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Uma das formas de elaborar um bom parágrafo de desenvolvimento é seguindo estes três passos
básicos:
Apresentação de um tópico frasal: tópico frasal é a ideia central do seu argumento, aquilo que você
acredita ser a situação-problema relacionada ao tema e que será o foco de discussão do parágrafo.
Geralmente é apresentado por uma frase breve que sintetiza o seu pensamento sobre a situação. Pode
ser elaborado como uma afirmação, uma comparação ou uma referência histórica, por exemplo.
Fundamentação da ideia: depois de apresentar a situação-problema, você deve, então, comprovar a
ideia. Procure responder às seguintes questões: por que tal problema acontece? Como acontece?
Há exemplos, dados ou reflexões teóricas a respeito? Essas informações devem aparecer e denotam
credibilidade ao que você afirma.
Fechamento da ideia: trata-se de retomar, reafirmar o tópico frasal, com o propósito de indicar que o
seu ponto de vista foi válido e, portanto, claramente fundamentado por meio das respostas do passo 2 É
praticamente você dizendo “Viu, leitor? Eu falei que o assunto era sério! Comprovei, exemplifiquei e
tudo mais!”
Esse não é o método único de organização dos parágrafos de argumentação, apenas uma (boa!)
sugestão.
As dicas devem ser adaptadas quando você mudar a estratégia argumentativa, por exemplo, causa e
consequência, enumeração, entre outros modelos de apresentação do assunto. O importante é nunca
deixar o leitor se perguntando o porquê e as consequências daquilo que você diz ser o problema.
Outro aspecto ao qual você deve ficar atento é que essas estratégias servem tanto para um argumento
negativo quanto positivo. Não leve “ao pé da letra” a palavra problema. Pense em situação. Você pode
abordar tanto uma situação que seja negativa, quanto uma que seja positiva.
É, inclusive, muito enriquecedor quando você é capaz de demonstrar que há aspectos negativos, mas
também positivos sobre a temática. Só não se esqueça de posicionar-se, afirmando que, por não
completamente eficiente e satisfatória, medidas devem ser tomadas, para garantir o aperfeiçoamento
daquilo que se discute.
Veja um exemplo prático do tópico acima: suponhamos que o tema trata-se de uma reflexão sobre o
SUS (Sistema Único de Saúde). Conhecemos bem as críticas ao sistema, fundamentar o lado negativo é
fácil, mas também é muito comum. E é preciso “fugir” do senso comum, certo? Para isso, é necessário ir
além. Por exemplo, aborde os pontos favoráveis do sistema. Quais são eles?
Há apenas 20 anos a saúde não era um direito de todos, era privilégio dos trabalhadores de carteira
assinada e seus dependentes, o que colocava as demais pessoas excluídas da possibilidade de
assistência médica. O SUS universalizou o atendimento, qualquer cidadão tem, por direito, acesso à
saúde!
Em 2012, o sistema foi foco de discussão no comitê de Genebra da Organização Mundial de Saúde
(OMS). O objetivo foi apresentá-lo para ajudar outros países a também construírem um sistema público
de saúde semelhante, ou seja, nosso sistema é referência para outras nações.
“Apesar disso…” É aí que entra o seu senso crítico sobre o tema. Basicamente, o aluno deve
considerar que o sistema é bom, na teoria, mas não tem sido eficiente na prática, o que evidencia a
necessidade de aprimoramentos, mudanças, intervenções.
COMO APROFUNDAR SUA ARGUMENTAÇÃO
Seu texto, mesmo que esteja completo, coerente, enriquecido de operadores argumentativos e bem
trabalhado quanto à adequação ao tema, não será considerado digno da nota máxima se os argumentos não
tiverem a adequada profundidade de reflexão e de desenvolvimento.
Primeiramente, é importante que saibamos o conceito de argumentação. Segundo o Dicionário
Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, argumentar é:
Vejamos então alguns desses conceitos separadamente, para dar profundidade a eles. Percebe o
que se pretende aqui? Explicar melhor algo que só foi citado. Já guarda aí essa definição!
No primeiro tópico, disse-se que na argumentação é preciso apresentar fatos, provas. O propósito é
que, com isso, sejam comprovadas as suas ideias sobre o tema. Observe o parágrafo a seguir, de um texto
sobre o tema do Enem 2017, Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil:
Outro aspecto a ser discutido são os cursos de licenciatura, voltados para a formação do profissional
que atuará como professor, que apresentam uma defasagem no ensino de metodologias que respeitem
a condição de pessoas com deficiências, como os surdos. [1] Devido a isso, os docentes não são aptos a
atender às necessidades específicas desses alunos, o que acaba os desmotivando. Como consequência
disso, as taxas de evasão escolar crescem. [2] Em 2010, o Censo apresentou dados que apontam que
61% das pessoas com deficiência com 15 anos ou mais não possuem o ensino fundamental completo
ou não tiveram acesso a qualquer nível de instrução. [3] Tal problemática representa um grave
retrocesso.
Note que, segundo o autor do texto, no tópico em negrito, de número [1], há um problema
relacionado à formação dos profissionais da educação, que não são capacitados efetivamente para garantir
a inclusão dos surdos nas escolas. Em itálico, marcado pelo número [1], ele destrincha o porquê disso ser
um problema ao trazer as consequências para o contexto em discussão. Inclusive, mostrar a relação causa-
consequência é uma forma de argumentação também definida pelo significado da palavra (tirar as
consequências de um princípio ou fato).
Até aqui, porém, são só opiniões deste autor. São válidas, pois, conseguem mostrar ao leitor de
forma coerente como se dá o problema, mas o argumento não pode ser considerado completo por não
haver, ainda, a comprovação dessa relação. Isso é feito no último período do parágrafo, marcado em
negrito e numerado [3]. Ao trazer o dado do Censo 2010, de que 61% das pessoas com deficiência com 15
anos os mais não possuem ensino fundamental completo ou não tiveram acesso a qualquer nível de
instrução, comprova-se, finalmente, a argumentação pretendida. Agora, sim, podemos afirmar que foram
apresentados fatos e provas.
Bom, o descritor da competência III define que o participante deve demonstrar na redação a
capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista. Direcionar a produção por meio de causas, consequências e explicações, por
exemplo, são formas de defender a tese e, principalmente, convencer o leitor de que ela é válida.
Sabemos que é difícil gravar dados estatísticos sobre os vários assuntos cogitados como tema do
Enem. Seria, inclusive, inviável tentar decorá-los. Mas você pode, pelo menos, tentar alguns mais gerais.
Por exemplo, tenha como “carta na manga” algum dado geral sobre educação, outro sobre saúde e outro
sobre meio ambiente. Além disso, você pode usar os que são disponibilizados nos textos motivadores da
proposta de redação.
Se não tiver dados, tudo bem! Por que não contar um fato, noticiado, como exemplo para elucidar
sua tese? Desde já, comece a prestar atenção nas notícias do jornal e ler reportagens, por exemplo. Assim,
você conseguirá, com propriedade, descrever uma situação em seu texto para comprovar o que você tem a
problematizar a respeito.
Além disso, dentre as opções de explicação dos argumentos que você tem, procure escolher aquela
que for mais impactante. Você terá mais chance de convencer o leitor quanto mais grave demonstrar que o
problema é. Por exemplo, sabemos de uma das consequências do uso do cigarro são as doenças
respiratórias que podem causar. Porém, seja mais específico: elas doenças podem levar à morte. Grave!
Agora apresente dados ou exemplos que comprovem.
De forma geral, a regra é sempre questionar ao máximo se todo o seu argumento é autoexplicativo
no texto. Assim, não haverá brechas para que o corretor veja falhas na sua argumentação.
Lembrando que para ser capaz de escrever um bom texto e, inclusive, demonstrar as habilidades
citadas acima, é preciso ter um bom repertório sociocultural.
LISTA DE CONECTIVOS PARA USAR NA REDAÇÃO
Você provavelmente já deve ter sido cobrado em suas produções quanto ao uso dos conectivos. Mas por
que eles são tão importantes na composição textual? Porque são os responsáveis pela chamada coesão. Ela é
fundamental para que o leitor compreenda a relação de sentido entre as partes do seu texto. Na redação do
Enem, isso é tão essencial que 3 das 5 competências abrangem critérios de avaliação desse aspecto. Pensando
nisso, elaboramos uma lista de conectivos para usar na redação. Mas, antes, vamos te explicar como cada
competência enxerga o uso deles em sua produção:
COMPETÊNCIA 4
Na competência 4, é preciso demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a
construção da argumentação. Para isso, exige-se uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto.
COMPETÊNCIA 1
Aqui, o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa é observado por meio da adequação
do texto em relação tanto às regras gramaticais. É preciso atentar-se à fluidez da leitura, que pode ser
prejudicada ou beneficiada pela construção sintática.
COMPETÊNCIA 3
Na competência 3, é esperado que o aluno estabeleça boas relações de sentido entre as partes do texto,
além da precisão vocabular.
Todas essas demandas são atendidas quando o uso dos conectivos é feito de forma adequada ao longo
do texto. Listamos alguns deles nesse post, que você pode acessar ou imprimir para deixar sempre por perto,
durante os estudos. Assim, você terá mais opções para variar ao longo do texto e irá gravando à medida em que
pratica as redações. Confira: