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CURSO DE LETRAS - DISCIPLINA: MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA - PROFA NÍVIA NAVES GARCIA – ESQUEMAS DO 1º BIMESTRE

CURSO DE LETRAS UNIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE MORFOSSINTAXE


MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA Bibliografia: SAUTCHUK (1 O que é morfossintaxe, p. 1-7)
PROFA NÍVIA NAVES GARCIA PERINI (2.2.1.1 Fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, p. 49-50)
ESQUEMAS DO 1º BIMESTRE
Níveis de análise linguística
SUMÁRIO UNID. DE
NÍVEL CONCEITO
POR QUE “MORFOSSINTAXE”? 2 ANALISE
O QUE PROPÕE A TRADIÇÃO 3 Estudo dos sons que distinguem palavras da
Fonológico Fonema
O QUE PROPÕEM AS PESQUISAS 4 língua.
CLASSES: HIPÓTESES OU FATOS? (PERINI) 5 Estudo da estrutura e dos processos de
Morfológico Morfema
1. De aves e hipóteses .................................................................................... 5 formação de palavras da língua.
2. Classificando palavras ................................................................................ 5 Estudo das relações entre as palavras, para
3. A gramática é feita de hipóteses ................................................................ 6 Sintático formar sintagmas e entre sintagmas, para Sintagma
4. O que é que é tão difícil? ............................................................................ 6 formar sentenças.
5. As hipóteses e a estrutura da língua ......................................................... 6 Estudo do significado dos constituintes
Semântico Sema
6. Reaprendendo as classes .......................................................................... 6 linguísticos.
7. Cada forma pertence a uma (e só a uma) classe ..................................... 6
A CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS PALAVRAS 6 A língua se rege na relação harmônica entre esses aspectos.
AS CLASSES DO INVENTÁRIO ABERTO ...................................................... 6
“Todo usuário da língua concretiza seus atos de fala exercendo sua
1. Substantivo ................................................................................................ 6
competência comunicativa, produzindo textos (orais e escritos), baseado nessas
2. Adjetivo ...................................................................................................... 7
unidades e orientado pela força intrínseca das leis fonológicas, morfológicas,
3. Verbo .......................................................................................................... 7
sintáticas e semânticas que as organizam ou que as autorizam.” (p. 2)
4. Advérbio ..................................................................................................... 7
AS DEMAIS CLASSES DE PALAVRAS (INVENTÁRIO FECHADO) ............. 8 As regras fonológicas, morfológicas e sintáticas são intrínsecas à língua, ou
5. Interjeição ................................................................................................... 8 seja, são específicas dela, ditam o que pode ou não pode. Já as regras semânticas
6. Determinantes ............................................................................................ 8 servem para relacionar as construções da língua ao mundo extralinguístico.
7. Substitutos ................................................................................................. 8
As construções da língua, desde que obedeçam às regras gramaticais
8. Quantificadores .......................................................................................... 8
dessa mesma língua (fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas), são
9. Relatores .................................................................................................... 9
chamadas de gramaticais ou bem formadas.
10. Auxiliares .................................................................................................. 9
10.1. Preposições ...................................................................................... 9 1. *Meus todos os amigos são divertidos. (sintaxe)
AS PARTÍCULAS QUE, SE E COMO ............................................................ 11 2. Meus amigo são demais. (padrão)
3. Me dá um chops e dois pastel. (padrão)
4. beber o pastel (semântica)
5. *Seu cachor está doente. (morfologia)
Todos os falantes, acessando sua gramática internalizada, sabem que a
sentença 6 ‘parece’ português’:
6. *As falemas do fanto mevem em fiscos.
As unidades linguísticas se organizam em um nível hierárquico, segundo sua
complexidade:
MORFEMA  VOCÁBULO  SINTAGMA  FRASE  TEXTO

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Os morfemas têm como função nomear os elementos básicos do nosso o menino triste (um gramema e dois lexemas = sintagma nominal)
mundo ou relacionar esses elementos, que são três:
O criminoso saiu impune. (sintagmas que formam uma sentença)
OBJETOS (substantivos)
QUALIDADES (adjetivos)
2º - “na língua, as formas se definem em oposição a tantas outras que com elas
AÇÕES (verbos)
mantenham a mesma função”
Os morfemas que nomeiam os elementos do nosso mundo (substantivos,
Ex.: lata e bata (substantivos)
adjetivos e verbos) são os morfemas lexicais ou lexemas.
partiram e partais
Os morfemas que servem para estabelecer relação entre os elementos
nomeados são os morfemas gramaticais ou gramemas. estes lobos e seus lobos
Como estamos sempre nomeando coisas que passam a fazer parte do
nosso mundo, os lexemas são um conjunto teoricamente infinito de palavras, e por O falante produz seus enunciados sempre baseado em duas operações:
isso constituem o inventário aberto.
- a ESCOLHA das formas linguísticas que comporão o enunciado
Os gramemas são um conjunto teoricamente finito de palavras, e por isso
- a RELAÇÃO que essas formas vão estabelecer entre si no enunciado
constituem o inventario fechado.
• Se os gramemas compõem a estrutura de um vocábulo, são chamados
Escolha
gramemas dependentes – afixos, vogais temáticas e desinências.
O falante escolhe em uma ‘lista’ de gramemas e lexemas, ou seja, entre o acervo
• Se os gramemas sozinhos constituem um vocábulo, são chamados
fechado e o aberto.
gramemas independentes – artigos, pronomes, numerais, preposições,
conjunções. As unidades a escolher estão ausentes do discurso. Por isso, fazem parte do eixo
paradigmático.
A classificação dos vocábulos em gramemas e lexemas é melhor que em
palavras variáveis e invariáveis, pois evidencia a função que cada um tem na Paradigma: conjunto de elementos linguísticos que podem ocorrer nos mesmos
sintaxe da língua. ambientes.
7. O livro preferido de vários alunos caiu sobre a mesa.
G L L G G L L G G L Relação
EXERCÍCIO: Classifique os vocábulos abaixo como gramemas ou lexemas: O falante estabelece a relação entre os vocábulos em uma linha horizontal que,
no caso do português, constrói-se da esquerda para a direita – é a cadeia falada.
a) Dois pássaros de Fernando fugiram da gaiola.
b) Talvez faça frio à noite. Ao escolher os vocábulos, o falante estabelece uma relação entre eles para que
eles possam estar presentes no discurso. Por isso fazem parte do eixo
c) A mãe da minha cunhada telefonou para seu pai.
sintagmático.
d) Os sentimentos bons fazem bem ao espírito.
Sintagma: resultado da combinação de um determinante e de um determinado.
e) Alguém pode me dizer as horas?

POR QUE “MORFOSSINTAXE”?


Há dois princípios linguísticos que justificam o estudo morfossintático:
1º - “nada na língua funciona sozinho”
Ex.: trist- (lexema ‘puro’) e –e (desinência, gramema dependente)

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Quase todos os vocábulos podem ainda receber outro “corte” vertical, para que UNIDADE 2 – AS CLASSES DE PALAVRAS
sejam escolhidos outros morfemas possíveis:
Bibliografia: SAUTCHUK (2 A classificação morfológica das palavras, p. 11-33)
PINILLA, M. A. (Classes de Palavras, p. 169-183)1
http://www.pead.letras.ufrj.br/

O QUE PROPÕE A TRADIÇÃO


Na antiguidade
Aristóteles: estabelecimento das classes dos nomes, verbos e partículas.
Podemos dizer, então, que todo recorte feito “na vertical” estará envolvendo um Dionísio da Trácia (A arte da gramática): nome, verbo, conjunção, artigo, advérbio,
estudo morfológico da língua. Da mesma forma, todo estudo que se fizer preposição, pronome e particípio).
envolvendo as relações do eixo sintagmático será de caráter sintático. Ao
produzir enunciados, entretanto, acionamos os dois eixos simultaneamente, em Na atualidade
operações morfossintáticas. As gramáticas normativas seguem a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB),
de 1958, que identifica dez classes de palavras: substantivo, artigo, adjetivo,
EXERCÍCIO: Escolha as formas nos paradigmas abaixo e relacione-as numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição.
sintaticamente. Flexione os nomes em gênero (masc/fem) e número (sing/pl) e os
verbos em tempo/modo e número/pessoa como achar melhor. Os gramáticos reconhecem a importância de considerar as palavras segundo os
3 aspectos (formal ou mórfico, funcional ou sintático e semântico). Entretanto, na
maioria das vezes definem as classes com base no critério semântico, às vezes
também pelo morfológico.
Definições encontradas em gramáticas e livros didáticos
Substantivo - é o nome de todos os seres (critério semântico) que existem ou que
imaginamos existir.
________________________________________________________________ Adjetivo - é toda e qualquer palavra que, junto de um substantivo, (critério
________________________________________________________________ funcional) indica uma qualidade, estado, defeito ou condição (critério semântico).

________________________________________________________________ Numeral - é a palavra que dá ideia de número (critério semântico).


________________________________________________________________ Artigo - é a palavra que antecede o substantivo (critério funcional) e indica o seu
gênero e número, (critério morfológico) individualizando-o ou generalizando-o
________________________________________________________________ (critério semântico).
________________________________________________________________ Pronome - é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo (nome),
________________________________________________________________ (critério funcional) em relação às pessoas do discurso (critério morfo-semântico).
Verbo - é a palavra que pode sofrer as flexões de tempo, pessoa, número e modo.
(critério morfológico) (...) é a palavra que pode ser conjugada; indica
essencialmente um desenvolvimento, um processo (ação, estado ou fenômeno)
(critério semântico).

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VIEIRA, Silvia R.; BRANDÃO, Silvia F. Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007.
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Advérbio - é a palavra invariável, (critério morfológico) que modifica Travaglia (2003) ressalta que os professores trabalham muito os conceitos, mas não o emprego das
essencialmente o verbo (critério funcional), exprimindo uma circunstância (tempo, palavras no discurso. Lembra, também, que a linguística vem estabelecendo a classe dos
modo, lugar etc.) (critério funcional). marcadores conversacionais e a dos operadores argumentativos.
Preposição - é a palavra invariável (critério morfológico) que liga duas outras Dias (2002) discute 2 problemas no ensino das classes, decorrentes de 2 tendências:
palavras entre si (critério funcional), estabelecendo entre elas certas relações ▪ Evidenciar o conceito gramatical: existem diferenças nos conceitos das classes nas
(critério semântico). gramáticas escolares e nos livros didáticos.
Conjunção - é a palavra invariável (critério morfológico) que liga orações, ou, ▪ Apagar o conceito: é necessário minimizar o papel da gramática no ensino de língua
ainda, termos de uma mesma função sintática (critério funcional). materna.
Interjeição - é a palavra invariável (critério morfológico) que exprime emoção ou A solução: o professor deve saber relacionar os estudos publicados e os trabalhos desenvolvidos
sentimento repentino (critério semântico). em sala junto com os alunos.
Algumas propostas de classificação
O QUE PROPÕEM AS PESQUISAS
D’Ávila (1997) – Gramática da língua portuguesa: uso e abuso.
Mattoso Câmara Jr (1970) – Critério “compósito” (considera a forma e o sentido):
Considera a relação entre forma e sentido e acrescenta a função da palavra na frase, apresentando
▪ Há nomes que funcionam como: substantivos, adjetivos, advérbios o seguinte quadro-resumo.
▪ Há pronomes, que funcionam como: nomes, adjetivos, advérbios Quadro 1. Classes de palavras segundo D’Ávila (1997)
▪ Há verbos
▪ Há conectivos
Barrenechea (1963) – critério funcional (sintático)
▪ Categoria 1 (palavras com função sintática): verbos, substantivos,
adjetivos (inclusos os artigos), advérbios, coordenantes, subordinantes.
Os pronomes se encaixam ora entre os substantivos, ora entre os
adjetivos e ora entre os advérbios.
▪ Categoria 1 (palavras sem função): relacionantes (pronomes relativos) e
verbóides.
Schneider (1974) – critério formal (morfológico)
▪ Vocábulos com derivação: substantivo, adjetivo, numeral, verbo,
advérbio Quadro 2. Proposta de classificação com base nos três critérios
▪ Vocábulos sem derivação: preposição, conjunção, pronome
Neves (1990) – critério morfossintático
▪ Itens gramaticais (classes fechadas)
▪ Itens lexicais (classes abertas)
Fernandes (1998) – critério morfossintático
▪ Classes nucleares: são núcleo de uma função sintática
▪ Classes periféricas: são determinantes do núcleo
▪ Classes conectivas: fazem conexão entre 2 termos
Considera que a função de cada vocábulo é determinada pelo contexto.
Problemas atuais no ensino das classes gramaticais

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UNIDADE 2 – AS CLASSES DE PALAVRAS


CLASSES: HIPÓTESES OU FATOS? (PERINI)
PERINI, Mario. Fatos e hipóteses. In: ______. Princípios de linguística descritiva.
São Paulo: Parábola, 2006. p. 27-33.

É muito comum tomarmos um compêndio gramatical como um conjunto de


fatos sobre a língua, ou seja, de verdades indiscutíveis. Mais difícil que aprender
as ideias da gramática, é desaprender as noções incorretas que elas encerram.

1. De aves e hipóteses
Um zoólogo observa 2 fatos em uma ilha:
- aves verdes que comem frutas e sementes;
- aves negras que comem aves verdes, insetos e répteis.
A partir desses fatos, ele constrói uma hipótese: as aves da ilha se dividem
em vegetarianas e carnívoras, sendo que as verdes são vegetarianas e as negras
são carnívoras.
Os fatos são incontestáveis, mas a hipótese pode ser verdadeira ou não.
Posteriormente, o zoólogo pode observar que algumas aves negras também
comem plantas, ou que algumas aves verdes também são carnívoras. Nesse
caso, ele precisará reformular sua hipótese, pois na ilha há 3 tipos de aves e não
2: as carnívoras, as vegetarianas e as onívoras.
Como não podemos observar todos os fatos, toda hipótese é passível de
ser reformulada.
O exemplo das aves é fácil de entender porque nunca estudamos essas
aves. Mas o que dizer da língua, que já estudamos segundo hipóteses que já
foram derrubadas?

2. Classificando palavras
O pesquisador da vez é o linguista. Ele observa, na língua, que:
- há palavras que designam coisas, como livro e folha; e
- há palavras que atribuem qualidade às coisas, como interessante e
murcha.
A partir desses fatos, ele constrói uma hipótese: as palavras da língua se
dividem em duas classes, a saber, as que designam coisas (que ele chama de
“substantivos”) e as que qualificam essas coisas (que ele chama de “adjetivos”).
Muitas vezes pensamos que é um fato que livro é um substantivo e
interessante é um adjetivo – mas isso é uma hipótese. O fato é que o primeiro dá
nome e o segundo qualifica nomes.

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Por ser hipótese, essa classificação pode ser – e já foi – contestada. Há classificação das palavras, estamos também fazendo hipóteses sobre a estrutura
palavras que podem tanto nomear coisas quanto qualificar coisas, como velho em do conhecimento em nossa memória.
aquele velho e em um livro velho. Essas palavras pertencem a uma terceira classe,
implodindo a dicotomia da gramática tradicional: a das palavras que podem tanto 6. Reaprendendo as classes
nomear coisas quanto qualificar coisas. Assim como um estudante de medicina tem que se acostumar com a ideia
Assim como o zoólogo teve que adequar sua hipótese para 3 classes de de que tomar chuva não causa gripe, um estudante de linguística tem que se
aves, o linguista precisa considerar, a partir de então, essa terceira classe ainda acostumar com a ideia de que a classificação das palavras não se dá,
sem nome, mas que pode ser provisoriamente chamada de “ambivalente”. simplesmente, para todos os efeitos, em mais ou menos dez classes.
Outros exemplos de ambivalentes: amigo, trabalhador, jovem, cego, As classes agrupam palavras que reúnem um conjunto de características
brasileiro. (traços) determinadas. Acionamos esses traços da forma como nos convém, e é
por isso, por exemplo, que podemos reconhecer um amigo chegando apenas por
3. A gramática é feita de hipóteses um de seus traços.
As classes não “existem” na língua – o que existem são os sons da fala e
os significados a eles atribuídos. 7. Cada forma pertence a uma (e só a uma) classe
Se admitimos que livro e velho tem comportamentos gramaticais diferentes Muitos gramáticos percebem a inadequação da doutrina tradicional e
(porque velho pode exprimir qualidade e livro não), assim como velho e procuram uma saída vinculando a classificação das palavras a um contexto.
interessante, então a gramática que só fale de 2 classes para esse grande grupo (1) Meu amigo vai telefonar às oito horas.
que chamamos de nominais (substantivos, adjetivos e ambivalentes) será
(2) Eu sempre prefiro consultar um médico amigo.
deficiente.
Ora, se amigo tem a soma do potencial funcional de palavras como mesa,
Só vale estabelecer classes se for para agrupar palavras que têm
e do potencial de palavras como estomacal, temos que amigo pode desempenhar
comportamento semelhante.
mais de uma função, mas não pode pertencer a mais de uma classe.
Os conceitos gramaticais – sujeito, verbo, oração – são entidades
hipotéticas, criadas para descrever a língua. Os fatos são coisas observáveis: o Lembrando Saussure, classe é uma relação paradigmática (as palavras se
brasileiro diz o livro e não *a livro; o passado de corro é corri; velho pode tanto agrupam em listas) e função é uma relação sintagmática (as palavras funcionam
designar um ser quanto uma qualidade. em relação a outras, em um dado contexto).
O trabalho do linguista é formular hipóteses fundamentadas em fatos, a fim
de traçar uma imagem compacta da língua. No entanto, todas as hipóteses podem
ser questionadas, seja pela descoberta de novos fatos, seja pelo surgimento de A CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS PALAVRAS
novos fatos. Por exemplo, a hipótese da concordância de gênero entre o artigo e Bibliografia: SAUTCHUK, Inez. A classificação morfológica das palavras. In: ______.
o nome a que ele se refere, ou a concordância de número entre o verbo e o nome Prática de Morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. São Paulo:
com o qual se articula. Manole, 2003. p. 11-33.
AS CLASSES DO INVENTÁRIO ABERTO
4. O que é que é tão difícil?
Quem se pretende um linguista, tem de se libertar do preconceito de que as Segundo a tradição gramatical, com a qual Sautchuk concorda no que se refere à
classificação das palavras, é muito difícil dizer que uma determinada palavra será sempre
afirmações da gramática são todas factuais (incontestáveis). Exemplo: o passado
um substantivo ou um adjetivo. Muitas vezes, é o contexto de ocorrência que muitas vezes
de corro é corri, mas e o subjuntivo de pôr na 1ª p/singular – é pôr ou puser? irá determinar a que classe pertence um item lexical.
1. Substantivo
5. As hipóteses e a estrutura da língua
Além de substituir a listagem completa dos dados da língua, as hipóteses O melhor critério para a classificação de um substantivo é o sintático:
servem para nos revelar as grandes linhas da estrutura da língua. Se a língua está
Substantivo é a palavra que se deixar anteceder pelos determinantes.
de alguma forma programada em nossa mente, ao hipotetizarmos sobre a
1.2. Determinante
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Por seu turno, determinante é todo gramema independente que se liga ao substantivo para EXERCÍCIO: Localize os adjetivos no texto de Drummond acima.
situá-lo espaço-temporalmente ou delimitar seu número.
São os artigos (definidos e indefinidos), os pronomes possessivos e demonstrativos e os
numerais cardinais e ordinais, o relativo cujo e os pronomes indefinidos algum, alguma, 3. Verbo
alguns, algumas, nenhum, nenhuma. Por um critério mórfico, somente os verbos podem receber desinências de número, pessoa,
Teste: atribua determinantes aos constituintes da sentença abaixo e veja quais aceitam vir tempo e modo.
acompanhados por eles. Estes são os substantivos. Por um critério sintático e por eliminação das pistas para identificar substantivos e adjetivos,
(1) Não é função popular impedir reajustes de preço na próxima temporada. os verbos não se deixam anteceder por determinantes ou pelo intensificador “tão”.

a, uma, minha, esta – função Somente as formas nominais do infinitivo impessoal, do gerúndio e do particípio, quando
substantivadas ou adjetivadas, admitem ser determinadas ou intensificadas:
os, uns, seus, aqueles – reajustes
(5) O doce balançar das folhas parecia música ao longe. (substantivo)
o, um, nosso, esse – preço
(6) Não tome leite fervendo! (adjetivo)
a, uma, sua, essa, nenhuma – temporada
(7) Aquele trabalhador parecia bastante esforçado. (adjetivo)
Os determinantes podem transformar qualquer item lexical em substantivo:
No entanto, é um critério sintático o que se mostra mais eficaz para identificar os verbos:
(2) Meu sofrer é proporcional aos seus nãos.
Verbo é a única palavra que pode articular-se com pronomes retos.
(3) O com pode ser uma palavra bem comunicativa.

EXERCÍCIO: Localize os verbos no texto de Drummond, aplicando o teste de


EXERCÍCIO: Leia o texto a seguir e grife os substantivos. verificação da possibilidade de articulá-los a pronomes retos.
O mundo é feito de consumidores, servido por alguns criadores. O desequilíbrio é
dramático, e só não determina a frustração universal porque não nos damos conta de
nossa impotência criadora, e até nos iludimos, atribuindo-nos uma impotência 4. Advérbio
imaginária.
Sautchuk ressalta a dificuldade de fazer uma descrição e uma classificação dos advérbios,
Carlos Drummond de Andrade por sua mobilidade semântica e funcional. Ainda assim, faz algumas generalizações:
Sintaticamente, os advérbios articulam-se com verbos, adjetivos e com os próprios
advérbios. O problema desse critério é que ele pressupõe uma classificação prévia dos
2. Adjetivo
verbos, adjetivos e dos próprios advérbios, o que não é nada eficiente.
O critério que dá conta da classe dos adjetivos é morfossintático: Uma característica diferenciadora dos advérbios leva em conta o critério mórfico: ele é
Adjetivo é a palavra variável em gênero e número que se deixa anteceder pelos sempre uma palavra invariável em gênero e número.
intensificadores “tão”, “bem” ou “muito” (conforme o contexto) e articula-se com um Morfossintaticamente, podemos dizer que:
substantivo.
Advérbio é toda palavra invariável em gênero e número que se deixa anteceder por um
Além disso, somente os adjetivos podem receber o sufixo –mente para gerar um advérbio intensificador (tão, bem ou muito).
nominal.
Teste: insira intensificadores (tão, bem ou muito) antes dos supostos advérbios:
Teste: flexione em número e insira um intensificador antes dos itens lexicais em (1), (2) e
(3) para localizar quais são os adjetivos. (8) Caminhávamos depressa, pois era tarde. (= tão depressa/era tão tarde)
Este teste funciona com qualquer palavra adjetiva ou adjetivada: (9) Longe ficava a casa. (=Bem/tão longe ficava a casa)
(4) Ele não é homem para isso. (=Ele não é tão homem para isso) (10) Ela precisa falar agora. (=Ela precisa falar bem agora)
Esse mecanismo também funciona em casos de “adverbialização de adjetivos”:
(11) Eles devem falar bem claro a respeito do roubo.
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(12) Não pagamos tão caro por frutas tão caras. AS DEMAIS CLASSES DE PALAVRAS (INVENTÁRIO FECHADO)
É interessante notar que, enquanto o adjetivo é o grande modificador do substantivo, o Uma vez que estudamos os substantivos, os adjetivos, os verbos e os advérbios, podemos
advérbio é o grande modificador do adjetivo: dizer que as outras classes de palavras constituem um inventário fechado e por isso podem
ser memorizadas (artigos, pronomes, numerais, preposições, conjunções e interjeições).
(13) Ser meigamente atuante. Sautchuk propõe uma nova forma de reagrupá-las em categorias mais eficientes. Veremos
sua proposta, mas antes faremos algumas observações sobre as interjeições.
(14) Ser absurdamente inteligente.
5. Interjeição
(15) Estar estonteantemente vestido.
É um vocábulo ou expressão lançada entre os outros elementos da oração, sem
(16) Estar preocupantemente sonolento.
estabelecer relação sintática com nenhum de seus termos. Podem ser:
▪ . tons vocálicos: hum, hein, ah, ai...
EXERCÍCIOS ▪ . palavras: olá, puxa, bravo, caraca...
1. Dadas as frases abaixo, diga qual é a classe de X e qual o critério de classificação: ▪ . locuções: ora bolas, ai de mim, fala sério, cruz credo...

a) Todos os X que eu vi estão muito desbotados. São consideradas palavras-frase, pois constituem verdadeiras orações:

b) Por favor, chame aquele X lá atrás. Oh! = estou admirado [Oh! Você chegou?]
Ai! = sinto dor [Ai! Esse pé é meu!]
c) O X torto caiu.
Oba = estou muito contente [Oba! Posso sair?]

2. Idem para armuztab. Psiu! = fique quieto [Psiu! Pedrinho está dormindo!]

a) O casaco armuztab foi lavado ontem. Finalidade dos gramemas independentes


b) Ele sempre foi armuztab. Os gramemas independentes podem ser agrupados segundo seu papel morfossintático.
Esse reagrupamento se mostra melhor que a classificação tradicional ao enfocar a função
c) Bem que ele dizia que sua mãe era brava e armuztab. que cada gramema tem na sentença, em vez de fazer uma mera observação sobre sua
(in)variabilidade em relação à morfologia de gênero e número.
3. Observe o conceito de advérbio em Celso Cunha: “estas palavras que se juntam a Assim, temos que os gramemas independentes podem funcionar como:
verbos para exprimir circunstâncias em que se envolve o processo verbal, e a
6. Determinantes
adjetivos, para intensificar uma qualidade, chamam-se advérbios”. Analise as frases
abaixo e comente. São os itens lexicais que (in)determinam, especificam um substantivo:
a) artigos: o, a, um, uma (e seus plurais)
a. [Provavelmente o João] doou os jornais para a biblioteca. (não a Maria)
b) pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso (os quais variam em gênero e
b. O João [provavelmente doou] os jornais para a biblioteca. (não vendeu) número)
c) pronomes demonstrativos: aquele, esse, este, (que variam em gênero e número)
c. O João doou [provavelmente os jornais] para a biblioteca. (não as revistas)
d) alguns pronomes indefinidos (em posição adjetiva): outro, certo, quanto, qualquer (os
d. O João doou os jornais [provavelmente para a biblioteca]. (não para a escola) quais variam em gênero e número).
e) o pronome relativo cujo (que varia em gênero e número)
4. Seria possível fazer descrição gramatical (estudar os processos de formação de 7. Substitutos
palavras, por exemplo) sem a noção de classes gramaticais? Comente.
São os pronomes em posição substantiva, como os retos (eu, tu, ele...), os oblíquos (me, mim,
comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo...),os demonstrativos isto, isso, aquilo (que são
5. Verifique em uma gramática normativa a definição de advérbio e diga quais foram invariáveis) e os indefinidos invariáveis outrem, algo.
os critérios utilizados.
8. Quantificadores
São os itens lexicais que denotam quantidade:
a) numerais cardinais
b) alguns advérbios: muito, pouco, demais
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c) alguns pronomes indefinidos (em posição adjetiva): algum, nenhum, muito, todo, São elas:
pouco, vário, tanto, bastantes (os quais variam em gênero e/ou número), alguém, conforme (= de acordo com), consoante, segundo, durante, mediante, visto (=
ninguém, tudo, nada, cada (os quais não variam) devido a, por causa de), como, etc.
9. Relatores
Chamados por outros linguistas de conectivos, esses itens servem para relacionar, unir Locuções Prepositivas, o que são: São expressões com função de Preposição.
palavras e/ou orações. São as preposições e conjunções: Em geral são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + Preposição:
a) preposições (são itens ou conjunto de itens lexicais que denotam uma idéia de
espaço, tempo ou noção (de posse, de assunto etc.)): a, após, até, com, contra, de, Veja-as abaixo:
desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, bem como as locuções abaixo de, acima de, a fim de, além de, a par de, apesar de, atrás de, através de,
prepositivas. antes de, junto de, junto a, embaixo de, em frente de, em frente a, em cima de, em
b) conjunções (itens lexicais que coordenam palavras e/ou orações ou subordinam uma face de, longe de, defronte a, a instâncias de, de acordo com, por causa de, por
oração a uma principal): quando, mas, e, ou, pois, porque, como, embora, posto que, trás de, não obstante (= apesar de), para com (o respeito para com os mais
desde que, enquanto, se, conforme, à medida que, etc. velhos), a despeito de (=apesar de), devido a, em virtude de, em atenção a, em
10. Auxiliares obediência a, a favor de, até a (foi até à porta), sob pena de, etc.
São verbos que participam de uma forma finita ou não finita de outro verbo, como ser, estar,
ter, haver. 1) A Preposição a combina-se com os artigos e pronomes demonstrativos o, os e
com o advérbio onde, dando: ao, aos, aonde.
EXERCÍCIO: Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. »2) As Preposições a, de, em, per contraem-se com os artigos e, algumas delas,
( 1 ) Determinante a. ( ) Vou fazer o jantar. com certos pronomes e advérbios. Eis alguns exemplos:
( 2 ) Substituto b. ( ) Algumas pessoas chegaram tarde. a+a=à
a + as = às
( 3 ) Quantificador c. ( ) Nossas roupas ficaram molhadas.
a + aquele = àquele
( 4 ) Relator d. ( ) Uau, que máquina!
a + aquela = àquela
( 5 ) Auxiliar e. ( ) Ele sofreu, contudo vai sobreviver.
a + aquilo = àquilo de + o = do
( 6 ) Interjeição f. ( ) Mas tu é besta, hein? de + ele = dele
de + este = deste
Exercícios Comentados 1 (p. 26 da 3ª ed.). de + isto = disto
Exercícios de Aplicação 1 (p. 28 da 3ª ed.). de + aqui = daqui em + esse = nesse
em + o = no
em + um = num
10.1. Preposições em + aquele = naquele
per+ o = pelo
As Preposições Essenciais: são as que sempre foram Preposições desde
sempre. EXERCÍCIOS
São preposições essenciais:
1. Diga qual a que classe gramatical pertence as palavras destacadas abaixo.
A após de entre perante sobre a) Pedro, enlouquecido, saiu da reunião.
Ante com desde para sem trás b) Não os vejo faz um bom tempo.
Até contra em per (por) sob c) A redação do jornal estava fechada.
d) Elas são atenciosas para com todos.
Preposições Acidentais: São palavras de outras classes gramaticais que e) Alguns alunos foram aprovados.
acidentalmente assumem a função de Preposições
f) Os culpados são quatro.
g) No ano passado, Lúcia leu bastantes livros.
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h) Você precisa comer bastante. ________________________________________________________________


i) O juiz já tem provas bastantes para incriminar o réu. ) ________________________________________________________________
j) Aquelas pessoas têm necessidade de ajuda.
________________________________________________________________
k) Paulo não obedece às leis de trânsito.
l) Você, Astronobalda, não merece respeito. ________________________________________________________________
m) O exercício foi resolvido por ele.
n) Ela os tem como irmãos. 5. Podemos descrever o processo que forma palavras pelo acréscimo do
sufixo –mente sem mencionar classes de palavras? Explique.
o) Marionília não se deu ao luxo.
p) A rua Minas Gerais foi interditada. ________________________________________________________________
q) A criança chorou de novo. ________________________________________________________________
r) Não sei o que ela queria dizer.
________________________________________________________________
s) As crianças cujos pais viajaram estão preocupadas.
6. Enumere a coluna abaixo de acordo com a numeração que se segue.
2. Dadas as frases abaixo, diga qual é a classe de X e qual(is) critério(s) você usou
para encontrar a classe: ( 1 ) Determinante a.( ) Nossa mala foi extraviada.
( 2 ) Substituto b.( ) Estudei, mas não entendi nada.
a) O João chegou X.
( 3 ) Quantificador c.( ) Os quadros foram pintados por mim.
b) Esse perfume custa bem X.
( 4 ) Relator d.( ) Para mim, ele não passa de uma farsa.
c) Achei sua amiga X simpática.
( 5 ) Auxiliar e.( ) Gritei para que todos ouvissem.
Classe de X: ______________________________________________________ ( 6 ) Interjeição f. ( ) Vixe! Olha quem chegou!
Porque __________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

3. Verifique em uma gramática o conceito de advérbio e diga quais foram os


critérios utilizados.
Autor da gramática: ________________________________________________
Definição: ________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
Critério(s) utilizado(s): ______________________________________________

4. Seria possível estudar a regência dos verbos e dos nomes sem definir as
classes de palavras? Por quê?
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ATIVIDADE: Classificando os vocábulos em um texto AS PARTÍCULAS QUE, SE E COMO


Tomando como base a proposta de Sautchuk para a classificação das palavras, classifique Bibliografia: COSTA, Eliocarlos Liibe da, PIMENTEL, José C., BARBARIORI, Artur, PATROCÍNIO,
as palavras abaixo usando a seguinte legenda: Rafaela. A função das palavras Se, Que e Como.
http://gramatica.xpg.uol.com.br/funcoes.htm
Substantivo relator
adjetivo (substituto) Há três palavras na língua portuguesa que, devido ao seu largo emprego,
verbo auxiliar passaram a construir um dos elementos centrais de alguns cursos de gramática e
advérbio [quantificador]
objeto de questões em exames seletivos, como os vestibulares: a palavra SE, a
determinante interjeição palavra QUE e a palavra COMO. Este é o intuito da pesquisa, realizada em
diversas gramáticas, livros e periódicos, o de mostrar que as palavras SE, QUE e
Oi, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa! Boa Tarde, todo o povo COMO são usadas de tantas formas diferentes que você poderá até se assustar.
brasileiro. Desde o momento em que chegamos, o povo desta nação tem
graciosamente mostrado à minha família o calor e a generosidade do espírito A PARTÍCULA “QUE”
brasileiro. 1- SUBSTANTIVO: Com o sentido de algo, alguma coisa (como substantivo deve
Obrigado! E um agradecimento especial por vocês estarem aqui mesmo ser acentuado)
tendo um jogo entre Vasco e Botafogo daqui a algumas horas. Eu sei que Ex.: Ele tem um quê de misterioso. Todos os gênios têm um quê de loucos.

os brasileiros não desistem facilmente de seu futebol. 2- PRONOME ADJETIVO:


Nós temos cariocas e paulistas. Nós temos baianas e mineiros. Nós A) - INTERROGATIVO: Que recado me deste ontem?
temos homens e mulheres de cidades do interior; e tantos jovens, que são
B) - EXCLAMATIVO: Que silêncio maravilhoso!
C) - INDEFINIDO: (quanto + variações) Que injúrias lhe dirigiu ele!
o futuro dessa grande nação.
Nossas terras são ricas por criação divina, lar de povos antigos e 3- PRONOME SUBSTANTIVO RELATIVO: Refere-se a um termo anterior que
ele representa.
indígenas. Nós demos as boas-vindas às ondas de imigrantes em nossos
países, e finalmente limpamos a mancha de escravidão de nossas terras. Exemplos Função Sintática
Aqueles dias já passaram. O Brasil hoje é uma democracia que floresce A bicicleta que eu comprei era amarela. objeto direto
– um lugar onde as pessoas são livres para dizer o que pensam e para O aluno que é seu irmão é muito inteligente. sujeito
escolher seus líderes; onde uma criança pobre de Pernambuco pode escalar A casa em que moro é muito pobre. adjunto adverbial de lugar
do chão de uma siderúrgica para o cargo mais importante do Brasil.
O aluno por que eu rezei é muito meu amigo. adjunto adverbial de favor
Nossas duas nações enfrentam muitos desafios. Na estrada à frente,
O livro a que me refiro é muito caro. Objeto indireto
haverá muitos obstáculos. Mas, no final, é a nossa história que concede a
esperança de um amanhã melhor. É o conhecimento de que homens e A finalidade para que eu vim é a melhor possível Adjunto adverbial de fim
mulheres que vieram antes de nós obtiveram sucesso em desafios maiores ( Que = pronome relativo = o qual + variantes)
que os de hoje – que nós vivemos em um lugar que pessoas comuns
4- PRONOME SUBSTANTIVO INDEFINIDO INTERROGATIVO: Com o sentido
fizeram coisas extraordinárias. de “Que coisa?”
Muito obrigado. Obrigado, e que Deus abençoe nossas nações. Exemplo Função Sintática
Discurso de Barack Obama em visita ao Brasil, em 20/03/2011. Disponível em: aqui
Que me disseste ontem? Objeto direto

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EXPLICATIVA: (Com o sentido


5- PREPOSIÇÃO: “Que” substituindo a preposição “de” na perífrase: “ter de...” de “por que” “porquanto”)
Façam silêncio, que Judite está dormindo.
Exemplo Função Sintática
Eu tive que fazer minha obrigação. Nenhuma QUE = CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA
1. INTEGRANTE:Geralmente entre dois verbos, completando, integrando o
6- ADVÉRBIO: sentido do primeiro.
DE MODO (“que” = como): Que assustador era aquele monstro. QUE, Conjunção Subordinativa

DE INTENSIDADE (“que= quanto): Que enganados andam os homens! Verificou que só se ocupava com elas!
Ela quis que ele ficasse em casa.
7- PARTÍCULA OPTATIVA: Dá sentido optativo às orações consideradas
Não desejamos que tu morras.
independentes.
Tudo depende de que estudes bastante.
Que Deus o abençoe!
O que quero é que tu voltes logo.
8- PARTÍCULA ENFÁTICA:(DE REALCE, ou EXPLETIVA, não tendo, assim,
função na oração) Que você permaneça é o nosso real desejo.
Ex: Há anos que não o vejo. (Há anos não o vejo.) - Trata-se, nesta frase, de
mero adorno. 2. COMPARATIVA: (depois de: mais, menos, melhor, pior, como, maior, menor,
Aparece constantemente nas expressões: é que, foi que, era que, será que, etc.)
seria que...
Ex: Eu é que dei o recado. - Será que vai chover? - Isso é que é... (uma “Não há maior erro que não conhecer o homem o seu erro”. (Fr. Heitor Pinto)
oração só)
9- INTERJEIÇÃO: Como o substantivo, aqui também ele é acentuado. 3- CAUSAL: (Quando o verbo da frase principal não for imperativo. Veja a
Ex: Quê! Vocês se revoltam? explicativa)
Vou depressa, que preciso chegar cedo.
10- PARTÍCULA ITERATIVA: (iterum= outra vez) Vem repetido por ênfase e
realce.
4- CONCESSIVA: (embora, ainda que)
Ai que saudades que tenho... Que felicidade que vocês me trazem!
Gosto de goiabas, verdes que estejam.
QUE = CONJUNÇÃO COORDENATIVA
5- TEMPORAL: (enquanto, quando)
Conjunções Coordenativas Exemplos
Não andam muito que no erguido cume
ADITIVA: (Com valor de “e”) Bate que bate. Mexe que mexe.
Se acharam onde um campo se esmaltava. (Camões)
ALTERNATIVA: (Quando Que me atendam que não me atendam, citá-
repetida) los-ei em Juízo. Um que outro vai à Índia.
6- FINAL: (a fim de que, para que)
ADVERSATIVA: (Com o
sentido de mas, porém, Você pode ir que eu não irei. Dai-me igual canto aos feitos da famosa
contudo, todavia, entretanto...)
Gente vossa a que Marte tanto ajuda,

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Que se espalhe e se cante no Universo Está-se bem aqui. - Precisa-se de camareiras. - É-se feliz nesta casa.
Morre-se como se vive. (Talis vita, ita finis!)
Se tão sublime preço cabe em verso. (Camões)
5- PARTÍCULA DE REALCE: (Pode ser retirada da oração, sem prejuízo do
sentido desta).
7- CONSECUTIVA: (Depois de tal, tanto, tão, etc...)
Ex: Partiram-se jubilosos. - Acreditas no que o Profeta disse? Se creio.
É de tal maneira idiota que todos se riem dele. Os campos secam-se, as flores murcham-se, as aves emudecem-se.

6- PARTÍCULA IDIOMÁTICO-VERBAL: Quando vem unido aos verbos


8- CONDICIONAL: (SE)
pronominais.
Não fui eu que quebrei o copo, que fosse, que tem você com isso? É aqui parte integrante do verbo e não se analisa separadamente pois não tem
função própria
Para alguns autores é objeto direto ou complemento direto de
A PARTÍCULA “SE” espontaneidade.
Ex: Absteve-se de votar. Arrependeu-se do crime. Zangou-se com o amigo.
1- PRONOME SUBSTANTIVO PESSOAL REFLEXIVO: Esquivou-se do perigo.
Pedro feriu-se.
OBS: VERBOS ESSENCIALMENTE PRONOMINAIS: abster-se, ater-se,
Deixou-se arrastar. apiedar-se, apropriar-se, arrepender-se, compadecer-se, esquivar-se, condoer-
se, congratular-se, dignar-se, esvair-se, jactar-se, queixar-se, suicidar-se,
Reservou-se o direito de castigar.
vangloriar-se.

SE = CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA
2- PRONOME SUBSTANTIVO PESSOAL RECÍPROCO:
1- CAUSAL: (Já que, visto que, por que)
Deram-se as mãos.
Ex: Se não voltas logo, por que deixas aqui teus objetos?
Eles se amam reciprocamente.
2- CONDICIONAL:
Vocês se esmurraram durante o recreio? Ex: Irei à tua casa, se não chover à noite. - Iam para o martírio como se fossem
para o triunfo.
3- PRONOME SUBSTANTIVO APASSIVADOR (Partícula Apassivante -
Partícula Apassivadora - Passiva Pessoal) Obs: Na locução como se, separam-se as duas conjunções, analisando
Seguindo um verbo transitivo direto que esteja na 3 a pessoa, com sentido separadamente cada uma delas: Como = Conjunção subordinativa adverbial
passivo. conformativa.
Ex: Alugam-se quartos. - De todas as esmolas que se distribuíram fez- (Oração subentendida semiótica - como iam).
se uma lista. Se = Conjunção subordinativa Adverbial condicional.

4- PRONOME SUBSTANTIVO INDEFINIDO: (Passiva Impessoal, Índice de 3- CONCESSIVA: (Embora).


Indeterminação do Ex: Se há maus, nem por isso devemos descrer dos bons.
Sujeito - Símbolo de Indeterminação do Sujeito, Partícula Indeterminante do
Sujeito) 4- INTEGRANTE: (Entre dois verbos, completando, integrando o sentido de um
Seguindo um verbo de outra predicação, na 3a pessoa do singular. deles).
Ex: Entra-se na sala. - Sai-se por onde se entra. - Daqui se assiste aos Ex: Diga-me se sabe a lição. - Pergunta-lhe se trouxe a correspondência.
desfiles.

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A PARTÍCULA “COMO” Ex: “Assim Saul como Davi eram homens de grandes espíritos”. (Pe. Antônio
Vieira)
1- VERBO:
Ex: Eu como pouco.
Exercícios – QUE
2- ADVÉRBIO INTERROGATIVO DE MODO:
Ex: Como vai? 1 Classifique a partícula que nos períodos abaixo:
a) Falou sim, que eu escutei.
3- ADVÉRBIO INTERROGATIVO e EXCLAMATIVO DE INTENSIDADE: b) Tenho que sair.
Ex: Como vende os pêssegos? - Como chove! c) Quê! Você vai deixá-lo sair agora?
d) Vocês é que são os culpados.
4- PREPOSIÇÃO: (por = na qualidade de, com caráter de) e) Trabalha que trabalha e nunca vê dinheiro.
Ex: Como professor ele é muito prudente. - É tido como sábio.
2 Relacione a primeira coluna com a segunda.
5- PALAVRA EXPLICATIVA: (No sentido de a saber, assim, isto é) (1) Conjunção Subordinativa a.( ) Quê! Você ainda está aqui?
Ex: Teve boas notas em algumas matérias, como em Matemática, Geografia e (2) Advérbio b.( ) Que lindo foi teu gesto!
História. (3) Pronome c.( ) Esperava que eles me entendessem.
(4) Interjeição d.( ) Quase que eu perco o jogo.
6- PALAVRA DE REALCE: (Pode ser retirada da oração, sem prejuízo do (5) Part. Expletiva/de Realce e.( ) Devolvi o dinheiro que me deram por engano.
sentido desta).
Ex: Sentiu um como estalo na cabeça. - Assim é como se deve falar. 3 No período "Falou tanto que ficou rouco.", o que é classificado como:
a) Pronome
COMO = CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA b) Advérbio
c) Preposição
1- TEMPORAL: (Quando, logo que) d) Conjunção
Ex: O menino, como ouviu isto, deu às de vila-diogo! e) Interjeição

2- CAUSAL: ( por que ) 4 No período "Que longe é a sua casa!", o que é classificado como:
Ex: Como estivesse doente, faltou à aula. a) Pronome
b) Advérbio
3- COMPARATIVA: c) Preposição
Ex: O rapaz era preto como carvão. d) Conjunção
e) Interjeição
4- CONFORMATIVA: (Conforme)
Ex: Respondeu como devia. 5 No período "Tiveram que enfrentar a situação", o que é classificado como:
a) Pronome
5- INTEGRANTE: b) Advérbio
Ex: Vê como ele canta bem! Aposto como ele virá para o jantar. c) Preposição
Garanto como ele se apresentará bem. d) Conjunção
e) Interjeição
COMO = CONJUNÇÃO COORDENATIVA

1- ADITIVA: (= E )

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