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PORTFÓLIO LITERATURA BRASILEIRA IV

PRIMEIRO SEMESTRE DE 2022 – TURMA: 02


UFAM-FLET-CLLP

Prova Final

PROFESSOR: GABRIEL ALBUQUERQUE


g_albuquerque@ufam.edu.br
ESTUDANTE: Patriciane Cardoso Fernandes (21954555)

PORTFÓLIO

O portfólio (do inglês) é uma modalidade de avaliação que surgiu no campo das artes,
com o objetivo de criar novas formas de avaliação para o desenvolvimento das
inteligências artísticas (VIEIRA, 2006; ALVES, 2003). O prefixo port vem do latim e
significa “transportar”. Segundo o Longman Dictionary of Contemporary English, a
palavra folio significa. 1- “um livro feito com páginas grandes”. 2- “uma única folha de
papel ou página de livro” (LONGMAN DICTIONARY..., 1995). Assim, temos formada a
palavra Portfólio: uma pasta para carregar folhas soltas ou não.

No campo da educação, Hernández (1998) define portfólio, como:

Um continente de diferentes classes de documentos (anotações pessoais,


experiências de aula, trabalhos pontuais, controles de aprendizagem,
conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, etc.)
que proporciona evidências do conhecimento que foi construído, das
estratégias utilizadas e da disposição de quem o elabora, em continuar
aprendendo. Entendendo o portfólio como facilitador da reconstrução e
reelaboração, por parte de cada estudante, do processo de
ensino-aprendizagem ao longo de um curso, sua construção oferece
oportunidade de refletir sobre o progresso dos estudantes em sua
compreensão da realidade, ao mesmo tempo em que possibilita introduzir

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mudanças necessárias imediatas. Como também permite aos professores
considerarem o trabalho não de forma pontual (como a prova e testes),
mas no contexto do ensino e como uma atividade complexa, baseada em
elementos de aprendizagem que se encontram relacionados
(WINOGRAD; PARIS; BRIDGET, 1991).

O portfólio é uma descrição ou resumo pessoal ou institucional que o autor faz de suas
atividades, em função de um processo educativo ou outras ocupações, permitindo aos
avaliadores definir o espaço e o tempo em que a produção ou desempenho do sujeito
deve ser considerado. Pode ser considerado, ainda, como uma compilação dos
trabalhos realizados pelos alunos, uma descrição dos registros de visitas, resumos de
textos, projetos e relatórios de pesquisas, anotações de experiências, ensaios
autorreflexivos e outros (NASCIMENTO; LASSANCE, 2000). É uma estratégia que
facilita a aprendizagem tanto para o educando quanto para o educador. Pode ser
considerado ainda como um laboratório no qual o estudante constrói significados a
partir de sua experiência acumulada, tornando-se um resumo da trajetória de
aprendizagem (CHAVES, 2000).

(In: Camargo das Neves, Andressa Soares Guerreiro, José Manoel Amadio Azevedo,
Gisele Regina de Azevedo. Avaliando o portfólio do estudante: uma contribuição para o
processo de ensino-aprendizagem. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação
Superior (Campinas) [online]. 2016, v. 21, n. 1 [Acessado 23 Julho 2021] , pp. 199-220.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1414-40772016000100010>. ISSN
1982-5765. https://doi.org/10.1590/S1414-40772016000100010.)

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NÚCLEO 1: sobre mim.

Meu nome é Patriciane Cardoso Fernandes, tenho 22 anos, sou natural de Terra Santa,
um município localizado no oeste do Pará, meu pai veio trabalhar para Manaus no ano
de 2002, mas só em 2013 que vim para morar de forma fixa com ele, juntamente com a
minha mãe e meu irmão. Desde então aqui sempre estudei em escola pública, e
sempre me dediquei somente aos estudos, meus pais sempre quiseram que eu desse
prioridade para estudar, atualmente não trabalho, ano passado tive a oportunidade de
um emprego, mas não seguiu em frente por conta que não iria coincidir com o horário
da faculdade, em casa só meu pai trabalha, ele optou por isso desde que veio para
Manaus minha mãe cuida dos afazeres de casa e meu irmão somente faz faculdade.

As minhas expectativas em relação ao curso de Letras sempre foram boas, quando


passei meus pais ficaram muito felizes, e eu também, é claro que às vezes bate o
desânimo, mas sempre penso o quanto meus pais já se esforçaram e se esforçam para
que um dia eu e meu irmão pudéssemos nos formar, e então me mantenho firme no
curso, com o objetivo de retribuir todo o esforço dos meus pais. E a minha expectativa
com a matéria de Literatura Brasileira IV, foram um pouco receosas, muitos diziam que
era difícil (por conta do professor) então fiquei com medo, mas no decorrer das aulas,
foi perceptível que a matéria não é um bicho de sete cabeças, porém temos que ser
esforçados e prestar bastante atenção nas aulas para entender.

A minha rotina durante a semana costuma ser igual, pela parte da manhã antes de ir
para faculdade, ajudo minha mãe com os afazeres domésticos, logo em seguida vou
para a ufam, com o mesmo percurso todos os dias com a duração de 1h. E em relação
à preparação do seminário, logo quando soube o livro que iríamos ficar, pedi um pela
internet, para que o meu entendimento com o livro pudesse ser mais proveitoso e
realmente foi, pude ler a obra com mais precisão, e fui me preparando, mas sabia que
não iria ser fácil no dia do seminário, ocorreram alguns problemas, mas acredito que os
erros que tive aconteceram, para que eu não repetisse nos próximos seminários que
virão.

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NÚCLEO 2: EU, ESTUDANTE DE LETRAS

A partir do momento em que ingressei na faculdade tive um choque de realidade, em


relação às dificuldades que iria enfrentar, não estava preparada o suficiente para lidar
com os assuntos que demandam mais esforço, então em Teoria da Literatura, tive
minha primeira reprovação o que me deixou muito mal, mas não deixei desanimar,
repeti a matéria onde obteve melhor desempenho e assim foi em Teoria da Literatura II
e em Literatura Portuguesa I e II, obtive um bom desempenho, rendimento e boas
notas.

O ensino de todas essas matérias que antecedem Literatura Brasileira IV, foram de
suma importância, para com meu próprio aprendizado, acredito que tudo foi passado
da melhor maneira possível, apesar da pandemia ter atrapalhado, não deixou de ser
um ensino eficaz e enriquecedor, tive professores maravilhosos que sempre estavam
dispostos a tirar as dúvidas, em relação ao assunto passado durante as aulas.
Os conhecimentos adquiridos nas disciplinas anteriores foram e são de relevância, pois
a literatura se apresenta como veículo criador e socializador da linguagem, da cultura e
dos valores que, em muitos casos, nos identificamos ou, então, passamos a refletir
sobre outra época, outros padrões de comportamentos, outra sociedade, outro mundo
diferente do nosso, mas que de alguma forma nos toca, nos emociona, nos questiona,
possibilitando nosso desenvolvimento social, emocional e cognitivo.

Na literatura, a perspectiva pluralista de sentido é o diferencial no processo de leitura,


dando oportunidade ao aluno de enxergar a multiplicidade de sentidos, o leitor acionará
registros de leituras anteriores, correlacionar o velho com o novo a ponto de concordar
ou não, além de se posicionar criticamente diante do objeto de leitura.

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NÚCLEO 3: ANOTAÇÕES SOBRE AS AULAS

a) Anotações sobre os seminários:

O som do rugido da onça

· O seminário deu início com a introdução sobre o discurso literário e forma


experimental, com o questionamento sobre “O que é narrado?” e sobre “a inserção
do lirismo como estratégia narrativa.”

· O relato organiza-se em três partes. A primeira trata da sua sofrida viagem à


Baviera. A segunda apresenta uma nova personagem, Josefa, no Brasil
contemporâneo, que, na exposição Coleção Brasiliana Itaú, no Instituto Itaú
Cultural, depara-se com litografias de Miranha e Juri, expostas sob “o texto da
parede em letras graúdas: Os índios vistos como parte da fauna

· A história em si consiste em dois alemães naturalistas que vieram ao Brasil com a


missão de registrar suas impressões sobre o país, e três anos depois voltam para
Alemanha com duas crianças indígenas, Iñe-e e Juri que morreram pouco após a
chegada ao território europeu.

· Baseada em uma visita que a própria autora fez Micheliny Verunschk, em uma
exposição no qual se deparou com as litogravuras de Isabella Miranha e Johann
júri, duas crianças indígenas que foram rebatizadas com esses nomes, pelos
pesquisadores Spix e Martius.

· A autora reconta a história com o intuito de apresentar o destino trágico das


crianças, e também sobre a separação do seio familiar, a solidão e a morte
prematura das mesmas.

· Em segundo momento retrata o espaço em “ o som do rugido da onça”, grande parte


da história é retratada na embarcação, onde tinham duas realidades, a dos
alemães, e a dos que estavam sendo levados contra vontade, as crianças e os
animais.

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· Na visão de Spix e Martius, se transportava um jardim de maravilhas, mas durante a
viagem, os primeiros a morrer foram os animais, e em seguida as crianças,
adoeciam, passavam fome e sede.

· A violência colonial, presente quando os pesquisadores escolhem um novo nome


para as crianças, pois iriam levar uma nova vida, tornando-se assim, dois rostos
sem corpo e dois nomes sem história.

· O olhar do colonizado, com a chegada dos homens brancos que vieram com a
intenção de fazer negócios lucrativos, havia o questionamento do colonizado que
consistia em “ Como pode ser bom alguém que compra outras pessoas ? que os
leva para longe de seus parentes ?”.

· No terceiro momento do seminário vemos a questão da noção de identidade, que


nos mostra a história da morte de Iñe-e, e também de como ela perdeu seu nome e
sua casa. É destacado o sofrimento durante a travessia do rio, no qual a
comunicação não era possível, pelo fato das crianças não pertencerem àquele
povo.

· Foi demonstrado o quanto as crianças passavam fome e sede, porque a alimentação


e a água eram restritas, sendo assim adoeciam e morriam.

· Nas considerações finais do seminário, foi exposto à obra de Micheliny Verunschk, e


seu lugar na literatura brasileira contemporânea, a autora nasceu em 1972 em
Pernambuco, ganhou o prêmio Jabuti em 2022, na categoria romance literário por O
som do Rugido da Onça.

O Avesso da Pele

· “O seminário deu início com “A geografia e as personagens”, trazendo os conceitos


de como a cidade pode ser vista com termos a Pólis e as Urbs, com o
questionamento” Do que as cidades são feitas?”.

· A Pólis consiste em um agrupamento coletivo e social, em torno de um bem comum


e de uma realidade compartilhada. Já a Urbs, refere-se ao espaço físico de uma

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cidade, ou seja, “nos remete a materialidade da cidade: seus equipamentos,
serviços e construções físicas”.

· No segundo momento, foi abordado “O Avesso da pele: um romance de cor”, e uma


breve biografia do autor da obra, Jeferson de Souza Tenório, ele foi um escritor,
pesquisador, professor brasileiro e ativista negro, nasceu no Rio de Janeiro em
1977, suas obras abordam no geral temas como pobreza, descriminação racial e
desigualdade de classes no Brasil.

· O avesso da pele surgiu de uma vontade de contar a história de um professor negro


de literatura no sul do Brasil. Um professor negro que, em função da violência
policial acaba por ser assassinado,

· A discussão em “ o avesso da pele” é na verdade uma tentativa de devolver a


subjetividade, e a humanidade da população negra, que é constantemente
violentada e que sofre violências do racismo estrutural.

· No terceiro momento do seminário, é abordada a questão do racismo estrutural, que


consiste em concepções enraizadas na sociedade, apresentadas a partir de
relações sociais, falas do dia a dia, hábitos e etc.

· Abordando também a violência Institucional, que é uma forma de violência causada


por agentes público que tem como dever selar pela segurança da população.

· No quarto e último momento do seminário, há a abordagem da geografia com o


questionamento “Uma feudalização da cidade ou uma percepção individual no meio
coletivo?”.

· Foram analisados alguns dados que nos mostra que quase 14% da população da
cidade gaúcha vivem em aglomerados subnormais (favelas). E finalizando com uma
reflexão sobre o impacto do racismo estrutural, voltado para a obra o avesso da
pele.

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O Amor dos Homens Avulsos

· O primeiro momento da aula foi abordado a obra e seu autor Victor Heringer, um
autor brasileiro, que foi finalista do prêmio Oceanos, com a obra “ O Amor dos
Homens Avulsos”.

· O título da obra faz relação com a ternura e faz também a comparação com o filme “
Me chame pelo seu nome”.

· A obra trás consigo a história de Camilo, um jovem que possui uma deficiência
física, e que tem todo amparo da família.

· No segundo momento da aula foram apresentados os personagens da obra, família


sua mãe Antônia, seu pai Dr. Paulo, Joana sua irmã e Cosme seu amor.

· O intuito do autor ao escrever a obra foi demonstrar o prazer de um primeiro amor,


relatando como essa experiência ocorre, trazendo os pontos positivos e negativos
de um primeiro amor, seus prazeres e suas dores.

· A narrativa é marcada por um homicídio brutal, o assassinato de Cosme por Adriano,


marido de Paulina.

Nove Noites

· No primeiro momento da aula a obra retrata as narrações que se interligam, pela


existência de dois narradores, no qual a existência de um é conhecida e o outro não
se sabe quem é o que se sabe é que ele é um investigador.

· O título da obra faz relação de forma alusiva com as nove cartas que aparecem no
livro, onde está em itálico.

· No segundo momento da aula, é exposta a narratologia da obra, que possui um


início meio e fim.

· O esquema quinário é composto pelo estado inicial, elementos desestabilizadores,


restabelecimento da ordem e a resolução de nove noites.

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· A obra possui uma narrativa que permite a quebra do tempo cronológico, onde só
ocorre na literatura contemporânea.

b) Dúvidas e considerações sobre os seminários:

· O Som do Rugido da Onça: O seminário foi bastante explicativo, pois todos da


equipe abordaram de forma coesa os tópicos trabalhados em relação a obra, sendo
assim, proveitoso para o entendimento de quem estava assistindo o seminário. A
única questão que não foi abordada da devida maneira foi em relação aos
principais personagens, Spix e Martius, foram deixados de lado pelo fato de serem
considerados personagens ruins, e então os componentes da equipe não deram a
devida exposição.

· O Avesso da Pele: De forma explicativa e detalhada a equipe deu início ao


seminário abordando o começo da apresentação com intensidade e com o
prolongamento na fala, mas não deixou de ser proveitoso, pois houve uma ótima
explicação, do primeiro momento até o ultimo, sendo interativa. O único ponto
negativo do seminário foi a falta de ser exposta mais informações da obra em si,
algumas dúvidas ficaram em relação à narrativa da obra.

· O amor dos Homens Avulsos: A aula foi realizada de forma explicativa, no qual
obtive todas as informações necessárias, e no decorrer da aula foi possível adquirir
o aprendizado de maneira precisa e concisa. Uma excelente aula.

· Nove noites: A aula mesmo com um horário reduzido foi muito enriquecedora, pois
foram abordados os pontos principais da obra, de forma proveitosa, sendo assim
obtive a aprendizagem e as informações necessárias para um bom entendimento.
Resultando na reflexão sobre a narrativa.

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c) Estabelecer a relação dos seminários com a leitura das narrativas:

O Som do Rugido da Onça:

· A exposição com destaque dos personagens principais

· A descrição do sofrimento das crianças indígenas, e dos animais

· O apagamento da identidade dos indígenas

· A morte como um dos acontecimentos na narrativa

O Avesso da Pele:

· A exposição com destaque dos personagens principais

· O destacamento do racismo da obra

· A violência Institucional, retratada durante a narrativa

· O auto índice de violência com pessoas negras

O Amor dos Homens Avulsos:

· A demonstração das características de um primeiro amor

· A descrição da criação protetora dada pelos pais

· A descoberta da homossexualidade

· A personificação de uma imagem idealista sobre o corpo do outro

Nove Noites

· As nove cartas em destaque

· A investigação do ocorrido

· O suicídio como abordagem principal

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· Acontecimentos na década de 30

NÚCLEO 4: REGISTRO DE CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES

a) Conhecimentos complementares sobre leitura de poesia

A fábula de um arquiteto ( João Cabral de Melo Neto)

A arquitetura como construir portas,

de abrir; ou como construir o aberto;

construir, não como ilhar e prender,

nem construir como fechar secretos;

construir portas abertas, em portas;

casas exclusivamente portas e teto.

O arquiteto: o que abre para o homem

(tudo se sanearia desde casas abertas)

portas por-onde, jamais portas-contra;

por onde, livres: ar luz razão certa.

2.

Até que, tantos livres o amedrontando,

renegou dar a viver no claro e aberto.

Onde vãos de abrir, ele foi amurando

opacos de fechar; onde vidro, concreto;

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até refechar o homem: na capela útero,

com confortos de matriz, outra vez feto.

João Cabral de Melo Neto foi um poeta e escritor que fez parte da terceira geração
modernista no Brasil, conhecida como geração 45, suas obras são caracterizadas pelo
rigor estético e também pelo uso de rimas. O poema “Fábula de um Arquiteto” foi
escrito por Cabral no ano de 1966, ele se trata de uma inquietação por parte de Cabral,
em relação a Le Corbusier conhecido como arquiteto urbanista e pintor Francês, Cabral
o tinha como referência de arquiteto trazendo lucidez e construtivismo em suas obras.
E a partir do momento que Cabral visita a Capela de Ronchamp na França, construída
por Le Corbusier, ele se irrita vendo aquela obra, pois o que ele via era totalmente ao
contrário que Le Corbusier pregava anteriormente, então diante dessa nova concepção
de Cabral, ele naquele momento se ver obrigado a escrever o poema no qual estamos
falando.
Partindo de uma análise sobre o poema, observa-se que ele é dividido em duas partes
correspondentes a duas estrofes, possuindo 16 versos divididos em uma décima e uma
sextilha, seus versos são a maioria decassílabos com dez sílabas métricas, é possível
também observar a presença de rimas em quatro versos da primeira parte e quatro
versos da segunda parte. Como já citado anteriormente, o poema possui duas partes, a
primeira parte Cabral faz um resumo da primeira poética Corbusiana, o poema tem
uma abertura que propõe uma tarefa de como o arquiteto deve fazer, ele demonstra
isso na parte quando fala “Construir portas/de abrir” se referindo à estética e também
partindo para a moral.
Ao final dessa primeira parte é perceptível uma combinação entre “ar luz razão certa
“mesmo não havendo pontuação, separando-as “ar luz” seria os elementos naturais e
“razão certa” está sugerindo e supondo uma qualificação de espaço ideal”. A segunda
parte Cabral traz como uma descrição da antiarquitetura, que se trata de uma oposição
a primeira parte do poema e pôde-se observar que existe a figura de um homem na
qual se ver refechado e logo depois é perceptível a ligação do homem com um feto
quando lemos “na capela útero”. A partir desse poema Cabral faz uma reflexão

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crítico-poética trazendo como um retrocesso em relação às conquistas da
modernidade.

O ENGENHEIRO ( João Cabral de Melo Neto)

A luz, o sol, o ar livre


envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;


o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
Em certas tardes nós subíamos
no edifício, a cidade diária,
como um jornal que todos ligam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.

A água, o vento, a claridade,


de um lado o rio, no alto nas nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

Esse poema faz parte da obra de mesmo nome que reúne produções de 1942– 1943.
Portanto, um dos primeiros livros publicados pelo poeta, exatamente o segundo. João
Cabral começa com este livro a trilhar o seu caminho de poeta da lucidez. E a obra de
engenharia, de arquitetura não aparece por caso, mas de caso pensado, o poeta é um
engenheiro. É um artesão que de estruturas simples e arejadas constrói um edifício

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uma obra. As palavras presentes no texto não se relacionam ao ato de sonhar “o sonho
do engenheiro” e sim a objetos concretos com os quais o sonho é concretizado.

b) Conhecimentos complementares de Narrativa

O Som do Rugido da onça

Artigo: Maria de Fátima Costa, « Os "meninos índios" que Spix e Martius levaram
a Munique », Artelogie [Online], 14 | 2019, posto online no dia 07 janeiro 2019.

O artigo Os “meninos índios” que Spix e Martius levaram a Munique feito por Maria de
Fátima relata a era 1862 quando o naturalista Carl Friedrich Philipp von Martius (1794 –
1868), mais de 60 anos, escreveu essas palavras. Com elas recordava-se do momento
em que adquiriu um jovem índio da nação Juri durante sua passagem pela Amazônia.
A nota faz parte dos registros autobiográficos que o cientista levou ao papel ao final de
sua vida, descrevendo acontecimentos que continuavam retidos na sua memória.
Então com aborda as seguintes questões: A Relação entre índios e viajantes que
trata-se de como toda expedição científica que se dirigiu aos territórios americanos,
também a caravana bávara tinha dentre os seus focos de interesse – além dos três
reinos da natureza – conhecer e estudar as populações humanas que ali viviam. Havia,
então, muita curiosidade sobre esses povos sempre tidos como selvagens. Ao
chegarem à América Portuguesa, Spix e Martius pouco ou quase nada conheciam
sobre os povos americanos. Outra questão é a “Entrada de Miranha e Juri na
expedição” A maneira como esses quatro índios passaram a integrar a caravana
bávara é uma questão ainda um tanto nebulosa, uma vez que os próprios
expedicionários criaram diferentes versões sobre a aquisição dos jovens Miranha e
Juri. Para os Miranha conhecemos três diferentes narrativas.
Quanto à entrada do jovem Juri na expedição, as informações são mais restritas. Sobre
isso não há qualquer referência no Relatório que Spix e Martius enviaram ao rei, e na
narrativa Martius informa apenas que esse índio foi incorporado à caravana quando o
botânico passou pelas terras de Zany em Alvelos. Era 14 de junho de 1820 quando
Spix e Martius embarcaram na galera portuguesa Nova Amazônia, rumo a Lisboa.

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Levaram consigo grandes coleções e quatro índios, com idades presumidas entre 8 e
14 anos. Dois deles, entretanto, não resistiram à viagem transoceânica. Martius debitou
essas mortes a atitudes tomadas pelo capitão do navio que, segundo ele, havia posto
em prática toda sorte de picardias para lhes dificultar a viagem: prejudicou as coleções,
principalmente de plantas e animais vivos, e também os índios, que por falta de
assistência foram a óbito por problemas hepáticos.

O Avesso da Pele

Artigo: BARRETO, Carla Carolina. Racismo e violência em “ O avesso da pele” de


Jeferson Tenório. Revista mosaico,v.14,n.22, 2022.

O artigo relata como o racismo tem sido um grande problema no Brasil desde a
colonização e a era escravocrata. Atualmente, apesar de passados muitos séculos
desde estes acontecimentos históricos que inferiorizavam o negro, atitudes racistas e
preconceituosas contra os não-brancos estão cada vez mais presentes na sociedade
brasileira, sendo tratadas com muita naturalidade nos mais diversos espaços, fato
evidenciado pelos altos índices de violência, homicídios e crimes motivados por
questões raciais.
Assim, apesar desses acontecimentos, que permanecem presentes diariamente nos
noticiários, a ideia de que o Brasil não é um país racista é bastante persistente e, com
isso, o brasileiro custa a admitir que nasça racista o que dificulta o processo de luta
antirracista.
.Esse preconceito racial tem sido representado com certa frequência dentro da
literatura contemporânea. Apesar das vozes negras terem sido silenciadas durante
muito tempo, atualmente, a produção literária tem ganhado mais espaço no mercado
editorial brasileiro.

O avesso da pele (2020), do escritor e professor Jeferson Tenório18, obra na qual um


filho, Pedro, narra a história de seu pai, Henrique, um homem negro assassinado em
uma abordagem policial em Porto Alegre. Partindo disso, o presente trabalho tem como

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principal objetivo analisar a narrativa de Tenório em busca de promover uma discussão
sobre o racismo na sociedade brasileira atual, bem como sobre a violência policial
contra o corpo negro que, frequentemente, é vítima de uma violência legitimada.

Quarenta dias

Artigo: DE LUCENA, Sarah Catão. Entre a fuga e a origem: a estraneidade em


Quarenta dias, de Maria Valéria RezendeNau Literária | Porto Alegre | Volume 17.
No 3. Página 128 – 152. Setembro-Dezembro - 2021

Este artigo analisa a representação da experiência de estraneidade no romance


Quarenta Dias (2014), de Maria Valéria Rezende. Trabalhando com o conceito de
estrangeiro fornecido por Julia Kristeva em Estrangeiros para Nós Mesmos (1994),
argumento que o romance de Rezende denuncia a condição de estraneidade dos
nordestinos quando em deslocamento para o Sul do Brasil. O drama central de
Quarenta Dias se inicia quando Norinha, a filha única de Alice que faz doutorado em
Porto Alegre, impõe à mãe que se mude para o Rio Grande do Sul para que a filha
possa engravidar contando com a presença de Alice para ajudá-la: “Em resumo, o
certo pra ela era que eu, afinal, já tinha chegado ao fim da minha vida própria, agora o
que me restava era reduzir-me a avó” (REZENDE, 2014, p.26). Mas a narradora nunca
havia saído da sua terra na Paraíba nem pretendia migrar para o Sul em nenhum
momento. Permanecer em João Pessoa na idade madura significava colher os frutos
de uma vida que lhe custara a conquistar. A mudança para Alice, portanto, tem a força
de um golpe, pois a obriga ao abandono de maneira involuntária da sua própria vida.

A partir daí, inicia-se para Alice uma experiência de estraneidade dentro de seu próprio
país, por causa de sua travessia regional. Se, como afirma Julia Kristeva (1994, p.45),
o estrangeiro designa-se como “aquele que não tem a cidadania do país em que
habita”, como entender a estraneidade causada pela falta de pertencimento por que
passa Alice ao deixar João Pessoa para Porto Alegre, mesmo que compartilhe da
mesma cidadania com os brasileiros do Sul?
Neste artigo, partindo do conceito de estrangeiro de Julia Kristeva, analiso a
experiência de deslocamento do Nordeste para o Sul do Brasil feito pela personagem

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Alice no romance de Maria Valéria Rezende. Argumento que Rezende afirma a
condição de estraneidade dos nordestinos em deslocamento a partir da experiência de
Alice enquanto uma mulher nordestina transitando pelo Brasil. Com isso, Quarenta
Dias coloca em xeque noções de pertencimento nacional, identidade brasileira e do
próprio conceito de estrangeiro e de cidadão nacional.

O Amor dos Homens Avulsos

Artigo: “AMEI O COSMIM COMO VOCÊ AMOU O SEU PRIMEIRO AMOR”:


ACONSTRUÇÃO DO AFETO HOMOAFETIVO EM O AMOR DOS HOMENS
AVULSOS DE VICTOR HERINGER

O artigo tem como objetivo promover uma leitura crítica sobre a construção das
relações homoafetivas no romance O Amor dos Homens Avulsos (2016), de Victor
Heringer, por meio da perspectiva do silenciamento de algumas personagens na
narrativa brasileira contemporânea e da heterossexualidade como regulação
comportamental afetuosa.
O Amor dos Homens Avulsos é uma obra rica em problemáticas: memória, afeto,
solidão, redenção, amor, ternura, homossexualidade, ditadura militar, divergências de
classes sociais e urbanização sem controle da cidade do Rio de Janeiro. É admirável a
habilidade do escritor em discutir tantas questões em um livro “breve” e traçá-las de
forma delicada e inventiva, não enfadonha. A narrativa se intercala entre passado e
presente pelas memórias do narrador. O menino Cosme, apadrinhado por seu pai,
morre em um terrível episódio de violência e tal ausência marca a existência de Camilo
para sempre.
No decorrer das páginas, há um Camilo adolescente, aos 13 anos, e suas primeiras
experiências afetivas, e um Camilo maduro, já aos 50 anos, com as vivências dessa
grande perda. Cosme foi o primeiro amor de Camilo e o passado se faz
constantemente presente, ditando os rumos da vida dessa amargurada e descontente
personagem.
O Amor dos Homens Avulsos é o primeiro livro do escritor lançado por uma grande
editora e o último publicado em vida devido ao seu falecimento precoce em março de

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2018. É uma surpreendente ficção, um texto encantatório. Victor Heringer deixou pela
sua pequena, porém distinta, carreira literária a força de sua escrita e a potência para o
clássico da nossa literatura.

NÚCLEO 5: REGISTRO DE LEITURAS

1. Obra analisada

VERUNCHK, Micheliny. O Som do Rugido da Onça.

O livro possui uma narrativa dividida em três partes, a obra nos proporciona um diálogo
entre o passado e o presente, possuindo a presença de vozes que são identificadas,
como povos da floresta e da na natureza, incluindo a ancestralidade. O romance se
compõe entre ficção e história, no qual conta que no século XIX duas crianças
indígenas, Iñe-e e Juri, que foram levados para a Europa, por dois naturalistas Spix e
Martius que vieram para o Brasil fazer uma grande expedição científica.

O romance enfatiza o olhar eurocêntrico dos naturalistas, e é contado a partir da


perspectiva da menina indígena, a autora Micheliny Verunschk busca evidenciar os
fatores como: A violência colonial contra os povos, a violência infantil e contra o meio
ambiente. A obra tem como objetivo a aproximação do leitor com o passado, que ainda
pode persuadir com questões do nosso presente, visto que são problemáticas.

A palavra chave para romance seria a alteridade, pois como leitor podemos nos sentir
próximo com a vivência, de acordo com as emoções, na perspectiva do olhar de um
outro, no livro vemos a mesma pelo olhar de mundo da menina indígena, Iñe-e, que
pertencia ao povo Miranha, juntamente com o menino do povo Juri são levados, juntos
com animais e plantas para a Alemanha, e eram vistos pelos naturalistas como seres
exóticos.

Durante a viagem pelo rio, há a presença de vozes da natureza e da ancestralidade, e


então Iñe-e ouve uma voz que conforta seu coração, com notícias de sua família, já
que a menina está longe de sua cultura, impedida de realizar seus ritos como era de

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costume. Uma das principais questões do livro era o fato de como os efeitos negativos
do colonialismo entre os povos nativos acontecia gerando o corte familiar.

Chegando ao destino final Munique Iñe-e e o menino Juri foram expostos a corte real
de Baviera, o que se torna extremamente cruel, pois a menina se sente totalmente
violada e desconfortável com os olhares dos convidados do rei, o que resulta na
exposição de criança indígenas que eram levadas para a Europa com o intuito de
servirem ao apetite dos curiosos. Logo após pouco tempo de chegarem em Munique as
crianças morreram, porque durante a viagem passaram fome e sede.

No romance também há a presença da temporalidade, que faz relação com a vida


presente de Josefa, pois ela possui um elo com as crianças indígenas, por conta de
sua ancestralidade e isso ocorre após Josefa fazer uma visita em uma exposição e se
deparar com as litogravuras das crianças indígenas, levando-a a ir em busca de saber
sobres suas origens marcada pela história de sua bisavó.

A obra nos mostra que a autora Micheliny Verunschk se aproxima de narradores


indígenas e se afasta de autores indigenistas, pois ela vai contra aquela tradição
literária no qual existem representações canônicas da literatura brasileira sobre os
povos indígenas, colocando assim seu romance em outro patamar.

E por fim vale ressaltar o diálogo entre o conoto do “Meu tio Iauretê” com a obra “O
som do rugido da onça”, nas duas obras a onça é representada como um animal que
dá medo, mas que também pode ser íntima, a família de Iñe-e acredita que a menina
fez um pacto com a onça que ronda a aldeia e que, um dia a ela poderia se transformar
em um belo felino e matar todos, a figura da onça é carregada de significados no
romance de Verunschk, pois é uma obra corajosa e forte.

TENÓRIO, Jeferson. O Avesso da Pele

A obra “O avesso da pele” conta a história de Pedro, que logo após a morte de pai, que
foi assassinado de uma forma cruel e desastrosa, em uma operação policial em Porto
Alegre, ele vai em busca de saber sobre o passado de sua família e refazer então os
caminhos paternos, esse fato faz Pedro poder nascer para o novo momento que irá

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viver, porque assim conseguirá digerir todos os acontecimentos envolvidos na perda do
pai e, assim, renascer.
O autor Jeferson Tenório retrata uma narrativa com uma visão deum país marcado pelo
racismo e por uma sociedade com o sistema educacional falido, e nos mostra também
uma densa relação entre pais e filhos, a principal questão do livro é o fato de como o
homem negro lida com as inevitáveis fragmentações existenciais da sua condição
enquanto negro, em país extremamente racista.
O livro traz consigo as temáticas como: A redenção, superação e liberdade, e como os
personagens lidam com essas complexidades, as tragédias que ocorrem nas relações
familiares, para o autor o racismo difere da discriminação racial e do preconceito,
conceitos tidos como sinônimos por muitos. Para ele o preconceito racial é quando um
indivíduo julga o outro de forma negativa baseando-se nos seus estereótipos raciais,
enquanto a discriminação ocorre quando um indivíduo atribui a outro um tratamento
diferente, apenas pelo fato dele pertencer a uma raça diferente da sua.

A narrativa de Jeferson Tenório é construída a partir de gatilhos e memórias do


narrador, que com o auxílio de objetos como; orixás, canetas, roupas e cadernos,
relembra o passado de seu pai, sendo assim através da escrita trazendo seu pai a vida
por meio de relatos na tentativa de entender o racismo sofrido pelo mesmo. A narrativa
se divide em quatro capítulos: a pele, o avesso, de volta a São Petersburgo e a barca.
Pedro como narrador onisciente conta a historia de Henrique, como se tivesse
observado tudo de longe, mostrando em detalhes as dificuldades que seu pai sofria na
vida de professor de escola público em Porto Alegre, na sua vida amorosa, e nas
diversas abordagens policiais e discriminação racial que sofreu ao longo de sua vida.

Ao longo da narrativa é perceptível que devido ao tom da pele de Henrique, o mesmo


sofre preconceito em situações cotidianas do dia a dia, a abordagem policial vai fazer
parte da vida do protagonista Henrique até o dia de sua morte. Pedro relata uma
série de abordagens sofridas pelo pai, desde seus treze anos de idade. Henrique
sofria, pois era sempre humilhado e sentia-se constrangido diante de pessoas
que presenciaram tais acontecimentos.

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O autor Jeferson Tenório também coloca em O avesso da pele, “um corpo negro será
sempre um corpo em risco” (TENÓRIO, 2020, p. 184) e essa realidade não faz parte
somente do cenário brasileiro. Mesmo sendo inocente, Henrique perdeu sua vida de
maneira trágica, repentina e cruel. Após tantas abordagens, o professor, que estava
cansado daquilo, ao ser abordado, confrontou os policiais, ao ignorá-los, bastou este
simples e cotidiano movimento para que a vida de Henrique fosse tirada com vários
tiros.
O autor, de maneira poética e comovente, constrói uma narrativa sobre o racismo em
suas diversas estruturas, mostrando como ele afeta estes corpos negros, o avesso da
pele consegue abordar as questões centrais da sociedade brasileira.
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HERINGER, Victor. O Amor dos Homens Avulsos
A obra conta a história de um garoto chamado Camilo, que possui uma deficiência
física e que precisa se adaptar ao Rio de Janeiro e também à presença de um estranho
Cosme, que passa a habitar a residência de Camilo, no primeiro capítulo é
demonstrado algumas características de Camilo, um menino muito branco, frágil e
imóvel.
Tendo como narrador da obra “O amor dos homens avulsos.”, o personagem central
um Camilo maduro, na faixa dos cinquenta anos, perambula por Queím, o
mesmo bairro de sua infância, onde relembra os acontecimentos que precederam o
assassinato de Cosme, seu melhor amigo e primeiro amor.

No romance, nesse passado reapresentado, Camilo conta do seu amor e da ausência.


As coisas, objetos ou não, têm memória também, e a memória delas está atrelada a
Cosme. A experiência amorosa que viveu quando menino o marcou profundamente,
ele descobriu o afeto e reconheceu a própria sexualidade, aliás, a manifestou em
toques, cheiros e emoções.
O autor divide a obra em capítulos, constituído por dois fragmentos, o antigo, 1976,
quando a personagem central tinha 13 anos de idade, e o atual, em que Camilo volta a
morar no mesmo bairro, e Cosme é inserido no convívio familiar. O garoto sofre uma
rejeição inicial por parte de todos os frequentadores da casa, incluindo a empregada
e a vizinha que cuidava das crianças.

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Com algum tempo de convívio Camilo e Cosme descobrem sua sexualidade, e se
relacionam amorosamente, após serem vistos juntos em um momento de intimidade
pelo companheiro da empregada da casa de Camilo, Adriano acaba matando Cosme.
A história dos dois é de um amor comum que foi tristemente interrompido.
O foco narrativo é em terceira pessoa e conta a relação de Camilo com Renato, neto
do assassino de Cosme, já como pai adotivo desse garoto. No capítulo 66, o maior do
livro, é o espaço de desabafo de Camilo pela morte de Cosme, há ódio e descrença na
humanidade. A partir disso, ele vai retrocedendo cada vez mais, o que pode explicar a
ordem numérica decrescente. Na segunda parte, aos 50 anos, ele consegue escrever
uma nova história para si que é perceptível para um narrador de fora. Camilo encontra
em Renato uma forma de redenção para si por meio da ternura e do amor paterno.
O Amor dos Homens Avulsos é uma obra rica em problemáticas como: memoria, afeto,
solidão, redenção, amor, ternura, homossexualidade, aspectos de enxergar tal narrativa
no interior da literatura contemporânea brasileira, assim como a construção de
personagens, não de forma determinante, como uma “temática homossexual” do
romance, e sim, de discussão da heterossexualidade como um regime político, como
uma imposição de comportamento para as relações de afeto em nossa sociedade
dentro e fora do texto literário.

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta Dias

A obra de Maria Valéria Rezende conta a história de Alice, uma professora de francês
aposentada, que é submissa, e dominada pela sua filha Norinha, após a filha lhe levar
para morar em Porto Alegre, sofrendo então violência psicológica pela sua própria filha
e familiares que insistiram na mudança.
A história é narrada pela própria perspectiva de Alice para com toda a situação que
vivenciou antes e depois da mudança para Porto Alegre, ela narra todos os
acontecimentos através de um caderno da Barbie, no qual ela relata sobre todas as
coisas, desabafando com a sua amiga Barbie, que por sua vez acaba se tornando uma
interlocutora da história.
Alice na faixa dos sessenta anos vive na Paraíba, ficou grávida de Aldenor, porém o
mesmo desapareceu, sendo assim mãe jovem, criou sua filha sozinha, sempre

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trabalhou desde cedo para que nada faltasse para sua filha, e assim foi, quando
Norinha entrou para faculdade se tornou distante de sua mãe, que não entendia o
motivo.
Norinha foi morar para Porto alegre, com seu marido Umberto, em uma visita em João
Pessoa para visitar sua mãe ela decide impor que a mesma se mude para Porto
Alegre, pois Norinha e Umberto desejavam ter um filho, e para isso precisam que Alice,
morasse definitivamente lá, Alice hesitou, mas depois de muita insistência e pressão da
filha ela acaba cedendo, e vai então para Porto Alegre. Chegando na cidade, Alice se
sente extremamente deslocada, e não reconhece o apartamento novo como casa.
Em uma ligação com sua prima Elizete, a prima pergunta se ela poderia ir atrás de um
conterrâneo que estava sem dar notícias para família, e então Alice decide ir em busca,
impulsionada pelo fato da filha ter uma viagem de meses para Europa, Alice ao saber
ficou desolada. E então saiu em busca de Cícero Araújo, e nessas andanças acabou
passou quarenta dias nas ruas de Porto Alegre, pois a mesma não tinha vontade de
voltar para o apartamento no qual morava, e usava o motivo do sumiço de Cícero
Araújo para permanecer nas ruas.
Após se encontrar em uma situação difícil na lida das vivências nas ruas, Alice decidiu
voltar para o apartamento, e acabou se contentando com a vida que iria levar em Porto
Alegre.

NÚCLEO 6: APRENDER A APRENDER

A Literatura é de suma importância, pois é através dela que temos a experiência com o
texto literário que pode não apenas tocar emocionalmente o leitor, como também
favorecer um pensamento crítico acerca de questões éticas, políticas, sociais e
ideológicas, além de levar a uma análise das estratégias linguísticas de construção
desse texto. A leitura é uma forma ativa de lazer e conhecimento.

Com o contato com a disciplina de Literatura Brasileira, o professor em formação


amplia sua dimensão de conhecimento, expandindo assim seus saberes, para um
aprendizado eficaz, sendo assim enquanto docente em formação é de total relevância

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valorizar a importância da literatura para o ensino. Dessa forma, criar mecanismos
capazes de formar um leitor capaz de processar, criticar, contradizer ou avaliar as
informações diante de si, como também que saiba desfrutar, que dê sentido e
significado ao que lê.
O ensino da disciplina Literatura Brasileira IV, foi de grande excelência, pois através da
mesma obtive um vasto conhecimento relacionado a obras de romances literários, e
como professora em formação possuo o intuito de futuramente fazer com que meus
alunos desenvolvam o gosto pela leitura e o senso crítico e melhorando a escrita, como
também a capacidade de argumentação e comunicação com o outro. Para tanto,
devemos incutir em nossos alunos que a literatura é algo prazeroso.
A literatura é essencial para o ensino da Língua Portuguesa, e também de outras áreas
de conhecimento humano, porque com o hábito da leitura o aluno consequentemente
irá possuir uma escrita melhor, além de ter facilidade no entendimento de outras
disciplinas, também irá se tornar um cidadão reflexivo.
Por isso, como professora em formação tenho o dever de pôr em prática tudo que
aprendi durante as aulas de Literatura Brasileira IV, compartilhando leituras com os
alunos, fazendo comentários ou interpretações que estimulem nos estudantes a
sensibilidade, o senso crítico, a capacidade argumentativa, e sejam assim susceptíveis
de lançar luz sobre o modelo de ensino que ainda se encontra nas escolas.

NÚCLEO 7: MINHA AVALIAÇÃO

O meu processo de aprendizagem com o portfólio foi extremamente preciso, pois é a


primeira vez em todos esses anos de vida acadêmica que produzo um, o portfólio me
possibilitou à percepção, identificando aprendizagens alcançadas e dificuldades por
serem enfrentadas. Algo que deve ser destacado é que um portfólio não é algo fácil de
elaborar, mesmo quando as orientações para isso são fornecidas, de forma adequada.

Por outro lado, o uso desse instrumento permite que nós professores em formação
saibamos como manusear, literalmente um portfólio, com base na aquisição das
competências, conforme estabelecidas na orientação, e na realização do portfólio

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encontrei alguns desafios com: melhorar na delimitação dos assuntos, saber discorrer
os artigos de forma mais objetiva, a necessidade de mais leitura em busca de
conhecimento, e também a melhoria de vocabulário, percebi que no decorrer da
construção do portfólio, houveram palavras repetidas. e então optava sempre por um
sinônimo.
Com o uso desse instrumento foi possível observar que um aspecto vai transparecendo
ao longo do tempo: a importância das anotações sobre os conteúdos teóricos a
respeito de práticas cotidianas em sala de aula são essenciais. Então esse fator serviu
totalmente para o meu aprendizado, o que enfatiza a forma de relatar como uma
experiência de aprendizagem constituindo, assim, um potencial didático para que a
construção de um próximo portfólio possa fluir com maior facilidade.
Portanto, considero que esse instrumento foi adequado para avaliar a aprendizagem
dos conteúdos, inclusive a profundidade da mesma. Além disso, foi possível avaliar as
razões que justificaram alguns tópicos no início do portfólio através da autoavaliação
dos alunos, e até de conhecer como nós enquanto docentes nos sentimos em relação
a nossa vivência acadêmica, por meio do registro da autoavaliação, nos levando a uma
reflexão necessária sobre o ensino e aprendizagem por meio de um instrumento eficaz
e preciso.

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