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■■ INTRODUÇÃO
Indivíduos diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA) apresentam uma diversidade
de características comportamentais classificadas em dois eixos. De modo geral, essas pessoas
apresentam1 prejuízos nas habilidades de comunicação e interação social e padrões de
comportamentos repetitivos e restritos.
Esses padrões comportamentais podem se apresentar como agito das mãos atípico, pronúncia
de sons ou frases de forma repetitiva e fora de contexto, alinhamento ou organização de objetos,
fixação em rotinas e/ou presença de rituais, além de reações exacerbadas ou inexistentes a sons,
toques, odores ou algum outro estímulo do ambiente.
LEMBRAR
Apesar de frequentes, comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios não são
exclusivos do TEA, podendo também ocorrer em indivíduos com outros distúrbios
do desenvolvimento. Intervir em problemas de comportamento é fundamental para
garantir a integridade física, social e psicológica dessas pessoas.
Neste artigo, serão discutidos alguns aspectos da atuação do psicólogo diante de comportamentos
de autoagressão e autoestimulação. Primeiramente, serão apresentados conceitos relevantes
para a compreensão desses comportamentos, para o planejamento e para a intervenção diante
desses problemas.
■■ ESQUEMA CONCEITUAL
Conceito de
comportamento operante
Autoagressão
e autoestimulação enquanto Exemplo clínico 1
comportamento problema
O comportamento e sua função
Intervenções baseadas
em antecedentes
Intervenções com base na função Exemplo clínico 2
Exemplo clínico 3
Intervenções baseadas
em consequência
(ou baseadas na função)
Exemplo clínico 4
Conclusão
■■ agressões;
■■ autoagressões;
■■ frequente engajamento em estereotipias por longos períodos;
■■ ingestão de substâncias perigosas ou não comestíveis.
Problemas de comportamento podem ocorrer das mais variadas formas, nas mais
diversas etapas da vida. Considerar tal aspecto implica dizer que sua ocorrência não se
deve pelo fato de o indivíduo estar em uma determinada faixa etária (quando se diz, por
exemplo, que “birras são normais da infância”). Mas quais razões levariam um indivíduo
a se agredir, a ponto de lesionar o próprio corpo? O que faz alguém passar uma parcela
substancial do dia se autoestimulando?
A partir dessa análise, Carr levantou algumas hipóteses, sendo três delas especialmente importantes
para a questão: os comportamentos autoagressivos poderiam ser comportamentos mantidos por
reforço social, pela interrupção de estimulação aversiva ou por produzirem autoestimulação. 3
O comportamento do indivíduo altera o seu ambiente, e o ambiente alterado, por sua vez, modifica
o indivíduo em termos comportamentais: aumentam-se ou diminuem-se as chances de o indivíduo
se comportar daquela forma em situações similares.
Por exemplo, uma criança que explora um aplicativo no celular pela primeira vez poderá entrar
em contato com alguma animação ou com algum vídeo interessante. A resposta de explorar o
aplicativo produziu efeitos no ambiente da criança: ao se comportar dessa maneira, a criança
acabou descobrindo e visualizando um novo vídeo.
Explorar o aplicativo do celular, em contrapartida, aconteceu em certo contexto: quando tal efeito
ocorreu (a visualização de um vídeo interessante), diversos estímulos faziam parte do ambiente
da criança, tais como o celular (com suas características físicas – cor, forma, tamanho), além do
ícone do aplicativo. Como a resposta de explorar o aplicativo resultou na visualização do vídeo, tal
resposta tende a se tornar gradativamente mais frequente e provável de acontecer na medida em
que a resposta for produzindo esse efeito. Além disso, esse efeito também faz com que alguns
aspectos do contexto passem a influenciar o comportamento de explorar o aplicativo: a presença
do celular e a visualização do ícone do aplicativo irão aumentar as chances de a criança tocar a
tela do celular em um local específico.
Denomina-se reforço qualquer efeito de uma resposta que a torne mais provável de
acontecer no futuro, e se denomina estímulo discriminativo (SD) qualquer aspecto
do ambiente que influencie a ocorrência da resposta do indivíduo (por ter estado
presente no contexto quando a resposta produziu tais efeitos). Essa mesma análise
operante também se aplicaria aos comportamentos agressivos e autoestimulatórios.
Paulo, uma criança com TEA, que não aprendeu a falar, está interagindo com diversos
objetos e brinquedos no quarto. Seus pais estão no mesmo cômodo, conversando
entre si a respeito de um assunto importante. Ao brincar com algumas peças de
encaixe, Paulo inseriu uma peça no local errado, o que acabou por prendê-la no
encaixe errado.
Paulo quer muito concluir o encaixe de todas as peças e, após algumas tentativas sem sucesso
de remover a peça, começa a resmungar e a choramingar. Os pais continuam conversando entre
si. Paulo tenta outras vezes remover a peça do encaixe, mas não consegue. Incomodado com a
situação, ele cerra os dentes e aproxima as mãos da boca. Os pais interrompem a conversa por
poucos segundos e perguntam: “O que você quer, Paulo?”.
Por alguns segundos, Paulo observa os brinquedos, e o pai retoma a conversa com a mãe. Ao
perceber o pai se levantar, Paulo começa a gritar, aproxima as mãos da boca, colocando-as
dentro dela e cerrando os dentes. Nesse instante, pai e mãe interrompem imediatamente a
conversa ao perceberem Paulo mordendo a mão. Na tentativa de “acalmar” o filho, ambos se
aproximam e começam a interagir com ele. A mãe, por um acaso, pega o objeto de encaixe,
remove as peças (inclusive a peça que estava mal encaixada) e chama Paulo para brincar. Ele
interrompe as mordidas e os gritos, olha para o brinquedo e começa a brincar novamente com
seu brinquedo predileto.
Ainda, ao introduzir as mãos na boca e mordê-la, pai e mãe interromperam a conversa imediatamente
e deram bastante atenção a Paulo. A mãe, inclusive, retirou a peça presa no brinquedo (resolvendo o
problema) e brincou com Paulo, mesmo sem saber que o brinquedo era parte do problema.
A Figura 1 ilustra um exemplo em que o comportamento de morder de Paulo foi modelado, sendo
modificado aos poucos.
Para entender por que um problema de comportamento acontece e se mantém, deve-se fazer uma
análise de sua função. Quando se fala em função do comportamento, a referência é em relação
aos aspectos do ambiente que o influenciam.4
Dois tipos de mudanças no ambiente são importantes para compreender a função do problema
de comportamento. O primeiro tipo de mudança ambiental diz respeito ao que acontece após
o comportamento ocorrer, ou seja, os efeitos ou as consequências que o comportamento
produz (reforçadores).4
A influência dos estímulos do ambiente acontece pelo fato de que tais estímulos estavam
presentes nas ocasiões passadas quando o comportamento ocorreu e produziu as consequências
reforçadoras. Ainda, o comportamento problema também pode acontecer em situações novas.
Quanto mais semelhante essa nova situação for àquela em que o comportamento normalmente
ocorre, maior será a chance de também acontecer (generalização).
A Figura 2 ilustra uma análise funcional simples, mas elucidativa, do comportamento de Paulo, de
morder suas mãos, demonstrado anteriormente. Nesse exemplo, pode-se dizer que uma das funções
desse comportamento problema era a de obter atenção dos pais quando eles estavam próximos.
Essa função foi adquirida pelo fato de o comportamento de morder as mãos ter produzido atenção
ao longo da história de interação de Paulo com o ambiente. Mas, em muitos casos, problemas de
comportamento podem ter mais de uma função.
Morder as mãos
Como pode ser observado na Figura 2, o comportamento de morder as mãos tinha dupla função:
Pode-se dizer que o comportamento de Paulo é influenciado, no primeiro caso, pela presença dos
pais e pela falta de atenção (antecedentes) e por produzir atenção (consequência reforçadora),
e, no segundo caso, é influenciado por situações em que ele precisa de ajuda (antecedentes) e
consegue resolver alguma necessidade (consequência reforçadora).
Uma vez compreendido o conceito de função comportamental, uma importante distinção entre
comportamento autoagressivo e comportamento autoestimulatório pode ser estabelecida. Não
necessariamente um comportamento autoagressivo é autoestimulatório, ou vice-versa.
Remover fios de cabelo, por exemplo, também poderia ser um comportamento autoestimulatório, desde
que seu reforçador seja a sensação produzida no couro cabeludo, uma consequência não social que
resulta automaticamente do comportamento. Caso o reforçador que mantenha o comportamento de
remover fios de cabelo for escapar de alguma tarefa escolar (um reforçador social e não automático),
remover fios de cabelo seria um comportamento autoagressivo, e não autoestimulatório.
Repetir sons ou palavras constantes (estereotipias vocais), se mantido pela estimulação produzida
pela vocalização (o reforçador enquanto o próprio som da voz), se caracterizaria como um
comportamento autoestimulatório, e não agressivo.
ATIVIDADES
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Resposta no final do artigo
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a III.
D) Apenas a III e a IV.
Resposta no final do artigo
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
alternativa correta.
As medidas são importantes para verificar se a intervenção implementada está produzindo os efeitos
esperados. O psicólogo poderá medir diversos aspectos do comportamento, como, entre outros:
A análise funcional experimental foi desenvolvida por Iwata e colaboradores9 como sendo uma
forma de avaliar o efeito de variáveis ambientais sobre os comportamentos autoagressivos.
As condições diferem entre si por aspectos específicos, que são manipulados (por essa razão se
chama análise “experimental”, pois envolve manipulação de variáveis). Comportamentos que ocorrem
mais em certas condições indicariam uma relação funcional entre eles e a variável presente na condição.
A análise funcional experimental pode envolver várias condições diferentes, a depender do que se
deseja avaliar. As mais comuns são:
■■ atenção social;
■■ fuga de demandas;
■■ sozinho/ignorado;
■■ uma condição de brincadeira (condição controle).
A condição de atenção social avalia se esse aspecto do ambiente (a atenção dispendida por
pessoas) está relacionado ao comportamento problema. Em outras palavras, a condição verifica
se a atenção social é um reforçador para o comportamento.
“Fulano, não faça isso, você pode se machucar.”). A reação do terapeuta, portanto, é um tipo
de alteração no ambiente que o comportamento de estapear o rosto produziu (reforço social
positivo). Se a atenção social for o reforçador, exposições sucessivas mostrarão uma frequência
substancialmente maior de estapear o rosto nessa condição em comparação com outras.
No entanto, conduzir uma análise funcional experimental requer recursos para sua aplicação, tais
como pessoas devidamente treinadas para executar os procedimentos e tomar as medidas de
comportamento corretamente, um local apropriado para a sua condução, assim como os materiais
necessários. Ainda, a análise funcional experimental, frequentemente, leva muitas sessões para
ser concluída. Esses aspectos devem ser considerados na escolha desse método.
AVALIAÇÃO DESCRITIVA
A avaliação descritiva é um tipo de avaliação funcional que tem como característica a observação
direta do comportamento do indivíduo em seu ambiente natural. Na avaliação descritiva,
o terapeuta não manipula variáveis, ele observa o comportamento e realiza registros de sua
ocorrência e dos eventos ambientais que ocorrem temporalmente próximos.
Nesse sentido, a avaliação descritiva não permite inferir relações funcionais, apenas correlações entre
eventos que ocorrem no ambiente e a ocorrência (ou não) do comportamento. Portanto, a escolha e o
uso desse método deve ser feito com cautela, pois seus resultados podem não ser conclusivos.11
Um dos tipos de análise descritiva mais frequente é o Registro de antecedentes (A), resposta (B)
e consequência (C) (ABC). O termo “ABC” (do inglês antecedent, behavior and consequence) é
uma menção ao conceito de tríplice contingência, que descreve as relações entre esses aspectos.
Nesse tipo de registro, são fornecidos dados sobre eventos ambientais que antecedem a
ocorrência do comportamento, uma descrição do comportamento-alvo e as consequências do
comportamento. Algumas versões de Registro ABC também especificam data e hora em que o
comportamento ocorreu, oferecendo uma melhor estimativa da forma ocorreu e em que período
de tempo ocorreu.
■■ definir o comportamento de forma objetiva, com base no que possa ser observado;
■■ descrever o comportamento de forma clara, sem ambiguidades;
■■ definir o comportamento de forma completa – deixar claro aquilo que ele é e o que não é;
■■ evitar interpretar o comportamento (inferir causas, emoções ou intenções).
Quadro 1
Na primeira coluna do Quadro 1 (da esquerda para direita), informações sobre a data e a hora
em que o comportamento ocorreu são apresentadas. A segunda coluna especifica informações
detalhadas sobre o contexto em que o comportamento ocorreu, ou seja, a situação momentos
antes de sua ocorrência.
A terceira coluna do Quadro 1 especifica a resposta emitida pelo indivíduo observado, que deve
sempre ser definida operacionalmente antes de se iniciar os registros. Essa definição é relevante
para permitir que dois ou mais observadores registrem o mesmo comportamento e que um mesmo
observador faça registros mais fidedignos.
Na análise descritiva, “Querer sair da sala” não é uma boa definição de comportamento, visto
que, para registrá-la, o observador deve interpretar os indícios que denotariam a pessoa
“querer” ou “não querer” sair da sala. Definir o comportamento como “levantar da cadeira e
sair sem permissão” é uma forma mais apropriada e fácil de registrar corretamente.
Conforme apontam Kelley e colaboradores,12 apesar dessas vantagens, a avaliação indireta pode
oferecer resultados pouco precisos (e, por vezes, equivocados) sobre as funções comportamentais,
uma vez que as informações obtidas são baseadas no relato de pais e/ou de cuidadores, não há
observação direta do comportamento e não há manipulação de alguns aspectos do ambiente para
aferir se há, realmente, alguma relação entre eles e o comportamento.
Tais informações obtidas por meio da entrevista oferecem pistas importantes sobre as funções
do comportamento analisado. Mesmo que uma entrevista bem realizada não seja suficiente
para identificar precisamente as funções do comportamento,12 visto que todo relato é passível
de distorções, ela ainda é útil por permitir levantar hipóteses mais próximas sobre as funções
comportamentais envolvidas e descartar hipóteses improváveis, resultando em um importante
ganho de tempo.
O processo avaliação indireta também se dá por meio de aplicação de escalas desenvolvidas para
essa finalidade. Uma das escalas mais utilizadas é a Functional Analysis Screening Tool (Fast).13
As 16 questões da Fast avaliam quatro tipos de funções diferentes, sendo quatro perguntas para
cada. As funções avaliadas são:
■■ reforço social positivo (em forma de atenção social ou obtenção de itens de interesse);
■■ reforço social negativo (em forma de fuga de tarefas ou de atividades);
■■ reforço automático positivo (produção de estimulação sensorial);
■■ reforço automático negativo (atenuação de algum tipo de estímulo sensorial, como dor,
por exemplo).
tem-se uma sugestão de quais funções podem estar envolvidas no problema de comportamento.
A Questions About Behavioral Function (QABF)14 também é uma escala de fácil aplicação,
que pode sugerir possíveis funções para os comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios.
É composta por 25 itens, com respostas em escala tipo Likert (0 – nunca; 1 – raramente; 2 –
algumas vezes; 3 – frequentemente). Assim como a Fast, o instrumento apresenta questões
que descrevem situações que sugerem algumas funções. Por exemplo, a questão “engaja-se
no comportamento para tentar obter alguma reação sua” sugeriria um comportamento mantido
por atenção social.
■■ atenção;
■■ fuga;
■■ não social;
■■ física;
■■ tangível.
Depois de aplicar a QABF, o avaliador faz uma soma dos escores para cada uma das funções,
e o número final sugere uma ou mais funções comportamentais possíveis. Além da QABF e da
Fast, existem outras escalas similares, mas uma descrição detalhada desses instrumentos foge
do escopo deste artigo.
A avaliação descritiva, por sua vez, pode ser mais apropriada se a avaliação em contextos
naturais for a única alternativa ou a mais viável (como escolas e ambientes sociais, tais como
praças, supermercados etc.). As avaliações devem fornecer informações conclusivas sobre as
funções do comportamento.
De posse dessas informações, hipóteses podem ser formuladas sobre quais aspectos do
ambiente influenciam o comportamento antes de ele ocorrer (SDs) e quais consequências do
comportamento o mantém (sejam as consequências sociais ou automáticas). A partir de então,
o planejamento da intervenção é feito com base nessas hipóteses, levando-se em conta as
funções apontadas pelas avaliações.
EXEMPLO CLÍNICO 2
Léo é uma criança com TEA, que frequenta a sala regular de uma escola. Ele
frequentemente é demandado a realizar tarefas; as instruções da professora e os
materiais da tarefa são os SDs, que indicam que o comportamento de realizar tarefa
pode produzir reforço (por exemplo, atenção da professora ou a conclusão da tarefa
por si). Se Léo não dormiu bem na noite passada por alguma razão, tal privação
de sono (OM) diminuirá momentaneamente o valor reforçador (sua motivação) de
realizar tarefas escolares. Nesse caso, espera-se que Léo apresente resistência em
realizar a tarefa.
O comportamento que, em sua história, produziu interrupção ou adiamento da tarefa foi socar o
rosto, e essa consequência tornará o comportamento mais provável e frequente nesses contextos
(realizar tarefas). Mas como intervir se o comportamento de Léo adquiriu função de adiar ou
interromper tarefas escolares? O comportamento de Léo pode ser tomado como um indício de que
a situação de fazer tarefas seja aversiva para ele, em algum grau. Nesse caso, uma possibilidade
de intervenção antecedente seria alterar os estímulos (SDs) do ambiente.
estariam relacionados com o comportamento de socar o rosto. É possível que alguns tipos
específicos de tarefa influenciem a probabilidade de o comportamento ocorrer. Se o comportamento
de Léo ocorre com maior frequência em tarefas de pareamento, por exemplo, uma alternativa é
retirar os materiais utilizados (que podem funcionar como SDs para o comportamento de socar o
rosto) e substituí-los por materiais diferentes, preferencialmente, por materiais de alguma temática
de interesse de Léo (por exemplo, utilizar figuras de animais, caso ele goste de animais).
O terapeuta, ainda, poderia combinar essas modificações de materiais com uma outra estratégia,
conhecida como sequência de alta probabilidade (alta-p).16 Essa intervenção consiste em
estruturar a atividade em uma sequência com instruções de dois tipos: instruções de alta-p e de
baixa probabilidade (baixa-p) de serem seguidas. A atividade se inicia com algumas instruções
de alta-p, seguida, imediatamente, de uma instrução de baixa-p (a que apresenta mais recusa em
realizar, ou aquela em que o comportamento problema ocorre).
O terapeuta poderia, nesse caso, solicitar a Léo a realização de três instruções com alta-p de
serem seguidas (por exemplo, “Léo, coloque o pino na caixa”, “Me dê o cartão” e “Aponte para seu
nariz”). Após realizar as três instruções, o terapeuta solicitaria uma quarta instrução, de baixa-p,
que seria uma tentativa de pareamento com os novos materiais. Gradativamente, o terapeuta
pode ir aumentando a quantidade de instruções baixa-p à medida que mantém baixas frequências
do comportamento problema.
LEMBRAR
Há também OMs que aumentam o valor reforçador de certas consequências. Por
exemplo, à medida que se fica muito tempo sem comer a comida preferida, o seu
valor reforçador tende a aumentar. Como efeito, os comportamentos que no passado
resultaram no acesso à comida aumentam de probabilidade. Portanto, o valor
reforçador é algo dinâmico: nem sempre a atenção da professora funcionará como
reforçador, assim como nem sempre um chocolate, um jogo de celular, brinquedos,
entre outros, funcionarão como reforçadores.
Uma intervenção antecedente, que pode produzir efeitos nos fatores motivacionais do comportamento,
é o reforço não contingente (RNC).17 O RNC consiste em disponibilizar o reforçador de tempos em
tempos, independentemente de o comportamento ocorrer.
Uma intervenção possível para Lucas seria o RNC: a partir das 18h, uma quantidade de longos
fios de cabelo, removidos de uma boneca de brinquedo, seria disponibilizada a Lucas, a cada 15
minutos, marcados em um cronômetro. Era permitido a Lucas ficar com os fios de cabelo durante
10 minutos. Um critério foi estabelecido para aumentar o tempo no cronômetro: se após uma noite
inteira Lucas não emitisse o comportamento, cinco minutos seriam adicionados no tempo para
entregar os fios de cabelo da boneca (de 15 em 15 minutos para de 20 em 20 minutos, de 25 em
25 minutos, de 30 em 30 minutos e assim por diante).
O RNC também pode ser utilizado com outros tipos de reforçadores, diferentes daqueles identificados
em avaliações funcionais. Por exemplo, em vez de se utilizar os fios de cabelo, o terapeuta poderia
ter utilizado massas de modelar. Entretanto, a eficácia do procedimento dependeria de se os outros
reforçadores fossem mais preferidos em comparação com o reforçador que mantém o problema de
comportamento (Lucas deveria preferir manipular massas de modelar em vez de fios de cabelo).
No exemplo de Léo, um terapeuta poderia recomendar que a professora ignorasse seu comportamento,
sem realizar previamente uma análise funcional. A prática de ignorar um comportamento poderia ser
sugerida pelo fato de que a interrupção do reforço de um comportamento levaria a uma redução
gradual de sua frequência, até ele deixar de ocorrer.
intervir no comportamento dessa forma, o terapeuta estaria supondo (sem uma análise prévia) que
a atenção da professora seria a consequência reforçadora do comportamento. O que aconteceria
com o comportamento de Léo se a extinção fosse implementada como intervenção?
Apesar de a extinção ser um componente importante nas intervenções, seu uso isolado, assim
como descrito nesse exemplo, não é recomendado.4
LEMBRAR
Aproximadamente 61% dos indivíduos com TEA apresentam estereotipias, que são
comportamentos motores ou vocais caracterizados como repetitivos, padronizados,
coordenados, involuntários e não mediados por estímulos sociais.21 A maioria das
estereotipias é mantida por reforço automático; todavia, aspectos do ambiente social
também podem influenciar na ocorrência de estereotipias.6
O fato de comportamentos serem mantidos por reforço automático implica que produzir esse tipo
de consequência sensorial é importante para o indivíduo. Algumas intervenções para estereotipias
se propõem a disponibilizar ao indivíduo uma estimulação do mesmo tipo que ele produz
automaticamente quando se engaja no comportamento (estimulação combinada).22
Suponha-se que Luiza, uma garota com TEA, esteja se engajando frequentemente em
estereotipias vocais, que foram previamente definidas pelo terapeuta enquanto qualquer
vocalização fora de contexto. Vocalizações apropriadas de Luiza, tais como perguntas
ou comentários, eram sempre reforçadas.
Entretanto, quando Luiza se engajava em alguma estereotipia vocal, como, por exemplo,
dizer “Sai que é sua!”, o terapeuta interrompia a vocalização imediatamente com
uma pergunta, como, por exemplo, “Que cor é a minha camisa?” As perguntas eram
escolhidas cuidadosamente, de modo que Luiza sabia dar as respostas (por exemplo,
ela conhecia as cores e sabia identificá-las).
ATIVIDADES
8. Sobre os aspectos que poderão ser mensurados pelo psicólogo na avaliação funcional
do comportamento, marque (V) verdadeiro ou (F) falso.
A) V–F–V–F
B) V–V–F–F
C) F–F–V–V
D) F–V–F–V
Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a III.
D) Apenas a II e a III.
Resposta no final do artigo
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Resposta no final do artigo
■■ EXEMPLO CLÍNICO 4
Para ilustrar alguns dos aspectos abordados no artigo, será descrito, a seguir, o caso de
Éder, um adulto de 23 anos de idade, aluno de uma escola especial, a qual ele frequentava
diariamente. Éder tinha diagnóstico de TEA e deficiência intelectual, comunicava-se de forma
bem rudimentar, apenas com base em gestos de apontar, não conseguindo vocalizar nenhuma
palavra de forma articulada.
A queixa inicial sobre Éder veio da escola, que solicitou ao terapeuta auxílio para lidar com vários
problemas de comportamento. De acordo com os profissionais da escola, Éder apresentava
autoagressão em forma de tapas no rosto, batidas com a cabeça na parede, tapas na mesa,
mordidas na mão, além de episódios de agressão, como chutes, socos, tapas e cuspes em
professores e em funcionários da escola. O primeiro passo foi o de realizar uma entrevista com a
professora, com a equipe técnica da escola e com o responsável por Éder.
como grande dificuldade de conter o rapaz. Éder, que era adulto, dispunha de significativa força
física, e os profissionais da escola mencionavam grande dificuldade em acalmá-lo. A professora
disse ter dificuldade em dar aula para os outros alunos, pois, quando Éder começava com os
comportamentos, ela precisava tentar contê-lo rapidamente.
A equipe técnica da escola mencionou que quando Éder apresentava alguns de seus
comportamentos, alguns funcionários da escola imediatamente apareciam na porta da sala
para “ver o que estava acontecendo”. Essas informações foram relevantes para levantar a
possibilidade de que a atenção social pudesse ser um aspecto do ambiente relacionado ao
comportamento de Éder.
ATIVIDADE
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Resposta no final do artigo
Após as entrevistas, a aplicação da escala Fast foi realizada com a professora, apontou, além
de função de atenção social, uma possibilidade de função de fuga de demandas. De acordo com
os resultados da Fast, a função de reforço automática era improvável. Essa possibilidade era
consistente com as informações de que em casa o comportamento não ocorria mesmo o rapaz
estando sozinho e ocioso.
Considerando que o comportamento de Éder ocorria em contexto escolar, uma análise funcional
experimental não era viável. Optou-se, portanto, por uma avaliação descritiva, com registros do
tipo ABC. Foram realizadas oito sessões de observação, com duração que variava de 1h–1h30min,
em horários distintos do período escolar.
Quadro 2
PACOTE DE INTERVENÇÕES
Treino de comunicação funcional Abordou a função de fuga de demandas. O objetivo foi ensinar uma
resposta alternativa para que Éder solicitasse uma pausa em suas
atividades, que era algo importante para ele. Éder foi ensinado a
entregar um cartão que produzia um minuto de descanso. Nenhum
comportamento autoagressivo resultava em interrupção de
atividades. Quando Éder jogava os materiais no chão, a professora
recolhia imediatamente e os apresentava logo em seguida.
Modificação das tarefas As atividades de Éder passaram a apresentar temáticas de seu
interesse (futebol e o distintivo do time Santos). O objetivo dessa
modificação era a redução do caráter aversivo que as atividades
supostamente haviam adquirido.
Reforço de comportamentos de Avaliações de preferência foram realizadas regularmente, e a
cooperação (reforço diferencial professora foi instruída a disponibilizar reforços comestíveis de alta
de comportamento alternativo) preferência de Éder, à medida que ele se engajava na realização das
atividades (comportamento alternativo), sem emitir comportamentos
autoagressivos. No início, as atividades apresentavam curta duração
(1 minuto) e eram todas reforçadas. Aumentos gradativos no tempo
de atividade eram realizados à medida que Éder cooperava, sem
emitir o comportamento problema. Os reforçadores comestíveis
eram gradualmente removidos.
Reforço não contingente A professora foi instruída a se aproximar e fazer comentários
de atenção social positivos sobre Éder a cada 2 minutos. Os funcionários da escola
faziam o mesmo, exceto nos momentos em que Éder se encontrava
em sala de aula. Um planejamento foi feito de modo que, à medida
que Éder emitisse no máximo um comportamento autoagressivo por
hora, o tempo era aumentado de 2 em 2 minutos
dos profissionais da escola. Na primeira semana, foi observada uma redução significativa do
comportamento de todas as topografias, em especial, do comportamento de morder as mãos, que
não ocorreu mais a partir do terceiro dia. O comportamento de bater a cabeça e estapear o rosto
foi interrompido após quatro semanas de intervenção. O único comportamento que foi reduzido,
mas que ainda ocorria, era o de dar tapas na mesa.
O exemplo de Éder ilustra a importância que uma avaliação funcional tem na formulação de
intervenções em comportamentos autoagressivos. Obviamente, o comportamento de dar tapas
na mesa e também algumas topografias de agressão ainda precisaram de outras intervenções,
provavelmente, por exercerem outras funções comportamentais.
Por exemplo, no caso de Éder, levantou-se uma hipótese de um possível papel do reforço
automático no comportamento de dar tapas na mesa (estimulação sensorial do som da batida
ou sensação da batida nas mãos). Destaca-se, também, a importância de monitorar as pessoas
envolvidas na intervenção, de modo a aumentar as garantias de que os procedimentos estão
sendo conduzidos de maneira correta.
■■ CONCLUSÃO
O presente artigo procurou apresentar, de forma simples e didática, alguns conceitos básicos
que sustentam a avaliação das causas de comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios,
além de explicitar como esses resultados devem orientar o planejamento das intervenções. O
entendimento dos comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios se dá com base na sua
função, e isso implica que intervenções não devem ser pensadas a partir da forma (topografia) do
comportamento, mas, sim, a partir de sua função.
A pergunta a ser feita não é “Como lidar com o comportamento de se agredir?”, mas “Qual é a
relação do comportamento de se agredir com o ambiente social e não social dessa pessoa, no
que se refere ao contexto em que ocorre e as consequências que produz?” Responder à segunda
pergunta pode apontar ao psicólogo o caminho para lidar com o problema e ajudá-lo a entender
que o comportamento autoagressivo pode ter função de comunicação.
Por razões culturais, existe uma tendência de se explicar comportamentos fazendo uso de termos
que envolvem ideia de intenção (ele fez isso para/por causa de) ou causas emocionais (Estava
frustrado, então ele...), além de se definir o comportamento de forma imprecisa (por exemplo,
Fulano ficou bravo).
A compreensão das emoções do indivíduo é, sem dúvida, muito importante, especialmente pelo
fato de ela indicar que a pessoa com TEA, dada as suas reduzidas capacidades comunicativas,
pode estar passando por situações, muitas vezes, bastante desconfortáveis, sem conseguir
se expressar. Entretanto, interpretações dessa natureza podem levar a registros imprecisos
(superestimados ou subestimados), induzindo a decisões equivocadas sobre as intervenções e
alguns de seus parâmetros.
O compromisso com o resultado é uma questão ética, visto que comportamentos autoagressivos/
autoestimulatórios podem produzir prejuízos substanciais na saúde da própria pessoa, e
intervenções eficazes devem ser rapidamente implementadas.
Atividade 2
Resposta: C
Comentário: Pessoas diagnosticadas com TEA podem se engajar em diferentes tipos de
comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios, tais como tapas e socos no próprio rosto;
introdução dos dedos nas cavidades oculares; cabecear paredes ou superfícies perigosas; morder
partes do corpo; arranhar ou remover pedaços da pele; introduzir as mãos ou objetos na boca; e
vocalizações.
Atividade 3
Resposta: A
Comentário: Problemas de comportamento podem ocorrer das mais variadas formas, nas mais
diversas etapas da vida. Considerar tal aspecto implica dizer que sua ocorrência não se deve pelo
fato de o indivíduo estar em uma determinada faixa etária (quando se diz, por exemplo, que “birras
são normais da infância”). Assim, as questões que ajudam na investigação são: “Mas quais razões
levariam um indivíduo a se agredir, a ponto de lesionar o próprio corpo?” “O que faz alguém passar
uma parcela substancial do dia se autoestimulando?”.
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: O comportamento é a relação entre eventos ambientais que antecedem o
comportamento e os eventos gerados como efeito do comportamento.
Resposta: Denomina-se reforço qualquer efeito de uma resposta que a torne mais provável
de acontecer no futuro, e se denomina SD qualquer aspecto do ambiente que influencie a
ocorrência da resposta do indivíduo (por ter estado presente no contexto, quando a resposta
produziu tais efeitos).
Atividade 6
Resposta: Quando o psicólogo analisa quais são as consequências do comportamento (ou
seja, quando identifica os reforçadores) e quais são os estímulos do ambiente que antecedem
sua ocorrência (ou seja, quando identifica os SDs), um importante passo é dado para se
manejar de forma eficaz os comportamentos autoagressivos/autoestimulatórios. Tal análise
é denominada análise funcional do comportamento; ela é relevante para as intervenções
em problemas de comportamento porque permite identificar as consequências reforçadoras
que mantêm o comportamento ocorrendo, bem como os aspectos do contexto (SDs) que
influenciam a sua ocorrência.
Atividade 7
Resposta: C
Comentário: Comportamentos autoagressivos se caracterizam por comportamentos com
potencial de produzir danos físicos. Remover fios de cabelo, arranhar o braço, abocanhar
as mãos, entre outras formas de comportamento, poderiam entrar nessa definição.
Comportamentos autoestimulatórios, em contrapartida, são entendidos a partir da sua
função, ou seja, são comportamentos operantes mantidos por reforço automático, um tipo
de consequência não social produzida diretamente pelo comportamento. Remover fios de
cabelo, por exemplo, também poderia ser um comportamento autoestimulatório, desde que
seu reforçador seja a sensação produzida no couro cabeludo, uma consequência não social
que resulta automaticamente do comportamento.
Atividade 8
Resposta: D
Comentário: Na avaliação funcional do comportamento, o psicólogo poderá medir diversos
aspectos, como, entre outros, a frequência (a contagem do comportamento em determinado
período de tempo), a duração (tempo relativo ao início e ao término do comportamento), a latência
(período de tempo entre a apresentação de um SD e o início do comportamento) e a magnitude
(intensidade do comportamento).
Atividade 9
Resposta: A
Comentário: A avaliação funcional do comportamento é composta por avaliação indireta, avaliação
descritiva e análise funcional experimental.
Atividade 10
Resposta: A lógica da análise funcional experimental é relativamente simples – observar a
ocorrência do comportamento em diferentes condições, cuidadosamente planejadas e de curta
duração (geralmente, de 5 a 10 minutos). A observação é realizada várias vezes, até que se torne
claro, pelas medidas comportamentais, que, em certas condições, o comportamento ocorre com
maior frequência.
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: Sobre o Registro ABC, são dicas importantes – definir o comportamento de forma
objetiva, com base no que possa ser observado; descrever o comportamento de forma clara, sem
ambiguidades; definir o comportamento de forma completa: deixar claro aquilo que ele é e o que
não é; evitar interpretar o comportamento (inferir causas, emoções ou intenções).
Atividade 13
Resposta: A avaliação indireta é o método de avaliação de funções comportamentais baseado
em entrevistas e em aplicações de escalas (pelo próprio observador ou cuidador) para identificar
os aspectos do ambiente que possam estar relacionados com o comportamento em questão. A
avaliação indireta apresenta algumas vantagens importantes, como não exigir muito treinamento,
levar pouco tempo para ser concluída e ser utilizada em diversos contextos distintos.
Atividade 14
Resposta: B
Comentário: Entrevistas e aplicações de escala não permitem observar o comportamento e estão
sujeitas a distorções. Elas sempre devem vir acompanhadas de métodos de observação direta
(avaliação descritiva ou análise funcional experimental).
Atividade 15
Resposta: C
Comentário: A exposição abundante do reforçador abranda a motivação para a produção desse
reforçador, diminuindo a probabilidade de o comportamento ocorrer.
Atividade 16
Resposta: A
Comentário: No TCF, sem se identificar o reforçador que mantém o problema de comportamento,
não há como estabelecer um comportamento com função de comunicação para produzi-lo.
Atividade 17
Resposta: As informações baseadas na entrevista sugeriam uma possível função de atenção
social. Entretanto, essas informações não eram suficientes para conclusão, pois não era possível
confirmar uma função de atenção social nem descartar outras possíveis funções. Por exemplo,
de acordo com as informações obtidas, o comportamento ocorria apenas na escola, relacionando,
assim, aspectos no contexto escolar ligados ao comportamento autoagressivo, que não existem
no contexto familiar.
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■■ REFERÊNCIA RECOMENDADA
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