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OFICINA

DE TEXTOS
EM INGLÊS
AVANÇADO

Aline Gomes Vidal


Produção textual e
capacidade de argumentação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os diferentes tipos de argumentação.


 Reconhecer o sentido argumentativo em diferentes gêneros textuais
em inglês.
 Construir textos argumentativos em inglês.

Introdução
Textos argumentativos têm como característica essencial a tentativa de
convencimento do leitor a respeito de uma ideia, hipótese ou opinião
por meio da discussão de tema, de uma análise crítica e da apresentação
de um ponto de vista. Para produzir textos argumentativos, existem
estratégias que podem ser utilizadas e que contribuem para que a ar-
gumentação seja devidamente embasada e, consequentemente, atinja
seu objetivo de persuadir o leitor.
Neste capítulo, você vai aprender quais são os tipos de argumentação e
como eles podem funcionar na língua inglesa. Em um segundo momento,
você vai reconhecer o sentido da argumentação nos seguintes gêneros
textuais: artigo de opinião, artigo acadêmico, resenha e carta (ou e-mail)
de reclamação. Por fim, você vai aprender formas de colocar em prática
os tipos de argumentação em suas produções textuais em língua inglesa.

Os tipos de argumentação
Em geral, textos argumentativos apresentam dois elementos essenciais: author’s
claim e author’s arguments. O primeiro elemento se refere à tese defendida pelo
autor, isto é, aquilo que ele está tentando provar ou afirmar. O segundo elemento
consiste na série de justificativas que dão apoio à tese sustentada. Na composi-
2 Produção textual e capacidade de argumentação

ção desses elementos, podem ocorrer dois processos de raciocínio: dedutivo e


indutivo. O primeiro conduz o leitor através de um movimento que vai do geral
para o específico, isto é, parte de afirmações gerais para chegar a uma conclusão
lógica em nível mais específico. O silogismo é um exemplo desse processo de
argumentação: All men are mortal. Robert is a man. Therefore, Robert is mortal
(Todos os homens são mortais. Robert é um homem. Logo, Robert é mortal).
Já o processo indutivo faz o movimento contrário: parte de informações
específicas para chegar a uma conclusão mais geral. A partir desse processo,
geralmente fazemos generalizações a respeito de pessoas, eventos, fenômenos,
etc. January is always cold in the USA. Today is January 14 and we are in New
York. Therefore it is going to be a cold day (Em janeiro sempre faz frio nos Estados
Unidos. Hoje é 14 de janeiro e estamos em Nova Iorque. Logo, será um dia frio).
Os processos supracitados são processos lógicos, são formas de argumen-
tação. A conclusão não é necessariamente verdadeira. Por isso dizemos que as
conclusões podem ser válidas ou inválidas, a depender da análise. Utilizando
o exemplo de processo indutivo, a conclusão segue uma lógica, mas será que é
sempre assim? Ou será que existe a possibilidade de fazer tempo mais ameno
em algum dia de janeiro em Nova Iorque?

Se você quiser saber mais sobre como funcionam os tipos de argumentação indutivo
e dedutivo, leia o artigo Types of Argumentation:

https://goo.gl/7Y2a4W

Principais tipos de argumentação


Existem várias formas de argumentar. Por ora, podemos citar as seguintes dife-
rentes formas: causa e causation (consequência), analogy (analogia), authority
(citação), example (exemplificação) e conter-argument (contra-argumento).

Causation (causa e consequência)

Buscar relações de causa e efeito é uma das maneiras de se comprovar uma


ideia ou tese. Quais as causas do problema que estou tentando resolver em
minha argumentação? Quais as suas consequências? Ao responder questões
Produção textual e capacidade de argumentação 3

desse tipo, o autor de um texto analisa um problema e apresenta evidências


da veracidade de sua conclusão. Veja um exemplo:

The teachers at Up University are excellent because they all have at least
a Master’s Degree.

Em suma, o motivo pelo qual os professores da Up University são excelentes


reside no fato de que todos eles têm, no mínimo, mestrado. Nessa frase, o
autor apresenta uma tese: The teachers at Up University are excellent. E, em
seguida, procura comprovar a sua afirmação mostrando um motivo, uma razão
factual: because they all have at least a Master’s Degree.

Analogy (analogia)

O argumento analógico baseia-se na apresentação de semelhanças entre dois


elementos a fim de legitimar a conclusão defendida.

A person’s heart is like a box of chocolates. You never know what is inside.

No exemplo anterior, primeiramente existe uma comparação entre o coração


de uma pessoa e uma caixa de chocolates. Em seguida, temos a explicação
dessa comparação. A person’s heart is like a box of chocolates (o coração de
uma pessoa é como uma caixa de chocolates). Mas por quê? O que esses dois
elementos têm em comum? A resposta: You never know what is inside (nunca
se sabe o que há por dentro). Eis que se forma a analogia.

Authority (citação de autoridade)

A argumentação por autoridade consiste em utilizar uma fonte de informação


que trará credibilidade à ideia postulada. Por exemplo, aceitamos a opinião de
um médico a respeito do medicamento que devemos tomar porque confiamos
na credibilidade de sua formação, de sua especialidade. Uma forma comum
de utilizar o recurso de autoridade é a citação, ou, ainda, a paráfrase (citação
indireta):

According to Freud (1911/2003c), the subject in psychosis would be outside


of the transferential logic, conceived in intersubjective terms since the creation
of the theory of libido (ZANCHETTIN, 2018, p. 116).
4 Produção textual e capacidade de argumentação

Fazer referência a um autor importante, como Freud, como no exemplo


anterior, é uma forma de construir um argumento forte, pois, ao basear uma
ideia em um fundamento conhecido, destacado e célebre, o autor tenta propor-
cionar ao leitor uma sensação de conforto diante de uma verdade reconhecida.
Trata-se, portanto, de uma estratégia de persuasão.

Nem sempre a citação de autoridade é utilizada como uma fonte positiva de informação.
É possível também utilizar esse recurso para contra-argumentar, isto é, para mostrar
que a ideia de um determinado autor é inválida. Veremos mais à frente um exemplo
concreto disso.

Example (exemplificação)

Outra maneira de argumentar é exemplificando, isto é, relatando fatos exem-


plificativos que tornam válido o argumento proposto. Esse recurso é bastante
utilizado em trabalhos mais teóricos que demandam esclarecimentos que
podem ser dados por meio de dados concretos. Em geral, a exemplificação
gera um efeito de generalização.

These strategies will also vary based on the grade you teach. For example,
a Grade 1 student should not be expected to learn all of the strategies listed
here. Similarly, a Grade 4 student should be learning the strategies at a higher
level (for example, working with 1000’s rather than 10’s) (GRAY; HARTLEY,
2015, p. 03).

No excerto acima, a autora faz referência a determinadas estratégias, mas


as relativiza dizendo que sua utilização varia dependendo da série ensinada.
Esta é sua tese: These strategies will also vary based on the grade you teach.
Porém, como demonstrar essa relativização? No caso, a estratégia utilizada
pela autora foi a exemplificação. Ela aponta o que se espera de alunos do 1º e
do 4º anos para demonstrar o motivo pelo qual as estratégias de ensino devem
variar de acordo com a série.
Produção textual e capacidade de argumentação 5

Counter argument (contra-argumento)

Quando um autor contra-argumenta, ele considera argumentos contrários à


tese que ele defende, a fim de refutá-los.

It is true that more and more factories are being built along this stretch
of the river and that a certain amount of waste will inevitably be discharged
into the river. However, in all the discussions that I have had with these firms'
representatives, I have not found one who does not have a responsible attitude
to environmental protection (BBC, 2011, documento on-line).

Vemos que a tese que o autor sustenta é o que está na segunda frase: I
have not found one who does not have a responsible attitude to environmental
protection. Entretanto, ele antecipa um possível contra-argumento do leitor,
isto é, afirma ser verdade que fábricas estão sendo construídas ao longo do
rio e que inevitavelmente haverá lixo sendo despejado. Entretanto, logo em
seguida, ele apresenta um argumento refutando a ideia geral de poluição ao
afirmar que todos os representantes das empresas que ele encontrou tinham
uma atitude responsável em relação à questão ambiental. Essa também é uma
maneira de convencer o leitor a respeito do ponto de vista que o autor defende.

Argumentação em diferentes gêneros textuais


Aqui citaremos, entre os inúmeros gêneros existentes dentro do tipo textual
argumentativo, quatro gêneros em particular: artigos de opinião, artigos aca-
dêmicos (pesquisa), resenha e carta (ou e-mail) de reclamação.

Opinion piece (artigo de opinião)


Artigos de opinião procuram persuadir o leitor a respeito de um determinado
ponto de vista e usam a argumentação como instrumento de convencimento.
O autor costuma iniciar esse tipo de texto argumentativo expondo sua opinião
sobre o tema selecionado. Em seguida, ele apresenta fatos e outras evidências
que possam corroborar sua argumentação.
O autor também costuma apresentar argumentos que vão contra seu ponto
de vista, desconstruindo-os e refutando-os. Isso faz parte das estratégias de
persuasão do autor. Como exemplo, veja o excerto de um artigo de opinião
publicado no jornal The New York Times.
6 Produção textual e capacidade de argumentação

Refugees aren’t criminals and freeloaders. I know. I was one.


By Max Boot

President Trump has run a disgraceful and hysterical campaign vilifying illegal immigrants
and refugees – two categories that appear indistinguishable to him. He doesn’t have a positive
word to say about any immigrants, even the legal ones. Most of his vitriol has focused on
a caravan of a few thousand refugees fleeing Central American crime and poverty,
which he calls an “invasion” of “criminals and gang members,” necessitating a
response from up to 15,000 U.S. troops.
The scandal isn’t that refugees want to come to the United States. It’s that Trump is abusing
these aspiring Americans and closing our doors to them. He has cut refugee admissions to the
lowest level since 1980. As the country prepares to celebrate Thanksgiving – commemorating
the journey of an earlier group of refugees – let’s open our hearts and our admissions process
to today’s asylum-seekers. That doesn’t mean letting in everyone who wants to come
here, but it also doesn’t mean turning away almost everyone or calumniating
them as an invading army of terrorists, criminals and freeloaders (BOOT, 2018,
documento on-line).

Neste excerto, vemos que o autor inicia o texto expondo sua tese que con-
siste em uma crítica à campanha encabeçada pelo presidente Donald Trump
contra refugiados e imigrantes ilegais. A primeira estratégia argumentativa é a
citação que está entre aspas no texto e que faz referência às falas do presidente.
Nesse caso, a citação não é tratada como uma fonte de credibilidade. Ela serve
para desqualificar o discurso de Trump. O autor escolheu citar justamente
palavras que têm uma conotação negativa e isso tem um impacto sobre sua
argumentação, pois sustenta a ideia de que as afirmações do presidente com
respeito ao tema tratado são negativas. Nesse momento, o autor conduz o leitor
a fazer uma imagem desfavorável ao presidente.
Uma segunda estratégia que podemos observar é a contra-argumentação.
Quando o autor diz que That doesn’t mean letting in everyone who wants to
come here (isso não significa que devamos deixar entrar todos os que querem vir
para cá), ele antecipa um argumento que o leitor possa ter e contra-argumenta
logo em seguida, apresentando atitudes que ele considera nocivas em relação
aos estrangeiros.
Produção textual e capacidade de argumentação 7

Artigos acadêmicos
Artigos acadêmicos também são textos argumentativos, pois procuram comprovar
ou debater uma ideia. Em geral, os artigos consistem em estabelecer um problema
e propor soluções. A fim de apresentar essas soluções, o autor busca argumentos
persuasivos que corroborem sua tese. Esse gênero costuma depender muito do
apoio de fontes externas para sustentar suas alegações, pois nenhuma pesquisa sai
do ineditismo absoluto. Os estudos se baseiam em pesquisas anteriores, debates
acadêmicos, autores consagrados, etc., dialogando constantemente com eles.
Dado seu caráter científico, não se trata simplesmente de dar a sua opinião
sobre um determinado assunto, mas, sim, de algo mais aprofundado que
demanda mais investigação e maiores cuidados na hora de fazer afirmações.

School systems function as an institution that encourages subor-


dination to power, as Chomsky states. “Starting with kindergarten, the
main requirement is you do what you’re told.” Societal pressures promoted
by the media and other civil institutions further encourage a consumerist
lifestyle and discourage critical attitudes towards the institutions that benefit
from the profit-oriented economy. However, as opposed to military or religious
indoctrination, it is by the nature of a profit oriented society, not by conspiracy,
that indoctrination of elite values occur (CATHEY, 2009, p. 06).

No exemplo anterior, a estratégia de persuasão mais evidente é a citação.


Como vimos, a citação é um argumento de autoridade (authority) e é utilizado
quando o autor quer levar ao leitor um argumento de uma fonte considerada
confiável, isto é, uma frase ou um excerto de um texto de especialista.
Primeiramente, o autor apresenta sua ideia inicial: School systems function
as an institution that encourages subordination to power (Os sistemas escolares
funcionam como uma instituição que estimula a subordinação ao poder). Em
seguida, ele procura justificar sua afirmação a partir da citação de um autor
conhecido em sua área de estudo que corrobora o que ele acabou de afirmar.
Por fim, logo após a citação, o autor usa sua ideia inicial para sustentar a
conclusão de que as pressões sociais construídas pelas instituições e pela mídia
estimulam o comportamento do consumidor e geram comportamentos acríticos.
A citação, portanto, contribui não apenas para sustentar a ideia inicial, como
também funciona como alavanca para a conclusão que foi produzida em seguida.
8 Produção textual e capacidade de argumentação

Review (resenha)
A resenha consiste em um comentário opinativo a respeito de uma obra ou
parte dela. Em geral, ela é publicada em revistas, jornais e outros periódicos.
Há resenhas de obras literárias, álbuns de música, mas há também resenha de
textos acadêmicos, muito comum em periódicos científicos.
A resenha não é um simples resumo da obra, mas, sim, uma análise crítica,
como o próprio nome sugere. Trata-se também de uma forma de avaliação
da obra, dizer seus pontos positivos e negativos. Toda avaliação tem critérios
específicos e, portanto, é preciso saber argumentar para validar a sua proposta
avaliativa. Veja o exemplo a seguir.

Mirai review – an anime fantasy that bottles the magic of childhood

Sibling envy is at the heart of this intimate yet kaleidoscopic anime, the first of its genre to
premiere at Cannes, in which four-year-old Kun (Moka Kamishiraishi) must come to terms
with the arrival of his baby sister, Mirai. His tantrums send him spinning off into fantasy ren-
dezvouses with relatives whose loftier perspective enables the youngster to get a handle on
the cute calamity cramping his style: among them, teenage Mirai; his mother as a girl, whose
unruliness is strangely familiar; and his Brando-esque great-grandfather, wounded in the war.
(…)
Mirai definitely puts Hosoda in the Japanese industry’s top league, showing a similar spirit
of high-blown romanticism as Your Name (2016), anime’s high-water mark in recent
years. It doesn’t, though, quite have the same degree of narrative mastery: a few
flat transitions back to reality and weakness for drenching Kun’s reconciliations in
cutesy overkill dull its finish. But Hosoda’s delicate, painterly style is perfect for capturing
Kun’s evanescent imaginary haven – and conveying the message about the moral courage
needed to leave it (HOAD, 2018, documento on-line).

Esse texto é uma resenha crítica de um anime. O autor inicia o texto fazendo
um breve resumo do enredo do filme e destacando a sua importância no cenário
cinematográfico (foi o primeiro anime a estrear em Cannes, festival francês
de grande repercussão internacional no mundo do cinema).
Em sua avaliação, o autor faz uma analogia entre Mirai e outro anime
japonês chamado Your name, de 2016. O autor compara os dois filmes, dizendo
que ambos têm um traço característico dos animes desse período: um espí-
rito altamente romântico. Em seguida, o autor faz uma avaliação dos pontos
Produção textual e capacidade de argumentação 9

negativos do filme. É um contraponto que ele coloca aos elogios iniciais.


Ainda dentro da analogia, fazendo uma comparação com o filme Your name,
ele afirma que Mirai não tem o mesmo grau de maestria narrativa. O autor
finaliza retomando os elogios, qualificando o estilo de Hosoda, realizador do
filme, delicado e artístico.
Vemos, portanto, que a base do argumento do autor é a analogia. A com-
paração com outro filme serviu, nesse caso, para ilustrar as críticas positivas
e negativas do autor do texto.

Entre as qualidades mais importantes de uma resenha crítica, poderíamos citar a impar-
cialidade e a capacidade de síntese. No site da Universidade Federal do Amazonas, você
encontra um roteiro detalhado sobre como produzir uma resenha crítica de qualidade:

https://goo.gl/iEYd3H

Complaint letter (carta de reclamação)


A carta de reclamação é um texto que tem destinatário específico. Pode ser um
estabelecimento comercial, uma repartição pública, pode ser um departamento
da universidade, um laboratório, etc. O gênero obriga o uso de algumas formas
específicas, como cabeçalho, local, data, vocativo, saudação introdutória,
despedida e assinatura, como você pode ver no exemplo a seguir. Como não
é uma carta pessoal, mas, sim, oficial, existe também a necessidade do uso
da linguagem formal. Veja o exemplo a seguir.

8 Kennedy Avenue
New York
NSW 2010
11 November, 2018
Up University
School of Arts, Languages and Cultures
10 Produção textual e capacidade de argumentação

Josh White
16 Bright Street
New York
jwhite@upuniversity.com
555-555-555
Subject: Library to be closed

Dear Dean of Up University,

My name is Josh White, and I am a freshman at Up University. I am contacting you regarding


your proposal to close one of the school libraries. I understand the costs of having three
faculty libraries. However, I believe that you will be gravely compromising the education of
your students if you close Library 3.
Many students from the School of Arts, Languages and Cultures depend on Library 3 to
have access to books and articles they need. I know that some works will be transferred to
the main library. Nevertheless, there will not be enough space for all of it and, therefore, I
would like to ask you a question: where will all these extra books go? I believe that discarding
these works is a huge mistake and it puts your students at a disadvantage because we will
not have access to those books anymore.
I ask you, on behalf of the students of Up University, to reconsider your decision to close
Library 3. This university has always been a good place to learn, and it would be a shame
to destroy such an important resource.
If you have any further questions about my position on this issue, please do not hesitate to
contact me at jwhite@upuniversity.com or by phone at 555-555-555.

Sincerely,
Josh White

Nessa carta de reclamação, uma estratégia de argumentação que chama a aten-


ção do leitor é a relação de causa e consequência (causation). Josh White apresenta
um problema, a dizer, o fechamento de uma das bibliotecas da universidade onde
estuda. Em seguida, ele procura persuadir o destinatário da carta, no caso o reitor
da universidade, a não fechar a biblioteca. O principal argumento apresentado
reside nas consequências negativas que essa ação poderá causar nos estudantes que
ficarão no prejuízo: it puts your students at a disadvantage. Ele alega, ainda, que
não haverá espaço para todos os livros que deveriam ser remanejados para outro
local e questiona o que será feito com esses livros, reforçando sua reclamação.
Outra estratégia que precisa ser mencionada é a contra-argumentação.
Logo na introdução da carta, Josh afirma: I understand the costs of having
three faculty libraries (eu entendo que ter três bibliotecas universitárias tem
um custo). Nesse caso, Josh antecipa o argumento que o reitor poderia usar
para justificar o fechamento da biblioteca para, em seguida, refutá-lo. Esse
recurso é também uma forma de amenizar a crítica que será feita. É uma
Produção textual e capacidade de argumentação 11

tentativa de sensibilizar o leitor, demonstrando empatia em relação a ele. É,


portanto, uma estratégia de persuasão.

A carta de reclamação precisa ser crítica, mas não precisa soar agressiva. Algumas
dicas para escrever um texto desse gênero são:
 Seja claro e conciso e não se estenda demais.
 Vá direto ao ponto, não fique dando voltas no texto até chegar ao ponto que deseja.
 Não escreva de forma irônica ou agressiva, pois isso imprime um tom ameaçador
no texto.
 Inclua cópias de documentos relevantes, se for o caso.

Construindo textos argumentativos em inglês


A fim de estabelecer uma argumentação convincente, alguns fatores devem
compor a estrutura textual. Primeiramente, é preciso que o autor defina cla-
ramente sua tese. Muitas vezes os argumentos são até pertinentes, porém, se
o leitor não tem clareza a respeito da ideia central que está sendo defendida,
todo o processo de argumentação fica comprometido. Em segundo lugar,
para estruturar um argumento, é preciso defender a sua tese, é o momento
de estruturá-la, trabalhando todos os pontos que a corroboram.
Nesse momento, costuma ser ainda mais forte a presença dos operadores
argumentativos. Por fim, é necessário também que a elaboração da conclusão
seja cuidadosa. É quando o autor arremata o texto, costurando tudo o que veio
construindo ao longo de sua produção textual. É a síntese do problema debatido e
pode conter frases de efeito ou outros recursos que permitam que as ideias “ecoem”
na cabeça do leitor por mais tempo do que o simples tempo de leitura do texto.

No artigo How to Write an Argumentative Essay, publicado no site do British Council,


você encontra dicas sobre como estruturar a produção de um ensaio argumentativo:

https://goo.gl/VhPiwE
12 Produção textual e capacidade de argumentação

Para estruturar melhor sua argumentação, você pode colocar algumas


questões e avaliar se seu texto tem as seguintes características:

1. Meu texto está interessante? Será que o leitor vai procurar aprender
mais sobre o assunto de que estou tratando?
2. Explicitei claramente qual o problema que me propus a discutir?
3. Coloquei apenas o meu ponto de vista? Ou acrescentei pontos de vista
opostos ao meu?
4. Minha posição/opinião ficou clara no texto?
5. Meu texto está convincente, isto é, consegui ser persuasivo?
6. Antecipei argumentos contrários a minha tese e os refutei?

Em seguida, você deve checar se seu texto tem três partes essenciais:

a) Introdução: espaço no qual você deve expor sua tese, ou seja, sua
ideia principal.
b) Corpo do texto: parte na qual você deve explicar os motivos pelos
quais defende sua tese. Aqui, nossos tipos de argumentação se fazem
ainda mais presentes (exemplificação, causa e efeito, analogia, citação
e contra-argumento).
c) Conclusão: espaço no qual você apresenta suas considerações finais, mos-
trando ao leitor o motivo pelo qual ele deve aderir ao seu ponto de vista.

Marcadores argumentativos
Até aqui, estudou-se a estrutura básica de um texto argumentativo. Porém, é
importante utilizar os marcadores argumentativos adequadamente, pois eles
dão grandes contribuições para a construção da argumentação.

Causation (causa e consequência)

Causa e consequência têm uma dimensão temporal, pois a causa precede a


consequência. Existem diversas maneiras de expressar relação de causa e
consequência em inglês. Algumas conjunções podem ajudar você na hora de
utilizar esse recurso em suas produções escritas. Veja os exemplos:

The elections were successful because the police provided safety.


President Donald Trump made that statement in order to maintain po-
litical stability.
Produção textual e capacidade de argumentação 13

Since Brazilian economy was showing signs of decline at that time, there
was an aggravation of social problems.
That is the reason why Germany entered the war.
The railway was built so that the country could achieve rapid modernization.

Analogy (analogia)

Como vimos, a comparação entre elementos que têm uma ou mais carac-
terísticas em comum é uma estratégia de argumentação bastante utilizada
em diferentes gêneros textuais. Confira agora algumas maneiras de se fazer
analogias na língua inglesa. Atente para os elementos em destaque que marcam
a ideia de comparação:

An election is like a race. One must strive to win.


Just as a caterpillar transforms into a butterfly, so American government
must come out of its comfort zone.
Eastern cultures are as rich as western cultures.
Julia Robert’s lattest movies show similar traces.

Authority (citação)

Como a citação procura confirmar ou legitimar a tese defendida, utilizá-la


é uma forma de demonstrar a veracidade ou a validade das ideias alegadas.
According to talvez seja uma das expressões mais utilizadas para fazer uma
citação. Entretanto, não é a única opção. Logo a seguir você encontra algumas
alternativas para fazer citações:

According to Freud...
As Chomsky writes...
In accordance with the Clinical Trials recommendation...
As stated by Hegel...
Based on Lacan’s study on...it is possible to state that...

Example (exemplificação)

A exemplificação é talvez uma das maneiras mais simples, porém não menos
importante, de se enriquecer um argumento. Usamos exemplos cotidianamente
para nos expressar nas mais diversas situações — das mais simples às mais formais.
A seguir, você pode conferir algumas formas de fazer exemplificações em inglês:
14 Produção textual e capacidade de argumentação

Federer exemplifies strength in tennis.


CNN serves as an example of biased journalism.
This international forum could, for instance, include women’s empo-
werment in the debates.
Police officers can also commit crimes, for example: illegal search and
accepting a bribe.

Counter-argument (contra-argumento)

Apresentar ideias opostas àquela que se está a defender, a fim de mostrar por


que elas são inválidas ou insuficientes para compreender o fenômeno discu-
tido, é uma estratégia que fortalece a posição do autor na medida em que os
discursos contrários passam a ser refutados ou, ao menos, amenizados. Para
utilizar esse recurso, é importante estar atento para a estrutura que apresenta
o contra-argumento e, em seguida, para a estrutura que o invalida. Veja alguns
exemplos:

It might seem that a company could increase profits by downsizing.


However, the consequeces may be devastating to the company’s image.
It is true that the leader of North Korea is controversial. Nevertheless,
that does not mean that the country should be bombed.
Admittedly, racism is a very sensitive subject. Yet, it must be discussed.
Some might object that this approach is not compatible with the marxist
theory. Nonetheless, there are some congruences that must be underlined.

Como foi visto até aqui, existem diferentes tipos de argumentação, por exemplo,
causa e consequência, analogia, citação, exemplificação e contra-argumento.
Deve-se atentar ao fato de que cada um desses tipos de argumentação é produ-
zido em diferentes gêneros textuais; além disso, procure analisar seus efeitos
do ponto de vista discursivo.
Produção textual e capacidade de argumentação 15

BBC. Learning English. 2011. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/worldservice/learnin-


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term=.0c7e13a9b9f2>. Acesso em: 28 nov. 2018.
CATHEY, P. B. Understanding Propaganda: Noam Chomsky and the Institutional Analysis
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HOAD, P. Mirai review: an anime fantasy that bottles the magic of childhood. 2018. 02 nov.
2018. Disponível em: <https://www.theguardian.com/film/2018/nov/02/mirai-review-
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ZANCHETTIN, J. Sigmund Freud’s clinical intuition in the field of psychosis. Psicologia USP,
v. 29, n. 1, p. 116-125, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
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Leituras recomendadas
MACHADO, A. R.; DIONISIO, A. P.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 2. ed. São
Paulo: Parábola, 2010.
CITELLI, A. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.
DIAKIDOY, I. N.; IOANNOU, M. C.; CHRISTODOULOU, S. A. Reading argumentative texts:
comprehension and evaluation goals and outcomes. Reading and Writing, v. 30, n. 9, p.
1869-1890, 2017.
DRUMMOND, J. A. Roteiro para escrever uma resenha crítica. 2009. Disponível em: <http://
home.ufam.edu.br/salomao/Tecnicas%20de%20Pesquisa%20em%20Economia/Textos%20
de%20apoio/Roteiro%20para%20resenha%20critica.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2018.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gênero e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
NEELEMAN, A.; KOOT, H. V. The linguistic expression of causation. In: EVERAERT, M.; MARELJ,
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SONG, G.; WOLFF, P. Linking perceptual properties to the linguistic expression of causation.
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VAN EEMEREN, F. H.; GROOTENDORST, R. From analysis to presentation: a pragma-dialectical
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-Dialectics. Amsterdam: Springer, 2015. p. 713-729.
Conteúdo:

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