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Texto escrito como material informativo para estudantes de pós-graduação corrigirem texto entregues como
dissertações, elaborado com fins exclusivamente didáticos, em maio de 2000, a partir do exame de erros usualmente
encontrados em textos de dissertações e teses.
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normas) que estão disponíveis em qualquer biblioteca ou podem ser ensinadas por qualquer bibliotecário.
Em geral os textos seguem uma ou outra dessas convenções. A mais simples delas é indicar, na hora em
que é feita a citação, o sobrenome do autor e o ano da obra em que consta o que é citado. Caso seja uma
citação nas próprias palavras do autor, o texto deve vir entre aspas e, junto com o ano da obra, indicar a
página onde pode ser encontrada a citação. A referência completa da obra virá no fim do texto sob o
subtítulo “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS”;
O subtítulo “BIBLIOGRAFIA” indica que sob ele estão as obras existentes sobre o assunto. Já o
subtítulo “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS” indica que sob ele estão apenas as obras citadas no
texto. Às vezes os subtítulos indicam “BIBLIOGRAFIA CONSULTADA” (o que o autor usou mesmo
que não tenha citado no texto), “BIBLIOGRAFIA BÁSICA” (os títulos mais importantes existentes
mesmo que não citados no texto) e outras expressões que por elas mesmas já indicam o que está sendo
apresentado. A expressão “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS” é mais econômica e mais segura para
a maioria dos trabalhos de pesquisa porque indica apenas o que é citado no texto.
No caso de notas de rodapé, para explicações sobre alguma expressão usada no texto ou para
explicar ou desenvolver algum aspecto que não interessa ficar no corpo do texto, as mesmas podem vir no
pé de cada página, em uma numeração seqüencial, ou vir no final sob o subtítulo “NOTAS” . Às vezes
alguns autores preferem juntar os subtítulos e colocam as citações com números seqüenciais e indicam
notas e referências em uma ordem seqüencial (conforme a ordem em que aparecem no texto) ao final do
texto sob o subtítulo “NOTAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS”.
O mais importante nesse processo é usar uma mesma convenção (às vezes elas são definidas pela
revista que publica o texto ou pelo programa de pós-graduação em que o aluno está matriculado) em todo
o texto. Misturá-las, citando e fazendo referências ora ao pé da página, ora ao final do texto, cria
confusões e mostra desconhecimento dessas convenções. O melhor é procurar qual a convenção que é
seguida pelo veículo que vai publicar o texto ou pela instituição em que o trabalho está inserido. Caso não
exista definição, o bibliotecário é o melhor orientador para isso. Ele deve conhecer a maioria ou todas as
convenções para fazer isso. Além disso, as obras de metodologia especificam isso ou, mesmo, as grandes
bibliotecas (da USP, por exemplo) publicam manuais de orientação para isso.
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“nenhum”, "não há estudos no Brasil sobre..." etc. A maioria dessas expressões pode ser substituída por
outras mais realistas e que expressem mais precisamente o que precisa ser dito, retirando as características
de expressões de força ou de impacto, para impressionar ou constranger o leitor ou o ouvinte etc.
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completas. Uma sentença ou frase incompleta impede a demonstração. Por exemplo: “A percepção, a
linguagem e os registros.” é uma frase que não diz nada uma vez que está incompleta. Da mesma forma a
frase “Todo fato social, do ponto de vista das relações de interdependência que ele mantém, como outros
fatos sociais.” Não serve para muita coisa porque está truncada, não contém uma afirmação clara e
completa sobre algo. Nesse sentido, é importante conferir se as frases ou sentenças em cada parágrafo são
completas. O que pode significar uma boa consulta a uma gramática de qualidade para rever quais são os
componentes de uma sentença completa e como se articulam entre si.
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Metáforas e analogias não são argumentos. São, quando muito, ilustrações de afirmações feitas.
Tem uma função de ilustrar, tornar mais perceptível, mas não de fundamentar o que é afirmado.
Expressões como “a ciência é como uma vela” , “o norte da pesquisa”, o conhecimento é como “pólvora”,
um “combustível”, “a postura do pesquisador”, “a flecha do desejo que energiza o desempenho”,
“contundentemente”, “esculpir o texto”, o método deve ser “encarado”, “a obra deve ser deglutível de
forma saborosa pelo corpo e pela alma”, “caminho largo”, “trilha tosca”, “matando a possibilidade”, “
caminhando com os passos”, "a posição ou postura do autor sobre", "abordar um assunto do ponto de
vista" etc. são também expressões mais para envolver o leitor do que para informá-lo, além de são
servirem como argumentos. Em um texto demonstrativo devem ser evitadas, a não ser para uso didático e
apenas como ilustração em situações específicas e bem delimitadas, geralmente raras em um texto de
natureza argumentativa. É útil lembrar que nem sempre as metáforas são facilmente perceptíveis. É
necessário aprender a reconhece-las e a não usá-las indevidamente, uma vez que são recursos fáceis para
comunicar impressões gerais, intuições não muito bem definidas etc. O que aumenta sua inadequação de
uso mas também aumenta a tendência a usá-las por sua facilidade e abrangência e pelo envolvimento dos
ouvintes ou leitores que, pela polissemia dessas expressões, tendem a aceitá-las ou a concordar com elas
(elas sempre podem significar também o que leitor pensa ou imagina).
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15. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DE COESÃO OU USO DE ELEMENTOS DE COESÃO
INAPROPRIADOS PARA LIGAÇÃO DAS SENTENÇAS EM UM TEXTO DISSERTATIVO.
Um recurso que exige cuidado e aprendizagem para a redação de textos de natureza argumentava
são os de “coesão” do texto. Elementos de coesão são expressões usadas para ligar as frases entre si,
dando-lhes sentido e estabelecendo as ligações entre as afirmações. Ligações que podem ser de
contraposição, de adição, etc. É diferente ler “mas é possível observar” de ler “mas nas quais é possível
observar”. Ou ler “serem versáteis de como trabalhar” e ler “serem versáteis em relação a trabalhar. Um
dos tipos de erros com o uso de recursos de coesão do texto é o uso de partículas adversativas como se
fossem aditivas ou levassem a esclarecer melhor o que vai estar escrito a seguir. As expressões “porém”,
“no entanto”, “por outro lado”, “contudo” etc. indicam que há duas expressões em confronto e isso não
pode ser ignorado ou desconsiderado quando são usadas em um texto sob pena de mudar o sentido do que
está escrito ou confundir o leitor. De forma semelhante, o uso do “assim” como elemento de ligação para
dar continuidade ao texto (ao invés de anunciar que vai haver uma conclusão a partir das premissas
apresentadas), eqüivalendo ao “aí, né”, da linguagem oral do cotidiano. De forma semelhante o uso do
“aí, então”, cometendo o mesmo tipo de erro. Outras vezes o uso de conectivos de adição (o “e”) sem ter
o que adicionar. Ou o uso do “que” como partícula de ligação ou indicando um sujeito já referido. Muitas
vezes esse “que” significa “pelas quais” ou “cujos”. A pontuação é um dos recursos de coesão de um
texto muito importante e precisa ser usada de maneira apropriada para não comprometer o significado do
que está escrito. O uso de dois pontos, ponto e vírgula, vírgula etc. não deve ser feito sem levar em conta
o que significam. Por exemplo, não se usa vírgula entre sujeito e verbo em uma frase. O uso de
expressões “tais como”, “são os seguintes”, “como se segue” com dois pontos, ficam redundantes. “Dois
pontos” já indica uma enumeração ou algo que vai ser seguido como uma descrição. Um cuidado útil é
consultar uma boa gramática e examinar o que significam, quais são e como são usados recursos de
coesão em um texto e os critérios para uso de pontuação.
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sente que" (fulano disse que pensa, sente...), "analisa e atua no contexto político" (analisa o e atua no),
"maiores informações" (mais informações), "as literaturas" (a literatura).
Uso de expressões adversativas ou incompatíveis (e até antônimos) como se fossem sinônimos, o
uso abusivo do verbo ser (isto é, aquilo é...) tornando o texto prescritivo e inverídico, uso de expressões
que exigem complemento sem o necessário complemento acompanhando-as, uso impreciso do este, esse,
isto, isso, etc., descuido com a concordância em gênero, número e grau, uso de adjetivos e advérbios de
modo em textos dissertativos devem ser muito restritos mas aparecem em quantidade desproporcional à
natureza do texto revelando muito mais declarações de disposições do que informações para o leitor,
concordância verbal inapropriada, idem com relação a gênero dos componentes das sentenças, frases sem
sujeitos, etc. A quantidade de erros básicos na construção de um texto dissertativo, indica a necessidade
de uma consulta a uma boa gramática e a algumas obras importantes para aprimorar as aptidões
relacionadas à escrita e ao discurso oral com função informativa.
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vírgulas e o uso optativo de uso de vírgulas, o Anexos 1, deste texto, mostra exemplos para esses três
tipos de casos.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
MACHADO, J. Manual da falta de estilo - como tirar proveito das distrações alheias para melhorar
seu texto. São Paulo: Ed. Best Seller, 1994. (A editora é uma divisão do Círculo do Livro Ltda.)
MARTINS, D. S. e ZILBERKNOP, L. S. Português instrumental. Porto Alegre (RS): Ed. Sagra -
Dc Luzzatto, 1992 (14a. ed.). (Fones 051 - 227.5222 e 227.4438)
ANEXO 1
Os sinais de pontuação são recursos usados na escrita para indicar as pausas ou a entonação da
leitura, enfatizar algum elemento ou deixar claro o sentido de uma frase, evitando ambigüidades. A partir
dessa função básica é útil conhecer alguns critários (e regras) para o uso da vírgula.
Entre orações
A vírgula é usada para:
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a) Quando tiverem sujeitos diferentes.
Exemplo: Os alunos entraram na sala, e dali a instantes começou a prova.
b) Quando a conjunção e vier repetida várias vezes, constituindo a figura de linguagem chamada
polissíndeto.
Exemplo: E as crianças cantaram, e brincaram, e gritaram de alegria.
c) Quando conjunção e tiver valor adversativo.
Exemplo: Tivera a grande chance de sua vida, e a deixara escapar.
11. Isolar orações intercaladas.
Exemplo: Não podemos desanimar agora, dizia o chefe, pois a vitória está perto.
12. Separar orações subordinadas adverbiais, antepostas à ou intercaladas com a oração principal.
Exemplos, respectivamente: Se tiver alguma dúvida, telefone-me.
Percebi, quando ainda havia tempo de escapar, a aproximação de um
vulto estranho.
13. Separar orações reduzidas quando elas vêm antes da oração principal.
Exemplo: Acabado o treino, os jogadores entraram no vestiário.
14. Isolar orações subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo: Fortaleza, a capital do Ceará, é uma bela cidade litorânea.
15. Separar orações subordinadas substantivas apositivas da oração principal.
Exemplo: Fiz-lhe um pedido, que me deixasse ir ao cinema.
• Antes do último elemento da enumeração (seja ele o último dos núcleos do sujeito composto, dos
objetos ou complento nominal) quando se emprega a conjunção aditiva e.
Exemplo: Livros, discos, revistas e jornais se encontram espalhados por toda parte.
Vi livros, discos, jornais e revistas.
• Entre sujeito e predicado.
Exemplo: A viagem de barco durou duas horas.
• Entre um verbo e seus complementos (objetos).
Exemplo: Mariana devolveu os documentos ao funcionário.
• Entre um nome e seu complemento.
Exemplo: Fumar é prejudicial à saúde.
• Entre um nome e seu adjunto.
Exemplo: Visitamos essa cidade num dia de inverno.
• Antes de apostos especificativos.
Exemplo: O poeta Drummond morreu na cidade do Rio.
Entre orações
• Separando orações subordinadas adjetivas restritivas das orações principais.
Exemplo: O homem que vi estava vestido de azul.
• Separando orações principais das subordinadas substantivas subjetivas, objetivas (diretas e
indiretas), completivas nominais e predicativas.
Exemplos, respectivamente: É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.
Juro que direi a verdade.
Necessito de que você me ajude.
Tenho certeza de estarmos alcançando uma situação mais
alentadora.
Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma
mesma realidade.
• Antes da última oração coordenada de uma seqüência, introduzida pela conjunção e.
Exemplo: Nada ouve, nada fala e nada vê.
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USO OPCIONAL DA VÍRGULA
• Destacar adjuntos adverbiais de pequena extensão que estejam fora da posição lógica (em seguida
ao verbo que modificam).
Exemplos: Amanhã ele chegará ao Brasil.
Amanhã, ele chegará ao Brasil.
• Separar orações subordinadas adverbiais pospostas à oração principal.
Exemplos: Virei aqui quando for necessário.
Virei aqui, quando for necessário.
• “Dar clareza” maior à oração subordinada adjetiva restritiva muito longa.
Exemplos: A lagoa que a meninada esperta costumava visitar foi aterrada.
A lagoa, que a meninada esperta costumava visitar, foi aterrada.
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