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ATIVIDADES DE ENSINO
Planejar detalhadamente para os próximos três anos sua atuação em atividades de ensino.
Minimamente estas atividades estão relacionadas a aulas de graduação, pós-graduação, planejamento
de aula, orientações de TCC, Estágio e Atividades Complementares.
Compreendemos que o foco principal desta parte do plano de trabalho é apresentar propostas de
trabalho direcionadas para o ensino de Literaturas em Língua Portuguesa e Teoria da Literatura nos
cursos de Letras – Língua Francesa e Letras – Língua Inglesa. Nossa experiência profissional e de
pesquisa também contarão para nortear nossas escolhas propositivas. O planejamento de nossas
atividades de ensino se baseia em três princípios de a) reconhecimento de outras formas de ser e de
diversidades regionais, nacionais e internacionais; b) formação estético-literária dos estudantes; c)
exploração da literariedade em narrativas orais.
Nos próximos três anos de atuação, as disciplinas de Literatura Brasileira serão trabalhadas de forma
crítica e atual, integrando as principais discussões em torno da importância da literatura brasileira em
seus contextos de produção e de recepção dentro do PPC vigente no departamento de letras. Também
pretende-se discutir as fortunas críticas de cada tema proposto e os principais teóricos que trabalham
sobre os temas e as linhas de pesquisa possíveis.
Nesse sentido, a metodologia de ensino de literatura e cultura brasileiras que pautará nossa atuação
conta com as contribuições de teóricos como Alfredo Bosi (1992, 2017) e Antonio Candido (2008), o
que permite trabalhar a literatura brasileira de forma crítica e atual, integrando as principais
discussões em torno da importância da literatura brasileira em seus contextos de produção e
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recepção. Juntamente com estas linhas de pensamento, utilizaremos perspectivas que consideram o
fenômeno da voz e da oralidade como integrantes de toda literatura.
1 - O desembarque de uma língua literária no Brasil: no Brasil colonial, havia um colosso de línguas
autóctones, cujos falantes eram a maioria populacional. Com a introdução do português, o registro
oral1 foi o que se propagou com maior rapidez, amalgamando-se às novas condições. O português
falado pelos colonos vindos da Península Ibérica foi aprendido e aprimorado pelos africanos,
contribuindo para a estruturação da língua geral.
2 - Cultura Letrada no Brasil Colônia : procurar-se-á destacar algumas categorias políticas e retóricas
fundamentais para entender pelo menos trezentos anos da produção literária no Brasil. Entender, por
exemplo, a maneira como sonetos ou crônicas de Gregório de Matos confirmam a ideologia
promovida pela doutrina do corpo místico é de suma importância, na medida em que todo texto da
época tem necessariamente uma clara função política, que é a de confirmar e ratificar o status quo
colonial.
3 - Literatura Nacional no Brasil Império: já num país independente, o século XIX foi o momento
não apenas de afirmar a autonomia política do Brasil, mas também de construir uma identidade
propriamente brasileira, que diferenciasse a nova nação das demais nações independentes, e,
sobretudo, da antiga colônia. A questão da estrutura o Romantismo como um caminho estético para a
12 Por língua oral entenda-se a fala espontânea, por assim dizer, aquela repleta de variantes que não
redundam, necessariamente, num padrão de distinção social imposto e excludente, como no caso da
oratória sacra, jurídica e política, que é quando o discurso é proferido a partir de técnicas de
elaboração escritas, literárias mesmo.
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construção da nacionalidade.
5 - Falatório escrito: a cultura da canção: Finalmente, convidamos a pensar a oralidade como fonte da
cultura literária brasileira. É a constatação de que nossos escritores, ainda quando cultivam a palavra
escrita com mãos do escultor, como Machado de Assis, não perdem do horizonte o fato do Brasil ter
um povo contador de histórias. Mesmo textos que nos chegam como impressos, uma brochura de
Guimarães Rosa, não raro nos solicitam a voz e o gestual para efetivarem suas mensagens. A reunião
entre recursos literários e orais, em suma, encontra uma de suas elaborações mais eficazes, como
forma artística e como produto integrado à população de todos os extratos sociais, na canção popular
de consumo. Em nossos gêneros cancionais, estão depositadas camadas orais, narrativas, literárias,
rítmicas e musicais a que autores e intérpretes, como Chiquinha Gonzaga, Tonico e Tinoco ou Jorge
Ben Jor deram forma músico-poética.
Literatura portuguesa
Assim, considerando esta versão do PPC e outras que virão nos próximos três anos, no caso da
Literatura Portuguesa, podemos identificar dois vetores: o primeiro vetor, em torno da fundação dos
mitos portugueses (o mito do glorioso destino marítimo português, o mito d’Os Lusíadas, o mito
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a) Refletir sobre aspectos que norteiam o universo literário de expressão portuguesa, tanto em relação
às formas narrativas quanto às formas poéticas.
b) Reconhecer traços comuns entre as literaturas de expressão portuguesa.
c) Promover, por meio de estudos comparativos, a análise de textos representativos do diálogo entre
as literaturas de expressão portuguesa.
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ATIVIDADES DE PESQUISA
Planejar detalhadamente para os próximos três anos sua atuação em atividades de pesquisa.
Minimamente estas atividades estão relacionadas a projetos de pesquisa registrados no Departamento
de Pesquisa - DPQ, orientação de alunos de iniciação científica e pós-graduação. Correlacionar as
atividades de ensino com a pesquisa e extensão.
Nós pensamos a atividade de ensino de literatura brasileira descrita no início deste projeto de modo a
direcionar o ensino de literatura para a percepção da oralidade presente no contexto brasileiro. Este
objetivo se liga diretamente ao projeto de pesquisa que pretendemos registrar: Saberes e Poéticas
Orais da Amazônia Amapaense, pensado para ocorrer nos próximos três anos de nossa atuação.
Temos como objetivo investigar as histórias de vida de contadores de histórias tradicionais de
Macapá a fim de construir intercâmbios entre os saberes tradicionais e o conhecimento acadêmico
relacionados aos repertórios e à performance das tradições orais e da cultura popular. A metodologia
de coleta desse acervo se dará por meio da entrevista narrativa, dispositivo de coleta de dados
utilizado nas pesquisas (auto) biográficas e, em seguida, perpassará por duas fases: a primeira se
configura pela transcrição e catalogação dos contos narrados durante a entrevista narrativa e a
segunda diz respeito à circulação dessas histórias em meios digitais e em espaços etnoformativos,
como sites de arquivo de narrativas orais. Busca-se, a priori, localizar o contador e a contadora de
histórias tradicional (também chamados de mestres narradores) que residem nas zonas urbana e
periféricas. A intenção é tanto conduzir a pesquisa em suas localidades como trazê-los à academia
em rodas de histórias em que os estudantes interessados nas narrativas de tradição oral poderão tanto
constituir repertórios quanto trocar saberes com mestres da cultura popular, alimentando assim a
produção de conhecimento acadêmico a partir de perspectivas plurais e decolonais. Pretende-se ainda
que os (as) docentes pesquisadores (as) desenvolvam ações de ensino, pesquisa e extensão
sustentadas nessa constituição de acervos e promovam práticas artísticas que tenham uma articulação
com a comunidade acadêmica e local, bem como ampliem os conhecimentos necessários para o
crescimento pessoal e profissional dos seus estudantes. Serão nossos parceiros no arquivo dos dados
coletados os pesquisadores do Centro de Memória, Documentação Histórica e Arquivo
(CEMEDHARQ) da UNIFAP. Como resultados, pretende-se: a) abrir um acervo de entrevistas no
Laboratório de História Oral do CEMEDHARQ, disponibilizando-as para a consulta e para a análise
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Tais estudos vão sustentar a questão de pesquisa que norteia esse estudo: Como construir
intercâmbios entre os saberes tradicionais e o conhecimento acadêmico relacionados aos repertórios e
à performance das tradições orais e da cultura popular? Para isso, investigaremos as histórias de vida
de contadores de histórias tradicionais de Macapá. Para responder a essa questão, organizaremos uma
rede de pesquisa que nos trará aprendizagens oriundas do espaço acadêmico, em igual proporção às
aprendizagens colhidas no campo de pesquisa, por meio da interação entre os mestres e mestras da
tradição.
Esperamos que, a partir desta pesquisa, seja possível iniciar um mapeamento dos mestres e mestras
da tradição, contadores de histórias de Macapá, e de posse dessa informação, acreditamos ser
possível atingir os seguintes resultados:
Constituição e fortalecimento de uma pesquisa em rede capaz de coletar e catalogar contos da
tradição oral de Macapá, tomando como base o reconhecido Sistema de classificação de Aarne-
Thompson ATU; Produção de um repositório virtual com as narrativas recolhidas, vídeos e processo
da pesquisa como conteúdo aberto na rede; Realização de eventos geradores de Intercâmbio entre os
Contadores de Histórias, os docentes pesquisadores e os estudantes da Unifap, através de dois (02)
encontros semestrais e um (01) evento científico-cultural que integrem os envolvidos, além de outros
interessados no tema; Produção e publicação dos resultados da pesquisa no formato de artigos, em
periódicos ou congressos e/ou capítulos de livros e/ou e-book.
Esta é uma pesquisa de inspiração etnográfica que envolve três fases: a pesquisa bibliográfica, a
pesquisa de campo por meio da qual se fará um levantamento, nas comunidades da periferia urbana
de Macapá e em grupos urbanos de contadores de história, dos “tipos consultáveis” segundo sugere
Oswaldo Elias Xidieh (1967).
Uma vez encontrado os tipos que saibam narrar os contos populares, faremos um levantamento do
acervo desses narradores através de entrevistas narrativas. Colhida as histórias de vida e da tradição,
elas serão transcritas e organizadas em um acervo digital de livre acesso que poderá ser utilizado por
contadores de histórias contemporâneos em espaços etnoformativos diversos. A coleta de dados
durante tais etapas será realizada através de uma combinação de procedimentos e dispositivos de
coleta diversos, que serão melhor compreendidos a partir de agora.
Não há como mensurar com antecedência o corpus do estudo pois, os “tipos consultáveis” só poderão
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ser localizados quando os pesquisadores estiverem em campo. A ideia é promover rodas de histórias
em Macapá e, a partir dos efeitos de sentidos promovidos por elas, abrir espaço para que os ouvintes
presentes, rememorem outras histórias e socializem as mesmas com o público presente ou até
mesmo, sinalizem onde há contadores de histórias tradicionais naquela região para que os
pesquisadores os consultem posteriormente. Para formar a plateia que assistirá as rodas de histórias
os pesquisadores buscarão com antecedência um mobilizador local que deverá fazer a divulgação do
dia e horário em que essas rodas irão acontecer, a exemplo dos serviços de carro de som, serviço de
autofalante ou rádio, meios de comunicação que poderão mobilizar público para esses encontros.
O primeiro é o estudo dos contos religiosos realizado pelo professor da USP, Oswaldo Elias Xidieh
que em fins da década de 50 escreveu um ensaio onde sugere procedimentos aos pesquisadores dos
contos tradicionais. No livro ele diz que o pesquisador tem que ter em vista o tipo de narrativa que
pretende extrair da voz popular. Isso porque os grupos rústicos não distinguem os tipos de narrativas
que eles possuem por categorias de gêneros como fazem os pesquisadores. Para o povo, explica
Xidieh (1957) aquilo que o pesquisador chama de conto popular, cantigas de trabalho, quadras, rezas,
histórias de assombração, são dados da realidade dos grupos sociais rústicos que estão em todos os
momentos da sua vida e não lhes ocorrem que essas histórias possam ser diferentes de qualquer outra
que eles comumente contam em ocasiões de suas vidas. “Ninguém racionalizou ainda uma ´coisa´
que é dado presente e vivo de existência”, escreveu Xidieh (1957, p. 10). Compete por tanto ao
pesquisador, pela participação direta, constante e intensa, esperar que aconteça aquilo que ele espera
acontecer, isto é, no caso, que os relatos tenham, naturalmente, oportunidade de serem feitos. Com
Xidieh aprendemos assim que aquilo que se pretende pesquisar não são compreendidos pelos tipos
que os detém como os nomes que os pesquisadores lhes dão. Assim ao iniciar uma entrevista sugere
Xidieh que se faça está buscando despertar na memória do entrevistado o momento em que este era
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criança e perguntar aí que tipo de diversão havia na época. Se eram contadas histórias à noite?
Aconselha ainda Xidieh que o entrevistador saiba um bom número de histórias e se servir delas para
exemplificar ao entrevistado o que se está buscando.
Xidieh menciona que nem todos os membros de uma comunidade sabem narrar. Como então
encontrar os narradores? Sugere o pesquisador um quadro de “tipos consultáveis” que o bom senso,
de certo modo, nos leva ainda hoje a aceitar como exemplares. Escreve Xidieh:
A pedido direto, ficha e lápis à disposição, alguns senhores e senhoras em idade provecta, negras
velhas e macumbeiros, parteiras e carolas, curandeiros e benzedeiras, rezadores e tiradores de cobra,
capelães e cozinheiras, amas-secas e mumbavas, crias e cantadores, folientos do Divino, penitentes
andarilhos e beatos podem contar muita coisa. (XIDIEH, 1957, p. 10)
Outro livro importante na etapa da pesquisa bibliográfica é aquele que traz o ensaio de Walter
Benjamin sobre os narradores. Em, O Narrador: Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. o
ensaísta alemão Walter Benjamin descreve em traços didáticos as características essenciais do
narrador tradicional em oposição a outros tipos de narradores. Como esse trabalho busca as narrativas
tradicionais, entender o que caracteriza o narrador tradicional passa a ser importante. O termo
narrador, ainda é foco de discussões e muitas dúvidas. Diversas disciplinas o empregam de forma
indiscriminada. Assim, narradores, contadores de histórias, mentirosos, contadores de causos, velhos
que contam suas histórias de vida, pescadores e suas famosas histórias mirabolantes, compartilham
muitas vezes – nas análises e discussões sobre o narrador – das mesmas características, como se não
houvesse distinção entre eles.
Em resumo, para Walter Benjamin, o narrador tradicional é aquele que detém um tipo de saber
ancestral que é transmitido pela tradição e veiculado pela oralidade (BENJAMIN, 1994). Esse tipo,
segundo o ensaísta alemão, está em vias de extinção, pois o modo de vida propiciador do surgimento
das narrativas está pouco e pouco deixando de existir.
Segundo Benjamin, os modos de produção econômica, determinam os modos de produção cultural.
O projeto capitalista de cultura global, caracterizado principalmente pela apropriação e
uniformização das mais diversas expressões das culturas locais, mais especificamente, das culturas
populares têm ameaçado a figura do narrador. Esse processo de extinção do narrador tem sido
favorecido principalmente pelos meios de comunicação, o avanço da cultura de massa, o
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para que ele possa compor o acervo do projeto de pesquisa “Saberes e Poéticas Orais Amazônicas no
Amapá”.
De posse desse primeiro mapeamento feito pelos estudantes da graduação, os pesquisadores vão
assistir o material gravado e mapear quais são os mestres e mestras da tradição que serão revisitados,
dessa vez por pesquisadores, para a realização de entrevistas que terão por abordagem metodológica
a (auto) biografia e por dispositivo de coleta de dados a entrevista narrativa a fim de documentar suas
histórias de vida, formação e seus repertórios.
Entrevistas narrativas são caracterizadas como ferramentas não estruturadas, e objetivam obter visão
em profundidade de determinados aspectos que podem emergir das histórias de vida, tanto do
entrevistado como as entrecruzadas no contexto situacional. O propósito desse tipo de entrevista é
encorajar e estimular o sujeito entrevistado (informante) a trazer à tona, por meio da narrativa, algo
importante sobre a sua vida e do seu contexto social, no caso dos mestres e mestras da tradição, as
suas histórias de vida e os contos que trazem na memória e, para isso, a influência do entrevistador
das narrativas deve ser mínima para que a narrativa se dê com a naturalidade de cotidiana de contar e
escutar histórias.
Jovchelovich e Bauer (2000) alertam para a importância de o entrevistador utilizar apenas a
linguagem que o informante emprega sem impor qualquer outra forma, já que o método pressupõe
que a perspectiva do informante se revela melhor ao usar sua linguagem espontânea. Essas asserções
se assentam na compreensão de que a linguagem empregada constitui uma cosmovisão particular e,
portanto, é reveladora do que se quer investigar: o “aqui” e o “agora” da situação em curso.
Segundo as ideias de Creswell (2014), há nas entrevistas narrativas uma importante característica
colaborativa, uma vez que a história emerge a partir da interação, da troca, do diálogo entre
entrevistador e participantes.
Durante a narrativa o sujeito se implica com os muitos eventos e acontecimento que vão sendo
lembrados e narrados, mesmo sabendo que descrevendo os fatos acontecidos ele se encontra na
condição de sujeito apartado do relato que, durante a entrevista narrativa, adquire uma dimensão
objetiva, descritiva e observacional.
Sabemos que a narrativa, pode provocar nos entrevistados e em quem os escuta, diversos estados
emocionais, ela tem a capacidade de sensibilizar e fazer o ouvinte assimilar as experiências de acordo
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com as suas próprias, evitando explicações e provocando efeitos de sentidos diversos. Para o
pesquisador, o que acontece é que a interpretação sobre as entrevistas não ocorre no sentido lógico de
analisar de fora, como observador neutro, mas interpretação que envolve a experiência do
pesquisador e do pesquisado no momento da entrevista e as experiências anteriores de ambos,
transcendendo-se assim o papel tradicional destinado a cada um deles. Tendo em vista que os
processos macros são formados por ações individuais, a partir da técnica de entrevistas narrativas
pode-se evidenciar aspectos desconhecidos ou nebulosos da realidade social a partir de discursos
individuais.
Nesse sentido, a possibilidade de narrar o vivido ou passar ao outro sua experiência de vida, torna a
vivência que é finita, infinita. Graças a existência da linguagem a narrativa pode se enraizar no outro.
Sendo assim, a narrativa é fundamental para a construção da noção de coletivo:.
A forma oral de comunicar re-significa o tempo vivido, as coisas da vida, e concomitantemente a ela,
emerge o passado histórico das pessoas a partir de suas próprias palavras(8). Assim uma das funções
da entrevista narrativa é contribuir com a construção histórica da realidade e a partir do relato de
fatos do passado, promover o futuro, pois no passado há também o potencial de projetar o futuro.
Nessa ótica, o recurso da narrativa coincide com a perspectiva de movimento, no sentido teórico,
pois através dela é possível conseguir novas variáveis, questões e processos que podem conduzir a
uma nova orientação da área em estudo. Ou seja, a narratividade é um recurso que visa investigar a
intimidade dos entrevistados e possibilita grande riqueza de detalhes, em virtude disso, pode ser
importante quando determinada área de estudo encontra-se estagnada por haver se exaurido a busca
por novas variáveis sem conseguir, entretanto, avançar no conhecimento. (GALVÃO, 2005)
Depois de coletar histórias de vida e repertórios de cada mestre e mestra da tradição, por meio de
filmagem com câmeras profissionais, os bolsistas e estudantes voluntários do projeto de pesquisa
"Saberes e Poéticas Orais Amazônicas no Amapá" vão transcrever e catalogar os textos registrados
em áudio, sistematizando os repertórios de cada contador de histórias. Existe pelo menos duas formas
de transcrição. As duas serão adotadas por este trabalho. O primeiro, mais cientifico é o verbatim.
Ele consiste na transcrição fiel das expressões, ditos, vocabulário e demais variações que marcam a
oralidade. Esse registro serve, além dos propósitos de registro da coleta de contos, aos estudos de
linguistas interessados em variações de linguagem, historiadores e etnógrafos.
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O outro modo de registro é o com sentido. Nele as repetições típicas da oralidade são abrandadas,
vocabulário adequado à norma padrão e expressões e ditos emendados para tornar o texto mais
literário. Em seguida, vão produzir vídeos curtos com testemunhos desses mestres e mestras das
tradições orais sobre seus percursos de vida e o acervo de histórias que guardam de memória. A
criação desse acervo digital aberto (respeitando o consentimento de cada um dos atores da pesquisa)
com os repertórios de narrativas e os vídeos com os depoimentos dos narradores acerca de suas
histórias de vida, recolhidos a partir do trabalho na Unifap, será efetivada pelos pesquisadores do
projeto de pesquisa “Saberes e Poéticas Orais Amazônicas no Amapá”.
Iniciação científica
De modo a acolher as pesquisas dos estudantes que se interessarem pelo projeto “Saberes e Poéticas
Orais Amazônicas no Amapá”, pretende-se registrar projetos de iniciação científica focados em
oralidade e poesia vocal. Os estudantes terão a oportunidade de publicar trabalhos em conjunto ou
individualmente, sob a nossa orientação, seja como resultado de comunicações em congressos, seja
em revistas de literatura com conceito Capes B1 ou mais.
Também pretendemos orientar TCCs que visem oralidade e poesia vocal. Mas as orientações não se
restringirão a essa linha de pesquisa. Pretendemos também atuar em outras linhas de pesquisas,
como: a) literatura contemporânea, b) literaturas africanas, c) literatura timorense, d) literatura e
sociedade.
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ATIVIDADES DE EXTENSÃO
Planejar detalhadamente para os próximos três anos sua atuação em atividades de extensão. Minimamente
estas atividades estão relacionadas a projetos de extensão junto a comunidade acadêmica ou geral, ações
comunitárias, organização de eventos de extensão do conhecimento produzido pela universidade a sociedade.
Extensão
Por meio da extensão, durante os próximos três anos, pretendemos abrir o projeto de pesquisa
“Saberes e Poéticas Orais da Amazônia Amapaense” à comunidade externa à Unifap, oferecendo
cursos não só a acadêmicos e outros funcionários da universidade. Um desses cursos será
estruturado em conjunto com o CEMEDHARC, centro de arquivos do departamento de história da
Unifap, e focará na recolha, tratamento e arquivamento de narrativas orais.
Outros cursos de extensão que se pretende ministrar, também aberto ao público em geral, serão
rodas de leitura de obras das literaturas a) africanas de língua portuguesa, b) literatura portuguesa, c)
literatura brasileira, d) literatura brasileira contemporânea. Também pretende-se criar um curso de
extensão em escrita criativa, incentivando jovens escritores a desenvolverem suas produções
literárias; e um curso de extensão em cultura popular, conforme descreveremos em detalhes logo
abaixo.
Círculos de leitura
encontros sucessivos, para discutir a leitura de uma obra, literária ou não. Esses encontros podem ser
realizados como parte do programa de leitura de uma biblioteca ou atividade regular de sala de aula
da disciplina Língua Portuguesa ou Literatura.
Para tal atividade, propomos o “Círculo semiestruturado” (Cosson, 2014, p. 158: este “não possui
propriamente um roteiro, mas sim orientações que servem para guiar as atividades do grupo de
leitores. Essas orientações ficam sob a responsabilidade de um coordenador ou condutor que dá
início à discussão, controla os turnos de fala, esclarece dúvidas e anima o debate, evitando que as
contribuições se desviem da obra ou do tema a ser discutido” (COSSON, 2014, p. 159).
Quanto à escolha das obras literárias, além do trabalho com as obras já estabelecidas no programa de
ensino de cada percurso, uma sugestão é privilegiar o diálogo com literaturas brasileiras amazônicas,
especialmente a produção a de Dalcídio Jurandir, de Márcio Souza (Galvez, 1976) e de Benedicto
Monteiro (O Minossauro, 1978). Deste modo, é possível estabelecer zonas de contato entre a
literatura produzida em várias regiões brasileiras. Outra possibilidade de escolha seria a produção de
autores super-contemporâneos e recém premiados no circuito nacional, como Itamar Vieira Júnior,
Julian Fuks, Aline Bei. O contato direto com os próprios autores por meio de video-conferências
enriqueceria as aulas e as discussões e permitiria a divulgação direta da literatura brasileira
contemporânea na França.
participantes serão estimulados a: a) dominar as técnicas necessárias para compor uma história
estimulante com personagens memoráveis escritos em um novo estilo descritivo; b) Analisar e
avaliar construtivamente a escrita por pares. O conteúdo do programa é projetado de maneira
simples para que possa ser entendido por qualquer pessoa com qualquer nível de experiência. O
critério utilizado para a escolha dos escritores é o respeito pela diversidade de gênero, raça e etnia,
em língua portuguesa. Apesar da maior parte dos escritores serem brasileiros, contemplaremos pelo
menos um escritor de país africano. Os cursistas não apenas desenvolverão uma maior capacidade
de escrever, como também terão mais propriedade para fazer críticas literárias e para encontrar
inspiração nos livros que ler ao longo da vida. O curso se resume a 60 horas com atividades
presenciais e online. No projeto final, o participante deverá “rascunhar” uma história completa, um
ensaio narrativo, um livro de memórias de 8 a 15 páginas; ou um projeto de livro de poemas.
Cineclube
Pretende-se organizar um seminário por ano com o objetivo de apresentar possibilidades de pesquisa
aos discentes, incentivando-os a diversificarem a escolha de seus temas e interesses de pesquisa. O
resultado será a abertura de novos horizontes de possibilidades para o departamento de letras e a
projeção de pesquisadores em áreas de inovação com evidente potencial de exploração. No primeiro
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ano, de 2023, o evento se apresentará como jornada de estudos, e será totalmente online, com
convidados da França e do Brasil. Os discentes poderão acompanhar as comunicações a partir do
auditório do DEPLA.
Organizado pelos grupos de pesquisas Saberes e Poéticas Orais Amazônicas no Amapá e Literaturas
do Norte (UNIFAP) e pelo Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (UNB), o
colóquio pretende reunir pesquisadores e especialistas, brasileiros e estrangeiros, com trabalhos
voltados para a literatura contemporânea e decolonial, bem como demais pesquisadores interessados
na temática do evento e artistas locais.
Vinte e oito anos após a morte de Paul Zumthor (Montreal, 11 de janeiro de 1995), sua influência
científica e artística estende-se não só a França, mas também a todo o mundo, em particular nos
domínios francófono e lusófono, mostrando que sua obra está mais atual do que nunca. A
importância de sua obra é inegável para os estudos sobre a voz nos diversos contextos brasileiros e
mundiais e inspira grupos de pesquisas Saberes e Poéticas Orais Amazônicas no Amapá e
Literaturas do Norte, da UNIFAP, e o grupo Voz, corpo e memória nas tramas poéticas, da UFBA,
a organizar o colóquio internacional Poéticas em movimento: o pensamento de Paul Zumthor.
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Por um lado, uma maior integração com a cultura oral amapaense possibilita a construção de saberes
científicos localizados e independentes de grandes centros econômicos do país, como o eixo Rio-São
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Paulo. Por outro lado, a valorização da cultura dos próprios pesquisadores fortalece não apenas sua
auto-estima, mas lhes disponibiliza objetos culturais e artísticos dos quais eles já são especialistas. O
resultado é a relativização do valor de objetos culturais monopolizados como capital cultural por
classes dominantes e o próprio enfraquecimento de sistemas de dominação que atravessam e
precarizam a própria universidade. É nesse sentido que nossa proposta pretende impulsionar a
qualidade do ensino de literatura no Depla – Unifap.
ASSINATURAS
DATA ___/____/______ De acordo De acordo De acordo De acordo
Em,____/____/____ Em,___/___/____ Em,___/___/___ Em,___/___/___