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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
BELO HORIZONTE / MG
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
SUMÁRIO
1 LÍNGUA ................................................................................................................... 4
2 LINGUAGEM ........................................................................................................... 5
3 LINGUAGEM E SOCIEDADE .................................................................................. 8
3.1 Hymes ................................................................................................................ 10
3.2 Labov ................................................................................................................ 11
3.3 A noção de comunidade de fala ......................................................................... 11
4 ORALIDADE E ESCRITA ...................................................................................... 13
5 AS LÍNGUAS DO BRASIL ..................................................................................... 14
6 OS CONDICIONAMENTOS SOCIAIS E ESTILÍSTICOS' ...................................... 16
7 PLURALIDADE LINGUÍSTICA .............................................................................. 19
8 TIPOS DE VARIEDADES LINGUÍSTICAS ......................................................... 22
9 PRECONCEITO LNGUÍSTICO E PRÁTICAS DISCURSIVAS ESCOLARES ........ 23
10 O ENSINO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS E MULTICULTURAIS NOS ANOS
INICIAIS ............................................................................................................................... 24
11 GÊNEROS TEXTUAIS ........................................................................................ 30
12 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS ......................................................................... 31
12.1 Exemplos de tipos textuais ............................................................................... 32
12.2 Gêneros textuais pertencentes aos textos narrativos: ....................................... 32
12.3 Gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos: ..................................... 32
12.4 Gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos: ..................................... 33
12.5 Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos: .............................. 33
12.6 Gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos: ....................................... 33
12.7 Gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos: .................................... 33
12.8 Gêneros textuais e gêneros literários ............................................................... 33
12.9 Texto Narrativo ................................................................................................. 34
12.10 Texto Descritivo .............................................................................................. 34
12.11 Texto Dissertativo-Argumentativo ................................................................... 35
12.12 Texto Expositivo ............................................................................................. 35
12.13 Texto Injuntivo ................................................................................................ 35
13 REDAÇÃO OFICIAL CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADES ................. 36
13.1 O que é uma redação oficial? ........................................................................... 37
13.2 Formalidade ..................................................................................................... 37
13.3 Padronização.................................................................................................... 37
13.4 Concisão .......................................................................................................... 37
13.5 Clareza ............................................................................................................. 38
13.6 Impessoalidade ................................................................................................ 38
14 SINTAXE E SEMÂNTICA .................................................................................... 39
14.1 Funções e Relações sintáticas ......................................................................... 39
14.2 Funções sintáticas ............................................................................................ 39
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
1 LÍNGUA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
2 LINGUAGEM
Uma língua, seja ela qual for, tem a função de permitir a comunicação entre os
indivíduos. Essa é sua função primordial. Há uma relação direta e indissolúvel entre sociedade
e língua ou língua e sociedade, que não permite que se pense em indivíduos vivendo
conjuntamente sem o estabelecimento de comunicação entre si e, da mesma forma, não é
possível a comunicação sem que haja uma convenção social a respeito dessa comunicação,
o que chamamos de língua.
Língua nada mais é que um conjunto de convenções sociais historicamente
constituídas, que permite que os seres humanos se comuniquem entre si. Somente os seres
humanos têm essa capacidade, uma capacidade relacionada talvez com algum dispositivo
biológico, que permite que se formule e se entenda um conjunto de sons e a eles se associe
um sentido.
É possível que outros seres vivos se comuniquem como é o caso, por exemplo, das
abelhas, que, com um conjunto de movimentos (danças) são capazes de transmitir
informações a respeito da localização de alimento ou mesmo do risco iminente à colmeia,
porém não se pode confundir esse tipo de comunicação, de propósito restrito, com linguagem
ou mesmo língua.
Fonte: www.ericasitta.wordpress.com
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Texto adaptado: www.pt.slideshare.net
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
permite às aves, porém, dialogar com seres humanos ou entre si, estabelecendo um raciocínio
a respeito dos sons produzidos e produzindo, como os seres humanos, outros conjuntos de
sons, como resposta. Os macacos, animais que guardam grande semelhança com o homem,
também não possuem um mecanismo capaz de estabelecer comunicação por meio da língua,
ainda que seu raciocínio beire o raciocínio humano.
As baleias também têm sua ‘’linguagem’’, produzem, ao menos, dois tipos de sons: os
que intervêm e seu sistema de eco localização, funcionando como uma espécie de sonar
biológico, e as vocalizações, conhecidas canções das baleias, que parecem ser um meio de
comunicação entre os membros da mesma espécie. Inúmeros estudos com animais em
cativeiro e selvagens tem mostrado que esses mamíferos marinhos são capazes de
comunicação com qualquer ouro usando uma ‘’linguagem’’. Embora essa forma de linguagem
não possa ser comparada com a linguagem humana, e um sistema articulado de
comunicação, no qual cada som e modulado em tons e frequências que são repetidos
constantemente durante atos específicos e situações particulares.
Animais domésticos se comunicam com seus donos. Podemos dizer que os cachorros
emitem sons que nos permitem identificar sentimentos como medo, raiva e dor. Um cão abana
o rabo, demonstrando satisfação; rosna, expressando ameaça. Os animais em modos de se
expressar; entretanto, a natureza dessa comunicação não se compara à utilizada pelo
homem. A ‘’linguagem’’ animal possui características bem distintas da linguagem humana. Em
linhas gerais, trata-se de uma forma de adaptação à situação concreta, relacionada a uma
forma fixa de resposta e determinado estímulo.
A linguagem está no limiar do universo humano porque caracteriza o homem e o
distingue do animal. O homem tem a capacidade de ultrapassar os limites da vida animal ao
entrar no mundo do símbolo. A natureza da comunicação animal não se compara à revolução
que a linguagem humana provoca na relação do homem como o mundo.
A diferença entre a linguagem humana e a ‘’linguagem’’ do animal está no fato de que
este não conhece o símbolo, mas somente o índice. O índice está relacionado com a forma
fixa e a única com a coisa a que se refere. Por exemplo, as frases com que adestramos o
cachorro devem ser sempre as mesmas, pois são índices, isto é, indicam alguma coisa muito
específica.
A linguagem humana é uma manifestação cultural; relaciona-se com padrões de
comportamentos, crenças, conhecimentos, realizações, costumes que podem ser
transmitidos de gerações. O homem imprime sentido às linguagens que cria. Ele cria palavras,
gestos, símbolos, enfim, formas de expressar suas ideias.
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Fonte: www.vitaclinica.com.br
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parece simples, mas que possui uma grande complexidade, mesmo para adultos que tentam
adquirir uma segunda língua.
Além dessa facilidade na apreensão das estruturas e do léxico (palavras), somese a
isso a estruturação, por parte da criança, de frases nunca ouvidas, demonstrando sua
capacidade criativa e não somente reprodutiva, provando que o ser humano possui uma
estrutura em seu cérebro capaz de criar e modificar a língua.
É essa capacidade única que coloca o homem como espécie central do planeta terra,
essa capacidade de se organizar em sociedade e se comunicar que faz do ser humano um
animal capaz de exercer dominação sobre outras espécies e permite-lhe, dentre outras
coisas, o desenvolvimento e a manipulação de objetos, o que o torna tão diferente das demais
espécies. O que permite a esse ser alterar seu meio e traçar o seu destino, mas, por outro
lado, o que lhe permite galgar a própria destruição.2
A linguagem é um sistema organizado de símbolos a serviço das sociedades
humanas. Esse sistema é amplo, complexo, extenso e possui propriedades particulares que
possibilitam a codificação, a estruturação das informações sensoriais, a capitação a
transmissão de sentidos, que favorecem a interação entre os homens.
3 LINGUAGEM E SOCIEDADE
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Texto extraído: https://www.portaleducacao.com.br
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De acordo com Sapir, a realidade é produzida pela linguagem, o que significa dizer
que não há mundos iguais, visto que não há línguas iguais. Para o autor, a linguagem possui,
sobretudo, o papel de produzir e organizar o mundo mediante o processo de simbolização. O
caminho para compreensão do(s) mundo(s) se dá pela decifração dos símbolos, que referem
(produzem) a realidade e remetem a conceitos (pensamento). Por exemplo: entender um
poema exige a "compreensão plena de toda a vida da comunidade, tal como ela se espelha
nas palavras ou as palavras a sugerem em surdina" (op. cit).
O processo de simbolização da linguagem exige um sistema fonético que articule
imagens acústicas "gerando" o símbolo, o qual proporcionará condições para a produção de
conceitos/pensamentos. Sem os símbolos na matemática, por exemplo, um raciocínio
matemático não seria possível, o que vale dizer que a matemática não existiria e muito menos
se expandiria em níveis de complexidade. Os símbolos, por sua vez, geram um efeito sobre
a linguagem que é o de sua ampliação (abstração), mediante um processo de classificação,
categorização e seriação - característicos do pensamento. É dessa forma que o mundo ao
nosso redor é possível/ construído, segundo Sapir.
Uma ilustração clássica da construção da realidade a partir da linguagem é
apresentada por Whorf em relação à língua hopi, na qual não é possível pensar o tempo de
forma linear como em outras línguas, pois não há palavras, expressões ou formas gramaticais
que permitam isso. Ao invés das noções de tempo e espaço (passado, presente e futuro),
essa língua permite organizar o contraste entre partícula e onda 2, obrigando, "ao ser
obrigatório pela forma de seus verbos, o povo hopi a perceber e observar os fenômenos
vibratórios, animando-os além disso a encontrar nomes e a classificar esta classe de
fenômenos" (1971:72).
Fonte: www.atosociologico.blogspot.com
Para o autor, é possível descrever qualquer fenômeno observável no universo sem
levar em consideração os contrastes entre espaço e tempo, ou seja, sem considerar o espaço
como algo homogêneo e independente do tempo, mas sim levando em conta as inter-relações
existentes entre os fenômenos. Segundo Whorf, "o ponto de vista da relatividade, pertencente
à física moderna, é um desses pontos concebidos em termos matemáticos, e a concepção
universal do hopi é outra muito diferente e que não é matemática, mas sim linguística" (p. 74).
As ideias desses dois estudiosos costumam ser referidas como a "hipótese de Sapir-
Whorf", podendo ser assim sintetizadas: a linguagem determina a forma de ver o mundo, e
consequentemente, de se relacionar com esse mundo (hipótese do determinismo linguístico);
isso significa que para diferentes línguas há diferentes perspectivas e diferentes
comportamentos (hipótese do relativismo linguístico).
É interessante destacar que, para Sapir, tanto a língua como a cultura (realidade
social) é passível de modificações: é da natureza da linguagem a mudança, visto que "não há
nada perfeitamente estático" e a "deriva geral de uma língua tem fundo variável" (1969: 137).
Entretanto, existe um paradoxo: embora ambas estejam sujeitas a mudanças, essas se dão
em velocidades diferentes - a língua se modifica mais lentamente, pois "um sistema
gramatical, no que depende dele próprio, tende a persistir indefinidamente. Em outras
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
palavras, a tendência conservadora se faz sentir muito mais profundamente nos lineamentos
essenciais da língua do que da cultura" (p. 61). As consequências disso são que as culturas
não poderão WORKING PAPERS EM LINGÜÍSTICA, UFSÇ N.8, 2004 130 - Cristine Gorski
Severo ser sempre simbolizadas pela linguagem, conforme a passagem do tempo; e que será
muito mais fácil simbolizar a cultura no passado do que no momento atual.
Posto isso, remeto-me às questões colocadas na introdução: para Sapir e Whorf, a
linguagem determina a realidade social. Todavia, a versão forte da hipótese do determinismo
linguístico parece se enfraquecer diante do descompasso verificado entre as mudanças na
língua e na cultura, conforme exposto no parágrafo acima.
3.1 Hymes
Fonte: www.ello.uos.de
Hymes pauta sua teoria no pressuposto da linguística constituída socialmente, o que
implica uma relação entre ideologia/cultura e linguagem no que diz respeito à utilização da
forma linguística motivada pelo uso social. Esse pressuposto estipula que usos linguísticos se
diferenciam mediante instituições, valores, crenças e diferenças individuais, no sentido de que
são as diferenças do mundo/ da realidade/ do contexto que causam diferenças linguísticas:
"valores culturais e crenças são em parte constitutivos da realidade linguística" (Hymes apud
Figueroa 1994:42).
O autor não está preocupado com o sistema gramatical formal, mas compreende a
linguagem dentro de uma perspectiva comunicativa'', o que invoca outras áreas para o seu
estudo, uma vez que a linguagem pode ser considerada como uma "parte integrada de uma
organização sociocultural geral do comportamento" (Figueroa 1994:33). Para ele, a definição
de língua é complexa e deve levar em conta diferentes aspectos, como o histórico, o social, o
cultural e as particularidades individuais. Com a inserção do contexto histórico e etnográfico
há a consequente supremacia do aspecto funcional em detrimento do formal. Segundo o
autor, "não é a forma linguística que cria o padrão social, mas o padrão social informa a forma
linguística. Nesse caso, a inferência é dos dados etnográficos para as funções da língua" (p.
42). Vemos assim que Hymes atribui ao contexto social uma propriedade causal - prioritária -
em relação ao uso linguístico. Mesmo a estrutura formal está subordinada ao contexto que,
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
3.2 Labov
Fonte: english.osu.edu
Em relação à teoria laboviana, dois aspectos principais merecerão nossa atenção:
o contexto social (sociedade) traduzido pela noção de comunidade de fala e (os
condicionamentos sociais e estilísticos.
Labov propõe "o estudo da estrutura e da evolução da língua dentro do contexto social
da comunidade de fala "(1972: 184 grifos meu). Interessa a ele, sobretudo, um certo tipo de
macro linguística, que "coloca os lócus da linguagem em algum tipo de ordem social (a
comunidade de fala) ao invés do indivíduo" (Figueroa 1994: 70).
A preocupação de Labov com a fala da comunidade fica patente em sua definição de
linguagem como "o instrumento de comunicação utilizado por uma comunidade de fala, um
sistema comumente aceito de associações entre formas arbitrárias e seus significados"
(Labov 1994: 09).
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Daí a questão: quais os limites que fazem com que um falante pertença a uma
determinada comunidade de fala e não a outra? Para o sócio linguista, os limites não estão
presentes no fato de um falante se considerar pertencente a uma dada comunidade, mas sim
nas características essenciais - as regras gramaticais - do sistema linguístico abstrato daquele
falante, em relação à comunidade a que pertence.
A aquisição desse sistema linguístico não se dá conscientemente, ou seja, não diz
respeito à vontade do falante de falar de determinada forma; a aquisição da gramática ocorre
de forma inconsciente, como também são também inconscientes, em grande parte, as
reações subjetivas s dos falantes em relação à língua.
Além disso, para o autor, a característica principal da comunidade de fala está no fato
de que seus integrantes devem compartilhar as mesmas atitudes e os mesmos valores em
relação à língua: "atitudes sócias em relação à língua são extremamente uniformes numa
comunidade de fala" (Labov 1972: 248). Guy (2001), com base em Labov, aponta três
características essenciais na definição de uma comunidade de fala 6: os falantes devem
compartilhar traços linguísticos que sejam diferentes de outros grupos; devem ter uma
frequência de comunicação alta entre si; e devem ter as mesmas normas e atitudes em
relação ao uso da linguagem.
Entretanto, a identificação de uma comunidade de fala, ou o estabelecimento de seus
limites, não é uma tarefa fácil, o que pode ser ilustrado pelo seguinte exemplo fornecido pelo
autor: há diferenças entre o falar dos nativos de Fortaleza e de Florianópolis em relação aos
três aspectos colocados acima, o que permite distinguir duas comunidades de fala; contudo,
ao se considerar Brasil e Portugal, provavelmente os nativos de Fortaleza e de Florianópolis
integrariam uma mesma comunidade de fala. Guy levanta então algumas questões: quais
seriam os limites internos de uma comunidade? Até que ponto uma comunidade de fala seria
caracterizada pelo uso linguístico?
Guy considera aspectos quantitativos e qualitativos para limitar uma comunidade de
fala. Quanto aos primeiros, tem-se como exemplo a frequência com que uma certa
comunidade apaga o -r final no português brasileiro. Isso teria uma implicação (e motivação)
social e dialetal, mas, também, poderia ser motivado pelo efeito de contexto', havendo uma
grande frequência de apagamento do -r final em verbos no infinitivo para quase todos os
brasileiros, diferentemente do apagamento do -r final em outras palavras.
Avançando em suas reflexões, o linguista aponta duas possibilidades: pode haver
diferenças de frequência em diferentes comunidades de fala, sendo que o efeito de contexto
permanece semelhante; ou pode haver diferenças em termos do efeito de contexto (peso
relativo) entre as comunidades, o que determinaria diferenças estruturais ao invés de
diferenças simplesmente quantitativas. Assim, a sua hipótese é: falantes que variam apenas
na frequência possuem a mesma gramática e falantes que variam em termos de efeito de
contexto possuem gramáticas diferentes.
Daí os limites postos por Guy: as diferenças em uma mesma comunidade de fala
implicam diferenças em uma mesma gramática (não-gramaticais) enquanto que diferentes
comunidades de fala fazem uso de diferentes gramáticas. Essa hipótese lançada por Guy não
só encontra respaldo nos pressupostos labovianos - pois, conforme visto acima, Labov
considera que os limites de uma comunidade de fala devem ser buscados no sistema
linguístico abstrato dos falantes, além do compartilhamento de atitudes sociais -, como
também operacionaliza uma forma de medir o partilhamento de traços linguísticos pelos
falantes. Diante do exposto parece possível falar em um certo determinismo linguístico, uma
vez que usos linguísticos de uma mesma gramática funcionariam como identificadores de
uma mesma comunidade de fala, ao passo que usos de gramáticas diferentes apontariam
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4 ORALIDADE E ESCRITA
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dialoga-se por escrito (através de emails, chats, tweets). O oral passa a deixar seus traços
em registros escritos e os numerosos escritos podem ser efêmeros como a fala. A grande
diferença entre os modos de funcionamento oral e escrito deve ser relativizada quando as
sociedades se tornam letradas. Além disso, a existência da escrita não é marco para
estabelecer o fim de algumas práticas sociais que ocorrem numa cultura típica da oralidade.
5 AS LÍNGUAS DO BRASIL
No Brasil se fala português, certo? Sim, esse é o idioma falado pela maioria das
pessoas que aqui vivem. No entanto, em nosso território convivem falantes de línguas
indígenas, de imigração, de fronteira e de sinais. Em razão das relações entre seus falantes,
essas línguas influenciam-se e modificam-se. Nós figuramos entre os países de maior
diversidade linguística do mundo. Estima-se que cerca de 250 línguas são faladas no país,
entre línguas indígenas, de imigração, de sinais e de comunidades afro-brasileiras.
De acordo com o levantamento do Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), 274 línguas são faladas por indígenas de 305 etnias
diferentes. No entanto, esse resultado foi considerado inflacionado por incluir nomes de etnias
ou mesmo línguas que já não são mais faladas. “Temos apenas uma estimativa do número
de línguas faladas no Brasil. Em relação às línguas indígenas, os dados do Censo são
maiores daqueles que os pesquisadores costumam reproduzir, que é em torno de 180 línguas
indígenas. Além dessas pesquisas mostram que há 56 línguas faladas por descendentes de
imigrantes que vivem no Brasil há pelo menos três gerações”, diz Rosângela Morello,
coordenadora-geral do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística
(Ipol).
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
maternas utilizam outras línguas para a comunicação, como ocorre em São Gabriel da
Cachoeira (AM), onde convivem falantes de quatro línguas oficiais: português, nheengatu,
tucano e baníua.
Fonte: www.plataformadoletramento.org.br
“As três possibilidades – monolinguismo, multilinguismo e plurilinguismo – se
entrelaçam no Brasil, mas podemos afirmar que o Brasil é um país multilíngue que inclui
espaços onde há plurilinguismo. Por sua vez, o país tem uma única língua oficial e nacional,
que é a língua portuguesa", analisa Eduardo Guimarães, professor de Semântica do
Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade de
Campinas. “Há cidades em que se fala outra língua, mas normalmente é o português que
sempre predomina no espaço de línguas das cidades. Os mecanismos de ensino de línguas
são elementos decisivos no modo de distribuição e funcionamento das línguas. ”
Fonte: www.plataformadoletramento.org.br
Apesar da enorme diversidade linguística no Brasil, a relação dos falantes e de suas
línguas é desigual em comparação à língua portuguesa. A percepção dominante, inclusive, é
de que aqui se fala apenas uma língua. Considerando a importância de conhecer essa
diversidade e de preservar tantas línguas com alto risco de desaparecimento, foi criado, por
meio do Decreto Federal 7.387/2010, que institui o Inventário Nacional da Diversidade
Linguística (INDL), um instrumento para inserir as línguas como referência cultural brasileira,
administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.plataformadoletramento.org.br
“O contingente populacional que fala outras línguas é numericamente pouco
expressivo em relação ao quantitativo de falantes de português. Esse
desequilíbrio, sobretudo das línguas indígenas e das línguas de imigração,
torna o português uma espécie de ameaça à preservação dessas outras
línguas, pois o português é o veículo por excelência de comunicação em
todos os campos da nossa sociedade. Isso leva ao desestímulo e ao paulatino
abandono da utilização das línguas maternas”.
Fonte: www.plataformadoletramento.org.br
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justificam em termos de que "as estruturas variáveis contidas na língua são determinadas por
funções sociais" (p.188 grifo meu), destacando que "fatores linguísticos e sociais estão
fortemente inter-relacionados no desenvolvimento de uma mudança linguística"(op. dt).
Nessa mesma direção, Labov (1972) aponta como uma das propriedades de uma variável
sociolinguística que a "distribuição do traço deve ser altamente estratificado"(p. 08). Observa-
se, assim, uma correlação sistemática entre a estratificação social e o uso variável da língua.
Segundo Figueroa, Labov "mantém a posição realista de que o contexto social é
formado por fatos sociais que atuam sobre o indivíduo, mas que não são criados pelo
indivíduo", entendendo como fato social "uma forma de comportamento, que é geral na
sociedade e exerce condicionamento sobre os indivíduos; mas esse condicionamento é
peculiar em termos de geralmente ser inconsciente e, portanto, não poder agir diretamente"
(p. 72).
Nos moldes labovianos, através da linguagem é possível tirar "um retrato" da realidade
social. Em outras palavras, o indivíduo se identifica ao falar ("função de identificação", cf.
Labov 1978). Desse modo, o determinismo soda/preconizado por Weinreich, Labov e Herzog
(1968) estaria mantido. Mas isso deve ser visto com reservas diante de indagações como: até
que ponto se pode dizer que o uso de certa estrutura linguística define o grupo ao qual a
pessoa "genuinamente" pertenceria? O uso "consciente" do [r] em posição pós-vocálica pelos
empregados da loja de padrão alto, por exemplo, não identifica necessariamente as
características sociais "naturais" do falante, podendo esse ser "enquadrado" em um grupo
social diferente daquele ao qual realmente pertence.
Assim, através do uso "consciente" de certas formas, o falante" pode mostrar
características sociais tais que lhe permitam ser "identificado" como pertencendo a um grupo
X (embora de fato pertença ao grupo Y), e isso romperia com a perspectiva determinística de
que o contexto social determina a linguagem. Essa questão, entretanto, deve ser examinada
sob a ótica da variação estilística, o que será discutido adiante.
Por outro lado, Weiner & Labov (1983) mostram, em seu estudo da passiva sem
agente, que a variação entre o uso da construção passiva e da ativa em inglês não é sensível
a fatores sociais, sendo condicionado apenas por fatores de natureza linguística. Nesse caso,
uma das exigências originariamente formuladas para se caracterizar uma variável linguística
- a de que a mesma fosse estratificada -, deixou de ser atendida. Como fica, então, a questão
do condicionamento social, nesse caso? Para Labov (1972), os indivíduos variam seu modo
de falar conforme a situação em que se encontram", considerando a relação entre diferentes
estilos (informal, cuidado, de leitura, etc.) e diferentes usos linguísticos, no que diz respeito
especialmente à atenção e ao monitoramento
Retomando o exemplo anterior, o uso do [r] pelos Working Papear em linguística,
UFSÇ N.8,2004 136 - Cristine Gorski Severo diferentes grupos sociais mostram também a
relação entre fatores estilísticos (fala cuidada ou não) e a pronúncia ou não da vibrante. Nesse
caso, teríamos o que Labov (1978) chama de "função de acomodação"" da linguagem, em
que o falante se adequa à situação comunicativa. Posteriormente, Labov (2003) amplia sua
noção de variação estilística, postulando que as variações linguísticas no indivíduo de acordo
com o contexto, são determinadas por três aspectos: as relações entre os interlocutores,
particularmente as relações de poder e solidariedade entre eles; o contexto social mais amplo
- escola, trabalho, vizinhança; e o tópico" (p234). Desse modo, a par de condicionamentos
sociais (normalmente inconscientes), que podem ser observados na comunidade de fala,
existem também condicionamentos estilísticos, que operam no plano individual, no âmbito das
escolhas linguísticas conscientes.
Apesar de a noção de sociedade e suas implicações ser explorada de forma
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
diferenciada pelos autores aqui discutidos, com enfoque ora em aspectos concernentes à
realidade social; ora no contexto histórico social e no conceito de competência comunicativa;
ora na noção de comunidade de fala, estratificação social e estilo, parece possível abstrair as
especificidades de enfoque e tecer considerações de caráter comparativo mais geral entre os
autores e suas respectivas visões de linguagem e sociedade, na tentativa de evidenciar qual
o tipo de relação que permeia o binômio em questão, a partir de uma hipótese determinística.
Na formulação de Sapir-Whorf, a maneira pela qual a linguagem determina formas de
percepção do mundo e o próprio mundo é identificada na literatura como determinismo
linguístico. Todavia, o desencontro entre linguagem e cultura em termos de evolução
(mudança), conforme apontado por Sapir, é um indício de que tal determinismo deve ser
amenizado.
Na proposta de Hymes, o papel atribuído à influência do contexto social/cultural sobre
os usos linguísticos parece apontar para a direção do que se poderia chamar de um certo
determinismo social- originado pelo contexto. O falante seria dotado de competência
comunicativa para se adequar linguisticamente a diferentes situações comunicativas. Pode-
se dizer que esse mesmo tipo de relação entre contexto e linguagem sustenta o que Labov
chama de condicionamento estilístico. Contudo, diferentemente de Hymes, que prioriza o
contexto, Labov considera a função de "acomodação" como secundária, o que parece colocar
em segundo plano a importância das interações sociais no uso linguístico.
Esse aparente paradoxo deve-se ao fato de que o papel de adequação ao contexto
cabe ao indivíduo. Na teoria sociolinguística de Labov, percebem-se implicações
determinísticas de diferentes tipos e em diferentes graus. Ao caracterizar a comunidade de
fila-os lócus do objeto de estudo variacionista -, o autor atribui um importante papel à língua
(uma mesma gramática recobrindo usos variáveis implica uma mesma comunidade de fala,
segundo Guy), de tal modo que uma comunidade de fala poderia ser delimitada por certos
usos linguísticos, entre outras propriedades (um certo determinismo linguístico).
Fonte: www.opera10.com.br
Por sua vez, os falantes de uma comunidade operam com regras linguísticas variáveis,
e a seleção das variantes pode ser socialmente condicionada por fatores que dizem respeito
à estratificação social (um certo determinismo social). A escolha das variantes pode ser
também estilisticamente condicionada por fatores de natureza contextuai (um certo
determinismo linguístico). Concluindo, tento responder, em termos amplos, as questões
colocadas na introdução do trabalho: a sociedade determina a linguagem" - do ponto de vista
do contexto e da estratificação social e estilo, segundo Hymes e Labov, respectivamente; a
linguagem determina a sociedade - na produção e representação da realidade social e na
delimitação de uma comunidade de fala, de acordo com Sapir-Whorf e Labov (Guy),
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
7 PLURALIDADE LINGUÍSTICA
A língua não é, como muitos acreditam, uma entidade imutável, homogênea, que paira
por sobre os falantes. Pelo contrário, todas as línguas vivas mudam no decorrer do tempo e
o processo em si nunca para. Ou seja, a mudança linguística é universal, contínua, gradual e
dinâmica, embora apresente considerável regularidade.
A crença em uma língua estática e imutável está ligada principalmente à normatividade
da gramática tradicional, que remota à Grécia Antiga, numa época em que os estudiosos
estavam interessados principalmente em explicar a linguagem usada nos textos dos autores
clássicos e em preservar a língua grega da "corrupção" e do "mau uso". A língua escrita -
especialmente a dos clássicos - era tão valorizada que era considerada mais pura, mais bonita
e mais correta do que qualquer outro tipo de linguagem.
A linguística moderna, no entanto, prioriza a língua falada em relação à língua escrita
por vários motivos, dentre eles pelo fato de que todas as sociedades humanas conhecidas
possuem a capacidade da fala, mas nem todas possuem a escrita. Analisando a nossa própria
sociedade, podemos concluir que a escrita pertence a poucos, uma vez que grande parte da
população brasileira é constituída por analfabetos ou semianalfabetos e que mesmo os que
tiveram acesso à escola não a usam muito.
Além da língua falada ser mais utilizada do que a escrita e atingir muito mais situações,
o ser humano a adquire naturalmente, sem precisar de treinamento especial. Apenas em
contato com o modelo, ou seja, apenas exposta a uma determinada língua, qualquer criança
normal é capaz de falar essa língua e compreendê-la perfeitamente nas mais variadas
situações e em um período de tempo muito curto. Aos três anos, mais ou menos, uma criança
já adquiriu quase todas as regras de sua língua, podendo ser considerada um falante
competente da comunidade linguística da qual faz parte. Mesmo quando parece que ela não
conhece a sua língua nativa, o dizer, por exemplo, "eu di" ou "eu fazi" no lugar de "eu dei" e
"eu fiz", a criança está mostrando que sabe muito sobre ela, pois já compreendeu que o
passado, no português, termina regularmente com "i" e está aplicando uma regra geral da
língua em vez de aplicar uma particular.
O processo de aquisição da escrita difere do da fala no sentido de não ser natural.
Crianças que têm mais contato com a escrita sem dúvida a aprendem mais fácil e
rapidamente, mas ainda assim necessitam de algum tipo de instrução. Quanto à
homogeneidade, as pessoas de uma mesma comunidade linguística podem até pensar que
falam exatamente a mesma língua, mas isso não é verdade. As diferenças linguísticas podem
ser percebidas em todas as línguas do mundo, mesmo em pequenas comunidades de fala,
nos níveis fonéticos, fonológico, morfológico, sintático ou semântico. Por exemplo, a palavra
"porta" pode ser pronunciada de várias maneiras, tais como poxta, pota ou pôrta; a palavra
"mulher" pode ser pronunciada "muié"; as frases "Maria assistiu ao filme" e "faz dois anos que
parei de fumar" também podem ser ditas "Maria assistiu o filme" e "fazem dois anos que parei
19
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
de fumar", respectivamente.
Na verdade, toda língua é um conjunto heterogêneo e diversificado porque as
sociedades humanas têm experiências históricas, sociais, culturais e políticas diferentes e
essas experiências se refletirão no comportamento linguístico de seus membros. A variação
linguística, portanto, é inerente a toda e qualquer língua viva do mundo. Isso significa que as
línguas variam no tempo, nos espaços geográfico e social e também de acordo com a situação
em que o falante se encontra.
Podemos exemplificar a variação temporal com a forma "você", que passou por uma
grande transformação ao longo do tempo. No século XII, as pessoas diziam "vossa mercê" e
hoje, na linguagem falada, e mesmo na escrita informal, encontramos "cê", que não é a melhor
nem a pior que "você" ou "vossa mercê", embora entre os não-linguistas a tendência seja a
de considerá-la ruim, feira ou deteriorada. Isso acontece porque a sociedade normalmente é
conservadora e demora para aceitar as mudanças, inclusive as linguísticas.
O espaço linguístico também produz variação em um momento sincrônico de uma
língua, o que pode ser explicado tanto pela existência de limites físicos como montanhas,
mares ou rios que separam uma comunidade linguística de outra, como pela ideia de "rede
de comunicação". Considerando-se uma população espalhada em um determinado espaço
geográfico, uma pessoa se comunicará mais com aqueles que estão mais próximos a ela do
que com as que se encontram mais distantes. Haverá, assim, um padrão de maior densidade
de comunicação entre os indivíduos que estão mais próximos e de menor densidade de
comunicação entre os que se encontram mais distantes. A maior densidade provocará maior
interação entre as pessoas e, consequentemente, as formas linguísticas de uns se estenderão
aos membros do grupo mais denso (que estão mais próximos) do que aos membros dos
agrupamentos mais distantes. Aparecerão, dessa maneira, em cada região, diferentes
variedades. No Brasil, por exemplo, a fala da região nordestina se caracteriza pela abertura
das vogais pretônicas "e" e "o", como em "mérgulho" e "cólete", normalmente fechadas em
outras regiões. Há lugares onde se diz ‘’tomati’’, pimênta e kaska.
As variações também podem ser notadas nas estruturas sintáticas ou no nível lexical.
Assim, conforme a região, encontramos "nós fomos ir embora" em vez de "nós fomos embora"
e a banana pode ser "anã", "nanica" ou "d'água".
Fonte: www.descomplica.com.br
20
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Variedades geográficas
Variedades históricas
Ela varia com o tempo, com o desenvolvimento da história. Como por exemplo, a
palavra “Você”, que antes era “vosmecê” e que agora, diante da linguagem reduzida no meio
eletrônico, é apenas “VC”.
Variedades sociais
Variedades situacionais
3
Texto adaptado: www.scielo.br
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.mscamp.wordpress.com
O termo preconceito designa uma atitude prévia que assumimos diante de uma pessoa
(ou de um grupo social), antes de interagirmos com ela ou de conhecê-la, uma atitude que,
embora individual, reflete as ideias que circulam na sociedade e na cultura em que vivemos.
Assim como uma pessoa pode sofrer preconceito por ser mulher, pobre, negra, indígena,
homossexual, nordestina, deficiente física, estrangeira etc., também pode receber avaliações
negativas por causa da língua que fala ou do modo como fala sua língua.
O preconceito linguístico resulta da comparação indevida entre o modelo idealizado
de língua que se apresenta nas gramáticas normativas e nos dicionários e os modos de falar
reais das pessoas que vivem na sociedade, modos de falar que são muitos e bem diferentes
entre si. Essa língua idealizada se inspira na literatura consagrada, nas opções subjetivas dos
próprios gramáticos e dicionaristas, nas regras da gramática latina (que serviu durante séculos
como modelo para a produção das gramáticas das línguas modernas) etc. No caso brasileiro,
essa língua idealizada tem um componente a mais: o português europeu do século XIX. Tudo
isso torna simplesmente impossível que alguém escreva e, principalmente, fale segundo
essas regras normativas, porque elas descrevem e, sobretudo, prescrevem uma língua
artificial, ultrapassada, que não reflete os usos reais de nenhuma comunidade atual falante
de português, nem no Brasil, nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar do mundo onde
a língua é falada.
Mas a principal fonte de preconceito linguístico, no Brasil, está na comparação que as
pessoas da classe média urbana das regiões mais desenvolvidas fazem entre seu modo de
4
Texto extraído: www.centraldefavoritos.com.br
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
falar e o modo de falar dos indivíduos de outras classes sociais e das outras regiões. Esse
preconceito se vale de dois rótulos: o “errado” e o “feio” que, mesmo sem nenhum fundamento
real, já se solidificaram como estereótipos. Quando analisado de perto, o preconceito
linguístico deixa claro que o que está em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas
um pretexto para discriminar um indivíduo ou um grupo social por suas características
socioculturais e socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de
renda etc.
A instituição escolar tem sido há séculos a principal agência de manutenção e difusão
do preconceito linguístico e de outras formas de discriminação. Uma formação docente
adequada, com base nos avanços das ciências da linguagem e com vistas à criação de uma
sociedade democrática e igualitária, é um passo importante na crítica e na desconstrução
desse círculo vicioso.
Ensina-se a língua portuguesa como se fosse só gramática, tudo que uma língua tem
de riqueza e dinamismo é posto em segundo plano. Alguns professores questionam: por que
os estudantes não gostam da Língua Portuguesa? “O que a escola ensina não é a língua,
mas a nomenclatura. As aulas de Língua Portuguesa costumam se caracterizar por ensinar o
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
nome das coisas” (Terra, 2008, p 79). Pressupõe-se que o mais importante da língua não é
ensinado. O seu uso social e a funcionalidade entre os homens que a utilizam parecem não
ser lembrados durante as aulas.
Estas mesmas aulas de português, quando dispõem de tempo para o ensino das
variações linguísticas, o fazem de maneira intolerante, como aponta Bagno (2008, p. 16):
25
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Parece que a parte pedagógica do ensino não se importa com a bagagem que o
estudante tem linguisticamente desde que entra na escola. É como se ele tivesse que
esquecer tudo que já aprendeu socialmente sobre Língua Portuguesa e tenha que aprender
outra língua que nada tem a ver com a forma que ele se expressa. É fundamental que o
docente assuma o papel de estudioso, investigador, cientista, buscando construir o próprio
conhecimento da língua, assumindo uma postura crítica que consequentemente o auxiliará a
ressignificar sua prática, pois segundo Bagno (2008, p. 115), como docentes devemos:
(...) acionar nosso sendo crítico toda vez que nos depararmos com um
comando gramatical e saber filtrar as informações realmente úteis, deixando
de lado (e denunciando, de preferência) as afirmações preconceituosas,
autoritárias e intolerantes. Da parte do professor em geral, (...) essa mudança
de atitude deve refletir-se na não-aceitação de dogmas, na adoção de uma
nova postura (crítica) em relação a seu próprio objeto de trabalho: a norma
culta.
A escola e os docentes, principalmente dos anos iniciais, estão tão incutidas da norma
padrão, que parecem acreditar que sua principal função é ensinar a criança a falar segundo
essa norma. É um terrível engano que podemos cometer se aderirmos essa ideia, quando
sabemos que isso não corresponde ao que nos diz os PCNs:
Não é papel da escola ensinar o aluno a falar: isso é algo que a criança
aprende muito antes da idade escolar. Talvez por isso, a escola não tenha
tomado para si a tarefa de ensinar quaisquer usos e formas da língua oral.
Quando o faz, foi de maneira inadequada: tentou corrigir a fala “errada” dos
alunos – por não ser coincidente com a variação linguística de prestigio social,
com a esperança de evitar que escrevesse errado. Reforçou assim o
preconceito contra aqueles que falam diferente da variedade prestigiada.
(Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 48)
Se fosse assim, o estudante chegaria ao ambiente escolar mudo e, com o avançar das
séries, começaria a falar como o que acontece com quem está aprendendo um novo idioma,
como aponta Cagliari (2007, p. 83):
Um aluno na escola não pode chegar à conclusão que seus pais são “burros”
porque falam errado, não pode achar que as pessoas de sua comunidade são
incapazes porque falam errado, não têm valor porque falam errado, ao passo
que a cultura só está com quem fala o dialeto padrão, que a lógica do
raciocínio só pode ser expressa nessa variedade linguística, que o bom, belo
e perfeito só pode ser expresso através das “palavras bonitas” do dialeto
padrão.
Não se trata de uma apologia ao falar diferente da norma padrão, mas tão só de
respeitar as variações que não seguem a normatização. Tendo em vista que toda sociedade
se constitui da individualidade de cada um “não se trata de ensinar a falar ou a fala
“correta”, mas sim as falas adequadas ao contexto de uso” (Secretaria de Educação
Fundamental, 1997 p. 22).
27
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.provafacilnaweb.com.br
Uma união entre um homem e uma mulher ganha mais credibilidade quando existe
uma certidão de casamento. A escravidão só terminou com a assinatura da Lei Áurea. Como
se percebe a sociedade dá um status de seriedade para a escrita. Por ter um papel muito
relevante no mundo letrado, como nos diz Cagliari (2007, p. 96): “O ensino do português tem
sido fortemente dirigido para a escrita, chegando mesmo a se preocupar mais com a
aparência da escrita do que com o que ela realmente faz representar”. Porém, não se pode
esquecer que, da mesma forma que a escrita tem uma funcionalidade, a fala também tem. É
o que afirmam os PCNs:
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social
efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à
informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões
de mundo, produz conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a
responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes
linguísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de
todos (Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 19).
Por isso o ensino da Língua Portuguesa concentra-se na escrita (produção textual,
resolução de questões, leitura silenciosa). Já a fala raramente é trabalhada em sala de aula e
quando acontece é de forma errônea, criticando a maneira como certo grupo social fala. Da
mesma forma que não existe variação superior a outra, o mesmo ocorre entre a escrita e a
fala durante o ensino; as duas têm que ser coniventes no processo de ensinoaprendizagem,
uma vez que “pode-se perceber agora que o ensino da Língua Portuguesa não só é
problemático pelo que se ensina, mas também é falho porque se deixa de ensinar muita coisa”
(Cagliari, 2007, 48).
As aulas de Língua Portuguesa podem dar o direito para o estudante falar, discutir seu
idioma, brincar com a fonologia das palavras, como acontece com a escrita. Diante dos
pressupostos, entende-se que as variações linguísticas não são muito apreciadas pela escola,
por apresentarem características que “promovem” o desvio da norma padrão, pois “a escola,
como espelho da sociedade, não admite o diferente e prefere adotar só as noções de certo e
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
errado, numa falsa visão da realidade” (Cagliari, 2007, p. 65). Com essa premissa, como o
professor dos anos iniciais pode ensinar a Língua Portuguesa, sem desvalorizar as variações
linguísticas?
Aprender português (...) não é só aprender como a língua (e suas variedades)
funcionam, mas também estudar ao máximo os usos linguísticos; e isso não
significa só aprender a ler e escrever, mas inclui ainda a formação para
aprender e usar as variedades linguísticas diferentes, sobretudo o dialeto-
padrão. A escola dessa forma não só ensinaria português, como
desempenharia ainda o papel imprescindível de promover socialmente os
menos favorecidos pela sociedade (Cagliari, 2007, p. 83).
Geralmente, as variações linguísticas são alvo de discriminação, principalmente, por
serem relacionadas à fala de pessoas das camadas sociais menos privilegiadas. A escola e
o professor precisam demonstrar o respeito pela liberdade de expressão dessas pessoas e a
língua precisa ser ensinada de forma a combater esse preconceito. Os PCNs discutem que a
língua deve ser também objeto de reflexão, apoiando-se em dois fatores: “a capacidade
humana de refletir, analisar, pensar sobre os fatos e os fenômenos da linguagem, e a
propriedade que a linguagem tem de poder referir-se a si mesma, de falar sobre a própria
linguagem” (Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 53).
É possível fazer com que o estudante aprenda sobre a linguagem verbal e sobre os
contextos sociais nos quais ela se aplica. Um dos principais objetivos do ensino da Língua
Portuguesa nos primeiros ciclos é trabalhar com o estudante a capacidade de “participar de
diferentes situações de comunicação oral, acolhendo e considerando as opiniões alheias e
respeitando os diferentes modos de falar” (Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p.
68).
A formação do sujeito está além da sala de aula, mas é nela que podemos intervir
nesse processo, pois a partir do momento em que o estudante reflete sobre suas atitudes, ele
também pode ter uma compreensão ampla dos fatores que implicam em determinadas
situações que envolvam as variações linguísticas, se reconhecendo como agente
transformador que pode e deve combater o preconceito linguístico. A escola pode e deve
formar bons usuários da língua padrão, mas fazendo com que possam reconhecer e utilizar
as variedades linguísticas, respeitando-as como característica de um determinado grupo
social, tal como aponta Cagliari (2007, p. 84).
Se os alunos aprenderem a verdade linguística das variantes, geração após
geração, a sociedade mudará seu modo de encarar esse fenômeno e passará
a ter um comportamento social mais adequado com relação às diferenças
linguísticas.
Com isso, teremos falantes conscientes da diversidade linguística da Língua
Portuguesa, abolindo a intolerância e o desrespeito com as variações linguísticas. Geraldi
(1997) diz que miséria social e miséria de língua confundem-se. Essa frase nos faz refletir
sobre o que acontece com vários brasileiros que se sentem miseráveis, por não ter o básico
para sobreviver, e mais ainda, por não falar a língua padrão exigida pela gramática, que
considera a sua forma de falar errada e que não pertence à língua portuguesa. Milhares de
pessoas são excluídas socialmente por não seguirem a normatização de uma determinada
gramática, escolhida há séculos numa sociedade totalmente diferente da de hoje.
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.novosalunos.com.br
Como nos afirma Bagno (2008, p. 29) “assim, tal como existem milhões de brasileiros
sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de brasileiros que
poderíamos chamar de sem línguas”. Isso nos faz refletir sobre o nosso papel de docente e
nossa prática em sala de aula e, também, sobre a nossa relação com os milhares de
estudantes que deverão passar por nós, que refletirão nossos pontos de vista e nossas
esperanças, pois que é através deles que poderemos combater o preconceito linguístico.5
11 GÊNEROS TEXTUAIS
São textos que exercem uma função social específica, ou seja, ocorrem em situações
cotidianas de comunicação e apresentam uma intenção comunicativa bem definida. Os
diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. Adequam-se,
principalmente, ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da mensagem e ao contexto
em que se realiza.
Você já se deu conta da infinidade de situações comunicacionais às quais somos
expostos ao longo de nossa vida? Nem precisa tanto, pois durante um único dia podemos
estar envolvidos em diferentes contextos e ambientes que exigem de nós um comportamento
linguístico específico. A linguagem é um dos mais eficientes meios de comunicação, pois ela
nos permite interagir com pessoas, assim como alterar nosso discurso de acordo com as
necessidades do momento.
Dessa constante necessidade que o ser humano tem de interagir e comunicar-se com
o outro, surgiram os gêneros textuais. Os gêneros textuais não podem ser numerados, visto
que variam muito e adaptam-se às necessidades dos falantes. Mesmo que não possamos
contá-los, é possível observar que eles possuem peculiaridades que nos permitem identificá-
los e reconhecê-los entre tantos outros gêneros. Entre as características dos gêneros textuais
estão a apresentação de tipos estáveis de enunciados, além de estruturas e conteúdos
temáticos que facilitam sua definição.
5
Texto extraído: www.ipv.pt
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Diferentemente dos tipos textuais, que apresentam uma estrutura bem definida, além
de um número limitado de possibilidades (podem variar entre cinco e nove tipos), os gêneros
textuais são diversos e cumprem uma função social específica. Além disso, os gêneros podem
sofrer modificações ao longo do tempo, embora muitas vezes preservem características
preponderantes. Como exemplo dessa “evolução”, temos a carta, que depois do advento da
tecnologia foi transformada no e-mail, meio de comunicação que substituiu o papel, a caneta
e a necessidade de postagem pelos correios, visto que pode ser recebido instantaneamente
pelo destinatário. Contudo, alguns elementos linguísticos foram preservados, como as
saudações, o remetente e, claro, o destinatário.
Os gêneros são utilizados todas as vezes que os falantes estão inseridos em alguma
situação comunicativa. Ainda que inconscientemente, selecionamos um gênero que melhor
se adapta àquilo que desejamos transmitir aos nossos interlocutores, sempre com a intenção
de sobre ele obter algum efeito. Seja no bilhetinho deixado na porta da geladeira, seja nas
postagens feitas nas redes sociais ou até mesmo nas piadas que contamos para os nossos
amigos, os gêneros estão lá, trabalhando a serviço da comunicação e da linguagem.6
Fonte: pt.slideshare.net
Embora os diferentes gêneros textuais apresentem estruturas específicas, com
características próprias, é importante que os concebamos como flexíveis e adaptáveis, ou
seja, que não definamos a sua estrutura como fixa. Os gêneros textuais possuem
transmutabilidade, ou seja, é possível que se criem novos gêneros a partir dos gêneros já
existentes para responder a novas necessidades de comunicação. São adaptáveis e estão
em constante evolução.
6
Texto adaptado: www.portugues.uol.com.br
31
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.revistaestante.fnac.pt
a) Texto narrativo;
b) Texto descritivo;
c) Texto dissertativo expositivo;
d) Texto dissertativo argumentativo;
e) Texto explicativo injuntivo;
f) Texto explicativo prescritivo.
a) Romances;
b) Contos;
c) Fábulas;
d) Novelas;
e) Crônicas;
a) Diários;
b) Relatos de viagens;
c) Folhetos turísticos;
d) Cardápios de restaurantes;
e) Classificados;
32
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
a) Jornais;
b) Enciclopédias;
c) Resumos escolares;
d) Verbetes de dicionário;
a) Artigos de opinião;
b) Abaixo-assinados;
c) Manifestos;
d) Sermões;
a) Receitas culinárias;
b) Manuais de instruções;
c) Bula de remédio;
a) Leis;
b) Cláusulas contratuais;
c) Edital de concursos públicos;
a) Gênero lírico;
b) Gênero épico ou narrativo;
c) Gênero dramático.
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo,
quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto
descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo).
Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que existem inúmeros gêneros
textuais dentro das categorias tipológicas de texto. Em outras palavras, gêneros textuais são
estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos: narrativo, descritivo,
dissertativo-argumentativo, expositivo e injuntivo.
Fonte: www.conceptodefinicion.de
a) Romance
b) Novela
c) Crônica
d) Contos de Fada
e) Fábula
f) Lendas
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
a) Diário
b) Relatos (viagens, históricos, etc.)
c) Biografia e autobiografia
d) Notícia
e) Currículo
f) Lista de compras
g) Cardápio
h) Anúncios de classificados
a) Editorial Jornalístico
b) Carta de opinião
c) Resenha
d) Artigo
e) Ensaio
f) Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
a) Seminários
b) Palestras
c) Conferências
d) Entrevistas
e) Trabalhos acadêmicos
f) Enciclopédia
g) Verbetes de dicionários
O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é aquele que indica uma
ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor).
Por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo. Alguns exemplos de
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
a) Propaganda
b) Receita culinária
c) Bula de remédio
d) Manual de instruções
e) Regulamento
f) Textos prescritivos
Fonte: www.feitonuvem.com
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Redação oficial é uma forma específica de escrever que deve seguir algumas normas
e técnicas estabelecidas. É comumente utilizada em momentos formais que necessitam ser
documentados ou quando envolvem os três poderes constituído pelo Estado: o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário. Neste caso, a redação oficial, é a maneira pela qual o Poder Público
redige atos normativos e comunicações.
Assim como qualquer correspondência, essa forma de escrita deve apresentar
algumas características básicas:
a) Formalidade;
b) Padronização;
c) Concisão;
d) Clareza;
e) Impessoalidade;
f) Uso do padrão culto da língua;
13.2 Formalidade
13.3 Padronização
13.4 Concisão
7
Texto extraído: ww.blog.qconcursos.com
37
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
mínimo de palavras. Para isso, é importante que se tenha conhecimento sobre o assunto,
assim como também, tempo para revisar o texto depois de pronto. Mas atenção! Redigir um
texto conciso não quer dizer que você deve eliminar partes importantes do texto com o objetivo
de reduzi-lo. O que se deve fazer é cortar partes inúteis, redundâncias, ambiguidades,
passagens que nada acrescentam ao texto.
13.5 Clareza
Um texto claro é aquele que transmite seu conteúdo de forma que seu leitor possa
compreender a mensagem facilmente. Sendo assim, a clareza deve ser uma qualidade básica
de todo texto oficial. Para que haja a clareza é necessário que o texto apresente as outras
características aqui citadas.
13.6 Impessoalidade
a) Na voz ativa com sujeito indeterminado na terceira pessoa do plural, sem núcleo
que mostre o(s) agente(s) ou com verbo na terceira pessoa do singular, com a
partícula de indeterminação do sujeito(SE);
b) Na voz passiva analítica, com o verbo ser seguido de particípio;
c) Na voz passiva sintética, com verbo no singular ou no plural, concordando com o
sujeito paciente, agregado a uma partícula apassivadora (SE)8
8
Texto extraído: www.refinandoaescrita.com
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.oenem.com.br/
14 SINTAXE E SEMÂNTICA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
15 SEMÂNTICA
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Choveu muito.
Há muitos homens na fila.
Perini (1999) também chama a atenção para a concepção gramatical de sujeito. Para
a gramática de Cunha (1975), por exemplo, o sujeito é o termo sobre o qual se faz uma
declaração. Observe a oração:
Nessa oração, embora Carlinhos seja o sujeito, há, sem dúvida, uma declaração sobre
Camilo que não é o sujeito da oração. Dessa forma, muitos conceitos prescritos pela
Gramática Normativa se tornam frágeis, no entanto, as relações semânticas possibilitam
estabelecer uma versão com maior fundamentação em relação às prescrições gramaticais e
aos próprios fatos da língua.
Outro item fundamental tratado por Ilari e Geraldi (1995) está relacionado ao verbo de
ligação. Para a Gramática Tradicional esse tipo de verbo é um mero componente de ligação,
de certa forma, até desprovido de significado. Essa concepção pode ser revista com o auxílio
da Gramática de Port-Royal de Arnauld e Lancelot.
Para tanto, Ilari e Geraldi (1995, p. 11) afirmam que a Lógica Clássica entendeu a
relação sujeito-predicado como expressão de juízos. Por exemplo:
Pedro é leitor.
Nessa oração, há um juízo expresso, um sentido pleno, pois se subentende que Pedro
lê, i.e., o verbo de ligação expressa que a segunda ideia (é leitor-predicado) convém à primeira
(Pedro sujeito). Assim, pode-se rever a tamanha importância que o verbo de ligação
estabelece. Ele possui um sentido bastante significativo na sentença.
Ilari e Geraldi (1995, p. 15) recorrem a Frege para explicar esse fenômeno na língua,
para ele, as frases têm uma estrutura semântica e não sintática. Nas frases a seguir percebe-
se que elas possuem uma estrutura sintática semelhante (sujeito=>predicado), entretanto
com valor semântico distinto.
Lopes (2003, p. 233) reforça a ideia de que o significado de uma sentença é o produto
tanto do significado lexical quanto do gramatical. Desse modo, a análise semântica não pode
considerar apenas o item lexical isolado. Esse aspecto é perceptível no uso dos diminutivos
no cotidiano da Língua Portuguesa. Por exemplo, o vocábulo vaquinha, isolado, significa “vaca
pequena”, porém essa palavra em uma sentença como:
Não tinha dinheiro, então, fez-se uma vaquinha entre os amigos para comprar a carne do
churrasco.
Nessa situação, vaquinha não é mais vaca pequena (diminutivo), mas adquire
outro significado: ajuda mútua. Constata-se, portanto, que a palavra em determina
sentença consegue esclarecer seu sentido mais próximo do exato.
Das classes gramaticais pode adquirir uma nova versão, diferente da adotada pela
41
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Fonte: www.bibliotecamadre.blogspot.com
Se olharmos para uma multidão veremos que não existe uma única pessoa com o
rosto igual outro. Somos todos diferentes. Temos tons de voz diferentes, andamos diferente
um dos outros, gesticulamos diferentemente, enfim, cada um é único. Por que então a escola
quer tanto massificar os alunos? Por que não se respeita a individualidade de cada um?
Como pode a escola, lidando com seres tão diferentes querer avaliar de 0 a 10 o que
o aluno “aprendeu” se a maneira como lhe foi explicada foi igual para todos. Fala-se de
maneira igual para entendimentos diferentes. Como pode o entendimento do aluno ser
avaliado se ele não teve oportunidade de vivenciar nada do que foi dito! E quanto ao aluno
que tem potencialidades diferentes das abordadas em sala de aula? Como a escola poderá
saber se nunca olhou para este aluno de forma diferenciada. Nunca proporcionou
possibilidades que permitisse esse afloramento.
Devemos acreditar que é aí que mora o segredo. Permitir que o aluno se manifeste
9
Texto extraído: file:///C:/Users/Colaborador/Downloads/3807-16914-1-PB%20(2).pdf
42
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
em relação ao que lhe é importante. Sobre suas habilidades, preferências. Sobre qual é o seu
ritmo, seu tempo de desenvolvimento. É o respeito à individualidade. É saber que cada um é
cada um. No momento em que as diferenças forem somadas numa sala de aula, aí sim haverá
o desenvolvimento das competências. Ao se respeitar a individualidade se está respeitando o
direito à criação, e a criatividade é a ferramenta principal numa época em que o conhecimento
é o diferencial.
Atrelado a tudo isso deverá a escola propiciar, além de uma formação sólida,
conhecimentos extras que serão condições de oportunidades para o aluno atuar em diferentes
áreas passando a dominar as diferentes informações culturais e tecnológicas, bem como
desenvolver sua capacidade de inovação tornando-se predisposto a mudanças mantendo-se,
dessa forma, atualizado e desenvolvendo postura crítica que lhe propiciará a interpretação
antecipada das necessidades futuras da sociedade.
Fonte: www.annaramalho.com.br
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
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Texto adaptado: www.marupiara.com.br
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Fonte: www.envolverde.cartacapital.com.br
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Texto extraído: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br
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Texto adaptado: www.gauchazh.clicrbs.com.br
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
17 PRODUÇÃO DE TEXTOS
Houve um tempo em que a escrita era algo incomum nas comunidades agrafas e
quando ela começou a ser utilizada era uma atividade apenas de uma parte da população,
devido à falta de acesso dos menos abastados, e ainda que parte da população detivesse
dinheiro, apenas alguns tiveram o privilégio de obter este acesso. Com o tempo, a escrita foi
fazendo parte da população, de tal forma que hoje em dia ela faz parte do cotidiano, uma vez
que em todo momento é preciso fazer uso dela, seja por meio de um bilhete, um e-mail, ou
ainda, porque entramos em contato com toas as formas de escrita, como placas, anúncios,
rótulos de embalagens ou textos mais formais.
A prática da escrita e sua atividade, no entanto, envolvem alguns aspectos,
constituindo-se como um produto sócio-histórico-cultural, de modo que a leitura e a maneia
como vai ocorrer a aquisição de uma língua por pare de um aprendiz serão determinantes na
maneira como a escrita será concebida. Esse modo de entender a escrita é que vai traduzir
como compreendemos a linguagem e consequentemente vai direcionar a prática e o uso que
fazemos dela.
Assim, Ingedore Vilaça Koch (2010) apresenta algumas concepções de
sujeitos/escritor, uma é em que o:
[...] sujeito como (pré)determinado pelo sistema, o texto é visto como simples
produto de uma codificação realizada pelo escritor a ser decodificado pelo
leitor, bastando a ambos, para tanto o conhecimento do código utilizado.
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Texto adaptado: www.lite.fe.unicamp.br
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Fonte: www.arabalmanya.com
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Devemos começar este raciocínio com a pergunta óbvia e básica, isto é, o que é
produção? Segundo os vários dicionários que circulam pelo meio estudantil: ato ou efeito de
produzir, construir, fazer, criar pela imaginação. Outras duas perguntas também óbvias e
fáceis:
• O que é textual?
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Texto adaptado: www.bdm.unb.br
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• O que é texto?
Fonte: ww.noticias.universia.com.br
A produção de textos é o ato de expor por meio de palavras as ideias, sendo uma ação
deveras importante. Saber produzir um texto pode ser um pré-requisito para conseguir um
emprego, uma vaga na faculdade, dentre outros. Pessoas que escrevem bons textos
conseguem se expressar melhor. A leitura, intimamente ligada à escrita, é um ato essencial
para se produzir um bom texto.
Enquanto lemos estamos ampliamos nosso vocabulário e, consequentemente, nosso
universo interpretativo. Ou seja, com o ato da leitura estamos aumentando nossa capacidade
de entender melhor tudo que nos rodeia. Assim, é muito importante saber escrever bons
textos, e sobretudo, ter o hábito da leitura.
Antes de mais nada, para produzir um bom texto é muito importante conhecer os
diversos tipos de textos existentes, para que seja coerente com a proposta. Assim, os
principais tipos de textos são:
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Observe que não existe uma “fórmula mágica” para produzir um bom texto, no entanto,
há estratégias interessantes para melhorar sua produção. Cada indivíduo tem um estilo de
escrita, no entanto, o que importa não é necessariamente o estilo e sim, a coesão e a
coerência apresentadas no texto.
De tal modo, a coerência é uma característica textual que está relacionada com o
contexto. Ou seja, ela significa a relação lógica entre as ideias expressas, de forma que não
haja contradição no texto. A coesão, por sua vez, está relacionada com a regras gramaticais
e os usos corretos dos conectivos (conjunções, preposições, advérbios e pronomes).
Em suma, para que um texto seja considerado bom, o importante é conhecer o tipo e
o gênero do texto. Além disso, não fugir do tema pedido e sobretudo, cumprir as regras
gramaticais essenciais para sua compreensão. Para tanto, pesquisar sobre o tema antes de
escrever o texto é muito importante para dar consistência e mais propriedade à argumentação
textual agregando maior valor ao texto. Vale lembrar das novas regras gramaticais da língua
portuguesa, apresentadas pelo “Novo Acordo Ortográfico”.
17.5 Apresentação
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Fonte: www.medium.com
17.6 Conclusão
Muitas pessoas não se preocupam com essa parte fundamental do texto, ou seja, o
momento da conclusão (também chamado de nova tese). Finalizar o texto é tão importante
quanto começá-lo. Assim, não adianta fazer uma boa introdução e desenvolvimento, e deixar
o texto sem conclusão. Após a argumentação faz se necessário que o escritor chegue numa
conclusão e opine (no caso dos textos dissertativos), apresentando assim um novo caminho.
Note que, quanto mais criativa for a conclusão, mais interessante ficará o texto.
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Para produzir bons textos, além do hábito de leitura é importante conhecer os diversos
formatos existentes, para que você siga corretamente a proposta. É bom lembrar que não
existe fórmula mágica para criar um bom texto, mas quanto mais conhecimento você tiver
sobre o tema abordado, melhor se sairá.
a) Argumentativo – são conteúdos mais acadêmicos ou de convencimento, pois
demandam mais argumentação dentro do corpo de texto. Dessa forma, você
precisa ter o mínimo de conhecimento sobre o assunto para conseguir escrevê-lo;
b) Narrativo – é muito comum em romances que lemos no dia a dia. Nesse formato
de texto é comum uma narrativa de acontecimentos dentro de um universo
(fantasioso ou não);
c) Descritivo – é o formato de texto que percorre os dois primeiros. Tem como
característica principal a descrição, seja de objetos, pessoas, lugares, entre
outros.16
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Texto extraído: www.todamateria.com.br
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Texto extraído: www.eadbox.com/producao-de-texto
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20 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
FIORIN, J. L. Introdução à linguística: I. objetos teóricos. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2015.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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