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FACULDADE ANHANGUERA

SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA


LETRAS PORTUGUÊS

PAULO HENRIQUE SANTOS DE BRITO

PROJETO DE ENSINO
EM LETRAS PORTUGUÊS

Cidade
2020
Cidade
2020
Cidade

Salvador, BA
2023
PAULO HENRIQUE SANTOS DE BRITO

PROJETO DE ENSINO
EM LETRAS PORTUGUÊS

Projeto de Ensino apresentado à Faculdade


Anhanguera, como requisito parcial à
conclusão do Curso de Letras Português.

Docente supervisor: Prof.ª. Drª Idelma Maria


Nunes Porto

Salvador, BA
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
1 A LETRA DE MÚSICA COMO OBJETO DE ENSINO DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA.............................................................................................................. 4
2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................6
3 PARTICIPANTES.................................................................................................8
4 OBJETIVOS......................................................................................................... 9
5 PROBLEMATIZAÇÃO........................................................................................10
6 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................11
7 METODOLOGIA.................................................................................................17
8 CRONOGRAMA.................................................................................................19
9 RECURSOS....................................................................................................... 20
10 AVALIAÇÃO....................................................................................................... 21
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................22
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 23
3

INTRODUÇÃO

No dia a dia nos deparamos com situações no que concerne à utilização da


língua portuguesa, ou seja, no que diz respeito ao uso da língua, isto é, perdura a
preocupação sobre se a expressão utilizada entre os falantes está correta ou não.
Tão logo se ouve, por exemplo, a interpelação: “você está falando errado” quando
não, se se apresenta diferente seja por sotaque ou qualquer outra manifestação a
pessoa é tratada de forma a se perceber que a sua expressão não é bem-vinda
naquele ambiente, sendo considerado pelos ouvintes como estranho em contexto
diferente que não ao seu, talvez, de origem.
Isso pode ser explicitado como acima descrito, na fala, sotaque etc. o que
poderá ser classificado como preconceito linguístico, resultando em exclusão social
e contribuído para uma segregação na qual se faz no tratamento e procedimentos
afins.
Sendo assim, uma proposta de ensino que visa promover a diluição desses
problemas que emerge na sociedade parece ser de bom termo a fim de cooperar
para a erradicação de preconceitos e por assim dizer a eliminação das
desigualdades sociais que se vê em todas as dimensões da existência humana
sendo percebidos também na fala dos brasileiros de modo em geral.
A sociolinguística se ocupa, portanto, de estudar esse fenômeno e contribuir
oferecendo o aporte teórico para o embasamento para projetos que visam trabalhar
nesse sentido. É o que se pretendo o projeto em questão valorizando a cultura
brasileira e ressaltando a importância de se aprender a conviver comas diferenças
em todos os âmbitos da vida social.
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1 A LETRA DE MÚSICA COMO OBJETO DE ENSINO DA VARIAÇÃO


LINGUÍSTICA

A música está presente desde sempre na história da humanidade. Os


registros encontrados a partir de pinturas rupestres em cavernas e outros
sistemas de escrita do mundo antigo revelam claramente que no fazer humano,
cultural, a música sempre fez faz parte da cultura dos povos. Sendo assim ela
aprece como elemento constitutivo do fazer cultural de um povo.
Ainda na pré-história o homem, em suas cavernas, o homem começou a
desenhar, pintar, emitir sons e fazer rústicos instrumentos musicais e estranhos
movimentos ritmados. Segundo Nilsa Zimmermann, estava iniciando estava se
iniciando um dos mais belos capítulos da história: a história da arte. Desde então
a arte está presente em toda as eras da humanidade nos mais variados
contextos de utilização.
A priori, as artes e especifico a música é visto como elemento cúltico
pelas civilizações antigas. Estas buscavam uma conexão com o sagrado e para
tal a música era elemento essencial, segundo Zimmermann:

O homem da pré-história já expressava suas emoções através de gestos.,


executando estranhos movimentos ritmados: gritava, dançava, batia em si
próprio, pintava o rosto e o corpo no intuito de atrair a proteção divina ou de
afastar os maus espíritos. Por isso, os historiadores são unânimes em
afirmar que a música é de origem sagrada. (ZIMMERMANN, 1996, p 7).

Pode-se dizer que a música existe porque partiu de uma necessidade


profunda que o ser humano tem de se comunicar com o sagrado. Porém não
ficou apenas nessa perspectiva, pois com a evolução humana em seu fazer
cultural, a música foi sendo utilizada como meio para certas e ou diversas
finalidades desde sua origem. Afirma Zimmermann: “a música é uma
linguagem, sendo assim pode se comunicar”. Sendo assim pode-se perceber
que um certo viés de utilização numa perspectiva didática da música. Ainda na
época de somente oralidade como difusor de conhecimento já se utilizava com
fins didáticos. Cantigas de afirmação de valores, ou contar as histórias
relacionadas à suas origens, como se vê nas sagas familiares que remonta ao
5

mundo antigo. Se vê claramente a música sendo usada como instrumento de


ensino.
Hoje em dia, com as novas descobertas se ampliou ainda mais a
utilização da música sendo, portanto, inserido em tratamentos de ordem
terapêuticos como até em situações em que pacientes em estado crítico tiveram
melhoria significativa quando submetidos a tratamentos tendo a música como
aliado aos procedimentos médicos.
Portanto a música é uma manifestação em arte que corrobora para que
numa perspectiva interdisciplinar possa interagir com outros saberes, como será
o caso em específico aqui descrito por um projeto de ensino focado no tema da
variação linguística.
O tema proposto visa trabalhar justamente essa vertente da linguística do
ensino da língua materna, levando em consideração a sociolinguística e
possibilita um olhar mais humanizado buscando favorecer um aprendizado cada
vez mais coerente interacional que dignifica a pessoa humana.
Com base em estudos recentes na área da linguística vê-se a
necessidade de ampliar a difusão do tema e nada melhor do que a sala de aula
levando o aluno a perceber que não existe apenas um contexto de utilização da
língua em que favorece um só ambiente de atuação quando se verifica os vários
contextos demarcados em seus níveis. Sejam eles de ordem geográfica,
fonética, sintaxe, etc. O fato é que é preciso se ter um ensino cada vez mais
abrangente onde se contemple as várias camadas sociais e contextos da vida
humana para uma valorização da dignidade da pessoa humana. Isso pode de
fato reduzir e muito o preconceito linguístico ao tempo que se oportuniza uma
ampliação do repertorio linguístico para uma comunicação mais eficiente sem
preconceitos. Afirma Candido: “devemos ser poliglotas da nossa própria língua”.
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2 JUSTIFICATIVA

Ao longo da história da língua portuguesa no Brasil foi-se constituindo


mitos sobre a língua e sobre o português brasileiro de tal maneira que se
convencionou chamar de errado um certo e determinado modo de se expressar
seja na oralidade ou escrita, por vezes em quaisquer meios de comunicação,
como é caso das redes sociais em que se usa muito abreviações. Tão logo a
isso, surge os defensores da língua pátria numa perspectiva de defender o que
se considera ser o modo certo de expressão. Com isso vão surgindo os
estigmas e se estabelecendo naturalmente o preconceito linguístico, o que não
contribui em nada para uma sociedade justa, democrática.
Nesse trabalho o que se pretende é refletir a partir do contexto onde o
preconceito linguístico está estabelecido como o professor pode mediar em sala
de aula estudos dirigidos no que tange á temática aqui estabelecida a fim de
fomentar uma ambiente sócio educativo que visa amenizar os impactos sócias
fomentado por uma educação pautada em padrões estabelecido por uma elite
que se pauta em determinado tempo, ou viés da história que não contempla a
uma totalidade de saberes proveniente de uma interação social desprezando
assim a interdisciplinaridade.
Sendo assim, cabe refletir a partir do que muitos profissionais da
linguística têm ressaltado em suas obras partindo de uma das mais recentes
áreas do conhecimento que é a sociolinguística. Tendo em vista a variação
linguística, não numa perspectiva de desfazer o que já está estabelecido como
norma culta e ou padrão, mas ampliar os horizontes sob a perspectiva de
observar o que de uma própria língua se estabelece a partir do uso que é
absolutamente normal e diversos ambientes sociais, na escola especificamente.
Nesse ponto Bagno ressalta que: “temos que fazer um grande esforço
para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a
língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que
falam”.
É preciso desfazer , portanto as mitologias existentes e que persiste sob a
égide no preconceito disfarçado de uma certa preocupação com a degradação
com a língua e que por isso tem que ser combatida. O que leva a não
7

observação da riqueza que carrega a nossa cultura brasileira se levado em


conta toda manifestação cultural de um povo que sofre transformações por
diversos motivos e que se reflete em toda a sua existência.
Escolhemos pensar a partir de letras do caucionário brasileiro. Mais
especificamente o nordestino.
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3 PARTICIPANTES

Tomando como base as orientações descritas na BNCC (Base Nacional


Comum Curricular) o projeto de ensino fundamentou-se a partir da relação no
que a BNCC expõe junto com a necessidade da aprendizagem dos alunos.
Sendo assim a proposta contemplou os alunos do 9° ano, onde foram
apresentadas várias formas de se trabalhar o tema da variação linguística mais
especificamente com a música.
Nesse projeto, se fez necessário a participação do professor de língua
portuguesa para a mediação dos trabalhos a serem realizados nas atividades
propostas em sala de aula tendo como protagonista nessa perspectiva do ensino
aprendizagem o próprio aluno que por sua vez é incentivado a participa de modo
ativo em sua própria construção do saber.
Tao logo o aluno entra em contato com essa vertente do ensino de língua
portuguesa, é introduzido nos estudos linguísticos que em muito contraria o
senso comum que já se acostumou com a ideia de certo ou errado na língua e
portanto se comporta de maneira a contribuir para um fomentação de
preconceito linguístico e é por essa razão que quanto mais cedo se trabalhar
essas questões melhor ficará o entendimento do aluno que possivelmente se
colocará em posição de enfrentar toda forma de preconceito principalmente no
que se refere a língua portuguesa no Brasil.
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4 OBJETIVOS

Com base em estudos recentes na área da linguística vê-se a


necessidade de ampliar a difusão do tema proposto, e, nada melhor do que a
utilização da sala de aula, ou melhor o espaço educacional para essa
empreitada para levar o aluno a perceber que não existe apenas uma forma de
utilização da língua que só favoreça a um só ambiente de atuação considerando
os vários contextos demarcados em seus níveis. Sejam eles de ordem
geográfica, fonética, sintaxe, etc. o fato é que é preciso se ter um ensino cada
vez mais abrangente onde se contemple as várias camadas sociais e contextos
da vida humana para uma valorização da dignidade da pessoa humana. Isso
pode de fato reduzir e muito o preconceito linguístico ao tempo que se
oportuniza uma ampliação do repertorio linguístico para uma comunicação mais
eficiente sem preconceitos.
Sendo assim o presente trabalho visa contribuir levando o educando a
uma reflexão na perspectiva de despertar interesse a partir dos estudos pelo que
se pretende o projeto que é combater o preconceito linguístico, além de levar o
aluno à melhor compreender a sua língua considerando os fatores internos e
externos no que diz respeito à variação linguística aplicado á fala, ou seja
observa-se aqui a oralidade como ponto de partida.
A língua é passiva de mudanças e transformações.
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5 PROBLEMATIZAÇÃO

A sociolinguística é uma área da linguística que estuda a relação entre a


língua que falamos e a sociedade que vivemos. Isto posto é necessário fazer aqui
algumas colocações de pertinência quando se observa o uso da língua em geral a
partir de uma interação social que não encontra homogeneidade e, ou regularidade
em prática da oralidade observando contextos de fala. Daí surge o que se chama de
variação linguística, embora muito questionada, porém, de uma necessidade e
urgência absurda principalmente quando se observa os abusos cometidos por
aqueles que se encontra em um grau de escolaridade ou até mesmo posição social
privilegiada e que preconizam o preconceito linguístico. Isso ocorre quando do lugar
que ocupam se fazem valer para desvalorizar o outro.
É preciso, portanto que as instituições cada vez mais esteja atenta e
promovam o combate a todo o tipo de preconceito, e por que não o linguístico?
A escola é um espaço adequado para se levar ao conhecimento dos alunos
ao exercício de cidadania bem como promover espaço de reflexão dos problemas
que assolam a humanidade sendo esse não pouco importante.
Daí surge a pergunta: Como trabalhar a variação linguística em sala de aula
levando os alunos a compreenderem que há uma diversidade no uso da língua e
que pode ser trabalhada em vários contextos servindo como instrumento para se
eliminar estigmas e preconceitos?
Sendo assim o que se propõe aqui é justamente abordar o tema
apresentando possíveis soluções que visam contribuir para uma melhor educação e
exercício de cidadania, uma vez que a escola deve oferecer esse espaço de reflexão
a partir e assuntos pertinentes que estão de certo modo ligados à vida das pessoas
e que afeta significativamente principalmente quando o resultado é excludente e
constrangedor.
Não há, portanto, melhor lugar onde se possa trabalhar assuntos como esses
se não a escola e promover um debate democrático, atraindo assim o aluno para a
participação ativa ao tempo em que o coloca de frente com a realidade que o cerca
de maneira que possa contribuir para torná-lo um sujeito mais autônomo além de
promover uma sociedade mais justa e consciente.
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6 REFERENCIAL TEÓRICO

O tema sobre o qual nos debruçaremos a seguir é de suma importância


se considerado a partir do esforço que se faz na luta pela desigualdade social
que se vê, ainda, em pleno século XXI sobretudo em solo brasileiro.
Percebe-se claramente que há uma distinção sem precedentes na história
do nosso país principalmente quando nos deparamos com ações promovidas
por aqueles que advogam uso da língua apenas dentro dos moldes tradicionais
e ou padronizados. Seguindo a certos moldes de padrões que tenta estabelecer
como normativo o uso da língua a partir de certo padrão estabelecido. Os que
seguem nessa direção são também aqueles que se encontram nos espaços por
assim dizer, chamados midiáticos e por isso fomentam a ideia de certo ou errado
quando se trata do uso da língua desconsiderando o contexto histórico, político e
social de um povo não levando em consideração a sua formação.
Pensar nisso, é de fato ter um olhar atento às questões que emerge da
própria condição de povo que se constitui de forma diversa.
Olhando mais atentamente para a formação do povo brasileiro pode se
constatar que numa mistura de povos originários de outros lugares que não o
Brasil, nessa junção que se dá paulatinamente seguido de propósitos os mais
diversos, desde colonização como escravização e ou migração, vai resultar em
desdobramentos culturais nos quais vai se repercutir em uma variada
manifestação cultural em todos os âmbitos sociais. Isso faz com que o povo seja
afetado em toda a sua forma de ser e principalmente na linguagem partindo da
oralidade e que, por conseguinte, vai resultar na variação linguística. Observa-se
aqui tal variação em todos os níveis de atuação.
Por essa razão, no que tange a língua brasileira, sabemos que não existe
um único modo falar a língua portuguesa, para tanto as variações que esta pode
apresentar se dá por diversos fatores que corroboram para a variação
linguística. Entre eles se destacam a idade do falante, condições sociais, nível
de escolaridade, e influencia cultura e ou regional, como afirma Costa (1996).
Nessa perspectiva a língua é afetada significativamente sofrendo variação
mediante o contexto situacional em que se encontra o falante. Isso é algo que
afeta a todos de igual modo e que repercute na sociedade como um todo.
12

Sendo assim é mister que as questões levantadas por cientistas da


linguagem no que tange à provocação que resulte em uma reflexão numa
perspectiva de se fomentar uma discussão que se deva levar para a sala de
aula.
Por esse viés cabe salientar que o devido entendimento do assunto em
questão dará ao professor uma certa motivação e ao mesmo tempo interesse
sobre o educando em sua cultura o que lhe confere autonomia enquanto pode
proporcionar variadas formas de comunicação com confiança, bem como saber
ouvir, ensinar e consequentemente a prender.
Para tanto, seguindo nesse contexto a escola deve ser um espaço que
possibilite novas experiências na relação docente e discente cuja expectativa
seja a de fomentar um ambiente que promova respeito, valorização do ser
humano e dignificação.
Os professores por sua vez devem estar preparados e abertos a novas
experiências e aprendizados contínuos pautados não a penas nos moldes
tradicionais, mas também, olhando para o nosso tempo, perceber que o mundo
gira e se atualiza e que, portanto, é preciso buscar novas ferramentas para
atuação bem como maneiras de abordagens de assuntos em detrimento do
como está colocado para a sociedade. Sendo assim é preciso acompanhar
principalmente os documentos que sugere novas possibilidades e forma de
atuação. Nesse contexto, a escola, para poder ensinar língua portuguesa com
base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)

...precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma “certa”
de falar – a que se parece com a escrita – e o de que a escrita é o que
espelha a fala – e, sendo assim, seria preciso “consertar” a fala do aluno
para evitar que ele escreva errado. Essas duas crenças produziram uma
prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do
aluno, tratando sua comunidade como se fosse formada por incapazes,
denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde
inteiramente a nenhum de seus dialetos, por mais prestígio que um deles
tenha em um dado momento histórico. (BRASIL, 1997, p.26).
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O trecho supracitado traz como evidencia o fato de que no nosso


cotidiano o preconceito linguístico está mais do que presente e isso faz com que
haja uma séria consideração para uma reflexão mais profunda do tema em
questão numa perspectiva de conscientização de que é preciso a partir da
escola em sua real funcionalidade levar a diante o propósito de desconstrução
de mitos que se constituem, reconhecendo que a língua portuguesa e
indubitavelmente composta de pela diversidade linguística. É, portanto, possível
observar algumas diferenças linguísticas em um diálogo de um mesmo idioma,
diferentes dialetos, gírias e sotaques que se desenvolvem com o passar dos
anos, envolvendo a região e a cultura de um povo. Enfatiza-se aqui
considerando que do mesmo modo como uma pessoa pode sofrer preconceito
por sua etnia, orientação sexual, constituição física, crenças religiosas, dentre
outros, também, muitas vezes e de diversas maneiras, sofre discriminação pelo
modo como usa a língua.
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) nos oferece a base para que
o estudo da variação linguística seja implementado nas instituições
educacionais. Sendo assim, podemos:

Discutir, a variação linguística, variedades prestigiadas e estigmatizadas e o


preconceito linguístico que as cerca, questionando suas bases de maneira
crítica, como modo de conhecer algumas das variedades linguísticas do
português do Brasil e suas diferenças fonológicas, prosódicas, lexicais e
sintáticas, avaliando seus efeitos semânticos (BRSAIL, 2018, p. 83).

O ensino da língua portuguesa pode ser de maior aproveitamento,


segundo o nosso entendimento se agregarmos ao ensino aprendizagem aulas
práticas que tenham motivações do cotidiano com o intuito de oferecer boa
compreensão do conteúdo explorado. Nessa perspectiva, une-se o útil ao
agradável e dessa maneira busca-se atrelar ao próprio fazer educacional o que
no dia a dia se faz presente em um contexto de desenvolvimento cultural pelo
fazer do cotidiano que se reverbera em ações multiculturais como é no caso da
música que carrega em sim os traços de uma instancia educativa nesse sentido.
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O gênero textual letra de música, portanto nos oferece a ideia de


aprofundamento cultural, onde o seu conhecimento complementa no
aprendizado do outro, e vice-versa, possibilitando a desconstrução do
preconceito linguístico.
Para Bagno:

O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi


criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa
tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é o
bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi, não é o
mundo...Também a gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg
flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de
descrever apenas a parcela mais visível dele, a chamada norma padrão.
Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no
sentido literal e figurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada
a todo o resto da língua – afinal, a ponta do iceberg que emerge representa
apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária,
intolerante e representativa que impera na ideologia geradora do
preconceito linguístico. (Bagno, 2008, p. 20).

Sendo assim pode-se ressaltar que a língua é formada principalmente


pelo fenômeno da variação linguística, o que para o autor não existe uma forma
“certa” ou “errada” de se usar a língua.
Observa-se na fala de Bagno que o preconceito linguístico é concebido na
ideia de que existe apenas uma forma de uso da língua e isso vai implicar de
forma negativa na sociedade pois vai gerar exclusão social pericialmente para
aqueles que de certa forma fazem uso de maneiras diferentes das consideradas
maneiras certas de se falar, tudo isso baseado no que se considera a gramatica
normativa e acaba por excluir os usos e expressões populares bem como o uso
de dialetos, gírias, sotaques dentre outras maneiras.
Quando observamos o patrimônio cultural do nosso Brasil, percebamos
uma riqueza sem precedentes de uma relevância absurdamente complexa, mas
que deve ser levada em consideração pois, a final de contas, trata-se de uma
manifestação cultural que foi e é desenvolvida socialmente. Isto é, pela interação
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das gentes que aqui vivem. Levando em consideração o fato da miscigenação


que contribui significativamente para a existência desse patrimônio. Não é de se
admirar essa vasta variação que se dar em vários níveis.
Sendo assim vale observar que a variação linguística se dá por meio do
que se pode chamar de dimensão interna e externa da variação linguística.
Trata-se da variação em função dos diferentes nineis linguístico em que ocorre a
variação lexical, fonológica, morfológica e morfossintaxe, variação sintática e
variação discursiva.
Sendo assim é importante ressaltar que o assunto ora abordado tem sido
amplamente discutido e estudado por diversos linguistas que reconhecem
cientificamente tão abordagem. E aqueles que têm de fato se debruçado sobre o
assunto o fazem numa perspectiva de contribuir para uma educação mais justa
além de proporcionar ao educando material que visa contribuir com reflexões
ponderadas a partir do preconceito linguístico, a fim de combatê-lo.
Para que isso aconteça é preciso entender que:

A variação linguística é o processo pelo qual duas formas podem ocorrer no


mesmo contexto com o mesmo valor referencial/representacional, isto é,
com o mesmo significado. Para um socio linguista, o fato de uma
comunidade, ou mesmo na fala de um único individuo, conviverem tanto a
forma “tu” quanto a forma “você” não pode ser considerado marginal,
acidental ou irrelevante em termos de avanço de pesquisa de
conhecimento. A variação é inerente às línguas, e não compromete o bom
funcionamento do sistema linguístico nem a possibilidade de comunicação
entre os falantes – o que podemos perceber quando observamos que as
pessoas à nossa volta falam de muitas maneiras diferentes, mas sempre se
entendem perfeitamente. (LEHMKUHL, 2021, p.16)

Visto que a variação linguística não compromete o bom funcionamento do


sistema linguístico conforme autor supracitado, é que buscamos trabalhar o
gênero canção com letra de música afim de promover uma reflexão com os
alunos na perspectiva de aprendizagem de o uso da língua é bastante variado
em sua forma e expressão e que não há certo ou errado e sim forma diferentes
16

do uso.
Usaremos canções da região nordestina e observaremos a partir da
metodologia proposta pela sociolinguística como o modo de falar peculiar dessa
região se difere das demais régios, mas que segue na mesma direção que as
outras que é a comunicação e é isso que importa pois se fica entendível então
passa a ser considerado no âmbito da comunicação pois há compreensão e
entendimento entre os interlocutores.
Portanto a partir desses referenciais pode-se perceber a importância de
se inserir no ensino algo mais substancioso para a sala e insistir um pouco mais
nessa abordagem visto que ainda ganha ampla resistência até mesmo entre os
próprios profissionais da área de letras. Enquanto para o outros tem avançado
significativamente e contribuído para a diminuição do preconceito linguístico
promovendo um viés de entendimento e por isso caminhando na direção de uma
sociedade mais justa.
A escola é esse espaço do saber que pode e muito contribuir com essa
realidade desde quando professor seja um parceiro nessa luta e queira de fato
encarar como vocação a sua profissão e levar adiante o ensino que promove
reflexão e, portanto, cresce o indivíduo em sua cidadania plena.
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7 METODOLOGIA

A proposta é iniciar a aula expondo o tema e assim levar os alunos à


interação considerando a priori o conhecimento prévio dos alunos sobre o tema
abordado. Uma letra de música será escrita no quatro em seguida será feita uma
leitura, a princípio individualizada por alunos voluntários, cujo objetivo é observar
como vai proceder ao aluno na leitura em relação à forma como foi escrita no
quadro, pois a canção nordestina carrega traços fortemente carregados na
oralidade proveniente de sua cultura regional o que se torna marca registrada
quanto no sotaque como também nas palavras. Na sequência de aulas,
caminhando para a segunda aula, serão feitos debates exploratórios sobre o
conhecimento prévio dos alunos acerca do conteúdo, a fim de exemplificar e
explicar sobre a variação linguística e o gênero textual letra de música.
Sendo assim, a proposta seguinte é a aplicação de um questionário para
o desenvolvimento do debate: (1) qual a compreensão de vocês tem sobre
variação linguística. (2) Há alguma diferença quanto ao modo que escrevemos e
ao que falamos? (3) A língua portuguesa que é falada em nossa região/estado, é
a mesma em todo o país, ou ela sofre alguma variação regional? (4) Vocês
conseguem perceber a variação das palavras no dia a dia? (5) Qual a
compreensão de vocês quanto ao gênero textual? (6) Música pode ser
considerada gênero textual? Por quê? (7) Como a música pode contribuir para o
ensino de língua portuguesa? (8) a variação linguística de algumas regiões pode
ser manifestada através da música? (9) O cantor/compositor, através da música,
pode se dar a conhecer em sua realidade linguística? (10) O que pode acontecer
quando ignoramos a variação linguística? Após a realização do debate o
professor fará uma explicação sobre o que vem a ser a variação linguística e
como ela está presente em todas as línguas ressaltando que a língua
portuguesa é a mesma em todo o país, porém sofre variações regionais e
sociais.
Fazendo isso, por certo que haverá um reforço na perspectiva de
fortalecer a compreensão sobre tal assunto de maneira que se observe o quanto
é de suma importância o fato de que não devemos julgar o modo de falar das
pessoas cuja finalidade é salientar que não existe certo modo correto de falar ou
que existem palavras certas ou erradas e sim variações de uma mesma língua.
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Desse modo, estabelecer uma relação com o gênero textual letra de música,
enfatizando o quanto isso está presente em nossas vidas no cotidiano e que se
manifestam em nossas emoções assim como retrata a vida de seus autores, sua
realidade cultural e linguística.
Seguindo o percurso metodológico na terceira aula serão abordadas as
características do gênero textual de letra de música e suas especialidades
aliadas ao processo de ensino/aprendizagem da variação linguística e do
preconceito linguístico dentro das aulas de língua portuguesa, assim como
conhecer a realidade do povo nordestino através do cancioneiro nordestino tais
como músicas de Luiz Gonzaga e outros compositores. O professor no processo
de mediação apresentará o nome do compositor e disponibilizará copias das
letras de música para que os alunos apreciem lendo, ouvindo e até mesmo
cantando, observando não apenas as características do gênero, como também o
estudo da variação linguística. Desse modo o que se pretende é a participação
do aluno interagindo e fazendo comentários oriundos de sua observação uma
vez que está aprendendo sobre a variação linguística.
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8 CRONOGRAMA

Etapas do projeto Descrição das Período de realização


atividades
Planejamento Orientação aos alunos Quatro semanas para
quanto ao trabalho a a realização do projeto
ser desenvolvido Serão quatro aulas.
Montar o material que Uma por semana
dará direcionamento
para a realização das
atividades
Pesquisar letras de
música que contemple
a proposta do trabalho
Definir as canções a
serem utilizadas.
Execução Exposição do tema Primeira e segunda
aos alunos aula será exposto o
Debates exploratórios tema e a sala será
sobre o conhecimento dividida em grupos
prévio dos alunos para debates
sobre o conteúdo Terceira aula será
Entrega de um exposição das
questionário no características do
decorrer do debate gênero textual letra de
Aprofundamento dos música
temas com a letras de Quarta aula
música e análise. aprofundamento do
tema com apreciação
de letra de música
20
21

9 RECURSOS

Os recursos a serem utilizados visa contemplar o melhor ensino


aprendizado numa perspectiva de que o aluno absolva com mais exatidão e
clareza o assunto abordado em sala de aula.
Será utilizado o quadro branco para a escrita da letra de música a fim de
fazer as observações pertinentes da aula sobre variação linguística, bem como
copias de letras que serão distribuídas aos alunos. Computador e aparelho de
áudio bem como instrumento de música, no caso o violão para o devido
acompanhamento das canções que serão utilizadas para a apreciação na aula
como também para que os alunos possam entoar as canções.
Se possível a aula terá a participações de músicos para tocar e cantar a
fim de conduzir os alunos no canto.
22

10 AVALIAÇÃO

A avaliação é o processo no qual o aluno participará para que seja


observado se de fato assimilou o ensino articulado pelo fazer educacional.
Sendo assim é de suma importância que o professor articule bem essa
tarefa não como algo visa punir o aluno, mas ajudá-lo no processo de ensino
aprendizagem para que possa surtir o efeito desejado.
Sendo assim, no decorrer das aulas no período estabelecido os alunos
terão que apresentar de acordo com o solicitado, as palavras destacadas na
música que chamou a atenção por ser pronunciada de modo diferente tendo o
mesmo significado tanto quanto evidenciam a variação linguística.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto a ser realizado ora escrito foi desenvolvido tendo como base o
estudo na área de linguística, mais especificamente a sociolinguística que
corroborou para que despertasse o interesse pelo assunto abordado e
consequentemente nos levou ao desenvolvimento do tema letra de música no
ensino de língua portuguesa e variação linguística.
O projeto contou com a participação dos alunos do 9° ano e, portanto,
buscou-se oferecer uma proposta voltada para esse público naquilo que estabelece
a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Seguindo as orientações sugeridas
pela BNCC as aulas foram desenvolvidas sequencialmente visando promover o
interesse no aluno pelo assunto e por isso o gênero letra de música foi pensado e
articulado para melhor aproveitamento dos estudos tendo em vista que a arte está
presente na vida e cotidiano das pessoas em geral.
A utilização da música na sala de aula, no ensino de língua portuguesa pode
oferecer uma excelente estratégia para o ensino em apoio ao aprendizado, pois é
sem dúvidas uma arte que envolve vários meios de se comunicar e que deve ser
uma grande aliada para proporcionar ao aluno um aprendizado eficaz.
Sendo assim o gênero textual letra de música se utilizado dentro das
perspectivas do ensino pode contribuir bastante para a interação social e fomentar
reflexão possível para o desenvolvimento da consciência do cidadão numa
perspectiva de proporcionar melhor convívio entre os cidadãos.
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