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Técnica de Expressão em Língua Portuguesa

Definição

O que é argumentar?

Define-se argumentação como o conjunto de procedimentos discursivas de dedução,


de raciocínio e de outras formas, que visam a adesão do interlocutores ou dos outros
leitores.

A palavra argumentar remete-nos para a noção de defesa de uma ideia mediante a


utilização de um conjunto de razões. A ideia que se pretende provar ou defender dá-
se o nome de tese; o conjunto de razões que utilizamos na defesa da tese constitui os
argumentos.

Apresentação do texto

Uma argumentação é feita tendo como base uma proposição ou tese. Sendo assim, o
texto argumentativo apresenta uma ou mais teses, os dados, e as observações que
podem ser para convencer o receptor da sua validade. Este tipo de texto é mais
complexo que o expositivo/explicativo ou o narrativo.

Apesar de se tratar de um texto argumentativo é frequente encontrarmos parágrafos


expositivos/explicativos ou narrativos que desempenham uma função de auxílio à
argumentação.

Uma argumentação deve geralmente apresentar:

a) a ideia que se quer afirmar (asserção/tese)


b) os dados que a suportam (informação /argumentação);
c) as considerações para ligar a asserção e a informação (garantia/exemplo).

O principal objectivo de um texto argumentativo é persuadir, convencer o receptor a


aceitar o nosso ponto de vista, existindo, para isso, algumas regras que auxiliam o
emissor a construir a sua argumentação com vista a alcançar o objectivo,
nomeadamente:

a) é necessário despertar o interesse do receptor, conquistar a sua simpatia,


através de um discurso concreto, sem redundância, que o envolva e o faça
partilhar dos nossos pontos de vista;
b) deve-se evidenciar, imediatamente, os aspectos importantes da tese de um
texto;
c) poucos argumentos de boa qualidade valem mais do que muitos, quando alguns
são dúbios.

Quando se tem muitos argumentos para suportar uma afirmação usam-se em primeiro
lugar os mais fortes.

O que é argumento?

Um argumento é uma prova ou um raciocínio destinado a justificar ou a refutar uma


determinada tese ou afirmação. Ao longo de um mesmo texto podem coexistir
argumentos a favor ou contra uma tese. Porém, o objectivo dos argumentos contra é,
muitas vezes, reforçar o valor dos argumentos a favor dessa tese.

Para apresentar ou redigir um texto argumentativo coeso, deverão ser adquiridas e


utilizadas formas linguísticas que asseguram o funcionamento da argumentação; assim,
devem considerar-se:

Organização do textual

Os textos expositivos/argumentativos apresentam habitualmente uma ordem mais ou


menos fixas na disposição dos conteúdos. Em geral, costumam distinguir-se neles três
partes:
 a exposição da tese, que tem por objecto a formulação das ideias que vamos
defender (faz-se o enquadramento da tese);
 a conjunto argumentativo, que tem como finalidade apresentar os motivos em que
se fundamenta a tese.
 a conclusão é uma síntese de todo o conjunto de argumentos apresentados.

Formas discursivas de apoio à argumentação

Fórmulas introdutivas

 Comecemos por …
 O primeiro aspecto dirá respeito a …
 É necessário primeiro lembrar que …

Transições

 Passemos a presença de …
 Consideremos o caso de …
 Antes de passar a … é preciso notar que …

Fórmulas conclusivas

 Por consequência …
 Por isso …
 Em suma
 Pode-se concluir dizendo que …

Enumeração

 Em primeiro lugar, segundo etc


 Antes de tudo …
 Em seguida …
 Por outro lado …
Expressões de reserva

 Todavia
 Mas
 Contudo
 No entanto

Fórmulas de insistência

 Não só … mas também


 Mesmo …
 Com maior razão …

Inserção de um exemplo

 Consideremos o caso de …
 O exemplo de … confirma que…
 O caso seguinte pode ilustrar …
 Tal é o caso de …

Uma vez conhecida algumas fórmulas de interligação ao nível da frase, passar-se-á à


fase de produção de texto. As duas grandes noções que sustentam a argumentação são a
de causa (para apoiar e/ou justificar) e a de concessão (com vista a conciliar-se com o
adversário, saber reconhecer a veracidade das suas teses).

Processos da argumentação

Os três tipos de discurso mais comuns são:

 O deliberativo, no qual se tenta aconselhar ou levar alguém a decidir-se sobre


um determinado comportamento;
 O judiciário, em que se trata de acusar ou defender – julgando um acto ou uma
pessoa
 Epidíctico, em que se louva ou reprova, em que se faz um elogio ou se censura.
Apesar de serem destacados separadamente, estes tipos de discurso quase sempre
aparecem combinados num só.

Género Acto

Judiciário acusar/defender

Deliberativo aconselhar/desaconselhar

Epidíctico louvar/desfazer

Sintetizando, poderíamos dizer que, para elaborar um texto argumentativo coerente é,


sobretudo, necessário:

 Saber justificar uma ideia, opinião, ponto de vista e saber formular ideia,
opinião ou ponto de vista;
 Defender algo um livro, um filme, etc ou acusá-lo;
 Formular uma hipótese, pondo-a depois em dúvida para propor outra;
 Relatar criticando as teses do adversário.

 Não atires papéis no chão, o planeta já está suficientemente poluído;


 Não falte injustificadamente as aulas, porque pode reprovar por faltas;
 Não fumes, porque fumar faz mal a saúde.
Observemos os seguintes exemplos:

Nos exemplos citados, um dado emissor (ou locutor) apresenta a um receptor (ou
destinatário) uma razão suficiente, um argumento, para lhe fazer admitir uma
conclusão- uma tese (ou um dado princípio).

O citado emissor parte do princípio de que todos concordam que não se deve poluir ao
ambiente, que não se deve faltar injustificadamente às aulas, que não se deve fumar.
Além disso, apresenta argumento que julga serem facilmente aceites: o planeta já está
suficientemente poluído; quem falta injustificadamente pode reprovar; quem fuma,
prejudica a saúde.
Vamos admitir, no entanto, que o receptor se recusa a aceitar os princípios e os
argumentos invocados pelo emissor. O que é que deve fazer?

Só lhe resta um caminho: contra-argumentar, isto é, deve apresentar outros argumentos


procurando refutar os argumentos, inicialmente, apresentados pelo emissor.

Relativamente aos exemplos anteriores, o bom senso não aconselha grande contra-
argumentação! O lixo polui efectivamente, as faltas às aulas trazem consequências que
qualquer estudante conhece e o fumar faz mal … só não vê quem não quer.

Admitimos, no entanto, que é possível apresentar alguns contra-argumentos, que só


podemos responder apresentando novas provas.

Uma argumentação será tanto mais forte quanto mais apertada e pertinente for a relação
entre o argumento e a tese.

Em argumento como:

O professor é injusto porque usa gravata às bolinhas.

A minha vizinha é gorda porque nasceu em Agosto.

Portanto, é difícil ver esta pertinência e a sua relação.

Argumentar é servir-se de raciocínios donde se tiram as respectivas consequências. A


filosofia e a política, desde a antiguidade, recorreram a textos onde discutiam e aduziam
razões para fazerem valer as suas ideias e opiniões.

Os sofistas eram mestres da fala, embora não se preocupassem com o que o conteúdo
da argumentação tinha de justo. Sócrates ouvia e apresentava objecção aos argumentos
dos outros, perguntava, destruindo as respostas dos seus interlocutores. Aristóteles dizia
que se conhecer era formar proposições (afirmações) tornava-se necessário examinar os
modos como elas eram construídas; através de "silogismos" (raciocínios) procurava
encadear as proposições (premissa maior e premissa menor) até formar o conhecimento
(conclusão). Na época medieval, a argumentação partia de uma disputa que exigia a
formulação e, por fim, respostas às objecções encontradas ou supostas.
Nos nossos dias, a argumentação ainda utiliza algumas regras desta arte filosófica:
encontrar o problema, seleccionar os elementos de prova, formular raciocínios
argumentativos, procurar possíveis contra-argumentos, organizá-los de forma coerente e

formular juízos. Mas, porque a argumentação é uma forma de reflexão, o que é


necessário é chegar a uma conclusão precisa e permitir que outros aceitem facilmente.
Qualquer fenómeno fica explicado quando o enunciado que o descreve surge como
consequência lógicas das afirmações encontradas e produzidas.

Numa análise de um discurso argumentativo, verificamos que há uma questão, num


determinado contexto, objectivos, uma sequência lógica das ideias, ilustradas com uma
linguagem persuasiva, e uma afirmação. Os argumentos devem ser encadeados por
afinidade ou contraste, devem sobressair os mais importantes, realçar a tese que se quer
provar e usar um estilo adaptado ao destinatário.

O texto argumentativo valoriza a capacidade de apreensão, de construção e de expressão


de argumento. Há uma ideia principal confirmada por dados razões que defendem a
opinião emitida, consentindo a possibilidade de se polemizar em torno de uma questão e
de se recorrer a outros referentes como suporte da estratégia de argumentação. Convém,
na construção do texto, ser concreto e objectivo, evitando pormenores desnecessários;
fazer raciocínios correctos e claros, incidindo no que é importante; evitar argumentos
pouco explícitos.

A arte de falar em público diz-se oratória. Constitui uma das variantes do discurso
argumentativo. Na organização do texto, é necessário encontrar argumentos e ordená-
los com o objectivo de informar, demonstrar, convencer e manipular. Mas porque a
oratória veio tomar o lugar da antiga retórica, que se definia como arte de bem falar e
persuadir, não pode esquecer o embelezamento do discurso com processos estéticos-
estilísticos e os códigos para-linguísticos (voz, dicção, entoação, …) e gestuais. Quase
sempre na sua estruturação há um exórdio ou introdução a que se segue o discurso
propriamente dito com a exposição do tema, a confirmação ou argumentação,
terminando com a peroração.

Os ensaios, as teses académicas, os discursos forenses ou jurídicos, os discursos


políticos, os textos publicitários, os sermões religiosos e muitas palestras ou conversas
recorrem ao texto argumentativo, muitas vezes, como discurso oratória.
Formas de raciocínio ou de argumentação

As formas de raciocínio ou de argumentação são:

 A demonstração - processo lógico-discursivo pelo qual, de afirmações certas ou


de factos, se retira a certeza ou validade de uma conclusão – como um
investigador que retira conclusões a partir dos dados obtidos e confirmados;

 A dedução- forma de raciocínio baseado no princípio de identidade e que


conclui do universal para o particular. Ou seja, a dedução, parte de um
antecedente – afirmação ou proposição ou premissa conhecida, daí concluindo
necessariamente, um consequente (uma proposição ou afirmação desconhecida.
Note-se: a conclusão é nova, mas, de modo implícito, já está contida nas
premissas. A forma de dedução mais conhecida e estudada é o silogismo);

 O silogismo – raciocínio de demonstração em que há três proposições, sendo


duas com que a razão passa de uma verdade a outra – que inequivocamente
deduz da primeira, como se demonstra no clássico exemplo: Todos os homens
são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.

 a indução – forma de raciocínio que, fundamentando-se na relação de


causalidade, passa da consideração dos factos particulares à formulação de uma
lei geral. É o método das ciências positivas, em que as leis (proposições ou
afirmações universais) são obtidas através do processo: observação, hipótese,
verificação ou confirmação da hipótese, lei.

Estes esquemas de raciocínio dedutivo foram estruturados pela primeira vez por
Aristóteles (Séc. IV a.C. Grécia); recentemente, remodelados, estão generalizados
pelos novos cálculos da lógica matemática.

No âmbito das grandes questões da Ciência, problemas como os da indução e


dedução são, presentemente, mais complexos, como o documentam, por exemplo,
as palavras de Einstein: "A tarefa suprema do físico consiste na procura das leis
elementares mais gerais, das quais se pode obter, por dedução pura, a imagem do
mundo. A estas leis elementares não há caminho lógico algum que conduza, mas tão
somente a indução que se apoia num sentimento de profunda simpatia com a
experiência".

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