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SUMÁRIO

RO DUTORA SO Soo 9

|. ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DA FRASE


pa A Frase é uma Estrutura ......ccccccsccccsiciio 11
2, Princípios de Organização da Estrutura Frasal......... 13
1,3, Constituintes Oracionais: os Sintagmas .............. 14
1.3.1. Sintagma Nominal. ............. ETR 16
1.3.2. Sintagma Preposicionado. ...........cccc... 18
1.3.3. Sintagma Adjetival ......cccccccccccoo 22
1.3.4. Sintagma Verbal .......... rear 23
1,4. Regras de Estrutura Frasal ou Gramática do Português. . 29
1,5. Vantagens e Limitações da Gramática Sintagmática .... 31
1.6. A Gramática Transformacional: algumas considerações. . 36
jo je: EP 37
Exercícios... ....ccccccccccci serena 42

2. AS TRANSFORMAÇÕES EM FRASES SIMPLES


2.1. As transformações de Tipo ........ciccciciciio Ag
214.1. OsTipos Obrigatórios... ........cicccicsos. 51
2.1.1.1. Tipos Obrigatórios e Subtipo Afirmativo 57
2.1.1.2. Tipos Obrigatórios e Subtipo Negativo . 57
2.1.2. OsTipos Facultativos ........cccccico ss. 62
2.1.2.1.0 Tipo PassiVO, ss css sps spas sera 62
2.1.2.2. O Tipo Enfático ........cc scott. 69
2.2. As Transformações de Pronominalização. ............ 70
2.24. Transformação Clítica........ccccciccss 70
22.2. Transformação Oblíqua.......ciciccciccs 72
2.2.3. Transformação Reflexiva........cccscccc. 74
2.3. A Transformação de Afixo ......ccccccccccteceo 77
Notas... ici aa 82
Exercícios... ..cciccis crescia E ERDM D ENTE O 85

3. AS TRANSFORMAÇÕES EM FRASES COMPLEXAS

3.1. As Transformações de Encaixamento .........ccco.. 93


3.1.1. As Completivas......cccccccicciccciciao 94
3.1.1.1. O Complementizador QUE .......... 97
3.1.1.2. O Complementizador -R............ 101
3.1.1.3. Obrigatoriedade ou não do encaixe por
meiode -R .....cccccicccre «.. 104
3.1.1.4. O Discurso Indireto. ............... 106
3.1.2. AsCircunstanciais. .....cccccicccci 107
3.1.3. AsRelativas.............. Esp ENE EEE SA 113
3.1.3.1. Relativas Restritivas ............... 114
3.2. As Transformações de coordenação. ...........cic. 120
3.2.t. A Coordenação de Constituintes... ........... 120
3.2.2, A Coordenação de Orações ................. 124

3.2.2.1. A Coordenação e a Pronominalização


Recíproca........ccciciccc. 126

3.2.2.2. A Coordenação e a Pronominalização


Anafórica ......cccicccccc 128

3.2.2.3. A Coordenação e as Orações Relativas


APOSILIVAS: xacaeadms sa sq 5 SastamaO E à pd 129
3.3. Questionamentos. .........ccccc.. opemiera o su 6 131
3.3.1. Coordenação ou Subordinação? ............. 131
3.3.2. Gramática da Frase ou Gramática do Texto?.... 134
NOLaS Susa sas RENO E DE ERES 34 RR 135
Exercícios........cccccccccc sn 138
BIBLIOGRAFIA........ccccc nec » . 157

pa AS

NOTA INTRODUTÓRIA

Seguindo o percurso didático, estamos lançando o segundo li-


vro, agora na área de Sintaxe. Nele está presente a crença de que
a compreensão do fato sintático, a partir de estruturas superfi-
ciais, é bastante limitada. Realmente, o mecanismo de produção
e intelecção das inúmeras estruturas sintáticas de uma língua —
com inversões, apagamentos, acréscimos e substituições — torna-
se transparente na medida em que para descrevê-las e explicá-las,
se recorre a um nível maior de abstração, recuperando-se as es-
truturas básicas, elementares, subjacentes às demais.

Mas não se trata aqui de defender uma determinada proposta


teórica, e, sim, de divulgar uma experiência didática em que se
procurou organizar, ordenar e explicar os fatos sintáticos por
meio da interação dos diferentes mecanismos abrangidos pela
Gramática Gerativa Transformacional no período compreendido
entre 1957 e 1965, seguindo-se mais de perto, embora de manei-
ra não ortodoxa, as orientações teóricas de Katz e Postal (1964)
e de Chomsky (1965), além do trabalho prático de Dubois Char-
lier (1975).

Nos três capítulos que estruturam este livro, recorreu-se a um


conjunto mínimo de convenções notacionais e de informações
teóricas necessárias e suficientes para permitir a compreensão da
descrição apresentada. As notas complementam o texto, situando
o leitor no contexto teórico da Gramática Transformacional e,
ainda, questionando o limite de posições aparentemente consoli-
dadas ou de estudos delimitados a áreas exclusivas.

Evidentemente, o encadeamento dos enunciados de uma lín-


gua não se faz apenas segundo regras sintáticas, mas conhecê-las
é fundamental. Partimos desse pressuposto e dos objetivos men-
cionados; o resultado vai depender também dos objetivos e pres-'
supostos de nossos leitores: professores e alunos universitários e
pessoas interessadas em assuntos relativos à estrutura da lingua-
gem verbal.
1. ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DA FRASE

1.1. A Frase é uma Estrutura

Costuma-se entender por frase a expressão verbal de um pen-


samento, ou seja, todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Por meio dela, podem-se expressar ju í-
zos, descrever ações, estados ou fenômenos, transmitir apelos ou
ordens, exteriorizar emoções.

Toda frase de uma língua consiste em uma organização, uma


combinação de elementos lingúísticos agrupados segundo certos
princípios, que a caracterizam como uma estrutura. Determinar
tais princípios constitui um dos objetivos deste capítulo.

Examinando-se um conjunto qualquer de frases de nossa


língua, verifica-se, à primeira vista, que elas pouco têm em co-
mum, já que variam consideravelmente quanto à extensão, ao
sentido, às palavras de que se compõem e à ordem em que estas
se apresentam. E possível, porém, demonstrar que, sob essa apa-
rente diversidade, todas elas possuem uma organização interna
que obedece a princípios gerais bem definidos, a partir dos quais
o falante será capaz de dizer: a) se uma sequência de palavras está
de acordo com o sistema gramatical da língua, isto é, se essa
sequência pode ser obtida através da aplicação das regras da gra-
mática;! b) se ela se apresenta completa ou incompleta; c) se é
passível de interpretação semântica, etc. Pode-se evidenciar, ain-
da, que tais frases se constituem de classes de elementos equiva-
lentes quanto às funções que nelas vêm a desempenhar.

A observação de um pequeno texto, aleatoriamente seleciona-


do, permite chegar, intuitivamente, a algumas conclusões elemen-
tares:


“NMocês acreditem que eu não esperava jamais o que encontrei: um maca-
co. Na verdade, era um mico tão grande e forte como se fosse um filhote
de gorila. Ele estava muito agitado e nervoso, porque ainda não conhecia
bem a casa. De pura agitação, subia de repente pelas roupas estendidas
na corda, sujando todas as roupas lavadas. De lá de cima dava gritos que
nem marinheiro dando «ordens num navio. E jogava cascas de banana
mesmo que caíssem em cima de nós."2

Evidentemente, o leitor inicia a leitura no princípio de uma


frase (“Vocês acreditem que...) e a conclui no fim de outra frase
(“...caíssem em cima de nós”). A escolha “casual” do texto em
questão obedeceu, pois, a uma intuição automática, isto é, sele-
cionou-se uma seguência verbal cujo início coincidisse com o
início de uma frase e cujo fim coincidisse também com o término
de uma frase. Se casualmente interrompermos essa mesma se-
quência por uma razão qualquer, nossa intuição nos dirá imedia-
tamente que ocorreu algo de anormal. Isto porque todo texto é
um conjunto (por vezes, unitário) de frases, que constituem uma
unidade semântico-pragmática: semântica, por veicular significa-
dos distintos daquele de cada uma das frases tomada iso ladamen-

te; pragmática, por constituir um ato de comunicação, destinado

a atuar sobre o ouvinte/leitor de determinado modo.

Qualquer falante do português, recorrendo a determinadas


marcas, é capaz de afirmar que o texto há pouco citado se com-
põe de seis frases. Tais marcas se manifestam tanto na linguagem
escrita (início da frase indicado pelo uso de maiúsculas e final
assinalado por sinais de pontuação específicos: ., ?, !,...), quanto
na linguagem falada (fenômenos de pausa e de entonação: por
exemplo, subida da voz no fim de uma frase interrogativa, desci-
da da voz numa frase declarativa).

Entretanto, um fragmento como: "Vocês acreditem que eu


não esperava jamais.”, embora preencha as condições formais exi-
gidas pela escrita, não constitui uma frase. Também na linguagem
oral, um padrão entonacional ou a existência de certas pausas não
são suficientes para fazer dessa sequência uma frase. Assim, O
reconhecimento da frase não se faz apenas por meio desses sinais
caracterizadores das duas modalidades da linguagem: isto porque
toda frase diz algo, fala sobre um determinado estado de coisas
do mundo, mas o faz de uma certa maneira. Aquilo sobre o que
ela fala constitui o seu conteúdo proposicional, veiculado por
meio de elementos linguísticos — fonemas, morfemas, vocábulos
— selecionados dentre os inventários que cada língua oferece (pa-
radigmas) e combinados de acordo com certos princípios de orga-
nização (sintagmas). O material lingúístico assim estruturado re-

12

cebe o nome de proposição (P) ou oração (O) e pode ser veicula-


do pelo locutor sob o modo da asserção, da pergunta, da ordem,
etc. Aos diversos “modos de dizer” é que se denomina tipos de
frases (T). Assim sendo, a primeira regra de constituição de toda
e qualquer frase de uma língua é:

F>T+P

Essa regra significa que o símbolo à esquerda (F=frase) pode ser


reescrito ou analisado pela sequência de símbolos que aparece à
direita da seta (T = tipo + P = proposição ou oração).

Todas as línguas podem ser descritas a partir de um conjunto


de fórmulas semelhantes — denominado regras de reescritura, de
estrutura frasal ou de base — cuja função consiste em indicar a
estrutura subjacente, elementar e abstrata dos elementos que
compõem a proposição, especificando e formalizando as relações
de dominância e de precedência existentes entre esses elemen-
tos.

1.2. Princípios de Organização da Estrutura Frasal

A sequência do presente capítulo será destinada à descrição


das regras de estrutura frasal, ficando parte do capítulo dois re-
servada ao estudo dó tipo. Passar-se-á agora, mais especificamen-
te, à determinação dos elementos aptos a compor a proposição
das frases do português, observando a sua organização em classes
e as suas possibilidades combinatórias.

A partir dos exemplos:

(1) Pedro está diante da vitrine de uma joalheria.

(2) A polícia deteve vários suspeitos do furto.

(3) A criancinha doente adormeceu.

(4) Meu filho sonha ansiosamente com a noite de Natal.


(5) Você levará a encomenda.

tentar-se-á verificar a possibilidade de decomposição da proposi-


ção em unidades menores e de detectar a equivalência entre essas
unidades. Para tanto, utilizar-se-á o procedimento da comutação,
cujas tarefas básicas são: a) segmentação — determinar os subcon-
juntos em que pode ser decomposta a proposição; b) substituição

13
— verificar quais desses subconjuntos exercem a mesma função.?
Aplicando-se a comutação às orações acima, obtém-se:

Pedro está diante da vitrine de uma joalheria


deteve vários suspeitos do furto
adormeceu
sonha ansiosamente com o dia de Natal
levará a encomenda

Pedro está diante da vitrine de uma joalheria


O policial

A criancinha doente

Meu filho

Você

Em cada subconjunto há elementos equivalentes, visto que,


ao se fazer a permuta, a integridade da oração se mantém. Cada
um desses elementos constitui uma unidade sintático-semântica:
o sintagma.

1.3. Constituintes Oracionais: os sintagmas

O sintagma consiste num conjunto de elementos que consti-


tuem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm
entre si relações de dependência e de ordem. Organizam-se em
torno de um elemento fundamental, denominado núcleo, que po-
de, por si só, constituir o sintagma. Assim, nos sintagmas: Pedro,
o policial, a criancinha doente, meu filho, você, o núcleo é um
elemento nominal (nome ou pronome), tratando-se, pois, de sin-
tagmas nominais. Já em: está diante da vitrine de uma joalheria,
deteve vários suspeitos do furto, adormeceu, sonha ansiosamente
com o dia de Natal e levará a encomenda, o elemento fundamen-
tal é o verbo, de modo que se tem, no caso, sintagmas verbais.

A natureza do sintagma depende, portanto, do tipo de ele-


mento que constitui o seu núcleo; além do sintagma nominal
(SN) e do sintagma verbal (SV), existem os sintagmas adjetivais
(SA), que têm por núcleo um adjetivo e os sintagmas preposicio-
nados (SP), que são, normalmente, formados de preposição +
sintagma nominal.

Na estrutura da oração, em sua forma de base, aparecem


como constituintes obrigatórios o SM e o SV. Por exemplo:

14

(6) Os garotos Jempinavam papagaios de papel


SN SV
(7) (Nós) | Assistimos a uma conferência sobre tóxicos.
SN Sv

Por mais longa que seja a frase”, ela pode ser decomposta nesses
dois subconjuntos:

recebeu uma belíssima


Sv

(8) A irmã de uma conhecida de meu marido


SN
homenagem de seus companheiros de trabalho.

(9) A carrocinha de pão que passava pela minha rua todos os da perten-
SN
cia a um antigo empregado da prefeitura municipal.

Nas regras de reescritura, o SN sujeito existe como posição


estrutural,? embora muitas vezes este elemento não se atualize,
isto é, sua posição não seja lexicalmente preeenchida” :

(10) À Chove
SN SV

Além dos elementos obrigatórios, SN e SV, existem orações


que apresentam um terceiro subconjunto, com as seguintes carac-
terísticas: a) é facultativo, isto é, sua ausência não prejudica a
estrutura sintática da oração; b) é móvef, ou seja, pode ser deslo-
cado de sua posição normal (após o SN eo SV), vindo anteposto
a esses sintagmas ou, ainda, intercalado; c) apresenta-se, geral-
mente, sob a forma de um SP:

(11) As flores
SN

na primavera.
SP

enfeitam os jardins
Sv

Pode haver mais de um constituinte desse tipo na oração:

na minha casa, de madrugada.


SP SP

entrega o pão
SV

(12) O padeiro
SN

Assim, ao lado das orações constituídas apenas de SN + SV,


tem-se aquelas compostas de SN + SV + SP, de modo que as -
regras básicas de estrutura frasal são as seguintes:

15
F>T+O

O> SN+SvV (SP)

Essas regras podem ser representadas através de diagramas


arbóreos* como os seguintes:

di

SN ) é ' sv [
Acriancinha adormeceu Asflores enfeitam na primavera
doente os jardins

1.3.1. O Sintagma Nominal

O sintagma nominal (SN), como já se disse, pode ter como


núcleo um nome (N) ou um pronome (Pro) substantivo (pessoal, .
demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo).
No último caso, o pronome por si só constituirá o sintagma, que
terá a seguinte configuração:

SN > pro Pa
SN sv
pro

No primeiro caso, o nome poderá vir sozinho, ou antecedido


de um determinante e/ou seguido desum mod'ificador.

1.3.1.1. O determinante (Det), quando simples, é representado


por umartigo, numeral! ou pronome adjetivo:

16

SN

AS

Det N
|
as crianças
|
estas
minhas |
duas

Quando complexo, constitui-se de mais de um elemento; o deter-


minante propriamente dito ou elemento base (det-base); o pré-
determinante (pré-det) e o pós-determinante (pós-det):

ON,

pré- det- pós-


det base det

A regra completa do determinante é, portanto, a seguinte:

Det > (pré-det) det-base (pós-det)

Funcionam como elementos-base de um determinante com-


plexo em português, o artigo e o demonstrativo, que são, portan-
to, mutuamente exclusivos (todos os alunos, estes dois meninos,
todos os meus livros); não havendo nem artigo, nem demonstrati-
vo, um possessivo poderá vir a ocupar a posição de determinante-
base: meus três livros; nossos bons companheiros.”

Funcionam, geralmente, como pós-determinantes, os nume-


rais e os possessivos (estes meus cinco amigos) e como pré-deter-
minantes, certos tipos de expressões indefinidas — guantificado-

7
res universais (todos os meus amigos, nenhum dos meus amigos)
ou partitivos (alguns de meus amigos, muitos dos meus amigos,
quatro dos meus amigos, a maioria dos meus amigos).

Além dos elementos que se excluem mutuamente (*os estes


meninos, * aqueles os meninos, *os muitos amigos), há também,
uma ordem para a colocação desses elementos no determinante
(*dois os livros, *os todos colegas, etc.).

1.3.1.2. O modificador (Mod) pode ser constituído de um sin-


tagma adjetival (SA) ou de um sintagma preposicionado (SP):
casa amarela, casa de pedra, apresentando, pois, a seguinte regra:

Mod > [2]


sp

Se o modificador for um SA, poderá também preceder o


nome: a nova residência de Paulo, os belos olhos de Marina.! º

Existem ainda, em português, orações cujos SNç não são


lexicalmente preenchidos e, consequentemente, se reescrevem em

postiços, conforme o exemplo (10) há pouco citado. Daí, a regra ,

completa de reescritura do SN:

SN> | (Det) (Mod) N (Mod)


pro

A
1.3.2. O Sintagma Preposicionado

De maneira geral, o sintagma preposicionado (SP) é constituí-


do de uma preposição seguida de um SN:

SP > prep + SN

Examinando-se, porém, as orações:

(13) O leiteiro sai cedinho.


adv
(14) O leiteiro sai de madrugada.
” SPl(loc. adv.)
(15) O leiteiro sai à mesma hora todos os dias
SP (locadv.) SN (loc.adv.)

pode-se verificar, através do esquema arbóreo:


o
rd a I SP sp
Det N v
| | cedinho
de madrugada
Ó leiteiro sair à mesma hora | todos os dias

que as expressões grifadas, embora nem todas apresentem estru-


turas idênticas, desempenham o mesmo papel: o de modifica-
dores circunstanciais (no caso, de tempo).!! Levando-se em con-
ta, contudo, o fato de serem esses modificadores, em sua maioria,
expressos por /ocuções adverbiais, normalmente introduzidas por
preposição, é possível atribuir-lhes a etiqueta de SP .!?

Há vários argumentos a favor dessa opção: a) muitos advér-


bios possuem uma locução adverbial correspondente: rapidamen-
te — com rapidez; aqui — neste lugar; agora — neste momento,
etc.; b) os advérbios constituem um inventário fechado, ao passo
que as locuções adverbiais formam, praticamente, um inventário
aberto, sendo, assim, mais econômico englobar a uns e outros sob
o rótulo de SP; c) a descrição torna-se mais coerente, uma vez
que toma como base não a estrutura, mas a função desses modifi-
cadores, que é a mesma. Adotando-se tal posição, à regra de
reestritura do SP passa a ser:

prep +.SN
adv

podendo a preposição, algumas vezes, não aparecer lexicalizada


como em todos os dias (=diariamente).

Quando o SP ocorre como constituinte independente, ou seja,


uma terceira divisão da oração (cf. item 1.3), ele poderá veicular
informações sobre as circunstâncias em que se efetivam os fatos
contidos na proposição (tempo, lugar, modo, causa, etc.), confor-
me o exemplo (16), ou indicar atitudes do falante, como nos
exemplos (17) e (18):

16 (i) No verão, os dias são mais longos que as noites.


(ii) Lentamente, a noite descia sobre a terra. 13

19
/

/ f
17 (i) Felizmente/não houve vítimas/no desastre.
(ii) Pesarosamen te, Fomunicamos o falecimento/de nosso diretor.

18 (i) Provavelmente /o comício não se realizará!


(+ “ f mi +
(ii) Sem dúvida nossa equipe será a campeá/do torneio.

Observe-se que, em (17) e (18), ao contrário de (16), os SP não


fazem parte do conteúdo proposicional: em (17), exprimem os
sentimentos do falante perante os fatos veiculados pela proposi-
ção e em (18) revelam o seu grau de engajamento relativamente
ao enunciado que produz, funcionando em ambos os casos como
modalizadores ou modificadores atitudinais.!* Saliente-se, ainda,
que este tipo de. modificador circunstancial não se inclui nas
definições apresentadas pela maior parte das gramáticas da Lín-
gua Portuguesa, segundo as quais “o advérbio éa palavra invariá-
vel que modifica o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio, acres-
centando-lhes uma circunstância”. Alguns autores mais modernos
citam o modificador circunstancial da oração! *, mas não distin-
guem entre os dois subtipos acima mencionados.

É necessário ressaltar, porém, que, além de apresentar-se,


muitas vezes, como um terceiro constituinte da oração, o SP
pode ocorrer, também, dentro de um SN, de um SV ou de um
SA, funcionando como modificador do núcleo, como nos exem-

plos (19) — (23):

(19) As folhas das árvores dançavam ao sabor do vento.


Lin se]
SN

| (20) A execução desse trabalho levará vários dias.


LN sp]

SN

] (21) Os estudantes gostaram da palestra.

LEE aci]
sv

(22) Os pais de Carlos chegaram da Europa.


|

V SP

SV
(23) O governo atuou com firmeza.
V SP

E SV
(24) A decisão do juiz foi favorável ao réu.
[Adi SP
SA

Examinando-se todas as ocorrências, podem-se distinguir dois


tipos básicos de SP: os SPç, que exercem a função de comple-
mentos-nominais: (20) e (24) ou verbais: (21) e (22), ocorrendo
necessariamente no interior do sintagma cujo núcleo complemen-
tam; e os SPA, que desempenham o papel de adjuntos, apresen-
tando-se ora no interior de outro sintagma (SN, SV, SA), como
modificadores nominais (19) ou verbais (23), ora no exterior de
qualquer sintagma, formando um constituinte à parte, como mo-
dificadores oracionais: (16), (17) e (18).!$ A diferenciação entre
os diversos tipos de SP nem sempre é das mais fáceis, apesar da
existência de alguns critérios de ordem predominantemente se-
mântico-pragmática:

a) o SPA interno ao SV funciona como modificador ou intensifi-


cador do processo verbal: andar depressa, falar bem, trabalhar
muito, enquanto o SPA externo apresenta-se como modificador
circunstancial da oração como um todo, ou, então, como modifi-
cador atitudinal da frase, este último ligado diretamente à enun-
ciação. Note-se que, em se tratando de um SPA interno ao SV, é
sobre ele que recai a negação e não sobre o processo verbal em si:
ele não anda depressa, ele não fala bem;

b) o SPC acompanha os verbos transitivos, isto é, de predicação


incompleta, que exigem um complemento preposicionado. Deve-
se aqui considerar a transitividade em sentido lato, abrangendo
não apenas as construções com objeto indireto (tradicionalmente
aceitas pelas nossas gramáticas), mas também aquelas com verbos
de movimento (como ir, vir, chegar, morar, etc.), que necessitam,
na maioria das vezes, de um complemento para integrar-lhes o
significado, insuficiente por si mesmo. Já os SPA modificadores
do verbo são termos estruturalmente acessórios, que assinalam
qualquer circunstância relativa ao processo verbal. Portanto, a
classificação do SP como SPg ou SPA depende da própria nature-
za semântica do verbo.! 7

c) Finalmente, a distinção entre o SPÇ e o SPA interiores ao SN


tem também causado inúmeras controvérsias, ! º embora possa, de
maneira simplificada, ser relacionada à questão da transitividade:
o SPÇ integra (como complemento) o significado incompleto de:
1) nomes abstratos de ação, de movimento, etc. derivados de
verbos transitivos em sentido lato (deverbais), como realização,
execução, ida, permanência; 2) nomes abstratos de sentimen-
tos que recaem sobre um alvo específico, como esperança, medo,
saudade; 3) nomes derivados de adjetivos de valor transitivo, co-

21
mo aptidão, incompatibilidade, capacidade. O SPA, por sua
vez, modifica nomes intransitivos, isto é, de carga semântica com-
pleta, geralmente concretos, diminuindo-lhes a extensão para au-
mentar-lhes a compreensão pelo acréscimo de uma caracteriza-
ção, especificação, delimitação, etc.!

1.3.3. O Sintagma Adjetival

O sintagma adjetiva! (SA) tem como núcleo um adjetivo que,


à semelhança do que ocorre nos demais tipos de sintagmas, pode
vir sozinho ou acompanhado de outros elementos: intensificado-
res (intens)?º e modificadores adverbiais (SPA), antepostos ao
núcleo, e sintagmas preposicionados (SPC), pospostos a ele. Ob-
servem-se os exemplos:

(25) Estes quadros são antigos.


| Adj
SA

(26) Estes quadros são muito valiosos.


[intens, adj.
SA

(27) O diretor despediu a secretária recentemente nomeada.


SP (tempo) adj.

(28) O pôr-do-sol oferecia-nos um espetáculo surpreendentemente belo.

SP (modo) ad).
SA

(29) O fumo é extremamente prejudicial! à saúde.


intens. ad). SP
SA

A oração (29) que contém todos os elementos capazes de


constituir o SA, ficaria assim configurada em um diagrama ar-
bóreo:

22

N Pp N
a a
o fumo é extremamente prejudicial à saúde

Tem-se, pois, a regra do SA:

SA > (intens) (SPA) Adj (SPÇ)


1.3.4. O Sintagma Verbal

O sintagma verbal (SV), um dos elementos básicos da oração,


conforme se viu anteriormente, pode apresentar configurações
diversificadas, as quais serão determinadas nesta seção. Atribui-se
a etiqueta verbo (V) ao constituinte do SV que contém a forma
verbal, composta de um só vocábulo (tempos verbais simples) ou
de vários vocábulos (tempos compostos ou locuções verbais).

O SV pode ser representado apenas pelo núcleo, isto é, o


verbo, como em (30):

(30) A criancinha doente adormeceu.


Vintr
sv

23
ou pelo verbo acompanhado de um ou mais elementos, precedi-
dos ou não de preposição, dependendo da regência de cada verbo,

Det

o
ÚN
SN sv
N Mod

SA

A criancinha -doente adormeceu

conforme (31)—(35):

24

(31) O garoto chupou as balas (duas balas, balas de aniz, etc)

SN
sv

SV> Vi +SN

garoto chupou

as

balas

(32) Os alunos gostaram da palestra

Det

Os

Vtr

SP
sv
SV> Vi + SPC

V
v sP
N

prep . SN
Det N
I

de a

alunos gostaram da palestra

(33) Paulo mora na Lapa

pa À

Paulo

SN |V
SV

SPC

SV>V+SPe

mora 'Cg Lapa

25
(34) Os alunos desta turma

sa oferacerara br jantaridoalhetar. ! Os exemplos (30) a (35) apresentam o que as


gramáticas

M SN SP ] tradicionais denominam de predicado verbal. Quando, em lugar


sv do verbo, aparece a cópula,?? tem-se o chamado predicado nomi-

nal, que pode ser assim constituído:


SV > Vir + SN+SPÇ

(36) A lua é desabitada.


SN | cóp SA|
o SV

SV > cóp+SA

rd domo o

Os alunos desta turma ofereceram um jantar a o | “ a


l lua é desabitada
(35) Eu falei de você ao meu marido.
SN |Vtr SPÇ SPÇ |
SV (37) A lua é um satélite
SN | cóp SN |
sv

SV> Vtr + SPC +SPC


E ss Sv > cóp + SN
SN

CRP
pes Bisa

! ao » ré
Z Sd
Pesa
sas E PB

Det pósdet

lua é um satélite

Eu falei de você a o meu marido A

26 22
(38) Estas rendas são do Ceará
SN cóp SP|
sv

SV > cóp+sSP

ea ts

Det N cóp

SP.
preço as
br CN
de o
Estas rendas são do Ceará

Não raro, aparecem, ainda, dentro do SV, elementos mod'fi-


cadores do verbo (quer intransitivo, quer transitivo), que ora in-
tensificam o processo verbal (intensificadores), ora acrescentam
circunstâncias de tempo, lugar, modo, etc. (SPA):

(39) Este operário trabalha muito.


Vi intens.
SV
(40) As crianças acordam cedo aqui

Vinir SPA (tempo)| SPA (lugar)


SV

(41) O balão incendiado caiu fonge


Vintr SPA (lugar)
sv

(42) O foragido atravessou a fronteira muito lentamente. ?3


Vtr SN intens SPA
SV

28

Sintetizando, podem-se estabelecer as principais possibilida-


des de constituição do SV:

- Vintr (intens) (SPA)

Vtr (intens) + [ SN

SPc

em SN + SPC (SPA)
SPc + SPC
Cóp | SA
SN
SP

Considerando a descrição de todos os sintagmas (SN, SP, SA,


Sv) percebe-se que apenas o SV desempenha sempre a mesma
unção na oração, a de predicado; os demais podem exercer fun-
ções variadas, dependendo do nódulo ao qual se encontram liga-
dos. Assim, em (42), há dois SNs, o primeiro (o foragido) exer-
cendo função de sujeito porque se apresenta como uma primeira
divisão da oração, e o segundo (a fronteira) funcionando como
objeto direto, porque é uma ramificação do SV, Portanto, o mes-
mo tipo de sintagma pode aparecer em várias posições, como
subdivisão de outros sintagmas, passando a exercer funções dife-
rentes. Este mecanismo, que permite todas as expansões possíveis
não só dos constituintes de uma oração, como também dos perio-
dos simples em compostos, é denominado por Chomsy (1965)
recursividade.

Tal abordagem simplifica a descrição ao considerar-se, por


exemplo, sujeito, o SN à esquerda do SV e objeto direto, o SN à
direita do V dentro do SV?*, dispensando as definições clássicas
da' gramática tradicional nem sempre suficientemente esclarece-
doras.

1.4. Regras de Estrutura Frasal ou Gramática do Português

Ao conjunto de regras que permitem organizar as palavras de


uma língua em frases chamamos de gramática.

Em uma gramática completa, cada constituinte é definido por


uma regra de reescritura que contém todas as suas diferentes
possibilidades de retranscrição sintagmática. Trata-se de gramáti-
cas de estrutura sintagmática cujas regras de reescritura, em seu

29
conjunto, especificam as relações de dominância, decompondo a
oração em partes analisáveis quanto à classe, e de precedência,
atribuindo uma representação formal às relações lineares. Portan-
to, a gramática não consiste na enumeração de todas as segiên-
cias possíveis de palavras particulares, que se apresentam em nú-
mero infinito em todas as línguas, mas sim na formulação de
regras gerais. Tais regras têm uma ordenação intrínseca que diz
respeito à ordem obrigatória de introdução dos símbolos. Assim,
por exemplo, não se pode ter uma regra SN > Det + N se em uma
regra anterior não tiver sido já introduzida: O > SN +SV.
Sintetizando todas as regras apresentadas neste capítulo, po-
de-se, agora, formular um fragmento de gramática, que define —
precisa e explicitamente — isto é, gera as frases simples do portu-
guês:
O > SN +SV (SP'
SN = | (Det) (Mod) N (Mod'")

pro
A
Det > (pré-det) der-base (pós-det)
Mod > o
sP
SP => |prep + SN
E

SA > (intens) (SPA) Adj (SPÇ)


V lintens) /(SN | (Sc) (2a)
sv > lisPel
SA
Cóp 3SN
sp

Esse conjunto de regras, também denominado gramática gera-


tiva? que atribui uma descrição estrutural a todas (e somente)
as frases de uma língua, fornece os meios de dizer se uma sequên-
cia qualquer de palavras está em conformidade com o sistema
gramatical dessa língua, isto é, se é gramatical ou agramatical. Par
exemplo, qualquer falante do português é capaz de dizer que as
frases 43 (il e 44 (i) são gramaticais e que as frases 43 (ii) e 44 (ii)
são agramaticais.

43 (i) O vereador participou da abertura do congresso.


(ii)*Do vereador o participou congresso abertura de
44 (i) Jovens andam de bicicleta.

(ii) * Dirigir anda de bicicleta

30

As noções de gramaticalidade e agramaticalidade prendem-se


às regras de estruturação das frases, as quais determinam a ordem
dos elementos e as combinações possíveis. Assim, dizemos que
uma oração é ou não gramatical dependendo do fato de ela ser ou
não formada de acordo com as regras da gramática. Mas duas
orações gramaticais podem não ser igualmente aceitáveis; assim é
que, considerando (45) e (46):

(45) O livro que o aluno comprou é de lingústica. ,


(46) O livro que o aluno que conhece tua irmã comprou é de lin-
gúrstica.

verificamos que (46) é mais difícil de interpretar, portanto menos


aceitável que (45), embora ambas sejam gramaticais. A menor
aceitabilidade de (46) decorre de limitações da memória temporá-
ria, a qual restringe a quantidade de material lingúístico a ser
intercalado entre o sujeito e o verbo de uma mesma oração.?é A
aceitibilidade decorre também de fatores extra-lingúísticos entre
os quais mencionam-se limitações da atenção e da memória, inter-
rupções, ruídos, etc.?7

1.5. Vantagens e Limitações da Gramática Sintagmática:

Postula-se que a gramática sintagmática, em oposição à gra-


mática tradicional, fornece meios mais adequados e simplificados
para a descrição estrutural das orações, com base, entre outros,
nos seguintes argumentos referentes à transitividade:

a) verbos tradicionalmente considerados intransitivos como so-


nhar, viver, morrer (47), podem, em casos especiais, vir acompa-
nhados de um SN objeto (48), cujo núcleo está implicitado neces-
sariamente no próprio processo verbal, com o intuito de atribuir
a esse nome uma explicitação ou qualificação:

(47) A vítima do acidente ainda vive.


(48) O pobre homem viveu uma vida de amarguras.

31
o

F
8

32

SN sv.
Ra ; >.
|
sp
A sy
prep SN Adv
DO 4/S
de Det N
vítima acidente vive ainda

homem

Det | E
sp
prêp an
N
a | 28
viveu uma vida de amarguras

b) a distinção entre objeto direto e objeto indireto pode ser


considerada como relativamente secundária, já que são ambos
complementos verbais, sendo a presença ou a ausência de pre-
posição condicionada apenas pelo próprio verbo (regência ver-
bal); este fato não parece constituir razão suficiente para se dis-
tinguirem dois tipos diferentes de relação entre o verbo e o seu
complemento, em casos como:

(49) Rogério ama Renata.


(50) Paula gosta de seu irmão.

A distinção se justifica apenas no caso de verbos que exigem dois


complementos (verbos transitivos diretos e indiretos), em que o
primeiro (objeto direto) funciona como o a/vo sobre o qual recai
o processo verbal ou o resultado desse processo, e o segundo
(objeto indireto), como o destinatário ou o beneficiário :

(51) Jorge encaminha o requerimento ao diretor.

c) a diferenciação entre verbos pronominais essenciais e aciden-


tais torna-se mais evidente, na medida em que, no caso dos pri-
meiros, a partícula se faz parte do constituinte V, ao passo que,
no segundo caso, vem a constituir um SN dentro do SV, com
função de objeto:
(52) Mônica queixou-se ao professor.
(53) Carlos penteou-se diante do espelho.

2 a
7 Da

| | A a
P Ss
a > N
Los |
Mônica queixou-se ao professor

33
SN sv

p
E a a
v SN prep SN
| Eri e
pro Det N
|
Carlos penteou lis diante de o esse

d) a análise proposta permite descrever estruturas como:


(54) Falei de você ao diretor.

que não costumam ser consideradas em nossas gramáticas, já que


não se admite a existência de dois objetos indiretos na mesma
frase. Em termos de análise tradicional, ter-se-ia de considerar ao
diretor como objeto indireto e de você como um adjunto adver-
bial de assunto (=sobre você, a seu respeito), ao passo que, na
análise aqui apresentada, ambos os constituintes classificam-se
como SPc.

e) a gramática tradicional estabelece, entre complementos do ver-


bo e certos modificadores circunstanciais que também funcionam
como complemento, uma distinção que não se justifica, não fa-
zendo, por outro lado, uma diferenciação necessária entre tipos
diversos de modificadores circunstanciais. Também nesse caso, a
unidade SV permite proceder a uma análise que parece adequar-
se aos fatos, como ocorre em:

(55) O grupo de turistas gostou do Rio de Janeiro.

(56) O grupo de turistas veio do Rio de Janeiro.

(57) O grupo de turistas divertiu-se no Rio de Janeiro, neste fim de


semana.

Dentro dos moldes tradicionais, (55) é diferente de (56) visto


que, na primeira, considera-se do Rio de Janeiro como objeto
indireto e, na segunda, como adjunto adverbial; por outro lado,
(56) e (57) são consideradas semelhantes na medida em que os
sintagmas preposicionados do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro e
neste fim de semana são analisados como adjuntos adverbiais. A

34

análise aqui exposta evidencia que (55) e (56) possuem SVs


idênticos (V + SPc),*º diferenciando-se, assim, de (57), em que
tanto no Rio de Janeiro, como neste fim de semana são SPA
independentes, apresentando-se como um terceiro constituinte
da proposição. A unidade SV permite, portanto, distinguir oscom-
plementos verbais dos modificadores circunstanciais e atitudinais
da frase: os primeiros podem ou não ser introduzidos por preposi-
ção e completam a enunciação do processo verbal, sendo, por
esta razão, interiores ao SV; os segundos, por sua vez, veiculam
informações sobre as circunstâncias em que se efetivam os fatos
descritos no enunciado ou sobre as atitudes do falante, sendo,
deste modo, exteriores ao SV.

f) a análise proposta permite, também, desfazer algumas ambigúi-


dades. Assim, em frases como (58):

(58) A multidão apavorada assistia à cena da calçada.

numa primeira interpretação — a multidão estava na calçada, as-


sístindo à cena que se passava em outro local — tem-se a frase
dividida em três constituintes: SN (a multidão apavorada) + SV
(assistia à cena) + SP (da calçada); numa segunda leitura (2 multi-
dão, de outro local, assistia à cena que se passava na calcada), a
estrutura é binária; SN (a multidão apavorada), SV (assistia à
cena da calçada).

A gramática sintagmática, embora apresente soluções para


várias questões, antes obscuras na gramática tradicional, não é
suficiente para dar conta de certos fatos da língua: a) mostrar
a relação entre estruturas aparentemente diferentes como (59)
e (60): b) diferenciar estruturas aparentemente idênticas co-
mo (61) e (62); c) desfazer ambigúidades? ! como aquela existen-
te em (63).

(59)' Que eles apresentem propostas é indispensável.

(60) E indispensável que eles apresentem propostas.

(61) O espelho refletiu a sua imagem.


(62) O mestre refletiu um instante.

(63) Marcelo afirmou que Fernando viajou e Sérgio também.

Uma das mais sérias limitações da gramática sintagmática con-


siste no fato de atribuir uma única descrição estrutural a cada

35
oração. Assim é que as frases (59) e (60), no âmbito dessa gramá-
tica, seriam descritas de maneira independente, porque apresen-
tam estruturas diferentes; no entanto, elas se assemelham quanto
ao significado. Por outro lado, (61) e (62) seriam descritas de
modo semelhante, porque apresentam a mesma estrutura aparen-
te SN - V- SN; contudo, o SN9 faz parte de constituintes diferen-
tes em cada uma das orações e o verbo refletir possui, em cada
uma delas, significados diferentes.

Como indicar, ao mesmo tempo, semelhanças e diferenças


entre esse pares de orações e ainda desfazer a ambigúidade de
(03)?

1.6. A Gramática Transformacional: algumas considerações

As questões levantadas na seção anterior podem ser resolvidas


postulando-se a existência de estruturas básicas mais abstratas —
estruturas profundas — e de regras que possibilitem a descrição de
estruturas mais concretas — estruturas superficiais — resultantes
das primeiras. Foi o que fez Chomsky (1957) e (1965),*? deno-
minando transformacionais as regras que convertem as estruturas
profundas em superficiais; essas regras deram o nome ao tipo de
gramática que passaremos a considerar daqui por diante.

A finalidade básica da inclusão das regras transformacionais


em uma gramática foi, portanto, tornar possível a descrição das
infinitas possibilidades de estruturas superficiais de uma língua
como resultantes de modificações operadas sobre as estruturas
profundas??. As estruturas superficiais correspondem mais de
perto à forma física de realização concreta da oração e determi-
nam sua interpretação fonológica, enquanto as estruturas profun-
das, em número limitado, correspondem às representações em
ordem direta das relações fundamentais entre os constituintes da
oração e são responsáveis pela sua interpretação se mântica.? *

Com a introdução desse novo tipo de regra, é possível expli-


car as relações de semelhança e diferença entre as orações. Assim
é que (59) e (60) apresentam a mesma estrutura profunda”,
correspondendo aproximadamente a (i) e (ii):

(i) Algo é indispensável.


(ii) Eles apresentar a proposta.

Essa estrutura, após sofrer várias transformações (não perti-


nentes no momento), se superficializa através de duas estruturas
diferentes em decorrência da transformação de extraposição que
opera sobre (59), extrapondo o SN sujeito para a posição pós-ver-
bal e originando, assim, (60).

36
Recorrendo-se a outra transformação — a de apagamento —
explica-se a relação de superfície entre (61) e (62), embora se
trate de duas estruturas profundas diferentes. Assim é que, em
(61), o SN: a sua imagem, na estrutura profunda, faz parte do
constituinte SV (V + SN), ao passo que, em (62), 0oSN: um instan-
te não apresenta relação semântica direta com o verbo (intransiti-
vo), ficando, pois, fora do SWV; no entanto, na estrutura superfi-
cial, ambas apresentam a mesma relação entre os constituintes,
porque foi apagada, por transformação, a preposição do SPA,
(por um instante).

Ainda, o problema da ambiguidade fica resolvido postulan-


do-se a existência de duas estruturas profundas distintas? º que
possibilitam as duas leituras de (63):

63 ti) Marcelo afirmou que Fernando viajou e Sérgio também afir-


mou que Fernando viajou.
(ii) | Marcelo afirmou que Fernando viajou e afirmou que Sérgio
também viajou.

Cada uma dessas estruturas possibilita uma das interpreta-


ções;3”7 em seguida, através de transformações, * entre elas a de
apagamento dos constituintes idênticos, essas duas estruturas dis-
tintas convergem para uma única estrutura superficial. Analisan-
do-se (59) a (63) percebe-se que, através das regras transforma-
cionais, é possível representar generalizações importantes.

O que caracteriza essencialmente a gramática transformacio-


nal — de cujo esquema encontra-se um esboço após as notas deste
capítulo — é a existência da dualidade de estruturas, relacionadas
entre si através das regras transformacionais.

NOTAS

O termo gramática tem várias acepções, conforme as diferentes teorias linguísticas


e mesmo no âmbito de uma mesma teoria. Neste livro, iremos usá-lo em uma das
acepções aceitas pela teoria gerativa transformacional, isto é, chamaremos de gra-
mática ao conjunto de regras que permitem organizar as palavras de uma língua em
frases.

2 Clarice Lispector. A mulher que matou os peixes. Rio de Janeiro, José Olympio

Editora.

3 Os conceitos de dominância e precedência serão retomados no item 1.4.

4 Pode-se dizer que dois subconjuntos exercem a mesma função, isto é, são equiva-
lentes num determinado quadro sintático (quadro de relações) se e somente se a
substituição de um pelo outro não vier a destruir a integridade do conjunto — a
pro-
posição — que constitui o seu contexto. Evidentemente, os possíveis substitutos

37
terão de ser selecionados dentro do mesmo paradigma do constituinte a ser substi-
tuído.

5 O termo frase será empregado ora designando o conjunto: tipo + proposição, ora

como sinônimo de período (simples ou composto). Ficam excluídas, portanto, as


frases nominais e as frases de situação, por não obedecerem aos princípios de orga-
nização a serem açui abordados, e para cuja conceituação remetemos o leitor às
gramáticas da Língua Portuguesa.

6 Posição diferente é assumida por Pimenta Bueno (1979), que propõe uma regra

de base com sujeito opcional, e por Kato (1981), que admite, também, um sujeito
posposto na estrutura profunda.

7 Em diversas línguas, o SN é representado, em frases desse tipo, por elementos


des-

tituídos de significado, que funcionam como índices, isto é, servem apenas para
marcar a posição estrutural. É o caso de it rains (ingl), if pleut (fr.), es regnet
(al.).
Em italiano e em espanhol, da mesma forma que em português, a posição não é
preeenchida por itens lexicais, de modo que o conjunto SN fica sendo um postiço
impreenchível na base.

8 O diagrama arbóreo, ou marcador sintagmático, constitui uma representação grá-

fica das regras de estrutura frasal, isto é, uma tentativa de reconstrução


linguística
das intuições do falante com relação à segmentação das frases. Também é muito
comum a notação em forma de caixas e de parênteses rotulados.

9 Há autores, porém, que postulam, nesses casos, um artigo subentendido. De um

modo ou de outro, explica-se o fato de o emprego do artigo diante do possessivo


ser facultativo em nossa língua: meu livro, o meu livro, meu primeiro livro, o meu
primeiro livro.

10 A anteposição ou posposição do adjetivo, em português, é, em grande parte, de


ordem estilística, embora em alguns casos a mudança de posição do adjetivo acarre-
te alteração de significado, como em: homem grande, grande homem.

11 Quanto aos modificadores circunstanciais, Chomsky (1965) admite três tipos:


/oca-
tivo e temporal, dominados diretamente por S. Pred; maneira, dominados direta-
mente por SV e direção, duração, lugar, frequência, etc. dominados por um SP
dentro de um SV. Depois dele, outros linguistas, entre os quais Dubois — Charlier
(1975), Meisel (1973) e Steinitz (1973), criticando a classificação de Chomsky,
postulam a existência de dois tipos básicos: aqueles que modificam o verbo, fazendo
parte do SV e aqueles que modificam toda a frase, sendo, pois, dominados direta-
mente por S e, portanto, exteriores ao SV; em outras palavras, aqueles que são
parte
de um constituinte e aqueles que formam um constituinte à parte.
12 Há, porém, linguistas que preferem adotar a posição contrária, ou seja,
considerar
tanto os advérbios quanto as locuções adverbiais como sintagmas adverbiais (S.
Adv.). Outros, ainda, optam por mantê-los em duas classes distintas, de conformida-
de com a estrutura que apresentam: os advérbios comoS. Advs. e as /ocuções adver-
biais como 8 Ps.

13 Comparando-se (i) e (ii) verifica-se que a posição do SP no verão não altera sua
classificação como um constituinte independente. (Os dias no verão são mais longos
que as noites. Os dias são mais longos que as noites no verão); ao passo que a
classi-
ficação do SP Jentamente sofrerá alterações conforme sua posição na estrutura (A
noite descia lentamente sobre a terra — A noite descia sobre a terra lentamente).
Comparando-se todas as ocorrências de /entamente, observa-se que, em posição
imediatamente pós-verbal, tem-se um modificador do processo expresso pelo verbo,
portanto, um constituinte do SV, e, nas duas outras posições, um constituinte
independente. Mesmo nesse caso, existem diferenças determinadas por outros fato-
res, entre os quais ressalta a intenção do falante, que o leva a topicalizar o SP
quando deseja dar-lhe mais ênfase.

Jackendoff (1972) denomina aos indicadores de atitude do falante Pspeaker e os

modificadores circunstanciais Psubject, por serem estes “orientados” para o sujeito


da

ps

frase, trazendo, com relação a ele, algum informe adicional. Mais recentemente,
porém, muitos autores, entre os quais Ducrot (1980) e Anscombre (1980) fazem
distinção, dentro do primeiro grupo, entre os que exprimem sentimentos do locutor
e os modalizadores do enunciado.

15 Veja-se, por exemplo, Celso Cunha (1979).

16 A denominação SPç e SPA foi proposta, pela primeira vez, por Koch (1977), que
discute, também, a maneira como se originam esses modificadores e a diferenciação
entre eles. .

17 Para um maior aprofundamento dessa questão, consulte-se Arraes (1974).

18 Entre estas controvérsias pode-se citar a que diz respeito ao “genitivo


subjetivo”
e ao “genitivo objetivo” latinos, já que alguns autores, como Macambira (1970),
consideram ambos como casos de complemento nominal (por ex., a invasão dos
bárbaros e a invasão de Roma), enquanto outros, como Rocha Lima (1974), Becha-
ra (1973), Luft (1976), classificam o primeiro como adjunto adnominal e o segun-
do, apenas, como complemento nominal.

19 Em Koch (1977), procura-se demonstrar que os SPC modificadores nominais origi-


nam-se do caso OBJETIVO de um estrutura profunda casual do tipo postulado por
Fillmore (1968 e 1971) ou de outro caso, como ORIGEM, DESTINAÇÃO, LOCA-
TIVO, que, na ausência de um OBJETIVO, tenham sofrido objetivação.

20 Denominam-se de intensificadores os advérbios de intensidade e demais expressões


que tenham por função intensificar a idéia expressa pelo verbo, pelo adjetivo ou
por outro advérbio.
21 Configuram-se as condições típicas para o emprego da crase, em português,
quando,
dentro de um SP, tem-se a preposição a e, na posição de determinante, no SN, o
artigo aís) ou os demonstrativos aquele(s), aqueta(s), aquilo, visto que se dá a
fusão de dois sons vocálicos idênticos.

22 Cópula ou verbos copulativos são os verbos ser e estar e os demais verbos de


liga-
ção.

23 Em casos como esses, o SPA aparece muitas vezes deslocado de sua posição normal
por razões estilísticas, conforme o exemplo: Eles crêem firmemente na vitória.

| Vtr SPA (modo) SPç]


sv

24 Tal abordagem, no entanto, não resolve outros problemas, como o dos sujeitos
pos-
postos na estrutura superficial e das construções com ser que admitem a
reversibili-
dade dos SN's (A vida é isto. Isto é a vida.) e, ainda, o de estruturas como (61) e
(62), discutidas mais adiante. Sobre a primeira questão, consulte-se Perlmutter
(1971, 76) e Kato (1981). Sobre a segunda, veja-se Beneveniste (1976).

25 O termo gerativa foi emprestado, por Chomsky, da matemática.

26 Para maiores detalhes sobre as dificuldades decorrentes do encaixamento central,


consulte-se Souza e Silva (1981) caps. Ile IV.

27 À distinção entre gramaticalidade e aceitabilidade corresponde áquela


estabelecida
por Chomsky entre competência (o conhecimento que o falante tem de sua língua)
e desempenho (o uso que ele faz desse conhecimento). Tal distinção corresponde,
por sua vez, parcialmente à dicotomia saussureana /íngua/fala, embora a tíngua de
Saussure não se identifique com a competência de Chomsky. A língua (“langue”) é,
para Saussure, O sistema supra-individual, abstrato, que se impõe aos membros de
uma coletividade linguística, sistema esse constituído de elementos que mantém
entre si relações de semelhança e de oposição; a competência é, segundo Chomsky,
a capacidade inata do falante/ouvinte, graças à qual este formula uma série de
regras
que lhe permite a geração, a partir de um número limitado de estruturas básicas, do
conjunto infinito de frases de uma língua. Assim, ao contrário de Saussure, que
pri-

vilegia a língua como um produto social, Chomsky privilegia o indivíduo, colocan-


do-o no centro do ato de criação da linguagem.

39
28 O verbo viver pode, também, aparecer em estruturas como: Efe vive com sua
família,
em que ocarre, porém, uma alteração de significado, à semelhança do que acontece
com outros verbos, como falar, nos diversos contextos em que pode ser usado: “Ele
fala muito”, “Ele fala francês”, “Ele falou comigo”, “Ele falou de mim ao diretor”.
Nesses casos, o léxico deverá registrar sub-entradas, para cada uma das estruturas.
Para maior aprofundamento da questão, consultar Kato (1976).

29 Conforme será visto mais adiante, o se reflexivo é resultado de uma


transformação:
o material abstrato é, no exemplo (53), Caros penteou Carlos, em que as duas
ocorrências do nome Carlos são correferenciais.

30 É por este motivo que alguns gramáticos, como Rocha Lima (1974), CP, Luft
(1976) e E. Bechara (1973) consideram os verbos do tipo ir, vir, morar, chegar,
etc.
coma transitivos e classificam os modificadores circunstanciais que lhes servem de
complemento como complementos circunstanciais (R. Lima) ou complementos
adverbiais (Luft), em oposição aos verdadeiros adjuntos adverbiais, do tipo neste
fim de semana, em (57). Posição idêntica é assumida por Arraes (1974), já citado.

31 As ambigúidades resolvidas em termos de diferentes partições dos constituintes,


como aquela apresentada em (58), são explicadas pela gramática sintagmática; para

resolver as demais, é preciso recorrer à gramática transformacional.

32 O primeiro modelo transformacional foi formalizado por Chomsky em Syntatic


Structures (1957) e o segundo, também denominado teoria padrão, foi formalizado
em Aspects of Theory of Sintax (1965). Para compreensão da história da gramática
transformacional desde suas primeiras colocações até o estágio atual, leia-se Lemle
(1982).

33 No primeiro modelo da teoria transformacional (Spntatic Structures), não se usam


ainda os termos estrutura profunda e estrutura superficial, mas a distinção se ex
pressa através de outra terminologia: estruturas nucleares e transformadas, respect
vamente.

34 No primeiro modelo (1957) não havia nenhuma tentativa explícita de lidar com a
semântica nem de integrar uma teoria semântica a uma teoria sintática. Isso só
ocorreu com o segundo modelo, ou teoria padrão (1965), resultante em grande par-
te das teorias semânticas propostas por Katz e Fodor (1963) e Katz e Postal (1964).

35 O conceito de estrutura profunda tem sido revisado constantemente; alguns anos


após a publicação de Aspects (1965), Fillmore (1968) e Lakoff (1970) propõem
uma nova versão da estrutura profunda, mais abstrata e, portanto, mais afastada da
estrutura superficial.
36 Na realidade, as estruturas indicadas em (i) e (ii) já sofreram várias
transformações,
como inserção do complementizador, acréscimo de elementos, etc.

37 Convém ressaltar aqui que frases de significação diferente quase nunca procedem
de
uma mesma estrutura profunda. Isto só acontece, na realidade, em dois casos: a)
quando ocorrer a inserção de um (ou mais) itens lexicais ambíguos, como em:
O rapaz esqueceu o cheque na caixa, em que caixa pode significar uma caixa de
papelão, por exemplo, ou a caixa de uma loja, de modo que as frases desse tipo
apresentarão, sempre, ambiguidade lexical; b) quando a estrutura profunda contiver
quantificadores (universais ou existenciais), conforme se pode verificar na frase:
Todos os conferencistas conhecem duas linguas, que apresenta pelo menos duas
paráfrases diferentes:

Todos os conferencistas conhecem pelo menos duas línguas.


Nenhum conferencista conhece mais de duas línguas.

Com exceção desses casos, a mesma estrutura profunda, mesmo quando sujeita a
transformações diferentes, dá origem a frases sinônimas: é o que ocorre como será
visto, com as frases ativas e passivas. Nem sempre, porém, frases sinônimas se
origi-
nam de estruturas profundas idênticas, É o caso das paráfrases, como:

40

Eu estou com dor de cabeça.


Minha cabeça está doendo. E
38 Os detalhes sobre a operação das transformações serão recuperados no último
capítulo.

A GRAMÁTICA TRANSFORMACIONAL: breve esquema,

De acordo com a teoria padrão — Chomsky (1965) — tal gramática compreende três
componentes: o sintático, o semântico e o fonológico. O primeiro ocupa o centro das
preocupações linguísticas e tem um caráter criativo: é o responsável pela geração
de
todas as frases da língua; o segundo traduz a estrutura sintática subjacente em
termos
de uma representação semântica; e, finalmente, o terceiro atribui uma representação
fonética à estrutura superficial, sendo os dois últimos, portanto, meramente
interpreta-
tivos.

O componente sintático consta de dois subcomponentes: o de base e o transforma-


cional; O primeiro deles, por sua vez, é formado de dois outros subcomponentes: o
cate-
gorial e o lexical.

O subcomponente categoria! contém regras de estrutura frasal e símbolos catego-


riais (SN, SV, N, V), também denominados categorias lexicais, porque são
preenchidos
por palavras extraídas do léxico. São elementos simples, inanalisáveis, e em parte
sele-
cionados de um conjunto fixo de categorias universais. As regras de estrutura
frasal
- têm natureza sintagmática e consistem num sistema de regras de reescritura
(conforme

vimos neste capítulo), que se aplicam repetidamente até que todas as ocorrências do
símbolo O tenham sido plenamente resolvidas. A função dessas regras é definir as
re-
lações gramaticais que determinam a interpretação semântica e especificar uma ordem
subjacente abstrata que torna possível o funcionamento das regras
transformacionais.

As noções de categoria e de relações gramaticais ou funções têm grande importância


para a teoria da interpretação das orações: enquanto as categorias (SN, SV, V, N,
etc) são
inerentes, as funções (suj., pred., obj.) são apenas relacionais e já estão
implicitamente
indicadas nas regras de estrutura frasal. Para explicitar-lhes o caráter relacional
basta,
por ex., definir sujeito de como a relação que medeia entre o SN de uma oração e a
ora-
ção toda (O SN + SV]) e objeto de como a relação existente entre um V e um SN,
dentro do SV (SV > V + SN). (Posições diferentes são assumidas posteriormente:
Fillmore (1968), por exemplo, representa diretamente na estrutura profunda as fun-
ções semânticas do SN como: agente, objetivo, instrumento, etc., transpondo funções
como as de sujeito e objeto direto para a estrutura superficial).

O subcomponente lexical contém regras de inserção e itens lexicais. Os últimos


constituem o léxico de uma língua e são formados de um conjunto de traços: fonoló-
gicos, sintáticos e semânticos, os quais determinam sua natureza fonológica, seu
com-
portamento sintático e suas condições de co-ocorrência. As regras de inserção
lexical
operam depois de aplicadas todas as regras de estrutura frasal, isto é, para cada
cate-
goria lexical (Det, N, V) insere-se o item lexical correspondente. (No primeiro
modelo
(1957) a inserção lexical era feita por meio de regras de reescrever).

Aplicadas todas as regras de reescritura e de inserção lexical possíveis a uma


deter-

minada oração, obtém-se uma série de elementos terminais cuja sequência constitui
a estrutura profunda dessa oração.

4
Sobre ela opera o componente semântico queé meramente interpretativo: sua
função consiste em explicar as relações semânticas entre os termos das orações e
das
orações entre si, através de regras de projeção. Tais regras operam sobre as
cadeias de
constuintes na direção de baixo para cima, amalgamando todos os traços dos itens
le-
xicais combinados em diferentes estruturas, até fornecer a interpretação semântica
do
enunciado. Ainda, tais regras têm como entrada (input) a gramática, isto é, as
descri-
ções estruturais acrescidas dos respectivos itens lexicais, e, como saída (output),
o signi-
ficado do enunciado, isto é, intepretações ou leituras para cada uma dessas
descrições.

Após o componente semântico, opera o subcomponente transformacional, projetan-


do as estruturas profundas, geradas pelabase, em estruturas superficiais,
relacionando,
dessa forma, significado e som, através de regras próprias que se definem por uma
fór-
mula dupla sobre a qual falaremos mais adiante. Portanto, nessa versão da teoria
padrão,
somente a estrutura profunda é relevante na determinação da leitura semântica de
cada

oração é, como corolário, nenhuma regra transformacional pode afetar o significado.

(Esta afirmação tem sido muito discutida na literatura lingúística. O próprio


Chomsky,
a partir de 1971, vem relacionando fatos que permitem inferir a existência de
aspectos
da interpretação semântica das orações como foco e pressuposição, quantificadores,
etc., que ocorrem na estrutura superficial, Outros lingúistas, entre eles Kuroda
(1965),
Partee (1971) e Jackendoff (1972), vêm argumentando que a estrutura profunda não
é suficiente para determinar todos os aspectos do significado da oração).

Depois de desenvolvidas as regras de estrutura frasal, de feitas as escolhas


lexicais,
de atribuído o significado à oração e de aplicadas as regras transformacionais,
opera o
componente fonológico, através das regras morfofonêmicas. Tais regras atribuem
uma representação fonética à oração, isto é, convertem as estruturas superficiais
em
estruturas enunciáveis. .

EXERCICIOS
BLOCO 1

1. Represente, graficamente, as frases abaixo por meio de diagra-


mas arbóreos:

- O barco deslizava suavemente nas águas tranquilas.


+ Maria comprou muitos livros de literatura.

. Gostamos de filmes nacionais.

O menino pobre pediu uma esmola ao dono da loja.


Falei do assunto ao gerente hoje.

As frutas estavam maduras.

- Jorge é meu professor de História.

. Aquele garoto é da Bahia.

Encontraram o assassino na estrada.

10. Cuidemos das plantas com carinho.

11. O fumo é prejudicial à saúde.

12. Precisa-se de serventes na obra vizinha.

LONOAAWN

13. Esta passagem do romance é famosa.

14. O aluno está muito contente com sua explicação.

15. Coloque seus livros na mesa da entrada.

16. Os três estudantes estrangeiros partirão amanhã para o Rio.

17. Todos os alunos desta turma são contrários ao projeto apresentado.

18. Estas crianças carentes dedicam algumas horas ao estudo, durante o


dia.

19. A enfermeira caridosa dispensava todos os cuidados aos doentes.

20. Os três filhos do zelador são muito dedicados ao estudo.

BLOCO 2

1. À direita, encontram-se caixas que representam regras de estru-


tura frasal (à semelhança dos diagramas arbóreos). Indique a
caixa à direita que melhor representa a constituição do sintag-
ma nominal à esquerda.
SN
Det | N| Mod
e S. Adj
Intens Adj
SN
() Meus bons amigos de São Paulo ... N Mod
(|) Nossa amiga muito querida ... tb) ER
(|) Todos aqueles seus brinquedos ... e
() As minhas luvas vermelhas ... Adj | SP
(| Aquela atriz tão bonita ...
(|) Os novos lápis de cera ... Es
() Estas suas pinturas modernas ...
() Livros úteis a todos... (cl) | Det | Mod | N | Mod
() Alguns dos nossos colegas ... Adi sp
( ) Vício prejudicial à saúde ...
SN
(d) Det N | Mod
Det base | Pós D. Adi
SN
le) Det N
Pré D.|Det base [Pós D.

43
|

2. Indique a caixa à direita que melhor representa a constitui-

ção do sintagma verba! à esquerda.


sv
la)
Cop | sn
sv
(b)
v | sn | sp
() Fui parao interior. sv
()... éde madeira. te) EF SN
(|)... recebeu um telefonema do amigo.
(|) Ventava.
(. )... encontramos o mapa. sv
()... estácomgripe. (a) V
( )J.:.caiu.
(| ) Saboreamos o bolo.
( )... é um jovem tranqúilo. (e) sv
( )... Gostamos deste companheiro. Cop | sp
()... deu um anel à namorada.
(0)... estava feliz com os resultados.
sv
[ui]
v | |
sv
(g)
Cop | S. Adi.

3. Substitua o SN da frase Marcos partiu por dez outros SNs, uti-


lizando todas as combinações possibilitadas pela respectiva re-
gra de estrutura frasal. Faça o mesmo com relação ao SV.

BLOCO 3

1. Identifique nas frases abaixo, os SPC que funcionem: a) como


complementos do verbo; b) complementos do nome; c) como
complementos do adjetivo:

1. A opinião da comissão foi desfavorável à aprovação do projeto.


2. A organização dos trabalhos deixou muito a desejar.

44

A fé em Deus opera milagres.

O professor visitante dirigiu-se ao campus da Universidade.

Todos se admiraram de seu desprendimento.

As pessoas contrárias à proposta devem manifestar-se imediatamente.


É muito gratificante sentir-se útil à coletividade.

O poeta residia naquele local há muitos anos.

. É preciso não nos esquecermos de nossas obrigações.


O povo cobrará dos eleitos o cumprimento das promessas feitas
durante a campanha.

Svennuasw

. Dentre os SPA encontrados nas frases abaixo, distinga: a) os

modificadores do verbo; b) os modificadores da oração; c) os


modalizadores do enunciado.

. Francamente não consigo entender a sua simpatia por Reinaldo.

. O aluno lia devagar, gaguejando muito.

. Apertou com força o braço da namorada e levou-a para longe dali

. Vagarosamente, as nuvens foram encobrindo o azul do céu.

. Na varanda, depois do jantar, os hóspedes conversavam e riam ale-


gremente.

. Certamente você vai me chamar de pessimista.

. Sem dúvida era uma bela mulher.

. Juntou com cuidado os cacos do vaso, espalhados pelo chão.

. Decididamente você está disposta a me provocar.

. Sem nenhum constrangimento, o réu começou a relatar os detalhes


do crime.

SUN +

ovo Jo

. Cada uma das frases seguintes, sem pontuação, nem entonação,

tem duas interpretações, de acordo com o constituinte do qual


o SP faz parte. Desambiguize-as através de paráfrases e de re-
gras de estrutura frasal.

. Todos aplaudiram a cena do balcão.

. O Diretor falou aos estudantes do Chile.

. Os policiais assistiram ao assalto da viatura.


. Este hóspede prefere o frango ao vinho.

. Afonso decidiu sobre o barco.

. Os escoteiros avistaram o riacho do sítio.

0 ewnN =

45
BLOCO 4

1. Coloque nas linhas pontilhadas os vocábulos passíveis de exer-


cer as funções especificadas pelas regras de estrutura frasal.
A seguir, combine-os de modo a obter uma só frase.

11 0 > SN4+SV
SN4 > Pro
Pro ÉS quo icons anErUcaNIIsan SEU TR SER ds
sv > V+SNo+SP
SNg2 > Det+N
Det —> Det b. + Pós-Det
Detb. =
Pós-Det =
SP —> Prep +SN3
Prep E PERNINITACE ESET no
SN3 > Det+ N + Mod
Det E etemueneecrancasentndrs ci nota assina ri radicada as
N EE cg o So Se a SA AS
Mod > Adj
Adj = eaproa ON DIREI
Frase: anne ngrs E EESC UTI DA ERES ELTOS O
1.2 0 —» SN+SV+SP4
SN —» Det+ N + Mod
Det OI TE UPE PER
N = nana Raso ASS cama
Mod — SP92
SP > Prep +SN
Prep = emmeeeenmeeniaareceaenicenaaasasaasasiacaareeimaio
SN >N
N O ESC Usina asa ceonidose ada
sv —> Cop+SP3
Cop E quarentena one ntesaça soraia guáss
SP —> Prep+ SN
Prep E EMA ce eceanio aços ema a
SN —> Det+ N + Mod
Det = a qa ni
N É iicaraerae qe ic Tan suiça
Mod > Adi

46

SP4 —> Adv

Adv GN eo ren ra ea
PrASBE Gus EsDEMMESEEIDIS Dna sara mca DA A A a
0 —» SN+SV+SPq4

SN > Det+N :

Det —» Det + Pós-Det


Det =

Pós-Det =

N =

SV >» V+SN+ SP (modo)

V EE anenpopossca emcecnme ne naineen aa tens reniastnos stat


SN -» Det+ N+ Mod

Det E MEIECOUEIEO erga neorao mana pernas emere usava ramo


N EE CGEER E Osmar
Mod > Adj

Adj EE eusirereidas cfuasanes cercULT ae cErcnegpa ines


SPlmodo)= ienes caseiros
SP4

Prep

SN

Det

Frase

47
2. AS TRANSFORMAÇÕES EM FRASES SIMPLES

Admitindo-se que uma série de fenômenos importantes do


português explicam-se a partir da existência de estruturas profun-
das e de regras transformacionais que as relacionam às estruturas
superficiais, passar-se-á, a partir de agora, a verificar como ope-
ram essas regras em frases simples.!

2.1. As Transformações de Tipo

Falou-se, 'no início do capítulo anterior ,que os enunciados, nas

diferentes línguas, são construídos a partir de elementos lingú ís-


ticos, estruturados de acordo com um número finito, relativa-
mente restrito, de princípios básicos, vindo a formar uma propo-
sição ou oração. Observou-se, também, que, ao dizer algo, o locu-
tor, necessariamente, acrescenta àquilo que diz indicações sobre o
modo ou a força com que o diz, isto é, a sua atítude proposicio-
naf??. Portanto, a estrutura profunda de uma frase? corresponde
à oração acrescida dos principais “modos de dizer” — os tipos
de frases. O acréscimo de qualquer um desses tipos vai implicar
na existência de várias transformações.
"* São tipos obrigatórios: o declarativo, O interrogativo, o impera-
tivo e o exclamativo?, pelo fato de não poder existir frase da
língua que não contenha um deles; do contrário, tratar-se-ia de
uma simples sequência de palavras. Existem, também, os tipos
facultativos”, cujo emprego depende de uma opção do falante,
podendo, pois, ocorrer frases que não os contenham. E o caso do
passivo e do enfático.

48

Os tipos facultativos vêm necessariamente combinados com


um tipo obrigatório, devendo-se ressaltar que nem todas as com-
binações entre tipos obrigatórios e facultativos são possíveis”.

Examinando-se as frases:

(1) João estuda?


(2) João escreve bem?
(3) João estuda.
(4) João escreve bem.

nota-se que (1) é diferente de (3) e (2) é diferente de (4): (1) e (2)
têm, como elemento comum, o tipo interrogativo, ao passo que

(3) e (4) apresentam, como elemento comum, o tipo declarativo.


Formalizando-se, observa-se que (1) e (3) possuem tipos dife-

rentes e proposições idênticas:

(3) Declaração + João estudar

tipos (proposição ou oração)

A proposição assim organizada, resultante da aplicação das


regras de estrutura frasal, acrescenta-se um dos tipos obrigató-
rios e, opcionalmente, um ou mais tipos facultativos, obtendo-se,
desse modo, uma frase da língua. Também aqui vão operar os me-
canismos de seleção e combinação, devendo a seleção do tipo
ser feita de acordo com as possibilidades de combinação ofereci-
das pela proposição.

Cada um dos tipos revela determinada intenção comunicativa


do locutor, como se pode observar em:

(5) José chegará logo?

tipo interrogativo, significando: “Eu pergunto se”... mais a


oração: "José chegará logo”.

(6) Ele é completamente louco!


tipo exclamativo, significando: “Eu proclamo com admiração,

raiva, surpresa, repulsa, etc., que”... maisa oração: “Ele é com-


pletamente louco”.

49
(7) As crianças vão à escola.

: , n À º
tipo declarativo, significando: “Eu declaro que... maisa ora
ção: “As crianças vão à escola”.

(8) Lave bem as mãos, menino.


tipo imperativo, significando: “Eu ordeno que”... maisa ora-
ção: “Menino, você lava bem as mãos”.

De um modo geral, é possível afirmar que esses tipos se ex-


cluem mutuamente, mas combinações possíveis parecem exis-
tir entre o tipo exclamativo e os tipos interrogativo e imperati-
vo, embora predomine sempre, nesses casos, à função emotiva
(expressão de sentimentos perante os fatos em questão).

Cada um dos tipos obrigatórios admite dois subtipos: o afirma-


tivo e O negativo. Existem, pois, frases declarativas afirmativas e
declarativas negativas, imperativas afirmativas e imperativas nega-

i im por diante.
o Enos ToGUHatNOS — passivo e enfático — vêm necessaria-
mente combinados com um dos tipos obrigatórios, podendo
ocorrer ambos na mesma frase. Observem-se os exemplos:

(9) Este jornal é lido pelos intelectuais.


(10) Você é que deve pedir desculpas a seu filho.
(11) As notícias sobre o crime não foram divulgadas pela imprensa?

(12) Ela é que não vai ser enganada novamente por você!
i ler te
3) | Decl. afirm. + E os intelectuais ler es
( ) l.a
(14) Decl. afirm. ent. + você deve pedir descul-

pas a seu filho

+ a imprensa divulgar as
notícias sobre o crime

RE 7
E + você Ir enganar ela” no-

(15) | Int. neg. +

(16)

vamente

A ordem de representação dos elementos da frase é, pois:

[tipo obrigatório) + (tipos facultativos| + [oração

A estrutura de uma oração pode apresentar restrições com rela-


ção a certos tipos; por outro lado, o acréscimo de um ou mais
tipos à oração pode impor a esta certas modificações. Chama-se
descrição estrutural à fórmula que a oração deve apresentar para
permitir que se operem nela certas alterações ou transformações
(no caso, as de acréscimo de determinados tipos). Por exemplo,
para que uma oração admita o acréscimo do tipo passivo, sua des-
crição estrutural (D.E.) deve ser a seguinte:

D.E.:SNy + V +SN92

Ao procedimento que permite verificar se a oração apresenta


estrutura compatível com a descrição estrutural da transformação
a ser aplicada, isto é, se pode ser decomposta (analisada) em uma
sequência de elementos cuja estrutura (total ou parcial) permite
a aplicação de determinada transformação, denomina-se analisa-
bilidade. Finalmente, a fórmula resultante das alterações opera-
das pela transformação recebe o nome de mudança estrutural.
(M.E.)*, que, no caso da passiva, pode ser assim formalizada:

M.E.: SNg + ser + V + -do + por + SN4

Esse procedimento explica porque 17 (ii) é gramatical, enquan-


to 18 (ii) não o é:

17 () O vereador leu o discurso.


ti) O discurso foi lido pelo vereador.
18 (i) A casa pertence a meu irmão há dez anos.

(il” Meu irmão é pertencido pela casa há dez anos.

2.1.1. Os Tipos Obrigatórios

Considerando que cada um dos quatro tipos obrigatórios admi-


te dois subtipos, verifiguemos como se processam as diferentes
combinações com a oração, a partir do subtipo afirmativo.

2.1.1.1. Os Tipos Obrigatórios e o Subtipo Afirmativo

a) O tipo declarativo afirmativo pode combinar-se com toda e


qualquer oração, a qual será acrescida da entonação ou pontuar
ção adequadas, sem sofrer outras alterações que não a transfor-

51
mação obrigatória de concordância e aquelas de cunho meramen-
te estilístico (deslocamentos, por exemplo).

19 (i) |[Decl. afirm.| + o ministro anunciar + passado + as novas provi-


dências no final desta semana
(ii) No final desta semana, o ministro anunciou as novas providên-
cias.

Retomemos parte da estrutura apresentada em 19 (i), na qual


o verbo se encontra em forma neutra, O infinitivo, seguida pela
marca do tempo”:

(iii) O ministro anunciar + passado + as novas... Ao

Sobre esta estrutura opera a T. concordância — acréscimo ao


tempo da marca de número - pessoa — que se efetua entre o V
e o SN4, fazendo cada verbo concordar em número e pessoa com
o seu sujeito:!!
(iv) O ministro anunciar + passado + as novas...
P3

Finalmente, operam as regras morfofonêmicas,!? convertendo


enunciar + passado em anunciou. Tais regras, grosso modo, atri-
buem uma representação fonética à oração, convertendo as es-
truturas superficiais em estruturas enunciáveis.!* consideradas
muitas vezes sinônimas por motivos didáticos. Também por essa
razão. daqui por diante, já apresentaremos o verbo na respectiva
forma conjugada, exceto na estrutura profunda.

b) C "po interrogativo afirmativo pode ter por escopo toda a ora-


ção, ou então um constituinte que encerra um elemento desco-
nhecido. No primeiro caso, ter-se-á sempre frases que exigem
resposta do tipo sim/não e as alterações acarretadas à oração
serão simplesmente mudança de entonação na linguagem oral e
acréscimo do sinal de interrogação na escrita, conforme o exem-

plo:

20 (li) + você ir comigo ao teatro

(ij) Você vai comigo ao teatro?

cujo diagrama arbóreo simplificado é o seguinte:

52

ESP: F

e assa
ÍN

Você ir comigo ao teatro

Int. af.

No segundo caso, outras mudanças vão ocorrer dependendo da


função e do valor semântico do escopo da interrogação, o qual
será substituído pelas partículas interrogativas quem que onde
quando, etc., conforme os exemplos a seguir: Í , ,

21 (i) + alguém levar Cristina ao cinema

(ii) Quem levou Cristina ao cinema?

22 ti

(ii) (O) que disse Jorge a meu respeito?

23 ti) + Luísa deixar o casaco em algum lugar

(ii) | Onde Luísa deixou o casaco?

+ Jorge dizer a/go a meu respeito


24 (i) Int.af.| + os pedreiros terminar a obra em dado momento

(ii) Quando os pedreiros terminarão a obra?

No diagrama em árvore, correspondente à estrutura profunda


de (21 |—(24), além do tipo interrogativo afirmativo, deverá ser
explicitado, através da marca OU—, o constituinte sobre o qual

recairá a interrogação. Representemos grafica i


a mente esse procedi-
mento, recorrendo a 23 (i): P '

53
EP.
F
T 0
SN sv Ss
/N SPA
N v SN QU— prep A.
Det N Det N
Im. Af. Luísa deixar o casaco em algum lugar

Sobre essa estrutura, opera a transformação de interrogação de


constituintes que ocorre em duas etapas: a) extraposição do cons
tituinte marcado QU— para o início da oração: OU— em algum

í i ; ição do constituinte mar-


lugar Luísa deixar o casaco; b) substituição a
cado pela partícula interrogativa!* correspondente: Onde Luísa

deixou O casaco.

Ê ES
Visualisemos esse processo:

T. Interr. 8
SPA Da ia sv
QU - prep SN N v Ts
An Det |
Í
dum lugar Luísa deixou o casaco
Loo em

ONDE

Observe-se que o nódulo correspondente ao tipo, presente na


estrutura profunda, é apagado quando a transformação do tipo
opera sobre a proposição, mas o acréscimo da entonação corres-
pondente se dá apenas quando da aplicação das regras morfofonê-
micas pelo componente fonológico.

Quando o escopo da interrogação for o sujeito, como em (21),


a primeira etapa da transformação de interrogação opera no

vazio, pois a partícula interrogativa já se encontra em posição ini-


cial.

-c) O tipo exclamativo afirmativo; muitas vezes, não provoca


outras alterações além do acréscimo da entonação que lhe é pró-
pria, na linguagem oral, e do acréscimo do sinal de exclamação,
característica da escrita, conforme o exemplo (25). Fregiuente-
mente, porém, tem-se a ocorrência de apagamentos (26) e a
introdução de partículas exclamativas (26) e (27), ocorrendo,

neste último exemplo, a combinação com o tipo enfático (cf.


item 2.1.2.2).

25 (i) + você estar bonita com este vestido novo

(ii) Você está bonita com este vestido novo!

26 (i) + eu levar um susto

(ii) Eu levei um susto!


(iii) Que susto!

27 (li) Excl. + enf.) +oar está poluído hoje


fi) Como ar está poluído hoje!

d) O tipo imperativo afirmativo (como também o negativo) pode


exprimir ordem, pedido, súplica, conselho. Esses diversos mati-
zes são assinalados ora por diferenças na entonação, ora pelo
acréscimo de expressões como por favor, cuidado, etc., ora,
ainda, pelo uso simultâneo da exclamação.

Há determinadas condições que a oração deve preencher para


aceitar o tipo imperativo tanto afirmativo quando negativo. Tais
condições se relacionam: a) a certos traços do verbo: não admitem
imperativo verbos que exprimem acontecimentos independentes
da nossa vontade, como caber, poder, nascer; b) a determinados
traços do predicado, nos casos em que este atribui ao sujeito
qualidades inerentes, tais como ser aito, ser feio, ser mortal;

55
c) ao tempo verbal, que não pode ser passado, d) à pessoa, que só
pode ser a segunda pessoa do discurso ou a primeira pessoa do
plural.

Com relação à última condição, dois comentários se fazem


necessários: 1) é possível o emprego do imperativo com a primeira
pessoa do plural porque — ao contrário do que ocorre com a pri-
meira do singular — ela inclui o(s) interlocutor (es), 2) é importante
não confundir pessoa do discurso e pessoa gramatical, porque
nem sempre há correspondência formal univoca. Assim é que a
segunda pessoa do discurso, isto é, o destinatário da mensagem
verbal, pode, em português, expressar-se através de duas pessoas
gramaticais diferentes: tu — vós ou você — vocês. No primeiro
caso, trata-se da segunda pessoa gramatical, de modo que o
verbo, bem como os pronomes (oblíquos ou possessivos) corre-
ferenciais, deverão assumir as formas correspondentes; no segun-
do caso, o mesmo procedimento deve ser observado, fazendo-se
a concordância com a terceira pessoa:

(28) Lembra-te de tuas promessas. (tu)

(29) Lembrai-vos de vossas promessas. (vós)


(30) Lembre-se de suas promessas. (você)

(31) Lembrem-se de suas promessas. (vocês)


(32) Lembremo-nos de nossas promessas. (nós)

A transformação de imperativo processa-se em duas etapas: a)


alterações na forma do verbo relativas ao modo imperativo
(afirmativo ou negativo); b) apagamento do SN sujeito! é. Esse
processo pode ser visualizado através dos seguintes diagramas ar-
bóreos:
+ a pr o
a im
CE ind
7 HO
| |

T. imp.

o
En,
sv
v SN
q N
dize a verdade

A transformação do imperativo deve ser necessariamente pre-

cedida da T. concordância, pois do contrário não haverá SN


sujeito para ser apagado. Este fato evidencia uma das caracteris-

ticas das regras transformacionais: a ordenação de umas em re-


lação às outras.!”.

Em relação ao imperativo, é de salientar, também, que outras


formas verbais como o futuro do presente e o infinitivo podem

ser empregados, em português, com valor de imperativo, quando


se tratar de ordens, prescrições, normas, etc:

(33) Não levantarás falso testemunho.


(34) À direita, volver.

2.1.1.2. Os Tipos Obrigatórios e o Subtipo Negativo

O subtipo negativo, à semelhança do afirmativo, não ocorre


sozinho, mas, diferentemente deste, pode recair ou sobre a ora-

ção como um todo, ou sobre um dos seus constituintes, o qual


será geralmente indefinido. !8

No primeiro caso, as alterações operadas no material consis-

tem apenas na introdução da partícula negativa não diante do


verbo, conforme os exemplos:

57
35 (di) + o presidente sancionar atéi
(ii) O presidente não sancionou a lei.

36 (i) + as crianças ir ao parque


(ii) | As crianças não foram ao parque?

37 ti) +o tempo estar feio

(ii) O tempo não está feio!


38 ti) + você acusar os colegas
E 19
(ii) Não acuse os colegas *.

Visualizemos esse processo através dos diagramas arbóreos que


representam 35 (i) e 35 (ii), respectivamente:

EP, E
: e
SN sv
Det N V DS
Det |
DECL. NEG. 9 presidente sancionar a tei
T. neg. o
> e st
SN sv
Det N Neg v NH
Det N
o presidente não sancionou a lei
58
No segundo caso, isto é, negação de constituintes, as altera-
ções operadas no material são maiores, porque a regra consiste

na substituição do item lexical indefinido que a negação tem por


escopo:

39 (fi) + alguém dizer a verdade

(ii) Ninguém disse a verdade.

40 (ti) +ele dar algo ao menino

(ii) - Ele nada deu ao menino!


(ii) Ele não deu nada ao menino!

41. ti) o ministro declarar algo sobre as eleições


(ii) O ministro nada declarou sobre as eleições?

(iii) O ministro não declarou nada sobre as eleições?

42 ti) + você falar algo sobre o projeto

(ii) Nada fale sobre o projeto

(iii) Não fale naca sobre o projeto.

E importante chamar a atenção para o fato de que, na negação


cujo escopo é O sujeito, representado pelo item indefinido a/-
guém — 39 (i) —, o tipo imperativo, diferentemente dos demais, não
se combina com o subtipo negativo, porque o SN sujeito encon-
tra-se na terceira pessoa do discurso, (conforme restrições do
imperativo vistas anteriormente) Observe-se também que, quando
a negação recai sobre o SN objeto, é possível ocorrera dupla nega-
ção?º como nos exemplos em (iii).

A transformação de negação de constituintes, à semelhança


da interrogação de constituintes, é indicada, na estrutura pro-
funda, pela marca NEG diante do escopo da negação e processa-
se em duas etapas: a) extraposição do constituinte a ser negado
para o início do SV; b) substituição da forma indefinida pela
negativa correspondente e acréscimo da partícula não, quando
for o caso. Visualizemos como opera a negação de constituintes,
representando, sob a forma de diagramas arbóreos, a estrutura

profunda e a estrutura transformada correspondentes, respectiva-


mente a 40 (i) e (ii). .

59
EP.

DECL. NEG.

T. de negação

SN

pro

ele

E
o
SN
Wi
pro
ele dar
SN
pro
algo
|
nada

SP
prep N
Det I
algo a [e] menir

erp
Det N
a a meni

Quando o escopo da negação for o sujeito, a segunda etapa


opera no vazio, porque já existe a descrição estrutural adequada.

Em se tratando de negação dupla, como nas frases 40 (iii),


41 (iii) e 42 (iii), operam simultaneamente, sobre a mesma es-
trutura profunda há pouco mencionada, as transformações
de negação da frase e do constituinte, não se efetuando, con-
tudo, a extraposição deste último.

Embora a condição para a negação de constituintes seja a


existência de um elemento indefinido, a presença desse elemento

não exige necessariamente tal transformação. Considerando uma


estrutura abstrata como:

43 (i) |Decl. + Neg. |+ alguém fazer a lição


chega-se a duas superficializações possíveis:

(ii) Alguém não fez a lição.


(iii) Ninguém tez a lição.

Em 43 (ii), o falante pressupõe que algumas pessoas fizeram a


lição, enquanto em (iii) essa pressuposição inexiste.

É importante salientar ainda que:

a) O tipo interrogativo negativo tem, na maioria dos casos, valor

enfático conforme se verifica em (36), há pouco mencionado, e


em (44):

(44) O governo não puniu os responsáveis pelos atos de terrorismo?

No entanto, quando o escopo da interrogação é o sujeito, a nega-


ção readquire o seu valor próprio:

45 (i) Alguém feza lição


(ii) Quem não fez a lição?

b) O tipo exclamativo negativo pode ter valor de negação propria-


mente dita ou, então, valor enfático, especialmente quando com-
binado ao tipo interrogativo:

61
46 (ij) São Paulo está poluída
(ii) São Paulo está poluída! ,
(iii) São Paulo não está poluída!?! (valor de negação!

(47) Quem não gosta de uma boa feijoada! (enfático)

(48) Vocês não vão ao cinema comigo?! (enfático)


2.1.2. Tipos Facultativos

Conforme já se explicitou anteriormente, os tipos obrigatórios


vêm combinados, algumas vezes, com os tipos facultativos —
passivo e enfático — os quais serão objeto de estudo nesta seção.

2.1.2.1. O Tipo Passivo

O tipo passivo, à semelhança do imperativo, sofre determina-


das restrições por parte da proposição. De modo geral, para permi-
tir a transformação passiva, a oração deverá apresentar a estrutura
sujeito — verbo — objeto direto, sendo o sujeito agente (animado
ou dotado de força, de movimento) e o verbo, portanto, um ver-
bo de ação??, conformea D.E. há pouco apresentada: SN7 — V —
SN2.

É por esta razão que, de acordo com nossas gramáticas, só ad-


mitem a forma passiva orações que contenham verbos transitivos
diretos. O critério, porém, não é totalmente satisfatório: existem,
em nossa língua, verbos transitivos diretos que não aceitam passi-
va (exs. (49) e (50)) e alguns verbos transitivos indiretos com os
quais o uso da passiva se encontra generalizado (exs. (51) e (52)).

49 (i) Maria tem cinco filhos.


(ii) “Cinco filhos são tidos por Maria.

50 ti) Deus pode tudo.


(ii) “Tudo é podido por Deus.

51 (i) Todos devem obedecer às leis do país.


(ii) As leis do país devem ser obedecidas por todos.
62

52 (ij Milhares de pessoas já assistiram a este filme.


(ii) Este filme já foi assistido por milhares de pessoas.

Chomsky (1965) propôs o critério do advérbio de modo


(Manner), para verificar se um verbo transitivo aceita o tipo passi-
vo: admitem passiva aqueles verbos transitivos aos quais se pode
acrescentar uma expressão adverbial de modo. Por exemplo:

53 (ti) Os pedreiros construíram o prédio rapidamente.


(ii) | O prédio foi construído rapidamente pelos pedreiros.

54 (i) Os cidadãos devem obedecer às leis rigorosamente.


(ii) As leis devem ser rigorosamente obedecidas pelos cidadãos.

No caso das frases (49) e (50), não é possível o acréscimo de


um adverbial de modo, ficando excluída, portanto, a possibilida-
de de uso da passiva. Todavia, também este critério não se tem
mostrado satisfatório em todos os casos, de modo que o proble-
ma, bastante controvertido, continua ainda sem uma solução
totalmente adequada.

O exame da transformação passiva permite mostrar com clare-


za as vantagens de se admitir a existência da estrutura profunda e
da superficial. Tomando-se, por exemplo, as frases seguintes:

55 ti) Decl. afirm. pass. | + a bicicleta atropelar o pedestre

(ii) O pedestre foi atropelado pela bicicleta.


56 (ti) + — a bicicleta atropelar o pedestre
(ii) | A bicicleta atropelou o pedestre.

uma gramática adequada deve explicar que (55) e (56) diferem


entre si quanto à estrutura superficial e assemelham-se, excetuan-
do-se a presença do tipo passivo em (55), quanto à estrutura pro-
funda.

Ora, se se quisesse, de algum modo, demonstrar, apenas com


base nas estruturas superficiais, a identidade de relações que ca-
racteriza as duas frases, ter-se-ia de dizer algo como: “será inter-
pretado como agente o SN precedido de preposição que ocorre
após a sequência ser + V + - do; quando essa seguência não
ocorrer, considerar-se-á agente o SN que precede o verbo”. Fica
patente que, sob esta forma, a definição de agente é mais com-

63
plexa e menos global que aquela que se pode dar no nível da es-
trutura profunda, onde há um único lugar característico para O
agente — diante do SV — e onde tanto a frase ativa quanto a
passiva têm a mesma representação do material.

Outra razão para recusar a análise da passiva em nível superfi-


cial e para dar preferência à análise em duas estruturas é que, recor-
rendo-se à noção de estrutura profunda, pode-se, além de mostrar
que a frase passiva apresenta relações sintático-semânticas idênticas
às da frase ativa? ?, descrever certas anomalias como as de 57 (i) e

(ii).

57 (i) A escada varre o porteiro.


(ii) O porteiro é varrido pela escada.

Se se quisesse explicar, em termos de estrutura superficial,


porque (i) e (ii) são consideradas anômalas pelos falantes do por-
tuguês, precisaríamos de duas regras, uma referente a (i) e outra
a (ii), que seriam formuladas mais ou menos como se segue:“o
item lexical a escada não pode ser sujeito do verbo varrer e não
pode ser complemento agente de é varrido”. Recorrendo-se,
porém, à noção de estrutura profunda, (em que ambas apresen-
tam a mesma proposição), bastará uma única regra para explicar
a causa da anomalia, cuja formulação será: “o SN que está dian-
te de um verbo de ação é interpretado como aquele que pratica
a ação expressa pelo verbo”; ora, objetos inanimados são inca-
pazes de praticar uma ação; portanto, a oração contém uma ano-
malia, no caso, uma falha de seleção.

A descrição estrutural da transformação passiva, já apresen-


tada, exige, todavia, um ajustamento, já que nela não se fez
nenhuma referência ao tipo obrigatório. Como se sabe, o tipo
passivo vem combinado, necessariamente, com um dos tipos
obrigatórios, podendo, também, combinar-se com o outro tipo
facultativo (a ênfase); desse modo, faz-se necessário prever, na
fórmula, o lugar de um elemento ou sequência quaisquer antes
do tipo passivo, embora, sejam eles quais forem, não venham
afetar o funcionamento da transformação. Usa-se, para tanto,
o símbolo X, que representa simplesmente “uma sequência qual-
quer ou nula”. Na mesma linha de pensamento, pode-se prever,
após o SN2, além de um SPc, outros elementos, cuja existên-
cia será também indiferente para o funcionamento da T. passi-
va. Utiliza-se, nesse caso, o símbolo Y que, à semelhança de X,
representa “uma sequência qualquer ou nula'2*,

64

Tais símbolos aparecerão indicados, daqui por diante, quando


da representação da transformação passiva que, em português
apresenta-se através de duas formas: a analítica e a sintética, cada
uma delas trazendo uma série de modificações à oração. ;

aja passiva analítica — a fórmula completa de T. passiva analítica é


é a seguinte:

D.E. X+Pass+SNq +V+SNg+Y


M.E. X+SNg + ser +V-do +porSNq+Y

Através da diagramação em árvore, esse processo, relativamen-


te à frase (55), pode ser assim visualizado:

E.P.
F
T o
SN sv
Det. N V SN
Det N
Decl. af. Pass. a bicicleta atropelar o pedestre

65
E o | EE

T. Pass.

| N
|
Decl.af. O pedestre ser atropelar do?” per a bicicleta
Essa
pela

Observe-se que, quando houver mais de um tipo (obrigatório +


facultativo(s)), o apagamento destes, no nódulo tipo, efetuar-
seá por etapas.?* No gráfico acima, o tipo Pass. foi eliminado
por ocasião da T. Passiva, ao passo que o tipo Decl. af. só será
apagado por ocasião da aplicação das regras morfofonêmicas.

A passiva analítica acarreta, pois, uma reordenação na ordem


dos elementos que compõem a oração: a) extraposição do SN ob-
jeto para a posição de sujeito; b) extraposição do sujeito para de-
pois do verbo, antecedido da preposição por (per), vindo a assu-
mir a função de agente da passiva; c) modificação na forma ver-
bal, à qual se adiciona o auxiliar ser (mais raramente, estar), que
passa a ser o suporte de tempo, recebendo o verbo principal a
marca de particípio (—do para os verbos regulares):

58 (i) Muitas pessoas ler este jornal diariamente.


(ii) Estejornal élido por muitas pessoas diariamente.

Em se tratando da passiva, diferentemente do imperativo, a T.


de concordância só pode ser aplicada depois, já que a passiva
envolve uma mudança de posição dos SN7 e SN2. A inobservân-
cia na ordem de aplicação das regras explica a agramaticalidade
de:

(iii) “Este jornal são lidos por várias pessoas.

66

Portanto, as tansformações são mecanismos que, além de fun-


cionarem como “multiplicadores”, dando origem, a partir das es-
truturas básicas, ao conjunto infinito de frases da língua, exercem
também o papel de “filtro”, bloqueando as frases agramaticais.

O agente da passiva na forma analítica nem semore vem ex-


presso. O seu apagamento ocorre, normalmente, quando o sujeito
da forma ativa é indefinido (59); nos demais casos, esse apaga-
mento é facultativo, dependendo de uma opção do falante relati-
vamente ao constituinte da frase a ser enfatizado?” (60).

59 (i) Alguém salvará o doente.


(ii) O doente será salvo.

60 (i) A imprensa divulgou amplamente a notícia.


(ii) A notícia foi amplamente divulgada (pela imprensa).

Embora a preposição que introduz o agente seja, na maioria


dos casos, por (per), registram-se também ocorrências da preposi-
ção de e, mais raramente, com:

61 (i) Excelentes jogadores constituem a equipe brasileira.


(ii) A equipe brasileira é constituída de excelentes jogadores.

62 (i) A ventania arrancou as árvores


(ii) As árvores foram arrancadas com a ventania.

b) a passiva pronomina! — paraa aplicação da T. passiva prono-


minal, exige-se o preenchimento de uma condição: que o SN
sujeito da estrutura profunda seja representado por um pro-
nome indefinido. Portanto, além da descrição estrutural neces-
lúria para a aplicação de toda e qualquer transformação, algu-
mas delas exigem, ainda, a formulação de restrições que limi-
tem o seu poder o suficiente para dar conta de fatos conhecidos
sobre determinada língua.?

A T. passiva pronominal (sintética) pode ser assim formaliza-


tla e exemplificada:

DIE, X + Passpron. + SNq + V + SN9 + Y

ME. X+SNo+V+se+Y

condição: SN4 = Pron. indef.

67
63 (ti) Alguém alugar apartamentos mobiliados.
(ii) Apartamentos mobiliados alugam-se.
(iii) Alugam-se apartamentos mobiliados.

Representando-se graficamente a estrutura profunda e as eta-


pas transformacionais, tem-se:

po a

T o

pro Mod
[+ Indet.] |
[
Decl. Pass. alguém alugar apartamentos mobiliados
T. Pass. Pron.
Ee F
Pd Ta
T o
u na Sç Mod
| v
SA
Decl. apartamentos mobiliados alugam-se
T; Extro———=s Alugam-se apartamentos mobiliados.

68

As modificações acarretadas ao material pela passiva pronomi-


nal são, portanto, as seguintes: a) extraposição do SN objeto para
a posição de sujeito, efetuando-se, posteriormente, com este a
concordância verbal; b) apagamento do agente da passiva, que é
normalmente indeterminado; c) acréscimo do pronome apassiva-
dor se à forma verbal; d) extraposição do SN sujeito para depois
do verbo.

Vejamos mais alguns exemplos:

64 (i) Alguém restaura quadros antigos.


(ii) Quadros antigos restauram-se.
(iii) Restauram-se quadros antigos.

65 (i) Alguém constrói muitos prédios anualmente em São Paulo.


(ii) Muitos prédios constroem-se anualmente em São Paulo.
(iii) Constroem-se muitos prédios anualmente em São Paulo.

Esta forma de passiva assemelha-se muito às estruturas ativas


com sujeito indeterminado, já que, em ambos os casos, o material
é o mesmo:

66 (i) Alguém precisa de serventes.


(ii) Precisa-se de serventes. (indeterminação do sujeito)

67 (i) Alguém vende ovos frescos.


(ii) Ovos frescos vendem-se.
(iii) Vendem-se ovos frescos. (passiva pronominal)

Por ser o tipo passivo facultativo, não podendo, pois, ser im-
posto ao falante, deve-se considerar como aceitável — à luz de
uma gramática descritiva — a forma Vende-se ovos frescos, em que
o locutor simplesmente indetermina o sujeito, do mesmo modo
como o faz em (66). A gramática normativa, porém, impõe, no
caso dos verbos transitivos diretos, o uso da passiva, só aceitan-
do, portanto, como “correta” a forma Vendem-se ovos frescos.

2.1.2.2. O Tipo Enfático

O tipo enfático manifesta-se, em muitos casos, por meio da ex-


pressão de realce é que”? , podendo a ênfase recair sobre qualquer
dos elementos da oração (sujeito, verbo, etc.), o qual será topica-
lizado, conforme os exemplos:

69
(68) Eu é que não vou obedecer a essa determinação.
(69) É no teatro que encontrarei meus amigos.
(70) E Maria que eu estou procurando.

A ênfase pode ser expressa, também, por meio da reiteração de


elementos do material (pleonasmos, anacolutos) e do acréscimo
de outras partículas de realce (como, ora, mas, etc) acompanhan-

“do, geralmente, o tipo exclamativo:

(71) Os alunos, estes não aceitaram a imposição da diretoria.


(72) A mim, você não me engana.

(73) As rosas, colhi-es de madrugada.

(74) Eu, não me assustam essas superstições.

(75) Como Campinas cresceu nos últimos anos!

(76) Ora vejam só que ousadia!

(77) Mas outra vez esse barulho!

A negação enfática é obtida pelo uso de partículas como


nunca, jamais:

(78) Nunca esquecerei as suas ofensas.


| Jamais

Existem, além destas, diversas outras formas de exprimir a


ênfase em português, entre as quais se destaca, evidentemente,
a entonação, cujo padrão pode variar conforme o elemento a ser
enfatizado.

2.2. As Transformações de Pronominalização

Além das modificações acarretadas à oração, decorrentes do


tipo que a precede, existem outras transformações que indepen-
dem do tipo, como as de pronominalização.

Sabe-se que existem dois tipos de pronomes pessoais em por-


tuguês: os retos?º e os oblrquos (além dos pronomes de trata-
mento). Postular-se-á que somente os pronomes retos existem no
nível da estrutura profunda;)! os segundos — tanto os átonos
quanto os tônicos — resultam sempre de transformação dos pri-
meiros.

2.2.1. Transformação Clítica

A transformação clítica transforma um pronome reto da estru-

70

tura profunda em pronome oblíquo átono na estrutura superfi-


cial, quando este exerce a função de complemento verbal não
regido de preposição:

(79) Tânia chamou- | me

te
nos
vos
EP.
o
SN sv
| / E açã m
N v pro
[reto]
|
eu
Tânia chamar as
vós
T. Clítica
o

fe

N V
pro
nin
me
âni chamou te
Tânia ! Rss
vos

Observe-se que, nos diagramas em árvore, efetuou-se uma sim-


plificação, excluindo-se o tipo , tendo em vista que as alterações
exigidas atingem apenas a proposição.

n
2.2.2. Transformação Oblíqua

T. obliqua
A transformação oblíqua transforma um pronome reto da es-
trutura profunda em pronome oblíquo tônico na estrutura super-
ficial, quando este vier antecedido de preposição, isto é, consti- o
tuir um SPC ou SPA: SN
(80) Mário trouxe este presente para fmim
ti
sp
nós EM c
| vós |
N SN
Em frases como a anterior, é possível também a permuta de
posição, dentro do SV, entre o SN e o SPC, originando (81); te N prep
operada essa tansformação, pode ocorrer ainda a ciiticização* ? | pro
que implica no apagamento da preposição (nesse caso, geralmen- Cobl]
te, a ou para)?*, dando origem a (82):
, . 2 34
(81) Mário trouxe para mim este presente. | Mário trouxe | este presente para om
(82) Mário trouxe-me este presente. os
vós
Visualizemosas diferentes possibilidades transformacionais, a
partir da seguinte estrutura profunda:
Í
T. Permuta
EP o
o Ta
a SN sv
SN SV
AEE Rita
Det N prep SN
prép. SN Det N
pro |
reto
E | ] nhá
[obl)
eu |
Mário trazer . este presente para tu )
nós Mário trouxe para mim este presente

72 73
T. Cliticização

o
au TA a
V sP SN
N
prep 7 Det N
pro
Cetit]
Mário trouxe me este presente

Ressalte-se, ainda, que, tanto em (79) como em (82), pode, após


a T. clítica ou oblíqua, haver um deslocamento estilístico do
pronome átono para diante do verbo:

79 (i) Tâniame chamou.


82 (i) Mário me trouxe este presente.

2.2.3. Transformação Reflexiva

Quando, numa mesma frase, ocorrem dois SNs idênticos e


correferenciais, aplica-se a T. reflexiva — clrtica ou obligua —
conforme os exemplos (83) e (84) respectivamente:

(83) A menina enfeitava-se diante do espelho.


(84) A jovem guardou o segredo para si.

Considerando a estrutura profunda de (83):

74.

o
sl à N
AN v SN prep SN
| N
| Det N Det N
| i i espelho
a menina enfeitar a menina diante de o sp

e operando-se a transformação reflexiva clítica, obtém-se:

o
- e
a, =
E EA
E ei a
sM sv SP
/ º /
/ '
a N v SN prep SN
pro A

| [refil] Dat N
|

a menina enfeitou se diante de o espelho

75
Det

Det

76

Considerando-se agora a estrutura profunda de (84):

E
SN sv
N V SN A
| prep SN
Det N Det N
jovem guardar o segredo para a jovem

e, operando-se a transformação reflexiva obligua, chega-se a:

v SN
So po
Det N prep SN
pro
[Left]
jovem guardou o segredo para . !

Pode ocorrer, também, sob certas condições, a 7. reflexiva cli


tica com permuta dos constituintes dentro do SV e apagamento
da preposição:

(85) Os examinadores reservam-se o direito de crítica.

cujas etapas transformacionais, a partir da estrutura profunda,


são as seguintes:

EP. Os examinadores reservar o direito de crítica para os examina-


dores.

T. refl.obl. Os examinadores reservam o direito de crítica para sº?$.


===>
per, Os examinadores reservam para si o direito de crítica.

T. refl, clít. Os examinadores reservam-se o direito de crítica.

Existem, ainda, outras transformações de pronominalização,


como a anafórica e a recíproca, que serão enfocadas em outro
capítulo, por estarem intimamente relacionadas à coordenação.

2.3. A Transformação de Afixo

Até aqui tem-se utilizado a forma infinitiva?* para represen-


tar o verbo nas estruturas profundas; torna-se necessário, no
entanto, dar conta de todas as formas que qualquer verbo pode
assumir (canto, cantava, cantei, cantarei, etc.). Para tanto é ne-
cessário postular a existência, na estrutura profunda, segundo
Chomsky (1965), de outro constituinte de frase, denominado
auxiliar (Aux.), cuja regra de reescritura?? é:

Aux. —3 tp (fut) ter-do) (estar-ndo)


tp — lpres |
pass |

Essa regra merece algumas observações:

a) a ordem de co-ocorrência dos elementos é exatamente aquela


indicada na fórmula;

77
b) a ocorrência de um dos elementos não exclui a dos demais,
como se pode observar pelas seguintes combinações: tp + fut; tp +
ter -do; tp + fut + estar - ndo; etc.

c) o tempo, presente ou passado, é o único constituinte obrigató-


rio:

(86) Mara chega hoje. (pres)

(87) Mara. vinha) —ontem,?5 (pass)


veio

d) O morfema de futuro pode somar-se ao tempo, presente ou


passado:

(88) Mara virá amanhã. (pres + fut = futuro do presente)


(89) Maurício chegaria logo. (pass + fut = futuro do pretérito)

Esse morfema não aparece incluído no constituinte tempo, por-


que, para efeito de concordância de tempos (entre o verbo da
oração principal e o de certas subordinadas), o futuro do presente
se comporta como um presente e o futuro do pretérito como um
passado, fazendo com que o verbo da oração subordinada fique,
respectivamente, no presente e no passado do subjuntivo, con-
forme demonstram (90) e (91):

(90) Desejarei que vocês viajem.


(91) Desejaria que vocês viajassem.

Assim, considerando a formulação da regra de correlação dos


tempos verbais (consecutio temporum”), é conveniente que de-
sejarei, por exigir presente do subjuntivo na subordinada, seja
analisado como um presente e desejaria, por exigir o passado do
subjuntivo, como um passado. Dessa maneira, a construção do

Aux. para poder gerar não só (90) e (91), mas qualquer verbo no
futuro, deve ser: pres+ fut, pass + fut.

e) -do e -ndo são marcas do particípio (regular) e do gerúndio, as


quais, conforme indica a fórmula, se combinam com ter e estar,
respectivamente:

(92) Mário tem pensado em você. (pres + ter-do)

(93) Mário terá pensado em você. (pres + fut + ter-do)

(94) Mário teria pensado em você. (pass + fut + ter-do)


“(95) Mário está pensando em você. (pres + estar + -ndo)

78

(96) Mário estará pensando em você. (pres + fut + estar + -ndo)


(97) Mário estaria pensando em você. (pass + fut + estar + -ndo)

Pelas combinações possíveis, percebe-se que, apesar de, em


termos de estrutura profunda, os elementos do auxiliar serem
contínuos, na estrutura superficial eles se apresentam como cons-
tituintes descontínuos (embora, é claro, interdependentes). As.
marcas do tempo, por exemplo, encontram-se após o verbo nos
tempos simples e antes do verbo — ligadas ao auxiliar — nos tem-
pos compostos. Tal descontinuidade é introduzida por uma regra
transformacional, denominada salto do afixo, que rearranja e
coloca, em seus lugares de superfície, os elementos da estrutura
profunda.

Para que fique clara esta regra, é importante estabelecer a


distinção entre elementos coniugáveis (v) e afixos de conjuga-
ção (af.).?º Considerando-se a fórmula do auxiliar mencionada há
pouco e as regras obrigatórias de reescritura do SV:

SV> Do |
cóp

tem-se que o verbo, a cópula, ter, estar são elementos conjugá-


veis, ao passo que tp, fut, do, e -ndo constituem afixos de conju-
gação. O papei da transformação de afixo é transportar qualquer
elemento marcado como afixo para depois do elemento conju-
gável que o segue, segundo a fórmula:

T. afixo

ss 40
af+v V+aff

onde &£ indica fronteira de palavra. Partindo de estruturas que já


contêm a marca da concordância:

(98) Marina + pass + chorar


Pa

(99) As meninas + pres + ter -do + estar -ndo + dormir


Pe

e aplicando-se a T. afixo, obtém-se:

79
100 (i) Marina + chorar + pass É
P3 !
101 (i) Asmeninas + ter + pres É estar -do 7 dormir-ndo 5

Ps

- Finalmente, as regras morfofonêmicas transformam as sequên-


cias:

* chorar pass É em chorou


P3

* ter pres ? em têm


P6

* estar -do fem estado


* dormir -ndo % em dormindo
dando origem a:

102 (ii) Marina chorou.


103 (ii) As meninas têm estado dormindo.

É importante lembrar que ter e estar, além de constituintes do


auxiliar, funcionam também, em português, como verbos princi-
pais (V), podendo, ainda, o verbo estar apresentar-se com função
de cópula (cóp.). Existem determinados critérios (critérios de au-
xiliaridade)?!, que permitem determinar os casos em que esses
verbos são empregados como auxiliares:

a) as frases que côntêm ter e estar com função de auxiliares fa- v


zem a passiva de modo análogo às demais, devendo o auxiliar
ocupar a posição intermediária entre ser e o particípio:

(104) Afonso tem cantado a canção.


(105) A canção tem sido cantada por Afonso

b) o particípio que com eles se combina não está sujeito à T. f


concordância:

(106) Paulo tem estudado muito.

c) funcionam, juntamente com o verbo principal, como uma uni-


dade em relação à circunstância de tempo, de modo que o SPA

8o

(quando terceiro constituinte da oração) pode mudar de posição,


sem alterar a significação da frase:

107 (i) Ultimamente, Marcela tem viajado muito.


(ii) Marcela, ultimamente, tem viajado muito.
(iii) Marcela tem viajado muito ultimamente.
d) a negação se refere à sequência como um todo, só podendo,
pois, aparecer antes dela:

108 (i) Marcela não tem viajado.


(ii) “Marcela tem não viajado.

e) o auxiliar e o verbo principal devem ter o mesmo sujeito:

109 (i) Carolina está colhendo flores.


(ii) *Carolina está Marcela colhendo flores.

f) apresentam as mesmas restrições de seleção do verbo principal,


quer quanto ao sujeito, quer quanto ao objeto:

110 (i) A casa está desabando.


(ii) “A casa está cantando.

111 (i) A pedra tinha quebrado a vidraça.


(ii) *A pedra tinha estudado a lição.

9) ocupam posição fixa na sequência verbal:

112 (i) Cristina tem estado estudando para o vestibular.


(ii) *Cristina está tendo estudando para o vestibular.

Todos esses exemplos levam à conclusão de que, realmente, em


termos de estrutura profunda, os verbos ser e estar estão funcio-
nando como elementos do constituinte auxiliar. Por este motivo,
a sua realização como verbos conjugáveis, na superfície, depende
da aplicação da transformação do afixo.

Esta análise do auxiliar, baseada numa gramática que apresenta


como meios de descrição uma base sintagmática e um subcompo-
nente transformacional, constituído de regras simples e gerais que
se aplicam umas após as outras, numa sucessão previsível, permi-
te-nos explicar, entre outras coisas, O fato de a desinência do tempo
se encontrar ora ligada ao verbo, ora ao auxiliar; explica, tambem, a

81
relação de co-scorrência obrigatória entre ter e a desinência de
particípio (-do) do verbo seguinte e entre estar e a desinência de
gerúndio (-ndo) do verbo principal.

NOTAS

1 Ao iniciar este capítulo é importante mencionar o trabalho desenvolvido por


Lemle (1982), em sua tese de doutorado. Embora com objetivos comuns — levar a
contribuição da lingúística às práticas escolares, nosso trabalho e o de Lemie
diver-
gem quanto à abrangência e às orientações. A autora, além de fazer um histórico da
gramática transformacional desde os primórdios, delineia uma gramática do portu-
guês, enquanto nósnos restringimos à sintaxe; seguimos a orientação
transformaciona-
lista padrão, enquanto Lemle segue a orientação interpretativista baseada na teoria
dos vestígios. Tendo em vista tratar-se de posições radicalmente opostas, um
confron-
to entre as duas análises no contexto deste capítulo e do seguinte não seria
pertinente.

2 É o que, atualmente, na teoria dos atos de fala, se designa por conteúdo


proposício-
nal e força ilocucionária.

3 Na realidade, a estrutura profunda contém, além da oração e do(s) respectivo(s)


tipo(s), outras marcas, algumas das quais serão enfocadas ao longo deste trabalho.

4 Além destes, os filósofos da linguagem e os lingúistas que partilham a teoria


acima
mencionada, apresentam um grande elenco de atos de fala (“speech acts”), como a
promessa, O aviso, o conselho, a admoestação, O juramento, etc., que, porém, nem
sempre possuem marcas linguísticas específicas — tais como a entonação ou a
pontuação — anãoser,no caso de enunciados com verbos performativos explícitos
(eu juro..., eu prometo..., eu aviso...) É preciso ressaltar, também, que os atos
de
fala podem ser diretos e indiretos (ou derivados). São exemplos dos segundos, as
ordens (pedidos, etc.) feitas através de enunciados interrogativos, como: “Você
quer fechar a porta?”, “Você pode me passar o açúcar?”, etc. Para o estudo mais
aprofundado dessas questões, remetemos à leitura de bibliografia especializada, já
que não cabe desenvolvê-la neste trabalho. Consultem-se, entre outros, Austin
(1962), Searle (1969), Alston (1973), Grice (1975).

5 É importante esclarecer que a distinção entre tipos obrigatórios (um deles deve
ser selecionado necessariamente pelo falante para ser acrescido à proposição) e
facultativos (o falante pode escolher ou não um deles) não corresponde à distin-
ção feita por Chomsky (1965) entre transformações obrigatórias e facultativas.
“As primeiras devem necessariamente aplicar-se a todas as estruturas que satisfaçam
sua descrição estrutural (no momento em que a regra deve aplicar-se) sob pena de
o resultado ser agramatical; as segundas podem ou não aplicar-se a uma dada estru-
tura, pois, de qualquer maneira, o resultado será gramatical. Consequentemente,
todas as vezes que houver, na derivação de uma frase, uma transformação optativa,
haverá a possibilidade de mais de uma estrutura superficial derivada da mesma
estrutura profunda. Essas estruturas superficiais, como é óbvio, são sinônimas,
pois
correspondem a uma única interpretação semântica”. (Perini, 1976). Um exemplo
de transformação obrigatória é a concordância; um exemplo de transformação op-
cional é a extraposição, que altera a ordenação de elementos (constituintes ou ora-
ções), levando, por exemplo, o sujeito oracional para o fim da frase.
Essa questão será retomada por meio de exercícios.

7 Conforme será visto mais adiante, postularemos a existência, na estrutura


profunda,
apenas dos pronomes retos, que sob certas condições, sofrem a transformação de

cliticização, a qual, no caso, irá transformar e/a em a (pronome oblíquo átono).

8 Para um maior aprofundamento dessas questões consultem-se, entre outros, Perini


(1976), Chomsky (1965) e Ruwet (1967).

9 O tempo é um constituinte do auxiliar que, por sua vez, já aparece na base: O >
SN
+ Aux + SV + SP, Esse constituinte será retomado mais adiante no item 2,3.

10 Na realidade, quando a T. concordânciaopera, a marca de tempo encontra-se an-


tes do verbo, sendo transportada para depois do verbo pela transformação de afixo,
desenvolvida posteriormente no item 2,3.

11 Na realidade, “concordar em número e pessoa” envolve um conjunto completo de


processos morfológicos, não pertinentes aqui.

12 Sobre as regras morfofonêmicas, veja-se o esquema da gramática gerativa trans-


formacional (após as notas do cap. 1) e também o item 2.3.

13 A estrutura superficial é aquela sobre a qual já operaram todas as


transformações, mas
nenhuma das regras morfofonêmicas; a estrutura enunciável decorre de estruturas
superficiais sobre as quais já operaram todas as regras morfofonêmicas (componente
fonológico).

14 As partículas interrogativas, em português, são os pronomes interrogativos


(quem?
que? qual? quanto?) e os advérbios interrogativos: de lugar (onde?), de tempo
(quando?), de modo (como?) e de causa (por que?).

15 Saliente-se que as transformações são efetuadas uma por vez, dando origem cada
uma delas a um marcador sintagmático, podendo haver, portanto, uma série de
marcadores intermediários entre a estrutura profunda e a superficial. Estamos
repre-
sentando as várias modificações num só diagrama, apenas para efeito de simplifica-
ção didática.

16 Nas frases imperativas, o apagamento do SN sujeito só não ocorre por razões


estilísti-
cas, isto é, quando se deseja tornar o enunciado mais enfático. Por exemplo: Diga
você
o que está pensando.

17 Para um maior aprofundamento, consultem-se, além de Chomsky (1965), Bach


(1979) e Perini (1976).

18 Existe, ainda, um outro tipo de negação, que recai sobre a própria força
ilocucioná-
ria e da qual não se tratará aqui. É o caso de: não prometo ir à sua festa, não
afirmo
que farei o trabalho, não ordeno que você saia, etc.

19 O tipo imperativo negativo exige que o verbo assuma as desinências modo-


temporais
do presente do subjuntivo, antecedido da partícula não: Imp. neg + vós fazeis mau
juízo dos amigos Não façais mau juízo dos amigos.

20 No caso de ser o SN sujeito o escopo da negação, a dupla negação ocorre apenas


na
linguagem popular: Ninguém não disse a verdade.

21 O enunciado (iii) pode, evidentemente, ser interpretado como uma ironia.

22 Numa estrutura profunda casual, comoade Fillmore (1968, 1971), teríamos,


um predicado acompanhado, necessariamente, de um OBJETIVO e de um AGEN-
TIVO e/ou um INSTRUMENTAL (incluindo "force", isto é, as forças da natureza
ou seres dotados de movimento),

23 Do ponto de vista pragmático, não se pode dizer que haja sinonímia entre uma
frase
ativa e a passiva correspondente.

24 Pode-se ter, por exemplo, antes da fórmula estrutural da passiva, uma outra
frase na
qual aquela deve ser encaixada, como: Eu penso + Pass, + o professor aprovará
todos os alunos > Eu penso que todos os alunos serão aprovados (pelo professor). O
elemento Y, por sua vez, pode ser representado, por exemplo, por um ou mais SP:
Pass. + a comissão entregou os prêmios aos vencedores no final do certame > Os
prêmios foram entregues (pela comissão) aos vencedores, no final do certame.

83
25 Na realidade, o acréscimo de ser -do ocorre no constituinte auxiliar, que será
desen-
volvido posteriormente.

26 Existe uma ordenação também na aplicação das transformações de tipo: efetuam-se,


primeiramente, aquelas relativas ao(s) tipo(s) facultativo(s), em seguida a T. Neg.
(quando se tratar do subtipo negativo) e, por fim, a do tipo obrigatório cabível.

27 Aprópriaescolha da forma passiva já depende do(s) elemento(s) que interessa ao


locutor enfatizar.

28 Para maiores detalhes sobre estas restrições consultem-se: Chomsky (1965) e


(1973), Ross (1967), Bach (1974) e Lemle (1976).

29 Recorde-se que a expressão enfática é que permanece invariável, isto é, não está
sujeita a regras de concordância.

30 Os pronomes retos comportam-se de modo semelhante aos nomes próprios, exceto


efe(s), elas), que constituem exemplos de referência anafórica, como será visto
mais
adiante.

31 Uma justificativa para a existência apenas dos pronomes retos na EP.éo fato de
existirem frases ambíguas no nível da estrutura superficial, cuja ambiguidade
deriva
da T. de apagamento de SNs idênticos e correferenciais, como: Wilma me pediu para
levar as crianças ao dentista. Esta frase tem duas leituras possíveis, que remontam
as
seguintes estruturas profundas:

1. Wilma pediu algo para eu [Wilma levar as crianças ao dentista ].

2. Wilma pediu algo para eu [eu levar as crianças ao dentista ]

A segunda interpretação, com o apagamento do SN idêntico eu, só é possível desde


que, na base, ocorra o pronome reto após a preposição para. Se o oblíquo me já
fosse gerado na base, apesar da correferência, a não existência do SN idêntico eu,
na
matriz, impediria o apagamento do eu da encaixada na estrutura superficial, de mo-
do que a frase acima só admitiria a primeira leitura, pois a segunda ocorreria
apenas
com o pronome eu explícito.

32 Quando a T. clítica opera sobre a estrutura SV 4 + SN, o pronome clítico exerce


a função de objeto direto; e quando opera sobre a estrutura SV + V + SN + SP,
o pronome clítico, introduzido após as transformações de permuta dos dois consti-
tuintes SN e SP e de apagamento da preposição, desempenha a função de objeto
indireto. Observe-se, ainda, que a permuta dos constituintes SN e SP é necessária,
nesses casos, pois do contrário, obter-se-iam sequências agramaticais: *Mário
trouxe
este presente me. Em outras palavras, para que a T. Clítica possa operar em
estruturas
como (80), a descrição estrutural passa a ser SV —>WV + SP + SN. Caso a permuta não
se
efetue, as condições para efetuar a transformação não são preenchidas, bloqueando-
se
a formação de uma frase agramatical.

33 Há, sob certas condições, casos de apagamento de outras preposições, como, por
exemplo, a preposição de. Quando isso ocorre, porém, o pronome clítico tem a fun-
ção de adjunto adnominal. Por exemplo: O rapaz beijou os pés da amada >> 0 rapaz
beijou-lhe os pés. Algumas destas condições são discutidas em Paredes (1976) e
Fávero (1981). Esta última lembra que, na linguagem coloquis!, ocorre o apagamen-
to da preposição em em construções como: Dei uma boa escovada no tapete./Dei-
lhe uma boa escovada.

34 Em Pq e Ps, os pronomes retos nós e vós sofrem a T. oblíqua, embora a forma não
se modifique: E.P. Mário trazer este presente para nós oupara vós. T. Obl. Mário
trouze este presente para nós ou para vós. =

35 Essa forma é pouco usual em português.

36 Há lingúístas que preferem inserir sob o nódulo V apenas o radical (morfema


lexi-
cal).

37 Na formulação desta regra não está incluído o aspecto; e o futuro é considerado


apenas como elemento afixal, não se incluindo a possibilidade da indicação desse
tempo através do uso de ir + infinitivo lp. ex., vou comer), já que os casos de co-
ocorrência desses dois futuros, em português (irei comer) exigiriam um estudo mais
aprofundado, o que foge ao escopo do presente trabalho.

38 Passado, em português, pode ser reescrito: Passado Imperfeito, Passado Perfeito


e
Passado Mais que Perfeito; a forma simples deste último é usada apenas em nível
formal de linguagem.

39 Os afixos de conjugação, em português, são os morfemas flexionais DMT e DNP. Pa-


ra maiores detalhes consulte-se Souza e Silva, Koch (1983).

40 No caso de se ter a combinação de dois afixos, por exemplo, pres + fut, aplica-
se
a seguinte regra: af + af af: pres. + fut + cantar, o que nos conduz, novamente,
à regra geral.

41 Sobre os critérios de auxiliaridade, em português, consultem-se: Lobato (1975),


Pontes (1973), Perini (1976) e Koch (1981).

EXERCICIOS
BLOCO 1

1. Descreva a estrutura profunda das frases abaixo, destacando


o(s) tipo(s) e a oração:

Quem trouxe esta encomenda para você?

Faça este esquema com muito cuidado.

Como José está elegante hoje!

O que o garoto encontrou na areia?


Recoloque todos os livros nos seus devidos lugares.

Recebi ontem sua carta.

Onde estão os relatórios sobre a criminalidade?

. Esse periódico é lido pelos psicólogos.

É na sala de espera que nos encontraremos.

10. Eu que sempre quis conhecer Paquetá!

11. Amanhã você não conseguirá a resposta desejada.

12. Esses planos não são feitos por homens de empresa.

13. No dia da greve, os alunos foram recebidos pelo reitor?

14. É no domingo que ele faz os trabalhos da Faculdade!

15. Nenhum jogador foi expulso do campo.

16. Essa feijoada, vamos comê-la logo?

17. Meu irmão é que foi trazido pela polícia até a entrada do nosso apar-
tamento.

18. Eu é que não farei todo esse trabalho.

19. Os missionários distribuíam amendoim aos indígenas nesta região do


Amazonas?

20. A alguns metros do local do acidente, o ferido foi encontrado pelos

policiais.

So po 1 60 EM e ICI +
2. Represente, através de diagramas arbóreos, a estrutura profunda
das frases seguintes:

qo

3. Os pares de frases seguintes originam-se de estruturas profun-

das idênticas? Justifique a resposta.

1. a)
b)

2. a)
b)

3. a)
b)

4. Preencha as caixas com palavras de modo a constituir frases:

Este bilhete foi encontrado por acaso.

Este bilhete foi encontrado por um servente.

« O texto de literatura foi traduzido pela competente professora.


« Hoje à noite, eles voarão para Salvador.
. Releia seu trabalho com atenção.

. Como você está elegante esta noite!


. A solenidade realizou-se na Câmara, no fim da tarde.

A norma foi estabelecida por todos os presentes.


A norma foi estabelecida por conveniência geral.

Estamos surpreendidos com esta iniciativa.

Estamos felizes com esta iniciativa.


Tipo Material

Decl SN SV
N v SP

Tipo Material

Inter SN ISV sP
Det [N|V | prep | SN

Tipo Material

Excl SN sv sp
Ot [N[v | sn | se |prep [sn

-—

ago pp e o SP

5. Transforme as seguintes frases com subtipo afirmativo em frases


com subtipo negativo (lembre-se de que Neg. indica a negação
Tipo Material
Decl | Neg SN sv
Mod &
N
Det SA NV
Mod
Det N
SP
Tipo Material
Inter | Passivo SN [sv SP
D pa VI SN SN
t e]
INT pre
Tipo Material |
Imperat Af SN sv
l SN
: T
pro |V: mod
De |N
SP
Tipo Material
Excl | Ent SN Sv sp
Mod
Det |N vi sn | sp |prep| SN
SP
Tipo Material
Int ] Neg SN sv
N
Det Cop | SN
Pródet | Det |PósDsr

de constituintes):

ga O te

Nós estamos convencidos da necessidade da reforma.


Neg. alguém duvidará de nossas boas intenções.

O diretor do clube foi convocado?


Os inquilinos foram encontrados em casa!
Maltrata este pobre animal.

Comentou-se o assunto.

Falou-se Neg. algo sobre o novo estatuto. (use as duas possibilidades)


Ele encontrou comigo Neg. em algum lugar.

co + 0

6. Acrescente às proposições abaixo o tipo imperativo afirmativo


e negativo, quando possível:

. Vocês dizem sempre a verdade.

. Vós vos lembrais de vossas promessas.


Vocês levam esses embrulhos para mim.
« Tu és muito bonito.

Nós obedecemos a leis injustas.

« Vós vos culpais pelos erros alheios.

. Tu te arrependes de ter tentado ajudar.


. Nós acreditamos em falsos profetas.

. Você se aborrece por pouca coisa.

. Ele pode tirar férias.

SLONDALSWNA

-—

BLOCO 2
1. Aplique o tipo interrogativo às seguintes proposições:

«O presidente virá a São Paulo na próxima semana

Qu- alguém roubou as jóias da rainha

« Você comprou esses livros de astrologia Qu- em algum lugar


. Ou- algo estava pichado no muro

. Você conheceu este rapaz Qu- de alguma maneira

DAWN

2. Apliqueo tipo passivo quando possível. Justifique as impos-


sibilidades.

. Mário envia as cartas de Luís a Carla.

- À criança pesa 30 kg.

« Os jornais teriam veiculado notícias sensacionais para atrair o pú-


blico.
- Sérgio tem entregado com regularidade seus relatórios.

- Os alunos da universidade tinham espalhado notícias sobre a greve.

. O professor tem excelentes alunos.

- As padarias tornaram a entregar aos consumidores pães feitos com


trigo deteriorado.

. Os governantes começaram a discutir o assunto da abolição de sub-


sídios ao trigo.

ra

“Sus

co

88

9. A Assembléia acabou indiretamente por aprovar a Lei dos Estrangei-

ros.

10. Minha casa custa vinte milhões de cruzeiros.

11. As bancas estão podendo vender as publicações da imprensa alterna-


tiva.

12. Deus pode tudo.

13. O carro ia atropelando o menino.

14. Um soldado da Guarda Nacional salvadorenha acabou de matar um


jornalista.

3. Identifique as frases em que foi aplicado o tipo passivo e indi-

que a estrutura profunda correspondente:

1. Em 1987, uma guerra mundial poderá ser desencadeada pelas gran-


des potências.

. Carlos estava sendo vítima dos traficantes de entorpecentes.

. O incêndio foi ateado ao presídio pelos detentos enraivecidos.

. O ruído tem sido tributário da loucura nas grandes cidades.

O garoto foi testemunha de mais uma tentativa de sequestro por agi-

tadores.

. Os sequestradores teriam sido apontados por ele, no acareamento.

. Olavo poderia ter sido cúmplice de um furto pelo medo da vingança.

. Luís tem sido merecedor dos maiores elogios de seus professores.


. Alguns nomes são formados de radicais latinos.

10. Os automóveis têm sido substituídos pelas bicicletas.

qo

oco

4. Aplique o tipo passivo pronominal:

1. Alguém abriu o cofre.

2. A gente enxerga melhor os defeitos alheios.

3. A gente encontrou fósseis muito antigos.

4. As pessoas constroem represas para produzir eletricidade.

5., As vezes, as pessoas consideram pouco inteligentes aqueles que têm


idéias próprias.

BLOCO 3

1. Crie conjuntos de frases com os tipos obrigatórios, conteúdo


proposicional idêntico, mas que obedeçam às restrições abaixo:

verbo em Pq2
verbo em P3
. verbo em P4
- verbo em Ps

89
2.

8.

4.

90

Crie conjuntos de frases que obedeçam as características abai-


xo:

1. Frases em P4 do tipo:
a) Excel. + Enf.
b) Decl. + Neg. + Pass.
c) Int, + Pass,
d) Int. + Neg. + Pass.

2. Frases em P2 do tipo:
a) Imp.
b) Decl. + Neg. + Enf.
c) Imp. + Neg. ]
d) Int. + Neg. + Enf.

Crie conjuntos de frases com conteúdo proposicional idêntico,


que obedeçam às seguintes condições:

1. a) Tipo obrigatório + 1 tipo facultativo


b) Tipo obrigatório + 2 tipos facultativos
c) Tipo obrigatório negativo + 1 tipo facultativo
d) Tipo obrigatório negativo + 2 tipos facultativos

2. a) Tipo imperativo afirmativo


+ material com verbo em Ps,
b) Tipo imperativo negativo

3. a) Tipo imperativo afirmativo

+ material com verbo em P2


b) Tipo imperativo negativo

Atualize as frases seguintes:

1. Decl. + Neg. o vereador dizer alguma coisa


2. Decl. + Pass. alguém ler o artigo ontem
3. Imp. + Neg, vocês estudar matemática
4. Int.+ Neg. nós assistir à peça
5. Int. + Pass. a polícia encontrar os assassinos
6. Excl. + Neg. + Enf. ele estar me acusar 4
7. Imp. tu fazer a pesquisa com grande interesse
8. Int nós encontrar alguém na secretaria
9. Decl. + Neg. + Pass. os inimigos invadir o acampamento à noite
10 Int. as notas estar retidas em algum lugar.

5. Considerando as frases do exercício anterior, diga quais as mo-


dificações que o acréscimo de cada tipo acarretou à oração.

6. Atualize as orações seguintes, utilizando todos os tipos obriga-


tórios e facultativos possíveis:

1. Eu comprarei vários discos novos esta semana.


2. Você entregará os papéis ao diretor amanhã cedo.
3. O exército debandou diante do tiroteio inimigo.

7. A partir de exemplos elaborados por você, faça um levanta-


mento das combinações impossíveis entre os diversos tipos
obrigatórios e facultativos. Justifique as impossibilidades.

BLOCO 4

1. Represente as estruturas profundas das frases abaixo e indique


as transformações aplicadas para se obter as estruturas super-
ficiais:

. Ontem, Gilberto levou-nos ao cinema.

. Eu te disse a verdade.

Mandaram-nos flores.

. Encontre-me na porta do cinema.

José contou esta piada para mim.

Maria comprou para nós este lanche.

. Lúcia olhava-se no espelho.

. As revistas nos foram enviadas pelo reembolso postal.


. Os censores atribuem-se o direito de crítica.

10. Os alunos acompanharam-me ao aeroporto.

11. A notícia foi muito triste para nós.

12. Nós é que não vamos nos sujeitar aos seus caprichos.

VvONDARAWN

2. Ponha nos parênteses, por ordem de aplicação, a letra corres-


pondente às transformações sofridas pelas frases que se encon-
tram à esquerda: :

1. (.) A mulher dirigir-se ao supermercado. (a) T. Clítica


2. ( ) Eu lhe dizer a verdade. (b) T. Obliqua
3. ( ) Eu te ver amanhã na faculdade, (c) T. Permuta dos objetos
4. ( ) Os trabalhadores se atribuir o direito ld) T. Reflexiva
de greve. (e) T. Apagamento da prep.
5. ( ) Os colegas dedicar-me um poema. tf) T. Deslocamento
(g) T. Concordância

91
3. Analise as frases abaixo. A seguir, tente explicar a diferença en-

tre os pronomes átonos (clíticos) com função de objeto direto


e de objeto indireto:

1. Paulo devolveu-me o livro de Química.

2. Meu amigo levou-me ao médico.

3. Teu patrão prometeu-te um bom aumento.


4. Tua vizinha preveniu-te do perigo.

4. Atribua a cada uma das frases abaixo a letra correspondente à


explicação da ocorrência da partícula se:

a) éo resultado da tansformação de um SN

b) éo resultado da transformação de um SP

c) éo resultado de transformações de acréscimo


d) é parte integrante do verbo

. Maria tem se dedicado aos estudos.

. Reescreveu-se mais uma página da história.


Cândido retirou-se do aposento.

O aluno queixou-se ao diretor.

O menino cortou-se com o vidro.


Refizeram-se os cálculos da obra.

Ele se esqueceu de mim.

Necessita-se de mecânicos gabaritados.

Os grevistas retiraram-se da fábrica.

Lili dá-se ares de grande dama.

BLOCO 5

e ve meio! da bo Ni

-—

1. Represente a constituição do auxiliar das frases abaixo:

. Maria cantarola todo o dia.

- O menino tinha estado fazendo a lição.

- Papai gostaria de sua música.

. Os cães têm dado trabalho.

Sílvia escreveu a carta ao João.

Nesse momento, Marcos já terá chegado em casa.


- Essa dor de cabeça tem estado amolando.

- Ontem, vocês teriam passado conosco horas divertidas.


« Tu farias este favor para mim?

10. Você teria estado remexendo em minhas gavetas?


11. Os alunos tem trabalhado muito.
12. Minha família tem estado viajando.

vONDNNWUNAa

92

3. AS TRANSFORMAÇÕES EM FRASES COMPLEXAS

Verificadas as vantagens de se recorrer às regras transforma-


cionais no interior das frases simples, vejamos como elas operam
no nível das frases complexas, isto é, dos períodos compostos.

No período composto, tem-se a combinação de duas ou mais


orações, que pode ser feita através dos procedimentos sintáticos
de coordenação (ou combinação) e subordinação (ou encaixa
mento), os quais se opõem entre si pelo tipo de regras transfor-
macionais aplicadas. Na subordinação, as regras são de substitui-
cão, ao passo que, na coordenação, estas operações são de adi-
ção. Os conceitos puramente sintáticos de coordenação e subordi-
nacão vêm sendo questionados, considerando-se que, do ponto de
vista semântico e pragmático, as frases de um período composto
são necessariamente interdependentes.

3.1. As Transformações de Encaixamento

Diz-se que há subordinação quando se procede ao encaixa-


mento! deuma oração dentro de outra — a matriz ou principal pai
de modo que a encaixada venha a exercer a mesma função sintáti-
ca do constituinte no lugar do qual se opera a inserção. As frases
encaixadas ou subordinadas podem ser de três tipos diferentes,
dependendo do nódulo no qual se dá o encaixamento, a saber: as
completivas, encaixadas no lugar de um SN; as circunstancials,
encaixadas na posição de um SPA; e as refativas, encaixadas na
posição de modificadores adjetivais do nome, conforme os exem-
plos (1), (2) e (3) respectivamente:

93
1 ti)
(ii)
(iii)

Muitos cientistas imaginam a/go.


Haver vida em outros planetas. (frase encaixada)
Muitos cientistas imaginam que há vida em outros planetas.

2 (i) Os pássaros recolhem-se a seus ninhos em dado momento.


(ii) A noite começar a cair.
(iii) Os pássaros recolhem-se a seus ninhos quando a noite começa
a cair.
3 (i) O professor recomendou um livro especificado.”

(ii)
(iii)

O livro estar esgotado.


O professor recomendou um livro que está esgotado.

3.1.1. As Completivas

As completivas, designadas substantivas pela gramática tradi-


cional, são aquelas que complementam a oração matriz, funcio-
nando nela como sujeito (SUJ), objeto direto (OD) ou indireto
(O!), complemento nominal (CN), predicativo (PRED) ou aposto
(AP). O SN no qual se opera o encaixe é sempre um termo que
pode ser representado por expressões como aígo, alguma coisa,
uma coisa, isto. Estas expressões são chamadas pró-formas,* isto
é, formas vazias de significado, que servem para marcar a posição
estrutural, o lugar onde a segunda oração deve ser inserida. Por
exemplo, em

| algo |
| |

(4) alguma coisa

Paulo sabe

a pró-forma genérica pode ser substituída tanto por um só item


lexical (ex.: francês), como por um sintagma (ex: uma bela can-
ção) ou por uma outra oração (ex.: o professor é justo).

Há, portanto, uma equivalência entre o período simples e o


composto, apresentando este último um de seus termos sob for-
ma oracional e constituindo, assim, uma expansão do primeiro.
Essa expansão é possibilitada pelo caráter recursivo das regras de
estrutura frasal, isto é, pela propriedade que estas possuem de
permitir a reintrodução, à direita da seta, de qualquer símbolo
que, numa regra anterior, se encontra à esquerda. Em se tratando
de completivas, ter-se-á a introdução do símbolo O à direita da
seta, por meio de uma regra que reescreve um SN genérico (AL-
GO) como oração: SN > 092?
94

A regra completa do SN passará a ser, portanto:

(Det) (Mod) N (Mod)


Pro
02:

SN >

Devido a essa propriedade, torna-se possivel obter, a partir de


um número finito de estruturas básicas, o numero potencial-
mente infinito de frases de uma língua.

A equivalência entre o período simples e o composto pode


ser verificada através dos exemplos:

ALGO é importante.
SUJ é
Todos os membros do Conselho apresentar sugestões.
É importante a apresentação de sugestões por todos os mem-
bros do Conselho.
É importante que todos os membros do Conselho apresentem
sugestões. *

(ii)
(iii)

(iv)

Ele desejava ALGO.


OD
Os companheiros colaborar na pesquisa.
Ele desejava a colaboração dos companheiros na pesquisa.
Ele desejava que os companheiros colaborassem na pesquisa.

(ii)
(iii)
(iv)

Nós precisamos de ALGO.


ol
Os colegas criticar este trabalho.
Precisamos da crítica dos colegas a este trabalho.
Precisamos de gue os colegas critiquem este trabalho.

(ii)
(iii)
(iv)

A possibilidade de ALGO deu-lhe forças para a luta.


CN
Ele realizar o seu sonho.
A possibilidade de realização do seu sonho deu-lhe forças

para a luta.
A possibilidade de que realizasse o seu sonho deu-lhe forças

para a luta.

ii)
(iii)

(iv)

95
O jovem tinha certeza de 4 LGO.
CN
(ii) | O jovem ser promovido. é
(iii) O jovem tinha certeza de sua promoção. |
(iv) Qjovem tinha certeza de que seria promovido.

10 (ij) Anossa esperança é ALGO.


PRED
(ii) A equipe triunfar nos jogos decisivos. . . o
(iii) A nossa esperança é o triunfo da equipe nos jogos decisivos.
(iv) A nossa esperança é que a equipe triunfe nos jogos deci-
sivos é
11 (i) Nossa vontade é esta: ALGO.
AP
(ii) Os convidados ficar satisfeitos. .

iii) Nossa vontade é esta: a satisfação dos convidados. Se .B


e o j je tisfeitos.
(iv) Nossa vontade é esta: que os convidados fiquem sa

A completiva será classificada, portanto, conforme a posição


ocupada na frase pelo SN no qual ela for encaixada:

o
ON AM a 26 na
SN sv SN
| fo / DN
ALGO V SN Y E
(subj) | / SN
ALGO prep.
(obj. dir.)
ALGO
o o (obj. indir.) |
Pad ias Rd A Ro
SN
des ves
cóp SN M EN
fo Ss
ALGO SN SN
(pred.)
item genérico ALGO
(apos.)
96

TS

Det N Mod. |

| E V SN
SPc /N
Det N Mod
prep SN |
| SPe
ALGO AN
(compl. nom.) prep SN
ALGO
(compl nom.)

Observe-se que a oração completiva nominal vem encaixada em


um nódulo SN que, juntamente com a preposição, faz parte de
um nódulo SP. Esse SP, por sua vez, funciona como complemen-
to do nome dentro de outro SN, o qual pode ser tanto um SN
sujeito, como um SN interior ao SV (objeto, predicativo, etc.).
Por esta razão, a completiva pode aparecer no diagrama em posi-
ções diferentes.

O encaixamento das completivas pode dar-se por meio de


dois tipos de complementizadores: o QUE*, introduzindo

crações substantivas desenvolvidas e o -R, introduzindo orações


substantivas reduaidas.

3.1.1.1, O Complementizador QUE. Quando se introduz uma


completiva por meio do complementizador QUE, a transforma-
ção de encaixamento obedece às seguintes etapas: a) encaixamen-
to de 02 no lugar da pró-forma ALGO; b) acréscimo do comple-
mentizador. Visualizemos as estruturas profundas e a transforma-

ção de encaixamento que dão origem à seguinte estrutura superfi-


cial:”

97
E.P
o

as DS a qui RE
| a y

A SN N
| | 1
Eduardo sabe ALGO Cristina viajar
T. Encaix.
==>

SN

a
TÁ Sa
a

Comp 02
Em
SN 7
N ;
| |
Eduardo sabe QUE Cristina viajou

Para efeito de impitodão a r Fido


í i -se de indicar nos dt o
no capítulo 2, deixando-se licar Ê
tipos e brigatórias quando estes não Ee Ds
ão à içã ivo e exclam E
à proposição (declarativo tamati
E eso quê se trate de tipos obrigatórios Ela FaMAnNas,
i i s deverão ser especific: ; :
da matriz ou da encaixada, ele 5 atira
i ião do encaixamento da comp à
Muitas vezes, por ocasião
fazem-se necessários ajustes quanto ao modo ras pa: km
uso da preposição, além do apagamento do SN idên

extraposição:

a) modo verbal: dependendo de senao ie ea pa

ã i o da encaixada ora n
bo da oração matriz, o verb G: ra permane
indicativo : ora sofrerá a transformação de a
pela qual optou-se por apresentar, na estrutura profunda,

98

Ee

da matriz acrescido dos morfemas flexionais e o verbo da encai-


xada no infinitivo). Além de verbos que exigem sempre o empre-

go do indicativo (13) ou sempre o do subjuntivo (14), há aqueles


que admitem ambas as possibilidades (15):

(13) Eu soube que Lucila está (ou estava) doente.


(14) Eu temia que Lucila estivesse doente.

. está,
(15) Eu imagino que Lucilalesteja[ doente.

De um modo geral, pode-se afirmar que os verbos de volição


(querer, desejar, preferir, etc.), de sentimento (temer, lamentar,
alegrar, entristecer, etc.), de ordem ou solicitação (mandar, orde-
nar, pedir, rogar, etc.) exigem o subjuntivo na encaixada, ao pas-
so que os verbos de constatação (notar, perceber, verificar, etc.) e
de declaração (afirmar, dizer, declarar, etc.) determinam, normal-
mente, o uso do indicativo, conforme os exemplos (16) — (20):

(16) Quero que todos saibam da minha decisão.

(17) Lamento que vocês tenham se desentendido.

(18) O monarca ordenou que soltassem os prisioneiros.

(19) Todos perceberam que o candidato estava nervoso.

(20) O governador declarou que tem condições de superar a crise.

No entanto, em se tratando de verbo de declaração e apare-


cendo, na matriz, o subtipo negativo, é possível a ocorrência do

subjuntivo na completiva, quer a negação venha a ser marcada


por um advérbio de negação, como não, nunca, jamais, quer se

apresente lexicalizada no interior do próprio verbo, como é o


caso de negar:

(21) Eu

não innons elefestá |tentando fugir ao compromisso


— nego esteja
assumido.

No caso dos verbos de julgamento (julgar, crer, acreditar,

pensar, imaginar, etc.), o emprego do indicativo ou do subjun-

tivo na completiva dependerá do fato de esses verbos conterem o


traço [ +factivo] ou [— factivo]'º. Toda vez que um verbo de
julgamento contiver o traço [ + factivo ], ocorrerá o indicativo
na oração encaixada;!! pelo contrário, a presença do traço -
factivo ] determinará o emprego do subjuntivo na-completiva! 2:

(22) Acredito que nossa equipe realizou uma excelente partida.


(23) Acredito que o novo presidente da empresa seja uma pessoa capaz.
99
pn

b) tempo: o tempo da oração encaixada depende, muitas vezes, do 22 () .


tempo da matriz (“consecutio temporum”): il Preciso de ALGO.
(ii) Você me ajudar.
1) tratando-se de verbo que exige a presença do subjuntivo na (iii) Preciso (de)
que me ajude.

encaixada, a ocorrência do presente do indicativo determinará a


do presente do subjuntivo na completiva (24), enquanto a ocor-
rência do passado na primeira acarretará a do passado do subjun-
tivo na segunda (25):

| (24) Desejamos que vocês façam boa viagem.


| (25) Desejávamos que vocês fizessem boa viagem. 30 (fi)

d) apag. mento de SN p
aga idêntico quando a co I
a mpletiva contiver um
SN idê tico e correfer encial a outro SN da matriz, O SN repet >
, !

do sera apagado apos ter sido efetuada a concordância ou, mais


' , '
rararm ente, pronormn inalizado:

A candidata acredita ALGO.

2) em se tratando de discurso relatado (ou indireto), estando o E A candidata


vencer as eleições.

| verbo da matriz no passado, a transposição do discurso direto A candidata


acredita que (ela) vencerá as eleições.
| exigirá, além de outras, alterações no tempo verbal, que passará e) extraposição:
quand :
| de presente a imperfeito, de perfeito a mais que perfeito, de ção de sujeito da
do a completiva estiver encaixada na posi
futuro do presente a futuro do pretérito, e assim por diante, mação de extra
mplriz, procede-se-normalmentea uma transia E
| conforme os exemplos: da frase: posição, que transfere o primeiro SN para o Final
| 26 (i) Ajovem disse: — Sou uma criatura infeliz. 31 (i) ALGO écerto.
(ii) A jovem disse que era uma criatura infeliz. (ii) | Márcio chegar hoje
(ii) Que Márcio che á hoj
a a . gará hoje é ce a
| 27 li) Ocriminoso confessou: — Matei-a por desespero. em português). rto
(construção pouco natural
matara (iv) É certo que Márcio chegará hoje.

(ii) O criminoso confessou que à tinha matado ,por desespero.


havia matado

o8 (ij) O técnico declarou: — Tudo faremos pela vitória de nossa


equipe. 3.1.1.2. O Com i
veda plementizador - ;
(ii) O técnico declarou que tudo fariam pela vitória de sua equi- pletiva pode ser
efetuado td OSHRO Es dis de uma com-
edi r : se di i
pe. E complementizador -R, obtendo-se assi, um DE
O amento do into, Nesses casos, a transformação de en.
Note-se, porém, que a concordância dos tempos verbais no ii) cebe o nome de T.
infinitiva. A partir de (32) (i) é
discurso indireto, embora desejável do ponto de vista estritamen- He
te gramatical, nem sempre Se concretiza, por estar na dependên- 32 ti) .
cia de uma série de fatores de ordem pragmática, tais como o tipo (ii) Luís espera
ALGO.

icativa, a maior ou menor proximidade, no Luís vencer as dificuldades.

de situação comuni
tempo, da produção do discurso que está sendo relatado, O grau

de formalidade ou de polidez, etc. e da forma encaixada (iii)

c) uso da preposição: no caso de verbos normalmente seguidos de (iii) Luís espera


vencer as dificuldades.
sintagmas preposicionados, ao se processar O encaixe, ocorre, fre- ode
a ao : : m-se a
quentemente, em níveis de linguagem menos formais, o apaga- p observar as
transformações ocorridas: a) encaixamento

de O2 no lugar da pró-forma algo de 01; b) acréscimo do comple-

mento da preposição, como no exemplo: re


izador - inênci
or -R (desinência modo-temporal de infinitivo, indicando

100
101
que o verbo assumirá necessariamente a forma optei: aa
gamento do SN idêntico da completiva. O gráfico PR o ii
te visualizar essas transformações, apos O encaixe de

(i):

Oq
die do a ey
SN
| Ro no ag
N V E]
E E
COMP. 2
a ag -
SN
N V 2 SN Se
E N
Luís espera -R Luís vencer a dificuldades
T. apag. do SN idêntico de 02
>
04
pa li Jp
Edo
N V “
02
|
sv
MS
V SN
Rn
Det N
| |
Luís espera vencer as dificuldades

Em (32) (iii), a completiva infinitiva exerce, o se


i ã “abieto direto. Note-se, porém, que, est
triz, a função de objeto e
c i rcer as funções j 7
ue a desenvolvida, ela pode exercer unçõ
o indireto, complemento nominal, preuicativo e aposto,

conforme os exemplos (33) — (37):

102

(33) É preciso ter fé nos homens.


(34) Gosto de observar a movimentação das formigas.

(35) Sentia uma vontade imensa de libertar-se de todas as amarras.

(36) Meu sonho é conhecer o mundo todo.

(37) Roberto só tinha um desejo: contribuir parã o progresso da Ciência.

A introdução do complementizador -R exige, na completiva,


ajustes semelhantes aos que ocorrem quando da introdução do
complementizador QUE:

a) apagamento da preposição — nas completivas de infinitivo, a


preposição exigida pelo verbo da matriz ora é conservada, ora
suprimida: .

38 (i) Eu penso em ALGO.


(1) Eu estudar medicina.
(ii) Eu penso em estudar medicina.

39 (ij Eunecessito de ALGO.


(ii) Eu viajar amanhã.
(ii) Eu necessito (de) viajar amanhã...

b) extraposição — quando a completiva infinitiva exerce a função


de sujeito da matriz, normalmente ocorre a sua extraposição para
o finai da frase, embora esta exigência seja menos rígida que no

caso das desenvolvidas, conforme se pode observar em (40) e


(41):

(40) É conveniente adiar a reunião para a próxima semana,


(41) Prevenir acidentes é dever de todos.

c) concordância — sendo idênticos os sujeitos da matriz e da


encaixada, o infinitivo assume a forma não flexionada; sendo

diferentes, deverá apresentar-se na forma flexionada, conforme


será visto a seguir.

d) apagamento de SN idêntico — ocorrendo, na completiva, um

SN idêntico e correferencial a outro SN da matriz, aquele será


normalmente apagado:

42 (i) Carlos deseja ALGO


(ii) Carlos visitar o museu
(iii) Carlos deseja visitar o museu.

103
43 ti) Eu convenci Guilherme a ALGO..
(ii) Guilherme vender a motocicleta.
(iii) Eu convenci Guilherme a vender a motocicleta,

Corho o SN sujeito da infinitiva pode ser apagado quer no


caso de ser idêntico ao SN sujeito, quer no caso de ser idêntico a
um SN complemento da matriz, pode ocorrer ambigúidade nas
completivas. Assim, uma frase como:

(44) Proponho-lhe ir ver o diretor.

pode provir de duas estruturas profundas diversas:

(ij Eu proponho ALGO a você.


(ii) Você ir ver o diretor.

(iii) Eu proponho ALGO a você.


(iv) Eu ir vero diretor.!?

Outro exemplo de ambiguidade em completivas de infinitivo

45 (i) Ouvi tocar a campainha.


em que a campainha pode ser o SN sujeito ou objeto de tocar:

+”
(ii) Ouvia campainha tocar.
(iii) Ouvi (alguém) tocar a campainha.

Na última frase, o sujeito é indeterminado, podendo, pois, ser


apagado na superfície (do mesmo modo que na T. passiva: ele foi
nomeado (por alguém)). Neste caso, a ambigúidade poderia ser
desfeita pelo uso do infinitivo flexionado:

tiv) Ouvi tocarem a campainha.

3.1.1.3. Obrigatoriedade ou não do encaixe por meio do comple-


mentizador -R. A T. infinitiva, em português, pode ser obrigató-
ria ou facultativa, dependendo de vários fatores.!

a) Se os sujeitos da oração matriz e da encaixada forem idênticos


e correferenciais e o verbo da matriz tiver o traço [ + volitivo ]
ela será obrigatória:! é

104

46 (i) Paulo quer ALGO.


(ii) | Paulo terminar o curso.
(iii) Paulo quer terminar o curso.
(iv) *Paulo quer que (ele) termine o curso.

47 (i) Luís deseja ALGO.


(ii) | Luís vencer as dificuldades.
(iii) Luís deseja vencer as dificuldades.
(iv) * Luís deseja que (ele) vença as dificuldades.

(46) (iv) e (47) (iv) só se tornam aceitáveis se o pronome anafóri-


co que ocorre na encaixada tiver outro referente que não o SN
sujeito da matriz.

b) Se forem diferentes os sujeitos da matriz e da encaixada, a T.


infinitiva, quando admitida pelo verbo da matriz !7, será faculta-
tiva:

48 (i) O professor mandou ALGO.


(ii) | Os alunos entregar os trabalhos datilografados.

(iii) O professor mandou que os alunos entregassem os trabalhos


datilogratados..

tiv) | O professor mandou os alunos entregarem! * os trabalhos da-


tilografados.

49- (i) | As provas do processo confirmaram ALGO.


(i) | O réu ser um estelionatário.
| (iii) As provas do processo confirmaram que o réu é um esteliona-

tário.

tiv) As prosas do processo confirmaram ser o réu um esteliona-


tário.

Se, todavia, o verbo da matriz possuir o traço [ + volitivo],


só existe a possibilidade de encaixe por meio do complementiza-
dor QUE:

50 (ij Opovo deseja ALGO.


“x (ii) O governo atender às suas reivindicações.
fii) O povo deseja que o governo atenda às suas reivindicações.
tiv) * O povo deseja o governo atender às suas reivindicações.

c) Quer sejam idênticos ou diferentes os sujeitos da matriz e da


encaixada, com um determinado grupo de verbos, por exemplo,

105
os de julgamento, se a oração encaixada tiver uma cópula, a T.
infinitiva será facultativa, podendo ocorrer, ainda, o apagamento
da cópula da completiva. Tem-se, assim, a possibilidade de super-
ficialização de três estruturas diferentes: uma desenvolvida (iii),
uma reduzida (iv) e um período simples, originado pelo apaga-
mento da cópula (v):

julga |
51 ti) Marcela | . ALGO
considera |

(ii) Rafael ser incapaz de mentir.

julga ) . j
(ii) Marcela i que Rafael é incapaz de mentir.
considera

julga

(iv) Marcelaloonsidera ser Rafael incapaz de mentir.


julga ; .

(tv) Marcela lconsidera|ftafae incapaz de mentir.

52 (i) Afonso julga ALGO.


(ii) | Afonso ser um bom escritor.
(iii) Afonso julga que é um bom escritor.
(iv) Afonso julga ser um bom escritor.
(v) | Afonso julga-se um bom escritor.

Em (52) (v), com o apagamento da cópula da oração encaixa-


da, obtém-se o que a gramática tradicional denomina de predica-
“do verbo-nominal com predicativo do objeto." Nesses casos,
sendo idênticos e correferenciais os SNs sujeitos da matriz e da
encaixada, o segundo sofre, obrigatoriamente, a 7. reflexiva; mes-
mo sendo os sujeitos diferentes, o segundo poderá sofrer a T.
clrtica, quando o referente já tiver sido explicitado anteriormente
no contexto. Assim, em (51) (v), ter-se-ia também:

51 (vi) Marcela julga-o incapaz de mentir.

3.1.1.4. O Discurso Indireto. Quando se transforma o discurso


direto em discurso indireto ou relatado, ocorre sempre uma trans-
formação de complementação: tem-se uma oração matriz com
verbo “dicendi” (dizer, declarar, afirmar, responder, etc.) e uma
completiva, introduzida ora por QUE, ora por -R, embora esta
última nem sempre seja possível. Observe-se:

53 (i) Carolina disse ALGO: [ — Eu estou disposta a qualquer sa-


crifício]
(ii) Carolina disse que estava disposta a qualquer sacrifício.
(iii) Carolina disse estar disposta a qualquer sacrifício.

106
54 (ij) O presidente declarou ALGO: | — Tocos os presos serão
libertados] ria
(i) O presidente. declarou que todos os Presos jserão pira
dos.

(ii) * O presidente declarou serem libertados todos os presos.

As interrogativas indiretas constituem um subtipo do discurso


relatado e, por isso, funcionam também como completivas, po-
dendo ser introduzidas ou pelo comp/ementizador SE (quando se
trata de respostas do tipo sim/não — ex. 55) ou por uma partícu-
la interrogativa (nas orações em que se quer marcar o escopo da
interrogação — exs. 56-58). Nesses casos, a partícula é mantida,
ficando a matriz e a encaixada apenas justapostas.

55 (ij O técnico deseja saber ALGO: [ — Poderei contar com


todos os titulares na partida decisiva? ]
(ii) | O técnico deseja saber se poderá contar com todos os titula-
res na partida decisiva.

56 (ij) Todos se perguntavam ALGO: [ —Quem é o recém-


chegado? ]
(ii) | Todos se perguntavam guem era o recém-chegado.

57 (i) O rétirante indagou ALGO: [ — Onde fica a cidade gran-

de? ]

(ii) O retirante indagou onde ali cidade grande.

fica
58 (i) O juiz perguntou ALGO: [ — Quantos atletas vão participar

da prova? ]

e o iriam

(ii) O juiz perguntou quantos atletasivão jparticipar da prova.

iam

3.1.2. As Circunstanciais

As circunstanciais, denominadas adverbiais pela gramática tra-


dicional, são orações que se encaixam na posição de um SPA
modificador da matriz, que, à semelhança das completivas, será
representado por pró-formas como: em dado momento, por uma
razão, etc., de acordo com a circunstância a ser expressa. Essa
pró-forma poderá ser substituída tanto por um item lexical (ex:
agora), como por um sintagma (ex: na primavera) ou por uma
outra oração (ex: A primavera chega). Observem-se os exemplos:

107
59 (il) Os jardins se enfeitam de flores agora.
(ii) | Os jardins se enfeitam de flores na primavera.
(ti) Os jardins se enfeitam de flores quando chega a primavera.

Em (iii), tem-se, pois, um SPA constituinte da frase, que se


apresenta sob forma oracional, conforme as regras de retranscri-
ção abaixo: SPA > 092?!

A regra completa do SPA passará a ser, portanto:

prep + SN
SPA > “adv
02

O “modus operandi” da transformação de encaixamento,


chamada T. de circunstancialização, pode ser descrito a partir das
frases:

60 fi) O público deixou o recinto em certo momento.


SPA
(ii) O espetáculo terminar.

A frase (ii) será encaixada na posição do SPA de (i), antecedi-


da de um conectivo, denominado circunstancializador, que será,
no caso, uma conjunção temporal. A noção de tempo expressa
em (ii) pode ser simultânea, anterior ou posterior ao fato enun-
ciado em (i), cabendo, pois, ao circunstancializador assinalar o
tipo de relação temporal.

(iii) O público deixou o recinto quando o espetáculo terminou.

(iv) O público deixou o recinto antes que o espetáculo ter-


minasse.

(v) O público deixou o recinto depois que o espetáculo termi-


nou.

108

ab

Graficamente, representa-se este processo da seguinte forma:

EP.
AO Ss
SN sv sP
Ag Ps / a
Det N V SN prep SN
/N ON
Det N Det N
público deixou o bina em do Fi
o
aii
SN sv
ON |
Det N v
: aernlácuio terminar
T. Cire.
9

o público dei- o recinto quan- o espetá- terminou


xou to do culo

109
Além da circunstância de tempo, já ilustrada, a oração cir-
cunstancial pode exprimir uma série de outras relações, conforme
os exemplos que se seguem:

CAUSA

61 (i) O torcedor ficou sem voz, por uma razão (causa)


(ii) O torcedor gritar demais durante o jogo.
(iii) O torcedor ficou sem voz, porque gritou demais durante o
jogo.

CONSEQUÊNCIA

62 (i) O torcedor gritou demais durante o jogo com uma conse-


quiência-
(ii) | Otorcedor ficar sem voz.
(ii) O torcedor gritou demais durante o jogo de sorte que ficou
sem voz.
(iv) | O torcedor gritou tanto durante o jogo gue ficou sem voz.

Note-se que causa e consegtiência nunca vêm desvinculadas.


O que leva a classificar as orações circunstanciais ora como cau-
sais, ora como consecutivas é unicamente o fato de que, nas
primeiras, a causa vem expressa na encaixada e a consequência na
matriz, ao passo que, nas segundas, a consequência é veiculada
pela encaixada, e a causa, pela matriz.

CONDIÇÃO
63 (ti) Eu irei ao clube no fim de semana com uma condição.

(ii) | O tempo estar bonito.


(iii) | Irei ao clube no fim de semana, se o tempo estiver bonito.

COMPARAÇÃO
64 (i) Onavio afastava-se lentamente em comparação com algo.
(ii) | Uma enorme tartaruga se afastar.
(ii) O navio afastava-se lentamente como uma enorme tartaruga
(se afasta).

no

PROPORCIONALIDADE (segiiência temporal)

65 (il Atristezade Vera aumentava à proporção de algo.


(ii) | Os dias ir passando.
(iii) A tristeza de Vera aumentava, à proporção que os dias iam
passando.

CONFORMIDADE
66 (il) Eu fareio tratamento de conformidade com algo.

(ii) | O médico determinar.


(iii) Farei o tratamento conforme o médico determinou.

FINALIDADE
67 (i) Tudo se fez para certo fim.
(ii) | A festa ser um sucesso.
(iii) Tudo se fez para que a festa fosse um sucesso.

CONCESSÃO
68 (i) Oturista conseguiu embarcar apesar de algo.
(ii) | Oturista perder o passaporte. ]
(iii) O turista conseguiu embarcar, embora tivesse perdido o pas-
saporte.

O gráfico abaixo permite visualizar as diversas relações que po-


dem ser expressas por meio de orações circunstanciais:

a sv SPA
Os aviões sairão do em dado momento
líbios Brasil por uma razão

com uma conseguência


com uma condição

em comparação com algo


à proporção de algo

de conformidade com algo


para certo fim
apesar de algo

de certa maneira??

1
E e O o. o Ea o

Ao efetuar-se a T. circunstancialização, por vezes se fazem


também necessários determinados ajustes relativos ao apagamen-

to do SN idêntico, ao tempo e ao modo. Com relação a esse


último,, as orações concessivas e finais apresentam sempre o verbo
no subjuntivo; nas demais, o subjuntivo ocorrerá, em geral, quan-
do o verbo da matriz tiver o traço [ + futuro ], portanto condi-
cionado pelo tempo.?*

Além disso, para evitar ambigúidades, é muito importante a


seleção do circunstancializador adequado para exprimir a relação
desejada. Convém lembrar, no entanto, que um mesmo circuns-
tancializador pode ser empregado para exprimir diferentes rela-
ções e que a mesma relação pode ser veiculada por circunstancia-
lizadores diversos, conforme os exemplos (69) e (70), respectiva-
mente:

69º (ti) Morreu como um bravo. (comparação)


(ii) Fez tudo como o médico havia determinado. (confor-
midade)
(ii) Como estivéssemos exaustos, paramos para acampar.
(causa)
70 (fi) Se nos unirmos, nossa força aumentará. (condição)
(ii) Caso recebamos boas notícias, criaremos novo ânimo para a
luta. (tempo)

Existem, também, casos em que esses elementos são omitidos


e substituídos por sinais de pontuação, sendo recuperáveis, po-
rém, através do contexto.” *

(71) A vítima tem poucas possibilidades de sobrevivência: o acidente foi


muito grave.

A semelhança das completivas, as orações circunstanciais po-


dem, também, ser encaixadas por meio da T. infinitiva, vindo,
nesse caso, antecedidas de uma preposição ou locução prepositiva
marcadora de relação: por (causa), para (fim), apesar de (conces-
são), a + o (tempo), a (condição), a ponto de (consequência),
etc. Por exemplo, as estruturas (68) (i) e (ii), mencionadas há
pouco, se submetidas à T. infinitiva, dão origem a:

72 (iv) O turista conseguiu embarcar, apesar de não ter passaporte.

Além das circunstanciais reduzidas?“ de infinitivo, existem


em português, as de gerúndio e de particípio, que frequentemen-
te se apresentam antepostas:

112

73 (i) O réu foi posto em liberdade em dado murento.

(ii) Ojúri terminar.


(ii) O réu foi posto em liberdade quando o júri terminou. (de-
senvolvida)

(iv) Ao terminar o júri, o réu foi posto em liberdade. (reduzida


de infinitivo)

(v) Terminando o júri, o réu foi posto em liberdade. (reduzida


de gerúndio)

(vi) Terminado o júri, o réu foi posto em liberdade. (reduzida de


particípio)

Convém ressaltar que, enquanto algumas orações circunstan-


ciais admitem as três formas de redução, outras não aceitam ne-
nhuma das formas reduzidas (as comparativas, as proporcionais e
as conformativas); e há, ainda, as que admitem apenas uma ou
outra delas (as finais, por ex., só aceitam a redução de infinitivo).
Além disso, justamente pelo fato de não terem o circunstanciali-
zador ou conectivo explícito, muitas reduzidas apresentam-se am-
bíguas, especialmente as de gerúndio, como se pode verificar em:

(74) Mentindo assim, tu acabas desacreditado.


que pode ter uma interpretação condicional, causa! ou temporal.

Também a anteposição da reduzida, sem explicitação do su-


jeito, pode dar margem à ambigúidade, já que a tendência natural
é a de interpretar-se o sujeito como sendo o mesmo da matriz:

(75) Chegando ao escritório, meu chefe estava passando mal.

Em frases como esta, se o sujeito da reduzida for diferente do


da matriz, convém ou explicitá-lo ou, então, utilizar a forma
desenvolvida.

3.1.3. As Relativas

As orações relativas, denominadas acfetivas na gramática tra-


dicional, podem ser de dois tipos: as restritivas, que funcionam
como sintagmas adjetivais e apresentam-se encaixadas na posição
de modificador do nome, conforme a regra SA > 02?*, e as
apositivas, que funcionam como aposto e se originam de frases
coordenadas na estrutura profunda, razão pela qual serão exami-

“nadas no capítulo referente à coordenação.

113
3.1.3.1. Relativas Restritivas — estas orações são encaixadas na
posição de um SA, representado por uma pró-forma, denominada
ESPECIFICADO — que pode ser substituída tanto por um só
item lexical (ex.: inteligente), como por um sintagma (ex: de
Júlio) ou por uma oração (ex: A menina estuda medicina). Obser-
vem-se os exemplos:

(76) Falei com a menina inteligente.


(77) Falei com a menina de Júlio.
(78) Falei com a menina que estuda medicina.

Assim, a regra de reescritura do SA, explicitada no capítulo


1, deve ser expandida de modo a dar conta desse fato. Formali-
zando-a, ter-se-á:

SA > |(intens) (SPA) Adj (SPC)


02

As orações restritivas fazem parte do SN, formando com ele


um único constituinte. Prova desse fato pode ser obtida através
da transformação passiva, que transforma todo o SN sujeito, in-
cluindo a relativa, em agente da passiva.

79 (il) A lambreta que estava pintada de vermelho atropelou a ve —


lhinha.
(ii) A velhinha foi atropelada pela /ambreta que estava pintada
de vermelho.

Para que se possa operar o encaixamento de uma oração em


outra, sob a forma de relativa, faz-se necessário que ambas con-
tenham nomes idênticos e correferenciais, um deles acompa-
nhado da pró-forma ESPECIFICADO, daqui por diante represen-
tada por x, indicando o lugar da oração matriz em que se deve
operar a inserção. Ao SN portador dessa marca denomina-se ante-
cedente.?”

114

Po esa

Quando o SN antecedente ocupar a posição pós-verba! (80)


(i), qualquer que seja a função por ele exercida, ter-se-á um encai-
xamento à direita, como em (80) (iii); estando o antecedente em
posição pré-verba! (81) (i), ocorrerá o encaixe centra!, como em
(81) (iii). Quanto ao SN idêntico da oração a ser encaixada (for-
mas em (ii)), ele será, no decurso da transformação, substituído
por um pronome relativo.

8o (i) Eucomio peixe x.

ANT.
(ii) O peixe estava estragado.
(ii) Eu comio peixe [ que estava estragado].
81 (i) O peixe x estava estragado.
ANT.
(ij) Eucomio peixe.
(ii) O peixe [ que eu comi | estava estragado.

Para caracterizar mais detalhadamente o processo de relativi-


zação, considerem-se as Orações:

82 ti Eu comprei os selos x.
(ii) Você pediu os selos.

que são submetidas às seguintes etapas transformacionais: Ei):


encaixamento de (ii) em (i) ao lado do SN idêntico (anteceden-
te); E2) extraposição do SN idêntico para a posição inicial da
oração encaixada; E3) pronominalização relativa do SN idêntico
da oração encaixada. Linearmente, tem-se a sequência:

- E4 = Eu comprei os selos [ você pediu os selos ].


E2 = Eu comprei os se/os [ os selos você pediu ].

E3 = Eu comprei os se/os [ que você pediu 1

Essa sequência pode ser visualizada também através do diagra-


ma arbóreo correspondente:

115
EP.

4 e, a
Pd Va.
Det | ii
Eu comprei L, selos x
O
so sa
| Ms
pro V SN
A
To dd
Você pediu á selos
Tra. EE
O
E sa
SN sv
E Vv Es AA aa
Det N SA
da
A o
1
Na dio
pro 2
ON
Det |
Eu comprei os selos você pediu d selos

116

N
Eu comprei os selos Os os você pediu
T. Rel. E5="3>
O
dá sv.
pt
a v SN
— tee pd
Ea "
da
SN2 —— sn sv
is !
Eu — comprei os selos que você pediu
Observe-se que, em (82), a transformação de extraposição

(E2) deslocou o SN a ser relativizado para o início da oração,


porque ele exerce a função de objeto direto, ocorrendo, portan-
to, na estrutura profunda, em posição pós-verbal; se se tratasse de
uma frase como (80), a extraposição (E2) operaria no vazio,
porque o SN idêntico, sendo sujeito, já se encontra em posição
e real Retomemos as E7 e E2 de (82), comparando-as a
(80):

117
(82) E1 — Eu comprei os selos | você pediu os selos |.
E2 — Eu comprei os selos [ os selos você pediu 1

(80) E1 — Eu comi o peixe | o peixe estava estragado |].


E2 — Eu comi o peixe [ o peixe estava estragado 1

Portanto, no processo de relativização, a posição pré ou pós


verbal é importante tanto para indicar o tipo de encaixamento,
quanto para apontar a necessidade de reordenação das palavras na
oração relativa? *.

| Quando, na frase encaixada, o SN idêntico vier antecedido de


preposição ou locução adjetiva, isto é, fizer parte de um SP (SPC
| ou SPA), todo o SP será extraposto, de modo que o pronome
relativo deverá vir preposicionado, conforme se pode observar

em:
83 (ij) Esteéolivox.
(ii) Eu me referia este livro ontem.
(ii) Esteéo livro [ eu me referi a este livro ontem 1.

(iv) Esteéo livro [a este livro eu me referi ontem 1


(v) Esteéolivroja que |eu me referi ontem.
fo qual

ga ti) Eraamplaajanelax .

| (ii) Nós olhávamos para a rua principal através da janela.

| (iii) Era ampla a janela [ nós olhávamos para a rua principal


através da janela ].

(iv) Era ampla a janela [ através da janela nós olhávamos para a


rua principal ].

(v) Era ampla a janela através da qual nós olhávamos para a rua
principal.

85 (il) Ébemantigaa cidade x.


(ii) Eu moro na cidade.
(ii) É bem antiga a cidade [ eu moro na cidade |.
(iv) É bem antiga a cidade [ na cidade eu moro ]”
(v) É bem antiga a cidadefem que jeu moro.
(no que
onde

A frase (86) preenche as condições necessárias ao emprego do


relativo onde, cujo antecedente deverá conter necessariamente a
idéia de lugar, espaço físico ou nocional. Daí a inadequação de
frases como:

* . . ip o
(86) “Nos tempos atuais, onde impera a violência, precisamos estar sem-
pre prevenidos contra os assaltos.

=” O pronome cujo, por sua vez, possui também condições espe-


cíficas de emprego: ele substitui um SP modificador do nome
tanto num SN pré-verbal (87), como num SN pós-verbal não
precedido (88) ou precedido de preposição (89): ,

87 (ij Trata-se do livro x.


(ii) A capa do tivro está estragada.
N SP)
SN
(iii) Trata-se do livro [ a capa do livro está estragada].
(iv) Trata-se do livro [ cuja capa está estragada].

88 fi) Estaéa paineira.


(ii) | Nós adorávamos a sombra da paineira.
[SN SP
SN
(ii) Esta é a paineira [ a sombra da paineira nós adoravamos].

(iv) Esta é a paineira cuja?º sombra nós adoravamos.

89 (il Augusto dirigia-se à fábrica.


(i) Ele trabalhava em a secretaria da fábrica.
N SP|

uu. SN

fi) Augusto dirigia-se à fábrica [ em a secretaria da fábrica ele


trabalhava).

(iv) Augusto dirigia-se à fábrica em cuja secretaria ele trabalha-


va.

n Note-se que a função do pronome relativo na estrutura super-


ficial será a mesma do SN por ele substituído. Assim, em (80), o
relativo exerce a função de sujeito da 02; em (81) e (82), a de
objeto direto; em (83), a de objeto indireto; em (84), a de adjun-
to adverbial de lugar por onde (SPA); em (85), a de complemento
elverdial de lugar (SPC); em (87), (88) e (89) a de adjunto adno-
minal,

Observe-se também que, na maioria dos casos, o verbo da


oração relativa apresenta-se no modo indicativo; o subjuntivo só
ocorre quando o antecedente da relativa tiver o traço [ — deter-
minado]:

119
(90) Procuro um cachorro que seja muito inteligente.

As relativas, à semelhança das adverbiais, podem assumir,


também, as formas reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de parti-
cípio, que se originam do apagamento do pronome relativo quan-
do este for seguido de cópula?! :

91 (1) A velha contava casos que eram de arrepiar os cabelos.


(ii) A velha contava casos de arrepiar os cabelos.

92 (i) Vejoas crianças que estão jogando bola na rua.


(ii) Vejo as crianças jogando bola na rua.

93 i) A garota que está entusiasmada com o espetáculo bate


palmas.
(ii) A garota entusiasmada com o espetáculo bate palmas.

Ressalte-se que as frases 92 (ii) e 93 (ii) são ambíguas, já que


podem ter, pelo menos, mais uma leitura, a saber: quando joga-
vam bola e por estar entusiasmada com o espetáculo, respectiva-
mente.

3.2. As Transformações de Coordenação

A coordenação constitui um mecanismo gerador recursivo,


por meio do qual se combinam constituintes ou partes de consti-
tuintes que possuem a mesma estrutura interna ou, ainda, orações
estruturalmente independentes.? ?

3.2.1. A Coordenação de Constituintes

No que diz respeito à coordenação de constituintes, é possi-


vel admitir a existência de dois tipos: a obrigatória e a opcional.
A primeira é prevista na própria base, e decorre de uma restrição
de seleção por parte de itens lexicais que compõem o SV. E o
caso de predicados simétricos, como (94) e (95). Assim,

94 (ti) Ricardo e Mário são parecidos.

não resulta da coordenação de:

(ii) “Ricardo é parecido.


(ii) “Mário é parecido.

120

bem como:
95 (i) Fernando e Luciana formam um par feliz.
não se origina da adição de:

(ii) | *Fernando forma um par feliz.


(iii) * Luciana forma um par feliz.

Tais predicados devem trazer, no léxico, a especificação de


que só admitem a inserção lexical, na posição de SN sujeito, de
itens conjuntos. É o que se verifica, também, no caso de igualda-
des matemáticas do tipo:

96 (ij Doise dois são quatro.

que não derivam, evidentemente, de:

(ii) *Dois é quatro.


(ii) “Dois é quatro.

A estrutura profunda de (96) pode ser assim visualizada:

Ricardo Mário são parecidos

A conjunção opcional de constituintes, por sua vez, resulta da


aplicação da transformação de coordenação a duas orações da
estrutura profunda que contenham elementos idênticos — consti-
tuintes ou partes de constituintes — podendo dar origem, na
superfície, a períodos simples ou compostos, conforme a função
exercida pelo elemento idêntico. Nesse caso, a estrutura profunda
conterá a marca de coordenação, simbolizada por 5.º? Conside-
re-se a frase:

97 (ti) O vereador falava e gesticulava.

derivada de :

(ii) O vereador falava.


(iii) O vereador gesticulava.

121
Aplicando-se a (ii) e (iii) a 7. de coordenação, obtém-se a
estrutura representada pelo gráfico abaixo, em que a marca zé
substituída pelo conectivo adequado a estabelecer a relação de
adição:

SN sv SN sv

O À NS |

Det. N V Det | V
y vereador fa da | vereador gesticulava

Sobre essa estrutura opera a transformação de redução de


coordenadas que apaga os elementos idênticos de 02, no caso O
SN, e agrupa os constituintes que exercem a mesma função sintá-
tica, no caso os SVs de 017 e 02, introduzindo um nódulo mais
alto, do mesmo tipo SV, que domina a ambos. Essa transforma-
ção, representada no gráfico:

q
Da is OR a

Det sa ss a SM
V V
o vereador falava gesticulava

dá origem, a um período composto, visto que os elementos idên-

ticos exercem função de SNs.


Considerando-se, agora:

98 ti) z < Roberto joga tênis.


(ii) Mariana joga tênis.

e efetuando-se sobre essas estruturas a transformação de coorde-


nação, obtém-se:

122

(iii) Roberto joga tênis e Mariana joga tênis.

que, após sofrer a T. de redução de coordenadas, conforme o

gráfico:
Te º Ts
A ao E.
EN essas O quan corres SN V SN
| |
N N
Roberto alia jogam tênis

dá origem a um período simples, visto que os elementos idênticos


são os SVs.

Transforma-se, deste modo, o período composto em simples


sempre que o elemento idêntico for o SV ou, pelo menos, o V. E
o que ocorre também ncs exemplos:

99 (i) L Regina conseguiu o emprego desejado.


ti) Lúcia conseguiu o emprego desejado.

(iii) Regina e Lúcia conseguiram o emprego desejado.


100 (i) eh menina era alta.

(ii) A menina era graciosa.

(iii) A menina era alta e graciosa.

101 (i) EC Lucila comprou um vestido novo.


(ii) Lucila comprou um chapéu novo.
(iii) Lucila comprou um vestido e um chapéu novos.

102 (i) O mendigo afastou-se tristemente.


a E k
(ii) O mendigo afastou-se vagarosamente.

(iii) O mendigo afastou-se triste e vagarosamente.


103 ti) pe Pirijo-me aos brasileiros do Norte.

(ii) Dirijo-me aos brasileiros do Sul.

(iii) Dirijo-me aos brasileiros do Norte e do Sul.


Em todos esses casos, tem-se, na frase de superfície, a coorde-
nação de constituintes, resultante da junção das duas frases, do
apagamento dos elementos idênticos da segunda e da introdução
da conjunção e entre os elementos coordenados. Essa junção,
facultativa, é motivada por razões de coesão textual: trata-se de
um recurso linguístico que o falante emprega para evitar repeti-
ções desnecessárias.

3.2.2, A Coordenação de Orações

Em se tratando da coordenação de orações, pode-se dizer que


estas são estruturalmente independentes, isto é, que uma não
exerce função sintática dentro de outra, em razão de não se
operar o encaixe de uma oração em lugar de um dos termos de
outra, como no caso da subordinação. É por esse motivo que a T.
de coordenação tem sido, geralmente, considerada como uma
simples operação de adição, como, por exemplo, em:

104 (i) x Rodrigo viajou para o exterior.


(ii) Rodrigo só voltará em dezembro.
(iii) Rodrigo viajou para o exterior e só voltará em dezembro.

105 (i) pe Denis não foi ao casamento


(ii) Denise não enviou telegrama.
(iii) Denise não foi ao casamento nem enviou telegrama.

106 (i) pç Você vai comigo ao teatro?


(ii) Você prefere ficar em casa?
(iii) Você vai comigo ao teatro ou prefere ficar em casa?

Ocorre, porém, que, mesmo em se tratando de orações estru-


turalmente independentes, o fato de se apresentarem combinadas
em um mesmo período faz com que se estabeleça entre elas uma
vinculação semântica, º “passando o período, dessa forma, a veicu-
lar significados diferentes daqueles que cada uma das orações
teria se enunciada separadamente. Essa vinculação fica patente
em quase todos os tipos de orações coordenadas citadas por nos-
sas gramáticas:

a) adversativas — em que o conteúdo da segunda oração se opõe a


alguma idéia, fato, argumento, etc, explícitos ou não, da primei-
ra:

124

(107) O paciente apresenta melhoras, mas deverá ficar em repouso.

b) explicativas — quando, na segunda oração, apresenta-se uma


explicação ou uma justificativa daquilo que foi dito na primeira:

(108) Não chore, filha, que eu volto.

c) conclusivas — quando a segunda oração encerra uma conclusão


ou dedução a partir do conteúdo da primeira:

(109) Não preenchia as condições necessárias, portanto não foi admiti-


do para o cargo.

Fica bem evidente, nos exemplos citados, a interdependência


semântica: para haver oposição, há necessidade de dois enuncia-
dos contrastantes (107): só se explica ou justifica algo que foi
dito anteriormente (108); uma conclusão decorre sempre de pre-
missas (109). É por esta razão que Garcia (1978) diz tratar-se,
nesses casos, de “falsa coordenação”.** Mas também no caso das
coordenadas “típicas” (alternativas e aditivas), a interdependên-
cia existe: a relação de alternância só se estabelece, evidentemen-
te, entre duas opções possíveis, como se verifica em (106). Além
disso, Garcia apresenta, ainda, exemplos em que o par alternativo
quer ... quer possui leg ítimo valor concessivo, como:

(110) Irei, quer chova, quer faça sol. (mesmo que chova, mesmo que
faça sol)

e outros em que, segundo Rocha Lima, O valor é concessivo condi-


cional:

(111) Irei, quer queiras, quer não queiras. (se quiseres (e) mesmo que
não queiras)

Exemplos há em que o par ou... ou apresenta valor condi-


cional:

(112) Ou te calas, ou te mato. (se não te calares, eu te mato)


Mesmo em se tratando de orações aditivas, elas expressam,

em muitos casos, uma prossequência temporal, o que torna im-


possível, portanto, a inversão da ordem:

125
(113) | O professor fechou a pasta, despediu-se dos alunos e saiu da
sala.

Ainda que não ocorra essa idéia de seguência no tempo, O


simples fato de se reunirem duas ou mais orações em um mesmo
período revela determinada intenção do falante que pode, por
exemplo, estar querendo estabelecer um paralelo entre dois com-
portamentos ou dois acontecimentos quaisquer. Por exemplo:

(114) Renata gasta sua mesada em livros e Rubens compra balas e


chocolates.

Prova da dependência semântica que se estabelece entre as


orações ditas coordenadas é que, mesmo quando assindéticas ou
justapostas, a relação se mantém nítida, não causando qualquer
problema quanto à compreensão. Observe-se:

(115) Estive presente à conferência; não te vi lá. (oposição)

(116) Foi a minha grande oportunidade; não a deveria ter perdido.


(conclusão)

(117) Não comparecerei ao banquete; não fui convidado. (justificativa)

Em virtude do exposto, postulamos que a coordenação se


origina de uma operação por meio da qual o locutor combina, em
um mesmo período, duas ou mais orações, no intuito de
estabelecer entre elas determinado tipo de relação significativa. E
por esta razão que, do ponto de vista semântico, não é possível
afirmar que as orações chamadas coordenadas sejam independen-
tes entre si.

A coordenação apresenta-se, pois, como um mecanismo


importante na constituição dos enunciados da língua e mantém
estreita relação com outros processos sintáticos, entre eles a
pronominalização recíproca, a pronominalização anafórica e a
relativização apositiva, que serão abordadas a seguir.

3.2.2.1. A Coordenação e a Pronominalização R ecíproca


A pronominalização recíproca é antecedida, necessariamente,

de uma transformação de coordenação de duas orações, nas quais


o SN sujeito da primeira deve ser igual ao SN objeto da segunda e

vice-versa. Considerando um exemplo como:

126

(118) Cristina e Marcelo amam-se.

tem-se a seguinte estrutura profunda, na qual x e y indicam a


| identidade dos sintagmas sujeitos e objetos:

(i) Cristina amar Marcelo.

» x y
(ii) Marcelo amar Cristina.
y x

-. Operando sobre essa estrutura respectivamente a T. coniunção,


(iii), a T. redução da coordenação (iv) e a T. recíproca (v), obtêm-
se:

(iii) Cristina amar Marcelo e Marcelo amar Cristina.


x y y x
(iv) Cristina e Marcelo amar Marcelo e Cristina.

x y y x
(v) Cristina e Marcelo amam-se.

Observe-se que a pronominalização recíproca implica também


em cliticização, podendo o pronome se exercer tanto à função de
objeto direto como em (118), quanto a de objeto indireto como
em (119); no último caso, a T. recíproca. é precedida pela
transformação de permuta do SN e do SPC (objetos direto e
indireto). Veja-se o exemplo:

119 di) qe deu a mão a Augusto.


(ii) “> Augusto deu a mão a Gil.

Aplicando-se a (i) e (ii) a 7. coordenação e a redução da coor-


denação, sucessivamente, obtém-se:

(iii) Gil deu a mão a Augusto e Augusto deu a mão a Gil.


(iv) Gil e Augusto deram as mãos a Augusto e Gil.

A T. permuta originará:
(v) Gile Augusto deram a Augusto e Gilas mãos.

em que o SPC complexo a Augusto e G:! pode ser cliticizado por


meio do pronome se recíproco (com função de objeto indireto):

36

(vi) Gile Augusto deram-se as mãos.


3.2.2.2. A Coordenação e a Pronominalização Anafórica

O processo anafórico, um dos fatores básicos de coesão


textual, consiste numa operação (a transformação anafórica), por
meio da qual se pronominaliza um elemento já explicitado
anteriormente, de modo que a interpretação do pronome
anafórico fica na dependência da interpretação do elemento ao
qual ele se remete, e que passa a ser o seu referente. Observe-se O
exemplo (120), em que a anáfora se estabelece entre duas frases
simples:

(120) Juliana foi ao cinema. Ela voltou tarde.

Frequentemente a transformação de coordenação é, também,


responsável pela anáfora, como ocorre em:

(121) Ana Maria e Luís foram ao teatro, mas efes não gostaram da
peça.

(122) Márcia não foi bem nas provas, portanto ela tem pouca
possibilidade de passar de ano.

Nos exemplos anteriores, a T. anafórica deu origem a


pronomes do caso reto, mas ela pode também dar lugar a um
pronome clítico (123) e (124) ou oblíquo (125), ou oblíquo
reflexivo (126). Se não, vejamos os exemplos (123) a (126), a
partir das respectivas estruturas profundas:

123 (ti) mpg paulo encontrou o amigo doente.


(ii) Paulo levou o amigo doente ao hospital.

124 (ti) so Rasta em casa de Carolina.


(ii) ” * Dei seu recado a Carolina.

125 (fi) zqi a foto de sua irmã.


(ii) Não me recordo de sua irmã.

126 ti) =<0 ego sta nunca pensa nos semelhantes.


(ii) O egoista quer tudo para o egoísta.

operando sobre essas estruturas as transformações pertinentes


obtém-se, respectivamente:

123 (iii) Paulo encontrou o amigo doente e Paulo levou o amigo do-

ente ao hospital.
(iv) Paulo encontrou o amigo doente e levou o amigo doente
ao hospital,

128

(v) | Paulo encontrou o amigo doente e levou-o ao hospital.

124 (iii) Passei em casa de Carolina e dei seu recado a Carolina.


(iv) Passei em casa de Carolina e dei a Carolina o seu recado.?
(v) Passei em casa de Carolina e dei-/he seu recado.
125 (iii) Vi a foto de sua irmã e não me recordo de sua irmã.
(iv) Via foto de sua irmã e não me recordo dela.

126 (ii) O egoísta nunca pensa nos semelhantes e o egoísta quer


tudo para o egoísta.

(iv) O egoísta nunca pensa nos semelhantes e quer tudo para o


egoísta.
(v) O egoísta nunca pensa nos semelhantes e quer tudo para
st.
Além da coordenação, também a T. de subordinação pode
dar origem à pronominalização anafórica.*º Considerando:

127 (i) Chamei Julieta para um certo fim.


(ii) Julieta narrar o acontecido.

e, operando primeiro a transformação de encaixamento do cir-


cunstancializador (iii), depois a T. pro. anafórica (iv), ou então, a
T. apagamento do SN idêntico (v), obtém-se:

(iii) Chamei Julieta para que Julieta narrasse o acontecido.


(iv) Chamei Julieta para que e/a narrasse o acontecido.
(v) | Chamei Julieta para que narasse o acontecido.?!

Em se aplicando a T. infinitiva, a (127) (i) e (ii), ter-se-á

também duas opções: a pronominalização (vi


mbém dua: ões: ção (vi) e o apaga
sujeito idêntico (vii). ni Ra

(vi) Chamei Julieta para ela narrar o acontecido (mais comum


na linguagem oral)
(vii) Chamei Julieta para narrar o acontecido.

3.2.2.3. A Coordenação e as Orações Relativas Apositivas


As relativas apositivas, por seu valor de aposto, originam-se de
orações coordenadas e se encaixam ao /ado do SN que contém o

elemento idêntico. Denominadas explicativas, pelas gramáticas


tradicionais, distinguem-se das restritivas, porque estas resultam

129
de orações subordinadas e se encaixam, dentro do SN. A frase
(128), que é uma relativa apositiva na superfície:

128 (ij) Márcio, que é esportista, gosta de voleibol.


origina-se de duas orações conjuntas:
(ii) Márcio gosta de voleibol e Márcio é esportista.

sobre as quais opera a transformação apositiva, que encaixa a


segunda oração após o sintagma nominal da primeira, originando:

: : 42
(iii) Márcio [ e Márcio é esportista ] gosta de voleibol.
As demais etapas transformacionais são comuns à relativa res-

tritiva; operando a E7 da transformação relativa tem-se o seguinte


diagrama arbóreo:

eo A
1 pe

N SN sv V SP
N cóp SA prep N
adj
| |
Márcio Márcio é esportista gosta de voleibol

Observe-se que a E2 opera no vazio, por se tratar de um SN


sujeito, e a E3 substitui esse SN sujeito pelo pronome relativo
que, chegando-se à estrutura superficial indicada em (i). Como a
09 fica intercalada entreo SN e o SV de 01, ela será separada por
pausas na linguagem falada e por vírgulas, na escrita.

É comum também a ocorrência de relativas apositivas referin-

do-se a um antecedente pós-verbal da matriz:

(129) Enviaremos um satélite a Saturno, que é um dos planetas do


Sistema Solar.

As relativas apositivas distinguem-se, também, das restritivas,


por fatores de ordem semântica e pragmática. As últimas indicam

130

limitação na referência ao antecedente, isto é, fazem uma asser-


ção sobre um subconjunto do conjunto universo a que este se
refere; as primeiras, por sua vez, fazem uma asserção sobre todos
os elementos do conjunto representado pelo antecedente (que
pode ser, evidentemente, um conjunto unitário), não fazendo,
portanto, qualquer delimitação. Assim, as frases (130) e (131)
terão interpretações diferentes:

(130) As obras-primas que foram premiadas são valiosas (apenas a-


quelas que foram premiadas, não todas)
(131) As obras-primas, que foram premiadas, são valiosas (todas as

obras-primas foram premiadas)

Verifica-se, desse modo, que o uso das vírgulas para separar as


relativas apositivas é uma decorrência de fatores sintático-semân-
ticos e não um critério de classificação. Assim sendo, a distinção
entre uma relativa restritiva e uma apositiva depende, muitas ve-
zes, do contexto em que estiverem inseridas.

Há, ainda, fatores pragmáticos envolvidos no emprego das


relativas apositivas, já que estas exprimem, em grande número de
casos, o conhecimento de mundo do falante, a pressuposição que
este faz acerca do conhecimento do ouvinte, as crenças por eles
partilhadas, etc.

(132) O Sol, que é uma estrela de quinta grandeza, é o centro de


nosso sistema planetário.

Além disso, elas são utilizadas, muitas vezes, para veicular, a


título de pressuposição ou de algo acessório, a idéia principal que
o locutor deseja fazer passar. Por exemplo:

(133) O Brasil, que possui tantos recursos naturais, encontra-se numa


situação extremamente difícil.

3.3. Questionamentos
3.3.1. Coordenação ou Subordinação?

O fato de existir uma dependência semântica entre as chama-


das orações coordenadas tem levado a um questionamento das
próprias noções de coordenação e subordinação.

Um dos critérios que vêm sendo adotados mais recentemente


para definir a coordenação toma por base a formulação de Bally
(1944), que apresenta três modos possíveis de combinação entre

131
enunciados, do ponto de vista semântico: a coordenação, as frases
ligadas e a segmentação.

a) coordenação — há coordenação semântica entre AeBsee


somente se: 1) 4 for uma oração independente, correspondendo
a um ato de fala completo, que permanece idêntico a si mesmo,
quer seja ou não seguido de B, e comportando, portanto, um
tema e um comentário*3; 2) B tomar A por tema, apresentando-
-se como um comentário concernente a 4. Por exemplo:

(134) — Nós não sairemos hoje: está gea ndo.


[tema comentário
tema comentário

em que a afirmação está geando é dada como um comentário


referente à afirmação precedente: Nós não sairemos. A coordena-
ção semântica distingue-se da coordenação sintática (que é a
relação entre segmentos com a mesma função), porque se funda-
menta nos atos de enunciação realizados por ocasião da produção
dos enunciados, podendo ocorrer sem qualquer marca gramatical
aparente (por ex., a conjunção) ou mesmo quando A e B estive-
rem ligados por conjunções ditas de subordinação. No exemplo
acima, A pode ser objeto de um ato de fala autônomo e B apare-
ce como uma consequência de A, comportando, pois, como parte
integrante, uma referência a A. Daí, a estreita relação existente
entre a coordenação e a anáfora.

b) frases ligadas (soldadura) — ocorrem quando duas orações es-


tão ligadas num único ato de fala, correspondendo a uma única
intenção, de tal modo que a primeira não constitui objeto de um
ato de linguagem acabado, independentemente da segunda. E o
caso de:

(135) Quando se é rico tem-se muitos amigos.

em que o primeiro elemento não é objeto de um ato de fala


isolado, não sendo afirmado como tal. Ao contrário, em:

(136) Pedro é rico; tem, pois, muitos amigos.


trata-se de coordenação. No caso das frases ligadas, nenhuma das

duas orações é objeto de um ato de fala compreensível indepen-


dentemente do outro. Não se afirma sucessivamente A e B; anun-

132

cia-se uma relação entre elas.

c) segmentação — Bally denomina de frasesegmentada uma frase


única resultante da condensação de duas coordenadas, mas na
qual a soldadura é imperfeita, permitindo distinguir duas partes
uma das quais tem a função de tema e a outra, a de comentário
do enunciado. A segmentação distingue-se da coordenação pelo
fato de haver uma interdependência maior, um relacionamento
recíproco entre dois enunciados A e Z: 4 é um “apresentador”
(présentatif) do enunciado e os dois segmentos condicionam-se
reciprocamente. O que caracteriza a segmentação é tomar um dos

elementos do enunciado como tema, expondo-o para fora da


oração:

1372 (i) Este problema, não consigo resolvê-lo.


(ii) | Resolver este problema, não o consigo.

(ii) |Eu , eu não resolverei este problema.


Quanto a mim

(138) Esta carta, ela jamais chegou às minhas mãos.

| Os casos de sujeito ou objeto pleonástico e de anacoluto


citados por nossas gramáticas se enquadram neste tipo de relação,
Bally inclui, mesmo, nesse modo de relacionamento, os vo-

cativos, expressões adverbiais deslocadas éti


cat , e frases paren
intercaladas: E a

(139) | — Paulo, venha cá! Venha cá, Paulo! Venha, Paulo, comigo.
(140) — Eu consinto, disse efe, em lhe perdoar.

Embora formalmente semelhante à coordenação, a frase seg-


mentada equivale sempre (tem o valor sintático) de uma frase
ligada.

Para mostrar a relação entre coordenação semântica e a aná-


fora, Bally imagina uma linguagem infantil que possuísse apenas
duas palavras-frase: “coucou” (designando qualquer coisa que faz

cuco) e “rt (designando um ruído leve, como bater de asas)


Se se pronunciassem as duas palavras juntas, sem coordenação,
isto é, apenas justapostas, elas significariam algo como: Eu vejo
um pássaro. Eu ouço um barulho de asas. Se, no entanto elas
fossem coordenadas, tomando-se a segunda como um comentário
que tivesse a primeira como tema, a interpretação, totalmente
diferente, passaria a ser: Alguma coisa faz cuco e (isto que faz
cuco) faz frtt; ou, ainda: Vejo um pássaro. Ele faz um barulho de
asas. A coordenação, portanto, é, neste caso, responsável pela

133
anáfora: o anafórico designa os seres cuja existência é postulada
pela primeira frase e que são o tema da segunda.

As colocações feitas por Bally têm-se mostrado de grande


relevância: ressalta entre elas a distinção estabelecida entre frases
ligadas e coordenação semântica. No caso de frases ligadas, tem-se
um enunciado único, resultante de um só ato de fala. Na coorde-
nação, ao contrário, trata-se de dois enunciados, resultantes de
dois atos de fala diferentes, em que o segundo toma o primeiro
como tema: tem-se uma estrutura semântica em que ocorre uma
sucessão de enunciações. aa cs

Além de Bally, diversos estudiosos, entre eles Ducrot"*, têm


discutido as noções sintáticas tradicionais de coordenação e su-
bordinação, procurando ressaltar a necessidade de um exame

mais atento das relações semânticas e/ou pragmáticas que se esta-


belecem no interior dos enunciados e que se apresentam intima-
mente relacionadas às intenções do falante, isto é, ao processo de
enunciação.

A adoção de tais propostas exigiria, evidentemente, uma re-


classificação das conjunções usualmente consideradas como coor-
denativas e como subordinativas pelas gramáticas tradicionais.

3.3.2. Gramática da Frase ou Gramática do Texto?

Observou-se neste capítulo que, além das transformações res-


ponsáveis pela subordinação e pela coordenação, as quais reúnem
duas ou mais orações em um só período, existem outras — como
é o caso da T. anafórica — que ultrapassam os limites da frase e
são responsáveis, em grande parte, pela coesão textual. As insufi-
ciências das gramáticas que tomam a frase por unidade básica de
análise para explicar uma série de fenômenos, tais como a corre-
ferência, vários tipos de pronominalização, a seleção dos artigos
definido ou indefinido, as relações semânticas entre orações sem
conectivo explícito, a concordância dos tempos verbais, a relação
tema (ou tópico) e comentário, as variações de entonação, etc.,

levaram grande parte dos lingúistas contemporâneos a buscar uma


gramática que se estendesse além dos limites da frase, tomando

como unidade básica de análise o texto. Esta gramática deverá, -

antes de mais nada, verificar o que faz com que um texto seja
realmente um texto, e não uma simples somatória de frases. Ora,
o estudo das relações que se estabelecem entre todos os elemen-
tos do texto quer a nível de macro quer de microestrutura, o
estudo dos fatores de coesão e de coerência textual e a busca de

134

EE "ao
um genotexto, subjacente às diversas manifestações textuais de
superfície, constituem o objeto da /ingúlística textual".

Os fatores de coesão textual deverão ser objeto de uma pró-


xima etapa de nosso trabalho.

NOTAS

Embora no segundo modelo de Chomsky (1965) o encaixamento ocorra na base,


por motivos didáticos, nós o estamos apresentando, à semelhança de Katz e Postal
(1964) por meio de transformações já previstas na base através de marcas espec ffi-
cas.

Utilizar-se-á o item ESPECIFICADO para indicar que, dentro de um SN, deve


ocorrer um modificador de valor adjetivo, reescrito sob forma oracional.

O que estamos denominando de pró-forma corresponde ao postiço ou “dummy”,


postulado por Katz e Postal (1964).

Em nosso trabalho, Og aparece reescrito, em um primeiro momento, através da


pró-forma ALGO, por razões de ordem exclusivamente didática.

to

tu

se

5 Há lingúistas que negam a existência das orações completivas subjetivas, com base
no fato de estruturas desse tipo ocorrerem sempre em posição pósverbal. Postulam,
por isso, como sujeito de verbos como convir, constar, parecer ou de expressões
como ser preciso, ser conveniente, etc., um item não preenchido lexicalmente (A):
À Parece que os convidados não gostaram da recepção. A Convém que o povo
participe das decisões do governo. É o caso, entre outros, de Emmonds (1970),
Quicoli (1972, 76), Fávero (1974), Kato (1981). Note-se, porém, que, em se tratan-
do de completivas infinitivas, estas nem sempre vêm pospostas ao verbo: Prevenir
acidentes é dever de todos. Ele dizer isso me admira rhuito.

6 A mesma reversibilidade existente entre o sujeito e o predicativo na frase


simples
(conforme foi mencionado, em nota no capítulo 1) existe também entre o sujeito e
a completiva predicativa, embora acarretando diferenças de ordem pragmática: Mi-
nha sorte foi ter percebido logo o engano ! Ter percebido logo o engano foi minha
sorte.

7 As completivas chamadas aposítivas pela gramática tradicional não constituem, na


verdade, um tipo à parte, já que ocorrem sempre dentro do objeto (direto ou
indireto) ou do predicativo, justapostas a um item genérico. Trata-se de um recurso
estilístico utilizado intencionalmente pelo locutor para dar maior ênfase ao
enuncia-
do, criando um “suspense” para o interlocutor por meio do item genérico, antes de
introduzir a completiva.

8 Em certos casos, aparece, em lugar do QUE, o complementizador SE, como se verá


mais adiante.
o

Em se tratando de períodos formados por encaixamento, as regras transformacio-


nais aplicam-se em conjunto a cada uma das orações, a “começar do nível mais
baixo, em seguida, para o imediatamente superior e assim sucessivamente, até che-
gar ao mais alto” (Borba, 1979). . Ao conjunto de regras assim aplicadas denomina-
-se ciclo transformacional.

10 São predicados factivos aqueles que encerram a pressuposição, por parte do


falante,
de que a asserção contida na predicativa é verdadeira ou factual; inexistindo essa
pressuposição, tem-se os predicados não-factivos..

11 Note-se que os verbos de sentimento contêm sempre o traço [ + factivo dj mas


exigem a subjuntivização do verbo da completiva.. Assim, não é o traço [ E activo ]
por si só que acarreta o emprego do indicativo ou do subjuntivo na oração

135
encaixada, mas sim a combinação deste com outros traços semânticos do verbo.

12 Para um maior aprofundamento dessa questão, consultem-se Azevedo (1976), Bár-


bana (1975), Fávero (1974, 1982) e Rocca (1980), além do artigo clássico de Ki-
parsky e Kiparsky (1971) sobre factividade.

13 Em algumas línguas, como o inglês, a pronominalização, no caso, é obrigatória.


Em
português, embora ele ocorra com frequência na linguagem oral coloquial, a frase se
torna ambígua quando se pronominaliza o SN idêntico.

14 Quanto às transformações de pronominalização que ocorrem na matriz, tanto em (i)


como em (ii), consulte-se o capítulo anterior. Uma terceira possibilidade: Eu
proponho ALGO a você [ nós ir ver o diretor Tserá desambigúizada, na superfície,
pelo uso do infinitivo flexionado.

15 Para um maior aprofundamento dessa questão, consulte-se Perini (1976).

16 Tem-se uma exceção a essa regra quando aparece o verbo esperar na matriz e a có-
pula na encaixada, existindo, então, a possibilidade de se fazer o encáixe por meio
do complementizador QUE, embora a frase resultante se apresente ambígua: Maria
espera ser bem sucedida | Maria espera que (ela) seja bem sucedida. Parece-nos que
essa possibilidade decorre do fato de o verbo esperar não ser um verbo tipicamente
volitivo como querer, desejar.

17 Nem todos os verbos admitem a T. infinitiva na oração encaixada, como é o caso


de
determinar, decretar, por exemplo:. (O governo determinou que os prisioneiros |
fossem libertados* O governo determinou serem libertados os prisioneiros). Há,
também, aqueles que aceitam uma infinitive como completiva, mas com alterações
na sua estrutura interna: a) O professor aconselhou que os alunos fizessem a prova
com calma. b) * O professor aconselhou fazerem os alunos a prova com calma. cjo
professor aconselhou os alunos a fazerem a prova com calma. Em a o verbo
aconselhar é empregado como transitivo direto e em c, como transitivo direto e
indireto (sendo esta, aliás, a sua regência mais comum — aconselhar alguém a fazer
algo).

18 É este o caso típico de emprego do infinitivo flexionado em português, visto que


os
sujeitos da matriz e da encaixada são diferentes. Se, porém, o sujeito da
completiva
for um pronome oblíquo, dá-se preferência ao uso do infinitivo não flexionado,
embora o flexionado possa também ocorrer: Mandei-os entregar os trabalhos ou
Mandei-os entregarem os trabalhos (É este o caso em que o pronome clítico exerce
a função de sujeito em português). A questão do infinitivo encontra-se tratada
pormenorizadamente em Perini (1977).

19 Ao se introduzir uma encaixada com cópula por meio do complementizador -A,


costuma ocorrer, em nossa língua, uma inversão estilística entre o sujeito e o
predicado.

20 Esse tipo de predicado ocorre, ainda, com outros verbos tradicionalmente


denominados “transobjetivos”, como nomear, eleger, etc.: O Diretor nomeou-o
gerente da empresa.
2

pu

Também por razões exclusivamente didáticas, a 02, nas circunstanciais, aparece


reescrita em um primeira momento, através das pró-formas correspondentes.

22 Adotamos aqui posição contrária à da N.G.B., que não reconhece a existência das
orações modais. Se é verdade que, em se tratando de orações desenvolvidas,
frequentemente é possível classificar as orações que encerram idéia de modo, ora
como comparativas, ora como conformativas (havendo, até mesmo, gramáticos que,
por falta de outra alternativa, as analisam, por vezes, como temporais), quando
tais
orações se apresentam sob a forma reduzida — de gerúndio ou de infinitivo — a
noção de modo é, realmente, fundamental.

136

23 Em orações causais antepostas, introduzidas por como, é comum, na norma culta, a


ocorrência do subjuntivo: Como já fosse tarde, resolvemos encerrar a reunião.

24 Para maior aprofundamento destas questões, consulte-se entre outros, Garcia


(1978), Borba (1977) e Koch (1981 b).

25 Diz-se que essas orações são reduzidas por não apresentarem conect ivo oracional
explícito e apresentarem o verbo numa das formas nominais.

26 Reafirmando nossa preocupação didática, a 02, nas relativas, aparece reescrita,


em
um primeiro momento, através da pró-forma ESPECIFICADO, representada por um
x, que terá valor semelhante ao das variáveis em matemática. i

27 Em alguns casos, o antecedente não vem explícito na estrutura superficial (“Moro


onde não mora ninguém”, etc.), o que leva alguns gramáticos a postularem a
existência de orações /ocativas e agentes da passiva, não incluídas na N.G.B.
Somos,
porém, de opinião que se trata de orações adjetivas, introduzidas por pronomes
relativos cujo antecedente é facilmente recuperável na estrutura profunda: quem —
a pessoa que, onde > lugar em que, quanto —> tudo aquilo que.

28 Sobre a questão do encaixamento e ordem das palavras na relativa, consulte-se


Souza e Silva (1981).

29 As orações com cujo implicam em maior complexidade porque: a) apenas parte do


constituinte — o SP do SN — é relativizado; b) a concordância não se dá
(diferentemente dos demais relativos) com o antecedente, mas com o nome que
determina. Para um aprofundamento acerca das dificuldades de produção das
relativas, consulte-se Souza e Silva (1981).

30 Em (87), (88) e (89) é comum também a ocorrência de variantes analíticas, menos


formais que a estrutura com cujo:

89 (v) Trata-se do livro a capa do qual está estragada.


90 (v) Esta é a paineira a sombra da qual nós adorávamos.
91 (v) Augusto dirigia-se à fábrica na secretaria da qual ele trabalhava.

31 Sobre as condições de apagamento do pronome relativo e da cópula, consultem-se


Souza e Silva (1973) e Koch (1977).

32 Entendemos por orações estruturalmente independentes aquelas que não são


encaixadas no lugar de um dos constituintes de outra.

33 Em relação à coordenação, Chomsky, no modelo de 1957, considera-a como resul-


tado de uma transformação, assim descrita:

AV INES em

em que X e Y são constituintes da mesma espécie. Já em 1965, a coordenação de


constituintes aparece na base, isto é, “uma certa categoria será coordenada n vezes
na frase matriz e as regras de base gerarão independentemente n ocorrências das
frases associadas". A coordenação de orações é explicada através da propriedade
recursiva, limitada pela seguinte regra de reescritura: F > F FF E FF. Por
razões de ordem didática, nós a estamos apresentando por meio de transformações,
prevista na base pela marca 2.

34 Ao aplicar-se a T. coordenação, a marca XD será substituída pelo conectivo


adequado a estabelecer o tipo de vinculação semântica desejada (embora, como será
visto, a explicitação do conectivo nem sempre seja necessária).

35 O autor afirma tratar-se de coordenação gramatical e “subordinação psicológica”


e apresenta uma série de exemplos para mostrar que a segunda oração não possui
nenhuma autonomia.

36 O SN objeto a mão, tendo dois referentes distintos (a mão de Gil e a mão de


Augusto), deverá ser, necessariamente, pluralizada. Note-se, também, que a T.

137
recíproca, nesses casos, restringe-se a alguns verbos, em português (dar, entregar,
etc,), nos quais a T. ob/fgua correspondente seria inaceitável: *Gil e Augusto
deram
a(s) mão(s) para si.

37 Outra possibilidade seria operar a redução da coordenação também sobre os SNs

idênticos o amigo doente, dando origem a: Paulo encontrou e levou o amigo doente
ao hospital, frase esta, porém, que teria um grau menor de aceitabilidade, conforme
demonstrou Kato (1976).

3. Algo é certo. Ninguém chegar atrasado.

4. Sou favorável a algo. O divórcio ser aprovado.

5. Gosto de aígo. Os alunos fazer perguntas.

6. Exigimos algo. A diretoria aprovar o plano.

7. Meu sonho é algo. Eu ser promovido.

8. Só há uma saída: a/go. Nós desistir desta empresa.

38 Sobre (iii) operou a T. permuta, originando (iv).

39 Sobre a pronominalização reflexiva, ver o cap. anterior.

2. Proceda ao encaixe da segunda oração dentro da primeira por


meio do complementizador -R e classifique-a quanto à função:

40 Segundo diversos autores que adotam o conceito de coordenação semântica de

Bally (1944), emtre eles Ducrot, a relação anafórica resultante da coordenação é


diferente daquela que ocorre na subordinação, já que nesta os anafóricos
desempenhariam papel semelhante ao das variáveis lógico-matemáticas; na
coordenação, por. sua vez, em que o segundo enunciado toma o primeiro como
tema, a função do anafórico adquire relevância muito maior

Em português, em frases como (iv) e (v) deve-se dar preferência ao apagamento (ou
elipse) do sujeito idêntico, visto que a pronominalização dá, geralmente, margem à
ambigúidade (apesar de ser bastante comum na linguagem falada).

Quando a T. relativa opera após a T. apositiva, é obrigatória a supressão da marca


de
coordenação existente nas orações constituintes.

Chama-se tema lou tópico) ao elemento da frase a respeito do qual se faz uma
declaração e rema tou comentário), àquilo que se declara relativamenre ao tema,
ajuntando a este alguma coisa de novo. Tais noções não devem ser confundidas com
as funções sintáticas de sujeito e predicado, visto que o tema pode ser ou não o
sujeito da frase.

44 Ducrot (1972, 1973), com base na formulação de Bally, apresenta também uma

proposta de revisão dos conceitos de subordinação e coordenação das gramáticas


tradicionais, introduzindo a noção de predicado complexo, que ocorreria nas frases
ligadas. O uso desta noção permite distinguir, sob o rótulo do que se costuma
denominar de subordinação, tipos de relações diferentes não só quanto à natureza,
como também quanto à organização dos enunciados. Esse desenvolvimento serviu
de ponto de partida para uma série de pesquisas, tendo sido a análise por ele
sugerida aplicada ao português, entre outros, por Vogt (1978), com relação às
conjunções pois, porque, já que; por Guimarães (1981), relativamente à conjunção
embora; e por Geraldi (1981), com relação à conjunção se. Para um
aprofundamento do assunto, consulte-se, ainda, Koch (1981).

45 Para uma visão geral desse ramo da lingúística, consulte-se Fávero e Koch
(1983).

EXERCÍCIOS

BLOCO 1

1. Proceda ao encaixe da segunda oração dentro da primeira,

através do complementizador QUE e classifique-a quanto à


função:

1. Precisamos de a/go. Você nos ajudar.


2. Tenho certeza de aloo. Você me estimar.

138

1. Paulo deseja a/go. Paulo conseguir uma vaga.

2. Algo é necessário. Todos se empenhar na luta.

3. Minha vontade é algo. Eu ver você formado.

4. A necessidade de a/go é grande. Nós encontrar bons profissionais.

5. Juliana precisa de a/go. Juliana reunir toda a documentação necessária.

Sublinhe as orações completivas e classifique-as quanto à


função sintática que exercem dentro da matriz. Dê as
estruturas profundas correspondentes, em árvore ou linear-
mente, e indique os ajustes necessários para se chegar às
estruturas superficiais:

1. Convém que os alunos cheguem cedo.

2. Achamos que nosso professor não é muito exigente.

3. A possibilidade de executar a tarefa é bem remota.

4. A verdade é que ninguém o estima.

5. O gerente persuadiu o empregado a pedir demissão.

6. O mestre pediu que fizéssemos o trabalho com atenção.


7. É difícil convencer João a deixar a bebida.

Proceda ao encaixamento da 2a oração dentro da 12,


utilizando: a) o complementizador QUE; b) o complementiza-
dor -R. Indique, ainda, a função da completiva.

1. ALGO é necessário. Todos se empenhar na vida.


ti)
(ii)

função:

2. A possibilidade de ALGO é pequena. Nós encontrar bons


profissionais.
(i)
(ii)
função:
139
3. Lamentamos ALGO. Os convidados não apreciar a festa.
ti)
ii)
função:

4. Tudo depender de ALGO. Os alunos esforçar-se.


(i)
(ii)
função:

5. Minha esperança é ALGO. Os credores dilatar o prazo.


(i)
(ii)
função:
5. Construa dez períodos que sejam gerados por meio das

descrições estruturais apresentadas a seguir. Utilize, para


tanto, alguns dos verbos, nomes ou expressões abaixo:

1. SN+>V + sm À achar, pensar, imaginar, crer, desejar, perceber,


02 sentir, informar, etc.
2. SN>VvA+ SP conscientizar-se de, insistir em, depender de,

4 - E
prep SN opor-se a, recusar-se a, orientar-se para, dedicar-
| se a, convidar para, preocupar-se com.

02
3. SN> NA SP: conscientização de, insistência em, dependência
Z de, oposição a, etc. (nomes de verbais derivados

prep SN .
| dos verbos acima).

02

4. 5N + SV: ser necessário, ser importante, ser preciso, ser


do útil, ser justo, importar, urgir, convir, etc.

5. SV > Cóp + SN : nossa esperança é, nossos desejos são, minha


Ó proposta é, as necessidades delas são, a expec-
2 tativa dele é, a questão solicitada é, os encami-

nhamentos são, a verdade é.

6. Complete as frases abaixo com um verbo no indicativo ou no


subjuntivo, conforme julgar conveniente. Justifique o
emprego dos modos:

1. O Ministro do Planejamento ordenou que o povo. ..... cisco.


2. Sua amiga deseja que ele... ....cciccicccccicccrcerrrra

140
3. Receio que vocês não. .......iccicccssccarasasaarre ca
4. As crianças temem que Papai Noel não ......cccccicccssccrecs
5. Os estudantes esperam que as férias... . .... ic ccccsccsstcceaos
6. Lamentamos que os convidados não . . .....ccccicciccsccces
7. Sinto que você ......icciicictscceceerera serei raca
8. Pedro acha que o professor... ...icucsccccrasserivcronaa
9. Os pacientes acreditam que o médico .......cccccicccicccoos
10. Muitos homens pensam que a vida ......icicccscccsstccacas
11. Não julgo que ele... ....ccicccsicccscccccscaaraacaa Ea
12. Os juízes julgam que o réu... ...icccccccccsctaccasacsa
13. Os cientistas afirmam que... .. 2 sc cccccisssscercscriacrs
14. O governador declarou que... ....ccccccicscctscctacc
15. Deciciu-se que os exames ......icccciccccscresnararre

7. Transforme o discurso direto em indireto, procedendo aos


ajustes necessários e indicando as várias possibilidades de
concordância dos tempos verbais:

O professor disse: - Todos serão reprovados.

O garotinho respondeu: — Não tenho dinheiro suficiente.

O criminoso afirmou: — Eu matei por amor.

O detetive declarou: — Ninguém esteve aqui hoje.

. A secretária informou: — O diretor apresentará o projeto amanhã.

now nNa

8. Transforme as interrogativas diretas em indiretas, procedendo


aos ajustes necessários:

- A garota perguntou à mãe: — Posso ir com você?

- O homem indaga constantemente: — A vida termina com a morte?

O gerente perguntou: -— Quantos empregados vão faltar?


. Aflita, a mulher perguntava ao marido: — Onde você pôs o dinheiro?
Após o lance o leiloeiro perguntou: — Quem dá mais por este
belíssimo quadro?

DAWN

BLOCO 2

1. Nas frases abaixo, verifigue quais as que possuem três


constituintes: SN — SV — SP. Nestas, substitua o SP por uma
oração circunstancial:

141
=
SepNOnAaALN=

Os atletas dirigem-se para a reta de partida.

. Os atletas partem após o sinal.

Há um grande silêncio durante a corrida.


Os vencedores serão premiados no fim da disputa.
Muitos discutem sobre a vitória de seus favoritos.
Após a decisão, haverá muitas decepções.

- Alguns reclamam da má organização da prova.

Outros, por despeito, diminuem o valor dos vencedores.

. A polícia toma providência por causa das brigas.


. As autoridades esclarecerão as dúvidas por meio dos “tapes”.

2. Coloque nos parênteses a letra correspondente à especificação


semântica que cada uma das orações à direita deverá obedecer
para se encaixar no nódulo SP à esquerda:

o
OA
SV SP

SN
| | () para impressionar
N v o namorado.
| ( Jantes de casar,
Maria chorar a) em certo momento (1) Ra chuvei-
b) por uma causa É Re
c) com uma condição (1) ao e
d) com uma consegiência idspolida Der d
e) em comparação com algo eia SE nel
RA penporoão cu ido ( Ja ponto TE -
g) de conformidade com algo Ee prpalisiais '
h) para certo fim E .
i) apesar de algo U) po ada Bengo
j) de certa maneira () sgurido for comibis
nado com o diretor
«da peça.
( ) já que ninguém lhe
dava atenção.
( ) apesar de não haver
motivo para tanto.
( ) derramando copiosas
lágrimas.
142

3. Classifique as

orações grifadas, indicando o tipo de


circunstância que elas expressam em relação à matriz. Em
seguida, faça a estrutura profunda em árvore ou linearmente.

1.

wo N

co oa

Todos os atores se esforçaram para que a peça fosse um sucesso.

. Depois que a noite chegou, as ambulâncias retiraram os feridos.


. Faremos o tratamento segundo o médico prescreveu.

. À medida que as eleições se aproximavam, os candidatos intensifica-

vam a propaganda.

- O jogador abandonou o campo por estar contundido.

. O rádio estava tão alto que se ouvia do prédio vizinho.

. Caso você se interesse pelo quadro, avise-me antes do leilão.

. O visitante cumprimentou-nos sorrindo.

. Paulo assinou o contrato, embora o considerasse desfavorável para a

10.

firma.

Seus sonhos de grandeza se desfizeram como um castelo de areia.

BLOCO 3

1. Faça o encaixamento das relativas b nas matrizes a, especifi-


cando linearmente as etapas transformacionais.

1.

(i) Eu acordei com o barulhão x.


(ii) Você fez um barulhão esta noite.

(i) O abismo x parecia ameaçador.


(ii) Nós nos achávamos à beira do abismo.

. (i) Atraiçoou ao benfeitor x.

(ii) Tudo devia ao benfeitor.

. (i) O sofrimento x é uma dádiva do céu.

(ii) Muitos homens se revoltam contra o sofrimento.


5. (i) Os assuntos x parecem-me dignos de atenção.
(ii) Eu desejaria ser esclarecida sobre os assuntos.

6. (i) Os caçadores haviam chegado diante da pedra x.


(ii) Os cachorros latiam por trás da pedra.

7. (i) Mandou abrir um orifício x


(ii) Poderiam vigiar os presos através do orifício.

8. (i) Orapaz x foi condenado.


(ii) O nome do rapaz saiu no jornal.

9. (i) A árvore x é um jacarandá.


(ii) Eu descansei sob a sombra da árvore,

10. (i) A cidade x cresceu muito.


(ii) Eu nasci na cidade.

2. Ligue as orações a e b por meio de um pronome relativo. Tente


as duas possibilidades de encaixamento:

1. a) Há outras formas de dança


b) Nós não falamos sobre as formas de dança.

2. a) Com toda a razão recusaram o trabalho.


b) Não tinham nenhuma motivação para o trabalho.

3. a) Oúnico porto era Sevilha.


b) Por Sevilha era permitido sair em direção à América.

4. a) Agustin Itúrbide tinha empunhado armas para combater os guer-


rilheiros de Morelo.
b) O nome de Agustin Itúrbide se destacou entre os companheiros.

5. a) A proclamação da independência foi resultado de uma manobra


de bastidores.
b) José Bonifácio se destacou na manobra de bastidores.

144

3. Nas orações matrizes abaixo, encaixe relativas onde houver


um*. O termo relativizado deve ter, na frase encaixada, a fun-
ção especificada entre parênteses.

-—

SeoNnonsun-

-. O Rio * (SPA lugar) faz bem para o espírito.

Belém é uma cidade * (SN de O).

Pedro * (SP do SV) é um bom amigo.


Encontrei José na esquina “ (SPA lugar).
Clara * (SP do SN) vai ter um bebê.

Tenho uma irmã * (SN do SV).

Na praça * (SP do SV) há muitos passarinhos.


Gosto de plantas “(SN de O)

. Mandei a Roberto uma carta * (SP do SV)


. Na festa, revi muitos amigos * (SN do SV).

4. Do conjunto de frases abaixo, decomponha apenas aquelas


que, segundo as condições estruturais estabelecidas, funcionam
como relativas:

. Quando o professor se dirigiu à lousa para desenhar um esquema do

que estava explicando, Eduardo sentiu uma palmadinha no ombro.

. E saindo do seu lugar, aproximou-se do professor a quem entregou o

papel.

. Levantou-se do fundo da sala um rapazelho desajeitado, de camisa

desabotoada e cujas calças cobriam a barriga da perna.

. Reconheceu que estava muito longe de sua tribo e que o remédio era

conformar-se.

. Cada qual que tire a sua conclusão.


BLOCO 4

1. Tendo era vista as seguintes descrições estruturais, classifique


as orações encaixadas das frases apresentadas a seguir:

a) 0 b) 04 c) 04
E Po M
SN sv SN as SN Pao
02 cóp SN v
02 Oz
d) [91] e) SN
É AN
SN sv Det N SP
PN
v SP prep 7
prep Ha Oz b
02
f) p " 9) 7
SN sv sa N Mod
a | v
v SN SA
[SN |
SN SN 02
/ |
item Oz
genérico
h) 04 4

PE ANS

SN sv sP

146

) Parece que efe é sincero.

) Ogrande mal é que me esqueço das coisas.

) Ele tinha receio de voltar lá.

) Tudo depende de que o aluno se esforce.

) Não sei se eles foram honestos.

) Não me oponho a vires conosco.

) Convém que façamos as pazes.

) Sinto que a noite está descendo.

) Não dormirei enguanto você não chegar.

O homem gue eu vi não era o seu pai.

) Insisto em que não saias hoje.


) Sua resposta foi ignorar a minha presença.

) Embora você não queira, faremos uma festa no seu aniversário.


) A esperança de passar de ano é a última que morre.
) Exijo voltares imediatamente.

) Tenho a impressão de que nos tornaremos a ver.


) Ébomnão partires agora.

) Tenho receio de voltar lá.

) O fato é que eles não estudam.

Veja o rapaz de quem lhe falei.

Desejo saber quando chegarão as encomendas.

Os alunos serão aprovados se souberem bem asnatéria.

Os convidados dirigiram-se ao salão para assistirem à exibição do


filme.

= = O mm mp a e e e e e a a a em

2. Classifique as orações reduzidas; em seguida, pontue os


períodos.

. Não é conveniente deixar as portas abertas.


. Os soldados dispostos em fila dupla ouviam atentamente a recomen-
dação.
Acima de nossas cabeças viam-se as estrelas brilhando suavemente.
. Ouvidas as testemunhas o júri retirou-se para deliberar.
. Os alunos acusados de desordeiros foram chamados à diretoria.
. Apesar de ter idade avançada continuava bonita e elegante.
. Tendo terminado mais cedo o serviço o rapaz dirigiu-se para a sor-
veteria.
. Aproximando-se da estação o trem diminuiu a marcha.
9. Os talheres dispostos cuidadosamente sobre a fina toalha estavam à
espera dos convidados.
10. Tendo perdido o emprego, não tinha com que sustentar a família.
11. Mentindo desta maneira acabarás por ser desmascarado.
12. Do cais observava os barcos afastarem-se lentamente.

“sonaw n>

co
3. Reduza as orações grifadas usando formas nominais (infinitivo,
gerúndio ou particípio).

is

10.

12.

Sé é preciso que os seres humanos colham exemplos de comporta-


mento entre os animais inferiores, não existirão acaso animais com
os quais possam tomar lições de sobrevivência?

. Se observarmos apenas os animais a fim de definirmos o que significa

a aptidão para a sobrevivência, não haverá limite aos sistemas huma-


nos de comportamento que nos.são dados a imitar.

. Como tentássemos chegar ao alto da montanha rapidamente, larga-

mos no caminho nossas mochilas.

. Se nos aproximarmos dos acontecimentos lingúrsticos e se examinar-

mos as nossas reações ao penetrarmos o espírito de determinadas ceri-


mônias, não podemos deixar de observar que não nos preocupamos
muito com a significação das palavras dos enunciados rituais.

. As oito horas da manhã de quarta-feira de cinzas, quando a portu-

guesa Maria Isabel colocou a chave na fechadura da porta da cozinha


teve uma surpresa.

. Detinham-se aqui nesta sala horas e horas enquanto conversavam

como patrão.

. "Como é seu nome? ”, perguntou ele, enquanto oferecia uma dose


Pp

de calmante à bela criatura.


Se insistirmos na interpretação literal de algumas palavras, concluire-
mos que muitas perguntas são extremamente idiotas.

. Se as asserções deixam de possuir O significado intensional, elas são

semelhantes a uma língua estrangeira que não compreendemos.


Se iniciarmos uma discussão sobre religião, passaremos a noite em
claro.

. Quando as asserções possuem um conteúdo extensional, sempre nos

será lícito dar a discussão por encerrada.

O táxi que havia levado o casal, como que ofereceu proteção ao ou-
tro automóvel, em manobra extemporânea, enquanto vedava a passa-
gem.
BLOCO 5

1. Determine as estruturas profundas das frases abaixo e indique


as transformações operadas para se chegar às estruturas super-
ficiais:

1.

Carlos jogou tênis e Marcos treinou futebol.

2. O garotinho e o cachorro correram de medo.


3. O papagaio falava e gritava.

148

3. Coordene as orações (i) e (ii) e efetue a pronominalização ana-

. Ontem conversei com Fernando e Mário.

. Márcia e Luís são inteligentes.

Mariana cortou e costurou o vestido.

Camila foi atropelada pelo caminhão e morreu.


Francisco comprou um Opala e Milton também.
Você vai ao teatro ou ao cinema?

Não gosto de rosca nem de panetone.

SLpNDA A

2. Explique todas as transformações ocorridas nas frases abaixo,


desde a estrutura profunda até a superficial.

Meus colegas foram à biblioteca e não trouxeram o livro para mim.


. Mandou-lhe flores e bombons.

Mariana chamou o menino, abraçou-o e beijou-o.

Geraldo e Paula se beijaram.

Os dois rivais olharam-se com ódio.

O aluno respondeu ao professor, mas não lhe disse a verdade.

Minha avó está doente; visito-a,pois,com frequência.

Despediu-se de seus amigos e acompanhou-os à estação.

Rosana chorou muito, pois ela estava sendo enganada e não sabia.

. Os capitães das duas equipes deram-se as mãos e a peleja teve início.

SLBNDNALANS

nad,

fórica em (ii).
1 (i) Este é meu filho.
(ii) Deposito todas as esperanças em meu filho.

2. (i) Esta é minha casa.


(ii) Eu retorno à minha casa depois de muitos anos.

3 (i) Meu professor é candidato.


(ii) Eu aprendi muito com meu professor.

4. (i) Luís é meu amigo.


(ii) Eu dormi esta noite na casa de Luis.

5. () Meu pai é médico.


(ii) Meu pai se chama Paulo.

6. (i) As equipes estrangeiras dirigem-se ao Rio de Janeiro.


ti) No estádio do Rio de Janeiro serão travadas pelejas esportivas.

7. (i) Rurra aquela hospitaleira árvore.


(ii) Sob a copa da árvore, os tropeiros costumavam descansar.

149
8. (i) Fechou-se o grande salão.
(ii) Recordo-me com saudade das festas do salão.

9. (i) Caiua velha palmeira.


(ii) Nos ramos da palmeira se abrigavam os pássaros.

10. (i) “Este é o doce idioma pátrio.


(ii) Nos versos deste idioma soluça e canta a “alma de duas raças”.

4. Transforme as orações (ii) do exercício anterior em relativas


apositivas.

BLOCO 6

Nos exercícios deste último bloco, você poderá perceber em que


medida os princípios da gramática gerativa transformacional po-
dem ser operacionalizados com vistas ao desenvolvimento e/ou
aperfeiçoamento da produção escrita.

1. Transforme as construções nominais em verbais, fazendo as


adaptações necessárias:

1. É preciso ter condições para a redação fluente e clara de um texto


curto.

2. É imprescindível a cooperação de todos os membros do grupo.

3 Até mesmo os povos desconhecedores da possibilidade de comunica-


ção pela escrita são capazes de trocar informações e de passar de ge-
ração a geração um considerável acervo de conhecimentos.

4. O aumento de vagas depende da imediata expansão do campus uni-


versitário.

5. É preciso verba para a aquisição rápida de mão-de-obra especializada.

2. Transforme as construções verbais em nominais, fazendo as


adaptações necessárias; complete, em seguida, o enunciado,
quando necessário, não deixando de lado nenhum elemento
obrigatório da oração.

1. O rei abdicou da coroa em favor de seu filho mais velho.

2. O operário aspira gases tóxicos.

3. O ator aspira a um papel destacado nas peças que representa.

4. O padre assiste seus paroquianos em todas as suas necessidades.

5. O grupo de diretores assistiu à demonstração de eficiência de seus


empregados.

150

6. As autoridades estão preocupadas em estabelecer rigidamente as leis


sobre o trânsito.

7. É importante que mudemos radicalmente o sistema de pagamento da

escola.

8. Propõe-se que sejam aceitas imediatamente as sugestões apresenta-

das,

3. No texto abaixo transforme os trechos que se encontram no


discurso direto em indireto, e vice-versa.

BRASILIA — “O que nos preocupa


na política de controle da natalidade é
a onda de esterilização, porque está
matando a vida na sua fonte. Isto será
um desastre, um genocídio contra a
Nação.”' À declaração foi feita ontem
pelo cardeal Aloísio Lorscheider ao
informar que o Conselho Permanente
da CNBB, reunido desde ontem em
Brasilia, incluiu em sua pauta a ques-
tão da política do planejamento fa-
miliar.

Disse d. Aloísio que a Igreja não é


contra o planejamento familiar, mas
sim contra a esterilização e o aborto.
“O que nos preocupa — reiterou — é 0
fato dessas campanhas virem sempre
apoiadas em estatisticas dizendo que
o aborto deve ser legalizado porque há

um número grande de abortos feitos


clandestinamente. Ora, nesse caso
deveriam legalizar também os assal-
tos, que acontecem em muito maior
número do que os abortos.”

Já o bispo de Santos, d, David Pi-


cao, reafirmou que a Igreja defende a
paternidade responsável “atravês de
métodos naturais. Certas pessoas en-
tendem a pílula, por exemplo, como
método natural e outras formas que
estão sendo usadas.”

Denunciando a esterilização de cer-


ca de 30% de mulheres do Nordeste,
dom David' indagou: “Será que este é
um caminho para resolver o pro-
blema econômico”. Será a economia o
valor supremo? Estão brincando com
a fonte da vida e depois será tarde.”

Folha de São Paulo


22-06-83
4. Você vai encontrar nos exemplos numerados duas orações que
devem ser obrigatoriamente encaixadas uma na outra, através

de um pronome relativo:

1. Os mitos são estórias. Essas estórias são aceitas como verdadeiras e

não como ficção.

2. Os discursos narrativos documentam a constante procura do homem


para entender o universo e a si mesmo. Os mitos eram transmitidos
de geração a geração através de discursos narrativos.

3. As ciências são a Antropologia, a Psicologia, a Linguística e a Litera-


tura. O fascinante estudo dos mitos é atualmente pesquisa das ciên-

cias.

151
4.

5.

A narrativa do mito era feita em cerimônias especiais. Essas cerimô-


nias'especiais eram rituais.

O rito era realizado através de danças, cantos e narrativa verbal. A


função do.rito era reatualizar os acontecimentos, torná-los presen-
tes.

Os acontecimentos constituíam a invenção do universo. A reatuali-


zação dos acontecimentos introduziu o homem na origem do cos-
mos.

O espaço mítico é localizado no alto (céu, luz, ar, montânha) e no


baixo (inferno, abismo, trevas). No aito, reside o deus do Bem. No
baixo, reside o deus do Mal. (coloque as relativas nos lugares corres-
pondentes)

Na superfície terrestre, o homem funda um espaço. Nesse espaço,


ele vai morar e nele escolhe um centro. Desse centro, tenta comuni-
car-se com os deuses.

Os personagens da mitologia são arquétipos, isto é, têm em si os tra-


ços gerais do homem. O acervo de personagens da mitologia conta
com doze figuras principais.

Encaixe as orações secundárias nas respectivas matrizes, por


meio da transformação de relativização, fazendo as adaptações
necessárias; quando for possível apague a cópula e o pronome
relativo. Atenção: nesse exercício, cabe a você localizar os SNs

que contêm a marca X.

1. As revistas proporcionam ao público horas.


(i) As revistas pertencem ao jornalismo.
(ii) O jornalismo é chamado periódico.
(iii) O público lê as revistas.

(iv) As horas são de entretenimento.


(v) Oentretenimento é evasivo.

2. Num domingo, à hora cinzenta, rugiam de impaciência os automó-

veis ante o sinal vermelho.


(1) | As festas terminam na hora cinzenta.
(ii) Todos voltam decépcionados para casa, na hora cinzenta.

3. Na praça, a confusão do trânsito foi percebida pelos terríveis mole-

ques.
(i) | O chefe dos moleques, Chuí, resolve intervir.

(ii) A praça estava, âquela hora, aturdida pelo pipilar dos pássaros.

152

l
. Chuí, imponente, estende os braços para a rua principal.

(1) Os motoristas, enfim, acreditam em Chui.


(ii) O estridente som de milhares de buzinas vem da rua principal.

Os carros continuam a acionar as buzinas.

(i) Em enérgico movimento, Chuí ordena aos carros que parem.


(ii) | As buzinas provocam revoadas desordenadas dos pássaros da
praça.

. Passageiros e motoristas atiram moedas.

(i) | Os passageiros e motoristas são levados pela onda metálica dos


carros.

ti) | O improvisado inspetor não pode apanhar as moedas sem risco


para o trânsito. Obs: Coloque esta oração na passiva, antes de
usar o relativo.

- A cidadezinha lembra um soldado.

(i) Eu moro na cidadezinha.

(ii) | O soldado fraqueia na marcha.

(iii) O soldado se deixa ficar, exausto e só, com os olhos saudosos.


(iv) Os olhos saudosos estão pousados na nuvem de poeira.

(v) | A poeira é erguida além pelo batalhão.

(vi) O batalhão vai-se,

. A causa do desastre foi mecânica.

(ij) | A causa foi detectada pela comissão.

(ii) | A comissão foi designada pelo governo.

(ii) O governo é o português.

fiv) O desastre foi aéreo.

(v) | O desastre provocou a morte do primeiro-ministro.


(vi) O primeiro-ministro era de Portugal.

(vii) O primeiro-ministro era Sá Carneiro.

6. Transforme as séries de fatos em um só período composto,


utilizando partículas de transição:

O governador pretende convocar extraordinariamente a Assembléia


Legislativa. O governador submeterá à votação sua mensagem de au-
mento do funcionalismo. O governador proporá a agregação aos salá-
rios dos comissionamentos de três mil servidores.

. À informação foi confirmada ontem pelo líder do PDS. O líder do


PDS teve uma audiência com o governador. O lider disse que o índi-
ce do aumento acompanhará dos servidores federais. A convocação
será feita após a definição de Brasília.

153
7. A partir das frases elencadas a seguir, redija um parágrafo,
utilizando-se, na medida do possível, da transformação de apa-
gamento de elementos. Atente, também, para a integridade do
conteúdo e para a coerência do seu texto.

1. As manifestações exteriores do mecanismo lingúístico não são deter-


minadas unicamente pelo nosso conhecimento da língua.

2. O nosso conhecimento da língua é apenas um dos fatores deter-


minantes de nossas manifestações exteriores do mecanismo lingúísti-
co.

3. Outros fatores determinantes de tais manifestações são: limitações


de memória, atenção e falta de atenção, estado de espírito do falante
e elementos do contexto situacional como barulho, ambiente, núme-
ro de interlocutores e assim por diante.

8. Construa um só período com as orações abaixo, seguindo as

instruções entre parênteses. Coloque as orações dentro do pe-


ríodo na ordem que lhe parecer mais elegante e aceita na
língua. Evite repetições desnecessárias e a utilização de pala-
vras dispensáveis.

1. O Simbolismo se opõe tanto ao Realismo quanto ao Parnasianismo.


(matriz)
(i) | O Simbolismo acentua sob alguns aspectos o requinte da arte
pela arte (circ. consessiva da matriz)
(ii) O Simbolismo situa-se muito próximo das orientações român-
ticas. (circ. causal reduzida de gerúndio da matriz)
(ii) O Simbolismo é, em parte, uma revivescência das orientações
românticas. (relativa de (ii))

(Adaptado de Presença da Lit. Brasileira; do Romantismo ao Simbo-


fismo, Antonio Cândido e J. Aderaldo Castello, 62 ed., Difel, S. Pau-
lo, 1976)

2. A opinião geral é ALGO, apesar de aígo. (matriz)


(i) | Os estudantes devem votar nas próximas eleições por causa de
algo. tor. completiva da matriz)
(ii) Há vozes discordantes. (or. circ. da matriz)
(ii) A hora de ALGO finalmente parece ter chegado. (or. circ. de
(i))

154

(iv) Os brasileiros esperam a hora de ALGO. (tipo passivo-relativa


de (iii)
(v) Os brasileiros escolher seu governo. (completiva de (iv))

. ALGO é inadmissível. (Tipo negativo-matriz)

(i) O estudante se deixa levar pelas discordâncias. (or. completiva


da matriz)

(ii) As discordâncias existem entre as diversas facções da ala estu-


dantil. (or. relativa de (i))
(iii) A preocupação do estudante tem sido a democratização do
país. (or. relativa de (i))

. Encaixe as orações subordinadas nas respectivas matrizes, fa-

zendo os apagamentos e extraposições necessárias:

. Elizabeth Assaf tomou a decisão de ALGO, uma semana depois de

certo momento Y.

(1) Y = Elizabeth Assaf vencer um importante concurso de equita-


ção.

(ii) Os melhores cavaleiros da Europa disputaram o importante


concurso de equitação. (tipo passivo)

(iii) Os melhores cavaleiros dos Estados Unidos disputaram o im-


portante concurso de equitação. (tipo passivo)

(iv) Os melhores cavaleiros do Brasil disputaram o importante con-


curso de equitação. (tipo passivo)

tv) | ALGO = Elizabeth Assaf mudar-se para a Hípica Pequena pa-


ra certo fim Z.

tvi) A Hípica Pequena é um haras de 57 mil metros quadrados.

tvi) A Hípica Pequena fica a quarenta minutos de carro, do centro


do Rio de Janeiro.

(viii) A Hípica Pequena fica no Alto da Boa Vista.

(ix) Z= Elizabeth Assaf pode dedicar-se a ALGO,.

tx) - ALGOs = Elizabeth Assaf preparar cavalos mais jovens para


futuras competições.

. Diversos profissionais estão se movimentando para certo fim.

(i) Diversos profissionais são ligados à assistência ao menor.

(ii) Diversos profissionais enfrentar a tragédia da violência.

(ii) Os próprios pais cometem a tragédia da violência contra os


menores. (tipo passivo)

155
(iv) Os pais são procedentes de todas as classes sociais.

(v) Os próprios pais espancam os menores. (tipo passivo)

(vi) Os próprios pais mordem os menores. (tipo passiva)

(vii) Os próprios pais queimam os menores com óleos, água ferven-


te, ferro elétrico, cigarros e charutos. (tipo passivo)

3. Concluiu-se ALGO,, nos Estados Unidos:

(il ALGO; = os pais sofrem de desordens psiquiátricas graves.

(ii) Os país são dos menores espancados. .

(iii) O alcoolismo origina desordens psiquiátricas graves (tipo pas-


sivo).

(iv) A droga origina desordens psiquiátricas graves. (tipo passivo)

(tv) A própria herança familiar origina desordens psiquiátricas gra-


ves. (tipo passivo), pois Y.

(vi) Y =a criança espancada tende a ALGO9. .

(vii) ALGO9 = a criança tornar-se um pai (ou uma mãe) capaz de


ALGO3, em certo momento T. ,

(viii) ALGO3 = um pai (ou uma mãe) espancar alguém.

(ix) T=a criança tornar-se adulta. -

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159
SIMBOLOS

MS BLZ sa are A se transforma em B


E O elemento A é inaceitável ou agramatical
Mada 9 oinraseneis ia o a * Pode ocorrer mais de uma vez.
* fronteira de palavra
DA a made RENO O elemento 4 é de aceitabilidade duvidosa
EB usas as sims Reescreva-se o elemento A como B
DAM tao ace =» EERERADO OQ elemento 4 é opcional
PER Deve-se escolher A ou B, mas não ambos.
B
X[ py peressiesdo O elemento X é portador do traço [+Y]
AS XVENV grass sem Diagrama simplificado: A é um nódulo
as qualquer e XYZW é a estrutura terminal
correspondente.
PGE aa qr o A a ERERD E É Elemento não preenchido lexicalmente
f

Maria Cecília Pérez de Souza


e Silva é licenciada em Letras
Neolatinas, Mestre e Doutora
em Ciências Humanas: Lingiúís-
tica Aplicada ao Ensino do Por-
tuguês pela PUC-SP, onde lecio-
na Morfo-Sintaxe do Português
e Língua Portuguesa para os
cursos de Língua e Literatura
Portuguesas, Lingua e Literatu-
ra Inglesas e Lingua e Literatura
Francesas. Foi Chefe do Depar-
tamento de Português e, atual-
mente, é coordenadora do Cur-
so de Lingua e Literatura Portu-

guesas.
Ingedore Grunfeld Villaça
Koch é bacharel em Direito pela

USP, licenciada em Letras,


Mestre e Doutora em Ciências
Humanas: Língua Portuguesa
pela PUC-SP, onde leciona
Morfo-Sintaxe do Português e
Língua Portuguesa nos cursos
de Língua e Literatura Portugue-
sas, Língua e Literatura Inglesas
e Jornalismo, além de ministrar
cursos de extensão e especiali-
zação para professores de 1º e
2º graus. Foi professora de 1º
grau no Externato Ofélia Fonse-
ca e de Língua Portuguesa e
Técnica e Metodologia de Reda-
ção em Português na Logos -
COMPRA
FRA i :
PREÇO: Í
SOLICA f
DATA: )

escola de 2º grau.

160 |
Í

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