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TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

(tese, argumento, tema, ponto de vista)

Professora: Helda Núbia Rosa


Para início de conversa...

Você sabe para que usamos a linguagem?

A linguagem não é apenas um instrumento utilizado para nomear


coisas e situações. Ao contrário, no nosso dia a dia, usamos a
linguagem com outros fins ou intenções. Um deles é com a
finalidade de construir teses, elaborar ideias, assumir pontos de
vista, enfim argumentar.

Você sabe o que é argumentar?


É defender seu ponto de vista, sua
ideia sobre algo. Assim dizemos que
no texto argumentativo, o efeito
buscado pelo seu produtor é a
persuasão ou o convencimento.

O pensamento só se manifesta através da linguagem (inclusive a


não-verbal, como os gestos, as cores, as imagens) e a linguagem só
se manifesta pelo pensamento. Pode-se afirmar que a linguagem é o
próprio pensamento em ação. Ou, ainda, o pensamento só se
materializa na linguagem (CITELLI, 1994, p. 10).
O que queremos na aula de hoje?

Queremos que você conheça e identifique em textos os elementos


constituintes do esquema argumentativo (tese, argumento,
tema, ponto de vista). Tenho certeza de que você, ao final,
dominará todos esses elementos e os usará nas futuras produções.
Podemos começar?!
Observe como se formam os elementos do esquema
argumentativo:

PONTO DE VISTA

TEMA ARGUMENTAÇÃO TESE

ARGUMENTO
Características do texto dissertativo-argumentativo

 Tem como finalidade explicar ou defender um tema proposto,


analisando-o sob determinado ponto de vista e fundamentando-o
com argumentos consistentes;
 Perfil dos interlocutores: quem escreve é o aluno ou candidato e
quem lê é o professor, examinador ou corretor;
 O suporte é uma folha de papel;
 O tema são assuntos e fatos relevantes do momento que
geralmente suscitam divergências;
 A estrutura apresenta três partes principais: ideia principal (ou
tese), desenvolvimento (contendo argumentos que sustentam a
tese) e conclusão;
 A linguagem deve estar de acordo com a norma-padrão tendendo
a impessoalidade e a objetividade, com predomínio da 3ª pessoa
do singular.
Agora você vai conhecer um a um dos elementos constituintes do
esquema argumentativo para depois identificarmos eles nos textos.

TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma


ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os
meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.

TESE ou PROPOSIÇÃO é o que se diz sobre o assunto, é a ideia


que defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação
implica divergência de opinião.
A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do
latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido
primeiro é "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de
"argênteo", "argúcia", "arguto“. (Ex.:

Os argumentos de um texto são facilmente localizados:


identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? Observe:

O autor é contra a pena de morte (tese).


Porque ... (argumentos).

Assim podemos dizer que o argumento é a


justificativa da tese.
TIPOS DE ARGUMENTOS
1. Argumento de Autoridade é aquele que se apoia no
conhecimento de um especialista da área. É um modo de trazer para
o texto o peso e a credibilidade da autoridade citada. Por exemplo:
“Conforme afirma Bertrand Russel, não é a posse de bens
materiais o que mais seduz os homens, mas o prestígio decorrente
dela”.
2. Argumento de consenso: alguns enunciados não exigem a
demonstração de um especialista para que se prove o conteúdo
argumentado. Nesse caso, não precisamos citar uma fonte de
confiança. Por exemplo: “O investimento na Educação é
indispensável para o desenvolvimento econômico do país”. Repare
que essa afirmação não precisa de embasamento teórico, pois é um
consenso global.
TIPOS DE ARGUMENTOS

3. A comprovação pela experiência ou observação: esse tipo de


argumentação é fundamentada na documentação com dados que
comprovam ou confirmam sua veracidade. Por exemplo: “O acaso
pode dar origem a grandes descobertas científicas. Alexander
Flemming, que cultivava bactérias, por acaso percebeu que os
fungos surgidos no frasco matavam as bactérias que ali estavam.
Da pesquisa com esses fungos, ele chegou à penicilina”. Observe
que, nesse caso, o argumento que validou a afirmação “O acaso
pode dar origem a grandes descobertas” foi a documentação da
experiência de Flemming.
TIPOS DE ARGUMENTOS

4. A Fundamentação Lógica: a argumentação, nesse caso, se


baseia em operações de raciocínio lógico, tais como as
implicações de causa e efeito, consequência e causa, etc. Por
exemplo: “Ao se admitir que a vida humana é o bem mais
precioso do homem, não se pode aceitar a pena de morte, uma vez
que existe sempre a possibilidade de um erro jurídico que, no
caso, seria irreparável”. Note que a ideia que o leitor tentou
passar era: Não se pode aceitar a pena de morte. Para isso, foi
mencionado o caso de falha humana na sentença, o que permitiu
que se chegasse a tal conclusão.
Qualquer um desses tipos de argumentos citados é válido na
construção de um texto argumentativo.
RELAÇÃO ENTRE TESE E
ARGUMENTO

De modo geral, a relação entre tese e argumento pode ser


compreendida de duas maneiras principais:

Argumento, portanto, Tese (A→ pt→T)

Tese porque Argumento (T→ pq→A)


Argumento, portanto, Tese (A→ pt→T)

(A→ pt→T)
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das
mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os
impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas
doenças. Além disso (Ainda, e, também, relação de adição →
quando se enumeram argumentos a favor de sua tese), as empresas
têm grandes prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores
devido aos males causados pelo fumo. Portanto (logo, por
conseguinte, por isso, então → observem a relação semântica de
conclusão, típica de um silogismo), é mister que sejam proibidas
quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de
comunicação.”
Tese porque Argumento (T→ pq→A)

(T→ pq→A)
O governo deve imediatamente proibir toda e qualquer forma de
propaganda de cigarro, porque (uma vez que, já que, dado que,
pois → relação de causalidade) ele gasta, todos os anos, bilhões
de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao
tabagismo; e, muito embora (ainda que, não obstante, mesmo
que → relação de oposição: usam-se as concessivas para refutar
o argumento oposto) os ganhos com os impostos sejam vultosos,
nem de longe eles compensam o dinheiro gasto com essas
doenças.
Tema é o assunto abordado no texto, a ideia a ser defendida.
Dependendo da proposta podemos escolher diversos temas e
títulos para o texto. Muitos estudantes porém confundem o título
com o tema, mas veja só: o título é uma vaga referência ao assunto
bordado, normalmente colocado no início do texto.
Exemplificando o tema: suponha que a proposta para dissertar
seja a Família.
O título poderia ser: A ditadura dos filhos
E o tema poderia ser: as famílias sofrem ultimamente com a
ditadura dos filhos consumistas que tudo pedem movidos pela
onda de consumo propagada pela televisão; e os pais perdidos nas
novas tendências educacionais, permitem que os filhos mandem e
desmandem na hora de comprar determinado produto.
Ponto de vista é a ideia que o produtor do texto defende. Só existe
argumentação porque há a possibilidade de discordância, assim há
alguém para ser convencido, justificando o trabalho de uma
argumentação para defender de modo convincente um
determinado ponto de vista. Não há imparcialidade na dissertação
argumentativa, assim o produtor do texto que não se posiciona,
que fica "em cima do muro", seja por insegurança ou por medo de
desagradar a banca corretora ou mesmo seu professor, comete um
grave erro.
Nessa modalidade de dissertação, a maior parte do conteúdo deve
destinar-se à apresentação de argumentos favoráveis à tese
defendida e só é possível mostrar argumentos contrários se estes
forem seguidos de contra-argumentos mais fortes, capazes de
derrubar a oposição.
COMO SE FORMA NOSSO PONTO DE VISTA?

Os mecanismos básicos que regem a construção do ponto de vista


decorrem de experiências que acumulamos ao longo da nossa
vida: leituras realizadas, programas de tv que assistimos, debates,
informações obtidas, desenvolvimento da capacidade de
compreender e, sobretudo de “traduzir” para as outras pessoas
aquilo que desejamos dizer. É nesse processo que vamos
formando e reformando a visão que temos das coisas.
É claro que apenas a presença de tais requisitos não garante a
existência de textos argumentativos proficientes. Mas sua
ausência seguramente comprometerá os pretendidos objetivos de
convencimento e persuasão.
Agora que você conheceu os
elementos do esquema
argumentativo veja como o texto
argumentativo em linhas gerais se
estrutura.
1. Introdução é a parte do texto argumentativo
em que apresentamos o assunto de que
trataremos e a tese a ser desenvolvida a
respeito desse assunto.

A estrutura geral 2. Desenvolvimento é a argumentação


de um texto propriamente dita, correspondendo aos
argumentativo desdobramentos da tese apresentada. Esse é o
consiste de coração do texto, por isso, comumente se
introdução, desdobra em mais de um parágrafo. De modo
desenvolvimento geral, cada argumentação em defesa da tese
e conclusão, nesta geral do texto corresponde a um parágrafo.
ordem.
3. Conclusão consiste na parte final do texto
em que retomamos a tese central, agora já
respaldada pelos argumentos desenvolvidos ao
longo do texto.
A gravidez precoce é considerada como um problemaTESE de saúde
pública no Brasil e em outros países. No Brasil, uma em cada quatro
mulheres que dão à luz nas maternidades tem menos de 20 anos de
idade. Estas meninas que não são mais crianças, nem tão pouco adultas,
estão em processo de transformação e, ao mesmo tempo, prestes a
serem mães. O papel de criança que brinca de boneca e de mãe na vida
real, confundem-se e na hora do parto é onde tudo acontece.
PONTOA fantasia
DE
deixa de existir para dar lugar à realidade. É um momento VISTA muito
delicado para essas adolescentes, e que gera medo, angústia, solidão e
rejeição. ARGUMENTAÇÃO PELO
As adolescentes grávidas vivenciam
EXEMPLOdois tipos de problemas
emocionais: um pela perda de seu corpo infantil, e outro por um corpo
adolescente recém-adquirido, que está se modificando novamente pela
gravidez. Estas transformações corporais rapidamente ocorridas, de um
corpo em formação para o de uma mulher grávida, são vividas muitas
CONCLUSÃO DO ARGUMENTO
vezes com certo espanto pelas adolescentes. Por isso é muito importante
ANTERIOR
a aceitação e o apoio quanto às mudanças que estão ocorrendo, por
A escola muitas vezes não dispõe de estrutura adequada
ARGUMENTO para acolher
DE CAUSA E
uma adolescente grávida. O resultado é CONSEQUÊNCIA
que a menina acaba
abandonando os estudos durante a gestação, ou após o nascimento da
criança, trazendo consequências gravíssimas para o seu futuro
profissional.
Os riscos de complicações para a mãe e a criança são consideráveis
quando o atendimento médico pré-natal é insatisfatório. Isto ocorre
porque, normalmente, a adolescente costuma esconder a gravidez até a
fase mais adiantada, impedindo uma assistência pré-natal desde o início
da gestação. É muito comum também o uso de bebidas alcoólicas e
cigarros o que aumenta os riscos de INTRODUÇÃO
surgimento deDE
problemas.
UM (...)
Ainda existe a possibilidade deNOVO ARGUMENTO
gestações sucessivas, os riscos do
aborto provocado e as dificuldades para a amamentação. Por isso, a
gravidez entre adolescentes deve ser encarada como um problema não
apenas médico, mas de toda a sociedade. É importante a participação da
CONCLUSÃO E PROPOSTA
família, serviços médicos e instituições, tanto governamentais como
DE INTERVENÇÃO
não-governamentais, no combate à gravidez precoce e indesejada.
Como vimos antes, à medida que lemos, assistimos TV e
conversamos com as pessoas, desenvolvemos nossas habilidades de
nos comunicar, sem falar na nossa competência de argumentar, visto
que formamos nossas ideias, nosso ponto de vista sobre as coisas e
as pessoas, por meio da leitura, entre outros meios.

Elabore 3 perguntas a respeito do tema “gravidez na adolescência” e


pergunte a três pessoas o que elas acham disso. As pessoas a quem
você vai perguntar podem ser, por exemplo seu/sua professora de
Biologia, uma vizinha de maior idade, um (a) colega de classe, uma
tia, uma ex-professora ou ex-professor, dentre outros. As respostas
dadas serão o ponto de vista dessas pessoas. Socialize com a turma
na aula do dia seguinte. Mãos à obra!

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