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DEPARTAMENTO DE LETRAS
E-MAIL: robsoncunha@professor.uema.br
MATRÍCULA: 865539
EMENTA:
1
Este Plano de Ensino está de acordo com o Programa da Disciplina, em cumprimento ao Artigo 105, do Regimento
dos cursos de graduação da UEMA, aprovado pela Resolução n.º 1477/2021-CEPE/CONSUN.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO PROFISSIONAL
PARA AS QUAIS A DISCIPLINA CONTRIBUI:
OBJETIVO GERAL:
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
A soma de pontos nas unidades, após ser feito a análise ((N¹ + N² + N³) ÷ 3),
será a nota final publicada no SigUEMA. O estudante que atingir média final
≥ 7 será considerado aprovado. Não obtendo esse resultado, caso, a soma
das notas for ≥ 15 e no máximo 25% de faltas, por possuir alguma pendência,
será realizado uma reposição intitulada (i) prova de 2ª chamada e/ou (ii) prova
final, a ser definida posteriormente pelo docente e resultado publicado
individualmente ao estudante.
2
De acordo com o Capítulo V, do Regimento dos Cursos de Graduação da UEMA, aprovado pela Resolução n.º
1477/2021-CEPE/CONSUN.
REFERÊNCIA BÁSICA:
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37ª ed. – Cultrix: São Paulo, 2010.
REFERÊNCIA COMPLEMENTAR:
PROFESSOR MINISTRANTE:
Aula 1
A formação de Portugal: aspectos
KLVWyULFRVHJHRJUiÀFRV
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
Para compreensão dos conceitos trabalhados nesta aula, é importante que
você tenha o entendimento da Idade Média como etapa do desenvolvimento histó-
rico da humanidade, que se define por uma sociedade hierarquizada e com
tendências à imutabilidade, e que tem na ideologia da Igreja o sustentáculo de
suas pretensões e realizações.
Introdução
Nesta aula apresentaremos a você a fisionomia cultural portuguesa em suas
relações com a América e com a África, sua localização geográfica, formato,
extensão e limites. Faremos, também, considerações sobre os reflexos da loca-
lização do território português sobre sua produção literária. A relevância da
poesia no contexto da literatura portuguesa é outro ponto abordado, bem como
a poesia contemporânea portuguesa e suas oscilações entre atitudes tradicionais
e revolucionárias.
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Trata-se, como você pode perceber, de uma faixa de terra entre a Espanha
e o Oceano Atlântico. Essa localização do território português define algumas
características de seu povo, muitas vezes refletidas em sua produção literária. A
angústia geográfica é uma delas. Por causa dessa angústia, o escritor português
opta pela fuga ou pelo apego à terra. A fuga dá-se para o mar, o desconhecido
ou, transcendendo a estreiteza do solo físico, para o plano metafísico. A Literatura
Portuguesa, portanto, oscila entre posições extremas, indo do lirismo de raiz ao
sentimento hipercrítico, que faz dela um espaço de denúncia e/ou de resistência,
na busca da construção de uma sociedade mais justa.
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brasileiras (Fiama Hasse Pais Brandão e Gastão Cruz) e pelo automatismo surre-
alista, por meio de elementos emprestados da música, da pintura, da teoria da
comunicação e do cinema (Herberto Helder e Ana Hatherly).
Regionalismo aqui não é uma simples descrição de costumes e folguedos folclóricos, nem
um regionalismo pitoresco para incentivar o turismo. O regionalismo deveria adquirir
profunda significação humana e universal na medida em que representasse uma nova
tomada de consciência da realidade contemporânea.
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Para escolha das datas-limite, o estudioso pode recorrer a dois critérios não-
excludentes: o literário e o cultural. O critério cultural enfatiza a interdependência
das mudanças culturais e se apóia em data de valor mais amplo para indicar o
início de épocas histórico-literárias (Revolução Francesa e Romantismo). O critério
literário isola o fato literário balizado pelo aparecimento de uma obra, de um
escritor ou de um acontecimento apenas importante para a literatura (publicação
em 1940, de Gaibéus, de Alves Redol, obra inaugural do Neo-Realismo portu-
guês). Seja qual for o critério adotado, o que interessa é saber quando começou
a atividade literária em Portugal.
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Saiba mais
Devido à carência de documentos que possam confirmar, com exatidão, a data da morte
de D. Henrique, alguns historiadores acreditam que ela tenha ocorrido em 1112; outros
defendem o ano de 1114. Pelo sim, pelo não, um fato é incontestável: D. Henrique morreu no
século XII. Essas dúvidas acontecem porque trata-se de um tempo muito recuado na história.
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Você percebeu que Portugal surge no contexto das lutas pela expulsão dos
mulçumanos da Península Ibérica, tornando-se independente do reino de Leão
pelas mãos de Afonso Henriques, que viria se tornar o primeiro rei de Portugal e
inauguraria a Dinastia de Borgonha.
Saiba mais
Síntese da Aula
Nesta aula, vimos que a literatura é um traço da cultura. O contexto sócio-
histórico é o pano de fundo dos estudos literários. Portugal é uma faixa de terra
empurrada contra o mar. Essa localização geográfica define aspectos relevantes
da cultura portuguesa, presentes em sua produção literária. A Literatura Portuguesa
é rica em poetas e nasce, concomitante, com a Nação, e sua evolução se faz
através de nove momentos evolutivos fundamentais.
Atividade
Pesquise nas referências desta aula e na web elementos para construir um texto
em que você discuta os seguintes pontos: a literatura como dado de cultura; as
relações da cultura com o contexto sócio-histórico e geográfico; o mundo ficcional
como uma reorganização dos dados da realidade.
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Comentário da atividade
Conforme você já percebeu, você produzirá um texto dissertativo a partir
da leitura da Introdução de A Literatura Portuguesa; Capítulo I de A Literatura
Portuguesa em Perspectiva, vol. 1; e Capítulos 1 e 2 da Primeira Parte do texto
de Antonio Candido. Na web, a página do Instituto Camões é uma referência
para estudos ligados à Literatura Portuguesa: www.instituto-camoes.pt. Os textos
citados darão a você os caminhos para a elaboração do seu texto e também o
direcionamento para discussões futuras, nas quais você poderá envolver seus
colegas.
Referências
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade: estudos de teoria e história literária.
São Paulo: T. A. Queiroz, 2000.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MONGELLI, Lênia Márcia de Medeiros. A Literatura Portuguesa em Perspectiva:
trovadorismo e humanismo. vol. 1, São Paulo: Atlas, 1992.
Na próxima aula
Você vai conhecer as primeiras manifestações literárias de Portugal, que se
convencionou chamar de Trovadorismo, e aconteceram na Idade Média. Vamos
conduzi-lo à leitura de textos poéticos da época, as cantigas e levá-lo a conhecer
um pouco do mundo medieval: os valores, a religião, as relações sociais, as mani-
festações artísticas e a visão de mundo.
Anotações
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Aula 2
Cantigas Trovadorescas
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
A compreensão dos aspectos históricos, políticos e geográficos estudados na
primeira aula constitui o pré-requisito para esta aula.
Introdução
As cantigas trovadorescas, primeiras manifestações literárias portuguesas,
surgem na Baixa Idade Média (séculos XII e XIII) e representam as primeiras tenta-
tivas de libertação da cultura teocêntrica imposta pela Igreja em todo o período
medieval. O modo de produção da Idade Média é o feudalismo, sistema social
em que predominam grupos sociais fechados e impossibilitados de empreender
mobilidade social. Nesse sistema, há uma profunda ligação de dependência de
homem para homem, definida pela relação entre os senhores, proprietários da
terra, e os servos, não-proprietários, mas presos a ela.
A sociedade feudal, conforme vimos na aula anterior, era formada por três
níveis distintos: o clero, a nobreza e o povo. Ao povo (servos), competia traba-
lhar; à nobreza, defender a sociedade, e à Igreja, orar por ela. Os nobres,
defensores militares, podiam ocupar escalões superiores nesta hierarquia feudal
e vassálica. A eles era reservado o direito à propriedade e ao poder público.
Com isso, criava-se, em cada região, uma hierarquia de instâncias autônomas.
A estrutura social portuguesa dos séculos XI a XIV apresentava típicos caracteres
feudais: dentro dos coutos (se a propriedade fosse da Igreja) ou das honras (se
fosse da nobreza), os senhores eram autoridade absoluta e só ao rei prestavam
obediência, porque ele detinha os direitos de justiça suprema.
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2.1 Trovadorismo
A poesia, de mais fácil memorização e transmissão, surgiu em Portugal, como
em quase todo o mundo, antes da prosa e diretamente ligada à música, ao canto
e à dança. As cantigas eram criadas por um trovador, alguém que fazia trovas
e rimas. Quem trouxe as cantigas até nós foram os cancioneiros, coletâneas de
variados tipos de poemas, das quais participavam muitos trovadores: Cancioneiro
da Ajuda (século XIII); Cancioneiro da Vaticana (século XV); e Cancioneiro da
Biblioteca Nacional ou Cancioneiro Colocci-Brancuti,
(século XIV).
Saiba mais
A Cantiga da Ribeirinha foi, por muito tempo, atribuída a Paio Soares de Taveirós, mas,
segundo estudos recentes, ela teria sido composta por Martim Soares, trovador português
que teria convivido com Paio Soares de Taveirós com o qual compôs algumas cantigas.
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Saiba mais
O lirismo provençal chegou à Península Ibéria por várias razões: a chegada de colonos
franceses nas terras lusitanas; as peregrinações em Santiago de Compostela na Galiza; a
vinda de cavaleiros franceses para lutar contra os mouros; o casamento de nobres portu-
gueses com damas ligadas à Provença e o intenso comércio entre Portugal e França.
Nas cantigas de amor, o trovador sempre declara seu amor por uma
dama da corte, chamada de senhor (senhora). Trata-a de modo respei-
toso e com cortesia, reproduzindo, em sua servidão amorosa, os mais
puros padrões da vassalagem feudal. O amor trovadoresco, amor
cortês, exigia que a mulher que se cantava fosse casada, porque a
donzela não tinha personalidade jurídica, uma vez que não possuía
nem terras, nem criados, nem domínios e não era dona, não dispunha
de senhorios. O poeta não vai prestar serviço a uma mulher que não
seja senhor (o verbo servir é extensamente usado nessas cantigas como
sinônimo de namorar, fazer a corte).
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t Cantigas de Amigo
As cantigas de amigo refletem o ambiente onde a mulher era vista com impor-
tância social: as comunidades agrícolas. A personagem principal das cantigas de
amigo é, portanto, a mulher. Essas cantigas podem ser classificadas de acordo
com o assunto e a forma. Quanto ao assunto, podem ser: albas (alvas ou serenas),
pastorelas, barcarolas ou marinhas, bailais ou bailadas, romaria, tenções. Quanto
à forma, as cantigas de amigo podem ser: maestria, refrão, paralelística.
Saiba mais
Para você relacionar as informações teóricas da cantiga de amigo com uma cantiga,
busque, de preferência, cantigas de Airas Nunes, trovador galego da segunda metade
do século XIII, contemporâneo de Afonso X, o sábio, e de D. Sancho IV. Esse trovador é
um dos mais inspirados de toda lírica medieval.
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t Cantigas de Escárnio
Saiba mais
Pêro Garcia Burgalês, trovador galego da segunda metade do século XIII, escreveu nume-
rosas cantigas de amor, de amigo e de escárnio e maldizer. Pesquise para saber mais...
t Cantigas de Maldizer
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Saiba mais
João Garcia de Guilhade, trovador do século XIII, importante não apenas pelos recursos
poéticos de que era possuidor, mas também pelo número de cantigas que compôs (21
cantigas de amigo, 15 de maldizer e 2 tenções) é autor de inúmeras cantigas satíricas.
Pesquise-as via web.
Saiba mais
Sugestão de músicas que apresentam aspectos das cantigas medievais: Atrás da Porta
(Francis Hime e Chico Buarque), Esse cara (Chico Buarque) e Luíza (Tom Jobim).
Síntese da Aula
A classificação da lírica trovadoresca (cantigas de amor, cantigas de amigo,
cantigas de escárnio e cantigas de maldizer) quanto ao tema, forma e hierarquia de
compositores e recitadores, além das causas da decadência do trovadorismo.
Atividade
Analise a cantiga a seguir, acompanhado de uma tradução livre, e responda o
que se pede na questão 1:
Ondas do mar de Vigo, Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo? acaso vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo! Queira Deus que ele venha cedo!
Ondas do mar levado, Ondas do mar agitado,
se vistes meu amado? acaso vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo! Queira Deus que ele venha cedo!
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A partir do que foi estudado nesta aula, você é capaz de identificar o tipo de
cantiga por suas características formais e temáticas. Nesse caso, podemos afirmar,
sobre a cantiga de Martim Codax, que:
a) O eu-lírico não pode ser identificado nessa cantiga, já que ela possui carac-
terísticas paralelísticas.
Comentário da atividade
Na cantiga de Martim Codax, em questão, o eu-lírico pode ser identificado
como feminino, como se pode perceber em “se vistes meu amigo?”. Com isso,
afirmamos que a questão correta é a alternativa (d). A alternativa (c) está incorreta
porque a queixa da ausência do amado, feita às ondas do mar, é uma caracterís-
tica da cantiga de amigo e não de amor.
Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa I: Era Medieval. São
Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.
VIEIRA, Yara Frateschi. Poesia Medieval: literatura portuguesa. São Paulo: Global,
1987.
Na próxima aula
Falaremos sobre os traços gerais do Humanismo, momento em que teremos a
produção literária portuguesa organizada em poesia, prosa e teatro.
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Aula 3
Traços Gerais do
Humanismo em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
O conhecimento do processo de desagregação do regime feudal no final da
Idade Média e a retomada dos valores da Antigüidade Greco-latina, na cons-
trução da Idade Moderna é o pré-requisito para o entendimento desta aula.
Introdução
O desaparecimento dos trovadores conduziu Portugal a quase um século de
estagnação cultural. Depois desse longo período de marasmo, as cortes portu-
guesas revivem, no século XV, um período de reflorescimento da cultura, marca
da transição entre o trovadorismo e o Renascimento do século XVI.
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Esse período iniciou-se no século XIV com a crise do sistema feudal europeu,
que tem, entre suas várias causas: a Peste Negra, a Guerra dos Cem anos e a
escassez de mão-de-obra e as mudanças nas relações sociais.
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Saiba mais
Síntese da aula
O estudo da segunda época medieval ou Humanismo, ressaltando-se a
produção literária do Humanismo em Portugal: a crônica histórica de Fernão
Lopes, a prosa doutrinária, a poesia do Cancioneiro Geral.
Atividade
Releia esta aula, analise as assertivas a seguir e marque a que não se refere à
segunda época medieval (Humanismo):
a) Imitação dos clássicos gregos e latinos. Essa foi a tônica do segundo período
medieval em Portugal, advinda com a Dinastia de Borgonha.
Comentário da atividade
Nesta atividade, a única alternativa em que a informação não se refere ao
segundo período medieval é a letras A: o período em que há a forte imitação dos
clássicos gregos e latinos é o Classicismo e não o Humanismo. Outra questão que
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MONGELLI, Lênia Márcia de Medeiros. A Literatura Portuguesa em Perspectiva:
trovadorismo e humanismo. vol. 1, São Paulo: Atlas, 1992.
Na próxima aula
O teatro de Gil Vicente, representante do teatro português, será discutido sob
seus aspectos temáticos e formais.
Anotações
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Aula 4
O teatro popular: Gil Vicente
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
t compreender as características do teatro popular de Gil Vicente no
contexto da transição da Idade Média para o Renascimento.
Pré-requisitos
A percepção do Humanismo em Portugal como um período de transição do
mundo teocêntrico (Idade Média) para o antropocêntrico (Renascimento) é essen-
cial para compreensão desta aula.
Introdução
Durante a Idade Média, despontou e vicejou um tipo de teatro que, por suas
características fundamentais – popular no tema, na linguagem e nos atores –
recebeu o nome de popular.
De remota origem francesa (século XII), esse teatro popular iniciara-se com os
mistérios e milagres, representação de breves quadros alusivos a cenas bíblicas
encenados em datas festivas, sobretudo no Natal e na Páscoa. Essas represen-
tações foram inicialmente faladas em Latim. Mais tarde, adotaram o Francês. O
interior da Igreja, o próprio altar, era o lugar da encenação, mas depois ela foi
transferida para o claustro e, mais tarde, para o adro. No começo, era reduzido
o texto e escasso o tempo de representação, mas três séculos depois, o número
de figurantes ascendia a centenas, o texto a milhares de versos, e a encenação
podia levar dias (MOISÉS, 1999, p. 40).
Depois de algum tempo, o próprio povo passou a representar suas peças.
Agora, de caráter não religioso, eram encenadas num tablado erguido num pátio
diante da Igreja, daí o seu caráter profano: que fica fora, diante (pro) do templo
(fanu). Superada essa fase, o teatro popular se disseminou por feiras, mercados,
burgos e castelos da Europa, tendo grande acolhida em Castela, Leão, Navarro e
Aragão, reinos ibéricos.
Foi por influxo castelhano que esse teatro atingiu terras portuguesas, pela
mãos de Gil Vicente, seguindo o exemplo de Juan del Encina: na noite do dia 7
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Segunda Fase (de 1515 a 1527) – começando com Quem tem farelos?
e terminando com o Auto da Fadas. Corresponde ao ápice da carreira
dramática de Gil Vicente, com a encenação de suas melhores peças,
dentre as quais Trilogia da Barca (1517-1518), o Auto da Alma (1518),
a Farsa de Inês Pereira (1523), o Juiz da Beira (1525)
Teatro rico, denso e variado. Teatro escrito para um público exigente e detentor
das rédeas do poder. Gil Vicente, entretanto, não deixou de impor-se como teatró-
logo e impor seu gosto pessoal, mesmo que para garantir essa autonomia tivesse
que recorrer a disfarces, truques, símbolos, alegorias ou ao cômico mais radical.
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O grande mérito de Gil Vicente consiste no fato de ele ser um poeta, e poeta
dramático. Como poeta, distingue-se pela fluência e elasticidade expressivas que
envolvem os matizes líricos, satíricos, mitológicos, alegóricos, religiosos, sem
perder sua fisionomia específica. Como comediógrafo, destaca-se como um dos
mais importantes autores de teatro em toda a história da Literatura Portuguesa,
tendo o mérito de ter inaugurado esse gênero nessa literatura, conforme já se
falou acima.
Quando o poeta, com os olhos voltados para trás, contempla o mundo que
morre, os temas e uma visão medieval das coisas predominam. Gil Vicente cria,
aqui, um tipo de teatro que se realiza não tanto pelas qualidades cênicas, mas,
sobretudo, pelo aspecto ideológico ou sentimental: o poeta, cheio de sentimento
lírico da vida, suplanta o teatrólogo, fato que pode ser verificado em D. Dourados
e no Auto da Alma.
A sátira vicentina toca fundo nas feridas sociais de seu tempo, mas é
contrabalançada por um elevado pensamento cristão, verificável em peças
como o Auto da Alma e, também, nas de natureza satírica, muito embora,
nesse caso, a perspectiva cristã não tenha grande visibilidade. A maior
concentração de forças do teatro vicentino reside nessa bipolaridade, que,
além de criar uma escola vicentina durante o século XVI, garantiu sua perma-
nência nos séculos seguintes e sua atualidade ainda hoje. Camões, Afonso
Álvares, Antônio Ribeiro Chiado, Antônio Prestes e Simão Machado pertencem
à escola vicentina.
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Para esta aula, escolhemos a Farsa de Inês Pereira e O Auto da Alma exem-
plificando as duas vertentes da produção teatral de Gil Vicente.
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Saiba mais
Sugestão de filmes sobre o assunto da aula: Excalibur, Robin Hood.
Síntese da aula
Estudamos, nesta aula, as características do teatro popular de Gil Vicente no
contexto da transição da Idade Média para o Renascimento, com suas classifica-
ções de acordo com a temática explorada.
Atividades
1. É claro que você já localizou e leu as duas peças de Gil Vicente apresentadas
nesta aula. Vamos fazer um pequeno exercício com elas? Leia novamente as
peças e compare-as, tendo em vista os seguintes aspectos:
Temática
Perspectiva (conservador ou
renovador)
Lirismo ou comicidade
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MOISES, Massaud. (dir.). A Literatura Portuguesa em Perspectiva: trovadorismo e
humanismo. vol. 1, São Paulo: Atlas, 1992.
TEYSSIER, Paul. Gil Vicente – o autor e a obra. Lisboa: Instituto de Cultura e
Língua Portuguesa do Ministério da Educação e das Universidades/Biblioteca
Breve, 1982.
VICENTE, Gil. O Velho da Horta; Auto da Barca do Inferno; Farsa de Inês Pereira.
Introdução, Comentários e Estabelecimento de Textos por Segismundo Spina. 37. ed.
São Paulo: Ateliê, 2003.
Na próxima aula
Estudaremos as características gerais do Classicismo e o Classicismo em
Portugal.
Anotações
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Aula 5
Traços Gerais do
Classicismo em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
O conhecimento das transformações porque passava a Europa entre os
séculos XIV e XVI, rumo ao capitalismo mercantilista, e dos gêneros lírico, épico e
dramático clássicos é importante para esta aula.
Introdução
Em 1536, quando Gil Vicente encena Floresta de Enganos, sua última peça,
o processo histórico que levaria o povo português ao Renascimento e a uma
posição jamais ocupada por ele antes ou depois, já estava bastante avançado.
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Saiba mais
A perfeição é o traço básico do clássico.
Cuidado: clássico tem um sentido geral, independente de época histórica, como cate-
goria crítica referente a um escritor modelar, perfeito, consagrada, como Machado de
Assis, que é um clássico apesar de ter pertencido ao Romantismo e ao Realismo.
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Note: na arte clássica legisla sobre tudo. Quase nada fica ao arbítrio.
Compreendeu? Dizendo de outra maneira: não há arte sem regras, mas no classi-
cismo se estabelecem regras obrigatórias e prévias, que não atrapalham o artista,
mas o desafiam e o estimulam. Maravilhoso, não? Isso tem uma implicação impor-
tante: a arte supõe um aprendizado e não admite improvisações.
Você sabe o que Aristóteles e Platão pensam dessa matéria, mas é sempre
bom rever as posições deles: se para Aristóteles a arte resulta do trabalho, para
Platão, resulta da inspiração, embora isso seja um mal.
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Você já ouviu falar inúmeras vezes que o estilo é a pessoa, pois essa noção
faz parte do senso-comum, e nós, querendo ou não, somos um pouco vítimas
dele. Mas será que no classicismo esse conceito se confirma? Vamos verificar? Na
estética clássica, a elocução, parte da retórica, evolui para uma teoria da compo-
sição e do estilo, que ensina a buscar o material, dispô-lo e, sobretudo, redigi-lo.
Paralelamente, elabora-se uma métrica rigorosa.
Saiba mais
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A comédia, por sua vez, imita a ação dos homens comuns. Ela vai da infelicidade
para a felicidade: termina bem. Funda-se, em geral, num qüiproquó, num equívoco.
Embora haja comicidade de palavras, gestos e situações, o riso não é essencial.
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Lírica: Luís Vaz de Camões - Novela sentimental: Bernardim Antônio Ferreira, com
e Sá de Miranda; Ribeiro, com Menina e Moça; a tragédia Castro
Épica: Camões, com Os - Novela de cavalaria: João de (a primeira peça de
Lusíadas. Barros com Crônica do impe- influência clássica em
rador Clarimundo, e Francisco Portugal).
de Morais, com Palmeirim da
Inglaterra;
- Crônica histórica: João de Barros;
- Literatura de viagens:
Fernão Mendes Pinto, com
Peregrinação.
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Saiba mais
Sugestão de filmes sobre o assunto da aula: Giordano Bruno, 1492 – A conquista do paraíso.
Síntese da aula
A perfeição: traço básico do classicismo, a doutrina clássica; a linguagem
no classicismo; classicismo e gêneros literários; o classicismo na literatura portu-
guesa: período e produção literária.
Atividade
O Renascimento foi antecedido e preparado pelo Humanismo, que se
caracterizava:
Comentário da atividade
Conforme você estudou nesta aula, o Humanismo, que antecede e prepara
o Renascimento, é um movimento de cultura que abalou as últimas décadas da
Idade Média e tem, entre suas características, a descoberta e o estudo dos monu-
mentos da cultura greco-latina, em especial as obras escritas.
Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MOISES, Massaud. (dir.). A Literatura Portuguesa em Perspectiva: trovadorismo e
humanismo. vol. 1, São Paulo: Atlas, 1992.
Na próxima aula
Estudaremos a lírica camoniana, particularmente o soneto.
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Aula 6
A lírica camoniana: sonetos
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
A compreensão dos traços característicos da estética clássica renascentista e
o contexto histórico que determinou a construção desses traços.
Introdução
Camões não foi apenas o poeta épico que celebrou a honra e a bravura
portuguesa em Os Lusíadas (1572). Foi, também, um poeta lírico de primeira
grandeza: em seus sonetos cantou tanto o amor quanto as contradições da exis-
tência. Sua lírica representa a culminância de uma tradição poética iniciada no
final da Idade Média e que influenciaria toda a história da poesia de língua
portuguesa de então até hoje.
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Saiba mais
Síntese da aula
Estudamos a lírica camoniana: sonetos. As concepções platônicas no
Humanismo e no Renascimento. A valorização das tradições judaica e cristã e o
desconcerto do mundo.
Atividades
1. Tudo que se diz a respeito de um texto literário, deve já estar dito nele de
alguma maneira. Com base nessa informação, faça uma leitura do soneto
abaixo:
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s. d.
MOISES, Massaud. (dir.). A Literatura Portuguesa em Perspectiva: classicismo,
barroco, arcadismo. vol. 2, São Paulo: Atlas, 1993.
RODRIGUES, Antonio Medina. Sonetos de Camões: roteiro de leitura. São Paulo:
Ática, 1993.
Na próxima aula
Estudaremos os episódios líricos da épica camoniana.
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Anotações
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Aula 7
Os Lusíadas:
a epopéia portuguesa
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
As características da estética clássica renascentista e o contexto histórico que
determinou sua definição são importantes para a compreensão desta aula.
Introdução
Camões e Bocage são os dois poetas portugueses mais conhecidos no Brasil, o
primeiro por ser o autor de Os Lusíadas, poema épico do qual todos nós, de uma forma
ou de outra, já ouvimos falar; o outro por estar associado a um anedotário chulo de
que ele certamente não é o autor, mas que o imaginário popular acredita que sim.
Esta aula, no entanto, tem Camões como objeto. Mesmo sabendo que você já
o conhece, o objetivo do próximo tópico é apresentá-lo por meio de episódios de
sua vida pessoal e intelectual.
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Pouco se conhece da vida de Camões. Quando teria nascido, em 1824 ou em
1825? Teria freqüentado a vida palaciana na juventude, experiência que deixa
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traços marcantes em sua formação cultural. Acredita-se que, nesses anos de convi-
vência na Corte, ele tenha podido acompanhar algum curso regular. Um fato,
no entanto, é inegável: lê Homero, Horácio, Virgílio, Ovídio, Petrarca, Boscán,
Garcilasso e outros.
7.2 Os Lusíadas
Os Lusíadas representam a faceta épica da poesia camoniana. Sincera
e comovida reportagem do momento em que Portugal atingia o ápice de sua
progressão histórica, rememoram e reavaliam a história do povo português, a
partir dos acontecimentos ligados às descobertas marítimas, cujo objetivo era
afirmar a consciência nacional e a especificidade portuguesa em matéria de polí-
tica e de religião.
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Saiba mais
Você sabe a quem Camões pretendeu emparelhar sua epopéia? É com a Eneida, poema
virgiliano, que ele pretende realizar essa façanha, a começar pela proposição, a seqüência
dos episódios, o processo da ação, o Concílio dos deuses ou o sonho de D. Manuel.
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Saiba mais
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Vejamos, agora, uma estrofe desse episódio, para que você, entusiasmado
que já está com a leitura do episódio de Inês de Castro, possa ampliar sua empol-
gação pela literatura clássica portuguesa. Pronto para a aventura?
A gente da cidade, aquele dia,
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente) concorria,
Saudosos na vista e descontentes,
E nós, co’a virtuosa companhia
De mil religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Pêra os batéis viemos caminhando.
Saiba mais
Você compreendeu o que essa estrofe está dizendo? Tem certeza? Mesmo assim, vou
lhe dar a “tradução” dela. Para manifestar tristeza e saudade antecipada, naquele dia,
todas as pessoas da cidade, compareceram a praia do Restelo. Uns para se despedir de
amigos. Outros para se despedir de parentes. Outros, ainda, apenas para ver a partida.
Enquanto a multidão se aproximava, os marinheiros (nós no caso), acompanhados de
muitos religiosos, caminhávamos para os batéis, rezando em procissão.
Você quer conhecer o episódio inteiro, seu significado e estrutura? Sabe onde
encontrá-lo? No sítio www.dominiopublico.gov.br você poderá encontrar todo o
texto de Camões.
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Saiba mais
Você gostaria de ler o mesmo texto num português mais claro, não gostaria? Pois vai aí
uma pequena “tradução”: eu mal acabava de falar, quando surge no ar a figura de um
ser humano monstruoso, um morto-vivo acabado de sair do fundo do mar. Forte e muito
alto, tinha o rosto carrancudo, a barba suja, os olhos rojos e os gestos ameaçadores.
A cor de seu rosto era pálida e lembrava a terra. Seus cabelos eram crespos e estavam
sujos de terra. A boca era negra e cheia de dentes amarelos.
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Saiba mais
Você precisa da “tradução” dessa estrofe? Claro que não, mas para manter o padrão
do texto, optamos por apresentá-la: nesta ilha tão agradável (fresca), os portugueses, tão
bons navegadores quanto os antigos Argonautas, já desembarcavam das naus. Era um
lugar onde lindas Deusas passeavam pelas florestas, simulando despreocupação, como
se ignorassem a chegada próxima dos portugueses: algumas tocavam cítaras; outras,
harpas e flautas sonoras; outras simulavam caçar com seus arcos de ouro.
Saiba mais
Sugestão de filmes sobre o assunto da aula: Cristóvão Colombo e A fúria dos titãs.
Síntese da aula
Episódio da vida pessoal e intelectual de Luiz Vaz de Camões. Os Lusíadas:
temática e estrutura. Episódios líricos: Inês de Castro, Velho do Restelo, Gigante
Adamastor e Ilha dos Amores.
Atividades
1. Considere as afirmativas abaixo sobre Luiz de Camões e Os Lusíadas:
c) I e II estão corretas;
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2. Em Os Lusíadas, Camões:
a) O rei Afonso IV decide matar Inês de Castro para liberar seu filho, D.
Pedro, do amor que o prendia a ela;
b) Afonso IV decide matar Inês de Castro para evitar que seus filhos com D.
Pedro dividam a fortuna da coroa;
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
CAMÕES, Luiz Vaz de. Os Lusíadas. Cotia, SP: Ateliê, 2001.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s. d.
MOISES, Massaud. (dir). A Literatura Portuguesa em Perspectiva: classicismo,
barroco, arcadismo. vol. 2, São Paulo: Atlas, 1993.
Na próxima aula
Estudaremos a Estética Barroca e o Barroco em Portugal.
Anotações
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Aula 8
O Barroco em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
No estudo do Barroco, os aspectos formadores do Renascimento, Reforma
e Contra-Reforma: Companhia de Jesus e Santa Inquisição constituem o conheci-
mento básico para a compreensão da literatura barroca, trabalhada nesta aula.
Introdução
D. Sebastião desaparece em Alcácer-Quibir em 1578. Era chegado o fim
das grandezas conquistadas a partir da tomada de Ceuta (1415), por meio do
caminho marítimo para as Índias (1498), da descoberta do Brasil (1500) e de
outros acontecimentos que configuraram a expansão ultramarina portuguesa.
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Saiba mais
Sugestão de filmes sobre o assunto da aula: Caravaggio (sobre um dos mais importantes
pintores do pré-Barroco). Ouça a música de Vivaldi, a mais célebre música barroca.
Síntese da aula
Barroco em Portugal: aspectos históricos, características fundamentais. A
produção literária barroca portuguesa: autores e obras.
Atividades
1. O Barroco literário apresenta dois estilos: o cultismo e o conceptismo. Associe:
(1) Cultismo ( ) linguagem rebuscada
Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
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Na próxima aula
Estudaremos Arcadismo ou Neoclassicismo em Portugal.
Anotações
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Aula 9
Arcadismo ou Neoclassicismo
em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
Ao chegarmos à discussão do período neoclássico, é importante que se
compreenda o conhecimento do percurso feito pelo Humanismo, Renascimento
e Barroco.
Introdução
Na segunda metade do século XVIII, grandes transformações agitam toda a
Europa, particularmente a França. Especificamente no campo ideológico, verifi-
ca-se a instalação do pensamento enciclopédico de D’Alambert, Diderot e Voltaire,
em 1751, quando o primeiro publicou o Discours Préliminaire de l’Enciclopédie.
Desde então, essa obra foi considerada como início de um processo cujo ápice
foi a Revolução Francesa de 1789, símbolo de uma nova era na história da
humanidade. “O Iluminismo francês, baseado no culto das ciências, da Razão e
do progresso, impregnou larga audiência de intelectuais pelos quatro cantos do
mundo” (MOISÉS, 1999, p. 95).
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Mas a mitologia pagã foi retomada apenas como elemento estético (razão de
a escola tornar-se conhecida também como Neoclassicismo). A frase de Horácio
Fugere urben (fugir da cidade) e a teoria de Rousseau sobre o “bom selvagem”
inspiraram os árcades, que se voltaram para a natureza, em busca de uma vida
mais simples, bucólica e pastoril: era a procura do locus amoenus, um refúgio
ameno, em oposição aos centros urbanos, o que revelava uma disputa de classe:
do burguês culto contra a aristocracia.
Mas atenção: esse objetivo configura apenas um estado de espírito, uma posição
política e ideológica, porque todos os árcades viviam nos centros urbanos. Burgueses
que eram, seus interesses econômicos encontravam-se nas cidades. Percebe-se,
portanto, uma contradição entre a realidade do progresso urbano e o mundo bucó-
lico idealizado por eles, o que justifica falar em “fingimento poético” no Arcadismo.
Esse fato transparece no uso dos pseudônimos pastoris: Elmano Sadino, por exemplo,
é o pseudônimo adotado pelo poeta Manuel Maria Barbosa Du Bocage.
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Portugal, apesar da tradição ideológica fundamentada em dogmas e prin-
cípios imutáveis, quase sempre de estrutura medieval, conseguiu acompanhar
as mudanças de além-Pirineus. Em primeiro lugar, graças ao apoio de D. João
IV (1707-1750), a Luis Antônio Verney (1713-1792) propõe a reforma geral do
ensino superior em Portugal, tendo as idéias iluministas por base. Com Verney entra
em crise o ensino religioso e medieval predominante nas escolas portuguesas.
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Existem dois Bocages: o das anedotas e o que a tradição literária nos legou.
Desconsiderando-se a poesia pornográfica, em que foi mestre, o segundo Bocage
escreveu vasta obra poética, dividida em duas vertentes fundamentais: o satí-
rico e o lírico. Quanto ao primeiro, Bocage, graças ao temperamento agressivo,
impulsivo e cortante, amparado pelo dom da improvisação alcançou ser estrela
de primeira grandeza, figurando ao lado de um Gregório de Matos. Mas a sátira
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ocupa lugar menos relevante em sua obra. Seja pelo cunho pessoal e bilioso, seja
porque dura tanto quanto o acontecimento que lhe dá origem.
Bocage desembaraça o soneto dos entraves que o sufocavam antes e lhe empresta
uma dicção fluente, vizinha da fala diária, obediente a uma lógica da emoção, que
organiza os versos numa ordem direta e natural, opondo-os à sintaxe arrevesada
e tortuosa, natural no momento anterior. Sua autonomia funde-se com perfeição à
tendência para exprimir uma sensibilidade própria do dia a dia, mas fascinada pela
contemplação das alturas, polaridade de que nasce a tensão do lirismo bocageano,
o mais original e forte do seu tempo e que anuncia a modernidade romântica.
Os sonetos, mais do que toda a sua obra, documentam-lhe a vida por dentro
e por fora. São testemunhos de suas andanças e tormentos de alma e marcados
pelo pessimismo e pela constante presença da morte. A primeira nota distinta da
poesia lírica de Bocage é o pessoalismo: superando regras, coerções literárias
e sociais aliadas ao momento arcádico, sua poesia distingue-se por um rebelde
liberalismo emocional. Violento e gritante, umas vezes, outras, calmo e idealista.
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Saiba mais
Síntese da aula
Características do Arcadismo e Neoclassicismo, o Arcadismo em Portugal e
a produção literária do Arcadismo português.
Atividade
Assinale a alternativa que não se refere ao soneto de Bocage “Oh, retrato da
morte, oh noite amiga,” citado anteriormente:
a) o soneto submete-se radicalmente aos princípios do Arcadismo ou
Neoclassicismo;
b) o soneto pertence à fase pré-romântica, que contraria os postulados árcades
e prenuncia o Romantismo;
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Comentário da atividade
Nesta atividade, a alternativa que dever ser assinalada é a letra (a), pois
o soneto em questão, por expressar de forma direta os sentimentos do eu-lírico,
pertence à fase pré-romântica de Bocage.
Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LAJOLO, Maria. Bocage: seleção de textos. São Paulo: Abril Educação, 1980.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MOISES, Massaud. (dir). A Literatura Portuguesa em Perspectiva: classicismo,
barroco, arcadismo. vol. 2, São Paulo: Atlas, 1993.
Na próxima aula
Estudaremos os aspectos gerais do Romantismo.
Anotações
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Aula 10
Traços Gerais do Romantismo
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
O pré-requisito para esta aula é o conhecimento das transformações do
mundo ocidental, por meio da substituição, no comando político das nações, da
aristocracia pela burguesia.
Introdução
A vida cultural do Ocidente sofreu grande transformação na segunda metade
do século XVIII com o surgimento da burguesia moderna, do individualismo e da
valorização da originalidade, fatos que destronaram a concepção de estilo como
comunidade espiritual. A burguesia, rompendo com as prerrogativas culturais da
aristocracia, tem, no Romantismo, a expressão legítima do sentido burguês da
vida e um meio eficaz na luta contra a mentalidade aristocrática, que era classista
e propensa ao normatismo e pretendia estabelecer, antecipadamente, o universal-
mente válido e valioso.
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t teatro: a revolução ainda é mais drástica no teatro, uma vez que ela
promove a destruição da tragédia como gênero fixo e consagrada por
leis imutáveis e sua substituição pelo drama de estrutura e formas livres
e diversas, mais bem apropriado às tendências do espírito do século. A
revolução no teatro processou-se contra as regras e unidades de tempo
e lugar da poética neoclássica, mas salvou-se a unidade de ação ou de
interesse criada pela personagem, seu centro. A ruptura das unidades foi
uma exigência do drama romântico, em função da necessidade de maior
margem de tempo e lugar para movimentar a ação. O drama romântico,
renunciando a essas unidades, voltou-se para o passado nacional e para
a história moderna, abandonando a Antigüidade greco-latina. Unindo o
nobre e o grotesco, o grave e o burlesco, o belo e o feio, com base no
pressuposto de que o contraste é que chama atenção e garante maior
fidelidade ao real. O drama romântico misturou o verso e a prosa.
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Saiba mais
Sugestão de filme sobre o assunto da aula: Os Miseráveis (baseado na obra de Victor
Hugo). Ouça Schubert, Chopin e Mendelssohn.
Síntese da aula
Aspectos históricos do Romantismo. Características do espírito romântico.
Traços formais do Romantismo. Poesia, teatro e romance.
Atividades
1. Relacione o Classicismo e o Romantismo com suas respectivas
características:
I – Neoclassicismo ( ) Modelo clássico
( ) Paganismo
( ) Cristianismo
( ) Apelo à inteligência
( ) Apelo à imaginação
( ) Disciplina
( ) Libertação
( ) Versificação livre
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
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Na próxima aula
Conheceremos o Romantismo em Portugal e os autores e obras do primeiro
momento romântico português.
Anotações
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Aula 11
O Primeiro Momento do
Romantismo em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
Esta aula constitui a continuação do estudo do Romantismo, iniciado na aula
anterior. Nesta aula, o estudo do Romantismo será direcionado às expressões
literárias produzidas em Portugal. Por isso, é fundamental o conhecimento da
estética romântica.
Introdução
O Romantismo português, a exemplo do que aconteceu nos demais países
europeus, esteve associado ao desenvolvimento da imprensa e à afirmação
social de um novo público leitor constituído pela burguesia. A produção artística
agora não seguia os padrões clássicos nem a ideologia aristocrática. O novo
público considera que tudo é relativo e está em contínua transformação. A ele
não interessam os padrões clássicos, mas a novidade que vai ser transmitida
pelos jornais, principalmente.
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A Revolução Liberal foi uma luta entre liberais e conservadores, com alternância
de ambos os grupos no poder e perdurou por muitos anos provocando o exílio de
políticos, intelectuais e artistas. O contato de artistas portugueses com o Romantismo
inglês e francês favoreceu o surgimento de obras renovadoras no contexto lusitano.
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Você já leu o poema “Este inferno de amar” na aula anterior. Para você ler
o poema “Barca Bela” completo, acesse www.dominiopublico.gov.br . O poema
“Não te amo” está transcrito abaixo: um presente para você!
Outro texto de Almeida Garrett que vale a pena ser lido é a tragédia Frei
Luis de Sousa. Composta em três atos em prosa, essa tragédia gravita em torno
do prosador cujo nome lhe empresta o título: Madalena de Vilhena e Manuel de
Sousa Coutinho contraíram núpcias, certos de que D.João de Portugal, marido
de Madalena, havia desaparecido em Alcácer-Quibir, junto com D. Sebastião,
mas ele estava vivo e de regresso à sua família, oculto sobre os farrapos de um
romeiro. Aterrorizados pela surpresa, porque colhidos em pecado, os cônjuges
procuram livrar-se do involuntário crime (adultério) tomando hábito. Você quer
saber da história completa e sentir as emoções que ela provoca? Acesse www.
dominiopublico.gov.br e leia o texto na íntegra.
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A historiografia de Herculano foi bastante revolucionária para a época: posi-
cionou-se contra a intervenção de fatores místicos ou lendários na história de seu
país; valorizou, de outro lado, a intervenção das classes sociais e comprovou seus
pontos de vista com valiosa documentação.
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Síntese da aula
Vimos, nesta aula, os aspectos marcadores do Romantismo em Portugal e
apresentamos os representantes mais significativos desse momento: Almeida
Garrett, Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho.
Atividades
1. Você sabe que as fontes de um texto são: a realidade, a imaginação e a
memória. Os dados extraídos dessas fontes são organizados para criar uma
supra-realidade, cuja lógica é a verossimilhança. O autor de um romance,
porque está produzindo arte, não tem compromisso com os fatos históricos
como o tem um historiador: sua leitura da realidade pode sofrer as transfor-
mações que sua imaginação permite.
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MOISES, Massaud. A Literatura Portuguesa em Perspectiva: romantismo. vol. 3,
São Paulo: Atlas, 1992.
Na próxima aula
Trataremos do segundo e do terceiro momentos do Romantismo em Portugal.
Anotações
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Aula 12
Segundo e Terceiro Momentos
do Romantismo em Portugal
Objetivo
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
Pré-requisitos
Romantismo. Liberalismo e historicismo: Alexandre Herculano e Almeida Garrett.
Esses são os conteúdos indispensáveis para que você possa acompanhar, com
segurança, e compreender os outros dois momentos do Romantismo em Portugal.
Introdução
Os integrantes da segunda geração romântica, diferentemente de Garrett,
Herculano e Castilho, não respiram mais os ares neoclássicos. Esses resíduos
do século XVIII desaparecem e, graças aos excessos cometidos em nome da
nova moda de 1825, constroem o chamado Ultra-Romantismo, cujos adeptos se
reuniram em torno de O Trovador (1844) e de O Novo Trovador (1851), revistas
coimbrãs voltadas ao culto da Idade Média e do sentimentalismo.
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Com base num conceito meio místico de poeta e de sua missão social, o
Ultra-Romantismo explora, numa linguagem fácil e comunicativa, os seguintes
temas: o tédio, a melancolia, as morbidezas, o desespero, a morte, a enfermi-
dade da vida, o luar, a palidez, ânsias de além, e temas medievais, soturnos e
fúnebres, populares e folclóricos. O Ultra-Romantismo se harmoniza, essencial-
mente, com a poesia, mas, de seus ingredientes, muitos são expressos também
em prosa.
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A parte marcante de sua obra é a novela, mas publicou, ainda, contos, poesia,
teatro, historiografia, historiografia literária, crítica literária, memórias e polêmica.
Vastíssima, sua produção figura entre as maiores da literatura de língua portuguesa.
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É de impalpável flor!
Oh como te eu aspiro
Na ventania agreste!
Oh como eu te admiro
Nas solidões do mar!
Quando o azul celeste
Descansa nessas águas,
Como nas minhas mágoas
Descansa o teu olhar!
Saiba mais
Sugestão de filme sobre o assunto da aula: Romeu e Julieta (há intertextualidade entre
esse filme e Amor de Perdição).
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Síntese da aula
Vimos, nesta aula, os aspectos marcadores do segundo e terceiro momentos
do Romantismo em Portugal e apresentamos os representantes mais significa-
tivos desses momentos: Camilo Castelo Branco, Soares de Passos, Júlio Dinis e
João de Deus.
Atividades
1. Marque a alternativa incorreta sobre Amor de Perdição, de Camilo Castelo
Branco:
I. Essa obra tem como subtítulo crônica da aldeia e nos transporta ao mundo
rural português.
III. Narra a história do lavrador José das Dornas e de seus filhos Pedro e
Daniel.
a) somente I e II estão corretas;
b) somente II e III estão corretas;
c) somente I e III estão corretas;
d) I, II e III estão corretas.
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Referências
ABDALA JÚNIOR; PASCHOALIN, Maria Aparecida. História Social da Literatura
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1990.
COELHO, Jacinto do Prado (dir). Dicionário da Literatura. 3. ed. vol. 4, Porto:
Figueirinhas, 1982.
LOPES, Oscar; SARAIVA, Antonio José. História da Literatura Portuguesa. Portugal:
Porto Editora, s.d.
MOISES, Massaud. A Literatura Portuguesa em Perspectiva: romantismo. vol. 3,
São Paulo: Atlas, 1992.
Anotações
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