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Disciplina de Filosofia – Ano letivo 2023-24

Correção da Ficha de Consolidação do Estudo da lógica - 1


Conteúdos de Revisão – “A dimensão discursiva do trabalho filosófico”

1. A expressão significa que o conhecimento filosófico é de natureza lógica e


discursiva, na medida em que as teorias filosóficas são defendidas com base em
argumentos que devem ser válidos, bons, fortes, sólidos, fortes, coerentes e
consistentes. O trabalho filosófico implica duas dimensões, a lógica (racional, do
pensamento) e a discursiva (argumentativa, da linguagem), sem as quais não
existe o discurso filosófico.
Enquanto as ciências fundamentam as suas teorias em provas objetivas, de
verificação experimental, evidência comprovada, de validade universal, a
filosofia não tem essa capacidade de prova, dado que a sua investigação é
essencialmente pessoal, reflexiva, crítica e argumentativa.

2.
O discurso é a forma ou competência humana de verbalizar o pensamento,
expressar ideias, defender teses (posição ou ideia que se pretende defender com
base em argumentos num discurso, sujeita a discussão, análise, objeções ou
criticas) ou soluções para problemas através da linguagem verbal ou escrita.
Todos os indivíduos comunicam a partir de discursos, encadeando diversos
argumentos relacionados entre si, para chegar a uma conclusão.
O discurso deve ser estruturado com correção e clareza de pensamento, para as
ideias serem bem transmitidas. Caso contrário, o discurso poderá perder rigor,
não ser bem entendido e ser descredibilizado, desvalorizado. Para isso é
necessário aplicar um conjunto de regras e instrumentos lógicos (conceito, juízo,
raciocínio) e argumentativos (termo, proposição argumento) fundamentais.
Todo o discurso tem uma estrutura organizada numa sequência lógica de sentido
desde a introdução, desenvolvimento e conclusão, devidamente articuladas a
nível linguístico.

3. O discurso define-se como a competência humana de expressar o pensamento


através da linguagem, acerca de um tema/assunto ou problema, sustentado em
argumentos numa articulação lógica que justifica a sua compreensão e comunicação
com os outros.
Existem discursos comuns, informativos e argumentativos. O filosófico é argumentativo
e distingue-se dos discursos jurídico, publicitário, político, religioso, artístico….

4. A Lógica Formal é uma ciência que estuda as regras, leis e princípios lógicos
que devemos aplicar para pensar com correção, rigor e coerência, sem
contradições e de modo a existir compreensão e comunicação entre nós e os
outros (estudo dos argumentos dedutivos válidos e respetivas falácias =
argumento inválido que aparenta ser válido, devido a erros na forma do
argumento).
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A Lógica Informal ou argumentação/retórica é uma competência discursiva que
permite saber defender teses e posições fundamentadas, suscetíveis de debate,

sobre temas controversos, discutíveis, de um modo persuasivo com o objetivo de


provocar a adesão do recetor/auditório à tese apresentada. (estudo dos argumentos
não dedutivos válidos e respetivas falácias – devido a erros de conteúdo, contexto
e interpretação).

5. Relação entre noções lógicas e expressões linguísticas

1. Conceito-termo 1. 2. juízo-proposição2. 3. raciocínio-argumento3.

Sujeito (aquele de quem se pode afirmar ou negar alguma coisa através do


conceito predicado.
Predicado (aquilo que se afirma ou nega do sujeito)
Cópula (verbo ser que é o elemento de ligação lógica entre o conceito sujeito e o
conceito predicado, que assume a forma afirmativa ou a forma negativa do juízo)
Termo (palavra/expressão verbal do conceito)
Conceito ( definição ou ideia geral de uma realidade em função das características
que a definem e a todos os seres com características semelhantes)
Juízo (operação lógica que relaciona dois ou mais conceitos de modo afirmativo
ou negativo e que nos permite julgar o que as coisas são ou não são)
Proposição (frase declarativa que pode assumir valor lógico de verdadeira ou falsa
de acordo com a realidade a que se refere/ expressão verbal do juízo)
Argumento (conjunto ou sequência de proposições articuladas a nível lógico (nexo
lógico) e das quais resulta uma proposição que se designa de conclusão). O
argumento é sinónimo de razão ou justificação de uma tese ou teoria.
Premissa (proposição antecedente de um argumento)
Conclusão (proposição consequente de um argumento)

Extensão e Compreensão de conceitos - duas características dos conceitos que


correspondem à quantidade de seres a que se aplica o conceito (este, alguns, todos,
particular e universal) e ao conjunto de qualidades, características que definem e
constituem os seres a que se aplicam os conceitos respetivamente.

6. Exemplos de Conceitos: carro, árvore, ser vivo, ser humano, livro, escola, casa,
parque infantil, banco……

Exemplos de Proposições: todos os seres humanos são racionais; o banco do


jardim é lindo; o José é um estudante aplicado.

Exemplo de Argumentos:
Todos os seres humanos são racionais
O Nuno é ser humano
Logo, o Nuno é racional.
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Ou um argumento incompleto, a que falta uma proposição mas nem por isso deixa de
ser um argumento dedutivo válido (ENTIMEMA).

O pinguim tem penas porque é uma ave.


conclusão Indicador de premissa

RECONSTRUÇÃO DO ARGUMENTO

P1 – Todas as aves têm penas


P2 – O Pinguim tem penas
_________________________________
P3 – Logo, o pinguim é uma ave

7. A aplicação isolada de conceitos não faz sentido, pois eles articulam-se em redes de
conceitos para ser possível a sua compreensão e a sua comunicação entre diversas
realidades e contextos, permitindo formar famílias de palavras, diversas
interpretações em rede de significados.

8. Um conceito pode ser expresso por um termo ou por mais do que um termo:

Termo banco = conceito de banco jardim/ Instituição bancária

Residência = morada, domicílio

9. Existe uma relação inversa = quanto maior a extensão do conceito, menor a sua
compreensão e quanto maior a sua compreensão, menor a sua extensão

Colégio de Gaia = menor extensão e maior compreensão


Todos os colégios = maior extensão e menor compreensão

10. A estrutura lógica da proposição é assumida no juízo

S é P (modo afirmativo) e S não é P (modo negativo)

S = CONCEITO SUJEITO
P =CONCEITO PREDICADO
É = CÓPULA OU VERBO SER, ELEMENTO DE LIGAÇÃO ENTRE OS
CONCEITO SUJEITO E O CONCEITO PREDICADO, QUE DETERMINA A
FORMA DO JUÍZO – AFIRMATIVA OU NEGATIVA.

Combinando a relação de extensão e compreensão dos conceitos podemos construir


quatro modelos ou formas padrão de PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS, COMO:
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A – PROPOSIÇÃO UNIVERSAL AFIRMATIVA


E- PROPOSIÇÃO UNIVERSAL NEGATIVA
I- PROPOSIÇÃO PARTICULAR AFIRMATIVA
O- PROPOSIÇÃO PARTICULAR NEGATIVA

11. Validade e verdade são atributos e características dos argumentos e das


proposições respetivamente.

12. Nem todas as frases são proposições porque nem todas são frases declarativas e
possíveis de assumirem o valor lógico de verdade ou falsidade.
As frases interrogativas, exclamativas, imperativas, desejos, vontades e promessas
também não.

13. Exemplos de proposições = A casa é branca


= Camões é o autor dos Lusíadas

Exemplos de não proposições = Oxalá amanhã faça bom tempo.


= Prometo que me vou portar bem.

14. Transformação de proposições na forma canónica, modelo ou padrão:

- Ser amigo é ser leal. = tipo A Todos os amigos são leais


- A sereia não é real. = tipo E Nenhuma sereia é real
- Existem brincadeiras engraçadas. = tipo I Algumas brincadeiras são engraçadas
- Nem todos os animais são selvagens. = tipo O Alguns animais não são selvagens
- Os homens cantam = tipo A Todos os homens são cantores

15. O exemplo que traduz um argumento é o da alínea b) porque é um conjunto de


proposições (2 premissas e 1 conclusão) com relação lógica entre si, sendo a conclusão
o resultado lógico da relação entre as premissas.

a) Todas as flores são perfumadas b) Todos os estudantes são inteligentes


Os gatos são mamíferos Bruno é estudante
Logo, as andorinhas são aves. Bruno é inteligente.

16. No mínimo são necessárias 2 premissas pelo menos e 1 e só 1 conclusão.

17. Exemplos de indicadores de premissas = porque, sabendo que, uma vez que,
pois, dado que

Exemplos de indicadores de conclusão = logo, então, por isso, portanto, segue-se


Que, assim, por conseguinte
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18. Reconstrua o seguinte argumento, indicando os indicadores de premissas e de
conclusão:

Uma vez que a tortura de animais é injusta, a tourada é injusta, pois a


tourada é tortura de animais.

Indicadores de premissa = uma vez que e pois


Indicador de conclusão = não existe expresso, pelo que se assume a proposição do meio
do argumento que não tem indicadores (a tourada é injusta)

Argumento Reconstruído = A tortura de animais é injusta


A tourada é tortura de animais
Logo, a tourada é injusta.

19. A frase “ A pena de morte é justa” é uma tese que expressa a opinião de alguém
que é a favor da pena de morte.
A tese contrária a esta é “A pena de morte é injusta”.

Argumento a favor da pena de morte = deve-se aplicar a mesma solução que foi dada à
vítima

Argumento contra a pena de morte = é errado corrigir um erro com outro erro.

Bom Trabalho
A Professora - Teresa Vasconcelos Soares

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