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Sumário
Sumário .................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14
1. ........................................................................................................................................ 24
1
4. A prática da interpretação inicialmente esteve vinculada a atividades religiosas na
década de 80, ainda nos anos oitenta realizou-se o primeiro encontro nacional de
intérpretes com o apoio da Feneis (Federação Nacional Educação e Integração do Surdo),
o qual deu sequência a outros, inclusive ao nível estadual e nos anos 90 instituiu unidade
de intérpretes nos escritórios da Feneis. Mais tarde, serão formadas as primeiras
associações de intérpretes. As mais recentes associações estão localizadas em Mato
Grosso do Sul com o nome Apilsms, em São Paulo com o nome Apilsbesp e no Rio Grande
do Sul. ................................................................................................................................ 24
10. O intérprete deverá manter sigilo quando for acompanhar o surdo não devendo
revelar seu nome e o local aonde foi designado para atuar. O intérprete por ser a voz do
2
surdo e do ouvinte deverá manter sempre sua neutralidade diante de qualquer situação.
25
12. O intérprete precisa ter expressão facial para que o surdo possa entender melhor
a situação e, principalmente, ter postura, ou seja, não atuar de forma exagerada com o
intuito de chamar a atenção. ............................................................................................ 26
13. O intérprete durante a sua atuação deverá ter intervalo de vinte em vinte minutos
de revezamento com outro profissional em eventos de longa duração. ......................... 26
14. O intérprete precisa ser um profissional ético tanto com os surdos como com os
seus colegas de profissão. Devendo estar sempre pronto a apoiar o próximo e estar
disposto para o trabalho em equipe. ................................................................................ 26
15. ...................................................................................................................................... 26
16.
26
17. ...................................................................................................................................... 26
18. ...................................................................................................................................... 26
3
20. O intérprete é aquele que tem o papel de intermediar a comunicação entre o
idioma do emissor ao idioma do receptor. Dispõe da capacidade técnica para realizar
escolhas lexicais, estruturais e semânticas apropriadas às duas línguas em tramite na
interpretação. Possibilita tanto ao emissor quanto ao receptor entender e ser entendido
nas nuances de suas respectivas línguas. Um intérprete de Libras executa o mesmo
processo na interpretação em língua de sinais. Contudo, a modalidade espacial-visual é
fator que torna ainda mais complexa a interpretação. Implica em um processo mental
que opera a compreensão e a apropriação da mensagem em sua língua na modalidade
oral e um mecanismo para organização e efetuação da interpretação na língua espacial-
visual. Além do que, conta com a presteza da resposta técnica motora. ........................ 26
22. Quanto ao profissional intérprete de língua de sinais, ainda é conotado como apoio
didático e recurso estratégico de comunicação com o surdo; em muitas situações, ainda
denominado por “portador” de deficiência auditiva........................................................ 27
26. ...................................................................................................................................... 27
4
27. Para que serve o código de ética do interprete? ................................................... 28
30. Registro dos Intérpretes para Surdos - em 28-29 de janeiro de 1965, Washington,
EUA) Tradução do original Interpreting for Deaf People, Stephen (ed.) USA por Ricardo
Sander. Adaptação dos Representantes dos Estados Brasileiros - Aprovado por ocasião do
II Encontro Nacional de Intérpretes - Rio de Janeiro/RJ/Brasil - 1992.............................. 28
35. São deveres fundamentais do intérprete: 1°. O intérprete deve ser uma pessoa de
alto caráter moral, honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele
guardará informações confidenciais e não poderá trair confidencias, as quais foram
confiadas a ele;.................................................................................................................. 28
36. ...................................................................................................................................... 28
5
40. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, sempre
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele deve lembrar dos
limites de sua função e não ir além de a responsabilidade; ............................................. 29
42. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em
aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou profissionais, quando
necessário, especialmente em palestras técnicas; ........................................................... 29
44. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços,
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si mesmo,
durante o exercício da função........................................................................................... 29
50. Acordos em níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a tabela
de cada estado, aprovada pela FENEIS. ............................................................................ 29
54. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões legais ou
outras em seu favor; ......................................................................................................... 30
56. O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de Sinais bem
como da Língua Portuguesa; ............................................................................................. 30
6
58. Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade qual o nível de
comunicação da pessoa envolvida, informando quando a interpretação literal não é
possível e o intérprete, então terá que parafrasear de modo claro o que está sendo dito
à pessoa surda e o que ela está dizendo à autoridade; .................................................... 30
60. O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza das línguas
envolvidas. Ele também deve estar pronto para aprender e aceitar novos sinais, se isso
for necessário para o entendimento; ............................................................................... 30
67. Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao
surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm
surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da surdez e a
comunicação com o surdo. ............................................................................................... 30
68. Diante deste código de ética, apresentar-se-á a seguir diferentes situações que
podem ser exemplos do dia-a-dia do profissional intérprete. Tais situações exigem um
posicionamento ético do profissional intérprete. Sugere-se que, a partir destes contextos,
cada intérprete reflita, converse com outros intérpretes e tome decisões em relação a
seu posicionamento com base nos princípios éticos destacados no código de ética. ..... 31
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69. 1) Deverá ter respeito pela Libras, zelar pelo seu uso adequado, mas estar aberto
para aprender e aceitar sinais novos, porque isso é uma característica de qualquer Língua;
31
72. 4) Deverá ter respeito a cada indivíduo Surdo, sendo este oralizado ou não, mesmo
que saiba pouco a Libras, incentivando-o a usá-la; .......................................................... 31
73. 5) Nos assuntos gerais, sempre respeitar as decisões da diretoria dos órgãos
competentes, quando esta estiver de acordo com o estatuto e regimento da Instituição
onde esteja trabalhando; .................................................................................................. 31
74. 06) Deverá lembrar dos limites da sua função e não ir além de sua
responsabilidade, respeitando seu colega de trabalho como também seus coordenadores
e diretores; ........................................................................................................................ 31
75. 07) Deverá manter o respeito à sua Identidade e Cultura Surda quando necessitar
do apoio de profissionais ouvintes para auxiliá-lo no desenvolvimento das capacidades
expressivas e receptivas em Libras e na Língua Portuguesa; ........................................... 31
76. 08) Deverá esclarecer aos alunos no que diz respeito à Cultura Surda sempre que
possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação) têm surgido por causa da
falta de conhecimento do público sobre a Surdez e a comunicação com o Surdo; ......... 31
77. 09) Deverá, durante o exercício da função, adotar uma conduta adequada e, ao se
vestir e utilizar adereços, não chamar a atenção sobre si mesmo; .................................. 32
79. 11) Deverá ter sempre organizado o planejamento das aulas do curso e, caso haja
dúvida, procurar ajuda para preparar a aula antecipadamente;...................................... 32
80. 12) Deverá ensinar, dando o melhor de sua habilidade, sempre transmitindo os
conhecimentos sobre a Libras de que dispõe e que já estudou; ...................................... 32
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81. 13) Deverá se esforçar para dar assistência aos alunos, esclarecendo suas dúvidas
sobre Libras; ...................................................................................................................... 32
82. 14) Deverá ter paciência com os alunos Surdos e com os Ouvintes que têm mais
dificuldade em aprender a Libras;..................................................................................... 32
83. 15) Deverá se manter neutro e tratar os alunos com igualdade, sem dar
preferências aos alunos mais inteligentes ou que já saibam um pouco mais a Libras; ... 32
84. 16) Deverá manter uma atitude neutra durante o transcurso do curso, evitando
interferências e opiniões pessoais não relacionadas às aulas; ......................................... 32
85. 17) Deverá saber controlar as emoções e não levar os problemas pessoais para a
turma; ................................................................................................................................ 32
86. 18) Deverá refletir e cumprir essas recomendações sobre ÉTICA PROFISSIONAL e
POSTURA DO(A) INSTRUTOR(A), procurando aprimorá-las.............................................. 32
87. ...................................................................................................................................... 32
88. ...................................................................................................................................... 32
89. ...................................................... 33
90. ...................................................................................................................................... 33
91. ...................................................................................................................................... 33
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93. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei: .................................................................................................... 33
95. Art. 2o O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2
(duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e
interpretação da Libras e da Língua Portuguesa............................................................... 33
100. III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior
e instituições credenciadas por Secretarias de Educação. ............................................... 34
101. Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de Libras pode ser realizada
por organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda, desde que o
certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III. ................. 34
102. Art. 5o Até o dia 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio
de credenciadas, promoverá, anualmente, exame nacional de proficiência em Tradução
e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. ................................................................ 34
105. I - efetuar comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-
cegos, surdos-cegos e ouvintes, por meio da Libras para a língua oral e vice-versa; ...... 34
10
106. II - interpretar, em Língua Brasileira de Sinais - Língua Portuguesa, as atividades
didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino nos níveis
fundamental, médio e superior, de forma a viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares;
34
107. III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino e nos
concursos públicos; ........................................................................................................... 35
110. Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico, zelando pelos
valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo e, em
especial: ............................................................................................................................. 35
112. II - pela atuação livre de preconceito de origem, raça, credo religioso, idade, sexo
ou orientação sexual ou gênero;....................................................................................... 35
113. III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber traduzir; ..... 35
114. IV - pelas postura e conduta adequadas aos ambientes que frequentar por causa
do exercício profissional;................................................................................................... 35
119. Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. ................................. 35
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121. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA ................................................................................... 35
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
O Tradutor/Intérprete de Língua de Sinais – TILS é o profissional responsável
pela mediação entre dois mundos culturalmente diferentes: o mundo surdo e o mundo
ouvinte.
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que faça parte dos dois mundos linguísticos para fazer a mediação, a tradução e
interpretação para ambas as partes.
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A língua dos índios era bem diversa das línguas neolatinas faladas por toda a
Europa. Esta era da ramificação tupi-guarani. Era necessário alguém que pudesse
aprender a língua indígena, e esse trabalho de tradução, durante muito tempo foi
realizado pelos padres jesuítas. Estes aprenderam a língua dos índios com o intuito
de catequizá-los e doutriná-los para a fé cristã. (NAVARRO, 2013, p. 537)
A profissão de Tradutor Intérprete de LIBRAS surge lado a lado com a luta dos
sujeitos surdos. As histórias até se confundem. É quase inevitável falar dessa
profissão sem falar daqueles que estão diretamente envolvidos no processo tradutório
as pessoas surdas. (LEITE, 2005, p. 37)
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Então, surge em Paris a primeira escola para surdos com uma didática
totalmente voltada para o surdo utilizando a língua gestual. Dessa forma, surge
também, por meio do uso e da prática da comunidade surda parisiense, a língua
francesa de sinais. Nessa escola, os surdos se tornaram pessoas qualificadas
linguisticamente e profissionalmente e junto com esse progresso, surge também, meio
que a propósito, o profissional intérprete da língua de sinais. Da mesma forma que
entre as línguas orais necessitam de mediação de intérpretes como mediadores, entre
a língua de sinais e as línguas orais também precisam de intérpretes que liguem o
entendimento dos dois mundos. Os primeiros tradutores intérprete foram ouvintes
professores, familiares e amigos de surdos que também conheciam e gostavam dessa
língua. Estes fizeram as primeiras interpretações amadoras entre surdos e ouvintes,
traduzindo de forma espontânea algo que anos depois viria a ser uma atuação
profissional.
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Foi no INES, na década de 80 que se tem as primeiras notícias do trabalho do
tradutor intérprete da LIBRAS. Leite (2005, p.37), afirma que havia um funcionário que
atuava como inspetor de alunos chamado Francisco Esteves que era respeitado por
todos como sendo o mediador entre a comunidade surda e ouvinte. Porém não fazia
traduções públicas, pois na época, a LIBRAS não era reconhecida e havia ainda forte
influência do oralismo.
18
Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes,
para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de
deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
No entanto, dois anos depois é que surge a lei que reconhece a LIBRAS como
a língua oficial da comunidade surda, lei 10.436 de 24 de abril de 2002. A partir de
então, os surdos teriam a sua língua oficializada e a difusão da mesma poderia
começar por todo o país. Mas ela ficou “engavetada” por três longos anos até surgir o
decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005 que detalha pormenorizadamente o
objetivo, a extensão a profundidade da lei 10.436/2002, mostrando a necessidade da
difusão de LIBRAS por meio de cursos de formação e extensão; a necessidade da
formação profissional e acadêmica por meio do curso de Letras/ Libras; a
obrigatoriedade a disciplina de LIBRAS nos cursos de licenciatura; a proposta de
ensino bilíngue e a presença imprescindível do profissional interprete da LIBRAS.
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Os governos municipal, estadual e federal, teriam também ampla liberdade
para abrirem formação de instrutores e intérpretes e conhecedores da LIBRAS. E à
frente de todos está a FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos
Surdo), pioneira no Brasil, nos cursos de formação e capacitação na área. Com esses
avanços importantes na comunidade surda e também na profissão do intérprete, o
governo brasileiro em 2010 faz a lei nº12.319 de 1 de setembro, reconhecendo assim,
a profissão do Tradutor intérprete da LIBRAS, explicando sua atuação e
exemplificando os preceitos éticos dessa nova profissão.
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1. Competência metodológica – Habilidade em usar diferentes
modos de interpretação, para encontrar o item lexical e a terminologia
adequada avaliando e usando-os com bom senso e para recordar itens lexicais
e terminologias.
2. Competência na área- Conhecimento requerido para
compreender o conteúdo de uma mensagem que está sendo interpretada.
3. Competência bicultural- Conhecimento das crenças, valores,
experiências e comportamentos dos utentes da língua fonte e da língua alvo.
4. Competência técnica – Habilidade para posicionar-se
apropriadamente para interpretar. Claro que tudo isso citado acima acontece
de maneira rápida e totalmente imperceptível aos olhos dos expectadores.
Esse ambiente é considerado por muitos como o berço desse profissional, pois
a maioria dos TILS começaram a atuar fazendo trabalhos em missões evangelísticas
ou eram amigos de surdos e resolveram levá-los para a igreja.
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Já o intérprete que atua na saúde, nos ambientes de hospitais e clínicas é
aquele responsável para fazer a comunicação entre pacientes surdos e os médicos,
visto que a maioria desses profissionais não sabem Libras. Por fim, o intérprete que
atua nas câmaras de vereadores, deputados e senado, são aqueles que interpretam
as reuniões e decisões políticas que, na maioria das vezes, são transmitidas para TV.
Agora nos deteremos a falar do código de ética desse profissional.
Ética vem do grego ethose está relacionada ao hábito, bons costumes. Foi
traduzida para o latim como mor /mores, (no plural), dando origem na língua
portuguesa à palavra moral.
Podemos dizer então, que ética é o conjunto de regras que norteiam a moral e
os bons costumes entre as relações sociais humanas. Foi criada para nortear as
relações políticas, na antiga Grécia, pois várias cabeças pensantes e cada uma
idealizando à sua maneira, não iria chegar ao um consenso. Está dividida em
diferentes ramificações como: ética social, religiosa, política e profissional. Essa última
define a atuação e postura de cada profissão. Analisemos alguns artigos do código de
ética dos TILS descrito em Quadros (2007), que são passiveis de discussão nessa
pesquisa.
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respeito e a confiança do surdo é de fundamental importância para a atuação
do intérprete. O segundo e o quarto artigos serão discutidos mais adiante.
23
Diante disso, questiona-se: até que ponto o intérprete é imparcial no processo
tradutório? É possível manter essa neutralidade e imparcialidade em todos os
momentos? O código de ética é mantido á risca em qualquer situação
1.
24
5. É do conhecimento, que a formação do intérprete de Libras está
em processo, as capacitações técnicas para esse profissional têm sido
ofertadas em nível de pós-graduação. Tem a fluência da língua de sinais
através da prática, sem dispor de aparatos teóricos que lhe concederia uma
graduação especifica na interpretação e tradução da Libras. A falta de
formação acadêmica também é prejudicial e que é fundamental para
divulgação e aperfeiçoamento desse técnico.
7. Intérpretes
Postura
25
12. O intérprete precisa ter expressão facial para que o surdo possa
entender melhor a situação e, principalmente, ter postura, ou seja, não atuar
de forma exagerada com o intuito de chamar a atenção.
15.
16.
17.
18.
26
respectivas línguas. Um intérprete de Libras executa o mesmo processo na
interpretação em língua de sinais. Contudo, a modalidade espacial-visual é
fator que torna ainda mais complexa a interpretação. Implica em um processo
mental que opera a compreensão e a apropriação da mensagem em sua língua
na modalidade oral e um mecanismo para organização e efetuação da
interpretação na língua espacial-visual. Além do que, conta com a presteza da
resposta técnica motora.
26.
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CÓDIGO DE ÉTICA DO INTÉRPRETE DE LIBRAS
34. Artigo 1
36.
37. Artigo 2
28
38. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o
transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a
menos que seja requerido pelo grupo a fazê-lo;
39. Artigo 3
41. Artigo 4
43. Artigo 5
45. CAPITULO II
46. Relações com o contratante do serviço
47. Artigo 6
49. Artigo 7
53. Artigo 8
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54. O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem
decisões legais ou outras em seu favor;
55. Artigo 9
57. Artigo 10
59. Artigo 11
61. Artigo 12
63. CAPITULO IV
65. Artigo 13
30
68. Diante deste código de ética, apresentar-se-á a seguir diferentes
situações que podem ser exemplos do dia-a-dia do profissional intérprete. Tais
situações exigem um posicionamento ético do profissional intérprete. Sugere-
se que, a partir destes contextos, cada intérprete reflita, converse com outros
intérpretes e tome decisões em relação a seu posicionamento com base nos
princípios éticos destacados no código de ética.
69. 1) Deverá ter respeito pela Libras, zelar pelo seu uso adequado,
mas estar aberto para aprender e aceitar sinais novos, porque isso é uma
característica de qualquer Língua;
74. 06) Deverá lembrar dos limites da sua função e não ir além de sua
responsabilidade, respeitando seu colega de trabalho como também seus
coordenadores e diretores;
76. 08) Deverá esclarecer aos alunos no que diz respeito à Cultura
Surda sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má
informação) têm surgido por causa da falta de conhecimento do público sobre
a Surdez e a comunicação com o Surdo;
31
77. 09) Deverá, durante o exercício da função, adotar uma conduta
adequada e, ao se vestir e utilizar adereços, não chamar a atenção sobre si
mesmo;
82. 14) Deverá ter paciência com os alunos Surdos e com os Ouvintes
que têm mais dificuldade em aprender a Libras;
87.
88.
32
89.
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
90.
91.
33
97. Art. 4o A formação profissional do tradutor e intérprete de Libras
- Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de:
34
107. III - atuar nos processos seletivos para cursos na instituição de
ensino e nos concursos públicos;
110. Art. 7o O intérprete deve exercer sua profissão com rigor técnico,
zelando pelos valores éticos a ela inerentes, pelo respeito à pessoa humana e
à cultura do surdo e, em especial:
113. III - pela imparcialidade e fidelidade aos conteúdos que lhe couber
traduzir;
119. Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
35
122. Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
36
(i) da pesquisa linguística envolvendo a Libras;
(i) da pesquisa em tradução/interpretação no par Português-Libras;
1. da pesquisa histórica sobre o ensino de surdos e sobre a
constituição das entidades representativas dos surdos no Brasil;
2. da pesquisa literária tratando da literatura surda e
3. da pesquisa cultural tratando das manifestações culturais surdas
vive momentos de grande efervescência, marcados pela realização de
novos estudos e pela produção de dissertações de Mestrado e teses de
Doutorado visando à formação de massa crítica nessas áreas.
Até o início da década de 1980, poucas pessoas com deficiência tinham acesso
à educação superior no Brasil. Foi a partir da instituição do Ano Internacional da
Pessoa com Deficiência (1981) e da Década das Nações Unidas para a Pessoa com
Deficiência (1983-1992), que a discussão sobre a situação de exclusão social
vivenciada por essas pessoas se intensificou, ocasionando paulatinamente uma
ampliação de seu acesso à educação superior. Porém, as formas de acesso não eram
adaptadas, isto é, somente os que não apresentassem “necessidades educacionais
especiais” que não exigissem mudanças acentuadas nos processos seletivos
obtinham sucesso.
37
professor e leitura labial, avaliação padronizada etc.), o que leva alguns a desistirem
e abandonarem o curso superior.
38
interpretação. Apenas para fazer um paralelo com os tradicionais cursos da PUC-Rio
de bacharelado inglês/português – Formação de Tradutor e especialização lato sensu
em Formação de Intérpretes de Conferências, o primeiro só prevê em sua grade uma
matéria de Estudos de Tradução, no 4o período (só no currículo inaugurado em 2012
a disciplina passou a ter esse título, tendo antes a denominação de Teorias de
Tradução, sendo prevista para o 5º período), e o segundo não tem uma disciplina com
essa denominação, focando diretamente nos Estudos da Interpretação, em meio a
muitas disciplinas de prática de interpretação o que mostra que o interesse teórico
está bastante voltado para aplicações práticas em situações reais.
39
dos ET [Estudos da Tradução] e dos EI [Estudos da Interpretação] como base para a
investigação da tradução e da interpretação envolvendo línguas gesto-visuais. Vimos
que os ETILS têm uma existência única, pois ao mesmo tempo em que só têm razão
de ser no interior dos ET e dos EI, eles projetam uma existência para além desses
campos, no sentido de emergirem como uma profícua área interdisciplinar de
investigação dos processos tradutórios e interpretativos intermodais. (RODRIGUES;
BEER, 2015, p. 43)
40
1 - A que a considera como ciência do bem para o qual a conduta dos homens
deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim quanto os
meios da natureza do homem;
41
(Associação Internacional de Intérpretes de Conferência Região Brasil); e cinco de
associações de intérpretes de línguas de sinais: o código de ética da FENEIS
(Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos); o Regulamento para
Atuação como Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais da FENEIS/RS; o código de
conduta profissional da APILRJ (Associação dos Profissionais Tradutores/Intérpretes
de Língua Brasileira de Sinais do Rio de Janeiro), o código de conduta ética da AGILS
(Associação Gaúcha de Intérpretes de Língua de Sinais) e o código de conduta e ética
da FEBRAPILS (Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores
e Intérpretes e Guia intérpretes de Língua de Sinais) percebe-se, na verdade, que os
conceitos de ética deontológica e consequencialista se confundem, como veremos a
seguir. Antes de seguir com a análise, é importante apresentar uma justificativa do
porquê de se escolher dois códigos de associações que congregam, em sua maioria,
intérpretes de línguas orais.
42
Essa cópia não foi imotivada, apesar de ter sido inadequada. Como os intérpretes de
línguas orais já se encontravam bem estabelecidos quando os intérpretes de línguas
de sinais começaram a se organizar mais formalmente, o “modelo” do intérprete de
conferência de línguas orais bem formado, profissional, empoderado, distanciado da
plateia e aparentemente “neutro” pareceu ser o ideal a ser perseguido naquele
momento.
43
É nas recomendações de caráter mais finalístico, que se entremeiam às de
caráter mais deontológico, que os códigos de fato se distinguem de quaisquer outros,
e entre si.
44
Já os códigos das associações de TILS demonstram claramente que a
categoria vem se organizando mais recentemente e ainda precisa esclarecer de forma
mais especificada o que seria eticamente aceito nas situações de interpretação.
45
Historicamente, a grande maioria dos intérpretes de Libras começou fazendo
trabalho voluntário em igrejas, associações de surdos etc., e assim aprendeu e
começou a se profissionalizar, passando, eventualmente, a cobrar por seus serviços.
Outros nunca saem da situação de voluntariado, pois não fazem disso o seu sustento,
atuando por motivos religiosos e/ou humanitários.
46
avanço na situação de remuneração dos intérpretes, em relação aos dispositivos dos
códigos mais antigos, como os da FENEIS (1992), FENEIS-RS (2004) e APILRJ
(2009):
47
segundo o público alvo e corrigir erros (“Capítulo III, item III. Passar a mensagem
fielmente por transmitir o conteúdo e o espírito do que está sendo comunicado, usando
a língua mais flexível para o entendimento dos clientes e corrigindo erros discreta e
prontamente.”)
Dois dos códigos mais recentes (APILRJ e AGILS) trazem dispositivos falando
de mentoria de profissionais mais experimentados a intérpretes em formação, indo ao
encontro de tendências mais contemporâneas de formação profissional.
48
“Ajudar e encorajar colegas por compartilhar informações e servir como
mentores quando apropriado” e “Procurar oportunidades de mentoring e supervisão”.
Podemos até levantar uma hipótese de que a questão da menção à mentoria tenha
sido uma influência do Código de Conduta Profissional do RID (Registry of Interpreters
for the Deaf / Registro de Intérpretes para Surdos), de 2005, que fala especificamente
em mentoria no seu 7º Princípio (Desenvolvimento Profissional):
Contudo, salta aos olhos o fato de que nenhum dos cinco códigos das
associações de intérpretes de línguas de sinais toque no assunto do intérprete
educacional de Libras, que é aquele que atua como profissional intérprete na
educação, parte integrante da interação entre o aluno surdo e o professor ouvinte com
pouca ou nenhuma proficiência em Libras, no contexto de sala de aula.
O intérprete, por sua vez, se assumir todos os papéis delegados por parte dos
professores e alunos, acaba sendo sobrecarregado e, também, acaba por confundir o
seu papel dentro do processo educacional, um papel que está sendo constituído. Vale
49
ressaltar que se o intérprete está atuando na educação infantil ou fundamental, mais
difícil torna-se a sua tarefa.
As crianças mais novas têm mais dificuldades em entender que aquele que
está passando a informação é apenas um intérprete, é apenas aquele que está
intermediando a relação entre o professor e ela. (QUADROS, 2004, p. 60).
Segundo Quadros (2004), se assim não for, os intérpretes devem se ater a suas
funções básicas e não as extrapolar, não devendo, portanto, tutorear os alunos (em
qualquer circunstância); apresentar informações a respeito do desenvolvimento dos
alunos, acompanhar os alunos, disciplinar os alunos; realizar atividades gerais
extraclasse, como auxiliar na elaboração de tarefas em casa. Nesse sentido, os
Estados Unidos se mostram mais preocupados em regular tais limites de atribuições
do que o Brasil (QUADROS, 2004, p. 61).
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professor, deveriam ter dispositivos nos códigos que se referissem especificamente à
sua atuação ou, no limite, códigos de ética e conduta específicos para eles.
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5. os códigos das associações de intérpretes de língua de sinais deixam
entrever a situação de formação e profissionalização ainda recente desses
profissionais. A questão do voluntariado, em contraposição ao trabalho remunerado,
ainda é um problema mal definido, bem como a especificidade do intérprete
educacional, nos códigos estudados, sendo que o mais recente data de 2014, distante
quatro anos no tempo em relação à data de elaboração do presente artigo;
Para concluir, resta notar que os sites oficiais das associações de intérpretes
de conferências, AIIC Brasil e APIC, não mencionam intérpretes de línguas de sinais
em seus quadros, nem instruções para admissão dessa categoria (diferentemente da
AIIC Internacional, que já possui em seus quadros intérpretes de Língua de Sinais
Americana (ASL), Língua de Sinais Britânica (BSL), Língua de Sinais Holandesa (DSL)
e Língua de Sinais Flamenga (FSL), por exemplo).
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REFLEXOS DA ANÁLISE DOS CÓDIGOS NA FORMAÇÃO DE
TRADUTORES/INTÉRPRETES
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profissão e combater o apagamento a que muitos dos tradutores/intérpretes se
submetem, sem crítica nem reflexão.
Como vimos acima, os códigos de ética e conduta profissional dão a ver muito
do status quo de cada categoria profissional. Para os intérpretes de línguas de sinais,
que ocupam uma posição sui generis no campo profissional da tradução — por um
lado prestigiosa, por serem a única categoria regulamentada, juntamente com os
tradutores públicos juramentados, no Brasil e por estarem ocupando posição de cada
vez maior visibilidade no campo de atuação e na academia, mas, por outro
secundarizada, por ainda terem que combater preconceitos internos e externos que
os coloca em posição de relativa inferioridade frente aos intérpretes de línguas orais
essa discussão parece ainda mais pertinente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA. A BÍBLIA DA MULHER QUE ORA, Nova Versão
Internacional. São Paulo: editora Vida, 2000.
OLIVEIRA, P. Qual ética? In: ESTEVES, Lenita Maria Rimoli e VERAS, Viviane
(org.) Vozes da tradução: éticas do traduzir. São Paulo: Humanitas, 2014, p. 256274.
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