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Texto Expositivo-Explicativo

Na concepção de REI (1995:107-109), texto Expositivo-Explicativo surge como suporte para a


apresentação de uma questão ou um problema, com o objectivo de fazer saber e fazer
compreender um determinado assunto.
(i) Características do texto Expositivo-Explicativo
Como pode perceber, o tema desta unidade resulta da junção de duas palavras adjectivadas:
“expositivo”, derivado de “exposição” e “explicativo”, derivado de “explicação”, que significam:
colocar um tema, um problema, a partir do qual se possa adquirir um conhecimento global e a
partir do conhecimento adquirido, explicar para fazer compreender a outrem, um determinado
assunto. Logo, há aqui uma relação entre o emissor e o receptor, cujo objectivo é aexposição do
saber e a explicação do saber transmitido.
Neste contexto, o que determina o formato desta tipologia textual é a relação que se estabelece
entre o emissor e o receptor, onde a função comunicativa predominante deste texto é a de
transmitir conhecimentos (informar) e a de clarificar e explicar “problemas”, daí que sejam
designados também por textos didáctico-científicos.
Convidamos você, desde agora, a prestar particular atenção aos vários aspectos que caracterizam
o texto expositivo-explicativo:
Pense numa questão do saber!
Diante desta situação, um estudante do curso de ensino de Português decide investigar ou
encontrar solução da questão e comunica aos outros a solução encontrada, com o objectivo de
mudar a percepção que os outros têm do real. Portanto, este estudante “fará saber” e “fará
compreender” algo antes mal entendido ou não suficientemente compreendido.
Por essa razão, afirma-se que o texto expositivo-explicativo questiona o mundo sob duas
perspectivas:
a) investigação de uma evidência.
Ex. “O surgimento da escrita”.
Trata-se de uma evidência que pode ser problematizada pela nobre vontade de se procurar saber
sobre o “como” e o “porquê” do surgimento.
A partir daí escreve-se um texto com a intenção de procurar saber/conhecer as várias etapas do
surgimento da escrita havidas e procurar compreender as motivações do seu surgimento, as
modificações operadas ao longo do tempo.
b)a existência de um paradoxo.
Ex. “A avestruz tem asas, mas não voa ”.

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Recorda-se do processo de coordenação, concretamente frases adversativas, facilmente perceberá
o paradoxo patente na frase. Claramente percebe que estamos perante um facto incompatível
com o sistema estabelecido de explicação da função das asas, foco principal do paradoxo.
Assim sendo, produzir-se-á um texto expositivo-explicativo sobre a “função das asas - as aves”,
o qual fará saber o tipo de aves existentes e fará compreender que certas aves possuem asas e
voam, enquanto que outras não.
Resumindo: o texto expositivo-explicativo é aquele cuja intenção e objectivo de comunicação é
fazer saber e fazer compreender, isto é, o que fornece informações a um receptor que se supõe
não as possuir, embora se possa considerar que um conjunto de informações de base é já
conhecidas.
(ii) Organização textual
Para facilitar a compreensão, o texto Expositivo-Explicativo apresenta, geralmente, a seguinte
organização retórica :
a) Momento de questionar : corresponde, geralmente, à delimitação do tema, onde se faz
referência aos antecedentes e apresenta-se o estado da questão. Este objectivo concretiza-se
através da designação, denominação, definição ou composição dos termos ou elementos;
b) Momento de resolução : compreende o corpo do texto. Nele se apresentam os dados de forma
sistemática, interligando-os. O articulado é caracterizado por raciocínio lógico, ou seja, a
demonstração com enunciados que encerram os resultados, a sua descrição e caracterização, as
transformações e os processosverificados;
c) Momento de conclusão: não necessariamente presente em todos os textos, mas havendo, ele
deverá decorrer do questionamento inicial e será apresentado sob a forma de apelo, persuasão ou
recomendação a ser observada pelos interessados, modificando a sua atitude inicial.
Ora! Nem sempre estes momentos são lineares, quer dizer, o texto pode iniciar da questão à
resolução ou apresentar a conclusão logo no início e encadearem-se, de seguida, os enunciados
que concorrem para a prova dessa conclusão.

(iii) Organização discursiva


A nossa unidade tem como tema: os textos “Expositivo-Explicativo. Logo, a organização
discursiva desta tipologia textual é constituída por segmentos expositivos que alternam
discursivamente com segmentos explicativos.
Nesta linha de pensamento, compreende-se que os segmentos de exposição são a sucessão de
informações que têm por finalidade “fazer saber” e “fazer conhecer”; e os segmentos de
explicação visam “fazer compreender” o “porquê?” e o “como” de um processo ou de uma
relação.

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Ainda, o texto Expositivo-Explicativo é suportado por segmentos metadiscursivos. Estes
segmentos são assim designados pelo facto de o sujeito enunciador servir-se deles para marcar
claramente a articulação do discurso, sempre que pretender, dentre outras intenções:
 Anunciar o que vai ser dito (em seguida, iremos analisar…);
 Resumir o que se disse (como acabámos de referir…);
 Antecipar o que vai ser dito (aparelhagem de títulos, subtítulos, numeração, etc.)
 Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negrito, etc.).

(iv) Características linguísticas


Lembre-se:
A finalidade deste tipo de texto é “fazer compreender”. Ela é regida por princípios linguísticos
próprios e apresenta geralmente uma linguagem objectiva, clara e simples.
Por outro lado, articula os factos constitutivos do acontecimento ou do problema, ligando-os a
outros factores de causa, finalidade, consequência; introduz nexos lógicos entre factos e
elementos justapostos; mostra relações entre factos, acções, intenções; numa abordagem lógica,
cronológica, sequencial, funcional de elementos de um todo.
Portanto, a articulação destes aspectos todos, constituem três grupos de enunciados, a saber:
Enunciados expositivos: caracterizados pela ausência de marcas gramaticais da primeira e
segunda pessoa, cuja intenção é não fazer transparecer a presença do sujeito enunciador, pelo uso
do presente e do pretérito perfeito do indicativo e pelo recurso à forma passiva. Às vezes,
ocorrem enunciados descritivos que, por se situarem numa perspectiva histórica, se apresentam
no pretérito perfeito simples ou composto, ou no pretérito imperfeito do indicativo.
Enunciados explicativos:caracterizados pela recorrência a construções de detalhe,a comparações,
a reformulações parafrásticas e ao uso de asserções afirmativas ou negativas, visando facilitar a
compreensão do fenómeno ou do estado de coisas.
Enunciados "balizas":caracterizados pelo uso de pronomes , de fórmulas de imperativo , verbos
no futuro deícticos temporais e permitem que o enunciador comente o desenrolar dos
acontecimentos: recordar do que foi dito; anunciar o que vai ser dito.
A produção escrita não se dissocia da coesão e da coerência textual. Para alcançar a coerência e
progressão textual, o texto expositivo-explicativo usa a:
Substituição nominal: consiste na escolha vocábulos adequados às características do objecto
referenciado. Por exemplo, entre casa, palhota, aposentos, residência, lar, pode se escolher o
vocábulo melhor se adequa ao estado de coisas descrito, já que não é indiferente dizer palhota no
lugar de mansão.

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Nominalização: consiste em condensar um conjunto de informações que em seguida se tornam
no tema central do discurso. Geralmente são os nomes, os adjectivos e ainda uma subclasse de
advérbios que admitem a integração de formas derivadas, dando origem a nominalizações.
Orações relativas: funcionam como um meio de expansão do nome, restringindo o campo das
representações. As orações relativas servem, algumas vezes, para focalizar a atenção sobre um
determinado traço, outras vezes, como meio de apresentação de informações novas e necessárias
para uma visão mais completa da representação do real.
Reformulações parafrásticas: desempenham um papel importante nos textos Expositivos-
Explicativos, pois são um meio de aclarar o que é dito e orientar a compreensão do destinatário.
Conectores: estabelecem as conexões existentes entre as diversas partes do texto numa sucessão
lógica do discurso. A dissociação dos objectos do discurso obriga ao enunciador a marcar as
relações existentes entre as diversas partes do discurso. Por exemplo (primeiro…, em seguida…)
entre outros, são meios que indicam a unidade da cadeia textual.
Por isso, a articulação dos elementos textuais é feita a partir de conectores lógicos que podem
estabelecer
 laços de adição (também…, igualmente…);
 laços de oposição (mas…, ao contrário…);
 laços de consecução ou de causalidade (porque…, visto que…, dado que…)
O texto expositivo-explicativo caracteriza-se também pela presença de títulos e subtítulos,
variações tipográficas, quadros, gráficos, desenhos, etc.

Então, vamos a prática?


Um condimento que também cura
Quem não gosta em Moçambique de um caril acompanhado de um bom achar de manga ou
limão? Quem não aprecia uma boa galinha assada na brasa e uma pitada de piri-piri?

O piri-piri é um condimento quase obrigatório na dieta alimentar de milhões de moçambicanos


que diariamente o utilizam simples ou preparado de diversas maneiras e para os mais diversos
paladares. Mas será que todos os que consomem piri-piri sabem que ele também serve para curar
e que é usado no campo farmacêutico?
Convidamo-lo a viajar connosco por este mundo quente, gostoso e também terapêutico do piri-
piri. Quem viajar por Moçambique e visitar os seus mercados encontra efectivamente um
produto que nunca falta – o piri-piri. Verde ou vermelho maduro, encontramo-lo exposto para
venda em todas as bancas, quer em molhinhos, quer aos montes para venda a peso. São dos mais
diversos tamanhos, variando também na intensidade do seu picante. E quem utiliza sabe

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exactamente em que prato o vai pôr, pois o tamanho e o picante fazem parte dos segredos da
culinária tradicional moçambicana.
Desde o denominado “sacana”, muito pequeno mas autêntica pólvora picante, à malagueta
comprido e volumoso que até pode ser recheado com frutos do mar ou carne moída, um prato
tradicional e antigo da Ilha de Moçambique, de Quelimane e Inhambane, importantes pólos de
culinária tradicional multicultural, o “capscumfrutescens” (nome cientifico desta espécie vegetal)
tem diferentes designações nas diversas línguas moçambicanas como piri-piri.
Embora em alguns supermercados já apareça piri-piri preparado em forma de achares, seja de
manga, limão, ou em pickles, a verdade é que a nível nacional, esses produtos são ainda e na
maior parte de fabrico caseiro, longe de serem produzidos em escala industrial para consumo
interno e exportação.
Se assim acontece com o condimento, podemos também afirmar que, relativamente ao plantio, a
sua produção está ainda limitada às pequenas quintas ou machambas familiares, praticamente
não existindo herdades.

Os fármacos e o plantio do piri-piri


Se relativamente à culinária já vimos a utilidade do “capscumfrutescens”, vamos conhecer agora,
também o seu uso no campo farmacêutico. Do piri-piri extrai-se um óleo especial denominado
“capcino” e que é utilizado na preparação de certas pomadas quentes como as que se usam para
curar dores musculares. Importante, também, é referir que dele se preparam medicamentos
contra vermes.
Ao nível da tradição do centro e do sul de Moçambique afirma-se que, utilizado em certos
molhos, é um bom purgante e que o piri-piri “sacana” serve até para baixar febres. Mas isto não
está ainda estudado de modo científico pelo que fica aqui apenas como apontamento à margem
da sua real utilização como fármaco. Temos, portanto, um pequeno fruto de uma planta que não
apenas condimenta mas também serve para curar. Daí a sua importância económica e o seu valor
como produto de utilidade confirmados.
Antes de darmos alguns dados sobre a cultura do piri-piri, e apenas como curiosidade, diremos
que, apesar de picante, o piri-piri é muito apreciado pelos pássaros, sendo por isso que os
ingleses o designam também d “pimenta para pássaros”.
Por outro lado, curioso é também recordar que muitos ocidentais se questionam e espantam sobre
os motivos e as razoes que levam as pessoas africanas e da Ásia do sul, em pleno Verão, a usar
muito piri-piri nas suas comidas. Dizem os “sages” dessas regiões que, ao se condimentarem os
manjares com muito picante na estação do ano mais quente, ajudam a equilibrara a temperatura
interior do corpo com a exterior, que é muito alta, fazendo com que as pessoas se sintam mais
confortáveis. Aliás, tal como acontece nas mesmas regiões ao tomar-se chá em pleno Verão.
Podemos mencionar que o“capscumfrutescens” é uma planta da família das solanáceas cultivada
com incidência nas zonas quentes do mundo. É uma cultura polianual (uma vez plantada dura

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todo o ano) mas não é muito exigente relativamente a solos. Desenvolve-se melhor quando
exposta ao sol e tem um rendimento de cerca de 800 quilos por hectare, sendo que um grama de
semente produz, teoricamente, uma média de 400 plantas.
Para se assegurar um bom crescimento lançam-se primeiramente as sementes à terra em viveiros
para, só mais tarde, quando a planta atingir oito a dez centímetros é então, ser colocada em sacos
de plástico e posta à sombra. Quando a planta atinge entre 20 e 30 centímetros é então
transplantada para o terreno definitivo. E quando os frutos começam a mudar de verde para
vermelho é tempo de colheita.
Acabamos de viajar um pouco ao sabor quente do piri-piri, e de ver que não se trata apenas de
um condimento, hoje cada vez mais usado no mundo, mas também um produto de valor
farmacêutico.
Calane da Silva In Revista Índico

Certamente percebeu que o texto “Um Condimento que também cura” é expositivo-
explicativo que nos transmitir um saber relativo ao piri-piri. Agora, vamos analisar os
elementos constitutivos do texto para confirmar se efectivamente é texto expositivo-
explicativo.
Do ponto de vista retórico
O texto apresenta discursivizados os três momentos a que nos referimos ao longo da definição e
caracterização do texto expositivo-explicativo, nomeadamente:
Momento de questionar: compreende o primeiro parágrafo, pois, é nele que se faz um breve
historial sobre o valor alimentar e o de cura, no campo farmacêutico
Momento de resolução: desde o sabor excepcional que o piripiri proporciona aos moçambicanos,
a pertinência terapêutico, segundo parágrafo, até aos processos de plantio, crescimento e colheita
do piri-piri. Neste espaço, é descrito o processo de cultivo conservação do piripiri bem assim, a
colheita, a escolha e todos os outros processos que antecedem o seu uso no campo farmacêutico.
Momento de conclusão: entende-se como sendo o último parágrafo em que não só se refere ao
sabor quente do piripiri, como também ao seu valor farmacêutico.
Do ponto de vista discursivo
Dadas as características do texto em estudo, podemos identificar enunciados expositivos que
alternam com osexplicativos, por exemplo:
Enunciados de expositivos: “O piri-piri é um condimento quase obrigatório na dieta alimentar de
milhões de moçambicanos...”

Enunciados explicativos:“… é uma cultura polianual, uma vez plantada dura todo o ano …”.

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Enunciados metadiscursivos: “...vamos conhecer agora,” detalhando o processo de extracção de
“capcino” utilizado na preparação de certas pomadas. O autor usa também elementos linguísticos
e paralinguísticos, para marcar claramente uma articulação no discurso com a finalidade de:
Resumir o que se disse (Acabamos de viajar um…);
Antecipar o que vai ser dito (os títulos, subtítulos, etc.)
Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negrito, etc.)

Do ponto de vista linguístico e supralinguístico


Tipo de linguagem: predomina uma linguagem objectiva, vocabulário e termos próprios duma
área específica: a do processo de cultivo, aproveitamento do piripiri (malagueta,
“capscumfrutescenscapcinosacana” etc.)
Tempos verbais: Neste texto, embora ocorram vários modos e tempos verbais, predomina
sobretudo o presente do indicativo.
Como sabe, o tempo presente, enquanto tempo de base do discurso é definido como o que
coincide com o momento de enunciação, isto é, o momento em que se fala coincide com o da
realização da acção .
Apesar disso, queremos chamar-lhe atenção para o facto de, no presente caso, tratar-se do
presente genérico uma forma temporal zero, cujos enunciados têm valor genérico, ou seja, um
valor atemporal.
Veja-se: “O piri-piri é um condimento...”; “é muito apreciado...”; “é uma cultura polianual...”
O estado de coisas (o processo de preparação do piripiri, plantio e o seu sabor) descritas nestes
enunciados e em todo o texto onde ocorre o tempo presente não se materializa justamente no
momento de enunciação: este é o processo genérico de preparação, cultivo do piripiri no passado,
hoje e sê-lo-á no futuro.
Note que na produção de um texto, para além do presente genérico, pode ocorrer também o
presente histórico: ocorre geralmente em textos narrativos em substituição do pretérito perfeito,
mas veiculando factos passados.
Pessoas gramaticais
“Podemos mencionar que o“capscumfrutescens” é uma planta da família…”
“Acabamos de viajar um pouco ao sabor quente do piri-piri,…”
Na forma verbal destacada, está implícito um “Nós”, marca gramatical da primeira pessoa do
plural.Trata-se de um “Nós” de autor e ocorre frequentemente nos discursos científicos e,
particularmente, nos Manuais Didácticos. Permite que o “Eu”, embora assuma o seu discurso,

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não se coloque como indivíduo falando em seu nome próprio, mas por detrás de um conjunto de
uma comunidade de sábios onde se observa uma unanimidade.
A passiva
Atenção a frase: “… Do piri-piri extrai-se um óleo especial denominado “capcino”…”
Veja que o “se” destacado, na frase não é pronome reflexo, onde a acção recai sobre o próprio
sujeito. Na frase acima, o “se” é partícula apassivante, pois: em “extrai-se um óleo especial”,
percebe-se que o óleo não se extrai por si próprio, mas quem o tira de algo. Portanto, poderíamos
dizer: o óleo é extraído por (alguém), forma clássica da passiva.
(O Campos) extrai o óleo especial do piripiri (Voz activa): O óleo especial é extraído (pelo
campos) do piripiri (Voz passiva); logo, Do piripiriextrai-se um óleo especial.
Veja!
Nestes casos, a passiva de “se” é uma estratégia para ocultar ou desqualificar o sujeito (não se
afirma explicitamente quem é o sujeito da acção).
A passiva de “ser” éa que procura legitimar ou autenticar a informação dada como certa e
necessária.
Os articuladores discursivos
Resumir o que se disse (Acabamos de viajar um…);
Antecipar o que vai ser dito (os títulos, subtítulos, etc.)
Focalizar o que é dito (mudanças tipográficas, sublinhados, negrito, etc.)
Coerência e progressão textual
Substituições nominais: que permitem ao enunciador suprimir o inútil, pela escolha de um termo
com traços que facilitam a explicação no lugar de outros possíveis.
Ex:
Nominalizações: trata-se também duma estratégia de discursivização que visa compactar um
conjunto de informações anteriormente enunciadas para torná-las no tema central do discurso
subsequente:
Ex: Se em todo o país plantam as sementes, podemos também afirmar que, relativamente ao
plantio, a sua produção está ainda limitada às pequenas quintas ou machambas familiares...”
Ficha informativa
A nominalizaçao é feita através do processo de criação de palavras, denominado derivação, ou
seja, a criação de um novo vocábulo, partindo de um mesmo núcleo (radical). Assim temos:
Derivação por sufixação: acrescenta-se sufixo, após o radical.

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Ex: casar - cas (radical) + a (vogal temática) + -r (desinência de forma nominal de infinitivo)
Casamento -cas (radical) + a (vogal temática) + -mento (sufixo)
Derivação regressiva – Vem a ser a criação de um vocábulo com diminuição de elementos
mórficos.
Oração relativa é uma estratégia discursiva que tem em vista a expansão do nome.
Ex.: Capcino é um óleo especial extraído do piri-pirique é utilizado na preparação de certas
pomadas quentes que se usam para curar dores musculares e medicamentos contra vermes.
A oração relativa (iniciada pelo que e destaca em itálico) funciona como um meio de restrição do
campo das representações, não permitindo várias interpretações. Reporta-se ao seu antecedente
nominal e não a outros elementos.
Reformulações parafrásticas: gozam de um papel importante, ao permitirem clarificar certas
comunicações e orientar a compreensão do leitor:
Ex: “...vamos conhecer agora, ...capcino…”

Portanto, para quem não saiba o que é “a utilidade do capcino”, passa a saber, pois a expressão “
que é” funciona como meio de explicitação, tal como poderia ser substituída por “ou seja, por
outras palavras, quer dizer...”.
Características supralinguísticas
Para terminar é importante olharmos para a mancha gráfica do texto, pois para além dos aspectos
de natureza estrutural, discursiva e linguística de que nos referimos, o texto apresenta variações
tipográficas; apresenta título e subtítulo
Trata-se, pois, de um exemplo típico de Texto Expositivo-Explicativo, cuja intenção de
comunicação é, essencialmente, fazer saber; e fazer compreender um processo (utilidade do
piripiri e o seu valor alimentar)
O texto “Um Condimento que também cura” mostra a existência de uma diversidade de modos
de comunicação: o emprego da passiva, as nominalizações, o "apagamento" do sujeito de
enunciação, o uso dos articuladores discursivos [conectores (lógico-semânticos, conjunções,
preposições, locuções prepositivas, etc.).
Exercícios
A nominalização é um processo, como, aliás, afirmámos em aulas anteriores, que consiste na
transformação de verbo ou de um adjectivo ou de uma expressão em nome, em certos casos, esta
operação permite condensar o que foi dito e assegurar uma maior economia de texto.
Nominalize os verbos abaixo:
a) Concordar b) impedir c) nadar

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Nas frases que se seguem coloque o conector (conjunção, locução) de modo a marcar laços de :
a) adição: As lições de técnicas de expressão são agradáveis ____ úteis para todos nós porque
____fornecem-nos conhecimentos específicos da disciplina de Português ______permitem aos
estudantes a aquisição de técnicas de estudo para todas as cadeias do curso.
2.b) oposição: _______os estudos estejam a correr bem, sente-se a necessidade de muita
exercitação. Veja só o que aconteceu no teste de métodos de estudo, li muito ______tive uma
nota pouco agradável. ______ estar nas últimas cadeiras do salão, ouvia perfeitamente os
discursos dos intervenientes do debate!
2.c) causalidade: Há línguas conhecidas como "isoladas" não apresentam parentesco
com nenhuma outra língua viva. Rosseau, Seneca, Durkheim,entre outros, foram alguns dos
grandes pedagogos _________ traçaram as linhas mestras do que hoje se entende por
Pedagogia Educacional.
2.d) consecução: - A exposição foi _____bem feita_____ o Reitor se prontificou a apoiar a
iniciativa do género.
Resposta
a) Concordância b) impedimento c) nado/natação ;
2.a) As lições de técnicas de expressão sãoagradáveis e úteis para todos nós porque não só
nos fornecem conhecimentos específicos da disciplina de Português como também
permitem aos estudantes a aquisição de técnicas de estudo para todas as cadeias
do curso.
b) Emboraos estudos estejam a correr bem, sente-se a necessidade de muita exercitação.
Veja só o que aconteceu no teste de métodos de estudo, li muito mas tive uma nota pouco
agradável. Apesar de estar nas últimas cadeiras do salão, ouvia perfeitamente os discursos
dos intervenientes do debate!
c) Há línguas conhecidas como "isoladas" porque não apresentam parentesco com nenhuma
outra língua viva. Rosseau, Seneca, Durkheim,entre outros, foram alguns dos grandes pedagogos
uma vez que ¬traçaram as linhas mestras do que hoje se entende por Pedagogia
Educacional.
d) A exposição foi tão bem feita que o Reitor se prontificou a apoiar iniciativas do
género.
De certeza o exercício ajudou-lhe a relaxar!

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