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TIPOS DE ARGUMENTOS

Uma tese é o resumo de uma posição (de uma teoria, de uma ideologia). É a ideia
que você vai defender no seu texto e deve estar relacionada ao tema e apoiada em
argumentos ao longo da redação.
Exemplo: Homens e mulheres têm direitos iguais. Já os argumentos são os
elementos utilizados para sustentar uma tese.
Os argumentos que sustentam uma tese como essa podem ser, por sua vez,
ideológicos (buscados na declaração universal dos direitos humanos, por exemplo),
mas também podem ser científicos (por exemplo, avaliações genéticas ou fatos
históricos que mostram que, mesmo em condições desiguais, mulheres produziram
grandes feitos - nas artes, ciência, na política…).
Os argumentos podem ser:
● Quantitativos ou argumento por evidência: são extremamente comuns por
evidenciar e justificar o argumento com dados comprovados. É neles que se baseia
frequentemente a avaliação do desempenho da economia (crescimento do PIB,
distribuição de renda…), por exemplo.
EXEMPLO: “No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam
não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da
Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados.”
● Qualitativos ou argumento de princípio: são explicações baseadas na crença de
que tais argumentos são verdadeiros. Podem ser “verdades” propostas por
pensadores e que se tornaram correntes (O homem é o lobo do homem) ou verdades
surgidas de longa experiência “popular”, como os provérbios.
● Argumento de autoridade (em geral de tipo ideológico): a afirmação de um
intelectual (literato, filósofo, líder político etc.) pode funcionar como argumento de
defesa de uma tese, podendo passar maior credibilidade de acordo com sua
autoridade perante a afirmação.
● Argumentos por comparação e exemplificação: como o próprio nome diz, são
baseados em comparações entre dados ou situações e em exemplificações, tornando
a argumentação ilustrativa.
EXEMPLO: “Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe
ao Governo fazer parceria com as ONGs.”
● Argumento por causa e consequência: a tese ou conclusão é aceita justamente
por ser uma causa ou uma consequência dos dados embasadores.
EXEMPLO: “Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre
esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”,
consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao
homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de
maneira diferenciada e até desrespeitosa.”
● Argumento por alusão histórica: consiste na abordagem de fatos históricos muito
conhecidos, esses fatos podem ser utilizados para demonstrar a consequência
desses acontecimentos para o assunto abordado, por exemplo, fazer uma alusão ao
período da ditadura militar no Brasil para desenvolver uma temática relacionada à
censura ou repressão.
A argumentatividade de um texto possui uma noção básica: a escala argumentativa.
A escala argumentativa indica uma gradação de força para o conjunto de argumentos
que apontam para a mesma conclusão.
Exemplo: O moralismo burguês está infiltrado na cena contemporânea. Por quê?
Argumento 1: O moralismo tem como base as religiões judaico-cristãs.
Argumento 2: O moralismo cresceu com a influência da classe média burguesa.
• O moralismo burguês está infiltrado na cena contemporânea por ter como base
as religiões judaico-cristãs e forte influência da classe média burguesa

COESÃO E COERÊNCIA
Coerência: O texto trata da importância da coerência textual e sua relação com a
coesão textual, essenciais para criar textos claros e compreensíveis. A coerência é o
princípio que faz com que todas as partes do texto se relacionem de maneira lógica
e harmoniosa. No final de um texto, é necessário que o leitor perceba como os
elementos se encaixam e dialogam para criar um todo compreensível.
A explanação começa com a distinção entre macro texto e microtexto. O microtexto
refere-se às pequenas partes do texto, como frases, palavras e parágrafos, e sua
conexão é facilitada por meio de elementos de coesão, como conjunções e
preposições. Por outro lado, o macro texto diz respeito à coerência, que envolve a
relação lógica entre a introdução, o desenvolvimento e a conclusão do texto,
observando como essas partes se interconectam.
A coerência e a coesão são fundamentais para a clareza de um texto, sendo comuns
e interdependentes na maioria dos textos, como dissertações ou artigos de opinião.
No entanto, textos literários, como músicas ou obras de ficção, podem às vezes
desafiar as regras de coesão textual tradicional. Um exemplo dado é a letra da música
"Águas de Março" de Tom Jobim, que, apesar de aparentemente não ter coesão
evidente, é coerente devido à metáfora que representa as chuvas de março.
Outro exemplo apresentado é um trecho do livro "Memórias Póstumas de Brás
Cubas", de Machado de Assis, no qual a ironia é usada para criar coerência, apesar
da aparente contradição no uso de unidades de medida. A lição principal é que um
texto deve cumprir o que promete e manter a coerência interna. Não cumprir o
princípio da não contradição é o erro mais grave em termos de coerência, já que o
leitor deve ser capaz de seguir a linha de raciocínio e as promessas do texto, evitando
contradições no conteúdo e no significado. Portanto, ao escrever, é importante manter
a lógica, a clareza e evitar contradições para criar textos coesos e coerentes.
Coesão: No estudo da coesão textual, é fundamental entender a diferença entre
coesão e coerência, uma vez que ambos são essenciais na organização de um texto.
A coesão refere-se à parte estrutural, à maneira como os elementos linguísticos se
relacionam na superfície do texto, enquanto a coerência está relacionada à harmonia
entre as ideias apresentadas no texto como um todo.
Vamos começar discutindo a coesão referencial, que se concentra em estabelecer
ligações entre termos ao longo do texto. Ela é usada para fazer referência a algo que
já foi mencionado ou que será mencionado posteriormente no texto. Um exemplo
disso é quando pronomes, sinônimos ou palavras relacionadas são utilizados para se
referir a um termo anterior. Por exemplo, no texto de Murilo Rubião, vemos o uso da
coesão referencial: "Nesta construção não há lugar para os pretensiosos. Não pense
em terminar lá, João Gaspar." Neste caso, "lá" faz referência à "construção"
mencionada anteriormente.
A coesão sequencial, por sua vez, está relacionada à organização das orações em
sequência, conectando-as para criar uma progressão lógica no texto. Isso pode ser
feito usando palavras ou expressões que indicam relação entre as orações. Por
exemplo, no trecho de Contardo Calligaris, vemos o uso da coesão sequencial:
"Muitos pensam que as crianças de hoje sofrem mais, porque são expostas a mais
estímulos do que no passado. Concordo, mas elas são também privadas de uma boa
parte de suas obrigações. Portanto, só lhes resta se divertir, o que é eminentemente
ansioso." Aqui, palavras como "portanto" e "mas" ajudam a conectar as ideias e a criar
uma sequência lógica.
Em resumo, tanto a coesão referencial quanto a coesão sequencial desempenham
um papel fundamental na construção de textos coesos e coerentes. A coesão
referencial lida com a relação entre termos ao longo do texto, enquanto a coesão
sequencial está relacionada à organização e à sequência das orações. Ambos os
tipos de coesão contribuem para a clareza e a eficácia da comunicação escrita.

OPERADORES ARGUMENTATIVOS
O conceito de operadores argumentativos é fundamental na construção de textos
dissertativos e na argumentação. Esses operadores consistem em palavras, locuções
adverbiais e algumas palavras com sentido denotativo que desempenham um papel
crucial na coesão textual, contribuindo para a clareza e a eficácia da argumentação.
Gramaticalmente, vocês os conhecem como conjunções, advérbios ou pronomes.
Dentro de enunciados, eles exercem a função de conectivo que, assim como os
operadores argumentativos, são responsáveis pela coesão do texto. Logo, eles são
mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as
palavras, frases ou parágrafos com funções de estabelecer ligações entre as partes
(sequencial) e evitar repetições de termos e palavras (referencial).
Existem três tipos principais de operadores argumentativos que ajudam na
organização da argumentação em textos:
1. Operadores que somam argumentos em razão de uma mesma conclusão:
São aqueles que ajudam a adicionar argumentos que levam à mesma
conclusão. Exemplos desses operadores incluem: não só, como também, além
de, entre outros. Eles são utilizados para construir argumentos que convergem
para uma conclusão. Por exemplo: "A greve parece inevitável, pois não só os
professores como também os alunos estão indignados com os atrasos nos
repasses do governo." Aqui, "não só como também" ajuda a reforçar a
convergência dos argumentos dos professores e alunos na mesma conclusão.
2. Operadores que apontam para conclusões contrárias entre argumentos
divergentes: Esses operadores são utilizados quando se deseja destacar a
divergência entre argumentos que apontam para conclusões opostas. Alguns
exemplos desses operadores incluem: mas, porém, contudo, no entanto,
entretanto, todavia, etc. Eles são essenciais para equilibrar argumentos
divergentes. Por exemplo: "Para a história, a felicidade era um fim que todo ser
humano sábio ou ignorante buscaria; todavia, mais de 2003, dois anos depois
dessa teoria ter sido defendida, vê-se que a felicidade possui diferentes
concepções e entendimentos por parte das pessoas." Aqui, "todavia" destaca
a divergência entre as duas ideias apresentadas.
3. Operadores organizados em uma escala para afirmar ou negar a
totalidade: Esses operadores são utilizados em uma escala que vai de um
extremo (afirmar a totalidade) a outro (negar a totalidade). Alguns exemplos
incluem: pouco, quase, apenas, totalidade. Eles permitem sutilmente afirmar
ou negar algo. Por exemplo: "O piloto pouco fez na pista hoje; assim, tem
chances de conquistar a temporada." Aqui, "pouco" está dentro de uma escala
que pode variar de "pouquíssimo" a "pouco" e é usado para afirmar a totalidade
da ação do piloto.
Esses operadores argumentativos são ferramentas valiosas na construção de uma
argumentação clara e eficaz em textos dissertativos, pois ajudam a conectar e
organizar ideias, destacar divergências e nuances, além de enfatizar ou negar
conclusões de maneira sutil. Portanto, compreender e utilizar adequadamente esses
operadores é fundamental para a coesão e a clareza em textos argumentativos.

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