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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO


LETRAS LICENCIATURA PORTUGUÊS-FRANCÊS

RELATÓRIO DESCRITIVO E REFLEXIVO


DE ESTÁGIO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA DE LITERATURA
“Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento”

ERIVELTON DE LIMA DA CRUZ


Pelotas - RS
Fevereiro de 2018

ERIVELTON DE LIMA DA CRUZ

RELATÓRIO DESCRITIVO E REFLEXIVO


DE ESTÁGIO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA DE LITERATURA

Relatório descritivo e reflexivo de estágio de


intervenção comunitária de literatura
apresentado ao curso letras licenciatura
português francês, como requisito parcial a
aprovação no estágio de intervenção
comunitária.
Orientador: Prof. João Luis Pereira
Ourique

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Pelotas - RS
Fevereiro de 2018

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
INTRODUÇÃO
Espaço educacional
DESENVOLVIMENTO
Projeto Pedagógico
Plano I
Plano II
Plano III
Plano IV
Plano V
Plano VI
Plano VII
Plano VIII
REFLEXÕES E PROBLEMÁTICAS
Metodologia e abordagem
Problemas e resoluções
Formação docente
Conceito de experimentos
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
LISTA ANEXOS

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura Brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiário: Erivelton de Lima da Cruz
Público: Nível médio/Acadêmico
Horário: Terças-feiras, das 9 às 11. 15 Vagas.
Carga horária: 20 horas (120 min/aula) / 10 Encontros

Os encontros foram realizados nas respectivas datas:

1° Encontro 17/10
2° Encontro 24/10
3° Encontro 31/10
4° Encontro 7/11
5°/ 6° Encontro 14/11
7° Encontro 12/12
8° Encontro 19/12
9° Encontro Não foi possível a realização
10° Encontro Não foi possível a realização

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INTRODUÇÃO

O estágio de intervenção comunitária tem como objetivo complementar a


formação acadêmica. Tendo em vista este objetivo, organizamos este curso de
forma que pudéssemos adentrar aos temas da literatura de uma forma livre e
reflexiva com os participantes.
A escolha do objetivo geral dialogou com o interesse dos ministrantes em
dar prosseguimento e foco em sua formação acadêmica na área de seu interesse:
literatura brasileira.
O presente estágio foi realizado em instituição de ensino superior em
colaboração com o grupo de pesquisa ÍCARO. O espaço que nos foi cedido foi
essencial para a construção da proposta do projeto. O LAMPELL ofereceu total
suporte com equipamentos, estrutura e disponibilidade.
A principal proposta foi de revisitar de uma forma ativa os períodos literários
e movimentos entre o final do séc. XIX e início do séc. XX. Objetivamos construir
novos olhares e horizontes com os participantes.
Por fim, decidimos implementar uma nova proposição de metodologia e
abordagem que dialogasse com os nosso referencias pedagógicos e ao mesmo
tempo inovasse junto com a ideia inicial de trabalharmos como cientistas, sendo o
nosso objeto de experimentação: o texto literário.

Espaço educacional

A escolha do espaço do laboratório entra diretamente com a proposta do


projeto, que tinha como objetivo visualizar o trabalho com a literatura de uma
forma que mesclasse as particularidades de um espaço de experimentação. O
LAMPELL mostrou-se o espaço mais indicado por reunir: um espaço amplo que

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acolhesse todos os participantes, por conter material de apoio e computadores,
por oferecer um quadro branco para exposições e por situar-se dentro do âmbito
frequentado pelo público alvo. O LAMPELL demonstrou estar preparado e possuir
a estrutura ideal para o nosso curso.

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DESENVOLVIMENTO

Projeto Pedagógico

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Projeto pedagógico de intervenção comunitária

1. Dados de identificação
Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas
Disciplina: Literatura Brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Erivelton de Lima da Cruz e Carina Peixoto Maciel
Público alvo: Nível médio/Acadêmico
Carga horária: 20 horas (120 min/aula) / 10 Encontros.
Horário: Terças-feiras, das 9 às 11. 15 Vagas.

2. Consideração inicial
Este projeto visa como objetivo proporcionar aos participantes uma visão ampla sobre o
período Modernista, Semana de 1922, e como a criação estética e social desta fase
desenvolveu-se e preocupou-se com a formação de uma identidade e cultura brasileira.
Abordaremos os manifestos desde de suas origens europeias até a produção nacional
brasileira, os quais os debates sobre sua função e sua importância estendem-se aos dias de
hoje, sendo que o objetivo dos modernistas, a independência cultural ou a criação definitiva de
uma identidade brasileira não se estabeleceram de forma concisa.

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Empregaremos o princípio da literatura como um direito humano partindo da percepção
que os bens intelectuais de reflexão são necessários para um cidadão empoderado e
consciente de sua condição humana. O trabalho com a história da literatura pretende fornecer
paralelos com a realidade do participante e como ela é, e foi, influenciada pela produção
intelectual dos cânones e as propostas de seus respectivos períodos. Iniciaremos os trabalhos
através da questão: Qual o papel da literatura e sua importância? Como é feito o trabalho com
o texto literário? E através dessas questões expandir as possíveis resoluções que abrangem a
recepção da literatura em sentido lato. Posteriormente, partiremos dos conceitos de
periodização e dos movimentos Parnasiano e Simbolista, entre o fim do séc. XIX e início do
séc. XX, que trará junto com a análise do texto literário a percepção da tradição que envolvia
estes períodos, e que existia com foco na escolha da forma e de vocábulos cultos. Advinda a
visão do conceito de tradição introduziremos o papel das vanguardas europeias que vieram se
contrapor a esta tradição estabelecida, trazendo uma ideia de ruptura a produção da época,
porém a reflexão sobre que tipo de ruptura houve a partir dessa recepção será feita com os
participantes. Esta ideia de ruptura, como rompimento de conteúdo e estrutura, estabeleceu-se
de uma forma direta no Brasil a partir do ano de 1922, dentro da Semana de Arte de São
Paulo, que através da propagação de ideias trazidas por escritores de São Paulo darão início
ao movimento artístico modernista brasileiro.
Caracterizado essas transformações dentro da produção cultural veremos através das
lentes da análise literária as mudanças que a ruptura modernista alcançou, principalmente
exposta através da intergenericidade - a presença de um gênero dentro de outro - prevalente
na crônica e na produção modernista como um todo, e a composição fragmentada dentro da
poesia da fase heroica modernista, bem caracterizada através da produção de Mário de
Andrade e Oswald de Andrade.
Por fim, o laboratório será caracterizado através de diversas atividades que serão
guiadas junto aos participantes com o intuito de induzi-los à reflexão sobre a complexidade
imbuída no desenvolvimento de sentidos dentro da produção deste período, e estas atividades
poderão ser expostas, apresentadas e visualizadas junto a eventos que serão organizados
pelo grupo.

3. Justificativa

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As principais questões que este projeto tem como princípio levantar são: a importância
e a discussão sobre a ideia de ruptura que houve na semana de arte de 1922 e como esta
ideia atingiu a produção modernista e contemporânea em sua complexidade de
desenvolvimento de sentidos dentro da produção considerada canônica nos dias de hoje;
explorar a receptividade desta nova abordagem literária que foi criada a partir do intuito da
formação de uma nova identidade brasileira.

4. Conteúdos

⎯ Gênero poesia, gênero romance e gênero crônico.


⎯ Simbolismo e Parnasianismo
⎯ Vanguardas europeias e seus respectivos manifestos
⎯ Semana de Arte de São Paulo de 1922
⎯ Modernismo brasileiro e seus respectivos manifestos (Fase heroica)

5. Objetivos
5.1 Gerais

⎯ Refletir sobre a mudança de uma perspectiva dentro da produção cultural brasileira antes e
após a Semana de Arte Moderna de São Paulo de 1922.

5.2 Específicos

⎯ Desenvolver a recepção das características dos gêneros: poesia, romance e crônica.


⎯ Verificar a mudança da estrutura canônica, tradicional, dentro da crônica, do romance e da
poesia após a Semana de Arte de 22.
⎯ Explicitar a ideia modernista de rompimento com os períodos clássicos, através de uma nova
produção a partir de 1922.
⎯ Abordar como se deu a influência das vanguardas europeias no movimento modernista
brasileiro.
⎯ Verificar a mudança de perspectivas do conteúdo das crônicas e das poesias, em conjunto com
seu momento histórico.
⎯ Instigar a reflexão da relação do gênero, autor, conteúdo e o período histórico.

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⎯ Refletir com os participantes as semelhanças dos conteúdos abordados entre os autores.
⎯ Desenvolver a recepção do gênero crônica como um meio que recebe todos os gêneros.
⎯ Verificar a produção modernista e suas correntes.
⎯ Produzir experimentos com os participantes que fomente o ‘espírito da época’.

6. Divulgação

A divulgação ocorrerá dentro da própria instituição através de cartazes, avisos em sala


de aula, na internet através dos sites de comunicação da universidade federal e do site do
grupo de pesquisa ÍCARO, no período de 10 dias antes do início do projeto.
Será disponibilizada uma página de inscrições dentro do período de divulgação onde os
participantes poderão encontrar mais informações.

7. Recursos

⎯ Quadro branco.
⎯ Material impresso, adequado a cada aula (Jornais, Textos impressos, xerox).
⎯ Canetas para quadro branco (Azul e Vermelha).
⎯ Material para a produção de livretos
⎯ Equipamento sonoro e visual para elaboração de sarau e exibição de produção dos
participantes. (TV, Projetor, Computadores, Câmeras, Gravadores)

8. Abordagem metodológica

O ponto de partida de cada encontro tem como base um processo dialógico-expositivo


abordando a história da literatura e os períodos selecionados, ao mesmo tempo expondo aos
alunos a importância da literatura como um direito humano, segundo CANDIDO (2004) e como
uma ferramenta de questionamento da realidade do mundo.

“...a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação,


entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento
intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que
considera prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção,
da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e
denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos

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dialeticamente os problemas. ”

CANDIDO (2004)

Os encontros serão desenvolvidos também a partir de uma metodologia baseada na


ideia da “provocação” à reflexão a partir de questionamentos a propósito de pontos chaves do
desenvolvimento do curso, como por exemplo, “O que é Literatura?”, pois acreditamos e
defendemos que a melhor maneira de produzirmos conhecimento é por meio da metodologia
que tem seu foco no aluno e por meio do questionamento induzido gera a reflexão
espontânea, pois desta forma ao passo que os alunos são instigados a buscarem em si
respostas para problemas, despertamos dentro deles o envolvimento e motivação para as
possíveis resoluções propostas pelo curso, cabendo aos monitores guiar, desse momento em
diante, o aprendizado destes alunos. Dialogando diretamente com FREIRE (1975).

O educador já não é o que apenas educa, mas o que enquanto educa, é


educado, em diálogo com o educando, que, ao ser educado, também educa.
Ambos assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em
que os argumentos da autoridade já não valem [...]. Já agora ninguém educa
ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo, os homens se
educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.

(FREIRE, 1975, p. 78)

9. Fundamentação teórica

A proposta do projeto surge através de uma constatação de CASTELLO (2007) que


propõe que após a Semana de Arte de São Paulo de 1922 produziu-se totalmente uma
mudança na produção literária e uma ‘demolição’ no conceito de pureza de gênero, uma
estrutura canônica e sem influência de outros meios. O lugar que vamos poder verificar por
excelência esse fator será no campo da crônica brasileira e da poesia, gêneros que acabam
por aceitar todas as características de outros gêneros de forma implícita e sendo sensível à
recepção dos mais diversos leitores.

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“Entre nós, o fracasso dos gêneros se expressa, de maneira muito particular,
na proliferação da crônica – o lugar, por excelência, da ausência de gênero. Na
crônica, tal qual a praticou seu grande mestre, Rubem Braga, tudo é possível,
da ficção clássica à moda de Clarice às interrogações existenciais de um
Carlinhos Oliveira, do lirismo despudorado do próprio Braga à filosofia
disfarçada em desafogo de um Paulo Mendes Campos. ”

“..., a crônica brasileira se tornou um laboratório de experimentação – e é tão


mais ou menos bem-sucedida quanto não foge a esse destino. Às vezes abriga
apenas o texto jornalístico; outras vezes, a confissão mais sincera, ou a
simples memória que, na verdade, não é tão simples. A crônica hoje sintetiza
um impasse – e não parece ser por outra razão que, na última década,
multiplicando-se nas páginas da imprensa, ela se tornou o gênero literária
mais popular. ”

CASTELLO (2007)

Outro viés que as aulas irão partilhar será do trabalho de MARCUSCHI (2008) que
aborda o princípio de intergenericidade que vamos poder verificar na crônica brasileira, como
um fator predominante depois da Semana de Arte de 22.

“...para designar esse aspecto de hibridização ou mescla de gêneros em que


um gênero assume a função de outro. Pessoalmente, estou usando
intergenericidade como a expressão que melhor traduz o fenômeno. Essa
violação de cânones subvertendo o modelo global de um gênero...”

MARCUSCHI (2008)

Adentramos a história da literatura e sua formação através da percepção inicial entre a


distinção de tradição composta pelos períodos que antecedem todo tipo de inovação. Neste
projeto empregamos este conceito atribuindo a alcunha de tradição aos períodos Simbolista e
Parnasiano do fim do séc. XIX. Posteriormente foi atribuído, a partir dos conceitos das
vanguardas europeias, as proposições que levarão ao eclodir do modernismo brasileiro,
ficando claras suas influências diretas na formação deste período.

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É inegável a influência francesa nas suas concepções estéticas, principalmente
na preocupação com “o espírito moderno”, idéia popularizada pelo futurismo
e desenvolvida por Apollinaire (L’Esprit nouveau et les poètes, 1918) e que,
após a morte deste, motivou a fundação da revista L’Esprit nouveau (1920),
que exerceu também indiscutível influência na teoria poética de Mário de
Andrade

TELLES (1994, p.275)

Graças ao conhecimento das vanguardas europeias, podemos situar com mais


clareza as opções estéticas da Semana e a evolução dos escritores que dela
participaram.

BOSI (2000)

E para concluir, serão elaboradas reflexões a partir das crônicas e poesias


selecionadas, as quais servirão como um fator humanizador e de ‘abertura’ de mundo, como
CANDIDO (1992) dialoga conosco:

“Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso


modo de ser mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta
humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a
outra mão uma certa profundidade de significado e um certo acabamento de
forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta
candidata à perfeição. ”

CANDIDO (1992)

10. Procedimentos

O projeto será estruturado em cinco grandes etapas:

Na primeira etapa, os ministrantes farão a conceituação do projeto por meio de um


diálogo com os participantes explorando proposições sobre diversos tópicos, como definição
de texto literário, o papel do autor no período histórico, a influência das vanguardas europeias

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na produção modernista brasileira, entre outros.
Na segunda etapa, os ministrantes trabalharão o período que antecede o modernismo
partindo de uma sensibilização poética que consistirá na distribuição de cópias dos poemas
que serão trabalhados, a fim de que ocorra a leitura individual com o propósito de uma prévia
familiarização e reflexão por parte dos participantes sobre este conteúdo. Posteriormente, os
ministrantes deverão explorar a abordagem histórica partindo de um viés de caráter
questionador a respeito do papel da literatura, bem como a formação do cânone, podendo
assim trazer dados que possam auxiliar o aluno a visualizar as características e origens do
modernismo comparadas diretamente com os períodos parnasianos, simbolistas considerados
“tradição”.
Na terceira etapa, os ministrantes deverão adentrar aos conceitos e propostas das
vanguardas europeias e em seu respectivo período histórico que terá influência direta no
conceito de moderno e na sua relação determinante para a construção dos movimentos
literários artísticos.
Na quarta etapa, os ministrantes deverão abordar diretamente a semana de arte
moderna de 1922, e como sua produção e suas propostas vão gerir o desenvolvimento do
movimento que caracterizamos como modernista brasileiro. Nesta etapa iremos inserir e
enfatizar principalmente as relações essenciais que foram feitas entre as vanguardas
europeias e os organizadores da semana de arte de São Paulo.
A quinta etapa, será dedicada para a produção dos “experimentos” pelos participantes.
Os ministrantes irão orientar os participantes na escolha dos produtos culturais que poderão
realizar, como: poesias, contos, crônicas, vídeos-textos entre outros, que posteriormente serão
exibidos, debatidos e expostos ao fim do projeto.

11. Cronograma

1° Encontro 17/10 Apresentação ⎯ Apresentações e introdução da proposta geral de


trabalho.
⎯ Conceituação de literatura e sua importância
⎯ Conceitos de Historiografia e periodização.
2° Encontro 24/10 Tradição ⎯ Verificar como a produção simbolista e parnasiana

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se mostrou no Brasil.
⎯ Poesia: “O incêndio de Roma” e “Abyssus”, Olavo
Bilac.
3° Encontro 31/10 Tradição ⎯ Verificar como a produção simbolista e parnasiana
se mostrou no Brasil.
⎯ Poesia: “Incensos” e “Luz dolorosa”, Cruz e Souza
⎯ Texto de apoio: “Les fleurs du mal”, Charles
Baudelaire
4° Encontro 7/11 Transição ⎯ Verificar os surgimentos de ideias de uma ruptura
conceitual futura.
⎯ Poesia: “Psicologia de um vencido”, Augusto dos
Anjos.
⎯ Prosa: “Numa e a Ninfa”, Lima Barreto e “Os
sertões”, Euclides da Cunha.
5° e 6° 14/11 Vertente ⎯ Verificar os surgimentos das vanguardas europeias
Encontro e seus manifestos.
⎯ Manifestos: Surrealista, André Breton. Futurista,
Filippo Marinetti. Dadaísta, Hugo Ball. Cubista,
Guillaume Apollinaire.
⎯ Início dos experimentos dos participantes
7° Encontro 12/12 Vertente e Introdução sobre a Semana de Arte de 1922 e suas
Ruptura consequências
⎯ Música: “o Trenzinho do caipira” e “as bachianas”,
Villa Lobos
⎯ Artes plásticas: Anita Malfatti e Tarsila do Amaral.
⎯ Escultura: Brecheret
⎯ Exibição de trecho da série ‘um só coração’
dramaturgia da semana de 22.
⎯ Produção de experimentos dos participantes
8° Encontro 19/12 Ruptura e ⎯ Abordagem das propostas pelo movimento
identidade modernista brasileiro e os manifestos
⎯ Manifestos: “Manifesto Antropofágico” e “Manifesto
da Poesia Pau-Brasil”, Oswald de Andrade.
⎯ Produção de experimentos dos participantes

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9° Encontro Definir Identidade e ⎯ Verificar as propostas dos manifestos dentro da
produção produção modernista
⎯ Poesia: “Meus oito anos”, “Pronominais”, “Crônica”,
Oswald de Andrade. “O trovador”, “Lembranças do
losango Cáqui” Mario de Andrade.
⎯ Prosa: “Memória sentimentais de João Miramar”
Oswald de Andrade
⎯ Produção de experimentos dos participantes
10° Encontro Definir Crônica ⎯ Contextualização da continuidade do movimento
modernista
⎯ Debate: Reflexão: gênero, autor, conteúdo e o
período histórico.
⎯ Finalização de experimentos dos participantes
⎯ Organização de exibição dos experimentos e
produção de um sarau
⎯ Encerramento do projeto
⎯ Socialização: Opiniões finais, Debate sobre o
desenvolvimento dos trabalhos e experimentos,
críticas, comentários, elogios.

12. Avaliação

A avaliação dos alunos será constituída de atividades de produção textual, visual,


sonora que denominamos dentro deste projeto como “experimentos”. Estes serão
apresentados em sarau, exposição ou exibição contínua e no desenvolvimento e participação
dentro dos encontros.
A atividade será desenvolvida pelos participantes, a partir da elaboração de um
"produto cultural" baseado nos conceitos de moderno em oposição à ideia de tradição que
vimos nos primeiros encontros. Sendo a tradição as prerrogativas que o Simbolismo e
Parnasianismo carregam em si mesmos. Os produtos poderão ser de teor e temática livre:
poesias, colagens, crônicas, contos, objetos, etc.
As avaliações serão tanto individuais pela produção dos experimentos, quanto da
participação em grupo.

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13. Bibliografia

CASTELO, José. O fracasso dos gêneros. In: _____. A literatura na poltrona. Rio de Janeiro: Record,
2007.
CANDIDO, A. A vida ao rés-do-chão, in: A crônica. O gênero, sua fixação e suas transformações no
Brasil. Campinas/Rio de Janeiro: Ed. Da Unicamp/Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992.
____________. O direito à literatura. E outros ensaios. Coimbra: Angelus Novus, 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de texto, análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
AGUIAR, Flávio. As questões da crítica literária. In: MARTINS, Maria Helena (Org.). Outras leituras.
São Paulo: Ed. Senac; Itaú Cultural, 2000.
ROSENFELD, A. Reflexões sobre o romance moderno. In: Texto/contexto. São Paulo: Perspectiva,
1969.
BILAC, Olavo, “O incêndio de Roma” In Poesias. Panóplias, 1888
____________. “Abyssus” in ____________.Via Láctea, Antologia: Poemas. São Paulo; Martin
Claret, 2002.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. Trad., introd. e notas de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985.
CRUZ E SOUZA, J. “Incensos”, “Luz dolorosa” in ____________.Obra completa. Org. Andrade Murici.
2ª reimpressão da 1º Edição (atualizada em 1995). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
ANJOS, Augusto dos. “Psicologia de um vencido” in ____________. Eu e outras poesias. São Paulo:
Martin Claret, 2008.
BARRETO, L. Numa e a Ninfa. Coleção de Autores Modernos da Literatura Brasileira, volume 3,
Rio de Janeiro: Garnier – Brasiliense, 1983.
CUNHA, E. Os Sertões. Rio de Janeiro: Record, 1998.
ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar / Serafim Ponte Grande. (Coleção
Literatura Brasileira Contemporânea no. 5) Rio de Janeiro: Livraria José Olimpio Editora: Editora
Civilização Brasileira: Editora Três, 1973.
____________. “Lembranças do Losango Caqui” “o Trovador” in ____________. Poesias completas I.
São Paulo: Martins Editora, 1955.
____________. Manifesto Antropófago. In: Revista de Antropofagia. Reedição da Revista Literária
publicada em São Paulo – 1ª e 2ª dentições – 1928- 1929. São Paulo: CLY, 1976. p. 3;7.
____________.. Manifesto pau-brasil. In: Do pau-brasil à Antropofagia e às utopias – Obras
completas –6. Rio de Janeiro, MEC/ Civilização Brasileira, 1972. p. 3-10.
MARINETTI, F. T. Manifesto Futurista. Paris. Le Fígaro, 1909.
RICHTER, Hans. Dadá: arte e antiarte. Ed. Martins Fontes. 1993.
BRETON, André. Manifestos do Surrealismo. Rio de Janeiro: Ed. Nau, 2001.
APOLLINAIRE, G. O Manifesto Cubista. Publicado em 1913.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro: apresentação
dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas, de 1857 a
1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.

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Plano I

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula I

1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Erivelton de Lima da Cruz e Carina Peixoto Maciel
Público alvo: Nível médio/Acadêmico
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11am. 17/10

2. Conteúdos

⎯ Abordagem metodológica
⎯ Conceito de Literatura
⎯ Historiografia e periodização

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3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ A partir da apresentação das metodologias e das correntes teóricas-criticas
almejamos que os participantes compreendam a abordagem que os textos literários serão
trabalhados dentro dos encontros posteriores.

3.2 Específicos
⎯ Apresentar a proposta do projeto e dos experimentos.
⎯ Explanar os conceitos básicos da literatura.
⎯ Expor a periodização historiográfica da literatura que será empregada.

4. Recursos

▪ Quadro branco
▪ Canetas para Quadro Branco
▪ Xerox (Cópias dos poemas)

5. Fundamentação teórica

A proposição desta aula parte da indagação principal sobre os conceitos de texto


literário, literatura e suas funções de papel modificador da realidade do leitor. Abordaremos
estes conceitos através da ótica de CANDIDO (2004).
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque
poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de
cultura, desde o que chamamos folclore, Lenda, chiste, até as formas mais complexas e
difíceis da produção escrita das grandes civilizações.

Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestação


universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há
homem que possa viver sem ela. Isto é, sem a possibilidade de entrar em

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contato com alguma espécie de fabulação.

CANDIDO (2004)

Através dessa proposição conseguiremos guiar a discussão como os participantes


de uma forma que possa interagir e ampliar dialeticamente a conceituação e papel da
literatura como objeto de estudo e experimentação.

6. Procedimentos

A aula irá estruturar-se em três grandes momentos:


Primeiro momento: Dinâmica de apresentação, os participantes irão expor seu
nome, área de atuação e estudo, local de onde vieram. Será feito também perguntas
relacionadas ao interesse pela procura do curso e seu conhecimento sobre a literatura, e o
período histórico que iremos abordar.

Segundo momento: Uma roda de perguntas que será desenvolvida almejando


trabalhar quatros grandes tópicos que serão essenciais para o trabalho ao decorrer do
curso: o texto literário, leitura, autor e obra e período histórico.

Terceiro momento: A exposição direta no quadro sobre o período histórico que será
abordado dentro do curso. Será feita uma linha temporal no quadro para que os
participantes sejam contextualizados sobre a época que será trabalhada. A linha temporal
conterá as datas essenciais, nomes dos autores, as obras, e os cortes lógicos que
houveram para a formação da literatura modernista. Será explicitado também a proposta
de experimentos e a metodologia de leitura que o curso irá trabalhar, partindo de uma
leitura junto a teoria da recepção, posteriormente uma verificação dos elementos formais e
finalizando com um pequeno comentário adjunto a teoria crítica-sociológica.

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da

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atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

CANDIDO, A. O direito à literatura. E outros ensaios. Coimbra: Angelus Novus,


2004.
ELIOT, Thomas S. Tradição e talento individual. In: __ Ensaios. São Paulo: Art
Editora, 1989.
JAUSS, Hans Robert. A História da Literatura como Provocação à Teoria
Literária. São Paulo: Editora Ática S.A., 1994;
__________________ et al. A literatura e o leitor: textos de estética da
recepção. Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,
1979.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática,
1993
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1975

Relato

O primeiro encontro mostrou-se muito produtivo e a recepção do grupo


presente evidenciou-se prospectar um trabalho interessante e criativo nos
próximos encontros. No primeiro momento guiamos uma breve apresentação dos
participantes presentes em torno da metade dos inscritos.
A apresentação seguia a exposição do nome, posteriormente a
apresentação do local de fala que os participantes vieram e o porquê de fazerem o
curso/laboratório. As respostas advindas de um grupo variado e plural, tanto a
idade, quanto pelas áreas, evidenciou um interesse pela produção criativa e pelo
período histórico selecionado para o trabalho.
Em um segundo momento, a pergunta capciosa para um primeiro dia, "o
que é literatura?" Foi colocada no quadro e em seguida foram passados quatro
livros entre os participantes para a visualização, dois de conteúdo geral e dois de

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literatura. Depois que os alunos verificaram o teor, os aspectos dos livros, as
diferenças físicas e igualdades textuais, os mesmos foram usados para guiar uma
pergunta de diferenciar o texto literário em oposição ao que não é definido literário.
Este debate gerou reflexões e raciocínio pertinentes ao desenvolvimento do
trabalho como um todo: se o autor disser que é literatura é literatura? Quais
entidades autorizam a literatura? Literatura é a transposição da realidade para o
ilusório? Literatura é só ficção? Durante o debate a frase com definição de
literatura para Antônio Cândido foi colocada no quadro para enriquecer a
atmosfera e as ideias do grupo.

A arte, e, portanto, a literatura, é uma transposição do real


para o ilusório por meio de uma estilização formal da
linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as
coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um
elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um
elemento de manipulação técnica, indispensável à sua
configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade.

(CANDIDO, 1972:53)

O grupo advinha trazendo suas próprias leituras para o debate. O debate


fora guiado junto aos 4 grandes eixos que decidimos expor: texto literário, leitura,
autor e obra e período histórico. Após o trabalho com a frase do Candido partimos
para a noção de leitura e percepção do mundo, colocando uma frase de Lajolo e
perguntando aos participantes como era a forma que os mesmos adentravam o
texto e em seguida explicitamos a forma que iríamos trabalhar o texto: uma leitura
individual através da teoria da recepção, e em seguida apegar junto ao grupo em
elementos formais para verificar a tonalidade de cada texto literário.

É a relação que as palavras estabelecem com o contexto, com


a situação de produção da leitura que instaura a natureza
literária de um texto [...]. A linguagem parece tornar-se
literária quando seu uso instaura um universo, um espaço de
interação de subjetividade (autor e leitor) que escapa ao
imediatismo, à predictibilidade e ao estereótipo das situações
e usos da linguagem que configuram a vida cotidiana.

(LAJOLO, 1981:38).

24
Passados os dois tópicos adentramos o a discussão sobre autor e obra e o
conhecimento sobre as leituras que os participantes tinham de literatura mundial e
brasileira. Durante o debate foi referenciado, citado, diversas vezes o texto
norteador de T.S. Elliot e o seu teor sobre a formação do talento e da tradição.
Finalizado o debate, decidimos com grupo fazer um pequeno intervalo de
15 minutos. Na volta do intervalo houve uma exposição didática com envolvimento
dos participantes de quais seriam suas expectativas do período histórico que
iremos abordar. Foi exposto uma pequena linha do tempo com os movimentos
abordados, autores e datas importantes para o trabalho.

Figura 1 Linha temporal dos movimentos trabalhados

O grupo mostra-se plural contendo participantes de diversas áreas: das


artes, pedagogia, filosofia e letras, tornando o debate e o trabalho gratificante e
muito recompensador. O pequeno número dos participantes acaba fortalecendo a
ligação e envolvimento do grupo, a própria forma que o grupo acabou se situando

25
no laboratório demonstrou uma atmosfera mais amigável e produtiva. Sentamos
todos em volta da grande mesa ao centro.
Aguardamos o próximo encontro e começamos já a preparar a próxima aula, com
foco no grupo estabelecido e suas leituras.

Plano II

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula II
1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Erivelton de Lima da Cruz e Carina Peixoto Maciel
Público alvo: Nível médio/Acadêmico
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 24/10

2. Conteúdos

⎯ Período Literário: Parnasianismo

3. Objetivos
3.1 Gerais

26
⎯ Verificar como a produção parnasiana mostrou-se no Brasil no fim do séc. XIX,
através da poesia e obra do autor Olavo Bilac.

3.2 Específicos
⎯ Adentrar aos preceitos do conceito de Parnasos.
⎯ Explicitar a estrutura do poema categorizado como ‘tradição’.
⎯ Explorar noções de métrica, versos e rimas.
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico do autor e sua recepção pelo público.

4. Recursos

● Quadro branco
● Canetas para Quadro Branco
● Xerox (Cópias das poesias)
● Aparelho de TV

5. Fundamentação teórica

O parnasianismo, um movimento da poesia que esteve presente dentro do realismo,


será de grande importância para a contraposição dos ideais que serão quebrados durante
as proposições das vanguardas europeias e estabelecidas durante o modernismo.
A formação e escolha dos parnasianos pelo ideal de produzir uma “arte pela arte”
torna-se basilar na compreensão dos autores e do período histórico que os mesmos se
encontram.

A arte pela arte, aspirando a desfazer-se de qualquer compromisso com


os níveis da existência que não os do puro fazer mimético, na sua
concepção parnasiana acaba especializando-se em uma arte sobre a arte
que se concentra na reprodução de objetos decorativos: lá o vaso chinês,
aqui a copa e a estátua grega

BOSI (2000)

Os parnasianos vão ater-se principalmente as descrições e a pura mimese da


realidade, algo que posteriormente causará o embate com os próximos movimentos
artísticos culturais.

27
No segundo momento deste plano propusemos uma atividade diferenciada, pois a
fundamentação da atividade se encontrou na utilização da internet como ferramenta de
veiculação entre os materiais que disponibilizamos com fonte de livros e o conteúdo
disponível no Youtube, o que acarretou na explicitação da inclusão de recursos modernos
e atualizados com uso de ferramentas das tecnologias da informação e comunicação,
TIC’S, as quais foram fundamentais para definirmos o sentido da atividade, pois sem a
plataforma utilizada o trabalho não seria possível.
Nossa proposta foi trazer o vídeo que se encontra na internet o qual carrega a
ideologia do autor do canal “Papo com o Machado”, com intuito de gerar um debate de
como esta leitura pode contrastar com a proposta primeira do escritor Olavo Bilac. O uso
do vídeo como um item autoral carregado de possíveis interpretações e ideologias torna
possível o exercício de construção de sentido, alguns contrastantes, que acabam por
vezes eclodindo no consciente coletivo.
A tecnologia e o livre acesso à informação nos tornam autônomos, e uso dela no
dia-a-dia do professor acaba cada vez sendo mais importante.

Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico,


o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de memorizar e
classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação
de redes, de procedimentos e de estratégias de comunicação

PERRENAUD, 2000.

6. Procedimentos

A aula irá estruturar-se em dois momentos:


No primeiro momento, iremos começar com a distribuição de cópias impressas dos
poemas que irão ser trabalhados em aula. Em seguida um dos ministrantes irá copiar o
poema no quadro para que seja feita a análise em grupo. Após a leitura em voz alta do
poema, “O incêndio de Roma”, por um dos participantes serão feitas perguntas de
compreensão global e aprofundada partindo de uma concepção da teoria da recepção.
A análise dos poemas em conjunto com os participantes irá verificar neste
momento: os elementos formais, o conteúdo abordado pelo autor, os temas, a estilística

28
empregada em sua construção. Durante a análise, serão feitos comentários que auxiliem
os participantes a explorar uma diversidade de compreensão da polissemia que carrega o
texto literário para uma maior compreensão da produção do autor.
No segundo momento, iremos colocar no quadro o poema “Língua portuguesa”, e
posteriormente exibi-lo sendo recitado em um vídeo retirado youtube com objetivo de guiar
um debate sobre a intenção de Olavo Bilac. Levantaremos questionamentos de como autor
do vídeo expõe a sua leitura do poema em contraste com as propostas de Bilac.

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da
atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

Goldstein, Norma. Versos, sons e ritmos. Ática, São Paulo 2008.


BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
BILAC, Olavo, “O incêndio de Roma” In Poesias. Panóplias, 1888
BILAC, Olavo. “Língua Portuguesa” in Poesias. Posfácio R. Magalhães Júnior. Rio de
Janeiro: Ediouro, 1997
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
PERRENAUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Vídeo – Leitura: LÍNGUA PORTUGUESA Olavo Bilac Acessado 22/10/2017 em:
https://www.youtube.com/watch?v=C1kJEVIACvs

9. Anexos

⎯ Poemas: Língua Portuguesa e Incêndio de Roma.

Relato

Decidimos nestes dois encontros abordar o conceito de Tradição como


limitador de estado atual da produção estética dentro de um período histórico.

29
Sendo o movimento posterior contrário a esse estado institucionalizado. Em nosso
recorte decidimos caracterizar como tradição a corrente Simbolista e a corrente
Parnasianista, os dois de origem francesa e datadas do final do séc. XIX. Como
nos traz ELLIOT:

Todavia, se a única forma de tradição, de legado à geração


seguinte, consiste em seguir os caminhos da geração
imediatamente anterior à nossa graças a uma tímida e cega
aderência a seus êxitos, a 'tradição' deve ser positivamente
desestimulada. Já vimos muitas correntes semelhantes se
perderem nas areias; e a novidade é melhor do que a
repetição.
T.S. Eliot,1989

No início do segundo encontro começamos com a distribuição dos poemas


de Olavo Bilac e posteriormente uma leitura em voz alta por uma das
participantes. Após a leitura foram guiadas perguntas que abordavam a intenção,
o seu conteúdo, e a preocupação estética que o mesmo se torna explicito. No
quadro foram colocados alguns tópicos que são importantes para definir o projeto
político do Movimento. Este momento foi usado para uma pequena exposição
sobre a predominância estética e conteúdo que a corrente parnasiana carrega. Ao
final deste encontro exibimos um vídeo recente com uma leitura do poema do
autor trabalhado, com o objetivo de guiar um debate sobre a intenção do autor
com sua poesia em oposição a intenção do autor do vídeo. O vídeo trabalhado
seguia a leitura do poema Língua portuguesa de Olavo Bilac, seguido com
animações de frases de diversos escritores conhecidos.
O uso da TIC simbolizado pelo uso especifico de um vídeo feito para o
youtube, tornou-se essencial para a construção da reflexão que a tecnologia e
como sua leitura atual do consciente coletivo pode ser usada expandirmos as
leituras com os alunos.

Plano III

30
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula III


1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 31/10

2. Conteúdos
⎯ Período Literário: Simbolismo

3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ Verificar como a produção simbolista mostrou-se no Brasil no fim do séc. XIX,
através da poesia e obra do autor Cruz e Souza.

3.2 Específicos
⎯ Adentrar aos preceitos das origens do movimento.
⎯ Explicitar a estrutura do poema categorizado como ‘tradição’.
⎯ Explorar noções de métrica, versos e rimas.
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico do autor e sua recepção pelo público.
Verificar a produção de autores de outros autores, como Baudelaire.

31
4. Fundamentação teórica

O simbolismo surge principalmente em uma certa oposição ao parnasianismo


que tinha um projeto muito mais ligado a proposição da descrição, inversamente o
simbolismo apegou-se a ideia da ascendência do espírito, das cores, dos sonhos.

As novas posturas de espírito almejam a apreensão direta dos valores


transcendentais, o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado, e situam-se no
pólo oposto da ratio calculista e anônima.
Não tentam, porém, superá-la pelo exercício de outra razão, mais alta e
dialética, que Hegel já havia ensinado no princípio do século; as suas
armas vão ser as da paixão e do sonho, forças incônscias que a Arte
deveria suscitar màgicamente.

BOSI (2000)

Trabalharemos neste encontro com um dos mais importantes e essenciais poetas


do simbolismo, e ícone do marco do simbolismo brasileiro, Cruz e Souza será abordado
como uma grande contradição que foi possível para que o movimento tenha sido rico em
produção e em nível mundial, sendo mesmo até comparado aos grandes simbolistas
franceses, como Baudelaire. A visão de LEMINSKI (1998) tornou-se essencial para a
construção dessa contradição que iremos abordar.

O poeta assimilou sua contradição social, étnica e cultural, em nível


onomástico, incorporando ao nome negro de João da Cruz o Sousa dos
senhores. Cruz. E Sousa. Cruz. Mas Sousa. O nome como marca a fogo de
propriedade, uso luso, aliás, os escravos adotando, no Brasil, o apelido
dos seus proprietários.

LEMINSKI (1998)

5. Recursos

⎯ Quadro branco

32
⎯ Canetas para Quadro Branco
⎯ Xerox (Cópias dos poemas)

6. Procedimentos

A aula irá estruturar-se em dois momentos:


No primeiro momento, iremos guiar os participantes através de uma exposição
sobre a vida e obra do autor Cruz e Souza, por meio do livro “Vida”, de Paulo Leminski.
Criaremos um fio condutor subjetivo evidenciando a contradição do poeta negro no fim do
séc. XIX e de sua produção em relação ao estilo musical norte-americano: Blues.
No segundo momento, iremos começar com a distribuição de cópias impressas do
poema que será trabalhado. Em seguida um dos ministrantes irá copiar o poema no
quadro para que seja feita a análise em grupo. Após a leitura em voz alta do poema, “os
incensos”, por um dos participantes, serão feitas perguntas de compreensão global e
aprofundada partindo de uma concepção da teoria da recepção.
A análise dos poemas em conjunto com os participantes irá verificar neste
momento: os elementos formais, o conteúdo abordado pelo autor, os temas, a estilística
empregada em sua construção. Durante a análise, serão feitos comentários que auxiliem
os participantes a explorar uma diversidade de compreensão da polissemia que carrega o
texto literário para uma maior compreensão da produção do autor.

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da
atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

Goldstein, Norma. Versos, sons e ritmos. Ática, São Paulo 2008.


BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
CRUZ E SOUZA, J. “Incensos”, “Luz dolorosa” in. Obra completa. Org. Andrade Murici. 2ª
reimpressão da 1º Edição (atualizada em 1995). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
LEMINSKI, Paulo. Vida (biografias: Cruz e Souza, Bashô, Jesus e Trótski). Sulina,

33
Porto Alegre, 1990. (2ª edição 1998)

9. Anexos

⎯ Poemas: Incensos e Luz Dolorosa


Relato

No terceiro encontro, trouxemos uma nova abordagem começamos em um


primeiro momento com um texto crítico-teórico que estabeleceu um fio condutor
para uma exposição sobre a contradição do autor simbolista escolhido para a aula,
Cruz e Souza. A contradição estabelece-se sendo Cruz e Souza um homem
negro, sendo a escravidão o "natural" em seu período, tendo acesso aos altos
níveis de conhecimento e erudição de um homem branco. Enquanto essa
exposição era feita, através do texto de Leminski, comentários biográficos e como
sua produção literária dialogava de uma forma intensa com as bases francesas,
tanto Baudelaire, quanto Rimbaud. Em segundo momento do encontro
distribuirmos duas poesias do Cruz e Souza, e pedimos a leitura em voz alta de
um dos participantes. Após guiamos junto às participantes perguntas sobre a
estética e o conteúdo proposto pelo autor.

Com estes dois encontros conseguimos expor e construir com os


participantes a consciência dessa tradição que tinha como força maior a estética,
a preocupação com a métrica, algo que o modernismo irá opor-se avidamente e
trará novas concepções e ideologias.

Plano IV

34
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula IV
1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 7/11

2. Conteúdos
⎯ Período Histórico-Literário: Pré-modernismo

3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ Verificar com os participantes o início das mudanças nos paradigmas literários no
fim do séc. XIX.

3.2 Específicos
⎯ Adentrar aos preceitos de definição do moderno.
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico do autor e sua recepção pelo público.
⎯ Verificar a produção de autores como: Augusto dos Anjos, Monteiro Lobato, João
Simões Lopes Neto, Euclides da Cunha.
⎯ ⎯ Verificar os surgimentos de ideias de uma ruptura futura.

35
⎯ ⎯ Poesia: “Psicologia de um vencido”, Augusto dos Anjos.
⎯ Prosa: “Numa e a Ninfa”, Lima Barreto e “Os sertões”, Euclides da Cunha.

4. Fundamentação teórica

A mudança de perspectivas ideológicas e cultural começa a ficar explícita no final do


séc. XIX, com as grandes mudanças políticas tanto no Brasil, quanto no mundo. Essas
mudanças vão refletir diretamente nesse período histórico que não se classifica como
movimento literário, pela ausência um projeto artístico-ideológico uno entre os autores do
período.

Do quadro emergem ideologias em conflito: o tradicionalismo agrário


ajusta-se mal à mente inquieta dos centros urbanos, permeável aos
influxos europeus e norte-americanos na sua faixa burguesa, e rica de
fermentos radicais nas suas camadas média e operária.

BOSI (2000)

Os pré-modernistas irão começaram a incorporar dentro de suas obras


preocupações que antes não eram vistas no parnasianismo, e simbolismo. Autores como
Euclides da Cunha, Simões Lopes Neto e Augusto dos anjos serão essenciais neste
momento de transição entre o que denominamos “tradição” e o “modernismo”.

5. Recursos

⎯ Quadro branco
⎯ Canetas para Quadro Branco
⎯ Xerox

6. Procedimentos

A aula irá estruturar-se em dois momentos:


No primeiro momento, iremos guiar os participantes através de uma exposição

36
sobre a fase histórica, suas características e como os diversos conflitos da época
acabaram por começar a refletir diretamente na produção literária, possibilitando um
sincretismo entre diversos autores e técnicas. Criaremos um fio condutor subjetivo
evidenciando as questões que os pré-modernistas abordaram, que acabou tendo papel
central no projeto político do modernismo brasileiro.
No segundo momento, iremos começar com a distribuição de cópias impressas de
um poema de Augusto dos Anjos. Em seguida, um dos ministrantes irá pedir para que seja
feita a leitura do poema em voz alta por um dos participantes. Após a leitura em voz alta do
poema, “psicologia de um vencido”, serão feitas perguntas de compreensão global e
aprofundada partindo de uma concepção da teoria da recepção.
A análise dos poemas em conjunto com os participantes irá verificar neste
momento: os elementos formais, o conteúdo abordado pelo autor, os temas, a estilística
empregada em sua construção. Durante a análise, serão feitos comentários que auxiliem
os participantes a explorar uma diversidade de compreensão da polissemia que carrega o
texto literário para uma maior compreensão da produção do autor.

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da
atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2008.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.

9. Anexos

-Poesia “psicologia de um vencido” e “versos íntimos”, Augusto dos anjos.

Relato

37
No quarto encontro iniciamos com a exibição de um vídeo que expõe uma
relação histórica com a guerra de canudos e os conflitos presentes no início do
séc. XX. Os conflitos ficam evidentes como estopim na produção dos autores da
fase pré-modernista. Foi feita com os participantes a exposição sobre a vida de
Euclides da Cunha e suas especificidades. O ministrante colocou no quadro as
três características, os três grandes pontos de contato, entre os autores do pré-
modernismo: Regional, Marginalizado e condição social, política e econômica do
Brasil. Estes temas modernos começam a surgir dentro da prosa mesmo que a
estética presa aos conceitos da época acaba por começar uma base sincrética
para o movimento e projeto político que o modernismo irá estabelecer em 1922.

Após este momento foi apresentado como a poesia fora trabalhada neste
período através da poesia única de Augusto dos Anjos. O ministrante fez a leitura
do poema "Psicologia de um vencido" e em conjunto com os participantes
elaborou-se e dialogou-se sobre as questões e propostas abordadas pelo autor.
Augusto dos Anjos mesmo que ainda carregando elementos de sua época -
ligado a escolha das formas clássicas de rimas e do soneto - ele aborda uma nova
temática totalmente nova para o período: o verme, a morte, o fisiológico, biológico.
Augusto dos Anjos faz de sua poética o bisturi das palavras. No fim do
encontro os participantes leram, comentaram, e discutiram sobre o poema "Ideia"
e "Versos íntimos", e como eles dialogavam com as propostas do autor.

Plano V

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

38
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula V
1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 14/11

2. Conteúdos
⎯ Vanguardas europeias
⎯ Futurismo

3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ Verificar com os participantes a origem das mudanças que irão ser propostas na
semana de 22, através dos manifestos das vanguardas europeias.

3.2 Específicos
⎯ Adentrar aos preceitos de definição do moderno.
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico dos autores.
⎯ Verificar os surgimentos das vanguardas europeias e seus respectivos manifestos:
Surrealista, Futurista, Dadaísta e Cubista.

4. Recursos

⎯ Quadro branco
⎯ Canetas para Quadro Branco
⎯ Xerox
⎯ Tela para exibição das obras

5. Procedimentos

39
Os ministrantes irão guiar perguntas sobre como o gênero manifesto é constituído e
qual sua função dentro da cultura. Começaremos a discussão do manifesto futurista e sua
inserção histórica, e como as ideias de Marinetti serão recepcionadas pelos modernistas
brasileiros.
Este movimento de leitura do manifesto Futurista será feito com todos os
manifestos, com a proposta de uma leitura crítica de cada autor e intenção de seu projeto
político/ideológico. Durante a discussão dos manifestos serão exibidos aos participantes,
obras que fazem parte do projeto político/estético do manifesto discutido. As vanguardas
serão trabalhadas na seguinte ordem: Futurismo, Dadaísmo, Cubismo e surrealismo,
representado respectivamente por Filippo Marinetti, Tristan Tzara e Hugo Ball, Guillaume
Apollinaire e André Breton.

6. Fundamentação Teórica

A maior motivação que verificamos no trabalho com as vanguardas europeias


abrange que os autores considerados o marco para o modernismo brasileiro tiveram
contato direto com estas vanguardas, quando não em sua efervescência na Europa, mas
posteriormente através de suas ondas de transformações conceituais tanto no campo
estético, quanto no campo do conteúdo. Como explicita Telles.

É inegável a influência francesa nas suas concepções estéticas,


principalmente na preocupação com “o espírito moderno”, idéia
popularizada pelo futurismo e desenvolvida por Apollinaire (L’Esprit
nouveau et les poètes, 1918) e que, após a morte deste, motivou a
fundação da revista L’Esprit nouveau (1920), que exerceu também
indiscutível influência na teoria poética de Mário de Andrade

Gilberto Telles (1994, p.275).

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da
atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

40
8. Bibliografia

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro:
apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.
MARINETTI, F. T. Manifesto Futurista. Paris. Le Fígaro, 1909.

9. Anexos

-Manifesto Futurista, Marinetti.


- Obras de arte: Dog on a leash, Giacomo Balla, Parole in Libertà, Filippo Tommaso
Marinetti, O ciclista, Natalia Goncharova e Charge of the lancers, Umberto Boccioni.

Relato

No quinto dia, começamos rememorando o que tivemos no último encontro


e como as convergências dos acontecimentos históricos acabaram por influenciar
a produção literária do fim do século XIX. Logo após, os ministrantes começaram
a fazer perguntas sobre a intenção dos autores quando escrevem manifestos.
Debatemos com os participantes as leituras que podemos fazer dos manifestos
como projetos políticos/ideológicos. Após um pequeno debate e exposição sobre o
papel dos manifestos na cultura, partimos para a apresentação do manifesto
futurista de Filippo Marinetti e como sua ideologia aplicou-se nos diversos campos
da arte e da literatura. Enfatizamos o viés agressivo, veloz, que a essencial da
ideologia de Marinetti carrega. Discutimos como a recepção pelos escritores
brasileiros, principalmente por Mário de Andrade e Oswald de Andrade esteve
mais ligado a ideia de "Parole in Libertá" e menos ligado as ideologias autoritárias
que propunha Marinetti. Em seguida vimos alguns trechos importantes do

41
manifesto técnico futurista com objetivo de verificar diretamente na produção dos
autores e como este projeto mostrou-se, os ministrantes colocaram no quadro
estas características.

Figura 2 Exposição manifesto futurista

Ao fim do encontro exibimos e analisamos brevemente quatro obras e como


estas obras abordaram a ideologia do futurismo e seu projeto político. Sendo as
obras trabalhadas: “Dog on a leash” do pintor Giacomo Balla, “Parole in Libertà”,
do escritor Filippo Tommaso Marinetti, “O ciclista” da pintora Natalia Goncharova e
por último, “Charge of the lancers” do pintor Umberto Boccioni.
Devido ao tempo, ficou para a semana após semana integrada a
continuação das propostas dos manifestos vanguardistas.

Plano VI

42
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula VI
1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 28/11

2. Conteúdos

⎯ Vanguardas europeias
⎯ Surrealismo, Dadaísmo e Cubismo

3. Objetivos

3.1 Gerais
⎯ Verificar com os participantes a origem das mudanças que irão ser propostas na
semana de 22, através dos manifestos das vanguardas europeias.

3.2 Específicos

43
⎯ Adentrar aos preceitos de definição do moderno.
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico dos autores.
⎯ Verificar os surgimentos das vanguardas europeias e seus respectivos manifestos:
Surrealista, Futurista, Dadaísta e Cubista.

4. Recursos

⎯ Quadro branco
⎯ Canetas para Quadro Branco
⎯ Xerox
⎯ Tela para exibição das obras

5. Procedimentos

Os ministrantes irão continuar comentando sobre os manifestos vistos no último


encontro. Começaremos a discussão do manifesto dadaísta e sua inserção histórica, e
como as ideias de Tzara e Hugo Ball foram recepcionadas pelos modernistas brasileiros da
fase heroica.
Este movimento de leitura do manifesto Dadaísta será feito com todos os
manifestos, com a proposta de uma leitura crítica de cada autor e intenção de seu projeto
político/ideológico. Durante a discussão dos manifestos serão exibidos aos participantes,
obras que fazem parte do projeto político/estético do manifesto discutido. As vanguardas
serão trabalhadas na seguinte ordem: Futurismo, Dadaísmo, Cubismo e surrealismo,
representado respectivamente por Filippo Marinetti, Tristan Tzara e Hugo Ball, Guillaume
Apollinaire e André Breton.

6. Fundamentação Teórica

A maior motivação que verificamos no trabalho com as vanguardas europeias


abrange que os autores considerados o marco para o modernismo brasileiro tiveram
contato direto com estas vanguardas, quando não em sua efervescência na Europa, mas

44
posteriormente através de suas ondas de transformações conceituais tanto no campo
estético, quanto no campo do conteúdo. Como explicita Telles.

É inegável a influência francesa nas suas concepções estéticas,


principalmente na preocupação com “o espírito moderno”, idéia
popularizada pelo futurismo e desenvolvida por Apollinaire( L’Esprit
nouveau et les poètes, 1918) e que, após a morte deste, motivou a
fundação da revista L’Esprit nouveau( 1920), que exerceu também
indiscutível influência na teoria poética de Mário de Andrade

Gilberto Telles (1994, p.275).

7. Avaliação

A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da


atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro:
apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.
RICHTER, Hans. Dadá: arte e antiarte. Ed. Martins Fontes. 1993.
BRETON, André. Manifestos do Surrealismo. Rio de Janeiro: Ed. Nau, 2001.
APOLLINAIRE, G. O Manifesto Cubista. Publicado em 1913.

9. Anexos

- Manifesto dada, Hugo Ball.

45
Relato

No sexto encontro começamos com uma pequena rememoração sobre o


futurismo e como os contextos políticos tinham uma influência direta na percepção
destes artistas, e seus respectivos manifestos. Posteriormente um dos
ministrantes colocou no quadro a palavra "DADA" grande, ao mesmo tempo
questionando os conhecimentos e interpretações que os participantes tinha sobre
essa palavra-conceito. Foi comentado sobre como na origem da palavra dada ela
significava cavalinho de brinquedo, e lembrando muito o som de quando somos
crianças e ainda estamos na fase do pré-silábico. Introduzimos dados sobre como
desenvolveu o início do movimento com a criação do Cabaret Voltaire em Zurique,
durante a primeira mundial. Desenvolvemos como Hugo Ball como definiu Dada
dentro de suas concepções e posteriormente como Tristan Tzara criou o segundo
manifesto. Durante a exposição e diálogo, eram exibidas imagens de obras
dadaístas que serviam como exemplo empírico de como mostrou-se as técnicas e
o projeto estético político dadaísta.

46
Figura 3 Exposição Hugo Ball

Durante este momento focamos em apresentar um dos expoentes do


dadaísmo: Marcel Duchamp, e como suas obras e suas técnicas, principalmente o
ready-made, representa o máximo do projeto dadaísta.
Apresentado o dadaísmo, mostramos a contradição que foi demonstrada
pelos artistas dadaístas e que foi reduzida durante a instauração do surrealismo
que trazia a liberdade do dadaísmo, porém muito mais ligado a teorias e ideias
psicanalíticas em ascensão na europa. O surrealismo torna-se o foco de nosso
encontro e comentamos como André Breton instaura o surrealismo em 1924 com
ideias de interpretação de sonhos, devaneios, ilusões e outros. Exibimos algumas
obras de Salvador Dalí e uma animação que ele escreveu junto com Walt Disney,
que demonstra sua principal técnica: Modo crítico-paranoico. Após a exibição dos
vídeos e comentários sobre a animação, exibimos um segundo vídeo de produção
de Luis Bunuel e Dalí, un chien andalou, que traz totalmente a proposta do
surrealismo e adentra dentro de dois sonhos tanto de Bunuel, quanto de Dali.

47
Finalizamos o encontro com comentários sobre o curta e fazendo
encaminhamentos para próximo encontro.

Plano VII

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula VII


1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 12/12

2. Conteúdos
⎯ Semana de arte moderna de São Paulo
⎯ Primeira fase do modernismo brasileiro

3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ Verificar com os participantes como organizou-se e as propostas construídas
dentro da semana de 1922 em São Paulo

48
3.2 Específicos
⎯ Construir como definiu-se as propostas dos escritores da fase heroica do modernismo
brasileiro
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico dos autores.
⎯ Adentrar a importância da semana de 22
⎯ Verificar as principais propostas dos escritores: Mário de Andrade e Oswald de
Andrade.

4. Recursos

⎯ Quadro branco
⎯ Canetas para Quadro Branco
⎯ Xerox
⎯ Tela para exibição das obras

5. Procedimentos

No primeiro momento da aula, será exposto o contexto histórico da formação da


semana de arte moderna de São Paulo, que ocorreu em 1922. Serão levantadas questões
sobre os artistas patronos e como sua influência acabou por complementar a importância
do evento e de sua magnitude política-cultural. Serão apresentadas algumas obras
considerando as propostas que os artistas desejavam formar com o novo conceito de
moderno. No fim deste primeiro momento exibiremos um pequeno excerto da série ‘um só
coração’ que dramatiza a semana com a famosa leitura do poema os sapos de Manuel
Bandeira.
No segundo momento da aula, iremos apresentar as propostas que Mário de
Andrade e Oswald Andrade trouxeram para semana de 1922 e como estas propostas
foram apresentadas dentro de seus respectivos manifestos e prefácios. Começaremos
com apresentação dos manifestos de Oswald de Andrade, manifesto da poesia pau-brasil
e o manifesto antropofágico. Trabalharemos como Oswald adentra os preceitos modernos
através dos conceitos de antropofagia e da nacionalidade-identidade. Discussões serão
guiadas dentro deste segundo momento como os manifestos modernistas da fase heroica
irão guiar posteriores escritores dentro da produção literária brasileira.

49
6. Fundamentação Teórica

A semana de arte de 1922 foi caracterizada por muitos críticos como o marco do
que concebemos como o modernismo brasileiro e sua formação inicial. Na semana de arte
de São Paulo a efervescência de ideologias e propostas trazidas pelos autores que
conheciam as vanguardas europeias, fez eclodir uma idealização de ruptura com os
movimentos estabelecidos na época, a tradição parnasiana, realista e simbolista.

Nesse clima, só um grupo fixado na ponta de lança da burguesia culta,


paulista e carioca, isto é, só um grupo cuja curiosidade intelectual
pudesse gozar de condições especiais como viagens à Europa, leitura dos
derniers cris, concertos e exposições de arte, poderia renovar
efetivamente o quadro literário do país. A Semana de Arte Moderna foi o
ponto de encontro dêsse grupo, e muitos dos seus traços menores, hoje
caducos e só reexumáveis por leitores ingênuos (pôse, irracionalismo,
inconseqüência ideológica) devem-se, no fundo, ao contexto social de
onde proveio.

BOSI (2000)

A proposição de uma ruptura em todos os aspectos e áreas permeia a semana de


arte de uma forma que fica evidente que mesmo a ruptura ideologicamente estética-política
proposta não se tornou uma ruptura “real” de muitos conceitos, principalmente sobre a
concepção de identidade e relação com o exterior, o colonizador.

Passam por futuristas, indiscriminadamente, Di Cavalcanti, Vicente do


Rêgo Monteiro, Brecheret e a própria Anita Malfatti. O epíteto é cômodo,
a pregação de Marinetti a mais conhecida, e a crítica acadêmica ainda
não sabe discernir a linha impressionista-cubista-abstracionista, que
caminhou para a construção do objeto poético autônomo, da linha
primitivista-expressionista-surrealista, que significava antes de mais nada,
a projeção de tensões

BOSI (2000)

50
7. Avaliação

A avaliação desta aula será feita através da construção do objetivo geral e da


atuação dos participantes no desenvolvimento do encontro.

8. Bibliografia

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro:
apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.

9. Anexos

-Excerto série - “um só coração”


-Vídeo Villa-Lobos - Bachianas Brasileiras Nº 2 - IV. Tocata (O trenzinho do caipira).
-Imagens das obras de 1922: Malfatti, Brecheret. Di Cavalcanti.

Relato VII

Neste encontro iniciamos com a discussão sobre a classe social que trazia
para o Brasil este novo projeto político. Indagamos juntos aos participantes sobre
como muitas das propostas tidas como brasileiras, foram trazidas por uma classe
elitizada da cultura brasileira. Personagens como Graça Aranha, Paulo Prado e
Anitta Malfatti já tinham um grande prestígio antes mesmo da semana moderna.
Trouxemos um pequeno excerto da série “Um só Coração” que dramatiza um
pouco da efervescência deste período, sendo bem interessante visualizar alguns
pontos de disputa que aconteceram. Dois casos ficaram bem conhecidos nessa
época a carta de Monteiro Lobato à Anitta Malfatti por usar arte inovadora
/moderna e a leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, que foi recebida
no primeiro dia da semana de arte por vaias.

51
Exibimos com os participantes algumas obras dos principais expoentes do
movimento e comentamos principalmente suas influências diretamente ligadas aos
movimentos vanguardistas europeus. O projeto político de uma nova arte
brasileira tomava força mais forte que nunca. A poesia e prosa dos Andrades
tornaram-se os ápices das propostas dos intitulados “modernistas”.
Ao fim deste encontro, exibimos um vídeo com a apresentação de uma das
obras de Villa Lobos que foi um marco na semana arte, por trazer a relação direta
entre a música regional e um classicismo, muitas vezes relegado às classes mais
elitizadas.

Plano VIII

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CENTRO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

Plano de Aula VIII


1. Dados de identificação

Instituição: LAMPELL/Universidade Federal de Pelotas


Disciplina: Literatura brasileira
Projeto: Laboratório Modernista: Da ruptura ao Fragmento.
Estagiários: Carina Peixoto Maciel e Erivelton de Lima da Cruz
Público alvo: Nível Acadêmico/ Médio
Carga horária: 120 min.
Horário: 9 às 11. 19/12
Local proposto: Padaria Popular.

52
2. Conteúdos

⎯ Primeira fase do modernismo brasileiro

3. Objetivos
3.1 Gerais
⎯ Debater com os participantes as propostas construídas dentro da semana de
1922 em São Paulo

3.2 Específicos
⎯ Construir como definiu-se as propostas dos escritores da fase heroica do modernismo
brasileiro em relação ao manifesto antropofágico
⎯ Abordar acontecimentos do período histórico dos autores.
⎯ Adentrar a importância da semana de 22
⎯ Verificar as principais propostas dos escritores: Mário de Andrade e Oswald de
Andrade.

4. Recursos

⎯ Câmera
⎯ Gravador de som
⎯ Xerox
⎯ Tela para exibição das obras

5. Procedimentos

Durante este encontro iremos nos reunir em um grande grupo e gravar uma
grande discussão sobre como realmente deu-se a ruptura e propostas trazidas pelos
autores da fase heroica do modernismo brasileiro, e pela semana de arte de 1922.
No primeiro momento deste último encontro do curso iremos abordar os principais
pontos que os autores da fase heroica trouxeram, conjuntamente a análise do manifesto
antropofágico de Oswald de Andrade e como sua recepção e produção dialogam
diretamente com as propostas do período
No segundo momento da discussão, serão levantadas propostas sobre o movimento

53
modernista e sua percepção cultural.
No terceiro momento, teremos a apresentação e discussão dos experimentos
produzidos pelos participantes durante o laboratório.
Para o encerramento, os alunos irão individualmente gravar um pequeno feedback
de toda experiência e expectativas que obtiveram com a participação no laboratório
modernista.

6. Fundamentação Teórica

A perspectiva principal abordada neste último encontro é que possamos


dialeticamente verificar a forma que o modernismo brasileiro adentrou nos processos de
criação estético-literária, e como isso fora construído a partir de 1922.
A grande proposta que dividimos com nossos participantes são as proposições que
a partir do questionamento real sobre a história da literatura possamos construir
perspectiva mais real. Os conceitos que os modernistas tentaram resolver na década de
vinte do séc. XX, ainda nos permeiam e ainda nos é pertinente.

Vista sob esse ângulo, a "fase heróica" do Modernismo foi especialmente


rica de aventuras experimentais tanto no terreno poético como no da
ficção. São aventuras que se inserem na complexa história das invenções
formais da literatura européia…

BOSI (2000)

Toda proposição e situação parte da formação miscigenada dos participantes que


geram uma discussão única e pertinente sobre a formação do que acabamos conhecendo
como moderno.

7. Avaliação
A avaliação desta aula será feita através da leitura dos experimentos dos
participantes e da participação no vídeo da discussão. Posteriormente será exibido o vídeo
e os experimentos dos alunos no blog de panorama de literatura brasileira.

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8. Bibliografia

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37ª Ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
JAUSS, Hans Robert. et al. A literatura e o leitor: textos de estética da recepção.
Coordenação e tradução Luiz Costa Lima. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1979.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro:
apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.

9. Anexos
-Manifesto antropofágico, Oswald de Andrade.

Relato

No último encontro decidimos trazer de forma mais espontânea a discussão


sobre a real ruptura que os modernistas propuseram. Discutimos como a formação
deste movimento moderno, muitas vezes fora influenciado pelas classes mais
altas.
Nos encontramos em um espaço fora do Laboratório com intuito de
realizarmos um encerramento do curso de uma forma mais descontraída.
Começamos gravando toda uma discussão em todo de uns 50 min sobre como
toda a produção cultural brasileira desenvolveu-se a partir das propostas das
vanguardas e posteriormente analisamos alguns trechos do Manifesto
Antropofágico para contrastar muitas vezes com as propostas do próprio
movimento.
Durante a gravação foi pedido a uma das participantes para ler seu
experimento e que posteriormente daríamos um feedback mais atento. Discutimos
como a produção individual e os mecanismos de produtividade academicista
dialogam muitas para desmotivar o aluno, invés de o motivar a participar dos
processos de produção cultural.
Para finalizar as participantes gravaram dois relatos vinculados a suas
experiências durante o curso e como foi interessante para sua formação
acadêmica, e pessoal esses encontros e discussões.

55
56
REFLEXÕES E PROBLEMÁTICAS

Metodologia e abordagem

A metodologia empregada foi inovadora no sentido de trazer uma nova


percepção sobre como abordar a literatura brasileira. Tivemos como base um
exemplo de Thomas Elliot, e de como muitas vezes a literatura pode funcionar
como uma experimentação química. Desenvolvemos a metodologia diariamente
de uma forma que pudesse atender nossas necessidades e dialoga-se
diretamente com os nossos referenciais pedagógicos e críticos.
O método segue os preceitos de funcionar em dois momentos bem
específicos: Análise tripartida e o Dialético experimental. A análise tripartida
constitui uma leitura em três grandes momentos: A recepção pessoal de cada
indivíduo a partir de todos os seus referenciais, A recepção do grupo
acompanhada pela análise formal acompanhada das recepções individuais e por
último, um comentário crítico externo. Essa amálgama construída em vários
momentos constitui uma leitura rica e construtiva na formação de todo leitor e na
formação de seus horizontes críticos. O segundo momento nomeado como o
Dialético experimental carrega em sua essência a proposição da dialética
Hegeliana de provocação do outro. O dialético experimental irá complementar a
análise tripartida criando novas percepções pelo já discutido, produzindo uma
revisitação ao texto através de outras lentes. Através de associações livres,
debates, provocações, propostas, experimentações damos aos envolvidos as
ferramentas da não-inércia em relação à interpretação considerada a verdadeira.
As proposições aqui feitas nasceram de uma necessidade de superamos os
conceitos de leituras estagnadas nos conceitos de verdade, ou leitura correta. A
polissemia da literatura não pode mais ser relegada aos processos de uma única
análise. Ela terá que ser testada em todos os casos de leituras ao mesmo tempo
para que se possa constatar a sua riqueza. Um texto literário que não consiga

57
suportar uma análise polissêmica e aberta a múltiplas proposições não deve ter
atribuído a si o título de literário.

Problemas e resoluções

Um dos maiores problemas enfrentados com o decorrer do curso/estágio foi


o número dos participantes que começou com um número favorável e
posteriormente foi decaindo até duas participantes, acabando interferindo
diretamente muitas vezes no planejamento de cada encontro. O motivo principal
que acabamos discutindo sobre esse decaimento no número dos participantes foi
por tratar-se de um curso gratuito oferecido por uma universidade pública federal.
Oferecemos quinze vagas com intuito de não lotarmos muito o espaço, mas
devido alto número de desistências pensamos que seria melhor ofertamos nos
próximos cursos um número maior de vagas para que possamos ter uma margem
maior de participação, já prevendo esse tipo de atitude do inscritos.
Um outro grande problema que nos aconteceu fora devido aos inúmeros
feriados, e contratempos políticos que acabaram obrigando-nos a repensar muitas
atividades e a não efetuação de dois encontros. Uma forma que encontramos de
não perdemos a ligação e comunicação com nossos participantes foi de
mantermos e-mails atualizados sobre as atividades que estavam sendo
realizadas. Esses e-mails eram enviados para todos os inscritos, até mesmos para
os que não estavam mais frequentando o curso. Visto que poderia ser um a forma
de faze-los retornarem a frequentar o curso.

Formação docente

Esta experiência foi enriquecedora em muitos fatores para minha formação


docente. Diversos momentos minha formação até o momento foi colocada em
xeque o que me causou atitudes que eu tomasse confiança para estabelecer
ligações diretamente aos casos já estudados. A experiência em sala de aula

58
demonstrou ser a melhor forma de aprender sobre o que está sendo ensinado. O
conteúdo só fazia sentido quando o movimento que tínhamos com os participantes
era de troca, era de uma reflexão construída em conjunto.
Acredito que a liberdade de trabalho que nos foi proporcionada por nosso
orientador, pelos participantes e pelo espaço que aplicamos este curso teve um
papel direto no retorno da formação acadêmica que tive. Os cursos de intervenção
são propostos com este objetivo, mas muitas vezes por um apego academicista os
graduandos tornam-se máquinas de produzir conteúdo ausente de reflexão. O
momento em que o acadêmico se dispõe a produzir algo, a liberdade deve estar
diretamente ligada à sua forma de pensar e existir como ser formador. Uma
educação libertária só será verdadeira quando todas as vozes forem ouvidas e
valorizadas como únicas, e ao mesmo tempo coletivas.

Conceito de experimentos

A proposição que trouxemos neste projeto foi a produção de produtos


culturais que estivessem ligados diretamente ao um simulacro de espírito de
época que iríamos construindo ao decorrer do curso. Esperávamos adentrar aos
contextos políticos que existiram a partir do final do séc. XIX e início de séc. XX
que acabaram eclodindo mudanças drásticas no imaginário coletivo cultural.
Sempre tivemos em mente sobre a dinâmica ousada que estávamos propondo,
mas esta ousadia sempre foi necessária para a construção do novo.
A liberdade de produção e criação está ligada a proposição de experimento
que pedimos aos nossos participantes. Eles poderiam criar qualquer produto
cultural contanto que levassem em conta as propostas de algum movimento
literário, ou vanguarda. Podendo ser poesias, colagens, crônicas, contos, objetos,
etc.
Pretendíamos desta forma internalizar as proposições ideológicas e de
criação que eram produzidas nesses períodos. Após a construção desses
experimentos pretendíamos organizar exibições, mesas redondas e saraus com
os participantes e seus produtos culturais. Infelizmente pelo pequeno número de

59
participantes que obtivemos até o fim do curso não conseguimos levar adiante
estas proposições e obtivemos apenas um experimento como retorno. O
experimento recebido conseguiu cumprir com seu papel de ligação do participante
com a proposta de trabalhar literatura e criação literária de uma forma
experimentalista.
Concluindo, esta atividade como todo nos serviu como preparo para
trabalhos futuros ficando evidente a necessidade de termos uma base mais sólida
de participantes para a real efetivação dessa atividade.

60
CONCLUSÃO

A experiência final que obtive durante a produção deste curso fora de


extrema satisfação de construir com os participantes uma relação de reflexão
dinâmica e libertária. Mesmo com os problemas e outras questões acredito que
todos os envolvidos obtiveram algo que puderam acrescentar em sua história de
vida e em sua formação acadêmica.
Conseguimos verificar e refletir muitos problemas que estão imbricados
dentro da história da literatura e muitas vezes inseridos dentro do consciente
coletivo. Obtivemos o resultado de um experimento de uma participante que nos
fez rever esta atividade para cursos futuros.
A proposição de uma nova abordagem demonstrou ser uma atividade
extremamente fortalecedora da prática docente e de sua maneira de pensar de
forma crítica o seu modelo de trabalho.
Concluindo, a formação de um futuro educador em letras torna-se
evidentemente mais rica quando é lhe dado oportunidades de poder trabalhar os
temas e problemáticas que surgem de sua própria motivação.

61
BIBLIOGRAFIA

CANDIDO, A. O direito à literatura. E outros ensaios. Coimbra: Angelus Novus,


2004.

ELIOT, Thomas S. Tradição e talento individual. In: __ Ensaios. São Paulo: Art
Editora, 1989.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo:


Ática, 1993

BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1975

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro:


apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis, RJ: Vozes,1997.

62
LISTA ANEXOS

Plano de Aula II
- Poemas: Língua Portuguesa e Incêndio de Roma.

Plano de Aula III


- Poemas: Incensos e Luz Dolorosa

Plano de Aula IV
- Poesia “psicologia de um vencido” e “versos íntimos”, Augusto dos anjos.

Plano de Aula V
- Manifesto Futurista, Marinetti.
- Obras de arte: Dog on a leash, Giacomo Balla, Parole in Libertà, Filippo
Tommaso Marinetti, O ciclista, Natalia Goncharova e Charge of the lancers,
Umberto Boccioni.

Plano de Aula VI
- Manifesto dada, Hugo Ball.

Plano de Aula VII


- Excerto série - “um só coração”
- Vídeo Villa-Lobos - Bachianas Brasileiras Nº 2 - IV. Tocata (O trenzinho do
caipira).
- Imagens das obras de 1922: Malfatti, Brecheret. Di Cavalcanti.

Plano de Aula VIII


- Manifesto antropofágico, Oswald de Andrade.

-Vídeos com comentários dos participantes

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