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TIPOS DE ERROS DE REDAÇÃO FREQÜENTES EM DISSERTAÇÕES DE PÓS-

GRADUANDOS E DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS1


Sílvio Paulo Botomé e Olga Mitsue Kubo
Universidade Federal de Santa Catarina

Ana Lúcia Cortegoso


Universidade Federal de São Carlos

1. CONFUSÃO ENTRE “INTRODUÇÃO” E “APRESENTAÇÃO” EM UM TEXTO


DISSERTATIVO.
Em um texto dissertativo, a introdução corresponde a uma parte do texto que começa o
desenvolvimento do assunto específico a ser apresentado, demonstrado e defendido pelo texto. Não é uma
apresentação na qual podem ser apresentados a história do nascimento do trabalho a que se refere o texto,
ou o contexto no qual o trabalho foi feito, ou uma indicação dos tópicos que constituem o texto, ou as
razões pelas quais o texto foi escrito. Uma apresentação é quase um texto à parte e, muitas vezes, até
escrito em termos pessoais. Já a introdução é o começo do assunto e é escrita com todas as exigências de
um texto dissertativo. Enquanto uma apresentação contextualiza o trabalho, explicita sua gênese, a
intenção do autor ou resume a maneira como o assunto será tratado, a introdução já começa a desenvolver
o assunto, explicitando o que vai ser demonstrado por meio do texto.
Caso, inclusive, não haja uma apresentação, precedendo o texto dissertativo, não é usado o
subtítulo “Introdução”. O texto começa, simplesmente, logo depois do título. Todo leitor que conhece
minimamente uma dissertação já saberá que ele começa pela introdução (é a primeira parte da estrutura
de uma dissertação) e não é necessário que seja usado um subtítulo para indicar isso. Além disso os
subtítulos de uma dissertação devem indicar o que é demonstrado (ou desenvolvido) sob cada subtítulo e
não indicação de partes da estrutura da dissertação (introdução, primeira parte, segunda parte, conclusão
etc.). Subtítulos que indicam partes da estrutura de um texto só são usados quando o tamanho e a
complexidade do texto forem grandes. Por exemplo, se houver uma apresentação, e várias subdivisões,
pode ser justificado uma indicação de parcelas do texto (introdução, primeira parte etc.).

2. PARÁGRAFOS DE UMA DISSERTAÇÃO NÃO SÃO CONSTITUÍDOS POR UMA ÚNICA


FRASE OU SENTENÇA
Redigir uma dissertação exige o conhecimento de que cada parágrafo de um texto desse tipo é
constituído por uma sentença-núcleo e por sentenças de desenvolvimento que demonstrem essa sentença-
núcleo. Dificilmente um texto dissertativo pode ser desenvolvido só com uma frase constituindo cada
parágrafo de desenvolvimento do mesmo. O hábito de fazer afirmações e não demonstrá-las (e
demonstração não é falar ou escrever qualquer coisa em seguida a uma afirmação) pode ocorrer quando
alguém dá ordens ou faz prescrições mas não quando está fazendo (escrevendo ou falando) uma
demonstração, redigindo um texto argumentativo como o é uma dissertação. Uma sucessão de frases não
constitui um texto dissertativo. Para entender isso melhor é útil ler um pouco sobre estrutura e processo
de construção de um texto dissertativo e sobre suas diferenças com textos descritivos e narrativos.

3. NOTAS, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, BIBLIOGRAFIA, ETC. EM UM TEXTO


DISSERTATIVO.
Existem convenções bem definidas sobre como indicar as citações literais (entre aspas) ou
derivadas (e, portanto, escritas em palavras diversas daquelas do autor citado e sem aspas) de algum outro
texto de autoria de algum autor. Em um texto dissertativo pode ser adotada qualquer uma das convenções
existentes, sendo que a preferência é seguir as normas do próprio país (a ABNT, no Brasil, elabora essas

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Texto escrito como material informativo para estudantes de pós-graduação corrigirem texto entregues como
dissertações, elaborado com fins exclusivamente didáticos, em maio de 2000, a partir do exame de erros usualmente
encontrados em textos de dissertações e teses.

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normas) que estão disponíveis em qualquer biblioteca ou podem ser ensinadas por qualquer bibliotecário.
Em geral os textos seguem uma ou outra dessas convenções. A mais simples delas é indicar, na hora em
que é feita a citação, o sobrenome do autor e o ano da obra em que consta o que é citado. Caso seja uma
citação nas próprias palavras do autor, o texto deve vir entre aspas e, junto com o ano da obra, indicar a
página onde pode ser encontrada a citação. A referência completa da obra virá no fim do texto sob o
subtítulo “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS”;
O subtítulo “BIBLIOGRAFIA” indica que sob ele estão as obras existentes sobre o assunto. Já o
subtítulo “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS” indica que sob ele estão apenas as obras citadas no
texto. Às vezes os subtítulos indicam “BIBLIOGRAFIA CONSULTADA” (o que o autor usou mesmo
que não tenha citado no texto), “BIBLIOGRAFIA BÁSICA” (os títulos mais importantes existentes
mesmo que não citados no texto) e outras expressões que por elas mesmas já indicam o que está sendo
apresentado. A expressão “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS” é mais econômica e mais segura para
a maioria dos trabalhos de pesquisa porque indica apenas o que é citado no texto.
No caso de notas de rodapé, para explicações sobre alguma expressão usada no texto ou para
explicar ou desenvolver algum aspecto que não interessa ficar no corpo do texto, as mesmas podem vir no
pé de cada página, em uma numeração seqüencial, ou vir no final sob o subtítulo “NOTAS” . Às vezes
alguns autores preferem juntar os subtítulos e colocam as citações com números seqüenciais e indicam
notas e referências em uma ordem seqüencial (conforme a ordem em que aparecem no texto) ao final do
texto sob o subtítulo “NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS”.
O mais importante nesse processo é usar uma mesma convenção (às vezes elas são definidas pela
revista que publica o texto ou pelo programa de pós-graduação em que o aluno está matriculado) em todo
o texto. Misturá-las, citando e fazendo referências ora ao pé da página, ora ao final do texto, cria
confusões e mostra desconhecimento dessas convenções. O melhor é procurar qual a convenção que é
seguida pelo veículo que vai publicar o texto ou pela instituição em que o trabalho está inserido. Caso não
exista definição, o bibliotecário é o melhor orientador para isso. Ele deve conhecer a maioria ou todas as
convenções para fazer isso. Além disso, as obras de metodologia especificam isso ou, mesmo, as grandes
bibliotecas (da USP, por exemplo) publicam manuais de orientação para isso.

4. USO DE “METATEXTOS” EM UMA DISSERTAÇÃO


Às vezes, quem escreve usa expressões do tipo “conforme frisamos acima”, “voltando ao início
desse texto”, “conforme foi dito anteriormente”, “como já foi salientado” etc. Isso não ajuda nem ao
leitor, nem ao editor. Muitas vezes, ao editar um texto ou ao reescreve-lo, o que era “acima” ficou
anterior, e o que era “anteriormente” ficou “distantemente”. E isso tudo é uma maneira de deixar de falar
sobre o assunto e falar sobre o texto que está sendo escrito, confundindo o leitor. É melhor, parafrasear ou
relembrar o que foi escrito anteriormente e usar isso no novo contexto. “Insistindo em...”, “Relembrando
que..., ”Retomando...” etc. são expressões que podem introduzir as paráfrases ou resumos que
reapresentam as idéias anteriormente já escritas no texto e permitem ao leitor acompanhar mais
facilmente o novo raciocínio que está sendo feito. É comum o uso de expressões do tipo "este estudo teve
como objetivo", ou ainda, "o presente estudo tem como objetivo", ou "o objetivo deste trabalho é", para
iniciar parágrafos, mais notadamente em resumos de trabalhos de dissertação ou tese. Novamente,
expressões desse tipo servem para deixar de falar sobre o assunto e falar sobre o texto que está sendo
escrito. É melhor indicar claramente a pergunta de pesquisa ou objetivo da pesquisa "indo direto ao
assunto": "o objetivo é (ou foi) ....".

5. USO DE EXPRESSÕES QUE INDICAM AFIRMAÇÕES EXTREMAS EM UMA DISSERTAÇÃO


Em um texto argumentativo, ou de natureza demonstrativa, o uso de expressões que indicam
afirmações extremas compromete as demonstrações. Elas correspondem a supergeneralizações e até a
exageros que teriam mais uma função de criar impacto ou de impressionar o leitor ou o ouvinte do que
demonstrar algo que acontece de fato. Os exemplos desse tipo de erro em um texto dissertativo são
abundantes: “ temos plena convicção que...”, “certamente”, “aumentando nossas certeza...”, “notadamente
estará...”, “sem dúvida alguma...”, “extremamente versáteis”, “importantíssimo!”, “não pode”, “ devem”,
“nunca”, “sempre”, “na verdade”, “ninguém pode”, “todo educador”, “só pode ser feito...”, “todos”,

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“nenhum”, "não há estudos no Brasil sobre..." etc. A maioria dessas expressões pode ser substituída por
outras mais realistas e que expressem mais precisamente o que precisa ser dito, retirando as características
de expressões de força ou de impacto, para impressionar ou constranger o leitor ou o ouvinte etc.

6. USO DE VERBOS NA FORMA PESSOAL


Um costume da linguagem oral é muito facilmente transposto para o texto escrito e cria vários
problemas quando esse texto é de natureza demonstrativa. O uso de verbos na primeira pessoa (tanto do
singular quanto do plural) faz com que o texto indique não o que acontece mas o que alguém diz sobre o
que acontece e isso tira a natureza de afirmações demonstrativas e argumentativas, insistindo em aspectos
declarativos que, por definição, não são contestáveis, porque não fazem parte de um contexto
demonstrativo ou argumentativo. Também em relação a esse tipo de erro os exemplos são abundantes:
notamos (é perceptível), podermos (poder), devemos (é necessário), nos informa (informa), sabemos (são
conhecidos), percebemos (é perceptível), se observarmos (se for observado), podemos observar (é
possível notar), necessitamos (é necessário), não entramos (ninguém entra), produzimos (produzir), se
observarmos... verificaremos (se alguém observar...poderá verificar...), temos que (é preciso que),
estamos (está), nunca devemos nos esquecer (pode ser útil lembrar) etc. Em geral essas expressões podem
ser substituídas por outras mais impessoais e por isso mais apropriadas para um contexto dissertativo,
onde é objetivo a demonstração, a argumentação e não as declarações de sentimentos, disposições,
limitações, etc. Examinar exemplos ainda mais sérios desse tipo de erro pode ser útil para evitá-los com
mais clareza: nossas pesquisas, ampliando nossa visibilidade, poderemos prosseguir nosso processo, não
devemos, minhas pretensões de pesquisa, eu, minha área, acredito, considerava, como frisei
anteriormente, chamamos de pesquisa, nosso tema, meu próprio interesse, após escolhermos, sou
partidário, assisti, meus alunos... etc. O conjunto dessas expressões dá uma idéia de quanto o texto fica
de natureza declarativa em contraposição a um texto de natureza demonstrativa, argumentativa.

7. O USO DE “DEVEMOS”, “ TEMOS”, “PODEMOS” E “PRECISAMOS” EM UM TEXTO


DISSERTATIVO
Além de serem expressões verbais em uma forma pessoal (verbos na primeira pessoa do plural),
essas expressões revelam um gradiente de força nas afirmações e isso prejudica o entendimento do texto
se for usado de maneira descuidada ou desavisada. Há uma diferença em afirmar uma prescrição “deve
ser assim” (e para isso é necessário explicitar as razões do “dever”) e dizer “precisa ser assim...” ou “é
necessário ser assim...” ou “pode ser assim...” Em alguns casos a ênfase no “deve” é apenas por falta de
demonstração e necessidade de criar impacto ou pressão sobre o leitor ou ouvinte e isso desvirtua o texto
dissertativo. É importante avaliar cuidadosamente qual é o grau da afirmação que precisa ser feita pois a
diferença de grau entre elas leva a diferentes formas e exigências de demonstração. É especialmente
importante lembrar que uma demonstração raramente usa a expressão "deve", uma vez que ela faz com
que o texto fique com um aspecto prescritivo, algo incompatível com um texto demonstrativo. Deve,
precisa, é necessário, pode...são expressões que exigem diferentes tipos de demonstrações como
sustentação quando são utilizadas em um texto dissertativo (informativo e demonstrativo).
Um aspecto especialmente importante no uso dessas expressões acontece quanto elas são
utilizadas como verbos na forma condicional (deveria, poderia, precisaria...). Tal forma também exige
considerações e demonstrações especificas. O condicional pode significar insegurança e falta de
evidências para afirmar por parte de quem escreve que, com o uso desse modo dos verbos, atenua a
afirmação de forma a, aparentemente, dispensar a demonstração. É útil evitar esse modo do verbo quando
está em curso um texto dissertativo.

8. FRASES INCOMPLETAS EM UM TEXTO DISSERTATIVO


Qualquer frase ou sentença, especialmente em um texto dissertativo, deve ser uma sentença
completa, de acordo com sua natureza. Nesse sentido, é importante conferir se cada sentença em cada
parágrafo de uma dissertação tem sujeito, verbo e complementos. Mesmo que o sujeito seja oculto ou
uma sentença faça as funções de sujeito de uma outra, é necessário conferir se as sentenças estão

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completas. Uma sentença ou frase incompleta impede a demonstração. Por exemplo: “A percepção, a
linguagem e os registros.” é uma frase que não diz nada uma vez que está incompleta. Da mesma forma a
frase “Todo fato social, do ponto de vista das relações de interdependência que ele mantém, como outros
fatos sociais.” Não serve para muita coisa porque está truncada, não contém uma afirmação clara e
completa sobre algo. Nesse sentido, é importante conferir se as frases ou sentenças em cada parágrafo são
completas. O que pode significar uma boa consulta a uma gramática de qualidade para rever quais são os
componentes de uma sentença completa e como se articulam entre si.

9. REIFICAÇÃO DE FENÔMENOS EM UM TEXTO DISSERTATIVO


Um problema que nem todos percebem com facilidade em um texto dissertativo é colocar como
sujeito de sentenças ou frases fenômenos ou coisas que não tem ação. Em alguns casos o verbo (que
indica a espécie de ação atribuída a tais fenômenos ou objetos) é absurdo para o sujeito que faz a ação que
ele indica. Um exemplo: “O processo de produção teve uma decisão fundamental”. O processo de
produção não decide. Quem o faz é aquele que realiza o processo de produção. Será mais apropriado
escrever: “Quem realiza um processo de produção de conhecimento precisa tomar uma decisão
fundamental.” Outros exemplos similares: "A escola precisa rever suas bases teóricas" (Os dirigentes e o
corpo docente da escola precisam rever suas bases teóricas), "o diagrama mostra alternativas de ação para
solucionar os problemas identificados" (o diagrama permite notar alternativas de ação para solucionar os
problemas identificados), "os resultados demonstram que crianças com boas condições nutricionais são
capazes de..." (os resultados permitem demonstrar que crianças com boas condições nutricionais ...) A
esse processo de “dar vida” a seres inanimados, atribuindo-lhes as ações que os verbos indicam, em um
texto dissertativo, chama-se “reificação” e é uma forma de “falsificar” o texto, uma vez que tais
afirmações são inverossímeis. Resta identificar quando isso é feito e aprender a corrigir.

10. USO DE EXPRESSÕES QUE INDICAM POSIÇÃO ESPACIAL SEM INDICAÇÃO DE


REFERENTES
Também aparecem em textos dissertativos expressões que são localizadores espaciais sem
indicação dos referentes para identificar essa localização. Um exemplo: “Em uma cidade vizinha à
nossa.”. Sem indicação de qualquer uma das duas, nem a significação do “vizinha”. Isso permite várias
interpretações e impede uma argumentação ou demonstração precisa. Da mesma forma o uso de
expressões como “longínquo”, “próximo”, “distante”, ao lado, atrás, na frente, etc. são mais indicações de
juízo de alguém sobre a posição de algo no espaço do que uma referência precisa sobre qual seja
exatamente essa localização. Nesse sentido, tais expressões impedem uma argumentação ou
demonstração apropriada do que é afirmado, em função da variedade de significados que contém. Uma
forma de superar tais problemas é usar expressões que indiquem esse localização com precisão, não
deixando para o leitor interpretar o que pode significar a expressão utilizada.

11. USO DE EXPRESSÕES QUE INDICAM LOCALIZAÇÃO TEMPORAL SEM REFERENTES


PRECISOS
“Recentemente”, “nos últimos anos”, “neste momento”, “nessa semana”, “até este momento”,
“em pronunciamento recente”, “nos últimos tempos”, etc. são expressões que geram confusão
dependendo do momento em que são lidas e dos referenciais que o leitor adotar para orientar-se no
tempo. O autor que usa tais expressões em um texto dissertativo cria várias dificuldades de entendimento
e compromete seriamente a natureza argumentava do texto. Os referenciais temporais precisam ser claros
e precisos, tanto quanto os espaciais, ou levarão a múltiplas interpretações e prejudicando a demonstração
pretendida por quem escreve o texto. É melhor indicar data, período de tempo, horário ou algo parecido
em lugar de expressões que, também com relação ao tempo, indicam mais um juízo de quem escreve ou
fala do que uma indicação precisa e clara de quando está ocorrendo o fenômeno a que o texto se refere.

12. USO DE METÁFORAS, EXEMPLOS E ANALOGIAS EM UM TEXTO DISSERTATIVO

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Metáforas e analogias não são argumentos. São, quando muito, ilustrações de afirmações feitas.
Tem uma função de ilustrar, tornar mais perceptível, mas não de fundamentar o que é afirmado.
Expressões como “a ciência é como uma vela” , “o norte da pesquisa”, o conhecimento é como “pólvora”,
um “combustível”, “a postura do pesquisador”, “a flecha do desejo que energiza o desempenho”,
“contundentemente”, “esculpir o texto”, o método deve ser “encarado”, “a obra deve ser deglutível de
forma saborosa pelo corpo e pela alma”, “caminho largo”, “trilha tosca”, “matando a possibilidade”, “
caminhando com os passos”, "a posição ou postura do autor sobre", "abordar um assunto do ponto de
vista" etc. são também expressões mais para envolver o leitor do que para informá-lo, além de são
servirem como argumentos. Em um texto demonstrativo devem ser evitadas, a não ser para uso didático e
apenas como ilustração em situações específicas e bem delimitadas, geralmente raras em um texto de
natureza argumentativa. É útil lembrar que nem sempre as metáforas são facilmente perceptíveis. É
necessário aprender a reconhece-las e a não usá-las indevidamente, uma vez que são recursos fáceis para
comunicar impressões gerais, intuições não muito bem definidas etc. O que aumenta sua inadequação de
uso mas também aumenta a tendência a usá-las por sua facilidade e abrangência e pelo envolvimento dos
ouvintes ou leitores que, pela polissemia dessas expressões, tendem a aceitá-las ou a concordar com elas
(elas sempre podem significar também o que leitor pensa ou imagina).

13. USO DE GÍRIA E DE EXPRESSÕES TÍPICAS DA LINGUAGEM ORAL COMUM EM TEXTOS


DISSERTATIVOS
Outro tipo de erro que ocorre em textos dissertativos é o uso de gírias e formas de linguagem oral
de senso-comum. Expressões desse tipo não fazem sentido em um texto de natureza demonstrativa uma
vez que seu uso não é definido e quase sempre seu significado é ampliado ou distorcido em relação ao
sentido que tem convencionalmente. Por exemplo o uso de “assim” no mesmo sentido do “aí, né” da
linguagem cotidiana, como um recurso de emendar as frases, como se fosse um recurso de coesão
apropriado para ligar sentenças. “Assim” tem um sentido de portanto, por conseguinte, como decorrência,
e não como recurso para avisar que alguém vai continuar, simplesmente, a falar ou escrever. Ou então
expressões como “a idéia das pessoas sobre...” (o conhecimento das pessoas a respeito), “colocações
variam” (as verbalizações são múltiplas), “teoria e prática” (conhecimento e uso do conhecimento),
“Bem, respondida a primeira...” (respondida a primeira...), “colocar em prática a pesquisa” (utilizar o
conhecimento produzido pela pesquisa), "fazer uma colocação" (expressar uma idéia sobre), “sabido o
que existe” (conhecendo o que existe), “uma série de dificuldades” (várias dificuldades), “no que tange”
(no que diz respeito), “as decisões começam a complicar” (as decisões começam a ficar difíceis), “então”
(no sentido de dar continuidade ao discurso), “aí, então” (também como forma de dar continuidade ao
discurso), “a questão” (quando não se trata de perguntas, e sim no sentido de assunto, tema), etc. Muitas
dessas expressões aparecem nos textos como recursos de coesão (“de ligação” ou “de costura”) das frases
entre si. E é isso que constitui uma de suas atrações: como os recursos de coesão são mais difíceis de
utilizar corretamente (são mais abstratos e mais complexos que as afirmações em si e sozinhas) do que
tais expressões, estas, com facilidade, são utilizadas no lugar daqueles. São, porém, expressões que
também comprometem a clareza e a precisão de um texto demonstrativo, além de serem, muitas vezes,
erros de gramática grosseiros.
Outros exemplos do uso de gíria e de "vícios" de linguagem: "ocupar o espaço", "como um todo",
"se dar conta", "trabalhar", "não é por aí", "tipo", "realmente", "a nível de", "vontade política", "tempo
hábil", "vida útil", "inclusive".

14. USO DE DUPLA NEGAÇÃO EM UM TEXTO DISSERTATIVO


Um erro comum e pouco perceptível pela maioria das pessoas é o uso de dupla negação. Por
exemplo “não produzimos nada” é uma expressão que significa que “foi produzido algo”, em função da
dupla negação que contém. Isso gera muita ambigüidade no texto e dificulta a construção de
demonstrações, argumentos. Seria melhor construir o texto com a forma que não contivesse uma dupla
negação. Por exemplo: “não foi possível produzir algo”, ou “foi produzido nada como resultado”, “não
foi produzido resultado algum”, “a produção foi nenhuma”, etc. Geralmente é fácil substituir expressões
de dupla negação por outras corretas no raciocínio expresso pelo texto. Basta aprender a reconhecer tais
expressões e a substituí-las sempre que as usar no texto.

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15. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DE COESÃO OU USO DE ELEMENTOS DE COESÃO
INAPROPRIADOS PARA LIGAÇÃO DAS SENTENÇAS EM UM TEXTO DISSERTATIVO.
Um recurso que exige cuidado e aprendizagem para a redação de textos de natureza argumentava
são os de “coesão” do texto. Elementos de coesão são expressões usadas para ligar as frases entre si,
dando-lhes sentido e estabelecendo as ligações entre as afirmações. Ligações que podem ser de
contraposição, de adição, etc. É diferente ler “mas é possível observar” de ler “mas nas quais é possível
observar”. Ou ler “serem versáteis de como trabalhar” e ler “serem versáteis em relação a trabalhar. Um
dos tipos de erros com o uso de recursos de coesão do texto é o uso de partículas adversativas como se
fossem aditivas ou levassem a esclarecer melhor o que vai estar escrito a seguir. As expressões “porém”,
“no entanto”, “por outro lado”, “contudo” etc. indicam que há duas expressões em confronto e isso não
pode ser ignorado ou desconsiderado quando são usadas em um texto sob pena de mudar o sentido do que
está escrito ou confundir o leitor. De forma semelhante, o uso do “assim” como elemento de ligação para
dar continuidade ao texto (ao invés de anunciar que vai haver uma conclusão a partir das premissas
apresentadas), eqüivalendo ao “aí, né”, da linguagem oral do cotidiano. De forma semelhante o uso do
“aí, então”, cometendo o mesmo tipo de erro. Outras vezes o uso de conectivos de adição (o “e”) sem ter
o que adicionar. Ou o uso do “que” como partícula de ligação ou indicando um sujeito já referido. Muitas
vezes esse “que” significa “pelas quais” ou “cujos”. A pontuação é um dos recursos de coesão de um
texto muito importante e precisa ser usada de maneira apropriada para não comprometer o significado do
que está escrito. O uso de dois pontos, ponto e vírgula, vírgula etc. não deve ser feito sem levar em conta
o que significam. Por exemplo, não se usa vírgula entre sujeito e verbo em uma frase. O uso de
expressões “tais como”, “são os seguintes”, “como se segue” com dois pontos, ficam redundantes. “Dois
pontos” já indica uma enumeração ou algo que vai ser seguido como uma descrição. Um cuidado útil é
consultar uma boa gramática e examinar o que significam, quais são e como são usados recursos de
coesão em um texto e os critérios para uso de pontuação.

16. USO DO “SE” E DO “ATRAVÉS” EM UM TEXTO DISSERTATIVO


A partícula “se” só é usada quando tem uma função reflexiva. Muitas vezes ela é usada como se
tornasse o verbo impessoal (entende-se, fala-se, afirma-se, etc.) mas ela, de fato, torna o verbo indefinido
e isso obscurece o sujeito da ação. Nesses casos, por tornar o texto impreciso, deve ser evitado seu uso em
um texto dissertativo. O “se” é muito útil quando é uma partícula reflexiva e indica que a ação volta-se
para quem a pratica (como o equivalente “nos”, na primeira pessoa do plural, por exemplo). Mas não é
útil quando torna indefinido o agente de uma ação uma vez que isso torna um texto, no caso de uma
dissertação, confuso, obscuro, pouco claro e impreciso. Muitas vezes basta não usar a partícula “se” que o
texto já fica mais claro e preciso do que se ela for mantida.
De forma parecida o uso da expressão “através de” tem um sentido de “passar por” ou
“atravessar” e nem sempre tem o significado de “por meio de”. Nesse sentido é melhor substituir, sempre
que for adequado, “através de” por “por meio de”. Ficará mais preciso o texto e ganharão todos que o
lerem com um entendimento melhor do que está escrito.

17. ERROS GRAMATICAIS EM UM TEXTO DISSERTATIVO.


As regras de gramática não são apenas uma convenção vazia. Elas têm uma função. Um dos
males do ensino de linguagem é que são ensinadas as regras e não a função das regras gramaticais. O
resultado é segui-las sem saber por que ou deixar de utilizá-las porque não parece haver sentido em seu
uso. O melhor é reaprender as funções de cada uma dessas regras, especialmente quando se trata de
pessoas que precisam escrever ou ler com freqüência. Sem ser capaz de escrever com correção, também
não se é capaz de ler apropriadamente e isso traz sérias decorrências profissionais para quem lida com
textos ou com informações na maior parte de seu trabalho profissional. Pode ser útil enumerar alguns
tipos de erros comumente encontrados em material escrito de professores e estudantes de mestrado e
doutorado.
Alguns erros gramaticais em textos dissertativos estão relacionados com o uso de expressões
típicas da linguagem oral comum. Por exemplo, "na medida em que" (à medida que), "de maneira a" (de
maneira que), "preferir x do que y" (preferir x a y), "relacionado a" (relacionado com), "fulano pensa,

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sente que" (fulano disse que pensa, sente...), "analisa e atua no contexto político" (analisa o e atua no),
"maiores informações" (mais informações), "as literaturas" (a literatura).
Uso de expressões adversativas ou incompatíveis (e até antônimos) como se fossem sinônimos, o
uso abusivo do verbo ser (isto é, aquilo é...) tornando o texto prescritivo e inverídico, uso de expressões
que exigem complemento sem o necessário complemento acompanhando-as, uso impreciso do este, esse,
isto, isso, etc., descuido com a concordância em gênero, número e grau, uso de adjetivos e advérbios de
modo em textos dissertativos devem ser muito restritos mas aparecem em quantidade desproporcional à
natureza do texto revelando muito mais declarações de disposições do que informações para o leitor,
concordância verbal inapropriada, idem com relação a gênero dos componentes das sentenças, frases sem
sujeitos, etc. A quantidade de erros básicos na construção de um texto dissertativo, indica a necessidade
de uma consulta a uma boa gramática e a algumas obras importantes para aprimorar as aptidões
relacionadas à escrita e ao discurso oral com função informativa.

18. USO DE EXPRESSÕES COM SINONÍMIAS INAPROPRIADAS E DE EXPRESSÕES


REDUNDANTES

É preciso cuidado no uso de algumas expressões ou termos como sinônimos inapropriados de


outros. Em conversas do dia a dia, em interações informais, erros como esse talvez não traga
conseqüências mais sérias para o entendimento dos assuntos entre os interlocutores. Quando, no entanto,
são feitos em um texto dissertativo, que exige precisão e clareza dos termos que o compõem, tais
equívocos podem comprometer o entendimento de um trabalho. Por exemplo, o uso da palavra
"evidência" como sinônimo de "indício". O significado de "indício" é sinal, indicação. Por outro lado,
"evidência" significa a apresentação de um fato incontestável como acontecimento. No contexto de um
trabalho científico, utilizar a expressão "evidência" de algo, quando o que o pesquisador tem é somente
uma indicação de algum efeito estudado, ou a indicação da existência de algum evento desconhecido,
pode fazer a diferença entre a referência a algo que é um dado – portanto o "acontecimento de um evento
incontestável" – e uma hipótese, conjectura, suposição. Da mesma maneira, utilizar a expressão
"confirmar" como sinônimo de "reafirmar". "Confirmar" significa comprovar, demonstrar (fundamentar
proposições, idéias, com dados) e não apenas afirmar algo novamente. O mesmo raciocínio se aplica
quando é utilizada a palavra “demonstrar” (confirmar, comprovar, provar por meio de raciocínio
concludente) no sentido de “mostrar” (expor à vista, exibir, apresentar, indicar). Outros exemplos do uso
inapropriado de expressões com significados diferentes como sendo sinônimos podem ser identificados:
"inúmeras" (incontáveis) como sinônimo de muitas, "de encontro a" (em direção contrária) em lugar de
"ao encontro de" (na mesma direção), "ao invés de" (ao contrário de) como sinônimo de "em vez de" (em
lugar de), "dia-a-dia" (rotina) como sinônimo de "dia a dia" (todos os dias), "normal" (de acordo com a
norma) como sinônimo de "comum" (de todos ou de muitos), "comum" (de todos ou de muitos) como
sinônimo de "freqüente" (que acontece muitas vezes), "enquanto" (indicador de tempo) como sinônimo de
"na condição de", "preço caro" (preço alto, produto caro), "bastante" (suficiente) como sinônimo de
"muito", salvar a "ecologia" (é o estudo de...) em vez de salvar o "ambiente", "metodologia" (o estudo do
método) como sinônimo de "método" (a maneira como foi feito), "analisar" (decompor em partes) como
sinônimo de "examinar" ou "avaliar". É preciso cuidado ao empregar expressões que, talvez pelo seu uso
coloquial, são utilizadas sem um exame do seu real significado. É o caso das expressões redundantes:
"meio ambiente" (meio e ambiente são sinônimos), "pequeno detalhe" (detalhe já é pequeno e
insignificante), "carta ao leitor" (poderia ser ao não leitor?).

19. USO DE VÍRGULAS EM ORAÇÕES


A utilização de vírgula em orações é uma dificuldade para muitas pessoas. Onde elas são
pertinentes, onde elas não devem ser usadas, quando podem ser utilizadas? Essa dificuldade tem sentido.
As vírgulas em um texto têm várias funções: elas podem ser simplesmente a representação de uma pausa
(demora maior entre as palavras) ou representar um recurso para fazer destaques ou ênfases, realçando
palavras, expressões ou frases pelo artifício de pausas bem planejadas para isso mas gramaticalmente não
necessárias. Para facilitar a identificação de alguns usos obrigatórios de vírgulas, a proibição do uso de

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vírgulas e o uso optativo de uso de vírgulas, o Anexos 1, deste texto, mostra exemplos para esses três
tipos de casos.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
MACHADO, J. Manual da falta de estilo - como tirar proveito das distrações alheias para melhorar
seu texto. São Paulo: Ed. Best Seller, 1994. (A editora é uma divisão do Círculo do Livro Ltda.)
MARTINS, D. S. e ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. Porto Alegre (RS): Ed. Sagra -
Dc Luzzatto, 1992 (14a. ed.). (Fones 051 - 227.5222 e 227.4438)

ANEXO 1

CRITÉRIOS PARA USO DA VÍRGULA EM TEXTOS DISSERTATIVOS

Os sinais de pontuação são recursos usados na escrita para indicar as pausas ou a entonação da
leitura, enfatizar algum elemento ou deixar claro o sentido de uma frase, evitando ambigüidades. A partir
dessa função básica é útil conhecer alguns critários (e regras) para o uso da vírgula.

USO OBRIGATÓRIO DA VÍRGULA

Entre os termos de uma oração

A vírgula é usada para:


1. Destacar um adjunto adverbial que venha no início da oração.
Exemplo: No final da reunião, todos saíram silenciosamente.
2. Isolar um aposto.
Exemplo: Beto, o goleiro do nosso time, machucou a mão.
3. Separar um elemento intercalado (adjunto adverbial, expressão explicativa etc.)
Exemplo: Esse assunto, a meu ver, deve ser discutido agora.
4. Destacar pleonasmos antecipados ao verbo.
Exemplo: As crianças, eu as vi no parque.
5. Indicar zeugma ou omissão de um verbo facilmente subentendido.
Exemplos, respectivamente: O vento estava forte; o mar, muito agitado/ Naquela casa, alguns poucos
móveis antigos.
6. Isolar vocativos.
Exemplo: Chefe, posso dar uma sugestão?
7. Separar elementos de uma enumeração, sejam eles núcleos de sujeito composto, de objetos ou
complementos nominais, introduzidos ou não pela conjunção e.
Exemplos: O diretor conversou com pais, alunos, professores e funcionários da escola.
Livros, discos, revistas, jornais se encontram espalhados por toda parte.
E homens, e mulheres, e crianças, e todos, enfim, perseguem o mesmo ideal.
Vi livros, discos, revistas, jornais.
Vi livros, e discos, e revistas, e jornais.
8. Destacar o nome do lugar nas datas.
Exemplo: Brasília, 29 de julho de 1995.

Entre orações
A vírgula é usada para:

9. Separar orações coordenadas assindéticas.


Exemplo: Vim, vi, venci.
10. Separar orações coordenadas sindéticas introduzidas por conjunção diferente de e .
Exemplo: Esforçou-se bastante, mas não conseguiu passar no teste.
Observação
Orações coordenadas iniciadas pela conjunção e separam-se por vírgulas em três casos:

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a) Quando tiverem sujeitos diferentes.
Exemplo: Os alunos entraram na sala, e dali a instantes começou a prova.
b) Quando a conjunção e vier repetida várias vezes, constituindo a figura de linguagem chamada
polissíndeto.
Exemplo: E as crianças cantaram, e brincaram, e gritaram de alegria.
c) Quando conjunção e tiver valor adversativo.
Exemplo: Tivera a grande chance de sua vida, e a deixara escapar.
11. Isolar orações intercaladas.
Exemplo: Não podemos desanimar agora, dizia o chefe, pois a vitória está perto.
12. Separar orações subordinadas adverbiais, antepostas à ou intercaladas com a oração principal.
Exemplos, respectivamente: Se tiver alguma dúvida, telefone-me.
Percebi, quando ainda havia tempo de escapar, a aproximação de um
vulto estranho.
13. Separar orações reduzidas quando elas vêm antes da oração principal.
Exemplo: Acabado o treino, os jogadores entraram no vestiário.
14. Isolar orações subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo: Fortaleza, a capital do Ceará, é uma bela cidade litorânea.
15. Separar orações subordinadas substantivas apositivas da oração principal.
Exemplo: Fiz-lhe um pedido, que me deixasse ir ao cinema.

USO PROIBIDO DA VÍRGULA

Entre os termos de uma oração


A vírgula não é usada:

• Antes do último elemento da enumeração (seja ele o último dos núcleos do sujeito composto, dos
objetos ou complento nominal) quando se emprega a conjunção aditiva e.
Exemplo: Livros, discos, revistas e jornais se encontram espalhados por toda parte.
Vi livros, discos, jornais e revistas.
• Entre sujeito e predicado.
Exemplo: A viagem de barco durou duas horas.
• Entre um verbo e seus complementos (objetos).
Exemplo: Mariana devolveu os documentos ao funcionário.
• Entre um nome e seu complemento.
Exemplo: Fumar é prejudicial à saúde.
• Entre um nome e seu adjunto.
Exemplo: Visitamos essa cidade num dia de inverno.
• Antes de apostos especificativos.
Exemplo: O poeta Drummond morreu na cidade do Rio.
Entre orações
• Separando orações subordinadas adjetivas restritivas das orações principais.
Exemplo: O homem que vi estava vestido de azul.
• Separando orações principais das subordinadas substantivas subjetivas, objetivas (diretas e
indiretas), completivas nominais e predicativas.
Exemplos, respectivamente: É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.
Juro que direi a verdade.
Necessito de que você me ajude.
Tenho certeza de estarmos alcançando uma situação mais
alentadora.
Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma
mesma realidade.
• Antes da última oração coordenada de uma seqüência, introduzida pela conjunção e.
Exemplo: Nada ouve, nada fala e nada vê.

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USO OPCIONAL DA VÍRGULA

A vírgula pode ou não ser usada para:

• Destacar adjuntos adverbiais de pequena extensão que estejam fora da posição lógica (em seguida
ao verbo que modificam).
Exemplos: Amanhã ele chegará ao Brasil.
Amanhã, ele chegará ao Brasil.
• Separar orações subordinadas adverbiais pospostas à oração principal.
Exemplos: Virei aqui quando for necessário.
Virei aqui, quando for necessário.
• “Dar clareza” maior à oração subordinada adjetiva restritiva muito longa.
Exemplos: A lagoa que a meninada esperta costumava visitar foi aterrada.
A lagoa, que a meninada esperta costumava visitar, foi aterrada.

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