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TIPOS DE ARGUMENTOS DO TEXTO

DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO:
ESTRUTURA DO DESENVOLVIMENTO

Profª.: Cassia Leão


REDAÇÃO ESCOLAR

Texto dissertativo-argumentativo que visa


expressar o ponto de vista ou opinião do
autor sobre determinado assunto e
convencer o leitor da pertinência dessa
opinião em forma de argumentos.

Esse tipo de texto segue uma estrutura


como veremos a seguir.
ESTRUTURA DA REDAÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO (por um dos tipos de introdução:
citação, alusão histórica, apresentação, narração,
apresentação, comparação, mista, etc.), LIGAÇÃO
DESTA AO TEMA/TESE
INTRODUÇÃO
Continuação da TESE/indicação base para os
argumentos 1 e 2 (se preferir, o 3); antecipação da
proposta de intervenção (optativa).

ARGUMENTOS = opinião [maneira pessoal de se


avaliar algo] + fundamentação [ampliação +
evidências (exemplos, fatos históricos ou estatísticas)
ou ampliação + premissas (sustentar sua opinião – que
TÍTULO DESENVOLVIMENTO
é uma ideia – com outras ideias chamadas de
premissas: citações diretas ou indiretas + interpretação
destas.)]

FECHAR O RACIOCÍNIO
ARGUMENTATIVO com uma frase de efeito
retomando o tema. (para outros vestibulares
e para o SSA3)
FRASE DE EFEITO (que pode trazer uma
CONCLUSÃO citação articulada com o tema) e a
Solução/proposta de intervenção (para o
ENEM com os cinco elementos: ação, agente,
efeito, modo/meio e detalhamento de um dos
quatro supracitados) + fechamento (frase de
ouro) = retomada da contextualização da
introdução.
TIPOS DE ARGUMENTOS

O objetivo da argumentação é convencer o leitor sobre um


ponto de vista, ou seja, persuadi-lo.

É importante formular argumentos consistentes, capazes de


fazer o leitor concordar com as ideias apresentadas em seu
texto.

A depender das informações a que temos acesso, devemos


refletir sobre qual tipo de argumento será mais adequado e
pertinente para fundamentar a ideia.
TIPOS DE ARGUMENTOS
1. EXEMPLIFICAÇÃO
Na estratégia de exemplificação, você irá inserir e desenvolver um exemplo específico como
foco principal do parágrafo, tendo o propósito de justificar a sua ideia. Esse exemplo deve
ser, preferencialmente, de conhecimento geral.

Operadores argumentativos para esse tipo de argumento:


para contextualizar, por exemplo, a exemplo de, a título de exemplificação, como acontece no caso, etc.

Exemplo:
“Em 2013, milhares de manifestantes ocuparam as ruas da capital de São Paulo em
reivindicação por melhorias e redução dos preços dos transportes públicos. Nota-se
como fatores socioeconômicos também são responsáveis pelos casos. A Revolução
Francesa, por exemplo, é considerada o símbolo de “liberdade, igualdade e
fraternidade”, visto que mobilizou as camadas sociais infladas da crise econômica no
respectivo país. Assim, é evidente que a política externa e interna influencia na
quantidade de manifestações ocorrentes.”
2. ENUMERAÇÃO
Na enumeração você deverá citar os vários argumentos que possui sobre o assunto, um a
um, de modo a, literalmente, enumerar uma série de fatos que comprovam a relevância
do que você está defendendo. É importante explicitar bem que haverá uma ordem de
ideias no desenvolvimento. Para isso, você pode citar, por exemplo, que há dois problemas
e destrinchá-los em parágrafos diferentes.
Operadores argumentativos usuais:
em primeiro lugar, além disso, ademais, outro fator importante, etc.

Exemplo:
“Em primeira análise, é imprescindível ressaltar como a carência de medidas
públicas gera a ocorrência de tal problema em sociedade. De acordo com Jürgen
Habermas, filósofo alemão, para que haja a comunicação plena e o acordo de
interesses deve-se existir o agir comunicativo. No entanto, manifestações
populares que possuem o objetivo de reivindicar direitos e melhorias são
menosprezadas por parte da população e dos políticos, devido à ocorrência de
destruição e badernas realizadas por malfeitores que não integram os
movimentos.”
3. COMPARAÇÃO
Ao desenvolver o parágrafo por comparação, duas ideias são apresentadas e ressaltam-
se as semelhanças e/ou diferenças entre elas, também conhecido como Comparação por
associação e por dissociação, respectivamente,

Operadores argumentativos são essenciais:


como se, da mesma forma, bem como, assim também, assim como, do mesmo modo, tanto
quanto, semelhantemente acontece com/quando, etc.

Exemplo:
“Do mesmo modo, essas mesmas autoridades possuem interesses financeiros na má
alimentação dos brasileiros. Conforme Marx, em um mundo capitalizado, a busca pelo
lucro ultrapassa valores éticos e morais. Nesse sentido, as grande empresas alimentícias
vendem a imagem dos seus produtos atrelados à felicidade e à realização pessoal,
quando, na maioria das vezes, essas mercadorias são responsáveis pela degradação da
saúde do consumidor. Ainda, de acordo com dados da UnB, as propagandas dessas
indústrias induzem a uma má alimentação e atingem fortemente o público infantil.”
4. CAUSAS E EFEITOS
Nesse modelo, você apresenta os motivos, os porquês, as razões de um
determinado problema acontecer e, em seguida, as consequências, os resultados e
os desdobramentos.

Operadores argumentativos:
porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, como reflexo disso, com efeito, assim,
consequentemente, etc.

Exemplo:
“É importante pontuar, de início, a omissão do meio acadêmico quanto à má alimentação
dos jovens. À guisa de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. As
escolas brasileiras, entretanto, negligenciam a saúde dos estudantes ao não instruí-los
sobre os riscos da obesidade e as formas de preveni-la. Como reflexo de uma
população ignorante frente aos hábitos alimentares ideais, 8,4% dos adolescentes são
obesos e mais de 30% das crianças apresentam excesso de peso, segundo pesquisa
recente do Ministério da Saúde.”
5. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Esse tipo de argumento envolve cronologia, ou seja, tempo e espaço. É preciso


saber abordar um fato histórico referente ao assunto em pauta, com datas,
locais e fatos ocorridos.

Operadores argumentativos:
antes, depois, posteriormente, quando, logo que, assim que, logo após, a princípio, no
momento em que, pouco antes, pouco depois, atualmente, hoje, frequentemente, nesse
meio tempo, sempre que, desde que, na época, etc.
EXEMPLO:

“Em primeira instância, cabe destacar o panorama histórico-político da


segurança pública que influi em seu perfil hodiernamente. Na época do
período militar, acentuou-se o esfacelamento de uma sociedade democrática
em virtude da doutrina de segurança nacional, uma lógica puramente
autoritária de conduta. Os modelos e as ações de segurança pública
limitavam-se à contenção social, com o uso da força e de armas para a
repressão. Contudo, essa ótica é perceptível no comportamento das ações
policiais que são enfatizadas pelo terror e violência. Um exemplo que permite
ilustrar isso, foi a ocupação militar da comunidade da Rocinha, no Rio de
Janeiro, marcada pelas guerras entre traficantes e os próprios policiais,
ceifando centenas de vidas inocentes no meio do conflito.”
6. CONTRAPOSIÇÃO
Aqui você pode contestar uma ideia, por exemplo, afirmando como algo acontece e em
seguida dizendo o porquê de não funcionar. Podem ser mostradas duas perspectivas
diferentes sobre um mesmo argumento, denotando um contraste de opiniões.

Operadores argumentativos:
mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, embora, ainda que, mesmo que,
mesmo quando, apesar de que, se bem que, não obstante, etc.

Exemplo:
“Outrossim, é importante destacar o papel da educação no combate a essa situação, já
que, assim como preconizado pelo educador brasileiro Paulo Freire, se a educação não
pode transformar uma sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Tal pensamento
evidencia o poder transformador da educação. No entanto, a educação oferecida no
Brasil pelo sistema público ainda não é expansiva e de qualidade, principalmente, em
comunidades carentes, na qual muitos jovens acabam recorrendo ao mundo da
criminalidade, aumentando os índices de violência e prejudicando o sistema público de
segurança.”
7. ARGUMENTO DE AUTORIDADES
A argumentação de autoridade consiste em apresentar e interpretar a opinião de
outros autores com o objetivo de dar maior sustentação às nossas ideias e
credibilidade ao nosso texto. Acessamos, assim, reflexões de autoridades no assunto
(líderes políticos, artistas, filósofos, historiadores) a fim de que as nossas ideias
tenham como fundamentação os argumentos de especialistas no tema abordado.

Operadores argumentativos:
de acordo com..., segundo..., como assevera..., nas palavras de, ... afirma que...,/ diz
que..., conforme..., como assegura..., etc.
ATENÇÃO! Os argumentos de autoridade podem ser colocados em prática por
meio de:

Citações: quando citamos, precisamente, a ideia de determinado autor. Nesse


caso, as palavras do autor devem estar entre aspas.

Exemplo:
“O sociólogo Michel Foucault afirma que ‘nada é político, tudo é politizável,
tudo pode tornar-se político.’ A publicidade politiza o que é imprescindível
ao consumidor à medida que abarca a função apelativa associada à
linguagem empregada na disseminação da imagem de um produto,
persuadindo o público-alvo a adquiri-lo.”
Paráfrase: é quando, com as nossas palavras, apresentamos a ideia de outro autor.

Exemplo:

Marx considera que a religião é uma forma de alienação. Nela verifica-se a


fractura entre o mundo concreto e um mundo ideal, entre o mundo em que o homem
vive e o mundo em que ele desejaria viver. Por que razão surge esse mundo ideal?
Marx diz que o mundo celeste é o resultado de um protesto da criatura oprimida contra
o mundo em que vive e sofre. Ou seja, procura-se um refúgio no mundo divino porque o
mundo em que o homem vive é desumano.

Frase de Karl Marx: “A religião é o ópio do povo.”


Observação: Essa frase acima não está no exemplo, só para você lembrar/saber as palavras do filósofo tais como são.
1. ESTRUTURAÇÃO

Para compreender a estruturação é necessário fazer uma distinção


entre argumentação e argumento.

❖ Argumentação é um processo.
❖ Argumento é uma estrutura que faz parte desse processo.
❖ Argumentação é um conjunto de múltiplos argumentos
associados e encadeados.

Estrutura do argumento:

ARGUMENTO = OPINIÃO + FUNDAMENTAÇÃO


OPINIÃO = IDEIA QUE SE QUEIRA DEFENDER.
FUNDAMENTAÇÃO = UM CONJUNTO DE
EVIDÊNCIAS E/OU PREMISSAS QUE A SUSTENTAM.
Sublinhado
Para ampliar, transformando em uma parágrafo, acrescenta = opinião
o repertório sociocultural:
A reserva de vagas para negros constitui uma medida
preconceituosa, na medida em que inclui um critério não
acadêmico em uma seleção que tem por objetivo avaliar a
competência intelectual e os méritos dos candidatos, sem
distinção étnica.

Itálico = fundamentação. Temos, nesse


parágrafo, um argumento de princípios.

Atenção: Qualquer argumento, para ter validade, necessita ter


essa estrutura, mas deve ser ampliado com evidências e/ou ideias
legitimadas. O contrário disso é mera opinião, como percebemos no
parágrafo acima.
Para embasar certas ideias, a melhor forma
de ganhar credibilidade é utilizar referência
à própria realidade. Tal é o caso de uso de
exemplos (citando a fonte), dados estatísticos,
alusões históricas, citações de teóricos
(cientistas, historiadores, filósofos, sociólogos,
entre outros argumentos de autoridades.)
Outra forma de sustentar um argumento é o uso de uma
fundamentação “ideal”, isto é, baseada em ideias. Nesse
caso, o autor/aluno sustenta sua opinião (que é uma ideia)
com outras ideias chamadas de premissas.

Acerca dessa lógica, o redator(a) (aluno/a) pode trabalhar,


em seu texto, as duas formas.

Nos exemplos seguintes, observaremos uma redação que


segue tal lógica. Nela, as autoras trazem repertório sólido
e fundamentação variada, enriquecendo e legitimando, com
propriedade, seu texto.
TEMA: “ESTIGMAS ASSOCIADOS ÀS DOENÇAS MENTAIS NO BRASIL”
ISABELLA BERNARDES - 20 ANOS | RIO DE JANEIRO - RJ
O filme "Coração da Loucura" — que narra a história da psiquiatra Nise da
Silveira — retrata a desumanização sofrida pelos indivíduos que possuem
psicopatologias, o que dificulta a realização de tratamento adequado e a
inserção social destes. Nesse sentido, a temática da obra está intimamente
ligada à sociedade brasileira atual, visto que o estigma associado às doenças
mentais é um problema que restringe a cidadania no país. Com efeito, hão de
ser analisadas as causas que corroboram esse grave cenário: a desinformação e
a mentalidade social.
Nesse viés, é necessário pontuar que a falta de informação acerca das
doenças mentais precisa ser superada. A esse respeito, o jornalista André
Trigueiro, em seu livro "Viver é a Melhor Opção", afirma que parte expressiva
dos cidadãos portadores de alguma disfunção mental possui dificuldade em
viver de forma mais saudável devido à falta de conhecimento sobre sua
condição. Sob essa perspectiva, constata-se que grande parte dos brasileiros
desconhece a diferença entre tristeza e depressão ou ansiedade e estresse,
por exemplo — tal como denunciado por André Trigueiro. Dessa forma, embora
a psiquiatria e a psicologia tenham avançado no que diz respeito a controle
dos sintomas das psicopatologias, o fato de esse tema ser silenciado impede
que muitos tenham acesso à saúde mental e faz com que sofrimento psíquico
seja reduzido a uma "frescura" ou sentimento passageiro. Assim, enquanto a
desinformação se mantiver, o Brasil permanecerá distante da inclusão dessa
parcela da sociedade.
Ademais, a mentalidade social preconceituosa existente no território nacional
dificulta a superação dos estigmas no que tange as disfunções mentais. Nesse
cenário, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra "O Homem Cordial",
expõe o egoísmo presente na sociedade brasileira — que tende a priorizar ideais
particulares em detrimento do bem estar coletivo. Desse modo, observa-se que
as doenças mentais são frequentemente associadas à incapacidade ou fraqueza
por destoarem do ideal inalcançável de perfeição cultivado no ideário nacional, o
que faz com que muitos cidadãos sejam alvo de preconceito e exclusão, fatos
que demonstram o egoísmo ainda presente na mentalidade brasileira. Por
conseguinte, evidencia-se a necessidade da construção de valores empáticos e
solidários no Brasil: fator imprescindível na construção de uma sociedade
igualitária e democrática.
Portanto, o Ministério da Educação deve promover a informação segura a
respeito das doenças mentais desde os primeiros anos da vida escolar por meio
da adição de uma disciplina de saúde mental à Base Nacional Curricular, além de
realizar campanhas informativas na mídia, visando à plena educação psicossocial
da população. Somado a isso, o Ministério da Saúde pode dirimir o preconceito
por intermédio da divulgação de vídeos em suas redes sociais que contem a
história de portadores de doenças mentais — ressaltando a necessidade de
desenvolver a empatia e o respeito — a fim de que a sociedade seja mais
democrática e inclusiva. Com essas medidas, "Coração da Loucura" será apenas
um retrato passado do Brasil, que será socialmente justo e promoverá de forma
efetiva a saúde mental de seus cidadãos.
REDAÇÃO DE TEMA: “A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA NO
BRASIL” AUTORA: PIETRA COUTO (ALUNA 2019 - GP - AURORA. 960)
AZUL = OPINIÃO; VERMELHO = EVIDÊNCIA/CITAÇÃO.
No ano de 1922, ocorreu no Brasil a Semana de Arte Moderna que ficou conhecida como um dos
maiores marcos da popularização da cultura, isso porque ela pregava um método mais acessível da
arte e rompeu com a elitização do parnasianismo. De maneira análoga, a atual sociedade brasileira
distanciou-se dos ideais modernistas em relação à democratização do cinema. Logo, cabe destacar a
insuficiência de ações governamentais e a ausência de uma educação estimuladora como
principais eixos temáticos dessa problemática.
Em uma primeira instância, é imprescindível corroborar que é dever do Estado promover o contato
igualitário com todo tipo de cultura, dado que essa ação está presente na Constituição Brasileira de
1988. Entretanto, segundo o site Meio em Mensagem, menos de 20% da população frequenta o
cinema. Logo, torna-se perceptível a ineficiência e a negligência governamental ao democratizar o
acesso ao cinema. Sob esse viés, o filósofo Zygmunt Bauman caracteriza o Estado como uma
“instituição zumbi”, visto que o mesmo não cumpre a sua função social, além de não efetivar o direito
constitucional.
Em uma segunda análise, é válido salientar que a sociedade precisa ser orientada e educada a
visitar os espaços culturais. De acordo com o filósofo Paulo Freire, a educação deve estimular o
senso crítico do ser humano. Contudo, é notório que há uma falha nas políticas educacionais,
posto que existe a ausência de uma educação pensante, e nem todos são conscientizados a
frequentar esses ambientes, como o cinema. Consoante a Escola de Frankfurt e o filósofo
Theodor Adorno, a cultura de massa é constituída por uma ação manipuladora da mídia que visa
lucrar, atingindo a maior parcela de indivíduos com conteúdos superficiais e de fácil acesso,
tornando a sociedade propensa a não se educar culturalmente. Dessa forma, percebe-se a
importância de políticas educacionais que busquem o criticismo entre os cidadãos.
Destarte, depreende-se a necessidade de medidas capazes de mitigar os desafios da
democratização do cinema no Brasil. Logo, cabe ao Estado, atrelado à Mídia, promover eventos
cinematográficos gratuitos e em todos os estados do país, mediante investimentos de empresas
públicas e privadas a fim de disponibilizar o contato com o cinema para todos. Ademais, compete ao
Ministério de Educação criar uma disciplina obrigatória para o Ensino Fundamental e Médio que ensine
sobre a importância da cultura, por meio de debates e palestras com o intuito de evoluir o criticismo
entre os educandos. Assim, a sociedade brasileira poderá reafirmar os ideais propostos em 1922.
REDAÇÃO DE TEMA: O ESTIGMA ASSOCIADO ÀS DOENÇAS MENTAIS NA SOCIEDADE
BRASILEIRA – AUTORA: SOFIA SANTIAGO (ALUNA 2020 - GP - AURORA. 940)
AZUL = OPINIÃO; VERMELHO = EVIDÊNCIA/CITAÇÃO.
No século XIX, durante a segunda fase do Romantismo no Brasil, os autores traziam em suas obras o culto à morte e
ao suicídio como forma de fuga da realidade e dos problemas da época. Essa prática ficou fortemente conhecida como
“o mal do século”. No entanto, esta questão parece não ter ficado apenas no século XIX. De forma análoga, nos dias
atuais, a sociedade brasileira ainda luta com essa problemática, visto que as doenças mentais estão em constante
ascensão e o preconceito que as cercam também está cada vez mais presente na população. Dado o exposto, cabe
analisar as causas do aumento das doenças mentais no corpo social, bem como as principais razões da persistência do
preconceito acerca dos problemas psicológicos na atual sociedade brasileira.
Primeiramente, é relevante destacar que assim como afirma o sociólogo Byung-Chul-Han, as epidemias do
século XXI são causadas pelas doenças mentais. Ainda sob o viés do pensador, a produtividade tóxica é uma
forte aliada nesse processo, tendo em vista que a reprodução constante de discursos motivadores pode acabar
tendo efeito reverso em muitos dos que escutam. As cobranças e as comparações demasiadas ao outro
também contribuem para essa realidade. Cabe citar como principais exemplos disso, redes sociais, como
Instagram e Facebook, onde os usuários reforçam estereótipos de vida e de corpos perfeitos por meio de
publicações que, na maioria das vezes, não gera identificação em quem está do outro lado da tela, criando
assim, uma sociedade deprimida, infeliz e insatisfeita com suas vidas e com seus corpos.
Em uma segunda análise, é de suma importância expor as raízes dos estigmas que envolvem as doenças mentais
na sociedade brasileira. Nesse contexto, a falta de informação e empatia são importantes fatores acerca dessa
problemática. No livro “Ensaio sobre a cegueira”, o autor português José Saramago narra uma sociedade onde
os indivíduos são infectados por uma “cegueira branca” e suas visões parecem estar cobertas por um “mar de
leite”. Semelhantemente, a sociedade atual aparenta estar “cega” para a dor do outro, indisposta a entender ou
acolher seus iguais, se importando apenas com si mesma e reforçando o pensamento do sociólogo Zygmunt
Bauman, que acredita numa sociedade de relações superficiais. Isso explica o grande preconceito e a falta de
interesse em compreender pessoas que sofrem com transtornos psicológicos.
Dado o exposto, observa-se que em tal cenário é benéfica a criação de medidas capazes de amenizar essa
problemática. Portanto, é mister que as prefeituras, atreladas às Secretarias de Saúde, elaborem programas de
acolhimento gratuito à pessoas com doenças psicológicas, por meio de acesso facilitado à psicólogos e terapeutas que
auxiliem no processo de tratamento. Compete também ao Ministério da Saúde, órgão responsável por assegurar a
saúde da população, juntamente com a mídia, promover campanhas de conscientização por meio de cartilhas
informativas e propagandas em horário nobre, com o intuito de informar a população e amenizar o preconceito acerca de
pessoas com transtornos psicológicos.
ATENÇÃO!
❖Não basta a citação, os dados estatísticos, a alusão histórica da
realidade para sustentar a ideia do redator, isto é, para confirmar um
argumento. O autor/o(a)/aluno(a) deve fazer uma breve análise da
fundamentação, conduzindo a favor do seu argumento e especificar a
fonte para legitimar sua argumentação.

❖Sabendo que o interesse argumentativo parte do argumentador que


quer convencer seu público, fica evidente que cabe a tal argumentador
procurar exemplos e números que atendam a essas características de
modo adequado ou utilize argumentos de autoridade, citações que
sustentem seu ponto de vista, sua opinião.

❖Em síntese o autor deve seguir a estrutura apresentada, não a


seguindo o autor se limita ao senso comum e faz um desenvolvimento
insuficiente.

❖Como o exemplo seguinte que segue na contramão da redação


anterior.
EVITAR DESENVOLVIMENTO INSUFICIENTE
COMENTÁRIOS

O estudante faz uma leitura superficial dos fatos. Talvez seja


esse o principal problema do texto. No parágrafo
introdutório, no qual caberia a tese a ser defendida, está
apenas a constatação de que a população brasileira está
muito confusa diante das atitudes eticamente condenáveis
perpetradas pelos governantes.

O desenvolvimento dessa ideia revela certo simplismo. É


verdade que, mais uma vez, o dinheiro do povo está sendo
desviado de seus objetivos e que os problemas crônicos do
país- saúde, educação, desemprego e violência- continuam
negligenciados. Ocorre, entretanto, que talvez não seja esse
o foco da questão.
❖É importante que o redator assuma uma posição, seja qual for, e a
defenda. O debate de ideias, bem como a proposição de hipóteses e
ponderações, enriquece o texto dissertativo. A mera constatação
dos fatos é insuficiente.
❖ Ao dissertar, é preciso emitir opiniões e validá-las por meio de
argumentos. É a capacidade de organizar um raciocínio que é
valorizada na redação.
❖ Convém deixar claro que uma opinião é um pensamento construído.
Só temos opinião sobre aquilo que é objeto de nossa reflexão. É
preciso que nós nos convençamos das ideias que pretendemos expor
aos outros, O texto aqui comentado não se desenvolve porque o
autor não se propõe posicionamentos nem reflexão.
❖A linguagem, por sua vez, deve abandonar o tom informal e, com
o máximo de precisão e correção gramatical, contribuir para a
articulação das ideias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://www.acrobatadasletras.com.br/ (acessado em 23/03/2023)


https://educacao.uol.com.br/disciplinas/redacao/ (acessado 18/04/2023.)
Dicionário Aurélio Buarque de Holanda.
Redações do ENEM de 2019/20 e 2020/21 da candidata Isabella
Bernardes e das candidatas Pietra Couto e Sofia Santiago
Textos próprios da professora Cassia leão

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