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INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA

MAGNUN ROCHEL MADRUGA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


BELO HORIZONTE
MINAS GERAIS - BRASIL

1
Sumário

1 Linguagem, Língua e Linguística 4


1.1 Linguagem Animal e Linguagem Humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Definições tradicionais de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Características da Linguagem Verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Língua, Fala e Linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Linguística Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Disciplinas Linguísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.7 Disciplinas Interdisciplinares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.8.1 Exercícios para Estudo - nº1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.8.2 Exercícios para Estudo - nº2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.8.3 Exercícios para Estudo - nº3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.8.4 Exercícios para Estudo - nº4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 O estruturalismo: a língua como objeto da Linguística 19


2.1 A Tarefa da Linguística na perspectiva Estruturalista . . . . . . . . . . . 19
2.2 O objeto da Linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 O Signo Linguístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.4 A mutabilidade e imutabilidade da língua . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.5 As Dicotomias Saussereanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5.1 Sincronia versus Diacronia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5.2 Língua versus Fala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5.3 Significante versus Significado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5.4 Sintagma versus Paradigma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2
2.5.5 Forma versus Substância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.6 Martinet: a dupla articulação da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.7 Coseriu: a noção de Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.8.1 Exercícios para Estudo - nº1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.8.2 Exercícios para Estudo - nº2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.8.3 Exercícios de Revisão dos Capítulos 1 e 2 . . . . . . . . . . . . . . 28

3 O Gerativismo 32
3.1 As noções de gramática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2 Língua Natural versus Língua Formal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.3 Objetivo da Teoria Gerativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 Conceitos Importantes da Teoria Geraiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4.1 Aspecto Criativo da Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4.2 Falante/Ouvinte Ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4.3 O Conhecimento Linguístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.4.4 Competência Gramatical e Competência Pragmática . . . . . . . 35
3.4.5 Gramaticalidade e Aceitabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.4.6 Competência e Desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.4.7 Faculdade da Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.4.8 A Hipótese Inatista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.4.9 Gramática Universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.4.10 Recursividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.5 Material Suplementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.6.1 Exercício para Estudo nº1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.6.2 Exercício para Estudo nº2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.6.3 Exercício de Revisão nº1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Bibliografia 47

3
Capítulo 1

Linguagem, Língua e Linguística


1.1 Linguagem Animal e Linguagem Humana

• Karl von Frisch (FRISCH, 1965) descobre um sistema de comunicação


entre as abelhas. Esse código de sinais é capaz de veicular informa-
ções, tais como a existência de alimento, a distância da colmeia
à fonte de alimento e a direção do alimento.

• Dança das Abelhas


• Portanto, abelhas são capazes de:
– produzir e compreender uma mensagem.
– estocar na memória
– comunicar através de simbolização.
– referir-se a algo do mundo (têm significação).
• Seu sistema de comunicação possui função e situação:
– Situação: o sistema é valido no interior de uma comunidade.
– Função: todos os membros da comunidade podem compreendê-la
e reproduzi-la.

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Relações entre linguagem animal e humana
Linguagem Animal Linguagem Humana
Função
Situação
Referencial
Distal -
Dialógica -
Metalinguagem -
Significação Limitada Ilimitada
Decomponibilidade Não-decomponível Decomponível

1.2 Definições tradicionais de linguagem

• A linguagem é multiforme e heteróclita; ela pertence ao domínio social


e individual; não se deixa classificar em nenhuma categoria dos fatos
humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade. (SAUSSURE,
1995, p.17)
• Linguagem é qualquer meio de exprimir ideias (Larousse, in: Mounin
1968)
• Linguagem é um meio qualquer de comunicação entre os seres vivos
(Jespersen, in: Mouninm 1968)
• Linguagem é todo sistema de signos que pode servir de comunicação
(Lalande, in: Mounin, 1968)
• Linguagem é qualquer sistema de sginos apto a servir de meio de co-
municação enre os indivíduos. (Marouzeau, in: Mounn, 1968)
• Linguagem é um método puramente humano e não instintivo de se
comunicarem ideias, emoções e desejos por meios de símbolos volunta-
riamente produzidos (Sapir, in: Lyons, 1982)
• As línguas naturais notadamente diversas são manisfestações de algo
mais geral, a linguagem. (Petter, in: Fiorin, 2002)

5
• O termo linguagem pode ter um uso não especializado bastante ex-
tenso, podendo-se referir desde à linguagem dos animais até outras
linguagens - música, dança, pintura etc (Peter, in: Fiorin, 2002)
• A distinção entre língua e linguagem é oriunda do Estruturalismo (...)
A linguagem seria a capacidade de comunicação oral, e as línguas se-
riam as formas particulares por meio das quais cada comunidade, cada
sociedade ou grupo social realiza a linguagem. (Borges, in: Xavier &
Cortez, 2003)
• A noção de linguagem seria um conceito macro. Eu diria que, nesse
ponto, eu concordaria com Chomsky (...) que seria uma espécie, di-
gamos, não de um órgão humano, como pulmão ou coisa assim, mas
a linguagem enquanto propriedade da espécie humana seria uma fa-
culdade mental instalada no cérebro. Então, a linguagem seria uma
faculdade mental própria da espécie humana, que permite a atividade
simbólica e a ação intersubjetiva. (Marchuschi, in: Xavier e Cortez,
2003)

1.3 Características da Linguagem Verbal

(a) Apresenta funções


• emotiva: o falante põe o seu interior para fora (exterioriza)
• apelativa: ouvinte (fala para convencer alguém)
• representativa: fala sobre algo
(b) Constitui um sistema: conjunto de elementos combináveis entre si
e que se repetem sempre.
(c) É arbitrária: os signos linguísticos são arbitrários: não há vínculo de
motivação entre som e significado nem entre os signos e as coisas que
representam.
(d) É linear: a linguagem verbal se desenvolve linearmente no tempo -
os elementos não se superpõem (é a ordem funcional) Ex: /tapa/ ̸=
/pata/

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(e) É de natureza discreta: a língua é constituída de elementos sepa-
ráveis, discretos, que se combinam de maneiras diferentes.
(f) É mutável e imutável: a língua se transforma sem que os indivíduos
possam transformá-la; ela é inatingível, mas não é inalterável.
(g) É duplamente articulada (especificidade da linguagem verbal): a
linguagem verbal é duplamente articulada, segmentada em dois níveis.
• Dupla Articulação da Linguagem - Martinet (1961)
– 1a Articulação: divisão em unidades mínimas significativas
– 2a Articulação: divisão em unidades não significativas

1.4 Língua, Fala e Linguística

• Língua (langue) é uma entidade abstrata; é um sistema de relações;


é um conjunto de convenções comum a todos os membros de uma
comunidade linguística, usado para comunicação; está depositada como
produto social na mente de cada falante de uma comunidade, que não
pode nem criá-la, nem modificá-la.
• "É o conjunto de hábitos linguísticos que permitem a uma pessoa com-
preender e fazer-se compreender.É míster uma massa falante para que
exista língua; em nenhum momento a língua existe fora do fato social -
sua natureza social é um de seus caracteres internos". (Saussure, 1977,
p. 92)
• "A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais
depositados em cada cérebro... Esse modo de existência da língua
pode ser representado pela fórmula:
– 1 + 1 + 1 ... = I (padrão coletivo) (Saussure, 1977, p. 21)
• É um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está de-
positado como produto social na mente de cada falante de uma comu-
nidade; assim delimitada, possui homogeneidade e, por isso, segundo
Saussure, é o objeto da Linguística propriamente dito. (Cabral, 1982,
p.4)

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• Fala (parole) é a realização, por parte do indivíduo, das possibilidades
que lhe são oferecidas pela língua. É, portanto, o ato individual de uso
da língua; nela interferem muitos fatores extralinguísticos.
• "É sempre individual e dela o indivíduo é sempre senhor"(Saussure,
1977, p. 21)
• Linguística é a ciência da linguagem humana; é o estudo científico da
língua.

1.5 Linguística Moderna

• língua = sistema de signos


• signo linguístico = significante (SE) + significado (SO)
– Unidade puramente psíquica; unidade indissolúvel entre imagem
acústica (SE) e conceito (SO)
• línguas e variedade (adequado/inadequado e não certo/errado)
• primazia da língua falada
• Linguística descritiva
• OPOSIÇÕES:
– língua versus fala
– SE versus SO
– gramática descritiva versus gramática prescritiva
– sincronia versus diacronia
– sintagma versus paradigma

1.6 Disciplinas Linguísticas

1. FONÉTICA:
É a disciplina que estuda os sons da fala humana (fones), descrevendo-
os do ponto de vista acústico articulatório e/ou perceptual.

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Os segmentos fonéticos são representados entre colchetes: [t], [Ù], [e],
[E];

• Links Úteis para explorar:


• Alfabeto Fonético Internacional
• IPA interativo: com áudio para todos os fones
• Fonética do Português Brasileiro
• Universidade de Iowa - Speech Sounds

2. FONOLOGIA:
É a disciplina que estuda a gramática dos sons da língua, ou seja, a
maneira como se distribuem e se organizam para veicular significado.
Os fonemas - sons que distinguem significado - são representados entre
barras: /t/, /e/, /E/; /tina/, /tatu/, /ZanEla/
3. MORFOLOGIA:
É a disciplina que estuda morfemas de uma língua e maneira como se
combinam para formar palavras da língua.
Exemplos: des-leal; leal-dade; des-leal-dade; leal-mente.
4. SINTAXE:
É a disciplina que estuda como as palavras se combinam para formar
as sentenças da língua.
Exemplo: O menino viu o cachorro é uma sentença gramatical e acei-
tável em português; a sentença seguinte não é gramatical e aceitável
na língua:
*O menino viu o cachorro o.
5. LEXICOLOGIA:
É a disciplina que se ocupa com a descrição dos conjuntos de palavras
em cada sistema linguístico. Umas das suas principais subdivisões é a
lexicografia, que trata da elaboração de dicionários.

6. SEMÂNTICA:
É a disciplina que estuda o significado do signo linguístico; estuda a

9
significação dentro do sistema linguístico.
Exemplos: sinonímia, antonímia; hiponímia; ambiguidade.

• Antonímia: nem todas são do mesmo tipo


antonímia gradual: quente — frio → morno
antonímia binária: vivo — morto.

• Hiponímia: significados incluídos em outro significado.


mãe ⊂ mulher
flor ⊂ planta

• Ambiguidade: mais de um significado.

– lexical: banco
acepção 1 : Assento individual, sem encosto e sem braços.
acepção 2 : Estabelecimento para .transações pecuniárias.

– sintática:
Pedro pediu a Maria para sair.

7. PRAGMÁTICA:
É a disciplina que estuda a língua do ponto de vista de seu uso con-
creto, de seus usuários e com relação ao contexto, ou seja, estuda a
prática linguística, em especial, as escolhas feitas, as restrições encon-
tradas ao usas a língua em interação social e o efeito de seus usos sobre
os participantes de um ato de comunicação.
Estuda, por exemplo, dêixis, pressuposições, implicaturas conversacio-
nais, atos de fala.

• Dêixis: significado dado no contexto.

- Pedro está aqui.


• Implicaturas Conversacionais: implicam um ato do interlocu-
tor.

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- Está quente aqui. → implica a abertura da janela, p. ex.

• Pressuposições: traz uma informação não dada.

– Pedro parou de fumar.

• Atos de fala:

(a) Ato locutório: ato de enunciar, pronunciar.


(b) Ato ilocutório: sujeito mostra a força pela linguagem. São
atos de ordenar, avisar, convidar.
Exemplo: eu prometo.

(c) Ato perlocutório: sujeito causa um efeito no ouvinte. São


atos de persuasão, convencimento, susto. Quer causa um efeito
específico.
Exemplo: eu vou te bater.

8. DISCURSO ou ANÁLISE DE DISCURSO:


É a disciplina que, na linha francesa, estuda a língua enquanto pro-
dução de um falante em determinadas conjunturas históricas e sociais;
estuda a singularidade de uso da linguagem, a produção linguística
de um falante (o discurso) como organização de sequências discursivas
regradas pela noção de condições de produção, baseadas na noção de
formação discursiva (relacionada com a formação ideológica), definida
como o que determina "o que pode e o que deve ser dito por um su-
jeito", conceito que regula a referência à interpelação-assujeitamento
do sujeito.
Na linha americana, é a disciplina que estuda o discurso a partir da
materialidade linguística (verbos, adjetivos, por exemplo).

9. CONVERSAÇÃO ou ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO:


É a disciplina que estuda a forma como a linguagem é estruturada para

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favorecer a conversação, reconhecendo que a conversação diz algo sobre
a natureza da língua como fonte para se fazer a vida social. Estuda,
por exemplo, como a conversa se organiza (turnos de fala, sequência
na conversação (pergunta/resposta), marcadores conversacionais (sim,
claro, hmm) e como se dá .
Na linha americana, é a disciplina que estuda o discurso a partir da
materialidade linguística (verbos, adjetivos, por exemplo).

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1.7 Disciplinas Interdisciplinares

1. PSICOLINGUÍSTICA:
É o ramo da Linguística que estuda a relação entre o comportamento
linguístico e os processos mentais nele envolvidos. Investiga os proces-
sos e fases de aquisição da linguagem; os processos mentais que de-
terminam o uso da linguagem (percepção, compreensão e produção).
Estuda também as patologias da fala, colaborando para o seu trata-
mento.

2. SOCIOLINGUÍSTICA:
É o ramo da Linguística que estuda a relação entre o comportamento
linguístico e a estrutura social. Investiga a dinâmica da mudança lin-
guística dentro de um contexto social, a diversidade linguística e sua
relação com a diversidade social - os dialetos sociais e regionais.

3. NEUROLINGUÍSTICA:
É o ramo da Linguística que estuda a relação entre o cérebro e a lingua-
gem, com enfoque no campos das patologias cerebrais, cuja investiga-
ção relaciona determinadas estruturas do cérebro com distúrbios ou as-
pectos específicos da linguagem. Aciona dois campos do conhecimento
para explicar as relações entre cérebro e a linguagem: as Neurociências
e a Linguística.

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1.8 Exercícios

1.8.1 Exercícios para Estudo - nº1

Resolva as questões com base no seguinte texto:

PIETROFORTE, A. V. A língua como objeto da Linguística. In:


FIORIN, J. L. Introdução à Linguística I. Objetos Teóricos. São
Paulo: Contexto, 2002.

1. O método-histórico comparativo teve uso predominante, pelos estudio-


sos das línguas, no século XIX. Caracterize sucintamente esse método.
2. Ao comparar com os estudos linguísticos realizados no século XIX,
Saussure definiu um novo objeto para a Linguística. Qual é esse objeto?
Defina-o.
3. Como Saussure determina a distinção entre ’fatos sincrônicos’ e ’fatos
diacrônicos’ ? Dê exemplo com base no funcionamento do português.
4. Diferencie, em breves palavras, ’língua’ e ’fala’, com base no texto lido.
5. Por que o ’Estruturalismo’, como abordagem linguística, está vinculado
às ideias de Saussure?
6. Por que a ideia de ’valor’ é tão importante na proposta de Saussure?
7. O que significa dizer que o signo linguístico é árbitrário? Há a relação
com as noções de SE e SO?
8. Dê exemplo, a partir de um frase, de ’relações sintagmáticas’ e de
’relações paradigmáticas’.
9. Explique a ’dupla articulação’como uma das características da lingua-
gem. Dê exemplo.
10. É possível afirmar que todas as línguas têm ’variantes’ ? O que são
variantes ’diatópicas’ ? E variantes linguísticas ’diastráticas’ ?

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1.8.2 Exercícios para Estudo - nº2

Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou


Falsas (F). Corrija as falsas.

1. ( ) A Linguística estuda qualquer meio de expressar ideias pelo ser


humano.
2. ( ) Segundo Saussure, o objeto de estudo stricto sensu da Linguística
é fala.
3. ( ) O fato de a língua ser ’duplamente articulada’ significa que pode
ser segmentada em dois níveis.
4. ( ) O primeiro nível de articulação das línguas naturais é o nível das
unidades sem significado - os fonemas - e o segundo nível de articulação
é o nível das unidades com significado - os morfemas.
5. ( ) A seguinte frase está articulada em unidades sem significado.
Tod/a/ língu/a/ natur/al/ pod/e/rá/ sempr/e/ /s/e/r/ dupl/a/mente/
articul/ad/a/.
6. ( ) A Linguística é uma ciência que determina que há uma forma correta
de as pessoas usarem uma língua natural.
7. ( ) A Linguística não estuda as variantes consideradas estigmatizadas.
8. ( ) A Linguística Diacrônica estuda a língua em um determinado mo-
mento no tempo.
9. ( ) O signo linguístico é o conceito que uma palavra representa.
10. ( ) O signo linguístico, segundo Saussure, é uma unidade psíquica com-
plexa que corresponde à união entre o conceito e imagem acústica.
11. ( ) Apesar de estar em constante evolução, toda língua natural é um
sistema, uma estrutura organizada em que todas as unidades estão
relacionadas e têm um função específica; é um conjunto de elementos
solidários.

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12. ( ) Toda unidade linguística está em oposição a outras unidades e o
valor de cada unidade é determinado por sua relação com os outros
elementos que constituem o sistema.

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1.8.3 Exercícios para Estudo - nº3

A partir da leitura do texto A Linguística e a Língua Brasileira


de Sinais, de Ronilce Quadro e Lodenir Karnopp, responda às
questões a seguir:

1. O que é Linguística?
2. O que é Fonética? Dê exemplo.
3. O que é Fonologia? Dê exemplo.
4. O que é Morfologia? Dê exemplo.
5. O que é Sintaxe? Dê exemplo.
6. O que é Semântica? Dê exemplo.
7. O que é Pragmática? Dê exemplo.

1.8.4 Exercícios para Estudo - nº4

Identifique o componente da língua a que se referem as seguintes


afirmações:

1. Diz respeito ao conhecimento internalizado do falante relativo à estru-


turação dos constituintes da sentença.

2. Estuda os aspectos físicos da fala do ponto de vista de suas bases


fisiológicas, relacionadas com a produção, ou do ponto de vista de suas
bases acústicas, relacionadas com a percepção.

3. É o componente da língua centrado na estrutura interna da palavra.

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4. Estuda as diferenças fônicas relacionadas com as diferenças de signifi-
cado.

5. Busca descrever o significado das palavras e das sentenças.

Identifique as disciplinas linguísticas a que se referem as seguintes


afirmações:

1. Estuda a linguagem na medida em que faz sentido para sujeitos inscri-


tos em estratégias de interlocução, em posições sociais ou em conjun-
turas históricas.

2. Estuda a realidade psicológica da língua, tentando explicar o proces-


samento e a produção da linguagem.

3. Estuda as patologias da fala como parte das relações entre cérebro e


linguagem.

4. Estuda a língua em uso, dando ênfase aos atos de fala, aos princípios
de cooperação na comunicação linguística e às implicaturas conversa-
cionais.

5. Estuda as formas como uma conversa se organiza, os marcadores con-


versacionais e a forma como se constrói a compreensão do texto falado.

6. Estabelece relação entre uso da língua e a estrutura social de determi-


nada comunidade de fala.

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Capítulo 2

O estruturalismo: a língua como


objeto da Linguística
2.1 A Tarefa da Linguística na perspectiva Estrutura-
lista
A tarefa da Linguística será (SAUSSURE, 1995, p.13):

(a) Fazer a descrição e a história de todas as línguas; fazer a história das


famílias das línguas e reconstruir as línguas-mães de cada família;
(b) procurar as forças que estão em jogo de modo permanente e universal,
em todas as línguas e deduzir as leis gerais às quais se possam referir
todos os fenômenos peculiares da história”.
(c) delimitar-se e definir-se a si própria

2.2 O objeto da Linguística

• A língua:
– É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade da lingua-
gem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo
social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.
– É um objeto bem definido no conjunto heteróclito dos fatos de
linguagem. É a parte social da linguagem exterior ao indivíduo,
que não pode nem criá-la nem modificá-la; existe em virtude de
um contrato estabelecido entre os membros da comunidade.

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– é de natureza homogênea: constitui-se num sistema de signos em
que só existe a união da imagem acústica e sentido, em que as duas
partes do signo são igualmente psíquicas.
– constitui uma instituição social; um sistema de signos que expri-
mem ideias. (SAUSSURE, 1995, p.22-23)

2.3 O Signo Linguístico

• A unidade linguística, o signo, constitui-se da união de dois termos: o


significante e o significado.
• Não é uma coisa nem uma palavra; é uma unidade psíquica
• Signo é a combinação de significante e significado.
• Signo ̸= Símbolo: o signo é arbitrário, enquanto o símbolo não é
completamente arbitrário.
• Valor: o valor de um signo é dado pela relação com outro signo da
mesma natureza. É diferencial, porque é dado unicamente por rela-
ções e diferenças com os outros termos da língua.
Exemplo: o valor do radical com- ’comer’ tem o seu valor definido na
relação com outros radicais como beb- ’beber’, viv- ’viver’.

2.4 A mutabilidade e imutabilidade da língua

• Por que o fator histórico da transmissão domina a língua totalmente e


exclui toda transformação linguística geral e repentina? (SAUSSURE,
1995, p.86)

1. A arbitrariedade do signo - a massa falante não pode discutir-


lo.
2. A multiplicidade de signos - os signos linguísticos são inume-
ráveis.
3. A complexidade do sistema - a massa falante não é capaz de
transformar o sistema.

20
4. A resistência coletiva à renovação - a língua forma um todo
com a vida da massa social e esta, sendo naturalmente inerte,
aparece antes de tudo como um fator de conservação.

• Mutabilidade: o signo alterar-se porque continua no tempo. Isso


significa que a língua possui alterabilidade no tempo.
• Imutabilidade: ao passo que é a língua é mutável no tempo, é imu-
tável porque inatingível pelo indivíduo.

2.5 As Dicotomias Saussereanas

2.5.1 Sincronia versus Diacronia

• Linguística Comparativa e Histórica: comparativa porque a me-


todologia de trabalho está baseada na comparação de fenômenos lin-
guíticos que se realizam em línguas distintas.

– semelhanças entre línguas são sistemáticas.


– Comparando-se semelhanças e diferenças pode-se determinar um
grau de parentesco.
– Objeto de estudos: a mudança
– Resultados: é a reconstrução de uma ’língua-mãe’.
– Indo-Europeu: língua reconstruída pelo método histórico-comparativo.

• Saussure chama essa linguística que estuda a mudança de Linguística


Diacrônica
• Linguística Sincrônica vê a língua como sistema em que um ele-
mento se define pelos demais elementos. Do ponto de vista sincrônico,
um determinado estado de uma língua é isolado de suas mudanças atra-
vés do tempo e passa a ser estudado como um sistema de elementos
linguísticos.
• Fatos sincrônicos são gerais, mas não são imperativos. São gerais
porque estabelecem princípios de regularidade.

21
• Não são imperativos porque a regularidade sincrônica pode ser modi-
ficada com a mudança da língua.
• Fatos diacrônicos são imperativos porque se impõem à língua e se
realizam em todo o sistema.
• Diacronia é a sucessão de diferentes sistemas ao longo do tempo.

2.5.2 Língua versus Fala

• Língua opõe-se à fala.


• Língua:
– é coletiva
– é um dado social
– é sistemática
• Fala:
– é particular
– é um dado individual
– é assistemática
• Língua: sistema de signos organizado em que um signo se define pelos
demais signos do conjunto.

– sistema: conjunto de elementos.


– organizado: um elemento se define na relação com os outros.

• Fala: a execução da língua jamais é feita pela massa falante; é sempre


individual e dela o indivíduo é sempre senhor.(p.21)
• Para Saussure, Língua é forma e não substância:
Quando se observa a língua do ponto de vista sistemático, o que se
reconhece nela é uma estrutura. Esse conjunto de relações que as
unidade linguísticas mantêm entre si constitui uma forma. (Pietroforte,
p.83)
Exemplo: metáfora do jogo de xadrez.

22
• Fatos de Língua versus Fatos de Fala:
– Fatos de Língua: dizem respeito ao sistema
– Fatos de Fala: dizem respeito ao uso do sistema

2.5.3 Significante versus Significado

• Signo: relação entre uma imagem acústica e um conceito.


• Saussure demonstra que a relação não é entre palavras e coisas, mas
sim entre uma imagem acústica e um conceito, ou seja entre um sig-
nificante e um significado. A língua não é uma nomenclatura, mas
um princípio de classificação. (...) Do ponto de vista saussureano, o
mundo e suas coisas passam para um domínio que está fora dos estudos
linguísticos e a língua ganha uma especificidade própria.
• Significante é imotivado e arbitrário em relação ao significado.

– Não há nada na imagem acústica formada pela representação da


sequência de vogais e consoantes do signo /arvore/, o significante
que leve a uma relação direta com o conceito "árvore", o signifi-
cado. O significante não é motivado pela significado e essa relação
é, portanto, arbitrária.

• Linearidade do significante
– A realização do significante acontece no tempo em uma sucessão
em que um elemento segue o outro.

2.5.4 Sintagma versus Paradigma

• As relações entre os signos se dão em dois eixos: o eixo da combi-


nação (sintagma) e o eixo da seleção (paradigma)
• O Sintagma ou eixo das sucessões se compõe sempre de duas ou mais
unidades consecutivas. Neste eixo, não se pode considerar mais de uma
coisa por vez. Exemplo: re-ler; contra todos; a vida humana (Saussure,
p. 142)

23
• A relação sintagmática existe in praesentia; repousa em dois ou mais
termos igualmente presentes numa série efetiva. (Saussure, p. 142)
• O Paradigma ou eixo das simultaneidades refere-se a uma série de
elementos linguísticos suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enun-
ciado, se o sentido for outro.
• Refere-se às relações entre coisas existentes de onde toda intervenção
do tempo se exclui.
• A relação paradigmática (ou associativa) une termos in absentia numa
série mnemônica virtual. (Saussure, p. 143).

2.5.5 Forma versus Substância

• O papel característico da língua frente ao pensamento não é criar um


meio fônico natural para a expressão das ideias, mas servir de inter-
mediário entre o pensamento e o som, em condições tais que uma
união conduza necessariamente a delimitações recíprocas de unidades.
(SAUSSURE, 1995, p.131)
• A Linguística trabalha no terreno limítrofe onde os elementos das duas
ordens se combinam: esta combinação produz uma forma e não subs-
tância. (SAUSSURE, 1995, p.131)
Exemplo: metáfora do jogo de xadrez.
• um todo organizado que tem a estrutura linguística como um princípio
dominante” (HJELMSLEV, 2006, p.7)

2.6 Martinet: a dupla articulação da linguagem

• A dupla articulação da linguagem é um fator de economia lin-


guística, pois a partir de um número finito de unidades desprovidas de
significado pode-se formar centenas de unidades com significado e um
número infinito de sentenças. (MARTINET, 1970)

• Dupla Articulação da Linguagem - Martinet (1961)

24
– 1a Articulação: divisão em unidades mínimas significativas
– 2a Articulação: divisão em unidades não significativas

2.7 Coseriu: a noção de Norma

• Coseriu (1979) propõe a tríade língua vs. fala vs. norma.


– Língua é uma sistema funcional articulado com suas normas, ou
sejas, com suas variantes linguísticas.
– Lingua = língua (domínio de todos os falantes) + normas (vari-
antes, domínios de grupos sociais, regionais, etc.)
• Variantes Linguísticas:
– Diatópicas = variantes regionais do uso da língua.
– Diastráticas = variantes de diferentes grupos sociais.
– Diafásicas = variantes de situações de uso formal ou informal do
discurso.
– Diacrônicas = referem-se às diferenças linguísticas que aparecem
em decorrência da faixa etária dos falantes de um determinado
grupo.

25
2.8 Exercícios

2.8.1 Exercícios para Estudo - nº1

Baseando-se em sua leitura dos capítulos II, III, IV, V e o do capítulo "A Na-
tureza do Signo Linguístico", do Curso de Linguística Geral, de Ferdiannd de
Saussure, comente as afirmações abaixo, explicando-as ou delas discordando.

1. O signo é uma entidade de dupla face.


2. O signo une uma coisa e uma palavra.
3. Os elementos implicados no signo são ambos psíquicos.
4. O vínculo que une o significante ao significado é motivado.
5. A língua é um sistema heterogêneo.
6. O significante é a parte física do signo.
7. A fala é a execução da língua.

Tomando a perspectiva Saussureana como base teórica, responda as questões


sobre Linguística e Semiologia.

(a) Através de um esquema, esboce a relação entre a Linguística e a Semi-


ologia.
(b) Qual a diferença entre a Linguística e a Semiologia?
(c) Por quais razões Saussure situa a Semiologia no âmbito da Psicologia.
(d) Indique as passagens nas quais Saussure define língua ao longo do texto.
(e) Segundo Saussure, qual seria o objeto da Semiologia?

26
2.8.2 Exercícios para Estudo - nº2

Para cada conjunto de dados linguísticos, faça distinção das noções linguís-
ticas relativas aos seguintes pares conceituais de Sincronia e Diacronia, Sin-
tagma e Paradigma e Descrição e Prescrição. Explique sua escolha.

1. Diferenças fonéticas entre o Português Brasileiro (PB) e o Português


Europeu (PE).

PB ... PE
tinta [Ù]inta . . . [t]inta
diva [dZ]ireito . . . [d]iva

sal sa[w] ... sa[ë]


saltar sa[w]tar sa[ë]tar

partida p[a]rtida . . . p[5]rtida


pecar p[e]car . . . p[1]car

1. O português possui em seu sistema atual as consoantes palatais /S/,


/Z/, /L/ e /ñ/ que não faziam parte do sistema fonológico do latim.
Observe os exemplos a seguir:

Latim PB
passione > paixão
comestione > comichão
basiu > beijo
caseu > queijo
ervilia > ervilha
consilio > conselho
aranea > aranha
ciconia > cegonha

* Exemplos retirados de Coutinho (1954), publicados em sua Gramá-


tica Histórica, Rio de Janeiro.

27
2.8.3 Exercícios de Revisão dos Capítulos 1 e 2

Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F),


corrigindo as falsas.

1. ( ) Toda diversidade linguística pode ser observada na língua e não na


fala.
2. ( ) Uma das características da fala é a liberdade total.
3. ( ) O prestígio social é uma das razões do surgimento de padronização
linguística.
4. ( ) A escolha da variante padrão pelos falantes de uma língua é dada
por razões linguísticas.
5. ( ) A língua não é estática; está em constante mudança.
6. ( ) Os dialetos podem ser classificados em uma escala de valor a partir
de critérios linguísticos.
7. ( ) Mesmo que se observe diversidade linguística, pode-se dizer que há
uma homogeneidade subjacente a diferentes dialetos da mesma língha.
8. ( ) Na escola, o professor não deve ensinar nenhuma variante àquela
que o aluno já possui.
9. ( ) Variedades são o mesmo que línguas diferentes.
10. ( ) O falante de uma língua tende a usar sempre a mesma variedade,
independentemente do contexto social em que se encontra.
11. ( ) As variantes diatópicas não são frequentes em lugares de imigração
intensa.
12. ( ) O nível de escolaridade e a etnia são fatores sociais que tendem a
condicionar o uso de variantes linguísticas.
13. ( ) A existêmcia de variação é característica da manifestação escrita da
língua.

28
Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F),
corrigindo as falsas.

1. ( ) Somente as mudanças linguísticas, mas não as variações sincrônicas,


podem ser estudadas cientificamente.
2. ( ) Saussure, no estudo do fenômeno linguístico, fez a diferença entre
forma e substância e entendeu que a língua é substância.
3. ( ) A noção de valor, fundamental, segundo Saussure, para o entendi-
mento da ideia de sistema, foi por ele inadequadamente exemplificada
por analogia com um jogo de xadrez.
4. ( ) A arbitrariedade do signo linguístico significa a sua imposição, aos
falantes, por parte dos gramáticos.
5. ( ) Diz-se que a língua tem caráter linear porque suas unidades se
sucedem no tempo umas após as outras.
6. ( )Morfologia e Sintaxe são disciplinas linguísticas diferentes porque
têm objetos distintos: enquanto a primeira tem como objeto a estrutura
das sentenças, a segunda estuda o funcionamento das unidades mínimas
com significado.
7. ( ) A possibilidade de segmentar duplamente a linguagem significa
poder dividir suas unidades em palavras e sílabas.
8. ( ) A Semântica e a Pragmática têm o mesmo objeto de estudo.
9. ( ) Som e Fonema são unidades idênticas para a Ciência Linguística.
10. ( ) Diz-se que a língua é um sistema somente porque é composta por
diferentes unidades, como fonemas, morfemas e palavras, por exemplo.
11. ( ) As noções de certo e errado, bem como de falar corretamente inte-
gram os princípios da Linguística.

29
Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F),
corrigindo as falsas.

1. ( ) A Linguística tem como objeto todas as formas de comunicação


entre os homens.
2. ( ) A Linguística é uma ciência que estuda a linguagem duplamente
articulada.
3. ( ) A Linguística é uma ciência normativa.
4. ( ) A Linguística se ocupa da língua padrão.
5. ( ) A língua falada pelos trabalhadores rurais não interessa à Linguís-
tica, porque eles são, na maioria, analfabetos.
6. ( ) As línguas sofrem modificações com o passar do tempo e essas
alterações não implicam corrupção.
7. ( ) Apesar de suas alterações, as línguas se organizam em um sistema;
caso não fosse assim, seria impossível a intercomunicação.
8. ( ) A Linguística está relacionada com várias outras ciências, em virtude
da variedade de fenômenos implicados em seu objeto: física, fisiologia,
lógica, sociologia são algumas dessas ciências auxiliares.
9. ( ) Língua, segundo Saussure, é um sistema de valores de natureza
homogênea, coletivo e abstrato, que está depositado na mente de cada
falante de uma comunidade. A fala, ao contrário, refere-se ao ato
concreto de um falante usar a língua em uma situação específica de
comunicação.
10. ( ) Não se pode descrever a estrutura de uma língua, porque ela está
em constante evolução.
11. ( ) A Linguística Sincrônica estuda a língua num determinado mo-
mento, ou seja, dedica-se à descrição dos sistemas linguísticos om base
na ideia de simultaneidade.
12. ( ) A Linguística Sincrônica acompanha as mudanças que se operam
na passagem de um estado a outro de uma dada língua.

30
13. ( ) Pelos estudos comparados, conclui-se que o português é uma língua
de estrutura mais perfeita do que o inglês.
14. ( ) O signo linguístico é a união de conceito e imagem acústica.
15. ( ) O significante é o mesmo que conceito.
16. ( ) O significado e o significante não são capazes de construir, em
conjunto, uma unidade.
17. ( ) O linguista estuda a língua escrita; esta representa perfeitamente a
língua oral.
18. ( ) No século XIX predominou a descrição das línguas do ponto de
vista sincrônico.
19. ( ) A Linguística dever ser normativa, isto é, deve descrever apenas
a variedade linguística das camadas cultas, apresentando preceitos de
certo e errado.
20. ( ) As relações paradigmáticas ocorrem quando se dá a combinação de
formas para constituição de unidades linguísticas maiores.
21. ( ) Um sintagma é o conjunto de elementos linguísticos que estão re-
lacionados segundo um determinado critério (semântico, morfológico,
sintático, etc) e que são capazes de figurar num mesmo contexto, mas
se excluem mutuamente.
22. ( ) A especificidade da linguagem humana está na dupla articulação,
isto é, no fato de ela articular-se em dois planos.
23. ( ) No vocábulo porto, há cinco unidades discretas, sem significado
(fonemas), que aparecem na segunda articulação; na articulação no
nível do significado (primeira articulação), é que se chega ao conceito
"local aonde chegam ou de onde partem embarcações".

31
Capítulo 3

O Gerativismo
3.1 As noções de gramática

• Gramática Tradicional ̸= Gramática para a teoria linguística


Gramática Tradicional é um tipo de livro em que se encontrarm
regras sobre o que se deve o e que não se deve dizer, ao lado de uma
análise de certas estruturas sintáticas de uma língua e uma classificação
de suas formas morfológicas e léxicas (PERINI, 1976).

Acepções de Gramática para as Teorias Linguísticas:

1. Gramática é a explicitação (a descrição) de regras que determinam o


funcionamento da língua - explicita o mecanismo real da língua (o que
os falantes fazem - as construções da língua). Exemplos:
(a) Encontrei-o na aula.
(b) Encontrei ele na aula.
(c) *Encontrei na ele aula.

• Neste sentido, uma Gramática tem três finalidades:


(a) enumerar as sentenças de uma língua;
(b) fornecer, para cada sentença uma descrição estrutural (ou uma
análise);
(c) fornecer uma interpretação semântica das frases da língua.

32
2. Gramática é o conhecimento internalizado que cada falante tem da
sua língua. (PERINI, 1976). Gramática é o próprio mecanismo lin-
guístico; é o conjunto de regras dominado pelos falantes que lhes per-
mite o uso normal da língua. (PERINI, 1976).

3.2 Língua Natural versus Língua Formal

• Todos e apenas os seres humanos falam uma língua natural, o que


quer dizer que as línguas naturais têm uma ligação estreita com o que
é definidor da natureza humana: chamemos a esse dote da espécie de
"racionalidade humana".
• É toda língua humana, como o português, o inglês, ou o japonês, por
exemplo, em oposição às línguas artificiais/formais, como a notação
musical, as fórmulas lógicas, a linguagem de computador etc. (PIN-
KER, 2002, p.610)

Propriedades Diferenciadoras das Línguas Naturais

(a) Produtividade Ilimitada: infinidade de mensagens sobre um nú-


mero indeterminado de temas. As mensagens são ilimitadas em número
e também, teoricamente, em sua extensão.
(b) Independência de Estímulo: a linguagem humana não é determi-
nada pelo estímulo externo, isto é, a transmissão de uma mensagem
não acarreta uma determinada conduta. A função simbólica da lin-
guagem humana permite aos homens trocarem mensagens entre si, in-
dependente de terem ou não tido experiência pessoal com aquilo que é
veiculado no diálogo.
(c) Multiplicidade de Funções: línguas naturais não possuem uma fun-
ção comunicativa. Exercem múltiplas funções sociais, além de terem
uma função cognitiva (a de expressar o pensamento). O que há de co-
mum entre a linguagem humana e a linguagem animal é ser veículo de
comunicação. No entanto, o caráter único da linguagem humana está
na criatividade da linguagem humana, que pode expressar livremente
o pensamento, sem condicionamentos externos ou internos.

33
(d) Decomponibilidade: as mensagens linguísticas são decomponíveis
em unidades menores. É característico das línguas naturais o número
determinado de unidades mínimas.
(e) Arbitrariedade: ligação entre significante (imagem acústica) e sig-
nificado (conceito) de um lado, e entre o signo linguístico e o que ele
representa (seu referente).

3.3 Objetivo da Teoria Gerativa


• Marco Inicial: Syntactic Structures, de Noam Chomsky (CHOMSKY,
1957).
• A Teoria Gerativa pretende descrever e explicar a competência linguís-
tica do falante, explicitando os mecanismos gramaticais que subjazem
a ela.

3.4 Conceitos Importantes da Teoria Geraiva

3.4.1 Aspecto Criativo da Linguagem

• Só os seres humanos são capazes de combinar itens de um conjunto


de elementos segundo certos princípios básicos, que são em número
finito, de modo a gerar um número infinito de sentenças novas: isto
corresponde ao que chamamos de "aspecto criativo da linguagem"
(MIOTO; SILVA; LOPES, 2007)
• Produtividade ̸= Criatividade
Produtividade = caráter ilimitado
Criatividade = independência de estímulo

3.4.2 Falante/Ouvinte Ideal

• Os falantes/ouvintes têm a capacidade de relacionar a frase de uma


língua com outras que sejam sua negação ou paráfrase ou mesmo que
impliquem ou sejam por elas implicadas.

34
1. (a) Pedro virá.
(b) Pedro não virá.
(c) É falso que Pedro virá.

2. (a) Pedro disse que Maria virá.


(b) Foi dito por Pedro que Maria virá.

3. (a) A Amanda não está em primeiro lugar por acaso.


(b) A Amanda está em primeiro lugar e não é por acaso.
(c) A Amanda não está em primeiro lugar e é por acaso.

• Postular um falante/ouvinte ideal (e não os falantes/ouvintes reais)


permite à Teoria Gerativa prender-se ao seu objetivo de retratar o
conhecimento mentalizado que os falantes/ouvintes têm de sua lín-
gua, sua competência.

3.4.3 O Conhecimento Linguístico

• O conhecimento linguístico dos falantes/ouvintes é triplo e refere-


se:
1. às propriedades sintáticas, fonológicas e semânticas das sentenças
da língua;
2. à boa ou à má-formação (sintática, fonológica, semântica) de sequên-
cias;
3. ao esquematismo inato juntamente com suas regras, princípios e
condições (CHOMSKY, 1980 apud LOBATO, 1986).

3.4.4 Competência Gramatical e Competência Pragmática

• Competência Gramatical é o conhecimento que os falantes/ouvintes


têm da língua e da linguagem independente de qualquer informação ex-
tralinguística.

35
• Competência Pragmática ultrapassa o nível da informação sobre a
forma e o significado das sentenças, pois é o "conhecimento das condi-
ções e modos de uso apropriado, de conformidade com vários propósi-
tos". (CHOMSKY, 1980 apud LOBATO, 1986)

3.4.5 Gramaticalidade e Aceitabilidade

• Gramaticalidade refere-se à capacidade de os falantes nativos de


uma língua, baseados exclusivamente no conhecimento internalizado
do sistema linguístico, determinarem se uma sentença pertence ou não
à língua.

1. Eu vi aquela casa.
2. *Casa vi aquela eu.

Gramatical → sequências produzidas pela gramática da língua.


Diz respeito à obediência das regras sintáticas. Exemplo:

(a) Ele é viúvo, mas a mulher dele ainda não morreu.

Sentença gramatical, mas semanticamente mal-formada.


Agramatical → sequências proibidas pela gramática da língua,
isto é, mal-formadas sintaticamente.
• Aceitabilidade diz respeito aos julgamentos intuitivos dos falantes/ouvintes
sobre as sequências de sua língua em qualquer nível. Os julgamentos
são, em grande parte, baseados na gramaticalidade, mas incluem fato-
res associados ao desempenho, tais como limitação da memória, lapsos,
cansaço etc. (LOBATO, 1986)
• A gramática se ocupa da distinção gramatical/não-gramatical. A
pragmática, da distinção aceitável/não-aceitável.
• Vejamos os exemplos a seguir, extraídos de Lobato (1986):

1. O rapaz saiu.

36
2. O rapaz que o homem viu saiu.
3. O rapaz que o homem que a moça convidou viu saiu.
4. O rapaz que o homem que a moça que o João beijou convidou viu
saiu

3.4.6 Competência e Desempenho

• Competência

– É o que permite o falante decidir se uma sentença é gramati-


cal ou não é o que a Teoria Gerativa chama de competência.
(CHOMSKY, 1957, p.22-23)
– É o conhecimento inconsciente que toda pessoa tem da sua língua:
sistema de regras que a pessoa domina para ser capaz de produ-
zir e entender um número infinito de sentenças e de reconhecer
agramaticalidades e ambiguidades.
– É uma capacidade inata que permite aos seres humanos aprender
uma língua.
– É uma capacidade humana que torna possível que todo ser humano
seja capaz de interiorizar um ou vários sistemas linguísticos, isto
é, uma ou várias gramáticas.

• Desempenho (Performance)
– É o uso real da língua em situações concretas; é o resultado do que
ocorre quando o falante põe em uso a competência para produzir
frases.

3.4.7 Faculdade da Linguagem

• É o aparato genético, alocado no cérebro, que a Teoria Gerativa


pressupõe que o ser humano possui, que lhe permite adquirir e falar
uma língua — a faculdade da linguagem é, portanto, inata.

37
• Não é parte da inteligência como um todo, mas é específica, como
possibilidade especial para lidar com elementos presentes nas línguas
naturais e não quaisquer outros.
• Chomsky sugere que o estudo da mente humana seja feito segundo as
mesmas linhas de estudo da estrutura física do corpo. O órgão a se
considerar é o cérebro e os sistemas, ou estruturas, a analisar são os
integrantes da mente: os órgãos mentais.
• A hipótese é de que a mente/cérebro é modular, ou seja, é composta
de ’módulos’ responsáveis por diferentes atividades, o que equivale a
dizer que a parte do cérebro/da mente que lida com a língua tem espe-
cificidades frente àquela que lida, por exemplo, com a música. (p.24-25)
• A mente humana é um complexo sistema com vários componentes inte-
rativos (a Faculdade da Linguagem é apenas um deles). A Faculdade
da Linguagem é um órgão mental que integra a mente humana.
• A mente passa por uma sequência de estados sob as condições limita-
doras impostas pela experiência, atingindo finalmente um "estado es-
tável"numa idade relativamente fixada, um estado que então só muda
em aspectos marginais. (Chomsky, 1980b:45)

3.4.8 A Hipótese Inatista

• A tese de que há uma estrutura inata é denominada de Hipótese do


Inatismo
• Argumentos a favor do Inatismo:
1. A rápida aquisição de uma língua por uma criança dada alta com-
plexidade de uma língua natural
2. A limitada variação entre línguas: não há língua humana que não
compartilhe uma série de características relativas à sua organização
sonora, semântica e morfossintática.

38
3.4.9 Gramática Universal

• A Gramática Universal é uma caracterização do estado inicial da


Faculdade da Linguagem. Já a gramática de uma língua é caracte-
rização parcial do estado estável atingido porque os demais sistemas
cognitivos humanos também sofrem um processo de maturação, che-
gando a um estado estável.
• A linguagem humana é um tipo de sistema cognitivo, caracterizado
por certas propriedades genéticas, inatas, denominadas "gramática uni-
versal".

1. Quais são as propriedades da Gramática Universal


2. Qual a sua estrutura?

• A GU é constituída por princípios e parâmetros, estes últimos sem


valores fixados; é o estágio inicial de um falante que está adquirindo
uma língua. (p. 28)
• A GU, contendo princípios e parâmetros, reflete de maneira universal
a estrutura ou a organização da mente humana (e não as regularidades
entre as línguas). (p.35)

• Por que as línguas são diferentes?.

• Embora as línguas sigam princípios universais, estabelecem parâmetros


que lhe são particulares. (p. 26)
• Princípios → são leis gerais válidas para todas as línguas.
• Parâmetros → propriedades que uma língua pode ou não exibir e
que são responsáveis pela diferença entre as línguas.

– Princípios Universais
– Formação de Perguntas

39
(a) João viu Maria.
(b) Quem João viu?
(c) Miguel pensou que sua mãe tivesse dito a Pedro que João viu
Maria.
(d) Para quem Miguel pensou que sua mãe tivesse dito que João
viu Maria?

– Correferência
(a) P edroj acha que elej fala inglês muito bem.
(b) Elej acha que P edrok fala inglês muito bem.

– Exemplos de Parâmetros a serem fixados pelas línguas


– Fonologia
1. As sílabas da língua têm onset? Sim/Não (+/-)
2. As sílabas têm coda? Sim/Não (+/-)
3. Os onsets das sílabas da língua podem ser ramificados? Sim/Não
(+/-)
– Sintaxe
1. O sujeito é obrigatório? Sim/Não (+/-)

3.4.10 Recursividade

• Propriedade das línguas naturais de permitir a aplicação iterada/repetida


de regras ao gerar as sequências de da língua. Exemplo: coordenação
de um sintagma.
— João e Paula foram ao cinema.
— João e Paula e Ricardo foram ao cinema.
— João e Paula e Ricardo e Ana foram ao cinema.
— João e Paula e Ricardo e Ana e Afonso foram ao cinema.

3.5 Material Suplementar

• Discussão sobre Gramática Universal

40
3.6 Exercícios

3.6.1 Exercício para Estudo nº1

Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F),


corrigindo e comentando as falsas. Exercícios adaptados de Lobato (1986).

1. ( ) A língua escrita é superior à língua falada.

2. ( ) Para a Teoria Gerativa a aquisição da linguagem se dá por imitação.

3. ( ) Todas as sociedades humanas de que temos conhecimento falam línguas de


aproximadamente igual complexidade.

4. ( ) A Gramática Universal é o conjunto de princípios universais da estrutura lin-


guística que torna possível o aprendizado das línguas e que estabelece limites à
diversidade das línguas humanas.

5. ( ) A finalidade da língua, de acordo com a Teoria Gerativa, é servir à comunicação


e à expressão da cultura.

6. ( ) A língua escrita é uma transposição da língua falada.

7. ( ) Para Chomsky, as estruturas sintáticas das línguas humanas são produto de


características da mente humana, e não têm conexão significativa com a comuni-
cação.

8. ( ) Os povos de culturas primnitivas possuem línguas também primitivas.

9. ( ) A postulação de um falante/ouvinte ideal prende-se ao objetivo da Teoria


Gerativa de retratar os conhecimentos internalizados que os falantes/ouvintes reais
têm de sua língua.

10. ( ) Os princípios e os parâmetros com valores fixados (+/-) caracterizam a Gra-


mática Universal.

11. ( ) Toda sequência bem-formada em uma língua é gramatical e aceitável.

12. ( ) As línguas naturais estão sob controle de estímulos externos ou estados emoci-
onais internos. Essa característica é chamada de independência de estímulo.

13. ( ) O conhecimento mentalizado do sistema de regras de uma língua coincide com


o conhecimento oferecido pela Gramática Universal.

14. ( ) A Competência Pragmática diz respeito ao conhecimento que os falantes/ouvintes


têm da língua e linguagem, independente de informação extralinguística.

41
15. ( ) Gramaticalidade diz respeito à boa-formação estrutural (sintática, morfossin-
tática e fonológica).

16. ( ) Gramática Universal é o sistema abstrato e finito de regras de uma língua, que
permite gerar um conjunto infinito de sequências de uma língua.

17. ( ) Faculdade da Linguagem refere-se ao estado inicial do conhecimento linguístico.

42
3.6.2 Exercício para Estudo nº2

Determine se as sequências abaixo são gramaticais ou agramaticais, e aceitá-


veis ou inaceitáveis. Justifique sua resposta, embasando-a através da análise
da frase e das regras de constituição de sentenças do português. Exercícios
adaptados de Lobato (1986).

1. (a) Assustou o lutador saber que pode não ganhar o título se agredir o adversário.
(b) Assustou o lutador saber que pode não ganhar o título se quando o agridem
violentamente ele retruca à altura.
(c) Assustou o lutador saber que pode não ganhar o título se quando porque o
agridem violentamente ele retruca à altura o juiz ameaça.

2. (a) Que aprender química seja fácil não é óbvio.


(b) Que aprender química ser fácil seja evidente para ele não é óbvio.
(c) Que aprender química ser fácil ser evidente para ele não seja óbvio é claro.

3. (a) Que que Maria tenha dormido fora tenha irritado sua mãe é evidente.
(b) Que Maria tenha dormido fora tenha irritado sua mãe é evidente.
(c) Que Maria ter dormido fora tenha irritado sua mãe é evidente.

4. (a) O rapaz que a menina conhece é o Marcelo.


(b) O rapaz que a menina que o médico examinou conhece é o Marcelo.
(c) O rapaz que a menina que o médico que deu plantão examinou conhece é o
Marcelo.

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3.6.3 Exercício de Revisão nº1

Leias as afirmações abaixo e classifique-as em Verdadeiras (V) ou Falsas (F),


corrigindo e comentando as falsas.

1. ( ) O estudo comparativo das línguas evidenciou que elas se transformam com o


tempo. Este tipo de estudo forneceu as bases da Linguística Histórica.

2. ( ) Para Chomsky, performance refere-se ao conhecimento do sistema linguístico


do falante que lhe perimite produzir o conjunto de sentenças de sua língua.

3. ( ) A língua, para Saussure, é um sistema de signos que se relacionam organizada-


mente dentro de um todo.

4. ( ) Para Chomsky, a "Linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua


considerada em si mesma e por si mesma".

5. ( ) As semelhanças entre as línguas e grande parte das línguas europeias evidenciou


que existe entre elas uma relação de hierarquia nas suas constituições internas.

6. ( ) A Linguística se tornou uma ciência autônoma a partir da publicação do Curso


de Linguística Geral, obra em que Saussure definiu a língua como objeto da Lin-
guística e as tarefas dessa nova ciência.

7. ( ) Toda linguagem possui uma número finito de sons (e um número finito de sinais
gráficos que os representam, se for escrita).

8. ( ) Para Saussure, a língua é a parte individual da linguagem, interior ao indíviduo.

9. ( ) A definição de língua como uma estrutura constituída por uma rede de ele-
mentos, em que cada elemento tem um valor funcional determinado é dada pela
corrente linguística chamada de Gerativismo.

10. ( ) Para Chomsky, a língua é um sistema socializado, o que aproxima a Linguística


da Sociologia e da Psicologia Social. Saussure, no entanto, ao propor a noção de
competência — conhecimento linguístico internalizado — aproxima a Linguística
da Psicologia Cognitiva e da Biologia.

11. ( ) A dupla aritculação da linguagem refere-se à característica das línguas humanas


em articular sons e palavras.

12. ( ) As tarefas da Linguística, conforme Saussure, são, entre outras, descrever as


línguas, seus usos e determinar como os sistemas linguísticos devem ser.

13. ( ) A competência gramatical do falante permite que ele seja capaz de julgar os
dados de sua língua materna, classificando-os como pertencentes ou não à língua.

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14. ( ) Semiologia é a ciênica que estuda o significado do signo linguístico; estuda a
significação dentro do sistema linguístico.

15. ( ) A Fonética estuda os sons da fala humana (fones), descrevendo-os do ponto de


vista acústico articulatório e/ou perceptual.

16. ( ) A Neurolinguística é o ramo da Linguística que estuda a relação entre o com-


portamento linguístico e os processos mentais nele envolvidos.

17. ( ) A Pragmática é a diciplina que estuda a língua do ponto de vista de seu uso
concreto, de seus usuários e com relação ao contexto,

18. ( ) A tese de que há uma estrutura inata, um aparato genético alocado no cérebro,
— a faculdade da linguagem — que permite o ser humano adquirir e falar uma
língua é denominada de Hipótese Inatista.

19. ( ) Postular dois níveis de representação, a Forma Fonética (PF ou FF) o e a Forma
Lógica (FL ou LF), permitiu à Teoria Gerativa, explicar o paralelismo sintático e
a ambiguidade.

20. ( ) Uma das características que diferencia a linguagem animal da linguagem hu-
mana é o caráter decomponível desta última. Isso significa dizer que as mensagens
linguísticas humanas são decomponíveis em unidades menores, dadas em um con-
junto determinado de unidades mínimas.

21. ( ) O aspecto criativo da linguagem refere-se à capacidade humana de combinar


itens de um conjunto de elementos segundo certos princípios básicos, que são em
número finito, de modo a gerar um número infinito de sentenças novas.

22. ( ) Para o Gerativismo, a tarefa da Linguística é descrever as línguas naturais.

23. ( ) A seguinte frase está articulada em unidades com significado: /A/ /Lingu/ístic/a/
/estud/a/ /a/ /língu/a/ /e/ /sua/ /manifest/a/ção/ /n/o/s/ /fal/ant/e/s/ /d/o/
/pont/o/ /d/e/ /vist/a/ /empír/ic/o/ /e/ /objet/iv/o/.

24. ( ) A linguagem humana é um tipo de sistema cognitivo, caracterizado por certas


propriedades genéticas, inatas, denominadas "gramática universal".

25. ( ) A GU é constituída por princípios e parâmetros, estes últimos sem valores


fixados; é o estágio estável de um falante que está adquirindo uma língua.

26. ( ) As línguas são diferentes, de acordo com a Teoria Gerativa, porque cada língua
fixa um valor — positivo ou negativo — para o conjunto de princípios disponível
na gramática universal.

27. ( ) A hipótese de que a parte da mente/cérebro que lida com a língua tem espe-
cificidades frente àquela que lida, por exemplo, com a música, dá sustentação à
compreensão de que mente é modular.

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28. ( ) Considere as sentenças:
1) O rapaz que o homem viu saiu.
2) O rapaz que o homem que a moça convidou viu saiu.
Baseando-se no seu conhecimento linguístico e no funcionamento do português,
pode-se dizer que a primeira é gramatical e aceitável, enquanto a segunda é agra-
matical e inaceitável.

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Referências Bibliográficas

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CHOMSKY, N. Rules and representations. Behavioral and brain sciences, Cambridge


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Único.

FRISCH, K. V. Die tänze der bienen. In: Tanzsprache und Orientierung der Bienen.
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Martins Fontes, 2002.

SAUSSURE, F. d. Curso de Linguística Geral. 20. ed. [S.l.]: Editora Cultrix, 1995.

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