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O que caracteriza uma resenha crítica

Em geral a resenha crítica é um trabalho de síntese que revistas e jornais publicam


geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de a divulgar.

Não é a mesma coisa que um resumo, porque normalmente este se limita a apresentar
o conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além,
resumindo a obra e fazendo uma avaliação sobre ela. Avalia-a e sublinha os seus
pontos fortes e fracos.

A resenha pode ser de um ou mais capítulos ou mesmo de um livro inteiro, ou um


artigo científico. Procura apresentar tanto as virtudes quanto as falhas e lacunas, ao
mesmo tempo que explora o contexto socio-histórico em que a obra foi elaborada,
buscando estabelecer pontos de contacto com outros autores.

A resenha deve situar a abordagem teórica do autor, inserir o autor numa


determinada tradição, escola, paradigma ou perspectiva teórica.

Também conhecida como resumo crítico, a elaboração de uma resenha exige uma
opinião informada, pois quem a elabora deve avaliar a obra, fundamentando as suas
considerações com base em evidências extraídas da própria obra ou de outras de que
se valeu para elaborar a resenha.

Por um lado, se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não a
conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado,
autor da resenha se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará
escrevendo um mero resumo e não uma resenha crítica.

De uma boa resenha deve constar:

a referência bibliográfica completa;

alguns dados biográficos do autor, como titulação, estatuto acadêmico, etc (caso seja
possível saber);

o resumo do trabalho ou síntese do conteúdo, destacando-se a área do conhecimento,


o tema, as ideias principais. Deve deter-se no essencial, mostrando qual o objetivo do
autor. Este momento é mais informativo do que propriamente crítico, embora a crítica
já possa estar presente;

as categorias ou termos teóricos principais utilizados pelo autor, precisando o seu


sentido, o que ajuda a evidenciar a sua abordagem teórica, situando-o no debate
acadêmico e permitindo relacioná-lo a outros autores. Aqui não só se deve expor
claramente como o autor conceitua ou define determinado termo ou conceito teórico,
como também se deve introduzir alguma crítica, seja à utilização ou à própria
conceituação feita pelo autor (este talvez seja o ponto mais difícil de ser alcançado,
pois pressupõe um elevado nível de conhecimento sobre o assunto, e por isso a
extensão e a profundidade desse tópico dependerá disso);

a avaliação crítica, que é um domínio essencial na resenha; este é o ponto alto em que
o autor da resenha mostra o seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com o leitor,
dá-se ao direito de proceder a um julgamento. Há vários tipos de críticas, mas
destacam-se: (a) a interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência
diante de seus objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo; e (b) a
externa, quando se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os num quadro
referencial mais amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando a sua contribuição
diante de outros autores e sua originalidade.

Atualmente quase todas as revistas científicas trazem boas seções de resenhas. Pode
ser útil consultar alguns desses periódicos para observar atentamente como os mais
destacados profissionais e pesquisadores da área as elaboram.

Finalmente, importa referir que o autor de uma resenha deve preocupar-se com a
obra na sua totalidade, sem se perder em detalhes e em passagens isoladas que
podem distorcer ideias. É possível apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou
fracos do trabalho, mas esses devem ser relevantes.

(Adaptado de um documento elaborado pela professora Ana Isabel Madeira, do


Instituto de Educação da Universidade de Lisboa)

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