarto, deixando-a sozinha, no corredor não vejo ninguém
por perto, então desço as escadas e caminho para o escritório que
Rafael usava. Ao abrir a porta, entro e a deixo atrás de mim,
provavelmente a mãe de Allie chegará em poucos minutos ou algum
empregado da casa poderá me vê ali dentro.
Mas estou pouco me fodendo para isso, quem quer que
tenha matado Rafael sabe que ele tinha algo importante para mim,
ou até mesmo pode ser quem o contratou para fazer o trabalho sujo
de me processar. Caminho até sua mesa e abro algumas gavetas
que tem nela, olho os papéis em cima da mesa, mas não encontro
nada, ele parece ter sumido com tudo, filho da puta do caralho, com
certeza ele não deixaria nenhuma evidência para trás, quem diabos
vai saber se ele não armou a própria morte.
Soco com força a mesa e ouço um pigarreio vindo da porta.
— Acho que você não encontrou nada, né? — Hanna
pergunta da porta e eu assinto para a Ruiva à minha frente.
— Se ele não forjou a própria morte alguém o matou muito
bem — comento, ela concorda.
— Verdade, mas você transar com a filha dele tem algo a
ver? — Ruan pergunta aparecendo de surpresa na porta do
escritório.
Fecho a gaveta que tinha aberto sem respondê-lo, coloco
minhas mãos no bolso indo na direção dele e de Hanna, não vou
dar satisfações ao meu irmão de quem eu fodo ou não.
— Isso não é da sua conta — brado, passando pelos dois e
indo em direção à porta da casa.
— E o que vamos fazer agora? — Ruan sonda, e dou de
ombros.
— Negociar drogas com os mexicanos — respondo, ele nega
com a cabeça.
— Não tô falando de drogas, mas sobre o caso aqui. — Meu
irmão está insistindo e pela primeira vez na minha vida eu não sei o
que responder.
Procuro por um cigarro no bolso da minha calça e acendo
tragando com força.
— O caso aqui ficará assim por enquanto, eu ainda tenho um
prisioneiro para matar, e um mexicano filho da puta que quer
negociar no nosso território.
— As drogas deles são boas, nosso forte são armas, eles
seriam bons aliados. — Ouço a voz de Valéria e me viro para olhar
para ela no sofá da sala.
A loira parece relaxada demais enquanto me fita de pernas
cruzados no seu vestido preto curto demais para um velório, não
que eu me importe, só não iria andar com gente que parece
prostituta ao invés de minhas soldadas.
— Cadê Gael e Luís? — pergunto diretamente para Ruan e
ele dá de ombros.
— Devem estar por aí, só vim garantir que você não fodesse
a Morgan demais, a garotinha poderia ficar assustada com o lobo
mau. — As brincadeiras sem graça de Ruan ainda me tiram do sério
e eu acabarei lhe dando um soco.
— Você deveria segurar sua língua — vocifero, dando mais
uma tragada no meu cigarro antes de jogá-lo no chão.
— Vamos embora agora? — Hanna pergunta aparecendo na
sala.
— Se você estiver com muita pressa é somente ir. — A
sugestão do meu irmão faz a Ruiva quase ficar vermelha de raiva.
— Eu vou — afirma passando por mim, mas seguro o braço
dela antes e me aproximo para falar no seu ouvido.
— Quero você perto de Allie Morgan, o tempo que for leve
Valéria sempre com você — sussurrei como ordem e solto seu
braço.
A ruiva não faz nenhum questionamento e sai de perto de
mim, acenando para sua prima que não tira os olhos de mim com
curiosidade no olhar. Ouço Ruan suspirar e o espero falar algo, mas
tudo que ele faz, é passar por mim e seguir em direção à porta.
Mas eu não vou agora, caminho até o sofá e me sento nele
esperando que a senhora Morgan volte do enterro do seu amado
marido, agora morto, não poderia me importar menos com a morte
de Rafael, mas eu preciso saber qual é a da velha, sento-me mais à
vontade para acender outro cigarro.

Nx

Sinto o olhar questionador dos dois sentados à minha frente,


meu escritório agora não é tão luxuoso como antes, estou preso a
um ninho de ratos por culpa dos Moore, eles me colocaram aqui e
agora vou me vingar, assistirei a queda de Ryan do seu trono de
vidro, sem falar no seu irmãozinho Ruan, ele terá um tratamento
especial.
Mas agora eu não vou ficar pensando no que eu vou fazer
com eles quando colocar as minhas mãos nos dois, preciso agora
prestar atenção nas duas pessoas à minha frente, usarei Felipe
Duran e Raine Douglas e farei deles meus bonequinhos em um jogo
de gigantes.
— Você não vai falar nada? — A impaciência nunca leva a
perfeição, acho que precisarei ensinar algumas coisas a menina
Douglas.
— A perfeição é inimiga da pressa. — Deixo que as palavras
saiam da minha boca para ver a garota se levantar e bater seus pés
no chão como uma criança birrenta.
— Eu vim aqui porque você disse ter um plano para eu
recuperar o meu Ryan, não para ficar olhando para a sua cara. —
Ela cospe as palavras com raiva, sinto uma enorme vontade de rir,
por mim ela nunca terá o seu Ryan.
— Sei perfeitamente o que falo, Raine, não precisa repetir,
fica cansativo — digo, agora é a vez do menino Duran me encarar,
ele é um verme igual ao pai.
— Vamos ao que interessa de uma vez, eu não tenho todo o
tempo do mundo e você também não. — Ele está certo.
— Os Moore agora estão provavelmente fazendo uma
negociação com os mexicanos e eu preciso que você. — Aponto
para Felipe. — Fique de olho na Allie, tenho certeza de que você
consegue fazer, não é? Lembre-se que foi por causa dela que seu
pai morreu. — Minhas palavras surtem efeito no seu rosto, vejo
quando ele fecha os punhos e seu olhar está cheio de raiva.
— E eu farei o quê? — A pergunta de Raine me faz olhá-la e
avaliar o seu corpo bem.
— E encontrar Ruan, ele é bem mais fácil que o irmão e
tenho certeza de que ele é bem mais violento. — Pela cara dava
para ver que ela não gostou do que ordenei.
— Se você diz, eu irei mesmo não gostando da ideia —
afirma, e dou de ombros.
— Não me importo se você gosta ou não, cumprindo minha
ordem e fazendo exatamente o que digo é o importante — reitero, a
garota cruza os braços na frente do corpo.
— Você é muito arrogante ou estúpido demais, se seu plano
é derrubar os Moore duvido que consiga. — Antes mesmo que ela
possa terminar, já me levanto e aperto o seu pescoço até vê-la
vermelha e sem conseguir respirar com o meu aperto.
— Querida, cuidado com suas palavras e eu só não te mato
agora, porque ainda preciso da sua boceta para ser fodida. — Solto
seu pescoço e ela começa a tossir em busca de ar novamente. —
Bom, meu trabalho por aqui já terminou, vocês receberam
comandos com os próximos passos, até lá se comportem. — Saio
da sala sem olhar para trás.
O lugar onde estamos é pequeno demais, um simples
escritório nas antigas ruas de Dublin jamais levantará suspeita
alguma sobre mim ou qualquer coisa relevante para a máfia
irlandesa que se diz tão poderosa com o novo chefe, mas eu duvido
que Ryan seja tão bom assim em comandar as coisas.
Abro a porta do meu carro e começo a dirigir para em direção
à minha casa, para a minha filha a única coisa que os Moore não
destruíram na minha vida. Abro um sorriso com o pensamento de
matá-los engasgados com o próprio sangue.
Estaciono o meu carro na frente da minha casa e desço dele
sem olhar para os lados, mas atento o suficiente para perceber que
ninguém está prestando atenção em mim, caminho até a entrada da
minha casa e abro a porta, ando pelo corredor da sala até encontrar
a minha pequena Aurora assistindo algo na televisão.
— Papai, você chegou! — exclama, animada, e corre até
mim.
— Sim, eu cheguei, o que estava fazendo? — Solto-a do seu
abraço, minha filha já tem 10 anos o tempo passou rápido demais, e
ela está cada dia mais parecida com a sua mãe.
— Apenas assistindo desenho, papai, mas eu queria era sair
mesmo o senhor prometeu que se eu me comportasse iria me levar
para passear. — Lembra, cruzando os braços na frente do corpo e
enrugando o nariz arrebitado.
E minha raiva pelos Moore nesse momento só aumenta um
pouco mais, eu os mataria se pudesse agora, explodiria eles e daria
os pedaços do seu corpo para os cachorros comerem, é por culpa
deles que eu não posso levar a minha filha para passear, se eles a
encontrarem com certeza a matarão.
— A gente já conversou sobre isso, Aurora — advirto-a
esperando que ela esqueça esse maldito assunto.
— Mas, papai.....
Tenta contrapor, porém, a corto novamente.
— Chega, Aurora, eu ainda mando aqui esqueceu? —
pergunto, ela abaixa os olhos para o chão.
— Não esqueci — fala baixinho e corre de volta para o sofá.
Fico parado observando minha filha lá e fecho as mãos em
punhos com raiva e solto uma longa respiração.
— Quando tudo se acalmar ela vai entender. — Olho para a
senhora ao meu lado e concordo com a cabeça.
— Sei que vai — afirmo com ódio na voz, e saio da sala
antes que eu possa perder a minha cabeça.
Minha vingança tem que ser concluída, cedo ou tarde ela tem
que ser.
CAPÍTULO 19
ALLIE morgan

“Minhas mãos estavam tremendo e lágrimas corriam livres


por todo o meu rosto, eu não podia controlar nenhuma delas, então
eu fiz uma coisa que eu sempre fazia quando ele vinha até à minha
casa, uma pequena oração a Deus, contudo, ele nunca me ouviu,
mesmo eu sendo uma boa menina.
— Olha só se não é a minha pequena Allie. — Sua voz me
dava nojo e calafrios por todo o meu corpo, não tinha coragem de
encará-lo.
— Não sou sua — respondi o mais firme que conseguia.
— Não se engane, criança, você é minha, agora tire a roupa!
Vamos começar mais uma sessão, lembre-se você só estar aqui
porque é uma doente sua mãe mesmo lhe disse. — Ele não estava
mentindo dessa vez, minha mãe sempre dizia que eu era uma
doente.
Levantei-me do pequeno banco que eu estava sentada e
comecei a tirar as peças de roupa, eu só tinha 12 anos enquanto ele
era um velho, sabia que o que ele estava fazendo era errado, mas
ninguém acreditaria em mim, ninguém acredita em uma doente.
Sinto uma chicotada na minha pele e pulo de susto.
— Mais rápido sua vagabunda, eu não vejo a hora de foder
sua pequena boceta.“

Perco a conta de quantos soluços saem da minha boca


desde do momento que acordei do meu pesadelo, os malditos
pesadelos voltaram e com eles a realidade que eu não consigo
encarar, por puro medo, ainda me vejo naquela menininha medrosa
de anos atrás, mas ainda luto para me recuperar.
O Dr. Duran morreu ele não voltaria para me assombrar ou
reviver as coisas que fez comigo, porém, ele sempre dá um jeito de
sempre estar presente seja nos meus pensamentos ou como agora
com seu filho perto de mim. Deus, às vezes eu penso ser coisa
demais para lidar.
Encolho-me mais na cama e espero que todo o meu choro vá
embora e quem sabe consiga dormir novamente, no entanto, duvido
que isso aconteça, nunca dormir após um pesadelo, a não ser que
eu tenha remédios para fazer isso por mim, mas toda vez que eu
tomo eles, me lembrava ser uma doente.
Passo a mão pelo meu rosto limpando as lágrimas que
teimavam em sair e jogo os lençóis da cama para o lado, calço a
minha sandália e caminho em direção à porta do meu quarto, abro a
porta e saio andando até à escada, ouço uma música vindo do
escritório e imagino ser a minha mãe ou Kathe que tinham chegado,
porém, era de madrugada e imagino que elas chegaram mais cedo.
No entanto, a minha cabeça é uma bagunça depois que Ryan
saiu e me deixou nua e exausta de um pós-sexo com ele, outra
coisa que sei que não posso continuar fazendo, abrindo minhas
pernas para um cara que eu mal conheço e que sei bem lá fundo
que ele acabará comigo.
Desço as escadas e encontro a minha mãe jogada no sofá
com o som ligado e uma garrafa de whisky na mão, sei que ela não
vê a minha chegada, viro-me para subir para evitar conversar com
ela, porém, ela já tinha me visto.
— Veja só se não é minha amada filha Allie. — Sua voz está
embargada pela bebida e ela solta uma risada alta.
— A senhora não quer subir para o seu quarto? — pergunto,
aproximando-me para ela olhar meu rosto todo.
— Não, não quero, você é doente! — afirma, e engulo em
seco, começaram os xingamentos.
— Não sou e se a senhora não quer ajuda, vou para a
cozinha — rebato, ela ri mais uma vez.
— Você é apenas uma doente, eu aposto que teve mais um
dos seus pesadelos, bem que o Dr. Duran sempre falava que você
era doente, louca e eu nunca acreditei. — Fecho os punhos
impedindo que eu responda a ela, controlando meus próprios
impulsos de fazer qualquer coisa.
— Eu poderia dizer exatamente o contrário não acha,
mamãe? O papai acabou de morrer e você está afogada no álcool.
— As palavras saem da minha boca antes que eu possa controlar.
— Isso vamos lá, me acuse, se eu fosse você deveria ter pelo
menos vergonha antes de falar algo, abrir as pernas para o Moore
deve ter sido algo bom. — Suas palavras me fazem congelar no
lugar, odeio a minha mãe e nunca terei dúvidas disso, seu olhar
para mim, é pura maldade.
— Sim, foi algo bom, mamãe, aprendi com a melhor, aliás. —
Já que é para ofender que eu possa pelo menos massacrar um
pouco nela.
— Não fale do que não sabe — rosna na minha direção e
com a pouca coragem que me resta, sorrio.
— Ah, sei sim, eu vi — afirmo, ela se levanta do sofá com
pressa, porém, tomba em cima dele de novo pela bebida.
— Não fale nenhuma merda, Allie! Seu pai acabou de morrer
respeite a memória dele! — exclama, quase rio da sua cena.
— Quem deveria respeitar ele seria a senhora, no entanto,
não fazia isso nem com ele vivo, morto é que não será — murmuro,
caminhando em direção à cozinha e ouvindo ela gritar o meu nome,
sendo ignorada completamente.
Eu não vou cair no jogo dela mais uma vez, preciso ser forte
e parar de ser frágil o tempo inteiro em algum momento eu terei que
parar de fingir ser perfeita, porém, a máscara foi colocada há tanto
tempo que às vezes eu mesmo me esqueço de tirá-la.
Chego à cozinha e não vejo nenhum sinal da senhora Wanda
por aqui, abro a geladeira e pego uma garrafa de água, quando me
viro a senhora Wanda me olha com os olhos cheios de lágrimas e
sei que ela ouviu a conversa.
— Minha menina, você sabe que não é nenhuma doente, não
sabe? — ela pergunta com sua voz doce vindo me abraçar e eu
abrir meus braços para receber a senhorinha.
— Sei, sim — afirmo somente para que ela não falar muito
sobre o que ela ouviu, não estou preparada para engolir nada do
que a minha mãe disse bêbada.
— Essa casa é tóxica para você — diz no meu ouvido.
— Não é, tem a senhora aqui e Kathe também — afirma, sei
que ela está revirando os olhos para a minha afirmação inútil.
— Sei que tem, mas nós duas sabemos nos virar e eu não
sou atacada como você é, menina. — Sua fala me faz soltar ela e
encarar a minha situação.
Tenho certeza de que não sairei dessa casa tão cedo, disso
não tenho dúvidas, mas no momento isso não importa, as palavras
da minha mãe não estão fazendo efeito em mim, e a senhora
Wanda claramente precisa enxergar isso.
— Eu vou tomar minha água e subir para o meu quarto —
declaro, dando-lhe as costas e ouvindo ela suspirar.
Eu, claro, ignoro e visto minha máscara de boneca perfeita
como sempre sem deixar transparecer coisa alguma sobre meus
sentimentos, precisava ser um túmulo dos meus próprios segredos
e isso não era tão difícil.
— Respeitarei sua decisão, mas quando quiser conversar
sabe aonde vai me encontrar. — Não vejo quando ela sai da
cozinha, mas consegui ouvir seus passos enquanto colocava minha
água em um copo e a bebo rapidamente.
Depois saio da cozinha e quando passo pela sala não vejo
mais a minha mãe por ali, subo as escadas rápido e me tranco no
meu quarto mais uma vez. Fecho meus olhos e espero o sono
chegar de uma forma ou de outra.

Acordo com algo irritante tocando e não sabia bem o que é,


me sento na cama me sentindo dolorida e ouvindo meu próprio
celular tocar, procuro por toda a minha cama até achar e ver um
número desconhecido na tela.
— Alô? — Atendo desconfiada, tentando imaginar quem está
me ligando.
— Ei, Allie, aqui é Hanna não pude conversar com você no
velório do seu pai, mas, queria chamar você para sair. — Bem
direta, penso comigo mesma e resolvo concordar.
— Pode ser, me diga o lugar que estarei lá. — Concordo e
ouço algumas vozes falando algo no fundo, mas não consigo
entender nada.
— Pode ser agora? Estou saindo do trabalho para almoçar —
pergunta, franzo franzi as sobrancelhas, almoço? Puta merda, dormi
demais para quem mal conseguiu fechar os olhos na madrugada.
— Pode — afirmo, e espero ela passar o endereço.
Quando Hanna informa onde almoçaremos, desligo a
chamada e vou para o banheiro tomar um banho e me arrumar, uma
meia hora depois, estou vestida em uma calça jeans rasgada um
tênis surrado e uma camiseta, por cima visto um moletom pelo frio
em Dublin, com um rabo de cavalo feito no meu cabelo, é somente
um almoço, afinal e eu não estava tão a fim de ir mesmo.
Pego minha bolsa no closet e jogo algumas coisas dentro,
saio do meu quarto e desço as escadas rapidamente, vejo minha
mãe e a senhora Wanda na sala.
— Vai sair, Allie? — A pergunta da minha mãe me faz virar
para olhá-la, com certeza dona Margareth nem sequer se lembra do
que falou ontem à noite.
— Sim, almoçarei fora e depois volto para casa. — Mantenho
minha postura e a senhora Wanda me olha com desconfiança nos
olhos.
— Certo — minha mãe murmura e se vira para continuar o
que ela estava fazendo, eu me viro e sair em direção à porta de
entrada passando por ela e indo pegar o meu carro.
Depois de já ter saído mansão de casa, vou em direção ao
endereço que Hanna passou, estranho quando entro na área antiga
de Dublin e paro em frente a um restaurante que precisa com
certeza de uma reforma.
Desço do carro e pelo vidro do restaurante consigo ver
Hanna sentada em uma mesa próxima à entrada, vou em direção ao
antigo lugar e entro, vendo que não tem quase ninguém de cliente,
ouço um assobio e viro minha cabeça em direção a Hanna que sorri
para mim e eu retribuo seu sorriso.
— Ei, como você está? — pergunta assim que eu me sento, e
dou de ombros.
— Estou ficando melhor e você? — respondo, ela fez uma
careta para mim.
— Desculpe pela minha pergunta ridícula, mas eu só queria
almoçar na sua presença mesmo, quase não tenho amigas na
cidade além da sua irmã e alguns amigos — explica, e consigo
relaxar na cadeira.
— Não tem problemas, eu acho que também precisava sair
— confesso, ela me dá mais um sorriso.
— Que bom então, espero que você não tenha julgado o
lugar pela aparência, garanto que aqui é servida comidas que dão
água na boca — afirma, e reviro os olhos para ela.
— Não importa o lugar se a comida for boa — afirmo, ela
pisca para mim.
— Com certeza você é das minhas, agora me fale um pouco
sobre você. — Pede enquanto olha para o cardápio, revolvo fazer o
mesmo.
— Não tenho muito o que falar, na verdade, sou uma mulher
normal que ainda nem se decidiu o que fazer da vida, no entanto,
adoro preparar eventos e observar o resultado depois — digo, e ela
concorda com a cabeça.
— Bom você não perguntou, mas eu sou Hanna Doyle, 25
anos, sem nada para fazer da vida e com um trabalho um tanto
complicado, moro com minha prima como você sabe nada de mais.
— Hanna chama o garçom assim que terminou de falar e fazemos
nossos pedidos.
A ruiva é boa de conversa e eu consigo me sentir à vontade
do lado dela, suas perguntas são coisas aleatórias, mas algo me diz
que ela tem alguma coisa escondida, deixo minhas paranoias de
lado e me concentro em aproveitar o almoço ao lado de uma amiga.
— Você é solteira? — pergunta de repente, e quase me
engasgo com a comida.
— Sou sim e você? — Devolve a mesma pergunta e ela dá
de ombros confirmando com a cabeça.
— Você trabalha para o Ryan? — especulo antes que eu
possa conter minha língua e vejo um sorriso se formar no canto da
boca dela.
— Está com ciúmes? — provoca, e me encolho na cadeira.
Não estou com ciúmes, apenas quero saber sobre isso, ou
melhor sobre ele, até por que não sei nada.
— Não — respondo, firme, e ela levanta as sobrancelhas
com dúvida.
— Sei e sim trabalho para ele na empresa de tecnologia e às
vezes na exportação de whisky irlandês — informa, e arqueio as
sobrancelhas.
— Não sabia que ele exportava algo. — Estranho encolhendo
os ombros.
— Realmente não é nada que muita gente saiba, esse é um
negócio que ele não gosta muito que falem sobre, pode manchar a
imagem da empresa. — Entendo o que Hanna está dizendo, whisky
e tecnologia para a sociedade de Dublin é estranho demais
andarem lado a lado.
Já que a exportação não traz grandes lucros para ninguém.
— Entendo, acho que é muito arriscados misturar os dois —
digo, e ela concorda comigo.
— E realmente é, você sabia que seu pai estava movendo
um processo contra os Moore antes de morrer? — pergunta,
enquanto como.
— Eu sabia que eles estavam resolvendo alguma coisa, mas
não tão a fundo — respondo, e ela me olha por um momento
despois desvia os olhos de mim.
— Entende, você nunca de interessou em fazer direito como
o seu pai? — Mudo de posição na cadeira antes de responder.
— Na verdade, já, hoje não. — Sou simples e direta, voltando
a comer.
Depois a conversa se seguiu normalmente e eu estou rindo
quando Hanna olha para a entrada do lugar e congela o olhar lá, e
viro para ver o que ela tanto olha e vejo o homem que ronda meus
pensamentos e seu segurança ao lado entrando no restaurante.
CAPÍTULO 20
RYAN moore

Ouvir a conversa entre Hanna e Allie me deixou com tédio o


suficiente para uma semana, a ruiva não conseguiu ou não fez
porque não quis arrancar algumas palavras da boca da princesinha
dos Morgan, fora que eu sequer sei qual a intenção de Hanna com a
ideia ridícula de um almoço, seria mais fácil levá-la a alguma boate
na cidade.
Mas duvidava que a princesinha iria querer, manter o luto que
é nítido que ninguém daquela família sente e eu não me importo,
quando meu pai morreu sequer sentir luto algum, até hoje me
pergunto o porquê de não ter sentido nada em relação a ele.
Tiro o fone que dá para ouvir a conversa de Hanna e Allie e
foco meus olhos nos garotos que estão lutando no tatame. Remi
ganhou a segunda luta contra Jhon, o que fez com certeza o meu
irmão e todo o seu humor ir à merda hoje.
— Seu garoto parece lutar melhor do que pensávamos. —
Concordo com ele. Remi está se mostrando bem melhor!
— Talvez eu somente tenha feito uma boa escolha. — Meu
ego está gritando nesse momento, tudo que eu quero está dando
certo e eu pouco me importo com o resto.
— Verdade, fez mesmo a única coisa que você não está
fazendo bem é ficar procurando mais por Allie Morgan. — Suas
palavras fazem um nervo no meu subconsciente despertar.
— O que você estar insinuando? — questiono, e Ruan dá de
ombros.
— Nada, estou dizendo a porra da verdade, caralho você não
pode se prender a porra de uma boceta logo agora — reclama, e me
viro para encará-lo.
— Eu não estou preso a ninguém e nem vou ficar, só espero
que você não esteja usando nenhum tipo de droga. — Meu irmão ri
de mim.
— Você sabe que apesar de vender não uso nenhum tipo de
merda, só preciso garantir que meu irmão mais velho não caia da
cadeira por uma boceta filha de um traidor. — Ruan não está
mentindo eu não posso cair por causa de Allie não mesmo, mas
brincar com ela e usá-la não me parece má ideia.
— Fique com seus pensamentos, irmão, eu no momento vou
sair — afirmo caminhando para fora do galpão antigo e acenando
para que Gael me acompanhe.
— Vamos para aonde, chefe? — pergunta assim que estou
do lado de fora do galpão antigo em meio a um pedaço de mata.
— Para o restaurante que Hanna e Valéria moram perto, você
deve saber já que vive vigiando as duas — digo, e vejo meu soldado
de confiança ficar tenso.
— Sei sim, senhor — responde, e eu entro no meu carro
esperando que ele comece a dirigir para o lugar.
Não me metia entre os meus soldados por qualquer coisa,
mas eu sabia que o relacionamento que Gael mantém com as duas
primas Doyle ainda me trará muitos problemas pela frente.
Mas agora eu não preciso pensar nisso, focar em encontrar a
princesinha e a ruiva do diabo que está com ela.
Espero impaciente para o momento que Gael finalmente
estaciona o carro na frente do lugar onde de Hanna está com Allie.
Não entendi bem qual é a da ruiva ao levar Allie até ali, sei muito
bem que a ruiva não frequenta esse tipo de lugar por nada na vida.
E se ela estivesse querendo testar minha paciência, terá
retaliação.
— Chegamos, senhor — meu soldado informa e eu solto o ar
com força.
— Já estava na hora não acha? — ironizo, impaciente antes
de desce do carro e ir entrando no lugar que estava caindo aos
pedaços.
Quando coloco meus pés no lugar não me importo muito em
como conseguir achar Hanna e Allie já que elas estão sentadas
próximas à entrada e vou até elas, não antes sem perceber o olhar
surpreso no rosto de Allie e um que eu não gosto muito na ruiva.
— Veja só, não esperava vê-lo por aqui, Ryan. — A voz de
deboche de Hanna não me passa despercebido enquanto eu me
sento à mesa com elas.
— Tenho certeza de que você me esperava sim — afirmo e
vejo Allie olhar para ela em busca de respostas.
— Não estou entendendo. — Ela enfim fala alguma coisa e
eu me encosto na cadeira já relaxado.
— Não queira entender, querida, pode ser complicado demais
para que você possa pensar. — Pisco para ela que me olha com
frieza nos olhos, nem parece a amante que eu fodia.
— Acho que você está assustando ela com esse seu papo,
já almoçou? — Hanna pergunta querendo muda de assunto, e
seguro uma risada sarcástica.
— Não comerei com vocês — declaro e tenho certeza de que
ouço Allie soltar um suspiro de alívio. — Mas vou ter que levar a
senhorita Morgan comigo — concluo e ela me olha com
determinação.
— Eu não vou a lugar algum com você! — afirma,
determinada, e dou de ombros não ligando muito.
— Você vai, querida, por favor levante-se e ande logo —
ordeno, e a ouço soltar uma risada desacreditada no que eu disse.
— Não sairei daqui! — reitera, pausadamente como se
quisesse que eu entendesse melhor o que ela estava falando.
— Ei! — Hanna atraiu a atenção para ela. — Allie vai com
você, não precisa fazer essa cara aí. — Aponta para o meu rosto e
eu continuo olhando firme para a morena baixinha que agora olha
para Hanna como se tivesse visto um ET.
— Ótimo! Esperarei lá fora, espero não ter que vim te tirar
daqui — brado, e me levantado deixando as duas ali.
Saio do restaurante e espero no carro que Gael já mantém a
porta aberta, entro e espero pacientemente para que Allie saia do
restaurante e venha diretamente para meu carro. O que demora
bastante.
E porra! Estou começando a ficar impaciente com toda essa
demora, mas não preciso esperar tanto tempo porque Hanna
conhece minhas regras, e com certeza ela incentivou a pequena
morena a me obedecer.
— O que você quer comigo? — a pergunta em tom de
rosnado vindo de Allie assim que entra no carro não me surpreende.
Eu já esperava por aquilo, quer dizer até por mais…
— Você é muito apressada, querida, prefiro te levar para um
lugar que se sinta relaxada — respondo, passando meus dedos por
seu rosto e ela se distância do meu toque.
— Eu não quero ir a lugar nenhum com você! — exclama, e
dou de ombros.
— Sei, porém, não perderei meu tempo discutindo com você
aqui. Vamos, Gael — instruo meu soldado, e que começa a dirigir o
carro e ouço Allie bufar ao meu lado.
— Qual o seu problema? — Sua voz está contida, contudo,
sei que ela está com raiva, muita raiva.
— Muitas perguntas, princesinha, mas eu a aconselho a
relaxar, chegaremos logo.
Ela fica calada, mas posso sentir seus olhos em mim e sua
respiração acelerada, meu pau dá uma leve pulsada ao saber que
seus olhos estão em mim e como sempre o desejo desenfreado que
sinto por ela também está aqui, assim como meu instinto
possessivo.
Mas isso eu tenho que controlar, custe o que custar.

— Chegamos — anuncio assim que Gael estaciona o carro


em frente ao prédio que fica o meu apartamento.
— Que lugar é esse?
— Um prédio.
Saio do carro a ouvindo me xingar e reviro os olhos ouvindo
ela bater à porta do carro com força atrás de mim.
— Não se faça de louco! Não entrarei aí com você. — Bate o
pé, irritada, na calçada e eu me aproximo lentamente dela.
Tenho a vantagem de ser bem mais alto que ela, todavia, isso
não parece intimidar a pequena criatura à minha frente. Coloco a
minha mão por trás do seu pescoço, segurando-a para que ela olhe
bem para mim.
— Nós vamos entrar, princesinha! E você vai se divertir muito
— sussurro no seu ouvido e roço minha barba contra o seu rosto.
— Disso eu duvido. — O atrevimento dela durará pouco, pelo
menos no que depender de mim.
— Veremos, querida, agora vamos de uma vez!
Allie não vai contra a minha ordem o que acho ótimo, lidar
com seus dramas de menina mimada é demais para mim. Entramos
no prédio em silêncio, o porteiro já me conhece e subimos para a
minha cobertura no elevador privado.
Sinto a inquietação dela ao meu lado, mas não digo nada
enquanto subimos, até que o elevador abre suas portas e saio dele.
Coloco a senha para destrancar a porta da cobertura e entramos.
— Já pode me dizer para que me trouxe aqui?
Ela finalmente quebra o silêncio e tiro meu paletó, jogando-o
em cima do sofá e indo até o pequeno bar para pegar uma dose de
whisky.
— Você quer? — Ofereço, ela estreita os olhos para mim. —
Depois não adianta dizer que eu não fui educado.
— Não seja irônico, porra! — Sua explosão é uma surpresa
para mim, e sorrio.
— Gosto de vê-la assim.
— Não me importa como você gosta de me ver!
Ela frisa bem a palavra você como se fosse um veneno. Levo
o copo de whisky a boca e sorvo todo o líquido de uma vez só,
sendo observado atentamente por ela, que depois me fuzila com os
olhos e eu quase rio da sua cara.
— Agora podemos conversar melhor, princesinha — afirmo, e
caminho calmamente até ela que se afasta para trás até encostar no
sofá.
— Ryan, nós não temos nada para conversar…
Suas palavras são engolidas pela minha boca na sua, mordo
seus lábios atrevidos, chupo sua língua e engulo um dos seus
gemidos. Passo minha mão pela sua nuca, sentindo sua pele se
arrepiar ao meu toque.
— Ryan… — Meu nome na sua boca será minha perdição.
Torno o beijo mais bruto e desce minhas mãos para sua
bunda, fazendo-a passar suas pernas na minha cintura, caminho
com ela até o sofá e me sento, colocando-a por cima de mim.
Levanto seu vestido até sua cintura, rasgo o pedaço de calcinha que
Allie veste e jogo para o lado, a princesinha começa a rebolar no
meu colo sem nenhum pudor.
— Você vai me dar uma calcinha nova! — brada, e sorrio
colocando minha testa a dela.
— Eu te dou quantas quiser, desde que eu tenha você
rebolando sobre o meu pau.
Tiro uma camisinha do meu bolso e Allie a pega da minha
mão, abro o cinto da minha calça e tiro meu pau para fora, observo-
a ela rasgar o pacote da camisinha e colocá-lo sobre o meu membro
totalmente ereto.
Posiciono-me na entrada dela e espero que Allie desça sobre
o meu pau. Abaixo as alças do seu vestido e pego seus seios nas
mãos ouvindo os pequenos gemidos seus pequenos gemidos.
Coloco uma mão entre nós e começo a esfregar seus clitóris
enquanto ela rebola cada vez mais sobre mim.
— Sua bocetinha é muito gulosa pelo meu pau, princesinha.
— Coloco seu seio novamente na minha boca enquanto ela crava
suas unhas nos meus ombros — Meu pau também é viciado nela —
sussurro para ela que me olha com seus enormes olhos azuis e
morde o lábio inferior com força.
Acelero os movimentos da minha mão no seu clitóris,
enquanto sinto sua boceta apertar meu pau cada vez mais, até que
Allie tem seu primeiro orgasmos do dia. Inverto nossas posições no
sofá, colocando-a debaixo da mim e colocando sua perna sobre o
meu ombro enquanto soco com força dentro da sua boceta.
— Sabe por que eu fui atrás de você no café? — pergunto no
seu ouvido e ela nega com a cabeça. — Porque que não conseguir
ficar longe de você, eu precisava entrar em você e não aguentei
mais esperar!
Afirmo enquanto estoco com mais força nela e seguro um dos
seus seios. Começo a estimular seu clitóris novamente quando
chego perto de gozar, logo em seguida gozamos juntos.
— Eu acho que também não consigo ficar muito tempo longe
de você.
Ouço seu sussurro no meu ouvido sentindo meu corpo ficar
tenso.
CAPÍTULO 21
ALLIE morgan

Faz algum tempo que Ryan me trouxe para o quarto dele,


estou traçando suas tatuagens com os dedos. Apesar de saber que
Ryan não fica assim com quem ele fode, resolvi arriscar. Minha
respiração já está mais calma, porém, meu coração ainda está
acelerado, como sempre acontecia quando Ryan está por perto.
Respiro fundo porque eu sabia muito bem o porquê ele fica
assim para ele, não estou acostumada a transar mais de uma vez
com um cara, principalmente alguém intenso e misterioso como ele.
— Você pensa demais. — Sua voz me tira dos meus
pensamentos e levanto meu rosto para olhá-lo.
— E você não?
Espero uma resposta sua enquanto me analisa calmamente,
ele estreita os olhos para mim e solta um suspiro.
— Não preciso pensar quando estou fazendo algo que
planejei. — Sua reposta me deixa curiosa, sento-me na cama e
avalio seu corpo cheio de músculos e bem cuidado.
— Você planejou me foder?
— Talvez, como eu disse antes você pensa demais.
— Certo — murmuro e tento me afastar dele, mas sou
puxada para cama novamente e seu corpo cobre o meu.
— Princesinha, não aja como uma vadia agora. Você sabe
que isso daqui é sexo, tanto para mim, quando para você. — Ele
está certo, estou aqui somente por sexo e alguns orgasmos.
— Não é certo eu estar aqui, meu pai acabou de morrer…
Sou interrompida quando ouço uma risada vindo de Ryan e
seus olhos ficam escuros e sombrios quando ele olha para mim.
— Não faça drama, nos dois sabemos que seu pai não
prestava e talvez, só talvez, ele tenha passado dessa para outra,
tarde demais.
Suas afirmações são como um tapa na minha cara, todas
elas são verdades que eu não quero admitir, que jamais terei
coragem de admitir nem para mim mesma.
— Você não sabe de nada! — Tento sair debaixo dele,
porém, Ryan é bem mais forte, e isso é uma luta perdida.
— Eu não entendo o motivo para você ter tanto medo de
admitir isso — sussurra contra a minha boca, e sinto a raiva me
dominando.
— Como eu disse antes, você não sabe de porra nenhuma!
Eu não quero mais ficar aqui! — Tento sair debaixo dele novamente,
mas é inútil.
— Irei te levar mesmo, princesinha, não costumo agradar
muito minhas fodas.
Suas palavras me fazem sentir mais raiva ainda, contudo, a
porcaria do seu rosto bonito transmite puro divertimento com a
minha cara. Por um momento me arrependo de ter cedido, de ter
ouvido Hanna e a obedecido como uma cachorrinha qualquer.
— Ótimo. Quero as minhas roupas.
— Só pegar na sala.
É impossível não fechar a cara com a sua frieza ou talvez
seja apenas eu colocando sentimentos onde só existe tesão, respiro
fundo e levanto da cama pronta para sair do quarto quando sinto a
mão dele no meu braço.
— Não pense muito, princesinha, eu já te disse — reitera, e
sinto vontade de rir com escárnio.
— Eu não estou pensando demais. Só não aceitarei ser
tratada como qualquer uma!
Ryan solta meu braço e passa a mão pelos seus cabelos,
viro-me de costas para ele e vou até à porta, porém, antes de sair,
ouço ele falando:
— Você não é qualquer uma, princesinha, se fosse, não
estaria aqui.
Não quero me iludir com essas palavras, não quero me
envolver demais com Ryan, mas seria mentira se afirmasse que ele
não mexe comigo, sua intensidade, seus beijos, o perigo que ele
representa me atrai cada dia mais.
Acho minhas roupas na sala e a minha calcinha rasgada
jogada no chão da sala. Visto minha calça, blusa e moletom
novamente e fico esperando Ryan aparecer novamente, vestido em
um terno três peça que lhe cai perfeitamente, seus cabelos
molhados mostra que ele tomou banho.
— Vamos, Allie. — Chama, e sinto falta do apelido ridículo
que ele colocou em mim.
— Quero ir direto para a minha casa. — Peço e ele me olha
um momento antes de saímos daquela cobertura e entrar no
elevador.
— O seu carro?
— Deixei as chaves com Hanna, ela deve ter levado para a
minha casa.
Depois da minha resposta o silêncio domina o elevador até
chegarmos ao estacionamento subterrâneo que eu não imaginava
que tivesse no prédio. De longe vejo o motorista que andava com
Ryan esperando nos dois com a porta do carro aberta.

O caminho até onde eu moro é feito em um completo silêncio,


Ryan está concentrado demais no seu celular para sequer olhar
para mim, isso me incomoda e qualquer que me olhe pode ver
incômodo estampando no meu rosto. Por mais que eu tente
disfarçar, não consigo.
Fecho minha mão direita em punho e enfio minhas unhas na
palma da minha mão, preciso acabar com esse sentimento e sentir
um pouco de dor enquanto, estou sem os remédios que tanto me
ajudam.
— Senhorita, chegamos. — O motorista anuncia, abro a
minha mão o mais rápido possível para que ninguém perceba meu
momento.
— Obrigada pela carona — agradeço antes de descer do
carro.
Nenhuma resposta vem, bato à porta com mais força do que
consigo e sigo direto para os portões que são abertos
automaticamente com a minha chegada.
Passo pela frente da minha casa, sem olhar para os lados ou
para qualquer outro lugar do jardim, não olho se meu carro está na
garagem da casa, mas paraliso na entrada assim que ouço a minha
mãe chamar meu nome de algum lugar do jardim.
— Allie querida, veja só quem veio nos visitar. — Aponta para
o filho do Dr. Duran ao seu lado.
Avalio os dois antes de respirar fundo e ir ao encontro deles,
no meio do jardim gigante da minha mãe.
— Boa tarde. — Cumprimento os dois.
— Boa tarde, Allie, eu queria te ver para saber se você está
realmente bem. — As palavras de Felipe parecem sinceras,
sinceras até demais.
— Não seja mal-educada, filha. — Minha mãe me lança um
daqueles olhares de pura repreensão e desgosto para a minha
roupa.
— Muito gentil da sua parte. — Consigo dizer e forçar um
sorriso.
— Bem, crianças, irei deixá-los sozinhos para poderem
conversar, mais à vontade.
Eu não posso acreditar no que minha mãe está fazendo,
jogando-me direto nos braços de um cara que ela acabou de
conhecer, somente por que o maldito do pai dele foi a merda do meu
psiquiatra.
— Será um prazer conversar com a Allie. — Sinto pena do
olhar de Felipe sobre mim, mas o devolvo mesmo assim.
— Tenho certeza de que sim — afirma antes de se afastar e
nos deixar sozinhos.
— Desculpe pelas palavras da minha mãe. — É tudo que
consigo dizer quando vejo que a dona Margareth está longe o
suficiente para não ouvir minhas palavras.
— Não tem problemas — comenta e faz uma pausa. —
Minha mãe era igual, talvez um pouco pior pelo sangue brasileiro.
— Sua mãe era brasileira? — Finjo um interesse que eu não
tenho nele.
— Sim, não percebeu que meu nome é diferente? —
pergunta, e dou de ombros começando a ficar desconfortável com
sua presença.
— Pensei que fosse italiano — esclareço com uma mentira,
nunca pensei sobre o nome dele.
— Um pouco parecido.
Um silêncio estranho se instala entre nós dois e Felipe
começa a se aproximar de mim, enquanto dou dois passos para trás
e o impeço de chegar mais perto colocando minha mão no seu
peito.
— O que está pensando!? — pergunto e vejo suas
sobrancelhas se erguer em surpresa.
— Apenas pensei que você quisesse que eu me
aproximasse.
— Não, eu não quero! — afirmo, e ele se afasta um pouco de
mim.
— Eu percebi não se preocupe, só interpretei seu silêncio
como um sim para que eu me aproximasse.
— Sua interpretação anda muito ruim então. — A voz da
minha irmã o faz olhar para ela com as sobrancelhas arqueadas.
— Eu ia pedir desculpas.
A defensiva de Felipe faz Kathe cruzar os braços na frente do
corpo e levanta uma sobrancelha para ele.
— Eu não ouvi o pedido de desculpa. — A voz dela parece
ameaçadoramente baixa.
— Não precisa — digo antes da resposta de Felipe e Kathe
me olha com fogo nos olhos.
— Tem certeza de que não precisa? — A pergunta ácida da
minha irmã me faz ficar inquieta.
— Tenho sim.
— Bom, eu acho que eu já vou, Allie. Não quero problemas
com sua família, e me desculpa. — Felipe parece sincero com seu
pedido e eu lhe dou um pequeno sorriso vendo ele se afasta de nós
duas.
— Ela ia te assediar.
A afirmação de Kathe me faz olhar melhor para ela que
parece me olhar com raiva.
— Eu não acho que ele teria coragem de fazer isso — digo
na defensiva, e ela me dá um olhar de deboche.
— Se você acha. Mas cuidado com os caras que a sua mãe
joga você para cima, eles não parecem ser de confiança.
— Eu sempre tomo cuidado.
— Não parece, aliás, não é você que anda transando com
Ryan Moore. — Todo mundo está sabendo dessa merda agora?
Pergunto-me, mas não quero ouvir a resposta.
— Algum problema com isso!? — Kathe franze as
sobrancelhas.
— Você sabe com quem anda se metendo?
— Sim, eu sei!
— Não parece.
Rebate antes de me dar as costas e me deixar sozinha ali no
meio do jardim, passo algum tempo olhando para as flores que a
minha mãe mantém ali, até sentir alguém caminhando na minha
direção.
Viro-me para olhar e vejo ela me olhando com desdém.
— O que você falou para o Felipe? — Sua pergunta não me
surpreende.
— Nada que ele não tenha me perguntado.
— Vi quando ele investiu em você! — comenta, continuo a
olhar esperando o resto do que ela tem a dizer. — Por quê? Não
aceitou que ele te beijasse? A desgraçada da sua irmã tinha que se
meter no meio como sempre. — Minha mãe ajeita seus cabelos
impecáveis e me olha com desgosto novamente.
Continuo calada como eu estava, não gosto de comprar uma
briga com ela, nunca gostei, não será agora que começarei, prefiro
ouvi-la falar.
— Não vai responder nada!? — Altera seu tom de voz e eu
apenas dou de ombros.
— Eu deveria? — Minha pergunta estúpida com certeza a tira
do sério.
— Com certeza, isso é óbvio você não acha? Ou quer ser
uma inútil como a sua irmã?
Suas palavras ácidas não me surpreendem então apenas
dou de ombros novamente, Kathe não é inútil, eu não era uma inútil.
Minha mãe se aproxima mais de mim, contudo, eu não recuo, sinto
ela segurar o meu queixo com força e força me a olhá-la.
— Ouça bem, Allie, você é minha bonequinha sempre foi, e
não quero estragar isso entendeu bem? — Confirmo com a cabeça
e ela me dá um sorriso doentio. — Não tente mudar isso agora,
você não conseguirá.
Ela tira suas mãos de mim, e ajeita o vestido que ela está no
corpo e me dá um sorriso antes de sair. Observo parada e calada
como sempre, não quero revidar, nunca quis, e essa é a minha
versão fracassada.
CAPÍTULO 22
RYAN moore

Senti o incômodo dela durante todo o caminho, também sei


que o Felipe Duran a está esperando dentro da sua casa. Sei de
tudo sobre ela ou, quase tudo. Observo o quanto fica com raiva
quando não respondo ela.
Mas agora observo a vadia da mãe dela falando algo para
ela, assisto todo a cena que acontece naquele jardim, e me dá uma
vontade enorme de matar todos aqueles que encostam nela. Allie é
minha, ninguém pode tocá-la, mas enquanto não deixar isso bem
claro irei jogar.
— Posso entrar? — A pergunta de Hanna me tira dos meus
pensamentos.
Concordo com a cabeça para que ela entre de um vez.
— Que merda de almoço foi aquele hoje? — Minha paciência
com a ruiva linda está indo para a puta que pariu.
— Estou ganhando a confiança dela. Não foi isso que me
mandou fazer? — pergunta com deboche.
— Não desse jeito tosco — reclama, ela se senta à minha
frente e me encarou de modo sério.
— Confie em mim, eu sei o que faço perfeitamente! —
afirmou tirando um cigarro do bolso da calça jeans e o acendendo.
— Não confio em ninguém, Ruiva.
— Sei, mas acredito que ganhei sua confiança, senão você
teria mandando a Valéria ou até mesmo o tal de Remi. — Apenas a
encaro e deixo que pense o que quiser.
Hanna não precisa saber que só mandei ela e a prima cuidar
de Allie por que não quero nenhum outro homem perto dela
— O que ainda está fazendo sentada na minha frente? —
indago sem vontade nenhum de continuar olhando para ela.
— Já vou saindo, chefinho. Ah! Estou tirando a noite de folga.
Precisarei resolver alguns assuntos pessoais. — Passo a mão pelo
meu cabelo respirando fundo para não mandar Hanna à merda.
— Cai fora agora! — brado, e ela levanta as mãos em sinal
de rendição.
A ruiva sai do meu escritório na boate, pego um charuto na
mesa e acendo, consigo ouvir as batidas da música no lado de fora.
Mesmo que seja dia de semana a boate está cheia de drogados ou
filhinhos de papai.
Relaxo na minha cadeira e fecho meus olhos por um
momento, pego meu celular e me vejo ligando para Allie, não sei
que tipo de coisa me deu para estar ligando para a princesinha, o
celular toca algumas vezes até ela atender.
— Sentindo minha falta já? — Controlo-me para não rir da
sua ousadia de me perguntar isso, nem parece a garotinha
assustada falando com a mãe
— Não, liguei para saber se você ainda tinha língua depois
da briga com sua mãe. — O silêncio do outro lado da linha me dá
uma resposta.
— Vá se foder!
— Não preciso, já te fodi hoje — rebato, e posso vê-la na
minha frente revirando os olhos.
— Como você soube da briga com a minha mãe?
— Eu sempre sei de tudo, querida.
Mas um silêncio, eu não tenho muito o que falar, na verdade,
sequer sei o motivo de estar ligando para ela. Dou mais uma
tragada no meu charuto e resolvo dar o meu aviso a ela.
— Allie, não deixe mais aquele cara te tocar, sou capaz de
arrancar as mãos dele. — Ouço a risada de Allie do outro lado da
linha.
— Quem você acha que é para falar isso?
— Eu não divido.
Deixo claro e desligo a chamada ouvindo passos no corredor
vindo na direção do meu escritório, imagino que seja Ruan para
falar alguma coisa, mas não me surpreendo quando Raine entra na
minha sala. Ela me dá um sorriso que desprezo, sei muito bem o
que putas como Raine quer comigo. Além do reconhecimento
também quer o dinheiro.
— Posso entrar? — pergunta com um tom de voz doce que
não combina em nada com ela.
— Você já está dentro — respondo vendo ela sorrir e fechar a
porta, vindo em minha direção.
O corpo de Raine está com um vestido preto com detalhes
em dourado, o vestido vai até o meio de suas coxas a deixa linda e
gostosa, o decote profundo na frente deixa seus seios à mostra que
não são tão grandes quanto o de Allie, mas que com certeza chama
atenção.
— Você nunca, mas me ligou. — Lamenta fazendo um bico
com os lábios, e continuo tragando meu charuto enquanto ela se
aproxima cada vez mais de mim.
— Eu senti sua falta — sussurra no meu ouvido, e finalmente
olho em seus olhos.
— Uma pena que não posso dizer o mesmo. — Minhas
palavras a fazem soltar uma risada sem graça.
— Deve ser por que estava ocupado — afirma com
veemência, e me pergunto o que ela ainda fazia ali.
— Não estava ocupado, Raine, somente não queria te vê.
Observo a raiva transparecer em seu rosto, mas logo ela
disfarça e então finge decepção. Já até imagino suas palavras, mas
antes que ela possa dizer qualquer coisa a porta do meu escritório é
aberta novamente.
— Veja só quem estar aqui, irmão. — Ruan entra sem pedir
licença e coloca seus olhos em Raine que parece tensa com sua
presença na sala.
— Você a conhece? — Meu irmão cruza os braços em
divertimento e com isso eu já sei a resposta.
— Como foi foder com o meu irmão mais novo, Raine? —
Seu rosto agora está vermelho e Ruan solta uma risada nasalar da
cara que ela está fazendo.
— Com… Como você sabe o que eu e ele fizemos? — Sua
pergunta é feita em um sussurro e dessa vez quem sente vontade
de gargalhar sou eu.
— Porque eu não sou burro, querida, agora saia da minha
sala, tenho negócios a tratar.
Minha voz está calma, não sinto vontade de colocá-la para
fora como teria feito com qualquer outra, que ela tivesse um pouco
de decência e saísse logo.
— Ryan… Eu posso… — Sua fala é interrompida por meu
irmão.
— Gata, é melhor você dar o fora daqui quanto antes, ou meu
irmão querido vai te expulsar como a vagabunda que você é.
Ela troca um olhar entre mim e Ruan, mas quando vê que
não falarei sai pisando duro de dentro do escritório e batendo a
porta com força.
— Hoje é um grande dia! — anuncia meu irmão, e o observo
me perguntando se ele tomou seus remédios. — Você é muito sem
graça, sequer me avisou que Nino Graterri iria morrer hoje.
— Você já sabe e não sou um maldito pombo-correio!
— Sei que não. — Faz uma pausa e coloca as mãos em cima
da minha mesa se aproximando de mim com um brilho louco em
seus olhos. — Mas, irmãozinho, irei matá-lo, se quiser me
acompanhar.
Sorrio com o seu convite e tenho certeza de que hoje Nino
conhecerá um inferno na terra, já que não sei se vai ter um inferno
para ele depois de morto.
— Achei que não fosse me convidar — esclareço e vejo Ruan
estreitar os olhos em minha direção, mas não fala nada.
— Vamos então, preciso me preparar para o meu ‘show’.
Meu irmão me dá o seu sorriso doente e então me levanto da
cadeira pronto para assistir ao seu show de horrores.

Chegamos ao galpão ao Nino está hospedado e deixei que


Ruan viesse à frente, os soldados que estão aqui não parecem
surpresos por vê Ruan andando como um louco pronto para matar
qualquer um que entre em seu caminho.
Olho ao redor e não consigo ver se Luís está aqui, mas no
momento não é isso que interessa e sim a morte de Nino, que
demorou demais para acontecer.
— Veja só se não é o italiano que tenho aqui. — A animação
na voz de Ruan ao ver o prisioneiro não me surpreende.
— Veio me matar só agora? Achei que tivesse esquecido de
mim — pronúncia com a voz zombeteira, que não condiz com o seu
estado miserável.
— Não zombe, Nino, ainda nem comecei, porque hoje tudo
que o meu irmão vai fazer é olhar enquanto quebro a porra da sua
cara. — O ódio agora está evidente na voz de Ruan.
Saio de perto dele e vou para um canto do galpão que não
está cheirando a sangue de outras pessoas que estão aqui. Escoro-
me na parede e espero Ruan começar a tortura.
— Você vai pagar pela sua dívida, e eu vou ser o seu
carrasco.
Meu irmão pega uma barra de ferro com a ponta afiada e
mira no braço esquerdo de Nino a enfiando toda lá, o grito estridente
do italiano não me admira muito. Depois Ruan vai enfiando a barra
de ferro em outros lugares e então a verdadeira tortura começa com
as facas que ele pega na mesa.
Vejo ele passar uma das facas pelas orelhas de Nino e depôs
o vejo arrancando lentamente seus olhos e depois cada vez mais
Nino vai ficando desmembrado até que meu irmão se dê por
satisfeito.
— Pensei que ele ficaria o torturando pelo resto da noite. —
Ouço o sussurro de Luís ao meu lado.
— Por que você não esteve acompanhando Ruan nessas
últimas horas? — pergunto o encarando e esperando uma boa
resposta.
— Ele pediu para eu fazer algumas coisas, senhor.
— Que coisas? — Vejo Luís engolir em seco e olhar para
trás de mim.
— Coisas que você querido, irmão, não precisa saber. — A
voz calma do meu irmão me deixa desconfiado que ele possa estar
fazendo alguma merda.
— Espero que não seja nada que me prejudique. — Alerto-o
e o desgraçado pisca para mim.
— Eu não faria nada para nos prejudicar. — Garante, reviro
os olhos indo em direção à saída do galpão.
— Fale, como anda as coisas com a princesinha lá, soube
que ela estava no seu apartamento. — As palavras de Ruan me
fazem parar para olhá-lo.
— Está me seguindo? — Ele solta uma risada.
— Não tenho autoridade para isso, foi você que colocou uma
babá atrás de mim. — Sua voz tem uma raiva contida.
— Você sabe o porquê Luís anda com você.
— Porque sou um doente da cabeça.
Viro-me para trás e pego meu irmão pela gravata do seu
terno e mostro para ele todo o meu descontentamento. Eu já estou
no limite com ele, cansado de ouvir a porra das suas lamentações.
— Da pra calar a porra da boca? — pergunto e o solto,
ajeitando meu terno e voltando a andar.
— Não precisa se estressar quando eu disser a verdade —
reclama e eu me viro mais uma vez para ele.
— Não acho ruim, só estou de saco cheio das suas besteiras
enquanto eu me fodo cheio de problemas para resolver.
— Talvez seja por isso que trabalhamos juntos, eu posso ter
descoberto algumas coisas sobre a morte do Rafael.
— E o que você descobriu que não me falou, Ruan — exijo
saber fechando minhas mãos em punhos.
— Nada de mais, somente que não foi a mão vermelha com
pensamos — esclarece
— Como você pensou — rosno de volta para ele que dá de
ombros como se não fosse nada de mais.
— Você precisa relaxar, irmão. Ainda nem sabemos se a
morte dele não foi armada.
— Não acredito nessa possibilidade — rebato e continuo
andando.
— Pode ser que algum inimigo nosso tenha voltado do
passado — sugere, e minha vontade é de gargalhar.
Temos diversos fodidos inimigos por toda parte, se alguém
tentasse nos matar não seria novidade.
— Eu não consigo nem contar quantos inimigos nós temos —
reclamo, ele dá de ombros.
— Eu sei, e talvez seja isso que esteja nos fodendo,
queremos expandir as coisas na América e não sabemos como os
traficantes de lá vão reagir. — Concordo com ele enquanto entra no
carro e Gael começa a dirigir.
— Teremos um suporte por lá. — Garanto e volto a ficar
calado enquanto Ruan fica inquieto mexendo a perna no banco.
Passo as mãos pelo meu cabelo e solto um suspiro com toda
essa merda.
— Gael, eu quero que você investigue a vida completa de
Felipe Duran — ordeno e ouço um riso vindo do meu irmão.
— Algum italiano novamente?
— Brasileiro, na verdade — resmungo em resposta e vejo
curiosidade no seu rosto.
Porém, não dou nenhuma informação a mais para o meu
irmão. Fecho meus olhos e sinto pontadas anunciando novamente
minha dor de cabeça.
— Direto para o meu apartamento.
Deixo a ordem no ar e pego meu celular para ver se tem
alguma mensagem de um soldado, mas não encontro nada.
CAPÍTULO 23
ALLIE morgan

— Darei um jantar aqui amanhã, meninas, vocês estão todas


convidadas! — A empolgação da minha mãe e das suas amigas não
passam despercebida por ninguém que se passa em frente do
restaurante.
Eu não estou aguentando mais ouvir falar sobre novas
coleções de roupas que a Dior ou Gucci lançará, ou que viagens
elas farão e dona Margareth acompanhará.
— Allie querida, você quase não falou durante o almoço. —
Uma delas que eu não lembro o nome direito se pronuncia.
— Desculpe, é que estou com um pouco de dor de cabeça —
digo, e recebo sorrisos de pena.
— É uma pena, mas voltando ao assunto…
Não ouço mais nada do que elas falam e tento me concentrar
em outra coisa que não seja querer sair correndo daquele lugar,
meus pensamentos vão até Hanna e que sequer me ligou ainda.
Talvez ela esteja muito ocupada no seu trabalho. Ou ela esqueceu
que me falou que ligaria assim que pudesse.
— Com licença, irei ao toalete — aviso antes de me levantar
da cadeira e me afastar delas.
Consigo respirar aliviada quando encontro o banheiro do
restaurante, vou direto para a pia do banheiro e ligo a torneira
lavando a minha mão. Uma das cabines se abre e Valéria sai de lá,
franzo minhas sobrancelhas a observando, ela abre um sorriso
quando me vê e eu devolvo um forçado.
— Allie, que surpresa! — exclama enquanto eu ainda a olho
pelo reflexo do espelho e posso jurar que não é surpresa nenhuma
ela me encontrar aqui.
— Sim, uma grande surpresa. — Concordo me virando para
ela que ainda sorri para mim.
— Você está almoçando sozinha? — pergunta indo para a pia
ao meu lado.
— Não, estou com a minha mãe e algumas amigas delas —
explico, e ela não me responde por um momento.
Começo a analisar e percebo o quanto seu corpo está tenso,
com a minha presença talvez, Valéria é uma mulher linda, seus
cabelos loiros estão em ondas e o vestido bege que ela usa
moldava muito bem o seu corpo.
— Gostando do que vê? — pergunta, tirando-me dos meus
pensamentos.
Sinto vergonha por ter sido pega no flagra enquanto a olhava,
mas ainda não sinto confiança da parte dela para estar ali me
olhando.
— Me desculpe, me perdi em pensamentos. — Seus olhos
azuis-claros me dizem que ela sabe a mentira que escorreu dos
meus lábios.
— Certo, Allie, já vou indo, meu acompanhante está me
esperando — diz depois de um tempo e eu concordo com a cabeça
a vendo sair do banheiro.
— Valéria. — Chamo-a e espero ela olhar de volta. — Diga a
Hanna que estou esperando a ligação dela.
Mais uma mentira que sai da minha boca bem convincente.
— Claro, eu com certeza falarei — afirma antes de sair do
banheiro e fechar a porta, deixando-me confusa demais.
Não estava nos meus planos encontrá-la dentro do
restaurante, observei todo o lugar e não a vi entrar, entretanto, eu
tinha me distraído algumas vez e pude deixar sua presença passar
despercebida, ou não.
Escoro-me na pia de mármore e passo as mãos pelo meu
corpo sentindo o tecido do meu vestido, antes de sair do banheiro e
voltar para a mesa que minha mãe está.
— Voltei — digo assim que chego à mesa, sendo recebida
por sorrisos plastificados.
— Você demorou, Allie. — Ouço a repreensão clara na voz
da minha mãe.
— Acabo me distraindo quando encontrei uma amiga —
explico e vejo uma ruga de curiosidade surgir no seu rosto.
— Que amiga, querida? — Ouço a senhora Douglas que está
um pouco afastada perguntar.
— O nome dela é Valéria, eu ia apresentar ela a vocês, uma
pena que ela já foi embora. — Finjo lamentar, olhando ao redor e
percebendo que Valéria com certeza não está mais por aqui.
Quase solto um suspiro de alívio quando elas esquecem esse
assunto e entram em outro que fala sobre alguma coisa que eu não
faço a mínima para prestar atenção. Mas por uns breves instantes
eu sinto o olhar de alguém queimando na minha pele.

Desço do carro que eu e a minha mãe estávamos e sigo


andando sem a esperar para dentro de casa, minha cabeça
realmente começou a doer e sinto falta dos meus remédios que
esqueci de tomar novamente.
— Filha, hoje Felipe Duran vem jantar aqui em casa —
anuncia de repente e me viro para ela antes de entrar.
— Pensei que o seu jantar fosse somente amanhã.
— E será somente amanhã, todavia, hoje Duran vem aqui, é
algo importante e eu preciso que você seja receptiva com ele.
Eu entendo perfeitamente como ela espera que eu seja
receptiva, se minha amada mãe fosse um pouco mais clara, com
certeza diria para mim, abrir minhas pernas assim que pudesse.
— Farei o possível — respondo neutra.
— Não é para fazer o possível, é para fazer o que ele quiser.
Suas palavras antes de passar por mim e entrar em casa de
vez não me surpreendem, porque dela eu espero qualquer coisa
sem dúvida alguma. Recupero-me do incômodo que suas palavras
me dá e sigo meu caminho para dentro de casa.
Enfio-me dentro do meu quarto e não sinto a menor vontade
de sair antes do seu maldito jantar para o Duran comece, e que
Felipe não seja como o pai e não tente nada.
— Allie, sua mãe já está chamando para descer. — O aviso
da senhora Wanda me faz olhar no espelho pela última vez e abrir a
porta do meu quarto.
— Eu já estou indo — digo para ela, que sorri para mim.
— Você está linda. — Me elogia e eu sorrio, porque eu sabia
que realmente eu estou sem dúvidas alguma.
Meu vestido da cor vinho não é colado no meu corpo, porém,
molda meu corpo perfeitamente, o decote na frente, deixa boa parte
dos meus seios à amostra.
— Obrigada, mas agora eu acho que tenho uma mãe e um
convidado para aturar.
A senhora Wanda revira os olhos e concorda com a cabeça
para mim, abrindo espaço para que eu vá na frente. Não pergunto
se Kathe está em casa, mas não adiantaria muito minha irmã estar
presente.
— O convidado e sua mãe estão no escritório que era do seu
pai. — Olho para a senhora Wanda confusa.
Minha mãe fechou o escritório no segundo dia após a morte
do meu pai, que por mais que eu tentasse não lembrar foi há
pouquíssimos dias e eu sequer vivi o luto direito.
— Vou lá chamá-los — anuncio quando terminamos de
descer as escadas e tomo coragem para ir até o lugar que estampa
tudo que meu pai representava.
Uma pontada desconfiança surge e me deixa totalmente
desconfortável, quero entrar naquele escritório? Não, não mesmo
tenho medo de ver algo que não deveria lá dentro ou ouvir mais
alguma coisa como aconteceu com meu pai.
— Vai ser somente por algum tempo, Felipe. — Paro em
frente a porta do escritório que está entreaberta e fico parada
tentando ouvir mais alguma coisa.
— Sei quanto tempo dura, Margareth. — O que duraria algum
tempo?
Assusto-me quando ouço passos vindo de dentro do
escritório e me apresso para chamá-los de uma vez.
— Olá, Felipe, mãe. — Os cumprimento e Felipe sorri já
minha direção, um sorriso que envia calafrios por todo o meu corpo.
— Vamos para a sala então — minha mãe declara sorrindo, e
concordo com ela.
Saio do escritório e respiro um pouco aliviada, mas volto toda
a minha atenção a Felipe que veste um terno três peças preto que
realça as íris azuis dos seus olhos.
— Você está melhor, Allie? — pergunta, e franzo as
sobrancelhas. — Sua mãe me disse que você teve um pouco de dor
de cabeça essa tarde.
— Sim, estou bem melhor. — Dou um pequeno sorriso em
sua direção e sem que ele perceba acelero o passo para a sala.
— Allie, vá saber se o jantar ficou pronto.
— Sim, mãe.
Saio da sala indo na direção da cozinha, mas não sem antes
ver minha mãe e Felipe se sentando no sofá branco da sala e
parecendo íntimos demais.
— Senhora Wanda? — Chamo da porta da cozinha e logo ela
aparece à minha frente.
— O jantar já estar pronto! — Avisa, e sorrio para ela.
— Você sabe da Kathe? — Perguntar sobre a minha irmã se
tornou rotineiro já que agora ela não passava quase nenhum tempo
em casa.
— Não, menina.
Reviro meus olhos, lanço um sorriso fraco antes de virar as
costas e ir chamar minha mãe e seu convidado para a sala de
jantar, que está completando posta e bem organizada.
— Já estar tudo pronto — anuncio sorrindo e espero que eles
se levantassem.
— A sua irmã não estará no jantar? — Felipe pergunta
quando chega ao lado e eu nego com a cabeça indo me sentar no
meu lugar na mesa.
— Infelizmente Katherine não está em casa, Deus só me
agraciou com uma filha boa.
Sinto a bile subir na minha garganta com as palavras da
minha mãe, já que isso é pura hipocrisia, o Deus dela só deu uma
filha para ela manipular, o que acho ótimo.
— Realmente Allie é perfeita. — Sorrio falsamente para o
elogio de Felipe.
A minha irmã é maravilhosa, melhor do que eu, sem
perturbações na mente, sem nenhum problema que a enlouqueça
ou a prejudique.
— Diga-me o que você anda fazendo por Dublin? — pergunto
querendo desesperadamente que mudassem de assunto.
— Visitei alguns velhos amigos do meu pai — responde me
olhando profundamente, me remexo desconfortável já cadeira e
tenho certeza de que ele percebe, já que está sentado à minha
frente.
— Seu pai foi um grande homem.
Não, ele não foi, não!
Enquanto minha mente exclamação uma coisa, minha mãe
tecia elogios ao próprio diabo.
— Não concorda, Allie? — pergunta, e sorrio para eles.
— Concordo sim!
O que está acontecendo comigo? Era melhor ter fingido que
estava doente para não ter que descer e presenciar esse tipo de
conversa que me fazia lembrar do passado.

“Senti sua mão descer pelas minhas costas enquanto eu


estava amarrada na cama, com um pano na minha boca, os nós da
corda nos meus pulsos doíam demais e se eu gritasse ele disse que
seria pior.
— Você sente isso, querida? — Não, eu não sentia nada
daquilo que ele dizia sentir por mim.
Sua mão chegou na minha bunda e ele segurou um pedaço
dela antes de desferir vários tapas, fazendo com que algumas
lágrimas caíssem dos meus olhos.
— Sei que você gosta, meu amor — sussurrou no meu
ouvido e desceu sua mão nojenta até minha boceta. — Veja como
você está molhada para mim!
Sentir seus dedos entrarem dentro de mim e gritei, mas
nenhum som saiu da minha garganta e me perguntei qual o motivo
do Deus que a minha mãe tanta adora deixar aquelas coisas
acontecerem comigo.”

O sentimento de claustrofobia me dominou e um instante


depois minha respiração ficou descompassada e meu coração bate
rápido demais, controlo a situação, mas não consigo conter que as
lágrimas saíssem dos meus olhos.
— Allie você está bem? — A pergunta vem de um dos dois e
eu me levanto rápido demais.
Fazendo com que a cadeira que eu estava sentada caísse,
mas não me importo, eu só preciso ficar longe, subo correndo as
escadas para o meu quarto e tranco a porta. Vou ao banheiro
desesperada Pego dois comprimidos no frasco e tomo.
Quando sinto meu coração se acalmar um pouco mais,
procuro meu celular e minha bolsa pelo quarto, quando finalmente
acho saio do quarto e desço as escadas. Vejo o jeito que a minha
mão está me olhando.
— Allie, teremos uma conversa! Peça desculpa ao nosso
convidado! — ordena e tenho vontade de rebater e falar que o
convidado é somente dela.
— Tchau, mamãe.
Ouço minha mãe gritar meu nome mais uma vez e não me
importo.
Eu só preciso achar algum lugar para conseguir me acalmar
de uma vez.
CAPÍTULO 24
ALLIE morgan

Saio de casa ouvindo a minha mãe gritar o meu nome e vou


direto para a garagem sentindo a chuva me molhar por completo,
entro no meu carro e saio procurando algum lugar que possa encher
a minha cara em paz.
Eu não estava aguentando mais ver a minha mãe me
oferecer igual uma puta para um homem que ela mal conhece, mas
claro ele tem o sobrenome do filho da puta que fez da minha vida
um inferno na terra. Mas, isso ela não sabe porque só enxergava
seus próprios interesses.
E ser a sua bonequinha cansa, estou me sentindo usada,
esgotada e só preciso sumir da face da terra por um tempo, a culpa
me corrói por deixar que a minha mãe tome conta da minha vida, fui
eu que deixei, foi a minha mente que aceitou tudo que ela me impôs
sem reclamar.
Após dar voltas e mais voltas parei um pub qualquer da
cidade e desço do carro pegando a minha bolsa, não me importo
com os olhares dos homens daquele lugar.
— Quero uma garrafa de whisky. — Peço a mulher que está
no bar.
— Quer só isso? — pergunta com uma cara de tédio
enquanto me entrega a garrafa com um copo.
— Não.
Depois da minha resposta ela se afasta para dar alguma
coisa a alguém que a chamou. Não me importo de ficar aqui sozinha
e começo a me servir. Sou um fracasso total como pessoa, não
tenho personalidade alguma, a não ser a de filha perfeita e
submissa, de bonequinha perfeita e estou cansada disso.
Cansada de ser eu mesma, de tomar remédios para me
controlar, dos malditos pesadelos que me acompanham e mais
ainda de deixar que as pessoas me usem, Ryan usa o meu corpo,
minha mãe usa a minha mente contra mim e agora quer que alguém
use meu corpo.
Continuo bebendo até sentir o meu celular vibrar dentro da
bolsa, pego para olhar quem é, vejo o nome de Kathe na tela, penso
em não atender, mas acho melhor não.
— Onde você está? — pergunta e percebo a pontada de
raiva na sua voz.
— Para que você quer saber? — rebato e ela dá uma risada
debochada.
— Vamos lá, Allie, responda de uma vez para que a sua mãe
pare de me ligar e perguntar por você. — Sua resposta me faz
fechar os olhos e me servir de mais whisky.
— Diga a ela que hoje eu não voltarei para casa, e que ela vá
se foder. — A bebida com certeza já está fazendo a merda do efeito
dentro da minha cabeça.
No entanto, não me importo nenhum pouco com isso, eu não
ligo mais para nada nessa noite, quero ser apenas eu e não mais
uma qualquer.
— Quanto você bebeu?
— Nem metade do que eu queria — respondo sem paciência
e ouço um suspiro do outro lado da linha.
— Vou deixar você em paz, só não faça nenhuma besteira,
amanhã você vai se arrepender e voltar a ser a menininha perfeita
de novo.
Com a merda dessas palavras minha irmã desliga a
chamada, ela está certa, muito certa e me odeio um pouco por isso,
dizer não para mim, é extremamente difícil, principalmente para a
minha mãe, ela sabe me manipular como ninguém e eu deixo
somente por ser uma covarde medrosa.
Pego a garrafa de whisky virando de uma vez na minha boca
não ligando mais para o copo e fingindo que ele não existe.
— Vai com calma garota. — A voz da mulher que me serviu
preenche meus ouvidos.
— Eu não quero ir com calma.
— Deveria, você com certeza não está acostumada a beber.
— Não quero ninguém me dizendo o que fazer, estou cansada
dessa porra toda.
— Volte ao seu trabalho, eu não me lembro de ter perdido a
sua opinião aqui — digo com desdém e sinto seu olhar de pena
sobre mim antes de se afastar de onde eu estou.
Um tempo depois, já bebi metade da garrafa de whisky e
quase não consigo me manter em pé direito e tenho certeza de que
eu estou falando demais. Mesmo assim eu consigo ver
perfeitamente quando Felipe entra no pub, não quero que ele me
veja aqui.
— Allie!? Finalmente eu te encontrei — diz, sorrindo e vindo
ao meu encontro, tento ficar em pé, mas acabo tropeçando e ele me
segura antes que eu caísse.
— Eu não quero você aqui. — Consigo falar sem gaguejar e
ele me olha confuso.
— Por que não? Sua mãe está preocupada…
O interrompi com um grito que chamou a atenção de todos.
— Eu não quero saber!
Meu grito furioso parece assustá-lo por um momento, mas
logo ele tem outra expressão no rosto, uma expressão muito
conhecida por mim e que eu morria de medo quando criança.
— Não grite outra vez — ameaça, segurando meu braço
com força e me puxando para mais perto. — Vamos sair desse bar e
você vai calada.
Felipe agora me dá medo e mesmo bêbada, eu não iria
desafiar ele na frente de tantas pessoas, eu tenho medo agora,
muito medo e como sempre não tem ninguém para me ajudar.
— Ela vai ficar aqui. — Um homem que eu não conhecia nos
interrompe e Felipe me solta se virando para olhar.
— E quem é você para decidir isso? — A pergunta de Felipe
não assusta o outro que apenas dá um sorriso perverso para ele.
— Alguém que você com certeza não vai querer saber quem
é, cara. — Talvez eu esteja bêbada demais e imaginando coisa, mas
sei que isso tem alguma coisa a ver com Ryan.
— Não, eu com certeza quero saber.
Ignorando totalmente o homem na frente dele o outro que eu
ainda não sei o nome estende a mão na minha direção e me olha de
uma forma gentil. Aceito sua mão e vou para o seu lado.
— Felipe, desculpe, porém, eu vou com ele — informo,
passando um braço na cintura do desconhecido.
— Você tem certeza disso? — pergunta com a sobrancelha
arqueada e uma cara nada boa.
— Tenho sim. — Garanto e me viro para sussurrar no ouvido
do outro. — Vamos embora logo. — Quase imploro e vejo o canto
da sua boca repuxar em um sorriso.
— Sim, senhora.
Sair do pub sem olhar para trás, mas logo me lembro da
minha bolsa e que eu ainda tenho que pagar a minha bebida.
— Minha bolsa…
Não consigo terminar de falar, pois vomitei praticamente em
cima do estranho que me salvou de Felipe, tenho quase certeza de
que ele se arrependeu disso quando continuo vomitando.
— Se estiver preocupada com a bolsa, meu amigo foi pegá-la
para você, mas agora vou te levar para o meu chefe — diz com
calma.
— Quem é seu chefe? — pergunto alarmada e ele me dá um
sorriso pequeno.
— Ryan Moore.
Não sei se fico aliviada com a informação ou um pouco mais
nervosa de ir encontrar Ryan na situação que eu estou. Mas mesmo
assim entrono carro com o homem.

RYAN moore

Não sei onde eu estava com a cabeça assim que mandei


Remi e Jhon atrás de Allie hoje, mas eu observei a hora que a
princesinha saiu de casa em um estado de dar pena, por assim
dizer.
Mas olhando o seu corpo deitado no mesmo sofá que
transamos da última vez que eu a trouxe aqui faz meu coração bater
mais forte. Remi me olha com um ar de interrogação no rosto e com
certeza espera uma explicação minha ou algo do tipo, contudo, eu
jamais daria uma a ele.
— Não quero que ninguém saiba que você a trouxe até aqui,
agora pode ir embora com Jhon — sentencio, ele assente em
obediência e saiu do meu apartamento.
Volto meu olhar para Allie e vou até ela, passo minha mãe
pelo seu rosto e sinto sua pele macia contra a minha mão calejada,
quando chego mais perto dela, me assusto quando começa a
sussurrar.
— Por favor me deixa em paz.
Fico confuso com o seu pedido e não entendo nada, quando
me aproximo mais uma vez para acordá-la a vejo se remexer no
lugar como se estivesse lutando contra alguém.
— Eu não quero mais isso, por favor, eu não quero. —
Lágrimas agora saem dos seus olhos fechados e fico sem saber o
que fazer.
Saio de perto dela e a deixo que sonhe sozinha, não iria
acordá-la agora, se ela continuar com o que eu imagino ser um
pesadelo, eu a acordarei.
Vou para o meu escritório e me tranco lá dentro, preciso
investigar a morte de Rafael melhor, ele não morreu assim do nada,
tinha alguém trabalhando nos bastidores, mas a pergunta é quem?
Eu não tenho uma resposta, não por enquanto, mas em
breve eu descobrirei.
— Não!
O grito que dá para ouvir por todo o meu apartamento, faz o
meu coração acelerar e ir quase desesperado para a sala, mas eu
disse quase. Encontro uma Allie totalmente desperta e em pé me
olhando de uma forma estranha enquanto respira de forma irregular.
— Por que você estar com uma arma na mão? — Aponta
para a minha mão.
— Por que você gritou? — Devolvo a pergunta e ela passa a
mão pelo cabelo.
— Tive um sonho — responde por fim, e dou de ombros.
— Não precisava ter feito um escândalo.
Minha resposta não a agradou vejo isso em seus olhos, no
entanto, eu também vislumbro o fogo lá dentro que eu tanto adoro
brilhar nos seus olhos.
— Quem foi o homem que me trouxe até aqui?
— Remi — respondo taciturno, não tem motivos para ela
perguntar sobre o meu soldado, ele não é ninguém, ainda.
— Por que eu você mandou alguém me seguir?
— Quantas perguntas você ainda vai me fazer? — retruco
impaciente enquanto caminho até o bar que tem sala, deixando
minha arma no bar, enquanto me sirvo do meu whisky preferido.
— Você mandou alguém me seguir?
— Não, Allie, eu não mandei — respondo de uma vez me
virando para ela que agora tem as mãos na cintura e me fuzila com
o olhar.
— Então, como ele apareceu naquele pub? — Isso é uma
boa pergunta, uma pergunta que ela com certeza não gostará de
saber a resposta.
— Por que eu sempre sei de tudo.
— Seu ego é sempre tão inflado? — O desdém na sua voz é
palpável e eu não me importei
— Você sempre pede ajuda quando sonha? — Sei que minha
pergunta atinge seu ponto fraco quando o seu semblante muda.
Minha princesinha, é quebrada.
— Não.
Curta e grossa, não é algo que eu esperava, mas se fosse
somente isso que eu teria, que eu pudesse aproveitar então de uma
forma boa ou ruim.
— Diga-me princesinha quem te machucou? — Minha
pergunta sai inofensiva, porém, nela é como se alguém tivesse
batido em seu rosto.
— Ninguém nunca me quebrou, sabe por quê? Porque eu
não sou quebrada fácil!
Sua resposta petulante arranca uma boa risada da minha
garganta, duvido das suas palavras e ela com certeza também
duvida, mas se ela quiser mentir para si mesma, não serei eu a
impedir de fazer algo do tipo.
Deixo o copo de whisky de lado e caminho lentamente até ela
que me olha desconfiada, quando chego perto dela levanto minha
mão e passo pelo seu rosto descendo até a sua boca, seus grandes
olhos azuis acompanham cada movimento.
— Não minta para mim, não quando nem você consegue
acreditar na mentira — sussurro antes de subir minha mão entre
seus cabelos e beijar a sua boca.
— Como soube que eu estava mentindo? — pergunta com a
boca encostada a minha.
— Porque sou um ótimo mentiroso e reconheço um quando
vejo na minha frente.
— Obrigado por me salvar do idiota do bar — agradece e eu
trinco meu maxilar.
— Quem era aquela cara?
Espero uma resposta dela, entretanto, sinto seu corpo fica
tenso e sei que a resposta que sairá da sua boca é mentirosa.
Afasto-me de Allie que me olha confusa por um instante, mas
mesmo assim não responde minha pergunta e sei que terei que
descobrir sozinho.
— Quero ir para casa — diz, decidida, e me mantenho
impassível.
— Fique à vontade.
Respondo me virando e indo direto para o meu escritório
novamente.
CAPÍTULO 25
ALLIE moore

Acordo assustada sem saber onde estou, porém, as


lembranças rapidamente se juntam na minha mente e lembro que
dormir no carro com aquele estranho. Mas agora estou no meio do
apartamento de Ryan olhando para o corredor escuro que ele foi.
Seu apartamento pintado de cinza com pouquíssimos objetos
pela sala e com um bar que parece a única coisa viva e com cor no
lugar me dá calafrios, no entanto, eu preciso sair daqui já que o
dono me expulsou como se eu não fosse ninguém e o estivesse
incomodando.
Porém, foi ele que mandou um estranho que eu sequer sabia
o nome atrás de mim.
Olho uma última vez para o corredor que ele foi e solto um
suspiro calçando os meus saltos, que estão jogados próximos ao
sofá. Depois sigo até à porta e saio, talvez ainda esperando que ele
me chame para ficar ali ou qualquer coisa desse tipo.
— Você até que saiu rápido. — Virei para trás para ver quem
está falando e me deparo com o mesmo homem do bar.
— Era para mim, ter demorado mais?
O sorriso convencido no rosto dele diz que ele reconheceu o
sarcasmo na minha voz.
— Para quem estava dormindo bêbada, você acordou até
bem demais. — Ignoro o que ele disse a aperto o botão do elevador
desejando ir para casa logo.
— Não está preocupada com sua bolsa?
— Você é sempre tão insistente? — pergunto quando o cara
que eu ainda não sei o nome entra no elevador comigo.
— Só quando quero descobrir algo, aliás, meu nome é Remi.
— Olho para a mão que ele estendeu na minha direção e a ignoro o
vendo a abaixar contendo uma risada.
— O que você quer, Remi?
— Nada, só queria saber quem você era para o chefe me
mandar ficar de olho em você. — Reviro os olhos para a sua
resposta.
— Desista de mim, eu não sou ninguém importante para o
seu chefe.
— Eu não acredito nisso — rebate e eu dou de ombros.
— Não me importo, acredite no que quiser.
— Acho que sei por que o chefe está interessado em alguém
como você. — Faz uma pausa e eu solto o ar com força. — Sua
língua afiada trabalhando é algo ótimo de se ver.
Olho para os andares do elevador e tento me concentrar
nisso, preciso arrumar um táxi para me levar para casa, depois
quem sabe pedir para Hanna recuperar minha bolsa com meu
celular e meu carro.
— Você pode me dizer onde está a minha bolsa? — pergunto
quase implorando para que ele não use minhas palavras contra
mim.
— Pensei que você não se importasse.
Filho de uma, ah! Preciso que Remi facilite as coisas para
mim.
— Por favor, eu preciso do meu celular, dinheiro e cartões de
crédito que tem dentro dela. Fora que estou sem carro e
provavelmente é de madrugada e será bem difícil arrumar um táxi a
essa hora!
Não levanto meu olhar para ver o rosto de Remi, mas ouço
perfeitamente quando ele solta um resmungo e pega um celular no
bolso do terno preto. Que praticamente todos ao redor de Ryan
usam, qual o problema desses caras com ternos pretos?
As portas do elevador se abrem e eu olho uma última vez
para Remi que ainda está com o celular na orelha me olhando como
se quisesse entrar na minha alma.
— Pode ir, Hanna estar aí fora te esperando — informa, e
antes que eu fale algo as portas do elevador se fecham de volta.
Por que Hanna está ali fora me esperando? Começo a andar
de cabeça baixa para fora do prédio luxuoso, sentindo vergonha por
tudo que eu fiz até aqui. Nunca agi daquela maneira impulsiva, que
merda eu estava fazendo?
Contudo, eu não me culparia agora, preciso saber o motivo
de Hanna está me esperando do lado de fora desse prédio.
— Por que você está aqui? — indago antes mesmo de
cumprimentá-la.
A ruiva está de calça de couro e com uma jaqueta preta por
cima, que não dá para ver o que ela usa por baixo, escorada com
braços cruzados, no meu carro com minha bolsa na mão e uma
sobrancelha arqueada para mim.
— Boa noite para você também, e estou aqui para entregar
as suas coisas.
Sei que ela está mentindo, conheço bem os sinais de uma
boa mentirosa, mas desisto de contestar qualquer coisa, minha
cabeça está começando a doer e eu preciso dormir pelo menos
algumas horas.
— Certo, obrigada — agradeço sem graça e ela sai de perto
do meu carro e me estende a minha bolsa.
— De nada, desculpe por não ter te ligado.
— Imaginei que você estivesse sem tempo — digo, mesmo
que a falta da sua ligação e o encontro no restaurante com Valéria
tivesse sido estranhos.
— Pois é, você quer que eu te acompanhe? — Nego com a
cabeça antes de falar:
— Preciso ir sozinha, se eu der sorte encontro Kathe em casa
ainda.
— Mande um oi para Kathe por mim. — Pede ao se afastar
enquanto eu caminho para entrar no carro.
— Mando sim.
Entro no meu carro e o ligo saindo da frente do prédio de
Ryan e seguindo para a minha casa, os encontros bizarros dessa
noite serão o suficiente para me fazer dormir sem o uso de qualquer
remédio.
Entretanto, espero chegar e não ter a minha mãe para encher
o meu saco e dizer o quão errada eu fui essa noite e o tanto de
merda que eu fiz.
A impulsividade não combina comigo, mas é exatamente o
que eu ando fazendo.

— Acorde, Allie! — Abro meus olhos tentando entender quem


está gritando comigo até ver Kathe sentada na ponta da minha
cama.
— Que horas são? — pergunto ainda meio grogue.
— Posso garantir que já passou da hora do almoço.
Deito minha cabeça de volta no travesseiro tentando dormir
novamente, porém, Kathe me belisca e eu dou uma tapa na mão
dela, enquanto me sento na cama e ela estende uma caneca de chá
na minha direção.
— Chá na cama? — pergunto de forma irônica e ela mostra
língua de uma maneira bem adulta.
— A sua mãe está louca gritando ordens lá embaixo, o que
vai ser no dia hoje? — Reviro os olhos me lembrando da porcaria de
jantar que minha mãe dará para a alta sociedade.
— Tinha me esquecido do jantar. Você fica? — indago com a
sobrancelha arqueada e nego com a cabeça.
— Talvez, ainda não me decide. Por que você fugiu ontem?
— Beberico um pouco de chá antes de responder a pergunta e no
fim suspiro.
— Ela trouxe o filho do Dr. Duran.
Kathe dá a gargalhada e eu reviro os olhos contendo um
pequeno sorriso, não quero me lembrar de ontem muito menos do
que pensei enquanto Felipe estava na minha frente, muito menos do
jeito estranho que ele tinha me olhado no bar.
— Ele é um babaca e otário pior ainda tá tentando ter algo
com você.
— Concordo com você, ainda por cima usando a mamãe
para uma idiotice como essa.
— Ela tá usando a Margareth? — pergunta com uma cara de
nojo e eu aceno com a cabeça.
A conversa que peguei eles tendo no escritório do papai não
sai da minha cabeça, e se antes eu não confiava em Felipe por ser
filho do Dr. Duran, agora eu desconfio dele mais ainda.
— Pois é, tudo que eu quero, é que ele vá embora e não
apareça mais na minha frente.
Kathe se deita na minha cama me analisando por um tempo
e suspira parecendo cansada, por um momento eu me preocupo
com ela. Porém, se Kathe precisasse de alguma ajuda ela com
certeza conversaria comigo sem pensar duas vezes.
— Encontrei com a Hanna ontem — comento e ela me olha
com os olhos estreitados.
— Valéria me contou que ela estava fora da cidade por um
tempo.
— É, eu também pensei que ela estivesse fora.
— Vocês viraram amiga, né?
— Acho que sim.
A risada que sai da boca de Kathe me faz franzir as
sobrancelhas para ela.
— Agora você ficará um pouco livre das garras da sua mãe,
quem sabe assim você cai fora desse lugar.
— Se eu cair fora como você diz, para aonde eu vou? E
você? — Cruzo os braços e ela revira os olhos para mim.
— Essas são as piores desculpas que você já me deu,
faculdade você não fez porque não quis, trabalho é só procurar que
arruma. E eu, me viro perfeitamente fora daqui.
Suspiro com sua resposta e fecho os olhos, Kathe não se vira
tão bem sozinha, se o que ela disse fosse verdade, ela já estaria
fora daqui. Contudo, minha irmãzinha é tão hipócrita ou mais que
eu.
— Que bom que você se vira sozinha, porque eu não.
Eu estou sendo sincera, minha vida é um inferno, é sim!
Dinheiro é tudo? Não. Mas se eu fosse só um pouquinho inteligente
saberia que o mundo não seria gentil com uma pessoa de 23 anos
que nunca trabalhou ou fez faculdade.
— Bom, acho melhor a gente ter um dia de princesa, o que
você acha? Salão, depilação e depois desceremos lá embaixo e
mostrar que somos as vadias mais bonitas da alta sociedade de
Dublin!
— Que animação é essa? — pergunto estranhando todas
aquelas falas.
— Se for para ficar nesse inferno, que pelo menos ficaremos
bonitas.
Kathe se levanta da cama com toda animação e some dentro
do meu closet a procura de alguma roupa para vestir, enquanto eu
apenas fico sentada na cama passando a mão pelo meu rosto
tentando processar aquilo.
— Não faremos nada chamativo, lembre-se que o jantar é
para eles verem que estamos bem com a morte do papai, não
comemorando ela.
Grito para Kathe que não me responde nada e me levanto da
cama indo direto para o banheiro fazer minha higiene e tomar um
banho. Depois de meia hora, saio do banheiro enrolada em um
roupão e vou para o closet pegar uma roupa para vestir.
— Veste a calça de moletom e coloca um casaco por cima,
teremos nosso dia de vadias ricas, vamos sim! Apesar de você não
querer.
Reviro os olhos para as palavras da minha irmã, eu não
importo se ela queira parecer uma vadia como ela diz, porém, eu
não quero, elegância em primeiro lugar sempre.
— Allie! Se veste logo! Não temos o dia todo para você ficar
se perguntando o que vai fazer.
— Jura? Pensei que você odiava a merda desses jantares. —
Aponto para ela que me dá um sorriso cínico.
— Querida irmãzinha, eu os odeio — afirma e continua. —
Mas eu também gosto de causar.
Deixo Kathe falando, pego uma lingerie na gaveta e visto,
logo depois ela me entrega a calça de moletom e o casaco e eu
mostro língua para o seu gesto, no entanto, sou ignorada enquanto
ela revira meu closet a procura de alguma coisa que não encontrou.
— Você gosta de se vestir de maneira elegante, mas hoje
meu Deus você parece tudo menos elegante.
— Talvez seja por sua causa? — pergunto com ironia e ela
dá de ombros.
— A noite você vai estar bem elegante, eu garanto.
Não confio nas palavras da minha irmã, Kathe com certeza
quer provocar Margareth nesse jantar, porém, minha mãe vem
fazendo muitas coisas que ia além da minha submissão a ela.
Então, que Kathe faça a festa nesse jantar.
— Em qual salão nós vamos? Eu preciso almoçar ainda. —
Lembro e espero por uma resposta por um tempo.
— O seu almoço já vai chegar no quarto, pedi a senhora
Wanda que trouxesse ou mandasse alguém, e o nosso cabeleireiro
hoje será o melhor, não se preocupe.
Eu ainda não estou acreditando que minha irmã realmente
está empenhada naquilo, espero por uma mudança de humor dela
ou algum surto de raiva quando Margareth aparecer no quarto. No
entanto, nada disso acontece, meu almoço chega o cabeleireiro, o
maquiador e eu sequer vi a minha mãe ainda hoje, não que eu
esteja reclamando, mas veja bem, isso que está acontecendo no
meu quarto é raro.
CAPÍTULO 26
RYAN moore

O silêncio no meu apartamento me deixa relaxado, bem, na


maioria das vezes, mas agora está me incomodando demais, estou
começando a querer que meu irmão esteja aqui para me encher o
saco ou falar demais como ele sempre faz.
Porém, eu preciso esperar que Gael ou Remi apareça para
lhe entregar o relatório sobre Felipe Duran, o homem que vem se
metendo aonde não foi chamado. O que ele tanto quer com Allie? E
por que eu estou ligando para o que ele quer com a princesinha?
— Senhor? — Viro-me para Gael que acaba de abrir a porta
do meu apartamento. — Aqui está tudo que achei sobre Felipe.
Ele vem até mim e me entrega a pasta que tem o nome do
indivíduo, abro o documento vendo algumas fotos dele. Filho de
mãe brasileira deportada enquanto ele era um adolescente, pai
irlandês, psiquiatra.
O único vínculo que ele tinha com Allie é que o pai dele foi o
psiquiatra dela. Nada mais.
— Por qual motivo uma pré-adolescente teria um psiquiatra
tão nova?
Percebo que a merda da pergunta saiu alto demais da minha
boca quando Gael arranha a garganta, e lhe dou um olhar de tédio.
Ele sabe que eu não quero uma resposta, mas alguma merda tem
ali, talvez Allie não seja tão perfeita quanto ela demonstra ser.
— Irmãozinho!
A minha paz acabou quando ouço a voz de Ruan, e me
arrependo profundamente de ter reclamado do silêncio do meu
apartamento quando o vejo andando até o meu bar e se servindo
como se estivesse na sua própria casa.
— Pegou o relatório do cara?
— O que você acha? — Minha voz sai mais irônica do que o
normal, isso expande o sorriso idiota no rosto do meu irmão.
— Fiz apenas uma pergunta. — Levantou as mãos em um
ato ridículo de rendição, e pela minha visão periférica vejo Luís
entrando devagar no meu apartamento.
— Quem deu permissão a vocês para subir? Minha casa não
é parque de diversões.
— Calma aí, irmão, vim te acompanhar no jantar até à casa
do seu novo brinquedo.
— Ela não é um brinquedo.
As palavras de defesa saem da minha boca antes que eu
possa controlar e dou a entender que ela é algo a mais.
— Não sabia que ela é algo mais.
— Cala a porra da boca, Ruan. Você não quer que eu me
estresse agora.
Ele entende o recado, ajeito a gravata borboleta do meu
smoking preto e me sinto sufocado por essa coisa. Olho para Luís e
Gael que agora estão lado a lado, em silêncio observando a
interação entre mim e Ruan.
— Quero que descubra mais sobre o psiquiatra — ordeno
para Gael que acenou em concordância.
— Que psiquiatra?
Podia sentir a tensão na voz do meu irmão, ele sabe que tem
algum problema mental, nunca procuramos um especialista para
essa questão, entretanto, Ruan toma alguns remédios para se
manter sobre controle, o que eu acho ótimo.
— Não é para você.
— E se fosse você teria um grande problema comigo.
— Será?
Meu deboche não é respondido a princípio e muito menos
depois, Ruan não ia me desafiar na frente de ninguém, muito menos
na de Gael e Luís o que é maravilhoso, não quero ter que ingerir
nenhum calmante nele.
— Vamos embora de uma vez. — Seu rompante repentino
não me assusta.
No entanto, quando ele passa pela porta e a bate com força
jogo a pasta sobre Felipe Duran no sofá e sigo pelo mesmo caminho
que Ruan enquanto Gael e Luís vem atrás de mim. Consigo segurar
meu irmão pelo colarinho do seu terno e o viro para mim,
escorando-o contra a parede do elevador.
— Nunca me desrespeite na frente dos meus soldados. Eu
ainda sou seu chefe.
Solto o seu terno enquanto sentindo seus olhos brilharem de
raiva para mim. Mas estou pouco me fodendo, Ruan não fará o que
ele quiser, mesmo que ele seja o meu segundo no comando.
— Feche a minha casa.
Minha ordem é dada em alto som para que Gael e Luís
ouçam bem, se alguém invadir meu apartamento a culpa será dos
dois.
— Tenho que te dá um crédito. — Olho para Ruan que entra
no elevador e atrás dele vem os outros dois.
— Pelo quê?
— Seu aperto continua forte.
Ignoro meu irmão e aperto o botão do elevador para que ele
comece a descer e assim irmos logo para o jantar na casa dos
Moore. Imagino que este jantar seja somente para ela mostrar que
ainda está por dentro da alta sociedade e não sairia dela somente
por que seu marido morreu.

Meu corpo fica em alerta assim que coloco os olhos nos


meus soldados do lado de fora, todos vestidos em ternos pretos e
três deles, na frente das duas BMW que estão estacionadas ao lado
da minha, Ferrari.
— O que estão fazendo aqui? — Travis o soldado que está à
frente dos outros cruza os braços e ergue uma sobrancelha na
direção de Gael.
— Não te falaram, chefe? Deixaram um bilhete para você no
seu escritório.
— Que bilhete? — Minha voz sai por um fio, mas não posso
perder o controle ali, muito menos deixar a raiva que eu estou
sentindo de Gael dominar meus sentidos.
— Eu posso......
Corto a intromissão de Gael pela metade somente com o
olhar, não quero a porra de uma explicação ali. Ele me pagará no
momento certo.
— Aqui está. — Travis tira o pedaço de papel do bolso e me
entregar. — Não sabemos quem o deixou lá, ainda.
— Quero que descubram isso agora — decreto enquanto leio
a porcaria do bilhete.

“Sentiu minha falta, velho amigo? Eu sentir muito a sua.”

— Quero porra é essa?


Não me importo com a pergunta de Ruan que sequer
percebe quando chegou ao meu lado, porém, foco meus olhos em
Travis e na sua postura.
— Por que você ainda não saiu daqui? — Minha voz está
calma e mesmo assim o homem à minha frente não se abala.
— Achei que precisaria de mim.
— Não preciso, agora tire todos esses soldados daqui. Não
percebeu que chamou atenção demais?
— Sim, senhor.
Observo Travis entrar nas BMW’s e desaparecer com todos
aqueles soldados, as pessoas ao redor passam e olham com
curiosidade para frente do prédio, mas sem coragem para parar.
— Ruan vá com Luís, e Gael me acompanhe — ordeno, e me
viro para entrar no prédio novamente.
Não preciso olhar para trás para saber que meu soldado de
confiança, ou melhor, que eu pensava que era de confiança está
atrás de mim. Paro em frente ao elevador aperto o botão para abrir
e espero Gael entrar primeiro.
Entro logo em seguida e aperto o botão de subir para a
cobertura calmante. Viro-me para meu soldado e dou o primeiro
soco no seu rosto, seguido por mais um.
— Que porra significa ficar escondendo as coisas de mim
agora? — esbravejo no seu rosto, segurando-o pelo colarinho.
— Eu não estava escondendo nada, apenas achei melhor
falar somente quando soubesse quem deixou o bilhete.
— E desde quando as coisas funcionam assim?
— Não funcionam.
Aperto mais seu pescoço com uma vontade enorme de
quebrá-lo ali mesmo, uma pena que eu não tenho ninguém para me
ajudar a esconder o corpo.
— Não pense que isso ficará assim. Mas sorte a sua que
agora tenho um jantar que não fui convidado para ir.
Solto-o e viro de costas ouvindo sua puxada de ar, aperto o
botão para que o elevador desça novamente, para irmos finalmente
para a merda do jantar. Será engraçado ver Allie novamente depois
do seu pequeno show para mim.
As portas do elevador se abrem novamente e logo estamos
saindo do prédio e entrando na minha Ferrari. Gael dirige em
silêncio o caminho inteiro enquanto eu o observo. Ele pode ser um
traidor, porém, por que me trair depois de tanta tempo trabalhando
para mim?
Ele sabe que é inútil tentar me vencer em diversos aspectos.
Mas se ele for tentar que tenha sorte, não é mesmo?
— A segurança para o jantar foi reforçada, colocamos
soldados nossos para vigiar a casa.
— Ótimo — murmuro em resposta para as informações que
ele me passa e procuro um cigarro pelo carro e logo o acendo.
A fumaça preenche o carro e abro um pouco a janela para
que a fumaça saia e apago o cigarro, enquanto Gael estaciona o
carro em frente à mansão dos Moore.
— Você até que foi rápido. — Ruan me espera na entrada do
portão, com Luís e outros soldados.
— Entraremos, com certeza todas as pessoas convidadas já
chegaram.
Sei que sim, o horário do jantar é cedo, muito cedo, o que
provavelmente é para mostrar que ainda estão de luto. Bom, o que é
mentira. Os portões são abertos por dois dos soldados que estão
fazendo parte da nossa segurança, atravessamos jardim em
direção à entrada da casa.
— Até que ela está bonita essa noite. — As palavras de Ruan
me fazem olhá-lo.
— Não fale nenhuma merda. — Avisei e ele apenas deu um
sorriso de lado.
— Boa noite, senhora Morgan. — Cumprimento Margareth
que apenas me olha confusa, no entanto, logo sorri em seguida.
— Boa noite, queridos, não sabia que eu tinha convidado
vocês. — Sua voz calma não condiz com seu olhar, sorrio para ela
antes de olhar para Allie que segura a mão do meu irmão.
— Allie nos convidou, mas eu não sabia que ela não tinha te
avisado — explico e Margareth solta minha mão.
— Pois é, o jantar era somente para amigos próximos.
— Somos próximos da sua filha, eu conheço Katherine
perfeitamente — afirma meu irmão, escondo minha surpresa,
porque a voz dele deixa claro que ele realmente conhece Katherine.
— Eu não sabia que iriam vir — Allie se pronuncia pela
primeira vez e eu sorrio cinicamente para ela.
— Não tínhamos nada para fazer.
— Certo, vamos entrar.
Margareth chama se virando e entrando na casa enquanto
eu, Allie e Ruan ficamos ali. A princesinha dos Moore nos analisou
dos pés à cabeça e respira fundo antes de se virar também e entrar
na casa.
— Não vai me cumprimentar? — pergunto, segurando seu
cotovelo a fazendo se virar para me olhar.
— Acho que já fiz isso — retruca, enquanto observa Ruan,
Gael e Luís passando por nós.
— Achei que teria uma recepção melhor. — Que merda eu
estava fazendo?
— O que você quer aqui? Como soube do jantar?
— Eu sempre sei de tudo.
Allie revira seus olhos e muda sua postura, cruzando os
braços na frente do corpo, enquanto eu apenas olho para o decote
no seu vestido preto, os seios grandes e bem marcados, do jeito
que eu gosto.
— Meu rosto é um pouco mais acima. — Quase sorrio
cinicamente para ela.
— Achei que você quisesse minha atenção neles. Seus
braços cruzados, dão um ótimo volume a eles.
— Seu filho da.....
— Allie, eu estava te procurando.
Olho para frente e encontro Felipe Duran nos olhando, seu
rosto não aparenta surpresa ao me ver aqui, já eu estou surpreso
por vê-lo.
— Estou aqui, está precisando de algo? — Olho para Allie de
volta, percebendo o quanto sua voz mudou ao falar com o merdinha
à nossa frente.
— Eu queria conversar com você.
— Você não percebeu que ela está ocupada? — inquiro,
enquanto me aproximo de Allie e colo meu corpo ao dela.
— Allie?
— Você não entendeu meu recado? — Coloco meu braço ao
redor da cintura de Allie e aperto contra mim.
— Felipe, acho melhor conversarmos depois. — A voz da
princesinha sai quase em um sussurro.
— Você tem certeza?
— Quer que ela afirme de novo? — Minha voz sai um pouco
alta demais e vejo o rosto do otário se tornar vermelho e quase dou
risada do seu jeito amador.
Observo de perto quando ele some pelo corredor e aproveito
para me abaixar e deixar um beijo no pescoço de Allie e vendo ela
se arrepiar por completo.
— Nunca mais faça isso — exclama, afastando-se de mim e
eu coloco minhas mãos no bolso.
— Okay.
Respondo e passo por ela, deixando-a para trás e indo direto
para onde todos estão reunidos na sala.
CAPÍTULO 27
FELIPE DURAN

Estou esperando impaciente por NX, mesmo sabendo que


talvez ele não vá vir, porém, esperarei mais um pouco, se ele
marcou algo que demorou meses para ser elaborado é porque com
certeza já se decidiu se iremos fazer algo contra os Moore ou não.
Raine Douglas, está à minha frente andando de um lado para
o outro no armazém, seus saltos fazem um barulho irritante
enquanto ela anda. Não fazia ideia do porquê NX, quis que ela
fizesse parte do plano, porque para mim, está bem claro que ela
servia de nada.
— Você acha que ele vem? — Olho para ela a minha frente e
coloco as mãos nos bolsos do meu terno.
— Se ele não fosse vir, teria dito. — A loira parece em
dúvida, tanto que morde o seu polegar sem parar.
— Qual seu interesse na Allie? — O que a loira tem de bonita
tinha de burra.
— Me diga o seu no Moore.
Ela revira os olhos e passa a mão pelo vestido preto com
decote nos seios.
— Poder e dinheiro. Ele tem as duas coisas que eu mais amo
no mundo.
— Somente por isso? Nenhum interesse amoroso por baixo?
— O discurso dela não me convenceu.
— Claro que não! Então, seu interesse na Morgan é
amoroso? — Deixo uma breve risada sair dos meus lábios e fito
friamente a mulher na minha frente.
— Não, muito pelo contrário. Minha intenção é destruir ela.
— Uau, não achei que fosse…
Sua voz é cortada quando a porta do armazém se abre de
uma vez e NX finalmente aparece para começarmos, ele é um
homem discreto, alto e conseguiu toda a atenção da loira à minha
frente.
— Vejo que os dois estavam à minha espera. Desculpe-me
pelo atraso. — Sua voz grossa e com um forte sotaque inglês, deixa
claro o autoritarismo.
— É um prazer finalmente nos vermos pessoalmente —
Raine se pronuncia, e apenas continuou no meu lugar.
Eu tenho motivos para estar aqui com esses dois, porém, eu
terei que ter muito cuidado com Ryan Moore e seus soldados de
merda, que já provaram estão rodeando Allie de todas as formas
possíveis. O dia no bar foi prova suficiente, portanto, eu tenho
Margareth ao meu lado, que com certeza fará de tudo para eu ter a
sua filhinha.
— O prazer é todo meu, espero que essa reunião seja
proveitosa para ambos os lados — afirma com um leve sorriso de
lado e eu reviro meus olhos.
— Com certeza será — afirmo e continuo. — Principalmente
para você.
Não conheço o cara à minha frente direito, muito menos a
louca loira que só pensa em dinheiro, porém, se eu quiser colocar
meu plano em prática ou me vingar da vadia da Allie, é aqui que eu
encontrarei recursos para isso.
— Estávamos conversando sobre o porquê queremos fazer
isso. — Raine aponta para nós três e dá dois passos para perto de
NX, fazendo mais barulho com seus saltos. — Quer contar seus
motivos?
— Não, estou aqui apenas para formar algo com você contra
pessoas que eu não gosto. Não para dividir minha vida com vocês.
A resposta dele não me surpreende, muito menos a Raine
que se vira para mim, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar
um presente maravilhoso.
— Vamos começar?
Estou impaciente e não vejo a hora de meus planos saírem
do imaginário e ganharem vida.

allie morgan
O que Ryan faz aqui? Seus olhos estão em mim a noite toda,
eu os sinto por onde ando cumprimentando todos os convidados e
ouvindo suas lamentações pela morte do meu pai. Kathe está
sentada no sofá, e parece não dar a mínima para nada que alguém
fale com ela.
Minha mãe não parece nada feliz enquanto conversa com
Felipe, seus olhos também estão em mim, a sensação é que vão me
perfurar a qualquer momento. Algo que eu não duvido muito que ela
sinta vontade de fazer.
— Você é muito quieta e simpática. — Olho para trás de mim
e localizo a voz que fala comigo.
O homem alto e negro, dono da voz, parece ter saído de um
filme, terno feito sob medida, seus bíceps bem marcados, ele é
simplesmente uau.
— Desculpe, eu não te conheço, senhor?
— Travis, me ache apenas de Travis, Allie.
— Ok, Travis, procurando alguém?
— Não, estou de passagem e queria te ver.
— Me conhece de algum lugar?
Eu não lembro dele, e de um homem como esse eu com
certeza me lembraria de uma forma ou de outra.
— Sim, ele te conhece muito bem, até porque trabalha para
mim.
A voz de Ryan me pega de surpresa e me viro para ele que
olha fixamente para Travis, que apenas leva a taça de champanhe
até a boca.
— Então você estava conversando comigo por causa do seu
chefe? — pergunto, e ele sorri de lado.
— Não, mas foi um prazer te conhecer e, chefe, Gael me
chamou até aqui, ele tinha coisas importantes a fazer.
Não entendo o que Travis quer dizer a Ryan com isso, porém,
vi no momento exato em que engole em seco e desce seus olhos
sobre mim, olhando profundamente dentro dos meus olhos,
fazendo-me arfar com toda aquela intensidade.
— Agora pode ir — decreta ao Travis, que pisca para mim
antes de sair.
Sozinha com o homem que tem todos os meus pensamentos
desde do momento que entrou pelos portões da minha casa. Ele se
aproxima de mim e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha.
— Esqueci de te dizer que está linda hoje. — Seu simples
elogio envia arrepios por todo o meu corpo.
— Você também não está nada mal — digo, divertida, e ele
estreita seus olhos.
— Sua raiva já passou.
Não é uma pergunta, e acabo me questionado se realmente
tinha ficado com raiva dele de alguma forma? Ou simplesmente
esquecia tudo na sua presença.
— Queria te levar para algum lugar dessa casa e te fazer
esquecer essa noite entediante.
— Eu não iria.
— Sei, por isso não te levo.
— Por qual motivo você veio até aqui hoje? — Eu realmente
não entendi o fato de ele e do irmão ter simplesmente entrado no
jantar da minha mãe.
— Não pense muito, eu estava em casa e fiquei sabendo do
brilhante jantar da sua mãe. Fiquei um pouco ofendido por não ter
sido convidado, aliás, seu pai e eu tínhamos assuntos em comum.
— Ele estava te processando.
— Sim, ele estava, e isso causou assuntos em comum entre
todos nós.
As palavras de Ryan me fazem olhar bem para ele, que tem
os olhos tempestuosos e cheios de emoções que eu não consigo
entender.
— Não sei se eu entendo.
— Não é preciso entender alguma coisa, Allie — Ryan diz,
firmemente, aproximando-se de mim e ignorando a presença do
irmão.
— Sabe que horas a sua mãe vai começar a servir o jantar?
Tenho negócios fora daqui.
A pergunta de Ruan me deixa um pouco confusa, se eles têm
negócios fora dali, por que vieram?
— O jantar será servido agora, a mamãe mandou te avisar,
Allie. Senhores Moore. — Kathe cumprimenta os dois que acenam
apenas com a cabeça.
— Vá lá, princesinha — o sussurro de Ryan no meu ouvido
me deixa de surpresa.
— Vamos. — Chamo Kathe que me olha entediada.
— Até a próxima, coisinha linda.
Ignoro as palavras de Ruan e vou atrás da minha irmã que
seguiu na frente, indo direto para a sala de jantar onde boa parte
dos convidados já estão.

Os convidados estão sentados ao redor da mesa de jantar,


que hoje foi trocada por uma maior, os Douglas estão no final da
mesa, outros amigos da minha mãe estão ao lado deles, Felipe ao
meu lado, Kathe à minha frente, o Travis ao lado dele com Ruan,
Ryan ao lado direto da minha mãe, enquanto, eu estou no esquerdo.
Poucas pessoas conversam entre si, muitos aqui eu não
conheço ou se já os vi não me lembro bem, contudo, segundo Kathe
minha mãe optou por chamar alguns amigos antigos.
— Mais tarde podemos conversar?
Ignorar a presença de Felipe se tornou minha prioridade
nesse jantar, mas estou em dúvida se ele não percebe minha
intenção ou se simplesmente resolveu ignorar mesmo.
— Claro.
— Ainda bem que você não disse não, porque eu não
desistiria.
Minha vontade de revirar meus olhos é controlada, pela
minha olhada para ele, Felipe é um homem bonito, isso não tem
como ser negado, todavia, eu não entendo sua fixação em mim.
— Eu percebi isso.
Garanto porque realmente não tinha como não perceber, que
de longe ele não me deixaria em paz. Porém, tento ao máximo ouvir
alguma coisa que minha mãe fala para Ryan, o que é inútil.
— Você os convidou?
— Como?
— Você convidou os Moore? — Não entendo a pergunta de
Felipe, e continuo o olhando.
— Sim, eu os chamei.
— Você agora é amiga deles?
— Isso realmente te interessa? — Não quero ter que dar
satisfação alguma para ele.
Muito menos falar sobre minha relação com os Moore, que eu
nem sequer sei se tenho uma ou não.
— Sim, sabe ouvir dizer que eles são os homens mais
poderosos da cidade. Seu pai estava abrindo um processo contra
eles, você não acha que uma pode ser ligada à outra?
— O que você quer dizer com isso? Que Ryan mandou matar
meu pai? — Minha voz pode ter saído um pouco mais alta do que
queria.
Porque o modo que o segurança que anda com o irmão de
Ryan me olhou não foi nada gentil, mas se alguém ouviu alguma
coisa fui totalmente ignorada.
— Não sei, eu não posso afirmar nada, contudo, lembre-se
que eles dois são poderosos e homens poderosos são sempre
perigosos.
Quem é o Felipe para estar falando alguma coisa mesmo? O
filho do homem que fodeu a minha vida, que praticamente me
destruiu, e aqui está ele falando do homem com quem estou
dormindo.
— Se você não pode afirmar nada, seria melhor que nem
falasse. — Minha voz sai cortante e ouço um limpar de garganta
vindo do início da mesa.
Ryan olha fixamente para mim e Felipe que parece perceber
o olhar do outro, coloca o braço ao redor da minha cadeira. O olhar
de Ryan cai sobre mim como um aviso, enquanto, o homem ao meu
lado se diverte com a situação que eu estou.
— Margareth, eu como um bom conhecido de Rafael Morgan,
gostaria de fazer um brinde a ele.
As palavras do senhor Douglas me fazem suspirar de alívio,
pelo menos ali eu terei uma distração para não ficar olhando para
nenhum dos homens ao meu lado.
— Com toda certeza.
Todos na mesa se levantam e olham para o final da mesa, o
senhor Douglas pega sua taça de vinho e olha para mim, minha
irmã e a minha mãe antes de declarar suas palavras.
— Rafael era um homem de princípios, sempre colocou sua
família em primeiro lugar, quem o conhecia bem sabia disso, um
amigo querido e um grande profissional.
Eu poderia muito bem fazer algumas observações nesse
discurso, meu pai nunca colocou sua família em primeiro lugar, um
bom profissional ele era, um amigo eu não fazia ideia.
Todos levantam suas taças e concordam com as palavras
ditas pelo senhor Douglas, sorrisos de compaixão são dados a mim
e a minha irmã que mantém sua cara de quem não liga para aquilo.
Minha mãe enche seus olhos de lágrimas que eu não sei de
onde ela tirou e eu, bom, eu só queria sair dali, por quê? Isso é uma
farsa.
— Você parece triste agora. — A observação de Felipe me
fez olhá-lo e lhe dar um breve sorriso.
— É claro que estou, era o meu pai — digo sem pensar
muito.
— Imagino o quanto ele era importante para você, como o
meu pai foi para mim.
Meu estômago embrulhou com a lembrança do seu pai, mas
ignoro e tomo um gole do meu vinho fingindo sorrir para ele e me
sentindo observada de todos os lados.
Porém, ignoro todas e continuo como se nada tivesse me
abalado, esperando ansiosamente para que esse jantar acabe e eu
possa entrar em uma banheira e relaxar.
CAPÍTULO 28
ALLIE morgan

O jantar acabou, há algum tempo, e a senhora Douglas fala


coisas aleatórias para mim e para Kathe que pela cara não vê a
hora de cair fora daqui. Eu também estou louca para ir embora,
depois da conversa com Felipe meu humor ficou sombrio, uma dor
de cabeça irritante está me incomodando há algum tempo.
— Allie querida, poderia chamar sua mãe para mim?
O chamado da senhora Douglas me desperta e eu sorrio para
ela, concordando com a cabeça e procurando minha mãe pela sala
principal.
— Procurando alguém? — Assusto-me com a pessoa que
está atrás de mim e me viro para dar de cara com Travis com um
cigarro na boca.
— A minha mãe.
— Ela saiu com aquele cara estranho que estava no bar
quando o Remi te tirou de lá.
— Como você ficou sabendo do episódio do bar? — Sinto-me
completamente incomodada ao perceber que ele sabe do que
aconteceu no bar.
— Todo mundo que trabalha para o chefe sabe o que
aconteceu lá.
Uma sensação estranha percorre o meu corpo com aquela
informação, não quero que ninguém saiba da minha vida, não
mesmo. Muito menos um bando de seguranças que sei lá por que
Deus, estavam me seguindo.
— Ei, fica calma ok? Ninguém vai falar nada para ninguém.
Eu não sei se entro em colapso ou não, minha vida não é a
porra de um livro aberto, é a merda da minha vida.
— Allie, você está bem? — Quando olho para o lado percebo
que Kathe está me olhando de forma preocupada e não entende o
porquê.
— O que foi? — Minha voz sai frágil demais.
— Você está paralisada, sem falar nada, o Travis te fez
alguma coisa?
— Como você conhece ele?
— A Hanna me apresentou ele há algum tempo — explica
ainda me olhando com preocupação.
— Ok, eu estou bem. Vou procurar a mãe agora.
Afasto-me dos dois me sentindo completamente estranha,
não sabia o que está acontecendo comigo, muito menos o que
estou sentindo. Era para ser apenas uma noite divertida com a
minha irmã e ponto.
Mas agora, eu preciso agora era achar a minha mãe que saiu
com Felipe e eu não faço ideia de para onde eles podem ter ido.
Contudo, ir ao velho escritório do meu pai, é um ótimo começo, já
que Margareth está o usando.
— Mãe, a senhora Douglas está te procurando. — Abro a
porta do escritório do meu pai com tudo e dou de cara com Ryan e
Ruan me olhando com uma cara completamente estranha.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Exijo saber dos dois
que apenas continuam me olhando de forma tediosa.
— Erramos o cômodo. — O sorriso cínico na cara de Ruan
mostra que ele não errou cômodo algum.
— Ah, jura? E que cômodo vocês estão procurando?
— Eu o banheiro, meu irmão talvez o seu quarto. — A risada
que sai dos lábios dele não me surpreende e eu me controlo para
não mandá-lo à merda.
— Muito engraçadinho você não acha? — pergunto me
controlando para não xingar o imbecil, ou até mesmo o seu irmão
que apenas observa tudo do outro lado do escritório.
— Não fique brava, quem sabe você não se torne minha
cunhadinha?
Agora quem dá risada sou eu, se torna a sua cunhada é algo
tipo, impossível.
— Acho que a conversa de vocês dois já deu, não é? Ruan,
saia. — Isso é Ryan dando uma ordem ao irmão dele?
Uau, não sabia que a relação deles alguém mandava, porém,
Ryan com todo o seu ar de autoritarismo seria difícil não querer
mandar de fato em alguém.
— Até a próxima, cunhada. — A provocação ao irmão não
passa despercebida por mim.
Até porque Ruan não disse que eu seria sua cunhada para
me provocar, mas sim o seu irmão, que para mim não parece de
fato incomodado com as palavras do irmão mais novo.
— Saia de uma vez!
Ruan sai ainda me analisando, eu, no entanto, não me viro
para ver o momento em que ele fecha a porta do escritório que eu
deixei aberta, porque com certeza é muito melhor olhar para o seu
irmão que não tira seus olhos de mim.
— Não tem nada para falar? — Quebro o silêncio que se
estende por alguns segundos.
— Não, você tem? — A devolutiva da minha pergunta só me
faz cruzar os braços e esperar que ele me fale alguma coisa.
Todavia, Ryan apenas sai de trás da mesa onde estava e
passa por mim, indo trancar a porta e se posicionando ao lado,
meus olhos não deixam ele em momento algum, seu perfume
parece ter preenchido o lugar inteiro.
— Para que você fechou a porta?
— Perguntas demais não acha, princesinha? — Sua mão
agora toca o meu rosto com um extremo cuidado.
Enquanto eu levanto a minha cabeça para ter uma visão
melhor do seu rosto, seu corpo se mantém ainda longe de mim,
como se ele quisesse ter uma distância segura entre nós dois.
— E respondendo à sua pergunta, tranquei a porta para que
ninguém nos interrompesse.
Sua declaração é feita enquanto ele cola seu corpo ao meu, a
mão que tocava meu rosto agora segura meu pescoço com força,
sua outra mão aperta minha cintura, colocando-me mais ainda ao
seu corpo.
— Tenho que procurar a minha mãe. — Tento falar enquanto
nossas respirações se misturam e meu corpo se derrete contra o
seu.
— Tenho certeza de que você não quer fazer isso, porque
nós dois ainda temos muita coisa a resolver, principalmente o fato
daquele idiota ter tocado no seu corpo.
— Você está com ciúme?
Meu questionamento é idiota e eu sei, contudo, o ciúmes não
deixa de ser plausível para aquele momento, até porque eu sentia
dele e muito.
— Talvez, agora me diga por qual motivo aquele idiota estava
falando com você?
— Ele estava apenas se desculpando.
— Você não aprende mesmo, não é?
— Se eu aprendesse não estaria aqui com você.
Sua gargalhada preenche todo o ambiente, no entanto, logo
depois sua boca está descendo sobre a minha e me beijando como
nunca.

Suas mãos apalpam todo o meu corpo, seus beijos descem


pelo meu pescoço até o meu decote, Ryan chupa a parte dos meus
seios que estão para fora do decote enquanto desce as alças do
meu vestido.
— Quase senti saudades de tê-los na minha boca.
Suas palavras são acompanhadas de longa chupada nos
seios e uma leve mordida no bico de cada um, Ryan desce o resto
do meu vestido e volta a olhar para mim com um sorriso sacana.
— Estava sem calcinha o jantar todo?
— Nunca uso calcinha com meus vestidos.
Uma tapa na minha bunda me pega de surpresa e eu pulo
para a frente me encostando no seu corpo, completamente vestido,
enquanto estou apenas com meus saltos pretos de bico fino.
— Então você sai na rua sem calcinha?
— Sim, às vezes.
Minha resposta não passa de um sussurro quando sua mão
desce até a minha boceta e começa a acariciá-la bem devagar,
quase como uma tortura.
— Você está sempre tão molhada para mim, baby. Posso
sentir seu tesão, a vontade que você está sentindo de ter meus
dedos dentro de você.
Suas palavras me fazem gemer seu nome e fechar meus
olhos por breves instantes, mas logo os abro quando sinto sua mão
deixar a minha boceta e ir direto para a minha bunda. Ryan me faz
passar minhas pernas pela sua cintura, e me coloca sentada sobre
a mesa do escritório.
— Abra as pernas.
Obedeço sua ordem voluntariamente, esperando
ansiosamente pelo que ele fará, ajoelhando-se na minha frente, ele
beija minha coxa esquerda descendo até a minha boceta. Seus
dedos abrem aos meus lábios e Ryan passa sua língua pela minha
boceta me fazendo estremecer.
— Ryan…
Seu nome sai da minha boca como um gemido delicioso,
enquanto sua boca chupa minha boceta avidamente. Fecho meus
olhos e sentir seu dedo entra na minha abertura devagar, coloquei
as mãos nos meus seios e comecei a massagear os bicos.
— Você é tão gostosa! Senti saudades da sua boceta
apertando meus dedos ou meu pau enquanto eles entram e saem
de você.
Suas palavras me excitam ao extremo, enquanto seus dedos
trabalham em mim, mais rápido e ágil do que antes, sinto meu
orgasmo chegando a qualquer momento, minhas mãos que antes
massageavam meus seios, agora agarram seus cabelos e o
aproxima cada vez mais sua boca da minha boceta.
— Goze para mim!
Sua ordem é obedecida com sucesso, meu orgasmo chega
com tudo fazendo com que meu corpo tremer na sua boca, minhas
pernas ficam bambas.
— Você fica linda gozando, principalmente quando é na
minha boca.
Sorrio para ele que deixa um beijo na parte interna da minha
coxa e pisca para mim enquanto se ergue do chão, desço da mesa
do escritório e no mesmo instante a boca de Ryan já está sobre a
minha.
— Agora meu pau vai entrar na sua bocetinha.
— Como você quiser.
Sento-me novamente em cima da mesa, e o observo tirar
uma camisinha do seu bolso e abro seu smoking colocando seu
membro que me dá água na boca para fora. Ryan abre a camisinha
e a desliza por seu pau, entrando em mim enquanto massageia
meus seios.
— Também senti falta de foder com você — afirmo contra a
sua boca que me dá um sorriso arrogante.
— Eu sei, baby.
Sua respiração se mistura com a minha, enquanto ele
aumenta suas estocadas dentro de mim, seu pau sai cada vez mais
forte da minha boceta. Coloco minhas mãos sobre seus ombros e
mantenho seu olhar no meu.
— Você que gozar de novo?
— Sim, eu quero!
Antes mesmo da minha resposta sua mão já está
estimulando o meu clitóris, cravo minhas unhas em seu ombro,
enquanto choramingo seu nome e sinto meu orgasmo chegando.
— Vamos gozar juntos, princesinha.
— Por favor…
Gozamos antes que eu termine de falar, sua testa agora está
colada na minha, nossa respiração misturada, nosso olhar está
grudado um no outro. Porém, uma batida na porta chama a nossa
atenção.
— Allie, cadê você?
A voz da minha irmã me faz soltar um gemido baixo e penso
no tempo que eu estou aqui dentro, contudo, as mãos de Ryan
acariciando minhas costas levemente me faz relaxar por um
segundo.
— Vou sair de dentro de você, pegue seu vestido e vista.
Sairei daqui depois de você.
Sua voz distante e fria nem parece ser da mesma pessoa que
estava me fazendo gozar segundos antes no seu pau e dizendo que
estava com saudades da minha boceta sendo fodida por ele.
Todavia, nesse eu só vou obedecer.
— Okay.
Sinto quando seu membro escorrega para fora e não tenho
coragem de encará-lo, não estou sentindo vergonha, apenas não
vou olhá-lo agora, não nesse momento.
— Não precisa ficar com raiva.
— Não estou com raiva de você.
Defendo-me mesmo sabendo que ele tá certo, contudo, não
me importo com o que ele pensava, foda-se, porra ele me fodeu e
tratou como um nada, mas ok, ele não me prometeu nada.
— Só estou mandou você sair porque sua irmã está lá fora.
— Eu entendo!
— Então por que porra você está fazendo essa cena toda?
— Se você não percebeu, querido, quem tá fazendo uma
cena aqui é você, eu sequer abri a porra da minha boca para falar
nada, você me deu a merda de uma ordem e eu estou cumprindo
ela, não vê?
Paro quando percebo que minha voz saiu alta, é bem
provável que Kathe esteja ouvido alguma coisa, no entanto, fico
apenas olhando para Ryan que não diz nada, apenas tira a
camisinha do seu pau e descarta no lixeiro do escritório, fecha o seu
smoking, enquanto alcanço meu vestido no chão e o visto de
qualquer jeito.
Depois de vestida e sem saber em que estado está minha
maquiagem ou meu cabelo, destranco a porta sem olhar para Ryan
e dou de cara com Katherine me olhando de cima para baixo.
— Você estava transando?
— Cale a boca, vamos!
Viro as costas para ela e mesmo assim é inevitável não ouvir
o som da sua risada irritante atrás de mim.
CAPÍTULO 29
RYAN moore

Observo a porta ser deixava aberta e ainda recebo um olhar


da irmã de Allie, que na minha área já a vi diversas vezes e ela
provavelmente sabia quem eu sou ou faz uma ideia.
Abaixei minha guarda totalmente para a princesinha Morgan,
fiquei praticamente na mão da garota, se ela fosse esperta e
quisesse descobrir algo sobre mim, poderia ter sido essa noite, mas
Allie não faria isso, ela é de certa forma inocente demais.
— Chefe, podemos ir?
Olho para Travis que me espera na porta do pequeno
escritório, concordo com a cabeça, preciso resolver muitas coisas
ainda esta noite, conversar com Gael, Luís e Ruan, depois e ir ao
castelo de apostas para saber como anda as coisas com Valéria e
Hanna.
— Gael te falou alguma coisa? — pergunto enquanto
caminhamos pelo corredor que leva para a sala principal da
mansão.
— Ele disse que teria repórteres do lado de fora da casa
quando saíssemos daqui, porém, é melhor que o senhor soubesse
da situação pessoalmente.
— Ruan e Luís?
— Estão no carro somente esperando para que o senhor
apareça.
Ok, esse mistério todo e a saída de Gael do jantar está me
cheirando a problemas, muitos problemas de uma vez só, transar
com Allie me ajudou a relaxar o suficiente para esquecer do resto
por alguns minutos, mas não para esquecer a merda que está
acontecendo como eu realmente queria.
— Tem alguém além dele para sair agora? Não quero nada
nos atrapalhando já que vamos ter que lidar com a imprensa.
— Não, nesse momento só temos o carro do seu irmão e o
seu.
— Ótimo, você está fazendo um bom trabalho.
E o homem realmente está fazendo bem mais do que eu
estava nos últimos dias, Travis como um dos meus soldados mais
antigos sabe perfeitamente que eu não elogio ninguém por nada e
não será por ele que começarei, então ignoro sua cara de surpresa
e sigo para o corredor que dá para a porta da frente.
— Boa noite, senhor.
Meus soldados já me esperam na frente da porta e todos se
posicionam corretamente ao meu redor, Travis passa a nossa frente
e abre a porta para passarmos.
— Senhor, acho melhor se abaixar.
A sugestão do soldado ao meu lado me faz franzir as
sobrancelhas, porém, quando os flashs começam a vir em nossa
direção, entendo perfeitamente, que porra é essa? Diversos
repórteres estão ali. Nunca na minha vida, desejei esse tipo de
atenção.
— Vamos mais rápido — digo sem paciência alguma para
ouvir abutres chamando pelo meu nome ou espalhando notícias ao
meu respeito.
— Os portões vão ser abertos agora.
A informação é bem recebida e passamos a passos rápidos
em direção ao carro que está rodeado por paparazzis com suas
câmeras loucos por um click, por uma foto minha, que eu sequer sei
para que eles querem.
— Estamos chamando bastante atenção, irmão. — As
palavras de Ruan me fazem olhá-lo e revirar meus olhos.
— Não me diga que está achando esse tipo de atenção boa
— resmungo com meu humor totalmente estragado.
— De forma alguma, mas se estão estampando tudo que é
lugar com nosso rosto, por que não aproveitar?
— Faça como quiser, eu não vejo a hora de descobrir por que
essa merda tá acontecendo.
Fecho meus olhos e jogo minha cabeça para trás, ouço
alguns resmungos vindo de Ruan, Luís está dirigindo o carro sendo
acompanhado por Travis, com certeza carros com nossos soldados
estão nos seguindo de perto.
Nada poderá me atingir nesse momento, finalmente
conseguir o que eu tanto queria, os documentos que me darão
pistas de quem pode ter ajudado Rafael Morgan com provas contra
mim.
— Você pegou os documentos?
— Peguei, acho que ela nem sequer percebeu minha
movimentação em algum momento. — Eu não estou mentindo,
enquanto Allie se vestia, consegui pegar os documentos e ela não
percebeu em nenhum momento.
— Sabe, ela com certeza nem faz ideia das suas intenções.
— O sarcasmo na voz de Ruan me faz apenas soltar o ar com força.
— Não me importo com isso. Luís, vamos direto para o
castelo de apostas.
Instruo e olho para o retrovisor, vendo-o concordar e
segundos depois mudamos a rota, não sei aonde Gael está metido,
entretanto, se ele quiser me dizer alguma coisa que me procure de
uma vez.
— Você não tem nenhuma suspeita por qual motivo estão
atrás de nós?
— Tenho, e não quero nem imaginar se for o que estou
pensando.
Não irei mostrar minhas fraquezas na frente de ninguém,
muito menos de Ruan que precisa de alguém para mantê-lo sobre
controle, porém, é inevitável não sentir medo que algo vaze na
mídia, se é que já não está nela.
— A polícia ainda não bateu na nossa porta.
— Por isso a polícia é paga para ficar longe de nós — ironizo
o óbvio e Ruan dá risada.
— Você precisa relaxar, a princesinha não soube fazer
direito? — Seguro a parte de trás do pescoço do meu irmão e o faço
me encarar bem de perto.
— Acho melhor cala a boca.
Aviso apertando mais ainda o lugar que provavelmente ficará
com a marca dos meus dedos por um dia ou dois, contudo, tudo que
recebo do meu irmão é a merda de um sorriso idiota e as mãos
levantadas para cima em um sinal ridículo de rendição.
— Você quem manda, irmão.
Solto-o e passo a mãos pelo meu cabelo voltando a me
concentrar no caminho que Luís faz, entramos na estada parte da
cidade que eu mais gosto, o lugar que eu comando, nada a melhor
do que se sentir em casa com seu próprio poder.
— Chegamos.
— Já era hora, o que será que a Ruiva e a Loira tem para nós
hoje? — A pergunta de Ruan me faz ter certeza de que a noite entre
ele e Hanna será longa.
Abro a porta do carro e desço, ignorando-o, caminho até à
entrada do antigo castelo onde soldados estão armados e bem
posicionados, a porta do lugar está aberta e logo Hanna passa por
ela com Valéria.
— Quanto tempo não, chefe?
A ruiva sorri para mim que apenas aceno com a cabeça e me
viro em direção a Valéria que se mantém séria e quieta.
— Como vão as minhas primas preferidas? — A pergunta
alegre de Ruan faz a Loira cruzar os braços e sorrir para ele.
— Íamos bem melhor sem você aqui. — Pisca para ele que
coloca a mão no peito drasticamente.
— Assim você acaba comigo.
— Parem com a palhaçada e vamos entrar logo — sentencio,
sem tempo para esse tipo de brincadeira idiota.
— Sim, senhor! — respondem em uníssono.

Entramos no castelo e subimos as escadas direto para o


escritório que Hanna mantém ali para ela e Valéria, que fica mais
calada que o normal desde da hora que chegamos.
— O que aconteceu? — exijo saber assim que entramos no
escritório iluminado por um lustre no centro, e duas mesas frente a
frente, um telão com imagens das câmeras de todo o lugar.
Um sofá velho que Ruan se joga e cruza as pernas
esperando por respostas das primas, Luís e Travis se sentam nas
cadeiras ao lado do sofá e eu fico de pé encarando Hanna.
— A imprensa está com alguns documentos sobre os
processos que Rafael abriu contra você.
A sala inteira fica em silêncio e todos me olham como se
esperassem uma reação diferente além do meu silêncio. Pego a
cadeira que está à minha frente e a jogo contra a parede a fazendo
se quebrar em algumas partes, isso sequer alivia um pouco da
minha raiva.
— Até o processo sobre o tráfico humano? — Essa merda de
processo nem é o pior.
— Todos, drogas, armas, tráfico e todo o caralho que o pai de
vocês dois mexiam. — Não posso acreditar que essa merda vazou
na mídia, quem tinha acesso à porra dos documentos?
— Okay, o chefe pegou uns documentos no escritório do
advogado falecido. — Fecho minhas mãos em punhos ouvindo
Travis falar e sem um plano para fazer alguma coisa.
Agora é apenas descobrir quem vazou esse tipo de coisa e
manchou o nome das minhas empresa, contudo, se tem algo que eu
tenho certeza nesse momento é que eu poderia matar qualquer
pessoa.
— Ryan, não é o momento. — Olho para Hanna que está à
minha frente e seguro a mão que ela ergueu para tocar o meu rosto
e pego em seu braço, apertando-o.
— Irmão, solta a Ruiva.
Olho para ela mais uma vez e a solto, Hanna não é burra e
entendeu o recado, ninguém toca em mim sem a minha permissão e
não seria ela a quebrar as regras que eu estabeleci.
— Eu pensarei em alguma coisa — afirmo e me aproximo da
mesa de Valéria pegando a garrafa de vodca, virando-a na minha
boca. — Onde está Gael?
— Ele já está vindo para cá — Valéria responde e todos ficam
em silêncio novamente.
Ouço alguém falando alguma coisa e ignoro, me concentro
somente nas batidas do meu coração, o que o meu pai diria nessa
situação? Ignorar a mídia não é uma possibilidade, caçar quem fez
isso? Com certeza Gael já estava fazendo.
Matar ou torturar com certeza é algo que eu quero, porra, o
desgraçado do Rafael morreu e deixou coisa para foder com a
minha vida para trás.
— Você quer alguma coisa chefe? — A pergunta da loira me
faz olhá-la e perceber que fiquei tempo demais encarando a merda
de uma parede.
— Quero, traga para mim quem ousou falar merda de mim na
mídia, você sabe que não mexemos mais com tráfico humano, meu
pai era um lixo, um desgraçado que fodeu com a minha vida.
Porém, eu sou muito parecido com ele.
— E no que o senhor é parecido com ele?
— Na vontade de matar, na busca por sangue. — Minhas
palavras saem raivosas e vejo medo nos olhos de Valéria.
Mas eu não estou mentindo, manter a calma é o que eu
consigo de melhor, é algo que faço para me manter em paz, para
não deixar que nada me abale e também não perder a razão como
Ruan perde quando a raiva o cega.
— Gael acabou de chegar.
Viro-me para olhar Hanna que está um celular na orelha e um
olho nas câmeras que dá para a entrada do castelo. Alguns carros
de luxo estão estacionados ali na frente, provavelmente os donos
são viciados em jogos e estão lá embaixo aproveitando tudo que o
meu castelo tem a oferecer.
— Mande ele subir de uma vez — manda Ruan que tem
agora um copo de whisky na mão.
— Espero que ele tenha descoberto algo — reclamo em voz
alto e recebo os olhares de todos.
— Com certeza ele descobriu, Gael não é burro — afirma
Luís e eu observo por um tempo até ele tomar coragem e voltar a
falar. — Ouvi o Felipe Duran conversando com a Allie Morgan sobre
você.
— Ah, é? E o que ele falou para ela? — pergunto cruzando
os braços sobre o peito esperando respostas.
— Que você era perigoso e que é melhor ela tomar cuidado,
isso pode ter despertado alguma desconfiança nela.
Allie não faria nada para me atingir, não a Allie que eu transo,
ela não tem capacidade para ser alguém ruim não mesmo, se ela
tentar descobrir algo será diretamente comigo.
— Allie não faria algo assim. — Hanna a defende e Luís
ergue a sobrancelha para ela.
— Jura? Como você pode ter tanta certeza, confia nela?
Porque eu não.
— Não tem nenhum motivo para desconfiar dela. — Deixo
claro de uma vez e Luís revira os olhos.
— Talvez ela esteja mexendo com a sua cabeça, chefe. — A
provocação não passa despercebida por mim, entretanto, Ruan é
bem mais rápido em mandá-lo calar a merda da boca.
— Fique quieto, Luís, vai ser bem melhor para você. — As
palavras do meu irmão não são ouvidas, pois a porta é aberta.
— Até que fim. — Hanna exclama e Gael lança um olhar de
tédio.
— Conseguiu alguma coisa? — pergunto impaciente e ele
confirma com a cabeça.
— Marquei uma coletiva de imprensa para você e Ruan
amanhã de manhã, consegui emitir uma nota e uns documentos
falsos provando que os processos e acusações são falsas.
As informações me faz respirar aliviado, mas uma merda de
uma coletiva e os repórteres não pegarão leve, Ruan poderá se
exaltar e falar demais, e todo cuidado nesse momento é muito
pouco.
— Okay, vamos fazer isso. — Concordo com ele e abro o
meu smoking pegando os documentos. — Quero que você e Luís
analise esses documentos e descubram o que esses códigos
significam — oriento e entrego para Gael os papéis.
— Por qual motivo eu terei que participar da coletiva de
imprensa — Ruan resmunga e eu lhe dou um olhar de ódio.
— Porque você ainda é dono das empresas. — Lembro e
olho para Travis que observa tudo calado. — Coloque Remi para
ficar de olho em Allie por enquanto.
Querendo ou não as palavras de Luís ficaram na minha
cabeça, ela mexe comigo sim, não tem como negar, e ela ainda é a
filha de Rafael.
— Agora eu e Ruan vamos para o meu apartamento, nos
preparar para amanhã, Valéria selecione os melhores repórteres.
Deixo as ordens para que todos ouçam e começo a andar
para saída acompanhado de Ruan e Travis, agora tudo que eu
posso fazer é esperar por amanhã e que nada mais aconteça que
possa foder com os meus planos.
CAPÍTULO 30
RYAN moore

Faltam alguns minutos para que a coletiva de imprensa


comece, passar a noite acordado com Ruan reafirmando tudo que
devemos falar, está me custando uma longa e irritante dor de
cabeça que não passa em momento algum.
— Chefe, já estamos prontos, basta você querer começar —
informa Gael em pé ao meu lado.
— Vamos virar prostitutas da mídia, sabe como eles são
insuportáveis — reclama Ruan mais uma vez desde que chegamos.
— Não é você que queria aproveitar os quinze minutos de
fama? — pergunto de forma sarcástica e ele revira os olhos como
uma criança birrenta.
— Não dessa forma, você sabe.
Sim, eu sei e não estou nem aí, esse problema precisa
acabar, não que uma coletiva vá resolver ou até eles descobrirem
que os documentos que Gael deu a eles são falsos, aí sim,
começará um verdadeiro inferno.
— Começaremos agora. — Hanna chega vestida em um
terno básico azul e de saltos brancos.
— Sim, vamos logo, preciso resolver problemas no galpão. —
Ruan passa na porta que a Ruiva deixou aberta e eu me levanto da
poltrona que estava sentado, e caminho na mesma direção.
— Sabe aonde ela está? — pergunto perto da Ruiva e ela
acena com a cabeça.
— Passeando no centro, relaxe ela vai ver a entrevista e vai
acreditar em tudo.
Ele me garante e eu ajeito minha gravata e saio da cômodo
que estamos e vou para a sala de reuniões onde os repórteres
estão me esperando. Ruan está escorado na parede esperando por
mim.
— Não fale mais que o necessário, não se estresse por
nenhum motivo — aviso segurando o braço do meu irmão e olhando
bem nos seus olhos.
— Não precisa me ameaça, eu sei muito bem o que fazer, fui
tão criado nessa vida quanto você — Ruan reitera e se soltou do
meu aperto entrando de uma vez só na sala.
Resolvo ignorar e entro logo atrás dele sentindo os flashs dos
fotógrafos que estão ali presente, aceno em cumprimento a todos e
me sento ao lado de Ruan, que está sendo escoltado por Luís e eu
por Travis que já está aqui dentro, fora alguns outros soldados
disfarçados de repórteres e fotógrafos.
— Bom dia, iniciei essa semana indo em um jantar na casa
de um amigo que faleceu e no outro dia estou aqui dando uma
coletiva de impressa para me livrar de acusações falsas e
mentirosas vazadas pela imprensa dessa cidade. — Faço uma
pausa, analisando o rosto de cada um e continuo. — A imprensa a
qual sempre mantive uma relação de respeito, tanto eu, quanto meu
pai. Agora indo direto ao ponto, minhas empresas são tradicionais,
construídas com muito esforço e dedicação, e crescem cada dia
mais por causa disso, e eu não deixarei que nada manche o nome
delas.
Termino de falar e espero que um deles me façam alguma
pergunta, contudo, percebo que alguém olha para Ruan esperando
palavras que não foram ditas.
— Senhor Moore, o senhor disse que foi ontem ao jantar na
casa de um amigo que faleceu, amigo esse que estava te
processando? — Olho bem para a jornalista, querendo que uma
bala a atinja, coisa que não acontece e sorrio em resposta.
— Como já foi provado, as notícias são falsas, assim como
os processos.
Reafirmo a mentira mais uma vez, porém, a jornalista com
certeza não está convencida o suficiente para acreditar em alguém
como eu.
— Posso fazer…
— Quem é o próximo a fazer uma pergunta — exige Ruan e
a jornalista se cala.
— Se as informações são todas falsas, por que alguém iria
fazer algo desse nível contra vocês? — Um rapaz que parece novo
demais para a minha opinião pergunta e Ruan toma a frente para
responder.
— Concorrência, isso se chama mundo dos negócios.
— Tenho que concordar com o meu irmão, quando
descobrirmos em breve quem vazou esse tipo de informação vocês
irão ver, como o mundo dos negócios funciona.
Não eles não verão nada, entretanto, porque não aumentar a
curiosidade deles, quando eu descobrir a primeira coisa que vou
fazer é torturar o filho da puta até ver sua vida saindo dos seus
olhos e ele indo direto para o inferno.
Mas nesse momento eu só preciso responder perguntas
idiotas de pessoas que não sabem nem cuidar da própria vida.

ALLIE MORGAN

Assistir o final da coletiva de imprensa dos irmãos Moore sem


reação alguma, Ryan sabe que os processos que o meu pai estava
movendo contra ele e seu irmão era real, verdadeiro e bem legítimo.
Porém, ali ele está negando tudo, absolutamente tudo.
As palavras de Felipe para definir Ryan estão rondando a
minha cabeça, contudo, não consigo pensar direito só deixo o
dinheiro do chá em cima da mesa e saio de cabeça baixa de dentro
do estabelecimento.
— Allie! — Ouço alguém chamar pelo meu nome e me viro
para trás.
Felipe vem andando em minha direção e eu franzo as
sobrancelhas, como ele poderia estar por aqui? Logo no momento
que tudo que eu quero, é ficar sozinha sem nenhum tipo de
incômodo.
— Olá, o que está fazendo pelo centro tão cedo? — pergunto
ajeitando a bolsa no meu ombro e forçando um sorriso para ele que
ajeita o cabelo.
— Apenas curtindo enquanto não fica frio demais para sair de
casa — esclarece e eu coloco as mãos no bolso da minha calça
jeans e espero que ele fale mais alguma coisa.
Não me sinto confortável na presença dele, muito menos
para manter algum tipo de contato tão direto, ele ser filho de quem é
só contribui para minha desconfiança, sua amizade com a minha
mãe é só mais um adicional a conta.
— Você está indo embora? — pergunta por fim e dou de
ombros.
— Acho que sim, talvez eu dê algumas voltas.
Felipe sorri sem graça e olha ao nosso redor como se
procurasse por algo e sigo sua linha de visão, porém, não consigo
achar nada.
— Se quiser companhia…
— Não, obrigado.
Nego sua companhia e ele parece surpreso, entretanto,
disfarça enquanto eu lhe dou um sorriso sem graça. Felipe olha para
mim mais uma vez e me dá um sorriso descontraído, como se
lembrasse de uma piada muito engraçada.
— Assistiu à coletiva de impressa do seu amigo? — A ironia
que carrega sua pergunta me faz cruzar os braços.
— Sim, assisti — respondo, ele sorri mais uma vez fazendo
com que um arrepio suba pela minha espinha.
— E o que você achou? — Respiro fundo antes de responder
àquela pergunta e o encaro bem firme os olhos azuis que me
lembram o diabo em pessoa.
— Eu não tenho que achar nada, agora se me der licença, eu
tenho coisas importantes a serem feitas — acrescento, tomando
distância dele.
— Okay, Allie, até a próxima vez, a mande lembranças a sua
mãe e irmã.
Não lhe dou resposta e saio andando na direção contrária a
dele que fica parado me olhando, suas palavras me soaram
estranhas e uma sensação de medo me percorreu. Mas me sinto
segura quando olho para trás e não vejo mais nenhuma sombra de
Felipe perto de mim ou coisa do tipo.
— Droga — resmungo quando ouço meu celular tocar dentro
da minha bolsa.
Paro na calçada pensando se atendo ou não quem quer que
esteja me ligando nesse horário. Abro minha bolsa e pego o celular
no fundo, olho para tela e o atendo vendo a foto de Kathe.
— Espero que seja importante — digo sem paciência e ouço
uma risada baixa do outro lado da linha.
— Calminha aí, só liguei para perguntar onde você está, por
que saiu tão cedo de casa?
— Queria comer algo fora de casa, Katherine — respondo,
exasperada, e olho ao meu redor me sentindo observada.
— Você tá me chamando de Kathe então a cosia deve estar
feia mesmo. Olha eu vou passar um tempinho fora de casa, então
tome cuidado com a louca da sua mãe. — A informação me pega de
surpresa e fico sem reação.
— Para que lugar você vai? — pergunto ainda me sentido
estranha.
— Hum, acho melhor você não saber no momento. Olha, por
que você não vem para casa?
— Kathe, espere até eu chegar aí — mando, e ouço algum
resmungo dela.
Mas antes que a sem juízo da minha irmã possa responder
desligo, agora é pegar um táxi e ir para casa e descobrir aonde
Katherine está indo se meter.
Só espero que ela não esteja metida em nenhum tipo de
briga e por consequência fugindo disso, porque seria um inferno na
terra.

FELIPE DURAN

— Ela está sendo vigiada, ou melhor, protegida pelo Moore.


— Despejo a informação para Raine e NX assim que chego ao
armazém velho que estamos usando para nos encontrar.
— Não me diga, eu sabia que depois das coisas vazadas na
mídia sobre eles, ela não seria deixada sozinha — reclama a loira e
eu concordo.
Não foi nada inteligente ter vazado informações sobre os
negócios dos Moore na mídia antes de atacá-los, poderíamos ter
usado isso como uma arma secreta antes de fazer qualquer coisa
contra eles.
— Vocês são amadores. — NX começa o mesmo discurso de
sempre, essas não me convenciam mais. — Precisamos deixá-los
desestabilizados para fazer algo contra eles nesse momento.
— Poderíamos ter pegado a Morgan primeiro, depois soltado
as coisas na mídia, assim ele teria mais com que se preocupar do
que ficar atrás dela — reclamei e NX se vira para mim.
— Sim, mas quero que Ryan venha até mim, eu quero,
entendeu bem?
Pergunta e somente concordo com a cabeça, NX me
encontrou, me trouxe de volta a Dublin e dará minha vingança nas
minhas mãos, mesmo que isso signifique enfrentar a máfia irlandesa
de frente.
— Okay, mas onde entro nessa história toda de vocês? —
Raine pergunta, e eu reviro os olhos.
— Você será nossa isca — murmuro e ela me olha confusa.
— Isca para quê?
Ela não dará uma de burra agora, Raine é mais inteligente do
que se deixa aparentar, até porque se o interesse dela em Ryan é
dinheiro era por que burra ela não é.
— Isca para distrair o soldado que segue a garota Morgan. —
A resposta vem do homem à nossa frente que se mantém sério.
Suas respostas são calmas e monossilábicas.
Ele me deixa com muitos pés atrás, porém, é a chance da
minha vingança contra aquela família tosca, a mãe não passa de
uma vadia, a filha mais nova segue pelo mesmo caminho, mas Allie
parece se manter dentro de uma bolha que não deixa as pessoas se
aproximarem dela.
— Não sabia que teria que foder alguém para pegar o que eu
quero — reclama, e eu suspiro audivelmente.
Minha paciência acabou no encontro com a Allie me deixando
irritado e Raine se fazendo de difícil para abrir as pernas para
alguém, logo ela que fode com qualquer um, estava me irritando
ainda mais.
— Não discutiremos sobre isso, você mesmo deixou claro
que fará qualquer coisa, assim como Felipe e eu. — NX se mantém
calmo e no mesmo lugar.
— Mas você não está fazendo nada. — Raine agora falou
algo que presta.
— Florzinha. — Ele anda até ela e segura seu queixo entre
os dedos, fazendo-a o encará-lo bem de perto.
— Me solte! — exige, e NX deixa risada escapar dos lábios.
— Soltarei, mas cuidado com o que sai da sua boca. — O
corpo de Raine vai para trás quando ele solta o queixo dela.
Minha única reação é uma leve levantada na minha
sobrancelha, não ligo para o que Raine Douglas fará, mas ela está
enchendo o saco.
— Okay, vocês que mandam.
— A nossa reunião terminou! Amanhã à tarde iremos
começar a nossa brincadeira.
Saio da perto da parede onde estou e caminho até à saída,
ouço os passos de Raine atrás de mim com seus saltos que apesar
de não serem iguais aos do outro dia, fazem a merda do mesmo
barulho.
— Ei, pode esperar um pouco. — Pede enquanto passamos
pela porta e eu me viro para ela.
— O que você quer? — pergunto, impaciente, e ela franze as
sobrancelhas ajeitando o vestido rosa curto que veste.
— Você confia mesmo que esse plano vai dar certo? — Sua
pergunta parece genuína, e até eu já me perguntei isso, contudo, se
NX tem dinheiro e poder, então não teremos problema.
— Acho e você. — Aponto para o nariz dela. — Faça direito,
não vou deixar tudo ir por água abaixo por uma qualquer.
Viro as costas quando tenho certeza de que ela entendeu
bem o meu recado.
CAPÍTULO 31
RAINE DOUGLAS

O que eu estou indo fazer nesse momento é garantir um


ótimo futuro, mas como sempre para subir na vida é necessário
fazer alguns esforços e sou capaz de fazer todos eles para ter uma
ótima posição onde eu quero.
Dei uma última olhada no meu vestido dourado, meus seios
parecem maiores dentro dele, minhas pernas torneadas estão bem
expostas para qualquer um que tenha bom gosto apreciar, então, eu
acho bem difícil um soldadinho qualquer resistir a uma mulher como
eu.
— Querida, onde você está indo? — Ouço a voz melosa da
minha mãe e reviro meus olhos.
— Para um lugar que tenho certeza de que a senhora não vai
gostar de saber — respondo saindo da frente do meu espelho e
pegando a minha bolsa na cama.
— Filha, eu gostaria que você estivesse aqui para o jantar
hoje, seu pai estará em casa.
— Mãe, se der eu estarei.
Garanto para ela que está na porta do quarto me olhando
com olhos cheios de lágrimas que eu não entendo o motivo delas,
mas minha mãe não criou alguém inocente e sim uma mulher capaz
de fazer qualquer.
— Seu pai não apareceu mais em casa depois do jantar na
casa de Margareth na segunda. — Sua voz não passa de um
sussurro e sinto ódio dela e do meu pai.
Dela por ser tão idiota e continuar tentando fazer dar certo
um casamento que está falido desde do dia que eu me entende por
gente. Eu não serei como ela, uma mulher fraca e frágil por um
amor, por isso estou indo garantir meu futuro com Ryan.
Passo por minha mãe na porta e sigo pelo corredor escuro já
que não tem nenhuma janela aberta, porque segundo a minha
amada mãe, ela ficava de luto enquanto meu pai fode as putas por
aí.
— Senhorita, tem um homem na frente da casa te esperando.
— Ouço o recado do mordomo Alfred e lhe dou um sorriso fraco
antes de acenar na com a cabeça.
Desço as escadas devagar e pensando sobre os homens que
me ajudarão, eu não confio no tal NX que nunca mostrou a merda
do rosto, sempre coberto com uma máscara na cara. Já Felipe tem
um comportamento de um psicopata em ascensão, sempre calado e
obcecado por Allie, que na minha opinião não tem nada de mais.
— Alfred, se o meu pai não aparecer cuide da minha mãe, ela
precisará. — Peço antes de abrir a porta e o vejo acenar com
concordância.
Sigo até onde está o carro do Felipe, abro a porta e o ouço
suspirar, resolvo o ignorar e coloco o cinto de segurança, vendo-o
me observar de perto.
— Para quem não queira seduzir o soldado, você está bem
produzida — comenta e respiro fundo.
— Sempre estou disposta a fazer tudo para conseguir o que
quero. — Deixo claro minha obstinação e ele ergue as
sobrancelhas.
— Okay, NX disse que Allie está no shopping, em uma loja de
grife, provavelmente Remi deve estar por perto dela. Você distrai ele
e pede ajuda. Leve-o para o banheiro que eu estarei e depois
pegamos a Morgan.
— Certo, isso será mais fácil que pensei — admito e ele
começa a manobrar o carro para fora do jardim da minha casa.
— Será sim, muito fácil.
Concorda parecendo um idiota, ignoro-o durante o resto do
caminho que não é curto e me concentro em como eu devo falar e
agir com o soldado.
— Ele é velho? — pergunto de repente, e se o desgraçado
quiser me tocar de verdade? Os velhos são os mais nojentos e
filhos da puta.
— Não, ele é mais novo do que você imagina — responde e
volto a ficar calada.
Se ele for novo mesmo será até mais fácil, os novinhos são
os melhores para serem enganados, talvez seja por isso que foi tão
fácil ir para a cama com Ryan e o irmão.
— Chegamos, pode descer — avisa, e saio dos meus
devaneios, abro a porta do carro e saio assim como ele que está
me olhando com cara de quem não está nada de bem.
No entanto, ignoro-o e coloco a minha bolsa no braço indo
diretamente para a entrada do shopping, contudo, sou parada no
meio do caminho com alguém segurando meu braço.
— Colocarei meu carro no estacionamento subterrâneo,
quando formos pegar a Allie a leve para lá. E aqui está uma foto do
soldado. — Felipe me entrega uma pequena foto, que mostra um
garoto de cabelos impecavelmente pretos e olhos azuis intensos.
— Era só isso? — indago querendo que ele me solte. E é
exatamente o que Felipe faz.
— Tome cuidado.
Me alerta e eu reviro meus olhos para ele, não preciso tomar
cuidado com nada, sei muito bem o que eu estou indo fazer,
principalmente quando se trata de seduzir um homem. Caminho
calmante no shopping obtendo alguns olhares no caminho, tanto de
homens quanto de mulheres que me analisam de cima a baixo.
Sigo em direção às lojas de grife e logo consigo ver o homem
que estou procurando, o garoto veste um terno que marca seu corpo
um tanto musculoso. Caminho em sua direção e logo ele ergue os
olhos em minha direção.
— Você poderia me ajudar? — pergunto, sentando-me ao
seu lado no banco que ele estava e fiz um biquinho.
— Não, não posso. — Deixa claro e lhe dou um pequeno
sorriso em resposta.
— Pensei que você me ajudaria, realmente preciso de uma
ajuda. — Quase imploro com um tom de voz fofo.
— Se você quer ajuda, senhora, recomendo que peça a outra
pessoa. — Sua voz decidida me fez olhá-lo mais firmemente.
— Sabe, eu preciso de ajudo para você pagar algo pesado
para mim, se eu quisesse ajuda de outra pessoa teria pedido —
afirmo, ele me olha com tédio e depois muda seu olhar para dentro
da loja que estamos de frente.
Consigo observar no momento que Allie passa o outro lado
da loja onde fica as peças de roupas íntimas, e me seguro para não
fechar minhas mãos em punhos só de pensar que ela pode estar
escolhendo roupas para dormir com Ryan.
— Está a esperando? A propósito me desculpe por chegar
assim, meu nome é Raine. — Apresento-me estendendo minha mão
para ele que a olha antes de tocá-la.
— Remi. Meu nome é apenas esse — esclarece, e concordo
com a cabeça
— Então me ajuda a pegar meu objeto, Remi? — insisto e ele
olha de novo para dentro da loja.
— Você quer um conselho? Ela demorará dentro da loja com
certeza, sou uma mulher e sei bem o que estou dizendo. — Pisco
meu olho para ele que me analisa.
— Então vamos, mas você terá que me fazer um favor
depois. — Seu olhar malicioso desceu por todo o meu corpo e sorrio
me fazendo de inocente.
— Como você quiser.
Viro as costas para ele e começo a rebolar indo em direção
ao banheiro que Felipe entrou, eu só espero que ele já esteja lá
quando eu entrar com o doce e um pouco inocente Remi. Dou mais
uma olhada para trás para ver se o garoto está atrás de mim e o
pego olhando para a minha bunda.
— Bom, você terá que entrar no banheiro das mulheres,
espero que não se incomode — explico sorrindo docilmente e ele
pisca para mim.
— Não tem problema.
Paro de olhá-lo e seguir em frente, abro a porta do banheiro
das mulheres e a deixo aberta para ele entrar, consigo ver Felipe
logo na entrada com uma barra de metal na mão.
— Pode entrar.
Chamo Remi e ele veio sorrindo para mim, sem olhar para o
lado ele entrou no banheiro e Felipe bateu com a barra de ferro na
sua cabeça o fazendo cair sem nenhuma reação. Meu coração
acelerou e fico por um tempo paralisada olhando o corpo de Remi
no chão.
— Acorda, Raine! — Felipe ordena me sacudindo, paro de
olhar para o corpo caído no chão e passo por ele saindo do
banheiro e fechando a porta.
— Você vai deixá-lo aí? — pergunto para Felipe pensando
nas câmeras do shopping e verificando se não tinha ninguém nos
vendo.
— Vá para a loja falar com Allie, vou descer para o
estacionamento.
Suas últimas palavras me fazem cair na real, falta pouco para
pegamos Allie a levar para NX, já que segundo ele Ryan ficará
vulnerável sem ela e assim Felipe poderá se vingar dela, e NX ter
sua vingança contra o irmão de Ryan.
— Vamos lá, só falta mais uma — digo para mim mesma e
ajeito meu vestido indo em direção a loja que a Morgan está.

ALLIE MORGAN

Raine está me olhando sorrindo, um sorriso um pouco


nervoso eu poderia supor, um que me deixou nervosa e
desconfiada, porém, sorrio de volta para a garota que me tratou
como uma vadia por pensar que eu estou querendo roubar Ryan
dela.
— Quanto tempo não acha? — pergunta, aproximando-se e
olhando a lingerie que estou segurando.
— Não, não acho — respondo tomando um pouco de
distância dela.
Minha cabeça não está legal para discutir com ela no meio de
um shopping, principalmente em uma loja de grife como essa. Kathe
tinha viajou ontem de madrugada, ela sequer me deixou saber para
onde estava indo direito.
— Não precisa ficar nervosa — esclarece e depois continua.
— Preciso da sua ajuda, meu carro está no estacionamento
subterrâneo.
— Não sei como eu poderia te ajudar com seu carro — digo
desconfiada ainda do seu pedido de ajuda, Raine não é uma pessoa
que joga palavras ao vento ou que fala algo sem pensar. Muito pelo
contrário seu perfil de pessoa não é esse, principalmente com o
vestido dourado e chamativo que usa.
— Pois vejo, eu sei bem que nós não começamos bem, mas
vamos combinar que você meio que se meteu no meu caminho —
comenta como se fosse algo casual, porém, não tenho como conter
minha risada com suas palavras.
— Raine, você acabou de me pedir ajuda e já está dizendo
que eu me meti no seu caminho? — pergunto de forma irônica e ela
nem sequer se abala.
— Okay, desculpe-me falei sem pensar mesmo, mas vamos
lá, Allie, sei que você é boazinha, não custa nada descer lá embaixo
comigo e depois voltar e comprar suas lingeries.
Respiro profundamente e coloco os prós e contras, não me
matará ajudar Raine a fazer sei lá o que no carro dela e estou
segura dentro do shopping, então não terá nenhum tipo de
problema.
— Vamos logo. — Chamo-a e coloco a lingerie que está na
minha mão no lugar dela.
Iria comprar uma roupa pensando em Ryan, mesmo sabendo
que eu nem sequer sei se ele me ligará ou não, apesar que tinha
quase certeza de que o fará.
— Pensando em algo bom? — pergunta, e me lembro que
ainda estou ao lado dela.
— Sim, vamos?
Chamo pela segunda vez e ela concorda com a cabeça,
saímos da loja e começamos a andar em silêncio em direção aos
elevadores que levam ao estacionamento subterrâneo.
— Sabe até que você está bonita hoje.
Estranho o seu elogio e olho para a roupa que estou usando,
uma simples calça jeans, uma blusa social e um tênis branco
simples. Já ela, usa um batom vermelho, seu cabelo loiro que agora
está curto, penteado em ondas, seu vestido dourado chama
bastante atenção.
— Você também está bem bonita.
Sou sincera e ela me dá um sorriso amarelo, entramos no
elevador e Raine aperta o botão do elevador e começamos a
descer, não falamos uma palavra sequer, enquanto o elevador
desce.
— Onde está o seu carro? — pergunto assim que o elevador
para.
— Está ali. — Apontou para uma, BMW vermelha que chama
atenção.
— Qual o problema?
— Lá eu te mostro. — Garante e nos começamos a andar em
direção ao carro.
Uma sensação ruim passa pelo menos corpo, porém, a
ignorei, olho para todos os lados do estacionamento e não vejo
nenhuma pessoa andando por aqui. Raine começa a andar mais
rápido e eu tento acompanhá-la.
Pergunto-me como ela consegue andar tão rápido em um alto
tão alto.
— Chegamos! — exclama feliz, e eu franzo as sobrancelhas.
— Não estou vendo nenhum problema aqui. — Comentei e
ela abriu a porta de trás do carro.
— Pega essa caixa aqui para mim. — Pede e vou até ela.
Continuo com a minha bolsa pendurada no meu ombro e vou
até à porta, me abaixo para pegar a tal caixa no banco e sinto todo o
meu corpo gelar. Felipe Duran estava sentado no banco detrás do
carro me olhando com um sorriso maníaco, sua mão vem na minha
boca me impedindo de gritar.
— Vamos lá, Morgan, não grite ou não serei bonzinho com
você — avisa enquanto eu sinto meus olhos se enchendo de
lágrimas.
Que tipo de merda está acontecendo aqui? Minha mente não
consegue raciocinar motivos para ele e Raine fazer nada parecido
comigo, a não ser que Felipe seja igual ao pai dele.
— Relaxa, enganar ela foi mais fácil do que pensei, agora
coloque as pernas para dentro vagabunda — manda Raine
empurrando minhas pernas para dentro do carro e batendo a porta
com força.
— Pegue o pano e coloque o sonífero em cima dele, vamos
colocar a princesinha para dormir.
Meu corpo está paralisado, eu não conseguia pensar em
como as coisas tinham ficado daquele jeito, meu Deus, como eu
pude ser tão burra. Tento me debater dos braços de Felipe que
somente me sacode e me coloca no lugar.
— Não tente lutar! — exclama Raine e se aproxima do meu
corpo e de Felipe com um pano preto na mão. — Olha só como
vamos ser bonzinhos com você, invés de te encher de porrada até
desmaiar, vamos apenas te dar um sonífero.
Felipe retira a mão da minha boca e logo Raine coloca o
pano com a sua mão no lugar dele, tento gritar, porém, o pano abafa
o som, balanço meu corpo até começar a ficar mole e sinto as
lágrimas descendo sem parar do meu rosto.
CAPÍTULO 32
REMI

A dor da minha cabeça é insuportável, abro meus olhos e


levo a minha mão direita na minha nuca, sinto a textura do sangue
nos meus dedos e praguejo baixinho. Eu fui enganado na minha
primeira missão.
Agora resta saber se Allie foi para casa ou a loira maluca que
me derrubou estava atrás dela, mas isso tá mais na cara que o
possível. Levanto-me do chão do banheiro, ajeitando e o meu terno
e tento abrir a porta que está trancada.
Ando rapidamente até à loja que Allie tinha ficou antes da
maior burrice da minha vida, na minha cabeça só se passa o quão
puto Ryan ficará comigo. Ouço o meu celular tocar no bolso do meu
terno e o pego imediatamente vendo o número de Jhon na tela.
— Fiz a maior besteira da minha vida — conto assim que
atende e ele dá uma risada idiota.
— Sério? Me diga quando você não faz uma.
— Estou falando sério caralho, tô desesperado. O chefe me
deu a missão de ficar de olho na mulher dele e eu a perde.
Minha voz é de puro desespero, avisto de longe a loja e vou
em direção a ela, a atendente me olha de cima a baixo quando
entro, mas não me importo e vou direto para perto dela.
— Que caralho! Como assim? — Jhon pergunta, mas desligo
o celular e me concentro na vendedora.
— Moça, você poderia me dizer que horário uma mulher
baixinha, cabelo preto, olhos azuis marcantes com uma roupa
comum saiu daqui?
— Boa tarde, senhor, eu acho que ela saiu de manhã com
uma mulher loira alta. — Suas feições são de quem não está
entendendo nada.
Meu celular começa a tocar novamente, provavelmente é
Jhon, coloco o aparelho no bolso do meu terno e fico encarando a
vendedora que não está com uma cara nada boa.
— Você pode me dizer com quem posso falar para conseguir
ver as imagens das câmeras de segurança da loja?
Tenho certeza de que não conseguirei nada conversando
com essa mulher que me olha com nojo, contudo, não posso me
desesperar. Preciso manter meu foco, entrar em desespero não vai
me ajudar em nada, fora as horas que eu passei desacordado.
— Olha, moço, eu não sei o que você quer, porém, não posso
dar nenhuma informação sobre as câmeras de segurança.
— Okay.
Viro as costas para a atendente mal-encarada e saio da loja,
se eu pudesse pelo menos ver as câmeras do estacionamento
subterrâneo.
— Caralho, Remi! Não me ignore desse jeito! — esbraveja
Jhon assim que pego o celular no bolso e o atendo novamente.
— Não precisa se preocupar, é só você ter um lugar para
fugirmos quando o chefe descobrir a merda que eu fiz.
Tento brincar com a situação, porém, sei perfeitamente que
as coisas não estão nada bem na máfia e agora estou
completamente fodido.
— Não fale merda! — Repreende-me e eu continuo andando
até os elevadores.
Observo quando as pessoas passam olhando para mim e os
ignoro, o estado da minha roupa com certeza não é dos melhores e
minha paciência também não está muito boa. Entro logo no elevador
antes que eu mande aquelas pessoas a merda.
— Eles estão no castelo de apostas, a mídia está ficando na
porta das boates, apesar que diminuiu bastante depois da coletiva.
— Okay, você pode ir para lá? — pergunto observando os
andares que o elevador desce.
— Se você quiser, vou apenas tomar um banho e ir. Fique
calmo ok? Nós vamos encontrar a mulher do chefe.
A garantia de Jhon não é nada, assim como a minha palavra
dentro da máfia também não significa nada, não faço ideia se Ryan
me dará uma segunda chance.
— Que merda!
Dou um murro na parede do elevador e sinto ódio de mim
mesmo, qualquer pessoa no meu lugar não cairia em algo tão bobo
e idiota. Finalmente o elevador chega ao estacionamento e caminho
em direção ao meu carro, assim que o vejo, entro nele e começo a
dirigir o mais rápido que posso para o castelo de apostas que não é
nada perto daqui.
— Vamos se acalmar, Remi, foi somente uma vez. Calma o
chefe não te vai matar por isso ou vai?
Paro de falar sozinho como um louco e sigo o mais rápido
que eu pode, como eu diria para Ryan que fui apagado por alguém
que eu não vi? Ou que cai na conversa de uma loira que me
abordou no meio do shopping.
Bom, não tenho mais tempo para pensar em como eu direi
isso a ele, pois meu carro já está parado na frente do castelo de
apostas, consigo ver Travis fumando perto da entrada. E mais dois
soldados ao lado dele.
Desço do carro com a cabeça baixa e passo pelo portão e
Travis começa a me analisar de longe enquanto traga seu cigarro
mais uma vez.
— Você não deveria estar vigiando a mulher do chefe?
Dou de ombros sem querer demonstrar nenhuma emoção.
— Vim conversar com o chefe apenas.
Tento fazer com que ele não desconfie de nada, todavia, tudo
que ele me dá é um sorriso debochado e um aceno de cabeça.
— Se você diz.
Ignoro sua desconfiança e entro no castelo, que para um
prédio antigo é moderno até demais, o som de música alta vem das
salas onde ficam os jogos de azar, passo direto para as escadas
que levam ao escritório de Hanna e Valéria.
Meu coração dá uma acelerada quando chego à na entrada
do lugar e dou de cara com Gael e Luís conversando entre si.
— Ryan tá livre?
Gael me olha de cima a baixo e Luís continua sem olhar para
mim.
— Tenho certeza de que você deveria estar trabalhando.
— Sim, eu tinha.
Engulo em seco quando ele estreita os olhos para mim.
— Entre logo, o chefe tá com Ruan e as primas aí dentro.
Merda. Dizer na frente de todos será dez vezes mais
humilhante, Hanna já não gosta muito de mim, Valéria sequer me
falou um oi até hoje. Respiro fundo e passo pelos dois, abro a porta
de uma vez, chamando a atenção de todos para mim.
— O que você tá fazendo aqui, garoto?
Ignoro Hanna e fecho a porta atrás de mim e vou em direção
ao Ryan que está de frente para a janela, chego ao seu lado e ele
me olha de canto de olho.
— Chefe, eu a perdi.
— Como é? Não entendi.
— Tinha uma loira no shopping, olhos verdes, cabelo curto,
ela me pediu ajuda e fui ajudá-la e acabei sendo derrubado no
banheiro…
Não consigo terminar de falar, pois ele desfere um soco na
minha boca que me faz quase cair no chão.
— Que merda você fez?
A pergunta cheia de raiva dele me faz sentir medo do que
acontecerá dali para frente.

RYAN MOORE

A minha vontade é de matar o moleque à minha frente, como


ele pôde ser tão burro, olho para o meu irmão que observa Remi
como se quisesse arrancar a cabeça dele, seguro o moleque pelo
terno, imprensando-o na parede.
— Eu só não te mato agora, porque não tenho tempo. —
Deixo claro o que eu quero fazer com ele, e o solto.
Remi olha para todos na sala, inclusive para Luís, Gael e
Travis que acabaram de entrar na sala.
— Garoto, você é burro? Agora além de ter problemas na
mídia, agora temos que procurar a Allie, que porra você tem na
cabeça? — Hanna explode com ele, enquanto penso de que
maneira vou matá-lo.
— O que você acha que a Raine pode fazer com a Morgan?
Elas se conheciam? — Valéria pergunta e Hanna dá uma risada
nervosa.
— Sozinha ela não estava. Disso, nós temos certeza —
começo e olho para o garoto na minha frente. — Você vá para o
apartamento, depois que eu resolver o problema que por sua causa
começou, nós vamos conversar.
Ordeno calmamente e ouço uma risada tosca vindo de Ruan,
que se cala quando olho para ele, precisamos focar em achar Allie e
manter a mídia longe de saber qualquer coisa sobre ela.
— Hanna, cadê aquela irmã dela?
— Ela viajou ontem eu acho, Kathe disse que viajaria por uns
dias.
— Ótimo — murmuro e olho para Gael. — Não deixe ela
saber nada sobre o sumiço da irmã. Luís invada o sistema de
segurança do shopping, quero todas as imagens de hoje de manhã.
— Você vai mesmo manter essa calma toda? — Ruan
pergunta me olhando incrédulo.
— Tem alguma ideia melhor? — rebato, debochado, porque
por dentro eu estou quase desesperado.
Mas demonstrar é algo que eu não posso fazer, Allie é com
certeza a mulher mais importante da minha vida nesse momento, e
talvez, só talvez por minha causa ela foi pega por algum inimigo
meu.
— Preciso ter certeza de que Raine é a mulher loira.
Descobrir quem foi o homem que derrubou Remi, e por fim
precisamos montar um plano para ir atrás dela.
Nem eu acredito que isso pode dar certo, porém, preciso
manter minha cabeça sob controle, porra! Acerto a parede com um
murro e olho por toda a sala.
— Chefe, com todo respeito com a sua mulher, mas isso não
pode ser algo armado não?
Respiro fundo, não me importo em corrigir que Allie não é
minha mulher. E sim na implicância idiota que Luís estava tendo
com ela.
— Você tá mesmo insinuando isso? — Começo a caminhar
calmamente para perto dele. — Allie pode ser filha de Rafael, mas
não é igual a ele.
Paro na frente dele e continuo esperando que Luís me fale
mais alguma coisa.
— Okay, foi só uma sugestão.
— Ah, uma sugestão, vou te dar uma sugestão também,
comece a fazer o que mandei, até porque você é pago para me
obedecer e não me dar sugestões.
Volto a olhar para todos e ergue uma sobrancelha para todos.
— Mais alguma sugestão?
— Tem ideia de alguém que possa ter se juntado a Raine
para sequestrar Allie?
Dei de ombros para Valéria, mas Ruan respondeu por mim.
— Felipe Duran ou a vadia da mãe dela mesmo.
— Por que a mãe dela faria algo do tipo com a própria filha?
Reviro meus olhos para Hanna e começo a ficar inquieto,
nesse momento ela pode estar sofrendo todo o tipo de tortura
possível, sendo estuprada ou coisas piores e a gente tentando
descobrir quem ajudou uma vadia que eu fodia.
— Vi ela conversando com ele no dia do jantar, aquela
mulher é muito suspeita, tanto quanto Felipe — Travis comenta, e
concordo com a cabeça.
— Os documentos que eu entreguei a vocês, já descobriram
quem mandou as provas para Rafael ou não?
Minha concentração não está em ninguém, minha cabeça já
começa a doer de tantos pensamentos.
— Só tinha uma assinatura, NX. Entretanto, essa nos
conhecemos bem, não é?
— O que a merda dessa assinatura estava fazendo nos
papéis? Nós matamos o NX, ele não existe — a afirmação de Ruan
chama a atenção de todos.
— Vamos sair, tentaremos descobrir se existe alguma
estrutura antiga sendo usada ou armazém, os soldados de Dublin
também façam uma caça às bruxas para saber se encontram
alguma coisa. Quero toda a máfia irlandesa nas ruas procurando por
Allie.
Não importa o que terei que fazer, trarei ela de volta e
descobrirei quem tinha a pegou de mim e os farei de pagar. Pegar
muito caro por terem ousado tocarem em algo meu.
— Chefe, conseguir pegar somente as imagens da entrada
de Raine no shopping e de fato ela estava com Felipe, uma BMW
vermelha, mas não tem mais nenhuma imagem deles, no lugar.
— Pegue as imagens das câmeras de trânsito, eles dois não
estão trabalhando sozinhos, talvez um NX novo tenha ressurgido na
Mão Vermelha.
Deixo a sugestão no ar e sinto a tensão de todos ao meu
redor, a Mão Vermelha é uma pedra no nosso caminho, entretanto,
nunca tocamos ou ficamos diretamente de frente com eles.
— Eles não mexeriam com a gente — garante Travis, e ergo
minhas sobrancelhas para ele.
— Você tem certeza? Porque eu não.
— Vamos sair! Hanna mande alguém para ficar de olho na
mãe de Allie, Luís as câmeras de trânsito, Ruan procuraremos
armazéns abandonados, Valéria fique aqui e me conte as
novidades. Travis você vem comigo e com Ruan.
Deixo minhas ordens para todos e espero que alguém fale
algo, porém, nenhuma palavra é dita.
— Chefe, chegou algo para o senhor.
A porta do escritório é aberta em um rompante por um
soldado que Travis é responsável e pego a caixa que tem nas mãos.

“Estou com algo seu, assim como seu irmão teve algo
meu, nas mãos.
De um velho amigo.”

— Que porra é essa?


A explosão de Ruan ao meu lado indica que ele sabe
perfeitamente quem escreveu essa merda, e quem é o responsável
por todo o vazamento na mídia.
— NX está de volta, temos que tomar cuidado, reforcem a
segurança das boates, quero mais seguranças comigo e com Ruan,
tomem mais cuidado possível, quem estamos enfrentando não é
ninguém que veio para brincadeira.
Deixo bem claro para todos o que NX significa, agora tenho
que esperar que ele entre em contato ou na melhor das hipóteses
descobrir onde eles estão, e que Allie aguente firme tudo que ela vai
passar.
Porque o mesmo que fizemos ele passar com a mulher dele,
ele fará a minha mulher passar.
CAPÍTULO 33
ALLIE morgan

Tento me mexer enquanto abro os meus olhos, mas não


consigo, sinto algo prendendo minhas mãos e meus pés, abro os
meus olhos totalmente e os fecho rapidamente, uma luz forte vem
de cima da coisa de metal que me mantém presa.
O desespero começa a tomar todos os meus pensamentos,
quem ligará para uma pessoa desaparecida, minha mãe sequer
perceberá que eu estou sumida. Minha irmã não terá como me
procurar.
E mais uma vez eu estou sozinha.
As lágrimas descem livremente por todo o meu rosto, um
soluço saiu dos meus lábios, abro os olhos tentando ver em que tipo
de lugar eu estou, tem luzes por todo o teto, parece um consultório
médico, estou presa a uma marca de metal, com aparelhos médicos
por todo o lugar.
— Olha só quem acordou. — A voz de Raine vem da porta do
lugar. — Não vai falar?
Sua voz parece raivosa, me mantenho calada até ela
começar a andar em minha direção, seus saltos vazem um barulho
estranho no piso, tento me encolher na maca, porém, é tudo em
vão. O medo de que ela possa fazer alguma coisa com os bisturis
que estão aqui é muito.
— Bom, você não quer fala, né, imagino que esteja com
medo. E é para estar mesmo, tenho certeza de que quando Felipe
colocar as mãos nojentas dele em você, aí sim, Allie Morgan saberá
o que é sofrimento.
As palavras dela me causam náuseas, e claro que Felipe
colocará suas mãos em mim, assim como o desgraçado do pai dele,
que graças ao o maldito universo já morreu, mas no fim deixou o
filho para fazer um inferno na minha vida.
— O que você ganha com isso?
Minha voz sai em um sussurro, contudo, é o suficiente para
que ela se aproxime ainda mais de mim, nossa distância agora é de
no máximo dois metros.
— Eu ganho o Ryan só para mim!
Sua convicção me faz revirar os olhos, tudo isso é apenas
por um homem que sequer tem algum respeito por ela.
— E pra isso você tem que me tirar do caminho? Sério
mesmo? Você acha que sou tão importante assim para ele?
— Não, Morgan, eu tenho certeza de que você é importante
pra ele, não só eu acho isso como NX também, então ele ofereceu
você para Felipe, porque pegando você, deixaria ele vulnerável, aí
eu poderia me aproximar dele.
O sorriso no rosto dela condiz com as suas palavras malucas,
que tipo de doente mental cai em uma conversa como essa? Raine
só pode ser muito obcecada por Ryan.
— Tenho pena de você.
Admito e ela se aproxima a passos rápidos e segura o meu
queixo afundando suas unhas no meu rosto. Sinto a dor na hora,
mas não reclamo porque é exatamente isso que ela quer.
— Pena, meu amor? Não preciso disso, serei a próxima
senhora Moore, a mulher mais poderosa dessa merda de país.
Sua voz é cheia de convicção e eu sinto meus olhos se
encherem de lágrimas novamente, meu sangue ferve, queria estar
com as minhas mãos soltas para bater na sua cara e dizer que ela
nunca seria a mulher de Ryan, todavia, isso é algo que eu não tenho
certeza.
— Boa sorte, espero que ele nunca esqueça de mim.
O tapa arde na minha cara, suas mãos agora seguram meu
cabelo com força, solto um gemido de dor, fazendo-a sorrir.
— Sabe, quando nos éramos mais novas e íamos a
encontros sociais todos me comparavam a você, porque era eu era
a menina perfeita, educada, bonita e filha de uma das famílias mais
importantes de Dublin, conhecida na cidade inteira.
Faz uma pausa e tira os cabelos que estão no meu rosto.
— Ai chegou uma pirralha, junto com a merda da irmã
rebelde e simplesmente todos as atenções estão sobre vocês. Você
se meteu no meu caminho desde cedo Allie e agora eu finalmente
estou te tirando dele, não pense que é por causa de Ryan, isso é
por bem antes de ele aparecer.
Eu não faço ideia do que Raine está falando, mas ela parece
tão convicta que eu não faço ideia do porquê não soube disso antes,
não lembro muita coisa de quando meu pai começou a aparecer nos
grandes eventos da alta sociedade de Dublin, não lembro porque
estava concentrada demais na minha dor.
Tomava remédios sempre para controlar minhas crises de
ansiedade, dependia emocionalmente dos meus pais, fazia de tudo
para agradá-los, enquanto Kathe se distanciava cada vez mais de
nós.
— Eu não faço ideia do que você esteja falando.
Tento parecer o mais sincera possível, para que talvez ela
possa parar com essa loucura e me soltar antes que Felipe ou esse
tal de NX chegue.
— Não se faça de idiota, sua filha da puta. Esse papo de
menina perfeita, boazinha, enquanto dorme com o chefe do crime
na Irlanda não cola comigo.
— Chefe do crime? Que chefe do crime?
— Não me diga que você é tão burra assim que não sabe
que Ryan comanda o crime na Irlanda, todos sabem disso até
mesmo o seu pai que se meteu no caminho dele e morreu.
Que história é aquela? Como assim? Ryan é o chefe do
crime, e matou o meu pai? Por isso ele falava que eu não sofria pela
morte dele? Como ele pôde fazer isso comigo?
— Ah! Você realmente não sabia. Sinto muito por acabar com
seus sonhos de criança, querida, na verdade, eu não sinto não.
A risada de Raine preenche todo o ambiente enquanto eu me
perco nos meus próprios pensamentos, Ryan é um criminoso, estou
indo para cama e me apaixonando por um criminoso.
— O que você está fazendo com ela?
Nós duas olhamos para Felipe que está parado na porta de
braços cruzados, sua concentração está toda em Raine que dá de
ombros.
— Apenas contando a ela quem é Ryan Moore de verdade.
Fecho meus olhos sentindo eles se encherem de lágrimas
novamente, não quero chorar de novo, não na frente deles que
estão ignorando minha existência.
— Allie, não chore. — Pede Felipe caminhando na minha
direção.
Meu coração acelera quando Raine dá espaço para ele
passar por ela, minhas mãos começam a suar de tão nervosa que
eu estou.
— Vejo só, foi só você aparecer que a princesinha aí perdeu
a coragem.
— Saia daqui.
Felipe ordena olhando para ela que revira os olhos e dá de
ombros, rebolando ela sai do que parece um quarto em algum
laboratório e fecha a porta.

Agora, estou somente eu e o que eu chamo de pior pesadelo,


mais uma vez eu fico vulnerável a um Duran, mais uma vez eles
acabarão com uma boa parte da minha vida.
— Como você está se sentindo?
— Como você acha que estou?
Retruco sua pergunta e ele sorri levemente para mim, um
sorriso tão calmo que nem parece que ele está me mantendo
amarrada a uma marca contra a minha vontade.
— Muito esperta, eu ia te contar sobre o seu namoradinho,
mas Raine já adiantou o assunto mesmo. Vamos falar sobre eu,
você e o meu pai?
Engulo em seco com suas palavras, nunca toquei no assunto
Duran com ninguém, e não será com um cara como Felipe que eu
começarei.
— Falar sobre como o seu pai me abusava?!
— Ele não abusava, você queria, Allie, você deixou ele tão
obcecado por você que ele morreu depois que a deixou.
Eu acabei de ouvir isso mesmo? O pai dele tinha me
estuprou por anos quando eu era uma maldita criança e ele disse
que eu queria?
— Eu era uma criança, seu desgraçado!
Berro para ele que só pisca os olhos e finge não ouvir.
— Tinha fotos suas por toda a minha casa, diversas delas e
ele começou a enlouquecer sem te ver mais. E foi por sua culpa que
acabei ficando sem pai.
— Você é doente — murmuro e o sorriso no rosto dele se
amplia.
— Sou o doente, ou você que toma remédio para dormir? —
A surpresa no meu rosto é o suficiente para que ele gargalhe. —
Sua linda mãe me contou tudo, sabe ela tem uma péssima opinião
sobre você.
— Seu desgraçado, eu te odeio.
— Eu também te odeio e quero fazer você pagar por tudo,
sabe você lembra de como conheceu o meu pai?
E tem como esquecer do pior dia da minha vida?

ALLIE, 10 ANOS antes

Estava chateada porque peguei a minha irmãzinha Kathe


chorando na biblioteca porque o meu pai falou mais uma vez que a
odiava. Como ele podia dizer isso para a minha irmã? Isso a
deixava triste e eu ficava muito irritada.
Tão irritada que cheguei a quebrar o prato no almoço de hoje,
minha mãe disse que esse não era o comportamento adequado de
uma criança de dez anos, então qual era o comportamento
adequado?
Eu não sabia, fugi do meu quarto para o jardim onde era o
meu lugar preferido da casa, aqui no meio das rosas vermelhas eu
conseguia expressar toda a minha raiva pelo meu pai, ele fazia
muito coisa ruim por isso eu o odiava.
— Allie, sua pestinha, onde você se meteu garota? Tá
pensando que vai ficar igual a sua irmã? Não mesmo.
Ouvi os gritos da minha mãe e continuei no mesmo lugar, ela
estava falando coisas ruins de Kathe, então eu não me aproximaria
dela agora.
— Menina, eu contarei até três e você vai aparecer,
entendeu? — Continuei calada porque eu não iria aparecer coisa
alguma.
— 1,2,3. Cadê você? — Seu grito dessa vez foi mais forte e
eu me encolhi entre as flores, mesmo que os espinhos estivessem
me machucando.
— Okay, a Allie não está por aqui.
Ouvi os seus passos se afastando e coloquei minha cabeça
para fora, não enxerguei minha mãe em lugar nenhum, então sai do
meu esconderijo, comecei a andar para a frente da casa, meu
vestido rosa estava sujo de lama e fiquei tentando limpar.
— Está perdida, menina? — Me assustei com a voz atrás de
mim e me virei sem pensar e acabei caindo no chão.
— Quem é você?
O homem estendeu a mão para mim e eu coloquei a minha
em cima da dele, o homem sem nome me ajudou a levantar e
ajeitou o vestido no meu corpo.
— Meu nome é Dr. Duran, minha criança. — Se apresentou e
eu sorri para ele.
— Meu nome é Allie.
Ele me deu um sorriso estranho, porém, ignorei até ouvir
passos vindo na nossa direção e fechei minha cara quando vi que
era o meu pai.
— Allie, vejo que o Dr. Duran te conheceu, não é? Sua mãe
está te procurando como uma louca.
Me advertiu e eu apenas dei de ombros.
— Ela já é louca normalmente, não precisa me procurar para
ficar como uma.
Minha resposta causou uma cara feia no meu pai e uma
risada do homem ao meu lado.
— Muito engraçadinha você, aliás, o Dr. Duran a partir de
amanhã é o seu terapeuta.
— O que é um terapeuta?
Não entendi o que meu pai quis dizer com aquilo e me senti
incomodada, não sabia se queria o Dr. Duran na minha vida, ainda
não tinha me decidido.
— Uma pessoa que vai cuidar de você, te educar e
conversar.
Desconfiei das palavras do meu pai, quem deveria me educar
seria ele e minha mãe não? Pelo menos foi o que eu ouvi na escola,
me mantive calada olhando confusa para ele e o médico.
— A partir de amanhã nós seremos amigos, ótimos amigos
— Não sei se quero você como amigo. — Fui sincera e
arranquei uma risada dele.
— Uma pena que você não poderá escolher.
Estranhei suas palavras, não me sentia segura com ele do
meu lado, e com alguém para mim ser amigo não teria como eu
proteger minha irmãzinha dos ataques do meu pai.
E agora como eu iria fazer?

Naquela época aquela era minha única preocupação a minha


irmã, porém, eu sequer imaginei que minha vida se transformaria
em um inferno e eu seria obrigada a tomar remédios, e me
acostumar a ser estuprada pelo meu ‘terapeuta’.
— Você se lembra, não é? — Olho para Felipe que sorri ao
meu lado e o meu medo só se torna maior quando ele passa a mão
pelo meu rosto como o seu pai fazia quando terminava os abusos.
— Depois desse dia ele não parava de falar em você, ele ficou tão
obcecado e me deixou obcecado também.
Sinto nojo quando os seus lábios tocam os meus, sua língua
tenta invadir a minha boca e eu viro o rosto recebendo um tapa pela
minha atitude, um tapa que eu tenho certeza de que ficou marcado
na minha cara e na minha alma.
— Se fosse aquele bandido você já estaria dando para ele,
sua puta desgraçada.
Suas palavras não fazem diferença em mim que me mantém
no mesmo lugar, aliás, nem se eu quisesse, teria como sair daqui
mesmo.
— Estaria mesmo, ele é bem melhor do que você! — revido,
e ele dá risada.
— Cuidado com o que fala, porque posso desistir de te matar
e resolver te transformar na minha mulher.
Encolho-me com suas palavras e volto a ficar calada, não sei
qual será o meu destino ou se pelo menos terei alguma chance de
sair daqui viva.
— Vou deixar você pensando um pouco. Até mais tarde.
Felipe vira as costas e sai, tento mexer as minhas mãos, mas
como pensei é inútil.
Tão inútil quanto como eu estou me sentindo.
CAPÍTULO 34
RYAN MOORE

As últimas horas foram as piores, a falta de informação, não


tem imagens nas câmeras de trânsitos, não tem nada,
absolutamente nada. Parecem que eles entraram em um buraco
dentro da terra e sumido com Allie.
— O que vamos fazer com o Remi?
— O que você quer que eu faça? — esbravejo para o meu
irmão que dá de ombros, abrindo a janela do carro que está
dirigindo há horas.
— Não sei, acho melhor eu ir falar com ele e Jhon, já
procuramos em diversos armazéns, entramos em contato com a
Mão Vermelha e nada.
Ruan está tão cansado quanto eu, porém, meu irmão não
admitiria ou me contrariaria em nada nesse momento, porque estou
tão instável quanto ele.
— Se for o verdadeiro NX, acho que devemos nos preocupar
mais ainda. Não sei o que ele pode querer depois de tantos anos.
— Não sei como ele está vivo.
A voz do meu irmão é de pura raiva contida, o entende no
passado ele teve desavenças com NX e meu pai iniciou uma guerra
com a Mão Vermelha.
— Também não, porém, ele não é o problema agora, vamos
nos concentrar em trazer Allie de volta. Depois pensaremos em
matá-lo de uma forma definitiva.
Não quero mais que nenhum inimigo ressurja do inferno para
a minha vida.
— Você realmente gosta dela?
— Se eu não gostasse não estaria procurando por ela nesse
momento.
Essa é a verdade, eu gosto da garota, mas mesmo assim,
também me sinto na obrigação de encontrá-la, aliás, foi eu que a
meti na mira do NX, mas a merda do pai dela que está morto nesse
momento também tinha culpa.
— Acho melhor irmos para o castelo, estamos rodando à toa
há horas.
A sugestão do meu irmão de me faz apertar o volante com
força, essa é a primeira vez que eu não sabia o que fazer e eu odeio
não saber o que fazer.
— Vamos, e eu acho bom Luís ter alguma imagem ou ter
descoberto alguma coisa, ele tá me enchendo a paciência.
— A minha também.
Mudo a rota do carro e passo em frente de uma das minhas
boates e ainda tem fotógrafos lá frente, parecem que eles não
desistirão nunca. Mesmo tudo sendo negado, eles ainda me rondam
como urubus, não faço ideia de como minhas empresas estão, não
tenho ido lá desde que tudo vazou, tem pessoas para cuidar disso.
— Vamos logo, não adiantar nada ficar olhando para a boate
se não vamos entrar.
Ouço o resmungo do meu irmão e acelero o carro indo direto
para o castelo, ainda posso ver algumas câmeras virando em nossa
direção, ouço o som do meu celular tocando e coloco a mão no
bolso do meu terno o pegando, estranho o número desconhecido na
tela.
— Moore.
— Olá, Ryan, quanto tempo, não é?
Olho para Ruan que observa as ruas escurecidas pela noite,
tiro meu celular do ouvido e coloco no viva-voz, chamando a
atenção do meu irmão.
— O que você quer, Nico?
Ouço sua risada do outro lado e acelero o carro para que vá
mais rápido, precisa agilizar para que Luís rastreie a chamada do
desgraçado.
— Veja bem, está com o seu irmãozinho aí perto? Estou com
saudades do Ruan, amaria vê-lo lutar novamente.
— Vá se foder, seu desgraçado! Vou te matar!
Meu irmão esbraveja e me concentro no caminho, vejo a
estrada que leva para o castelo de perto, hoje descobrirei onde Nico
está mantendo Allie.
— Pensei que você tinha me matado no passado, ah, não!
Não matou. — Ouço um suspiro dramático do outro lado. — Enfim,
no momento vamos esquecer o passado, eu vi sua nova mulher,
Ryan, a Morgan é bem bonita devo admitir não?
— Acho melhor você tomar cuidado como fala dela, como
você mesmo disso ela é minha mulher e ninguém mexe com o que é
meu.
Aviso e ele ri mais uma vez, suas risadas agora serão
transformadas em lágrimas e gritos no futuro, isso eu tenho certeza.
— Agora é oficial, se eu fosse você tomava cuidado com
Felipe Duran, ele é bem obcecado pela garota.
— Bom, você e ele não perdem por esperar por tudo que virá
pela frente.
Estaciono o carro já frente do carro e pego o celular na mão,
abro a porta e desço do carro quase correndo, os soldados abrem o
portão rapidamente, olho por cima do ombro e vejo Ruan descendo
do carro calmante.
— Tchau, Moore, até a próxima, espero que seja em breve.
— Filho da puta!
Xingo o joguei o celular no chão, agora não tem mais como
hackear a desgraçada da ligação.
— Mande mensagem para o Luís enquanto estamos no
carro, se o número não for de um celular descartável conseguiremos
hackear.
Ruan fala enquanto se abaixa ao meu lado para pegar meu
celular, estranho toda a sua calma quando ele me entrega o objeto e
segue andando para dentro do lugar. Demoro um pouco olhando
para o telefone, depois o coloco no bolso e sigo pelo mesmo
caminho que Ruan.
— Chefe, tem alguns clientes querendo falar com você. —
Ouço a informação de Travis enquanto subo as escadas para o
escritório de Hanna e Valéria.
— Mande eles se foder!
Grito em respostas e sigo meu caminho, tem que ser
colocado um elevador que funcione nessa parte do castelo, que
apesar de moderno ainda tem muito a ser renovado.
— Luís, conseguiu alguma coisa?
Gael ergue os olhos em minha direção quando paro ao lado
dele, que está do lado de fora da sala de Hanna, seus olhos estão
em algo no celular que eu não consigo vê.
— Sim. Vamos atrás dela ou não?
Estranho sua pergunta e estreito meus olhos para ele.
— Se não fosse para ir atrás dela, eu não estaria que nem
um louco procurando-a.
Minha resposta ácida é o bastante para que ele guarde o
celular no bolso do terno e concorde com a cabeça, saio de perto
dele e abro a porta do escritório de Hanna. Luís está na mesa de
Valéria com a loira ao seu lado. Gael entra no escritório logo depois
de mim, fechando a porta. Ruan está sentado no sofá ao lado de
Hanna que o observa tomar um comprimido.
— Já rastreou a ligação?
Luís ergue os olhos do notebook para mim e acena com a
cabeça.
— Sim, não sei o que ele tem na cabeça, mas, enfim, o cara
usou um celular rastreável para falar com você. O que foi uma
burrice sem…
Interrompo-o sem paciência.
— Não quero saber se ele é burro ou não, quero saber onde
ele está localizado nesse momento.
Luís desvia os olhos do meu e olha ao redor da sala, antes
de voltar a sua atenção para mim.
— Ele está em um hospital velho, que há pouco tempo foi
comprado no nome de Rafael Morgan. O lugar foi reformado, mas
as câmeras comuns de trânsito não tem nenhuma imagem do lugar
agora.
— Lógico que não tem. Nico não é burro de não ter um
hacker trabalhando com ele.
— Não importa, passe o endereço para Travis e Gael, vamos
montar um plano para invadir o lugar, não quero ouvir nenhuma
palavra contrária as minhas ordens, entenderam?
Olho para todos e não vejo nenhum incômodo no olhar deles,
tenho que tomar cuidado com Luís e Gael, não sei qual é a deles,
mas como meus soldados principais estão fazendo muita coisa
errada.
— Como iremos invadir? Vamos nos dividir como sempre
fizemos?
Nico sabe como invadimos um lugar, então não será
inteligente fazer algo que ele com certeza já imaginou.
— Não, vamos somente fazer duas equipes, uma comandada
por Ruan e outra por mim, Luís vai com meu irmão Gael comigo,
Hanna e Valéria vão ficar por aqui mesmo. Travis vai comigo. —
Aponto para o meu irmão. — Vá ao apartamento e pegue Jhon e
Remi.
Respondo a pergunta de Hanna que cruza os braços e me
olha de cara feia, Valéria não abre a boca e parece concordar com
tudo.
— Por que ficaremos? Sou uma ótima lutadora, você sabe
disso.
Passo a mão no meu cabelo e ignoro Hanna.
— Valéria, vá ao meu apartamento e arrume meu quarto para
receber Allie, chame um médico de confiança, com certeza ela vai
precisar.
Valeria acena em concordância e eu respiro aliviado.
— A equipe de Ruan invadirá por trás do hospital, a minha vai
esperar que os soldados corram até lá para somente depois entrar
no lugar, evitar que a nossa equipe seja vista por algum dele
também será bom, assim ganharemos tempo de pegar Felipe
Duran, Raine Douglas e Allie Morgan.
Não coloco o nome de Nico em jogo porque sei que
dificilmente ele estará lá, o tão famoso NX não trabalha assim, ele
somente manda, mas nunca coloca as caras de fato.
— Arrumem o máximo de soldados possíveis, porém, não
deixem nada nosso desprotegido, temos homens o suficiente para
isso.
Não quero correr riscos de perder algo mais.
— Mais alguma coisa? — Olho para Gael e nego com a
cabeça.
— Não, de forma alguma.
— Ótimo, agora eu irei buscar as crianças.
Ironiza Ruan se levantando e eu reviro meus olhos para o
idiota.
— Luís, ligue para a polícia, mesmo se o hospital for em uma
área isolada como eu sei que é, eles têm que saber que não é para
ir até lá.
Todas as ordens já foram entregues e dadas, agora é
somente fazer o de sempre, matar, destruir e resgatar!

RUAN MOORE

Entro no edifício que abriga os soldados escolhidos por mim


e por meu irmão, na segurança do prédio tem bem menos soldados
do que eu imaginava, dentro do lugar também não tem quase
nenhum.
— Boa tarde, senhor, o que traz um dos donos da máfia vir
até um simples prédio como esse?
Viro-me para ver quem fala comigo e dou de cara com um
antigo soldado que trabalhou para o meu pai, quase não o reconheci
de tão velho que o homem está.
— Resolver algumas coisas, esse prédio é meu.
— Sim, garoto, sei bem que o prédio pertence a você e ao
seu irmão.
— Então, por que está perguntando?!
Sinto a irritação tomar conta de mim, os remédios talvez não
estejam fazendo efeito suficiente. Sei que aquela porra não
funciona, mais Ryan insiste que é o melhor para mim.
— Calma, rapaz, fiquei sabendo que aqui é o prédio onde os
escolhidos estão, vim apenas para ver se vocês sabem realmente
escolher bem.
A ousadia desse homem me irrita, quem ele pensava que é?
Foda-se se já trabalhou para o lixo do meu pai, eu não me
importava com isso no passado e não será agora que começarei.
— Senhor, se me conhece bem sabe a minha fama, então, eu
vou só te dar um conselho. Pense antes de falar.
Aviso e vejo um sorriso idiota aparecer na merda do seu
rosto. Viro as costas para ele e começo a andar em direção aos
elevadores, não perderei tempo com um qualquer bem ali.
— Você se tornou exatamente aquilo que ele queria.
Ignoro suas palavras e entro no elevador, antes que as portas
se fechem eu conseguir vê-lo olhando para mim. Tiro meus
pensamentos do homem lá fora, isso só me deixará nervoso e com
vontade de ir atrás dele.
Começo a contar os andares que passam, fecho meus olhos
por um tempo e esfrego meus olhos, ouço as portas do elevador
chegando e caminho para fora parando na porta dos meninos. Toco
a campainha e espero que eles saiam.
— Chefe? Não pensei que fosse aparecer aqui.
Olho para Jhon que veste uma calça de moletom, e o
empurro para trás, entro no apartamento depois que ele sai do meu
caminho e não vejo Remi em nenhum lugar.
— Cadê o seu amigo?
Viro-me de novo para o moleque que ajeita o cabelo
nervosamente.
— Você vai fazer algo com ele?
Reviro meus olhos para sua pergunta e a ignoro quando ouço
passos e logo Remi está à minha frente com uma cara de cachorro
morto. E eu me pergunto o que diabos meu irmão tinha viu nesse
menino.
— Se arrumem, vamos para uma missão hoje.
— Vocês já acharam Allie?
Remi me encara com preocupação e dou de ombros.
— Não, nós vamos atrás dela agora, sabe consertar o que
você deixou que fosse feito.
Toco na ferida e o garoto balança a cabeça em negação.
— Ele não fez por querer.
— Ora, Ora alguém arrumou um defensor? — pergunto
ironicamente e ninguém responde. — Esperarei os dois lá embaixo,
eu acho bom vocês vestirem o melhor terno que tiverem, porque a
noite será sangrenta.
— Okay, chefe.
Ouço a reposta satisfeito e observo os dois seguirem para o
corredor que leva aos quartos, olho ao redor do apartamento, está
tudo em ordem. Caminho em direção à saída e fecho a porta antes
de sair, me escoro na parede do lado de fora e pego um cigarro no
bolso e o acendo, dou o primeiro trago e relaxo contra a parede.
— Estamos prontos!
Abro meus olhos e olho para os garotos, aponto para o
elevador, apago meu cigarro e o jogo no chão. Entro no elevador
com eles e descemos em silêncio, chegamos ao saguão e o senhor
já não está mais.
— Moleques. — Chamo a atenção deles quando saímos do
prédio. — Vocês por acaso notaram um velho vindo aqui e
conversando com alguém?
— Não, eu tô sempre aqui depois do treino e nunca vi
ninguém.
Ouço as palavras de Jhon e tiro as chaves do carro do bolso,
dou a volta até à porta do motorista e entro, espero que eles entrem
e dou partida, será bom avisá-los para ficar de olho em qualquer
coisa estranha, Nico virá atrás dele.
— Prestem muita atenção no que vai acontecer hoje, isso
não acontecerá duas vezes. Vocês ficaram na minha equipe e eu
não sou meu irmão para ensinar nada a vocês, matem sem dó e
sobrevivam.
Continuo dirigindo em direção ao castelo que fica perto dali,
em questão de no máximo cinco minutos nos estaremos lá, assim
Ryan não encherá meu saco por termos demorado mais que o
necessário. Consigo ver o castelo logo que chegamos mais perto,
os portões já estão abertos e eu entro com tudo.
— Peguem as informações com Travis.
Desço do carro com os moleques e olho para todos os lados
vendo carros blindados e armas sendo entregue a todos, não
consigo ver Ryan de primeira, mas logo ele está caminhando na
minha direção com dois fuzis na mão.
— Isso é para você, tome cuidado. Eu irei na frente.
Informa e eu concordo com a cabeça, isso que faremos por
uma mulher é algo meio suicida.
— Sim, senhor! Só voltarei para casa com a futura senhora
Morgan.
Vejo um sorriso passar pelo rosto do meu irmão com a minha
provocação.
— Isso é se ela ainda estiver viva.
Suas palavras ácidas me fazem engolir em seco.
— Vamos!
Seu grito faz com que todos entrem nos carros, seguindo-o.
CAPÍTULO 35
ALLIE morgan

Faz horas que ninguém entra no quarto, meus pulsos estão


feridos de tantas tentativas que eu fiz para me mexer, tudo
inutilmente. Nenhum resultado foi obtido e todas às minhas
esperanças já foram embora.
A única coisa que me mantém por dentro da realidade é a
fome, e o relógio na parede marcando 2:30 da madrugada, não é
possível que Felipe não tenha entrado para me fazer nenhuma
maldade ainda, se tratando do quanto ele é maluco eu não posso
duvidar de mais nada.
Ouço passos do lado de fora e fecho meus olhos, fingir que
eu estou desmaiada talvez faça com que ninguém mexa comigo,
pelo menos nas próximas horas.
— Eu não ficarei aqui Felipe!
O quase grito de Raine me faz abrir os olhos, depois o
barulho de um corpo caindo no chão me faz suspirar de medo.
— Acho bom você começar a ficar na sua, ninguém vai sair
daqui!
A voz desconhecida não dá para saber de quem era. Porém,
com certeza deve ser o tal de NX, que se estiver de fato aqui,
poderá me matar ou me torturar somente para afetar Ryan.
— Veja só quem temos aqui. — Viro meu rosto para a parede
branca quando a porta de repente é aberta e a voz de Felipe
preenche o quarto.
Eu ainda tenho medo de olhá-lo e enfrentar meu pior
pesadelo, sou novamente a garotinha assustada de 13 anos atrás.
— Vamos, vagabunda! Não finja que está dormindo, porra!
Respiro pesadamente ouvindo a explosão de Raine, ainda
não entendo o que ela está fazendo aqui, ou melhor, o que ela tanto
quer com Ryan.
— Não fale assim com ela — Adverte uma terceira voz e me
sinto tentada a olhar o tal de NX. — Pode olhar para mim, criança,
não mordo.
— Eu não tenho medo de te olhar.
Minha voz sai mais firme do que eu imaginava, viro meu rosto
de vez olhando para os três que estão parados na porta, cobrindo
toda a minha visão. O rosto do que eu imagino ser o NX está
coberto com uma máscara vermelha, ele usa uma camisa social e
calça jeans com botas que não combinam em nada com a roupa.
— Tá vendo?! Ela não tem medo, deveríamos brincar com
ela agora.
As palavras da loira me fazem olhar para ela, que tem os
cabelos desarrumados, veste um casaco preto e uma calça jeans
com um tênis simples.
— E você nem parece a mulher que eu conhecia — murmuro
mais para mim mesmo do que para ela e ouço uma risada vindo
dela.
— Agora sei por que você deixa tantos homens atrás de
você, primeiro o doutor, Ryan e agora Felipe.
As palavras de NX são como um soco no estômago, eu
realmente deixei o doutor atrás de mim? Será? Ryan eu queria, mas
Felipe? Não, eu não quero, não fiz por que quis e ninguém me
convencerá do contrário.
— Acho que os remédios controlados dela estão fazendo
falta. Talvez eu devesse aplicar algumas doses na veia dela.
— Por favor não.
Imploro para Felipe que está escorado na porta, seus cabelos
estão molhados e ele usa um terno preto, com um corte perfeito.
— Nem começamos e você já está implorando? Com certeza
Ryan não ficará orgulhoso.
As palavras de zombaria do NX não me atingem, não importa
o que Ryan pensa.
— O que vamos fazer com ela agora? — Raine pergunta
diretamente para NX como se eu não estivesse aqui.
— O que você sugere? Felipe no Brasil as mulheres que são
traídas tem a mania de arrancar os cabelos das outras. Quem sabe
não arrancamos o cabelo de Allie e mandamos para ele?
Engulo em seco com essa sugestão, meu cabelo é o de
menos, talvez as coisas antes que eu morrer não fique tão ruim
como pensei.
— Sim, algumas loucas fazem isso, porém, torturar ela e
arrancar pedaços da sua carne não seria mais eficiente? Assim
poderíamos, atrai-lo para cá.
Não conseguir controlar o vômito que subiu pela minha
garganta e viro minha cabeça para o chão, vomitando água e
sangue.
— Ela é uma fraca. Nem sequer aguenta ouvir falar em
tortura, ou será que o que ela passou na infância não foi o suficiente
para torná-la forte?
— Foi o suficiente para me foder por anos, não para me
tornar uma pessoa ruim como vocês!
— Ei! Não somos ruins, apenas estamos pegando o que é
nosso por direito!
Raine parece indignada com a comparação, enquanto sinto
na minha boca o gosto ruim do vômito, abaixo meus olhos para
minhas mãos e pés presos e me sinto uma fracassada.
— Vamos acabar de uma vez com ela, pegue a mala que
deixei lá fora, Raine.
A loira obedece prontamente saindo do quarto enquanto, NX
se aproxima de mim a passos lentos, parecendo saborear ao pânico
que toma conta de mim, meu rosto com certeza não nega o que eu
estou sentindo.
— Sabe, antes eu não mexia com mulheres vulneráveis como
você, mas depois que o seu cunhado Ruan mexeu com a minha
mulher, a vontade que tenho é de te matar tão lentamente para que
Ryan sofra o mesmo que eu.
Suas palavras sussurradas no meu ouvido me fazem prender
minha respiração e soltá-la quando ele sai de perto de mim e Felipe
se aproxima da maca.
— O que iremos fazer agora?
NX parece pensar enquanto olha para mim com olhos de
aves de rapina, sempre me analisando, como se quisesse saber o
que me fará quebrar de vez.
— Deixe Raine trazer minha mala, teremos muitos
brinquedos para Allie hoje.
O sorriso no seu rosto só me fez sentir mais nojo deles,
Felipe se mantém impassível e sério, como se pensasse em fazer
algo contra eles.
— Como atrairemos Ryan para cá?
— Ele está procurando a mulher dele desde tarde quando o
soldadinho dele acordou e correu indo contar para ele.
Se Ryan está procurando por mim eu tenho chances de sair
daqui viva, minha mãe também deve estar preocupada ou não,
porém, se Ryan for mesmo tão poderoso assim, ele vai vir atrás de
mim. Bom, eu espero que ele venha.
— Prontinho, aqui está a mala — anuncia Raine entrando na
sala saltitante e entregando a mala para NX.
— Abra a blusa que ela está vestindo. — Sua ordem me faz
arregalar os olhos e olhar para minha blusa de botão simples.
Felipe se aproxima da marca e me olha com seus olhos azuis
frios e começa a abrir os botões da minha camisa, seus dedos
tocam a minha pele e minha respiração fica descompassada de
tanto medo que toma conta de mim.
— Relaxa, Allie, ele não vai te estuprar a menos que você
queira claro. — Raine anda até à marca e aproxima seu rosto do
meu. — Você quer?
Sua pergunta faz com que mais ódio por ela tome conta de
mim, e em um momento eu bato com minha testa no seu nariz
fazendo com que ela se afaste e grite de dor.
— Que porra foi?
NX empurra Raine para longe de mim e me dá um sorriso
que me preenche de medo dele.
— A garotinha dos Morgan está mostrando as unhas. Agora
vou te mostrar meus canivetes e o que eles fazem com gente igual
você.
NX termina de falar e mostra um canivete, ele se posiciona
ao lado da maca e começa a fazer uma trilha com a ponta do
canivete pela minha barriga subindo até os meus seios. Solto o ar
com força quando percebo que o está prendendo de tanto medo,
meus pelos dos braços estão arrepiados.
— Você tem belos seios.
Seu elogio é seguido da ponta do seu canivete entrando na
minha carne, arfo de dor e sentir pequenas lágrimas escapando dos
meus olhos, fecho minhas mãos em punhos querendo me mexer
para que ele tirasse o canivete da minha carne, porém, se eu me
mexesse a ponta iria entrar mais ainda.
— Tenho certeza de que Ryan se encantou por eles, são
grandes. — A lâmina vai descendo e abre um corte ao redor de todo
o meu seio.
— Ela merece bem mais, olha o que essa vadia fez!
A reclamação de Raine é ignorada por todos, enquanto, eu
só presto atenção no sangue que suja todo o meu sutiã branco e
desce pela minha barriga.
— Sei que você está com dor. No seu lugar, eu estaria e
muito.
A afirmação de NX não me pega de surpresa, ele está
fazendo apenas um jogo psicológico, enquanto me machuca e abre
cortes em mim, como se eu fosse uma carne que ele está fatiando.
— Senhor, já deu a hora.
— AH!
Grito quando o canivete entrou com tudo dentro do meu
braço, minha distração com o homem na porta é motivo suficiente
para que NX enfie sua lâmina completamente no meu braço
esquerdo.
— Bom, tenho que ir, deixo a Morgan com vocês, cuidem
bem da garotinha. — Ele solta o canivete dentro de mim e eu ofego
de dor novamente. — Você nesse momento deu muita sorte, até a
próxima vez.
Estranho o sussurro de NX e sinto calafrios subir pela minha
espinha. Ele sai de perto de mim e eu apenas observo ele sair do
quarto e fechar a porta, com o outro homem que tinha aparecido.
— Agora você é minha! — Felipe parece saborear as
palavras enquanto acende um cigarro com um isqueiro.
Raine me olha de longe com ódio, sinto a dor do canivete
dentro da minha carne, mas, ele impede que o sangue jorrasse do
meu braço.
— Começaremos com… — Felipe faz uma pausa e se
aproxima da marca tirando o cigarro da boca e aproximando ele da
minha pele me queimando com ele.
O grito de dor fica preso na minha garganta, contudo, ele
continua colocando a bituca na minha pele, minhas lágrimas
descem livremente por todo o meu rosto, meus resmungos de dor
são ouvidos pelos dois.
— Você ouviu esse barulho?
— Ouvi, parecem tiros.
Saio do meu transe de dor quando ouço a conversa dos dois,
eu não ouvi barulho nenhum, do que eles estão falando?
— NX nos deixou para morrer, ele sabia que os Moore viriam
atrás da vagabunda! — Raine parece desesperada com sua
afirmação.
— Provavelmente. Ajude-me a levantá-la e sair daqui —
ordena Felipe para ela que ri como uma desesperada.
— Você está louco? Fugiremos e deixá-la aí para que eles a
peguem!
Felipe em olha e joga a bituca de cigarro no chão, ele pegou
meus cabelos em um punhado fazendo com que eu levantasse
minha cabeça para o olhasse de perto.
— Você vai ser minha. Ouviu bem? — afirmo com a cabeça e
ele solta meus cabelos fazendo com que eu me deite com tudo
novamente.
— Você é louco! — Raine grita e joga um pano em cima de
mim, ela começa a soltar as correntes que prendem meus pés e
mãos.
— Não faça isso!
Ela ignora Felipe e arrancou o canivete do meu braço com
tudo o jogando na minha barriga.
— Fique aí vocês dois, porque estou caindo fora!
Raine sai do quarto tão rápido quanto falou, tento me ajeitar
na cama e pegar a faca que está na minha[33] barriga. Porém,
Felipe é rápido e pega o canivete, enfiando-o em mim. O ar dos
meus pulmões parece ter saído e a dor se alastra por todo o meu
corpo.
— Você é minha! — Ele passa as mãos na cabeça e me olha
novamente. — Levante-se!
Felipe anda até o lado esquerdo da cama e pega meu braço
me colocando de pé, nesse momento que percebo o quanto estou
fraca, o canivete é arrancado da minha barriga e um grito de dor sai
da minha garganta.
Consigo ver quando Felipe me entrega um pano e eu tento
inutilmente parar o sangramento. O chão frio toca os meus pés,
então começo a ser arrastada para fora do quarto, Duran coloca o
canivete na minha garganta e saímos pela porta.
Não consigo ver Ryan direito, mas sei que é ele na minha
frente falando com Felipe, não consigo ouvir direito sua voz, me
sinto fraca demais, porém, ainda sinto perfeitamente o canivete na
minha garganta.
A minha visão começa a escurecer e sinto pano que eu
seguro escapar das minhas mãos, ainda consigo ouvir um grande
barulho antes de cair no chão.

RYAN MOORE

Entro no carro que me levará direto para onde Nico está,


matá-lo hoje não está nos meus planos, contudo, se acontecer,
agradecerei. Já nos afastados do castelo e estamos mais perto do
velho hospital onde Allie está sendo mantida.
— Chefe, seu irmão acabou de avisar que chegou, daqui a
uns dois minutos também estaremos lá.
As palavras de um dos soldados que está indo à frente do
carro com Gael me faz tirar meu olho da estrada e focar na arma na
minha mão, um fuzil, facas na minha calça. Eu estou pronto para
qualquer coisa que der errado.
Mas nada dará, eu não aceitarei uma derrota contra Nico,
muito menos contra um zé-ninguém como Felipe Duran, olho
novamente pela janela observando a escuridão da madrugada em
Dublin.
— Chegamos, senhor.
O anúncio de Gael é muito bem recebido pelos meus
ouvidos, já está na hora de pegar minha princesinha e mostrar o que
acontece quando mexem se mexesse com algo meu.
— Meu irmão já fez a parte dele?
Desço do carro enquanto, o soldado que está ao meu lado
faz o mesmo, porém, Gael coloca o ponto de escuta no seu ouvido
antes de me responder.
— Não, mas o ataque será agora.
Antes mesmo que Gael termine sua resposta ouvimos tiros
vindo da parte de trás do hospital, que está por fora em decadência
e parece que desabará a qualquer momento, já por dentro é algo
que eu duvido muito que esteja caindo aos pedaços como aqui fora.
A aparência é só um favorecimento que Nico está usando
muito bem ao seu favor, eu jamais perderia meu tempo procurando
em uma propriedade como essa.
— Os tiros não estão muito intensos, eles parecem fáceis ou
devagar demais.
Concordo com Gael, nem parece que estamos no lugar
correto.
— Será que ele colocou poucos soldados de propósito do
lado de fora e está armando algo lá dentro? — A teoria de Gael me
faz colocar meu fuzil em punho e me separar do carro que estamos
e me aproximar mais do lugar.
— Sim, pode ser.
Não ligo se ele ouviu meu murmúrio ou não, começo a me
aproximar da entrada do lugar, ainda dá para ouvir os tiros vindo de
trás do lugar, os soldados que estão comigo agora andam ao meu
lado.
— Senhor! Já podemos entrar.
Jhon aparece correndo de dentro do hospital e todos os
soldados apontam os fuzis para ele que ergue as mãos em
rendição, o garoto parece um gato assustado.
— Cadê os homens deles?
A indagação de Gael faz o moleque respirar novamente,
reviro meus olhos para aquela demora toda, estou completamente
impaciente com tudo que está acontecendo no lugar.
— Não sei, tinha no máximo uns vinte homens ou trinta.
— Como assim? Será que realmente era o NX ou a vadia da
Douglas não contratou homens com o tal de Duran.
— Era o Nico, mas agora ele não é assunto principalmente,
teremos tempo para matá-lo. Tiraremos Allie daqui, descobrir o que
Raine e Felipe quer com ela e ponto.
Interrompo a conversa dos dois e empurro os soldados que
estão na minha frente com o moleque de Ruan e saio andando para
dentro do lugar. Paro na porta do hospital e olho a estrutura, com
certeza por dentro é bem-cuidado, muito bem-cuidado.
— Chefe, precisamos entrar antes do senhor, o protocolo…
— Sei qual é a porra do protocolo, agora entrem de uma vez!
Ordeno impaciente e Gael abre as duas portas, mais dois
soldados entram com ele, pego a faca no bolso da minha calça e
começo a girá-la no meu pulso, olho para o lado e vejo o garoto me
observando.
— Pode entrar.
Não espero ele terminar de falar e entro com tudo, olho por
todo o lugar e percebo que era como pensei, realmente tudo por
dentro está novo e bem reformado.
— Vamos nos dividir, Gael e Jhon ficarão comigo o resto
pode seguir por todos os outros corredores do lugar…
Minha fala é interrompida por um grito vindo do corredor à
minha frente, meu coração acelera quando percebo ser de Allie
esse grito, olho para Gael e Jhon começamos a andar rápido na
direção do grito, os outros soldados seguem atrás de nós, meu
sangue está fervendo de ódio.
De repente uma porta se abre com um Felipe sujo de sangue
e uma Allie segurando um pano na barriga que sangra muito,
também tem um corte no seu braço e marcas de cigarro nos seus
seios que estão cobertos com o sutiã.
— Se afastem ou eu cortarei a garganta dela. — Meu sangue
gela com as palavras de Felipe que segura um canivete suíço na
garganta de Allie que está branca como papel e chorava
silenciosamente.
— Acho melhor você soltá-la, assim quem sabe quando eu
estiver te matando pegue leve.
— Ao grande e poderoso Ryan Moore, chefe da máfia
irlandesa, não venha com suas ameaças para cima de mim, aliás, a
Morgan não gostou muito de saber o que você faz.
Olho para Allie que tentava manter os olhos abertos,
enquanto Felipe aperta cada vez mais o canivete no seu pescoço.
— Você quer negociar? — Faço uma pausa e continuo. —
Raine está com você, pode me dar ela e fugir sozinho.
Isso não acontecerá e ele não precisa saber, sairei daqui com
os dois vivos e prontinhos para ser torturados depois que eu cuidar
de Allie.
— Eu não sou burro, e ela. — Sacode Allie e dá uma risada
debochada. — Pagará por tudo que fez ao meu pai.
— Eu não fiz nada!
Com as palavras dela, Felipe olha para baixo e se distraiu, no
segundo seguinte seu corpo ia ao chão com uma bala disparada por
Gael que acertou sua coxa, Allie cai para frente e eu corro para
pegá-la no colo enquanto Duran geme de dor e tenta segurar o
sangue que escorre do buraco da bala.
— Calma, agora você está segura — sussurro no ouvido de
Allie e ela abre os olhos azuis e me olha por um segundo antes de
fechá-los novamente.
— Senhor, precisamos ir embora, tem uma bomba nesse
lugar. — Não me assusto com as palavras de Travis que acabou de
chegar todo sujo de sangue.
Meus soldados sabem o que fazer, então só sigo andando
para fora do corredor que estamos com Allie no meu colo, chego à
recepção do hospital e Ruan está aqui com Luís, Remi e os outros
soldados que vieram.
— Achamos isso, tentando fugir. — Luís pega nos cabelos de
Raine e a levanta do chão com tudo, não olho para a loira e aceno
com a cabeça para Ruan que começa a andar comigo para fora do
lugar.
— Ligue para Valéria. Preciso de um médico no quarto do
castelo quando chegarmos lá.
Chegamos perto do carro e ele abre a porta traseira para
mim, entrar com Allie, depois para ao meu lado para olhar para ela.
— Ela teve sorte.
Ignoro meu irmão e minha vontade é de mandá-lo se foder e
entro no carro, no segundo seguinte Gael entra no lugar do
motorista e começa a dirigir o carro para longe do lugar.
— Vamos para o castelo.
Agora tudo será resolvido, Allie estava comigo, viva e segura,
depois é só colocar mais soldados fazendo a guarda dela.
Nada mais me tirará a princesinha mimada que está nos
meus braços, nem mesmo o filho da puta do Nico.
— A explosão deve começar agora…
Ouvimos o barulho da explosão quando estamos longe do
lugar. Agora é só esperar até a próxima guerra ou combate.
CAPÍTULO 36
RYAN moore

Dou uma tragada no meu cigarro e solto a fumaça


lentamente, Allie foi colocada no quarto que Hanna mantém para si
no castelo, porém, eu ainda não consegui me acalmar. Felipe e
Raine foram levados a masmorra, não perderia meu tempo os
levando para outro lugar.
Gael, Luís e Travis sumiram da minha vista desde do
momento em que chegamos, Jhon e Remi ainda são um problema
que eu precisarei resolver, a merda da minha vida não anda nada
bem nesse momento.
— Cuidado com o seu pulmão, chefe, não quero perder o
senhor tão cedo.
Trago o cigarro mais uma vez e olhos bem para a loirinha de
olhos verdes ao meu lado, Valéria raramente faz de piada de
alguma coisa, ela é o oposto de Hanna, a camisa social que veste
com uma calça jeans me diz isso.
— Eu não morrerei tão cedo, a não ser que algum inimigo
muito forte se levante.
Murmuro e ela solta o ar com força ao meu lado.
— Era sobre isso que eu queria perguntar.
Aceno para ela esperando a conclusão da sua fala, mas eu já
imagino qual será.
— A volta do NX vai afetar a gente?
Talvez? Eu não tenho uma resposta específica, mas acho
que não.
— Não por enquanto, ele só queria pegar algo meu e me
desestabilizar.
— Então, Allie é realmente sua?
— Talvez…
— Senhor Moore. — Sou interrompido pelo velho doutor que
atende a todos na minha organização, os cabelos brancos do Dr.
Peter combinam com seu jaleco da mesma cor.
— Já terminou o seu trabalho?
— Sim, senhor! A menina vai se recuperar bem, os cortes
foram profundos, mas daqui umas duas semanas ela pode voltar a
fazer a maioria das coisas novamente.
Sua garantia é ok, duas semanas serão o suficiente para
resolver minhas coisas entre mim e ela, e também descobrir o que
levou Felipe a ajudar Nico.
— Certo, pode ir com Valéria que sairá da cidade agora, não
é?
A loira sorri amigavelmente para o Dr. Peter que estende a
mão para mim que a aperto e me despeço dele. Meu cigarro nesse
momento caiu no chão, enquanto termino de olhá-los descendo a
escada que leva ao andar debaixo do lugar.
Viro-me novamente para a janela imensa no corredor dos
quartos e fecho meus olhos pegando outro cigarro no meu bolso e o
colocando na minha boca, deixo o cigarro parado sem acender e
fico olhando para a paisagem, o dia já amanheceu há algumas
horas.
— Olha a paisagem, irmãozinho? Você parece solitário, mas
isso acabará já, já, Hanna me contou que a Allie acordará no
período da tarde. — Ruan parece finalmente fechar a boca por
alguns míseros segundos. — Esqueceu o isqueiro?
— Não. Cadê Remi e Jhon?
Eles não me interessam no momento, contudo, fará meu
irmão esquecer que Allie quase foi morta poucas horas atrás.
— Mandei-os de volta para o prédio deles.
— Ótimo, vai ser bom eles estarem lá quando eu for falar
com Remi.
Coloco a mão no meu bolso direito do terno e tiro meu
isqueiro acendendo o cigarro na minha boca, Ruan pega o objeto da
minha mão e acende o cigarro que eu não vi visto ele colocando na
boca.
— O meio do ano sempre é mais bonito que o início ou final.
— Diga a Hanna que quando Allie acordar é para falar que a
facada não atingiu nenhum órgão e que ela só sairá daqui para o
meu apartamento.
— Para onde você vai?
Ryan segura meu braço enquanto jogo meu cigarro no chão e
viro as costas para ele que se mantém no mesmo lugar.
— Punir Felipe, não esqueça de falar à ruiva que Valéria foi
buscar a Katherine.
— A pirralha é mesmo importante?
— Que pirralha, Ruan? — Minha paciência está no fim com o
meu irmão.
— A irmã da Allie.
— Vá se foder!
Minha resposta é o suficiente para ele soltar o meu braço e
eu sair andando direto para a escada que leva para o andar de
baixo, a música vem alta do outro lado do castelo, termino de descer
e ando até à outra escada, a iluminação está baixa e vozes de
alguns soldados são ouvidas no calabouço.
— Travis?
— Sim, senhor?
O soldado aparece na minha frente assim que o chamo e
percebo mais dois com ele, aponto para a porta que dá para o lugar
onde Raine e Felipe estão.
— Vá até o lugar aonde o Duran se mantinha, apaguem
todos os rastros dele, Raine eu mandarei o corpo para a família.
— O senhor cuidará dos dois?
— Isso não é da sua conta. Abram a porta.
Ordeno para os outros que me obedecem prontamente,
Travis se afasta de mim e começo a subir a escada. Olho para
dentro e entro, Felipe está com uma cueca preso a correntes, Raine
foi amarrada a uma coluna e está somente de sutiã e calcinha.
— Bom dia para vocês, como estão se sentindo nessa manhã
tão linda? Hoje por algum motivo fez sol, mas foi uma pena que
vocês não viram.
Minhas palavras fazem Felipe se remexer nas correntes
tentando se soltar inutilmente. Enquanto Raine, chora calada.
— NX virá atrás de você. — A ameaça vem do Duran e solto
uma risada.
— Acredita mesmo nisso? Nico e eu somos velhos rivais,
dessa vez ele foi longe demais tentando tirar Allie de mim com um
inútil igual você.
— A Morgan é minha!
Aproximo-me mais dele, sua afirmação me irritou, mas eu
jamais darei sinais de afeto na frente de um lixo, alucinado.
— Quem disse isso? Sua cabeça doente?
— Meu pai, assim como ela foi dele, também seria minha!
Que merda é? O pai de Felipe morreu há anos, sei lá uns 7,
8? Allie ainda era uma adolescente, ela com certeza não se
envolveria com seu psiquiatra? Ou?
— Pensando demais, não é? Ela era uma vadia mimada que
não queria nada com ele, porém, meu pai a pegava mesmo assim!
E eu faria o mesmo depois que NX pegasse seu irmão. — Duran
cospe no chão e eu continuo paralisado.
Allie não dá indícios de uma pessoa estuprada ou coisa do
tipo, ela é perfeita, não faz nada errado, mas o que uma criança
pode ter feito para ter um psiquiatra, por que eu não pensei nisso
antes?
— Então quer dizer que seu pai era a merda de um
estuprador? E você também se tornaria um? — Caminho para a
mesa montada com os instrumentos de tortura e olho para as facas,
barras de ferro e pego uma lâmina que tem uma leve curvatura na
ponta.
— Meu pai não era um estuprador! Ela queria! — Seu berro
me faz apertar o cabo na lâmina na minha mão e sinto vontade de
matá-lo de uma vez.
Portando, qual seria a graça? Um estuprador deve ser
torturado até a morte.
— Para mim ele era, e pra você, Raine? Está tão calada. —
Viro-me de volta para eles e a loira parece horrorizada demais para
formar uma palavra.
Vadia, só sabe seguir os outros, mas Hanna dará um jeito
nela, a ruiva não perderia a chance.
— Vamos começar, o estuprador usa o cérebro para
sequestrar a vítima, contudo, não tem como queimar seu cérebro
certo? Então vou tirar seu pênis.
Aproximo-me o suficiente de Felipe para ver um pouco de
medo em seus olhos, pego seu membro nojento na minha mão e
passo a lâmina o cortando e ouvindo o grito que sai da sua garganta
e da de Raine.
— Gostando do show, queridos? Esse é apenas o início dele.
Vou me divertir o suficiente com eles, farei com que Felipe
Duran se lembre do meu nome quando estiver no inferno.

ALLIE MORGAN

Meu corpo está paralisado, minha mente parece ter ficado em


algum lugar que eu não consigo alcançar. A dor nos meus ossos é
constante, me pergunto se realmente estou viva ou é só a minha
mente me pregando uma peça.
— Aí — reclamo abrindo meus olhos e olhando para o teto de
madeira.
— Você acordou ou é só ilusão minha?
Reconheço essa voz, não é nada parecida com a voz fina de
Raine, tão pouco com a de Felipe, estou livre deles. Até porque a
voz falando comigo, é de uma ruiva que sumiu tão rápido quanto
apareceu na minha vida.
— Por que dói tanto?
A ruiva franze as sobrancelhas e de aproxima da cama,
encolho-me completamente com o movimento, aumentando a dor
que eu sentia.
— Não precisa se assustar, okay? Tá doendo porque você foi
cortada no braço e na barriga e o canivete era bem afiado.
Agradece mentalmente quando ela se afasta da cama, olho
ao redor do quarto que estou e estranho a decoração rústica e muito
antiga, apesar de parecer tão novo.
— Onde estamos?
— No meu castelo, bom, meu não de Ryan, mas eu que
cuido disso aqui e faço funcionar, então é meu. Você vai ficar aqui
ou vai para a casa de Ryan depois que se recuperar.
— Eu não vou para a casa de ninguém, quero ficar sozinha!
Eu me sinto tão perdida, minha mente ainda não consegue
raciocinar direito, a dor parece não ser só física, tenho a impressão
que meu inferno voltou novamente.
— Eu preciso dos meus remédios — digo, e olho para Hanna
que cruza os braços.
— Remédio para quê?
— Eles estão na minha casa, Kathe sabe quais são.
— Kathe não está na cidade.
Sua afirmação me faz fechar meus olhos e soltar o ar com
força, sei que ela não está na cidade, contudo, por que não
avisaram a minha irmã que eu não estava bem?
— Você pode me dar um celular? Preciso ligar para Kathe, eu
preciso ir para casa também.
Digo sentindo o corte na minha barriga arder, não queria ver
Ryan, ele é um criminoso, um bandido, por culpa dele que fui
sequestrada, Raine o queria e ajudou Felipe a me levar para aquele
inferno.
— Não acho que seja uma boa ideia, aliás, não, não é uma
boa ideia. Ryan jamais deixará você sair daqui assim, seu corpo
ainda está dolorido.
Encaro a parede com uma pintura escura à minha frente, eu
não sei o que pensar, o que fazer, me sinto tão perdida, tão dolorida.
— Pode me deixar sozinha? — Minha voz está perto de
quebrar.
Meu limite foi ultrapassado, Felipe trouxe todo o meu
passado de volta, acreditar que tudo que aconteceu não foi minha
culpa, agora volta a ser mais uma vez difícil.
Eu só quero ficar em paz!
— Olha, Valéria foi buscar a Kathe, ok? Imagino que você já
sabe o que eu e os outros fazemos, e bem sua irmã sabe disso há
muito tempo.
— Quê? Ela andava com você mesmo sabendo que vocês
são bandidos?
Não consigo esconder na minha voz o meu desprezo pelo
que eles fazem, e muito menos a minha surpresa ao saber que
Kathe já sabe de tudo aquilo.
— Sim, somos criminosos. Espero que você não ofenda
ninguém aqui com isso. As pessoas não podem saber o que
aconteceu de fato, por isso você vai ficar aqui ou no apartamento de
Ryan até se curar.
Okay, eu não posso sair daqui porque senão descobrirão que
Ryan é um grande criminoso, mas mesmo assim também tem a
parte que se eu chegar em casa toda cortada, terei que contar o que
aconteceu no passado e muito mais.
— Vou ficar.
— Ótimo, se quiser agora posso falar como está seu estado
médico.
Aceno com a cabeça para ela falar, entretanto, minha mente
ainda parece aérea demais, deve ser fome e sede, o que eu farei
quando ver Ryan de novo? Teria que contar o motivo de Felipe ter
me levado com ele? Eu não quero, é o meu segredo!
— Você não está me ouvindo. — Não é uma reclamação,
mas sim apenas uma afirmação qualquer. — Olha, sei que é difícil
para você, contudo, vou pegar comida e água para você, ok?
Concordo com a cabeça sentindo um pânico querendo tomar
conta da minha mente.
— Quando Kathe vai chegar?
— Daqui a algumas horas, descerei lá embaixo para pegar
sua comida, não se mexa tá bom?
Murmuro um simples sim para Hanna que me dá as costas
com um olhar preocupado e sai do quarto, fecho meus olhos quando
a porta se fecha, tento controlar o medo que parece estar entrando
na minha cabeça, me deixando sem respiração.
Tudo a minha volta me lembra o passado, minha respiração
fica pesada, lágrimas saem dos meus olhos enquanto afundo
minhas unhas na minha pele, o medo não vai embora, ele está aqui
pronto para me pegar. Sempre presente.
CAPÍTULO 37
RYAN moore

Seus olhos estão fechados, as marcas das lágrimas no seu


rosto deixa claro que ela chorou. Hanna deixou a bandeja com
comida e água ao lado da cama para quando Allie acordasse.
Enquanto eu, pareço um louco sentando a olhando dormir, já
passa do meio-dia e, Valéria ainda não deu sequer notícias se
encontrou Kathe, mas não é tão difícil localizar uma garota que saiu
da adolescência agora.
Cruzo minhas perna e relaxo contra a poltrona, não quero
fechar meus olhos nem por um segundo, sei que Allie acordará a
qualquer momento, se já não estiver acordada.
— Não vai me falar um oi?
Minha pergunta parece tê-la pego de surpresa, quando
resolve abrir seus olhos azuis e me fita com medo.
— Oi, como sabia que eu estava acordada?
Dou de ombros e procuro um cigarro na minha calça de
moletom, coloco na boca e o acendo com um isqueiro, sentindo o
olhar dela o tempo todo seguindo meus movimentos.
— Cadê Hanna? Quando tempo eu dormir?
— Você tem que comer. Precisa de ajuda para pegar a
bandeja? — Interrompo seu questionamento, não conversarei com
ela agora.
— Posso tentar pegar sozinha.
Observo ainda sentado ela tentar se escorar na cama e
gemer de dor colocando a mão na barriga, seu braço esquerdo está
enfaixado onde ela levou a facada.
— Não se mexa novamente.
Ela olha para mim enquanto eu me levanto e me aproximo da
cabeceira da cama e pego a bandeja que Hanna deixou na cômoda
ao lado. Sento-me do lado de Allie a vendo me olhar com temor e
respiro fundo.
— Quer que eu te dê? Não ficarei aqui vendo você olhar para
mim como se eu fosse a qualquer momento te matar!
Exclamo e vejo seus olhos azuis se arregalarem, foda-se que
ela tenha passado por tantas coisas ruins, não admitirei que olhe
para mim como se eu fosse um vagabundo qualquer.
— Mas não é isso que você faz? — Dou uma risada
colocando a bandeja sobre seu colo.
— Eu faço muito mais que isso, princesinha, nós dois
sabemos disso.
Minha resposta é o suficiente para ela olhar para a bandeja,
vendo frutas cortadas e uma sopa, seus olhos tempestuosos voltam
a me olhar.
— Não quer saber por qual motivo o Felipe me sequestrou?
Ergo minhas sobrancelhas e lhe dou um sorriso de canto,
pobre menina, já sei, sei muito bem.
— Eu já sei, entretanto, não acho que seja um bom começo
falar sobre isso enquanto come.
Seu rosto fica totalmente paralisado, sua boca se abre, seus
olhos estão cheios de lágrimas de repente.
— Okay, pode pegar a sopa para mim? — Sua voz é apenas
um sussurro e pego o prato e entrego em suas mãos, que estão
geladas quando tocam as minhas.
— Quer mais alguma coisa? Posso te dar qualquer coisa.
Minha afirmação parece inútil com o sorriso que ela me dá, o
brilho de impertinência não está mais lá, parece um pouco apagado
para a princesinha mimada que conheci em um evento do final de
ano.
— Para um chefe de uma máfia, você está me parecendo
muito bonzinho. — Sua tentativa de brincadeira me faz levantar da
cama.
Sei perfeitamente que estou sendo mole demais, porém, não
poderia deixá-la por aí, Nico iria atrás dela e eu nem mesmo sei se
gosto de verdade de Allie ou se é somente posse o que eu sinto por
ela.
— Horas atrás eu estava torturando um homem na frente de
uma mulher que gritava desesperadamente que eu parasse, às
vezes é necessário ser bonzinho. — A colher que ela leva a boca
para no meio do caminho e eu pisco. — Coma, baby girl.
Ordeno e me aproximo dela deixando um beijo na sua testa,
sinto seu corpo estremecer de medo e ignoro os pensamentos
sanguinários na minha cabeça.
— Que horas é?
Olho para o relógio no meu pulso e vejo que já passou das
três da tarde.
— Três da tarde, se você pudesse andar, pediria para Hanna
te levar lá no jardim.
Allie não me encara e continua olhando para o prato com
sopa, um sentimento incômodo ainda está dentro de mim desde que
Felipe me falou sobre o pai dele, as últimas palavras do desgraçado
ainda estão na minha mente se repetindo quase que o tempo todo.

“— Eu deveria ter a estuprado como o meu pai fazia! A


boceta daquela desgraçada vale tanto assim para você?”

— Ryan? — Olho para Allie que me chama e ergue minhas


sobrancelhas. — Tem gente te chamando lá fora.
— Chefe.
A voz de Travis entra no quarto e eu me viro de costas,
passando as mãos no meu cabelo e caminhando para abrir a porta,
dou de cara com Remi do lado, meu soldado que me olha com uma
cara de interrogação.
— O que você está fazendo aqui?
O garoto recua e olha para o lado antes de me olhar por
último e inflar o peito com coragem.
— Vim para falar com a senhorita Morgan.
Cruzo os braços na frente do meu corpo e espero que ele fale
mais alguma coisa, Travis dá uma risada baixa e debochada.
— Para deixar alguém invadir o quarto e levá-la novamente?
— Não, senhor! Isso não vai mais se repetirá.
Sua resposta é tão rápida quanto a minha risada.
— Se depender da sua permanecia na minha organização
não vai mesmo.
O garoto me olha assustado e Travis bate nas suas costas
como incentivo, descruzo meus braços e volto a pensar no caso do
menino, terei que fazer uma nova seleção, precisava de um novato
diferente.
— Ryan, quem quer falar comigo?
Viro-me para trás vendo Allie levando a colher de sopa a
boca e erguendo as sobrancelhas para mim, nem parece a garota
assustada de minutos atrás.
— Sou eu quem quero falar com você. — Remi fica ao meu
lado e eu encosto minha mão em seu ombro.
— Não mandei abrir a boca, moleque! — exclamo, e sentir os
dois me olharem com medo.
— Pode deixar ele falar? Por que quer falar comigo?
A voz suave de Allie me faz repensar se eu bato ou não no
garoto a minha frente, solto o ar quando Travis se aproxima de nós
dois, e Remi dá um passo à frente entrando no quarto.
— Era eu que estava responsável pela sua segurança
quando Raine e Felipe te sequestraram, queria pedir desculpas por
não ter te protegido de verdade.
Observo Allie me olhar confusa e dou de ombros, não
explicarei o porquê Remi fazia a segurança dela. Remi parece
querer realmente as desculpas, porém, minha paciência está muito
curta para ficar esperando uma conversa entre os dois.
— Não entendi, você não teve culpa pelo que aconteceu, na
verdade, acho que foi bem mais minha culpa mesmo.
— Você não teve culpa de porra nenhuma! — brado, e faço
Remi olhar para mim. — Garoto, vou te dar apenas alguns
segundos para você sair daqui.
Ele engole em seco e sai do quarto, olho para Travis que se
mantém calado antes de fechar a porta do quarto e dar de cara com
Allie.
— Você sabe que não teve culpa nenhuma, não é? — exijo
saber e ela continua me olhando calada. — Fale porra! Nada do que
aquele desgraçado falou é verdade!
A respiração dela se acelera, fecho minhas mãos em punhos
e me repreendo pela merda da explosão.
— Eu vou terminar de comer, mas por que ele estava fazendo
minha segurança?
Ignorando totalmente minha exigência, lhe respondo
sarcástico.
— Por causa de uns problemas com a mídia, agora vou te
deixar comendo sozinha, Valéria deve aparecer daqui a pouco com
a sua irmã.
Dou as costas para ela e abro a porta, quase me esqueci do
problema com a mídia, todavia, como eu disse ‘quase’ não é uma
certeza.
— Senhor, achamos algumas coisas no apartamento de
Felipe.
Travis me informa assim que fecho a porta do quarto e aceno
para ele continuar.
— Tem a ver com a Morgan, coisas bem nojentas e pessoais
a respeito dela, o maluco era um fodido psicopata.
— Queime tudo, tudo que tinha lá, vou para o meu quarto, vá
me chamar se acontecer algo ou Gael e Luís me chamar.
Ordeno e sigo andando pelo corredor dos quartos.
Preciso dormir e depois colocar ordem em Dublin, mostrar
quem comanda a cidade e principalmente que os fantasmas da
noite ainda estão vivos.

ALLIE MORGAN

Ryan saiu há algumas horas do quarto em que eu estou,


terminei de comer toda a comida que provavelmente Hanna deixou
no quarto enquanto dormia. Consegui colocar a bandeja na cômoda
ao lado da cama.
Ainda não tive coragem para levantar a blusa e olhar os
ferimentos na minha barriga e seios, não vejo a hora de Kathe
chegar, porém, como explicar tudo que aconteceu sem voltar ao
passado?
— Allie? Eu vou entrar! — Escuto batidas na porta e depois o
aviso, tento me sentar na cama da forma que meu ferimento não
doa, mas foi inútil.
— Kathe, chegou agora?
Minha irmã entra no quarto como uma desesperada olhando
para mim, suas roupas estão amassadas, desde sua calça jeans
branca ao moletom preto que veste, seu cabelo está amarrado no
topo da cabeça.
— Valéria me contou que você sofreu um assalto? Me
desculpe por não estar aqui com você.
Assalto? Essa foi a mentira que contaram? Olho para a cara
da loira que dá de ombros, volto a olhar para a minha irmã que se
sentou ao meu lado na cama e segura minhas mãos, seus olhos
escuros analisam meu corpo.
— Você não tem culpa de não ter ficado aqui, sua viagem
com suas amigas foi divertida?
Kathe desvia o olhar do meu antes de me responder sorrindo.
— Não deu bem tempo da gente aproveitar nada lá, tive que
voltar para te ver.
— Suas amigas ficaram lá?
— Não vamos falar sobre eu e minhas amigas, precisamos
focar em você. Sua mãe já sabe que te aconteceu?
Ignoro o fato dela ter fugido do assunto tão descaradamente
e penso em Margareth, que por sinal nem sequer sentiu minha falta
ou achou estranho eu não ter voltado para casa.
— Não, ela saberá apenas quando eu voltar para casa.
Afirmo e ela franze as sobrancelhas e olha para Valéria que
se mantém calada até o momento.
— Sua irmã sairá daqui para a casa de Ryan como eu disse,
Kathe, mas antes com certeza ela deve ir à antiga casa de vocês.
— Por que eu sairia daqui para a casa do seu chefe?
Minha pergunta a faz suspirar e ajeitar o cabelo perfeito que
ela tem, Ryan não é o mesmo que eu pensava que fosse, apenas
um grande empresário do ramo tecnológico, ele é além do que
minha mente pode raciocinar.
— Acho que lá é melhor para você ficar, Allie, até eles
descobrirem quem fez isso com você.
Quero gritar na cara da minha irmã que ninguém me
assaltou, que Felipe Duran tinha feito aquela merda com Raine
Douglas e mais um doente que era inimigo de Ryan.
— Acho melhor você conversar com a sua irmã Kathe e
explicar como as coisas aqui funcionam.
A sugestão da loira me faz revirar os olhos, agora tenho que
ouvir a minha irmã mais nova me dizer como as coisas
funcionavam? Okay, sei que estou agindo como uma maldita
mimada, contudo, me sinto perdida e sem ninguém para me
defender.
— Explicarei do melhor jeito possível.
Kathe confirma e Valéria me dá um último olhar antes de
dizer:
— Allie, sei que mal nos conhecemos, porém, ouça com
muita atenção sua irmã, você sabe que o que te aconteceu pode se
repetir.
As palavras da loira me fazem engolir em seco, ela tem
razão, sozinha, em casa e com a minha mãe as coisas não
funcionarão, todavia, ficar perto de Ryan mexe comigo.
— Agora que Valéria saiu, me conte o porquê dessa cara?
— Como assim eu tô com essa cara? A pergunta é como
você consegue manter a calma sabendo o que eles fazem!
Minha irmã se levanta da cama e dá uma risada baixa, depois
coça o cenho e bate o pé no chão se virando para mim com um
sorriso no rosto.
— Sério? Allie, todo mundo sabe quem os Moore são. Ando
com Hanna e Valéria há uns dois anos.
Suspiro e coloco minha mão sobre meu abdômen o sentindo
arder um pouco e Kathe segue meu movimento e me olha
assustada.
— Está grávida?
Assusto-me com sua pergunta e faço um movimento brusco
para trás com o ombro esquerdo sentindo a dor da facada dada
nele.
— Lógico que não, sempre fui responsável.
Resmungo tocando meu braço esquerdo e ela se senta
novamente na cama.
— Os caras da organização não são pessoas ruins, pelo
contrário eles me acolheram, principalmente as meninas.
Continuo focada no meu braço e me sinto confusa, saber o
que Ryan faz não mudava o que eu sinto por ele, minha demora
para admitir só está criando confusão.
— Você só tem 18 anos, conheceu eles com 16? Onde eu
estava quando isso aconteceu?
— Obedecendo às ordens da sua mãe e sendo um fantoche
nas mãos de Rafael.
Essa era minha vida, ser a pessoa exemplo a que fazia tudo
por todos, a que obedecia sem pensar duas vezes, essa era a
minha tediosa vida.
— Desculpe, minha vida sempre foi uma merda, mas a sua
foi terrível, me lembro de tudo que Rafael falava sobre você.
Meu pai sempre teve um ódio descontrolado de Kathe, o
motivo todos sabiam, mas ignoravam, é tão nítido ela não é nada
parecida comigo ou com alguém da minha família.
— Não ligo mais para isso, graças a Ryan ele está morto.
— Ele realmente matou o Rafael?
Eu ainda me assusto em ouvir isso, Rafael foi ruim para
Kathe, porém, era meu pai o homem que tive como exemplo,
mesmos que não estivesse lá quando eu precisei.
— Não, na verdade, ninguém sabe, não me meto nesses
negócios.
Não sei o que pensar, era meu pai e o homem que eu achava
sentir algo.
— Que negócios você se mete então?
— Nenhum, Allie, as únicas mulheres que entram nos
negócios dos Moore são Hanna e Valéria, para de paranoia, eles te
salvaram você poderia ter morrido, aliás, acho que deve ter sido
algum inimigo do seu pai.
Morrer? Se eu tivesse morrido teria sido um alívio.
— Verdade ele me salvou. Que horas são? Quero ir ao
banheiro, tomar um banho e quem sabe sair daqui.
— Vou pedir para pegaram uma cadeira de rodas para você o
corte na barriga é recente, então ainda é de dia e tá fazendo sol,
vamos conseguir aproveitar o final de outubro numa boa.
Concordo com a cabeça e ela continua falando sobre pedir
uma cadeira a alguém. Preciso conversar com Ryan urgente.
— Depois você pode chamar Ryan? Preciso conversar sobre
a ida para o apartamento dele.
— Então você vai mesmo?
Reviro meus olhos e me ajeito na cama.
— Tenho outra escolha?
— Não e se você tivesse estragaria a diversão.
Mostro a língua para a minha irmã e sorrio, nesse momento
não tenho nenhuma preocupação.
CAPÍTULO 38
RYAN moore

Das câmeras de segurança no escritório de Hanna dá para


ver tudo que acontece em cada parte do castelo, as pessoas
jogando lá embaixo, enquanto outros ficam com as prostitutas em
outro lugar.
Tudo aqui é organizado para voltarem sempre e se sentirem
em um paraíso que não podem ter em casa. Mas nem sempre foi
assim, quando Ronald Moore ainda era vivo, drogas corriam soltas
com muita violência no meio.
— Chefe. — Olho para a porta e encontro Valéria me
observando, aceno para ela entrar e fechar a porta. — Levei Kathe
até o quarto de Allie.
— O que você disse para a garota?
— Que a irmã dela tinha sido assaltada e conseguimos salvá-
la.
Ótimo, não preciso que nenhuma pirralha de 18 anos encha
meu saco por causa de um erro meu.
— Elas ficaram conversando, Allie sabe que você vai levá-la
para sua casa?
Desvio meus olhos de Valéria e olho novamente para as
câmeras de seguranças.
— Isso não é da sua conta, pode sair — ordeno e me lembro
de Raine no porão. — Passe no porão e cuide da loira que te lá. Ah!
E chame Hanna para ir junto.
Ouço quando a porta é aberta e fechada novamente e relaxo
já cadeira, espero que a Morgan não faça ou dê nenhum tipo de
problema, ir para a minha casa é necessário, a mídia está atrás de
mim e não faço ideia de como anda as coisas com ela.
Preciso urgentemente conversar com Gael e Luís que
sumiram e não apareceram até agora. Dou um soco na mesa
sentindo uma raiva presa dentro de mim, preciso extravasar torturar
e matar Felipe não foi o suficiente.
— Irmão que tipo de brutalidade agora é essa?
Ruan abre a porta e entra no escritório desfilando com um
terno preto e um sorriso idiota no rosto.
— O que você quer?
Ele continua andando e se senta na cadeira à frente da mesa
que eu estou e cruza as pernas casualmente.
— Como está minha cunhada? Já acordou?
— Não fale merda demais — vocifero, Ruan levanta as mãos
em um sinal de rendição.
— Vejo que não, seu humor desgraçado continua o mesmo
de sempre, me diga o que aconteceu.
Passo a mão nos meus cabelos e me levanto da cadeira
pegando o copo de whisky em cima da mesa, não dividirei com meu
irmão meus problemas.
— Quero saber aonde Gael e Luís estão?
— Foram acabar com as provas que ficaram para trás, logo,
logo eles estão aí.
Tinha me esquecido do que ficou para trás, que tipo de chefe
de merda estou me tornando, esquecendo das coisas por causa de
uma boceta que tem agora medo de mim. Batidas na porta chama
nossa atenção e Ruan se levanta e abre.
— Seu irmão está aí?
Olho sobre o ombro do meu irmão e vejo Kathe o encarando
com as mãos no bolso.
— O que você quer? — Minha pergunta a faz parar de olhar
para Ruan e me encarar passando por ele que ficou calado.
— Allie, pediu para falar com você.
Estranho, mas aceno com a cabeça confirmando ir e ela se
vira de costas parecendo sem graça e depois volta a me encarar.
— Sei que minha irmã não foi assaltada, não sou burra desse
jeito.
Cruzo meus braços sobre a minha frente e ergue uma
sobrancelha antes de respondê-la.
— Se você realmente for inteligente não estaria falando isso
para mim.
Antes de sair a garota me dá uma última olhada de cima a
baixo e um sorriso debochado, observo-a sumir no corredor antes
de ir em direção a Ruan que se mantém na porta.
— O que foi? Nunca observou a garota antes?
— Sim, quando fomos a casa dela ou quando ela ficava
fumando maconha com os caras.
Passo ao lado dele e dou de ombros.
— Se ela fuma, não é problema meu — resmungo antes de
passar por ele.
Sigo pelo corredor onde a Morgan mais nova foi e entro em
outro corredor onde ficam os quartos naquele lado, a iluminação
está melhor agora que já é quase noite.
— Ryan, cuidado com a minha irmã, ela não tá muito bem dá
para perceber de longe.
Olho para Katherine que está escorada na parede de frente
para o quarto onde Allie está e ouço sua recomendação, me
pergunto se ela sabe de algo que aconteceu com sua própria irmã
ou está perdida demais em seus próprios problemas.
— Você por acaso sabe de alguma coisa sobre Felipe Duran?
Ela cruza os braços na frente do corpo e nega com a cabeça,
lógico que não sabe com certeza ficava mais tempo usando drogas
com os meus soldados do que fazendo algo útil.
— Ele tem algo com isso? — Aponta para a porta do quarto e
eu nego com a cabeça. Se a garota não sabe nem o que aconteceu
com sua irmã no passado, não tem motivos para ela saber sobre o
que rolou agora. — Você tem uma cadeira de rodas?
— Para quê?
— Vou levar Allie para dar uma volta no jardim, e depois ela
precisa de um banho, né.
Passo a mão pelo cabelo e respiro fundo, Hanna deve ter
alguma coisa.
— Procure Travis — oriento, e ela solta um resmungo baixo,
começo a caminhar até à porta e a garota toca meu braço.
— Sabe, eu não faço a mínima ideia de quem seja Travis.
— É um negro, de terno e um cigarro na boca, quando vê-lo,
vai saber de longe que é.
Entro no quarto antes que a garota possa me parar
novamente, Allie está sentada na cama de costa para mim, olhando
através da janela que está aberta, seus cabelos estão soltos.
— Não pensei que fosse vir agora
— Você queria conversar comigo, estou aqui.
Ela se vira com cuidado e eu continuo parado na entrada do
quarto, seus olhos azuis parecem mais vivos do que da última vez
que estive aqui.
— Não vou para a sua casa!
Sua afirmação me faz cruzar meus braços, Allie acompanha
meus movimentos, a camisa que eu estou vestindo deixava meus
braços de fora.
— Por quê?
— Não vou para a casa de um assassino!
— Agora sou um assassino?
Ela se vira de vez para mim e puxa o lençol da cama para se
cobrir antes de me responder, sinto o sangue correr pelas minhas
veias fortemente, minha mente parece ansiosa pela resposta dela,
um assassino? Não poderia negar isso.
— Você sempre foi, acho que somente não percebi.
— Não tenho culpa se não sabia com quem estava se
metendo.
Ela parece ofendida, porém, se entrarmos em uma disputa
aqui eu ganharei, vou machucá-la, sem dó.
— Você matou o meu pai, depois foi ao enterro dele, fez
todas aquelas coisas, como pôde?
Dou uma risada debochada e me aproximo dela que se
encosta totalmente a cabeceira da cama parecendo um bichinho
acuado com medo.
— Aquelas coisas, tipo te foder? — Allie abaixa os olhos e
continuo. — Não matei seu pai, poderia, mas fui paciente o
suficiente para não matá-lo.
— Por que NX mentiria sobre isso?
— Por que Felipe mentiria sobre o pai dele ter morrido por
sua culpa?
Agora ela parece um bichinho acuado e perdido, sei que usar
Felipe ou qualquer coisa que envolva seu passado é um golpe
baixo, contudo, não deixarei que ela me ofenda por tão pouco.
— Eu não fiz o que Felipe disse. — Sua voz está por um fio,
seus olhos cheios de lágrimas, fico confuso por um momento
pensando se ela vai ou não explodir de raiva.
Aproveito o momento e me sento ao seu lado, passo minha
mão por seu rosto e a faço olhar para mim, Allie funga e limpa as
lágrimas que caem dos seus olhos.
— Sei, princesa, assim como você deve saber que eu
também não fiz nada com o seu pai.
— Quer me manipular, não é? — Retiro minha mão do seu
rosto e me levanto de vez da cama.
— Se eu quisesse já tinha conseguido.
Afirmo e ele segura as pontas do lençol com força parecendo
uma descontrolada prestes a explodir.
— Achei que fosse fácil, transou comigo quando meu pai
estava te processando, os mesmos processos que foram parar na
mídia tudo que você queria era me manipular e descobri coisas
sobre Rafael!?
Espero que ela termine de falar cruzo meus braços na frente
do corpo.
— Nunca quis te usar, sua autoestima é muito baixa, te
manipular? Para quê? Rafael foi uma pedra no meu sapato
eliminado, a mídia cuido dela há muito tempo.
— Não sei se acredito em você, mas mesmo assim, não tem
motivos para ir para seu apartamento.
— O problema é ir para o meu apartamento? Ou é ficar perto
de mim?
— Os dois, não conheço sobre a sua pessoa, absolutamente
nada, fora que você me enganou! Me fez gostar de você!
Allie gosta de mim? É por isso que ela não quer ficar perto de
mim?
— Admitindo que gosta de mim, isso é bom, baby girl, porque
eu te adoro.
— Não se faça de idiota!
Explodo e dou risada sentando ao seu lado na cama.
— Me diga o que quer saber?
— Sua família? O que você faz? Quem é você?
— Minha única família é meu irmão, sou chefe de uma
organização criminosa, sou Ryan Moore o homem mais poderoso
da Irlanda do Norte.
Ela parece chocada com minhas palavras ou com minha
sinceridade.
— Como consegue admitir? Os crimes que você comete
estava naqueles processos.
— Errado, minha organização não faz mais aquilo.
— Mas já fez! — exclama, e respiro fundo, por que ela não
entende?
— Eram outras pessoas.
— Que pessoas?
— Chega de perguntas idiotas que não vão fazer diferença
alguma! — Levanto-me da cama e ando até perto da porta. — Você
tem uma semana para ir para o meu apartamento. O Dr. Peter vai vir
te examinar e tirar os pontos daqui a uma semana, aí você irá
comigo, pense bem essa semana, porque eu não vou te deixar de
fora dos meus olhos.
Saio do quarto antes que ela fale mais alguma idiotice, não
teria nem um pouco de paciência para respondê-la, fecho a porta
com força ouvindo um suspiro antes disso.

ALLIE MORGAN

Ainda parece que ele está aqui no quarto comigo, o cheiro do


seu perfume ficou para trás e junto muitas dúvidas na minha
cabeça, devo acreditar que Ryan não matou Rafael? Mas ele sabe
sobre o Dr. Duran e ainda está falando comigo.
Por que ele não falou sobre sua família? Como ele virou o
chefe da organização? São tantas perguntas juntas na minha mente
que eu mal consigo raciocinar.
— Parece que tem alguém aqui bem curiosa. — Assusto-me
quando a porta é aberta de vez e Ruan entra no quarto com um
sorriso irônico no rosto.
— Parece que tem alguém aqui intrometido! — digo, e ele
tranca a porta se aproximando da cama.
O irmão mais novo de Ryan pode ser intimidante quando
quer, o sorriso no seu rosto parece querer não mostrar quem ele
realmente é.
— Ouvi que você queria saber quem foi a minha família? Eu
não tenho um nome comum, se você percebeu isso.
— Onde você quer chegar com isso? — Cruzo minhas
pernas na cama e ele pisca para mim.
— Minha mãe se chamava Ana, meu pai eu não faço ideia,
devia ser somente algum idiota por aí, o pai de Ryan se chamava
Ronald, ele morreu há alguns anos. — Uma risada sai da sua boca
me assustando. — Dei uma ajudinha para que ele fosse desse
mundo para o inferno.
— Como você consegue falar isso tão calmo?
Seus olhos reviram e Ruan se senta na ponta da cama
parecendo meio perdido.
— Tem que se acostumar com a violência, como quer ficar ao
lado do meu irmão sem nem aguentar ouvir falar do que a gente
faz?
— Quem disse que quero ficar com ele?
— Não seja ridícula! — contesta e continua. — Se você não
aqui já teria ido embora e meu irmão sequer teria movido um dedo
para ir atrás de você.
Minha respiração está acelerada, sei que gosto de Ryan, não
me importa o que ele tenha feito, ainda gosto dele com toda a
certeza.
— Vocês fazem coisas terríveis com mulheres e matam
pessoas, os processos estavam todos certos e ainda não sei como
você e seu irmão chegaram ao poder de uma máfia! — exclamo, e
ajeito meu cabelo atrás da minha cabeça.
— A Ana morreu antes que eu conhecesse ela, formos
treinados para assumir o posto é uma coisa de família pode
perguntar ao Ryan se ele quiser te responder, os processos
estavam errados, ok?
— Como eles estavam errados se havia provas!?
Ele quer mesmo me enganar? Eu vi os noticiários, a mídia só
falava disso, mas depois tudo aconteceu e eu não sei mais de nada
do que os jornais falam lá fora.
— A mídia já esqueceu esses processos falsos, o mercado
de mulheres Ryan acabou com isso quando Ronald morreu, drogas
e armas são coisas comuns no mundo, querida cunhada, somente
pessoas ruins morrem, assim como seu papai.
Suas palavras são ácidas e firmes, Ruan não teria motivos
para mentir ou me manipular, já o irmão dele é tão diferente.
— Se os processos eram falsos por que vocês foram atrás do
meu pai?
Sei que minhas perguntas estão tirando a paciência dele, que
não parece ser muita.
— Porque seu pai era um aliado do NX, encontramos
documentos no escritório dele que mostrava isso, fora que sua mãe
deve saber disso também!
Rafael aliado do NX? Qual motivo, minha mãe sabia?
Somente se ela tivesse seus interesses envolvidos nisso, não
consigo duvidar que Margareth poderia fazer algo desse tipo.
— Você nem sequer dúvida do que sua mãe é capaz. —
Suspira e depois limpa a garganta. — Mas quer duvidar do meu
irmão que te salvou?
— Não duvido de mais nada do seu irmão. — Contrario e ele
dá uma risada antes de a porta ser aberta por Kathe com uma
cadeira de rodas na mão.
— O que você está fazendo aqui? — Minha irmã pergunta
aportando para Ruan que ergue a mão no ar.
— Apenas falando com a minha cunhada, aliás. — Se vira
para mim antes de terminar. — Pense bem essa semana, eu sei o
que deve estar pensando e principalmente o que sente.
Suas palavras ficam no ar enquanto ele passa por Kathe que
me olha com uma sobrancelha erguida e com uma cara de muita
curiosidade.
— Isso foi uma ameaça?
— Não! — respondo, retirando o lençol do meu corpo,
colocando as minhas pernas para fora.
Kathe se aproxima com a cadeira de rodas para o meu lado,
me levanto, calço o chinelo e rapidamente me sento novamente na
cadeira.
— Então você está mesmo com o Ryan? Ele não é tão ruim
— murmura rodando a cadeira para a porta que Ruan deixou aberta.
— Tínhamos algo, apenas sexo acho, agora com tudo que
aconteceu nessas últimas 24 horas não sei o que temos mais.
Minha fala contradiz tudo o que afirmei para Ryan e seu
irmão, contudo, para Kathe eu não preciso mentir sobre meus
sentimentos, eu gosto dele e ponto.
— Sabe, nós crescemos em um meio podre e nojento, eles
aqui são do mundo do crime, mas pelo menos, não mentem e nem
fingem ser quem não são. — Suspira e empurra a cadeira para fora
do quarto fechando a porta. — Ryan é dez vezes mais confiável que
a sua mãe e seu pai que morreu.
Fiquei calada enquanto minha irmã continua empurrando a
cadeira pelo vasto corredor do castelo, que parece enorme e de
uma arquitetura impecável. Kathe não mentiu, sabe que o meio da
elite de Dublin não é bom, Raine é uma prova disso, Ryan que está
nele também era.
Eu posso pensar, tenho uma semana para decidir o que eu
realmente quero.
CAPÍTULO 39
ryan moore

Gael e Luís estão sentados à minha frente, os dois com um


terno preto, a diferença é que Luís mantém um notebook sobre suas
pernas. Os dois se mantiveram no castelo durante essa semana que
passou, tudo que ficou para trás do velho hospital foi destruído
graças aos dois, nunca mais terão provas sobre o que aconteceu lá.
— Quero uma reunião agora, com todos. — Gael me olha e
assente se levantando.
— Vamos fazer algo?
Pego uma caneta em cima da mesa e abro um caderno
qualquer, escrevo alguns pontos importantes da cidade e entrego na
mão de Luís.
— Vamos, deixaremos um recado a essa cidade e mostrar
que os famosos fantasmas continuam no poder. Voltarei para a
empresa, e a mídia nos deixará em paz.
— Precisa falar com os escolhidos, já se passou uma
semana. — Luís me lembra.
— Sim, sim, Ruan está dando um jeito neles dois por
enquanto, agora, vá chamar os outros.
Ordeno para ele que assente andando para fora da sala.
— Tem algo importante que eu precise saber sobre essa
semana?
— A única coisa que você tem que saber é fazer seu trabalho
— respondo e ele volta a se concentrar no seu notebook.
As desconfianças do soldado do meu irmão sobre Allie me
deixaram com um pé atrás com ele, Luís foi escolhido por mim para
ficar de olho em Ruan, os dois na época tinham muitas coisas em
comum.
— Se a mídia largar do nosso pé, ainda teremos problemas
com Nico.
— Sei bem disso, porém, Nico não vai voltar a aparecer tão
cedo, talvez eu mande uma pessoa atrás dele.
Comento casualmente e relaxo na cadeira o observando,
será que Luís está planejando me trair, trair a organização que o
tirou das ruas?
Isso é algo que eu ainda queria ver, alguém me traindo dessa
forma ou com algo pior.
— Chefe. — Hanna, Valéria, Runa e Gael entram na sala de
uma vez, olho para trás deles e não vejo Travis. — Vamos fazer algo
interessante e finalmente sair desse tédio?
Ruan ri das palavras de Hanna e se joga no sofá do outro
lado da sala.
— A ruiva sempre querendo entrar em uma briga, como se
ela lutasse…
Interrompo meu irmão antes que ele continue e brigue com
Hanna de uma vez.
— Vamos deixar um recado na cidade, quero que todos
saibam que estamos de olho em tudo que acontece, Luís vai invadir
o sistema de internet e deixar uma mensagem para todos, a noite
faremos uma pequena demonstração de poder.
— E qual seria essa demonstração?
— Boa pergunta, Valéria, explanaremos os segredos de
Rafael Morgan, mostrar quem realmente era o tão famoso
advogado. — Todos me olham surpresos e Hanna sorri para mim.
— Ótima ideia, assim não teremos ninguém duvidando de
quem somos.
Suas palavras parecem ter um duplo significado, talvez Allie
tenha dito algo que a irritou.
— Achei uma ideia muito fraca, poderíamos expor alguém
mais poderoso ainda, mostrar que os processos não fazem sentido.
— Os processos já foram encerrados, eles não têm provas
que nos incrimine.
Afirmo e todos continuam me olhando como se esperassem
algo mais, contudo, não posso resolver tudo de uma vez só, temos
que construir com calma para dar certo.
— Vamos voltar para a empresa, as primas ficarão com os
negócios do castelo de volta, Gael e Luís também vão voltar com a
gente.
Assinto para as palavras do meu irmão, as coisas voltarão
com calma ao seu lugar.
— Que bom! Teremos privacidade — Valéria reclama e uma
batida na porta é ouvida.
— Quem é? — Espero uma resposta.
— Eu, posso entrar? — A voz do outro lado não me
surpreende, mas os outros se entreolham
— Pensei que ela estivesse com ódio de todos nós —
comenta Hanna e Ruan ri.
— Estamos em plena segunda de manhã e tendo surpresas.
A porta é aberta e Allie entra, seus olhos passam por todos
na sala antes de finalmente chegarem a mim, observo suas roupas,
ela veste uma calça jeans, um moletom, calçava um tênis branco,
seus cabelos estão soltos e molhados, seus olhos azuis transmitem
confiança.
— Saiu do quarto? Como se sente hoje? — A provação da
ruiva não passa despercebida e a Morgan a olha de cima a baixo
ignorando a existência dela.
— Poderia falar com você sozinho?
— Com certeza, saiam todos! — decreto.
Valeria cumprimenta Allie com Ruan, Gael e Luís, Hanna
passa por ela sem sequer olhá-la, quando a porta é fechada aponto
para a cadeira à minha frente.
Allie caminhou até ela parecendo insegura de se sentar, suas
mãos parecem estar suando.
— Preciso ir à minha casa — avisa com voz insegura.
— Para quê?
Levanto-me da cadeira e me aproximo dela que aparece se
encolher onde está sentada.
— Pegar minhas coisas, já que ficarei no seu apartamento,
não é isso que você quer?
Coloco minhas mãos dos dois lados da cadeira e aproximo
meu rosto do seu.
— Isso é necessário para você ficar segura — reitero, e
passo meu nariz por seu rosto.
Sinto sua respiração acelerar e sorrio.
— Como estar seus pontos? O Dr. Peter retirou?
— Sim. Poderia sair de perto de mim? Deixo um beijo no
canto da sua boca e olho seus olhos, vendo sua pupilar dilatar.
— Isso que você quer? Que eu saia de perto de você? —
sussurro no seu ouvido e mordo a ponta da sua orelha.
— Não sei — murmura, enquanto desço beijos pelo seu
pescoço.
— Não sabe, por que acha que eu ainda sou um criminoso
que não merece você?
Dou um selinho na sua boca a impedindo de me responder
imediatamente, continuo com minha boca colada à sua, até ela se
afastar e me responder:
— Não acho, tenho certeza, como também tenho certeza de
que vai me manter no seu apartamento por outras coisas além de
minha segurança.
Jamais vou contrariá-la quanto a isso, porque errado é algo
que ela definitivamente não está.
— Se você quer pensar assim, tudo bem.
Aproximo-me mais uma vez dela e a beijo, mordo seus lábios
inferiores sentindo o gosto doce da sua boca, seguro seu pescoço
com a minha mão direita, enquanto a esquerda desce pela sua
perna.
Tiro minha mão do seu pescoço e a levanto da cadeira. Beijo
seu pescoço e sinto sua respiração acelerada como a minha, desço
minhas mãos por seu corpo.
— Fico feliz ao saber que seu corpo ainda me deseja.
Sussurro no seu ouvido e ouço um resmungo dela, sinto seu
corpo se afastando do meu aos poucos, sei que os cortes ainda
estão recentes e que não podemos ir além disso, por enquanto.
— Pode me arrumar um carro para ir até à minha casa? —
Allie não olha para mim e ajeita o cabelo.
— Posso, pode ir — digo, e ela finalmente me olha. —
Mandarei Travis levar você e sua irmã, nos veremos a noite no meu
apartamento.
Ela não me responde nada antes de virar as costas e me
deixar sozinho do escritório. Pego meu celular e procuro o número
de Travis, envio uma mensagem ordenando que ela leve Allie e a
irmã para a casa onde elas moravam antes.

ALLIE MORGAN

Ainda consigo sentir os beijos de Ryan na minha boca, suas


mãos passando por meu corpo acendendo todo o desejo que eu
sinto por ele.
O desgraçado parece saber que eu cederei para ele de
qualquer jeito não importa como, seus beijos são ótimos, seus
braços parecem meu lugar certo no mundo.
— Quer mesmo ir até àquela casa? — Kathe me tira dos
meus pensamentos e assenti.
— Preciso pegar algumas coisas lá, Margareth precisa de
notícias.
O motivo não é esse, quero somente ver até onde minha mãe
é capaz de mentir ou de inventar coisas para conseguir o que ela
quer, nessa semana que se passou, ouvi algumas coisas a seu
respeito e porra, como sou burra.
— Ela não precisa saber nada sobre você, agora que vai para
casa de Ryan viver sua liberdade depois de 23 anos presa aquela
casa.
Será mesmo que existe essa liberdade? Ele anda com Gael o
tempo todo, ele é seu principal segurança ou soldado, ainda me
confundo com isso.
— É…
— Vamos lá, irmãs Morgan
Sou interrompida por Travis que me dá um sorriso e pisca um
olho para mim, ele parece ser mais fácil de se conversar de que os
outros.
— Finalmente! — Kathe exclama e eu fico um pouco sem
graça.
Começamos a andar para fora do cômodo que parece uma
sala, tudo ali dentro parece moderno demais para um castelo, o
corredor que leva para a saída do lugar parece longo. Porém, logo
chegamos à porta gigante, homens de ternos e com armas nas
mãos fazem o que parece ser a segurança.
Carros de luxo e grande porte estão do lado de fora, em uma
fila enorme, paro assim que sair e coloco a mãos na frente do meu
rosto, protegendo-o do sol.
— Allie, vamos logo! — Kathe me grita e eu desço a pequena
escada.
Travis espera por nós com a porta do carro aberta, minha
irmã entra primeiro e a acompanho, mas antes dou uma olhada por
todo o jardim da frente.
— Curiosa com o lugar?
— Um pouco.
Respondo e entro de vez no carro, não confio em ninguém
aqui ainda, mal os conheço para ter certeza de alguma de coisa, é
tudo novo.
— Você precisa relaxar.
Solto um suspiro com a reclamação de Kathe e coloco o cinto
de segurança com cuidado, os pontos foram retirados mais cedo,
contudo, ainda parece bem sensível.
— Estou relaxada.
O carro é colocada em movimento, encosto minha cabeça
vidro da janela, e aprecio o silêncio, preciso me lembrar de pegar
meus remédios. Fecho meus olhos quando percebe que Travis nem
Kathe falam algo.
Muito provável que a viagem demore bastante, o lugar parece
isolado da movimentação do centro.
— Chegamos.
Abro meus olhos rápido e percebo que realmente já
chegamos, estamos bem de frente para os portões da minha casa,
eles foram abertos e o carro entra.
— Você acha que ela tá em casa? — pergunto a minha irmã,
que assente.
— Preferia que não estivesse.
— Eu também, quero falar com a senhora Wanda,
deixaremos ela sozinha com a nossa mãe.
— Não vai ser um problema para ela, morou praticamente a
vida inteira aqui.
Concordo e abro a porta do carro, desço primeiro e logo vejo
Margareth nos esperando com um sorriso sereno no rosto.
— Minha filha, já voltou da sua viagem?
— Não estava viajando, Margareth. — Suas sobrancelhas se
erguem com a minha resposta e ela suspira.
— Isso é o que fui informada, agora vamos entrar.
Ordena e vira as costas entrando na casa e deixando a porta
aberta.
— Vão querer ajuda lá dentro? — Nego com a cabeça apara
Travis que cruza os braços e se escora no carro.
Subo a pequena escadaria e entro ouvindo os passos de
Kathe pelo da casa atrás de mim, chegamos à sala e Margareth nos
espera sentada no sofá.
— Vim pegar minhas coisas para ir embora — informo e ela
levanta os olhos para mim.
— Ir embora para onde, querida? Você nem sequer tem para
aonde ir — debocha, fecho minhas mãos em punhos tomando
coragem.
— Para um lugar melhor que aqui, agora se me der licença,
pegarei minhas coisas.
— Pare aí! — grita, levantando-se do sofá. — Está falando
realmente sério?
— Parece que ela está brincando?
Kathe entra na frente dela e Margareth desce os olhos
parecendo ter finalmente visto sua outra filha.
— Saia da minha frente, garota idiota.
— Cala boca! — brado atraindo a atenção dela. — Cansei de
toda essa merda, pegarei minhas coisas e irei embora para sempre
daqui, você — Aponto bem para o rosto dela. — Me manipulou a
vida inteira, me fez passar por coisas que eu não merecia, então só
cale a merda da sua boca!
— Olha no que você se tornou.
Reviro meus olhos para suas palavras e ando até à escada,
subo às pressas para o andar de cima deixando Kathe e ela lá
embaixo. Entro no meu quarto e vou para o closet pegar minhas
malas e organizar minhas coisas.
— Gostei do que falou lá dentro.
Escuto a voz da minha irmã e a ignoro, saio do closet e vou
para o banheiro do meu quarto pegar minha pasta de remédios.
— Vai me ignorar também? — Olho para ela que parece
irritada e entro no closet novamente.
— Quero sair daqui o mais rápido possível, evitar mais uma
briga, agora me ajude a colocar essas coisas nas duas malas,
somente o necessário.
Começamos a colocar as roupas nas malas, corre tudo
rápido e sem nenhum sinal de Margareth, que talvez tenha desistido
de nos encher, lá frente talvez ainda teremos que ter algum tipo de
conversa, mas agora o importante é ir embora.
— A senhora Wanda?
Kathe parece não entender e depois faz um sinal com a mão
que não entendo.
— Ela não está, olhei na cozinha antes de subir para cá.
— Uma pena que perdi meu celular.
Lamento e coloco em pé as malas, começo a arrastar as
duas para fora do closet e dou de cara com a minha mãe sentada
na minha cama de braços cruzados.
— Boa sorte, querida, só uma coisinha para você se lembrar
que sempre estaremos ligadas.
Suas palavras fizeram um frio passar pela minha espinha,
talvez ela esteja falando do passado, não faço ideia, mas me faz
ficar por um momento com medo.
— Vamos embora de uma vez!
Kate reclama e pego uma mala da minha mão, olho para
Margareth uma última vez e sai do quarto com a última mala. Passo
pelo corredor do segundo andar olhando as paredes sem fotos,
essa foi a minha casa durante minha vida inteira.
Mas com certeza não sentirei nenhum tipo de falta de estar
indo embora daqui, será minha apenas eu conquistando a minha
liberdade.
— Feliz de te ver saindo de perto dela.
Ouço o sussurro de Kathe e sorrio para ela.
— Você não imagina o quanto eu estou.
Confesso e começamos a descer a escada, agora ir para
casa de Ryan e tentar viver uma nova vida, ainda ameaçada por
NX.
CAPÍTULO 40
RYAN moore

— Chefe, acabei de chegar aqui as irmãs entraram na casa


com a mãe, por enquanto está tudo bem.
Ouço as informações de Travis e relaxo na cadeira.
— Ótimo, me ligue quando sair daí.
Ordeno e desligo o celular me levantando, coloco o aparelho
no meu bolso, pego o paletó de cima da mesa e visto, caminhando
para fora do escritório
— Vai sair? — Hanna aparece na minha frente de repente e
eu assinto. — A Allie ficará no seu apartamento mesmo?
Olho para a ruiva e ouço meu celular vibrar no bolso, o pego
novamente antes de respondê-la.
— Sim.
— Ela aceitou nosso estilo de vida numa boa?
— O que aconteceu, Ruan? — pergunto ao meu irmão assim
que atende ao celular deixando Hanna sem resposta.
— Estou esperando você, que demora é essa?
— Já estou indo.
Desligo o aparelho e o recoloco no bolso, a ruiva ainda está à
minha frente esperando por uma resposta minha.
— Acho que você precisa conter sua curiosidade, se puder ir
para o meu apartamento e esperar Allie lá com a irmã dela vai ser
mais útil do que ficar me fazendo perguntas.
Deixo Hanna para trás e sigo pelo corredor que leva a escada
para o andar debaixo, preciso resolver algumas coisas com os
escolhidos, escolher um bom destino para Remi, o garoto tem foco.
Não será uma boa ideia mandá-lo embora, contudo, erros
merecem consequências.
— Senhor, Luís foi na frente com seu irmão — Gael me
informa assim que chego ao final das escadas e seguimos para a
porta de saída.
Que como sempre do lado de fora está lotada com carros de
luxo, e dentro do castelo em algum cômodo está seus donos
viciados em algum tipo de jogo.
— O garoto receberá algum tipo de punição? — Gael anda
ao meu lado, em direção a BMW vermelha que me aguarda.
— Devidamente, porém, não acho que se ele tivesse
enfrentado os homens de Nico de verdade ele teria alguma chance.
Meu soldado ri enquanto abre a porta do carro para mim, ele
sabe perfeitamente como Nico treina seu pessoal de uma maneira
nada legal.
— Com certeza o garoto seria esmagado.
— Farei um treinamento mais pesado para ele e Jhon.
Comento enquanto entro no carro, a porta é fechada e Gael
segue para o banco da frente, o automóvel entra em movimento e
logo estamos saindo pelos portões enormes do castelo.
Coloco o cinto de segurança e relaxo no banco, no momento
não tenho muitas coisas para me preocupar, amanhã de manhã
todo a merda sobre Rafael Morgan e seus processos falsos estarão
na televisão.
Vai ser algo interessante de se ver.
— O senhor me desculpe a intromissão. — Olho para Gael
que me observa pelo retrovisor. — Mas não acha que a senhorita
Morgan vai achar ruim?
— Não.
E disso eu tenho certeza, se uma pessoa não consegue ver o
óbvio ou acreditar em você, faça ela acreditar, não importa como
conseguirá isso, só faça. Allie não quis acreditar em mim por bem,
vai ser por mal mesmo.
O resto do caminho é feito em completo silêncio, tanto que
mal percebo quando chegamos a frente ao prédio onde os garotos
moravam juntos.
— Me espere aqui na recepção, Ruan e eu conversaremos
com os dois.
Informo para Gael assim que desço do carro, a rua onde o
edifício fica é movimentada durante quase o dia inteiro, a noite é
calma e vazia, um ótimo jeito de fazer negócios por aqui.
— Bom dia, chefe.
Ignoro quem me cumprimenta e passo direto para o elevador
que está vazio ou se alguém ia entrar não teve coragem, aperto o
botão do andar dos garotos e espero subir.
— Estão todos aí? — pergunto a Luís que está parado do
lado de fora do apartamento.
— Sim, senhor.
Ele se desencosta da parede e me olha de maneira formal,
enquanto guarda seu celular no bolso, o soldado do meu irmão anda
estranho.
— Talvez a gente precise ter uma conversa.
Deixo-o avisado antes de passar por ele e bater à porta do
apartamento dos meninos, toco campainha espero por uns
momentos antes de ela ser aberta.
— Demorou para chegar, espero que tenha boa ideia do que
iremos fazer com Remi.
Ruan resmunga, portanto, sigo à minha frente para dentro do
apartamento, olho ao redor do lugar e não enxergo nada de mais,
tudo muito simples e organizado, diferente das outras vezes que
estive aqui.
— Chefe, não precisa punir o Remi. — Jhon atravessa na
minha frente e Ruan segurou o braço do garoto.
— Ficou maluco?
— Só aprende até fidelidade com meu amigo, do jeito que
você ensinou — ele rebate meu irmão que o solta.
— Fidelidade é não burrice, criança. Agora, cadê seu amigo?
— O outro ainda não tinha apareceu.
Ando até o sofá e me sento, tudo parece realmente limpo e
calmo para dois garotos.
— Estou aqui, chefe. — Remi se apresenta na sala como
mochila nas costas.
— Para que a mochila? — Ruan indaga e ele dá de ombros.
— Se o chefe vai me mandar embora eu já organizei minhas
coisas.
Dou uma risada debochada da sua risada, as pessoas não
saem da minha família a não ser mortas, e com certeza eu não
matarei o garoto.
— Você não vai embora, a menos que seja para o inferno.
Garanto e vejo ele franzir as sobrancelhas, com certeza
confuso, Jhon solta um suspiro de alívio e se joga na poltrona ao
lado do sofá, Ruan se senta ao meu lado também. Remi continua
em pé.
— Pensei que fosse me expulsar.
— Pensou errado, você terá que ter apenas uma luta com
Travis, ele é bom.
O garoto engole em seco, com certeza deve pensar que a
morte seria melhor, Travis é o soldado que não tem misericórdia,
criado nas ruas sempre lutando.
— Uma luta nem será tão ruim.
Ruan comenta e eu concordo com a cabeça.
— Okay. Depois da luta preciso fazer mais alguma coisa?
— Primeiro, você tem que pensar em como sair vivo dela, aí
depois veremos o resto.
Divirto-me o vendo engolir em seco como se fosse a pior
coisa do mundo, aliás, que mal terá em ele lutar? Nenhum, é
somente sobreviver e ponto.
Sinto meu celular vibrar no meu bolso e o pego vendo o
nome de Travis na tela.
— Acabei de deixar sua mulher em casa.
— Okay, vá para a empresa vou com Ruan para lá.
Ordeno e desligo o celular, meu irmão já está de pé e os
garotos me olham curiosos, uma curiosidade que ainda matará os
dois um dia.
— Quarta vai ser a luta.
Aviso e bato nas costas de Remi antes de sair pela porta do
apartamento e dar de cara com Luís esperando a mim e meu irmão
do lado de fora. Minha vontade é ir para o meu apartamento e ficar
com Allie, no entanto, minha empresa precisa de uma visita urgente.
A princesinha ficará para a noite.
— Vamos passar em algum restaurante antes de seguir para
lá — Ruan fala e eu concordo entrando no elevador.

ALLIE MORGAN
Cheguei à tarde no apartamento de Ryan, Hanna estava aqui
quando eu e Kathe chegamos, a ruiva não parecia muito à vontade
com a minha presença, talvez fosse somente impressão, elas me
ajudaram a arrumar tudo no quarto de hóspede.
Porém, foram embora após almoçamos lá pelas três da tarde,
agora é de noite e nada de Ryan aparecer, pego um vinho branco
no seu bar, sento-me no sofá e já comecei a ficar entediada.
— Porra, não vai chegar nunca — resmungo e me arrependo
de ter começado a beber.
Os antibióticos que o Dr. Peter receitou não farão efeito se eu
continuar bebendo vinho branco, coloco a taça sobre a mesinha de
centro e levanto minha blusa para olhar o corte da barriga.
— Aconteceu alguma coisa com seus ferimentos?
Assusto-me com a voz de Ryan ao meu lado, abaixo a blusa
com rapidez e sinto o corte arder um pouco, forcei demais pegando
as malas.
— Não vi você chegar — comento, olhando-o de cima a baixo
e analisando seu terno cinza.
— Eu percebi, aliás, por que está bebendo?
— Estava entediada.
Ele solta um suspiro e começa a tirar o paletó, tento ignorar
sua presença na sala, pego a garrafa de vinho e começo a andar na
direção do bar.
— Se ficou entediada, por que não saiu com a sua irmã?
Estranho sua pergunta e coloco a garrafa sobre o balcão,
virando-me de costas para ele.
— Não faço a mínima ideia de aonde minha irmã está.
E é verdade, nem passou pela minha cabeça perguntar
aonde ela ia ficar, estou sendo muito irresponsável com a minha
irmã, saí de casa e sequer pensei nela.
— Ficou preocupada?
Estremeço sentindo o corpo de Ryan nas minhas costas,
inalo seu perfume forte que toma todo o lugar igual o homem que
usa, fico parada esperando que ele se mova, mas não acontece.
— Fiquei, você tem um celular para me emprestar?
Suas mãos vão para a minha barriga e começam a fazer
círculos perto da onde levei a facada, seu rosto está ao lado do meu
ombro.
— Celular? Tenho sim, até esqueci que você estava sem
celular e documentos. Temos que resolver isso, não é?
— Precisamos resolver outras coisas primeiro. — A lembrei e
ela deu uma pequena risada, colando mais ainda nosso corpo.
— Verdade, mas hoje estou cansado, tomarei um banho,
peça uma pizza. E amanhã, nós arrumaremos um celular para você
e o principal conversar sobre nossos assuntos pendentes.
— Assim fácil? — Estou desconfiada demais para poder ser
verdade.
— Assim fácil, ou acha que sou tão ruim?
— Não faço ideia.
Admito e sinto seu corpo se afastar aos poucos do meu, viro-
me de frente para ele que me olha com seus olhos pretos cheios de
desejo reprimido.
— Vou tomar banho, aquele telefone ali tem o contato de uma
pizzaria no centro da cidade, é só ligar. — Aponta para o aparelho
na parede do corredor.
Assinto com a cabeça para Ryan que me dá uma última
olhada antes de virar e ir direto para o corredor, solto a respiração
que estava prendendo quando ele chega perto de mim.
Ando até o aparelho e procuro o contato da pizzaria que ele
falou, faço o pedido de duas pizzas de muçarela, sento-me no sofá
novamente e espero até que o entregador chegar ou Ryan sair do
banho.
— Já terminei, fez o pedido?
Ryan aparece uns 20 minutos depois com uma calça de
moletom preto igual à minha e sem camisa, seu corpo ainda me
surpreende com o quanto é malhado.
— Fiz, deve estar…
Nem termino de falar e a interfone toca, Ryan atende e eu
continuo sentada no sofá mordendo o meu polegar e me sentindo
extremamente nervosa.
— Fez um bom perdido. — Ele abre a porta e volta com duas
caixas de pizza. — Está se sentindo incomodada?
— Não, na verdade, sim — confesso e ele coloca as caixas
na mesa de centro. — Não sei se quero esperar até amanhã para
conversarmos.
— É só isso? — O deboche na sua voz não passa
despercebido enquanto se senta ao meu lado e pega um pedaço da
pizza.
— Sim, é só isso!
Reafirmo e ele revira os olhos como um adolescente
debochando de algo muito idiota.
— Vamos falar sobre de tudo amanhã de manhã, relaxe e
coma, só iremos conversar quando eu tiver provas sabe? Não quero
você abrindo sua boquinha esperta para me dizer que estou errado.
— Se estivesse errado você admitiria?
— Não.
Sua resposta me faz duvidar se Ryan abrirá o jogo comigo ou
não. Pego um pedaço da pizza também e começo a comer com
calma e pensar em alguma coisa que não seja amanhã ou o homem
ao meu lado.
— Só para te lembrar, quero saber do seu passado também.
Suas palavras me fazem querer vomitar o pedaço que eu
engoli, porém, consigo ignorar o frio na minha barriga e o medo que
eu tenho me concentrei somente no momento ali.
— Relaxe essa noite, baby.
Continuo comendo e começando a duvidar se eu realmente
quero ter uma conversa com Ryan.
CAPÍTULO 41
RYAN moore

Acordo cedo, talvez a ansiedade para ver as notícias sobre


Rafael na televisão, a reação de Allie ou somente para ver o caos
que está na cidade depois de ontem.
Deixar um recado para que todos possam ver que os
mafiosos da Irlanda estiveram e estão no comando todo esse
tempo? Sim, fortalecer o meu ego e de todos é sempre bom.
— Bom dia. — Ela aparece na cozinha vestindo a mesma
roupa de ontem e com um coque na cabeça. — Pensei que não
fosse estar em casa essa hora.
— Claro que estou, ou acha que esqueci que temos uma
conversa para colocar em dia?
Meu comentário a faz dar de ombros com indiferença e se
apoiar no balcão me olhando firmemente.
— Conversaremos assim? — Aponta para nós dois e eu levo
a caneca de café a boca.
— Sim, mas por favor ligue a televisão.
Peço e ela se vira de costas indo pegar o controle que está
perto da parede onde o aparelho fica, Allie não aparenta estar muito
confiante, o olhar preocupado no rosto dela denuncia que mal
dormiu a noite.
— Quer que seja colocado em algum canal especial?
— No jornal por favor.
— Okay. — Ela sintoniza colocado no jornal onde passava
justamente o que aconteceu ontem à noite.
E o melhor, os crimes de Rafael estão sendo contados para
todos que assistem, Allie parece paralisada olhando para a notícia à
sua frente.

— O então advogado Rafael Morgan não passava de um


criminoso, sua morte que foi lamentada por grande parte dos
grandes empresários e investidores se explica agora. — Um
dos jornalistas conclui e outro continua.
— Com certeza, um bom corrupto viciado em pornografia
infantil, envolvido com menores de idade, que ajudava os
outros corruptos.
Os crimes, os quais foram comprovados a participação
do advogado eram, pornografia, falsificação de assinaturas,
lavagem de dinheiro, entre outros.

— Foi você não foi?


Allie se vira para mim, parecendo ainda em choque, seus
olhos estão cheios de lágrimas, a princesinha dos Morgan nem
parece acreditar nas coisas que estão sendo ditas.
— Talvez, só provando para você. — Aponto para a cara
dela. — Que não sou um traficante de mulheres, ou um estuprador,
não sou santo, porém, nunca desci a um nível tão baixo quanto seu
pai.
— Não precisa de tudo isso — sussurra e desvia os olhos
dos meus. — Já posso desligar?
— Não. — Nego de imediato e ela volta a me olhar com raiva
dessa vez. — Tem outras notícias que envolvem o meu nome para
ser noticiadas.
— Pensei que fosse continuar me humilhando.
Franzo minhas sobrancelhas e respiro fundo, saio de trás do
balcão onde estou e começo a andar na direção dela que se afasta
para perto da parede.

— Agora depois de todo esse escândalo envolvendo os


Morgan, falaremos sobre quem voltou à ativa na cidade,
criando o caos e terror nos cidadãos de Dublin. — A jornalista
que estava agora sozinha faz uma pausa. — A máfia irlandesa
voltou a agir, mostrando que tem poder sobre essa cidade e
muita autoridade.

As notícias sobre a onda de apagão que teve em uma parte


da cidade começa a ser noticiado, o caos parece estar instalado nos
bairros mais ricos e alguns pobres também, cartas e lugares
invadidos mostra que não aceitaremos nenhum tipo de rebeldia
contra nós.

— E não para por aí, o chefe dessa terrível organização


deixou um bilhete para todos com um único recado: Obediência
e sabedoria, obedeçam aqueles que estão no poder…

A televisão é desligada na hora que a jornalista concluía meu


recado, uma pena não poder falar ou ouvir sobre ele.
— É isso que você faz quando as pessoas fazem o que elas
querem?
— Não, isso faço quando um filho da puta surge do inferno e
sequestra a minha garota a esfaqueando, com um doente mental.
Minhas palavras parecem deixar Allie em choque por um
momento, porém, logo ela ergue o nariz me encarando com firmeza.
— Okay, entende, mas agora vamos falar sobre você.
Aponta para o meu peito, ergo as sobrancelhas e cruzo meus
braços, eu serei o tema e ela não?
— Por que não falamos primeiro da sua vida? — Devolvo, e
ela funga revirando os olhos.
— Pelo simples motivo que você tem poder o suficiente para
saber tudo sobre mim.
Sorrio e me afasto dela me escorando no balcão espero até
que ela comece a fazer suas perguntas.
— Pode iniciar seu interrogatório.
— Não é a merda de um interrogatório — rebate parecendo
irritada, porém, logo volta a falar. — Quem eram os seus pais?
— Ana era minha mãe, Ronald Moore o meu pai, o homem
que foi um dos primeiros chefes da máfia irlandesa.
— Qual o sobrenome da sua mãe?
Franzo minhas sobrancelhas, não me lembro do sobrenome
dela, mal conheci Ana, ela apenas deu a vida a mim e Ruan depois
Ronald a matou.
— Não faço ideia, não a conheci de fato, Ronald a matou
depois que ela teve meu irmão.
Minha sinceridade parece afetá-la, contudo, sua postura se
mantém firme.
— Sua família é louca — murmura, e dou risada. — Como
você chegou ao seu cargo?
Suspiro e passo a mão na minha barba que está maior do
que eu costumava deixar, penso em contar uma história legal e
bonita, porém, é melhor dizer a verdade.
— Sou o herdeiro por direito, fui treinado desde criança para
isso.
— Para ser um criminoso?
— Ah! Nem é tão ruim assim, não vá por esse caminho, se
quiser que isso entre nós dê certo.
Reclamo, ela cruza os braços batendo o pé no chão,
controlo-me para não rir da cena.
— Para mim, parece horrível, imagina se você for preso.
— Igual seu abusador foi preso?
Sei que estou mexendo em um ponto perigoso, contudo, não
pararei, Allie tem que entender que eu não serei preso, é mais fácil
ser morto mesmo.
— Realmente não aconteceu nada com ele. — Sua voz é em
um tom quase inaudível e ela parece ter se perdido em seus
próprios pensamentos.
— Não fique assim, princesinha, quer me falar o que
aconteceu?

ALLIE MORGAN

Ouço a pergunta de Ryan e continuo parada pensando sobre,


não me lembro direito como aconteceu tudo, às vezes minha mente
se perde nas memórias que eu tento bloquear.
— Acredito que começou na minha segunda consulta com
ele, Kathe era uma garota rebelde meu pai a odiava por ela não se
parecer com ninguém da nossa família. Aí comecei a desenvolver
alguns problemas de ansiedade quando ouvia ele gritar com ela.
Faço uma pausa e ele continua em silêncio esperando que
eu continue.
— Depois um dia no jardim encontrei com o Dr. Duran e meu
pai o apresentou como o meu psiquiatra, coisa que eu nem sabia o
que era na época. — Paro novamente e respiro fundo. — Na
primeira consulta, nada aconteceu, na segunda ele mandou eu me
sentar no colo, aí começaram as passadas de mão, depois os
elogios e por fim os abusos.
Não quero continuar falando, mas Ryan parece querer que eu
conte mais, isso é algo não irei fazer, me recuso.
— Está tudo bem?
— Está sim, o que você quer mais saber?
Ele parece se assustar um pouco com a minha fala rígida e
se aproxima de mim.
— Seus pais sabiam do que aconteceu com você?
— Não faço a mínima ideia, a minha mãe depois que o Dr.
Duran foi embora começou a ter algumas atitudes estranhas, mas
Rafael nunca falou nada, ele mal ficava em casa.
Ryan pondera minhas palavras antes de colocar suas mãos
na cintura e me olhar com firmeza, seu olhar transparece raiva sem
nenhuma dúvida.
— Se eu soubesse disso, poderia ter matado seu pai e sua
mãe sem nenhuma dúvida, agora uma coisa que eu não entendo, e
por que merda você ficou com raiva de mim?
— Você mentiu! Me usou para chegar perto dele, eu nem
sabia quem era você!
Aponto o dedo na cara dele e tomo distância sentindo a raiva
nas minhas veias, nunca fui burra sabia que o que tem acontecido
entre nós, é sexo.
— Nunca te usei! — Grita de volta — Não precisei usar
ninguém para chegar até ele, transamos porque eu senti tesão em
você e ponto final.
— Sentiu somente tesão, né? Assim como sentiu em Raine e
ela fez o que fez!
Ele dá uma risada debochada e começa a andar na minha
direção, dou alguns passos para trás até sentir meu corpo tocar a
parede que divide a cozinha e a sala de jantar.
— Pare de tentar mudar de assunto só porque estamos
falando do seu passado traumático. — Ryan coloca suas mãos nos
dois lados da parede me deixando dentro deles. — Enfrente a
merda dessas coisas de frente, não vou te perguntar o que
aconteceu quando Felipe te levou porque é recente, no futuro
resolveremos isso.
Abaixo minha cabeça me sentindo encurralada.
— Odeio o meu passado — murmuro e ele pega o meu
queixo levantando a minha cabeça. — Não queria que nada daquilo
tivesse acontecido.
Sua testa encosta na minha, nossas respirações estão
praticamente juntas, seus olhos transmitem conforto e talvez pena,
compaixão por tudo que aconteceu, no fundo, é por isso que eu
estou aqui?
— Não pense besteira — adverte e reviro meus olhos
tentando aliviar o momento. — Nunca sinto pena de ninguém.
Garante e fico me perguntando como ele sabe o que eu estou
pensando.
— Não quero ser um fardo para ninguém, Margareth me dizia
isso sempre.
— Foda-se aquela velha vagabunda! Nenhum deles importa
agora, o importante mesmos somos nós dois principalmente você
que continua machucada.
Olho para o meu braço que continua enfaixado, a facada foi
superficial, a da minha barriga vai demorar mais para sarar, meus
seios estão muito feios em alguns lugares.
— Concordo — admito, uma das suas mãos vão para o meu
pescoço, fazendo carinho no meu cabelo.
— O importante é retornamos de onde paramos no jantar na
sua casa.
Seu sussurro no meu ouvido arrepia os pequenos pelos dos
meus braços e nuca, daremos certo mesmo? Ryan tem a sua vida e
até onde vi muitos inimigos.
— E onde paramos?
Sinto-me insegura olhando em seus olhos, vendo toda aquela
imensidão preta me olhando.
— Na parte que nos dois ficamos juntos.
— Você está falando que agora estamos juntos? — Ergo
minha sobrancelha com um sorriso debochado, vejo seus olhos se
estreitarem.
— Não vou te pedir em namoro se é isso que espera, mas
estamos juntos sim! Mas ainda temos umas mil coisas que serão
resolvidas com o tempo.
Sua garantia me faz querer sorrir, porém, ele está certo, eu
ainda não confio totalmente nele, e sei que Ryan também não confia
plenamente em mim, seus segredos ainda são guardados e duvido
que ele compartilhará algo do seu trabalho comigo.
— Porém, agora, princesinha, deixaremos toda essa merda
de lado e transaremos, tomarei cuidado com os seus machucados.
Sua boca desce sobre a minha, me dando um beijo de tirar
meu fôlego, suas mãos vão para a minha bunda a apertando com
força, Ryan parece um esfomeado querendo me comer.
— Senti saudades dos seus beijos — murmura com a boca
coloca à minha, em seguida morde meu lábio superior.
Minhas mãos vão para o seu pescoço, meu tesão subiu, sinto
a minha excitação molhando a minha calcinha, suas mãos seguram
forte, passo minhas pernas pela sua cintura e tento rebolar sobre
seu colo tentando aliviar a tesão.
Seus beijos descem por meu pescoço, enquanto eu me
esfrego desenvergonhada sobre ele.
— Estou louco pela hora que meu pau vai poder te foder com
força o suficiente para aliviar a tensão na sua mente.
Sussurra chupando meu pescoço, Ryan começa a andar para
a sala de jantar, me colocando sentada sobre a mesa, jogo a
sandália dos meus pés, enquanto ele tira a minha calça com a
calcinha de uma vez só.
— Sua bocetinha está escorrendo de excitação. — Seus
dedos começam a massagear meu clitóris com cuidado, enquanto
eu solto pequenos gemidos.
Seu braço direito segura um dos meus seios massageando a
ponta, depois desce a alça fina da blusa que eu está, mostrando
meu peito que tem algumas marcas, seus olhos vão diretamente
para elas, sua boca então beija cada uma, enquanto seus dedos
entram dentro de mim.
— Por favor, me fode de uma vez! — reclama, e ele ri tirando
o seio da boca.
— Seu pedido é uma ordem.
Seus dedos saem de dentro de mim, Ryan começa a tirar o
cinto da calça do seu terno, depois coloca seu membro para fora me
dando água na boca.
— Qualquer dia desse vou te fazer chupar ele todinho —
provoca, passando a ponta do seu pau na minha boceta antes de
entrar em mim, devagar. — Está sentindo algum tipo de dor?
— Não.
Afirmo segurando sua cintura para que ele se mova dentro de
mim, apesar de sentir um pequeno desconforto na região da barriga
não quero que ele pare até que termos gozado.
— Mas rápido — imploro beijando sua boca enquanto sua
mão desce a alça da minha blusa.
— Como você quiser.
Murmura parando de me beijar e colocando meu seio na sua
boca, sua mão esquerda começa a massagear meu clitóris rápido,
suor começou a brotar na minha testa quando sinto o orgasmo
chegando perto, passo minhas pernas na sua cintura para ele
chegar mais perto, mais rápido.
— Vamos gozar juntos, sem pressa, princesinha mimada.
Mordo seu ombro em resposta ouvindo sua risada logo
depois a aceleração das suas estocadas até sentir minha boceta
contraindo seu pau.
Ryan continua metendo até que gozarmos juntos, minha
cabeça fica apoiada no seu ombro direito, sinto um beijo ser deixado
em cima da minha cabeça e ronrono.
— Vai passar o dia em casa?
Ouço um suspiro vindo dele e levanto minha cabeça para
olhar nos seus olhos, que me observam com carinho e talvez lá no
fundo um pouco de amor.
— Infelizmente não, preciso ir à empresa, faz um bom tempo
que não vou lá.
— A sua empresa de tecnologia realmente é uma empresa
de tecnologia?
— Com certeza.
Reitera, começo a me ajeitar na mesa sentindo um pequeno
desconforto na minha barriga, Ryan também escorregou para fora
de mim, não usamos camisinha, os antibióticos cortaram o efeito do
anticoncepcional, então é só pedir para não engravidar.
— Tome café, okay? A empregada chegará daqui a pouco,
vou para a empresa, mas a tarde estarei de volta.
Ele fala enquanto arruma seu terno e o deixa impecável,
fecho minhas pernas e ajeito minha blusa também, Ryan pega
minhas calcinha e coloca na minha mão.
— Eu ficarei em casa, então tipo você não tem um celular
para me emprestar?
Indago enquanto visto minha calça e o ouço murmurar um
palavrão.
— Gael vai vir trazer um para você, okay? Ou trago quando
vier a tarde, tem uma biblioteca lá no meu escritório.
— Tá certo.
Termino de me vestir e coloco minhas mãos na cintura, Ryan
se aproxima e me dá um beijo lento, que me deixa com um frio já
barriga.
— Agora cuide-se.
Ordena, antes de sair andando para sala, escoro-me na
mesa novamente pensando em tudo que aconteceu nessa manhã e
nem sequer consigo raciocinar tudo direito.
CAPÍTULO 42
ALLIE morgan

— Olá, garotinha.
Ouvi uma voz me chamar e olhei para trás, o jardim à minha
volta me parecia bastante familiar, as roseiras plantadas com
algumas outras flores rodeavam todo o lugar.
— Quem é você?
Minha curiosidade falou mais alto e comecei a me aproximar
do homem.
— Não lembra de mim, Allie? — Paralisei no lugar me
lembrando quem era aquele homem, era o Dr. Duran.
— Vá embora! — ordenei começando a ficar ofegante e muito
nervosa.
— Conseguiu o que queria? Estou morto, meu filho também e
Raine coitada nem se fala.
Não entendi o que ele queria dizer, Felipe e Raine, nunca me
perguntei por eles. Me assustei mais ainda quando ele andou na
minha direção, comecei a correr e gritar.”

Acordei suada e com um Ryan me sacudindo em cima de


mim, fico estática olhando para as marcas que as minhas unhas
fizeram na pele dele.
— Allie, porra! Que merda foi essa?
Sua pergunta me faz cair na real, engulo em seco algumas
vezes sentindo a minha garganta completamente seca, lágrimas
caem dos meus olhos.
— Já é de noite? — Minha voz sai calma e agradeço
mentalmente por isso.
— Não, acho que nem passa das duas da tarde. Por que
você estava dormindo nesse sofá?
Ryan sai de cima de mim e começo a me sentar no sofá, não
fiz muita coisa depois que ele foi para a empresa, a empregada
chegou pouco tempo depois então, ela fez as coisas, comi e depois
dormi.
— Acho que acabei dormindo sem querer e perdendo a
noção do tempo.
Esfrego meus olhos tentando afastar o sono e as lembranças
do pesadelo com o Dr. Duran.
— Teve um sonho com quem?
— Não me lembro — minto e ele se senta ao meu lado com
os olhos estreitos, como se soubesse da mentira.
— Okay, já almoçou? Trouxe o seu celular.
Pega uma bolsa na poltrona e me entrega, a abro e pego a
caixinha com o celular dentro, ligo o aparelho e começo mexer, uma
pena que não tem o contato de ninguém ainda.
— Me dá. — Ryan pega o celular da minha mão. — Vou
colocar meu número.
Esclarece e me sinto um pouco aérea para raciocinar o que
ele fez, coloco a bolsa e a caixinha na mesa de centro e me levanto
do sofá indo para a direção da janela que está fechada.
— Você vai sair hoje?
— Vamos, quero te levar para conhecer uma das minhas
boates, aquela que você foi com sua irmã, ela deve estar lá com
Hanna e Valéria.
Ryan responde após um tempo, abro a porta que leva a
varanda que ilumina mais ainda o apartamento, fico parada
observando o quanto o lugar é luxuoso, o bar cheio de bebidas
caras, as paredes de vidro que divide outros cômodos, tudo tão
bem-arrumado e organizado.
— Apreciando a beleza?
Sorrio para a pergunta dele e mordo meus lábios, admiro o
quanto as coisas dele são bem-cuidadas, o sofá preto combina com
o cinza das paredes, alguns quadros com pinturas abstratas
enfeitam o lugar.
— Gosta de arte?
— Não, na verdade, foi Hanna e Valéria que arrumaram esse
lugar para mim.
Sinto uma pontada de ciúmes, mas a ignoro, eles são amigos
ou qualquer coisa do tipo há muito tempo.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Já fez — ele retruca me olhando, ando um pouco para
longe da varanda me aproximando novamente do sofá.
— Onde está Raine e Felipe?
Ryan para um pouco antes de me responder, parece me
analisar para saber se realmente falará a verdade ou não, ignoro a
parte de mim que achou que ele mentiria.
— Estão mortos.
Sento-me no início do sofá um pouco longe dele, ficamos nos
encarando por um tempo até ele estender o celular e eu pegá-lo.
— Você os matou?
— Somente Felipe, Raine só Hanna e Valéria sabem sobre.
Sinto alívio ao ouvir isso não ligava se isso faz de mim uma
pessoa ruim, o que importa é que nunca mais terei que encontrar
alguém da família Duran.
— Raine queria se tornar sua mulher, ela almejava se tornar
uma grande mulher da alta sociedade.
Comento como se não me afetasse o fato de que ela só me
sequestrou devido à ambição de ter algo com Ryan.
— Ela nunca conseguiria isso — reitera, e respirei fundo.
— Não teria tanta certeza.
— Não vá por aí. Temos que nos arrumar.
Lembro, passo a língua sobre os meus lábios e deixo o
celular no sofá, levanto-me com Ryan que passa a mão pelo meu
rosto ajeitando meu cabelo que está solto.
— Tem algo para você no meu quarto. — Franzo minhas
sobrancelhas não entendendo o que ele quer dizer.
— O que você tem para mim?
— Vá lá e descubra.
Instiga minha curiosidade e me dá as costas, saio atrás dele
que segue pelo corredor que leva onde fica seu quarto, o de
hóspedes e o pequeno escritório, o outro corredor leva a sala de
jantar e a cozinha.
— Espero que seja algo bom.
Ouço a risada de Ryan enquanto ele entra no seu escritório,
paro na frente da porta do seu quarto, entro e a fecho, sobre a cama
tem uma caixa preta grande. Aproximo-me e a abro, vejo um vestido
azul-claro, com algumas pedras que eu imagino ser de diamante.
— Uau — murmuro impressionada, ao lado da cama noto
uma caixa menor, a pego do chão e a abro vendo um salto dourado
nela.
— Já abriu? — Assusto-me com a voz de Ryan atrás de mim.
— Não vi você entrar! — exclamo, e ele coloca as mãos no
bolso da calça.
— Percebi, mas gostou?
— Com certeza, obrigada.
— De nada, agora seja uma boa menina e vá se arrumar
para irmos, tenho uma reunião por lá.
Cheguei perto dele e coloquei minhas mãos em seu pescoço
e fico na ponta do pé para deixar um beijo na sua boca, Ryan
continua parado quando viro as costas para ele, e sai andando para
o banheiro tomar um banho.

Termino de sair do banho e não encontro Ryan no quarto,


pego o vestido na cama e tiro o roupão para colocá-lo, visto-o com
cuidado e depois me sento na cama para calçar o salto.
Depois retiro a toalha do meu cabelo e saio de dentro do
quarto, ouço uma música saindo dos alto-falantes da casa, a porta
do quarto de hóspedes está aberta e entro.
— Demorou para terminar o banho. — Ryan está de costas
para mim, terminando de vestir em frente ao espelho.
— Demorei um pouco para me vestir.
— Precisa de ajuda com algo? — pergunta, virando-se para
mim.
— Só para colocar meu colar.
Vou em direção as duas malas que deixei em cima da cama
quando acordei, abro uma mala e pego uma pequena bolsa com
algumas joias, tiro de lá um colar com uma pedra azul que combina
com o vestido.
— Aqui, coloque por favor. — Peço, entregando o colar em
sua mão.
— Vire — manda, viro-me para ele, Ryan passa o colar sobre
meu pescoço e tira meus cabelos molhados para o lado. — Está
perfeita.
Um beijo é deixado no meu pescoço quando ele termina de
colocar, meus cabelos são colocados no mesmo lugar, suas mãos
descem para a minha cintura.
— Adorei o vestido — digo, enquanto suas mãos descem até
minhas coxas, onde o vestido termina.
— Sabia que ficaria bom em você, agora nos precisamos ir.
— Vou apenas passar um batom e arrumar meu cabelo. —
Viro-me de frente para ele que me beija lentamente.
— Estarei esperando na sala.
Informa ao se afastar e sair do quarto, pego uma escova na
minha mala e arrumo meu cabelo, deixando-o secar naturalmente,
me olho no espelho após passar o batom. Saio do quarto e vou para
a sala onde Ryan me espera olhando para a varanda.
— Vamos. — Chamo e ele anda em minha direção me
entregando o celular que eu deixei no sofá.
— Leve-o, quem sabe você não pega o número da sua irmã
com as meninas.
Assinto e andamos até à entrada do apartamento, Ryan e eu
saímos após ele fechar a porta, entramos no elevador com mais
dois homens que nos cumprimentaram.
— Terá algumas pessoas que antes você conhecia, fique
perto de Hanna e não deixei as pessoas te intimidarem.
— Okay.
Murmuro e logo após o elevador se abre no estacionamento
subterrâneo, sinto um frio na barriga ao lembrar do que aconteceu
naquele dia, mas logo o ignoro e entro no carro onde Gael está com
a porta aberta.
— Direto para a boate. — Ouço Ryan ordenando e logo após
o carro entra em movimento.
Demora um tempo para chegarmos a boate, desço do carro
com a ajuda dele que se mantém com nossas mãos juntas,
entramos no lugar que está realmente cheio de pessoas da elite,
não consigo ver Hanna e Valéria.
— Vamos por ali, okay? Elas estão lá no segundo andar —
sussurra no meu ouvido.
— Ta certo.
Ryan começa a me puxar para o segundo andar, subimos
uma escada, minha cabeça está baixa quando chegamos ao andar
superior, que parece bem menos movimentado.
— Elas estão ali, vá até lá.
Aponta para as meninas, ele sai me deixando sozinha no
lugar, aperto o celular na minha mão e começo a andar na direção
delas. Valéria sorri para mim e eu retribuo sentindo meu nervosismo
diminuir.

RYAN MOORE

Allie ficou no segundo andar da boate enquanto eu subo para


o terceiro andar pelas escadas, receberei um dos três integrantes da
Mão Vermelha Dmitry Podlesnykh.
— Ele acabou de chegar. — Travis me informa, enquanto se
mantém na porta do escritório.
— Acompanhado?
— Não.
Abro a porta com a resposta do meu soldado, Dmitry como
sempre não anda com outras pessoas, mesmo para entrar em um
território inimigo como o meu.
— Ryan Moore, me sinto honrado por receber seu digníssimo
convite.
Suas palavras de recebimento me fazem dar um sorriso
debochado para ele, que está sentado de costas para mim, ando até
à minha cadeira atrás da mesa, para ficarmos frente a frente.
— Eu que fico honrado por você ter sido humilde o suficiente
para me visitar — ironizou e ele dá uma risada.
— Seu irmão tem um humor melhor que o seu.
Ignoro seu comentário e cruzo minhas pernas, olhando
seriamente para ele.
— NX está vivo não acha estranho, já que eu e meu irmão o
matamos há alguns anos?
— Acho muito estranho sim, porém, não tenho uma bola de
cristal para saber que ele permaneceu vivo.
Seu sotaque russo que me dá ódio se sobressai sobre seu
inglês fluente, uma coisa que ele deixa acontecer já que Dmitry é
extremamente calculista.
— Sei bem disso, quero acabar com NX de uma vez.
Deixo claro minha intenção, Podlesnykh me dá um sorriso
perverso em resposta.
— Ótimo, eu posso te ajudar perfeitamente nisso, contudo,
sabe que ficará me devendo um favor, não é?
— Acha que sou uma criança que não sabe o que faz, sei
bem o que é dever aos russos.
Faíscas quase saem dos seus olhos, controlo-me para não
demonstrar minha insatisfação com ele e suas respostas, precisava
aturá-lo até que resolva ir embora.
— Fiquei sabendo do terror que causou ontem na cidade, eu
gostei.
— Imagino que sim, pareceu bastante com o jeito que vocês
conduzem seus negócios — provoco e a porta do escritório foi
aberta por Ruan que aparece sorrindo, e com uma garrafa de vodca
na mão.
— Estou muito ofendido por você, irmãozinho, não ter me
convidado para receber meu amigo Dmitry.
Sorrindo o russo se levanta para cumprimentar meu irmão e
eu observo a conversa ridícula e a perda de tempo entre eles, Ruan
abriu a garrafa de vodca e pega alguns copos entregando para mim
e Dmitry.
— Vamos beber enquanto os problemas não batem na porta
novamente.
Dou risada e reviro meus olhos para as palavras do meu
irmão.
— Os problemas já estão na nossa porta, é só abrimos eles
para entrarem.
Pisco meu olho para ele e aceno para Dmitry que retribui
levantando seu copo de e bebendo comigo e Ruan que parece
alegre demais.
— Agora vamos volta lá embaixo, sua garota parece bem
perdida ao lado de Hanna e Valéria, que se você conhece bem, às
vezes podem não ser nada amigáveis.
Seguro-me para não mandar Ruan calar a merda da boca,
contudo, levanto da cadeira e dou um sorriso para o russo que me
observa de canto de olho.
— Espero que realmente possa contar com você.
— Dou a minha palavra — Dmitry garante, e eu assinto.
A palavra dele não vale quase nada, porém, é melhor me
manter calado do que falar demais. Observo a interação entre os
dois na minha frente e os sigo para fora da sala.
Do lado de fora encontramos Luís, Gael e Travis nos
esperando, Podlesnykh me olha com desconfiança achando que
isso é uma intimidação, mas Ruan percebe e o puxa para
continuarmos andando.
Chegamos ao segundo andar e logo vejo Allie com as
meninas, ela está olhando justamente para as escadas que eu subi.
— Pensei que você fosse demorar mais — murmura assim
que chega perto de mim.
— Aconteceu algo?
— Nada, Kathe não apareceu por aqui.
— Hanna não te deu o número dela?
— Deu, estava esperando você vir, temos que ficar aqui
mesmo?
— Quer ir para casa?
Ela respira fundo antes de me responder e parece em dúvida
por um segundo, mas se vira para mim.
— Acho que meus cortes não estão bem, não tomei os
antibióticos hoje — revela, e eu passo meu braço por sua cintura
vendo uma movimentação estranha.
— Vamos para casa, precisa tomar seus remédios, não tenho
nada para fazer mais aqui.
— Okay.
Começamos a andar na direção às escadas, os dois
soldados que vieram comigo nos acompanham assim como Gael
que está conversando com Luís.
— Ei. — Chamei a atenção de Allie. — Vá para o carro com
Gael, vou resolver uma pequena coisa antes de irmos para casa.
Ela assente e vai andando para o estacionamento com meu
soldado, enquanto fico procurando pela velha conhecida que vi, há
pouco.
CAPÍTULO 43
ryan moore

Observo Allie até o momento que ela entra no carro, Gael fica
do lado de fora observando o estacionamento, volto para dentro da
boate onde os outros soldados me esperam disfarçados.
— Senhor, a senhora Margareth está no bar.
Um deles me informa e aceno com a cabeça, quero saber o
que essa desgraçada quer dentro de um estabelecimento meu, com
certeza se acha muito esperta por vir justo no dia em que metade da
elite de Dublin está aqui.
— Veja só que engraçado, uma vadia sentada na mesa do
meu bar.
Minha aparição repentina ao lado dela parece assustar um
pouco, no entanto, Margareth ajeita sua postura e coloca sobre o
balcão o copo de whisky que está na sua mão, observo a aliança
que ela ainda usa.
— Não sou uma vadia, gostaria de um pouco mais de
respeito, senhor Moore, já que o recebi muito bem na minha casa.
— Vamos acabar com a merda dessa papo, não se aproxime
de Allie ou da sua outra filha.
Ela dá uma risada passando a mão entre seus fios loiros.
— Veja bem, rapaz, quando minha filha disse que sairia de
casa não pensei que fosse para viver com um criminoso.
Assim que ela termina de falar me aproximo dela e seguro
sua mão a esmagando com força o suficiente para ficar vermelha
por um bom tempo.
— O criminoso aqui sabe de uns crimes que você cometeu,
ele também pode te matar — sussurro no ouvido dela e continuo
apertando sua mão. — Então na hora de falar, cuidado, okay?
— Okay.
Ouço sua resposta e solto sua mão em seguida, não perderei
meu tempo com aquilo.
— E continuando, não se aproxime de Allie!
— Já entendi, e não precisava ter manchado a imagem de
Rafael daquele jeito!
Seus olhos agora estão cheios de lágrimas que são com
certeza de ódio por mim, algo não me importa.
— Aquilo não foi nada.
— Não foi para você!
Sua voz se eleva e olho ao redor para ver se alguns desses
porcos ouviu alguma coisa.
— Tchau, Margareth.
Dou as costas para ela e ando em direção à saída, que
quanto mais rápido eu sair dali, mais rápido poderei ficar com Allie
em paz sem ninguém para atrapalhar. Saio de dentro da boate e
sigo até o carro, Gael abre a porta do carro e entro.
— Vamos para casa — ordeno para meu soldado, que entra
no carro, e ouço um suspiro de Allie.
— Preciso falar com Kathe — diz, baixinho, e olho para ela
pegando sua mão.
— Vai falar, agora relaxe, chegaremos daqui a pouco —
informo, e a vejo sorrindo para mim e colocando seu celular de lado.
Ela se aproxima de mim e beijo sua cabeça, olho pela janela
do carro e antes de sairmos do estacionamento consigo ver
Margareth observando de longe o carro.

ALLIE MORGAN

Saímos do elevador e Ryan abre a porta para mim, tiro meus


saltos assim que entro no apartamento, sinto um incômodo na
minha barriga, mas ignoro.
Seu celular está tocando.
Ele passa por mim e coloca o aparelho na minha mão, olho
para a tela e observo o nome de Kathe, um dos pouco contatos que
peguei com Hanna e Valéria.
— Como conseguiu meu número?
Indago assim que atendo e ouço um suspiro do outro lado da
linha, também conseguir ouvir um pouco de barulho.
— Com Hanna, agora me diga como está sua nova casa?
Ando em direção ao sofá e olho para Ryan que está de
costas para mim no bar pegando algo que não consigo ver.
— Está tudo bem, é bom e você sabe, que eu e Ryan
estamos meio que juntos.
— Sabia que isso aconteceria, ele é um cara legal sabe,
aproveite bem.
Demoro para responder um pouco e concordei com Kathe,
gosto de Ryan muito, provavelmente comecei a gostar dele quando
o vi a primeira vez. E ficar na casa dele, não seria nenhum
problema.
— Onde você vai ficar?
Minha irmã demora um pouco para me responder, acho
estranho, mas não comento nada, sinto o sofá afundar um pouco e
olho para Ryan que se sentou ao meu lado com uma taça de vinho
na mão.
— Com Hanna e Valéria por um tempo.
— Por um tempo?
— É, Allie, por um tempo, não se preocupe vou arrumar um
emprego e resolver a minha vida.
Não pensei na minha irmã quando vim morar aqui, Katherine
é somente uma menina de dezoito anos e meu Deus, eu estou
sendo completamente irresponsável com ela.
— Desculpe por não pensar em você. — Peço e ouço um
grunhido do outro lado.
— Irmã, na moral mesmo curta o homem ao seu lado e
transe para caralho com ele e me esqueça.
— Não acredito que ela desligou na minha cara! — reclamo,
e sentir as mãos de Ryan me puxando para o colo dele.
— Ainda bem que desligou, preciso curtir você.
Sento-me sobre suas pernas antes de respondê-lo,
posiciono-me de frente para ele, que levanta meu vestido até a
minha cintura, deixando minha calcinha à amostra.
— Estou preocupada com ela — comento contra sua boca e
ele sorri. — Ótimo, então deixe-me tirar sua preocupação assim.
Seguro o meu quadril, fazendo-o ir ao encontro do dele, dou
risada da sua tentativa e passo minhas por seu cabelo, coloco
nossas testas e fico olhando seus olhos.
— Se for assim eu quero.
— Safada! — exclama, batendo na minha bunda.
— Sempre fui — digo, piscando meus olhos e dessa vez ele
dá risada.
— Sempre soube, aliás, olha onde você está comigo.
Nisso ele está certo, na verdade, acho que ele já tinha ciência
que eu cederia e viria morar aqui, mesmo sabendo que a minha
segurança não é o único motivo.
Contudo, isso não importa agora, tudo que eu quero, é ficar
com ele e aqui estamos. Sem nada e nem ninguém para nos
atrapalhar.
EPÍLOGO I
RYAN moore

Allie continua deitada na nossa cama há um bom tempo, e eu


já me arrumei completamente para ir à empresa, a caça às bruxas
com Nico ainda continua agora com o apoio de alguns russos ficou
mais fácil.
— Você levanta muito cedo. — Ouço sua reclamação e
termino de ajeitar minha gravata.
— Pois é, alguém tem que trabalhar para manter seus
privilégios, princesinha.
— Você nem precisa trabalhar, tem muitos soldados e outras
coisas que podem fazer isso.
Allie se acostumou até melhor que pensei com a máfia,
apesar que ela nunca perguntou diretamente sobre isso depois da
nossa conversa na cozinha, mas eu tenho certeza de que a irmã
dela conta algo.
— Verdade, eu sou o chefe e preciso verificar o que os meus
subordinados estão fazendo.
Lembro-a me virando para olhá-la.
— Sim, sim e é pelo seu senso de justiça que amo você.
Levanto minha sobrancelha em surpresa com suas palavras,
Allie parece se dar conta do que disse e me olha com vergonha,
aproximo-me dela colocando meu joelho na cama e passando
minha mão por seu pescoço.
— Não fique com vergonha, sabe que sinto o mesmo, não é?
Digo contra a sua boca, suas mãos pequenas vão para o
meu cabelo me puxando para baixo, passo minha barba por seu
rosto, antes de atacar sua boca em um beijo, meu corpo acabou
cedendo e me deito em cima dela.
— Você é gostosa para caralho!
Afirmo descendo beijos por seu pescoço até chegar aos seus
seios, seguro-os com minhas duas mãos, ignoro as cicatrizes que
ficaram neles e os beijo, mordendo o bico de cada um.
— Não era você que ir para a empresa? — pergunta com
desdém enquanto desço beijos pela sua barriga até sua boceta
lisinha.
— Acho que ela pode esperar até eu fazer você gozar na
minha boca.
Ouço seus pequenos gemidos quando abro os seus lábios
maiores para chegar ao clitóris, suas pernas começam se fechar,
seguro sua coxa esquerda e dou uma tapa nela deixando a marca
da minha mão.
Enfio dois dedos dentro da sua boceta, e a vejo remexer seu
quadril, começo a mexê-los com força até sentir ela se contrair
dentro dela, retiro-os e começo a sugar seu clitóris devagar quase
parando, depois volto com os dedos até vê-la se desfazendo sobre
eles.
Na hora que ela ia se levantar da cama, ouço meu celular
tocando no meu bolso, olho sua cara feia assim que eu o pego e
vejo uma mensagem de Ruan dizendo que já chegou à empresa.
— Eu realmente preciso ir.
— Odeio seu emprego — resmunga, levantando-se junto
comigo.
— Sei bem.
Nós dois sabemos que ela não aceita bem a máfia ou
qualquer coisa relacionada, mas, ainda assim, se mantém ao meu
lado e eu apreciarei isso até em quanto durar.
Não que eu vá deixar isso algum dia acabar.

ALLIE morgan

Faz alguns minutos que Ryan foi para a empresa e eu espero


por Kathe que está vindo tomar café comigo hoje, o único problema
é que está chovendo e ela ainda não chegou. Aprendi a gostar
desse apartamento e principalmente do escritório.
— Senhora Moore, a senhorita Morgan acabou de chegar.
A mulher que trabalha aqui me avisa e eu sorrio sem graça,
ouço a voz de Kathe que está falando meu nome, saio do escritório
e vou em direção ao corredor que leva a sala.
— Demorou — reclamo, ela revira os olhos tirando a jaqueta
que veste.
— Hoje nessa linda cidade resolveu chover e me atrapalhou!
— explica, e eu coloco as mãos no bolso do short.
— Se você quisesse, estaria morando aqui no prédio. —
Lembro de quando Ryan ofereceu para ela morar aqui e Kathe
negou afirmando que ficaria bem morando com Valéria.
Que inclusive se tornou minha amiga com Hanna nesses dois
meses, Margareth é uma que desde que fui à sua casa nunca mais
apareceu.
— Vamos comer. — Chama passando indo por mim e indo
para a cozinha.
— Ficarei morando aqui permanentemente — revelo algo que
ela já sabe.
— Algo que não me surpreende, já que Ryan gosta de você e
tudo mais.
Algo que ainda me deixa insegura é se realmente ele gosta
de mim, conheço como funciona as coisas aqui dentro e vejo muitas
meninas entrando para a vida da prostituição por escolha própria.
— Pare de pensar demais e curta sua vida de mulher de
mafioso temido e respeitado.
Sinto vontade de rir, mas é verdade, muita verdade, apesar
de nunca termos casado ou oficializado nada, contudo, todos sabe
que somos um do outro.
EPÍLOGO II
NX

— Um russo apareceu lá na boate hoje.


Paro de olhar para a minha filha que dorme no sofá e volto
minha atenção para o que o rato traidor me fala ao celular.
— Que russo? Nome?
— Dmitry Podlesnykh, ele pode te trazer problemas.
Ouço seu comentário e tenho vontade de rir, todos me trazem
problemas, problemas são fáceis de resolver, difícil é somente as
consequências que ficam deles.
— Isso não é da sua conta, agora me diga, como anda Ruan
Moore?
Isso é tudo que me interessa acabar com o irmão mais novo
dos Moore. O desgraçado que acabou com a minha vida e achou
que sairia impune.
— Saiu com o russo, já Ryan foi para casa com o novo
brinquedo dele.
— Papa?
Desligo o celular assim que ouço a voz de Aurora e olho para
a minha filha.
— Sim?
— O filme já acabou? — indaga parecendo brava por ter
dormindo.
— Sim, agora vá para a sua cama — instruo, ela cruza os
braços fazendo um bico idêntico ao da sua mãe.
— Sim, senhor!
Suspira fazendo drama e começa a andar em direção às
escadas, paro de olhá-la e jogo meu celular no sofá, agora é agora
de pensar em um novo plano, nesse momento eu deixarei os Moore
em paz.
Mas depois eu voltarei para os destruir completamente.
[1]Não entendi
[2]Não entendi
[3]Não entendi
[4]Senhora Wanda?
[5]?
[6]Não entendi
[7]Não entendi
[8]Não entendi
[9]Fiquei em dúvida aqui.
[10]Elas estavam na sala, agora foram para outra sala, é melhor
nomear as salas, caso contrário fica confuso e sem sentido.
[11]confuso
[12]Extremamente confuso.
[13]Confuso, não entendi qual a relação com a sentença anterior.
[14]Quem é Karen?
[15]Não entendi essa narração, ficou um pouco confusa.
[16]Quem narra?
[17]Vindo de onde?
[18]Não entendi essa citação.
[19]Não entendi
[20]Não entendi
[21]Não entendi?
[22]Não entendi essa frase, principalmente a parte do olhando e
julgando
[23]Não entendi
[24]Confuso, não entendi a relação da mãe, submissão e a
Kathe?
[25]Seria bacana abordar de outra forma- problema mental fica
muito pesado.
[26]Não entendi
[27]Palavras do irmão dele?
[28]Falta algo nessa frase
[29]Não entendi
[30]Não entendi
[31]Não entendi, confuso.
[32]Não entendi?
[33]Na minha o quê?
[34]Não entendi?
[35]Não entendi
[36]Extremamente confuso
[37]Extremamente confuso
[38]Não entendi essa frase, no contexto do começo da sentença
Agradecimentos

Quero agradecer a você que terminou o livro e chegou até aqui, que
acompanhou a estória do início e que gostou dos personagens tanto
quanto eu. Obrigado.

Me siga no instagram: @autora_persefone

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